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SUMÁRIO

Anotações................................................................................................................................................... 6
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1. Introdução ......................................................................................................................................... 8

1.1 A sua matéria prima ...................................................................................................................... 8

1.2 Matéria prima básica e especial .............................................................................................. 8

2. A sua ferramenta ............................................................................................................................ 9

2.1 Onde encontro minha ferramenta de trabalho................................................................. 9

2.2 Procedimentos especiais/ extrajudiciais (ferramentas especiais) ............................. 10

3. Da personalidade e da capacidade (arts. 1 a 10)........................................................... 10

4. Das Assossiações (arts. 53 a 61) ............................................................................................ 11

5. Do domicílio (arts. 70 a 78) ..................................................................................................... 12

6. Dos bens imóveis (arts. 79 a 81) ........................................................................................... 12

7. Dos bens públicos (arts. 98 a 103) ....................................................................................... 13

8. Do negócio jurídico (arts. 104 a 114) .................................................................................. 14

9. Dos defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165) ....................................................... 14

10. Da representação, da condição, do termo e do encargo (arts. 115 a 137) ....... 14

10.1 Representação 14

10.2 Condição 15
10.3 Termo 15

10.4 Encargo 16

11. Dos atos ilícitos (arts. 186 a 188) .......................................................................................... 16


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12. Da prescrição e da decadência (arts. 189 a 211) ........................................................... 17

13. Da prova (arts. 212 a 232) ........................................................................................................ 17

14. Direito das obrigações (arts. 233 a 420) ............................................................................ 17

15. Dos contratos em geral (arts. 421 a 729) .......................................................................... 18

16. Do seguro (arts. 757 a 813) ..................................................................................................... 18

17. Da fiança (arts. 818 a 839) ....................................................................................................... 18

18. Da responsabilidade civil (arts. 927 a 954) ....................................................................... 19

19. Direito imobiliário puro ............................................................................................................. 20

19.1 Do direito das coisas 20

19.2 Da posse (arts. 1196 a 1227) 20

20. Dos direitos reais (arts. 1225 a 1227) .................................................................................. 41

20.1 Propriedade (arts, 1228 a 1259/ 1275 a 1276) 41

20.2 Direito de vizinhança e Direito de construir (arts. 1277 a 1313) 45

21. Do condomínio geral (arts. 1314 a 1330) .......................................................................... 54

22. Condomínio edilício (arts. 1331 a 1358) ............................................................................ 54

23. Condomínio de lotes (art. 1358-A) ....................................................................................... 54

24. Condomínio em multipropriedade (arts. 1358-B a 1358-U)...................................... 55


25. Da superfície (arts. 1369 a 1377) ........................................................................................... 55

26. Demais temas que devem ser objeto de estudo ........................................................... 57

27. Dicas Finais ...................................................................................................................................... 58


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 60


Olá,

Primeiro gostaria de te parabenizar por ter escolhido estudar essa disciplina tão
fascinante que é o direito imobiliário.

Na graduação nós vemos bem superficialmente o direito das coisas (Livro III do
Código Civil )e ninguém nos ensina nada de atuação junto aos cartórios de registros
de imóveis, ninguém explica como devemos atuar se precisarmos de uma autorização
junto ao município para fechamento de um loteamento por exemplo, nós não ouvimos
uma frase sequer sobre financiamento de imóveis, então, o jeito é “estudar por fora”
por meio de cursos livres, pois saber de direito imobiliário é um diferencial muito

relevante.

O segundo recadinho que gostaria de deixar é  não se assuste com o volume

de coisas a serem aprendidas, o novo as vezes assusta, mas valerá a pena.

Sempre que possivel faremos analogias para facilitar a compreensão e também

utilizaremos casos práticos reais para que o aprendizado não fique tão abstrato.

Por esses motivos, eu, ProfessoraEloisa Moreira, preparei esse material com o
objetivo de direcioná-lo/la nessa jornada de aprendizado e espero que lhe seja útil e

agradável.

Invista sempre em você!


Anotações
Utilize este espaço para anotar aquelas ideias que lhe vierem à cabeça durante a aula, pode ser um caso
prático que esteja enfrentando, uma curiosidade, um filme. Depois da aula retome essa página e veja se
alguma informação aprendida te ajudou a começar a solucionar algo.

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1. Introdução
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Antes de iniciar os estudos de Direito Imobiliário propriamente dito, é necessário
que você conheça a sua matéria prima de trabalho, bem como as ferramentas a sua

disposição.

O direito imobiliário não possui um código só dele, ou seja, você não encontrará
um código de direito imobiliário, o que significa dizer que as regras de direito

imobiliária ficam “espalhadas”.

Mas fique calmo/a que eu vou te ajudar!

1.1 A sua matéria prima


Considerando o que dissemos acima, que nosso regramento imobiliário se
encontra espalhado, entenda que você precisa ter claro qual é a sua matéria prima de

trabalho, ou seja, quais leis te darão suporte nesta jornada.

1.2 Matéria prima básica e especial


A sua matéria prima básica é o Código Civil, pois é nele que encontraremos a
base do nosso direito imobiliário, nele encontraremos o rol de direitos reais,
encontraremos o conceito de bem imóvel. Encontraremos ainda as matérias correlatas
que dão suporte ao direito imobiliário.
A matéria prima especial são as leis esparsas especiais que tratam de assuntos
específicos dentro do direito imobiliário tais como lei de incorporação imobiliária, lei
de alienação fiduciária, lei de locações, lei de registros públicos, lei de parcelamento de
solo urbano, leis municipais que tratem de zoneamento da cidade, código de obras
municipal e todas as demais cujo objeto específico tenha relação com o direito
imobiliário.
Lembre-se sempre que o direito é uno, e o que isso significa? Significa que para
que o direito imobiliário “funcione perfeitamente” é preciso “casá-lo” com uma série de 9

outros ramos do direito.


 Direito imobiliário e Direito Tributário – estudo dos impostos incidentes
sobre imóveis ou sobre operações imobiliárias;
 Direito imobiliário e direito contratual – estudo dos requisitos para que o
contrato seja válido e eficaz;
 Direito imobiliário e Direito do consumidor – nas operações imobiliárias
que haja relação de consumo o Código de Defesa do Consumidor precisa ser
observado;
 Direito Imobiliário e Direito Notarial e Registral – o direito imobiliário é
primo-irmão desse ramo do direito que trata do estudo das serventias
extrajudiciais, comumente chamada de cartórios: Tabelionato de Notas,
Tabelionato de protestos, Registro de Imóveis, Registro Civil de pessoas
naturais, Registro Civil de pessoas jurídicas, Registro de títulos e documentos.
 O direito imobiliário se relaciona ainda com o direito de família e
sucessões, direito das obrigações, direito ambiental, direito urbanístico e etc.

2. A sua ferramenta
Para que a sua matéria prima seja transformada em algo que tenha relevância

jurídica e econômica é necessário ainda conhecer suas ferramentas de trabalho.

2.1 Onde encontro minha ferramenta de trabalho


• A primeira caixa de ferramenta que você vai abrir é o Código de Processo
Civil, que vai te ensinar os procedimentos a serem seguidos nas ações judiciais.
• A segunda caixa de ferramenta será também as leis esparsas especiais que
também podem trazer procedimento especifico a ser seguido;
• A terceira caixinha são os procedimentos extrajudiciais previstos em leis 10

municipais, estaduais e federais, bem como nas normas de serviços do

extrajudicial dos tribunais de justiça dos Estados.

