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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ..................................................................... 4

2.1 Regulação e integração do corpo durante o exercício ......................... 7

2.2 Frequência cardíaca de repouso ........................................................ 10

2.3 Frequência cardíaca durante o exercício ........................................... 11

2.4 Débito cardíaco: a capacidade funcional do sistema cardiovascular . 15

2.5 Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício ...... 15

2.6 Distribuição do débito cardíaco .......................................................... 19

2.7 Pressão arterial e exercício ................................................................ 21

2.8 Duplo produto ..................................................................................... 25

2.9 Utilização de oxigênio pelo miocárdio ................................................ 26

3 Regulação respiratória do equilíbrio ácido-básico durante o exercício ..... 27

3.1 Alterações do padrão respiratório durante as fases do exercício ....... 30

3.2 Relação das alterações do padrão respiratório durante o exercício e a


musculatura respiratória e não respiratória............................................................ 32

3.3 Mudanças na configuração toracoabdominal durante o exercício ...... 34

3.4 Controle do ambiente interno ............................................................. 36

3.5 Bioenergética ..................................................................................... 37

3.6 Fonte de energia ................................................................................ 40

4 SISTEMA OXIDATIVO .............................................................................. 42

4.1 Transformação Biológica de Energia ................................................. 43

4.2 O fluxo de energia .............................................................................. 45

4.3 Metabolismo durante os Exercícios Aeróbios ..................................... 48

5 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 54
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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

Fonte: gograph.com

A Fisiologia da Atividade Física ou Fisiologia do Exercício surgiu na Grécia


antiga e na Ásia Menor, quando civilizações primitivas já se preocupavam com jogos
e saúde. A principal influência sobre a civilização ocidental veio de gregos da
antiguidade – Herodicus (5° séc. a.C), Hipócrates (460 a 377 a.C) e Galeno (131 a
201 a.C). Conforme Kenney, Wilmore & Costill (2013) destacam em seu livro,
Fisiologia do Esporte e do Exercício, uma das primeiras tentativas em explicar a
anatomia e fisiologia humana foi o texto do grego Cláudio Galeno, de fascius publicado
no século I d.C.
As ideias de Galeno influenciaram os primeiros fisiologistas, anatomistas e
professores de higiene e saúde. Cláudio Galeno ensinou e praticou “as leis da saúde”:
respirar ar puro (fresco), comer alimentos apropriados, beber as bebidas certas,
exercitar-se, dormir por um período suficiente, evacuar diariamente e controlar as
emoções. Todavia, somente no século XVI que vieram as contribuições significativas
para a compreensão da estrutura e funcionamento do corpo humano, com destaque
para publicação do livro de Andreas Vesalius, (De humani corporis fabrica) sobre o
funcionamento do corpo humano. Mais tarde, em 1793, Séguin e Lavosier

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descreveram sobre o consumo de oxigênio em repouso e na condição de
levantamento de peso vário vezes em 15min (McARDLE, KATCH, 2013).
Em 1889, Fernand LaGrange publicou o primeiro livro sobre fisiologia do
exercício, Physiology of Bodily Exercise. Contudo, o texto oferecia basicamente
sugestões fisiológicas, mas já com preocupações sobre fadiga, trabalho muscular e o
papel do cérebro frente ao exercício. As primeiras tentativas em explicar os processos
de funcionamento do organismo ainda eram erradas e vagas, e com a ajuda de
equipamentos de pesquisa, pouco a pouco as perguntas que intrigavam foram, e
ainda estão sendo elucidadas. Muitos dos grandes cientistas do século XX, voltados
ao exercício físico tiveram relação com o laboratório de Fadiga de Harvard,
estabelecido por Lawrence J. Henderson, MD (1878-1942), e dirigido por Bruce Dill
(1891-1986) (KENNEY, WILMORE, COSTILL, 2013).

Até o final dos anos de 1960, quase todos os estudos da fisiologia do


exercício se concentravam na resposta do corpo como um todo à atividade.
A maioria das investigações envolvia medidas de variáveis como consumo
de oxigênio, frequência cardíaca, temperatura corporal e intensidade de suor.
Pouca atenção era dada às respostas celulares ao exercício. Essa
perspectiva foi ampliada quando a bioquímica enzimática se tornou disponível
e os processos metabólicos e sua adaptação ao exercício foram mais bem
compreendidos (MOOREN, VÖLKER, 2012. Apud (KENNEY, WILMORE,
COSTILL, 2013).

Portanto, quando as fronteiras entre as disciplinas tradicionalmente separadas


desaparecem e são substituídas por uma abordagem integrada, abre-se uma nova
visão sobre a função e regulação do organismo frente à prática de exercícios físicos.
Nesse sentido, os recentes avanços das técnicas moleculares ampliaram o campo da
Fisiologia do Exercício e permitiram aos pesquisadores o estudo dos mecanismos
envolvidos em níveis moleculares. Além disso, o melhor entendimento destes
processos metabólicos deve colaborar no desenvolvimento de programas de
exercícios físicos, com o aprimoramento em programas de treinamento, e sobretudo,
com a otimização nos processos capazes de realçar os efeitos do exercício físico no
organismo humano (BOTELHO, 2018).

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As atividades ou exercícios físicos que realizamos em diferentes situações da
vida (cotidiana, laboral, recreativa), assim como os programas de exercício com fins
de saúde e sobretudo o esporte competitivo em diferentes idades e níveis de
competição, requerem liberação energética leve, moderada ou intensa, dependendo
da duração e da intensidade do exercício e da relação carga do exercício-descanso,
frequência da atividade, estado de saúde, idade e condição física atuais do indivíduo.
Como visto no capítulo anterior, a energia necessária para fosforilar o ADP em ATP é
proporcionado pela degradação aeróbia de carboidratos, gorduras e proteínas
(SANDOVAL, 2014).

Fonte: purebreak.com.br

Caso não se consiga um ritmo estável entre a fosforilação oxidativa e as


necessidades energéticas da atividade, desenvolve-se um desequilíbrio anaeróbio-
aeróbio, acumula-se ácido láctico, a acidez nos tecidos aumenta e sobrevém
rapidamente a fadiga. A capacidade de manter um alto nível de atividade física sem
fadiga demasiada depende de dois fatores (SANDOVAL, 2014):
 Da capacidade de integração de diferentes sistemas fisiológicos
(respiratório, circulatório, muscular, endócrino) para realizar o exercício.
 Da capacidade das células musculares específicas de gerar ATP de
modo aeróbio.

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2.1 Regulação e integração do corpo durante o exercício

Os ajustes químicos, neurais e hormonais que ocorrem antes e durante a


prática de exercícios. No início e até antes de começar o exercício (pré-arranque),
principiam-se alterações cardiovasculares a partir dos centros nervosos que estão
acima da região medular. Tais ajustes proporcionam um aumento significativo na
frequência e na força de bombeamento do coração, bem como promovem alterações
previsíveis no fluxo sanguíneo regional, que são proporcionais à intensidade do
exercício (SANDOVAL, 2014).
Com o prosseguimento da atividade física, a saída de informação simpática
colinérgica, junto com fatores metabólicos locais que atuam sobre os nervos
quimiossensíveis, além de atuar diretamente sobre os vasos sanguíneos, causa a
dilatação dos vasos de resistência dentro dos músculos ativos. Essa resistência
periférica reduzida permite que as áreas ativas recebam maior irrigação sanguínea.
Quando o exercício se prolonga, há ajustes constritores adicionais nos tecidos menos
ativos, que, assim, mantêm uma pressão de perfusão adequada, mesmo com uma
grande vasodilatação muscular. Essa ação constritora permite a correta redistribuição
do sangue para satisfazer às necessidades dos músculos ativos (SANDOVAL, 2014).
Os fatores que afetam o retorno venoso são tão importantes quanto os que
regulam o fluxo sanguíneo arterial. A ação das bombas musculares e ventilatórias e a
crescente rigidez das próprias veias (provavelmente regulada pela atividade
simpática) aumentam imediatamente o retorno sanguíneo ao ventrículo direito. Na
verdade, ao aumentar o débito cardíaco, os tônus venosos também aumentam
proporcionalmente, tanto nos músculos que trabalham como nos que não trabalham.
Com esses ajustes, mantém-se o equilíbrio entre o débito cardíaco e o retorno venoso.
Os fatores que afetam o fluxo sanguíneo no sistema venoso são especialmente
importantes em exercícios realizados de pé, nos quais a força da gravidade tende a
se contrapor à pressão venosa nas extremidades (SANDOVAL, 2014).
O sistema cardiovascular proporciona uma regulação rápida da frequência
cardíaca, além de uma distribuição eficaz do sangue no circuito vascular, como
resposta às necessidades metabólicas e fisiológicas do corpo. As catecolaminas
simpáticas (adrenalina ou epinefrina e noradrenalina ou norepinefrina) atuam para
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acelerar a frequência cardíaca e aumentar a contratilidade do miocárdio. O
neurotransmissor parassimpático acetilcolina, por meio do nervo vago, diminui a
frequência cardíaca (SANDOVAL, 2014).
Os fatores extrínsecos (neurais e hormonais) modificam o ritmo inerente do
coração, permitindo-lhe acelerar rapidamente em antecipação ao exercício e
aumentar até duzentos batimentos por minuto ou mais durante o exercício máximo.
Como mencionado anteriormente, uma grande parte do ajuste da frequência cardíaca
deve-se, provavelmente, à influência cortical exercida antes e durante as etapas
iniciais da atividade. Os nervos, os hormônios e os fatores metabólicos atuam sobre
as bandas de músculo liso nos vasos sanguíneos (SANDOVAL, 2014).

Fonte: rfis2016.wixsite.com

Isso causa uma alteração de seu diâmetro interno regulando o fluxo


sanguíneo: as fibras simpáticas adrenérgicas liberam noradrenalina, que causa
vasoconstrição, e os neurônios simpáticos colinérgicos secretam acetilcolina, que
produz vasodilatação. O exercício físico produz dois tipos de reação do ponto de vista
fisiológico, segundo o tempo de duração em que se desenvolve: um tem ação aguda,
como a resposta imediata ao estímulo do exercício, e o outro tem ação cumulativa,
progressiva e sistemática no organismo, que age de forma crônica quando a atividade
física é realizada por 24 semanas ou mais (SANDOVAL, 2014).

