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Normas regulamentadoras: investigação,

registro e controle de incidentes, acidentes de


trabalho e doenças ocupacionais
As normas regulamentadoras (NRs) são legislações complementares ao
capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e a Secretaria Especial do
Trabalho, antigamente chamada de Ministério do Trabalho, pertence ao Ministério da
Economia, o qual é responsável por elaborar e revisar tais legislações.

As NRs têm o intuito de orientar e/ou até mesmo


obrigar os empregadores a adotarem padrões
baseados em ações de segurança preventiva, a fim de
minimizar os riscos ao trabalhador.

Mais adiante, você verá algumas das NRs que tratam de assuntos que estão
diretamente relacionados ao tema desta unidade curricular: investigações e
controles relacionados a incidentes, acidentes e doenças ocupacionais.

A Secretaria Especial do Trabalho apresenta e estabelece 37 NRs. Duas delas


foram revogadas, mas a Secretaria Especial do Trabalho optou por manter as
respectivas numerações das NRs. Todas essas normas são resultado de um
processo de consulta pública e negociação tripartite, envolvendo governo,
trabalhadores e empregadores.

Estas normatizações determinam que as empresas analisem e capacitem os


trabalhadores para realizar análises de acidentes de trabalho e exigem que os
empregadores planejem, controlem e monitorem as condições de saúde e
segurança do trabalho (SST), inclusive repassando para os trabalhadores
informações sobre riscos e fornecendo medidas de controle.
É comum nas análises realizadas pelas empresas encontrarmos fragilidades,
uma vez que, quase sempre apontam apenas falhas humanas e atribuem culpa aos
acidentados. Este fato dificulta uma adequada análise do fato ocorrido, pois, a partir
do momento que realizamos uma investigação apenas procurando um culpado não
conseguimos identificar os principais fatores relacionados com a ocorrência dos
acidentes, persistindo assim a elevada incidência desses eventos, gerando custos
econômicos e sociais que são injustificáveis.

Situação essa que requer um adequado monitoramento e acompanhamento,


pois os acidentes refletem na qualidade de vida dos trabalhadores. Da mesma forma
afetam a vida dos familiares e consequentemente impactam na economia do país.
Assim, torna-se indispensável a criação e a implantação de políticas públicas de
prevenção e controle eficiente para os diferentes ambientes de trabalho.

A gestão de segurança e saúde, mediante garantia da integridade física e da


saúde dos funcionários, deve ser compreendida como fator de desempenho que
deve ser incorporado à gestão do negócio empresarial. Acidentes e incidentes são
eventos que devem ser controlados preventivamente por meio de planejamento,
organização e avaliação do desempenho dos meios de controle.

Análises simples e rápidas podem levar à conclusão de que a causa imediata


reside apenas nos fatores humanos e ou em algum problema técnico, mas grande
parte de tais eventos decorre de falhas na gestão. Esta que é responsável pela
segurança e saúde ocupacional aplicada a estes fatores. Por isso, é fundamental
que os gestores responsáveis pelo controle dos aspectos de segurança e saúde da
organização fiquem atentos ao processo de trabalho e à tecnologia utilizada nas
diferentes etapas da produção.

A segurança e a saúde no trabalho têm como propósito proteger e prevenir


riscos e danos à vida e à saúde dos trabalhadores, por meio de políticas públicas e
ações de fiscalização. Com o auxílio do departamento de segurança e saúde no
trabalho (DSST) é possível planejar e coordenar as ações de fiscalização dos
ambientes e também verificar as condições de trabalho, prevenindo, desta forma,
acidentes e doenças relacionadas ao ambiente trabalho.

Na atualidade, as diferentes legislações e normatizações permitem uma


aproximação dos aspectos de saúde, trabalho e meio ambiente por meio das ações
de saúde do trabalhador e de saúde ambiental, as quais possibilitam um campo de
ação inovadora e transformadora das condições de vida e trabalho.

Com isso, a vigilância na saúde do trabalhador caracteriza-se como potencial


integrador das ações de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, serviços de
atenção da saúde e outras áreas do conhecimento, como o meio ambiente.

