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Moral
Fundamental
(04 créditos – 80 horas)
Autores:
Orlando Knapp
Anésio Ferla
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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do seu
curso.
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Objetivo Geral
Introduzir cada estudante à disciplina de teologia moral tendo como base a Tradição,
a Bíblia e o Magistério. Partindo dos primórdios do cristianismo até chegar na atualidade,
pretendemos levá-los a identificar os elementos fundamentais da moral cristã e suas
implicações na vida do crente e de todo homem e mulher criado à imagem e semelhança de
Deus. Por fim, queremos articular os conteúdos desta disciplina com a prática pastoral.
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 90
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 93
Avaliação
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc.
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo
será avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de cada
disciplina.
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Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando a
oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 possam
fazer a Recuperação das Atividades Virtuais.
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda poderá
fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral deverá ser
igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.
Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5
/ 2 = 5,5 (Aprovado).
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:
Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefa
Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefa
Atividade 4.1
Ferramenta: Tarefa
Atividade 5.1
Ferramenta: Tarefa
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.
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BOAS VINDAS
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Pré-teste
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta
disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado.
4. Com o pecado original, a natureza humana fica ferida: inclinada para o mal e
para o erro, debilitada para praticar o bem e afetada pela concupiscência. Que
sacramento reverte esta situação, isto é, apaga o pecado original?
a) Eucaristia
b) Batismo
c) Crisma
d) Matrimônio
5. É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave e que é
cometido com plena consciência e deliberadamente. A matéria grave é precisada:
a) Pelas bem-aventuranças.
b) Pelos profetas.
c) Pela Congregação para a doutrina da fé.
d) Pelos Dez mandamentos.
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6. No tocante à liberdade humana, analise os enunciados a seguir:
I. Ela é finita e falível.
II. Ela é, no homem, uma força de crescimento e amadurecimento na verdade e na bondade.
III. Ela alcança a sua perfeição quando está ordenada para Deus.
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
d) Todos os enunciados estão corretos.
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INTRODUÇÃO
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pouco a pouco construindo um sistema de pensamento chamado Teologia Moral ou Ética
Teológica.
O esquema, a ideia básica, o fio condutor de toda a nossa Teologia Moral Fundamental
visa o surgimento do discípulo missionário de Jesus Cristo onde Jesus Cristo e o seu Evangelho
são apresentados: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (cf. Jo 14, 6).
O termo Teologia Moral “é normalmente usado para designar a ação humana
enquanto referida a um valor, a uma obrigação real, sendo o sujeito moral livre, porém,
obediente às normas, às leis que regem a sociedade” (TRASFERETTI, 1998, p.23).
Na carta encíclica Veritatis Splendor, lemos: “A teologia moral é uma ciência que
acolhe e interroga a Revelação divina e, ao mesmo tempo, responde às exigências da razão
humana. A teologia moral é uma reflexão que se refere à “moralidade”, ou seja, ao bem e ao
mal dos atos humanos e da pessoa que os realiza, e neste sentido está aberta a todos os
homens; mas é também “teologia”, enquanto reconhece o princípio e o fim do agir moral
naquele que “só é bom” e que, doando-se ao homem em Cristo, lhe oferece a bem-
aventurança da vida divina” (VERITATIS SPLENDOR, n.29).
No entanto, como veremos no decorrer do nosso curso, são muitas as dificuldades
que se erguem contra a moral. A sua rejeição se generalizou sob muitos aspectos, e hoje as
pessoas desejam uma explicação para saber não só como, mas também por que devem agir
desta forma ou de outra. As normas de comportamento não são mais aceitas por causa da
autoridade de quem as impõe. Ninguém faz as coisas porque é mandado, logo, faz-se
necessário apresentar uma justificação convincente ou ao menos razoável entre outras opções
possíveis.
A fundamentação torna-se objetivo irrenunciável, se se quer que os valores éticos
tenham poder de atração e comprometam as pessoas. Bem antes, Santo Tomás já dizia que
era preciso investir nesta dimensão persuasiva, ainda que o cristão encontre em sua fé um
ponto de apoio e esclarecimento. Por fim, o crente jamais pode se esquecer da dimensão
religiosa e sobrenatural que possui a sua conduta (AZPITARTE, 1995).
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UNIDADE 1
CONCEITOS BÁSICOS
OBJETIVO DA UNIDADE: Levar o aluno a conhecer a origem do termo que abarca
a disciplina que está sendo estudada; refletir sobre o significado das palavras: teologia,
moral e fundamental; explanar sobre suas fontes da moral cristã; qual finalidade de
estudá-la e a quem se destina.
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O termo “fundamental” vem do latim fundus e significa a base que se coloca no terreno
para sustentar um edifício estável. A palavra fundamental tem muito a que ver com o alicerce
e com o fundamento. A segurança de um
edifício depende do alicerce. Os
fundamentos se encontram escondidos no
chão e são invisíveis. A colocação deles
exige dinheiro e tempo, porém são
indispensáveis para a sustentabilidade do
edifício e mais ainda na hora da tempestade
ou no momento do terremoto.
Fonte: http://migre.me/jf7Le
O bom arquiteto e o engenheiro sabem que não podem construir as paredes sem
colocar antes os alicerces. Jesus já mostrava esta sabedoria no Sermão da Montanha, quando
falava sobre a casa construída sobre a rocha e a casa construída sobre a areia. Algo
semelhante acontece com a Teologia Moral Fundamental: sem uma boa Moral Fundamental,
a Moral Especial ou Setorial não se vai sustentar.
O termo fundamental faz referimento não só ao alicerce da casa, mas indica também
o processo de verificação. É fundamental que o edifício esteja bem forte, seguro e seja
corretamente construído. A Teologia Moral Fundamental precisa dar as respostas a respeito
de não só como agir bem, mas também por que agir bem. Hoje em dia não é suficiente o
“imperativo moral”, mas é necessário o “indicativo moral”. A Teologia Moral Fundamental
precisa mostrar o que é necessário fazer e, ao mesmo tempo, explicar por que se deve ou
não fazer algo.
Antes do Concílio Vaticano II não havia a “Teologia Moral Fundamental” propriamente
dita. As questões fundamentais do agir moral eram abordadas pela “Teologia Moral Geral” a
qual não tinha por tarefa fundamentar criticamente a moral cristã. Dava-se por suposta a
exigência justificada da moralidade cristã no sentido de conhecimento (ética docens – moral
formulada) e no sentido de compromisso vital (ética utens – moral vivida).
O termo “Teologia Moral Fundamental” apareceu ainda antes do Concílio Vaticano II,
porém, no começo, não havia ainda muita diferença no conteúdo entre a “Teologia Moral
Fundamental” e a “Moral Geral”. Em 1955, Teodoro da Torre del Greco escreveu a obra
“Teologia Moral. Compêndio de moral católica para o clero em geral e leigos” onde dedicou
a 1ª parte à “Teologia Moral Fundamental”. Contudo, a “Teologia Moral Fundamental” escrita
por ele não se diferenciou da “Moral Geral” por causa do seu conteúdo. Mudou o título, mas
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o conteúdo praticamente ficou o mesmo. Falava-se: do fim último da vida humana, dos atos
humanos, da lei, da consciência, do pecado e das virtudes.
Na segunda metade do séc. XX a situação mudou muito, tanto da parte da sociedade
(secularismo, pluralismo, progresso tecnológico, etc.) quanto da parte da teologia mesma
(mudanças metodológicas, diálogo com o mundo, aproximação das ciências humanas,
redescoberta da Bíblia, valorização dos Padres da Igreja, renovação da liturgia, inculturação
da fé, etc.). Estes fatores fizeram deslizar o tratado tradicional da “Moral Geral” para o tratado
da “Teologia Moral Fundamental”. Na nova situação os cristãos têm a tarefa de justificar
diante deles e dos demais a coerência crítica de suas opções éticas. Esse tipo de justificação
supõe uma séria formulação da moral cristã dentro do pluralismo teórico e prático dos projetos
éticos da sociedade atual (VIDAL, 1983).
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Embora a revelação esteja terminada com Jesus Cristo, não está explicitada por completo;
cabe à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos. Porém, não se
pode esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Jesus Cristo
(cf. CICat., n.50-73).
A ética teológica toma as suas bases da moralidade cristã da revelação. As verdades
contidas na revelação devem ser recebidas com fé como Palavra de Deus. Já S. Paulo chama
a nossa atenção sobre a importância da Sagrada Escritura para conhecer a moral revelada:
“Toda a Escritura inspirada por Deus é útil para ensinar, contradizer, corrigir e educar na
justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, capacitado para qualquer boa obra” (2 Tim
3, 16). No AT temos o Decálogo, que contém preceitos, normas morais permanentes que
obrigam também os cristãos ainda que condicionados pelo tempo. Entretanto toda a revelação
está voltada para o NT que é a plenitude da revelação e nos dá o conhecimento do nosso
destino. É no NT que encontramos os seguintes ensinamentos: a Nova Lei do Espírito, as
Bem-Aventuranças, o Reino de Deus, a Sequela Christi, o amor preferencial pelo fraco e os
outros grandes temas citados na Bíblia. A Teologia Moral espera das ciências bíblicas,
particularmente da teologia bíblica uma ajuda para compreender a moral da Sagrada Escritura
e para ter a capacidade de distinguir o que ela tem de caráter temporário e o que é vigente
em todos os tempos. A Bíblia, enquanto Palavra Revelada é a fonte clássica da teologia moral.
Na pesquisa teológico-moral, especialmente na América Latina, somos convidados a
fazer teologia a partir da realidade concreta em que vive o homem latino-americano
usufruindo da mediação socioanalítica. Porém, para fazer a teologia moral não é suficiente só
o recurso às ciências do social: Devemos confrontar a realidade com a Bíblia. Segundo Boff
“a Escritura é um recurso teórico obrigatório e constitutivo de todo o processo teológico”
(BOFF, 1982, p. 244-260).
Contemplando e estudando a Escritura percebe-se que dela parte um apelo, um
convite, uma provocação, uma interrogação. Seu texto induz à acolhida, à abertura, à
disponibilidade, e ao agir dos cristãos. Eles, à luz da fé precisam compreender que a primazia
das fontes teológicas reside na Palavra revelada, na Bíblia. E para ter a Bíblia como a fonte
principal da teologia moral as pessoas precisam ter fé.
