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IMP.

023/2
20/11/2019

UFCD 0349 - AMBIENTE, SEGURANÇA,


HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO
NOME DA DISCIPLINA/UFCD EM MAIÚSCULAS
UFCD0349 AMBIENTE, SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

Índice

P–3 Enquadramento
Descrição Geral da Qualificação
P–3 Objetivos
P–4 Conteúdos
P–4 Bibliografia
P–5 Avaliação
P–5 Desenvolvimento Curricular

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NOME DA DISCIPLINA/UFCD EM MAIÚSCULAS
UFCD0349 AMBIENTE, SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

Enquadramento

Este manual foi construído no âmbito da disciplina de Introdução à Higiene e Segurança e saúde no
trabalho. Sendo que, o capítulo 1 é referente ao módulo Introdução à Higiene, Segurança e Saúde no
Trabalho II e o capítulo 2 referente à Prevenção dos Riscos Profissionais. Permitir-lhes-á, obterem
conhecimentos gerais, sobre os perigos a que estão sujeitos ao exercerem funções profissionais. Ficando
desta forma, mais preparados para protegerem-se futuramente dos perigos a que estrão expostos. É
igualmente importante a consciencialização dos seus direitos e deveres, bem como os das entidades a
quem prestam os seus serviços.
Nº de aulas total: 25

Nrº de aulas: 25
Formador(a): Daniel Melo

Objetivos

No final do módulo deverás ser capaz de:


caracterizar situações/ocorrências de acidentes de trabalho e de doenças profissionais
(forma de acidente, agente material envolvido, tipo de lesão, causas identificáveis);
conhecer a missão da Organização Internacional do Trabalho e o regime de proteção ao
grupo específico dos trabalhadores jovens;
conhecer os principais fatores de risco, ao nível de:
Locais de trabalho;
Máquinas e equipamentos de trabalho;
Utilização da energia elétrica;
Riscos de incêndio e explosão.
Substâncias químicas perigosas;
Ruído,

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Ambiente térmico (calor e frio);


Posturas e sobre esforços (trabalho com ecrãs de visualização e movimentação manual
de cargas)
o Stress no Trabalho.
colaborar nas atuações de prevenção básicas nos locais de trabalho, identificando
perigos de forma a participar na aplicação das medidas de controle de riscos ao nível da
ordem e limpeza, da sinalização e da manutenção geral e garantir a sua continuação;
aplicar os princípios e práticas da higiene, segurança e saúde no trabalho nos espaços
laboratoriais e oficinais onde decorrem as atividades formativas;
conhecer os principais tipos de equipamentos de proteção coletiva bem como os
equipamentos de proteção individual;
utilizar os equipamentos de proteção individual em função das partes do corpo a
proteger e dos fatores de risco;
conhecer sinalização de segurança e emergência;
participar na aplicação de planos de emergência, nomeadamente nos procedimentos
estabelecidos para as ações de combate a incêndios, evacuação e de primeiros socorros;
conhecer os principais direitos e obrigações dos trabalhadores e empregadores face à
prevenção;
enunciar as principais causas e consequências dos acidentes de trabalho e das doenças
profissionais ao nível das operações e tarefas da qualificação profissional visada;
conhecer os riscos associados à qualificação profissional visada e a sua prevenção.

Conteúdos

No decorrer deste módulo irás estudar os seguintes conteúdos:

Links de interesse .......................................................................................................................................... 8


Capítulo 1 – Introdução à Higiene Segurança e Saúde no Trabalho .................................. 9
1. Conceitos de Higiene e Segurança do Trabalho (HST) ................................................................. 9
2. PRINCÍPIOS GERAIS DA PREVENÇÃO .............................................................................................. 12
3. DIREITOS E DEVERES ............................................................................................................................. 13
3.1. Direitos dos trabalhadores:.......................................................................................................... 13
3.2. Deveres dos trabalhadores: ......................................................................................................... 13
4. O TRABALHO E A SAÚDE ....................................................................................................................... 14
5. ACIDENTES DE TRABALHO .................................................................................................................. 15
6. DOENÇAS PROFISSIONAIS .................................................................................................................... 17
7. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DE TRABALHO ........................................................................... 18
8. Os jovens e a Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho............................................................. 18
9. A missão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) .................................................... 19
10. DOENÇA PROFISSIONAL ..................................................................................................................... 20
11. RISCOS PROFISSIONAIS....................................................................................................................... 20
11.1. Fatores de riscos associados a Máquinas e equipamentos de trabalho .................. 21

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11.2. Utilização por Trabalhador Habilitado ................................................................................. 22


11.3. Verificação dos Equipamentos de Trabalho ....................................................................... 22
11.4. Implementação de Locais de Trabalho bem concebidos ............................................... 23
11.5. Utilização de equipamentos bem-adaptados ..................................................................... 24
12. RISCOS ELÉTRICOS................................................................................................................................ 24
13. INCÊNDIO E EXPLOSÃO....................................................................................................................... 26
13.1. Tipos de combustão ...................................................................................................................... 26
13.3. Elementos necessários para ocorrer um fogo ................................................................... 27
13.3. Triângulo do fogo........................................................................................................................... 27
13.4. Como extinguir o fogo .................................................................................................................. 28
13.5. Métodos para extinguir o fogo ................................................................................................. 28
14. RUÍDO.......................................................................................................................................................... 36
15. ILUMINAÇÃO NOS LOCAIS DE TRABALHO ................................................................................. 37
15.1. Tipos de iluminação ...................................................................................................................... 38
16. AMBIENTE TÉRMICO ........................................................................................................................... 41
17. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS PERIGOSAS .......................................................................................... 44
17.1. Propriedades físico-químicas ................................................................................................... 46
17.2. Riscos para a saúde ....................................................................................................................... 47
18. ERGONOMIA ............................................................................................................................................. 47
18.1. Movimentação Manual de Cargas ........................................................................................... 49
19. O STRESS NO TRABALHO ................................................................................................................... 52
Capítulo 2 – Prevenção de Riscos Profissionais ......................................................................... 55
20. ACIDENTES DE TRABALHO ............................................................................................................... 55
20.1. Prevenção nos locais de trabalho ............................................................................................ 55
20.2. A gestão da prevenção na empresa ........................................................................................ 56
20.2.1. Identificação de perigos: ......................................................................................................... 56
20.2.2. Medidas de controlo de riscos: ............................................................................................. 56
20.2.3. EPC – Equipamento De Proteção Coletiva: ...................................................................... 57
20.2.4. EPI - Equipamento De Proteção Individual:.................................................................... 57
20.3. Sinalização de Segurança........................................................................................................... 62
21. ORGANIZAÇÃO DA EMERGÊNCIA ................................................................................................... 69
21.1. Planta de emergência ................................................................................................................... 69
21.2. Instruções de evacuação de emergência .............................................................................. 69
21.3. Sinalização de emergência: ........................................................................................................ 70
22. PRINCIPAIS RISCOS ASSOCIADOS À PROFISSÃO DE EMPREGADO DE RESTAURANTE
BAR ...................................................................................................................................................................... 71

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Capítulo 3 - AMBIENTE ............................................................................................................................ 76


23. Ambiente.................................................................................................................................................. 76
23.1. Principais problemas ambientais da atualidade mundial ................................................. 76
23.2. Problemas que teremos de enfrentar: ....................................................................................... 77
23.2.1. Adaptação e mitigação às mudanças climáticas ............................................................ 77
23.2.2. Poluição e seu impacto na saúde ......................................................................................... 77
23.2.3. A proteção dos oceanos ........................................................................................................... 77
23.2.4. A transição energética e as energias renováveis .......................................................... 78
23.2.5. Lixo tecnológico .......................................................................................................................... 78
23.2.5. Um modelo alimentar sustentável ...................................................................................... 78
23.2.6. Proteção da biodiversidade ................................................................................................... 79
23.2.7. O desenvolvimento urbano e a mobilidade sustentável ............................................ 79
23.2.8. Escassez de água......................................................................................................................... 79
23.2.9. Os fenômenos meteorológicos extremos ......................................................................... 79
23.3. Documentários para refletir sobre os problemas ambientais ......................................... 80
23.4. Resíduos ............................................................................................................................................ 82
23.4.1. Gestão de resíduos ..................................................................................................................... 82
23.4.2. Estratégias de atuação ............................................................................................................. 83

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Bibliografia

Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho: L. C. Freitas 2003 Ed. Universitárias Lusófonas,


Lisboa
Desafiar o Desafio ? Prevenção do Stress no trabalho: M. Ramos 2001 Ed. RH, Lisboa
Chemical Hazards of the Workplace: G.J. Hathaway, N.H. Proctor, J. P. Hughes 1996 4º
Ed., Van Nostrand Reinhold
Manual de Higiene e Segurança do Trabalho : S. Miguel 1995 Porto Editora, Lda
Lessons from Disaster, Institution of Chemical Engineers: T. Kletz 1993 Rugby, Reino
Unido
Fire Protection Handbook: A.E. Cote (ed.) 1992 National Fire Protection Association, MA,
EUA, 17th Ed.
Principles of Fire Protection Chemistry: R. Friedman 1989 National Fire Protection
Association, MA, EUA
Manual de Higiene do Trabalho na Indústria: R. Macedo 1988 Fundação Calouste
Gulbenkian
Loss Prevention in the Process Industries (2 vols.): F.P. Lees 1986 Butterworths, Londres
The SFPE Handbook of Fire Protection Engineering: P.J. DiNenno (ed.) 1988 National Fire
Protection Association, MA, EUA
Chemistry and the Technological Backlash: J.L. Pyle 1984 Prentice-Hall Inc., New
JerseyTexto
https://www.gqportugal.pt/documentarios-para-refletir-sobre-os-problemas-ambientais
https://www.lipor.pt/pt/perguntas-frequentes/residuos/faq-72/
Avaliação

AVALIAÇÃO
% DATA / PRAZO AUTOAVALIAÇÃO
FORMADOR(A)

Perfil do Aluno – 30%


competências transversais
 Criativo 6%
 Colaborativo 6%
 Comunicativo 6%
 Comprometido 6%
 Autoavaliação 6%
INSTRUMENTOS DE 70%
AVALIAÇÃO (Sugestões: grelha de
observação do trabalho individual/grupo,
portefólio, relatório, fichas de trabalho,
fichas de avaliação, produtos/outputs,
evidências de aprendizagem, …)

 Texto 00%
 Texto 00%

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Desenvolvimento curricular

Links de interesse

Organização Mundial do Trabalho:


- http://www.ilo.org

Organização Mundial de Saúde:


- http://www.who.int

ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho (Portugal):


- https://www.act.gov.pt/(pt-PT)/Paginas/default.aspx

Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (Espanha):


- http://www.mtas.es/insht/

Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional:


- http://www.ttl.fi/Internet/English/default.htm

Filmes do Napo sobre Segurança no trabalho:


https://www.napofilm.net/pt

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Capítulo 1 – Introdução à Higiene Segurança e Saúde no


Trabalho

1. Conceitos de Higiene e Segurança do Trabalho (HST)

SEGURANÇA DO TRABALHO
Conjunto de metodologias adequadas à prevenção de acidentes. O objetivo é a
identificação e controlo dos riscos associados aos locais de trabalho e aos processos
produtivos.

HIGIENE DO TRABALHO
Conjunto de metodologias adequadas à prevenção das doenças profissionais. O
objetivo é controlar os agentes químicos, físicos e biológicos através de medidas que
incidem sobre o ambiente de trabalho.

SAÚDE NO TRABALHO
Conjunto de metodologias de vigilância médica cujo objetivo é o equilíbrio
biopsicossociológico dos trabalhadores através do controlo dos elementos físicos e
mentais que possam afetar a saúde.

ERGONOMIA
Domínio científico e tecnológico interdisciplinar, que se ocupa da otimização das
condições de trabalho visando de uma forma integrada, o conforto do trabalhador, a
sua segurança e o aumento da sua produtividade resultando numa adaptação da
máquina ao homem.

PERIGO
Propriedade intrínseca de um componente do trabalho potencialmente causador de
dano para o trabalhador ou para o ambiente ou local de trabalho ou uma combinação
destes.

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RISCO
Possibilidade de dano. Para qualificar um risco, deve valorizar-se conjuntamente a
probabilidade de ocorrência desse dano e a sua gravidade.

RISCO PROFISSIONAL
Possibilidade de um trabalhador sofrer um dano provocado pelo trabalho. Para
qualificar um risco, devem valorizar-se conjuntamente a probabilidade de ocorrência
do dano e a sua gravidade.

PREVENÇÃO
Ação de evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de
disposições e medidas implementadas em todas as fases da atividade da organização.

IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS
Conjunto de atividades assente em metodologias adequadas com o objetivo de
identificar os perigos existentes numa organização

AVALIAÇÃO DE RISCOS
Conjunto de processos assente em metodologias adequadas com o objetivo de
identificar, estimar e valorar os riscos para a segurança dos trabalhadores

ACIDENTE
Acontecimento fortuito e geralmente indesejado, especialmente se resulta em dano;
percalço; desastre;

ACIDENTE DE TRABALHO
Acidente que se verifique no local e tempo de trabalho e produza direta ou
indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte
redução da capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte (n.º 1 do art. 6.º da Lei
100/97, de 13 de Setembro).

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INCIDENTE
Um acidente do qual apenas resultam danos materiais, não afetando os trabalhadores

QUASE ACIDENTE
Situação de potencial acidente. Ou seja, existiu uma situação que poderia ter causado
um acidente, contudo por mero acaso não aconteceu.