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Reação aguda ao exercício
A resposta biológica às cargas do treinamento denomina-se reação aguda. É
quando estudamos o modo como o corpo responde a um treinamento individual, como
caminhar, trotar em uma pista, nadar, correr sobre uma esteira ergométrica ou realizar
uma repetição de força máxima com peso, como no halterofilismo (SANDOVAL,
2014).
Adaptações crônicas durante o exercício
Quando se realizam seis meses ou mais de treinamento de forma
individualizada, sistemática e progressiva, ocorrem modificações importantes no
organismo, como as que ocorrem nos sistemas cardiorrespiratório, endócrino-
metabólico, imunológico e musculoesquelético. Tais modificações estão relacionadas
aos seguintes princípios (SANDOVAL, 2014):
 Individualidade (incluindo herança genética);
 Especificidade do treinamento (com predomínio aeróbio, anaeróbio ou
misto);
 Relação entre volume e intensidade;
 Progressão da carga;
 Manutenção (a perda é reversível).
Ajustes cardiovasculares ao esforço
A realização de qualquer exercício físico pressupõe o estabelecimento de uma
situação de sobrecarga para o sistema cardiovascular. A atividade física traduz-se na
existência de um aumento de substâncias nutritivas e no aumento do aporte de
oxigênio necessário para os músculos ativos. Secundariamente, aumentam também
os níveis de anidrido carbônico e de metabólitos, os quais precisam ser eliminados.
Para responder a isso, é necessária uma série de ajustes no sistema cardiovascular
e em sua inter-relação com os diferentes órgãos e sistemas do corpo (SANDOVAL,
2014).
Frequência cardíaca
O controle da frequência cardíaca (FC) durante o repouso e o exercício é um
bom indicador do nível de intensidade em que o coração está trabalhando e é uma
informação importante do estado de saúde de uma pessoa. O músculo cardíaco

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responderá diretamente à necessidade de oxigênio e de fluxo sanguíneo do
organismo em diferentes momentos da vida, tanto para realizar um exercício de
determinado nível de intensidade como durante períodos de doença ou de
necessidade externa, em que o organismo responde enviando fluxo sanguíneo aos
músculos e/ou órgãos que necessitem do aporte de sangue e de O2 (SANDOVAL,
2014).
A frequência cardíaca é parte importante de diferentes variáveis fisiológicas.
Por exemplo, junto ao volume sistólico forma o débito cardíaco. A frequência cardíaca
é também parte do duplo produto. Existe uma correlação linear entre o aumento do
consumo máximo de O2 (VO2máx) durante o exercício e o aumento da frequência
cardíaca. Nesse caso, com respeito ao percentual da FC máxima. A seguir,
abordaremos a importância do controle da frequência cardíaca (SANDOVAL, 2014).

Fonte: sanguedecorredor.com

2.2 Frequência cardíaca de repouso

Considerações importantes:
 A frequência cardíaca de repouso (FCR) é de 60 a 80 batimentos por
minuto (bpm) em média. Em indivíduos sedentários e de meia-idade, ela
pode superar 100 bpm. Esportistas em forma e de modalidades de
resistência podem apresentar entre 28 e 40 bpm, pelo aumento do
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volume sistólico, a partir de uma hipertrofia ventricular esquerda de
caráter fisiológico.
 A FC normalmente diminui com a idade, tanto em repouso como durante
exercícios submáximos e máximos (principalmente neste último, em
consequência do processo biológico do envelhecimento).
Fatores como aumento de temperatura e altitude aumentam a FC de repouso.
 Antes do exercício, a FC costuma aumentar acima dos valores normais,
o que se denomina resposta antecipatória. Devido a isso, as verificações
de FC de repouso prévias ao exercício devem ser desconsideradas. A
verdadeira FC de repouso deve ser verificada nas primeiras horas da
manhã, quando a pessoa levanta.
 Se quando estivermos deitados nossa FC de repouso for de 50 bpm,
quando estivermos sentados aumentará para 55 bpm e, quando
estivermos de pé, para 60 bpm. A FC de repouso aumenta porque,
quando nosso corpo passa de uma posição, deitado, para outra, de pé,
o volume sistólico cai imediatamente. Isso se deve sobretudo ao efeito
da gravidade, que faz com que o sangue se acumule nas pernas,
reduzindo o volume de sangue que retorna para o coração. Isso, ao
mesmo tempo, produz um aumento da FC de repouso, para manter o
débito cardíaco de repouso.
 Por fim, determinadas doenças e medicamentos podem aumentar ou
diminuir a FC de repouso (SANDOVAL, 2014).

2.3 Frequência cardíaca durante o exercício

Algumas considerações que devemos lembrar:


Quando se inicia um exercício, a FC aumenta proporcionalmente à sua
intensidade (de acordo com a capacidade física atual). Existe uma correlação direta
entre a intensidade da FCmáx e o VO2máx durante o exercício, embora próximo do
VO2máx se perca a linearidade. A frequência cardíaca máxima é muito importante
para o planejamento do treinamento e seu controle, assim como para determinados

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testes de laboratório e de campo, tanto para esportistas como para a população em
geral (SANDOVAL, 2014).
Segundo a fórmula da OMS-Karvonen, a FCmáx é 220 – idade (fórmula
aplicada pela Organização Mundial de Saúde [OMS]). No entanto, isso é uma
estimativa, e os valores individuais variam consideravelmente em relação a esses
valores médios. Por exemplo, em uma pessoa com 40 anos de idade, a FCmáx seria
estimada em 180 bpm. No entanto, segundo estudos realizados, dentre pessoas de
40 anos, 68% apresentam uma FCmáx entre 168 e 192 bpm e 95% entre 156 e 204
bpm. O próprio Karvonen possui outra fórmula para avaliar o VO2máx ou a FC de
reserva: FCmáx – FCR. Ambas as fórmulas são importantes para conhecer o potencial
cardiovascular, mas as duas possuem margem de erro. A partir desses resultados
planeja-se o pulso de treinamento (SANDOVAL, 2014).

Fonte: corredoresanonimos.pt

A fórmula da OMS é a mais utilizada na população (FCmáx = 220 – idade).


Perde-se 1 bpm por ano de vida. Quando o ritmo de esforço se mantém constante,
em níveis submáximos de exercício, a FC aumenta muito rapidamente, até estabilizar-
se. O ponto de estabilização é conhecido como estável da FC e é o ritmo ideal do
coração para satisfazer as exigências circulatórias a esse ritmo específico de esforço.
Para cada incremento posterior de intensidade, a FC alcançará um novo valor dentro
de um ou dois minutos (SANDOVAL, 2014).
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Apesar disso, quanto mais intenso é o exercício, mais se demora para alcançar
o estado estável. Nesse princípio de cargas crescentes, utiliza-se um teste de
laboratório para o diagnóstico da capacidade funcional. Após seis meses de
treinamento moderado a moderado intenso, a FC durante o exercício submáximo
costuma diminuir cerca de 20 a 40 bpm. A FC submáxima de uma pessoa reduz-se
proporcionalmente à quantidade de treinamento realizado (SANDOVAL, 2014).
O período de recuperação da FC diminui aumentando-se o treinamento de
resistência; é uma variável considerada para avaliar o progresso do treinamento.
Wilmore e Costill (2000) referem que quando se passa da posição de pé, em relativo
repouso, a caminhar, a FC pode aumentar de 60 para 90 bpm aproximadamente.
Fazendo jogging (trote) a um ritmo moderado de 140 bpm, pode-se chegar a 180 bpm
ou mais se passamos a correr a uma grande velocidade. O débito cardíaco (DC)
aumentará por duas causas: maior volume sistólico e maior FC durante o exercício,
em virtude da demanda de fluxo sanguíneo e O2 dos músculos que estão trabalhando
(SANDOVAL, 2014).
Vários fatores afetam a FC durante o repouso e durante o exercício, como
temperatura, umidade, horário do exercício, modificação de posição, ingestão de
alimentos, etc. O uso de determinados medicamentos pode alterar a FC durante a
prática de exercícios; por exemplo, os betabloqueadores diminuem a FC. Situações
parecidas também ocorrem durante o repouso (SANDOVAL, 2014).
Fatores como as modificações de posição durante o exercício (posição
ortostática – como ocorre durante a corrida –, ou sentado – como ocorre no ciclismo
e durante a natação) afetam a frequência cardíaca em uma intensidade similar de
trabalho (SANDOVAL, 2014).
Como podemos determinar a frequência cardíaca máxima prevista de uma
pessoa e o pulso de treinamento? Tanto no esporte de rendimento como nos
programas de saúde direcionados à população utilizamos diferentes fórmulas, como
as seguintes (SANDOVAL, 2014):
 FCmáx = 220 – idade (OMS-Karvonen)
 FCmáx de reserva ou VO2máx = FCmáx – FC de repouso (Karvonen)

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 FCmáx = 208 – (0,7 × idade) (fórmula da Universidade do Colorado,
EUA).
De posse dessa informação, o médico com conhecimentos de fisiologia do
exercício, o professor de educação física ou o técnico do esporte, entre outros
profissionais da área, podem planejar de forma simples em que faixa do percentual
de intensidade da FCmáx devem treinar seu atleta, cliente ou paciente para obter os
resultados esperados, criando um nível inferior e outro superior de intensidade,
controlado, nesse caso, pelos bpm, o que constitui, então, a banda ou faixa de pulso
de treinamento (SANDOVAL, 2014).

Fonte: imagenslivres.com

Em casos de doença, trabalha-se a partir da frequência de trabalho submáximo,


e a fórmula que se utiliza para obtê-la é:
FC submáxima= FC máxima x 0,85
Em cardiologia e em medicina do esporte, utilizam-se as fórmulas de Vivacqua
e Spagna para a reserva cronotrópica (RC) e o déficit cronotrópico (DF).
RC = FCmáx – FC de repouso (também conhecida como FCmáx de reserva ou
percentual de VO2máx, utilizado por Karnoven.
DC = FCmáx prevista – FCmáx alcançada / FCmáx prevista

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2.4 Débito cardíaco: a capacidade funcional do sistema cardiovascular

O débito cardíaco é o primeiro indicador da capacidade funcional da circulação


para satisfazer as demandas da atividade física. Os dois fatores que determinam a
capacidade do débito cardíaco são a frequência cardíaca e o volume sistólico (VS). A
relação é (SANDOVAL, 2014):
DC = FC x VS
Dispõe-se de vários métodos, invasivos (como o método de Fick) e não-
invasivos (como o método de reinalação), para medir o débito cardíaco. Cada um tem
suas vantagens e desvantagens, sobretudo quando utilizados durante a prática de
exercícios. A fórmula do método de Fick é esta (SANDOVAL, 2014):
DC = VO2máx x 100 = mL/min / Diferença a-vO2
Em condições de repouso, o organismo dispõe de aproximadamente 250 mL
de VO2máx, os quais são utilizados durante um minuto em repouso para responder
ao gasto energético, e a diferença arteriovenosa durante esse tempo é de 5 mL de O2
por 100 mL de sangue. Assim, conforme a fórmula de Fick, teríamos um DC de 5.000
mL/min de sangue, ou seja, de 5 L/min (SANDOVAL, 2014).

