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E EXERCÍCIO
1ª Edição
Indaial – 2019
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
SA182s
Salvador, Paulo Cesar do Nascimento
Sistema endócrino e exercício. / Paulo Cesar do Nascimento
Salvador; Tiago Martins Coelho; Leonardo Trevisol Possamai. – Indaial:
UNIASSELVI, 2019.
145 p.; il.
ISBN 978-85-7141-380-1
ISBN Digital 978-85-7141-381-8
1. Endocrinologia - Problemas, questões, exercícios. - Brasil. I.
Salvador, Paulo Cesar do Nascimento. II. Coelho, Tiago Martins. III. Possamai,
Leonardo Trevisol. IV. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 616.4
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO...........................................................................05
CAPÍTULO 1
Respostas e Adaptações Hormonais ao Treinamento Físico.....07
CAPÍTULO 2
Glândulas Adrenais e o Pâncreas.............................................53
CAPÍTULO 3
Influências Hormonais nos Fenômenos Anabólicos
e Catabólicos..............................................................................103
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a mais uma disciplina do nosso curso de
Pós-Graduação em Fisiologia do Exercício!
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo, estudaremos os aspectos gerais relacionados
ao funcionamento do sistema endócrino, tendo como objetivo conhecer
o funcionamento geral do sistema, além de identificar as diferentes fases
relacionadas às adaptações com o treinamento, que serão discutidas
posteriormente.
Os órgãos endócrinos têm o peso combinado de cerca de 0,5 kg, tendo como
órgãos endócrinos principais a hipófise, tireoide, paratireoides, timo e supra-
renais. Outros órgãos importantes desse sistema incluem o pâncreas, gônadas
(testículo e ovários), hipotálamo e o tecido adiposo (MCARDLE; KATCH; KATCH,
2016). A Figura 1 demonstra a disposição anatômica dos principais órgãos
endócrinos citados.
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Sistema Endócrino e EXercício
FONTE: <encurtador.com.br/bcep7>.
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Hormônio liberador
Hipófise
de Tireotrofina
Estímulo
TSH
Inibição
Inibição
T3 e T4 Tireóide
Hormônio liberador
de Tireotrofina
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Outros aspecto que merece ser discutido está relacionado ao próprio tecido
muscular, quando identificou-se que um fator humoral (citocinas, conhecias
como miosinas) era produzida e liberada por células musculares contráteis que
pareciam exercer importantes efeitos metabólicos, abriu-se um novo paradigma,
que considera o músculo esquelético um órgão endócrino secretor, que influencia
o metabolismo de outros tecidos (PEDERSEN; EDWARD, 2009).
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Alterações
Taxa de
no Volume
Secreção
Plasmático
Quantidade de
Taxa de
Proteínas
Excreção
Transportadoras
FONTE: Os autores
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Alteração dos
Ativação de Proteíncas
Mecanismos de
Especiais (segundos
Transporte na
mensageiros)
Membrana
Estimulação do
DNA (síntese
proteíca)
FONTE: Adaptado de Mcardle, Katch e Katch (2016)
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Sistema Endócrino e EXercício
FONTE: Os autores
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
Fator de Crescimento
Hormônio do
Semelhante à Insulina
Crescimento (GH)
(IGF–1)
Hormônio
Triiodotironina
Estimulador da
(T3)
Tireóide (TSH)
Hormônio
Estimulador de Tiroxina (T4)
Melanócito (MSH)
Hipófise anterior
Hormônio
Adrenocorticotrópico Cortisol
(ACTH)
Mulheres:
Prolactina (LH): Estrogênio
(FSH): Progesterona
Hormônio Folículo
Estimulante (FSH) Homens:
e Hormônio (LH): Testosterona
Luteinizante (LH)
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Supra-Renais
Catecolaminas:
Andrógenos e
Aldosterona Cortisol
Estrógenos Adrenalina
(epinefrina) e
Noradrenalina
(norepinefrina)
FONTE: Os autores
Calcitonina
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Fatores de
Hormônio Função Efeito do exercício
Controle
Aumenta
síntese proteica;
características
Testosterona FSH e LH ↑
sexuais secundárias;
impulso sexual;
produção de esperma
Aumenta crescimento;
Hormônio
mobilização de
liberador de GH
ácidos graxos livres;
GH hipotalâmico; ↑
gliconeogênese;
somatostatina
diminuição da
hipotalâmica
captação de glicose
Aumenta
gliconeogênese;
mobilização de ↑ exercício intenso; ↓
Cortisol ACTH
ácidos graxos livres; exercício leve
diminuição na
utilização de glicose
Concentração
Aumenta mobilização plasmática
de glicose e ácidos de glicose e
Glucagon ↑
graxos livres; aminoácidos;
gliconeogênese sistema nervoso
autônomo
Concentração
Aumenta a plasmática
captação de glicose, de glicose e
Insulina ↓
aminoácidos e ácidos aminoácidos;
graxos livres sistema nervoso
autônomo
Aumenta
glicogenólise; Barorreceptores;
mobilização de receptor de glicose
Catecolaminas ácidos graxos livres; no hipotálamo; ↑
frequência cardíaca; centros encefálicos
volume sistólico e e espinais
resistência periférica
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Sistema Endócrino e EXercício
a) ( ) V - F - F - V.
b) ( ) F - V - F - V.
c) ( ) V - V - F - V.
d) ( ) F - F - V - F.
