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ENSINO RELIGIOSO E
PERSPECTIVAS ATUAIS
1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
ISBN 978-65-5646-319-3
ISBN Digital 978-65-5646-318-6
1. Ensino Religioso. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
CDD 200
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
A História do Ensino Religioso no Brasil................................... 7
CAPÍTULO 2
Ensino Religioso: Legislação Normativa.................................. 49
CAPÍTULO 3
Ensino Religioso: Sala de Aula, Desafios e Perspectivas...... 91
APRESENTAÇÃO
Caro pós-graduando, o Ensino Religioso é a disciplina em que se confia
a educação referente à religiosidade, do ponto de vista das escolas laica e
pluralista. As religiões estão diretamente ligadas à história humana e refletem nos
comportamentos pessoal e social da humanidade.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO
BRASIL
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro pós-graduando, a discussão acerca do Ensino Religioso, na educação
pública do Brasil, é ponto de debate frequente. Com matrícula facultativa e oferta
obrigatória, é, por vezes, identificada a partir de padrões históricos e culturais
que a associam a uma prática pedagógica contrária à laicidade e à diversidade
religiosa.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Observe, a seguir, uma figura que remeterá ao primeiro ato oficial do Brasil,
a primeira missa. Trata-se de uma pintura histórica do brasileiro Victor Meirelles e
foi inspirada na carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Cabe destacar que não se falava, ainda, do Ensino Religioso como uma
disciplina, tratava-se mais de uma formação religiosa.
FONTE: A autora
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/
nas-escolas-do-imperio-menino-estudava-geometria-e-menina-
aprendia-corte-e-costura>. Acesso em: 9 abr. 2021.
FONTE: A autora
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
3 O ENSINO RELIGIOSO NO
PERÍODO REPUBLICANO
Pós-graduando, Proclamação da República, no Brasil, aconteceu em 1889.
Esse período da nossa história é dividido em fases, para melhor entendimento:
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/12/republica-completa-
130-anos-com-problemas-ainda-a-espera-de-solucao>. Acesso em: 9 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Para Tomazini (2016, p. 38), “o Estado assume uma postura laica, isto é,
passa a não professar nenhuma crença em particular e desvincula a religião de
qualquer interferência na educação. Isso gera a eliminação da aula de religião nas
escolas públicas”.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Em https://www.youtube.com/watch?v=Y77Sg6Npv0A&t=615s,
você encontrará um debate a respeito do Estado laico e da intolerância
religiosa, de suma importância para a prática da educação.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Para Saviani (2008, p. 179), “a exclusão do Ensino Religioso das escolas foi
algo que a Igreja jamais aceitou, o que a levou a mobilizar todas as suas forças
para reverter esse estado de coisas”. A Igreja Católica lutará, a todo o momento,
para garantir a inserção da disciplina no currículo e para defender a importância e
a legitimidade com o Estado laico. Importante observar que, ao longo da história
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Vargas criou o
Ministério da
Educação e Saúde,
FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/
ocupado por brasil-46159747>. Acesso em: 9 abr. 2021.
Francisco Campos.
O novo ministro,
articulado com a Getúlio Vargas, líder máximo da Revolução de 30, governou
hierarquia católica e
o Brasil até 1945. O governo atravessou uma fase provisória (1930-
antiliberal, colaborou
para o retorno do 1934), uma fase constitucional (1934-1937) e uma fase ditatorial (1937-
Ensino Religioso 1945) (SCHWARCZ; STARLING, 2015). Naquele momento da nossa
ao currículo, por história, chamada de Era Vargas, aconteceram mudanças significativas
meio do Decreto nº na relação entre a Igreja e o Estado, principalmente, no que se refere
19.941, de 30 de ao Ensino Religioso nas escolas públicas.
abril de 1931, que
promovia o Ensino
Religioso, de modo Vargas criou o Ministério da Educação e Saúde, ocupado por
facultativo, nos Francisco Campos. O novo ministro, articulado com a hierarquia
estabelecimentos católica e antiliberal, colaborou para o retorno do Ensino Religioso ao
educacionais, a currículo, por meio do Decreto nº 19.941, de 30 de abril de 1931, que
níveis primário, promovia o Ensino Religioso, de modo facultativo, nos estabelecimentos
secundário e
educacionais, a níveis primário, secundário e normal.
