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À TEOLOGIA
PATRÍSTICA
LUIGI PADOVESE
Edições Loyola
uem não sabe que um anão, ao estar nos om bros
de um gigante, tem um horizonte m ais vasto e
vê m ais longe do que o próprio gigante?”
Assim escrevia Jean Daillé, em 1632, co n clu in d o que,
obviam ente, “a m aior parte dos conhecim entos do anão
deve-se ao próprio gigante”. Era um a form a original de
justificar a necessidade dos estudos patrísticos, aqueles
gigantes sobre cujos om bros se desenvolveu toda a reflexão
teológica posterior.
O livro de Luigi Padovese, agora traduzido p o r O rlando S.
M oreira, quer ho n rar esses gigantes, destacando a grande
contribuição destes para a fé cristã, com relação à doutrina,
à vida eclesial e à m odalidade do anúncio m issionário.
O livro traz anexo um valioso quadro cronológico editado
pelo padre Gervais Dumeige, S.J.
INTRODUÇÃO
À TEOLOGIA
PATRÍSTICA
Tradução
Orlando Soares Moreira
Título original:
Introduzione alia teologia patrística
© 1992 - Edizioni PIEMME Spa, Casale Monferrato (AL), Itália
ISBN 88-384-1784-9
ISBN 978-85-15-01855-0
3a edição: junho de 2015
© EDIÇÕES LOYOLA, São Paulo, Brasil, 1999
SUMARIO
Introdução.............................................................................................................. 9
P r im e ir a P a r t e
DISCIPLINA
S e g u n d a P arte
D O U TRIN A
T erceira P arte
VIDA
ÍN D IC E DE N O M E S ....................................................................................195
MAPA DOS PADRES DA IG R EJA ............................................................201
INTRODUÇÃO
N
O exórdio de sua História eclesiástica, Teodoreto de Ciro declara:
“Os pintores, ao representar na tela ou na parede as histórias pas
sadas, não apenas alegram os olhos de quem as contempla, mas também
conservam viva por m uito tem po a memória dos eventos que já se foram.
Por sua vez, os que escrevem história e utilizam livros em lugar de telas,
adotando em substituição às tintas as cores do discurso, oferecem-nos
uma recordação m uito mais duradoura e firme da gesta passada. Sabemos
que a obra dos pintores acaba-se com o tem po. Por essa razão, decidi
deixar por escrito o que falta à História Eclesiástica. Considero injusto
permanecer indiferente à idéia de ver relegados ao esquecimento a glória
de fatos tão célebres e o fruto de suas proveitosas narrativas” 1.
A preocupação que Teodoreto transmite com essas palavras não é
a do esteta da história interessado em admirar seus diferentes aspectos
com o se admirasse um quadro.
A imagem do afresco ou da tela à qual recorre concentra-se antes
no conceito de memória: é preciso salvar a memória, impedir que des
bote fazendo desaparecer tam bém a lição da história. Teodoreto reafirma
essa idéia no Prefácio de A história dos monges da Síria: “uma vez que
o tem po tanto danifica o corpo com a velhice e a m orte como, pelo
esquecimento, estende um véu sobre as ações dignas de louvor, ninguém
terá razão ao me recriminar por deixar por escrito a conduta de homens
que se enamoraram de Deus. Assim com o os que têm a missão de curar
os corpos preparam os remédios, combatem o mal e dão alívio aos que
sofrem, assim o em penho em escrever representa um salutar remédio,
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NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTOS
DA DISCIPLINA PATRÍSTICA
*Em várias línguas, é a mesma para o significado de padre e de pai: pater em latim,
padre em italiano e em espanhol, père em francês, father em inglês. Em português há hoje
distinção nítida entre padre e pai, mas o sentido original da palavra é o de pai (até não
muitos anos atrás dizíamos “padre nosso que estais no céu...”). Referindo-nos aos Padres
da Igreja, usaremos o termo padre ou eventualmente o termo pai, dependendo do contex
to, mas sempre lembrados do sentido original da palavra. [N. do T.]
1. O sentido de “pai” como mestre e guia dotado de autoridade está certament
subentendido nas duras expressões de Jesus destinadas aos fariseus e mestres da lei. “Mas vós
não vos deixeis chamar de ‘mestre’... Nem chameis ‘pai’ a ninguém na terra porque um só
é vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem vos façais chamar ‘doutores’...” (Mt 23,8-10).
não teríeis muitos pais, pois quem vos gerou em Cristo pelo Evangelho
fui eu”, IC o r 4,14-15). Em lT m 5,1 o term o é atribuído aos anciãos.
O fato de considerar a iniciação e a instrução na fé uma real pater
nidade espiritual levou a atribuir o título de “p ad re/p ai” aos bispos,
como já se fizera anteriorm ente com os apóstolos (lC lem 62,2).
Na época subapostólica, a aproximação entre ensino e paternidade
encontra-se no M artyrium Polycarpi 12,2, onde aparece pela primeira
vez o term o “p ad re/p ai” em referência a Policarpo de Esmirna (“Eis o
doutor da Ásia, o pai dos cristãos” ). Por sua vez, Ireneu esclarece que
“o que foi instruído por um outro pela palavra se diz filho de quem o
instruiu, sendo aquele chamado seu pai” ( Contra as heresias IV, 41,2).
Em 177, o term o reaparece na carta dos cristãos de Lião a Eleutério,
bispo de Roma (Eus. H E , V 4,2). Sob a forma de “papa” * é usual na
titulação de algumas cartas endereçadas a Cipriano2. O fato de estar
presente muitas vezes nos cabeçalhos exprime honra e respeito, mas é
utilizado em outras partes com o mesmo caráter de deferência3. A partir
do século IV, o uso do term o se estendeu a todos os que, mesmo não
sendo bispos, eram considerados representantes autorizados da tradição
eclesiástica. Em seguida, foi aplicado também aos iniciadores e legislado
res da vida monástica e aos ascetas. N o plural, passou a designar os bispos
reunidos em concílio, dotados de autoridade na transmissão e no escla
recimento da fé4. Assim são identificados os cerca de trezentos bispos
presentes no Concílio de Nicéia. A partir daí, nas controvérsias teológi
cas, a autoridade dos Padres conciliares e de cada “ bispo” dotado de
autoridade teológica constituirá uma referência constante. A ortodoxia
ou a heresia de uma doutrina será avaliada de acordo com seu ensinamento.
Na carta que Capréolo de C artago endereçou aos bispos reunidos no
Concílio de Efeso (431), lemos: “Para exemplo da posteridade, é preciso
que se preserve o que já foi definido pelos Padres. Com efeito, quem
deseja perpetuar o que foi decretado sobre o sistema católico deve fun
damentar sua opinião não na própria autoridade, mas no voto dos Anciãos”
5. In A ttualità dei Padri delia Chiesa — La patrística come liberazione dalle ipotech
delia falsa teoloßia, pp. 70-71.
dos “Padres” com o os exegetas da Igreja ainda unida ou como testem u
nhas privilegiadas da Tradição distingue-se somente pelo acento num ou
noutro aspecto. Em ambos os casos, preserva-se a centralidade da “pa
lavra de Deus”, que os primeiros autores cristãos assumiram para “ava
liar” a vida cristã, mas que tam bém procuraram “inculturar” e desenvol
ver na aplicação às mais diversas situações, inaugurando assim a “ciência
teológica” (cf. Instrução II, 2).
Patrologia
17. Cf. Sobre a morte de Peregrino, 11. Igual acusação dc “sofista” encontramos em
JUSTINO, I Apologia, 14. Sobre essa e outras acusações contra a fé cristã nos primeiros
séculos, remeto a meu estudo: L. PADOVESE, Lo scandalo delia croce — La polemica
anticristiana nei primi secoli, Roma, Dehoniane, 1988.
18. Como observa G. LAZZATI, para os primeiros escritos cristãos, a língua grega,
meio de expressão, “representa apenas uma passagem obrigatória e dc modo algum assume
o espírito grego... O cristão sente a verdade e a nobreza dc ser ‘nova criatura’ c tudo nele
se tinge dessa novidade, até a literatura. A tal ponto que quem passa da literatura grega à
a cristã fica abalado, chegando a desprezar esta última como fruto de iletrados e de igno
rantes, que não pode se equiparar à maturidade de um pensamento e de uma requintada
beleza que séculos de sofrida experiência contam a favor deles”, “Problemi e orientamenti
di letteratura cristiana antica greca”, in Introduzione alio studio delia cultura classica, Milão,
Marzorati, 1988, pp. 592-593.
19. Como observa O. PERLER não existem até agora testemunhos de uma “dis
ciplina do arcano” para os dois primeiros séculos cristãos. A partir do momento em que
se impõe, porém, ela considera também os livros que continham os “mistérios”. Cf.
“Arkandisziplin”, R A C I, pp. 667-676.
20. Cf. J. DE GHELLINCK, Patristique et moyen age II, Bruxelas-Paris, 1947 pp
188.
21. Cf. G. CAVALLO, op. cit., pp. 107-108.
necessidade de limitar-se, no que dizia respeito ao espaço, a um só rolo
foi provavelmente a causa fundamental que levou tanto Mateus como
Lucas a abreviar, às vezes de m odo considerável, o texto de Marcos que
lhes servia de modelo.'”22 Assim, a transcrição e a transmissão dos escritos
cristãos parece estar ligada a motivos de ordem prática, econômica ou
também à variedade dos interesses teológicos da comunidade. Muitos
textos cristãos se perderam , inclusive devido aos cortes feitos pelos
compendiadores ou compiladores de extratos, mas “a maior parte se
perdeu inteiramente, seja porque o estilo e conteúdo não agradavam
mais às gerações seguintes, seja por causa de numerosos eventos fortuitos
ocorridos no decurso da história demasiado longa da transmissão dos
textos”23. As conseqüências desse estado de coisas são evidentes, uma vez
que a fragmentação ou pelo menos o caráter incompleto dos textos da
literatura cristã dos primeiros séculos pode levar, entre outras coisas, a
uma representação simplificada do passado24. U m exemplo disso é a lite
ratura “apologética” do século II. Se observarmos os chamados “Padres
apologistas” no contexto de sua época e com base no que Eusébio fala
deles na História eclesiástica, perceberemos que se trata de personagens
que se interessaram não só pela apologética. Todavia, por diversas vicis
situdes, eles se fixaram nessa imagem. De m odo análogo, seu período, de
130-140 a 180-190, foi considerado o período apologético da Igreja
cristã. Mas, na realidade, “essa definição estereotipada que terminou
condicionando a maneira de ver o desenvolvimento de sua doutrina e
atividade é, no mínimo, inadequada”25. Esse exemplo de simplificação
histórica atesta a importância do estudo sobre a transcrição e a transmis
são dos textos da Igreja antiga para um enfoque mais correto do proble
ma historiográfico26.
