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Direito das Coisas

Resumo das Aulas – AB1


Amanda Maranhão Lages de Brito
Introdução

1. Conceito
→ O direito das coisas é uma parte do direito civil (ou seja, se preocupa com relações “em pé de igualdade”) que trata
de relações cujo objeto é uma coisa (OBS: lembrando que “coisa” é o gênero do qual “bem” é espécie).
→ O direito real tem como fundamento a “coisa”, se a coisa sumir/desaparecer/for destruída este direito desaparece
(no máximo permanece o direito à reparação).
→ Ou seja, o elemento de existência da relação é a coisa (res); a coisa não é mero elemento complementar,
mas sim a essência da relação.

2. Abrangência
→ O direito real é o que afeta a coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos (sob todos os
respeitos, se é o domínio; sob certos respeitos, se é um direito real desmembrado do domínio, como a servidão por
exemplo), e a segue em poder de quem quer que a detenha; em outras palavras o direito real consiste no poder
jurídico, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos.
→ O este direito se caracteriza por ser numerus clausus, estando consubstanciado no art. 1.225 do CC/02
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
[...] XIII - a laje. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

→ O direito das coisas se realiza em função praticamente de dois institutos, quais sejam a posse e a propriedade.
→ OBS: direito sobre a coisa (estabelece uma relação entre o sujeito e a coisa) ≠ direito pessoal (relação jurídica pela
qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação, é uma relação de pessoa a pessoa)
→ O direito pessoal tem, como elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação. Os direitos reais
têm, por outro lado, como elementos essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a relação ou poder do sujeito sobre
a coisa, chamado domínio.

3. Estado Social → Personalização do Direito Civil → Direitos Reais Sociais → Função da Propriedade
→ Antigamente, no início da humanidade, os homens não possuíam vínculo com a terra que ocupavam;
→ Inicialmente como nômades eles não se “apegavam” à posse e propriedade (ou seja, o homem não possuía nenhum
território como “seu”) e, somente em momento posterior, com a criação do Estado, é que ele que passou a ser
detentor de propriedade.
→ Em seguida, a sociedade Roman, estabeleceu o direito sobre a terra, configurando o poder familiar, político e
religioso. Ela trouxe consigo diversos princípios, tais como o poder dissoluto da propriedade.
→ O sistema feudal, produto do enfraquecimento das raças conquistadas, introduziu no regime da propriedade do
direito romano, no entanto, profundas alterações, “consequências naturais da necessidade de apoiar no solo a
dominação dos senhores sobre as míseras populações escravizadas”;
→ Com a Revolução Francesa instala-se, nos sistemas jurídicos, uma propriedade com características fiéis aos
princípios individualistas. Considerava-se até mesmo legítima a possibilidade de o proprietário abusar do seu direito
de propriedade.
→ Gradativamente, porém, essa concepção egoística e individualista foi-se modificando, passando a ser enfocado com
mais frequência o aspecto da função social da propriedade. Com o advento do Estado Social, a sociedade busca
arraigar valores do socialismo em seu centro; Restrições foram impostas à onipotência do proprietário, proclamando-
se o predomínio do interesse público sobre o privado.
→ O direito, por sua vez, passou a ter como centro o homem. Com isso houve uma flexibilização dos direitos
reais, que agora buscam uma face mais social. A propriedade passou a ter uma função social, ou seja, ela não
é mais instransponível, deve observar os direitos individuais e do Estado.
→ Nessa linha, o Código Civil de 2002 proclama:
Art. 1.228, § 1º. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e
sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das
águas.

5. Fundamentos/Princípios Constitucionais dos Direitos Reais


a) Dignidade da Pessoa Humana: o direito na visão da função social é visto como um objeto para atender o ser humano
e não o inverso (o humano que serve o direito), ele deve criar meios para manter a dignidade da pessoa;
b) Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa: nosso sistema democrático estabeleceu que todos tem direito de
possuir e desenvolver a propriedade privada, bem como todos podem exercer o pleno direito sobre sua propriedade
(respeitando sempre os limites sociais e direitos alheios, claro, ex: respeitando o meio ambiente);
c) Solidariedade Social: é um princípio de identidade humana; este princípio que garante o mantenimento da
sociedade;
d) Garantia da Propriedade Privada: todos tem direito intransponível à sua propriedade (lembrando que há situações
de relativização deste direito);
e) Liberdade da Atividade Econômica: todos tem direito de produzir
f) Função Social da Propriedade: em sentido estrito é dar uma finalidade social à propriedade
g) Defesa do Meio Ambiente: atualmente é algo inerente à todo o direito real
h) Repressão do Abuso do Poder Econômico: a liberalidade para produção não pode abusar do poder econômico

6. Natureza Jurídica dos Direitos Reais


a) Teoria Realista: diz que a relação de direito real se dá entre o sujeito e a coisa;
b) Teoria Personalista: entende que o direito se dá entre sujeitos (e exclui a coisa), o direito é imposto a um alter;
c) Teoria Eclética: compreende as outras duas teorias. Entende que o Direito Real tem duas faces, uma interna e outra
externa.
→ Face Interna: estabelece o tipo de relação que terá de acordo com a face externa, estabelece o que a coisa
é para o sujeito, a partir da coisa (ex: se tem posse, propriedade, uso sobre a coisa...). É uma definição da
relação. “Define o papel de cada um”.
→ Face Externa: impõe os limites que a sociedade tem sobre sua coisa. É a exposição da relação para o alter.