normal.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
O caráter facultativo
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Por fim, pouco restava do pacto de 1934, e o futuro regime Art. 168 A legislação
restabeleceria a tradição republicana de afastamento entre o Estado e do ensino adotará
a igreja, porém, mesmo assim, o Ensino Religioso ficou garantido na os seguintes
Constituição Federal de 1946, devido à articulação de grupos religiosos princípios:
vinculados à Igreja Católica. [...] V - o Ensino
Religioso constitui
disciplina dos
Art. 168 A legislação do ensino adotará os seguintes
princípios:
horários das escolas
[...] V - o Ensino Religioso constitui disciplina oficiais, é de
dos horários das escolas oficiais, é de matrícula matrícula facultativa
facultativa e será ministrado, de acordo com a e será ministrado,
confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, de acordo com
se for capaz, ou pelo seu representante legal ou a confissão
responsável (BRASIL, 1946). religiosa do aluno,
manifestada por ele,
Para Tomazini (2016, p. 44), “neste período de redemocratização se for capaz, ou pelo
do país, o Ensino Religioso foi visto como uma disciplina que propiciou seu representante
legal ou responsável
um constrangimento no cotidiano escolar pelos defensores da escola
(BRASIL, 1946).
laica, visto que legitimaria, mais uma vez, o modelo confessional”.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Art. 97 O Ensino Art. 97 O Ensino Religioso constitui disciplina dos horários das
escolas oficiais, é de matrícula facultativa, e será ministrado,
Religioso constitui
sem ônus, para os poderes públicos, de acordo com a confissão
disciplina dos
religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo
horários das escolas seu representante legal ou responsável.
oficiais, é de § 1° A formação de classe, para o Ensino Religioso, independe
matrícula facultativa, de número mínimo de alunos.
e será ministrado, § 2° O registro dos professores de Ensino Religioso será
sem ônus, para os realizado perante a autoridade religiosa respectiva (BRASIL,
poderes públicos, 1961).
de acordo com
a confissão Nesse período, a disciplina de Ensino Religioso continuava a ser
religiosa do aluno, de matrícula facultativa, com professores escolhidos por autoridades
manifestada por
religiosas, de forma voluntária ou financiada por tradições religiosas e
ele, se for capaz,
ou pelo seu com o desafio de lecionar, conforme crença de cada estudante.
representante legal
ou responsável.
§ 1° A formação
de classe, para o
Ensino Religioso,
independe de
número mínimo de
alunos.
§ 2° O registro dos
professores de
Ensino Religioso
será realizado
perante a autoridade
religiosa respectiva
(BRASIL, 1961).
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
FONTE: A autora
4 O ENSINO RELIGIOSO NA
DITADURA CIVIL-MILITAR
A Ditadura Civil-Militar, instaurada em 1964, estendeu-se por 21 anos, nos
quais a presidência da República foi ocupada, sucessivamente, por generais
do exército. Foi um período marcado por extremo autoritarismo e ausência de
democracia no nosso país. Vimos florescer, na história do Brasil, violência, censura
e repressão, “gerando profundas mudanças em diversos setores, inclusive, na
educação” (TOMAZINI, 2016, p. 45).
