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Bom dia,

Aqui vai a minha resposta ao desafio 1

Na fábrica de sacos de papel “Sacos Sado” trabalham cerca de 25 trabalhadores.


O Sr Mário, proprietário da empresa não tem os serviços de SST organizados, e
nunca foi realizada a  avaliação dos riscos  profissionais a que os trabalhadores
estão expostos.

Existe a obrigatoriedade do empregador avaliar os riscos a que os trabalhadores


estão expostos?

SIM!

A Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro na sua redação atual, de agora em diante


denominada LPSST (Lei da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho),
estabelece o Regime Jurídico da Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho,
incluindo a prevenção, de acordo com o previsto no Artigo 284.º do Código do
Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro.

Princípios gerais e sistema de prevenção de riscos profissionais

A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correta e permanente


avaliação de riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e
programas que visem, nomeadamente (alínea a) a alínea g), de acordo com o artigo
5.º, da LPSST

Obrigações do Empregador

O Empregador deve assegurar ao Trabalhador condições de Segurança e de Saúde


em todos os aspetos do seu trabalho, zelando de forma continuada e permanente
pelo exercício da atividade em condições de Segurança e Saúde para o Trabalhador,
de acordo com o n.º 1 e n.º 2 do Artigo 15.º, da LPSST.
O Empregador deve reger-se por 11 Princípios Gerais da Prevenção (A Lei n.º
102/2009, de 10 de setembro, contava com 9 Princípios Gerais de Prevenção,
porém, após a alteração introduzida pelo artigo 2.º da Lei n.º 3/2014, estes
passaram a ser 11).

No âmbito da Avaliação de Riscos (alíneas a) a d) do n. º2 do Artigo 15.º)

Evitar Riscos e planificar a prevenção como um sistema coerente que abranja as


condições e a organização de trabalho, evolução técnica, relações sociais e
influência dos fatores ambientais.
Identificar os Riscos previsíveis em todos os aspetos de funcionamento da Empresa,
Estabelecimento ou Serviço, na conceção ou construção de instalações, locais e
processos de trabalho, seleção de Equipamentos, Substâncias e Produtos, tendo
como objetivo a sua eliminação, e não sendo possível, a redução dos seus efeitos.

No conjunto das atividades da Empresa, Estabelecimento ou Serviço, contemplar a


avaliação de riscos, para a Segurança e Saúde do Trabalhador adotando Medidas
de Proteção adequadas

No âmbito do Controlo de Riscos (alíneas e) a j) do n. º2 do Artigo 15.º)

A Prevenção inicia-se com o combate ao Risco na origem de modo a


eliminar/reduzir a exposição e aumentar os níveis de proteção.

No local de trabalho deve-se assegurar que as exposições a agentes químicos,


físicos ou biológicos, fatores de riscos psicossociais, não constituem Risco para a
Segurança e Saúde do Trabalhador.

Ter em consideração princípios ergonómicos na conceção dos postos de trabalho,


escolha de equipamentos, métodos de trabalho e produção de modo a reduzir o
trabalho monótono e repetitivo, assim como os riscos psicossociais.

Adaptar-se continuamente a novas técnicas e modelos de organização de trabalho,


substituindo o que é perigoso pelo isento de perigo ou menos perigoso. Deverá
também dar prioridade a medidas de proteção coletiva em detrimento de medidas
de proteção individual.

No âmbito da Comunicação de Riscos (alínea l) do n. º2 do Artigo 15.º)

De acordo com a atividade desenvolvida pelo Trabalhador, elaborar e divulgar


instruções compreensíveis e adequadas à redução ou eliminação de riscos.

A LPSST, para além de atuações nestes 3 âmbitos, imputa ao Empregador mais


obrigações relacionadas com a promoção e otimização das condições de saúde e
segurança (n.º 3ª a n.º 12 do Artigo 15.º).

De modo a obter como resultado, níveis eficazes de proteção da Segurança e Saúde


do Trabalhador, sem prejuízo das demais obrigações do empregador, as Medidas
de Prevenção implementadas devem ter por base os resultados das avaliações
anteriormente efetuadas.
Devem ser considerados os conhecimentos do Trabalhador e as aptidões em
matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, na distribuição de tarefas.

O Empregador deve fornecer informações e formação necessárias ao desempenho


da atividade em condições de Segurança e de Saúde.

As especificidades relativas aos processos de consulta, formação e informação dos


Trabalhadores são definidas no Capítulo III da LPSST, nos Artigos 18.º, 19.º e 20.º,
respetivamente.

No capítulo IX da LPSST, serviços da segurança e da saúde no trabalho, secção I,


organização dos serviços da segurança e da saúde no trabalho, destaco artigo 73.º,
artigo 73.º-A e 73.º-B

Artigo 73.º Disposições gerais

1 - O empregador deve organizar o serviço de segurança e saúde no trabalho de


acordo com as modalidades previstas no presente capítulo.

2 - Constitui contraordenação muito grave a violação do disposto no número


anterior.