Levando em consideração essas observações, podem os lançar um
rápido olhar sobre as modalidades de transmissão dos primeiros textos
cristãos. Um fato é evidente: o cristianismo primitivo preferiu o gênero
literário epistolar: dos 27 escritos do cânon neotestam entário, 21 são
cartas, muitas das quais atribuídas a Paulo. Provavelmente a coleção de
suas cartas foi iniciada após a m orte do apóstolo em C orinto ou em
Efeso, e term inou no final do século I com o corpus de treze cartas27.
*No âmbito do mundo italiano, não pode faltar uma referência às versões em língua
vulgar publicadas pela editora UTET, de Turim, na coleção I classici delle relijjioni - La
religione cattolica, à Collana di testi patristici (Roma, Città Nuova), às Letture cristiane dei
primo millennio (Milão, Paoline), às Letture cristiane delle origini (Roma, Paoline), à Bi
blioteca patrística (Florença, Nardini, 1988), à Traditio christiana (Turim, SEI).
60. SCHLEIERM ACHER, Lo studio della teologia, trad, do alemão, Brescia
Queriniana, 1978, p. 18.
1. que se conheça a relação intercorrente entre a teologia patrística e
as outras disciplinas;
2. que se tenha da teologia dos Padres um conhecim ento profundo e
capaz de se integrar com as outras disciplinas em vista de uma
síntese;
3. que se conheçam as chaves hermenêuticas para chegar a um traba
lho de aprofundam ento no âmbito dessa disciplina;
4. enfim, que nos movamos com segurança no uso dos resultados já
adngidos por outros.
Ao nos dar esses critérios, Schleiermacher leva em consideração
teólogos que são também clérigos e nos quais “tanto o interesse eclesiás
tico com o o espírito científico devem estar unidos”61.
Ninguém contesta a importância da patrística na ciência teológica,
que nos últimos decênios passou de um enfoque sistemático-especulativo
a um enfoque histórico. Nesse mesmo tempo cresceu também a especia
lização por setores, com o conseqüente perigo de o “perito” numa área
particular, por exemplo em teologia sistemática, não possuir um conheci
m ento de “primeira m ão” da patrística62. O hiato que se criou pode ser
superado mediante uma interdisciplinaridade cada vez mais estreita, prece
dida, porém, por uma formação patrística mais cuidadosa, à qual quis dar
significativo impulso o Docum ento da Congregação para a Educação ca
tólica sobre O estudo dos Padres da Igreja na formação sacerdotal.
Mas qual é a contribuição que a patrística oferece ao saber teológico
em suas diversas expressões?
As páginas que seguem querem oferecer uma sumária idéia a res
peito, mas suficiente — esperemos — ao menos para fazer nascer o
desejo de saber mais. Considere-se que o florescimento patrístico —
preparado por estudiosos com o De Lubac, Von Balthasar, K. Rahner,
Danielou — encontrou estímulo no Concílio Vaticano II: no m étodo
“genético” por ele prom ovido63 e no em penho de com preender os Pa
dres, em vez de simplesmente utilizá-los em perspectiva demonstrativo-
s
certo que a comunidade primitiva não teria realizado um programa
E de expansão missionária se não tivesse alimentado a consciência de
possuir crenças específicas. Se os primeiros cristãos são anunciadores é
porque têm a consciência de ter um anúncio “novo” . Mas em que con
siste esse “novo”? O u, em outras palavras, qual é o elemento essencial da
mensagem evangélica? “A questão se reveste de um interesse vital para
toda a teologia cristã, uma vez que dela depende a definição com tanta
freqüência discutida da essência do cristianismo.”1 Os textos de que
dispomos para estabelecer isso são os do NT, que se configuram como
uma “coleção de textos com função missionária”2. É óbvio que os pri
meiros missionários cristãos que trabalhavam especialmente em Israel ou
entre os fiéis da diáspora não precisavam proclamar a fé em um Deus
único. O caráter cristológico será, portanto, o cerne do anúncio cristão,
o que lhe é “próprio”, o elemento específico e que o diferencia: “a fi
liação divina de Jesus Cristo e a sua elevação à dignidade de Kyrios, em
decorrência de sua m orte e de sua ressurreição, são os dois elementos
essenciais na maior parte das confissões do primeiro século”3.
O arianismo e o apolinarismo
P o s iç ã o d o s P roblem as R e p o s iç ã o d o s P roblem as
ü II III IV V
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I a fase: 1- fase: I® fase: A unidade e a
Divindade de Hum anidade Divindade dualidade de
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-> judeus e gregos 2 - fase: As duas
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2 a fase: Cristo contra Hum anidade patrísticas
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S gnosticismo Primeira Cristo.
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1. Cf. G. PRESTIGE, Dio nelpensiero dei Padri, trad, do inglês, Bolonha, II Mulino,
1969, p. 97.
2. Para as reflexões que seguem, reporto-me a R. CANTALAMESSA, “L’evoluzione
del concetto di Dio personale nella spiritualità cristiana”, Concilium 3 (1977), pp. 430-
442.
Evolução semântica análoga se encontra para “Filho de Deus”, que
da qualificação do cosmo (Platão) ou de um povo (Israel) se torna nom e
de pessoa: “o Filho unigénito que está no seio do Pai” (Jo 1,18). A
personalização mais forte diz respeito, porém, ao conceito de Espírito,
que, em bora usado para significar a Terceira Pessoa divina, não anulou
as acepções precedentes (Espírito como natureza divina e, numa acepção
cristológica, com o com ponente divino de Cristo: carne e espírito).
Deve-se observar que para realizar a passagem para o personalismo
trinitário concorreu a exegese prosopográfica de algumas passagens bíblicas,
que consistiu em ressaltar a existência de um diálogo no interior do
próprio Deus (ex.: Gn 1,26: “façamos o hom em ...”, SI 109,1: “Disse o
Senhor a meu Senhor, senta-te...” . O m onoteísmo personalista da Bíblia
tende assim a se transformar num m onoteísmo trinitário.
Sabemos que não se encontra no N T um “credo” estereotipado. O
que ali se encontra, sim, são três tipos de profissão de fé: em Jesus
Messias; na unidade de Deus e em Jesus; em Deus, em Jesus e no
Espírito Santo3. A passagem do anúncio cristão do m undo semítico ao
helenista com portou um predom ínio deste último esquema de fé triádico
(P ai/F ilh o /E sp írito Santo) sobre o primeiro tipo (menção apenas de
“Cristo Senhor” ). De fato, se os hebreus já acreditavam no único Deus
e tinham conhecim ento do Espírito Santo (cf. At 2,14-41), o querigma
aos pagãos exigia a explícita menção de ambos. O objeto central da fé
continua a ser, todavia, a pessoa de Cristo. Justam ente “porque crê em
Cristo Kyrios, o fiel do século I crê em Deus e no Espírito Santo”4.
O. Cullmann encontra diversos âmbitos ou m om entos de condens
ção das fórmulas de fé: batismo e catecumenato, culto regular (liturgia
e pregação), exorcismos, perseguições, polêmica contra os heréticos5. E,
porém, a circunstância do batismo que melhor nos atesta a fé trinitária
da Igreja. Nela, de fato, sobre o batismo originário administrado no ou
em nome de Cristo (cf. G1 3,27) afirmar-se-á a fórmula triádica presente
em M t 28,19 (“ide... batizando-as em nom e do Pai e do Filho e do
Espírito Santo” ), que já aparece na Didaché 7 e se encontrará depois em
Justino (cf. 1 Apologia 61, 3) e em Ireneu (cf. Demonstração 3). Com
base nesse material oferecido pelo N T e pela liturgia, os primeiros teó
logos deverão dar vida a formulações mais elaboradas do mistério trinitário.
3. Cf. H. A. WOLFSON, La filosofia dei Padri della Chiesa, trad, do inglês, Brcscia,
Paideia, 1978, p. 133.
4. O. CULLMANN, La fede e il culto delia Chiesa primitiva, trad, do francês, Roma,
AVE, 1974, p. 110.
5. Cf. id., ibid., pp. 77-92.
A reflexão trinitária no século II
O C oncílio de Nicéia (3 2 5 )
29. IRENEU, Contra as heresias V, 10,2; cf. tambcm ibid., V, 8,3, ctc.
30. Id., ibid., 10,2.
31. Id., ibid., 9,2.
32. G. JOPPICH, Salus carnis. Eine Untersuchung in der Theologie des hl. Irenäus
von Lyon, Münsterschwarzach, Vier Türme Verlag, 1965, p. 123.
33. IRENEU, Contra as heresias V, 8,1.
34. Cf. Id., ibid., V, 13,4.
inferir, sem dúvida, que Ireneu considera o Espírito Santo o princípio da
esperança semeado em nosso corpo.
Vale a pena ressaltar que, ao apresentar as tarefas do Espírito, o
bispo de Lião enfatiza sobretudo a relação entre a Terceira Pessoa divina
e a carne do hom em . Sabe-se que era justam ente essa carne que o
gnosticismo da época desprezava e considerava incapaz de salvação. E é
exatamente p o r isso que Ireneu, atento às solicitações do m om ento, não
se limita a apresentar a obra do Espírito, mas faz um discurso ad hominem;
encarna a sua pneum atologia, que fica assim marcada pela polêmica em
curso. A m eu ver, esse fato demonstra que um estudo sobre o Espírito
Santo pode e até deve passar pelas circunstâncias do m om ento. N o caso
de Ireneu, a pneum atologia aparece inserta num discurso de salvação
integral em que a carne encontra seu reconhecimento. É uma pneum a
tologia lida no interior de uma história de salvação que se refere tanto
à hum anidade com o a cada um, que também tem sua historia salutis.
Parece-me também que Ireneu evita um discurso da “graça” dada pelo
Espírito e considerada uma realidade estática, coisificada, um “depósito”
que não deve ser perdido. Segundo Ireneu, não recebemos essa graça
para conserva-la, mas para faze-la crescer. Ela é com o os talentos, que
devem ser negociados, e e idêntica ao Espírito, o dom que contém todos
os dons e que no hom em desenvolve todas as potencialidades de bem,
em bora respeitando a realidade e a liberdade de cada um. O Espírito,
enfim, constitui aquele ferm ento de incorruptibilidade acrescentado à
massa hum ana para fazer com que aum ente até a completa maturação no
reino celeste.
4. Cf. M. HENGEL, op. cit., p. 154. Esse autor observa ainda que “o chamado,
por parte do próprio Jesus, de cada discípulo ao serviço do senhorio de Deus iminente
representa no fundo um primeiro ponto de partida para a formação da tradição de Jesus,
que encontrará nos evangelhos sua concretização escrita”, ibid., pp. 154-155.
5. O conceito de parusia provém do mundo helenístíco c indica a chegada de um
soberano ou de um ilustre personagem que e recebido e saudado solenemente.
6. O. CULLMANN, Le prime confessioni di fede..., op. cit., p. 59.
2,16: “(Pedro falou): cumpre-se aqui o que foi dito pelo profeta Joel:
‘Acontecerá nos últimos d ia i — diz Deus — ‘que derramarei meu Espí
rito sobre toda criatura hum ana’" .
