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Faculdade de Ciências Agrárias

Licenciatura em Engenharia em Desenvolvimento Rural

Extensão Comunitária I

2º Ano, 1º Semestre

3º Grupo

INSTITUIÇÕES CULTURAIS COMUNS ENTRE SOCIEDADES


MOÇAMBICANAS E SEUS VALORES NA SOCIEDADE

Estudantes:

Amina da Graça

Dércio Sérgio Neves

Francelina Francisco

João José Mária João

Docente:

Eng.º Filipe Zeca Canção

Unango, Julho de 2022


Índice pág.
I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

1.1. Objectivos .......................................................................................................... 4

1.1.1. Geral ........................................................................................................... 4

1.1.2. Específicos .................................................................................................. 4

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 5

2.1. Instituições culturais .......................................................................................... 5

2.2. Congregações religiosas .................................................................................... 5

2.2.1. Religião em Moçambique ........................................................................... 5

2.3. AMETRAMO .................................................................................................... 6

2.3.1. A AMETRAMO e seu lugar na contemporaneidade.................................. 7

2.4. Grupos de canto e dança .................................................................................... 8

2.4.1. Canto........................................................................................................... 8

2.4.2. Dança .......................................................................................................... 8

2.4.3. Danças tradicionais em Moçambique ......................................................... 9

2.5. Grupos teatrais e artísticos ............................................................................... 12

2.5. Rituais .............................................................................................................. 12

2.5.1. Rituais como Mecanismo de produção social .......................................... 12

2.5.2. Os ritos de iniciação nas zonas rurais. ...................................................... 12

2.6. Fontes de mudança........................................................................................... 13

2.6.1. Mudança social ......................................................................................... 13

2.6.2. Características das mudanças sociais ....................................................... 13

2.7. Teorias de mudanças sociais ............................................................................ 14

2.7.1. Teoria evolucionista ................................................................................. 14

2.7.2. Teoria funcionalista .................................................................................. 14

2.7.3. Teoria do conflito ..................................................................................... 14

2.8. Estímulos a mudanças sociais (cultura/costumes) ........................................... 14


2.9. Ligação entre sociologia rural e desenvolvimento agrário .............................. 15

III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES ....................................................................... 16

IV. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 17


I. INTRODUÇÃO
A cultura é considerada um lugar ou fonte de que se nutre o processo educacional para
formar pessoas e para formar consciência.

Moçambique é um país de grande diversidade cultural. Sendo que, os centros de cultura


tornaram-se importantes polos de produção e difusão cultural. Assim, podemos definir
Instituição Cultural como sendo um conjunto complexo e multidimensional de tudo o que
constitui a vida em comum nos grupos sociais. Em Gestão Cultural existem quatro
processos que facilitam o funcionamento de uma instituição e que são a base da relação
de trabalho entre os artistas e o gestor: planear, organizar; liderar e controlar.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
➢ Compreender acerca das Instituições culturais comuns entre sociedades
moçambicanas e seus valores na sociedade.
1.1.2. Específicos
➢ Demostrar as congregações religiosas existentes em Moçambique;
➢ Caracterizar os grupos de cantos, dança, teatrais e artísticos;
➢ Enunciar as teorias de mudanças sociais;
➢ Identificar a ligação entre sociologia rural e desenvolvimento agrário.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Numa instituição cultural, o gestor desempenha um papel essencial, pois, é o responsável
pelo desempenho do trabalho de uma ou mais pessoas e pela disponibilização de recursos
humanos e materiais para a instituição alcançar os seus objectivos. Para isso é necessária
uma capacidade de liderança eficaz para gerir pessoas e realizar objectivos.

