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Sobre o curso
Ementa: posse e propriedade.
Propriedade: Art.1228. (uso, gozo ou fruição e disposição)
Vocabulário:
- evitar CFRB/88, CC, mas sim “lei suprema”, “carta maior, “pacto fundamental”, constituição da
república.
- Mudar – transmudar, translocar
- Ligar – vincular
- Possuir – ter
- Ação reivindicatória (de posse) : o prefixo re é de res, coisa. Logo, não se deve falar reivindicar posse,
mas propriedade.
- Não transcrever o artigo inteiro
- Não escrever artigo por extenso, mas apenas art.
- inciso sempre se fala em numero cardinal
- “deu a decisão” não pode. Deveria ser: proferir ou prolatar
Aula 1- 21/03/2017
Aula 2- 23/03/2017
Classificação da posse
I. Posse direta e indireta
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.
- A posse poderá ser desmembrada, assim, o legislador entendeu que se o possuidor desmembrar
sua propriedade, não significa que ele perdeu seu bem. Com isso, a doutrina entende que quem
aluga ou empresta a posse, a possui sob a forma de posse indireta, e o indivíduo que recebeu a
posse (possuidor) através de contrato de direito real ou pessoal (de depósito ou aluguel, por
exemplo – contratos pessoais ou reais – usufruto, servidão, enfiteuse) detém a posse direta do bem.
Ex: Juliana aluga uma casa de campo para Camila morar. Juliana detém a posse indireta do imóvel,
haja vista que o fato dela alugar para outrem não implica no fato de perda de posse. Camila, por
outro lado, possui a posse direta, visto que ela que atuará perante o imóvel.
- Síntese: espécie de posse subordinada, dependente e temporária. Nenhuma posse direta é
definitiva, mas sim temporária, é exercida através de contrato real ou pessoal. Também conhecida
como posse acessória e derivada.
- Aquele que outorga a posse, a fruição, não é considerado destituído, porque não perde poder ou
direito sobre a coisa, mas é possuidor indireto.
Anotações de outro resumo (Reili):
- A posse só é indireta quando há a celebração de um contrato, como ocorre, por exemplo, no
aluguel.
- Poder-se-ia pensar que, toda vez que o possuidor está em contato físico com a coisa, a posse é
direta e, quando não está, ela é indireta, como no caso do possuidor que contrata um vigia para
tomar conta do seu terreno, evitando invasões. Parte da doutrina até considera o exercício de fato
como sendo uma posse direta. Porém, essa classificação, tecnicamente, só se verifica quando
ocorrer o desdobramento da posse por um contrato formal, ainda que celebrado verbalmente. É por
isso que ela também se chama, a direta, posse subordinada, contratual, derivada, acessória e
dependente.
- São exemplos de desdobramento da posse que dão origem à classificação em estudo: locação,
comodato, penhor, anticrese, alienação fiduciária em garantia, usufruto e depósito. Se há a posse
direta por conta de um contrato de locação, isso não ensejará direito à usucapião. Por outro lado, se
o locador morre e os herdeiros não se interessam pelo imóvel, não há mais o contrato de locação,
logo, não há a relação de dependência e a usucapião será possível. Para que a posse sirva à
usucapião não pode ter a característica da dependência.
1
Parágrafo único tem uma especificidade: é ocioso, não precisaria desse artigo. Quem começou como
detentor, continua como detentor.
locatário, porque composse presume horizontalidade, posse das duas pessoas. Este último exemplo
só comporta posse direta e indireta.
IV. Posse justa e posse injusta [CC, art. 1.200, conjugado ao artigo 1.208]
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
- Posse justa. Se sua posse não é violenta, nem clandestina, nem precária, tem posse justa. Também
chamada de mansa e pacífica, para a usucapião.
- Posse injusta:
violenta – alcançada por meio da força, vi em latim
clandestina – obtida ocultamente, (o sujeito não está presente, mas ingresso enquanto ele não
está), cla em latim
ou precária – decorre da não devolução da coisa e do bem quando o possuidor deveria fazê-lo –
terminado o negócio jurídico. Toda vez que é precária, há sempre posse direta ou indireta, como na
locação (ação de despejo, segundo fundamento a Lei 8.245/91, artigo 5º:“Seja qual for o
fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo.”).
Exemplo: comodato – com esbulho, há o ingresso com ação para reintegração de posse; locação com
esbulho há ação de despejo.
Por que precária no caso de comodato? Encerrou-se o comodato no empréstimo de uma casa,
mas não entregou. Está em mora, o comodatário, esbulhando. A posse dele é apenas precária.
Além disso, era injusta, porque não era dele! O comodante, então, ingressa ação de reintegração
de posse. Em relação ao comodante, a posse é sempre precária (decorre do abuso de confiança),
porque, encerrado o prazo, há retenção indevida por parte daquele que deveria devolver. Nunca
cessa a precariedade nesse caso, até ingresso da ação. Não é possível a usucapião, pois como se
saberá quando cessou a injustiça (precariedade)?
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
- Observar o artigo 1.208 para vincular ao anterior:
“tolerância” - Começa com ato de tolerância. Não é como locação nem comodato, mas
tolerância. Se depois você perceber que vai converter em comodato.
“aquisição” – da posse
“atos violentos ou clandestinos” – durante violência ou clandestinidade, os atos não importam a
posse. Depois que cessar violência, há o final do artigo: “senão (exceto) depois de cessar a
violência ou clandestinidade”. Quando uma pessoa A vai embora e outra B assentou na terra de
outra pessoa, a lei passa a proteger – porque se torna possuidor. É esbulhador da terra de uma
pessoa A.
Ou seja, o artigo 1.200 fala que a posse violenta, precária e clandestina é injusta; porém, quando
acabar violência e clandestinidade, se o esbulhador se assentar, ele se torna possuidor – perante
terceiros, nunca contra o possuidor anterior.
IX. Posse originária (ou própria) e hereditária (CC/02, artigos 1.206 e 1.784)
- Se eu exerço a posse ou a propriedade, é uma posse originária, começou comigo. Mas se eu morro
e transmito essa posse aos meus herdeiros, a posse deles é uma hereditária. Essa classificação tem
importância porque
- Posse originária. Se o indivíduo exerce a posse em nome próprio e ele mesmo deu início à posse,
trata-se de posse originária.
- Posse hereditária. Posse hereditária é aquela adquirida por herança, tem fulcro no art. 1.784, do
CC/02 (art. 1.572, do CC/16), que advém do art. 724 do CC francês. Além disso, também tem
fundamento no CC/02, art. 1.206.
CC/2002, art. 1.784: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Herança: posse e propriedade (conjunto de bens e direitos do falecido). É posse hereditária.
CC/ 1916, art. 1.572: Aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
Domínio é a propriedade e a posse.
Article 724, Code de France: Les héritiers désignés par la loi sont saisis de plein droit des biens, droits et
actions du défunt. Les légataires et donataires universels sont saisis dans les conditions prévues au titre
II du présent livre. A leur défaut, la succession est acquise à l'Etat, qui doit se faire envoyer en
possession.
Saisine Juris ou droit de saisine tem esteio no art. 724 do CC francês, como foi dito.
- A posse hereditária também está no artigo 1.206 do Código Civil:
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres
Aula 3- 28/03/2017
Aquisição da posse
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
- É possível exercer um daqueles poderes: uso, fruição e disposição – direitos que se iniciam logo,
assim que ingressado na posse. Mas, às vezes, está sem uso, mas está com fruição – ou o contrário.
Se alguém comprou imóvel alugado, ele passa a ter poder de fruição. O possuidor indireto passa a
ter posse direta quando compra imóvel alugado – com isso, adquire o poder de fruição.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I. pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante.
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Universal = herança, porque participa de tudo que o falecido deixou
Singular = recebe algo determinado ou recebe como legatário algo determinado – por isso pode unir
sua posse à do antecessor.
Art. 1208
Art. 1209
Aula 4- 30/03/2017
Efeitos da posse
- A posse, por ser um direito de poder de inflexão, poder absoluto, etc, é um poder que emana
daquele que está em contato físico, porque ele mantém essa posse para usar e fruir a coisa – às
vezes até pra transferir a posse. Tem possuidor que não tem titulo, mas tem três poderes – usa, frui
e transfere.
- Quem tem essa posse, pode defendê-la com as próprias mãos – contanto que não se exceda.
Artigo 1.210
- São efeitos da posse:
1. Legítima defesa e desforço imediato
2. Faculdade de invocar os interditos
3. Indenização por acessões e benfeitorias
4. Usucapião ou prescrição aquisitiva
1. Legítima defesa
- Elementos. Como excludente da ilicitude [CC, art.188, I e II]: as três excludentes também estão no
Código Civil. A legítima defesa está lá. Além disso, tem o artigo 1.210: possuidor esbulhado ou
turbado: “atos de defesa e desforço não podem ir além...”
- Na teoria do crime, os elementos da legítima defesa são: agressão injusta, meios necessários,
utilização moderadamente, e dirigir-se à pessoa agressora ou outra pessoa – CP, art.25 [estatuto
repressivo]. No cível, não há elementos específicos, mas é preciso fazer analogia. Se alguém está
invadindo atual e de forma iminente, eu ainda não perdi, isso é turbação.
- Legítima defesa. Logo, quando houver turbação, é uma espécie de agressão atual e iminente.
Preencho requisitos do artigo 25, sem usar meios que ultrapassem os meios necessários, de forma
moderada. Com isso, posso praticar legítima defesa.
- Desforço imediato. A única diferença é que no direito possessório é possível uma espécie de
legítima defesa retroativa. Se fala da possibilidade de “restituir”, é porque já aconteceu a ameaça
em relação à posse. Ainda assim, é possível legítima defesa – contanto que seja logo! O logo é assim
que toma conhecimento da perda da posse. Esse instituto não é chamado mais de legítima defesa,
mas desforço imediato. É uma espécie de legítima defesa aplicável à defesa da posse quando houve
esbulho possessório. É apenas pra posse injusta, violenta, clandestina. Pra posse precária, isso não
se aplica. Afinal, ele apenas não devolveu – não houve violência, a legítima defesa é apenas quando
ocorre violência/coação. Nesse caso, só é possível ingressar com ação de reintegração de posse.
- Atenção! A legítima defesa é possível tanto pra jus possessionis, quanto pra jus possidendi.
Contanto que a defesa seja feita logo.
a. Manutenção de posse
- Chamado: Interdictum retinendae possessionis / Ação de força nova turbativa = turbação
- Tipos de turbação:
Perturbação direta – diretamente executada e promovida, perturbando o exercício da posse
alheia
Perturbação indireta – feita por um terceiro ou animais
Perturbação de direito – sujeito é incomodado por ação possessória. Essa ação tem caráter
dúplice, porque um pode pedir e o réu também. A citação por aquele que está com razão da
posse diz que é uma turbação de direito. Ou sujeito quer alugar casa, mas um terceiro diz
algo ruim sobre a casa.
Perturbação de fato – feita com atos materiais, ou invasão do terreno.
- Quando houver turbação – incômodo ou perturbação – ao exercício do direito subjetivo da posse,
sem perdê-la, eu ingresso com este interdito - ação de manutenção de posse - pra afastar o
incômodo e ser mantido na posse.
- Se no decorrer da ação a situação ficar ainda mais prejudicial que o início, havendo esbulho,
comprovada a ofensa ou ameaça de turbação ou esbulho, ele dá ação adequada ao que incomoda. A
manutenção é adequada para a situação que houver esbulho ou turbação.
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
- As três ações estão presentes nesse artigo.
- O CPC/15 versa que:
[CPC, art. 560] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em
caso de esbulho.
- E, ainda os requisitos:
[CPC, art. 561]. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de
reintegração.
- Nesse artigo abaixo, vemos como é dada liminar (pra posse nova ou esbulho novo! Se for velha, não
cabe liminar, claro).
[CPC, art. 562] Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada.
- Nas ações especiais, pra proteger alguns direitos relevantes – como a posse, podendo ser jus
possidendi ou jus possessionis – a lei dá especial proteção. A audiência é de justificação de posse, só
para o autor. A lei processual diz que se o juiz não está convencido, marca audiência para o autor
provar que exerce a posse e está sendo turbado ou que perdeu a posse.
- Citado, começa a ser contado o prazo.
- Outros artigos seguintes (o professor só leu os artigos em sala de aula):
[CPC, art. 563]
[CPC, art. 564]
- Cumulação de pedidos possessórios:
[CPC, art. 555] É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.
b. Reintegração de posse
- Reintegrar é correr atrás do direito para recuperar.
- Chamado: Interdictum recuperandae possessionis / Ação de recuperação da posse / Ação de força
nova espoliativa = esbulho
- Passados um ano e um dia, não cabe liminar, mas cabe ação de reintegração de posse. [CPC, art.
558] - liminar - ano e dia. Vira posse velha depois de um ano e um dia. Isso vale pras três ações dos
tipos puros. Mesmo ação de manutenção de posse, vira posse velha depois do período.
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
c. Interdito proibitório
- Chamado: Interdictum proibitorum / Ação de força iminente = evitar que terceira pessoa cometa
turbação ou esbulho / Ação de preceito cominatório.
- Pressuposto: ameaça concreta de turbação ou esbulho – proibir o sujeito de invadir a posse ou
invadir. Se ele concretizar, será multado.
- É uma ameaça de esbulho ou turbação
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
ATENÇÃO!