DANO
Doença, patologia ou outras lesões sofridas pelo trabalhador, por motivo ou durante
o trabalho,

TRABALHADOR
Pessoa singular que, mediante retribuição, se obriga a prestar serviço a um
empregador, incluindo a Administração Pública, os institutos públicos e demais
pessoas coletivas de direito público, o estagiário e o aprendiz e os que estejam na
dependência económica do empregador em razão dos meios de trabalho e do
resultado da sua atividade, embora não titulares de uma relação jurídica de emprego,
pública ou privada;

EMPREGADOR
Pessoa singular ou coletiva com um ou mais trabalhadores ao seu serviço e
responsável pela empresa ou pelo estabelecimento ou, quando se trate de
organismos sem fins lucrativos, que detenha competência para contratação de
trabalhadores;

LOCAL DE TRABALHO
Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde deve dirigir-
se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, direta ou indiretamente, sujeito ao
controlo do empregador;

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COMPONENTES MATERIAIS DO TRABALHO

Os locais de trabalho, o ambiente de trabalho, as ferramentas, as máquinas e


materiais, as substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos, os processos de
trabalho e a organização do trabalho;

PREVENÇÃO

Ação de evitar ou diminuir os riscos profissionais através de um conjunto de


disposições ou medidas que devam ser tomadas no licenciamento e em todas as fases
de atividade da empresa, do estabelecimento ou do serviço.

LEI QUADRO

POLÍTICA lei que define os princípios gerais (objetivos, prioridades, limites, etc.) que
devem servir de enquadramento à ação legislativa numa determinada área.

2. PRINCÍPIOS GERAIS DA PREVENÇÃO

- Evitar ou eliminar os riscos;


- Avaliar os riscos que não podem ser evitados ou eliminados;
- Combater os riscos, na origem;
- Adaptar o trabalho ao homem, agindo sobre a conceção, a organização e os métodos
de trabalho e de produção;
- Realizar todos estes objetivos tendo em conta o estado de evolução da técnica;
- Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou pelo que se assuma como
menos perigoso;
- Integrar a prevenção dos riscos num sistema coerente que abranja a produção, a
organização, as condições de trabalho e o diálogo social;

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- Adotar prioritariamente as medidas de proteção coletiva, recorrendo às medidas de


proteção individual unicamente no caso de a situação impossibilitar qualquer outra
alternativa;
- Formar e informar os trabalhadores.

3. DIREITOS E DEVERES

3.1. Direitos dos trabalhadores:


• Trabalhar em condições de segurança e saúde;
• Receber informação sobre os riscos existentes no local de trabalho e medidas de
proteção adequadas;
• Ser informado sobre as medidas a adotar em caso de perigo grave e iminente;
• Receber informação e formação necessárias ao desenvolvimento da atividade em
condições de segurança e de saúde;
• Ser consultado e participar nas questões relativas à segurança e saúde no trabalho;
• Ter acesso gratuito a equipamentos de proteção individual, sempre que se aplique;
• Realizar exames de saúde na admissão, antes do início da prestação de trabalho,
exames de saúde periódicos e ocasionais;
• Afastar-se do seu posto de trabalho em caso de perigo grave e iminente.

3.2. Deveres dos trabalhadores:


• Cumprir as regras e as instruções dadas pelo empregador em matéria de segurança
e saúde no trabalho e utilizar corretamente os equipamentos de proteção coletiva e
individual;
• Zelar pela sua segurança e saúde, bem como pela segurança e saúde das outras
pessoas que possam ser afetadas pelo seu trabalho;
• Utilizar corretamente máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e
outros equipamentos e meios colocados à sua disposição;
• Contribuir para a melhoria do sistema de segurança e saúde existente no seu local
de trabalho;

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• Comunicar de imediato ao superior hierárquico todas as avarias e deficiências por si


detetadas;
• Contribuir para a organização e limpeza do seu posto de trabalho;
• Participar na formação sobre segurança e saúde no trabalho;
• Comparecer às consultas e aos exames determinados pelo médico do trabalho.

4. O TRABALHO E A SAÚDE

O conceito da segurança e saúde no trabalho engloba diversas dimensões e


saberes com vista à melhoria das condições de trabalho, através da eliminação ou
redução dos riscos e das suas consequências, mediante a criação de programas
eficazes de prevenção e a criação de estruturas adequadas ao cumprimento dos
objetivos consagrados na lei e nas boas práticas.

• A segurança saúde e no trabalho consiste assim numa disciplina de âmbito alargado,


que envolve muitas áreas de especialização, com os seguintes objetivos:
• A prevenção para os efeitos adversos para a segurança e saúde decorrentes das
condições de trabalho;
• A proteção dos trabalhadores no seu emprego perante os riscos resultantes de
condições prejudiciais à segurança e saúde dos trabalhadores;
• A promoção e a manutenção dos mais elevados níveis de bem-estar físico, mental e
social de todos os membros de uma organização;
• A colocação e a manutenção dos colaboradores num ambiente de trabalho ajustado
às suas necessidades físicas e mentais;
• A adaptação do trabalho ao homem.

A criação de um sistema adequado de segurança e saúde no trabalho permite


a melhoria das condições e do ambiente de trabalho, pode ajudar a salvar vidas e tem
igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade do

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trabalhador, quer nos resultados alcançados, de que resultam benefícios para todos:
trabalhador, entidade empregadora e a sociedade em geral.

5. ACIDENTES DE TRABALHO

É essencial para uma melhor compreensão do que são acidentes de trabalho


e doenças profissionais fazer uma distinção entre Perigo e Risco que serão termos que
irão aparecer com alguma regularidade ao longo da explicação. Desta forma, o
conceito de Perigo refere-se a " propriedade intrínseca de uma instalação, atividade,
equipamento, um agente ou outro componente material de trabalho com potencial
para provocar dano" (Lei nº 102/2009, de 10 de Setembro). Ou seja, qualquer situação
que ponha em causa a integridade física do trabalhador. Já de acordo com a Lei nº
102/2009, de 10 de Setembro, um Risco é "(…) a probabilidade de concretização do
dano em função das condições de utilização, exposição ou interação do componente
material do trabalho que apresente perigo". Ou seja, O risco é o calculo entre perigo
da situação com o tempo de exposição ao mesmo.
A definição de perigo e de risco faz referência a um Dano, a um efeito negativo com
uma certa gravidade. Esses efeitos podem referir-se a:
• Lesões físicas (fraturas, cortes…) portadoras de uma incapacidade de trabalho
temporária ou permanente;
• Doenças profissionais (tendinites, surdez..) com maior/menor duração,
reversíveis ou não;
• Problemas psicossociais (insatisfação, fadiga, depressão…);
• Problemas de desconforto (postura, iluminação…).

Há um número ilimitado de perigos que podem ser encontrados em quase todos os


locais de trabalho. Os acidentes e doenças profissionais podem ter um grande impacto
no funcionamento das organizações e representam muitas das vezes custos cujos
contornos nem sempre são fáceis de apurar, muito em parte, devido à dificuldade em

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determinar, com rigor, quais os elementos que o integram e o peso específico real de
cada um.
O Decreto-Lei n.º503/99, de 20 de Novembro, estabelece o regime jurídico dos
acidentes em serviço e das doenças profissionais ocorridos ao serviço da
Administração Pública, o qual remete para o regime geral do Acidente de Trabalho
regulado pela Lei nº 98/2009, de 4 de Setembro.
Segundo este enquadramento legal o acidente de trabalho é aquele que se verifica no
local e no tempo de trabalho e produz direta ou indiretamente lesão corporal,
perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho
ou de ganho ou a morte.
Torna-se essencial realçar a diferença entre o conceito de acidente de trabalho e
incidente, sendo este último considerado evento que afeta determinado trabalhador,
no decurso do trabalho ou com ele relacionado, de que não resultem lesões corporais
diagnosticadas de imediato, ou em que estas só necessitem de primeiros socorros.
Para além do conceito de incidente, o Decreto-Lei n.º 503/99, de 20 de novembro,
introduziu o conceito de acontecimento perigoso como sendo todo o evento que,
sendo facilmente reconhecido, possa constituir risco de acidente ou de doença para
os trabalhadores, no decurso do trabalho, ou para a população em geral.
Sempre que ocorra um acidente de trabalho numa organização, é necessário
preencher o impresso próprio para o efeito, no caso da Administração Pública o
constante em anexo ao referido Decreto-Lei n.º503/99, de 20 de Novembro, para que
seja possível iniciar a sua análise e avaliação das causas que lhe deram origem e,
consequentemente, a implementação de potenciais medidas de prevenção.
A participação formal do acidente de trabalho é importante porque confere ao
trabalhador/sinistrado o direito de reparação e para o empregador também trás
vantagens, pois, posteriormente à identificação das causas do acidente de trabalho,
poderá adotar medidas de prevenção/proteção eficazes para que não volte a ocorrer.
Identificar a causa.
Em alguns casos, a causa de um acidente de trabalho é fácil de identificar. No entanto,
muitas vezes existe uma série de fatores não evidentes, Doenças profissionais por trás
do acidente, que o provocou. Por exemplo, frequentemente, os acidentes são

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provocados indiretamente por negligência, por parte do empregador, por não ter
fornecido a formação adequada, ou por um fornecedor, ter prestado informações
erradas sobre um produto, etc.
Neste contexto verifica-se a importância de se promover o desenvolvimento de
serviços de saúde ocupacional, incluindo a formação de médicos para a identificação
de doenças profissionais nas suas fases iniciais.

6. DOENÇAS PROFISSIONAIS

A exposição a riscos no local de trabalho pode, por outro lado, provocar


doenças profissionais. A Doença profissional é considerada uma “lesão corporal,
perturbação funcional ou doença consequência necessária e direta da atividade
exercida pelo trabalhador e não represente normal desgaste do organismo", sendo
esta temática regulamentada também pelo disposto no Decreto-Lei n.º503/99, de 20
de Novembro e pelo Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio, tendo os
capítulos 3º e 4º da lista de doenças consideradas doenças profissionais deste
documento, sido alterados pelo Decreto Regulamentar nº 76/2007, de 17 de Julho.
Na generalidade, o número de casos e tipos de doenças profissionais está a aumentar,
quer nos países em vias de desenvolvimento, quer nos países industrializados.
Algumas doenças profissionais têm sido reconhecidas ao longo dos anos, e afetam os
trabalhadores de diferentes formas, dependendo da natureza do perigo, da via de
exposição, da dose, etc…

Algumas doenças profissionais mais conhecidas são:

• Asbestose - (provocada por partículas de amianto, muito comuns em diversas


utilizações de equipamentos, quer industriais quer domésticos, como por exemplo,
no isolamento, nos revestimentos para travões de automóveis, telhados etc.);
• Silicose - (provocada pela sílica, comum na atividade mineira, jatos de areia);

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• Envenenamento por chumbo (provocado por chumbo, comum nas fábricas de


baterias, fábricas de tintas, etc.);
• perda auditiva, induzida pelo ruído (provocada pelo ruído, comum em diversos locais
de trabalho, incluindo os aeroportos e os locais de trabalho onde são utilizadas
máquinas ruidosas, como prensas ou brocas, marcenarias etc.).
Existem também alguns problemas de saúde potencialmente incapacitantes que
podem ser associados a condições de trabalho deficientes, incluindo:
- doenças cardíacas;
- distúrbios músculo-esqueléticos, tais como as lesões lombares permanentes ou
distúrbios musculares;
- alergias;
- problemas do aparelho reprodutor;
- distúrbios relacionados com o stress.

7. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Estatística de acidentes de trabalho em Portugal - podem ser encontradas em


(http://www.gep.mtsss.gov.pt/estatistica/acidentes/) ou podem fazê-lo através do
site certificado de estatísticas em Portugal o Pordata - (https://www.pordata.pt);

Estatísticas dos acidentes de trabalho na Europa


(https://ec.europa.eu/eurostat/statisticsexplained/index.php/Accidentsatworks
tatistics);

8. Os jovens e a Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho

As estatísticas mostram que os jovens adultos entre os 18 e 24 anos de idade têm


maior probabilidade de ter um acidente grave no trabalho do que os adultos mais
velhos. Podem ser expostos a más condições de trabalho, levando ao

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desenvolvimento de doenças profissionais ainda em jovem ou numa fase mais


adiantada da vida.
Os jovens, sendo novos no local de trabalho, podem não ter experiência e, muitas
vezes, maturidade física e psicológica. Poderão não levar suficientemente a sério os
riscos que enfrentam. Outros fatores que colocam os jovens em situação de maior
risco são, nomeadamente:

• Competências e formação insuficientes;


• Desconhecimento dos seus direitos e dos deveres do seu empregador;
• Falta de confiança para se fazerem ouvir;
• Não reconhecimento por parte dos empregadores da proteção adicional de
que os jovens trabalhadores necessitam.

9. A missão da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919, é responsável


pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho, sendo a única
agência das Nações Unidas com uma estrutura tripartida, composta por
representantes dos governos e das organizações de empregadores e de
trabalhadores. A OIT tem como missão a justiça social e os direitos humanos e laborais
reconhecidos a nível internacional, promovendo, através da Agenda do Trabalho
Digno, o respeito pelos direitos no trabalho (em especial, a liberdade sindical e
reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; a eliminação de todas as
formas de trabalho forçado; a abolição efetiva do trabalho infantil; a eliminação de
todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção
do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o
fortalecimento do diálogo social.
Portugal figura entre os membros fundadores da OIT e participa na Conferência
Internacional do Trabalho, assegurando a DGERT a constituição da delegação
portuguesa.

