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2020/21
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I – Introdução
A disciplina de direitos reais corresponde ao Livro III do CC. Porém, isto não
significa que o Livro III esgote a matéria dos direitos reais.
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- Direitos reais de gozo são poderes atribuídos ao seu titular para
usar, fruir e dispor de determinada coisa.
- É importante também deixar claro que o Livro III não esgota todos
os direitos reais de gozo. Vamos estudar também o direito real de
habitação periódica.
• Quando a doutrina procura construir parte geral, vai olhar para todos os
direitos reais em especial para encontrar semelhanças, mas há um direito
que serve de referencia inicial, o direito de propriedade.
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A tipicidade
- Art.º 1306º nº1 à Significa que só são direitos reais aqueles que a
lei estabeleça.
O direito real, qualquer que ele seja (gozo, garantia, aquisição), vai ter
sempre o mesmo objeto
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Eficácia absoluta
• Art.º 1315º à O direito real é tutelável quer por meio judicial, quer por
meio não judicial.
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• Conceçao moderna ou personalista à Considera que o direito real não
é a relação entre pessoa e coisa. O direito real é um poder absoluto, que
permite ao seu titular exigir a todos um respeito pelo exercício de
faculdades sobre a coisa. O direito real diz respeito à relação entre o
titular da coisa e todos os outros. Estamos a olhar para uma relação
intersubjetiva (entre titular e todos os outros), como faríamos em relação
ao direito de crédito.
- Prof. considera que esta conceção não faz sentido, pois o direito
real caracteriza-se pelo lado interno (relação entre pessoa e coisa –
coisa está lá para ser retirada utilidade pelo titular) e pelo lado
externo (oponível a qualquer pessoa, erga omnes).
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direito é oponível erga omnes). O lado externo esta no
“direto”;
Há autores que, ainda assim, procuraram dizer que não havia razão para
distinguir estes 2 tipos de direitos, os autores monistas.
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Estas visões existem, mas não significa que sejam aceitáveis
Monismo realista
• Há uma ideia de que quando falamos de uma coisa como objeto de direito
real, esta coisa tem de ser específica/determinada. Só aí é que temos um
direito real. Dizer que nos direitos de crédito ainda tenho por objeto uma
coisa, da mesma forma que o direito real, é errado, porque o património
do devedor é um conceito indeterminado, e portanto não traz a
especificação que o direito real exige.
- Art.º 749º nº1 (diz que o privilégio geral não é oponível contra
terceiros, ou seja, não é oponível erga omnes).
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real só é afetado pela boa fé do terceiro em situações
limitadas);
d) O direito de impugnação caduca ao fim de 5 anos a
contar da data do ato impugnável (Art.º 619º ≠ Art.º
1313º).
Monismo personalista
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um elemento diferenciador, que é que essa pessoa é um titular de um
direito real, e é precisamente por ser titular de um direito real que
tem dever de prestar.
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c) Se a dívida é oculta.
• O ónus real tem na sua base uma obrigação real, um dever de prestar em
razão da titularidade de um direito real à Também é uma obrigação
real, mas é uma figura composta!
- No ónus real tenho uma obrigação real, e ainda uma garantia real
associada a essa obrigação à O devedor é titular de um direito
real, mas o credor tem o facto de beneficiar de uma garantia. Na
obrigação real só beneficia da natureza ambulatória da dívida, e no
ónus real beneficia da natureza ambulatória da dívida, e da
garantia real.
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- O credor tem direito de se fazer pagar com preferência ao demais
credores que estejam na esfera do devedor.
4. As pretensões reais
- Inversão de papéis.
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• Direito de crédito que se singulariza, pois deriva de uma violação de
um direito real.
Características tendenciais
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ü Direito de superfície (Art.º 1524º) à É possível destacar-
se 2 elementos num determinado prédio, solo e subsolo, e
atribuir em superfície um desses elementos a uma terceira
pessoa, sem que o indivíduo proprietário do prédio perca a
titularidade desse mesmo prédio rústico.
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§ Art.º 1340º nº1 à Alguém era proprietário, e um
terceiro vem e constrói, de boa fé, trazendo valor
superior. A pessoa pode adquirir o terreno sobre o
qual construiu.
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ü Direito de superfície (Art.º 1524º) à Não é por definição
temporário, mas pode sê-lo.
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ü Mesmo relativamente a direitos reais de gozo, não se
permite sempre usucapião à Existem direitos reais de
gozo que não se podem adquirir por usucapião (Art.º 1293º
à Servidões prediais não aparentes; Direitos de uso e de
habitação)
6.1. A inerência
6.2. A sequela
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- Nos direitos reais de gozo a sequela traduz-se em ir atrás da coisa
através da ação de reivindicação das ação de restituição da
posse.
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pagamento de um preço. O legislador entendeu que a pessoa
exerce a posse, mas vai ter de pagar o preço.
6.3. A prioridade
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ü Ex. 1: Um direito de servidão e um direito de usufruto são
direitos da mesma natureza, mas de espécie diferente, que
podem perfeitamente coexistir.
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6.4. A publicidade
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ü Pode haver um conflito entre 2 presunções à Havendo
este concurso, qual a que prevalece?
ü Publicidade espontânea:
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§ Negócios reais quod constitutionem à Casos em que
se exige a posse para que se possa considerar
celebrado o NJ.
ü Publicidade provocada:
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§ Porque não operou o efeito consolidativo, pode
operar o efeito aquisitivo do registo à Reverso
do efeito consolidativo.
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• Art.º 8º-B CRP à Quais as pessoas obrigadas.
• Destina-se a um conservador.