7. Objeto dos Direitos Reais → Coisas


→ As coisas são objeto da relação.
→ OBS¹: seres humanos já foram objeto de direito real (escravos), porém hoje não há mais essa possibilidade.
→ OBS²: há uma grande discussão acerca da natureza jurídica dos animais, porém, ate o momento, eles são “coisas”
para o direito (portanto são objeto dos direitos reais).

8. Classificação dos Direitos Reais


→ Existem diversas classificações, essas são as principais para o professor:
a) Sobre a Própria Coisa X Sobre coisas Alheias: o direito sobre a própria coisa é um direito sobre algo que é seu. Ex:
posse, propriedade e etc. Já o direito sobre coisa alheia, o nome já diz, se dá sobre coisas que pertencem a outras
pessoas. Ex: Contrato de locação, usufruto e etc.
b) Direito Mobiliário X Imobiliário: Mobiliário recai sobre coisas móveis; Imobiliário, sobre coisas imóveis.
c) Direitos Principais X Acessórios: em regra, os direitos reais são principais, ou seja, eles existem sozinhos, ex: direito
de propriedade; porém eles podem ser acessórios a outras relações do direito, e se a relação desaparecer o direito
real desaparece também, ex: hipoteca (é uma garantia sobre outra coisa).

9. Elementos que Caracterizam os Direitos Reais


a) Direito de Preferência: é a condição que um titular de direito real tem de prioridade sobe a retomada ou busca do
bem sobre a qual se tinha o direito. Quem tem o bem como garantia, por exemplo, possui o direito prioritário sobre
ele.
b) Direito de Sequela: quem tem direito real tem o direito de persegui-lo e mantê-lo. Direito de persecução do bem,
de reivindicá-la (ação real). Ex: alguém que está invadindo minha terra, eu posso proteger minha terra com meios
proporcionais.
c) Eficácia Absoluta: o direito real se impõe erga omnes, ou seja, à todos.
d) Tipicidade: o direito real não admite institutos criados, seus institutos são estritamente previstos em lei.
e) Exclusividade: é relativo. Porém, em regra, cada bem só pode pertencer a um sujeito em cada tempo.
f) Especificação/Especialização: é a determinação específica do bem. A coisa sobre a qual incide meu direito real tem
que ser especificada, ex: carro de chassi tal, placa tal, modelo tal, cor tal.

* (LIVRO) 10. Obrigações propter rem ou mistas ou hibridas


→ Obrigação propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão
da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. É o que ocorre, por
exemplo, com a obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a segurança, o
sossego e a saúde dos vizinhos (CC, art. 1.277).

Aula (26/11)
Posse

→ A posse é um dos institutos mais importantes dos direitos reais, ela, junto com a propriedade e com a detenção.
Eles se apresentam na grande maioria das situações de direito real, inclusive servem como base para os demais
institutos.

1. Estado da Aparência e Posse


→ Para tratar da posse temos que ter em mente que o direito se propõe à regular além das situações de direito,
também as situações de fato. Ou seja, regula os efeitos de uma situação e não necessariamente a estabelece.
→ O estado de posse é um “estado de aparência”, para se consubstanciar somente precisa estar aparente; “ser visto”.

2. Propriedade (direito) x Posse (fato)


→ É diferente a posse e a propriedade, elas podem ser iguais ou não.
→ A propriedade é ume estado jurídico, ela é estabelecida pelo direito. É diferente da posse que é estado de fato.

3. Conceito de Posse
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade.
→ Desse conceito podemos inferir que a propriedade é “maior”, ou seja, na “propriedade” insere-se a posse.
→ Quais seriam esses poderes? A propriedade confere três expressões de direito de domínio, são elas:
→ Jus Fruendi: direito de fruir, gozar (auferir ganho)
→ Jus Utendi: direito de usar (poder usar a vontade)
→Jus abutendi: direito de disposição, só quem tem é proprietário; é o direito de poder alienar, desfazer,
dispor do domínio e etc.
→ Quando falamos de posse, a doutrina e a jurisprudência dizem que apenas são conferidos os direitos de uso e gozo,
não há o direito de dispor. Ex: inquilino, arrendatário, comodatário, não possuem o direito de dispor.
→ Para exercer a posse não é necessário estar com o bem ou sobre ele; ex: agropecuarista que arrendou os terrenos
dos vizinhos para impedir a concorrência na região.

