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CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS ENGENHEIRO COELHO - SP


MESTRADO EM ESTUDOS TEOLÓGICOS - MISSIOLOGIA

DÁFFANO AUGUSTO DE PAULA

NOVOS MEMBROS:
COMO SÃO ASSIMILADOS À IGREJA E SUA RELAÇÃO COM O ÍNDICE DE
APOSTASIA

ENGENHEIRO COELHO, SP
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO ADVENTISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS ENGENHEIRO COELHO
MESTRADO EM ESTUDOS TEOLÓGICOS – INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Dáffano Augusto de Paula

NOVOS MEMBROS:
COMO SÃO ASSIMILADOS À IGREJA E SUA RELAÇÃO COM O ÍNDICE DE
APOSTASIA

Dissertação apresentada ao Programa de


Mestrado em Estudos Missiológicos –
Missiologia, do Centro Universitário Adventista
de São Paulo, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre denominacional.

Orientador(a): Dr. Émilio G. Abdala Dutra

Linha de Pesquisa: Discipulado

ENGENHEIRO COELHO – SP
2023
Sumário
1. Introdução .............................................................................................................6
1.1. Justificativa ......................................................................................................8
1.1.1. O Problema ............................................................................................9
1.1.2. Relevância Pessoal ..............................................................................10
1.1.3. Relevância Social .................................................................................10
1.1.4. Relevância relação com a linha de pesquisa .......................................10
1.2. Metodologia ...................................................................................................11
1.2.1. Abordagem Metodológica ....................................................................11
1.2.2. Coleta de dados ...................................................................................11
1.2.2.1. Fontes Primárias .......................................................................11
1.2.2.2. Fontes Secundárias ..................................................................12
1.2.3. Análise de dados .................................................................................12
1.2.4. Limitação da pesquisa .........................................................................12
1.2.5. Considerações éticas ..........................................................................12
2. Fundamentação Bíblica Sobre a Assimilação de Novos Membros...............12
2.1. Assimilação no Novo Testamento..................................................................12
2.1.1. Assimilação: O modelo de Jesus .........................................................13
2.1.2. Assimilação: O modelo Lucano ...........................................................16
2.1.3. Assimilação: O modelo Paulino ...........................................................18
2.2. A perspectiva de Ellen White sobre assimilação ...........................................21
2.3. Reflexões finais do capítulo ..........................................................................23
3. Uma Revisão Literária de autores contemporâneos sobre Assimilação de
Novos Membros.................................................................................................23
3.1. Tendências atuais de assimilação eclesiástica ............................................23
3.1.1. Integrar antes de batizar .....................................................................23
3.1.2. Continuar a instrução ..........................................................................24
3.1.3. Nutri em Pequenos Grupos.................................................................24
3.1.4. Prática de mordomia............................................................................24
3.1.5. Envolver na missão..............................................................................24
3.2. O que contribui para a permanência ou apostasia de novos
membros.........................................................................................................25
3.2.1. O que impacta para a permanência de novos membros? ...................30
3.2.2. Boas vindas e inclusão.........................................................................31
3.2.3. Relacionamentos significativos.............................................................31
3.2.4. Ensino contínuo ...................................................................................31
3.2.5. Oportunidades de participar dos ministérios o mais breve possível ....31
3.2.6. Liderança e pastoreio ..........................................................................32
3.2.7. Culto e adoração .................................................................................32
3.2.8. Conflitos e desentendimentos .............................................................32
3.2.9. Expectativas realistas ..........................................................................32
3.2.10. Mudanças pessoais .............................................................................32
3.2.11. Alinhamento com os valores denominacionais.....................................32
3.3. O que coopera para a apostasia? .................................................................33
3.3.1. Dúvidas e questões teológicas.............................................................34
3.3.2. Experiências negativas na comunidade e o distanciamento da fé.......34
3.3.3. Desafios intelectuais e científicos ........................................................35
3.3.4. Pressões sociais e culturais..................................................................35
3.3.5. Mudanças de crenças pessoais............................................................35
3.3.6. Influência de amigos e familiares..........................................................35
3.3.7. Estilo de vida ou interesses pessoais...................................................35
3.3.8. Crises pessoais e reavaliação da fé.....................................................36
3.3.9. Distanciamento da prática religiosa......................................................37
3.3.10. Atração por outras crenças espirituais.................................................37
3.4. A essência para assimilação e a prevenção contra a apostasia de novos
membros.........................................................................................................37
4. Análise contextual da assimilação de Novos Membros na Associação
Mineira Sul...........................................................................................................39
4.1. Histórico da assimilação de membros na IASD.............................................40
4.1.1. Início da IASD: as primeiras estratégias ..............................................40
4.1.2. Estabelecimento de instituições educacionais e de saúde ..................42
4.1.3. Instituições educacionais .....................................................................42
4.1.4. Instituições de saúde ...........................................................................42
4.1.5. Esforços missionários globais ..............................................................43
4.1.6. Desenvolvimento de materiais e programas de estudo bíblico ............43
4.1.7. Materiais e programas contemporâneos ..............................................44
4.1.8. A era digital e a IASD ...........................................................................45
4.2. Dinâmicas de batismo e retenção: um panorama decenal da Associação
Mineira Sul .....................................................................................................49
4.2.1. Dados históricos....................................................................................50
4.2.2. Dados demográficos dos novos membros ...........................................50
4.2.3. Dados sobre o processo de integração ...............................................50
4.2.4. Feedback dos membros ......................................................................50
4.2.5. Dados comparativos ............................................................................51
4.2.6. Dados sobre a formação e capacitação pastoral..................................51
4.2.7. Dados sobre a comunidade e contexto local .......................................51
4.2.8. Dados sobre programas e eventos especiais ......................................51
4.3. Estudo de campo............................................................................................51
4.3.1. Análise da pesquisa e entrevistas ........................................................51
4.3.2. Implicações das informações obtidas ..................................................52
4.4. Conclusão.......................................................................................................52
5. Referências .........................................................................................................53
Introdução

Embora a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) receba uma quantidade


substancial de novos membros anualmente, é alarmante observar que uma
proporção considerável desses novos membros decida por abandonar a igreja já no
primeiro ano após o batismo ou profissão de fé, conforme é destacado por Tonetti
(2017) na Revista Adventista. Esta pesquisa procura analisar a assimilação de novos
membros pela Igreja Adventista do Sétimo Dia na Associação Mineira Sul (AMS) e o
consequente impacto sobre índice de apostasia.
O presente trabalho busca compreender esse problema e propor soluções
para melhorar a assimilação e retenção dos novos membros, visando formar
discípulos maduros na fé. A linha de pesquisa se baseia no exemplo da igreja
primitiva, que adotava um processo contínuo de assimilação dos novos convertidos.
Diferentemente de enxergar o batismo como um evento isolado, a igreja primitiva
compreendia que a conversão era um processo que envolvia instrução,
doutrinamento, decisão, batismo e acompanhamento. No entanto, muitas vezes, os
novos convertidos na Igreja Adventista não conseguem se integrar plenamente à
comunidade e aos ministérios existentes, o que pode contribuir para o alto índice de
apostasia.
Esta dissertação é realizada com base em um estudo de campo aplicado no
território da AMS, que incluirá uma revisão narrativa da literatura sobre o tema e um
levantamento de dados com os participantes, buscando compreender como a igreja
está assimilando os novos membros e como isso afeta o índice de apostasia. Serão
considerados também os modelos de discipulado existentes e as experiências da
igreja primitiva, para propor um plano de ação que auxilie na assimilação e
amadurecimento dos novos membros. Este estudo é de grande relevância tanto a
nível individual quanto social. Para o pesquisador, ele possibilitará um
aprofundamento em seu ministério pastoral e uma melhor compreensão de como
receber e acompanhar os novos membros. Já em nível social, a pesquisa visa
contribuir para a redução do índice de apostasia na Igreja Adventista do Sétimo Dia,
promovendo uma integração mais efetiva e um amadurecimento espiritual dos novos
membros.
Além disso, a dissertação está alinhada com as diretrizes de pesquisa do
curso de Mestrado em Estudos Teológicos - Missiologia, uma vez que busca
compreender e aplicar princípios missiológicos no contexto da assimilação de novos
membros. O objetivo final é cumprir a missão da igreja de formar discípulos maduros
para Jesus Cristo. Espera-se que os resultados dessa pesquisa possam fornecer
subsídios para a igreja desenvolver estratégias mais eficazes de assimilação de
novos membros, promovendo um crescimento saudável e duradouro na fé cristã.
Todo este empenho se faz necessário porque assimilar novos membros ajudando-os
a se tornarem discípulos maduros de uma congregação é um grande desafio.
O exemplo recebido da igreja primitiva pode nortear a igreja de hoje. George
e Carriker (2022) explicam o processo em que o novo converso era submetido em
Atos 2:42-46. O modelo adotado pela igreja apostólica para assimilação de novos
membros na fé parece ser muito mais um processo do que um evento. Segundo
Cress (2010), qualquer equívoco em entender a conversão como um processo que
inclui tomada de consciência, investigação, instrução, doutrinamento, decisão,
batismo e, quem sabe, até mesmo e mais importante de tudo, incorporação e
discipulado é uma falha em compreender os ensinos e exemplos que temos na
Bíblia.
McGavran (2001) observou que, mesmo após anos de intensivos esforços
missionários em várias nações, a ponto de algumas delas se identificarem como
cristãs, a condição moral desses países sugere que simplesmente ser batizado não
equivale a tornar-se instantaneamente um discípulo.
Esse problema, relacionado à assimilação de novos membros pela Igreja
Adventista do Sétimo Dia, é bem sintetizado por Win Arn (1982) em sua discussão
da diferença sutil, porém, fundamental, entre evangelismo e edificação do novo
discípulo. O autor também sugere de maneira hábil uma solução para o problema
envolvendo os conceitos de “evangelismo” e “discipulado”, da seguinte maneira:
 Evangelismo: obtém-se sucesso quando um não cristão indica, através
de uma resposta verbal, sua aceitação pessoal de um novo conjunto de
convicções que refletem a fé cristã. Trata-se de uma decisão centralizada
em um ponto específico de tempo.
 Discipulado: obtém-se sucesso quando é possível observar mudança no
comportamento de um indivíduo, a qual indica sua integração pessoal a
um novo conjunto de convicções que refletem a fé cristã. A palavra
“discípulo” focaliza um estilo de vida contínuo.
O processo de adaptação de uma pessoa que chega à igreja deve ser
acompanhado de perto pelos membros mais experientes e tende a ser ainda mais
efetivo quando o pastor tem participação. O batismo de todos que se entregam a
Jesus deve ser comemorado, mas não marca o fim da jornada cristã e sim o início,
como está escrito: “aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt 24:13,
ARA). Por isso, todas as igrejas deveriam ter um plano bem definido quanto ao que
fazer após uma pessoa ser batizada. Isso não deve ser deixado para que aconteça
naturalmente. Por si só, dificilmente o novo crente conseguirá se integrar aos
ministérios, pois, com raras exceções, estabelecem vínculos afetivos com os
outros membros mais experientes. A percepção de algumas comunidades parece
ser a de que ao entrar para igreja ocorrerá uma integração automática. Burril
(2009, p. 243) afirma que a igreja faz um ótimo trabalho colhendo, mas quando a
vida volta ao “normal”, os recém-convertidos são deixados para se arranjarem
sozinhos. White (2007, p. 338) aponta que

novos conversos precisam ser instruídos por fiéis instrutores da


Palavra de Deus, para que cresçam no conhecimento e no amor da
verdade, se desenvolvam até à estatura completa de homens e
mulheres em Cristo Jesus. Eles devem ser agora cercados pelas
influências mais favoráveis para o crescimento espiritual.