Com base nestas e em outras afirmações7, pode-se considerar que o
cristianismo primitivo vive num clima de “escatologia realizada” em que
o “já” da salvação realizada por Cristo adquire — às vezes perigosamen
te8 — mais destaque do que o “ainda não” que falta para completar.
Não há dúvida de que, no primitivo anúncio cristão, escatologia e
ética estão estreitamente ligadas. Com o observa Paulo: “A noite vai
adiantada, o dia está bem próximo. Rejeitemos, pois, as obras das trevas
e revistamos as armas da luz. C om portem o-nos honestam ente, como em
pleno dia, não vivendo em orgias e bebedeiras, em concubinato e liber
tinagem, em rixas e ciúmes” (Rm 13,12-13).
É preciso notar que o sentim ento escatológico das primeiras gera
ções cristãs passou por certa mudança em relação ao tem po da manifes
tação definitiva desse Reino. Com o interpretar o fato de que ele tarda em
se realizar? A idéia da presença de Cristo “vivo” entre os seus e a per
cepção do Espírito como o “dom ” já conferido induzem a considerar
que tal adiamento não tenha produzido uma crise na comunidade primi
tiva9. Procuram-se, porém, as razões dele. Encontramos uma resposta em
2Pd 3,3-4.9: “(Caríssimos...) deveis saber que nos últimos dias virão
zombadores cheios de escárnio, levados por suas paixões pessoais, e di
rão: ‘Que é feito da promessa de sua vinda? Pois, desde que morreram
os pais, tudo permanece igual desde o princípio da criação’... O Senhor
não retarda o cum prim ento de sua promessa, com o alguns pensam, mas
usa de paciência para convosco. Não deseja que ninguém pereça. Ao
contrário, quer que todos se arrependam ” . Esta interpretação exprime
uma mudança no sentir dos cristãos, os quais, com o passar do tem po,
deixarão de se considerar os redimidos pelo batismo, os santos que es
peram a parusia próxima, para considerar-se aqueles que são continua
m ente convidados à conversão para estarem preparados no último dia. O
tem po presente configura-se então como o espaço, que nos foi dado
22. Cf. Ez 36-40; 1 Henoc; IV Esdras; Apoc. de Baruc 39,4; Ap 19-20; lTs 4 etc.
23. Cf. EUSÉBIO, História eclesiástica III, 28,2; 7,25,2s.
24. Cf. J. DANIELOU, Théologie du judéo-christianisme, pp. 190s.
25. Cf. IRENEU, Contra as heresias V, 33,3; V, 33,4; V, 36,1, etc.
J
A ênfase dada p o r Ireneu à doutrina milenarista26 possui um cará
ter de reação e de polêmica contra os gnósdcos que “não aceitam a
salvação de sua carne”27 e “desconhecem as ‘economias’ de Deus, o
mistério da ressurreição dos justos e do reino, que será o prelúdio da
incorruptibilidade...”28. N o século III, a reação antim ontanista e a afir
mação da cultura espiritualista alexandrina contra a orientação teológica
asiática marcará progressivamente a decadência do milenarismo, cujos
traços sobreviverão, com o expressões de arcaísmo teológico, em alguns
autores ocidentais.
N o período seguinte e até na época da Igreja “constantiniana”, o
sentido escatológico permanece uma “intencionalidade” ou carga que
contribuiu para determ inar a moral e a ascese. Com efeito, a impressão
de se encontrar na iminência do fim determina a vida, eleva seu nível,
introduz novos critérios de avaliação dos bens temporais.
Para o século III, vejamos o testem unho bastante catastrófico de
Cipriano, que escreve no A Demetria.no: “em primeiro lugar, deves saber
que o m undo envelhece e não tem aquelas forças que possuía antes nem
aquela segurança e aquele vigor com que tinha surgido... o próprio mundo
o demonstra e com a decadência das próprias realidades atesta que o fim
se aproxima. D urante o inverno não chove para fazer germinar a messe,
no verão não há mais aquele calor que antes fazia amadurecer os frutos...
ninguém deve se surpreender com o fato de tudo perecer, pois o próprio
m undo está prestes a acabar”29.
Com base nessas e em outras considerações, o cristão deve aceitar
sua presença no m undo, mas deve aspirar a sair dele. Se esta, pois, é a
atitude a ser tom ada, parece pelo menos incongruente o com portam ento
de quem , de um lado, pede que se apresse a vinda do Reino (“venha o
vosso Reino” ) e, de outro, encontra-se m uito bem aqui na terra.
“Por que rezamos e pedimos que venha o Reino dos céus se nos
agrada permanecer prisioneiros na terra? Por que repetimos tantas vezes
em nossas orações e por que pedimos que se apresse o dia de seu Reino
se os nossos maiores desejos e os nossos melhores votos consistem em
servir o diabo aqui na terra, mais que reinar com Cristo?”30
1. Basta pensar no Evangelho e nos Atos de Lc, que consideram a Igreja o espaço
do Senhorio de Deus; em Mt, para quem a Igreja é o “verdadeiro Israel”; em Paulo, que
apresenta a Igreja como o novo povo de Deus, fundamentado na promessa antiga e na tc
em Cristo. Nas cartas pastorais a Igreja assume um aspecto cada vez mais institucionalizado
c se mostra como o fundamento da verdade que detém o ensinamento apostolico. No IV
Evangelho prevalece o aspecto “de comunhão” da nova realidade de Igreja, enquanto no
Apocalipse esta se apresenta como o verdadeiro Israel escatológico.
2. J. FINKENZELLER, Von der Botschaft Jesu zur Kirche Christi, Munique, Don
Bosco Verlag, 1974, p. 36.
3. Para estas e outras reflexões, cf. R. SCHNACKENBURG, La Chiesa nel NT,
Brescia, Morcelliana, 1975, pp. 14-25.
Essa certeza é expressa por A. Harnack quando escreve: “o simples
fato de que, praticam ente a partir do início do cristianismo, os cristãos
se dedicaram a refletir e a especular não somente sobre Deus e Cristo,
mas tam bém sobre a Igreja, indica quão profundam ente a consciência
cristã estava marcada pela idéia de ser um novo povo, ou seja, o povo de
Deus”4. Na verdade, uma parte das reflexões do judeu-cristianismo já se
dedicava a aprofundar o mistério da Igreja como entidade teológica5.
Dois elementos concorreram para essa reflexão:
1. inicialmente, a reflexão bíblica sobre o povo de Israel e a que foi
desenvolvida pelo essenismo e pela apocalíptica, que serão assumi
das pelo grupo judeu-cristão6;
2. as condições socioculturais nas quais o crisuanismo se encontrava
no período subaspostólico.
O desenvolvimento da eclesiologia no século II deveria ser vincu
lado, por isso, à compreensão que os cristãos tinham de si mesmos e que,
com base em alguns textos da época, pode ser definida como um “ser-
-estranho-ao-m undo”7. É o que defende a 2 - C arta de Clemente, que
apresenta o ser do cristão no m undo como “estraneidade” (paroikía) ou
“existência de em igrante” (epidemia) por causa da inimizade vigente
entre este m undo e o do futuro8. Na Carta a Diogneto essa estraneidade
reaparece, mas é mitigada por um sentido de responsabilidade do cristão
em relação ao m undo. “A alma” — lemos — , “embora habitando no
corpo, não é do corpo; e os cristãos, embora habitando no m undo, não
são do m u n d o ... A alma está presa no corpo, mas é ela que sustenta o
corpo, e os cristãos estão no m undo com o num a prisão, mas são eles que
sustentam o m undo.”9 Teófilo, por sua vez, apresenta as comunidades
cristãs com o comunidades de diáspora, ou como ilhas que salvam das
vagas do m undo: “Deus proporcionou... lugares de reunião, chamados
santas igrejas, nas quais... há os ensinamentos da verdade; nelas se refu
giam aqueles que querem se salvar” 10.
A eclesiologia de Ireneu
A eclesiologia de Orígenes
44. Cf. também a profunda passagem do comentário sobre Mt 26,29 in Homilia VII
sobre o Levítico, 2.
45. Cf. Sobre os princípios — livro I, 6,2.
46. Homilia V II sobre o Levítico, 2.
47. A verdadeira Igreja II, 3.
da unidade e exprime a verdadeira e única Igreja. Ele exige depois um
outro sinal da verdadeira Igreja: o seu caráter universalista, ou a catolicidade
geográfica. Fortalecido com esse argum ento, O ptato reduz facilmente ao
silêncio o seu adversário: “Vós, irmão Parmeniano, andastes dizendo que
a Igreja existe som ente onde estais vós, se não talvez porque, com vossa
soberba, presumis atribuir-vos uma santidade totalmente única, a ponto
de pretender que a Igreja esteja onde quereis e não esteja onde não
quereis. Mas então, mesmo que se admita que ela possa se encontrar
num a parte restrita da África, num canto de uma pequena região, por
que não poderia estar conosco e em outra parte da África? Por que não
poderia estar na Espanha, na Gália, na Itália?”48
Na edesiologia que O ptato desenvolve têm lugar também interes
santes considerações sobre os sacramentos. A propósito, o bispo de Milevis
tem o mérito de ter m ostrado que a eficácia sandficante dos sacramentos
não depende da santidade do ministro, mas somente de Deus: “Vós
mesmos” — escreve — “podeis ponderar como os que batizam são
somente ministros, e não árbitros dos sacramentos, e com o os sacramen
tos são santos por si mesmos e não por obra dos hom ens... Deixai a
Deus o direito de conceder o que é seu. De fato, esse dom não pode ser
concedido pelo hom em , pois é divino”49. A seguir, O ptato passa a dis
tinguir entre potestas e m inisterium, entre sacramento e graça, entre
validade e valor salvífico: distinção que será desenvolvida por Agostinho.
Também para o bispo de Hipona, a controvérsia donatista é a ocasião
principal para um aprofundam ento da edesiologia. C om o O ptato, Agos
tinho reconhece que os sacramentos da Igreja são de Cristo: Ele os
instituiu, deles é o ministro principal e por seus méritos são o que são.
“O batismo” — declara — “é batismo não pelos méritos daqueles aos
quais é administrado, mas pela santidade e verdade próprias, por causa
daquele que o instituiu.”50 Portanto, “seja quem for o hom em que o
administra, ainda que Judas, é sempre Cristo quem batiza”51. Ter o
verdadeiro batismo, porém , não significa estar ainda na Igreja, que não
é som ente “com unhão dos sacramentos” , mas “com unhão dos santos” .
Com essas afirmações se apresenta a doutrina de Agostinho, para a qual
a recepção do sacramento pode ser válida sem, contudo, ser frutuosa.
Pode-se, portanto, receber o sacm m entum sem a virtus sacramenti.
12. Na Carta aos Efisios 19, lemos: “Permanece escondida ao príncipe deste mundo
a virgindade de Maria, e também o seu parto; e igualmente a morte do Senhor. São estes
os três mistérios extraordinários que se realizaram no silêncio de Deus”.
