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TABELIONATO DE NOTAS

2021

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APRESENTAÇÃO

Prezado Leitor

Os resumos simplificados do REGISTRANDO COM GENTIL objetivam


abordar de maneira simples, didática e direta os principais assuntos
exigidos nos Concursos de Cartório do país!

Após anos de levantamento dos temas mais cobrados nas provas


preambulares de Cartório, selecionamos os pontos mais importantes para o
seu estudo – disciplina por disciplina.

O material apresentado para leitura não esgotará o edital da sua


próxima prova, mas seguramente trará o que será cobrado.

Desejamos uma ótima leitura!!

Equipe Registrando com Gentil

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SUMÁRIO

1 – Princípios..................................................................................................................07

1.1 – Princípio da Legalidade...............................................................................07

1.2 – Princípio da Publicidade..............................................................................08

1.3 – Princípio da Segurança Jurídica...................................................................09

1.4 – Princípio da Autenticidade..........................................................................09

1.5 – Princípio da Independência.........................................................................09

1.6 – Princípio da Imparcialidade.........................................................................10

1.7 – Princípio da Instância ou Rogação...............................................................10

1.8 – Princípio da Territorialidade.......................................................................10

1.9 – Princípio da Veracidade ou fé pública notarial............................................10

1.10 – Princípio da Conservação..........................................................................11

1.11 – Princípio da Autonomia Privada................................................................11

1.12 – Princípio da Economia...............................................................................11

1.13 – Princípio da Prudência ou Prevenção........................................................12

1.14 – Princípio da Imediação..............................................................................12

1.15 – Princípio da Impessoalidade.....................................................................12

1.16 – Princípio da Moralidade............................................................................12

2 – Livros.........................................................................................................................13

3 – Atos típicos...............................................................................................................14

3.1 – Escritura Pública.........................................................................................14

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3.2 – Procuração Pública.....................................................................................14

3.3 – Ata Notarial.................................................................................................14

3.4 – Testamento Público....................................................................................15

3.5 – Inventários, Divórcios e Partilhas................................................................16

3.6 – Atos Notariais Eletrônicos...........................................................................16

3.7 – Abertura e Reconhecimento de firma.........................................................17

3.8 – Autenticação de cópia.................................................................................18

4 – Principais Negócios Jurídicos Lavrados por instrumento Público.............................19

4.1 – Compra e venda..........................................................................................19

4.1.1 – Conceito.......................................................................................19

4.1.2 – Requisitos.....................................................................................19

4.1.3 – Consentimento............................................................................19

4.1.4 – Compra e venda de menor...........................................................19

4.1.5 – Compra e venda de ascendente a descendente...........................19

4.1.6 – Vênia conjugal..............................................................................19

4.1.7 – Aquisição em sub-rogação de bem particular...............................19

4.1.8 – Preço.........................................................................................19

4.1.9 – Objeto..........................................................................................19

4.1.10 – Cláusulas especiais da venda e compra......................................19

4.1.11 – Requisitos fiscais........................................................................20

4.2 – Permuta......................................................................................................20

4.3 – Dação em pagamento.................................................................................20

4.4 – Mandato em causa própria.........................................................................21

4.5 – Doação........................................................................................................21

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4.5.1 – Requisitos volitivos......................................................................22

4.5.2 – Espécies de aceitação...................................................................22

4.5.3 – Requisito fiscal.............................................................................22

4.5.4 – Doação conjuntiva........................................................................22

4.5.5 – Cláusula de reversão....................................................................22

4.5.6 – Doação com encargo....................................................................22

4.5.7 – Revogação da doação...................................................................22

4.5.8 – Cláusulas restritivas de domínio...................................................22

4.6 – Pacto Antenupcial.......................................................................................23

4.7 – Ata Notarial para Usucapião Administrativa...............................................23

4.8 – Diretiva Antecipada de Vontade.................................................................24

4.9 – Instituição e Renúncia de Usufruto.............................................................24

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1 – PRINCÍPIOS

Embora muitos princípios possam se associados à atividade tabelioa,


enumeramos aqui alguns que entendemos ter maior pertinência temática e afinidade
com essa Serventia.

