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TRABALHO ALIENADO

De como se forja o SER ALIENADO

Disciplina:
Educação & Trabalho

Prof. Dr. Dalton Alves


 1ª Aula: Gênese Histórica e Conceitual do
Trabalho Ontocriativo – como atividade
de produção da existência humana.
 O TERMO PRINCÍPIO (Gênese):
 “É aquilo de que alguma coisa depende de alguma forma”.
 Dê que o TRABALHO, a EDUCAÇÃO e a ESCOLA dependem
e de que forma para serem o que são e do modo que são?

 O que é TRABALHO? Prá que serve? A humanidade pode


existir sem o trabalho? Todos os seres humanos trabalham?
Trabalho e Emprego são a mesma coisa? Qual o papel do
trabalho na transformação do macaco em homem? O que é
o HOMEM? Homo Faber ou Homo Sapiens?
O Trabalho como Atividade (Teórico-Prática) de
Produção da Existência Humana.

 Atividade de transformação da natureza em benefício


da existência humana, de produção de coisas úteis
para o bem-estar humano.

 Processo de produção da vida humana, que gera


cultura e tudo aquilo que é necessário para a sua
existência.

 Elemento fundamental no processo de transformação


da espécie humana em Ser Humano.
Concepção Ontológica do Trabalho
 O Trabalho como princípio ontológico – de formação do
SER do homem em seu processo de humanização;

Processo pelo qual o “homem ser-biológico/natural”


torna-se “homem ser-social/cultural”.

O homem vive do trabalho, ou seja, vive do processo de


produção dos meios de sua própria existência, vive do
processo de transformação da natureza para satisfazer
suas necessidades. Portanto, no momento em que surge o
homem, surge a questão dele se formar a si mesmo, dele se
constituir a si mesmo, dele produzir a si mesmo, e do
aprendizado das formas de sua própria produção
(Saviani, vídeo - Disponível em:
https://drive.google.com/file/d/1zKiPebXGTe78lyNdXLx4REhnMb--tsxA/view)
A Origem do Trabalho como
Exploração – Alienação
 A transformação do processo de trabalho em atividade de exploração
do homem sobre o homem, ou, sobre como se forja o ser alienado.

 Trabalho Alienado:
 Negação da liberdade;
 Negação da ontologia do trabalho (negação do papel
humanizador da atividade laboral na constituição do
próprio SER/essência do Homem);
 Negação do aspecto ontocriativo do trabalho;
O trabalho deixa de ser um meio de produção da existência humana,
comum a todos os seres humanos;
deixa de ser uma atividade de satisfação das carências de todos os
homens e mulheres e é transformado em meio de satisfação das
necessidades apenas de uns poucos seres humanos,
fora do trabalho, mas donos do trabalho.
Trabalho alienado como o aspecto
negativo do trabalho quando este passa
a ser realizado com base na exploração
do homem (proprietário) sobre o
homem (não proprietário), o
trabalhador e de que modo isto o afeta
como ser humano, na constituição da
sua humanidade.
Significado do termo Trabalho: vem
da palavra “tripalium”, instrumento
de tortura e de castigo utilizado pelo
Império Romano.

A palavra “tripalium” remonta à sua


origem latina.
Tripalium – significa literalmente (três
paus), era um instrumento usado para
subjugar animais e forçar/subjugar
escravos. Basicamente quer dizer
“castigo”.
 SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO:

“Tripalium (ou trepalium) era, a princípio, um instrumento


utilizado na lavoura. Em fins do século VI, passou a ser um
instrumento romano de tortura. A palavra é composta por “tri”
(três) e “palus” (pau) – o que poderia ser traduzido por “três
paus”. Dessa raiz teriam saído os termos das línguas latinas de
hoje em dia, como trabalho (em português), travail (francês),
trebajo (catalão) e trabajo (espanhol). Mesmo antes de ser
associada aos elementos de tortura medieval, trabalhar significava
a perda da liberdade. Quem trabalhava em Roma era o escravo; o
patrício estava incumbido das atividades políticas. Somente no
século XVI, com o Renascimento, cria-se uma economia
mundializada, onde o trabalho passa ao seu papel de importância
máxima. E aí começa outra mudança: de tarefa árdua para os não
livres, passa a ser um enobrecimento, uma atividade humana
importantíssima”.
Trabalho = tortura, castigo, sofrimento.
 Isto conduz à reflexão sobre o tipo de trabalho que se
exerce hoje, na sociedade atual, capitalista. E pode-se
partir da afirmação de que o trabalhador na sociedade
capitalista exerce um trabalho alienado, estranhado. O
qual pode ser tudo, menos criativo, livre e emancipador.
Não é criativo porque se faz o que é determinado pela
empresa; não é livre porque o trabalhador não tem
ingerência alguma ou quase nenhuma sobre a forma de
organização do processo produtivo e nem da sua jornada
de trabalho; e não é emancipador porque o produto do
seu trabalho não é seu, mas de um outro e por ele exercer
o seu trabalho, na maior parte dos casos, por necessidade
e não por opção, não para projetar-se como ser humano
no produto do seu trabalho, e sim, porque trabalhar foi
reduzido a estar empregado, trabalhar por um salário.
 Aspecto negativo do Trabalho em Marx.

