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Thalita M. Bortoloso
Direito das Coisas
O termo “coisa” é de difícil definição. No direito das coisas, esse termo é utilizado em
referência as coisas corpóreas (móveis ou imóveis) e tangíveis. Mais do que isso, as coisas
são aquelas que tem valor econômico, passíveis de apropriação com exclusividade.
♥ OBJETO: O direito das coisas tem como objeto a posse, a propriedade e os direitos reais
sobre coisas alheias.
TEORIA DUALISTA: Apesar de muito utilizada, a explicação acima é criticável, visto que
não podemos ter como sujeito de uma relação jurídica uma coisa. Neste sentido, defende-
se que existe sim outro sujeito na relação, só que este, na verdade, é um sujeito passivo
universal, pois todos os indivíduos têm o dever jurídico de observar/respeitar os direitos
reais – são direitos absolutos (ex. Gabi é possuidora da bicicleta, existindo uma relação entre a
pessoa e a coisa, só que todas as outras pessoas são um sujeito passivo universal, pois devem
respeitar o direito real de Gabi; ex2. Thalita tem um apartamento. Ela não precisa fazer um contrato
com Manuela para que ela não entre em sua propriedade. A partir do momento que Thalita é
proprietária, Manu obrigada a respeitar sua propriedade).
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3. SEQUELA: Parte da ideia que o direito real permanece incidindo sobre o bem, ainda que
este circule de mão em mão e se transmita a terceiros, pois o aludido direito segue a
coisa (jus persequendi), em poder de quem quer que ela se encontre (ex. tenho usufruto
de uma coisa, devidamente registrado. Enquanto perdurar o usufruto, não importa quem será o
proprietário, meu direito permanece; ex2. A hipoteca é um direito real de garantia. Como
persegue a coisa, independente de com quem ela esteja, o que garante seu pagamento, portanto,
é a COISA, e não a pessoa).
4. EXCLUSIVIDADE: Só existe um direito real que incide sobre a coisa. Isso pois, só existe
uma propriedade sobre o bem, existindo uma única matrícula no Cartório de Registro de
Imóveis. Dessa forma, é possível se ter vários proprietários, mas será apenas uma
propriedade (ex. condomínio).
5. NÚMERO LIMITADO: Os direitos reais não podem ser criados de forma livre. A
quantidade de direitos reais está prevista em Lei, no art. 1225, CC1. Tem número limitado,
pois todos os direitos reais sobre coisas alheias são estabelecidos apenas sobre uma
propriedade e, a partir do momento que são estabelecidos, a propriedade passa a ser
limitada.
O primeiro direito real é a propriedade, sendo o único direito PLENO. Depois dela, todos os
outros direitos previstos no artigo supracitado, em seus incisos, são limitados, chamados de
direitos reais sobre coisas alheias.
O proprietário pleno é aquele que possui todo o feixe de poderes sobre a propriedade
previsto no artigo 1228, CC2. No entanto, quando o proprietário estabelece algum direito real
sobre essa propriedade, ele deixa de ter a propriedade plena, na medida em que perde uma
parte desses poderes estabelecidos (ex. usufruto - inciso IV – o pai doa um imóvel para o filho e
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Art. 1.225, CC: São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o
direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese; XI - a concessão de uso especial para fins de
moradia; XII - a concessão de direito real de uso; e XIII - a laje.
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Art. 1.228, CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
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estabelece o usufruto em seu favor, ou seja, o filho passa a ser o dono e o pai o usufrutuário. Assim,
se o pai é o usufrutuário da casa, é ele quem pode morar na casa, não podendo, o filho, morar no
bem. Além disso, o pai também tem o direito de alugar o bem, porque ele pode “fruir da coisa”. Em
resumo, o filho terá a propriedade, mas não a propriedade plena, e sim LIMITADA, já que a fruição
de todo bem é direito do pai).
ATENÇÃO – Divergência doutrinaria: Alguns autores (inclusive a professora) são
partidários da não taxatividade do artigo 1225, admitindo a criação pela lei e pelas partes
dos direitos reais, tal como é possível nos direitos pessoais.