Os aspectos que caracterizam uma leitura adequada da Sagrada Escritura são três, e
devem se complementar entre si: a práxis, a exegese e a teologia. A práxis, como lugar de
encontro com Cristo, é o lugar a partir do qual se lê a Bíblia e constitui uma primeira
aproximação que proporciona os dados para entender mais exatamente o sentido do texto
bíblico; a exegese nos ajuda a esmiuçar, a aprofundar os conteúdos da revelação; e a teologia
é o resultado das leituras e interpretações da Bíblia, dá as noções que permitem captar e
articular novas reflexões.
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Com este enfoque global, aparece claro o caráter interpelante da Palavra de Deus
tanto para o cristão quanto para a teologia. Esta maneira de ler a Bíblia permite captar
plenamente os diversos registros do texto e para uma metodologia ética oferece a
possibilidade de uma melhor integração com os elementos teológicos do universo moral
(REJÓN, 1987).
1.2.2 A Tradição
O termo Tradição para a Igreja não se resume naquilo que é tradicional com conotação
de algo velho, e sim lembrança de fatos vitais para o povo. Ainda que toda tradição vise
preservar uma memória de modo que se mantenha aceso o ideal do passado na geração do
presente, a tradição em Israel está longe de ser uma lembrança de fatos ultrapassados.
Ocorre buscar no passado perspectivas para o presente e o futuro e com isso os fatos
novos são iluminados pelos fatos antigos. A Tradição ou a Palavra oral é anterior à Palavra
escrita, mesmo com relação ao N.T., uma vez que durante decênios, antes da redação dos
evangelhos, a mensagem de Cristo foi transmitida primeiramente de viva voz, e só mais tarde
foi redigido o N.T., que, com certeza, não tem a pretensão de abarcar tudo quanto Jesus
disse e fez (cf. Jo 20,30; 21,24-25).
O depósito da fé foi confiado à Igreja e esta, por sua vez, a está transmitindo ao longo
dos séculos. Junto com a Bíblia, a Tradição da Igreja é a mais qualificada fonte da teologia
moral. Mas o que é a Tradição? Qual é o seu conteúdo semântico e teológico?
O termo “tradição” se origina do latim traditio. Para Tertuliano, “Tradição” significa a
“doutrina transmitida” ou a sua “narrativa”. Na época da Reforma, Lutero rejeitou
determinadas tradições como instituições humanas que não estariam autorizadas pela
Escritura e com isso questionou a compreensão eclesial da Tradição.
O Concílio de Trento respondeu aos desafios dos protestantes publicando, no dia 08
de abril de 1546, um decreto (cf. DENZINGER, 2003, n.1501-1505) onde se definiu a
existência da Tradição como tal: preservar o Evangelho puro, que foi primeiro pregado por
Cristo e a seguir, à sua ordem, pelos Apóstolos. O Evangelho é a fonte de todas as verdades
salvíficas e de todos os preceitos morais.
O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação
Divina, nos ensina que Jesus Cristo ordenou aos Apóstolos que o Evangelho fosse por eles
pregado a todos os homens como fonte de toda a verdade salvífica e de toda disciplina de
costumes. “E isto foi executado tanto pelos Apóstolos que na pregação oral, por exemplos e
instituições, transmitiram aquelas coisas que, ou receberam das palavras, da convivência ou
das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo, como também por
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aqueles Apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram
por escrito a mensagem da salvação” (DEI VERBUM, n.7).
Como se pode observar a transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor,
fez-se de duas maneiras: oralmente e por escrito. A pregação apostólica, que é expressa de
modo especial nos livros inspirados, deve conservar-se por uma sucessão contínua até a
consumação dos tempos. Essa transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de
Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela.
Os Apóstolos, transmitindo aquilo que eles próprios receberam, exortam os fiéis a
manter as tradições que aprenderam, seja oralmente, seja por carta (cf. 2 Tes 2,15), e a
combater pela fé que se lhes transmitiu uma vez para sempre. Através da Tradição, “a Igreja,
em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é,
tudo o que crê. [...] O ensinamento dos Santos Padres testemunha a presença vivificante
desta Tradição, cujas riquezas se transfundem na práxis e na vida da Igreja crente e orante”
(DEI VERBUM, n.8). Assim, a comunicação que o Pai fez de si mesmo pelo seu Verbo no
Espírito Santo permanece presente e atuante na Igreja: “O Deus que outrora falou mantém
um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz
viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade toda
e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo” (cf. Col 3,16; DEI VERBUM, n. 8;
CICat., n.79).
Ainda a respeito da Tradição é preciso lembrar que ela se relaciona estreitamente com
a Sagrada Escritura:
A Escritura tem uma grande importância para a Tradição. A Bíblia é o melhor critério
para solucionar muitos problemas da Tradição. À luz da Bíblia se torna mais fácil reconhecer
a genuína Tradição Apostólica; torna-se mais fácil encontrar o núcleo apostólico na tradição
eclesial; estabelecer, com maior segurança, a legitimidade de certas tradições puramente
eclesiais. De outro lado a Bíblia alimenta a Tradição e ajuda a Igreja no processo de
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compreender a Revelação, enquanto essa última (Revelação) está imbuída na Tradição
(PETER, 1984).
1.2.3 O Magistério
Com a palavra “Magistério” podemos indicar o seguinte: é o exercício da autoridade
de ensinar, ligado ao episcopado ou ao supremo pontificado; a distinção entre Igreja
“docente” e Igreja “discente” ou “ouvinte”; os fiéis junto com o Papa e os Bispos, todos os
bispos unidos ao Papa, o Papa falando ex-cathedra, os documentos dos concílios, as
encíclicas, os decretos dos dicastérios romanos e as cartas dos bispos nas suas dioceses
(PETER, 1984, p.513-518).
O depositum fidei contido na Sagrada Escritura e na Sagrada Tradição foi confiado
pelos Apóstolos à totalidade da Igreja. Porém, como lembra o Vaticano II, “o ofício de
interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente
ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo” (DEI
VERBUM, n.10), isto é, aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma
(cf. CICat., 85; 2030-2040).
O Magistério da Igreja presta um importante serviço à Teologia Moral. No campo da
moral o recorrer à Bíblia não é suficiente. Muitas afirmações do A.T. e algumas do N.T. são
frutos de determinada cultura, que o autor sagrado expressou, mas que não tem sentido
bastante claro para o nosso tempo, se bem que a ideia de fundo conserve seu valor atual.
Tudo isso exige esforço de interpretação para distinguir o que é um dado cultural e o que é
ensinamento permanente. Também é verdade que para a maioria dos problemas que hoje
nos preocupa, a revelação não oferece nenhuma resposta concreta. Seria absurdo buscar
nela uma apreciação dos sistemas econômicos, dos métodos anticoncepcionais, das técnicas
de reprodução artificial ou dos transplantes e das doações de órgãos, etc. Por tudo isso, a
Igreja levanta sua voz de alerta quando descobre que determinados comportamentos ou
técnicas se afastam do espírito evangélico e se tornam ameaça para o bem das pessoas.
A Igreja (Magistério) apresenta o testemunho de experiência tradicional, que pretende
afundar suas raízes no ethos de Jesus, para aplicá-lo às situações concretas. É uma função
que lhe compete e que lhe é garantida pela ajuda prometida pelo Espírito. O Magistério é um
elemento que forma parte da dimensão religiosa da moral, já que a sua exigência pertence
ao mundo da fé e a sua autoridade não nasce como a de qualquer outro grupo humano
(AZPITARTE, 1995).
O Magistério tem o direito de se pronunciar não somente no campo da fé, mas também
no campo da vida moral. A Lumem Gentium afirma que entre os principais deveres dos Bispos
sobressai o de pregar o Evangelho. São os mestres autênticos dotados da autoridade de Cristo
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que pregam ao povo a eles confiado a fé que deve ser crida e praticada (cf. LUMEM GENTIUM,
n.25).
No campo da Teologia Moral é preciso lembrar que, segundo o Concílio Vaticano II,
“tal Magistério evidentemente não está acima da Palavra de Deus, mas a seu serviço.
Portanto, fica claro que, segundo o sapientíssimo plano divino, a Sagrada Tradição, a Sagrada
Escritura e o Magistério da Igreja estão de tal maneira entrelaçados e unidos, que um não
tem consistência sem os outros: juntos, cada qual a seu modo, sob a ação do mesmo Espírito
Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas” (DEI VERBUM, n.10). A Carta
encíclica Veritatis splendor lembra-nos também que “certamente o Magistério da Igreja não
pretende impor aos fiéis nenhum sistema teológico particular nem mesmo filosófico, mas para
guardar religiosamente e expor fielmente a Palavra de Deus, ele tem o dever de declarar a
incompatibilidade com a verdade revelada de certas orientações do pensamento teológico”
(VERITATIS SPLENDOR, n.29).
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Nós estamos vivendo num mundo pluralista, multiconfessional, marcado pelo
politeísmo ético e muito fragmentalizado. A Teologia Moral precisa estar sempre em contato
com as ciências humanas (psicologia, medicina, sociologia, economia, política, antropologia,
etc.). Os resultados das ciências humanas precisam ser aproveitados pela pesquisa ético-
teológica.
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ético-teológico também aos cristãos leigos, a fim de incentivar a práxis cristã do inteiro Povo
de Deus e não apenas aqueles que escutavam confissão ou se confessavam, já que a Boa
Nova de Jesus é destinada a todos os homens e mulheres batizados. Todos são chamados
para viver conforme o Evangelho de Jesus.
No século XIX, na Alemanha, constatamos as primeiras tentativas de fazer com que o
conteúdo da teologia moral alcançasse todos os leigos. Essa situação se deveu à renovação
bíblico-teológica e à abertura das portas das universidades, onde se estudava teologia. Sendo
assim, no século XIX os professores das universidades foram obrigados a rever o conteúdo
da teologia moral, e os teólogos Johann Michael Sailer e Johann Baptist Hirscher foram os
pioneiros a escrever manuais que tinham como destinatários tanto o clero como os leigos.
Johann Michael Sailer (1751-1832) publicou um manual cujo título nos ajuda a perceber isso
que acabamos de dizer: “Manual da moral cristã, em primeiro lugar para os pastores de almas
e depois para cada cristão instruído”.
Em 1954 Bernhard Haring escreveu o mais famoso manual de teologia moral anterior
ao Concílio Vaticano II, “A Lei de Cristo”. E tinha como destinatário tanto os padres como os
leigos. O manual de Haring foi traduzido em muitíssimas línguas e tornou-se mundialmente
conhecido. Ao contrário do que aconteceu com os manuais de Sailer ou Hirscher que foram
escritos em alemão e, por isso, atingiram só as pessoas que falavam a língua alemã.
