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DIREITO DAS COISAS

DIREITO DAS COISAS: CONCEITO, PRINCÍPIOS E


ESPÉCIES DE DIREITOS REAIS.

ELISÂNGELA SILVEIRA STEPHAN


DIREITO - 6º PERÍODO
FACULDADE SUDAMERICA
[TÍTULO DO DOCUMENTO]

Sumário
1. DIREITO DAS COISAS.........................................................................2

2. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS E


OBRIGACIONAIS........................................................................................2

3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS DIREITOS REAIS.....................5

Elisângela Silveira Stephan 1


[TÍTULO DO DOCUMENTO]

1. DIREITO DAS COISAS

O Direito pode ser dividido em dois grandes ramos:

Direitos não patrimoniais: Referentes a pessoa humana: direito a vida, a liberdade,


entre outros, e que não podem ser convertidos em dinheiro.

Direitos patrimoniais: Que detém valor econômico e se subdividem em:

Reais: Direitos das Coisas, do art. 1.196 a 1.510 do CC/02


Pessoais: obrigações, contratos, empresas

Direito das Coisas é o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo
relações jurídicas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis.

Segundo Paulo Nader (2016), o Direito das Coisas é a parte do Direito


Civil que regula os poderes da pessoa sobre bens materiais (móveis e imóveis) e
bens imateriais. Tais poderes envolvem a submissão do objeto e a capacidade de
produzir efeitos jurídicos.

Exemplo: No direito de propriedade, o direito das coisas, por expressão


do artigo 1228 do CC, confere ao titular do direito subjetivo, a possibilidade de usar,
gozar e dispor do bem, nos limites da lei e com exclusão de outrem.

O Direito das coisas dispõe, além do instituto da posse, principalmente,


sobre os chamados direitos reais, com destaque para o direito de propriedade e,
assim, não se pode confundir os dois conceitos (direito das coisas e direitos reais)
tendo em vista que um é mais abrangente que o outro.

2. DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS E


OBRIGACIONAIS

Enquanto o DIREITO PESSOAL é relativo, tratando da relação jurídica de


pessoa a pessoa, com efeito apenas entre as partes envolvidas e determinadas, o
DIREITO REAL, é absoluto e erga omnes, tendo seu efeito para todos, e tratando da
relação de exclusividade de poder sobre determinada coisa.

Considera-se ainda que haja categorias limítrofes entre o Direito Real e o


Direito Obrigacional como:

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 Obrigação com eficácia real: obrigação com oponibilidade “erga


omnis” (obrigatoriedade que todos os indivíduos têm de respeitar o
direito alheio, quando este lhe pertence)
o Exemplo: um contrato de locação, em que o locador averba
no registro de imóveis que o locatário permanece nessa
qualidade independentemente do dono (geralmente o
locatário, quando o imóvel é vendido à terceiro, tem 90 dias
para se retirar).
 Obrigação propter rem: relação de direito real que gera vínculo
obrigacional. É a obrigação ligada ao bem.
o Exemplos 1: duas pessoas compram dois terrenos um do
lado do outro, elas têm que construir uma cerca, um muro,
entre os dois terrenos (obrigação de fazer);
o Exemplo 2: uma pessoa compra um apartamento, tem que
pagar o condomínio (obrigação de dar);
o Exemplo 3: a pessoa compra um apartamento, mas por
regras do condomínio não pode mudar a janela (obrigação
de não fazer).
Para enfatizar, observa-se algumas distinções entre direitos reais e
direitos pessoais:
 Os direitos reais recaem sobre a coisa enquanto os direitos pessoais recaem
sobre relações humanas.
 Os direitos reais concedem o gozo e a fruição de bens, enquanto os direitos
pessoais concedem um direito a uma ou mais prestações;
 Os direitos reais têm como sujeito passivo indeterminado ou uma
coletividade, enquanto o sujeito passivo dos direitos pessoais é determinado
ou determinável;
 O objeto dos direitos reais é a coisa e gera direito de sequela (aderência). O
objeto dos direitos pessoas é a prestação e tem apenas o patrimônio do
devedor como garantia.
 A preferência é uma característica que se evidencia nos direitos reais de
garantia (penhor, hipoteca e anticrese), determinando que o credor (titular

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dessas garantias reais) preferirá a outros credores em caso de concurso, uma


vez que terá um bem afetado ao pagamento de seu crédito. Preferência não
se confunde com privilégio legal, o qual incide sobre o patrimônio como um
todo. Existe o direito real de garantia do bem, dando garantia para quem
detém desse direito, tendo a preferência quem está gravado, registrado.
 Os direitos reais são taxativos e expressos no art. 1225 do Código Civil, o
qual deixou de fora dos direitos reais a posse.
 O direito real, em regra, é permanente (exemplo de exceção: o usufruto). Já o
direito pessoal é em regra transitório (exemplo de exceção: as obrigações
negativas).

