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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


Departamento Infantojuvenil
Pastor Presidente: Ailton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – Recife-PE / CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524 / 3084 1543
PROFESSOR 8 – CLASSE DE PRÉ-ADOLESCENTES – 4º TRIMESTRE DE 2023
LIÇÃO 05 – O VALOR DA HONESTIDADE
TEXTO BÍBLICO: Mateus 23.23; I Pedro 2.12
INTRODUÇÃO
Nesta lição refletiremos a respeito da relevância da honestidade na vida do adolescente cristão. Esta ponderação é bastante
pertinente aos dias hodiernos. Por isso, visando contribuir com a mesma, apresentaremos o conceito de honestidade; dissertaremos
acerca de sua prática efetiva; e, por fim, elencaremos as bênçãos que Deus tem para aqueles cuja vida é norteada por ela.
I – A BÍBLIA DIZ
“Quem diz que vive unido com Deus deve viver como Jesus Cristo viveu” (I João 2.6 – NTLH).
O versículo em questão está inserido no enfático e preciso discurso de João sobre os pilares da ortopraxia cristã (I Jo
2.3-6), que materializa e chancela sua ortodoxia. O discípulo amado (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20) esclarece que a mesma possui
dois alicerces: 1) guardar os mandamentos de Cristo (I Jo 2.3-5): o apóstolo do amor enfoca que a prática dos preceitos de Jesus:
a) assegura que o conhecemos (v.3): a certeza deste conhecimento, que não é meramente intelectual e/ou teórico, mas
experimental e prático (LOPES, 2010, p. 99), depende da prática dos princípios. Não é só tê-los, mas guardá-los, o que expressa
nosso amor por Ele (I Jo 5.3), e nos garante seu amor, manifestação e presença (Jo 14.15,21,23); b) define quem somos (v.4):
nossa ação em relação à palavra denuncia nossa identidade, nosso caráter (Mt 7.24-27). Quando dizemos e não fazemos, somos
uma mentira ambulante (Tt 1.16) (KISTEMAKER, 2006, p. 340). Não há relação entre o mentiroso e a verdade (Jo 14.6), pois ele
tem as mesmas características de seu pai, que não se firma na verdade, não é habitado pela verdade e não fala a verdade (Jo 8.44);
c) evidencia o aperfeiçoamento do amor de Deus em nós (v.5): a palavra praticada traz a nós a presença do Deus que nos ama (I
Jo 4.16,19), a origem e essência do amor (I Jo 4.7,8), nos fazendo conhecê-lo. E quanto mais o conhecemos, o amamos, e também
àqueles que nos cercam, o que atesta o aperfeiçoamento do seu amor em nós, mediante seu Espírito (I Rm 5.5; Jo 4.12,13,16,17);
2) seguir os passos de Cristo (I Jo 2.5,6): é definido por João como “andar como Jesus andou”, que é: a) a prova da nossa
permanência Nele (v.5): a conduta comprova nossa posição em relação a Jesus. Estando nEle, produzimos frutos bons (Mt 7.15-
23; Jo 15.1-6), caso contrário geramos frutos maus (I Jo 3.6,9). Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (Gl 5.25); b)
a exigência da nossa afirmação: somos relembrados que dizer implica em fazer (IJo 3.18); c) a reprodução do seu exemplo: Ele
é o nosso modelo e paradigma (ICo 11.1; Ef 5.1; IPe 2.21). Sendo nós seus irmãos (Hb 2.11), nascidos do Espírito (Jo 3.8), filhos
de Deus (Jo 1.12) e integrantes de sua família (Ef 2.19), nossa conduta deve corresponder a tal parentesco (IPe 1.15-17).