- Ações possessórias puras merecem processualmente uma proteção especial, através do chamado
princípio da fungibilidade dessas ações. O princípio está inscrito no artigo 554 do CPC/15. Vamos
tratar da parte geral do Código de Processo Civil sobre ações possessórias:
Art. 554, CPC – Princípio da fungibilidade das ações possessórias:
§ 1º - citação MP e DP
§ 2º - citação pessoal
§ 3º - ampla publicidade
[Art. 555,CPC] Lícito ao autor cumular o pedido possessória.
Cumulação de pedidos possessórios - ação de manutenção de posse com ação de perdas e danos.
Parágrafo único: imposição de medida necessária pra evitar nova turbação ou esbulho.
[Art. 556, CPC] Lícito ao réu na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a
proteção possessória.
Criou-se defesa dúplice. Toda ação possessória tem em regra caráter dúplice: possibilidade que o
réu tem de requerer defesa da posse e que o autor que torna-se o esbulhador ou turbador da posse
dele. Posse como matéria de defesa.
[Art. 557, CPC] Na pendência da ação, é vedado ao autor e réu propor ação de reconhecimento de
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
- Parágrafo único é melhor que esse caput, porque é igual ao parágrafo segundo do artigo 1.210 do
Código Civil + Sumula STF 487 “Alegação de domínio em ação possessória”: fazer valer propriedade
em ação possessória. Ex.: sujeito compra uma casa de um proprietário e tinha um terceiro morando
lá, exercendo a posse. Nesse caso, não pode entrar com ação de reintegração de posse, porque ele
nunca exerceu a posse – logo, não pode reintegrar. Nesse caso, só poderia ser ação reivindicatória –
alegar o domínio em ação possessória.
- Tanto o réu quanto o autor não podem alegar propriedade porque isso é assunto de ação
reivindicatória!
Aula 5- 04/04/2017
Aula 6- 06/04/2017
Alegação de domínio
- Artigo 1.210, parágrafo 2º. Súmula 487. CPC, 557: Posse é um direito. Propriedade é outro.
- Quando a ação se pauta na propriedade, trata-se de demanda petitória. Ação possessória trata-se
de demanda possessória; só se discute posse.
- Por isso, na ação possessória, a alegação de domínio não prevalece – salvo se a disputa está sobre
títulos. Daí, julga-se – de acordo a súmula 487 – conforme o título de maior valor. Apenas nessa
exceção, o juiz verá qual título de maior valor – nesse caso, quem tem propriedade (é um título de
maior valor). É a exceção de domínio – exceptio domini.
- Súmula 487 STF: será deferido a posse a quem tiver domínio, se com base neste for disputada.
- Havia uma redação mais ampla no CC/16. A posse se classifica em jus possessionis e jus possidendi.
Na disputa por posse, na dúvida sobre quem tem domínio, melhor julgar a favor de quem pertence a
propriedade. Se não for isso, se o litígio é só possessório, discute-se só posse.
- Alegação de domínio, portanto, é a situação pela qual uma pessoa defende a posse com
fundamento na alegação de propriedade, com base no jus possidendi. É uma advertência legal, que a
lei faz para não se misturar pedidos possessórios e petitórios. Quando se está alegando jus
possidendi, não se deve julgar contra aquele que fez melhor prova da propriedade.
- Outros artigos de direitos reais: artigo 1225 – enfiteuse, por exemplo.
Art. 558 - posse nova e posse velha
Art. 559 - caução real/fideijussória
Art. 560 - ações de manutenção e reintegração
Efeitos da posse – parte II
Artigo 1.210
- São efeitos da posse:
1. Legítima defesa e desforço imediato
2. Faculdade de invocar os interditos
3. Indenização por acessões e benfeitorias
4. Usucapião ou prescrição aquisitiva
- Obs.: Perda da posse: se perder propriedade, perde também a posse. Há os modos voluntários e
involuntários de perda da posse. Voluntário: se desfez ou transferiu a posse. Involuntário: perda,
furto (bem móvel), desapropriação por interesse social (reforma agrária) ou finalidade pública
(conveniência), destruição.
1.223 “Perde-se a posse” e 1.224: Retomar a coisa! E não retornar
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
Aula 7- 11/04/2017
Propriedade
- Esses são os 3 incisos básicos que cuidam da propriedade, na Constituição Federal. Direito real no
CC, artigo 1.225:
Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade;
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a
1.247), salvo os casos expressos neste Código.
. Princípio de aquisição de direito real sobre bem imóvel: tem que ter registro, salvo os casos
expressos. E sobre bens móveis é a tradição, como também a posse.
- Proprietário:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
São três direitos inerentes: usar, gozar e dispor da coisa. Exemplo: casa. Morar, alugar e
demolir. Isso é apenas pra proprietário. Além disso, tem outro direito.
Fundamento pra ação reivindicatória: “reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha” – direito subjetivo de exigir do Estado a prestação jurisdicional naquele
caso.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Função social da propriedade. O caput apresenta ao proprietário seus direitos. Nesse parágrafo,
ele mostra que não pode deixar a propriedade sem produzir. Artigo 5º, inciso XXIII: “função
social da propriedade” imóvel rural ou urbano grande.
- A propriedade deve cumprir não só um direito, mas também um dever, esse é o
entendimento de Duguit, e foi adotado pela Constituição de Weimar.
- Deve providenciar frutos, emprego e uma justa circulação de riquezas.
- Diminuição dos ideias individualistas, para uma maior preocupação com a coletividade.
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam
animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou
utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.
- desapropriação
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados
pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
(Desapropriação social indireta ou desapropriação judicial privada ou expropriação social)
- É preciso que cumpra os requisitos presente no parágrafo: tenha relevante interesse social, mínimo
de 5 anos, considerável número de pessoas, pagamento de justa indenização, é determinada pelo
juiz.
- Não se confunde com a usucapião, pois tem o pagamento de indenização, não tem o animus
domini, e é um modo de aquisição da propriedade derivado.
- Não se confunde com a desapropriação pois não houve decreto expropriatório, nem está vinculada
à alguma política estatal, a indenização vai pro precatório. É ação pessoal imobiliária, não de direito
real.
- é determinada pelo juiz.
§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago
o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las.
- A propriedade é exercida em caráter ilimitado (dentro de um uso “normal”, de acordo com as leis
locais e a boa vizinhança), mas este artigo mitiga tal cláusula, para que não haja uso indiscriminado
de tal direito, pois o mesmo, como os demais, não podem ser absoluto;
- Há de haver respeito às leis municipais, à função social da propriedade e à boa-vizinhança;
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis
especiais.
- há proteção constitucional a estas espécies de recursos minerais, arqueológicos e energia
hidráulica, necessitando o proprietário de autorização Estatal para a lavra de tais riquezas;
- Mais um limite, inclusive constitucional, ao exercício da propriedade privada, portanto, não a
propriedade sobre este tipo de solo;
Aula 8- 18/04/2017
Propriedade
Características da Propriedade
- São características do Direito de Propriedade
Plenitude - em regra ela é plena, isto é, nela se encontram reunidos os direitos que lhe são inerentes
(uso, fruição, disposição e reivindicação). Ela é limitada quando tem ônus real, ou seja, quando está
gravada por outro direito real (p.ex.: servidão predial, usufruto, alienação fiduciária etc.);
- Essa limitação se deve ao princípio da elasticidade do domínio, em que o titular da propriedade pode
deslocar algum destes direitos para outrem, sem perder a titularidade deles;
- Os direitos inerentes à propriedade podem ser limitados pelo proprietário, por via de convenção que
lhe seja benéfica;
Perpétua - quando adquirida para durar por prazo indeterminado e servir ao proprietário e até aos seus
herdeiros ou sucessores, sem limite de gerações. É a propriedade comum, ordinária, para sempre;
- Quando traz no seu título de constituição uma condição resolutiva ou um termo final que a extinguirá,
ocorrendo o implemento de uma ou de outro. Esta propriedade também se chama revogável e, ainda,
ad tempus, feita para durar por certo tempo (p.ex.: aquisição de imóvel com cláusula de retrovenda;
revogação de doação por ingratidão do donatário);
- Propriedade resolúvel (p.ex.: alienação fiduciária) X propriedade diferida;
Exclusividade;
Elasticidade;
- Obs.: quod id plerumque accidit / quod non id plerumque accidit
Proteção da propriedade
- se dá através da ação reivindicatória, que não está expressamente prevista nem no CC nem no CPC,
mas deixa entrever no final do artigo 1.228;
- Contudo, o modo mais prático de garantir a propriedade é através de um título de aquisição da
propriedade;
- A ação reivindicatória vale para o proprietário que não exerce o jus possidendi, mas possui o título
translativo, podendo escolher ajuizar também ação de reintegração de posse, tendo cada uma suas
vantagens;
Requisitos para a ação reivindicatória:
- O registro público do título comprobatório da propriedade é vital para ajuizamento das ações
reivindicatórias, dado o direito de sequela do proprietário cujo domínio está devidamente
registrado. Caso contrário, haverá possibilidade do possuidor direto transformar seu direito real
em propriedade;
- É necessário também discriminar, na inicial, as especialidades do bem imóvel do qual visa ser
restituída a posse;
- É necessário também apresentação de certidão vintenária e de ônus reais, que comprova o
“princípio da cadeia imobiliária” da propriedade alienada, provando a devida compra e venda
do mesmo nos passados 20 anos;
- Sumarizando - requisitos para propositura da ação reivindicatória: título registrado,
especialidades do imóvel, certidão vintenária e de ônus reais.
Ação reivindicatória
- Não está em nenhum lugar do CC, mas apenas na parte final do artigo 1.228. Não deixa de ser uma
ação possessória, mas tem a ver com jus possidendi! Comprovando que é proprietário e que o
sujeito não completou os anos pra usucapião, consegue a ação reivindicatória. Se tem título
registrado, entra com ação reivindicatória, pra fulminar o possuidor.
- Ação reivindicatória possui natureza reipersecutória - o titular do direito vai buscar o que está fora
do patrimônio, vai vindicar a posse ou propriedade de algo - ação de conhecimento, condenatória.
- A ação reivindicatória tem natureza jurídica de ação reipersecutória, ou seja, ação real que tem por
fim perseguir a coisa pelo proprietário em desfavor do possuidor não proprietário.
- É ação de conhecimento condenatória, porém self-executing, com cunho de ação mandamental,
uma vez que dispensa, por incabível, a fase de execução ou cumprimento de sentença. O rito é o
comum, sendo cabível a tutela de evidência (art. 311, IV, CPC/15 - verificar se cabe também tutela de
urgência). - A ação reivindicatória é de natureza de conhecimento condenatória e mandamental
(condena o sujeito a sair da posse). Ela tem o objetivo de investir o proprietário na posse advinda do
jus possidendi. Para o indivíduo que tem um instrumento de promessa de compra e venda, por
exemplo, cabe a ação de imissão de posse, pois ele nem tem a propriedade e nem teve a posse do
jus possessionis tomada.
- Ela é uma ação reipersecutória (rainha desse tipo de ação), pois, comprovando o proprietário o seu
direito, terá a posse da coisa. O vencido ou sucumbente de boa-fé fará direito à indenização pelas
benfeitorias úteis e necessárias. Se for de má-fé, poderá levantar as benfeitorias voluptuárias, se
removíveis.
- Além disso, ela é fundada no foro res site, em vistas do art. 47, § 1º, do CPC/15, não admitindo o
foro de eleição:
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da
coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade , vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova.
Modos de aquisição
- Modos de aquisição: como se adquire o direito de propriedade imóvel. Título é qualquer coisa.
- Os modos de aquisição da propriedade imóvel são as formas de aquisição da titularidade para que
alguém possa ser considerado como senhor (proprietário) de um bem imóvel. O senhor ou
proprietário só o será por meio de uma providência, uma decisão (judicial ou administrativa), ou por
uma ficção, reconhecida por lei como modus acquisitiones. Outrora, esses modos estavam no artigo
530 do código Bevilacqua. Atualmente, eles constam, esparsamente, nos artigos 1238 a 1244
(Usucapião), 1245 a 1247 (registro do título), 1248 a 1259 (acessão) e 1784 (direito hereditária). São
os mesmos que se encontravam no artigo 530 no precitado sobredito no CC/16.
- Cumpre não confundir título de aquisição e modo de aquisição. O título não transfere a
propriedade, ou seja, não é modo de aquisição. Os títulos de aquisição de propriedade são: Compra
e venda, troca ou permuta, doação, dação em pagamento, carta de arrematação e/ou carta de
adjudicação.
- Os modos de aquisição da propriedade imobiliária são originários e derivados. Os modos originários
são aqueles em que não há transmissão do proprietário anterior (tradens) para o outro proprietário
(accipiens). Esses modos originários são: acessão e usucapião. Nos modos derivados, ocorre a
transmissão do antigo para o novo proprietário, são: o registro do título e o direito hereditário.
- Nos modos originários, não se paga imposto. Nos derivados, sim: TBI para registro do título e causa
morte para direito hereditário.
