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Curso de Graduação a Distância

Teologia
Pastoral II -
Missão e
Catequese
(02 créditos – 40 horas)

Autor:
Alexsandro Silva Lima

Universidade Católica Dom Bosco Virtual


www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335
Missão Salesiana de Mato Grosso
Universidade Católica Dom Bosco
Instituição Salesiana de Educação Superior

Chanceler: Pe. Gildásio Mendes dos Santos


Reitor: Pe. Ricardo Carlos
Pró-Reitora de Graduação: Profª. Conceição A. Galvez Butera
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori
Coordenadora Pedagógica: Profª. Blanca Martín Salvago

Direitos desta edição reservados à Editora UCDB


Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335
www.virtual.ucdb.br
UCDB -Universidade Católica Dom Bosco
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302
CEP 79117-900 Campo Grande – MS

LIMA, Alexsandro Silva


Disciplina: Teologia Pastoral II: Missão e Catequese

Lima. Campo Grande: UCDB, 2017. 56 p.

Palavras-chave:
1. Catequese 2. Missiologia 3. Teologia pastoral 4.
História

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APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO

Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do
seu curso.

Elementos que integram o material


Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para
a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina.
Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a
realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul-
trapassar o prazo máximo indicado pelo professor.
Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro-
fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo.
Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você
possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para
facilitar seu acesso aos materiais.
Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo.
As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem.

Como tirar o máximo de proveito


Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros
conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de:
· Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas
de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA;
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas
audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.;
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto
a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros;
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas
necessidades como estudante, organize o seu tempo;
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza-
gem, contando com a ajuda e colaboração de todos.

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Objetivo Geral

Esta material didático pretende auxiliar o acadêmico no que diz respeito aos
conteúdos de catequese e missão, levando-o a entender que estes temas, por vezes
considerados menos importantes, são como que a base da vida eclesial e como cada uma é
importante para a outra, pois não existe uma catequese fecunda se não for missionária, e
por outro lado, as missões de nada servem se não ensinarem aquilo que de mais belo
temos: Jesus Cristo.
SUMÁRIO

UNIDADE 1 - A CATEQUESE NA HISTÓRIA DA IGREJA: PROCESSO


EVOLUTIVO ......................................................................................................... 10
1.1 A catequese nos primeiros séculos.......................................................................... 10
1.2 A catequese na Idade Média .................................................................................. 12
1.3 A catequese na Idade Moderna .............................................................................. 13
1.4 A catequese na Idade Contemporânea .................................................................... 14
1.5 A catequese e o Vaticano II ................................................................................... 15

UNIDADE 2 - A CATEQUESE NO DIRETÓRIO GERAL E NO DIRETÓRIO


NACIONAL .......................................................................................................... 17
2.1 Natureza e finalidade............................................................................................. 17
2.2 Missão da catequese ............................................................................................. 18
2.3 Finalidade específica da Catequese ......................................................................... 19
2.4 Método de fazer catequese .................................................................................... 19
2.5 Os destinatários como interlocutores no processo catequético................................... 20

UNIDADE 3 - CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ E CATEQUESE


PERMANENTE...................................................................................................... 22
3.1 Catequese de inspiração catecumenal ..................................................................... 22
3.2 Catequese e liturgia .............................................................................................. 24
3.3 Catequese permanente .......................................................................................... 27
3.4 Catequese familiar ................................................................................................ 28
3.5 Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Documento –
107 (CNBB) ................................................................................................................ 31

UNIDADE 4 - TEOLOGIA DA MISSÃO NAS SAGRADAS ESCRITURAS ................... 33


4.1 Antigo Testamento ................................................................................................ 34

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4.2 Novo Testamento .................................................................................................. 36

UNIDADE 5 - MISSIOLOGIA NO MAGISTÉRIO PAPAL: DE BENTO XV A


FRANCISCO......................................................................................................... 40
5.1 Bento XV .............................................................................................................. 40
5.2 Pio XII ................................................................................................................. 41
5.3 João XXIII ............................................................................................................ 43
5.4 Paulo VI ............................................................................................................... 45
5.5 João Paulo II ........................................................................................................ 46
5.6 Bento XVI ............................................................................................................. 47
5.7 Francisco .............................................................................................................. 48

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 51
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 53

Avaliação
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc.
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo
será avaliado, pois a aprendizagem é processual.
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática.
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de
cada disciplina. As atividades enviadas fora do prazo serão aceitas nas seguintes condições:
• As atividades enviadas 7 dias após o vencimento do prazo serão corrigidas com a
pontuação normal, isto é, sem penalização pelo atraso.
• Após os 7 dias, o professor aplicará um desconto de 50% sobre o valor da ati-
vidade.
Critérios para composição da Média Semestral:

Para fazer a Média Semestral, leva-se em conta o desempenho atingido na avaliação


formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas diferentes atividades
virtuais e na(s) prova(s).
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Antes do lançamento desta nota final, o professor divulgará a média de cada aluno,
dando a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a
7,0 possam fazer a Segunda Chamada.
Após a Segunda Chamada, o professor já fará o lançamento definitivo da Média
Semestral, seguindo o procedimento abaixo:

A prova presencial tem peso 7,0 e as atividades virtuais têm peso 3,0. Portanto, para calcular a
Média, o procedimento é o seguinte:
1. Multiplica-se o somatório das atividades por 0,30;
2. Multiplica-se a média das notas das provas por 0,70.
Para termos a Média Semestral, somam-se os dois resultados anteriores, ou seja:
MS = MP x 0, 7 + SA x 0,3
MS: Média Semestral / MP: Média das Provas / SA: Somatório das Atividades
Assim, se um aluno tirar 10 na(s) prova(s) e tiver 10 nas atividades:
MS = 10 x 0,7 + 10 x 0,3 = 7,0 + 3,0 = 10

Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda
poderá fazer o Exame. A média entre a nota do Exame e a Média Semestral deverá ser igual
ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina.

FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES

O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu
cronograma e tenha um controle de suas atividades:

AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO **

Atividade 1.1
Ferramenta: Tarefa

Atividade 3.1
Ferramenta: Tarefa

Atividade 5.1
Ferramenta: Tarefa

* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem).
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade.

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BOAS VINDAS

Olá caro acadêmico.

Neste módulo iremos dar continuidade aos estudos de Teologia Pastoral, ou Prática.
Desta vez o enfoque será: catequese e missão.
Aproveite este curso e lembre-se de que a teologia se faz de joelhos e tudo o que
for aprendido aqui deve alcançar o seu dia a dia na pastoral.

Um abraço, boa leitura.

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Pré-teste
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta
disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado.

1. Qual é o sentido da palavra catequese?


a) Falar a Palavra de Deus ao vento.
b) Vem do verbo “Catequizar”, ou seja, fazer ressoar aos ouvidos.
c) Aula expositiva da Bíblia.

2. Qual é a finalidade da catequese?


a) Dar uma educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, a qual compreende
especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e
sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã.
b) Formar catequistas.
c) Preencher um dia da semana com um horário na Igreja.

3. O que a Igreja entende por Missão “Ad Gentes”?


a) Evangelização para pessoas que moram próximo, como os vizinhos.
b) Evangelização para pátrias estrangeiras.
c) Evangelização aos católicos que não frequentam a Igreja.
d) Missão com muitas pessoas visitando de casa em casa aqueles que não têm religião.

4. Quem é o protagonista das Missões católicas?


a) O Papa.
b) O Bispo diocesano.
c) Todo batizado.
d) Os padres.

Submeta o Pré-teste por meio da ferramenta Questionário.

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INTRODUÇÃO

Caros acadêmicos, vamos dar continuidade em nossos estudos sobre a Teologia


Pastoral, nesta etapa iremos compreender de modo breve os fundamentos bíblicos,
históricos e teológicos da ação pastoral da Igreja no que diz respeito à catequese e
missiologia.
Na unidade 1 é feita uma abordagem partindo da perspectiva histórica indo até a
atualidade. Esta unidade traz algumas ponderações acerca da historicidade da catequese.
Esta se desenvolverá da seguinte maneira: 1) a catequese nos primeiros séculos; 2) a
catequese na Idade Média; 3) a catequese na Idade Moderna; 4) a catequese no século XX.
Na unidade 2 são apresentados os pontos essenciais do Diretório Geral e Nacional da
catequese. Estes visam contribuir no cumprimento do mandato de Jesus Cristo aos seus
discípulos, de levar ao mundo o seu Evangelho. Eles são oferecidos a todos, bispos,
presbíteros, diáconos, religiosos(as) e catequistas para um novo impulso na renovação da
catequese, parte fundamental do ministério da Palavra.
A unidade 3 tem por finalidade a exposição, ainda que breve, das realidades
históricas acerca da Iniciação à Vida Cristã, a sua importância para a vida da Igreja.
Também é apresentada uma reflexão quanto à relação entre liturgia e catequese, o pensar
a catequese dentro de um processo permanente e finalmente a realidade familiar da
catequese.
A unidade 4 apresenta uma visão a respeito da teologia da missão a partir da
Sagrada Escritura, passando pelo Antigo Testamento e pela concepção de missão que o
antigo Israel tinha, chegamos ao pleno desenvolvimento deste mandato missionário no
Novo Testamento com a Pessoa de Jesus que envia seus apóstolos para os confins da
Terra.
Nossa última unidade vem tratar do magistério papal a respeito da missão católica.
Desde Bento XV até o Papa Francisco, muitos papas se preocuparam com este assunto, é
interessante notar que a ideia de missão vai evoluindo com a história e como é bonita a
continuidade entre os papas pré-conciliares e os pós-conciliares. Deste modo, entendemos o
que a Igreja realmente pensa a respeito das Missões.

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UNIDADE 1

A CATEQUESE NA HISTÓRIA DA IGREJA:


PROCESSO EVOLUTIVO
OBJETIVO DA UNIDADE: Possibilitar ao acadêmico uma visão objetiva acerca da
catequese na vida da Igreja, partindo de sua historicidade e indo até a sua situação atual.

Caros acadêmicos, nesta unidade de modo especial iremos nos deter na


compreensão da catequese na vida da Igreja. Estude com muita atenção esta unidade, ela é
fundante para a sua compreensão do processo pedagógico da fé. Esta abordagem partirá
de uma perspectiva histórica e irá até a atualidade. Tendo como meta o esclarecimento da
realidade catequética, na vida, missão e pastoralidade da Igreja.
Se queremos de fato tomar propriedade de algo, começamos perscrutando a sua
história. Por isso, este tópico traz algumas ponderações acerca da historicidade da
catequese. Este, se desenvolverá da seguinte maneira: 1) a catequese nos primeiros
séculos; 2) a catequese na Idade Média; 3) a catequese na Idade Moderna; 4) a catequese
no século XX. No que diz respeito ao Concílio Vaticano II, este iremos pormenorizar no
tópico posterior a este.

1.1 A catequese nos primeiros séculos

Antes de mais nada, é bom situar-nos no contexto da


palavra catequese, a mesma vem do verbo catequizar, no seu
sentido estrito significa: “fazer ressoar aos ouvidos”. É daí,
que vem o sentido de ensinar a viva voz. Tratava-se, para as
primeiras comunidades, ou seja, os primeiros cristãos, de
uma Boa Notícia que eles faziam ressoar em todos os lugares:
“um tal Jesus, já morto, e que se afirma estar vivo” (At
25,19).
Fonte: https://goo.gl/r9jMYL
É neste contexto querigmático, que se dá o processo de catequizar, no irradiar das
primárias comunidades. Partindo do burilamento deste primeiro eclodir da fé, desta

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primitiva pregação, que se forma o Novo Testamento. Ele é a fixação da catequese dos
Apóstolos (SANTOS, 1979, p. 19).
Os conteúdos destas catequeses primitivas partem do decálogo, das bem-
aventuranças e preceitos das relações sociais. A questão doutrinal desenvolve-se a partir da
dos núcleos querigmáticos, hinos e confissões de fé presentes no Novo Testamento. Estes
respondem à necessidade de ensinar, aos que seriam batizados, a fé que se pedia que
professassem diante do batismo a ser assumido e vivido. Consiste sobretudo na
apresentação do desígnio salvífico de Deus, cujo ponto ápice é Cristo, segundo o
desdobramento da Sagrada Escritura (Dicionário de Catequética, 2004, p. 564).
Até o século II não há nada de concreto com relação à preparação do batismo dos
convertidos, apenas Justino (Primeira apologia 61-66) dá o testemunho de uma espécie de
preparação litúrgica imediata. Já no século III, o catecumenato aparece fortemente
estabelecido nas principais Igrejas. Sobre o objetivo do catecumenato, afirma Irmão Nery:

O objetivo é chegar e aprofundar a fé, como adesão pessoal a Jesus Cristo


e ao que ele revela, adesão dada como consequência do querigma. A
conversão, portanto, a fé pessoal em Jesus Cristo, é conditio sine qua non
para poder ingressar no catecumenato (NERY, 2001, p. 41).

A existência e o cerne da instituição catecumenal, tal como se apresenta pela


tradição apostólica e em outros documentos, manifesta sobretudo, a força da ação
missionária, realizada por todos os membros das primeiras comunidades. Este mostra por
sua vez, a exigência da conversão; mostra também a complexidade da iniciação a vida
cristã, que parte da vida sacramental, mas que inclui outros aspectos morais, donde
percebe-se o testemunho da vida nova recebida como um dom.
Antes de avançarmos para a Idade Média, é fundamental compreendermos as
motivações que levaram a catequese catecumenal a entrar em decadência. No século IV o
cristianismo deixa de ser perseguido, passa a tolerado e depois aceito como a única religião
autorizada. É uma mudança de perspectiva, boa em alguns aspectos, porém atinge o
catecumenato de modo negativo. Com a religião favorecida, não se torna exigente a
conversão, mas acima de tudo uma promoção social e status. Esta desvalorização iniciada
no século IV, avança rapidamente; os catecúmenos já não almejam o batismo, não se busca
uma mudança radical de vida, os símbolos e ritos passam a significar cada vez menos. É a
partir deste século que o catecumenato praticamente se extingue.