2.2 Procedimentos especiais/ extrajudiciais (ferramentas


especiais)
• Alguns assuntos exigirão de você conhecimento e uso não só de matéria
prima especial, como também ferramentas especiais para tratar delas. Um bom
exemplo é a lei de alienação fiduciária (que será objeto de estudo futuro), onde
ela prevê todo o regramento de constituição dessa garantia E de execução da
dívida em caso de inadimplemento do devedor. Essa lei é uma lei de direito
material e também de direito processual.
• Outros assuntos, tais como procedimentos administrativos junto as
prefeituras municipais com vistas a obter alvarás, ou atuação junto aos
“cartórios” exigem do operador do direito manejo de ferramentas especificas,
existentes para regular esses procedimentos.
E agora que você já entendeu que o objetivo desta aula é deixar seu material de
trabalho bem claro e localizado, vamos aos estudos e para tanto falaremos de

todos os assuntos do Código Civil que você precisa conhecer.

3. Da personalidade e da capacidade (arts. 1 a 10)


Nos negócios imobiliários é imprescindível saber se as partes contratantes
possuem capacidade civil para contratar, se precisam ser representadas de alguma
forma ou até mesmo se há necessidade de autorização judicial, pois, se uma das
partes contratantes não tiver capacidade para tanto o negócio poderá ser nulo ou

anulado no futuro.
11
NEGÓCIO NULO NEGÓCIO ANULÁVEL

Art. 166. É nulo o negócio jurídico Art. 171. Além dos casos expressamente
quando: declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - celebrado por pessoa absolutamente I - por incapacidade relativa do agente;
incapaz;

Art. 169. O negócio jurídico nulo não é Art. 172. O negócio anulável pode ser

suscetível de confirmação, nem convalesce confirmado pelas partes, salvo direito de


pelo decurso do tempo. terceiro.

Art. 176. Quando a anulabilidade do ato

resultar da falta de autorização de terceiro, será

validado se este a der posteriormente.

4. Das Assossiações (arts. 53 a 61)

Na prática imobiliária vocês vão se deparar com a figura do loteamento de acesso


controlado, ou loteamento fechado e, na prática, eles funcionam igual os condomínios, ou seja,
contratam terceirizados para serviços de segurança, limpeza, jardinagem e etc. E para isso
constituem associações de moradores. É importante conhecer o instituto, pois na Constituição
Federal há a previsão de que ninguém é obrigado a se associar ou manter-se associado, e
nesta esfera imobiliária isso gera muitos debates sobre a obrigatoriedade ou não do
pagamento da taxa associativa.

5. Do domicílio (arts. 70 a 78)


Importante para fixação de competência tanto em contratos quanto em ações 12

judiciais, salvo, quando obrigatoriamente a competência for do local do imóvel.

6. Dos bens imóveis (arts. 79 a 81)


Traz a definição legal do que são imóveis.
O art. 79 que parece óbvio, mas é muito interessante e fala assim “São bens imóveis o
solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”

Quando pensamos em uma casa isso fica muito claro, mas imagine que uma grande
máquina em uma indústria, se ela estiver concretada ao solo, ela incorporou-se, logo é
imóvel, se for dar essa máquina em garantia é por meio de hipoteca. Se ela estiver
REPOUSADA APENAS sob solo, ela é móvel, se for dar essa máquina em garantia é por
meio de penhor.

Em alguns casos é complicado saber se o bem está ou não incorporado. Não sofra!
ISSO É TRABALHO DO ENGENHEIRO. Na dúvida peça um parecer técnico e o
profissional que é habilitado dirá se aquele bem está ou não incorporado ao solo.

QUAL A DIFERENÇA DO BEM MÓVEL PARA O IMÓVEL?


O imóvel é um bem de raiz, ele está incorporado ao solo. O bem imóvel por
natureza é o SOLO e tudo que nele se incorporar. Assim, em um apartamento o
sujeito tem a unidade autônoma, parte da área comum e parte proporcional a sua
unidade do solo.

Assim, se um prédio desmorona, os proprietários perdem suas unidades, mas


continuam donos de parte do solo. Exceto em casos em que o imóvel é tragado por 13

buraco aberto, nestes casos em que se abre uma cratera e o solo desaparece, não há
propriedade para o sujeito do subsolo, pois essa faz parte do patrimônio da
Administração Pública. O que se pode fazer nesse caso? – Se for possível apurar de
quem foi a culpa resolve-se por meio de indenização.

- Estado por não manter corretamente as tubulações de água ou gás que explodem
causando a cratera, ou desmorona obra de metrô
- culpa da construtora por não ter feito estudo de solo, ou escolha errada da fundação
do prédio e etc.

Já o bem móvel, que não é objeto de nosso estudo, conforme art. 82 do Código Civil
são os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.

E as árvores? São móveis ou imóveis? Se forem plantadas para corte, são móveis por
antecipação, se forem plantadas para ficar no local indefinidamente, são imóveis.

7. Dos bens públicos (arts. 98 a 103)


Em regra os bens públicos são inalienáveis, impenhoráveis e imprescritíveis,
assim não podem, por exemplo, ser objeto de penhora para pagamento de dívida do
estado, ou ainda, serem objetos de usucapião.
8. Do negócio jurídico (arts. 104 a 114)
Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium 14

Imobiliária.

9. Dos defeitos do negócio jurídico (arts. 138 a 165)


Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium
Imobiliária.

10. Da representação, da condição, do termo e do

encargo (arts. 115 a 137)

10.1 Representação

Imagine que você foi contratado para assessorar seu cliente em uma compra e
venda, onde seu cliente é o comprador. O vendedor se fez representar por procurador.
No entanto, extrapolando os poderes que lhe foi concedido o procurador faz negócio
prejudicial ao vendedor.

1º - ele poderá anular o negócio;


2º - ele deverá fazê-lo no prazo decadencial de 180 dias a contar da conclusão do
negócio ou da cessação da incapacidade.

Então veja a importância de compreender essa matéria, pois, contratar com outrem
sem se certificar se a pessoa tem poderes para agir e qual o limite de atuação, pode
significar dor de cabeça futura.

10.2 Condição

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A condição é a cláusula que, por vontade das partes, subordina o efeito do
negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Então suponha que o seu cliente tenha interesse em um imóvel, mas depende da
venda de seu carro para concretização. É perfeitamente possível elaborar um contrato
preliminar para amarrar essa situação, ou seja, João comprará o imóvel de José se em
03 meses conseguir vender seu automóvel, utilizando o dinheiro como sinal de compra
do imóvel de José.

10.3 Termo

O termo se refere ao tempo. “Termo inicial”, “termo final” e o código prevêem,


por exemplo, que salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se
os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.

Ainda:
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado considerar-se-á prorrogado o prazo até o
seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no
imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
E por qual motivo isso seria relevante? Veja, numa situação em que você precisa fazer
o cálculo de dias inadimplidos para fins de calculo de juros de mora e correção
monetária, é preciso conhecer as regras de maneira correta.
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10.4 Encargo

O encargo é uma cláusula acessória de um ato jurídico que consiste em um


ônus para o beneficiário. Também é admissível nas declarações unilaterais de vontade
como, por exemplo, na promessa de recompensa. É comum nas doações feitas ao
Município, no entanto o doador doar com o ônus do município construir escolas,
hospitais e creches.

11. Dos atos ilícitos (arts. 186 a 188)

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (abuso de
direito)

Essas previsões dos arts. 186 e 187 que são famosíssimas em todas as especialidades
de direito, induzem ao dever de indenizar que será visto lá no art. 927, entre outros
efeitos.

Dica: estudem os conceitos de “ilícito indenizante”, “ilícito caducificante”, “ilícito


autorizante” e “ilícito invalidante”, “ilícitos patrimoniais” e “ilícitos extrapatrimoniais”.
12. Da prescrição e da decadência (arts. 189 a 211)
Objeto de aula própria.