13. Cf. Diálogo com Trifão 66-67, em que JUSTINO assume a Septuaginta em
relação a Is 7,14 (“a virgem conceberá um filho”), mais que a tradução literal de Aquila
(“a jovem conceberá um filho”). O caráter de “sinal” da profecia, segundo JUSTINO,
desapareceria se não se tratasse de algo excepcional. “Se, do mesmo modo que todos os
primogênitos, também este devesse nascer de uma relação carnal, por que Deus teria dito
que desejava estabelecer um ‘sinal’, que não é próprio de todos os primogênitos?” (ibid.,
84,1). Cf. também 84,2-3.
14. Assim no Diálogo com Trifão 67,2: “De resto, nas lendas dos gregos se narra que
Perseu nasceu de Dânae, que era virgem... Deveríeis ter vergonha de andar contando as
mesmas coisas que os gregos! Para vós seria melhor reconhecer que este Jesus é um homem
nascido de homens e... não ter a desfaçatez de inventar prodígios. Se é que não quereis
passar por loucos como os gregos!” Cf. também TERTULIANO, Contra Marcião IV, 10.
e para ele foi estabelecida toda a economia da vinda do Senhor. Também
ele, pois, teve carne e sangue para recapitular em si não uma outra obra,
mas a obra plasmada inicialmente pelo Pai, para procurar o que estava
perdido” ( Contra as heresias V, 14,2). A aproximação que Ireneu —
baseado em Paulo — estabelece entre Adão e Cristo estende-se a Eva e
Maria. Aos “passos errados” dos progenitores contrapõe-se o novo com
portam ento da dupla Cristo-Maria.
N o paralelismo entre Eva e Maria, esta última é contraposta à
“primeira mulher” por causa da obediência, que não se limita à anunciação,
mas tem início a partir daquele m om ento. Ireneu observa que Maria,
“mediante a sua obediência, foi causa de salvação para si e para todo o
gênero hum ano... O nó da desobediência de Eva teve solução graças à
obediência de Maria. O que Eva amarrou com sua incredulidade Maria
desatou por sua fé” ( Contra as heresias III, 22,4). Ambas intervêm res
ponsavelmente, carregando todo o peso de sua escolha, que é prenhe de
conseqüências para si próprias e para os outros e merece condenação ou
apreço justamente por ser escolha livre15. Para Ireneu, como o pecado se
aninha na livre vontade do hom em e os progenitores recusaram livre
m ente seu assentimento a Deus, a redenção deverá configurar-se como
um retorno à perfeita obediência, da qual Cristo nos dá um exemplo.
Nessa perspectiva, a tensão volitiva torna-se fundamental. É o co
ração que conta, e é este que Cristo busca tanto em seus discípulos
como, sobretudo, em sua mãe (cf. Lc 11,28; M t 12,50).
Deve-se acrescentar que, não obstante as reflexões tipológicas e o
paralelismo Eva/M aria, Ireneu não considera esta última num plano
supra-histórico, não a afasta da realidade humana. Pelo contrário, justa
m ente por causa de sua obediência, Maria é a junção entre Cristo e a
Igreja, tornando-se figura e m odelo tanto para a com unidade dos cren
tes com o para cada um em particular. O seu significado religioso “femi
nino e inaugural” consiste em ser a mãe eleita de Jesus, mas tam bém a
nova mãe da hum anidade. Esboça-se assim a idéia da m aternidade uni
versal de Maria. Todavia, seria inútil buscar na Igreja antiga uma inter
pretação mariológica da “m ulher vestida de sol” (Ap 12). O mesmo se
diga tam bém para a profecia de Gênesis 3,15 sobre a descendência da
m ulher que esmagará a cabeça da serpente, sempre referida a Cristo,
jamais a M aria16.
15. Cf. J. A. DE ALDAMA, Maria en la patrística de los siglos I y II, BAC, Madri,
1970, p. 284.
16. Cf. H. VON CAMPENHAUSEN, op. cit., p. 33.
Maria, mãe de Deus
A virgindade de Maria
A santidade de Maria
20. M INÚCIO FÉLIX, Otávio 32. Cf. tambcm ARISTIDES, Apologia XV, 1;
ATENÁGORAS, Súplica pelos cristãos XIII.
21. Cf. E. OSBORN, op. cit., pp. 44-46.
Reino que “não é deste m undo” (Jo 18,36), deve manter-se presente,
construtivo, mas sempre livre e crítico. A parresia, ou a força crítica, a
capacidade de falar francamente, é o bem que o cristão adquire ao se
sentir co-responsável por este m undo, sem jamais confundir-se totalm en
te com ele.
Considerações conclusivas
1. Sobre o tema da “novidade”, cf. também INÁCIO, Carta aos Tralianos 8; Carta
aos Efesios 9.19.20; Carta aos Magnésios 9.10; Carta de Barnabé 2.5.6.7.13.15.16; Pastor
de Hermas — Visão III, 21.
2. Cf. INÁCIO, Carta aos Romanos 8.
3. Cf. também Martírio de Poliearpo 14.
4. A confirmação aparece também na simples observação estatística das vezes em
que é citado. Somente nas cartas de Inácio, o termo “Padre” aparece não menos que 43
vezes.
5. Veja-se Didaché 8-10; 1“ Carta de Clemente 59-61; Martírio de Poliearpo 14; 2“
Carta de Clemente 20; INÁCIO, Carta aos Efésios 4; Carta aos Romanos 2; Carta aos
Tralianos 13.
6. Cf. INÁCIO, Carta aos Filadelfienses 9.
7. Carta aos Romanos 7.
m aduro de sua realidade divina, não o separa do hom em , mas revela
quando m uito o real significado de encarnação, paixão, salvação. E o que
pensa o anônimo redator da 2‘ Carta de Clemente, para quem “devemos
estar convencidos dc que Jesus Cristo é Deus e é juiz dos vivos e dos
m ortos; somente assim não valorizaremos demasiadamente pouco a nossa
salvação, pois, se tivermos dele um conceito m esquinho, igualmente
mesquinho será o objeto de nossa esperança. Quem ouve essas coisas e
pouco as estima peca; e também nós pecamos, se não levamos em conta
quem nos chamou, de onde e para qual destino nos chamou, e também se
não consideramos as dores que Jesus Cristo quis sofrer por nós”8. A
afirmação da divindade de Cristo não diminui as exigências de seguimen
to; ao contrário, une mais estreitamente a Ele9.
Os cristãos dos dois primeiros séculos não podem esquecer que o
seu Deus, o Kyrios glorificado, foi tam bém o hom em das dores que
“aprendeu a obediência por meio dos sofrim entos que teve” (H b 5,8).
A idéia da Paixão, por isso — e tam bém devido à situação particular
da com unidade cristã provada por perseguições — , é uma das bases da
espiritualidade dos Padres Apostólicos. Pode-se até afirmar que a força
do ideal de vida cristã proposto por eles provém de um a contínua
reflexão sobre os sofrimentos do S enhor10. Bastante impressionados
por esse am or transbordante que “escandaliza” e subverte a tradicional
concepção de Deus, os cristãos das origens entenderão sua vida antes de
tudo como um a resposta a Cristo. O que conta para eles é viver de m odo
digno dEle11 e Lhe prestar honras12. Na vida, agora, som ente Ele im
porta: “Fora dEle” — declara Inácio — “nada me serve; é por Ele que
eu carrego estas correntes, minhas pedras preciosas espirituais” 13. A
aspiração do bispo de A ntioquia é imitá-lo até se identificar com Ele.
N a imitação até o m artírio, o cristão realiza sua plena identificação com
Cristo: “N enhum a coisa visível ou invisível me impeça de chegar a
Jesus Cristo. O fogo, as feras, a cruz... os mais ferozes torm entos do
8. I a Carta de Clemente 1.
9. Que a divindade de Cristo e o seguimento de Cristo não estão cm antítese na
consciência dc nossos autores é o que se conclui de algumas expressões de Inácio de
Antioquia, que aspira a poder imitar a paixão de seu Deus ( Carta aos Romanos 6) e se
alegra com os fiéis da Trália “autênticos imitadores de Deus” (Carta aos Tralianos 1).
10. Cf. a respeito 1' Carta de Clemente 2.7.21.49; INÁCIO, Carta aos Efésios 1.10;
Carta aos Esmirnenses 1.4; Carta aos Romanos 6 etc.; Carta de Poliearpo 1.2.7.8.9.; Carta
de Barnabé 5.7; 2 ' Carta dc Clemente 1.
11. Cf. 1‘ Carta de Clemente 3.
12. INÁCIO declara: “É bom que glorifiqueis dc todas as maneiras Jesus Cristo, que
vos glorificou”, Carta aos Efésios 2.
13. Carta aos Efésios 11.
dem ônio venham sobre mim, desde que eu alcance Jesus C risto... que
eu imite a paixão de m eu D eus”14.
Se a espiritualidade dos Padres Apostólicos se alimenta no fogo da
paixão de Cristo, não se pode ignorar o papel que nela teve a fé na sua
ressurreição. Eles dem onstram crer num “vivente”. Policarpo convida a
ter fé na ressurreição de Cristo, que se mostra garantia segura da nossa15.
Por sua vez, Inácio se declara disposto a enfrentar a m orte, pois “som en
te quando o m undo não vir mais nada de meu corpo é que serei verda
deiro discípulo de C risto... Busco aquele que m orreu por nós, quero
aquele que p or nós ressuscitou” 16.
Podem os afirmar que a paixão e ressurreição de Cristo, com o são
os eventos básicos da fé na Igreja primitiva, constituem os fundamentos
da espiritualidade cristã.
Esta está marcada pela idéia da parusia agora iminente. Essa convic
ção terá extraordinária influência na origem da ascese, que, “no início,
nada tem a ver com a filosofia grega nem com um dualismo metafísico:
ela está estreitamente ligada à fé num próximo advento do reino de
Deus. Esse reino não é algo completamente futuro... mas é realidade
presente, uma vez que o parto virginal de Maria e a ressurreição de
Cristo dos m ortos são uma autêntica realidade... A ascese cristã é, pois,
um elem ento inseparável da própria fé cristã”17.
18. Cf. M INÚCIO FÉLIX, Otávio 17; TACIANO, Discurso aos gregos 26.
19. A Autólico — livro I, 2. Cf. também TERTULIANO, Apologético XVII.
20. M IN Ú C IO FÉLIX, Otávio 32-33. Concepção análoga encontramos em
TEÓFILO, A Autólico — livro I, 5; ARISTIDES, Apologia 5.
21. M INÚ CIO FÉLIX, Otávio 32. Em termos análogos se expressa também
ARISTIDES, Apologia XV, 1; ATENÁGORAS, Súplica pelos cristãos 13; TERTULIANO,
Apologético 30; JUSTINO, 1 Apologia 13.
22. Cf. ARISTIDES, Apologia XV, 9; XVI, 3; ATENÁGORAS, Súplica pelos cristãos
12.13.31.33; JUSTINO, I Apologia 57 etc.
de Cristo e de uma assembléia universal convocada para o juízo de todos.