2.5 Débito cardíaco em condições de repouso e durante o exercício

O DC aumenta proporcionalmente à intensidade do exercício, desde 5 L em


condições de repouso a um máximo de 20 a 25 L/min em homens jovens e que
realizam atividade física; em esportistas de elite o DC é maior, sendo mais evidente
nos esportistas de resistência, que podem ter entre 35 e 40 L/min de sangue de DC.
Essas diferenças devem-se inteiramente ao grande volume sistólico de indivíduos
treinados, já que o exercício físico contínuo de características aeróbias produz
hipertrofia fisiológica do ventrículo esquerdo, com aumento do volume sistólico,
gerando um batimento mais forte (SANDOVAL, 2014).
Em consequência disso, aqueles que realizam exercícios aeróbios possuem
um DC de repouso mais econômico, com menor FC do que pessoas sedentárias, uma
vez que seu VS é maior (de 70 a 71 mL em indivíduos sedentários e de

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aproximadamente 100 mL em indivíduos treinados). Os valores médios do DC em
condições de repouso são resumidos a seguir (SANDOVAL, 2014):
 Repouso;
 Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico;
 Indivíduos sedentários: 4.970 mL/min = 70 bpm x 71 mL/batimento;
 Indivíduos treinados: 5.000 mL/min = 50 bpm x 100 mL/batimento.

Fonte: clinicadoesportemt.com.br

Durante o exercício máximo, a diferença não é só de economia, mas também


de quantidade e qualidade do DC. Ao possuir um VS maior, a pessoa treinada tem um
DC maior diante de um esforço máximo. Em homens sedentários, o VS médio fica
entre 103 e 113 mL de sangue por batimento, enquanto em pessoas treinadas pode
ser entre 150 e 210 mL/batimento. Como exemplo, consideremos duas pessoas que
realizam um esforço máximo de 195 bpm (SANDOVAL, 2014):
 Esforço máximo;
 Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico;
 Indivíduos sedentários: 21.450 mL/min = 195 bpm x 110 mL/batimento;
 Indivíduos treinados: 34.950 mL/min = 195 bpm x 179 mL/batimento.
Devemos salientar que a eficiência do trabalho é muito diferente entre os
exemplos que podemos apresentar, já que o que é um esforço máximo para um

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sedentário (por exemplo, correr 2 km em 13 minutos e 30 segundos) pode ser um
esforço submáximo ou moderado (correr esses 2 km em 12 minutos e 45 segundos)
para uma pessoa que realiza atividade física aeróbia de forma sistemática e pode ser
um esforço leve para um esportista de alto rendimento (que percorra 2 km em 11
minutos e 20 segundos). Os mecanismos de recuperação da FC, do VS e, por
conseguinte, do DC são mais rápidos em indivíduos treinados (SANDOVAL, 2014).
Durante exercícios realizados em pé, o volume sistólico aumenta durante a
transição do repouso ao exercício leve, com valores máximos que chegam a 45% do
VO2máx. Depois desse ponto, o débito cardíaco intensifica-se conforme aumenta a
frequência cardíaca. Os aumentos no volume sistólico em exercícios realizados em
pé devem-se geralmente a um esvaziamento sistólico mais completo, em lugar de um
maior enchimento dos ventrículos durante a diástole. A ejeção sistólica aumenta por
meio dos hormônios simpáticos. O treinamento de fundo melhora a força miocárdica,
que também contribui consideravelmente para a potência do batimento durante a
sístole (SANDOVAL, 2014).
A frequência cardíaca e o consumo de O2 estão relacionados de maneira
linear, tanto em indivíduos treinados como em não-treinados, durante a maior parte
do exercício. Com o treinamento de resistência, essa relação desloca-se
significativamente para a direita, devido à melhora no volume sistólico cardíaco. Por
conseguinte, a frequência cardíaca reduz-se consideravelmente, em nível de trabalho
submáximo, nos indivíduos treinados em exercícios de resistência aeróbia
(SANDOVAL, 2014).
O comportamento do volume sistólico em condições de repouso e durante o
exercício em pessoas sedentárias, em pessoas ativas que treinam para melhorar o
condicionamento cardiorrespiratório e em esportistas de alto rendimento de
modalidades de resistência. Vê-se que o volume sistólico de repouso das pessoas
ativas que treinam o condicionamento aeróbio ou cardiorrespiratório e o dos
esportistas de resistência é praticamente igual ou superior ao volume sistólico dos
sedentários durante o exercício. Se a pessoa tiver uma maior atividade de resistência
aeróbia, terá um maior volume sistólico de repouso e durante o exercício
(SANDOVAL, 2014).

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Após um treinamento de resistência cardiorrespiratória, o volume sistólico
aumenta em repouso, assim como ao realizar exercícios de nível submáximo ou
máximo de intensidade. Durante o treinamento aeróbio, ocorre um aumento do volume
diastólico final, causado principalmente pelo aumento do volume plasmático. O
ventrículo esquerdo é a câmara do coração mais modificada em resposta ao
treinamento de resistência. As dimensões internas do ventrículo esquerdo aumentam
sobretudo como resposta a um aumento no enchimento ventricular. Durante o
treinamento de resistência cardiorrespiratória, a espessura da parede ventricular
esquerda também aumenta, intensificando o potencial de força das contrações do
ventrículo esquerdo (SANDOVAL, 2014).

Fonte: luisaolvera.com

A lei de Frank Starling descreve que o fator principal no controle e no


desenvolvimento do volume sistólico é o grau de estiramento dos ventrículos. Quando
os ventrículos se estiram mais, eles se contraem com mais força. Por exemplo, se um
grande volume de sangue entra na câmara quando os ventrículos se enchem durante
a diástole, as paredes dos ventrículos se distenderão mais do que quando entra um
volume menor de sangue. Com o objetivo de expulsar essa quantidade maior de
sangue, os ventrículos devem reagir ao estiramento, contraindo-se com mais força
(SANDOVAL, 2014).

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O trabalho sistemático de treinamento de resistência aeróbia ou de
condicionamento cardiorrespiratório produz uma hipertrofia cardíaca esquerda com
predomínio do ventrículo esquerdo, o que garante um coração mais forte e eficiente
em condições de repouso e durante o exercício submáximo e máximo. O volume ou
débito sistólico previsto pode ser calculado (Ellestad) por meio da seguinte fórmula
indireta (SANDOVAL, 2014):
 Volume sistólico previsto em homens: VSp = 112 – (0,363 x idade)
mL/min;
 Volume sistólico previsto em mulheres: VSp = 74 – (0,172 x idade)
mL/min.
O volume sistólico avaliado durante um teste de esforço é obtido, para ambos
os sexos:
VS = 1.000 x DC / FCmáx = mL/bpm

2.6 Distribuição do débito cardíaco

O sangue que flui para os diferentes tecidos do organismo é geralmente


proporcional à atividade metabólica realizada em estado de repouso ou em atividade
física. Problemas de saúde podem alterar o fluxo sanguíneo, em condições de
repouso, para diferentes órgãos. O exercício físico modifica o volume de fluxo
sanguíneo no organismo, deslocando uma quantidade significativa de sangue para os
músculos que trabalham. O fluxo sanguíneo de 5 L, em condições de repouso,
distribui-se em proporções aproximadas às ilustradas na Tabela 2.5. Cerca de um
quinto do débito cardíaco dirige-se ao tecido muscular, ao passo que a maior parte do
sangue irriga o baço, o fígado, o intestino, o trato gastrintestinal e o cérebro
(SANDOVAL, 2014).
O fluxo sanguíneo durante o exercício possui uma distribuição diferente,
dependendo de o exercício ser leve, moderado, intenso ou máximo (Tabela 2.6).
Embora a irrigação sanguínea durante a atividade física varie consideravelmente
segundo o tipo de exercício, sua intensidade e duração, o nível de condicionamento

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físico, o estado de saúde e a idade do indivíduo e as condições ambientais, a maior
parte do débito cardíaco desvia-se para os músculos ativos (SANDOVAL, 2014).
Em repouso, em torno de 4 a 7 mL de sangue são fornecidos a cada minuto
para cada 100 g de músculo. Esse débito aumenta constantemente; com esforço
máximo, o fluxo sanguíneo muscular pode ser tão alto quanto 50 a 75 Ml por 100 g de
tecido. Isso representa em torno de 85% do débito cardíaco total (SANDOVAL, 2014).

Fonte: app.emaze.com

Observamos como órgãos importantes, como o coração, aumentam


gradualmente a quantidade de fluxo sanguíneo que necessitam e, ao mesmo tempo,
mantêm constante o percentual (4%) durante os diferentes níveis de intensidade de
exercício. Mesmo durante o repouso, podem aumentar de 4 a 5 vezes de condições
de repouso ao exercício vigoroso. Já o cérebro aumenta apenas 50 mL de condições
de repouso ao exercício leve, mantendo-se constante nos exercícios moderados e
máximos (SANDOVAL, 2014).
O débito cardíaco, ou volume cardíaco por minuto, pode ser previsto pelas
seguintes fórmulas indiretas de Hossack:
DC previsto (homens) = 26,5 – (0,17 × idade) L/min
DC previsto (mulheres) = 15 – (0,071 × idade) L/min
O débito cardíaco durante um teste de esforço cardiorrespiratório é avaliado de
forma indireta por meio da seguinte fórmula de Hossack e colaboradores:
20
DC previsto (homens) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 5,31 = L/min
DC previsto (mulheres) = (VO2máx/kg × peso kg × 0,00407) + 4,72 = L/min
DC cardiopatas = (VO2máx/kg × peso kg × 0,0046) + 3,10 = L/min
O débito cardíaco informa quanto sangue abandona o coração a cada minuto,
enquanto a diferença arteriovenosa de oxigênio (dif a-vO2) indica quanto oxigênio é
extraído do sangue pelos tecidos. O produto desses dois fatores indica o ritmo de
consumo de oxigênio (VO2), expresso na seguinte fórmula (SANDOVAL, 2014):
VO2 = VS × FC × dif a-vO2
Existe uma relação direta entre o exercício e o aumento do DC, porque este
assegura o aumento de O2 durante o exercício.
Durante a prática de exercícios intensos, as alterações na FC, no VS e no DC
de uma pessoa ativa, saudável e com bons indicadores de condicionamento
cardiorrespiratório (não-esportista de rendimento). Tais alterações dependem da
posição anatômica e do percentual de músculos usados na corrida, no ciclismo e na
natação (SANDOVAL, 2014).
Fluxo sanguíneo e exercício
O fluxo sanguíneo aumenta durante o esforço, principalmente pelo exercício
que desenvolve o condicionamento cardiorrespiratório, com um aumento do volume
sistólico e do débito cardíaco. Esse aumento é devido a três fatores (SANDOVAL,
2014):
 Maior capilarização;
 Maior abertura dos capilares existentes;
 Redistribuição mais efetiva do sangue.