2.1. Instituições culturais


Moçambique é um país de grande diversidade cultural. Sendo que, os centros de cultura
tornaram-se importantes polos de produção e difusão cultural. Assim, podemos definir
Instituição Cultural como sendo um conjunto complexo e multidimensional de tudo o que
constitui a vida em comum nos grupos sociais. Seria ainda um conjunto de modos de
pensar, de sentir e de agir, mais ou menos formalizados, os quais, tendo sido aprendidos
e sendo partilhados por uma pluralidade de pessoas que passam a integrar numa
colectividade distinta de outras.

2.2. Congregações religiosas


Chama-se congregação à assembleia ou reunião organizada com o objectivo de tratar
certos assuntos. Alem desse significado, o conceito geralmente se refere a uma
comunidade de religiosos ou a uma irmandade de fiéis. (Equipe editorial de Conceito.de.,
2019).

De acordo com a lei moçambicana, “organizações religiosas” são organizações de


caridade ou humanitárias, enquanto “grupos religiosos” se refere a denominações
religiosas específicas. Os grupos religiosos registam-se como denominação religiosa, ou
como congregação, se não tiverem afiliação. Os grupos e organizações religiosas
registam-se através da apresentação do pedido, de documentos de identidade dos seus
líderes locais e da entrega de documentação sobre ligações declaradas com qualquer
grupo ou organização religiosa internacional. (Relatório de liberdade religiosa
internacional, Moçambique, 2010)

2.2.1. Religião em Moçambique


De acordo com o censo mais recente realizado pelo Instituto Nacional de Estatística em
2007, 56,1% da população de Moçambique era cristã, 17,9% era muçulmana
(principalmente sunita), 18,7% não tinha religião e 7,3% aderia a outras crenças. Esses
números precisam ser usados com cautela, especialmente aqueles para a população que é

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categorizada como sem religião, uma parte significativa da qual provavelmente pratica
crenças animistas tradicionais.

As comunidades religiosas estão dispersas por todo o país. As províncias do Norte são
predominantemente muçulmanas, especialmente ao longo da faixa costeira, mas algumas
áreas do interior do Norte têm uma concentração mais forte de comunidades protestantes
ou católicas. Protestantes e católicos são geralmente mais numerosos nas regiões sul e
central, mas as populações de minorias muçulmanas também estão presentes nessas áreas.

A Direção Nacional de Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça afirma que os


cristãos evangélicos representam o grupo religioso que mais cresce no país. Geralmente
as comunidades religiosas tendem a atrair seus membros de outras áreas étnicas, políticas,
econômicas e raciais.

As comunidades religiosas estão dispersas por todo o país. As províncias do Norte são
predominantemente muçulmanas, especialmente ao longo da faixa costeira, mas algumas
áreas do interior do Norte têm uma concentração mais forte de comunidades protestantes
ou católicas. Protestantes e católicos são geralmente mais numerosos nas regiões sul e
central, mas as populações de minorias muçulmanas também estão presentes nessas áreas.

Existem 732 congregações e 144 organizações religiosas registradas no Departamento de


Assuntos Religiosos do Ministério da Justiça.

Os principais grupos religiosos cristãos incluem Anglicana, Batista, A Igreja de Jesus


Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja SUD), Congregacional, Cristadelfianos,
Metodista, Nazareno, Presbiteriano, Testemunhas de Jeová, Católica Romana, Adventista
do Sétimo Dia e Universal Igreja do Reino de Deus, bem como igrejas evangélicas,
apostólicas e pentecostais. Muitas igrejas protestantes e católicas pequenas e
independentes que se separaram das principais denominações fundem as crenças e
práticas tradicionais africanas dentro de uma estrutura cristã.