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1.2 A catequese na Idade Média

Há a convenção de datar o início da Idade Média, com a queda do império Romano,


476 d.C. Foi a partir deste momento, que a Igreja se colocou frente a frente com o mundo
bárbaro, cumprindo ela a sua missão de evangelizar. Salienta-nos Santos: “A partir desse
momento, não há mais necessidade de alguém tornar-se cristão. Já nasce cristão. Reinos,
príncipes, populações e famílias são todos cristãos. A Igreja ocupa neste período toda a
centralidade da vida em sociedade” (SANTOS, 1979, p. 22).
Nota-se a partir de então que há uma íntima ligação entre Igreja e império, e é a
partir desta realidade que a catequese também sofre as suas transformações. As condições
em que se realiza a evangelização, que se prolonga até o século X, não favorecem, em
geral, o aprofundamento da fé. Os interesses políticos mesclam-se sem dificuldade alguma
com os religiosos, se produzem as conversões à força.
Na Idade Média, a catequese era transmitida pelo ambiente: vida familiar e
comunitária. Nada de métodos intelectuais ou coisas parecidas. Em vez de um tipo de saber
abstrato, era uma aprendizagem concreta, uma formação para ser um bom e piedoso
cristão. Em nenhum caso era dado às crianças um ensino catequético teórico, sob forma de
resumos ou explicações escritas.
Quanto ao conhecimento abstrato e teórico, afirma Santos:

Este era reservado às universidades, uma espécie de “serviço divino”,


ordenado à gloria de Deus e reservado aos homens escolhidos. Estes
tinham, por vocação, escrever na ordem fixada por Deus, a totalidade dos
conhecimentos. Neste contexto, todo saber não autorizado, opiniões
heréticas, conhecimentos de alquimia, era ameaçador e perigoso,
justificando a expulsão e até mesmo a morte, daquele que o possuía. Isto
porque colocava em risco a estrutura social (SANTOS, 1979, p. 24).

É a partir disso, que a catequese se organiza de modo original para a época: pela
participação nas cerimônias da Igreja e pela arte. Liturgia,
vitrais artísticos, impressões sensoriais dão facilidade ao
sentido do sagrado, ao mesmo tempo davam uma formação
moral. Aqui também é válido recordar os devocionismos, que
desempenham papel importante no processo catequético de
educação na fé. Oração, ascese, contemplação introduziam a
experiência pessoal na vida religiosa.
Fonte: https://goo.gl/rd9zS3

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Segundo o Dicionário de Catequética (2004, p.568), ao concluir a Idade Média, a
catequese vive um momento de declarada decadência. Há uma profunda ignorância
religiosa, as reformas pretendidas com o Concílio de Tortosa (1429) ficam totalmente
estéreis. Cria-se uma enraizada ausência bíblica; o antropocentrismo e o moralismo,
defeitos que já vinham caracterizando a vida cristã deste período, ficam ainda mais
aguçados. A esta situação, que foi qualificada como vazio catequético, teve de suceder uma
séria tentativa de reforma.

1.3 A catequese na Idade Moderna

É na Idade Moderna (séc. XV) que surgem os primeiros manuais de instrução


religiosa para leigos que sabem ler e para uso dos pastores na instrução dos iletrados. Até o
século XVI não havia o chamado “catecismo”. Só excepcionalmente a palavra foi
empregada. Foi Martinho Lutero quem lançou no mercado, em 1529. E a partir disso, que
com a Contrarreforma, inauguram-se quatro séculos de uma nova etapa na catequese: a do
livro de catecismo.
Para situar-nos nesta realidade, é salutar lembrar que o catecismo tem a sua
origem nos tempos antigos, de modo mais preciso na época carolíngia (séc. VIII), aí já se
fala de ensinar, catequizar, preparação para o rito da água. Tendo em vista o avanço da
reforma protestante, grandes teólogos católicos como: o alemão, Pedro Canísio; e o italiano
Roberto Belarmino; e o francês, Edmond Auger, compilam pequenos catecismos. Por
decisão do Concílio de Trento (1545-1563), ele se organizou em todas as paróquias. Torna-
se instituição, e a sua prática visa a universalidade da evangelização das crianças.
Por fim, é importante saber que o catecismo deste período se divide da seguinte
forma:
 O primado do ensino e da doutrina;
 Forte acentuação do aspecto moral;
 Importância das fórmulas memorizadas;
 Imposição de uma linguagem teológica.
Em todo este período, o texto do pequeno catecismo tinha precedência sobre todos
os outros aspectos da ação catequética. No fim do século passado e início deste, devido à
revolução da Pedagogia Nova, há uma mudança paradigmática: não é mais o texto que está
em primeiro lugar, mas sim o sujeito em relação a este texto. Surgem assim os textos
adaptados em pleno século XX.

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1.4 A catequese na Idade Contemporânea

Partindo do “método de Munique”, a catequese tal como se praticava, parece não


mais abarcar a educação dos cristãos no mundo, este por sua vez se encontra fortemente
marcado pela industrialização e urbanismo, e no qual a catequese familiar exerce pouco
peso. Esta salutar observação, junto com o êxito de outras pedagogias, estimulou nos
catequistas uma renovação metodológica. É em torno de Viena e Munique, que se cristaliza
uma renovação na metodologia catequética.
O Dicionário de Catequética (2004, p. 571), aponta que há um abandono da antiga
análise exegética do texto do catecismo, e seguindo as contribuições dos pedagogos
Herbart (1776-1841) e Ziller (1817-1882), incorpora-se a catequese à didática dos graus
formais: a apresentação do tema, intuitiva, feita mediante narrações ou comparações; a
explicação, que procede do concreto ao geral, e se faz em diálogo com os catequizandos; e
a aplicação à vida concreta, que permite certa verificação prática do conteúdo da
catequese.
Tendo em vista a crescente indiferença religiosa, os catequistas se permitem outras
reflexões com o intuito de acrescentar o conhecimento e aprimorar a prática catequética.
Com isto, vem para somar a contribuição da Escola Ativa, análises pedagógicas do norte-
americano Dewey (1859-1952), assim como do alemão Kerschensteiner (1855-1932),
chegam à mesma conclusão: o que melhor se aprende é o que melhor se faz. Assim, se a
catequese queria ser eficaz, devia incorporar as atividades à sua pedagogia. Não basta
adquirir conhecimentos religiosos, mas sobretudo deve incluir estes na vida cotidiana.
É neste contexto que também se fala numa renovação querigmática. A catequese
não é uma espécie de divulgação de conteúdos de verdades, nem de princípios morais, mas
sim o anúncio da mensagem cristã; o catequista, neste contexto, não é o professor, mas a
testemunha que transmite uma mensagem na qual ele mesmo está implicado; o núcleo
desta mensagem é a pessoa de Jesus Cristo. Após esta catequese chamada, querigmática,
vem o contexto do Concílio Vaticano II, este por sua vez propicia uma nova mentalidade
para a catequese, mais sensível à realidade antropológica, experiencial, comunitária e
política.

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1.5 A catequese e o Vaticano II

Das fontes da catequese, têm fundamental importância o magistério eclesial e,


dentro deste, de modo particular a doutrina do Concílio Ecumênico Vaticano II (1965),
acontecimento de suma relevância do século XX, que provoca a mudança da cosmovisão
cristã. “O mistério da Igreja e a missão da Igreja, eis o argumento sobre o qual gira o
concílio” (Card. Montini). O Vaticano II não tratou de modo direto sobre a catequese, uma
vez que a mesma ainda não tinha se firmado de tal modo a merecer uma revisão conciliar.
O Vaticano II é um Concílio preferencialmente pastoral, que apresenta a fé tendo em vista o
homem concreto. Por isso, o mesmo toca e dá fundamento a muitos aspectos da catequese,
vejamos:

São grandes questões do Concílio as que ajudarão a revisar os princípios


sobre os quais se vinha reconstruindo a catequese. Pense-se na nova visão
teológica da revelação da fé (Dei Verbum), da evangelização (Ad gentes), e
da Igreja (Lumem gentium, Sacrosanctum concilium, Gaudium et spes );
novos horizontes são abertos para criar pontes entre a cultura moderna, às
confissões não católicas, não cristãs (Dignitates humanae, Unitatis
redintegratio, Nostra aetae). Tudo isso toca profundamente na atividade
catequética (Dicionário de Catequética, 2004, p. 1123).

Dentre estes, já destacados, devido à afinidade com a Palavra, se dará maior ênfase
à Dei Verbum. Seu objeto central é a Palavra de Deus, que o magistério supremo “escuta
devotamente, guarda religiosamente e expõe com fidelidade” (cf. Dei Verbum, 10). É
salutar entender, que uma das prioridades da Dei Verbum, é revitalizar através da Escritura,
o ministério da Palavra, que inclui a catequese (cf. Dei Verbum, 24).
Feitas estas considerações preliminares, rapidamente é de valia apresentar algumas
orientações expressas do Concílio sobre a catequese:
a) Importância e finalidade: no decreto Christus Dominus, apresenta-se que
dentre as formas “para anunciar a doutrina cristã, ocupam o primeiro lugar a
pregação e a formação catequética” (13c);
b) Sujeitos e metodologia: o sujeito de toda a ação evangelizadora e catequética
é toda pessoa de qualquer condição social (cf. LG 5, CD 7,13). Quanto à
metodologia, o Concílio pede que a formação catequética se realize com ordem e
método a respeito da matéria e das faculdades, da idade, e das condições de
vida dos crentes (cf. CD 14ª).
c) Catequistas e lugares para a catequese: os agentes da catequese
aparecem de modo diversificado, porém cumprem eles a mesma missão, bispos

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(cf. CD 12), os presbíteros (cf. LG 10), os religiosos e religiosas (cf. AG 15), os
pais (cf. AA 11), e os catequistas seculares (cf. AA 10; AG 15). Já os lugares para
a catequese, estes devem ser as instituições educativas escolares ou
extraescolares (cf. GE 3-5). Em qualquer caso deve se respeitar a liberdade
religiosa.
Portanto, fica notável a contribuição do Concílio Vaticano II para o processo de
crescimento da pedagogia catequética. E isso não se deverá ao próprio modelo que o
Concílio seguiu? Paulo VI chegou a chamá-lo de “o grande catecismo dos tempos
modernos” (cf. CaIC 10).

Dica de aprofundamento

Para aprofundar seus estudos a respeito da catequese, acesse o blog da Igreja


Católica “Catequistas em formação”. Disponível em:
<http://www.catequistasemformacao.com/p/modulo-i.html>. Acesso em: 24
jul. 2017.

Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e a


Atividade 1.1.

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UNIDADE 2

A CATEQUESE NO DIRETÓRIO GERAL E NO


DIRETÓRIO NACIONAL
OBJETIVO DA UNIDADE: apresentar os pontos essenciais do Diretório Geral e Nacional
da catequese, possibilitando ao acadêmico uma visão geral destes importantes
documentos para a catequese da Igreja.

Feita uma breve abordagem quanto à realidade evolutiva da catequese ao longo da


história, este próximo tópico apresentará pontos essenciais do Diretório Geral e Nacional da
catequese. Os mesmos visam contribuir no cumprimento do mandato de Jesus Cristo, aos
seus discípulos, de levar ao mundo o seu Evangelho. Eles são oferecidos a todos: bispos,
presbíteros, diáconos, religiosos (as) e catequistas para um novo impulso na renovação da
catequese, parte fundamental do ministério da Palavra.

Dica de aprofundamento

Conheça os diretórios que regem a catequese e leia o prefácio do Diretótio


Geral da Catequese (SGC). Disponível em:
<http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cclergy/documents/rc_con
_ccatheduc_doc_17041998_directory-for-catechesis_po.html>. Acesso em: 24
jul. 2017.

2.1 Natureza e finalidade

Tanto o Diretório Geral como o Nacional (n.39) apresentam a natureza da Catequese


como sendo em primeiro lugar uma ação eclesial: a Igreja transmite a fé que ela mesma
vive e o catequista é um porta voz da comunidade e não de uma doutrina pessoal (cf. CR,
n.145).
Ela busca transmitir o tesouro da fé (traditio) que, uma vez recebido, vivido e
crescido no coração do catequizando, enriquece a própria Igreja (redditio). Ela, ao
transmitir a fé, gera filhos pela ação do Espírito Santo e os educa maternalmente (cf. DGC

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78-79). A catequese faz parte do ministério da Palavra e do profetismo eclesial. O
catequista é um autêntico profeta, pois pronuncia a Palavra de Deus, na força do Espírito
Santo. Fiel à pedagogia divina, a catequese ilumina e revela o sentido da vida.
A sua finalidade é aprofundar o primeiro anúncio do Evangelho: levar o catequizando
a conhecer, acolher, celebrar e vivenciar o mistério de Deus, manifestado em Jesus Cristo,
que nos revela o Pai e nos envia o Espírito Santo. Conduz à entrega do coração a Deus, à
comunhão com a Igreja, corpo de Cristo (cf. DGC 80-81; Catecismo 426-429), e à
participação em sua missão.