- São modos de aquisição da propriedade imobiliária:
1.Registro do título translativo (art. 1.245 - art. 1.247)
2.Usucapião (art. 1.238 - art. 1.244)
3.Acessão (art. 1.248 - art. 1.259)
4.Direito hereditário (art. 1.784)
Usucapião
Requisitos gerais:
1) Exercício de posse com 5 características
- É também chamada de posse juridicamente qualificada, em que ela deve ser: sem oposição (mansa
e pacífica), contínua ou ininterrupta, animus domini (intenção de se tornar dono da coisa). É esse
animus que vai diferenciar o possuidor direto, do que pretende a usucapião.
a. Pública (ostensiva) - aquela em que a pessoa do possuidor parece proprietário, dado o modo
como despreocupado como exerce a posse. Se opõe à posse parcimoniosa;
b. Independente (não contratual) - posses subordinadas; conexas; dependentes etc., não geram
direito à usucapião. Nestes casos há detenção, e não posse propriamente dita, como no caso de um
caseiro;
c. Mansa e pacífica - posse justa, que mesmo após cessada a violência (não cabe mais desforço
possessório) e a clandestinidade (pessoa já está em assentamento possesório) daquele que
transgride propriedade alheia. OBS: não cabe usucapião em posse precária.
d. Ininterrupta - não pode sair e voltar, o possuidor. Caso o faça, o prazo recomeçará do zero;
e. Contínua ou sem oposição (sem contestação);
2) res habilis – objeto hábil, coisas que estejam em comércio, que não esteja gravado com cláusula
de inalienabilidade ou incomunicabilidade; ou que sejam bens públicos. O possuidor que pretende se
valer da usucapião deverá saber de tal inalienabilidade que pode existir, através da existência de
certidão devidamente inserida no registro de imóveis;
5) Registro ou transcrição da sentença em cartório de registro de imóveis em que este se situa (art.
167, inc. I, nº 28 da lei de registros públicos)
- A falta de qualquer destes requisitos gerará improcedibilidade da ação, por falta de pressuposto
processual de validade que resultará em extinção da ação sem resolução de mérito;
- Artigo 1.244 reconhece que a usucapião é prescrição aquisitiva, se aplicando à ela as causas que
suspendem ou interrompem a prescrição, como constante da parte geral do CC dos artigos 197 a 206
(com especial atenção ao artigo 202, onde figuram as causas interruptivas da prescrição em geral);
- Ainda que haja desrespeito à propriedade e o possuidor seja devedor do proprietário poderá se
valer da prescrição aquisitiva, uma vez que houve descuido deste para com seu bem imóvel, sendo
este o elemento central da usucapião;
- Na usucapião, portanto, o proprietário deixa parecer que não mais se interessa pela propriedade
do bem imóvel, de modo que a Lei Civil destina a mesma para o devido fim social;
- Acessio possessionis - o possuidor pode somar sua posse à do possuidor antecessor imediato,
desde que ambas sejam passíveis de gerar prescrição aquisitiva (posse que cumpra os requisitos
elencados acima); há porém divergência se a acessio possessionis se aplica também à usucapião
especial. Entende-se, majoritariamente, que não, pois está tem a intenção de conceder um mínimo
existencial, e por isso, não caberia uma situação de transferência da posse, que está mais
relacionada a atos comerciais.
- Quando se tratar de uma transferência da posse feita entre familiares, seria possível a acessio
possessionis. Necessidade de justo título e boa-fé presumida para a usucapião ordinária, e
cabimento da acessio possessionis (Art. 1243 CC);
Tipos de Usucapião
I. Extraordinária (art. 1238, CC)
II. Extraordinária - abreviada (art. 1238, p.ú.)
III. Especial rural (art. 1º e seguintes, da lei Lei 6969/81), também chamada usucapião pro labore ou
constitucional, estando agora no art. 191, da CF/88.
IV. Especial urbana (art. 183 e §§ da CF, 1240, do CC, e 9º, da Lei 10.257/01 - Estatuto da Cidade)
V. Ordinária - 1242, CC
VI. Ordinária abreviada – 1242, CC parágrafo único
VII. Especial coletiva (art. 10, da Lei 10.257/01)
VIII. Especial entre cônjuges ou entre companheiros (art. 1240-A, do CC, na redação da Lei
12.424/11)
Obs.: não corre prescrição entre cônjuges, segundo a regra gera do Código Civil, mas há aqui clara
exceção à regra, que entende o professor ser teratológica;
I. Usucapião Extraordinária [1.238]
1. Prazo: 15 anos
2. Requisitos gerais
Artigos finais:
198 do CC: não ocorre prescrição contra incapazes que trata o artigo terceiro
Contra menor, absolutamente incapaz, não ocorre prescrição. Ex: credor proprietário é menor.
Se ele estiver longe, não existe usucapião, porque durante a menoridade não corre o prazo.
1.244: aplicar causas de impedimento de prescrição para a usucapião.
Atenção: prestar atenção aos impedimentos pra prescrição, como estar um tempo fora.
Ação de usucapião
- Com a instituição da usucapião administrativa no novo CPC, houve alteração da lei de registros
públicos e sucedânea criação de processo análogo ao presente no CPC 73, com a série de requisitos
vistos na última aula;
- Não há hoje rito especial para ações de usucapião, com exceção de ação de usucapião prevista no
estatuto da cidade (especial urbana) que prevê rito sumário, ainda que tal procedimento não exista mais
no CPC, somente em legislação extravagante, a usucapião rural (art. 5º da lei 6969) também se chama
constitucional ou pro labore. Esta modalidade de usucapião também se dá por rito sumário, como a
especial urbana (Art. 14 do estatuto da cidade);
- Estatuto da cidade é lei federal que prevê certos regulamentos gerais para a municipalidade;
- Portanto, estas modalidades de ação de usucapião são regidas por rito sumário;
- Além de modo de aquisição da posse, é este direito também modo de aquisição da propriedade;
- Art. 1572 do cc 1916 - consagrava expressamente que com a abertura da sucessão o domínio e a posse
da herança se transferem aos herdeiros legítimos. Corresponde ao art. 1.784 do atual Código.
- O inventário possui duas etapas:
a. cálculo do imposto de 5% a ser arrecadado pela fazenda pública;
b. partilha entre os herdeiros.
- Portanto, o inventário é aberto no interesse da Fazendo Pública.
- Para os herdeiros necessários, basta que juntem à inicial da ação reivindicatória os documentos que
comprovem o óbito, seu direito à herança e o título do imóvel para que se tornem proprietários de
imediato. Somente após o inventário é gerado o título.
- No primeiro modo de aquisição (REGISTRO - modo derivado de transmissão) o título vem primeiro, no
segundo (USUCAPIÃO - modo originário de transmissão) a posse é anterior ao título, e no terceiro, a
morte (modo derivado de transmissão), a posse vem antes da geração do título, já que a própria morte
é o modo de aquisição da propriedade.
- A ideia da rápida transmissão de propriedade aos herdeiros necessários é que aqueles não deveram
restar devolutos por muito tempo, devendo haver um proprietário legítimo para os bens o quanto
antes.
Acessão
- Bens móveis são aqueles que podem ser removidos ou são dotados de movimentos próprios (parte
geral do CC, definição no artigo 82);
- Conforme as classificações dos bens considerados em si mesmos;
1) Usucapião
- Arts. 1.260 e 1.262 - usucapião ordinária (3 anos) e extraordinária (5 anos);
- Não é necessário nem boa-fé nem justo título, no caso da extraordinária, podendo, por exemplo e em
tese, que alguém, furtador de determinado bem, venha a se tornar seu proprietário caso ajuíze a ação
de usucapião.
2) Ocupação
- Art. 1.263 – ocupação - no caso da ocupação há aquisição de propriedade de res nullius e res delicta,
para o direito ocupar é se apossar daquele bem abandonado.
- Quatro formas de ocupação - Caça, pesca, invenção (encontrar algo perdido ou inventá-lo) e o tesouro;
3) Tradição
- Art. 1267 – tradição:
- real ou efetiva - p.ex.: filhote de cachorro;
- ficta ou simbólica - p.ex.: chaves de um automóvel;
- subentendida ou em nome alheio (que pode ser traditio brevi manu ou constituto
possessório) - no caso de empréstimo, com mudança de caráter possessório;
4) Especificação
- Art. 1.269 - especificação
- Transformação de matéria prima em espécie nova, sendo ato jurídico irreversível, adquire a
propriedade;
5) Confusão, Comistação e Adjunção
- Art. 1272 a 1274 - mistura (três espécies: confusão, comistão e adjunção)
- Confusão - mistura de coisas líquidas e liquefeitas; com o advento de tal mistura há divisão do valor do
bem entre os legítimos proprietários;
- Comistão - mistura de coisas sólidas ou secas;
- Adjunção - justaposição irreversível de uma coisa à outra;
5) Direito Hereditário
- Direito hereditário é a última modalidade de aquisição da propriedade móvel;
- Em alguns destes modos de aquisição da propriedade são, também, formas de perder a propriedade.
Ainda que a coisa seja pública, o estado será o proprietário destituído do direito real. Há modos em que
ninguém perde, como, por exemplo, quando um escultor se utiliza de matéria-prima própria para
esculpir;
- Os modos de aquisição da propriedade imóvel também geram extinção desta para aquele que a perde
em favor de terceiro:
- Art. 1.275 e 1.276 - na usucapião, por exemplo, o proprietário do bem imóvel perde e o possuidor
direto a ganha, sendo esta primeira forma de extinção da propriedade imóvel;
Perda de propriedade voluntária
- alienação (venda, troca, dação em pagamento);
- abandono
Perda da propriedade involuntária
- usucapião (ainda que o atual proprietário não busque a restituição da propriedade);
- execução forçada;
- perecimento da coisa;
- arrematação;
-alienação fiduciária.
Desapropriação
- Desapropriação vem da Declaração dos Direitos do Homem. Lá já está a previsão da desapropriação da
propriedade. O procedimento está previsto DL3.365/41 (utilidade pública), e pela Lei 4.162/62 também
citado pela CRFB. Como é lei especial, versa sobre parte material e processual. Fundamento do artigo 5º,
XXIV da Carta Maior brasileira. Proprietário deve receber uma prévia e justa indenização.
- Tem a ver com a interferência do Estado na proteção do interesse público, o que com uma
interpretação global do ordenamento jurídico, demostra o cuidado com a proteção da função social da
propriedade.
-Prevalece o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.
- É um ato com poder de império.
- É a forma mais drástica de intervenção do Estado na propriedade – intervenção supressiva – transfere
a propriedade.
- Natureza Jurídica da Desapropriação: A desapropriação conta com três naturezas jurídicas:
1 - Limitação constitucional ao direito de propriedade
2 - Perda involuntária do domínio
3 – procedimento administrativo, e quase sempre, judicial. (José dos Santos Carvalho Filho)
O pressuposto do fundamento é o interesse público, que pode ser nas formas de utilidade pública
(necessidade pública) e interesse social.
a. utilidade pública = necessidade pública – conveniência/situação de urgência
Os casos de necessidade e utilidade pública estão misturados, no art. 5º, do DL 3365/41:
Resumo: Conforme o iminente doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, a desapropriação possui
duas fases, uma declaratória e a outra executiva. Na declaratória deve haver a expedição de um decreto
expropriatório, feito pelo Poder Público, que especificará o objeto que será expropriado, e a sua
finalidade, pautado na utilidade pública, necessidade pública ou interesse social. Tem-se,
posteriormente, a formação de um negócio jurídico, em caso de acordo, o que a doutrina chama de
desapropriação amigável, em que o expropriado aceita a indenização oferecida. Caso, não aceite esse
valor, irá para a fase executiva, já que a administração tem poder de império, e mesmo contra a vontade
do expropriado ocorrerá a desapropriação. Nessa fase, utiliza-se a desapropriação dita judicial, em que o
juiz, após consultar peritos, definirá um valor para a indenização. Essa quantia deve ser prévia à
expropriação e justa, possui como característica então a justiça, pecuniariedade e antecedência. Por fim,
é preciso que haja o registro do título em Cartório, pois só assim que se transfere, de fato e de direito, a
propriedade de bens imóveis, no Brasil.
DL 3365/41:
Art. 6º A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador,
Interventor ou Prefeito.
- necessidade de declaração de utilidade pública por autoridade do poder executivo, pode o poder
legislativo dá início a desapropriação, porém fará por meio de decreto legislativo, confirme Art 8º.
Art. 7º Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos
prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força
policial. Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e danos,
sem prejuízo da ação penal.
- trata do ingresso de força policial – força coercitiva. Isso é praticamente letra morta, porque não se faz
isso antes que a pessoa seja chamada para um acordo. Caso realmente fosse pra entrar na propriedade,
deve entrar com ação de desapropriação, pedindo uma liminar urgente, em que se ingressará com a
imissão provisória da posse. Nesse caso, deverá depositar o valor judicialmente, para não ferir o
princípio da indenização prévia e justa, e será um caso excepcional de posse registrada em Cartório.
Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de
cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. (Vide
Decreto-lei nº 9.282, de 1946). Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto
de nova declaração.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por
restrições decorrentes de atos do Poder Público. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de
2001)
- acordo ou intentar-se na ação judicial tem o prazo de 5 anos (segundo o professor, esse prazo é muito
longo!). Depois desse prazo, a declaração caduca. Caducidade é a perda de eficácia de um instituto
jurídico qualquer pelo decurso do tempo.
- Se muda o que era destinado aquela propriedade gera problemas em outra ação. Tem que ingressar
com ação pra anular o decreto inicial. Ação expropriatória é pra discutir preço.
Continuação – desapropriação
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685
do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;
- Com relação ao art. 15, do DL 3.365/41, e seus parágrafos, é de se observar o disposto nos arts. 1º e
ss., do DL nº 1.075/70. Nesse caso, o titular da propriedade residencial urbana deve ser intimado (nem
citado foi, será intimado mesmo) para dizer se concorda ou não com o valor oferecido. Não
concordando, a imissão provisória na posse requerida pelo expropriante ficará condicionada à
concordância do expropriado do percentual encontrado como justo para o levantamento preliminar,
independentemente do que for encontrado na perícia principal, antes da audiência de instrução e
julgamento.
