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Copyright © 2020 Naor Pedroza

Pedroza Publicações
Editora associada à ASEC – Associação Brasileira de Editores Cristãos

Diretor-geral Naor Pedroza / Marília Pedroza


Diretor-executivo Fábio Marin

DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou


parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio sem a
autorização prévia e por escrito do autor. A violação dos Direitos
Autorais (Lei nº 9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 48 do
Código Penal.

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

2020
As 3 verdades mais poderosas
Categoria: Religião / Bíblia / Cristianismo

Copyright © 2020 Naor Pedroza


Todos os direitos reservados

1ª edição setembro de 2020


Edição e Revisão Thais Teixeira Monteiro
Projeto gráfico e Diagramação Robson Júnior
Capa Djalma Madureira

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Revista


e Atualizada – João Ferreira de Almeida, salvo indicação específica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Pedroza, Naor, 2020


As 3 verdades mais poderosas / Naor Pedroza. – Goiânia: Pedroza
Publicações, 2020
ISBN: 978-80-96510-22-2
1: Religião 2: Bíblia 3: Cristianismo 4: Título
CDD : 200 / 220

Índice para catálogo sistemático:


1: Religião: Bíblia: Cristianismo 200/220

Editado e publicado no Brasil por:


Pedroza Publicações
Av T-3, Qd. 43, Lt. 20, Andar 2, Sala 6, Ed. Videira, Setor Bueno,
CEP: 74.215.110
Goiânia - GO - Brasil
Telefone: (62) 98200-8584 — pedrozapublicacoes@gmail.com
Epígrafe

“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a


lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com
Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou
e a si mesmo se entregou por mim.” (Gl 2.19,20)
Sumário

As 3 verdades mais poderosas 07

O amor de Deus 14

A justiça de Cristo 40

Favor imerecido 70
AS 3 VERDADES MAIS
PODEROSAS

[...] e ser achado nele, não tendo justiça


própria, que procede de lei, senão a que
é mediante a fé em Cristo, a justiça que
procede de Deus, baseada na fé; (Fp 3.9)

Existe um tripé sobre o qual a nossa vida


está fundamentada – o amor de Deus, a jus-
tiça de Cristo e o favor imerecido, a graça de
Deus. Mas o lidar rejeitando a justiça própria
também faz parte da chave para uma vida
vencedora. Eu vou compartilhar um pouco
dessa grande verdade ao seu coração, e essa
revelação será libertadora e também um fir-
me fundamento para a sua fé. Ore para que
o Senhor lhe dê revelação sobre o que vamos
compartilhar.
8 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Na verdade, todos esses assuntos fazem


parte do conteúdo do evangelho da graça,
que é a mensagem do mover atual de Deus
e que tem o poder de nos salvar, libertar,
transformar e edificar. Antes de avançarmos,
é necessário que você entenda que em cada
época há o que chamamos de “o mover atual
de Deus”. Por exemplo, em Gênesis, o mover
“atual” da época era a árvore da vida, se ain-
da estivéssemos nessa mesma dispensação,
estaríamos ministrando para que você co-
messe dessa árvore e se afastasse da árvore
do conhecimento. Acompanhando a Palavra,
podemos perceber o mover de Deus fluindo
como um rio: na geração de Sete, de Noé, de
Abraão, de Davi até chegar em Cristo, que é
a Graça de Deus. Desde então esse tem sido
o mover atual de Deus, e na revelação da
graça está o tripé do fundamento da nossa
vida e fé.
Porque a lei foi dada por intermédio de
Moisés; a graça e a verdade vieram por
meio de Jesus Cristo. (Jo 1.17)
9 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Mas, ao falar da graça, muitos acreditam


que ela seja algo muito simples, específico
para novo convertido ou algo assim, outros
acreditam que já têm conhecimento do
assunto e precisam se dedicar a “assuntos
mais profundos”. Ledo engano, ao des-
prezar a importância e a profundidade do
tema, muitos têm perdido a maior riqueza
espiritual e vivido debaixo de uma fé defi-
ciente. A graça e a justiça de Cristo são os
assuntos mais profundos da Palavra de Deus
e só podem ser compreendidos com a ajuda
do Espírito Santo.
Vou compartilhar com você um pouco da
minha própria experiência e uma conversa
que eu tive sobre a graça com o meu pastor,
Aluízio. Nós caminhamos juntos há 30 anos
já, completos agora em 2020, e o pr. Aluízio
já pregava sobre a graça desde o início, mas
não com a ênfase de hoje, e nos últimos sete
anos, temos ministrado a mensagem da graça
com ele. Eu me lembro, porém, de que nesse
caminho, talvez já ministrando há vários anos
e atravessando uma grande luta espiritual,
10 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

percebi o quanto ainda precisava (e preciso)


crescer na revelação da graça.
Ao perguntar a ele o motivo pelo qual por
tantos anos, mesmo eu já sabendo a respeito
da graça, eu ainda não estava experimentan-
do todos os efeitos dessa verdade na minha
vida, recebi uma resposta difícil de ouvir,
porém verdadeira. Por isso estou narrando
esta história para que você não caia no erro
em que eu caí e em que muitos irmãos con-
tinuam caindo.
O pr. Aluízio me disse algo assim: “Querido
irmão, você demorou todo esse tempo por-
que quando no começo você ouviu, não deu
valor, achou que era algo simples e para novo
convertido”. Foi um choque para mim, mas
precisei admitir. Passei a buscar em Deus e
na Palavra, não apenas entendimento, mas
revelação do que é a graça de Deus, o seu
amor e a sua justiça. Tenho descoberto o
quanto são verdades profundas e precisam
ser buscadas em oração e revelação do
Espírito. Entender com a mente nunca será
suficiente, e dar por simples esse assunto é
11 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

estar cego pelo engano. Nunca se esqueça,


os tesouros mais valiosos precisam ser es-
cavados para serem alcançados.
Você não pode receber coisa alguma que
você não honra, e quando você honra, dá valor
e se dedica a ela. Muitos ainda são como uma
criança que encontrou uma joia rara e a des-
preza, deixando-a em qualquer lugar porque
não sabe o valor das coisas. Outros, ao ouvirem
sobre a graça, não podem receber a revelação
que transforma e liberta porque, não lhe vendo
o devido valor, desprezam-na, tendo a graça
por algo simples.
A Palavra de Deus nos ensina que o homem
não pode receber coisa alguma se do céu não
lhe for dada (Jo 3.27); no entanto, o céu só
pode nos dar quando atribuímos valor a essa
coisa. Se temos recebido revelação do evan-
gelho da graça, é porque alguém tem dado
valor a ele, e nós sabemos que tem. Busque a
revelação dessa verdade com todo o seu co-
ração, não seja tardio e você verá a resposta
do céu na sua vida.
12 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

A esse respeito temos muitas coisas que


dizer e difíceis de explicar, porquanto vos
tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com
efeito, quando devíeis ser mestres, atenden-
do ao tempo decorrido, tendes, novamente,
necessidade de alguém que vos ensine, de
novo, quais são os princípios elementares
dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes
como necessitados de leite e não de alimen-
to sólido. Ora, todo aquele que se alimenta
de leite é inexperiente na palavra da justiça,
porque é criança. (Hb 5.11-13)

Muitos irmãos desejam não apenas viver


uma vida de paz, mas desejam também viver
uma vida de vitórias em todas as áreas e, ain-
da, de frutos espirituais. Desejam uma vida
sólida, capaz de passar pelas tempestades e
com a certeza de ser um vencedor, que irá
reinar com Cristo e ser arrebatado caso Ele
volte em nossos dias, o que de fato cremos
que acontecerá, por todos os sinais proféticos
que estamos vivendo.
Se esse é o seu caso, me acompanhe nesta
leitura, orando para que Deus abra os seus
13 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

olhos e lhe dê revelação das profundas ver-


dades que desejamos compartilhar, o tripé
de uma vida cristã poderosa e vencedora. Se
você compreender e receber revelação das 3
verdades a seguir, tenha a certeza de que a sua
vida poderá ser tremendamente afetada, para
a glória de Deus e para a sua alegria.
PRIMEIRA VERDADE MAIS PODEROSA

O amor de Deus

Por esta causa, me ponho de joelhos diante


do Pai, de quem toma o nome toda famí-
lia, tanto no céu como sobre a terra, para
que, segundo a riqueza da sua glória,
vos conceda que sejais fortalecidos com
poder, mediante o seu Espírito no homem
interior; e, assim, habite Cristo no vosso
coração, pela fé, estando vós arraigados
e alicerçados em amor, a fim de poderdes
compreender, com todos os santos, qual é
a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade e conhecer o amor de Cristo,
15 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

que excede todo entendimento, para que


sejais tomados de toda a plenitude de
Deus. (Ef 3.14-19)

Essa é uma das orações mais importantes


do Novo Testamento, a revelação do amor de
Deus por nós. O amor de Deus é a base de tudo
em nossa vida, é ele que trará segurança e cura
emocional para todos os nossos traumas do
passado, nos dará estabilidade no nosso pre-
sente e paz quanto ao nosso futuro. Quando
o amor de Deus é revelado ao nosso coração
e deixa de ser apenas um conhecimento da
nossa mente, tudo na nossa vida é afetado e
Deus nos é revelado como Pai, e não um Deus
distante e impessoal.
Por muitos anos, o inimigo tem destruído a
imagem da figura paterna na vida das pessoas,
destruindo relacionamento entre pai e filhos,
tudo isso com o foco de impedir que você
conheça Deus como o Pai amoroso que Ele é.
O diabo tem trabalhado para destruir a ima-
gem do Deus Pai amoroso. Por isso, geralmente
é o pai que vai embora, abandona a família e
16 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

apronta todo tipo de confusão, não paga a pen-


são, não cuida da família, trai a esposa; alguns
são ignorantes e impessoais (indiferentes). Em
outras ocasiões, vão viver outro casamento e
tentam compensar dando presentes, mas não
conseguem perceber o estrago que causam no
coração dos filhos. Isso é algo tão sério que até
mesmo as ajudas assistenciais do governo não
podem ser dadas aos homens e sim às mães,
porque eles acabam gastando com bebidas e
prostituição e deixam a família desamparada.
Eu me lembro da triste história de um ama-
do irmão que nos revelou sua grande dificul-
dade de se relacionar com Deus como um pai
amoroso. Ele ficou marcado por uma terrível
experiência que teve com o seu pai ainda na
infância. Quando esse irmão era pequeno e não
sabia nadar, o seu pai, na intenção de “ensiná-
-lo” a nadar, levou-o até um córrego conhecido
como “córrego da sucuri”; se você não sabe, a
sucuri é uma das maiores cobras que existem
e é conhecida pelo seu poder de engolir uma
vaca e também pessoas.
17 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Mesmo assim, o pai pegou esse irmão e o


