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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 4
2 O PROCESSO DE TRABALHO E SUAS PERDAS........................................ 4
3 O ACIDENTE DE TRABALHO E A GESTÃO DA PRODUÇÃO ..................... 6
3.1 Definição legal ................................................................................................ 6
3.2 Definição científica.......................................................................................... 8
4 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO .................. 9
4.1 O conceito de acidente de trabalho .............................................................. 10
4.1.1 Definição legal .............................................................................. 10

4.1.2 Definição de prevencionista ......................................................... 11

4.2 Segurança do Trabalho ................................................................................ 12


4.3 SESMT e CIPA ............................................................................................. 13
4.4 Higiene do trabalho....................................................................................... 13
4.5 Comunicação de acidente de trabalho (CAT) ............................................... 14
4.6 A dinâmica do acidente de trabalho.............................................................. 15
4.6.1 A evolução do conceito de AT ...................................................... 15

4.6.2 Causas de AT ............................................................................... 16

5 TIPOS DE RISCOS DE AT ........................................................................... 19


5.1 Riscos mecânicos ......................................................................................... 20
5.2 Riscos físicos ................................................................................................ 21
5.3 Riscos químicos............................................................................................ 22
5.4 Riscos biológicos .......................................................................................... 23
5.5 Riscos ergonômicos ..................................................................................... 23
5.6 Riscos sociais ............................................................................................... 24
5.7 Riscos ambientais......................................................................................... 25
6 A METODOLOGIA DA AÇÃO PREVENCIONISTA ...................................... 25
6.1 Métodos de levantamento de informações ................................................... 28
6.2 Critérios de análise ....................................................................................... 30
6.3 Tipologia das soluções ................................................................................. 32
6.4 As fases finais .............................................................................................. 35
7 NORMAS REGULAMENTADORAS ............................................................. 36
8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO .............................................................. 48
8.1 Equipamento de proteção coletiva................................................................ 48
8.2 Equipamento de proteção individual ............................................................. 50
9 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 52
APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 INTRODUÇÃO

A produção de bens e serviços para satisfazer as necessidades humanas


ocorre através de atividades que quando realizadas sem um planejamento adequado
podem acarretar riscos à saúde ou à vida do trabalhador, da população de
comunidade próxima ao empreendimento e até mesmo causar uma degradação ao
meio ambiente. A história contemporânea tem nos mostrado grandes tragédias em
diversas regiões do planeta, em que a origem tinha uma estreita relação com falhas
no processo de trabalho e na forma de organização adotada. Uma dessas tragédias
ocorreu em Bophal, na Índia, em 1984, levando à morte cerca de 2 mil pessoas em
uma madrugada, após o vazamento de um gás letal conhecido como metilisocianato.
Esse fenômeno se constitui em um acidente químico ampliado, caracterizando-se
como um acidente de trabalho (AT), cujas consequências se ampliam no tempo e no
espaço.
Seguindo um planejamento adequado, a realização de atividades necessita da
utilização da Higiene e Segurança do Trabalho (HST) sendo esse um dos critérios a
ser adotado e, com isso, prevenir e/ou controlar os fatores de riscos que possam gerar
acidentes e doenças ocupacionais e aumentar a produtividade do trabalhador.

2 O PROCESSO DE TRABALHO E SUAS PERDAS

Ao decorrer de sua existência o ser humano vem procurando satisfazer as suas


necessidades, consumindo produtos e utilizando serviços oferecidos por pessoas e/ou
organizações. A fabricação desses produtos e a prestação desses serviços requerem
a realização de processos de trabalho.
Um processo de trabalho pode ser definido como a dimensão material e
concreta do sistema de produção. Ele se compõe de um segmento ou variável física
(tecnologia do processo produtivo) e de uma variável humana (atividade dos
trabalhadores). O mecanismo elementar do processo de trabalho é a combinação
destas duas variáveis, cujo resultado é a obtenção de produtos ou serviços.

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Por se tratarem de atos conscientes, resultantes de decisões previamente
tomadas por quem os concebem, os processos de trabalho precisam ser planejados,
de forma a fazer o melhor uso dos seus componentes (materiais, espaços físicos,
força de trabalho, equipamentos etc.), procurando obter melhores resultados em
termos da qualidade do produto ou serviço, do cumprimento de seus prazos, em
menor custo da produção, na promoção da saúde e segurança do trabalhador, na
preservação do meio ambiente, entre outros.
Quando o processo de trabalho não é devidamente planejado gera perdas em
seus ativos tangíveis e intangíveis. A perda de ativos intangíveis, como saúde e
segurança no trabalho, leva a acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e outros
problemas de saúde para os trabalhadores. Portanto, um indicador de um
planejamento insuficiente do processo de trabalho consiste no índice de ocorrência
de acidentes de trabalho na organização.
Ao estudar um processo de trabalho, vale observar que, em suas etapas de
execução, entre coisas, a existência de “gargalos” em seus postos de trabalho e
atividades que não agregam valor ao produto, como o transporte de materiais,
armazenagem intermediária e tempos de espera.
Os “gargalos” são pontos de tensão e conflito na produção. Estes são os locais
onde ocorre a perda, entre eles estão os acidentes de trabalho. Os transportes, por
movimentar pessoas, materiais e equipamentos, podem apresentar riscos de
acidentes, causados por quedas de materiais e pessoas, colisões entre pessoas,
materiais, equipamentos e estruturas construtivas. Já os estoques intermediários e as
esperas, além de ocuparem espaços físicos em áreas produtivas, restringindo o
aproveitamento de áreas nobres, podem também apresentar outros fatores de riscos
para os postos de trabalho e com isso expor os trabalhadores a situações que levem
a ocorrências de acidente e/ou doença, como são os casos de materiais aquecidos,
aguardando o seu resfriamento, ou pintados aguardando a secagem.

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3 O ACIDENTE DE TRABALHO E A GESTÃO DA PRODUÇÃO

Existem muitas definições para o evento acidente de trabalho. Serão


apresentadas as definições legal e científica para o evento.

3.1 Definição legal

A Lei 8.213 de 24 de julho de 1991, sobre o Seguro de Acidente de Trabalho


(SAT), em seu art. 19, considera acidente do trabalho:

“O que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de


empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos
no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. ”

A lei para efeito de permissões de benefícios para o trabalhador, identifica


acidentes de trabalho típicos à eventuais doenças profissionais, o que quer dizer, que
são considerados acidentes de trabalho, os acidentes desencadeados pelo exercício
do trabalho peculiar a determinada atividade, as doenças de trabalho são as doenças
adquiridas ou desencadeadas em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacionem diretamente, já os acidentes de trajetos, são os
acidentes sofridos pelo empregado, mesmo que fora do local e horário de trabalho,
seja a serviço da empresa ou no percurso, ida e volta, de casa ao trabalho.
Ao se estudar sobre esse fenômeno, com intuito de impedir sua ocorrência, se
constata que essa definição apresenta limitações, o que dificulta seu entendimento.
Em primeiro lugar, por não apontar as causas, definir o fenômeno pela sua
consequência, tornando assim impossível fazer a sua prevenção. Perante a lei,
somente nos casos em que a vítima seja um trabalhador formalmente empregado, é
considerado evento acidente, com isso ficam de fora as situações onde o trabalhador
é informal, sem qualquer vínculo empregatício.
Outra limitação é que são considerados apenas os eventos que causam lesões
incapacitantes ou matam os trabalhadores. Sabemos que o trauma não é a única

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consequência de um acidente, perda de tempo no processo produtivo e danos
materiais também são consequências de acidentes.

TIPOS DE ACIDENTE DE TRABALHO


Quando o empregado estiver executando ordem ou realizando
serviço sob o mando do empregador.
Em viagem a serviço da empresa.
No percurso da residência para o local de trabalho.
No percurso do trabalho para a casa.
Nos períodos de descanso ou por ocasião da satisfação de
necessidades fisiológicas, no local de trabalho.
Por contaminação acidental do empregado no exercício de sua
atividade.

Podem também contribuir para o surgimento de acidentes de trabalho.

A ingestão de bebidas alcoólicas


As hipoglicemias, que podem provocar lipotímias (desmaios) por
falta de alimentação, que ocorre em casos de os trabalhadores não
fazem uma pausa para almoço.
A fadiga, por não se ter dormido o suficiente ou quando se trabalha
por turnos, em especial se o trabalho incluir lidar com máquinas
perigosas.

Acidente tipo ou típico: É consagrado no meio jurídico como definição do infortúnio do


trabalho originado por causa violenta, ou seja, é o acidente comum, súbito e imprevisto.
Exemplos: batidas, quedas, choques, cortes, queimaduras, etc.

Doença do trabalho: É a alteração orgânica que, de modo geral, se desenvolve em


consequência da atividade exercida pelo trabalhador o qual esteja exposto a agentes
ambientais tais como, ruído, calor, gases, vapores, micro-organismos.
Exemplos: pneumoconioses, surdez ocupacional.

Acidente de trajeto: É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para o


local de trabalho ou vice-versa, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo
de propriedade do empregado, em horários e trajetos compatíveis.

Figura 1 - Classificação dos acidentes.

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3.2 Definição científica

A desestruturação na lógica do sistema de trabalho, leva ao acidente do


trabalho, o que exibe as insuficiências no projeto, na organização e no modo de
operação.
Esta última definição introduz o conceito de antecipação, à medida que sugere
a prevenção na fase de concepção dos sistemas de trabalho. Essa ideia de prevenção
relaciona-se com a famosa pirâmide de acidentes da Insurance Company of North
America (ICNA), construída em 1969, a partir do levantamento de dados em 297
empresas americanas, com cerca de 1.750.000 pessoas, obtendo 1.753.498 relatos
de ocorrências. Foi estabelecido pela ICNA uma relação de acidentes, sendo: Para
cada 1 acidente com lesão incapacitante haveriam 10 acidentes com lesões não
incapacitantes, 30 acidentes com danos à propriedade e 600 acidentes sem lesão ou
danos visíveis.
Essa relação mostra que para melhor prevenção de acidentes é necessário
criar ações sistêmicas que sejam capazes de eliminar ou controlar falhas causadas
por não conformidades ou desvios. Assim, deve-se atuar na base da pirâmide e não
no seu topo. Para que isso ocorra a gestão da segurança e saúde do trabalhador deve
fazer parte da gestão da empresa e não ser tratada como um acessório que precisa
ser mantido apenas para cumprir a legislação.
São diversas razões que colaboram na criação e manutenção de um problema
que pode levar ao risco de acidente. De acordo com a visão gerencial, existem
algumas possíveis razões para ocorrência do problema e são elas:
• Desconhecimento ou conhecimento parcial sobre as diversas situações de
risco.
• Embora saiba da existência, o gerente não se sente responsável pela sua
correção.
• A situação de risco é do conhecimento de quem está envolvido no processo
de trabalho, mas não é corrigida porque quem pode fazê-lo não tem a real percepção
da necessidade.
• ... é mantida porque não existe vontade política na empresa para corrigi-la.

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• ... é mantida porque o convívio frequente incorporou-a à normalidade da
tarefa.
• ... é mantida porque quem a criou não se sente responsável por sua correção.
• ... porque nunca houve acidente que a envolvesse e justificasse a
necessidade da correção pela percepção de quem tinha o poder de fazê-lo.
• ... porque a representação dos trabalhadores (sindicatos) nada faz para
negociar a sua correção.
• ... porque nunca houve qualquer interpelação judicial ou fiscalização que
exigisse sua correção.
• ... porque a preocupação é maior com a produção em detrimento das
condições de trabalho.