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- O conservador tem de fazer um registo definitivo, devido à
impossibilidade de conhecimento oficioso pelos tribunais
dos casos de anulabilidade (acabaria por ter mais poder que
o juiz se outra fosse a solução).
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- Na letra desta norma estaria o fundamento manifesto para a
inoponibilidade dos direitos reais sem publicidade. O registo seria
condicionante pleno da natureza absoluta dos direitos reais. Não é
assim.
- Para a Escola de Lisboa isto não é verdade e não basta (Prof. HSA,
Oliveira Ascensão).
Conceção de terceiros
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3/99. Em ambos os casos, estão em conflito o credor que obteve o registo da
penhora sobre um bem e o comprador desse bem que tendo adquirido antes do
registo da penhora não registou a sua compra (A vende a B. B não regista. C
obtém registo da penhora sobre o bem adquirido por B).
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ü Ex.: A vende a B que não regista, e depois C, credor de A,
penhora o bem não registado por B. C, deste acordo com
esta visão, deve ser tutelado.
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o O STJ decide voltar atrás por não existir a convicção
social da necessidade de registar.
• O Art.º 824º dispõe neste sentido, dizendo que a venda executiva é feita
livre dos direitos reais que não tenham sido registados anteriormente. Se
a venda é livre, B não pode opor o seu direito a C.
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- Como nas normas do Art.º 17º do CRP e 291º CC aparecem os
requisitos de boa fé e título oneroso, estes também devem aqui ser
considerados no âmbito do Art.º 5º do CRP
Assim, a escola de Lisboa defende que para um terceiro ser tutelado de acordo
com o Art.º 5º nº4, têm de se verificar os seguintes requisitos:
1. Incompatibilidade de direitos.
2. Registo do terceiro.
4. Boa fé.
5. Onerosidade.
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6.4.1.4.2. Reflexões sobre o conceito de terceiros à luz da obrigatoriedade
registal
O Prof. HSA defende a conceção ampla, dizendo que é necessário fazer uma
interpretação atualista do Art.º 5º nº4, à luz da obrigatoriedade registal,
consagrada em 2008.
• A razão principal que esteve por detrás do acórdão de 99 foi a não adoção
do princípio da obrigatoriedade pelo legislador. Pelo facto de não existir a
obrigatoriedade e a convicção generalizada de necessidade de registo, não
existiam condições de ordem prática que permitissem optar pela conceção
ampla, que está mais de acordo com as finalidades do registo predial.
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registo é o advogado/notário que autentica o documento particular.
Isto quer dizer que em bom rigor prático, quem tem obrigatoriedade de
registar é o notário/advogado, e ficamos numa situação quase
esquizofrénica de desconfiança, pois se o notário/advogado não o fizerem
a tempo, e entretanto outro sujeito registar esse bem, teremos aqui um
problema grave de desconfiança no ordenamento.
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§ é necessário para tutelar o terceiro.
Assim temos 2 critérios, segundo o Prof. HSA, para aferirmos se o terceiro está
de boa fé à Se consulta o registo e não há registo de outra pessoa; Se não
houver posse anterior ao registo pelo mesmo.
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ir fazer um período de meditação para o Tibete e deixa a sua
vida. Há um criminoso que acaba por falsificar uma escritura
pública de compra e venda entre A e B, e com base nessa
escritura consegue registar a escritura a seu favor do bem X.
Temos um registo nulo nos termos do Art.º 16º. B vende o
bem a C (terceiro). Se C tiver registado, adquirido a título
oneroso, e desconhecer o que se passou anteriormente (de
boa fé), C deve ser protegido. Estamos perante uma hipótese
clássica de aplicação do 17º nº2.
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- A questão dos 3 anos vai ser relevante para o entendimento do 17º
nº2 e do 291º.
• Imaginemos que A não está no Tibete, está cá, e quis vender, mas temos
um problema na forma do negócio. No Art.º 291º, o C só é protegido
com o decurso dos 3 anos, enquanto que no 17º nº2, o C é protegido
de imediato.
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ü Apesar do artigo nada dizer, entende que se justificaria
aplicar nesse contexto o pressuposto do 291º. Seria uma
resposta que daria equilíbrio às situações.
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interpretado como exigindo um registo em B. Para
que o 291º se aplique, é sempre necessário que se
verifique um registo em B.
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o Prof. Oliveira Ascensão à Também discorda deste
entendimento. Considera que as situações de
inoponibilidade dos artigos 291º e 17º nº2 pressupõem
sempre um registo anterior. Se, porém, houvesse
registo em B, aplicar-se-ia o 291º.
Conclusão:
Como resolver estes casos de tutela de terceiro que não tem uma relação direta
com o verdadeiro titular (de acordo com as regras de direito substantivo)? à 3
soluções:
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- Se estivermos perante uma invalidade substantiva, e o titular
originário tiver registado, aplicamos o Art.º 291º.
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- Operando a aquisição tabular, nos termos do Art.º 5º, o efeito
presuntivo do registo predial assume natureza inilidível.
• Prof. Henrique Sousa Antunes à Diz que estamos perante uma situação
de impossibilidade de exercício.
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exercício, os bens revertam para o Estado? à Não. Assim, a
impossibilidade cessa.
6.5. A tipicidade
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- Art.º 1306º nº1 à O direito de propriedade é tomado como
referência. Toda a restrição resultante de NJ que não esteja nestas
condições tem natureza obrigacional.
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propriedade. Teríamos 2 direitos de propriedade a viver
autonomamente.
