Você está na página 1de 52

Direito Civil IV

Das
Coisas

Com

PROF. LEONARDO ANTUNES


DIREITO CIVIL IV
DIREITO DAS COISAS

AULA

A TÃO SONHADA E ESPERADA REVISÃO PARA A N1


AULA 1 – NÃO
AULA 2 –
AULA 3
AULA 4
AULA 5
AULA 6
AULA 2 – TEORIA GERAL DAS COISAS
FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS COISAS SÃO POSSE E DIREITOS REAIS

DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS – TEORIAS:

1 – PERSONALISTAS / UNITARISTAS

Defende a tese de que somente podem existir relações entre pessoas, entre sujeitos de direito; Há um
vínculo pessoal entre o proprietário do bem e o sujeito passivo universal, e o objeto dessa relação é o bem.

O vínculo se estabelece de forma direta do sujeito ativo com a coisa e somente indiretamente com a
coletividade.

(GOMES, 2012, p.12) defende 3 elementos de uma relação jurídica que podem ser identificados em relação
aos direitos reais: (1) o sujeito ativo, representado pelo titular de tal direito; (2) o objeto, a coisa suscetível de
apropriação pelo homem e o (3) sujeito passivo, o qual em decorrência da característica da oponibilidade erga
omnes, seria representado pela coletividade (sujeito passivo indeterminado)
2 – REALISTA / DUALISTAS (clássica)

Defendem a tese de que as relações jurídicas estabelecidas nos direitos


reais são diferentes das relações jurídicas estabelecidas nos direitos pessoais;

Os dualistas dizem que a relação jurídica dos direitos reais não se


estabelecem entre pessoas, porque, não existe vínculo obrigacional. A relação,
então, é entre sujeito e coisa;

A relação que o proprietário tem para com seu bem é uma relação de
poder, de domínio. Relação entre sujeito e objeto (GOMES, 2012, p.11)
3 – NEGATIVISTA

Não há diferença entre direitos pessoais e reais. Os direitos reais não


passam de técnica jurídica para restringir comportamentos. Esta teoria não
é mais aceita pela doutrina moderna.

“nunca será...” como diz o Cap. Nascimento em Tropa de Elite


DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS
DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS

Normas de ordem pública Normas dispositivas

Imediatidade Mediatidade

Permanente Transitório

Absoluto – Erga Omnes Relativo – Inter Partes

Numerus Clausus Numerus Apertus

Jus in re – Direito à Coisa Jus ad rem – Direito à uma coisa

Objeto: A Coisa Objeto: A Prestação

Direito de Sequela Patrimônio como garantia


Direitos Reais – Normas de Ordem Pública:

Os direitos reais estão relacionados a temas de interesse particulares,


privados, contudo sofrem influência forte de norma de ordem pública (são
aquelas que interessam a todos e há grande intervenção do legislador).

O legislador traça o regime jurídico, ou seja, o legislador fala que o


proprietário não pode usar de forma anormal a propriedade e traz limitação à
propriedade.
Direitos Pessoais – Normas Dispositivas:

A autonomia privada dos sujeitos prevalece nos direitos reais, sem a


intervenção do legislador. Como exemplo podemos citar as cláusulas de um
contrato de locação, onde as partes decidem critérios de pagamento de IPTU.

Direitos Reais – Imediatividade:

Os direitos reais são exercidos independentemente da vontade do outro e o


titular do direito real exerce de forma imediata diretamente sobre o bem sem o
controle de outras pessoas.
Direitos Pessoais – Mediatividade:

Há no estabelecimento dos direitos, a vontade uma parte e de outra no


momento de contratar ou da obrigação propriamente dita.

A coisa pode se relacionar a coisa determinável e pode se contratar a


entrega de coisa incerta.

Direitos Reais – Coisa Determinada:

A coisa sempre é determinada, o exercício do direito de propriedade


sempre incide sobre coisa determinada.

Se exerce a propriedade.
Direitos Pessoais – Coisa determinável:

A entrega de coisa incerta pode ser contratada por exemplo. Coisa futura.

Direitos Reais – Permanentes:

Normalmente são permanentes e no caso da propriedade a doutrina diz que não é só


permanente como tende a perpetuidade. A propriedade surte efeitos e pode ser transmitida para
os herdeiros e assim por diante.