Prevalece antes a idéia do fim certo de cada um e de seu confronto
imediato com Cristo e ganha mais espaço um sentim ento de “tem or”
vinculado à certeza do “trem endo” juízo divino23. Todavia, é mais fácil
encontrar elementos de espiritualidade no âmbito da sexualidade, das
posses e da vida comunitária. Em relação ao primeiro, é recorrente a
convicção de que o m atrim ônio só se justifica para a procriação24. “(Nós
cristãos)” — com enta M inúcio Félix — “mantemos de bom grado os
vínculos de um só m atrim ônio unicamente pelo prazer de ter filhos e
nada mais.”25 Em tal perspectiva, assume lugar de destaque a prática da
castidade com fins ascéticos, confirm ada por Justino, A tenágoras,
Tertuliano, M inúcio Félix, Teófilo26. Com relação às posses, temos tes
tem unhos de uma partilha de bens que, embora não praticada por todos
de igual m odo e mesmo sem ser obrigatória27, apresenta um aspecto
“ascético” : sua finalidade é não sobrecarregar o hom em fazendo-o es
quecer o seu destino final28. H á, enfim, testem unhos de uma vida com u
nitária intensa na qual toda forma de divisão em classes é superada29. A
fraternidade cristã chega a ser tão forte que provoca a censura e as
suspeitas dos pagãos, que não crêem que se possa querer bem de m odo
tão gratuito e desinteressado30. Certam ente essas observações dos pagãos
só podem ter fundam ento se se tom ar com o pressuposto a existência de
uma intensa vida comunitária entre os cristãos, no seio daquelas “santas
igrejas” semelhantes a tantas outras ilhas no mar borrascoso do m undo31.
1. Para o tema que se segue, reporto-me em boa parte a meu trabalho anterior
“Alcune considerazioni su ‘cristiancsimo dellc origini e inculturazione’”, Seminarium, XXX
3 (1990), pp. 413-438.
2. Cf. H. VON CAMPENHAUSEN, “Das Martyrium in der Mission”, in Dte alte
Kirche, Munique, Kaiser, 1974, p. 72. Cf. também Y. CONGAR, “Souci du salut des
payens et conscience missionaire dans le christianisme postapostolique et preconstantinien”
in Kyriakon — Festschrift Johannes Quastm I, Miinstcr in W., Verlag Aschendorff, 1970,
p. 3.
3. Carta encíclica Redemptoris missio (RM) V, 52.
4. A primeira vez que a palavra “inculturação” aparece num documento da Igreja
é na Mensagem do Sínodo sobre a catequese realizado em 1977. Como observa J. LOPEZ
natural, por isso, que a encíclica remeta às experiências da comunidade
primitiva5 ou — de m odo mais amplo — àquelas experiências positivo/
negativas registradas nos dois milênios de cristianismo6, buscando nelas
— justam ente pelo caráter especular da história — termos de compara
ção, de diferenciação, que sirvam para iluminar o presente e orientar para
o futuro. O recurso à história cumpre assim a insubstituível função de
nos fazer sair do particular e de nos libertar do peso dessa mesma his
tória, tornando a inculturação uma inteligente e experiente inserção da
mensagem cristã em diferentes áreas.
Ao usar o neologismo “inculturação” , a encíclica RM pressupõe um
conceito de cultura não restrito ao cultivo noético ou apenas à perfeição
mental do homem. Entende-o, antes — como já o fazia a G audium et
spes — em sentido socioantropológico, ou seja, extensivo a todo o
patrim ônio de experiências próprias de um grupo social7. Portanto, o
processo de inculturação deve ser entendido como extensivo a todo o
“universo simbólico” dos diferentes povos com os quais o Evangelho
entra em contato.
GAY, o uso preferencial desse termo parece que então se impôs “porque põe cm evidência
a analogia com a Encarnação do Verbo. Além disso, enquanto o termo ‘aculturação’ fica
reservado para o encontro de culturas diferentes ou para o primeiro contato do cristianismo
com as culturas, a ‘inculturação’ quer significar o processo dinâmico, profundo, de inserção
da Igreja na cultura, que envolve o homem com todos os seus valores”, “Pensiero attuale
delia Chicsa sull’inculturazione”, in Inculturazione. Concetti, problemi, orientamenti, Roma,
Centro Ignatianum Spiritualitatis, 1979, p. 24.
5. A respeito, cf. RM III, 24.
6. Cf. RM V, 53.
7. Cf. Gaudium et spes II, 53.
8. Citação de H. HARNACK apud E. MOLLAND, “Besass die alte Kirche ein
Missionsprogram?”, in Die alte Kirche, Munique, Kaiser, 1964, 63.
movimento cristão das origens é, portanto, missionário não porque ins
tigado por um “dever”, mas simplesmente porque vive da certeza de que
“Jesus é o Senhor” (IC o r 12,3). O testem unho dos primeiros cristãos é
apenas a demonstração do fato que fundam entou seu m odo de ser e de
pensar. Nessa perspectiva, é justo afirmar que a Igreja baseia-se na missão
e deve ser entendida a partir dessa missão.
Mas, para com preender melhor os seus primeiros m om entos, é
preciso ter presente que ela, em bora constituída em torno do núcleo do
evento pascal, não dispõe de um m undo simbólico coerentem ente
estruturado e constituído9. Toma forma, por isso, um cristianismo ex
presso em categorias semíticas, que fala a linguagem do judaísmo pales
tino, recusando determinados costumes e assumindo outros, num p ro
cesso concomitante de “ex”-“in”-culturação.
Nessa assunção crítica é preciso não esquecer a “variabilidade” dos
que traziam o anúncio e dos que o recebiam. A inculturação é um fato
histórico e não uma aproximação de princípios atemporais. Ela não se
verifica entre sistemas ou ideologias, mas entre pessoas e se ressente da
realidade destas: experiências passadas, cultura, tipo de vida...
Ora, o movimento cristão, nascido no meio palestino como movi
m ento de renovação, reunia e integrava em si pessoas que pertenciam a
diferentes grupos e camadas sociais. A presença de pessoas como Levi, o
publicano, e Simão, o zelote, entre os que acompanhavam Jesus; o con
flito desencadeado na com unidade de Jerusalém entre cristãos hebreus e
helenistas (cf. At 6 ,lss.); a afirmação da passagem de numerosos sacer
dotes para a fé (cf. At 6,7), tudo isso confirma implicitamente a existên
cia de diferentes m odos de sentir.
Não admira que o processo de inculturação do anúncio pascal
tenha ficado marcado pelos grupos em que se realizou. Pode-se aplicar
aqui o axioma: “quidquid recipitur ad m odum recipientis recipitur” . O
surgim ento de várias heresias na Igreja da circuncisão é uma prova de
que a inculturação às vezes aconteceu perifericamente ou foi apenas
parcial porque a exculturação que a fé no Crucificado exigia não fora
completa ou não acompanhara o desenvolvimento doutrinal subseqüen
te. Essa exculturação comportava a superação do orgulho nacionalista
judeu: era preciso começar a crer que a salvação não estava ligada nem
à estirpe nem à lei de Moisés, mas unicamente à fé em Cristo m orto e
10. L. RANDELLINI, La Chiesa dei jjtudco cristiani, Brcscia, Paideia, 1968, p. 70.
11. Id., ibid., p. 70.
12. Sobre este assunto e sobre os que se seguem, cf. J. DANIELOU, La teologia dei
giudeo cristianesimo, trad. do francês, Bolonha, II Mulino, 1974.
elaborados primeiramente pelo profetismo e depois pela apocalíptica. As
próprias instituições, como os ritos de iniciação, a eucaristia, a catequese,
as práticas ascéticas, a organização da com unidade e até a literatura
edificante cristã (evangelhos, apocalipses apócrifos) carregam a inconfun
dível marca do ambiente de origem.
Tais elementos, que nos limitamos a mencionar, deixam pelo menos
perceber que o processo de inculturação assumido na comunidade cristã
primitiva se estendeu a todas as áreas. Tratou-se, basicamente, de dotar
todo um universo simbólico de novas bases, partindo de um ponto focal
diferente: Jesus de Nazaré, M essias/Senhor.
13. Sobre as possíveis explicações desta “simpatia” dos judeus de fala grega pelo
anúncio de Jesus, cf. M. HENGEL, La storiografia protocristiana, trad.do alemão, Brescia,
Paideia, 1985, pp. 99-102.
14. Id., ibid., p. 101.
15. Id., ibid., p. 104.
16. Sobre a missão samaritana, ou em território judaico não-ortodoxo, cf. B. KOT-
TING, “Christentum I (Ausbreitung)”, in R A C II, 1139. Sobre esse assunto, também M.
HENGEL, op. cit., p. 109.
17. Cf. id., ibid., p. 104.
18. Cf. G. THEISSEN, Sociologia..., op. cit., p. 187.
cartas de Paulo. Ao se dirigir aos dissidentes do judaísmo oficial, aos
outros judeus da diáspora e aos “tementes a Deus” , os “helenistas”
podiam contar com um background culturalmente (religiosamente) se
melhante.
Foi Paulo quem se encarregou de transferir para os pagãos o anún
cio (cf. G1 1,16)... levando “às últimas conseqüências teológicas o enfoque
antinomista iniciado por Jesus e pelos ‘helenistas’”19.
Para entender essa passagem e o enorme esforço de inculturação
que ela supôs, convém lembrar o quadro do judaísmo da diáspora.
É quase possível constatar “arqueologicam ente” que nos lugares em
que a missão cristã chegou, nos séculos I e II — tanto no Oriente como
no O cidente — , existia ao menos uma sinagoga20.
Acerca da difusão do judaísmo no tem po do império, as zonas de
maior densidade numérica, além da Palestina, foram o Egito, a Síria, a
Ásia M enor e a Babilônia.
Na base dessa dispersão existiam fenômenos de deportação, de
implantação voluntária ou de colonização, determinados muitas vezes
por razões de ordem demográfica ou econômica21. “Vivendo segundo a
lei de seus Pais”, os judeus se im punham por toda a parte com seu teor
de vida (tribunais especiais, governadores e conselho próprio, lugares de
reunião, mercados especiais, festas...). Na estrutura das cidades antigas,
divididas internam ente em “tribos” , o direito/dever do culto cívico —
além de expressão religiosa — era também expressão de “lealdade” para
com a própria pátria. Mas com o poderia um judeu entrar num a tribo
pagã da cidade e venerar com ela os seus deuses?22 A igualdade de direi
tos, mas não de deveres, nas cidades habitadas pelos judeus explica o
anti-semitismo que se atribuía ao particularismo destes, aos privilégios
obtidos de fora e num m om ento em que as cidades se mostravam tão
ciosas de suas autonomias, enfim ao desprezo deles pelas divindades23.
Excetuando-se os fluxos recorrentes de anti-semitismo, a com uni
dade judaica da diáspora conseguira conquistar diversas pessoas, sensíveis
a formas religiosas elevadas.