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II – Breve ensaio de uma parte geral dos direitos reais
Tem sido a doutrina a construir uma parte geral dos direitos reais à Limitações
do exercício dos direitos reais, e vicissitudes dos direitos reais (não está no CC,
é construída pela doutrina)
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- Os direitos são verdadeiramente interdependentes à Por força da
natureza do próprio direito, este direito só pode ser exercido
através do exercício dos demais. Tenho um direito autónomo,
mas se olharmos para o regime, há um conjunto significativo de
poderes que demonstram que eu estou dependente dos demais.
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comum em alienação de quota à Art.º 293º +
eventualmente, 292º.
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ü Acordo sobre o uso da coisa comum, como um ato de
administração (Art.º 1406º nº1)
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• Conclusão à O regime da compropriedade exige um conjunto de
limitações ao exercício individual do direito sobre a coisa comum. Há
uma prevalência da dimensão coletiva que nos permite dizer que estamos
perante uma limitação intrínseca.
- O usuário não pode fazer seus os frutos que excedam a medida das
necessidades do titular do direito e da sua família (Art.º 1484º).
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1.2. As limitações extrínsecas
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§ Requisição à Respeita tanto a coisas móveis,
como a coisas imóveis. Dá-se à entidade
requisitante o direito de usar a coisa para o fim
que determinou a requisição, o que significa
que a pessoa fica privada do uso do bem
durante o tempo em que a requisição se
mantiver.
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• nº1 à “A propriedade dos imóveis abrange o espaço aéreo
correspondente à superfície, bem como o subsolo, com tudo o que neles
se contém e não esteja desintegrado do domínio por lei ou negócio
jurídico.”
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expressão? à Relação entre direito de propriedade e
direito de usufruto.
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nota distintiva que nos permite dizer que não estamos
perante uma relação de hierarquia: o direito de uso consiste
na faculdade de servir de coisa alheia e obter os respetivos
frutos, mas apenas na medida das necessidades do titular e
da sua família. Isto significa que para lá destas
necessidades, o direito de propriedade vai continuar a
exercer-se.
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à produção de trepidações e a outros quaisquer factos
semelhantes, provenientes de prédio vizinho, sempre que
tais factos importem um prejuízo substancial para o uso do
imóvel ou não resultem da utilização normal do prédio de
que emanam.”
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imóvel, só porque esse imóvel está a ser
utilizado de forma anormal, mesmo que a
pessoa que se opõe não tenha um prejuízo.
56
Qual a vantagem de podermos utilizar esta
norma de forma alternativa? à Se olhássemos
para o Art.º 1346º e interpretássemos como o
Prof. Menezes Cordeiro propõe, tal conduziria
a que substituíssemos a alternativa pela
copulativa, só havendo aplicação deste artigo
se houvesse uma cumulação de requisitos. Do
ponto de vista da tutela do ambiente e dos
direitos de personalidade, o Prof. HSA acredita
que será muito restritivo dizer que só quando
haja uma utilização anormal do prédio e um
prejuízo substancial é que o Art.º 1346º terá
aplicação.
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admitida a partir do momento em que o prejuízo se torne
efetivo.
o Prevenção do devassamento.
58
o Prevenção do gotejamento.
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Estamos a falar de um direito real constituído
sobre um bem imóvel, e a pessoa que fez a
construção incumpriu, e por isso mesmo estará
de má fé à Não havendo fundamento para esta
construção, o prazo será de 20 anos.
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Há uma mudança de sujeito, e o dever de
manutenção salta do sujeito incumpridor para o
sujeito afetado, pela razão de que com o
decurso do prazo se entende ter sido
constituída uma servidão.
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• Limitações que impõem a necessidade de suportar uma atuação
alheia
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- Art.º 1348º à Escavações.
63
• Limitações que impõem um dever de colaboração
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Estamos a falar numa dimensão das relações de vizinhança, que é a dimensão de
suportar a atuação alheia, mas neste caso esta necessidade de suportar uma
atuação alheia não tem como fundamento a existência de uma relação de
vizinhança, mas sim a tutela de direitos e interesses que existem com
fundamento diverso das relações de vizinhança.
- nº2 à Se essa captura não for feita, e não for feita a perseguição
do enxame, então o proprietário onde enxame de abelhas se
encontre pode ocupar o enxame, adquirindo o direito de
propriedade sobre o mesmo.
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- Caminhos ou percursos que facilitavam a deslocação das pessoas
através da passagem em prédio alheio. O Art.º 1383º veio dizer que
esses atravessadouros foram abolidos.
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caminhos que sejam atravessadouros estão lá em
benefício de um número mais pequeno de pessoas.
2.1. A constituição
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ü É a lei a definir quem são os herdeiros de um determinado
sujeito, sendo certo que no caso da herança da sucessão
legitimária, a lei diz que estes herdeiros não podem ser
deserdados, têm sempre direito a receber a herança.
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o Também se prevê fora do CC, a constituição unilateral
do direito real de habitação periódica.
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direitos reais menores, não deixa de,
concomitantemente, haver conflitos
naturalmente associados à sobreposição de
direitos reais sobre a mesma coisa.
• Usucapião
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mas não são possuidoras, são detentoras à
Delimitação do conceito de possuidor
relativamente a detentor é fundamental para que
possamos falar no efeito principal da posse, que é a
usucapião.
71
§ A usucapião está restringida a direitos reais
de gozo.
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está dependente de um regime para o qual a lei remete à
Regime da prescrição.
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se ao momento do início da posse. Por isso mesmo que ele
estivesse de má fé, o Art.º 1271º seria abafado pela
retroatividade da usucapião.
• Lei
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o sujeito, pela sua vontade, a fazer entrar na sua esfera
jurídica os direitos reais correspondentes.