4 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO

Nos tópicos anteriores, foi apresentado a importância e a gravidade sobre os


acidentes de trabalho (ATs). Essas situações deixam claramente exposto a
necessidade da busca pela prevenção dos ATs, especialmente nos casos de
profissionais responsáveis pelo planejamento, projeto ou controle dos sistemas de
produção, em que esses eventos ocorrem.
Acidentes de trabalho não é algo que se iniciou agora, é um problema que afeta
trabalhadores e a sociedade de maneira geral há milênios, essa persistência não é
decorrente de uma inexistência de estudos sobre o assunto, muito pelo contrário, uma
significativa quantidade de energia foi consumida na tentativa de evitar os ATs. Parte
deste esforço levou à criação da Segurança e da Medicina do Trabalho, por exemplo.
A conjugação destas duas observações leva à necessidade de os engenheiros
de produção (nosso público preferencial) buscarem não só o domínio de um amplo
conjunto de técnicas preventivas, mas também uma base conceitual e metodológica
que viabilize a articulação/seleção destas técnicas.

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4.1 O conceito de acidente de trabalho

O primeiro passo para resolução de um problema, é entende-lo, visto que o


acidente de trabalho é um problema para a sociedade, a solução começa por sua
definição.

4.1.1 Definição legal

Como citado anteriormente, a Lei 8.213/91 estabelece que o acidente de


trabalho é o que decorre do exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a perda ou redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Esta mesma lei propõe
uma tipificação dos ATs, classificando-os em acidentes típicos (os que provocam
lesões imediatas, como cortes, fraturas, queimaduras etc.), doenças profissionais
(como a silicose e o saturnismo, inerentes a determinado ramo de atividade,
paulatinamente contraídas em função da exposição continuada a algum agente
agressor presente no local de trabalho) ou acidentes de trajeto (os sofridos pelo
empregado ainda que fora do local e horário de trabalho, como os ocorridos no
percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele).
A redação da Lei 8.213/91 tem por base o conhecimento técnico existente
sobre o assunto normatizado. Como este conhecimento evolui ao longo do tempo,
esta redação também já se alterou e provavelmente se alterará de novo. No entanto,
aquela redação também tem por base o contexto sociopolítico-econômico vigente na
região e no tempo em que ela é promulgada. Se a primeira observação leva a se
imaginar que uma redação mais atual seja melhor do que uma mais antiga, a segunda
observação não permite a mesma conclusão. Apenas para se ter um exemplo
concreto disso, uma Portaria do Ministério do Trabalho, de outubro de 2017, mudou a
definição de trabalho escravo em nosso País, sem que a nova definição representasse
um avanço conceitual: ao contrário, era um retrocesso tão grande que em pouco
tempo foi revogada.

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Assim, o saber acumulado permite tecer algumas críticas àquela definição
legal. Uma delas é a de que ela nada diz sobre o evento em si: a definição legal se
limita a definir o AT a partir de um fato antecedente (o exercício de trabalho a serviço
de empresa) e de uma consequência (a lesão corporal ou perturbação funcional).
Ambas as características mencionadas (antecedente e consequente) se
reportam ao trabalhador: isto permite dizer que a Lei 8.213/91 é uma definição mais
de acidentado do que de acidente. Quando se percebe que a lei citada (e as que a
antecederam) foi construída para servir como base a um sistema previdenciário, ou
seja, para permitir definir quem faz jus a receber auxílios reparatórios de perdas por
AT, este desvio do foco do acidente para o acidentado se torna compreensível. No
entanto, este desvio deixa a definição legal como algo pouco útil para a prevenção da
ocorrência destes eventos.
Buscando criar uma base que possibilite a prevenção de acidentes, vários
estudos levam à formulação de conceitos como os de quase acidente e/ou de
incidente de trabalho. Assim, ao lado do conceito legal de AT é vantajoso se
considerar também outro conceito de AT, o conceito prevencionista.

4.1.2 Definição de prevencionista

Para engenharia de segurança, a melhor opção é encarar o AT como o


resultado de todo um processo de desestruturação na lógica do sistema de trabalho
que, nessa ocasião, mostra suas insuficiências, quer de projeto, de organização e/ou
de forma de operação.
Desta definição, percebe-se que o AT não é apenas um evento isolado, mas
sim o fruto de um processo que se origina em qualquer ocorrência não programada,
inesperada, que interfere ou interrompe a rotina normal de trabalho, desestruturando-
a de forma a gerar, isolada ou simultaneamente, perdas pessoais, materiais ou de
tempo.
Ao se perceber que o AT é um evento que tem uma história, torna-se
necessário entender como se dá este processo de desestruturação, ou seja, se
conhecer a dinâmica do AT.

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4.2 Segurança do Trabalho

A segurança do trabalho pode ser definida como uma série de medidas


técnicas, administrativas, médicas e, sobretudo, educacionais e comportamentais,
empregadas a fim de prevenir acidentes, e eliminar condições e procedimentos
inseguros no ambiente de trabalho. A segurança do trabalho destaca também a
importância dos meios de prevenção estabelecidos para proteger a integridade e a
capacidade de trabalho do colaborador.
O assunto segurança do trabalho, engloba diversas disciplinas como a higiene
e medicina do trabalho, controle e prevenção de riscos em máquinas, equipamentos
e instalações, ambiente, ergonomia entre outras muitas áreas voltadas ao cuidado da
saúde do trabalhador.
Muitas indústrias optam pela implementação da segurança do trabalho por ser
imposta por Lei, na maioria das vezes as empresas que agem de forma contrária são
pelo fato de não saberem o quanto é benéfica a segurança do trabalho e o quanto
reduz os gastos e evita acidentes.
Geralmente, uma equipe de segurança do trabalho, é formada pelo técnico de
segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e
enfermeiro do trabalho. Essa equipe forma o SESMT – Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Em empresas também se tem o
setor CIPA que quer dizer, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, esse setor
tem por objetivo, prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, tornando
compatível o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador.
Nos capítulos anteriores, vimos as formas em que os acidentes de trabalho
ocorrem, portanto, as equipes responsáveis pela segurança do trabalho, tem a função
geral de eliminar os atos e condições inseguras, reduzindo assim os acidentes e as
doenças ocupacionais, com toda essa estrutura, a empresa pode se organizar
aumentando a produtividade e a qualidades dos produtos, melhorando assim as
relações humanas no trabalho. Mas para que a execução dessas medidas sejam de
forma correta e se tenha resultados positivos, não basta apenas as ações dos
profissionais ligados à área (SESMT e CIPA) mas é preciso que todos os funcionários
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da direção até os trabalhadores de chão de fábrica, participem e colaborem, pois o
sucesso das ações, depende de uma política de segurança do trabalho adequada em
que todos possuem suas responsabilidades.

4.3 SESMT e CIPA

Quando necessário, a estrutura de segurança do trabalho da empresa é


formada por uma equipe interdisciplinar composta pelos seguintes profissionais:
técnicos de segurança do trabalho, engenheiros de segurança do trabalho, médicos
do trabalho, enfermeiros de segurança do trabalho e auxiliares de enfermagem do
trabalho. Esses profissionais constituem o que chamamos de SESMT - Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.
Os representantes do empregador e dos empregados que têm a
responsabilidade de auxiliar o SESMT nas atividades prevencionista compõem a CIPA
- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

4.4 Higiene do trabalho

A área de higiene do trabalho tem como objetivo reconhecer, avaliar e controlar


os fatores no ambiente de trabalho que possam ocasionar doenças ou danos à saúde
dos trabalhadores.

FASES DA HIGIENE DO TRABALHO


Identificação, Prevenção e Eliminação ou Atenuação dos riscos à saúde, com metas
de atuação e responsabilidades
Controle das áreas Insalubres ou Perigosas (EPI’s)

Epidemiologia das Formas de Adoecimento (rastreamento e diagnóstico precoce)


Educação e Conscientização
Promoção da Saúde e Qualidade de Vida

Documentação das ações efetuadas e revisão periódica com análise crítica

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Funções da Higiene do Trabalho:

Medicina Preventiva Prevenção Sanitária Medicina Ocupacional

•Visa estabelecer a prevenção •Está voltada para a •Visa à adaptação do


e o controle das principais preservação de condições empregado à sua função, ao
doenças que costumam se adequadas de higiene no enquadramento do
manifestar na população, ambiente de trabalho, como trabalhador em cargo
evitando que os empregados combatendo os possíveis adequado às suas aptidões
da organização sejam por focos de contaminação. São fisiológicas e a proteção
elas atingidos. Os exames exemplos de ações neste contra riscos resultantes da
médicos periódicos são um sentido o tratamento da presença de agentes
exemplo deste tipo de ação. água, e a manutenção do prejudiciais à saúde. Como
asseio nas instalações exemplo de procedimentos
sanitárias. relacionados a essa função,
podemos citar a realização
de exames médicos
admissionais e periódicos e o
desenvolvimento de
programas de reabilitação e
readaptação funcional.

4.5 Comunicação de acidente de trabalho (CAT)

Essa comunicação é realizada através de um formulário que é preenchido


quando acontece algum tipo de acidente de trabalho (incluindo todos os tipos). É
obrigação da empresa passar as informações à previdência social referente à todos
os acidentes que ocorrem com seus empregados, mesmo nos casos em que não se
há necessidade de afastamento das atividades até o primeiro dia útil após o da
ocorrência, nos casos de falecimento, é feita uma comunicação imediata.
Tudo isso se baseia na necessidade de investigação dos fatores ocasionais do
acidente com a maior agilidade possível, para que assim seja possível realizar todas
as medidas de correção e prevenção sejam tomadas prontamente, além de que os
primeiros socorros possam ser feitos ao acidentado de forma imediata.
No caso da empresa que descumprir as ordens de comunicação dentro do
prazo, esta fica sujeita a receber multa de acordo com os artigos 286 e 336 do decreto
nº 3.048/1999. Em casos em que a empresa não realiza o registro da CAT, o
trabalhador ou seu dependente, o sindicato, o médico ou até mesmo autoridade

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pública, podem efetivar em qualquer momento o registro do mesmo juntamente à
previdência social, que não exclui a possibilidade de aplicação da multa à empresa.
Após esse período, o trabalhador não recebe mais o auxílio doença
acidentários mas recebe o auxílio doença comum.

4.6 A dinâmica do acidente de trabalho

4.6.1 A evolução do conceito de AT

A legislação trabalhista já se apoiou em diferentes teorias, como as da culpa,


do risco profissional e do risco social. Estas mudanças se deveram em parte a uma
evolução do conhecimento sobre o processo de ocorrência do AT.
Em primeiro momento, o AT era visto como uma fatalidade (o que talvez
justifique a escolha desta denominação acidente), ou seja, algo não passível de
prevenção. No entanto, logo nos primeiros estudos feitos sobre as doenças e as
lesões causadas pelos ATs, foi constatado que estas eram precedidas por algo, por
uma exposição a um agente agressor (CAMISASSA, 2018). Assim, em vez de ser
considerado uma fatalidade, o AT passou a ser visto como a consequência da
exposição a uma condição insegura no ambiente de trabalho ou do cometimento de
um ato inseguro por parte do próprio acidentado. Conhecer e listar estes atos e
condições inseguras já dava a base para as primeiras ações prevencionistas, ainda
que estas tivessem um caráter fortemente policialesco. É esta origem que faz com
que até hoje as pessoas ligadas à prevenção de acidentes sejam vistas, em alguns
casos, com um certo antagonismo pela classe trabalhadora.
A evolução dos estudos levou à compreensão de que estes atos e condições
inseguras também não apareciam por acaso, ao contrário, eles eram decorrentes da
existência de fatores predisponentes. Isto levou a prevenção dos ATs para momentos
mais afastados da ocorrência do AT. E como em particular os atos inseguros eram
decorrentes de aspectos comportamentais, a prevenção de acidentes passou a incluir
técnicas ligadas, por exemplo, à seleção e ao treinamento dos recursos humanos
empregados nos processos produtivos.

