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PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO
RELIGIOSA CRISTÃ
2013
AGRADECIMENTOS
2
À Rose, oportunidade do amor.
Às minhas filhas, oportunidade de aprendizado.
3
“Quem não compreende um olhar
tampouco compreenderá uma longa explicação.”
Mário Quintana
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................07
4
PRIMEIRA PARTE: ASPECTOS BÍBLICO-TEOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
RELIGIOSA CRISTÃ.................................................................................................09
5
2.3 Espaço físico........................................................................................................61
2.4 População atendida..............................................................................................61
2.5 Formação e capacitação docente........................................................................61
2.6 Sistema de avaliação...........................................................................................62
2.7 Reunião com os pais............................................................................................62
2.8 Etrevistas..............................................................................................................62
2.9 Testes psicopedagógicos.....................................................................................62
2.10 1º Sistema de hipóteses.....................................................................................63
2.11 Observações......................................................................................................63
2.12 2º Sistema de hipóteses.....................................................................................63
2.13 Relatório de assessoramento.............................................................................63
2.14 Devolutiva...........................................................................................................64
3 Psicopedagogia e Escola Dominical: quem são nossos alunos?...........................64
3.1 Crianças de 2 a 3 anos.........................................................................................64
3.2 Crianças de 4 a 6 anos.........................................................................................65
3.3 Crianças de 7 a 9 anos.........................................................................................65
3.4 Pré-adolescentes (10 a 12 anos).........................................................................66
3.5 Adolescentes (13 a 17 anos)................................................................................66
3.6 Jovens..................................................................................................................66
3.7 Adultos..................................................................................................................67
CONCLUSÃO.............................................................................................................74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................76
6
INTRODUÇÃO
7
A Psicopedagogia tem como objetivo prevenir, amenizar e até sanar estas disparidades no
processo de ensinagem e aprendizagem. Busca, por meio do diagnóstico e do prognóstico, viabilizar
novos modelos, métodos e metodologias para que o processo educativo/pedagógico seja prazeroso
e, por isso, efetivo.
PRIMEIRA PARTE
8
I TEOLOGIA BÍBLICA DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA CRISTÃ
Ao nascer, a criança imediatamente passa a participar de um grupo menor, a família, que por
sua vez pertence a um grupo maior, um clã, uma tribo. Esse grupo maior possui certos costumes,
certas crenças, uma maneira peculiar de ser e de viver que é transmitida de geração a geração e que
9
caracteriza o que se denomina cultura. À transmissão, por parte da geração precedente, da herança
cultural de um povo à nova geração, dá-se o nome de educação. Quando o que se transmite são os
costumes e as tradições religiosas, obtém-se a chamada educação religiosa.
Todo esse processo, como não poderia deixar de ser, também ocorre com o povo hebreu. A
educação religiosa judaica se dá, assim como em todos os povos, por meio de métodos peculiares e
objetivos definidos, dentre os quais se abordará alguns. No Antigo Testamento, especialmente nos
livros do Êxodo e do Deuteronômio, encontram-se claras evidências da existência de um sistema
educacional entre os hebreus e, posteriormente, entre os judeus.
É fator inquestionável que toda educação começa em casa, e que os primeiros educadores
são os pais. À criança hebréia e, depois à judia, era transmitida a história de seu povo. Eram-lhes
relatados os atos de Javé em prol de seus antepassados, a começar pela chamada de Abraão, pela
saída da terra do Egito e a peregrinação no deserto com destino à terra prometida (GEORGE, 1988,
p. 45). Toda essa história, bem como as leis de Deus, deve ser transmitida pelos pais aos filhos, de
geração a geração (cf. Êx 12,26; 13,8,14; Dt 6,4-9,20-21; 11,19). O que vale a pena ressaltar, é que
de todas essas passagens a mais importante é Dt 6,4-9, conhecido por Shema, por se tratar do
fundamento bíblico-teológico onde se baseia todo o ensino religioso no Antigo Testamento, e que,
portanto, faz-se necessário descrevê-la:
Como já foi dito, o processo educacional se dá, desde a mais remota antiguidade, no lar, e no
período anticotestamentário não foi diferente. Nos tempos do patriarcado não havia sistema
organizado de instrução. O lar era a única escola, e os pais eram os únicos professores
(ARMSTRONG, 1987, p. 19. Cf. Êx 12,26-27; Dt 4,9-10; 6,4-7; 11,18-19; 32,7). As crianças ocupavam
lugar de significativa importância entre o povo, sendo que havia certa prioridade no que diz respeito à
educação dos filhos.
Sem dúvida existiam outras formas de educação hebraico-judaica. Algumas crianças eram
entregues ao Templo, por ocasião de algum juramento, e sua educação ficava a cargo de um
sacerdote. Havia também as escolas de profetas e as sinagogas, se bem que estas últimas surgiram
1
Tradução da Edição Pastoral da Bíblia Sagrada.
10
por ocasião do exílio2. Por causa de sua importância capital na educação hebraico-judaica, faz-se
necessário discorrer sobre a sinagoga.
1.1 A sinagoga
2
O surgimento das sinagogas é de difícil datação, mas há certo consenso entre os estudiosos sobre
seu surgimento no exílio.
11
pai para filho, segundo ordem expressa do Shema (cf. Dt 6, 4-9). Desse modo, cabia
à geração mais velha o desenvolvimento do processo dialógico de ensino, e à
geração mais nova a recepção e a continuidade da transmissão desse ensino.
Também fica evidenciado, a partir da leitura de textos tais como Êx 12,26;
13,8,14; Dt 6,20-21, que essa instrução oral se dava por meio do esquema
pergunta/resposta. Outras formas de instruções usadas eram as parábolas e os
rituais religiosos. O povo hebreu e, posteriormente, o povo judeu, celebrava três
festas principais (Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos), além de outras de menor
importância. Através do esquema pergunta/resposta, as crianças iam se inteirando
de sua herança cultural (cf. Dt 6,5-7). Além disso, os pais eram obrigados a explicar
o significado dos rituais religiosos, bem como o das festas (cf. Êx 13,8). Outro
método de instrução utilizado era a repetição e a memorização, apesar de não ser
permitida a recitação dos textos das Escrituras de memória, pois “temia-se que, no
recitar, ocorressem alterações inesperadas das palavras sagradas” (ARMSTRONG,
1988, p. 21).
12
ensinamentos que dele receberam pudessem ser transmitidos ao mundo todo (cf. Mt
28,19-20a).
As passagens bíblicas nos mostram que, além dos discípulos (cf. Mc 4,38;
9,5.8; 10,35; 13,1//Lc 5,5; 7,40; 8,24.45; 9,33.49; 21,7//Jo 9,2; 11,8; 20,16), os
escribas e fariseus se dirigiam a Jesus chamando-o de Mestre (cf. Mt 8,19; 9,11;
12,38; 22,16.36//Mc 12,14.32//Lc 10,25; 11,45; 19,39; 20,39), bem como muitas
outras pessoas (cf. Mt 17,24; 19,16; 22,24//Mc 5,35; 9,17; 10,17.20.51; 12,19//Lc
3,12; 8,49; 9,38; 12,13; 17,13; 18,18; 20,21.28//Jo 1,38.49; 4,31; 6,25).
Não resta dúvida, portanto, pelo texto bíblico, que Jesus era realmente um
mestre, um rabi. Mesmo que não pertencia a nenhuma escola rabínica, sua
autoridade para ensinar provinha da profunda compreensão que tinha da Torá,
13
sensibilidade para ensinar acerca do Reino de Deus e da sua própria experiência de
vida (FINDLEY, 1991, p. 12-13).
Jesus era um mestre itinerante (cf. Mt 11,1//Lc 13,22). Por onde quer que
tenha passado, a começar pela Galiléia (cf. Mc 1,14), seus ensinamentos iam se
tornando conhecidos. Todos os lugares serviam como ponto de ensinamento (cf. Mt
4,23; 5,1-2; 9,35; 13,2.54; 26,55//Mc 1,21.39; 4,1; 6,2; 10,1; 11,17; 14,49// Lc 1,39;
4,15.16.31; 5,3; 13,26; 19,46-47; 22,53//Jo 3,1-15; 7,14; 8,2.20; 18,20).
3
GRENIER salienta que nem todos os símbolos eram milagres, como p. ex. Jo 13,1-17.
4
cf. MANSON, T. W.. O Ensino de Jesus, p. 84.
14
Mesmo tendo em alta estima as Escrituras Sagradas, Jesus se recusou
veementemente a ensiná-las de acordo com os métodos utilizados na época. O
Mestre se utilizava, então, de alguns métodos peculiares para ensinar. Aqui, todavia,
serão abordados os mais importantes para o desenvolvimento de seu ministério:
Todo mestre ao ensinar o faz com objetivos e Jesus de Nazaré não fugiu à
regra. Nas palavras de Preiswerk (1987, p. 70), "a principal novidade da pregação e
dos ensinamentos de Jesus com relação às correntes de sua época diz respeito ao
Reino de Deus.
O Reino de Deus irrompe na pessoa de Jesus, trazendo, entre outros ideais,
o ideal da vida, realizado na prática do amor ao próximo. Por isso, pode-se afirmar
que o objetivo maior dos ensinamentos do Mestre Jesus era gerar e manter a vida
(cf. Jo 10,10; 11,26). Para que o Reino de Deus pudesse se estabelecer, Jesus
buscou "transformar as vidas de seus discípulos, e, por meio deles, transformar
outras vidas e regenerar a sociedade humana" (PRICE, 1989, p. 45. Cf. Mt 6,33//Lc
13,3//Jo 3,3).
15
2.2. A relação educador/educando nos evangelhos
A irrupção do Reino de Deus (cf. Mc 1,15) passa a exigir uma entrega total da
parte de seus adeptos. Por este motivo, Jesus de Nazaré ensinava de forma
especial a seus discípulos, através de uma convivência diária. Estes participavam de
forma ativa, observando, ouvindo, perguntando, respondendo, agindo, seguindo,
imitando e obedecendo (GEORGE, 1988, p. 61-62. Cf. Mt 10,5-14//Mc 3,14). O
mestre procurou ensinar a seus discípulos de tal forma que desenvolvessem
virtudes positivas.
16
hebreu/judeu e, num segundo momento, como se deu a continuidade desse
processo com Jesus de Nazaré, o Mestre por excelência. No próximo capítulo, será
efetuada uma abordagem teológica do tema proposto, sendo que esta se dará no
âmbito eclesial, onde será evidenciado o Reino de Deus, bem como a vida e a
liberdade que dele emergem.
17
II O REINO DE DEUS COMO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA CRISTÃ
Tomando por base esta definição, pode-se afirmar aqui que o Reino de Deus
é uma utopia. Isto é, o Reino trás em seu bojo o projeto salvífico de Deus em prol da
humanidade, e este projeto se refere à vida e à liberdade as quais todo homem e
toda mulher têm direito. A liberdade humana e a vida em abundância que esse reino
quer estabelecer aparecem como horizonte, como modelo de uma sociedade e de
um mundo perfeito que não pode jamais ser alcançado, mas que dá força e mantém
a esperança na caminhada rumo à construção de um mundo onde caibam todos.
O Reino de Deus se torna diferente dos reinos temporais por seu caráter espiritual, tendo
em vista que foi instituído por Deus, em Jesus de Nazaré. Ao entrar em contato com a realidade
18
humana, este reino provoca profundas transformações. Desse modo, não possui apenas um único
aspecto.
5
Para Thomas H. Groome, práxis significa mais que a mera prática. É o engajamento da pessoa
humana no sentido de transformar a realidade que a cerca.
19
A liberdade é uma utopia cristã. Para esclarecer o leitor sobre a nossa
compreensão de utopia, remetemos à definição dada ao termo por Assmann e Sung
(2003, p. 134): "Utopia é aqui entendida no sentido de desejar e de ‘ver’ um mundo,
um lugar, [...] que ainda não existe e que talvez nunca venha a existir, mas que dá
um sentido às ações que nascem do nosso desejo de um mundo melhor”. E esta
utopia, como o horizonte, deve ser diariamente perseguida, pois na sua constante
busca, podemos criar modelos de liberdade que aos poucos nos conduzirá, a nós e
aos outros, à liberdade plena. A liberdade não é espontânea. É diariamente
construída com atos concretos.