• Sentença judicial
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- Fora destes casos específicos em que exista uma referência à
decisão judicial, ou possibilidade de identificarmos a decisão
judicial como modo de constituição do direito real, a sentença
judicial pode ser genericamente considerada como uma forma de
constituição de direitos reais (Ex.: Execução específica ou ação de
preferência, quando se trata da constituição do direito de usufruto,
ou do direito de superfície à Nestes casos, se houver
incumprimento, o que vai permitir a constituição é a execução
específica ou ação de preferência).
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o Aquisição da propriedade dá-se automaticamente,
verificado o apossamento.
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considerando o valor da coisa e as possibilidades
locais, ou avisar as autoridades, observando os usos da
terra, se existirem à 1323º nº2 + 1324º (por remissão)
78
• Regime da ocupação de animais à O Art.º 1323º foi alterado pela lei
que alterou o estatuto jurídico dos animais, a lei nº8/2017 de 3 de março.
O Prof. HSA dá a sua opinião:
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animal seja tratado como se fosse apenas uma coisa móvel
perdida.
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ü Assim, a solução de que a responsabilidade se cinja aos
casos de dolo ou culpa grave não é razoável, sendo urgente
rever o texto da lei nesta parte, ou sobrepor a este regime o
regime da gestão de negócios, que não isenta o gestor da
responsabilidade quando age apenas com negligência.
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• Ex.: A tem um terreno e B constrói nesse terreno um edifício, sem
legitimidade para tal. Se não houvesse a figura da acessão, dir-se-ia que a
pessoa que entra em esfera jurídica alheia sujeita-se a perder aquilo que a
essa esfera jurídica alheia trouxe.
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termos do 1326º continuo a ter uma acessão
qualificada como industrial.
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- “Pertence ao dono da coisa tudo o que a esta acrescer por efeito da
natureza.” à Ideia de que tudo o que se venha a incorporar na
coisa original integra o direito de propriedade existente.
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o O dono das coisas que foram levadas para prédio
alheio tem o direito exigir que as coisas lhe sejam
entregues, embora tenha um prazo de 6 meses para o
fazer.
• Porém, este aforismo (de que pertence a dono da coisa tudo o que lhe
acrescer por efeito da natureza) não se verifica senão excecionalmente na
acessão industrial.
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- Nos demais fenómenos de acessão industrial, não podemos dizer
sem mais que o proprietário do terreno vai adquirir a propriedade
do edifício à Temos de ponderar 2 hipóteses:
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que o terreno era alheio, ou se foi autorizada a incorporação
pelo dono do terreno.
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artigo não estabelece a relevância dessa
vontade.
88
Isto faz sentido porque se trata de proteger
quem não atuou por sua vontade, no sentido de
possibilitar essa intervenção à O dono da coisa
intervencionada nada fez para que isto
acontecesse.
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a coisa que foi trazida à coisa intervencionada e
a pagar uma indemnização ao interventor.
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o O interventor está a interferir num direito de
propriedade alheio, e portanto não podemos dizer que
o proprietário da coisa intervencionada e o
interventor estão na mesma posição, que estão
numa situação equilibrada à A lei garante a tutela
do direito de propriedade, e esse direito está a ser
lesado pela intervenção de um terceiro, e portanto esse
terceiro não pode ter os mesmos benefícios que tem o
proprietário da coisa intervencionada (não se pode dar-
lhe a possibilidade de decidir se quer ou não adquirir a
propriedade).
91
ü Nas benfeitorias o interventor de má fé vai receber uma
indemnização sem as limitações que resultam da natureza do
enriquecimento sem causa, ao passo que na acessão
industrial, se estiver de má fé, vai receber de acordo com
essas limitações do enriquecimento sem causa.
92
§ Se a posse é suficiente para o estabelecimento
total de vínculo jurídico, então na prática o que
teremos é um vínculo jurídico que afasta o
regime da acessão.
93
o Em bom rigor, a relevância da acessão só se dá
quando exista boa fé e valor superior à Se não
houver o preenchimento destes 2 requisitos não há
aquisição pelo interventor.
2.2. A modificação
Conteúdo
94
- No entanto, também é preciso ter em conta que na medida em que
estejamos em aspetos que não digam respeito a essa liberdade de
conformação, nesse caso o direito vai-se extinguir, porque o direito
surge com aquelas características e com aquele conteúdo preciso.
Objeto
2.3. A transmissão
95
o Se for com eficácia obrigacional, e as partes
estabelecerem que se houver a violação há lugar a
indemnização, mas tal não vincula terceiro, as
cláusulas de inalienabilidade devem ser admitidas.
2.4. A defesa
96
haja transmissão de um direito real, não seja necessário que
a esse facto seja dada qualquer publicidade. Mas os direitos
reais são oponíveis erga omnes – foram criadas algumas
formas de tutela de terceiros de boa fé com o fim de dar
confiança no tráfego jurídico (de outra forma teríamos de
fazer investigações extensivas para perceber se a pessoa de
quem adquirimos é o verdadeiro titular da coisa).
97
não só a proteger a posse, mas também a proteger esse mesmo
outro direito.
- Prof. HSA não coloca no plano geral de tutela dos direitos reais
uma ação específica, mas que tem importância à Ação de
demarcação (Art.º 1353º e ss.)
98
2.5. A extinção
99
• Constituição originária de um direito totalmente incompatível à Esta
constituição ocorre na expropriação por utilidade pública, na aquisição
por usucapião, ou na acessão.
- Ex.: Deixei uma terra de que sou proprietário por ser lavrada. Se
há um terceiro que vem e começa a lavrar essa terra, pode vir a
adquirir por usucapião. O efeito dessa aquisição é o de fazer
extinguir o meu direito de propriedade.