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Posteriormente, passou-se a perceber que o AT em geral não é um evento
decorrente de uma única causa. Ao contrário, em geral o AT é um evento multicausal,
que decorre de uma combinação de fatores, ou seja, rompe-se assim com a dicotomia
fatores técnicos x fatores humanos como explicativos do acidente. A prevenção passa
a demandar o enfrentamento de múltiplas causas, e, por isso mesmo, composta por
um conjunto de medidas, e não por uma ação isolada.
Avanços posteriores mostraram que aquelas múltiplas causas (técnicas e/ou
humanas) não são onipresentes, não acontecem sempre da mesma forma. Ao
contrário, há uma diferença entre os trabalhos prescrito (o trabalho modelado, tal
como projetado) e real (o trabalho efetivamente executado). Esta diferença decorre
do contexto de trabalho, ou seja, das condições em que o trabalho é feito, condições
estas fixadas complexamente a partir de múltiplos fatores (cansaço do trabalhador,
temperatura do ambiente de trabalho, necessidade de recuperar atrasos na produção
etc.), fatores que variam continuamente. Em outras palavras, um mesmo trabalho
(genérico) pode ser feito de várias formas diferentes: por exemplo, nem todas as
ultrapassagens feitas por um motorista durante uma viagem são feitas da mesma
forma, mesmo que contendo os mesmos elementos (sinalizar, acelerar, mudar de
faixa, ultrapassar, sinalizar, retornar à sua faixa de rolamento). Estas diferenças fazem
com que o trabalho seja executado às vezes em condições especiais, nem sempre de
uma forma segura: grande parte dos ATs ocorre em situações especiais, que não
representam mais do que 5% da duração total do tempo de trabalho.
Mais recentemente, ancorado no desenvolvimento da Teoria de Sistemas,
passou-se a encarar o acidente segundo o conceito de Confiabilidade de Sistemas,
que considera cada um dos desvios há pouco citados (as diferenças entre o planejado
e o executado) como disfunções do sistema produtivo, ou seja, falhas que
comprometem a confiabilidade do todo.

4.6.2 Causas de AT

De acordo com o conceito da Confiabilidade de Sistemas, as causas do AT


residem nas disfunções, que geram perturbações no sistema como um todo, que se

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somam – no sentido probabilístico – propagando-se e amplificando-se até atingirem
uma situação em que a introdução de algum novo fator (o evento disparador) provoca
a ocorrência do acidente.
Uma definição preliminar e simplista de disfunção é centrada nas falhas ou
quebras: o não funcionamento de um sistema é evidentemente uma disfunção. Se a
lâmpada da lanterna traseira de freio de um automóvel queimar, a sua função de
alertar os demais veículos sobre a mudança de velocidade não será cumprida, e é
claro que isso comprometerá a segurança não só daquele veículo, mas de todos os
que circulam em sua volta. Assim, aquela queima de lâmpada seria uma disfunção.
Mas, além disso, as disfunções podem ocorrer mesmo sem que aconteçam
quebras. Qualquer anomalia no funcionamento de um sistema (ou de algum de seus
componentes) fará com que ele não funcione como planejado: isso é uma disfunção.
Um alarme (planejado para disparar a uma temperatura de 100 °C) que dispare a
99 °C, representa uma disfunção.
As disfunções podem ser introduzidas num sistema de diversas formas, não
excludentes entre si. É possível, por exemplo, que ela derive de uma falha de
planejamento: se as técnicas da Engenharia de Métodos e da Ergonomia (que
permitem a estimativa do tempo padrão de uma operação) não forem empregadas
corretamente, pode-se criar uma determinada meta de produção que seja inatingível.
Nesses casos, como o trabalho prescrito seria impraticável, o atraso seria um
continuum, impondo ritmo mais rápido do que o proposto ou a movimentação de
funcionários entre departamentos para compensar o atraso, etc, de qualquer forma, o
sistema estava desestruturado. À guisa de lembrete, isto pode acontecer por se
subestimar os tempos normais de operação ou por não se observar as tolerâncias
para necessidades fisiológicas, pausas etc. O mesmo efeito será observado se a
prescrição do trabalho ignorar algum aspecto, afinal, o montante horário a ser
produzido por cada pessoa é uma informação probabilística, que pode oscilar ao longo
do tempo, em função de eventos como feriados, interrupções no fornecimento de
energia, atrasos na entrega de materiais, etc.
A variabilidade aqui lembrada afeta em particular as pessoas. Elas
naturalmente se fadigam (reduzindo o seu rendimento dentro do dia ou da semana),
variam sua produtividade por circunstâncias externas (doenças na família, Copa do
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Mundo etc.), se comportam de forma não planejada (o trabalhador pode se apresentar
ao trabalho alcoolizado ou insone, por exemplo). Da mesma forma, as características
ambientais interferem neste rendimento, nos ambientes quentes e/ou barulhentos, por
exemplo, as produtividades decrescem: parâmetros ambientais aceitáveis do ponto
de vista da salubridade podem não ser satisfatórios em termos de produtividade.
Como se vê, vários elementos podem levar ao surgimento de disfunções e,
consequentemente do AT. Em princípio, todo fator envolvido no processo de trabalho
é uma fonte potencial de problemas. Assim, a prevenção de disfunções leva a uma
atenção com os fatores pessoais e com as condições ambientais, devido aos
materiais, equipamentos, instalações, edificações, métodos e organização do
trabalho, tecnologia e macroclima.
Por envolver uma vasta gama de possíveis agentes geradores de disfunções,
esta concepção tende a fazer com que o processo de identificação destes agentes
seja demorado. Em alguns casos – como frequentemente se verifica na construção
civil – esta característica (longo tempo de investigação) pode ser desinteressante: se
o local de trabalho apresentar riscos facilmente identificáveis, e principalmente se
estes riscos forem graves (geradores de casos fatais ou incapacitantes) não se
justifica adiar a implantação de soluções preventivas.
Assim, podem existir contextos em que seja interessante adotar,
emergencialmente, concepções mais antigas e difundidas, que tendem a reunir as
causas dos ATs em dois grandes grupos, conceituando que estas seriam (i) as
condições inseguras e (ii) os atos inseguros.
Cabe aqui registrar que há uma diferença entre o agente do acidente (ou seja,
o que provoca o acidente) e a fonte da lesão (ou seja, o que provoca o ferimento).
Imagine que você esteja carregando uma panela com água fervente, leve um
escorregão e derrame um pouco do líquido em sua perna, queimando-a: neste
exemplo, a fonte da lesão seria uma – a água quente – mas outros elementos podem
ser identificados como agentes do acidente (como o piso escorregadio), ampliando-
se as chances de se obter soluções eficazes e viáveis.
Por fim, há que se lembrar que o processo produtivo é dinâmico, e isso também
vale para os seus componentes. Todos possuem um ciclo de vida, com variações

18
significativas em cada uma de suas fases, assim, um material que seja inofensivo
durante o uso poderá se revelar problemático durante o descarte, por exemplo.

5 TIPOS DE RISCOS DE AT

Como se depreende da leitura da seção relativa à definição de acidente do


trabalho, a legislação brasileira prevê a existência de três tipos básicos de acidentes:
(a) os acidentes típicos; (b) as doenças do trabalho; e (c) os acidentes de trajeto, Lei
nº 8.213/91.
É fácil se perceber que cada um destes tipos de acidentes irá gerar a
necessidade de investigações diferentes não só para identificar as suas causas como
para gerar soluções ao problema. Nos acidentes típicos e nos casos de doenças do
trabalho, é necessário uma atenção bem concentrada no interior do estabelecimento,
o que nos casos de acidentes em trajeto não é necessário.
Assim, as considerações metodológicas que serão feitas a seguir devem ser
adaptadas ao caso específico que se esteja analisando, já que cada agente ou causa
de acidentes tem o seu meio próprio de manifestar a sua nocividade ou, em outras
palavras, gera um tipo de risco.
Vale ressaltar que a expressão “risco de acidente” pode vir a ter ao menos duas
interpretações diferentes. É possível encarar risco de acidente como
uma probabilidade, como a chance de que algo, no caso o acidente, venha a
acontecer. Neste sentido, pode se dizer por exemplo, que em cidades existem ruas
onde os cruzamentos possuem um maior risco de acidente do que em outros locais.
Como uma outra forma de interpretar a expressão “risco de acidente” é enfocar
a questão de perigos apresentados no processo de trabalho. Assim, é possível que a
observação de um determinado ambiente de trabalho leve à conclusão de que ali
existem os riscos de incêndios, devido aos materiais inflamáveis e de corte, por se
encontrar materiais cortantes no local, numa análise apenas qualitativa, que acontece
sem questionar a frequência com que este tipo de evento possa vir a ocorrer.

19
Neste aspecto, não existe apenas uma forma de classificação para estes riscos.
Por exemplo, Ivar Odonne em sua obra Ambiente de Trabalho, a luta dos
trabalhadores pela saúde divide os fatores nocivos em quatro grupos:

I- Os fatores ambientais que também existem fora dos locais de trabalho (luz, calor
etc.);
II- Os fatores ambientais que em geral só existem nos locais de trabalho;
III- A atividade muscular;
IV- As condições que determinam efeitos estressantes.

Na legislação trabalhista brasileira, pode se encontrar outro exemplo de


classificação de riscos, as normas falam em riscos mecânicos, físicos, químicos,
biológicos e ergonômicos.
A classificação que foi destacada aqui, foi escolhida pelo fato de melhor se
distinguir os fatores causais distintos, além de já considerar elementos que são
presentes nos ambientes de trabalho, mas ainda não são legalmente reconhecidos.

5.1 Riscos mecânicos

Se trata de riscos ocasionados por agentes que demandam o contato físico


diretamente com a vítima para manifestar sua nocividade, como por exemplo, na
existência de um estilete em cima de uma mesa de escritório, para ser utilizado para
corte de papéis, introduz ao ambiente de trabalho um tipo de risco, pois durante seu
uso, existe o risco do fio da lâmina entrar em contato com alguma parte do corpo,
como os dedos por exemplo, o que pode provocar cortes.

Características dos riscos mecânicos:


a. Atuar em pontos específicos do ambiente de trabalho (onde estiver o
agente agressor).
b. Atuar geralmente sobre os usuários diretos do agente gerador do
risco.
c. Geralmente ocasionar lesões agudas e imediatas.

