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Assim como vocês, o nosso time aguardou muito por esse momento!
O TJSP 190 já é uma realidade. A partir de agora o nosso foco como curso será
dissecar todas as informações possíveis para produzir um conteúdo rico para o primeiro
desafio: a prova objetiva. Isso será feito com olhar global sobre provas anteriores
(especialmente o concurso 189 – que, neste momento, segue em andamento). Tal
preocupação será nítida em cada estudo que fizerem pelo Mege.
A nova comissão já recebeu identidade suficiente para nossa pesquisa sobre os
nomes que irão conduzir o concurso 190. A nossa equipe já conhece os atuais
examinadores de outros estudos por aqui realizados, o que muito agradou com suas
escolhas. O nosso foco, portanto, será estudar o passado, refletir sobre o presente e
tentar antecipar ao máximo o que nos aguarda logo nas questões de múltipla escolha.
Para quem passou pela turma de esquenta, enviamos uma análise inicial da
comissão definida para cuidar do concurso 190. Antes mesmo do encerramento da
turma de esquenta, recebemos os nomes dos examinadores Gilson Delgado Miranda,
Luís Paulo Aliende Ribeiro e Reinaldo Cintra Torres de Carvalho para ampliação de
nossa produção. Sobre eles, nossa turma de reta final (com início previsto para
01/11/2022) estará rica em produção.
Quem teve a oportunidade de dar início ao seu estudo no esquenta fez uma
ótima escolha! Agora é partir para outro nível e focar ainda mais na turma de reta final.
Agora é com vocês! O concurso começa aqui. Quem levar a sério o estudo a
sério, a partir de agora, certamente chegará forte no TJSP.
Bons estudos!
Aguardamos vocês com todo foco na turma de reta final.
2. JURISPRUDÊNCIA ..................................................................................................................... 49
3. QUESTÕES ............................................................................................................................... 56
1
Conforme edital do TJSP 189 (seguiremos assim até a apresentação do edital 190).
DIREITO CIVIL
(conteúdo atualizado em 25-10-2022)
APRESENTAÇÃO
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1. DOUTRINA (RESUMO)
1.1. DOS FATOS JURÍDICOS
1.1.1. CONCEITO DE FATO JURÍDICO
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1.1.2. PLANOS DO MUNDO JURÍDICO (ESCADA PONTEANA)
ATENÇÃO! A existência sempre estará presente, eis que o pressuposto para especulação
de um “fato jurídico” é a sua existência, sem o qual não pode ser válido/inválido,
eficaz/ineficaz.
b) Ato-fato jurídico ou Ato real: É o fato qualificado pela ação humana, embora
a vontade humana seja irrelevante para a produção dos efeitos. Isto é, “o ato humano é
da substância do fato jurídico, mas não importa para a norma se houve, ou não, vontade
de praticá-lo”, assinala Bernardes de Mello.
c) Ato jurídico lato sensu: É o acontecimento jurídico cujo suporte fático tenha
como cerne uma exteriorização consciente de vontade, dirigida à obtenção de resultado
juridicamente protegido, previsto na norma ou eleito pela própria parte. Dividem-se os
atos jurídicos em: ato jurídico stricto sensu e negócio jurídico.
No ato jurídico stricto sensu, os efeitos da manifestação de vontade estão
predeterminados pela lei. O art. 185 do atual Código Civil enuncia a aplicação das
mesmas regras do negócio jurídico, no que couber.
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1.2. DO NEGÓCIO JURÍDICO (ARTS. 104 a 137 DO CC)
Capaz e
Agente
legitimado
Prescrita ou não
Forma
defesa em lei
Negócio jurídico
Condição
Encargo
Lícito, possível,
Objeto determinado ou
determinável
Elementos ACIDENTAIS
Plano da Eficácia
Condição
Termo
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Encargo
ATENÇÃO! Nos termos do art. 131 do Código Civil em vigor, o termo inicial suspende o
exercício, mas não a aquisição do direito, o que diferencia o instituto em relação à
condição suspensiva.
Gera expectativa de
direito
Condições
impossibilidade
É o motivo determinante da
Invalida o negócio jurídico
liberalidade
1.2.4. REPRESENTAÇÃO
São vícios que maculam o negócio jurídico que geram a sua anulabilidade
(exceto a simulação, que gera nulidade). Eles impedem que a vontade seja declarada
livre e de boa-fé, prejudicando a validade do negócio jurídico.
Esses defeitos dos negócios jurídicos, se classificam em vícios de consentimento
— aqueles em que a vontade não é expressada de maneira absolutamente livre — e
vícios sociais — em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura
e de boa-fé que enuncia.