Os direitos reais sobre coisas alheias que representam uma modalidade de direitos reais –
esses tem uma tendência de permanência mas não atinge a perpetuidade – é a tendência do
restabelecimento da propriedade para o proprietário para que haja os atributos na mão do
proprietário.
Direitos Pessoais - Transitórios:

São transitórios porque os contratos se perfectibilizam, ou seja, se encerram.

Um contrato de compra e venda onde há o pagamento e a entrega do bem,


o contrato está encerrado, o negócio foi concretizado.

Direitos Reais – Absoluto – Erga Omnes:

Absoluto e Erga Omnes significa ser em relação a todos com poder do


proprietário, titular do direito real, sobre a coisa.
Direitos Pessoais – Relativo – Inter Partes:

Relativos, onde a eficácia é inter partes com aqueles que realizam o


negócio.

Direitos Reais – Numerus Clausus:

Quando o legislador nos traz rol taxativo.

Direitos Pessoais – Numerus Apertus:

Quanto o legislador nos traz rol exemplificativo.


Direitos Reais – Jus in re – Direito à Coisa:

É o direito sobre a coisa em si.

É, por exemplo, o direito de propriedade.

Direitos Pessoais – Jus ad rem – Direito à uma coisa:

É um direito exercível por uma pessoa sobre um determinado artigo de


propriedade em virtude de um contrato ou obrigação incorrida por outra
pessoa.

Tudo relacionado a uma coisa, sendo que trata-se de pretensão a essa


coisa.
Direitos Reais – Objeto a Coisa:

O objeto principal é sempre a Coisa diretamente

Direitos Pessoais – Objeto a Prestação:

Nos Direitos Pessoais o objeto é sempre a prestação e a


contraprestação propriamente dita
Direitos Reais – Direito de Sequela (jus persequendi):

Um terceiro se destaca e intervém na coisa e o detentor do direito utiliza-se


do direito de sequela para reaver a coisa.

O direito de sequela decorre da oportunidade Erga Omnes, quando o titular


do direito real pode exercer o seu direito contra qualquer pessoa, reivindicando a
coisa de quem quer que a detenha.

Direitos Pessoais – Patrimônio como garantia:

Quem descumpre a obrigação tem seu patrimônio como garantia.


OBRIGAÇÕES “PROPTER REM”:

Obrigação que reúne os dois tipos de direito (pessoal e real). Trata-se de uma
obrigação (direito pessoal) em razão da coisa (direito real)

Podemos citar como exemplo o IPTU que é uma obrigação que decorre de uma
imposição do direito tributário, e é um imposto municipal.

O sujeito ativo do IPTU é a fazenda pública municipal e o sujeito contribuinte da


relação tem a obrigação de pagar.
O que gera a obrigação de pagar o IPTU é a propriedade e assim tem-se uma obrigação
tributária regulamentada pelo Código Tributário Nacional, mas que se origina de um direito
real, qual seja a propriedade.

Usamos como exemplo o IPTU mas podemos aplicar o mesmo conceito para o IPVA,
ITR e à taxa condominial apesar de não ser imposto mas está entrelaçada com o imóvel,
sendo obrigatório seu pagamento.

Atenção: a Obrigação “propter rem” é conhecida como obrigação ambulatória porque


segue, ou seja, anda com a coisa. Aquele que tiver com a coisa tem a obrigação.
AULA 3 – DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E OBRIGACIONAIS

DIREITOS REAIS DIREITOS OBRIGACIONAIS

Incide sobre a coisa Incide sobre uma prestação

Independe de cooperação Cooperação de sujeito passivo

Teorias Realista e Personalista Sujeito passivo determinado ou determinável

Caráter Perpétuo Caráter Transitório

Limitado Ilimitado

Efeito “Erga Omnes” Efeito “Inter Partes”


AULA 4 – POSSE

CONCEITO DE POSSE:

A posse é um domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa, cabendo considerar ser um conceito
intermediário entre os direitos pessoais e direitos reais.

A posse detém de caráter híbrido e para a doutrinadora Maria Helena Diniz a posse é um direito real
como desdobramento direito de propriedade.

Falando de conceito e evolução histórica, o autor Pontes de Miranda, citado por SANTOS (2016),
mostra a distinção da concepção de posse no direito moderno e o romano, com relação a origem da posse,
dizendo que:
TEORIAS EXPLICATIVAS DA POSSE:

No estudo da posse, podemos identificar diversas versões sobre a origem do conceito de


posse, que podem ser representadas, basicamente, por dois grupos, a teoria de Niebuhr, que
é a teoria adotada por Savigny e pela teoria jurista de Ihering.