Por ser inacabado, o ser humano vive em contínua busca de um sentido para
a vida. E a vida só tem sentido quando é vivida livremente. Podemos dizer que é
nesta constante busca pelo sentido da vida que o ser humano existe. Existir é
definido, aqui, como um conceito dinâmico:
20
inédita e criativa, torna-se mais evidentemente evangélica, mais cristã” (SOBRINO,
1982, p. 142).
Por eso Dios ha unido a su Iglesia con el vínculo que le pareció más
apropiado para mantener en ella la unión, confiando la salvación y la
vida eterna a hombres, a fin de que por su medio les fuese
comunicada a los demás (CALVINO, 1974, p. 837).
O Reino de Deus implica em justiça. Portanto, trata-se de um reino cujos ideais devem ser
transformadores e libertadores. A sua inauguração e a salvação que dele emerge são dádivas de
Deus, mas o seu realizar na História requer a participação humana.
21
forma extraordinária, os ideais do processo pedagógico cristão e os ideais do Reino
de Deus. Nisto se baseia a fé cristã, que num primeiro momento é dádiva de Deus.
No entanto a fé pode
Entende-se, do exposto até aqui, que a ação educativa da Igreja é imprescindível para que
o Reino de Deus se torne presente em meio aos seres humanos, sendo que a irrupção deste reino
tem como corolário a vida plena em Cristo, bem como a liberdade que esta vida enseja.
Para se cogitar sobre uma educação religiosa cristã para a vida, ou seja,
sobre uma educação que conduza as pessoas a ações que gerem e mantenham a
vida, existe a necessidade de se discutir o pressuposto no qual se baseia esta
proposta, a saber, que o ser humano é um "ser aprendente".
Nós, seres humanos, somos seres aprendentes. Isso quer significar que
desde os primeiros momentos de vida já estamos aprendendo a nos comportar
compromisso com a justiça, a favor dos oprimidos e em “confronto com os poderosos”. Um mestre de
caminho de vida, pois, “[...] Jesus não era primariamente mestre de crenças corretas ou de princípios
morais certos. Antes, ele era mestre de caminho, especialmente de caminho de transformação”.
9
Resumo do subtítulo O ser humano é “ser aprendente”, do meu livro Calvino e a Educação para a
Solidariedade, São Paulo: Fonte Editorial; Aparecida (SP): Santuário, 2010, pp. 54-59.
22
como seres humanos, a nos humanizar. Conforme Assmann e Sung (2003, p. 213),
“nós não nascemos prontos e o fato de nascermos prematuros, exigindo um útero
externo acolhedor, marcou toda a nossa evolução, principalmente a do cérebro”. O
fato de os seres humanos serem inacabados os coloca em contato imediato e
constante com o meio, num processo de contínuo aprendizado, que é o responsável
pela manutenção da vida.
Isso significa dizer que o ser humano é um ser que necessita aprender para
manter-se vivo. Ou seja, o ser humano precisa aprender continuamente a conhecer
o mundo no qual atua passiva e ativamente, e este aprendizado passa pela
aquisição dos mais variados conhecimentos que são necessários à sua
sobrevivência.
23
Mas sua destinação, amadurecida evolucionariamente, já não é
primordialmente a elaboração e o cumprimento de regras. Já não
está condenado a lógicas rígidas e lineares. [...] Forçar o ser humano
ao puro enquadramento em lógicas rígidas significa desqualificar seu
potencial humano (ASSMANN, 2001, p. 144-45).
Nossos sentidos não são apenas ‘janelas’ para o mundo. São muito
mais do que isso porque nossos sentidos participam ativamente não
apenas na recepção de informação desde o meio ambiente, mas
também na construção da realidade percebida (ASSMANN; SUNG,
2003, p. 246).
Nas relações diárias a que os seres humanos são submetidos, dentro do meio ambiente em
que vivem, já está ocorrendo a aquisição do conhecimento dos dados culturais específicos para a sua
sobrevivência. Segundo Morin (2001, p. 25), “os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo
paradigmas inscritos culturalmente neles”.
24
os seres humanos promovem, por sua vez, a perpetuação da cultura e da sociedade
específicas e também da espécie.
25
Se se pode afirmar que a solidariedade é um dos ideais do Reino de Deus, a
proposta de uma educação religiosa cristã para a vida se torna viável, tendo em
vista que serão os ideais do reino transmitidos pedagogicamente à comunidade
cristã, para que esta viabilize, pela prática e pelo discurso, projetos e ações
geradores e mantenedores da vida como dádiva de Deus.
A relação entre o ser humano e os valores que a cultura lhe impõe só pode ser levada a
efeito pedagogicamente. Essa relação desenvolve no ser humano a formação da personalidade, que,
em última instância, irá refletir nas suas ações. Neste processo, o educador não age de forma
intermediária entre o educando e o valor, mas, colocando-se ao lado do educando, o direciona pela
ação pedagógica.
A Igreja, como instituição educativa, possui seus valores. Valores estes que devem ser
passados aos neófitos para que possam ser reconhecidos como membros do grupo. Sendo o anúncio
das boas novas do Reino de Deus o objetivo da Igreja, cabe a ela ensinar aos seus partícipes, entre
outras coisas, o que são essas boas novas, para que possam, também eles, anunciá-las.
A promoção da vida é a preocupação básica do Evangelho, sendo que a fé
no Cristo vivo é o pré-requisito para se obtê-la. A Igreja é uma comunidade
composta de seres humanos. A nova vida em Cristo distingue os cristãos das
demais pessoas, o mesmo ocorrendo com a Igreja, isto é, a faz diferente de todas as
instituições humanas. A vida em Cristo, em contraste com a morte, elimina a
opressão, a inimizade e o medo, liberta os seres humanos, tirando-os de seu estado
de passividade “demoníaca”. Tem o poder de manter vivas as utopias.
A própria pedagogia dos pais da Igreja já apontavam para uma educação para a vida. Para
Clemente de Alexandria, o Logos é o "conhecimento de Deus" 10 Sua teologia, oriunda da Patrologia
grega, considera Deus como a causa primeira de todas as coisas; o pecado de Adão como o
esquivar-se da ação educativa de Deus, sendo que o pecado não se transmite por hereditariedade
mas pelo mau exemplo.11 O pecado, bem compreendido teologicamente, é morte, e a reconciliação
10
Cf. GOMES, C. Folch. Antologia dos Santos Padres, p. 138.
11
Cf. ALTANER, B.; STUIBER, A.. Patrologia, p. 156.
26
com Deus, mediante o seguimento a Jesus, reconduz o ser humano aos auspícios da pedagogia
divina, que, reconciliando também o homem com o seu semelhante, promove a preservação da vida.
27
Disso se pode depreender que nos Apologistas, na Patrística, em Agostinho, e também nos
reformadores, como Lutero e Calvino, estava presente o germe de uma educação voltada para a vida.
Desse modo, a Igreja, como herdeira direta do pensamento desses estudiosos, deve zelar para que
seu processo pedagógico seja, ao mesmo tempo, gerador e mantenedor da vida.
A educação religiosa cristã objetiva ensinar aqueles que têm vida em Cristo a se inter-
relacionarem no processo de amadurecimento próprio e, consequentemente, da Igreja. Por isso
mesmo, a eclesiologia se torna o ponto de partida para se refletir teologicamente sobre o ensino
religioso cristão. Os ministérios, que são os dons que cada crente possui, servem para a edificação
do corpo, mas estes devem acontecer subordinados ao dom da vida.
Esta exposição sobre o papel do ensino religioso cristão em relação à irrupção do Reino de
Deus, com seus ideais de justiça, vida e liberdade induz a uma reflexão sobre a situação da
catequese na América Latina. Sendo o processo educativo imprescindível para a vida cristã e para a
compreensão e efetivação do Reino de Deus, tem-se que repensá-lo, criticá-lo e redimensioná-lo,
para que a educação religiosa cristã possa alcançar seu objetivo, qual seja, a promoção e a
manutenção da vida e da liberdade que emergem da apropriação do reino, que se torna possível sob
o senhorio de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Este é o objetivo do próximo capítulo, onde se abordará
a educação religiosa cristã como educação popular, nas suas nuanças alienante e libertadora.
28
Percebe-se, na América Latina, o aparecimento de uma teologia que se ergue como
discurso crítico frente a uma realidade de opressão e empobrecimento de milhões de pessoas vítimas
de um processo cada vez mais crescente de exclusão econômica e inclusão marginal como resultado
do capitalismo que a tudo e a todos quer valorizar como mercadoria. Ao elaborar um discurso que se
contraponha a uma cultura mercadológica, como contracultura, a Igreja latinoamericana possibilita o
nascimento de um processo educativo cristão que tem conduzido muitos cristãos à práxis que gera
condições de resistência e denúncia frente aos desmandes deste sistema desumano e
desumanizante.
A tarefa da educação religiosa cristã não se encontrava, por muito tempo, nem na área da
teologia nem na da pedagogia, isso se devendo à sua falta de identificação enquanto disciplina, ou
seja, por não ser considerada, de acordo com Streck (1992, p. 47), "como área de ensino e pesquisa
com objetivos e metodologia devidamente definidos". Tradicionalmente, tem sido entendida como o
ensino da doutrina cristã, ou seja, como a responsável pela transmissão de doutrinas fixas acerca de
Deus, da Igreja, da liturgia, das Escrituras, da fé. Compreendida desta forma, a tarefa da educação
religiosa cristã fortifica e reproduz a ideologia eclesiástica, que é tida como instituída por Deus.
Nesse sentido, a educação religiosa cristã assume uma dimensão libertadora, e como tal,
deixa de ser um simples instrumento a serviço da ideologia eclesiástica. Passa a existir um diálogo
entre a educação religiosa cristã e a teologia, que no contexto latino-americano, é libertadora, e, mais
do que isto, "estabelece-se uma [...] contribuição de ambas [...] na reflexão sobre os objetivos e na
determinação do conteúdo e metodologia" (STRECK, 1991, p. 52) da primeira.
A educação religiosa cristã, ao dialogar com uma teologia libertacionista, descarta aquelas
teologias que, ao tratarem da Revelação, das questões da fé, da Igreja como comunidade cristã,
estavam ligadas inexoravelmente aos pressupostos do clero, com sua doutrina definitiva e
cristalizada, sem abertura ao diálogo. Assim sendo, buscou dialogar com uma teologia, e teólogos,
que, ao falarem
29
igreja, colocavam em relevo sobretudo sua dimensão de povo de
Deus, de comunhão beneficente, litúrgica e apostólica, de
sacramento... (GROOPO, p. 99-100)
Ao se posicionar ao lado de uma teologia que leva em consideração o ser humano e suas
aspirações, a educação religiosa cristã passa a ser entendida
A educação religiosa cristã, para lograr êxito na sua tarefa de anunciar o Reino de Deus,
hoje, deve ser concebida como ajuda no processo de hominização e humanização. Uma catequese
que se propõe fiel a Deus e ao ser humano, não pode limitar-se a ser anúncio da mensagem cristã,
mas tem que converter-se, também, em interpretação da vida humana à luz dessa mensagem. Como
processo hermenêutico, o ensino religioso cristão se torna um processo crítico e libertador. Aliando-
se, num processo de contínuo diálogo, com uma teologia libertacionista e posicionando-se ao lado do
ser humano, a educação religiosa cristã torna-se, então, no contexto latino-americano, educação
popular.
30
o resultado de busca de algo que exige, de quem o tenta, esforço de
recriação e de procura. Exige reinvenção (FREIRE, EPL, p. 104).
Faz-se necessária uma educação que desenvolva nas novas gerações um ser
autêntico, sem moldes culturais impostos através de uma educação antidialógica e
alienante.