6. É PROVIDO DE AÇÃO REAL: É real porque o seu direito incide diretamente sobre o
bem corpóreo, podendo endereçar a ação a qualquer pessoa que detenha o objeto do
direito real. Em contrapartida, a ação do direito pessoal é endereçada unicamente ao
sujeito com quem se estabeleceu a relação.
Antigamente as ações reais e as ações pessoais possuíam prazos e prescrição diferentes,
de forma que fazia mais sentindo tal distinção. Hoje, cabe lembrar que a grande diferença
entre essas ações é o fato de que toda ação que envolve a propriedade deve,
necessariamente, citar o conjugue do proprietário, tanto no polo ativo quanto no polo
passivo.
Figuras Híbridas
♥ OBRIGAÇÃO PROPTER REM: As obrigações propter rem são denominadas como
obrigações híbridas, por se manterem entre os direitos patrimoniais e os direitos reais,
perseguindo a coisa onde quer que ela esteja.
Elas se distinguem das obrigações comuns especialmente pelos modos de transmissão. As
obrigações comuns transmitem-se por meio de negócios jurídicos (cessão de crédito, sub-
rogação, assunção de dívida, endosso, sucessão por morte etc.), que atingem diretamente
a relação creditória. Nas obrigações propter rem a substituição do titular passivo (aquele que
se obriga a prestação por titularidade ou posse do bem) opera-se por via indireta, pois,
apenas com a aquisição do direito sobre a coisa é que advém o dever de prestar ligado ao
bem (ex. se alguém adquirir por usucapião uma quota do condomínio, é sobre o novo condômino
que recai a obrigação de concorrer para as despesas de conservação da coisa).
EM RESUMO: É uma relação entre o atual proprietário e/ou possuidor do bem e o
obrigação decorrente da existência da coisa.
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Se o direito de que se origina é transmitido, a obrigação o segue, seja qual for o título
translativo. A transmissão ocorre automaticamente, sem ser necessária a intenção
específica do transmitente, não podendo, o adquirente (titular passivo), recusar de assumir
a obrigação (ex. a obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação
da coisa comum - art. 1.315; do condômino, no condomínio em edificações, de não alterar a fachada
do prédio - art. 1.336, III; na obrigação que tem o dono da coisa perdida de recompensar e indenizar
o descobridor - art. 1.234);
♥ OBRIGAÇÃO COM EFICÁCIA REAL: São aquelas que se transmitem, mas sem perder
seu direito a uma prestação, podendo ser oponíveis a terceiro que adquira direito sobre
determinado bem, quando houver anotação preventiva no registro imobiliário.
Dessa forma, certas obrigações resultantes de contratos alcançam, por força de lei, a
dimensão de direito real (ex. a obrigação estabelecida no art. 576 do Código Civil3, pelo qual a
locação poderá ser oposta ao adquirente da coisa locada, quando existir clausula de vigência e
constar de registro; ex2. arts. 1.417 e 1.418, CC).
Questão! Por qual razão a obrigação de “eficácia real” não é simplesmente “real”? Estas
obrigações não podem ser consideradas como de natureza real, pois, pelo princípio da
tipicidade, norteador dos direitos reais, toda limitação ao direito de propriedade que não
esteja prevista em lei como direito real, terá natureza obrigacional.
♥ ÔNUS REAL: É todo rol do art. 1225/CC, com exceção da propriedade. São as
obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou
direitos oponíveis erga omnes (ex. a renda constituída sobre imóvel). Aderem e
acompanham a coisa, daí a ideia de quem deve é a coisa, e não a pessoa.
Para que haja, efetivamente, um ônus real, é essencial que o titular da coisa seja realmente
devedor, sujeito passivo de uma obrigação.
Posse
A posse é um instituto que possuiu muita controvérsia jurídica, desde a discussão se é um
direito ou um fato, até a discussão se é ou não um direito real.