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10. DOENÇA PROFISSIONAL

A causa das doenças profissionais é muitas vezes difícil de determinar. Um dos


fatores dessa dificuldade, consiste no período de latência (o facto de poder demorar
anos até que a doença produza um efeito percetível ou visível na saúde do
trabalhador). No momento em que a doença é identificada, pode ser demasiado tarde
para qualquer intervenção em relação à mesma, ou para descobrir os perigos perante
os quais o trabalhador esteve exposto no passado. Outros fatores, como a mudança
de emprego ou os comportamentos pessoais (como o consumo de tabaco e de álcool),
aumentam ainda mais a dificuldade de interligar as exposições do local de trabalho a
uma manifestação de doença.
Apesar dos riscos profissionais serem atualmente mais bem compreendidos do que
acontecia no passado, todos os anos são introduzidos novos produtos químicos e
tecnologias que, por sua vez, representam novos perigos, muitas vezes desconhecidos
para os trabalhadores e para a comunidade. Estes novos e desconhecidos perigos
representam grandes desafios para os trabalhadores, empregadores, educadores e
cientistas, ou seja, para todos os que estão envolvidos nas questões da saúde dos
trabalhadores e dos efeitos que os agentes perigosos produzem no ambiente.

11. RISCOS PROFISSIONAIS

Fatores de riscos associados a locais e postos de trabalho:


Segundo o Instituto Nacional de Estatística, posto de trabalho define-se como o "(…)
conjunto de tarefas destinadas à concretização de um objetivo pré-determinado, com
aptidões, exigências e responsabilidades específicas e inseridas numa dada unidade
organizacional, as quais, em determinado momento, não podem ser exercidas por
mais de uma pessoa".
O posto de trabalho é considerado como "(…) o espaço que o trabalhador ocupa
quando desempenha uma tarefa, seja durante a totalidade do período laboral, seja
através da utilização de vários locais." (FREITAS, 2011).

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Torna-se, por isso, importante que o posto de trabalho esteja bem dimensionado,
obedecendo a princípios da fisiologia e biometria, e de acordo com a tarefa a realizar,
de forma a evitar ou pelo menos diminuir doenças relacionadas com as condições
laborais Entre elas enquadram-se as lesões lombares, as lesões por esforço repetitivo,
problemas circulatórios, entre outros, sendo normalmente atribuídas à posição do pé
por tempo excessivo, ao deficiente desenho das cadeiras, à iluminação insuficiente,
entre outras causas.
O modo como o posto de trabalho é dimensionado irá determinar se a tarefa será
variada ou repetitiva ou se irá proporcionar conforto ou obrigar a posições incómodas
ao trabalhador.

O dimensionamento de um posto de trabalho pressupõe a recolha de informação nos


seguintes campos:

 altura do plano de trabalho;


 altura do assento;
 espaço para pernas e pés;
 a colocação dos comandos;
 o raio de ação;
 o espaço de trabalho;
 as distâncias de segurança.

11.1. Fatores de riscos associados a Máquinas e equipamentos de trabalho


Os fabricantes de máquinas ou os seus representantes autorizados, bem como
as empresas que fabricam máquinas para uso próprio são responsáveis por adquirir
máquinas seguras e em cumprimento com a Diretiva Máquinas.

O cumprimento desta Diretiva obriga a:

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 Certificar-se que a máquina cumpre os requisitos essenciais em matéria de


saúde e segurança
 Certificar-se da existência do processo técnico e sua disponibilidade
 Assegurar-se de que existe um manual de instruções em português
 Avaliação de conformidade
 Marcação CE

11.2. Utilização por Trabalhador Habilitado

A educação, a formação e a informação são pilares fundamentais para a


promoção da melhoria da segurança e saúde no trabalho. Sempre que forem
confiadas tarefas a um trabalhador, devem ser considerados os seus conhecimentos
e as suas aptidões em matéria de segurança e de saúde no trabalho, cabendo ao
empregador fornecer as informações e a formação necessárias ao desenvolvimento
da atividade em condições de segurança e de saúde. (Lei 109/2009 de 10/09 alterada
na 6ª versão pela Lei 28/2016 de 23/08)

Em termos práticos, a única forma de prevenir riscos profissionais em máquinas e


equipamentos de trabalho é dando formação específica aos trabalhadores em
determinado tipo de máquinas e equipamentos, formação geral em segurança, bem
como dar conhecimento dos riscos associados e respetivas medidas preventivas.

11.3. Verificação dos Equipamentos de Trabalho

O objetivo da verificação dos equipamentos de trabalho é detetar


defeitos/falhas/deficiências reais e potenciais, reportando/atuando de forma a
assegurar o funcionamento seguro dos mesmos.

Verificações podem ser de natureza periódica ou extraordinária, devendo também


ocorrer, obrigatoriamente, após instalação ou montagem num novo local antes do

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início ou recomeço do funcionamento das máquinas ou equipamentos e deve ser feita


por pessoa competente. Deve ainda avaliar, entre outros, os seguintes parâmetros:

 Parâmetros como avaliação de riscos,


 Instruções do fabricante;
 Características do equipamento;
 Condições de utilização;
 Ou qualquer outra circunstância que possa influir na sua degradação ou
desajuste.
 Os resultados das verificações devem ser apresentados sob a forma de um
relatório que deve conter a seguinte informação:
 Identificação do ET e do operador;
 Tipo de verificação ou ensaio, local e data;
 Prazo para reparar as deficiências;
 Identificação da pessoa competente.

11.4. Implementação de Locais de Trabalho bem concebidos

A sinergia entre máquinas, equipamentos e pessoas dentro de uma organização pode


originar riscos (físicos, mecânicos, etc), tais como:

 Atropelamentos
 Queda e choque com objetos
 Capotamentos/Reviramentos
 Entalamento e esmagamento
 Colisões entre pessoas e veículos e máquinas circundantes

Para prevenir riscos profissionais com máquinas e equipamentos de trabalho é


imperativo criar um local de trabalho seguro.

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Organização do local de trabalho: pode minimizar drasticamente a probabilidade de


acidente de trabalho (exemplo: objetos que obstruem o caminho de circulação podem
originar quedas). Sinalização dos caminhos de circulação, assim como identificação de
todos os riscos existentes, feita através de uma avaliação de riscos ao local de trabalho
(exemplo: máquinas, viaturas, etc) e respetiva sinalização de obrigatoriedade de uso
de EPI's.

11.5. Utilização de equipamentos bem-adaptados

A adaptação dos equipamentos de trabalho às tarefas e às pessoas que os


utilizam é parte integrante de um plano de promoção de saúde e segurança no
trabalho de sucesso. Nunca é o utilizador que se adapta ao equipamento de trabalho,
mas sim o equipamento de trabalho que se adapta ao trabalhador.

Isto significa que o equipamento de trabalho deve ser selecionado de acordo com as
características e as necessidades do utilizador de forma a, por exemplo, evitar riscos
ergonómicos.

12. RISCOS ELÉTRICOS

A energia elétrica é a forma mais comum de energia na sociedade industrial


dos dias de hoje. Porém, quando não tomados as devidas precauções, a manipulação
da energia elétrica pode pôr em causa a segurança das pessoas.

A utilização da eletricidade exige vários cuidados, uma vez que quando são
negligenciados os devidos procedimentos de segurança esta fonte de energia pode
provocar não só danos patrimoniais, como também ser fatal ou causar lesões
irrecuperáveis. A origem da maioria dos acidentes elétricos está relacionada com a
falta de informação, ou imprudência, de quem trabalha e utiliza recursos elétricos.

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Causas de acidentes elétricos:

 Desconhecimento ou falta de formação para lidar com os riscos elétricos;


 Aparelhos e instalações em condições deficientes;
 Subestimação dos riscos.

Principais Perigos Elétricos

Os principais perigos elétricos resultam do contacto entre pessoas com a


corrente elétrica. Estes podem acontecer de forma direta, ou indireta, sendo que as
consequências do contacto com a energia elétrica podem resultar em queimaduras
graves e mesmo morte.

Contacto Direto:

Acontece quando um indivíduo entra em contacto com uma parte ativa de um


circuito que está sob tensão. É o tipo de contacto que acontece quando alguém toca
num elemento condutor de um circuito. Ex: Quando ao furarmos uma parede o
berbequim atinge uma ligação elétrica.

Contacto Indireto:

Acontece quando um indivíduo entra em contacto com massas (partes


metálicas) acidentalmente sob tensão. Ocorre, por exemplo, quando se toca na
cobertura metálica de uma máquina elétrica que por deficiência no isolamento está
sob tensão elétrica. Este tipo de contacto resulta de falhas no isolamento dos
equipamentos elétricos, geralmente causados pelo envelhecimento dos materiais dos
mesmos.

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O local onde as instalações são estabelecidas é uma preocupação que também


está regulamentada. As instalações devem ser, sempre que possível, colocadas nos
locais que apresentem condições mais favoráveis a estas. O objetivo é situar as
instalações em locais onde estão resguardadas das ações mecânicas e dos agentes
físicos e químicos, como o calor, o frio, a humidade ou outros agentes corrosivos.

13. INCÊNDIO E EXPLOSÃO

Incêndio:

O incêndio é um fogo não controlado.


Um incêndio é um fogo indesejável que deverá ser controlado e extinto.

Fogo:

O fogo é uma reação de combustão, isto é, uma reação de oxidação de alguns


elementos da qual podem resultar cheiros, calor, fumo e/ou chama.
Um fogo é o que resulta de uma reação de combustão entre um combustível e um
comburente a qual existe libertação de energia sob a forma de calor.

13.1. Tipos de combustão

As reações de combustão não se produzem todas com a mesma velocidade, pelo que
se classificam em três tipos distintos:
 Combustões lentas: São todas as que se produzem sem emissão de luz e com
pouca emissão de calor;
 Combustões rápidas: São todas as que se produzem com forte emissão de luz
e de calor com chamas;

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 Combustões muito rápidas ou instantâneas: Caso típico de uma combustão


instantânea é a explosão, que é um fenómeno descontrolado e não desejado
 Combustões muito rápidas ou instantâneas: Quando a velocidade de
propagação da frente das chamas é menor do que a velocidade do som
(340m/s), a explosão é denominada por deflagração.

13.3. Elementos necessários para ocorrer um fogo

 Combustível: Todo o material ou substância (no estado gasoso, sólido ou


líquido) suscetível de arder.
 Comburente: é o gás que permite que o combustível arda. Para que a
combustão se inicie e se mantenha, é necessário que o comburente esteja
presente numa razão igual ou superior a 21% relativamente ao ar. O
comburente mais comum é o oxigénio.
 Energia de ativação: refere-se ao calor necessário para iniciar e manter a
combustão. ( energia mínima necessária para se iniciar a reação , que é
fornecida pela fonte de inflamação).

13.3. Triângulo do fogo

O triângulo do fogo é uma relação entre 3 agentes que quando se reúnem


podem causar combustão. Se falta algum destes elementos, a combustão não será
possível.
As técnicas de extinção de fogo, baseiam-se no conhecimento do triângulo do fogo e
consistem na eliminação de um ou mais destes três fatores.

Tetraedro do fogo:

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Existe ainda outro fator que intervêm de forma decisiva no incêndio que é a
reação em cadeia, tratando-se da transmissão de calor de umas partículas do
combustível para as outras.
Logo, se de alguma maneira se interrompe a dita cadeia, não é possível a continuação
do incêndio.
Neste caso, amplia-se o conceito de triângulo do fogo, passando agora a existir quatro
fatores que se representam pelo tetraedro do fogo.

13.4. Como extinguir o fogo

As técnicas de extinção de fogo, baseiam-se no conhecimento do triângulo do fogo e


consistem na eliminação de um ou mais destes quatro fatores. A falta ou a eliminação
de um dos elementos que intervém na combustão dará lugar à extinção do fogo. Em
função do elemento que se elimina, temos distintas formas ou mecanismos de
extinção que se enumeram em seguida:
 Remover ou isolar o combustível - dispersão do combustível
 Eliminar o comburente – a extinção do fogo é feita por abafamento ( ex.: usar
areia)
 Reduzir a temperatura do combustível – a extinção do fogo é feita por
arrefecimento (ex.:usar água)- arrefecimento

Atuar ao nível da reação em cadeia – a extinção do fogo é feita através da adição de


compostos que impossibilitem ou dificultem a propagação da reação de combustão.

13.5. Métodos para extinguir o fogo

Dispersão do combustível:

Neste processo retira-se ou elimina-se o combustível. Teoricamente, seria o


método mais eficaz e direto de extinção, mas na prática raramente se aplica
atendendo à sua complexidade.

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Ex: imaginemos que se incendeia um grande armazém cheio de mercadorias e que


teria de se retirar todo o produto para evitar a propagação do incêndio. Ignorando o
risco para as pessoas que teriam que realizar tal tarefa, a velocidade de propagação
seria superior à de retirar o combustível.

Este método é aplicável nos líquidos quando é possível o transvaze destes para outros
recipientes. Nos fogos da classe C, basta suprimir o fluxo de gás para que se dê a
extinção por falta de combustível.

Abafamento:

Assim chamado pelo facto de eliminar o oxigénio da combustão, isto é, impede


que os vapores combustíveis, que se desprendem a determinada temperatura para
cada material, se ponham em contacto com o oxigénio do ar.

Pode conseguir-se reduzindo a quantidade de oxigénio cobrindo a superfície


em chamas com alguma substância ou elemento incombustível. A este último método
chama-se asfixia.

Apresentam-se agora alguns exemplos:

 colocar uma tampa na frigideira que pegou fogo;


 projeção de gases inertes como CO2 ou azoto;
 lançar areia sobre um material em combustão.

Arrefecimento:

Este mecanismo consiste em eliminar o calor para reduzir a temperatura do


combustível. O fogo extinguir-se-á quando a superfície do material incendiado

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arrefeça a tal ponto que não deixe escapar vapores suficientes para manter a mistura
no domínio da inflamabilidade na zona do fogo.

A extinção de um fogo por arrefecimento necessita de um agente extintor que tenha


uma grande capacidade para absorver o calor. Nos casos correntes, a água é o melhor,
mais barato e abundante.

Inibição:

Consiste uma interferência química na reação em cadeia. As substâncias


extintoras combinam-se com os radicais responsáveis pelas reações elementares da
propagação, retirando-os da reação de combustão e desta forma diminuindo ou
anulando a reação. O exemplo mais corrente é a utilização de pós químicos.