Nesse tipo de educação alienante, onde educar é o ato de depositar, de mera transmissão
de valores, verifica-se um estado de passividade do ser humano, que ingenuamente se amolda ao
sistema, ao invés de transformá-lo. Quanto mais for exercitado no arquivamento daquilo que lhe é
transmitido, menos desenvolverá uma consciência crítica, que o transformaria em sujeito
transformador.
31
cerca, fazê-lo conhecedor crítico de seu mundo, para depois levá-lo a comunicar-se com outros
educandos, transmitindo-lhes as boas novas do Reino de Deus. No seu objetivo verifica-se o seu
paradoxo.
Enquanto a educação religiosa cristã for mera transmissão das tradições eclesiásticas,
estará formando cristãos passivos. Enquanto as igrejas cristãs continuarem a se considerar
possuidoras do conhecimento, sua ação educativa será alienante. O mesmo ocorre com os
educadores cristãos. Ao se considerarem, ou serem considerados, conhecedores e os educandos
desconhecedores, a relação educador/educando desconhecerá o diálogo.
Esta postura, por parte da Igreja e dos educadores cristãos, tem cooperado para que os
cristãos sejam sempre seres passivos, pois sem um diálogo que os torne conhecedores da sua
situação de opressão, no contexto latino-americano, não poderão jamais desenvolver um pensamento
crítico, que na prática torna-se transformador. Alguém já disse que a não opção é a opção pela
ideologia dominante. A opção pela ação transformadora é um corolário do pensamento crítico.
Esta concepção bancária da educação religiosa cristã implica numa visão distorcida da
relação homem/mundo, isto é,
[...] numa visão onde os seres humanos são vistos como parte do
mundo e não numa inter-relação com este e com outros seres
humanos. Insistimos, inexiste o diálogo. Daí que um dos seus
objetivos fundamentais, mesmo que dele não estejam advertidos
muitos dos que a realizam, seja dificultar, em tudo, o pensar
autêntico (FREIRE, PO, p. 73).
32
aquilo que lhes é imposto. Tem que se impor como uma educação que problematize
as relações dos educandos com o mundo.
Esse processo tem sua origem na problematização. A educação religiosa cristã, ao romper
com sua tradição bancária, se abre ao diálogo, tornado-se problematizadora. Quanto mais
problematizar as informações adquiridas, mais os educandos se sentirão como seres pertencentes ao
grupo e desafiados a transformarem seu estado de alienação e de submissão.
Nesse sentido, uma catequese que se pretende libertadora, deve agir levando em
consideração as novas condições da atualidade. No contexto de uma educação popular, o ensino
religioso cristão se apresenta como processo de transformação social, no qual o educando tem direito
à participação. Isto se dá pelo fato de que o objetivo da educação religiosa cristã é encaminhar os
educandos para uma compreensão e para uma efetivação do Reino de Deus e sua justiça, como já
foi salientado anteriormente.
Desse modo, um novo sujeito irrompe como articulador da educação religiosa cristã: o povo
oprimido, empobrecido e sofredor. Este povo, como sujeito/objeto da catequese popular, tem sabido
se apropriar da Bíblia, reconhecendo-se como interpretado por ela. A Bíblia passa a ser entendida
como
[...] una Palabra que acompaña al pueblo en su lucha por una vida
digna, que le da fuerzas contra el fatalismo, que lo alimenta en su
vida espiritual, que corrige su práctica política, finalmente es una
Palabra que lo educa (PREISWERK, 1981, p. 21).
33
Vista sob este prisma libertador, a educação religiosa cristã se torna educação popular a
serviço do Reino de Deus e de seus ideais. Como corolário desta afirmativa, tem-se que a catequese
se torna transformadora, por isso realizadora. Segundo Preiswerk (1981, p. 104), "[...] a educação
cristã é parte integrante da evangelização e por isso tampouco se pode limitar a ensinar acerca do
Reino; tem que contribuir para sua construção".
Se a educação religiosa cristã quer ser fiel ao Evangelho, tem que ouvir as reivindicações
do povo oprimido e empobrecido, marginalizado e alienado, que por meio de suas instituições está
engajado na construção de uma nova sociedade. Ao invés de instrumento do clero, torna-se, segundo
Preiswerk (1981, p. 105), "um instrumento nas mãos dos pobres para contribuir na construção do
Reino da vida plena".
Uma educação religiosa cristã que se propõe ser fiel ao Evangelho e ao ser humano, deve
ser libertadora e popular. No contexto do povo latino-americano, oprimido e marginalizado, a
catequese deve assumir um papel revolucionário, no sentido de não se conformar com a ideologia
dominante.
Porém, esta é uma questão bifacética. Por ser um micro-sistema, a Igreja tende a reproduzir
os mesmos mecanismos de defesa do macro-sistema, que é a sociedade na qual se encontra
inserida. Dentre os vários mecanismos de defesa existentes, o mais eficiente é o que Freire chama de
a absolutização da ignorância15 que, em outras palavras, é alienação.
A educação religiosa cristã tende a ser alienante, pois não pode fugir, pelo menos de
imediato, de uma obrigação necessária a todo o grupo religioso: transmitir as tradicionais doutrinas
que delineiam a fé.
A Questão que se impõe à educação religiosa cristã é: como, então, transmitir tais doutrinas sem
transformar-se numa educação alienante? Talvez a resposta a esta questão tão desafiadora esteja no
diálogo, entendido como respeito, entre educadores e educandos.
A educação religiosa cristã, para ser libertadora, deve desvencilhar-se daquela concepção
tradicional, onde o educador possui o conhecimento enquanto o educando é o desconhecedor. Deve
refutar a idéia da imposição do educador sobre o educando. Uma catequese que compartilha dessa
15
Cf. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, p. 67.
34
forma de ensino foge aos ideais do Reino de Deus, tendo em vista que é alienante ao invés de
libertadora, massificante ao invés de conscientizadora.
Para poder alcançar seu objetivo, que é levar os educandos à compreensão e efetivação do
Reino de Deus e sua justiça, a educação religiosa cristã deve abrir-se ao diálogo e fundamentar-se
num pressuposto de Paulo Freire para uma educação libertadora, a saber, que "ninguém educa
ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão,
mediatizados pelo mundo" (FREIRE, PO, p. 79).
Segundo o mesmo autor, a educação deve estar aberta à "pesquisa ao invés da mera,
perigosa e enfadonha repetição de trechos e de afirmações desconectadas das suas [do homem]
condições mesmas de vida" (FREIRE, EPL, p. 101). Quanto mais possui validade esta afirmativa para
a educação religiosa cristã, que tem seus ideais entrelaçados aos do Reino de Deus!
Paulo Freire mais uma vez toca fundo no cerne da catequese ao afirmar, de forma
maravilhosa, diga-se de passagem, que "a educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem.
Não pode temer o debate. A análise da realidade. Não pode fugir à discussão criadora, sob pena de
ser uma farsa" (FREIRE, EPL, p. 104). Se a educação religiosa cristã for uma farsa, no sentido de
não ser criadora, ou geradora, da fé, da esperança, da perseverança, da liberdade, pode continuar
sendo uma forma de educação, até mesmo de educação religiosa, mas, sem a menor sombra de
dúvida, jamais poderá ser chamada de educação cristã.
A Igreja tem por obrigação divulgar essa mensagem de amor, sendo que tal tarefa só é
possível através do desenvolvimento de um processo pedagógico que ensine os valores e os ideais
desse reino e conduza os educandos a assimilá-los, praticá-los e vivenciá-los.
35
SEGUNDA PARTE
36
I PSICOPEDAGOGIA: ASPECTOS HISTÓRICOS E PRÁTICOS
37
A Europa foi o berço do que hoje se denomina Psicopedagogia. George
Mauco dirigiu o primeiro Centro Médico-Psicopedagógico na França, voltado para o
atendimento de crianças com problemas da aprendizagem sem comprometimento
da inteligência e com comportamentos socialmente inadequados, articulando a
Medicina, a Psicanálise, a Psicologia e a Pedagogia (BOSSA, 2000).
O objetivo desta articulação era conhecer a criança e seu desenvolvimento
em relação ao entorno ambiente, num esforço de levantar os possíveis
condicionantes da não aprendizagem e promover sua remediação. A preocupação
subjacente à ação era a separação daquelas crianças com problemas de
aprendizagem apesar de serem “inteligentes” daquelas com possível quadro de
retardo mental.
Esta corrente européia, que articulava a Medicina, a Psicanálise, a Psicologia
e a Pedagogia no intuito de levantar e remediar possíveis problemas de
aprendizagem, influenciou vários estudiosos argentinos, o que levou ao surgimento
da Psicopedagogia neste país, e sua capital, Buenos Aires, a oferecer o primeiro
curso de formação em nível de graduação na área (BOSSA, 2000).
A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 1970, em uma época em
que as dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica
denominada Disfunção Cerebral Mínima (RAMSON, 1987), e se irradiou neste
período, servindo para mascarar problemas de ordem sociopedagógicas. No entanto
esta concepção organicista e linear, de acordo com Kiguel (1991, p. 24),
“apresentava uma conotação nitidamente patologizante, uma vez que todo indivíduo
com dificuldades na escola era considerado portador de disfunções
psiconeurológicas, mentais e psicológicas".
A Psicopedagogia brasileira, influenciada pela argentina, se desenvolveu
como área de estudo que se ocupa com os problemas relacionados à
aprendizagem, e seu referencial teórico está fortemente marcado por grandes
psicopedagogos argentinos, tais como Jorge Visca, Sara Paín e Alícia Fernandez,
dentre outros.
No entanto, a Psicopedagogia brasileira também deu seus passos rumo à sua
configuração como profissão. Em Porto Alegre, RS, foram organizados centros de
estudos destinados à formação e atualização em Psicopedagogia, como o que foi
fundado e dirigido pelo professor Nilo Fichtner, denominado Centro de Estudos
Médicos e Psicopedagógicos, que priorizava a formação psicopedagógica dentro
38
dos moldes terapêuticos. Também é digno de nota o trabalho realizado pela
professora Genny Golubi de Moraes pela sua contribuição no tratamento dos
problemas relacionados à aprendizagem, priorizando a ação preventiva com o intuito
de diminuir o número de crianças que chegavam às clínicas por causa de
dificuldades escolares (GOLBERT, 1985).
Porém o primeiro curso oficial de Psicopedagogia no país foi oferecido pelo
Instituto Sedes Sapientiae, na cidade de São Paulo, em 1980, por iniciativa de Maria
Alice Vassimon, pedagoga e psicodramaticista, e Madre Cristina Sodré Dória, que foi
a diretora do Instituto. Este curso nasceu da preocupação de Vassimon com o ser
humano global, nas suas dimensões intelectuais, afetivas e corporais, da crítica à
Psicologia da época e da vontade de reformar a educação bem como também de
valorizar o educador. Após o termino do curso, uma associação que reuniu um
grande numero de profissionais foi fundada por um grupo de pedagogas, liderado
por Leda Barone e Edith Rubinstein, cuja preocupação girava em torno do estudo e
da divulgação da nova profissão (MENDES, 1991).
No Brasil, ainda hoje os “psicopedagogos” são profissionais de áreas como a
Pedagogia, a Psicologia, a Fonoaudiologia, entre outras, que se especializam em
cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia, e existe uma preocupação quanto a
influência da graduação destes na sua ação psicopedagógica. Preocupação um
tanto infundada em tempos de valorização da transdisciplinaridade e da
complexidade. Ao exemplo de outros países, em especial França e Portugal, a
profissão ainda hoje não foi regulamentada no país.
Em 2005, o primeiro curso de graduação em Psicopedagogia no país foi
oferecido pela PUC/RS, e pela mesma época, existiam outros dois em andamento:
um no Centro Universitário La Salle, em Canoas, RS e outro no Centro Universitário
FIEO, na cidade de Osasco, SP. Em 2006, a CAPES recomendou o primeiro
mestrado acadêmico, com área de concentração em Psicopedagogia.