- A imissão provisória na posse acaba não sendo provisória e deve ser registrada no serviço registral
competente (cartório), de acordo com o art. 167, I, 36, da Lei 6.015/73 (LRP).
- A partir da perda da posse do imóvel do expropriado, este passa a ter direito ao recebimento de juros
compensatórios sobre o valor que for fixado na sentença. A taxa de juros é de 1% ao mês, consoante o
previsto na Súm. 618 do STF.
Resumo: Na imissão provisória da posse, o expropriante ingressa na posse antes de finalizar a ação de
desapropriação. Deve ser registrado em Cartório para atingir efeito erga omnes, imposto À todos, e
cessar a cobrança de IPTU para o proprietário, por exemplo. Os pressupostos são: urgência e depósito
prévio da indenização. Tem apenas 120 dias para imitir após alegada a urgência. A imissão sem depósito
prévio fere o Art. 5º, XXIV.É devido juros compensatório, de 12% ao ano.
Resumo 2: em se tratando de imóvel residencial urbano deve o proprietário ser chamado a acordo,
quanto ao valor, se não aceitar é acordado um percentual do valor, para então se ingressar com a ação.
Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a dá
mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a sociedade; a do
administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edificio de apartamento constituindo cada
um propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do
cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem
pertencer a espólio.
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território da
jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação, ao fim de
48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho.
- Em 1941 a mulher ainda era relativamente incapaz para gerir
- Se há inventário aberto, será citado o espólio na pessoa do inventariante.
- Como o DL 3365/41 é norma especial, o NCPC não a revogou.
Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á
por precatória, se o mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz.
- Nem toda comarca tinha vara federal. Com isso, poderia propor fora. Mas isso já não se aplica mais.
Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado,
incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo certificarão.
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário.
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço;
qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
- Na contestestação só se pode alegar vícios do processo judicial, que é matéria preliminar (condições da
ação e pressupostos processuais); e impugnação do preço, que é a única matéria de mérito, que pode
ser vista. Qualquer outra questão deve ser discutida em ação direta, conforme Art. 20 (desvio de
finalidade, motivação desconforme à lei, dúvidas na figura do proprietário)
Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua capacidade civil,
o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se lhe habilite o interessado.
Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à investidura do
curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo representante do espólio, ou do
incapaz.
Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho saneador.
Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto ao preço, o
perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência de instrução e
julgamento.
§ 1º O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou documentos que se
tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele, entre outras circunstâncias
atendiveis para a fixação da indenização, as enumeradas no art. 27. Ser-lhe-ão abonadas, como custas,
as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos que juntar ao laudo.
§ 2º Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para apresentação
do laudo.
Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas. Parágrafo único. O juiz
poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de maquinismos instalados e em
funcionamento.
Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas
com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 4.686, de 1965)
Após o decreto expropriatório:
- benfeitorias necessárias serão indenizadas
- benfeitorias úteis serão indenizadas quando autorizadas pelo poder público
- benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas.
- Entende-se aqui também as acessões
§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão final,
determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que será fixado, trimestralmente,
pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República. (Redação dada pela Lei nº 6.306, de 1978)
- isso é feito mensalmente hoje
Art. 32. O pagamento do preço será prévio e em dinheiro. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas. (Incluído
pela Lei nº 11.977, de 2009)
§ 2º Incluem-se na disposição prevista no § 1º as multas decorrentes de inadimplemento e de
obrigações fiscais. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)
- Diz a CF que deve ser justa, prévia e em dinheiro. Justiça, precedência e pecuniariedade.
- eventuais dívidas fiscais que o proprietário tenha serão deduzidas.
Art. 33. O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado
pagamento prévio da indenização.
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento
bancário acreditado, a critério do juiz. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença,
poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15,
observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
Art. 34. O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de dívidas
fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10 dias, para
conhecimento de terceiros.
Parágrafo único. Se o juiz verificar que há dúvida fundada sobre o domínio, o preço ficará em depósito,
ressalvada aos interessados a ação própria para disputá-lo.
Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de
reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
- Quando ocorrer a predestinação, ou seja, quando o poder público após desapropriar um bem, não o
utiliza para a finalidade indicada, temos esse instituto. No CC/16, era previsto no Art. 1.150 a
retrocessão, em que o ex-proprietário tinha direito de reaver o bem, era uma preferência obrigatória. O
DL 3365, aqui mencionado por sua vez, garantiu o direito à indenização mas não o de reaver o bem. O
CC/02, por outro lado, em seu Art. 519, instituiu o direito de preferência para o ex-proprietário, ficando
o poder público, premido, vinculado à, em caso de venda, vender para ele. A última posição é a que tem
prevalecido na jurisprudência, muito embora, haja muita discussão doutrinária, já que o DL3365 é lei
especial.
- Esse artigo é também o fundamento para a ação que reclama indenização perante o poder público do
expropriado por desapropriação indireta. São assegurados à este último, após o esbulho possessório
sofrido além da indenização, os juros compensatórios, que contar-se-ão desde o momento da ocupação
do expropriante, e com correção monetária, conforme Súmula 114 do STJ, também juros moratórios
caso venha a atrasar o pagamento, após sentença que fixar o referido valor.
Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos
não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando
exigida.
(REQUISIÇÃO - DESAPROPRIAÇÃO TEMPORÁRIA E PROVISÓRIA, SEM INDENIZAÇÃO, A PRINCÍPIO)
Desapropriação
Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente
devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo
expropriante. Efeito devolutivo = efeito não suspensivo. Não suspende execução da sentença. Há o
recurso, mas cumpre sentença. Mesmo que o tribunal depois suspenda, deve ser cumprida. Quando tem
recurso o apelante for o expropriante, tem os dois efeitos – suspensivo e não suspensivo.
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida fica sujeita
ao duplo grau de jurisdição. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)
Prerrogativas da Fazenda pública. Hoje é tratado como remessa necessária – 496, NCPC. Situação
específica do duplo grau de jurisdição, que hoje é remessa necessária (também chamado recurso ex-
oficio)
Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de
imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis.
Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu aceitar o preço oferecido; em caso contrário, pelo
vencido, ou em proporção, na forma da lei.
Na aplicação do art. 29, pode haver dúvida quanto ao credor. Assim, o poder público pode depositar o
valor. Entretanto, isso é raro de acontecer.
Art. 31. Ficam subrogados no preço quaisquer onus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado.
- Depositando em juízo o poder público todo o preço que foi fixado, o juiz mandará expedir o mandado
de registro em favor do expropriante. A questão de quem vai levantar será resolvida no curso posterior
do processo.
TEMAS ACESSÓRIOS
- Juros moratórios: Depois que apresenta o laudo o perito, o Poder público já está devendo juros
moratórios depois de um mês. É diferente da correção monetária, que também é devida.
- Juros compensatórios: só cabem quando juiz dá liminar e profere decisão, e o expropriado perde a
posse. Ele é compensado pela posse, sendo este um outro direito real. Quando ele não tem mais a
posse, vai sair do patrimônio do expropriado. Só cabe juros compensatórios nesse caso – imissão
provisória de posse, na taxa de 12% ao ano. (Súmulas do STF 164 e 618)
- Súmulas:
Súmula 618 STF “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de
12% (doze por cento) ao ano.”
164 STF – “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a
antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.”
Concluindo: em caso de indenização ela deve ser justa e prévia, para tanto deve agregar a
correção monetária, de acordo com a inflação; além dos juros moratórios, desde logo se haja
saído o laudo, e o poder público esteja atrasando o pagamento da indenização; e ainda, em
caso de imissão provisória da posse, cabem os juros compensatórios.
A posse pode ser registrada? Não, em regra. Mas há exceção na imissão provisória da posse –
quando expropriado perde posse em decorrência de liminar – perdendo o jus possidendi. Isso
faz com que o expropriado não exerça mais o conjunto de atos materiais sobre bens. Segundo
artigo 15, §4º, essa é a única posse que pode ser registrada, além do artigo 167, I, (36) da Lei
6015/73. É vantajoso, inclusive, que seja registrado para que cesse a cobrança de IPTU do
expropriado.
Direito de extensão
- O proprietário pode pedir que se inclua todo o imóvel (extensão de todo o imóvel), caso o restante do
bem perca sua utilidade. É o direito do proprietário de bem expropriado de exigir que, na
desapropriação parcial, se inclua a parte inútil, de pouca utilização, no valor da indenização pela perda
involuntária do imóvel.
- Tem fundamento no art. 12, do Dec. Nº 4.956/1903 e no art. 19, § 1º, da Lei 4504/64 (Estatuto da
terra) - para imóvel rural
Obs: Partes na ação de desapropriação direta ("ação de desapropriação"): expropriante e expropriado
Partes na ação de desapropriação indireta ("ação de desapropriação indireta"): autor e réu.
Retrocessão
Quando o poder público não aplica o imóvel na finalidade pública anunciada no decreto expropriatório,
surge para o expropriado o direito de tentar reaver o bem, o que se chama retrocessão. O direito
positivo tratou da retrocessão, inicialmente, no art. 1150, do CC/16. Este preceptivo legal foi revogado
pelo art. 35, da Lei das desapropriações (DL 3365). Com a edição do CC/02, o tema está tratado no art.
519, fazendo surgir várias dúvidas sobre a subsistência da retrocessão.
CC/16 Art. 1.150. A União, o Estado, ou o Município, oferecerá ao ex-proprietario o imóvel
desapropriado, pelo preço por que o foi, o caso não tenha o destino para que se desapropriou.
DL 3.365/41 - Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
CC/02 - Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou (PREDESTINAÇÃO), ou não for
utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo
preço atual da coisa.
- O art. 519, do CC/02, não se trata da retrocessão, prelação ou preempção, pois, hoje o direito de
retrocessão não passa de uma preferência para readquirir o imóvel quando o poder público,
constatada a não utilidade, colocar à venda o imóvel expropriado.
Direito de preferência
- oferecer igual ou maior lance. Ele tem apenas uma preferência, não cabe ação de retrocessão.
Retrocessão, então: consiste na preempção/preferencia obrigatória de oferecimento do imóvel em
favor do expropriado, quando o poder público não dá ao bem expropriado o destino anunciado no
decreto expropriatório. Inicialmente, cabia ação de retrocessão, quando o artigo 1150 do CC/1916
vigorou até a vigência do DL 3365/41, que revogou aquele, e instituiu o direito para indenização (Artigo
35). Ao entrar em vigor o CC/02, o artigo 519 concedeu ao expropriado direito de preferência na
reaquisição quando empatar com licitante na venda do imóvel que lhe pertenceu.
Resumo: Inicialmente, quando ocorria a predestinação, ou seja, o poder público não dava ao bem
expropriado o destino anunciado no decreto expropriatório, cabia retrocessão, conforme Art. 1.150 do
CC/16. Esta última consistia em preferência obrigatória para o oferecimento do bem ao expropriado. O
decreto lei 3365/41, no seu Art. 35 trouxe, por sua vez, a ideia de indenização de perdas e danos, e
revogou o dispositivo anterior. Por fim, adveio o CC/02, que em seu Art. 519, trouxe a ideia de direito de
preferência, em caso de oferecimento do bem, e não mais uma preferência obrigatória.
- É passível de desapropriação tanto os bens móveis quanto os imóveis, corpóreos, como incorpóreos.
(Art. 2º DL 3365).
- A União pode desapropriar do Estado e do município, e o Estado pode desapropriar do município. Deve
estar antes autorizado pelo Poder Legislativo. (Art 2º, §2º).
- A desapropriação é uma forma sui generis de aquisição da propriedade. Prevalece o entendimento de
que é um modo originário de aquisição da propriedade, pois conta apenas com a questão volitiva de
uma parte - o Estado. Esse entender emana efeitos, o da irreversibilidade da transferência, e a extinção
dos direitos reais para 3º. (Art. 31).
Competência:
- para legislar – é privativa da União, podendo em matérias específicas, mediante LC, permitir-se aos
Estados.
- para declarar – todos os entes da federação, e as instituições da adm indireta com funções delegadas,
mais o DNIT e a ANEEL.
- para executar – condicionada (funções delegadas – ADM indireta e concessionárias e permissionárias)
e incondicionada (entes federativos).
- Há duas fases na desapropriação: a fase declaratória e a executória:
1. Fase declaratória
- a declaração expropriatória é uma manifestação emitida pelas pessoas federativas com a intenção de
transferir determinado bem para seu patrimônio. A declaração deve ser precisa (identificar o bem a ser
expropriado), e explicitar o seu fim (seu destino).
- É preciso decreto expropriatório para formalizar e divulgar o ato, mesmo quando o poder legislativo
dá início a desapropriação é preciso um ato administrativo declaratório dele.
- É um ato discricionário que o administrador verifica a conveniência e a oportunidade. Porém, os casos
que permitirem a desapropriação são os expressos em lei, então o ato declaratório será vinculado, não
tendo o Poder Público qualquer liberdade quanto ao fundamento da declaração.
- O controle judicial desse ato administrativo só vale para a legalidade, e não para controle da
conveniência. A impugnação de decreto expropriatório se dá por meio de ação declaratória de nulidade,
e não pela ação de desapropriação. Podem elas sofrer conexão, e tramitarem simultaneamente no
mesmo juízo, sem a suspensão de qualquer uma.
- a caducidade para decreto expropriatório com fundamento em utilidade pública é de 5 anos, e caso
caduque (perda da eficácia pelo decurso do prazo), só pode ser objeto de novo decreto expropriatório
após 1 ano. Para interesse social é de 2 anos.
