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Superior de Segurança
no Trabalho
Índice
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
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2. A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO (SST) .............................................................. 4
1. Introdução
O SGSST faculta um conjunto de ferramentas que ajudam na melhoria da eficiência da gestão dos
riscos da Segurança e Saúde do Trabalho (SST), relacionados com todas as atividades da organização.
Este sistema deve ser considerado como parte integrante do sistema de gestão de toda e qualquer
organização.
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Posteriormente, com a transposição da Diretiva Comunitária 89/391/CEE para o direito interno através
dos Decretos-lei n.º 441/91 e 133/991 é estabelecido o enquadramento da Segurança Higiene e Saúde
do trabalho em Portugal e referidos os princípios gerais da gestão da prevenção dos riscos
profissionais nos locais de trabalho, incluindo as obrigações do Estado, dos Empregadores e dos
Trabalhadores.
Segundo o artigo 281.º do Código do Trabalho Lei n.º 7/2009 de 12 de fevereiro2, prevê-se os
seguintes princípios gerais no âmbito da segurança e saúde no trabalho:
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Revogados pela Lei n.º 102/2009 de 10 de setembro (alterada pela Lei n.º 3/2014 de 28 de janeiro).
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O Código do trabalho tem as seguintes alterações: Retificação n.º 21/2009, de 18 de março; Lei n.º 105/2009, de 14 de setembro; Lei n.º 53/2011, de 14 de
outubro; Retificação n.º 38/2012, de 23 de julho; Lei n.º 69/2013, de 30 de agosto; Lei n.º 27/2014, de 8 de maio; Lei n.º 55/2014, de 25 de agosto; Lei n.º
28/2015, de 14 de abril; Lei n.º 120/2015, de 1 de setembro; Lei n.º 8/2016, de 1 de abril; Lei n.º 28/2016, de 23 de agosto; Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto;
Retificação n.º 28/2017, de 2 de outubro; Lei n.º 14/2018, de 19 de março; Lei n.º 90/2019, de 4 de setembro; Lei n.º 93/2019, de 4 de setembro; Lei n.º 18/2021,
de 8 de abril; Lei n.º 83/2021, de 6 de dezembro; Lei n.º 1/2022, de 3 de janeiro; Lei n.º 13/2023, de 3 de abril; Retificação n.º 13/2023, de 29 de maio.
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2.2. Princípios Gerais de Prevenção de Riscos Profissionais
Os princípios gerais de prevenção pelos quais as entidades empregadoras devem nortear as suas
atividades neste domínio constam do n.º 2, artigo 15.º, da Lei n.º 3/2014:
De acordo com o anexo da Lei n.º 3/2014, artigo 15.º, o empregador tem as seguintes obrigações:
Ter em conta, que além dos trabalhadores, também terceiros poderão ser abrangidos
pelos riscos da realização dos trabalhos, quer nas instalações, quer no exterior;
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Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde das
outras pessoas que possam ser afetadas pelas suas ações ou omissões no trabalho,
sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços
sob o seu enquadramento hierárquico e técnico;
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Dadas as preocupações emergentes por parte das organizações para as questões de SST e devido às
exigências da legislação acima referidas, os benefícios da adoção de um sistema de gestão de SST têm
implicações que podem não ser à partida mensuráveis, mas que vão muito para além da garantia do
cumprimento legal, não só no que se refere às leis bases de SST, mas a todas as outras de âmbito
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aplicável.
A adoção de um SGSST visa a prevenção dos riscos profissionais e doenças profissionais, redução
sustentada dos acidentes de trabalho e dos consequentes custos materiais e humanos associados,
vigilância da saúde dos trabalhadores, melhoria da motivação pessoal dos trabalhadores e do clima
organizacional, melhoria das condições nos locais de trabalho, melhoria da imagem da empresa junto
das partes interessadas e evidência do cumprimento legal.
Trata-se de um método lógico e gradual de decidir o que é necessário fazer, como fazer melhor, de
acompanhar os progressos no sentido dos objetivos estabelecidos, de avaliar a forma como é feito e de
identificar áreas a aperfeiçoar. Deve ser suscetível de ser adaptado a mudanças na operacionalidade da
organização e a exigências legislativas.
Se assumam compromissos;
A implementação de um SGSST pode ser dividido em 10 etapas que têm necessariamente fronteiras
estanques, ou seja, existem ou podem existir cruzamentos entre atividades inseridas em diferentes
etapas.
Esta primeira etapa tem como objetivo conhecer o estado atual da organização em matéria de SST.