A teoria de Niebuhr defende a tese de que a posse surgiu com a repartição de terras
conquistadas pelos romanos, passando a ser um estado de fato protegido pelo interdito
possessório. Enquanto para Ihering a posse é consequência do processo reivindicatório.
(DINIZ, 2013. p.45 e 46, apud SANTOS NETO, 2016)
1ª) Teoria Subjetivista ou Subjetiva (Savigny): Defendida por Savigny. Essa teoria é a
junção do corpus (detenção física do bem) e do animus (elemento subjetivo, vontade de ter a coisa
como sua), pois o entendimento é de que a posse é um fato e um direito.

POSSE = CORPUS + ANIMUS DOMINI

Para a Teoria Subjetivista ou Subjetiva podemos considerar que o locatário ou comodatário não
seriam possuidores à não haveria intenção de tornarem-se proprietários (detenção)
2ª) Teoria Objetivista ou Objetiva (von Lhering): Defendida por Ihering. Essa teoria basta
apenas o corpus, ou seja, o exercício de fato dos poderes sobre a coisa. Entende-se que a posse é um
direito. Todavia não é detenção física da coisa, mas a conduta do dono.

POSSE = CORPUS

“Para lhering, cuja teoria o nosso direito positivo acolheu, posse é conduta de dono.
Sempre que haja o exercício dos poderes de fato, inerentes à propriedade, existe posse, a não
ser que alguma norma (como os arts. 1.198 e 1.208, p. Ex.) diga que esse exercício configura
a detenção e não a posse” (GONÇALVES, 2010, p. 15 apud SANTOS NETO, 2016)
O Código Civil brasileiro adotou a teoria objetivista no Art. 1.196.

“Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.”

Na visão de Tartuce (2011, p. 717) citado por GURJÃO (2016), a adoção da teoria de Ihering é
parcial, pois há traços também da teoria de Savigny, quando se menciona o animus, como nos
arts. 1.239 e 1240 do CC.
“Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural
não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.”(BRASIL, 2002) (grifo nosso)

“Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural.”(BRASIL, 2002) (grifo nosso)
“Art. 1.228 O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

(...)” (grifo nosso)

Gozar

Reivindicar

Usar

Dispor
Possuidor: Não tem o poder de dispor da coisa, mas pode defendê-la;

Proprietário: Tem todos os poderes (+) título ou registro;


Diante das teorias de Savigny e Ihering, com nítida prevalência de Ihering, surgiram vários
doutrinadores tentando dar à posse uma importância ainda maior, passando então, a ter uma maior
relevância social e a desenvolver a teoria da função social da posse.

3ª) Teoria da função social da posse (Raymond Saleilles): Não basta saber do corpus mas do uso
que se faz do corpus e seu impacto sobre a coletividade.

A função social da posse advém da função social da propriedade.

A teoria verdadeiramente adotada teria sido a de Raymond Saleilles, em decorrência da função social
da posse e da propriedade, presentes, por exemplo, no art. 1.228, § 1º, do Código Civil, combinado
com o art. 5º, inciso XXIII da Constituição Federal (GURJÃO, 2016):
“Art. 1.228 O Proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas


finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com
o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

(...) (grifo nosso)

“Art. 5º [...]
XXIII a propriedade atenderá a sua função social.” (BRASIL, 1988).(grifo nosso)
“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância
assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos,
senão depois de cessar a violência ou clandestinidade.” (grifo nosso)

Permissão: prévia e expressa

Tolerância: posterior e tácita


NATUREZA JURÍDICA DA POSSE:

Savigny sustenta que a posse é ao mesmo tempo um direito e um fato. Se a posse

for considerada em si mesma, é um fato.

Se a posse for considerada nos efeitos que gera, será um direito e aqui podemos citar como
exemplo o Usucapião.

Ihering sustenta que a posse nada mais é do que um direito.


CLASSIFICAÇÃO DA POSSE:

1. Posse Direta ou Imediata: Exercida por quem tem a coisa materialmente.

Exemplo: Locatário na locação.

2. Posse Indireta ou mediata: Exercida por meio de outra pessoa havendo mero exercício de direito.

Exemplo: Locador, proprietário do bem.


- Quadro comparativo

DIRETA INDIRETA

Locatário Locador

Comodatário Comodante

Usufrutuário Nu Proprietário

Depositário Depositante
3. Posse Justa: não apresenta os vícios da violência, da clandestinidade, ou da
precariedade.

