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LIÇÕES BÍBLICAS

SUMÁRIO

Apresentação

Lição 1-O Sermão do Monte: O Caráter do Reino de Deus 2

Lição 2 - Sal da Terra, Luz do Mundo 10

Lição 3 - Jesus, o Discípulo e a Lei 17

Lição 4 - Resguardando-se de Sentimentos Ruins 27

Lição 5 - O Casamento É para Sempre 35

Lição 6 - Expressando Palavras Honestas 46

Lição 7 - Não Retribua pelos Padrões Humanos 53

Lição 8 - Sendo Verdadeiros 57

Lição 9 - Orando e Jejuando como Jesus Ensinou 62

Lição 10 - Nossa Segurança Vem de Deus 69

Lição 11 - Sendo Cautelosos nas Opiniões 76

Lição 12 - A Bondade de Deus em nos Atender 83

Lição 13 - A Verdadeira Identidade do Cristão 90


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APRESENTAÇÃO

Aqui apresentaremos uma série de subsídio - treze lições -, do


2º trimestre de 2022 -, visando cooperar com os professores da EBD no
desempenho de suas chamadas.
A nossa proposta é ajudar, sendo assim, procuramos, da
maneira mais prática possível, facilitar para os professores e irmãos o
conteúdo que se segue.
O material aqui encontrado é simples e visa proporcionar um
conteúdo que possa ser mais uma fonte de pesquisa para os
professores da EBD, auxiliando e trazendo complemento as lições deste
trimestre.
Procuramos ser objetivos, querendo que cada professor possa
entender a nossa proposta - que é a de colocar nas mãos algo que
possa complementar, auxiliar e contribuir no preparo das lições e
também com o aperfeiçoamento dos santos.
Desejamos a todos um ótimo trimestre na graça e na paz de
nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
Superintendência da EBD da IEADTC

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LIÇÃO 01 – O Sermão do Monte: O Caráter do Reino de


Deus
Prof. Edson de Amorim

RESUMO:
Vivemos uma degradação de valores em nossa sociedade.
Por isso, neste trimestre, temos o privilégio de estudar os valores
do Reino de Deus revelados no Sermão do Monte. Compreender
o que é o Reino de Deus e a Ética que o rege é de vital
importância para a igreja moderna. Tal ética é descrita, ensinada
e incentivada pelo Senhor Jesus no seu Sermão do Monte.

OBJETIVOS:
I) ANALISAR a estrutura do Sermão do Monte;
II) CORRELACIONAR as bem-aventuranças com o caráter
cristão;
III) AFIRMAR a bem-aventurança do cristão.

INTRODUÇÃO
O Sermão do Monte é, com certeza, a pérola dos ensinos do
mestre Jesus de Nazaré. A profundidade, singeleza e confrontação
que tais ensinos trazem é tão belo e, ao mesmo tempo, notório o
quanto é averso ao sentimento e modo como a sociedade humana
tem pensado e agido ao longo dos anos. Todavia, para entendermos
com clareza este sermão é necessário compreendermos,
primeiramente, o conceito de Reino de Deus ou Reino dos Céus
presentes nos Evangelhos e nas palavras de Cristo.
João Batista é o primeiro a aparecer proclamando que o “reino
dos Céus está chegando” (Mt 3.2), daí a necessidade de
arrependimento por parte daqueles que anseiam por serem
participes deste Reino. Tal reino não é algo alheio ou desconhecido

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dos Judeus da época de João e Jesus. Gerhard Hörster, Doutor em


divindade pelo Trinity Evangelical Divinity School, assim declara:
“Baseados nas promessas do Antigo
Testamento, os judeus dos tempos de Jesus
esperavam que Deus viesse e impusesse o seu
reinado nesta terra[...] Essa esperança revivia
em Israel sempre que o povo tinha de sofrer sob
algum domínio estrangeiro. Foi assim na época
do exílio babilônico, sob o domínio de Antíoco
Epifânio e nos tempos da ocupação romana. Os
israelitas tinham o anseio de que Deus
impusesse seu domínio sobre todos esses
povos e encerrasse a servidão de Israel (Zc
14.8-11)”1
Após a proclamação de João, Jesus aparece anunciando que
o “Reino é chegado” (Mt 4.17). Entretanto, enquanto todos
esperavam um reino movido por “poder político” com uma
intervenção e força militar. Jesus anuncia um reino que não é desse
mundo (Jo 18.36). Não se trata de uma localização geográfica, uma
ideologia política, bélica ou monetária. Richards (2012) descreve
esse reino como “uma esfera de influência, um campo no qual a
vontade do Rei tem força dinâmica.”2 Esse reino está disponível hoje
na dimensão presente, para aqueles que aceitam a Jesus, mas um
dia se concretizará quando o Senhor reinar eternamente na
dimensão futura. Além das dimensões presente e futura do reino,
podemos afirmar que tal reino possui uma dimensão espiritual (Jo
18.36; Rm 14.17) e pessoal (Hb 8.10)
O Sermão do Monte a semelhança da lei de Moisés, que
instruía ao povo recém liberto os preceitos que Deus tinha para essa
nação que acabará de nascer, reflete a ética e lei de um novo povo

1
HÖRSTER,p.136
2
RICHARDS,p.16

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ou nação chamados a existência pela vida, morte e ressurreição de


Cristo Jesus, a saber, a Igreja.
I – A ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE
O Sermão do monte é, conforme alguns teóricos, o primeiro
dos cinco grandes blocos de ensino de Jesus registrados em Mateus.
O texto do Evangelho de Mateus possui elementos que nos levam a
crer que ele foi escrito para judeus recém conversos. Tais elementos
podem ser vistos no vasto material registrado por ele que liga a vida
e obra de Jesus ao cumprimento das profecias registradas no Antigo
Testamente através da expressão: “Para que se cumprisse o que
fora dito/registrado pelo profeta...” (Mt 1.22; 2.5,15,17,22;3.3;4.14).
Ou seja, o publico alvo do evangelista possuía conhecimento dessas
profecias. Moisés (2017) assim avisa: “o entendimento de que
Mateus é o mais judaico de todos, e que foi devidamente
sistematizado, fornece pistas importantíssimas para melhor
interpretação dessa conhecidíssima porção escriturística.”3
Mateus organizará seu evangelho distribuindo os ensinos de
Jesus em cinco grandes blocos discursivos. Sendo eles:
1. A Ética do Reino de Deus (Mt 5-7)
2. A Missão do Reino de Deus (Mt 10)
3. A Apresentação do Reino de Deus (Mt 13)
4. O Caráter e Autoridade da Representante do Reino: A
igreja (Mt 18)
5. O Julgamento do Reino – Sermão Escatológico (Mt 24-25)
Tal organização serve a título de informação, entretanto
dependendo da metodologia que certo estudioso use podemos ter
outras formas de esboçar o conteúdo de Mateus.

3
MOISÉS.p,10

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Tendo informado que a forma de organizar o conteúdo pode


variar de autor para autor, propomos uma estrutura simples para
esboçar a estrutura do sermão do monte. Veja o quadro abaixo.
O Sermão do Monte (Mt 5—7)
Prólogo 5.1,2
As bem-aventuranças 5.3-12
O que os discípulos são 5.13-16
A justiça do Reino 5.17-20
A justiça dos escribas e a 5.21-48
interpretação da Lei por Jesus
A justiça dos fariseus sob a ótica 6.1-8,16-18
de Cristo
A Oração do Pai-Nosso 6.9-15
A ansiedade pela vida 6.19-34
Autoavaliação, discernimento e 7.1-6
julgamento
A bondade divina e a “Regra de 7.7-12
Ouro”
As duas portas e os dois caminhos 7.13,14
Os falsos profetas e seus frutos 7.15-20
Uma advertência aos discípulos 7.21-23
A decisão crucial: ouvir e praticar 7.24-27
Epílogo — Doutrina e autoridade 7.28,29
Jesus realça os ensinos morais do Antigo Testamento,
entretanto ele insere no centro do seu discurso algo que, até então,
havia sido esquecido pelos religiosos da sua época: o Amor! O amor
é o sentimento que nos impulsiona a experimentarmos a felicidade,
união, justiça, paz e todos os atributos do Reino proclamado por
Jesus.
II – AS BEM-AVENTURANÇAS E O CARÁTER DOS FILHOS DE
DEUS
Conforme dito anteriormente, o sermão do monte demonstra
um código de ética que só pode ser vivenciado por aqueles que
adentram o reino de Deus através do novo nascimento. Não sendo
possível ao homem comum alcançar tal código sem a graça de Deus
sendo ministrada em sua vida. Isso é notório, pois enquanto a ética

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do reino é baseada no amor ao próximo e comunhão com Deus a


ética do mundo valoriza a elevação e centralidade do indivíduo.
Enquanto Cristo fala em servir ao próximo o mundo prega o
individualismo desagregador, ou seja, nada está em tamanho
desacordo com a ética pregada por Jesus do que a ética do mundo
caído. Os princípios apresentados por Jesus no sermão do monte
refletem o caráter do verdadeiro cidadão dos céus. Abaixo veremos
os princípios apresentados nas bem-aventuranças como, também,
as bênçãos advindas dos mesmos.
1. O princípio da humildade: “Bem-aventurados os pobres de
espírito” (v.3): Devemos reconhecer que não existe em nós
qualquer autossuficiência espiritual. Somos dependentes da
graça de Deus. O próprio Jesus assumirá uma atitude de
esvaziamento (Fp 2.5-11)
2. O princípio do quebrantamento: “Bem-aventurados os que
choram” (v.4) O conhecimento de nós mesmo revela nossa
verdadeira face, a saber a de pecadores. Logo, o
quebrantamento e pranto se dá diante de nossas fraquezas e
falhas (Rm 7.24)
3. O princípio da mansidão: “Bem-aventurados os mansos”
(v.5) Ser manso é não se deixar dominar pela ira diante da
injustiça (Mt 11.29)
4. O princípio da justiça: “Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça” (v.6) Fome e sede de justiça retratam um
intenso anseio. São aqueles que ardentemente desejam e
confiam na justiça divina.
5. O princípio da misericórdia: “Bem-aventurados os
misericordiosos” (v.7) Aqueles que receberam a misericórdia e
o perdão de Deus devem demonstrar misericórdia para com o
próximo.
6. O princípio da pureza: “Bem-aventurados os limpos de
coração” (v.8) Aquele que está no reino do Santo dos Santos
está em constante busca por santidade (Hb 12.14)

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7. O princípio da paz: “Bem-aventurados os pacificadores” (v.9)


Aqueles que foram reconciliados com Deus, mediante a cruz,
agora procuram levar a paz de Cristo aos outros (Tg 3.17)
8. O princípio da fidelidade: “Bem-aventurados os que sofrem
perseguição”; “Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem” (vv. 10-11) O cristão no mundo
passará por adversidades e perseguições por conta de sua
ética contraria a do mundo, portanto cabe ao crente suportar
tais intempéries.
Tais princípios não são vazios, ao contrário, em cada
declaração de Jesus possuem bençãos que os acompanham, tais
bençãos podem ser apresentadas como:

 Benção da humildade: Aceitabilidade - Somente aqueles


que humildemente dependem de Deus são admitidos no
reino de Deus (Mc 2.17)
 Benção do Quebrantamento: Consolo – Primeiro
recebemos consolo do perdão, depois da comunhão (Is
57.18)
 Benção da mansidão: Herança da Terra – O mundo
acredita que o caminho para vencer é fazer valer os seus
direitos. Mas Jesus disse que aceitam a sua vontade um dia
reinarão com ele.
 A benção da justiça: Fartos serão – Na consumação do
reino de Deus seremos fartos ou satisfeito, pois seu reino é
reino de justiça.
 A benção da misericórdia: Alcançarão misericórdia –
Aprender a perdoar implica em demonstrar o amor de Cristo
por nós (Mt 18.23-25)
 A benção da pureza: Verão a Deus – O pecado é como a
poeira nos olhos, ele obscurece a visão, distorce a vista e
cega o pecador. Só podemos ter plena consciência de Deus
e comunhão com Ele quando nossos corações estão limpos
de todo o pecado (1 Jo 1.7)

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 A benção da fidelidade: Alegria – Nas perseguições


devemos nos alegrar, pois maior perseguição passou o
salvador e a sua vitória é a nossa vitória (2 Co 4.7-11; Ap
21.4)
III – SOMOS BEM-AVENTURADOS
Na visão do mundo caótico, individualista e caído, felizes são
aqueles possuem fama, dinheiro, beleza e poder. Ou seja, esses são
os “bem-aventurados”, entretanto na ética do reino de Deus, bem-
aventurados são queles que reconhecem sua dependência de Deus,
que busca, em primeiro lugar, as coisas que são de cima priorizando
o espiritual e promovendo assim, a paz, a justiça e a alegria (Mt 6.33).
Como observa o Pr. Osiel Gomes, “Passando pela
regeneração, o cristão salvo irá evidenciar qualidades que
expressam sua real condição em Cristo Jesus, do íntimo do seu ser
trará para o lado externo o que foi implantado por Cristo. Essas bem-
aventuranças mostram doravante o quanto tal pessoa vive dentro da
vontade do Senhor, o que prova sua nova vida.”4 Essa nova vida
reflete paz e alegria essa sim é a bem-aventurança, a nova vida em
Cristo. Ela é eterna e não sucumbe as circunstâncias da vida, mas
preenche o crente e lhe satisfaz em tudo e todas as situações que a
vida lhes oferece.
CONCLUSÃO
As bem-aventuranças, proclamadas por Jesus, se constituem
uma das mais deslumbrantes passagens das Escrituras Sagradas.
Elas demonstram um padrão elevadíssimo que somente aqueles que
tiveram um encontro com Cristo podem viver. É fácil buscar a
felicidade em coisas materiais, entretanto a verdadeira felicidade do
crente está em participar e manifestar as características do reino de
Deus.

4
GOMES.p,22

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Referências, leitura e aprofundamento


GOMES, Osiel. Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do
Monte para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
HÖRSTER, Gerhard. Teologia do Novo Testamento. Curitiba/PR:
Esperança, 2009.
MOISÉS, César. O Sermão do Monte: A Justiça sob a ótica de Jesus.
Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

Artigos
Artigo “O Princípio da Santidade no Sermão do Monte”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/esdrasbentho/cultura-
crista/33/o-principio-da-santidade-no-sermao-do-monte.html

Vídeos
Pr. César Moisés discorre sobre “As Bem-aventuranças”:
https://youtu.be/yBIHnZ2I8x8

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LIÇÃO 02 – O Sal da Terra, Luz do Mundo

Prof. Carlinhos Alves

RESUMO:
A proposta desta lição é estudar sobre a importância de nossa
influência como cristãos no mundo. Assim, analisaremos esse
assunto a partir das metáforas do sal e da luz presentes no Sermão
do Monte. Deus conta conosco para influenciar o mundo atual e, por
isso, não podemos deixar de "salgá-lo", bem como de "iluminá-lo". O
Evangelho nos chama para isso.

OBJETIVOS:
I) APONTAR a função do sal;
II) DESTACAR a função da luz;
III) REFLETIR a respeito da influência dos discípulos de Cristo
no mundo.

INTRODUÇÃO
A primeira coisa a se fazer é uma pergunta retórica e
introspectiva para nós mesmo. Que tipo de cristão sou eu? E como
eu estou representando a Cristo aonde eu estiver? Na faculdade,
entre família, na vida social de um modo geral? Quando o próprio
Jesus nos diz que somos “Sal da terra e Luz do mundo" essas
perguntas são perturbadoras para muitos que se dizem cristãos.
Certamente nas vielas de Antioquia os discípulos de Cristo foram
reconhecidos e chamados pela primeira vez de “cristãos” porque
certamente os moradores daquela cidade viram naqueles homens,
“pequenos cristos".

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I – O SAL TEMPERA E CONSERVA


1. Definição. O SAL desde os tempos bíblicos é carregado de
significados. Usados desde os tempos antigos para vários propósitos
e com muitos significados, inclusive espiritual. Podemos definir o SAL
como: Substância cristalina e branca, solúvel em água. Podemos
chamá-lo de Cloreto de sódio, que podemos encontrar na água do
mar. O SAL é indispensável na vida cotidiana do ser humano, onde
cada pessoa pode ter por consumo diária 5 gramas.
2. A importância do sal. O SAL é uma necessidade
fundamental da vida, e tem sido usado por várias culturas como;
tempero, conservante, desinfetante, adubo, ofertas cerimoniais,
unidade de troca. Em Lv 2.13; Ez 43.24 o sal fazia parte dos
sacrifícios religiosos do povo hebreu. O sal servia para esfregar os
recém nascidos Ez 16.4. Os romanos pagavam parte da
remuneração de seus soldados com sal, daí vem a origem da palavra
“Salário”. Números 18.19-20; 16.48, Deus faz uma aliança de sal com
Arão.
Na Bíblia podemos encontrar o SAL sendo utilizado de várias
maneiras. Gênesis 19.26, a mulher de Ló é amaldiçoada e
transformada em estátua de sal, Levítico 2.13, o SAL é usado como
oferenda, Deuterônomio 29.23 a terra é amaldiçoado com SAL
quanto a sua semeadura, Juízes 9.45 Abimeleque conquista uma
cidade e a semeou com SAL. Um tipo de maldição àquela cidade.
Vemos que até os dias de Jesus Ele mesmo faz muitas conjecturas
com o SAL.
3. O cristão como sal. O verdadeiro cristão que realmente é
sal da terra, ele segue alguns princípios e características do sal.
Podemos citar algumas: O sal e antisséptico inibe a decomposição
da carne. O sal preserva a putrefação dos alimentos impedindo
assim a decomposição do corpo. O sal é como uma nova alma
enxertado em um corpo morto. Robert Mounce: “A conduta correta
dos crentes impede que a sociedade fique rançosa completamente”.
“Os discípulos são chamados a ser um purificador moral em um

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mundo em que os padrões morais são baixos, instáveis ou mesmo


inexistentes” Tasker. Precisamos saber que o cristão não é sal no
saleiro, mas sal da terra. O sal no saleiro ficará umedecido e perderá
sua real utilidade.

“O sal cristão não tem nada de ficar


aconchegado em elegantes e pequenas despensas
eclesiásticas; nosso papel é o de sermos “esfregados" na
comunidade secular, como o sal é esfregando na carne, para
impedir que apodreça. É, quando a sociedade apodrece, nós,
os cristãos, temos a tendência de levantar as mãos para o
céu, piedosamente e horrorizados, reprovando o mundo não
cristão; mas não deveríamos, antes, reprovar-nos a nós
mesmos? Ninguém pode acusar a carne fresca de deteriorar-
se. Ela não pode fazer nada. O ponto importante é: onde está
o Sal?” John Stott.