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13. Da prova (arts. 212 a 232)


Como fazer prova do direito do seu cliente?
O art. 212 do Código Civil diz: Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma
especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: I - confissão; II - documento; III -
testemunha; IV - presunção; V - perícia.
O que pode ser objeto de prova? Em regra os fatos CONTROVERTIDOS que servem de
suporte fático as normas jurídicas.

14. Direito das obrigações (arts. 233 a 420)


Neste tópico o Código Civil aborda a obrigação de dar coisa certa, dar coisa
incerta, Fazer e Não Fazer, fala ainda de obrigações alternativas. Continua falando das
obrigações divisíveis e indivisíveis, das obrigações solidárias ativas e passivas.
É aqui também que serão tratados os temas: Cessão de crédito, Assunção de Dívida,
Fala do dever de pagamento, quem deve pagar, a quem se deve pagar, fala do objeto
do pagamento e da prova do pagamento, do lugar do pagamento, do tempo do
pagamento, do pagamento em consignação, do pagamento com sub-rogação, da
imputação de pagamento, da dação em pagamento, da novação, da compensação, da
confusão, da remissão de dividas.

Fala do inadimplemento das obrigações, da Mora, das perdas e danos, dos juros legais,
da cláusula penal e das arras ou sinal.
Tendo em vista não ser este tema o objeto do curso, e ser uma matéria muito extensa,
aconselho o estudo por livros de doutrina próprios do tema, ou seja, Das Obrigações.

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15. Dos contratos em geral (arts. 421 a 729)


Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium
Imobiliária.

16. Do seguro (arts. 757 a 813)


Haverá situações em que será necessário discutir situações relacionadas a seguro
como, por exemplo:

- Seguro obrigatório contra incêndio em contrato de locação;


- Seguro obrigatório em contrato de financiamento bancário

Se você não souber onde encontrar informações quando se deparar com esses
problemas, você fatalmente perderá muito tempo correndo atrás de informações de
qualidade.

Leia a decisão proferida em 27.05.2020 no RECURSO ESPECIAL Nº 1.804.965 - SP


(2019/0080335-5) – Ministra Nancy Andrighi, anexo a este material.

17. Da fiança (arts. 818 a 839)

Dispõem os artigos 818 e 819 que pelo contrato de fiança, uma pessoa garante
satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra,
sendo certo que a fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.

Você já imaginou um advogado contratado para redigir um contrato de locação que


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não sabe o que é e como se operacionaliza a garantia por fiança? Não dá, né?

O contrato de fiança é modalidade de caução, sendo certo que no ordenamento


jurídico brasileiro as cauções (que são garantias) poderão ser reais ou fidejussória. A
caução real é aquela constituída de bens móveis ou imóveis destacados para garantir
uma obrigação assim como a alienação fiduciária. Já a garantia fidejussória é uma
garantia pessoal onde o fiador responde pessoalmente pela dívida do devedor
principal que ficar inadimplente, sendo, portanto uma caução de caráter pessoal.

Recomenda-se a leitura dos seguintes julgados:


 AgInt no RECURSO ESPECIAL Nº 1792995 – PR (2019/0016278-5)
E
 RECURSO ESPECIAL Nº 1.798.924 - RS (2017/0106601-0)

18. Da responsabilidade civil (arts. 927 a 954)


• Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
• Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua
ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

•  Desabamento de muro no imóvel vizinho

• Desplacamento de revestimento da fachada que atinge bens ou pessoas na área


comum do edifício.
• Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
•  Queda de objetos de janelas / ausente intenção / dever de indenizar
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• Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmite-se com a
herança.

• Tendo em vista não ser este tema o objeto do curso, e ser uma matéria muito
extensa, aconselho o estudo por livros de doutrina próprios do tema, ou seja,
Da responsabilidade civil (objetiva e subjetiva).

19. Direito imobiliário puro

19.1 Do direito das coisas

Direito: norma, diretrizes.


Coisa: é tudo o que existe na natureza, exceto o ser humano.

A coisa que interessa ao direito imobiliário é o “prédio”, ou seja, todo bem


imóvel.
Quando você ouvir falar de “prédio rústico” significa imóvel rural, seja ele uma fazenda,

uma chácara, um casebre.

19.2 Da posse (arts. 1196 a 1227)


A posse não é direito real muito embora esteja inserida na parte de direito das
coisas. E também não é direito pessoal.
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Classificação e espécies de posse

1- Posse direta – é a quase posse;


2- Posse indireta – Diz-se do proprietário que concedeu ao primeiro o direito de
possuir;
3- Posse justa - é aquela que não é violenta, clandestina ou precária. É uma posse
sem máculas.
4- Posse injusta – aquela que se reveste de violência, clandestinidade ou
precariedade.

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

 Violência: é aquela posse que se adquire a força sendo que o vício se


caracteriza pela violência inicial. O que será analisado é o momento em que se inicia a
posse, em que contexto essa posse foi “arrancada”.
 A violência pode ser contra a pessoa física do possuidor ou contra os obstáculos da
propriedade, podendo inclusive ser psicológica. Lembre-se que o vício é inicial! O
contrário de posse violenta é mansa e pacífica.

 Clandestina: é aquela que se estabelece às ocultas daquele que interessa


conhecê-la. Sem que o proprietário saiba.

 Precária: é aquela que se origina do abuso de confiança por parte de quem


recebe a coisa com obrigação de restituí-la e depois se recusa a fazê-lo. 22

A precariedade só se verifica no momento em que a coisa deveria ser devolvida e isso


não acontece.

Dica: Escrever em contrato de locação “o proprietário entrega a posse precária ao


locatário” é errado! Como a posse pode ser precária no inicio?

Posse de Boa-fé e Má-fé

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aqu

isição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em

contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as

circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi
adquirida.

Se há o caráter objetivo na classificação da posse justa e da injusta, as


classificadas como de boa-fé ou má-fé dependem intimamente de exame subjetivo do
possuidor, conforme o artigo 1.201: “Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora
o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.”

Assim, a distinção entre as duas está na posição psicológica do possuidor. Se este


sabe da existência de vício que macule a posse, esta é classificada como de má-fé.
23
Todavia, se ignorar tal vício, ela é classificada como de boa-fé.

Pelo parágrafo único do artigo 1.201 do Código Civil, vemos: “O


possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite essa presunção.”, sendo
considerado justo título aquele hábil para conferir ou transmitir direito à posse, se
proviesse do verdadeiro possuidor ou proprietário. Presunção essa que é júris tantum,
pois aparecendo prova em contrário, desautoriza o possuidor e, ainda se, em razão de
lei – em certos casos –, tal presunção não for admitida, como é o caso do esbulhador
violento.
A posse de má-fé é aquela em que o possuidor tem ciência da
ilegitimidade do seu direito de posse, em virtude de vício ou obstáculo impeditivo de
sua aquisição, na qual, entretanto, se conserva. Como já vimos (CC, art. 1.202), começa

desde o momento em que as circunstâncias façam presumir tal conhecimento.

Como dito acima, a posse de boa-fé torna-se de má-fé a partir do


momento em que o possuidor toma conhecimento do vício que macula sua posse,
conforme disposto no artigo 1.202 do Código Civil. E essa definição é essencial para,

conforme será verificado, definir alguns dos efeitos da posse.

Perda do caráter de posse de boa-fé. A posse tem o caráter com que foi
adquirida. Quem adquiriu de má-fé presume-se que continuou de má-fé; sem que se
exclua a possibilidade de a boa-fé suceder a má- fé.Tomou, violentamente, o terreno e,
depois, comprou-o, adquirindo, a seu ver, por justo título. Quem adquiriu de boa-fé
pode vir a não crer em que seja justa a sua posse.