é “a de persuadir os ouvintes a prestar culto a Deus de modo contrário à lei” (At 18,13).
Parecia, em resumo, que desvalorizava o judaísmo. Na realidade, dera a ele aquela abertura
que o desvinculava das malhas do nacionalismo.
32. Cf. G. BARDY, La conversione al cristianesimo nei primi secoli, trad. do francês,
Milão, Jaca Book, 1975, p. 116.
33. Cf. W. GRUNDMANN, Geschichte..., 456.
34. G. THEISSEN, Sociologia..., 236.
35. Cf. H. VON SODEN, “Die christiche Mission in Altertum und Gegenwart”, in
Die alte Kirche, Munique, Kaiser, 1974, pp. 22-23.
36. Cf. M. HENGEL, La storiografia..., op. cit., p. 133.
37. G. THEISSEN, op. cit., p. 187.
O fato de Paulo não ter anunciado o Reino de Deus, com o o
faziam os carismáticos itinerantes palestinos38, é mais uma implicação
dessa passagem. Nas comunidades helenísticas, o ethos afamiliar e apátrida
de Jesus não teria encontrado espaço vital, uma vez que não poderia ser
praticado39.
A conseqüência disso está nas cartas do cristianismo primitivo, que
m uito raramente se reportam às palavras do “M estre” . Se estas se con
servam na fonte dos loghia e dos Evangelhos é sob a condição de mudar
seu caráter, convertendo o radicalismo prático ali presente em radicalis
mo especulativo ou gnóstico40.
O radicalismo ético afamiliar, de difícil atuação num contexto socio-
cultural-econômico-ecológico diferente, é substituído por “um patriarca-
lismo de amor de cunho familiar que atribui grande importância à obe
diência de mulher, filhos e escravos” (cf. IC o r 7,21; 11,3-16; as cartas
deuteropaulinas e pastorais)41.
Trata-se de traição da mensagem de Jesus ou é apenas uma forma
de encarnar a mensagem cristã num contexto diferente do original? De
fato, esse patriarcalismo não arrancava ninguém de seu próprio ambiente,
aceitava as diferenças sociais existentes e até assumia sem reservas a es
trutura política (cf. Rm 13,lss.), mas atenuava todas as diferenças de
classe, obrigando a um amor recíproco.
Com o ressalta G. Theissen, foi justam ente esse patriarcalismo, “com
seu m oderado conservadorismo social, que deu ao cristianismo um cu
nho duradouro”42 e garantiu sua sobrevivência e sua difusão.
Já observamos que o nascimento desse novo m odo de ser cristão
em geral aconteceu nas cidades e, nestas, predom inantem ente entre as
camadas médias e as inferiores da população, ou seja, entre aqueles que,
por serem mestiços, operários ou escravos, escapavam às malhas do sis
tema político-religioso da polis, que mantinha e atava todo cidadão, do
nascimento até a m orte43. Para corroborar o caráter urbano da nova
religião — além da presença mais marcante da diáspora judaica nos cen
tros habitados — , houve o concurso do conservadorismo camponês, dos
fortes vínculos entre famílias e grupos, que tornavam mais fácil o contro
Consideraçoes conclusivas
62. Cf. id., “Das Fortlcbcn der Volkssprachen in Kleinasicn in nachchristlicher Zeit”,
in Gesammelte Aufsätze zur Kirchengeschichte — Der Osten II, Tübingen, 1928, p. 245.
63. Cf. K. HOLL, “Das Fortleben...”, art. cit., p. 248.
64. Cf. A. STROBEL, Das heilige Land der Montanisten — Eine religionsgeographische
Untersuchung, Berlim, W. de Gruyter, 1980, pp. 294-295.
OS PADRES E O PROBLEMA DAS LÍNGUAS
Línguas e evangelização
1. P. DE SURGY, “Língua” (verbete), in Diz. teol. biblica, Turim, Marietti, 1972, p. 612.
2. L. GOPPELT traduz At 2,4 não com “eles começaram a falar cm outras línguas,
mas ‘eles começaram a falar com outras línguas’, ou com uma nova língua, conforme o
tempo salvífico”, “Die apostolische und nachapostolische Zeit”, in Die Kirche in ihrer
Geschichte I/A , Göttingen, Vandenhocck & Ruprecht, 1966, A15.
3. Cf. G. BARDY, La question des langues dans l’Ecflise ancienne, Paris, Beauchesne,
1948, p. 2.
deverá se servir de Marcos com o tradutor4. Não sem razão João Crisós
tom o vê um “milagre” no fato de que o anúncio do Evangelho se faz
“por meio de onze hom ens iletrados, sem pátria, sem eloqüência, sem
arte retórica... Nem sequer eram versados na mesma língua de seus
ouvintes, mas num a língua pobre e diferente da deles, ou seja, na língua
hebraica”5.
46. Sobre o fato de a Igreja ter utilizado o grego em assuntos de ordem adminis
trativa e nas expressões literárias, litúrgicas e artísticas, cf. K. HOLL, “Das Fortleben...”,
cit., pp. 245-246.
47. Cf. K. FIOLL, “Kultursprache...”, cit., pp. 394-395. Voltaremos em seguida a
falar da importância que línguas “evoluídas” como o grego e o latim tiveram na criação do
patrimônio lingüístico e conceituai do cristianismo.
48. W. SCHNEEMELCHER, “Das Problem der Sprache in der alten Kirche”, in
Gesammelte Aufsätze zum Neuen Testament u n i zur Patristik “Analecta Vladaton” 5,
Thessaloniki, 1974, 7.
49. A este propósito G. BARDY se pergunta se a oposição entre Oriente e Ocidente
não se deve, ao menos em parte, à crescente ignorância do grego no Ocidente c do latim
no Oriente. “Aucun facteur d’unité n ’est plus puissant que la langue: on cesse de s’entendre
lorsqu’on ne parle plus la même langue. Bien des malentendus entre les deux parties de
l’Eglise chrétienne auraient peut-être été évités si l’unité linguistique avait pu être maintenue”,
La question..., op. cit., p. 79. Analogamente, W. SCHNEEMELCHER observa que a
separação entre Igrejas ocidentais e orientais se torna compreensível se se considera também
a diversidade lingüística, ou as diferenças do pensamento e do mundo das representações.
A separação começa cm 342, quando as duas partes do império começam a se separar
também sob o ponto de vista lingüístico. Cf. “Das Problem...”, cit., p. 69.
50. A. HARNACK, Missione..., op. cit., p. 568.
As vantagens inerentes à assunção das línguas “cultas” com o vetor
privilegiado de comunicação do pensamento cristão são contrabalançadas
por desvantagens que convém recordar. E ainda K. Holl que, com seus
diferentes estudos, nos lembra algumas delas. Em primeiro lugar, a exi
gência de conhecer o grego ou o latim para alguém ser cristão. Mas,
então, quantos milhares de hom ens ficaram afastados dessa possibilida
de?51 Não m enor peso teve o fato de que, ao assumir as “línguas cultas”,
o cristianismo assumiu os limites dos que as falavam, particularmente o
orgulho típico dos gregos e dos romanos. Para confirmar esse fato, basta
observar que não se tem notícia de que um grego cristão tenha apren
dido um dialeto estrangeiro ou tenha traduzido a Bíblia com a finalidade
de difundir o cristianismo52. M esmo a seguir, quando os bárbaros entra
ram na Igreja, ficarão sempre em posição subordinada: cristãos de segun
da categoria53.
Observamos outro efeito negativo da pouca atenção do cristianismo
às línguas quando examinamos o fenômeno das seitas. Estas, de fato,
reuniram o maior núm ero de adeptos entre o povo que falava línguas
locais. Parece que foram os grupos da dissidência cristã que realizaram
um esforço maior de inculturação, usando as línguas populares e apro-
ximando-se do povo, assumindo seus traços característicos (por exemplo,
o montanismo e o caráter entusiasta e rigorista, típico do ambiente frígio)54.
A contraprova dessa constatação é fornecida por K. Holl quando —
considerando o ambiente da Ásia M enor — observa que a terra na qual
as seitas persistem é exatamente onde as línguas populares ainda estavam
vivas. O estudioso estende essa observação à permanência do paganismo
e conclui que tanto as seitas com o o paganismo encontraram apoio nas
línguas populares55.
É preciso considerar, enfim, um outro elemento. O cristianismo dos
que o haviam aceito sem um grande conhecim ento de suas línguas orien
ta-se preferencialmente para os símbolos da religião. Q uando a língua
não é instrum ento de comunicação, nasce a necessidade de comunicar
mediante símbolos e fórmulas. Mas é bem claro — como observa K.
Holl — que, num cristianismo desse tipo, muitos elementos do paganis
m o poderiam continuar a existir. Essa vinculação é comprovada pela
própria constatação de que as mais grosseiras expressões de superstição
68. Cf. C. MOHRMANN, “Le problème...”, art. cit., pp. 114, 120.
69. Cf. id., ibid., p. 121.
70. C. MOHRMANN, “Le latin...”, art. cit., p. 65.
OS PADRES E A PRIMEIRA MISSÃO CRISTA
1. Cf. K. HOLL, Die Missionsmethode der alten und die mittelalterlichen Kirch
Munique, Kaiser, 1974, pp. 5-7.
pação de não-batizados na parte da liturgia que lhes era acessível, em
vista da impressão suscitada pelos mártires, da maravilha das curas mila
grosas, do exemplo do com portam ento cristão...”2. A Igreja, enfim,
cumpre a missão com uma vida que sempre consegue ser mais eloqüente
do que as palavras. Antes, predispõe ao acolhimento delas: enche-as de
conteúdo, carrega-as de autoridade.
5. Cf. A. HARNACK Missione e propagazione del cristianesimo nei primi tre secoli,
op. eit., pp. 7-8.
6. Cf. H. HEGERMANN, “Das hellenistische Judentum”, in J. LEIPOODT e W.
GRUNDMANN (orgs.), Umwelt des Urchristentum I, Berlim, Evangelische Verlagsanstalt,
1966, pp. 311-312.
7. Cf. A. HARNACK, op. eit., p. 9.
independentem ente das tradições recebidas: algo que o judaísmo não
podia fazer uma vez que negava plenos direitos aos ‘tem entes a D eus’.
O cristianismo, ao contrario,... oferecia a adesão ao m onoteísm o, uma
ética superior e plenos direitos religiosos, e isso sem circuncisão, sem
m andam entos rituais, sem limitações que pudessem ter efeitos negativos
sobre o status social deles. Isso torna mais compreensível o conflito
entre judaísmo e crisdanismo: a missão cristã conquistava justam ente
aqueles que sustentavam o judaísm o”8. Por causa da abertura universal
que possuía diferentem ente do judaísmo — o cristianismo conseguira
agregai' os pagaos, separando o elem ento religioso do elem ento nacio
nal9. Além disso, impressionava a massa dos “tem entes a D eus” e os
integrava plenam ente à com unidade assim que recebiam o batismo. E é
indiscutível que o proselitismo judeu, assim com o abriu caminho para a
missão cristã, tam bém teve de sucum bir diante dela, em bora de m odo
não definitivo.