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
epinefrina AMP
cíclico
3AGL
3AGL
glucagon +
+
entrada
de glicose α glicerol
glicerol
na célula fosfato
glicose
insulina
ácido lático
fígado
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
FONTE: Os autores
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
Outra opção que aparece como um fator interessante para aumento nas
respostas agudas do cortisol são as repetições forçadas, sendo que, quando os
aumentos no volume foram realizados a partir do uso das repetições forçadas
pode ser observado um grande incremento na resposta comparado com um
protocolo sem a utilização de repetições forçadas (AHTIAINEN et al., 2003).
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
1 O que é glicogenólise?
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________
2 O que é gliconeogênese?
R.:____________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
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Sistema Endócrino e EXercício
décimo quinto minuto de exercício com uma estabilização após esse momento
(FERNÁNDEZ-PASTOR et al., 1992).
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
Receptor de Insulina
IRS-1
Insulina IRS-2
IRS-3
IRS-4
Glicose
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O sistema hormonal exerce grande importância tanto na regulação da
homeostase quanto nas adaptações que os diferentes tipos de exercício causam. Os
hormônios possuem algumas classificações que os diferenciam na sua composição
química e, principalmente, na sua forma de interação com o tecido alvo.
REFERÊNCIAS
ABREU, P.; LEAL-CARDOSO, J. H.; CECCATTO, V. M. Adaptação do músculo
esquelético ao exercício físico: considerações moleculares e energéticas.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 23, n. 1, p. 60-65, jan. 2017.
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Capítulo 1 RESPOSTAS E ADAPTAÇÕES HORMONAIS AO
TREINAMENTO FÍSICO
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Sistema Endócrino e EXercício
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C APÍTULO 2
GLÂNDULAS ADRENAIS E o PÂNCREAS
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Nesta unidade, veremos conteúdos relacionados às glândulas adrenais,
também conhecidas como suprarrenais e as glândulas pancreáticas ou glândulas
do pâncreas. Começaremos com as glândulas adrenais, seus aspectos anatômicos,
as funções da glândula e os hormônios catecolamínicos da adrenalina e da
noradrenalina secretados por ela. Veremos as diferentes funções da adrenalina e
da noradrenalina, por exemplo, quando atuam como neurotransmissores ou como
hormônios. Estudaremos também os comportamentos específicos destes dois
hormônios durante o exercício, por exemplo, sua ação no sistema cardiovascular
durante o exercício. Como estes dois hormônios são produzidos? Onde eles são
produzidos e por quem são secretados? Quais suas funções nos diferentes sistemas
e no metabolismo energético? Quais alterações ocorrem durante o exercício?
Essas são algumas das perguntas que vamos tentar responder durante este
tópico. Desde as questões de Fisiologia mais básica, como por exemplo, como ocorre
a produção destes dois hormônios, a sinalização e a recepção pelos tecidos, como
também as questões diretamente ligadas a Fisiologia do Exercício como de que
forma estes hormônios atuam-nos diferentes tecidos ou sistemas durante o exercício.
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Sistema Endócrino e EXercício
Para uma compreensão um pouco melhor deste assunto é preciso dar uma
olhada geral no todo. Desta forma vamos dar um passo atrás, fisiologicamente falando,
para ver a partir de agora o que são as glândulas adrenais, os aspectos anatômicos, as
funções e como os hormônios da adrenalina e noradrenalina são sintetizados.
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
A glândula adrenal é irrigada por capilares que carregam o sangue até ela e
pelas fibras simpáticas pré-ganglionares que conduzem o estímulo nervoso enviado
pelo sistema nervoso central (SNC) através da medula espinal até estas glândulas.
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Por outro lado, existe também a chamada realimentação negativa. Nesse caso,
à medida que determinado hormônio tem suas concentrações baixas no sangue a
glândula é estimulada a secretar mais daquele hormônio até um ponto máximo
predeterminado, além desse ponto a produção é novamente interrompida. Para
os hormônios controlados por realimentação negativa existe um estreito intervalo
desejável das concentrações no sangue (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014).
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Sistema Endócrino e EXercício
Todos os hormônios o córtex por sua vez, a parte envolta da medula, secreta hormônios
das suprarrenais totalmente diferentes quimicamente da medula. Como é o caso da
auxiliam os seres aldosterona. No entanto, todos os hormônios das suprarrenais auxiliam
humanos em
os seres humanos em situações extremas de fuga, estresse ou perigo
situações extremas
de fuga, estresse ou (POWERS; HOWLEY, 2014).
perigo
Vamos falar um pouquinho mais sobre a medula, pois é nela que
é formada a adrenalina ou noradrenalina. Então como estes dois hormônios são
formados? Estes hormônios são derivados da amina epinefrina e da norepinefrina
que são armazenados em vesículas secretoras dentro das células cromafins
medulares que são neurônios simpáticos pós-ganglionares. Essas células
possuem afinidade com o metal cromo que pode ser encontrado em diversos
alimentos e suplementos (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014).
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Vamos dar uma olhada mais atenta então na inervação da medula adrenal.
Observe a figura 3 que demonstra a inervação simpática da medula. É importante
ressaltar que a medula adrenal é um gânglio simpático especializado contendo
um conjunto de neurônios pós-ganglionares que carecem de processos nervosos
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
FONTE: Os autores
É importante entender como o consumo de oxigênio (VO2) acontece O VO2 vai também
no organismo humano. Como podemos ver na figura acima explicando ser dependente
a famosa equação de Fick, o VO2 se dá pelo produto da multiplicação da resposta das
do débito cardíaco (na figura representado pela letra Q) pela diferença catecolaminas na
corrente sanguínea.
arteriovenosa de O2 (dif a-vO2). Dessa forma, como tanto o débito
cardíaco, que representa a função cardíaca, como o quanto vai ser extraído de O2
pelo músculo sofrem influências do nível de adrenalina e noradrenalina circulante
(nesse último caso também pela vasodilatação/vasoconstrição); o VO2 vai também
ser dependente da resposta das catecolaminas na corrente sanguínea.