Na posse de boa-fé, o vício que impede o posseiro de ser dono é por ele
ignorado, ou seja, o obstáculo é por ele desconhecido. Para se ter posse de boa-fé
24
tem-se título e há uma crença positiva no titulo. Ao revés na má-fé o posseiro conhece
o vicio ou obstáculo.

Para Washington de Barros: ”Quando o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que


lhe impede a aquisição da coisa. O possuidor se encontra na convicção inabalável de
que a coisa realmente lhe pertence.”

JUSTO TÍTULO

É o título hábil a transferir o domínio e que realmente transferiria se emanado


de verdadeiro proprietário.
Tito Fulgêncio dá conteúdo mais extenso ao justo título: “Título, diz a lei, é palavra que
se emprega para designar:
 A causa eficiente, o principio gerador do direito;
 O instrumento do contrato ou do ato jurídico, o ato exterior probatório;
 A qualidade, e assim se diz a título de herdeiro”

E diz-se justo o titulo hábil para, em tese, transferir a propriedade. Basta que o seja em
tese, isto é, independentemente de circunstâncias particulares do caso. Ex.:: uma
escritura de compra e venda é título hábil para gerir transmissão da res vendita.
Se lhe faltarem requisitos para, na espécie, causar aquela transferência, o adquirente
que recebe a coisa, possui com justo título, porque o fundamento de sua posse é um
título hábil à transmissão de bens, se não lhe faltasse o elemento que eventualmente
está ausente.
De modo que se alguém possui com justo título a coisa, tem em seu favor a
presunção de boa-fé. Mas trata-se de presunção jurisprudência tantum, isto é, passível
de desfazer-se com prova contrária ou quando a lei expressamente não admite essa 25

presunção. É o caso da posse originária injusta, desconhecendo o titular o vicio


anterior. Veja que a posse é transmitida na mesma qualidade em que foi adquirida.
Assim se a posse foi adquirida pelo vendedor de forma violenta, ou seja, injusta, é
assim que ela será transmitida ao novo posseiro, mas é possível que ele não saiba
dessa qualidade negativa da posse que adquiriu, assim terá uma posse injusta, mas de
boa-fé.

Direito de retenção e indenização – art. 1.219 do Código Civil

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento

da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Na esteira do entendimento do STJ, o possuidor tem direito à retenção do imóvel, até


que seja indenizado pelas construções erguidas de boa-fé sobre o terreno alheio, sob
pena de enriquecimento sem causa do proprietário, em prejuízo do possuidor de boa-

fé.

POSSE DE MÁ-FÉ – Quando o possuidor tem ciência do vício obstativo da aquisição da

posse. Tem direito a indenização apenas pelas benfeitorias necessárias.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste

o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo


da evicção ainda existirem.
26
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o
direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor

atual.

--> Evicção é uma perda, que pode ser parcial ou total, de um bem por motivo
de decisão judicial ou ato administrativo (art. 447 do Código Civil) que se relacione a

causa preexistente ao contrato.

CASO: Jonas é possuidor de boa-fé de 01.01.2002 a 01.01.2010, momento em que


toma ciência de um vício e passa a ser possuidor de má-fé. Caso haja propositura de
reintegração de posse pelo titular do domínio, tente provar que seu cliente Jonas
construiu tudo até 01.01.2010, ou seja, durante o período da boa-fé, pois nessa época
terá direito a ser indenizado das úteis e necessárias e poderá levantar as voluptuárias,
passada para má-fé só tem direito a indenização pelas necessárias e ainda assim há

possibilidade de recebê-la nos termos do art. 1.222 do Código Civil.

Aquisição da Posse

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome

próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

 A posse só nasce com o exercício de uma das ações: USAR, GOZAR, DISPÔR e/ou

DEFENDER.
 Clausula Constituti – o Constituto possessório, também conhecido
cláusula constituti, trata-se de uma operação jurídica que altera a titularidade na
27
posse, de maneira que aquele que possuía em nome próprio, passa a possuir
em nome alheio. Ex: vendo uma casa que possuía em nome próprio, e coloco
no contrato de compra e venda uma cláusula que prevê minha permanência na
casa na condição de locatário, ou seja, passo a possuir a casa em nome alheio.
Essa cláusula é a constituti.

O constituto não se presume! Em outras palavras, para que ele ocorra é necessário
que no contrato de compra e venda haja cláusula específica de constituto possessório.
Isso é de suma importância uma vez que a posse de Murilo para Caio só ocorre nessa
hora e isso é de fundamental importância para fins futuros de reintegração de posse.

MODELO DE CLÁUSULA: A contar desta data e até xx/xx/xxxx, o imóvel permanecerá


na posse dos CEDENTES, sob expressa condição da "cláusula constituti" (constituto
possessório).

 Cláusula “traditio brevi manu” O inverso do constituto possessório ocorre


quando a pessoa que possuí em nome alheio passa a possuir em nome próprio.
Ex: o locatário que possui a casa em nome alheio compra a casa passando a
possuir em nome próprio.
Aquisição originária

Ocorre sem qualquer vínculo com o possuidor anterior, quando a propriedade é


adquirida sem vínculo com o dono anterior, de modo que o proprietário sempre vai
28
adquirir propriedade plena, sem nenhuma restrição, sem nenhum ônus (ex: acessão,
usucapião e ocupação)

Aquisição derivada

Quando uma pessoa recebe a posse de outro possuidor. A aquisição é


derivada quando decorre do relacionamento entre pessoas (ex: contrato registrado
para imóveis, contrato com tradição para móveis, sucessão hereditária) e o novo dono
vai adquirir nas mesmas condições do anterior (ex: se compra uma casa com hipoteca,
vai responder perante o Banco; se herda um apartamento com servidão de vista, vai se

beneficiar da vantagem)

Aquisição da propriedade imóvel pela acessão

É aquisição originária. Adquire-se por acessão tudo aquilo que adere ao solo e
não pode ser retirado sem danificação. Através da acessão a coisa imóvel vai aumentar
por alguma das cinco hipóteses do art. 1248. As quatro primeiras são acessões naturais
e horizontais (dependem da natureza, mais precisamente da atividade fluvial/dos rios,
do movimento de areia feito pelos rios) e a quinta é acessão humana e vertical
(decorre da atividade artificial do homem ao plantar e construir).

a) formação de ilhas: 1249

b) aluvião: é o acréscimo lento de um terreno ribeirinho; a parte do terreno que


aumenta passa a pertencer ao dono do terreno, 1250

c) avulsão: difere da aluvião pois a avulsão é brusca: 1251

d) álveo abandonado: trata-se do leito do rio que secou; este rio seco torna-se 29

propriedade do dono do terreno onde ele passava: 1252

e) construções e plantações: esta é a acessão humana, pois é o homem que


constrói e planta num terreno; a regra é o acessório seguir o principal, então tais
benfeitorias serão de propriedade do dono do terreno, 1253; porém, se o dono do
material e das sementes não for o dono do terreno surgirão problemas sobre o
domínio das acessões e indenização ao prejudicado. Como resolver isso para evitar
enriquecimento ilícito do dono do terreno? Vai depender da boa fé ou da má fé dos
envolvidos, bem como vai depender da espécie de benfeitoria, com as mesmas regras
que nós já vimos quando tratamos dos efeitos da posse.

PROBLEMÁTICA

João vende para Pedro por meio de compromisso de compra e venda o terreno “A”.
Por esse instrumento Pedro tem posse, mas não tem domínio, pois ausente a escritura
registrada na matrícula do imóvel que é a única forma de adquirir domínio. Pedro

vende a posse para José. Como José poderá adquirir o domínio?

a) Usucapião
b) Registro – não há como registrar o título em virtude do principio da
continuidade registral.
c) Acessão
d) Sucessão – não é transferência “causa mortis”.
OU, Administrativamente, João, Pedro e José vão ao Cartório de Notas, levam todos os
contratos firmados – João leva a matrícula onde conste como titular de domínio, Pedro
leva o compromisso de compra e venda e José também leva seu compromisso. Todos 30

concordando, lavrar-se-á a escritura pública fazendo constar toda a cadeia possessória.