2.7 Pressão arterial e exercício

A pressão sistólica (PAS) aumenta em proporção ao consumo de O2, ao débito


cardíaco e à progressão do exercício, enquanto a pressão diastólica (PAD)
permanece relativamente igual ou aumenta apenas levemente. Com a mesma carga
relativa de trabalho, as pressões sistólicas são maiores quando o trabalho se realiza
mais com os braços do que com as pernas, devido à menor massa muscular e à menor

21
vascularização que existe nos membros superiores. Em pacientes hipertensos ou com
predisposição, o estímulo do exercício escalonado, com o objetivo de levar à
frequência cardíaca máxima durante um teste de esforço, pode produzir uma resposta
hipertensiva tanto sistólica como diastólica (SANDOVAL, 2014).
Em pessoas treinadas em exercícios aeróbios com a finalidade de prevenir
doenças ou recuperar a saúde, e sobretudo em esportistas de competição,
principalmente nas modalidades de resistência, durante exercícios de grande
intensidade, aumenta consideravelmente a pressão arterial diferencial, elevando a
sistólica e diminuindo a diastólica e produzindo uma diminuição da resistência
periférica geral com o propósito de levar um maior fluxo sanguíneo e de O2 aos
tecidos que trabalham (em especial aos músculos) de uma forma econômica e efetiva
(SANDOVAL, 2014).

Fonte: cursoslivresead.com.br
Durante o exercício isométrico (estático), com pesos e com máquinas
hidráulicas, as pressões sistólica e diastólica aumentam o estado hipertensivo, o que
constitui um risco para o indivíduo hipertenso ou com outra doença cardiovascular.
Como se sabe, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) impõe uma carga crônica sobre
a função cardíaca. O treinamento aeróbio (caminhada, trote, natação, ciclismo, etc.)
regular, de forma individualizada e conservadora para cada paciente, produz melhora
da hipertensão arterial, tanto em condições de repouso como no exercício submáximo
(SANDOVAL, 2014).
22
Devemos ser cuidadosos com os estágios graves e muito graves da HAS;
apenas com acompanhamento médico a prática de exercícios físicos é indicada para
esses indivíduos. Pacientes com hipertensão arterial leve podem realizar, sem
exageros, exercícios de força, de caráter isotônico ou dinâmico (ver Capítulo 4),
sempre sob prescrição médica e com pressão arterial normal. Devem-se observar as
seguintes considerações: Antes de mais nada, deve-se recordar que a pressão
sistólica de repouso oscila entre 135 e 100 mmHg e que a diastólica ou mínima, entre
85 e 60 mmHg. Podem-se observar valores tensionais normais, principalmente no
sexo feminino, entre 100 e 90 mmHg de sistólica e 60 mmHg de diastólica. Uma
pressão normal típica é de 120/80 ou 110/70 mmHg, o que assegura uma pressão
diferencial de 40 mmHg (SANDOVAL, 2014).
A pressão (ou tensão) arterial sistólica aumenta, durante o exercício,
proporcionalmente ao consumo de O2 e ao débito cardíaco, que aumenta durante o
exercício progressivo. A pressão diastólica permanece relativamente igual, aumenta
levemente ou diminui, dependendo do grau de atividade da pessoa, do estado de
saúde e do tipo de exercício realizado. Em esportistas submetidos a esforços
máximos, pode-se obter 200 a 250 mmHg de PAS. Relataram-se 240 a 250 mmHg
em esportistas de alto nível e saudáveis. A atividade física sistemática melhora a
qualidade da resposta da PAS e da PAD durante o exercício, elevando a pressão
arterial diferencial (SANDOVAL, 2014).
Durante um exercício máximo progressivo, podemos encontrar em esportistas,
sobretudo de modalidades de resistência, valores de 250 mmHg na sistólica e de 30
ou menos na diastólica, garantindo uma pressão arterial diferencial grande, para obter
a eficiência do aumento do débito cardíaco com um maior fluxo de sangue e de
oxigenação para os músculos. Indivíduos sedentários e/ou com hipertensão arterial
não respondem de forma fisiológica ao exercício aeróbio, com dificuldades na pressão
arterial diastólica, que geralmente aumenta, diminuindo a pressão arterial diferencial,
que torna o trabalho menos econômico (SANDOVAL, 2014).
Na hipertensão arterial leve ou moderada, a atividade física aeróbia sistemática
diminui, em condições de repouso, uma média de 11 mmHg da PAS e de 8 mm da
PAD, reduzindo, assim, a pressão média (SANDOVAL, 2014). Um aumento de 15 mm

23
na pressão arterial diastólica durante o exercício é considerado uma resposta anormal
ao exercício, sobretudo em pessoas “aparentemente saudáveis”.
A resposta ao trabalho de halterofilismo de grande intensidade e volume pode
chegar até o valor patológico de PAS de 480 e de PAD 350 mm (480/350 mmHg),
segundo refere Wilmore (2000), em pessoas hipertensas e que praticam halterofilismo
ou fisiculturismo de forma intensa e perigosa (SANDOVAL, 2014).

Fonte: deodefreitas.com

O treinamento de força isotônico bem-realizado não gera problemas de saúde


em pessoas saudáveis. É um método importante de exercícios para melhorar de forma
notável o condicionamento musculoesquelético e também colabora com o
condicionamento cardiorrespiratório (SANDOVAL, 2014).
A pressão diferencial é obtida subtraindo-se a pressão arterial diastólica da
pressão arterial sistólica; por exemplo: se a PA de repouso for 120/80 mmHg, a
pressão diferencial será 40; para uma PA de 220/30 durante o exercício de um atleta
de esporte de resistência, em um teste de esforço máximo progressivo, a tensão ou
pressão diferencial será de 190 mmHg (SANDOVAL, 2014).
A pressão ou tensão arterial média (PAM ou TAM; ver Capítulo 6) é obtida por
meio da seguinte fórmula:
PAM = PAS + (2 x PAD) / 3

24
Vivacqua e Spagna (Lamb, 1985) propuseram uma avaliação de parâmetros
da pressão arterial com respeito à pressão arterial durante repouso (basal) e esforço,
relacionada aos equivalentes metabólicos de tarefa (METs) alcançados durante o
esforço, que se expressam em mmHg/MET. Essa avaliação é usada principalmente
em cardiologia, mas também em medicina do esporte. As fórmulas são as seguintes
(SANDOVAL, 2014):
 Variação da pressão arterial sistólica (VAR PAS): VAR PAS = PAS
máxima – PAS repouso / METs
 Variação da pressão arterial diastólica (VAR PAD): VAR PAD = PAD
máxima – PAD repouso / METs
Lembrar que 1 MET equivale ao consumo metabólico de uma pessoa sentada
e em condições de repouso (1 MET= 3,5 mL O2/kg/min).
Para garantir que uma pessoa possa caminhar a um passo normal, necessita-
se de 5 METs (17,5 mL de O2/kg/min) (SANDOVAL, 2014).

2.8 Duplo produto

O consumo de O2 pelo miocárdio e o fluxo miocárdico de sangue são


diretamente proporcionais ao produto da frequência cardíaca e da pressão arterial
sistólica, o que é definido como duplo produto (DP) (SANDOVAL, 2014).
DP = FC x PAS
O DP é uma estimativa do trabalho do miocárdio e do VO2máx.
Em cardiologia, utiliza-se o duplo produto para avaliar o risco cardiovascular ao
esforço físico, tanto por aumento da FC quanto da PAS (SANDOVAL, 2014).
O DP é utilizado para análise comparativa em um mesmo indivíduo, para avaliar
a ação terapêutica de um medicamento e sua utilização ou não e para a prescrição
de exercícios físicos e de procedimentos clínicos de cardiologia, como a evolução da
revascularização miocárdica. Durante exercícios contínuos, a FC e a PAS aumentam
paralelamente com a intensidade do esforço, como ocorre nos testes máximos de
ergonomia funcional. Nos esportistas, sobretudo das modalidades de resistência, e
em pessoas ativas e saudáveis que realizam exercício de forma sistemática para

25
melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, o duplo produto diminui em condições
de repouso (SANDOVAL, 2014).
O DP é utilizado pelos cardiologistas e pelos médicos do esporte. Segundo
Ellestad, obtemos o duplo produto (mmHg/ bpm) por meio das seguintes fórmulas:
DPmáx previsto = 360 – (0,54 x idade) x 100
DPmáx avaliado = PAS x FCmáx
A partir da obtenção do DP, podemos saber de forma indireta o VO2máx do
miocárdio (Hellesterns et al., in Lamb, 1985), que se expressa em unidade de mL x
100 g de ventrículo esquerdo, e o déficit funcional do ventrículo esquerdo (DFVE), que
se expressa em porcentagem; ambos são muito utilizados em cardiologia, mediante
as seguintes fórmulas (SANDOVAL, 2014):
VO2máx do miocárdio = (DP x 0,0014) – 6,3 mL
DFVE = 100 x DPmáx previsto – DPmáx alcançado / DPmáx previsto

Fonte: ativo.com/corrida-de-rua

2.9 Utilização de oxigênio pelo miocárdio

Em repouso, cerca de 80% do oxigênio que flui pelas artérias coronárias é


extraído pelo miocárdio. Essa extração de alto nível significa que as demandas
elevadas de O2 para o miocárdio, durante o exercício, só podem ser atendidas com
um aumento proporcional da irrigação sanguínea coronariana. Durante esforço
26
intenso, a quantidade de fluxo sanguíneo coronariano aumenta cinco vezes para
atender a demanda de O2 acima do nível de repouso (SANDOVAL, 2014).
Como o miocárdio é um tecido essencialmente aeróbio, deve ter uma provisão
contínua de O2. O impedimento do fluxo sanguíneo coronariano causa dor anginosa
e pode provocar um dano irreversível ao músculo cardíaco, como no infarto do
miocárdio (SANDOVAL, 2014).
Os principais substratos que geram energia no miocárdio são a glicose, os
ácidos graxos e o ácido láctico. O percentual de utilização desses substratos
dependerá da intensidade e da duração do exercício (SANDOVAL, 2014).