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Tem-se como exemplos de agentes que causam riscos mecânicos, os materiais
aquecidos, que podem provocar queimaduras, materiais penetrantes, como agulhas
e pregos, os materiais cortantes que foi citado anteriormente, o estilete, partes de
móveis de máquinas ou materiais em movimento, que podem causar contusões,
materiais ou instalações energizadas que podem causar choques, entre outros tipos
de materiais.
Buracos em pisos, também pode ser considerado como riscos mecânicos,
apesar de o contato com esse agente não ocaciona lesões, mas, ele pode causar uma
queda, que pode levar à uma lesão. Irregularidades no piso e obstáculos em vias de
circulação, são considerados geradores de riscos mecânicos, o que também
acontecem com elementos que introduzem os riscos de incêndio no ambiente de
trabalho.
A legislação integra estes agentes à categoria dos riscos de acidentes, aqui
essa denominação foi adotada em parte por compreender que todas as categorias
também podem ocacionar acidentes e para não se perder a lógica da ação do agente.

5.2 Riscos físicos

São os riscos gerados pelos agentes que têm a capacidade de modificar as


características físicas do meio ambiente, como por exemplo, a existência de um tear
em uma sala de tecelagem introduz no ambiente um risco do tipo aqui estudado, já
que tal máquina gera ruídos, isto é, gera ondas sonoras que vão alterar a pressão
acústica no ambiente que incide sobre os ouvidos dos trabalhadores.

Características dos riscos físicos


a. Exigir um meio de transmissão (em geral o ar) para propagarem sua
nocividade.
b. Agir mesmo sobre pessoas que não têm contato direto com a fonte do
risco.
c. Em geral, ocasionar lesões crônicas, mediatas.

21
São exemplos de riscos físicos: ruídos, que podem gerar danos ao aparelho
auditivo, como a surdez, além de outras complicações sistêmicas; temperaturas
extremas, sejam elas muito elevadas ou muito baixas; vibrações; pressões anormais;
radiações, sejam elas ionizantes como os raios X ou não como a radiação ultravioleta.
Por fazer parte do espectro eletromagnético, a luz visível é aqui também
entendida como uma forma de risco físico. Já a legislação prefere colocar a iluminação
inadequada como um exemplo de risco de acidente, por entender que ela interfere na
visibilidade e, assim, pode levar à ocorrência de acidentes típicos.
É importante ressaltar que a gravidade e a existência dos riscos deste tipo,
dependem de sua concentração no local de trabalho, por exemplo, uma fonte de
ruídos, pode não se constituir em um problema e por vezes é a solução contra
inconvenientes como a monotonia, mas pode vir a se constituir em uma fonte geradora
de uma surdez progressiva, e até mesmo de uma surdez instantânea, no caso de um
ruído de impacto que perfure o tímpano, tudo depende da intensidade e demais
características físicas do ruído por ela gerado.

5.3 Riscos químicos

Gerados por agentes que alteram a composição química do meio ambiente,


temos como exemplo de risco químico, a utilização de tintas que são à base de
chumbo, no processo do trabalho, uma simples inalação do produto pode vir a trazer
doenças como o saturnismo.
Tal como os riscos físicos, os riscos químicos podem atingir também pessoas
que não estejam em contato direto com a fonte do risco, e em geral provocam lesões
mediatas (doenças). Porém os riscos químicos não demandam necessariamente a
existência de um meio para propagação da sua nocividade, pois alguma sustência
são nocivas por meio de contato direto.
Os agentes que levam aos riscos químicos, podem se apresentar em distintos
estados: sólido, gasoso, líquido ou na forma de partículas suspensas no ar, que
podem ser sólidas, no caso de poeiras ou liquídas no caso de neblinas, esses agentes
suspensos no ar são denominados aerodispersoides.

22
Essas substâncias penetram no organismo principalmente por meio do
aparelho respiratório, da pele e pelo aparelho digestivo.
As características do progresso tecnológico têm elevado a importância deste
tipo de risco, já que cada vez mais os processos industriais lançam mão da tecnologia
química (e, por decorrência, de substâncias tóxicas). Stelman e Daum (1975) já
estimavam em 3.000 o número de substâncias novas lançadas anualmente no
mercado, várias das quais sem que se conheça adequadamente os riscos envolvidos
pelo seu manuseio.

5.4 Riscos biológicos

Se trata de riscos que são introduzidos nos processos de trabalho através da


utilização de seres vivos, normalmente, microrganismos, como parte integrante desse
processo produtivo, podendo ser vírus, bacilos, bactérias, entre outros,
potencialmente nocivos aos seres humanos.
Esse tipo de risco pode vir também das deficiências na higienização no
ambiente de trabalho, o que pode viabilizar como em casos de presença de animais
transmissores de doenças, como os ratos e mosquitos ou até mesmo animais
peçonheros como cobras em locais de trabalho.
Nos dias atuais, se fazem presentes com maior frequências os riscos biológicos
em setores da indústria farmacêutica e de alimentos, nas unidades de prestação dos
serviços hospitalares e de laboratórios de análises clínicas, nas centrais de tratamento
dos dejetos e até mesmo em algumas atividade agroindustriais, porém, o
desenvolvimento atual da biotecnologia se encaminha a fazer com o que esse tipo de
risco se torne ainda mais frequente.

5.5 Riscos ergonômicos

Introduzidos no processo de trabalho através de agentes, sejam máquinas,


métodos ou outros, que são inadequados ás limitações de seus usuários, como por

23
exemplo, na realização da atividade no levantamento manual das cargas, utilizando o
método das costas curvadas que pode ocasionar graves problemas lombares.
Os riscos ergonômicos são conhecidos por terem uma ação direta em
determinados pontos do ambiente, e por atuarem somente nas pessoa que exercem
sua atividade. Na maioria das vezes, os riscos ergonômicos provocam lesões
crônicas, que podem ser de natureza psicofisiológica.
Alguns exemplos de riscos ergonômicos são: postura viciosa de trabalho,
provocada pelo uso de equipamentos projetados sem levar em conta os dados
antropométricos da população usuária; dimensionamento e arranjo inadequado das
estações de trabalho, provocando uma movimentação corpórea excessiva; conteúdo
mental do trabalho inadequado às características do trabalhador, seja por gerar uma
sobrecarga (estresse), seja por ser desprovido de conteúdo (monotonia), etc.

5.6 Riscos sociais

São os riscos introduzidos pela forma de organização do trabalho adotada na


empresa que podem provocar comportamentos sociais (dentro e/ou fora do ambiente
de trabalho) incompatíveis com a preservação da saúde.
O uso de turnos rotativos (por exemplo, uma pessoa trabalhando na primeira
semana das 22h às 6h, na segunda semana das 6h às 1h e na terceira semana das
1h às 22h) causará problemas para esses trabalhadores, não apenas de natureza
fisiológica (devido à incompatibilidade com seus ciclos circadianos), mas também
psicossocial, já que as suas relações sociais (com familiares, amigos etc.) serão
significativamente afetadas.
Outros exemplos de riscos sociais são: divisão excessiva do trabalho, jornada
de trabalho, aumento da velocidade de trabalho. Seus principais efeitos em humanos
são doenças neurológicas e mentais.

24
5.7 Riscos ambientais

A evolução tecnológica tem feito com que os riscos gerados nos ambientes
industriais estejam ampliando os seus raios de alcance, em parte pelo uso cada vez
mais intenso de substâncias químicas e de formas energéticas mais concentradas.
Além disso, os sistemas produtivos se tornam cada vez mais integrados, o que
eleva, por um lado, as chances de que se tenha interferências destrutivas de uma
empresa sobre outra e, por outro lado, que a área se torne potencialmente atingível
por problemas criados pelas empresas. Em função disto, pode-se fazer uma distinção
entre acidentes normais e acidentes ampliados (catástrofes, como as que ocorreram
em Bophal, Tchernobyll etc.).
Repare-se que aqui não se discute o tipo de agente. O descarte de efluentes
em cursos de água pode ser, usando a linguagem adotada até agora, um problema
físico (caso de descarte de materiais aquecidos), ou químico (caso de descarte de
materiais tóxicos), ou de outra natureza. A diferença primordial aqui está na questão
espacial: o risco ser oriundo de um espaço (empresa) e manifestar sua nocividade em
outro local (meio ambiente). A responsabilidade pelo problema continuará sendo da
empresa, mas a medida preventiva e/ou reparatória a ser implantada já transcenderá
o ambiente da empresa. Por exemplo, a empresa poderá obrigar os seus empregados
a usarem equipamento de proteção individual (EPI) para se protegerem contra
eventuais vazamentos de substâncias tóxicas que ocorram no perímetro da empresa:
esta medida não poderá ser implantada (sem prévia negociação) no caso de
vazamentos extramuros.

6 A METODOLOGIA DA AÇÃO PREVENCIONISTA

Feitas estas considerações iniciais, deve-se agora abordar a questão da


metodologia de atuação, ou seja, do método a ser seguido no trabalho de
eliminação/redução de acidentes.
Em linhas gerais, a ação prevencionista segue a chamada metodologia de
resolução de problemas (levantamento de informações, análise do problema, geração

25
de soluções alternativas, avaliação das mesmas e implantação da solução escolhida),
abordada pela Engenharia de Métodos.
Antes, porém, de começar a abordar estes passos é necessário que se
comente que esta metodologia não conduz a uma receita de bolo, que possa ser
utilizada em qualquer situação. Afinal, o método a ser seguido em cada caso
específico depende tanto da concepção de AT que seja adotada, quanto do conjunto
de riscos existentes no local estudado, entre outros fatores.
Feitas estas colocações, pode-se agora iniciar a discussão sobre as atividades
a serem realizadas na tentativa de resolver o problema dos acidentes de trabalho.
Grosso modo, o trabalho se inicia com o planejamento de suas ações,
passando posteriormente para a fase de execução de projetos propriamente dita.
O planejamento inicial se justifica por duas razões concorrentes: (i) as unidades
produtivas têm vários problemas de segurança e (ii) os seres humanos só conseguem
resolver um problema de cada vez. É crucial, assim, que se trace um plano de ação,
dentro do qual se encontra estabelecida uma sequência cronológica, identificando
qual problema deve ser atacado em primeiro lugar, qual o que fica em segundo,
terceiro etc.
Isto equivale a dizer que, a princípio, deve-se considerar o problema como um
todo (tratando a empresa inteira) de forma a transformá-lo em um conjunto coerente
de subproblemas concretos e específicos, de menor abrangência, sobre o qual se irá
depois operar com o intuito de estabelecer prioridades de ação, quando então seguirá
a metodologia geral de resolução de problemas.
Este processo pode ser colocado da seguinte forma:
1. Levantamento geral de informações, reunindo dados sobre as condições de
segurança da empresa e identificando os subproblemas.
2. Análise geral, ordenando os subproblemas e criando um plano de ação.
3. Levantamento específico de informações, relativos ao problema a ser
enfocado naquele momento, de acordo com o plano de ação.
4. Análise específica, procurando obter a completa compreensão de como
aquele problema enfocado é criado e se propaga.
5. Geração de soluções alternativas, criando um espaço-universo de soluções
que apresente grandes probabilidades de conter a solução ótima para o problema.
26
6. Seleção da melhor alternativa.
7. Especificação e implantação da alternativa escolhida.
Depois de implantada a solução para o primeiro subproblema, ou seja, depois
de teoricamente solucioná-lo, passa-se, em geral, para o segundo subproblema, e
assim por diante. Porém, recomenda-se que de tempos em tempos o retorno se dê
para a fase de planejamento, com o intuito de checá-lo e adaptá-lo às novas
condições.
A necessidade de planejamento periódico é ditada pela própria dinâmica da
empresa, que naturalmente se modifica, substituindo produtos, métodos, processos,
equipamentos etc. Deve-se considerar ainda que as próprias soluções implantadas
modificam a estrutura da empresa, num processo em que pode ser gerado um novo
risco (mais grave até do que algum dos antes existentes) e/ou eliminado/reduzido
algum outro tipo de risco.
A periodicidade do replanejamento não pode ser aprioristicamente
determinada, pois ela depende de múltiplos fatores. Ela depende, por exemplo, da
velocidade com que a empresa se renova, ou seja, da frequência com que são
introduzidas modificações: as empresas que apresentam uma produção estável ao
longo do tempo (em termos de volume e tipo de produtos gerados, processos,
equipamentos etc.) admitem maior espaçamento entre análises gerais do que aquelas
que vivem um processo de contínuas mudanças. Outro fator de influência é também
o impacto das medidas preventivas adotadas: por exemplo, soluções que abordam
principalmente o fator humano (especialmente aquelas que envolvem ações como a
conscientização do conhecimento/educação) tendem a ter uma resposta mais longa
(mais demorada para alcançar sua implementação) versus soluções que atuam nos
elementos físicos do processo.
Como, paralelamente, existe a necessidade de se ter um acompanhamento do
rendimento do próprio Serviço de Segurança, ou ainda a de se substituir os seus
membros (p. ex., segundo a NR-05, o mandato dos membros das CIPAs é de um ano),
sugere-se que se aproveite estes momentos para se proceder a uma checagem do
plano de ação.
Os próximos capítulos irão, com maior ou menor intensidade, apresentar
técnicas de reconhecimento, métodos de avaliação, critérios de análise e alternativas
27
para a geração de técnicas preventivas etc. Assim, trataremos aqui apenas dos
elementos que não são abordados nas outras disciplinas, o que envolve basicamente
os passos I, II e V citados.