2.2 Missão da catequese

A sua missão se dá no “Conjunto dos esforços desenvolvidos na Igreja para fazer


discípulos, para ajudar os homens a acreditar que Jesus é o Filho de Deus, a fim de que,
mediante a fé, tenham a vida em Seu
nome (cf. Jo. 20,31), para os educar e
instruir quanto a esta vida e assim
edificar o Corpo de Cristo.” Dar “uma
educação da fé das crianças, dos jovens
e dos adultos, a qual compreende
especialmente um ensino da doutrina
cristã, dado em geral de maneira
orgânica e sistemática, com o fim de os
iniciar na plenitude da vida cristã”.
Fonte: https://goo.gl/gM4HMC

Elementos associados à catequese

De modo sucinto, os elementos primordiais associados à catequese são:


 Anúncio do evangelho (kerigma) para suscitar a fé;
 Apologética: busca das razões de crer;
 Experiência da vida cristã;
 Celebração dos sacramentos;
 Integração na comunidade eclesial;
 Testemunho apostólico e missionário.

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2.3 Finalidade específica da Catequese

Desenvolver, com a ajuda de Deus, uma fé ainda inicial; promover em plenitude e


alimentar diariamente a vida cristã dos fiéis de todas as idades; fazer crescer, no plano do
conhecimento e da vida, a semente de fé semeada pelo Espírito Santo, com o primeiro
anúncio do Evangelho, e transmitida eficazmente pelo Batismo.
Desenvolver a inteligência do mistério de Cristo à luz da Palavra, a fim de que o ser
humano todo seja por Ele impregnado. Transformado pela ação da graça em nova criatura,
o cristão põe-se a seguir Cristo e, na Igreja, aprende cada vez melhor a pensar como Ele, a
julgar como Ele, a agir em conformidade com os seus mandamentos e a esperar como Ele
nos exorta a esperar.
Construir a fase de ensino e de ajuda ao amadurecimento do cristão que, depois de
ter aceitado pela fé a Pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e após ter-Lhe dado uma
adesão global, por uma sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer o
mesmo Jesus Cristo, ao qual se entregou: conhecer o seu “mistério”, o Reino de Deus que
Ele anunciou, as exigências e promessas contidas na sua mensagem evangélica e os
caminhos que Ele traçou para todos aqueles que O querem seguir.

2.4 Método de fazer catequese

Em todas as épocas, a Igreja preocupou-se em buscar os meios mais apropriados


para o cumprimento de sua missão evangelizadora (cf. CT 46). Ela não possui um método
único e próprio para a transmissão da fé, mas assume os diversos métodos contemporâneos
na sua variedade e riqueza, desde que respeitem integralmente os postulados de uma
antropologia cristã e garantam a fidelidade do conteúdo. Utiliza-se das ciências pedagógicas
e da comunicação, levando em conta a especificidade da educação da fé (DN, n.50).
O método da catequese é fundamentalmente o caminho do seguimento de Jesus (cf.
Marcos; Mt 16,24; Lc 9,23; Jo 14,6, etc.). A Catequese Renovada coloca como base e
referência para a pedagogia da fé o “princípio metodológico da interação entre fé e vida”.
Assim o descreve: “Na catequese realiza-se uma inter-ação (= um relacionamento mútuo e
eficaz) entre a experiência de vida e a formulação da fé; entre a vivência atual e o dado da
Tradição (DN, n. 52).

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Dica de aprofundamento

Leia os números 150 a 164 do Diretório Nacional da Catequese para


conhecer os métodos de se fazer catequese. Disponível em:
<http://universovozes.com.br/editoravozes/web/view/BlogDaCatequese/
wp-content/uploads/2016/02/DNC-CNBB.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2017.

2.5 Os destinatários como interlocutores no processo catequético

Jesus em seu ministério se dirige a grandes e pequenos grupos, homens e mulheres,


ricos e pobres, sãos e doentes, a próximos e distantes, judeus e gentios, ao povo e às
autoridades. E convida seus discípulos a fazerem o mesmo.
A catequese é direito de todo o batizado e dever sagrado imprescindível da Igreja
(cf. CDC, n229; 773-780). É tarefa primeira da Igreja corresponder a este direito, quanto a
isso afirma o Diretório Nacional de Catequese n.179:

O Evangelho se destina em primeiro lugar à pessoa humana concreta e


histórica, radicada numa determinada situação. A atenção ao indivíduo não
deve levar a esquecer que a catequese tem como interlocutor a
comunidade cristã como tal e cada pessoa dentro dela. A adaptação tem
sua motivação teológica no mistério da encarnação e corresponde a uma
elementar exigência pedagógica. Vai ao encontro das pessoas e considera
seriamente a variedade de situações e culturas, mantendo a comunhão na
diversidade a partir da unidade que vem da Palavra de Deus. Assim, o
Evangelho será transmitido em sua riqueza e sempre adequado aos
diversos ouvintes. A criatividade e a arte dos catequistas estão a serviço
desse critério fundamental. A pedagogia da fé precisa então atender às
diversas necessidades e adaptar a mensagem e a linguagem cristãs às
diferentes situações dos interlocutores.

Por isso mesmo, o documento faz alguns apontamentos acerca desta realidade, a
saber:
 Catequese conforme as idades: a catequese conforme as idades é uma
exigência essencial para a comunidade cristã. Leva em conta os aspectos tanto
antropológicos e psicológicos como teológicos, para cada uma das idades. É
necessário integrar as diversas etapas do caminho de fé. Essa integração possibilita
uma catequese que ajude cada um a crescer na fé, à medida que vai crescendo em
outras dimensões da sua maturidade humana e tendo novos questionamentos
existenciais;

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 Catequese na diversidade: neste caso são levadas em consideração as
diversas realidades presentes, que perpassam a Igreja como um todo, a saber:
grupos indígenas, afro-brasileiros, pessoas com deficiência, marginalizados e
excluídos, pessoas em situações canonicamente irregulares, grupos diferenciados e
ambientes diversos;
 Catequese conforme o contexto sociorreligioso: o pluralismo cultural e
religioso, na complexidade do mundo atual, muitas vezes confunde e desorienta
membros da comunidade. É indispensável uma catequese evangelizadora, que
eduque os cristãos a viverem sua vocação de batizados neste mundo plural,
mantendo sua identidade de pessoas que acreditam e de membros da Igreja,
abertos ao diálogo com a sociedade e o mundo;
 Catequese conforme o contexto sociocultural: Seguindo o exemplo de
Jesus Cristo, o Verbo encarnado na história, é urgente assumir a enculturação do
Evangelho nas culturas. Para isso é preciso conhecer melhor cada cultura e
entender os costumes do povo brasileiro, a fim de apresentar o Evangelho de modo
mais familiar e eficiente. Símbolos, celebrações e encontros de catequese que
levam em consideração a cultura dos destinatários tornarão a Igreja um espaço
onde as pessoas se sentirão mais à vontade, respeitadas e valorizadas a partir do
seu jeito próprio.
Ao fazer esta breve abordagem sobre os diretórios que regem a catequese na
atualidade, é importante se perceber que há um processo histórico por detrás e que a
catequese precisa estar onde estão as mais diversas realidades, para que a força do
Evangelho se faça presente não obstante os desafios da contemporaneidade. É dentro desta
mesma perspectiva, que na próxima unidade se fará uma abordagem sobre a catequese
entendida como uma formação permanente e o retorno às raízes das primeiras
comunidades cristãs.

Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2.

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UNIDADE 3

CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ E


CATEQUESE PERMANENTE
OBJETIVO DA UNIDADE: expor as realidades históricas acerca da Iniciação à Vida
Cristã, a sua importância para a vida da Igreja. Será incluído ainda na reflexão a relação
entre liturgia e catequese, o pensar a catequese dentro de um processo permanente e por
fim a realidade familiar da catequese.

3.1 Catequese de inspiração catecumenal

Por Iniciação Cristã se entende todo o processo pelo qual alguém é incorporado ao
mistério de Cristo Jesus, ou seja, é a verdadeira iniciação na celebração dos sacramentos do
Batismo, Eucaristia e Crisma. Estes foram chamados, a
partir do século XIX, de Sacramentos da Iniciação.
Pela doutrina do “ex opere operato” (uma vez
realizado o sacramento com fé e com todos os requisitos
canônico-litúrgicos, realiza-se o efeito salvífico significado
pelo rito sacramental), a Igreja professa que todo batizado
é verdadeiramente incorporado em Cristo Jesus e começa a
fazer parte do Corpo Místico, do Povo de Deus, da Igreja.
Mas, a expressão iniciação cristã passou a constituir todo o
processo pós-batismal percorrido para se chegar a esta
profunda realidade da fé do ponto de vista experiencial e
existencial (ALVES, 2009).
Fonte: https://goo.gl/gTW2Mb
O processo que, desde o século II, passou a valer na Igreja para iniciar os seus
novos membros, recebeu o nome de Catecumenato. Segundo alguns autores esse nome
pode significar apenas o “segundo tempo” da iniciação cristã, o mais longo e mais
propriamente catequético. O que mais se nota é o seu uso para significar todo o processo
da iniciação cristã.
Diante desta explanação inicial, ainda se pode questionar: mas o que é de fato a
iniciação cristã? Iniciação é sempre iniciação ao mistério, é mergulho pessoal no mistério;
ele está presente também no centro da fé. Jesus fala do Reino usando a categoria de

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mistério: “A vós é confiado o mistério do Reino de Deus” (Mc 4,11; cf. Mt 13,11; cf. Lc
8,10).
Segundo Alves (2009), o conceito de mistério aparece pouco no Antigo Testamento,
mas é muito usado por Paulo, tornando-se uma categoria fundamental para a fé. Foi usado
para manifestar o desígnio divino de salvação, que para Paulo se concentra na pessoa de
Jesus, sua vida, morte e ressurreição. Paulo contrapõe a “sabedoria humana” à “sabedoria
misteriosa” de Deus (1Cor 2,7) e diz que sua missão é fazer conhecer a gloriosa riqueza
deste mistério em meio aos gentios.
É justamente desta mensagem cristã, que por sua vez é apresentada como mistério,
que o aderente à fé é levado naturalmente à realidade da iniciação. O mistério é um
segredo que se manifesta somente aos iniciados. Diferentemente de outros conhecimentos
ou práticas, não se tem acesso ao mistério através de um ensino teórico, ou com a
aquisição de certas habilidades. Para ter acesso aos divinos mistérios a pessoa precisa, de
uma maneira ou de outra, ser iniciada a essas realidades maravilhosas através de
experiências que a marcam profundamente. São os ritos iniciáticos tão desenvolvidos na
antiguidade e em sociedades modernas secretas ou esotéricas, em geral ministrados a um
círculo restrito e fechado de pessoas (ALVES, 2009).
Os cristãos lançaram mão dessa realidade tão humana e arraigada nas culturas, de
tal modo que o cristianismo foi até confundido com uma das tantas religiões iniciáticas que
pululavam no Oriente Médio. Entretanto, era algo muito mais profundo: para participar do
mistério de Cristo Jesus era preciso passar por uma experiência impactante de
transformação pessoal e deixar-se envolver pela ação do Espírito. O processo de
transmissão da fé tornou-se, sim, iniciático em sua metodologia. Descobrir o mistério da
pessoa de Jesus e os mistérios do Reino, assumir os compromissos de seu caminho, viver a
ascese requerida pela moral cristã... são realidades muito exigentes; sem um verdadeiro
processo de iniciação não se alcança seu verdadeiro sentido.
O catecumenato foi um caminho antigo e eficiente, desenvolvido pelas comunidades
cristãs, aprofundado pelos Santos Padres, acolhido e institucionalizado pela autoridade
eclesiástica, núcleo do próprio desenvolvimento do ano litúrgico, gerado nesse processo. O
valor do mistério de Cristo e da Igreja era experimentado e depois explicado numa vivência
marcada pelo rito através de uma catequese chamada “mistagógica” (que inicia ao
mistério). O rito, ao envolver a pessoa por inteiro, marca-a mais profundamente do que a
simples instrução e interioriza o que foi aprendido e proclamado, realçando a dimensão de
compromisso (ALVES, 2009).
Iniciação não é invenção cristã; está na raiz de muitas religiões na antiguidade e,
mais ainda, na raiz de quase todas as culturas: antes de ser uma realidade religiosa, é uma
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realidade antropológica, que as sociedades modernas quase que perderam por completo. Aí,
talvez, esteja a nossa grande dificuldade de trabalhar com a iniciação ao mistério: não é
uma experiência do nosso dia a dia; falta-nos substrato antropológico (ALVES, 2009).

Dica de aprofundamento

CASTRO, Samuel Sampaio. Impactos do RICA na iniciação à vida cristã:


percepções sobre as práticas de agentes de pastoral. Disponível em:
<https://revistas.pucsp.br/index.php/reveleteo/article/viewFile/28935/21651>.
Acesso em: 24 jul. 2017.

3.2 Catequese e liturgia

Após se ter falado da inspiração catecumenal, é preciso compreender uma outra


fonte primordial da catequese: a liturgia da Igreja. É lá que a Palavra de Deus se manifesta
de modo sublime e único. Esta importância brota em dois fundamentos: antropológico e
teológico.
a) Fundamento antropológico
O ser humano é, por natureza, ritual
e simbólico. Refeições em família,
nascimentos e mortes, festas populares,
comícios, perdas e vitórias humanas são
cheias de ritos. É justamente pelo rito que
perpassa o sentido que se dá à vida. O
aderir ao rito significa abrir-se ao sentido
proposto por aquele grupo e por sua vez
fazer parte dele.
Fonte: https://goo.gl/Ukt8QM

A expressão ritual trabalha com ações simbólicas e estas atingem o ser


humano como um todo, em suas diversas dimensões: sensorial, afetiva,
mental, espiritual, individual, comunitária e social. A ligação estreita que
existe entre experiência, valores e celebração nos permite formular uma
espécie de lei estrutural da comunicação religiosa: aquilo que não é
celebrado não pode ser apreendido em sua profundidade e em seu
significado para a vida (DNC, n.116).