II – AUXÍLIO PEDAGÓGICO
Prezado(a) Professor(a), o mundo em que vivemos está imerso numa gritante inversão de valores (Is
5.20), e a lição nos convida a pensar sobre o valor de “ser”, como contraponto à frenética valorização do
“ter”. Para os padrões mundanos, o ter se sobrepõe ao ser, enquanto que no reino de Deus essa lógica é
inversa (Pv 19.1; 22.1; 28.6). Essa distorção de prioridade se deve muito à análise dos sentidos, que valoraram
apenas o que se pode ver, apalpar, medir ou mensurar. Contudo, esses mecanismos não são infalíveis. E para
provar isso, leve alguns objetos variados, de sua escolha, cujo tamanho e valor sejam incompatíveis, selecione
dois ou mais discentes, vende os seus olhos, peça para que eles os apalpem e definam os seus valores.
Certamente, eles ficarão surpresos com as aferições que farão. Ao final, explique que nem tudo que é
supervalorizado é realmente valioso. Utilize este esboço para direcionar o ensino na EBD e conclua
ensinando que uma vida íntegra, reta e sincera nos dá credibilidade, confiabilidade e dignidade, abrindo
possibilidades na terra, e escancarando as portas do depósito das bênçãos de Deus nos céus.
III – COMENTÁRIO DA LIÇÃO
Nesta oportunidade, abordaremos a temática da honestidade, entendendo a abrangência do seu conceito e identificando as
virtudes que a compõem. Em seguida, destacaremos sua efetiva prática, presente nos mais diversos campos da vida humana, indo
além de meras ações esporádicas. E, finalizando esta linha de pensamento, enumeraremos as bênçãos de Deus sobre o honesto.
3.1 – O QUE É HONESTIDADE
Honestidade, no sentido ético, é a qualidade do que é honesto; honradez, probidade (integridade de caráter; retidão)
(BECHARA, 2011, p. 671,1030). Por conseguinte, ser honesto é ser honrado, digno, íntegro, probo (FERREIRA, 2001, p. 367).
No grego do Novo Testamento, honestidade é semnotes, que denota seriedade digna, gravidade (venerabilidade, dignidade), uma
característica requerida à conduta cristã (I Tm 2.2) e a quem lidera (Tt 2.7). Já para honesto, o termo é kalos, que significa justo,
correto, honrável, cuja conduta merece estima, honrado, digno, decoroso, e ocorre em: Lc 8.15 (coração honesto); Rm 12.17
(coisas honestas); II Co 8.21 (ARA- proceder honestamente) e I Pe 2.12 (viver honesto) (VINE, 2002, p. 676,688). Logo, percebe-
se que honestidade é um atributo moral, composto por outras virtudes, igualmente caras à vida cristã, que a caracterizam, e não se
limita apenas à maneira como lidamos com o dinheiro, ainda que esta seja uma das formas mais conhecidas de sua manifestação. A
Bíblia nos revela que a honestidade é um predicado tanto de homens (Gn 42.11,31) quanto de mulheres (Tt 2.5).
3.2 – O EXERCÍCIO (OU PRÁTICA) DA HONESTIDADE
Mesmo sendo de natureza subjetiva, a honestidade não se limita ao campo teórico. Ela se faz enxergar por meio de atos e
palavras, em diferentes circunstâncias e contextos. Vejamos, pois, em quais esferas da nossa vida devemos exercê-la.
3.2.1 – Na vida pessoal: trata-se da individualidade da honestidade. É ser franco, sincero, veraz consigo mesmo. As Escrituras
afirmam que o homem pode autoenganar-se (Jr 37.9; I Co 3.18; 6.9; 15.33; 6.7; II Tm 3.13; Tg 1.16,22; I Jo 1.8), uma vez que seu
coração (seu eu interior) é inclinado ao engano (Dt 11.16; Jó 31.27), sendo a fonte primária deste (Jó 15.35; Is 44.20; Jr 17.9,10;
Ob 3; Mc 7.21,22; Rm 7.11; Hb 3.13). O autoengano é a origem, a base da hipocrisia. O hipócrita é um ator que representa um
papel diferente daquilo que é na vida real. Ele vive de aparências, se protegendo atrás de máscaras, fazendo com que sua luz brilhe
de tal forma diante dos outros, que eles não saibam o que se passa por trás dela (LOPES, 2004, p. 35). Não obstante isso, Salomão
diz que “como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27.19), isto é, o coração do
homem reflete o seu verdadeiro caráter, que cedo ou tarde vem à tona (Mt 12.34). Lábios (Pv 16.13- NVI), pensamentos (Pv 12.5;
Fp 4.8), comportamento (I Pe 3.2- ARA; Hb 13.18) e andar (Rm 13.13; I Ts 4.12) honestos vêm do coração sincero (Sl 101.2),
guardado em Deus (Pv 4.23; 23.26; Fp 4.7), cheio de sua Palavra e tomado pela presença de Cristo (Sl 119.9-11; Is 51.7: Ef 3.17).