Um plano estratégico para que as pessoas tenham a possibilidade de


amadurecer como discípulos de Cristo é tão importante quanto ter planos para
levá-las ao batismo. Entender como a igreja está assimilando novos membros,
identificar aquilo que pode ser corrigido e definir planos claros sobre como
devemos lidar com os novos conversos, possivelmente, nos ajudará cumprir a
missão que recebemos de formar discípulos. Esta dissertação apresenta uma
proposta como requisito para a conclusão do curso de pós-graduação em
Missiologia, do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP EC). O
conteúdo subsequente busca oferecer perspectivas sobre a prática de assimilação
de novos membros. Acredita-se firmemente que o início da jornada cristã
desempenha um papel crucial na determinação da permanência do novo
convertido na fé ou em sua eventual inclinação à apostasia.

1.1Justificativa
Dentro do cenário religioso contemporâneo, a questão do crescimento e
retenção de membros em organizações religiosas tem sido amplamente debatida e
analisada. Wagner (1976), em seu trabalho seminal sobre o crescimento da igreja,
sugere que a saúde de uma congregação não se baseia apenas na capacidade de
atrair novos membros, mas também de mantê-los. A Igreja Adventista do Sétimo
Dia, especialmente na região da Associação Mineira Sul, não está isenta desses
desafios. Apesar de celebrar a constante adição de novos membros, a AMS
enfrenta o complexo desafio da retenção.
O próprio autor, imerso na realidade da sua geografia de trabalho como
pastor, testemunhou a dicotomia entre a alegria do batismo e a tristeza da
apostasia. A problemática da retenção de novos membros não é apenas uma
preocupação teológica e administrativa, mas também um desafio pastoral e
humano. Kellermann (1989), em seu estudo sobre integração eclesiástica, enfatiza
a importância do acolhimento e acompanhamento contínuo de novos membros,
algo que é crucial para a saúde e longevidade da igreja.
No entanto, por que essa questão é tão pertinente? E como se relaciona
com o campo mais amplo da missiologia? Bosch (1991) em sua obra Transforming
Mission, sugere que a missiologia não trata apenas da primeira proclamação do
evangelho, mas da contínua edificação e encorajamento daqueles que
responderam a esse chamado. E é nesse interstício entre a evangelização e o
discipulado, entre o chamado e a consolidação da fé, que este estudo se situa.
Nesta justificativa, busca-se traçar a importância, a relevância e a
necessidade de abordar o fenômeno da retenção de membros na IASD,
especialmente no contexto da AMS. Além disso, destaca-se a conexão profunda e
intrínseca deste estudo com a jornada pessoal do autor e a relevância mais ampla
para a saúde e vitalidade da comunidade adventista como um todo.

1.1.1 O problema

Em 1982, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, como organização, determinou


os limites da, então, Missão Mineira do Sul, abrangendo o sul de Minas Gerais e a
zona da mata. Em 1996, com o crescimento e avanço da IASD nestas regiões, a
Missão ganha o título de Associação Mineira Sul. Atualmente, são contidos nos
registros de secretaria da AMS, mais de 23 mil membros.
Este autor iniciou seu ministério pastoral na região da AMS em 2015. Nos
primeiros cinco anos de ministério, teve a oportunidade de pastorear três distritos
nesta Associação. Durante esse período, foram batizadas 440 pessoas nessas
regiões. Em 2021, foi feito um levantamento e constatado que mais de 50% dos que
foram batizados haviam deixado a igreja. Este estudo pretende desenvolver e
implementar um programa de amadurecimento para retenção de novos membros no
território da Associação Mineira Sul.

1.1.2 Relevância pessoal

A jornada do autor neste campo específico de pesquisa não é meramente


acadêmica; é também profundamente pessoal. Tendo servido como pastor na
Associação Mineira Sul e testemunhado em primeira mão os desafios de retenção
de membros, este estudo representa um compromisso pessoal em entender e
abordar as razões subjacentes para tal cenário. É uma busca por aprimorar não
apenas o conhecimento teórico, mas também práticas pastorais que podem ser mais
eficazes na integração e retenção de novos membros.

1.1.3 Relevância social

A saúde e vitalidade de qualquer comunidade religiosa dependem, em parte,


de sua capacidade de atrair, integrar e reter novos membros. Uma alta taxa de
apostasia, como observada, sugere que os novos membros podem não estar
encontrando o apoio, orientação ou sentido de pertencimento de que necessitam.
Isso pode ter implicações mais amplas para a coesão e vitalidade da comunidade
como um todo.
O estudo proposto, portanto, tem uma dimensão social significativa. Ao lançar
luz sobre os desafios e oportunidades de assimilação, ele pode fornecer insights
valiosos para nossas comunidades. O objetivo não é apenas entender as razões
para a apostasia, mas também identificar e promover práticas que incentivem o
comprometimento duradouro e o crescimento espiritual dos membros.

1.1.4 Relação com a linha de pesquisa


Missiologia, em sua essência, não se trata apenas do ato inicial de
evangelização, mas também do processo contínuo de discipulado e integração. A
grande comissão, como registrada nos evangelhos, não termina no batismo, mas
continua com instrução e integração dos novos crentes na vida comunitária.
Este estudo, ao abordar a questão da assimilação de novos membros na
IASD, se concentra no centro da missiologia. A pesquisa é tanto sobre a mensagem
como sobre o mensageiro e como a igreja, como corpo, funciona eficazmente para
integrar e nutrir aqueles que são novos na fé.

1.2 Metodologia
1.2.1 Abordagem metodológica

Este trabalho será de natureza aplicada e se baseará em um estudo de


campo, integrando abordagens quantitativas e qualitativas. Conforme Gil (2008), os
estudos de campo focam mais na investigação das questões propostas do que na
categorização dos entrevistados com base em variáveis predefinidas. Por isso, esse
tipo de estudo pode apresentar mais flexibilidade, permitindo que os objetivos sejam
reformulados ao longo do processo de pesquisa.
Neste sentido, a abordagem quantitativa permitirá a análise e interpretação de
dados estatísticos sobre batismos e apostasias na AMS, enquanto a componente
qualitativa, baseada em entrevistas semiestruturadas e revisão de literatura,
fornecerá uma compreensão mais aprofundada das razões subjacentes às
tendências observadas e dos processos de assimilação dos novos membros na
IASD.

1.2.2 Coleta de dados

1.2.2.1 Fontes primárias

A coleta de dados primários se dará por meio de questionários e entrevistas


semiestruturadas aplicados aos membros da AMS, com foco naqueles que foram
batizados nos últimos 10 anos. As perguntas abordarão desde o primeiro contato
com a IASD, passando pela instrução recebida antes da adesão, até a permanência
ou decisão de deixar a igreja.
1.2.2.2 Fontes secundárias

A revisão da literatura será um elemento essencial nesta pesquisa, incluindo a


análise de obras de autores como White (2007), Burrill (2009) e Cress (2010), entre
outros, para entender como a incorporação de novos membros tem contribuído para
o amadurecimento espiritual e/ou apostasia.
Os registros da AMS fornecerão dados sobre o número de batismos,
apostasias e outras atividades relevantes dos últimos 10 anos. Estes dados
secundários, aliados aos dados primários, formarão a base para a análise
subsequente.

1.2.3 Análise de dados

Os dados coletados serão analisados através de técnicas estatísticas para os


dados quantitativos, e análise de conteúdo para os dados qualitativos. Os padrões
observados a partir dessa análise orientarão a discussão e as recomendações finais
do estudo.

1.2.4 Limitações da pesquisa

As prováveis limitações desta pesquisa incluem a precisão dos registros da


AMS e possíveis vieses nas respostas aos questionários e entrevistas. A pesquisa
também será limitada aos membros da AMS, o que pode afetar a generalização dos
resultados.

1.2.5 Considerações éticas

Todas as informações coletadas serão tratadas com a devida


confidencialidade e os participantes da pesquisa serão informados sobre o propósito
do estudo, com a participação sendo totalmente voluntária. Não serão coletados
dados pessoais identificáveis sem o consentimento explícito dos participantes.

2 Fundamentação Bíblica Sobre a Assimilação de Novos Membros


2.1 Assimilação no Novo Testamento

A jornada da fé não termina no batismo ou na aceitação formal de uma


doutrina. Tão vital quanto atrair pessoas à mensagem é a habilidade da igreja de
nutri-las em sua caminhada espiritual após esse primeiro passo. Alguns evangelistas
e comunidades cristãs parecem não perceber que o conhecimento introdutório da fé
cristã, embora crucial para a decisão pelo batismo, não é suficiente para uma
conversão mais profunda. Esta realidade é bem ilustrada por Santos (2023), quando
observa que “não é incomum encontrar cristãos praticando sua nova fé enquanto
ainda mantêm crenças e práticas de sua antiga religião.”

A preocupação com a maturidade daqueles que aceitam o evangelho não é


nova. Ela se encontra profundamente enraizada nas Escrituras, em que líderes
espirituais, de Jesus a Paulo, integraram e fortaleceram os que se uniram à fé
através de práticas e princípios. Essas práticas não são complicadas; pelo contrário,
são concebidas para serem facilmente replicáveis (CAETANO, 2017).

Este capítulo explora a fundação bíblica da assimilação, dando especial


atenção ao Novo Testamento. Investigaremos os métodos e ensinamentos de
personagens centrais, como Jesus, Lucas e Paulo em relação à integração de novos
crentes nas comunidades de fé. Além disso, aprofundaremos a perspectiva da
autora Ellen White e, finalmente, refletiremos sobre as tendências contemporâneas
de assimilação eclesiástica. Através desta análise, buscamos compreender melhor a
essência da assimilação e sua importância contínua para a vida e missão da igreja.

2.1.1 Assimilação: o modelo de Jesus

No ministério terrestre de Jesus, temos um exemplo claro de como integrar


indivíduos na fé. Seus ensinamentos, parábolas e interações pessoais nos mostram
os princípios fundamentais da assimilação cristã.

2.1.1.1 A Grande Comissão: a natureza dupla da missão

A instrução de Jesus em Mateus 28:19-20, muitas vezes, denominada "A


Grande Comissão", não apenas representa uma diretriz para evangelizar, mas
também sublinha a importância de discipular e integrar novos crentes na
comunidade da fé. O verbo grego mathēteusate, que é traduzido como "fazei
discípulos", é o foco central da comissão. O batismo e o ensino são, portanto,
componentes essenciais desse processo de discipulado. Este mandamento não
somente destaca a necessidade de proclamar o evangelho, mas também enfatiza a
responsabilidade contínua de nutrir e guiar os novos convertidos no caminho da fé.

2.1.1.2 A parábola do semeador: a importância da qualidade do solo

A parábola do semeador, encontrada em Mateus 13:1-9, é uma analogia rica


que descreve diferentes tipos de terrenos em que a semente da Palavra é lançada:
ao longo do caminho, em terreno rochoso, entre espinhos e em boa terra. Cada tipo
de solo representa uma resposta diferente à Palavra de Deus, destacando a
importância do preparo e da receptividade do coração. Aqui, Jesus destaca a
necessidade da igreja em garantir que a mensagem do evangelho seja
compreendida e aceita em um coração preparado, conduzindo a uma fé frutífera.
Um aspecto que não é facilmente considerado nesta passagem em questão é
que com o devido cuidado, solos menos promissores podem ter um resultado mais
favorável, contudo a de requerer um trabalho maior em relação a um solo fértil.

2.1.1.3 A parábola do trigo e do joio: convivência e crescimento na


comunidade

Em Mateus 13:24-30, Jesus apresenta a parábola do trigo e do joio. Esta


história simbólica oferece insights sobre a realidade da igreja, em que crentes
genuínos (o trigo) e não genuínos (o joio) coexistem. Jesus aconselha paciência e
cuidado, ressaltando que a separação final entre o verdadeiro e o falso será
realizada por Deus no final dos tempos. Isso enfatiza o papel da igreja em nutrir,
guiar e ser paciente com seus membros, reconhecendo que o crescimento espiritual
é um processo contínuo.

2.1.1.4 O chamado dos primeiros discípulos: relacionamento e


comprometimento
A maneira como Jesus chamou seus primeiros discípulos, como visto em
Mateus 4:18-20, é um testemunho do poder do relacionamento pessoal. Ele não
apenas lhes ofereceu uma nova ocupação, mas os chamou para uma transformação
de vida, centrada no relacionamento com Ele. Esse chamado relacional destaca a
importância de um compromisso pessoal e de uma caminhada contínua com Cristo
no processo de assimilação.