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É justamente por isso que a catequese leva em conta essa expressão de fé pelo rito
para desenvolver também uma verdadeira educação para a ritualidade e o simbolismo.
b) Fundamento teológico
Segundo o Concílio Ecumênico Vaticano II, a liturgia é a celebração memorial do
mistério pascal, na perspectiva da História da Salvação. A memória se faz na assembleia
litúrgica pela leitura e interpretação das Sagradas Escrituras e pela celebração da Eucaristia
e dos outros sacramentos, sacramentais, ofício divino, ano litúrgico. Essa memória é
realizada na força do Espírito Santo, dando graças a Deus que torna presente e nos faz
participar do Mistério Pascal de seu Filho:

Na ação litúrgica o Pai é adorado e glorificado, e nos cumula de bênçãos


pela presença de seu Filho Jesus Cristo nos sinais sacramentais; dá-nos o
Espírito de adoção filial que prepara os fiéis, recorda e manifesta-lhes a
ação salvadora de Cristo. Isso acontece na Igreja e pela Igreja que é como
que o instrumento e sacramento da Salvação (cf. CAT 1110-1112); pela
celebração dos sagrados mistérios, a Salvação torna-se hoje presente
(DNC, n.117).

Por isso a liturgia é ação sagrada por excelência, cume para o qual tende a ação da
Igreja e, ao mesmo tempo, fonte da qual deriva
sua força, e requer uma participação plena,
consciente e ativa (cf. SC 7, 10 e 14). A
catequese bebe desta fonte e a ela conduz.
Segundo a Sacrosanctum Concilium, “Na
liturgia Deus fala a seu povo, Cristo ainda
anuncia o Evangelho e o povo responde a Deus
com cânticos e orações” (SC 33); e por este
mesmo motivo ela, ao realizar sua missão,
torna-se uma educação permanente da fé:
Fonte: https://goo.gl/STqwrZ

A proclamação da Palavra, a homilia, as orações, os ritos sacramentais, a


vivência do ano litúrgico e as festas são verdadeiros momentos de
educação e crescimento na fé. A liturgia é fonte inesgotável da catequese,
não só pela riqueza de seu conteúdo, mas pela sua natureza de síntese e
cume da vida cristã (SC 10; CR 89): enquanto celebração ela é ao mesmo
tempo anúncio e vivência dos mistérios salvíficos; contém, em forma
expressiva e unitária, a globalidade da mensagem cristã. Por isso ela é
considerada lugar privilegiado de educação da fé (DNC, n. 118).

“A proclamação da Palavra na liturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamental


escola da fé” (DGAE 21). As festas e as celebrações são momentos privilegiados para a

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afirmação e interiorização da experiência da fé. O RICA é o melhor exemplo de unidade
entre liturgia e catequese. Celebração e festa contribuem para uma catequese prazerosa,
motivadora e eficaz que nos acompanha ao longo da vida.
Por isso, os autênticos itinerários catequéticos são aqueles que incluem em seu
processo o momento celebrativo como componente essencial da experiência religiosa cristã.
É essa uma das características da dimensão catecumenal que hoje a atividade catequética
há de assumir: “Há uma relação íntima entre a fé, a celebração e a vida. O mistério de
Cristo anunciado na catequese é o mesmo que é celebrado na liturgia para ser vivido: ‘Pelos
sacramentos a liturgia leva a fé e a celebração da fé a se inserirem nas situações da vida’”
(DNC, n.118).
Nessa interação, a vida cristã é discernida à luz da fé e desenvolve-se uma co-
naturalidade entre culto e vida: “Acolhemos com alegria o atual anseio de, nas celebrações
litúrgicas, celebrar os acontecimentos da vida inseridos no mistério pascal de Cristo”.
A catequese litúrgica é um processo que visa enraizar uma união madura, consciente
e responsável com Cristo, sobretudo através das celebrações, e leva ao compromisso com o
serviço da evangelização nas diversas realidades da vida. Ela prepara aos sacramentos e
ajuda a vivenciá-los: leva a uma maior experiência do mistério cristão. Explica o conteúdo
das orações, o sentido dos gestos e dos sinais, educa à participação ativa, à contemplação e
ao silêncio.
Por fim, as fórmulas litúrgicas (particularmente as orações eucarísticas) são ricas de
conteúdo doutrinal que expressam o mistério celebrado: a catequese que leva os
catequizandos à sua maior compreensão deve ser considerada como “uma eminente forma
de catequese” (DGC 71; cf. CT 23; SC 35, 3; CDC 777, §1 e 2).

Dica de aprofundamento

Após estes apontamentos sobre a catequese e a liturgia, faça


uma leitura do n.122 do Diretório Nacional da Catequese: Elementos
do processo de formação litúrgica na catequese. Veja quais elementos
já são vivenciados em sua comunidade local e os que ainda precisam
de um maior empenho. Documento disponível em:
<http://universovozes.com.br/editoravozes/web/view/BlogDaCatequese/wp-
content/uploads/2016/02/DNC-CNBB.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2017.

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3.3 Catequese permanente

Todo este tópico está baseado nas reflexões feitas na V Conferência do Episcopado
da América Latina e do Caribe. Primeiramente é notório que a situação atual da catequese,
tem mudado. Tem crescido o tempo que se dedica à preparação para os sacramentos. Tem-
se tomado maior consciência de sua necessidade tanto nas famílias como entre os pastores.
Compreende-se que ela é imprescindível em toda formação cristã. Tem-se constituído
ordinariamente comissões diocesanas e paroquiais de catequese (DA, n.295).
Mas, no que tange à formação teológica e pedagógica dos catequistas, é preciso
avançar ainda mais. Os materiais ainda não se integram em uma pastoral de conjunto; e
carecem de métodos pedagógicos atualizados. Os serviços de catequese das paróquias
frequentemente necessitam de apoio das famílias. Os párocos e demais responsáveis não
assumem com maior empenho a função que lhes corresponde como primeiros catequistas
(DA, n.296).
É por este e outros motivos que:

A catequese não deve ser só ocasional, e reduzida a momentos prévios aos


sacramentos ou à iniciação cristã, mas sim “um itinerário catequético
permanente” Por isto, compete a cada Igreja local, com a ajuda das
Conferências Episcopais, estabelecer um processo catequético orgânico e
progressivo que se propague por toda a vida, desde a infância até a
terceira idade, levando em consideração que o Diretório Geral de catequese
considera a catequese de adultos como a forma fundamental da educação
na fé. Para que o povo conheça a fundo e verdadeiramente a Cristo e o
siga fielmente dele deve ser conduzido especialmente na leitura e
meditação da Palavra de Deus, que é o primeiro fundamento de uma
catequese permanente (DA, n.298).

Segue ainda a reflexão do documento:

A catequese não pode se limitar a uma formação meramente doutrinal, mas


precisa ser uma verdadeira escola de formação integral. Portanto, é
necessário cultivar a amizade com Cristo na oração, o apreço pela
celebração litúrgica, a experiência comunitária, o compromisso apostólico
mediante um permanente serviço aos demais. Para isso, seriam úteis
alguns subsídios catequéticos elaborados a partir do Catecismo da Igreja
Católica e do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, estabelecendo
cursos e escolas de formação permanente aos catequistas (DA, n.299).

A catequese deve ser apropriada, e que acompanhe a fé já presente na religiosidade


popular. Uma maneira concreta pode ser oferecer um processo de iniciação cristã em visitas
às famílias, afirmam os bispos reunidos em Aparecida. Assim, não só os conteúdos da fé,
mas também a prática da oração familiar, à leitura orante da Palavra de Deus e ao

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desenvolvimento das virtudes evangélicas, que as consolidem cada vez mais como Igrejas
domésticas.
Por fim, este crescimento na fé, pode ser potencializado com o processo educativo
presente na piedade popular mariana. Trata-se de um caminho educativo que, cultivando o
amor pessoal à Virgem, verdadeira “educadora na fé” que nos leva a nos assemelhar cada
vez mais a Jesus Cristo, provoque a apropriação progressiva de suas atitudes (DA, n.300).

3.4 Catequese familiar

Segundo a Exortação Apostólica de São João Paulo II “Familiaris Consortio”, a Igreja


e a família são uma para a outra lugares propícios para a participação no mesmo mistério, o
da revelação de Deus na
história, porque a Igreja realiza
a sua missão na edificação das
famílias e, reciprocamente, as
famílias constroem a Igreja de
Deus. A Igreja e a família têm
uma missão comum e “o futuro
da humanidade passa pela
família” (FC 86) porque o “ser
da família” lança uma luz sobre
o mundo.
Fonte: https://goo.gl/MDzJ1P
A edificação de cada família cristã coloca-se no contexto da grande família da Igreja,
que a sustenta e a transporta e garante que tenha sentido e que existirá um futuro para
ela, o “sim” do Criador. E, reciprocamente, a Igreja é edificada pelas famílias, “pequenas
Igrejas domésticas”, como lhes chamou o Vaticano II, redescobrindo uma antiga expressão
patrística (FC 86).
O Concílio Vaticano II retoma o termo ecclesiola (uma Igreja em miniatura, Igreja
doméstica) cunhado por São João Crisóstomo para manifestar que a vida conjugal,
juntamente com papel dos pais e dos filhos nas suas relações interpessoais, que por sua vez
são determinadas por uma vida de “comunhão” e uma “comunidade” a construir
(cf. GS 48). Por isso, a família é uma realidade eclesial, sinal da união de Cristo com a sua
Igreja, onde o mistério da Igreja está presente de certo modo (cf. LG 11e FC 49) e para
tanto a sua missão é ser comunidade que salva (cf. FC 49), ao serviço da edificação do
Povo de Deus (cf. CAT 1534):
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Nos nossos dias, num mundo muitas vezes alheio e até hostil à fé, as
famílias crentes são de primordial importância, como focos de fé viva e
irradiante. O II Concílio do Vaticano chama a família, segundo uma antiga
expressão, “Ecclesia domestica – Igreja doméstica” (LG 11). É no seio da
família que os pais são, “pela palavra e pelo exemplo (…), os primeiros
arautos da fé para os seus filhos, ao serviço da vocação própria de cada um
e muito especialmente da vocação consagrada” ( LG 11) (CAT, n. 1656)

A família (ecclesiola) é portanto, uma realidade eclesial, lugar por nobreza de


santificação recíproca, afirma o Papa João Paulo II na Exortação “Familiaris consortio”,
referindo a “Sacrosanctum Concilium”: “O dever de santificação da família tem a sua raiz no
batismo e a sua expressão máxima na Eucaristia, à qual está intimamente ligado o
matrimônio cristão” (FC 57).
A família é também uma realidade intergeracional. Os esposos, na sua missão de
pais, devem trazer presente o amor divino que respeita e promove a diferença e a
alteridade de cada criança e adolescente. Os pais são os doadores da vida em nome do
Senhor e que o representam, aos olhos dos seus filhos, o Deus bom (cf. Lc 18, 19). A
comunhão entre gerações é fortificada por um contexto parental onde os próprios pais
percebem a exigência de amar, de dar sentido e de honrar os seus próprios filhos como
filhos de Deus (cf. Jo 1, 12; João Paulo II, Carta às famílias, n. 22).
A família deve ser sinal e sacramento da presença do Deus Trindade. Na Igreja
doméstica, manifesta-se uma presença particular do mistério divino (cf. João Paulo II, Carta
às famílias, n. 22). Toda a comunhão na verdade e no amor vem de Deus e constrói-se com
Ele, por Ele e n’Ele. O mistério trinitário determina as relações interpessoais dos esposos e
dos membros da família. Ela está no coração de Deus quando Deus está no seu coração (cf.
1 Cor 3, 16-17).
Deus não está distante da família cristã, antes pelo contrário: à imagem da Trindade
que é Unidade em três pessoas, a família é chamada a viver uma unidade profunda dentro
de uma pluralidade. As pessoas fortificam a sua singularidade dentro de uma comunhão
forte que está na origem da sua fecundidade. Uma vez que a família exprime a natureza da
Igreja, ela tem um papel importantíssimo onde ela se encontra. A família é uma
manifestação local, corporal, da comunhão eclesial.
O Vaticano II diz que a família é «o santuário da Igreja em casa» (AA 11). E por
isso mesmo, na sua expressão concreta, representa a encarnação de todo o amor cristão,
porque fundada sobre a graça batismal pertence ao mistério da Igreja. A partir desta graça,
exerce a sua missão em diversas direções, tal como refere a Familiaris Consortio:
 Transmissão e serviço da vida;
 Testemunho e educação da fé;
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 Serviço da oração e dos sacramentos;

 Construção de uma civilização da vida e do amor numa relação com o mundo,


feita de testemunho, de respeito e de anúncio explícito da origem de todo o amor.
Feita esta breve explanação sobre a presença e importância da família na vida da
Igreja, destaca-se sobretudo o seu testemunho e a educação da fé, isto é, a catequese
familiar, que é um ponto fundamental para que a família possa construir a Igreja, e a Igreja
possa fortificar a família:
A família é o objeto fundamental da evangelização e da catequese da
Igreja, mas é também o seu indispensável e insubstituível sujeito: o sujeito
criativo. Neste sentido, para ser este sujeito, não só para perseverar na
Igreja e atingir as suas fontes, mas também para constituir a Igreja na sua
dimensão fundamental, como uma “igreja em miniatura” (Igreja
doméstica), a família deve, particularmente, estar consciente da missão da
Igreja e da própria participação nesta missão (João Paulo II, Carta às
Famílias, 1994).