A complexidade de uma análise do processo de trabalho engloba as situações


de risco e os tipos de tecnologias utilizadas em determinado processo de produção.
Assim como, a situação econômica, a organização e a consciência dos
trabalhadores são fatores que devem avaliados.

Logo, as normas de segurança e saúde estão em constante aperfeiçoamento e


são respaldadas em informações sobre acidentes, incidentes de trabalho e
conhecimento das diferentes áreas que contemplam os processos envolvidos nestes
ambientes.

Nesse momento vamos apresentar algumas normatizações que você,


enquanto técnico em segurança do trabalho, precisa conhecer para investigar,
registrar e controlar incidentes, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.

Norma regulamentadora 4: serviços


especializados em engenharia de
segurança e em medicina do trabalho

Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de


medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus
componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a
reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do
trabalhador

Determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para


a eliminação do risco e este persistir, os equipamentos de
proteção individual (EPI), de acordo com o que determina a NR-
06

Colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de


novas instalações físicas e tecnológicas da empresa

Responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao


cumprimento do disposto nas NRs aplicáveis às atividades
executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos

Manter permanente relacionamento com a CIPA, além de apoiar


e treinar

O SESMT deve manter entrosamento permanente com a CIPA,


dela valendo-se como agente multiplicador e estudando suas
observações e solicitações para que possa propor soluções
corretivas e preventivas

Promover a realização de atividades de conscientização,


educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de
acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, tanto por meio
de campanhas quanto de programas de duração permanente

Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do


trabalho e doenças ocupacionais, estimulando em favor da
prevenção

Analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os


acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou
sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional,
descrevendo a história e as características do acidente e/ou da
doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do
agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença
ocupacional ou acidentado(s)
Registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do
trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade,
preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de
mapas constantes nos quadros III, IV, V e VI, devendo o
empregador manter a documentação à disposição da inspeção
do trabalho

Norma regulamentadora 5: comissão


interna de prevenção de acidentes
Esta comissão tem como objetivo prevenir acidentes e doenças
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente
o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do
trabalhador.

Embora estejamos estudando a importância da investigação de um


acidente e incidente de trabalho, não podemos deixar de ressaltar que
sua prática profissional precisa estar voltada para as questões de
prevenção. Conforme podemos identificar nessa normatização:
Identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa
de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores

Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na


solução de problemas de segurança e saúde no trabalho

Participar da implementação e do controle da qualidade das


medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das
prioridades de ação nos locais de trabalho

Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e


condições de trabalho, visando a identificação de situações que
venham a trazer riscos para a segurança e para a saúde dos
trabalhadores

Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas


fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco
que foram identificadas

Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e


à saúde no trabalho

Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões


promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de
alterações no ambiente e no processo de trabalho relacionados
à segurança e à saúde dos trabalhadores

Colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e


PPRA e de outros programas relacionados à segurança e à
saúde no trabalho

Divulgar e promover o cumprimento das NRs, bem como


cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho,
relativas à segurança e à saúde no trabalho

Participar, em conjunto com o SESMT, quando houver, ou com o


empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de
trabalho e propor medidas de solução dos problemas
identificados

Requisitar ao empregador as informações sobre questões que


tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores para
que elas sejam analisadas
Norma regulamentadora 15: atividades e
operações insalubres
São consideradas atividades ou operações insalubres as que se
desenvolvem:

Acima dos limites de tolerância previstos nos anexos n.º 1, 2, 3,


5, 11 e 12

Atividades mencionadas nos anexos n.º 6, 13 e 14

Comprovadas mediante laudo de inspeção do local de trabalho,


constantes nos anexos n.º 7, 8, 9 e 10

O limite de tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou


mínima relacionada com a natureza e com o tempo de exposição a
determinado agente de forma a não causar danos à saúde do
trabalhador durante a sua vida laboral.

A compreensão deste limite é fundamental para a prevenção e


promoção da saúde e integridade do trabalhador.