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Sistema Endócrino e EXercício
Por fim, podemos sintetizar algumas das outras funções das catecolaminas
no organismo.
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Exemplos de
Mecanismo
Tipo de receptor distribuição Exemplos de ação
primário de ação
tecidual
Aumento da
Terminais nervosos
Aumento do IP3 e contração da
�1 simpáticos pós-
Ca2+, diacilglicerol musculatura lisa
sinápticos
vascular
Terminais nervosos
Inibição da liberação
simpáticos pré-
Diminuição do da noradrenalina,
�2 sinápticos; células
AMPc inibição da liberação
beta das ilhotas do
de insulina.
pâncreas
Aumento do Débito
�1 Aumento do AMPc Coração
cardíaco
Aumento da
produção hepática
Fígado, musculatura de glicose,
�2 Aumento do AMPc lisa vascular, diminuição da
bronquíolos e útero contração de
vasos sanguíneos,
bronquíolos e útero.
Aumento da
Fígado e tecido produção hepática
�3 Aumento do AMPc
adiposo de glicose, aumento
da lipólise.
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Sistema Endócrino e EXercício
2.3 O COMPORTAMENTO DA
ADRENALINA E DA NORADRENALINA
DURANTE O EXERCÍCIO
O objetivo geral Desse ponto em diante, caros acadêmicos, passaremos a falar
do sistema especificamente do comportamento dos dois hormônios produzidos
simpático-adrenal na medula das glândulas adrenais durante o exercício. Considerando
durante o exercício que tanto a adrenalina quanto a noradrenalina vão influenciar o sistema
é responder à cardiorrespiratório, os mecanismos de manutenção de glicose e a
demanda energética
utilização de glicose e gordura dentro das células para a formação de
aumentada dos
músculos cardíaco energia, parece óbvio que estes hormônios vão influenciar as respostas
e esquelético, centrais e metabólicas durante o exercício. Dessa forma, Koeppen
enquanto é mantido, e Stanton (2009) atestam que o objetivo geral do sistema simpático-
um suprimento adrenal durante o exercício é responder à demanda energética
suficiente de O2 aumentada dos músculos cardíaco e esquelético, enquanto é mantido,
e glicose para o
um suprimento suficiente de O2 e glicose para o cérebro.
cérebro.
Vejamos agora uma lista segundo o livro Berne & Levy Fisiologia (KOEPPEN;
STANTON, 2009) dos principais ajustes que acontecem no organismo durante o
exercício influenciados pela epinefrina:
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Dilatação
Bronquiolar
(β2)
↓ Motilidade
dos tratos
GI e urinário
↑ Troca de Tecido Adiposo
(β2)
O2 por CO2 (β2, β3)
↑ Lipólise
Coração ↓ Captação de
↓ Uso de energia
(β1) glicose
↑ Débito
efeito Isotraópico
cardíaco
efeito Cronotrópico Fígado
efeito Lusitrópico ↑ Glicose sanguínea (β2)
↑ Corpos cetônicos ↑ Gliconeogênese
Veias e linfáticos sanguíneos ↑ Gliconeogênese
↑ Retorno ↑ FFAs sanguíneos ↑ Cetogênese
(α)
venoso ↑ Lactato sanguíneo
Vasoconstrição
↑ Glicerol sanguíeno Músculo esquelético
Arteríolas de ↑ Fluxo (β2)
músculos sanguíneo ↑ Glicogenólise
esqueléticos para ↓ Captação de
(β2) músculos glicose
Vasodilatação esqueléticos
Células β
Arteríolas
(α2)
esplâncnicas ↓ Fluxo ↑ Relação ↓ Secreção de
(α) sanguíneo glucagon/insulina insulina
Vasoconstrição do trato GI sanguínea
Células α
(β2)
↑ Aporte de nutrientes para ↑ Secreção
músculos e supriimento adequado de de glucagon
oxigênio e glicose para o cérebro
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
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Sistema Endócrino e EXercício
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Pergunta 1
Por favor, descreva-nos brevemente os efeitos da ingestão de
cafeína no exercício aeróbio.
Prof. Dr. Luiz Guilherme: A cafeína é uma substância comumente
ingerida como recurso ergogênico em função dos seus possíveis
efeitos no desempenho aeróbio, anaeróbio e neuromuscular. Assim,
muita atenção tem sido dada quanto a sua utilização para melhorar
a performance e/ou para atenuar a fadiga durante o exercício
predominantemente aeróbio. Além disso, a ingestão de cafeína
apresentado efeitos no aprimoramento do desempenho em diversas
modalidades esportivas aeróbias, como ciclismo, corrida, natação,
futebol e judô. Além disso, tem sido mostrado efeitos ergogênicos em
exercícios de potência aeróbia (2 a 15 minutos) e capacidade aeróbia
(acima de 15 minutos). Diversos mecanismos de ação têm sido
propostos para explicar os efeitos ergogênicos dessa substância, dentre
eles o aumento da mobilização de ácidos graxos livres, a redução da
percepção subjetiva de esforço e a diminuição na sensação de dor
associada ao exercício. Além disso, a cafeína atua como um antagonista
do receptor de adenosina, o qual reflete em algumas alterações no
sistema nervoso central como a melhora do recrutamento de unidades
motoras e no acoplamento de excitação-contração.
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Sistema Endócrino e EXercício
Pergunta 2
Quais seriam os efeitos da ingestão de cafeína em esforços
anaeróbios como o treinamento resistido, por exemplo?
