Você está na página 1de 65

Direitos Reais I

Professor Servio Tulio – 2017.1

Sobre o curso
Ementa: posse e propriedade.
 Propriedade: Art.1228. (uso, gozo ou fruição e disposição)

Artigos do professor, a serem lidos:


1 - O Inexplicável Oblívio da Prescrição e da Decadência como Fatos Jurídicos Lato Sensu pelo Código
Civil Brasileiro, em:
http://bdjur.stj.jus.br/jspui/bitstream/2011/93865/inexplicavel_oblivio_prescricao_vieira.pdf
2 - "A fiscalização das ocupações e construções: a omissão do município e o controle jurisdicional"
3 - "Reflexões acerca da codificação civil brasileira: da era moderna à era contemporânea" Os dois
primeiros serão obrigatórios para a disciplina e estarão na pasta do professor.

Vocabulário:
- evitar CFRB/88, CC, mas sim “lei suprema”, “carta maior, “pacto fundamental”, constituição da
república.
- Mudar – transmudar, translocar
- Ligar – vincular
- Possuir – ter
- Ação reivindicatória (de posse) : o prefixo re é de res, coisa. Logo, não se deve falar reivindicar posse,
mas propriedade.
- Não transcrever o artigo inteiro
- Não escrever artigo por extenso, mas apenas art.
- inciso sempre se fala em numero cardinal
- “deu a decisão” não pode. Deveria ser: proferir ou prolatar

Aula 1- 21/03/2017

Direitos Reais – introdução


- Até agora estudamos os direitos pessoais e interpessoais. Quando nós chegamos no campo dos
direitos reais, lidamos com um direito imposto a todos, ou seja, estaremos estudando as relações
jurídicas entre homens e bens.
- O direito real é um exercício de atuação com o bem, e tem como característica a inflexão, que nada
mais é que um poder que o indivíduo titular do direito real possui sobre o bem. A inflexão gera a
característica da sequela, “e o correr atrás”, é o poder de resgate do indivíduo para com o seu bem que
fora esbulhado.
Ex: Ação de reintegração de posse, ou uma das modalidade da ação reivindicatória.
- Qual o conceito bom para os direitos reais?
“Direito sobre um bem que se forma através de uma relação jurídica impondo a todos um respeito ao
seu exercício”.
- Características dos direitos reais:
1) Inflexão: poder que o titular do bem possui sobre o bem.
2) Direito de sequela: poder de persecutio, poder de perseguir a coisa, buscar a coisa, se você for o
titular do direito subjetivo real.
3) Direito absoluto ou erga-omnes: Direito imposto a todos, porque se você está na titularidade de um
bem, ninguém poderá usá-lo, usufrui-lo. Não existe isso no direito obrigacional ou contratual.
- Posse: Art.1196.
- O possuidor tem um desses três poderes (uso, fruição ou disposição) as vezes até os três deles.
Lembre-se que existe a figura do detentor, que pode possuir os três poderes mas não é considerado o
possuidor.
Assim, a posse é direito ou de fato? Antes, é importante dizer que a ação possessória está descrita
no art.47 CPC/2015, aonde vislumbramos uma afirmação de que a posse é direito e não fato! A única
posse que é fundada em fato é a posse indireta. Quando há desdobramento da posse. Ex: posse de
um inquilino. Assim, a posse é um direito, veja a usucapião, que é concedida às pessoas. “Posse é um
direito subjetivo real, em que alguém exerce um conjunto de atos materiais para conserva – lá e dela
usar e fruir”. Entende, Pontes de Miranda e Clóvis Bevilacqua que seria um fato, porém a doutrina
contemporânea, com nomes como Marco Aurélio Bezerra de Mello e Carlos Roberto Gonçalves a
tem entendido como direito, este último como direito especial (sui generis). Caio Mário, conclui,
dizendo que a discussão é infrutífera, e que o que se depreende é que a posse nasce de uma relação
de fato, e converte-se em uma relação jurídica.
- Teoria subjetiva de Savigny. Essas duas teorias vão sustentar que para existir poder deverá existir dois
elementos constitutivos: o titular deve exercer um poder de fato (corpus – poder físico, inflexão) e o
outro elemento seria o animus (intenção de ter a coisa para si).
- Teoria objetiva Ihering. Teoria mais ultrapassada, porém ainda é estudada. Para essa teoria não precisa
ter intenção de ter a coisa como sua, basta o corpus, o físico, ou seja, que se tenha um poder de fato ou
se exerça um poder físico sobre a coisa. Assim, se ele está com contato com a coisa, ele já é possuidor.
- O Código Civil adotou a teoria objetiva. Leia o Art. 1196 do CC/2002, pois nele dispensou – se a teoria
de Savigny.
- Classificação da posse:
I. Posse direta e posse indireta.
II. Posse jurídica e posse natural (detenção).
III. Posse exclusiva e composse.
IV. Posse justa e posse injusta.
V. Posse de Boa-Fé e posse de má – fé.
VI. Posse nova e posse velha.
VII. Posse ad interdicta e posse ad usucapionem.
VIII. Posse jus possidendi e jus possessionis.
IX. Posse originária e posse hereditária.

Aula 2- 23/03/2017

Classificação da posse
I. Posse direta e indireta
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de
direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto
defender a sua posse contra o indireto.
- A posse poderá ser desmembrada, assim, o legislador entendeu que se o possuidor desmembrar
sua propriedade, não significa que ele perdeu seu bem. Com isso, a doutrina entende que quem
aluga ou empresta a posse, a possui sob a forma de posse indireta, e o indivíduo que recebeu a
posse (possuidor) através de contrato de direito real ou pessoal (de depósito ou aluguel, por
exemplo – contratos pessoais ou reais – usufruto, servidão, enfiteuse) detém a posse direta do bem.
Ex: Juliana aluga uma casa de campo para Camila morar. Juliana detém a posse indireta do imóvel,
haja vista que o fato dela alugar para outrem não implica no fato de perda de posse. Camila, por
outro lado, possui a posse direta, visto que ela que atuará perante o imóvel.
- Síntese: espécie de posse subordinada, dependente e temporária. Nenhuma posse direta é
definitiva, mas sim temporária, é exercida através de contrato real ou pessoal. Também conhecida
como posse acessória e derivada.
- Aquele que outorga a posse, a fruição, não é considerado destituído, porque não perde poder ou
direito sobre a coisa, mas é possuidor indireto.
 Anotações de outro resumo (Reili):
- A posse só é indireta quando há a celebração de um contrato, como ocorre, por exemplo, no
aluguel.
- Poder-se-ia pensar que, toda vez que o possuidor está em contato físico com a coisa, a posse é
direta e, quando não está, ela é indireta, como no caso do possuidor que contrata um vigia para
tomar conta do seu terreno, evitando invasões. Parte da doutrina até considera o exercício de fato
como sendo uma posse direta. Porém, essa classificação, tecnicamente, só se verifica quando
ocorrer o desdobramento da posse por um contrato formal, ainda que celebrado verbalmente. É por
isso que ela também se chama, a direta, posse subordinada, contratual, derivada, acessória e
dependente.
- São exemplos de desdobramento da posse que dão origem à classificação em estudo: locação,
comodato, penhor, anticrese, alienação fiduciária em garantia, usufruto e depósito. Se há a posse
direta por conta de um contrato de locação, isso não ensejará direito à usucapião. Por outro lado, se
o locador morre e os herdeiros não se interessam pelo imóvel, não há mais o contrato de locação,
logo, não há a relação de dependência e a usucapião será possível. Para que a posse sirva à
usucapião não pode ter a característica da dependência.

II. Posse jurídica e natural [CC, art. 1.198]


Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação
ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 1
- Posse natural não é bem uma posse. O Código não usa essa expressão. O nome dele seria
“detentor”, que tem o contato físico, mas não exerce posse me nome próprio, mas em nome alheio.
É considerado posse pela doutrina só pra fazer distinção, mas seria detenção. Tem poder sobre coisa
em nome alheio. Ex.: empregada doméstica.
- O detentor conserva o poder de fato, e não de direito.
- Posse jurídica é a posse verdadeira, em que a pessoa exerce conjunto de atos naturais em nome
próprio e mediante instruções suas. Ele que tem poder de sequela, por exemplo.
- No Direito ibero-americano, a detenção é chamada de tenência. A detenção também está tratada
no art. 1.910, do Código Civil da nação e comercial argentino: há tenência quando uma pessoa atua
por si ou por meio de outra exerce poder de fato e atua como representante do possuidor.

 Anotações de outro resumo (Reili):


- A posse jurídica é a verdadeira posse, juridicamente protegida. Posse jurídica é aquela protegida
juridicamente
- A posse natural só tem aparência de posse. Esta é chamada, no direito ibero-americano, de
tenência – é aquela que aparenta ser um poder de fato, porém exercido conforme ordens e
instruções do verdadeiro possuidor. O detentor é um representante do possuidor.
- A posse natural ou detenção é tratada no artigo 1.198, do CC/02. Ex.: caseiro, empregado
doméstico, caixa de banco, motorista

III. Posse exclusiva e composse – [CC, art. 1.198]


Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
- Posse exclusiva dá a entender o conceito de exclusividade. Uma pessoa, apenas, exerce a posse.
- Composse é com duas ou mais pessoas que exercem composse. Exemplo: condomínio e os três
filhos de um falecido moram no mesmo lugar. São compossuidores. Não é o exemplo de inquilino e

1
Parágrafo único tem uma especificidade: é ocioso, não precisaria desse artigo. Quem começou como
detentor, continua como detentor.
locatário, porque composse presume horizontalidade, posse das duas pessoas. Este último exemplo
só comporta posse direta e indireta.

 Anotações de outro resumo (Reili):


- Posse exclusiva é aquela exercida por uma só pessoa, enquanto a composse é aquela exercida por
duas ou mais pessoas concomitantemente.

IV. Posse justa e posse injusta [CC, art. 1.200, conjugado ao artigo 1.208]
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
- Posse justa. Se sua posse não é violenta, nem clandestina, nem precária, tem posse justa. Também
chamada de mansa e pacífica, para a usucapião.
- Posse injusta:
violenta – alcançada por meio da força, vi em latim
clandestina – obtida ocultamente, (o sujeito não está presente, mas ingresso enquanto ele não
está), cla em latim
ou precária – decorre da não devolução da coisa e do bem quando o possuidor deveria fazê-lo –
terminado o negócio jurídico. Toda vez que é precária, há sempre posse direta ou indireta, como na
locação (ação de despejo, segundo fundamento a Lei 8.245/91, artigo 5º:“Seja qual for o
fundamento do término da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo.”).
Exemplo: comodato – com esbulho, há o ingresso com ação para reintegração de posse; locação com
esbulho há ação de despejo.
Por que precária no caso de comodato? Encerrou-se o comodato no empréstimo de uma casa,
mas não entregou. Está em mora, o comodatário, esbulhando. A posse dele é apenas precária.
Além disso, era injusta, porque não era dele! O comodante, então, ingressa ação de reintegração
de posse. Em relação ao comodante, a posse é sempre precária (decorre do abuso de confiança),
porque, encerrado o prazo, há retenção indevida por parte daquele que deveria devolver. Nunca
cessa a precariedade nesse caso, até ingresso da ação. Não é possível a usucapião, pois como se
saberá quando cessou a injustiça (precariedade)?

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a
sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
- Observar o artigo 1.208 para vincular ao anterior:
“tolerância” - Começa com ato de tolerância. Não é como locação nem comodato, mas
tolerância. Se depois você perceber que vai converter em comodato.
“aquisição” – da posse
“atos violentos ou clandestinos” – durante violência ou clandestinidade, os atos não importam a
posse. Depois que cessar violência, há o final do artigo: “senão (exceto) depois de cessar a
violência ou clandestinidade”. Quando uma pessoa A vai embora e outra B assentou na terra de
outra pessoa, a lei passa a proteger – porque se torna possuidor. É esbulhador da terra de uma
pessoa A.
Ou seja, o artigo 1.200 fala que a posse violenta, precária e clandestina é injusta; porém, quando
acabar violência e clandestinidade, se o esbulhador se assentar, ele se torna possuidor – perante
terceiros, nunca contra o possuidor anterior.

 Anotações de outro resumo (Reili):


- Posse violenta (vi) é aquela adquirida pela força. Clandestina (clã) é aquela adquirida pela
clandestinidade (às ocultas ou subreptícia).
- Posse precária. (Precareo) é aquela em que envolve um negócio jurídico. Decorre do abuso de
confiança em razão da não restituição da coisa. Requer prévio negócio jurídico.
- A lei 8245/91 obriga a ação de DESPEJO para o caso de locação, e não a reintegração de posse. Por
outro lado, em negócios como o comodato, dentre outros, a ação própria é a reintegração de posse.
Posse injusta é sinônima de esbulho. Aquele que está exercendo posse injusta sobre propriedade de
outro, está exercendo esbulho sobre o bem de outro. Esse é o requisito para a ação de reintegração
de posse.
- A posse violenta ou clandestina sempre será injusta perante o proprietário. Ela convalesce para
terceiros, passando a ser justa.

V. Posse de boa-fé e posse de má-fé [CC, art.1.201]


Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da
coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
- Posse de boa fé: se a pessoa não sabe quem é o dono. Tenho um documento que justifica o
ingresso. Parágrafo único: “possuidor com justo título.” Sobre justo título, há diferentes opiniões. O
justo título pra presumir a boa-fé é um documento formal (em matéria de imóvel), um título, que
não serve pra transferir propriedade, mas serve pra justificar a posse e reduzir o prazo para a
prescrição aquisitiva que se dá através da usucapião.
Ou seja. Não transfere, mas justifica o ingresso na posse pelo possuidor deste título.
- Posse de má fé: conhece o vício, sabe que a coisa não é da pessoa. Geralmente, por transmissão da
posse que gera a posse de má-fé.
Sobre imóveis, devemos tomar o seguinte cuidado: “Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de
Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste
Código.”
Obs.: Mais uma referência no artigo 1.214 – efeitos da posse.

 Anotações de outro resumo (Reili):


- Quando o possuidor é notificado pelo real proprietário para que deixe o bem ou quando, ao
adquirir, já sabe que o bem possui outro dono, é possuidor de má-fé.
- Na posse de boa-fé, o possuidor não tem conhecimento do vício ou obstáculo.
- O parágrafo único do 1.201 fala em "justo título", mas esse conceito é alvo de divergência
doutrinária. Justo título é todo instrumento de negócio jurídico que justifica o início do exercício da
posse pelo titular. Podemos dizer, então, que "quem tem o título tem a boa fé".
[CC, Art. 1.202.] A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as
circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
[CC, Art. 1.203.] Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi
adquirida.
A precariedade jamais cessa. Se o possuidor não devolve, está sempre em mora e não poderá se
valer da usucapião.

VI. Posse nova e velha


- É uma classificação não prevista no Código Civil, mas de índole processual.
- Anotação prévia: precisa haver a prática esbulho ou turbação (perturbação) – não perde posse mas
está sendo incomodado no exercício da posse de alguma forma. Um exemplo é quando um sujeito
pega minha cerca, afasta pro lado e entra um metro. A pessoa não perde a posse, mas ela está sendo
turbada. Seja nesse caso, ou com atos que incomodam, como com algo que está afastando e
atrapalhando as galinhas da minha casa.
- Posse nova: a violação do exercício pelo possuidor, praticada por terceiros por esbulho ou
turbação, datada de menos de um ano e um dia, possibilitando a concessão de liminar na ação de
manutenção ou de reintegração de posse.
- Posse velha: já foi praticada há mais de um ano e um dia, é o reverso da anterior. Seria o caso de
um esbulho velho, porque já passou tempo.
[CC, art. 1.210, parágrafo 1º]: possuidor poderá manter-se ou restituir-se, contato que faça logo. É o
exemplo de uma exceção ao tipo penal previsto no CP, art.345 da exceção do artigo referente ao
exercício arbitrário das próprias razões.
- Previsto no CPC, art. 558: “Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as
normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do
esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum
o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.”
- A marca de um ano e um dia que dá o parâmetro pra caracterizar a situação de poder aquele que
foi turbado ou esbulhado na sua posse, merece a liminar. Relação com o CPC, art. 562 em que,
“estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do
mandato liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor
justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. “

VII. Posse ad interdicta e ad usucapionem


- Classificação teórica.
- Posse ad interdicta: uma posse também juridicamente protegida, mas o possuidor a exerce sem a
intenção de transformá-la em propriedade pela usucapião. Ele pode até ter intenção, mas não
pode. É uma posse protegida, se uma intenção. É uma posse comum.
Exemplo 1: inquilino, que tem posse direta de uma casa de final de semana. Ele não tem a intenção
de transformar a casa em propriedade.
Exemplo 2: quem tem posse de um bem público. O sujeito A tem a posse de um bem público e
administração pública tolera que ele fique lá. Um terceiro (sujeito B) ingressa na propriedade e o
sujeito A defende a posse do bem público, porque tem posse ad interdicta. Art. 183, §3º.
- Posse ad usucapionem: além de protegida juridicamente, pelos interditos possessórios, ela serve
para ser transformada em propriedade pela usucapião. Já é de conhecimento de todos, passa a ser
uma posse pública, independente. Precisa ter características, como indica o direito francês na CCF,
article 2261. Vemos que, pra prescrição aquisitiva, é necessário que a posse seja: contínua, passível,
independente, pública, mansa e pacífica, e deve ter o animus domini – estudaremos isso depois.
- Vemos, com isso, que a posse ad usucapionem é mais abrangente que a ad interdicta.
*Ler artigo “O Inexplicável Oblívio da Prescrição e da Decadência como Fatos Jurídicos Lato Sensu
pelo Código Civil Brasileiro” indicado no início do caderno.

VIII. Posse jus possidendi e jus possessionis


- A classificação tem proteção jurídica adequada em relação a quem exerce uma espécie de posse ou
outra.
- Jus possidendi – quem tem o direito de propriedade (decorre do direito proprietário ou dos direitos
reais que lhe são próprios), como título definitivo com registro no cartório. Ele exerce uma posse: jus
possidendi – decorre do direito de propriedade. Ingressa com ação reivindicatória, com base no
direito de propriedade ou domínio (proprietário ou senhor).
- Jus possessionis é aquele que decorre da própria posse, exercida sem se levar em conta o direito de
propriedade. É um direito subjetivo de posse que independe do direito de propriedade, sendo
reconhecido como tal. Cessou violência, o invasor que está na posse clandestina é possuidor – no
titulo de jus posssessionis. Ingressa com ação possessória.

 Anotações de outro resumo (Reili):


- Se o indivíduo exerce o direito de posse que decorre da propriedade, ele tem jus possidendi. Por
outro lado, se ele exerce um direito de posse que não decorre de propriedade, possui, o também
protegido, jus possessionis

IX. Posse originária (ou própria) e hereditária (CC/02, artigos 1.206 e 1.784)
- Se eu exerço a posse ou a propriedade, é uma posse originária, começou comigo. Mas se eu morro
e transmito essa posse aos meus herdeiros, a posse deles é uma hereditária. Essa classificação tem
importância porque
- Posse originária. Se o indivíduo exerce a posse em nome próprio e ele mesmo deu início à posse,
trata-se de posse originária.
- Posse hereditária. Posse hereditária é aquela adquirida por herança, tem fulcro no art. 1.784, do
CC/02 (art. 1.572, do CC/16), que advém do art. 724 do CC francês. Além disso, também tem
fundamento no CC/02, art. 1.206.
CC/2002, art. 1.784: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Herança: posse e propriedade (conjunto de bens e direitos do falecido). É posse hereditária.
CC/ 1916, art. 1.572: Aberta a sucessão, o domínio e a posse da herança transmitem-se, desde logo, aos
herdeiros legítimos e testamentários.
Domínio é a propriedade e a posse.
Article 724, Code de France: Les héritiers désignés par la loi sont saisis de plein droit des biens, droits et
actions du défunt. Les légataires et donataires universels sont saisis dans les conditions prévues au titre
II du présent livre. A leur défaut, la succession est acquise à l'Etat, qui doit se faire envoyer en
possession.
Saisine Juris ou droit de saisine tem esteio no art. 724 do CC francês, como foi dito.
- A posse hereditária também está no artigo 1.206 do Código Civil:
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres

 Anotações de outro resumo (Reili):


- Sucessor universal é aquele que recebe o conjunto de bens do titular. No caso do grileiro, se ele
herdou essa posse do pai e quer continuar com ela, está continuará sendo de má-fé. Se quiser, pode
começar uma posse nova, de boa-fé, mas não poderá contar o período de posse do seu antecessor.
- O art. 1.207 também trata dessa posse e da possibilidade de união: “Art. 1.207. O sucessor
universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua
posse à do antecessor, para os efeitos legais.”

Aula 3- 28/03/2017

Aquisição da posse
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome
próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
- É possível exercer um daqueles poderes: uso, fruição e disposição – direitos que se iniciam logo,
assim que ingressado na posse. Mas, às vezes, está sem uso, mas está com fruição – ou o contrário.
Se alguém comprou imóvel alugado, ele passa a ter poder de fruição. O possuidor indireto passa a
ter posse direta quando compra imóvel alugado – com isso, adquire o poder de fruição.
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:
I. pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante.
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
Art. 1207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
Universal = herança, porque participa de tudo que o falecido deixou
Singular = recebe algo determinado ou recebe como legatário algo determinado – por isso pode unir
sua posse à do antecessor.
Art. 1208
Art. 1209

Classificação doutrinária de aquisição de posse. Os modos de aquisição de posse podem ser:


originários e derivado.
Modos originários: a apreensão (bem móvel, como caça ou pesca) e o exercício do direito (artigos
1204 a 1209).
Encontramos os originários quando não há transmissão de uma pessoa a outra.
Modo derivado: tradição (ou transmissão, que é a entrega da coisa – bem móvel ou imóvel). É modo
derivado de aquisição da posse e da propriedade de bens móveis. E é modo de aquisição – e não
propriedade – do bem imóvel. Além de possuidor, vira proprietário dos bens móveis. Em relação aos
bens imóveis, se adquire a posse pela tradição – mas só a posse. E não a propriedade do bem
imóvel.
Bem móvel: apreensão, tradição
Bem imóvel: tradição
Exemplo: quando ingresso em um apartamento como inquilino, há a aquisição da posse por tradição.
A tradição se classifica em três:
1 - real ou efetiva - aquela que se opera através da entrega efetiva da coisa. Só vale pra bens
móveis, entregues efetivamente por aquele que transmite a posse.
2 - ficta ou simbólica - ocorre a entrega da coisa através de um representativo da coisa. Ex.:
automóveis, imóveis (entrega das chaves).
3 - consensual ou subentendida – não se entrega nada, mas ocorre a mudança do caráter
possessório. Alguém que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio, ou vice-
versa, alguém que possuía em nome próprio passa a possuir em nome alheio.
Ela se subdivide em:
a) traditio brevi manu - alguém que possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio,
por força da celebração de um negócio jurídico. Ex.: inquilino adquire o imóvel em que reside
b) constitutum possessorium (constituto possessório) - alguém que possuía em nome próprio
passa a possuir em nome alheio (Art. 1267, par. único). Ex.: indivíduo vende a casa e faz constar
no contrato que só vai entregá-la em 120 dias.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição
(1. real ou efetiva). Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a
possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa,
que se encontra em poder de terceiro (3.b) consensual – constitutum possessorium ); ou quando o
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico (3.a) consensual - traditio
brevi manu)
A tradição, portanto, é modo de aquisição da propriedade de bens móveis e também modo de
aquisição da posse de bens móveis e imóveis.
Obs.: Quem perde a posse – através da transmissão – é o tradens. Quem recebe é o accipiens.