2.3. AMETRAMO
A Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) foi criada em
Setembro de 1992, com a Guerra Civil em Moçambique (1977/1992), após o processo de
separação de sua metrópole, Portugal, em 1975. A Associação se constitui em um órgão
regulamentado pelo governo e reúne os curandeiros que realizam atendimentos através
de consultas com um oráculo ou recebimento de espíritos de antepassados e que, para

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atuarem, necessitam de uma carteira que comprove sua filiação a AMETRAMO. Desde
o nascimento até após a morte os curandeiros interferem na vida da comunidade. Após
um período de perseguição às manifestações, considerada pela Frelimo (partido político
de base marxista vencedor da Guerra Civil) como fruto da ignorância e do obscurantismo,
ocorre o processo de reconhecimento e institucionalização de tais práticas. (Acçolini1 e
Teixeira de Sá Júnior, 2016).

2.3.1. A AMETRAMO e seu lugar na contemporaneidade


Atualmente o papel da AMETRAMO como interlocutora da relação governo
oficial/sociedade moçambicana é extremamente importante. Primeiro porque a crença nos
espíritos perpassa, se não toda, a maioria dessa sociedade.

A relação da sociedade com os espíritos não é explícita, especialmente para outsiders, e


muitas vezes parece conflituosa. É o caso da presença de igrejas neopentecostais como a
IURD – Igreja Universal do Reino de Deus – que realiza fortes críticas em seus sermões
aos espíritos tradicionais realizando, por exemplo, reuniões de ‘desobssessão’ (expulsão
dos espíritos). Em uma cerimônia de aproximadamente uma hora e meia, cerca de metade
dela foi direcionada à realização de um ritual onde um prato foi distribuído aos
participantes para lembrar a tradição de alimentar os antepassados, evitando assim algum
malefício na vida dos presentes. A importância dos espíritos na vida da sociedade é
fundamental, mesmo que seja em uma (suposta) negação! Ela contribui fortemente no
entendimento e explicação da mesma. Segundo um estudante de Agronomia da
Universidade Eduardo Mondlane, “97% da sociedade moçambicana passaram pelo ritual
de nascimento” em que, dentre outros ritos, se ministra uma vacina que deixa marcas no
corpo das pessoas. Também em tom de brincadeira, disse: “não peça as pessoas para
levantarem sua camisa”; isso denunciaria, através das marcas nas vacinas, as crenças das
pessoas. Um segundo motivo é que a AMETRAMO se constitui como uma espécie de
órgão intermediário do governo. Outro importante motivo é a abrangência de serviços
que presta; dentre eles estão: a cura para doenças físicas e espirituais, normalmente
ligadas entre si, soluções de conflitos familiares, questões de terra, problemas de ordem
natural (falta de chuva, morte de animais), problemas judiciais (roubo, furto) e interferem
em grandes questões, como os problemas gerados pela Guerra Civil (MALANDRINO,
2010; GRANJO, 2009; HONWANA, 2002).

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2.4. Grupos de canto e dança
2.4.1. Canto
Em todo o território de Moçambique encontramos o canto como forma musical. Cantos
de pessoas a solo, em geral só de «profissionais», ou sejam «bardos», frequentemente
cegos ou aleijados, que se especializaram em entreter os outros, cantando histórias,
literatura de cordel, ou episódios e lamentações pessoais, andando de terra em terra, sendo
chamados, às vezes, para longe. Têm bastante fama e são recompensados por umas
moedas ou ovos, que os ouvintes lhes dão.

Fora destes, raramente se encontra em Moçambique homem ou mulher que cante


publicamente sozinho. Só quando não são observados cantarolam durante os seus afazeres
ou nos caminhos longos; ou ainda, sentados sozinhos, cantam baixinho para si próprios,
acompanhados por um dos seus instrumentos individuais. De resto, a forma de cantar
realiza-se em duetos ou em coro. Em ambos os casos, é uma parte executante que começa,
e a outra entra um pouco mais tarde e segue depois com a primeira. Nos coros surge
também frequentemente a forma de solista que começa, e a seguir o grupo todo entra com
o responsório ou estribilho. Mas nem sempre se apresenta esta separação em dois contra
elementos antifonais. Muitas vezes só o leader levanta a voz, e poucas notas depois
entram os outros, e as linhas entrelaçam-se e unem-se; e o leader possivelmente acaba um
verso mais cedo para respirar e entrará outra vez no próprio momento em que o grupo, ou
o parceiro, acaba.