6.1 Métodos de levantamento de informações

O primeiro passo, como já foi mencionado, é o levantamento de informações


sobre a empresa como um todo, gerando-se um material que seja posteriormente
analisado com o objetivo de indetificação do ponto crítico da empresa, que seja
necessário realizar uma intervenção de imediato.
Várias são as maneiras de se proceder a este levantamento, mas elas podem
ser agrupadas em dois grandes blocos: os métodos retrospectivos e os
métodos prospectivos.
O primeiro grupo é composto pelos métodos em que o ponto de partida são os
fatos já ocorridos, os quais têm os seus processos analisados, de forma a identificar
as suas causas. A ideia básica é que se algum elemento do processo de trabalho
causou o acidente e se este fator ainda está presente na empresa, é possível que o
acidente volte a acontecer, devido a esse fator específico.
Desta forma, a ferramenta básica aqui é a análise de acidentes, feita em
coerência com a concepção de acidente adotada. Assim, este levantamento de
informações poderá ser feito: (i) através da busca de atos e condições inseguras
presentes na gênese dos acidentes já ocorridos (caso em que se adote uma
concepção mais rústica de AT); ou (ii) através da montagem das Árvores de Falhas
(ver o Capítulo 5) presentes em cada acidente analisado, entre outros.
Dos dois métodos citados no parágrafo anterior, o primeiro (identificação de
atos e condições inseguras) é mais rápido e demanda menos treinamento que o
segundo, que, em contrapartida, é mais potente que o primeiro. Tais características
são decorrentes do fato de que o primeiro método possui um conjunto universo de
respostas possíveis fechado, com um número finito de opções, enquanto o segundo
(na busca pelas causas singulares, dos eventos de maneira singular, para que depois
se investigue as causas, e assim sucessivamente) opera sobre um conjunto abertos,

28
com potencial infinito de respostas, apesar de que com a vantagem de deixar explicito
a existência de fatores coadjuvantes na ocorrência de acidentes.
O grupos de métodos prospectivos possuem como ferramenta básica a
inspeção de segurança.O seu ponto de partida é a situação atual, onde se procura
perceber/antever quais riscos existem nos locais analisados. Tais métodos podem,
por sua vez, ser subdivididos entre os que usam a tipologia de riscos já apresentada
como eixo básico (e, consequentemente, procuram nas inspeções verificar a
existência dos mesmos) e os que adotam a fonte de riscos como eixo (já que eles
investigarão cada um dos elementos que participam do processo de trabalho para
concluir se eles são ou não potencialmente nocivos). Aqui também o primeiro dos
métodos citados (por tipo de risco) é mais rápido que o segundo, já que ele inclui um
processo analítico que relaciona o risco com a sua fonte, o que não se dá no primeiro.
Várias propostas de roteiros para levantamento de informações, incluindo
checklists e/ou formulários a serem utilizados, podem ser obtidas na internet. A opção
pelo grupo prospectivo ou pelo retrospectivo como meio de elaboração do plano de
trabalho depende:
a. de existir ou não existir um sistema para registrar acidentes na empresa,
caso não exista o registro ou o mesmo não seja confiável, os métodos prospectivos
precisam ser preferidos;
b. do uso de novas tecnologias na empresa: afinal, como existem riscos que
demandam tempo para se manifestar, o fato de a empresa usar
métodos/técnicas/equipamentos novos deve apontar no sentido de usar métodos
prospectivos;
c. da gravidade da situação: A existência de sérios e evidentes riscos,
primeiramente é preciso iniciar a intervenção concreta e a utilização de métodos
retrospectivos mais indicados.
De forma geral, recomenda-se que seja feita uma combinação de métodos,
incorporando no planejamento não só a realização de inspeções periódicas como a
análise, sistemática e documentada, de todos os acidentes.

29
6.2 Critérios de análise

Reunidos os dados que caracterizam a empresa sob o prisma da Segurança


do Trabalho, o passo seguinte é o de identificar os seus pontos críticos que,
dependendo do ponto de vista da empresa, podem ser colocados em nível de seção,
ou de posto de trabalho ou de risco específico.
Neste momento de estudo, é necessário que se tenha alguns elementos que
possibilitam comparar os fatos díspares, acontecidos em locais diferentes.
Os quatro itens mais frequentemente utilizados são frequência, gravidade,
custo e extensão.
No primeiro caso, a ideia é a de priorizar os locais onde os acidentes ocorrem
com maior frequência, a qual pode ser medida em termos absolutos (ou seja, em
termos com o números dos casos registrados) ou com termos relativos (analisando a
frequencia pelo tempo em que se fica exposto ao risco). Um índice bastante
empregado é a “Taxa de frequência” (FA), definida como:

Onde:
N = Número de acidentes ocorridos no período analisando
HH = Número de homens-hora de exposição ao risco
A ideia de se fazer a comparação através da gravidade (o que demanda o
registro de um número maior de informações, já que é necessário se saber também
qual a consequencia dos acidentes) decorrente do fato de que nem todos os casos
são igualmente prejudiciais. Existem, por exemplo, acidentes que são fatais, ao lado
de outros que geram apenas lesões superficiais, rapidamente superáveis: segundo a
ótica da frequência pura e simples, ambos os casos seriam idênticos, o que é uma
simplificação exagerada.
Alguns autores propõem a utilização da irreversibilidade (ou seja, da
incapacidade orgânica de superar o trauma criado pelo acidente) como forma de medir
a gravidade. Nesta linha, um local que apresenta, por exemplo, três tipos diferentes

30
de possíveis acidentes fatais seria mais crítico do que outro local com quatro tipos
diferentes de acidentes geradores de incapacidades temporárias.
Uma alternativa são os índices de morbidade e mortalidade, sejam eles
absolutos ou relativos (aos casos ocorridos ou à exposição ). São mais utilizados os
índices “Taxa de gravidade” (G) e “Índice de avaliação de gravidade” (IAG), calculados
por:

Onde N e HH têm o mesmo significado anterior (ver FA) e DP significa o número


de dias perdidos em função dos acidentes registrados, que é igual à soma (i) dos dias
de afastamento dos acidentados que ficaram temporariamente incapacitados com (ii)
os dias debitados em função de incapacidades permanentes. A tabela de dias
debitados consta em anexo da NR-05 da Portaria 3.214, e atribui o valor de 6.000 dias
para cada caso fatal (o que equivale a cerca de 25 anos de trabalho).
Outra forma de encarar a gravidade é sob o prisma do impacto para a empresa,
medido através do custo dos acidentes. Afinal, sabe-se que, em cada acidente, não
apenas o acidentado é atingido, mas há também a perda de materiais, a absorção de
outras pessoas (seja para socorrer o acidentado, para comentar o evento, para
recolocar o sistema em funcionamento etc.), o consumo de materiais/equipamentos
(no atendimento às vítimas), e outros gastos. A soma dos valores monetários destes
consumos pode ser empregada para se chegar a uma conclusão quanto aos pontos
críticos.
Nesta perspectiva, as seções mais capital-intensivas, por terem maiores
parcelas de capital nas mãos de poucas pessoas, tendem a apresentar maiores
custos de acidentes. Provavelmente, aqui reside a explicação para se verificar
menores taxas de acidentes nestes setores do que nos artesanais, mão-de-obra
intensiva, como a construção civil e/ou a extração de madeira.
Todos estes três critérios exigem que se tenha à mão um conjunto de dados
sobre os acidentes já ocorridos, ou que se tenha simulado os dados que seriam
obtidos em decorrência de eventos desta natureza (p. ex., estimativa de custo ou
31
expectativa de irreversibilidade). Caso estes elementos não se encontrem à
disposição, outra opção é medir a extensão, ou seja, o alcance de cada risco,
verificando a população a ele exposta, o que seria utilizado como um padrão
rudimentar de comparação.
Adicionalmente, cabe aqui registrar que há a possibilidade de se adotar mais
um tipo de critério, o da competência técnica. Afinal, todos os profissionais têm um
conjunto limitado de técnicas que lhes permitem lidar com alguns problemas melhor
do que outros, exigindo a cooperação de um especialista externo. Nestes casos, pode-
se pensar em fazer uma inversão de prioridades, enfocando primeiro os riscos para
os quais exista a competência técnica, e buscando, concomitantemente, obter a
cooperação externa para a resolução dos demais.