Aula 4- 30/03/2017

Efeitos da posse
- A posse, por ser um direito de poder de inflexão, poder absoluto, etc, é um poder que emana
daquele que está em contato físico, porque ele mantém essa posse para usar e fruir a coisa – às
vezes até pra transferir a posse. Tem possuidor que não tem titulo, mas tem três poderes – usa, frui
e transfere.
- Quem tem essa posse, pode defendê-la com as próprias mãos – contanto que não se exceda.
Artigo 1.210
- São efeitos da posse:
1. Legítima defesa e desforço imediato
2. Faculdade de invocar os interditos
3. Indenização por acessões e benfeitorias
4. Usucapião ou prescrição aquisitiva

Efeitos da posse – parte I


Artigo 1.210
- São efeitos da posse:
1. Legítima defesa e desforço imediato
2. Faculdade de invocar os interditos
3. Indenização por acessões e benfeitorias
4. Usucapião ou prescrição aquisitiva

1. Legítima defesa
- Elementos. Como excludente da ilicitude [CC, art.188, I e II]: as três excludentes também estão no
Código Civil. A legítima defesa está lá. Além disso, tem o artigo 1.210: possuidor esbulhado ou
turbado: “atos de defesa e desforço não podem ir além...”
- Na teoria do crime, os elementos da legítima defesa são: agressão injusta, meios necessários,
utilização moderadamente, e dirigir-se à pessoa agressora ou outra pessoa – CP, art.25 [estatuto
repressivo]. No cível, não há elementos específicos, mas é preciso fazer analogia. Se alguém está
invadindo atual e de forma iminente, eu ainda não perdi, isso é turbação.
- Legítima defesa. Logo, quando houver turbação, é uma espécie de agressão atual e iminente.
Preencho requisitos do artigo 25, sem usar meios que ultrapassem os meios necessários, de forma
moderada. Com isso, posso praticar legítima defesa.
- Desforço imediato. A única diferença é que no direito possessório é possível uma espécie de
legítima defesa retroativa. Se fala da possibilidade de “restituir”, é porque já aconteceu a ameaça
em relação à posse. Ainda assim, é possível legítima defesa – contanto que seja logo! O logo é assim
que toma conhecimento da perda da posse. Esse instituto não é chamado mais de legítima defesa,
mas desforço imediato. É uma espécie de legítima defesa aplicável à defesa da posse quando houve
esbulho possessório. É apenas pra posse injusta, violenta, clandestina. Pra posse precária, isso não
se aplica. Afinal, ele apenas não devolveu – não houve violência, a legítima defesa é apenas quando
ocorre violência/coação. Nesse caso, só é possível ingressar com ação de reintegração de posse.
- Atenção! A legítima defesa é possível tanto pra jus possessionis, quanto pra jus possidendi.
Contanto que a defesa seja feita logo.

2. Faculdade de invocar os interditos - direito do titular da posse de propor as ações possessórias.


- O Direito de propor as ações possessórias tem origem na modificação de uma situação de fato
entre o possuidor e uma outra pessoa com quem, em regra, ele mantinha relação jurídica. Pode
ocorrer que uma terceira pessoa – com quem ele não mantinha relação jurídica – seja a causadora
da modificação da situação fática. Daí, a lei colocar à disposição do possuidor sete ações
possessórias: sendo as três primeiras puras ou por excelência, e as demais impuras ou por extensão.
- Classificação dos interditos possessórios. São puras as ações de:
a. Manutenção de posse
b. Reintegração de posse
c. Força iminente – ou interdito proibitório
São puras porque se fundamentam na própria posse.
- As ações possessórias impuras são:
d. Ação de imissão de posse
e. Embargos de terceiro
f. Ação de nunciação de obra nova
g. Ação de busca e apreensão (de coisa móvel)
São impuras porque se fundam em outros direitos reais, que incluem a posse. Ação de busca e
apreensão só não é pura por mero preconceito, uma vez que sempre recai em bem móvel, quando,
na verdade, uma ação de reintegração de posse.

Interditos possessórios – tipos puros

a. Manutenção de posse
- Chamado: Interdictum retinendae possessionis / Ação de força nova turbativa = turbação
- Tipos de turbação:
 Perturbação direta – diretamente executada e promovida, perturbando o exercício da posse
alheia
 Perturbação indireta – feita por um terceiro ou animais
 Perturbação de direito – sujeito é incomodado por ação possessória. Essa ação tem caráter
dúplice, porque um pode pedir e o réu também. A citação por aquele que está com razão da
posse diz que é uma turbação de direito. Ou sujeito quer alugar casa, mas um terceiro diz
algo ruim sobre a casa.
 Perturbação de fato – feita com atos materiais, ou invasão do terreno.
- Quando houver turbação – incômodo ou perturbação – ao exercício do direito subjetivo da posse,
sem perdê-la, eu ingresso com este interdito - ação de manutenção de posse - pra afastar o
incômodo e ser mantido na posse.
- Se no decorrer da ação a situação ficar ainda mais prejudicial que o início, havendo esbulho,
comprovada a ofensa ou ameaça de turbação ou esbulho, ele dá ação adequada ao que incomoda. A
manutenção é adequada para a situação que houver esbulho ou turbação.
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
- As três ações estão presentes nesse artigo.
- O CPC/15 versa que:
[CPC, art. 560] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em
caso de esbulho.
- E, ainda os requisitos:
[CPC, art. 561]. Incumbe ao autor provar:
I - a sua posse;
II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de
reintegração.
- Nesse artigo abaixo, vemos como é dada liminar (pra posse nova ou esbulho novo! Se for velha, não
cabe liminar, claro).
[CPC, art. 562] Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o
autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada.
- Nas ações especiais, pra proteger alguns direitos relevantes – como a posse, podendo ser jus
possidendi ou jus possessionis – a lei dá especial proteção. A audiência é de justificação de posse, só
para o autor. A lei processual diz que se o juiz não está convencido, marca audiência para o autor
provar que exerce a posse e está sendo turbado ou que perdeu a posse.
- Citado, começa a ser contado o prazo.
- Outros artigos seguintes (o professor só leu os artigos em sala de aula):
[CPC, art. 563]
[CPC, art. 564]
- Cumulação de pedidos possessórios:
[CPC, art. 555] É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.

b. Reintegração de posse
- Reintegrar é correr atrás do direito para recuperar.
- Chamado: Interdictum recuperandae possessionis / Ação de recuperação da posse / Ação de força
nova espoliativa = esbulho
- Passados um ano e um dia, não cabe liminar, mas cabe ação de reintegração de posse. [CPC, art.
558] - liminar - ano e dia. Vira posse velha depois de um ano e um dia. Isso vale pras três ações dos
tipos puros. Mesmo ação de manutenção de posse, vira posse velha depois do período.
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

c. Interdito proibitório
- Chamado: Interdictum proibitorum / Ação de força iminente = evitar que terceira pessoa cometa
turbação ou esbulho / Ação de preceito cominatório.
- Pressuposto: ameaça concreta de turbação ou esbulho – proibir o sujeito de invadir a posse ou
invadir. Se ele concretizar, será multado.
- É uma ameaça de esbulho ou turbação
[CC, art. 1.210] O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

- Tipos puros (apenas o exercício da posse) – resumo:


a. Manutenção de posse = turbação
b. Reintegração de posse = esbulho
c. Ou interdito proibitório = ameaça de turbação ou esbulho

ATENÇÃO!
- Ações possessórias puras merecem processualmente uma proteção especial, através do chamado
princípio da fungibilidade dessas ações. O princípio está inscrito no artigo 554 do CPC/15. Vamos
tratar da parte geral do Código de Processo Civil sobre ações possessórias:
Art. 554, CPC – Princípio da fungibilidade das ações possessórias:
§ 1º - citação MP e DP
§ 2º - citação pessoal
§ 3º - ampla publicidade
[Art. 555,CPC] Lícito ao autor cumular o pedido possessória.
Cumulação de pedidos possessórios - ação de manutenção de posse com ação de perdas e danos.
Parágrafo único: imposição de medida necessária pra evitar nova turbação ou esbulho.
[Art. 556, CPC] Lícito ao réu na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a
proteção possessória.
 Criou-se defesa dúplice. Toda ação possessória tem em regra caráter dúplice: possibilidade que o
réu tem de requerer defesa da posse e que o autor que torna-se o esbulhador ou turbador da posse
dele. Posse como matéria de defesa.
[Art. 557, CPC] Na pendência da ação, é vedado ao autor e réu propor ação de reconhecimento de
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
- Parágrafo único é melhor que esse caput, porque é igual ao parágrafo segundo do artigo 1.210 do
Código Civil + Sumula STF 487 “Alegação de domínio em ação possessória”: fazer valer propriedade
em ação possessória. Ex.: sujeito compra uma casa de um proprietário e tinha um terceiro morando
lá, exercendo a posse. Nesse caso, não pode entrar com ação de reintegração de posse, porque ele
nunca exerceu a posse – logo, não pode reintegrar. Nesse caso, só poderia ser ação reivindicatória –
alegar o domínio em ação possessória.
- Tanto o réu quanto o autor não podem alegar propriedade porque isso é assunto de ação
reivindicatória!
Aula 5- 04/04/2017

Interditos possessórios – tipos impuros


d. Ação de imissão de posse (interdictum adispicendae possessionis)
- Esta ação é para quem quer se investir pela primeira vez na posse e não tem o título de
propriedade. A ação de imissão de posse só existe no campo doutrinário.
- É tipo impuro porque não leva em conta mais a posse, mas um outro direito real: promessa de
compra e venda registrada. Promessa de compra e venda, artigo 1228.
Para que serve a ação de imissão de posse? Para um titular de direito real se investir pela
primeira vez na posse de um bem, em regra, recentemente prometido/cedido por instrumento
escrito e levado a registro imobiliário. Se a aquisição do bem se dá com instrumento definitivo
(compra e venda, troca, doação, dação em pagamento, arrematação, adjudicação), a ação
adequada, estando o mesmo título registrado no cartório de registro de imóveis, é a ação
reivindicatória.
- Obs.: A ação reivindicatória é para provar o domínio (= propriedade), ou seja, só cabe quando
houver título definitivo registrado. Serve para vindicar a coisa.
Adjudicação compulsória - obrigação imposta em juízo para que seja cumprido ou formalizado o
prometido. Ex.: registro da promessa de compra e venda.
- A ação de imissão de posse ainda sobrevive com este nome em favor daquele que arremata imóvel
em leilão, cujo devedor não efetuou o pagamento das prestações do sistema financeiro de habitação
(SFH). Neste caso, a ação de imissão de posse tem rito especial, cabendo, em prol do arrematante,
inclusive, liminar de acordo com o art. 37, § 2º, do DL 70/66 (aqui, na verdade, é uma ação
reivindicatória, em essência).
DL 70/66, Art 37. Uma vez efetivada a alienação do imóvel, de acôrdo com o artigo 32, será emitida a
respectiva carta de arrematação, assinada pelo leiloeiro, pelo credor, pelo agente fiduciário, e por cinco
pessoas físicas idôneas, absolutamente capazes, como testemunhas, documento que servirá como titulo
para a transcrição no Registro Geral de Imóveis.
§ 2º Uma vez transcrita no Registro Geral de Imóveis a carta de arrematação, poderá o adquirente
requerer ao Juízo competente imissão de posse no imóvel, que lhe será concedida liminarmente, após
decorridas as 48 horas mencionadas no parágrafo terceiro dêste artigo, sem prejuízo de se prosseguir no
feito, em rito ordinário, para o debate das alegações que o devedor porventura aduzir em contestação.

e. Embargos de terceiro – CRFB/88, artigo 674


- É impuro porque pode ser feito pelo possuidor da propriedade ou da posse (ou promitente); ou,
inclusive, uma terceira pessoa pra defender a posse – mas que não é parte do processo.
- Traduzem-se em uma providência deflagrada em virtude de uma turbação ou esbulho que
decorrem de constrição judicial (art. 674 e 676, CPC). Inicialmente, pode-se pensar que a constrição
advém de autoridade judicial ou administrativa (CPC, artigo 674). Porém, se os embargos devem ser
distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição (turbação ou esbulho, 676, CPC), é
porque se trata exclusivamente de ordem judicial. Os fundamentos dos embargos de terceiros
encontram-se no parágrafo 2º do art. 674, CPC:
- Atenção. “senhor” significa proprietário. Devolutivo = cognitivo Embargos do possuidor = ação
possessória
674, § 1º - embargos de terceiros / § 2º - quem são os terceiros
675 - embargos de terceiros podem ser opostos a qualquer tempo, no processo de
conhecimento, até a sentença. Até 5 dias após a judicação – mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta.
676 – embargos distribuídos por dependência – apensado. Nos casos de atos de constrição por
carta, embargos serão no juízo deprecado.
677 - Na petição inicial – embargante fará prova sumária de sua posse.
§ 1º - audiência preliminar designada pelo juiz
681 - resultado dos embargos
Exemplos de atos de constrição contra quem não é parte do processo estão no artigo 1046.
- Não se usa palavra “ação” de embargo de terceiros, mas o advogado pode usar pra evitar botar
tudo no plural.
f. Ação de nunciação de obra nova
- Estava no antigo CPC/73, com rito especial.
- Deveria ser ação de denunciação, mas depois tiraram o “de.” Nunciar é a mesma coisa que
denunciar ou anunciar – é anunciar que obra nova está a causar um prejuízo ao possuidor ou
proprietário.
- É ação de vizinhança. Serve para impedir que prossiga uma obra nova de um vizinho – seja
limítrofe, confrontante ou lindeiro (ao lado) – que prejudica a posse ou a propriedade dos meus bens
(imóvel). Logo, é ação para imóvel. Ex.: está abrindo janela a menos de um metro e meio – viola
direito de intimidade.
- O objetivo é fazer com que vizinho não prossiga com aquela empreitada ou obra porque está
prejudicando o exercício da minha posse ou propriedade, ferindo o direito de vizinhança. A
nunciação de obra nova pode apresentar outros fundamentos, mas, com relação ao possuidor, a
proteção é iminentemente possessória. A obra deve ser nova, isto é, estar no início. Se já se
encontra nos arremates finais, tais como revestimento de massa corrida, textura, colocação de piso
etc, não mais se trata de obra nova.
- A ação estava prevista no artigo 934, CPC/ 73, entrementes, não foi tratada pela lei 13.105/2015
(NCPC) como procedimento especial de jurisdição contenciosa. Tem-se conhecimento que quando o
diploma processualístico não estabelece rito especial para uma determinada ação, ela tem o
procedimento comum, não desaparecendo do ordenamento geral (art. 318, CPC/15).
- Não se trata de uma ação possessória pura, pois protege a posse e o proprietário. Além disso, trata
também de promitente comprador.

g. Ação de busca e apreensão (de coisa móvel)


- Trata-se de providência judicial para recuperar a posse do bem móvel perdida pelo possuidor, em
decorrência do esbulho. Na verdade, é uma ação de “reintegração de posse” com outro nome.
- Interdictum utrubi em latim
- Ação possessória pra reintegrar para quem perdeu a posse do bem móvel.
- Tanto faz ser no automóvel financiado ou automóvel emprestado. A posse é precária, há esbulho.

Aula 6- 06/04/2017

Alegação de domínio
- Artigo 1.210, parágrafo 2º. Súmula 487. CPC, 557: Posse é um direito. Propriedade é outro.
- Quando a ação se pauta na propriedade, trata-se de demanda petitória. Ação possessória trata-se
de demanda possessória; só se discute posse.
- Por isso, na ação possessória, a alegação de domínio não prevalece – salvo se a disputa está sobre
títulos. Daí, julga-se – de acordo a súmula 487 – conforme o título de maior valor. Apenas nessa
exceção, o juiz verá qual título de maior valor – nesse caso, quem tem propriedade (é um título de
maior valor). É a exceção de domínio – exceptio domini.
- Súmula 487 STF: será deferido a posse a quem tiver domínio, se com base neste for disputada.
- Havia uma redação mais ampla no CC/16. A posse se classifica em jus possessionis e jus possidendi.
Na disputa por posse, na dúvida sobre quem tem domínio, melhor julgar a favor de quem pertence a
propriedade. Se não for isso, se o litígio é só possessório, discute-se só posse.
- Alegação de domínio, portanto, é a situação pela qual uma pessoa defende a posse com
fundamento na alegação de propriedade, com base no jus possidendi. É uma advertência legal, que a
lei faz para não se misturar pedidos possessórios e petitórios. Quando se está alegando jus
possidendi, não se deve julgar contra aquele que fez melhor prova da propriedade.
- Outros artigos de direitos reais: artigo 1225 – enfiteuse, por exemplo.
Art. 558 - posse nova e posse velha
Art. 559 - caução real/fideijussória
Art. 560 - ações de manutenção e reintegração
Efeitos da posse – parte II
Artigo 1.210
- São efeitos da posse:
1. Legítima defesa e desforço imediato
2. Faculdade de invocar os interditos
3. Indenização por acessões e benfeitorias
4. Usucapião ou prescrição aquisitiva

3. Percepção dos frutos e indenização por acessões e benfeitorias


a. Percepção dos frutos
- Frutos são coisas acessórias que se percebem periodicamente, como naturais – frutas - e civis,
como aluguel.
CC, 1212.Tem vezes que o código fala em
- Benfeitorias são obras realizadas com três objetivos: para conservar, melhorar ou embelezar.
- Acessão é qualquer pequena construção acima do solo.
A lei apresenta como efeito da posse a percepção dos frutos e a indenização por benfeitorias e
acessões. Ou seja, tanto coisas alteradas pra conservar, melhorar e embelezar, quanto pequenas
construções, que são as acessões.
CC, 1214 – posse de boa-fé:
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo
único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.
- Devem ser excluídos os frutos por antecipação, tipo pedir aluguel em adiantado depois que foi
citado.
1.215: os frutos naturais e industriais são percebidos quando separados. Os alugueis são por dia a
dia.
1.217: possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa.
Se cai um raio e mata o gado, mesmo se tivesse entregue, ocorreria a mesma coisa.
1.219: possuidor da boa-fé tem direito a indenização das benfeitorias necessárias, uteis, etc. Sem
detrimento da coisa. Poderá exercer direito de retenção pelo valor dessas benfeitorias.
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem
detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e
úteis
Esse direito de retenção será exercido da seguinte forma:
CPC/15, Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: IV - retenção por
benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa;
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.
b. Indenização por acessões e benfeitorias
- Benfeitorias: plantações construções, melhoramentos- tudo que sujeito erigiu no solo de boa-fé.
- O possuidor que vai perder a posse, de boa-fé, fez coisas pra melhorar. Ele que será indenizado. As
regras previstas nos artigos 1.212 e 1.222 vão valer pro possuidor que perde a coisa imóvel, seja na
ação de reintegração ou ação reivindicatória.
- CC, artigo 1.219 – possuidor de boa-fé tem direito à indenização por benfeitorias úteis e
necessárias, exceto pelas voluptuárias - as coisas que foram feitas mais pelo gosto do possuidor, que
são possíveis de serem levantadas (retiradas). Exemplo: piscina de vinil.
- Retenção da posse. O réu, quando demonstrou desde a contestação que fez obras (benfeitorias e
acessões), elas ficam pro reivindicante. O réu, desde a contestação, deve demonstrar. Pode fazer
reconvenção também na ação possessória ou reivindicatória, pode fazer reconvenção, com pedido
de indenização e garantia de embargo de retenção se não for deferida a sentença. [917, IV]
- Artigo 1.220
- Garante ao possuidor de boa-fé mais um direito: retenção, através de retenção (se ele comprovar)
ou, em último caso, de embargo de benfeitoria.

Regime jurídico das benfeitorias Possuidor de boa-fé Possuidor de má-fé


Benfeitorias necessárias Indenização + dir. retenção Indenização, sem retenção
Benfeitorias úteis Indenização + dir. retenção Sem indenização e sem retenção
Benfeitorias voluptuárias Direito de levantamento
Sem qualquer direito
(suntuárias) (retirada)

- Obs.: Perda da posse: se perder propriedade, perde também a posse. Há os modos voluntários e
involuntários de perda da posse. Voluntário: se desfez ou transferiu a posse. Involuntário: perda,
furto (bem móvel), desapropriação por interesse social (reforma agrária) ou finalidade pública
(conveniência), destruição.
1.223 “Perde-se a posse” e 1.224: Retomar a coisa! E não retornar
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

4. Usucapião ou prescrição aquisitiva (possuidor)


- É uma penalidade máxima pelo não exercício do direito de posse. É um proprietário que não exerce
a posse, nem faz nada com ela.
- A usucapião não foi chamada de prescrição aquisitiva. Já sabemos o que é Prescrição extintiva –
proprietário vai perder pela extinção da propriedade por longo período de tempo. O Código incidiu
num equívoco, porque só incluiu a prescrição extintiva. CC, artigo 189. “Violado o direito, nasce para
o titular a pretensão a qual se extingue...” Aqui, está errado, porque não nasce pretensão, mas o
direito subjetivo.
- CC, artigo 1.238: não fala que é prescrição aquisitiva.
- A usucapião é a prescrição aquisitiva do bem imóvel, ocorrida pela inércia do proprietário
SÚMULA Nº 237/STF - A usucapião pode ser arguida em defesa.
Se o proprietário ingressa com ação reivindicatória, o possuidor pode alegar a usucapião como
defesa. Hoje, não existe mais a ação especial para a usucapião.
- Dois direitos: propriedade sem posse, e posse sem estar entre
- Natureza jurídica:
 Fato jurídico em sentido amplo
 Efeito posse
 Prescrição aquisitiva
 Modo de aquisição propriedade

Aula 7- 11/04/2017

Propriedade
- Esses são os 3 incisos básicos que cuidam da propriedade, na Constituição Federal. Direito real no
CC, artigo 1.225:
Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade;
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com a tradição.
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a
1.247), salvo os casos expressos neste Código.
. Princípio de aquisição de direito real sobre bem imóvel: tem que ter registro, salvo os casos
expressos. E sobre bens móveis é a tradição, como também a posse.
- Proprietário:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
São três direitos inerentes: usar, gozar e dispor da coisa. Exemplo: casa. Morar, alugar e
demolir. Isso é apenas pra proprietário. Além disso, tem outro direito.
Fundamento pra ação reivindicatória: “reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha” – direito subjetivo de exigir do Estado a prestação jurisdicional naquele
caso.
§ 1º O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades
econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e
artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Função social da propriedade. O caput apresenta ao proprietário seus direitos. Nesse parágrafo,
ele mostra que não pode deixar a propriedade sem produzir. Artigo 5º, inciso XXIII: “função
social da propriedade” imóvel rural ou urbano grande.
- A propriedade deve cumprir não só um direito, mas também um dever, esse é o
entendimento de Duguit, e foi adotado pela Constituição de Weimar.
- Deve providenciar frutos, emprego e uma justa circulação de riquezas.
- Diminuição dos ideias individualistas, para uma maior preocupação com a coletividade.
§ 2º São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam
animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3º O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou
utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.
- desapropriação
§ 4º O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados
pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
(Desapropriação social indireta ou desapropriação judicial privada ou expropriação social)
- É preciso que cumpra os requisitos presente no parágrafo: tenha relevante interesse social, mínimo
de 5 anos, considerável número de pessoas, pagamento de justa indenização, é determinada pelo
juiz.
- Não se confunde com a usucapião, pois tem o pagamento de indenização, não tem o animus
domini, e é um modo de aquisição da propriedade derivado.
- Não se confunde com a desapropriação pois não houve decreto expropriatório, nem está vinculada
à alguma política estatal, a indenização vai pro precatório. É ação pessoal imobiliária, não de direito
real.
- é determinada pelo juiz.