11. Cf. H. VON SODEN, “Die christlichc Mission...”, art. cit., pp. 22-23.
12. Nos textos neotestamentários, as designações “missão”, “missionário” estão to
talmente ausentes, mas sem dúvida deveriam traduzir missão com apostolé, missionário com
“apóstolos” ou euanghelistes, e o adjetivo missionário com apostolikós. No NT ressalta-se a
tendência em delimitar o conceito de “apóstolos” aos doze (cf. 2Pd 3,2; Jd 17; Ap 21,14).
Depois de 200 essa designação referir-se-á somente aos “doze” ou a Paulo, e quando se
falar de “sucessores dos apóstolos”, “sucessão apostólica” não se pensará em missionários
que continuarão a obra deles, mas nos herdeiros da autoridade dos “doze” . De modo
semelhante, quando se falar em “Igreja apostólica” não se entenderá mais “Igreja missionária”,
mas Igreja construída sobre o fundamento dos apóstolos. Nos primeiros séculos, portanto,
o termo “apóstolo” perdeu sua característica original de “missionário”. Cf. E. MOLLAND,
“Bcsass die alte Kirche ein Missionsprogramm und bewusstc Missionsmethoden?”, in Die
alte Kirche, Munique, Kaiser, 1974, pp. 56-57.
13. Cf. A. HARNACK, Missione..., op. cit., pp. 247-250.
14. Cf. id., ibid., pp. 257-258, cm que se ressalta que o gênero das “cartas apos
tólicas” do NT se entende bem como obra desses profetas itinerantes que se sentem
escolhidos a serviço de toda a Igreja.
seguim ento que puseram as bases da forma de vida dos carismáticos
itinerantes do cristianismo primitivo”15. Uma característica desses missio
nários, que devem ter constituído um fenômeno bastante comum no
cristianismo primitivo, era a radicaJidade expressa na ruptura dos vínculos
familiares, na obrigação da vida apátrida e na pobreza16. Sua obra mis
sionária teve com o alvo sobretudo a região rural sírio-palestina, mas o
movimento cristão, devido ao trabalho dos missionários judeu-helenistas
(cf. At 11,20), logo ultrapassou as fronteiras da Galiléia, da Judéia e da
Samaria, passando das zonas atrasadas da Palestina para o próspero m undo
citadino do M editerrâneo. As conseqüências não tardaram a se manifes
tar: o radicalismo ético afamiliar que não encontrava espaço nas cidades
foi substituído por “um patriarcalismo de amor de cunho familiar que
atribui grande importância à obediência da mulher, dos filhos e escra
vos” 17 (cf. IC o r 7,21; 11,3-16; as cartas deuteropaulinas e pastorais).
Esse patriarcalismo produzido por missionários como Paulo pode ser
considerado um m odo de encarnar a mensagem cristã em situações
socioculturais diferentes. Não separa do ambiente em que se vive, aceita
as posições sociais, a estrutura política, mas atenua as diferenças de classe
em nom e da “novidade cristã” e do am or recíproco.
A breve apresentação dos missionários do cristianismo primitivo não
deve fazer esquecer que, na Igreja das origens, cada batizado era, para
seu ambiente, uma testemunha. Este fato ajuda a com preender o porquê
da rápida difusão do cristianismo. Tratava-se, evidentemente, de uma
atividade missionária ocasional, não organizada. A confirmação provém
indiretam ente de Suetônio ( Vita Glaudii 25), que escreve que no ano 49
Cláudio expulsara os judeus de Roma porque eles, “impulsore C hristo”,
tinham entrado em choque uns com os outros. Em Roma, portanto,
cristãos anonimos tinham defendido o Evangelho no âm bito da sinago
ga, provocando um aberto conflito18. Serão exatamente estes que conti
nuarão a obra de penetração do Evangelho, sobretudo quando os mis
sionários itinerantes — do século II em diante — se reduzem até de
25. Cf. W. H. C.FREND, “Der Verlauf der Mission in der alten Kirche bis zum 7.
Jahrhundert”, in Die alte Kirche, Munique, Kaiser, 1974, p. 32.
26. 1“ Carta de Clemente aos Corintios 7.
27. Carta aos Eßsios 10.
28. Visão II, 6.
29. 2“ Carta de Clemente aos Corintios 17.
30. Carta aos Filipenses 12. Na oração cristã o interesse pelos não-crentes permane
ce, portanto, vivo. Cf. Didaché 1; INÁCIO, Carta aos Eßsios 10.
31. Cf. INÁCIO, Carta aos Tralianos 3; POLICARPO, Carta aos Filipenses 10; 1“
Carta de Clemente 47; 2“ Carta de Clemente 13.
32. Carta aos Efisios 10.
A tarefa do cristão é salvaguardar o “bom nom e” de Cristo33, mostrar
que a mensagem ou o cristianismo não é uma “utopia” . E isso se ma
nifesta antes de mais nada pelo tipo de relações dentro da comunidade
cristã.
Por mais paradoxal que possa ser, pode-se afirmar que a ação
missionária da comunidade daquele tem po consiste principalmente em
ter uma intensa vida interior que exclui divisões, inimizades. E, enfim, o
grupo que, vivendo intensamente, dá testem unho da missão, ou que,
inversamente, oferece um contratestem unho que afasta34.
Daí os apelos à coesão e à paz, que devem ser lidos não apenas em
sentido intra-eclesial, mas também em relação à “missão” e à responsa
bilidade do grupo cristão com referência ao m undo. “Que ninguém
nutra rancor algum contra o próxim o” — escreve Inácio — “e que não
deis, por causa das tolices de poucos, pretexto de calúnias à multidão que
vive em D eus.”35
Trata-se de mostrar que entre fé e vida não existe dissonância.
“Q uando os pagãos” — afirma o desconhecido autor da 2 a Carta, de
Clemente 13 — “ouvem de nossos lábios as palavras de Deus admiram
a beleza e a grandeza destas; mas quando, depois, dão-se conta de que
as nossas obras não correspondem às nossas palavras começam, então, a
blasfemar, dizendo que o cristianismo é apenas mito e engodo.”
Com o conclusão, parece que podem os reafirmar que a eclesiologia
da estraneidade acima lembrada não significa desinteresse ou fuga do
m undo. O grupo cristão, de fato, parece responsável pelo “ bom nom e”
de Cristo diante dos pagãos. Está presente a idéia de que a Igreja tem
a tarefa de transmitir as palavras de Jesus e de demonstrar, por meio da
vida interior, a credibilidade de tais palavras. Neste caso, o acento está
mais em ser testem unha do que em ser missionário, mas, evidentemente,
o “testem unho” é o primeiro m odo de fazer missão.
33. Cf. 2* Carta de Clemente 13; POLI CARPO, Carta aos Filipenses 10.
34. Cf. Y. CONGAR, “Souci du salut des païens et conscience missionaire”, in
Kyriakon — Festschrift Johannes Quasten I 4.
35. Carta aos Tralianos 8.
ras confiitações sistemáticas contra o cristianismo e tornou-se fonte para
todos os polemistas pagãos posteriores36. Entendemos o porquê desse
escrito quando observamos a atenção generalizada que o pequeno grupo
cristão suscitava no decurso do século II. Até aquele m om ento deixa as
pessoas indiferentes ou desperta pouco interesse. Prova disso são as es
cassas referências que dele permanecem na literatura pagã até a metade
do século II. A partir desse período, porém, o grupo emerge, mesmo
porque impressiona as classes cultas, em que encontra pessoas capazes de
justificá-lo e de defendê-lo, inclusive pela atividade literária. Testemunhas
dessa ação de defesa e de propaganda do cristianismo no século II são
os chamados “apologistas” .