O manual tocava em várias questões relacionadas aos leigos tais como: família,
política, economia, cultura, etc. Logo, não apenas dizia no subtítulo que o livro se destinava
também aos leigos, mas o mundo dos leigos de fato entrou no conteúdo do seu manual. Isso
não aconteceu, por exemplo, com o livro de Teodoro da Torre del Greco, que dedicou o seu
compêndio “ao clero em geral e aos leigos”, mas ao desenvolver os assuntos utilizou um
esquema parecido ao de São Tomás.
O Concílio Vaticano II confirmou a preocupação de B. Haring em apontar também os
leigos como destinatários da teologia moral. Chegou-se, então, à conclusão de que a teologia
moral é útil a todo batizado que pretende viver conforme o Evangelho de Jesus Cristo e
construir o Reino de Deus. E os padres conciliares afirmaram que a teologia moral pós-
conciliar precisava evidenciar “a sublimidade da vocação dos fiéis em Cristo e sua obrigação
de produzir frutos na caridade, para a vida do mundo” (OPTATAM TOTIUS, n.16). Deste
modo, praticamente quase todos os manuais de teologia moral que foram publicados depois
do Concílio Vaticano II, têm como destinatários todo o Povo de Deus.
A ampliação dos destinatários do conteúdo da moral cristã fez com que a teologia
moral se tornasse marcada por uma dimensão mais querigmática (anúncio-evangelização) e
mais pastoral (práxis de fé). Hoje em dia já ninguém estranha vendo os leigos estudando
teologia junto com as pessoas de vida consagrada ou com os seminaristas. E é possível ver,
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não raramente, nos institutos de teologia leigos prestando o seu serviço de qualidade como
docentes (cf. CNBB, doc. 45, 1986, n.110).
Esse feedback é muito importante. E, para clarear mais, trazemos à baila o que diz
Arrupe sobre a enculturação. Para ele, inculturação
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VERITATIS SPLENDOR, n.106-107). O mundo hodierno necessita de uma moral missionária.
A teologia moral precisa ser sensível à problemática da inculturação.
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e a
Atividade 1.1.
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UNIDADE 2
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as divisões de hoje: Dogmática, Fundamental, Moral, etc. Eram tratados mais abrangentes e
interligados. Daí, não conseguirmos identificar nenhum tratado sistemático de teologia moral
nessa época. A Moral aparece dentro do anúncio da Boa Nova, comentada e aplicada à vida
cristã.
Como característica, podemos dizer que a teologia dos Padres é substancialmente uma
teologia da perfeição, que indica o caminho das virtudes, sobretudo a caridade, como meio
para se chegar ao fim. É uma teologia inspirada em primeiro lugar nas Escrituras, mas
aproveita também dos grandes sistemas morais do estoicismo e platonismo, dando-lhes uma
coloração evangélica. Em geral, os ensinamentos dos Padres estão inseridos no quadro
litúrgico, apresentados, particularmente, nas homilias e nas catequeses, deixando, portanto,
aos indivíduos a tarefa de aplicarem as leis gerais aos casos particulares. Os papas e os bispos,
no século V e VI continuam seus esforços, seja para converterem os pagãos, seja, sobretudo,
para instruir em profundidade os cristãos (GERARDI, 2003).
Período que vai do século VI ao XI, e é tido como um período de decadência geral em
termos religiosos, culturais e sociais. A invasão dos bárbaros fez com que a sociedade romana
se desarticulasse totalmente. Os penitenciais se propagaram entre os séculos VI a XI. Eram
livros essencialmente práticos, sem uma teologia explícita, destinados exclusivamente aos
confessores: apresentam uma lista de pecados com as respectivas penitências.
Existiram muitos Penitenciais e todos apresentavam basicamente o mesmo esquema
bastante jurídico e formal. A cada pecado uma penitência precisa (orações, vigílias,
mortificações corporais, jejuns, abstinências de diversos tipos, esmolas), de acordo com uma
casuística particular que levava em conta as circunstâncias das ações e qualidade do penitente
(clérigo, monge, leigo, homem, mulher).
A duração dessas penitências podia ser de um dia, semanas, meses ou anos. As penas
impostas a cada pecado se somavam e assim, segundo o número e a gravidade podiam
ultrapassar a duração da vida. Por isso mesmo esses livros continham também tabelas
relativas às comutações, compensações ou redenções das penas longas por outras mais
breves e mais rígidas.
Estas penitências, chamadas “tarifas”, eram indicadas em volumes para uso dos
confessores chamados “Livros Penitenciais”. A história destes livros é muito complexa e seus
autores foram os monges e confessores zelosos que estabeleceram tarifas que lhes pareciam
as melhores e foram elaborando listas de culpas de acordo com o que escutavam dos seus
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fiéis. Os especialistas distinguem diversas “famílias” de livros penitenciais: bretões e
irlandeses até a metade do século VII e anglo-saxões e continentais da metade do século VII
até o início do século IX. O último penitencial propriamente dito foi elaborado pelo bispo de
Worms (965-1025), intitulado Corrector sive medicus (GERARDI, 2003).
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ser aprovado pela reta razão e deve possuir as condições necessárias segundo a sua causa
eficiente, o seu objeto, o seu fim, a sua forma, as circunstâncias de tempo e de lugar. Livre
ato da vontade, que persegue o seu fim último, que para ser meritório deve ser informado da
caridade e enfim aceito por Deus.
O pecado é um ato voluntário com o qual o homem se afasta do próprio fim último,
rejeitando cumprir aquilo que lhe impõe a vontade de Deus. E como esta é sinônimo de amor,
o pecado é um desvio do amor. A lei se apresenta como um imperativo. O critério de justiça
para o homem é, definitivamente, aquele da fé: isto é, não fazer outra coisa a não ser aquilo
que Deus mostra concretamente querer que o homem faça, momento a momento.
Inicia-se assim, uma virada na formulação moral: a moralidade não radica na ordem
natural e, por conseguinte na inteligência, mas predominantemente na ordem querida por
Deus e, portanto, na vontade. A manifestação privilegiada da moral vai ser o Decálogo,
enquanto revelação positiva da ordem livre querida por Deus. Scoto, como toda a escola
franciscana, distingue os primeiros três mandamentos, ligados a Deus, como uma relação
essencial e necessária, dos outros sete, que propõem os meios úteis para se chegar ao fim.
Refletir-se-á mais sobre esta orientação no nominalismo, de Guilherme de Ockhan, no século
XIV (GERARDI, 2003).
- Guilherme de Ockham (1280-1349): Sua reflexão é a mais clara manifestação
da grave crise conhecida pelo pensamento ético cristão. Ele, de fato, põe em discussão os
pressupostos fundamentais da escolástica medieval: a harmonia entre fé e razão, a relação
entre graça e liberdade e a possibilidade da razão afrontar e resolver os grandes problemas
da metafísica e da antropologia.
Com ele teve início o “espírito laico”, já que com sua doutrina e vida afirmava de modo
incipiente os ideais da dignidade de cada homem, da potência criativa do indivíduo, da cultura
que se expande, ideias que o Renascimento acolherá e desenvolverá.
A moral, segundo ele, concretiza-se na obrigação e, portanto, no exercício da vontade
livre pela prática dos mandamentos. A norma do nosso agir é somente a vontade de Deus,
que estabelece o bem e o mal. O homem, com sua própria razão, não pode descobrir os
motivos da ordem moral estabelecida por Deus, a menos que o próprio Deus lhe revele.
A vontade de Deus, que fundamenta a obrigação, se manifesta com a lei moral, a qual
o homem, livre e, portanto, responsável, pode obedecer ou desobedecer. Sem a liberdade
não pode haver ações louváveis ou reprováveis. O homem tem a liberdade de fazer assim ou
de fazer o contrário.
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A alternativa moral está entre escutar e acatar os mandamentos de Deus ou, ao
contrário, assumir os objetivos decisivos da própria vontade como critério do agir. A moral
está sempre ligada à religião, ou melhor, à fé. Nós conhecemos a vontade de Deus, isto é, a
lei, em primeiro lugar, através da revelação e depois com a reta
razão, de onde provém o sentimento de que certas ações são
ordenadas ou então proibidas. A reta razão se impõe diretamente
ao homem, e os seus preceitos se impõem a priori, assim sendo,
devemos cumprir aquilo que foi ordenado pela reta razão porque
foi ordenado. Se pode então afirmar que a moral de Ockham é
positiva e legalista, antes de tudo é preciso estar certo que a lei
existe, e a moralidade consiste em obedecer a lei (GERARDI,
2003).
Fonte: http://migre.me/jfeAW
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A beatitude última constitui o princípio necessário e imutável que serve de norma para
cada ação concreta e unifica a elaboração de uma verdadeira ciência voltada para a ação.
Todo o resto ganha sentido e valor no seu referimento ao fim. É o fim que dá aos atos a sua
especificação seja como atos morais seja como atos humanos.
Para Santo Tomás, o homem deve realizar a sua própria vocação na história e no
mundo, corresponsável com Deus e com os outros na atuação de um desígnio fundamental
que se realiza no tempo, mas que transcende o tempo. Como toda a natureza, o homem tem
um fim que corresponde ao seu bem, porque Deus criando-o o quis assim, e, portanto, ele é
modelado segundo uma ideia divina que forçosamente deve ser realizada através de sua livre
atividade. O projeto deste plano é a Lei Eterna de Deus, na qual participa o homem. A Lei
Eterna é o plano racional de Deus, ordem do universo inteiro, através da qual a sabedoria
divina dirige todas as coisas ao seu fim. O homem, como criatura racional é partícipe do plano
da Providência divina.
Logo, a participação é uma categoria fundamental no discurso ético tomista. É ela que
desenvolve os momentos mais originais e novos. A necessidade de uma igual participação
decide a natureza, dado que o homem não se insere no plano de Deus de maneira somente
executiva; ele deve participar de modo tal que as obras realizadas por ele não sejam somente
conformes à Lei Eterna, mas brotem livremente de sua orientação interior para o bem. Esta
participação se realiza em dois momentos: na lei natural e na lei do Espírito.
A primeira e mais fundamental participação na Lei Eterna é dada pela Lei Natural (Lex
naturalis), em força da qual a pessoa humana toma consciência da sua própria vocação
radical. Essa é o sinal do próprio Deus em nós, cheio de promessas e responsabilidades; não
é imposta de fora, mas procede do mais profundo da natureza humana: “A criatura racional
participa da lei eterna mediante o intelecto e a razão, por isso, esta participação se chama lei
em senso próprio” (STh I-II, q 91, a.2, ad 3). O núcleo essencial da lei natural é o preceito
pelo qual “se deve fazer o bem e evitar o mal”.