Os princípios são os dogmas que orientam a conduta a ser tomada em


determinada situação. Por serem dogmas, por serem verdadeiros nortes, eles têm mais
importância até do que a norma ou regra jurídica a ser analisada.

Eles não se confundem com as normas, mas podem ser evidenciados por elas.
Os princípios podem ser implícitos (não escritos) ou expressos.

São preceitos fundamentais, são a razão de ser das normas jurídicas.

O Tabelião é um agente duplo. Ao mesmo tempo em que atua como agente


estatal, ele busca a realização do interesse do particular. Ele é o Estado a serviço privado.

Analisaremos os elementares princípios notariais adiante, mas temos que ter em


mente os pilares da atividade: segurança jurídica e profilaxia. A profilaxia pode ser
traduzida como prudência, o cuidado que o Tabelião deve ter para que aquele caso não
vire um litigio.

A prevenção de litígios, um verdadeiro juiz para os tempos de paz, é uma das


melhores traduções para a atividade notarial.

Em sua atividade são utilizados tantos seus princípios próprios (princípios


típicos), quanto princípios decorrentes de outras áreas (princípios atípicos), como da
Administração Pública, do Direito Privado e do Direito Registral.

1.1 – Princípio da Legalidade

Significa agir conforme a lei e fiscalizar seu cumprimento nos atos em que
instrumentaliza.

Ele deve agir no estrito cumprimento de suas competências previstas na Lei


8.935/1994.

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Como desdobramento do princípio da legalidade, está o dever de informação,


que obriga o Tabelião a informar e esclarecer os usuários sobre as leis e normas
incidentes sobre o caso.

O Tabelião, no âmbito da qualificação notarial, pratica os atos em conformidade


com a lei. Além disso, deve fiscalizar o seu cumprimento, orientar as partes, e escolher
a melhor forma de instrumentalizar os atos.

O Notário está adstrito à legalidade, mas seus atos podem não estar tipificados,
em respeito ao princípio da autonomia privada. Assim, o Tabelião não está restrito aos
atos e/ou contratos tipificados em leis e códigos, e pode formalizar atos e negócios
atípicos.

Para o Tabelião de Notas, o princípio da legalidade consiste em praticar atos não


proibidos pela lei, e agir em consonância com o ordenamento legal e normativo vigente.

1.2 – Princípio da Publicidade

Embora regido pelo princípio da publicidade, o Tabelião de Notas deve guardar


sigilo sobre as questões a ele levadas pelos usuários, no exercício de sua atividade, pois
ainda que sejam lavrados os instrumentos públicos, o direito à intimidade e à vida
privada devem ser preservados.

O fato de ser um ato público, em primeiro plano, diz respeito à forma pública,
uma solenidade exigida por lei ou convenção das partes. Isso decorre da aposição da fé
pública ao ato.

Mas a publicidade pode ter como significado o ato ser de conhecimento de


todos, dizendo respeito ao efeito do ato, e isso pode ser mitigado, em virtude do direito
à privacidade.

Hoje se discute se devemos condicionar esse princípio à intimidade e vida


privada das pessoas. Temos como grande exemplo de exceção a essa publicidade
irrestrita a possibilidade, em SP, de se emitir certidão de um Testamento Público
somente com apresentação da certidão de óbito ou autorização do Testador.

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1.3 – Princípio da Segurança Jurídica

O ato lavrado pelo Tabelião carrega o peso da segurança jurídica, pois traz
consigo a fé pública do notário.

Os atos notariais geram certeza jurídica e autenticidade, sobre seu conteúdo e


sua publicidade.

O ato precisa ter uma qualificação notarial eficaz para gerar a segurança jurídica
pretendida.