O sal é condimento e dá sabor aos alimentos. Uma comida


insípida, sem sabor é intragável. O cristão como sal dá terra é pra dá
sabor àquilo que já está intragável. O SAL provoca sede. O cristão
deve provocar essa sede ao mundo o desejo de conhecer a Cristo.
O SAL para ser útil precisa conservar sua salinidade. O cristão para
influência o mundo precisa ser realmente um verdadeiro
representante de Cristo na terra.
II – A LUZ ILUMINA LUGARES EM TREVAS
1. Conceitos físicos e metafóricos. Segundo a física “luz” é
uma forma de radiação eletromagnética cuja frequência é visível ao
olho humano. A luz pode propagar-se no vácuo com uma velocidade
aproximada de 300 mil Km/s. O uso da luz como metáfora no âmbito
da teologia e dá filosofia remonta mais ou menos a 2.500 anos. Na
concepção bíblica a palavra “Ner e Nir" tem a mesma tradução:
lâmpada ou luz, que possuem dois sentidos. O primeiro com
significado concreto, isto é, lâmpada ou lamparina, como instrumento
de barro usado para iluminar as casas. Já no sentido bíblico as

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metáforas são muitas no campo da espiritualidade. Jesus Cristo


disse que nós somos a “luz do mundo" Essa luz erve para iluminar a
escuridão que há no mundo, servindo para guiar os passos daqueles
que andam em trevas. Sem esquecer que a luz só alumia bem se
estiver em uma posição de destaque no ambiente “Velador". Da
mesma forma o Cristão para ser luz deve está em uma posição de
destaque, não social, financeira ou eclesiástica, mas espiritual para
que possa alumiar as trevas deste século.
2. O cristão como luz. O desejo de Cristo é que todo homem
seja luz, mas segundo a Palavra de Deus no evangelho de João nem
todos conseguirá sair das trevas para a luz, e com isso enfrentarão
uma condenação eterna, pois a verdadeira luz que alumia os
caminhos funestos do homem é Jesus Cristo o qual os homens
rejeitam. “A condenação é esta: A LUZ veio ao mundo, mas os
homens amaram mais as trevas do que a Luz, porque as suas obras
eram más. Pois todo aquele que prática o mal detesta a Luz e não
se aproximam da Luz, para que as suas obras não sejam
reprovadas” João 3.19-20. A luz é REVELADORA e dissipa toda
escuridão.
3. A luz em lugares de trevas. William Barclay; diz “A luz tem
três funções primordiais: ser vista por todos, servir de guia e servir
como advertência”. Jonh Charles Ryle diz que entre todas as coisas
criadas, a luz é a mais útil para vida. “A luz fertiliza o solo. A luz guia.
A luz reanima. A luz foi a primeira coisa que Deus trouxe a
existência”. Sem a luz o mundo não teria sentido e nem vida. Por isso
o cristão deve influência o mundo aonde estiver mostrando o
caminho verdadeiro, dissipando as trevas do pecado e mostrando o
verdadeiro caminho. O apóstolo Paulo diz que: “Devemos
resplandecer como luzeiros no mundo" Fp 2.15. Essa luz deve brilhar
com aquilo que o cristão diz ou faz, o seu testemunho o seu
comportamento, sua ética. Porque entendemos que sem as boas
obras o evangelho perde sua credibilidade. Como você pode dizer
que tem fé se não tem as obras para comprova-las? Da mesma
forma foram que o sal para ser útil precisa conservar sua salinidade,

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a luz para ser útil não pode ficar escondida. Segundo Hernandez
Dias Lopez o cristão antes de “Pregar aos ouvidos deve pregar aos
olhos. Ter uma vida certa e não apenas uma doutrina certa. Há
pessoas que são ortodoxas de cabeça, mas herege de conduta. São
ortodoxas na teoria, mas na prática são liberais. Defendem doutrinas
certas, mas vivem vidas erradas. São zelosas das tradições da igreja,
mas vivem na prática do pecado. Exigem dos outros o que não
vivem. Coam um mosquito e engolem um camelo”
III – DISCÍPULOS QUE INFLUÊNCIA
1. Sendo “sal". O ensino rabínico associava a metáfora do
“sal" com a sabedoria. Sendo está a intenção do SENHOR Jesus,
visto que a Palavra grega traduzida por “Nada mais presta" é “tolo" e
“louco". Então entende -se que, dessa forma séria loucura ou tolice
um discípulo de Jesus perder o caráter, sendo que isso o tornaria
imprestável ou até mesmo desprezível para o Reino de Deus e a
igreja aqui na terra. Por isso Jesus nos adverte que: “Se a sal perder
o seu sabor, o poder de salgar, e se tornar insípido, para nada mais
presta! A não ser para ser jogado fora e ser pisado pelos homens".
Por isso nós discípulos de Jesus Cristo, nunca devemos perder as
características do sal, pois se perdermos o poder de salgar, dar sabor
e provocar sede, então perderemos o poder de influência o mundo e
nos tornaremos, tolos e loucos.
2. Sendo “luz". Jesus disse: “Não se pode esconder uma
cidade edificada sobre um monte, Nem se ascender a candeia e se
colocar debaixo do alqueire, mas no Velador, e dá luz a todos os que
estão na casa". Por isso nós, discípulos de Jesus não podemos nem
devemos nos esconder. Por que, que serventia teria uma luz se não
fosse para alumiar? Ou para dissipar as trevas? Dessa forma os
discípulos de Jesus aonde estiverem devem ser luz, não importa o
lugar, o importante é que a luz não se pode esconder ou deixar de
resplandecer. Porque na verdade a escuridão ou as trevas, não
existem, nada mais é de ausência de luz.

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3. A influência cristã. O apóstolo Paulo disse que: “nós temos


a mente de Cristo” 1°Co 2.16. E o que significa isso? Significa
conhecer a Cristo com profundidade e intimidade, através de sua
Palavra e do Espírito Santo. O que o apóstolo está falando e que, o
evangelho genuíno não está firmado em sabedoria de homem, mas
no poder do Espírito. Então dessa forma podemos entender que os
discípulos de Jesus só poderão influência o mundo no poder do
Espírito Santo, não com mera sabedoria humana. Veja o que diz a
Palavra: “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o
questionador desse mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o
mundo não o conheceu por sua a própria sabedoria, Deus achou por
bem salvar os que creem por meio da loucura da pregação” 1°Co
1.20-21. Dessa forma compreendemos que a igreja ainda está no
mundo para influenciar pela ministração da Palavra, a pregação do
evangelho no poder do Espírito, e não por meras palavras de
sabedoria humana. Paulo ainda nos afirma que nós temos o
ministério da reconciliação “Tudo isso provém de Deus, que nos
reconciliou consigo mesmo por intermédio de Cristo e nos outorgou
o ministério da reconciliação” 2°Co 5.18. Deus nos deu essa
autoridade e poder de reconciliar o mundo perdido com Ele outra vez.
E para que isso aconteça, devemos ser cristãos influenciadores, com
nossas atitudes, linguajar, procedimentos sociais cristão, na igreja,
trabalho, faculdades ou em qualquer lugar em que nós possamos
estar. Pois aonde estiver uma luz, que seja para alumiar. Aonde
estiver o sal, que seja para salgar.
CONCLUSÃO
Vivemos em um sistema socialmente corrompido pelo pecado,
onde as práticas mundanas imperam. Podemos sentir o odor da
putrefação e a malícia dos tempos hodiernos já tem chegado ao trono
de Deus. Somente a igreja santa de Cristo como coluna e baluarte
da verdade, através de seus servos poderá promover uma mudança
real de comportamento, ético, cultural, social e teológico.
Poderíamos citar as palavras de Paulo na epístola aos Romanos que
Diz: “É não vivam conforme os padrões desse mundo, mas deixem

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que Deus os transformem pela renovação da mente, para que


possam experimentar qual é a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus" Rm 12.2.
Referências, leitura e aprofundamento
LOPEZ, Hernandez Dias. Mateus; Jesus, o Rei dos reis. 1° Edição 2019.
São Paulo: Editora, Hagnos, 2019.

LIMA, Elinaldo Renovato de. Lições bíblicas; A Igreja é o seu testemunho.


3° trimestre 2015. Rio de janeiro: Cpad, 2015.

CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado. Nova edição revisada


2014. São Paulo: Editora, Hagnos 2014.

Vídeos
Pr. César Moisés discorre sobre a missão do crente em ser Sal da
Terra e Luz do Mundo: https://youtu.be/6Id6qeL8ivE

Artigos
Artigo “O relacionamento entre o crente e o mundo”:
https://cpadnews.com.br/ensinador-cristao/19545/o-relacionamento-entre-
o-crente-e-o-mundo.html

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LIÇÃO 03 – Jesus, o Discípulo e a Lei

Prof.(a) Evalda Oliveira

RESUMO:
Qual é a relação entre Jesus e a Lei? E o que Ele deseja que
seus discípulos aprendam acerca dessa relação. Basicamente, esta
lição tem como propósito mostrar que a relação de Jesus com a Lei
apenas nos mostra que a nossa justiça é elevada. Logo, o objetivo
de estudar essa relação de Jesus com Lei é o de trazer aos cristãos
um compromisso profundo com a justiça de Deus.

OBJETIVOS:
I) MOSTRAR que Jesus cumpriu toda a Lei;
II) COMPARAR a Letra da Lei com a Verdade do Espírito;
III) CONCEITUAR a Justiça do Reino de Deus.

INTRODUÇÃO
De Gênesis a Apocalipse Deus busca um “lugar” para repousar
a Sua presença! A vontade de Deus é colocar todos os Seus
princípios dentro do homem. Como? Através do Espírito prometido,
que foi dado para que obedeçamos aos mandamentos, como diz em
Ezequiel 36.27 “Porei dentro de vocês o meu Espírito e farei com
que andem nos meus estatutos, guardem e observem os meus
juízos”. Esses princípios não eram para ficar fora, em pedras, mas
sim dentro da mente e do coração do homem (Jr 31.31-33; 2Co
3.2,3). Isso se chama Nova Aliança. Escrever a lei no coração da
pessoa corresponde a mudar a natureza dela, fazendo com que
“naturalmente” ela guarde aqueles princípios, ou melhor, eles façam
parte da vida dela. A lei não é excluída, abolida, ela é a ferramenta
da Nova Aliança. A Nova Aliança sem a lei não existe. Cristo tornou

17
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

a lei plena! Ele tira a lei da “pedra” e a talha no coração de “carne”


(Ez 36.26). Para o Senhor Jesus, a sua missão era viver a lei
segundo o coração do Pai.
Deus é um (Gl 3.20), o Deus de Abraão e o Deus de Moisés
são uma e a mesma pessoa. O mesmo Deus que deu a promessa a
Abraão também deu a lei a Moisés. Não podemos colocar Abraão e
Moisés um contra o outro, nem a promessa e a lei, uma contra a
outra, como se tivéssemos de rejeitar uma para aceitar a outra. Se
Deus é o autor de ambas, deve ter tido algum propósito para elas.
Nos versículos 15 a 18 de Gálatas capítulo 3, Paulo diz que a lei não
anulou a promessa e nos versículos 19 a 22 diz que a lei iluminou
a promessa. Nos versículos 23 e 24 Paulo descreve o que éramos
sob a lei, e nos versículos 25 a 29, o que somos em Cristo. A lei não
nos salva, mas nos toma pela mão e nos leva a Cristo, o Salvador.
I – JESUS CUMPRIU TODA A LEI
As declarações de Jesus registradas em Mt 5.17-20 são as
mais surpreendentes de todas as que faz no Sermão do Monte.
Jesus reafirma o caráter eterno da lei. Os judeus usavam o termo
“lei” em quatro acepções diferentes: 1) Os dez Mandamentos; 2) O
Pentateuco; 3) A Lei e os Profetas; 4) A lei oral ou a tradição dos
anciãos. É óbvio que a lei que Jesus quebrou, como curar em dia de
sábado, não foi a lei de Deus, mas a tradição dos escribas, que
distorceu e desfigurou a lei de Deus. A lei, como verdade de Deus,
não contém erros nem pode falhar. Os céus e a terra passarão, mas
os detalhes da lei se cumprirão à risca. Violar a lei de Deus e ensiná-
la aos homens com deturpações é considerado um grave pecado,
porém observá-la e ensiná-la traz grande recompensa. A justiça dos
súditos do reino não é externa nem teatral como a dos escribas e
fariseus; antes, é interna, sincera e real. John Charles Ryle escreve:
“Tomemos cuidado para não desprezar o
Antigo Testamento, sob nenhum pretexto. A religião do
Antigo Testamento é o embrião do cristianismo. O Antigo
Testamento é o evangelho em botão; o Novo Testamento é

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

evangelho aberto em flor. O Antigo Testamento é o


evangelho brotando; o Novo Testamento é o evangelho já em
espiga formada. Os santos do Antigo Testamento
enxergaram muitas coisas como que por um espelho,
obscuramente. Porém, todos contemplavam pela fé o mesmo
salvador e foram guiados pelo mesmo Espírito Santo que hoje
nos guia.”
Warren Wiersbe diz corretamente que Jesus cumpriu os tipos
e as cerimônias do Antigo Testamento para que esses não fossem
mais necessários ao povo de Deus (Hb 9-10). Colocou de lado a
antiga aliança e firmou uma nova. Nessa mesma linha de
pensamento, A. T. Robertson explica que a palavra “cumprir”
significa “encher por completo”, “tornar pleno”. Foi o que Jesus fez
com a lei cerimonial, que apontava para ele. Jesus também guardou
a lei moral. Ele veio completar a lei, revelar a total profundidade do
significado que estava ligado a quem a guardava. Resta claro que
Jesus não contradiz o que foi dito, mas o coloca em foco ético mais
nítido, numa espécie de intensificação radical das exigências da lei.
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim
para revogar, vim para cumprir” (v. 17). Cabe a nós interrogarmos a
razão pela qual sua audiência pensaria que ele veio para revogar a
Lei e os Profetas. A resposta está em duas questões. (1) Há uma
diferença radical entre Jesus e os que eram tidos por “detentores” da
verdadeira interpretação da Lei e dos Profetas. Jesus era chamado
de “nazareno” (Mt 2.23) e nos círculos religiosos e na boca do povo
de Israel corria o seguinte adágio: “De Nazaré pode sair alguma coisa
boa?” (Jo 1.46). A origem de Jesus era a “antítese” da religião de
Jerusalém. (2) O próprio lugar onde Jesus exercia o seu ministério e
ensino, a Galiléia dos gentios (Mt 4.15; Is 9.1), era o oposto da
tradição ensinada pelos fariseus e escribas em Jerusalém. Era o
farisaísmo dominante em Jerusalém contra o paganismo e impureza
da Galiléia. Esperava-se que esse novo líder religioso, poderoso em
palavras (Mt 4. 17-22) e atos (Mt 4.23-25), viesse com uma nova
mensagem que em nada fosse semelhante a anterior, um evangelho

19
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

que ainda não tivesse sido pregado. Mas a boa-nova, o evangelho


que Jesus veio ensinar, era a confirmação do evangelho
preanunciado a Abraão (Gl 3.8), a confirmação e cumprimento das
promessas da aliança encontradas na Lei e nos Profetas: “A seguir,
Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando
ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está
escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24.44).

Esperava-se que Jesus ensinasse algo totalmente


desvinculado da lei e dos profetas que eram, supostamente, a base
do ensino dos fariseus. Mas, em vez de ensinar algo revolucionário
em termos de conteúdo, ele disse: “… em verdade vos digo: até que
o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até
que tudo se cumpra” (Mt 5.18). Com isso, Jesus começou a mostrar
que o seu ensino não se opunha à lei e aos profetas, mas à religião
hipócrita praticada em Jerusalém pelos fariseus e que, por fim,
dominava e influenciava a maneira como o povo praticava a sua
religião. Jesus os chamou de “hipócritas”, “sepulcros caiados” e
outros adjetivos que qualificam esse tipo de religião externa e não
fundamentada na verdade, mas na distorção dela. Na verdade, os
fariseus estavam tão longe da lei e dos profetas quanto os gentios,
tão distantes da santidade do templo quanto os criadores de porcos

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

de Decápolis. Eles haviam enterrado a lei e os profetas debaixo de


tantos falsos ensinamentos que era impossível encontrá-los.
II – A LETRA DA LEI, A VERDADE DO ESPÍRITO
A intenção original de Deus era que Abraão deveria ter uma só
família em todo o mundo, composta por um grupo definido em termos
não de parentesco ou de determinada etnia, mas de fé. Deus fez
promessas “a Abraão e à sua semente”; a palavra semente no
singular significa o Messias – que, para Paulo, representa o povo de
Deus. Assim, a “semente singular” significa uma única família,
incorporada ao Messias, como Deus sempre pretendeu que fosse.
Essa era a aliança de Deus, e nada no céu ou na terra pode abalá-
la. Certamente, a lei, uma personagem posterior nesse cenário, não
pode fazer isso. A promessa veio antes e assim deve ficar.
O verdadeiro Israel de Deus consiste de uma pessoa: o
Messias. Ele é aquele que é fiel. Ele é o verdadeiro israelita. Esse é
o fundamento da identidade entre o povo de Deus. Aqueles que
pertencem ao Messias estão no Messias, de modo que o que é
verdade sobre ele, o Messias, também é verdade sobre todos.
Aqueles que estão no Messias são o verdadeiro povo de Deus. E
isso significa, igualmente, gentios e judeus. Paulo deixa bastante
claro que ser cristão significa ser um filho de Abraão (Romanos 4;
Gálatas 3). Ele se dirige a cristãos ex-pagãos falando a respeito de
“nossos antepassados” quando se refere ao povo de Israel que saiu
do Egito (1Co 10.1). Se os cristãos modernos se esquecerem de que
são parte dessa família maior, que se estende pelo menos a dois mil
anos antes de Jesus, estarão cortando a si próprios da raiz da árvore
– a raiz da qual, como novos ramos, afirmam receber vida (Rm 11.15-
24).
Paulo deixa bem claro que a raça humana como um todo é
pecadora e está sob o juízo de Deus. Ele também esclarece que
Deus chamou Abraão para que, no final, através de sua família, o
remédio para o problema dos seres humanos, e também do cosmos
como um todo, pudesse ser encontrado. Mas, daquele dia em diante,

21
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

a família de Abraão também fazia parte da raça humana. O povo que


carregava a solução também era parte do problema. Os médicos
também estavam infectados com a doença.

Os próprios médicos precisavam ser postos em quarentena,


até que o remédio que eles tinham pudesse ser aplicado. A lei era
uma espécie de quarentena temporária com esse propósito;
continuar a insistir nela depois de a solução já ter sido encontrada é
um absurdo. A lei foi dada, diz Paulo, por causa desse estado
intermediário da família física de Abraão, o povo de Israel. De fato,
ela foi dada “por causa de suas transgressões”; uma “transgressão”
não é apenas um pecado, um ato de maldade, mas é a quebra da
lei. Essa foi dada por um período determinado, até que a família
única anunciada e prometida por Deus chegasse com o Messias.
A lei informa, admoesta e condena. Sem a compreensão do
estado de morte e condenação em que o homem se encontra, esse
não poderá também compreender a graça e a salvação de Jesus.
Essa é a descrição do “primeiro uso da lei”. Antes de ensinarmos
João 3.16, é necessário que o homem saiba por que Deus enviou o
seu Filho ao mundo e por que é necessário que nele se creia. A
consciência plena do pecado e da queda se faz evidente diante da

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

lei. Portanto, diante da lei, o pecador é confrontado com seu pecado


e com a forma como desagrada ao Criador do universo.
Ao dar a Torá, a intenção de Deus era promover os propósitos
para os quais chamou Israel. Esses propósitos não diziam respeito
simplesmente a ensinar ao mundo um padrão superior de
moralidade. Diziam respeito, sim, ao resgate do mundo inteiro do
pecado e da morte. A fim de concretizar esse objetivo, Deus enviou
não só sua Torá, como também seu Filho e seu Espírito, a fim de que
realizassem o que a Torá queria fazer, mas, por si mesma, não
poderia fazer.
III – A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS
Nenhum aspecto da lei de Deus, mesmo o menor de todos,
deixaria de ser cumprido, para surpresa de sua audiência, porque
essa é a sua própria lei. Somente por esse caminho é que os
discípulos poderiam ser sal e luz. E assim foi. Jesus cumpriu
plenamente a lei em todas as áreas, cerimonial, civil e moral, para
que seus discípulos pudessem viver abundantemente, não sem a
orientação da lei, mas por ela dirigidos (Mt 5.19,20).
Fica muito claro no ensinamento do Senhor que o respeito e o
ensino da lei é algo muito sério, e que, ainda que ninguém receba a
cidadania do reino por seus méritos, no reino há o “mínimo” e o
“grande”. Quando o texto nos fala da justiça que deve exceder em
muito a dos escribas e fariseus, certamente encontramos uma
referência à substancial diferença entre o padrão de justiça daqueles
e o padrão de justiça dos verdadeiros filhos de Deus: a justiça de
Cristo crucificado. Enquanto o padrão de justiça dos fariseus era
exterior (Mt 23.25), o padrão de Cristo é interior (Mt 5.8; Sl 51.10); o
padrão de justiça dos fariseus era humano e baseado na justiça
própria (Lc 18.14), o de Cristo, na justiça de Deus (Mt 5.6; Hc 2.4).
Se alguém naquela plateia pensava que os padrões morais
seriam diferentes daqueles ensinados na lei e nos profetas, teve
nesse momento uma decepção. Mais uma vez ficou claro que o