O Código Civil aponta seis hipóteses de “defeitos” do negócio jurídico, a saber:
a) Erro ou ignorância;
b) Dolo;
c) Coação;
d) Estado de perigo;
e) Lesão;
f) Fraude contra credores.
ATENÇÃO! A simulação também é apontada por parte da doutrina como um vício social,
mas a consequência legal para a hipótese é de nulidade do negócio jurídico e não de
anulabilidade, dado o reconhecimento de maior gravidade a esse ato, como será visto
adiante.
Por substancial tem-se o erro que foi essencial na formação do negócio jurídico,
vale dizer, falsa percepção sem a qual o negócio não se. O erro substancial se diferencia
do erro acidental, que é aquele que não alteraria a realização do negócio.
Por escusável tem-se o erro “que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias dos negócios.” Ao contrário, o erro
inescusável não autorizaria a anulação do negócio jurídico.
O erro substancial, nos termos do art. 139 do CC, apresenta-se de três formas
distintas: erro sobre o objeto (error in substantia), erro sobre a pessoa (error in persona)
e erro sobre a natureza do negócio (error in negotium).
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ATENÇÃO! Em relação ao erro sobre a pessoa é importante ter presente o teor do
art.1.557 do CC, tratando de defeito na formação de vontade no casamento.
ATENÇÃO! Erro seria a falsa percepção da realidade, ao passo que a ignorância poderia
se conceituar como a ausência de percepção da realidade. O Código Civil, porém, adotou
tratamento uniforme para as duas hipóteses.
É artifício malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro, com o
propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico. É dizer, o
dolo é o artifício ou ardil empregado pela parte contrária ou por terceiro para prejudicar
o declarante. É o erro provocado.
Em relação ao dolo importa distinguir as várias classificações legais e
doutrinárias sobre o tema, a saber:
mas só o terceiro
O beneficiado não sabia responderá por perdas e
do dolo danos
dolo?
Representado só
Dolo do representante responde até a
legal importância do proveito;
representante responde
Representante (Art. por perdas e danos
149)
Dolo do representante
convencional Representado responde
solidariamente por
perdas e danos
Nenhuma das partes
Dolo de ambas as pode alegar prejuízo
partes (Art. 150) para anular o negócio,
nem para receber
indenização
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ATENÇÃO! O dolo praticado por ambas as partes, regulado no art. 150 do CC, também
é chamado de recíproco, bilateral, compensado ou enantiomórfico. O regramento do
citado dispositivo consagra, uma vez mais, o princípio geral do direito de que a ninguém
é dado beneficiar-se da própria torpeza.
1.3.3. COAÇÃO
Poderá sofrer a
Uma das partes
anulação do negócio
Quem é o
coator?
Terceiro e beneficiado
responderão
O beneficiado sabia ou
solidariamente por
deveria saber do dolo
perdas e danos, sem
Terceiro
prejuízo da anulação
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O negócio jurídico
O beneficiado não sabia subsistirá, mas o coator
do dolo responderá por perdas e
danos (Art.155)
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado nas provas anteriores do TJSP, então é preciso ficar
atento(a)!
1.3.5. LESÃO
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado nas provas anteriores do TJSP, então é preciso ficar
atento(a)!
Segundo o artigo 164 do CC, estipula-se presunção relativa de boa-fé nos casos
de obrigações assumidas por devedor insolvente em negócios jurídicos indispensáveis à
manutenção do estabelecimento ou à subsistência da família, excepcionando à regra
geral. 30
1.3.6.1. Ação pauliana ou revocatória
Nos termos do art. 178, II, do CC, a ação pauliana está sujeita ao prazo
decadencial de 4 anos contados do dia em que se realizou o negócio jurídico.
Pagamento Antecipado de Dívidas - art. 162 do CC - O credor quirografário,
que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará
obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de
credores, aquilo que recebeu.
Efeitos da Anulação dos Negócios - art. 165 do CC - Anulados os negócios
fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se
tenha de efetuar o concurso de credores.
Enunciado 151: O ajuizamento da ação pauliana pelo credor com garantia real
(art. 158, § 1º) prescinde de prévio reconhecimento judicial da insuficiência da garantia.
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Fraude à Lei:
- Violação de uma norma cogente por interposta pessoa;
- O ato é nulo; e
- Deve-se propor ação declaratória de nulidade.
ATENÇÃO! Há, ainda, a ação revocatória na Lei de Falências, regulada pelos artigos 129
e ss., da Lei 11.101/05.