“Marx irá mostrar que sob a lógica do Capital o


trabalhador é submetido ao “reino da necessidade”
e o trabalho assume um aspecto profundamente
negativo para o trabalhador (de alienação e
estranhamento) à medida que ele passa a não mais
reconhecer no processo de trabalho que realiza a
fonte e a base da sua existência, a razão de ser do
seu bem-estar no mundo, ao contrário, ele enxerga
no trabalho a fonte de todos os seus males, a razão
de todo o seu sofrimento”.
(ALVES e RODRIGUES, 2015, p. 66).
O Trabalho, atividade humana de transformação da
natureza pela qual o homem se faz plenamente homem,
produzindo sua própria vida, é sentida pelo trabalhador
como sofrimento, dor, castigo. Esta noção está
associada ao surgimento da alienação do homem no
trabalho, da propriedade privada e à divisão da
sociedade em classes sociais, principalmente a divisão
entre proprietários e não-proprietários. Cabendo aos
não-proprietários a incumbência de trabalhar para
sustentar a si e aos proprietários. Este sofrimento
vem daí. Desde então toda a experiência histórica que
se tem do trabalho produtivo material está associada à
exploração de muitos seres humanos por uns poucos
homens, beneficiados pelo trabalho daqueles. Daí não
se estranhar que a origem do termo Trabalho esteja
relacionada a esta situação de sofrimento.
Esta situação irá provocar nos produtores diretos, nos
trabalhadores, uma sensação de estranhamento com o
trabalho que executam, pois nada nele tem que seja
positivo e agradável. Realizam o seu trabalho por pura
necessidade e obrigação, por uma questão de
sobrevivência.
Perdeu-se completamente a noção do trabalho como
uma atividade de satisfação de uma carência, como
meio de produção da existência humana.
O ser humano que precisa trabalhar para sobreviver não
vê satisfação no que faz, no seu trabalho. Por isto ele irá
buscar essa satisfação fora do trabalho.
Vejamos, quanto a isto, o que diz Marx:
Trabalho Alienado em Marx
 Ver Marx (2006, p.82-3) §2º. = Sobre o estranhamento na essência do
trabalho.
“O trabalhador só se sente, por conseguinte e em primeiro lugar,
junto de si quando fora do trabalho e fora de si quando no trabalho.
Está em casa quando não trabalha e, quando trabalha, não está em
casa. O seu trabalho não é portanto voluntário, mas forçado,
trabalho obrigatório. O trabalho não é, por isso, a satisfação de
uma carência, mas somente um meio para satisfazer
necessidades fora dele [...] tão logo inexista coerção física ou
outra qualquer, foge-se do trabalho como de uma peste”/p.83.
Trabalho Alienado em Marx
“Chega-se, por conseguinte, ao resultado de que o homem (o
trabalhador) só se sente como ser livre e ativo em suas funções
animais, comer, beber e procriar, quando muito ainda habitação,
adornos etc., e em suas funções humanas só se sente como animal”
(MARX, 2006, p. 83).
“O trabalhador, no Capitalismo, não vê a
hora que chegue o final de semana para fazer
o que ele gosta e se angustia no domingo à
noite quando percebe que a segunda-feira se
aproxima. Por isto, dirá Marx, o trabalhador
se sente mais humano (livre e ativo) fora do
trabalho, posto que no trabalho ele se sente
uma espécie de animal, um ‘burro-de-carga’.
Daí o caráter desumanizador do trabalho nas
condições atuais, capitalistas”.
ALVES e RODRIGUES (2015, p. 66)
 Recordemos aqui o Mito de Sísifo para ilustrar o
significado do Trabalho nas sociedades baseadas
na exploração do trabalhador.
 MITO DE SÍSIFO
Num conhecido mito grego, Sísifo, o inteligente rei de
Corinto, decidiu desafiar os deuses. Por duas vezes,
conseguiu iludir a morte. Para punir o seu orgulho, os
deuses decidiram atribuir-lhe uma tarefa tortuosa no mundo
subterrâneo: empurrar um rochedo colina acima, que
rolaria depois até ao sopé, e de novo teria de ser
empurrado até ao cume. Esta tarefa foi-lhe destinada até à
eternidade.
Mito de Sísifo