6.3 Tipologia das soluções

Identificado o ponto crítico, ou seja, o risco a ser inicialmente atacado, uma


nova rodada de coletas de dados e de análises se faz necessária, envolvendo agora
procedimentos específicos para o risco identificado. Supondo, por exemplo, que o
principal problema seja o ruído, será necessário fazer o mapeamento do nível de
intensidade sonora, nos moldes previstos no capítulo dedicado à proteção contra
ruídos.
Vencidas as quatro etapas iniciais, atinge-se o ponto em que deverão ser
apresentadas soluções alternativas para o problema, ou seja, a fase de geração de
alternativas.
A qualidade do estudo nesta fase depende não só do conhecimento que a
equipe de projeto tenha sobre as soluções disponíveis no mercado, mas também do
domínio de técnicas de criatividade, para conceber novas soluções. Ambos os campos
citados transcendem o escopo da presente disciplina e, desta forma, pode-se apenas
recomendar:
a. que os profissionais procuram se manter atualizados lendo textos técnicos
de sua área ou participando de congressos e simpósios de troca de experiências,
possibilitando o enriquecimento de seu arsenal técnico;

32
b. que o profissional procure participar de algum curso de criatividade cuja
ementa inclua técnicas como a de brainstorming, na medida em que tal ferramental é
essencial à proposição de novos métodos preventivos.
No momento, cabe apenas citar que existem várias formas de se atacar um
mesmo problema, e alertar para o fato de que nem sempre a primeira solução que
nos vem à mente é a melhor.
Para possibilitar uma busca mais sistemática de soluções, podemos dizer que
estas podem ser classificadas quanto ao:
a. tipo de elemento preventivo: físicas ou organizacionais;
b. ponto de inserção: na fonte, no meio ou no receptor;
c. momento de utilização: preventivas ou corretivas.
No primeiro caso, o que se pretende lembrar é que é possível se pensar em
soluções que demandem a introdução de novos elementos físicos no processo de
trabalho, o que caracteriza as soluções físicas. É o caso, por exemplo, de atacarmos
o problema do ruído em uma sala de tecelagem através:
a. da substituição dos teares por outros modelos mais silenciosos;
b. a colocação de painéis absorventes acústicos, que torna a propagação de
som difícil;
c. do fornecimento de protetores auriculares.
No entanto, é possível também se pensar em soluções em que não sejam
necessários novos elementos físicos, bastando apenas se modificar a forma de
utilização daqueles mesmos recursos, ou seja, em soluções organizacionais. Para o
mesmo problema anteriormente citado poderíamos ter como soluções:
a. alterar o sistema de manutenção de corretiva para preventiva;
b. a modificação do layout da seção;
c. a redução da jornada de trabalho naquela seção, impondo aos trabalhadores
menores períodos de exposição ao ruído.
No segundo caso, a ideia básica é a de que os riscos se originam em algum
ponto concreto do processo de trabalho (a fonte do risco) e se propagam pelo
ambiente (através do seu meio específico) até que atinjam alguma pessoa (o receptor
ou vítima da agressão): tal concepção permite vislumbrar soluções que atuem nos
diversos pontos deste processo de criação/propagação/concretização de riscos. As
33
soluções aqui apontadas para o problema do ruído são exemplos típicos de cada uma
destas opções.
Deve ser registrado, a existência de profundas diferenças entre as opções. Do
ponto de vista técnico, as ações sobre a fonte de risco tendem a ser mais eficientes
do que as sobre o meio de propagação e, principalmente, sobre o receptor: afinal,
nestes dois últimos o risco continuará presente no local de trabalho. Além disso, há
que se registrar que existem EPIs que não atendem às especificações de proteção
e/ou que provocam novos problemas. Por exemplo, temos protetores auditivos que
causam dermatite de contato e luvas que reduzem a capacidade de segurar
ferramentas.
No entanto, do ponto de vista financeiro, as ações de fontes de risco tendem
a ser mais caras do que as outras duas, principalmente EPIs. Ainda do ponto de vista
da complexidade técnica, a opção de proteger o destinatário é geralmente mais
simples do que as outras opções, nomeadamente a opção de atacar a fonte do risco,
pois neste caso é necessário modificar o processo de fabrico.
São estas características (baixo custo relativo, simplicidade de projeto e
reduzida interferência no processo produtivo) que fazem com que o uso de EPIs seja
a técnica preventiva mais difundida. Tecnicamente, porém, esta opção só deve ser
utilizada em conjunto com outra técnica mais forte (sobre o meio ou a fonte de risco)
ou como solução temporária. (enquanto uma solução mais eficiente é desenvolvida).
Já no terceiro caso, a ideia é a de que nem sempre se poderá garantir que as
medidas preventivas implantadas terão êxito, sendo necessário pensar também em
soluções que evitem a propagação dos danos. Técnicas relacionadas a primeiros
socorros e combate a incêndios são os principais exemplos de soluções corretivas.
Vale salientar que a opção ideal, na verdade, é a criação de um “sistema” de
soluções de tipos diferentes, de sorte que mesmo que algum de seus componentes
venha a falhar (o que é bastante plausível), o sistema produtivo não entre em colapso.
Por exemplo, um bom sistema de ataque à questão dos incêndios inclui medidas como
sistemas de alarme (acionados pela presença de fumaça ou a partir de uma
determinada temperatura), de extintores portáteis (para combate aos focos iniciais de
fogo), de combate automático (tipo rede de sprinklers) e manual, além das óbvias
medidas preventivas (como controle dos materiais, arranjo físico etc. ).
34
6.4 As fases finais

Geradas as soluções alternativas, passa-se a seguir para as fases finais do


projeto, de seleção da melhor alternativa e de especificação/implantação da mesma.
Cada uma delas merece um breve comentário, embora não sejam o foco deste
capítulo.
Quanto à fase de seleção, o que se pretende é alertar para o fato de que aqui
se encontram envolvidos aspectos técnicos, econômicos e sociais, nenhum dos quais
pode ser ignorado sob pena de se implantar soluções inócuas. Idealmente, a solução
tecnologicamente mais eficiente seria a solução economicamente mais viável e
socialmente aceitável, mas nem sempre é esse o caso. Por exemplo, uma solução
tecnicamente ideal pode não ser financeiramente viável naquele momento da vida da
empresa, ou pode criar resistência na comunidade de trabalho. Como exemplo
concreto, vale lembrar que alguns trabalhadores se opõem ao uso de EPI por motivos
que vão desde o preconceito (como “ferir sua masculinidade”) até o mais lógico (como
interferir na agilidade e criar riscos secundários). Assim, se a análise apontasse no
sentido de usar o EPI como técnica preventiva, esta decisão deveria se fazer
acompanhar de outras, tal como uma campanha educativa que minimizasse as
resistências. Isso já é suficiente para se perceber a necessidade de se compor um
sistema que integre todas as medidas aqui aventadas. Nos próximos capítulos isso
será reforçado, na medida em que lá serão discutidas questões ligadas à Gestão de
Riscos e à montagem de Sistemas de Gestão de Segurança.
Para a última fase, o lembrete básico é o de que o trabalho do engenheiro não
se esgota na sua prancheta: ele só se torna realidade depois de implantado ao nível
do piso da fábrica. Infelizmente, o número de casos em que essa regra básica é
esquecida não é insignificante: pelo contrário, é bastante comum observar, por
exemplo, que mudanças na posição das máquinas causam interrupções, longos
ciclos de produção ou obras de engenharia civil destinadas a melhorar edifícios com
leitos muito perigosos. Ou seja, também é necessário planejar adequadamente a
implementação das soluções, para que não surjam mais problemas.

35
7 NORMAS REGULAMENTADORAS

Além da Constituição Federal e das legislações trabalhistas previstas na CLT,


a legislação básica que rege a Segurança do Trabalho está contida nas Normas
Regulamentadoras.
A Portaria nº 3.214/78 e suas alterações estabeleceram as Normas
Regulamentadoras – NR que devem ser observadas por empregadores e empregados
regidos pela CLT.
A maioria das normas, foram alteradas ou atualizadas, devido as atualizações
de mercado, mudança nas funções trabalhistas e com novos tipos de acidentes sendo
registrados, essas normas precisaram se adaptar à realidade e continuarão se
adaptando, passando por atualizações, conforme for necessário.
NR 01- Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais: Seu
objetivo é estabelecer as disposições gerais, o campo de aplicação, os termos e as
definições comuns às Normas Regulamentadoras - NR relativas a segurança e saúde
no trabalho e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais
e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho – SST, sua última
alteração aconteceu pela portaria SEPRT nº 6.730, de 09 de março de 2020, que
aprovou a nova redação da Norma Regulamentadora nº 01 - Disposições Gerais e
Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, estabelece, no art. 3°: “enquanto não houver
sistema informatizado para o recebimento da declaração de informações digitais
prevista nos subitens 1.8.4 e 1.8.6 do Anexo I desta Portaria, o empregador deverá
manter declaração de inexistência de riscos no estabelecimento para fazer jus ao
tratamento diferenciado”.
NR 02 – Inspeção prévia: A norma visava a fiscalização das empresas e
impunha algumas recomendações para que as empresas cumprissem antes mesmo
de sua abertura, desde sua criação, passou por duas atualizações, as modificações
decorrentes da Portaria SSMT nº 06/1983 permaneceram vigentes até o ano de 2019,
quando da publicação da portaria SEPRT nº 915, de 30 de julho de 2019, a revogou
por completo.
NR 03 – Embargo e Interdição: Estabelece as diretrizes para caracterização do
grave e iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de embargo e interdição.
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Embargo e Interdição são medidas administrativas, de caráter cautelar, cuja adoção
tem o objetivo de evitar a ocorrência de acidente ou doença com lesão grave ao
trabalhador, não se tratando de medida punitiva às organizações.A norma passou por
uma revisão em 2019 que teve como propósito estabelecer requisitos técnicos
objetivos para adoção das medidas de embargo e interdição, possibilitando uma
tomada de decisão consistente, proporcional e transparente pelos AFT.
NR 4 – Serviços especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho: Estabelece a obrigatoriedade de contratação de profissionais da área de
segurança e saúde do trabalho de acordo com o número de empregados e a natureza
do risco da atividade econômica da empresa. Os profissionais integrantes do SESMT
são os responsáveis pela elaboração, planejamento e aplicação dos conhecimentos
de engenharia de segurança e medicina do trabalho nos ambientes laborais, visando
garantir a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
Se trata de um serviço especializado, com isso seus membros precisam ser
especialistas, ou seja, qualificados para atuarem nas atividades voltadas à segurança
e saúde do trabalho.
Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho devem ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do
Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, técnico de Segurança do Trabalho e Auxiliar de
Enfermagem do Trabalho, conforme o Quadro II da Norma Regulamentadora nº 4.
Uma das atribuições dos membros do SESMT é a aplicação dos
conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente
de trabalho, incluindo as máquinas e os equipamentos nele presentes, de modo a
reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador.
Ao se esgotarem todos os meios conhecidos para a eliminação do risco no
ambiente de trabalho e esse continuar, mesmo que reduzido, os membros do SESMT
devem recomendar ao empregador o Equipamento de Proteção Individual (EPI) a ser
utilizado pelos empregados, conforme a determinação da NR 6, desde que a
concentração, a intensidade ou a característica do agente assim o exijam.
Nos casos de implantação de novas instalações físicas e tecnológicas, os
membros de SESMT têm a função de colaboração, exercendo a competência técnica
de sua respectiva especialização.
37
Os membros desse serviço também são responsáveis tecnicamente pela
orientação quanto ao cumprimento das normas regulamentadoras, aplicáveis às
atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos.
NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA: Estabelece a
obrigatoriedade de as empresas públicas e privadas organizarem e manterem em
funcionamento, por estabelecimento, uma comissão constituída exclusivamente por
empregados com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, através da apresentação
de sugestões e recomendações ao empregador, para que melhore as condições de
trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes do trabalho e de doenças
ocupacionais.
Formada por empregados que se separam em dois grupos, sendo eles:
representantes do empregador e representantes dos próprios empregados, a
quantidade de membros da representação dos empregados e do empregador é a
mesma.
Os representantes de ambos os grupos se dividem em membros titulares e
suplentes. Não é exigido que os membros sejam qualificados na área de segurança e
medicina do trabalho, o que já é requisitado aos membros do SESMT, os membros
da comissão precisam de treinamento baseado em um conteúdo programático
específico da área.
NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI: Estabelece e define os
tipos de EPI a que as empresas estão obrigadas a fornecer aos seus empregados,
sempre que as condições de trabalho exigirem, a fim de resguardar a saúde e a
integridade física dos trabalhadores.
A última alteração da norma ocorreu por meio da portaria SEPRT n° 915, de 30
de julho de 2019, que promoveu harmonização de termos técnicos e estabeleceu
novas regras para capacitação e treinamento em segurança do trabalho,
especialmente quanto ao aproveitamento de conteúdos ministrados na mesma
organização, ao treinamento ministrado entre organizações e aos treinamentos
ministrados na modalidade de ensino a distância ou semipresencial.
NR 7 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO:
Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implantação por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do
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Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, com o objetivo de proteger e
preservar a saúde de seus empregados em relação aos riscos ocupacionais, conforme
avaliação de riscos do Programa de Gerenciamento de Risco - PGR da organização.
Deve ser elaborada de acordo com os riscos a que estão expostos em suas
atividades de trabalho. ” Após as reuniões de revisão da norma, em março de 2020
foi aprovada essa revisão, concedendo prazo de validade de um ano para a nova
redação da norma.
NR 8 – Edificações: Dispõe sobre os requisitos técnicos mínimos que devem
ser observados nas edificações para garantir segurança e conforto aos que nelas
trabalham.
As disposições dessa norma alcançam os edifícios já construídos, pelos
trabalhadores e edifícios residenciais não construídos ou já construídos.
NR-09 - Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos,
químicos e biológicos: estabelece os requisitos para a avaliação das exposições
ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos quando identificados no
Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto
às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais.
Sua nova estruturação prevê, no corpo da norma, a sistemática de avaliação e
controle dos agentes ambientais e, em seus anexos, as medidas para cada agente
específico, a exemplo das atualmente estabelecidas para vibrações e calor. Com isso,
faz-se ainda necessária a construção de anexos específicos para os demais agentes,
como ruído, agentes químicos e biológicos, elaborados de acordo com o cronograma
de atividades da CTPP.
NR 10 – Instalações e serviços em eletricidade: Estabelece as condições
mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que trabalham em
instalações elétricas, em suas diversas etapas. Inclui elaboração de projetos,
execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, assim como a segurança de
usuários e de terceiros em quaisquer das fases de geração, transmissão, distribuição
e consumo de energia elétrica, observando-se, para tanto, as normas técnicas oficiais
vigentes e, na falta delas, as normas técnicas internacionais.