23
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

padrão daqueles que vivem no reino está em perfeita harmonia com


a lei e deveria exceder o padrão dos escribas e fariseus. Para entrar
no reino dos céus, é necessário não ostentar, mas ser humilde de
espírito. É necessário não se gabar de sua justiça, mas chorar pelos
seus pecados. É necessário não defender seus direitos, mas ser
manso. É necessário ter fome não de prestígio, mas de justiça. É
necessário não oprimir os órfãos e as viúvas, mas ser misericordioso.
É necessário não agasalhar hipocritamente toda sorte de imundícia
no coração, mas ser limpo de coração. É necessário não ferir as
pessoas com seu legalismo pesado, mas ser pacificador. É
necessário não criar contendas e odiar as pessoas em nome de
Deus, mas se dispor a sofrer por causa da justiça. Essa é a justiça
que excede em muito a justiça dos escribas e fariseus.
Cristo é a substância da lei moral. Em seu artigo intitulado
“Preaching Christ from the Decalogue” (Pregando a Cristo a partir do
Decálogo), John Frame caracteriza como Jesus é a substância da lei
moral e como devemos pregar a Cristo quando guardamos a lei
moral. Frame sintetiza assim: a) O primeiro mandamento nos ensina
a adorar a Jesus como o único Senhor, Salvador e mediador (At 4.12;
1Tm 2.5); b) No segundo mandamento, Jesus é a imagem perfeita
de Deus (Cl 1.15; Hb 1.3). Nossa devoção a Ele impede a adoração
de qualquer outra imagem; c) No terceiro mandamento, Jesus é o
nome de Deus, o nome ao qual todo joelho se dobrará (Fl 2.10,11; Is
45.23); d) No quarto mandamento, Jesus é o nosso descanso
sabático. Na sua presença paramos todos os nossos afazeres diários
para ouvir sua voz (Lc 10.38-42); e) No quinto mandamento, nós
honramos a Jesus que nos trouxe como seus filhos (Hb 2.110) à
glória; f) No sexto mandamento nós o honramos com a vida (Jo
10.10; 14.6; Gl 2.20; Cl 3.4), como Senhor da vida (At 3.14) e como
aquele que deu a sua vida de modo que nós possamos viver (Mc
10.45); g) No sétimo mandamento nós o honramos como o noivo que
se deu para nos lavar, para nos fazer puros, uma noiva sem mancha
(Ef 5.22,23). Nós o amamos como a nenhum outro; h) No oitavo
mandamento nós honramos Jesus como nossa herança (Ef 1.11) e
como aquele que provê para todas as necessidades do seu povo,
24
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

neste mundo e além; i) No nono mandamento nós o honramos como


a verdade de Deus (Jo 1.17; 14.6), em quem todas as promessas de
Deus são “amém” (2Co 1.20); j) No décimo mandamento nós o
honramos como nossa completa suficiência (2Co 3.5; 12.9) para
satisfazer tanto as nossas necessidades externas quanto os desejos
renovados do nosso coração.
O Sermão do Monte nada mais é do que a revelação
messiânica da Lei dos céus, a legislação do reino de Deus. Por isso,
como nos afirma John Stott, nós podemos denominar o sermão do
monte como o sermão da contracultura do mundo – uma instrução
messiânica acerca de um tipo de vida que resiste aos padrões do
sistema do mundo (Mt 6.8). O Sermão do Monte é um ensino sobre
o desenvolvimento da santificação na vida dos filhos do reino de
Deus, que é a vontade de Deus para nós (1Ts 4.3). Também é uma
instrução totalmente escatológica, porque é o sermão do próprio
Deus sobre os padrões do seu reino, apontando para a legislação
que será estabelecida sobre as nações no reinado messiânico e
vindouro (Is 2.3).
CONCLUSÃO
Certamente Cristo obedeceu a lei civil, cumpriu a cerimonial e
viveu plenamente a lei moral do Pai. Essa é a base para a imputação
da justiça de Cristo sobre os eleitos. Tendo ele cumprido
perfeitamente a lei, em todos os seus aspectos, morreu sem merecer
a morte para que seu povo pudesse ser salvo. Ele recebeu o salário
do pecado sem tê-lo cometido, para que pudesse assim resgatar da
morte aqueles que a merecem. Portanto, nossa obediência à lei não
acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da
lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei
com Cristo é prazer e vida. Também, nesse sentido, Cristo é o fim da
lei (Jo 14.21).
A ação da obra do Espírito na vida dos crentes em Cristo não
é divorciada dos padrões morais da Lei, porque o Espírito Santo é
aquele que escreve a Lei de Deus no coração dos homens que foram

25
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

justificados pela fé, no contexto da nova aliança (Jr 31.31-34; Ez


36.25-29; Hb 8.8-12). A Lei não foi dada para ser um mero conjunto
de letras, mas, sim, uma realidade espiritual que opera no interior
dos homens (Dt 6.6).
É por meio do corpo do Messias, por meio de sua morte
expiatória (Gl 3.21-26) que os cristãos foram mortos para as
penalidades apresentadas pela Torá ao desobedecerem a ela (Gl
3.13). É por meio do corpo do Messias, por meio de nossa união com
ele que inclui a união com sua morte, que os cristãos foram mortos
(Gl 6.2-11) para determinados aspectos da Torá. Uma vez que houve
uma morte, eles agora estão livres para pertencer a outra pessoa.
Ou seja, eles não mais estão “casados” com o legalismo, mas livres
para se casarem e se unirem àquele que foi ressuscitado dentre os
mortos, Jesus, o Messias (o casamento está chegando, Ap 19.6-9).
Agora eles podem dar fruto para Deus (Mt 13.8; Jo 15.1-8); isso
significa fazer boas obras (Ef 2.8-10) ou proclamar o evangelho, para
que os não-salvos nasçam de novo.

Referências, leitura e aprofundamento


LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, o Rei dos reis. São Paulo:
Hagnos, 2019.
MEISTER, Mauro. Lei e graça: Ou lei é graça? Como ambas se
relacionam segundo a Escritura. São Paulo: Cultura Cristã, 2016.
STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento. São Paulo:
Atos, 2008.
THIESSEN, Henry C. Palestras introdutórias à teologia sistemática. São
Paulo: IBR, 2001.
WRIGHT, N. T. Paulo para todos: Romanos 1-8. Rio de Janeiro: Thomas
Nelson Brasil, 2020.

Vídeos
Pr. César Moisés discorre sobre a Lei e a Justiça do Reino:
https://youtu.be/OWlRyxFDfcE

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 04 – Resguardando-Se De Sentimentos Ruins

Prof. Alex Ferreira

RESUMO:
A presente lição mostrará que o Evangelho do Senhor
Jesus tem uma dimensão moral muito bem delimitada. Nesse
sentido, essa dimensão moral não abre margem para que
sentimentos hostis ao Evangelho façam parte da vida interior do
crente. Veremos que evitar a cólera é uma atitude sábia para
evitar pecados trágicos como o do homicídio

OBJETIVOS:
I) EXPOR que o Evangelho não é Antinomista;
II) PONTUAR que a cólera é o primeiro passo para o
homicídio;
III) CORRELACIONAR o ato de ofertar com a desavença.

INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos com o Mestre Divino que o
Evangelho não é antinomista (a partir da explicação desse conceito),
que a cólera é a antessala do homicídio e que para devotar a nossa
vida a Deus, precisamos nos reconciliar com o próximo. Veremos
que o nosso Senhor colocou em alta conta o valor da pessoa humana
e, por isso, a seção bíblica de Mateus 5.21-26 será o objeto de nosso
estudo.
I – O EVANGELHO NÃO É ANTINOMISTA
Definição de Antinomismo - O antinomianismo, é um termo
introduzido por Martinho Lutero, do grego ἀντί (anti), "contra" + νόμος
(nomos), "lei", é definido como uma declaração que, sob a
dispensação do evangelho da graça, a lei moral é de nenhum uso ou

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

obrigação, porque somente a fé é necessária para a salvação. A


expressão significa literalmente: Contra a Lei.
Os defensores deste pensamento filosófico afirmam que a Lei
de Moisés não teve origem em Deus Pai, devendo a Lei, por isso, ser
rejeitada. O presente trabalho tem como foco denunciar este
pensamento como contrário às Escrituras Sagradas, já que o
antinomismo afirma que o Evangelho nos isenta da lei moral trazida
por Moisés e vinda de Deus.
Defendemos que a moral de Deus jamais muda e que, aquilo
que era abominação para Deus nos textos do Antigo Testamento e
na Lei, continuam sendo abominação para Deus em nossos dias e
para todos os termos do Novo Testamento. Hb 13.8 – “Jesus Cristo
é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente”.
Vejamos as palavras de Jesus em Mt 5.17,18:
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-
rogar, mas cumprir.
Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo
seja cumprido”.
O que o Mestre tem em mente é informar que nenhum homem
foi capaz de cumprir cabalmente a Lei, e Ele, com sua conduta
imaculada, cumpriu toda a Lei por nós (pela graça sois salvos).
A Lei e o Evangelho
Está escrito – “Não matarás” – Ex 20.13 – Jesus não anulou
este mandamento, mas além de aperfeiçoá-lo, ampliá-lo e
aprofundá-lo, ele demonstrou que o homicídio tem início no coração
do ser humano a partir da ira, do ódio e da cólera – Mt 5.22.
Antes de Caim matar o irmão, nasceu em seu coração, através
da inveja, estes sentimentos, e foi através deles que ele ratificou o
homicídio – Gn 4.6.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

A distinção entre lei e evangelho é estrutura fundamental de


toda a teologia evangélica de Lutero. E ela ganhou contornos ainda
mais claros na controvérsia antinomista, quando Lutero respondeu
perguntas suscitadas quanto ao lugar da lei.
A lei não era encontrada apenas no Antigo Testamento, pois
até Cristo pregou a lei, confirmando a lei mosaica e interpretando-a
no “evangelho” (aqui a expressão era usada por Lutero no sentido
amplo, envolvendo toda a proclamação de Jesus e dos apóstolos).
Lei, portanto, é tudo que nos faz perceber o pecado e acusa nossa
consciência, independentemente de estar em Cristo ou em Moisés.
O evangelho, num sentido mais restrito, é a boa nova de salvação.
Legalismo x Antinomismo
O legalismo é uma prática que força o cumprimento de todo o
conteúdo da Lei de Moisés para que se possa obter a graça e o favor
de Deus. Por outro lado, o antinomismo rejeita todas as normas
morais, deixando o ser humano livre para pecar, já que somos salvos
pela graça do evangelho. Portanto, os dois extremos são nocivos e
contrários ao ensino das Escrituras.
Quanto à lei, ela ensina o que são as boas obras, mas não nos
fornece poder para realizá-las. Contudo, enquanto evangelho, a
Escritura nos convida à fé a fim de que a promessa de Deus realize
o que os mandamentos exigem. O termo “lei” carrega um sentido
mais negativo para Lutero, e seu gosto amargo cessará apenas no
porvir, quando não mais revelará nosso pecado.
II – A CÓLERA É O PRIMEIRO ATO PARA O HOMICÍDIO
Jesus e o sexto mandamento
Como observado anteriormente, o homicídio precisa ser
gerado por um sentimento interior. Por isso, Jesus não anulou o
sexto mandamento do decálogo. Ele apenas revelou algo mais
profundo, gerado por falta de amor, que redunda em ira, cólera, fúria

29
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

e indignação contra o próximo. Portanto, esses sentimentos já se


qualificam com um peso igual ao homicídio.
No coração do homem reside toda a sua vontade. Assim, os
atos externos são movidos por sentimentos internos. Todo homicídio,
e por quê não dizer, todo pecado, é movido por sentimentos que vêm
do interior do homem. Vejamos o ato de homicídio e adultério de
Davi: Primeiro ele viu (concupiscência dos olhos) uma mulher
tomando banho (2 Sm 11.2); em seguida, a concupiscência desceu
ao coração e ele cometeu um adultério; ato contínuo, estando o
coração já contaminado, ele cometeu o homicídio. Foi isso que Jesus
colocou no sermão do monte. A ira e a concupiscência que provêm
do interior do homem gera os pecados que são exteriorizados. Por
isso, disse: Aquele que se encolerizar contra seu irmão, já cometeu
homicídio e será réu de juízo.
Entre os judeus, havia três tipos de juízo, tratados por tribunais
apropriados. A condenação mais severa era a que determinava o
lançamento do corpo no Vale de Hinom ou Geena, porque mostrava
a grande desgraça da pessoa, ilustrando assim a gravidade do crime.
A cólera no contexto bíblico
O apóstolo Paulo, reconhecendo que a ira é uma emoção
inerente ao homem caído, mesmo que este tenha sido regenerado,
nos alertou sobre o perigo de permitir que ela se apodere de nós. Ef
4.26 – “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”
– Isso quer dizer que nós, enquanto pecadores, não podemos nos
livrar da ira em alguns momentos, entretanto, através do Espírito que
habita em nosso ser, somos instados a não permitir que o sol se
ponha sobre ela, isto é, antes dele se pôr e formos dormir,
precisamos mitigá-la.
O valor da pessoa humana
No presente mandamento também estava inserida a ideia de
que, se alguém proferisse palavras iracundas e desdenhosas contra
o próximo (como raca), deveria ser levado ao Sinédrio judaico, para

30
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

ser condenado. Bem como, se o chamasse de louco, seria réu do


fogo do inferno, ou Geena (Vale do Filho de Hinom).
A expressão raca (rhaká), de origem aramaica, aponta para
alguém que tem a cabeça oca, ou uma pessoa vazia, podendo
também ser traduzido por estúpido.
A expressão: louco (môros), tem o significado de ímpio,
incrédulo, idiota, ou retardado mental.
Queria deixar abaixo o texto inspirado na aula magna proferida
pelo professor Michael Sandel em Harvard, no curso “Ética e
Justiça”:
A vida humana, aos olhos da maioria, tem valor imensurável.
Sua singularidade e importância faz com que não seja viável
qualquer quantificação. Porém, no mundo jurídico é necessário
estabelecer um quantum para efeitos de indenização. Seguindo essa
linha de raciocínio, algumas empresas já se manifestaram nesse
sentido. A multinacional Ford foi uma das que se pronunciou sobre
este tema, em uma matemática absurda que ficará sempre em sua
história.
Nos anos 1970, nos Estados Unidos, a Ford lançou um carro
no mercado com conhecido problema mecânico que colocaria a vida
dos motoristas e passageiros em risco. O tanque de combustível,
localizado na traseira do veículo, tinha grande chance de explodir em
caso de colisão. Para entregar o “Ford Pinto” em condições melhores
de segurança seria preciso aumentar os custos de produção do
veículo, que até então tinha o preço como vantagem competitiva.
Diante deste quadro, a Ford fez o seguinte questionamento:
“devemos gastar para corrigir o defeito do carro ou pagaremos em
indenização as mortes e lesões causadas por este?” Essa questão
foi resolvida após um estudo analisando vantagens e desvantagens
em arrumar o automóvel antes de lançá-lo ao mercado.

31
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

No cálculo feito pela Ford o custo para arrumar o carro seria de


11 dólares por veículo, totalizando $ 137 milhões. Já o custo
estimado em indenizações seria de aproximadamente $ 49 milhões.
O que significa que a opção financeiramente mais viável era deixar
que os automóveis causassem os danos que a produtora previu. Na
predição feita, haveria em torno de 2100 veículos queimados,
resultando em cerca de 180 mortes e 180 feridos. A média do valor
das indenizações seguiria a seguinte ordem: $ 700 por carro perdido,
67 mil dólares por ferido e $ 200 mil por cada vida ceifada.
Para a montadora Ford, portanto, o valor da vida é de $ 200 mil
(em valores da época). Por esse preço a marca assumiu o risco de
matar seus consumidores ou feri-los gravemente. Contabilizar a vida
humana nos cálculos de custo/lucro dos bens oferecidos ao
mercado, no intuito de aumentar a rentabilidade da empresa, é, no
mínimo, antiético. A prática da empresa é moralmente condenável,
pela qual deveria haver reflexos penais visando aferir a
responsabilidade da Ford e dos seus profissionais nos danos
causados à sociedade.
Para Jesus, a vida humana não tem preço. O Pastor deixou 99
ovelhas de lado para buscar uma que estava perdida. Mt 18.10-14.
III – A CÓLERA É O PRIMEIRO ATO PARA O HOMICÍDIO
Deixamos aqui uma análise de Russel Norman Champlin:
“Jesus ensina que o culto religioso perde o valor se são erradas
nossas atitudes para com nossos semelhantes. A base dessa ideia
é: Se alguém disser, eu amo a Deus e odiar a seu irmão, é mentiroso;
pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a
Deus, a quem não vê – 1 Jo 4.20.
Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino – 1 Jo 3.15.
Com a língua bendizemos ao Senhor e Pai; também com ela
amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus – Tg 3.10.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

O homem que verdadeiramente adora a Deus, não pode, ao


mesmo tempo detestar o homem. Para que tenhamos paz com Deus,
precisamos de paz com os homens”.
A reconciliação e a comunhão com os irmãos são mais
urgentes do que o rito e o culto no templo, pois, sem essa
reconciliação, o culto é hipócrita. A reconciliação com os homens
deve preceder à busca de contato com Deus.
Quando Jesus nos ensinava a orar, em Mt 6.15, ele asseverou
a necessidade de perdoar e buscar comunhão com o próximo – “Se,
porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos
perdoará as vossas ofensas”.
As igrejas necessitam antes do rito e da festividade da santa
ceia, agir como agia a igreja primitiva, pois, antes da ceia, tentava
corrigir possíveis discórdias entre os membros”. Lamentavelmente,
vemos hoje, alguns irmãos, antes de cear, procurar o púlpito para
pedir perdão a Deus, muitas vezes por discórdias com algum irmão.
Não é o caso de pedir perdão a Deus, e sim de procurar se reconciliar
com o irmão, para depois se dirigir ao altar buscando o Pai, pois a
reconciliação tem que vir antes do culto formal; a misericórdia, antes
do sacrifício; a moral, antes da religião; o perdão às pessoas, antes
do perdão divino; honestidade e bondade para com os homens,
antes do recebimento da bondade de Deus
CONCLUSÃO
Como servos de Cristo que vivemos as verdades do
Evangelho, não deixemos que pensamentos, palavras e ações firam
o nosso próximo, nem deixemos que as desavenças se tornem
disputas entre nós. Em caso de desavenças e desentendimento, à
luz das Escrituras, deve-se reconciliar-se imediatamente, seguir em
paz com todos (Hb 12.14), pois é isso que o nosso Deus desejou
quando escreveu: “Não matarás!”.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Referências, leitura e aprofundamento


ARRINGTON, French L. STRONSTAD, Roger. (Ed.) Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Revista Ensinador Cristão nº 89. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

Artigos
Artigo “A Praga do Antinomianismo”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/silasdaniel/o-cristao-e-o-
mundo/7/a-praga-do-antinomianismo.html

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 05 – O Casamento É Para Sempre

Prof. Carlinhos Alves

RESUMO:
Nesta lição estudaremos a respeito do caráter vitalício do
casamento. Que Deus através de sua Palavra, condena qualquer
forma de interferência no casamento, que venha dissolver essa
aliança. Estudaremos também que o casamento não é uma
instituição humana, mas divina

OBJETIVOS:
I) APRESENTAR a condenação do adultério;
II) MOSTRAR que o que rege o coração regerá o corpo
também;
III) AFIRMAR a indissolubilidade do casamento.

INTRODUÇÃO
Nós vivemos hoje uma crise moral e ética, onde os valores
cristãos e os princípios que regem o povo de Deus são
constantemente abalados e atacados por uma sociedade corrupta e
desviada de Deus. Os valores tem sido invertidos e ser cristão hoje
é sinônimo de retrógrado e fundamentalista. Vivemos dias onde o
errado é o certo e o certo é o errado. Vivemos uma crise de
infidelidade generalizada, onde a infidelidade e a corrupção foram
institucionalizadas em todos os meios sociais. O tema que iremos
abordar nesta lição, veio muito a calhar, pois percebemos o grande
aumento de divórcios no meio evangélicos, e nós sabemos que o
casamento é uma instituição criada por Deus, e está vitalícia por toda
vida. Dentro dessa análise podemos ponderar ainda que, o
casamento é uma instituição divina, criada pelo o próprio Deus!