100
- Abandono à Há um ato voluntário praticado com o objetivo de
extinguir o direito (Ex.: Se deito uma caneta para o lixo, extingui o
direito por minha vontade).
101
§ Eu não quero perder o direito, mas é o preço
que tenho de pagar para me libertar da
obrigação.
102
proprietário não é chamado a pronunciar-se
sobre isto). Ao contrário sucede na renúncia
liberatória.
103
direitos aqui referidos se possam extinguir pelo não
uso.
104
admitir que se possa extinguir o direito de
propriedade pelo não exercício das faculdades
que o mesmo tem durante um certo período de
tempo à Senão, estaria a admitir, fora dos
casos previstos na lei, restrições ao direito de
propriedade.
105
estabeleça a possibilidade de extinção pelo
não uso.
106
forma que impedisse o acesso à via pública do
proprietário do prédio B. A lei estabelece a
possibilidade coativa de constituição dessa
servidão (servidão de passagem), porque
reconhece que há uma necessidade.
107
o Ex.: Se tiver um direito de usufruto, constituído por
usucapião, não é um direito que se caracteriza pela sua
necessidade, caracteriza-se pela sua utilidade, mas se
foi constituído por usucapião, foi constituído contra a
vontade do proprietário. Assim sendo, pode-se dizer
que se o proprietário conseguir demonstrar que o
direito menor que foi imposto por usucapião não tem
utilidade para o titular, deve o direito extinguir-se.
108
III – Os direitos reais em especial
1. A posse
• Não estamos a falar num direito real menor como os demais. Estamos a
falar num direito real que tem uma especificidade, que é a circunstância
de se caracterizar sempre por referência aos demais direitos reais.
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2. Dificuldade de prova do direito correspondente ao exercício do
possuidor
110
3. Valor económico correspetivo
111
1.3. O tipo
• O Art.º 1251º dá uma noção de posse, só que não é uma noção bastante
à “Posse é o poder que se manifesta quando alguém atua por forma
correspondente ao exercício do direito de propriedade ou de outro direito
real.”
o Corpus
o Corpus + animus
112
propriedade ou de outro direito real” confirmará a existência de
uma intencionalidade à Ideia de que há um comportamento
correspondente ao exercício desses direitos reais, se houver uma
vontade nesse sentido.
113
que se faz à Quando alguém controla materialmente
uma coisa, presume-se que o faz de forma
correspondente ao direito de propriedade ou de outro
direito real.
114
§ Estamos a falar de pessoas que não têm a
possibilidade de serem qualificadas como
possuidoras apesar de terem um controlo
material da coisa, uma vez que se demonstrou
que a causa desse controlo material é uma razão
diversa de um direito de propriedade, ou outro
direito real.
115
exemplo a possibilidade de adquirir o direito correspondente à
posse por usucapião.
116
§ Não existe vontade de criar um direito de
crédito em benefício de um terceiro (há apenas
uma relação extra-jurídica).
117
o Ex.: Um arrendatário controla materialmente a coisa
que foi arrendada. Mas onde está a legitimação
correspondente a um direito real? à Está no
proprietário.
A partir do momento em que determino que estou perante a posse, vou ter de
classificá-la.
118
ü Ex.: O usufrutuário tem uma posse civil do usufruto, e uma
posse interdital do direito de propriedade. Porque é detentor
do direito de propriedade, é usufrutuário.
119
ü "independentemente, quer do direito do transmitente, quer da
validade substancial do negócio jurídico” à A lei não
prescinde da validade formal.
- Posse não titulada à Posse que não se funda num modo legítimo
de adquirir.
120
ü Posse oculta à Aquela que se exerce de forma a que os
interessados não a conheçam. Não há possibilidade de que os
interessados a conheçam.
• Distinção entre posse efetiva e não efetiva está presente desde logo na
própria definição do tipo posse. Existe a posse não efetiva porque há
determinadas circunstâncias em que a lei admite que possa existir posse,
apesar de não haver posse material da coisa à 2 exemplos:
121
- Art.º 1270º nº1 à Prevê-se que o possuidor que tenha agido de boa
fé faz seus os frutos percebidos, até à data em que souber que está
com a sua posse a lesar o direito de outrem.
122
não tem a possibilidade de exercer a posse da
forma que o direito que lhe assiste permitiria.
123
se não forem intentadas dentro do ano
subsequente ao facto da turbação ou do
esbulho” – significa que alguém que foi
perturbado ou está a ser esbulhado tem 1 ano
para reagir. Se o não fizer, seu direito caduca.
124
ü Extrajudicial à Ação direta (na opinião do Prof. também
devemos incluir aqui o estado de necessidade e a legítima
defesa).
1.5.1. A aquisição
125
- Apossamento (Art.º 1263º alínea a)) à Para que haja apossamento
é necessário que se verifiquem 3 características: materialidade,
publicidade, e reiteração.
126
§ Prof. HSA à A oposição é um ato recipiendo,
não se basta com comportamentos que
denunciem a vontade. É preciso que essa
vontade seja levada ao conhecimento do
titular do direito. Só essa comunicação é que
vence a confiança do titular do direito.
127
ü Inversão do título da posse por ato de terceiro capaz de
transferir a posse
• Derivada
128
o Traditio ficta à Há um acordo entre as partes de
transmissão da posse, que não é feito na presença da
coisa.
Nota: É importante, nos casos em que temos uma compra e venda com
reserva de propriedade e há entrega da coisa, e nos casos de contrato-
promessa com entrega da coisa, saber se aquele a quem é entregue a coisa é
detentor ou mero possuidor.