3.2.2 – No convívio social: diz respeito às relações externas, que envolvem a nós e outras pessoas. A honestidade com os outros é
uma consequência da honestidade interior, e deve estar presente nos relacionamentos interpessoais (Lv 19.11), desenvolvidos: a)
no seio familiar: neste aspecto, um exemplo a não ser seguido é o da família de Jacó, que foi palco de enganos, traições e mentiras
(Gn 25.29-34; 27.1-46; 29.21-25; 31.7,14-21; 34.25-31; 37.29-36); b) nos círculos de amizades: lealdade e confiabilidade são
marcas de uma amizade construída sobre a honestidade, como foi a de Davi com Jônatas (I Sm 18.1,3,4; 20.1-43; 23.15-18).
Entretando, o próprio Davi também tinha falsos “amigos” (Sl 35.14; 38.11; 41.9; 55.12-15), à semelhança de Jó (Jó 16.20) e
Jeremias (Jr 9.4; 20.10). Nestes não se pode confiar (Mq 7.5); c) no contexto religioso: o ambiente cristão deve ser honesto (Cl
3.9,10). Jesus condena com veemência a hipocrisia dos fariseus (Mt 23.2,3; Lc 12.1), que travestidos de uma suposta religiosidade
perfeita, discriminavam as pessoas (Lc 7.36-50; 18.9-14) e negligenciavam os preceitos mais importantes da lei (Mt 23.23,24). Em
suas epístolas, João fala de uma Igreja, que juntamente com seus obreiros, andava na verdade (I Tm 3.15; II Jo 1-4; III Jo 1,4,8).
3.2.3 – Nas tratativas financeiras: envolve o trato e administração de bens e dinheiro, nosso ou alheio. A retidão deve reger: a) as
transações comerciais: o crente deve conduzir seus negócios com honestidade (Sl 112.5- NVI), usando balanças, medidas e pesos
justos (Lv 19.36; Dt 25.15; Pv 20.10,23). Balança enganosa (Pv 11.1; 16.11; Am 8.5; Mq 6.10,11), suborno (Êx 23.8; Dt 16.19; Pv
17.23; Is 1.23; 5.23; Mq 3.11) e usura (Sl 15.5; Ez 18.12,13; 22.12) são meios ilícitos para se obter lucro, que torcem o direito e
são abomináveis ao Senhor; b) a aquisição de bens: Abraão e Davi, adquiriram propriedades pagando o preço que elas valiam,
mesmo podendo recebe-las gratuitamente (Gn 23.1-20; II Sm 24.18-25); c) o gerenciamento dos recursos eclesiásticos: os
encarregados de melhorias no Templo, nos dias de Josias e Joás, eram tão honestos, que deles não se requeria prestação de contas
(II Rs 12.1-15; 22.1-7); d) a administração do dízimo: Abraão deu o dízimo, antes de sua regulamentação (Gn 14.20). Retê-lo é
roubar ao Senhor (Ml 3.8-10); e) as atividades profissionais: Paulo, exemplo de trabalhador honesto (II Ts 3.6-12), exorta os
servos a não furtarem seus senhores (Tt 2.9,10), corroborando o que diz o 8º mandamento (Êx 20.15; Lv 19.11; Dt 5.19); f) o
exercício da liderança: ao contrário de seus filhos (I Sm 8.1-3), Samuel nunca se apropriou do que não era seu (I Sm 12.1-5).