2.Fase executória
- Aqui completa-se a transferência do bem para o expropriante.
a. Via administrativa – acordo entre o poder público e o proprietário. Negócio jurídico bilateral, não há
coerção alguma. É chamada de desapropriação amigável, deve ser formalizada através de escritura
pública.
b. Via judicial – não havendo acordo na via administrativa, a alternativa é uma ação de desapropriação
perante o judiciário. É chamada de desapropriação judicial Não cabe aqui, discutir o mérito da escolha
do administrador, apenas o preço e se os requisitos formais foram obedecidos. Nesse último caso,
caberá ação direta, vide Art. 20 do DL 3365/41.
Desapropriação indireta
- é esbulho possessório (Hely Lopes Meirelles), é um ato ilícito o governo transgride a legalidade, invade
o imóvel e começa a usar. É também chamado de apossamento administrativo, sem apossamento não é
desapropriação indireta, restrições não significam desapropriação apenas atos de restrição ao exercício
do direito de propriedade. Ambas são passíveis de indenização.
- Não há decreto expropriatório. Se o poder público toma o bem, o proprietário é que deve ingressar
com a ação de desapropriação, chamada ação de indenização em face do poder público, e são devidas
ao autor além da indenização,juros compensatórios com correção monetária (S114 do STJ), bem como
juros moratórios desde o laudo do perito (618 do STF) . Há, nesse caso, uma espécie de esbulho
possessório contra o qual o ex-proprietário nada pode fazer. Da perda da posse, com o esbulho do
poder público, até a perda da propriedade, com a sentença, há um longo caminho. Trata-se de um
esbulho tolerável.
OBS:
- Desapropriação comum - na ação de desapropriação – teremos expropriante e expropriado.
- Desapropriação indireta - na ação de desapropriação teremos – autor e réu.
Ação desapropriatória
- Na ação de desapropriação, o autor será o expropriante, e o réu o proprietário expropriado.
- Deve conter na petição inicial o preço + decreto expropriatório (diário oficial ou contrato) + descrição
do imóvel.
- Na contestestação só se pode alegar vícios do processo judicial, que é matéria preliminar (condições da
ação e pressupostos processuais); e a impugnação do preço, que é a única matéria de mérito. Qualquer
outra questão deve ser discutida em ação direta (desvio de finalidade, motivação desconforme à lei,
dúvidas na figura do proprietário)
- Na imissão provisória da posse, o expropriante ingressa na posse antes de finalizar a ação de
desapropriação. Deve ser registrado em Cartório (única posse registrada) para atingir efeito erga omnes,
imposto à todos, e cessar a cobrança de IPTU para o proprietário. Os pressupostos são: urgência e
depósito prévio da indenização. Tem apenas 120 dias para imitir após alegada a urgência. A imissão sem
depósito prévio fere o Art. 5º, XXIV.
- A intervenção do MP não está expressa na lei como obrigatória, porém entende a melhor doutrina,
seguida pelo iminente José dos Santos Carvalho Filho, que uma vez que a desapropriação tem como
pressuposto o interesse público, e o MP representa, ou melhor, presenta a sociedade em juízo, seria
então necessária tal intervenção ao exercício pleno da democracia.
- Diverge-se sobre qual o momento que ocorre a transferência da propriedade, entendem alguns que
imediatamente quando o valor da indenização é depositado, outros entendem que somente após a
sentença judicial que vale como título passível de ser registrado em cartório.
Indenização
- Diz a CF que deve ser justa, prévia e em dinheiro. Justiça, precedência e pecuniariedade.
- eventuais dívidas fiscais que o proprietário tenha serão deduzidas.
- Juros moratórios: Depois que apresenta o laudo, o poder público já está devendo juros moratórios
depois de um mês. É diferente da correção monetária.
Estão relacionados ao atraso, à demora no pagamento da indenização. Possuem um caráter punitivo.
Incide sobre o valor da indenização.
- Juros compensatórios: só cabem quando juiz dá liminar e profere decisão (imissão provisória da posse
164 STF), e o expropriado perde a posse. Ele é compensado pela posse, sendo este um outro direito real.
Só cabe juros compensatórios nesse caso – imissão provisória de posse, na taxa de 1% ao mês, sendo
12% ao ano, conforme STF 618.
- É possível cumular juros moratórios com os compensatórios, mesmo sendo vedada a aplicação de juros
compostos, aqui se entende que os compensatórios estão diretamente vinculados a indenização.
- correção monetária de 1 ano. Súmula 561 STF “Em desapropriação, é devida a correção monetária até
a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que
por mais de uma vez.”.
Desistência da desapropriação
- definida antes da desapropriação
- ressarcimento pelos danos
- despesas processuais
- devolução do mesmo bem
b)
c)
A usucapião é um ato jurídico em sentido amplo, além de ser uma prescrição aquisitiva pois o
decurso do tempo confere direito de propriedade para o usucapiente, e implica simultaneamente, em
uma prescrição extintiva para o proprietário, também é um modo de aquisição da propriedade tanto
imóvel, como também a móvel, e por fim, é um efeito da posse.
Os requisitos são divididos em requisitos gerais, que são aqueles necessários, que toda a
usucapião deve, necessariamente, ter para ser caracterizada, e os requisitos específicos, que são
facultativos. Os requisitos gerais se dividem ainda em 5 categorias, vejamos:
O primeiro requisito geral é um posse juridicamente qualificada, ou seja, ela deve ser pública –
do conhecimento de todos, ininterrupta – contínua, justa – mansa e pacífica, sem oposição, e deve
haver o animus domini – a intenção de ser dono da coisa. Este último, é o mesmo da teoria subjetiva da
posse de Savigni, que é preciso ter o corpus, poder físico, e também o animus, a intenção. O segundo
requisto geral é a res habili, ou seja, o objeto deve ser hábil, não é possível adquirir a propriedade de
bens públicos, por exemplo. O terceiro ponto é o decurso do tempo, deve haver o lapso temporal
necessário para que se configure a usucapião, de acordo com cada modalidade existente, por exemplo a
extraordinária que são 15 anos. Como quarto requisito geral temos a expedição e sentença judicial, que
muito se discute na doutrina se a usucapião teria natureza declaratória ou constitutiva, entendemos
como declaratória, conforme Marco Aurélio Bezerra de Mello, pois ocorre apenas a declaração de um
direito, vide Art. 1241. Como último requisto geral temos o registro em cartório da sentença.
Os requisitos específicos, que são facultativos, é o justo título que se trata de um documento
que justifica, fundamenta o ingresso na posse, sem ter caráter definitivo, também a boa-fé presumida.
Esses requisitos específicos são pedidos para a confuguração da usucapião ordinária, que tem prazo
mínimo de 10 anos, e além dos requisitos necessários, precisa dos facultativos. A usucapião ordinária
abreviada, além de todos esses requisitos, exige que a propriedade exerça função social de interesse
relevante, e por isso, seu prazo é de 5 anos.
Seguindo as modalidades de usucapião temos a especial rural – que exige além dos requisitos
gerais, o mínimo de 5 anos, em área menor que 50 hectares, torne a área produtiva e resida lá com sua
família, e não possua outro imóvel em seu nome é constitucional, e chamada de pro labore. Temos
também a modalidade especial urbana, com os mesmos requisitos, e prazo de 5 anos, porém com o
máximo de 250m2, é também constitucional e chamada pro moradia. Ambas possuem rito sumarizado
previsto em lei especial, Lei 6969 e lei 10257, respectivamente.
Tem-se também a usucapião entre cônjuges, que se assemelha a usucapião especial urbna,
quanto aos requitos, porém o prazo mínimo é de 2 anos, e o paradeiro do conjugê que abandonou o lar
deve ser totalmente desconhecido. Isso se deu para não prejudicar um cônjuge que ficava sem saber so
outro, e não podia, por isso alienar, ou se desfazer do seu bem. No entanto, esse dispositivo encontra
críticas pois fere o Art. 197, I do CC, que não permite prescrição entre cônjuges.
Por fim, a usucapião administrativa é regulada pelo Art. 1071 do CPC, e se trata do Tabelião do
Cartório poder declarar a usucapião, uma vez instruídos todos os documentos necessários. Visa uma
economia processual e a celeridade.
a) É um ato administrativo discricionário do poder público, que com poder de império, e com base no
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, decide pautado na utilidade pública,
necessidade pública (está pode considerar-se contida naquela) e interesse público expropriar um
determinado bem. Este último, por sua vez, pode ser móvel, imóvel, corpóreo ou incorpóreo. A
desapropriação está prevista na constituição, e também em leis especiais, como a 3365/41 – baseada na
utilidade e necessidade pública, e na lei 4162/62 que se fundamenta no interesse coletivo. A natureza
jurídica desse instituo é a perda da propriedade pelo expropriado, e também a limitação constitucional
ao direito de propriedade.
Para que a desapropriação direta ocorra faz-se mister um decreto expropriatório, emitido pelo
poder público, e nele deve conter o bem objeto da expropriação, e a sua finalidade. O iminente autor
José dos Santos Carvalho Filho afirma que é um ato discricionário do Estado, porém, estão as hipóteses
elencadas nas leis especiais, e por isso, trata-se de um ato discricionário vinculado, não tendo liberdade
ilimitada para ultrapassá-la.
É preciso também que haja a formação de um negócio jurídico, que será chamado de
desapropriação amigável quando se der por acordo, ou seja, o expropriado aceitar a indenização
ofertada pelo expropriante, e será judicial quando não o aceitar, já que o juiz irá definir tal valor em
sentença, vide Art. 24 da Lei 3365/41.
Além disso, é preciso ainda que a indenização seja prévia, e justa, com a devida correção
monetária, os juros moratórios, e compensatórios (em caso de imissão provisória na posse). Deve, por
fim, ter sentença judicial registrada em cartório.
Já a desapropriação indireta trata-se de um verdadeiro “esbulho possessório”, nas palavras do
brilhante doutrinador Hely Lopes Meireles, em que o Poder Público toma para si o bem, sem os
requisitos formais previstos em lei, e começa a usá-lo. Não há aqui o decreto expropriatório. É também
chamada de apossamento administrativo. Nesse caso, caberá ao expropriado ingressar com ação de
desapropriação, sendo ele autor e o poder público réu, para receber a devida indenização
compensatória, com juros que serão contados desde a data da ocupação, como dispõe a Súmula 114 do
STJ.
Por fim, concluo que a desapropriação é pautada no interesse coletivo, podendo ser construído
naquele local escolas, hospitais, creches, postos de saúde, entre outros, além de ser constitucional. Com
base nisso, o poder público tem esse poder de império, com requisitos específicos para tanto, como se
pode depreender das leis especiais. Em caso de desapropriação indireta, que o memso não segue esses
requisitos há ainda, a indenização, com correção monetária e os devidos juros como forma de não
deixar o ex-proprietário desamparado.
Direito de vizinhança
I. Conceito
É um direito que integra a propriedade, mas nem sempre será privativo do proprietário. Será também
vinculado ao possuidor, usufrutuário, locatário, foreiro, dentre outros.
Direitos de vizinhança são limitações legais de ordem privada, pessoais, gratuitas e recíprocas, em favor
de vizinhos confinantes, próximos ou afastados. Ditas limitações legais são inerentes ao direito de
propriedade, à posse e outros.
O direito de vizinhança possui limitações (de ordem pública e privada):
i. Ordem pública – Regulamentos Administrativos, plano piloto, considerações urbanísticas,
Estatuto da Cidade – obriga o município a exercer um poder de polícia maior, já que eles tem
autoexecutividade, através de fiscalizações das construções.
ii. dos próprios vizinhos – não construir goteiras, não fazer barulho em determinado horário.
III. Características
São características do direito de vizinhança:
A) são direitos que provêm da propriedade, embora sejam pessoais, e não reais, integrando as
obrigações propter rem (por causa da coisa, decorre da coisa);
B) são impostos pela lei, sua fonte imediata, prescindindo de convenção ou acordo entre os
vizinhos;
C) são direitos recíprocos, uma vez que não há vizinho de prédio dominante ou de prédio
serviente, pois o dever de cooperação pela paz é recíproco e simultâneo;
D) são gratuitos, tendo em vista que, em regra, as restrições (limitações) não dão origem a
indenização, salvo quando o uso anormal for estrita e socialmente necessário.
Violados os direitos de vizinhança de que trata o artigo 1277, pode-se ingressar com ações:
Art. 1277: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de
propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do
prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de
tolerância dos moradores da vizinhança.
- Você pode usar sua propriedade de acordo com a saúde, sossego e segurança, mas se você precisar
usá-la de forma um pouco anormal, um incomodo pequeno, porém necessário importa na teoria do uso
necessário da propriedade e da teoria do uso normal da propriedade, tem a ver com a tolerabilidade.
IV – Ações de vizinhança
1 - quanto ao uso anormal da propriedade:
a) Ação de pedido cominatório
- ação cominatória ou de preceito cominatório: serve para além de impedir o mau uso, cominar multa
na perseverança do mau uso da propriedade pelo vizinho recalcitrante.
- compete ao proprietário ou possuidor, titular de direito real, ou inquilino, para impedir o mau uso da
propriedade pelo vizinho, no que diz respeito à segurança, saúde ou sossego.
- Esta ação tem fulcro no art. 1277, do CC. Para resolver esse conflito, são adotadas as seguintes regras:
A. Uso normal que causa incômodos normais não dá direito à cessação da atividade ou à
indenização (tolerável)
Exemplo: festa no play que causa barulho.