A segurança é o meio e o fim dessa atividade. É um verdadeiro pilar de


sustentação da atividade. Ele engloba tanto a melhor orientação quanto ao negócio
quanto aos tributos incidentes.

Ele deve alertar as partes de todos os prováveis desdobramentos do ato, seus


riscos e efeitos.

1.4 – Princípio da Autenticidade

Confere a certeza do conteúdo dos atos notariais e dos dados fornecidos pelo
Tabelião.

Com a lavratura, temos a presunção de autenticidade, verdade e validade de seu


conteúdo.

1.5 – Princípio da Independência

Significa que o Tabelião goza de independência funcional e jurídica, possui


liberdade decisória, a qual será pautada pela legalidade, ou seja, está condicionado ao
cumprimento da ordem jurídica no desempenho de suas funções.

O Notário realiza a qualificação registral de maneira independente,


fundamentada em seu conhecimento jurídico e na prudência.

Esse princípio também diz respeito à administração e organização da Serventia,


desde que siga os regramentos legais e normativos.

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1.6 – Princípio da Imparcialidade

Ao praticar os atos funcionais, o Notário não pode atender seus interesses


pessoais, tampouco defender os interesses de uma das partes.

Deverá atuar com imparcialidade em relação a todos os entes envolvidos. E,


muito embora o tabelião possa ser procurado por uma das partes, deverá zelar pelo
interesse de todas, orientando sobre os efeitos do ato que pretendem realizar.

Desse princípio decorrem os impedimentos e as obrigações funcionais, como o


sigilo, o segredo profissional, etc.

O Tabelião deve se recusar a redigir atos que imponham excessos a um dos


usuários.

Ele é o terceiro imparcial, de confiança das partes, ele é o defensor do ato


jurídico, assessorando todas as partes, e nenhuma em especial.

1.7 – Princípio da Instância ou Rogação

O Tabelião não age de ofício. A prestação de seu serviço depende de um pedido,


ou seja, ele deve ser provocado e procurado pela parte interessada.

1.8 – Princípio da Territorialidade

Embora a escolha do tabelião seja livre para as partes, esse só pode atuar dentro
da delimitação territorial para a qual recebeu a delegação.

O respeito a esse princípio é obrigatório e tem uma ligação direta e estreita com
o princípio da legalidade.

1.9 – Princípio da Veracidade ou fé pública notarial

Pressupõe-se que tudo que consta no ato notarial é formal e materialmente


verdadeiro.

Para desconstituir um ato, ou imputá-lo não verdadeiro, será preciso prova em


contrário.

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A presunção de veracidade, assim, é relativa.

A fé pública notarial tem o condão de inverter o ônus da prova, tem uma


presunção legal, fazendo prova não apenas de sua formação, mas também dos fatos no
ato declarados.

1.10 – Princípio da Conservação

Refere-se à manutenção permanente de livros e papéis, do acervo da serventia,


constituindo um acervo público e perpétuo.

Sendo perpétuo, deve ser mantido indefinidamente, ainda que cancelado ou


anulado.

Nesse contexto, também se enquadram os acervos eletrônicos de documentos.

Existem regras quanto ao descarte de documentos, classificadores obrigatórios,


digitalização, etc., mas o acervo principal (livros) tanto físicos quanto eletrônicos são
perpétuos, não podem ser descartados.

1.11 – Princípio da Autonomia Privada

Para instrumentalizar a vontade das partes, ao Tabelião é permitido realizar


todos os atos que a lei não proíba.

Esse princípio traduz a liberdade negocial ou contratual das partes.

Ele deve formalizar a vontade das partes de acordo com a ampla liberdade
contratual, que é base do Estado Democrático de Direito.

1.12 – Princípio da Economia

O Tabelião deve escolher a melhor forma de traduzir a vontade das partes para
o ato notarial. E também procurar fazê-lo de forma que gere menor custo para o usuário.