39
A modernização da NR-10 encontra-se em processo de discussão de forma
tripartite, a fim de atender às demandas sociais, tanto no escopo técnico, como na
seara da fiscalização do ambiente laboral do setor energético.
NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais:
Estabelece os requisitos de segurança a serem observados nos locais de trabalho, no
que se refere ao transporte, à movimentação, à armazenagem e ao manuseio de
materiais, tanto de forma mecânica quanto manual, objetivando a prevenção de
infortúnios laborais.
Dentre as alterações da NR-11, duas foram de fundamental importância e de
grande impacto para a melhoria das condições de segurança e saúde no trabalho do
setor: a revisão de 2003, quando foi introduzido o Anexo I, contendo o regulamento
técnico de procedimentos para movimentação, armazenagem e manuseio de chapas
de mármore, granito e outras rochas, onde se estabeleceram mecanismos de
prevenção para eliminar ou reduzir o grande número de acidentes do trabalho que
ocorriam nas serrarias de rochas ornamentais; e a revisão de 2016, quando foi
revisado esse anexo, tendo sido estabelecidas maiores exigências para essas
atividades.
NR 12 – Máquinas e equipamentos: Esta Norma Regulamentadora - NR e seus
anexos definem referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção
para resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece
requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases
de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos, e ainda à sua fabricação,
importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em todas as
atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto nos demais NRs
aprovadas pela Portaria MTb n.º 3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas
oficiais ou nas normas internacionais aplicáveis e, na ausência ou omissão destas,
opcionalmente, nas normas Europeias tipo “C” harmonizadas.
Em julho de 2019 a portaria SEPRT nº 916, realizou a última alteração
substancial da NR-12, reordenando sua estrutura de modo a facilitar seu
entendimento e aplicação, incorporando cortes temporais específicos para máquinas
novas e usadas, simplificando obrigações para micro e pequenas empresas e

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recepcionando as normas técnicas europeias harmonizadas do tipo C, quando
inexistentes as respectivas normas técnicas nacionais ou internacionais.
NR 13 – Caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de
armazenamento: Estabelece requisitos mínimos para gestão da integridade estrutural
de caldeiras a vapor, vasos de pressão, suas tubulações de interligação e tanques
metálicos de armazenamento nos aspectos relacionados à instalação, inspeção,
operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores.
A portaria SEPRT nº 915, de 30 de junho de 2019, altera parcialmente a NR-
13, fazendo sua harmonização e simplificação em relação à nova NR-01 –
Disposições Gerais.
NR 14 – Fornos: Estabelece as recomendações técnico-legais pertinentes à
construção, operação e manutenção de fornos industriais nos ambientes de trabalho.
Desde a sua publicação, a NR-14 passou por uma única revisão, promovida pela
Portaria SSMT nº 12, de 06 de junho de 1983, que, simultaneamente, revisou diversas
normas regulamentadoras.
NR 15 – Atividades e operações insalubres: Descreve as atividades, operações
e agentes insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as
situações que, quando vivenciadas nos ambientes de trabalho pelos trabalhadores,
ensejam a caracterização do exercício insalubre e, também, os meios de proteger os
trabalhadores de tais exposições nocivas à sua saúde.
Seu texto sofreu diversas alterações pontuais ao longo de mais de 40 anos de
vigência, como se segue:
Portaria SSMT n.º 12, de 12 de novembro de 1979, publicada no DOU de
23/11/79 (alterações no Anexo n° 14 - Agentes Biológicos);
Portaria SSMT n.º 01, de 17 de abril de 1980, publicada no DOU de 25/04/80
(inclusão de trabalho sob vibrações em conveses de navios como atividade insalubre);
Portaria SSMT n.º 05, de 09 de fevereiro de 1983, publicada no DOU de
17/02/83 (detalhamento de trabalhos sob ar comprimido e dos trabalhos submersos);
Portaria SSMT n.º 12, de 06 de junho de 1983, publicada no DOU de 14/06/83
(revogada pela Portaria SEPRT n.º 1.067, de 23 de setembro de 2019 (DOU de
24/09/19);

41
Portaria SSMT n.º 24, de 14 de setembro de 1983, publicada no DOU de
15/09/83 (aborda “Trabalho Sob Condições Hiperbáricas”);
Portaria MTE n.º 3.751, de 23 de novembro de 1990, publicada no DOU de
26/11/90 (introdução de alterações na NR-17, especialmente, no caso da NR-15,
sobre iluminação no trabalho);
Portaria DSST n.º 01, de 28 de maio de 1991, publicada no DOU de 29/05/91
(altera o Anexo nº 12 da NR-15, que institui os "limites de tolerância para poeiras
minerais" – asbestos);
Portaria DNSST n.º 08, de 05 de outubro de 1992, publicada no DOU de
08/10/92 (inclui no Anexo n° 2 da NR-15 as operações com manganês e seus
compostos e revigora o item sílica livre cristalizada);
Portaria DNSST n.º 09, de 05 de outubro de 1992, publicada no DOU de
14/10/92 (inclui no Anexo n° 11 da NR-15 o agente químico Negro de Fumo, no quadro
n.º 1 - Tabela de Limites de Tolerância);
Portaria SSST n.º 04, de 11 de abril de 1994, publicada no DOU de 14/04/94
(altera o Anexo n° 5 sobre radiações ionizantes);
Portaria SSST n.º 22, de 26 de dezembro de 1994, publicada no DOU de
27/12/94 (altera a redação do item 12.1 do Anexo n° 12 - Limites de Tolerância para
Poeiras Minerais – Asbestos);
Portaria SSST n.º 14, de 20 de dezembro de 1995, publicada no DOU de
22/12/95 (altera o item "Substâncias Cancerígenas" do Anexo n° 13 e inclui o Anexo
n° 13-A – Benzeno);
Portaria SIT n.º 99, de 19 de outubro de 2004, publicada no DOU de 21/10/04
(inclui no Anexo nº 12 da NR-15 a proibição do processo de trabalho de jateamento
que utilize areia seca ou úmida);
Portaria SIT n.º 43, de 11 de março de 2008, republicada no DOU de 13/03/08
(inclui no Anexo n° 12 da NR-15 previsão de que nos processos de corte e
acabamento de rochas ornamentais devem ser adotados sistemas de umidificação);
Portaria SIT n.º 203, de 28 de janeiro de 2011, publicada no DOU de 01/02/11
(altera os itens 3, 4 e 5 do Anexo n° 13-A - Benzeno);
Portaria SIT n.º 291, de 08 de dezembro de 2011, publicada no DOU de
09/12/11 (altera o Anexo n° 13-A - Benzeno);
42
Portaria MTE n.º 1.297, de 13 de agosto de 2014, publicada no DOU de
14/08/14 (altera o Anexo n° 8 – Vibração);
Portaria MTb n.º 1.084, de 18 de dezembro de 2018, publicada no DOU de
19/12/18(altera o Anexo n° 5 - Radiações Ionizantes);
Portaria SEPRT n.º 1.359, de 09 de dezembro de 2019, publicada no DOU de
11/12/19 (altera o Anexo nº 3 - Limites de Tolerância para Exposição ao Calor).
NR 16 – Atividades e operações perigosas: Regulamenta as atividades e as
operações legalmente consideradas perigosas, estipulando as recomendações
prevencionista correspondentes.
A norma é composta de uma parte geral, contendo definições e procedimentos
para pagamento do adicional de periculosidade, e anexos que tratam das atividades
perigosas em específico.
NR 17 – Ergonomia: Visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo
a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
A norma possui dois anexos, ambos passaram por modificação em 2021, o
anexo I trata sobre o trabalho dos operadores de Checkout e o anexo II é destinado
ao trabalho em tele atendimento / telemarketing.
NR 18 – Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção: Estabelece
diretrizes de ordem administrativa, de planejamento de organização, que objetivem a
implantação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção
civil.
Desde a sua publicação, o texto da NR-18 sofreu vinte e quatro alterações
pontuais e duas grandes reformulações, estas em 1995 e em 2020, que merecem
destaque. Estimativas da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia
apontam para uma redução de custos de quase R$ 5 bilhões na indústria da
construção, em 10 anos, com a entrada em vigor da nova redação da NR-18.
NR 19 – Explosivos: Estabelece as disposições regulamentadoras acerca do
depósito, manuseio e transporte de explosivos, objetivando a proteção da saúde e
integridade física dos trabalhadores em seus ambientes de trabalho.