B. Uso anormal, porém essencialmente necessário dá direito à indenização ao vizinho
prejudicado. (Intolerável)
Exemplo: barulho de indústria que fornece água pra comunidade
C. Uso anormal sem justificação social dá direito ao vizinho de exigir a cessação da atividade
considerada ilícita e indenização pelos danos suportados (intolerável)
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou
a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.
Obs.: Enquanto o fundamento do art. 1277 é uma conduta comissiva, o fundamento do art. 1280 é uma
conduta omissiva.
Obs2:Esta ação também compete ao município, para obrigar o proprietário do prédio a demolir ou a
reparar o bem, se o poder público local não optar pela executoriedade ínsita ao seu poder de polícia das
edificações, já que o ato administrativo de fiscalização é autoexecutável.
O poder de polícia, previsto no art. 78, do CTN, no caso do direito de vizinhança é exercido pelos
municípios, com legalidade, imperatividade, legitimidade, coercibilidade e, por fim, autoexecutoriedade.
Logo, o poder de polícia é formado pelos micropoderes de império, coerção e autoexecução.
O uso anormal da propriedade, assim, pode desbordar para o campo do direito público, quando o
prédio está a ruir ou abandonado, uma vez que compete ao município a fiscalização pela função social
das propriedades.
Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos
dos prédios confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser
cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se
este for de propriedade particular.
16/05/2017
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será
judicialmente fixado, se necessário.
§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.
§ 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública,
nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem
através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
- Embora o art. 1285 só legitime o proprietário a ingressar com a ação em estudo, a jurisprudência vem
admitindo que o promissário comprador com título registrado, no registro de imóveis, também tenha
interesse processual na ação.
- O acesso simplesmente incômodo ou pouco oneroso no que diz respeito à distância a percorrer, para
ter acesso àqueles logradouros públicos, não legitima o vizinho a ingressar com a ação de passagem
forçada. Tem como requisito a necessidade, e não a mera conveniência.
- definição do Monistro Ary Pargendler: “encravado é o imóvel cujo acesso por meios terrestres exige
do respectivo proprietário despesas excessivas para que cumpra a função social sem inutilizar o terreno
do vizinho, que em qualquer caso será indenizado pela só limitação do domínio”.
Obs1:Esse direito de vizinhança acarreta indenização a favor do proprietário vizinho que vai sofrer o
encargo.
Obs2: Os atos de mera tolerância não induzem o direito de vizinhança em tela.
Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área
remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos,
tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de
proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos
gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado
exigir a realização de obras de segurança.
4 - Quanto às águas
- Quase todo direito de vizinhança que tem por fundamento as "águas" versa sobre aqueduto, ou seja, o
direito de canalizar, pelo prédio de outrem, as águas a que tem direito o proprietário ou possuidor do
imóvel vizinho (art. 1293, CC).
Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição
natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do
prédio superior.
- Isso pode dar azo a uma ação de desfazimento de obra, demolição, nunciação de obra nova, ou outra,
conforme o caso.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele
para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
- Esse artigo pode gerar ainda outro tipo de ação.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades
de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios
inferiores.
- Também é direito de vizinhança que dá direito de indenização por onde passa o aqueduto.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras
necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar,
ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso
artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para
represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu
proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.
- Outras ações podem ser propostas em decorrência de conflitos de vizinhança referentes às águas, de
acordo com o que estabelecem os Arts. 1288 a 1292, do CC.
Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários
prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito,
indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à
agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a
drenagem de terrenos.
§ 1º Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que
de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras
destinadas a canalizá-las.
§ 2º O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas
edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3º O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis
vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.
Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele,
sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas
do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.
Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos
no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do
aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das
águas até o ponto de derivação. Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis
atravessados pelo aqueduto.
Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio,
urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois
prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
- Essa ação não é para condenar.
§ 1º Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de
madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em
partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.
- não seria está uma ação demarcatória, mas uma ação de divisão de despesas comum ou ação de
ressarcimento.
§ 2º As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser
cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para
outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles , pelo proprietário, que não está
obrigado a concorrer para as despesas.
- Tapumes são um tipo de cerca, que impede a passagem. Podem ser:
i. especiais – que impedem a passagem de animais pequenos – não está o vizinho obrigado a
pagar. Ex.: impedir que passarinho pequeno entre, ou um gato.
ii. comuns - que impedem a passagem de animais de grande porte – está o vizinho obrigado a
pagar. Ex.: gado muar, cavalar e vacum.
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a
posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao
outro
- Quando houver confusão nos limites, como se decide?
i. título dominial
ii. posse justa (parte da doutrina entende equivocada)
iii. divisão em partes iguais
iv. adjudicação com indenização
- No artigo 1298, o legislador utiliza equivocadamente o conceito de posse "justa", para o profº.
Segundo esse dispositivo, se os limites estiverem estabelecidos de forma genérica, no registro, eles
serão estabelecidos conforme a posse verificada.
- Só o proprietário tem legitimidade ad causam ativa para a ação demarcatória. O mesmo se diga para o
polo passivo. A jurisprudência vem admitindo a propositura da ação e a resposta por quem é
promissário comprador com título registrado e quitação do preço pago pela aquisição do imóvel.
- A posse indicada ao proprietário confinante pode servir de base à demarcação, na falta de outro meio.
Na ausência de posse devidamente comprovada, o terreno objeto do litígio será dividido entre os
confinantes e, não sendo possível a divisão, será adjudicado a um deles, mediante indenização ao
proprietário desfalcado.
- Mesmo o possuidor que já cumpriu todos os requisitos para a usucapião, para ser parte de ação
demarcatória, precisará ter o seu título registrado.
- Se o proprietário é vizinho de terras devolutas, caberá uma ação parecida, que é a ação
discriminatória. O Proprietário poderá efetuar um pedido administrativo para essa demarcação.
- Trata-se a demarcatória de uma ação real imobiliária, de conhecimento, da espécie declaratória, com
matizes/colores/laivos de constitutiva positiva. Deve ser proposta no foro res site, de acordo com o art.
47 § 1º, do mesmo diploma legal.
- A sentença vai fixar a linha demarcanda, tudo de acordo com os ativos 574 a 587, do CPC.
Regras gerais:
Art. 569. Cabe:
I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos
prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados;
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se primeiramente a
demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos.
Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por escritura pública, desde que maiores,
capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos deste
Capítulo. Art. 572. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ão terceiros
quanto ao processo divisório, ficando-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de que se
julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do perímetro ou de reclamar
indenização correspondente ao seu valor.
§ 1º No caso do caput, serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da
divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a
ação for proposta posteriormente.
§ 2º Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenando a restituir os terrenos ou a
pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros
condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores a título universal, na proporção que lhes
tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido.
Art. 573. Tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação no registro de imóveis, pode o juiz
dispensar a realização de prova pericial.
- Da demarcação em si:
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel pela situação
e pela denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão
todos os confinantes da linha demarcanda.
Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel comum,
requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no processo.
- não há prejuízo na ação de demarcação, ela não é condenatória, por isso, qualquer um dos
condôminos pode ingressar sozinho.
Art. 581. A sentença que julgar procedente o pedido determinará o traçado da linha demarcanda.
Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da área invadida,
se houver, declarando o domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.
- São duas sentenças: uma de marcação da linha, e outra de homologação.
- A ação demarcatória qualificada, outrora chamada "demarcatória com queixa de esbulho", está
prevista no parágrafo único do art. 581, do CPC.
- [(...) Até o Art. 587]
18/05/2017
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do
terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão
ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez
centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de
cada piso.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça
janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar
sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da
goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e
disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes
vede a claridade.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno
vizinho.
- As janelas são aberturas maiores que 10x20cm (menores do que isso são óculos).
- não se pode construir janelas a menos de 1metro e meio da linha divisória (não do prédio) nas áreas
urbanas, e nas rurais a menos de 3 metros.
- as janelas que não são viradas para a linha divisória deverão estar afastados no mínimo 75 cm.
- o objetivo é proteger a intimidade e privacidade das famílias.
- Súmula STF 120 e 414. Sobre o vidro translucido, prevalece que não pode mesmo o translucido, porém
deve-se lembrar que o objetivo é proteger a intimidade familiar.
Parede divisória
- As normas importantes para o nosso estudo são aquelas referentes à parede divisória.
- Violado o direito de construir, cabem as seguintes ações:
i. ação de nunciação de obra nova,
ii. ação demolitória,
iii. ação de travejamento em parede divisória
iv. ação de construção e conservação de tapumes divisórios.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não
superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido,
se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o
valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé
adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor
da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem
grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste,
adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor
que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área
remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos
apurados, que serão devidos em dobro.
23/05/2017
Condomínio
- Condomínio, ou copropriedade, é o direito de propriedade de duas ou mais pessoas sobre um bem
indiviso.
- Se dois condôminos não se entendem no uso comum do bem, deve ocorrer a venda judicial (não é
ação judicial –alienação judicial de coisa comum), pois é um procedimento de jurisdição voluntária,
dando preferência ao condômino.
- consortes=condôminos=coproprietários= comproprietários.
Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva
parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse,
uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
- alhear=alienar
- a alienação fiduciária é a única alienação provisória. Todas as outras são definitivas.
- a primeira parte desse artigo se refere ao condomínio indivisível.
Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.
Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte
ideal.
§ 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita, adquirindo
a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem.
§ 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.
Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a parte
de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou
proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.
Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela,
obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais.
Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que
lhe causou.
- Ex.: irmão que aluga o imóvel herdado em condomínio com os demais irmãos, e fica com todo dinheiro
sem prestar contas.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o
quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
- Pode a qualquer momento pedir a divisão, a regra do condomínio divisível é a ação de divisão. Esta
ação está presente no Art. 569 e ss. do CC. (será visto depois)
§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco
anos, suscetível de prorrogação ulterior.
§ 2o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador.
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem, pode o juiz
determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.
Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de partilha de herança (arts.
2.013 a 2.022).
- A extinção do condomínio pode ser:
a) extrajudicial (amigável) – é preciso escritura pública
b) judicial – quando houver divergência, ou quando for menor (com base no Art. 2916 referente À
herança).
Obs.: Coisa indivisa será sempre judicial.
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando
os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o
condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e,
não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do
condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa
àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa
seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao
estranho.
- Quando a coisa for indivisível, é possível:
1. adjudica-la a um só, com indenização aos demais
2. se não quiserem, será vendida, e dividido o dinheiro.
3. ordem de preferência da venda: a) condômino b) condômino com benfeitoria mais valiosa c)
condômino com maior quinhão.
- Aqui trata-se de uma jurisdição voluntária, a dita vena judicial.
- Quando a coisa for divisível, cada um faz o que quer com sua parte.
- Este artigo está vinculado ao Art 504 do CC:
“Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer
no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor
e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte
vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.”
- Aqui, verificamos que caso o direito de preferência não se aplique, pode-se ingressar com ação de
anulação de venda de quinhão em coisa comum cumulada com adjudicação. (Será estudada depois)
Procedimento: Se os outros condôminos depositarem o valor, no prazo de 180 dias terão tal direito.
Ex.: Bem imóvel com condomínio entre Camilla, Georges e Cristina. Georges vende para Sérvio, e este de
boa-fé compra. Camilla e Cristina podem entrar com ação de anulação em face de Georges e Sérvio para
requerer esse imóvel, no prazo de 6 meses, pois não foi respeitado o Art. 1322 do direito de preferência.
- É um direito potestativo, que é decadencial.
Obs.: o início desse prazo de 6 meses é que é discutido, o certo é a partir da escritura pública, porém
alguns afirmam ser da data do instrumento particular.
Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá o administrador,
que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se-á, em condições iguais, o
condômino ao que não o é.
Art. 1.324. O condômino que administrar sem oposição dos outros presume-se representante comum.
30/05/2017
Condomínio - Continuação
- Espécies de condomínio: O condomínio pode ser:
3. Divisível x indivisível
- Divisível é o que recai em coisa divisível, pro diviso, apenas de direito, pois não há comunhão de fato,
já que cada um pode dispor da coisa livremente, independente de consentimento. (Art. 87). Ex.: sala de
um prédio comercial.
- Indivisível recai em coisa indivisível, pro indiviso, de direito e de fato. (Art. 88). Ex.: áreas comuns de
um prédio.
- Essa espécie de condomínio caracteriza-se pela exclusividade de cada condômino, que se torna titular
da unidade autônoma e da vaga de garagem, chamada de abrigo para veículo, se houver.
- O único condomínio realmente existente é o que recai nas partes comuns do edifício, tais como a
entrada social e de serviço, paredes externas e divisórias, corredores, elevadores, salão de festas e área
de lazer.
Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são
propriedade comum dos condôminos.
§ 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e
sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a
propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os
abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio,
salvo autorização expressa na convenção de condomínio. (Redação dada pela Lei nº 12.607, de
2012)
§ 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e
eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao
logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados
separadamente, ou divididos.
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras
partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do
condomínio. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
- Deve ser observado o projeto do memorial de incorporação. V. ART. 32, "i" e "j", da lei 4591/64:
Lei 4591/64, Art. 32. O incorporador somente poderá negociar sobre unidades autônomas após
ter arquivado, no cartório competente de Registro de Imóveis, os seguintes documentos:
i) discriminação das frações ideais de terreno com as unidades autônomas que a elas
corresponderão;
j) minuta da futura Convenção de condomínio que regerá a edificação ou o conjunto de
edificações;
Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial (LEI 4591/64):
I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras
e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam.