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Sendo assim entendemos que o homem não tem poder nem


autoridade para desfazer o que Deus fez..
I – A CONDENAÇÃO DO ADULTÉRIO
1. Definição de adultério. Em termos jurídico podemos dizer
que adultério é: “A violação, transgressão da regra de Fidelidade
conjugal imposta aos cônjuges pelo contrato matrimonial, cujo
princípio consiste em não se manterem relações carnais com outrem
fora do casamento”. A bíblia considera adultério o relacionamento
carnal extra conjugal tanto do homem quanto da mulher, quando
ambos são casados. Lv 20.10; Dt 22.22. Ainda sim, mesmo nos
tempos de Jesus ambos eram condenados a morte. No caso de
Israel, por apedrejamento.
2. A posição de Jesus quanto ao adultério. Se a lei dizia que,
quem fosse pego no ato de adultério deveria morrer, e Jesus estava
vivendo ainda a lei, por que Ele não autorizou o apedrejamento
daquela mulher adúltera em João 8.1-11 ?. Jesus sempre foi contra
a dissolução do casamento, pois segundo Ele o casamento é uma
instituição criada por Deus e esta indissolúvel. O adultério tem sido
nos últimos dias a causa principal para a ruína de muitas famílias.
Isso já tem chegado com muita força no meio do povo de Deus, a
igreja. Mas se nós como igreja ainda acreditamos que somos sal da
terra e Luz do mundo Mt 5.13-14, podemos fazer a diferença e nos
mantermos firmes nos princípios bíblicos e na lei do SENHOR.
Jesus diante de uma situação periclitante e ainda regada por
uma pergunta capciosa.
“E os escribas e Fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada
em adultério. E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, está mulher
foi apanhada, no próprio ato, adulterado, e, na lei, nos mandou
Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” João
8.1-11.
Uma pergunta capciosa para que, dependendo da resposta de
Jesus eles terem de que o acusarem. E Jesus, segundo essa

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

perícope, permanecia acocorado escrevendo no chão. Como se não


bastasse, perguntaram outra vez insistentemente. E pela insistência
Jesus endireitou-se “tomou postura" e disse-lhes: “Aquele que dentre
vós está sem pecado seja o primeiro que atire a primeira pedra". Ora,
quem eram aqueles homens? Segundo a Palavra eram “Escribas e
Fariseus” homens conhecedores e intérpretes da lei. Eles sabiam o
que dizia a lei de Moisés no caso em epígrafe. “Também o homem
que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a
mulher de seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”
Lv 20.10. Dentro do exposto podemos analisar que aqueles homens
como conhecedores da lei, eles mesmo haviam infringido a lei, pois
trouxeram apenas a mulher, mas o homem havia recebido o perdão
antecipado. Sendo assim todos que alí estavam eram dignos de
morte, exceto Jesus. Então todos saíram timidamente com
semblantes abatidos e confessionais e a mulher recebe o real perdão
do mestre.
Jesus é enfático ao afirmar que todos os maus desejos do
homem procedem do coração, inclusive o adultério. “Ouviste que foi
dito aos antigos: Não cometeras adultério. Eu porém, vosso digo que
qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração
cometeu adultério com ela" Mt 5.27-28. Jesus reduz os limites da lei
quando ela falava que o adultério só seria considerado em ato
consumado. Agora nos limites da Graça, o adultério é identificado
ainda antes do ato consumado, quando ainda está dentro do coração
do homem. A partir do momento em que o Espírito Santo se
apoderou de nossas vidas, fica impossível planejar, arquitetar,
premeditar algum tipo de ação ou atitude dolosa. “Não sabeis vós
que sóis o templo de Deus e que o Espírito Santo de Deus habita em
vós?” 1°Co 3.16. Jesus ainda diz que: “Qualquer que casar com uma
mulher separada sem que ela seja devidamente divorciado, comete
adultério com ela, se este for casado, e faz com que ela cometa
adultério. Jesus volta sua atenção ao sétimo mandamento, onde os
rabinos limitavam o adultério apenas à infidelidade sexual. Jesus
amplia o significado esse pecado para o olhar lascivo e o coração
impuro do homem.
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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

O casamento bíblico é realizado entre duas pessoas de sexo


oposto. Desde o princípio esse modelo é evidenciado na bíblia
quando que Deus criou “homem é mulher” ( Gn 1.27 ). Quando Deus
diz: “Portanto o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua
mulher, e eles serão uma só carne" Gn 2.24. Quando Deus diz isso
Ele está orientando sobre a consumação do casamento com o ato
sexual. Então passamos a compreender que o casamento é também
uma aliança feita através de uma união sexual, a qual nunca deverá
ser quebrada ou adulterada, segundo os preceitos de Deus!. Deus
não permite relações sexuais adulterada, tipo: FORNICACÃO,
relação sexual antes do casamento por pessoas solteiras;
ADULTÉRIO, é relação a sexual fora do casamento. Na lei aqueles
que praticavam fornicação eram obrigados a casar Dt 22.29-29, e
aqueles que praticavam adultério eram condenados a morte Lv
20.10. O sexo é santificado por Deus para ser usado apenas no
casamento 1°Co 7.2.
3. Os males do adultério. O que significa realmente adulterar?
Significa: corromper, falsificar, modificar algo ou alguma coisa de sua
forma original/natural. Seria a grosso modo, “Quebrar o lacre, tornar
vulnerável”. E é exatamente isso que acontece quando alguém
resolver constituir algum tipo de relacionamento extraconjugal.
Temos exemplos bíblicos de grandes homens de Deus que caíram
no laço do diabo. O grande rei Daví e seu caso extraconjugal com
Bate Séba, trouxeram-lhes, grandes perdas em sua vida espiritual,
social e familiar. Trouxe muita dor, sofrimento e perdas para sua
família de um modo geral 1°Sm 11vv. Devido a esse ato insano do
rei Daví, desencadeou uma sequência de males sobre sua vida e sua
família. Ele arquiteta a morte de seu oficial Urías, um homicídio
covarde e cruel. Como consequência disso veio sobre sua casa:
assassinatos entre irmãos, estupro, sedição, divisão e toda sorte de
males. E em tempos hodiernos isso não é diferente. Temos visto
muitas famílias, inclusive de homens de Deus pagarem altos preços
pela prática desse pecado abominável aos olhos de Deus.
Ministérios frutíferos já foram destruídos pelas mesmas práticas. Há
muito pouco tempo tivemos um escândalo envolvendo um pastor e
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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

cantor de um determinado mistério, onde o mesmo trocava


mensagens acaloradas com a mulher de um de seus pastores. Tudo
veio a público e o diabo infelizmente conseguiu derrubar mais um
soldado das fileiras do exército de Deus. Mas os males não são
apenas no âmbito terreno, o pior acontece no âmbito espiritual. Ex:
1°Co 6.10; Gl 5.19-21; Ap 21.8; Pv 5. 6-9, 18-20; 7.5-27.
II – O QUE REGE O CORAÇÃO REGERÁ O CORPO
1. O que procede do coração. A Palavra de Deus diz que é
do coração do homem que procede tudo que norteiam o seu
possuidor. “Porque do coração procedem os maus pensamentos,
homicídios, adultérios, imoralidade, roubos, falsos testemunhos,
calúnia, blasfêmia” Mt 15.19. A bíblia ainda diz que: “Se teus olhos
forem bons, tudo em tua volta será bom" Mt 6.22; já dizia o escritor
que: “Os olhos são as janelas da alma", com isso podemos entender
que, aquilo que nós vemos em nosso dia a dia, é aquilo que
consumimos e processamos para a nossa alma. Se nós absorvermos
coisas boas através de nossos olhos, o nosso coração certamente
ficará cheio de coisas saudáveis, e será muito salutar para a nossa
vida espiritual. “A boca fala daquilo que o coração está cheio" Mt
12.34. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as saídas da vida" Pv 4.23. Os hebreus
atribuem ao coração as vontades, as emoções e muitas outras coisas
ao homem interior. Quando lemos esse versículo em provérbios, ele
aponta para dentro do ser humano, para o homem interior em
contraste com o homem exterior. E verdade é que para nós estarmos
bem com Deus, o nosso coração precisa estar afinado como Ele.
Aquilo que faz a vida tornar-se digna de ser vivida com prazer,
origina-se no homem espiritual e se exterioriza no homem exterior.
Os antigos hebreus não tinham a consciência da circulação
sanguínea, mas sabiam que o sangue que saía do coração percorria
todo corpo, e isso fazia algum sentido quando se dizia que um
homem pode ser julgado por inteiro segue do o seu coração.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

2. O homem é o que pensa. Se a Palavra diz que “todo


pensamento procede do coração” então estamos falando também de
caráter, pois “o homem de coração dobre, é inconstante em todos os
seus caminhos" Tg 1.8. Segundo Eça de Queiroz “É o coração que
faz o caráter”. A Palavra de Deus em seus livros sapiênciais falam
muito a esse respeito. Salomão em seu provérbios já dizia: “Porque,
como imaginou na sua alma, assim é; ele dirá: Come e bebe; mas o
seu coração não estará contigo" Pv 23.7. Segundo James Allen: “O
homem é, literalmente, aquilo que ele pensa, e como o caráter só
pode manifestar-se e revelar-se através das circunstâncias, significa
que as ações da vida de uma pessoa vão se mostrar correspondente
ao seu íntimo”. Isso nos fala que o homem é revelado não pelas
circunstâncias, mas pelos pensamentos sórdidos que brotam no
íntimo do seu coração. Os homens vivem ansiosos para melhorar
sua condição financeira, afetiva e social, mas não querem melhor a
si mesmo. Havia uma frase inscrita na entrada do Oráculo de Delfos
de autoria de Sócrates que dizia: “Conhece-te a ti mesmo, torna-te
consciente de tua ignorância e serás sábio".
3. Sujeitando o corpo ao Espírito. Quando recebemos essa
orientação, entendemos que nós estamos sujeitos aos impulsos
carnais, e estes quando concretizados afetam diretamente ao
espirito. Mas Jesus nos ensina que plenamente possível
dominarmos esses impulsos, sujeitando o nosso velho homem ao
poder e domínio do Espírito Santo. Muito embora o homem não
possa julgar o olhar adúltero e o coração pecaminosos, impuro, Deus
que sondada todos os corações, condena a intenção como já sendo
um ato consumado. Segundo Platão, ele compara “a alma a um carro
guizos por dois cavalos. Um dos cavalos manso que obedece as
rédeas e a voz de comando do condutor. O outro ainda selvagem,
que não foi domesticado ainda, e procura rebelar-se a todo instante.
O nome do primeiro cavalo é “Razão” e o Nome do segundo é
“Paixão”. A vida é sempre um conflito entre as exigências da paixão
e o controle da razão “. A bíblia nos adverte a andarmos em Espírito,
ou seja, sujeitar a carne ao Espírito Santo. Porque realmente existe
uma grande batalha entre ambos e enquanto estivermos nesse
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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

tabernáculo terreno não cessará. “Porque a carne cobiça contra o


Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro;
para que não façais o que quereis" Gl 5.17.
III – A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO
1. O casamento na perspectiva bíblica. Na perspectiva
bíblica o verdadeiro casamento só poderá ser realizado entre um
homem e uma mulher “Monogâmico” desde o princípio esse modelo
está evidenciado na bíblia pelo próprio Deus; Gn 1.27.
Deus ordenou “Frutificai e multiplicai-vos" (Gn 1.28) A
reprodução natural só se torna possível entre um homem e uma
mulher. O casamento também envolve uma união sexual feita
através de votos de Fidelidade um para com o outro. O apóstolo
Paulo quando vai falar de sexo no casamento ele deixa muito claro
que cada homem tenha sua própria mulher e cada mulher tenha seu
próprio marido (isso no singular para evitar a bigamia e a poligamia).
Sendo que nenhum e dono de seu próprio corpo, e com isso
aprendemos que na área sexual nenhum dos dois poderá ser
privado, salvo em casos específicos como: “Doença” ou “Oração” se
houver concordância entre as partes. Isso para que segundo Paulo
“Seja evitado a imoralidade ou outras coisas do gênero”. O
casamento não é apenas uma aliança feita entre um homem e uma
mulher, onde envolve direitos mútuos conjugais e sexuais, votos de
Fidelidade e a formação de uma nova célula familiar. Mas uma
aliança onde o próprio Deus está presente como testemunha. “O
SENHOR tem sido testemunha entre te e a tua esposa que tens
desde a juventude, para com a qual fosse infiel, embora ela fosse tua
companheira e a mulher da tua aliança matrimonial” Ml 2.14. O
casamento é uma instituição ordenada por Deus para todas as
pessoas, e não apenas para cristãos. Jesus disse: “Que Deus
literalmente é Aquele que une duas pessoas no casamento é ainda
acrescenta; Portanto o que uniu, não separe o homem". E para
fechar a epístola aos Hebreus nos diz que “O casamento deve ser
honrado por todas as pessoas ( Hb 13.4 ).

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

2. O que fazer para que o casamento seja para sempre?


Nada! Porque Deus não fez o casamento para durar para sempre. A
bíblia é muito clara quanto a duração do casamento: esse é um
compromisso para toda vida, “Até que a morte os separe". O
casamento deve durar por toda a vida, e não por toda eternidade.
Essa é uma doutrina herética defendida pelos mórmons. O conceito
de casamento que deve durar toda a vida, está atrelado ao conceito
de permanência no casamento, ao qual Jesus se referiu com as
seguintes palavras: “Portanto o que Deus uniu, não separe o homem”
Mt 19.6. A mesma verdade é também confirmada por Paulo: “Porque
pela lei a mulher está ligada ao marido enquanto ele viver; mas, se
ele morrer, ela está livre da lei do casamento” Rm 7.2. Foi desse
conceito bíblico que surgiu a famosa frase “Até que a morte os
separe”.
Quando se diz que o “casamento é para sempre" é a mesma
coisa de está dizendo que o casamento é eterno. Mesmo sendo o
casamento uma aliança feita diante de Deus, essa aliança não é
eterna, o próprio Deus a limitou apenas para essa vida. Jesus Cristo
deixou isso bem claro quando disse: “Pois na ressureição não se
casarão nem se darão em casamento” Mt 22.30. Ainda mais, com a
possibilidade de pessoas viúvas casarem-se novamente, fica muito
claro que Deus limitou o casamento apenas para essa vida,
contradizendo assim, com o ensinamento herético dos mórmons.
3. Casamento uma união indissolúvel. A bíblia é muito clara
quanto a duração do casamento: é um compromisso para toda vida,
até que a morte os separe. Deus não instituiu o casamento com
objetivos de quebra de aliança, pois o casamento nada mais é do
que uma aliança feita entre um homem e uma mulher e tendo Deus
presente como testemunha, onde o casal fazem juramentos e votos
de Fidelidade um ao outro, até que a morte os separe. Mas nós
sabemos que mediante o testemunho das escrituras houve a quebra
dessa aliança, feita diante de Deus. Devido a dureza de coração do
homem nasce a carta de “DIVÓRCIO” não que Deus concordasse
com isso, pois Ele mesmo diz a Malaquias: “Eu odeio o divorcio" Ml

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

2.16. Jesus também diz que: “Deus permitiu, mas nunca planejou
isso para os casais" Mt 19.8. Jesus ainda dá bastante ênfase quando
diz: “O QUE Deus uniu, não separe o homem” Mt 19.6. Seja qual for
a representatividade do divórcio, ele não faz parte do projeto de Deus
para o casamento, mas representa a incapacidade do homem em
cumprir e obedecer os projetos de Deus para sua vida. Haviam duas
escolas rabínicas muito respeitadas no tempo de Jesus, “Shammai e
Hillel”. O rabino Shammai via o adultério na ótica da impureza da lei
mosaica, permitindo a carta de divórcio. Já Hillel era a escola liberal,
e permitia a carta de divórcio por qualquer motivo, mesmo o mais
simples possível, se este desagradasse o marido. Por isso os
fariseus pegando a deixa fazem uma pergunta capciosa a Jesus
sobre o divórcio: “É lícito o homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo?” Mt 19.6. Mas, Jesus percebendo o teor da pergunta os leva
para Gênesis o início do plano original de que é o casamento é o
divórcio Mt 19. 4-6. Mas eles insistem em apontar a lei de Moisés,
dizendo que o mesmo havia concedido a carta de divórcio. Mas
Jesus esclarece de uma vez por todas dizendo que: “Mesmo Moisés
concedendo carta de divórcio, isso nunca fez parte do projeto de
Deus para o casamento, mas foi devido a dureza de coração do
homem.
Existem algumas visões radicais acerca do casamento e do
divórcio, onde não se vê nem se aceita qualquer possibilidade de
separar o que Deus uniu. Quando se chegar ao extremo da dureza
de coração do homem é não se vê mais nenhuma possibilidade de
perdão, a bíblia nos mostra algumas situações em que o casamento
poderá ser dissolvido, mas contudo, isso nunca fez parte do plano de
Deus, é puramente dureza de coração do homem.
a) 1°Co 7.15: Paulo diz: “Se o incrédulo se separar, que se
separe". Nesse caso estamos vendo o caso de “ABANDONO" do
cônjuge e não de adultério. Dessa forma nem o irmão nem a irmã
estão mais sujeitos a servidão. Paulo diz que nesses casos o
parceiro ou parceira fiel, não está mais obrigado( a ) A cumprir os

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

votos matrimoniais do casamento, pois dessa forma se torna


totalmente impossível.
b) Mt 19.9: Jesus disse: “Mas eu vos digo que aquele que se
divorciar de sua mulher, a não ser por causa de infidelidade (
fornicação/ adultério )......”. Jesus abre essa exceção, não que
fizesse parte do plano de Deus.
Mas, deixamos bem claro que o divórcio nunca esteve, nem
está no projeto de Deus para o casamento, pois o casamento deve
ser indissolúvel e por toda a vida. Até que a morte os separe!
CONCLUSÃO
Concluímos esse magnífico assunto com a certeza de ter tido
a possibilidade de contribuir e esclarecer ao povo de Deus acerca
desse projeto tão belo para nós que é o casamento. Ainda sim,
estamos totalmente convictos quanto a Palavra de Deus acerca de
um casamento duradouro e coberto belas bênçãos de Deus. Em
oposição ao ensino mórmom que o casamento é um compromisso
“Para esta vida e para a eternidade" a bíblia ressalta que o
casamento é uma instituição terrena, apenas para essa vida".
Mesmo sendo uma aliança feita diante de com votos de fidelidades,
ela durará “Até que a morte os separe”.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Referências, leitura e aprofundamento


ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de estudos. Palavras chaves,
Hebraico e grego. São Paulo: CPAD, 2009.

CHAMPLIN, R.N. O novo testamento interpretado. Versículo por


versículo. São Paulo: Editora Hagnos, 2001.

GEISLER, Norman L. Ética cristã. Opções e questões contemporâneas.


São Paulo: Editora Vida Nova, 2010.

GOMES, Osiel. Os valores do Reino de Deus. A Relevância do Sermão


do Monte para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

LOPEZ, Hernandes Dias. Mateus. Jesus, o Rei dos reis. São Paulo:
Editora Hagnos, 2019.

RENOVATO, Elinaldo. A família Cristã e os ataques do inimigo. Rio de


Janeiro: CPAD, 2013.

SOARES, Ezequias. Casamento, Divórcio e Sexo à Luz da Bíblia. Rio


de Janeiro: CPAD, 2011.