Prof. Dr. Luiz Guilherme: Na literatura, existem evidências quanto
ao uso de cafeína no aprimoramento do desempenho em sprint
intervalado, em sprint repetidos e na força muscular. Tal aprimoramento
pode ser resultado dos efeitos periféricos da cafeína na manutenção
da homeostase de eletrólitos, melhorando a liberação de cálcio pelo
retículo sarcoplasmático, que favorece a contração muscular, ou por
um efeito sobre o sistema nervoso central (SNC) que proporciona o
aumento da amplitude do potencial motor evocado, resultando em
melhor ativação de unidades motoras. Desta forma, o aumento da
força (contração voluntária máxima) após a ingestão de cafeína pode
ser explicada pela maior ativação da unidade motoras.
Pergunta 3
Há algum efeito da ingestão de cafeína na atividade simpática?
Isso poderia influenciar a resposta cardíaca?
Prof. Dr. Luiz Guilherme: Sim. Com o aumento da atividade
neuronal, a glândula pituitária age liberando grandes quantidades
de hormônios, liberadores de adrenalina pelas suprarrenais, e
potencializando qualitativamente a performance, entre estes:
taquicardia, dilatação da pupila, aumento da pressão arterial,
abertura dos tubos respiratórios (daí alguns antiasmáticos com
cafeína), aumento do metabolismo e contração dos músculos e
aumento da secreção da enzima lipase – lipoproteína que mobiliza
os depósitos de gordura para utilizá-los como fonte de energia ao
invés do glicogênio muscular. O último citado consegue poupar o
glicogênio muscular como fonte alternativa de energia permitindo
aumentar a resistência à fadiga.
Pergunta 4
Existe efeito ou relação da ingestão de cafeína com a
resposta hormonal das adrenais na secreção de adrenalina e
noradrenalina?
Prof. Dr. Luiz Guilherme: Tais efeitos da cafeína no sistema nervoso
central (SNC) ocorrem principalmente porque ela é um inibidor/
competidor dos receptores de adenosina. A adenosina está livre no
citosol de todas as células e produz efeitos farmacológicos tanto na
periferia como no SNC. Assim sendo, a cafeína tem efeitos contrários
aos da adenosina, tais como: constrição dos vasos da cabeça e dos
rins; vasodilatação periférica; facilita o comando eferente que aumenta
o trabalho e força muscular; aumento do nível de testosterona e
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Pergunta 5
Quais as formas de Administração?
Prof. Dr. Luiz Guilherme: A administração de cafeína pode ser feita
de diversas formas, algumas delas subcutânea, intramuscular ou
oral. Quando ingerida pode ter 100% de absorção através do trato
gastrointestinal entre 30 e 120 minutos. Essa substância é rapidamente
absorvida pelo intestino e carregada pela corrente sanguínea, podendo
então atuar em diversos tecidos. Posteriormente, é degradada pelo
fígado e excretada pela urina na forma de coprodutos. Na maioria dos
estudos descritos na literatura a cafeína é geralmente administrada em
forma de comprimidos ou cápsulas. No entanto, estudos recentes têm
proposto a suplementação de cafeína por meio de goma de mascar.
Mais de 50% da concentração de cafeína na goma é absorvida em 5
minutos, inclusive pela mucosa sublingual, enquanto quando tomada
em cápsula precisa passar pelo sistema gastrointestinal, fígado e
depois pode ser utilizada no metabolismo. No entanto, alguns fatores
como a genética, a dieta, o uso de alguma droga, o sexo, a massa
corporal, o estado de hidratação, o tipo de exercício físico praticado
e o consumo habitual, podem afetar o metabolismo da substância.
Esses fatores podem interferir devido aos efeitos da cafeína serem
multifatoriais e por seus mecanismos serem capazes de afetar
diferentes locais da via neuromuscular. Além disso, a. cafeína em goma
pode ser administrada até 5 minutos antes do exercício, diferente da
utilizada em cápsula que precisa ser ingerida no mínimo 60 minutos
antes do esforço, já que este é o tempo para a substância alcançar a
maior concentração no sangue. Resumindo, a absorção é mais rápida
pela mucosa bucal, 5-10min aproximadamente alcança sua dose
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Sistema Endócrino e EXercício
( ) Pouca alteração.
( ) Alteração maior que 100%.
( ) Alteração perto dos 200%.
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
3 INSULINA E GLUCAGON,
FUNÇÕES E RESPOSTA DURANTE O
EXERCÍCIO FÍSICO
Em algum momento já parou para pensar na atividade do pâncreas e nas
funções da insulina e glucagon no organismo de seres humanos? Provavelmente
sim, pelo menos sobre a insulina um dos hormônios por assim dizer “populares”
já que existe uma incidência muito grande de diabetes na população brasileira.
Muitas pessoas até mesmo usam insulina diariamente sem ao menos saber direito
o que é ou de que forma é produzida no organismo. Quais as funções e qual é
o comportamento destes hormônios durante o exercício também são assuntos
necessários para a especialização em Fisiologia do Exercício. Neste tópico,
temos como objetivo trazer a discussão de assuntos que respondam basicamente
a perguntas, bem como um entendimento geral do pâncreas e suas funções.
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Sistema Endócrino e EXercício
3.1 O PÂNCREAS
A localização anatômica do pâncreas fica logo abaixo do estômago na parte
posterior da cavidade abdominal. O pâncreas tem funções exócrinas e endócrinas
e é divido em três regiões: cabeça do pâncreas, corpo e cauda. A maior parte
do pâncreas é formada pelas células acinares exócrinas que secretam enzimas
digestórias no intestino delgado durante a digestão de alimentos (MARIEB;
WILHELM; MALLATT, 2014). O outro tipo de tecido do pâncreas são as células
endócrinas contidas em corpos esféricos chamados ilhotas pancreáticas, as
ilhotas de Langerhans. Os principais tipos de células nas ilhotas são as do tipo
alfa e beta (MARIEB; WILHELM; MALLATT, 2014).