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1.13 – Princípio da Prudência ou Prevenção

A prevenção de litígios é função primordial à atuação do notário.

Embasado na prudência, ele deve praticar os atos com cautela, informando as


partes e agindo para garantir a segurança jurídica.

1.14 – Princípio da Imediação

Como se encontra próximo das partes (imediato) o Tabelião conseguirá traduzir


de forma mais adequada à vontade delas ao instrumento notarial.

Esse principio está presente na coleta da vontade das partes, mesmo que seja
por meio de seus prepostos, que agem em nome do Notário.

1.15 – Princípio da Impessoalidade

O Tabelião não pode praticar pessoalmente qualquer ato de seu interesse,


conforme consta no artigo 27 da Lei 8.935/1994.

Art. 27. No serviço de que é titular, o notário e o registrador não poderão praticar,
pessoalmente, qualquer ato de seu interesse, ou de interesse de seu cônjuge ou de
parentes, na linha reta, ou na colateral, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau.

1.16 – Princípio da Moralidade

O Tabelião deve agir e demonstrar sua boa-fé nos atos que pratica. Além de
embasamento na lei, deve fundamentar na moral e na ética sua atuação.

É dever do Tabelião proceder de forma a dignificar a função exercida, tanto nas


atividades profissionais, como na vida privada.

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2 – LIVROS

Ao contrário das outras Serventias Extrajudiciais, o Tabelião de Notas possui um


livro único, onde são lavrados os atos no Cartório.

Esse livro contêm todas as manifestações de vontade para as quais o tabelião


conferiu fé pública.

São os chamados atos protocolares.

Lembramos também que, de acordo com o provimento 100 do CNJ, os atos


notariais também podem ser feitos em ambiente eletrônico, mas, por enquanto,
continua a necessidade de trasladar o ato eletrônico no livro notarial.

Existem ainda livros que compõem o acervo da Serventia, mas não dizem
respeito ao ato notarial propriamente dito.

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3 – ATOS TÍPICOS

3.1 – Escritura Pública

É o instrumento público lavrado pelo Tabelião ou seu preposto, no livro de notas,


onde são manifestadas as vontades a respeito dos atos jurídicos ou declarações de
vontade características dos negócios jurídicos para os quais as partes queiram ou devam
dar forma pública.

Para os negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação


ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior
salário mínimo vigente no País, a Escritura Pública é elemento essencial do negócio
jurídico.

3.2 – Procuração Pública

Procuração é o instrumento que confere poderes de representação pelo


mandante a alguém. É um instrumento redigido independente da anuência do
procurador.

Ela deve detalhar os poderes para o desempenho. Em regra tem forma livre, mas
pela atração das formas, para assinatura de um instrumento público, a procuração
também deve ser pública.

Os poderes devem ser especiais e expressos, caso extrapolem os poderes de


administração.

3.3 – Ata Notarial

Ata Notarial é o instrumento público apto para o registro de fatos jurídicos, onde
o Tabelião capta por seus sentidos uma determinada situação. Ela consiste em traduzir
para o documento público fatos naturais ou voluntários constatados pelo notário de
forma precisa e segura.

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Ele constitui verdadeiro meio de prova incontroverso. Ela é lavrada a pedido do


solicitante, narrando os fatos percebidos pelo Tabelião, sem que esse faça qualquer
julgamento de valor.

Seu objeto é um fato jurídico captado pelos sentidos do notário, e transcrito em


seu livro. É mera narração, sem alterações, interpretações ou valorações.

Neste instrumento precisa constar a data da constatação dos fatos e a data da


lavratura do ato, que não precisam ser coincidentes.

O tabelião pode usar fotos, vídeos para instrumentalizar essa constatação. Essas
fotos podem ser apostas na própria ata, ou podem seguir em arquivamento apartado.

A ata notarial é um excelente mecanismo de prevenção de litígios, pois fundada


na objetividade do tabelião, consegue instrumentalizar as provas necessárias para a
garantia de um direito.