Resumindo, portanto, temos o que diferencia direitos pessoais dos


reais:

a. O objeto: direitos reais incidem sobre uma coisa, enquanto


pessoais exigem o cumprimento de determinada prestação.
b. O sujeito passivo: no direito real o sujeito passivo é
indeterminado (dever geral de abstenção – sujeito passivo somente

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surge quando houver efetiva violação ou ameaça ao direito),


enquanto nos direitos pessoais é determinado ou determinável.
c. A duração: direitos reais são perpétuos, não se extinguindo pelo
não uso, mas somente nos casos expressos na lei, enquanto os
pessoais são transitórios e se extinguem pelo cumprimento ou por
outros meios.

3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS DIREITOS REAIS

A doutrina entende que os direitos reais comportam classificação em duas


categorias:

 Jus in re própria: o direito sobre a coisa própria, que se resume


na propriedade
 Jus in re aliena: o direito sobre a coisa alheia, que abrange todos
os outros direitos reais, que não sejam de propriedade.

Enfatizando as suas características, reafirmando a distinção dos direitos


pessoais ou obrigacionais, os direitos reais regem-se por determinados princípios
que o disciplinam:

a. Princípio da aderência especialização ou inerência: o direito real adere a


coisa, acompanhando-a. O vínculo entre o sujeito titular do direito e a coisa,
independente de concordância de terceiro. Quanto à oponibilidade, os direitos
reais permitem que seu titular não seja molestado por ninguém, gerando o
direito de sequela ou jus persequendi, isto é, de perseguir a coisa e de
reivindicá-la em poder de quem quer que esteja (ação real), bem como o jus
praeferendi ou direito de preferência. Diante desse princípio o titular sempre
exerce diretamente o direito real, sem a necessidade de socorrer-se a outra
parte. Ex.: se sou dono de um automóvel, não preciso pedir autorização para
dirigi-lo;
b. Princípio da tipicidade ou tipificação: o regime jurídico de cada direito real
deve seguir expressamente o que está previsto em lei. Somente os direitos
“constituídos e configurados à luz dos tipos rígidos (modelos) consagrados no
texto positivo é que poderão ser tidos como reais.

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c. Princípio da taxatividade: os direitos reais são criados pelo direito positivo


por meio da técnica denominada numerus clausus, ou seja, a lei os enumera
de forma taxativa, não ensejando, assim, aplicação analógica da lei. O
número dos direitos reais é, pois, limitado, taxativo, constando no art. 1.225
do Código Civil.
d. Princípio da publicidade e visibilidade: um direito real sobre bem imóvel
só se adquire através do registro no Cartório competente (art. 1.227 do
CC), e de bens móveis pela tradição (art. 1.226 e 1.267 do CC); 
e. Princípio do absolutismo ou oponibilidade erga omnes: Os direitos reais
podem ser exercitados contra todos que devem se abster de molestar o
titular. Com isso, o titular do direito possui a faculdade de se opor a quem
quer que intervenha ou lhe cause danos.
f. Princípio da perpetuidade: em regra os direitos reais são perpétuos, não se
perdem pelo não uso, mas somente pelos meios e formas legais:
desapropriação, usucapião, renúncia, abandono etc. Em relação à
usucapião, ao contrário do que você pode pensar, não se perde o direito
da coisa pelo não uso, mas sim porque outra pessoa usou pelo tempo
necessário para adquiri-la.
g. Princípio da exclusividade: segundo esse princípio, não pode haver dois
direitos reais, com o mesmo conteúdo, sobre a mesma coisa . Assim, não é
possível instalar-se direito real onde outro já exista. No condomínio, cada
consorte tem direito a porções ideais, distintas e exclusivas.
h. Princípio do desmembramento: significa que os direitos reais podem
ser descolados, ou seja, podem ser transferidos a terceiros. Sendo assim,
os direitos reais sobre coisas alheias desmembram -se do direito de
propriedade, constituindo-se direitos autônomos.
i. Princípio da Consolidação: Extinto os direitos reais de terceiros sobre a
coisa, retorna ao titular o exercício do direito. Quando se extinguem, como no
caso de morte do usufrutuário, por exemplo, o poder que existia em mão de
seus titulares retorna às mãos do proprietário, em virtude do princípio da
consolidação.

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