3 REGULAÇÃO RESPIRATÓRIA DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO DURANTE O


EXERCÍCIO

Fonte: portalbr.akamaized.net
O pH do sangue mantém-se levemente alcalino (7,4), qualidade que não pode
sofrer modificações importantes para a correta homeostase do organismo. A
realização do exercício sempre gera um aumento na produção de CO2 e quase
sempre de ácido láctico, com um aumento da concentração do íon hidrogênio (H+);
por isso, durante o exercício há uma tendência à acidose metabólica. Isso pode ser
compensado com sistemas tamponadores, presentes nos líquidos corporais, como o
tampão bicarbonato, o fosfato e as proteínas plasmáticas. Esses sistemas químicos

27
esgotam-se com certa rapidez, razão pela qual necessitam de tamponadores físicos,
como os pulmões e os rins, os quais atuam a médio e longo prazos e, além disso,
potencializam a atividade dos tamponadores químicos (SANDOVAL, 2014).
Qualquer aumento dos H+ nos líquidos extracelulares e no plasma estimula o
centro respiratório e provoca uma hiperventilação. Isso reduz rapidamente o CO2 do
sangue que sai com o ar expirado e facilita a recombinação de H+ com HCO3–,
desaparecendo valências ácidas do meio. A magnitude potencial do pulmão como
tamponador foi estimada como o dobro de todos os tampões químicos juntos. O
treinamento anaeróbio permite desenvolver uma adaptação no esportista, que suporta
níveis mais altos de ácido láctico e mais baixos de pH do que os que suportava antes
do treinamento. Em resumo, os principais mecanismos que operam durante a
regulação da ventilação pulmonar são (SANDOVAL, 2014):
 Os centros respiratórios no tronco encefálico, que estabelecem a
frequência e a profundidade da respiração.
 Os quimiorreceptores centrais (no bulbo), que respondem às alterações
de CO2 e H+. Quando qualquer um dos dois aumenta, o centro
respiratório intensifica a respiração.
 Receptores periféricos no arco da aorta e na bifurcação da artéria
carótida, que respondem a modificações do O2, mas também do CO2 e
dos H+.
Durante o exercício, a ventilação aumenta quase imediatamente, devido à
atividade muscular que estimula o centro respiratório. A isso, segue-se um aumento
gradual por elevação da temperatura e das alterações químicas no sangue arterial
produzidas pela atividade muscular. Entre os problemas associados com a respiração
durante o exercício, encontram-se: dispneia, hiperventilação e execução da manobra
de valsava (SANDOVAL, 2014).
Dispneia (respiração curta)
Sensação de dispneia durante o exercício. Isso se apresenta com maior
frequência em pessoas com má condição física que tentam fazer exercícios intensos.
As concentrações de CO2 e H+ aumentam de forma importante.

28
Enviam estímulos fortes ao centro respiratório para aumentar a frequência e a
profundidade da ventilação (SANDOVAL, 2014).
Esses indivíduos não apresentam uma resposta adequada para restabelecer a
homeostase normal, pelo mau condicionamento dos músculos respiratórios.

Fonte: workingmums.co.uk

Hiperventilação
Produz um incremento de ventilação, que aumenta a necessidade metabólica
de O2, o que, em condições de repouso, reduz a PaCO2 no sangue arterial de 40 para
15 mmHg. Esse comportamento também reduz H+ com aumento do pH (alcalose).
Aumento do PO2 alveolar, não aumentando o PO2 sanguíneo, já que o sangue
que sai dos pulmões está saturado com O2 a 98% (SANDOVAL, 2014).
A respiração rápida e profunda pode provocar tontura e até perda de
consciência, pela sensibilidade da regulação do sistema respiratório ao CO2 e ao pH.
Exemplos no esporte:
Natação: hiperventilação antes da competição com a finalidade de melhorar a
mecânica das braçadas durante os primeiros 8 a 10 s da prova. Isso é seguramente
uma desvantagem em provas de 200 m ou mais, pois caem os níveis de PaO2, o que
dificulta a oxigenação muscular. Imersão/esporte subaquático: perigoso, pois o O2 no
sangue reduz criticamente antes que o acúmulo de CO2 indique que se deve subir à
superfície (SANDOVAL, 2014).
29
Manobra de Valsava
Ocorre quando se tenta levantar um objeto pesado ou quando se tenta
estabilizar a parede do tórax. Isso ocorre por:
 Fechamento da glote.
 Aumento da pressão intra-abdominal, contraindo o diafragma e os
músculos abdominais de forma forçada.
 Aumento da pressão intratorácica, contraindo os músculos respiratórios
de forma forçada.
Tudo o que foi mencionado anteriormente diminui o retorno venoso, colapsando
as veias grandes. Quando se mantém durante um tempo prolongado, o volume de
sangue que volta ao coração diminui, reduzindo o débito cardíaco, o que é muito
perigoso para pacientes com HAS e doenças cardiovasculares. Pode ser uma razão
para que um percentual importante dos atletas de halterofilismo apresente HAS
(SANDOVAL, 2014).

3.1 Alterações do padrão respiratório durante as fases do exercício

É consenso na literatura, que há o aumento do VM durante todo o exercício, e


não somente na fase I. Existem duas hipóteses para explicar este aumento durante
as diferentes fases do exercício: a primeira relata que no início do exercício, ou seja,
na fase de transição de repouso para intensidade leve, o aumento do VM é devido
principalmente ao aumento do VC, com nenhuma mudança consistente da FR, do Ti,
do Te e do Ttot. O aumento do VC deve-se exclusivamente à redução do volume
expiratório final, o que indica uma atividade expiratória dos músculos intercostais e/ou
aumento da pressão abdominal pela contração ou tônus elevados dos músculos
abdominais. A segunda hipótese, bem mais divulgada, refere que durante o exercício
intenso, o acréscimo do VM deve-se ao aumento da FR (LOPES, BRITO, PARREIRA,
2005).
Portanto, em exercícios de baixa intensidade, há aumento do VC e da FR e
consequentemente, há aumento do VM, que varia principalmente em função do VC.

30
Em geral, o VC e a FR estão inter-relacionados para promover uma adequada
ventilação com o mínimo trabalho ou com mínimo esforço dos músculos respiratórios.
Já na transição do exercício de intensidade leve para moderada e intensa, tanto o VC
quanto a FR contribuem para o aumento do VM, sendo que a FR se torna mais
importante, enquanto o VC apresenta um platô em altas intensidades. Grande parte
do aumento do VC é devido ao incremento do volume inspiratório final, e o da FR
deve-se principalmente pelo menor. Te, já que o Ti contribui em um terço da redução
do Ttot (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).

Fonte: theladders.com

Mador e Acevedo referem que estas mudanças se devem à duração do


exercício e ao trabalho dos músculos respiratórios. Para Syabbalo e Col. que
compararam o padrão respiratório em 10 sujeitos saudáveis durante exercício intenso
e exercício incremental máximo na bicicleta ergométrica, o aumento da FR deve estar
relacionado com fadiga dos músculos inspiratórios e/ou alteração da mecânica
respiratória. Entretanto, a resposta do padrão respiratório é diferente de acordo com
a intensidade do exercício, e apresenta uma grande variação entre os sujeitos.
Existem duas possíveis explicações para este fato: deve haver uma relação do
aumento da FR com altos níveis de exercício; e exercício intenso está associado a
uma variedade de mudanças fisiológicas respiratórias e não respiratórias

31
(cardiovasculares, hormonais, químicas, hemodinâmicas e térmicas), que podem
influenciar na resposta do timing (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
Entretanto, Kay e Col. investigaram o padrão respiratório em 5 sujeitos durante
o steady-state na bicicleta em duas diferentes frequências de pedalada e na esteira,
e verificaram que não houve ligação entre a frequência do movimento e a FR tanto
para a esteira quanto para a bicicleta em exercício submáximo. Portanto, a seleção
do padrão respiratório parece ser independente do drive. Para exercícios a altos níveis
de ventilação, é possível que o padrão respiratório seja ditado pelo feedback mecânico
respiratório, como receptores vagais e receptores da parede torácica (LOPES, BRITO,
PARREIRA, 2005).
O padrão respiratório durante o exercício em sujeitos normais, expressado
pelas relações de VC com Ti e Te, tem sido estudado por vários investigadores.
Achados como constante. Ti quando VC aumenta nos primeiros minutos da bicicleta
ergométrica; Ti/ Ttot aumentado durante exercício máximo e submáximo; e. Te que
necessita ser diminuído para acomodar o prolongamento do Ti e para manter
constante o Ttot, são relatados (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
O Ti é dependente do volume pulmonar em baixas e altas intensidades, sendo
que a atividade muscular expiratória já ocorre em baixas intensidades, combinada
com o controle do fluxo expiratório, do volume expiratório final e do Te, à medida que
a FR aumenta. Além disso, Ti/ Ttot aumenta com o VM e com a intensidade do
exercício, indicando que o Te diminui com alta intensidade. Esta mudança no aumento
do Ti/ Ttot presumivelmente reduz o custo de oxigênio para uma dada demanda
ventilatória induzida por exercício (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).

3.2 Relação das alterações do padrão respiratório durante o exercício e a


musculatura respiratória e não respiratória

McCool e Col. num estudo sobre a distorção da caixa torácica durante


respirações voluntárias e involuntárias em 7 adultos do sexo masculino, sugeriram
que a taquipnéia fadiga predominantemente o diafragma, enquanto que a respiração
resistida impõe maior carga aos músculos da caixa torácica, em comparação com o
diafragma. Isto sugere que a fadiga dos músculos da caixa torácica, em comparação
32
com a fadiga diafragmática, afeta mais o padrão respiratório durante o exercício.
Existem dois possíveis mecanismos para explicar este fato (LOPES, BRITO,
PARREIRA, 2005):
 O alto VM ser resultado do aumento da excitação colateral do centro
respiratório, causado pelo aumento do drive respiratório, devido à
necessidade dos MMII de manter o mesmo trabalho;
 A depleção do glicogênio nos músculos dos MMII, que aumenta o VM.
Concordando com esta última hipótese, Spengler e Col., relataram que as
alterações do padrão respiratório no final de exercício exaustivo são devido às
mudanças na musculatura dos MMII em comparação com as mudanças da
musculatura respiratória. Portanto, as alterações do padrão respiratório durante
exercício intenso podem ser geradas pela fadiga dos músculos da caixa torácica, mais
que a do diafragma, ou por fadiga dos músculos dos MMII (LOPES, BRITO,
PARREIRA, 2005).

Fonte: wuwm.com

Durante o exercício, além do aumento do VM, a demanda metabólica aumenta


o consumo máximo de oxigênio (VO2), a produção de gás carbônico (VCO2), o fluxo
inspiratório, a pressão intrapleural e a força da musculatura inspiratória. As mudanças
no volume e no fluxo são associadas às mudanças do comprimento dos músculos
respiratórios e da velocidade de contração. A força máxima de contração muscular
33
diminui quando o músculo encurta ou quando há o aumento da velocidade de
contração. Para os músculos respiratórios, a habilidade do músculo inspiratório em
gerar pressão diminui com o aumento do volume pulmonar (LOPES, BRITO,
PARREIRA, 2005).
Devido ao aumento do volume inspiratório final e do fluxo inspiratório, há uma
demanda de trabalho aumentada e uma redução na capacidade de exercício
relacionada aos músculos inspiratórios, sendo que os músculos expiratórios têm um
importante papel na preservação da CI (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
Portanto, durante o exercício, a demanda de trabalho aumentada da
musculatura respiratória, associada ao aumento da intensidade, da frequência e da
velocidade de contração, e ao decréscimo da capacidade da musculatura respiratória,
contribuem para o estresse da musculatura inspiratória. O recrutamento da
musculatura expiratória é importante na ativação do controle do volume expiratório
final através da diminuição do volume pulmonar inspiratório final e pelo aumento da
capacidade dos músculos inspiratórios (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).