Os produtos próprios e manifestos da combustão são:


 Fumo;
 Chama;
 Calor;
 Gases.

Fumo:

O fumo é constituído por pequeníssimas partículas sólidas ou líquidas ou


vapores condensados que são arrastadas pelos gases quentes da combustão. As
partículas sólidas são constituídas por carbono e outras substâncias não queimadas
que surgem quando a combustão tem falta de oxigénio. As partículas líquidas são
constituídas essencialmente por vapor de água que se forma por evaporação da
humidade do combustível, mas sobretudo pela combustão do hidrogénio. É de
salientar o efeito irritante do fumo sobre as mucosas dos olhos e das vias respiratórias.
A sua cor depende dos materiais que estão a queimar:

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 cor branca ou cinza-claro indica que arde livremente;


 cor negra ou cinza-escuro indica normalmente um fogo quente e falta de
oxigénio;
 cor amarela, vermelha ou violeta, geralmente indica a presença de gases
tóxicos.

Chama:

Sabe-se que a chama é um gás incandescente, uma vez que ardem sempre com
chama os combustíveis gasosos ou líquidos. Estes últimos volatilizam-se devido ao
calor e à elevada temperatura de combustão, inflamando-se e ardendo como gases.
Nos combustíveis sólidos ardem com chama os que produzem por decomposição
(destilação seca) compostos voláteis em quantidades suficientes, como sucede com
as hulhas gordas, a madeira, etc.

Como norma geral pode dizer-se que o fogo, numa atmosfera rica em oxigénio, é
acompanhado por uma luminosidade chamada chama, que se manifesta como o fator
destrutivo da combustão e que raramente se separam.

Calor e transmissão de calor:

Fala-se de calor (troca de calor, transferência de calor) quando existe energia


transferida entre dois corpos em virtude de uma diferença de temperatura. Assim, o
calor é apenas energia em trânsito, uma vez que esta energia entra num corpo e vai
simplesmente aumentar a energia interna deste.

No estudo do fogo é muito importante saber como atua o calor e como se transmite,
dado que é a causa de muitos incêndios e expansão dos mesmos.

O fenómeno da transmissão do calor traduz a apetência que determinado material


tem para absorver calor de outra. O fogo pode propagar-se ou transmitir-se por:

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• Condução;
• Radiação;
• Convecção;
• Contacto com a chama.

Condução:
Chama-se condução ao mecanismo de transferência de calor que se produz de
um ponto para outro por contacto direto através de um meio condutor de calor
(vibração das moléculas). Por exemplo: se aquecermos o extremo de uma barra
metálica, ao fim de algum tempo o outro extremo desta também terá aquecido.

Radiação:
Chama-se radiação ao processo de transmissão de calor de um corpo para
outro através do espaço, em que a transmissão se realiza por raios caloríficos. O calor
radiado não é absorvido pelo ar, pelo que atravessará o espaço até encontrar um
corpo opaco e por sua vez, este corpo pode emitir radiação. O calor do sol é o exemplo
mais cabal da radiação térmica.

Convecção:
Chama-se convecção ao processo de transmissão de calor pelo ar em
movimento. Estas correntes ou circulação de ar produzem-se devido à diferença de
temperatura que existe nos distintos níveis do incêndio, isto é, a diferença entre as
densidades dos gases quentes resultantes da combustão de um material e a
densidade das camadas de ar circundante origina a formação de correntes de
convecção. O deslocamento processa-se normalmente de baixo para cima,
procurando os gases quentes os pontos mais altos.

Contacto com a chama:

O calor também pode ser transmitido por contacto direto com a chama.
Quando um material é aquecido até ao ponto em que pode emitir vapores

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inflamáveis, estes vapores podem entrar em combustão. Esta substância ardendo fará
com que ardam as que estão à sua volta e assim sucessivamente.

Gases:

Os gases resultantes de uma combustão são geralmente tóxicos, invisíveis e a


sua expansão contribui para a propagação do fogo. Os gases que se formam numa
combustão dependem de muitas variáveis, mas principalmente da composição
química do combustível, da quantidade de oxigénio disponível e da temperatura que
é atingida durante o incêndio.

Entre os gases de combustão encontram-se o monóxido de carbono, anidrido


sulfuroso, dióxido de carbono, ácido sulfídrico, ácido cianídrico, ácido clorídrico,
vapores nitrosos (óxido e peróxido de azoto), fosgénio, etc.
Combustíveis e Combustão

Os combustíveis podem apresentar-se nos três estados da matéria:

 sólido: madeira, carvão, outros materiais orgânicos, metais, etc.


 gasoso: metano, gás natural, acetileno, propano, butano, hidrogénio, etc.
 líquido: gasolina, petróleos, álcoois, óleos, etc.

A Norma Portuguesa NP EN 2 classifica os fogos em quatro classes que são definidas


pela natureza do combustível. Esta classificação é muito útil, no domínio do combate
ao incêndio, para a escolha do agente extintor mais adequado.

Classes de fogo – FOGOS DA CLASSE A

Classe A (fogos de sólidos ou fogos secos) – o combustível deste tipo de fogos é um


sólido, havendo normalmente a formação de brasas (ex.: madeira, tecidos e papel)

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 MADEIRA
 PAPEL
 TECIDOS

O que usar:
 ÁGUA
 ESPUMA
 PÓ POLIVALENTE AB, ABC

Classes de fogo – FOGOS DA CLASSE B

Classe B (fogos de líquidos ou fogos gordos): o combustível deste tipo de fogos é um


líquido ou um sólido liquidificável (ex. acetonas, álcoois, óleos, gasóleo e plásticos);

 GASOLINA
 ÓLEOS
 PLÁSTICOS
 ÁLCOOIS
 ACETONAS
 ÉTERES
 GORDURAS

O que usar:
 CO2
 ESPUMA
 PÓ normal BC
 PÓ polivalente ABC

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Classes de fogo – FOGOS DA CLASSE C

Classe C (fogos de gases) – o combustível é um gás (ex.: propano, butano e acetileno)

 HIDROGÉNIO
 BUTANO
 PROPANO
 ACETILENO

O que usar:

 CO2
 PÓ normal BC
 PÓ polivalente ABC

Classes de fogo – FOGOS CLASSE D

Classe D (fogos de metais ou fogos especiais): resultam da combustão de metais (ex.:


alumínio, sódio, potássio e magnésio)

 POTÁSSIO
 SÓDIO
 ALUMÍNIO
 MAGNÉSIO
 TITÂNIO
 URÂNIO

O que usar:

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 PÓ químico especial D
 Areia

14. RUÍDO

Recomenda-se que os trabalhadores não estejam expostos a um ruído


contínuo equivalente superior a 85 dB(A) durante 8h por dia de trabalho, sendo
proibido estar sujeito a um ruído contínuo equivalente superior a 90 dB(A).
Para exposições a partir dos 85 dB(A) passa a ser obrigatório fazer controlos do ruído
anuais, o controlo audiométrico dos trabalhadores de 3 em 3 anos, fornecer aos
trabalhadores e fazer utilizar os meios de proteção individual adequados ao nível de
ruído existente e dar formação aos mesmos trabalhadores sobre esta temática.
A partir dos 90 dB(A) tanto os controlos audiométricos passam a ser anuais e passa a
ser obrigatório o uso dos meios de proteção individual e ter os locais devidamente
sinalizados e com acesso limitado.
É proibido expor os trabalhadores a ruídos impulsivos superiores a 140 dB(A).
Por outro lado, para proteção da comunidade, não é permitido no exterior das
empresas a existência em 95% do tempo de um diferencial superior a 10 dB(A), entre
o nível do ruído perturbador provocado pela empresa e o nível do ruído de fundo, ou
seja, o ruído existente no local e que não é imputável à empresa em causa.

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15. ILUMINAÇÃO NOS LOCAIS DE TRABALHO

A iluminação dos locais de trabalho pode ser natural ou artificial ou ainda


através da combinação de ambas, sendo esta última hipótese a mais aconselhável
para as empresas, dado que constitui a melhor solução para satisfazer,
simultaneamente, as necessidades de iluminação e de economia energética. Assim
uma boa iluminação pode ser alcançada através da implantação correta de janelas,
claraboias, persianas, cortinas, palas protetoras, entre outros, e através da adequada
disposição dos postos de trabalho, em função das atividades desenvolvidas,
paralelamente, a estes meios de aproveitamento da luz solar devem ser associados
outros, tais como, a escolha e instalação adequadas de luminárias e lâmpadas.

A iluminação é um dos fatores ambientais com maior grau de importância nas


indústrias, dado que influencia não só a qualidade dos produtos e a produtividade,

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mas também o conforto visual e a segurança dos trabalhadores, sendo que os seus
principais objetivos são:
 Otimizar a perceção visual dos condicionantes da atividade nos postos de
trabalho;
 Maximizar a qualidade de serviços e/ou produtos;
 Aproveitar todo o espaço de trabalho disponível;
 Garantir a segurança nos postos de trabalho;
 Assegurar o conforto visual;
 Contribuir para a adoção de posturas corretas.

15.1. Tipos de iluminação

A iluminação dos planos de trabalho deve ser efetuada por forma a reduzir
reflexos e sombras incómodas, pelo que as fontes de luz se devem localizar à esquerda
ou à direita dos trabalhadores, conforme estes sejam destros ou canhotos,
respetivamente. Esta disposição das fontes de luz tem como objetivo evitar que as
sombras geradas perturbem a visibilidade do plano de trabalho.

A iluminação pode ser classificada de:

Iluminação direta:
Ilumina o plano de trabalho por meio da incidência direta da luz (Luz dirigida). Este
tipo de iluminação permite a formação de zonas com sombras e de zonas
intensamente iluminadas, que produzem contrastes fortes.

Iluminação indireta:
Garantida por aparelhos de luz difusa ou por meio de reflexões resultantes de
aparelhos de luz direta orientados para paredes e tetos. Este tipo de iluminação reduz
a formação de sombras e de brilhos.

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Iluminação semidirecta:
A maior parte da emissão luminosa é garantida de forma direta, sendo que outra parte
é de origem indireta, permitindo a criação de um ambiente intermédio relativamente
à iluminação direta e indireta.

Por forma a garantir a boa iluminação, de um determinado local, é necessário que a


luz exista em quantidade e qualidade adequadas. Considera-se boa iluminação
quando:
 a iluminação é suficiente;
 as sombras são adequadas;
 se verifica uniformidades na iluminação (no tempo e no espaço)
 há ausência de encandeamento;
 se verifica uma reprodução adequada das cores.

Uniformidade da iluminação no tempo

Flutuações na quantidade de iluminação, qualquer que seja a causa, podem ter uma
influência negativa no desempenho e conforto visuais. Relativamente à iluminação
artificial, possíveis flutuações na tensão de alimentação ou diferenças de brilho
podem ter os mesmos efeitos perversos, sendo que no caso de a iluminação ser
fornecida por lâmpadas de descarga, as quais não possuem qualquer inércia, seguem
a alteração periódica da tensão. Quando a iluminação artificial, sujeita à frequência
da corrente elétrica, incide sobre um elemento com movimento repetitivo, cuja
frequência se aproxima à da corrente elétrica (50 Hz), pode dar origem ao efeito
estroboscópico, que se caracteriza pela distorção visual da intensidade ou sentido do
movimento, podendo dar origem a acidentes de trabalho.

Nas situações em que não se verifica a uniformidade do brilho no seu campo


de visão, o olho humano é obrigado a adaptar-se constantemente às diferentes
condições de iluminação, o que promove a fadiga e a redução da eficiência.

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Por este motivo, é importante que o sistema de iluminação seja tão uniforme quanto
possível, o que pode ser atingido através da correta colocação das fontes luminosas.

Sombras:

A direção da incidência da luz e as sombras por ela formadas, são tão importantes
como um brilho elevado e uniforme. Aumentando o brilho dos objetos aumenta-se
também a perceção do seu contraste, por isso seria inconsciente fazê-lo desaparecer
pela escolha de uma mau ângulo de incidência.

A existência de sombras desnecessárias deve ser evitada de modo a não criar um


contraste excessivo no brilho. Uma das formas de atenuar as sombras consiste na
aproximação das características da iluminação artificial às da iluminação natural.
Refira-se que o próprio posicionamento das lâmpadas na iluminação interior deve
evitar sombras, devendo dar-se preferência a filas contínuas ou grandes áreas de teto
iluminadas.

O encandeamento é muitas vezes incompatível com o aproveitamento adequado da


luz existente e pode ser classificado de direto ou indireto.

Encandeamento direto
Resulta duma fonte de luz que incide diretamente nos olhos, ofuscando a visão, dado
que quando uma fonte luminosa apresenta uma luminância relativamente elevada e
está no campo de visão, o olho, por questões de autoproteção, adapta-se
preferencialmente a este nível; como tal, as zonas mais escuras são deficientemente
percecionadas;

Encandeamento indireto
Resulta da reflexão da luz pelos objetos. A necessidade constante de adaptação visual
entre encandeamento, zonas de reduzida luminância e condições normais de visão,
conduz à fadiga visual e à consequente redução do nível de desempenho, pelo que é

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requerida uma boa distribuição das fontes de luz por forma a minimizar o
encandeamento ao mínimo.

Reprodução de cores

Pode afirmar-se que existe uma reprodução adequada das cores quando é possível
proceder à correta definição ou identificação das cores dos objetos. As verdadeiras
cores são as dadas pela iluminação natural, sendo que só podem ser reproduzidas pela
iluminação artificial se as fontes de luz utilizadas emitirem uma luz de espectro
equivalente à natural.

A adoção de boas práticas relativas à iluminação, por parte das empresas, pode
contribuir significativamente para a promoção da segurança e conforto visual dos
trabalhadores e, consequentemente, para a melhoria do seu desempenho, em como
para a economia das empresas, decorrente da racionalização do consumo da energia
elétrica.