80
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
81
Sistema Endócrino e EXercício
82
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Quando as
Como podemos observar na figura anterior, quando as concentrações
concentrações de glicose estão altas na corrente sanguínea há uma de glicose estão
sinalização para o pâncreas que vai secretar a insulina para agir nas altas na corrente
células-alvo dos tecidos (aqueles que estão precisando de um aporte sanguínea há uma
de glicose; como ocorre a entrada da glicose na célula falaremos mais sinalização para o
pâncreas que vai
a frente). Com a baixa da glicose sanguínea o pâncreas recebe uma
secretar a insulina
nova sinalização para diminuir a secreção da insulina. De maneira para agir nas
contraria os baixos níveis de glicose no sangue também sinalizam células-alvo dos
para o pâncreas aumentar a liberação de glucagon que vai auxiliar tecidos
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Sistema Endócrino e EXercício
A insulina circulante Perceba que fluxo sanguíneo passa através das ilhotas e pelas
passa primeiro células beta que são predominantes no centro destas ilhotas para
pelas células alfa depois ir para as células alfa e delta que ficam mais na periferia das
nas quais a insulina ilhotas. Desta forma o que acontece é que a insulina circulante passa
inibe a secreção de primeiro pelas células alfa nas quais a insulina inibe a secreção de
glucagon
glucagon (KOEPPEN; STANTON, 2009).
84
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
86
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
receptor a subunidade beta gera uma série de reações e fosforilações. Após estas
reações ocorre um efeito importante da insulina que é induzir o transportador de
glicose GLUT4 nas membranas celulares de tecido muscular e adiposo (GUYTON;
HALL, 2006).
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Sistema Endócrino e EXercício
uma maneira mais simples conceituar o glucagon como um hormônio proteico secretado
pelas células alfa do pâncreas que sinaliza as células hepáticas para liberarem glicose dos
estoques de glicogênio no fígado quando os níveis de ‘açúcar’ no sangue estão abaixo do
normal. Todo o hormônio proteico/peptídeo é solúvel em fluídos corporais e circula de forma
livre na corrente sanguínea e, por isso apresentam uma meia-vida biológica curta (Nas
áreas biológicas normalmente refere-se à meia vida o tempo que certa substância leva
para perder 50 % seus efeitos e/ou diminuir sua concentração) (KOEPPEN; STANTON,
2009). A seguir, podemos ver algumas características a mais dos hormônios proteicos que,
nesse caso se aplicam ao glucagon.
88
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
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Sistema Endócrino e EXercício
90
Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Além desta via, nós ainda temos outras duas vias de produção de energia:
a via glicolítica e a via da fosforilação oxidativa (MCARDLE et al., 2011). A via
glicolítica é mais complexa que a da fosfocreatina, porém menos complexa que
da fosforilação oxidativa e mais rápida que esta última também. Esta via até pode
produzir energia de maneira aeróbia, mas como o O2 não é necessário para a
produção de energia pela via glicolítica ela produz ATP de maneira anaeróbia
(WILMORE; COSTILL, 2001). A via glicolítica vai produzir energia através do
glicogênio intramuscular formado do armazenamento de glicose no músculo ou
da própria glicose sanguínea disponível (MCARDLE et al., 2011).
91
Sistema Endócrino e EXercício
Agora você deve estar se perguntando por que toda essa parte das vias de
produção de energia foi dita até agora se estamos falando do sistema endócrino
e suas funções e mais especificamente neste tópico da função da insulina e do
glucagon? Porque precisávamos deixar claro para todos estes conteúdos, para
um entendimento melhor do controle hormonal da mobilização de substratos
durante o exercício. É sempre importante lembrar que as três vias de produção de
energia estão sempre trabalhando em conjunto para a produção de ATP, durante
o exercício. O que ocorre é uma sobreposição de uma sobre a outra, ou em
outras palavras a predominância maior de participação de uma via (POWERS;
HOWLEY, 2014).
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
93
Sistema Endócrino e EXercício
Tem algumas constatações que devemos fazer da figura 18. Primeiro como já
foi descrito anteriormente vemos a participação das vias de produção de energia.
Em um exercício mais intenso a produção de energia na forma de ATP vai ser
através do próprio ATP e da via da fosfocreatina nos primeiros 15-20 s. Fornece
energia numa taxa de aproximadamente 50 kcal/min. A continuação do exercício
vai elevar a participação da produção de energia pela via glicolítica de maneira
anaeróbia a partir do glicogênio estocado dentro da musculatura nos primeiros
2-3 minutos em uma taxa de 30 kcal/min (KOEPPEN; STANTON, 2009). Estudos
mais recentes na literatura mostram na grande maioria dos sujeitos saudáveis a
produção de energia se torna aeróbia após 3 minutos. Com exceção de alguns
portadores de doenças específicas como obstrução pulmonar crônica que podem
levar até 5 minutos ou mais para produzir energia de maneira predominante
aeróbia (MCARDLE et al. 2011).
95
Sistema Endócrino e EXercício
Com esta afirmação dos autores citados fica fácil perceber como a perfeição
do organismo ajusta-se durante situações de estresse como o caso do exercício.
