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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE

SEGURANÇA DO TRABALHO
RESUMO DA UNIDADE

Nesta unidade abordar-se-á a história e a conceituação do trabalho e a sua relação


com as necessidades dos seres humanos. Será contextualizada também a história
da segurança e saúde do trabalho nos contextos mundial e nacional. Através da
Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalhado serão reforçados conceitos
básicos a serem utilizados ao longo de todo o curso, como: Acidente do Trabalho,
Acidente de trajeto, Incidente, Higiene ocupacional, Saúde Ocupacional, Segurança
do Trabalho, Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT e Riscos Ocupacionais.
Outrossim, serão explorados os conteúdos das NR: NR 1 – Disposições gerais, NR 3
– Embargo ou Interdição. NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho, NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes e NR 28 - Fiscalização e Penalidades. Justifica-se por causa da
relevância da aplicação desses conceitos e legislações no contexto laboral, de forma
a prevenir acidentes e doenças ocupacionais. Através da revisão bibliográfica dos
conteúdos supracitados, fica evidente a importância do fomento de estudos acerca
da saúde e segurança do trabalho, para aplicação eficiente e em harmonia com as
atualizações e tecnologias do mercado.

Palavras-chave: Segurança do Trabalho; Engenharia; Saúde; Normas


Regulamentadoras; Riscos; Acidentes.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4


CAPÍTULO 1 – A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO
TRABALHO ................................................................................................................ 6
1.1 O Trabalho e a humanidade: breve histórico, contextualiação da atualidade
e definição ................................................................................................................... 6
1.2 A história da Segurança do Trabalho ............................................................. 9
1.3 A Segurança do Trabalho na contemporaneidade ....................................... 17
1.4 Conceitos básicos na Engenharia de Segurança do Trabalho: Segurança do
Trabalho, Higiene Ocupacional e Medicina do Trabalho ........................................... 19
CAPÍTULO 2 - AS NORMAS REGULAMENTADORAS DA ENGENHARIA DE
SEGURANÇA DO TRABALHO ................................................................................ 22
2.1 As Normas Regulamentadoras - NR ............................................................ 22
2.2 Norma Regulamentadora 1 – Disposições Gerais ....................................... 26
2.3 Norma Regulamentadora 3 – Embargo ou Interdição .................................. 30
2.4 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho ..................................................................... 30
2.4.1 Dimensionamento do SESMT ...................................................................... 32
2.5 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
– CIPA ..................................................................................................................... 36
2.5.1 Dimensionamento da CIPA .......................................................................... 44
2.5.2 O mapa de riscos ......................................................................................... 47
2.6 Norma Regulamentadora 28 – Fiscalização e Penalidades ......................... 50
CAPÍTULO 3 - RISCOS E ACIDENTES DO TRABALHO ........................................ 53
3.1 Os riscos ocupacionais ................................................................................ 53
3.2 Os Acidentes do Trabalho ............................................................................ 58
3.2.1 Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT ............................................. 71
3.2.2 Prevenção e controle de riscos e acidentes ................................................. 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

O trabalho sofreu, desde os primórdios, alterações na sua forma de concepção


e objetivo. Passando pela época pré-histórica, em que através das atividades
comuns se conquistava alimentos e outras necessidades básicas. Num segundo
momento, passando pela era da escravidão, posteriormente, pela servidão (ambos
sem liberdade), e sofrendo transformações, a passos lentos, em todo o mundo (e de
forma desigual), até as conquistas dos direitos dos trabalhadores, posteriormente, as
legislações (internacionais e nacionais) específicas de segurança do trabalho, dentre
outras.
No contexto atual, o trabalho é muito mais do que uma habitual forma de
garantir as necessidades básicas, ele influi em alguns outros fatores de segurança,
social, pessoal, motivacional, e até mesmo autoestima e autorrealização. Ou seja,
não basta apenas ser bem remunerado, são envolvidos valores, sinergia, cultura e
satisfação.
Diante da relevância atribuída ao trabalho no cenário contemporâneo, é
inevitável o desenvolvimento de maiores estudos relacionados ao tema. O trabalho
deve ser visto de forma multidisciplinar, pois, envolve história, direito, saúde,
engenharia, segurança, ergonomia, estatística e etc.
No primeiro momento, será explanada a história do trabalho e da segurança do
trabalho, bem como sua contextualização no tempo presente. Além de destacar
algumas dicas do conteúdo, que serão dadas ao longo da unidade.
Durante toda a unidade, também serão conceituados alguns termos técnicos
comumente utilizados, no tocante ao enredo dos conteúdos apresentados.
O governo, as empresas, trabalhadores e demais envolvidos devem contribuir
para uma sociedade em que o trabalho possa trazer aos envoltos condições de
integridade física e mental. Para isso, é importante que cada um desempenhe seu
papel, onde o governo deve criar, atualizar e aperfeiçoar a cada momento as
políticas de segurança, além de fiscalizar e garantir que as normas sejam
cumpridas, aplicando as respectivas penalidades, em caso de inobservância destas.
As empresas têm o papel de preparar um ambiente de trabalho seguro e saudável
para o desempenho das atividades laborais, ademais, devem viabilizar e aplicar as

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legislações vigentes, nas esferas federal, estadual, municipal e etc., e aquela que se
demonstrar mais prevencionista. O trabalhador deve usufruir das ferramentas,
equipamentos, treinamentos disponíveis de forma adequada, trabalhando de
maneira segura e saudável.
Ante tais considerações, também se destacam os papeis da Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes - CIPA, Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, mercado, familiares e comunidade
em geral, que serão vistos ao longo do curso, e que devem estar engajados no
propósito de constante melhoria.
A susceptibilidade1 é um termo fundamental na Segurança do Trabalho, e que
deve ser sempre levada em consideração ao longo de toda a leitura das apostilas do
curso, pois, cada indivíduo possui características individuais, e através delas deve-
se adaptar a composição e a implementação das medidas de controle e prevenção.
Acidente do trabalho é aquela situação ocorrida no ambiente laboral, que
venha a gerar danos, perdas ou morte. Deve ser estudado pelos profissionais da
área de forma minuciosa, e será tratado no 3º capítulo desta unidade.
Para ocorrer o acidente de trabalho é necessário haver risco. Esses riscos
podem ser classificados: físico, químico, biológico, mecânico ou ergonômico. Nesta
unidade será feita uma introdução geral aos conceitos relacionados aos riscos, bem
com os fatores que os envolvem.
Ao ocorrer um acidente ou no momento da identificação de uma doença
ocupacional, deverá ser feita, obrigatoriamente, a abertura da Comunicação de
Acidente de Trabalho – CAT, online, no aplicativo ou nas agências do Instituto
Nacional do Segurança Social – INSS (que será explicada com mais detalhes no
capítulo 3).
Contudo, serão expostas também formas de prevenção e controle de acidentes
e doenças de formas gerais.

1
Ação, particularidade ou condição de susceptível. Disposição particular do organismo para adquirir doenças
e/ou para sentir as influências sobre ele exercidas: susceptibilidade a (ou para) gripes; susceptibilidade ao (ou
para) sereno; susceptibilidade a vacinas (AURELIO, 2019).

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CAPÍTULO 1 – A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO


TRABALHO

1.1 O Trabalho e a humanidade: breve histórico, contextualiação da


atualidade e definição

O trabalho, regulamentado ou não, pode ser descrito desde os primórdios,


onde o homem, para conquistar suas necessidades fisiológicas (comer, beber,
dormir) precisou ir em busca destas, ou seja, precisou realizar uma atividade (caça,
pesca, busca de novos rios ou novas cavernas) obtendo alimento, comida e/ou local
para dormir. Afinal, era preciso esforço (e ainda é), para garantir as condições
básicas de sobrevivência.
Destaca-se também, ao longo da história, o trabalho escravo (abolido em 1888,
no Brasil, através da Lei Áurea), em que se trabalhava sem limites e mal tinha
acesso às necessidades básicas, por não ser “livre”, ou seja, não se tinha poder de
escolha.
Na época do feudalismo, houve a época da servidão, onde estas pessoas
atendiam a um senhor feudal, como forma de prestação de serviço, e não eram
livres (MARTINS, S. 2000).
O trabalho sofreu inúmeras transformações ao longo dos séculos, no mundo
todo, sendo relatado em cada país, de forma ou em épocas diferentes, porém, com
resquícios de influências de tendências mundiais.
O trabalho é uma das características que distinguem o homem do resto das
criaturas, cuja atividade, relacionada com a manutenção da própria vida,
não se pode chamar trabalho; somente o homem tem capacidade para o
trabalho e somente o homem o realiza preenchendo ao mesmo tempo com
ele a sua existência sobre a terra. Assim, o trabalho comporta em si uma
marca particular do homem e da humanidade, a marca de uma pessoa que
opera numa comunidade de pessoas; e uma tal marca determina a
qualificação interior do mesmo trabalho e, em certo sentido, constitui a sua
própria natureza (JOÃO PAULO II, 1981).

Com o passar dos anos, além das necessidades fisiológicas, têm alcançado
desta que também, as necessidades de satisfação e realização pessoal, sendo
estas mais difíceis de atingir, porém, buscadas pelo indivíduo com maior intensidade
nas últimas décadas.

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Segundo Schemann (2018), essas necessidades dos seres humanos podem


ser sintetizadas através da chamada “Teoria das necessidades humanas”,
conhecida mundialmente, por ser uma forma de representar resumida e
hierarquicamente, por Abraham Maslow (psicólogo norte-americano). Sendo cinco
níveis: fisiologia, segurança, social, estima e realizações pessoais, conforme
imagem a seguir:

Figura 1 – Pirâmide de Maslow

Fonte: Schermann, 2018.

É de grande relevância compreender essa pirâmide, pois, é possível analisar


qual é a motivação que leva determinada pessoa a ir em busca de um trabalho.
Salienta-se também, o segundo item da pirâmide que trata da “Segurança”, seja ela
da família, do corpo ou da propriedade, que confirma a importância desta, não
somente para atendimento as legislações, mas por ser uma busca constante do
indivíduo, consciente ou inconscientemente. Sendo assim, essa pirâmide não é
usada somente na administração e psicologia, mas também em diversas outras
áreas, como na segurança do trabalho.
A definição do trabalho adquire importância cada vez maior para
compreensão da vida humana, pois implica em diversos aspectos da vida,
desde sua concepção como transformação de energia – para os físicos o
trabalho pode ser realizado enquanto se consome certa quantidade de
energia (térmica, química, elétrica) – até sua compreensão como fator de
produção (segundo os economistas) ou seja, como uma atividade para
produzir bens econômicos (MONTEIRO, 2011, p. 23).

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A origem da palavra trabalho vem:


Do latim tripalium, que é um termo formado pela união de dois elementos, tri
(três) e palium (madeira). Tripalium nada mais era do que um instrumento
de tortura construído com três estacas afiadas, dessa forma, evidenciando
uma estreita relação entre trabalho e tortura. Essa relação aconteceu pelo
fato de as atividades que envolviam trabalho serem relacionadas às
atividades físicas produtivas realizadas em geral por agricultores, artesãos,
pedreiros etc. Esse equipamento era destinado a ser utilizado em pessoas
pobres sem condições nem possibilidades de pagamento de impostos.
Posteriormente, o termo passou a ser utilizado pelos franceses sob a
denominação travailler e significava atividade exaustiva ou atividade difícil.

Em todo caso, de acordo com o dicionário MICHAELIS (2019), o trabalho pode


ser descrito como: “Conjunto de atividades produtivas ou intelectuais exercidas pelo
homem para gerar uma utilidade e alcançar determinado fim. (...) Atividade
profissional, regular, remunerada ou assalariada, objeto de um contrato trabalhista.”
Destarte, o homem, liberto do jugo do Poder Público, reclama uma nova
forma de proteção da sua dignidade, como seja a satisfação das carências
mínimas, imprescindíveis, o que outorgará sentido à sua vida (ALARCÓN,
2004, p. 79).

Conforme dados do IBGE, BRASIL (2018), a população brasileira passa dos


208 milhões de habitantes. Porém, parte desta população é considerada “ocupada”,
ou seja, possui algum tipo de trabalho.
Entretanto, verifica-se na atualidade um grande aumento nos postos de
trabalho informal e/ou não regulamentado. Traduzindo no contexto da Saúde e
Segurança do Trabalho – SST: locais que em sua maioria não possuem
acompanhamento de um profissional qualificado, que vise garantir a aplicação das
legislações de SST.

SAIBA MAIS
Filme: Tempos modernos (1936)
Filme marcante na história do cinema, estrelado por Charles Chaplin (onde ele é o
autor, diretor e ator), que retrata de forma divertida os problemas sociais, que
principalmente os cidadãos americanos enfrentavam naquela época. Trata-se de
uma crítica sobre o que ocorria durante a Revolução Industrial. Segundo Martins:

Tempos Modernos conta a história do Vagabundo nesse período da crise


americana, inicialmente já trabalhando em uma indústria de produção de peças em

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série. Com suas chaves de fendas, ele divide as tarefas com seus demais
companheiros, enroscando parafusos em uma grande esteira de placas metálicas.
Claro que ele se atrapalha diversas vezes nesse árduo trabalho repetitivo,
provocando diversas confusões com seus colegas de trabalho. Enquanto isso, o
presidente da empresa recebe uma proposta de uma empresa sobre uma Máquina
Revolucionária, que reduziria o horário de almoço de seus empregados, já que ela
desempenharia todo o trabalho de alimentar os mesmos. Para testar a novidade, o
presidente convoca o Vagabundo para testar a máquina. No início ela funciona muito
bem, mas depois de alguns problemas técnicos, a engenhoca se mostra bem
perigosa, fazendo com que o Vagabundo se alimentasse rápido demais e, somada
às atividades repetitivas de seu trabalho, ele enlouquece de vez: começa a
parafusar tudo e a todos ao seu redor, gerando grandes confusões até que ele vai
parar em uma clínica psiquiátrica para tratar sua crise nervosa (MARTINS, M. 2014).

Figura 2 – Cena do filme Tempos Modernos

Fonte: MARTINS, M. 2014.