Vídeos
Pr. Natalino das Neves apresenta o que Paulo fala a respeito do
Casamento: https://youtu.be/lfMNArcISjw

Artigos
Artigo “Ética Cristã e Sexualidade”:
https://drive.google.com/file/d/1Rw9cvQD0n0wsKEsEgusY3RpfiGSZ1
mRr/view?usp=sharing

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 06 – Expressando Palavras Honestas

Prof. Alex Ferreira

RESUMO:
Qual o valor de uma palavra? Houve um tempo em que o
empenho da palavra bastava para se concretizar um negócio. A
presente lição é um estudo a partir do ensino do Sermão do
Monte a respeito da retidão que devemos ter com as palavras
empenhadas. Nosso Senhor ensinou a respeito dessa verdade.
O mesmo cuidado que temos de ter com o nosso comportamento
moral, devemos ter com a emissão de nossas palavras.

OBJETIVOS:
I) AFIRMAR que não devemos jurar nem pelos Céus nem
pela Terra;
II) ENFATIZAR que nossas palavras devem ser "sim" e
"não";
III) PONTUAR a honestidade com as palavras.

INTRODUÇÃO
A LEI mosaica não proibia a prática de fazer juramentos. Só
que, na época de Jesus, as pessoas tinham o hábito de fazer
juramentos por qualquer coisa. Elas faziam isso para dar peso às
suas palavras. Mas Jesus condenou duas vezes essa prática. Ele
ensinou que, em vez de fazer juramentos, as pessoas deviam
simplesmente deixar que o seu “sim” significasse sim, e o seu “não”,
não. Mt 5.33-37
O Dicionário Teológico do Novo Testamento diz que “os judeus
tinham o costume de confirmar toda declaração com um juramento”.
Essa obra explica que isso fica evidente pelo Talmude, que fala de

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

modo detalhado quais juramentos eram considerados válidos e quais


não eram.
Jesus não era o único que condenava esse exagero no uso de
juramentos. O historiador judeu Flávio Joséfo escreveu sobre os
membros de um grupo religioso que existia nos dias de Jesus: “Eles
não juram, pois acreditam que isso é pior do que mentir. Para eles,
se uma pessoa precisa invocar a Deus com um juramento para que
outros acreditem nela, essa pessoa já está condenada.” Um livro dos
judeus conhecido como Eclesiástico (23:12) fala algo parecido:
“Quem muito jura se enche de maldade.” Como vimos, Jesus era
contra a prática de jurar por qualquer motivo. Se nós sempre
falarmos a verdade, não precisaremos fazer um juramento para que
as pessoas acreditem em nossas palavras.
I – NÃO DEVEMOS JURAR, NEM PELOS CÉUS, NEM PELA
TERRA
A lei do juramento
O costume de jurar era mais antigo do que a lei e foi adotado
por Deus na lei civil como algo necessário para a ocasião, como
vemos entre outras passagens em Êx 22.11. Os judeus classificavam
os juramentos e alguns eram reputados mais importantes que outros,
de acordo com o objeto sobre o qual o juramento era feito. Juravam
pelo céu, pela terra, por Jerusalém, por partes do corpo humano,
como a cabeça, pelas sinagogas, pelo templo e pelo nome de Deus.
Às vezes em períodos negros de espiritualidade, como no
tempo de alguns reis do norte e do sul, eles juravam pelos falsos
deuses. Temos como exemplo disso Jezabel, esposa de Acabe, rei
do Norte, que amaldiçoou a si mesma, caso não aniquilasse a vida
de Elias naquele mesmo dia – 1 Rs 19.2 – “Então, Jezabel mandou
um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses e
outro tanto, se decerto amanhã a estas horas, não puser a tua vida
como a de um deles”. A despeito disso, lembremo-nos que hoje,
quase três mil anos depois, Elias ainda não morreu, enquanto

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Jezabel foi comida pelos cães pouco tempo depois, após ser morta
por Jeú, que a atropelou em seu carro – 2 Rs 9.35.
Vemos então que a lei mosaica enfatizou a obrigatoriedade de
cumprir os juramentos (Nm 30.2); castigo para aquele que fizer
juramento falso (Dt 19.16-19); a lei enfatizou a seriedade dos
juramentos (Êx 20.7); e proibiu que se jurasse por falsos deuses (Js
23.7).
O propósito da lei do juramento
Antes de surgir a hipocrisia no caso de juramentos, hipocrisia
essa que foi introduzida por judeus que tinham mais compromisso
com as aparências do que com Deus, a lei dos juramentos era boa e
benéfica, com objetivo solene de descortinar a verdade e traduzir o
verdadeiro compromisso do homem com Deus e com sua palavra
(de Deus e dos homens). Tendo em vista que o Todo-poderoso é o
grande juiz, onisciente e onipotente, dono de tudo, que
esquadrinhava os corações de todos os homens (1 Cr 28.9; Jr 17.10).
Observamos que nas Escrituras o juramento podia ser
proferido pelo homem e por Deus, sendo que os juramentos de Deus
são eternos e imutáveis, como as alianças que ele fez com a
humanidade, das quais trazemos aqui oito delas:
1. Aliança edênica – Feita no jardim do Éden – Gn 1.27,28.
2. Aliança adâmica – Feita com Adão em favor da
humanidade. Gn 3.15
3. Aliança noética – Feita com Noé e para a humanidade – Gn
9.11-13.
4. Aliança abraâmica – Feita com os filhos de Abraão – Gn
12.1-3.
5. Aliança palestínica – Feita com Israel - Canaã – Gn 15.13-
16.

48
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

6. Aliança mosaica – Lei dada a Moisés para Israel – Ex


20.1,2.
7. Aliança davídica – Feita com Davi e sua semente – 2 Sm
7.12,13.
8. Aliança nova – Feita com a Igreja de Jesus Cristo – Mt 16.18.
Não jureis nem pelo Céu nem pela Terra
Vale ressaltar que os judeus se utilizavam de estratégias
hipócritas e fora do conceito das Escrituras Sagradas, quando se
valiam de argumentos de que os juramentos feitos em nome de Deus
vinculariam à obrigatoriedade de cumprimento, sendo que o
juramento que não incluísse o nome de Deus teria menor valor,
sendo desnecessário seu cumprimento.
Jesus confrontou os judeus em suas regras quando disse as
palavras que estão no texto bíblico (Mt 23.16-18).
Portanto, disse:
- Não jureis pelos céus, porque é o trono de Deus. Criação de Deus
(Gn 1.1).
- Nem pela terra, que é o estrado de seus pés (Is 61.1)
- Nem por Jerusalém, que é a cidade do Rei Jesus (Sl 48.3).
O verdadeiro crente deve honrar sua palavra, não havendo
necessidade de proferir juramentos, sejam eles em nome de
qualquer entidade.
II – NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”
Como deve ser o nosso falar
A garantia da honestidade do indivíduo deve ser a confiança
na sua palavra dita. Jesus dizia que tal honestidade deve ser
inspirada pela consciência da presença de Deus e a relação crente

49
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

para com o Senhor. O homem cônscio da presença de Deus e que


sente responsabilidade para com Deus, não mente. Tal honestidade
não requer a confirmação de qualquer juramento. O juramento do
homem desonesto não tem valor nenhum, e o sim ou não de um
crente honesto tem valia para com Deus. A prática do juramento
agrava a condição do homem caído, porque, via de regra, o
juramento do injusto é usado para ludibriar.
O que na verdade Jesus colocou com essas palavras (vosso
falar seja sim e não), é que devemos ser honestos em toda a nossa
maneira de viver, não nos assemelhando aos fariseus hipócritas, que
juravam pelos céus, pela terra, por Jerusalém, por Deus, etc.
O sim e o não na vida de Paulo
O apóstolo Paulo fez diversos planos para visitar a igreja em
Corinto, entretanto, muitas vezes foi impedido. Nesse caso, seus
acusadores que eram os judaizantes, tentavam desestabilizar a
confiabilidade de Paulo em relação à sua palavra. Mas o apóstolo faz
uma defesa da sua honestidade em 2 Co 1.12-24. Às vezes, em
casos específicos, somos impedidos de cumprir com nossa palavra
por causas externas, não de acordo com nossa vontade, já que
somos pó e cinza, como dizem as Escrituras. Nesses casos,
devemos justificar a impossibilidade de cumprir com os
compromissos assumidos de maneira aberta e clara.
Damos o exemplo de muitos irmãos fiéis a Deus que
assumiram compromissos financeiros, e por razões diversas como
desemprego inesperado, enfermidade na família, surgimento de
pandemias ou guerras não puderam cumpri-los. Entretanto, esses
irmãos não se desobrigam do direito de seus credores, pelo
contrário, procuram-nos para justificativas e dilatação de prazos. Não
é o caso de alguns, que não honram a sua palavra e quando cruzam
com credores na rua, mudam de calçada.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

O que passar disso é de procedência maligna


Jesus falou essas palavras tendo em vista que ele é a
“Verdade” – “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6).
Todos aqueles que são de Cristo, são da verdade.
A procedência maligna vem através da mentira - "Vocês
pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele.
Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois
não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois
é mentiroso e pai da mentira”. Portanto, todo aquele que mente ou
desonra a sua palavra, de alguma maneira está servindo ao pai da
mentira, o Diabo.
III – HONESTIDADE COM NOSSAS PALAVRAS
A palavra honestidade – É possível ser honesto com nossas
palavras? Dando testemunho
Honestidade é virtude de alguém que é reto, honesto,
confiável, sincero, que honra sua palavra, certo, justo, equânime, que
age com inteireza de coração, que não usa de dubiedade, sendo
utilizada no hebraico através da expressão “yashar”.
A despeito das acusações de Satanás, o patriarca Jó foi
descrito como um homem honesto (justo, sincero, temente a Deus e
que se desviava do mal). Vale ressaltar que o testemunho de sua
inteireza foi dado pelo próprio Deus, o Todo-poderoso. Jó 1.8.
Não existe maior testemunho do que o do próprio SENHOR.
Jesus reivindicava isso para si, quando os escribas e fariseus
o questionava, senão vejamos: Jo 5.31,32,37-39 – “Se eu testifico de
mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Há outro que
testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é
verdadeiro. [...] E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim.
Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer; e a sua
palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não

51
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

credes vós. Examinai as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a


vida eterna, e são elas que de mim testificam.
No livro de Atos dos apóstolos, temos a descrição de Cornélio
como homem honesto, testemunho também dado pelo próprio Deus
através da palavra. – At 10.1,2 – “E havia em Cesaréia um varão por
nome Cornélio, centurião da coorte chamada Italiana, piedoso e
temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas
ao povo, e, de contínuo, orava a Deus.
O verdadeiro homem de Deus, é honesto e íntegro em suas
palavras, não se utilizando da mentira, ou mesmo de meias-
verdades.
CONCLUSÃO
Devemos viver neste mundo como verdadeiros seguidores de
Cristo, sendo honestos em tudo, em especial em nossas palavras,
sem recorrermos a juramentos hipócritas, profanos e
desnecessários, que buscam fundamentar as conversas do dia a dia.
Antes, procuremos ser simples e objetivos dizendo sim, sim; não,
não.

Referências, leitura e aprofundamento


CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.)
Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol.6. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo


Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 07 – Não Retribua Pelos Padrões Humanos

Prof. Edejorge Barreto

RESUMO:
Quando se recebe uma ofensa, a reação natural é devolvê-
la com outra. Entretanto, o Senhor Jesus nos convida a agir de
maneira mais elevada, pondo em prática a instrução divina de
acordo com o Sermão do Monte. Nesse sentido, retribuir o mal
com o bem é uma ação que vem do Céu. O crente cheio do
Espírito Santo é capaz de viver esse ensino do Sermão proferido
pelo nosso Senhor.

OBJETIVOS:
I) AVALIAR que a vingança não é de natureza do Reino;
II) VALIDAR que o amor é a expressão natural do Reino;
III) VALORIZAR a busca pela perfeição na perspectiva do
Reino de Deus.

INTRODUÇÃO
Devido a nossa natureza humana, o desejo de vingança para
com quem nos ofende, é algo que infelizmente está presente em
nosso dia a dia. Contudo o Senhor Jesus nos ensina que a nossa
reação deve ser de amor e perdão, e assim exercitemos os exemplos
por Ele deixados, e vivenciemos o amor sobrenatural de Deus.
I – A VINGANÇA NÃO É NATUREZA DO REINO
1. A lei de Talião. Vista como princípio de justiça na lei de
Moisés, o “olho por olho, dente por dente” (Mt 5.38), consistia em
fazer com que um agressor sentisse na pele a dor e sofrimento que
causara a outrem, porém não como propósito de vingança.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Estabelecida pelo Senhor, essa lei visava na verdade inibir a prática


descontrolada de agressões e assim trazer o senso de justiça, a ser
administrado e executado por quem de direito, os tribunais civis (Dt
19.15-21). Porém os fariseus a distorceram para que através dela
alcançassem seus propósitos de retribuição pessoal e ou vingança
(Mt 15.3,6), algo que é proibido pela Bíblia (Pv. 20.22).
2. O cristão e a vingança. As palavras de Jesus em (Mt 5.39),
revelam qual deve ser a atitude do cristão, mesmo para com aqueles
que o fizeram o mal, pois o próprio Deus dono de tudo, é quem detém
e executa a vingança (Hb 10.30; Rm 12.19). Enquanto no Antigo
Testamento, havia o direito a retribuição justificável estabelecida e
regida pela lei de Talião, agora o Senhor Jesus, nos ensina que
devemos pagar o mal com o bem. A esperança em Cristo, deve levar
os cristãos a viver a certeza de chegará o dia em que o próprio Deus
jugará a todos e executará a vingança necessária (Ez 25.17).
II – O AMOR É A EXPRESSÃO NATURAL DO REINO
O Senhor Jesus sempre usou ilustrações de situações
cotidianas como ferramenta didática para maior e melhor
entendimento de seus ensinamentos, sendo assim vejamos quatro
delas no eu diz respeito a resistir o mal:
1. Virar a outra face. A primeira ilustração vem confrontar o
nosso desejo de reagir aos insultos ou agressões por vezes sofridas
em nossa trajetória terrestre (Mt 5.39), a vontade de devolver a
altura, ou de maneira mais intensa, faz parte de nossa natureza
humana, porém esta atitude se tomada, além de não resolver,
certamente agravará a situação! Jesus estava mostrando qual deve
ser o modelo de caráter daqueles que buscavam o reino, suas
práticas devem ser diferentes dos demais (Lc 6.33b), em seu
discurso fica claro a diferença do padrão de força e coragem
praticados pelos escribas e fariseus, bem como muitos nos dias de
hoje. O Psiquiatra, psicoterapeuta, cientista e escritor Augusto Cury
escreveu: “Violência gera violência, os fracos julgam e condenam,
porém os fortes perdoam e compreendem.”

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

2. Arrastar para o tribunal. O segundo exemplo ilustrado


mostra a realidade de questão judicial, (Mt 5.40), e trás como
ensinamento o abrir mão de algo, de grande estima para não perder
a tranquilidade, persistindo em uma “briga” judicial, trazendo para sí
desgastes maiores.
3. Obrigar a fazer algo. O terceiro exemplo ilustrado (Mt 5.41),
vem mostrar-nos, que um coração transformado pelos ensinamentos
de Cristo, não apenas obedece e atende as ordens por obrigação
como no exemplo de Simão Cirineu (Mt 27.32), mas se dispõe a
caminhar a segunda milha por amor, dedicação, sabendo que
embora longa, essa jornada será abençoada e teremos o próprio
Jesus ao nosso lado (Mt 28.20).
4. Fazer alguma coisa por alguém. Assim como no exemplo
anterior, o quarto exemplo ilustrado demonstra característica de um
cristão que tem em seu coração o amor divino, que não hesita em
praticar o bem, ao deparar-se com o próximo padecendo
necessidade (Mt 5.42).
III – BUSCANDO A PERFEIÇÃO DE CRISTO
1. Uma justiça mais elevada. O Senhor Jesus é aquele que
nos traz uma visão celeste inclusive daquilo que achamos ser justo
e nos exorta a viver diferente de um padrão humano pré-
estabelecido, relativista, que nos ensina a amar e perdoar somente
ao nosso próximo. Quando atentamos para o texto de Mateus 5.44
“Eu, porém vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem”, percebemos que o padrão de vida em Cristo é mais
elevado, principalmente no âmbito dos relacionamentos
interpessoais.
2. O amor mais perfeito. Quando passamos a viver em Cristo
e por Cristo, passamos a desfrutar e compartilhar de seus atributos
comunicáveis, que dentre os quais, o Amor passa a ser a nossa base
(Rm 5.5). Quem ama a Deus, persevera sob o comportamento ético,
pleiteia a prática da justiça divina e das boas obras, pois suas ações,

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

não convém aborrecer o outro, nem tão pouco vingar-se de alguém,


mesmo que seja-lhe dado motivos para isso.
3. Perfeitos como o pai. Mesmo sendo algo impossível aos
nossos olhos, ser perfeitos como Deus é, sabemos que a nossa
trajetória cristã aqui na terra, tem como propósito sermos
semelhantes ao próprio Jesus, Paulo escrevendo aos Coríntios (1 Co
11.1) disse: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo.” O
processo de perfeição, envolve o processo de lapidação, através do
amor e da santidade. E embora não seja alcançada enquanto aqui
estivermos, seguiremos e prosseguiremos para ao alvo em busca da
perfeição completa (Fp 3.12-150, que se dará no grande dia do
Senhor, quando tivermos o nosso corpo transformado e glorificado.
CONCLUSÃO
Existe uma chamada da parte de Jesus para cada um de nós
a um novo estilo de vida, baseado no amor, atributo comunicável de
Deus, refletindo os passos do mestre aqui na terra, para que um dia
possamos desfrutar da perfeição divina no céu.

Referências, leitura e aprofundamento


PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro :
CPAD, 2007
SWAGGART, Jimmy. Bíblia de estudo do expositor (segunda edição
revisada): SBB, 2015,
SHELDON, Charles M. Em seus passos o que faria Jesus: Mundo
Cristão, 2007,

56
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 08 – Sendo Verdadeiros

Prof. Edejorge Barreto

RESUMO:
O que está por trás dos nossos atos? Qual é a verdadeira
motivação do nosso coração? Essas são as perguntas que a
presente lição busca responder. O coração do seguidor de Jesus
tem de estar sempre com a verdade. A nossa motivação tem de
ser sempre a melhor, nobre e sincera no Reino de Deus. Essa
consciência de Reino protege-nos da hipocrisia.

OBJETIVOS:
I) CONTRASTAR o ato de dar esmola com a hipocrisia;
II) COLABORAR no auxílio ao próximo sem alarde;
III) CONCLUIR que Deus contempla o bem que realizamos.