43
Já em 2011, a portaria SIT nº 228, de 24 de maio de 2011, reorganizou o corpo
da norma e alterou o Anexo II, que apresenta, para o processo de fabricação, as
tabelas com as quantidades máximas de explosivos que podem ser armazenados e
as respectivas distâncias que devem ser observadas. Essas alterações foram
submetidas para avaliação pela CTPP, durante a 64ª Reunião Ordinária, realizada em
30 e 31 de março de 2011.
NR 20 Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis:
Estabelece requisitos mínimos para a gestão da segurança e saúde no trabalho contra
os fatores de risco de acidentes provenientes das atividades de extração, produção,
armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquido.
NR 21 – Trabalho a céu aberto: Tipifica as medidas prevencionistas
relacionadas com a prevenção de acidentes nas atividades desenvolvidas a céu
aberto, como em minas ao ar livre e em pedreiras.
NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração: Tem por objetivo
disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de
trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da
atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.
Após o rompimento da Barragem em Brumadinho MG, fato ocorrido em janeiro
de 2019, foi aprovada uma nova alteração na NR – 22, para inclusão de itens
específicos referentes à vedação de concepção, a construção, a manutenção e o
funcionamento de instalações destinadas a atividades administrativas, de vivência, de
saúde e de recreação localizadas nas áreas à jusante de barragem sujeitas à
inundação em caso de rompimento. Essa alteração foi publicada pela portaria SEPRT
nº 210, de 11 de abril de 2019. Na 25ª e última** Reunião Ordinária da CPNM,
realizada em 15 e 16 de abril de 2019, foi aprovada e encaminhada à CTPP proposta
de alteração do item 22.35 (Capacitação) da norma, que, por sua vez, não foi
aprovada naquela comissão.
NR 23 – Proteção contra incêndios: Estabelece as medidas de proteção contra
incêndios, que devem dispor os locais de trabalho, visando à prevenção da saúde e
da integridade física dos trabalhadores.
Desde sua publicação, a norma passou por quatro revisões, em que 3 foram
pontuais e a última em 2011, foi uma revisão ampla, onde foi alterado profundamente
44
o texto da norma, que passou a exigir o cumprimento das legislações estaduais em
que se refere às medidas de prevenção de incêndios. Foram mantidos itens relativos
às informações aos trabalhadores e às saídas de emergência.
NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho: Disciplina
os preceitos de higiene e de conforto a serem observados nos locais de trabalho,
especialmente no que se refere a banheiros, vestiários, refeitórios, cozinhas,
alojamentos e ao tratamento da água potável, visando à higiene dos locais de trabalho
e à proteção da saúde dos trabalhadores.
NR 25 – Resíduos industriais: Estabelece as medidas preventivas a serem
observadas pelas empresas no destino final a ser dado aos resíduos industriais
resultantes dos ambientes de trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade
física dos trabalhadores.
Desde sua publicação, 2 revisões foram efetuadas, ambas no ano de 2011,
onde se conferiu nova redação que foi liberada, a segunda revisão atualizou e
aprimorou a regulamentação existente, incorporando novas medidas de prevenção de
acidentes e adoecimentos relacionados aos resíduos industriais, como no tratamento
dos rejeitos radioativos e biológicos, consignando a necessidade de atendimento das
legislações específicas que regulam a disposição desses resíduos.
NR 26 – Sinalização de segurança: Revisada duas vezes, a norma estabelece
a padronização das cores a serem utilizadas como sinalização de segurança nos
ambientes de trabalho, de modo a proteger a saúde e a integridade física dos
trabalhadores.
Em uma de suas revisões passou a ser obrigatório a classificação de produtos
químicos de acordo com o sistema globalmente harmonizado (SGH), assim como a
obrigação da elaboração e disponibilização pelo fabricante ou fornecedor da ficha com
dados de segurança do produto químico (FISPQ) para todos os produtos químicos
classificados como perigosos.
NR 27 – Registro profissional do Técnico em Segurança do Trabalho:
Estabelece os requisitos a serem satisfeitos pelo profissional que desejar exercer as
funções de Técnico em Segurança do Trabalho, em especial no que diz respeito ao
seu registro profissional como tal, junto ao Ministério do Trabalho.

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As modificações decorrentes da Portaria SSST nº 13/1995 permaneceram
vigentes até o ano de 2008, quando da publicação da portaria MTE nº 262, de 29 de
maio de 2008, que revogou por completo a NR-27. Essa portaria atribuiu a
competência de emissão do registro profissional dos Técnicos de Segurança do
Trabalho ao Setor de Identificação e Registro Profissional das unidades
descentralizadas do então Ministério do Trabalho e Emprego, retirando essa
competência da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).
NR 28 – Fiscalização e penalidades: Estabelece os procedimentos a serem
adotados pela fiscalização em Segurança e Medicina do Trabalho, tanto no que diz
respeito à concessão de prazos às empresas para a correção das irregularidades
técnicas, como também, no que concerne ao procedimento de autuação por infração
às Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho.
A norma passou por duas amplas revisões e, devido a sua natureza
operacional, que elenca todas as infrações relacionadas à segurança e saúde no
ambiente de trabalho, a NR-28 também passou por diversas alterações pontuais,
notadamente no que diz respeito ao seu Anexo II, em face das alterações das
disposições das demais normas regulamentadoras.
NR 29 – Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho portuário:
Tem por objetivo regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças
profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as melhores
condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários.
NR 30 – Norma regulamentadora do trabalho aquaviário: Regula a proteção
contra acidentes e doenças ocupacionais objetivando melhores condições e
segurança no desenvolvimento de trabalhos aquaviários.
A última alteração realizada na NR-30 ocorreu com a publicação da portaria
MTb nº 1.186, de 20 de dezembro de 2018, que aprovou a Norma Regulamentadora
nº 37 (NR-37) - Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo, e revogou o Anexo
II da NR-30 que até então regulamentava a matéria.
NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura,
exploração florestal e aquicultura: Estabelece os preceitos a serem observados na
organização e no ambiente de trabalho rural, de forma a tornar compatível o
planejamento e o desenvolvimento das atividades do setor com a prevenção de
46
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho rural. Se aplica a quaisquer atividades
da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, verificadas as
formas de relações de trabalho e emprego e o local das atividades.
NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde: Tem por
finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como
daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Ao longo dos seus quinze anos de existência, a NR-31 passou por dois
processos de revisão, os quais ocorreram após sucessivas reuniões de negociações
tripartites no âmbito da Comissão Permanente Nacional Rural (CPNR). Todas as
revisões atenderam aos variados pleitos apresentados pelas três bancadas que
compunham a Comissão Permanente Nacional Rural (CPNR).
NR 33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados: Esta Norma
tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para identificação de espaços
confinados, seu reconhecimento, monitoramento e controle dos riscos existentes, de
forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores.
A NR-33 é uma norma para trabalhos confinados, que estabelece medidas de
prevenção, medidas administrativas, medidas pessoais, capacitação e medidas para
situações de emergências, sendo a primeira norma regulamentadora a prever a
realização de avaliação dos fatores de riscos psicossociais na sua redação.
Como principais avanços em relação às normas internacionais, destacam-se a
não classificação dos espaços confinados e a obrigatoriedade de emissão de
Permissão de Entrada e Trabalho (PET) para a realização de qualquer trabalho em
espaço confinado.
NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção,
reparação e desmonte naval: Esta Norma Regulamentadora estabelece os requisitos
mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de
trabalho nas atividades da indústria de construção, reparação e desmonte naval.
A NR-34 trouxe avanços importantes, como medidas de segurança e saúde
para trabalhos com: radiações ionizantes, face aos efeitos nocivos dos processos de
radiografia e gamagrafia; hidrojateamento, considerando a utilização de alta pressão
em diversos serviços; montagem e desmontagem de andaimes, devido à variabilidade
47
de formas e medidas das plataformas de petróleo; e a adoção de soluções alternativas
referentes às medidas de proteção coletiva, às técnicas de trabalho e ao uso
equipamentos, tecnologias e outros dispositivos, desde que garantida a realização das
tarefas e atividades de modo seguro e saudável.
NR 35 – Trabalho em altura: Esta Norma estabelece os requisitos mínimos e
as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a
organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.
De acordo com a norma considera-se trabalho em altura toda atividade
executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.
NR 36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e
processamento de carnes e derivados: Tem como objetivo estabelecer os requisitos
mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas
atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e
derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a
segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da observância
do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR do Ministério do Trabalho e
Emprego.
NR 37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo: Estabelece os
requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo
de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB.

8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

8.1 Equipamento de proteção coletiva

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Segundo Tavares (2009), se considera equipamento de proteção coletiva, os
equipamentos que atendem dois ou mais trabalhadores ao mesmo tempo, esses
equipamentos são para proteção dos trabalhadores à riscos que venham ameaçar a
saúde e segurança no trabalho.
A principal característica dos EPC é de beneficiar um grupo de trabalhadores
sem distinção, dependendo da situação, eles podem reduzir os riscos ou até mesmo
eliminá-los.
Podemos citar alguns exemplos de EPC:
• Redes de Proteção (nylon)
• Sinalizadores de segurança (como placas e cartazes de advertência, ou fitas
zebradas)
• Extintores de incêndio
• Lava-olhos
• Chuveiros de segurança
• Exaustores
• Kit de primeiros socorros

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8.2 Equipamento de proteção individual

Os EPIs, Equipamentos de Proteção Individual, são produtos ou dispositivos


que possuem o intuito de proteger o trabalho, de forma individual, contra riscos que
venham ameaçar sua segurança, saúde e até mesmo integridade física, durante a
realização da atividade laboral. A inserção dos equipamentos de proteção individual é
realizada pela unidade, com as circunstâncias seguintes:
a. Sempre que as medidas de proteção coletiva (EPC) não oferecerem
completa proteção contra os riscos de acidentes no trabalho ou de doenças
profissionais.
b. Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
c. Em situações de emergência;
d. Quando a atividade do empregado apresentar risco ocupacional em função
do tipo de agente (químico, físico ou biológico), quantidade e tempo de exposição do
empregado ao agente, sensibilidade individual do empregado e toxicidade do agente.
Vale ressaltar que o EPI protege o trabalhador de riscos existentes no ambiente
de trabalho, mas, o EPI não evita que acidentes aconteça, caso aconteça, com o uso
de EPI a consequência do acidente pode ser menor.
Como os EPIs existem para proteger a saúde do trabalhador, devem passar
por testes para garantir sua eficácia e serem aprovados pela autoridade competente

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para comprovar sua eficácia. O Ministério do Trabalho atesta a qualidade de um EPI
através da emissão obrigatória do “Certificado de Aprovação” (C.A.).
Os tipos de equipamento de proteção individual são: proteção da cabeça;
proteção dos olhos e da face; proteção auditiva; proteção das vias respiratórias;
proteção dos membros superiores; proteção dos membros inferiores; proteção do
tronco; proteção contra quedas com diferença de nível.

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9 BIBLIOGRAFIA

MÁSCULO, F. S. MATTOS, U. A. O. Higiene e Segurança do Trabalho. 2ª ed, São


Paulo: Elsevier Editora Ltda. 2019.

ALVES, Teresa Cristina. Manual de equipamento de proteção individual. —


[Recurso eletrônico]. — Dados eletrônicos. __ São Carlos, SP: Embrapa Pecuária
Sudeste, 2013.

BRASIL. Portaria nº 3214 de 08 de junho de 1978. Aprova as Normas


Regulamentadoras do Ministério de Estado do Trabalho, no uso de suas atribuições
legais, considerando o disposto no art. 200, da Consolidação das Leis do Trabalho,
com redação dada pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977. Brasília, 1978.

CAMISASSA, Mara Queiroga. Segurança e saúde no trabalho: NRs 1 a 36


comentadas e descomplicadas. 1. ed. São Paulo: MÉTODO LTDA, 2015. 886 p.
ISBN 978-85-309-5933-3.

TAVARES, Cláudia Régia Gomes. Segurança do Trabalho I: Equipamento de


Proteção Coletiva (EPC) e Equipamento de Proteção Individual (EPI). Rio Grande
do Norte: EQUIPE SEDIS, 2009.

Segurança e Medicina do Trabalho, 86ª ed, São Paulo: Editora Atlas Ltda, 2021.

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