1.3.7. SIMULAÇÃO
A nulidade ou nulidade absoluta (art. 166 do CC) é vício mais grave, sendo
insuscetível de confirmação ou convalescimento (art. 169 do CC). Pode ser alegada por 34
qualquer interessado ou pelo Ministério Público (art. 168 do CC) e ainda ser reconhecida
de ofício pelo juiz (art. 168, parágrafo único, do CC).
A eficácia da decisão que reconhece a nulidade é ex tunc (retroativa), o que
afasta todos os efeitos do ato (como regra). O art. 166 estabelece as hipóteses.
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado em todas as provas anteriores do TJSP, então é
preciso ficar atento!
ATENÇÃO! Ainda sobre o prazo decadencial para anulação do negócio jurídico, há que 36
se ter presente o Enunciado 538 do CJF, segundo o qual: “No que diz respeito a terceiros
eventualmente prejudicados, o prazo decadencial de que trata o art. 179 do Código Civil
não se conta da celebração do negócio jurídico, mas da ciência que dele tiverem”.
NULIDADE ANULABILIDADE
Pode ser declarada de ofício pelo juiz; Não pode ser declarada de ofício pelo
juiz;
Não pode ser suprida, nem sanada; Pode ser suprida e sanada pelas partes;
Os atos jurídicos são os fatos jurídicos que resultam da ação humana e podem
ser lícitos ou ilícitos. Têm como elemento caracterizador a vontade humana.
O art. 185 do CC dispõe que aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios 37
jurídicos – portanto, atos jurídicos stricto sensu – aplicam-se, no que couber, as
disposições relativas aos negócios jurídicos.
Embora a vontade exteriorizada, livre e consciente, dirigida a um resultado
juridicamente lícito, possível e não proibido, seja elemento comum ao gênero “ato
jurídico”, no ato jurídico stricto sensu, uma vez manifestada a vontade, todos os efeitos
decorrem do que se encontra estabelecido em lei, ou seja, são efeitos necessários (ex
lege), não existindo nenhuma margem de discricionariedade para o interessado
disciplinar as consequências, normalmente qualificadas como invariáveis e não
excludentes pelo querer dos envolvidos. Ex. fixação de domicílio.
Nas disposições do CC, o ato ilícito (art. 186 e ss do CC) vem imediatamente
após o ato lícito (art. 185 do CC). Não obstante, por questões didáticas, o estudo do “Ato
Ilícito” será realizado quando tratarmos de “Responsabilidade Civil”.
do tempo
Efeitos Direitos a uma PRESCRIÇÃO
prestação
Direitos DECADÊNCIA
potestativos
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Em suma:
1.6.1. PRESCRIÇÃO
O Código de 2002 adota quanto a esse instituto a tese de Agnelo Amorim Filho,
que, como visto, em artigo impecável tecnicamente associou os prazos de prescrição às
ações condenatórias. De fato, os prazos especiais apresentados no art. 206 dizem
respeito a ações condenatórias, particularmente àquelas relativas à cobrança de valores
ou à reparação de danos, mantendo uma relação com os direitos subjetivos.
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado em provas anteriores do TJSP, então é preciso ficar
atento(a)!
Para as ações dessa natureza, em que não houver previsão de prazo específico,
aplica-se a regra geral de dez anos, conforme o art. 205 do Código Civil.
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado em provas anteriores do TJSP, então é preciso ficar
atento(a)!
Fique atento(a)!
O art. 190 do CC estatui que a exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
A prescrição atinge a exceção de direito material, também conhecida como exceção
substancial.
1.6.2. DECADÊNCIA
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Prazos estão previstos em lei e não podem Prazos previstos em lei ou por acordo de
ser alterados por acordo das partes; vontades;
A prescrição deve ser conhecida de ofício; A decadência legal deve ser conhecida
de ofício;
Prova dos Atos de Forma Livre - art. 212 do CC - Salvo o negócio a que se impõe
forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante: - confissão; - documento; -
testemunha; - presunção; - perícia. (Rol exemplificativo).
1.7.3. CONFISSÃO
1.7.4. DOCUMENTO
Documento é qualquer objeto em que se possa imprimir uma ideia por meio de
símbolos. Símbolos são letras, palavras, frases, números, imagens, sons etc.
Podem ser públicos ou particulares:
- Público - É aquele que emana da autoridade pública;
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- Particular - É aquele que emana da atividade privada, tais
como as cartas, os telegramas etc.