2.1.1.5 A multidão e a comunidade: acessibilidade e ensinamento

Ao longo de seu ministério, Jesus sempre esteve acessível às pessoas. Ele


valorizava cada indivíduo, fossem eles parte da multidão ou um único pecador em
busca de redenção. Através de ensinamentos práticos, como o Sermão da
Montanha (Mt 5-7), e milagres, como a alimentação dos cinco mil (Mt 14), Jesus
demonstrou que o discipulado envolve tanto instrução quanto cuidado.
Outro fator a ser considerado além do ensino, foi o tempo com qual Cristo
ensinou a seus discípulos: três anos e meio. Santos (2023), em sua tese doutoral,
chama atenção para a distinção na qualidade dos missionários do início dos grandes
movimentos missionários para os de hoje. Saímos de um período de seis anos de
preparo de um missionário para um treinamento de duas semanas.

2.1.1.6 O encontro com a mulher samaritana: superando barreiras sociais e


culturais

Um exemplo concreto desse engajamento pessoal pode ser visto no encontro


com a mulher samaritana, em João 4. Ao falar com ela, Jesus rompeu barreiras
culturais e sociais, demonstrando que todos são bem-vindos no Reino de Deus.
Essa interação oferece uma lição valiosa sobre a importância da empatia e da
aceitação na assimilação, transcendendo as diferenças humanas.

2.1.1.7 A transformação de Zaqueu: alcance individual e mudança de vida

Em Lucas 19, encontramos um exemplo poderoso na história de Zaqueu.


Jesus não apenas identificou e buscou Zaqueu, mas entrou em sua casa e em sua
vida, promovendo uma transformação significativa. Esse encontro destaca o modelo
de Jesus de ir além das aparências e alcançar o coração do indivíduo, trazendo uma
mudança profunda e duradoura.
Dentro deste espectro, é evidente que Jesus promoveu uma abordagem
holística à assimilação, equilibrando ensinamentos teológicos profundos com
cuidados práticos e tempo para o amadurecimento do conteúdo e da relação
discípulo mestre. Esses encontros específicos com a mulher samaritana e Zaqueu
servem como ilustrações tangíveis desse princípio, enfatizando a capacidade de
Jesus de personalizar sua abordagem para atender às necessidades e situações
individuais, e de assimilar pessoas em um relacionamento mais profundo e
transformador com Deus.

2.1.2 Assimilação: o modelo Lucano

O livro de Atos, escrito por Lucas, fornece uma visão detalhada de como a
igreja primitiva abordou a assimilação. As descrições de Lucas sobre o
funcionamento da igreja em Jerusalém (At 2:42-47; 4:32-37) oferecem um retrato da
igreja em ação, em sua busca para criar uma comunidade unida e engajada.
Atos 2:42-47 descreve a vida da igreja primitiva, destacando cinco principais
ênfases: (1) ensino apostólico, (2) comunhão, (3) partilha do pão, (4) oração e (5) a
unidade da igreja. Este retrato dos primeiros cristãos ilustra que a assimilação na
igreja primitiva era um processo comunitário, incorporado às práticas cotidianas da
vida da igreja.

2.1.2.1 Ensino apostólico

Lucas começa listando o "ensino dos apóstolos" como a primeira atividade


dos crentes. O ensino apostólico formou a base para a fé e prática dos primeiros
cristãos e desempenhou um papel crucial na assimilação dos novos convertidos. A
fidelidade ao ensino dos apóstolos garantiu que os novos crentes estavam
enraizados em uma compreensão correta da fé cristã. Como Keener (2015) observa,
o ensino dos apóstolos proporcionou uma base firme para a comunidade,
promovendo um entendimento compartilhado da fé e um compromisso comum com
à missão da igreja.
2.1.2.2 Comunhão

A palavra grega koinonia, traduzida como comunhão, descreve uma


participação mútua e um compartilhamento de vida. O uso por Lucas desta palavra
sugere que a assimilação na igreja primitiva não era meramente um processo de
aprendizado, mas um envolvimento ativo na vida da comunidade de fé. A comunhão,
nesse sentido, era tanto vertical (com Deus) quanto horizontal (com os outros
crentes), e tinha um papel crucial na formação e manutenção da identidade da
igreja.

2.1.2.3 Partilha do pão

O termo “partilha de pão” é, geralmente, entendido como uma referência à


celebração da ceia do Senhor, embora também possa incluir refeições comunitárias.
Este ato tornou-se um elemento importante da vida da igreja primitiva, simbolizando
sua unidade e participação comum na vida de Cristo. Ao celebrar juntos a ceia do
Senhor, os crentes eram constantemente lembrados de sua identidade em Cristo e
de sua unidade como corpo de Cristo.

2.1.2.4 Oração

A oração desempenhava um papel vital na vida da igreja primitiva,


sustentando sua vida espiritual e mantendo sua dependência de Deus. Através da
oração, os crentes experimentavam a presença de Deus e eram capacitados pelo
Espírito para cumprir sua missão.

Atos 4:32-37 é uma passagem que revela a profunda unidade e generosidade


dos primeiros cristãos. Lucas descreve uma igreja em que todos os crentes "tinham
tudo em comum" (At 4:32) e não havia "nenhum necessitado entre eles" (At 4:34).

2.1.2.5 Unidade de coração e alma

Lucas nota que os primeiros crentes eram "um só coração e uma só alma" (At
4:32). Esta frase vai além de uma mera união de propósitos; reflete uma comunhão
profunda que permeava todos os aspectos de suas vidas. Esta unidade não era
apenas espiritual, mas também social, indicando uma assimilação total na
comunidade de fé (PETERSON, 2009).

2.1.2.6 Generosidade radical

A generosidade dos crentes não era motivada por obrigação, mas por um
desejo genuíno de cuidar uns dos outros. Lucas destaca a venda voluntária de
propriedades e bens para apoiar a comunidade (WITHERINGTON III, 1998).

2.1.2.6 Barnabé como exemplo

Lucas introduz Barnabé neste contexto, um levita que vendeu um campo e


trouxe o dinheiro aos pés dos apóstolos. Barnabé, cujo nome significa "filho do
encorajamento", torna-se um símbolo da generosidade e da assimilação na
comunidade de crentes.

2.1.3 Assimilação: O modelo Paulino

Paulo, ao longo de seu ministério, demonstrou grande habilidade em não


apenas evangelizar, mas também em consolidar e integrar novos crentes às
congregações.

2.1.3.1 Pai espiritual e mentor

Paulo não se viu apenas como um evangelizador, mas também como um


mentor para novos convertidos. A relação entre Paulo e Timóteo é um exemplo
dessa conexão parental, em que Paulo se refere a Timóteo como seu "filho na fé"
(STOTT, 2003). Este relacionamento mentor-aprendiz foi crucial para garantir que a
fé do jovem Timóteo fosse sólida e robusta. A relação mentor-aprendiz se
manifestou em treinamento e discipulado, encorajamento e exortação, relação
pessoal e afetuosa, legado e sucessão (At 16:1-5; 1 Tm 4:12-16; 2 Tm 1:2, 2:2).
2.1.3.2 Organização da Igreja

A estruturação de uma igreja e a designação de líderes eram essenciais para


Paulo. Sua preocupação em estabelecer lideranças claras em congregações
emergentes é evidente em suas cartas a Timóteo e Tito, nas quais ele dá diretrizes
sobre as qualidades e deveres dos líderes (FEE, 1987). Esta organização garantia
que a igreja continuasse firme após sua partida.

2.1.3.3 Cartas como ferramenta de assimilação

As epístolas de Paulo não eram apenas exposições teológicas, mas também


ferramentas para integração e orientação. A carta aos Romanos, por exemplo, além
de sua profunda teologia, promove a unidade entre judeus e gentios, um aspecto
crucial da assimilação. No contexto atual, este exemplo pode ser aplicado na busca
da integração entre os antigos e os novos da fé.

2.1.3.4 Reforçando a doutrina e prática

Paulo sempre reforçou a essência do evangelho em suas cartas, destacando


a importância de se manter firmemente enraizado na verdade para evitar desvios.
Ele enfatiza isso em sua carta aos Colossenses, alertando sobre os perigos das
filosofias vazias (Cl 2:6-7) e a necessidade de permanecer firme na fé.

2.1.3.5 A importância do envolvimento comunitário

Paulo, frequentemente, exortava os crentes a praticarem os "uns aos outros"


– uma interdependência cristã em que cada membro contribui para o bem-estar e
crescimento espiritual do outro (BRUCE, 1989).

2.1.3.6 Enfrentando desafios à assimilação

As cartas de Paulo, especialmente em Gálatas, revelam sua habilidade em


abordar controvérsias doutrinárias que ameaçavam a unidade da igreja.
2.1.3.7 Encorajando a diversidade de dons

A primeira carta de Paulo aos Coríntios destaca a diversidade de dons


espirituais, sublinhando que cada membro, independentemente de seu dom, é
crucial para o corpo de Cristo (1 Co 12:12-27).

2.1.3.8 Ensinamentos práticos e vida diária

Em suas epístolas, Paulo aborda questões cotidianas que são especialmente


pertinentes para os novos crentes que procuram assimilar-se na comunidade da
igreja. Ao discutir a profundidade das relações familiares em Efésios 5:22-6:4, Paulo
não apenas aborda a dinâmica do lar cristão, mas também sinaliza como a família
pode ser um microcosmo da igreja, facilitando a assimilação dos novos membros em
uma família espiritual mais ampla. Em Colossenses 3:22-24, sua ênfase na ética do
trabalho reflete a importância de novos crentes encontrarem valor e propósito em
suas atividades diárias, promovendo um sentido de pertencimento e contribuição à
comunidade. Em Filipenses 4:2-3, ao tratar do conflito entre Evódia e Síntique, Paulo
enfatiza a importância da unidade e reconciliação, fundamentais para a integração
de todos os membros, sejam eles antigos ou recém-convertidos. Através destas e de
outras instruções, o apóstolo busca garantir que a fé dos novos crentes seja não
apenas uma crença teórica, mas também vivenciada na prática, facilitando assim
sua completa integração e assimilação na comunidade cristã.

2.1.3.9 A prática da coleta

Paulo incentivou igrejas a contribuírem para os crentes em Jerusalém,


mostrando a interconexão entre diferentes congregações e reforçando o senso de
pertencimento e unidade.

2.1.3.10 Detalhes ou exemplos específicos das cartas de Paulo que destacam


sua abordagem de assimilação

Paulo foi um mestre exemplar em assimilar novos crentes na fé e nutri-los no


crescimento espiritual. Ele não apenas pregou o evangelho, mas também
estabeleceu igrejas e mentoreou novos líderes. Vamos ver alguns exemplos
específicos:
Em 1 Tessalonicenses 2:7-12, Paulo descreve sua conduta gentil como
uma mãe que cuida de seus filhos, e seu papel como pai, encorajando e exortando
os crentes a viverem uma vida digna de Deus. Essa linguagem parental ilustra a
abordagem íntima e amorosa de Paulo na assimilação.
Em 1 Coríntios 3:1-3, ele se refere aos crentes como "crianças em Cristo"
(NVI), ilustrando o processo gradual de crescimento espiritual. Paulo não apenas
semeou o evangelho, mas também trabalhou em seu crescimento, como um
jardineiro cuidadoso.
Em Efésios 4:11-16, Paulo descreve o papel dos líderes da igreja em
"preparar os santos para a obra do ministério" (NVI) e promover a unidade e
maturidade na fé. Ele viu a assimilação como um processo colaborativo que envolve
o corpo inteiro de Cristo.
O extenso trabalho de Paulo ilustra a importância da assimilação no contexto
da igreja primitiva, mostrando que o processo de integrar novos crentes vai além de
um ensino doutrinário introdutório com vista à condução de uma cerimônia batismal
apenas. Ele ensinava de modo a levar o novo converso a aceitar a vida comunitária
de maneira prática e relacional.
Em síntese, o modelo Paulino de assimilação é caracterizado por
relacionamento, ensino, estrutura organizacional, comunicação eficaz, reforço
doutrinário e enfrentamento de desafios comunitários. Esses elementos combinados
tornam-se um guia valioso para a compreensão e implementação da assimilação na
igreja contemporânea.