jogou no tal córrego. E ele, quase se afogando
e desesperado, com medo da terrível cobra,
conseguiu se safar. No entanto, quando a si-
tuação passou, naquele dia ele decidiu algo
no seu coração e disse: “Se o meu pai, que eu
sempre pensei que me protegeria, é capaz de
me jogar para a sucuri, então eu decido que a
partir de hoje eu não tenho mais pai”.
Veja que experiência horrível. Desde então
esse irmão tem tido grande dificuldade de ex-
perimentar o amor de Deus e se relacionar com
Ele como Pai. Por muitas vezes, ao cometer
erros na vida, ele esperou o castigo de Deus,
um acidente que aconteceria ou coisas do tipo,
porque esta era a imagem de pai e, portanto,
de Deus que ele trazia: um Deus severo e que
estava pronto para puni-lo sempre que ele
errasse. Isso lhe causou todo tipo de mal que
você possa imaginar: nas suas emoções, na sua
fé, na sua vida.
Uma pesquisa publicada na BBC, a respeito
de crimes cometidos por adolescentes, mos-
tra que entre os adolescentes que cometem
18 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

crimes, 60% abandonaram a escola, 70% eram


adolescentes que estavam nas drogas, mas
impressionantes 85% dos adolescentes que
cometem crimes cresceram sem a figura do
pai, vieram de famílias destruídas.
O inimigo procura destruir a posição e a
imagem do pai na vida das pessoas para que
não se relacionem com Deus de forma apro-
priada. Evidentemente a maioria delas não
se tornará um criminoso, mas vivemos numa
geração em que mais da metade das crianças
vai crescer numa família destruída, com pais
ausentes ou divorciados.
Se seu pai não foi bom, o verdadeiro PAI vai
cuidar – e tem cuidado – de você. Ore para que
o Senhor o ajude a perdoar seu pai terreno,
seja lá o que ele tenha feito contra você ou
tenha deixado de fazer por você. Mesmo que
você nunca o tenha conhecido ou até mesmo
se ele já faleceu, não guarde mágoas no seu
coração; lembre-se de que, embora seu pai não
mereça ser perdoado, você também não mere-
cia e foi perdoado pelo Senhor, portanto deve
perdoar. O perdão para o seu pai é o início de
19 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

um caminho de libertação, cura e a porta para


conhecer o seu verdadeiro Pai amoroso, Deus,
aquele que ama você e quer se relacionar com
você nessa base.
Voltando à oração do apóstolo Paulo, ob-
servamos que ele deseja que tenhamos revela-
ção das dimensões do amor de Deus por nós,
porque somente assim podemos ser tomados
de toda a plenitude do amor de Deus. Preste
atenção no que ele ora.
O verso 17 de Efésios 3 diz: “[...] e, assim,
habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando
vós arraigados e alicerçados em amor [...]”. Ele
usa a palavra arraigados, do grego rhizoo, que
significa “fazer surgir raiz”, e a palavra alicerça-
dos, do grego themelioo, que significa “colocar
fundamento, tornar estável”. Veja que Paulo
ora para que possamos viver uma fé firme, que
tem raízes profundas e sólido fundamento para
sermos crentes estáveis, que podem passar pe-
las tempestades da vida sem ser abalados. No
entanto, o ponto central dessa oração e desse
fundamento de estabilidade é o que está no
fim do versículo, que diz “em amor”. Ou seja,
20 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

não existe de fato uma vida cristã sólida e com


raízes profundas sem a revelação do amor de
Deus por nós.
O apóstolo continua, orando para que pos-
samos compreender qual é a largura, e o compri-
mento, e a altura, e a profundidade do amor de
Deus. A palavra compreender, no original, é
katalambano, e significa: obter, tornar próprio,
dominar ao ponto de incorporar como seu. Isso
não é incrível?! A oração não é que possamos
compreender as dimensões desse amor de
Deus por nós apenas como algo mental, e sim
receber isso por revelação, ao ponto de se
tornar incorporado a nós, algo que seja parte
de nós, um amor que nos preenche em todas
as nossas dimensões – física, mental e espiri-
tual –, nos levando à experiência de uma vida
plena em Deus.
As medidas do amor de Deus são colocadas
nesse texto em dimensões geométricas, para
tentar nos ajudar na compreensão. Paulo então
relata a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade. Santo Agostinho diz: “A medida
do amor é o amor sem medida”. Por mais que
21 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

possamos tentar descrever as medidas desse


amor, nunca seremos capazes de fazê-lo, pois
de fato é um amor sem medida. Tentando
vislumbrar um relance de luz da grandeza do
amor do Pai por nós, podemos nos arriscar a
descrever um pouco tais dimensões, sabendo
que as dimensões de amor são, na verdade, as
dimensões de Cristo, pois Ele é Deus e Deus
é amor (1Jo 4.8).
Essas dimensões poderiam ser atribuídas
aos braços da cruz, que se estenderiam até as
extremidades da terra. E seu poste perpendi-
cular nos falaria do amor de Cristo, que subiria
até o céu e desceria até o inferno. Assim sendo,
não há lugar longe demais, alto demais, baixo
demais que o amor de Cristo não atinja.
Bernardine à Piconio o define assim:
Amplo como os limites extremos do mundo
habitado, longo como os séculos da eter-
nidade, pelos quais o amor de Deus para
com seu povo perdurará, profundo como o
abismo da miséria e da ruína de onde ele
nos ressuscitou, elevado como o trono de
Cristo no céu, onde ele nos colocou.
22 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Adam Clarke nos dá uma luz, dizendo sobre


o texto:
Deus é amor; e nesse amor há infinitude
de comprimento, de largura, de profundi-
dade e de altura. Ou melhor, todo o com-
primento, largura, profundidade e altura,
perdem-se nessa imensidade. Envolve tudo
quando está acima, tudo quanto está abai-
xo, todo o passado e todo o futuro.

O Salmo 139, dos versos 7 ao 10, nos aju-


da também a compreender um pouco dessa
dimensão, senão vejamos:
Para onde me ausentarei do teu Espírito?
Para onde fugirei da tua face? Se subo aos
céus, lá estás; se faço a minha cama no
mais profundo abismo, lá estás também; se
tomo as asas da alvorada e me detenho nos
confins dos mares, ainda lá me haverá de
guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.

Nos céus – altura –, ou no profundo abis-


mo – profundidade –, nos confins dos mares
– largura e comprimento –, onde estivermos,
23 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

encontraremos o amor e a destra do Senhor


para nos sustentar! Glória a Deus!
O amor de Deus é comprido o suficiente
para alcançar o homem com o seu perdão,
desde o Éden até o milênio; largo o suficiente
para nos dizer que a sua vontade é que todos
os homens sejam salvos e que na casa do Pai
há muitas moradas; profundo o suficiente
para ir ao inferno no nosso lugar e tomar
as chaves da morte e do inferno das mãos
de Satanás; mas também é alto o suficiente
para nos levar aos céus e nos fazer assentar
à destra do Pai em Cristo.
Enfim, não podemos definir um amor que
excede todo o entendimento humano, mas
podemos orar para que o Senhor nos dê reve-
lação de tal amor e, assim, sejamos tomados de
toda a plenitude de Cristo e vivamos uma vida
completamente livre e fundamentada na rocha,
experimentando a graça superabundante de
Cristo e sua paz indizível na nossa mente e no
nosso coração. E ainda que venham tempes-
tades, teremos raízes profundas desse amor,
capazes de nos sustentar em todo o tempo.
24 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Jesus veio nos revelar o novo nome de


Deus, Aba, Papaizinho, porque essa é a ex-
pressão máxima da pessoa do seu amor, a
intimidade do Pai.
Manifestei o teu nome aos homens que
me deste do mundo. Eram teus, tu mos
confiaste, e eles têm guardado a tua pa-
lavra. (Jo 17.6)

O pastor Joseph Prince, na sua mensagem


“O coração do Pai revelado”, comenta que
Cristo veio justamente para nos revelar o nome
de Deus. Qual nome Ele veio revelar? Sabemos
que existe algo muito poderoso a respeito do
nome de Deus e o Senhor disse que veio para
nos revelar esse nome. No Velho Testamento,
primeiramente Deus se revelou como Elohim,
o Deus Criador. Depois Ele se revelou a Abraão
como El Shaday, o Deus Todo-Suficiente. Mais
tarde Ele se revelou a Moisés como Jeovah, o
Grande Eu Sou, e muitos outros nomes. Mas
agora, na nova aliança, Cristo veio nos revelar
o Aba, o Papaizinho.
25 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Infelizmente os religiosos têm transformado


até mesmo o nome Pai num título frio e dis-
tante, mas não é esse o propósito de Deus. O
Pai quer se relacionar conosco de forma terna
e amorosa. A oração mais profunda que po-
demos fazer é chamá-lo de Paizinho. Quando
fazemos assim, estamos manifestando o espí-
rito da nova aliança.
Porque não recebestes o espírito de escra-
vidão, para viverdes, outra vez, atemori-
zados, mas recebestes o espírito de adoção
(filiação), baseados no qual clamamos:
Aba, Pai. (Rm 8.15)

Na velha aliança, as pessoas viviam debaixo


de escravidão e medo de Deus. Hoje não pre-
cisamos mais viver assim porque fomos feitos
filhos, pelo Espírito nós clamamos “Aba, Pai”. O
Espírito fez questão de deixar essa expressão
em hebraico para que não houvesse dúvida.
Aba é a forma como as criancinhas se dirigem
a seus pais ainda hoje em Israel. Sua melhor
tradução seria “paizinho”. É uma forma íntima
e amorosa de se relacionar com o seu pai. A
26 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

menos que você seja capaz de chamar Deus de


Paizinho, você ainda está debaixo do espírito
de escravidão e do medo.
Precisamos nos arrepender quanto a quem
Deus é para nós. Eu sei que você está acostu-
mado a pensar em termos de arrependimen-
to relacionado a pecados cometidos, mas os
seus pecados já estão perdoados e pagos na
cruz, até mesmo os que você, porventura,
ainda venha a cometer. Esse é um assunto
encerrado, a graça lhe dá poder para viver
livre do pecado. O verdadeiro arrependi-
mento é uma mudança da mente a respeito
de quem Deus é, esse é o verdadeiro arre-
pendimento, Ele é o nosso Papaizinho que
nos ama. Mude a sua mente a respeito da
imagem de um Deus distante, a quem você
precisa convencer e persuadir a vir ajudá-lo,
isso é um engano maligno. Tudo o que você
precisa fazer é clamar “Papaizinho”.
Minha filha, quando era pequena, não ti-
nha de saber como falar comigo ou conhecer
a minha vontade. Tudo o que ela tinha de fa-
zer era gritar por papai no meio da noite. Ela
27 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