Artigo 73.º-A Objetivos

A atividade do serviço de segurança e de saúde no trabalho visa:


a) Assegurar as condições de trabalho que salvaguardem a segurança e a saúde
física e mental dos trabalhadores;
b) Desenvolver as condições técnicas que assegurem a aplicação das medidas de
prevenção definidas no artigo 15.º;
c) Informar e formar os trabalhadores no domínio da segurança e saúde no
trabalho;
d) Informar e consultar os representantes dos trabalhadores para a segurança e
saúde no trabalho ou, na sua falta, os próprios trabalhadores.

Artigo 73.º-B Atividades principais do serviço de segurança e de saúde no trabalho

1 - O serviço de segurança e de saúde no trabalho deve tomar as medidas


necessárias para prevenir os riscos profissionais e promover a segurança e a saúde
dos trabalhadores, nomeadamente, (alíneas a) a alínea t)), dando enfase neste caso
concreto a
a) Planear a prevenção, integrando, a todos os níveis e para o conjunto das
atividades da empresa, a avaliação dos riscos e as respetivas medidas de prevenção;
b) Proceder à avaliação dos riscos, elaborando os respetivos relatórios;
2 - O serviço de segurança e de saúde no trabalho deve manter atualizados, para
efeitos de consulta, os seguintes elementos:
a) Resultados das avaliações de riscos profissionais;
b) Lista de acidentes de trabalho que tenham ocasionado ausência por incapacidade
para o trabalho, bem como acidentes ou incidentes que assumam particular
gravidade na perspetiva da segurança no trabalho;
c) Relatórios sobre acidentes de trabalho que originem ausência por incapacidade
para o trabalho ou que revelem indícios de particular gravidade na perspetiva da
segurança no trabalho;
d) Lista das situações de baixa por doença e do número de dias de ausência ao
trabalho, a ser remetida pelo serviço de pessoal e, no caso de doenças profissionais,
a relação das doenças participadas;
e) Lista das medidas, propostas ou recomendações formuladas pelo serviço de
segurança e de saúde no trabalho.

De acordo com o artigo 19.º-Registo, arquivo e conservação de documentos, do


decreto de Lei n.º 84/97, de 16 de abril,

1 - O empregador deve organizar os registos de dados e manter arquivos


atualizados sobre:
a) Os resultados da avaliação dos riscos;
3 - Os registos referidos nos números anteriores devem ser conservados durante 10
anos após a cessação da exposição.

De salientar que, de acordo com o n.º 1 do Artigo 74.º da LPSST, a organização do


Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho pode adotar três modalidades distintas:
serviço Interno, serviço Comum ou serviço Externo.
O Empregador pode adotar diferentes modalidades de organização em cada
Estabelecimento, podendo inclusivamente organizar separadamente a atividade de
Segurança e a atividade de saúde (n.º 3 e n.º 4 do Artigo 74.º).
Seja qual for a modalidade adotada, os serviços responsáveis pela Segurança e
Saúde no Trabalho devem ter ao seu dispor os meios suficientes para realizar as
suas atividades, sendo que a ausência desses meios constitui uma contraordenação
muito grave (n.º 5 e n.º 8 do Artigo 74.º).
Independentemente da modalidade adotada, a Empresa ou Organização, sob pena
de incorrer numa contraordenação muito grave, deverá ter uma estrutura interna
que assegure o cumprimento do estabelecido nos deveres do Empregador (n.º 9 do
Artigo 15.º), no que diz respeito a atividades de emergência e primeiros socorros,
evacuação de trabalhadores, combate a incêndio e, quando se justifique, resgate de
Trabalhadores em situação de sinistro (Artigo 75.º).
Em casos específicos de grupos de Trabalhadores, identificados nas alíneas a) a f) do
n.º 1 do Artigo 76.º, a promoção e vigilância da saúde podem ser asseguradas
através das unidades do Serviço Nacional de Saúde, de acordo com Legislação
específica aprovada pelo Ministério responsável pela área da Saúde.

E no vosso local de trabalho? É realizada a avaliação de riscos?

Num dos laboratórios de controlo de qualidade da indústria farmacêutica onde


trabalhei por vezes a equipa da HSST circulava pelo laboratório, verificando o
cumprimento das datas de validade de soluções, a escrita correta e visível nas
etiquetas e a utilização adequada dos EPI's, principalmente os óculos de proteção
que devido a não serem da melhor qualidade se tornavam incómodos usar e
acabava por se facilitar não os colocando. Não senti que fosse algo que surtisse
efeito algum.
No entanto, eu nunca tive conhecimento, da realização de nenhuma avaliação de
riscos.
Infelizmente, nesta matéria, penso que a grande maioria das empresas ainda tem de
evoluir bastante e talvez se houvesse mais fiscalização a preocupação por parte das
mesmas fosse maior.
A realidade é que muitas empresas ainda colocam o rendimento e a faturação da
empresa em primeiro lugar deixando a segurança e saúde dos trabalhadores para
depois.
No local onde trabalho atualmente, menos de um mês, ainda não me foi possível
verificar de que forma é feita a avaliação dos riscos, mas a minha sensibilidade para
tal neste momento é muito maior.

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