O exercício de trabalho em condições de insalubridade, assegura


ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário
mínimo da região, equivalente aos seguintes valores:

40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo

20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio

10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo

Mas, em caso de incidência de mais de um fator de insalubridade,


será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de
acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. É importante
lembrar que a eliminação ou neutralização da insalubridade determinará
a cessação do pagamento do respectivo adicional.

Como você, futuro técnico em segurança do trabalho,


vai trabalhar e delinear ações que eliminem ou
neutralizem a insalubridade no ambiente de trabalho?

Com a adoção de medidas de ordem geral que


conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância

Com a utilização de equipamento de proteção


individual

Norma regulamentadora 16: atividades e


operações perigosas
O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura
ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento),
incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações,
prêmios ou participação nos lucros da empresa. À exceção de casos em
que a empresa dispõe de seguro privado contra acidentes, tal adicional
pode ser de 5%.

É responsabilidade do empregador a caracterização ou a


descaracterização da periculosidade, mediante laudo técnico elaborado
por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

São consideradas atividades ou operações perigosas


as executadas com explosivos sujeitos a:

Degradação química ou autocatalítica

Ação de agentes exteriores, tais como: calor,


umidade, faíscas, fogo, fenômenos sísmicos,
choque e atritos

As operações de transporte de inflamáveis líquidos ou gasosos


liquefeitos, em quaisquer vasilhames e a granel, são consideradas
condições de periculosidade. Exclusão apenas das situações de
transporte em pequenas quantidades, até o limite de 200 (duzentos)
litros, para os inflamáveis líquidos, e 135 (cento e trinta e cinco) quilos,
para os inflamáveis gasosos liquefeitos.

Norma regulamentadora 28: fiscalização e


penalidades
Os processos resultantes da ação fiscalizadora demandam anexos
de documentos, quer de fatos circunstanciais, quer comprobatórios,
podendo, o agente de inspeção do trabalho, usar de todos os meios,
inclusive audiovisuais, necessários à comprovação da infração.

O agente de inspeção do trabalho deverá dispor do respectivo auto


de infração, quando houver o descumprimento dos preceitos legais e/ou
regulamentares contidos nas normas regulamentadoras urbanas e rurais.

O agente da inspeção do trabalho, com base em critérios técnicos,


poderá notificar os empregadores, concedendo prazos para a correção
das irregularidades encontradas. O prazo para cumprimento dos itens
notificados deverá ser limitado a, no máximo, 60 (sessenta) dias.
A autoridade regional competente, diante de solicitação escrita do
notificado, acompanhada de exposição de motivos relevantes,
apresentada no prazo de 10 dias do recebimento da notificação, poderá
prorrogar por 120 (cento e vinte) dias, contados da data do termo de
notificação, o prazo para seu cumprimento.

A concessão de prazos superiores a 120 (cento e vinte) dias fica


condicionada à prévia negociação entre o notificado e o sindicato
representante da categoria dos empregados, com a presença da
autoridade regional competente.

Embargo ou interdição
Quando o agente de inspeção do trabalho constatar situação de
grave e iminente risco à saúde e/ou integridade física do trabalhador,
com base em critérios técnicos, deverá propor de imediato a interdição
do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o
embargo parcial ou total da obra, determinando as medidas que deverão
ser adotadas para a correção das situações de risco.

Penalidades
As infrações aos preceitos legais e/ou regulamentadores sobre
segurança e saúde do trabalhador terão as penalidades aplicadas
conforme o disposto no quadro de gradação de multas (anexo I),
obedecendo às infrações previstas no quadro de classificação das
infrações (anexo II) da NR-28.

Em caso de reincidência, embaraço ou resistência à fiscalização,


emprego de artifício ou simulação com o objetivo de fraudar a lei, a multa
será aplicada na forma do art. 201, parágrafo único, da CLT.
Manter-se atualizado é fator importante para
você, futuro profissional técnico em segurança do
trabalho. Portanto, para ampliar os seus
conhecimentos sobre as normatizações referentes à
saúde e à segurança no trabalho, acesse o site da
Secretaria Especial do Trabalho e desenvolva a leitura
dos textos completos das NRs.

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