Você está na página 1de 6

Capítulo 7 – BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

Item 12 - MENSAGEM DE ADOLFO, BISPO DE ARGEL

“Não podeis ser felizes, sem mútua benevolência; mas, como pode a
benevolência coexistir com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os
vossos males. ” (ESE - Cap. VII – item 12)
Capítulo 7 – BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO - Instruções dos
Espíritos: I – O Orgulho e a Humildade
item 12 - MENSAGEM DE ADOLFO, BISPO DE ARGEL - MARMANDE – 1862

“Homens, por que lamentais as calamidades que vós mesmos


amontoastes sobre a vossa cabeça? Desprezastes a santa e divina moral
do Cristo; não vos admireis de que a taça da iniquidade tenha
transbordado por toda parte.

O mal-estar se torna geral. A quem se deve, senão a vós mesmos, que


incessantemente procurais aniquilar-vos uns aos outros? Não podeis ser
felizes, sem mútua benevolência, e como poderá esta existir juntamente
com o orgulho? O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males. Dedicai-
vos, pois, à tarefa de destruí-lo, se não quiserdes perpetuar as suas fatais
consequências. Um só meio tendes para isso, mas infalível: tomai a lei do
Cristo por regra invariável de vossa conduta, essa lei que haveis rejeitado
ou falseado na sua interpretação.

Por que tendes em tão grande estima o que brilha e encanta os vossos
olhos, em lugar do que vos toca o coração? Por que o vício que se
desenvolve na opulência é o objeto da vossa reverência, enquanto só
tendes um olhar de desdém para o verdadeiro mérito, que se oculta na
obscuridade? Que um rico libertino, perdido de corpo e alma, se
apresente em qualquer lugar, e todas as portas lhe são abertas, todas as
honras lhe são dispensadas, enquanto dificilmente se concede um gesto
de proteção ao homem de bem que vive do seu trabalho. Quando a
consideração que se dispensa às pessoas é medida pelo peso do ouro que
elas possuem, ou pelo nome que trazem, que interesse podem ter elas em
se corrigirem de seus defeitos?

Bem diferente seria, entretanto, se o vício doirado fosse fustigado pela


opinião pública, como o é o vício andrajoso. Mas o orgulho é indulgente
para tudo quanto o agrada. Século de concupiscência e de dinheiro, dizeis
vós. Sem dúvida; mas por que deixastes as necessidades materiais se

1
sobreporem ao bom-senso e à razão? Por que cada qual deseja se elevar
sobre o seu irmão? Agora, a sociedade sofre as consequências.

Não esqueçais que um tal estado de coisa é sempre o sinal da decadência


moral. Quando o orgulho atinge o seu extremo, é indício de uma próxima
queda, pois Deus pune sempre os soberbos. Se às vezes, os deixa subir, é
para lhes dar tempo de refletir e de emendar-se, sob os golpes que, de
tempos a tempos, desfere no seu orgulho como advertência. Entretanto,
em vez de se humilharem, eles se revoltam. Então, quando a medida está
cheia. Ele a vira de repente, e a queda é tanto mais terrível, quanto mais
alto tiverem se elevado.

Pobre raça humana, cujos caminhos foram todos corrompidos pelo


egoísmo, retoma coragem, apesar disso! Na sua infinita misericórdia, Deus
envia um poderoso remédio aos teus males, um socorro inesperado à tua
aflição. Abre os olhos à luz: eis que as almas dos que se foram estão de
volta, para te recordar os verdadeiros deveres. Elas te dirão, com a
autoridade da experiência, quanto às vaidades e as grandezas da vossa
passageira existência são pequeninas, diante da eternidade. Dirão deste
mundo; que nesta, será maior o que foi menor entre os pequenos deste
mundo; que o que mais amou os seus irmãos será o mais amado no céu;
que os poderosos da Terra, se abusaram da autoridade, serão obrigados a
obedecer aos seus servos; que a caridade e a humildade, enfim, essas
duas irmãs que se dão às mãos, são os títulos mais eficazes para obter-se a
graça diante do Eterno.”

Assim, ante o exemplo contido no evangelho, inicia, o autor, afirmando


que as calamidades, os sofrimentos dos habitantes da Terra, são
consequências do orgulho, que nos levam a desprezar os ensinos de Jesus.
O orgulho leva o homem a ser rigoroso, exigente com os demais. A
benevolência ao contrário, leva o homem a colocar-se no lugar do outro,
compreendendo-o nas suas dificuldades, tendo boa vontade para com
suas falhas, sua maneira de viver. São sentimentos incompatíveis,
antagônicos.