3.3 Mudanças na configuração toracoabdominal durante o exercício

Segundo Crawford e Col. quando a ventilação aumenta involuntariamente


durante o exercício, o padrão de mudança no volume das porções superior e inferior
da caixa torácica é similar ao que se observa durante respiração tranquila ou durante
relaxamento passivo, ou seja, mesmo com o aumento da atividade muscular
respiratória, as mudanças volumétricas relativas às partes alta e baixa da caixa
torácica foram similares àquelas determinadas pelas características passivas da caixa
torácica (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
Porém, mesmo que a atividade muscular respiratória seja mínima, ocorrem
mudanças na configuração da caixa torácica. Como a parte inferior da caixa torácica
forma uma parte variável do compartimento abdominal, é aceitável que, aumentando-
se a complacência abdominal a baixos volumes, pode resultar no aumento da
complacência da parte inferior da caixa torácica. Usando a Pletismografia Respiratória
por Indutância, Leblanc e Col. Verificaram que a redução inicial do volume expiratório

34
final quando os sujeitos estão pedalando numa bicicleta ergométrica sem carga, varia
de 4 a 5%, sem nenhuma redução adicional com o exercício progressivo, fato não
confirmado por Lind, que concluiu que o volume expiratório final reduz
progressivamente com o exercício (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
Mesmo que não haja mudança neste volume, o grau de liberdade entre a caixa
torácica e o abdome poderia alongar o diafragma e encurtar os intercostais, ou vice-
versa. O volume abdominal foi reduzido no início do exercício, consistente com o
alongamento do diafragma, mas nenhuma mudança adicional no volume abdominal
foi verificada no exercício de alta intensidade. Grimby e Col. também observaram
redução do volume abdominal, tanto durante o exercício (principalmente com carga
pesada) como no repouso, em alguns sujeitos testados (LOPES, BRITO, PARREIRA,
2005).

Fonte: wallpaperflare.com

Chapman e Col. Mediram, em sujeitos saudáveis, as contribuições da caixa


torácica e do abdome durante exercício físico na esteira com velocidade constante e
com inclinação de até 15 graus, e constataram uma larga variação na resposta do VC
entre os indivíduos. Atribuíram esta variação primariamente à contribuição da caixa
torácica para o VC, pois a relação desta contribuição com a ventilação, analisada por
regressão linear, foi significativa. Estes resultados estão de acordo com os de Grimby
e Col. (LOPES, BRITO, PARREIRA, 2005).
35
Entretanto, o padrão de comportamento dos compartimentos torácico e
abdominal durante o exercício não foi uniforme entre os indivíduos, existindo uma
maior variação da contribuição da caixa torácica em altos níveis de ventilação.
Portanto, a grande movimentação da caixa torácica observada durante o exercício,
parece resultar da ação dos músculos inspiratórios da caixa torácica, e não da ação
alterada do diafragma ou dos músculos abdominais (LOPES, BRITO, PARREIRA,
2005).

3.4 Controle do ambiente interno

Homeostase é a condição de relativa estabilidade da qual o organismo


necessita para realizar suas funções adequadamente para o equilíbrio do corpo.
Homeostasis: palavra de origem grega, cujo significado já define muito bem o que vem
a ser: homeo- = semelhança; - stasis = ação de pôr em estabilidade (BOTELHO,
2018).
Características
Apesar de mudanças que possam vir a ocorrer no organismo, internamente ou
externamente, a homeostase é a constância do meio interno (líquido intersticial).
Conservando-se em temperatura adequada (37º C) ela garante que as trocas
necessárias para o corpo ocorram; e, assim, as células do corpo se desenvolvem
(BOTELHO, 2018).
Funções
Os responsáveis pelo controle da homeostase são o sistema nervoso e as
glândulas endócrinas. Por exemplo, a insulina (que é um hormônio) age na redução
dos níveis de glicose, quando ele está muito alto. Outro exemplo: No caso de aumento
de temperatura do corpo, as glândulas sudoríparas são levadas a liberar mais suor;
pois recebem o comando dos impulsos nervosos; dessa forma, o corpo é esfriado
(BOTELHO, 2018).

Exemplos

36
A homeostase ocorre em todo o organismo. Seguem alguns exemplos: No
sistema circulatório: aqui podemos observá-la desde seu início, ainda nos processos
de contração e relaxamento alternados do coração, onde o sangue é enviado a todo
o corpo, chegando até aos capilares, onde, por fim, ocorrem as trocas. Nessa etapa,
os nutrientes e oxigênio são transferidos ao líquido intersticial, e, por meio deste, são
transferidos os resíduos celulares para o sangue. Então, as células, absorvem esses
nutrientes e oxigênio e depositam seus resíduos nesse líquido. Na manutenção do
nível de glicose no sangue: é por este equilíbrio que o cérebro e todo o corpo são
mantidos. Pois quando a glicose está abaixo do nível, isso pode causar danos, como
inconsciência ou até mesmo a morte. Já o contrário – muita glicose no sangue – pode
prejudicar os vasos sanguíneos e provocar grande perda de água pela urina
(BOTELHO, 2018).

3.5 Bioenergética

Fonte: eloscomvoce.com.br

Bioenergética trabalha com as energias da vida. No Universo, tudo é


constituído de energia, e no Homem esse elemento está profundamente ligado à
respiração, que por sua vez está conectada com os processos que envolvem os
movimentos da nossa musculatura. O ato de respirar é o mais importante e essencial
para a manifestação da vida no ser humano. Logo ao nascer ele já se expressa no
37
mundo através da respiração, ativando todo o funcionamento do seu corpo
(BOTELHO, 2018).
Tudo que envolve a energia corporal se reflete na mente, da mesma maneira
que mobiliza os eventos que ocorrem no organismo físico. Assim, as emoções incidem
diretamente na forma como respiramos. Cada uma produz um tipo de respiração
diferente, e nos condicionamos desde a infância a reprimir nossos sentimentos diante
das ameaças externas ou do que esperam de nós. Desta forma, tencionamos os
músculos e deixamos de nos expressar espontaneamente. Quando crescemos,
incorporamos esse tipo de comportamento e passamos a dissimular o que sentimos
(BOTELHO, 2018).
A bioenergética é uma terapia que permite ao Homem reconectar-se com seu
corpo, aproveitando ao máximo seu potencial. Ao se reencontrar consigo mesmo,
nesta jornada de autoconhecimento, o indivíduo atinge o objetivo almejado, ou seja,
ele liberta suas tensões agudas, permanentes, bem como suas emoções, sentimentos
contidos, formas cristalizadas de ver o mundo, além de impulsionar o movimento
imprescindível para a vida. Na prática da bioenergética, o sujeito aprende a expressar
o que sente através da respiração (BOTELHO, 2018).
Ao fortalecer, por exemplo, a respiração, os músculos se contraem, movimento
condicionado que se manifesta na tentativa de conter um sentimento, do qual se perde
o domínio, vindo assim à tona na forma de um pranto, de um grito, um sinal de temor
ou uma risada. A seguir, a musculatura se solta, a pessoa respira com calma e ela é
inundada por um sentimento de paz. Desta forma, deixando que suas emoções se
revelem livremente, o Homem vê atitudes e sentimentos programados serem
modificados (BOTELHO, 2018).
A bioenergética permite, assim, a compreensão da forma de expressão
corporal de cada um, por meio da prática de exercícios que aliam ações corporais,
mentais e espirituais, com o objetivo de ajudar as pessoas a liberarem toda sua carga
de prazer e alegria reprimida desde cedo. Assim, o ser humano pode finalmente
exercitar sua forma de pensar, de agir, de sentir, com plena liberdade, conquistando
uma melhor qualidade vital, mais sensibilidade, discernimento e coragem para lutar
pelo que deseja, não pelo que esperam dele (BOTELHO, 2018).

38
A eficácia das sessões de bioenergética depende da melhor comunicação entre
o terapeuta e seu cliente. É necessário que este colabore intensamente com o
processo, doando de si mesmo nesta terapêutica, pois o profissional pode apenas
oferecer a ele um procedimento técnico, no qual é imprescindível a sua participação
ativa. O terapeuta abordará a pessoa em tratamento com toques, massagens,
exercícios direcionados para o stress muscular, alongamento e manifestação das
emoções. Esta intervenção é progressiva, evoluindo à medida que o sujeito liberar
suas energias (BOTELHO, 2018).

Fonte: educacaofisica.com.br

Alguns exercícios bioenergéticos realizados


 Pélvis: Os exercícios corporais realizados com a pélvis são direcionados
para o desbloqueio de problemas relacionados com a sexualidade.
 Diafragma: Os exercícios corporais com o diafragma buscam um maior
controle respiratório.
 Peito: Os exercícios são direcionados para a expressão de sentimentos
e emoções reprimidas.
 Pernas e pés: Os exercícios corporais com esses membros buscam
conectar o indivíduo com a sua realidade.
 Pescoço: Os exercícios corporais com o pescoço buscam o alivio das
tensões e promove o relaxamento.

39
 Exercício Básico de Vibração: Fique parado com os pés afastados em
uma distância de 25 cm. Incline o corpo para frente, até suas mãos
alcançarem o chão, os joelhos podem estar flexionados para o exercício
ser feito com mais comodidade. Relaxe o pescoço e respire de forma
profunda e lentamente. Permaneça na posição por 1 minuto.
 Exercício de alongamento: Este exercício inclui o movimento de
espreguiçar-se. Se posicione de forma ereta e com os pés paralelos,
coloque os braços para cima entrelaçando os dedos, espreguice-se por
alguns segundos, sentindo a hiperextensão do abdômen e depois
relaxe. Inspire profundamente, e ao expirar faça um som de “a”
prolongado.
 Sacudir e socos: Neste exercício deve-se sacudir todo o corpo, sem
sincronia ou coordenação. Comece sacudindo as mãos, braços, ombros
e depois todo o corpo, relaxando até os músculos dos pés e liberando
as tensões. Podem ser feitos movimentos de socos com os braços
(BOTELHO, 2018).