A segunda participação se dá no dom do Espírito Santo (Lex Spiritus), em força da
qual o homem pode eficazmente tender à plena realização do plano de Deus. A “lei nova do
Evangelho” é uma lei interior, infusa no coração do fiel e tem como elemento principal a graça
do Espírito Santo, que é dada aos fiéis de Cristo. Esta presença do Espírito é luz, mas também
força que permite ao homem realizar aquilo que o Espírito lhe revela: a sua vocação.
Em virtude desta dupla participação, o homem torna capaz de cooperar pessoalmente
no projeto de Deus. Esta capacidade se realiza no juízo da consciência, participação da
verdade humana na verdade divina, do conhecimento humano no conhecimento divino.
A consciência é a terceira categoria fundamental da reflexão ética tomista. A dignidade
da consciência provém do fato que ela é um elemento insubstituível para contribuição da
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pessoa humana na realização do plano de Deus. Em síntese, o homem encontra as regras do
agir moral na sua própria natureza racional, como pessoa, como membro de uma família e
como cidadão de um Estado, já que é um ser social (GERARDI, 2003).
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O pensamento moral em época moderna aparece necessariamente marcado pelo
projeto fundamental de buscar para a moral um fundamento diferente e mais seguro com
respeito àquele que vinha sendo ofertado pela autoridade e pelo costume. Mas o projeto dos
filósofos, de elaborar uma doutrina moral emancipada dos referimentos suspeitos da parte da
autoridade e do costume não obteve êxito positivo. E a filosofia do período tardio moderno,
sucessivo a Kant, ao final abandonou a questão moral. No âmbito da teologia moral, a questão
mais importante é aquela da consciência certa e, portanto, como transformá-la de tal modo
para poder agir retamente (GERARDI, 2003).
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Hirscher (1788-1865), foi discípulo de Sailer, e aprofundou sua obra e ação,
dedicando-se, sobretudo, ao renovamento da catequese. A moral cristã de Hirscher tem como
ideia central o desenvolvimento do Reino de Deus na história e no homem, não só através da
fé, mas também através do comportamento: “Moral cristã como doutrina da realização do
Reino de Deus na humanidade”, diz o título da sua obra.
Contribuíram ainda outros autores: Joseph Ambrosius Stapf, Martin Deutinger, Magnus
Jocham, Bernhard Fuchs, Karl Werner, Franz Xavier von Linsenmann e Aton Koch
Outro importante movimento do século XIX foi caracterizado pela vontade da teologia
moral retomar o discurso teológico tomista, superando o nível casuístico da moral
manualística através de um vigoroso esforço de reflexão teorética. A busca de superação da
casuística seguirá na direção teológico-dogmática e psicológico-dinâmica.
Alguém pode ter rompido uma norma jurídica, e, no entanto, o seu ato estar em
consonância com a exigência ética. Alguém pode incorrer em uma falta jurídica e moral e,
apesar disso, confiar na misericórdia de Deus, que é maior que o pecado. É necessário saber
conjugar a dimensão especificamente ética com as dimensões jurídica e espiritual, guardando
as respectivas proporções. O elemento moral serve de mediação entre o elemento legal e o
teologal. A autonomia da consciência passa a ser uma categoria central desse tipo de moral
renovada pós-conciliar.
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2.
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UNIDADE 3
Fonte: http://migre.me/jzvKL
Entretanto, a Palavra de Deus, através do Espírito Santo, possui uma “força vital” de
realização daquilo que ela diz com referência à conduta moral. “Sede santos, porque eu, o
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Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). “Sede, portanto, perfeitos como vosso Pai celeste
é perfeito” (Mt 5,48).
O cristão deve buscar entender a Palavra de Deus, através da racionalidade ética e
chegar a uma solução concreta para as várias situações com a qual ele ou a humanidade se
depara.
Se antes do Vaticano II os leigos quase não tinham acesso à Bíblia, depois do mesmo
passou a ter um grande incentivo. As paróquias e dioceses começaram a fazer suas reflexões
mais numa linha bíblico-teológica.
A religião cristã é uma das chamadas "religiões de livro", as quais têm em algum tipo
de Escritura, algo assim como uma carta fundamental. Não obstante, por diferentes
circunstâncias históricas, nos séculos passados, e até o próprio Vaticano II, tal fato quase foi
negado. Diríamos que a Bíblia estava como que sequestrada do povo cristão. Raramente era
usada. Não se inculcava sua leitura e meditação. Durante os séculos em que se manteve
obrigatoriamente a Bíblia em latim e se proibia sua tradução em língua popular, a leitura
individual era desencorajada, por medo das interpretações "livres" e não assessoradas. O
Magistério eclesiástico ocupava na vida consciente da igreja lugar de maior envergadura que
a própria Palavra de Deus. O afã e a veneração da Bíblia entre os católicos eram coisas
"suspeitas" de "protestantismo".
Desde os fins do século XVIII, especialmente no século XIX e atualmente, os estudos
bíblicos deram uma autêntica virada à visão que temos da Bíblia, ao seu conhecimento
científico, à sua hermenêutica, à sua interpretação. Conhecemos hoje os gêneros literários,
a redação em suas diferentes formas e substratos relacionais, as implicações e os influxos
sociais, as línguas antigas, o ambiente histórico concreto, até detalhes inimagináveis, e isto
apenas há uns decênios.
Apesar disso, numerosos cristãos ainda continuam lendo a Bíblia como se nada tivesse
mudado, da mesma maneira como ela foi lida na Idade Média, mediante uma interpretação
literal, fundamentalista, "maravilhosista", ou como um prontuário de citações com a finalidade
de interpretar e de ensinar arbitrariamente.
Noentanto, vários textos conciliares destacam a importância que a Palavra de Deus
deve ter na vida eclesial. Afirmam que ela deve embeber a teologia, a pregação, a catequese,
a homilia, a oração comunitária e pessoal. O Concílio recomenda isto a todos os cristãos de
modo insistente, e ainda que se deve cuidar para não ter uma interpretação fundamentalista
da mensagem bíblica, sem ter em conta a roupagem cultural e toda a realidade em que a
mesma foi escrita.
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3.2 O ser humano criado como imagem de Deus e a sua responsabilidade
moral
É um dom que vem de Deus para o homem compreender que tudo veio Dele, do seu
modo de agir e das suas manifestações, e ao mesmo tempo, desse amor é que vem a
responsabilidade da humanidade em viver conforme os Seus projetos.
Esse Deus é “transcendente” e
não faz parte do mundo. Mas a
humanidade não existe sem o seu
Criador, e é moldada segundo as
intervenções divinas, portanto
dependemos radicalmente Dele. O
ser humano deve respeitar as
estruturas e características divinas.
Fonte: http://migre.me/jzHdR
Segundo a Pontifícia Comissão Bíblica, o homem é “imagem” de Deus por causa, ao
menos, de seis características:
1. A racionalidade, isto é, a capacidade e a obrigação de conhecer e de
compreender o mundo criado.
2. A liberdade, que implica a capacidade e o dever de decidir e a
responsabilidade pelas decisões tomadas (cf. Gn 2).
3. Uma posição de comando, porém de modo algum absoluto, e sim sob o
domínio de Deus.
4. A capacidade de agir em conformidade com Aquele do qual a pessoa
humana é imagem, ou seja, de imitar Deus.
5. A dignidade de ser uma pessoa, um ser ‘relacional’, capaz de ter relações
pessoais com Deus e com os outros seres humanos (cf. Gn 2).
6. A santidade da vida humana (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009, 08).
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Decálogo - Todo povo que se preze tem uma Constituição, e no caso de Israel isso
não é diferente. As “dez palavras”, mostram as leis fundamentais do Sinai.
Sapiencial - Grande parte dos livros foram escritos em linguagem poética, usando
metáforas, que têm por objetivo elevar o pensamento até a sabedoria de Deus Criador.
A parte da Bíblia na qual se fala mais de Deus Criador é uma série de salmos,
por exemplo: Sl 8; 19; 139; 145; 148. Os salmos manifestam uma
compreensão soteriológica da criação, porque veem uma ligação entre a
atividade de Deus na criação e a sua atividade na história da salvação. Eles
descrevem a criação não em linguagem científica, mas simbólica; não
apresentam nem mesmo reflexões pré-científicas sobre o mundo, mas
exprimem o louvor ao Criador da parte de Israel [...]Ser criatura de Deus, ter
recebido tudo da parte de Deus, ser essencial e intimamente um dom de
Deus, isso é o dado fundamental da existência humana e, portanto, também
do agir humano (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009, 09-10).
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A caminhada religiosa de Israel se concretiza através de quatro passos fundamentais
e bastante perceptíveis, todos relacionados a presença dinâmica de Deus em meio ao seu
povo. Ele acompanha, liberta, dá e reúne (recolhe) o seu povo:
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- Experiências e sinais de Deus: Os trovões, os relâmpagos, a nuvem, a trombeta
são os instrumentos ou sinais externos através dos quais a Bíblia descreve a presença de
Javé. Através destes fenômenos naturais o povo experimenta a presença de Deus. O encontro
pessoal com Deus, que é vivo e fala, é algo fundamental da Aliança (cf. Ex 19,16-25).
Javé é um Deus “vivo”, único e muito diferente das divindades elaboradas por mãos
humanas, de madeira, de metal ou de ouro. Está presente em todos os acontecimentos do
povo de Israel, principalmente com o pobre, injustiçado e oprimido.
A relação que existe entre ambas as partes, Deus e o seu povo, é única. É uma relação
fundada sobre valores, como por exemplo, respeito à vida, adoração e amor. E tudo acontece
não somente de forma individual, mas também comunitária. É grande a repercussão social
da Aliança, transformando a própria cultura do povo escolhido.
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por Deus aos israelitas: Israel, beneficiário da bênção divina, não é o proprietário absoluto da
terra, mas é seu usufrutuário (cf. Dt 6,10-11). Por isso, a realização da justiça social aparece
como a resposta de fé de Israel ao dom de Deus (cf. Dt 15,1-11): a lei regula o uso do dom
e recorda a soberania de Deus sobre a terra” (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009, 33).