Muitas pessoas vivenciam o seu trabalho como o mito de Sísifo: uma


tarefa repetitiva e monótona, um esforço sem recompensa e sem
utilidade, que não conduz a nada e está condenado ao fracasso. Quer
se trate de operários fabris a trabalhar na linha de montagem; de
executivos de botões de punho em ouro a assistir a reuniões
infindáveis; de donas de casa com pilhas de pratos e roupa para lavar
etc. Todos se sentem como se estivessem a viver o mito de Sísifo,
como se os seus esforços conscienciosos não dessem fruto algum.
Trabalho Alienado
“Se o TRABALHO é a atividade pela qual o homem se faz
plenamente homem, transformando a natureza e produzindo
sua própria vida, ele é a condição de realização do ser
humano. Mas como falar em trabalho que realize o homem
diante das situações existentes atualmente, como
desemprego, mecanização da mão-de-obra, informatização
das fábricas, falência de empresas, expulsão do homem do
campo, crescimento da economia informal e desrespeito
para com os avanços conquistados com a organização das
classes trabalhadoras?”.
“(...) o trabalho, quando não é fator de realização
humana é, ao contrário, fator de escravidão e
alienação”. (GALLO, 2002, p.45)
Além do sofrimento que representa o
ter que trabalhar para um outro por sua
sobrevivência e da sua família, o
trabalho, nestas condições, o trabalho
como exploração, que se opõe ao
trabalho como criação e produção do
novo, que faz existir o que não existia,
mas feito por opção e não por
obrigação, tem o aspecto de ser um
trabalho alienado.
Conceito de Alienação
Alienado vem de alienação e a palavra alienação
significa, etimologicamente, tornar-se estranho
a si próprio. Deriva do latim “alienare”,
“alienus”, que significa que pertence a um
outro. Alienar também é um termo muito
utilizado no mercado imobiliário e de
automóveis, no sentido de alienar um imóvel ou
carro, ou seja, vender ou passar para um outro a
propriedade do seu imóvel ou carro. Está
associada, portanto, ao direito de propriedade.
(GALLO, 2002, p. 47)
Conceito de Alienação
 Ainda segundo Gallo (Ibid.):

“A pessoa alienada, de certa forma, não se


reconhece em suas atividades, essas
atividades constituem uma ação
automática, não reflexiva, não criativa. O
alienado não se realiza em suas atividades,
pois estas lhes são totalmente estranhas”.
Esta enfim é a questão. O trabalhador e o
capitalista, perante a lei, ambos são proprietários.
Ocorre que o capitalista é o proprietário dos meios
de produção (fábricas, lojas, maquinários, terras
etc) e do capital. O trabalhador, por sua vez, é
também proprietário, mas apenas da sua própria
força de trabalho, da sua capacidade de trabalhar,
manual e intelectualmente. Nas relações de
produção que se estabelecem sob a lógica do
capital, o capitalista compra a força de trabalho do
trabalhador, por exemplo, na indústria para
movimentar as máquinas.
 E o trabalhador vende esta sua capacidade de operar
tais máquinas por uma quantidade “x” de salário.
Esta venda da força de trabalho do trabalhador
para o capitalista é o que se chama de alienação.

 O trabalhador “aliena” sua capacidade de trabalhar


em troca de um salário. Neste processo, o
trabalhador não é dono, nem proprietário, de mais
nada. Não é o dono dos instrumentos de trabalho,
da matéria prima, dos produtos por ele produzidos
com o seu trabalho, bem como não tem domínio
sobre o regime, o ritmo e a jornada de trabalho.
Todo o controle sobre o processo produtivo e a
posse dos bens produzidos é de quem o contratou,
do capitalista.
Antes do capitalismo como era esta
situação?
 O Mestre Artesão, por exemplo,
proprietário da sua Oficina de
Artesanato,
“(...) se constitui em produtor
independente, dono da matéria-prima e
das ferramentas de produção, que vende
diretamente o produto de seu trabalho e
não sua força de trabalho”
(SAVIANI apud ALVES, 2018, p. 02).
“O trabalhador do campo, no ambiente rural, o
servo no feudalismo, também detinha certa
propriedade sobre os meios de produção, mesmo
que “emprestada”, por assim dizer, pois, em última
instância era o Senhor Feudal o fiel proprietário de
tais meios, o servo tinha o direito de ter sua casa,
sua oficina, pequenos animais, um quinhão de terra
onde poderia cultivar produtos de subsistência para
si e sua família etc. A jornada de trabalho, o ritmo,
as decisões sobre o processo de trabalho em si era
ele quem decidia, não havia em geral ingerência
externa sobre isto”.