Como já vimos anteriormente, o AMP é considerado o “segundo mensageiro” no
transporte de glicose para dentro da célula. Neste caso, como com o exercício
ocorre um aumento dos níveis de AMP por conta da quebra de ATP e ADP,
este segundo mensageiro acaba tendo um papel muito importante para auxiliar
no fornecimento de substrato para o exercício. Além do mais, Wilmore e Costill
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
Pergunta 1
Existem diversos tipos e maneiras de suplementação, quais os
suplementos mais comumente utilizados que vão influenciar
diretamente o sistema endócrino?
Prof. Dr. Ricardo Dantas: Bom, podemos considerar dois aspectos
nesta questão: primeiro, os suplementos multivitamínicos e minerais
que atuam na síntese de alguns hormônios, tais como a vitamina B6
e o zinco na síntese da testosterona. No entanto, devemos entender
que o consumo exacerbado de tais vitaminas e minerais não irá
aumentar a produção hormonal por si, já que nosso organismo
regula a concentração dos minerais e vitaminas e excreta o excesso
absorvida para corrente sanguínea. Além disto, a síntese hormonal
depende de inúmeros e complexos fatores neurofisiológicos
e bioquímicos. Por outro lado, a deficiência destes nutrientes
poderá comprometer o “bom funcionamento” da síntese hormonal.
Um segundo aspecto a ser considerado é relativo ao sistema
metabólico. Durante exercícios de longa duração, a suplementação
de carboidratos especificamente, atenua a liberação de hormônios
catabólicos, como o cortisol e o GH preservando o estoque muscular
de glicogênio (carboidrato). Desta forma, a suplementação com
carboidratos em atividades de endurance (> 1 hora) irá favorecer o
balanço metabólico do ponto de vista hormonal.
Pergunta 2
O uso de carboidratos durante o exercício pode influenciar
negativamente na função do pâncreas e da insulina/glucagon de
maneira aguda ou crônica?
Prof. Dr. Ricardo Dantas: Não existem evidências desta relação,
ou seja, do consumo regular de carboidratos durante o exercício, e
possíveis alterações na função pancreática. Um ponto importante a
ser considerado é que normalmente o carboidrato consumido durante
o exercício apresenta moderado índice glicêmico, ou seja, não irá
gerar sobrecarga na liberação de insulina, o que poderia resultar em
uma hipoglicemia durante o exercício.
Pergunta 3
Quais as principais recomendações ou sugestões para um
portador de diabetes mielitus e/ou insulino dependente na
prática de exercícios físicos?
Prof. Dr. Ricardo Dantas: A prática de exercício regular para esta
população é de extrema importância, já que existem inúmeros
benefícios aos diferentes sistemas em que o diabético está exposto a
apresentar disfunções. A principal recomendação é que seja realizado
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
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Sistema Endócrino e EXercício
I- Glicogênio muscular.
II- Triglicerídeos e ácidos graxos livres.
III- Glicose plasmática.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Durante este capítulo estudamos sobre a função de duas glândulas do sistema
endócrino, a glândula adrenal e o pâncreas. Foi estudado especificamente a
função de alguns hormônios específicos a adrenalina e a noradrenalina secretados
pela glândula adrenal e, a insulina e o glucagon secretados pelo pâncreas. Vimos
também a relação das funções destes hormônios com o exercício e como cada
um destes hormônios se comporta durante o exercício em busca da homeostase.
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Capítulo 2 GLÂNDULAS ADRENAIS E O PÂNCREAS
REFERÊNCIAS
FOX, E.L.; MATTHEWS, D.K. Bases fisiológicas da educação física e
desportos. 3. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1983.
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Sistema Endócrino e EXercício
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C APÍTULO 3
INFLUÊNCIAS HORMONAIS NOS FENÔMENOS
ANABÓLICOS E CATABÓLICOS
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A partir de agora começaremos a estudar as especificidades do metabolismo
com relação a hormônios com características anabólicas e catabólicas, de modo a
compreender fenômenos como secreção, função e disfunção destas substâncias.
Como já visto em outros momentos desta disciplina e durante o curso, o sistema
endócrino juntamente ao sistema nervoso são os dois principais sistemas do
corpo humano com função de controle. Todavia, o exercício físico pode alterar
as respostas hormonais e levar o organismo a diferentes condições fisiológicas,
caracterizadas por aspectos de modificação de humor, de composição corporal e
de desempenho.
2 TESTOSTERONA E HORMÔNIO DO
CRESCIMENTO NO PROCESSO DE
HIPERTROFIA MUSCULAR
2.1 TESTOSTERONA E HORMÔNIO
DO CRESCIMENTO
Antes de adentrarmos a especificidade da sessão, cabe aqui relembrar que
os hormônios são substâncias químicas secretadas por células endócrinas e
carreadas pelo sangue até seus tecidos-alvos onde desempenharão respostas
fisiológicas específicas (CAMPBELL; FARREL, 2011), que podem ser de lenta ou
rápida ação, além de possuírem controle sobre o crescimento e desenvolvimento,
metabolismo, regulação do meio interno e reprodução (SILVERTHORN, 2010).
Dentre as funções hormonais está a de desenvolvimento e crescimento, papel
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORMONAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Pregnolona Progesterona
Desidroepiandrosterona Androstenediona
(DHEA)
Sulfato de
Desidropiandrosterona Androstenediol Testosterona
(dHEA-S)
Dihidrotestosterona
Estradiol
(DHT)
FONTE: Rocha, Aguiar e Ramos (2014)
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Como já bem descrito no Capítulo 1 deste livro, o exercício físico tem sido
reportado como um agente estimular da produção destas hormonas, e a partir de
agora, buscaremos compreender o processo de hipertrofia muscular, e como a
testosterona e o GH impactam nesse processo.