1.7.5. TESTEMUNHAS
1.7.6. PRESUNÇÃO
1.7.7. PERÍCIA
Tipos:
- Exames e Vistorias - Exame é a apreciação de alguma coisa por
meio de peritos para esclarecimento do juiz. Procede-se à
vistoria para apurar o estado de uma coisa.
- Arbitramento - É a avaliação que peritos fazem de alguma
coisa, para determinar-lhe o valor ou estimar em dinheiro a
obrigação a ela ligada.
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2. JURISPRUDÊNCIA
Enunciado 150: A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de
aproveitamento.
Enunciado 151: O ajuizamento da ação pauliana pelo credor com garantia real (art. 158,
§ 1º) prescinde de prévio reconhecimento judicial da insuficiência da garantia.
Enunciado 152: Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante.
Enunciado 153: Na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o
dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros.
Enunciado 154: O juiz deve suprir, de ofício, a alegação de prescrição em favor do
absolutamente incapaz.
Enunciado 155: O art. 194 do Código Civil de 2002, ao permitir a declaração ex officio da
prescrição de direitos patrimoniais em favor do absolutamente incapaz, derrogou o
disposto no § 5º do art. 219 do CPC.
Enunciado 156: Desde o termo inicial do desaparecimento, declarado em sentença, não
corre a prescrição contra o ausente.
Enunciado 157: O termo "confissão" deve abarcar o conceito lato de depoimento
pessoal, tendo em vista que este consiste em meio de prova de maior abrangência, 49
plenamente admissível no ordenamento jurídico brasileiro.
Enunciado 158: A amplitude da noção de "prova plena" (isto é, "completa") importa
presunção relativa acerca dos elementos indicados nos incisos do § 1º, devendo ser
conjugada com o disposto no parágrafo único do art. 219.
Enunciado 290: A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando verificada, na
formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes,
não se presumindo a premente necessidade ou a inexperiência do lesado.
Enunciado 291: Nas hipóteses de lesão previstas no art. 157 do Código Civil, pode o
lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio jurídico, deduzindo, desde logo,
pretensão com vista à revisão judicial do negócio por meio da redução do proveito do
lesionador ou do complemento do preço.
Enunciado 292: Para os efeitos do art. 158, § 2º, a anterioridade do crédito é
determinada pela causa que lhe dá origem, independentemente de seu reconhecimento
por decisão judicial.
Enunciado 293: Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico
dissimulado não decorre tão-somente do afastamento do negócio jurídico simulado,
mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais e formais de
validade daquele.
Enunciado 294: Sendo a simulação uma causa de nulidade do negócio jurídico, pode ser
alegada por uma das partes contra a outra.
Enunciado 295: A revogação do art. 194 do Código Civil pela Lei n. 11.280/2006, que
determina ao juiz o reconhecimento de ofício da prescrição, não retira do devedor a
possibilidade de renúncia admitida no art. 191 do texto codificado.
Enunciado 296: Não corre a prescrição entre os companheiros, na constância da união
estável.
Enunciado 297: O documento eletrônico tem valor probante, desde que seja apto a
conservar a integridade de seu conteúdo e idôneo a apontar sua autoria,
independentemente da tecnologia empregada.
Enunciado 298: Os arquivos eletrônicos incluem-se no conceito de "reproduções
eletrônicas de fatos ou de coisas" do art. 225 do Código Civil, aos quais deve ser aplicado
o regime jurídico da prova documental.
Enunciado 299: Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide do Código Civil
de 1916, e vindo a lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo, desde que
transcorrido mais de metade deste na data da entrada em vigor do novo Código. O novo
prazo será contado a partir de 11 de janeiro de 2003, desprezando-se o tempo
anteriormente decorrido, salvo quando o não-aproveitamento do prazo já vencido
implicar aumento do prazo prescricional previsto na lei revogada, hipótese em que deve
ser aproveitado o prazo já transcorrido durante o domínio da lei antiga, estabelecendo-
se uma continuidade temporal.
Enunciado 409: Os negócios jurídicos devem ser interpretados não só conforme a boa-
fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as práticas
habitualmente adotadas entre as partes. 50
Enunciado 410: A inexperiência a que se refere o art. 157 não deve necessariamente
significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos
em geral, podendo ocorrer também quando o lesado, ainda que estipule contratos
costumeiramente, não tenha conhecimento específico sobre o negócio em causa.
Enunciado 415: O art. 190 do Código Civil refere-se apenas às exceções impróprias
(dependentes/não autônomas). As exceções propriamente ditas
(independentes/autônomas) são imprescritíveis.
Enunciado 417: O art. 202, I, do CC deve ser interpretado sistematicamente com o art.