A família é um espaço privilegiado de encontro com o


amor, o primeiro lugar onde os filhos aprendem e
interiorizam os valores perenes e falam do magistério da
vida que se explicita na experiência quotidiana e se serve de
palavras, evidentemente, mas sobretudo de exemplos.
O Diretório Geral da Catequese reitera este
pensamento afirmando:
Fonte: https://goo.gl/UsQ9gH

A família como “lugar” de catequese tem uma prerrogativa única: transmite


o Evangelho, integrando-o no contexto de profundos valores humanos.
Com esta base humana, é mais profunda a iniciação na vida cristã: o
despertar para o sentido de Deus, os primeiros passos na oração, a
educação da consciência moral e a formação do sentido cristão do amor
humano, concebido como reflexo do amor de Deus Criador e Pai (DGC,
n.255)

Em resumo: trata-se de uma educação cristã mais testemunhada do que ensinada,


mais ocasional do que sistemática, mais permanente e quotidiana do que estruturada em
períodos.

Dica de aprofundamento

Para concluir o seu estudo, leia na íntegra a belíssima Carta às Famílias de


São João Paulo II, 1994. Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/john-
paul-ii/pt/letters/1994/documents/hf_jp-ii_let_02021994_families.html>. Acesso
em: 24 jul. 2017.

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3.5 Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários –
Documento – 107 (CNBB)

Esta unidade será encerrada trazendo de modo objetivo alguns apontamentos sobre
o novo documento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) “Iniciação à vida
cristã: itinerário para formar discípulos missionários”. O texto foi aprovado pela 55ª
Assembleia Geral da CNBB e recebe o número de 107 da coleção azul da Conferência.
Constituído por uma introdução e quatro capítulos, ele é direcionado aos catequistas e
responsáveis pela animação pastoral das dioceses e comunidades.
Na introdução é evidenciada a nova perspectiva que a Igreja deve caminhar
“marcada pela alegria e que deve indicar rumos novos para a caminhada da Igreja.” É uma
necessidade urgente, a revisão de nosso processo de transmissão da fé. É um desafio que
interpela a todos (Doc. 107, n. 1). No Brasil, estamos assistindo a um crescente movimento
de recuperação do RICA. Contudo, nos deparamos com o desafio de não poder aplicá-lo na
íntegra, devido à grande diversidade pastoral e eclesial de nosso país (n. 6).
Capítulo I: parte-se do ícone bíblico de Jesus e a Samaritana, e dele se espera um
encontro com Jesus a exemplo da samaritana, e que este ilumine nossas reflexões sobre a
Iniciação à Vida Cristã, animando-nos a dar novos passos no caminho de nossa ação
evangelizadora (n.11).
Capítulo II (Ver): partindo da narrativa do encontro de Jesus com a samaritana, a
Igreja, que somos todos nós que O seguimos, é chamada, hoje, a promover um novo
encontro luminoso, um novo diálogo, com novos interlocutores, reconhecendo que nos
encontramos num momento histórico de transformações profundas e de interlocuções novas
(n. 39).
Capítulo III (Iluminar): a partir da dinâmica deste encontro de Jesus [com a
Samaritana], são apresentados alguns elementos que a Igreja usou e que, hoje, inspiram
nossa ação evangelizadora, a fim de nos
tornarmos sempre mais uma Igreja casa da
Iniciação à Vida Cristã (n. 63).
Capítulo IV (Agir): partindo do encontro
de Jesus com a Samaritana e de outros textos
bíblicos da caminhada da Igreja e da catequese
de inspiração catecumenal, é possível destacar
algumas indicações práticas para a Iniciação à
Vida Cristã (n. 137).
Fonte: https://goo.gl/iiNEFe

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Conclusão: as reflexões e indicações apresentadas neste documento sinalizam a
NECESSIDADE de uma conversão pessoal de todos os membros da Igreja e,
consequentemente, da vida da comunidade eclesial. O que está diante de nós é o desafio
de construção e consolidação desse paradigma pastoral da Iniciação à Vida Cristã (n. 242).
Feito o nosso estudo sobre a catequese, partindo de sua realidade histórica e
chegando até a atualidade, agora vamos avançar! Caro acadêmico, na próxima unidade
você irá embarcar numa viagem de conhecimento sobre Missiologia, importante mas pouco
conhecida disciplina da Teologia. Aproveite!

Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 3 e a


atividade 3.1.

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UNIDADE 4

TEOLOGIA DA MISSÃO NAS SAGRADAS


ESCRITURAS
OBJETIVO DA UNIDADE: Apresentar a realidade missionária da Igreja a partir da
realidade bíblica do Antigo e do Novo Testamento.

Para acompanhar a abordagem que vamos fazer, é essencial que sejam lidos todos
os textos bíblicos indicados no decorrer do texto, a reflexão deve ser acompanhada da base
bíblica, caso contrário, não fará sentido algum. Toda reflexão teológica tem seu ponto de
partida na Sagrada Escritura, a missiologia não apenas parte dela, mas é o seu anúncio a
todos os povos.
O Filho é a origem e o princípio da Missão e por conseguinte, da Igreja. É Ele a
comunicação definitiva de Deus na história da salvação, pois “quem o vê, vê o Pai” (Jo
14,9). A função da Igreja é de apenas realizar a missão de Jesus: revelar o rosto do Pai ao
mundo e levar o mundo ao Pai, sendo assim compreendemos que todo verdadeiro
missionário só pode ser enviado pela Igreja, pelo Cristo e pelo Pai, não há missionário
desvinculado desta realidade.
Aparentemente Jesus nos deu regras para realizar a missão: ser mediador; encarnar-
se; ser fiel; seguir o modelo dele; evangelizar; acreditar e ter uma vida de pobreza.
O anúncio missionário não é apenas das palavras de Jesus, mas principalmente de
sua Pessoa, isso se nomeia como kerigma, ou primeiro anúncio. O kerigma nos primeiros
séculos consistia em apresentar a paixão, morte e ressurreição de Jesus, ou seja,
apresentar sua vida e depois disso seus ensinamentos.
A missão só é feita com o auxílio do Espírito que nos foi dado e impele a Igreja
desde Pentecostes até a parusia, é Ele o verdadeiro protagonista. O esforço humano não
faria sentido e não teria força de ação se não existisse o auxílio que vem do Espírito Santo.
Dentro do contexto do Antigo Testamento, o Espírito (ruah) é o sopro de Deus que
reveste e tem a missão de fazer alguém cumprir o mandato de Deus. Já no Novo
Testamento o Espírito é responsável por dar novo vigor missionário aos batizados. Este
Espírito é o gerador de vida que procede do Pai e do Filho, para que o mundo tenha vida
em abundância, a propagação desta nova vida que recebemos de Deus só é possível a
partir do anúncio daqueles que já aderiram ao projeto do Reino e não têm dúvida da
restauração provocada por esta atitude de adesão.
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A atuação do Espírito no mundo já era presente
antes da encarnação do verbo, mas em Pentecostes Ele
desce sobre os discípulos para aí permanecer e dilatar a
Igreja pelo mundo, gerando uma única família católica
superando a dispersão de Babel.

Fonte: https://goo.gl/3bYpw7
Sendo assim existe da parte do cristão uma grave responsabilidade de anunciar a
vida de Jesus Cristo ao mundo e de levar o mundo a Jesus, do contrário estaríamos traindo
aquele que nos chamou a servi-lo.

4.1 Antigo Testamento

No Antigo Testamento não existe o conceito de missão como concebemos nos dias
de hoje dentro do cristianismo, para eles a palavra aliança descrevia esta relação com Deus
e seu povo de modo que os missionários eram os profetas, que escolhidos por Deus
anunciavam seus desejos e alertavam todo o povo escolhido de Israel a retomarem o
verdadeiro cumprimento dessa aliança de amor. Para se aproximar um pouco de nossa
realidade, temos alguns profetas que também anunciavam o Messias tão esperado, porém,
sempre dentro do mesmo contexto de conversão interior e mudança de vida.
Várias foram as alianças de Deus com seu povo escolhido antes da aliança definitiva
por meio de seu Filho: a primeira foi feita com Noé, onde Deus os abençoou e fez o pedido
de serem fecundos e encherem novamente a Terra, colocando o sinal deste pacto no céu,
um arco-íris. A segunda com Abraão e é uma das
mais lembradas, ele ficou conhecido como pai de
todo o povo escolhido, Deus o convida a deixar
tudo e ir ao encontro da terra que Ele mesmo havia
preparado para seu povo. Por fim a aliança feita
por Moisés no monte Sinai, esta sim é a mais
recordada e celebrada por todo o povo hebreu.
Aqui Deus mostra seu nome e sela um pacto com
aqueles que ele mesmo libertou do Egito, selando
com a lei dada por Ele mesmo às mãos de Moisés.
Fonte: https://goo.gl/Em8XNK

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Na mentalidade do AT não poderia existir missão fora das terras de Israel, pois eles
eram o povo escolhido por Deus e todos os outros eram pagãos, estrangeiros e não dignos
de salvação.
 Particularismo: Israel tem consciência de que é o povo eleito por Deus e de
que são amados e perdoados por esse mesmo Deus, contudo, os merecedores de
tamanho amor são apenas eles, os outros povos são sempre insensatos e
detestáveis.
 Universalismo: Esta tendência estava em tensão com o particularismo por
afirmar que Deus salva seu povo para que essa salvação possa chegar a todos os
povos.
Apesar do judaísmo não ser uma religião missionária, os textos sagrados do AT
afirmam várias vezes que a salvação seria destinada a todos os homens da Terra por meio
dos hebreus.
Durante séculos Javé chamou homens e mulheres para profetizarem em seu nome
movidos pelo seu Espírito. O principal papel de um profeta era o anúncio do Reino alertando
dos desvios. Sua vida era destinada à promoção da verdadeira conversão, chegando a
afirmar Moisés: “quem dera que todos fossem profetas”, para explicitar a necessidade do
anúncio e a falta de pessoas aptas para este serviço.
Não apenas os profetas eram os chamados por Javé para este trabalho, os juízes
cumpriram um papel importante na vida de Israel, bem como os patriarcas, reis e sábios,
contudo, só eram realmente “missionários” enquanto eram fiéis a Deus, pois no momento
em que deixavam a fidelidade de lado davam apenas contratestemunho.
Podemos destacar a figura dos patriarcas do povo de Israel: Abraão, Isaac, Jacó,
etc. Abraão foi chamado por Deus para deixar sua terra e partir para um lugar
desconhecido e ali viver sua vida com a grande descendência que receberia. Foi provado
diversas vezes e em alguns momentos duvidou da ação de Deus ou a considerou
demasiadamente demorada.
A ida de Abraão para onde Deus lhe pedira configura de certa forma um envio
missionário, não tanto para pregar, mas para viver a vontade de Deus para ele e sua família.
Isaac é o filho da promessa de Deus a Abraão, sua vida não é muito conhecida na
Sagrada Escritura, mas o mais importante que se pode ressaltar é a bênção a seu filho Jacó,
passando assim a “força e virilidade” do chefe da família, força essa que recebeu de Deus
por meio de Abraão. Assim começa também a vida de missão de Jacó.

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4.2 Novo Testamento

No Novo Testamento o conteúdo missionário ganha abrangência e é posto quase


que como o centro dos evangelhos, em cada um de uma maneira diferente. O cumprimento
da missão de Jesus, enquanto Verbo eterno que se encarna e entra na história a fim de nos
dar uma vida nova por sua morte e ressurreição, sua caminhada terrena afirmando ser “o
caminho, a verdade e a vida” nos leva a uma atitude de caminhantes. Os evangelhos são
escritos por povos muito diferentes, cada um com uma história missionária e um modo de
entender o anúncio diferente dos demais, isso nos enriquece enquanto Igreja discípula-
missionária. Considerando esta diversidade de culturas na escrita dos evangelhos, pode-se
dizer que para Marcos o significado de missão é estar a caminho, para Mateus é ensinar e
para Lucas é testemunho.