129
antecipação do cumprimento definitivo. Assim, o devedor é
possuidor nos termos do direito de propriedade.
130
§ Como houve a venda da joia a terceiro, esse
terceiro vai adquirir não só a propriedade,
mas também a posse, apesar de não ter o
controlo material da coisa, por constituto
possessório.
131
§ Ex.: Aquisição do direito de propriedade por
usucapião à Se A possui há 10 anos, e B
possuía há 12 anos, então juntando as duas,
tenho 22 anos, o que já é suficiente para
adquirir por usucapião.
132
o Art.º 1256º nº2 à O que está aqui em causa é que
nos casos em que falamos em direitos da mesma
natureza e espécie (Ex.: 2 direitos de propriedade), se
a posse do antecessor tiver características piores, e
que dificultam, portanto, a aquisição por
usucapião, são essas que prevalecem (Ex.: Se a
posse do antecessor for violenta, então vamos aplicar
o prazo para a usucapião que se aplicaria se a posse
fosse violenta).
133
Desde 2008, com a obrigatoriedade registal, que
sabemos que o aquele que tem de registar não é
o principal vinculado. Está apenas vinculado
subsidiariamente a efetuar o registo (advogado
ou notário tem primordialmente essa
obrigação).
1.5.2. A perda
134
2. A propriedade horizontal
2.1. O tipo
135
ü Ao contrário do que acontece na compropriedade, em que
prevalece a dimensão coletiva do direito, neste caso, as
partes comuns são funcionalizadas à utilização da fração.
136
ü Legislador concretiza a ideia do que sejam unidades
independentes à Unidades independentes, distintas,
isoladas entre si, que têm saída própria para uma parte
comum do prédio ou para a via pública.
- Regulamento do condomínio
137
o Pode respeitar apenas a partes comuns à Fazer
uma regulação da utilização das partes sujeitas ao
regime da compropriedade.
138
Se constar do título constitutivo, este
regulamento só pode ser alterado por
unanimidade à Como o regulamento consta do
título constitutivo, o que vai haver é uma
modificação do título constitutivo (Art.º 1419º
à Título constitutivo pode ser alterado
havendo acordo de todos os condóminos).
139
ü Na compropriedade, se todos estivessem de acordo, seria
possível aos comproprietários alienarem a coisa comum à
Na propriedade horizontal, mesmo que todos os
condóminos estejam de acordo, não podem alienar a um
terceiro uma parte comum.
140
querer dizer que os outros condóminos têm o direito de
preferir na venda dessa mesma fração autónoma? à Não.
141
Mesmo que os condóminos quisessem transformar estas
partes em partes integrantes de frações autónomas, não o
poderiam fazer.
142
§ Qualquer inovação que se pretenda fazer ao
terraço de cobertura é uma inovação que deve
estar submetida ao regime das inovações sobre
partes comuns à Art.º 1425º
143
ü Ex.: Art.º 1346º (emissão de fumos) à Estas limitações
aplicam-se em sede de propriedade horizontal.
144
constará do título constitutivo, e se for alterado
necessitará de unanimidade.
ü nº3 à Parece que está a seguir o nº2 alínea a), mas não é o
caso. Não estamos a falar em prejuízos, mas sim em
modificações.
145
2.4. As vicissitudes
Constituição
ü Menções facultativas:
146
o alínea b) à “Regulamento do condomínio,
disciplinando o uso, fruição e conservação, quer das
partes comuns, quer das frações autónomas”
Modificações
147
ü Conjugando com a regra do Art.º 1432º, sobre as
deliberações da assembleia, significa maioria dos votos
representativos do capital investido, se não houver
oposição.
2.5. A administração
148
à Deliberação pode ser impugnada nos termos do Art.º
1433º.
149
§ Deliberações da assembleia que respeitam às
frações autónomas à Não é possível deliberar
relativamente às frações autónomas.
3.1. O tipo
ü Tem por objeto não apenas uma coisa corpórea, mas pode
ter por objeto um direito alheio.
150
ü Tem por objeto coisa ou direito alheio à Direito de
gozo menor. Trata-se de limitar a propriedade de na
medida da constituição do usufruto.
151
§ Não haverá aqui uma exceção à regra de que o
usufruto não pode exceder a vida do
usufrutuário?
- Plenitude
ü Art.º 1439º.
152
§ Não estamos a exigir ao proprietário que faça
um aproveitamento total da coisa à Estamos
sim, a salvaguardar a sua vontade
relativamente ao aproveitamento total da
coisa.
153
Imaginemos que A (proprietário) e B
(usufrutuário) convencionaram que ao
proprietário seriam reservados frutos em tal
medida que para o usufrutuário ficariam
apenas frutos correspondentes à satisfação das
suas necessidades e da sua família. Esta
limitação claramente representa a constituição
de outro direito real, o direito de uso (Art.º
1484º). As partes estariam a constituir um
direito de uso, chamando-o de usufruto.
154
§ Distingue entre substância e forma.
155
§ Prof. Henrique Sousa Antunes à Discorda do
Prof. MC. O destino económico da coisa não é
uma limitação ao direito de usufruto.
156
de pedreiras, o respeito resulta do facto
de a lei exigir prudência ou o respeito
de regras de práticas que são
observadas pelo proprietário, de modo
que a utilização da coisa seja feita com
razoabilidade.
157
Ideia de que quando termina o
usufruto, o proprietário vai receber
ou coisas do mesmo género, ou o
valor dessa coisa que foi atribuída em
usufruto.
158
v Este artigo diz que as normas
subsequentes, onde estão 2 normas que
referem o destino económico e social
do direito (1446º, 1450º), são
supletivas. Sendo normas supletivas,
estas não podem ser caracterizadoras do
tipo.