1.2 A história da Segurança do Trabalho

A segurança do trabalho não tem uma “data” ou “ano” que designa ou informa
seu começo. Foram alguns fatos ocorridos, ao redor do mundo, que ao longo da
história representaram e se consolidaram, para chegar onde se está hoje.
“Até o início da Revolução Industrial existem poucos relatos sobre acidentes e
doenças provenientes do trabalho, pois, nesse período, predominava o trabalho

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escravo e manual” (Saliba, 2016). Durante a revolução industrial2 (iniciada no século


XVIII, na Inglaterra, através do processo de substituição do trabalho artesanal pelas
máquinas), que foi um fato percussor em relação ao aumento do número de
acidentes e problemas de saúde, por conta desse ambiente de trabalho agressivo e
da forma desordenada como o labor humano estava sendo tratado. Nesta época não
existiam regras ou fiscalização que atuasse diante destes ocorridos. Apesar desta
situação, começou-se a perceber que o ser humano ainda faz parte do processo
produtivo, e que este deve estar saudável para desempenhar suas atividades. Caso
contrário, ocorrerão danos e perdas materiais e humanas, atrapalhando os
processos, aumentando os prazos de entrega etc. Ainda que seja um pensamento
retrógado, nesta época não havia valorização do trabalhador em si, mas do lucro
que ele poderia gerar através de uma gestão de produtividade, como será visto nas
ilustrações a seguir.

Figura 3 - Pessoas trabalhando até 18 horas por dia durante a Revolução Industrial

Fonte: História de Tudo, 2018.

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A Revolução Industrial foi o principal acontecimento histórico que contribuiu para o aumento dos problemas de
saúde relacionados com as atividades laborais ou atividades de trabalho.
Os riscos inerentes a atividades de trabalho, que até então estavam restritas ao artesanato, ampliaram-se com a
utilização das máquinas a vapor, gerando como consequência a produção em larga escala e o aumento da jornada
de trabalho que chegava até 16 horas.
As fábricas eram localizadas em ambientes impróprios e as condições de trabalho eram muito ruins. Além disso,
a utilização de mão de obra infantil e de mulheres era rotina. O resultado desse cenário foi o enorme número de
doenças, acidentes de trabalho, mutilações e mortes. O processo evolutivo nas operações de manufatura ocorreu
entre 1760 e 1840. Essa etapa de transformação culminou na utilização de máquinas, na fabricação de produtos
químicos, nos processos de produção do ferro, na maior eficiência da utilização da água como recurso de energia
a vapor e no aperfeiçoamento de ferramentas, além da substituição da madeira pelo carvão mineral.
A Revolução Industrial começou na Inglaterra e, posteriormente, espalhou-se pelos Estados Unidos e pela
Europa Ocidental. (SENAC, 2019).

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Figura 4 – Crianças trabalhando

Fonte: História Liberta, 2018.

Figura 5 - Produções em série

Fonte: Estudo Prático, 2018.

Segundo Saliba:
As condições de trabalho precárias somadas às jornadas de trabalho
excessivas (15 a 16 horas diárias) provocaram reações por parte do
proletariado, desencadeando vários movimentos sociais que influenciaram
os políticos e legisladores a introduzir medidas legais. Assim, em 1833, o
parlamento inglês decretou a “lei das fábricas”, que proibia o trabalho
noturno aos menores de 18 anos e limitava a jornada de trabalho a 12 horas
por dia e 69 semanais. (Saliba, 2016, p. 21).

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Algumas lutas iniciaram-se em buscas de salário, que evidencia a saída da


postura de aceitação, muito comum naquela época, onde somente a burguesia
possuía voz.
O chamado Ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos
trabalhadores. O movimento ludista era formado por grupos de
trabalhadores que invadiam as fábricas e quebravam as máquinas. Os
ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo, alguns patrões não
reduziram os salários com medo de uma rebelião (GOMES, 2017).

“As primeiras leis de acidente do trabalho surgiram na Alemanha, em 1884,


estendendo-se logo a vários países da Europa, até chegar ao Brasil por meio do
Decreto Legislativo n. 3.724, de 15.1.1919” (Saliba, 2016).
A seguir estão descritos alguns marcos concernentes a Segurança do Trabalho
no mundo (em destaque, estão os ocorridos no Brasil):

Quadro 1 – Marcos históricos da segurança do trabalho


Ano Histórico da Segurança do Trabalho no mundo
Identificação de envenenamento por chumbo em mineiros e
metalúrgicos.
400 a.C
Utilização de bexigas de animais como barreira de retenção para
fumos e poeiras.
Identificação de perigos nos vapores metálicos e descrição de
envenenamento por mercúrio e chumbo.
Em 1556, Georgius Agrigola descreve o processo de mineração e
refino de metais, relatando doenças e acidentes ocorridos, sugerindo
aspectos preventivos e utilização de ventilação durante as atividades.
É o primeiro livro que aborda o assunto referente à segurança e que
1400 a 1500 se chama “De Re Metallica” ou “Da Natureza dos Metais”.
Em 1557, houve a primeira descrição de doenças respiratórias
relacionadas com a mineração principalmente pela utilização de
mercúrio.
Paracelso é considerado o pai da Toxicologia. É autor da frase
“Todas as substâncias são venenos. É a dose que diferencia os
venenos dos remédios”.

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Em 1700, acontece a publicação do livro “De Morbis Artificium


Diatriba” ou “Doença dos Artífices”, escrito por Bernardino Ramazzini,
considerado o pai da Medicina Ocupacional. Ele apresenta um estudo
abordando doenças relacionadas com o trabalho e que inclui cerca de
50 profissões exercidas na época.
Em 1775, Percival Lott caracteriza o câncer de escroto como doença
de trabalhadores que limpavam chaminés e que a causa identificada
estava na fuligem e na ausência de higiene presentes na atividade.
Em 1802, a “Lei da Saúde e Moral dos Aprendizes” foi criada na
Inglaterra, limitando a jornada máxima de trabalho a 12 horas, bem
como a obrigatoriedade de ventilação ambiental e a proibição do
trabalho noturno.
A lei das fábricas foi criada em 1833 na Inglaterra e fixava em 13
anos a idade mínima para exercer as atividades de trabalho,
proibindo também o trabalho noturno para menores de 18 anos. Além
disso, exigia exame médico para todas as crianças trabalhadoras.
Em 1869, na Alemanha, foram criadas leis responsabilizando
empregadores por lesões ocupacionais.
Em 1907, Frederick Winslow Taylor publica “Princípios de
Administração Científica”, em que o autor apresenta técnicas que
1800 a 1920
estudam tempo e movimento, padronização das ferramentas e
instrumentos, utilização de procedimentos formais e mecanismo de
pagamento considerando o rendimento e custos.
Nos Estados Unidos, Em 1910, Henry Ford aplica “Conceitos de
Produção em Massa” nas suas linhas de montagem e fabricação,
objetivando a redução do tempo dos processos e estoques, buscando
o aumento da capacidade produtiva pela capacitação da força de
trabalho.
Em 1910, no Brasil, Oswaldo Cruz, considerado “o pai das
campanhas”, estudou doenças infecciosas no trabalho como o
amarelão e a malária. Esse estudo aconteceu durante a construção
da estrada de ferro Madeira-Mamoré.

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Depois do término da Primeira Guerra Mundial em 1919, foi criada a


Organização Internacional do Trabalho (OIT)3, formalizada pela parte
XIII do Tratado de Versalhes.
Em 1919, a Organização Internacional do Trabalho adota seis
importantes convenções: proteção à maternidade, idade mínima para
admissão de crianças, trabalho noturno para menores, limitação da
jornada de trabalho, trabalho noturno para mulheres e luta contra o
desemprego.
Em 1922, em Harvard, tem início o curso de Higiene Industrial.
Em 1930, no Brasil, é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio pelo Presidente Getúlio Vargas.
Em 1938, nos Estados Unidos, ocorre a fundação da ACGIH
(National Conference Governamental Industrial Hygienists).
No dia 28 de setembro de 1940, ocorre a fundação da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Entre 1939 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, ocorre o
desenvolvimento de programas para manutenção da capacidade
produtiva na indústria que tinha foco apenas na indústria bélica e era
1921 a 1950
operada em sua maioria por mulheres.
Em 1943, no Brasil, entra em vigor a Consolidação das Leis do
Trabalho - CLT, inclusive com capítulo referente à Higiene e
Segurança do Trabalho.
Em 1943, a ACGIH publica os Limites Máximos Permissíveis que em
1948 foram chamados de Limites de Tolerância (TLV – Threshold
Limit Value).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi declarada em
dezembro de 1948, assegurando ao trabalhador a manutenção e a
segurança na aplicação de direitos como liberdade de escolha de

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Consulte todas as convenções da Organização Internacional do Trabalho – OIT em
https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/lang--pt/index.htm
Por exemplo: Convenção: 174 Sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores
Adoção OIT: 1993
Ratificação Brasil: 02/08/2001
Status: Em vigor

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emprego, garantia de condições favoráveis de trabalho e proteção


contra o desemprego, direito ao trabalho, direito ao repouso e lazer,
limitação de horas trabalhadas, padrão de vida que assegure o bem-
estar do trabalhador e sua família e férias periódicas remuneradas.
Criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que inclui políticas
direcionadas à saúde de trabalhadores.
Em 1953, acontece a regulamentação da CIPA pela Portaria 155.
A criação da FUNDACENTRO – Fundação Centro Nacional de
Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho acontece em 1966 e em
1978 tem seu nome alterado para Fundação Jorge Duprat Figueiredo,
de Segurança e Medicina do Trabalho. A fundação realiza análises,
pesquisas e estudos relativos à higiene e à saúde ocupacional.
Publicação da obra “Neuroses das Telefonistas”, em 1956, por Le
Guillant – Síndrome Geral de Fadiga Nervosa.
Em 1970, no Brasil ocorria o maior número de acidentes de trabalho
no mundo.
Em 1970, Nos Estados Unidos, ocorre a criação da OSHA (Ocupation
Safetyand Health Administration) e o NIOSH (National Institute for
Ocupational Safetyand Health).
1950 a 2000
As Normas Regulamentadoras do Capítulo V da CLT – Consolidação
das Leis do Trabalho são aprovadas em junho de 1978 através da
Portaria n° 3.214 (Segurança e Medicina do Trabalho).
Em 1988, ocorre no Brasil a promulgação da Constituição Federal do
Brasil.
No Brasil, em 1989, é aprovada a Convenção n° 162 – Asbesto,
aplicada nas atividades onde ocorra exposição ao asbesto.
A atualização do quadro componente do SESMT (NR-4) acontece em
1990, sendo então constituído por Engenheiro de Segurança do
Trabalho, Médico do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, Auxiliar de
Enfermagem do Trabalho e Técnico em Segurança do Trabalho.
O conceito legal de acidente de trabalho e trajeto é definido em 1991,
pela lei 8.213, que determina também que é obrigatório às empresas

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comunicarem os acidentes de trabalho (CAT).


Para saber mais: Na época, a legislação de segurança, higiene e
medicina do trabalho estava distribuída em uma enorme quantidade
de textos, dificultando o entendimento comum, o controle de qualquer
estatística e, consequentemente, a aplicação correta das leis. Toda
essa problemática resultou na Portaria 3.214, facilitando a aplicação
das normas de caráter preventivo em todos os locais de trabalho.
Esse movimento assegurou a manutenção de três vertentes que
eram a consolidação e o reconhecimento das profissões, a redução
dos acidentes e doenças do trabalho e principalmente a certeza do
cumprimento pelas empresas das normas de segurança e saúde do
trabalho.
A proibição do trabalho infantil finalmente acontece em 4 de outubro
de 2001, pela Portaria n° 458.
A campanha “Amianto Mata” é lançada em 2006 e tem como objetivo
a comunicação do risco do amianto para a população leiga e usuária
dos parques municipais de São Paulo, cumprindo a exigência legal
sustentada em três eixos: proibição de novas construções contendo
2000 amianto, manutenção criteriosa do que já foi instalado evitando o
desprendimento das fibras cancerígenas e demolição, remoção e
disposição final de estruturas que contêm amianto.
Devido aos efeitos ao meio ambiente e à saúde, diversos países do
mundo desenvolveram ações com o objetivo de minimizar os riscos
provenientes da utilização de mercúrio, culminando na assinatura da
Convenção de Minamata sobre Mercúrio em 2013.
Fonte: Adaptado de SENAC, 2019.

FIQUE ATENTO!
A FUNDACENTRO, instituição voltada a estudos e pesquisas no âmbito da Saúde e
Segurança do trabalho, tem por objetivo:
“Produzir e difundir conhecimento sobre Segurança e Saúde no Trabalho e Meio
Ambiente, para fomentar, entre os parceiros sociais, a incorporação do tema na
elaboração e gestão de políticas que visem o desenvolvimento sustentável com

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
17

crescimento econômico, promoção da eqüidade social e proteção do meio


ambiente.” (FUNDACENTRO, 2018).

Criada em 1966, possui 13 estabelecimentos espalhados no Brasil (a localização de


cada uma dessas centrais pode ser encontrada em seu site).
A FUNDACENTRO possui materiais ricos que devem ser explorados pelo estudante
e profissional da área.
Para saber mais sobre esse assunto, acesse:
<http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/inicio>.

Além disso, acesse o canal da fundação no Youtube:


<https://www.youtube.com/user/fundacentrooficial> e confira diversos vídeos
nacionais relacionados ao tema, eles dispõem de conteúdos sempre atualizados.