4.2.1 A missão nos evangelhos

Marcos ressalta a estrada como realidade missionária, Jesus e os seus estão sempre
caminhando e a caminho, não ficam parados e estagnados, a missão não é local, é
itinerante. No capítulo 8 do evangelho vemos o envio missionário dos discípulos e o
questionamento de Jesus sobre quem as pessoas diziam que ele era, recebendo ainda
resultados frustrados: “é Elias, é João Batista, é um dos profetas”. A missão ainda não havia
se completado, as pessoas ainda não haviam compreendido qual era o papel de Jesus no
mundo.
Quando Pedro responde “Tú és o Cristo” (8,29), Jesus toma uma atitude de pedir
que não falasse a ninguém sobre isso, como pode o Filho de Deus querer que ninguém
saiba qual a sua missão na terra? Se esconder a fim de que os homens descubram só
depois quem ele realmente é? Ainda não era hora de revelar a todos esta maravilha, ainda
não estavam todos preparados para ouvir isto, Jesus nos ensina aqui que tudo deve ser
revelado a seu tempo, não podemos chegar com o fruto maduro se não semeamos antes.
Todo caminho corresponde a um processo, não é possível concluir uma jornada
partindo diretamente do ponto inicial ao final sem que seja perpassado todo o caminho, isso
se exprime de modo claro na narrativa do capítulo 4, 26-29 (que tal ler estes versículos
antes de continuar?). Jesus deixa claro que o protagonista da missão não é o homem, mas
este é uma parte do processo, primeiro vem a semeadura, depois com a graça de Deus os
grãos germinam, crescem e dão frutos. Este caminho progressivo da maturação dos grãos

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desde o plantio é o mesmo na estrutura de missão do evangelista, toda missão é um gesto
de semear e aguardar que o próprio Deus frutifique os corações.
Quando Jesus envia os seus em missão (Mc 6, 6b-13; Mt 10, 1-4) lhes dá poder
sobre os espíritos maus, sua força está sobre eles e isso é característica da missão, a
presença do próprio Cristo que orienta e age no discípulo, nunca o deixando sozinho à
mercê da própria sorte.
Mateus ressalta a montanha como local privilegiado das manifestações mais
importantes de Jesus, ele ensinava da montanha, proclamou as bem-aventuranças em uma
montanha, por isso se torna um símbolo.
É interessante notar este fato por aparecer duas vezes no evangelho, um
ensinamento falado e outro expressado visivelmente vieram da montanha. Mas qual a
relação disto com a missão? Aqui vemos na primeira narrativa deste evangelho, capítulos 5
a 7, um discurso que praticamente resume toda a doutrina que Jesus trouxe e isso acontece
apenas na primeira parte do capítulo 5 com as “bem-aventuranças”. Após Jesus chamar
alguns dos seus, prega no monte a fim de lançar as sementes desta missão que os que ele
havia escolhido dariam continuidade, chegando até os dias atuais, a mesma mensagem com
operários novos, sendo motivados pela mesma força que motivou os “operários da primeira
hora”.
A transfiguração no monte Tabor que é
narrada no capítulo 17 do mesmo evangelho,
ali Jesus simplesmente - ou magnanimamente
- se mostra aos três apóstolos como
realmente é, cheio da Glória e ladeado por
Elias e Moisés, mostrando que aqueles dois
personagens tão importantes para a difusão e
consolidação da mensagem de Javé estão
unidos a Ele, não existindo ruptura. A
mensagem de ontem é a mesma de hoje.
Fonte: https://goo.gl/PqzsnU
Lucas deve ser compreendido à parte por conter o maior ensinamento missionário
do NT. Seus textos estão divididos em duas partes: Evangelho e Atos dos Apóstolos. Sua
proposta é ligar intrinsecamente a missão de Jesus no mundo e a missão da Igreja no
mesmo mundo como continuação daquela feita pelo mestre e ao mesmo tempo como
novidade.
Algo muito tratado por Lucas é o tema do Espírito Santo que ocupa um lugar
privilegiado em sua obra, desde o anúncio do anjo até o impulso e a sua permanência na
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Igreja. O perdão, a oração, o amor, a misericórdia e a justiça são também temas
importantes em Lucas.
Mas quando teve origem a missão? Segundo os evangelhos sinóticos a missão teve
seu início na manhã do domingo, quando Maria Madalena foi ver Jesus no sepulcro e a
pedido dele ou dos anjos saiu anunciando sua ressurreição. E em Pentecostes ela foi
estendida a todos os povos da Terra, o Espírito Santo nos impeliu a anunciar sem fronteiras.
Ainda antes de Pentecostes, o evangelho segundo Lucas “fecha” sua narrativa com a
ressurreição, mandato missionário e ascensão aos céus. Cada um destes pontos está ligado
e se sucede até hoje:
• Nos encontramos com Jesus Ressuscitado ou com seu anúncio;
• Somos motivados a anunciar, mesmo que não nos peçam isso, somos impelidos
a mostrar aos outros as maravilhas operadas por Cristo;
• Toda missão tem um fim último: o paraíso. Tanto para o missionário, quanto
para aquele que recebe o anúncio.
Podemos constatar já na narrativa bíblica um itinerário missionário sendo formado
nos moldes que a evangelização querigmática tomaria.

4.2.2 Atos dos Apóstolos

Neste livro, o autor sagrado nos deixa bem claro que o impulso evangelizador e
missionário vem do Espírito Santo. Este paráclito prometido por Jesus veio até eles no dia
de Pentecostes e os fez compreender, de certo modo, a universalidade do evangelho, isso se
percebe quando os judeus de diversos lugares se perguntam: “Estes homens que estão
falando não são todos galileus? Como é que cada um de nós os ouve em sua própria língua
materna?” (2,7-8).
Este evento anima e impulsiona a comunidade a anunciar sem medo, o pavor que
havia tomado conta dos corações já não existia mais (2,14-47). Depois do mandato
missionário de Jesus, dizendo que fossem a todos os povos, até os confins da Terra, Ele
envia seu Espírito com o intuito de gerar vida nova entre aqueles que gerariam novas vidas
através do batismo.
O impulso do Espírito foi tamanho que não permitiu que esta boa notícia ficasse
restrita ao povo hebreu, como na maior parte do Antigo Testamento, aqui, pelas mãos do
apóstolo Paulo o evangelho foi levado a vários pagãos e muitas comunidades cristãs se
constituíram nestas terras, sendo alimentadas pelos ensinamentos trazidos pelos apóstolos e
enraizadas pelos próprios membros.

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Assim como toda a reflexão teológica parte das Sagradas Escrituras, a realidade
missionária não é diferente. Isto que vimos nesta unidade é de fundamental importância
para continuar o percurso dentro deste vasto campo da Missão Católica.

4.2.2.1 Jesus é o responsável pelo bom êxito da missão

Pedro e João são as primeiras figuras que, neste livro, curam um doente pelo nome
de Jesus (3,6-8). Contudo, o que realmente importa não é a cura extraordinária, mas o que
acontece logo em seguida: o homem curado não os deixava mais, se tornou seguidor de
Cristo a partir dos dois apóstolos.
Da mesma forma, a atitude de Estêvão é encarada com o olhar da missão. Sua
atitude de invocar o Senhor em sua morte e de professar as verdades da fé mesmo no
momento em que seria apedrejado (7,54-60) gera vida à comunidade pelo exemplo e
testemunho, encorajando muitos outros cristãos a entregar a vida por este projeto, das
mais variadas formas, levando até aquela célebre frase de Tertuliano em seu Apologeticum:
“o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.
É necessário notar que toda atitude missionária a partir do Novo Testamento deve
ter o Pai como meta, Jesus como pano de fundo e o Espírito como impulso. A missão é
essencialmente trinitária, e o seu agente principal é o próprio Deus.

Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 4.

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UNIDADE 5

MISSIOLOGIA NO MAGISTÉRIO PAPAL: DE


BENTO XV A FRANCISCO
OBJETIVO DA UNIDADE: Elucidar o processo do desenvolvimento histórico da
realidade missionária na Igreja a partir dos escritos papais.

É muito difícil falar de textos a respeito da missão católica décadas antes do Concílio
Vaticano II, mas estes textos existem e são mais numerosos do que imaginamos. Um
motivo para não recordarmos deles com grande frequência é o fato da interpretação eclesial
de missão ter mudado muito desde a época em que foram escritos até nossos dias, nos
levando a usufruir muito mais das reflexões dos últimos papas, ao invés de recorrer a um
manual com determinado contexto histórico.
Aplicar ideias ou ainda técnicas missionárias presentes nestes manuais nos dias de
hoje causaria um pouco de confusão na sociedade e na própria cabeça dos fiéis, você já irá
entender o motivo.
Começaremos pelo papa Bento XV que faleceu no ano de 1922, mas deixou para a
Igreja uma belíssima Carta Apostólica chamada “Maximum Illud”, escrita no ano de 1919,
sobre a propagação da fé católica no mundo inteiro.
Mais adiante aparecerão textos mais conhecidos, como o de Pio XII sobre as missões
na África, textos de João XXIII, Paulo VI e João Paulo II também nos auxiliarão a
compreender a visão dos papas e, portanto, da Igreja naquela época a respeito das missões
católicas.

5.1 Bento XV
Em sua época, o sentido das missões era bem específico: propagar a fé aos infiéis
que vivem na escuridão do paganismo.
No ano em que escreveu o documento denominado Maximum Illud sobre a
propagação da fé católica no mundo inteiro, o contexto de novos “descobrimentos” estava
chamando a atenção do mundo, que voltava o olhar principalmente para a África. Ali e em
vários outros continentes, especialmente na Ásia, se projetava uma estrutura missionária
que pudesse levar a doutrina católica antes mesmo de outras denominações e seitas, com o
intuito de substituir a fé pagã dos nativos pela verdadeira fé cristã.

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Estes termos usados refletem a realidade da época, uma missão que refletia mais
uma cruzada que um processo de evangelização de fato,
mas que deu diversos frutos ao mundo. Até porque o
missionário árduo era visto como um grande virtuoso e
cheio de estima entre o clero, basta lembrarmos de santo
Inácio de Loyola e São Francisco Xavier.
Mas quem eram os missionários? Apenas o clero.
Somente os padres podiam sair em missão pelo mundo,
mais tarde as religiosas também, mas somente em
territórios já evangelizados. Se depositava nos padres a
esperança da expansão do catolicismo, por isso grande
estima era nutrida pelos missionários.
Fonte: https://goo.gl/4hw5Xp
O missionário responsável por determinada missão era como que um pai para os que
ali estavam, era papel dele impulsionar os afazeres cotidianos e a arrecadação de fundos
para o bom andamento das atividades geralmente caritativas e de catequese.
O Papa pedia que ao se estabelecer uma missão, o responsável não se fechasse nele
mesmo, mas que encontrasse novos colaboradores para aquela obra de Deus. Ainda era
pedido que os trabalhos pastorais se desenvolvessem em conjunto com outras missões
próximas, o que era muito comum em territórios indígenas.
Já aparece aqui não só a permissão, mas a necessidade de um clero autóctone para
suprir as necessidades de seu próprio povo, pois era mais fácil que um nativo chegasse a
determinados lugares que um estrangeiro, por vezes europeu.
Nesta época, o neocolonialismo está acontecendo, vários países europeus se voltam
para o continente africano à procura de terras, minérios, e mão de obra. Em meio a esta
miséria, os missionários vão evangelizar em nome da Igreja, mas algumas vezes levam mais
o seu amor próprio ou a pátria ao invés do amor ao evangelho. A Maximum Illud afirma
categoricamente que o dever do missionário não é expandir impérios terrenos, senão
apenas o divino império de Cristo.

5.2 Pio XII


Não há como falar de conteúdo missionário em Pio XII sem comentar sua mais
célebre carta encíclica sobre o tema: Fidei Donum. Esta carta tem como foco as missões no
continente africano, que recebia na época muitos missionários floresta adentro para levar a
boa nova aos nativos.

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Para ele, as missões católicas eram como um fogo ardente no coração da Igreja,
pois dava esperança a todos os cristãos católicos de que o Reino de Cristo estava chegando
a todos os confins da Terra, até a mais longínqua aldeia de pagãos. Isso levava muitas
pessoas a se doarem em prol das missões nas mais diversas congregações religiosas que
mantinham trabalhos neste continente.
Contudo, muitos outros cristãos não podiam ingressar em ordens ou companhias
religiosas para evangelizar o mundo, precisavam cuidar de suas famílias. As mães tinham
que cuidar da educação dos filhos e os pais tinham o dever de dar o sustento da casa.
Nesta época a sabedoria da Igreja soube angariar o auxílio mesmo daqueles que não
podiam servir às missões concretamente. Esta carta encíclica de Pio XII vem tratar
especialmente do auxílio que toda a Igreja pode prestar às missões, seja com a oração ou
com os bens materiais. As Pontifícias Obras Missionárias eram o órgão que administrava os
bens destinados aos campos de missão. Isso ainda hoje acontece.

5.2.1 O tríplice dever missionário: a oração, caridade e vocações

Pio XII também deixa para a Igreja o pedido de que os fiéis auxiliassem com três
possíveis dons: a oração pessoal em favor das missões; a caridade com os próprios bens
materiais, favorecendo as obras construídas em territórios pobres; e para alguns a maior
das doações que é a entrega pessoal de si mesmo, na vocação sacerdotal ou religiosa.
O primeiro dever missionário compete a todos os católicos, sejam eles leigos ou
clérigos. Desde as crianças que se preparavam no catecismo às senhoras de idade
avançada, todos foram convidados pelo santo padre a se sentirem importantes para o bom
andamento das missões em países de grande dificuldade para a evangelização.

Procurai por todos os meios que vossos sacerdotes e fiéis elevem instantes
e ininterruptas súplicas por esta causa santíssima. Instrui-os bem e
mantende-os regularmente ao corrente da vida da Igreja; dareis assim
alimento ao zelo pela oração; seja esta ainda mais vivamente estimulada
em certos tempos litúrgicos, mais propícios a nutrir e incentivar as santas
missões. Pensamos sobretudo no santo Advento, porque nele revive a
expectativa do gênero humano pelo Salvador e a providencial preparação
da obra da salvação; na festa da Epifania, que manifestou aos homens a
nova salvação; em Pentecostes que, ao sopro do Espírito Paráclito, celebra
o nascimento da Igreja. (FD. n 19)

O segundo dever missionário consiste na doação de bens materiais para que os


missionários os empreguem em suas obras junto às pessoas mais pobres, tendo em conta
que geralmente os lugares de missão na África eram sempre muito pobres.