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Por fim, o Ensino Religioso, nas escolas públicas brasileiras, passou por um
processo de mudança e, em vários Estados, formaram-se grupos ecumênicos
com a finalidade de criar um programa interconfessional cristão. Junqueira (2015,
p. 13) destaca a criação da Revista de Catequese, em 1977, que publicava
“artigos, notícias e experiências desse componente curricular que, com a Lei nº
5.692, de 1971, deu início a um novo percurso e a uma nova orientação para a
disciplina”.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: A autora
5 O ENSINO RELIGIOSO E O
PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇAO
DO BRASIL
Em 1983, o Brasil via nascer a campanha das “Diretas Já”, que pedia por
eleições diretas para presidente da República, e em 1985, as eleições presidenciais
ocorreriam de forma indireta, porém, marcando o fim da Ditadura Civil-Militar no
Brasil. Iniciava-se um período, na história do nosso país, conhecido como Nova
República. Faltava a lei fundamental, do Estado, ser mudada, e, após um ano e
oito meses de trabalho, deputados e senadores aprovaram a nova Constituição,
promulgada em 5 de outubro de 1988, também conhecida como “Constituição
Cidadã”, que incorporava exigências de diferentes grupos e movimentos sociais
(SCHWARCZ; STARLING, 2015).
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
FONTE: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/10/05/senadores-
comemoram-os-32-anos-da-constituicao>. Acesso em: 9 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Art. 5 Todos são Art. 19. É vedado, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
iguais perante a lei,
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los,
sem distinção de embaraçar-lhes o funcionamento ou manter, com eles ou
qualquer natureza, seus representantes, relações de dependência ou aliança,
garantindo-se, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
aos brasileiros e II - recusar fé aos documentos públicos;
aos estrangeiros III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
residentes no país,
a inviolabilidade
dos direitos à
vida, à liberdade,
à igualdade, à
segurança e à
propriedade, nos
termos seguintes:
VI - são invioláveis
as liberdades de
consciência e de
crença, sendo
assegurado o
livre exercício dos
cultos religiosos e
garantida, na forma
da lei, a proteção
aos locais de culto e
às liturgias (BRASIL,
1988).
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Para Tomazini (2016, p. 49), o Art. 19, da Constituição de 1988, trata “de
desdobramento do princípio da igualdade”, e de um “imperativo de imediata
aplicação, inclusive, em relação ao ensino público”, porém, a Constituição dispõe
sobre o Ensino Religioso no Art. 210, parágrafo 1º:
Art. 210. Serão
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para
fixados conteúdos
o ensino fundamental, de maneira a assegurar
formação básica comum e respeito aos valores
mínimos para o
culturais e artísticos, nacionais e regionais. ensino fundamental,
§ 1° - O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, de maneira a
constituirá disciplina dos horários normais das assegurar formação
escolas públicas de ensino fundamental” (BRASIL, básica comum
1988). e respeito aos
valores culturais e
Tomazini (2016, p. 49) ressalta que, naquele momento, “a disciplina artísticos, nacionais
não possuía uma nomenclatura definida, era chamada de ‘aulas de e regionais.
§ 1° - O Ensino
religião’, ‘formação religiosa’, ‘educação religiosa’, mesmo com a
Religioso, de
legislação a referindo como Ensino Religioso”. Ainda, grupos religiosos matrícula facultativa,
começaram a construir uma identidade para a disciplina, em um constituirá disciplina
momento em que o país assumia o direito à diversidade e a sociedade dos horários
se percebia heterogênea. Como lidar com essas questões em sala de normais das escolas
aula? públicas de ensino
fundamental”
(BRASIL, 1988).
Em 1995, em Florianópolis, foi criado o Fórum Nacional Permanente
do Ensino Religioso, o FONAPER, com o objetivo de promover um grupo
que representasse os interesses do Ensino Religioso. Dentre os objetivos iniciais,
estavam garantir a presença do Ensino Religioso na LDB de 1996, produzir e
publicar um Parâmetro Curricular Nacional para a disciplina (JUNQUEIRA, 2002).