Ela é o instrumento público para registro dos fatos jurídicos.

Ela se diferencia da Escritura Pública na medida em que não contem uma


manifestação de vontade propriamente dita, mas a constatação de fatos pelo Tabelião.
A manifestação de vontade não é dirigida ao Tabelião, se ela houver, ele é apenas sua
testemunha ocular.

Ela não tem o condão de constituir direitos ou obrigações, mas sim de preservar
os fatos no tempo, para prova futura.

3.4 – Testamento Público

Testamento é o ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com a lei,


dispõe, no todo ou em parte, do seu patrimônio, para depois da sua morte.

Testamento público é aquele confeccionado por Tabelião, ficando conservado


no arquivo da Serventia.

Ele é lavrado respeitando as solenidades e formalidades legais, sendo que o


tabelião instrumentaliza a vontade do testador. É proibido o testamento conjuntivo, seja
simultâneo, recíproco ou correspectivo.

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3.5 – Inventários, Divórcios e Partilhas

Com o advento da lei 11.441/2007 os atos de Inventário, Separação, Divórcio e


Partilha passaram a ter a possibilidade de serem instrumentalizados por Escritura
Pública. É facultada aos interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial.

Desde que os pressupostos estejam atendidos: consensualidade, presença de


advogado, inexistência de menores ou incapazes, etc. É vedada ao tabelião a indicação
de advogado às partes

Essa Escritura é título hábil à transferência patrimonial, à averbação da alteração


de estado civil e à transmissão junto ao registrador imobiliário. Ela não depende de
homologação judicial.

No Inventário extrajudicial é livre a escolha do tabelião de notas, não se


aplicando as regras de competência do Código de Processo Civil. A existência de
credores do espólio não impedirá a realização do inventário e partilha, ou adjudicação,
por escritura pública. Também é admissível inventário negativo por escritura pública.

Ainda quanto ao Inventário, é vedada a lavratura de escritura pública de


inventário e partilha referente a bens localizados no exterior. Quanto à existência de
testamento, pela resolução 35/CNJ não pode lavrar. Normas de SP autorizam. Decisão
do STJ também permite - REsp nº 1808767 / RJ (2019/0114609-4)

3.6 – Atos Notariais Eletrônicos

Tendo em vista a necessidade de regulamentar a implantação do sistema de atos


notariais eletrônicos, de modo a conferir uniformidade na prática de ato notarial
eletrônico em todo o território nacional, CNJ editou o provimento 100/2020, que rege
essa matéria.

Criou-se um sistema de interligação dos notários, para videoconferência e


assinatura eletrônica à distância, revolucionando o sistema notarial atual, e trazendo
um grande avanço na prestação do serviço.

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3.7 – Abertura e Reconhecimento de firma

A pessoa física, alfabetizada, em regra, pode abrir firma apresentando seu


documento de identificação, e, se for o caso, o número do CPF. O documento de
identificação deve ser apresentado no seu original e em bom estado.

Ao abrir a firma do interessado, o Notário deve zelar pela validade do ato,


verificando a sua capacidade, mediante análise dos documentos de identificação e da
chamada capacidade natural, ou seja, deve verificar se o interessado tem efetiva
consciência do ato que pratica e de todas as suas consequências.

Reconhecer firma é certificar a autoria de uma assinatura, conforme ficha padrão


depositada na Serventia Extrajudicial. O reconhecimento da assinatura pode ser feito
por comparação entre a assinatura lançada no documento e a do cartão de assinaturas
depositado na serventia (por semelhança) ou por autenticidade, que comprova o
comparecimento do signatário perante o tabelião, e que este assinou na sua presença.

É ato do Tabelião ou seu preposto que verifica os traços distinguíveis da firma


(assinatura) aposta no documento.