- O estrangeiro: A Bíblia hebraica utiliza um vocabulário diferenciado para falar do
estrangeiro. E a Lei da Santidade busca integrar os estrangeiros cada vez mais na comunidade
dos filhos de Israel.
- O culto e a ética: Os profetas são os primeiros que buscaram unir a religião, culto
prestado a Deus e o respeito do direito e da justiça, como por exemplo, Amós (cf. Am 5,21),
Isaías (cf. Is 1,10-20).
O povo de Israel buscava construir uma sociedade diferente, assim como nos nossos
dias devemos transformar a partir da Palavra de Deus as situações injustas que escravizam e
matam no nosso país e continente latino-americano milhares de pessoas.
Segundo Moser e Leers, “um dos méritos do esquema renovado, isto é, a teologia
moral renovada à luz do Vaticano II, no seu desejo de voltar às fontes, foi o de colocar
novamente em evidência a Aliança como categoria básica não só para a moral bíblica, mas
simplesmente para qualquer Teologia Moral” (MOSER e LEERS, 1988, p. 99).
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Em Êxodo 20,1-21 temos os Dez Mandamentos. Em cada mandamento podemos fazer
uma reflexão moral bem aprofundada, e traduzindo para a nossa realidade não perdemos
nada, aliás, ganhamos muito, porque são fonte de transformação.
Embora tenha muitos “nãos”, os mandamentos querem dizer “sins” à vida em todas
as suas fases desde a concepção até a morte natural e ao amor.
As Dez Palavras Sagradas devem ser vistas como conclusão do projeto da Aliança:
“Vocês são meu Povo e eu sou o vosso Deus” (Ex 19,5; Lev 26,12). A iniciativa amorosa, livre
e gratuita sempre é de Deus, mas que pede sempre uma resposta humana em cada situação
da vida em que o ser humano ou a pessoa se encontra.
No Antigo Testamento, já no livro do Gênesis, encontramos a narrativa da Aliança que
Deus faz com Noé (Gn 9,1-17) e, depois com Abraão (Gn 15; 17), mas é a Aliança narrada
no livro do Êxodo que marca a história do povo na sua busca da fidelidade e exclusividade na
relação com Deus (Ex 19-20).
Atualmente, toda reflexão referente à teologia moral bíblica tem sido feita na
perspectiva da Aliança que tem seu ápice em Jesus Cristo, “Nova e Eterna Aliança”.
Até o presente da exposição sobre moral e Sagrada Escritura foi refletida a questão
da Aliança no A.T., porém, o N.T. é muito mais central. O cristão como seguidor de Jesus
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Cristo e a dimensão do Reino de Deus, constitui a base fundamental da pessoa humana para
as normas de uma boa conduta e consequentemente para uma postura moral/ética.
A Ética cristã baseia-se na dinâmica do Evangelho, onde encontramos o Mistério Pascal
da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Qualquer pessoa cristã ou não cristã,
assim como os moralistas, concorda com essa premissa. “Determinante e fundamental para
o relacionamento entre Deus e o povo de Israel e
todos os seres humanos é no Novo Testamento a
pessoa de Jesus, sua obra e seu destino. [...] Nos
principais escritos do Novo Testamento se
manifesta esse dom que Deus fez no seu Filho,
Jesus Cristo, e quais são as orientações para a
vida moral que daí derivam” (PONTIFÍCIA
COMISSÃO BÍBLICA, 2009, n.41).
Fonte: http://migre.me/jzFVT
Devemos entender que o evangelho foi escrito em um lugar e período bem diferentes
da nossa realidade latino-americana e vários aspectos ou categorias devem ser adaptadas
conforme a realidade social, econômica, política e cultural. Exemplo: as normas familiares de
Ef 5,22-23 ou as prescrições de 1 Cor 11,2-16.
A ética cristã fundamenta-se na fraternidade, na comunidade, na escatologia, no
seguimento a Jesus Cristo, no dom e na força do Espírito, na implantação do Reino de Deus.
Esses aspectos possuem pontos de vista diferentes e podem ser variados como justificados,
mas nenhum pode ser absoluto, e todos eles refletem conceitos fundamentais do A.T. ou N.T.
É uma moral que emana da história da salvação destacando principalmente os momentos de
kairós (graça).
A realidade do “Reino de Deus” foi a preocupação central em toda a vida de Jesus. A
instalação do Reino de Deus em meio à humanidade é dom e, ao mesmo tempo, tarefa de
transformação do mundo (cf. Mt 13,44-46).
Muitos ditos e ações de Jesus, como as curas e os exorcismos mostram o Reino de
Deus presente, certo, realizado no mundo temporal: “Se eu, no entanto, expulso os demônios
pelo Espírito de Deus, é porque já chegou até vós o reino de Deus” (Mt 12,28; Lc 11,20) ou
“O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: Está aqui ou está ali, pois
o Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 20-21); assim como outros ditos, outras ações
apontam para o Reino no futuro como, por exemplo, no pedido da oração do Senhor: “venha
a nós o vosso Reino” ou as bem-aventuranças que também apontam o Reino como uma
realidade futura.
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Nesse sentido se manifestam aspectos para uma vida moral cristã. O Reino de Deus
que se instala no seio da humanidade e que aos poucos vai orientando a história no caminho
da justiça, do bem e da fraternidade. Ele determina o presente da humanidade. Temos assim
a dimensão escatológica da vida e da ética cristã. Surge o “tempo intermediário”, tempo de
avaliação e da busca cada vez mais aprimorada da ética cristã. É a tensão do “já, mas, ainda
não”. Aquele desejo profundo de que o Reino de Deus aconteça. Aquilo que foi realizado e o
que está para acontecer (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009).
Jesus não só proclama a proximidade do reino de Deus (Mt 4,17) mas ensina
também a pedir “venha o teu reino” e “seja feita a tua vontade, como no
céu, assim também na terra” (Mt 6,10). Tal anseio de que Deus venha e que
a realidade humana seja formada pela vontade de Deus manifesta também
a base estritamente teológica da ética cristã, dimensão que ressoa em toda
a tradição bíblica: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”
(Lv 19,2) (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009, 43).
São Paulo também nos fala de um modo muito claro, sobre a tensão entre o “já” e o
“ainda não” o indicativo e o imperativo. Para Paulo, o imperativo moral está enraizado e
baseado num indicativo: na doação de Deus em Cristo, sacramentalizada, sobretudo no
Batismo (cf. Rm 6,1-14). É precisamente neste misterioso acontecimento sacramental que
está radicado para São Paulo o imperativo moral. A formulação áurea desta realidade está
expressa em Gal 5,25: “Se vivemos pelo Espírito, caminhemos segundo o Espírito”.
Numa visão bíblica neotestamentária, o princípio da moral cristã é a transformação
que acontece a partir do Espírito. A lei cristã é a lei do Espírito, que deve iluminar, santificar
e fortalecer todo e cada cristão.
Esses aspectos gerais da moral bíblica da “história da salvação” e do “kairós” nos faz
analisar também os “sinais dos tempos”, uma vez que a moral cristã é também uma moral
dos sinais dos tempos. Os momentos históricos atuais, assim como os passados, devem ser
analisados através do Evangelho. Temos assim uma Igreja atualizada que busca ler,
interpretar e em atitude de vigilância propor uma moral não centrada em si mesma, mas
aberta a todos os sinais.
A ética cristã do A.T. tem suas bases no Decálogo, que por sua vez, retrata a Aliança
do povo de Israel feita com o seu Deus, único Senhor. Não podemos separar a moral cristã
da Aliança feita no Antigo Testamento. É uma moral quem sabe diferente daquela que
imaginamos ou que aprendemos. Ela se dá de forma dialogal, baseada na iniciativa amorosa
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de Deus e na resposta responsável e fiel do homem. Essa relação não se dá de forma
imperativa, mas em forma de doação, de entrega.
A respeito do casal:
Dica de Aprofundamento
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2. Contraposição: a Bíblia toma posição de modo muito claro para combater os
contravalores presentes em certas normas ou costumes praticados por sociedades, grupos ou
indivíduos.
3. Progressão: a Bíblia atesta uma progressiva consciência sobre certos pontos da
moralidade, antes de tudo no próprio interior do Antigo Testamento, e após, no Novo
Testamento tomando como base o ensinamento e a vida de Jesus. Todo o sermão de Jesus
aponta para uma justiça maior, que leva a cumprimento a intenção e o espírito da Torá (cf.
Mt 5,17) mediante uma mais profunda interioridade, mediante a integridade de pensamento
e ação e mediante uma ação moral mais exigente.
4. Dimensão comunitária: a Bíblia acentua fortemente o alcance coletivo de toda a
moral. A dimensão comunitária nos faz pensar automaticamente no “amor fraterno” (agápê).
Jesus aperfeiçoa as perspectivas essencialmente coletivas da moral do Decálogo; mas
também os preceitos que concernem à pessoa e levam em definitivo a construir a
comunidade; o próprio sofrimento suportado “por causa dele” é fator de coesão comunitária
(Mt 5,11-12).
5. Finalidade: fundando a “esperança” no além sobre a expectativa do Reino (Antigo
Testamento) e sobre o mistério pascal (Novo Testamento), a Bíblia fornece ao ser humano
uma motivação insubstituível para tender para a perfeição moral. A “esperança” cristã é que
o Reino de Deus aconteça sempre mais em cada comunidade e em cada país. Jesus
acrescenta como motivação de base de todo o agir humano a esperança no além (Mt 5,3-10;
6,19-21).
6. Discernimento: enfim, a Bíblia enuncia princípios e oferece exemplos de
moralidade que não têm todos o mesmo valor: daqui a necessidade de uma abordagem
crítica. Ter “prudência” diante do discernimento de cada fato da vida fazendo um juízo moral
“objetivo” a partir de uma exegese bíblica e da
tradição da Igreja, e também subjetivo, guiado pelo
Espírito Santo e pela consciência. O cristão tem que
saber discernir. O discernimento é a faculdade
avaliativa do “kairós”.
Fonte: http://migre.me/jzwoC
A justificação divergente do sábado, em termos cultuais em um caso (Ex 20,8-11) e
em termos sócio-históricos no outro (Dt 5,12-15), abre a estrada a uma reflexão moral mais
rica e nuançada sobre o repouso dominical e sobre o tempo. De outro ponto de vista, a
invalidação do uso do divórcio (Mt 5,31-32), embora autorizado pela Torá, mostra bem a
distinção a ser feita entre as leis perenes e aquelas que estão ligadas a uma cultura, um
tempo, um espaço particular (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 2009).
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 3 e a
Atividade 3.1.