3.2.4 – Na esfera espiritual: fala do nosso relacionamento com Deus. Apesar de o Senhor ser onisciente, e saber exatamente quem
somos, quando nos aproximamos dEle, devemos fazê-lo com inteireza, transparência e sinceridade (II Co 1.12; 2.17; Hb 10.22),
pois isso o agrada (I Cr 29.17). É um ledo engano achar que o tamanho da oferta pode esconder de Deus quem realmente somos,
pois, antes de atentar para a mesma, Ele atenta primeiro para nós (Gn 4.4; Is 1.10-17; Mt 5.23,24). A dissimulação não funciona
com Ele (Ml 1.6,7). A pompa e falsa justiça dos escribas e fariseus enganava o povo, mas não a Jesus, que sabe o que é a natureza
humana (Jo 2.24,25), e sentia de longe o cheiro de sua podridão interior (Mt 23.25-28). O Senhor espera que seus filhos sejam
sinceros. A lenda romana para a origem da palavra sincero, cujo significado é sem cera, diz que este elemento era usado nas
esculturas rachadas, depois de lixadas, para encobrir a falha. Porém, a incidência dos raios solares derretia a cera e expunha as
falhas encobertas (CABRAL, 2013, p. 78). Diante do Sol da justiça (Ml 4.2), a cera do engano, do dolo e da má fé, não se sustém!
3.3 – BÊNÇÃOS DIVINAS SOBRE QUEM VIVE A HONESTIDADE
O proceder honesto aborrece o perverso (Pv 21.8; 29.10- ARA; Am 5.10), mas alegra o Senhor (Sl 26.1,11; Pv 11.20;
15.8), que dele testemunha (Gn 7.1; Jó 1.1; 2.3; 27.1-6; 31.4-40), e para ele se mostra íntegro (II Sm 22.26; Sl 18.25), derramando
suas bênçãos em sua morada (Pv 3.33), e sobre sua cabeça (Pv 10.6). Que bênçãos são essas? a) confirmação (I Rs 9.4,5); b)
restauração (Jó 8.6); c) acompanhamento (Jó 36.7); d) livramento (Sl 7.10; Pv 10.2; 28.18); e) sustentação (Sl 37.17; 55.22); f)
amparo (Sl 37.25); g) direção (Pv 11.3); h) proteção (Pv 2.7; 10.9); i) sabedoria (Pv 2.7); j) justiça (Sl 36.10; Pv 13.6); k) paz (Sl
37.37); l) intimidade (Pv 3.32); m) anelo cumprido (Pv 10.24); n) permanência diante dEle (Sl 15.1,2; 140.13; Is 33.14-16).
CONCLUSÃO
Mesmo vivendo no meio de uma geração corrupta e moralmente colapsada, onde a honestidade não pode entrar (Is 59.14- NVI),
é possível mantermos uma vida honesta. Vivê-la, é sair do espectro teórico, e colocar em prática atitudes mais eloquentes que a retórica
de mil palavras, capazes de definir quem somos (II Rs 4.9). Uma vida íntegra, reta e sincera nos dá credibilidade, confiabilidade e
dignidade, abrindo possibilidades na terra, e escancarando as portas do depósito das bênçãos de Deus nos céus.

REFERÊNCIAS
• BECHARA, Evanildo C (Org.). Dicionário Escolar da Academia Brasileira de Letras. 2011, COMP. EDITORA NACIONAL;
• CABRAL, Elienai. Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. 2013, CPAD;
• FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa – Séc. XXI. 2001, NOVA FRONTEIRA;
• KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: Tiago e Epístolas de João. 2006, ED. CULTURA CRISTÃ;
• LOPES, Hernandes Dias. 1, 2 e 3 João: Como ter garantia da salvação. 2010, HAGNOS;
• LOPES, Hernandes Dias. Removendo Máscaras. 2004, UNITED PRESS;
• VINE, W. F. et al. Dicionário Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e do NT. 2002, CPAD;

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