INTRODUÇÃO
O Senhor Jesus ao ensinar o sermão do monte, tinha como
objetivo levar-nos a ser seguidores comprometidos com os valores
do Reino, aquele que entende os exemplos e ensinamentos busca
não o reconhecimento humano, e sim a aprovação do próprio Deus.
Nesta lição veremos que a hipocrisia é condenada por Deus, na vida
daqueles que praticam a boa ação com motivações erradas, ao invés
da compaixão.
I – O ATO DE DAR ESMOLAS E A HIPOCRISIA
1. Definição de hipócrita. Definido como: Falsidade,
dissimulação, ato de fingir o que não somos, não sente e não crê; do
grego hipókrisis a palavra “Hipócrita” significa “alguém que
representa um papel”. No sermão registrado em Mateus, Jesus
qualifica como hipócritas aqueles que fazem ações benéficas, porém

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

com motivações distorcidas buscando ser reconhecidos, usando de


artifícios e discursos espirituais, mas com propósitos corruptíveis.
Segundo o comentarista da lição Pr. Osiel Gomes, ao citar a
expressão nos evangelhos sinóticos, Jesus estava revelando outros
sentidos; (IMPIO Mt. 22.18), INFIEL (Lc 12.46), MALICIOSO E
ASTUCIOSO (Lc 20.23).
O verdadeiro cristão não pode deixar-se ser dominado pela
hipocrisia, contudo só conseguiremos blindar nosso coração de tal
sentimento, quando o mesmo estiver totalmente preenchido pelo
amor puro e real, que vem de Deus.
2. A justiça pessoal. Sentimento de pureza, longe da busca
do reconhecimento e glorificação própria e pessoal, assim deve viver
o Cristão verdadeiro. A nova vida em Cristo, é o caminho para que
em nós seja gerada uma verdadeira espiritualidade para que
possamos viver com Deus, algo que o “evangelho de palco”, não
pode proporcionar, já que a recompensa de quem assim o faz, é o
reconhecimento e glória pessoal. Essa foi a advertência de Jesus em
Mt 6.1 “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens,
para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso
Pai, que está nos céus.” Portanto cuidemos para que todas as
nossas atitudes sejam para glorificação de Deus! (1 Co 10:31)
3. As três práticas da ética cristã. O que caracteriza a fé de
um verdadeiro cristão? (Tg 2.26) vai dizer que a fé precisa ser
seguida de obras, bem como dá exemplos de quais devem ser as
ações de quem conhece e serve a Deus (Tg 1.27). Contudo todas as
práticas de bondade e piedade precisam ser realizadas de acordo
com os ensinamentos de Jesus, diferente de como faziam os
escribas e fariseus. As práticas da ética do serviço cristão envolvem
bens materiais (nossas ofertas), o espiritual (nossas orações), e
corpo (nosso Jejum), dessa forma temos exercemos os
relacionamentos pessoais (consigo mesmo) e interpessoal (com
Deus e com nosso próximo), esses quando praticados com
sinceridade e verdade são vistos e reconhecidos por Deus.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

II – AUXILIANDO O PRÓXIMO SEM ALARDE


1. Qual é a motivação do seu coração? Desde o princípio a
generosidade foi ensinada como parte da lei divina, e reforçada
durante o ministério de Jesus em seus ensinos. Portanto esse ponto
não visa outra questão senão a de reforçar, que a importância em
exercer a generosidade para com o outro, precisa ser realizada com
a motivação correta. Estudos teológicos, defendem que a
generosidade parte da gratidão pelo recebimento de algo. Porém é
preciso entender que este ato não precisa ser realizado de forma a
atrair para si olhares, aplausos e porque não dizer as curtidas e likes,
que a geração atual tanto busca. Spurgeon escreveu: “Quando os
membros de nossa igreja demonstrarem o fruto da verdadeira
piedade, imediatamente encontraremos pessoas perguntando qual a
árvore que produz esse fruto.”, deixe que o mundo veja Cristo através
das suas atitudes bondosas ocultas e secretas.
2. O que buscamos quando auxiliamos o próximo? A auto–
promoção não deve em hipótese alguma fazer parte dos
pensamentos de um discípulo de Jesus, quando age com
generosidade, tais atos devem na verdade revelar a transformação
de caráter daqueles que conhecem e seguem a Cristo, maior
exemplo de bondade e generosidade (At 10.38). O Cristão deve
sempre buscar a viver de forma a glorificar a Deus, de forma que
quando fazemos algo inclusive ajudamos o próximo, deve ser nesse
propósito.
3. A maneira de ofertar segundo Jesus. O texto de Mt 6.1-3,
vem orientar que aquele que serve a Cristo, não deve agir
semelhante aos hipócritas, buscando atrair as atenções dos
observadores, e assim receber a glória humana. Jesus ensina a
maneira certa de se ajudar alguém, o sentimento e a intensão será
observado e avaliado, não por quem recebe, nem por aqueles que
estiverem por perto, mas por aquele que sonda os corações. Alguns
aspectos devem ser seguidos ao auxiliarmos o próximo: a motivação,

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

a voluntariedade, e a descrição; fazendo assim, certamente


estaremos dentro dos ensinamentos do mestre Jesus.
III – DEUS CONTEMPLA O BEM QUE REALIZAMOS
1. O Deus que tudo vê. Sendo Deus o ser Perfeito, a
onisciência é um de seus atributos, não comunicáveis, portanto como
está escrito na Bíblia, Ele conhece, sabe, e vê todas as coisas, (Hb
4.13) “E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas
as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos
de tratar.”
Portanto Ele sabe de tudo quanto precisamos, mesmo antes
de falarmos (Sl 139.4), inclusive os intentos, anseios e motivações
existentes em nossos corações (Rm 8.27).
2. O Deus que recompensa. Sendo um Deus que tudo
conhece, sabe e vê, Ele contempla tudo que fazemos, por isso
mesmo longe dos olhos dos observadores, dos holofotes da fama, e
porque não dizer, das câmeras e Stories das redes sociais, o nosso
Deus contempla o bem, a generosidade e bondade por cada um de
nós praticada, e Ele está pronto para galardoar os que assim agem;
o escritor aos Hebreus 6.10 diz: “Porque Deus não é injusto para se
esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu
nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis.”
Aquele que experimentou a nova vida em Cristo faz, esperando no
Deus que recompensa, já o que faz esperando reconhecimento e
aplausos está incluso no texto de (Mt 6.2). Portanto façamos o bem
(Tg 4.17).
CONCLUSÃO
Em Jesus e por Jesus, devemos ser verdadeiros, honestos e
buscarmos a excelente justiça divina, almejando e buscando entrar
e morar no Reino dos céus!

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Referências, leitura e aprofundamento


PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2007.
SWAGGART, Jimmy. Bíblia de estudo do expositor (segunda edição
revisada): SBB, 2015.

Artigos
Artigo “O Teólogo e as Boas Obras”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/claudionorandrade/posts/142/o-
teologo-e-as-boas-obras.html

61
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 09 – Orando e Jejuando como Jesus Ensinou

Prof. Edson de Amorim

RESUMO:
O Senhor Jesus ensinou largamente a respeito da oração e
jejum. Nesse sentido, a Palavra de Deus tem orientação de como
orar e jejuar, o que significa que quando executamos essas duas
práticas piedosas, de acordo com o que Jesus ensinou, temos a
certeza de que Deus não estará indiferente às aspirações da
alma, isto é, às nossas orações. Perseveremos na oração e no
jejum!

OBJETIVOS:
I) CONCEITUAR a oração como um diálogo com o Pai;
II) EXPLICAR a oração que Jesus ensinou;
III) RELACIONAR oração e jejum.

INTRODUÇÃO
A oração é, sem sombra de dúvidas, uma das disciplinas
cristãs mais maravilhosas que temos. É o meio que o Senhor nos
proporcionou para mantermos um diálogo e comunhão com o
criador. Imagine que privilégio o crente tem; acesso livre a Deus por
meio da oração. Isso revela que Deus é um ser relacional e que
deseja ter contato com suas criaturas. E através da oração podemos
manter esse diálogo. Bicket & Brandt assim nos esclarece:
“A comunicação com Deus está entre as
mais antigas práticas da humanidade de que se
tem registro. Para Adão, parece que essa
comunicação era tão natural como alimentar
uma criança recém nascida. O evidente intuito

62
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

de Deus era estar em constante e vital


comunhão com aquele que fora criado à sua
imagem. Ele não desejava que as pessoas
tivessem de fazê-lo por si mesmas, de uma
forma unilateral e forçada. A comunhão com Ele
seria o cordão umbilical pelo qual seus filhos
seriam sustentados e reunidos à Deidade”.1
Nesse relacionamento o único que obtêm lucro é o homem, pois,
quanto mais ele ora com fé, mais profundo e robusto se torna esse
relacionamento. Resultando em uma vida emocional e espiritual
estável. Cultivemos, pois, uma vida de constante oração
I – A ORAÇÃO É UM DIÁLOGO COM O PAI
Conforme dito anteriormente, a oração é um meio de
comunicação e comunhão. Ela é o ato reverente e piedoso através
do qual o crente adora e se aproxima de Deus, mediante a
intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo.
Esse diálogo é multifacetado e pode assumir diversas nuances
ou características. Quando olhamos para as Sagradas Letras
encontramos alguns termos relacionados a essa comunicação. Além
de palavras como “oração” e “orar”, essa atividade é descrita como
invocar a Deus (Sl 17.6). Invocar o nome do Senhor (Gn 4.26),
clamar ao Senhor (Sl 3.4), levantar nossa alma ao Senhor (Sl
25.1), buscar ao Senhor (Is 55.6), aproximar-se do trono da graça
com confiança (Hb 4.16) e chegar perto de Deus (Hb 10.22).
Esses termos demonstram que a oração não simplesmente um
bate-papo, mas sim a construção de um relacionamento real e o elo
de ligação pelo qual o crente recebe poder de Deus, bençãos e o
cumprimento das suas promessas. Abaixo apresentamos um quadro
com as principais terminologias para a oração demonstrando as
múltiplas possibilidades do ato de orar.

1
BICKET & BRANDT.p,15

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

TERMO SIGNIFICADO REFERENCIA


Rogo Pleitear, pedir com urgência, Êx 33.13; Jz 6.39
persuadir
Intercessão Apelar, pleitear, interceder Is 53.12; Rm 8.26,27
diante de
Petição Pedido intenso, solicitação, l Sm 1.17; Fp 4.6
requisição
No Espírito O Espírito como agente da Jd v. 20; Ef 6.18
oração; oração em línguas
Súplica Pedido de misericórdia, l Rs 8.33,34; SI 30.8
solicitação de um favor
Ação de Graças Oração de gratidão ou louvor Fp4.6
Podemos, a partir dos termos acima citados, inferir que a
oração deve estar presente em todos os momentos da nossa vida.
Seja nos momentos difíceis ou nos alegres devemos manter a prática
da oração. Conta-se que John Bunyan certa feita declarou: “Jamais
serás um cristão, se não fores uma pessoa de oração.” Temos que
concordar com Bunyan, um cristão só pode manter-se cristão se
cultivar uma vida de oração e obediência a palavra do Senhor.
Na clássica Bíblia de Estudo Pentecostal (Versão em CD-Rom)
nos são oferecidos, pelo menos 3 motivos pelos quais os crentes
devem cultivar uma vida de oração, são elas:
(1) É uma Ordem. Antes de tudo, Deus ordena que o crente ore. O
mandamento para orarmos vem através dos salmistas (1Cr
16.11; Sl 105.4), dos profetas (Is 55.6; Am 5.4,6), dos apóstolos
(Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17) e do próprio Senhor Jesus (Mt
26.41; Lc 18.1; Jo 16.24). Deus aspira a comunhão conosco;
mediante a oração, mantemos o nosso relacionamento com Ele.
(2) Por ela Deus nos abençoa. Numerosas passagens bíblicas
ilustram esse princípio. Jesus, por exemplo, prometeu aos seus
seguidores que receberiam o Espírito Santo se perseverassem
em pedir, buscar e bater à porta do seu Pai celestial (Lc 11.5-13).
Por isso, depois da ascensão de Jesus, seus seguidores
reunidos permaneceram em constante oração no cenáculo (At
1.14) até o Espírito Santo ser derramado com poder (At 1.8) no
dia de Pentecostes (At 2.1-4).

64
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

(3) Deus opera por meio dela. Deus, no seu plano de salvação da
humanidade, estabeleceu que os crentes sejam seus
cooperadores no processo da redenção. Em certo sentido, Deus
se limita às orações santas, de fé e incessantes do seu povo.
Muitas coisas não serão realizadas no reino de Deus se não
houver oração intercessória dos crentes Por exemplo: Deus quer
enviar obreiros para evangelizar. Cristo ensina que tal obra não
será levada a efeito dentro da plenitude do propósito de Deus
sem as orações do seu povo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara
que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9.38). Noutras
palavras, o poder de Deus para cumprir muitos dos seus
propósitos é liberado somente através das orações contritas do
seu povo em favor do seu reino. Se não orarmos, poderemos até
mesmo estorvar a execução do propósito divino da redenção,
tanto para nós mesmos, como indivíduos, quanto para a igreja
coletivamente.2
II – A ORAÇÃO QUE JESUS ENSINOU
A Bíblia como um todo nos ensina a forma correta de orar. Se
há uma forma correta, conclui-se que há, também, uma forma errada
de orar. O apostolo Tiago declara que muitos crentes não recebem o
que desejam porque pedem mal, ou seja, estão orando da forma ou
com a atitude errada (Tg 4.3).
Portanto, como devemos orar?
1. Devemos orar a Deus: Parece obvio para o crente, mas
hoje, ainda há, diversas pessoas que oram a entidades e
santos, entretanto diversas passagens bíblicas que no
lembram que devemos buscar a Deus (Dt 4.29,30; 1 Cr
16.4; Sl 119.2; Jr 29.13; Ef 6.18);
2. Devemos orar em nome de Jesus: O crente obtém
favor de Deus não por seus méritos, mas pelos méritos
de Cristo. Na oração não é diferente é pelo nome de

2
Artigo “A Oração Eficaz” em Bíblia de Estudo Pentecostal-BEP <Cd-Rom>

65
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Jesus que, em oração, podemos alcançar as bençãos (Jo


16.23-24)
3. Devemos orar com reverencia: A reverencia para com
Deus é um princípio básico nas Escrituras (Sl 96.9; 132.7;
Mt 4.10)
4. Devemos orar com fé. Parece uma contradição, mas é
fato que muitos crentes entram na presença de Deus e
apresentam suas orações se fé, porém, sabemos que
sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6)
Jesus também ensinou lições importantes sobre o modo como
devemos orar em Mt 6.5-8. Segundo o Mestre dos mestres devemos
orar:
1. Com uma atitude de humildade (v.5). Os fariseus
buscavam mostrar uma piedade que era apenas externa e
sendo vistos pelos homens seriam admirados. Porém, que
o único que deve nos ver é o Pai que nos vê em secreto
(v.6)
2. Devemos ter um momento de oração em secreto (v.6).
Isso não diz respeito, especificamente, a um lugar, mas a
uma atitude de encontro e entrega.
3. Não devemos usar de vãs repetições (v.8). Deus não
está interessado em mantras, Ele está interessado em
diálogo, que abramos os nossos corações em contrição e,
assim, Ele nos recompensará.
III – ORAÇÃO E JEJUM
Jejum é outra disciplina cristã de grande importância. Jejum é
a abstinência de alimentos, e há pessoas que também se abstêm de
líquidos. Como descrito na Bíblia, o jejum está associado à oração,
e é uma forma de o homem reservar um momento específico para
sua comunhão com Deus, seja para suplicar uma resposta divina,
seja para receber o perdão de seus pecados. Portanto, jejuar não é
passar fome, mas sim dedicar um tempo a Deus com um propósito.

66
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Tal pratica não é uma forma de fazer Deus nos dar aquilo que
queremos, ou seja, um tipo de barganha, como se jejuar fosse
suficiente para convencer o Senhor a nos abençoar. É preciso
também ter uma vida que espelhe a misericórdia e a bondade aos
que nos cercam. Deus adverte em Isaías 58.5-7 que o jejum para Ele
não tem valor se a pessoa não se afasta da impiedade nem estende
suas mãos para ajudar os pobres, os famintos e necessitados.
Portanto, nossa prática de jejuar deve estar associada a ações de
justiça aos que nos cercam, e a uma vida longe do pecado.
No Antigo Testamento: o jejum era uma prática relacionada a
um momento de humilhação diante de Deus, seja para receber de
Deus o perdão, seja para alcançar uma bênção ou uma resposta
divina. (Jl 2.12)
No Novo Testamento: o jejum também está associado com um
período reservado à oração. Jesus jejuou no deserto, antes de ser
tentado. Ensinou aos seus discípulos que há espíritos malignos que
só seriam expulsos após um período de jejum e oração (Mc 9.29).
Portanto, busquemos cultivar essas disciplinas em nossas
vidas.
CONCLUSÃO
A oração e o jejum são meios pelos quais podemos fortalecer
a nossa comunhão com Deus e nossa vida espiritual. Também são
úteis na intercessão por outras pessoas e na busca da vontade de
Deus para nossas vidas e o seu perdão pelos nossos pecados. Não
podemos esquecer de que Deus observa nossas atitudes para com
os que nos cercam, e que devemos nos afastar do pecado ou não
teremos nossas orações ouvidas pelo Senhor.

67
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Referências, leitura e aprofundamento


Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. <CD-Rom>
BICKET, Zenas J. BRANDT, Robert L. Teologia Bíblica da Oração: O
Espírito nos Ajuda a Orar. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
GEORGE, J. Orações notáveis da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007

Artigos
Artigo “Jejum bíblico: necessário e indispensável”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/douglasbaptista/o-cristao-e-o-
mundo/138/jejum-biblico:-necessario-e-indispensavel.html
Artigo “Jesus e a oração do Pai-Nosso”:
https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2021/lbj-2021-
01-10.htm

68
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 10 – Nossa Segurança Vem De Deus

Prof. Gleidson

RESUMO:
Não podemos colocar a nossa confiança nos bens
materiais. A nossa confiança deve estar em Deus. O Deus Todo-
Poderoso não concorre com nenhuma outra divindade. Portanto,
Ele deve ser o único Senhor do nosso coração.

OBJETIVOS:
I) CONTRASTAR a Riqueza do Céu com a Riqueza da
Terra;
II) DESCREVER a Idolatria ao Dinheiro;
III) DEMONSTRAR a Quietude Espiritual em Deus.

INTRODUÇÃO
Estes últimos três anos tem sido muito difícil para humanidade,
a pandemia e a recente guerra junto com aumento da fome no mundo
tem causado crises de ansiedade, medo, violência e suicídio. Até
mesmos entre os crentes percebemos que nervos estão fora do
lugar. Por isso essa lição é importantíssima para que o aluno saiba
do remédio de Deus para esta situação, a fé verdadeira.
I – A RIQUEZA DO CÉU E A RIQUEZA DA TERRA
Ponto de contato: Mostre que a tentação das riquezas foi uma
das astutas ciladas do diabo usado contra Jesus na tentação do
deserto (Mateus 4). Aponte a quantidade de casos de pessoas que
se deixaram seduzir por esse mal e qual o fim deles.
1. Uma conciliação impossível. O que buscar e a quem
servir? O que há em nossa vida interior que responde ao olho do

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

corpo? O propósito interior e a intenção da alma. Quando nosso olho


físico está em uma condição insalubre, a imagem é duplicada e
borrada. Para usar uma expressão comum, tem um estrabismo,
distorcendo sua visão por toda vida e, assim, podemos olhar de duas
maneiras ao mesmo tempo. O esforço para servir a Deus e a
Mamom, estar bem com os dois mundos, acumular tesouros na terra
e ao mesmo tempo ser rico para com Deus, é um estrabismo
espiritual. John Bunyan fala de Mr. Facing-Both-Ways (Na tradução
do livro feita pela editora Mundo Cristão de 1999 ganhou o nome de
INTERESSE PRÓPRIO), que mantinha um olho no céu e outro na
terra; que sinceramente professou uma coisa e sinceramente fez
outra. Ele tentou enganar a Deus e ao Diabo, mas no final enganou
apenas a si mesmo e seus vizinhos.
2. Tesouros da terra e tesouros do céu. (Lucas 12:33-34;
Lucas 11:34-36; Lucas 16:13) A atitude de alguém em relação à
riqueza é um termômetro da justiça. Os fariseus acreditavam que o
Senhor abençoou materialmente todos que Ele amava. Eles tinham
a intenção de construir grandes tesouros na terra. Mas os tesouros
construídos aqui estão sujeitos à deterioração (a traça destrói o
tecido e a ferrugem destrói o metal; cf. Tg 5:2-3) ou ao roubo,
enquanto os tesouros depositados no céu nunca podem ser
perdidos. Os fariseus tinham esse problema porque seus olhos
espirituais estavam doentes (Mt 6:22). Com os olhos, cobiçavam
dinheiro e riqueza. Assim, eles estavam em trevas espirituais. Eles
eram escravos do mestre da ganância, e seu desejo por dinheiro era
tão grande que estavam falhando em seu serviço ao seu verdadeiro
Mestre, Deus. Dinheiro é a tradução da palavra aramaica para
“riqueza ou propriedade”, mamōna (“mammon”, KJV). Esse versículo
hoje é proibido nas maiorias das ditas igreja modernas, baseadas na
doutrina da prosperidade, coaching e triunfalismo, invertem o
verdadeiro sentido da palavra de Deus levando o povo incauto ao
caminho da perdição.
3. O que o cristão precisa saber sobre os bens materiais.
A cobiça é o desejo imoderado das riquezas. Esse desejo produz a

70
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

dureza contra o próximo. Por causa desse pecado mortal vemos o


abuso com a miséria do pobre, a pratica da agiotagem, a corrupção
e roubo entre tantas outras injustiças. A avareza é uma paixão
perigosa, sobretudo porque muitas vezes os homens não sabem ou
não querem saber que são escravos desta paixão maldita. Diz um
sábio que todas as outras paixões envelhecem com homem, mas a
avareza, porém, rejuvenesce sempre e cresce de dia em dia. Mesmo
em face da morte, que há de despojar de tudo, o avarento conserva
este apego sórdido a seu dinheiro e as suas riquezas, com
detrimento de sua felicidade eterna. A avareza é uma paixão
execrável, a miséria mais horrível não o comove, e não é capaz de
lhe inspirar o menor sentimento de piedade ou compaixão. A avareza
é uma paixão insensata. Todas as suas riquezas e tesouros
acumulados com tantas fadigas e cuidados, e à custa de tamanhos
sacrifícios e privações, passarão depois da morte do avarento a seus
herdeiros, que se alegrarão com sua avareza sórdida e que, talvez
em pouco tempo, delapidarão toda sua herança.
II – A IDOLATRIA AO DINHEIRO
Ponto de contato: Peça que dois alunos possam opinar sobre
quais conselhos a Bíblia dá com sobre a atitude que devemos tomar
com relação a dinheiro e seu usufruo. Esse exercício não deve
passar de 5 minutos.
1. O coração no lugar certo. Nosso uso do dinheiro nos fala
do senhorio de Cristo. (1) Usemos nossos recursos com sabedoria
porque são de Deus e não de nós. (2) O dinheiro pode usar-se para
bem ou para mal; usemos o nosso para bem. (3) O dinheiro tem muito
poder, daí que devemos usá-lo com cuidado e seriedade. (4).
Devemos usar nossos meios materiais de maneira que fomentem a
fé e a obediência (Lc 12:33-34). Andamos pelo caminho da sabedoria
quando usamos as oportunidades financeiras, não para ganhar o
céu, mas sim para que esse céu ("moradas eternas") seja uma
experiência agradável em quem ajudo. Se usarmos nossos recursos
para ajudar aos necessitados ou ajudamos a outros a encontrar a

71
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Cristo, nosso investimento nos brindará benefícios na eternidade.