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UNIDADE 4
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No livro do Gênese está escrito que: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem
de Deus ele os criou, homem e mulher ele os criou”. A pessoa é criada à imagem e semelhança
por um Deus que é Criador de todas as coisas, não somente do humano, mas de tudo.
Isto é evidenciado pela carta de São Paulo aos Colossenses quando lemos que em
Cristo, “imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda criatura [...] foram criadas todas as
coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis” (Cl 1,15-16).
A imagem divina da vida está presente em todas as pessoas, por isso, ninguém tem
o direito de interferir na história pessoal de outrem, mesmo que seja das pessoas mais
próximas. A pessoa humana, dotada de alma espiritual e imortal, é a única criatura que “Deus
quis por si mesma” (GAUDIUM ET SPES, n.24). Desde a concepção é destinada, chamada
pela Trindade para a luz eterna, para a Salvação. Ela participa da luz divina, da luz do Criador.
Naturalmente ela tende para o bem, para
o amor através da força do Espírito de
Deus. Percebemos, nas culturas mais
diferentes, sinais do sagrado, do alto, de
Deus. E quem vai ao encontro do bem, vai
ao encontro da vida.
Fonte: http://migre.me/jhG7x
Podemos assim dizer que a única coisa que nos afasta de Deus é o “pecado”. Quanto
mais uma alma é de Deus, mais a consciência vai lhe mostrar o que vem de Deus e o que
não vem de Deus, buscando assim, o caminho da santidade (cf. CICat., n.1699-1708).
Quem crê em Cristo torna-se filho de Deus. Esta adoção filial o transforma,
propiciando-lhe seguir o exemplo de Cristo. Torna-se capaz de agir retamente
e de praticar o bem. Em união com o seu Salvador, o discípulo alcança a
perfeição da caridade, a santidade. Amadurecida na graça, a vida moral
desabrocha em vida eterna na glória do céu (CICat., n.1709).
O homem, porém, não pode voltar-se para o bem a não ser livremente. Os
nossos contemporâneos exaltam e defendem com ardor esta liberdade. E de
fato com razão. Contudo, eles a fomentam muitas vezes de maneira viciada,
como uma licença de fazer tudo o que agrada, mesmo o mal. A verdadeira
liberdade, porém, é um sinal eminente da imagem de Deus no homem
(GAUDIUM ET SPES, n.17).
Vemos então que São Paulo aceita que se pode chegar à vontade de Deus
independente do dado revelado e que existe uma capacidade inata, que não depende dos
conhecimentos advindos da revelação.
A lei natural é a experiência e a reflexão moral da humanidade sobre si mesma, sobre
a vocação e o significado da experiência humana. Por isso, pode-se dizer que a lei natural se
expressa num ethos cultural mutável, mas ao mesmo tempo enquanto participação na lei
eterna da vontade de Deus é imutável.
O Concílio Ecumênico Vaticano II, ao tratar deste assunto, exorta:
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Desta sua lei, Deus torna o homem participante, de modo que este, segundo
a suave disposição da divina providência, possa conhecer cada vez mais a
verdade imutável (DIGNITATIS HUMANAE, n.3).
Deste modo, aproveitando os ensinamentos de São João Paulo II, queremos dizer
que: “perante tal interpretação ocorre considerar atentamente a reta relação que existe entre
a liberdade e a natureza humana (VERITATIS SPLENDOR, n.48).
Certamente, a lei natural é de direito acessível à razão humana, comum a todos,
portanto não é exclusividade da Igreja ou de alguns; mas o Magistério da Igreja através
também da Bíblia interpreta e assume a lei natural.
O Catecismo da Igreja Católica (1992) e a Encíclica Veritatis Splendor (1993) nos
mostram dentro da ética cristã um lugar central quanto à lei natural e sobrenatural.
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inteligência quanto para o discernimento e a decisão. Ela está muito ligada à liberdade e à
vontade; tende a levar as pessoas a ser sujeitos e não objetos. Ela se fundamenta na razão
e no bom julgamento.
A palavra consciência costuma ter sentidos muito diversos. Em grandes linhas, ela
pode ter um sentido mais psicológico e um sentido estritamente moral. Na prática, nem
sempre dá para distinguir, pois a pessoa é um todo no qual as diferentes dimensões
costumam agir conjuntamente ou integralmente.
No entanto, em qualquer um destes sentidos, a consciência não escapa de todo um
conjunto de condicionamentos, bem como da tentativa constante de manipulação. Mesmo
assim, notamos que ela tende a ser uma instância aberta e dinâmica, capaz de colocar o ser
humano em ligação com a própria transcendência, ou seja, Deus. (AGOSTINI, 2004).
- Os condicionamentos: Na verdade, atualmente muitas são as situações, os fatores
e as realidades que incidem na vida das pessoas, condicionando-as a tomarem certas
decisões, mesmo que elas não queiram. Essas influências em algumas pessoas são muito
fortes e profundas nas suas vidas, por isso é muito importante, para a nossa reflexão,
enumerar as principais e assim aprofundarmos o nosso conhecimento.
Vejamos alguns deles, descritos por Agostini:
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controlando os mais diferentes campos da sociedade (educação, meios de
comunicação, economia, política, etc.) (AGOSTINI, 2004, 132-133).
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uso da linguagem e do conhecimento. Pode chegar a ter o poder de “configurar” o indivíduo,
definindo e controlando o seu mundo social.
Permanece, no entanto, uma relação dialética, na qual o ser humano e seu mundo
social atuam em mão dupla, ou seja, atuam reciprocamente um sobre o outro. Mesmo assim,
damo-nos conta que a intenção entre ambos não anula a autonomia e o poder do mundo
social. Este vai além do plano individual e atua poderosamente sobre os indivíduos. Estes não
fazem exatamente o que querem; fazem suas escolhas reais dentro dos limites das condições
sociais.
Imagine, agora, tudo isso dentro do atual processo de globalização, ou seja, na
formação deste “mundo-como-um-todo”. Falamos de transnacionalização, organizações
multilaterais, práticas neoliberais, sistema global... Amplia-se a percepção dos fenômenos e
captamos que muito do que faz parte do sistema global não foi sequer gestado em processos
intrassociais; “caiu de paraquedas” sobre nossas cabeças, diríamos nós. Percebemos que o
processo de transnacionalização, hoje em curso, nem sequer toma em conta o Estado-nação;
quer, sim, ele não “se meta” na economia, por exemplo, e que seja o mercado que decida
tudo. Além disso, diminui a importância das forças sociais internas, já que cada vez mais
tudo é comandado a partir “de fora”. Basta ver como a sociedade civil organizada
(associações, sindicatos, partidos, etc.) vai perdendo terreno.
As estruturas mundiais de poder tendem a ser criadas dentro do esquema acima. Nada
mais é independente; todo este inter-relacionado, tanto no plano econômico quanto no plano
político, legal, militar e cultural. Cresce a interdependência, reduzindo a capacidade
“regulatória” do Estado moderno. Os sistemas políticos nacionais já não conseguem tomar as
decisões de maneira autônoma. Criam-se cadeias de decisões e de atuações políticas inter-
relacionadas, influindo nos sistemas políticos nacionais. Redesenham-se as identidades
culturais e políticas, diminuindo a representatividade do Estado-nação.
Se é forte a presença das multinacionais na indústria hoje e na economia em geral,
cada vez mais forte é seu controle na mídia, não só como donos dos meios de comunicação
e informação, mas como detentores do poder de selecionar e interpretar os fatos, formando
e conformando as mentes e os corações com sofisticada tecnologia de persuasão. Basta um
pouco de atenção para perceber como a publicidade incita ao consumo desenfreado e até
compulsivo, numa “indústria cultural”, gerada mais pela imagem do que pela palavra. A
cultura da imagem transforma a realidade social, econômica, política e cultural, em todas as
esferas, em realidade virtual. As técnicas do marketing influem fortemente sobre a capacidade
de o cidadão decidir. As tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas redimensionam o
nosso sentido de realidade e as nações de espaço e tempo; por exemplo, em segundos, nem
isso, nos comunicamos via internet do outro lado do planeta, etc. (AGOSTINI, 2004).
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4.4.3 Formação para o discernimento ou indispensável discernimento moral
A consciência reflete os sentidos afetivos, mais os especificamente morais. Ela
acompanha a pessoa no seu processo humano formativo, na descoberta das potencialidades
e na abertura para o transcendente, ainda que, como já dissemos, seja também ela marcada
por condicionamentos, por manipulações e pela força das grandes estruturas sociais.
Na intimidade da consciência o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si
mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e fazer o bem
e a evitar o mal, no momento oportuno a voz dessa lei soa aos ouvidos do
coração. [...] É uma lei intrínseca por Deus no coração do homem... A
consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem onde ele está
sozinho com Deus e onde ressoa uma voz (GAUDIUM ET SPES, n.16).
Quando bem formada, a consciência emite um juízo prudente. Isto significa que ela
vai dotando a pessoa da capacidade de escolher o bem e de identificar a verdade; é, por isso,
reta e verídica. Assume o que é bom, justo e belo. Além disso, identifica os caminhos (meios)
correspondentes e as ações concretas que se apresentam como justas e apropriadas.
Estabelece com clareza a responsabilidade face aos atos praticados, às atitudes assumidas e
às opções escolhidas. A liberdade lhe é fundamental; esta é a condição das oportunas e/ou
necessárias decisões ou juízos pessoais morais.
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A partir da consciência, podemos afirmar que o ser humano é sujeito de si e, por isso,
distingue-se dos outros animais. Toma nas mãos a própria vida, estabelece as próprias
decisões e assume as próprias ações (MAJORANO, 1994).
Esta capacidade reflete no mundo a imagem e semelhança de Deus. Entendemos que
o divino toca o humano naquilo que ele tem de mais profundo, a consciência: aí está a sua
profundidade, a sua consistência e o seu dinamismo.
Incorpora-se, como elemento fundante, o esclarecimento da fé, que desvela a
realidade divino-humana, na qual a consciência está envolta, atravessando a pessoa por
inteiro, solicitando-a em todas as suas dimensões. Ela remete para o amor a Deus e ao
próximo como chamado fundamental para a pessoa de fé, no seguimento de Jesus Cristo, e
engaja os cristãos a se unirem uns aos outros na busca da verdade e na solução justa de
inúmeros problemas morais, seja em nível pessoal seja em nível social (GAUDIUM ET SPES,
n.16).