não precisava clamar: “Oh, aquele que habita no


quarto ao lado, venha ajudar-me!” Não. Bastava
gritar por papai.
Muitas vezes, quando meus filhos eram
pequenos, eu chegava em casa cansado e eles
vinham me mostrar tudo o que tinham fei-
to durante o dia. Nem sempre eles tinham a
minha completa atenção, mas quando saíam
para o jardim e de repente gritavam “papai!”,
imediatamente eu saía correndo para ver o que
tinha acontecido.
No dia mau, no dia da angústia, não procure
uma oração ou um homem poderoso, entre no
quarto e clame: “PAI, me ajuda! PAI, eu preci-
so de ti!” Toda vez que meu filho grita PAI, eu
corro e vou ajudá-lo. Agora se eu, que sou um
pai imperfeito, não deixo de atender o grito
do meu filho, imagine o que o seu PAI do céu
pode fazer por você quando clamar a Ele.
O amor de Deus em nosso coração é um
efeito, não a causa. A causa é saber como Deus
prova o seu próprio amor para conosco. Deus
prova o seu amor na cruz pelo fato de Cristo
28 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

ter morrido por nós quando ainda éramos


inimigos de Deus. Todas as vezes que você
contempla a obra de Cristo na cruz, o Espírito
garante que o amor de Deus seja derramado
em seu coração. Não olhe para si mesmo ten-
tando ver esse amor fluindo, mas olhe para
Cristo. Quando você olha para Cristo, o amor
de Deus flui em você.
O problema de nos tornarmos introspec-
tivos e subjetivos é que sempre estamos
procurando por uma sensação, uma emoção
ou sentimento de amor. E quando não temos
tais sensações, concluímos equivocadamente
que o amor não está em nós. Mas não é essa
a maneira de Deus. Nós olhamos para Cristo,
meditamos no seu amor, na obra na cruz, e
espontaneamente o amor flui como um rio do
nosso coração.
“Este é o meu Filho amado, em quem me com-
prazo” (Mt 3.17) – Essa é a voz do avivamento,
a verdade de que Ele nos amou.
Deus nos dá uma definição do seu amor ao
nos dizer: “Nisto consiste o amor: não em que
29 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos


amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos
nossos pecados” (1Jo 4.10). A definição de amor
na Bíblia não é que nós amamos a Deus, e sim
que Ele nos amou primeiro. Sempre gostamos
de dizer que devemos voltar ao primeiro amor,
como está em Apocalipse 2.4, que diz: “Tenho,
porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro
amor”. Nós adoramos fazer apelos para que os
irmãos voltem ao primeiro amor, aquele amor
inicial do novo convertido, aquela paixão de
quando nos convertemos, mas esse é um en-
tendimento raso dessa passagem.
A palavra usada no grego para primeiro,
nesse trecho de Apocalipse, é protos; a mesma
palavra que aparece em 1 João 4.19, que diz:
“Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro”.
Então, a verdadeira interpretação do texto de
Apocalipse ficaria assim: Tenho, porém, contra
ti que esqueceste a verdade de que eu te amei pri-
meiro. Veja, isso muda tudo, pois a verdade do
evangelho não é do quanto eu amo o Senhor,
mas do quanto Ele me ama.
30 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

O primeiro mandamento do Velho


Testamento é: “Amarás, pois, o Senhor, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de toda a tua força” (Dt 6.5). Quem realmente
pode dizer que é capaz de cumprir esse manda-
mento? Mas o primeiro mandamento do Novo
Testamento nos liberta do fardo da lei e nos
faz amar o Senhor pelo caminho da graça, pois
nos diz em 1 João 4.19: “Nós o amamos porque
ele nos amou primeiro”, essa é a verdadeira de-
finição de amor na Bíblia.
A Palavra de Deus, no entanto, não ape-
nas define o amor de Deus, ela também nos
revela a prova desse amor quando nos diz:
“Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois
poderá ser que pelo bom alguém se anime a mor-
rer. Mas Deus prova o seu próprio amor para
conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.7 - grifos nos-
sos). Perceba que a prova do amor de Deus não
está relacionada com o que Ele pode fazer por
nós hoje, mas pelo que Ele já fez por nós. Ou
seja, não é uma questão de recebermos ou não
31 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

uma bênção. Bênçãos vêm e vão, mas o amor


já está provado.
A prova do amor de Deus também não está
relacionada com passarmos por lutas e tribu-
lações, pois Jesus nunca disse: “Porque eu amo
vocês, nunca terão problemas”. Pelo contrário, o
que Ele nos disse foi: “Estas coisas vos tenho dito
para que tenhais paz em mim. No mundo, passais
por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o
mundo” (Jo 16.33). Por isso, nunca pense que
ausência de problema é prova de amor.
Nós passamos por problemas porque vi-
vemos em um mundo caído, que jaz no ma-
ligno, temos uma carne contaminada com
tudo de ruim e não estamos dentro de uma
“bolha gospel”, por isso temos problemas
apesar de sermos amados. Quando a tribu-
lação vier, nunca duvide do amor de Deus;
na verdade, essa é a hora em que você mais
precisa ter a certeza de que é amado, por-
que aquele que sabe que é amado também
sabe que o Pai é poderoso para socorrê-lo
em toda e qualquer situação.
32 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Continuando nosso raciocínio a respeito do


amor de Deus, além da definição e da prova,
a Palavra também nos dá o argumento do que
o amor de Deus faz por nós, ao nos dizer em
Romanos 8.32: “Aquele que não poupou o seu
próprio Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com ele
todas as coisas?” É simplesmente um argumen-
to arrasador do favor imerecido por causa do
amor de Deus. Ele está nos dizendo algo assim:
“Se eu não neguei, de graça, sendo você meu
inimigo, o que eu tenho de mais valioso, meu
próprio Filho, o que eu vou negar para você:
uma casa, um casamento, uma cura?...” Porque
você é amado de tal maneira, pode ter a cer-
teza de que Ele quer abençoar você com toda
a sorte de bênçãos espirituais em Cristo Jesus.
Toda a nossa vida precisa estar fundamen-
tada nesse amor se queremos reinar em vida
sobre toda circunstância. Por isso, todas as
nossas ações precisam ser alicerçadas em amor,
pois nós, como justos, fomos chamados a viver
pela fé, mas a fé que atua pelo amor, como
podemos ler em Gálatas 5.6: “Porque, em Cristo
33 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm


valor algum, mas a fé que atua pelo amor”.
Todo mover de Deus começa – e precisa co-
meçar – com a revelação de que somos amados
pelo Pai antes de amarmos a Ele ou amarmos
ao próximo, que são as outras fases importan-
tes do amor, mas apenas reflexo do amor de
Deus por nós, em primeiro lugar. A fé atua pelo
amor, mas esse amor não é o meu por Ele ou
pelo próximo, e sim o conhecer – por revelação
e experiência – o quanto Ele nos ama.
Se eu sou amado, se eu tenho essa revela-
ção, eu me sinto seguro. Para provar a fideli-
dade desse amor, a Bíblia vai ao extremo e usa
o exemplo de algo quase impossível de acon-
tecer, uma mãe que amamenta abandonar o
seu filho, como está relatado em Isaías 49.15:
“Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que
ainda mama, de sorte que não se compadeça do
filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se
esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti”.
Veja, temos aqui a relação de uma criança de
peito – um exemplo tão próximo da pureza –,
sua mãe – que tem o sentimento mais forte na
34 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

raça humana –, e um fato absurdo – o possível


abandono da criança – para nos mostrar que,
ainda assim, é possível o abandono quando
se trata dos homens, mesmo em situações
como essa.
O Senhor coloca essa possibilidade absurda
apenas para nos dizer: “Mas, ainda que esta vies-
se a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei
de ti”. Ele nunca pode nos abandonar. Não por
causa de nós, mas por causa de Cristo, aquele
que é perfeito e selou essa aliança. Nunca se
esqueça de que você é amado por Deus não
com base em você, nos seus feitos ou nos seus
erros, você é amado por Deus em Cristo.
Deus é o único que nos conhece plenamen-
te, você não se conhece plenamente. Ele sabe
de você o que você nem imagina, Ele esquadri-
nha seu coração e, mesmo conhecendo você
plenamente, decidiu amá-lo plenamente. Pode
ser que você tenha causado tantos problemas
que pôs tudo a perder e se encontre agora
mesmo no fim da linha, mas mesmo aí você
pode ter a esperança de que Ele está com você
e, por isso, alguma coisa (boa) vai acontecer.
35 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Quando cremos nessa verdade, todo o medo


vai embora: o medo do futuro, o medo da
reprovação humana, do fracasso e de tudo o
mais que nos atormenta.
Por que a Bíblia diz que o justo não teme
más notícias (Sl 112.7)? Porque, por sabermos
e nos sentirmos amados, mesmo diante da
morte, não nos desesperamos pois sabemos
que Deus é poderoso até para ressuscitar os
mortos e, se assim não for, Ele também é po-
deroso para nos consolar.
Quero encerrar este capítulo do amor de
Deus, mostrando esse amor revelado, e muitas
vezes mal interpretado, em Mateus 13.44-46:
O reino dos céus é semelhante a um tesou-
ro oculto no campo, o qual certo homem,
tendo-o achado, escondeu. E, transbordan-
te de alegria, vai, vende tudo o que tem
e compra aquele campo. O reino dos céus
é também semelhante a um que negocia
e procura boas pérolas; e, tendo achado
uma pérola de grande valor, vende tudo o
que possui e a compra.
36 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Erroneamente, muitos têm interpretado


essa parábola achando que Jesus é o tesouro e
nós somos o homem que, tendo-o encontrado,
vendemos tudo que temos para nos consagrar
ao Senhor. Se formos, no entanto, minimamen-
te honestos, saberemos que homem algum,
por mais rico que seja, teria o suficiente para
“adquirir” Jesus, que é a nossa salvação, a nos-
sa vida e o favor imerecido de Deus, a graça.
Assim como o Reino de Deus, o Senhor não
está à venda e não pode ser comprado, apenas
recebido de graça pela misericórdia do Pai.
Mas então quem é esse homem e quem é
esse tesouro? Pasme, o Senhor usou essa pa-
rábola para nos revelar o seu grande amor por
nós. Na verdade, Ele é Deus que se fez homem,
Ele é o homem da parábola, que veio ao mundo
para salvar o homem e, ao nos encontrar, foi
à cruz, vendeu tudo o que tinha – toda a sua
vida – e nos comprou a nós, que aí estamos
representados pelo tesouro. Inexplicavelmente
nós somos o tesouro de grande valor aos olhos
de Deus; Ele achou que valia a pena descer até
nós, tornar-se um homem, humilhar-se até o
37 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