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
O estudo dos ritos se inicia com uma proposta de movimento que busca
articular, positivamente, as nossas experiências rituais com aquelas que outras
pessoas ou grupos vivenciaram ou vivenciam. A maioria das nossas experiências,
religiosas ou não, tem relação com algum tipo de ritual. No cotidiano, vivenciamos
alguns ritos não religiosos que se repetem, muitas vezes, ao longo do dia, e
não nos damos conta da sua presença, até porque o rito está relacionado ao
movimento e é ressignificado em tempos e em espaços opostos.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Para Junqueira (2002), após fortes pressões, lideradas pela Igreja Católica
e pelo FONAPER, foram apresentados, ao Congresso Nacional, três projetos de
lei que alteraram o Art. 33, da LDB de 1996. O primeiro projeto foi apresentado
pelo deputado federal Nelson Marquezan, retirando a expressão sem ônus para
os cofres públicos. O segundo projeto foi apresentado pelo deputado federal
Maurício Requião, mudando, de forma substancial, o artigo da LDB. Estabelecia
que o Ensino Religioso deveria colaborar com a formação básica do cidadão e
vetava qualquer forma de proselitismo e doutrinação, respeitando a diversidade
religiosa brasileira. Por fim, o projeto de lei de autoria do Poder Executivo, n°
3.043/97, que defendia a manutenção do texto da LDB, mas acrescentava que a
definição de conteúdos, de formação e de remuneração dos professores seria de
responsabilidade do sistema de ensino, sendo admitida parceria total ou parcial
com entidade civil que congregasse diversas denominações religiosas.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
Para Tomazini (2016, p. 52), a Lei nº 9.475/97 era ampla e ambígua, pois
deixava várias lacunas a serem preenchidas pelos Conselhos Estaduais de
Ensino, conforme realidade e vivências regionais, ficando, a cargo das Secretarias
Estaduais de Educação e dos Conselhos de Educação, a regulamentação. “Além
disso, existe a possibilidade de o Projeto Político Pedagógico de cada unidade
escolar adaptar tal legislação à realidade. Essa expressão facultativa permanece
até os dias atuais” (TOMAZINI, 2016, p. 52).
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: A autora
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
ENSINO
RELIGIOSO
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Podemos perceber que, nesses longos séculos de história do nosso país, a
prática do Ensino Religioso sempre esteve presente. Em um primeiro momento,
efetivava-se como ensino da religião cristã católica, sendo responsável por
catequizar diferentes nações indígenas e por converter diversos povos oriundos
da África. Ainda hoje, muitos professores de Ensino Religioso, por não terem
embasamento nas práticas pedagógicas, ainda elaboram aulas a partir de valores
cristãos, desvinculadas dos novos paradigmas educacionais.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
REFERÊNCIAS
BORIN, L. C. História do Ensino Religioso no Brasil. 1. ed. Santa Maria:
UFMS, 2018.
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Capítulo 1 A HISTÓRIA DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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C APÍTULO 2
ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO
NORMATIVA
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Caro pós-graduando, neste capítulo, compreenderemos a legislação que
embasa o Ensino Religioso, mais propriamente, as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para isso,
inicialmente, abordaremos algumas diferenças essenciais.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
§ 1º Integram, a
Base Nacional
Comum Nacional:
a) a Língua O Ensino Religioso é tratado, conforme previsto nas Diretrizes
Portuguesa;
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (Resolução
b) a Matemática;
c) o conhecimento CNE n° 04/2010) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
dos mundos Fundamental dos Nove Anos (Resolução CNE n° 07/2010). Segundo a
físico, natural, Resolução CNE nº 04/2010:
das realidades
social e política, Art. 14. A Base Nacional Comum, na Educação Básica,
especialmente, do constitui-se de conhecimentos, saberes e valores produzidos
Brasil, incluindo-se culturalmente, expressos nas políticas públicas e gerados
o estudo da História nas instituições produtoras dos conhecimentos científico
e das Culturas e tecnológico, no mundo do trabalho, no desenvolvimento
das linguagens, nas atividades desportivas e corporais,
Afro-Brasileira e
na produção artística, nas formas diversas de exercício da
Indígena, cidadania e nos movimentos sociais.