O Catecismo da Igreja Católica reconhece que, às vezes, há situações que tornam o
juízo moral menos seguro e a decisão difícil; aponta, entretanto, que se deve sempre procurar
o que é justo e bom e discernir a vontade de Deus, interpretando com esforço os dados da
experiência e os sinais dos tempos, graças à virtude da prudência, o testemunho e os
conselhos das pessoas e à ajuda do Espírito Santo por meio de seus dons (cf. CICat., n.1785).
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da consciência, a recusa da autoridade da Igreja e de seus ensinamentos, a
falta de conversão ou de caridade podem estar na origem dos desvios do
julgamento na conduta moral (CICat., 1792).
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renunciar a qualquer mobilização de si, para se jogar passiva e inteiramente ao poder da
graça”. O Magistério da Igreja Católica, repetidas vezes, tem denunciado os desvios dos
fideístas e dos tradicionalistas; igualmente, tem apontado os exageros dos racionalistas, que,
por sua vez, caem numa mentalidade positivista sem “qualquer alusão à visão metafísica e
moral” (FIDES ET RATIO, n.46), gerando o niilismo e propagando uma razão instrumental e
utilitarista.
O racionalismo nos faz lembrar o pelagianismo, que se traduz na afirmação e na
pretensão que o ser humano é capaz por si só de controlar o curso das coisas e dos
acontecimentos, não dependendo para isso de Deus; afirma-se, assim, uma autonomia
fechada e exclusiva, prescindindo da graça e negando o seu papel preponderante na
economia da salvação.
Como última indicação, sem querer esgotar esse assunto, aponta para possíveis
bloqueios da consciência, que paralisam seu despertar e crescimentos progressivos
(AGOSTINI, 1990, p. 205-207). Sabemos que a tendência normal é a consciência ir
amadurecendo, partindo do estágio ingênuo e primário até atingir o estágio maduro,
autônomo, crítico, capaz de discernimento e de juízos prudentes. Este não é o caso, por
exemplo, quando ela fica presa a uma visão mágica e/ou fatalista, ou quando assume uma
vertente fanatizada e/ou manipulada.
Estas situações se transformam em verdadeiros bloqueios da consciência, que
reduzem sua capacidade de emitir juízos críticos e prudentes, comprometendo o lastro
indispensável para o exercício da responsabilidade. Uma consciência mágica e/ou fatalista
costuma prender-se a uma visão ingênua e primária da realidade, captando apenas fatos
isolados, aos quais se submete a consciência, porque lhes atribui um poder superior que viria
do exterior e que a dominaria inexoravelmente; reage com resignação; cruza os braços;
sente-se vencida; “deixa como está para ver como é que fica”.
Uma consciência fanatizada e ou manipulada, mesmo num estagio pós-primário ou
até pré-crítico, sente-se inibida na sua capacidade criadora, pois está entregue a soluções
paliativas quer de puro assistencialismo tópico (de casos isolados), quer de radicalismo servil.
São bloqueios da consciência, capaz de levá-la a regredir, a deslizar em visões míopes,
distorcidas, sectárias, fundamentalistas, até enquadrá-las em verdadeiras cegueiras
ideológicas. Entendemos, então, as palavras de Paulo Freire, que comenta as distorções da
consciência nestes casos, com as seguintes palavras:
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do amor. Prejudica seu poder criador. É objeto e não sujeito (FREIRE, 1989,
p. 63).
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íntimo da alma, e sim [...] também a exprimam nas estruturas da vida secular
(LUMEN GENTIUM, n.35).
O Concílio Vaticano II foi claro ao afirmar que “o Povo santo de Deus participa do
múnus profético de Cristo, pela difusão do seu testemunho vivo, sobretudo através de uma
vida de fé e caridade” (LUMEN GENTIUM, n.12). Cristo “concedeu-lhe o sentido da fé” (LUMEN
GENTIUM, n.35). Entendemos, então, as palavras claras de João Paulo II, quando afirma que
os próprios “leigos, em razão de sua vocação particular, têm o dever específico de interpretar
à luz de Cristo a história deste mundo, enquanto são chamados a iluminar e dirigir as
realidades temporais segundo os desígnios de Deus Criador Redentor” (FAMILIARIS
CONSORTIO, n.5). Todo este discernimento “atinge-se pelo sentido da fé”.
- Sagrada Escritura, Tradição e Magistério: Acolhida na fé e colocada em prática,
a Palavra da Sagrada Escritura “é a luz do nosso caminho” (CICat., n.1785). Nela reside uma
das fontes constantes e principais para todo discernimento. Como pessoas de fé, engajadas
numa comunidade eclesial, colocamo-nos igualmente em atitude de escuta atenta da Tradição
e do Magistério da Igreja, fontes que colaboram para o ensinamento autorizado da Igreja.
Estas instâncias “representam uma ajuda para a consciência cristã... A mediação eclesial é
essencial para a acolhida do Espírito e o discernimento de suas inspirações autênticas”. “A
Igreja põe-se sempre e só a serviço da consciência” (VERITATIS SPLENDOR, n.64).
- As normas morais: As normas adquirem a sua consistência moral à medida que
são um auxílio à consciência, sendo um suporte para a decisão moral da pessoa. Não
substituem a pessoa que, livre e responsável, tem a tarefa do juízo concreto. “As normas
não propõem o juízo prático operativo previamente formulado, mas ajudam o sujeito a formar
o seu próprio juízo em vista da decisão”. Fica reservada à pessoa, em sua constância,
empenhar-se livre e responsavelmente à luz dos valores, dando forma à sua decisão. As
normas buscam traduzir o ethos cristão e apontam para valores; aí reside o seu caráter
normativo, sobretudo quando são expressão do Evangelho e traduzem o modo próprio de ser
de Jesus Cristo. Remetem, portanto, para o fundamento último que é Cristo, sendo portadoras
de “algo” que transcende as culturas e a própria história humana. Podem conter valores de
caráter universal e perene. Mediadas pela linguagem humana, intérprete mais ou menos fiel
a Jesus Cristo, as normas supõem um esforço de “procurar e encontrar a formulação mais
adequada aos mais diversos contextos culturais, mais capaz de lhe exprimir intrinsecamente
a atualidade histórica, de fazer compreender e interpretar autenticamente a sua verdade”
(VERITATIS SPLENDOR, n.53).
Cabe um esforço de precisá-las e determiná-las tendo em conta as circunstâncias
históricas. Enquanto portadoras de valores, as normas contêm um “conteúdo” a ser
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interiorizado na fé pelos que creem, não constituindo assim um apelo do exterior, mas do
próprio interior da consciência, um auxílio à sua liberdade.
Temos ainda outras mediações: trata-se de localizar outros caminhos que venham
somar no sentido de um bom discernimento moral. Sem absolutizar um ou outro referencial,
eis aqui outras indicações:
a) Recurso aos sinais dos tempos, como ausculta dos apelos de Deus nos
acontecimentos da história (cf. GAUDIUM ET SPES, n.11);
b) O recurso à lei natural, “presente no coração de cada homem e estabelecida pela
razão...” (CICat., n.1956), “conforme a natureza, difundida em todos os homens,...
imutável e eterna”, para captar os planos de Deus atinentes ao ser humano, o
sentido de nossa existência, bem como a missão que nos cabe frente ao que é
conforme e necessário à natureza humana.
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UNIDADE 5
PECADO E RECONCILIAÇÃO
OBJETIVO DA UNIDADE: abordar o pecado como uma das questões fundamentais
sobre o sentido da nossa vida e da nossa história; levar o estudante a compreender como
as questões relacionadas ao pecado envolvem tanto aspectos antropológicos como
teológicos da vida humana; refletir sobre o mistério do mal, sobre a misericórdia divina
e a conversão como caminho para o correto agir moral.
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Recusando reconhecer a Deus como seu princípio, o homem destruiu a devida ordem
em relação ao fim último e, ao mesmo tempo, toda a sua harmonia consigo mesmo, com os
outros homens e as coisas criadas.
O homem está dividido em si mesmo: deste modo “encontra-se incapaz, por si mesmo,
de debelar eficazmente os ataques do mal; e assim cada um se sente como que carregado
de cadeias. Mas o próprio Senhor veio para libertar e confortar o homem” (GAUDIUM ET
SPES, n.13).
Este, sem dúvida é obra da liberdade do homem; mas por dentro da realidade
desta experiência humana agem fatores, pelos quais ela se situa para além
do humano, na zona limite onde a consciência, a vontade e a sensibilidade
do homem estão em contato com forças obscuras que, segundo São Paulo,
agem no mundo até ao ponto de quase o senhorearem... Exclusão de Deus,
ruptura com Deus, desobediência a Deus: é isto o que tem sido, ao longo de
toda a história humana, e continua a ser, sob formas diversas, o Pecado, que
pode chegar até à negação de Deus e da sua existência - o ateísmo
(RECONCILIAÇÃO E PENITÊNCIA, n.14).
uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor
verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego
perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade
humana. Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo contrários à
lei eterna (CICat., n.1849).
A realidade do pecado está além do círculo das religiões. O agir reto é um princípio
ético que perpassa toda a filosofia grega, por exemplo (cf. Rm 2,14-15).
Culturas primitivas manifestam certa consciência de pecado através dos tabus. O
objetivo é a preservação da vida dos clãs. Nos tabus existem também ritos mágicos, de
purificação: No hinduísmo vemos a presença de sacrifícios e ritos purificatórios; nos
Mandamentos da Babilônia (Séc. XIV a.C.) vemos obrigações para com Deus, com o próximo
e consigo mesmo.
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b) Awôn (231 vezes): é um dos termos muito usados pelos profetas. Muitos termos
relacionados apresentam aspectos específicos do pecado, e assumem formas diferentes. O
pecador, nesse sentido, é alguém que perdeu o caminho, e que está por isso sem forças para
reagir. A força do pecado é colocada no pecador; mais no sujeito que no objeto. A
transgressão é apresentada como uma atitude interior (Is 59,1-3; Jr 14,10; Fil 2,15; Ex 34,
9; Is 27,9).
c) Râshâ (250 vezes): é o contrário de “saddig” (justo). É o pecador que se enraizou
no mal, e por isso se confunde com o pecado cometido. É alguém que se esquece de Deus e
que confia somente em si mesmo. Não reconhece a Deus negando-o. Afronta-o e coloca-se
acima dele. Mostra que Deus é amor (Ez 16,49; Sl 9,18; Jó 21,14; Jr 13,9; Sl 10,13).
d) Peshá é a expressão menos usada, mas é a mais expressiva. É também usada pelos
profetas. Faz oposição à Aliança; manifesta-se como rejeição de Deus e seus projetos
históricos (sentido religioso). Mais que uma transgressão, é uma rebeldia profunda contra
Deus e seus planos (cf. Is 1,2; Ez 2,3; 20,38).