219, § 1º, do CPC, de modo a se entender que o efeito interruptivo da prescrição
produzido pelo despacho que ordena a citação é retroativo até a data da propositura da
demanda.
Enunciado 418: O prazo prescricional de três anos para a pretensão relativa a aluguéis
aplica-se aos contratos de locação de imóveis celebrados com a administração pública.
Enunciado 420: Não se aplica o art. 206, § 3º, V, do Código Civil às pretensões
indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho, após a vigência da Emenda
Constitucional n. 45, incidindo a regra do art. 7º, XXIX, da Constituição da República.
Enunciado 536: Resultando do negócio jurídico nulo consequências patrimoniais
capazes de ensejar pretensões, é possível, quanto a estas, a incidência da prescrição.
Enunciado 537: A previsão contida no art. 169 não impossibilita que, excepcionalmente,
negócios jurídicos nulos produzam efeitos a serem preservados quando justificados por
interesses merecedores de tutela.
Enunciado 538: No que diz respeito a terceiros eventualmente prejudicados, o prazo
decadencial de que trata o art. 179 do Código Civil não se conta da celebração do
negócio jurídico, mas da ciência que dele tiverem.
Enunciado 579: Nas pretensões decorrentes de doenças profissionais ou de caráter
progressivo, o cômputo da prescrição iniciar-se-á somente a partir da ciência inequívoca
da incapacidade do indivíduo, da origem e da natureza dos danos causados.
Enunciado 580: É de três anos, pelo art. 206, § 3º, V, do CC, o prazo prescricional para a
pretensão indenizatória da seguradora contra o causador de dano ao segurado, pois a
seguradora sub-roga-se em seus direitos.
Enunciado 581: Em complemento ao Enunciado 295, a decretação ex officio da
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prescrição ou da decadência deve ser precedida de oitiva das partes.
Enunciado 616: Os requisitos de validade previstos no Código Civil são aplicáveis aos
negócios jurídicos processuais, observadas as regras processuais pertinentes.
Enunciado 617: O abuso do direito impede a produção de efeitos do ato abusivo de
exercício, na extensão necessária a evitar sua manifesta contrariedade à boa-fé, aos
bons costumes, à função econômica ou social do direito exercido.
SÚMULAS - TJSP
Súmula 18: Exigida ou não a indicação da causa subjacente, prescreve em cinco anos o
crédito ostentado em cheque de força executiva extinta (Código Civil, art. 206, § 5º, I)
Súmula 503 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente
de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula.
SÚMULAS - STJ
STJ: Súmula 647 - São imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e
materiais decorrentes de atos de perseguição política com violação de direitos
fundamentais ocorridos durante o regime militar.
STJ: Súmula 642 - O direito à indenização por danos morais transmite-se com o
falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar
ou prosseguir a ação indenizatória.
STJ: Súmula 635 - Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei n. 8.112/1990
iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento
administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de
instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a
fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
STJ: Súmula 634 - Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei
de Improbidade Administrativa para o agente público.
STJ: Súmula 573 – Nas ações de indenização decorrente de seguro DPVAT, a ciência
inequívoca do caráter permanente da invalidez, para fins de contagem do prazo
prescricional, depende de laudo médico, exceto nos casos de invalidez permanente
notória ou naqueles em que o conhecimento anterior resulte comprovado na fase de
instrução.
STJ: Súmula 547 – Nas ações em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a 52
título de participação financeira do consumidor no custeio de construção de rede
elétrica, o prazo prescricional é de vinte anos na vigência do Código Civil de 1916. Na
vigência do Código Civil de 2002, o prazo é de cinco anos se houver previsão contratual
de ressarcimento e de três anos na ausência de cláusula nesse sentido, observada a
regra de transição disciplinada em seu art. 2.028.
STJ: Súmula 477 – A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas
para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários.
STJ: Súmula 278 – O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a
data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.
STJ: Súmula 229 – O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o
prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.
ATENÇÃO! O tema acima foi tratado em provas anteriores do TJSP, então é preciso ficar
atento!
STJ: Súmula 195 – Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.
STJ: Súmula 106 – Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da
arguição de prescrição ou decadência
STJ: Súmula 101 – A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora
prescreve em um ano.
STF: Súmula 154 – Simples vistoria não interrompe a prescrição.
STF: Súmula 150 – Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
JULGADOS DO STJ
O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso
do tempo. Ou seja, não decai, não caduca. (REsp n. 1.964.227/DF, relator Ministro
Ricardo Villas Bôas Cueva, relator para acórdão Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma,
julgado em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022.)