§ 5º No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago
o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las.
- A propriedade é exercida em caráter ilimitado (dentro de um uso “normal”, de acordo com as leis
locais e a boa vizinhança), mas este artigo mitiga tal cláusula, para que não haja uso indiscriminado
de tal direito, pois o mesmo, como os demais, não podem ser absoluto;
- Há de haver respeito às leis municipais, à função social da propriedade e à boa-vizinhança;
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis
especiais.
- há proteção constitucional a estas espécies de recursos minerais, arqueológicos e energia
hidráulica, necessitando o proprietário de autorização Estatal para a lavra de tais riquezas;
- Mais um limite, inclusive constitucional, ao exercício da propriedade privada, portanto, não a
propriedade sobre este tipo de solo;

Aula 8- 18/04/2017

Propriedade

Características da Propriedade
- São características do Direito de Propriedade
Plenitude - em regra ela é plena, isto é, nela se encontram reunidos os direitos que lhe são inerentes
(uso, fruição, disposição e reivindicação). Ela é limitada quando tem ônus real, ou seja, quando está
gravada por outro direito real (p.ex.: servidão predial, usufruto, alienação fiduciária etc.);
- Essa limitação se deve ao princípio da elasticidade do domínio, em que o titular da propriedade pode
deslocar algum destes direitos para outrem, sem perder a titularidade deles;
- Os direitos inerentes à propriedade podem ser limitados pelo proprietário, por via de convenção que
lhe seja benéfica;
Perpétua - quando adquirida para durar por prazo indeterminado e servir ao proprietário e até aos seus
herdeiros ou sucessores, sem limite de gerações. É a propriedade comum, ordinária, para sempre;
- Quando traz no seu título de constituição uma condição resolutiva ou um termo final que a extinguirá,
ocorrendo o implemento de uma ou de outro. Esta propriedade também se chama revogável e, ainda,
ad tempus, feita para durar por certo tempo (p.ex.: aquisição de imóvel com cláusula de retrovenda;
revogação de doação por ingratidão do donatário);
- Propriedade resolúvel (p.ex.: alienação fiduciária) X propriedade diferida;
Exclusividade;
Elasticidade;
- Obs.: quod id plerumque accidit / quod non id plerumque accidit

Proteção da propriedade
- se dá através da ação reivindicatória, que não está expressamente prevista nem no CC nem no CPC,
mas deixa entrever no final do artigo 1.228;
- Contudo, o modo mais prático de garantir a propriedade é através de um título de aquisição da
propriedade;
- A ação reivindicatória vale para o proprietário que não exerce o jus possidendi, mas possui o título
translativo, podendo escolher ajuizar também ação de reintegração de posse, tendo cada uma suas
vantagens;
Requisitos para a ação reivindicatória:
- O registro público do título comprobatório da propriedade é vital para ajuizamento das ações
reivindicatórias, dado o direito de sequela do proprietário cujo domínio está devidamente
registrado. Caso contrário, haverá possibilidade do possuidor direto transformar seu direito real
em propriedade;
- É necessário também discriminar, na inicial, as especialidades do bem imóvel do qual visa ser
restituída a posse;
- É necessário também apresentação de certidão vintenária e de ônus reais, que comprova o
“princípio da cadeia imobiliária” da propriedade alienada, provando a devida compra e venda
do mesmo nos passados 20 anos;
- Sumarizando - requisitos para propositura da ação reivindicatória: título registrado,
especialidades do imóvel, certidão vintenária e de ônus reais.

 Espécies de Títulos de aquisição da propriedade imobiliária:


○ Compra e venda registrado;
○ Permuta;
○ Doação;
○ Dação em pagamento;
○ Carta de arremataçao;
- Antes do registro do respectivo título translativo, o futuro comprador é denominado adquirente e
ainda não detém a propriedade do bem imobiliário; isso se dá pois no Brasil o contrato não tem
natureza translativa, diferente do CC italiano, que possui essa possibilidade, vide Art. 922 da referida
codificação.
- A propriedade imobiliária possui relevância diferenciada se comparada aos demais bens, dadas as
funções que cumpre: moradia, exploração da atividade profissional e da atividade industrial
(empresarial);
- Art. 1.245 caput e §§ 1º e 2º - estes vários ritos procedimentais só se aplicam às propriedades
imobiliárias, uma vez que estas possuem função social diferenciada;
Modos de aquisição da propriedade imóvel
1.Registro do título translativo (art. 1.245 - art. 1.247)
2.Usucapião (art. 1.238 - art. 1.244)
3.Acessão (art. 1.248 - art. 1.259)
4.Direito hereditário (art. 1.784)
- Ficção jurídica;
Obs.: artigo 236 da CRFB que tangencia a delegação de serviços públicos, que abarca os tabeliões de
cartórios, sendo estes particulares subvencionados que prestam serviço público de registros;
Aula 9- 20/04/2017

Ação reivindicatória
- Não está em nenhum lugar do CC, mas apenas na parte final do artigo 1.228. Não deixa de ser uma
ação possessória, mas tem a ver com jus possidendi! Comprovando que é proprietário e que o
sujeito não completou os anos pra usucapião, consegue a ação reivindicatória. Se tem título
registrado, entra com ação reivindicatória, pra fulminar o possuidor.
- Ação reivindicatória possui natureza reipersecutória - o titular do direito vai buscar o que está fora
do patrimônio, vai vindicar a posse ou propriedade de algo - ação de conhecimento, condenatória.
- A ação reivindicatória tem natureza jurídica de ação reipersecutória, ou seja, ação real que tem por
fim perseguir a coisa pelo proprietário em desfavor do possuidor não proprietário.
- É ação de conhecimento condenatória, porém self-executing, com cunho de ação mandamental,
uma vez que dispensa, por incabível, a fase de execução ou cumprimento de sentença. O rito é o
comum, sendo cabível a tutela de evidência (art. 311, IV, CPC/15 - verificar se cabe também tutela de
urgência). - A ação reivindicatória é de natureza de conhecimento condenatória e mandamental
(condena o sujeito a sair da posse). Ela tem o objetivo de investir o proprietário na posse advinda do
jus possidendi. Para o indivíduo que tem um instrumento de promessa de compra e venda, por
exemplo, cabe a ação de imissão de posse, pois ele nem tem a propriedade e nem teve a posse do
jus possessionis tomada.
- Ela é uma ação reipersecutória (rainha desse tipo de ação), pois, comprovando o proprietário o seu
direito, terá a posse da coisa. O vencido ou sucumbente de boa-fé fará direito à indenização pelas
benfeitorias úteis e necessárias. Se for de má-fé, poderá levantar as benfeitorias voluptuárias, se
removíveis.
- Além disso, ela é fundada no foro res site, em vistas do art. 47, § 1º, do CPC/15, não admitindo o
foro de eleição:
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da
coisa. § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade , vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova.

Modos de aquisição
- Modos de aquisição: como se adquire o direito de propriedade imóvel. Título é qualquer coisa.
- Os modos de aquisição da propriedade imóvel são as formas de aquisição da titularidade para que
alguém possa ser considerado como senhor (proprietário) de um bem imóvel. O senhor ou
proprietário só o será por meio de uma providência, uma decisão (judicial ou administrativa), ou por
uma ficção, reconhecida por lei como modus acquisitiones. Outrora, esses modos estavam no artigo
530 do código Bevilacqua. Atualmente, eles constam, esparsamente, nos artigos 1238 a 1244
(Usucapião), 1245 a 1247 (registro do título), 1248 a 1259 (acessão) e 1784 (direito hereditária). São
os mesmos que se encontravam no artigo 530 no precitado sobredito no CC/16.
- Cumpre não confundir título de aquisição e modo de aquisição. O título não transfere a
propriedade, ou seja, não é modo de aquisição. Os títulos de aquisição de propriedade são: Compra
e venda, troca ou permuta, doação, dação em pagamento, carta de arrematação e/ou carta de
adjudicação.
- Os modos de aquisição da propriedade imobiliária são originários e derivados. Os modos originários
são aqueles em que não há transmissão do proprietário anterior (tradens) para o outro proprietário
(accipiens). Esses modos originários são: acessão e usucapião. Nos modos derivados, ocorre a
transmissão do antigo para o novo proprietário, são: o registro do título e o direito hereditário.
- Nos modos originários, não se paga imposto. Nos derivados, sim: TBI para registro do título e causa
morte para direito hereditário.
- São modos de aquisição da propriedade imobiliária:
1.Registro do título translativo (art. 1.245 - art. 1.247)
2.Usucapião (art. 1.238 - art. 1.244)
3.Acessão (art. 1.248 - art. 1.259)
4.Direito hereditário (art. 1.784)

1) Transcrição do título (registro) - art. 1245, CC Art. 1.227.


- Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem
com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os
casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no
Registro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do
imóvel.
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e
o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro,
e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se
retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel,
independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

Aula 10- 25/04/2017

Usucapião

- São modos de aquisição da propriedade imobiliária:


1.Registro do título translativo (art. 1.245 - art. 1.247)
2.Usucapião (art. 1.238 - art. 1.244)
3.Acessão (art. 1.248 - art. 1.259)
4.Direito hereditário (art. 1.784)
Usucapião possui quatro naturezas jurídicas (características):
 - É fato jurídico em sentido amplo;
 - É prescrição aquisitiva - mas é também prescrição extintiva, da propriedade para o
possuidor indireto do imóvel;
 - É efeito da posse;
 - É modo de aquisição da propriedade (móvel e imóvel) pela vetustez da posse, decorrente
da inércia do proprietário;
- Vale lembrar que a noção de prescrição aquisitiva não parece ser bem aceita pelo legislador
brasileiro, dando entre premência quase que exclusiva à extintiva;
- Caso o proprietário permita que a posse do usucapiente se estenda além do prazo prescritivo, sem
ajuizamento de ação possessória cabível ou desforço imediato, será penalizado com a perda da
propriedade após devido processo judicial;
- A declaração do poder judiciário, em forma de sentença, é o título de aquisição que completa o
modo de aquisição representado pelo dia em que a prescrição aquisitiva passa a valer. No entanto,
se discute na doutrina se a sentença tem valor declaratório (majoritário, Art. 1241), ou constitutivo
(mera expectativa de direito).
- O título aquisitivo representado pela sentença servirá para registro no Cartório de Registro de
Imóveis;
- Aquisição da propriedade, independentemente de título prévio ou boa-fé;
- A posse que serve de lastro para o usucapião é especial, tendo 5 características específicas;
Requisitos gerais da usucapião (serve para todas as espécies de usucapião), presentes desde o
código de napoleão.

Requisitos gerais:
1) Exercício de posse com 5 características
- É também chamada de posse juridicamente qualificada, em que ela deve ser: sem oposição (mansa
e pacífica), contínua ou ininterrupta, animus domini (intenção de se tornar dono da coisa). É esse
animus que vai diferenciar o possuidor direto, do que pretende a usucapião.
a. Pública (ostensiva) - aquela em que a pessoa do possuidor parece proprietário, dado o modo
como despreocupado como exerce a posse. Se opõe à posse parcimoniosa;
b. Independente (não contratual) - posses subordinadas; conexas; dependentes etc., não geram
direito à usucapião. Nestes casos há detenção, e não posse propriamente dita, como no caso de um
caseiro;
c. Mansa e pacífica - posse justa, que mesmo após cessada a violência (não cabe mais desforço
possessório) e a clandestinidade (pessoa já está em assentamento possesório) daquele que
transgride propriedade alheia. OBS: não cabe usucapião em posse precária.
d. Ininterrupta - não pode sair e voltar, o possuidor. Caso o faça, o prazo recomeçará do zero;
e. Contínua ou sem oposição (sem contestação);

2) res habilis – objeto hábil, coisas que estejam em comércio, que não esteja gravado com cláusula
de inalienabilidade ou incomunicabilidade; ou que sejam bens públicos. O possuidor que pretende se
valer da usucapião deverá saber de tal inalienabilidade que pode existir, através da existência de
certidão devidamente inserida no registro de imóveis;

3) Decurso do prazo - estabelecido em lei para a espécie de prescrição, a depender da espécie de


usucapião em questão (art. 1898 e 1899 do Código Comercial Civil argentina em vigência);
4) Expedição de sentença reconhecendo a transformação da posse em propriedade (art. 1905 do CC
argentino em vigor);

5) Registro ou transcrição da sentença em cartório de registro de imóveis em que este se situa (art.
167, inc. I, nº 28 da lei de registros públicos)

- A falta de qualquer destes requisitos gerará improcedibilidade da ação, por falta de pressuposto
processual de validade que resultará em extinção da ação sem resolução de mérito;
- Artigo 1.244 reconhece que a usucapião é prescrição aquisitiva, se aplicando à ela as causas que
suspendem ou interrompem a prescrição, como constante da parte geral do CC dos artigos 197 a 206
(com especial atenção ao artigo 202, onde figuram as causas interruptivas da prescrição em geral);
- Ainda que haja desrespeito à propriedade e o possuidor seja devedor do proprietário poderá se
valer da prescrição aquisitiva, uma vez que houve descuido deste para com seu bem imóvel, sendo
este o elemento central da usucapião;
- Na usucapião, portanto, o proprietário deixa parecer que não mais se interessa pela propriedade
do bem imóvel, de modo que a Lei Civil destina a mesma para o devido fim social;
- Acessio possessionis - o possuidor pode somar sua posse à do possuidor antecessor imediato,
desde que ambas sejam passíveis de gerar prescrição aquisitiva (posse que cumpra os requisitos
elencados acima); há porém divergência se a acessio possessionis se aplica também à usucapião
especial. Entende-se, majoritariamente, que não, pois está tem a intenção de conceder um mínimo
existencial, e por isso, não caberia uma situação de transferência da posse, que está mais
relacionada a atos comerciais.
- Quando se tratar de uma transferência da posse feita entre familiares, seria possível a acessio
possessionis. Necessidade de justo título e boa-fé presumida para a usucapião ordinária, e
cabimento da acessio possessionis (Art. 1243 CC);

Aula 11- 27/04/2017

Usucapião – Parte 2 (requisitos)


Requisitos gerais:
 Posse juridicamente qualificada/5 caracteríticas da posse
 res habilis
 decurso de prazo
 expedição de sentença judicial
 registro da sentença em cartório.
Requisitos especiais:
 justo título – documento que justifica o ingresso na posse, não é título aquisitivo
 boa fé.

Tipos de Usucapião
I. Extraordinária (art. 1238, CC)
II. Extraordinária - abreviada (art. 1238, p.ú.)
III. Especial rural (art. 1º e seguintes, da lei Lei 6969/81), também chamada usucapião pro labore ou
constitucional, estando agora no art. 191, da CF/88.
IV. Especial urbana (art. 183 e §§ da CF, 1240, do CC, e 9º, da Lei 10.257/01 - Estatuto da Cidade)
V. Ordinária - 1242, CC
VI. Ordinária abreviada – 1242, CC parágrafo único
VII. Especial coletiva (art. 10, da Lei 10.257/01)
VIII. Especial entre cônjuges ou entre companheiros (art. 1240-A, do CC, na redação da Lei
12.424/11)
Obs.: não corre prescrição entre cônjuges, segundo a regra gera do Código Civil, mas há aqui clara
exceção à regra, que entende o professor ser teratológica;
I. Usucapião Extraordinária [1.238]
1. Prazo: 15 anos
2. Requisitos gerais

II. Usucapião Extraordinária – Abreviada. [Artigo 1.238 parágrafo único]


1. Requisitos gerais: os cinco previstos: res habilis (objeto hábil), posse juridicamente
qualificada (mansa e pacífica, contínua, sem oposição, animus domini, independente,
pública), decurso de tempo, expedição de sentença judicial e registro de sentença em
cartório.
2. Prazo: 10 anos
3. Estabelecimento no imóvel como moradia ou realização de obras ou serviços de caráter
produtivo. Cumprir a função social da propriedade.

III. Especial rural [Artigo 1.239]


Art. 191, CF, e 1.239, CC. CF,
- Também chamada de constitucional e pro labore, possui rito especial (art. 5º da lei 6969)
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por
cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta
hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia,
adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por
usucapião.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua,
por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a
cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua
moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
1. Prazo: 5 anos – mínimo
2. Imóvel rural – atividade agrícola ou pecuária - não pode ter mais de 50 hectares.
3. Terra deve ser produtiva com trabalho
4. O possuidor deve residir no imóvel com a família
5. O possuidor não pode possuir outra propriedade imóvel (urbano ou rural)

IV. Especial urbana [Artigo 1.240]


Também é constitucional, pois consta do art. 183, da CF, além do art. 1240, CC, e 9º, da Lei nº
10.257/01 (Estatuto da Cidade).
- chamada de usucapião pro moradia
- tem rito especial previsto pelo estatuto da cidade. ( Art. 14 da lei 10.257)
CF, Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia
ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a
ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a
ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor
mais de uma vez.
Lei 10.257/01 - Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos
e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos,
independentemente do estado civil.
§ 2º O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
§ 3º Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu
antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
1. Prazo: 5 anos
2. Imóvel com área urbana de até 250 m²
3. Moradia com família - residir o usucapiente no imóvel
4. O possuidor não pode possuir outra propriedade imóvel (urbano ou rural)

V. Ordinária [Artigo 1.242]


1. Requisitos específicos - justo título (título que a pessoa tem por acreditar que aquele título
lhe transferiria e justificaria o ingresso no imóvel) justificando o ingresso na posse, com boa
fé presumida
2. Prazo: 10 anos
3. Os requisitos necessários também.

VI. Ordinária – abreviada [Artigo 1.242, parágrafo único]


1. Prazo: 5 anos
2. Anulação do registro do imóvel em favor de quem promoveu a ação
3. Continuidade da posse por quem perdeu a ação ou foi vencido e continuou no imóvel, 5
anos após a anulação do registro
4. Moradia no imóvel ou investimentos de interesse social e econômico

VII. Usucapião entre cônjuges [Artigo 1.240-A]


Prevista no art. 1240-A, do CC, na redação que lhe deu a Lei 12.424/11, é uma espécie de usucapião
urbana, apresentando os mesmo requisitos da usucapião especial comum, ou seja, urbana. O prazo
é reduzido para dois anos e modifica o disposto no art. 197, I, do Estatuto Civil, quando se trata de
cônjuges, procedendo a uma ignominiosa revogação deste preceptivo legal.
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse
direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros
quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar,
utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
§ 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
(Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
Obs.: Enunciado 502, V JDC - conceito de posse direta usado equivocadamente neste artigo.
Obs.2: Contraria o artigo 197, I – “não ocorre prescrição entre cônjuges...” - não poderia perder o
bem pelo fato de ter abandonado
1. Prazo: 2 anos
2. Dois cônjuges ou companheiros deverão ser condôminos desse imóvel. “Ex cônjuge/ ex
companheiro” – Situação de divórcio legalizado – ou separação judicial/ averbada
3. Um dos dois deve ter abandonado o lar
4. Imóvel urbano – até 250m²
5. Não pode ser titular de outro imóvel urbano ou rural
6. Continuar residindo lá

VIII. Usucapião Urbana Coletiva - Lei 10.257


Prevista no art. 10, da lei 10.257/01 (E.C.), consiste no fato jurídico em que possuidores de baixa
renda não proprietários de imóvel urbano ou rural, que ocupam áreas urbanas com mais de 250 m2 -
sem que se possa identificar os terrenos ocupados coletivamente por cada um - transformam em
propriedade a posse independente, desde que exercida há cinco anos ou mais, sem interrupção ou
oposição.
Lei 10.257/01, Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados,
ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são
susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam
proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua
posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.
§ 2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante
sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis.
§ 3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor,
independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo
escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas.
§ 4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo
deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de
execução de urbanização posterior à constituição do condomínio.
§ 5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por
maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou
ausentes.
Requisitos:
1. Imóvel urbano maior de 250 m²
2. Composse – várias pessoas
3. Prazo: 5 anos
4. Impossibilidade de certificar pedaço do terreno ocupado
5. Possuidores não podem ser proprietários de imóvel urbano ou rural
Parecido com o artigo 1.228, parágrafo 4º.

IX. Usucapião Administrativa


Artigo 1.071 alterou Lei de registros públicos – trata de todos os registros.
Usucapião prevista nos artigos 1.071, do CPC/15: introduziu 216-A, e seus §§, da Lei 6.015. Trata-se
da usucapião processada em cartório de notas. Também é usucapião processada em cartório de
registro de notas competente para registro do imóvel usucapiendo.
Regulamentada pela Resolução23/2016 da Corregedoria Geral de Justiça
- Trata-se, em suma, da admissão de pedido de reconhecimento de usucapião, pela via extrajudicial.
Vide Art. 1071 do CPC. Essa medida visa trazer maior celeridade, e economia processual O autor
juntará alguns documentos do imóvel, bem como certidões negativas, dizendo que não há ação de
reinvidicatória. O tabelião de notas então fará concederá a usucapião.

Artigos finais:
198 do CC: não ocorre prescrição contra incapazes que trata o artigo terceiro
Contra menor, absolutamente incapaz, não ocorre prescrição. Ex: credor proprietário é menor.
Se ele estiver longe, não existe usucapião, porque durante a menoridade não corre o prazo.
1.244: aplicar causas de impedimento de prescrição para a usucapião.
Atenção: prestar atenção aos impedimentos pra prescrição, como estar um tempo fora.

Aula 12- 02/05/2017

Ação de usucapião
- Com a instituição da usucapião administrativa no novo CPC, houve alteração da lei de registros
públicos e sucedânea criação de processo análogo ao presente no CPC 73, com a série de requisitos
vistos na última aula;
- Não há hoje rito especial para ações de usucapião, com exceção de ação de usucapião prevista no
estatuto da cidade (especial urbana) que prevê rito sumário, ainda que tal procedimento não exista mais
no CPC, somente em legislação extravagante, a usucapião rural (art. 5º da lei 6969) também se chama
constitucional ou pro labore. Esta modalidade de usucapião também se dá por rito sumário, como a
especial urbana (Art. 14 do estatuto da cidade);
- Estatuto da cidade é lei federal que prevê certos regulamentos gerais para a municipalidade;
- Portanto, estas modalidades de ação de usucapião são regidas por rito sumário;

Direito Hereditário/ Morte

- Além de modo de aquisição da posse, é este direito também modo de aquisição da propriedade;
- Art. 1572 do cc 1916 - consagrava expressamente que com a abertura da sucessão o domínio e a posse
da herança se transferem aos herdeiros legítimos. Corresponde ao art. 1.784 do atual Código.
- O inventário possui duas etapas:
a. cálculo do imposto de 5% a ser arrecadado pela fazenda pública;
b. partilha entre os herdeiros.
- Portanto, o inventário é aberto no interesse da Fazendo Pública.
- Para os herdeiros necessários, basta que juntem à inicial da ação reivindicatória os documentos que
comprovem o óbito, seu direito à herança e o título do imóvel para que se tornem proprietários de
imediato. Somente após o inventário é gerado o título.
- No primeiro modo de aquisição (REGISTRO - modo derivado de transmissão) o título vem primeiro, no
segundo (USUCAPIÃO - modo originário de transmissão) a posse é anterior ao título, e no terceiro, a
morte (modo derivado de transmissão), a posse vem antes da geração do título, já que a própria morte
é o modo de aquisição da propriedade.
- A ideia da rápida transmissão de propriedade aos herdeiros necessários é que aqueles não deveram
restar devolutos por muito tempo, devendo haver um proprietário legítimo para os bens o quanto
antes.