159
objeto. Pretendeu preservar a integridade
material do objeto, e que esta fosse respeitada.
Direitos
160
do prazo do direito, ou, se não houver um prazo, em
vida de um trespassante (Ex.: A é proprietário, constituiu
o usufruto em favor de B, e B decide alienar o seu direito
de forma definitiva em benefício de C. Imaginemos que era
um usufruto vitalício a favor de B, mas C, a quem foi
trespassado o usufruto, vem a morrer antes do B). O que
acontece nestes casos ao usufruto?
161
ela que determina a extinção do
direito, e não qualquer outra coisa.
162
Admitir-se que o usufrutuário
possa ser responsável pelos danos
causados por culpa dos herdeiros
do trespassário, que ele não
escolheu, e porventura até nem
conhece não é desrazoável, na
medida em que o que se trata é de
proteger o interesse do
proprietário, e tendo em conta que
o usufrutuário poderia sempre
impedir que isto acontecesse, se
não tivesse trespassado o seu
direito.
163
responder perante A pelos danos
que sejam causados por culpa da
pessoa que o substituiu (C).
164
- Dever de restituir a coisa quando o usufruto termina (Art.º
1483º) à Quando o usufruto se extingue, a restituição da coisa
deve ocorrer.
3.3. As vicissitudes
- A lei estabelece que mesmo que a coisa seja mal usada pelo
usufrutuário, tal não é um modo de extinção do direito real (Art.º
1482º).
165
ü A lei estabelece que as necessidades pessoais do usurário ou
do morador usurário são fixados segundo a sua condição
social.
5. O direito de superfície
5.1. O tipo
166
- Assim sendo, ter um direito de superfície, para o proprietário, é
menos custoso do que transmitir a propriedade, pois não perde a
coisa que estava na sua esfera jurídica. Estabelece apenas um
encargo no prédio, e findo um determinado tempo esse direito de
superfície vai-se extinguir, e a propriedade readquire a sua
plenitude, inclusivamente com o edifício ou a obra que tenha sido
construída.
167
o O cerne deste problema é dar segurança a
quem adquire as frações autónomas. Ideia
de que quando alguém é condómino,
acredita que vai ser condómino
perpetuamente.
168
o Isto pode causar alguns problemas à
Como o proprietário do solo assim
permanece, apesar da constituição do
edifício, o Art.º 1533º estabelece que o
uso e a fruição do solo pertencem ao
proprietário.
169
1. A incorporação no solo à Não podemos falar em
direito de superfície se for uma casa móvel ou uma
tenda (estamos a implantar, mas não a incorporar).
170
em benefício de terceiro. Manutenção aqui
tem uma natureza exclusivamente material.
171
manutenção material à Ideia de que a
obra ou plantação já existe!
172
- Estamos para lá da obra ou plantação.
- Como é que sei que estou perante o Art.º 1525º, que estende,
sem mais, o objeto da superfície, ou o Art.º 1529º, que
estabelece uma servidão, que é uma verdadeira servidão
legal?
173
3.2. Os direitos e obrigações das partes
174
5. O direito de preferência em benefício do proprietário do solo (Art.º
1535º)
5.3. Vicissitudes
175
plantação, tem de haver a possibilidade de construir ou
plantar por recurso ao reconhecimento de uma aquisição por
usucapião, a questão ganha relevância.
• Extinção
176
o Embora a lei não fale em não uso, no Art.º 1536º até
temos uma expressão dessa ideia do não uso, quer na
alínea a), quer na alínea b) do nº1 à Quando alguém
tem um direito de superfície tem de construir a obra
ou fazer a plantação num determinado prazo, ou se a
obra ou plantação forem destruídas, tem de
reconstruir a obra ou replantar num determinado
prazo.
- Consequências da extinção
177
o Art.º 1541º à Vem estabelecer uma ficção para
tutelar terceiros. Legislador mantém os direitos reais
de terceiros que oneravam a superfície, e os que
oneravam a propriedade do solo, mantendo-os até que
o decurso do prazo ocorra.
178
6. As servidões prediais
6.1. O tipo
179
ü Se estas utilidades nunca vierem a surgir, o que pode
acontecer, na prática, é que a servidão se venha a extinguir
pelo não uso.
180
- A oneração estende-se às novas parcelas criadas, e o direito
adquire uma pluralidade de titulares se o prédio dominante vier a
ser dividido por várias pessoas, aplicando-se, consequentemente,
as regras da comunhão de direitos.
181
- nº2 à Regra que equilibra a posição de ambas as partes, e que
evita que haja algum prejuízo não antecipável pelas partes quando
constituem essa servidão predial.
o Constituição coativa.
182
o Extinção por remição à Se o proprietário do prédio
serviente demonstrar que precisa das utilidades que
estão a beneficiar o proprietário do prédio dominante,
então a lei admite que a servidão se possa extinguir
por remição (Art.º 1569º nº4).
- Servidão voluntária
- Consequências:
183
d) Servidão positiva ≠ servidão negativa ≠ servidão desvinculativa
ü Ex.: Passagem.
- Consequências:
184
7.3. As vicissitudes
185
o Um ato de oposição à Tem de haver uma inversão
do título da posse. O proprietário do prédio serviente,
que era um detentor das utilidades que estavam a ser
transferidas, vai-se opor. Vai ter de haver uma
privação do controlo material que era feito pelo
proprietário do prédio dominante. E essa oposição
tem de ser levada ao conhecimento do proprietário do
prédio dominante.