1.3 A Segurança do Trabalho na contemporaneidade

Atualmente, observa-se que as empresas evoluíram em relação à SST, onde


passaram daquela visão de “procurar cumprir somente a legislação e não pagar
multas”, para a constatação de que as consequências das aplicações de SST no
ambiente laboral, além de salvar vidas, trazem inúmeros benefícios: agrega valor ao
produto, reduz perda de tempo, melhora a produtividade, traz motivação, além de
trazer uma imagem positiva à marca da empresa, entre outros.
Através dos tópicos a seguir expõem-se, a fim de compreender as atuais
características da Segurança do Trabalho, que ocorreram por meio da evolução que
tem por objetivo se ter práticas e atividades laborais seguras nos diversos ambientes
de trabalho:
 A dignidade do trabalho passou a ser fator fundamental na prática das
atividades, bem como as medidas de gratificação que promovem a
qualificação profissional e crescimento como cidadão.
 Tornou-se comum a adaptação do trabalho ao homem, priorizando as
questões de ergonomia aplicadas na legislação de SST, sendo evidenciada
na adaptação e ajuste de máquinas, equipamentos e mobiliário, mudança
dos processos produtivos, jornadas de trabalho e intervalos.
 O novo conceito de saúde foi consolidado, não relacionado apenas à
inexistência das doenças, e sim enfatizando a plena saúde física, mental e
social. As normas legais buscam hoje em dia um ambiente de trabalho
saudável, sem a única preocupação com existência de agentes insalubres,

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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e sim com a preocupação com a prevenção de qualquer fator negativo do


ambiente.
 Os trabalhadores passam a ter acesso às informações relativas à
segurança e à saúde no ambiente de trabalho, bem como a garantia de
participação nos processos de elaboração das normas por meio de
representantes.
 Os fatores e agentes de risco no ambiente de trabalho não são mais
considerados problemas isolados e passam a ter uma importância geral. A
potencialização dos agentes torna-se comum pelo contato entre eles. A
jornada de trabalho excessiva, as condições ambientais e processos
passam a ter relação direta com a geração e o agravo das doenças
ocupacionais.
 Extinção de fatores de risco, por meio da priorização das medidas de
controle de eliminação e que tenham alcance coletivo.
 Priorização das medidas coletivas de controle em detrimento das
medidas de proteção individual.
 A limitação do tempo de exposição do trabalhador a atividades
insalubres passa a contar com a possibilidade de redução da carga horária
de trabalho.
 Proibição de prêmios por produtividade e limitação da jornada são ações
que tem o objetivo de evitar a repetição e a monotonia no trabalho,
consequências geralmente das tarefas de trabalho mecânico, onde não haja
necessidade da utilização de criatividade ou raciocínio constante.
 O empregador passa a ter responsabilidade pela aplicação das normas,
sendo que assume a geração dos riscos no ambiente de trabalho. No caso
de terceirização de serviços, aplica-se o princípio da responsabilidade
solidária.
 O empregador ou tomador de serviço atualmente passa a ser
responsável pela aplicação das normas de segurança e saúde do trabalho,
adotando o princípio de que quem gera o risco é responsável por ele. Na
presença de serviços terceirizados, já é frequente o estabelecimento de
responsabilidade solidária entre tomadores de serviços e empregadores
formais (SENAC, 2019).

SAIBA MAIS
Baixe aplicativos de SST
Baixe aplicativos de Segurança no Trabalho em seu celular, para realizar consultas
e qualquer lugar que estiver, são ótimas ferramentas para a vida acadêmica e
profissional.
Pesquise pelos assuntos abaixo, e baixe os de sua preferência:
Normas Regulamentadoras – NR
SST – Saúde e Segurança do Trabalho
CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas
Medidor de ruídos – decibéis

*Os aplicativos podem variar conforme o sistema operacional do celular. Como por
exemplo: Android ou IOS.

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1.4 Conceitos básicos na Engenharia de Segurança do Trabalho: Segurança


do Trabalho, Higiene Ocupacional e Medicina do Trabalho

Para iniciar o estudo desta e das próximas unidades, é essencial entender os


conceitos principais que dividem e complementam a SST.
A seguir serão analisadas as diferenças entre os estudos de grandes áreas que
dividem a SST:

Quadro 2 - Diferença entre termos comuns da SST


É a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho
decorrentes dos fatores de riscos operacionais. (...) Entre os fatores
Segurança do que provocam acidentes do trabalho, destacam-se: Eletricidade,
Trabalho máquinas e equipamentos, incêndios, armazenamento e transporte
de materiais, manuseio de produtos perigoso, ferramentas manuais
etc. (p. 23)
É a ciência que atua no campo da saúde ocupacional, por meio da
antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do controle dos
riscos físicos, químicos e biológicos originados nos locais de
Higiene
trabalho e passíveis de produzir danos à saúde originados nos
Ocupacional
locais de trabalho e passíveis de produzir danos à saúde dos
trabalhadores, observando-se também seu impacto no meio
ambiente. (p. 24)
É fundamental no campo da saúde ocupacional e complementa
todos os meios prevencionistas, especialmente a higiene
Medicina do ocupacional. A eficiência do reconhecimento, a avaliação e controle
Trabalho dos agentes físicos, químicos e biológicos somente serão
alcançados com a participação da medicina do trabalho, por
intermédio dos profissionais da saúde (médico, enfermeiro, auxiliar

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20

do trabalho, entre outros). As medidas preventivas de medicina do


trabalho estão previstas nos arts. 168 e 169 da CLT 4e
regulamentadas pela NR 7(Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional da Portaria n. 3214/78.
Cuida da adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o
máximo de conforto, segurança e eficiência no desempenho. Entre
Ergonomia
as condições de trabalho, destacam-se: levantamento, transporte e
descarga de materiais, condições ambientais de conforto e a
organização do trabalho (subitem 17.1.2 da NR-17).
Fonte: Saliba, 2016.

INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
JUNIOR, Francisco Milton Araújo. Doença Ocupacional e Acidente de Trabalho. 2.
ed. São Paulo: LTr, 2013.

BARBOSA, Adriano Aurélio Ribeiro. Segurança do Trabalho. 1. ed. Curitiba: Editora


LT, 2011.

CAMPOS, Armando. CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: uma


nova abordagem. 21. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2013.

MORAIS, Carlos Roberto Naves. Perguntas e Respostas Comentadas em


Segurança e Medicina do Trabalho. 6. ed. São Caetano do Sul, SP: Editora Yendis,
2012.

4
ART. 169 - SERÁ OBRIGATÓRIA A NOTIFICAÇÃO DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS E DAS
PRODUZIDAS EM VIRTUDE DE CONDIÇÕES ESPECIAIS DE TRABALHO, COMPROVADAS OU
OBJETO DE SUSPEITA, DE CONFORMIDADE COM AS INSTRUÇÕES EXPEDIDAS PELO
MINISTÉRIO DO TRABALHO.
Art. 168 - Será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e
nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
I - A ADMISSÃO; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 7.855, DE 24.10.1989).
II - NA DEMISSÃO; (INCLUÍDO PELA LEI Nº 7.855, DE 24.10.1989)
III - PERIODICAMENTE. (INCLUÍDO PELA LEI Nº 7.855, DE 24.10.1989) (JUSBRASIL, 2018).

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
21

TEIXEIRA, Pedro Luiz Lourenço. Segurança do Trabalho na Construção Civil: Do


Projeto À Execução Final. 1. ed. São Paulo: Editora Navegar, 2009

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22

CAPÍTULO 2 - AS NORMAS REGULAMENTADORAS DA ENGENHARIA DE


SEGURANÇA DO TRABALHO

2.1 As Normas Regulamentadoras - NR

Ainda que de forma tardia, o Brasil passou a criar legislações no que diz
respeito à Engenharia de Segurança do Trabalho, para regulamentar o trabalho de
uma maneira mais harmoniosa, com a capacidade humana. Entretanto, sabe-se que
essas normas, por mais que sofreram alterações ao longo dos anos, estão
defasadas e precisam ser aperfeiçoadas, de acordo com as necessidades atuais.
Atualmente, o conjunto de normas nacionais voltadas especificamente à
Engenharia de Segurança do Trabalho são denominadas como “Normas
Regulamentadoras”, também conhecidas através da sigla “NR”. São consideradas o
“norte” de todo profissional da área.
Conforme a Secretaria de Inspeção do Trabalho (Escola Nacional de Inspeção
do Trabalho – ENIT):
As Normas Regulamentadoras (NR) são disposições complementares ao
capitulo V da CLT, consistindo em obrigações, direitos e deveres a serem
cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir
trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de
trabalho. A elaboração/revisão das NR é realizada pelo Ministério do
Trabalho adotando o sistema tripartite paritário por meio de grupos e
comissões compostas por representantes do governo, de empregadores e
de empregados (ENIT, 2019).

No Brasil, para a criação ou atualização das NR é necessária a organização da


“comissão tripartite”, onde se reúnem representantes de todas as categorias que as
envolvem, sendo elas: empregados, empregadores e governo. Através dessa
comissão, são publicadas portarias pelo Ministério do Trabalho e Emprego para
divulgação dessas NR.
“As NRs foram instituídas pelo MTE, por meio da Portaria nº 3.214, de 8 de
junho de 1978, para estabelecer os requisitos técnicos e legais a respeito da
segurança e saúde ocupacional (Junior, p.11, 2018).
No Quadro 3 a seguir, constam as NRs (com seus respectivos anexos), sendo
que duas delas foram revogadas. Estas tratam de diversos segmentos,
responsabilidades, órgãos, competências etc.

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23

Quadro 3 – Normas Regulamentadoras - NR


NORMAS REGULAMENTADORAS
NR-1 - DISPOSIÇÕES GERAIS
NR-2 - INSPEÇÃO PRÉVIA - REVOGADA
NR-3 - EMBARGO OU INTERDIÇÃO
NR-4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM
MEDICINA DO TRABALHO
NR-5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES
NR-6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI
NR-7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL
NR-8 - EDIFICAÇÕES
NR-9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS
NR-10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
NR-11 - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE
MATERIAIS
NR-11 - ANEXO I - REGULAMENTO TÉCNICO DE PROCEDIMENTOS PARA
MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE CHAPAS DE ROCHAS
ORNAMENTAIS
NR-12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
NR-12 - ANEXO I - DISTÂNCIAS DE SEGURANÇA E REQUISITOS PARA O USO
DE DETECTORES DE PRESENÇA OPTOELETRÔNICOS
NR-12 - ANEXO II - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA CAPACITAÇÃO
NR-12 - ANEXO III - MEIOS DE ACESSO PERMANENTES
NR-12 - ANEXO IV - GLOSSÁRIO
NR-12 - ANEXO V - MOTOSSERRAS
NR-12 - ANEXO VI - MÁQUINAS PARA PANIFICAÇÃO E CONFEITARIA
NR-12 - ANEXO VII - MÁQUINAS PARA AÇOUGUE, MERCEARIA, BARES E
RESTAURANTES
NR-12 - ANEXO VIII - PRENSAS E SIMILARES
NR-12 - ANEXO IX - INJETORA DE MATERIAIS PLÁSTICOS
NR-12 - ANEXO X - MÁQUINAS PARA FABRICAÇÃO DE CALÇADOS E AFINS
NR-12 - ANEXO XI - MÁQUINAS E IMPLEMENTOS PARA USO AGRÍCOLA E
FLORESTAL
NR-12 - ANEXO XII - EQUIPAMENTOS DE GUINDAR PARA ELEVAÇÃO DE
PESSOAS E REALIZAÇÃO DE TRABALHO EM ALTURA
NR-13 - CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES E TANQUES
METÁLICOS DE ARMAZENAMENTO
NR-14 - FORNOS
NR-15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES
NR-15 - ANEXO 1 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU
INTERMITENTE
NR-15 - ANEXO 2 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDOS DE IMPACTO

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NR-15 - ANEXO 3 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR


NR-15 - ANEXO 4 - (REVOGADO)
NR-15 - ANEXO 5 - RADIAÇÕES IONIZANTES
NR-15 - ANEXO 6 - TRABALHO SOB CONDIÇÕES HIPERBÁRICAS
NR-15 - ANEXO 7 - RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES
NR-15 - ANEXO 8 - VIBRAÇÃO
NR-15 - ANEXO 9 - FRIO
NR-15 - ANEXO 10 - UMIDADE
NR-15 - ANEXO 11 - AGENTES QUÍMICOS CUJA INSALUBRIDADE É
CARACTERIZADA POR LIMITE DE TOLERÂNCIA E INSPEÇÃO NO LOCAL DE
TRABALHO
NR-15 - ANEXO 12 - LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA POEIRAS MINERAIS
NR-15 - ANEXO 13 - AGENTES QUÍMICOS
NR-15 - ANEXO 13A - BENZENO
NR-15 - ANEXO 14 - AGENTES BIOLÓGICOS
NR-16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
NR-17 - ERGONOMIA
NR-17 - ANEXO I - TRABALHO DOS OPERADORES DE CHECKOUT
NR-17 - ANEXO II - TRABALHO EM TELEATENDIMENTO/TELEMARKETING
NR-18 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO
NR-19 - EXPLOSIVOS
NR-20 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E
COMBUSTÍVEIS
NR-21 - TRABALHOS A CÉU ABERTO
NR-22 - SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO
NR-23 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
NR-24 - CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE
TRABALHO
NR-25 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS
NR-26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
NR-27 - REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA DO
TRABALHO - REVOGADA
NR-28 - FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES
NR-29 - NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO PORTUÁRIO
NR-30 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO
NR-30 - ANEXO I - PESCA COMERCIAL E INDUSTRIAL
NR-30 - ANEXO II - PLATAFORMAS E INSTALAÇÕES DE APOIO
NR-31 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA
SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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NR-32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE


NR-33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS
NR-34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL
NR-35 - TRABALHO EM ALTURA
NR-36 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E
PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS
NR-37 - SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO
Fonte: ENIT, 2019.

FIQUE ATENTO!
As Normas Regulamentadoras “NR” estão em constante modificação pela comissão
tripartite. Por isso, o acadêmico ou profissional da área, deve estar atento a essas
atualizações, acompanhando através do site https://enit.trabalho.gov.br/portal/ (até o
ano de 2018 as NR eram consultadas no site do Ministério do Trabalho).
No início do texto de toda a NR é possível visualizar todas as datas das últimas
atualizações ocorridas.
Ainda assim, algumas NR se tornaram obsoletas (ainda que estejam vigentes e
devam ser cumpridas), e é nítido que necessitam sofrer alterações.
Além disso, em determinados momentos pode-se encontrar informações divergentes
entre legislações, ou que causam mais de um entendimento (o que faz com que
diferentes juízes, julguem causas de mesmo conteúdo, dando sentenças diferentes).
Nestas situações em que há mais de um tipo de legislação voltada para determinado
conteúdo, utilize sempre a legislação mais preventiva, ou seja, que dará condições
mais seguras e dignas ao trabalhador.
Ser Engenheiro de Segurança do Trabalho é cuidar de vidas, de famílias, e da
sociedade, vai muito além de cumprir a legislação!