Acessão

- É o segundo modo originário de transmissão de propriedade, já que não há transferência da


propriedade pelo anterior dono do bem, mas sim aquisição pela posse prolongada.
- Art. 1.248 - hipóteses de acessão por fenômenos naturais.
- Do artigo 1253 a 1258 há os casos de acessão por atos jurídicos, e não fatos jurídicos em sentido
estrito, dado por plantações e construções.
- Adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos são os ditos atos jurídicos;
- v. art. 79 (art. 1253 CC) - pois incorporação artificial é construção (casas, prédios etc.), e incorporação
natural é plantação, ambos atos jurídicos (humanos);
- art. 1.254 - quem constrói com material alheio, ou usa sementes alheias em benefício próprio adquire
sua propriedade, mas precisa indenizar;
- Art. 1.258 e 1.259 - o professor acha estes artigos reprováveis, pois protegem os direitos dos mais
ricos, que constroem prédios (maior parte das moradias dos centros urbanos de grande porte). Tal
dispositivo foi pensado para a construção de casas, com relação paritária entre as partes;
- Espécie de “desapropriação particular” prevista nestes dispositivos, que viola os direitos de
propriedade;
- NÃO CAI NA PROVA!
- Estudar estes institutos com cuidado;

Modo de Aquisição da Propriedade Móvel

- Bens móveis são aqueles que podem ser removidos ou são dotados de movimentos próprios (parte
geral do CC, definição no artigo 82);
- Conforme as classificações dos bens considerados em si mesmos;
1) Usucapião
- Arts. 1.260 e 1.262 - usucapião ordinária (3 anos) e extraordinária (5 anos);
- Não é necessário nem boa-fé nem justo título, no caso da extraordinária, podendo, por exemplo e em
tese, que alguém, furtador de determinado bem, venha a se tornar seu proprietário caso ajuíze a ação
de usucapião.
2) Ocupação
- Art. 1.263 – ocupação - no caso da ocupação há aquisição de propriedade de res nullius e res delicta,
para o direito ocupar é se apossar daquele bem abandonado.
- Quatro formas de ocupação - Caça, pesca, invenção (encontrar algo perdido ou inventá-lo) e o tesouro;
3) Tradição
- Art. 1267 – tradição:
- real ou efetiva - p.ex.: filhote de cachorro;
- ficta ou simbólica - p.ex.: chaves de um automóvel;
- subentendida ou em nome alheio (que pode ser traditio brevi manu ou constituto
possessório) - no caso de empréstimo, com mudança de caráter possessório;
4) Especificação
- Art. 1.269 - especificação
- Transformação de matéria prima em espécie nova, sendo ato jurídico irreversível, adquire a
propriedade;
5) Confusão, Comistação e Adjunção
- Art. 1272 a 1274 - mistura (três espécies: confusão, comistão e adjunção)
- Confusão - mistura de coisas líquidas e liquefeitas; com o advento de tal mistura há divisão do valor do
bem entre os legítimos proprietários;
- Comistão - mistura de coisas sólidas ou secas;
- Adjunção - justaposição irreversível de uma coisa à outra;

5) Direito Hereditário
- Direito hereditário é a última modalidade de aquisição da propriedade móvel;
- Em alguns destes modos de aquisição da propriedade são, também, formas de perder a propriedade.
Ainda que a coisa seja pública, o estado será o proprietário destituído do direito real. Há modos em que
ninguém perde, como, por exemplo, quando um escultor se utiliza de matéria-prima própria para
esculpir;

Perda da Propriedade Imóvel

- Os modos de aquisição da propriedade imóvel também geram extinção desta para aquele que a perde
em favor de terceiro:
- Art. 1.275 e 1.276 - na usucapião, por exemplo, o proprietário do bem imóvel perde e o possuidor
direto a ganha, sendo esta primeira forma de extinção da propriedade imóvel;
Perda de propriedade voluntária
 - alienação (venda, troca, dação em pagamento);
 - abandono
Perda da propriedade involuntária
 - usucapião (ainda que o atual proprietário não busque a restituição da propriedade);
 - execução forçada;
 - perecimento da coisa;
 - arrematação;
 -alienação fiduciária.

Aula 13- 04/05/2017

Desapropriação
- Desapropriação vem da Declaração dos Direitos do Homem. Lá já está a previsão da desapropriação da
propriedade. O procedimento está previsto DL3.365/41 (utilidade pública), e pela Lei 4.162/62 também
citado pela CRFB. Como é lei especial, versa sobre parte material e processual. Fundamento do artigo 5º,
XXIV da Carta Maior brasileira. Proprietário deve receber uma prévia e justa indenização.
- Tem a ver com a interferência do Estado na proteção do interesse público, o que com uma
interpretação global do ordenamento jurídico, demostra o cuidado com a proteção da função social da
propriedade.
-Prevalece o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.
- É um ato com poder de império.
- É a forma mais drástica de intervenção do Estado na propriedade – intervenção supressiva – transfere
a propriedade.
- Natureza Jurídica da Desapropriação: A desapropriação conta com três naturezas jurídicas:
1 - Limitação constitucional ao direito de propriedade
2 - Perda involuntária do domínio
3 – procedimento administrativo, e quase sempre, judicial. (José dos Santos Carvalho Filho)
O pressuposto do fundamento é o interesse público, que pode ser nas formas de utilidade pública
(necessidade pública) e interesse social.
a. utilidade pública = necessidade pública – conveniência/situação de urgência
Os casos de necessidade e utilidade pública estão misturados, no art. 5º, do DL 3365/41:

b. Interesse social – neutralizar desigualdades coletivas.


Lei nº 4132/62 - Art. 2º Considera-se de interesse social Ex: Reforma agrária

- Requisitos para a desapropriação:


1 - Expedição de decreto expropriatório considerando o bem de necessidade, utilidade pública ou
interesse social;
2 - Negócio jurídico (caso de desapropriação amigável) ou sentença judicial;
3 - Pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro;
4 - Registro do título, escritura ou sentença, no Cartório do Registro de Imóveis.

Resumo: Conforme o iminente doutrinador José dos Santos Carvalho Filho, a desapropriação possui
duas fases, uma declaratória e a outra executiva. Na declaratória deve haver a expedição de um decreto
expropriatório, feito pelo Poder Público, que especificará o objeto que será expropriado, e a sua
finalidade, pautado na utilidade pública, necessidade pública ou interesse social. Tem-se,
posteriormente, a formação de um negócio jurídico, em caso de acordo, o que a doutrina chama de
desapropriação amigável, em que o expropriado aceita a indenização oferecida. Caso, não aceite esse
valor, irá para a fase executiva, já que a administração tem poder de império, e mesmo contra a vontade
do expropriado ocorrerá a desapropriação. Nessa fase, utiliza-se a desapropriação dita judicial, em que o
juiz, após consultar peritos, definirá um valor para a indenização. Essa quantia deve ser prévia à
expropriação e justa, possui como característica então a justiça, pecuniariedade e antecedência. Por fim,
é preciso que haja o registro do título em Cartório, pois só assim que se transfere, de fato e de direito, a
propriedade de bens imóveis, no Brasil.

DL 3365/41:
Art. 6º A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador,
Interventor ou Prefeito.
- necessidade de declaração de utilidade pública por autoridade do poder executivo, pode o poder
legislativo dá início a desapropriação, porém fará por meio de decreto legislativo, confirme Art 8º.

Art. 7º Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos
prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força
policial. Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e danos,
sem prejuízo da ação penal.
- trata do ingresso de força policial – força coercitiva. Isso é praticamente letra morta, porque não se faz
isso antes que a pessoa seja chamada para um acordo. Caso realmente fosse pra entrar na propriedade,
deve entrar com ação de desapropriação, pedindo uma liminar urgente, em que se ingressará com a
imissão provisória da posse. Nesse caso, deverá depositar o valor judicialmente, para não ferir o
princípio da indenização prévia e justa, e será um caso excepcional de posse registrada em Cartório.

Art. 9o Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se se verificam ou não os


casos de utilidade pública.
- se houver fundamento para a anulação da declaração expropriatória, deve vir por outra ação, a
chamada ação direta, prevista no Art. 20. Porque na ação de desapropriação, só se discute preço – no
mérito; e condições da ação – na preliminar.
- O que não pode ocorrer é passar o bem para o poder público, antes que o dinheiro seja depositado em
juízo, em nome de quem tem o registro imobiliário. Verifica-se que aqui não cabe precatório.

Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de
cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. (Vide
Decreto-lei nº 9.282, de 1946). Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto
de nova declaração.
Parágrafo único. Extingue-se em cinco anos o direito de propor ação que vise a indenização por
restrições decorrentes de atos do Poder Público. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de
2001)
- acordo ou intentar-se na ação judicial tem o prazo de 5 anos (segundo o professor, esse prazo é muito
longo!). Depois desse prazo, a declaração caduca. Caducidade é a perda de eficácia de um instituto
jurídico qualquer pelo decurso do tempo.
- Se muda o que era destinado aquela propriedade gera problemas em outra ação. Tem que ingressar
com ação pra anular o decreto inicial. Ação expropriatória é pra discutir preço.

Aula 14- 09/05/2017

Continuação – desapropriação

DL 3365/41, artigo 11.


Art. 11. A ação, quando a União for autora, será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do
Estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da
situação dos bens.
- Natureza jurídica da ação de desapropriação: ação de conhecimento constitutiva negativa e
condenatória (encerra relação jurídica e condena poder público a pagar justa indenização). Executa
sentença pela execução do mandado. Além disso, é ação real imobiliária (proposta no foro da justiça
federal).
Art. 14. Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possível,
técnico, para proceder à avaliação dos bens.
Parágrafo único. O autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito. Se o ente público oferta
valor muito abaixo do que for fixado no final do processo, será sucumbente.
- Logo, não é bom que ofereça valor muito diferente do valor de mercado. Autarquias e fundações não
podem desapropriar, pois estão vinculadas aos entes da administração direta, exceção: Dnit e Aneel.
Somente as concessionárias podem propor a desapropriação ao ente público responsável (funções
delegadas).

Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685
do Código de Processo Civil, o juiz mandará imití-lo provisoriamente na posse dos bens;
- Com relação ao art. 15, do DL 3.365/41, e seus parágrafos, é de se observar o disposto nos arts. 1º e
ss., do DL nº 1.075/70. Nesse caso, o titular da propriedade residencial urbana deve ser intimado (nem
citado foi, será intimado mesmo) para dizer se concorda ou não com o valor oferecido. Não
concordando, a imissão provisória na posse requerida pelo expropriante ficará condicionada à
concordância do expropriado do percentual encontrado como justo para o levantamento preliminar,
independentemente do que for encontrado na perícia principal, antes da audiência de instrução e
julgamento.
- A imissão provisória na posse acaba não sendo provisória e deve ser registrada no serviço registral
competente (cartório), de acordo com o art. 167, I, 36, da Lei 6.015/73 (LRP).
- A partir da perda da posse do imóvel do expropriado, este passa a ter direito ao recebimento de juros
compensatórios sobre o valor que for fixado na sentença. A taxa de juros é de 1% ao mês, consoante o
previsto na Súm. 618 do STF.
Resumo: Na imissão provisória da posse, o expropriante ingressa na posse antes de finalizar a ação de
desapropriação. Deve ser registrado em Cartório para atingir efeito erga omnes, imposto À todos, e
cessar a cobrança de IPTU para o proprietário, por exemplo. Os pressupostos são: urgência e depósito
prévio da indenização. Tem apenas 120 dias para imitir após alegada a urgência. A imissão sem depósito
prévio fere o Art. 5º, XXIV.É devido juros compensatório, de 12% ao ano.
Resumo 2: em se tratando de imóvel residencial urbano deve o proprietário ser chamado a acordo,
quanto ao valor, se não aceitar é acordado um percentual do valor, para então se ingressar com a ação.

Art. 16. A citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a dá
mulher; a de um sócio, ou administrador, a dos demais, quando o bem pertencer a sociedade; a do
administrador da coisa no caso de condomínio, exceto o de edificio de apartamento constituindo cada
um propriedade autonôma, a dos demais condôminos e a do inventariante, e, se não houver, a do
cônjuge, herdeiro, ou legatário, detentor da herança, a dos demais interessados, quando o bem
pertencer a espólio.
Parágrafo único. Quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território da
jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação, ao fim de
48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho.
- Em 1941 a mulher ainda era relativamente incapaz para gerir
- Se há inventário aberto, será citado o espólio na pessoa do inventariante.
- Como o DL 3365/41 é norma especial, o NCPC não a revogou.

Art. 17. Quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á
por precatória, se o mesmo estiver em lugar certo, fora do território da jurisdição do juiz.
- Nem toda comarca tinha vara federal. Com isso, poderia propor fora. Mas isso já não se aplica mais.

Art. 18. A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado,
incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro, o que dois oficiais do juizo certificarão.
Art. 19. Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário.

Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço;
qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
- Na contestestação só se pode alegar vícios do processo judicial, que é matéria preliminar (condições da
ação e pressupostos processuais); e impugnação do preço, que é a única matéria de mérito, que pode
ser vista. Qualquer outra questão deve ser discutida em ação direta, conforme Art. 20 (desvio de
finalidade, motivação desconforme à lei, dúvidas na figura do proprietário)

Art. 21. A instância não se interrompe. No caso de falecimento do réu, ou perda de sua capacidade civil,
o juiz, logo que disso tenha conhecimento, nomeará curador à lide, ate que se lhe habilite o interessado.
Parágrafo único. Os atos praticados da data do falecimento ou perda da capacidade à investidura do
curador à lide poderão ser ratificados ou impugnados por ele, ou pelo representante do espólio, ou do
incapaz.

Art. 22. Havendo concordância sobre o preço, o juiz o homologará por sentença no despacho saneador.

Art. 23. Findo o prazo para a contestação e não havendo concordância expressa quanto ao preço, o
perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência de instrução e
julgamento.
§ 1º O perito poderá requisitar das autoridades públicas os esclarecimentos ou documentos que se
tornarem necessários à elaboração do laudo, e deverá indicar nele, entre outras circunstâncias
atendiveis para a fixação da indenização, as enumeradas no art. 27. Ser-lhe-ão abonadas, como custas,
as despesas com certidões e, a arbítrio do juiz, as de outros documentos que juntar ao laudo.
§ 2º Antes de proferido o despacho saneador, poderá o perito solicitar prazo especial para apresentação
do laudo.

Art. 24. Na audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do Código de Processo


Civil. Encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização.
Parágrafo único. Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência (NÃO
OCORRE MAIS!) que se realizará dentro de 10 dias a fim de publicar a sentença.

Art. 25. O principal e os acessórios serão computados em parcelas autônomas. Parágrafo único. O juiz
poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de maquinismos instalados e em
funcionamento.

Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de
terceiros contra o expropriado. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas
com autorização do expropriante. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 4.686, de 1965)
Após o decreto expropriatório:
- benfeitorias necessárias serão indenizadas
- benfeitorias úteis serão indenizadas quando autorizadas pelo poder público
- benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas.
- Entende-se aqui também as acessões
§ 2º Decorrido prazo superior a um ano a partir da avaliação, o Juiz ou Tribunal, antes da decisão final,
determinará a correção monetária do valor apurado, conforme índice que será fixado, trimestralmente,
pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República. (Redação dada pela Lei nº 6.306, de 1978)
- isso é feito mensalmente hoje
Art. 32. O pagamento do preço será prévio e em dinheiro. (Redação dada pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 1º As dívidas fiscais serão deduzidas dos valores depositados, quando inscritas e ajuizadas. (Incluído
pela Lei nº 11.977, de 2009)
§ 2º Incluem-se na disposição prevista no § 1º as multas decorrentes de inadimplemento e de
obrigações fiscais. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009)
- Diz a CF que deve ser justa, prévia e em dinheiro. Justiça, precedência e pecuniariedade.
- eventuais dívidas fiscais que o proprietário tenha serão deduzidas.

Art. 33. O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado
pagamento prévio da indenização.
§ 1º O depósito far-se-á no Banco do Brasil ou, onde este não tiver agência, em estabelecimento
bancário acreditado, a critério do juiz. (Renumerado do Parágrafo Único pela Lei nº 2.786, de 1956)
§ 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença,
poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15,
observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)

Art. 34. O levantamento do preço será deferido mediante prova de propriedade, de quitação de dívidas
fiscais que recaiam sobre o bem expropriado, e publicação de editais, com o prazo de 10 dias, para
conhecimento de terceiros.
Parágrafo único. Se o juiz verificar que há dúvida fundada sobre o domínio, o preço ficará em depósito,
ressalvada aos interessados a ação própria para disputá-lo.

Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de
reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada
procedente, resolver-se-á em perdas e danos.
- Quando ocorrer a predestinação, ou seja, quando o poder público após desapropriar um bem, não o
utiliza para a finalidade indicada, temos esse instituto. No CC/16, era previsto no Art. 1.150 a
retrocessão, em que o ex-proprietário tinha direito de reaver o bem, era uma preferência obrigatória. O
DL 3365, aqui mencionado por sua vez, garantiu o direito à indenização mas não o de reaver o bem. O
CC/02, por outro lado, em seu Art. 519, instituiu o direito de preferência para o ex-proprietário, ficando
o poder público, premido, vinculado à, em caso de venda, vender para ele. A última posição é a que tem
prevalecido na jurisprudência, muito embora, haja muita discussão doutrinária, já que o DL3365 é lei
especial.
- Esse artigo é também o fundamento para a ação que reclama indenização perante o poder público do
expropriado por desapropriação indireta. São assegurados à este último, após o esbulho possessório
sofrido além da indenização, os juros compensatórios, que contar-se-ão desde o momento da ocupação
do expropriante, e com correção monetária, conforme Súmula 114 do STJ, também juros moratórios
caso venha a atrasar o pagamento, após sentença que fixar o referido valor.

Art. 36. É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos
não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização. O expropriante prestará caução, quando
exigida.
(REQUISIÇÃO - DESAPROPRIAÇÃO TEMPORÁRIA E PROVISÓRIA, SEM INDENIZAÇÃO, A PRINCÍPIO)

Aula 15- 11/05/2017

Desapropriação

Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente
devolutivo, quando interposta pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo
expropriante. Efeito devolutivo = efeito não suspensivo. Não suspende execução da sentença. Há o
recurso, mas cumpre sentença. Mesmo que o tribunal depois suspenda, deve ser cumprida. Quando tem
recurso o apelante for o expropriante, tem os dois efeitos – suspensivo e não suspensivo.
§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida fica sujeita
ao duplo grau de jurisdição. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)
Prerrogativas da Fazenda pública. Hoje é tratado como remessa necessária – 496, NCPC. Situação
específica do duplo grau de jurisdição, que hoje é remessa necessária (também chamado recurso ex-
oficio)
Art. 29. Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de
imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis.

Art. 30. As custas serão pagas pelo autor se o réu aceitar o preço oferecido; em caso contrário, pelo
vencido, ou em proporção, na forma da lei.
Na aplicação do art. 29, pode haver dúvida quanto ao credor. Assim, o poder público pode depositar o
valor. Entretanto, isso é raro de acontecer.

Art. 31. Ficam subrogados no preço quaisquer onus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado.
- Depositando em juízo o poder público todo o preço que foi fixado, o juiz mandará expedir o mandado
de registro em favor do expropriante. A questão de quem vai levantar será resolvida no curso posterior
do processo.

TEMAS ACESSÓRIOS

- Juros moratórios: Depois que apresenta o laudo o perito, o Poder público já está devendo juros
moratórios depois de um mês. É diferente da correção monetária, que também é devida.
- Juros compensatórios: só cabem quando juiz dá liminar e profere decisão, e o expropriado perde a
posse. Ele é compensado pela posse, sendo este um outro direito real. Quando ele não tem mais a
posse, vai sair do patrimônio do expropriado. Só cabe juros compensatórios nesse caso – imissão
provisória de posse, na taxa de 12% ao ano. (Súmulas do STF 164 e 618)

- Súmulas:
 Súmula 618 STF “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de
12% (doze por cento) ao ano.”
 164 STF – “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a
antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.”

Concluindo: em caso de indenização ela deve ser justa e prévia, para tanto deve agregar a
correção monetária, de acordo com a inflação; além dos juros moratórios, desde logo se haja
saído o laudo, e o poder público esteja atrasando o pagamento da indenização; e ainda, em
caso de imissão provisória da posse, cabem os juros compensatórios.

A posse pode ser registrada? Não, em regra. Mas há exceção na imissão provisória da posse –
quando expropriado perde posse em decorrência de liminar – perdendo o jus possidendi. Isso
faz com que o expropriado não exerça mais o conjunto de atos materiais sobre bens. Segundo
artigo 15, §4º, essa é a única posse que pode ser registrada, além do artigo 167, I, (36) da Lei
6015/73. É vantajoso, inclusive, que seja registrado para que cesse a cobrança de IPTU do
expropriado.

Direito de extensão
- O proprietário pode pedir que se inclua todo o imóvel (extensão de todo o imóvel), caso o restante do
bem perca sua utilidade. É o direito do proprietário de bem expropriado de exigir que, na
desapropriação parcial, se inclua a parte inútil, de pouca utilização, no valor da indenização pela perda
involuntária do imóvel.
- Tem fundamento no art. 12, do Dec. Nº 4.956/1903 e no art. 19, § 1º, da Lei 4504/64 (Estatuto da
terra) - para imóvel rural
Obs: Partes na ação de desapropriação direta ("ação de desapropriação"): expropriante e expropriado
Partes na ação de desapropriação indireta ("ação de desapropriação indireta"): autor e réu.

Retrocessão
Quando o poder público não aplica o imóvel na finalidade pública anunciada no decreto expropriatório,
surge para o expropriado o direito de tentar reaver o bem, o que se chama retrocessão. O direito
positivo tratou da retrocessão, inicialmente, no art. 1150, do CC/16. Este preceptivo legal foi revogado
pelo art. 35, da Lei das desapropriações (DL 3365). Com a edição do CC/02, o tema está tratado no art.
519, fazendo surgir várias dúvidas sobre a subsistência da retrocessão.
CC/16 Art. 1.150. A União, o Estado, ou o Município, oferecerá ao ex-proprietario o imóvel
desapropriado, pelo preço por que o foi, o caso não tenha o destino para que se desapropriou.

DL 3.365/41 - Art. 35. Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não
podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de
desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.

CC/02 - Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por
interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou (PREDESTINAÇÃO), ou não for
utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo
preço atual da coisa.
- O art. 519, do CC/02, não se trata da retrocessão, prelação ou preempção, pois, hoje o direito de
retrocessão não passa de uma preferência para readquirir o imóvel quando o poder público,
constatada a não utilidade, colocar à venda o imóvel expropriado.

Direito de preferência
- oferecer igual ou maior lance. Ele tem apenas uma preferência, não cabe ação de retrocessão.
Retrocessão, então: consiste na preempção/preferencia obrigatória de oferecimento do imóvel em
favor do expropriado, quando o poder público não dá ao bem expropriado o destino anunciado no
decreto expropriatório. Inicialmente, cabia ação de retrocessão, quando o artigo 1150 do CC/1916
vigorou até a vigência do DL 3365/41, que revogou aquele, e instituiu o direito para indenização (Artigo
35). Ao entrar em vigor o CC/02, o artigo 519 concedeu ao expropriado direito de preferência na
reaquisição quando empatar com licitante na venda do imóvel que lhe pertenceu.