Majoritariamente, entende-se que a posse como o exercício de fato de um ou mais
poderes inerentes à propriedade – é conduta do dono.
♥ TEORIAS DA POSSE: Existem duas grandes teorias que buscam explicar a posse, veja-
se:
S TEORIA SUBJETIVA (Savigny): A posse se traduz em corpus (poder físico sobre a
coisa) + Animus Domini (animo de ser dono).
Na visão de Friedrich Savigny, adquire-se a posse quando, ao elemento material (corpus),
vem juntar-se o elemento anímico (subjetivo - intenção de tê-la como sua). Para essa teoria,
não constituem relações possessórias aquelas em que a pessoa tem a coisa em seu poder,
ainda que juridicamente fundada (como na locação, no comodato e no penhor), mas lhe falta
a intenção de tê-la como dono.
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Art. 576, CC: Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for
consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro.
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S TEORIA OBJETIVA (Ihering): Para ter posse, basta o corpus.
Defende que o elemento subjetivo gera uma incerteza muito grande, vez que não é possível
saber se uma pessoa age ou não com o animus domini.
Aqui, diferentemente da teoria anterior, o significado de corpus é o poder de
ingerência sobre a coisa. É através do exercício da posse que se verifica o exercício da
propriedade – a posse é a exteriorização do domínio.
EM RESUMO: Se para Savigny, corpus significa o contato físico com a coisa, para Ihering
significa a conduta de dono (não é preciso estar fisicamente na coisa para ser possuidor,
desde que o domínio seja exteriorizado – relação de ingerência/interferência) (ex. casa de
praia cuidada pelos donos).
Em termos práticos, a diferença é que para a teoria objetiva, o locatário, o usufrutuário
e o comodatário, ao serem considerados possuidores, podem se valer de um dos principais
efeitos da posse, que é sua defesa, podendo dirigi-la contra terceiros e até mesmo contra o
proprietário. Como é uma teoria mais ampla da posse, ela cria muitos possuidores nas
relações jurídicas.
CÓDIGO CIVIL: Adota a teoria de Ihering. Segundo o art. 1.196 c/c 1.228, CC4, é possuidor
aquele que exterioriza o domínio através da faculdade de usar, gozar, dispor e reivindicar a
coisa. Diante dessa definição, é possível extrair os elementos constitutivos da propriedade,
quais sejam:
m USAR: Faculdade de utilizar a coisa e se servir dela.
m GOZAR: É o poder de usufruir dos frutos da coisa. O fruto não gera diminuição do
bem, mas o produto gera (ex. extração de minerais).
m DISPOR: É a faculdade de transferir/alienar a coisa. A disposição pode ser parcial,
transferindo temporariamente uma ou mais faculdades do direito de propriedade; ou
total, quando se deixa de ser o titular da coisa.
m REAVER: É a prerrogativa de reivindicar a coisa de quem a possua ou detenha
injustamente.
ATENÇÃO - USUCAPIÃO: No instituto da usucapião, buscando restringir a posse, o
legislador adota a teoria de Savigny (teoria subjetiva).
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Art 1.196, CC: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.
Art. 1.228, CC. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.
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Detenção
Existem situações nas quais a pessoa, aparentemente, tem a posse do bem, visto que
exterioriza o domínio da coisa, mas o legislador subtrai o conteúdo possessório. Nessas
situações jurídicas específicas a pessoa não terá a posse, mas apenas a detenção.
≠ POSSE: Para Ihering, o que distingue a posse da detenção é um outro elemento externo,
que se traduz no dispositivo legal. A detenção é uma posse degradada (ou posse
juridicamente desqualificada), ou seja, é uma posse que, em virtude da lei, se avilta em
detenção. A grande diferença, nesses casos, é que somente a posse gera efeitos jurídico,
conferindo direitos e pretensões possessórias em nome próprio.
OBS - Para a teoria subjetiva, a justificativa para o detentor não ser possuidor é a ausência
do animus domini. Nesse caso, a pessoa tem a coisa consigo, mas não é possuidora.