- Quando se aprova o chamado memorial de incorporação, já existe um esboço da convenção de
condomínio (estabelece direitos e deveres), que dará origem ao regimento interno do condomínio
(estabelece o uso das partes comuns).
- A lei 4591/64 tratava de condomínio e incorporações. Como o CC revogou a parte de condomínios (art.
1 ao 27), somente a parte de incorporações vige hoje.
Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito
sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada
no Cartório de Registro de Imóveis.
- O professor entende que o art. 1.333 não se aplica ao locatário ou comodatário, que têm posse
provisória. Para ele, a convenção somente se opõe ao proprietário.
Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem
estipular, a convenção determinará:
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às
despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;
II - sua forma de administração;
III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações;
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;
- Não se aplica à qualquer possuidor, mas apenas aquele que exerce o jus possidendi. Como o locatário.
V - o regimento interno.
§ 1º A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.
§ 2º São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os
promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas.
- (COM REGISTRO!!!)
- A questão da cota condominial ser proporcional tem mudado, pelo entendimento jurisprudencial. -
IMPORTANTE: Art. 1334, § 2º: não falou em título não registrado. Logo, as obrigações recairão sobre o
titular do bem em que estiver registrado o título.
- Exemplo do apartamento do professor, que ele pagava as parcelas do imóvel, porém não registrara o
título de compra e venda ainda, para mudança do titular, no condomínio. Se ele parasse de pagar a taxa
condominial, a ação recairia sobre aquele em que estivesse registrado o bem (incorporadora), a menos
que ele estivesse utilizando o bem imóvel (teoria da aparência). Normalmente, a ação seria ingressada
contra os dois: a pessoa física e a jurídica, e o juiz decidiria quem seria a legítima.
§ 1º O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito.
- Multa por falta de pagamento em dia, das cotas condominiais. Hoje, é de até 2% sobre o débito, o que
faz com que muitos condôminos deixem de pagar pontualmente, já que os juros aqui são menores do
que o do cartão de crédito, por exemplo.
§ 2º O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a
multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor
de suas contribuições mensais , independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo
disposição expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes,
deliberar sobre a cobrança da multa.
Exemplo: João morava em cobertura e transformou o imóvel para dar aula particular. Crescendo o
número de alunos, ocorreu aumento na conta de energia, por conta dos elevadores. Aqui, aplicam-se as
regras do 1336, IV, pois ocorre a mudança da destinação, e também casos de sossego e despesas, além
do direito de vizinhança. Por isso, caberia multa, de até 5 vezes o valor do condomínio, ou um valor que
será decidida por 2/3 dos condôminos.
Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a
pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas
condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos
que se apurem.
- Este artigo já está servindo para aquele condômino que atrasa reiteradamente o pagamento da taxa
condominial, já que conforme o Art. 1336, I, este é um dever do condômino.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a
pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas
condominiais, até ulterior deliberação da assembléia.
- Trata-se de conceito aberto, amplo.
Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições
iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os possuidores.
- Ler conjuntamente com o Art. 1331, §1º. Aqui trata-se de uma exceção à regra de que o proprietário
pode dispor livremente da sua parte exclusiva, pois institui-se o direito de preferência.
Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade
exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as
suas partes acessórias.
§ 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado.
§ 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino,
só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela
não se opuser a respectiva assembléia geral.
- Entende-se que não se pode vender a vaga de garagem, para quem não tem propriedade do imóvel,
exceto se a convenção permitir, e não se opuser a Assembleia Geral.
Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns
deles, incumbem a quem delas se serve.
Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes
facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não
sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer
dos condôminos, das partes próprias, ou comuns.
Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter
novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da unanimidade dos condôminos.
- O professor entende que não cabe suprimento judicial, caso um seja contra.
Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação, de modo
que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores.
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio,
inclusive multas e juros moratórios.
- pois é obrigação propter rem, em razão da coisa.
- Ler junto com Art. 1334, §2ºCC. Entende parte da jurisprudência que no caso do promitente
comprador, só suportará esse ônus quando começar a exercer a posse direta, pois não se tem registro.
Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou
parcial.
Art. 1.347. A assembléia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.
- Esse prazo pode se renovar indefinidamente.
Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia dos condôminos, na forma prevista
na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a
prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o regimento interno.
§ 1o Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo.
§ 2o Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino.
Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da
convenção; a mudança da destinação do edifício , ou da unidade imobiliária, depende da aprovação
pela unanimidade dos condôminos. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
- 2/3 dos condôminos – alterar a convenção.
- unanimidade – mudança da destinação.
Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em
primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos
metade das frações ideais.
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns
pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio.
Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes,
salvo quando exigido quorum especial.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a
reunião.
Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos
condôminos.
Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela
assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico.
Art. 1.357. Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os condôminos
deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou venda, por votos que representem metade mais
uma das frações ideais.
§ 1o Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir-se do pagamento das despesas respectivas,
alienando os seus direitos a outros condôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2o Realizada a venda, em que se preferirá, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho,
será repartido o apurado entre os condôminos, proporcionalmente ao valor das suas unidades
imobiliárias.
Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida na proporção a que se refere o § 2o
do artigo antecedente.
- Ou seja, proporcionalmente ao valor das unidades imobiliárias.
Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o
quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
Requisitos:
i. condomínio divisível;
ii. impossibilidade de uma divisão amigável
22/06/2017
- Trata-se de jurisdição voluntária, e não de ação litigiosa, que compete ao condômino, em condomínio
indivisível, requerer quando não consegue obter do(s) outro(s) o consentimento para uma venda
amigável com objetivo de dividir o produto.
Requisitos:
i. Condomínio indivisível
ii. jurisdição voluntária
Fundamentação Legal: art. 1322, do CC; o procedimento está previsto no art. 730, do CPC/15.
Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando
os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o
condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e,
não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do
condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa
àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa
seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao
estranho.
Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se
deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário,
mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o
disposto nos arts. 879 a 903.
Direito de preferência: para aquisição da parte do outro, tratada nos arts. 504 e 1322, p.ú., do CC.
- Nessa modalidade de providência, não se condena ninguém em honorários, mas as custas do processo
são pagos, as partes são chamadas interessados. Há sentença.
Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na
falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os
comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.
Quando se requer alienação judicial de coisa comum? Quando o condomínio é indivisível, e não se
chega ao consenso quanto ao modo de se alienar. (A solução é vender). Não há litigio, a solução é
igualitária e voluntária.
- No caso da alienação, critério de desempate:
1. quem fez mais obras e tenha notas fiscais (construiu mais benfeitorias).
2. o de quinhão maior.
- o procedimento é pela jurisdição voluntária: Art. 730; 725, IV e V – um dos condôminos requereu, os
demais serão citados, eles só poderão impugnar preço (o litígio é só de preço). Por fim, o bem vai à
leilão, terá avaliação – taxa para avaliador, publica-se edital, 5% de taxa para o leiloeiro.
- a alienação de coisa comum ocorre bastante em divórcio, quando o casal não resolve o valor que
venderá, ou quem comprará o imóvel.
- não há preferência de quem está morando, ou coisa do tipo.
- O prazo para exercício do direito potestativo de anular a venda do quinhão é de 180 dias, que é
decadencial.
Fundamentação legal: Art. 1322, p.u. c/c Art. 504 CC
Direito de preferência – dos demais condôminos. Se o outro condômino depositar o valor, no prazo de
180 dias terá tal direito.
Ex.: Bem imóvel com condomínio entre Camilla, Georges e Cristina. Georges vende para Sérvio, e este de
boa-fé compra. Camilla e Cristina podem entrar com ação de anulação em face de Georges e Sérvio para
requerer esse imóvel, no prazo de 6 meses.
Obs.: o início desse prazo de 6 meses é que é discutido, o certo é a partir da escritura pública, porém
alguns afirmam ser da data do instrumento particular, outros ainda da data do conhecimento da
venda.
Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida
e exigível.
- tem sentença que precisa passar por liquidação, se o juiz condena alguém a pagar um valor para
outrem em função de acidente provocado, e essa outra pessoa fica impossibilitada de trabalhar, não é
liquido. Mas tem títulos que são líquidos...
Contrato escrito de locação - não havendo contrato escrito, sendo apenas verbal o de locação, não cabe
execução do inquilino, por parte do locador, em caso de não pagamento de taxa de condomínio, e IPTU,
pois como provar que isso foi acordado? Já o aluguel, pode ser provado com os depósitos, por exemplo.
Seria difícil, mas pode ser feito com prova testemunhal. Por isso, é importante que haja sempre um
contrato escrito especificando o valor do aluguel e quem pagará, e não sendo assim possível, é bom que
o próprio locador exija que o locatário pague à ele, tanto o aluguel, como o valor do condomínio, e o
IPTU.
É possível aplicar multa admistrativamente? Por exemplo, um sujeito ultrapassou o horário permitido
de fazer festa com música alta. Na primeira vez, deve-se dar uma advertência, que conste em ata. Na
segunda vez, cabe a aplicação de multa, mas é bom que se faça numa assembleia, para que tenha mais
legitimidade.
1ª vez. Advertência, constando em ata.
2ª vez. Multa, é bom que se faça uma assembleia
Multa tem caráter executivo?
Não! Pois não consta no rol do Art. 784 do CPC. Por isso, não é bom que se coloque a cobrança junto
com o condomínio, até porque provavelmente o condômino vai impugnar a multa. Vale lembrar, que no
viés de direito civil constitucional pensa-se que deve haver antes a oportunidade do contraditório
daquele que vai ser multado. Multa é ação de cobrança e não de execução, diferente da taxa
condominial.
- Multa só pode ser até 5 vezes do valor do condomínio, exceto quando se der por reiteradas vezes, com
uso antissocial, que poderá se chegar ao decuplo. (Art. 1336, §2º E Art. 1337)
Ex. uso de piscina, com condômino que faz algazarras na piscina, é bom que haja revisão no regimento
interno, para a aplicação de multas. É sempre bom que se leve as questões à assembleia.
Obs.: o CC não falou nada sobre levar a questão para a assembleia, porém é bom que se faça para
ganhar mais legitimidade.
- A impugnação de multa pode ser proposta por ação de anulação de multa.
27/06/2017
Propriedade Resolúvel
- A propriedade se caracteriza por ser perpétua, inclusive por poder transferir esse direito para outrem -
Inter vivos ou mortis causa.
- A transmissibilidade é uma característica desse mais reais de todos os direitos reais, no entanto, existe
propriedade submetida à condição resolutiva ou a termo resolutivo (final), que se denomina
propriedade resolúvel, aonde se admite a subespécie ad tempus.
Exemplos:
1. Retrovenda
- A retrovenda é um exemplo de propriedade resolúvel, por mais que não seja muito utilizada, ainda
vige. - Trata-se de uma clausula contratual que permite ao alienante readquirir a propriedade dentro de
3 anos.
- Art. 505 CC trabalha a retrovenda, dentro do contrato de compra e venda.
- Tem que ter escritura pública tanto para comprar como para readquirir, são escrituras diferentes.
- Por que os efeitos são resolutivos e não suspensivos? Pois irá extingui a propriedade do adquirente.
2. Venda a contento
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda
que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar
seu agrado.
- A condição para a perfeição do negócio jurídico é a manifestação de agrado do adquirente.
- Efeito suspensivo, pois não há até a manifestação transferência da propriedade.
4. Fideicomisso
Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua
morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a
certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário.
Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da
morte do testador.
Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este
a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário.
- O testamento pode instituir herdeiros provisórios, você vai ficar com um imóvel durante 30 anos, ou
apenas se ele se formar (é condição suspensiva – se cumprir o estipulado e resolutiva – se não cumprir)
Propriedade Fiduciária
Natureza jurídica:
1. É uma espécie de propriedade resolúvel que recebeu autonomia jurídica, mormente, após a vigência
da Lei Civil. (Art. 1361 – 1368-B, este na redação d alei 13043/14).
2. É o quarto direito real de garantia, ao lado do penhor, hipoteca e anticrese.
- A palavra fidúcia vem de roma, e é confiança, trata-se aqui de um paradoxo, pois falta confiança do
banco.
- Foi introduzido no Brasil, com a alienação fiduciária em garantia, que é um dos exemplo de
propriedade resolúvel. Na propriedade fiduciária temos um bem que vai ser colocado como garantia de
que a pessoa pagará, no mesmo contrato de aquisição tem uma clausula que transfere a propriedade
para o financiador, que pede a propriedade em garantia.
- Você transfere a propriedade, fica apenas com a posse.
- Se não pagar até a última prestação vai à execução, e pode constar cláusula de execução amigável.
- “com alienação em favor da financeira tal...”
- A execução é feita pelo registro de imóvel. Seja o minha casa e minha vida, ou qualquer um. Não vai
pro judiciário.
- A propriedade é resolúvel para o banco ou financeira, ele então venderá, pois não pode o credor ficar
com a propriedade dada em garantia.
- Na propriedade fiduciária que na verdade se confunde com alienação fiduciária, o credor exige como
garantia para conceder o financiamento para o adquirente do bem, a própria propriedade em garantia.
O adquirente numa clausula contratual transfere o direito de propriedade para o credor. É a garantia do
financiamento. Se pagar todas as prestações a propriedade do bem retorna ao patrimônio do devedor,
em regra adquirente.
- Os personagens da propriedade fiduciária são: o credor x devedor. Este exerce a posse direta, é
alienante fiduciante, depositário do bem durante o financiamento, tem propriedade diferida. Enquanto
que aquele é possuidor indireta, fiduciário, tem propriedade resolúvel, e é depositante.