Resumo: Inicialmente, quando ocorria a predestinação, ou seja, o poder público não dava ao bem
expropriado o destino anunciado no decreto expropriatório, cabia retrocessão, conforme Art. 1.150 do
CC/16. Esta última consistia em preferência obrigatória para o oferecimento do bem ao expropriado. O
decreto lei 3365/41, no seu Art. 35 trouxe, por sua vez, a ideia de indenização de perdas e danos, e
revogou o dispositivo anterior. Por fim, adveio o CC/02, que em seu Art. 519, trouxe a ideia de direito de
preferência, em caso de oferecimento do bem, e não mais uma preferência obrigatória.

PREDESTINAÇÃO (BEM EXPROPRIADO NÃO ATENDENDO A FINALIDADE DO DECRETO)


ART. 1.150 CC/16 - RETROCESSÃO – REAVER O BEM.
ART. 35 DL3365/41 – INDENIZAÇÃO
ART. 519 DO CC/02 – DIREITO DE PREFERÊNCIA.

Resumo do livro de ADM do Carvalinho


Desapropriação
Espécies:
1) desapropriação ordinária – Art 5º, XXIV
2) desapropriação urbanística sancionatória – Art. 182, §4º, III CF – penalização ao proprietário
que não atender ao plano diretor municipal. Pagamento em títulos da dívida ativa.
3) desapropriação rural – Art. 184 CF – perda da propriedade quando esta não tiver cumprindo
sua função social. Fins de reforma agrária. Expropriante é apenas a União, e pagamento em
títulos.
4) desapropriação confiscatória – Art. 243 CF – plantação ilegal. Expropriação sem indenização.

- É passível de desapropriação tanto os bens móveis quanto os imóveis, corpóreos, como incorpóreos.
(Art. 2º DL 3365).
- A União pode desapropriar do Estado e do município, e o Estado pode desapropriar do município. Deve
estar antes autorizado pelo Poder Legislativo. (Art 2º, §2º).
- A desapropriação é uma forma sui generis de aquisição da propriedade. Prevalece o entendimento de
que é um modo originário de aquisição da propriedade, pois conta apenas com a questão volitiva de
uma parte - o Estado. Esse entender emana efeitos, o da irreversibilidade da transferência, e a extinção
dos direitos reais para 3º. (Art. 31).
Competência:
- para legislar – é privativa da União, podendo em matérias específicas, mediante LC, permitir-se aos
Estados.
- para declarar – todos os entes da federação, e as instituições da adm indireta com funções delegadas,
mais o DNIT e a ANEEL.
- para executar – condicionada (funções delegadas – ADM indireta e concessionárias e permissionárias)
e incondicionada (entes federativos).
- Há duas fases na desapropriação: a fase declaratória e a executória:

1. Fase declaratória
- a declaração expropriatória é uma manifestação emitida pelas pessoas federativas com a intenção de
transferir determinado bem para seu patrimônio. A declaração deve ser precisa (identificar o bem a ser
expropriado), e explicitar o seu fim (seu destino).
- É preciso decreto expropriatório para formalizar e divulgar o ato, mesmo quando o poder legislativo
dá início a desapropriação é preciso um ato administrativo declaratório dele.
- É um ato discricionário que o administrador verifica a conveniência e a oportunidade. Porém, os casos
que permitirem a desapropriação são os expressos em lei, então o ato declaratório será vinculado, não
tendo o Poder Público qualquer liberdade quanto ao fundamento da declaração.
- O controle judicial desse ato administrativo só vale para a legalidade, e não para controle da
conveniência. A impugnação de decreto expropriatório se dá por meio de ação declaratória de nulidade,
e não pela ação de desapropriação. Podem elas sofrer conexão, e tramitarem simultaneamente no
mesmo juízo, sem a suspensão de qualquer uma.
- a caducidade para decreto expropriatório com fundamento em utilidade pública é de 5 anos, e caso
caduque (perda da eficácia pelo decurso do prazo), só pode ser objeto de novo decreto expropriatório
após 1 ano. Para interesse social é de 2 anos.

2.Fase executória
- Aqui completa-se a transferência do bem para o expropriante.
a. Via administrativa – acordo entre o poder público e o proprietário. Negócio jurídico bilateral, não há
coerção alguma. É chamada de desapropriação amigável, deve ser formalizada através de escritura
pública.
b. Via judicial – não havendo acordo na via administrativa, a alternativa é uma ação de desapropriação
perante o judiciário. É chamada de desapropriação judicial Não cabe aqui, discutir o mérito da escolha
do administrador, apenas o preço e se os requisitos formais foram obedecidos. Nesse último caso,
caberá ação direta, vide Art. 20 do DL 3365/41.

Desapropriação indireta
- é esbulho possessório (Hely Lopes Meirelles), é um ato ilícito o governo transgride a legalidade, invade
o imóvel e começa a usar. É também chamado de apossamento administrativo, sem apossamento não é
desapropriação indireta, restrições não significam desapropriação apenas atos de restrição ao exercício
do direito de propriedade. Ambas são passíveis de indenização.
- Não há decreto expropriatório. Se o poder público toma o bem, o proprietário é que deve ingressar
com a ação de desapropriação, chamada ação de indenização em face do poder público, e são devidas
ao autor além da indenização,juros compensatórios com correção monetária (S114 do STJ), bem como
juros moratórios desde o laudo do perito (618 do STF) . Há, nesse caso, uma espécie de esbulho
possessório contra o qual o ex-proprietário nada pode fazer. Da perda da posse, com o esbulho do
poder público, até a perda da propriedade, com a sentença, há um longo caminho. Trata-se de um
esbulho tolerável.
OBS:
- Desapropriação comum - na ação de desapropriação – teremos expropriante e expropriado.
- Desapropriação indireta - na ação de desapropriação teremos – autor e réu.

Ação desapropriatória
- Na ação de desapropriação, o autor será o expropriante, e o réu o proprietário expropriado.
- Deve conter na petição inicial o preço + decreto expropriatório (diário oficial ou contrato) + descrição
do imóvel.
- Na contestestação só se pode alegar vícios do processo judicial, que é matéria preliminar (condições da
ação e pressupostos processuais); e a impugnação do preço, que é a única matéria de mérito. Qualquer
outra questão deve ser discutida em ação direta (desvio de finalidade, motivação desconforme à lei,
dúvidas na figura do proprietário)
- Na imissão provisória da posse, o expropriante ingressa na posse antes de finalizar a ação de
desapropriação. Deve ser registrado em Cartório (única posse registrada) para atingir efeito erga omnes,
imposto à todos, e cessar a cobrança de IPTU para o proprietário. Os pressupostos são: urgência e
depósito prévio da indenização. Tem apenas 120 dias para imitir após alegada a urgência. A imissão sem
depósito prévio fere o Art. 5º, XXIV.
- A intervenção do MP não está expressa na lei como obrigatória, porém entende a melhor doutrina,
seguida pelo iminente José dos Santos Carvalho Filho, que uma vez que a desapropriação tem como
pressuposto o interesse público, e o MP representa, ou melhor, presenta a sociedade em juízo, seria
então necessária tal intervenção ao exercício pleno da democracia.
- Diverge-se sobre qual o momento que ocorre a transferência da propriedade, entendem alguns que
imediatamente quando o valor da indenização é depositado, outros entendem que somente após a
sentença judicial que vale como título passível de ser registrado em cartório.

Indenização
- Diz a CF que deve ser justa, prévia e em dinheiro. Justiça, precedência e pecuniariedade.
- eventuais dívidas fiscais que o proprietário tenha serão deduzidas.
- Juros moratórios: Depois que apresenta o laudo, o poder público já está devendo juros moratórios
depois de um mês. É diferente da correção monetária.
Estão relacionados ao atraso, à demora no pagamento da indenização. Possuem um caráter punitivo.
Incide sobre o valor da indenização.
- Juros compensatórios: só cabem quando juiz dá liminar e profere decisão (imissão provisória da posse
164 STF), e o expropriado perde a posse. Ele é compensado pela posse, sendo este um outro direito real.
Só cabe juros compensatórios nesse caso – imissão provisória de posse, na taxa de 1% ao mês, sendo
12% ao ano, conforme STF 618.
- É possível cumular juros moratórios com os compensatórios, mesmo sendo vedada a aplicação de juros
compostos, aqui se entende que os compensatórios estão diretamente vinculados a indenização.
- correção monetária de 1 ano. Súmula 561 STF “Em desapropriação, é devida a correção monetária até
a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que
por mais de uma vez.”.
Desistência da desapropriação
- definida antes da desapropriação
- ressarcimento pelos danos
- despesas processuais
- devolução do mesmo bem

Questões das provas anteriores -15/06/2016


a)
Antes de analisar, especificamente a situação apresentada, faz-se mister expor algumas
considerações sobre a posse. Esta que é um direito subjetivo real, muito embora alguns civilistas como
Pontes de Miranda e Clóvis Bevilacqua a entendam como um fato, o Art. 47, §1º do CPC, esclarece ser
ela um direito. Por assim ser, o Art. 1.196 do CC/16 diz que quem tenha o poder de uso – à exemplo
utilizá-la para morar, ou o poder de gozo – alugá-la, ou ainda o poder de disposição – para demoli-la; ou,
por fim, os três, pode ser considerado possuidor.
A primeira classificação da posse, é a prevista no Art. 1197 do CC/02, onde ocorre o
desdobramento da posse em direta e indireta. No caso em voga, Fátima pode ser considerada
possuidora indireta pois através de um contrato pessoal (como foi o de locação) poderia também ser de
natureza real (à exemplo enfiteuse), concedeu a posse direta para Conceição, temporariamente. Essa
posse tem como características ser subordinada, acessória e temporária.
O direito subjetivo real da posse pode ser jurídico ou natural. Fátima exerce a posse jurídica,
que é aquela verdadeira, prevista em nosso ordenamento, pois possui em nome próprio; enquanto que
na posse natural, também chamada de detenção, o detendo possui em nome alheio, como é o caso, por
exemplo, de um caseiro ou de uma empregada doméstica. Na ibero-américa o instituto da detenção
chama-se tenência, vide Art 1.910 do estatuto civilístico argentino.
Há também a possibilidade da posse ser exclusiva quando há apenas um possuidor, ou
composse, quando se exerce conjuntamente com outras pessoas coisa indivisa. Beatriz, por exemplo,
por ser a única herdeira de Sueli exerceu posse exclusiva, porém se tivesse outros herdeiros, exerceria
ela composse com os demais.
Será a posse justa, quando não for violenta, clandestina ou precária, esses conceitos estão,
respectivamente, vinculados à utilização de força física, manobras ocultas, e não devolução após
negócio jurídico prévio. E, será, injusta quando assim o for. Na situação apresentada, já que Fátima
comprou a posse de Beatriz ela pode ser considerada posse justa, já que não houve a incidência de
nenhum desses institutos.
Se presume posse de boa-fé quando se tem justo –título, que pode ser qualquer documento
que fundamente o ingresso na posse, sem com isso ser título definitivo registrado em cartório. Como
Fátima obteve a posse da casa por um instrumento público pode-se presumir que foi sim de boa-fé, e
não a contrario sensu, de má-fé.
Por falar em título definitivo registrado em cartório, este, por sua vez, transfere a propriedade,
e não a posse, e quando isso ocorre tem-se jus possidendi, que é a posse baseada no direito de
propriedade, já o jus possessionis vincula-se a posse. Entende-se que Fátima exerce posse do tipo jus
possessionis por não se basear em título definitivo com registro.
Além disso, a posse pode ser ad interdicta ou ad usucapionem. Aquela não pode tornar-se
propriedade, não há essa intenção, nem poderia haver, como é o caso daquele que detém bem público,
ele não poderá tornar-se proprietário, muito embora tenha a faculdade de invocar os interditos
possessórios – como a ação de manutenção de posse (em caso de turbação), ou ação de reintegração de
posse (em caso de esbulho), por exemplo.
A posse pode ainda ser nova ou velha, e esse critério tem natureza processual. Será nova
quando contar menos de 1 ano e 1 dia, e sera velha após esse período. O fato de ser nova, permite ao
possuidor turbado, ou esbulhado ingressar com ação liminar; já a velha não será possível.
Por fim, temos a posse originária que é aquela que não adveio de herança e a posse hereditária
que adveio de um antecessor. É o caso Beatriz, que quando recebe a herança de sua mãe Sueli, exerce
uma posse hereditária.

b)

O direito à propriedade está protegido em nosso ordenamento jurídico, tanto no estatuto


civilísttico a partir do Art. 1228, quanto na Constituição Federal, como no Art. 5º, XXII, partir daí
demonstra-se sua importância, e especial função – dita função social da propriedade – consagrada em
preceitos constitucionais. (Art. 5º, XXIII). Nesse sentido, o filósofo Duguit afirmou que a propriedade vai
muito além de um direito, ela é sim um dever, e que, por isso, deve atender mais à coletividade em
detrimento do indivíduo em si, considerado.
O Código Civil brasileiro dispõe que pode ser considerado proprietário aquele que tem a
faculdade de usar (para moradia, por exemplo), gozar (alugal, emprestar), dispor (demolir), e ainda
reaver de quem a tenha injustamente possuído. Essa última parte, inclusive é o que fundamenta a ação
reivindicatória, de natureza reipersecutória, em que o titular vindica aquilo que está fora do seu
patrimônio.
Os modos de aquisição da propriedade imóvel são: o registro em cartório, o direito hereditário,
a usucapião, e a acessão. Os últimos são modos originários – que não há a transferência do bem, e os
dois primeiros são modos derivados – em que há a transferência do bem, estes serão objeto de nossa
análise no presente momento.
A propriedade, no Brasil, não se transfere por contratos, eles não possuem natureza translativa,
diferentemente de países como a Itália, em que esse caráter é depreendido, vide Art. 922 do Código
Civil Italiano. Aqui, é preciso que se leve o título aquisitivo ou translativo, que pode ser, por exemplo,
um contrato de compra e venda, permuta ou troca, doação, dação em pagamento, carta de
arrematação, em Cartório para que se registre, e só então que a propriedade será considerada
transferida. Essa escolha do legislador de transcrever em cartório é devida pois se buscou lastrear de
formalidades necessárias a propriedade visto sua importância enquanto moradia, e local de trabalho.
Então, se uma pessoa assina contrato de compra e venda de uma casa, deposita o dinheiro, e não
registra em cartório, a propriedade ainda pertence ao alienante. O explicitado encontra respaldo nos
Art. 1.245 – Art. 1.246 do Código Civil brasileiro
O outro modo de aquisição da propriedade imóvel derivado é a morte, ou direito hereditário.
Quando falece o indivíduo, é aberta sucessão, e a herança se transfere para os herdeiros, conforme Art.
1.784 do CC/02. O inventário é aberto em favor da Fazenda, e se retira 5% de imposto causa mortis, logo
após passa para a partilha entre os herdeiros. Percebe-se aqui, que primeiro se adquire a posse dos
bens, depois que sai o título.
Já a propriedade dos bens móveis pode ser adquirida por usucapião, ocupação, do achado do
tesouro, tradição, especificação, confusão, comistão, adjunção, todas elas estão dispostas nos Art. 1260
e seguintes. As três primeiras são modos originários, e os demais derivados. Vejamos cada um destes
últimos: A tradição é também modo de aquisição da posse de bem móvel, e pode ser dividida em,
tradição real ou efetiva – em que se verifica a entrega do objeto em si, vide exemplo, um celular; pode
ser ainda simbólica ou ficta – em que ocorre uma metonímia, de parte pelo todo, as chaves que
simbolizam o carro; e por fim, pode ser subentendida ou consensual, esta última se divide ainda em
constituto possessório que se trata de alguém que possuía em nome próprio e passa a possuir em nome
alheio, e a traditio brevi manu que se verifica o inverso, alguém que possui em nome alheio passa a
possuir em nome próprio.
A especificação trata-se da transformação da matéria prima de outrem, em um nova espécie,
algo inédito, se dor de boa-fé pertencerá ao especificador. Por fim, as demais formas de aquisição da
propriedade móvel são misturas, sendo a confusão uma mistura de substâncias líquidas, a comissão de
substâncias sólidas, e a adjunção é a sobreposição de duas coisas.

c)
A usucapião é um ato jurídico em sentido amplo, além de ser uma prescrição aquisitiva pois o
decurso do tempo confere direito de propriedade para o usucapiente, e implica simultaneamente, em
uma prescrição extintiva para o proprietário, também é um modo de aquisição da propriedade tanto
imóvel, como também a móvel, e por fim, é um efeito da posse.
Os requisitos são divididos em requisitos gerais, que são aqueles necessários, que toda a
usucapião deve, necessariamente, ter para ser caracterizada, e os requisitos específicos, que são
facultativos. Os requisitos gerais se dividem ainda em 5 categorias, vejamos:
O primeiro requisito geral é um posse juridicamente qualificada, ou seja, ela deve ser pública –
do conhecimento de todos, ininterrupta – contínua, justa – mansa e pacífica, sem oposição, e deve
haver o animus domini – a intenção de ser dono da coisa. Este último, é o mesmo da teoria subjetiva da
posse de Savigni, que é preciso ter o corpus, poder físico, e também o animus, a intenção. O segundo
requisto geral é a res habili, ou seja, o objeto deve ser hábil, não é possível adquirir a propriedade de
bens públicos, por exemplo. O terceiro ponto é o decurso do tempo, deve haver o lapso temporal
necessário para que se configure a usucapião, de acordo com cada modalidade existente, por exemplo a
extraordinária que são 15 anos. Como quarto requisito geral temos a expedição e sentença judicial, que
muito se discute na doutrina se a usucapião teria natureza declaratória ou constitutiva, entendemos
como declaratória, conforme Marco Aurélio Bezerra de Mello, pois ocorre apenas a declaração de um
direito, vide Art. 1241. Como último requisto geral temos o registro em cartório da sentença.
Os requisitos específicos, que são facultativos, é o justo título que se trata de um documento
que justifica, fundamenta o ingresso na posse, sem ter caráter definitivo, também a boa-fé presumida.
Esses requisitos específicos são pedidos para a confuguração da usucapião ordinária, que tem prazo
mínimo de 10 anos, e além dos requisitos necessários, precisa dos facultativos. A usucapião ordinária
abreviada, além de todos esses requisitos, exige que a propriedade exerça função social de interesse
relevante, e por isso, seu prazo é de 5 anos.
Seguindo as modalidades de usucapião temos a especial rural – que exige além dos requisitos
gerais, o mínimo de 5 anos, em área menor que 50 hectares, torne a área produtiva e resida lá com sua
família, e não possua outro imóvel em seu nome é constitucional, e chamada de pro labore. Temos
também a modalidade especial urbana, com os mesmos requisitos, e prazo de 5 anos, porém com o
máximo de 250m2, é também constitucional e chamada pro moradia. Ambas possuem rito sumarizado
previsto em lei especial, Lei 6969 e lei 10257, respectivamente.
Tem-se também a usucapião entre cônjuges, que se assemelha a usucapião especial urbna,
quanto aos requitos, porém o prazo mínimo é de 2 anos, e o paradeiro do conjugê que abandonou o lar
deve ser totalmente desconhecido. Isso se deu para não prejudicar um cônjuge que ficava sem saber so
outro, e não podia, por isso alienar, ou se desfazer do seu bem. No entanto, esse dispositivo encontra
críticas pois fere o Art. 197, I do CC, que não permite prescrição entre cônjuges.
Por fim, a usucapião administrativa é regulada pelo Art. 1071 do CPC, e se trata do Tabelião do
Cartório poder declarar a usucapião, uma vez instruídos todos os documentos necessários. Visa uma
economia processual e a celeridade.

a) É um ato administrativo discricionário do poder público, que com poder de império, e com base no
princípio da supremacia do interesse público sobre o privado, decide pautado na utilidade pública,
necessidade pública (está pode considerar-se contida naquela) e interesse público expropriar um
determinado bem. Este último, por sua vez, pode ser móvel, imóvel, corpóreo ou incorpóreo. A
desapropriação está prevista na constituição, e também em leis especiais, como a 3365/41 – baseada na
utilidade e necessidade pública, e na lei 4162/62 que se fundamenta no interesse coletivo. A natureza
jurídica desse instituo é a perda da propriedade pelo expropriado, e também a limitação constitucional
ao direito de propriedade.
Para que a desapropriação direta ocorra faz-se mister um decreto expropriatório, emitido pelo
poder público, e nele deve conter o bem objeto da expropriação, e a sua finalidade. O iminente autor
José dos Santos Carvalho Filho afirma que é um ato discricionário do Estado, porém, estão as hipóteses
elencadas nas leis especiais, e por isso, trata-se de um ato discricionário vinculado, não tendo liberdade
ilimitada para ultrapassá-la.
É preciso também que haja a formação de um negócio jurídico, que será chamado de
desapropriação amigável quando se der por acordo, ou seja, o expropriado aceitar a indenização
ofertada pelo expropriante, e será judicial quando não o aceitar, já que o juiz irá definir tal valor em
sentença, vide Art. 24 da Lei 3365/41.
Além disso, é preciso ainda que a indenização seja prévia, e justa, com a devida correção
monetária, os juros moratórios, e compensatórios (em caso de imissão provisória na posse). Deve, por
fim, ter sentença judicial registrada em cartório.
Já a desapropriação indireta trata-se de um verdadeiro “esbulho possessório”, nas palavras do
brilhante doutrinador Hely Lopes Meireles, em que o Poder Público toma para si o bem, sem os
requisitos formais previstos em lei, e começa a usá-lo. Não há aqui o decreto expropriatório. É também
chamada de apossamento administrativo. Nesse caso, caberá ao expropriado ingressar com ação de
desapropriação, sendo ele autor e o poder público réu, para receber a devida indenização
compensatória, com juros que serão contados desde a data da ocupação, como dispõe a Súmula 114 do
STJ.
Por fim, concluo que a desapropriação é pautada no interesse coletivo, podendo ser construído
naquele local escolas, hospitais, creches, postos de saúde, entre outros, além de ser constitucional. Com
base nisso, o poder público tem esse poder de império, com requisitos específicos para tanto, como se
pode depreender das leis especiais. Em caso de desapropriação indireta, que o memso não segue esses
requisitos há ainda, a indenização, com correção monetária e os devidos juros como forma de não
deixar o ex-proprietário desamparado.

Aula 15- 11/05/2017

Direito de vizinhança
I. Conceito
É um direito que integra a propriedade, mas nem sempre será privativo do proprietário. Será também
vinculado ao possuidor, usufrutuário, locatário, foreiro, dentre outros.
Direitos de vizinhança são limitações legais de ordem privada, pessoais, gratuitas e recíprocas, em favor
de vizinhos confinantes, próximos ou afastados. Ditas limitações legais são inerentes ao direito de
propriedade, à posse e outros.
O direito de vizinhança possui limitações (de ordem pública e privada):
i. Ordem pública – Regulamentos Administrativos, plano piloto, considerações urbanísticas,
Estatuto da Cidade – obriga o município a exercer um poder de polícia maior, já que eles tem
autoexecutividade, através de fiscalizações das construções.
ii. dos próprios vizinhos – não construir goteiras, não fazer barulho em determinado horário.