4. Elementos do Conceito de Posse


a) Corpus: é a exteriorização da posse; o domínio direto (detenção física) ou o domínio indireto. É o exterior.
b) Animus → Animus Possessionis: é o comportamento, o sentimento que demonstra posse; expressão anímica. É o
interno, “a alma”.

5. Teorias da Posse
5.1. Objetiva – Ihering
→ Afectio Tenendi (ou seja, finalidade econômica)
→ Proteção da propriedade
→ Para Ihering, o que importa é a finalidade econômica do bem, o afectio tenendi é que define se a pessoa
tem posse ou propriedade. A posse se aufere através dos poderes.

5.2. Subjetiva – Savigny


→ Corpus + Animus
→ Paz Pública
→ Esta teoria esta lastreada na ideia Kantiana da Paz social. Ou seja, porque se estabelece a posse? Para
manter a paz, estabilizar o sistema, estabilizar a sociedade. A ideia de posse, portanto, se aufere tão somente
através do animus e do corpus.

6. Detenção
→ Conceito ≠ Posse
→ O detentor é aquele que exerce a posse em nome de outrem. É o chamado “servidor da posse”.
→ ATENÇÃO: Cuidado para não confundir a posse com a detenção. A detenção está abaixo da posse. O detentor é
aquele que retém a coisa, mas não pode exercer nenhum direito em próprio nome, apenas exerce direito em nome
de outro; ele não pode exercer nenhum dos poderes de propriedade.
→ Ex: caseiro, motorista, transportadora, depositário...
→ Há discussão acerca daquele que furta/rouba a coisa. Alguns dizem que quem furtou/roubou não teria
posse mas sim detenção. Porém é uma discussão controversa, majoritariamente acredita-se que ele detém
posse injusta/violenta/precária.

6.1. Fâmulo da Posse


Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
→ O fâmulo da posse é o detentor.
→ Enquanto o detentor é o “fâmulo da posse”, ele não pode adquirir posse (ex: não pode usucapir o bem).

7. Objeto da Posse
→ Coisas e Direitos
→ Em regra a gente fala da posse sobre as coisas, porém os direitos podem ser objetos de posse; aqueles direitos que
podem ser equiparados à coisas, ex: cártulas, ações, direitos de propriedade

8. Natureza Jurídica
→ Há diversas correntes que determinam a natureza jurídica da posse, alguns dizem ser um estado de fato, outros
que é um estado iminentemente jurídico. Por fim há quem diga que a posse é um estado de fato que se consubstancia
em um direito.
→ O sistema jurídico brasileiro adotou a teoria do “fato-direito”, porém não é uma ideia pacificada.

9. Classificação da Posse
a) Direta: é a posse efetiva, o bem que está com a própria pessoa.
b) Indireta: quando o bem não está no domínio físico, mas que integra o patrimônio, ex: arrendador, locatário

10. Composse
→ É quando há mais de um sujeito possuidor; um condomínio de posse.
a) Posse pro diviso: quando tem as partes certas e determinadas, quando os percentuais e as partes já são
especificadas dentro do condomínio. No momento da partilha é possível definir quem é o possuidor de cada coisa.
b) Posse pro indiviso: quando todos tem posse de tudo, não há posse separadas e determinadas, todos tem uma
fração ideal.

11. Espécies de Posse


a) Justa: é a posse exercida e obtida pela forma adequada (juridicamente de forma correta, sem artifícios)
b) Violenta: é a posse adquirida mediante violência física ou psíquica, vis compulsiva ou vis absoluta (é uma posse
ilegal; injusta; e para algués não é posse e sim detenção).
c) Clandestina: obtida mediante fraude, mediante ardil;
d) Precária: aquele que tinha propriedade e passou a ter posse ou o inverso.
e) Ad Interdicta: é aquela que é objeto de interdição. Há uma intervenção na posse em face de alguma
antijuridicidade.
f) Ad usucapionem: uma posse que se converterá em propriedade. Que serpa objeto da prescrição aquisitiva,
usucapião.
g) Improdutiva: quando o bem objeto da posse não é explorado. Não é gerado nenhum fator social por ele.
h) Pro labore: é a posse produtiva
i) De boa-fé: quando o possuidor ignora o vício, não sabe que o vício existe, acha que tem uma posse licita e perfeita
(quando viciada não pode gerar propriedade), se comprova a boa-fé pelo comportamento, pelo histórico do possuidor
e etc.
j) De má-fé: nesse caso o sujeito sabe que tem um vício e mesmo assim continua de posse da coisa; é uma posse
injusta, violenta, clandestina

12. O princípio da “continuidade”


Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
→ O caráter da posse possuirá “continuidade”, ou seja, se uma posse começa injusta ela “termina” injusta. O caráter
da posse permanecerá até que ocorra um evento que modifique sua natureza.
Ex: pessoa que violentamente invadiu um terreno e depois falece, os herdeiros permanecerão com a posse injusta, ela
não se converte em posse justa.