3.6 Fonte de energia

Durante a atividade física, nossos músculos utilizam a energia química dos


nutrientes para produzir energia mecânica ou trabalho. Este é um processo bioquímico
de grande complexidade que é regulado por vários fatores de natureza enzimática e
hormonal. Os nutrientes que se constituem nas principais fontes de energia durante o
exercício físico são os carboidratos e as gorduras. Os músculos sempre se utilizam
de uma mistura desses dois nutrientes na “queima” metabólica com oxigênio. Um dos
aspectos que gera maiores controvérsias no entendimento deste processo é a relação
entre o tipo, duração e intensidade dos exercícios e o quanto se “queima” de gordura
ou carboidratos (BOTELHO, 2018).
Nos exercícios de menor intensidade, quando a demanda de energia é menos
significativa, a gordura predomina como combustível, ou seja, os músculos se utilizam
de uma mistura mais rica em gordura como fonte de energia. Com o aumento da

40
intensidade, por exemplo, no exercício moderado, a mistura se equilibra entre gordura
e carboidratos. Nos exercícios intensos, o carboidrato predomina como fonte de
energia e, caso a intensidade se torne muito elevada, o carboidrato pode se tornar o
único combustível do exercício (BOTELHO, 2018).
O que explica esta mudança de combustível utilizado pelos músculos são os
mecanismos reguladores, que seguem certa lógica. Quando o exercício é leve, o
prognóstico é que ele possa ter longa duração. Sendo assim, os músculos utilizam as
fontes de energia que se acumulam em maior quantidade, ou seja, as gorduras. O
metabolismo das gorduras é mais lento, entretanto, como a demanda de energia é
menor, não existe necessidade de uma mobilização mais rápida. Na medida em que
a intensidade de energia vai aumentando, na transição do exercício leve para o
moderado e deste para o exercício intenso, os músculos vão desviando o combustível
para o carboidrato, que tem um metabolismo mais rápido, porém apresentam reservas
limitadas (BOTELHO, 2018).
Este é um dos fatores que limita a duração do exercício intenso. Um dos efeitos
do treinamento é a progressiva adaptação metabólica dos músculos, aumentando a
utilização das gorduras e preservando os estoques de carboidratos. Esta adaptação
possibilita aumentar a tolerância às corridas de longa duração e melhorar o
desempenho. Ela proporciona também um grande benefício para os indivíduos que
buscam redução de gordura corporal em programas de exercícios para perda de peso
(BOTELHO, 2018).

41
4 SISTEMA OXIDATIVO

Fonte: selecoes.com.br

Também conhecido como ciclo de Krebs ou sistema aeróbio é responsável por


produzir quantidades muito grandes de ATP. É um sistema muito importante para
atividades aeróbias cardiorrespiratórias. Diferentemente do sistema glicolítico que
utiliza carboidratos da dieta, o sistema oxidativo utiliza carboidratos, gorduras e
proteínas no ciclo de produção de energia. Normalmente durante o exercício o sistema
fosfogênico começa a ser utilizado pelo seu corpo gerando exaustão em alguns
segundos, caso você continue o exercício, provavelmente o sistema glicolítico assume
o controle por apenas alguns poucos minutos, se a intensidade do exercício permitir
você continuar a atividade, é provável que seu corpo altere agora para o sistema
oxidativo para continuar durante um exercício intenso (BOTELHO, 2018).
Essas moléculas fornecedoras de energia trabalham associadas a enzimas,
realizando as interações moleculares na obtenção das mais diferentes e profundas
funções biológicas, encontradas nos diferentes ciclos metabólicos como, por exemplo,
o da ureia, o de Krebs e até nos mais especializados como da rodopsina. No ciclo de
Krebs os três processos aparecem de uma maneira geral. A energia liberada pela
desintegração das substâncias alimentares, e a energia liberada quando a PC é
desfeita são utilizadas para refazer a molécula de ATP (BOTELHO, 2018).

42
4.1 Transformação Biológica de Energia

A energia existe sob várias formas, as quais são intercambiáveis. Por exemplo,
as células musculares convertem a energia química dos nutrientes em energia
mecânica. Isso requer uma série de reações químicas altamente controladas. A
energia utilizada no organismo é proveniente da quebra de ligações químicas. Essa
transferência de energia ocorre como resultado de uma série de reações químicas.
Muitas dessas reações exigem que a energia seja adicionada aos reagentes - reações
endergônicas. O produto formado nessas reações contém maior quantidade de
energia que os reagentes iniciais (BOTELHO, 2018).
As reações que liberam energia, como resultado de reações químicas, são
chamadas de reações exergônicas. As reações endergônicas se acoplam àquelas
exergônicas de modo que uma reação gera a energia necessária para a realização da
seguinte. Alimento CO 2 + H 2 O ATP ADP + P i ATP ADP + P i R ATP ADP + P i R
ATP ADP + P R Exergônica Endergônica (BOTELHO, 2018).

43
A energia para várias funções do corpo humano vem das moléculas nutrientes
que foram metabolizadas. De facto, a finalidade principal da ingestão de alimentos é
fonte de energia. Esta energia vem das gorduras, dos hidratos de carbono, e das
proteínas no alimento. Dos três, a gordura é a fonte de energia a mais concentrada
porque equipa mais de duas vezes mais energia para um peso dado quanto a proteína
ou o hidrato de carbono (BOTELHO, 2018).
Energia dos alimentos
As exigências de Energia são expressas ordinariamente em termos das
calorias. Esta é realmente uma quilocaloria que (kcal) seja definido como a quantidade
de energia calorífica exigida para levantar a temperatura de um quilograma de grau
Celsius da água uma. As Calorias obtidas pela oxidação completa de vários alimentos
incluem (BOTELHO, 2018):
 Os Hidratos De Carbono rendem 4 kcal/g.
 Os Hidratos De Carbono têm que ser armazenados com água e cada da
glicose é hidratado com água de 2 g. Hidratos de carbono Hidratados:
1,3 kcal/g
 Proteínas: 4 kcal/g
 Gordura: 9 kcal/g (as gorduras não são hidratadas).

44
Exigências de Energia
 Exigências metabólicas básicas
 Energia exigida para a atividade.
A taxa metabólica básica (BMR) é o calor eliminado do corpo em repouso
quando a temperatura é normal. Uma pessoa média exige 2000-2400 Calorias pelo
dia quando um grande homem que faz o trabalho pesado puder exigir até 6000
Calorias pelo dia (BOTELHO, 2018).

4.2 O fluxo de energia

A divisão das moléculas orgânicas complexas para render moléculas simples


libera a energia e o processo é chamado catabolismo. O Anabolismo é os processos
Biosintética totais onde as grandes moléculas complexas são feitas das moléculas
simples pequenas. O Anabolismo exige a energia que é fornecida por processos
catabióticos. Totais, ambos os processos de metabolismo devem ocorrer
simultaneamente porque o catabolismo fornece a energia necessária para o
anabolismo. Quando as plantas utilizarem a energia do sol no processo fotossintético,
os animais e os seres humanos usam as plantas para o alimento. Dividem as
moléculas maiores e complexas produzidas pelas plantas para utilizá-las como fontes
de energia. Isto mantem o fluxo da energia na biosfera (BOTELHO, 2018).

45
O corpo utiliza a energia para uma variedade de funções. A Energia é
necessário realizar o trabalho mecânico que envolve a mudança no lugar ou na
orientação de uma parte do corpo ou da pilha própria. Isto inclui o movimento do
músculo. Além, há um transporte e uma síntese moleculares das biomoléculas. O ATP
do triphosphate de adenosina é a moeda da energia na maioria de pilhas animais.
Leva a energia química. Geralmente, a energia para sintetizar moléculas do ATP deve
ser obtida das moléculas do combustível. O corpo humano usa os três tipos de
moléculas para render a energia necessária para conduzir a síntese do ATP
(BOTELHO, 2018):
 Gorduras
 Proteínas
 Hidratos de carbono

Como o ATP é sintetizado?


O ATP é sintetizado na mitocôndria nas pilhas. Alguma dele é sintetizada
igualmente no citoplasma. Os Lipídios são divididos em ácidos gordos, em proteínas
em ácidos aminados, e em hidratos de carbono na glicose. Isto submete-se então a
uma variedade de reações da oxidação-redução onde as mitocôndrias degradam
ácidos gordos, ácidos aminados, e pirúvico. O Pirúvico é o produto acabado da
degradação da glicose no citoplasma. A degradação final conduz a diversos
compostos intermediários, assim como nas coenzimas reduzidas NADH e FADH2 do
portador de elétron. Os intermediários incorporam o ciclo do ácido tricarboxylic (TCA)
ou o ciclo de ácido cítrico, igualmente causando o NADH e o FADH2 (BOTELHO,
2018).
Estes portadores de elétron reduzidos eles mesmos são oxidados através da
corrente de transporte do elétron, com consumo concomitante de oxigênio e de
síntese do ATP. Este processo é chamado a fosforilação oxidativo. Cada molécula do
ácido gordo libera-se sobre 100 moléculas do ATP e cada molécula do ácido aminado
libera quase quarenta moléculas do ATP. Duas moléculas do ATP são sintetizadas no
citoplasma através da conversão de moléculas da glicose ao pirúvico. As enzimas
estão presentes na maioria das reações químicas que ocorrem no organismo,

46
regulando a velocidade com que elas ocorrem, diminuindo a energia de ativação, por
essa razão são chamadas de catalisadores. Dentre os fatores que influenciam
atividade das enzimas, podemos citar: o pH, a temperatura, a concentração de
substratos e a compartimentalização dos locais onde ocorrem às reações (BOTELHO,
2018).