Hom ens com o Justino, Atenágoras, Aristides, M inúcio Félix sen
tem possuir uma verdade que os espíritos mais cultos em torno deles não
podem atingir. Mas com o fazê-la chegar até eles? Em primeiro lugar
procurando uma base com um com os pagãos aos quais se dirigiam e
usando uma linguagem que pudessem compreender. “Percebia-se a exi
gência de apresentar a mensagem cristã, ao menos no plano de cultura
média, de forma que fosse em parte familiar ao ouvinte pagão. Assim,
quando um conceito cristão encontrava correspondência na filosofia,
sobretudo platônica e também estóica... era boa política estabelecer a
ligação.”37
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A Apeles 47
Apolinário de Laodicéia 54, 112
Abel 84 Apologistas 5, 6, 7, 27, 47, 48, 49,
Abraão 17, 103, 162 50, 52, 64, 65, 90, 133, 134,
Acerbi, A. 78 140, 141, 162, 163, 164, 187,
Adão 17, 65, 80, 112, 113, 153 188, 189, 190
África 104, 148, 170, 171 Áquila 110
Agostinho 6, 12, 13, 19, 22, 30, 31, Arábia 167, 176
32, 33, 71, 73, 74, 84, 93, 103, Ário 53, 70, 71
104, 105, 113, 114, 121, 122, Aristides 90, 125, 141, 142, 188, 202
124, 134, 148, 169, 202 Aristóteles 131, 189
Aland, B. 78 Ártemas 50
Alberigo, G. 75 Ascensão de Isaías 78
Aldama, J. A. de 111, 193 Asclepiódoto 50
Alexandre de Alexandria 112 Ásia Menor 110, 146, 156, 172, 173,
Alexandre de Constantinopla 112 175, 180, 182
Alexandre Magno 182 Assemani, J. S. 34
Alexandria 18, 28, 30, 41, 53, 65, Atanásio de Alexandria 147
66, 75, 76, 112, 123, 140, 156, Atenágoras 64, 125, 141, 142, 162,
177, 203 188, 202
Alszeghy, Z. 39 Aubert, J. M. 120, 135, 136
Ambrósio de Milão 29, 30, 33, 93, Azarias 162
113, 202
Ana 107
Ananias 162 B
Andresen, C. 78, 96, 97, 98, 100,
156, 160, 168, 169, 170, 182 Babel 167
Antão 146, 147, 171 Babilônia 156, 180
Antioquia 28, 47, 56, 66, 69, 71, 79, Balthasar, H. U. von 11, 35
97, 109, 112, 138, 139, 141, Bardenhewer, O. 22
157, 158, 161, 173, 174, 181, Bardy, G. 158, 167, 168, 169, 170,
182, 185, 203 172, 174, 182, 194
Baronio, C. 33 Cláudio 184
Bartelink, G. J. M. 177 Clemente de Alexandria 133, 177
Basílio de Cesaréia 71, 147 Clemente Romano 63, 78, 202
Batiffol, P. 98, 192 Columbas, G. M. 148
Beatrice, P. F. 89 Concílio de Calcedônia 5, 55, 57
Benívolo 29 Concílio de Constantinopla 61, 71,
Benoit, A. 12, 20, 33, 191 75
Bento 32, 148, 202 Concílio de Éfeso 5, 18, 19, 56, 57,
Berlim 11, 34, 165, 181 112
Bitínia 172 Concílio de Nicéia 6, 18, 54, 70, 71,
Blanchetière, F. 156 112
Boisset, J. 33 Congar, Y.-M. 36, 38, 76, 106, 120,
Bolgiani, F. 21, 27, 192 121, 126, 130, 133, 136, 151,
Bolland, J. 33 187, 192
Constantino 71
Corinto 27, 87, 157, 182
C Corsato, C. 24, 37, 191
Cosme 41
Cafarnaum 181 Creta 167, 202
Calábria 32 Cromácio de Aquiléia 130
Calisto 67 Cr ouzel, H. 11, 12, 23, 37, 191
Camelot, P. T. 100 Cullmann, O. 45, 62, 86, 108
Campenhausen, H. von 73, 109, 111,
143, 145, 151, 193
Cannes 31 D
Cantalamessa, R. 48, 52, 61, 89, 107
Capadócia 167, 172, 203 DaiUè, J. 13
Capadócios 112 Dal Covolo, E. 23, 35, 191
Capréolo de Cartago 18 Damasco 180, 203
Cária 172 Davi 110
Carta de Barnabé 28, 88, 138, 139, Delahaye, K. 106, 121, 136, 193
185 Diaz, P. V. 98
Cartago 18, 79, 100, 103, 202 Didaché 62, 88, 138, 186
Casagrande, D. 112, 193 Dídimo 112
Cassiodoro 32 Diodoro de Tarso 55
Cavallo, D. 24, 25, 26, 30 Dionísio de Roma 69
Celestino 56 Discurso a Diogneto 96, 137, 176
Celso 46, 53, 79, 108, 109, 129, 185, Domina 146
187 Dõrrie, H. 163
Cesaréia marítima 203 Du Cange 34
Cesário de Aries 31, 32
Cipriano 6, 18, 31, 33, 79, 83, 92,
93, 99, 1 0 0 ,1 0 1 ,1 0 3 ,1 2 4 ,1 4 4 , E
202
Cira 146 Éfeso 5, 18, 19, 27, 36, 56, 57, 112,
Cirilo de Alexandria 18, 56 182, 203
Cirilo de Jerusalém 112, 121 Efrém 112, 203
Eleutério 18 Gerhard, J. 21
Elias 143, 162 Ghellinck, J. de 26, 30, 31, 32, 191
Elvídio 112 Giarratano, C. 25
Epicteto 55, 132 Goppelt, L. 157, 167, 180
Epicuro 131 Gregorio de Nazianzo 71
Epígono 66 Gregorio de Tours 169
Epistola apostolorum 28 Gregorio Magno 21, 202
Espanha 104, 170 Grillmeier, A. 5 7 ,1 1 9 ,1 9 2
Estêvão 155 Grundmann, W. 158, 181
Eudóxio 54
Eusébio de Cesaréia 21, 28, 71, 99,
112 H
Eusébio de Vercelli 147
Eva 111 Hamman, A. G. 29, 191, 193
Evangelho de Tomé 145 Häring, B. 121
Harnack, A. von 22, 77, 78, 90, 96,
152, 157, 170, 174, 176, 181,
F 183, 194
Hegermann, H. 181
Fabre, P. 156, 194 Hengel, M. 10, 25, 26, 27, 85, 86,
155, 156, 157, 158
Fara 41
Heráclito 134, 162
Farina, R. 36, 191
Hilário de Poitiers 36, 40, 58, 72, 73,
Feuileron, J. 33
75, 93, 122
Filipos 203
Hipólito 18, 50, 66, 67, 108, 144,
Fílon de Alexandria 49, 64, 162, 188 202
Finkenzeller, J. 95 Hipona 74, 104, 114, 202
Fírmio 30 Holderegger, A. 123, 133, 134, 193
Flaviano de Constantinopla 57 HoU, K. 160, 164, 165, 168, 169,
Flávio Josefo 157, 181 170, 172, 174, 175, 179
Flick, M. 39 Holstein, H. 11
Florino 99 Honorato 148
Fotino de Sírmio 50
Frend, W. H. C. 186
Frigia 78, 167, 169, 165, 172 I
Ildefonso de Toledo 22
G Inácio de Antioquia 28, 47, 79, 97,
109, 138, 139, 141, 161
Galácia 172 Ireneu de Lião 31, 65, 80, 91, 169
Gália 98, 104 Isidoro de Sevilha 21, 22
Galião 157 Itália 104
Galícia 169
Galiléia 184
Gaudêncio de Brescia 18, 29, 129 J
Gelásio I 19
Genádio de Marselha 22 Jacó 103
Genebra 13 Jaeger, W. 188, 194
Jerônimo 21, 22, 30, 31, 32, 146, Lídia 172, 181
147, 202 Liebaert, J. 48, 49, 51, 52, 53, 193
Jerusalém 30, 112, 121, 153, 154, Listra 160, 172, 188
203 Lohse, E. 87
João Batista 146 Lubac, H. de 35
João Cassiano 148 Lucas 27, 47
João Crisóstomo 30, 33, 37, 77, 79, Luciano de Samósata 26
93, 112, 113, 114, 128, 168, Lyonnet, S. 123
173, 203
João Damasceno 21, 203
João de Antioquia 56, 112 M
João Mosco 41
Joaquim 107 Mai, A. 34
Joel 87
Mandouze, A. 20, 33
Joppich, G. 81
Mansi, G. D. 34
Jordão 80
Marana 146
José 107, 108
Marcelo de Ancira 50, 71
Judéia 155, 167, 184
Marciano 57
Justino 26, 50, 62, 64, 90, 108, 109,
Marcionitas 47
110, 133, 141, 142, 143, 144,
Marco Aurélio 169
154, 162, 163, 188, 189, 190,
Marcos 27, 168
202
Maria 6, 47, 55, 56, 107, 108, 109,
110, 111, 112, 113, 114, 140,
K 193
Mário Vitorino 6, 71, 72, 73
Kannengiesser, C. 75 Marrou, H.-I. 10, 31, 172
Kehl, A. 160 Martírio de Policarpo 28, 127, 138,
Kelly, J. N. D. 45, 65, 68, 69, 191, 143, 144
192, 193 Mateus 27, 76
Koep, L. 25 Maurinos 34
Kötting, B. 155 Máximo de Turim 121, 128
Mazza, M. 169, 171, 172, 173
Melitão de Sardes 47, 79
L Metódio de Olimpo 106
Migne, J. P. 29, 33, 34
Labriolle, P. 188 Minúcio Félix 124, 125, 141, 142,
Lactâncio 126, 203 188
Lazzati, G. 22, 26 Misael 162
Leão Magno 202 Moisés 46, 153
Lebreton, J. 80, 192 Molland, E. 152, 183
Lião 18, 28, 31, 65, 80, 82, 91, 98, Mommsen, Th. 170
144, 169, 202 Monaci Castagno, A. 79
Líbia 67, 69, 202 Montano 78
Licaônia 172 Moraldi, L. 107
Lícia 172 Muratori, L. 34
N Pentápole 69
Perler, O. 26
Nestörio 5, 56, 112 Peterson, E. 89, 140
Nilo 171, 203 Pitra, G. B. 34
Noeto de Esmirna 66 Platão 49, 62, 131, 145
Novaciano 22, 67 Plínio 168
Novato 100 Pohlenz, M. 131, 133
Numidia 169, 202 Policarpo de Esmirna 18, 28, 79
Pôncio Pilatos 47, 108
Ponto 10, 20, 26, 30, 33, 36, 38, 46,
O 47, 49, 52, 53, 64, 68, 73, 85,
86, 9 1,101, 1 0 4 ,109,112,120,
Opus imperfectum in Matthaeum 93, 121, 129, 132, 138, 155, 165,
130 167, 174
Orbe, A. 80, 109, 192 Prestige, G. 61, 192
Origenes 5, 6, 19, 29, 30, 31, 46, 51, Prudêncio 18
52, 53, 67, 68, 69, 70, 79, 101, Pulquéria 57
102, 103, 108, 112, 114, 129,
145, 185, 203
Osborn, E. 123, 125, 131, 132, 133,
135, 136, 193
Q
Overbeck, F. 20
Quasten, J. 24, 151, 187
Oxford 20
R
P
Rahner, U. 35, 193
Pacômio 31, 146, 147, 171, 172
Randellini, L. 154
Padovese, L. 2, 3, 26, 76, 115, 128,
Ricoeur, P. 85
194
Padres Apostólicos 6, 63, 64, 88, 90, Roma 12, 18, 23, 25, 26, 30, 34, 36,
95, 109, 137, 138, 139, 140, 37, 38, 45, 50, 62, 64, 66, 69,
162, 185, 186 75, 76, 1 0 1 ,1 0 3 ,1 0 8 ,1 1 2 ,1 1 4 ,
Panfília 167 115, 128, 152, 167, 170, 172,
Pantera 108 177, 182, 183, 184, 188, 191,
Parmeniano 103, 104 192, 193, 194, 202
Pastor de Hermas 28, 63, 88, 97, 98,
138, 185, 186
Paulo 17, 18, 24, 27, 28, 47, 50, 66, S
69, 86, 87, 95, 108, 111, 124,
125, Sabélio 67
129, 146, 154, 156, 157,
159, 160, 172, 183, 184, 188 Samaria 184
Paulo de Samósata 18, 50, 66 Saulo 180
Pedro 84, 87, 101, 103, 167 Schleiermacher, F. 34, 35, 40
Pelágio 114 Schnackenburg, R. 95
Pellegrino, M. 38 Schneemelcher, W. 174
Schneider, J. 27, 28 Teófilo de Antioquia 185
Schrijnen, J. 177 Tertuliano 5, 6, 22, 38, 51, 52, 67,
Schwartz, E. 18, 19, 112 68, 90, 99, 100, 101, 110, 112,
Scipioni, L. 97 124, 141, 142, 202
Selêucidas 182 Tessalônica 88, 182, 202
Sêneca 28 Theissen, G. 1 5 3 ,1 5 5 ,1 5 8 ,1 5 9 ,1 6 8 ,
Simão 153 182, 184
Simon, M. 157, 184 Trajano 168
Simonetti, M. 22, 23, 25, 35, 64, 66,
69, 72, 75, 163, 188, 189, 192
Síria 9, 10, 78, 145, 146, 156, 180, V
203
Sirício 103 Vagaggini, C. 114
Sócrates 134, 162, 163 Valadier, P. 123
Soden, H. von 158, 164, 180, 183,
Valentinianos 47
185, 190
Valeriano 18
Spanneut, M. 131, 193
Vander Gucht, R. V. 12, 23, 191
Spidlik, T. 38
Vicente de Lérins 19, 20, 22
Stockmeier, P. 161, 194
Viena 34, 121, 202
Strobel, A. 165
Suetônio 21, 184 Vorgrimler, H. 12, 23, 191
Sulpício Severo 31, 32, 202
Surgy, P. de 167
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