Caso o interessado seja semi-alfabetizado e saiba assinar seu nome, poderá


solicitar a abertura da ficha de firma. De acordo com o caso concreto, poderá o Notário
preencher os dados do interessado na ficha de firma, certificando essa circunstância.

Se o interessado for analfabeto, não será possível a abertura da sua ficha de


firma.

É crime o falso reconhecimento de firma (art.300, CP): “Reconhecer, como


verdadeira, no exercício da função pública, firma ou letra que não o seja: Pena –
reclusão, de um a cinco anos, e multa, se documento é público; e de um a três anos, e
multa se o documento é particular”. A responsabilidade penal é individualizada, ou seja,
caso o escrevente pratique o ato, ele mesmo responderá criminalmente por isso.

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3.8 – Autenticação de cópia

Autenticação é o ato notarial extraprotocolar, ou seja, feito fora do livro, por


meio do qual se atesta que determinada cópia foi feita a partir do original apresentado
na Serventia, documento público ou particular. Ela é extraída de forma reprográfica e
certificada pelo Notário que é fiel e idêntica ao original.

Autenticação de cópia é o ato notarial que tem por finalidade declarar que a
cópia de um determinado documento é idêntico ao seu original.

O ato deve ser realizado criando uma vinculação entre o selo, a chancela ou o
carimbo e a cópia, impedindo fraudes na reutilização do selo ou no reaproveitamento
da autenticação para outro ato. Nesse sentido, a assinatura do Notário que verificou a
regularidade do ato deve ser colocada de modo a integrar o selo, carimbo ou etiqueta e
a cópia autenticada, sem impedir a leitura do número do selo e a identificação de quem
está praticando o ato.

Não há prazo estabelecido para a prática do ato de autenticação. O titular e seus


prepostos devem ter em mente que o serviço deve ser prestado de modo eficiente e
adequado, respeitando os ditames dos artigos 1º e 4º da Lei 8.935/1994.

Em regra a autenticação é feita na hora da apresentação do original no balcão da


serventia, mas, em alguns casos, como por exemplo no caso de um volume muito grande
de documentos, pode ser entregue em momento posterior.

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4 – PRINCIPAIS NEGÓCIOS LAVRADOS POR INSTRUMENTO PUBLICO

4.1 – Compra e venda

4.1.1 – Conceito – nos termos do art. 481 do Código Civil, a compra e venda é o
negócio jurídico em que um dos contratantes se obriga a entregar uma coisa e o outro
se obriga ao pagamento do preço, em dinheiro.

4.1.2 – Requisitos – preço, objeto, consentimento.

4.1.3 – Consentimento – pessoal, representação e legitimação.

4.1.4 – Compra e venda de menor – depende de alvará judicial.

4.1.5 – Compra e venda de ascendente a descendente – depende de anuência


dos demais descendentes e do cônjuge.

4.1.6 – Vênia conjugal – regra para atos de alienação e oneração de bens


particulares, exceção para o regime da separação absoluta de bens.

4.1.7 – Aquisição em sub-rogação de bem particular – exige indicação da causa


da exclusão da comunhão e anuência do cônjuge excluído.

4.1.8 – Preço – é a prestação da parte que adquiriu o bem, sendo que somente
com a sua existência configura-se o contrato, sob pena de desnaturar-se em um ato
de liberalidade. O preço tem requisitos para sua existência válida, devendo ser
determinado ou determinável, sério, real e idôneo, em dinheiro.

4.1.9 – Objeto – o bem imóvel, devidamente caracterizado, segundo a


especialidade objetiva e seguindo as regras que se aplicarem a cada espécie, podendo,
quanto à localização e ao cadastro, ser urbano ou rural, público ou particular, objeto de
empreendimento imobiliário da Lei 4.591/1964 ou da Lei 6.766/1979.

4.1.10 – Cláusulas especiais da venda e compra:

Retrovenda – é uma cláusula que confere ao vendedor o direito de readquirir


o imóvel, a seu exclusivo critério, dentro do prazo máximo de 3 anos. Para tanto,
deverá restituir ao comprador o preço pago e todas as despesas efetivadas.