(ALVES, 2018, p. 03).


 No Capitalismo:
“A classe trabalhadora foi reduzida no capitalismo à
essa condição de quase completamente expropriada de
quaisquer meios de produção do trabalho num
processo histórico que compreende a expulsão dos
pequenos proprietários rurais de suas terras e a falência
das oficinas de artesanato, do Mestre-Artesão, do
sistema doméstico, levando a um aumento significativo
de uma população sem dinheiro, sem propriedade,
apenas possuindo seu corpo e cérebro, ou seja, sua
capacidade de trabalhar (força-de-trabalho) a qual
passou a oferecer ao capitalista, dono das fábricas, das
terras, em troca de um salário, para a sua
subsistência”.
(ALVES, 2018, p. 04).
 Em Resumo:
 No Modo de Produção Comunal a organização da vida
social e da produção material estava baseada na
propriedade coletiva dos meios de produção
fundamentais: terra, animais, instrumentos etc. e o
produto do trabalho era compartilhado entre todos, num
sistema em que “todos viviam do trabalho de todos”,
gerando relações de companheirismo e ajuda mútua;
 No Modo de Produção Escravista a sociedade passa a se
organizar com base na propriedade privada/individual
dos meios de produção e o produto do trabalho passou
a ser apenas do proprietário. A produção estava baseada
no trabalho forçado, obrigatório, em regime de
escravidão, num sistema em que “O proprietário vivia do
trabalho dos escravos e não mais do próprio trabalho”,
gerando relações de antagonismo e oposição.
 No Modo de Produção Feudal a sociedade também estava
organizada com base na propriedade privada/individual dos
meios de produção e o produto do trabalho era apenas do
proprietário. A produção, porém, estava baseada no trabalho
servil, obrigatório, tendo o servo certas obrigações para com o
seu senhor, dono do feudo (Senhor Feudal), bem como o
Senhor para com os seus servos, num sistema parecido com o
anterior (MPE) em que “O proprietário vivia do trabalho dos
servos e não mais do próprio trabalho”.
 No Modo de Produção Capitalista (atual) a sociedade
também está organizada com base na propriedade
privada/individual dos meios de produção, e os produtos do
trabalho (as mercadorias) também são propriedade exclusiva
do capitalista. Todavia, o modo de produção se altera
radicalmente e está baseado no trabalho livre, não obrigatório,
no trabalho assalariado (alienado). Contudo, tal como no MPE
e no MPF, no MPC “o proprietário dos meios de produção, o
capitalista, vive do trabalho dos seus empregados e não do
próprio trabalho”.
Como isto foi possível?
 Trabalho Sob a Lógica do Capitalismo:

 Características da produção capitalista:

 Manufatura-Maquinofatura.
 Divisão do trabalho.
 Heterogestão.
Formação do Ser Alienado
–Manufatura (capitalista:
•“Nasce quando são concentrados numa oficina, sob
o comando do mesmo capitalista, trabalhadores de
ofícios diversos e independentes, por cujas mãos
tem de passar um produto até seu acabamento final”
(MARX, 2008, p. 392).
Formação do Ser Alienado

– Divisão do Trabalho:
• Se antes o mestre-artesão necessitava conhecer muito bem
o seu ofício, em todos os sentidos, de modo integral, agora,
com o trabalho parcelado, criou-se a figura do assalariado,
um indivíduo sem qualificação específica, “necessitando
apenas dominar uma tarefa parcial de um processo
produtivo completo”. (KUENZER, 2011, p.40)
Formação do Ser Alienado
–Divisão do Trabalho:

“Em vez de o mesmo artífice executar as diferentes operações dentro de uma


sequência, são elas destacadas umas das outras, isoladas, justapostas no
espaço, cada uma delas confiada a um artífice diferente e todas executadas
ao mesmo tempo pelos trabalhadores cooperantes. Essa repartição acidental
de tarefas repete-se, revela suas vantagens peculiares e ossifica-se,
progressivamente, em divisão sistemática do trabalho. A mercadoria deixa de
ser produto individual de uma artífice independente[...] para se transformar
no produto social de um conjunto de artífices, cada um dos quais realiza,
initerruptamente, a mesma e única tarefa parcial”.
(MARX, 2008, p.392).
Formação do Ser Alienado
–Heterogestão;
• Hetero-gestão = gestão de outro/de fora/externa;
neste sentido se contrapõe a auto-gestão =
gestão de si mesmo, que é delegada a outro no
processo de trabalho;
Formação do Ser Alienado
Sob a lógica do capital o trabalhador é um
indivíduo que, “ao vender sua força de
trabalho, se transforma em fator de
produção, perdendo, junto com o controle do
processo e do produto do trabalho, o controle
sobre si mesmo”
(KUENZER apud ALVES e RODRIGUES, 2015, p.69).
Em Resumo...
 O trabalhador alienado estranha o trabalho
que executa, não o reconhece mais como
seu, pois, de fato, não é mais seu. O
processo produtivo não é ele quem decide,
a jornada de trabalho também não e nem
mesmo o produto do trabalho é seu. Tudo
é de um outro.

 Mas quem é este outro?


 Segundo Marx,
“Se minha própria atividade não me pertence, é
uma atividade estranha, forçada, a quem ela
pertence então? A outro ser que não eu. Quem é este
ser? Os deuses? [...] O ser estranho ao qual pertence
o trabalho e o produto do trabalho, para o qual o
trabalho está a serviço e para a fruição do qual
(está) o produto do trabalho, só pode ser o homem
mesmo. Se o produto do trabalho não pertence ao
trabalhador, um poder estranho (que) está diante
dele então isto só é possível pelo fato de (o produto
do trabalho) pertencer a um outro homem fora o
trabalhador (...)”.
(MARX, 2006, p. 86-87).
“(...) Se sua atividade lhe é martírio, então ela tem de ser
fruição para um outro e alegria de viver para um outro. Nãos
os deuses, não a natureza, apenas o homem mesmo pode
ser este poder estranho sobre o homem. [...] Se ele se
relaciona, portanto, com o produto do seu trabalho, com o
seu trabalho objetivado, enquanto objeto estranho, hostil,
poderoso, independente dele, então se relaciona com ele de
forma tal que um outro homem estranho a ele, inimigo,
poderoso, independente dele, é o senhor deste objeto. Se ele
se relaciona com a sua própria atividade como uma
(atividade) não-livre, então ele se relaciona com ela como a
atividade a serviço de, sob o domínio, a violência e o jugo
de um outro homem (o capitalista) [...] ou como se queira
nomear o senhor do trabalho”.

(MARX, 2006, p. 86-87).


Daí a razão de afirmarmos que o trabalho alienado se
configura como o aspecto negativo e desumanizador do
trabalho no capitalismo.
O trabalho, de uma forma ontocriativa de produção da
existência humana como uma atividade positiva,
ontológica, definidora do ser do homem, foi
transformado em negação da própria vida a partir do
momento que passou a se basear na exploração do
homem sobre o homem.
Cumpre agora recuperar o sentido originário do trabalho
como princípio ontológico da existência humana, onde
seja abolida toda forma de exploração de uns sobre os
outros, e instaurar um novo tempo em que todos vivam
do trabalho de todos e que todos tenham acesso aos
produtos do trabalho em igualdade de condições
A Formação do Ser Alienado
•Em mais ainda:
“Ele já não é mais o artesão que domina o
processo produtivo em sua totalidade, mas o
assalariado que se submete real e formalmente ao
capital e à ciência a seu serviço, devendo
desempenhar suas funções num processo de
trabalho fragmentado e heterogerido,
para o que precisa ser educado”.

(KUENZER, 2011, 12).


 Segundo Marx (2006, p.88),

• Emancipação: só é possível pela emancipação dos


trabalhadores. Toda produção humana está baseada na
exploração do trabalho humano em benefício de poucos.
Se se altera esta situação e o trabalho passar a atender às
necessidades humana em geral e não desses poucos
apenas, toda a realidade muda.
 “Em resumo: só uma sociedade onde todos os homens
disponham das mesmas condições de socialização (uma
sociedade sem exploração e sem alienação) pode
oferecer a todos e a cada um as condições para que
desenvolvam diferentemente a sua personalidade. E isto
só irá mudar quando se constituir um tipo novo de
sociedade – ‘em que o livre desenvolvimento de cada
um é a condição para o livre desenvolvimento de todos’
”.
A Construção da Consciência
Social do Trabalhador
 VÍDEO: “Operário em Construção”. Vinícius de Moraes.
 https://youtu.be/Hpzr0g5OzS4

 POEMA: “Operário em Construção”, de Vinícius de Moraes:


 http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesia
s-avulsas/o-operario-em-construcao

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