II. Tipos (direitos de vizinhança em espécie)


1. Uso anormal da propriedade – Art. 1277 a 1281 CC.
2. Arvores limítrofes – artigo 1282 a 1284 CC.
3. Passagem forçada e passagem de cabos e tubulações – Art. 1285 a 1287
4. Aguas – Art. 1288 a 1296
5. limites entre prédios e direito de tapagem – Art. 1297 e 1298
6. direito de construir - Art. 1299 a 1313
- O fundamento do direito de vizinhança é evitar os conflitos de vizinhança entre proprietário, titulares
de direitos reais, possuidores ou inquilinos, resguardando, máxime, a segurança, o sossego e a saúde
dos habitantes de prédios lindeiros, próximos ou afastados.
- Cabe ação de pedido cominatório, ou ação cominatória, objetivando fazer com que o vizinho
(proprietário ou possuidor independente) cesse o desrespeito à segurança, à saúde ou ao sossego dos
demais.
- O CC perfilhou a teoria do uso normal da propriedade (Ihering), mesclada com a teoria do uso
necessário (Bonfante), vislumbrando-se uma conciliação dos interesses para uma boa convivência social.
Você pode usar sua propriedade de acordo com a saúde, sossego e segurança, mas se você precisar usá-
la de forma um pouco anormal, um incomodo pequeno, porém necessário à comunidade importa
conciliação desses institutos.
Ex: se um supermercado é construído no bairro e provoca barulho, porém é necessário à comunidade,
deve-se buscar conciliar os interesses de acordo com a tolerabilidade.
- Os sujeitos de direito da relação de vizinhança são: proprietários, titulares de direitos reais,
possuidores e locatários de imóveis contíguos ou afastados.

III. Características
São características do direito de vizinhança:
A) são direitos que provêm da propriedade, embora sejam pessoais, e não reais, integrando as
obrigações propter rem (por causa da coisa, decorre da coisa);
B) são impostos pela lei, sua fonte imediata, prescindindo de convenção ou acordo entre os
vizinhos;
C) são direitos recíprocos, uma vez que não há vizinho de prédio dominante ou de prédio
serviente, pois o dever de cooperação pela paz é recíproco e simultâneo;
D) são gratuitos, tendo em vista que, em regra, as restrições (limitações) não dão origem a
indenização, salvo quando o uso anormal for estrita e socialmente necessário.

Violados os direitos de vizinhança de que trata o artigo 1277, pode-se ingressar com ações:
Art. 1277: O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de
propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do
prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de
tolerância dos moradores da vizinhança.

- Você pode usar sua propriedade de acordo com a saúde, sossego e segurança, mas se você precisar
usá-la de forma um pouco anormal, um incomodo pequeno, porém necessário importa na teoria do uso
necessário da propriedade e da teoria do uso normal da propriedade, tem a ver com a tolerabilidade.

IV – Ações de vizinhança
1 - quanto ao uso anormal da propriedade:
a) Ação de pedido cominatório
- ação cominatória ou de preceito cominatório: serve para além de impedir o mau uso, cominar multa
na perseverança do mau uso da propriedade pelo vizinho recalcitrante.
- compete ao proprietário ou possuidor, titular de direito real, ou inquilino, para impedir o mau uso da
propriedade pelo vizinho, no que diz respeito à segurança, saúde ou sossego.
- Esta ação tem fulcro no art. 1277, do CC. Para resolver esse conflito, são adotadas as seguintes regras:

A. Uso normal que causa incômodos normais não dá direito à cessação da atividade ou à
indenização (tolerável)
Exemplo: festa no play que causa barulho.
B. Uso anormal, porém essencialmente necessário dá direito à indenização ao vizinho
prejudicado. (Intolerável)
Exemplo: barulho de indústria que fornece água pra comunidade
C. Uso anormal sem justificação social dá direito ao vizinho de exigir a cessação da atividade
considerada ilícita e indenização pelos danos suportados (intolerável)

b) Ação demolitória ou ação reparatória


- tem por fundamento o art. 1280, do CC, decorrendo da omissão do proprietário do prédio vizinho que
ameace ruína.
- A ação é proposta pelo proprietário ou possuidor para exigir do dono do prédio vizinho a demolição ou
a reparação, evitando a ofensa a sua vida, integridade física ou ao seu patrimônio.
- Nesse caso, pode-se cumular com a ação de caução, pois se eu quero demolir a casa de alguém, eu
tenho que entregar uma caução, para garantir a reparação do vizinho. A caução é do requerente, o
autor vai depositar um dinheiro, pois se ele não tiver razão, e o prédio foi demolido indevidamente o
requerido estará garantido.
- A ação demolitória pode ser total – derrubar uma casa, ou parcial – derrubar uma parede, uma
varanda.

Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou
a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.

Obs.: Enquanto o fundamento do art. 1277 é uma conduta comissiva, o fundamento do art. 1280 é uma
conduta omissiva.
Obs2:Esta ação também compete ao município, para obrigar o proprietário do prédio a demolir ou a
reparar o bem, se o poder público local não optar pela executoriedade ínsita ao seu poder de polícia das
edificações, já que o ato administrativo de fiscalização é autoexecutável.
O poder de polícia, previsto no art. 78, do CTN, no caso do direito de vizinhança é exercido pelos
municípios, com legalidade, imperatividade, legitimidade, coercibilidade e, por fim, autoexecutoriedade.
Logo, o poder de polícia é formado pelos micropoderes de império, coerção e autoexecução.
O uso anormal da propriedade, assim, pode desbordar para o campo do direito público, quando o
prédio está a ruir ou abandonado, uma vez que compete ao município a fiscalização pela função social
das propriedades.

2 - Quanto às árvores limítrofes


- São árvores que ficam nas limitações entre propriedades. Os litígios decorrentes de árvores limítrofes
não são comuns, sendo desconhecidas nominalmente as ações que protegem o direito de vizinhança em
questão.
- A violação dos Arts. 1282 a 1284 do CC, legitima o vizinho a ingressar, por exemplo, com ação de
derrubada de árvore ou ação de indenização causada por dano de galhos ou raiz da árvore
problemática.

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos
dos prédios confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser
cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se
este for de propriedade particular.

16/05/2017

Continuação – Direito de Vizinhança


1. Uso anormal da propriedade – Art. 1277 a 1281 CC.
2. Arvores limítrofes – artigo 1282 a 1284 CC.
3. Passagem forçada e passagem de cabos e tubulações – Art. 1285 a 1287
4. Aguas – Art. 1288 a 1296
5. limites entre prédios e direito de tapagem – Art. 1297 e 1298
6. direito de construir - Art. 1299 a 1313

3 – Quanto à passagem forçada e passagem de cabos e tubulações


c) Ação de passagem forçada (ou desencravamento de imóvel)
- A ação de passagem forçada ou de desencravamento de imóvel é a que compete ao proprietário de
imóvel urbano ou rural que se achar encravado em outro sem saída para a via pública, fonte ou porto.
- Fundamento legal: 1285 do CC.
- Está em desuso, pois não se aprovam mais lotes encravados (sem passagem), normalmente, conforme
as normas do plano diretor. O art. 41, I, do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), trata da necessidade
desse plano:

EC, Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:


I - com mais de vinte mil habitantes;
- Mesmo aqueles abaixo de 20.000 habitantes não aprovam mais os lotes encravados.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será
judicialmente fixado, se necessário.
§ 1º Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.
§ 2º Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública,
nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3º Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem
através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.
- Embora o art. 1285 só legitime o proprietário a ingressar com a ação em estudo, a jurisprudência vem
admitindo que o promissário comprador com título registrado, no registro de imóveis, também tenha
interesse processual na ação.
- O acesso simplesmente incômodo ou pouco oneroso no que diz respeito à distância a percorrer, para
ter acesso àqueles logradouros públicos, não legitima o vizinho a ingressar com a ação de passagem
forçada. Tem como requisito a necessidade, e não a mera conveniência.
- definição do Monistro Ary Pargendler: “encravado é o imóvel cujo acesso por meios terrestres exige
do respectivo proprietário despesas excessivas para que cumpra a função social sem inutilizar o terreno
do vizinho, que em qualquer caso será indenizado pela só limitação do domínio”.
Obs1:Esse direito de vizinhança acarreta indenização a favor do proprietário vizinho que vai sofrer o
encargo.
Obs2: Os atos de mera tolerância não induzem o direito de vizinhança em tela.

3) Ação de passagem forçada de Cabos e tubulações


- A ação de passagem forçada de cabos e tubulações compete ao proprietário ou proprietários vizinhos
que necessitem da passagem de cabos e tubulações e outros condutos subterrâneos pelo terreno de
outrem, mediante pagamento de indenização, inclusive da área remanescente, quando não for possível
obtê-la de modo menos gravoso ou oneroso.
Fundamento legal: (Arts. 1286 so CC)
- Se as instalações oferecerem riscos pode o proprietário prejudicado exigir obras de segurança.

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvalorização da área
remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel, de cabos,
tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilidade pública, em proveito de
proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível ou excessivamente onerosa.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de modo menos
gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa, para outro local do imóvel.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do prédio onerado
exigir a realização de obras de segurança.

4 - Quanto às águas
- Quase todo direito de vizinhança que tem por fundamento as "águas" versa sobre aqueduto, ou seja, o
direito de canalizar, pelo prédio de outrem, as águas a que tem direito o proprietário ou possuidor do
imóvel vizinho (art. 1293, CC).

Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que correm
naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo; porém a condição
natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por obras feitas pelo dono ou possuidor do
prédio superior.
- Isso pode dar azo a uma ação de desfazimento de obra, demolição, nunciação de obra nova, ou outra,
conforme o caso.

Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele
para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
- Esse artigo pode gerar ainda outro tipo de ação.

Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades
de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios
inferiores.
- Também é direito de vizinhança que dá direito de indenização por onde passa o aqueduto.

Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às primeiras
necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que poluir, deverá recuperar,
ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a recuperação ou o desvio do curso
artificial das águas.

Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para
represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será o seu
proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.
- Outras ações podem ser propostas em decorrência de conflitos de vizinhança referentes às águas, de
acordo com o que estabelecem os Arts. 1288 a 1292, do CC.

Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprietários
prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas a que tenha direito,
indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não cause prejuízo considerável à
agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de águas supérfluas ou acumuladas, ou a
drenagem de terrenos.
§ 1º Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento pelos danos que
de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como da deterioração das obras
destinadas a canalizá-las.
§ 2º O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que atravessa áreas
edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3º O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprietários dos imóveis
vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.

Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e construam sobre ele,
sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos imóveis poderão usar das águas
do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.

Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para os fins previstos
no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários prejudicados e ao dono do
aqueduto, de importância equivalente às despesas que então seriam necessárias para a condução das
águas até o ponto de derivação. Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis
atravessados pelo aqueduto.

5 - Quanto aos limites entre prédios


- Ocorre quando não há disconcordância na marcação, fixação dos limites da linha divisória dos prédios
lindeiros. É um direito mais constatável nas propriedades rurais.
e) Ação demarcatória (ou ação de demarcação de terras)
- Essa ação tem a peculiaridade de não contar com vencedores e vencidos. Antes, era obrigatória a
presença de 3 peritos, com um agrimensor. Hoje, exige-se apenas a perícia comum. (Arts. 569 a 598,
CPC). - A ação demarcatória ou ação de demarcação de terras, conhecida como actio finium
regundorum é a providência judicial que compete ao proprietário, para obrigar o seu confinante,
também proprietário, a demarcar o imóvel, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos
ou arruinados (art. 1297).
- Objetivo de restabelecer os limites da linha divisória, diz Carlos Roberto Gonçalves que ela não se
confundi com a ação reivindicatória, pois aqui não se discute propriedade, e sim limites da demarcação.
Lindeiros = confrontantes = confinantes = limítrofes.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio,
urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois
prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se
proporcionalmente entre os interessados as respectivas despesas.
- Essa ação não é para condenar.

§ 1º Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de
madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em
partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação.
- não seria está uma ação demarcatória, mas uma ação de divisão de despesas comum ou ação de
ressarcimento.
§ 2º As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser
cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3º A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para
outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles , pelo proprietário, que não está
obrigado a concorrer para as despesas.
- Tapumes são um tipo de cerca, que impede a passagem. Podem ser:
i. especiais – que impedem a passagem de animais pequenos – não está o vizinho obrigado a
pagar. Ex.: impedir que passarinho pequeno entre, ou um gato.
ii. comuns - que impedem a passagem de animais de grande porte – está o vizinho obrigado a
pagar. Ex.: gado muar, cavalar e vacum.

Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a
posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao
outro
- Quando houver confusão nos limites, como se decide?
i. título dominial
ii. posse justa (parte da doutrina entende equivocada)
iii. divisão em partes iguais
iv. adjudicação com indenização

- No artigo 1298, o legislador utiliza equivocadamente o conceito de posse "justa", para o profº.
Segundo esse dispositivo, se os limites estiverem estabelecidos de forma genérica, no registro, eles
serão estabelecidos conforme a posse verificada.
- Só o proprietário tem legitimidade ad causam ativa para a ação demarcatória. O mesmo se diga para o
polo passivo. A jurisprudência vem admitindo a propositura da ação e a resposta por quem é
promissário comprador com título registrado e quitação do preço pago pela aquisição do imóvel.
- A posse indicada ao proprietário confinante pode servir de base à demarcação, na falta de outro meio.
Na ausência de posse devidamente comprovada, o terreno objeto do litígio será dividido entre os
confinantes e, não sendo possível a divisão, será adjudicado a um deles, mediante indenização ao
proprietário desfalcado.
- Mesmo o possuidor que já cumpriu todos os requisitos para a usucapião, para ser parte de ação
demarcatória, precisará ter o seu título registrado.
- Se o proprietário é vizinho de terras devolutas, caberá uma ação parecida, que é a ação
discriminatória. O Proprietário poderá efetuar um pedido administrativo para essa demarcação.
- Trata-se a demarcatória de uma ação real imobiliária, de conhecimento, da espécie declaratória, com
matizes/colores/laivos de constitutiva positiva. Deve ser proposta no foro res site, de acordo com o art.
47 § 1º, do mesmo diploma legal.
- A sentença vai fixar a linha demarcanda, tudo de acordo com os ativos 574 a 587, do CPC.

Regras gerais:
Art. 569. Cabe:
I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos
prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados;
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se primeiramente a
demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos.
Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por escritura pública, desde que maiores,
capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos deste
Capítulo. Art. 572. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes considerar-se-ão terceiros
quanto ao processo divisório, ficando-lhes, porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de que se
julguem despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do perímetro ou de reclamar
indenização correspondente ao seu valor.
§ 1º No caso do caput, serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da
divisão ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a
ação for proposta posteriormente.
§ 2º Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação, condenando a restituir os terrenos ou a
pagar a indenização, valerá como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos outros
condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores a título universal, na proporção que lhes
tocar, a composição pecuniária do desfalque sofrido.
Art. 573. Tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação no registro de imóveis, pode o juiz
dispensar a realização de prova pericial.

- Da demarcação em si:
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel pela situação
e pela denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão
todos os confinantes da linha demarcanda.
Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel comum,
requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no processo.
- não há prejuízo na ação de demarcação, ela não é condenatória, por isso, qualquer um dos
condôminos pode ingressar sozinho.

Art. 581. A sentença que julgar procedente o pedido determinará o traçado da linha demarcanda.
Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da área invadida,
se houver, declarando o domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.
- São duas sentenças: uma de marcação da linha, e outra de homologação.
- A ação demarcatória qualificada, outrora chamada "demarcatória com queixa de esbulho", está
prevista no parágrafo único do art. 581, do CPC.
- [(...) Até o Art. 587]

18/05/2017

Continuação - Direito de Vizinhança

1. Uso anormal da propriedade – Art. 1277 a 1281 CC.


2. Arvores limítrofes – artigo 1282 a 1284 CC.
3. Passagem forçada e passagem de cabos e tubulações – Art. 1285 a 1287
4. Aguas – Art. 1288 a 1296
5. limites entre prédios e direito de tapagem – Art. 1297 e 1298
6. direito de construir - Art. 1299 a 1313

6 - Quanto ao direito de construir


Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito
dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
- Aqui, admite-se que seja o promitente comprador, possuidor, superficiário, concessionário, enfiteuta.
- Ler Art. 1299 A 1313 do CC.
- O direito de construir advém do direito de propriedade, no entanto sofre limitações:
a) ordem pública – advém do direito administrativo (Estatuto da Cidade, e as leis de posturas de
cada município, ligadas ao urbanismo, plano diretor).
b) caráter privado – advém do direito civil (regras do CC, convenções entre particulares)

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do
terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão
ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de dez
centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de altura de
cada piso.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se desfaça
janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por sua vez, edificar
sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o escoamento das águas da
goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura e
disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que lhes
vede a claridade.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do terreno
vizinho.
- As janelas são aberturas maiores que 10x20cm (menores do que isso são óculos).
- não se pode construir janelas a menos de 1metro e meio da linha divisória (não do prédio) nas áreas
urbanas, e nas rurais a menos de 3 metros.
- as janelas que não são viradas para a linha divisória deverão estar afastados no mínimo 75 cm.
- o objetivo é proteger a intimidade e privacidade das famílias.
- Súmula STF 120 e 414. Sobre o vidro translucido, prevalece que não pode mesmo o translucido, porém
deve-se lembrar que o objetivo é proteger a intimidade familiar.

Parede divisória
- As normas importantes para o nosso estudo são aquelas referentes à parede divisória.
- Violado o direito de construir, cabem as seguintes ações:
i. ação de nunciação de obra nova,
ii. ação demolitória,
iii. ação de travejamento em parede divisória
iv. ação de construção e conservação de tapumes divisórios.

i. Ação de nunciação de obra nova


- É a providência judicial conferida ao município para impedir que o particular construa em desacordo
com a lei ou regulamento municipal, que trata da ordem urbanística ou da necessária e vinculada licença
para edificar.
- Apesar de o município exercer com exclusividade o poder de polícia das edificações, sendo credor dos
poderes que caracterizam o mencionado poder administrativo (imperatividade, coercitividade e
autoexecutoriedade) quando for necessário, para evitar enfrentamentos - em situações especiais -
pode-se servir desta medida judicial.
- A mesma providência é cabível ao vizinho prejudicado pelas violações constantes dos arts. 1300, 1301,
1308, 1309 a 1312, 1258 e 1259.
- Também cabe ação de nunciação de obra nova quando houver violação dos arts. 1258 e 1259 (são
artigos que estão deslocados no código, pois deveriam estar na seção do direito de construir). Neles se
percebe um grande perigo, pois o grande proprietário pode utilizar-se dele, para expandir seu terreno
em detrimento do pequeno proprietário, é por isso, destoante da função social da propriedade
instituída pela CF/88.

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não
superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido,
se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o
valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé
adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor
da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem
grave prejuízo para a construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste,
adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor
que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área
remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos
apurados, que serão devidos em dobro.

ii. Ação demolitória


- É a providência judicial cabível nas mesmas situações que fundamentam a ação de nunciação de obra
nova, nos casos em que a obra já existe, já é prejudicial às leis municipais, por violação destas e com
repercussão em toda a vizinhança, ou, ainda, quando um vizinho prejudica o outro, já tendo sido
concluída.
Obs: o que difere a ação e nunciação de obra nova e a ação e demolição, nesse caso, é o caráter
temporal.
Obs2: a ação demolitória aqui difere da ação demolitória do prédio em ruínas pois aqui o motivo é a
violação às regras da vizinhança.
Ex: construção de um telhado que promove goteiras no prédio vizinho, é proibido por lei, então caberia
a ação de demolitória, se não fosse possível o reparo por outros meios.
- O direito potestativo de exigir a demolição da obra prejudicial ao vizinho deve ser exercido no prazo de
ano e dia, a contar da conclusão da obra.
- O município, a qualquer tempo, pode exigir a demolição através dessa ação, independentemente de
prazo, em vista do interesse público de toda a vizinhança e da própria municipalidade, na manutenção
da ordem urbanística.
- Outra medida para manter a ordem pública, além da fiscalização dos municípios, é a participação do
povo em audiências públicas deliberativas e vinculatórias, na votação dos planos diretores do município.
- Se houver como evitar a demolição integral da construção, de modo a ser reparada a obra, como, por
exemplo, o recuo de uma parede para afastar a janela, é evidente que não será proposta a ação
demolitória, e sim de reparação ou modificação da obra.
Resumo:
a) Requisitos: já existe obra concluída e está infringi as regras de vizinhança.
b) Prazo: ao particular, 1 ano e 1 dia (decadencial e potestativo), ao município à qualquer tempo.
c) se houver como evitar a demolição, através da reparação assim será feito.

iii. Ação de travejamento em parede divisória


- Art. 1304 a 1307 CC.
- É a providência judicial que tem por fim proteger as paredes divisórias, de modo que não ocorra o seu
desmoronamento, situando-se dentre as providências de proteção dos direitos de vizinhança tratados
nos artigos 1304 a 1307.
- Caso se trate de muro, não cabe a providência em estudo.
Obs:
Muros= vedação
Paredes = vedação + sustentação

iv. Ação de construção e conservação de tapumes e divisórias


- Trata-se de providência judicial que tem por escopo obrigar o vizinho confinante a concorrer, em
partes iguais, para as despesas de construção ou conservação de muros, cercas de arame ou madeira,
valas ou quaisquer formas de separação de terrenos lindeiros. Esta ação é condenatória, sendo tratada
pelos arts. 1297, § 1º a 3º e 1327 a 1330, estes [1327 a 1330] tratados como direitos do condomínio
necessário.
Relembre-se:
- Tapumes são um tipo de cerca, que impede a passagem. Podem ser:
i. especiais – que impedem a passagem de animais pequenos – não está o vizinho obrigado a pagar. Ex.:
impedir que passarinho pequeno entre, ou um gato.
ii. comuns - que impedem a passagem de animais de grande porte – está o vizinho obrigado a pagar.
Ex.: gado muar, cavalar e vacum.

23/05/2017

Condomínio
- Condomínio, ou copropriedade, é o direito de propriedade de duas ou mais pessoas sobre um bem
indiviso.
- Se dois condôminos não se entendem no uso comum do bem, deve ocorrer a venda judicial (não é
ação judicial –alienação judicial de coisa comum), pois é um procedimento de jurisdição voluntária,
dando preferência ao condômino.
- consortes=condôminos=coproprietários= comproprietários.

Natureza jurídica do condomínio comum:


- Propriedade não exclusiva, coletiva e simultânea, em que cada condômino tem direito à parte ideal.
Obs.: "fração ideal" relaciona-se ao condomínio edilício.
O que pode ser objeto de condomínio? Tudo. Bens, móveis, imóveis, coisas corpóreas, incorpóreas etc.
Obs.: Já há julgados que definem que a música vale 70% e, a letra, 30%, seria por isso, um caso de
condomínio também.

Art. 1.314. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os
direitos compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva
parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse,
uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
- alhear=alienar
- a alienação fiduciária é a única alienação provisória. Todas as outras são definitivas.
- a primeira parte desse artigo se refere ao condomínio indivisível.

Art. 1.315. O condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer para as despesas de
conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita.
Parágrafo único. Presumem-se iguais as partes ideais dos condôminos.

Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte
ideal.
§ 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita, adquirindo
a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem.
§ 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.

Art. 1.317. Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a parte
de cada um na obrigação, nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou
proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.

Art. 1.318. As dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela,
obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais.

Art. 1.319. Cada condômino responde aos outros pelos frutos que percebeu da coisa e pelo dano que
lhe causou.
- Ex.: irmão que aluga o imóvel herdado em condomínio com os demais irmãos, e fica com todo dinheiro
sem prestar contas.

Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o
quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.
- Pode a qualquer momento pedir a divisão, a regra do condomínio divisível é a ação de divisão. Esta
ação está presente no Art. 569 e ss. do CC. (será visto depois)
§ 1o Podem os condôminos acordar que fique indivisa a coisa comum por prazo não maior de cinco
anos, suscetível de prorrogação ulterior.
§ 2o Não poderá exceder de cinco anos a indivisão estabelecida pelo doador ou pelo testador.
§ 3o A requerimento de qualquer interessado e se graves razões o aconselharem, pode o juiz
determinar a divisão da coisa comum antes do prazo.

Art. 1.321. Aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de partilha de herança (arts.
2.013 a 2.022).
- A extinção do condomínio pode ser:
a) extrajudicial (amigável) – é preciso escritura pública
b) judicial – quando houver divergência, ou quando for menor (com base no Art. 2916 referente À
herança).
Obs.: Coisa indivisa será sempre judicial.

Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando
os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o
condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e,
não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do
condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa
àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa
seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao
estranho.
- Quando a coisa for indivisível, é possível:
1. adjudica-la a um só, com indenização aos demais
2. se não quiserem, será vendida, e dividido o dinheiro.
3. ordem de preferência da venda: a) condômino b) condômino com benfeitoria mais valiosa c)
condômino com maior quinhão.
- Aqui trata-se de uma jurisdição voluntária, a dita vena judicial.
- Quando a coisa for divisível, cada um faz o que quer com sua parte.
- Este artigo está vinculado ao Art 504 do CC:
“Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se
outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da
venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer
no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor
e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte
vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.”
- Aqui, verificamos que caso o direito de preferência não se aplique, pode-se ingressar com ação de
anulação de venda de quinhão em coisa comum cumulada com adjudicação. (Será estudada depois)
Procedimento: Se os outros condôminos depositarem o valor, no prazo de 180 dias terão tal direito.
Ex.: Bem imóvel com condomínio entre Camilla, Georges e Cristina. Georges vende para Sérvio, e este de
boa-fé compra. Camilla e Cristina podem entrar com ação de anulação em face de Georges e Sérvio para
requerer esse imóvel, no prazo de 6 meses, pois não foi respeitado o Art. 1322 do direito de preferência.
- É um direito potestativo, que é decadencial.
Obs.: o início desse prazo de 6 meses é que é discutido, o certo é a partir da escritura pública, porém
alguns afirmam ser da data do instrumento particular.

Art. 1.323. Deliberando a maioria sobre a administração da coisa comum, escolherá o administrador,
que poderá ser estranho ao condomínio; resolvendo alugá-la, preferir-se-á, em condições iguais, o
condômino ao que não o é.

Art. 1.324. O condômino que administrar sem oposição dos outros presume-se representante comum.

Art. 1.325. A maioria será calculada pelo valor dos quinhões .


§ 1o As deliberações serão obrigatórias, sendo tomadas por maioria absoluta.
§ 2o Não sendo possível alcançar maioria absoluta, decidirá o juiz, a requerimento de qualquer
condômino, ouvidos os outros.
§ 3o Havendo dúvida quanto ao valor do quinhão, será este avaliado judicialmente.
- As deliberações deverão ocorrer por maioria absoluta, quando não se atingir, o juiz que decidirá.
- Com isso, Carlos Roberto Gonçalves fala que corre-se o risco da “ditadura dos condôminos”, pelos que
possuem o maior quinhão.
Art. 1.326. Os frutos da coisa comum, não havendo em contrário estipulação ou disposição de última
vontade, serão partilhados na proporção dos quinhões.

Características dos direitos dos condôminos:


1 - O condômino tem direito a usar o bem, sem excluir a utilização dos demais.
2 - Propor ações reivindicatórias contra terceiros ou ações possessórias uns contra os outros ou
contra terceiros.
Obs.: cabem ações possessórias de condômino contra condômino, só não cabe ação
reivindicatória.
3 - O condômino pode alienar livremente a sua parte, quando se tratar de coisa divisível, sem
dar preferência aos demais. Tratando-se de coisa indivisível, o condômino não pode dispor de
sua parte ideal em favor de estranho, sem dar preferência aos demais condôminos para que
possam adquirir, nas mesmas condições, a parte ideal do bem.
Devem ser observadas as normas dos Arts. 504 e p.ú. e 1322 e p.ú.
4 - O condômino pode constituir direito real de garantia sobre a parte ideal da coisa, sem o
consentimento dos demais condôminos, se divisível, e com anuência, quando indivisível.
Ex: Pode dar em hipoteca, gravá-la.

Art. 1.335. São direitos do condômino:


I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos
demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.

Obrigações dos condôminos:


1 - não alterar a destinação da coisa comum (1314, p.ú.)
2 - concorrer, proporcionalmente à sua parte ideal, para as despesas de conservação da coisa
(art. 1315 a 1318)
3 - prestar contas aos demais condôminos dos frutos percebidos, indenizando-os os danos
causados (1318 e 1319)

30/05/2017

Condomínio - Continuação
- Espécies de condomínio: O condomínio pode ser:

1. Voluntário (ou convencional) x Involuntário (ou eventual ou acidental)


- Voluntário é aquele em que as pessoas se agregam para formar condomínio espontaneamente,
geralmente nasce com a aquisição da coisa por mais de uma pessoa. Nasce pela autonomia da vontade.
Ex.: casamento, salvo o regime da separação absoluta de bens.
- Involuntário decorre da vontade de terceiros ou fato jurídico alheio à vontade dos condôminos. Ex.:
vem de uma doação ou herança.

2. Universal x particular (ou necessário)


- Universal é o que recai em todo o bem ou conjunto de bens.
- Particular é o que recai em parte da coisa. Art. 1327 e 1330.

3. Divisível x indivisível
- Divisível é o que recai em coisa divisível, pro diviso, apenas de direito, pois não há comunhão de fato,
já que cada um pode dispor da coisa livremente, independente de consentimento. (Art. 87). Ex.: sala de
um prédio comercial.
- Indivisível recai em coisa indivisível, pro indiviso, de direito e de fato. (Art. 88). Ex.: áreas comuns de
um prédio.

4. Vertical x horizontal (ou edilício)


- Vertical é o condomínio que recai em imóvel por natureza, ou seja, no solo ou neste se edifica uma
acessão sem divisão do terreno em frações ideais. Tem esse nome pois baseia-se na linha divisória, é
feita parede com parede, que são construções verticais.
- Horizontal ou edilício é aquele que resulta a divisão do terreno para uma incorporação imobiliária, na
previsão dos Arts. 32 e ss., da Lei nº 4.591/64, na redação da Lei 10.931/04, e 1334, do CC.
- As regras dessa espécie não se confundem com as regras do condomínio comum. Ocorre a divisão do
solo em pedaços, para a construção, e tem esse nome pois se considera a divisão pelo teto, linha
horizontal.

Condomínio Horizontal ou Edilício

- Essa espécie de condomínio caracteriza-se pela exclusividade de cada condômino, que se torna titular
da unidade autônoma e da vaga de garagem, chamada de abrigo para veículo, se houver.
- O único condomínio realmente existente é o que recai nas partes comuns do edifício, tais como a
entrada social e de serviço, paredes externas e divisórias, corredores, elevadores, salão de festas e área
de lazer.

Convenção (ato de constituição do condomínio horizontal):


- A convenção estabelece as normas básicas que se convertem em lei para os proprietários das
unidades. Ela tem origem no memorial de incorporação imobiliária, já que é requisito para a sua
aprovação (ou seja, a apresentação da minuta da futura convenção de condomínio, conforme art. 32,
"j", da Lei nº 4591/64). - É bem verdade que a convenção do condomínio passa a valer, efetivamente,
com a sua aprovação na assembleia de instalação de que trata o art. 1333, do CC.
- A convenção do condomínio é chamada de "direito estatutário da comunidade" pelo jurista Gurvitch, e
de direito corporativo, pelos juristas franceses Planiol e Ripert.
- A respeito do condomínio edilício, devem ser observadas as normas dos Art. 1331 a 1358.

Art. 1.331. Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são
propriedade comum dos condôminos.

§ 1o As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e
sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a
propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os
abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio,
salvo autorização expressa na convenção de condomínio. (Redação dada pela Lei nº 12.607, de
2012)
§ 2o O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e
eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao
logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados
separadamente, ou divididos.
§ 3o A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras
partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do
condomínio. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
- Deve ser observado o projeto do memorial de incorporação. V. ART. 32, "i" e "j", da lei 4591/64:

Lei 4591/64, Art. 32. O incorporador somente poderá negociar sobre unidades autônomas após
ter arquivado, no cartório competente de Registro de Imóveis, os seguintes documentos:
i) discriminação das frações ideais de terreno com as unidades autônomas que a elas
corresponderão;
j) minuta da futura Convenção de condomínio que regerá a edificação ou o conjunto de
edificações;

§ 4o Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público.


§ 5o O terraço de cobertura é parte comum, salvo disposição contrária da escritura de constituição do
condomínio.

Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial (LEI 4591/64):
I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras
e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam.
- Quando se aprova o chamado memorial de incorporação, já existe um esboço da convenção de
condomínio (estabelece direitos e deveres), que dará origem ao regimento interno do condomínio
(estabelece o uso das partes comuns).
- A lei 4591/64 tratava de condomínio e incorporações. Como o CC revogou a parte de condomínios (art.
1 ao 27), somente a parte de incorporações vige hoje.

Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito
sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada
no Cartório de Registro de Imóveis.
- O professor entende que o art. 1.333 não se aplica ao locatário ou comodatário, que têm posse
provisória. Para ele, a convenção somente se opõe ao proprietário.

Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem
estipular, a convenção determinará:
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às
despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;
II - sua forma de administração;
III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações;
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;
- Não se aplica à qualquer possuidor, mas apenas aquele que exerce o jus possidendi. Como o locatário.
V - o regimento interno.
§ 1º A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular.
§ 2º São equiparados aos proprietários, para os fins deste artigo, salvo disposição em contrário, os
promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas.
- (COM REGISTRO!!!)
- A questão da cota condominial ser proporcional tem mudado, pelo entendimento jurisprudencial. -
IMPORTANTE: Art. 1334, § 2º: não falou em título não registrado. Logo, as obrigações recairão sobre o
titular do bem em que estiver registrado o título.
- Exemplo do apartamento do professor, que ele pagava as parcelas do imóvel, porém não registrara o
título de compra e venda ainda, para mudança do titular, no condomínio. Se ele parasse de pagar a taxa
condominial, a ação recairia sobre aquele em que estivesse registrado o bem (incorporadora), a menos
que ele estivesse utilizando o bem imóvel (teoria da aparência). Normalmente, a ação seria ingressada
contra os dois: a pessoa física e a jurídica, e o juiz decidiria quem seria a legítima.

Art. 1.335. São direitos do condômino:


I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a utilização dos
demais compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembléia e delas participar, estando quite.

Art. 1.336. São deveres do condômino:


I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em
contrário na convenção; (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial
ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
- Semelhante ao Art. 1277, sobre direito de vizinhança.

§ 1º O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito.
- Multa por falta de pagamento em dia, das cotas condominiais. Hoje, é de até 2% sobre o débito, o que
faz com que muitos condôminos deixem de pagar pontualmente, já que os juros aqui são menores do
que o do cartão de crédito, por exemplo.

§ 2º O condômino, que não cumprir qualquer dos deveres estabelecidos nos incisos II a IV, pagará a
multa prevista no ato constitutivo ou na convenção, não podendo ela ser superior a cinco vezes o valor
de suas contribuições mensais , independentemente das perdas e danos que se apurarem; não havendo
disposição expressa, caberá à assembléia geral, por dois terços no mínimo dos condôminos restantes,
deliberar sobre a cobrança da multa.
Exemplo: João morava em cobertura e transformou o imóvel para dar aula particular. Crescendo o
número de alunos, ocorreu aumento na conta de energia, por conta dos elevadores. Aqui, aplicam-se as
regras do 1336, IV, pois ocorre a mudança da destinação, e também casos de sossego e despesas, além
do direito de vizinhança. Por isso, caberia multa, de até 5 vezes o valor do condomínio, ou um valor que
será decidida por 2/3 dos condôminos.

Art. 1337. O condômino, ou possuidor, que não cumpre reiteradamente com os seus deveres perante o
condomínio poderá, por deliberação de três quartos dos condôminos restantes, ser constrangido a
pagar multa correspondente até ao quíntuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas
condominiais, conforme a gravidade das faltas e a reiteração, independentemente das perdas e danos
que se apurem.
- Este artigo já está servindo para aquele condômino que atrasa reiteradamente o pagamento da taxa
condominial, já que conforme o Art. 1336, I, este é um dever do condômino.
Parágrafo único. O condômino ou possuidor que, por seu reiterado comportamento anti-social, gerar
incompatibilidade de convivência com os demais condôminos ou possuidores, poderá ser constrangido a
pagar multa correspondente ao décuplo do valor atribuído à contribuição para as despesas
condominiais, até ulterior deliberação da assembléia.
- Trata-se de conceito aberto, amplo.
Art. 1.338. Resolvendo o condômino alugar área no abrigo para veículos, preferir-se-á, em condições
iguais, qualquer dos condôminos a estranhos, e, entre todos, os possuidores.
- Ler conjuntamente com o Art. 1331, §1º. Aqui trata-se de uma exceção à regra de que o proprietário
pode dispor livremente da sua parte exclusiva, pois institui-se o direito de preferência.

Art. 1.339. Os direitos de cada condômino às partes comuns são inseparáveis de sua propriedade
exclusiva; são também inseparáveis das frações ideais correspondentes as unidades imobiliárias, com as
suas partes acessórias.
§ 1o Nos casos deste artigo é proibido alienar ou gravar os bens em separado.
§ 2o É permitido ao condômino alienar parte acessória de sua unidade imobiliária a outro condômino,
só podendo fazê-lo a terceiro se essa faculdade constar do ato constitutivo do condomínio, e se a ela
não se opuser a respectiva assembléia geral.
- Entende-se que não se pode vender a vaga de garagem, para quem não tem propriedade do imóvel,
exceto se a convenção permitir, e não se opuser a Assembleia Geral.

Art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de alguns
deles, incumbem a quem delas se serve.

Art. 1.341. A realização de obras no condomínio depende:


I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos;
II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.
§ 1o As obras ou reparações necessárias podem ser realizadas, independentemente de autorização, pelo
síndico, ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer condômino.
§ 2o Se as obras ou reparos necessários forem urgentes e importarem em despesas excessivas,
determinada sua realização, o síndico ou o condômino que tomou a iniciativa delas dará ciência à
assembléia, que deverá ser convocada imediatamente.
§ 3o Não sendo urgentes, as obras ou reparos necessários, que importarem em despesas excessivas,
somente poderão ser efetuadas após autorização da assembléia, especialmente convocada pelo síndico,
ou, em caso de omissão ou impedimento deste, por qualquer dos condôminos.
§ 4o O condômino que realizar obras ou reparos necessários será reembolsado das despesas que
efetuar, não tendo direito à restituição das que fizer com obras ou reparos de outra natureza, embora
de interesse comum.
- Voluptuárias – 2/3 dos condôminos
- Úteis – maioria

Art. 1.342. A realização de obras, em partes comuns, em acréscimo às já existentes, a fim de lhes
facilitar ou aumentar a utilização, depende da aprovação de dois terços dos votos dos condôminos, não
sendo permitidas construções, nas partes comuns, suscetíveis de prejudicar a utilização, por qualquer
dos condôminos, das partes próprias, ou comuns.

Art. 1.343. A construção de outro pavimento, ou, no solo comum, de outro edifício, destinado a conter
novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da unanimidade dos condôminos.
- O professor entende que não cabe suprimento judicial, caso um seja contra.

Art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação, de modo
que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores.

Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio,
inclusive multas e juros moratórios.
- pois é obrigação propter rem, em razão da coisa.
- Ler junto com Art. 1334, §2ºCC. Entende parte da jurisprudência que no caso do promitente
comprador, só suportará esse ônus quando começar a exercer a posse direta, pois não se tem registro.
Art. 1.346. É obrigatório o seguro de toda a edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou
parcial.

Art. 1.347. A assembléia escolherá um síndico, que poderá não ser condômino, para administrar o
condomínio, por prazo não superior a dois anos, o qual poderá renovar-se.
- Esse prazo pode se renovar indefinidamente.

Art. 1.348. Compete ao síndico:


I - convocar a assembléia dos condôminos;
II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os atos
necessários à defesa dos interesses comuns;
III - dar imediato conhecimento à assembléia da existência de procedimento judicial ou administrativo,
de interesse do condomínio;
IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da assembléia;
V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que
interessem aos possuidores;
VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano;
VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas devidas;
VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação.
§ 1o Poderá a assembléia investir outra pessoa, em lugar do síndico, em poderes de representação.
§ 2o O síndico pode transferir a outrem, total ou parcialmente, os poderes de representação ou as
funções administrativas, mediante aprovação da assembléia, salvo disposição em contrário da
convenção.

Art. 1.349. A assembléia, especialmente convocada para o fim estabelecido no § 2o do artigo


antecedente, poderá, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o síndico que praticar
irregularidades, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o condomínio.

Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembléia dos condôminos, na forma prevista
na convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a
prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o regimento interno.
§ 1o Se o síndico não convocar a assembléia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo.
§ 2o Se a assembléia não se reunir, o juiz decidirá, a requerimento de qualquer condômino.

Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da
convenção; a mudança da destinação do edifício , ou da unidade imobiliária, depende da aprovação
pela unanimidade dos condôminos. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
- 2/3 dos condôminos – alterar a convenção.
- unanimidade – mudança da destinação.

Art. 1.352. Salvo quando exigido quorum especial, as deliberações da assembléia serão tomadas, em
primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos
metade das frações ideais.
Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns
pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio.

Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembléia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes,
salvo quando exigido quorum especial.
Art. 1.354. A assembléia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a
reunião.

Art. 1.355. Assembléias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos
condôminos.

Art. 1.356. Poderá haver no condomínio um conselho fiscal, composto de três membros, eleitos pela
assembléia, por prazo não superior a dois anos, ao qual compete dar parecer sobre as contas do síndico.

Art. 1.357. Se a edificação for total ou consideravelmente destruída, ou ameace ruína, os condôminos
deliberarão em assembléia sobre a reconstrução, ou venda, por votos que representem metade mais
uma das frações ideais.
§ 1o Deliberada a reconstrução, poderá o condômino eximir-se do pagamento das despesas respectivas,
alienando os seus direitos a outros condôminos, mediante avaliação judicial.
§ 2o Realizada a venda, em que se preferirá, em condições iguais de oferta, o condômino ao estranho,
será repartido o apurado entre os condôminos, proporcionalmente ao valor das suas unidades
imobiliárias.

Art. 1.358. Se ocorrer desapropriação, a indenização será repartida na proporção a que se refere o § 2o
do artigo antecedente.
- Ou seja, proporcionalmente ao valor das unidades imobiliárias.

Providências judiciais referentes ao condomínio


1. Ação de divisão
- Sendo o condomínio divisível, cabe, a qualquer tempo, a ação de divisão, na impossibilidade de uma
divisão amigável (art. 1320, do CC).
- É o maior exemplo de direito potestativo não decadencial, pois há uma faculdade de agir, isto é, de
exigir a divisão da coisa comum, sem um prazo, pode ser feito a qualquer tempo.
- A ação de divisão está prevista nos Art. 588 e ss., e Art. 569 do CPC/15.
Obs.: prescrição é pra direito subjetivo! Para direito potestativo, deve dizer que o prazo é decadencial.
- A sentença é meramente declaratória e, na verdade, não há parte sucumbente, segundo o art. 1321,
do CC.
- Essa ação serve pro condomínio comum.
- Fundamento no artigo 1320: Sendo o condomínio divisível, cabe, a qualquer tempo, a ação de divisão,
na impossibilidade de uma divisão amigável (art. 1320, do CC).

Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da coisa comum, respondendo o
quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão.

Requisitos:
i. condomínio divisível;
ii. impossibilidade de uma divisão amigável

- Artigo 569, II e 588 e seguintes


Art. 569. Cabe:
I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu confinante a estremar os respectivos
prédios, fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se os já apagados;
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais consortes a estremar os quinhões.
- esses artigos tratam, da ação de divisão do condomínio divisível.
Obs.: O condomínio edilício, na classificação geral, está mais na categoria de divisível. Indivisível seriam
somente as partes comuns. Alguns autores como Tartuce, falam que o condomínio edilício é pro diviso –
de direito, no caso seriam os apartamentos, salas comerciais, escritórios; e o pro indiviso seria de fato e
de direito, pois abrangeria as áreas comuns como piscina, salão de jogos, etc.

22/06/2017

Continuação – Providências judiciais

2. Alienação Judicial de coisa comum


- Não é uma ação, é uma providência, um procedimento.
- No nosso ordenamento jurídico, temos processo comum e processo especial – que são contenciosos.
Porém há também, o procedimento de jurisdição voluntária ou graciosa (Art. 719 e ss. CPC). Aqui, não
há lide, mas pode ser que se necessite de uma autorização para que uma pessoa (jurídica ou física)
possa realizar algum ato. (Há uma administração pública de direito privado).
Ex1.: curador especial – alguém se hospitaliza e precisa de curador, todos concordam que será
o marido, porém é preciso uma autorização estatal que confira a curadoria, trata-se de uma
jurisdição voluntária;
Ex2.: divorcio voluntário – ambos querem se separar, não há filhos;
Ex3: quando uma pessoa falece e só tem dinheiro no banco, não precisa fazer inventário.

- Trata-se de jurisdição voluntária, e não de ação litigiosa, que compete ao condômino, em condomínio
indivisível, requerer quando não consegue obter do(s) outro(s) o consentimento para uma venda
amigável com objetivo de dividir o produto.
Requisitos:
i. Condomínio indivisível
ii. jurisdição voluntária

Fundamentação Legal: art. 1322, do CC; o procedimento está previsto no art. 730, do CPC/15.

Art. 1.322. Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando
os outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o
condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas, e,
não as havendo, o de quinhão maior.
Parágrafo único. Se nenhum dos condôminos tem benfeitorias na coisa comum e participam todos do
condomínio em partes iguais, realizar-se-á licitação entre estranhos e, antes de adjudicada a coisa
àquele que ofereceu maior lanço, proceder-se-á à licitação entre os condôminos, a fim de que a coisa
seja adjudicada a quem afinal oferecer melhor lanço, preferindo, em condições iguais, o condômino ao
estranho.

Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se
deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário,
mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o
disposto nos arts. 879 a 903.

Direito de preferência: para aquisição da parte do outro, tratada nos arts. 504 e 1322, p.ú., do CC.
- Nessa modalidade de providência, não se condena ninguém em honorários, mas as custas do processo
são pagos, as partes são chamadas interessados. Há sentença.

Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de decadência.
Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na
falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os
comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço.

Quando se requer alienação judicial de coisa comum? Quando o condomínio é indivisível, e não se
chega ao consenso quanto ao modo de se alienar. (A solução é vender). Não há litigio, a solução é
igualitária e voluntária.
- No caso da alienação, critério de desempate:
1. quem fez mais obras e tenha notas fiscais (construiu mais benfeitorias).
2. o de quinhão maior.
- o procedimento é pela jurisdição voluntária: Art. 730; 725, IV e V – um dos condôminos requereu, os
demais serão citados, eles só poderão impugnar preço (o litígio é só de preço). Por fim, o bem vai à
leilão, terá avaliação – taxa para avaliador, publica-se edital, 5% de taxa para o leiloeiro.
- a alienação de coisa comum ocorre bastante em divórcio, quando o casal não resolve o valor que
venderá, ou quem comprará o imóvel.
- não há preferência de quem está morando, ou coisa do tipo.