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Preempção – é uma cláusula que obriga o comprador, que pretende vender


ou dar em pagamento o bem, a oferecê-lo antes ao vendedor, que terá direito de
preferência em adquiri-lo, nas mesmas condições propostas ao terceiro interessado

Distrato da venda e compra – aplicam-se as mesmas regras do contrato. O


distrato ou resilição é forma de extinção do contrato, não necessariamente pelo seu
descumprimento, mas sim pela simples vontade das partes. O distrato de uma compra
e venda é considerado uma resilição bilateral em que todas as partes que participaram
do negócio original retornam e celebram o distrato.

Venda e compra com cláusulas restritivas – possível apenas em caso de doação


modal, ou seja, doação do numerário e aquisição do bem imóvel no mesmo ato. Exige a
qualificação do ITCMD da doação do numerário e do ITBI da compra e venda do imóvel.

Compra e venda bipartida – admitida a aquisição de nua-propriedade e


usufruto bipartidos, não se considerando alienação indevida do usufrutuo uma vez que
ele se constituiu no ato.

4.1.11 – Requisitos fiscais – incide tributo em favor do Município.

4.2 – Permuta

A permuta é o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa em troca
de outra, não havendo como requisito principal a entrega de dinheiro. Quando a troca
de um bem por outro não se equivale em valores, ainda se considera permuta com
reposição em dinheiro.

A qualificação é semelhante à de uma compra e venda.

4.3 – Dação em pagamento

A dação em pagamento não é um contrato, mas forma de pagamento de um


contrato, em prestação diversa da devida originariamente, que resulta na extinção da
obrigação. Apesar de não ser um contrato propriamente dito, trata-se de um negócio

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jurídico bilateral, uma vez que somente admite-se a dação em pagamento se houver
aceitação do credor.

A qualificação é semelhante à de uma compra e venda.

4.4 – Mandato em causa própria

O mandato em causa própria pode ser utilizado como título de transmissão do


domínio para o mandatário, se contiver todas as regras legais exigidas para o negócio
jurídico nele celebrado.

Deve-se observar a regra do art. 108 do Código Civil.

O falecimento do mandante não extingue o mandato, não sujeitando o bem à


partilha.

O mandato em causa própria é irrevogável. Uma vez que se trata de negócio


bilateral, somente poderia ser objeto de revogação se procedida por todas as partes.

A alteração do estado civil não extingue o mandato, uma vez que o ato de
transmissão já se aperfeiçoou.

Será devido tributo, correspondente ao ato que for objeto do negócio, se


oneroso o ITBI, ou se gratuito o imposto ao Estado.

O mandatário pode celebrar o ato consigo, ou pode também utilizar o título para
celebrar negócio com outrem, utilizando o mandato como simples instrumento de
representação.

4.5 – Doação

Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere


do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.

Além dos requisitos próprios da doação (ânimo de doar, aceitação em receber e


a transferência de um bem), devem ser observados os demais requisitos narrados
quanto à disponibilidade e existência jurídica do bem imóvel objeto da doação, as regras

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de capacidade civil das partes, bem como a forma prescrita em lei, ou seja, os requisitos
de constituição de um negócio jurídico válido.

4.5.1 – Requisitos volitivos:

Doador – ânimo de doar

Donatário – aceitação

4.5.2 – Espécies de aceitação – expressa, tácita, presumida e ficta.

4.5.3 – Requisito fiscal – incide tributo em favor do Estado.

4.5.4 – Doação conjuntiva – realizada a mais de uma pessoa. Se marido e mulher,


incide a regra do parágrafo único do art. 551 do CC: na morte de um donatário, é
atribuído o imóvel por inteiro ao donatário sobrevivo.