2.2 A perspectiva de Ellen White sobre assimilação

Ellen White, uma das fundadoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia, oferece
uma perspectiva única e enriquecedora sobre a assimilação. Suas visões e escritos
sobre o assunto podem ser agrupados nas seguintes áreas:

2.2.1 A natureza do discipulado


White (1905) enfatiza que o discipulado não é apenas uma decisão inicial,
mas uma jornada contínua com Cristo. Ela considera o discipulado como um
compromisso de toda a vida, envolvendo crescimento constante, estudo da Palavra
de Deus e serviço sacrificial.

2.2.2 A importância do relacionamento pessoal

White (2007) ressalta que um relacionamento pessoal com Deus é a essência


do crescimento espiritual. Ela destaca que a assimilação é alimentada por uma
conexão íntima e pessoal com Deus através da oração, estudo da Bíblia e
comunhão com outros crentes.

2.2.3 O papel da igreja na assimilação

Ellen White (2007) reconhece que a igreja tem um papel crucial na integração
e no cuidado de novos membros. Ela encoraja a igreja a ser uma comunidade
amorosa, acolhedora e nutridora, que facilita o crescimento espiritual.

2.2.4 Mentoria e treinamento de líderes

White(2007) viu a importância do desenvolvimento de líderes dentro da igreja,


identificando a mentoria e o treinamento como aspectos essenciais para a
assimilação eficaz. Ela enfatizava a necessidade de investimento em treinamento e
desenvolvimento de líderes para guiar e apoiar os novos convertidos.

2.2.5 A prática do cuidado e compromisso com o serviço

White (2007) reconheceu o cuidado mútuo e o serviço como componentes


vitais da assimilação. Ela promovia uma abordagem prática e compassiva ao
ministério, refletindo o amor e a compaixão de Cristo.

2.2.6 Enfrentando desafios e perseverança na fé


Ellen White não ignorava os desafios da vida cristã e reconhecia que a
assimilação incluía ajudar os crentes a enfrentar dificuldades, dúvidas e
perseguições. Ela enfatizava a perseverança, o suporte mútuo e a fidelidade a
Cristo, mesmo em tempos de provação (WHITE, 1911).

2.4 Reflexões finais do capítulo

A assimilação é um tema bíblico profundo e multifacetado que toca em áreas


essenciais da vida e missão da igreja. Desde o ministério de Jesus, passando pelos
escritos de Lucas e Paulo, até as perspectivas de Ellen White, vemos uma tapeçaria
rica e diversificada de princípios, práticas e insights sobre como a igreja deve
abordar a tarefa de integrar, nutrir e reter novos membros.
Esta exploração bíblica da assimilação nos fornece um modelo abrangente
que equilibra ensino, comunhão, mentoria, cuidado, serviço, compromisso
comunitário e enfrentamento de desafios. É um chamado à igreja contemporânea
para seguir esses princípios, buscando um ministério holístico que reflete o coração
de Deus para seu povo.
O estudo da assimilação no Novo Testamento, complementado pela
perspectiva de Ellen White, nos oferece uma visão prática e teológica de como a
igreja pode ser eficaz em seu compromisso de assimilar novos membros.

3 Uma Revisão Literária de autores contemporâneos sobre Assimilação de


Novos Membros

3.1 Tendências atuais de assimilação eclesiástica

3.1.1 Integrar antes de batizar

Robert Webber, em Ancient-Future Faith (1999), aponta a importância da


instrução pré-batismal, referindo-se ao antigo processo catecumenal da igreja
primitiva. Ele argumenta que a compreensão profunda do evangelho e das doutrinas
fundamentais antes do batismo fortalece o comprometimento e a identidade cristã
(WEBBER, 1999). Dietrich Bonhoeffer, em Discipulado (1937), também enfatiza o
custo do discipulado e a necessidade de consideração séria antes da conversão.
3.1.2 Continuar a instrução

Dallas Willard, em The Divine Conspiracy (1998), insiste que o crescimento na


fé não cessa com a conversão. Ele fala da transformação contínua na semelhança
de Cristo como um processo vital (WILLARD, 1998). Eugene Peterson, em A Long
Obedience in the Same Direction (2000), reforça a ideia de discipulado como uma
jornada constante e gradual.

3.1.3 Nutrir em grupos pequenos

Bill Hybels sublinha a importância do nutrimento espiritual em grupos


pequenos. Ele considera-os cruciais para conexões profundas, responsabilização e
crescimento espiritual (HYBELS, 2004). Larry Osborne, em Sticky Church (2008),
também destaca como os grupos pequenos ajudam na retenção de membros e
fortalecem o senso de comunidade.

3.1.4 Prática da mordomia

Randy Alcorn (2003) descreve a mordomia como uma vocação de vida, em


que tudo o que temos é considerado um presente de Deus. John Wesley, com seu
famoso sermão O Uso do Dinheiro, também reforça o conceito de mordomia,
incentivando os crentes a ganharem, economizarem e doarem dinheiro de forma
responsável.

3.1.5 Envolver na missão

Christopher Wright (2006) enfatiza que a missão não é apenas um programa


da igreja, mas a própria identidade e chamado da igreja. David Bosch, em
Transforming Mission (1991), desenvolve a ideia de uma missiologia transformadora,
na qual a missão é integrada em todas as facetas da vida da igreja.

Esses pensadores contemporâneos iluminam a natureza multifacetada da


assimilação, que envolve não apenas a incorporação de novos crentes, mas
também sua formação e crescimento contínuo, conexão comunitária,
responsabilidade na mordomia e participação na missão global da igreja. Esta
perspectiva integrada reflete um entendimento bíblico profundo e abrangente da vida
cristã e oferece insights valiosos para a prática da igreja hoje.

3.2. O que contribui para a permanência ou apostasia de novos membros.

Se for levado em consideração as etapas em que consiste o cumprimento da


grande comissão, conforme descrita em Mateus 28:19-20, o seu objetivo é manter a
pessoa aprendendo sobre a palavra de Deus de maneira permanente. O
evangelismo não deve ser limitado apenas a alcançar uma pessoa e apresentar-lhe
as verdades fundamentais para que ela decida ser batizada, abandonando-a em
seguida. É um compromisso contínuo de orientação e apoio na jornada de fé. Essa
compreensão é corroborada por Hall (1999) quando ele afirma que: “evangelismo é
cíclico: não se trata apenas de ganhar novos membros, mas de nutri-los até que eles
também possam evangelizar”.
Tal compreensão deve nos levar a reavaliar se uma comunidade cristã pode
realmente se considerar cumpridora da grande comissão, se todos os seus esforços
se concentram apenas em ir e batizar as pessoas, mas ignora se elas têm
permanecido no caminho da salvação.
Consideremos o diálogo de Jesus com Nicodemos, em João 3:1-8 (ARA):

E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe


dos judeus. Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem
sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer
estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. Jesus respondeu,
e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos:
Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura,
tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu:
Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água
e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da
carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te
maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento
assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem,
nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

Neste caso, é facilmente compreendido que o batismo é colocado pelo próprio


Jesus como o início de uma nova vida e não o fim. Em contrapartida, pode-se, sem
dificuldade, constatar que determinadas comunidades cristãs estão tornando o que
era o meio um fim e, consequentemente, o objetivo último tem sido negligenciado,
que é manter as pessoas no caminho da salvação.
Tais comunidades parecem ter que se voltar para aquele tão conhecido
conselho de Salomão, dirigido primariamente aos pais: “Ensine a criança no
caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv
22:6, NAA). Afinal, assim como uma criança precisa de ajuda constante mesmo após
o seu nascimento, o caminho a ser percorrido pelo novo converso terá desafios tão
grandes, ou até maiores que os encontrado até tomar a decisão de ser batizado.
“Embora os ensinamentos sobre o cristianismo e as mudanças de estilo de vida
sejam oferecidos antes do batismo, as mudanças reais de vida geralmente ocorrem
após o batismo” (HALL, 1999).
Comunidades constituídas de verdadeiros discípulos farão de tudo para
verem as pessoas nascerem no reino de Deus e se alegram com isso. Contudo, elas
são conscientes que o trabalho, bem como a alegria, se torna ainda maior ao poder
contribuir para o crescimento destes recém-nascidos na fé.
O Dr. Cress (2010) chamou atenção para a realidade de que as pessoas
recebem mais consideração quando entram no reino, e vão se tornando menos
importante à medida que o tempo passa. Tal postura é o que acaba, segundo ele,
levando “muitas vezes a acusações de que os evangelistas se importam demais
com os números, desconsiderando a estabilização ou a integração dos novos
membros”.
Assim como a conversão é constituída de etapas que são superadas com o
tempo, a maturidade cristã não é algo que se adquire instantaneamente após o
batismo. No entanto, parece haver uma maior preocupação por parte de algumas
comunidades cristãs em batizar novos membros, enquanto quase nada é pensado
sobre o que, quando e como fazer para que esse novo irmão permaneça firme na fé.
Deve-se cuidar para que a advertência de Jesus registrada em Mateus 23:15
(NVI) não alcance lugar em nossas comunidades: “Ai de vocês, mestres da lei e
fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para fazer um convertido e,
quando conseguem vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno do que vocês”.
É preciso entender e levar outros a considerarem que a grande comissão
consiste em fazer discípulos, e o discipulado não termina no rito do batismo. O
batismo é apenas o início, habilitando o indivíduo para a próxima etapa, que é o
ensino e a aprendizagem contínua na fé. Isso se alinha com o mandamento de
Jesus Cristo, em Mateus 28:19-20, em que Ele instrui seus seguidores a ir, batizar e
ensinar. Esta sequência destaca a importância de permanecer ligado ao mestre,
conforme também ilustrado em João 15:7-11 (NVI).
Não se deve aspirar a estar na posição daquelas igrejas que trabalharam
arduamente para atrair milhares, mas, à semelhança de George Whitefield, falharam
em manter na fé aqueles que haviam conquistado. É essa falha que resulta em
tantas igrejas com os registros da secretaria repletos de nomes, mas com os bancos
vazios de verdadeiros discípulos.
Foi a preocupação com os próximos passos do novo converso que fez com
que a obra de John Wesley tivesse um impacto muito mais efetivo no cumprimento
da grande comissão do que o trabalho realizado por George Whitefield. Para
Wesley, a eficácia da Igreja não se encontra simplesmente em aumentar o número
de membros, mas na transformação profunda e no comprometimento espiritual que
define verdadeiros discípulos" (SHAW, 2004).
Em dias de tantas inversões de valores, pressionados por uma ditadura da
velocidade, não seria o momento de parar e reavaliar se os nossos esforços estão
fundamentados sobre a rocha ou sobre a areia? Deveria mesmo haver distinção de
valor entre a pessoa que está para aceitar a salvação em Jesus Cristo e aquela que
permanece firme na fé? E qual a relação do tempo estabelecido para uma fase e
outra?
O que se diria de pais que fizeram de tudo para a chegada do seu bebê,
realizando todos os ultrassons, cuidando da alimentação da mãe para o
desenvolvimento do feto, comprando todo o enxoval, mas que após o nascimento
deixa a criança na maternidade? De que adianta todo o esforço para a chegada de
um recém-nascido para abandoná-lo logo em seguida? Algumas comunidades, na
pressa de cumprirem a grande comissão, estão tornando o processo mais
importante do que o produto.
Não se deve confundir as etapas. Na grande comissão, o ir, batizar e ensinar
constituem o processo, para que, deste modo, o discípulo possa existir. Fazer
discípulos e não apenas batizar pessoas é o produto da grande comissão confiada
aos primeiros discípulos.
Alguém pode julgar essa reavaliação do que entendemos por cumprimento da
grande comissão desnecessária. Principalmente porque, geralmente, as igrejas têm
a intenção de cuidar dos novos conversos. Contudo, elas parecem não conseguir
entender o porquê eles precisam de tantos cuidados (CRESS, 2010).
Consideremos, então, estes sete aspectos que envolvem a chegada de um
recém converso na comunidade, conforme adaptamos da lista de Cress (2010):
 A chegada de um recém converso altera o status quo da comunidade que o
recebe. Por vezes, alguns acabam até se sentindo ameaçados ou
escanteados, pela atenção que esse novo converso recebe, e atividades que
ele pode agora passar a realizar.
 Existe, a priori, um certo grau de dependência. Esse trabalho extra faz com
que outros não se envolvam para que a comunidade assimile mais ninguém.
 É necessário maturidade por parte daqueles que irão lidar diretamente com
este que ainda é imaturo. Este é um dos maiores desafios, sobretudo,
atualmente, em que as pessoas parecem ter uma resistência em serem
maduras. Não há hoje apenas um esforço por um rejuvenescimento da
aparência, as pessoas buscam se comportar de maneira jovial, e esta
preocupação acaba moldando a mentalidade do indivíduo que resiste de toda
maneira que pode ter que pensar, agir e se responsabilizar de maneira
condizente com o tempo que tem de vida.
 Quem ama acompanha. Por vezes, a igreja espera, prematuramente, dos
novos conversos do mesmo modo que pais tende a fazer diante de qualquer
salto de crescimento por parte dos filhos. Quem realmente está preocupado
com o crescimento do outro, não vai deixá-lo só na primeira oportunidade
depois de algo que lhe foi ensinado. Antes, procurará se cerificar por meio do
acompanhamento se aprendeu o suficiente para seguir sozinho a respeito do
que foi aprendido.
 Não deve ser esperado de um novo converso alta capacidade de
discernimento.
 O crescimento não tende a ser simétrico nos bebês e esta realidade também
é percebida no que diz respeito ao crescimento de um novo converso. Ele
pode muito bem ser frequente a todos os cultos da igreja ou atividades que
esta, por sua vez, promove, ao mesmo tempo em que não tenha seu
momento diário e pessoal de comunhão com Deus. Ele pode ser um ofertante
generoso, e estar em dificuldades com o dízimo. Também é possível que seja
prestativo com o próximo, mas tenha dificuldade para perdoar.
 Maturidade é algo que se adquire com o tempo, mas não é algo que corre
automaticamente. Muito menos sem o convívio e o acompanhamento de
quem já seja maduro.
Deveria nos preocupar a recorrência com que encontramos líderes ou
comunidades cristãs em que estão mais desejosas em “dar á luz adultos
completamente desenvolvidos, ao invés de estar disposta a lidar com os desafios
dos recém-nascidos” (CRESS, 2010).
Ilustrar a família espiritual com a família sanguínea parece ser muito
adequado porque, conforme aponta Bier (2023), sofrer em ambas as comunidades
doí muito mais, pois temos uma expectativa acima do normal em nossa relação com
os integrantes de ambas.
Gane (2013), em seu livro O caminho de volta, sinaliza que muitas igrejas
acabam perdendo seus membros porque, diante do descumprimento com a norma,
uma quantidade significativa dos irmãos fica tão preocupada em dar o exemplo para
os demais integrantes que acabam cuidando da infração, enquanto negligencia a
demonstração de amor para com o infrator.
Do mesmo modo que um certo número de pessoas quase sempre são
responsáveis pela desistência de alguém para a caminhada cristã, mais de uma
pessoa são necessárias para que esta tome a decisão de ser e permaneça sendo
discípulo(a) de Jesus (ABDALA, 2011). O mais importante e que precisa ser bem
compreendido e amplamente difundido é que o discipulado, bem como a
permanência do discípulo na comunidade do reino de Deus não consiste na mera
transmissão de conhecimento bíblico, e sim de um estilo de vida cristocêntrico, que
é assimilado pelo íntimo convívio com verdadeiros cristãos (BULLÓN, 2017).
Seguimos em uma realidade diferente desta em que os cristãos são
amadurecidos pelo convívio íntimo de uns com os outros, bem como de cada
indivíduo com Deus, quando nos concentrando apenas em termos igrejas cheias de
membros, destituídos de uma vivência do que é ser um discípulo. A isso, Burril
(2006) classifica como “a tragédia do adventismo contemporâneo”.
Quando falamos em intimidade que produza maturidade no discipulado, o que
se tem em mente é a clara descrição de Atos 2:42-44 (NAA):
E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir
do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios
e sinais eram feitos por meio dos apóstolos. Todos os que criam
estavam juntos e tinham tudo em comum.