ponto da morte de cruz para nos comprar das


mãos de Satanás. É um amor que não podemos
compreender.
Eu me lembrei de uma história que pode
nos ajudar a ilustrar essa parábola do amor de
Deus por nós: Conta-se que um menino fez um
barquinho com palitos de picolé, e ele gostava
muito desse barquinho. Sempre brincava com
ele na enxurrada, mas um belo dia ela foi muito
forte e o menino perdeu o barquinho, o que
o entristeceu muito. Alguns meses depois, ele
encontrou um outro menino, que estava com
o seu barquinho, tinha encontrado-o em outro
lugar. Então disse àquele menino que o barqui-
nho era dele, que fora ele que o tinha criado,
mas o menino respondeu que – uma vez que
ele o havia perdido – agora o barquinho era
dele e que, se ele quisesse de volta, teria que
comprar. E estipulou o preço. Por três meses o
menino que fizera o barquinho ajudou em casa
e trabalhou para os vizinhos a fim de ajuntar o
dinheiro, então, foi até o outro menino e com-
prou o barquinho de volta. Assim que pegou o
barquinho, ele o abraçou e disse: “Barquinho,
38 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

agora você é meu duas vezes, uma vez porque


te criei, outra vez porque te comprei”.
Essa história é a nossa história com Deus:
Ele nos criou e pertencíamos a Ele; mas, por
causa pecado, fomos perdidos e Satanás pas-
sou a nos possuir; porém, lá na cruz, Deus
nos comprou de volta. Esse é o seu amor por
nós, somos dele duas vezes, uma vez porque
Ele nos criou, outra vez porque Ele nos com-
prou. Aleluia!
Como alguém tão rico, maravilhoso, esplên-
dido, magnífico e inexplicável pode achar que
vale a pena vender tudo que tem para comprar
alguém insignificante e inqualificável como
nós? Jamais poderemos compreender tal amor,
é estonteante, avassalador, insondável, não te-
nho palavras. Como alguém, sendo Deus, pode
atribuir tal valor a alguém como nós?
O preço que se paga por algo é o preço
que esse algo vale aos olhos do pagador.
Deus achou que valia a pena pagar tudo por
você e por mim. O que eu posso negar a
alguém assim? Não é incrível que Ele tenha
39 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

feito tudo isso transbordante de alegria? Como


pode tanto amor? Definitivamente, nada
poderia estar mais longe de ser chamado
de vida cristã do que as palavras: obrigação,
medo, ameaça, coerção e até mesmo preço.
Quem está tomado de paixão vende tudo
que tem, paga o preço mais alto que alguém
pode pagar por algo, TUDO, e chama isso de
transbordante alegria.
Com toda a convicção da minha vida, eu
afirmo: é impossível que alguém tenha uma
experiência com tal amor e não se consagre
e não se disponha a tudo entregar, a dar toda
a sua vida e, nas palavras do apóstolo Paulo,
fazer da sua vida uma oferta no altar de Deus
(2Tm 4.6). Nós o amamos, porque Ele nos
amou primeiro.
Que o Espírito Santo possa abrir os seus
olhos e lhe dar revelação desse amor inexplicá-
vel! Isso afetará toda a sua vida, para sempre.
SEGUNDA VERDADE MAIS PODEROSA

A justiça de Cristo

Sim, deveras considero tudo como perda,


por causa da sublimidade do conhecimento
de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do
qual perdi todas as coisas e as considero
como refugo, para ganhar a Cristo e ser
achado nele, não tendo justiça própria,
que procede de lei, senão a que é mediante
a fé em Cristo, a justiça que procede de
Deus, baseada na fé [...] (Fl 3.8,9)
41 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual


se nos tornou, da parte de Deus, sabedo-
ria, e justiça, e santificação, e redenção
[...] (1Co 1.30)

Ao falarmos da segunda verdade mais po-


derosa − e a ordem não significa o grau de
importância −, precisamos compreender por
que ela é uma verdade tão poderosa. Nós so-
mos seres espirituais e, portanto, chamados
a viver na dimensão espiritual, sobrenatural.
Nossa vida e a vitória em todas as áreas que
dizem respeito a nós estão completamente
interligadas à nossa relação com o céu e com
Deus, pois é Ele, e mais ninguém, que tem au-
toridade soberana para nos abençoar. Lembre-
se: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm
8.31b). Nós amamos proclamar esse versículo
e ele de fato é poderoso, mas como ter cer-
teza de que Deus é por mim? A resposta para
essa pergunta é a resposta de ouro para toda
a nossa vida e eu quero ajudar você a trilhar o
caminho dessa revelação.
Entenda algo, o céu não responde a pecado-
res perdoados, o céu não responde a homens
42 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

“bons”, até porque não existem (Rm 3.10-12),


o céu não responde a grandes oradores, o céu
não responde a pessoas corretas, o céu não res-
ponde a pessoas caridosas, o céu não responde
a pessoas que ajudam o próximo. Pasme, o
céu não responde nem mesmo a quem ora e
jejua muito e também não responde a quem
está tentando fazer com que Deus tenha pena
dele ou, ainda, tentando merecer algo de Deus
através do esforço humano, das boas obras e
da santidade.
O céu só responde a uma pessoa, o Justo.
Somente quem é justo pode ter os céus aber-
tos e praticar uma vida sobrenatural, somente
justos podem entrar no céu e ter acesso ao Pai.
Logo a questão é: o que é ser justo segundo
Deus? Justificação é o ato de Deus aprovar as
pessoas de acordo com o padrão de justiça
dele. Embora pensemos que somos justos por
causa do nosso suposto bom comportamento,
nossa justiça não é nada quando colocada no
prumo da justiça de Deus, pois Ele mesmo é
o padrão. Sendo Deus o padrão, a sua exigên-
cia de justiça é absurdamente alta. Por isso
43 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

nenhum homem poderia se justificar diante


dele, o padrão é inatingivelmente alto. Os pa-
drões de Deus não são altos, são inatingíveis.

Mas todos nós somos como o imundo, e


todas as nossas justiças, como trapo da
imundícia; todos nós murchamos como a
folha, e as nossas iniquidades, como um
vento, nos arrebatam. (Is 64.6)

Diante de Deus, o melhor que eu possa


ser é comparado a um “trapo de imundícia”,
que significa um absorvente feminino usado.
Sendo assim, jamais poderíamos receber algo
do céu, pois não temos como cumprir as exi-
gências celestiais.

Sabemos que Deus não atende a pecado-


res; mas, pelo contrário, se alguém teme
a Deus e pratica a sua vontade, a este
atende. Desde que há mundo, jamais se
ouviu que alguém tenha aberto os olhos
a um cego de nascença. Se este homem
não fosse de Deus, nada poderia ter feito.
(Jo 9.31-33)
44 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Aquele cego sabia que Deus não atende a


pecadores e que, se alguém praticar a von-
tade de Deus, será ouvido. Mas quem pode
de fato praticar a vontade de Deus para me-
recer ser ouvido? O céu exige perfeição para
responder, e aqui está uma verdade podero-
sa, mas também um grande problema, não
temos como cumprir as perfeitas exigências
de Deus. O que fazer?
Deus, no entanto, quer responder e abenço-
ar a cada um de nós, seus filhos, mas encontra
esse problema, que é o seu padrão de exigên-
cia. A súplica que pode ser ouvida é apenas a
oração do justo, e não dos justos, no plural.
Aqui está a saída, Cristo.

Confessai, pois, os vossos pecados uns aos


outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a
súplica do justo. (Tg 5.16)

Veja que a Bíblia está claramente dizendo


que a eficácia da oração é a do justo, no sin-
gular, pois – como podemos ver em Atos 7.52
– só existe um justo, Cristo.
45 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Qual dos profetas vossos pais não persegui-


ram? Eles mataram os que anteriormente
anunciavam a vinda do Justo, do qual vós
agora vos tornastes traidores e assassinos
[...] (At 7.52)

A palavra justo, no original grego, é dikaios


e significa: “usado para aquele cujo modo de
pensar, sentir e agir é inteiramente conforme a
vontade de Deus, e quem, por essa razão, não
necessita de retificação no coração ou na vida”.
Qual é o homem que “não necessita de retifi-
cação no coração ou na vida?” Ninguém, a não
ser Cristo, pode se qualificar nessa posição.

[...] como está escrito: Não há justo, nem


um sequer, não há quem entenda, não há
quem busque a Deus; todos se extravia-
ram, à uma se fizeram inúteis; não há
quem faça o bem, não há nem um sequer.
(Rm 3.10-12)

Veja que não há um justo sequer, só existe


um que de fato é justo, ou seja, somente um
cumpriu o padrão exigido pelo céu, somente
46 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

um pode ter a resposta do céu, pois somente


para Ele o céu está aberto.

E aconteceu que, ao ser todo o povo bati-


zado, também o foi Jesus; e, estando ele a
orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu
sobre ele em forma corpórea como pomba; e
ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho
amado, em ti me comprazo. (Lc 3.21,22)

Mais uma vez, lendo a Palavra, vemos que o


céu somente se abre para o Justo quando Ele
ora. O Espírito Santo vem para o Justo e o Pai
fala ao Filho amado, que é justo. Na posição
do Justo (estamos em Cristo), o céu se abre,
o Espírito vem e o Pai fala nos chamando de
filhos amados. Esta é a condição, esta é uma
verdade poderosa, nos tornarmos justos nele.
Quando existe a justiça do céu satisfeita, al-
gumas coisas acontecem. Não pode mais haver
acusação, nem condenação, nem punição. Mas
não somente isso, uma vez que as exigências,
o padrão foi cumprido, o céu se obriga a se
abrir e liberar vida, paz, prosperidade e poder
sobrenatural.
47 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Fomos colocados em Cristo


Mas a notícia maravilhosa para você é que
o Pai criou uma maneira de nos colocarmos
nessa posição poderosa de fé, para uma vida
de vitória, e essa é uma verdade muito pode-
rosa, Ele nos colocou em Cristo.
Pensai nas coisas lá do alto, não nas que
são aqui da terra; porque morrestes, e a
vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é
a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em
glória. (Cl 3.2-4)

Aqui acontece o milagre, nós – que não


éramos justos – morremos, e agora a nossa
vida está oculta em Cristo. Não somos mais
nós que vivemos, ainda que existamos, na
verdade vivemos em Cristo. Isso significa que
quando nós oramos não somos de fato nós
que estamos orando, e sim Cristo está orando.
Quando nos apresentamos diante do mundo
espiritual, é Cristo que está se apresentando
e, naquele dia, quando comparecermos na
48 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

porta do céu, não seremos nós, mas nós em


Cristo seremos recebidos. Essa verdade deve
afetar profunda, poderosa e definitivamente
a sua vida.
Porque eu, mediante a própria lei, morri
para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou
eu quem vive, mas Cristo vive em mim;
e esse viver que, agora, tenho na carne,
vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim.
(Gl 2.19,20)