16. AMBIENTE TÉRMICO

A atividade humana é muito influenciada pela temperatura e pelo nível de


humidade relativa do meio ambiente. Assim, a temática da melhoria das condições de
trabalho passa necessariamente pela correta adequação do ambiente térmico nos
locais de trabalho.
Para adequarmos corretamente o ambiente térmico temos de considerar a
homeotermia – função fisiológica que garante a manutenção da temperatura do
corpo no nível ótimo, cerca de 37ºc, para o funcionamento dos diversos órgãos e
sistemas, em particular o sistema nervoso central.
A homeotermia ocorre quando o fluxo de calor gerado pela atividade do corpo é igual
ao fluxo de calor cedido ao ambiente exterior. Ou seja, o calor gerado pelo corpo tem
que ser cedido ao ambiente para que a temperatura do corpo se mantenha constante.

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Quando o ambiente térmico é favorável a transferência de calor é feita de um modo


agradável para o corpo e de forma não gravosa. É o que chamamos de ambiente
térmico neutro.
Fora deste ambiente neutro o corpo tenta assegurar a homeotermia de diversas
formas, e consegue-o até certos limites, mas recorrendo “a expedientes de recurso”
assentes em alterações fisiológicas vegetativas e/ou comportamentais para o fazer.
As alterações fisiológicas resultam em sensações de desconforto, toleráveis enquanto
a homeotermia for assegurada.

O Stress Térmico ou Conforto Térmico depende de quatro fatores:


• Temperatura do ar
• Velocidade do ar
• Humidade do ar
• Calor radiante (em menor extensão ou em situações específicas)

A conjugação destes quatro fatores, aliada às características intrínsecas de cada


pessoa, vai determinar o nível de stress térmico nos postos de trabalho. Assim o
ambiente pode estar “quente”, “neutro” – situação desejável – ou “frio”.

Ambientes Térmicos Quentes:

Quando a temperatura ambiente é elevada o corpo reage, defendendo-se de


forma a manter o seu equilíbrio metabólico através de mecanismos adequados para
manter a homeotermia. Se o ambiente apresentar condições muito agressivas podem
ocorrer danos irreversíveis para a saúde do trabalhador, especialmente se este sofrer
um “golpe de calor”, também designado por insolação e cujos sintomas incluem dores
de cabeça, tonturas, vómitos, excitação, e inconsciência.

Efeitos da temperatura:

• Aumento da sudação

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• Aumento da frequência cardíaca


• Aumento da temperatura do corpo
• Perdas de água
• Perdas de sal
• Insolação
• Cãibras musculares
• Cãibras abdominais
• Dermatites térmicas
• Cataratas e conjuntivites
• Diminuição da agilidade mental
• Diminuição da produtividade
• Acidentes de trabalho

Ambientes Térmicos Frios:

Em ambientes de baixas temperaturas o corpo pode sofrer danos importantes,


diretamente relacionados com o tempo de exposição às condições agressivas do meio
e as condições de proteção corporal.
No quadro dos ambientes térmicos frios importa ter em especial atenção o efeito do
chamado choque térmico, que ocorre quando se verifica um abaixamento brusco da
temperatura. Os sintomas incluem dores de cabeça, tonturas, confusão /
desorientação e eventualmente perda dos sentidos / desmaio.
Muita atenção então a quem realiza trabalho em câmaras frigoríficas, especialmente
em dias quentes.

Efeitos da Temperatura:

 Enregelamento dos membros;


 Deficiente circulação sanguínea;
 Ulcerações de diversos tipos decorrentes da necrose dos tecidos (vulgo
gangrena);

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 Frieiras, eritrocianose;
 Postura rígida;
 Redução da destreza, força e da atividade motora;
 Diminuição das capacidades mentais, nomeadamente de raciocínio e
julgamento;
 Tremores corporais;
 Alucinações e inconsciência;
 Acidentes de Trabalho.

17. SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS PERIGOSAS

Entende-se por «substância perigosa» no local de trabalho qualquer


substância, em forma gasosa, líquida ou sólida, incluindo aerossóis, fumos e vapores,
que ponha em risco a Saúde ou a Segurança dos trabalhadores. Essas substâncias
perigosas incluem produtos químicos fabricados, substâncias geradas por processos,
tais como gases de escape de motores a diesel ou pó de sílica, e substâncias que
ocorrem naturalmente utilizadas em processos de trabalho, como o petróleo bruto ou
o pó de farinha. No sentido de melhor se compreender o que significa substância
perigosa, segue a definição de cada termo separadamente. As substâncias perigosas
são normalmente classificadas e rotuladas como abrangendo uma das seguintes
categorias:
 Tóxicas;
 Muito tóxicas;
 Corrosivas;
 Nocivas;

Entende-se por «substância perigosa» no local de trabalho qualquer substância,


em forma gasosa, líquida ou sólida, incluindo aerossóis, fumos e vapores, que ponha
em risco a Saúde ou a Segurança dos trabalhadores. Essas substâncias perigosas
incluem produtos químicos fabricados, substâncias geradas por processos, tais como

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gases de escape de motores a diesel ou pó de sílica, e substâncias que ocorrem


naturalmente utilizadas em processos de trabalho, como o petróleo bruto ou o pó de
farinha.
No sentido de melhor se compreender o que significa substância perigosa, segue a
definição de cada termo separadamente. As substâncias perigosas são normalmente
classificadas e rotuladas como abrangendo uma das seguintes categorias:
 Irritantes;
 Agentes comburentes;
 Espontaneamente inflamáveis;
 Inflamáveis;
 Explosivas;
 Cancerígenas;
 Prejudiciais para o ambiente;
 Radioativas.

«Substância» pode incluir qualquer um dos seguintes elementos:


 Gases;
 Vapores;
 Poeiras;
 Microrganismos;
 Líquidos;
 Sólidos;
 Fumos;
 Névoas.

Assim uma substância perigosa pode ser constituída por tudo o que possa causar
lesões ou danos a pessoas e/ou bens. No âmbito das legislações comunitária e
nacional, são designados por:

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Substâncias:
Os elementos químicos e os seus compostos tal como se apresentam no estado
natural ou tal como são produzidos pela indústria e que contenham, eventualmente,
qualquer aditivo necessário à preservação da estabilidade do produto.

Preparações:
São as misturas ou soluções que são compostas de duas ou mais substâncias.
Classificação da perigosidade das substâncias perigosas

17.1. Propriedades físico-químicas

Explosivas:
Substâncias e preparações sólidas, líquidas, pastosas ou gelatinosas que podem reagir
com uma rápida libertação de gases mesmo sem a intervenção do oxigénio do ar e
que, em determinadas condições de ensaio, detonam, deflagram rapidamente ou, sob
o efeito do calor, explodem em caso de confinamento parcial;

Comburentes:
Substâncias e preparações que, em contacto com outras substâncias, especialmente
com substâncias inflamáveis, apresentam uma reação fortemente exotérmica;

Extremamente inflamáveis:
Substâncias e preparações líquidas, cujo ponto de inflamação é extremamente baixo
e cujo ponto de ebulição é baixo e substâncias e preparações gasosas que, à
temperatura e pressão normais, são inflamáveis ao ar;

Inflamáveis:
Substâncias e preparações líquidas cujo ponto de inflamação é baixo;

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17.2. Riscos para a saúde


Os efeitos na saúde da exposição a substâncias perigosas podem manifestar-
se de forma aguda ou a longo prazo, havendo substâncias com um potencial efeito
cumulativo.
Assim, se os riscos decorrentes da utilização de substâncias perigosas não forem
geridos de forma adequada, a saúde dos trabalhadores pode ser afetada de várias
formas:
 Através de uma única e curta exposição;
 Através de várias exposições;
 Através da acumulação, a longo prazo, de substâncias no corpo.

18. ERGONOMIA

O termo ergonomia deriva de duas palavras gregas, ergos (trabalho) e nomos


(estudo), significa “os costumes, hábitos e leis do trabalho”, tendo sido criada com o
objetivo de exprimir o estudo científico do homem e do seu trabalho.

Para se analisarem e adotarem posturas e movimentos adequados é importante o


contributo de outras áreas, tais como:

Fisiologia:
Para entender as estruturas e as funções do corpo humano, estudaremos as
ciências da anatomia e da fisiologia. A anatomia (anatome = cortar em partes, separar)
refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia
(physis + lógos + ia) é a ciência que estuda a relação e funções das diferentes partes
do corpo e o seu funcionamento. A função não se pode dissociar da estrutura, por
isso, a anatomia e a fisiologia têm que ser estudadas em conjunto.

Antropometria:
A antropometria e a ergonomia são indissociáveis. Estudam a interação do
homem com os espaços, construções, instrumentos de controlo, utensílios e meio

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envolvente. A antropometria estuda as medidas do corpo humano para posterior


classificação antropológica (ex. sob a forma de tabelas).

Os dados referentes às dimensões variam de pessoa para pessoa e de país para país.
No geral, as dimensões dos indivíduos variam também com o decorrer do tempo –
variam ao longo das diferentes idades, mas também cronologicamente (de geração
para geração). Os principais aspetos do binómio ergonomia – antropometria estão
relacionados com as medidas dos segmentos do corpo, forças musculares, posturas,
movimentos e padrões motores de manuseamento, uma vez que, interferem
diretamente com o conforto, a segurança e a funcionalidade.

Biomecânica:
Em termos de definição, é comum dividir-se a palavra biomecânica em duas
partes. No prefixo “bio”, de biologia, ou seja, relativo aos seres vivos e, mecânica.
Logo, a partir da análise morfológica da palavra, a biomecânica será a aplicação dos
vários princípios da mecânica aos seres vivos – mais concretamente ao corpo humano.
O objeto de estudo da Biomecânica é o movimento. Este estudo dos movimentos
consiste na análise da interação do corpo, que realiza uma determinada ação, com o
meio envolvente.

Com as análises e estudos realizados no âmbito da biomecânica pretende-se:

 Aumentar a eficiência técnica dos indivíduos em diversas atividades e


profissões; e

 Diminuir a probabilidade de se verificarem lesões, do tipo crónico ou agudo,


decorrentes da atividade física realizada pelos indivíduos.

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18.1. Movimentação Manual de Cargas

A Diretiva 90/269/CEE estabelece as prescrições mínimas de segurança e de


saúde respeitantes à movimentação manual de cargas que comportem riscos,
nomeadamente dorso-lombares, para os trabalhadores. Foi transcrita para o direito
português, através do DL 330/93 de 25 de setembro.

A “movimentação manual de cargas” pode ser definida como sendo: qualquer


operação de transporte ou sustentação de uma carga que, devido às suas
características ou a condições ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores. Esta está intrinsecamente associada a todos os
sectores de atividade (desde as PME às grandes empresas) no entanto, há alguns onde
assume um papel de destaque, como por exemplo:
 Armazenamento;
 Metalomecânica;
 indústria têxtil;
 construção civil;
 etc.

A movimentação manual de cargas pressupõe a utilização do corpo do trabalhador


como próprio “instrumento” de trabalho. É uma atividade suscetível de envolver
vários riscos não só adjacentes ao trabalho físico desenvolvido pelo trabalhador para
movimentar as cargas, mas também relacionados com a própria composição dessas
mesmas cargas – muitas vezes constituídas por diversificados materiais, nem sempre
completamente inócuos.

Em termos biomecânicos, no processo de movimentação de cargas, o peso dos


segmentos corporais juntamente com a carga transportada correspondem à
resistência e a força muscular exercida para realizar o trabalho corresponde à força
de potência.

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Os trabalhos de transporte manual impõem a existência de uma carga estática a


diversos músculos das goteiras verticais.

Desta forma, os vasos sanguíneos são comprimidos em consequência da


contração dos músculos pelo, o fluxo sanguíneo fica reduzido, com a correspondente
falta de oxigénio para a combustão do açúcar muscular. Acontece, também, que na
contração muscular repetida ou duradoura a evacuação de produtos ácidos do
metabolismo, faz-se devido à compressão quase permanente dos vasos, com alguma
dificuldade. Esta dificuldade traduz-se posteriormente no aparecimento da sensação
de fadiga. Esta, por sua vez, pode desencadear uma redução nos reflexos dos
trabalhadores, o que pode estar na origem de alguns acidentes ou incidentes.
Consequências para a segurança e saúde, resultantes do desrespeito pelos princípios
ergonómicos na movimentação manual de cargas Cerca de 25% de todas as lesões que
ocorrem na indústria estão diretamente relacionadas com o levantamento, transporte
e deslocação de materiais.
Dores nas costas, hérnias, lesões nos pés e mãos são consequências normais dos
levantamentos que estão para além da capacidade física dos trabalhadores ou ainda
da aplicação de métodos de trabalho impróprios.

Podem surgir ainda os seguintes problemas ou complicações:

 Aumento do número de acidentes e incidentes;


 Aumento do absentismo;
 Elevada incidência de traumatismos músculo-esqueléticos;

Aparecimento de patologias, nomeadamente:

 Hérnias discais;
 Lumbagos;
 Ciática.

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Distração e fadiga que podem desencadear vários erros. Isto acontece especialmente
quando para além da incumbência de movimentação manual de cargas os
trabalhadores também são solicitados para realizarem operações de comando de
máquinas;

Regras de boas práticas


Quando numa empresa existe um ou mais trabalhadores responsáveis pela
movimentação manual de cargas, é necessário tomar algumas medidas, no intuito de
salvaguardar a segurança e saúde dos trabalhadores.