Quando acatamos a vontade de Deus, usamos desinteressadamente
as posses. Muitas vezes nossa integridade guarda relação com os
assuntos monetários. Deus nos pede que sejamos honestos até em
pequenos detalhes. As riquezas no céu são muito mais valiosas que
as terrestres. Mas se não somos confiáveis com nossas riquezas
terrestres (sem importar o muito ou pouco que tenhamos), não
estamos em condições de nos encarregar das grandes riquezas do
Reino de Deus. O dinheiro tem o poder de ocupar o lugar de Deus
em sua vida. Pode converter-se em seu amo. Como descobrir se sou
escravo do dinheiro? (1). Está preocupado sempre por ele? (2). Dá
por generosidade ou o faz a fim de obter mais dinheiro? (3). Utiliza
grande parte de seu tempo preocupando-se com suas posses? (4).
É-lhe difícil dar dinheiro? (5). Tem dívidas? O dinheiro é um amo
poderoso e enganador. Promete poder e controle, mas
frequentemente não o pode dar. As grandes fortunas podem obter-
se e perder-se da noite para o dia, mas não há riqueza que compre
saúde, felicidade nem vida eterna. Não há nada melhor que permitir
que Deus seja seu amo. Seus servos têm paz e segurança, agora e
sempre.
2. Idolatrando a Mamon. Mamom pode ser considerado
qualquer coisa em que um homem confia. Agostinho observa, “que
Mamom, na língua púnica ou cartaginesa, significava ganho”.
Lucrum Punicè mammon dicitur. A palavra denota claramente
riquezas, Lucas 16:9, Lucas 16:11, no qual o último versículo
menciona não apenas o mamom enganoso, mas também o
verdadeiro. Nosso bendito Senhor mostra aqui a absoluta
impossibilidade de amar o mundo e amar a Deus ao mesmo tempo;
ou, em outras palavras, que um homem do mundo não pode ser um
personagem verdadeiramente religioso. Aquele que entrega seu
coração ao mundo rouba de Deus e, ao arrebatar a sombra do bem
terreno, perde a bem-aventurança substancial e eterna. Quão
perigoso é colocar nossos corações nas riquezas, visto que é tão
fácil torná-las nosso Deus!

72
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

3. A riqueza condenada por Cristo. O ensino de Jesus sobre


a ganância (Lucas 12:13-21) Esta passagem explica o ensinamento
de Jesus para se proteger contra todos os tipos de ganância. Alguém
queria que Jesus instruísse seu irmão a dividir a herança que lhe era
devida de maneira equitativa. O ponto de Jesus era que a vida não
consiste em ter muitas posses. Os discípulos precisavam aprender a
lição de que a vida é mais importante que as coisas materiais. Para
explicar este ensinamento, Jesus contou uma parábola sobre um
homem rico que continuou a construir celeiros cada vez maiores para
armazenar todos os seus grãos e mercadorias. Sua atitude era de
que teria uma vida fácil porque tinha tudo o que poderia querer ou
precisar. A resposta de Deus na parábola foi que o homem era tolo
(Seu tolo!), porque quando ele morresse naquela noite, seus bens
não fariam nada por ele. Eles simplesmente passariam para outra
pessoa. Tal pessoa não é rica para com Deus (cf. 1Tm 6:6-10; Tg
1:10). Lucas voltou a este assunto em Lc 16:1-31.
III – VIVENDO A QUIETUDE ESPIRITUAL EM DEUS.
1. Os males advindos da preocupação. “Não andeis
ansiosos” significa dividir; um cuidado divisor, distraindo o coração
do verdadeiro objetivo da vida. Pode incluir as ideias de preocupação
e ansiedade, e pode enfatizá-las, mas não necessariamente. Veja,
por exemplo, “cuida das coisas do Senhor” (1Co 7:32). “Que os
membros tenham o mesmo cuidado uns com os outros” (1Co 12:25).
“Quem vai cuidar do seu estado?” (Fp 2:20). Em tudo isso, o
sentimento de preocupação estaria totalmente fora de lugar. Em
outros casos, essa ideia é proeminente, como “o cuidado deste
mundo”, que sufoca a boa semente (Mt 13:22; compare com Lc 8:14).
De Marta; “Tu és cuidadoso” (Lucas 10:41). Spurgeon pregando essa
parte no sermão do monte falou “Se você quer barbante e papel
pardo, não precisa ir a uma loja para comprá-los, mas se comprar
certos artigos, receberá barbante e papel pardo na pechincha. Então,
quando você vai a Deus, buscando primeiro seu reino e sua justiça,
essas outras coisas, que são apenas a embalagem, por assim dizer,
o barbante e o papel pardo, são dados a você na barganha. Aquele

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

que lhe dá os tesouros de ouro do céu não permitirá que você falte
aos tesouros de cobre da terra.”
2. Vivendo sem inquietação. Nestes últimos anos temos
vivido tempos de turbulência no mundo e no Brasil. Pandemia,
aumento da violência e fome e guerras tem trazido inquietação e
desespero na vida das pessoas. Temos visto aumentar os casos de
suicídio no mundo, fruto de uma humanidade desesperada. Até
mesmo dentro dos arraiais evangélicos percebemos esse mal
aumentar cada vez mais. O que fazer? O remédio apresentado por
Jesus é a fé. Mas não qualquer, pois temos muitas manifestações de
fé no mundo, porém quase a totalidade baseada em ídolos falsos.
Precisamos da fé verdadeira em Nosso Senhor Jesus Cristo como
Filho de Deus e Salvador, no Pai como soberano e no Espirito Santo
como o consolador que está com a igreja e a ajudará até os confins
dos tempos. A fé verdadeira tem muitas consequências na vida do
crente e uma delas é ter a paz e quietude de quem sabe que Deus
cuida e que esse mundo é passageiro. Essa virtude é divina, não
nasce com as pessoas, mas deve ser buscada numa vida de oração.
Além disso não é circunstancial, depende somente de Deus
independente do que nos rodeia.
3. Vivendo sossegados em Deus. Ao olharmos para a história
dos grandes homens de Deus e como viveram sossegados mesmos
em sociedades depravadas e muitos casos desesperados podemos
ter muitos ensinamentos para nossas vidas. A) precisamos ter um
novo nascimento verdadeiro, a regeneração muda nosso olhar para
o mundo. B) ter vida de oração. C) entender que o mundo tentará
vender a ideia que necessitamos de muitos bens materiais para
sermos felizes, mas na verdade, precisamos viver uma vida simples
que traz mais contentamento. D) praticar a generosidade para com
os necessitados conforme nos ensina Cristo.

74
SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

CONCLUSÃO
Devemos saber lidar com a angustia e trato com o dinheiro
nestes tempos, vejamos alguns conselhos. A) Dízimos e ofertas. Ao
dar de maneira generosa para os trabalhos da igreja com missões,
construções de templos, ajuda social entre outros trabalhos,
combatemos dentro de nosso coração o mal da avareza. B) Saber
administrar o dinheiro. Precisamos ser cuidadosos para não nos
tornar perdulários e gastadores com bens que na verdade não
precisamos, mas apenas fomos seduzidos (Is 55.2). C) Filantropia
cristã. Não esquecer de ajudar aos mais necessitados. D) Em nossa
vida de oração sempre pedir a Deus que aumente nossa fé.

Referências, leitura e aprofundamento


MEYER, F.B. Through the Bible Day by Day: A Devotional Commentary.
Livro de Domínio público. Disponível em: <www.thecauseofchrist.com>

Vídeos
Pr. César Moisés fala a respeito da Ansiedade pela Vida:
https://youtu.be/qVu2KNjpAdU

Artigos
Artigo “Ansiedade”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/esdrasbentho/cultura-
crista/47/ansiedade.html
Artigo “Cuidado com o Pecado da Cobiça”:
http://www.cpadnews.com.br/blog/douglasbaptista/o-cristao-e-o-
mundo/142/cuidado-com-o-pecado-da-cobica.html

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 11 – Sendo Cautelosos Nas Opiniões

Prof. Everardo Nobre

RESUMO:
As Escrituras Sagradas revelam que devemos ter cuidado
com a medida com que julgamos o outro. Não cabe a nós nenhum
tipo de julgamento, pois quando julgamos as pessoas nos
colocamos em uma posição que não compete a nós, seres
imperfeitos e falhos. Antes de fazer qualquer tipo de julgamento,
faça uma autoavaliação. Observe se não existe nenhuma trave
em seus olhos. Quando julgamos alguém nos tornamos
imperdoável, por isso esteja atento (Rm 2.1).

OBJETIVOS:
I) COMPREENDER que não devem os julgar
precipitadamente o outro;
II) CONSCIENTIZAR de que devemos primeiramente olhar
para nós mesmos;
III) AFIRMAR que não somos julgados pela severidade de
Deus.

INTRODUÇÃO
Deus não nos colocou na posição de julgadores. Somos
criaturas imperfeitas e com muitas falhas, para estarmos na condição
de fiscais de condutas.
O Mestre nos trouxe um alerta precioso, no Sermão da
Montanha, quando afirma, no versículo 37, do cap 06, no seguinte:
“Não julguem, e vocês não serão julgados”. E prossegue afirmando
ainda que: “Não condenem, e não serão condenados(...)” quando
condenamos alguém, estamos julgando a essa pessoa, e lhe dando
uma sentença, daquilo que achamos ser o certo.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

Jesus quando nos orienta – “Não julguem(...)”. Ele está nos


dando uma ordem condicionando no sentido de que se assim
fizermos, também não seremos julgados. Nessa ordem quis nos
exortar, “Não julguem, e vocês não serão julgados”.
Destarte, isso não significa também que devemos agir
imprudentemente de qualquer forma, que não mereçamos sermos
observados nas nossas condutas como cristãos.
I – NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO
1. Aprendendo a se relacionar com os outros.
Vivemos em um mundo conturbado, cheio de problemas, onde
a sociedade a cada dia vai se moldando a essa realidade. Nós como
cristãos, devemos observar, e agir segundo as sagradas escrituras,
aquilo que não estar de acordo com a santa palavra.
Todavia, isso não é uma expressa autorização, que alguns
entendem ter, por pertencer a igreja de Cristo, para andar com uma
balança, para pesar os pecados, as condutas, de nossos irmãos e
irmãos. Deus não outorgou esse direito, de julgarmos, mas sim de
amar, e em alguns casos corrigir com prudência, com cautelas, para
que alcancem a misericórdia do Senhor.
Como igreja, composto de homens e mulheres em fase de
aperfeiçoamento, temos dificuldades em se relacionar. Aliás,
devemos lembrar que, onde existem pessoas, haverá problemas e
contendas, independentemente de quem somos. Todavia, devemos
sempre buscar o respeito, e as cautelas necessárias para saber lidar
com cada situação de relacionamentos
2. Ninguém deve ser julgado?
Antes de julgarmos alguém, devemos nos examinar para nós
mesmos. Em 1Co. 11.31, o apostolo Paulo, nos exorta no seguinte
“Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos
julgados”. Isso nos ensina, que primeiro, devemos ter um raio x, de

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

como estamos com Deus, e sabermos que que somos dependentes


Dele. Quando nos arvoramos a julgar ao outro, também seremos
julgamos pelo Senhor, e na mesma medida.
Isso não significa, que nós, servos do Senhor, não possa se
manifestar para condenar o pecado. Devemos lembrar que para tudo
tem o tempo, e o lugar. A própria palavra nos orienta que não
devemos nos conformar com esse mundo.
Todavia, o termo, “não se conformar”, não nos autoriza, a
detratar, constranger, levar a pessoa ao ridículo, pois isso implicaria
ainda mais a se agravar a questão com outras implicações adversas,
e ainda lembrando que, não somo Jesus, que conhece o homem, por
dentro e por fora.
3. O julgamento defendido por Jesus.
As razões trazidas em um julgamento por Jesus, é diferente
das razões trazidas pelo homem. Diferentemente de Jesus, muitas
vezes o home, já tem uma decisão antecipada, e não somente de
julgamento, mas de condenação definitiva e sem misericórdia.
Jesus, age, e trabalha diferente. O verbo julgar, presente no texto
significa não se basear apenas naquilo que vemos, ou em mera
aparência pessoal, e de forma exterior.
O julgamento de Jesus, não traz apenas elementos aparentes,
ou por ouvir falar. Ele nos conhece, por dentro e por fora. Sl. 139.1,
o salmista diz que: SENHOR, tu me sondaste, e me conheces.
Jesus espera que os julgamentos de valores também sejam
levados em conta. Em Lc. 5:30, Jesus foi censurado pelos fariseus e
escribas, por estar comendo e bebendo na casa de Levi,que era um
cobrador de imposto Que nesse julgamento seja pesado o certo e o
errado, o que é digno e o indigno, para que juntando tudo se tenha
uma correção firme e correta. O julgamento de Jesus, traz apenas
correção, mas arrependimento, a quem recebe.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

II – DEVEMOS PRIMEIRAMENTE OLHAR PARA NÓS MESMOS


1. Cuidado com o juízo exagerado os outros.
Antes de julgar o nosso próximo, devemos fazer uma
autoanálise de quem somos e como estamos diante de Deus. A sua
consciência, está mais voltada para julgar os valores alheios.
Não julgueis. O imperativo presente sugere que o hábito de
julgar os outros é que está sendo condenado. Ainda que a palavra
julgai seja neutra quanto ao julgamento, o sentido aqui indica um
julgamento desfavorável.
Na comunidade da igreja, sempre houve e haverá os fiscais de
condutas, que se prestam a ao invés de adorar a Deus, praticam
julgamentos precipitados e na maioria das vezes exagerado. Na
verdade, tudo deve ser comedido, sem exageros;
O Teólogo, Oziel Gomes, é feliz, ao afirmar que: “Quem faz seu
autoexame constantemente descobre suas falhas, suas doenças,
suas fraquezas. Desse modo, antes de querer fazer juízo dos outros,
é ciente de todos os seus erros”.
Por isso lembramos a maneira pela qual Jesus, julga. Sem
exageros, sem constrangimentos, de sorte que a repreensão
julgadora, traga também o arrependimento.
Finalmente se não vigiarmos com as nossas palavras e
atitudes, seremos como o rei Davi, que após o adultério e o
homicídio, teve sua mente cauterizada com o pecado, que não
conseguiu discernir, que o profeta Natã, ao contar uma estória,( 2Sm
12.1-7) estava se referindo a ele. Ora, Davi, naquele momento deu
uma sentença exagerada, condenando-o a morte, não sabendo que
a pessoa a quem Natã se referia era o mesmo Davi.
2. A inconsistência dos que possuem espírito de crítica.
Em Mt. 7.2, Jesus, no exorta no seguinte: “Pois da mesma
forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem,

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

também será usada para medir vocês.”. Claro, que os crentes não
estão imunes a críticas. Entretanto, quem faz a crítica, deve fazê-la
de forma coerente, de forma lógica, e que tenha fundamento, e não
mera especulação, e por ouvir falar.
O crítico ele expõe seu ponto de vista, o que na verdade ele
queria ser. O crítico muitas vezes esconde verdades, obscuras de
desejos na realizados, e assim, manifesta suas opiniões, criticando
aqueles, que ele entende estarem errados.
O texto é claro, que os escribas e os fariseus, eram
especialistas em julgar, pois eles mesmos se julgavam, justos, e
autoconfiantes aos seus próprios olhos. Isso era um erro gravíssimo,
pois só eles eram que detinham a verdade sobre Deus.
Trazendo esse contexto para a nossa realidade, pessoas que
tem o espírito da crítica, causam grandes estragos dentro da
comunidade cristã. São pessoas de difícil trato, de fé inconsistente,
que na verdade, nunca nasceram de novo. São pessoas que acham,
ter as chaves do céu, e querem deixar muitos do lado de fora.
3. O que fazer para não julgarmos precipitadamente os
outros?
Para não julgarmos precipitadamente as outras pessoas, é
preciso antes entendermos algumas verdades: a) Termos a
consciência de que somos falhos e imperfeitos, apesar de não
querermos errar; b) Precisamos ter um relacionamento fraternal com
as pessoas, da mesma sorte que Jesus, nos ama; c) entender que
como fomos alcançados pela graça e misericórdia do Senhor, assim
também devemos fazer da mesma maneira.
Então, antes de emitirmos um juízo de valor, criticando,
devemos primeiro, orar, e pedir a Deus a conceder a novo recomeço,
a aqueles que praticaram algum delito espiritual, pois só Ele, através
da sua misericórdia, é que tem a capacidade de julgar, com perfeição
e sem dores. De sorte que, aprendemos, pois, com Jesus.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

III – E SE FOSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS


1. Deus é severo?
Muitos definem Deus, como severo, cruel, sem misericórdia as
vezes. Na verdade, esses são conceitos errados. Se analisarmos o
velho testamento nos deparamos com muitas situações de um Deus
carrasco, e até certo ponto destruidor.
Entretanto, Deus não se deixa negar-se a si mesmo. Deus
sempre é flexível, quando há arrependimento pelo homem. Deus não
tem prazer na morte do ímpio.
Deus não é severo, quando ele encontra quebrantamento de
coração. Quando Ninive se arrependeu, Deus se arrependeu do mal
que tinha anunciado lhes faria, e não o fez. (Jn 3:10). Quando
ascendeu a ira de Deus, quando o povo construiu o bezerro de ouro
em Ex. 32.14, nos afirma que Deus se arrependeu-se do mal que
dissera que havia de fazer ao seu povo. Em Sl. 106.45, o salmista
relata que Deus se lembrou da aliança que tinha com o povo de
Israel, e se arrependeu segundo a multidão das suas misericórdias.
2. Como Deus nos julga?
Deus não estar nos céus, com alguma arma devastadora, e
pronta para matar, a quem comete algum pecado. A relação de Deus
com os homens é diferente da relação entre humanos. Deus por ser
justo e reto, não ver, como ver o homem.
Deus estabeleceu na sua palavra, leis, e condutas morais a
serem obedecidas. Quando isso é quebrado há sanções e
consequências, mesmo perdoadas. E quando essas normas divinas
são obedecidas, o crente é recompensado.
Não adianta enganar a Deus, pois ele conhece o profundo e o
escondido, e nada está escondido aos seus olhos e sua mão alcança
a todos. Deus julga com equidade!

