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O conceito jurídico de coisa tem de ser restringido, acrescendo ao disposto no art. 202º
os seguintes requisitos:
1) IMPESSOALIDADE [carência de personalidade jurídica];
2) AUTONOMIA [objeto com existência autónoma ou objeto distinto e separado
que seja atual, certo e determinado];
3) UTILIDADE [objeto idóneo à satisfação de necessidades ou interesses
humanos];
4) APROPRIABILIDADE [=suscetibilidade de apropriação exclusiva = o objeto tem
de poder subordinar-se juridicamente ao poder/ação/disponibilidade exclusiva
de um homem]
Coisa relativamente futura- já existe, mas ainda não está em poder do disponente no
momento da declaração negocial. Todavia, tem a legítima expectativa de vir a adquiri-
la e sendo o contrato realizado nessa suposição.
Coisa Alheia- já existe, mas ainda não está em poder do disponente e este não tem a
legitima expectativa de a vir a adquirir- arts.892º; 893º; 942º; 956º
Partes integrantes (204º, nº3)- coisas móveis unidas materialmente e com carácter
de permanência a um prédio para lhe aumentar as utilidades, tornando-o mais
produtivo (p.ex: engenho para tirar água); para aumentar a segurança (p.ex: sistema
de alarme); maior comodidade (p.ex: ar condicionado, sistema de aquecimento
central); ou embelezamento (p.ex: painel de azulejos integrado na parede)
Art.210º, nº2- Sendo a coisa acessória uma verdadeira coisa autónoma, se nada se
convencionar não seguirá a coisa principal.
P.ex: A vende ao B um apartamento, com a propriedade do imóvel não segue o
recheio, a não ser que o contrário seja expressamente acordado.
g) Frutos- 212ºss
213º+214º + 215º Nº2- Naturais P.ex: lã de ovelhas; crias dos animais; laranjas;
maçãs // Civis P.ex: juros de depósito bancários; rendas que a casa gera em virtude de
contrato de arrendamento
Frutos pendentes- aqueles que ainda não foram colhidos ou recebidos.
Frutos percebidos- Já foram produzidos e colhidos.
Frutos percipiendos- não foram percebidos e que poderiam ter sido, caso a coisa
frutífera tivesse estado em poder do titular do direito de fruição.
h) Benfeitorias- art.216º despesas feitas numa coisa já existente, com vista à sua
conservação, valorização ou maior recreio. [Necessárias – reparar o telhado de
uma casa; Úteis- instalar um painel de azulejos decorativo; Voluptuária- pintar
automóvel da cor preferida do proprietário]
i) Acessões- forma de aquisição originária da propriedade imobiliária, que supõe
um ato de inovação que altere a substância da coisa.
Alterações Legislativas:
Com a alteração à epígrafe do art.1302º e ao acrescentar um segundo nº no
art.1305, o legislador pretendeu deixar claro que o direito de propriedade apenas se
exercia em toda a sua plenitude sobre as coisas.
No entanto, segundo o nosso entendimento, a antiga redação do 1305º apenas
conduzia à afirmação de que os poderes do proprietário resultavam dos limites e
restrições fixadas pela lei; e já não que o direito de propriedade fosse ilimitado. Para
além disso, veja-se o art.334ºCC.
O legislador também veio a introduzir no CC o art.1305º-A, no entanto o nº1 e
nº2 não são inovadores porque os proprietários de animais de companhia já se
encontravam vinculados a assumir os comportamentos mencionados, em virtude dos
arts.6º e 7º DL 260/2012 de 12 dez. Para além disso, não sendo reconhecida
personalidade jurídica aos animais, estão em causa vinculações dos proprietários que
não se consubstanciam em obrigações. Depois, no nº3 o legislador esqueceu, não só a
proibição do abuso de direito, mas ainda preceitos legais existentes a este propósito
(art.1º, nº1 e 3 da LPA + art.7º, nº1 e 3 do DL 260/2012). Finalmente, não foi feita
qualquer menção para as consequências jurídicas do não acatamento dos deveres
impostos pelo art.1305º-A.
Quanto às alterações introduzidas em matéria de ocupação, por um lado,
exclui-se o direito a um prémio dependente do valor do acho; por outro, o achador
passou a poder reter o animal (art.1323º, nº7) em caso de fundado receio que seja
vítima de maus-tratos pelo proprietário. Esta norma suscita dificuldades
interpretativas: (i) Não são facilmente determináveis os pressupostos de aplicabilidade
da norma; (ii) Para nós não está em causa um direito real de garantia, pois o direito de
retenção é um direito real de garantia que atribui ao seu titular o poder de satisfazer o
seu crédito, à custa de bem certo e determinado, com preferência face aos demais
credores. Tal como qualquer outro direito real de garantia, é acessório de certo
crédito. Assim, a expressão “reter” dever ser interpretada como “deter”; “manter
consigo”; no art.1323º, nº4 o legislador admite que, depois de ter sido estabelecida
uma ligação entre o achador e o animal durante o período de um ano, o animal possa
ser retornado ao seu dono, como se se tratasse de uma mera coisa.
Em suma, somos da opinião que melhor teria sido o legislador assumir como
causa pública a defesa dos animais, introduzindo alterações à Lei de Proteção aos
Animais e ao DL 260/2012; ou, preferencialmente, se tivesse criado um novo Estatuto
Jurídico dos Animais, merecedores de tutela específica.