Nesta unidade, analisaremos as seguintes NR:


 NR 1 – Disposições gerais
 NR 3 – Embargo ou Interdição
 NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho
 NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
26

 NR 28 - Fiscalização e Penalidades

FIQUE LIGADO!
Cada NR possui vários itens que a compõe. Todo item dentro de uma NR tem uma
numeração, sendo que, o primeiro número do item corresponde ao número da NR,
portanto:
- Na NR 23, por exemplo, todos os itens começarão pelo número “23”, e todos os
itens da NR 1, começarão pelo número “1”.
- O item 1.8 pertence a NR 1, por exemplo, fala das obrigações do empregado,
dentro do item tem as “alíneas” a, b, c e d. Bem como o item 3.4, pertence a NR 3, e
assim por diante.

2.2 Norma Regulamentadora 1 – Disposições Gerais

A NR 1 com o título “Disposições Gerais”, tem como fundamentação legal os


Artigos. 154 a 159 da CLT. “A NR-1 determina a aplicabilidade de todas as normas
regulamentadoras, assim como os direitos e deveres do governo, dos empregados e
empregadores em relação a essas normas.” (Junior, p.15, 2018).

IMPORTANTE!
A observância das Normas Regulamentadoras – NR não desobriga as empresas do
cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em
códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou municípios, e outras,
oriundas de convenções e acordos coletivos.
O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades
previstas na legislação pertinente.
Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade
jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou
ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da
relação de emprego, conforme previsto no art. 2º, § 2º da Lei nº 13.467/2017.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
27

Leia mais sobre a NR 1 - Disposições Gerais e seu novo texto (NR-1 - Disposições
Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais), disponível na página de Normas
Regulamentadoras do ENIT <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-
e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>.

Segundo o texto do item 1.2.1.1 da NR 1 todas as NR são de “observância


obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes Legislativo e
Judiciário que possuem empregados regidos pela CLT” (ENIT, 2019).
Conforme item 1.2, a norma ressalta que o cumprimento das NRs não
desobriga o empregador do cumprimento das demais normas relacionadas à SST,
que podem estar previstas em outros códigos, leis ou regulamentos (sejam eles da
esfera federal, municipal, estadual e etc.)
A NR ainda apresenta as atividades que competem a Delegacia Regional do
Trabalho e a Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST5. Além de trazer
as definições de empregador, empregado, empresa, estabelecimento, setor de
serviço, canteiro de obra, frente de trabalho e local de trabalho, apresentados
conforme os quadros a seguir:

Quadro 4 - Competências da Delegacia Regional do Trabalho


a) Adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e
regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho;
b) impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e
regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho;
c) embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra,
frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos;

5
1.3. A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho - SSST é o órgão de âmbito nacional competente para
coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do
trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho - CANPAT, o Programa de
Alimentação do Trabalhador - PAT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares
sobre segurança e medicina do trabalho em todo o território nacional.
1.3.2. Compete, ainda, à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho - SSST conhecer, em última instância,
dos recursos voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em
matéria de segurança e saúde no trabalho (ENIT, 2009).

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28

d) notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de


insalubridade;
e) atender requisições judiciais para realização de perícias sobre segurança e
medicina do trabalho nas localidades onde não houver médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho registrado no MTb.
Fonte: ENIT, 2009.

Quadro 5 - Principais conceitos da NR 1 - "Disposições Gerais"


a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador os
Empregador
profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
que admitem trabalhadores como empregados;
a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a
Empregado
empregador, sob a dependência deste e mediante salário
o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros
de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras,
Empresa
constituindo a organização de que se utiliza o empregador para
atingir seus objetivos;
cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares
Estabelecimento diferentes, tais como: fábrica, refinaria, usina, escritório, loja,
oficina, depósito, laboratório;
a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no
Setor de serviço
mesmo estabelecimento;
a área do trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem
Canteiro de obra operações de apoio e execução à construção, demolição ou
reparo de uma obra;
a área de trabalho móvel e temporária, onde se desenvolvem
Frente de
operações de apoio e execução à construção, demolição ou
trabalho
reparo de uma obra;
Local de trabalho a área onde são executados os trabalhos.
Fonte: ENIT, 2009.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
29

A NR retrata ainda as obrigações do empregado e empregador, nos itens 1,7e


1.8 respectivamente:

Quadro 6 - Obrigações do empregado e empregador segundo a NR 1


Cabe ao empregador: Cabe ao empregado:
a) cumprir as disposições legais e
a) cumprir e fazer cumprir as disposições
regulamentares sobre segurança e saúde
legais e regulamentares sobre segurança
do trabalho, inclusive as ordens de
e medicina do trabalho;
serviço expedidas pelo empregador;
b) elaborar ordens de serviço sobre
segurança e saúde no trabalho, dando
ciência aos empregados por b) usar o EPI fornecido pelo empregador;
comunicados, cartazes ou meios
eletrônicos;
c) informar aos trabalhadores: I. os riscos
profissionais que possam originar-se nos
locais de trabalho; II. os meios para
prevenir e limitar tais riscos e as medidas
adotadas pela empresa; III. os resultados c) submeter-se aos exames médicos
dos exames médicos e de exames previstos nas Normas Regulamentadoras
complementares de diagnóstico aos - NR;
quais os próprios trabalhadores forem
submetidos; IV. os resultados das
avaliações ambientais realizadas nos
locais de trabalho.
d) permitir que representantes dos
trabalhadores acompanhem a
d) colaborar com a empresa na aplicação
fiscalização dos preceitos legais e
das Normas Regulamentadoras - NR;
regulamentares sobre segurança e
medicina do trabalho;
e) determinar procedimentos que devem
ser adotados em caso de acidente ou

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
30

doença relacionada ao trabalho.


Fonte: ENIT, 2009.

Recomenda-se a leitura na íntegra desta, e de todas outras NR, para melhor


entendimento e assimilação dos conteúdos expostos.

2.3 Norma Regulamentadora 3 – Embargo ou Interdição

A NR 3 denominada “Embargo Interdição”, em seu enxuto texto, traz o


significado de embargo e interdição e em quais situações eles se enquadram. Para
ocorrer uma das duas situações, anteriormente citadas, é necessária uma situação
de Risco Grave e Iminente, sendo que o Embargo está voltado para obras, e a
Interdição atinge estabelecimentos, setores, máquinas ou equipamentos.

SAIBA MAIS
Leia mais sobre a NR 3 - Embargo ou Interdição, disponível na página de Normas
Regulamentadoras do ENIT <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-
e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>.

2.4 Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho

A NR 4, de título “Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho” conhecido pela sigla SESMT, é mais extensa se comparada
as demais apresentadas anteriormente. Ela explica do que se trata, bem como
define as regras, além de ensinar como realizar o dimensionamento da equipe de
SESMT.
O SESMT deve ser mantido por empresas privadas e públicas, além dos
órgãos públicos, conforme item 4.1 da NR 4. Para identificar em quais situações a
organização estará obrigada a manter uma equipe de SESMT, é necessário fazer o
dimensionamento, conforme explicado no item 4.2, que “vincula-se à gradação do

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
31

risco de atividade principal e ao número total de empregados do estabelecimento,


constantes dos Quadros I e II anexos” da NR 4 (Júnior, 2018).
O Quadro I traz a “Relação da Classificação Nacional de Atividades
Econômicas – CNAE (Versão 2.0)*, com correspondente Grau de Risco – GR para
fins de dimensionamento do SESMT” (Júnior, p. 29, 2018).
Já o Quadro II de título “Dimensionamento do SESMT” possui a relação entre
Grau de Risco, Profissionais do SESMT e Número de empregados no
estabelecimento.
Em seus itens, a NR 4 trata de exceções, observações e ressalta pontos
importantes a serem observados, por isso, deve ser lida com calma antes de realizar
o dimensionamento do SESMT para a organização, uma vez que se trata de uma
legislação e deve ser seguida na íntegra.
Pontos importantes6 trazidos pela NR 4, segundo Junior (2018):
 Deverá considerar o maior grau de risco, empresas com mais de 50% dos
seus empregados alocados em atividades que tem maior grau de risco
que a atividade principal (item 4.2.2);
 Deverão trabalhar 8 horas por dia: o Técnico de Segurança do Trabalho e
o Auxiliar de Enfermagem do Trabalho (item 4.8);
 O Engenheiro de Segurança do Trabalho, o médico do trabalho e o
enfermeiro do trabalho, no mínimo 3 horas (tempo parcial) ou 6 horas
(tempo integral) por dia (item 4.9);
 O item 4.12 trata das obrigações dos profissionais integrantes do SESMT;
 O SESMT deverá manter entrosamento com a CIPA de forma a garantir e
integrar as atividades que compete a cada um (item 4.13);
 O ônus referente a instalação e manutenção do SESMT é de
responsabilidade do empregador (item 4.11);
 O SESMT deverá ser registrado no MTb (item 4.17);

6
4.5.3 A empresa que contratar outras para prestar serviços em seu estabelecimento pode constituir SESMT
comum para assistência aos empregados das contratadas, sob gestão própria, desde que previsto em
Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho.
4.5.3.3 O SESMT deve ter seu funcionamento avaliado semestralmente, por Comissão composta de
representantes da empresa contratante, do sindicato de trabalhadores e da Delegacia Regional do Trabalho, ou
na forma e periodicidade previstas na Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho. Trabalho (ENIT, 2016).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
32

SAIBA MAIS
“A fundamentação desta norma está prevista no art. 162 da CLT. A NR 4 determina
como as empresas devem organizar e manter em funcionamento os SESMT a fim de
cuidar da saúde e integridade do trabalhador no seu local de trabalho (Junior, p. 55,
2018).”
A quantidade de integrantes do SESMT varia de acordo com o:
 Grau de Risco da corporação, conforme CNAE da empresa;
 Quantidade de trabalhadores.
 E pode ser composto de:
 Engenheiro de Segurança do Trabalho;
 Médico do Trabalho;
 Enfermeiro do Trabalho;
 Técnico de Segurança do Trabalho;
 Auxiliar de Enfermagem do Trabalho (Junior 2018).

Leia mais sobre a NR 4 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e


em Medicina do Trabalho, disponível na página de Normas Regulamentadoras do
ENIT <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-
trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>.

2.4.1 Dimensionamento do SESMT


O primeiro passo para realizar o dimensionamento do SESMT é analisar o
documento da empresa (Cartão CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica ou
Contrato social) para identificação da atividade primária, através do CNAE.
“A CNAE – Cadastro Nacional de Atividades econômicas é o instrumento de
padronização nacional dos códigos de atividade econômica e dos critérios de
enquadramento utilizados pelos diversos órgãos da Administração Tributária do país
(IBGE, 2019).”

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 7 - Exemplo de CNAE e suas respectivas descrições

Fonte: IBGE, 2019.

SAIBA MAIS
CNAE
A Receita Federal disponibiliza em seu site, a opção de consulta online do CNAE e
dados da empresa. Através do número do CNPJ da empresa, digitando-o no campo
informado, será aberta uma nova tela com o Comprovante de Inscrição e de
Situação Cadastral, onde o CNAE da empresa é exibido.
Acesse o link:
<https://www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/CNPJ/cnpjreva/cnpjreva_solicita
cao2.asp>.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 8 – Modelo do Cartão CNPJ

Fonte: Receita Federal, 2019

De posse do número e atividade da CNAE, e abrindo no Quadro I da NR 4,


deverá identificar o Grau de Risco – GR da atividade que pode variar de 1 a 4.
Sendo que, quanto maior o número, maior é o grau de risco da atividade. O quadro I
é bem extenso e possui uma gama de atividades diferentes (como exemplificado na
imagem a seguir).

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 9 - Recorte do Quadro I da NR 4 - Relação da CNAE com correspondente GR

Fonte: NR - 4. ENIT, 2016.

Por exemplo, se a empresa em questão, possui como atividade primária o item


“01.1 Cultivo de Cerais”, então seu GR é número 3, conforme o Quadro I da NR 4.
Identificado o Grau de Risco, deve-se ter em mãos a quantidade de
funcionários no estabelecimento de onde se está dimensionando o SESMT. Logo
em seguida, deve-se consultar o Quadro II da NR 4 (a seguir) e analisar conforme os
dados colhidos.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 10 - Quadro II da NR 4 – Dimensionamento dos SESMT

Fonte: NR - 4. ENIT, 2016.

Para finalizar o dimensionamento, na imagem do quadro, pode-se observar os


itens grifados em vermelho para melhor entendimento e exemplificação, onde uma
empresa de Grau de Risco 3, que possui 300 funcionários, deverá ter 2 Técnicos de
Segurança do Trabalho em sua equipe do SESMT.
É importante ao realizar o dimensionamento estar atento às especificidades e
exceções descritas ao longo dos itens da NR 4.

2.5 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes – CIPA

A NR 5 trata das questões relacionadas à implantação da equipe de CIPA que,


conforme o item 5.1, “tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador” (Junior, p. 57,


2018).
Quais empresas devem constituir e manter CIPA? Conforme o item 5.2,
“empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da
administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas,
cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores” (Junior,
p.57, 2018),
A duração de um mandato de um representante da CIPA é de 1 (um) ano,
podendo haver 1 (uma) reeleição, conforme item 5.8 desta NR. Além disso, durante
o mandato o membro não poderá ser dispensado(de forma arbitraria ou sem justa
causa), e terá direito a 1 (um) ano de “estabilidade” após a finalização do seu
mandato, ou seja, nesse período de 1 ano após o término do seu mandato não
poderá ser dispensado, segundo o item 5.9 (Junior, 2018).
Ainda segundo a NR (Junior, 2018), entre os membros da CIPA haverão
representantes dos empregados e do empregador (item 5.6). Os representantes dos
empregados serão definidos por meio de votação (os detalhes desta votação estão
descritos nesta NR), já os representantes dos empregadores serão por ele definidos
(item 5.6.1), sendo eleitos em escrutínio secreto, onde participarão somente os
empregados interessados (item 5.6.2). A empresa deverá guardar toda a
documentação referente ao processo de eleição da CIPA, estando à disposição do
Mtb (item 5.14), e quando solicitada deverá ser encaminhada ao sindicato da
categoria (item 5.4.1).