4. Posse Injusta: apresenta qualquer dos vícios (violência, clandestinidade, ou


precariedade).

5. Posse Violenta: violência ou grave ameaça (parece crime de roubo);

6. Posse Clandestina: obtida sorrateiramente (parece crime de furto);

7. Posse Precária: quando tem que devolver o bem e não devolve (parece crime de
apropriação indébita).
8. Posse quanto a Boa-Fé: (princípios do CC: eticidade, socialidade e operabilidade)

- Boa-fé Subjetiva: estado psíquico que envolve crenças e/ou ignorância sobre tal ou qual estado jurídico.

Exemplo: Casamento putativo (é o casamento celebrado indevidamente de boa-fé, ou seja, um "casamento


imaginário" que se imaginava ser verdadeiro, por ter preenchido todos os requisitos de existência, validade
e produção de efeitos, no entanto, posteriormente, verificou-se um vício, suscetível de anulação.)

- Boa-fé Objetiva: é a exigência de conduta leal dos contratantes e está relacionada com os deveres anexos
inerentes a qualquer negócio jurídico.
Exemplo: Contrato
A presunção prevista no Art. 1.201 do CC é a boa-fé subjetiva:

“Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que


impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.”
(grifo nosso)

9. A Posse de má-fé: é quando alguém sabe do vício mas mesmo assim pretende exercer o domínio
fático sobre a coisa à nunca possui um justo título.
Posse quanto ao título:

10. Posse com título: há uma causa representativa da transmissão da posse, via de regra um
documento escrito.
Exemplo: locação e comodato

11. Posse sem título: não há uma causa representativa da transmissão do domínio.
Exemplo: alguém acha um tesouro.
Posse quanto ao tempo: (efeitos processuais)

12. Posse Nova: Menos de 1 ano e 1 dia

13. Posse Velha: Pelo menos 1 ano e 1 dia


Posse quanto aos efeitos:

14. Posse ad interdicta: é a que pode ser defendida pelas ações possessórias diretas ou interditos
possessórios.

Os interditos possessórios são as ações de reintegração de posse, manutenção de posse e de


interdito proibitório;

Interdito proibitório: ocorre quando o possuidor quer defender sua posse de uma agressão ou
turbação iminente, que está prestes a ocorrer. É uma ação preventiva.
Esbulho: ocorre quando o possuidor ou proprietário perde, por violência ou clandestinidade, a
posse exercida sobre um bem.

Turbação: ocorre quando existe uma limitação sobreo poder de posse de alguém, ou seja, o
detentor do bem não consegue exercer sua posse de maneira completa e tranquila.

15. Posse ad usucapionem: se prolonga por determinado lapso temporal previsto em lei. É a posse
com vistas à usucapião à mansa, pacífica e duradoura.
AULA 5 - PROPRIEDADE
Propriedade é a titularidade formal de um bem e a relação jurídica complexa formada entre o titular
de um bem e a coletividade de pessoas não proprietárias (sujeitos passivos universais)

A propriedade é diferente do domínio, uma vez que este consiste no vínculo material de submissão
direto e imediato de uma coisa ao poder do seu titular através do exercício das faculdades de usar
gozar ou fruir, dispor e reaver.

Características: Uma vez titularizado o direito de propriedade ele será:

1. Absoluto: Oponível contra todos (erga omnes). Observação: a propriedade é um direito


absoluto. No entanto, não é ilimitado, uma vez que se relativiza em algumas situações (novamente,
por exemplo, função social da propriedade).
2. Exclusivo: Art. 1.231 do CC diz que a propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em
contrário. Disso decorre a presunção de que cada bem só tem um dono exclusivo, no entanto, em
exceção, nosso ordenamento jurídico permite o condomínio e a multipropriedade (multisharing)

3. Perpétuo ou Irrevogável: Em regra, o direito de propriedade não se extingue pelo não uso ou
pela não fruição do bem. Isto é: a inércia não extingue o direito, para isso deve haver uma relação
jurídica contrária.

4. Elástico: o direito de propriedade pode ser distendido ou contraído quanto ao seu exercício, que é
composto daqueles 4 elementos já vistos (GRUD – Gozar, Reividicar, Usar e Dispor).
DIREITO CIVIL IV – DIREITO DAS
COISAS
Exemplo: tenho uma fazenda e cedo seu usufruto a Beltrano e por conta disso, a minha propriedade
inicialmente completa (plena) vai contrair-se apenas para a disposição (poderei dela dispor) e posse
indireta. Porém, após o término do usufruto, minha propriedade vai se distender tornando-se plena
novamente, ou seja, poderei de novo dela dispor, usa-la, gozar dela e reivindica-la.