Problemas

1) João já morreu: Não é a forma correta, mas, na maior cara de pau, peça nos
autos do inventário, por ser medida de economia processual a transferência do bem.
Pode ser que o juiz diga que não, mas ele pode conceder a posse. Ai José vai precisar
ou pedir que Pedro peça a adjudicação do bem em juízo em face do espólio e depois
lhe peça que outorgue a escritura definitiva OU Usucapião.
2) João desaparecido: Abre-se o inventário na qualidade de inventariante
provisório. Informa de que há um crédito de que se e titular e pede informações para
a Receita, Detran e etc. OU, vai de usucapião direto. Veja que, PODE VENDER O BEM
na pendência do processo de usucapião onde o comprador entra nos autos da
usucapião via substituição processual.

3) Caso em que os contratos foram verbais, ou seja, não há documentação: Vai


ser difícil, mas se todos confessarem os negócios jurídicos e levarem testemunhas
pode ser que dê.

DICA: Declaração de confinantes VIA ESCRITURA PÚBLICA onde os mesmo concordam


com a usucapião.
ITBI:Só incide na transmissão de PROPRIEDADE e não na POSSE.
Quem pode adquirir posse

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


31

I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;

II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

1) Pela própria pessoa


Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; (assim, adquirente e
transmitente precisam ser capazes).

Só pode adquirir posse quem se ache no gozo de sua capacidade. E, além dessa
precisa também de legitimidade.

2) Por seu representante ou procurador

Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada à outra em virtude de mandato, de
prestação de serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um
ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.

Representante: Sem procuração. São exemplos – comissário, pai, mãe, curador, tutor e
etc.
Procurador: Munido de procuração – Mandatário.

Representante Legal
Neste caso a lei exige a concorrência de duas vontades – a do representante e a do
representado. É preciso ainda que o representante mandatário tenha o “animus” de
adquirir a coisa. Precisa de poder específico para adquirir a posse. “ANIMUS
POSSIENDI”- intenção de possuir.
32

Procuração: Não admite interpretação extensiva! Precisa especificar todos os poderes.


Descrever todos os “verbos”, tim-tim por tim-tim.

Posse imobiliária – procuração pública.

Vide lei 6530/78 - Dá nova regulamentação à profissão de Corretor de Imóveis,


disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização e dá outras providências.

Transmissão da posse

Assim como o adquirente, o transmitente precisa ser agente capaz. Se o agente


for totalmente incapaz e realizar o ato, não dá para ratificar, pois , lembre-se : o ato é

nulo!

Em regra, os atos praticados pelo incapaz são inválidos. Vale dizer, se praticados por
absolutamente incapaz são nulos, enquanto se praticados por relativamente incapaz,
são anuláveis. Portanto, em regra os atos praticados por incapazes são nulos ou
anuláveis. A exceção se faz quando tais atos são praticados com terceiro de boa fé, ou
seja, aquele que não sabia e não teria como saber que o outro possuía alguma
incapacidade. Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, senão vejamos:

REsp 296.895-PR . Nulidade de ato jurídico praticado por incapaz antes da sentença
de interdição . Reconhecimento da incapacidade e da ausência de notoriedade.
Proteção do adquirente de boa-fé. Precedentes da Corte. 1. A decretação da nulidade
do ato jurídico praticado pelo incapaz não depende da sentença de interdição.
Reconhecida pelas instâncias ordinárias a existência da incapacidade, impõe-se a 33

decretação da nulidade, protegendo-se o adquirente de boa-fé com a retenção do


imóvel até a devolução do preço pago, devidamente corrigido, e a indenização das
benfeitorias, na forma de precedente da Corte. 2. Recurso especial conhecido e
provido.

Código Civil: Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os
mesmos caracteres.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor
singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Transmissão a título universal

Transfere-se uma universalidade, causa mortis. O herdeiro é o sucessor universal,

porque cede tudo.

Transmissão a título singular

Transfere-se bens ou bem individualizado e determinado. É negócio inter vivos. Mas,


na sucessão causa mortis pode ocorrer transmissão singular quando no testamento se

institui legatário.

O art. 1.206 diz que a posse é transmitida com os mesmos caracteres em que foi
adquirida, ou seja, se a posse foi injusta, se foi de má-fé, se foi clandestina, ela será
transmitida da mesma forma.

O sucessor universal “pega” a posse com a mesma quantidade de tempo que o seu
34
antecessor. Assim, se meu pai tinha posse de um imóvel há 30 anos, eu terei a posse
no dia em que ele morrer da seguinte forma: 30 anos do meu pai + 1 dia de posse

minha.

O sucessor singular pode (faculdade) somar a sua posse ao do antecessor. Para que
isso seja possível é necessário que na Cessão de Direitos Possessórios a posse seja
transmitida com os mesmos caracteres em que foi adquirida e outra cláusula dizendo

que as posses se somam.

 IMÓVEL FINANCIADO, PODE SER VENDIDO? : Sim, claro! Faz-se um termo


de assunção de contrato e outro de cessão de direitos possessórios. Para tanto é
necessário informar o agente financiador que requisitará documentos, fará a análise
e aprovando o proponente (adquirente da posse) passará a receber a cobrança nos
mesmos moldes do contrato anterior – ou seja, a instituição financiadora não
pode “renovar” o financiamento ou fazer outra manobra para aumentar o valor da
parcela. Pode cobrar apenas valores atinentes a análise de risco em decorrência da

substituição do devedor do financiamento.

Bens móveis que guarnecem o bem imóvel

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.

Veja que essa presunção é “juris tantum”, ou seja, admite prova em contrário, mas não
seja desatento, quando for redigir um contrato de venda e compra, locação, uso,
habitação, o que for, faça a ressalva de que a posse a ser transmitida é somente do
bem imóvel, ressalte que os bens móveis (bicicleta, televisão, aparelho de som,

mobiliário, enfim, tudo que é móvel, não se insere no negócio).


35
Perda da posse das coisas

 LEMBRE-SE: Posse é o EXERCÍCIO de um dos poderes da propriedade. Usar,


gozar (frutificar), dispôr e reaver de quem injustamente o possua (direito de sequela).
Assim, se isso é posse, o exercício, a perda da posse se dá justamente pela ausência

desse exercício.

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia

dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.

Conforme Tito Fulgêncio, “a posse subsiste enquanto o possuidor se comporta em face


da coisa como o faria normal e regularmente o proprietário, e, portanto, cessa quando

ele deixa de se portar como dono em face da coisa”.

Veja que aquele que quer se manter possuidor deve assumir uma CONDUTA de
conservação da posse, ou interesse na sua manutenção. Assim, aquele que compra
uma gleba de terra e nunca mais volta para visitá-la está sujeita a perder a posse, pois
não a usa, nela não frutifica, não defende de invasores visto que sequer lá aparece e
não dispõe, ou seja, nada faz, deixa a coisa a sua própria sorte. Aqui cabe o dito
popular “Quem ama, cuida”. Se o titular de domínio não cuida do que é seu, não
merece ser mantido na posse da coisa.

CASEIRO DE SITIO – perigo!

O caseiro, em tese tem detenção (posse sob ordens), SE o dono do sítio lhe emite
36

ordens. Se passar longo período sem emitir ordens o caseiro passará a ter posse.