SAIBA MAIS
Sobre as reuniões da CIPA:
 terão reuniões ordinárias mensais, de acordo com o calendário preestabelecido;
 as reuniões ordinárias serão realizadas durante o expediente normal da empresa
e em local apropriado;
 terão atas assinadas pelos presentes, com encaminhamento de cópias para todos
os membros;
 as atas devem ficar no estabelecimento à disposição da fiscalização do MTE;
 o secretário da CIPA deverá redigir as atas, além de acompanhar as reuniões.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
38

As Reuniões extraordinárias deverão ser realizadas quando:


 houver denúncia de situação de risco grave e iminente, que determine aplicação
de medidas corretivas de emergência;
 ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal;
 houver solicitação expressa de uma das representações (Junior, p.59, 2018).

Para o cálculo da quantidade de membros da CIPA é necessário fazer o


dimensionamento conforme quadros I, II e III desta NR, pois, esta quantidade irá
variar, segundo o enquadramento da empresa: quantidade de funcionários e
conforme seu CNAE. Porém, a empresa deverá designar 1 (um) responsável pela
CIPA e por seu cumprimento, quando a empresa ou estabelecimento não se
enquadrarem no Quadro I (item 5.6.4).
O presidente é estabelecido pelo empregador dentre os membros titulares. O
vice-presidente é escolhido pelos empregados dentre os membros titulares. Já o
secretário e substituto serão definidos de comum acordo dentre os membros da
CIPA, porém o empregador deverá concordar. Sendo que, os membros da CIPA
deverão tomar posse no primeiro dia útil após o término do mandato anterior.
São responsabilidades do empregador:
 Proporcionar os meios necessários par desempenho das atividades;
 Fornecer cópias das atas de eleição e posse;
 Comunicar o início do processo eleitoral ao sindicato da categoria
profissional;
 Promover treinamento aos membros da CIPA;
 Convocar as eleições para escolha dos membros da CIPA;
 “(...) garantir que seus indicados tenham representação necessária para
discussão e encaminhamento das soluções das questões de segurança e
saúde no trabalho” (Junior, p. 57, 2018).

Podem-se compreender as atribuições gerais da equipe da CIPA através do


seguinte quadro:

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Quadro 7 - Atribuições da CIPA


a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a
participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde
houver;
b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de
problemas de segurança e saúde no trabalho;
c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de
prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais
de trabalho;
d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho
visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e
saúde dos trabalhadores;
e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu
plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;
f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no
trabalho;
g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo
empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de
trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores;
h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de
máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde
dos trabalhadores;
i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros
programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;
j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como
cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e
saúde no trabalho;
l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da
análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de
solução dos problemas identificados;
m) requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que tenham
interferido na segurança e saúde dos trabalhadores;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;


o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana
Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT;
p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de
Prevenção da AIDS.
Fonte: Junior, p. 58, 2018

Entretanto, cada membro da CIPA possui uma atribuição, sendo ela individual
ou em conjunto, conforme quadro a seguir:

Quadro 8 - Atribuições relacionadas a empregados e/ou membros CIPA


PRESIDENTE E VICE-
EMPREGADOS: PRESIDENTE: PRESIDENTE (EM
CONJUNTO):
a) cuidar para que a CIPA
disponha de condições
a) participar da eleição de a) convocar os membros
necessárias para o
seus representantes; para as reuniões da CIPA;
desenvolvimento de seus
trabalhos;
b) coordenar as reuniões b) coordenar e
da CIPA, encaminhando supervisionar as atividades
b) colaborar com a gestão
ao empregador e ao da CIPA, zelando para que
da CIPA;
SESMT, quando houver, os objetivos propostos
as decisões da comissão; sejam alcançados;
c) indicar à CIPA, ao
SESMT e ao empregador
c) manter o empregador
situações de riscos e c) delegar atribuições aos
informado sobre os
apresentar sugestões para membros da CIPA;
trabalhos da CIPA;
melhoria das condições de
trabalho;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
41

d) observar e aplicar no
ambiente de trabalho as d) promover o
d) coordenar e
recomendações quanto à relacionamento da CIPA
supervisionar as atividades
prevenção de acidentes e com o SESMT, quando
de secretaria;
doenças decorrentes do houver;
trabalho.
e) divulgar as decisões da
e) delegar atribuições ao CIPA a todos os
SECRETÁRIO:
Vice-Presidente; trabalhadores do
estabelecimento;
a) acompanhar as reuniões
da CIPA e redigir as atas f) encaminhar os pedidos
apresentando-as para VICE- PRESIDENTE: de reconsideração das
aprovação e assinatura dos decisões da CIPA;
membros presentes;
b) preparar as a) executar atribuições que g) constituir a comissão
correspondências; e lhe forem delegadas; eleitoral.
b) substituir o Presidente
c) outras que lhe forem nos seus impedimentos
X
conferidas. eventuais ou nos seus
afastamentos temporários;
Fonte: Junior, pg.59, 2018.

As decisões da CIPA deverão ser definidas através de consenso, mas caso


não seja possível, deverá haver votação, sendo sempre registrado na ata de reunião
(item 5.28 e 5.28.1). Quando um funcionário membro titular faltar a quatro reuniões
ordinárias sem justificativa, perderá o mandato, e ser substituído pelo suplente,
conforme item 5.30 da NR (ENIT, 2011).

SAIBA MAIS
“A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como não
poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
42

membros, ainda que haja redução do número de empregados da empresa (Junior, p.


58, 2018)”.
A situação acima citada possui uma exceção: para empresas que encerraram as
suas atividades.
Leia mais sobre a NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, disponível
na página de Normas Regulamentadoras do ENIT
<https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>.

Quanto ao processo eleitoral para escolha dos representantes dos empregados


na CIPA, que deverá ser convocada no mínimo de 60 dias antes do mandato que
está em curso terminar:

Quadro 9 - Processo Eleitoral Dos Representantes Dos Empregados


5.39 O Presidente e o Vice Presidente da CIPA constituirão dentre seus membros,
no prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em
curso, a Comissão Eleitoral – CE, que será a responsável pela organização e
acompanhamento do processo eleitoral.
5.39.1 Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a Comissão Eleitoral será
constituída pela empresa.
5.40 O processo eleitoral observará as seguintes condições:
a) publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no
prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso;
b) inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de
quinze dias;
c) liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento,
independentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de
comprovante;
d) garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição;
e) realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do
mandato da CIPA, quando houver;
f) realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
43

turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos empregados.


g) voto secreto;
h) apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento de
representante do empregador e dos empregados, em número a ser definido pela
comissão eleitoral;
i) faculdade de eleição por meios eletrônicos;
j) guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um
período mínimo de cinco anos.
5.41 Havendo participação inferior a cinquenta por cento dos empregados na
votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar
outra votação, que ocorrerá no prazo máximo de dez dias.
5.42 As denúncias sobre o processo eleitoral deverão ser protocolizadas na unidade
descentralizada do MTE, até trinta dias após a data da posse dos novos membros
da CIPA.
5.42.1 Compete a unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego,
confirmadas irregularidades no processo eleitoral, determinar a sua correção ou
proceder a anulação quando for o caso.
5.42.2 Em caso de anulação a empresa convocará nova eleição no prazo de cinco
dias, a contar da data de ciência, garantidas as inscrições anteriores.
5.42.3 Quando a anulação se der antes da posse dos membros da CIPA, ficará
assegurada a prorrogação do mandato anterior, quando houver, até a
complementação do processo eleitoral.
5.43 Assumirão a condição de membros titulares e suplentes, os candidatos mais
votados.
5.44 Em caso de empate, assumirá aquele que tiver maior tempo de serviço no
estabelecimento.
5.45 Os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e
apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em
caso de vacância de suplentes.
Fonte: Junior, p. 61, 2018.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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A empresa deve fornecer treinamento para os membros da CIPA. Seguem as


orientações quanto a esse treinamento:
 Deve ser realizado em até 30 dias após a posse;
 Deverá ser promovido anualmente para o designado em empresas que
não se enquadram no quadro I desta NR;
 Duração de 20 horas (máximo de 8 horas diárias);
 Deverá ser ministrado pelo SESMT, entidade patronal, dos trabalhadores
ou profissional com conhecimentos nos temas ministrados;
 O treinamento deverá contemplar os temas descritos no quadro a seguir:

Quadro 10 - Itens a serem contemplados no treinamento da CIPA


a) estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos originados
do processo produtivo;
b) metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho;
c) noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos
riscos existentes na empresa;
d) noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, e medidas de
prevenção;
e) noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas à segurança e
saúde no trabalho;
f) princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos;
g) organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições
da Comissão.
Fonte: Junior, p. 60, 2018.

2.5.1 Dimensionamento da CIPA


Para realizar o dimensionamento da CIPA, ou seja, saber quantos membros
representantes dos empregados e empregadores ela deverá ter é necessário ter em
mãos o CNAE da empresa, de acordo com o ramo de atuação.
De posse do CNAE, deve-se analisar o Quadro II ou III da NR 5, para saber em
qual grupo a empresa se encaixa, sendo representados pelos códigos de C-1 a C-
35.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
45

De posse deste código específico (C-1 a C-35), deve-se procurar o


enquadramento no Quadro I “Dimensionamento da CIPA”, relacionando o código
com o número de funcionários no estabelecimento.
Exemplo de dimensionamento, de uma Faculdade, com 130 funcionários:
O CNAE da Faculdade é o 85.31-7, na tabela III e II encontra-se o código C-31
para este ramo, conforme imagens a seguir:

Figura 11 - Quadro III da NR 5

Fonte: NR - 5. ENIT, 2019.

Figura 12 - Quadro II da NR 5

Fonte: NR - 5. ENIT, 2019.

No Quadro I “Dimensionamento da CIPA” deve-se cruzar as informações do


código x quantidade de empregados no estabelecimento, encontrando assim o
número de membros suplentes e efetivos.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
46

Figura 13 - Quadro I “Dimensionamento da CIPA”

Fonte: NR - 5. ENIT, 2019.

Sendo assim, serão dois membros efetivos e dois membros suplentes que
representem os empregados. Ou seja, esta CIPA terá oito pessoas, quatro
representantes dos empregados mais quatro representantes dos empregadores.

FIQUE POR DENTRO!


A fundamentação legal desta norma está prevista nos arts. 163 a 165 da CLT.
Em resumo:
 A CIPA deve conter membros efetivos e suplentes;
 Os membros representantes dos empregados são escolhidos por eles através de
votação, e os membros representantes dos empregadores são designados por
eles mesmos;
 Haverá titulares e suplentes, sendo os titulares substituídos por seus respectivos
suplentes (se necessário), conforme a ordem de colocação decrescente;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
47

 A quantidade de membros da CIPA obedecerá ao dimensionamento conforme os


quadros desta NR que varia de acordo com o número de funcionários e o CNAE
da empresa;
 A CIPA pode conter presidente, vice-presidente e secretário, que devem estar em
sintonia com os empregados e empregadores.

2.5.2 O mapa de riscos


O mapa de riscos é uma das atividades a serem realizadas pela CIPA,
conforme a descrição de atribuições previstas no item 5.16 da NR 5: “A CIPA terá
por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa de
riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do
SESMT, onde houver” (Junior, p.58, 2018).
Segundo a Fundacentro, o mapa de riscos:
Tem por objetivo indicar os riscos de um ambiente de trabalho. Constitui-se
uma planta do ambiente de trabalho na qual se indicam, através de círculos
coloridos, os diversos tipos de riscos. Os círculos variam de tamanho, sendo
maior quanto maior a gravidade do risco indicado. No mapa de riscos usam-
se as seguintes cores: o verde representa o risco físico, o vermelho, risco
químico, o marrom, o risco biológico; o amarelo, risco ergonômico; e o azul,
risco mecânico (Oliveira, p. 139, 2013).

Pontos importantes para elaboração de um mapa de risco é necessário:


 O mapa de risco pode ser do ambiente geral de trabalho, ou pode ser
feito de forma segmentada, ou seja, para cada seção, setor, área e etc.,
será feito um mapa de riscos;
 Para iniciar o mapa de riscos é importante ter a planta baixa das seções
do ambiente de trabalho;
 Deve-se levantar todos os riscos existentes em cada seção de trabalho
(com a participação da CIPA, SESMT e trabalhadores);
 Os riscos devem ser classificados em três tipos: pequeno, médio e
grande. Pois serão representados por círculos, e o tamanho desses
círculos será representado conforme o seu grau de risco;
 As cores dos círculos mostrarão o tipo de risco existente (físico, químico,
biológico, ergonômico e mecânico), e o tamanho o grau do risco existente;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
48

 O ideal é que o círculo que representa o risco seja colocado e


representado no mapa no local onde ele existe. Por exemplo: se o risco
for em uma máquina, representar no mapa no local onde a máquina se
encontra;
 Sendo identificadas situações que ainda podem ser melhoradas, a
empresa deverá realizar as devidas modificações, negociando com a
CIPA. Caso sejam descumpridas, a CIPA deverá comunicar a DRT.
 O mapa deve ser colocado em local visível e de fácil acesso a
trabalhadores, visitantes, órgãos fiscalizadores e etc.

Na situação do exemplo a seguir, temos os círculos do risco de acidente ou


mecânico, representado pela cor azul. O círculo maior representa um local com
maior risco, o médio um local intermediário de risco, e o círculo menor representa
um risco mecânico mais leve. A avaliação é qualitativa, ou seja, os responsáveis
pela elaboração devem avaliar e informar se é baixo, médio ou alto o risco para cada
situação.

