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Romanos 1.

16 – Qual o impacto da visão universal do evangelho de Paulo sobre a igreja


do primeiro século?

1. A visão restrita da igreja no primeiro século. (uma Contextualização)

A visão nacionalista dos primeiros cristãos precisou ser mudada para a universalidade
do evangelho, que nos planos de Deus deve alcançar a todos, tanto judeus como não
judeus. Segundo Cairns (2008, pag. 39) Cristo é a Pedra sobre a qual a igreja foi
fundada. Através dele vem a fé em Deus para a salvação do pecado. Dele vem o amor
ao coração humano.

Mesmo em uma rápida leitura da Bíblia é possível perceber que o núcleo dos apóstolos
tinha uma postura muito etnocêntrica, e para romper com esta mentalidade Deus se
revela diretamente a Pedro por meio da visão do lençol e o convite para comer os
animais comum e imundo que nele continha, conforme lemos em Atos 10. 11-15: “E
viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas
quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e
feras e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro,
mata e come.
Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum
e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou”.
Só ao chegar na casa do centurião romano que Pedro se dá conta de que não era da
purificação de animais que a visão se tratava e sim de pessoas, é como descreveu o
Lopes (2009) em seu comentário sobre esta ocorrência: “A resistência não foi de
Cornélio em ouvir o evangelho, mas de Pedro em ir à casa de um gentio pregar o
evangelho”.

Outra maneira pela qual Deus usa para romper com esta postura etnocêntrica dos
discípulos, é por meio da teologia de Paulo e sua ênfase na extensão da salvação a
todo que crer, conforme está escrito em:

Romanos 1.16: “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus


para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego”.
Gálatas 3.28 (NVI): “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”.

Paulo deixa claro que o Evangelho, não está limitado a classe social, étnica ou de
gênero, e isto só é possível em virtude do poder do Evangelho que é ilimitado, tendo
como critério para dele se beneficiar apenas a fé. E está compreensão permitia a Paulo ir
sem restrição a qualquer pessoa e lugar anunciar as boas novas do Evangelho. Esta
compreensão era resultante sobre tudo do impacto do Evangelho sobre sua própria vida.

2. O impacto da Resiliência a pregação em face aos escárnios e provações.

É de fácil conferência que se houve alguém que tinha da perspectiva humana do período
bíblico motivos para se gloriar, este é o apostolo Paulo, judeu de nascimento; grego de
formação acadêmica e romano por herança. Contudo ele julgou todas estas coisas sem
valor diante do Poder do Evangelho conforme lemos filipenses 3.7 (NVI): “Mas o que
para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo”.
A devida valorização que Paulo dava ao evangelho entretanto não tinha nenhum eco na
sociedade que o cercava, primeiro por que “o evangelho era identificado com um
carpinteiro judeu pobre que fora crucificado”, tal condição era repudiada por judeus e
gentios, conforme encontramos em algumas passagens da Bíblia entre elas Gálatas 3.13:
“Cristo nos redimiu da maldição da lei quando se tornou maldição em nosso lugar,
pois está escrito: "Maldito todo aquele que for pendurado num madeiro".

Na segunda carta aos Coríntios no capítulo 11 podemos encontrar aquilo que hoje
poderia ser chamado de o currículo de Paulo. “Essa lista dá o retratado de uma vida que,
até então, não tinha tido precedentes na história do mundo. É verdade que já tinha
havido casos de semelhante abnegação em momentos especiais ou por alguma causa
especial. Mas esse tipo de abnegação envolvendo tais sacrifícios durante pelo menos
quatorze anos em benefício da humanidade em geral, era até àquele tempo, era algo
desconhecido”. (MEYER, 1992)

Segundo Lopes (2019), a expressão “não me envergonho do evangelho quer dizer que
Paulo se gloria no evangelho e considera alta honra proclamá-lo. Essa declaração é
muito importante porque no contexto que Paulo viveu muitos não daria credibilidade
para uma mensagem que envolvia um carpinteiro judeu como já constatamos
anteriormente. Os romanos não cultivavam nenhuma apreciação especial pelos judeus, e
a crucificação era a forma mais abjeta, reservada aos criminosos. Outra razão para Paulo
explicitar que não se envergonhava do Evangelho é que muitos sábios daquela época
como da atualidade desprezavam o evangelho, por último a mensagem centralizada na
cruz era vista com desdém tanto para gentios como judeus. “No Novo Testamento a
palavra “vergonha” (epaischunomai) representa a desgraça de uma pessoa quando os
acontecimentos mostram que ela confiou em algo vazio, ou sem nenhum valor. Paulo
está convencido que a confiança em Cristo não é vão e apostou toda sua vida na
veracidade do evangelho”. (RICHARDS, 2021)

CAIRNS, Earle Edwin. O Cristianismo através dos séculos: uma história da


igreja Cristã. São Paulo, SP: Vida Nova, 2008.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo. São Paulo, SP:
Agnos, 2019.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do E.S. na vida da Igreja. São Paulo, SP:
Agnos, 2019.

RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico e Cultural: do novo


testamento. São Paulo, SP: CPAD, 2021.

MEYER F. B. Comentário bíblico devocional. Venda Nova, MG: Editora


Betânia, 1992

WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Santo André, SP:


Geográfica editora, 2012
3. O impacto do Ministério da Pregação da Palavra.
O evangelho é o poder de Deus para salvar

4. Conclusão

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