Aula (10/12)
Propriedade

1. Conceito
→ A propriedade é o exercício pleno do poder de senhoria, ou seja, com a propriedade o sujeito pode exercer todos
os direitos de senhoria (usar, gozar e dispor)

2. Elementos
a) Jus Fruendi: direito de usufruir/gozar do bem; se constitui na possibilidade de auferir ganhos daquele bem;
quando ele dá retorno
b) Jus Utendi: direito de usar; disponibilidade própria;
c) Jus Abutendi: direito de disposição; é o direito máximo de senhoria; é a capacidade de fazer a alienação do
bem; retirar da sua esfera patrimonial (podendo ou não lançar na esfera de outrem); o único que possui esse
poder é o proprietário; é esse direito que define a propriedade do bem.

3. Importância
→ Só quem tem propriedade é que possui o jus abutendi, ou seja, só quem é proprietário que pode dispor do bem da
forma que bem entender

4. História (Evolução do Conceito e da Natureza)


→ Como em qualquer área do direito os direitos reais são dinâmicos, ou seja, sofrem influência da sociedade no
decorrer dos anos e momentos históricos;
a) Pré-História: ele tinham um conceito de propriedade muito limitado, pois possuíam uma vida nômade; sua
propriedade se resumia basicamente aos apetrechos que eles carregavam; não possuíam pois um conceito de direito
imobiliário (que veio a se fixar após o “descobrimento” da agricultura e consequente abandono da vida nômade);
b) Roma: conceito prevalente do ocidente até hoje; diz a história que as primeiras famílias Romanas não detinham
propriedade individual, toda propriedade pertencia ao ente estatal, e ao Estado cabia fazer a divisão; as terras eram
dadas ao pater familis; o pater familis era quase como um “senhor feudal” de suas terras e sua família; as três
expressões da propriedade (absolutismo, exclusividade e perpetuidade) advém da sociedade Romana; o conceito de
poder naquela época era vinculado a quem possuía terras;
c) Medievo: o conceito de propriedade aqui estava lastreado na ideia romana; havia aqui o poder do senhor feudal
sobre as terras, quase como o pater familis tinha; sofrendo grande influência da religião cristã acerca da ideia de direito
individual;
d) Sociedades Industriais → O Estado liberal x Estado social: há grande produção de riqueza neste período; os
conceitos liberal e social possuem diferenças quanto às limitações que possuem; enquanto o estado liberal quase não
trazia limitações à propriedade, o Estado social impõe limites ao poder.
e) Hoje: influenciado pelos conceitos anteriormente mencionados; há grande influência da sociedade romana +
interesse social; o poder deixou de ser absoluto para

5. Natureza Jurídica
→ É um estado eminentemente jurídico (diferente da posse que é um estado de fato);
→ O que define a natureza jurídica, para Silvio de Salvo Venosa, estabelecido em (Savigny ou ihering?), é a
finalidade econômica que se dá ao bem;

6. Objeto → Bens
→ Os bens de forma geral podem ser objeto de propriedade, desde que seja: possível e economicamente avaliável
→ Tanto as coisas quanto os direitos podem ser objeto de propriedade, desde que possíveis e economicamente
avaliáveis, conforme dito.
→ Os bens podem ser avaliados economicamente de forma fictícia

7. Características
a) Presunção de Absolutismo: a propriedade sempre é total! Sem limitações.
b) Presunção de Exclusividade: ou seja, somente o sujeito tem a propriedade; normalmente quem tem
propriedade o tem sobre todo o bem;
c) Presunção de Perpetuidade: normalmente também quem tem propriedade, o tem hoje, amanhã e sempre;

8. Tipos/Modalidades
a) Quanto ao Tempo que Integram o Patrimônio
→ Perpétua: não tem um tempo determinado; é sua a não ser que aliene ou perca de alguma forma
estabelecida em lei;
→ Resolúvel: tem um tempo estabelecido de propriedade, ex: cláusula de retrovenda em contrato de compra
e venda;

b) Quanto a Extensão dos Poderes


→ Plena: não há limitações;
→ Limitada: existem determinados institutos que podem limitar o direito de propriedade; ex: usufruto

9. Restrições ao Direito de Propriedade


→ São limitações impostas à condição de proprietário
a) Função Social da Propriedade: é o interesse coletivo de uma sociedade/comunidade que deve limitar o
direito de propriedade sobre o bem, ex: proibição ao uso do imóvel para fins ilícitos, a possibilidade de
b) Vontade: quando a propriedade é limitada por ato volitivo (ex.: condomínio impõe que o proprietário não
pode construir muros ao redor da casa).
c) Lei: o plano diretor e o estatuto das cidades estabelecem áreas de construção, zoneamentos urbanos, etc.,
criando limitações legais de acordo com os interesses da comunidade.