Assim, o autor convida a todos os homens a eliminarem o orgulho que


têm em si, seguindo a lei do Cristo, se almejam ser felizes, e tornarem a
Terra um mundo melhor. A mensagem é de 1862, de lá para cá, houve
melhorias substanciáveis no relacionamento entre os homens. Todavia,
continua existindo a supervalorização dos valores materiais e das suas
necessidades, sobrepondo-se ao bom senso e à razão.
2
Lembremo-nos que “O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira
erguida entre o homem e Deus” - Prolegômenos d´O Livro dos Espíritos.

Enquanto não houver entre nós, seres humanos, o sentimento real de


fraternidade, é óbvio que o orgulho continuará imperando.

Quando, porém, a fraternidade for de fato uma realidade, poderemos


repetir a frase que Allan Kardec: “Onde há verdadeira fraternidade, o
orgulho é uma anomalia” - parte III da Conclusão do O Livro dos Espíritos.

Livro Jesus no Lar – Item 33 – O apelo divino

33 - O apelo divino

    Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o Senhor, de


olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de
oculta revolta no coração dos ouvintes, falou, sublime:

    — Amados, quem procura o Sol do Reino Divino há de armar-se de


amor para vencer na grande batalha da luz contra as trevas. E para
armazenar o amor no coração é indispensável ampliar as fontes da
piedade.

    Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto, sem apoio


seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.

    Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros do vale pode


perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.

    Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada, antes do sol do


meio-dia.

    Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece abençoada de


estrelas.

    Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o remorso é um


vulcão devastador.

    Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma justiça infalível,


acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado aos
olhos das criaturas surge santificado no Céu.

3
    Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas próprias
lições que transmitem aos outros.

    Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem proveito,


adquire pesada responsabilidade diante do Eterno.

    Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo paira sobre


todos.

    Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se perverso.

    Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os, fraternalmente; a dor, quando


incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.

    Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma surpreender com a


morte os viajores desavisados.

    A saúde reclama cooperação para não arruinar-se.

    A enfermidade precisa remédio para extinguir-se.

    A administração pede socorro para não desmandar-se.

    A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao desespero.

    Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na consciência


das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório para os
maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.

    Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível atender à


Vontade Divina.

O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o auxílio justo...

    Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.

    E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos marejados de


pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou ao Pai luz e socorro, paz
e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios e
ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...

    Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se agitaram, harmoniosas


e brandas, como se a Natureza as colocasse em movimento na direção do

4
Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao Trono do Pai, além das
estrelas...

Humildade, orgulho e humilhação

A humildade é o fundamento de todas as virtudes. Mas, o orgulho pode


ter seu lado bom quando relacionado ao sentimento de dignidade
pessoal; afinal, devemos zelar pelo envoltório que abriga o nosso espírito
e suas qualidades.
Devemos ser gratos e amarmos a nós, para podermos amar bem ao
próximo.
Porém, atenção ao lado B desse sentimento: que não seja exagerado o
conceito de si próprio, ou teremos a soberba, nos desviando do preferível
curso.
Do outro lado temos a humildade autêntica, uma virtude que nos conduz
à consciência das nossas limitações. O humilde não se ilude com
galanteios exagerados, nem por uma eventual situação de destaque.
Tampouco ignora seu valor, daí sua serenidade.

Todo sábio é humilde, porque sabe que só sabe pouco do muito que


deveria saber. E a cada saber, uma nova dúvida curiosa.

Há também o orgulho disfarçado de humildade, quando existe interesse


em valorizar e expor uma posição de vítima, para atrair a si a atenção.

E há a confusão em relacionar a humildade à humilhação.

Com bastante frequência ainda vê-se pessoas confundindo humildade


com humilhação. Humilhação pressupõe uma subjugação.

Não é sobre o que os outros pensam de nós, mas sobre a atitude íntima
que nos guia: o humilde não compete, pois tem consciência que todos
somos falhos em algo e já fomos piores e seremos melhores, portanto,
sabe que não está acima nem abaixo. As ofensas, eventualmente
endereçadas a ele, não o magoam.

É compassivo, por enxergar a dor do outro e não o julga, por compreender


o contexto da dificuldade.

5
Ao ter ciência de que todos temos um passado recente, vívido, e outro
remoto, protegido pelo abençoado esquecimento, coloca-se sempre na
posição de aprendiz da vida, ao lado do próximo.

Mesmo que haja raiva ou impaciência direcionadas para si, silencia e


releva, sorrindo internamente, na sua serenidade.

Isso é diferente de deixar que te façam mal ou aceitar qualquer coisa, pois
não tem a ver com perda ou escassez. A humildade é abundante.

Podemos encontrar o que aprender com um insulto ou escolher


aborrecer-se…

O verdadeiramente humilde, nem se auto classifica como tal, apenas faz e


segue, atendendo a um chamado superior.

Sobre o assunto, nos ensina Emmanuel que o dualismo


“orgulho-humildade revela a polaridade do nosso pensamento. “A
humildade é a chave da nossa libertação. ”
Pensemos sobre isso.

Você também pode gostar