Pode ser válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade de exigir, "tão logo
fosse de seu interesse", a transferência da propriedade de imóvel. REsp 1.990.221-SC,
Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 03/05/2022.
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3. QUESTÕES
10. (VUNESP - 2013 - TJSP – Juiz) Em matéria de ineficácia lato sensu do negócio
jurídico, é correto afirmar-se:
a) O erro de direito, consistente em falsa suposição decorrente do desconhecimento do
direito aplicável, jamais configura erro substancial capaz de viciar o negócio jurídico.
b) Uma vez demonstrada a simulação do negócio jurídico, seja ela absoluta ou relativa,
será ele anulado na sua inteireza.
c) No que concerne ao elemento subjetivo da fraude pauliana, não se exige intenção de
prejudicar, tendo-se como presente quando houver motivo para que o contratante in
bonis conheça a insolvência de sua contraparte, ou esta seja notória.
d) O negócio jurídico celebrado mediante coação é absolutamente nulo, não sendo
suscetível de confirmação.
4. GABARITO COMENTADO
1. C.
(A) INCORRETA. Nos termos do Enunciado 294/CJF, sendo a simulação uma causa de
nulidade do negócio jurídico, pode ser alegada por uma das partes contra a outra.
(B) INCORRETA. Como reserva mental, entende-se a hipótese em que a vontade
declarada destoa da vontade real, tendo o agente o objetivo de enganar a contraparte
do negócio jurídico, ainda que não gere prejuízos ao enganado. Já na simulação, as
partes de um negócio jurídico, em comum acordo e com o intento de prejudicar
terceiros, celebram formalmente um negócio jurídico que não corresponde à sua real
intenção. O Código Civil de 2002 disciplinou o tema em seu art. 110, estabelecendo ser
irrelevante a reserva mental, salvo se a outra parte dela tinha conhecimento. Assim,
caso aquele que emite a declaração de vontade faça a reserva mental, vale a vontade
declarada, sendo inoponível a reserva ao suposto enganado. Por outro lado, se ambas
as partes conheciam a reserva, estar-se-ia diante de simulação ou vício semelhante.
(C) CORRETA. Conforme dispõe o Enunciado 293/CJF, na simulação relativa, o
aproveitamento do negócio jurídico dissimulado não decorre tão-somente do
afastamento do negócio, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos
substanciais e formais de validade daquele. Destacamos, ainda, teor do caput do art.
167 do CC: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se
dissimulou, se válido for na substância e na forma. (...)”.
(D) INCORRETA. CC/02, Art. 167, § 2º, do CC/2002: “Ressalvam-se os direitos de terceiros
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de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado”.
2. D.
(A) CORRETA. A ação reivindicatória é imprescritível, e, portanto, o proprietário de um
bem pode reivindicá-lo a qualquer tempo. A pretensão reivindicatória é imprescritível,
embora de natureza real. A Ação que lhe corresponde versa sobre o domínio, que é
perpétuo e somente se extingue nos casos expressos em lei (usucapião, desapropriação,
etc), não se extinguindo pelo não- uso.
(B) CORRETA. Segunda a jurisprudência do STJ, “tratando-se de direito potestativo,
sujeito a prazo decadencial, para cujo exercício a lei não previu prazo especial, prevalece
a regra gral da inesgotabilidade ou da perpetuidade, segundo a qual os direitos não se
extinguem pelo não uso. Assim, à míngua de previsão legal, o A questão foi parcialmente
abordada na rodada 04 do nosso Reta Final do TJSP-189 7 pedido de adjudicação
compulsória, quando preenchidos os requisitos da medida, poderá ser realizado a
qualquer tempo”. Resp. n. 1.216.568/MG
(C) CORRETA. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou-se no sentido
de que incide, em regra, o prazo prescricional decenal do art. 205 do Código Civil às
pretensões fundadas no inadimplemento contratual (responsabilidade contratual). A
prescrição trienal atinente à responsabilidade civil aquiliana ou extracontratual (art.
206, § 3º, V, do CC) não incide nas pretensões indenizatórias do credor prejudicado por
descumprimento negocial. (AgInt. nos EREsp. 1.533.276/MG, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 20/04/2021, DJe 26/04/2021).
D) INCORRETA. O art. 190 do CC estatui que a exceção prescreve no mesmo prazo em
que a pretensão. A prescrição atinge a exceção de direito material, também conhecida
como exceção substancial.