Inicialmente, deve-se analisar o que a organização faz, como faz e com o quê, identificando todas as
suas atividades. Uma forma simples e eficaz, é através de fluxogramas dos principais processos de
forma a visualizar as principais atividades e as atividades suplementares. Posteriormente, a
organização deve realizar uma auditoria ao diagnóstico relativamente aos aspetos de SST relacionados
com as suas atividades, materiais, produtos, equipamentos, instalações e serviços, identificando os
perigos relacionados com todos esses aspetos e os mecanismos que implementou para o seu controlo e
verificando o grau de cumprimento dos requisitos legais e outros que a organização eventualmente
subscreva. Adicionalmente deve-se procurar obter informação acerca do que são os requisitos de um
SGSST, e quais são as exigências dos referenciais que se possam vir a adotar.
Sensibilização da Gestão
A organização deve definir a sua política para a SST, a qual deve ter em consideração a realidade da
organização em matéria de SST, para que esta seja adaptada às suas necessidades e que assegura o
comprometimento da gestão de topo e a participação de todos os colaboradores. A política constitui a
espinha dorsal do SGSST. É aí que a gestão de topo formaliza o compromisso da organização em
garantir que a SST seja considerada na definição de prioridades em igualdade com todos os outros
objetivos do negócio. É igualmente nesta fase que a organização escolhe o referencial que quer adotar
para projetar e implementar o sistema.
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A organização deve analisar o trabalho que tem de ser feito e quem o pode fazer. Após avaliar as
competências de que dispõe, a organização decide acerca da necessidade de contratar ajuda externa.
Caso não disponha de nenhum especialista em SGSST, é aconselhável, contratar um consultor
especialista em sistemas (consultores ou formadores com experiência reconhecida), a fim de a
organização ficar com uma perspetiva mais correta e realista do trabalho a desenvolver. É importante
estabelecer as condições contratuais de modo a que fiquem bem definidas as obrigações de ambas as
partes, a quem cabe fazer o quê, os ritmos a que se obrigam e a forma de monitorizar os progressos do
projeto.
A organização deve facultar formação especializada de forma a dotar a equipa de projeto das
competências necessárias para a boa continuação do projeto.
Planeamento
Seguidamente, a organização deve estabelecer os objetivos que pretende atingir, em matérias de SST e
tendo em conta o comprometimento contido na política. Após isso, planeiam-se as ações que permitam 12
atingir os objetivos definidos e o cumprimento dos requisitos do referencial.
Ao analisar as exigências da NP ISO 45001, usualmente, a organização verifica que uma parte
significativa das exigências constitui já prática corrente. É altura de compilar a documentação interna
já existente de acordo com o exigido na norma, melhorando algumas das práticas existentes de forma a
evidenciar a conformidade com os requisitos e, redigindo a forma como se realizam, controlam e
registam as atividades.
Implementação e Funcionamento
Os requisitos, que não fazem parte das práticas quotidianas da organização, têm que ser analisados e
adaptados à organização. É necessário fazê-lo de uma forma simples e prática, sem esquecer a
necessidade de os explicar clara e cuidadosamente aos seus utilizadores. É importante não criar papéis
inúteis nem inventar formas desnecessariamente complicadas de evidenciar um controle, um registo,
etc. Para incentivar os colaboradores é aconselhável que a equipa de projeto elabore com regularidade
e de forma assídua, um boletim informativo, noticiando os avanços do projeto.
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A empresa deve efetuar a análise crítica do sistema quanto à prossecução dos seus objetivos e criar os
mecanismos que permitam o controlo sistemático e permanente de forma a agir proactivamente sobre
o sistema.
ü Registo dos dados e dos resultados da monitorização e da medição que sejam suficientes
para permitir as subsequentes análises das ações corretivas e preventivas implementadas.
A classificação e análise podem ser realizadas, com base nos tópicos dos índices de Frequência e
Gravidade, na localização, atividade envolvida, tipo e local de lesão, dia da semana, hora, antiguidade,
forma e agente material, no tipo e extensão dos danos patrimoniais e nas causas diretas e remotas.
A investigação das causas do incidente ou não-conformidade não deve ser considerada como uma
simples procura dos culpados mas sim encontrar as razões que levaram à ocorrência, de forma a
propor medidas de prevenção.
Após a implementação das ações corretivas, deve ser comprovada a sua eficácia. A situação é em tudo
semelhante às ações preventivas. As ações preventivas destinam-se a evitar potenciais incidentes ou
não-conformidades, que nunca tenham ocorrido e que se espera nunca virem a ocorrer. As ações
preventivas podem ser tomadas com base na identificação dos perigos, avaliação e controlo de riscos.
Pode dizer-se que as ações preventivas são a verdadeira base de toda a prevenção.
Certificação
Esta etapa é a meta final de todo o processo, em que a entidade certificadora assegura que o sistema
cumpre os requisitos do referencial. Assim, o sistema garante aos clientes, à gestão e de um modo
geral a todas as partes interessadas que as atividades da organização se processam de modo controlado
e de acordo com o previsto. A organização só deve proceder à certificação do seu sistema após ter
cumprido um ciclo PDCA completo.