Quando comparamos a descrição bíblica com a orientação de White (2004), a


respeito dos métodos evangelísticos, encontramos perfeita concordância do que
deve ser praticado, em um processo de discipulado que leve em consideração os
padrões bíblicos, sendo estes: “Cantar, orar e ler a Bíblia, nas casas do povo, é
coisa necessária”. Porém, tal necessidade não parece ter a mesma prioridade nas
comunidades que só se preocupam com os eventos de efeito efêmero,
desconsiderando o resultado a longo prazo.
Tardar em cumprir a missão dentro desta estrutura que prioriza o
aprofundamento cognitivo e relacional e não ter uma estrutura com essa finalidade
para ser seguido por aqueles que vão aceitando a Cristo é tornar espectadores
profissionais quase sempre em críticos profissionais (EDWARDS, 2021). É muito
limitado o desenvolvimento daqueles que se decidem por serem cristãos apenas
pela frequência a cultos e programas. A prova disto está na quantidade de sermões
que já foram pregados e a inatividade continua alta (ROSA, 2013).
À medida que o tempo foi passando, podemos identificar, ao longo da história,
que cada vez mais temos nos distanciando do modelo vivido pela igreja primitiva.
Temos nos distanciado, cada vez mais, da rede dos apóstolos para assimilarmos
uma estrutura hierárquica executiva e burocrática. Porém, ainda é amplamente
possível levar as comunidades cristãs de volta a uma realidade em que a liderança e
estrutura siga pelo caminho da pessoalidade e relacionamento (GIBBS, 2012).
Pensando ainda na história, não faz muito tempo em que o problema de
algumas congregações era conseguir fazer as pessoas se sentarem nos lugares da
frente. Diferente do estádio de futebol, as pessoas na igreja só querem ocupar os
últimos lugares. Este desafio, atualmente, está sendo potencializado. Agora, a
dificuldade consiste também em colocá-los em campo, pois um número significativo
prefere apenas ficar nos bancos. E se em um estádio esta é a condição aguardada,
na igreja, ela deve ser evitada por todos os meios possíveis.

3.2.1 O que impacta para a permanência de novos membros?


A permanência de novos membros em uma comunidade cristã pode ser
influenciada por diversos fatores, tanto individuais quanto relacionados à
comunidade em si. Em virtude da delimitação de espaço de nossa pesquisa, levando
em consideração a experiencia prática vivida até aqui, consideraremos dez fatores
que entendemos estar entre as principais razões:

3.2.2 Boas-vindas e inclusão

Um ambiente acolhedor e inclusivo é essencial para que os novos membros


se sintam parte da comunidade. Sentir-se bem-vindo e aceito, desde o início, pode
fazer toda a diferença na decisão de permanecer.

3.2.3 Relacionamentos significativos

A formação de amizades e relacionamentos significativos dentro da


comunidade pode criar um senso de pertencimento e conexão emocional que
incentiva a permanência.

3.2.4 Ensino contínuo

Uma comunidade cristã que oferece ensino sólido e oportunidades de


discipulado pode ajudar os novos membros a crescerem em sua fé e compreensão
dos ensinamentos cristãos. Como ressalta Rick Mcedward, “precisamos de
orientação contínua sobre como realizar nosso trabalho de maneira eficaz”
(LUPPENS, 2019). E não podemos deixar de destacar que “a ignorância não
aumentará a humildade nem a espiritualidade de nenhum professo seguidor de
Cristo” (WHITE, 2007).

3.2.5. Oportunidades de participar dos ministérios o mais breve possível

Encontrar maneiras de se envolver em atividades de serviço e missão pode


dar aos novos membros uma sensação de propósito e significado dentro da
comunidade.
3.2.6 Liderança e pastoreio

Uma liderança espiritual comprometida e atenciosa pode guiar e apoiar os


novos membros em sua jornada espiritual.

3.2.7 Culto e adoração

A experiência de culto e adoração pode ser um fator importante para os novos


membros. Um estilo de culto que ressoa com eles e os ajuda a se conectar com
Deus pode ser um motivador para continuar participando.

3.2.8 Conflitos e desentendimentos

Conflitos e tensões dentro da comunidade podem afetar negativamente a


permanência dos novos membros. Um ambiente de paz e respeito mútuo é
essencial para manter um senso de harmonia.

3.2.9 Expectativas realistas

É importante que os novos membros tenham expectativas realistas sobre o


que significa fazer parte de uma comunidade cristã. A compreensão do
compromisso necessário e dos desafios inerentes pode evitar decepções futuras.

3.2.10 Mudanças pessoais

Alguns membros podem enfrentar mudanças pessoais que os levem a


procurar ou sair de uma comunidade cristã. Essas mudanças podem incluir
deslocamento geográfico, mudanças de crenças pessoais ou outras circunstâncias
da vida. Em certa medida, se o indivíduo aceitou a Cristo ele terá mudanças,
independe da idade, classe social, pois “o evangelho não é apenas a transmissão de
informações, mas também uma demonstração do poder de Deus para mudar
corações e vida” (MCAULIFFE e MCAULIFFE, 2019).

3.2.11 Alinhamento com os valores denominacionais


Os novos membros podem optar por permanecer na comunidade, caso
sintam que os valores e ensinamentos da igreja estão alinhados com suas próprias
crenças e princípios.

A vida em comunidade é uma expressão palpável do corpo de Cristo em


ação. Cada membro, seja ele novo ou antigo, representa uma parte vital desse
corpo, trazendo consigo dons, talentos, e uma história única. A responsabilidade,
então, de uma comunidade cristã é assegurar que cada membro sinta que pertence,
que é valorizado e que tem um propósito dentro deste grande corpo. Cada
comunidade cristã deve se esforçar para criar um ambiente centrado em Cristo,
onde o evangelho é vivido e compartilhado de forma autêntica. Este ambiente deve
ser pautado não apenas por estudos e ensinamentos, mas também pela prática do
amor, da compaixão e da graça que emanam de Cristo. É fundamental que haja
espaço para o crescimento pessoal e espiritual, em que dúvidas possam ser
esclarecidas, a fé possa ser fortalecida e a esperança seja renovada diariamente.
Além disso, a comunidade deve estar constantemente atenta às
necessidades de seus membros, buscando ser sensível e responder de forma
adequada, seja através de apoio pastoral, orientação espiritual, ou simplesmente um
ombro amigo. O propósito final de uma comunidade cristã não é apenas ser uma
reunião de pessoas que compartilham a mesma fé, mas ser um reflexo vivo do amor
de Cristo, mostrando ao mundo o que significa ser um seguidor dEle.
Por isso, é crucial que as comunidades cristãs continuem investindo em
formação, inclusão, ensino e, acima de tudo, em relacionamentos significativos. Pois
é através destes relacionamentos que a essência do evangelho é verdadeiramente
vivida e experimentada.

3.3. O que coopera para a apostasia?

A apostasia, um fenômeno que marca a trajetória espiritual de muitos, se


traduz no abandono deliberado ou renúncia da fé cristã por alguém que, em um
momento anterior, estava profundamente imerso na vivência comunitária dessa
tradição religiosa. Esse fenômeno não se desenrola de forma abrupta ou aleatória.
Por trás da decisão de se afastar, existe uma teia intrincada de experiências,
emoções, reflexões e influências externas. Trata-se de um processo gradual, muitas
vezes silencioso, que pode ser desencadeado por uma série de fatores que vão
desde crises existenciais profundas e desilusões com a instituição religiosa, até
influências externas de natureza social, cultural ou intelectual. Neste contexto, é
imperativo entender essas motivações e causas não apenas como meros
indicadores de um distanciamento, mas como reflexo da complexa interação do ser
humano com sua espiritualidade e com o ambiente em que está inserido. Com isso
em mente, nos aprofundaremos em fatores que contribuem para a apostasia,
contextualizando-os com perspectivas acadêmicas, experiências práticas que
elucidam esse intricado caminho de desconexão religiosa:

3.3.1 Dúvidas e questões teológicas

Perguntas não resolvidas sobre dogmas e ensinamentos podem gerar


incertezas. Como Alister McGrath (2012) argumenta, a fé precisa ser
constantemente revisitada e renovada através do estudo e reflexão.