3. A
A coação é o vício que provoca a celebração de um negócio jurídico mediante a
manifestação de uma vontade intimidada, ou seja, a vítima, com receio de sofrer algum
dano que prejudique a si, seus familiares ou bens, realiza o negócio (arts. 151 a 155 do
Código Civil)
A coação deve ser o fator determinante para a realização do ato, isto é, a vítima não o
realizaria caso não fosse intimidada, pouco importando se o negócio em si é prejudicial
ou inviável para a vítima, exatamente como ocorrido no caso em tela.
O art. 171, II esclarece que o negócio viciado pela coação será anulável, no prazo
decadencial de 4 anos a contar da cessação da coação (art. 178, I).
4. A
Art. 206. Prescreve:
§ 1º Em um ano: 60
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o
prazo:
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
SÚMULA 229 STJ = O pedido do pagamento de indenização à seguradora suspende o
prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.
5. C
CC/02: Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-
la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.
A decadência convencional não é suprível por declaração judicial não provocada.
6. A
CC/02: Código Civil:
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
7. A
CC/02: Código Civil:
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção
Art. 168. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando
conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo
permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.
As nulidades absolutas são matéria de ordem pública e afetam a validade do negócio
jurídico. Devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou de
seus efeitos e as encontrar provadas.
8. B
O negócio simulado é inválido, pois é nulo. A nulidade está ligada à validade. O negócio
oculto, sendo válido na substância e na forma, produz plenos efeitos.
61
9. C
CC/02: Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo
menor.
10. C
A fraude contra credores ou fraude pauliana consiste na hipótese em que o devedor
insolvente ou próximo a essa situação realiza negócios gratuitos ou onerosos, causando
prejuízo aos seus credores.
Trata-se de atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência ou na iminência de
assim tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para
afastar a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas em
momento anterior à transmissão. É a prática maliciosa para se chegar à insolvência.
A doutrina aponta como requisitos para a fraude contra credores:
(a) critério objetivo, consistente no evento danoso [eventus damni], isto é, na hipótese
de efetivo prejuízo aos credores; e (b) critério subjetivo, consistente no conluio entre as
partes do negócio jurídico [consilium fraudis].
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
(conteúdo atualizado em 25-10-2022)
APRESENTAÇÃO
IDADE DEFINIÇÃO
De 12 anos completos a 18
Adolescente
anos incompletos
O nobre doutrinador Ingo Sarlet, ao realizar brilhante análise, define o que vem
a ser o princípio da dignidade da pessoa humana. Vejamos:
Exemplos - Um bebê não pode exercer o direito de ir e vir; uma criança não
pode e não deve trabalhar; e, ainda, uma criança não pode ser responsabilizada perante
a lei pela prática de um ato infracional da mesma forma que um adolescente ou um
adulto.
ENUNCIADO:
Entre os direitos fundamentais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente,
assinale quais se relacionam mais diretamente à importância do papel do núcleo familiar
72
na formação e criação dos filhos menores.
ATENÇÃO! Foi incluído pela Lei 13.798 de 2019 o art. 8-A para instituir a Semana
Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência:
Art. 8º-A do ECA - Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na
Adolescência, a ser realizada anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro,
com o objetivo de disseminar informações sobre medidas preventivas e educativas que
contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência.
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no caput deste artigo ficarão
a cargo do poder público, em conjunto com organizações da sociedade civil, e serão
dirigidas prioritariamente ao público adolescente.
REGRAS GERAIS
Exceção
Programa de Acolhimento
(pelo menor tempo possível)
O art. 19-A do ECA, incluído pela Lei 13.509/2017, vai tratar da gestante ou
mãe que manifeste interesse em entregar o filho para adoção.
Entretanto, em alguns casos, mesmo que um dos filhos não tenha sofrido
diretamente qualquer violação de seus direitos, este pode ter sofrido indiretamente
através da violação que incidiu sobre o outro. Dessa forma, pode-se determinar a
suspensão do poder familiar em virtude da violação indireta dos direitos da criança ou
adolescente.
Hipóteses de Suspensão do Poder Familiar:
OBSERVAÇÃO: O art. 249 do ECA prevê, como infração administrativa: (...). Até se
admite que, por meio de decisão judicial fundamentada, o magistrado deixe de aplicar
a sanção pecuniária do art. 249 e, em seu lugar, faça incidir outras medidas mais
adequadas e eficazes para a situação específica. No entanto, a hipossuficiência
financeira ou a vulnerabilidade familiar não é suficiente, por si só, para afastar a multa
prevista no art. 249 do ECA. STJ. 3ª Turma. REsp. 1.658.508-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 23/10/2018 (Info 636).