Desde o ano de 1997 transita em Brasília um projeto de lei cujo objetivo é
regulamentar a profissão de psicopedagogo no país, bem como criar os Conselhos
Regionais de Psicopedagogia. O referido projeto, que se encontrava na mesa
diretora da Câmara dos Deputados desde 31 de janeiro de 2007, na situação de
arquivado, foi recentemente aprovado pela Comissão de Trabalho e aguarda ser
sancionado (ABPp, 2012).
Se, no entanto, apenas se olhar teoricamente para o desenvolvimento
39
histórico da Psicopedagogia no Brasil, corre-se o risco de entender que esta luta
pelo reconhecimento da profissão está isento de problemas e que todo esse
processo ocorre linearmente. No entanto, sérios problemas de ordem
socioeconômica deturpam o agir psicopedagógico, como acontece em todas as
outras áreas. O sistema capitalista-mercadológico, que intensifica a luta pela
sobrevivência econômica, faz com que muitos especialistas em Psicopedagogia
deixem de exercer sua tarefa preventiva e terapêutica e menosprezem tanto a luta
pelo reconhecimento da profissão quanto o debruçar acadêmico para a construção
de referencial teórico dentro dos nossos parâmetros culturais, passando a agir como
“especialistas em reforço escolar”, perpetuando, com isso, a cultura do aprendizado
apenas especializado, passaporte para se ter um “lugar ao sol” nas sociedades
capitalista-mercadológicas, e criando uma geração de especialistas em todas as
áreas do conhecimento mecânico, esquecendo-se de educar áreas tais como o
afeto, a emoção e o corpo sem as quais não ocorre aprendizado adequado e eficaz.
2 Dificuldades de Aprendizagem
40
aquisição de conhecimento. Tais obstáculos podem ser de ordem social, cognitiva e
afetiva, podendo, em muitos casos, estar presente mais de um aspecto.
Para que a intervenção psicopedagógica possa lograr êxito em sua linha
preventiva, se faz necessário que o especialista em Psicopedagogia participe da
dinâmica das relações da comunidade educativa com a finalidade de favorecer o
processo de integração e troca. Hoje é consenso entre os estudiosos da educação
que processo cognitivo e processo vital são idênticos, o que tem levado tais
estudiosos a falar em uma “ecologia cognitiva”, como forma de afirmar a
incontestável relação entre conhecer e sobreviver no fenômeno humano a que
chamamos educação. Por isso, fatores como a localização da escola, sua estrutura
física, o projeto político-pedagógico, os professores, o perfil sócio-econômico dos
alunos, de suas famílias e da comunidade em geral, devem ser levados em
consideração para uma adequada e responsável intervenção psicopedagógica de
cunho preventivo.
Levantados os possíveis obstáculos, o próximo passo é promover orientações
metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos, e para isso
o especialista em Psicopedagogia pode começar pela análise do material escolar
utilizado pelos alunos: cadernos, livros, desenhos, brinquedos, etc, pois nesse
material serão encontradas as metodologias utilizadas pelos professores, e caberá
ao especialista analisá-las e dizer se tais metodologias ocasionam um aprendizado
eficiente. Caso detecte possíveis desvios didático-metodológicos, deverá realizar
processo de intervenção com o fim de orientação educacional, vocacional e
ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo, ou seja, adaptações
metodológicas e práticas com o fim de promover adequado processo educacional
onde os processos de ensinagem e aprendizagem sejam entendidos como os dois
lados da mesma moeda.
A Psicopedagogia não se atenta somente à linha preventiva, mas sua atuação
envolve também a linha terapêutica, e é a interconexão entre estas duas frentes de
atuação que faz da Psicopedagogia uma vertente das Ciências da Educação em
plena ascensão.
Quando, em Psicopedagogia, se fala em linha terapêutica, deve-se salientar
que esta ação é totalmente voltada para a aprendizagem. O especialista em
Psicopedagogia, na sua ação terapêutica, trata das dificuldades de aprendizagem, e
procura diagnosticar as possíveis “bloqueios” que dificultam esse processo e, se
41
suspeitar que existam outras dificuldades que escapam ao seu conhecimento, deve
encaminhar seu cliente para outros especialistas com os quais desenvolve seu
trabalho de forma interdisciplinar. Em diagnosticando alguma dificuldade, o
especialista em Psicopedagogia intervirá através de técnicas remediativas de
orientação tanto para o aluno, quanto para seus pais e professores. As dificuldades
de aprendizagem geram, muitas vezes, problemas emocionais e o seu contrário
também é verdadeiro. A intervenção psicopedagógica deve promover ocasiões onde
o educando possa ser atendido como um todo bio-sócio-psico-motor-afetivo.
As Dificuldades de Aprendizagem são problemas específicos de origem
pedagógica, tais como inadequação curricular, método de alfabetização,
dispedagogias, dificuldades processuais, entre outras, sem envolvimentos
neurobiológicos, culturais e sistêmicos, diferenciando-se, então, dos transtornos de
aprendizagem. Em um enfoque psicopedagógico uma dificuldade
de aprendizagem não é entendida como patologia, e, sim, como um obstáculo que
pode estar dificultando o processo de aprendizagem. Estes obstáculos são
classificados como:
42
deve dimensionar e direcionar toda a prática psicopedagógica está vinculada ao
levantamento destas dificuldades, bem como à sua prevenção e intervenção
remediativa.
3 A Psicopedagogia Institucional
43
ensinagem/aprendizagem, visto que a criança passa a ser sujeito ativo de seu
processo de aprendizagem (ALESSANDRINI, 1996).
Partindo dessa perspectiva inovadora, a Psicopedagogia pode dar sua
contribuição direcionando a instituição escolar a reformular e/ou criar novos
processos educacionais que permitam aos atores desse contexto retomar a
importância de seu agir pedagógico para a sobrevivência da organização escolar,
atuando sobre as relações de ensinagem e aprendizagem. A intervenção
psicopedagógica na escola parte do desenvolvimento e aprimoramento cognitivo das
pessoas envolvidas no processo educacional, que se expressam em alterações
qualitativas no desempenho de suas atividades.
A atuação psicopedagógica no âmbito escolar deve estar direcionada para o
conhecimento global deste contexto específico onde acontecem, juntas, a
ensinagem e a aprendizagem. Conhecer os dados de como se dá a aquisição do
conhecimento e de como este é construído pela criança, compreender as múltiplas
relações da criança com a escola, com os agentes envolvidos no processo
educacional, com o conteúdo aprendido e assimilado para posteriormente relacionar
estes conteúdos com os aspectos cognitivos e afetivos, faz com que o especialista
em Psicopedagogia sinta-se mais seguro para a realização do processo de
prevenção e intervenção.
A atuação psicopedagógica, no espaço escolar, deverá ser a de esclarecer e
orientar professores, alunos e familiares sobre a existência de conflitos que podem
gerar obstáculos relacionados às áreas cognitiva, afetiva, funcional e social, bem
como identificar, analisar, diagnosticar e intervir para eliminar a queixa transformada
em demanda e resolver o problema instalado.
A observação dos tipos de vínculos estabelecidos entre os agentes
envolvidos no processo de ensinagem e aprendizagem, ou seja, entre o aluno ou
grupo de alunos e os conteúdos de aprendizagem, entre o aluno ou grupo de alunos
e os professores, entre os professores e os conteúdos de aprendizagem é outra
imprescindível ação do trabalho psicopedagógico no âmbito escolar, sem a qual não
se pode viabilizar a prevenção e a intervenção (COLOMER; MASSOT; NAVARRO,
2003).
Outro importante aspecto que não pode deixar de ser abordado e investigado
pelo especialista em Psicopedagogia, no espaço escolar, é a relação da família do/a
aluno/a com a escola, pois através da sua participação efetiva a existência de
44
sintomas significativos pode ser detectada com mais rapidez em vínculos
relacionados ao aprender, visto ser o ambiente familiar o primeiro lugar em que
ocorrem as primeiras trocas afetivas e emocionais e a construção da identidade,
portanto lugar de aprendizado (PAIN, 1985).
A família é o primeiro núcleo de socialização da criança, e voltar, portanto, a
atenção para os seus objetivos, anseios e expectativas com relação ao seu
desenvolvimento é de suma importância para o diagnóstico psicopedagógico. Com a
avaliação psicopedagógica pretende-se não somente melhorar a aprendizagem com
relação ao aluno, mas também contribuir para que ocorram transformações no
contexto escolar e familiar (COLOMER; MASOT; NAVARRO, 2003).
A escola e a família devem agir juntas para que o pleno desenvolvimento da
criança seja alcançado com êxito, pois ambas as instituições fazem parte de um
complexo sistema socializador no qual a criança está inserida. O especialista em
Psicopedagogia deve atuar no sentido de estabelecer a intersecção entre estas duas
instituições educativas proporcionando encontros que possibilitem a inclusão dos
familiares no contexto escolar e, por outro lado, direcionar a escola no
estabelecimento de canais de comunicação com a família através de ininterrupto
processo dialogical.
O especiaista em Psicopedagogia, ao atuar na escola, deve buscar
compreender como se dá o processo de ensinagem/aprendizagem tanto no
ambiente familiar quanto no escolar para, através de metologias que incentivem a
relação harmoniosa entre a ensinagem e a aprendizagem, possa diagtnosticar os
sintomas que denunciam algum problema na aquisição de conhecimentos.
Na instituição hospitalar, a primeira intervenção pedagógica acontece no ano
de 1935, quando Henri Sellier inaugura, em Paris, a primeira escola para crianças
vítimas da tuberculose. Mas foi com advento da Segunda Guerra Mundial,
provocando a mutilação de um incontável número de civis e, dentre estes, crianças e
adolescentes, que esta prática se espalhou e se firmou. A mutilação, as doenças e a
desintegração familiar mudaram radicalmente o cotidiano desse contingente, que
passou a vivenciar uma longa jornada de internações nos hospitais. Surge, assim, a
preocupação em suprir as necessidades escolares que foram interrompidas por
causa da guerra. Para prover esta necessidade, foram criadas as primeiras classes
hospitalares na França, depois em toda a Europa e Estados Unidos (ESTEVES,
2008).
45
O ambiente hospitalar, por causa de seu contexto tomado por pessoas
doentes, debilitadas e com dor, está diretamente ligado ao sofrimento. Com sua
aguçada sensibilidade, crianças e adolescentes podem absorver esta relação de
forma mais intensa que o adulto e em consequência respondem a esse ambiente
com medo, tensão, irritabilidade, impaciência e indisciplina, entre outras reações
(MATTOS; MUGIATTI, 2007 apud CALDEIRA, 2011).
Neste contexto de sofrimento e exclusão social, a Psicopedagogia pode
intervir como a intermediadora entre o paciente, que pode enfrentar longos períodos
de internamento, e os processos de aquisição de conhecimentos formais dos quais
se encontra alijado. Além de favorecer a continuidade do processo escolar, a
Psicopedagogia pode, também, intervir propiciando outras experiências cognitivas
que vão equipá-lo com novas competências para viver e conviver neste novo
ambiente.
Ao chegar ao ambiente hospitalar, a primeira ação do especialista em
Psicopedagogia deverá ser a de conhecer a estrutura local, quais e quantos
especialistas ali atuam, qual o número de pacientes internados, quais os motivos
das internações, se informar sobre dias de visitas, além de outros dados relevantes
para que, de forma interdisciplinar, possa intervir satisfatoriamente junto ao paciente
e aos demais envolvidos na recuperação do mesmo.
A conduta do especialista em Psicopedagogia também é fator interfere no seu
trabalho no hospital, pois vai permitir-lhe, ou não, desenvolver satisfatoriamente sua
ação psicopedagógica, tais como: a observação e anotação dos setores e da
dinâmica hospitalar; conhecer sobre as patologias tratadas pelo hospital; ler as
observações dos prontuários; ser ético, amistoso e agir de maneira interdisciplinar
(CARVALHO; CURIN, 2008).