4.5.5 – Cláusula de reversão – trata-se de uma cláusula resolutiva que pode ou


não ser inserida em um contrato de doação, que favorece o doador, quando este
pretende exercer o seu ânimo de doar tão somente ao donatário e não a seus herdeiros,
uma vez que, se o donatário vier a falecer antes do doador, o bem retorna ao patrimônio
do doador.

4.5.6 – Doação com encargo – doação chamada de onerosa que é aquela que
impõe uma incumbência ao donatário. Não se trata de mera liberalidade, mas sim de
uma liberalidade condicionada à prática de determinado ato ou até um comportamento
pelo donatário.

4.5.7 – Revogação da doação – a revogação da doação é utilizada pelo Código


Civil em duas situações: no caso de ingratidão do donatário e no caso de inexecução do
encargo (art. 555 do CC). Se se pretende retornar o bem ao doador, pela vontade do
donatário, deve ser celebrado um distrato.

4.5.8 – Cláusulas restritivas de domínio – são três espécies de cláusulas ou atos


de liberalidade: inalienabilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade. A
inalienabilidade é a mais gravosa das cláusulas, sendo que, se imposta somente ela, seus
efeitos importam também a incomunicabilidade e a impenhorabilidade do bem. A

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inalienabilidade retira da propriedade o atributo da disponibilidade, impossibilitando


o proprietário de alienar ou onerar o imóvel, inclusive a alienação forçada, por isso
abrange a impenhorabilidade. A impenhorabilidade gera a limitação à penhora do
bem, não podendo este ser objeto de execução por dívidas de seus proprietários,
cabendo, no entanto, algumas exceções legais e jurisprudenciais. A incomunicabilidade
faz com que o bem adquirido não se comunique com o atual ou futuro cônjuge do
beneficiário, mesmo que o casamento tenha sido realizado pelo regime da comunhão
universal de bens.

4.6 – Pacto Antenupcial

Contrato solene por meio do qual os nubentes escolhem seu regime de bens no
casamento.

O instrumento público é obrigatório, e deve ser levado ao Oficial de Registro Civil


das Pessoas Naturais onde está sendo processada a habilitação.

O pacto antenupcial é documento essencial para o exercício do direito de escolha


do regime de bens. É por meio dele que se possibilita a liberdade de escolha dos
nubentes, e é o instrumento para exercício da autonomia da vontade nesses casos.

Pacto antenupcial é o contrato realizado antes do casamento pelo qual os


nubentes escolhem o regime de bens que adotarão. É um contrato solene, depende de
escritura pública, sob condição suspensiva, uma vez que o pacto só terá valor com a
realização do casamento, caso contrário não terá valor algum.

4.7 – Ata Notarial para Usucapião Administrativa

Esse tipo de ata notarial é lavrada pelo Tabelião de Notas na qual comparece o
usucapiente, testemunhas da posse e são apresentados documentos. Essa ata irá
instruir o procedimento perante o Registrador de Imóveis, e ele quem decidirá sobre a
regularidade ou não da prescrição aquisitiva.

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________________________________________________________TABELIONATO DE NOTAS

4.8 – Diretiva Antecipada de Vontade

Esse instrumento tem natureza jurídica de Escritura Declaratória, pois trata de


disposições que devem ser cumpridas em vida.

É um negócio unilateral, personalíssimo, gratuito e revogável, e que tem como


principal característica influir na conduta médica, na forma de tratamento quando a
pessoa não for capaz de expressar sua vontade.

4.9 – Instituição e Renúncia de Usufruto

A reserva ou a instituição de usufruto podem ser feitas pelos proprietários do


bem.

A instituição ocorre quando o proprietário transmite o direito real a outra


pessoa.

A reserva ocorre na hipótese de alienação do bem com manutenção do usufruto


em nome do proprietário, com poderes de uso e gozo do bem.

A lei veda a alienação do usufruto, mas autoriza a cessão de seu exercício por
título gratuito ou oneroso.

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