Talvez possa aqui ser incluído, como exemplo, o canto de uma cerimónia dos Makonde:
o pedido de chuva a Nnungu (Deus). Os vizinhos de várias aldeias, homens, mulheres e
crianças, juntam-se e dirigem-se, em fila indiana, a um lugar distanciado na floresta,
escolhido previamente. Depois de uma refeição, cada chefe de aldeia faz o chamamento:
Chonde! (Perdoa-nos!) e, em seguida, toda a população entra com a oração, o canto para
pedir chuva. (Margot Dias, 1962).

2.4.2. Dança
A dança, cremos, foi desde os princípios remotos uma necessidade espontânea, seja como
expressão natural da vibração física, seja como meio de exteriorizar estas forças interiores
da vida e impressionar ou influenciar o ambiente

A dança tem lugar em todas as cerimónias, como nos ritos da puberdade - as danças dos
vanalombo, mestres da circuncisão e a dança do mapiko, de investidura de iniciados em

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poderes superiores a dança dos vahumu, em ritos de passagem a dança por ocasião de um
casamento, e sobretudo em todas as cerimónias de exorcismo, onde o curandeiro precisa
de chamar à superfície as grandes forças vitais. (Margot Dias, 1962).

2.4.3. Danças tradicionais em Moçambique


Segundo o site Sópra-Educação, em Moçambique, as danças tradicionais são geralmente
complexas e altamente desenvolvidas em todo o país. Tal como a sua diversidade cultural,
há muitas e diversificadas danças tribais, que geralmente são ritualísticas por natureza.
Abaixo apontamos algumas das danças tradicionais de Moçambique.

➢ Mapico (Zona Norte “Cabo Delgado”)


Mapiko é uma manifestação moçambicana que cultiva a história e signos do povo
Maconde ao mesmo tempo em que traz a possibilidade de diálogo com o momento actual,
podendo nele ser representado e simbolizado algo presente que mantém viva a história
desse povo, transmitindo valores, memórias e ensinamentos. O Mapiko consiste em
mistura de dança, teatro e música. Revela relações sociais com a dramaticidade que o
mascarado expõe suas coreografias e máscaras, e traz à tona o sagrado com a sua ligação
ao mundo espiritual. O Mapiko é elemento da identidade cultural do povo Maconde, e
veículo da cultura onde se perpetuam experiências passadas e situações quotidianas. Os
artistas Macondes que fazem parte do Mapiko (escultores, cantores, músicos, dançarinos)
são responsáveis pela preservação e transmissão da tradição.

➢ Nhau (Zona Centro “Tete”)


O Nyau (Gule Wankulo) é uma dança praticada por vários grupos étnicos espalhados
pelas regiões transfronteiriças de Moçambique, Malawi e Zâmbia. De entre eles figuram
os Chewa, Achipetas e Azimbas.

A sua origem é associada à formação do Estado Undi, por volta do século XVII, (Gabinete
de Organização do 1º Festival de Dança Popular, 1978), altura em que se supõe ter sido
adoptado como uma forma de manifestação do seu poderio perante os povos
conquistados. A dança Nhau foi certificada pela Organização das Nações Unida para
Educação Ciência e Cultura (UNESCO) em Novembro de 2005, como uma obra-prima
do património oral e intangível da humanidade.

O termo Nyau designa igualmente o dançarino, quando já equipado com os vestes,


nomeadamente as máscaras e o restante fardamento. Por sua vez, “Gule Wankulo”
significa grande dança. Uma das características do Nyau é de ser uma dança
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essencialmente masculina. Em território moçambicano, o Nyau é praticado em oito
distritos da província de Tete, nomeadamente Angónia, Furancungo, Macanga, Zumbo,
Tsangano, Chiúta, Zóbwe e Moatize. É também praticado na província de Maputo,
distrito de Boane, trazido para esta região cidadãos oriundos sobretudo da província de
Tete.