A correção das referidas não conformidades deve pautar-se pela correta aplicação dos
Recomendações a adotar na Movimentação Manual de Cargas:

 evitar manuseamento de cargas não adequadas em termos de volume ou peso


– de acordo o NIOSH (não superior a 23 Kg);
 conceber embalagens com formas e tamanhos apropriados ao tipo de objeto
a manusear;
 procurar adaptar pegas ergonómicas na carga manuseada para facilitar o
levantamento e transporte;
 usar técnicas adequadas em função do tipo e especificidade da carga – evitar
a utilização do tronco como alavanca, mantendo-o na posição vertical e
procurar utilizar os membros inferiores como alavanca;
 sempre que possível, colocar as cargas em planos elevados relativamente ao
solo (antes de proceder à elevação);
 Evitar ao máximo “dobrar” a coluna; esta deve servir como suporte;
 Aquando da movimentação e levantamento/abaixamento de cargas, o
trabalhador deve evitar rir, tossir, falar ou efetuar outros movimentos bruscos;
 os movimentos de torção do tronco em torno do corpo devem ser sempre
evitados;

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 as cargas transportadas devem ser suportadas pela coluna e membros


inferiores, sendo a coluna apenas elemento estático de transmissão e nunca
de articulação;
 suspender cargas iguais em cada uma das mãos (quando possível);
 ter em consideração os pesos a suspender, conforme a idade, constituição
física e sexo do trabalhador;
 promover o exercício físico e o reforço muscular dos músculos que participam
mais ativa na movimentação de cargas;
 A movimentação de cargas deve ser efetuada, em zonas, em que o pavimento
se encontre devidamente nivelado e desobstruído de obstáculos, entulho,
cabos e fios condutores de eletricidade.
 Sempre que tecnicamente possível, utilizar meios auxiliares de elevação e
transporte para movimentar as cargas;
 As cargas a transportar devem estar devidamente acondicionadas e
simetricamente distribuídas de modo a evitar oscilações e excesso de esforços;
 Se possível, proceder à deslocação das cargas por rolamento, ex. deslocação
de barris de cerveja ou bidões;
 Os braços devem estar posicionados junto ao corpo de uma forma
descontraída;
 Quando o tipo de trabalho implica movimentos muito repetitivos ou
monótonos, deve-se procurar efetuar pequenas pausas acompanhadas de
alguns exercícios, de forma a desentorpecer os músculos e articulações e
melhorar a circulação.

19. O STRESS NO TRABALHO

O stress é uma resposta do organismo a nível fisiológico e comportamental a


acontecimentos ou acontecimentos projetados que provoque ameaça ou que, de
alguma forma, perturba o equilíbrio interno. O Stress só se manifesta de forma
negativa, se internamente o individuo não for capaz de responder ao desafio. Em
resposta ao perigo real ou imaginado, as defesas do organismo reagem rapidamente,

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num processo automático conhecido como reação de "luta ou fuga” ou de


“congelamento", assim dá-se a resposta ao stress. (Saúde Bem-Estar, 2020)

Nível de Stress:
O nível de stress a determinadas situações varia em cada pessoa. Ou seja, o
que é stressante para determinada pessoa, pode não o ser para outra, e o que parece
resultar como um elemento de redução de stress numa pessoa pode despoletar ainda
mais stress em outras. O stress pode causar danos generalizados, dessa forma, é
importante conhecer as diferentes fases ( 4 fases) e de uma forma introspetiva o
indivíduo deve conhecer o seu limite.
O mesmo desafio pode ser excessivo para um determinado individuo enquanto outros
pode ser adequado. Alguns indivíduos conseguem prosperar sobre a emoção e o
desafio de um estilo de vida de alto stress. A capacidade do indivíduo de tolerar o
desafio depende de muitos fatores, incluindo a qualidade dos seus relacionamentos,
a sua visão geral sobre a vida, a sua inteligência emocional e a própria genética.
É importante aprender a reconhecer quando o nível de stress está fora do controlo e
é entendido pelo individuo excessivo para os seus recursos disponíveis, físicos e
psicológicos. É importante saber reconhecê-lo e efetuar uma boa gestão do stress, de
forma a minimizar o problema. (Saúde Bem-Estar, 2020)

Stress profissional:
O trabalho deve assegurar as necessidades materiais do indivíduo,
proporcionando riqueza e crescimento, mas tem igualmente que contribuir para o seu
bem-estar social, promoção da saúde e realização pessoal. (S/A)
Nesta perspetiva, pretende-se que a vida profissional seja uma das vertentes
importantes para o bem-estar físico, mental e social. Mas, para que tal se verifique, é
necessário que o trabalhador reúna condições de segurança, independência e
autonomia, possibilidade de desenvolver as suas capacidades, salários gratificantes ou
pelo menos justos, suporte emocional, contacto e colaboração com outros seres
humanos.

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Os muitos fatores de risco psicossocial no trabalho, a que geralmente associamos a


palavra stress, relacionam- se com situações que provocam fadiga mental, medo,
depressão, insatisfação, queixas somáticas e outros sintomas de natureza fisiológica,
psicológica e comportamental.
O stress pode ocorrer em qualquer pessoa e, quando este se refere especificamente
à ocupação desempenhada, é designado por stress ocupacional ou profissional. Este
fenómeno ocorre quando os colaboradores percecionam os seus recursos como
diminutos para enfrentar as exigências desencadeadas pela atividade laboral. Desta
forma, o stress ocupacional é a interação das condições do trabalho com as
características do trabalhador de tal modo que as exigências do trabalho excedem a
capacidade do trabalhador lidar com elas.

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Capítulo 2 – Prevenção de Riscos Profissionais

20. ACIDENTES DE TRABALHO


20.1. Prevenção nos locais de trabalho

A consciencialização e a formação dos trabalhadores no local de trabalho são a melhor


forma de prevenir acidentes, a que acresce a aplicação de todas as medidas de
segurança coletiva e individual inerentes à atividade desenvolvida. Prevenir, quer na
perspetiva do trabalhador quer na do empregador, é a melhor forma de evitar que os
acidentes aconteçam. As ações e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho
estão diretamente dependentes do tipo de atividade exercida, do ambiente de
trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.

Causas habituais:

Os acidentes de trabalho mais frequentes em Portugal são as quedas e os


soterramentos, sendo que as principais causas destes acidentes são não seguir as
regras de segurança e não utilizar os dispositivos de segurança ou utilizá-los de forma
desadequada. No entanto, podem também contribuir para o surgimento de acidentes
de trabalho a ingestão de bebidas alcoólicas; as hipoglicémias, que podem provocar
lipotimias (desmaios) por falta de alimentação (por exemplo, quando os trabalhadores
não tomam o pequeno-almoço) e a fadiga, por não se ter dormido o suficiente ou
quando se trabalha por turnos, em especial se o trabalho incluir lidar com máquinas
perigosas.

Como prevenir:
As ações e medidas destinadas a evitar acidentes de trabalho dependem diretamente
do tipo de atividade exercida, do ambiente de trabalho e das tecnologias e técnicas
utilizadas. Porém, de forma generalizada tenha em atenção o seguinte:

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 Faça com que o seu local de trabalho seja confortável;


 Siga todas as regras de segurança na realização de atividades mais perigosas;
 Organize o local de trabalho ou o seu posto de trabalho, não deixe objetos fora
dos seus lugares ou desarrumados.
 Saiba quais os riscos e cuidados que deve ter na atividade que desenvolve e
quais as formas de proteção para reduzir esses riscos;
 Participe sempre nas ações ou cursos de prevenção de acidentes que a
empresa lhe proporcionar;
 Aplique as medidas e dispositivos de prevenção de acidentes que lhe são
facultados, designadamente o uso de vestuário de proteção adequado, como
as proteções auriculares para o ruído, óculos, capacetes e dispositivos anti
queda e equipamento de proteção respiratória, entre outras;
 Não receie sugerir à empresa onde trabalha a realização de palestras,
seminários e ações de formação sobre prevenção de acidentes.

20.2. A gestão da prevenção na empresa


20.2.1. Identificação de perigos:

Compreende todos os fatores suscetíveis de causar acidentes e visa efetuar


um levantamento de todos estes fatores por forma a apreender como funciona a
organização, em termos dos seus recursos vários, tendo em conta igualmente, e
principalmente, o fator humano na pessoa dos trabalhadores.

20.2.2. Medidas de controlo de riscos:

Quando forem determinadas as medidas de controlo ou sejam consideradas


alterações a controlos existentes, a redução de riscos deve ser considerada de acordo
com uma hierarquia em que se procedem aos seguintes passos:
 Eliminação;
 Substituição;
 Sinalização/advertência e/ou controlos administrativos;

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 Equipamento de proteção coletiva;


 Equipamento de proteção individual.

20.2.3. EPC – Equipamento De Proteção Coletiva:

Qualquer equipamento a ser usado de forma a proteger de forma conjunta os


trabalhadores contra um ou mais riscos suscetíveis de ameaçar a sua segurança ou
saúde no trabalho.

20.2.4. EPI - Equipamento De Proteção Individual:

Qualquer equipamento destinado a ser usado ou detido pelo trabalhador para


a sua proteção contra um ou mais riscos suscetíveis de ameaçar a sua segurança ou
saúde no trabalho.

Cada parte do corpo necessita de uma proteção adequada ao perigo a que está
sujeito.

Proteção da Cabeça:

Capacetes que têm como função principal resguardar o crânio de agressões


externas durante a execução dos trabalhos. A seleção do Capacete adequado a
determinado fim deve efetuar-se em função dos riscos a que o trabalhador está
exposto, nomeadamente os devidos a choques resultantes da queda de objetos ou do
impacto da cabeça contra um obstáculo, ou ainda devido a fatores agressivos (por
exemplo, ácidos, elétricos e proteções incandescentes).

Este EPI deve ter capacidade de absorção de choque evitando quaisquer lesões na
cabeça, bem como terem características adequadas de conforto (peso, ventilação,
estanquidade e de isolamento térmico).

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Proteção Auditiva:

Ação do ruído sobre os trabalhadores verifica-se quer a nível fisiológico, com


reflexos nocivos sobre o aparelho auditivo e outras funções orgânicas, quer a nível
psicológico, provocando acréscimos de tensões que podem gerar situações favoráveis
à ocorrência de acidentes.
Estes riscos devem ser reduzidos a um nível tão baixo quanto possível e que permita
a sua aplicabilidade em função dos atuais conhecimentos técnicos e científicos para a
proteção dos trabalhadores, através da utilização de, nomeadamente: protetores
auriculares e tampões protetores.

Proteção de Olhos e Face:

Os olhos são órgãos muito sensíveis do corpo humano e como tal propícios a
acidentes cujas causas podem ser das mais variadas, nomeadamente as devidas a:

 Projeções de poeiras, provocadas por ação de correntes de ar, vento violento,


operações de polimento;
 De partículas metálicas ou não, provenientes de ferramentas ou de peças
trabalhadas (aço temperado, vidro, porcelana, pedra, betão, etc), ou ainda
devido à natureza das superfícies das peças (calamina, pintura, esmalte,
cromo, etc.);
 Partículas de tinta, líquidos corrosivos, reboco projetado, argamassa e ainda
metal em fusão durante as operações de soldadura.

Deste modo, quando a proteção dos olhos não puder ser assegurada por dispositivos
de proteção coletiva, as proteções oculares individuais (tais como óculos, viseiras
faciais, máscaras para soldadores e máscaras respiratórias) devem ser objeto de

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seleção criteriosa em função dos riscos associados à execução de cada tipo de


trabalho.

Principais definições associadas a estas proteções:

 Protetor do olho: todo e qualquer equipamento de proteção que cubra pelo


menos a região do olho,
 Ocular: parte transparente do protetor dos olhos que possibilita a visão (lentes
e viseiras);
 Viseira: protetor que cobre parte ou a totalidade da face e que permite a visão;
 Óculos: protetor dos olhos cujas oculares se encontram inseridas em aros com
hastes (com ou sem proteção lateral);
 Óculos isolantes: protetor dos olhos, de uma ou duas oculares, que isola a
região orbitária,
 Filtro: ocular concebida para atenuar a radiação incidente.

Proteção das Vias Respiratórias:


Descrição de equipamentos de proteção individual das vias respiratórias e
respetivos critérios de seleção e utilização trabalhadores podem estar sujeitos de um
modo frequente ou ocasional a poluição no seu ambiente de trabalho. As causas desta
situação são, muitas vezes, devidas fundamentalmente: à manipulação ou existência
de produtos necessários ou não para a execução das tarefas; à ausência de colocação
em obra de sistemas de aspiração na fonte de poluição que limitem ou suprimam ao
máximo a emissão de poluentes; e ainda à ausência de ventilação adequada dos locais
de trabalho.

Proteção de Mãos e Braços:


Os ferimentos nas mãos são os mais frequentes por serem as partes mais
vulneráveis do corpo, pois são elas que manipulam os objetos, utilizam equipamentos
e contactam com produtos agressivos. A proteção das mãos é efetuada através do uso

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de luvas, existindo no mercado diversos tipos em função do fim a que se destinam.


Podem ser constituídas de diferentes materiais nomeadamente, de couro, de tecido,
de borracha natural ou sintética e ainda de malhas metálicas.

Existem assim luvas para diferentes tipos de agressões, nomeadamente os devidos a


riscos mecânicos, elétricos, térmicos, químicos e de origem biológica.