A seguir tem-se um modelo de legenda a ser utilizado no Mapa de Riscos, ele


pode variar conforme o local, aplicabilidade, espaço, riscos etc.

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49

Quadro 11 - Exemplo de legenda de um mapa de risco

Grau de risco Tipo de risco Exemplos Principais recomendações


Ruído, calor, frio,
pressões anormais,

Físico radiação ionizante,


radiação não ionizante,
umidade, vibração.
Grande
Poeiras, fumos
metálicos, gases, Neste espaço deverão ser

Químico vapores, névoa, colocadas as ações a serem


neblina, produtos e realizadas ou que não
substâncias químicas. podem ser realizadas, de
Fungos, parasitas, forma a reduzir ou

Biológico vírus, protozoários, neutralizar a ação e


insetos, bactérias. intensidade dos riscos. Seja

Arranjo físico uma instrução, cobrança da


Médio inadequado, Incêndio e utilização do EPI, realização
explosão, Eletricidade, de algum procedimento (por
Mecânico/
Acidente Máquinas e exemplo ginástica laboral),
equipamentos sem limitação de tempo de
proteção, Quedas. utilização ou exposição ao

Iluminação inadequada, risco e etc.


ritmo excessivo,
postura incorreta,

Pequeno Ergonômico levantamento e


transporte manual de
peso, monotonia,
tensões emocionais.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
50

2.6 Norma Regulamentadora 28 – Fiscalização e Penalidades

A NR 28 trata em um primeiro momento, da fiscalização e, posteriormente, das


penalidades. “A fundamentação legal desta norma está prevista no art. 201 da CLT.
A NR 28 discorre sobre as fiscalizações trabalhistas de segurança e medicina do
trabalho. (...) o fiscal pode dar um prazo para a empresa fiscalizada corrigir as
irregularidades.” (Junior, p. 614, 2018). Além disso, prevê as respectivas punições.
Por isso, as organizações devem cumprir as legislações vigentes, estando em dia
com suas obrigações, pois, a fiscalização pode ocorrer a qualquer momento, sem
uma comunicação prévia.

SAIBA MAIS
“Além das empresas terem a obrigação de agir com os ditames legais (...)
Recomenda-se que criem o saudável hábito de registrarem suas ações, haja vista
que, sem os registros, elas mesmas não conseguem comprovar o que fazem.”
(Junior, p. 614, 2018).
Leia mais sobre a NR 28 - Fiscalização e Penalidades, disponível na página de
Normas Regulamentadoras do ENIT
<https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-
menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default>.

A NR estabelece os prazos7 para o cumprimento dos itens notificados, para


recorrer, negociar etc. Por isso é importante sua leitura completa para entendimento.

7
28.1.4 O agente da inspeção do trabalho, com base em critérios técnicos, poderá notificar os empregadores
concedendo prazos para a correção das irregularidades encontradas.
28.1.4.1 O prazo para cumprimento dos itens notificados deverá ser limitado a, no máximo, 60 (sessenta) dias.
28.1.4.2 A autoridade regional competente, diante de solicitação escrita do notificado, acompanhada de
exposição de motivos relevantes, apresentada no prazo de 10 dias do recebimento da notificação, poderá
prorrogar por 120 (cento e vinte) dias, contados da data do Termo de Notificação, o prazo para seu cumprimento.
28.1.4.3 A concessão de prazos superiores a 120 (cento e vinte) dias fica condicionada à prévia negociação entre
o notificado e o sindicato representante da categoria dos empregados, com a presença da autoridade regional
competente.
28.1.4.4 A empresa poderá recorrer ou solicitar prorrogação de prazo de cada item notificado até no máximo 10
(dez) dias a contar da data de emissão da notificação.
28.1.5 Poderão ainda os agentes da inspeção do trabalho lavrar auto de infração pelo descumprimento dos
preceitos legais e/ou regulamentares sobre segurança e saúde do trabalhador, à vista de laudo técnico emitido por
engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado (Junior, p. 537, 2018).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Lembrando que esta NR sofreu inúmeras alterações ao longo dos anos e, por isso, é
necessária a leitura atualizada, sempre no site oficial da ENIT. Além disso, a NR traz
alguns pontos a respeito do embargo e interdição nos itens respectivos ao 28.2.
Em relação às penalidades, também descritas nesta NR, elas são calculadas
segundo o número de empregados e o código da infração, conforme o item da NR
que foi descumprido.
Exemplo de cálculo de penalidade:
Uma empresa de 500 funcionários descumpriu o item 5.2 da NR 5, que dispõe
da constituição de uma CIPA.
No Anexo II, da NR 28, deve-se buscar pelo item 5.2 para análise das
informações previstas na tabela.

Figura 14 - Anexo II da NR 28

Fonte: NR - 28. ENIT, 2020.

Sendo assim, o código da infração é 4, ou seja, I4. E o tipo é “S” ou seja,


Segurança do Trabalho. Direcionando estes dados para o Anexo I da NR 28, pode-
se encontrar o valor mínimo e máximo da multa (conforme grifado em vermelho na
imagem a seguir).

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 15 - Gradação das multas (em UFIR)

Fonte: ENIT, 2017.

Sendo assim, como observado na imagem, o valor da multa em UFIR é de no


mínimo 5491 a no máximo 6033.
A Unidade Fiscal de Referência (UFIR) foi extinta (em decorrência do § 3º do
art. 29 da Medida Provisória 2095-76-01)8, e tendo último valor R$1,0641.
O quadro abaixo, extraído da própria NR, informa que as infrações
relacionadas à Segurança do Trabalho terão o valor máximo de 6.30 UFIR, já as de
Medicina do Trabalho chegarão até a 3.782 UFIR.

Figura 16 - Valor máximo de multa em moeda UFIR

Fonte: ENIT, 2017.

8
Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições
arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994,
que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de
UFIR, serão reconvertidos para Real, com base no valor daquela fixado para 1 o de janeiro de 1997.
(...) § 3o Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do
art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade Fiscal de Referência - UFIR,
instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991.Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/Antigas_2001/2095-76.HTM

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CAPÍTULO 3 - RISCOS E ACIDENTES DO TRABALHO

3.1 Os riscos ocupacionais

Um ambiente laboral possui inúmeros riscos e perigos. Cada atividade


desenvolvida tem características próprias e devem ser estudadas/analisadas pelos
profissionais a fim de encontrar situações e processos a serem melhorados,
retirados, fiscalizados, modificados etc. Cabe ao profissional de segurança do
trabalho encontrar a melhor forma de extinguir prevenir, controlar acidentes e
doenças. Pois, “a segurança do trabalho é a ciência que atua na prevenção dos
acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de risco operacionais” (Saliba, p. 23,
2016).
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que 2,34 milhões de
pessoas morrem todos os anos em virtude de acidentes e doenças
relacionados ao trabalho. Os riscos oriundos de mudanças tecnológicas,
sociais e de organização afetam gravemente a saúde dos trabalhadores
(Revista Brasileira de Médicos do Trabalho – RBMT, 2017).

Para iniciar o estudo deste item é importante esclarecer os conceitos e


diferenças entre riscos e perigos:

Quadro 12 - Conceitos e diferenças entre Risco e Perigo


Risco Perigo
“Perigo é uma condição ou um conjunto
“Risco é a probabilidade ou chance de de circunstâncias que têm o potencial de
lesão ou morte” (Sanders e McCormick, causar ou contribuir para uma lesão ou
1993, p. 675). morte” (Sanders e McCormick, 1993, p.
675).
Risco “(...) é uma função da natureza do
“Um perigo é um agente químico,
perigo, acessibilidade ou acesso de
biológico ou físico (incluindo-se a
contato (potencial de exposição),
radiação eletromagnética) ou um
características da população exposta
conjunto de condições que
(receptores), a probabilidade de
apresentam uma fonte de risco mas não
ocorrência e a magnitude da exposição e
o risco em si” (Kolluru, 1996, p. 1.13).
das consequências (...)” (Kolluru, 1996, p.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
54

1.10).

Perigo é a situação que contém “uma


fonte de energia ou de fatores fisiológicos
e de comportamento/conduta que,
“ (…) risco é um resultado medido do
quando não controlados, conduzem a
efeito potencial do perigo” (Shinar, Gurion
eventos/ocorrências prejudiciais/nocivas”
e Flascher,1991, p. 1095).
(Shinar, Gurion e Flascher, 1991, p.
1095, apud. Grimaldi e Simonds, 1984,p.
236).
Fonte: UNIFAL, 2019.

Risco Perigo Exposição


= +

Através do esquema, observa-se que sem exposição não há risco. A exposição


está baseada na intensidade, duração e frequência de contato com o agente. A
exposição pode estar vinculada a três variáveis:
 Tempo de contato com o perigo: período de tempo durante o qual o
trabalhador fica em contato com o agente de risco;
 Intensidade que ocorre o contato: concentração do agente agressivo no
ambiente de trabalho;
 Natureza do agente: capacidade agressiva sobre determinadas
condições (UNIFAL, 2019).

O perigo ou fonte de risco pode ser identificado em:


 Materiais: substâncias perigos /tóxicas – solventes, ácidos, álcalis,
metais, gases, plásticos, resinas, material particulado sólido,
perfurocortantes, etc.
 Equipamentos: partes móveis sem dispositivo de proteção, condições de
uso (defeituoso, má conservação, impróprio para o serviço, uso incorreto,
guarda local inseguro e inadequado).
 Ambientes de trabalho: áreas de local de trabalho muito quentes, frias,
empoeiradas, sujas, ruidosas e escuras, com presença de gases, vapores,
fumos, etc. Postos de trabalhos inadequados ergonomicamente.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 Trabalhadores: falta ou insuficiência de capacitação, inexistência de


políticas de segurança, fadiga, uso de drogas e álcool, pressão no trabalho,
assédio moral, carga de trabalho excessiva, etc.
 Sistema de trabalho: fatores relacionados aos sistemas de trabalho:
conteúdo e organização do trabalho, gerenciamento, cultura organizacional
(UNIFAL, 2019).

Quadro 13 – Tipos de exposição


Exposição crônica Exposição aguda
Significa a exposição a doses menores
por um período de tempo maior, longa
duração. Quando aplicado a materiais que É a exposição “de curta duração”.
podem ser inalados ou absorvidos através Quando aplicado para materiais que
da pele, refere-se a períodos prolongados podem ser inalados ou absorvidos
ou repetitivos de exposição de duração através da pele, será referido como
medida em dias, meses ou anos. Quando uma simples exposição de duração
aplicado a materiais que são ingeridos, medida em segundos, minutos ou
será referido como doses repetitivas com horas. Quando aplicado a materiais
períodos de dias, meses ou anos. O termo que são ingeridos, será referida
“crônico” não se refere ao grau (mais comumente como uma considerável
severo) dos sintomas, mas se importará quantidade ou dose.
com a implicação de exposições ou doses
que podem ser relativamente perigosas.
Fonte: UNIFAL, 2019.

Para exemplificar melhor estes conceitos, pode-se observar os esquemas a


seguir:

Diferença entre Risco e Perigo


RISCO PERIGO
Altura Queda
Superfície Quente Queimadura
Tanque de combustível Explosão
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Os riscos são classificados em cinco tipos diferentes: químico, físico, biológico,


ergonômico e mecânico. Cada um deles é representado por uma cor diferente e
possui características próprias.

Quadro 14 - Os tipos de riscos


Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentais
Iluminação Arranjo físico
Ruído Poeiras Fungos
inadequada inadequado
Fumos Ritmo Incêndio e
Calor Vírus
metálicos excessivo explosão
Postura
Frio Gases Parasitas Eletricidade
incorreta
Levantamento Máquinas e
Pressões
Vapores Bactérias e Transporte equipamentos
anormais
manual de peso sem proteção
Umidade Névoas Protozoários Monotonia Quedas
Radiação
Tensões Animais
ionizante e Neblinas Insetos
emocionais peçonhentos
não ionizante
Produtos e Ferramentas
Vibração substâncias Desconforto defeituosas ou
químicas inadequadas
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Os riscos físicos, químicos e biológicos serão estudados mais detalhadamente


na disciplina de Higiene do Trabalho (porém, não deixe de ler a NR 9 - Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais). Os riscos ergonômicos na disciplina de
Ergonomia (a NR 17 trata exclusivamente do assunto Ergonomia). Os riscos
acidentais, também conhecidos como mecânicos, serão estudados ao longo de todo
o curso, estando estes dissolvidos em diversos conteúdos.
Se possível, o ideal é eliminar o risco, pois, assim serão eliminadas as chances
de acidentes e doenças ocupacionais. Porém, caso não seja possível eliminar o

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risco, é importante encontrar formas de controlar ou prevenir que eles se tornem um


acidente ou doença.

FIQUE LIGADO!
Aprenda o significado de três conceitos de extrema importância na Segurança do
Trabalho, que são as causas de acidente do trabalho (ABNT NBR 14280, 2001):
Ato inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, podem
causar ou favorecer a ocorrência de acidente.
Exemplos de atos inseguros:
 Colocar a mão em uma máquina ligada na parte de corte;
 Correr em locais derrapantes;
 Não usar o EPI;
 Desobedecer as sinalizações de segurança.

Condição insegura: Condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para a


sua ocorrência. Exemplos de condições inseguras:
 Áreas insuficientes, corredores obstruídos, arranjo físico mal projetado;
 Pisos fracos e irregulares;
 Excesso de ruído/iluminação inadequada;
 Instalações elétricas impróprias ou com defeitos;
 Falta de organização e limpeza;
 Ventilação ou exaustão inadequada ou defeituosa;
 Localização imprópria das máquinas;
 Falta de proteção em partes móveis e de agarramento;
 Máquinas apresentando defeitos, desvios ou improvisações de processos;
 Proteção insuficiente ou totalmente ausente;
 EPI impróprio ou com defeito.

Fator pessoal de insegurança (fator pessoal): Causa relativa ao comportamento


humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do ato inseguro. São
exemplos de fatores pessoais de insegurança:
 Características físicas e psicológicas;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 Social;
 Congênitos ou de formação cultural.