➢ Tufo (Zona Norte “Nampula”)


Introduzido pelos árabes dizem que esta dança é religiosa e foi criada por Aicha, esposa
do Profeta para apaziguar o mau humor de Mohammad. Apenas as mulheres dançam tufo,
regra geral pintam a cara com musiro e usam capulanas muito coloridas. O nome vem de
ad-duff, ou seja, tambor em árabe.

➢ Maulide (Zoona Norte “Nampula”)


Trata-se de uma demonstração de fé. Os homens dançam com uma espécie de alfinete ou
instrumentos afiados que se chamam tupachi, que aparentemente penetram na carne mas
não deitam sangue nem deixam marcas. Para preparar o corpo para este ritual alguns
praticantes ficam 15 dias sem actividade sexual e sem comer peixe. É praticado nos
casamentos islâmicos. É muito comum na Ilha de Moçambique.

➢ Nhambaro (Zona Centro “Zambézia”)


A dança Nhambaro é executada, principalmente por mulheres que ao ritmo que ecoa dos
batuques vão mexendo os seus corpos compassando com o som. Praticada na baixa
Zambézia, que compreende a cidade de Quelimane, Nicoadala, Namacurra e Inhassunge.

➢ Niketxe (Zambézia, Nampula e Niassa)


Enquanto isto, o Niketxe é uma dança tradicional originaria das etnias lomué e macua,
mais precisamente, norte da Zambézia e nas províncias de Nampula e Niassa. No distrito
de Namarrói, no extremo norte da Zambézia, o Niketxe tem a componente de cobras vivas
e naturais que os executantes transportam durante a exibição.

➢ Xingombela (Zona Sul “Gaza”)


É uma dança tradicional originária de Moçambique na província de Gaza e arrastada até
a província de Maputo.

Essa dança era praticada de noite, por jovens entre rapazes e meninas da mesma idade ou
aproximadas. Entre eles, tocavam batuques, apitos, xipalapala (chifres de gazela) e

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vestiam-se de peles de animai, saias de palha, pulseiras de linhas de saco, atravessavam
entre as costas e a cintura um pedaço de pele.

➢ O Xigubo (Zona Sul “Maputo e Gaza”)


Xigubo é uma dança tradicional moçambicana sobretudo da região sul, especialmente nas
regiões interiores de Gaza e Maputo, a dança tem poucos praticantes ao nível das cidades.
Representa a resistência colonial. Esta dança, consiste no alinhamento de um determinado
número de homens (dançarinos) em uma ou duas filas, devidamente adornados com
objectos de fibras e peles nos braços e nas pernas, colares de sementes, entre outros
signos, vestindo saiotes confecionados com peles de animais, as quais se fazem
acompanhar de um instrumento de defesa denominada xitlhango ou azagaia. Nas
extremidades da fila feita pelos dançarinos, geralmente, encontram-se duas bailarinas que
se “confrontam”.

➢ Zoré (Zona Sul “Inhambane”)


A dança Zoré é originária da região de Zavala, em Inhambane esta dança era feita devido
as guerras constantes que os chopes (tribo do sul de Moçambique) travavam contra os
Ngunis (tribo sul Africana). Esta dança era praticada para celebrar a Victoria dos
guerreiros nas batalhas que estes travavam. Hoje ela é praticada geralmente pelas
mulheres, os homens tocam instrumentos (Batuques, Timbila, latas, ).

A dança é caracterizada pela presença de tambores ou batuques feitos de madeira oca


revestido com pele de animal, por utilizar apito para dar uma determinada atenção, por
combinar sons de batuques com as canções sintetizando a formação histórica, identidade
social e cultural do povo da localidade de Golo e por ser executada em pares ou individual
ou mesmo mais de dois: homens e mulheres.