10. Aquisição da Propriedade Imobiliária


a) Sistema Francês: privilegia a vontade;
b) Sistema Alemão: é lastreado nas regras romanas de transmissão; para ele a regra geral é que a propriedade
se transmite através do registro imobiliário; é adotado por nós no cc/02; ele é baseado no princípio da primazia
da tutela específica

11. Princípio da Primazia da Tutela Específica → Direito de Sequela


→ Estabelece que quem tem propriedade imobiliária pode buscar proteger a propriedade aonde quer que ela esteja
e com quem quer que esteja;

12. Formas de Aquisição (gênero)


a) Derivada: quando se adquire a propriedade de outrem guardando as mesmas características/elementos
antes da transmissão.
b) Originária: quando faz a “aquisição primeira”; por compra e venda, usucapião e etc.

13. Formas da Transmissão


a) A título Singular: transmissão de somente um único bem e não um patrimônio completo (ex.: compra e
venda de um bem).
b) A título Universal: transmissão de todo o patrimônio (ex.: herança de vários bens, compra e venda de
“porteira fechada” [bem imóvel com todos os bens que o guarnecem]).
c) “Mortis Causae”: transmissão pela sucessão.
d) “Inter Vivos”: sendo todas as espécies de aquisição exceto a sucessão, porque está é mortis causae (ex.:
registro imobiliário, usucapião, acessão).

“Ninguém pode transmitir mais direitos do que tem”

14. Formas de Aquisição (espécies)


a) Registro Imobiliário
b) Usucapião
c) Acessão
d) Sucessão

Aula (17/12)
Registro de Imóveis

1. Conceito de Registro
→ Não confundir a escritura com o registro público.
→ O registro público é a constatação pública de uma situação de fato, dando conhecimento público a uma situação
de fato qualquer, estando dentre elas a hipótese de registro imobiliário, o qual é a constatação da transmissão da
propriedade imobiliária.

2. Função do Registro Público


→ Tornar pública situação determinada sobre pessoas: todos os registros são feitos em cartório exceto a pessoa
jurídica (a qual é registrada na junta comercial).
→ Transmitir propriedade imóvel: é o registro quanto à imóveis.
→ Resguardar terceiros sobre negócios jurídicos diversos

3. Presunção juris tantum para transmissão de propriedade pelo registro público


→ A presunção que se da com o registro é iuris tantum, pois admite prova em contrário.

4. Lei nº 6.015/73 – Lei de Registros Públicos (LRP)


→ Arts. 182 e ss da Lei nº 6.015/73 falam sobre registro imobiliário.

5. Princípios que regem o registro público


a) Publicidade: o registro público dá conhecimento, não sendo secreto/sigiloso, qualquer pessoa tem acesso às
informações
b) Conservação: toda alteração física ou jurídica a ser feita tem que ser registrada.
c) Responsabilidade dos oficiais do registro público: os oficias de cartório respondem por tudo o que registram, não
podendo se abster de informar e fornecer as informações, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e penal.
6. Formas de Registo Público Imobiliário
a) Matrícula do imóvel: numeração que o imóvel recebe que o acompanha durante toda a sua existência, delineando
os registros e averbações posteriores, enquanto determinado permanecer como ele mesmo (ex.: um terreno depois
de ter sido construída em uma casa vai ter a matricula com averbação pela inclusão da casa, mas se a casa for
derrubada e construído uma clínica é só feita uma averbação pela alteração, mas se fosse prédio com vários
apartamentos vai ter que ser feita uma nova matrícula para cada apartamento).
b) Registro originário: 1ª matrícula
c) Averbação: todas as alterações após o registro originário, que não implicam na alteração da matrícula (ou na
constituição de uma nova matrícula).

7. Local da Transmissão do Registro Imobiliário → onde se situar o bem


→ A transmissão é feita no local do imóvel, assim, o registro imobiliário deve ser feito onde o imóvel está situado.
→ Caso esteja no limite de 2 cidades ou Estados, o local é onde se encontrar a sede, mas se tiver sede em mais de um
lugar será onde foi feito o 1º registro.

8. Despesas do Registro
→ As despesas do registro são do adquirente, mas é uma regra relativa que pode ser alterada de acordo com acordos
no caso concreto.