As agressões às mãos podem ser lentas (provocando dermatoses) ou rápidas


(provocando cortes, arranhões, picadelas, queimaduras, etc.). A proteção individual
das mãos contra agressões lentas pode ser realizada por cremes ou películas
siliconadas, mas fundamentalmente, tal como para agressões rápidas, por luvas
escolhidas em função dos riscos a que os trabalhadores estão submetidos e tendo em
conta o respetivo desempenho. Uma luva é definida como um EPI que protege a mão
ou parte dela contra riscos, podendo em alguns casos cobrir também parte do
antebraço e o braço. Como características gerais a considerar salientam-se as
seguintes:

Quando usadas segundo instruções do fabricante, devem exercer a proteção sem


afetar a saúde do utente, nomeadamente ter em consideração a natureza dos
materiais que as constituem e que podem ser causadores de alergia devendo
especificar todas as substâncias contidas nas luvas;
O pH deve aproximar-se o mais possível da neutralidade, devendo estar
compreendido entre 3.5 e 9.5.
Os materiais devem permitir a respiração da pele, devendo assim, quando possível,
oferecer fraca resistência à passagem do vapor de água (5 mg/(cm2.h)). Se forem
estanques as luvas devem inibir reduzir, o mais possível, o efeito da transpiração. A
capacidade de absorção da transpiração deverá ser de, pelo menos, 8 mg/cm2 para
8h;.
A luva deve permitir a maior destreza possível, de acordo com o seu objetivo.

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Proteção de Pés e Pernas:


Os membros inferiores, por estarem fora do alcance do campo de visão, são
suscetíveis a acidentes causados, fundamentalmente, por riscos de origem mecânica,
química, elétrica e de queda por escorregamento. Destes riscos podem surgir
diferentes danos, desde esmagamento, a fraturas, bem como queimaduras,
perfurações e electrocução.

Para garantir a proteção dos membros inferiores, deve-se garantir a utilização de


calçado confortável, eficaz e resistente, tendo em consideração as condições
particulares de uso.

Classificação e exigências

Existem vários tipos de calçado:

 Sapato - Utilizado para resguardar o pé abaixo do artelho


 Bota - Utilizado para resguardar o pé e parte da perna ao nível do artelho
 Botim - Utilizado para resguardar o pé e parte da perna acima do artelho

O calçado de segurança apresenta vários componentes, são eles:

 Biqueira de proteção – peça incorporada na parte frontal do calçado, que


permite garantir proteção mecânica da zona dos dedos;
 Contraforte – reforço interior na zona do calcanhar;
 Gáspea – parte do calçado acima da sola que cobre a parte central do pé;
 Sola – Conjunto de peças que formam a parte inferior do calçado;
 Palmilha de proteção – peça incorporada na sola para eliminar a ação de
elementos perfurantes;
 Rasto antiderrapante – Parte da sola que possuí aderência especial ao solo;
 Talão ou cano – parte do corte adjacente à gáspea que se desenvolve no
sentido vertical;

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 Tacão – peça saliente na zona do calcanhar, que se encontra em contacto com


o solo.

A biqueira de proteção é geralmente de aço e permite proteger os dedos dos pés


contra riscos de esmagamento originários de quedas de objetos. Para tal é
fundamental que possua uma resistência mínima ao impacto e de compressão
adequada e comportamento satisfatório em ensaio de corrosão.

Proteção do Corpo:
A proteção do corpo contra os efeitos indesejáveis que resultam dos diferentes
riscos conduz à confeção de diferentes tipos de vestuário que podem ou não proteger
o corpo inteiro, como por exemplo batas, aventais, fatos de uma ou duas peças.

O vestuário de proteção protege contra agressões mecânicas e químicas, contra o


calor e o frio, contra a transpiração, alergias, etc.

Dimensões:
A roupa de proteção deve ser justa ao corpo, mas sem dificultar os
movimentos do trabalhador.

Pictogramas:
O vestuário deve possuir símbolos simples e de fácil compreensão relativos aos
riscos a que esse vestuário visa proteger.

20.3. Sinalização de Segurança

A sinalização de segurança tem por objetivo chamar a atenção das pessoas, de


forma rápida e inequívoca, para as situações que, nos espaços onde elas se
encontram, comportem riscos para a sua segurança.

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A sinalização de segurança deverá existir em todos os locais de trabalho, qualquer que


seja a atividade, para abranger quer os trabalhadores quer todos aqueles que
temporariamente aí se encontrem (ex.: visitas, fornecedores, prestadores de serviços
externos), mas também nos locais que habitualmente se encontram abertos ao
público.
A sinalização de segurança e saúde reveste várias formas - sinais coloridos; acústicos;
verbais; gestuais - adaptando-se à situação que pretendem prevenir, mas de certo
modo, todas elas se complementam entre si.
A forma utilizada, a cor, o número e dimensão dos sinais de segurança dependerão da
importância dos riscos, dos perigos existentes e da extensão da zona a cobrir. Todos
os equipamentos de sinalização de segurança deverão ser mantidos em bom estado
de conservação (limpeza e funcionamento), não devendo ser confundida ou afetada
por qualquer outro tipo de sinalização ou fonte emissora estranha à sinalização de
segurança.

Existem várias formas de sinalização universais e que se complementam entre si:

 Sinais coloridos - (pictogramas ou luminosos) para assinalar riscos ou dar


indicações;
 Sinais acústicos - habitualmente para assinalar situações de alarme e de
evacuação;
 Comunicação verbal;
 Sinais gestuais - para que, quando a comunicação de viva voz não seja possível,
se possam dar as indicações necessárias.

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Sinais coloridos (pictogramas):

A forma geométrica e o significado dos sinais de segurança, bem como a


combinação das formas e das cores e seu significado nos sinais estão indicados nos
quadros 1 e 2.

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Sinais de proibição:

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Sinais de Aviso:

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Sinais de obrigação:

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Sinalização de rotulagem:

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21. ORGANIZAÇÃO DA EMERGÊNCIA

21.1. Planta de emergência

21.2. Instruções de evacuação de emergência

 Utilizar as saídas normais e de emergência do estabelecimento;


 Não utilizar os elevadores nem monta-cargas;
 Quando soa o alarme, deixe o que está a fazer, saia depressa mas sem correr,
e feche ( se possível ) as portas e janelas à medida que as vão deixando para
trás;
 Todos deixarão os objetos pessoais , e ninguém deve voltar atrás;
 Se a quantidade de fumo dificulta a nossa normal circulação, devemos «andar
de gatas» , pois o «ar fresco» encontra-se junto ao pavimento;
 Se a quantidade de fumo torna os caminhos de evacuação impraticáveis,
devemos abrigarmo-nos, e manifestar a nossa presença junto às janelas.

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Deveremos cobrir todos os orifícios onde possa entrar o fumo, com panos ou
peças de roupa molhadas.

21.3. Sinalização de emergência:

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22. PRINCIPAIS RISCOS ASSOCIADOS À PROFISSÃO DE


EMPREGADO DE RESTAURANTE BAR

Todas as profissões possuem riscos mais habituais, a profissão de empregado de


restaurante bar, não é diferente. Devido às múltiplas tarefas associadas ao exercício
desta profissão, estão aqui identificados os principais riscos associados, bem como
medidas preventivas em relação aos mesmos. Sendo que é sempre importante
relembrar que quando as medidas preventivas não são suficientes, existe a
possibilidade da utilização de Equipamento de proteção Coletiva.

Piso escorregadio:
 Perigo: Piso escorregadio
 Risco associado: Queda
 Tipo de risco: Físico
 Medidas preventivas: Pavimento antiderrapante na área de cozinha Calçado
antiderrapante Limpeza imediata de derrames de substâncias Utilização de
sinalização de piso molhado

Manipulação de materiais cortantes:

 Perigo: Manipulação de materiais cortantes


 Risco associado: Corte
 Tipo de risco: Físico
 Medidas preventivas: Manutenção das facas e tesouras afiadas e em bom
estado de conservação e arrumação Limpeza das facas e tesouras em
separado Utilização de tábua de corte adequada em tamanho e resistência,
antiderrapante Máquinas cortantes com proteções

Manipulação de materiais quentes:

 Perigo: Manipulação de materiais quentes

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 Risco associado: Queimadura


 Tipo de risco: Físico
 Medidas preventivas: Utilização de equipamento de proteção individual luvas
e avental Aquando da transferência de pratos, os trabalhadores avisam os
colegas da presença de pratos quentes Pratos quentes são manuseados em
travessas ou outros utensílios a temperatura ambiente Durante a confeção de
alimentos, as asas das frigideiras e das panelas são direcionadas para o interior
do fogão Para manuseamento de peças quentes, são utilizadas pegas.

Manipulação de produtos químicos:

 Perigo: Manipulação de produtos químicos


 Risco associado: Queimadura Problemas respiratórios
 Tipo de risco: Químico
 Medidas preventivas: Não existem

Espaço físico desorganizado:

 Perigo: Espaço físico desorganizado


 Risco associado: Queda
 Tipo de risco: Físico
 Medidas preventivas: Descarga de mercadorias efetuada de forma breve e
com colocação de objetos todos juntos e a um canto Manutenção da
arrumação e organização do armazém

Manipulação de alimentos crus:

 Perigo: Manipulação de alimentos crus


 Risco associado: Contaminação por agentes biológicos

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 Tipo de risco: Biológico


 Medidas Preventivas: Fornecedores acreditados em controlo de qualidade
Serviço de Segurança Alimentar

Movimentação manual de cargas:

 Perigo: Movimentação manual de cargas


 Risco associado: Lesões músculo-esqueléticas Posturas inadequadas
 Tipo de risco: Ergonómico
 Medidas preventivas: Organização do espaço de trabalho em termos de
acessibilidade Apoios mecânicos para o transporte de cargas Formação e
incentivo dos trabalhadores a manter uma correta.

Movimentos repetidos:

 Perigo: Movimentos repetidos


 Risco associado: Lesões músculo-esqueléticas Posturas inadequadas
 Tipo de risco: Ergonómico
 Medidas Preventivas: Rotatividade (apesar de reduzida) de funções entre
trabalhadores Formação e incentivo dos trabalhadores a manter posturas
adequadas durante o exercício das suas funções

Ruído:

 Perigo: Ruído
 Risco associado: Stresse Problemas auditivos
 Tipo de risco: Físico
 Medidas preventivas: Aquecimento dos equipamentos prévio à abertura ao
público Gestão do nível de ruído no espaço face à afluência de clientes.

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Iluminação natural deficiente:

 Perigo: Iluminação natural deficiente;


 Risco associado: Visão;
 Tipo de risco: Físico;
 Medidas Preventivas: Janelas na área de clientes, por onde entra alguma
luz natural.

Equipamentos elétricos:

 Perigo: Equipamentos elétricos;


 Risco associado: Queimadura Choque elétrico Incêndio;
 Tipo de risco: Físico;
 Medidas preventivas: Revisões regulares aos equipamentos elétricos
Manutenção dos equipamentos em bom estado de conservação,
nomeadamente isolamento elétrico

Atendimento ao público:

 Perigo: Atendimento ao público;


 Risco associado: Stresse Violência;
 Tipo de risco: psicossocial;
 Medidas preventivas: Períodos de pausa Rotatividade Comunicação clara e
postura correta para com o cliente.

Trabalho noturno e ao fim de semana:

 Perigo: Trabalho noturno e aos fins-de semana;


 Risco associado: Alterações circulatórias e cardíacas Distúrbios hormonais,
visuais, digestivos e neuro psicológicos Stresse Perturbações do

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comportamento e emoções Alterações das relações sociais (especialmente


familiares);
 Tipo de risco: Psicossocial;
 Medidas preventivas: Folgas semanais Rotatividade na escala de horários
Horário regular.

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Capítulo 3 - AMBIENTE

23. Ambiente
“A pandemia da Covid-19 criou uma nova emergência (a da saúde humana) que uniu
todos os países numa luta comum: a da nossa proteção imediata. Ao longo do ano,
assistimos ao efeito que os confinamentos obrigatórios provocados pela Covid-19
tiveram na contração da economia mundial e vimos retroceder a tendência crescente
do antecipar da data em que temos esgotado os recursos naturais da terra, um sinal
claro da relação entre a atividade humana e a saúde do planeta”, referiu a associação
ambientalista no seu documento Balanço de 2020 e Tendências para 2021.

Relatório de 2020 carrega AQUI.

23.1. Principais problemas ambientais da atualidade mundial


Os grandes problemas ambientais a nível mundial que devem ser resolvidos até 2030

(https://www.iberdrola.com/meio-ambiente/principais-problemas-ambientais)

As mudanças climáticas são o grande problema ambiental que a humanidade terá que
enfrentar durante a próxima década. Porém, não é o único, teremos de lidar com a
escassez de água à perda de biodiversidade ou à gestão dos resíduos. Sendo essencial
na próxima década solucionar os grandes problemas ambientais do planeta.

A terceira década do século XXI está a começar e os desafios ambientais que temos
pela frente, resumidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da
Organização das Nações Unidas (ONU), são numerosos. Este plano de ação global
adotado em 2015 propõe medidas concretas para atingir, num prazo de dez anos, um
mundo mais justo, próspero e ecológico. Nesse sentido, a própria ONU adverte que
estamos atrasados na corrida para a salvação do planeta.

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23.2. Problemas que teremos de enfrentar:

23.2.1. Adaptação e mitigação às mudanças climáticas

O aquecimento global induzido pelas emissões de CO2 aumentaram conforme a ONU


em 50% desde 1990 — está acelerando as mudanças climáticas e ameaça a
sobrevivência de milhões de pessoas, animais e plantas, pois provoca episódios
meteorológicos, tais como secas, incêndios e inundações, cada vez mais frequentes e
extremos. Este fenômeno obriga-nos a tomar medidas que atenuem seus efeitos e
adaptarmo-nos às consequências que, inclusive contendo o aumento do termômetro
terrestre abaixo de 2 ºC como exigem os Acordos de Paris, permanecerão durante
séculos.

23.2.2. Poluição e seu impacto na saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 90% da humanidade respira ar


poluído e, consequentemente, exige uma redução da contaminação para reduzir o
índice de doenças respiratórias, evitando assim sete milhões de óbitos/ano. A água
contaminada também causa problemas importantes de saúde, além de cinco milhões
de mortes anuais segundo a ONG Oxfam Intermón. A ONU defende eliminar as
descargas de resíduos, minimizar o uso de produtos químicos e depurar mais
quantidade de águas residuais, entre outras medidas.