➢ Xingomana (Zona Sul “Gaza”)


O Xingomana é uma dança originária da província de Gaza. Ela é o desenvolvimento da
dança Massessa, também das regiões de Gaza. Xingomana é conhecida como a dança da
juventude feminina, pois foi concebido tradicionalmente. É o divertimento para as
raparigas. Era exibido no Inverno, altura fresca e de grande abundância alimentar. Não
era integrada em nenhuma cerimónia e as regulares exibições que se faziam tinham como
finalidades a alegria das jovens que nas suas canções falavam da vida dos jovens,
criticando certos erros por estes cometidos. O nome Xingomana foi dado a esta dança

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após a introdução de um instrumento de percussão chamado «ngoma», muito pequeno.
Massessa, é dança mãe do Xingomana.

2.5. Grupos teatrais e artísticos


O teatro, a música, a dança, a escultura e a pintura são as manifestações artísticas
espontâneas e frequentes da cultura moçambicana. E podemos afirmar que o teatro as
congrega sempre, na medida em que se torna impossível assistir a uma representação
teatral sem que as componentes essenciais dessa representação sejam a forma, em
movimento e som, como modo de dizer a ação.

Em Moçambique, a dança e o conto tradicionais continuam a ser, ainda hoje, a forma de


expressão representativa da alegria ou da tristeza coletiva, e o meio de transmissão dos
ensinamentos morais e culturais que alimentam a memória coletiva.

2.5. Rituais
São ações relacionadas aos misticismos e a religião, que podem ser praticadas
individualmente ou não. Podem ser cerimoniais, quando há a necessidade de uma
preparação quanto ao local, a vestimenta, aos materiais e aos instrumentos utilizados.
(Mello, 2013).

2.5.1. Rituais como Mecanismo de produção social


Para (Mello, 2013) os rituais efectuam uma mudança ontológica no homem, transforma-
o. Pelo rito, o homem entra num novo modo de ser, é inserido no sagrado através da
representação do modelo exemplar. É de salientar que os ritos têm um impacto muito
grande na produção social em particular em Moçambique concretamente nas zonas rurais.

2.5.2. Os ritos de iniciação nas zonas rurais.


São cerimónias especiais de aceitação na sociedade rural, estruturados por simbolismo
forte, em Moçambique existem cerimónias que são muito semelhantes, mas com
procedimentos distintos virados as culturas locais. Cerimónias secretas, longe do olhar de
estranhos, de uma forma geral os ritos têm como base os seguintes procedimentos.

➢ A primeira cerimónia
Está ligada ao nascimento, os pais apresentam a criança aos seus antepassados directos
para serem reconhecidos como parte da linha dos seus ancestrais. Onde o nome escolhido
será pronunciado de forma solene.

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➢ A segunda cerimónia
São os ritos de iniciação, é feita após os rapazes e as raparigas se tornarem aptos para a
procriação, este rito tem como regra fundamental, o juramento de manter em segredo toda
a aprendizagem. As danças, os cantos e as músicas tradicionais são uma obrigação
permanente durante o tempo em que a cerimónia é realizada.

Em relação a mulher, acontece no surgimento da primeira menstruação, a rapariga torna-


se apta para a procriação. Para a realização desta cerimónia, há todo um ensinamento
desde o questionário da madrinha que obtém as informações detalhadas da jovem.

Em relação aos rapazes, acontece no início da puberdade, a passagem de infância para a


idade adulta.

➢ A terceira cerimónia “O casamento”


Em relação aos rapazes, há todo um processo da escolha da rapariga, após isso, dá-se
início as reuniões demoradas entre familiares, negociações seriam e com testemunhas.
Em relação as raparias, há todo um processo que já vem desde a segunda cerimónia.