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

3. O exemplo da justiça de Deus na vida de Davi.


Deus apesar de nos amar, não estamos imunes a correção
dele. Um exemplo clássico, é o caso de Davi, que era um homem,
segundo o coração de Deus. Davi pecou, quando cometeu adultério
e homicídio. Deus concedeu o perdão a Davi, mas recebeu a
correção divina, pois não tem como inocente o culpado.
Assim, Deus é severo para aqueles que continuam pecando e
não demonstram arrependimento, pois suas ações contra o criador,
se tornaram cauterizadas, e assim não receberem os benefícios do
perdão de Deus. Esses devem ser punidos, pois sabendo ser pecado
as suas ações ou condutas, continuam a pecar.
Davi se humilhou, e Deus ouviu a sua oração, perdoando-o.
Contudo as consequências lhe seguiriam, quando o Senhor afirmou,
que a espada nunca mais sairia da sua casa. (2Sm. 12.10)
CONCLUSÃO
Sejamos, portanto, honestos e sinceros com Deus e conosco
mesmos. Não adianta se esconder por trás, de um falso moralismo.
Deus nos conhece, e julgará todas as nossas ações. A
recomendação do mestre é não julgar precipitadamente. E quando
formos julgar, que façamos de modo criterioso, e no amor de Cristo,
e de forma sensata e prudente.

Referências, leitura e aprofundamento


GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus. Rio de Janeiro: CPAD,
2022.

Vídeos
Pr. César Moisés o tema “Autoavaliação e Discernimento, Sim,
Julgar, Não”: https://youtu.be/AGHT6pwGs2g

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 12 – A Bondade De Deus Em Nos Atender

Prof. Everardo Nobre

RESUMO:
Na lição deste domingo, veremos um dos atributos de Deus
ressaltados por Jesus no Sermão Monte: a bondade. Ele é um
Pai amoroso que concede aos seus filhos aquilo que é essencial
para sua subsistência. A bondade do Pai também é revelada a
nós mediante o sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário.
Quando o buscamos em oração, Ele nos atende, ajuda e socorre
pela sua bondade. Pela sua bondade somos instados a entrar
pela porta estreita e estar cuidadosos a respeito dos falsos
profetas.
O que seria de nós se Deus não olhasse-nos com bondade,
misericórdia e amor, pessoas tão imperfeitas?

OBJETIVOS:
I) COMPREENDER o significado da bondade de Deus;
II) CONSCIENTIZAR de que só existem dois caminhos;
III) ADVERTIR sobre as mentiras dos falsos profetas.

INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que a bondade de Deus ouvir nas nossas
orações supre todas as nossas necessidades. Deus é bom em todo
tempo. Em MT 7.7, Jesus em relação a oração. Ele nos ordena, a
pedi, buscar e bater, se assim fizermos, o Senhor vai nos dar, nos
encontrar, e o que estava fechado, Deus abrirá.
Vermos também que aos homens é dado dois caminhos. Um
caminho de portas largas, que é o caminho da perdição, e o outro

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

caminho, de porta estreita, que deve ser esse caminho que deve
trilhar o servo de Deus, que busca a salvação;
Finalmente, Deus é bom para aqueles que vivem em
comunhão com ele, cheios do espírito santo e conhecedores da
palavra, para não caírem nas armadilhas das heresias e dos falsos
profetas.
I – A BONDADE DE DEUS
1. Definição de bondade.
Segundo o dicionário Aurélio, bondade é definida como a
qualidade de quem tem alma nobre e generosa e é naturalmente
inclinado a fazer o bem; benevolência, benignidade, magnanimidade.
Bondade é uma característica daquele que tem inclinação para
o bem. Consiste numa qualidade das pessoas que praticam boas
ações. Gramaticalmente, bondade é um substantivo abstrato. Do
latim “bonidate”, é a qualidade de quem tem boa índole.
A bondade é um atributo de Deus. A bondade de Deus faz parte
de Sua essência! É uma característica intrínseca ao Senhor, que é
manifesta através do que Ele criou, na forma misericordiosa com que
se relaciona com a Criação e, na Sua auto revelação, pelas
Escrituras e através de Jesus. A bondade de Deus é eterna, infinita,
ilimitada e abundante. É mais uma forma de demonstração do Seu
Amor (1 João 4:7-8) por todo o mundo.
Com a caída do homem, esse passou a ter tendência do mal,
e somente com um novo nascimento em Jesus Cristo, será capaz de
restabelecer a graça divina e reveladora da salvação, e voltar a
praticar o bem
2. A bondade de Deus no aspecto bíblico
A palavra de Deus nos revela, que a bondade, é uma qualidade
de quem é bom. O evangelista Joao em 1 jo 4.8, define a natureza

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

de Deus, como sendo o amor. Deus é toda fonte inspiradora da


benignidade.
Não basta apenas sermos bons. Essa qualidade deve vir
acompanhada da nossa fé, e o amor a Deus, implantados no nosso
coração através do Espírito Santo.
3. A bondade de Deus no aspecto teológico
O significado de bondade, teologicamente falando, tem um
sentido mais amplo, envolve santidade, retidão, verdade, amor
benevolência, graça e misericórdia. Daí se conclui, que somente
Jeová, o Deus eterno, é verdadeiramente bom.
Em João 3.16, Deus define o seu amor por nós, quando Jesus
afirma, que: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o
seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna.”
Foi através da sua bondade que ele nos deu vida, nos fazendo
ressuscitar com Cristo conforme Efésios 2:6-7 – “Deus nos
ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nas regiões
celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a
incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade
para conosco em Cristo Jesus”.
Devemos todos os dias falarmos da grande bondade de Deus,
como forma de agradecermos as benevolências que nos tem
concedidos. O profeta Isaias, assim se manifestou: Isaías 63:7 –
“Falarei da bondade do Senhor, dos seus gloriosos feitos, por tudo o
que o Senhor fez por nós, sim, de quanto bem ele fez à nação de
Israel, conforme a sua compaixão e a grandeza da sua bondade”.
II – HÁ DOIS CAMINHOS PARA ESCOLHER
1. A porta e caminho no aspecto bíblico.
Jesus algumas vezes falava através de parábolas ou de forma
figurativa. Nesse aspecto, o mestre menciona a figura da porta, para

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

retratar a comunhão com ele. Porta fala de acesso a alguma casa,


ou lugar, enquanto que o caminho decorre da nossa conduta como
cristão que passa a seguir. Não existe dois caminhos que levam a
Deus, mas sim um caminho único.
Nessa sociedade, encontramos muitos caminhos, que levam a
muitas portas. O Senhor Jesus, define como é a porta e qual o
caminho que devemos seguir conforme Mateus 7:14-15, a saber:
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o
caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à
vida, e poucos há que a encontrem.”
2. O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para
nós?
Em Lucas 13.24, esta escrito: "Esforcem-se para entrar pela
porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não
conseguirão”
O que se pode ver aqui nessa passagem é que a passagem
pela porta estreita, é por esforço. Muitos tentarão passar por essa
porta, mas não conseguirão.
Com isso podemos dizer, que a porta continua estreita, e não
foi, e nem será reformada, nem ampliada. A porta tem o tamanho da
sua fé, e tem que estar em sintonia na sua obediência e fidelidade a
Deus.
Que para chegar ate a essa porta devemos escolher o caminho
certo, fincando na fé inabalável em Jesus Cristo, que conduzirá a
vida eterna com Deus.
3. A escolha entre os dois caminhos.
Na nossa vida temos dois caminhos que devemos escolher
qual vamos percorrer: O caminho da vida, e o caminho da morte.
Muitos estão no caminho que levarão a morte, por ser amplo, por ser

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LIÇÕES BÍBLICAS

mais apetitivo, de acesso fácil, sem restrições, do tudo pode, e o


caminho em que nada é proibido. O caminho que é proibido proibir.
Todavia, pela bondade de Deus, também existem muitos que
procuram trilhar pelo caminho estreito, conforme esta escrito na 1ª
carta de Paulo a igreja de Corinto, no cap. 6, versículo 12, onde
afirma o seguinte: "Tudo me é permitido", mas nem tudo convém.
"Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada domine”
Enquanto a porta larga, passa as obras da carne, na porta
estreita, só passam os santos sem máculas, os que permanecerem
fiéis, e mesmo com as ofertas de satanás, não cederam.
III – A MENTIRA DOS FALSOS PROFETAS
1. Cuidados com as falsas aparências
Devemos estarmos sempre vigilantes com as ovelhas do
Senhor. Muitos lobos devoradores rondam o aprisco do Senhor, e
mais precisamente a igreja que prima em guardar a doutrina dos
apóstolos.
Líderes que na verdade não passam de enganadores da fé
alheia. Não somente lideres, mas dentro das nossas igrejas, existem
aqueles que professam uma outra doutrina, movidos por ambições
outras de ministérios, e angariam os incautos na fé como seus
seguidores. Causam grandes estragos no nosso meio. Pessoas que
se consagram a si mesmos, ou se buscam consagrações de homens,
com interesses diversos. São insubmissos a liderança da igreja, aos
projetos, pois se arvoram em serem os únicos a quem Deus fala. São
verdadeiros predadores de ovelhas inconstantes, que andam de
lugar em lugar, daquelas que não leem a palavra, não tiveram um
novo nascimento.
Esses falsos profetas tem a aparência do bem, de santos,
mansos, mas são verdadeiros algozes, e destruidores de vidas,
causando danos irreparáveis ao Reino de Deus.

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SUBSÍDIOS
LIÇÕES BÍBLICAS

2.Como detectar os falsos profetas?


O primeiro aspecto para identificar um falto profeta, é a
exaltação a si mesmo. É o pofeta fulano de tal, o apostolo tal, o
profeta canela de fogo, é o home de Deus, é o ministério ir, tal. Se
observamos esses falsos profetas, já dão sinal desde cedo. Tendo
aparência de homem, ou mulher de Deus, tem na verdade interesses
obscuros, passando pela ganância, exaltação do seu ego. Chegam
com uma nova doutrina, capaz de chamar atenção de muitos, que
por não conhecer a verdade da palavra de Deus, tornam-se seus
seguidores, e muitos as vezes se apostando da fé
Um outro aspecto a ser observado são os frutos. São frágeis,
e as suas condutas não estão na conformidade com as Santas
Escrituras. Esse tal, não deve ser considerado como profeta do
Senhor.
3. Uma análise criteriosa.
A questão dos falsos profetas sempre esteve na história da
bíblia. Desde o antigo testamento, com no novo testamento, e
continuando nos dias atuais, principalmente, com o advento da
grande mídia e das redes sociais.
Eles falam apenas aquilo que agrada a quem estar ouvindo, e
ainda tem a audácia de afirmar que é Deus quem estar falando,
quando Deus nunca esteve nesse negócio. Falam de forma
arrogante e fraudulenta, e não tem verdade nas suas palavras.
Mas não é nada novo, Jesus já profetizava sobre isso, em Mt.
24:06, afirmando o seguinte: “Pois muitos virão em meu nome,
dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos”, e ainda, no
versículo 11, no seguinte “e numerosos falsos profetas surgirão e
enganarão a muitos”.

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LIÇÕES BÍBLICAS

Permanecemos sempre atentos, as ovelhas que estão no


aprisco do Senhor, nos dando graça, para combater esses falsos
profetas
CONCLUSÃO
Deus é bom, e continuará sendo bom. Como nosso Deus ele
compartilha a sua bondade para som os seus filhos que necessitam,
mediante a sua graça e misericórdia. A nossa salvação é o resultado
da graça e a fé em Deus. Que estejamos sempre alerta, para
combater os falsos profetas, que rodam o aprisco das ovelhas do
Senhor.

Referências, leitura e aprofundamento


GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus. Rio de Janeiro: CPAD,
2022.

Vídeos
Pr. César Moisés apresenta a “Bondade de Deus e a Regra de
Ouro”: https://youtu.be/3kQGeMoPjkI

“As duas Portas e os Dois Caminhos”:


https://youtu.be/N3fJVoqFW8k

“Os Falsos Profetas e Seus Frutos”: https://youtu.be/Sg4ya6A-EK4

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LIÇÕES BÍBLICAS

LIÇÃO 13 – A Verdadeira Identidade Do Cristão

Prof. Edson de Amorim

RESUMO:
Mediante a graça e a misericórdia do Pai, hoje somos
súditos do Reino de Deus e, como tal, precisamos fazer a
diferença, vivendo como “sal” e “luz” neste mundo tenebroso. Não
basta dizer que é crente, proferir o nome de Jesus e ouvir as suas
palavras: é preciso mais — praticar o que aprendeu com o
Mestre. Não podemos ser apenas ouvintes, mas praticantes, pois
o Reino de Deus não consiste somente de palavras, mas em
virtude.

OBJETIVOS:
I) EXPLICAR como se dará a condenação dos falsos
seguidores de Jesus;
II) CONSCIENTIZAR sobre em quem estamos alicerçados;
III) COMPREENDER que Jesus é a nossa verdadeira
identidade.

INTRODUÇÃO
Nos últimos anos temos visto o crescimento no número de
cristãos evangélicos, especialmente, no Brasil. Segundo dados do
IBGE é provável que o número de evangélicos ultrapasse o número
de católicos a partir de 2032.1 Ao mesmo tempo que vemos esse
crescimento temos também o crescimento no número de violência
no Mundo. Enquanto escrevo essas linhas a Rússia encontra-se há

1
ZYLBERKAN, Mariana. Evangélicos devem ultrapassar católicos no Brasil a partir de
2032. Disponível em: https://veja.abril.com.br/brasil/evangelicos-devem-ultrapassar-
catolicos-no-brasil-a-partir-de-2032/ Acesso em 20/03/2022.

90
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LIÇÕES BÍBLICAS

mais de 20 dias de ofensivas contra a Ucrânia. Ou seja, o


crescimento numérico de evangélicos não tem representado uma
mudança substancia da cultura humana.
Um fato interessante é o do crescimento do número dos
“desigrejados” cristãos que não possuem vínculo com qualquer igreja
institucional e os “cristãos não praticantes”. Em 2018,
aproximadamente, 46% da população da Europa se considerava
“Cristãos Não-Praticantes”.2
Dados como esses devem nos fazer refletir sobre o que é ser
cristão? Quais as implicações dessa decisão? O que identifica o
verdadeiro cristão.
I – A CONDENAÇÃO DOS FALSOS SEGUIDORES DE JESUS
Em Mateus 7.21-23 Jesus faz um grande alerta aos seus
seguidores. Ele literalmente declara que é possível trabalhar para o
Cristo, sem ter o Cristo. Nos versos 22 e 23 Jesus nos diz: “Muitos
me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em
teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniqüidade.” Trabalhar para Deus, sem ter Deus não é uma
possibilidade, mas uma realidade para aqueles que não andam
conforme o exemplo de Jesus de Nazaré.
Escrevendo à Igreja de Éfeso (Ap 2.1-7), pela
instrumentalidade do Apóstolo João, Ele elogia o trabalho dessa
igreja e sua ortodoxia teológica, entretanto declara que a mesma caiu
(v.5a), que ela precisa de arrependimento (v.5b) e que perdeu o
primeiro amor (v.4). Éfeso, a semelhança de muitos crentes hoje, se
diziam cristãos, mas havia perdido o primeiro amor. Em outras

2
ALVES, José Eustáquio. A Europa Ocidental tem maioria de cristãos não praticantes.
Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2018/07/02/a-europa-ocidental-
tem-maioria-de-cristaos-nao-praticantes-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
Acesso em 20/03/2022.

91
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palavras resguardavam o nome de Cristo, mas o Cristo estava de


saída. Escrevendo a Laodicéia Ele vai declarar que já está fora e
batendo à porta (Ap 3.20). Usamos muitas vezes esse versículo para
evangelização de descrentes, mas o contexto nos mostra o contrário.
Jesus está batendo a porta de uma igreja que se diz Cristã. O quadro
dessas igrejas e dos pseudo-cristãos de Mateus 7.21-23 é o mesmo.
Sobre esse fato o pastor Geremias do Couto (2001) declara.
“o Senhor destaca que a aparente
espiritualidade de alguém não significa essencialmente
compromisso com a ética do Reino (vv.21,23).
Pronunciar o seu nome e agir sob sua autoridade não é
a garantia de que haja vínculo com o Senhor da obra,
pois uma pessoa pode estar falando por Ele e, ao
mesmo tempo, não produzir os bons frutos que
qualificam a procedência e pelos quais se conhece a
“boa árvore”. Aqui o Senhor se reporta aos falsos
profetas mencionados na lição anterior que se declaram
arautos do Altíssimo, realizam milagres e maravilhas,
mas não terão parte no Reino porque praticam a
iniquidade. Neste ponto, surge uma questão: por que
acontecem essas intervenções sobrenaturais, se tais
homens não vivem na verdade? O inimigo é capaz de
feitos extraordinários com o propósito de enganar e
tentar confundir as pessoas que vivem de um lado para
outro em busca de “espetáculo espiritual” (cf. At 16.16-
19). Assim, para Deus o que prevalece é o
compromisso com os princípios do Reino, e não os
aparentes sinais exteriores de espiritualidade.”3
Para esses, Jesus foi enfático em dizer que o final deles que
professam o seu nome, mas não entraram pela porta estreita ou que

3
COUTO.p,94

92
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professaram e fizeram obras miraculosas em seu nome será longe


da sua presença, pois Ele não os conhece.
II – EM QUEM ESTAMOS ALICERÇADOS?
Após falar sobre aqueles que não entrarão no reino dos céus
(21-23), Jesus agora utiliza-se da parábola dos dois alicerces para
se referir aos que ouvem e obedecem às suas palavras e aqueles
que ouvem e não as praticam (24-27).
Na parábola Ele cita:

 Dois homens: Um prudente e outro imprudente.


 Duas casas: Uma que cai e outra que permanece.
 Duas atitudes: Obediência e desobediência.
Todavia, ao citar as intempéries elas são as mesmas para
ambas situações. O que Jesus evidencia é que 1) As tribulações são
a mesma para ambos os homens, bons ou maus, porém 2) Ao que
ouve e obedece a Jesus sua casa permanecerá.
III – JESUS: A NOSSA IDENTIDADE
O sermão do monte nada mais é do que a ética de Jesus posta
para conhecimento e a disposição de todos aqueles que anseiam
entrar no seu reino. Para que essa ética seja vivida é necessário que
esse homem e essa mulher tenham um encontro com o próprio Jesus
e experimentem o novo nascimento.
A partir desse encontro um novo homem é gerado (2 Co 5.17).
Tudo se faz novo e uma nova identidade nos é dada (Gl 2.20). Numa
perspectiva a respeito da doutrina das Últimas Coisas, o apóstolo
João disse que quando o Senhor Jesus se manifestar, o veremos e
seremos semelhantes a Ele (1 Jo 3.2).

93
SUBSÍDIOS
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CONCLUSÃO
O ensinamento do Sermão do Monte é para ser posto em
prática, não apenas para ser admirado ou debatido. A sua
preciosidade só pode ser provada verdadeiramente quando
praticamos o que o sermão nos ensina. Então veremos o quanto a
virtude do Reino de Deus tem um padrão elevado e celestial. Sua
ética não é deste mundo, mas do céu. Para vivê-la é preciso ter o
caráter transformado a fim de que, com o nosso viver, glorifiquemos
a Deus.

Referências, leitura e aprofundamento


COUTO, Geremias do. Sermão do Monte: A transparência da Vida
Cristã. Rio de Janeiro:CPAD,2001.
GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus. Rio de Janeiro: CPAD,
2022.
MOISÉS, César. O Sermão do Monte: A justiça sob a ótica de Jesus.
Rio de Janeiro:CPAD,2017.

Vídeos
Pr. Agnaldo Betti discorre sobre “A Decisão Crucial do Discípulo:
Ouvir e Praticar”: https://youtu.be/dAfldfiDh_A

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