Neste ambiente, ao mesmo tempo acolhedor e hostil, o especialista em
Psicopedagogia deve perceber o que está sendo dito nas entrelinhas das falas dos
atores envolvidos no processo de recuperação, já que em cada discurso estão
presentes a objetividade e a subjetividade. Os temores e as angústias muitas vezes
não são verbalizados pelas crianças e pelos adolescentes, e esse tipo de atitude faz
surgir um quadro de desespero, revolta e até mesmo de depressão, e o especialista
terá o desafio de resgatar sentimentos tais como a “valorização da vida, o amor
próprio, a autoestima, a aceitação e a segurança”, bem como outros conhecimentos
que estariam sendo adquiridos se estivesse, frequentando a escola (BEYER, 2011).
46
São inúmeras as situações de aprendizagem oferecidas pelo ambiente
hospitalar devido à interação entre estes atores, e o papel da Psicopedagogia será o
de promover o encontro destas com os valores já adquiridos pelo paciente. Para que
esse encontro cognitivo realmente ocorra, o especialista deve permitir-se envolver
com o paciente de forma que consiga mostrar-lhe que é singular. Para que estas
singularidades sejam captadas e respeitadas, é necessário que se exercite a escuta
para que o processo psicopedagógico seja humanizado e humanizador, isto é, que o
paciente não seja observado apenas como mais um cliente que precisa de reforço
escolar, mas como um todo social, cognitivo e afetivo (LOPES, 2010).
Se a ação psicopedagógica no ambiente hospitalar visa a recuperação da
saúde daqueles que se encontram em processo de internação e,
consequentemente, a continuidade do processo de socialização, já que o
afastamento da escola o impede de vivenciá-lo, o espaço hospitalar deve ser
(re)contextualizado de forma que se configure numa verdadeira ecologia cognitiva,
onde a alegria, o prazer e o desejo de continuar aprendendo seja mantido ou
restaurado.
Por fim, a Psicopedagogia ainda pode atuar nas empresas. As Organizações
estão divididas em privadas, públicas e filantrópicas, cada qual com objetivos bem
definidos e normas que garantam o alcance destes bem como a sua manutenção no
tempo e no espaço. Todo conhecimento é adquirido e, por isso, consiste num
processo de aprendizagem. No ambiente empresarial, a aprendizagem necessária
para se conhecer todos os meandros da organização da qual participa é a
organizacional. O processo de aprendizagem organizacional é definido como a
47
Se a Psicopedagogia é, “uma área cujo objeto é o ser que aprende, como
aprende e de que maneira esse aprendizado se insere, e o insere no ambiente do
qual faz parte” (COSTA, 2009, p. 14), sua função na empresa é a de intermediar o
aprendizado de habilidades por parte dos seus colaboradores, visando a otimização
da mesma. Nesse sentido, a atuação do especialista em Psicopedagogia se dá
como facilitador e intermediador tanto no processo de construção quanto no de
compartilhamento do conhecimento, indicando novas maneiras de inter-relação e
criando sinergia entre os comportamentos dos sujeitos envolvidos no processo
organizacional (BEYER, 2011).
No entanto a inter-relação humana não é algo que ocorre linearmente, sem
interferências. Entre o ideal de um bom relacionamento interpessoal e sua real
efetivação nos grupos existentes nas empresas, existem obstáculos com relação à
função, à comunicação, ao desempenho profissional e aos objetivos (BENGEZEN,
2010), e cabe ao especialista em Psicopedagogia minimizá-los ou saná-los através
da intervenção e orientação psicopedagógicas.
Variados são os problemas relacionados às funções a serem desenvolvidas
pelos colaboradores nas empresas, visto ser muito comum a existência de
profissionais que exercem funções diferentes daquelas para as quais possui
habilidade. Através de entrevistas e testes que julgar necessários, o especialista
levantará quais as habilidades o colaborador possui e onde as mesmas podem ser
desenvolvidas com maior eficácia, promovendo, assim, seu melhor aproveitamento
pela empresa.
Para um bom relacionamento pessoal e profissional a comunicação eficaz é
imprescindível. Muitas vezes, na empresa, comunicabilidade fica prejudicada pelo
simples motivo de o colaborador ter medo de falar sobre acontecimentos do
cotidiano que interferem no desenvolvimento organizacional, outras vezes por
dificuldade de aceitarem uma crítica e se colocarem na defensiva e, ainda, pela
dificuldade de feedback (BENGEZEN, 2010). Cabe ao especialista em
Psicopedagogia fazer o levantamento destas dificuldades de comunicação
resgatando o importante papel exercido pelo colaborador dentro da empresa,
ressaltando que sua participação é de vital importância para o fortalecimento da
empresa e para ele mesmo enquanto profissional que almeja continuar no mercado
de trabalho.
48
Um dos principais requisitos para que as empresas sobrevivam ao agressivo
processo de concorrência incentivado pelo mercado neoliberal, hoje, é a abertura às
mudanças exigidas por esse mesmo mercado. A mudança de paradigmas torna-se
imprescindível para que gestores e colaboradores compreendam que, embora
exerçam papéis e atividades hierárquicas diferentes, fazem parte de um mesmo
sistema que necessita do envolvimento de todos os profissionais para o alcance dos
objetivos organizacionais.
4 A Psicopedagogia Clínica
49
O principal objeto de estudo da Psicopedagogia são os níveis de inteligência,
as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais e as proposições
da psicologia social, visto que a aprendizagem escolar além de estar cerceada pelos
problemas sociais e emocionais está inserida em um contexto onde as experiências
vivenciadas e os grupos sociais são específicos (VISCA, 1987).
Na sua ação terapêutica, o especialista em Psicopedagogia trata das
dificuldades de aprendizagem, procurando diagnosticar os possíveis “bloqueios” que
dificultam o processo de aprendizagem e, se suspeitar que existam outras
dificuldades que escapam de seu conhecimento, deve encaminhar seu cliente para a
avaliação concomitante com outras ciências com as quais desenvolve seu trabalho
de forma interdisciplinar, tais com a Psicologia, a Neurologia, a Fonoaudiologia, a
Linguística, a Psicanálise, para citar algumas.
No exercício clínico, o especialista em Psicopedagogia deve identificar a
estrutura do educando, suas transformações no decorrer do tempo, as influências do
intermeio nestas transformações e como ele se relaciona com o processo
ensinagem/aprendizagem. Este saber exige do especialista o conhecimento do
processo de ensinagem/aprendizagem e todas as suas inter-relações com outros
fatores que podem influenciá-lo, bem como das interferências emocionais, sociais,
pedagógicas e orgânicas que obstaculizam esse processo.
50
A Psicopedagogia Clínica deve investigar e compreender os aspectos
orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais, dentre outros, que desfavorecem o
processo de aprendizagem. Por outro lado, ao mesmo tempo em que a
Psicopedagogia, na clínica, busca compreender a causa do não aprendizado, deve
investigar “como” o cliente aprende e o “que” sente prazer em aprender. De acordo
com Scoz (apud BOSSA, 2000, p. 67), o especialista em Psicopedagogia deve “[...]
possibilitar situações que resgatem o prazer de aprender em sua totalidade [...]”.
Nesta relação dialética entre detectar as causas que dificultam a ação de
aprender e do que e como aprender, o especialista deve manter uma linha
investigativa constante, visando observar o processo de evolução do seu cliente,
pois, conforme Bossa (2000, p. 99), “[...] é de extrema relevância detectarmos, por
meio do diagnóstico, o momento da vida da criança em que se iniciam os problemas
de aprendizagem”.
Na busca pelas causas que impedem ou desnorteiam o processo de
aprendizagem, o especialista em Psicopedagogia fará a utilização de instrumentos
tais como entrevistas e anamnese, provas psicomotoras, de linguagem, de nível
mental, pedagógicas, provas de percepção, projetivas e outras, segundo o
referencial escolhido pelo profissional, a fim de detectar e diagnosticar o problema, e
fazer a devida intervenção.
Em resumo, a Psicopedagogia Clínica tem como fim, com seu processo de
investigação, diagnóstico e intervenção, a (re)elaboração e a (re)construção do
processo de aprendizagem, o resgate da autonomia, e, através de uma
metodologia flexível, estabelecer estratégias que possibilitem uma nova relação
ensinagem/aprendizagem para devolver ao educando o desejo e o prazer de
aprender.
51
a pensar, mas se coloca como a intérprete dos sentimentos que estão presentes nas
palavras, nas ações e até mesmo no silêncio, quer do educando, quer do grupo.
52
(Dicionário de Biografia Nacional, p. 1885-1900). Em 1737, John Wesley reunia
crianças para estudar a Bíblia em Savannah, Geórgia, Estados Unidos
(DORNELLAS, 2013).
Hannah Ball Moore começou a evangelizar crianças através de estudos
bíblicos em sua casa, situada em High Wycomb, na Inglaterra, no ano de 1769, aos
26 anos de idade. Mais tarde esses estudos passaram a ser ministrados nas
dependências da Igreja Anglicana desta mesma cidade (DORNELLAS, 2013;
CANTO, 2011). Por ser a primeira pessoa de que temos conhecimento a
desenvolver este tipo de trabalho nas dependências de uma instituição religiosa,
cabe a ela o mérito da invenção da Escola Dominical nos moldes que hoje
conhecemos.
No entanto o crédito da invenção da Escola Dominical foi dado de forma
equívoca ao jornalista inglês Robert Raikes, muito mais por seu prestígio como
editor do Gloucester Journal (BALTCHEDER, 1985, p. 8; HANN, 1989, p. 275) do
que pela sua iniciativa, sem desmerecer esta última, que consistiu em reunir
crianças carentes, entre seis e catorze anos (MATOS, 2011) que perambulavam aos
Domingos pelas ruas de Gloucester, cidade situada no Centro-Oeste da Inglaterra, e
alfabetizá-las através do ensino da língua materna, da aritmética, da ética e
educação religiosa (LEMOS, 2013).
Como a cidade de Gloucester era um importante polo industrial têxtil na
época, as pessoas trabalhavam de Segunda a Sexta-feira e folgavam apenas aos
Domingos, incluindo as crianças. Não havia escolas públicas na Inglaterra do século
XVIII, apenas particulares, e Robert Raikes decidiu alfabetizá-las. Sendo o dia de
Domingo o único em que estas crianças folgavam da dura lida nas fábricas têxteis,
ele começou a reuni-las em praças públicas e em casas particulares. Mais tarde,
com o apoio de outras pessoas e da própria Igreja Anglicana 16, que frequentava,
passou a alfabetizá-las nas dependências de alguns templos que lhe abriram as
portas (SILVA, 1998, p. 16; ARMSTRONG, 1992, p. 74).
Além do trabalho de alfabetização, que era feito com a colaboração de
professoras de sua própria paróquia, as quais Raikes remunerava, ele utilizava de
seu periódico para angariar doações de materiais escolares, roupas, sapatos e
propiciava o almoço de Domingo para seus alunos (LEMOS, 2013).
16
O Reverendo Thomas Stock já realizava uma escola dominical desde 1777, quando era pároco em
Ashbury e veio a somar esforços com Raikes em Gloucester. Cf. CANTO, Judson em:
https://judsoncanto.wordpress.com/2011/12/28/a-escola-dominical-nao-comecou-com-robert-raikes/
53
Raikes percebeu, depois de três anos, que seu projeto com as crianças
estava colhendo frutos motivadores e decidiu publicar em seu jornal, em 3 de
novembro de 1783, os resultados da sua Escola Dominical (CANTO, 2011). Apenas
quatro anos depois da publicação, a Escola Dominical iniciada por ele já havia se
espalhado pela Inglaterra e já contava com aproximadamente 250 mil matriculados
(BATCHELDER, 1985, p. 8).
Quando Robert Raikes veio a falecer, em 1811, o número de matriculados
chegava a 400 mil (LEMOS, 2013) e, “em 1831, 20 anos após sua morte, havia na
Grã-Bretanha escolas dominicais que, unidas, envolviam no estudo da Palavra de
Deus, semanalmente, perto de 1.250.000 crianças” (DORNAS, 2002, p. 33).