5. Plenitude: Afirma-se que a propriedade é plena quando todos os seus atributos estão nas mãos de uma
só pessoa, não existindo sobre o bem nenhum direito real sobre coisa alheia. Ressalte-se que plenitude não
se confunde com direito ilimitado: o exercício do direito de propriedade limita-se ao interesse público e às
leis (por exemplo, função social da propriedade deve ser respeitada).

6. Direito Fundamental: a Constituição Federal consagra o direito de propriedade como direito fundamental
no artigo 5º, XXII e XIII.
Restrições ao Direito de Propriedade:

O fundamento das limitações encontra-se no primado do interesse coletivo ou público sobre o


individual e na função social da propriedade, visando proteger o interesse público social e o interesse
privado, considerado em relação à necessidade social de coexistência pacífica; sua natureza é de
obrigação propter rem, porque tanto o devedor como o credor são titulares de um direito real, pois
ambos os direitos incidem sobre a mesma coisa, só que não são oponíveis erga omnes nem
interessam a terceiros.

As restrições em virtude de interesse social pressupõem a ideia de subordinação do direito de


propriedade privado aos interesses públicos e às conveniências sociais; são restrições imprescindíveis
ao bem-estar coletivo e à própria segurança da ordem econômica e jurídica do país.
As limitações ao domínio baseadas no interesse privado inspiram-se no propósito de coexistência
harmônica e pacífica de direitos, fundando-se no próprio interesse do titular do bem ou de terceiros, a
quem este pretende beneficiar, não afetando, dessa forma, a extensão do exercício do direito de
propriedade; caracteriza-se por sua bilateralidade ante o vínculo recíproco que estabelece.

Direito de vizinhança são limitações impostas por normas jurídicas às propriedades individuais, com o
escopo de conciliar interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de
modo a regular a convivência social.

Passagem forçada é o direito que tem o proprietário de prédio rústico ou urbano, que se encontra
encravado em outro, sem saída para a via pública, fonte ou porto, de reclamar do vizinho que lhe deixe
passagem.
No que se refere ao direito de tapagem, o proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer

modo o seu prédio urbano ou rural, para que possa proteger, dentro de seus limites, a exclusividade de seu

domínio, desde que observe as disposições regulamentares e não cause dano ao vizinho.

O direito de construir constitui prerrogativa inerente da propriedade o direito que possui o seu titular de

construir em seu terreno o que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

Ação Reivindicatória ou jus possidendi:

É a ação que consiste no direito do proprietário de discutir o direito real consistente na propriedade da coisa.

E se existirem 2(dois) títulos de propriedade, o autor reivindica ser reconhecido como proprietário pelo título

registrado mais antigo.


A Ação Reivindicatória é uma espécie de Ação Petitória, com fundamento no jus possidendi, é
ajuizada pelo proprietário sem posse, contra o possuidor sem propriedade.

A Ação Petitória é aquela em que o autor quer a posse do bem e ele assim deseja pelo fato de ser
proprietário.

São exemplos de Ação Petitória: Ação Reivindicatória, Ação de Usucapião, Ação de Imissão na
Posse e outras.
Meios de Defesa da Propriedade:

Ação de Manutenção da Posse, Ação de Reintegração da Posse e Interditos, além da Ação


Reivindicatória que acabamos de estudar.

Já estudamos as ações anteriormente citadas, mas iremos lembrar:

Lembrando Ação de Manutenção da Posse  Decorre de Turbação

Lembrando Ação de Reintegração da Posse  Decorrente de Esbulho

Lembrando Ação de Interdito Proibitório  Decorre de ameaça à posse


AULA 6 – AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
1. Imóvel:

1.1– Usucapião

1.2– Registro de Título

1.3 – Acessão

1.3.1– Ilhas

1.3.2 – Aluvião

1.3.3 – Avulsão

1.3.4 – Álveo Abandonado

1.4 – Construções e Plantações


2.Móvel:

2.1 – Usucapião

2.2 – Ocupação

2.3 – Achado do Tesouro

2.4 – Tradição

2.5 – Especificação

2.6 – Da Confusão, Comistão e Adjunção

Você também pode gostar