DICA: Se você é dono ou o seu cliente, procure enviar email, carta, mensagem de
texto, ou qualquer outra forma que se posse posteriormente comprovar de que ordens
eram emitidas. Para não ter dor de cabeça faça um contrato de uso ou habitação da
casa em que o caseiro morará com sua família para elidir o “animus” de ter como seu
dos outros membros da família (mulher e filhos) e com o caseiro tenha uma relação de
trabalho (mundo ideal). Se não der, ao menos o contrato de habitação. Não tem muito

como fugir, ou vai dar relação de emprego, ou dará posse.

Nunca deixe o bem a mercê do destino! Ao deixar de dar ordens, deixar de usar o
sitio, deixar de nele plantar ou criar animais, não vender, não locar e por consequência
não reivindicar  VAI PERDER A POSSE! E, pior, se deixar passar o tempo vai perder
também a propriedade após a usucapião. Outro ponto a se lembrar é que o possuidor
terá direito de retenção por benfeitorias. Então o dono do sitio fica 05 anos sem ir no
sitio, quando chega lá o caseiro aumentou a casa em 03 cômodos, fez garagem, e até
colocou uma piscina. Ai o dono quer mandar o rapaz embora. Tudo bem, caso não
haja ainda em curso ação de usucapião, mas o possuidor terá direito a ser ressarcido

pelas benfeitorias feitas. (matéria a ser vista nos efeitos da posse).

ATOS DE MERA TOLERÂNCIA NÃO INDUZEM POSSE. Ex.: eu empresto meu


apartamento em Ubatuba para uma amiga passar 07 dias. No sétimo dia ela me liga e
pede para ficar mais 07 e eu permito. Uma semana depois ela pede mais 15 dias, e eu
permito. Ao final desses 29 dias eu não perdi a posse, pois eu autorizei o uso do bem.
Porém, se passados os 07 dias, ela permanece no apartamento sem falar nada e eu
não digo nada, não peço de volta, eu corro o risco sim de perder a posse. 37

Esse tema interessa, pois o dia da perda da posse é marco inicial para a contagem da
usucapião.

Efeitos da Posse

CAPÍTULO III - Dos Efeitos da Posse

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de

esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.


§ 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

§ 2 o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de 38

outro direito sobre a coisa.

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente
a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o

terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes,
salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou daqueles de

quem este o houve.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser

restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos

os frutos colhidos com antecipação.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são

separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de
má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que

não der causa.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do
reivindicante.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder 39

sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias

necessárias e úteis.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não
lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se


ao tempo da evicção ainda existirem. (Vide Decreto-lei nº 4.037, de 1942)

Art. 1.222. O reivindicante obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé tem o

direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor
atual.

a) RESPONSABILIDADE PELAS DETERIORAÇÕES (ART. 1.218)

O possuidor de má-fé, responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que


acidentais, SALVO se provar que de igual modo se teriam dado estando ela na posse
do reinvindicante. Como autor de ato ilícito, qual seja, o de ter se apossado de algo

que não lhe pertence, deve o possuidor de má-fé responder por suas consequências.

Já o possuidor de boa-fé só responde pela perda ou deterioração a que der causa. Ele
não deve responder pelos estragos ou danos, nem pela perda integral do imóvel.
Condenado a restituir a coisa, essa se dará no estado em que ela se encontre, não
incorrendo em qualquer outra responsabilidade.

Obs.: Ainda que seja de boa-fé a posse, se houver cláusula contratual de que o
posseiro pagará pela deterioração da coisa, a cláusula é válida, SALVO se provar que
40
houve vício de consentimento, fraude ou outro fator que macule a vontade, dando
causa à cláusula.

b) INDENIZAÇÃO E DIREITO DE RETENÇÃO POR BENFEITORIA (1.219 do Código

Civil)

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem
como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento

da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Na prática os contratos prevêem o contrário, ou seja, da não indenização pelas


benfeitorias, e, essa cláusula é válida, pois o contrato faz lei entre as partes. Se for
advogado do proprietário, esvazie todos os direitos do possuidor, ou seja, proíba
percepção de frutos, preveja indenização por danos e deteriorações, e não

indenização pelas benfeitorias.

Todos os problemas ligados ao direito imobiliário terão como cerne:


 A Posse
 A Propriedade: sinônimo de domínio. Tecnicamente o especialista usa a palavra
domínio. Assim, o dono transfere domínio, exerce domínio e não propriedade.
 A Detenção: É o chamado “fâmulo da posse”. É um filho da posse. É uma posse
sob ordem. Ex.: motorista particular, ele tem a detenção, pois tem uma posse sob
comando.
20. Dos direitos reais (arts. 1225 a 1227)

20.1 Propriedade (arts, 1228 a 1259/ 1275 a 1276) 41

Função Social da Propriedade

Constituição Federal – ART. 5º - XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.


Código Civil - Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor
da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua
ou detenha.
42
§ 1 o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e
das águas.

§ 2 o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade,


ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3 o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por


necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em
caso de perigo público iminente.

§ 4 o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado


consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou
separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.

§ 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida


ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel
em nome dos possuidores.
Aquisição da Propriedade
43

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia
de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País.
A Escritura Pública é o instrumento jurídico de declaração de vontades celebrado entre
uma ou mais pessoas perante um Cartório de Tabelionato de Notas, que tem a
responsabilidade legal e formal para a sua lavratura. A Escritura Pública é necessária
para dar validade formal ao ato jurídico exigido por Lei, que pode ser uma
compra/venda; uma doação ou até mesmo uma simples declaração.
A escritura pública é ato que fica “depositado” em livro de Notas “para sempre. A
primeira via da escritura pública chama-se traslado. As outras vias solicitadas pelo
cidadão são as chamadas certidões. No valor pago pela escritura, está incluído o
traslado. As certidões são pagas separadamente pelo interessado.

Há inúmeros tipos de escritura.

Aquisição Originária e Derivada

Duas são as formas de aquisição quanto à origem:

 Originária: Essa aquisição acontece sem qualquer vinculação com o passado. A


aquisição é direta e independe da interposição de outra pessoa. A pessoa faz seu o
bem que não lhe é transmitido por quem quer que seja.
Inexiste transmissão do bem por uma pessoa a outra.
 Usucapião
 Ocupação
 Acessão natural
44

 Derivada: a aquisição tem como pressuposto um ato de transmissão por via da


qual a propriedade se transfere para o adquirente. Neste caso o adquirente recebe a
titularidade do domínio com os mesmos atributos e restrições que vigoravam no
domínio anterior.
Nessa modalidade a aquisição se dá pela transmissão em razão de um contrato, por
mera tradição (móveis) ou pela transmissão imobiliária.

Aquisição a título universal e singular

Essa modalidade de aquisição envolve o aspecto quantitativo e individualizado

ou não do bem.

 Título Singular: a aquisição será singular quando tem por objeto um ou vários
bens individualizados. Verifica-se ordinariamente por negócios entre vivos.
Quando ocorrer aquisição de vários bens, a doutrina dá o nome de “aquisição
coletiva”.
Será a titulo singular sempre que o objeto abranja um ou vários bens individualizados.
Integram essa espécie as coisas singulares, as coisas compostas e as universalidades de
fato.Normalmente a aquisição se dá por atos entre vivos, sem afastar, todavia, a
origem causa mortis , como no testamento.
 Titulo Universal: só existe um modo de aquisição universal, que é a sucessão
hereditária. A sucessão ocorre em razão do evento “óbito”.
Nessa modalidade de aquisição a transmissão envolve bens que constituem o
patrimônio que neste caso é uno, ou seja, é uma unicidade de bens. Por esta forma, o 45

adquirente sucede os direitos reais e pessoais, inclusive quanto às obrigações


contraídas perante terceiros. O sucessor continua à pessoa do autor da herança,
enquanto na aquisição particular (individual) a sucessão se dá nos direitos, sem
responsabilizar-se pelas obrigações pessoais que o transmitente contraiu.