3.3.2 Experiências negativas na comunidade e o distanciamento da fé

O envolvimento em uma comunidade religiosa, muitas vezes, vem com a


expectativa de apoio, compreensão e amistosidade. No entanto, nem todas as
experiências dentro de uma comunidade de fé são positivas. Experiências negativas,
sejam elas relacionadas a conflitos interpessoais, desentendimentos doutrinários, ou
mesmo traumas mais sérios, podem ter um profundo impacto na relação do
indivíduo com sua fé e com a comunidade em que está inserido. Philip Yancey, em
seu livro Desapontamento com Deus, não apenas explora as questões da dor e do
sofrimento, mas também aborda o sentimento de desapontamento com a igreja e
com a comunidade de fé. Para Yancey (1997), esse desapontamento surge, muitas
vezes, quando há uma discrepância entre as expectativas que os indivíduos têm
sobre a igreja e a realidade de suas experiências.
A liderança da igreja, em particular, desempenha um papel crucial nisso. Uma
liderança que não atende às necessidades espirituais e emocionais de seus
membros, ou pior, que causa danos através de ações inapropriadas, pode levar ao
distanciamento de muitos. Questões como o favoritismo, a política interna, ou
desentendimentos doutrinários podem corroer a confiança e a fé dos membros,
levando-os a se afastarem da comunidade e, em alguns casos, de sua própria fé. A
experiência em uma comunidade de fé é multidimensional e, assim como pode
proporcionar suporte e crescimento, também pode ser fonte de dor e
desapontamento. É essencial que as comunidades cristãs estejam cientes dos
impactos das experiências negativas e se esforcem para criar um ambiente de
confiança, respeito e cuidado genuíno para todos os seus membros.

3.3.3 Desafios intelectuais e científicos

A tensão percebida entre fé e razão pode ser desorientadora. Galileu Galilei


(1615), em suas cartas, abordou a complexa relação entre fé e ciência.

3.3.4 Pressões sociais e culturais

Em algumas situações, indivíduos podem enfrentar pressões sociais ou


culturais para abandonar a fé cristã, especialmente, em sociedades em que a
religião é desencorajada ou reprimida.

3.3.5 Mudanças de crenças pessoais

Alterações nas crenças pessoais podem levar uma pessoa a se afastar da fé


cristã para abraçar outra filosofia ou religião.

3.3.6 Influência de amigos e familiares

Indivíduos que pertencem a uma comunidade não-cristã podem se sentir


pressionados a se conformar. O inverso também é verdadeiro, como no caso do
C.S. Lewis que, em seu livro Surpreendido pela Alegria, descreve como seus amigos
influenciaram sua conversão ao cristianismo (LEWIS, 1955).

3.3.7 Estilo de vida ou interesses pessoais


A fé cristã pode, por vezes, parecer restritiva para alguns. Augusto Cury
(2003) aborda a questão da busca por sentido e propósito em um mundo complexo.

3.3.8 Crises pessoais e reavaliação da fé

A crise pessoal, entendida como um momento agudo de dificuldade


emocional, física ou espiritual, frequentemente, conduz a uma profunda introspecção
e reavaliação de crenças centrais, incluindo a fé religiosa. A dor, seja ela física ou
emocional, pode lançar uma sombra de dúvida sobre a bondade ou a presença de
Deus, levando muitos a questionarem o propósito do sofrimento e a natureza de
Deus. Philip Yancey, em seu livro Onde está Deus quando chega a dor?, aborda
essa interação entre dor, sofrimento e fé. Ele explora a dificuldade de compreender o
papel de Deus em meio à dor e como as pessoas podem tentar reconciliar sua fé
com as realidades brutais de perda, trauma e sofrimento.
Yancey (1977) argumenta que, embora a dor possa inicialmente distanciar
alguém de Deus, ela também pode funcionar como um meio de aproximação. Para
muitos, a dor se torna uma jornada, não apenas de sofrimento, mas também de
descoberta espiritual, em que se confrontam e, muitas vezes, redefinem suas
crenças em face à adversidade. Além de Yancey, diversos outros autores e teólogos
têm abordado a relação entre sofrimento e fé. O clássico livro de Jó, encontrado no
Antigo Testamento da Bíblia, é uma reflexão profunda sobre o sofrimento humano e
a relação do homem com Deus em meio ao caos. Jó, um homem justo e íntegro,
enfrenta uma série de tragédias inexplicáveis e, ao longo do livro, questiona a justiça
e a natureza de Deus. No entanto, em vez de um simples repúdio à sua fé, o livro de
Jó apresenta uma jornada de questionamento, introspecção e, finalmente, uma
profunda transformação espiritual.
Outra perspectiva sobre crise e fé é apresentada por Viktor Frankl, psiquiatra
e sobrevivente do holocausto, em seu livro Em Busca de Sentido. Frankl (1946)
explora a ideia de que, mesmo nas circunstâncias mais adversas, as pessoas
podem encontrar significado e propósito. Para o autor, a capacidade de encontrar
significado no sofrimento pode servir como um âncora, mesmo quando a fé
tradicional é desafiada. As crises pessoais, por mais devastadoras que possam ser,
oferecem uma oportunidade única de introspecção e crescimento espiritual. Elas
podem levar ao questionamento e até ao distanciamento da fé, mas também podem
abrir caminho para uma compreensão mais profunda e uma relação mais íntima com
o divino. Em meio à tempestade da crise, muitos encontram um refúgio e um
propósito renovado na fé.

3.3.9 Distanciamento da prática religiosa

O simples ato de não praticar a fé pode enfraquecer o vínculo com ela. James
K.A. Smith (2016) argumenta que os hábitos formam nossos desejos e, por
extensão, nossa identidade espiritual.

3.3.10 Atração por outras crenças espirituais

A busca por significado pode levar as pessoas além do cristianismo. Huston


Smith, em As Religiões do Mundo, apresenta uma visão panorâmica das grandes
tradições espirituais (SMITH, 1958).

A natureza multifacetada da apostasia ilumina uma necessidade premente


para as comunidades cristãs: a fé não deve ser vista simplesmente como um ponto
de chegada estático, mas sim como uma trajetória constante e dinâmica. Ao longo
desta jornada espiritual, é inevitável que os fiéis se deparem com dúvidas,
incertezas e desafios. Contudo, em vez de serem vistos como obstáculos, esses
momentos de introspecção e questionamento devem ser acolhidos pelas
comunidades como oportunidades para o aprofundamento e consolidação da fé.

3.4 A essência para assimilação e a prevenção contra a apostasia de novos


membros

O que fazer para que uma comunidade saia da apatia que se encontra e que,
ao mesmo tempo, possa alcançar o novo converso o preservando de ser
contaminado pela frieza da comunidade que está para ser inserido? Muito pode ser
feito a esse respeito, mas os quatro passos a seguir, segundo Cress (2010, p. 82)
podem ser fundamentais:
 Pregar e ensinar sobre o amor.
 Enfatizar, pelo ensino e pelo exemplo, a cordialidade e a importância do calor
humano. Suárez (2013, p. 96) nos lembra que: “vir e ver não é suficiente; é
necessário viver”.
 Fortalecer e aumentar o número de eventos sociais.
 Assegurar a participação de todos nas atividades da congregação o mais
cedo possível.
Negligenciar esses passos é contribuir para uma comunidade que segue na
direção da estagnação e, posteriormente, do declínio (GONÇALVEZ, 2017).
É um argumento incontestável de Lopes (2012) quando ele escreve que “nem
todas as igrejas terão todos os ministérios”. Mas independente da natureza de
ministério desempenhado por qualquer comunidade, todas elas precisam ser
motivadas pelo amor.
O mesmo acontece com a questão do crescimento da igreja, embora possa
ocorrer em diferentes categorias sendo elas: interno, expansão, extensão ou por
pontes (ABDALA, 2008). Sem amor, crescerá apenas para se extinguir.
Um dos maiores desafios da vida cristã pode ser descrito como viver de
maneira equilibrada em todos os aspectos da vida. E em um contexto em que o
amor, quando não é banalizado, é pervertido, algumas comunidades cristãs podem
até ir outro extremo e ignorá-lo. Tal realidade é o fim de qualquer expectativa da
permanência de quem quer que seja, em uma comunidade cristã. A essência do
evangelho é o amor; a mais celebre definição bíblica acerca de quem Deus é se
baseia nesta verdade. Como está escrito: “Assim conhecemos o amor que Deus tem
por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no
amor permanece em Deus, e Deus nele” (1 Jo 4:16, NVI).

E todo aquele que a ele se associa ama os que Ele ama: “Nisto conhecerão
todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35, ARA).
Logo, um cristão que não ama, deixa de ser, em essência, um cristão.
O amor de Deus aceito na vida do pecador, deve ser a motivação para que
ele siga em busca do seu semelhante. E só por este amor é que tais conversos
conseguiram seguir em convivência uns com os outros. Paulo sintetiza bem essa
realidade sobre o viver cristão na missão de buscar e de manter o que foi
encontrado, ao dizer que: “o amor de Cristo nos impulsiona” (2 Co 5:14, NVT), e que
se deve “com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos
uns aos outros em amor” (Ef 4:2, NAA).
É a manifestação deste amor que contribuirá para que o reino de Deus se
torne atraente, ao não convertido, e proporcione maturidade aos que o aceitarem
(GOHENN, 2014).

4 Análise contextual da assimilação de Novos Membros na Associação Mineira


Sul

O contexto eclesiástico do século XXI, caracterizado por uma globalização


crescente e uma diversidade cultural cada vez mais palpável, apresenta novos
desafios à igreja na integração de novos membros. Neste cenário, a Igreja
Adventista do Sétimo Dia não está isenta. Como muitas denominações, busca
adaptar-se e responder de forma relevante e bíblica ao chamado de Cristo para
fazer discípulos em todas as nações (Mt 28:19-20).
Michael W. Goheen (2011) ressalta que "a igreja existe pela missão de Deus,
e sua missão é moldada pela missão de Deus no mundo". Nesta moldura, a maneira
como novos membros são assimilados não é apenas uma questão administrativa ou
de crescimento numérico, mas também um reflexo direto da teologia e missão da
igreja. Ellen White, ao discorrer sobre a importância da formação de novos
membros, salienta que "cada novo membro trazido à igreja deve ser cuidado,
preparado para trabalhar, preparado para a vida eterna" (WHITE, 1905). A visão de
White destaca a responsabilidade da igreja não apenas em atrair, mas em educar os
novos convertidos para o serviço do Reino de Deus.
Robert Coleman (1963), refletindo sobre a metodologia de Jesus, aponta que
"seu método de alcançar o mundo era através do discipulado individual". A ênfase
aqui está na relação pessoal e na formação individual, mais do que em uma
abordagem ampla e impessoal. Além disso, Howard Snyder argumenta que a
integração de novos membros é "uma questão de identidade, vocação e missão da
igreja" (SNYDER, 1983). Esta perspectiva sublinha a profundidade e a importância
da assimilação de novos membros, não apenas como uma atividade periférica, mas
central ao ser e ao fazer da igreja. Este capítulo se propõe a compreender as
práticas atuais da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) na incorporação de novos
membros, situando estas práticas no contexto mais amplo da teologia e missiologia
cristãs, bem como explorando possíveis caminhos para aprimoramento.