9. Multiplicidade de Escrituras
→ Ao se vender um imóvel para várias pessoas, ele pertence ao 1º que registrar, caso sejam feitos registros no mesmo
momento quem tem prioridade é quem demonstrar que comprou 1º.
Obs.: a escritura é um documento que se faz necessariamente antes do registro; o contrato particular de compra e
venda “se transforma” em escritura pública quando levado à cartório; a escritura pode ser feita em qualquer lugar do
país, por isso que pode acontecer de existir uma pessoa que venda fraudulentamente o mesmo bem a 100 pessoas;
mas como o registro só pode ser feito no local do imóvel, só 1 pessoa conseguiria registrar nesta situação, por isso diz-
se que o imóvel será de quem 1º for registrar; assim mesmo que todas as 100 pessoas fossem ao cartório para registrar
a escritura ao mesmo tempo somente conseguirá registrar quem demonstrar que comprou 1º o imóvel.
→ Então, atenção: escrituras podem ser feitas várias, mas registro público imobiliário só existirá 1.

10. Retificação do Registro Público


→ O registro público, como qualquer coisa feita pelo homem é passível de erros, então existem algumas formas de
retifica-los, ou seja, refazer os atos;
→ Os erros em registro podem ser simples ou complexos, desse modo, para erros simples que não implicam na
alteração da propriedade, ou alteração significativa de tamanho ou de valor (ex.: erro pequeno de área de estrutura,
erro no nº de algum documento, etc.) são possíveis as retificações administrativas; porém, se os erros forem
complexos, será necessária a retificação judicial.
11. Responsabilidade do Alienante sobre o Imóvel
→ A responsabilidade do alienante sobre o imóvel é até o registro.
→ Há uma presunção da responsabilidade do alienante sobre o imóvel até que haja o registro público (ex.:
responsabilidade tributária), mas o alienante pode vir a alegar no caso concreto que já vendeu o bem e tem a escritura
(mas ele tem que demonstrar isso).

12. Efeitos
a) Constitutivo: constitui a propriedade imobiliária em favor de alguém
b) Publicidade: todo mundo tem acesso aos registros
c) Legalidade: porque a lei prevê e exige
d) Força Probante: há uma presunção iuris tantum de que aquele que é o proprietário registral é o efetivo proprietário
e) Continuidade: ou seja, ela será registrada continuamente naquele registro imobiliário; sempre que houver alguma
alteração jurídica ou física do bem o registro será o local de
f) Obrigatoriedade: ele é obrigatório, exigido

Acessões

1. Conceito
→ Parte do princípio de que “o acessório segue o principal” e de que existem situações naturais que não podem ser
regulados e que transmitem a propriedade imobiliária.
→ É uma forma originária de adquirir a propriedade
→ As acessões partem do pressuposto de que não podemos regular as situações naturais que lhe dão causa, porém
podemos regular seus efeitos jurídicos.
→ Para entender o conteúdo é bom lembrar que:
→ O rio é um curso de água que vai para o mar
→ As margens são as opressoras dos rios
→ O álveo é o ponto central do rio, é o centro entre as margens; o álveo tem continuidade, é uma linha
imaginária que segue o curso do rio ao centro; ou seja, ele não é fixo.
→ A testada é a linha da margem (divisão entre o rio e a terra), cuidado para não confundir, ela é a linha que
separa, não é a margem.

2. Acessão por Formação de Ilhas


2.1. Conceito
→ Existem lagos e rios de pequeno porte (chamados de “não navegáveis” pelo CC) e que podem fazer surgir
ilhas pelas causas mais diversas.
→ As ilhas são assim chamadas por haver um cerco de água por todos os lados da terra

2.2. Formas
→ Existem três regras que determinam a quem pertencem as ilhas:
a) A ilha pertencerá aos proprietários das margens em que ela se situar entre o álveo e as respectivas margens,
nas proporções das suas testadas.
b) Se a ilha surgir entre o álveo e a margem: ela pertencerá ao proprietário da testada;
c) Do rio que circunda as terras de alguém, ele pertencerá ao dono da propriedade

3. Aluvião
3.1. Conceito
→ É uma modalidade de aquisição originária da propriedade que se dá com o acréscimo de terra de uma
margem para a outra
→ É o acumulo contiguo de terra
3.2. Requisito Essencial → Força Natural
3.3. Sem Indenização

4. Avulsão
4.1. Conceito
→ Também é uma forma de aquisição originária que se dá pelo acréscimo de terra de uma margem para outra,
porém não é algo contiguo como o aluvião, é abrupto
→ Ex: pororoca

4.2. Ação
→ Existem duas formas de
→ Reinvidicatória (01 ano)
→ Indenizatória (01 ano)

5. Álveo Abandonado
5.1. Conceito
→ Quando o fluxo de água do curso do rio diminui e o rio “afina” enquanto a margem aumenta;
→ O acréscimo de terra pertencerá ao dono da margem “anterior” na proporção de sua testada;

