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Segundo Clóvis Beviláqua ( 2003 , p . 9 ) , o direito das coisas seria " o complexo das
normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação
pelo homem " .
Na visão de Flávio Tartuce ( 2017 , p . 2 ) , " O Direito das coisas é o ramo do Direito
Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas
( tudo aquilo que não é humano determinadas , ou mesmo determináveis " .
A evolução subsequente da categoria e conceito de direito real (ux in re) deu-se a partir
do inicio do séc. XVII sob os influxos do iluminismo, de base racionalista.
Apesar da sua simplicidade, ou talvez por isso mesmo, esta construção teve e mantém
defensores. Na doutrina portuguesa actual destacam-se HENRIQUE MESQUITA &
PENHA GONÇALVES .
De igual modo também para PENHA GONÇALVES através do direito real uma coisa
fica normativamente subordinada a certa pessoa, sem necessidade de colaboração
alheia. Isto corresponde à atribuição de um poder jurídico de aproveitamento directo de
certa coisa, ou seja, das utilidades que esta proporciona ". Este poder jurídico, para além
de directo, ainda é inerentemente: a situação de vantagem que proporciona
especialmente pelo ordenamento jurídico, que assegura uma fixação à coisa, a torna
potencialmente insensível face a novas situações (de fato ou de coisa, venham a ser) a
constituição-se posterior mente. Sua natureza o direito real, assim todos, é oponível
sem que haja uma relação jurídica.
2.2.1. Exposição
I. A partir da segunda metade do séc. XVIII as correntes racio nalistas começam a ter
expressão concreta na Alemanha, diferente da que tiveram em França. Tratou-se do
movimento da Pandectística, de reva lorização do direito romano bebido nas Pandectas.
Se estas tinham no facto o seu elemento básico, o mesmo se deveria passar com o
Direito por via do conceito de facto jurídico. Sobre eles assentariam os conceitos de
acto jurídico, negócio jurídico e relação jurídica. Passava, assim, a vigorar um diferente
paradigma na ciência do direito.
A relação jurídica foi consagrada nesta classificação como o conceito pelo qual se
explicam e ao qual se reconduzem os direitos subjetivos, tendo no fato, objecto, sujeito
e garantia dos seus elementos", Por isso, também através dela se explicaria a relação
entre o titular do direito real e os restantes direitos sujeitos à ordem jurídica: o real ma-
se numa relação jurídica absoluta entre o titular-pólo activo- e os anúncios restantes
sujeitos à ordem jurídica - pólo passivo. ou gozo de uma coisa, estes são titulares de
dever universal de obrigação ou obrigação universal, cujo condo é uma abstenção de
atos de perturbação do gozo da coisa. o centro desta construção deixa de ser a coisa,
mas tam bém não passa a ser a pessoa. O centro desloca-se, sim, para o vínculo entre os
polos activo e passivo da relação jurídica absoluta, traduzido no dever universal de
respeito.
Numa primeira formulação, este é o dever universal de respeito sobre toda e qualquer
pessoa conhecida ou que somos. Numa formulação posterior, mais restrita, abrange
apenas as pessoas que possam interferir com gozo da coisa num dado momento, ainda
que desconhecidas.
Na primeira formulação o sujeito está em relação com todo o mundo; na segunda está
em relação com um círculo de sujeitos determinado pela possibilidade de afectarem o
gozo da coisa ainda que não estejam individualmente determinados.
1. Faça-se, ainda, uma referência sumária às teses eclécticas ou mistas sobre o conceito
de direito real. Estas doutrinas procuram ultrapassar as dificuldades das teses clássica e
moderna, retirando de cada o seu melhor.
Postulam que o direito real tem uma dupla face: externa, traduzida na relação passiva
universal, e interna, no poder do titular sobre coisa, poder esse jurídico, e não de fato.
II. Estas teses somam de outras posições, sem que daí resulte uma posição
qualitativamente diversa. Pelo contrário, eles são os mesmos vicios apontados juntos às
teses que pretendem conciliar - no caso, à relação absoluta e ao poder jurídico sobre a
coisa Naquilo que apresenta de original, e que é a admissível de relações jurídicas com
lado interno, falham, pois a ideia de rosto interno de uma jurídica dirigida a um bem, é
relação à relação-subjetiva de cola boração própria do conceito de conceito.
Depois de fixar o conceito de direito real , há que passar a analise das características do
mesmo.
A sequela decorre do princípio da aderência , tendo em vista que o direito real adere à
coisa , estabelecendo um vinculo que não se desliga dela . O direito de sequela decorre
da oponibilidade erga omnes , haja vista que o titular do direito real pode exercer o seu
direito contra qualquer pessoa , reivindicando a coisa de quem quer que a detenha .
Exclusividade
Preferência
Assim , por sua inserção no regime de ordem pública , os direitos reais são de
enumeração taxativa , numerus clausus , ou seja , em número determinado na
legislação , em rol pormenorizado constante no art . 1.225 do Código Civil .
Classificação
Os trabalhos para a produção de um novo código civil tiveram o seu início na década
de 40. A doutrina dominante passara a ser a da relação jurídica . A Pessoa era
subalternizada , passando a ser apenas um elemento dessa relação . Ao mesmo tempo ,
adoptou - se a sistematização . dita , germânica como sistema externo do novo código :
Parte Geral , Obrigações , Reais , Família e Sucessões . Os Direitos Reais são colocados
num livro próprio - o Livro III - com o título Direito das Coisas , ocupando a paisagem
do Código dos arts. 1251 a 1575.
a . o regime do arrendamento , quer rural – arts . 1064. A 1082. Quer urbano – arts .
1083.º a 1119 , - em virtude da preexistência de legislação em Moçambique
( Regulamento do Inquilinato ) ;
A matéria que se trata no Livro III é , primordialmente , a dos direitos reais de gozo
“ , arrumados em títulos exclusivos .
Artigo 47. Capacidade para constituir direitos reais sobre coisas ou divertir deles
É igualmente definido pela situação da coisa a capacidade para constituir direitos reais
sobre coisas imóveis ou para deles, desde que essa assim o determinar; de contrário, é
aplicável a lei pessoal.
1. Os direitos de autor são regulados pela lei do lugar da primeira publicação da obra e,
não foram publicados, pela lei pessoal do autor, sem prejuízo do disposto na legislação
especial.