4.1 Histórico da assimilação de membros na IASD

A assimilação de membros é um processo fundamental para o crescimento e


fortalecimento de qualquer comunidade religiosa. Para entender como a Igreja
Adventista do Sétimo Dia se desenvolveu e se expandiu ao longo do tempo, é
essencial examinar as estratégias que foram implementadas desde os seus
primeiros dias. Esta seção explora o início da IASD, identificando as abordagens e
métodos que marcaram os primeiros esforços para integrar os crentes na fé
adventista.

4.1.1 Início da IASD: as primeiras estratégias

Desde seus primeiros dias, a Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu em um


contexto de grande expectativa pela segunda vinda de Cristo. Essa crença, centrada
na iminente parousia, foi uma reação direta ao Grande Desapontamento de 1844,
um momento crítico, em que muitos esperavam o retorno de Jesus, baseados nas
previsões de Guilherme Miller.
J.N. Loughborough, um dos pioneiros adventistas, documentou os primeiros
esforços evangelísticos da igreja. Em O Grande Movimento Adventista, ele descreve
a paixão e o comprometimento dos primeiros adventistas, que enfrentaram desafios
e zombarias, mas se mantiveram firmes na proclamação da breve vinda de Cristo.
Ele menciona: “O breve período que, conforme pensávamos, nos separava do
retorno de Cristo, era para nós de tal significado e importância que parecia não
haver tempo para demora ou hesitação em nossa obra” (LOUGHBOROUGH, 2014).
Essa sensação de urgência levou à adoção de métodos inovadores de
evangelização. As séries evangelísticas e reuniões em tendas se tornaram
especialmente populares, servindo como pontos de contato principais para atrair e
educar novos membros. Ellen White, em Testemunhos para a Igreja, afirmou: “Deve
haver mais reuniões ao ar livre e em tendas e em auditórios desocupados.
Precisamos nos aproximar do povo com a mensagem presente da verdade”
(WHITE, 2021). A estrutura organizacional da igreja também começou a se formar
nesse período inicial.
Em 1863, a IASD foi oficialmente organizada, com a principal intenção de
melhor coordenar os esforços de evangelização e cuidar das necessidades dos
crentes. Nesse ínterim, a literatura também desempenhou um papel vital.
Publicações, como a Review and Herald e Signs of the Times, não apenas
educaram os membros existentes, mas serviram como ferramentas de
evangelização, alcançando lugares e pessoas que os pregadores não podiam.
George Knight, em Adventismo, enfatiza a importância da impressão na expansão
inicial do movimento: “A palavra impressa foi uma das ferramentas mais eficazes na
propagação da mensagem adventista durante o século XIX” (KNIGHT, 2015).
No período anterior à fundação oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em
1863, os pioneiros da fé tinham uma paixão ardente pela proclamação da breve
vinda de Cristo. Esta convicção nasceu das expectativas do grande movimento
milerita dos anos 1840, quando milhares aguardavam o retorno de Cristo, em 1844.
Após o desapontamento de 1844, quando a previsão de Guilherme Miller sobre o
retorno de Jesus não se concretizou, um remanescente desses crentes começou a
reestudar as Escrituras, culminando no que viria a ser as doutrinas fundamentais do
Adventismo (LOUGHBOROUGH, 2014).
Ellen G. White, uma das principais figuras do movimento adventista,
desempenhou um papel crucial nesta fase inicial. Ela não apenas ofereceu diretrizes
espirituais, através de seus escritos e visões, mas também foi determinante no
estabelecimento de estratégias evangelísticas. White (1905) sublinhou a importância
das reuniões campais como um meio eficaz de despertar o interesse pelo evangelho
e pelas verdades distintas dos adventistas. Estas reuniões eram frequentemente
realizadas em tendas grandes, e eram caracterizadas por pregações poderosas,
estudo bíblico e testemunhos.
Em seu livro Adventismo: Que significa? De onde veio? Para onde vai?,
George Knight (1993) discute o fervor e a dedicação dos primeiros adventistas. Eles
eram impulsionados por um senso de missão e tinham a crença de que estavam
vivendo nos "últimos dias" antes do retorno de Cristo. Isso os motivou a maximizar
todos os recursos e oportunidades para compartilhar sua fé. A literatura
desempenhou um papel fundamental, com muitos membros, incluindo Tiago White,
o marido de Ellen, lançando periódicos e panfletos que esclareciam as doutrinas
adventistas e desafiavam os conceitos teológicos populares da época.
Assim, as estratégias iniciais adotadas pelos pioneiros adventistas refletiam
sua paixão e urgência em compartilhar as boas novas do segundo advento de
Cristo. Eles estavam profundamente enraizados em sua fé e, apesar dos desafios,
estavam comprometidos em propagar sua mensagem, criando um legado que
perdura até hoje.

4.1.2 Estabelecimento de instituições educacionais e de saúde

A Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre deu ênfase à educação holística e


ao bem-estar físico como parte integrante de sua missão evangelística. Este
enfoque foi significativamente influenciado pelos escritos e orientações de Ellen G.
White, que via a educação e a saúde como meios de alcançar as pessoas com a
mensagem adventista de maneira prática e tangível.

4.1.3 Instituições educacionais

Battle Creek College (1874) - Localizado em Battle Creek, Michigan, este foi o
primeiro colégio adventista. A instituição foi fundamental na formação de líderes e
educadores adventistas em seus primórdios. Atuou como um modelo para outras
instituições educacionais adventistas em todo o mundo.

Healdsburg College (1882) - Esta instituição, mais tarde, se tornaria Pacific Union
College. Situada na Califórnia, tornou-se uma instituição líder na formação de
pastores, educadores e outros profissionais para a igreja na Costa Oeste dos EUA e
além.

Oakwood University (1896) - Localizado em Huntsville, Alabama, foi estabelecido


principalmente para servir à população afro-americana. Tem desempenhado um
papel crucial na formação de líderes adventistas de origem afro-americana.

4.1.3 Instituições de saúde


Western Health Reform Institute (1866) - Inaugurado em Battle Creek, Michigan,
foi o precursor do que, mais tarde, se tornaria o mundialmente famoso Battle Creek
Sanitarium. Sob a liderança do Dr. John Harvey Kellogg, este sanatório não apenas
ofereceu tratamentos de saúde, mas também promoveu o estilo de vida e a dieta
adventista.

Helena Sanitarium (1878) - Localizado em Deer Park, Califórnia, este sanatório não
só tratou os doentes com métodos naturais, mas também serviu como um centro de
treinamento para médicos e enfermeiros adventistas.

Florida Hospital (1908) - Atualmente conhecido como AdventHealth Orlando,


localizado na Flórida. Desde o seu início, serviu como um ponto de contato com a
comunidade, promovendo saúde e bem-estar e integrando os princípios adventistas
em seus serviços.

Enoque de Oliveira, ao refletir sobre o impacto destas instituições, destacou


como elas se tornaram uma extensão tangível da missão e visão da IASD. Através
de suas atividades e interações com a comunidade, muitos foram apresentados aos
princípios adventistas e, eventualmente, incorporados à igreja (OLIVEIRA, 1999).

4.1.4 Esforços missionários globais


Desde seus primeiros dias, a IASD teve uma visão global. Segundo Knight
(2004), o movimento adventista, desde o início, demonstrou uma ambição
missionária, rapidamente se expandindo para além dos Estados Unidos. Os
registros históricos da igreja detalham como foi feito um investimento em missões no
exterior, com o envio de missionários adventistas para terras distantes e
estabelecimento de presença em, praticamente, todos os continentes (Knight, 2004).
A complexidade da missão global da IASD é amplamente discutida por Bull &
Lockhart (2007), que destacam a necessidade de adaptações na abordagem
missionária da igreja dada a diversidade de culturas e contextos encontrados.

4.1.5 Desenvolvimento de materiais e programas de estudo bíblico


Inicialmente, a IASD tem reconhecido a centralidade das escrituras em sua
teologia e prática. Esta ênfase na Bíblia levou ao desenvolvimento de uma variedade
de recursos para facilitar o estudo bíblico pessoal e comunitário. E o tempo tem sido
o selo de qualidade do instrumento, que se mostra acessível a qualquer sexo, faixa
etária e classe social.

Sabbath School Lessons - Iniciados na década de 1850, estes guias de estudo


semanais têm sido um pilar central do programa da Escola Sabatina da IASD.
Originalmente concebidos para crianças, rapidamente se expandiram para incluir
lições para adultos, ajudando a uniformizar o estudo da Bíblia em todo o movimento
adventista global. E a consolidar a fé daqueles que se unem à igreja.

Daniel and the Revelation - Escrito por Uriah Smith na década de 1870, este livro
tornou-se uma referência para o entendimento adventista dos livros bíblicos de
Daniel e Apocalipse. Ao longo dos anos, ele ajudou a instruir muitos na interpretação
profética adventista.

Caminho a Cristo - Publicado em 1892 por Ellen G. White, este livro simples e
poderoso guia os leitores a uma relação mais próxima com Cristo através do estudo
da Bíblia e da oração.

4.1.6 Materiais e programas contemporâneos


It Is Written - Um programa evangelístico televisivo, iniciado em 1956, que usa a
Bíblia como sua principal fonte de ensino, acompanhado por guias de estudo bíblico
correspondentes.

Discover Bible School - Uma série de estudos bíblicos por correspondência e


online, desenvolvidos pela Voice of Prophecy no início dos anos 2000. Estes
estudos têm se mostrado valiosos para pessoas interessadas em aprender mais
sobre a fé adventista.

Hope Bible Study Plan - Um programa recente de estudo da Bíblia em vários


idiomas, oferecido pela Hope Channel, a rede de televisão oficial da IASD.
Amazing Facts Study Guides - Desenvolvido por Doug Batchelor e a equipe
Amazing Facts, estes guias abrangem uma ampla gama de tópicos bíblicos e
doutrinários, sendo frequentemente usados em esforços evangelísticos.

Ouvindo a Voz de Deus - Uma série contemporânea de estudos bíblicos que tem
como objetivo levar as pessoas a um entendimento mais profundo da vontade de
Deus em sua vida.

Jesus, Restaurador da Vida - Este guia de estudo focaliza a obra redentora de


Cristo, explorando as muitas maneiras pelas quais Ele atua para restaurar a
humanidade.

Revelações do Apocalipse - Como o nome sugere, este estudo mergulha


profundamente no livro de Apocalipse, guiando os leitores, através das complexas
profecias, e garantindo uma compreensão clara da mensagem do livro para os
tempos atuais.

Sabbath School University - Uma iniciativa mais recente destinada a envolver a


geração mais jovem no estudo da Bíblia. Usa formatos de mídia contemporâneos
para explorar as lições da Escola Sabatina de maneira relevante e envolvente.

O legado de Loughborough, ao destacar a importância da literatura, encontra sua


continuação nos esforços contemporâneos da IASD. Estes programas e materiais de
estudo bíblico refletem o compromisso contínuo da igreja em fornecer recursos de
alta qualidade para aprofundar a compreensão e vivência das escrituras

4.1.7 A era digital e a IASD

Com a revolução digital e a crescente interconexão global, a IASD


reconheceu a necessidade de adaptar e atualizar suas estratégias de
evangelização. O potencial da tecnologia para alcançar pessoas em lugares e
situações anteriormente inacessíveis tem sido imenso. Em resposta a esta
oportunidade, a IASD lançou várias iniciativas:
Feliz 7 Play - Está é uma das iniciativas digitais mais notáveis da IASD. É uma
plataforma de streaming de vídeo, semelhante em funcionamento a plataformas
populares como Netflix ou Hulu, mas focada em conteúdo adventista. Oferece uma
variedade de programas, filmes, documentários e séries, abordando desde temas
bíblicos até questões de estilo de vida, saúde e educação.

Chatbot "Esperança" - Em um contexto em que a instantaneidade e a conveniência


são valorizadas, a IASD introduziu a "Esperança", um chatbot projetado para
interagir com os usuários, responder a perguntas sobre a fé adventista e, até
mesmo, conduzir estudos bíblicos básicos. Esta ferramenta aproveita a Inteligência
Artificial (IA) para facilitar interações significativas e levar as pessoas a recursos
mais profundos, caso desejarem.