O próprio equívoco histórico de atribuir a Robert Raikes a fundação da Escola
Dominical nos ajuda a distinguir o seu trabalho dos demais que o antecederam e
precederam. É nítido que existe uma diferença marcante entre os estudos bíblicos
que eram, muitas vezes, realizados aos Domingos e o trabalho de alfabetização
realizado por Raikes. Enquanto aqueles eram estudo sistemático da Bíblia com o
objetivo de instruir e evangelizar (MATOS, 2011), a proposta de Raikes era a de
alfabetizar e formar cidadãos (LEMOS, 2013).
Quando a Escola Dominical chegou aos Estados Unidos da América do Norte,
no final do século XVIII, o principal objetivo proposto por Raikes ainda estava vivo,
qual seja, a educação de crianças pobres que trabalhavam nas fábricas. No entanto
na década de 1870 já havia sido esquecido e existiam dois tipos de Escola
Dominical: “missionárias, que evangelizavam crianças em áreas rurais e bairros
pobres das grandes cidades [e] eclesiásticas, que educavam os filhos dos membros
das igrejas” (MATOS, 2011). A Escola Dominical deixou de ser educação popular
para se tornar especificamente eclesiástica.
A Escola Dominical, no Brasil, chegou nos mesmos moldes da estadunidense.
Fundada oficialmente em 19.08.1855 17, em Petrópolis, Rio de Janeiro, pelo casal de
missionários escoceses Robert Kalley e Sarah Poulton Kalley (MAIA, 2010), tinha
por objetivo o ensino da Bíblia como forma de evangelização (LEMOS, 2013; MAIA,
2010). Em maio de 186118, o Reverendo Ashbel Green Simonton, missionário
17
Embora geralmente aceita como a data oficial, uma carta do Reverendo Justin Spaulding,
missionário metodista, datada de 05.05.1836 declara que este havia começado uma escola dominical
com mais de 40 alunos entre crianças e jovens. Cf. REILLY, Duncan A. História Documental do
Protestantismo no Brasil, p. 82.
18
MAIA estabelece a data de 22.04.1860 com base no Diário de Simonton. Cf.
www.mackenzie.br/.../Introducao_a_Educacao_Crista_15_-_Final_pdf
54
presbiteriano estadunidense inicia uma escola dominical, na cidade do Rio de
Janeiro e, mais tarde, em 17.04.1864, o Reverendo Alexander L. Blackford, também
presbiteriano, dirige a primeira na cidade de São Paulo com a presença de sete
crianças (MAIA, 2010), ambas voltadas para o estudo da Bíblia e a evangelização.
No início do século XX, a Escola Dominical no Brasil existia com o firme
propósito de conservar os filhos da igreja no seio dela, promover conhecimento
metódico da Bíblia para os membros da igreja e treinar os mesmos para o
evangelismo ou para “ganhar almas” (SILVA, 1998, p. 21-25; MAIA, 2010), e este
tem sido o seu objetivo desde então.
Percebemos, sem muito esforço, que as atividades desenvolvidas na atual escola dominical
têm como fim a manutenção da instituição religiosa tanto no tempo quanto no espaço e que a
formação de cidadãos comprometidos com a realidade social foi relegada.
Segundo Campos, fica cada vez mais evidente que é o próprio modelo de educação
religiosa cristã, centrado na escola dominical, que está em crise:
A ED (Escola Dominical) é uma instituição sem flexibilidade, [...]
sufocada pelo moralismo. [...] A Bíblia é lida numa ótica
fundamentalista, estreita e literal, o que elimina qualquer forma de
criatividade, [...] A estrutura da ED está ancorada numa “ecologia
organizacional” que pressupunha [...] uma sociedade ainda
fortemente sacralizada na qual a religião ocupava um lugar
privilegiado (apud STRECK, 1985, p. 45. Grifo nosso).
O atual processo pedagógico das escolas dominicais, onde acontece, "o doutrinamento dos
novos convertidos, através de um estudo literal da Bíblia e de uma concentração no aspecto ético-
individualista da fé cristã" (STRECK, 1982, p. 40), torna evidente que esta importante instituição
educativa protestante passa por crise de identidade sem precedentes, resultado da gradativa fuga
histórica dos problemas sociais por parte das igrejas protestantes.
55
Podem-se enumerar as seguintes: observa, entrevista e faz devolutivas; administra
ansiedades e conflitos; trabalha com e esclarece papéis no grupo; identifica
sintomas de dificuldades no processo ensino/aprendizagem; organiza ações de
prevenção; estabelece estratégias para o exercício da autonomia; problematiza as
“queixas”; cria espaço de escuta; etc. (NOFFS, 1995 apud LIMA, 2008).
Embora a Psicopedagogia tenha nascido de uma preocupação com o
processo de aprendizagem ligado ao ambiente escolar, hoje está presente em vários
outros ambientes institucionais. A atuação da Psicopedagogia Institucional está
voltada para as escolas, empresas, hospitais, creches e organizações assistenciais,
como as ONGs. O sujeito desta modalidade de atuação psicopedagógica é o grupo
ou a instituição, que se caracteriza como uma rede complexa de relações que
precisam ser investigadas e conhecidas para que a investigação, o diagnóstico e a
intervenção logrem êxito.
Essa investigação está relacionada à coleta de informações, e isso se dá a
partir das observações realizadas no ambiente em que vai ocorrer o trabalho
psicopedagógico. Entretanto,
56
Toda instituição foi fundada com um ou mais objetivos. No entanto com o
decorrer do tempo o objetivo proposto muitas vezes foi deturpado, seja por questões
ideológicas, políticas ou mesmo pessoais. O levantamento do histórico da
instituição, como primeiro passo da intervenção psicopedagógica, é imprescindível
para que possíveis desvios sejam diagnosticados.
57
A defasagem do corpo docente é uma das principais barreiras para que os
processos de ensinagem e aprendizagem se efetivem. A formação deve ser
coerente com a grade curricular que vai ser desenvolvida e a capacitação, que
acontece na formação continuada, nas especializações, nos cursos de curta duração
vai proporcionar a descoberta de novas tecnologias e metodologias que promovam a
ação pedagógica de forma mais prazerosa. A inexistência da formação continuada
acarreta em desânimo para o educador e para o educando, e em atividades
repetitivas e desmotivadoras.
2.8 Entrevistas
58
As entrevistas com todos os envolvidos no projeto pedagógico devem ser
elaboradas previamente. Porém isto não significa que o entrevistador vais apenas
coletar dados do entrevistado, mas deve ficar atento, em cada resposta dada, aos
gestos, às expressões, às ênfases, e também ao que não foi dito, pois quer dizer
muita coisa.
2.11 Observações
59
As informações levantadas na primeira hipótese diagnóstica (1º Sistema de
Hipóteses) agora devem ser confrontadas com as levantadas nas observações. O
resultado evidenciará quais ações devem ser elencadas para que os agentes
educativos (Diretores, Pedagogos, Professores, Secretários, Funcionários) possam
modificar sua prática pedagógica.
2.14 Devolutiva
19
Os subcapítulos 3 e 4 estão baseados nos livros: MELO, Maria Taís de. Filhote de Homem:
aspectos cognitivos, psicológicos e sociais. São Paulo: IGGE, 2005; SANTOS, Tereza Ichiki dos;
KEYES, Bill. O Bom Professor Conhece os Seus Alunos. Venda Nova, MG: Edições Luz do
Evangelho, s/d.
60
psicogenéticas20 em que se encontram os educandos, tendo em vista o aprendizado,
ou seja, fenômeno que resulta na transformação das informações em conhecimento.
Nesta faixa etária as crianças estão com sua coordenação motora mais
desenvolvida e seus movimentos são mais seguros. São naturalmente intuitivas e
egocêntricas. Gostam de mostrar o que sabem fazer e esperam ser elogiadas.
Suas emoções são extremas, por isso necessitam de autocontrole diante de
medos de coisas ou de situações que mechem com elas, sendo um oportuno
momento para leva-las a vencer seus temores.
Por gostarem de novidades (lugares, pessoas e objetos), ficam pouco tempo
realizando uma determinada atividade, o que exige, por parte do/a educador/a a
troca constante de atividades. Se motivadas, conseguem se prender por mais tempo
em uma determinada atividade.
Estão deixando o egocentrismo e descobrindo o prazer de brincar com outras
crianças.
20
A divisão em faixas etária não representa a fase psicogenética, apenas procura aproximar a idade
biológica da psicológica para fins pedagógicos.
61
3.3 Crianças de 7 a 9 anos
62
Como a capacidade de raciocínio está em pleno desenvolvimento, a busca
por novidades é intensa.
São práticos, sendo necessário dizer-lhes “para que” estão desenvolvendo
determinada atividade ou pesquisando determinado material.
Querem pertencer a um grupo, e quando os formam são grupos fechados,
onde a lealdade a estes está acima até mesmo daquela devida aos pais.
Começaram a ter consciência de seus problemas pessoais, o que os leva aos
sentimentos inconstantes e às emoções intensas.
Necessitam de atividades que trabalhem os movimentos gerais e a
flexibilidade.
3.6 Jovens
3.7 Adultos
63
A pergunta “o quê” nos remete ao conteúdo, enquanto “como” nos remete à
metodologia empregada para que o conteúdo seja transmitido, assimilado, criticado
e transformado em conhecimento pelo educando. Sendo o aluno da Escola
Dominical um ser “aprendente”, necessário se faz democratizar o conteúdo e
expandir a metodologia. Quero dizer com isso que o que vai ser transmitido deve ser
co-elaborado com a mediação do educador, e que as mais variadas maneiras de
transmiti-lo devem ser empregadas.
Nas tabelas a seguir, serão elencadas algumas ações pedagógicas de acordo
com a faixa etária. Não se trata de um quadro definitivo, mas de ideias para que os
educadores possam ampliá-las e melhorá-las.
64
Nesta fase da vida, o ser humano
tem a atenção muito limitada. A
criança presta atenção aos
acontecimentos à sua volta por no
máximo dois minutos. Mesmo
assim, a observação deve ser
despertada para que a criança
adquira conhecimento através da
manipulação de objetos que as
cercam.
Crianças de 2 a 3 anos
Não precisaria dizer que o local
deve estar sempre cheio de
brinquedos e outros objetos.
65
Para crianças desta fase, as
atividades devem ser
desenvolvidas em grupo e,
preferencialmente, ao ar livre.
66
Para esta fase, brincadeiras e
jogos devem ser elaborados de
maneira que estimulem a
curiosidade. As respostas
prontas estão fora de cogitação.
Deixe-as ajudarem quando
pedirem.
67
Esta fase se caracteriza pela
energia. Dê atividades onde
possam usar as suas forças.
Dê-lhes oportunidade de
pensarem, perguntarem e se
expressarem.
O desenvolvimento da lição da
escola dominical através de
competição grupal além de
envolvê-los fará com que
desenvolvam a competitividade.
68
4.5 Adolescentes (13 a 17/18 anos)
Delegar responsabilidades é um
excelente meio de fazer com que
os adolescentes se sintam parte do
processo e, por isso, valorizados.
No entanto não cobre resultados
imediatos.
70
CONCLUSÃO
71
A Educação Religiosa Cristã, que acontece, prioritariamente, nas escolas
dominicais não acontece de forma isenta. A Escola Dominical está inserida em
determinada instituição religiosa, que tem a sua história, que por sua vez está
inserida em determinado contexto social e histórico. Existe, neste contexto,
determinado tipo de população, com suas características históricas, sociais e
econômicas. Este contexto que cerca a Escola Dominical vai definir o modelo, os
métodos e as metodologias da educação cristã a ser desenvolvida pela instituição
religiosa.
O processo educativo-pedagógico religioso cristão não pode ser o mero
repassar de informações desconexas da realidade tanto da instituição religiosa
quanto da dos educadores e educandos. Todos esses atores educativos estão
inseridos no contexto maior do Reino de Deus, inaugurado e ensinado por Jesus
Nazareno. A instituição tem valores a salvaguardar, os educadores a repassar e os
educandos a assimilar e praticar. A Solidariedade (amor ao próximo) é o maior
destes valores e o que deve permear toda a ação educativa da Igreja.