3.2 Os Acidentes do Trabalho

Segundo dados do Ministério Público do Trabalho – MPT, o “Brasil é o quarto


lugar no ranking mundial de acidentes do trabalho” (MPT, 2018). Para introduzir este
assunto é importante abordar o conceito de acidente do trabalho promovido pelo Art.
19, da Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991:
é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados (...),
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho (Planalto, 2015).

Figura 17 - Acidentes no trabalho

Fonte: UFAL, 2016

FIQUE LIGADO!
O dia 27 de julho é o “Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho”. É uma
data importante para ser trabalhada nas organizações e instituições em geral, como
forma de conscientização. Aproveitando para lembrar os incidentes e acidentes
ocorridos, e reforçando as formas de prevenção e controle.
Essa data foi escolhida porque em 27 de julho de 1972, a Portaria nº 3.237 criou o
Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho.

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A seguir poderá ser estudada a continuação do artigo 19, bem como os art. 20,
21 que tratam do acidente do trabalho:
§ 1º A empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e
individuais de proteção e segurança da saúde do trabalhador.
§ 2º Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de
cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho.
§ 3º É dever da empresa prestar informações pormenorizadas sobre os
riscos da operação a executar e do produto a manipular.
§ 4º O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscalizará e os
sindicatos e entidades representativas de classe acompanharão o fiel
cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, conforme dispuser o
Regulamento.
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior,
as seguintes entidades mórbidas:
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) a doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na
relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições
especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona
diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.
Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta
Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija
atenção médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da
empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar
prejuízo ou proporcionar proveito;

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60

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-
de-obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive
veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,
qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho
a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
superponha às consequências do anterior. (...) (Planalto, 2015).

Para planejamento e implantação de medidas de SST é muito importante a


leitura das legislações vigentes. Inclusive a CLT, por exemplo, que possui alguns
artigos voltados para essa área, aos quais foram utilizados para criação das NR.

FIQUE LIGADO!
Sancionada por Getúlio Vargas, a Consolidação das Leis do Trabalho foi criada a
partir do DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 e sofreu algumas
alterações ao longo dos anos. Foi considerado um marco histórico na época e
comemorada pela população brasileira, que possuía precária situação trabalhista.
O documento é bem extenso, e trata de diversas abordagens do ambiente laboral
referentes ao Trabalho, Trabalhador, Empregador e Governo. É de suma
importância se conhecer as leis que regem esta área.
Leia mais: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm

“Do ponto de vista prevencionista, o acidente do trabalho é mais abrangente,


pois engloba também os quase acidentes e os acidentes que não provocam lesões,
mas a perda de tempo ou danos materiais” (Saliba, p. 23, 2016).
Mas, qual é a diferença de acidente para incidente? Segundo Junior (p. 6,
2019) incidente é um quase acidente. Trata-se de uma situação anormal e
imprevista que não resulta em lesões nem em danos materiais.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Figura 18 - Exemplo de acidente e de incidente

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Responsabilidades, causas e conceitos de acidente do trabalho. Mas, em caso


de acidente, de quem será a responsabilidade penal ou criminal?. Segundo Saliba:
A ocorrência do acidente do trabalho pode gerar responsabilidade penal ou
criminal para o empregador e seus prepostos. Sendo assim, os gerentes,
supervisores, encarregados, donos da empresa, profissionais do SESMT,
entre outros, podem ser indiciados e denunciados por homicídio culposo
(Saliba, p. 34, 2016).

Quais as legislações que preveem esse crime?.


Quanto à responsabilidade penal, o código penal em seus artigos 18, 121, 129
e 132 podem ser configurados para a situação de acidente do trabalho.
O art. 18 do Código Penal considera crime culposo quando o agente deu
causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Já o art. 121
do mesmo diploma legal estabelece para esse tipo de crime a detenção de
1 (um) a 3 (três) anos, podendo ser aumentada 1/3 se o crime resultar de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixar de prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as
consequências do seu ato ou fugir para evitar prisão em flagrante.
O art. 129 prevê o crime de lesão corporal, que também é aplicado ao
acidente do trabalho, sendo a pena de detenção de 3 (três) meses a 1 (um)
ano(...) Caso a lesão for seguida de morte, a pena de reclusão pode chegar
a 14.
(...) a exposição da vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente
(art. 132) (...) a pena para esse crime é a detenção, de três meses a um
ano, se o fato não constituir crime mais grave, podendo (Saliba, p. 34,
2016).

Quanto à responsabilidade civil, o Código Civil Brasileiro prevê que “a


responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato ou sobre quem seja o seu autor, quando essas questões
se acharem decidias no juízo criminal (art. 935 do CCB)”. (Saliba, p. 35, 2016).

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“Entre os fatores de risco que provocam acidentes do trabalho, destacam-se:


eletricidade, máquinas e equipamentos, incêndios, armazenamento e transporte de
materiais, manuseio de produtos perigosos, ferramentas manuais e etc”. (Saliba,
p.23, 2016).
Além disso, pode-se elencar as 4 (quatro) principais categorias acerca das
causas de acidentes:
a) Operacionais: falhas de componentes materiais ou equipamentos,
reações aceleradas ou inesperadas, perdas de controle e etc.;
b) Ambientais: mudanças climáticas, falhas ou deficiências de proteções,
interferência de outro acidente e etc.;
c) Organizacionais: inadequações no gerenciamento da organização ou de
atitudes, falhas em procedimentos, treinamentos, supervisão, suporte,
análise de seus processos, construção de instalações, sistema de
isolamento de equipamentos, manutenção etc.;
d) Pessoais: erros, problemas de saúde, desobediências, intervenção
maliciosa e outras. Recomenda-se que, se for necessário, sejam
detalhados aspectos relativos a treinamento, experiência etc. (Saliba, p.
45, 2016).

A Fundacentro (p. 47, 2002) leva “em consideração as seguintes causas


possíveis: falha nos componentes; condições anormais de operação; erros humanos
e organizacionais; interferências externas acidentais; forças da natureza; atos
dolosos e sabotagem”:
 A falha de componentes leva em consideração: projeto inadequado,
desgaste mecânico e mau funcionamento de componentes e dispositivos
de controle e segurança.
 Podem-se citar como interferências externas acidentais: transportes
(rodoviário, ferroviário e marítimo); plataformas de carregamentos; tráfego
aéreo, instalações vizinhas. Impacto mecânico causado por queda.
 Os erros humanos podem incluir: os trabalhadores desconhecem os
riscos, falta ou inadequação de procedimentos de trabalho, trabalhadores
mal preparados, condições inadequadas de trabalho, conflitos entre
exigências de segurança e de produção; uso excessivo de horas extras
ou de trabalho por turnos e concepção ou dispositivos inadequados de
trabalho.
 Erros organizacionais: sistemas de segurança desconectados, mistura de
substâncias perigosas, trabalho inadequado de reparo ou manutenção e
procedimentos não autorizados.

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 São consideradas forças da natureza: vento, inundações, terremotos,


afundamento de terreno e geada excessiva (Fundacentro, p. 50, 2002).

NBR nº 14.280/01
A NBR nº 14.280/01 “fixa critérios para o registro, comunicação, estatística,
investigação e análise de acidentes do trabalho, suas causas e consequências,
aplicando-se a quaisquer atividades laborativas”. Ademais, traz outros conceitos
essenciais para identificação dos tipos de acidentes e suas particularidades, e que
serão importantes para continuação dos estudos acerca dos acidentes do trabalho.
As consequências de um acidente do trabalho são, segundo a NBR 14.280:
 Lesão Pessoal;
 Lesão imediata;
 Doença do trabalho;
 Doença profissional;
 Morte;
 Lesão com afastamento;
 Lesão sem afastamento;
 Incapacidade permanente parcial;
 Incapacidade temporária total;
 Prejuízo material.

A seguir no quadro, serão apresentados os principais conceitos e suas


diferenças:

Quadro 15 - Definições segundo a NBR 14.280:2001


Ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não,
relacionada com o exercício do trabalho, de que resulte ou
possa resultar lesão pessoal.
Acidente do
O acidente inclui tanto ocorrências que podem ser identificadas
trabalho
em relação a um momento determinado, quanto ocorrências ou
exposições contínuas ou intermitentes, que só podem ser
identificadas em termos de período de tempo provável. A lesão

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pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto


efeitos prejudiciais mentais, neurológicos ou sistêmicos,
resultantes de exposições ou circunstâncias verificadas na
vigência do exercício do trabalho.

No período destinado a refeição ou descanso, ou por ocasião da


satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de
trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.
Acidente sem
Acidente que não causa lesão pessoal.
lesão
Acidente sofrido pelo empregado no percurso da residência para
o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
empregado, desde que não haja interrupção ou alteração de
percurso por motivo alheio ao trabalho. NOTA - Entende-se
como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição
Acidente de trajeto para o trabalho ou deste para aqueles, independentemente do
meio de locomoção, sem alteração ou interrupção por motivo
pessoal, do percurso do empregado. Não havendo limite de
prazo estipulado para que o empregado atinja o local de
residência, refeição ou de trabalho, deve ser observado o tempo
necessário compatível com a distância percorrida e o meio de
locomoção utilizado.
Acidente inicial Acidente impessoal desencadeador de um ou mais acidentes.

Qualquer dano sofrido pelo organismo humano, como


Lesão pessoal
conseqüência de acidente do trabalho.

Lesão com Lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho


afastamento (lesão no dia imediato ao do acidente ou de que resulte incapacidade
incapacitante ou permanente. *Esta lesão pode provocar incapacidade
lesão com perda permanente total, incapacidade permanente parcial,
de tempo) incapacidade temporária total ou morte.

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Lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao


trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja
incapacidade permanente. *Esta lesão, não provocando a
Lesão sem
morte, incapacidade permanente total ou parcial ou
afastamento (lesão
incapacidade temporária total, exige, no entanto, primeiros-
não incapacitante
socorros ou socorros médicos de urgência. Devem ser evitadas
ou lesão sem
as expressões "acidente com afastamento" e "acidente sem
perda de tempo)
afastamento", usadas impropriamente para significar,
respectivamente, "lesão com afastamento" e "lesão sem
afastamento".
Perda total da capacidade de trabalho, em caráter permanente,
sem morte. *Causam essa incapacidade as lesões que, não
provocando a morte, impossibilitam o acidentado,
Incapacidade permanentemente, de trabalhar ou da qual decorre a perda total
permanente total do uso ou a perda propriamente dita, entre outras, as de: a)
ambos os olhos; b) um olho e uma das mãos ou um olho e um
pé; ou c) ambas as mãos ou ambos os pés ou uma das mãos e
um pé.
Redução parcial da capacidade de trabalho, em caráter
Incapacidade permanente que, não provocando morte ou incapacidade
permanente permanente total, é causa de perda de qualquer membro ou
parcial parte do corpo, perda total do uso desse membro ou parte do
corpo, ou qualquer redução permanente de função orgânica.
Perda total da capacidade de trabalho de que resulte um ou
mais dias perdidos, excetuadas a morte, a incapacidade
Incapacidade
permanente parcial e a incapacidade permanente total. *
temporária total
Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais
de um ano, é computado somente o tempo de 360 dias.

Doença Doença do trabalho causada pelo exercício de atividade


profissional específica, constante de relação oficial.

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Doença decorrente do exercício continuado ou intermitente de


atividade laborativa capaz de provocar lesão por ação mediata.
Doença do *Deve admitir-se, no caso de ser a lesão uma doença do
trabalho trabalho, a preexistência de uma ocorrência ou exposição
contínua ou intermitente (ver nota 1 de 2.1), de natureza
acidental, a ser registrada nas estatísticas como acidente.
Fonte: ABNT, 2001.

Existem alguns estudos sobre alguns acidentes que merecem destaque, e


precisam ser conhecidos por todos profissionais e estudiosos da área:
1) Estudos de Heinrich:
Em 1931, Heinrich introduziu pela primeira vez a filosofia de acidentes com
danos a propriedade (acidentes sem lesão) em relação aos acidentes com
lesão incapacitante. Sua investigação apresentou como resultado.
Esse estudo mostra que, para cada acidente que provocava uma lesão
incapacitante, ocorriam 29 acidentes que provocavam lesões menores
(lesão não incapacitante) e também ocorriam 300 sem lesão, que apenas
provocavam danos à propriedade. Portanto, o número de acidentes sem
lesão (quase acidentes) e acidentes com lesão não incapacitantes sinaliza a
probabilidade do acidente mais grave. (Saliba, p. 36, 2016):

Figura 19 - Pirâmide de Heinrich

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

2) Estudo de Bird:
Em 1996, o norte-americano Frank Bird Junior, concluiu um estudo que
envolvia 90 mil acidentes, sendo 75.000 com danos à propriedade e 15 mil
com lesões incapacitantes. Bird baseou sua teoria de “controle de danos” a
partir da análise desses 90 mil acidentes ocorridos numa empresa
metalúrgica americana (Lukens Steel Company) durante um período de
mais de sete anos.
A proporção do estudo de Bird mostra que, para cada acidente que
provocava lesão incapacitante, ocorriam cem que provocavam lesões não
incapacitantes e também ocorriam 500 acidentes com danos à propriedade.

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Desse modo, da mesma forma que no estudo de Heinrich, esse estudo


demonstra também a proporcionalidade dos acidentes graves, leves e os
acidentes com danos à propriedade, demonstrando que a prevenção deve
atuar em todos os tipos de acidente, e não apenas naqueles que provocam
lesões (Saliba, p. 36, 2016).

Figura 20 - Pirâmide de Bird

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

3) Estudos Insurance Company of North American (ICNA)


Posteriormente, me 1969, a ICNA analisou 1.753.498 casos informados
naquele ano por 297 empresas que empregavam 1,75 milhão de
trabalhadores, chegando a uma relação mais precisa que a de Bird. Esses
estudos tem sido considerados importantes por dois aspectos principais:
Os dados são mais precisos e representativos do que os obtidos
anteriormente pelos outros autores;
Foram produzidos nas estatísticas números relacionados aos quase
acidentes (Saliba, p. 37, 2016).