♥ DETENÇÃO AUTÔNOMA (Art. 1208, CC): Não induzem posse os atos de mera
permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou
clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
É uma situação precária, inexistindo um elemento contratual (ex. Carol tem um imóvel
desocupado e o empresta para um amigo morar por um tempo. Nesse tempo, o amigo é detentor.
Mas qual a diferença desse amigo para um locatário? O amigo está ali por uma relação de
permissão, tolerância, não por um contrato – ausência de relação obrigacional).
Classificação da Posse
1. DIRETA x INDIRETA (Art. 1197, CC): Desdobramento da relação possessória. Esse
desdobramento é mais importante para o proprietário (possuidor indireto) do que para o
possuidor direto, pois acaba com a dúvida se o proprietário é ou não possuidor (e ele é).
Art. 1197, CC: A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o
possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
(ex. direito pessoal - contrato de locação; direito real – usufruto)
S Posse Direta: Pessoa que detém materialmente a coisa (ela está em seu poder). É
uma posse temporária (ex. Locatário).
S Posse Indireta: Pessoa que concedeu ao primeiro o direito de possuir (ex. Locador,
visto que sua posse sobre o bem vai será exercida indiretamente por intermédio do possuidor
direto).
Ambas as posses podem coexistir no espaço e tempo, pois uma não anula a outra (ex. em
uma relação do locatário com o sublocatário, o locatário é possuidor indireto nessa segunda relação,
e o sublocatário é o possuidor direto. Conquanto, em referência a primeira relação, o locatário será
possuidor direto, visto que o locador é o possuidor indireto.).
Esse desdobramento só se justifica na teoria de Ihering, uma vez que, como já dito
anteriormente, para Savigny só é possuidor quem tem o animus de ser dono, e o possuidor
direto não tem esse animus, sendo apenas um detentor.
2. JUSTA x INJUSTA (Art. 1200, CC): É justa a posse que não for violenta, clandestina
ou precária. À contrario sensu, será injusta a posse violenta, clandestina ou precária.
Mesmo quando a pessoa tiver uma posse injusta, ela ainda será possuidora. Veja-se as
subclassificações da posse injusta:
S Posse violenta: É aquela que se adquire por um ato de violência ou ameaça (ex.
expulsar do imóvel, por meios violentos, o anterior possuidor - roubo).
OBS: Nesse caso, não existe desdobramento da relação possessória. Aquele que tomou o
bem a força será possuidor, mas não direto, uma vez que a posse é injusta. Assim, chega-
se a conclusão que, para ser possuidor direto ou indireto, deve haver um desdobramento
voluntário.
S Posse clandestina (seu oposto é a posse pública): Aquela que se adquire por via de
processo de ocultamento em relação àquele contra quem é praticado o
apossamento (ex. alguém que espera o dono do imóvel viajar para se apossar do bem -
furto).
S Posse precária: Se adquire a posse com abuso de confiança. O possuidor precário
estava na posse do bem, porém, no momento em que deve devolver a coisa, não o
faz (ex. o locatário se nega a devolver o bem, após o término do contrato. Esse possuidor era,
de início, justo, tornando-se injusto quando não devolve a posse da coisa quando deveria –
apropriação indébita).
OBS: A precariedade da posse é a o tipo de posse injusta mais grave. Por tal motivo, alguns
autores entendem que ela nunca se convalida. Renata, no entanto, não é defensora desse
posicionamento, uma vez que, para ela, todas as posses injustas podem se convalidar com
o tempo, através da usucapião.
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ATENÇÃO! A posse obtida injustamente, é injusta em relação ao legítimo possuidor, mas
poderá ser justa em relação as demais pessoas estranhas ao fato. São, portanto, relativas,
não existindo posse injusta em caráter erga omnes.
Cabe ressaltar que enquanto subsistirem os atos de violência ou clandestinidade, a
pessoa não será possuidora. Quando estes se cessarem, no entanto, o sujeito adquire a
posse, mesmo que considerada injusta.