Ensinar valores do Reino é o papel da Igreja como instituição educativa.
Mas, para lograr êxito nesta difícil tarefa, deve levar em conta que educadores não
mantêm o monopólio do conhecimento e que educandos não são “tábulas rasas”,
como se pensava até pouco tempo atrás. Cada aluno/a da Escola Dominical tem
com que contribuir no processo educativo, tendo em vista que em cada fase do
desenvolvimento humano somos capazes de receber e assimilar informações e
transformá-las em conhecimento. Nenhum educando vai para a sala de aula sem
nada saber, como desconhecedor do mundo que o cerca e do qual participa.
Assim sendo, cabe a todos aqueles e aquelas que desenvolvem o ministério
educativo nas escolas dominicais respeitar cada aluno/a, desde o mais novo até ao
mais idoso deles/as, respeitar o que são, o que dizem, o que fazem, o que pensam,
enfim, o que sabem da vida, pois a vida é o ideal por excelência do Reino de Deus.
72
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APÊNDICE
77
RELATÓRIO DE INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA INSTITUCIONAL
REALIZADA NA IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DO JARDIM
LEONOR – LONDRINA – PARANÁ
78
Paraná – UNOPAR. Os dados que se seguem são o resultado de investigação
realizada através da aplicação de questionários, entrevistas e testes projetivos aos
envolvidos no processo de ensinagem e aprendizagem, bem como de observações
em sala de aula da Escola Dominical (ED) da Igreja Presbiteriana Independente do
Jardim Leonor, na cidade de Londrina, Paraná.
1 Histórico da instituição
79
Pastor: Rev. Jaime Clóvis da Silva
Diretor da Congregação: Presbítero Antônio Marcondes
Superintendente da Escola Dominical: Presbítero Erasmo de Araújo
Vice-Superintendente: Neide Pereira
1º Secretário: Nicolau Mitsuhiro Itiyama
2º Secretário: Paulo Jurandir Judar
Tesoureiro: Presbítero Erasmo de Araújo
Professores da Escola Dominical: Geni Goulart Araújo, Nadir Nicolau da Silva,
Rosemeire Goulart Itiyama, Sebastião Bernardino Pereira e Ângelo de Oliveira.
80
O então Presidente do Presbitério de Londrina, Presbítero Ivan Pires de Camargo
usou da palavra para instruir os membros sobre a eleição dos oficiais, lembrando
dos deveres e responsabilidades de cada um.
A votação teve início após a leitura do capítulo 3 da primeira carta de Paulo a
Timóteo e de três orações voluntárias. Foram eleitos para presbítero: José Machado
de Oliveira, Antônio Marcondes e Erasmo de Araújo. Para a Mesa Diaconal: Martha
Durão Judar, Raimundo Augusto de Jesus, Nicolau Mitsuhiro Itiyama e Geni Goulart.
A nomeação do tesoureiro foi feita na primeira reunião do Conselho e o escolhido foi
o irmão Lourival Nicolau. Por determinação do Presbitério, desde 1º de Janeiro de
1982 o então pastor da 4ª IPI de Londrina, Rev. Oliveira de Souza assumira o
pastorado da Congregação. No dia 14 de Março de 1982 assumiu definitivamente o
pastorado da igreja permanecendo até Dezembro de 1990. O primeiro conselho da
igreja ficou assim constituído:
Presidente: Rev. Oliveira de Souza
Vice-Presidente: Presbítero Antônio Marcondes
Secretário: Presbítero Erasmo de Araújo
Membro: Presbítero José Machado de Oliveira
2 Filosofia de trabalho
3 Espaço físico
81
uma (1) sala para adultos, uma (1) sala para jovens e adolescentes, uma (1) para
pré-adolescentes e duas (2) para crianças.
4 População atendida
6 Sistema de avaliação
8 ENTREVISTAS
82
encontradas na administração da ED e na efetivação da aprendizagem dos valores
cristãos, responde que o pouco tempo para reuniões, a pouca proximidade e as
influências externas, como os diferentes discursos, são as maiores dificuldades
encontradas. Quando perguntado sobre a importância de seu trabalho no processo
de ensino e aprendizagem, ele diz que seu trabalho como cuidador dos professores
e ser o exemplo em tudo o que ensina. O que já foi feito para minimizar ou sanar os
problemas que interferem no processo ensino/aprendizagem, bem como quais os
resultados obtidos, ele diz que a escolha, pela Diretoria, dos envolvidos no processo
educacional daquelas pessoas que tem algum perfil educacional/pedagógico e a
continuidade dessa equipe e que essas ações trouxeram maior frequência na ED, a
escolha de temas coesos, com uma mesma linha semântica e uma Abertura mais
dinâmica. Sobre o relacionamento entre os integrantes da ED, responde que é
excelente e coeso. Foi perguntado ao Diretor sobre o organograma dos cargos e
funções da ED e se todos estão dispostos como preestabelecido pela Secretaria
Nacional de Educação Cristã (SEC), e ele disse que o mesmo está assim
organizado: Superintendente (Coordenador) e vice; Secretário e vice; Professores, e
que não existe um quadro de cargos e funções estabelecidos pela Secretaria
Nacional, mas, sim, normas, tais como ser membro professo da igreja há pelo
menos dois anos e ser aprovado pelo Diretor. Quanto à realização de reuniões com
os responsáveis pela Educação Cristã e se os mesmos são atuantes, a resposta é
negativa para as reuniões e que os responsáveis pela Educação Cristã estão
abertos a uma boa atuação, mas que falta efetivação. A última pergunta é se,
enquanto Diretor, ele gostaria que alguma coisa mudasse na ED e como
poderíamos ajudar nisso, e ele diz que mudaria o horário, talvez agregado ao do
culto da noite, bem como alguns paradigmas, tais como viabilizar mais trabalhos
externos, atividades mais práticas e mais atraentes.
83
agilizar os mecanismos de funcionamento da ED, formar, organizar o material
pedagógico, levantar as ausências e que é responsável pelo próprio formato da ED.
Quando perguntado sobre a relação entre a coordenação e os professores, ela
responde que não tem muito êxito, que existe uma distância dos professores e que
cada um “faz o seu”, por causa da existência das Revistas. Da mesma forma, com
relação à participação da coordenação no planejamento com os professores,
responde negativamente e complementa que o motivo é que as lições já estão nas
revistas. Pergunta-se se os professores têm acesso ao material de apoio
pedagógico e se o acervo é atualizado e diversificado e a resposta é que existe, sim,
uma biblioteca nova, ainda com pouco material, mas que já é de grande ajuda aos
professores. Quanto a comunicação entre os membros da instituição e a Escola
Dominical e entre a esta e o bairro, a coordenadora responde que a comunicação
com os membros da igreja na abertura da ED e, às vezes, pessoalmente, no culto
da noite, e que com o bairro a comunicação acontece através do Departamento
Infantil quando na Escola Bíblica de Férias (EBD). Se a ED estabelece parceria com
outras instituições de ensino, a resposta é negativa. A próxima pergunta é se os
professores dispõem de auxiliares e com que frequência, e a resposta é que todos
têm um auxiliar, com exceção do professor dos jovens e adolescentes. Quando
questionada sobre as medidas que podem ser tomadas nos casos em que os
professores se sentem frustrados na sua atuação, responde que através do diálogo.
Quanto à formação e capacitação docente e com que frequência acontece,
responde que às vezes, que a ênfase está no Departamento Infantil e que no ano
anterior não ocorreu nenhuma. Por fim, quando se pergunta sobre as mudanças que
ela proporia para a ED, responde que na implementação de um Projeto Pedagógico
para que todos possam seguir a mesma linha e a mesma direção.
A primeira pergunta feita aos professores foi sobre as estratégias usadas para
ajudar os alunos desinteressados e/ou com dificuldades de aprendizagem e se essa
intervenção tem tido sucesso e as respostas, por agrupamento, são: conhecer suas
dificuldades; elaborar a lição de acordo com suas dificuldades; aula dinâmica e
participativa; mudanças constantes de estratégias; exemplos; carinho; gincanas com
prêmios; músicas; maior tempo com o aluno. Todos responderam que as estratégias
84
adotadas surtem efeito. Quando perguntado sobre a realização como professor/a da
ED, as respostas da maioria foi positiva, um deles disse que apenas um pouco e
outro disse que não. Em seguida, a pergunta feita é se o professor tem uma postura
crítica em relação a sua ação pedagógica e obtiveram-se seis respostas afirmativas
e três negativas. Com relação ao relacionamento professor/aluno e
professor/direção, as respostas foram “tranquilo”, “muito bom” e “ótimo”. A próxima
pergunta foi sobre o papel do professor na ED e as respostas foram: ensinar
conteúdos cristãos e bíblicos, ensinar a palavra de Deus, ensinar os alunos a terem
uma vida cristã, criar consciência e crescimento espiritual, “ensinar”, “orientar”,
“servir”. Com relação à postura, como professor, diante de uma situação de
frustração, as respostas foram as mais variadas: acompanhamento, oração, diálogo,
mudança de método, chateação, naturalidade, seguir em frente. Os professores
foram questionados sobre a maior dificuldade encontrada na realização de seu
trabalho e responderam que a união entre eles, crianças de diferentes fases de
desenvolvimento na mesma sala, timidez, aceitar as ações de cada aluno, escolha
do material que atenda os objetivos, problemas pessoais, desânimo, falta de
formação, conflitos internos, “não tenho dificuldade”. Foi perguntado se a afetividade
ajuda na relação professor/aluno e oito professores responderam que sim e apenas
um disse que pode “ajudar e atrapalhar”. Por fim, pergunta-se a quem o/a
professor/a atribui o desinteresse da maioria pela ED e as respostas foram muito
variadas, tais como: à metodologia, à falta de disciplina pessoal, família,
professores, sociedade, tecnologia, falta de estratégias, assuntos repetitivos e ao
horário.
85
Embora a denominação da classe seja a de crianças de 0 a 6 anos, os
alunos matriculados têm entre 4 e 6 anos. A primeira questão foi em forma de teste
projetivo, e foi pedido aos alunos que pintassem uma árvore de natal (ANEXO B),
tendo em vista que a escolha da cor está relacionada com as reações afetivas.
Depois que a árvore foi pintada, foram feitas algumas perguntas numa roda de
conversa informal e a resposta dos quatro alunos presentes à aula, para a primeira
delas, qual seja, se eles gostam de ir à ED, foi positiva. A segunda pergunta foi
sobre o que eles mais gostam em sua professora e que ela cuida dos alunos, faz as
atividades juntamente com eles e que é muito legal foram as respostas. Perguntado
se eles gostam das atividades, todos responderam que gostam muito. Se eles têm
algum amiguinho foi a última pergunta feita e todos eles responderam
afirmativamente.
86
Como primeira questão, foi aplicado aos alunos um teste denominado “A
Árvore dos Valores”, cujo objetivo é levantar os tipos de valores que essas crianças
têm adquirido nas aulas da ED (Anexo B). Os valores, neste teste, estão divididos
em Éticos, Estéticos, Religiosos e Políticos. Dispostos os valores escritos em
pequenas tiras de papéis espalhadas aleatoriamente sobre uma mesa, pediu-se que
as crianças, uma de cada vez, escolhessem um valor e colasse na árvore, que foi
desenhada e colada na parede, e os valores mais escolhidos foram os políticos
seguidos pelos religiosos. Em seguida, foi aplicado o mesmo questionário que às
crianças de 7 – 9 anos. Assim sendo, primeiramente foi perguntado se eles gostam
de ir à ED e todos respondem afirmativamente. À pergunta sobre o que mais gostam
e o que menos gostam na ED, as respostas para o que gostam são: as histórias, de
tudo, da aula e das atividades. Com relação ao que não gostam, responderam que
de escrever, “peca”, do pessoal, de falar mentira, “nada” e de alunos que atrapalham
a aula. Na próxima pergunta, o objetivo foi o de levantar se a professora passa
tarefas para casa e se os pais os auxiliam e todos os alunos responderam
afirmativamente. Com relação ao auxílio dos pais, dois alunos responderam que sim,
quatro responderam que não e um não respondeu. Se eles gostam da professora foi
a pergunta seguinte e todos eles responderam afirmativamente. A próxima questão
é sobre as atividades realizadas durante as aulas e estas foram assim
discriminadas: histórias, leitura da Bíblia, desenhar, pintar, gincanas, “tudo”, “ensino
sobre Abraão”, questionário e leituras. O questionário é encerrado com uma última
pergunta, a saber, se os alunos pudessem modificar alguma coisa da ED, o que
modificariam e seis deles responderam que não modificariam nada e apenas um deu
uma sugestão: teatros com fantoches.