d) a Arte, nas § 1º Integram, a Base Nacional Comum Nacional:
diferentes formas a) a Língua Portuguesa;
de expressão, b) a Matemática;
incluindo-se a c) o conhecimento dos mundos físico, natural, das realidades
Música; social e política, especialmente, do Brasil, incluindo-se o
e) a Educação estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e Indígena,
Física; d) a Arte, nas diferentes formas de expressão, incluindo-se a
Música;
f) o Ensino
e) a Educação Física;
Religioso. f) o Ensino Religioso.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
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Considerações Finais
FONTE: http://www.sinepepr.org.br/sinepe_on_line/2015/agosto/
artigo_4_8_15_Raquel.pdf. Acesso em: 24 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
Fernanda Salla
(Crédito: Benett)
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Religiosidade e Educação
FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/74/ensino-religioso-e-escola-
publica-uma-relacao-delicada. Acesso em: 24 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
Como vimos até agora, o Ensino Religioso trabalha com base nas orientações
epistêmicas, pedagógicas e curriculares, sinalizadas, principalmente, nas DCNs
e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com as quais trabalharemos
a seguir. Antes, porém, veja o esquema que representa a articulação entre os
antecedentes legais.
FONTE: A autora
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
Silva afirma (2018, p. 32) que a “BNCC foi construída com a colaboração de
muitos professores da educação básica. Teve muitos debates nacionais, nos quais
os professores ajudaram na organização dos conteúdos”. Para Tomazini (2016, p.
72), embora a proposta da BNCC tenha sido elaborada, ouvindo as vozes dos
diferentes gestores da educação pública do nosso país, “em um rápido acesso às
redes sociais e sites especializados nas áreas de política pública e de educação,
é possível ver que ocorreram inúmeros impasses acerca do documento, que se
tornou alvo de inúmeras polêmicas e conflitos”. O Ensino Religioso foi um dos
temas de grande impasse e profundos questionamentos de valia no referido
documento.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 9 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
PCNs
DCNs
BNCC
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
a) Confessional.
b) Interconfessional.
c) Pluriconfessional.
d) Não Confessional.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
Como Junqueira e Itoz (2020, p. 86) informam, as “habilidades são Assim, para o
como degraus que precisam ser galgados para adquirir competências, Ensino Religioso, as
porém, habilidades, por si só, não desenvolvem conhecimento. Para unidades temáticas
isso, é preciso estrutura – unidades temáticas e objetos de conhecimento propostas são:
–, como nas demais áreas”. Assim, para o Ensino Religioso, as unidades
• Identidades e
temáticas propostas são:
alteridades.
• Manifestações
• Identidades e alteridades. religiosas.
• Manifestações religiosas. • Crenças religiosas
• Crenças religiosas e filosofias de vida. e filosofias de vida.
Perceba que muitos dos termos apresentados nas unidades temáticas são
do nosso conhecimento até aqui, e óbvios no Ensino Religioso, porém, deparamo-
nos com um termo novo: filosofias de vida.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Costa e Stern (2020, p. 191) alertam que, “além das crenças religiosas,
há outros ideais que influenciam a conduta humana, classificados, de maneira
geral, como filosofias de vida. Esse termo aponta para princípios éticos e morais,
seguidos por pessoas sem religião”. Para Costa e Stern (2020, p. 191), estudar as
filosofias de vida é relevante aos estudantes, para que estes possam percebam
as múltiplas formas de ver o mundo. “Afinal, grupos religiosos e não religiosos
tendem a conviver no espaço público”, trocando ideais e posturas de vida.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
https://novaescolaproducao.s3.amazonaws.com/qFUZzswhk-
6MMMXcdDg4rDkcUSW9XvksqyfFgqgGAhs2baS62Udrnh2gqb-
gm6/his5-03und05-fontes.pdf.
Mencione que algumas das figuras das fontes não são dos pri-
meiros registros desses livros, mas de versões que foram feitas
posteriormente.
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
https://novaescola.org.br/conteudo/2371/espiral-do-tempo. Aces-
so em: 24 abr. 2021.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Caro pós-graduando, visando promover o conhecimento e a interpretação da
legislação que embasa o Ensino Religioso, foram apresentadas, neste capítulo,
as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC).