Hope Channel App - Além da programação tradicional de televisão, a Hope


Channel lançou um aplicativo móvel, permitindo que os usuários assistam a
programações ao vivo e gravadas a qualquer momento e em qualquer lugar. O
aplicativo também possui recursos de estudo da Bíblia e guias de discussão para
grupos pequenos.

Redes sociais - A presença da IASD em plataformas de mídia social, como


Facebook, Instagram, YouTube e Twitter, tem sido fundamental para alcançar
públicos mais jovens e diversos. Estas plataformas são utilizadas para compartilhar
mensagens inspiradoras, anúncios de eventos, estudos bíblicos e muito mais.

Podcasts adventistas - Reconhecendo a popularidade crescente dos podcasts,


vários ministérios e departamentos da IASD têm lançado seus próprios, abordando
temas teológicos, proféticos, de saúde, entre outros. Eles oferecem uma forma
conveniente para os membros e interessados aprenderem em movimento.

Websites e blogs - Muitas igrejas locais, conferências e uniões têm sites


atualizados regularmente, proporcionando recursos, notícias, estudos bíblicos e
mais para seus membros e visitantes. Os blogs, em particular, oferecem reflexões
pessoais sobre a fé, teologia e vida adventista.
O avanço tecnológico e a popularização dos meios digitais têm oferecido à
IASD novos caminhos e oportunidades inéditas para evangelizar e nutrir seus
membros. Em meio a estes avanços, o objetivo central permanece o mesmo:
compartilhar a esperança e o amor de Jesus Cristo com todos os cantos do mundo
digital.
Desde os dias pioneiros nas reuniões em tendas até as plataformas digitais
contemporâneas, a trajetória da IASD tem sido marcada por uma constante
renovação em seus métodos, mas com um coração que permaneceu inalterado em
seu propósito. Esta evolução não apenas reflete a adaptabilidade da igreja, mas
também seu profundo compromisso com a evangelização.
Inicialmente, o zelo missionário e a urgência do breve retorno de Cristo
impulsionaram os fundadores da IASD a lançar as bases de uma obra que se
estenderia além das fronteiras nacionais. As instituições educacionais e de saúde,
fundamentadas na visão integrada de Ellen White, serviram como pilares tangíveis
de serviço, oferecendo não apenas educação e cura, mas também a esperança
encontrada em Jesus.
À medida que a igreja se expandiu globalmente, as estratégias de
evangelização diversificaram-se para se adequar a diferentes culturas e contextos.
O desenvolvimento de materiais e programas de estudo bíblico permitiu uma
formação doutrinária sólida, garantindo que a mensagem adventista fosse
transmitida com clareza e profundidade.
No entanto, talvez uma das mudanças mais significativas tenha sido a
transição para a era digital. Este movimento evidenciou a capacidade da IASD de
reconhecer e capitalizar as oportunidades emergentes para alcançar corações em
um mundo cada vez mais interconectado.
Em retrospecto, a IASD tem navegado por marés de mudança, desde seus
humildes começos até sua atual presença global. Cada era apresentou desafios
únicos, mas, em cada instância, a igreja mostrou resiliência, inovação e um desejo
ardente de levar a mensagem de esperança a todos, em todos os lugares. Esta
jornada é um testemunho vibrante do compromisso inabalável da igreja com sua
missão e da providência divina que a guiou ao longo do caminho.
Essa breve pesquisa histórica deixa claro que a igreja aprimorou muito os
métodos de evangelização, mas não se encontrou de maneira proporcional à
mesma atenção para o desenvolvimento e amadurecimento dos novos membros.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia reconhece a importância do discipulado e
da integração de novos membros em sua comunidade. Pode-se identificar algumas
medidas para suprir esta carência como, por exemplo:

 O ciclo do discipulado proposto pela Divisão Sul-Americana (DSA).


 A classe de Escola Sabatina que, tradicionalmente, tem sido o principal
programa de discipulado da IASD. Dividido por faixas etárias, incluindo a
Classe dos Amigos da Esperança, especificamente direcionada para os novos
membros. Essas classes semanais proporcionam estudo aprofundado da
Bíblia e integração com outros membros.
 Pequenos grupos: são uma maneira de novos membros se conectarem com
outros adventistas em um ambiente mais íntimo e pessoal, favorecendo o
crescimento espiritual e a amizade.
 Programas de mentoria: em algumas igrejas, novos membros são
emparelhados com membros mais experientes que atuam como mentores,
ajudando-os a navegar em sua nova fé e se integrar na vida da igreja.
 O ministério pessoal é o ramo da igreja especificamente focado no
evangelismo e discipulado. O departamento produz materiais, organiza
programas e oferece treinamento para membros da igreja em discipulado e
evangelismo.
 Iniciativas digitais modernas: com o avanço da tecnologia, a IASD tem
adotado ferramentas digitais para discipulado, incluindo aplicativos de estudo
bíblico, plataformas online e redes sociais. Com vista ao amadurecimento,
como, por exemplo, os aplicativos Reavivados por Sua Palavra e Bíblia Plan.

Ao longo dos anos, a IASD tem adaptado seus programas de discipulado para
atender às necessidades em constante mudança de seus membros e às realidades
culturais e tecnológicas do mundo moderno. Hoje, o foco está em criar uma
experiência mais personalizada e integrada para os novos membros, garantindo que
eles não apenas entendam a teologia adventista, mas também se sintam parte da
comunidade da igreja.

No entanto, apesar destes esforços louváveis, persiste um desafio


significativo: um número notável de indivíduos que se batizam parece enfrentar
dificuldades em sua integração plena à igreja. Esta realidade enfatiza a importância
da pesquisa contínua sobre o tema. Compreender a raiz deste desafio e avaliar a
eficácia das iniciativas existentes pode proporcionar insights valiosos para aprimorar
ou redefinir abordagens, garantindo, assim, que cada novo membro encontre seu
lugar na comunidade e amadureça na fé.

4.2 Dinâmicas de batismo e retenção: um panorama decenal da Associação


Mineira Sul

Nos corredores da história eclesiástica, a jornada de um crente, desde seu


primeiro encontro com a mensagem divina até a consolidação da fé, tem sido objeto
de profunda reflexão e estudo. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, firmemente
enraizada em sua missão evangelística, não é uma exceção ao enfrentar desafios
intrincados relacionados à assimilação e retenção de seus novos membros.
Compreender as dinâmicas que permeiam a decisão de um novo membro de
permanecer ou se desvincular após o batismo é, portanto, uma necessidade
urgente.
A Associação Mineira Sul apresenta-se como uma janela reveladora neste
cenário. Como uma das ramificações mais ativas da IASD no Brasil, a AMS
experimentou, ao longo dos anos, diversas ondas de crescimento, fervor
evangelístico, bem como os desafios que acompanham tais dinâmicas. Para obter
uma compreensão clara dessas complexidades, este capítulo se aprofundará nos
dados dos últimos dez anos da AMS, traçando tendências de batismo e apostasia na
região.

A análise aqui empreendida nos levará por uma jornada de reflexão sobre
práticas existentes, identificação de padrões e indicação de áreas potenciais para
intervenção. Considerando a gama de aspectos – desde taxas de batismo até
feedback de membros, de capacitações pastorais a eventos evangelísticos –, nossa
intenção é oferecer uma imagem abrangente das dinâmicas de crescimento e
desafios da AMS.
A continuidade desta pesquisa será concretizada pelo levantamento de dados
na AMS, em que a análise teórica encontrará sua validação prática. Em outras
palavras, a fundamentação e as tendências identificadas aqui servirão como base
para aplicação, unindo, assim, teoria e prática, na busca por soluções efetivas. Esta
é a proposta de levantamento de dados para sequência do trabalho.

4.2.1 Dados históricos

 Número de batismos na AMS nos últimos 10 anos.


 Taxa de apostasia na AMS nos últimos 10 anos.
 Eventuais variações nessas taxas ao longo do tempo e possíveis causas.

4.2.2 Dados demográficos dos novos membros

 Faixa etária no momento do batismo.


 Gênero.
 Educação/formação.
 Estado civil.
 Tempo que levou desde o primeiro contato com a IASD até o batismo.
 Origem do interesse (amigo, parente, evento, meio de comunicação).

4.2.3 Dados sobre o processo de integração

 Programas/estratégias de assimilação utilizados pela AMS nos últimos 10


anos.
 Duração e natureza dos programas de estudos bíblicos pré-batismo.
 Número de reuniões e pequenos grupos de integração oferecidos aos novos
membros.
 Programas de mentoria ou discipulado e sua eficácia.

4.2.4 Feedback dos membros

 Razões citadas para permanecer na IASD após o batismo.


 Razões citadas para deixar a IASD após o batismo.
 Sugestões de melhorias no processo de assimilação.
4.2.5 Dados comparativos

 Comparação das taxas de batismo e apostasia na AMS com outras


Associações/Missões adventistas no Brasil ou em outras partes do mundo.
 Métodos utilizados em outras Associações que apresentam taxas de retenção
mais altas.

4.2.6 Dados sobre a formação e capacitação pastoral

 Número de pastores na AMS.


 Capacitação oferecida aos pastores sobre assimilação e retenção de novos
membros.
 Frequência de formação contínua.

4.2.7 Dados sobre a comunidade e contexto local

 Dados sociodemográficos da região da AMS.


 Eventuais crises econômicas, políticas ou sociais que possam ter impactado o
número de batismos ou a taxa de apostasia.
 Atividades e programas de engajamento comunitário realizados pela IASD na
região.

4.2.8 Dados sobre programas e eventos especiais

 Número e natureza de programas evangelísticos e séries de reavivamento


realizados na AMS nos últimos 10 anos.
 Retenção de membros que se juntaram à igreja através desses programas
em comparação com outros métodos.

4.3. Estudo de campo

4.3.1 Análise da pesquisa e entrevistas


4.3.2 Implicações das informações obtidas

4.4 Conclusão

A dinâmica entre batismo e retenção na Igreja Adventista do Sétimo Dia,


especificamente na Associação Mineira Sul, oferece uma visão perspicaz das
realidades que as organizações religiosas, em seu conjunto, enfrentam na era
contemporânea. A jornada de compromisso espiritual, a assimilação de novos
membros e a persistência na manutenção da chama da fé se revelam como desafios
constantes em um mundo repleto de mudanças rápidas e imprevisíveis.
Os dados que serão levantados e as variáveis propostas para análise
destacam a complexa teia de interações entre elementos internos da comunidade e
contextos mais amplos. Torna-se claro que a caminhada espiritual de um indivíduo é
profundamente influenciada por uma combinação de fatores, desde a sua própria
demografia até as estratégias adotadas pela igreja e os grandes acontecimentos da
sociedade.
O feedback antecipado dos membros, tanto dos que ficam quanto dos que
partem, é uma fonte valiosa que, uma vez coletado, fornecerá insights inestimáveis.
Ele permitirá não apenas compreender motivações individuais, mas também
identificar áreas em que a AMS, e comunidades similares, podem refinar suas
abordagens para potencializar a integração e minimizar a apostasia. Ademais, ao
situar a AMS em um contexto comparativo com outras Associações e Missões,
espera-se discernir práticas bem-sucedidas que poderiam ser replicadas ou
adaptadas, visando a um crescimento saudável e resiliente da comunidade.
A formação pastoral e a proposição de programas evangelísticos apontam
para a necessidade de um comprometimento duradouro com a formação contínua e
o reavivamento, garantindo que a liderança esteja preparada e que os membros se
sintam constantemente renovados em sua fé.
Em suma, a AMS, com seus desafios e contextos únicos, serve como um
modelo ilustrativo, que destaca os desafios e oportunidades da missão cristã no
século XXI. Esta análise prepara o terreno para uma introspecção coletiva e um
engajamento proativo, inspirando a busca por soluções inovadoras e práticas que
atendam às necessidades espirituais de uma demografia em transformação, ao
passo que ressoa com os princípios imutáveis da fé. Com os olhos no futuro, este
estudo prenuncia o caminho para um engajamento mais intenso, uma missão
revigorada e uma comunidade robusta na Associação Mineira Sul e além dela.

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