A Aliança antiga teve a sua culminância no Monte Sinai. Deus se coloca do lado dos
fracos e não compactua com a opressão. Manifesta-se como Deus Libertador. Pecado nesse
sentido é não querer participar da Aliança. A literatura sapiencial salienta a força destrutiva
do pecado. Pecado e desgraça caminham juntos, como também caminham juntos salvação,
justiça e paz.
Neste contexto da Aliança, pecado não é só infidelidade para com Deus, mas também
opressão dos homens. O Faraó, opositor de Deus (orgulhoso, arrogante, prepotente, que
despreza a todos) é o símbolo do pecador. Sua obstinação é a síntese de todo pecado que
sempre tem as mesmas conotações: desprezo de Deus e opressão dos fracos. Mas Deus
sempre liberta o seu povo oprimido, a exemplo da passagem do Mar Vermelho (cf. Ex 14,5-
31).
Através dos profetas do século VIII ao V a. C. presenciamos a mais bonita e profunda
teologia sobre o pecado no AT. A tradição sagrada tornou-se existencial. Os profetas
denunciavam o pecado e pregavam a penitência. Falavam sobre os graves pecados sociais,
inclusive da idolatria (cf. Is 2,7-8).
Traços comuns entre os profetas:
Aprofundam a compreensão de pecado a partir da Aliança. Vê-se uma nítida
sensibilidade para com os problemas sociais e uma incontida certeza da vitória de Deus e de
seus planos. Sua preocupação não é com a origem do pecado (pecado original), mas com o
pecado atual. A Aliança está no centro e deve ser sempre renovada. Pressupõe a Lei, mas a
entendem à luz da Aliança.
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O pecado, mais que uma violação da Lei é um atentado contra o pacto de Deus com
o seu povo; é uma ruptura com o próprio Deus. É
comum a vários o simbolismo matrimonial (Oseias;
Is 60, 15; 62,4; Jr 3,6; Jr 30-31; Ez 16,20-23). O
pecado é uma ruptura, traição ao amor de Javé.
Deus se comunica, chama, se doa totalmente,
escolhe, faz aliança; por outro lado, o povo
pecador, infiel, rival se condena à morte. Deus é
fiel e espera a volta, a reconciliação.
Fonte: http://migre.me/jryOI
É perceptível certa preocupação com o pecado social: Deste modo manifestam uma
verdadeira ira contra os pecados sociais e a violação do direito e da justiça. Como o projeto
de Javé aponta para todas as nações: Israel deve ser modelo de um novo modo de viver, em
todos os campos: religioso, social, econômico e político.
Denunciam os pecados individuais já que estes também violam o pacto divino, logo,
ajudam a desenvolver a consciência individual. Colocam-se contra a separação entre religião
e vida social, e, neste sentido os líderes religiosos sofrem as piores invectivas, pois separam
religião e justiça (Is 1,10-17; 58,6-7).
Condenam a idolatria (Is 5,8). Os que manipulam as leis em benefício próprio (Is 1,23;
5,23; 10,1-4). Condenam também os que desrespeitam os direitos dos pobres (Am 3,9-10;
4,1; 8,4-8; 3,9-10). O juízo do profeta Amós é a ruína de Israel (Am 3,11). E Miqueias condena
as injustiças dos grandes proprietários (Mq 2,1-2; 3,1-4. 9-12). Anunciam a vitória de Javé,
por isso são portadores de esperança e de convite à conversão. Falam da Nova Aliança (Os
2,16; Jr 31,31-34); que Deus dará a nova Lei (Jr 31,33); purificará (Ez 36,25-27); que é Deus
quem vencerá o pecado (Jr 31,34); e que enviará seu servo (o servo de Javé) que purificará
Israel (Is 42,6-7; 53,10-11). Nos profetas, a teologia da salvação e a teologia do pecado são
correlativas.
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5.3.2 Pecado mortal e venial
Estamos cientes de que quando falamos em pecado mortal a gravidade da situação é
muito maior do que do pecado venial. E em muitos casos as distorções de consciência são
maiores. Falamos no plural: em pecados mortais e veniais.
Deixando-nos guiar pelo Catecismo da Igreja Católica podemos dizer que: “O pecado
mortal destrói a caridade no coração do homem por uma inflação grave da lei de Deus; desvia
o homem de Deus, que é o seu fim último e bem-aventurança, preferindo um bem inferior”
(CIC, 1855). “Para que o pecado seja mortal requerem-se três condições ao mesmo tempo:
é pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e que é cometido
com plena consciência e deliberadamente” (CICat., n.1857); “a matéria grave é precisada
pelos 10 mandamentos...” (Mc 10,19) (CICat., n.1858).
Apresenta também uma gradualidade, ou seja, a gravidade dos pecados pode ser
maior ou menor, dependendo de inúmeros fatores. Por exemplo, um assassinato é mais grave
que um roubo (cf. CICat., n.1858). Por outro lado, o pecado mortal requer pleno
conhecimento e pleno consentimento da parte do pecador. Pressupõe o conhecimento do
caráter pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus e envolve em tal contexto um
consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha pessoal (cf. CICat., n.1859).
“O pecado mortal é uma possibilidade radical da liberdade humana, como o próprio amor.
Acarreta a perda da caridade e a privação da graça santificante, isto é, o estado de graça”
(CICat., n.1861).
Quanto ao pecado venial, assim está escrito no Catecismo da Igreja Católica:
[...] Chamamos pecado mortal a este ato pelo qual o homem, com liberdade
e advertência, rejeita Deus, a sua lei, a aliança de amor que Deus lhe propõe,
preferindo voltar-se para si mesmo, para qualquer realidade criada e finita,
para algo contrário ao querer divino. Isto pode acontecer de modo direto e
formal, como nos pecados de idolatria, apostasia e ateísmo; ou de modo
equivalente, como em todas as desobediências aos mandamentos de Deus
em matéria grave. O homem sente que esta desobediência a Deus corta a
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ligação com o seu princípio vital: é um pecado mortal, ou seja, um ato que
ofende gravemente a Deus e acaba por se voltar contra o próprio homem,
com uma força obscura e potente de destruição (RECONCILIAÇÃO E
PENITÊNCIA, n.59).
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Que o Espírito Santo desça sobre nós e nos purifique. Reconciliação e conversão
constituem obra do Espírito Santo, que nos dá um novo coração, sem o qual novos
relacionamentos seriam impossíveis.
Jesus Cristo cumpre as grandes profecias messiânicas enviando-nos o Espírito Santo
(Ez 36,25-27; Jr 31,31-33; Hab 8,7-12.10,16). A
vinda do Espírito Santo assinala a era escatológica
e o apelo mais urgente para a mudança e a
purificação radicais e a volta para Deus. A
conversão e a reconciliação, do princípio ao fim
são obras do Espírito Santo, mas que exigem
nossa cooperação criativa e fiel. “Santo Antônio
do Egito, fundador do monasticismo, foi tocado
pelo Espírito Santo quando ouviu o Evangelho do
jovem rico, que era lido na igreja; e muitos de nós
conhecemos a história de Santo Agostinho,
quando relata sua conversão em suas Confissões
e salienta o papel das orações de sua mãe em sua
luta pela mudança do filho” (O´NEIL; BLACK,
2007, p. 110).
Fonte: http://migre.me/jzDGm
Somente pela confiança no Espírito Santo e sendo dóceis às suas inspirações
poderemos viver a conversão permanente que nos torna cada vez mais conformes a Cristo
crucificado e ressuscitado (cf. Gl 5,24-25).
Vivemos uma mudança de época e, portanto, de valores. A vida do cosmos como um
todo deve ser respeitada e amada. Devemos buscar uma transformação do ser humano para
o bem, para Deus, para uma maior consciência do pecado e quanto ele desune e mata as
pessoas.
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O chamado à conversão é, sobretudo, um apelo para viver a fé. O arrependimento é
a força mais revolucionária no mundo moral. Quando atinge todo o ser do pecador, ele supera
o seu mau passado, deixando atrás de si os seus pecados particulares e todo o seu “eu
pecador”.
O arrependimento sincero penetra a fundo a liberdade do homem... com uma dor que
caracteriza as feridas do pecado; mas revela novos horizontes ao abrir regiões totalmente
novas da liberdade espiritual, de acordo com a sua profundidade e solidez. O que resta da
liberdade depois do pecado mortal é recolhido pela contrição sob a influência da graça divina.
Conscientes do pecado, aceitamos a misericórdia de Deus e colocamo-nos no caminho da
liberdade dos filhos de Deus, louvando-o e bendizendo pelo perdão recebido gratuitamente.
Contemplando a cruz, morte e ressurreição de Jesus Cristo é que sentimos a
necessidade de conversão. Diante de tanto amor não conseguimos ficar indiferentes. A
verdadeira conversão não admite mediocridade. Ela sabe olhar as dificuldades e
potencialidades do pecador que se converte. A verdadeira conversão leva a assumir a vida
como ela é. Renovando sempre esse compromisso de fidelidade para com Deus e com os
irmãos, através dos sacramentos.
Por fim, a confissão do pecado, deve ser um louvor à misericórdia de Deus. Mediante
a confissão nos abrimos à luz divina, à transparência do amor divino que penetra todas as
coisas. A conversão é uma luta para todos. Busquemos sempre morrer para o pecado e viver
para Cristo (cf. Rm 6,11).
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REFERÊNCIAS
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Sgarbosa e L. Giovannini (org.) São Paulo: Paulinas, 1983.
SÃO GREGÓRIO MAGNO. Das homilias sobre os Evangelhos (Hom, 17. 1-3; PL 76, 1139). In:
Liturgias das Horas. Vol. IV. São Paulo: Vozes, 1995.
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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES
EXERCÍCIO 1
ATIVIDADE 1.1
Faça um resumo de ao menos 15 linhas a respeito do serviço, do auxílio que a teologia moral
presta aos sacerdotes, aos cristãos leigos, ao mundo acadêmico e à sociedade.
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EXERCÍCIO 2
EXERCÍCIO 3
ATIVIDADE 3.1
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EXERCÍCIO 4
EXERCÍCIO 5
EXERCÍCIO 6
EXERCÍCIO 7
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EXERCÍCIO 8
ATIVIDADE 5.1
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