87
durante as aulas e todos respondem que sim, sendo que um aluno complementa
que na maioria das vezes não sabe o que dizer por não ter opinião formada.
Também é perguntado se as aulas são objetivas e todos respondem que são. Foi
pedido que os alunos dissessem o que eles mais gostam na ED e que explicassem
e as respostas foram: a facilidade de compreender os temas e poder discuti-los; das
aulas, porque são ótimas para a vida; um respondeu que gosta dos temas, sem
explicar a resposta e outro do momento de mostrar as opiniões, também sem
explicar a resposta. Da mesma forma, foi perguntado o que eles menos gostavam na
ED e três deles responderam nada, por enquanto; quando não tem Escola
Dominical; o horário; um aluno não respondeu a questão e apenas um a explicou. A
próxima pergunta foi se mudariam alguma coisa na ED e que explicassem a
resposta, e as respostas de três dos quatro alunos presentes foram que não
mudariam nada, sendo que apenas um respondeu que a forma como as classes são
tratadas pelas pessoas da própria instituição. A última questão foi sobre suas
opiniões sobre a preparação dos professores, sendo que dois alunos responderam
que sim, um respondeu que na maioria das vezes e o outro que alguns o são, mas
outros apenas transmitem o conteúdo da revista.
88
perguntado se suas perguntas são respondidas satisfatoriamente, a maioria
responde que são e apenas três respondem que na maioria das vezes. Se alguma
coisa poderia ser mudada na ED foi a próxima pergunta e a maioria disse que nada,
seguido por duas respostas sobre a pontualidade, duas sobre se ter maior tempo
para as aulas, uma resposta sobre maior utilização da Bíblia nas aulas, aulas mais
atrativas, maior aprofundamento e dois alunos não responderam. A última questão
foi se a liderança da ED é bem preparada e atuante e treze alunos responderam que
sim, um que poderia melhorar, outro que quase sempre, sendo que apenas um não
respondeu a pergunta.
9 Testes Psicopedagógicos
PAR EDUCATIVO
CRIA
NÇA DE 8 ANOS
89
VALORES ESCOLHIDOS (ALUNOS 10 – 12 ANOS)
10 1º SISTEMA DE HIPÓTESES
90
quase nulidade das reuniões pedagógicas, as revistas com suas lições prontas, falta
de planejamento por causa das revistas, pouco investimento na formação docente,
preocupação em transmitir o conteúdo das revistas, salas com crianças de
diferentes estágios de desenvolvimento, dificuldade de escolha de material
pedagógico apropriado, falta de ajuda dos pais nas tarefas das crianças, falta de
atividades práticas, pouco trabalho externo e o horário da ED. Também dificultam o
processo de ensinagem/aprendizagem o pouco envolvimento relacional entre os
responsáveis pela educação cristã e entre os docentes e os discentes.
11 OBSERVAÇÕES
91
os alunos se sentam em bancos de madeira enfileirados e o professor conta com um
pequeno púlpito de madeira.
92
11.1.2 Classe dos Adultos II
11.1.2.1 Observação da sala de aula
93
desânimo. O professor, então, intermedia a partilha fazendo referência ao texto
bíblico e um terceiro aluno pede a palavra e dá continuidade ao assunto, dizendo
que o objetivo de toda crise é trazer fortalecimento e crescimento e não desânimo, e
neste momento se estabelece um clima de tensão, porque enquanto falava o aluno
que compartilhou o acidente do filho estava conversando paralelamente com outro
que estava sentado ao seu lado. Houve trocas de palavras em tom rude e ruptura
imediata do diálogo. O professor percebe o clima de tensão que se estabeleceu
entre os dois alunos e retoma o assunto, pautando-se nas suas anotações. A aula
se desenvolve, a partir desse momento, sem muita participação dos alunos, e
quando esta ocorre, percebe-se que são sempre os mesmos que participam, até
que, um deles, fez referência a um passeio realizado na noite anterior e muitos dos
que até então não haviam participado da aula começaram a compartilhar seus
sentimentos com relação ao passeio e a rirem bastante dos acontecimentos. O
professor se mostra descontente com o rumo da aula e, assim que tem uma
oportunidade de falar, faz uma pergunta sobre o assunto com o claro intuito de
retomar a discussão sobre a crise, no entanto nenhum deles responde, o leva a
prosseguir falando. A aula está chegando ao fim, conforme anunciado pelo professor
e além da maioria dos alunos não participar, três deles permaneceram o tempo todo
olhando para os lados e para baixo, numa clara demonstração de desinteresse pelo
assunto. Outro acontecimento que chamou a atenção durante a aula, é que o aluno
que chegou depois de começada a aula, trazido pelo secretário, retirou-se da sala
em poucos minutos e não mais retornou, sendo que tal fato aparentemente não
incomodou nem o professor e nem os alunos.
94
11.1.3.2 Observação dos professores e alunos
95
desinteresse do aluno questionado pelo professor quanto ao seu preconceito ao final
da aula.
A sala de aula está situada no segundo andar e seu espaço é bem amplo.
Possui uma lousa, duas mesas, encostadas uma na outra, um armário de aço e um
“painel de presença semanal”. As cadeiras estão dispostas ao redor da mesa e os
alunos sentam um ao lado do outro.
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bastante agitado, pede constantemente para participar da aula e a professora não
lhe dá muita atenção. Os textos bíblicos são, então, divididos entre os alunos e
todos encontram os textos sem dificuldades em suas Bíblias. Todos os alunos são
convocados a ler um texto que faz menção ao tema e a professora faz a
intermediação com explicações e perguntas sobre o que leram. O aluno (4) está
totalmente disperso e as alunas (6) e (7), que são as mais novas da turma,
escrevem e desenham nas mãos e mostram uma para a outra. A professora não dá
atenção ao caso e continua falando sobre o texto bíblico, dando continuidade à lição.
Termina esta parte da lição e diz aos alunos que na próxima aula dará continuidade
ao tema, por que ainda tem que falar sobre “SACRIFÍCIO” e “OBEDIÊNCIA”,
fazendo comentário sobre uma história bíblica que fala sobre as duas coisas. É
digno de nota que enquanto a professora faz menção ao tema do sacrifício, o aluno
(2) faz gestos de violência batendo na mesa como se estivesse cortando algo. A
Professora termina a aula passando atividade de pintura para ser feita em casa e
sem levar em consideração a não participação das duas alunas mais novas.
A sala de aula tem espaço adequado e contém uma janela e uma porta.
Possui uma mesa e bancos apropriados para a faixa etária, um armário de aço, um
armário arquivo, prateleiras com diversos materiais pedagógicos e paredes pintadas
com desenhos. Está localizada nos fundos do prédio de Educação Cristã no andar
térreo.
97
texto na Bíblia onde se encontra a história de uma mulher que virou uma estátua de
sal por desobedecer a ordens dadas por Deus com as crianças sentadas, e, a
seguir, lê pausadamente um pequeno trecho e pede que repitam. Deste modo
consegue com que participem da aula. Mesmo que as crianças façam perguntas que
não estão relacionadas com o tema, a professora sempre as responde, dando a
devida atenção aos alunos. A história passa a ser contada de uma forma mais
simples, com uma linguagem mais apropriada para a faixa etária. Durante a
atividade a professora senta com as crianças e sempre atenciosa e carinhosa, passa
a fazer perguntas relacionadas à história contada e todas respondem, denotando
atenção à aula. É bastante interessante o fato de fazerem bastantes perguntas
sobre a história e darem sugestões para os personagens. A partir de determinado
momento da aula, o aluno (1) fica bastante disperso e começa a brincar em
separado, ao mesmo tempo em que os demais também já não prestam tanta
atenção, no entanto a professora percebe e os convida para pintarem a figura da
mulher que virou estátua de sal, enquanto aponta os lápis de cor.
Excepcionalmente a aula foi dada para uma classe ou turma mista, pois as
professoras dos pré-adolescentes estavam ausentes. Procurou-se observar os
alunos menores que estavam, de certa forma, agrupados. A professora fez a
chamada dos dois grupos e disse que a aula seria sobre a história do Filho Pródigo.
Ela faz a leitura do texto e permite que os alunos façam perguntas, embora as
crianças menores fossem intimidadas pelas maiores, e depois explica a mensagem
que esta história quer transmitir por se tratar de uma parábola. Durante a leitura da
história bíblica, percebe-se que a maioria dos alunos conversa bastante e o aluno (1)
por várias vezes exagera nas brincadeiras com o aluno (2). Em uma dessas
98
brincadeiras, o aluno (1) acusa o aluno (2) de revidar com agressividade e a
professora defende o primeiro. Essa atitude enfurece o aluno (2) que acusa a
professora de não prestar atenção no que aconteceu. A professora, para
desvencilhar-se do problema, passa rapidamente para uma atividade relacionada ao
tema, que consiste em responder perguntas relacionadas à história bíblica.
Enquanto respondem as perguntas que lhe foram entregues já prontas, algumas
crianças dizem que não entenderam determinada questão e a professora responde
para elas. Cada criança que terminava a atividade entregava o papel com as
perguntas e respostas para a professora, e dessa forma a aula chega ao seu fim.
12 2º SISTEMA DE HIPÓTESES
99
13 RELATÓRIO DE ASSESSORAMENTO PSICOPEDAGÓGICO
13.2 Devolutiva
100
Para a Classe de Jovens e Adolescentes, a sugestão é que se utilizem
metodologias de ensino variadas, tais como a participação ativa dos alunos durante
as aulas, que tenham a oportunidade de contribuir com idéias e sugestões e a
utilização de ilustrações práticas, claras e reais.
Com relação à Classe dos Pré-Adolescentes, as metodologias devem ser
desenvolvidas de modo que proporcionem a estes alunos a oportunidade de
empregar suas energias tais como a oportunidade de pensarem, perguntarem e se
expressarem; o ensino de cronologia e geografia bíblica (motivação da
memorização), estipular responsabilidades individuais e em grupo (cidadania),
promoção de reuniões sociais e passeios e o estudo da lição através de competição
grupal.
As crianças de 7 – 9 anos são curiosas e prestativas, e cada uma dessas
faixas etárias tem peculiaridades que devem ser levadas em conta no processo
ensino/aprendizado:
101
estas sejam repetitivas e rápidas, que a sala tenha vários objetos e brinquedos à
disposição, nunca ajudar ou apressar a criança a encontrar palavras e usar gestos
para simbolizar o que se quer apresentar.
Em todas as turmas ou classes propõe-se a avaliação reguladora e formativa
dos valores que se pretende transmitir através da Educação Cristã, com propostas e
vias de solução dos problemas apresentados na aquisição destes valores, sem as
quais o processo de formação corre o risco de não se efetivar, ou, na melhor das
hipóteses, de apenas gerar uma atitude de conformismo e passividade.
Vale apena frisar que as propostas acima recomendadas só vieram a lume
porque a Igreja Presbiteriana Independente do Jardim Leonor abriu as portas do
prédio de Educação Cristã, onde acontecem as aulas da Escola Dominical (ED). Por
isso, nossos sinceros agradecimentos à Diretoria da igreja, aos líderes da ED e aos
seus alunos, sem os quais não seria possível a realização do estágio institucional e
também do presente trabalho.
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