Figura 21 - Pirâmide do ICNA

Fonte: Elaborado pelo autor, 2019.

Esses estudos demonstram que a prevenção de acidentes deve ser mais


ampla, isto é, precisa antecipar ações que permitam evitar os acidentes
mais graves, uma vez que a ocorrência dos quase acidentes e dos
acidentes com danos a propriedade é um prenúncio dos acidentes com

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lesão. Desse modo, a implantação de programas de gestão-segurança e


saúde do trabalhador com ferramentas que permitam a antecipação dos
riscos deve ser implementada pelas empresas com responsabilidade e
comprometimento de todos, especialmente da alta direção (Saliba, p. 38.
2016).

Em resumo, a empresa deve ficar atenta às informações que os números


podem trazer. O acompanhamento das atividades e a realização de relatórios é de
extrema importância para o profissional da área poder se precaver, evitando-se
assim que os acidentes sejam mais graves ou chegue ao óbito.
São muitas as consequências negativas que podem ser geradas com a
ocorrência de um acidente ou doença ocupacional, tanto para empresa, empregado
e governo, desde situações mais simples a até um óbito.
A seguir serão apresentadas algumas possíveis consequências gerais (além
das apresentadas pela NBR 14280:2001) geradas em decorrência de um acidente
do trabalho:

Quadro 16 - Possíveis consequências do acidente do trabalho


– Perda de credibilidade no emprego: Quando
o trabalhador se acidenta, além das dores físicas, o
patrão provavelmente ficará chateado com ele.
A credibilidade desse empregado perante o
empregador tende a diminuir, e muito…
TRABALHADOR – Perda de oportunidade de promoção, ou aumento
de salário: Se surgir na empresa uma oportunidade
de promoção interna ou aumento de salário,
provavelmente ninguém irá se lembrar do empregado
acidentado.
– Sofrimento físico: Dores físicas, emocionais, tudo
isso incomoda o acidentado.
E o pior é que mesmo se ele não for o culpado pelo
acidente, ainda assim, vai demorar a se convencer
disso.
– Incapacidade para o trabalho, temporária ou
permanente: Tem coisa pior do que se sentir

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incapacitado?

Esse é um sentimento que incomoda muito. É mais


um fardo carregado pelo acidentado. Hoje já se sabe
que o trabalho tem função social e não apenas
financeira.
O fato de trabalhar faz a pessoa se sentir sociável e
útil! A falta de trabalho de certa forma isola a pessoa
e a faz sentir-se inútil e incapaz.
– Menos dinheiro em casa: O benefício pago pelo
INSS em casos de acidente de trabalho não é
equivale ao salário de alguém que está na ativa
(trabalhando).
A renda do trabalhador tende a cair de 20 a 40%.
Uma redução que pode levar dificuldade financeira a
toda família.
– Gastos com primeiros socorros e transporte do
acidentado.
– Tempo perdido: Outros funcionários terão parar
para socorrer o acidentado, e os funcionários gastam
tempo comentando o ocorrido;
Na maioria dos acidentes a cena é parecida, muita
gente pára para ver o ocorrido.
Às vezes a quantidade de curiosos é tão grande que
EMPRESA até causa outros acidentes. E isso gera ainda mais
prejuízo para o empregador.
Vamos pensar em 20 pessoas paradas olhando e
comentando a acidente por 20 minutos e ainda o
prejuízo da produção parada por esse tempo, isso
gera um prejuízo significativo, não é?
– Terá que pagar os primeiros quinze dias após o
afastamento: Irá pagar salário para uma pessoa que

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não irá produzir.

Depois dos 15 dias o funcionário passará a receber o


benefício do INSS.
– Gastos com contratação de um substituto para o
funcionário que se acidentou.
– Prejuízos materiais, e com pagamento de
indenizações: Isso é fato, hoje tem muita gente
ganhando dinheiro com indenizações por causa de
acidente de trabalho.
E mesmo quando a culpa não é do empregador, na
maioria das vezes ele acaba pagando.
– Má fama no meio empresarial: Hoje as empresas
que tem muitos acidentes de trabalho ficam mal
vistas no mercado e perdem clientes.
É comum que empresas parceiras se fiscalizem
mutuamente para entender até que ponto estão
comprometidas com gerar lucro sem derramar
sangue, esse processo é conhecido como auditoria
externa.
- Perda de certificações internacionais;
-Estragos e perdas materiais (máquinas,
equipamentos e etc.);
– Dificuldade financeira: Como podemos observar
acima o dinheiro em casa diminui.
FAMÍLIA – Incomodo geral: Em muitos casos a família terá que
mudar drasticamente de rotina para ajudar o
acidentado que em muitos casos está incapaz de se
cuidar.
– Gastos com compra de remédio, tratamento,
locomoção: Ou seja, diminui o dinheiro, mas
aumentam os gastos.

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– Dor emocional em relação ao parente que está


inválido, ou enfermo: Muitos filhos de acidentados
que ficaram inválidos ou faleceram, acabam entrando
no mundo da prostituição ou do crime para
compensar a falta de dinheiro, do pai ou mãe que
sustentava o lar.
– Perda de mão de obra produtiva, temporária ou
permanentemente: Os trabalhadores de certa forma
são as pessoas que produzem a riqueza do país!
Quanto mais pessoas afastadas do trabalho menos
dinheiro é movimentação no comércio e isso é
péssima para a economia do país.
– Mais gente dependendo do dinheiro do INSS: Isso
significa que irá gastar mais.
GOVERNO
– Menos dinheiro recebido de contribuinte pelo
INSS: Isso contribui para o aumento saldo vermelho.
A lógica de prevenção deveria ser a seguinte “gastar
menos é melhor do que gastar mais”!
Sabe-se que muitas empresas tiveram que fechar
suas portas por causa de um acidente de trabalho.
Tomara que possamos ser sábios e contagiar nessa
busca pela prevenção.
Fonte: UNISEESMT, 2017.

3.2.1 Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT


“A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para
reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto bem como uma doença
ocupacional” (INSS,2018).
A NBR 14.280:2001 explica a distinção das nomenclaturas existentes para
comunicação e registro de acidentes, conforme quadro a seguir:

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Quadro 17 - Comunicação de acidentes - NBR 14.280:2001


Comunicação de Informação que se dá aos órgãos interessados, em formulário
acidente próprio, quando da ocorrência de acidente.
Comunicação de Qualquer comunicação de acidente emitida para atender a
acidente para fins exigências da legislação em vigor como, por exemplo, a
legais destinada a órgão de previdência.
Comunicação interna
Comunicação que se faz com a finalidade precípua de
de acidente para fins
possibilitar o registro de acidente.
de registro
Registro metódico e pormenorizado, em formulário próprio, de
informações e de dados de um acidente, necessários ao
Registro de acidente
estudo e à análise de suas causas, circunstâncias e
conseqüências.
Registro metódico e pormenorizado, em formulário individual,
Registro de de informações e de dados relativos a um acidentado,
acidentado necessários ao estudo e à análise das causas, circunstâncias
e conseqüências do acidente.
Fonte: ABNT, 2001.

Existem três tipos de CAT: inicial, de reabertura e de óbito. A seguir serão


conceituadas cada uma delas conforme o site da Previdência Social as descreve:

Quadro 18 - Os tipos de CAT


irá se referir a acidente de trabalho típico, trajeto, doença
CAT inicial
profissional, do trabalho ou óbito imediato;
será utilizada para casos de afastamento por agravamento de
lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do
trabalho; na CAT de reabertura, deverão constar as
mesmas informações da época do acidente, exceto quanto ao
CAT de reabertura
afastamento, último dia trabalhado, atestado médico e data
da emissão, que serão relativos à data da reabertura.
Não será considerada CAT de reabertura a situação de
simples assistência médica ou de afastamento com menos de

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15 dias consecutivos.

será emitida exclusivamente para casos de falecimento


CAT de comunicação
decorrente de acidente ou doença profissional ou do
de óbito
trabalho, após o registro da CAT inicial;
Fonte: INSS, 2018.

Para entender melhor sobre o processo de abertura da CAT quando ocorre um


acidente ou doença ocupacional é importante analisar as informações no quadro a
seguir:

Quadro 19 - Perguntas frequentes sobre a abertura da CAT.


A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos
os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados,
mesmo que não haja afastamento das atividades, até o
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Em caso de
morte, a comunicação deverá ser imediata. A empresa que
não informar o acidente de trabalho dentro do prazo legal
estará sujeita à aplicação de multa, conforme disposto nos
artigos 286 e 336 do Decreto nº 3.048/1999.
Quando fazer? Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio
trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou
a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério
Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou
do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército,
da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da
Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro
deste instrumento junto à Previdência Social, o que não
exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa.
Registro da CAT on-line: Para sua comodidade, o INSS
disponibiliza um aplicativo que permite o Registro da CAT
Como fazer?
de forma online, desde que preenchidos todos os campos
obrigatórios.

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Através do aplicativo, também será possível gerar o


formulário da CAT em branco para, em último caso, ser
preenchido de forma manual.
Procure uma agência do INSS: Nos casos em que não for
possível o registro da CAT de forma online e para que a
empresa não esteja sujeita a aplicação da multa por
descumprimento de prazo, o registro da CAT poderá ser
feito em uma das agências do INSS (consulte a agência
mais próxima).
Para ser atendido nas agências do INSS, no mínimo deverá
Documentos
ser apresentado um documento de identificação com foto e
necessários
o número do CPF.
Para qualquer dos casos indicados acima, deverão ser
emitidas quatro vias sendo:
1ª via ao INSS
Vias da CAT
2ª via ao segurado ou dependente
3ª via ao sindicato de classe do trabalhador
4ª via à empresa.
Fonte: INSS, 2018.

Além disso, é importante destacar:


Caso a área de informações referente ao atestado médico do formulário não
esteja preenchida e assinada pelo médico assistente, deverá ser
apresentado o atestado médico, desde que nele conste a devida descrição
do local/data/hora de atendimento, bem como o diagnóstico com o CID
(Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados com a Saúde) e o período provável para o tratamento,
contendo a assinatura, o número do Conselho Regional de Medicina (CRM)
e o carimbo do médico responsável pelo atendimento, seja particular, de
convênio ou do SUS (INSS, 2018).

3.2.2 Prevenção e controle de riscos e acidentes


Para buscar soluções de prevenção e controle de riscos e acidentes,
primeiramente é importante analisar o ambiente de trabalho, identificando os riscos e
fazendo um planejamento de intervenção, assim será possível levantar todas as
medidas a serem tomadas para cada tipo de risco.

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Para aplicação das medidas de controle há uma hierarquia. “Há três zonas
onde as medidas de controle podem ser aplicadas: Na origem do contaminante –
Fonte; ao longo do percurso entre a origem e o trabalhador – Ambiente e no
receptor – Trabalhador” (UNIFAL, 2019). Ou seja, é mais eficaz realizar o controle do
risco na fonte do que no trabalhador.

Figura 22 - Zonas de aplicação das medidas de controle

Fonte: UNIFAL, 2019.

A seguir vamos citar de maneira generalizada as formas de prevenção de


acidentes e doenças do trabalho, que serão estudadas ao longo das unidades:
 Medidas administrativas (normas internas, instruções de trabalho por
escrito, autorizações de trabalho, formação e informação dos
trabalhadores, fator humano);
 Automação das atividades;
 Implantação dos Programas de Segurança, Saúde e Gestão de Riscos:
PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), PCMSO
(Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), PCMAT
(Programa de Condição e Meio Ambiente de Trabalho na Construção
Civil), PGR (Programa de Gerenciamento de Risco na Indústria da
Mineração), PCA (Programa de Conservação Auditiva) e PPR (Programa
de Proteção Respiratória);

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 Realização dos exames médicos admissionais, demissionais, periódicos e


de mudança de função;
 Fornecer e cobrar a utilização de EPI (Equipamento de Proteção
Individual), como por exemplo: óculos de segurança, luvas, capacetes,
máscaras respiratórias, protetores auriculares, cremes protetores,
aventais impermeáveis, botas impermeáveis, protetores faciais, capuz de
segurança, etc.;
 Instalação de EPC (Equipamento de Proteção Coletiva), como por
exemplo: ventilação industrial, exaustores, enclausuramento, proteção em
máquinas, piso antiderrapante etc.;
 Luminosidade adequada;
 Climatização dentro dos limites de conforto;
 Ginástica Laboral;
 Rodízio de atividades;
 Fiscalização constante dos trabalhadores, máquinas, equipamentos e
outros que podem oferecer riscos;
 Manutenção preventiva;
 Monitoramento e medição dos riscos (principalmente os riscos físicos e
químicos);
 Redução do tempo de exposição a agentes perigosos;
 Substituição de produto tóxico ou nocivo;
 Mudanças e/ou alterações nos processos ou operações;
 Formações e Treinamentos: técnicos, de normatizações e de segurança
do trabalho (promovendo atualização constante e periódica);
 Controle do trabalho de terceirizados;
 Elaboração do Mapa de Riscos;
 Sinalização de: obrigação, emergência e aviso ou perigo, adequadas a
cada situação;

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 Realização de DDS – Diálogo Diário de Segurança;


 Manter as equipes de SESMT e CIPA conforme exigências de suas
respectivas NRs;
 Utilização de máquinas e equipamentos adequados à atividade e ao
trabalhador;
 Projeto de Prevenção e Combate a Incêndios e Pânico aprovado e em
perfeito funcionamento;
 Manter o ambiente de trabalho limpo e organizado;
 Adaptações ergonômicas e de conforto nas condições de trabalho.

FIQUE LIGADO!

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção criou, em parceira com o SESI DN,


um simulador de custos de acidentes e afastamentos de trabalho, chamado
Construindo Segurança e Saúde. Através dele é possível fazer, de forma fácil e
lúdica, cálculos que mostram quanto pode ser economizado com a prevenção. O
simulador também apresentar informações sobre as normas que regem os acidentes
do trabalho.

Saiba mais em:


www.portaldaindustria.com.br/sesi/canais/seguranca-e-saude-no-trabalho-
sesi/simulador-de-custos-de-acidentes/

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