Preste atenção na sequência da revela-


ção: primeiro eu preciso estar crucificado,
e isso significa o despojamento da justiça
própria e do velho homem. A partir de en-
tão, não sou mais eu, e sim Cristo, que está
vivendo a minha vida, o que não significa
que eu não estou vivo, mas que estou vi-
vendo pela fé nele, na obra dele, na justiça
dele, e por isso posso viver uma vida cristã
vencedora. O problema é que depois que
somos salvos, começamos tentar responder
a Deus, cumprindo todas as exigências, mas
49 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

o fim é somente frustração. Deus então vai


nos levar ao fundo do poço, muitas vezes,
até desistirmos e clamarmos a Ele, para
que faça por nós o que não somos capazes
de fazer, ao reconhecermos que não temos
justiça suficiente em nós para ver a mão de
Deus agir a nosso favor.
Muitos dizem que justificação pode ser
definida em termos de “como se você nunca
tivesse pecado”. Essa definição, porém, é in-
completa. Se nunca tivéssemos pecado, apenas
não seríamos pecadores; no entanto, ainda não
seríamos justos. Ser justificado significa não
apenas que não houve pecado, mas também
que o padrão das exigências de Deus foi cum-
prido, que as 613 leis do Velho Testamento
foram respondidas. Ele tomou os nossos
pecados, colocou-os sobre Cristo e pegou a
justiça de Cristo e a colocou sobre nós, essa
foi a grande troca do Calvário e é uma grande
verdade poderosa. O céu não está cheio de
ladrões perdoados, está cheio de justos que
não têm passado aos olhos de Deus, como se
nunca pecaram.
50 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Crer é hoje a única condição


Aquele que não conheceu pecado, ele o fez
pecado por nós; para que, nele, fôssemos
feitos justiça de Deus. (2Co 5.21)

Deus tomou a lei e a substituiu pela fé. Crer


é a única lei que Deus exige do homem peca-
dor. Se o homem crê em Cristo, essa fé lhe é
imputada por justiça. É uma experiência espi-
ritual. Em Cristo Jesus, fomos feitos justiça de
Deus. Você não foi apenas perdoado, você foi
declarado justo. Ser justificado é muito mais
que ser perdoado. Ser perdoado significa que
o pecador pode ser liberado de ter que pagar a
penalidade que ele merece, mas ser justificado
significa que posso entrar na comunhão com
Deus pois sou justo, jamais cometi pecado e
cumpri todas as exigências do céu.
O perdão lida com o lado negativo da ques-
tão, é o cancelamento do débito; enquanto
a justificação é positiva, é receber um novo
status de justo diante de Deus. Um assassino
perdoado continua sendo um assassino, ainda
que um assassino perdoado. Mas se, de uma
forma miraculosa, ele pudesse nascer de novo,
51 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

não seria mais um assassino perdoado, por-


que não teria passado, mas ainda assim, não
seria justo. Porém, se ao nascer de novo, ele
cresce na obra de Cristo, então, além de não
ter passado, ele tem também a condição de
justo por causa de Cristo. Isto é justificação,
quando morremos e ressuscitamos com Cristo,
o que aconteceu com Ele aconteceu conosco,
deixamos o nosso pecado nele e renascemos
trazendo a sua justiça por termos crido nele.
Quando Cristo morreu, eu morri com Ele e,
quando Ele ressuscitou, eu renasci para uma
nova vida nele. Isso tudo se torna uma reali-
dade no momento em que nascemos de novo.
A nossa justiça é um dom de Deus, nós fomos
feitos tão justos como Jesus, não por meio
do nosso comportamento, mas pela fé nele e
em sua obra consumada na cruz. Essa é, com
certeza, uma verdade poderosa.
Se, pela ofensa de um e por meio de um
só, reinou a morte, muito mais os que re-
cebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um
só, a saber, Jesus Cristo. (Rm 5.17)
52 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Como uma mulher pobre que se casa com


um homem muito rico e se torna rica pelo
casamento, você se casou com Cristo e agora
toda a riqueza dele é sua, inclusive a justiça. Ou
seja, o que Ele fez você recebeu como tendo
feito; o que Ele é você é; o que Ele tem você
tem; o que aconteceu com Ele aconteceu com
você. Medite nisso.
A razão por que muitos crentes vivem uma
vida de derrota é porque acreditam na mentira
de que Deus está zangado com eles. Por causa
da obra consumada de Jesus, a ira de Deus não
pode mais estar sobre nós. Toda a ira de Deus
por causa do pecado caiu sobre o Senhor Jesus
na cruz. Se toda a ira já caiu sobre Jesus, então
Deus não pode estar irado conosco. Não esta-
mos mais debaixo da velha aliança, segundo
a qual Deus às vezes estava feliz com você e
às vezes estava zangado. Hoje, Ele tem total
prazer em você por causa de Cristo.
Sem depender do sangue de Jesus, querer
ser aprovado pode parecer zelo e santidade,
mas na verdade é a carne tentando se justifi-
car diante de Deus, e isso é lei, é morte. Toda
53 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

obra que realizamos é unicamente porque a


justiça de Cristo está sobre nós. Por isso ve-
mos pessoas que nem são tão boas assim, mas
que – apesar delas – Deus as usa e abençoa. O
problema de muito pastor “bonzinho” é que
ele se gloria na sua integridade, mas ele não
cresce, porque não confia na graça de Deus.
A pior soberba do universo é pensar que é
bom – “Deus resiste ao soberbo”. Precisamos
aprender que só Ele é bom e que nós não
somos. Quando reconhecemos isso, então
podemos ser usados e abençoados por Deus.
Tanto na salvação quanto na santificação, não
há lugar para a obra humana.

Assim como Abraão, somos


justificados pela fé

[...] e se cumpriu a Escritura, a qual diz:


Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça; e: Foi chamado
amigo de Deus. (Tg 2.23)
54 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Veja que tudo começa pela revelação de que


somos justos e, para tanto, vamos olhar para
Abraão como um exemplo: o Pai da Fé, o pai
dos que são justos em Cristo. Porque Abraão
creu em Deus, ele se tornou justo e amigo de
Deus. A partir de então, Abraão teve acesso ao
coração de Deus, isso é ser amigo de Deus. E
aconteceu porque Abraão creu e, como justo,
pôde se aproximar.
Preste atenção, Abraão é o Pai da Fé; logo,
ele é uma “chave” para a revelação dessa ver-
dade mais poderosa, pois ela acontece somente
pela fé. Abraão não foi justificado pela lei, mas
pela fé. A lei nos ocupa com nosso eu, mas
a graça nos ocupa com Cristo – não temos
que nos preocupar em guardar nenhuma lei,
porque Cristo já imprimiu em nosso coração
as suas leis.
Agora, com efeito, obteve Jesus ministério
tanto mais excelente, quanto é ele tam-
bém Mediador de superior aliança insti-
tuída com base em superiores promessas.
Porque, se aquela primeira aliança tivesse
sido sem defeito, de maneira alguma
55 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

estaria sendo buscado lugar para uma


segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz:
Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei
nova aliança com a casa de Israel e com
a casa de Judá, não segundo a aliança
que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os conduzir até fora
da terra do Egito; pois eles não continu-
aram na minha aliança, e eu não atentei
para eles, diz o Senhor. Porque esta é a
aliança que firmarei com a casa de Israel,
depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua
mente imprimirei as minhas leis, também
sobre o seu coração as inscreverei; e eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
E não ensinará jamais cada um ao seu
próximo, nem cada um ao seu irmão, di-
zendo: Conhece ao Senhor; porque todos
me conhecerão, desde o menor deles até
ao maior. Pois, para com as suas iniqui-
dades, usarei de misericórdia e dos seus
pecados jamais me lembrarei. Quando
ele diz Nova, torna antiquada a primei-
ra. Ora, aquilo que se torna antiquado e
envelhecido está prestes a desaparecer.
(Hb 8.6-13)
56 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Não temos que viver mais preocupados


com o pecado. Não somos justos hoje, peca-
mos amanhã e então temos que nos tornar
justos amanhã novamente, não! A Bíblia diz
que Jesus veio para trazer justiça eterna, que
não acaba nunca mais, não importa o que nos
aconteça, uma vez que nós estamos nele, Ele
é a própria justiça.

Setenta semanas estão determinadas so-


bre o teu povo e sobre a tua santa cidade,
para fazer cessar a transgressão, para dar
fim aos pecados, para expiar a iniquidade,
para trazer a justiça eterna, para selar a
visão e a profecia e para ungir o Santo dos
Santos. (Dn 9.24)

A obra do sangue de Cristo nos tira de um


lugar de pecado, onde a sua santidade não via
nenhuma justiça, e nos leva para um lugar de
justiça, onde Deus não vê nenhum pecado.
Voltemos para Abraão, o justo. Ele cometeu
pecados, por exemplo, mentiu duas vezes em
relação a Sara, sua mulher, dizendo que ela
não era sua esposa, mentiu covardemente,
57 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

por medo, mas isso não mudou o fato de


quem ele era nem mesmo de Deus o usar (Gn
20.2-8,14,16-18).
Veja: Abraão mentiu para Abimeleque, que
por isso quase foi morto por Deus, que trata
duramente com Abimeleque, mas nem se-
quer menciona coisa alguma sobre o pecado
de Abraão com ele. No verso 7, Deus diz que
Abraão é profeta. Essa é a primeira menção
da palavra profeta na Bíblia; o que determina,
em linhas gerais – segundo a lei da herme-
nêutica da primeira menção1 –, o significado
e a condição para “profeta”: os homens que
experimentavam o céu na terra. Está claro que
o único motivo que colocou Abraão na con-
dição de ser profeta, de ser alguém que era
ouvido e ouvia a Deus, foi porque era justo
apesar dos seus erros.