5.2. Indenização
→ Só cabe indenização quando demonstrado que isso aconteceu por ação humana

6. Acessão por Construção e Plantação


→ Ocorre quando adquire propriedade do bem por construir ou plantar;
→ A acessão nesse recai sobre o fruto (a construção ou o plantio)
Hipóteses Possuidor de Boa-Fé Possuidor de Má-Fé

Adquire a acessão e indeniza o Adquire a acessão e indeniza o


Terreno Próprio + Material Alheio
material alheio material alheio + Perdas e danos

Perde as acessões p/ o dono do


terreno e quem construiu/plantou
recebe indenização pelo material
empregado. Repõe as coisas no estado anterior
Terreno Alheio + Material Próprio
(Exceção: cuidado, se o valor do ou indeniza
terreno for menor do que as
acessões você indeniza o terreno e
fica com as acessões)

Recebe o valor do trabalho


Terreno Alheio + Material Alheio Nada a receber
empregado e perde a acessão

6.2. Má-Fé Reciproca


→ Quem fez fica com a acessão, indeniza o material alheio;
→ Se o terreno for alheio, o dono do terreno tem prioridade de ficar com a acessão e indeniza o material

7. Acessão Natural de Animais


→ Quando um animal selvagem, entra em seu terreno e a partir daquele momento ele passa a ser seu;
→ Não há no direito brasileiro, toda fauna brasileira é regulamentada;
→ Se o animal não for selvagem não se trata de acessão, é caso de obrigação.

Aula (21/01)
Usucapião

1. Introdução
→ A usucapião é uma modalidade de transmissão da propriedade;
→ Tem grande relação com o estado de fato; a usucapião é um estado da aparência (quem parece dono o é);
→ É uma situação fática (de posse) que se perpetua no tempo, porém que não existe formalmente;
→ Alguns chamam a usucapião de prescrição aquisitiva, pois consideram que o direito de propriedade daquele que
não a exerceu prescreveu.
→ O professor considera o conceito mais amplo do que uma simples prescrição aquisitiva; ele diz que é a aquisição da
propriedade através da posse, em face da passagem do tempo e da não oposição de terceiros.

2. Histórico do Instituto
2.1. Direito Justiniano
→ Usucapio (capere – tomar + usus – uso).
2.2. Lei das 12 tábuas
→ Quem possuísse por 2 anos imóvel ou por 1 ano móvel, seria proprietário.
→ Apenas se aplicava ao cidadão romano.
2.3. Praescripitio
→ Longi temporis praescriptio: era de 10 anos entre presentes e de 20 anos entre ausentes.
→ Longissimi temporis praescriptio: pela qual quem possuísse por 40 anos, de boa-fé, mas sem justa causa,
poderia usar tal instituto.

→ Perceba que houve pouca variação deste instituto em relação ao seu surgimento, até os dias de hoje ele se
assemelha bastante ao modelo de usucapião existente desde o direito romano (guarda as mesmas características);
por exemplo, as oito modalidades de usucapião do direito brasileiro hoje se basearam nos requisitos previstos pelo
direito romano, quais sejam longissimi temporis praescriptio e longi temporis praescriptio.

3. Caráter Declaratório da Sentença


→ Para o professor, o direito de usucapião é constituído pelo preenchimento dos seus requisitos, a ação de usucapião,
portanto, tem apenas o condão declaratório (pois o direito já existe, o juiz apenas o declara para formalizar e tornar
público).
→ Há discussão acerca dessa hipótese, alguns julgados creem que o ajuizamento da reintegração de posse (mesmo
que constituídos os requisitos da usucapião em momento anterior) já classifica a posse como turbada.

4. Fundamentos da Usucapião
a) Teoria subjetiva: considera que a usucapião se justifica por um abandono presumido; ou seja, a vontade de alguém
de renunciar.
b) Teoria objetiva: esta lastreada na paz social, na segurança jurídica e efetivo aproveitamento econômico da coisa;
pois o direito tem que regular as situações fáticas para pacificar uma situação.
→ OBS: após a CF buscou-se dar maior sentido axiológico para o instituto da usucapião, premiando-se aquele que
utiliza de maneira útil o bem, reconhecendo-se na usucapião um prêmio ao trabalho e à função social da propriedade.

