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satisfaz com leituras vagas nem com pequenos trabalhos dispersos. Requer penetração
continuidade e esforço metódico, no intuito duma plenitude que responda ao apelo do
Espírito e aos recursos que lhe aprouve comunicar-nos (p.6).
Sobre a vocação intelectual: Não é coisa que se dê. Vem do céu e da natureza primeira.
O ponto está em ser dócil a Deus e a si próprio, depois de ter escutado estas duas vozes
(p.7).
Persevere: Obter sem gastar, eis o desejo universal; mas desejo de corações cobardes e
de cérebros enfermos. O universo não acorre ao primeiro sussurro e para que a luz de
Deus baixe a vossas lâmpadas, é necessário que as vossas almas a peçam instantemente.
Motivação para seguir os estudos: Queres contribuir com a tua quota para perpetuar a
sabedoria entre os homens, para recolher a herança dos séculos, para fornecer ao presente
as regras do espírito, para descobrir os factos e as causas, para orientar os olhos
inconstantes na direcção das causas primeiras e os, corações na dos fins supremos, para
reavivar a chama que se apaga e organizar a propaganda da verdade e do bem? É esse um
quinhão que vale, sem dúvida, sacrifícios suplementares e o cultivo duma paixão
absorvente.
A verdade medra na mesma terra que o bem; as raízes duma e doutro comunicam entre si.
Desligados desta raiz comum e, por conseguinte, menos ligados à sua terra, ambos vêm a
sofrer: ou a alma se torna anémica ou o espírito se estiola. Pelo contrário, alimentando a
verdade, ilumina-se a consciência; fomentando o bem, guia-se o saber.
Como querereis pensar bem com a alma doente, com o coração trabalhado pelos vícios,
solicitado pelas paixões, desorientado por amores violentos ou culpados? Há um estado
clarividente e um estado cego da alma, dizia Gratry, um estado são e conseguintemente
sensato, e um estado insensato. “O exercício das virtudes morais”, afirma por sua vez S.
Tomás de Aquino, “das virtudes que refreiam as paixões, importa sobremaneira para a
aquisição da ciência”.
Bem-aventurados os corações puros, disse o Senhor, porque eles verão a Deus. “Abraça a
pureza de consciência”, diz Santo Tomás a seu estudante; “não cesses de imitar o
comportamento dos santos e dos homens de bem”.
Dois dos dezesseis conselhos de Santo Tomás em matéria de estudo são a eles dirigidos:
“Altiora te ne quæsieris – não procures acima de teu alcance”. “Volo ut per rivulos, non
statim, in mare eligas introire – quero que decidas entrar no mar pelos regatos, não
diretamente”. Conselhos preciosos, proveitosos para a ciência tanto quanto para a virtude
por equilibrarem o homem.
Mas, primeiramente, que o estudo não tome o lugar do culto, da oração, da meditação
direta sobre as coisas de Deus. [...] Estudar tanto que não mais se pratique a prece, o
recolhimento, que não mais se leia nem a palavra sagrada, nem a dos santos, nem a das
grandes almas, tanto que se caia no esquecimento de si mesmo e que, de tão concentrado
nos objetos do estudo, se chegue a descuidar do hóspede interior, é um abuso e uma
enganação. Supor que assim se progredirá e se produzirá mais equivale a dizer que o rio
fluirá melhor se sua fonte secar.