- Em casos de não pagamento das prestações de financiamento o bem dado em garantia poderá ser
objeto de execução judicial, extrajudicial, ação de busca e apreensão (se for móvel), e venda
extrajudicial ou amigável, de acordo com o objeto do crédito concedido.
- O que é alienar? Não é só vender, é dispor- que é um dos poderes se quem é proprietário. Vender,
trocar ou permutar, doar, dar em pagamento, alienar fiduciariamente.
- Se houver o pagamento de todas as parcelas o bem retorna para o patrimônio do devedor, caso isso
não ocorra haverá a execução, que poderá ser judicial: ação de busca e apreensão – em caso de bens
móveis, e ação reivindicatória – para bens imóveis, perceba-se que são ações cabíveis para a
propriedade, mais uma vez confirmando a ideia de que a de fato a transferência da propriedade; e
extrajudicial: venda em cartório, amigável ou não.
Resumos
1.Direito de Vizinhança
O direito de vizinhança está previsto no nosso código civil de 2002, a partir do Art. 1277, e representa
um conjunto de regras para o bom convívio entre vizinhos. Sem dúvida alguma, esse instituto advém do
direito de propriedade, e representa uma limitação à este último, que em regra é pleno, mas aqui
configura-se uma exceção. No entanto, nas palavras do ilustre Washington de Barros, sem os direitos de
vizinhança não existiria propriedade, uma vez que os vizinhos se auto aniquilariam, sendo por isso,
muito importante o seu estudo.
São eles, inegavelmente, direitos que emanam da lei, conforme já dito, não se confundindo com as
servidões. São recíprocos, representando um direito e um dever ao mesmo tempo para os vizinhos, e
não existindo vizinhos mais importante do que os outros, seja por tamanho da propriedade ou por
condições econômicas. Além disso, são gratuitos e também não necessitam do registro da propriedade,
podendo ser exercitado por possuidores, ou promitentes compradores, por exemplo. Será considerado
vizinho, não só aquele que seja lindeiro, mas todos os dos prédios próximos.
Existem duas teorias que devem ser, na medida do possível, conciliadas sobre essa temática, a primeira
delas é a teoria do uso normal da propriedade (de Ihering), que entende que deve haver um uso
respeitável, sem incômodos abusivos. A outra é a teoria do uso necessário da propriedade (de
Bonfante), que algumas vezes, muito embora se perceba incômodo ele é benéfico, isto é, necessário
para a comunidade. Nesse sentido, é preciso conciliar as duas teorias, tendo como parâmetro a
tolerabilidade.
Nesse diapasão, o Art. 1277 prevê a possibilidade de ingressarmos com uma ação chamada – ação
cominatória – no caso de uso anormal da propriedade, e fazer cessar interferências intoleráveis à saúde,
à segurança e ao sossego. Ela pode ser proposta cumulada com multa, em caso de eventual
continuidade da perturbação. Outra ação possível, é a ação demolitória, que tem como fundamento
legal o Art. 1281, em caso de prédio que ameace ruína, podendo ainda ser cumulada com caução de
dano infecto, para eventuais prejuízos.
Quanto às arvores limítrofes, o CC/02 dispõe sobre elas a partir do Art. 1282, e são arvores que
pertencem à donos de prédios confinantes, devido ao seu tronco está na linha divisória. Entende-se,
com fulcro no Art. 1284, que os frutos caídos pertencem ao dono do solo, sendo uma exceção ao
disposto no Art. 1232, que o acessório segue o principal. Não há ações específicas previstas aqui, porém
é possível pedir ação de derrubada de arvore, caso um galho esteja atrapalhando a propriedade vizinha,
ou a rede elétrica, ou ainda, a ação de indenização por galho de árvore, a depender do caso.
Há ainda, a ação de desencravamento de imóvel que é cabível quando se deseja abrir uma passagem
forçada, devido ao imóvel não possuir saída para via pública. Lembre-se que aqui trata-se de uma
necessidade do dono do prédio encravado, e não o mero comodismo, diz Carlos Roberto Gonçalves, que
o encravamento deve ser absoluto e natural. É possível também ação de passagem forçada de cabos e
tubulações quando estes forem necessário, em ambos os casos será devido o pagamento de
indenização.
As águas são regidas além do exposto no CC/02, pela Lei 24.643, aonde estão dispostos algumas regras
para os aquedutos. Não há também ações especificas, porém dependendo da natureza do incomodo, se
for a saúde, por exemplo pode ser pedido ação cominatória, se for a edificação irregular a ação
demolitória, ou de modificação de obra.
No mais, há a ação demarcatória para fixação de limites entre dois prédios, conforme Art. 1279 do
CC/02, aqui se discute a fixação, e não se confunde com a ação reivindicatória, mas pode ser com essa
cumulada. Os vizinhos devem repartir as despesas, e caso os limites sejam confusos, o juiz determinará
com base nos títulos dominais, em primeiro lugar, logo após com base na posse justa, em seguida pela
divisão em partes iguais, e por fim, pela adjudicação mediante pagamento de indenização.
Há a possibilidade, de se requisitar a elaboração de tapumes, estes se forem comuns, isto é, que
impedem animais grande de passarem, tais quais o gado vacum, cavalar ou muar, são necessários, e
ambos os confinantes devem repartir as custas; já os tapumes especiais, que protegem a propriedade de
animais pequenos, não há obrigatoriedade na divisão das despesas. A ação aqui cabível é a de
construção e conservação de tapumes.
Por fim, é preciso discorrer sobre o direito de construir. Este, inegavelmente, advém do direito de
propriedade, porém é limitado por colocações de ordem pública e privada. No primeiro caso, é feito por
regulamentos administrativos, como o plano diretor dos municípios, e as questões de ordem
urbanísticas, ou ainda ao estatuto da cidade. No segundo caso, é pelo direito dos vizinhos, presentes no
CC/02, como visto, e pelas convenções entre particulares. Neste caso, cita-se como exemplo a proibição
de abrir janelas (cavidades maiores que 10x20cm), a menos de 1 meto e meio da linha divisória, por
exemplo.
Nesses casos, caberá ação demolitória que aqui se baseará na violação das regras de vizinhança, ou
ainda ação de nunciação de obra nova, em caso de construção com menos de 1 ano e meio após sua
conclusão. Percebe-se que a diferença aqui é temporal, uma sendo proposta quando a obra está em
construção, e a outra quando já está concluído. É, por último, possível a ação de travejamento de
parede divisória, que trata-se meação de paredes, por necessidade.
2. Propriedade Resolúvel
Em regra, a propriedade caracteriza-se por ser perpétua, no entanto, é possível que haja mitigação
dessa característica, e a mesma possua fim previsto. Esse é o caso da propriedade resolúvel, que ocorre
quando a propriedade possui cláusula resolutiva, ou termo resolutivo final.
Está modalidade está disposta na codificação civilista de 2002, a partir do Art. 1356. Sua natureza
jurídica, conforme Orlando Gomes, é de uma das modalidades de domínio. Por esse mesmo motivo, é
que a venda com reserva de domínio (Art. 521 do CC) enquanto um exemplo de propriedade resolúvel é
extremamente discutível. Passemos, a analisar os demais exemplos.
A retrovenda prevista no Art. 505 do CC/02 é um ótimo exemplo, pois é possível que a propriedade seja
readquirida, após 3 anos no máximo, caso haja cláusula resolutiva. Muito embora, hoje seja pouco
usual, é a previsão de clausula nos contratos de compra e venda. Possui aqui o efeito resolutivo, uma
vez que há a transferência da propriedade, são duas escrituras públicas, portanto.
Em segundo lugar, temos a venda a contento (Art. 509 do CC), que somente se reputa perfeita, ou seja,
só há a perfeição do negócio jurídico, com a manifestação de vontade do adquirente. Possui, por isso,
efeito suspensivo, até aí.
Há também a doação com cláusula de reversão, prevista no Art. 547 do CC, que estabelece que em caso
do doador sobreviver os bens podem voltar para seu patrimônio. Tendo efeito suspensivo, de igual
forma.
De igual modo, o Art. 1951 e 1952 do CC/02 estabelece o fideicomisso, que o testador impõe certo
tempo, ou certa condição para a transmissão da herança, impõe herdeiros provisórios. Aqui, percebe-se
que o efeito pode ser resolutivo – se a condição não se respeitar; ou suspensivo – se a condição for
respeitada.
O último exemplo é a alienação fiduciária em garantia, que foi instituída no nosso ordenamento
jurídico, com o Art. 66-b da Lei 4728/65, e está prevista também no Art. 1º do DL 911/69, bem como
pelo Art. 148 e ss. da Lei 7565, e por fim no Art. 22 e ss. da Lei 9524. Consiste na transmissão da
propriedade como garantia do pagamento da dívida para o banco ou incorporadora. O CC/02, deu
tratamento especial para essa categoria ao versar sobre a propriedade fiduciária a partir do Art. 1361.
No momento em que firma-se o contrato, nele há uma cláusula que transfere a propriedade para o
credor, sendo este, por isso, possuidor indireto – já que há o desdobramento da posse, é também
chamado de fiduciante, proprietário e depositante; enquanto o devedor, passa a ser possuidor indireto,
alienante fiduciário, proprietário diferido, e depositário. Para que o referido contrato possa valer contra
terceiros deve estar registrado em Cartório.
Possui natureza jurídica de propriedade resolúvel, com autonomia jurídica e também é o quarto direito
real em garantia, ao lado do penhor, da hipoteca e da anticrese. A propriedade é resolúvel, quanto ao
banco ou incorporadora, pois uma vez que a dívida não seja paga, pode ele tomar a propriedade – que
consta como sua - porém fica obrigado a vender, sendo nula qualquer cláusula que disponha o
contrário, vide Art. 1364 e 1365 do CC.
Se houver o pagamento de todas as parcelas o bem retorna para o patrimônio do devedor, caso isso não
ocorra haverá a execução, que poderá ser judicial: ação de busca e apreensão – em caso de bens
móveis, e ação reivindicatória – para bens imóveis, perceba-se que são ações cabíveis para a
propriedade, mais uma vez ratificando a ideia de que de fato ocorre a transferência da propriedade; e
extrajudicial: venda em cartório, amigável ou não.
3.Condomínio
O instituto do condomínio trata-se do exercício do direito de propriedade feito por duas ou mais
pessoas, de bem indiviso, simultaneamente. Sua natureza jurídica, por isso, é não exclusiva, simultânea
e coletiva. O consorte exerce todos os poderes de um proprietário, quai sejam – gozar, usar, dispor,
reaver e alienar.
Seu estudo, atualmente, está previsto a partir do Art. 1314, e são conferidos ao condômino direitos e
deveres, tais como: não pode nenhum consorte alterar a destinação do bem sem a anuência dos
demais; pode o comproprietário ingressar com ações possessórias uns contra os outros, porém não
poderá ingressar com ação reivindicatória, já que está se baseia em título, que é cabível à ambos, porém
contra terceiros é possível; ou ainda gravá-la na medida de sua parte.
Quanto às espécies, o condomínio pode ser universal – quando se considerar o conjunto de bens como
um todo, ou particular – quando se considerar apenas parte dos bens. Será voluntário, quando advier da
vontade das partes, de forma espontânea, como no casamento com comunhão de bens, ou será
involuntário, quando for por motivos alheio à vontade das partes, como na herança. Poderá ser ainda,
divisível, ou pro diviso, quando se observará condomínio apenas no plano jurídico, e na realidade fática
não, como é o caso dos escritórios, das salas comerciais, e apartamentos de um edifício, que cada
condômino age independentemente, e será indivisível, ou pro indiviso, quando as partes forem comuns,
condomínio de fato e de direito, como é o caso, da piscina, da recepção, ou do play de um edifício. Há,
por último, classificação de condomínio em vertical, quando se considerará a linha divisória como as
paredes, que são linhas verticais, sobre um imóvel, e há o condomínio horizontal, quando se considerará
sobre um imóvel, pela linha do teto. Este último caso, é também chamado de condomínio edilício.
A extinção do condomínio pode se dar por via judicial ou extrajudicial, nesta última, será sempre bens
divisíveis, e ocorrerá quando os condôminos concordarem com a venda amigável, deverá sempre ter
escritura pública, no entanto. Será judicial, quando forem bens indivisíveis, ou quando as partes
divergirem entre si, ou ainda quando forem menores uma das partes, conforme ocorre com as regras da
partilha da herança. Sendo judicial a ação cabível será a ação de divisão, que tem fundamentação legal
no Art. 1320 do CC, e no Art 569, II do CPC.
É está imprescritível, sendo uma exemplo de direito potestativo, já que o condômino tem a faculdade de
agir, isto é, exigir a divisão, não decandencial. A ação tem efeito ex tunc, retroativo, e é homologatória.
Os requisitos são, devem ser bens divisíveis, e ocorrer a impossibilidade de divisão amigável.
Quando se tratar de bens indivisíveis, a providência judicial cabível é a alienação judicial de coisa
comum, que utiliza a jurisdição voluntária, não tem por isso, litigio, não se condena ninguém em
honorários, as partes são chamadas interessados, como é o exemplo do divóricio voluntário sem filhos.
Há aqui, que ser respeitado o direito de preferencia previsto no Art. 1322 e no Art 504, qual seja,
preferir-se condômino à estranho, o que mais benfeitorias fez, e aquele co amior quinhão.
Quando esse direito de preferência não for respeitado, caberá ação de anulação de venda de quinhão
em coisa comum cumulada com adjudicação (...)