1
A lei da primeira menção é uma lei da hermenêutica para inter-
pretação da Bíblia, que nos ensina que, sempre que uma palavra
aparece pela primeira vez na Bíblia, ela define, em linhas gerais,
o significado dessa palavra.
58 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Nos versos 14 e 16, tanto Abraão quan-


to Sara recebem tesouros e prosperam.
Impressionante, apesar de mentir, Deus não
trata com ele e eles ainda saem da terra en-
riquecidos. Não é aqui uma autorização para
pecar, o pecado traz consequências nesta
vida, mas é uma questão de percebermos o
quanto a justiça da fé é superior ao pecado
e tudo o mais.
No verso 17, temos também a primeira
menção da palavra sarar (curar) – rapha –
quando Abraão ora e Deus sara Abimeleque,
sua mulher e suas servas. Mais uma vez o
Senhor está nos mostrando, pela lei da pri-
meira menção, que os milagres estão total-
mente condicionados à revelação de que
somos justos. O erro de Abraão não pôde
impedi-lo de ser justo, de vir a ser o Pai da
Fé nem mesmo de ser o modelo para o crente
vencedor. Não foi uma questão do que Abraão
fez de certo ou de errado, mas uma questão
da justiça de Deus sobre ele. É a justiça de
Cristo que nos coloca na condição do sobre-
natural e da aprovação divina.
59 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Muitos de nós ainda não temos recebido


mais de Deus porque ainda estamos tentando
merecer as bênçãos. Mas Deus está nos dizen-
do claramente que todas as coisas nos são da-
das pelo reconhecimento de que somos justos
pela fé, e não pelo que fazemos ou deixamos
de fazer. Tudo se torna tão simples diante
dessa verdade. Quantas vezes eu pensei que,
para um morto ressuscitar e realizar as obras
de Jesus e ainda obras maiores, eu precisaria
ser um supercrente, com 40 dias de jejum só
bebendo água, estritamente correto e orando
no mínimo 8 horas por dia... E então, talvez,
Deus me usaria. Definitivamente não tem nada
a ver comigo, tem a ver somente com Cristo;
não tem nada a ver com o que fazemos ou dei-
xamos de fazer, tem a ver com o que Ele fez.
Não tem a ver com o que somos ou deixamos
de ser, tem a ver com o que Ele é, tem a ver
com a fé nessa justiça.
O sangue de Jesus removeu todo obstáculo
para sermos abençoados e úteis nas mãos do
Senhor. Precisamos parar de aceitar as acusa-
ções do inimigo, que nos impedem de viver
60 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

uma vida de fé vitoriosa, e olhar somente


para a justiça de Cristo em nós. Não tente ar-
gumentar com os pensamentos do inimigo na
sua cabeça ou com alguém que também acuse
você, todas as suas respostas, inclusive para
si mesmo, devem ser apenas uma: “A minha
justiça é Cristo, é Ele quem me justifica”.
No passado, quando alguém não recebia a
cura após eu orar, eu dizia: “Deus não mudou,
Ele é o mesmo ontem e hoje, cura ontem e
cura hoje, não há nada de errado com Deus
nem com a sua Palavra, então o culpado de
não receber a cura é você”. Mas eu estava
errado, isso não era o espírito de Cristo, era
acusação sobre as pessoas. Hoje o que eu
digo é: “Não há nada de errado com Deus,
não há nada de errado com a sua Palavra e
não há nada de errado com você, tudo está
pago e certo, você é justo em Cristo, então
receba sua cura”. Muito mais pessoas agora
estão recebendo cura no momento em que
removemos a condenação e ministramos a fé
por meio da justiça de Cristo.
61 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

E a oração da fé salvará o enfermo, e o


Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados. (Tg 5.15)

Veja, a oração da fé cura porque os pecados


estão perdoados. É a condenação, e não o peca-
do, que nos impede de sermos usados e também
de recebermos a cura e as bênçãos de Deus.
Vamos voltar para Romanos 5.17. Nós pen-
samos que estas duas dádivas: a abundância
da graça e o dom da justiça para reinarmos em
vida, para nos movermos no sobrenatural, nos
são dadas apenas uma vez, quando nascemos
de novo; e depois − porque pecamos − per-
demos essas dádivas pelo caminho. Logo, per-
demos a fé para vencer. Mas aqui precisamos
de atenção, pois o termo bíblico no original
para recebem é lambano, está no particípio
presente ativo, e isso significa que devemos
“continuar recebendo, continuamente, dia a
dia” a provisão da graça e a dádiva da justiça.
Devemos receber especialmente quando erra-
mos, que é a hora em que mais precisamos, mas
é justamente nessa hora em que mais temos a
62 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

certeza de que perdemos e não podemos mais


receber. Por isso, quando você errar, declare,
apesar do seu erro: A minha justiça é Cristo. Nós
aprendemos que quando temos alguma doença,
devemos confessar a cura e não a doença; quan-
do estamos passando necessidade, devemos
confessar o suprimento e não a necessidade; mas
quando pecamos, não fazemos isso, ficamos fo-
cados no pecado em vez de focarmos no perdão e
no sangue de Cristo. É nesse momento de queda
quando, mais do que em qualquer outro, preci-
samos confessar que somos a justiça de Deus em
Cristo e continuarmos recebendo graça e justiça
que sustentam a fé para reinarmos em vida.
Na nossa vida tudo acontece de maneira
completamente louca para o mundo, sem ex-
plicação, sobrenatural, mas − como disse − o
problema é que quando erramos aceitamos a
culpa, nos esquecemos de que somos justos
e então perdemos a fé.
Porque, como, pela desobediência de um
só homem, muitos se tornaram pecadores,
assim também, por meio da obediência de
um só, muitos se tornarão justos. (Rm 5.19)
63 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Precisamos confessar que nossa justiça é irre-


versível porque não se baseia na nossa performan-
ce, mas unicamente na obra de Cristo. Pela deso-
bediência de um só homem, muitos se tornaram
pecadores, mas então, pela obediência de um só
homem, nós fomos feitos justos. Isso é poderoso!
Não é pela nossa obediência, é exclusivamente
pela obediência de Jesus que nos tornamos justos.
Somos justos hoje com base na obediência de um
homem na cruz, Cristo. A estratégia do inimigo
é que você se ocupe com a sua obediência, ou a
falta dela, e assim fique deprimido. Precisamos
levar cativo todo pensamento à obediência de
Cristo, e não à nossa (2Co 10.5).
Não estamos provando mais de Deus, das
bênçãos de Abraão, porque Satanás coloca nosso
foco na lei, dizendo que porque não guardamos
os mandamentos, não podemos receber. Mas
Abraão não se tornou herdeiro do mundo por
guardar a lei, e sim pela justiça que vem da fé.

Não foi por intermédio da lei que a Abraão


ou a sua descendência coube a promessa
de ser herdeiro do mundo, e sim mediante
64 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

a justiça da fé. Pois, se os da lei é que são


os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a
promessa [...] (Rm 4.13,14)

O que anula a fé não é o pecado, e sim a lei,


tornando a promessa inútil, sem efeito.
De Cristo vos desligastes, vós que procurais
justificar-vos na lei; da graça decaístes.
(Gl 5.4)

Quando você pecar, não caia da graça, caia


no colo da graça e grite: “Eu sou justo por-
que estou em Cristo, apesar dos meus erros”.
Receba a graça e seja liberto. Quando perde-
mos a fé por causa do erro, nos desligamos
de Cristo. Isso não é perder a salvação, mas
significa que Cristo não pode nos servir, fica
inútil para nós, nos tira da posição da bênção,
e Ele é tudo de que precisamos.
Na história de todo avivamento e também
na Bíblia, os pecadores sempre receberam de
Cristo porque a graça sempre é maior que o
pecado. Muitos pensam que o que parou os
avivamentos foram os pecados, mas estão
65 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

enganados. O que para um avivamento não


é o pecado, mas acontece quando o homem
reintroduz a lei, isso para o avivamento. Hoje
somos justos pela fé porque a dois mil anos
atrás uma figura solitária foi pendurada na
cruz. Ali Deus pegou os meus e os seus peca-
dos e os colocou sobre Cristo. Foi o Pai que
deu o Filho porque nos ama. E Cristo deu sua
vida porque ama ao Pai e a nós também.
Após três horas de trevas, Jesus clamou,
chamando o Pai de “Deus”, essa foi a única vez
que isso aconteceu na Bíblia: “Meu Deus, meu
Deus, por que me desamparaste?”. Ele falou
assim porque estava assumindo nosso lugar.
O Pai virou as costas para Jesus e Jesus gritou:
“Está consumado!”. Ele fez isso para ficar claro
que o preço fora pago, para que saibamos que
agora temos constantemente a presença do Pai
na nossa vida, a condição para reinarmos em
vida, mesmo quando fracassamos. Deus virou
as costas para seu Filho na cruz e olhou para
nós, rasgou o véu e disse: “Sejam bem-vindos”.
Aleluia! Em Cristo os céus estão abertos para
nós, o sobrenatural está ao nosso alcance, na
66 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

verdade está dentro de nós. Não é a sua obe-


diência, e sim a de Cristo, que faz você justo.
Quando crê nisso, a obediência na sua vida não
é mais uma raiz e sim um fruto, brotará natu-
ralmente, sem que você perceba. As trevas se
dissiparam e Jesus falou novamente com o Pai:
“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”.
Na velha aliança o juízo era maior que o
sacrifício. O fogo consumiu até as pedras do
sacrifício de Elias. Mas na cruz Jesus recebeu
todo o juízo e toda a ira de Deus contra nós.
Não há mais nenhuma ira ou juízo sobre nós
hoje, aconteça o que acontecer (Is 54.9).
Jesus sobreviveu após toda a ira de Deus vir
sobre Ele, para poder dizer: “Está consuma-
do”. A ira e o juízo não puderam consumir
o sacrifício dessa vez. O sacrifício foi maior
que o julgamento.
Não precisamos mais temer, ele foi to-
talmente suficiente para que não tenhamos
que pagar mais coisa alguma. Não temos que
cumprir condição alguma para vivermos a
vida vencedora, sobrenatural, que está dian-
te de nós. Temos apenas que crer e declarar
67 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

que somos justos e, dessa posição, reinar em


vida. Deus vê você justo mesmo depois de
você pecar, Ele não está mentindo. A dádiva
da justiça é irreversível.

Mantenha seus olhos na justiça


de Cristo
Frequentemente temos uma visão tão foca-
da em nós e nos outros, que nos esquecemos
de olhar para Cristo e ficamos paralisados
na nossa incapacidade, limitações e falhas.
Deixamos de receber as bênçãos do céu, não
conseguimos responder ao chamado divino e
vivemos uma vida frustrada por isso. Temos a
ilusão de que existe alguém inigualável, um
superman, alguém insubstituível.
Há trinta anos, desde 1990, eu ando com
o pastor Aluízio. Quando me converti, ele já
tinha dez anos de crente e “anos-luz” à mi-
nha frente em nível de ministério, revelação,
sabedoria, unção (continua até hoje rsrs).
Porém, por um arranjo divino, eu me tornei o
seu “vice” aqui em Goiânia. Por muito tempo
68 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

isso foi apavorante para mim, pasme. O diabo


sussurrava no meu ouvido, dizendo: “E se ele
morrer e você tiver que ser o pastor? Acabou!!!!
Em quatro meses essa igreja fecha, ninguém vai
querer ficar com você”. Por que isso? Porque,
na minha cabeça, toda essa obra tremenda
que Deus tem feito entre nós, era por causa
do pastor Aluízio. O que é uma mentira, como
ele mesmo sempre diz: “Não sou eu, não é um
homem, é Cristo”.
Deus pode usar qualquer um que Ele chame.
Ao chamar você, Ele o levanta, dá sabedoria,
encargo, a disciplina que você ainda não tem,
a revelação que você ainda não tem e tudo
o mais que for necessário para responder ao
chamado e ao propósito dele na sua vida. O
pastor Aluízio tem o que ele tem por causa
do propósito. E assim também é com cada
um de nós, portanto, não existe esse homem
super. Bem, ele existe – é Cristo. Depois que
eu entendi isso, fiquei em paz, consciente de
que por mim jamais poderia ser pastor desta
igreja ou de qualquer uma que fosse, jamais
poderia ter chegado até aqui. Tudo foi e é, na
69 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

minha vida, na vida do pr. Aluízio e na sua vida,


muita graça de Deus. Fiquemos em paz quanto
ao que Deus quer fazer em nós e através de
nós, pois “o seu jugo é suave, e o seu fardo é
leve” (Mt 11.30).
Percebe? Todo medo que sentimos é por
causa dessa “lente” natural com a qual enxer-
gamos as coisas, porque olhamos para nós e
a nossa justiça própria e não vivemos com a
consciência da justiça de Cristo. Humildade
não é se desqualificar; é simplesmente não se
colocar na equação, é esquecer-se de si mesmo
e entender que não importa quem eu sou, e sim
quem Cristo é. Claro que, mesmo tendo revela-
ção da justiça de Cristo e do quão poderosa é
essa verdade, ainda alternamos momentos em
que estamos conscientes da justiça de Cristo e
outros em que caímos na justiça própria, que
nos paralisa a fé e nos impede de vivermos em
vitória. Por isso precisamos ficar atentos para
sempre voltarmos à posição da justiça de Cristo.
É nessa perspectiva que devemos viver e, assim,
nos preparar para sermos surpreendidos!
TERCEIRA VERDADE MAIS PODEROSA