3. Ação de anulação de venda de quinhão em coisa comum cumulada com adjudicação


- É a providência judicial externada por ação contenciosa, que se processa pelo rito comum e que
compete a qualquer um dos condôminos quando o consorte aliena seu quinhão, em condomínio
indivisível, sem dar preferência aos demais.
Possui cunho de ação real reipersecutória, é constitutiva negativa, e ao mesmo tempo, constitutiva
positiva, traz um direito decadencial. A sentença resolve tudo isso, ela irá para registro.

- O prazo para exercício do direito potestativo de anular a venda do quinhão é de 180 dias, que é
decadencial.
Fundamentação legal: Art. 1322, p.u. c/c Art. 504 CC

Direito de preferência – dos demais condôminos. Se o outro condômino depositar o valor, no prazo de
180 dias terá tal direito.
Ex.: Bem imóvel com condomínio entre Camilla, Georges e Cristina. Georges vende para Sérvio, e este de
boa-fé compra. Camilla e Cristina podem entrar com ação de anulação em face de Georges e Sérvio para
requerer esse imóvel, no prazo de 6 meses.
Obs.: o início desse prazo de 6 meses é que é discutido, o certo é a partir da escritura pública, porém
alguns afirmam ser da data do instrumento particular, outros ainda da data do conhecimento da
venda.

Como funciona a ação?


1) Os consortes devem depositar junto à PI o dinheiro que foi pago (TBI, escritura, imóvel).
2) Se o adquirente estiver de má-fé, recebe o que foi pago por ele (mas será condenado a pagar
as custas, junto ao alienante).
3) Se o adquirente estiver de boa-fé, recebe o valor pago, e o alienante suporta as custas
processuais.
Obs.: Pode ser feito apenas por um dos condôminos, que ficará com quinhão maior
- Não é comum esse tipo de ação.

4. Ação de execução de taxas condominiais (antiga ação de cobrança do CPC/73)


- Essa ação compete ao proprietário do imóvel ou ao locador, para cobrar do inquilino, com contrato
escrito, as taxas condominiais do imóvel locado, em conjunto ou independentemente do crédito de
aluguéis. Está prevista no art. 784, VIII, do NCPC.
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
- Antes ainda era processo de conhecimento. O que fazia com que as pessoas demorassem a pagar. Hoje
é um título executivo judicial que tem valor de sentença.

Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida
e exigível.
- tem sentença que precisa passar por liquidação, se o juiz condena alguém a pagar um valor para
outrem em função de acidente provocado, e essa outra pessoa fica impossibilitada de trabalhar, não é
liquido. Mas tem títulos que são líquidos...

- Art. 784, X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,


previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que documentalmente
comprovadas;
- tanto o valor do aluguel, como do condomínio valem como título executivo.
- O condomínio precisa lavrar a ata expressando quem está em mora (ex re – da convenção, não do
contrato), por ser uma obrigação com prazo acidental (não paga agora, mas pode pagar depois,
contrário ao vestido da noiva).
- O próprio dia do vencimento do condomínio já avisa ao condômino, a execução já pode ocorrer.
- Ele será citado para pagar em 24 horas, sob pena de penhora.
Obs.: O condomínio não pode entrar com ação contra o inquilino, apenas contra o proprietário.
- o locador também pode ser reembolsado dessa taxa condominial.

Contrato escrito de locação - não havendo contrato escrito, sendo apenas verbal o de locação, não cabe
execução do inquilino, por parte do locador, em caso de não pagamento de taxa de condomínio, e IPTU,
pois como provar que isso foi acordado? Já o aluguel, pode ser provado com os depósitos, por exemplo.
Seria difícil, mas pode ser feito com prova testemunhal. Por isso, é importante que haja sempre um
contrato escrito especificando o valor do aluguel e quem pagará, e não sendo assim possível, é bom que
o próprio locador exija que o locatário pague à ele, tanto o aluguel, como o valor do condomínio, e o
IPTU.

É possível aplicar multa admistrativamente? Por exemplo, um sujeito ultrapassou o horário permitido
de fazer festa com música alta. Na primeira vez, deve-se dar uma advertência, que conste em ata. Na
segunda vez, cabe a aplicação de multa, mas é bom que se faça numa assembleia, para que tenha mais
legitimidade.
1ª vez. Advertência, constando em ata.
2ª vez. Multa, é bom que se faça uma assembleia
Multa tem caráter executivo?
Não! Pois não consta no rol do Art. 784 do CPC. Por isso, não é bom que se coloque a cobrança junto
com o condomínio, até porque provavelmente o condômino vai impugnar a multa. Vale lembrar, que no
viés de direito civil constitucional pensa-se que deve haver antes a oportunidade do contraditório
daquele que vai ser multado. Multa é ação de cobrança e não de execução, diferente da taxa
condominial.
- Multa só pode ser até 5 vezes do valor do condomínio, exceto quando se der por reiteradas vezes, com
uso antissocial, que poderá se chegar ao decuplo. (Art. 1336, §2º E Art. 1337)
Ex. uso de piscina, com condômino que faz algazarras na piscina, é bom que haja revisão no regimento
interno, para a aplicação de multas. É sempre bom que se leve as questões à assembleia.
Obs.: o CC não falou nada sobre levar a questão para a assembleia, porém é bom que se faça para
ganhar mais legitimidade.
- A impugnação de multa pode ser proposta por ação de anulação de multa.
27/06/2017

Propriedade Resolúvel

- A propriedade se caracteriza por ser perpétua, inclusive por poder transferir esse direito para outrem -
Inter vivos ou mortis causa.
- A transmissibilidade é uma característica desse mais reais de todos os direitos reais, no entanto, existe
propriedade submetida à condição resolutiva ou a termo resolutivo (final), que se denomina
propriedade resolúvel, aonde se admite a subespécie ad tempus.
Exemplos:

1. Retrovenda
- A retrovenda é um exemplo de propriedade resolúvel, por mais que não seja muito utilizada, ainda
vige. - Trata-se de uma clausula contratual que permite ao alienante readquirir a propriedade dentro de
3 anos.
- Art. 505 CC trabalha a retrovenda, dentro do contrato de compra e venda.
- Tem que ter escritura pública tanto para comprar como para readquirir, são escrituras diferentes.
- Por que os efeitos são resolutivos e não suspensivos? Pois irá extingui a propriedade do adquirente.

2. Venda a contento
Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda
que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar
seu agrado.
- A condição para a perfeição do negócio jurídico é a manifestação de agrado do adquirente.
- Efeito suspensivo, pois não há até a manifestação transferência da propriedade.

3. Doação com clausula de reversão


Art. 547. O doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio, se sobreviver ao
donatário.
Parágrafo único. Não prevalece cláusula de reversão em favor de terceiro.
- direito de retornar em caso de morte. É também um caso de propriedade resolúvel. Tem aqui efeito
suspensivo.

4. Fideicomisso
Art. 1.951. Pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua
morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a
certo tempo ou sob certa condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário.
Art. 1.952. A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não concebidos ao tempo da
morte do testador.
Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este
a propriedade dos bens fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário.
- O testamento pode instituir herdeiros provisórios, você vai ficar com um imóvel durante 30 anos, ou
apenas se ele se formar (é condição suspensiva – se cumprir o estipulado e resolutiva – se não cumprir)

5. alienação fiduciária em garantia


- 66-B da Lei 4728/65, 1º e ss., do DL 911/69, 148 e ss., da Lei 7565/86 e 22 e ss., da Lei 9514/97).
- Trata-se de uma transferência feita pelo devedor da propriedade do bem para o credor, como garantia
de que pagará a dívida.
- Ocorre o desdobramento da posse, pois o credor vai ser o possuidor indireto e também proprietário, e
o devedor vai ser o possuidor direto. Só podendo se resolver quando houver a quitação.
- Se confundi com a propriedade fiduciária.
6. venda com reserva de domínio
- Alguns autores acrescentam ao rol a venda com reserva de domínio de que trata o art. 521 do CC, no
entanto, como o próprio nome do instituto está a indicar o vendedor não transmite o domínio desde
logo, não se constatando a essência de uma propriedade resolúvel.
- é uma promessa de compra e venda, imbutida numa venda, então não transmitiu.

Propriedade Fiduciária
Natureza jurídica:
1. É uma espécie de propriedade resolúvel que recebeu autonomia jurídica, mormente, após a vigência
da Lei Civil. (Art. 1361 – 1368-B, este na redação d alei 13043/14).
2. É o quarto direito real de garantia, ao lado do penhor, hipoteca e anticrese.
- A palavra fidúcia vem de roma, e é confiança, trata-se aqui de um paradoxo, pois falta confiança do
banco.
- Foi introduzido no Brasil, com a alienação fiduciária em garantia, que é um dos exemplo de
propriedade resolúvel. Na propriedade fiduciária temos um bem que vai ser colocado como garantia de
que a pessoa pagará, no mesmo contrato de aquisição tem uma clausula que transfere a propriedade
para o financiador, que pede a propriedade em garantia.
- Você transfere a propriedade, fica apenas com a posse.
- Se não pagar até a última prestação vai à execução, e pode constar cláusula de execução amigável.
- “com alienação em favor da financeira tal...”
- A execução é feita pelo registro de imóvel. Seja o minha casa e minha vida, ou qualquer um. Não vai
pro judiciário.
- A propriedade é resolúvel para o banco ou financeira, ele então venderá, pois não pode o credor ficar
com a propriedade dada em garantia.

- Na propriedade fiduciária que na verdade se confunde com alienação fiduciária, o credor exige como
garantia para conceder o financiamento para o adquirente do bem, a própria propriedade em garantia.
O adquirente numa clausula contratual transfere o direito de propriedade para o credor. É a garantia do
financiamento. Se pagar todas as prestações a propriedade do bem retorna ao patrimônio do devedor,
em regra adquirente.
- Os personagens da propriedade fiduciária são: o credor x devedor. Este exerce a posse direta, é
alienante fiduciante, depositário do bem durante o financiamento, tem propriedade diferida. Enquanto
que aquele é possuidor indireta, fiduciário, tem propriedade resolúvel, e é depositante.
- Em casos de não pagamento das prestações de financiamento o bem dado em garantia poderá ser
objeto de execução judicial, extrajudicial, ação de busca e apreensão (se for móvel), e venda
extrajudicial ou amigável, de acordo com o objeto do crédito concedido.
- O que é alienar? Não é só vender, é dispor- que é um dos poderes se quem é proprietário. Vender,
trocar ou permutar, doar, dar em pagamento, alienar fiduciariamente.
- Se houver o pagamento de todas as parcelas o bem retorna para o patrimônio do devedor, caso isso
não ocorra haverá a execução, que poderá ser judicial: ação de busca e apreensão – em caso de bens
móveis, e ação reivindicatória – para bens imóveis, perceba-se que são ações cabíveis para a
propriedade, mais uma vez confirmando a ideia de que a de fato a transferência da propriedade; e
extrajudicial: venda em cartório, amigável ou não.

Resumos
1.Direito de Vizinhança
O direito de vizinhança está previsto no nosso código civil de 2002, a partir do Art. 1277, e representa
um conjunto de regras para o bom convívio entre vizinhos. Sem dúvida alguma, esse instituto advém do
direito de propriedade, e representa uma limitação à este último, que em regra é pleno, mas aqui
configura-se uma exceção. No entanto, nas palavras do ilustre Washington de Barros, sem os direitos de
vizinhança não existiria propriedade, uma vez que os vizinhos se auto aniquilariam, sendo por isso,
muito importante o seu estudo.
São eles, inegavelmente, direitos que emanam da lei, conforme já dito, não se confundindo com as
servidões. São recíprocos, representando um direito e um dever ao mesmo tempo para os vizinhos, e
não existindo vizinhos mais importante do que os outros, seja por tamanho da propriedade ou por
condições econômicas. Além disso, são gratuitos e também não necessitam do registro da propriedade,
podendo ser exercitado por possuidores, ou promitentes compradores, por exemplo. Será considerado
vizinho, não só aquele que seja lindeiro, mas todos os dos prédios próximos.
Existem duas teorias que devem ser, na medida do possível, conciliadas sobre essa temática, a primeira
delas é a teoria do uso normal da propriedade (de Ihering), que entende que deve haver um uso
respeitável, sem incômodos abusivos. A outra é a teoria do uso necessário da propriedade (de
Bonfante), que algumas vezes, muito embora se perceba incômodo ele é benéfico, isto é, necessário
para a comunidade. Nesse sentido, é preciso conciliar as duas teorias, tendo como parâmetro a
tolerabilidade.
Nesse diapasão, o Art. 1277 prevê a possibilidade de ingressarmos com uma ação chamada – ação
cominatória – no caso de uso anormal da propriedade, e fazer cessar interferências intoleráveis à saúde,
à segurança e ao sossego. Ela pode ser proposta cumulada com multa, em caso de eventual
continuidade da perturbação. Outra ação possível, é a ação demolitória, que tem como fundamento
legal o Art. 1281, em caso de prédio que ameace ruína, podendo ainda ser cumulada com caução de
dano infecto, para eventuais prejuízos.
Quanto às arvores limítrofes, o CC/02 dispõe sobre elas a partir do Art. 1282, e são arvores que
pertencem à donos de prédios confinantes, devido ao seu tronco está na linha divisória. Entende-se,
com fulcro no Art. 1284, que os frutos caídos pertencem ao dono do solo, sendo uma exceção ao
disposto no Art. 1232, que o acessório segue o principal. Não há ações específicas previstas aqui, porém
é possível pedir ação de derrubada de arvore, caso um galho esteja atrapalhando a propriedade vizinha,
ou a rede elétrica, ou ainda, a ação de indenização por galho de árvore, a depender do caso.
Há ainda, a ação de desencravamento de imóvel que é cabível quando se deseja abrir uma passagem
forçada, devido ao imóvel não possuir saída para via pública. Lembre-se que aqui trata-se de uma
necessidade do dono do prédio encravado, e não o mero comodismo, diz Carlos Roberto Gonçalves, que
o encravamento deve ser absoluto e natural. É possível também ação de passagem forçada de cabos e
tubulações quando estes forem necessário, em ambos os casos será devido o pagamento de
indenização.
As águas são regidas além do exposto no CC/02, pela Lei 24.643, aonde estão dispostos algumas regras
para os aquedutos. Não há também ações especificas, porém dependendo da natureza do incomodo, se
for a saúde, por exemplo pode ser pedido ação cominatória, se for a edificação irregular a ação
demolitória, ou de modificação de obra.
No mais, há a ação demarcatória para fixação de limites entre dois prédios, conforme Art. 1279 do
CC/02, aqui se discute a fixação, e não se confunde com a ação reivindicatória, mas pode ser com essa
cumulada. Os vizinhos devem repartir as despesas, e caso os limites sejam confusos, o juiz determinará
com base nos títulos dominais, em primeiro lugar, logo após com base na posse justa, em seguida pela
divisão em partes iguais, e por fim, pela adjudicação mediante pagamento de indenização.
Há a possibilidade, de se requisitar a elaboração de tapumes, estes se forem comuns, isto é, que
impedem animais grande de passarem, tais quais o gado vacum, cavalar ou muar, são necessários, e
ambos os confinantes devem repartir as custas; já os tapumes especiais, que protegem a propriedade de
animais pequenos, não há obrigatoriedade na divisão das despesas. A ação aqui cabível é a de
construção e conservação de tapumes.
Por fim, é preciso discorrer sobre o direito de construir. Este, inegavelmente, advém do direito de
propriedade, porém é limitado por colocações de ordem pública e privada. No primeiro caso, é feito por
regulamentos administrativos, como o plano diretor dos municípios, e as questões de ordem
urbanísticas, ou ainda ao estatuto da cidade. No segundo caso, é pelo direito dos vizinhos, presentes no
CC/02, como visto, e pelas convenções entre particulares. Neste caso, cita-se como exemplo a proibição
de abrir janelas (cavidades maiores que 10x20cm), a menos de 1 meto e meio da linha divisória, por
exemplo.
Nesses casos, caberá ação demolitória que aqui se baseará na violação das regras de vizinhança, ou
ainda ação de nunciação de obra nova, em caso de construção com menos de 1 ano e meio após sua
conclusão. Percebe-se que a diferença aqui é temporal, uma sendo proposta quando a obra está em
construção, e a outra quando já está concluído. É, por último, possível a ação de travejamento de
parede divisória, que trata-se meação de paredes, por necessidade.

2. Propriedade Resolúvel
Em regra, a propriedade caracteriza-se por ser perpétua, no entanto, é possível que haja mitigação
dessa característica, e a mesma possua fim previsto. Esse é o caso da propriedade resolúvel, que ocorre
quando a propriedade possui cláusula resolutiva, ou termo resolutivo final.
Está modalidade está disposta na codificação civilista de 2002, a partir do Art. 1356. Sua natureza
jurídica, conforme Orlando Gomes, é de uma das modalidades de domínio. Por esse mesmo motivo, é
que a venda com reserva de domínio (Art. 521 do CC) enquanto um exemplo de propriedade resolúvel é
extremamente discutível. Passemos, a analisar os demais exemplos.
A retrovenda prevista no Art. 505 do CC/02 é um ótimo exemplo, pois é possível que a propriedade seja
readquirida, após 3 anos no máximo, caso haja cláusula resolutiva. Muito embora, hoje seja pouco
usual, é a previsão de clausula nos contratos de compra e venda. Possui aqui o efeito resolutivo, uma
vez que há a transferência da propriedade, são duas escrituras públicas, portanto.
Em segundo lugar, temos a venda a contento (Art. 509 do CC), que somente se reputa perfeita, ou seja,
só há a perfeição do negócio jurídico, com a manifestação de vontade do adquirente. Possui, por isso,
efeito suspensivo, até aí.
Há também a doação com cláusula de reversão, prevista no Art. 547 do CC, que estabelece que em caso
do doador sobreviver os bens podem voltar para seu patrimônio. Tendo efeito suspensivo, de igual
forma.
De igual modo, o Art. 1951 e 1952 do CC/02 estabelece o fideicomisso, que o testador impõe certo
tempo, ou certa condição para a transmissão da herança, impõe herdeiros provisórios. Aqui, percebe-se
que o efeito pode ser resolutivo – se a condição não se respeitar; ou suspensivo – se a condição for
respeitada.
O último exemplo é a alienação fiduciária em garantia, que foi instituída no nosso ordenamento
jurídico, com o Art. 66-b da Lei 4728/65, e está prevista também no Art. 1º do DL 911/69, bem como
pelo Art. 148 e ss. da Lei 7565, e por fim no Art. 22 e ss. da Lei 9524. Consiste na transmissão da
propriedade como garantia do pagamento da dívida para o banco ou incorporadora. O CC/02, deu
tratamento especial para essa categoria ao versar sobre a propriedade fiduciária a partir do Art. 1361.
No momento em que firma-se o contrato, nele há uma cláusula que transfere a propriedade para o
credor, sendo este, por isso, possuidor indireto – já que há o desdobramento da posse, é também
chamado de fiduciante, proprietário e depositante; enquanto o devedor, passa a ser possuidor indireto,
alienante fiduciário, proprietário diferido, e depositário. Para que o referido contrato possa valer contra
terceiros deve estar registrado em Cartório.
Possui natureza jurídica de propriedade resolúvel, com autonomia jurídica e também é o quarto direito
real em garantia, ao lado do penhor, da hipoteca e da anticrese. A propriedade é resolúvel, quanto ao
banco ou incorporadora, pois uma vez que a dívida não seja paga, pode ele tomar a propriedade – que
consta como sua - porém fica obrigado a vender, sendo nula qualquer cláusula que disponha o
contrário, vide Art. 1364 e 1365 do CC.
Se houver o pagamento de todas as parcelas o bem retorna para o patrimônio do devedor, caso isso não
ocorra haverá a execução, que poderá ser judicial: ação de busca e apreensão – em caso de bens
móveis, e ação reivindicatória – para bens imóveis, perceba-se que são ações cabíveis para a
propriedade, mais uma vez ratificando a ideia de que de fato ocorre a transferência da propriedade; e
extrajudicial: venda em cartório, amigável ou não.

3.Condomínio
O instituto do condomínio trata-se do exercício do direito de propriedade feito por duas ou mais
pessoas, de bem indiviso, simultaneamente. Sua natureza jurídica, por isso, é não exclusiva, simultânea
e coletiva. O consorte exerce todos os poderes de um proprietário, quai sejam – gozar, usar, dispor,
reaver e alienar.
Seu estudo, atualmente, está previsto a partir do Art. 1314, e são conferidos ao condômino direitos e
deveres, tais como: não pode nenhum consorte alterar a destinação do bem sem a anuência dos
demais; pode o comproprietário ingressar com ações possessórias uns contra os outros, porém não
poderá ingressar com ação reivindicatória, já que está se baseia em título, que é cabível à ambos, porém
contra terceiros é possível; ou ainda gravá-la na medida de sua parte.
Quanto às espécies, o condomínio pode ser universal – quando se considerar o conjunto de bens como
um todo, ou particular – quando se considerar apenas parte dos bens. Será voluntário, quando advier da
vontade das partes, de forma espontânea, como no casamento com comunhão de bens, ou será
involuntário, quando for por motivos alheio à vontade das partes, como na herança. Poderá ser ainda,
divisível, ou pro diviso, quando se observará condomínio apenas no plano jurídico, e na realidade fática
não, como é o caso dos escritórios, das salas comerciais, e apartamentos de um edifício, que cada
condômino age independentemente, e será indivisível, ou pro indiviso, quando as partes forem comuns,
condomínio de fato e de direito, como é o caso, da piscina, da recepção, ou do play de um edifício. Há,
por último, classificação de condomínio em vertical, quando se considerará a linha divisória como as
paredes, que são linhas verticais, sobre um imóvel, e há o condomínio horizontal, quando se considerará
sobre um imóvel, pela linha do teto. Este último caso, é também chamado de condomínio edilício.
A extinção do condomínio pode se dar por via judicial ou extrajudicial, nesta última, será sempre bens
divisíveis, e ocorrerá quando os condôminos concordarem com a venda amigável, deverá sempre ter
escritura pública, no entanto. Será judicial, quando forem bens indivisíveis, ou quando as partes
divergirem entre si, ou ainda quando forem menores uma das partes, conforme ocorre com as regras da
partilha da herança. Sendo judicial a ação cabível será a ação de divisão, que tem fundamentação legal
no Art. 1320 do CC, e no Art 569, II do CPC.
É está imprescritível, sendo uma exemplo de direito potestativo, já que o condômino tem a faculdade de
agir, isto é, exigir a divisão, não decandencial. A ação tem efeito ex tunc, retroativo, e é homologatória.
Os requisitos são, devem ser bens divisíveis, e ocorrer a impossibilidade de divisão amigável.
Quando se tratar de bens indivisíveis, a providência judicial cabível é a alienação judicial de coisa
comum, que utiliza a jurisdição voluntária, não tem por isso, litigio, não se condena ninguém em
honorários, as partes são chamadas interessados, como é o exemplo do divóricio voluntário sem filhos.
Há aqui, que ser respeitado o direito de preferencia previsto no Art. 1322 e no Art 504, qual seja,
preferir-se condômino à estranho, o que mais benfeitorias fez, e aquele co amior quinhão.
Quando esse direito de preferência não for respeitado, caberá ação de anulação de venda de quinhão
em coisa comum cumulada com adjudicação (...)

Você também pode gostar