Em todos os casos de posse injusta, ocorre o esbulho, que é a perda da posse.
Nessas situações, a pessoa esbulhada pode entrar com uma ação de reintegração de
posse.
4. POSSE x DETENÇÃO: A posse acontece de várias formas. Quem não tem posse sobre
um bem que está consigo será o detentor dessa coisa, como já explicado.
Essa classificação tem uma grande importância no estudo dos efeitos da posse, isso, pois,
a posse traz inúmeros efeitos que não existem na detenção (ex. direito de ser indenizado pelas
benfeitorias que feitas no bem, direito de reter a coisa, de ter os frutos, etc.).
5. COMPOSSE (Art. 1199, CC5) x POSSE EXCLUSIVA: Composse é a situação pela qual
duas ou mais pessoas exercem, concomitantemente, poderes possessórios sobre a
mesma coisa. É a reunião de possuidores sobre um bem.
Pode ser pro diviso (há divisão do exercício da posse) ou pro indiviso (não há divisão do
exercício da posse) (ex. Marido e mulher em regime de comunhão de bens e co-herdeiros antes
da partilha).
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Art. 1.199, CC: Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios,
contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
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CUIDADO! ≠ CONDOMÍNIO: Quando mais de uma pessoa for proprietária (dona) de um
bem, temos o condomínio. É possível, porém, que haja um conjunto de donos e de
possuidores, havendo, simultaneamente, o condomínio e a composse.
ATENÇÃO! ≠ de posse direta e indireta: A posse direta e indireta é um desdobramento da
relação possessória, dessa forma, o fato de se ter um possuidor direto e outro indireto não
significa que está havendo uma composse sobre o bem.
Já a posse exclusiva é exercida por apenas uma pessoa, que não almeja dividir a coisa
com ninguém.
6. POSSE NOVA x POSSE VELHA (Art. 558, CPC6): A posse nova é a de menos um ano
e dia. A posse velha é a de mais um ano e dia.
Essa diferenciação importa para o processo civil, na medida em que se altera o rito conforme
a posse. Quando a posse for nova, segue o rito sumário (especial), mais célere, partindo-se
da ideia de que o indivíduo que perdeu a coisa procurou o judiciário mais rapidamente,
merecendo um procedimento mais rápido. Quando a posse for velha (ou seja, o
esbulho/turbação ocorreu a mais de um ano e dia), seguir-se-á o procedimento ordinário.
Importante ressaltar que esse prazo de um ano e dia é referente ao momento em que o
possuidor legítimo perdeu a coisa para o possuidor injusto.
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Art. 558, CPC: Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo
quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo
único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.
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S AD USUCAPIONEM: É a que se prolonga por determinado lapso de tempo
estabelecido na lei, deferindo a seu titular a aquisição do domínio.
m ORDINÁRIA: É obtido ao final de um período de dez anos, aliado a outros requisitos,
como o ânimo de dono, o exercício contínuo e de forma mansa e pacífica, além do
título e boa-fé.
m EXTRAORDINÁRIA: Quando a posse com essas características acima, se prolonga
por 15 anos, a lei defere a aquisição do domínio pela usucapião extraordinária,
independente de título e boa-fé.
Como o legislador adota, para as situações de usucapião, a teoria de Savigny, nem todo
possuidor poderá usucapir a coisa, apenas se tiver animus domini (ex. o locatário de um
bem jamais poderá usucapi-lo).
Aquisição da Posse
Art. 1.204; 1.205, CC (Art. 1.196 c/c 1.228 CC)
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio,
de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
LEGITIMIDADE PARA AQUISIÇÃO DA POSSE (Art. 1.205, CC) - A posse pode ser adquirida:
I. Pela própria pessoa que a pretende (desde que capaz) ou por seu representante (legal ou
convencional);
II. Por terceiro sem mandato (gestor de negócios), dependendo de ratificação.
♥ AQUISIÇÃO FICITA: Existem duas formas de transferência ficta da posse, sendo elas:
S CLAUSULA CONSTITUTEM (Constituto Possessório): É uma clausula
estabelecida no contrato que transmite a posse.