O favor de Deus

Antes de mais nada, ao falarmos da “terceira


verdade”, mais uma vez não estamos escreven-
do as verdades em grau de importância. Todas
as 3 verdades que estamos compartilhando
aqui são verdades absolutas da graça de Deus,
a ordem do compartilhamento é apenas para
ficar mais didático.
Eu estou plenamente convicto de que uma
das maiores “chaves-segredo” da vida cristã,
da vida profissional, sentimental e espiritual,
71 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

chama-se favor. Favor é Deus dando tudo para


quem não merece nada. O favor, portanto,
deveria ser um segredo guardado no mais pro-
fundo do seu coração, a sete chaves, e você
deveria buscá-lo com toda sua intensidade e
jamais abrir mão dele, em nenhum segundo
sequer. Ele é uma das “3 maiores verdades”.
Graça é favor imerecido. Quando Deus
coloca favor em sua vida, os inimigos não
podem vencê-lo. Os seus críticos não po-
dem reprová-lo. Os seus competidores
não podem superá-lo. As pessoas certas se
aproximam de você e querem fazer negó-
cios com você, mesmo que o seu produto
seja mais caro, elas percebem vantagens em
negociar com você.
Honestidade e integridade não produzem
favor, são na verdade o resultado do favor. Mas
honestidade e integridade trazem recompensa
pois as pessoas irão confiar em você. No en-
tanto nós queremos mais que isso, queremos
o favor multiplicado em nossa vida.
72 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

A Bíblia diz que cada um dos nossos dias foi


escrito e determinado quando nenhum deles
havia ainda, e mais, diz que Deus tem pensa-
mentos de paz a nosso respeito, que Ele pla-
nejou coisas boas para nós. No entanto, o que
lhe está reservado nunca poderá ser alcançado
pelo seu próprio braço.
Você só poderá chegar ao destino maravi-
lhoso que Deus tem para você por meio do
favor imerecido. Nessa caminhada, encontra-
rá muitos obstáculos e inimigos, mas a boa
notícia é que há algo da parte de Deus sobre
a sua vida que o coloca em uma grande van-
tagem, algo que abrirá portas que estavam
fechadas, conexões com pessoas que serão
“chaves” na sua vida, algo que o colocará em
destaque sem que você explique. Esse algo
é uma das “3 verdades mais poderosas”, o
favor de Deus.
Por causa do favor, você será o escolhido
para a vaga daquele emprego maravilhoso ou
talvez aquele irmão abençoado será atraído
para vocês se casarem. Você será aprovado
naquele concurso ou, ainda mais, verá o seu
73 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

negócio prosperar. O Senhor vai inclinar o co-


ração das pessoas certas para você e até mes-
mo das que eram contra você; se elas fizerem
parte do propósito, Deus vai mudar o coração
delas a seu favor. Tudo isso é favor.
Como diz a Palavra de Deus, você pode
acordar de madrugada, trabalhar duro, ser
diligente e dedicado, mas − se não tiver fa-
vor − tudo será em vão. No entanto, quando
Deus liberar o favor dele sobre a sua vida,
você realizará coisas com que jamais sonhou.
Um toque do favor vale mais do que uma vida
inteira de trabalho duro, para o desespero dos
escritores de autoajuda, coachs e companhias
limitadas. Um encontro inesperado, uma li-
gação de um antigo amigo, uma revelação de
um nicho escondido e você será colocado em
outro patamar.
Encha o seu coração de expectativas por-
que Deus irá surpreendê-lo no momento em
que você crer nessa “verdade mais podero-
sa”. Ninguém poderá explicar o que aconte-
ceu, como você subiu tão rápido, e você nem
74 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

poderá receber o mérito disso porque será o


favor na sua vida que o terá feito.
Uma das definições de favor é: “endossar,
trazer destaque, dar notoriedade”. É muito
bom ter um “padrinho” importante e influen-
te, mas prepare-se, o Criador do universo está
prestes a endossar você, assinar embaixo do
seu nome, dar-lhe notoriedade. Todos vão
olhar e se espantar, terão que reconhecer que
só pode ter sido Deus na sua vida.
Talvez esteja se perguntando do porquê
você estar passando por tantos problemas
mesmo crendo que há favor de Deus na sua
vida. Mas entenda algo, o favor não significa a
ausência de problemas, significa a vitória sobre
eles. O favor não pôde livrar Daniel da cova dos
leões, mas pôde fechar a boca deles; não pôde
impedir seus amigos de serem jogados na for-
nalha acesa, mas impediu de serem queimados
pelo fogo. Assim também não pode impedir
que as tempestades venham sobre você, mas
o fará andar sobre as águas.
75 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

O favor não pode impedir que os proble-


mas venham contra você, mas impedirá que
eles o derrotem. O favor de Deus é maior que
a depressão, a ansiedade, as cadeias de vícios
e pecados, a enfermidade, a pobreza e todo o
tipo de medo que você possa estar enfrentado.
Há favor suficiente para você vencer todos os
seus obstáculos, creia nisso.
Não se preocupe com os que o julgam pela
tribulação momentânea que você está passan-
do, a história não terminou e, quando o favor
se manifestar, terão que admitir que o Senhor
está do seu lado. Você terá resultados que não
poderia ter por si mesmo e vencerá inimigos e
obstáculos muito maiores do que você. O favor
de Deus na sua vida fará isso.
Talvez nem seus pais e seus amigos acredi-
tem em você, ou até mesmo você não acredite
mais em si, pode ser que esteja como José,
jogado no poço. Espere até que o favor venha
sobre a sua vida. O teste de José foi realmente
longo, treze anos se passaram entre o sonho
e a realização, mas quando já não havia mais
esperança, em apenas uma hora, ele foi levado
76 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

da prisão para o trono. Assim é o favor de


Deus, quando você menos espera e mesmo que
ninguém acredite em você, apenas creia nes-
sa verdade poderosa, que o favor na sua vida
mudará a sua sorte repentinamente, e todos
ficarão chocados com o que Deus fez por você.
Não se preocupe com relevância, o Pai sabe
como tornar sua vida significativa. Deixe que o
favor dele faça isso. Você não tem inimigos de
carne e sangue, perdoe os que o ofenderam,
abençoe quem o amaldiçoa, ore pelos que
o perseguem e não queira provar nada para
ninguém, apenas se humilhe diante do Senhor
e clame pelo favor imerecido, você terá sua
sorte mudada.
Permaneça no favor e não se desvie para
a direita nem para a esquerda, não olhe para
você, seus limites e defeitos. O Senhor não
abençoa quem pensa que merece, e sim aque-
les que sabem que não merecem, mas que são
amados e justos em Cristo. O favor é mais po-
deroso que todas as suas habilidades, todo o
seu currículo, ele o levará aonde você jamais
poderia ir. Você será surpreendido.
77 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

O favor, no entanto, não é simplesmente


para que você se case, compre uma casa e um
carro novo e ganhe mais dinheiro, tudo isso é
bênção e o favor lhe proporcionará todas as
coisas. Não há nada errado com isso, mas não
é por isso que Deus vai favorecer você. O favor
de Deus é para cumprir o propósito dele na
sua vida e promover o reino de Deus, nunca
se esqueça disto: tudo desta vida passa mas o
que importa no final é o quanto somos úteis
nas mãos do Senhor por causa da sua graça. É
isso que nos garantirá um tesouro no céu, que
nos acompanhará pela eternidade.
Estes são dias de Deus usar você de uma
maneira inexplicável, seja na sua família, na
escola, no trabalho ou na vida da igreja. Pare
de olhar para si, creia e clame pelo favor, o
Espírito Santo quer usar você sem que mereça
ser usado, para mudar o destino eterno daque-
les que estão perdidos ao seu lado; quer usar
você para edificar a igreja e pregar o evangelho
da graça por onde for. O favor fará você cum-
prir o propósito e o levará a ser um vencedor
naquele dia.
78 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Viva no estilo de vida do favor


Muitos não crescem e não têm sucesso na
vida porque não têm favor, e não têm favor
porque não viram o grande valor do favor, por
isso não o honram e até o desprezam, caindo
na justiça própria. Você não pode ter o que
você não honra. Você não poderá ter o favor
enquanto não aprender a honrá-lo, você nunca
terá o que despreza.
Para você entender, quero lembrá-lo de que
existem apenas dois estilos de vida, na lei ou
na graça, sob a velha ou sob a nova aliança. A
lei é o que você deve ser para Deus, a graça
é o que Cristo se tornou por nós; a lei é uma
exigência, a graça é um suprimento imereci-
do. Na lei você obedece para receber, você
tem que fazer para merecer, na graça você
recebe sem merecer. Graça é favor merecido
por Cristo, dado a nós.
O problema de viver na lei é que você nunca
sabe se obedeceu o suficiente para merecer e
por isso nunca tem fé para ser abençoado, en-
tão sempre está procurando alguém para orar
79 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

por você. Não sabe se fez o suficiente e está o


tempo todo tentando merecer ser abençoado.
Quando você acha que mereceu, se sente bem,
mas quando não fez por onde, e isso no seu
ponto de vista, perde a fé. Quem vive na graça
está em paz porque é aceito pelo que Cristo
já fez e o representa.
Quando estou na graça, sei que não há
maldição para mim porque não tem mais nada
a ver com o que eu faço, porém quem está
na lei, está na base do merecimento e por
isso não pode receber favor. Está na carne,
não pode receber nada de Deus. A origem
de todo pecado é a carne e a base dela é a
justiça própria e, por essa razão, tal pessoa
não pode ser abençoada.
Eu sei que acreditamos em que o segredo do
sucesso é porque a pessoa é boa no que faz, se
preparou, foi à luta e por isso mereceu chegar
aonde está, mas você está enganado quando
se trata de vida cristã. Nenhum sucesso que
temos é de fato resultado do que fazemos, o
segredo de todo o nosso sucesso, de uma vida
vitoriosa ou um ministério frutífero, ou ainda
80 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