5. Natureza Jurídica
→ Como já dito, a usucapião é um modo originário de aquisição de propriedade.

6. Objeto
→ São as coisas, sejam elas móveis ou imóveis, juridicamente e faticamente possíveis, além de economicamente
avaliáveis.
→ OBS: Existem direitos que podem ser usucapidos, pois são equiparados à coisas pelo próprio direito, ex: usucapião
de servidão
→ Coloque na cabeça: basicamente tudo aquilo sobre o que se pode ter posse e propriedade pode ser usucapido
7. Requisitos Gerais da Usucapião
→ Toda usucapião, independente da modalidade, pode possuir requisitos pessoais ou reais
a) Pessoais: não podem usucapir aqueles que não exercem o direito de posse em nome próprio;
→ Ex: fâmulo da posse, bens comuns ao casal, os descendentes e ascendentes, os incapazes e seus representantes
em relação aos bens uns dos outros e etc
b) Reais: dizem respeito ao bem, eles se separam em requisitos de legalidade e possibilidade (ou seja, só podem ser
usucapidos bem possíveis, lícitos e economicamente avaliáveis).
→ Ex: não pode usucapir bens públicos, a lua e etc.
c) Formais: se dividem em três; objetivos, subjetivos e epeciais
→ Formais Objetivos: tempo (continuidade) e posse inconteste;
→ Formais Subjetivos: animus dominis (é o espirito de propriedade, a crença de que é dono, os atos praticados
como se dono o fosse);
→ Formais Especiais: cada tipo de usucapião tem o seu tipo, ex: especial urbana a pessoa não pode ter outro
imóvel em seu nome, justo titulo e boa fé para a ordinária e etc.

8. Modalidades
8.1. Usucapião Extraordinária
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. [...]
→ Posse mansa e pacífica
→ Tempo: 15 anos
→ Não precisa comprovar justo título (um parâmetro formal que legitime a pessoa de estar no local) e boa fé

8.2. Usucapião Pro-Labore


Art. 1.238 [...] Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.
→ É uma submodalidade da usucapião extraordinária, ela também requer a posse mansa e pacífica e
independe da comprovação de justo título e boa fé, porém o lapso temporal reduz para 10 anos.
→ Tem que demonstrar que está morando no imóvel habitualmente/continuamente ou que tenha realizado
naquele bem obras ou serviços de caráter produtivo.

8.3. Usucapião Ordinária


Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
título e boa-fé, o possuir por dez anos.
→ Diferentemente da extraordinária tem que demonstrar justo título e boa fé nesta modalidade.
→ Tempo: 10 anos.
→ Exemplo de justo título: promessa de compra e venda, recibos de venda, documento que comprove a
doação, direitos hereditários e etc.

8.4. Usucapião Ordinária Especial


Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido,
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que
os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e
econômico.
→ Quando adquirido onerosamente o imóvel, se o requerente morou ou realizou investimento e a escritura
dada foi cancelada por algum motivo.
→ Se isso ocorrer, o prazo reduzir-se-á para 05 anos.

8.5. Usucapião Constitucional/Especial Urbana


Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por
cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á
o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
→ A posse tem que ser durante 05 anos pelo menos.
→ A pessoa não pode ter outro imóvel em seu nome, nem ter se valido da usucapião outra vez.
→ O imóvel urbano tem que ter até 250m² (se a área, por exemplo, possuir mais de 250m², a pessoa pode
desistir de parte dela).
→ A pessoa tem que estabelecer moradia.
[...] § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma
vez.
→ Se a pessoa já adquiriu um imóvel e vendeu, por exemplo; ela não pode se valer direito do direito de
usucapião, pois ai fugiria sua finalidade (de atribuir moradia).

8.6. Usucapião Constitucional/Especial Rural


Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.
→ Tempo: 05 anos.
→ Área situada em zona rural de no máximo 50 Hectares.
→ A pessoa tem que tornar a terra produtiva, por seu trabalho ou de sua família, além de estabelecer moradia.

8.7. Usucapião Coletiva


→ Lei 10257 (Estatuto da Cidade) Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros
quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e
sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de
serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano
ou rural.
→ A área é urbana e tem que ter mais de 250m².
→ Tempo: 05 anos.
→ Ocupada por população de baixa renda para sua moradia (não pode ser utilizada para comercio e produção,
só se for um ou outro espaçado).
→ Em casos onde não é possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor.

8.8. Usucapião Familiar ou Usucapião por Abandono Familiar


Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade
divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
(Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)
§ 1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
→ Tempo: 02 anos.
→ O cônjuge ou companheiro tem que ter abandonado o lar e não ter se oposto à moradia do que ficou.
→ Atenção para inoponibilidade: se o ex-companheiro manifestar, por exemplo, que deseja vender a casa,
isso já se configura oponibilidade.

9. Processo de Usucapião
→ Diante da ausência de previsão legal de procedimento especial no novo código de processo (diferentemente do
anterior), hoje a usucapião se segue o procedimento comum.
→ O foro competente é o de situação da coisa, por versar sobre direito real de bem imóvel
→ Nas ações de Usucapião, o MP deve intervir obrigatoriamente
→ É necessária a citação de todos os confinantes e eventuais interessados (estes últimos, através de edital)
→ É possível o Julgamento parcial da Ação de Usucapião, permitindo a parte usucapir apenas parte da área requerida.

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