23.2.3. A proteção dos oceanos

Os mares se tornaram os grandes aterros de plástico do planeta. Além disso, existem


outros graves problemas ecológicos relacionados com os oceanos, como a
deterioração dos ecossistemas pelo aquecimento global, os efluentes contaminantes,
as águas residuais e o derramamento de combustíveis. A ONU advoga pela melhoria
da administração dos espaços protegidos, defendendo que os mesmos tenham

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recursos suficientes, e pela redução da sobrepesca, da poluição e da acidificação dos


oceanos causada pelo aumento da temperatura terrestre.

23.2.4. A transição energética e as energias renováveis

Ao mesmo tempo que a energia significa 60% de todas as emissões mundiais de gases
de efeito estufa (GEE), a ONU calcula que 13% da humanidade não tem eletricidade e
que 3 bilhões de pessoas dependem dos combustíveis fósseis para cozinhar. Esta
situação exige uma transição energética para um modelo mais limpo, acessível,
eficiente e baseado no uso de fontes renováveis para formar comunidades mais
sustentáveis, inclusivas e resistentes aos problemas ambientais, como as mudanças
climáticas.

23.2.5. Lixo tecnológico

Conforme um relatório da ONU, o mundo gerou 48,5 milhões de toneladas de lixo


eletrônico em 2018. Este dado deixa claro a importância crescente da reciclagem, que
também apresenta números preocupantes: só se reciclam 20% desses resíduos. Se
esta tendência se mantiver, a ONU estima que poderíamos chegar a 120 milhões de
toneladas de lixo eletrônico em 2050.

23.2.5. Um modelo alimentar sustentável

A produção intensiva de alimentos tem consequências nefastas para o meio ambiente


ao empobrecer o solo e os ecossistemas marinhos. Além disso, a exploração excessiva
dos recursos naturais colocou em perigo a segurança alimentar e o abastecimento de
água potável. A ONU considera imprescindível uma mudança do modelo produtivo e
de nossos hábitos alimentares, apostando em uma dieta mais vegetariana e com
alimentos locais para poupar energia e emissões de CO2.

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23.2.6. Proteção da biodiversidade

Para perceberem a importância deste tema cerca de 8% das espécies animais


conhecidas já desapareceram e 22% estão em perigo de extinção devido
especialmente, à destruição de seus habitats naturais, à caça furtiva e à introdução de
espécies invasoras. A ONU cobrou ações contundentes para terminar com estes
indícios e preservar o nosso patrimônio natural, como é o caso das florestas que estão
cada vez mais ameaçadas.

23.2.7. O desenvolvimento urbano e a mobilidade sustentável

O crescimento das cidades, que terão de acolher cerca de 5 bilhões de pessoas em


2030, será outro dos grandes desafios ambientais da década. As metrópoles do futuro
deverão ser compactas, seguras, inclusivas, ecológicas e eficientes em termos
energéticos, com mais áreas verdes, construções ecológicas e meios de transporte
mais sustentáveis que deixem o trânsito em segundo plano, dando prioridade aos
pedestres.

23.2.8. Escassez de água

A falta deste recurso, vital para a sobrevivência humana, animal e vegetal, afeta mais
de 40% da população mundial e, segundo o Fórum Econômico da Água, a agricultura
representa mais de 70% da água utilizada nos países mais áridos do planeta. Um uso
responsável dos recursos hídricos melhorará a produção alimentar e energética, além
de proteger a biodiversidade dos nossos ecossistemas hídricos e ajudar-nos a frear as
mudanças climáticas.

23.2.9. Os fenômenos meteorológicos extremos

O aumento da temperatura terrestre está propiciando eventos climáticos cada vez


mais frequentes, intensos e devastadores, como secas, furacões e ondas de calor.

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Manter o termômetro sob controle, como está sendo solicitado nas negociações de
mais alto nível, e melhorar a nossa capacidade de resposta no caso de emergências
climáticas são as chaves para minimizar o número destas catástrofes e aprender a nos
adaptar e defender das mesmas.

23.3. Documentários para refletir sobre os problemas


ambientais

Por vezes não conseguimos através de uma leitura ou noticia ter a noção plena da
situação em que se encontra o planeta. Hoje, é possível ver documentários que dão
uma visão sobre as consequências que teremos de enfrentar no futuro e
consequências já sentidas hoje em dia e no passado. O nosso planeta Terra está em
alerta, desde as mudanças climáticas à extinção de diversas espécies, poluição dos
oceanos, desflorestação das principais florestas do planeta, outrora consideradas
intocáveis. Dessa forma deixo algumas sugestões para assistirem.

COWSPIRACY: O SEGREDO DA SUSTENTABILIDADE (2014)

O Segredo da Sustentabilidade, um documentário realizado em 2014, por Kip


Anderson e Keegan Kuhn , faz revelações chocantes sobre criação de gado e de que
forma prejudica a saúde do nosso planeta. De acordo com os dados recolhidos, a
indústria agropecuária é uma das principais responsáveis pela poluição e pela
desflorestação, sendo a maior emissora de gases de estufa na atualidade. Este
documentário está disponível na plataforma de streaming Netflix.

A PLASTIC OCEAN (2016)

Premiado por ter ajudado a criar um movimento global de conscientização sobre os


plásticos de utilização única, este documentário reflete - e faz refletir - sobre o
aumento de plásticos no oceano e as consequências para a vida marinha e para a
saúde humana. O jornalista Craig Leeson alia-se à mergulhadora de estilo livre Tanya
Streeter e a uma equipa de cientistas internacionais, passando por 20 países, ao longo

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de quatro anos para perceber o estado dos oceanos e reunir soluções que podem ser
aplicadas de imediato para ajudar a melhorar a sua condição.

SEASPIRACY (2021)

O cineasta Ali Tabrizi, 27 anos, natural do Sudoeste de Inglaterra e um dos cocriadores


do documentário Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade- talvez daí a parecença
do nome - juntou-se à gigante plataforma de streaming Netflix e explora os impactos
da pesca internacional na vida marinha e nos problemas ambientais. Apesar de
recente, este documentário tem gerado diversas reações, quer positivas, quer
negativas, nas redes sociais. Conta com a participação de George Monbiot, um
prestigiado jornalista, escritor e ambientalista britânico e com testemunhos da
organização de conservação marinha Sea Shepherd. Ao longo do documentário, são
apresentadas diversas estatísticas para comprovar o impacto negativo da pesca nos
oceanos.

CHASING ICE (2012)

Durante três anos e através de 300 câmaras colocadas no Alasca, na Gronelândia e na


Islândia, o fotógrafo do National Geographic, James Balog, retrata as mudanças das
superfícies frias do nosso planeta, o efeito direto do aquecimento global. Um dos
momentos mais chocantes ao longo do documentário foi o degelo de um iceberg
gigantesco na Gronelândia, considerado o maior degelo alguma vez registado em
vídeo.

A TERRA NO LIMITE (2021)

David Attenborough, naturalista britânico de 95 anos está de volta à Netflix com “A


Terra no Limite: A Ciência do Nosso Planeta” e neste documentário fala-se ainda dos
“limites planetários que não devemos ultrapassar, não apenas pela estabilidade do
nosso planeta, mas também pelo futuro da Humanidade”.

Baseado no artigo online: https://www.gqportugal.pt/documentarios-para-refletir-


sobre-os-problemas-ambientais

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23.4. Resíduos

Definição - Qualquer substância ou objeto de que o detentor se desfaz ou tem a intenção


ou a obrigação de se desfazer, nomeadamente os identificados na Lista Europeia de
Resíduos . (definição legal - DL 178/2006)

23.4.1. Gestão de resíduos

A constante preocupação com a preservação ambiental tem sido o foco em debates


sobre as condutas a adotar para minimizar os impactos que atividades industriais,
comerciais e até residenciais causam no meio ambiente. Dentre esses impactos, a
geração de resíduos sólidos é a que mais tem causado preocupação, uma vez que
praticamente todas atividades econômicas geram algum tipo de resíduo em suas
atividades. O gerenciamento de resíduos pode ser entendido como uma série de ações
que envolvem as etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento, destinação e
disposição final ambientalmente adequadas. A gestão de resíduos envolve o
mapeamento dos processos de uma empresa, a análise dos resíduos gerados por cada
processo, como também a classificação e quantificação dos mesmos, o armazenamento
e identificação, e então a destinação. Além disso, uma gestão eficiente precisa garantir
ao máximo o reaproveitamento e reciclagem, bem como reduzir a produção dos rejeitos
– que são os materiais que não apresentam viabilidade técnica e econômica para serem
reciclados. Outro fator importante que deve ser levado em conta é que cada resíduo
possui uma destinação específica, conforme sua natureza e características. O
gerenciamento de resíduos permite o melhor aproveitamento da matéria-prima e a
redução das agressões ao meio ambiente. Seu principal objetivo é minimizar os impactos
negativos no meio ambiente. Os impactos decorrentes da geração dos resíduos podem
ser minimizados através de um gerenciamento eficaz em todas as etapas da gestão dos
resíduos sólidos.

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23.4.2. Estratégias de atuação

Perante tudo o que se falou até agora em relação á necessidade de proteger o planeta
torna-se essencial assumir atitudes que mesmo sendo simples são essenciais para
combater e atenuar os problemas ambientais atuais. Estas atitudes por si só não serão
suficientes, contudo será extremamente importante esta consciencialização de forma a
progredirmos como sociedade.

Consumo de energia:

Desligue as luzes: em muitos locais, os sistemas de iluminação não são automatizados.


Para evitar gastos de energia desnecessários, desligue sempre as luzes quando for o
último a sair das salas de reuniões e gabinetes;

Utilize as persianas:
regulam a exposição solar e permitem evitar o aquecimento excessivo dos espaços no
verão;

• Regule a temperatura do ar condicionado: trata-se de um dos equipamentos que mais


eletricidade consome. A temperatura de conforto no inverno situa-se entre os 18ºC e os
22ºC e no verão situa-se nos 25ºC;

• Mantenha as janelas fechadas: em casa ou no trabalho, tenha o cuidado de as manter


fechadas sempre que o ar condicionado está em funcionamento para não provocar um
aumento desnecessário do consumo de energia. Tenha atenção aos pontos de saída de
ar na climatização. Evite obstruí-las, por exemplo, com a colocação de estantes ou vasos.
Sempre que verificar uma anomalia contacte os serviços de manutenção;

• Evite utilizar o elevador: opte pelas escadas. Reduz o consumo de energia e ao mesmo
tempo faz exercício físico. Quando tiver mesmo que utilizar o elevador, chame apenas
um. Evite carregar ao mesmo tempo nos botões para subir e descer;

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• No trabalho, desligue o monitor: sempre que se ausentar por um período prolongado.


Mesmo em stand-by, os computadores continuam a consumir energia. No final do dia
desligue o seu computador;

• Reduza o número de impressões: a impressão de documentos está associada ao


consumo energético do equipamento, ao corte de árvores e à utilização de toners. Pense
se precisa de todos os documentos que imprime, os programas de processamento de
texto (como o Word) possuem ferramentas de revisão que se assemelham à forma como
corrigimos um documento em papel.
Se for mesmo necessário opte pela impressão a preto e branco, com frente e verso.

Energia e construções sustentáveis

Em sua casa, há muito que pode ser melhorado. Desde os materiais que usa na
construção até ao uso que faz da energia todos os dias. Poupar é o lema.
• Opte por lâmpadas LED: apesar de terem um custo mais elevado, as lâmpadas LED
consomem menos cerca de 80% da energia;

• Escolha bons isolamentos: isole as portas e as janelas com material adequado para
evitar perdas de calor ou a contaminação de frio nestes locais;
• Opte por fontes de climatização natural: antes de optar pelo ar condicionado, tire
partido da ventilação natural, abrindo janelas em extremos opostos da casa;

• Adquira aparelhos mais eficientes (classe A ou superior): avalie sempre a informação


da etiquetagem energética. Recordamos que a classe A refere-se a equipamentos mais
eficientes em termos de consumo energético. São mais caros, mas rapidamente
amortizará este valor;

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• Descongele regularmente o congelador: o gelo formado no interior do congelador


dificulta a transferência de calor entre o evaporador e o
interior do frigorífico;

• Não deixe equipamentos em stand-by: desligue todos os aparelhos elétricos no botão.


Mesmo em stand-by, continuam a consumir energia;

• invista em alternativas de energia renovável: a energia solar térmica é uma excelente


opção para obter água quente. Os painéis fotovoltaicos produzem energia elétrica e
oferecem capacidade de reduzir até 80% da energia da rede. Se exceder as
necessidades da habitação, pode inclusivamente vender o restante à rede.

Como proceder na produção e separação de resíduos?

Consuma água com ponderação, estas são algumas das medidas individuais que se
deve adotar para uma utilização consciente da água:

• Feche a torneira: sempre que não esteja a utilizar a água, enquanto escova os dentes
ou faz a barba;
• Otimize a utilização das máquinas: utilize a máquina de lavar a louça e roupa apenas
quando tiverem a carga completa ou caso não consiga atingir a carga total escolha a
opção ½ máquina;

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NOME DA DISCIPLINA/UFCD EM MAIÚSCULAS
UFCD0349 AMBIENTE, SEGURANÇA, HIGIENE E SAÚDE NO TRABALHO

• Tome duche em vez de banho de imersão: os banhos de imersão consomem cerca de


10 vezes mais água que um duche de 5 minutos;
• Evite lavar o carro com mangueira: utilize um balde e uma esponja e gastará muito
menos água;
• Regue o jardim logo de manhã ou ao final do dia: estes horários, por norma, mais
frescos permitem minimizar as perdas por evaporação;
• Opte por plantar espécies autóctones: estas plantas adaptam-se melhor ao nosso clima
e quase não necessitam de ser regadas.

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