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Sistema Endócrino e EXercício
FONTE: <https://deskgram.net/p/2029353867025348216_42655646>.
Acesso em: 5 jun. 2019.
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
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Sistema Endócrino e EXercício
Pergunta 1
É nítido o aumento de praticantes de treinamento resistido que
buscam a hipertrofia muscular. Dada sua experiência profissional e
pessoal, a que você atribui este aumento e quais os benefícios que a
hipertrofia pode trazer?
Resposta: Acredito que embora os dados apontem para o fator
estético (ex.: aumento da massa muscular), menos de 5% da
população brasileira pratica exercício dentro de ambientes fechados
(academia, por exemplo). Dentre estes, pouco são aqueles que
focam em hipertrofia, o emagrecimento ainda é o principal ponto de
adesão para questões estéticas, embora haja uma crescente pela
melhora da qualidade de vida com o advento da pratica regular de
exercícios físicos, a hipertrofia só aparece como um “objetivo” pelo
foco que as redes sociais (principalmente Instagram e Facebook) têm
dado para um padrão de corpo que é muito difícil alcançar, e quando
se antecipa isso, exigisse do corpo um preço muito alto. Mas é claro
que existe um lado positivo, o aumento da massa corporal, evita
doenças comuns no processo de envelhecimento como a sarcopenia
e dinapenia, a primeira está intimamente ligada a redução da massa
muscular e a segunda a capacidade de recrutamento desta massa
muscular via sistema nervoso. Logo, o treinamento resistido com
foco na hipertrofia vai apresentar características que podem atenuar
ou até reverter este processo, e começar o quanto antes é garantir
que no envelhecimento estes processos patológicos não irão ocorrer.
Pergunta 2
Quais os principais mecanismos envolvidos no processo de
hipertrofia muscular?
Resposta: Aqui irei citar um trecho do meu último livro: Hipertrofia
muscular: evidências do treinamento resistido. “Uma revisão recente
sobre estímulos para hipertrofia sugere que o estímulo mecânico
é o principal estímulo para a hipertrofia muscular5. A mediação do
estímulo mecânico ocorre por um mecanismo de mecanotransdução,
que basicamente transforma a força mecânica aplicada em sinais
bioquímicos que iniciam uma cascata de eventos mediadores da
hipertrofia. Vale destacar ainda que os mecanosensores são sensitivos
a magnitude e duração da carga aplicada. Embora o estímulo mecânico
seja um estímulo chave e que possa induzir hipertrofia isoladamente,
provavelmente não atue sozinho e outros mecanismos também podem
estar envolvidos. Nesse sentido, o estímulo metabólico e o dano
muscular também podem estimular a resposta hipertrófica”
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Pergunta 3
Quais os métodos principais para a hipertrofia muscular e qual você
acredita que seja o mais eficaz?
Resposta: Acredito que aqui estejamos pensando em métodos de
treinamento, bem por incrível que pareça os métodos são estratégias
para dá diferentes estímulos, todavia os estudos não apontam
superioridade de um sobre o outro. O importante é você estimular de
diferentes formas o músculo, seja simplesmente reduzindo o tempo de
intervalo entre séries, aumentado o volume de repetições (neste caso
podendo combinar exercícios para o mesmo grupamento muscular,
método bi-set, por exemplo) ou até mesmo acrescentando uma série
no exercício, chegando até em pensar em aumentar a intensidade,
e realizar exercício em diferentes comprimentos musculares. Bem,
não há um método soberano, o que se deve pensar é que o músculo
sempre vai responder melhor a novidade no estímulo.
Pergunta 4
Dentre os métodos disponíveis, o que você acha da oclusão muscular
com o objetivo de potencializar a hipertrofia muscular?
Resposta: A oclusão vascular é um método interessante, aqui cabe a
ressalva que o nome mais adequado seria restrição, já que você não
interrompe o fluxo (oclusão), e sim reduz (restrição), que aumenta
os estímulos pela via metabólica, porém requer equipamento e
manipulação correta deste. Mas estudos comparativos entre oclusão
vascular e alto volume de repetições com cargas em torno de 30% de
1-RM apontaram para similar adaptação na questão da hipertrofia,
quando bem aplicado pode ajudar na recuperação de lesões, já que
os sujeitos têm neste período dificuldade de carregar muita carga.
Todavia, a restrição vascular está longe de ser soberano frente a
outras estratégias, é sim mais um método que quando bem aplicado,
pode gerar boas respostas hipertróficas.
Pergunta 5
Por fim, gostaria que você falasse um pouco das suas produções
(artigos e livros) e como podem ser aplicadas na prática dentro do
treinamento.
Resposta: Em meus 20 anos de formado, já publiquei 40 artigos,
organizei três livros e escrevi um, este último com total ligação
à temática aqui abordada, ele chama-se “Hipertrofia muscular:
evidências do treinamento resistido”. Recentemente organizei um
livro na área que tenho muita ligação, a biomecânica. Sugiro leitura
para os que querem aprofundar, livro com bastante informação, o
título é “Biomecânica: interfaces com o esporte, saúde e exercício
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
3 CORTISOL E O CATABOLISMO
CORPORAL E A RELAÇÃO COM O
EXERCÍCIO FÍSICO
A outra face do metabolismo, o catabolismo, é determinada pela degradação
de moléculas e destruição de tecidos. Dentro os eventos que induzem a estes
tipos de reações, o exercício físico está entre os agentes exógenos que interferem
na fisiologia do corpo e aceleram estas reações.