Obrigações reais seguirão o imóvel!

20.2 Direito de vizinhança e Direito de construir (arts. 1277 a 1313)

Direito de vizinhança

O Código Civil, dentro de direito de vizinhança prevê situações como uso

anormal da propriedade, passagem forçada, limite entre prédios entre outros temas.

O direito de vizinhança compreende uma gama de limitações, estabelecidas


expressamente pelos diplomas legais em vigor, que cerceiam, via de consequência, o
alcance das faculdades de usar e gozar por parte de proprietários e possuidores de
prédios vizinhos, afixando um encargo a ser tolerado, com vistas a resguardar a boa

convivência social e para que haja o mútuo respeito à propriedade.

Natureza jurídica do direito de vizinhança: tem natureza propter rem, ou seja, o


direito de vizinhança e o correspondente dever dele decorrente acompanha o imóvel,
vinculando quem quer que se encontre na posição de dono, ou possuidor, e, portanto,
de vizinho.
Exemplo de:

Uso Nocivo da Propriedade - vizinho que joga lixo no terreno vizinho, que ateia fogo

na plantação ou mato do vizinho - há ato ilegal.


46

Há também uso nocivo quando, embora dentro do âmbito do seu direito, o vizinho

incomoda os demais como barulho excessivo, este comete abuso de direito.

Direito de Construir

Já com relação ao direito de construir o Código Civil prevê que o proprietário


do terreno tem o direito de sobre ele edificar desde que respeite o direito de seus
vizinhos e respeite os regulamentos administrativos aplicáveis. Os mais famosos
regulamentos são: Código de Obras, Lei de Zoneamento Urbano e Plano Diretor,
ambos municipais. Prevê ainda distância mínima entre construções vizinhas, trata de
muros divisórios, direito de resgatar pertences e animais que tenham caído na

propriedade vizinha e etc.

Limitações ou Restrições ao Direito de Propriedade

Não mais vigora o caráter absoluto da propriedade. O direito de propriedade sofre


limitações decorrentes da lei, dos princípios gerais de direito e da própria vontade do

titular de domínio.

De acordo com a fonte o proprietário é sacrificado em seu domínio, contra sua


vontade ou voluntariamente no interesse da coletividade, para o seu próprio interesse

ou mesmo para o interesse de terceiros.


Classificação das restrições

a) Limitações Legais: São aquelas contidas nas leis e regulamentos. Exemplos 47

contidos no Código Civil:

Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe
aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje
águas, diretamente, sobre o prédio vizinho.

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de
metro e meio do terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as
perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não
maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a
mais de dois metros de altura de cada piso.

Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três
metros do terreno vizinho.

Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou
quaisquer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências
prejudiciais ao vizinho. Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés
ordinárias e os fogões de cozinha.
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso
ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.

Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço
48
ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.

Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de


provocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança
do prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias. Parágrafo
único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos prejuízos que
sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.

b) Limitações Jurídicas: Decorrem da aplicação de certos princípios gerais de


direito. Derivam da aplicação dos direitos subjetivos de forma inamistosa.

Ex.1: Proprietário que constrói uma enorme chaminé apenas para escurecer a
propriedade do vizinho por pura picuinha (Orlando Gomes).
Ex.2: Envenenamento da água do Vizinho.

Orlando Gomes – Principio da Urbanidade

c) Limitações Voluntárias: o “dominus” estabelece determinada limitação sem se


“demitir”do seu direito. Nesse caso a limitação é estabelecida pelo próprio proprietário
quando se priva das faculdades de uso e/ou gozo do bem.

 Limitações Constitucionais
Art. 5º XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

49
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de


propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte 50

anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida
em lei.

Art. 182, § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei


específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei
federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II -
imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no
tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo
de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de


propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os
casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano,
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra,
em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 51

propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

 Limitações Administrativas e Legais


- Servidão Administrativa: A propriedade privada é onerada com um direito real de
natureza pública, sem ter previamente o consentimento do particular, ou o título
expedido pelo Judiciário. Uma das formas de instituição de servidão administrativa é a
desapropriação permitida no art. 40 do Dec. 3.3365/41 (decreto que regulamenta as 52

desapropriações por utilidade pública:


Art. 40. O expropriante (poder público) poderá constituir servidões, mediante
indenização na forma desta lei.

- Para obras hidráulicas, transporte e distribuição de energia elétrica – código de


águas já previa desapropriação, bem como o art. 1º do Decreto 35.851/54
Regulamenta o art. 151, alínea c, do Código de Águas (Decreto nº 24.643, de 10 de
julho de 1934).

Art. 1º As concessões para o aproveitamento industrial das quedas d’água, ou, de


modo geral, para produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, conferem
aos seus titulares o direito de constituir as servidões administrativas permanentes ou
temporárias, exigidas para o estabelecimento das respectivas linhas de transmissão e
de distribuição.
-Servidões sobre os terrenos marginais dos rios – Códigos de Águas
aprovado pelo Decreto 24.643/34;

- Servidão legal de aqueduto – art. 117 do Código de águas; 53

- Código de Mineração: Art. 59. Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo,


para os fins de pesquisa ou lavra, não só a propriedade onde se localiza a
jazida, como as limítrofes. (Renumerado do Art. 60 para Art. 59 pelo
Decreto-lei nº 318, de 1967)
Parágrafo único. Instituem-se Servidões para:
a) construção de oficinas, instalações, obras acessórias e moradias;
b) abertura de vias de transporte e linhas de comunicações;
c) captação e adução de água necessária aos serviços de mineração e
ao pessoal;
d) transmissão de energia elétrica;
e) escoamento das águas da mina e do engenho de beneficiamento;
f) abertura de passagem de pessoal e material, de conduto de
ventilação e de energia elétrica;
g) utilização das aguadas sem prejuízo das atividades preexistentes; e,
h) bota-fora do material desmontado e dos refugos do engenho.
- Servidão sobre prédios vizinhos a obras ou imóveis tombados no
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é mais uma restrição a propriedade
privada.Constitui a servidão administrativa pela qual o poder público
estabelece normas de proteção às coisas tombadas , impondo aos
proprietários dos prédios vizinhos a obrigação negativa de não fazerem
construções que impeçam ou reduzam a sua visibilidade, ou prejudiquem
seu relevo, e determinando a todos, indistintamente a proibição de colar
cartazes ou anúncios em seu exterior. (DECRETO-LEI Nº 25, DE 30 DE
NOVEMBRO DE 1937 - Organiza a proteção do patrimônio histórico e
artístico nacional.) 54

Art. 18. Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer
construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar
anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o
objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do
mesmo objeto.

- Entre outros inúmeros casos previstos na legislação esparsa.

21. Do condomínio geral (arts. 1314 a 1330)


Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium
Imobiliária.

22. Condomínio edilício (arts. 1331 a 1358)


Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium
Imobiliária.

23. Condomínio de lotes (art. 1358-A)


Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium
Imobiliária.
24. Condomínio em multipropriedade (arts. 1358-B a
1358-U)
Assunto contemplado em outro módulo dentro do curso Advocacia Premium 55

Imobiliária.

25. Da superfície (arts. 1369 a 1377)


Com o advento do Estatuto da Cidade, mas especialmente após a entrada em
vigor do Novo Código Civil, surgiu o denominado direito de superfície, legislação ainda
pouco conhecida entre nós, que permite ao proprietário de um terreno conceder seu
uso a um terceiro, que nele poderá construir e ao final do contrato retornar ao dono
original, tornando mais flexível a utilização de terrenos urbanos.