➢ Quarta cerimónia
Está ligada aos momentos fúnebres, que são considerados como momentos da última
transição, ou seja, aquela que leva a entrada no reino dos mortos, é respeitado e louvada
ao longo dos tempos. (Mello, 2013).

2.6. Fontes de mudança


2.6.1. Mudança social
É toda transformação observável no tempo que afecta (de maneira não provisória ou
efêmera), a estrutura ou o funcionamento da organização social de dada colectividade e
modifica o curso de sua história. É a mudança de estrutura resultante da acção histórica
de certos factores ou de certos grupos no seio de dada colectividade. Mudanças sociais
geram um processo social, ou seja, uma sucessão de acontecimentos, fenômenos, acções,
cujo conjunto constitui o curso da mudança. Denomina-se evolução social o efeito
cumulativo de grande número de mudanças concentradas no conjunto das transformações
ocorridas numa sociedade durante um longo período. (Conhecimento científico, s/d)

2.6.2. Características das mudanças sociais


As mudanças são identificadas como mudança social, quando apresentam as seguintes
características:

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➢ Fenômeno colectivo: abrange um sector significativo de uma colectividade,
afectando as condições ou as formas de vida de seus componentes, nos aspectos
material, espiritual e/ou psicológico;
➢ Mudança de estrutura: altera certo componente da organização social ou sua
totalidade. É necessário identificar os elementos estruturais ou culturais da
organização social que sofreram alterações;
➢ Identificação no tempo: é preciso identificar um ponto de referência a partir do
qual o conjunto de transformações pode ser localizado no tempo.
2.7. Teorias de mudanças sociais
As principais teorias que buscam explicar o fenómeno da mudança social são a
evolucionista, funcionalista e de conflito.
2.7.1. Teoria evolucionista
É utilizada na sociologia para dizer que as sociedades estão em constante processo de
evolução, de forma mais simples para outra mais complexa. Ademais, a teoria
evolucionista multilinear defende que essas mudanças ocorrem em várias formas e
sentidos
2.7.2. Teoria funcionalista
A teoria funcionalista defende que todas as sociedades constituem um único sistema e
que as diferentes alterações vivenciadas por cada uma ocorrem em equilíbrio, de modo
que uma não altere o bom funcionamento da outra.
2.7.3. Teoria do conflito
Essa teoria destaca as mudanças sociais enfrentadas pelos grupos, que enfrentam papeis
de desigualdade. A principal visão definida aqui é a de Karl Marx e de sua luta de classes,
que dá ênfase na manutenção do status que na redução das injustiças e desigualdades.
Nesse sentido e, ao contrário das duas teorias anteriores (evolucionista e funcionalista),
as mudanças sociais repentinas são bem-vindas, sendo essências na quebra do sistema
opressor e estigmatizante. (Conhecimento científico, s/d).
2.8. Estímulos a mudanças sociais (cultura/costumes)
A definição de cultura é muito alargada. Vai dos usos e costumes às histórias que passam
de pais a filhos. O modo de vestir, as cores garridas das capulanas e os penteados
elaborados, e o modo como as mães mantêm os filhos colados a si. Os gostos alimentares
e a dieta feita à base de milho, mandioca, peixe e aves. A simpatia e hospitalidade com
que recebem um forasteiro, em contraponto com outros povos que os recebem armados e
desconfiados. Moçambique tem um território extenso povoado por várias etnias com

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características culturais próprias - as tatuagens faciais dos macondes e a sua arte em talhar
o pau-preto; a mistura branca, feita com certas raízes e água, com que as macuas tratam
a sua beleza facial; e em Zavala encontramos os marimbeiros mais conhecidos de
Moçambique. (Moçambique - População e Cultura -Xirico, s/d)

2.9. Ligação entre sociologia rural e desenvolvimento agrário


De acordo com Sorokin, Zimmerman; Galpin (1981) “a população ou a sociedade rural é
definida pela colecta e cultivo de plantas e animais, as sociedades rurais” a maior parte
da população rural em Moçambique vive da agricultura em pequenas explorações que é
a principal fonte de subsistência.