186
7. O direito real de habitação periódica
7.1. O tipo
• O que o legislador quis foi dar mais força e maior segurança, a quem
adquiria essa possibilidade de usar num período certo em cada ano
determinada coisa. Daí que tenha surgido com o DL nº 355/81 de 31 de
dezembro o direito real de habitação periódica.
187
ultrapassando as situações atuais do direito de crédito ou de
compropriedade pois essa era também uma alternativa, ou seja, já
não seria verdadeiramente uma partilha de tempo, sendo mais do
que isso, com as dificuldades que o regime de compropriedade
implica.
188
Caracterização do direito real de habitação periódica
189
caracterizam o direito de gozo. Esses poderes podemos encontrá-
los nas várias normas do diploma.
190
ü O direito pode ser transmitido e, portanto, sair da sua
esfera jurídica, ou ser afetado na sua integridade, uma
vez que o direito pode ser onerado pelo titular.
191
objeto do direito estejam em boas condições. É esta a
principal obrigação do titular do empreendimento.
192
utilizar de forma prudente e zelosa de modo que se causar
danos, obviamente será responsável.
1. Direito de propriedade
ü Esta ideia era uma ideia que estimulava a aquisição, mas era
uma ideia enganadora. De facto, a propriedade
permanece na esfera jurídica do proprietário do
estabelecimento.
193
o Muitas vezes as pessoas eram chamadas a receber um
prémio de um concurso em que não tinham
participado, e depois eram bombardeadas com a
apresentação de um determinado produto desta
natureza, e acabavam por ser coagidas a comprar esse
mesmo produto.
• O utente pode ainda dispor do seu direito, mas não pode dispor da
coisa como acontece relativamente ao proprietário.
2. Direito de usufruto
194
3. Propriedade horizontal
195
falar-se de uma atuação coletiva para fiscalizar a administração
do empreendimento.
196
- O direito real de habitação periódica, direito parcelar,
convive com a propriedade do empreendimento.
7.3. As vicissitudes
Não esquecer à Temos que distinguir entre o direito a que fica submetido o
empreendimento, e os direitos parcelares que resultam esse direito a que o
empreendimento fica submetido.
197
nos termos e nas condições que constam da declaração
de comunicação prévia.
198
5. O certificado é o documento onde vai ser formalizada a
transmissão ou oneração dos direitos reais de habitação
periódica.
c) Direito à caução.
199
e) Irrenunciabilidade aos direitos anteriores, e nulidade das
cláusulas de limitação ou exclusão desses direitos ou das
responsabilidades do vendedor.
• Extinção:
200
• O Art.º 298º nº3 não se refere ao direito real de
habitação periódica à Esta norma é uma norma que
não teve alteração desde a versão originária do CC.
Nessa altura não existia o direito real de habitação
periódica, que só vai aparecer em 1981.
201
crédito, e que justifica que não sejam levados para o mesmo
“pacote” que os direitos reais de garantia.
202
ü Como é que pode ser considerado uma garantia se vem do
próprio património do devedor? à A garantia real traduz-se
na circunstância de haver a atribuição de uma posição de
preferência ao credor na satisfação do seu crédito pelo
valor ou pelos rendimentos de determinado bem.
203
O que resulta do Art.º 604º nº1 é que os
credores têm o direito a ser pagos
proporcionalmente pelo preço dos bens do
devedor, quando este não chegue para integral
satisfação dos créditos. 500 não chega para
satisfazer 1000 porque os débitos que essa
pessoa tem são de 1000. Se ele só tem no seu
património 500, isso significa que não tem a
capacidade de satisfazer integralmente as suas
dívidas.
204
Então, tenho um património de 500 que se
esgota num terreno sobre o qual existe uma
hipoteca, que está onerado em benefício do
credor B, e o credor B tem posição de
preferência em relação ao credor C. Ou seja,
quem vai ser pago primeiro é o credor B, e só
na medida em que o credor B esteja
plenamente satisfeito ou satisfeito na medida
das forças do património do devedor, é que o
outro credor, C, vai ser satisfeito.
205
o Isto significa que as garantias reais obedecem ao
princípio da tipicidade dos direitos reais. Para que
haja garantias reais, é necessário que a lei as
estabeleça à Só há garantias reais nos termos em que
a lei as preveja e isto é, naturalmente, o que vimos em
relação aos direitos reais de gozo.
206
o Esta característica, que é uma característica
ultrapassável, é afastável por vontade das
partes.
8.4. As garantias reais à luz das características dos direitos reais de gozo
O que interessa na disciplina são as garantias reais que estão previstas na lei, e
têm oponibilidade erga omnes, que identificamos nos direitos reais de gozo.
Então, vamos fazer breve confronto entre as garantias reais e os direitos reais de
gozo.
Há 4 diferenças importantes:
1. Posse e usucapião
207
indemnização que é devida ao beneficiário da tradição, a lei
estabelece direito de retenção. Neste caso estamos a falar de
uma garantia real de satisfação de um crédito
relativamente a um bem do devedor e que se traduz num
controlo material.
208
exatamente um objetivo que não se esgota na existência desse mesmo
direito.
209
ü Isto significa que em primeiro lugar foi constituída em
hipoteca, em segundo lugar o privilégio creditório
imobiliário e em terceiro lugar o direito de retenção.
210
§ A lei diz claramente que o privilégio
imobiliário especial vai prevalecer sobre a
hipoteca e sobre o direito de retenção ainda
que porventura a hipoteca e o direito de
retenção fossem anteriores. Estamos a
afastar o critério da prioridade temporal.
211
• Nos direitos reais de gozo, a prevalência é uma condição de
existência do direito, ao passo que nos direitos reais de garantia é
uma condição de exercício do direito.
212