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 2 ENSINO RELIGIOSO: LEGISLAÇÃO NORMATIVA
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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C APÍTULO 3
ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA,
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, buscaremos entender a formação do profissional docente em
Ensino Religioso no nosso país. Processo nem sempre tranquilo, em consequência
do percurso da constituição da identidade desse componente curricular. Veremos
quais as diretrizes seguidas pelos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação
para a formação de professores que atuam nos anos iniciais e finais, do Ensino
Fundamental, em Ensino Religioso. Ainda, o perfil desses profissionais e os
desafios para a formação.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Tudo isso se deve ao fato de, ainda, não existirem políticas nacionais
para a formação de docentes nessa área do conhecimento, e não
estarem instituídas as Diretrizes Nacionais para a Licenciatura de
Graduação Plena em Ensino Religioso, abrindo-se, dessa forma,
lacunas para tais procedimentos.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Por fim, para Passos (2015), o Ensino Religioso só pode ser uma disciplina
reconhecida como legítima se emanar de uma ciência que se apresente à
comunidade científica e à sociedade como epistemologicamente consistente e
pedagogicamente necessária. Assim, Passos (2015, p. 29) afirma que não resolve
ser algo “imposto como uma espécie de necessidade natural ou como um dogma
por autoridades políticas e religiosas”.
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
3 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO
RELIGIOSO PARA A FORMAÇÃO DO
ALUNO
Pós-graduando, quando nos indagamos a respeito da importância do Ensino
Religioso para a formação do aluno, podemos partir, primeiramente, da legislação
que embasa esse componente curricular. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (BRASIL, 1996) apresenta o Ensino Religioso como parte integrante da
formação básica do cidadão, enquanto os Parâmetros Curriculares Nacionais
do Ensino Religioso buscaram caracterizá-lo como área de conhecimento e
um instrumento de promoção para a cidadania, visando ao diálogo intercultural
religioso. Nessa perspectiva, o Ensino Religioso assume um compromisso de
aproximar o conhecimento religioso, de modo que permite, ao educando, conhecer
o que, até então, estava desconhecido: as religiões “apagadas” pela intolerância.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Para Caron e Martins Filho (2020, p. 30), “o Ensino Religioso pode contribuir
para que os/as educandos/as desenvolvam um olhar e uma escuta sensível,
possibilitando, dessa maneira, um ambiente de respeito e de aprendizagem
significativa”. Espera-se que, ao aprenderem a respeito da diversidade cultural
religiosa, que permeia a formação do povo brasileiro, nossos estudantes
“possam entender que a paz e a guerra, a inclusão e a exclusão, a opressão ou a
libertação não são fatos naturais e lineares. Vão se dando na história, construída
por homens e mulheres, sobretudo, na relação que estabelecem com o fenômeno
religioso” (CARON; MARTINS FILHO, 2020, p. 30).
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
outro, e com o transcendente, a partir das experiências que cada um traz para o
diálogo construtor de novas realidades.
Uma sala de aula que trabalha com o Ensino Religioso sempre é marcada
pelas diferenças, por isso, torna-se um desafio para educadores, visto que
precisam ter uma postura que garanta a liberdade de expressão sobre as mais
diferentes religiões por parte dos alunos. Esse ambiente deve ser considerado
ideal para construir a identidade individual, sempre tendo o cuidado de combater
a desigualdade e a intolerância religiosa.
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
A sala de aula não deve se tornar uma comunidade de fé, contudo, um espaço
de reflexões para superar limites, o que gera a necessidade de construir uma
dimensão pedagógica que favoreça a reflexão, ainda mais em uma sociedade, na
qual, diariamente, encontram-se exemplos de desrespeito à vida, à ética, à moral,
à convivência fraterna entre pessoas e grupos.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-
demografico-2010.html?edicao=9749&t=destaques>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Salles e Gentilini (2018, p. 862) apontam que outro desafio para o Ensino
Religioso são os livros didáticos. Para eles, esses materiais “não têm contribuído
para uma cultura de tolerância religiosa”. Segundo um estudo financiado
pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), em 2010, acerca da laicidade e da educação, pelas pesquisadoras
Diniz, Lionço e Carrião, as religiões cristãs têm presença em 65% dos livros
didáticos, e as demais não ultrapassam o índice de 12%, destacando-se as
religiões afro-brasileiras e indígenas, que são citadas em apenas 3 e 2% dos
livros, respectivamente. Os líderes religiosos mais citados nos livros foram Jesus
Cristo (81%) e Gandhi (21%).