Conforme os autores os trabalhadores rurais estão mais expostos às flutuações das várias
condições climáticas. Mais do que isto, eles estão em uma proximidade muito maior e em
relação mais directa com a natureza (solo, flora, fauna, água, sol, lua, céu, vento, chuva)
(Sorokin; Zimmerman; Galpin, 1981, p. 200).

Os estudos sociologia rural podem nos ajudar a entender a relação entre produção de
alimentos agrogeológicos e orgânicos e o mercado consumidor. Esta ligação, cada vez
mais presente na sociedade, transpassa toda a cadeia agroalimentar e envolve diversos
actores e diversos segmentos, formando uma grande teia de relações sociais.

As relações sociais entre actores da cadeia agroalimentar podem determinar a viabilidade


ou não do negócio. Quando imaginamos as pontas desta cadeia, ou seja, a produção e o
consumidor do alimento, as quais são os atores fundamentais e essenciais, podemos ter a
dimensão do volume de meios necessário para unir estas duas pontas.

Com exceção das relações diretas entre os produtores e consumidores, como no caso das
feiras livres, as demais relações são caracterizadas pelos produtores vendendo seus
produtos para intermediários compradores (mercados de pequeno, médio, grande varejo;
restaurantes e lojas), que vão ofertar os produtos aos consumidores finais. Neste contexto,
as relações permeiam acordos, contratos, entregas, reposições, acertos e desacertos e, ao
final, a utilidade dos negócios para ambas as partes. Quando uma das partes não se torna
viável, a cadeia se rompe, gerando impactos negativos para o produtor e para o
consumidor.

O que a sociologia constata é que existe uma mudança no padrão de consumo, em


resultado de questionamentos acerca dos modelos de produção de alimentos, bem como
das relações entre os segmentos da cadeia agroalimentar.

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III. PRINCIPAIS CONSTATAÇÕES
As organizações religiosas” são organizações de caridade ou humanitárias, enquanto
“grupos religiosos” se refere a denominações religiosas específicas. Os grupos religiosos
registam-se como denominação religiosa, ou como congregação, se não tiverem afiliação.

A AMETRAMO se constitui como uma espécie de órgão intermediário do governo.


Presta vários serviços que de certa forma são importantes para a sociedade moçambicana;
dentre eles estão: a cura para doenças físicas e espirituais, normalmente ligadas entre si,
soluções de conflitos familiares, questões de terra, problemas de ordem natural (falta de
chuva, morte de animais), problemas judiciais (roubo, furto). Desde o nascimento até após
a morte os curandeiros interferem na vida da comunidade.

A dança tem lugar em todas as cerimónias, como nos ritos da, em ritos de passagem a
dança por ocasião de um casamento, e sobretudo em todas as cerimónias de exorcismo.
Cada região do pais tem um tipo de dança tradicional.

As principais teorias que buscam explicar o fenómeno da mudança social são a


evolucionista, funcionalista e de conflito.
As mudanças são identificadas como mudança social, quando apresentam as seguintes
características: fenômeno colectivo, mudança de estrutura e no tempo.

Os estudos sociologia rural podem nos ajudar a entender a relação entre produção de
alimentos agrogeológicos e orgânicos e o mercado consumidor.

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IV. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACÇOLINI, Graziele e TEIXEIRA DE SÁ JUNIOR, Mário, Tradição-Modernidade: a
Associação de Médicos Tradicionais de Moçambique (Ametramo), Dossiê - Perspectivas
contemporâneas sobre o mundo Lusófono, Londrina, 2016.

Censo de 1997 e 2007 de Moçambique

GRANJO, Paulo. Saúde, doença e cura em Moçambique. In: LECHNER, Elsa (Ed.).
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