3.1 CORTISOL
O córtex suprarrenal produz os hormônios corticoesteroides, que são
divididos em mineralocorticoides (ex.: aldosterona), esteroides (ex.: testosterona)
e os glicocorticoides (ex. cortisol) (FOSS; KETEYIAN, 2000). O cortisol é secretado
pela mesma glândula que os hormônios com características androgênicas e
esteroides, o que faz com que exista uma relação de similaridade em alguns
aspectos (ex.: origem do colesterol), mas também de efeitos bem opostos em
outros (ex. metabolismo proteico, um realiza síntese e outro degradação).
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
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FONTE: <https://www.stress.org/about/hans-selye-
birth-of-stress>. Acesso em: 6 jun. 2019.
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Uma vez secretado, grande parte do cortisol (80%) se liga a uma proteína
plasmática carreadora específica denominada globulina fixadora de cortisol-
transcortina, uma outra parte (10%) se liga a albumina, e o que sobra fica livre na
circulação (ANTI; GIORGI; CHAHADE, 2008).
O cortisol é essencial para a vida, uma vez que seu efeito O cortisol é essencial
metabólico mais importante é a proteção contra a hipoglicemia para a vida, uma
(SILVERTHORN, 2010), porém a manutenção da reatividade vascular vez que seu efeito
(é graças ao cortisol que os vasos sanguíneos respondem as metabólico mais
catecolaminas) e a inibição da reação inflamatória (redução na síntese importante é a
proteção contra
de citocinas pró-inflamatórias como interleucina 6 (IL-6), fator de
a hipoglicemia
necrose tumoral alfa (TNF-α) e prostaglandinas) fortalecem a essência (SILVERTHORN,
do cortisol para a sobrevivência (FOSS; KETEYIAN, 2000). 2010),
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
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Sistema Endócrino e EXercício
Já o estudo de Junior et al. (2014) teve como objetivo estudar os ajustes das
concentrações plasmáticas dos hormônios cortisol, GH e insulina de forma aguda no
exercício resistido. Para tanto 10 homens foram submetidos aos exercícios leg press
(LP) e supino reto (SP) (4 séries de 10 repetições a 70% de 1RM com 3 minutos de
intervalo entre as séries. As coletas de sangue aconteceram nos logo após, 30’’ e
90’’ o término das séries. Os resultados mostraram que o cortisol diminuiu após 90’’
do fim da sessão, e o que GH, apresentou pico com 15’’ para ambos os exercícios.
Os autores concluem que a intensidade do protocolo de exercício proposto, não foi
suficientemente alto para que as concentrações de cortisol aumentassem durante a
recuperação, porém foi intensa o suficiente para estimular a secreção do GH.
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
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O estudo de Casanova et al. (2015), teve como objetivo efetuar uma revisão
sistemática do acerca da resposta das hormonas esteroides cortisol e testosterona
em atletas sujeitos a stresse competitivo. Algumas constatações foram verificadas:
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Marco Fortes
Nutricionista - Universidade Anhanguera
Professor de Educação Física – Universidade Estadual de Londrina
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Pergunta 1
O exercício físico é considerado um agente influenciador do
metabolismo. Diante disso,
por meio de suas formações acadêmicas, comente sobre a relação
anabolismo/catabolismo
associadas as respostas hormonais.
Pergunta 2
Qual a implicância do hormônio Cortisol no metabolismo?
Resposta: Sua ação mais conhecida é através de sua função
catabólica, no equilíbrio eletrolítico e no metabolismo de carboidratos,
proteínas e lipídeos, e também possui efeito antinflamatório. Facilita
a conversão de proteínas a glicogênio, aumenta degradação de
proteínas musculares, inibe síntese proteica.
Pergunta 3
Qual a influência do exercício físico na secreção do Cortisol?
Resposta: O exercício de alta intensidade, normalmente, possui
um curto período de duração quando comparado com outras
atividades, para que se mantenha no máximo de sua performance
por um período de tempo reduzido. Ocorre um aumento do estresse
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Sistema Endócrino e EXercício
Pergunta 4
O que você pensa do Treinamento Concorrente, tanto dentro de uma
sessão quanto
no programa de treinamento geral, no que se refere as adaptações
neuromusculares e
mitocondriais?
Resposta: Tudo depende do objetivo principal, pois existem
estímulos inibitórios no treino concorrente que podem diminuir
adaptações celulares, como por exemplo a hipertrofia miofibrilar do
aparelho contrátil e inibições da biogênese mitocondrial. Sempre
é ideal determinar o objetivo principal do treinamento e ajustar os
treinos para que promovam as adaptações necessárias de maneira
adequada.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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Capítulo 3 INFLUÊNCIAS HORNOMAIS NOS FENÔMENOS ANABÓLICOS
E CATABÓLICOS
Entretanto, não podemos deixar de frisar que o exercício físico, ou até mesmo
as atividades físicas com caráter recreacional, podem trazer adaptações ao
organismo, fazendo com que as concentrações plasmáticas de cortisol diminuíam
com o efeito crônico do exercício, ou que o organismo experimente de maiores
níveis de glicocorticoides para garantir a produção de ATP via metabolismos das
gorduras (lipólise) quanto das proteínas (protease). Mesmo que a maior ativação
da glicogenólise implique em catabolismo corporal temporário.
I- Glicocorticóides.
II- Gliconeogênese.
III- Lipólise.
IV- Hipercortisolismo.
V- Eixo HPA.
VI- SGA.
VII-Cortisol.
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REFERÊNCIAS
ANAWALT, B. D.; YEAP, B. B. Conclusions about testosterone therapy and
cardiovascular risk. Asian journal of andrology, v. 20, n. 2, p. 152, 2018.
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