As células necessitam de energia. Elas possuem vias metabólicas capazes de


extrair e converter os nutrientes advindos dos alimentos consumidos na dieta, numa
forma de energia biologicamente utilizável, processo denominada bioenergética.
Existem vias metabólicas que fornecem energia necessária para a manutenção da
atividade das células. As energias provem da degradação bioquímica dos alimentos.
A energia pode ser produzida a partir de vias metabólicas que utilizam substratos
energéticos distintos. Pode-se obter energia na forma de ATP a partir de: Degradação
da creatina fosfato (BOTELHO, 2018).
Degradação da molécula de glicose (glicólise). Anaeróbia Formação oxidativo
de ATP a partir de glicose e lipídios (lipólise) aeróbia. Sistema ATP-CP (Fosfagênios):
Envolve a liberação de um grupo fosfato e sua ligação energética com a creatina para
o ADP ressintetizando o ATP. É chamado de sistema anaeróbio alático. CP + ADPC
+ ATP Creatina Quinase. Bioenergética provê a energia para o trabalho muscular por
alguns segundos em exercícios de alta intensidade e curta duração. A recuperação
da creatina-fosfato requer ATP e ocorre durante a recuperação. O controle do sistema
ATP-CP é feito pela cretina quinase e pelo ADP (BOTELHO, 2018).
47
4.3 Metabolismo durante os Exercícios Aeróbios

Durante os exercícios aeróbios o corpo tem um suprimento constante de


oxigênio para produzir adenosina trifosfato (ATP), o que oferece ao indivíduo uma
tremenda capacidade energética. O metabolismo aeróbio é o método mais lento de
produção de energia (incluir o oxigênio no processo de produção de energia envolve
reações mais complexas e demoradas) e utiliza principalmente gorduras e
carboidratos como fontes de energia. Os ácidos graxos (provenientes das gorduras)
e o glicogênio (vindo dos carboidratos) são metabolizados e fragmentados formando
substratos para o ciclo de oxalacetato (BOTELHO, 2018).
Os elétrons vão para a cadeia transportadora de elétrons e são então captados
por moléculas de oxigênio dentro da mitocôndria. Esse processo é capaz de
ressintetizar cerca de 36 moléculas de ATP para cada molécula de glicose. O limite
desse sistema é a quantidade de oxigénio transportado para as mitocôndrias. O
sistema de produção de energia aeróbio utiliza carboidratos e gorduras com a
participação do oxigênio. De um modo geral, qualquer atividade que dure mais de três
minutos depende principalmente do metabolismo aeróbio de energia (BOTELHO,
2018).
Enquanto a intensidade dos exercícios for de leve a moderada a energia será
produzida prioritariamente pelo metabolismo aeróbio. Com a presença de oxigênio, a
situação o corpo é capaz de produzir energia e limpar os subprodutos de resíduos das
reações químicas. Se a intensidade do exercício aumenta até um ponto em que o
corpo já não tem tempo para usar oxigênio na produção de energia, o sistema de
geração de energia prioritário passará a ser o metabolismo anaeróbio (BOTELHO,
2018).
Metabolismo anaeróbio é o processo fisiológico que possibilita a produção de
energia sem a utilização de oxigênio. O metabolismo anaeróbico é a fonte dominante
de energia para atividades curtas e de alta intensidade, como levantar peso ou
sprintar. Esse sistema fornece energia a uma taxa elevada, mas em pequenas
quantidades. Por esta razão os músculos se cansam após apenas uma dúzia de
repetições. Apenas carboidratos podem ser usados para energia sem uso de oxigênio,
fazendo desse nutriente crucial para o metabolismo anaeróbio. Existem dois
48
mecanismos para a produção de energia sem a presença de oxigênio: metabolismo
anaeróbio alático e lático (BOTELHO, 2018).

Fonte: ortoponto.com.br

O mecanismo de produção de energia anaeróbio alático é também chamado


de mecanismo da fosfocreatina. Esse sistema fornece cerca de 10 segundos de
energia e é usado durante esforços de curtíssima duração e altíssima intensidade.
Não requer nenhum oxigênio para gerar ATP, pelo contrário, nos primeiros 2-3
segundos do exercício intenso utiliza o ATP já armazenado no músculo, e depois, até
os próximos 6-8 segundos, usa a creatina fosfato (CP) para ressintetizar o ATP até a
CP acabar. As reservas de creatina fosfato no músculo são bem limitadas. Após o
ATP e CP serem consumidos o organismo passa para o metabolismo anaeróbio
láctico, fornecendo ATP para o exercício (BOTELHO, 2018).

O que acontece durante o exercício aeróbico?


A partir do momento que realizamos movimentos corporais, existe uma
demanda maior por oxigênio. Isso ocorre devido à necessidade de oxidação de
substratos energéticos como os ácidos graxos livres e a glicose circulante. Dessa
maneira, o metabolismo aeróbio é potencialmente aumentado para suprir a energia
requerida pelas contrações musculares, sejam elas de qualquer intensidade
(BOTELHO, 2018).
49
No entanto, quanto mais intensa a contração muscular, maior será o grau de
transporte, distribuição e captação de oxigênio pela célula. Esse processo tem
interdependência da quantidade de enzimas e proteínas carreadoras de oxigênio. É
por isso que a atividade física, desde que seja realizada regularmente e na dose ideal,
é o melhor remédio para a saúde. A partir dela, aumentamos a nutrição celular pelo
aumento da capacidade aeróbia que gerencia o metabolismo e, consequentemente,
todo nosso corpo (BOTELHO, 2018).
Durante o exercício físico aeróbio (caminhadas, corridas, nado, ciclismo) o fluxo
do sangue aumenta cerca de 5 vezes mais que no repouso. Evidentemente, quanto
maior for a intensidade/velocidade e duração dos movimentos corporais contínuos,
maior será a metabolização dos substratos energéticos. Consequentemente, maior
será a energia térmica gerada a partir das reações bioquímicas de geração de
trifosfato de adenosina. E essa é a principal “moeda” de energia orgânica corrente em
nossas células, cuja dissipação térmica é realizada na forma de calor e resfriada pela
evaporação para a atmosfera através do suor (BOTELHO, 2018).
Se o metabolismo aeróbio é soberano para a geração de energia em repouso,
ele também será durante o movimento corporal requerido pelo exercício físico.
Progressivamente, as adaptações crônicas da prática regular aumentam a eficiência
dos sistemas energéticos e também o gasto tanto durante a atividade quanto após a
atividade, pois as células do corpo continuam “respirando” após o exercício. Assim, o
aumento do gasto energético oriundo da otimização da oxidação dos substratos
energéticos de reserva promove, entre outras variáveis referentes à composição
corporal, redução do tecido adiposo. E isso, por si só, auxilia no emagrecimento
(BOTELHO, 2018).
Entretanto, é sempre importante ressaltar que a prática de exercícios físicos é
apenas um dos componentes que atuam sobre o balanço energético diário. Ele deve
ser sempre energeticamente balanceado levando em consideração as calorias
advindas da alimentação. Portanto, o ideal é que as áreas de Educação Física e
Nutrição trabalhem juntas. Embora as adaptações da prática de exercícios
potencializem a queima de gordura e outros substratos, o balanço energético (relação
matemática entre consumo e gasto de energia diária) deve ser sempre modulado ou

50
dependente da energia consumida pela alimentação. É por isso que pensar em gasto
energético e emagrecimento deve levar em consideração a alimentação e exercício
(BOTELHO, 2018).

Sistema de produção de energia anaeróbio alático, utiliza fosfocreatina (CP)


para ressintetizar ATP sem a presença de oxigênio. Já o mecanismo de produção de
energia anaeróbio lático, também denominado glicogenólise, tem uma ação diferente.
É um sistema mais complexo que o da creatina fosfato e consiste na degradação
progressiva do glicogênio armazenado no músculo sem a utilização de oxigênio, de
modo a fornecer energia para que duas moléculas de ácido fosfórico se unam a outras
duas moléculas de ADP (processo chamado de fosforilação) obtendo novas moléculas
de ATP (BOTELHO, 2018).
Como resíduos dessa reação têm duas moléculas de água e outras duas de
ácido lático. Esse mecanismo é usado para exercícios de alta intensidade e que duram
de 15 segundos até cerca de 2 minutos. Quando a produção de ácido láctico atinge
um limite conhecido como o limiar de lactato, que provoca dores musculares,
sensação de queimação no músculo e fadiga, tornando difícil manter tal intensidade.
Sistema de produção de energia anaeróbio lático, utiliza o glicogênio muscular para a
produção de energia, gerando como subproduto o ácido lático (BOTELHO, 2018).
Como essa forma de metabolismo é limitada o indivíduo deve dar tempo ao seu
corpo para se recuperar entre os períodos de treino ou reduzir sua intensidade. Assim,
o sistema aeróbio assuma o fornecimento de energia. A maior deficiência do
metabolismo durante o exercício anaeróbico, além do seu fornecimento limitado de
energia, é que ele produz resíduos de produtos na forma de lactato. Embora o
acúmulo de lactato não cause diretamente a fadiga muscular, a diminuição do pH ao
redor das células musculares pode fazê-lo (BOTELHO, 2018).

51
São exemplos de exercícios aeróbios: Caminhar, correr, andar, pedalar, nadar,
dançar. Estes exercícios utilizam vários grupos musculares ao mesmo tempo. Nestes
exercícios, a duração dos movimentos influencia mais do que a velocidade para
caracterizar se a atividade é suave, moderada ou exaustiva. O exercício anaeróbio
utiliza uma forma de energia que independe do uso do oxigênio, daí o termo
anaeróbio. É um exercício de alta intensidade e curta duração (BOTELHO, 2018).
Envolve um esforço intenso realizado por um número limitado de músculos e
há produção de ácido lático. São exemplos de exercícios anaeróbios os exercícios de
velocidade com ou sem carga, de curta duração e alta intensidade, como a corrida de
cem metros rasos, os saltos, o arremesso de peso. Exercícios de força ou exercícios
resistidos, com peso como a musculação também é considerada um exercício
anaeróbio. Os movimentos que realizamos no nosso dia-a-dia são um misto de
atividades físicas aeróbicas e anaeróbicas (BOTELHO, 2018).

Fonte: globoesporte.globo.com

Sempre citamos que um programa completo de exercícios deve apresentar os


dois tipos de atividade física, para melhorar a resistência cardiorrespiratória, fortalecer
músculos, desacelerar a perda de massa muscular e evitar a perda de massa óssea,
além de muito alongamento para manter e melhorar a flexibilidade muscular. Para
perda de gordura corporal, ambos os exercícios (aeróbios e anaeróbios) produzem
efeitos, pois ambos irão acelerar o metabolismo. Mas, o ideal é associar estes dois
52
tipos de exercícios a dieta alimentar. Os exercícios físicos terão a função de acelerar
o metabolismo. A dieta, de produzir um pequeno déficit calórico, obrigando o
organismo a metabolizar as reservas de gordura (BOTELHO, 2018).
Do ponto de vista de substratos energéticos metabolizados durante o exercício,
apenas o exercício aeróbio pode metabolizar gorduras para a produção de energia
necessária ao esforço físico. Entretanto, esta quantidade é extremamente baixa em
vista das quantidades necessárias em um processo de perda de gordura corporal.
Além disso, a maior queima de gorduras ocorre durante o período pós-exercício,
fenômeno chamado "after burning", que representa a queima de calorias que temos
após o exercício (BOTELHO, 2018).
Tanto o exercício aeróbio, quanto o anaeróbio acarretam o "after burning". Mas
este processo tem maior amplitude após sessões anaeróbias. Os metabolismos
aeróbios e anaeróbios não ocorrem separadamente, mas sim se sobrepõem e
trabalham em conjunto para permitir que o indivíduo realize seus objetivos de
exercício. O valor da contribuição de cada sistema de produção contribuição de
energia depende principalmente da intensidade e, em segundo lugar, da duração do
exercício (BOTELHO, 2018).

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