o sucesso profissional, é a bênção de Deus, é


o fruto do favor dele sobre nós.
Quando você não tem favor de Deus, o que
poderia ser realizado em poucos dias pode
levar meses ou anos. As coisas simplesmente
não rompem, as portas não se abrem, você dá
dois passos para frente e cinco para trás. Você
estudou, se formou, acorda cedo, vai à luta, se
dedica, mas nada acontece, ou muito pouco.
Você ora, jejua, exercita fé, lidera, mas todo o
seu esforço parece infrutífero. Seus esforços
produzem pouco ou nenhum resultado. Onde
está o problema? Eu creio que o problema seja
a falta de favor, da bênção de Deus.
Estar debaixo do favor significa que Deus é
o seu garantidor e, portanto, em tudo o que
você empreender você verá as portas se abri-
rem e, de uma maneira inexplicável, tudo vai
começar a fluir facilmente. As pessoas dirão
que você tem sorte, que para você as coisas
dão certo sem muito esforço, etc. Nós mes-
mos como igreja temos experimentado uma
medida de favor, é verdade, nem trabalhamos
o tanto que deveríamos, e apesar da nossa
81 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

fé falha e nossa liderança deficiente, ainda


assim temos visto os frutos do Senhor entre
nós. Isso não tem outro nome senão graça de
Deus, favor imerecido.
Sempre nos perguntam qual o segredo do
sucesso da Videira: “Como, em tão pouco
tempo, vocês chegaram a mais de mil igrejas
na Vinha e em 34 países?” Nossa resposta
decepcionante é que não sabemos. Ismael
foi o fruto da carne de Abraão com sua con-
cubina, tentando ajudar Deus, qualquer um
pode explicar como ele nasceu, mas como
explicar o nascimento de Isaque, filho de
um homem e uma mulher centenários e to-
talmente já sem condições de gerar? A única
resposta é: favor imerecido. Essa tem sido a
nossa história.
Eu sei que alguém pode nos perguntar:
“Todo crente não está debaixo do favor?”
Deveria, mas infelizmente muitos não estão.
Há favor disponível para todos nós, é como
uma chuva que cai continuamente, mas o
problema é que muitas vezes saímos do lu-
gar onde está chovendo, da posição do favor.
82 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Quando saímos desse lugar, nadamos muito,


mas morremos na praia.
Se não estamos debaixo do favor, tudo
que intentarmos fazer será inútil por mais
que nos esforcemos e nos dediquemos. A
vida normal de um crente é ser abençoado
em tudo o que faz, portanto, se a realidade
dos nossos resultados não é condizente com
essa verdade, devemos falar com o Pai para
recebermos revelação do favor naquela área
travada da nossa vida.
O favor de Deus não diz respeito ao
que somos capazes de realizar. Muitas ve-
zes olhamos para um irmão limitado, sem
muitas habilidades, tímido, de uma família
muito simples, e achamos estranho o resul-
tado do seu trabalho ser tão grande e de
tanto sucesso. Enquanto o outro irmão, tão
eloquente e tão capaz, não rompe na vida.
Qual a diferença? Um tem favor e o outro
não. O fruto é totalmente desproporcional
à sua capacidade. Como explicar isso? A
frutificação depende do favor de Deus e
não de nossas habilidades.
83 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

Você, no entanto, não pode ter favor se tem


sentimento de condenação. O favor não pode
se manifestar por meio do esforço próprio
para se fazer o melhor. O favor não pode fluir
quando há vergonha ou constante consciência
de pecado. O favor não pode reinar se temos
uma constante expectativa do mal vindo sobre
nós por causa do nosso pecado.
Neste mundo caído, sempre compreende-
mos as coisas pelo princípio de causa e efeito,
então se fiz algo bom, mereço receber o bem;
se fiz o mal, é isso que receberei. Quando, po-
rém, cremos no favor, Deus mesmo é a causa,
portanto o efeito sempre será surpreendente
e extraordinário.
Acalentar o sentimento de condenação é
dizer que o sacrifício de Cristo não teve valor
ou é insuficiente para resolver a questão do
pecado. Quando agimos assim, estamos dei-
xando de desfrutar da graça e por isso saímos
de debaixo do favor.
Olhar para si mesmo e se condenar é justi-
ça própria mascarada. É nossa carne tentando
84 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

pagar a culpa sem o sacrifício de Cristo, ten-


tando mostrar o quanto está mal e entristecida
com o erro, para assim, quem sabe, merecer
algum mérito. Veja que a justiça própria tem
duas faces. Os que pensam que são bons fazem
tudo correto e por isso pensam que merecem
receber algo de Deus, estão cheios de si, de
justiça própria, e por essa causa não podem
receber favor. A outra face é dos que estão o
tempo todo se condenando pelos seus erros,
também estão olhando para si, seu eu está no
centro do mesmo jeito, isso também é justiça
própria que tira o favor. Você está mais cons-
ciente do seu pecado ou mais consciente da
justiça e do sangue de Jesus?
[...] aproximemo-nos, com sincero cora-
ção, em plena certeza de fé, tendo o co-
ração purificado de má consciência e la-
vado o corpo com água pura. Guardemos
firme a confissão da esperança, sem
vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.
(Hb 10.22,23)

A má consciência, mencionada em Hebreus 10,


é uma consciência que está sempre consciente
85 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

do pecado, e não do perdão. É a culpa e a conde-


nação que impedem as pessoas de receberem a
cura e toda sorte de bênção. Elas simplesmente
concluem que não merecem. Elas não duvidam
de que Deus pode fazer, elas duvidam de que Ele
queira fazer, porque pensam que tudo depende
do próprio merecimento. Por que a condenação
é tão perigosa? Por causa da culpa. Sempre que
nos sentimos culpados instintivamente conclu-
ímos que alguém precisa pagar pelo pecado e
geralmente concluímos que nós mesmos temos
de pagar e, assim, acabamos nos autossabotando
para pagar essa conta.
Nós sempre pensamos que não recebemos
mais de Deus porque temos pecado em nossa
vida; no entanto, olhando a Palavra, percebe-
mos que somente pecadores receberam mi-
lagres de Jesus. Fariseus nunca receberam. O
motivo disso é que somente os que não mere-
cem podem receber favor. O pecado nunca foi
impedimento para que as pessoas recebessem
milagres de Jesus.
A justiça própria nos tira completamente
da posição do favor porque ela nega a obra
86 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

de Cristo na cruz. A justiça própria é o homem


dizendo que é capaz, por si mesmo, de cumprir
as exigências de Deus para merecer o milagre,
independentemente de ter Cristo morrido na
cruz. De fato, em Cristo, todos os nossos pe-
cados foram perdoados, mas precisamos ad-
mitir humildemente que na nossa carne está
o pecado, não há nada que preste, por isso só
podemos receber algo de Deus sem merecer,
pelo seu favor. Sempre que pensamos que
somos parcialmente bons e que há algumas
partes boas em nós, somos desqualificados
para o favor.
Em Levítico 13, lemos sobre a lei da lepra:
“Se uma pessoa tivesse lepra na cabeça, era con-
siderada impura. Se tivesse na barba, era impura.
Se tivesse numa queimadura ou numa ferida, era
impura. Mas se a lepra estivesse no corpo inteiro,
era declarada limpa” (Lv 13.12,13).
Em outras palavras, quando reconhecemos
que não há nada de bom em nossa carne, so-
mos qualificados para o favor. Nunca pense que
a bênção é pelo seu merecimento. Nunca se
glorie dizendo que cumpriu as condições para
87 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

ser abençoado. Nunca pense que você merece


a bênção. Quando agimos assim, saímos do
favor. Mas devemos sempre declarar que tudo
é por causa da justiça de Cristo.
Se você quer saber qual é a constelação
da justiça própria que tira o favor, saiba que
quando uma destas coisas a seguir estiver
presente, a justiça própria estará lá, na sua
vida, tirando o favor de Deus sobre você, que
deve orar rejeitando e pedindo que o Senhor
o ajude a vencer, para que o favor volte. Essa
constelação é: orgulho, soberba, exigências
e cobranças, reclamação e murmuração,
ingratidão. Também a justiça própria está
presente na vida dos que não aceitam ser
exortados ou são rebeldes.
Pasme, mas o medo também é justiça pró-
pria, porque a pessoa pensa que Deus somente
ama os que são bons, assim ela precisa se tor-
nar boa para ser aceita por Ele. A condenação
sobre outros também está vestida de justiça
própria, porque os que condenam os outros es-
tão constantemente procurando o culpado em
todas as situações, que evidentemente nunca
88 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

são eles mesmos, por se julgarem melhores


que os que condenam (Rm 2.1).
Amargura e ressentimento, autopiedade,
autocondenação, inveja, ficar desapontado con-
sigo mesmo, “Porque afinal eu sou tão maravi-
lhoso, não é mesmo?” e, por fim, o legalismo e
o idealismo são todos partes da constelação da
justiça própria que tira o favor. Rejeite essas coi-
sas da sua vida e ore para que o Senhor o ajude a
vencer todas elas. Não desista de confessar que
você é justiça de Deus em Cristo. Faça as boas
obras porque você já é justo em Cristo e não
para se tornar justo ou confiado em sua justiça
própria. Relacione-se com Deus sem merecer
coisa alguma, não tente fazer trocas com Ele,
receba tudo sem merecer, simplesmente porque
você é um filho amado e justo em Cristo.
Estas são as “3 verdades mais poderosas”,
que eu procurei compartilhar nessas linhas:
você é amado incondicionalmente, a sua jus-
tiça é Cristo e você é abençoado porque há
favor imerecido para você, pelo fato de você
estar em Cristo. Não tente simplesmente com-
preender essas verdades tão poderosas com
89 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

a sua mente. Gaste tempo orando e pedindo


a Deus que abra os seus olhos, para que você
receba revelação de cada uma delas, seja pro-
fundamente afetado, sendo liberto, curado,
transformado e edificado, a fim de viver em
vitória todos os dias da sua vida, em todas as
áreas; a fim de que você seja um canal pode-
roso nas mãos do Senhor, cheio de significado
na vida, o nome dele seja glorificado em você
e, naquele dia, você possa reinar com Ele.
Nunca se esqueça dessas “3 verdades mais
poderosas” a seu respeito, faça um quadro, de-
clare a cada manhã e ao deitar: “Eu sou amado
incondicionalmente pelo meu Pai. Eu sou jus-
to em Cristo e por isso nenhuma condenação
ou acusação há para mim. Eu sou abençoado
em tudo que faço porque o favor imerecido
de Deus Pai está sobre mim”. Viva debaixo da
revelação dessas verdades mais poderosas e
reine em vida!
90 As 3 v e r da d e s m a i s p o d e ro s a s

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