A relação jurídica que se estabelece com a adoção deste direito envolve o dono do
terreno, denominado proprietário, que é o titular da propriedade do solo, e aquele que
adquire o direito de superfície, superficiário.

Como a lei prevê que esta operação pode ser gratuita ou onerosa, ou seja, mediante
um pagamento, neste caso surge a obrigação desta contraprestação, que pode ser
periódica ou não, e denomina-se cânon superficiário.

Nesta relação jurídica surgem direitos e obrigações, tanto do dono do solo como do
superficiário, podendo o primeiro usar o restante do solo, inclusive subsolo e o espaço
aéreo, desde que não interfira na construção superficiária, recebimento do pagamento
acordado e preferência sobre o direito de superfície, sendo recíproca a obrigatoriedade
no caso da aquisição do solo, além de abster-se de qualquer ato que prejudique a
atividade de construção.

Já o superficiário tem o direito de usufruir o solo alheio da maneira que melhor lhe
convier, podendo vender, gravar e até hipotecar o direito de superfície, devendo
56
utilizar o solo de acordo com os fins pactuados, pagar a contraprestação, conservar a
construção e arcar com os tributos e encargos que recaiam sobre a obra superficiária e
sobre o solo.

Como a essência deste direito guarda semelhança com o contrato de aluguel, pode se
tomar uma alternativa vantajosa no mercado imobiliário voltado para locações, uma
vez que a cessão de uso de superfície apresenta vantagens sobre a Lei do Inquilinato,
especialmente no que se refere à garantia que traz aos investidores.

SHOPPINGS - Esse tipo de contrato é muito utilizado por aqueles que são donos dos
terrenos onde os shoppings são instalados. Veja que e o cidadão vende o imóvel ao
shopping por 25 milhões de reais, até pode ser um bom negócio, mas se ele cede o
uso e cobra até o fim da vida 5% do faturamento mensal do shopping a titulo de
contraprestação pelo uso ele ganhará os mesmos 25 milhões em 2 anos e depois
continuará ganhando e, o principal, ele permanece proprietário do imóvel e se o
shopping falir o dono da construção tem duas opções : a) destruir o shopping o que é
muito caro ou b) deixar o imóvel construído sem nada poder reclamar.

Outra coisa muito comum entre shoppings é pagar pelos serviços com cotas. Ex.: a
empresa que vai fazer o sistema elétrico, ao invés de cobrar pelo serviço a empresa
pede 2 cotas. O cara que vai fazer o paisagismo mais 2 cotas e assim vai.

Cotistas sociais: Geralmente são entidades, de reputação ilibada, que gozam de boa
fama social que ganham, por meio de doação algumas cotas. Ex.:: Corpo de
bombeiros, AACD, Exército da Salvação... Porque disso? – Pense no caso do Shopping
Higienópolis. Deu um problema no numero de vagas. No projeto haviam “x” vagas,
mas quando o Ministério Público foi fiscalizar constatou-se que faltavam “w”vagas. Ai
ameaçou-se fechar o shopping. Os cotistas sociais foram em uma reunião com o
Ministério Público e disseram: - Não! Tantos por cento do meu faturamento vem do 57

shopping, se o shopping fechar eu terei que negar atendimento a 500 (número fictício)
criancinhas com câncer por mês. Ai o Ministério Público resolver fazer um TAC (Termo
de Ajustamento de Conduta) e o shopping não fechou evitando-se assim um prejuízo
enorme.

Forma gratuita de cessão de uso de superfície: Veja que hoje há a necessidade de


se dar destinação social ao imóvel, caso negativo o bem sofrerá incidência de IPTU
progressivo e até mesmo desapropriação. Ai o Pedro tem um terreno enorme lá no
centro de SJC e não usa pra nada, está esperando valorizar. Só que ele está pagando
IPTU altíssimo todo mês. O que fazer?  Chama uma AACD da vida é concede o uso
por 20 anos. A AACD vai chamar os colaboradores dela, vão construir um belo imóvel.
Passados os 20 anos o proprietário pode pedir o terreno de volta. Ai como é caro
destruir uma construção, ele ficará com o terreno que nunca deixou de ser seu e com
a construção. Por 20 anos ele não pagou IPTU e ainda respeitou a função social da
propriedade.

26. Demais temas que devem ser objeto de estudo


 Das servidões (arts. 1.378 a 1.389);
 Do usufruto (arts. 1.390 a 1.411) e (arts. 1.689 a 1.693);
 Do uso (arts. 1412 e 1413);
 Da Habitação ( arts. 1.414 a 1.416);
 Do direito do promitente comprador (arts. 1.417 e 1.418);
 Do direito real de laje (arts. 1.510-A a 1.510-E);
 Da Dissolução da Sociedade e do vínculo Conjugal (arts. 1.571 a
1.582) ; 58

 Do Usufruto e da Administração dos Bens de Filhos Menores (arts.


1.689 a 1.693);
 Do bem de família (1.711 a 1.722);
 Do direito das Sucessões (art. 1.784 a 1911);
 Do inventário e da partilha (arts. 1991 a 2.027);
 Do penhor, hipoteca e anticrese (arts. 1.419 a 1.510).

27. Dicas Finais


É muito importante buscar informações legislativas (de modo amplo) em fontes
(sites) oficiais. Evite copiar o texto de lei de artigos jurídicos, sites de notícias,
monografias e afins, tendo em vista a possibilidade dos textos estarem desatualizados.
Dessa forma segue orientação de onde obter as mencionadas informações.
 Legislação Federal: http://www4.planalto.gov.br/legislacao/ ;
 Legislação Estadual: No site da assembléia legislativa do Estado
responsável por àquela lei;
 Leis Municipais: Site ou outro canal existente da câmara de vereadores
municipal;
 Regramento dos cartórios (normas do extrajudicial): No site do Tribunal de
Justiça do estado em que estiver localizado o cartório;
 Normas e resoluções da Receita Federal do Brasil: Buscar junto ao seu site
oficial, a mesma orientação vale para as Secretarias da Fazenda estaduais e
fisco municipal.

Dica de ouro: Quando uma lei é pensada pelo legislador ele explica a motivação
da lei na exposição de motivos. Essa motivação em muitas situações vai te ajudar a
59
entender “o espírito” daquela lei e auxiliar na argumentação de pareceres jurídicos e
ações judiciais. Para encontrar a exposição de motivos procure pelo projeto de lei que

antecedeu a referida lei.

Demais orientações que se fizerem necessárias serão passadas ao longo do curso.


Na próxima aula falaremos sobre prescrição e decadência, institutos de extrema

relevância.

Boa sorte e bons estudos!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Lei de Introdução Geral e Parte Geral. 10. ed. rev. atual.
e aum. São Paulo: Método, 2014. 550 p. v. 1.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Coisas. 6. ed. rev. atual. e aum. São Paulo:
Método, 2014. 606 p. v. 4.

FARIA, Cristiano Chaves de et al. Manual de Direito Civil. 3. ed. rev. atual. e aum.
Salvador: JusPODIVM, 2018. 2201 p

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. 25. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1995.
350 p. v. 1.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. 24. ed. atual. São Paulo:
Saraiva, 1996. 326 p. v. 2.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Dos Contratos e das Declarações unilaterais da


Vontade. 25. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 1997. 400 p. v. 3.

RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Coisas. 24. ed. rev. São Paulo: Saraiva,
1997. 410 p. v. 5.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição Federal. [S. l.: s. n.], 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 18 jun.
2020.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 18 jun. 2020.
61

SAIBA MAIS:
 Leia os julgados que foram encaminhados anexos à este material.

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