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Tolerar o outro pode significar, nesse contexto, que ele não é aceito,
que as escolhas e o modos de vida não são respeitados, apenas
tolerados, pelo fato de ele ser uma pessoa e merecer respeito
moral. Fato é que, nesse caso, o tolerante “não tem nenhuma
relação positiva para com os valores concretos do interlocutor, e
ele, até mesmo, pode rejeitá-los em bloco, na expectativa de que os
próprios valores possam, um dia, convencer os que são meramente
tolerados”.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Para Fleuri (2015, p. 43), a solução seria “não apenas saber que o outro
tem convicções diferentes das nossas, para alimentar a nossa cultura geral,
desenvolver uma atitude respeitosa em relação a ele, que lhe permita se sentir
aceito com a sua identidade”. Trata-se, também, de aprender a viver sem se sentir
ameaçado na própria identidade por essa diferença. Fleuri (2015, p. 43-44) fala da
importância de desenvolver, nos estudantes, reciprocidade, em uma perspectiva
de educação democrática.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
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Orientações
PROJETO INTERDISCIPLINAR
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Modelo
PROJETO INTERDISCIPLINAR
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https://novaescola.org.br/plano-de-aula/6156/religioes-e-
resistencias-culturais Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
Silva (2015, p. 137) coloca que “todo componente curricular traça o perfil
e a razão de ser no currículo escolar, e isso não é diferente para o ER. Há a
necessidade de um novo olhar sobre a formação docente para o ER”, como
concluímos na primeira seção deste capítulo: os aspectos legais referentes à
formação de professores de Ensino Religioso, no Brasil, deixam transparecer um
conjunto de lacunas a serem suprimidas.
Silva (2015, p. 139) afirma que “outra proposta é a que procura fundamentar
o ER no modelo das Ciências da Religião, baseando-se na argumentação de que
os estudos realizados nesse campo se constituem como área de conhecimento
que pode sustentar o ER como disciplina escolar”. O entendimento de que o
Ensino Religioso configura presença ambígua do privado, em ambiente público,
decorre da compreensão do componente curricular em estreita ligação com as
religiões.
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FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/11897/como-as-metodologias-
ativas-favorecem-o-aprendizado>. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
FONTE: https://projetocolabora.com.br/ods4/ex-pastor-professor-
presbiteriano-busca-tirar-o-estereotipo-de-que-o-ensino-religioso-e-uma-
disciplina-chata/. Acesso em: 11 abr. 2021.
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Capítulo 3 ENSINO RELIGIOSO: SALA DE AULA, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, vimos que a União, em nome da laicidade, esquiva-se de
autorizar, de reconhecer e de avaliar as pretensões na formação docente do
profissional em Ensino Religioso em nível de licenciatura, e reafirma ser, dos
Estados e dos municípios, essa incumbência. Com isso, os Conselhos Estaduais
e Municipais de Educação seguem as diretrizes para a formação de professores
que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental, admitindo professores
habilitados para exercer essa docência só após a conclusão do Curso Normal no
Ensino Médio, Curso Normal Superior ou Curso de Pedagogia, com habilitação
nos anos iniciais. Para os anos finais do Ensino Fundamental, há uma tentativa de
seguir o que o FONAPER propõe para a formação acadêmica dos professores da
área. Há uma exigência legal de licenciatura para a docência na educação básica,
porém, para o Ensino Religioso, há um desafio, pois, na maioria das unidades da
Federação, não existe a oferta para a graduação no ensino.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017.
Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_
EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 11 abr. 2021.
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História do Ensino Religioso e Perspectivas Atuais
SILVA, M. R. da. Ensino Religioso e Ciência (s) da (s) Religião (ões): tensões,
desafios e perspectivas. In: POZZER, A. et. al. Ensino Religioso na educação
básica: fundamentos epistemológicos e curriculares. Florianópolis: Saberes em
Diálogo, 2015.
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