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Outro pedido do papa aos missionários era a construção de obras como: hospitais,
orfanatos, asilos, escolas, etc., tudo para poder propagar mais perfeitamente a fé católica
neste território, para isso eram necessários muitos recursos que a Santa Sé não dispunha,
por isso a necessidade de buscar doações dos fiéis mais abastados, e muitas vezes dos que
pouco possuíam.

A esses espíritos generosos deve-se o maravilhoso incremento das missões,


desde o início deste século. Queremos manifestar aqui nossa gratidão aos
caríssimos filhos e filhas, pelo auxílio inteligente e cheio de caridade
prestado às múltiplas obras das missões católicas; e, de modo especial,
queremos louvar aqueles que, ligados às Pontifícias Obras Missionárias,
assumiram o encargo nobilíssimo, mas às vezes ingrato, de esmolar em
nome da Igreja, como mendigos, para as jovens cristandades das missões,
objeto do orgulho e da esperança da Igreja. A esses diletos filhos
agradecemos de coração, bem como a todos os que servem na S.
Congregação "de Propaganda Fide" (...) (FD. n 22)

O último dever e mais ansiado pelo papa é a doação do dom de si mesmo em favor
das missões católicas. As vocações sacerdotais, mesmo sendo numerosas na época, não
supriam a necessidade de padres nestes
territórios - nem mesmo nas realidades
periféricas dos grandes centros urbanos
da Europa.
Por isso o clero religioso era muito
estimado, se despediam de sua pátria e
partiam rumo ao continente desconhecido
para operarem grandes obras em nome
da Igreja.
Fonte: https://goo.gl/TBNVbF
Aqui já se percebe um pequeno avanço no conceito de missão católica, comparando
os textos anteriores a Pio XII e este, percebemos que a Igreja em si se torna responsável
pelas missões, não apenas o papa ou os clérigos, mas todos fazem a missão acontecer,
contudo, ainda estamos longe da reflexão atual sobre o tema.

5.3 João XXIII


João XXIII se preocupou muito em não romper com o ensinamento dos papas
anteriores, nas encíclicas Ad Petri e Princeps Pastorum ele insiste veementemente na
contribuição que seus predecessores deram no que diz respeito às missões católicas e nos
avanços que cada um, a seu tempo, conseguiram fazer.

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Segundo este papa, um dos maiores males da humanidade atual é a falta do
conhecimento da verdade, mal que envenena e perturba pessoas e sociedades inteiras (AP
4). Mesmo com todos os atuais avanços na área do diálogo com tantas religiões e ciências,
a Igreja não pode perder as verdades eternas da fé, uma vez que para um diálogo frutuoso
e sincero, ambas as partes precisam ter suas verdades claras e bem definidas, ou não
existiria diálogo. Na maioria das vezes os que mais defendem com revolta alguma posição,
são os que menos sabem dela e por isso recorrem à força.
Acreditando que Deus nos dotou de razão para compreender as verdades naturais e
nos revelou as verdades eternas para que compreendêssemos melhor os planos divinos,
não restam dúvidas de que seguindo os passos da razão - a verdade - estamos seguindo o
próprio Deus (AP 4).
As obras de caridade e a pregação da verdade cristã eram consideradas o principal
objetivo das missões: “a difusão da verdade e da caridade de Cristo é a verdadeira missão
da Igreja” (PP 18),
Muitos missionários entendiam a necessidade de formar um clero autóctone em seus
territórios, mas alguns não se importavam com este trabalho, achavam penoso e trabalho
muito árduo.
Bento XV escreveu na encíclica já comentada acima, e João XIII confirma e refaz o
pedido deste papa:

Todavia, foi a Carta apostólica Maximum illud que pôs em plena evidência,
como nunca antes, toda a importância e urgência do problema,
relembrando uma vez mais, com acentos lacinantes e prementes, o
empenho urgente, por parte de quem presidia às missões, de cuidar das
vocações e da educação daquele que então se chamava clero indígena, sem
que este apelativo jamais haja revestido qualquer significado de
discriminação ou de diminuição, que se deve sempre excluir da linguagem
dos romanos pontífices e dos documentos eclesiásticos. (PP 8)

Percebe-se que o modo como eram chamados os nativos não está sendo usado
atualmente, mas o sentido perdura. O clero autóctone nada mais é do que um grupo de
padres nascidos e criados naquela região, nativos (ou indígenas como eram conhecidos).
Esta existência era o coração das missões, sem padres do próprio povo, muitos nativos
poderiam não entender a mensagem do Evangelho. Sem contar que depois de algumas
décadas, a Europa não teria mais condições de continuar enviando sacerdotes para o tão
grande número de fiéis que ali estariam.
Assim como a Igreja precisava de um clero autóctone, é fácil constatar que precisa
também de um grupo de fiéis bem formados e capazes de dar as razões de sua nova fé. Por
isso, o antecessor de João XXIII dedicou muito tempo e tinta a escrever sobre a importância

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do apostolado leigo, levando também este papa a continuar investindo naqueles que seriam
os protagonistas da missão em todo o mundo.
Percebam a mudança que estamos vivenciando, antes o povo ajudava com bens
materiais ou orações, agora sua participação ativa na realidade missionária é fundamental
para que a comunidade cristã se estabeleça e crie raízes profundas, não morrendo caso o
padre ou religioso europeu seja levado para outro país.
Os missionários precisavam “de um laicato nativo à altura da sua vocação cristã e
empenhado no apostolado” (PP 24). E esta colaboração dos fiéis fez com que os Bispos e o
clero pudessem eficazmente desenvolver a sua obra entre os povos, quer no campo
propriamente religioso, quer no campo social (PP 25).
É dever dos leigos a participação concreta nas missões estabelecidas pelos clérigos
ou religiosos, primeiramente no fervor religioso, depois na direção dos grupos na
comunidade cristã e por fim até mesmo na formação e instrução dos novos cristãos e das
crianças. Para que os leigos assumissem de modo concreto as missões, era necessária uma
formação sólida e robusta.
Para isso, a Igreja dedicou
grande empenho em deixar claro que o
ofício de catequista era de modo mais
expresso uma obrigação dos leigos.
Também se ressalta a importância de
cristãos íntegros em suas vidas, que
tenham tanto o conhecimento
intelectual da fé e dos costumes
quanto o bom caminhar cotidiano,
podendo ensinar não apenas por
palavras, mas por obras.
Fonte: https://goo.gl/LydBZz
A ação católica exige muito empenho para ser compreendida neste contexto, sua
capacidade de adaptação às circunstâncias de cada região e às mais diversas culturas fez
dela uma poderosa ferramenta de evangelização e consolidação das comunidades católicas.
Por fim, João XXIII deixa aos missionários uma mensagem de caridade e compaixão,
mostrando que mesmo tendo abandonado sua pátria e deixado todo o conforto de suas
casas para sofrerem as tribulações dos países de missão, a Igreja se recorda deles com
extremo carinho e preocupação, pois são os primeiros semeadores em terras desconhecidas
e não sabem se a colheita será boa ou se o terreno ainda não estará fértil para produzir
bons e numerosos frutos.
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5.4 Paulo VI
Paulo VI e João Paulo II são mais importantes para nossa reflexão, por isso
entraremos em contato com seus textos originais, mais do que com a reflexão do autor
sobre o tema. Apontarei pistas de reflexão que serão aprofundadas nas encíclicas de cada
papa.
A contribuição de Paulo VI para as missões está registrada em diversos documentos,
aqui veremos apenas dois: Evangelii Nuntiandi e Populorum Progressio, sendo que a
segunda trata mais de aspectos sociais, mas neste contexto histórico, a estrutura social dos
grandes centros já passa a ser um campo privilegiado para a missão católica. A atitude
comum de sair a evangelizar terras desconhecidas praticamente não existe mais aqui por
um simples motivo: o que precisava ser “descoberto” já foi. Em um mundo globalizado, não
existe necessidade de se lançar até terras desconhecidas como era antigamente; os modos
de agir mudaram muito, por isso o modo de fazer missão e ser missionário também mudou.
O compromisso com a ação evangelizadora da Igreja é de todos os cristãos
batizados, ninguém foge desta responsabilidade.
Mas por que esta responsabilidade recai sobre nós? Cristo anunciou primeiro o Reino
de Deus e a salvação que Ele mesmo nos trouxe, anunciou para que a conhecêssemos.
Agora é nosso papel continuar este anúncio para que o maior número de pessoas saiba
desta novidade tão antiga.
Converter não é fácil, ainda mais neste contexto histórico em que vivemos, para isso
a missão de levar a Igreja a todos os que se encontram ao nosso redor é cada vez mais
árdua, antes os missionários carregavam a cruz de estar longe de sua pátria, de se deparar
com uma cultura diferente e por vezes áspera, hoje nos deparamos com a aspereza de
nossos vizinhos, amigos e colegas de trabalho, com a cruz da indiferença cravada no
coração dos homens, com um multiculturalismo imposto que abafa as verdades eternas.
O grande exemplo deixado por Cristo e seguido por seus apóstolos é nada mais que
o anúncio infatigável da boa nova, anúncio que o fez sofrer por amor de nós. Por que este
mesmo anúncio não nos leva a padecer também por amor aos nossos irmãos?

5.5 João Paulo II


Entramos em uma nova era, são João Paulo II consolida as reformas feitas no
Concílio Vaticano II e em seu pontificado extenso consegue refletir sobre diversos temas
importantes para a Igreja no mundo todo, um deles é a missão católica.
O papa começa por corrigir um erro gravíssimo: a missão ad gentes não é mais
importante para a Igreja. Segundo ele, este tipo de missão é claramente um sinal da
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vitalidade eclesial e da força católica frente aos não cristãos. Força esta que não simboliza
revolta ou imposição, mas capacidade de anunciar e mostrar aos outros que ainda não
conhecem a Cristo a novidade e alegria desta boa notícia.
Na exortação apostólica Christifideles Laici, o papa ressalta a importância dos leigos
em toda a missão da Igreja, não apenas na missão do primeiro anúncio, mas em cada
atividade eclesial.

5.6 Bento XVI


Bento XVI marca um novo modo de encarar a realidade missionária da Igreja no
mundo, sendo sucessor de um grande papa, ele se preocupa em manter este mesmo nível
de compreensão eclesial.
Tendo em vista que durante este papado a Igreja acabou de passar por uma época
turbulenta que foi o fim do Concílio Vaticano II e as diversas investidas do mundo moderno
contra as verdades da fé, podemos compreender bem a postura de Bento XVI no que diz
respeito à realidade missionária. Ele escreve:

O anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor,


o seu espírito apostólico, renova os seus métodos pastorais a fim de que
sejam cada vez mais apropriados às novas situações — inclusive as que
exigem uma nova evangelização — e animados pelo impulso missionário:
«A missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade cristãs, dá-lhe
novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A
nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e
apoio, no empenho pela missão universal». (BENTO XVI, 2011)

Ele entende a missão como um novo ar para as igrejas locais, e, portanto, para a
Igreja universal. Esta reflexão se expressa na mensagem que escreveu para o dia mundial
das missões em 2011.
Desta forma, é importante notar a ligação que ele faz com missão e liturgia. “Todos
aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de O anunciar aos
outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús” (ibidem), o encontro com o Senhor na
Santa Missa e na frequência dos sacramentos leva os critãos a anunciar por se plenificarem
de Cristo.
A inquietude a respeito das pessoas que ainda não conhecem a Cristo está presente
no pensamento deste papa, bem como em relação àqueles que “mesmo tendo recebido o
anúncio do Evangelho, o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja”
(ibidem).

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5.7 Francisco

Se inicia com Papa Francisco uma reflexão missionária que toca os corações com
mais intensidade e fervor, como aos
primeiros cristãos.
Ele se preocupa primeiramente com
aqueles que já receberam o anúncio e vivem
em uma comunidade cristã, porém usam de
uma vida interior mesquinha para se
fecharem e assim não sobre espaço para os
outros que ainda estão fora (EG, 2). Esta é
uma preocupação antiga, mas nas últimas
décadas quase não se falava sobre isso, na
verdade era quase que encorajada a atitude
de fechamento para o diferente e externo.
Fonte: https://goo.gl/ALpkjK
Por isso o papa convida todos os fiéis a um sincero renovamento do encontro
pessoal com Jesus Cristo, para que todos possam, não apenas se reencontrar com Ele, mas
deixar-se encontrar, ser interpelado por este Cristo que ama a todos e quer que este
mesmo amor continue se estendendo (EG, 3).
Quem se encontrou com Nosso Senhor com toda certeza conhece também sua cruz,
o instrumento pelo qual fomos salvos de nossos pecados e recebemos a vida eterna, esta
mesma cruz é fundamental no anúncio do querigma, ou seja, no primeiro anúncio de Cristo:
“mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os
pagãos” (1Cor 1, 23). Este anúncio não para na cruz, e por outro lado, também não tem
seu início nela (paixão, morte de cruz e ressurreição), ela configura o meio do caminho, sua
chegada simboliza a ressurreição iminente, por isso dela, e, portanto, do Evangelho, devem
brotar a mais bela alegria (EG, 5).
Esta alegria não fica somente com o evangelizado, mas transborda para todos ao
seu redor, isso é a missão de cada cristão, transbordar o amor de Cristo, comunicá-lo e
levar esta bela verdade a outros (EG, 9). E não somente aos que estão perto como amigos
ou familiares, mas principalmente aos que estão nas periferias do mundo (EG, 20) e
necessitam, às vezes não da fé, mas do cuidado fraterno que é próprio do cristão realmente
evangelizado.