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Melhoria da saúde e do bem-estar dos trabalhadores, por diminuição dos riscos para a
SST;
Tal como em todos os sistemas de gestão, para além das vantagens que estes podem trazer acarretam
sempre algumas desvantagens. Com a implementação do SGSST destacam-se as seguintes
desvantagens:
Burocracia;
Tempo utilizado;
Afetação de recursos;
Embora o potencial de um SGSST para melhorar a segurança e a saúde seja incontestável, existem
algumas dificuldades que, se não forem evitadas, podem muito rapidamente conduzir ao insucesso do
SGSST. De seguida são apresentadas algumas das dificuldades possíveis:
4. Documentação do SGSST
Os procedimentos e instruções necessários para realizar as atividades associadas aos aspetos de SST
significativos devem estar devidamente documentados, bem como a política, os objetivos e metas que
se pretendem alcançar, o(s) programa(s) de gestão SST, as responsabilidades dos interveniente se os
registos que permitam monitorizar o grau de eficácia do SGSST.
Para que o sistema não seja excessivamente “pesado” e burocrático, perdendo dessa forma alguma
eficiência, a documentação deve ser a estritamente necessária, e tem de ser gerida de forma prática,
assegurando que as informações relevantes em matéria segurança e saúde chegam a todos os que delas
necessitam, de acordo com a regra “O documento certo deve estar disponível no momento e local
certo”.
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Baseado nas experiências dos Sistemas da Qualidade e aplicando os mesmos princípios de hierarquia,
pode ser utilizada a seguinte estrutura documental:
Nível 4 – Registos da SST. Os registos são a prova da efetiva implementação do que foi
planeado e de que o sistema de SST está a funcionar. Constituem também um instrumento
para a avaliação contínua do seu desempenho.
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NOTA: Embora a norma não exija a elaboração do manual da SST, é de toda a conveniência a sua
elaboração. O manual da SST é um documento que descreve o sistema de SST e a forma como a
organização cumpre com os requisitos aplicáveis, o qual pode contemplar, a Política da SST, o âmbito
e campo de aplicação do sistema de SST, os detalhes da organização, responsabilidades e autoridade, a
descrição dos elementos fundamentais do sistema SST, nomeadamente os processos e suas interações,
as atividades estabelecidas para dar cumprimento aos requisitos normativos e a informação sobre a
documentação dos sistemas.
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Ser identificável: título, código, paginação, edição e revisão (os documentos longos
devem ser divididos em secções de forma a ser possível rever uma única secção ao
invés de todo o documento, caso do Manual e PEI, por exemplo;
Ser legível: o estado de conservação e o tipo do suporte devem permitir uma fácil 21
leitura;
Ser gramaticalmente correto, não tendo erros que dificultem a sua leitura (e
compreensão);
Ser completo, sem omissões significativas que possam comprometer o seu objetivo;
De forma a facilitar a sua interpretação e compreensão, todos os procedimentos devem possuir uma
estrutura comum (não necessariamente por esta ordem):
Título e código;
Paginação;
Objetivo;
Responsabilidades;
Definições;
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Documentos de referência;
Registos associados.
Uma forma prática de elaborar procedimentos, com estrutura lógica e sem omitir eventos, é escrever,
numa tabela, a sequência de eventos. De seguida passa-se essa sequência para um fluxograma
estabelecendo as interações entre os vários eventos.
Para finalizar verificam-se os interfaces entre eventos e entre o procedimento em elaboração e outros 22
documentos do sistema.
Quem é responsável;
Onde (localização);
Gerir toda a documentação do sistema pode, no início, ser um pouco confuso e dar origem a enganos e
omissões que, não sendo detetadas atempadamente, dificultam ou inviabilizam a prossecução dos
objetivos do sistema, no(s) requisito(s) a que respeita(m).
Todo e qualquer documento do sistema ou a ele associado tem de ser elaborado (ou integrado no 23
SGSST), codificado, verificado, aprovado, emitido e distribuído.
As cópias controladas devem ser entregues unicamente aos elementos que constam da lista de
distribuição. A sua entrega deve ser formalizada através de protocolo, sendo o registo devidamente
arquivado.
As revisões e atualizações, originam novos documentos que, embora mantendo o código inicial, têm
de ter alterado o seu número de revisão ou edição, seguindo-se todas as etapas de verificação,
aprovação, emissão e distribuição. Originam igualmente documentos obsoletos que devem ser
recolhidos e imediatamente destruídos após a emissão do documento revisto. O original do documento
obsoleto deve ser arquivado para memória futura.
Os registos devem ser arquivados e devidamente mantidos durante os prazos previstos nos
procedimentos respetivos, havendo registos cuja legislação estipula prazos de manutenção bastante
longos.
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