É o ato pelo qual aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome de
outrem. Esse ato não se presume, devendo estar contido, expressamente, no contrato.
Essa cláusula é mais importante para o comprador que para o vendedor (ex. A é dono e
possuidor de um imóvel, e o vende para B (comprador), que passa a ser proprietário. No entanto, é
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estabelecido que A vai continuar morando no bem por 6 meses e, por isso, no contrato de compra e
venda, eles estabelecem uma clausula constitutem, para A passar, além da propriedade, a posse
para B, apesar de B em nenhum momento sequer entrar no bem. Nessa situação, A fica como
possuidor direto da coisa e B como possuidor indireto) - é uma posse ficta, porque B nem sequer
entra na propriedade, assim, apesar de ter transferido a posse, ele não a tem de fato. Isso
prova que a posse é um direito, e não um mero fato, uma vez que fato não se transmite por
contrato.
S SUCESSÃO: Os herdeiros, legítimos e testamentários, se tornam automaticamente,
com a morte do de cujus, proprietários e possuidores de seus bens. O fato “morte”
determina essa transferência imediata, sem necessidade de animus ou de corpus. É
factível, então, tornaram-se proprietários de um bem do qual nunca tiveram
conhecimento.
Transmissão da Posse
(Art. 1206 e 1207, CC)
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Pressupõe um ato de transmissão do possuidor anterior para o novo possuidor, que pode
se dar inter vivos ou causa mortis.
Em determinadas situações a posse se transmite com as mesmas
características/vícios com os quais ela foi adquirida. Para melhor entender, deve-se
analisar os dois tipos de sucessores, veja-se:
S SUCESSOR UNIVERSAL: É aquele que substitui o titular primitivo na totalidade dos
bens ou numa quota ideal deles (ex. Herdeiro).
S SUCESSOR SINGULAR: É o que substitui o antecessor em direitos ou coisas
determinadas. Pode ser qualquer pessoa que não o herdeiro. Sucede uma
singularidade - um bem ou uma obrigação específica (e não um patrimônio inteiro)
(ex. comprador ou legatário, através da venda de bem específico ou por testamento).
A posse do imóvel se estende para as coisas móveis que nele estiverem, até prova em
contrário. É a chamada presunção juris tantum - presunção relativa.
A tríade das ações possessórias está associada a um pedido e a uma causa de pedir,
observe-se:
♥ PERCEPÇÃO DOS FRUTOS: Frutos são utilidades que a coisa periodicamente produz,
sem detrimento de sua substância, sendo classificados em:
S NATURAL: aquilo que periodicamente a coisa produz, em virtude da força orgânica
da própria natureza (ex. a colheita).
S CIVIL: Frutos advindos da fruição de um bem (ex. aluguel; juros).
S INDUSTRIAL: São os frutos advindos da produção do homem sobre a natureza (ex.
produção de uma indústria).
m POSSUIDOR DE BOA-FÉ (Art. 1.214, CC): Tem direito aos frutos percebidos,
enquanto durar a boa-fé.
m POSSUIDOR DE MÁ-FÉ:
• Deve restituir os frutos pendentes (p.ú, 1.214).
• Deve restituir os frutos colhidos com antecipação (p.ú, 1.214);
• Responde por todos os frutos colhidos e percebidos (art. 1.216);
• Responde pelos frutos que por sua culpa deixou de perceber (art. 1.216).
Atenção! O possuidor de má-fé, apesar de não ter direito aos frutos do bem, tem o direito a
ser indenizado pelas despesas de produção e custeio daquele fruto (p.ú, 1.214) - principio
da vedação do enriquecimento ilícito.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis,
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias
e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
"Há dois tipos de pessoa que vão te dizer que você não pode fazer
a diferença neste mundo: as que têm medo de tentar e as que têm
medo de que você se dê bem" (Goforth, Ray)
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Art. 424, CC: Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito
resultante da natureza do negócio.