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5.7.1 Desafios cotidianos

Quando se fala de evangelização e missão, os desafios são inúmeros, mas o papa


deixou claro alguns inimigos talvez novos neste panorama eclesial, são eles: globalização e
crescimento econômico acelerado, deixando sempre mais pobres e miseráveis pelo
caminho; economias de exclusão; idolatria ao dinheiro; desigualdade social que gera
violência, entre outros.
É importante notar que grande parte dos desafios explicitados pelo Papa estão na
área econômica, por qual motivo isso se dá? Exatamente por aquilo que já foi dito:
experimentamos atualmente uma cultura de egoísmo onde cada um olha somente para si
mesmo, se esquecendo dos outros ao seu redor, isso acontece na igreja e fora dela. Todos
já ouviram frases como: “se está na rua é um
vagabundo”, “bandido bom é bandido morto”, “ela
tem tantos filhos assim porque quis, agora que se vire
para sustentar”, e por aí vai o nível das ofensas aos
mais marginalizados. Não digo em momento algum
que suas posturas estão certas ou erradas, mas cada
pessoa é um filho de Deus, gerado na cruz de Cristo,
se todos entendessem a realidade assim, o processo
de evangelização seria completamente diferente.
Fonte: https://goo.gl/Vg7Q7k
A mudança dos tempos configura certamente um grande fator que dificulta o
empenho missionário e a abertura dos que ainda não receberam o anúncio (EG, 52).

5.7.2 Como anunciar?

De pessoa a pessoa, este é o projeto do Papa Francisco. Nisto consiste a renovação


missionária da Igreja, todos compreendendo que o anúncio é prioridade logo depois da
vivência alegre do Evangelho.

Hoje que a Igreja deseja viver uma profunda renovação missionária, há


uma forma de pregação que nos compete a todos como tarefa diária: é
cada um levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos
mais íntimos como aos desconhecidos. É a pregação informal que se pode
realizar durante uma conversa, e é também a que realiza um missionário
quando visita um lar. (EG, 127)

Outra realidade do envio missionário são as diferenças entre povos, culturas,


pessoas e carismas dentro da Igreja. Estas diferenças são muito bonitas e fundamentais
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para o anúncio, o Evangelho não é algo rígido, seus diversos modos de vida pastoral e
espiritual enriquecem a vida da comunidade, por isso o que serve para unir não deve de
modo algum causar desunião.

5.7.3 A missão não para no Querigma

Por fim, a fé adquirida deve sempre ser reanimada e alimentada com os devidos
conteúdos, por isso o primeiro anúncio não deve ser o único, mas “deve desencadear
também um caminho de formação e de amadurecimento. A evangelização procura também
o crescimento, o que implica tomar muito a sério em cada pessoa o projeto que Deus tem
para ela”. (EG, 160)
Crescer na fé é também crescer na união com Deus, por isso, é de fundamental
importância que os evangelizadores rezem frequentemente e estejam na presença de Deus
todo o tempo. “Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e
trabalham” (EG, 262). Sendo assim, devemos evitar os extremos perigosos, alguns correm
para a oração como fuga do trabalho missionário, outros correm para o trabalho missionário
como fuga de um encontro pessoal com Deus, contudo, ambos se frustram por seus
esforços serem vazios de sentido.
Que esta alegria do Evangelho nos oriente nos caminhos da missão, para além das
fronteiras do nosso egoísmo.

Para finalizar seu estudo, realize o Exercício 5 e a


Atividade 5.1.

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REFERÊNCIAS

ALVES DE LIMA Luiz. A Iniciação Cristã Ontem E Hoje. Revista de Catequese 32 (2009)
nº 126, abril-junho, pp. 06 – 22.

BENTO XV, Papa. Carta apostólica “Maximum Illud”. Disponível em:


<http://w2.vatican.va/content/benedict-xv/es/apost_letters/documents/hf_ben-
xv_apl_19191130_maximum-illud.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

BENTO XVI, Papa. Mensagem para o dia mundial das missões. Disponível em:
<https://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/messages/missions/documents/hf_ben-
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BÍBLIA DO PEREGRINO. 3.ed. São Paulo: Paulus, 2011.

BRIGHENTI, Agenor. A missão evangelizadora no contexto atual. Realidade e desafios


a partir da América Latina. São Paulo: Paulinas, 2006.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Petrópolis: Loyola, Ave-Maria, Vozes, Paulinas,


Paulus, 2000.

COMBLIN, José. O enviado do Pai. Petrópolis, RJ: Vozes, 1974.

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário


para formar discípulos missionários. Edições CNBB. 2017.

______. Memória, projeto, segmento. Missões populares da Igreja no Brasil. 2007.

______. 3ª Semana Brasileira de Catequese – Iniciação à Vida Cristã. Brasília. Edições


CNBB, 2010.

______. Diretório Nacional de Catequese. Brasília, Edições CNBB, 2006.

______. Catequese Renovada. São Paulo: Paulinas, 1983.

CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório Geral para a Catequese. São Paulo: Edições
Loyola e Paulina, 1998.

DECAT – Depto. de Catequese do CELAM. Catequese na América Latina – Linhas Gerais


de Orientação. Edições Paulinas: São Paulo, 1986.

DE COPPI, Paulo - ASCARI, G. Caminhos da Missão - Temas de espiritualidade


missionária. São Paulo: Mundo e Missão.

______. Por uma Igreja toda missionária: Breve curso de missiologia. São Paulo:
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DECRETO “Ad Gentes”. Disponível em:


<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
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DECRETO “Unitatis Redintegratio”. Disponível em:


<http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-
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51
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DOCUMENTO DE APARECIDA: Texto Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado
Latino-Americano e do Caribe, Edições CNBB, Paulinas, Paulus, 2007.

DGAE. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2003-2006


(Doc. CNBB 71).

FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica “Evangelii Gaudium”. Disponível em:


<https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/documents/papa-
francesco_esortazione-ap_20131124_evangelii-gaudium.html>. Acesso em: 20 jun. 2017.

JOÃO XXIII, Papa. Carta encíclica “Ad Petri Cathedram”. Disponível em:
<https://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-
xxiii_enc_29061959_ad-petri.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

______. Carta encíclica “Princeps Pastorum”. Disponível em:


<https://w2.vatican.va/content/john-xxiii/pt/encyclicals/documents/hf_j-
xxiii_enc_28111959_princeps.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

JOÃO PAULO II, Papa. Exortação apostólica Familiaris consortio (Sobre a missão da
Família Cristã no mundo de hoje). São Paulo: Loyola, 1982.

______. Gratissimam Sane (Carta às famílias) 2 de fevereiro de 1994.

______. Carta encíclica “Redemptoris Missio”. Disponível em:


<http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp
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OLIVEIRA, Ralfy. M. O Movimento Catequético no Brasil. São Paulo: Ed. Salesiana Dom
Bosco, 1980.

PAULO VI, Papa. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição


Dogmática sobre a Igreja Lumem Gentium. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2014.

______. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Decreto sobre o apostolado dos
leigos. Apostolicam Actuositatem. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2014.

______. Documentos do Concílio Vaticano II. Constituição Gaudium et Spes. 7. ed. São
Paulo: Paulus, 2014.

______. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição sobre a Sagrada


Liturgia Sacrosanctum Concilium. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2014.

______. “Exortação apostólica pós-sinodal Evangelii Nuntiandi”. Disponível em:


<http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/apost_exhortations/documents/hf_p-
vi_exh_19751208_evangelii-nuntiandi.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

PIO XII. Carta encíclica “Fidei Dunum”. Disponível em:


<https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-
xii_enc_21041957_fidei-donum.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

PIO XII. Carta encíclica “Evangelii Praecones”. Disponível em:


<https://w2.vatican.va/content/pius-xii/pt/encyclicals/documents/hf_p-
xii_enc_02061951_evangelii-praecones.html>. Acesso em: 16 nov. 2016.

SANTOS, Luiz Pereira dos. Catequese, Ontem e Hoje. São Paulo: Edições Paulinas, 1979.
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EXERCÍCIOS E ATIVIDADES

EXERCÍCIO 1

Na unidade 1 se faz uma pequena abordagem sobre as Catequeses Primitivas,


sobre isso assinale de onde partem os conteúdos desta catequese:
a) Do decálogo, das bem-aventuranças e preceitos das relações sociais.
b) Somente da Bíblia.
c) Dos pais.
d) Do lider da comunidade.

Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de


Aprendizagem.

ATIVIDADE 1.1

Das fontes da catequese, têm fundamental importância o magistério eclesial, e dentro deste
de modo particular a doutrina do Concílio Ecumênico Vaticano II (1965), este que é um
acontecimento de suma relevância do século XX, e que provoca a mudança da cosmovisão
cristã. “O mistério da Igreja e a missão da Igreja, eis o argumento sobre o qual gira o
concílio” (Card. Montini). O Vaticano II não tratou de modo direto sobre a catequese, uma
vez que a mesma ainda não tinha se firmado de tal modo a merecer uma revisão conciliar. O
Vaticano II, é um Concílio preferencialmente pastoral, que apresenta a fé tendo em vista o
homem concreto. Por isso, o mesmo toca e dá fundamento a muitos aspectos da catequese.
Neste sentido, escreva um texto com no mínimo 15 linhas, fazendo um
apontamento dos principais enfoques do Vaticano II que tocam o
desenvolvimento da catequese.

Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa.

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EXERCÍCIO 2

Analise os enunciados a seguir:


I. A catequese faz parte do ministério da Palavra e do profetismo eclesial.
II. É missão da catequese fazer discípulos para ajudar os homens a acreditar que Jesus é o
Filho de Deus.
III. É finalidade da catequese promover em plenitude e alimentar diariamente a vida
cristã dos fiéis de todas as idades.
a) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
c) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
d) Todos os enunciados estão corretos.

Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de


Aprendizagem.

EXERCÍCIO 3

Na unidade 3 desta apostila, se faz menção a Sacrosanctum Concilium, “Na liturgia Deus
fala a seu povo, Cristo ainda anuncia o Evangelho e o povo responde a Deus com cânticos e
orações” (SC 33); e por este mesmo motivo ela, ao realizar sua missão, torna-se uma
educação permanente da fé. Assinale os elementos abaixo que fazem parte desta educação
na fé dada pela liturgia da Igreja:
a) Somente nos cantos.
b) No comentário inicial.
c) Na acolhida do presidente da celebração.
d) A proclamação da Palavra, a homilia, as orações, os ritos sacramentais, a vivência do
ano litúrgico e as festas.

Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de


Aprendizagem.

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ATIVIDADE 3.1

“A família é o objeto fundamental da evangelização e da catequese da Igreja, mas é também


o seu indispensável e insubstituível sujeito: o sujeito criativo. Neste sentido, para ser este
sujeito, não só para perseverar na Igreja e atingir as suas fontes, mas também para
constituir a Igreja na sua dimensão fundamental, como uma “igreja em miniatura” (Igreja
doméstica), a família deve, particularmente, estar consciente da missão da Igreja e da
própria participação nesta missão” (João Paulo II, Carta as Famílias, 1994). Acompanhando
esta perspectiva da Carta às Famílias de São João Paulo II, faça um texto com no
mínimo 15 linhas elencando os critérios essenciais para que o contexto de vida
familiar possa desempenhar a missão catequizadora.

Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa.

EXERCÍCIO 4

Sobre a realidade missionária na Sagrada Escritura:


I. Marcos ressalta a estrada como realidade missionária.
II. A ida de Abraão para onde Deus lhe pedira configura de certa forma um envio
missionário.
III. Na mentalidade do AT Deus veio para todos fora das terras de Israel.
IV. A missão é essencialmente trinitária.
a) Apenas os enunciados I, III e IV estão corretos.
b) Apenas os enunciados II, III e IV estão corretos.
c) Apenas os enunciados I, II e IV estão corretos.
d) Apenas os enunciados I, II e III estão corretos.

Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de


Aprendizagem.

EXERCÍCIO 5

1. A respeito do que foi estudado sobre Bento XV, Pio XII e João XXIII.
Marque a alternativa INCORRETA:
a) João XXIII escreveu a encíclica Ad Petri no ano de 1990.
b) Para Pio XII o tríplice dever missionário era: a oração, caridade e vocações.
c) Na época de Bento XV o sentido das missões era propagar a fé aos infiéis que vivem na
escuridão do paganismo.
d) Já existiam catequistas leigos ligados aos campos de missão durante o papado de João
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XXIII.

2. Analise os enunciados a seguir:


I. A atitude comum de sair a evangelizar terras desconhecidas praticamente não existe
mais neste contexto do papado de Paulo VI.
II. A inquietude a respeito das pessoas que ainda não conhecem a Cristo não está presente
no pensamento do papa Bento XVI.
III. Evangelii Nuntiandi e Princeps Pastorum são dois documentos escritos por Papa Paulo
VI a respeito das missões católicas.
IV. A alegria do Evangelho não fica somente com o evangelizado, mas transborda para
todos ao seu redor, isso é a missão de cada cristão, transbordar o amor de Cristo,
comunicá-lo e levar esta bela verdade a outros
a) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e IV estão corretos.
c) Apenas os enunciados I, II e IV estão corretos.
d) Apenas o enunciado IV está correto.

Verifique seu aprendizado realizando o Exercício no Ambiente Virtual de


Aprendizagem.

ATIVIDADE 5.1

Leia o capítulo V (Os caminhos da missão) da encíclica Redenptoris Missio de João Paulo
II e comente em no mínimo uma página a respeito dos modos de missão.
Dísponivel em: <http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-
ii_enc_07121990_redemptoris-missio.html>. Acesso em: 31 jul. 2017.

Submeta a atividade por meio da ferramenta Tarefa.

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