93
“Adoção à Brasileira” e Perda do Poder Familiar - Entendeu o STJ que para que
haja a decretação da perda do poder familiar da mãe biológica em razão da entrega da
filha para adoção irregular (“adoção à brasileira”), é indispensável a realização do
estudo social e avaliação psicológica das partes litigantes.
Para a Corte, a realização da perícia se mostra imprescindível para aferição da
presença de causa para a excepcional medida de destituição e para constatação de
existência de uma situação de risco para a infante, caracterizando cerceamento de
defesa o seu indeferimento. (Info 624 do STJ).
Família Extensa ou
Formada por parentes próximos
Ampliada
Família Recomposta
Formada por pessoas que se unem e já
(mosaico ou possuem filhos de outros relacionamentos
“ensambladas)
Por fim, destaca-se que o STJ entendeu que também é imprescritível o direito
do homem de discutir sua condição de pai por meio de ação negatória de paternidade.
Oitiva do Menor:
Preparação e Acompanhamento:
1.11. GUARDA
Efeitos da Guarda:
Objetivo da Guarda:
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material,
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
TJSP 189 (CAIU NA 1ª FASE!)
A banca considerou como correta a alternativa:
“O detentor da guarda tem o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais da criança
e do adolescente”.
É o exato teor do artigo 33 do ECA.
Condição de Dependente:
Na prova oral foi questionada sobre prazo para revogação da guarda (a qualquer
tempo). 103
Extinção da Guarda - Esta se extingue tão logo se torne desnecessária a
assistência do guardião. Assim, são hipóteses (exemplificativo):
i) Maioridade do pupilo;
ii) Emancipação do pupilo (emancipação judicial);
iii) Adoção do pupilo seja pelo guardião ou por terceiro; e
iv) Reconhecimento de paternidade do pupilo feita por terceiro.
Guarda Derivada - É aquela deferida por ocasião da concessão do pedido de tutela, nos
termos do art. 36, parágrafo único, do ECA.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos
incompletos.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou
suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda.
1.12. TUTELA
1.13. ADOÇÃO
ATENÇÃO! Conflitos de Interesses - art. 39, § 3º, do ECA - Em caso de conflito entre
direitos e interesses do adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos,
DEVEM PREVALECER OS DIREITOS E OS INTERESSES DO ADOTANDO. (Incluído pela Lei
nº 13.509, de 2017)
Modelos de Adoção:
Adoção do Maior - Segundo o Código Civil (arts. 1.618 e 1.619), a adoção do 106
maior de 18 anos deve passar pelo crivo do Judiciário. A principal distinção entre a
adoção de criança ou adolescente e a adoção de maior é que a última se processa
perante o juízo de família, sendo possível a aplicação do ECA no que couber.
107
Adoção pelo Cônjuge ou Concubino (Adoção Unilateral):
i) IDADE - art. 42 do ECA - O adotante deve ter idade mínima de 18 anos para
poder adotar. Entretanto, para a adoção, o adotante há de ser, pelo menos, 16 anos
mais velho do que o adotando (art. 42, § 3o, do ECA).
Por um bom período, a jurisprudência dos Tribunais Superiores, em especial do
STJ, tinha posicionamento no sentido de que não era possível a flexibilização do
requisito etário. Todavia, recentemente, a 3ª e a 4ª Turma do STJ passaram a entender
que o requisito etário pode ser relevado, concluindo que o limite mínimo de idade entre
as partes envolvidas no processo de adoção é uma referência a ser observada, mas não
impede interpretações à luz do princípio da socioafetividade, cabendo ao juiz analisar
as particularidades de cada processo.
ii) CONSENSO - art. 45 do ECA - Para haver adoção, é necessário o
consentimento dos pais do adotando, do representante legal do adotando ou do próprio
adotando (quando este puder dar).
Em se tratando do maior de 12 anos, conforme já visto, será necessário o seu
consentimento.
iii) ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA - É o período prévio de convivência informal,
antes da constituição do vínculo, a fim de se averiguar a possibilidade de sua adaptação
à nova família (art. 46 do ECA).
O estágio de convivência é obrigatório. Entretanto, a lei permite a dispensa 108
quando já houver tutela ou guarda legal (formal) prévia suficiente para a avaliação
necessária.
Ressalta-se que a simples guarda de fato (não concedida através do Judiciário)
não enseja, por si só, a dispensa do estágio de convivência.
Prazo do Estágio de Convivência:
- Para a Adoção Comum/Nacional (no Brasil) - Não existe prazo
mínimo determinado. Entretanto, conforme o art. 46 do ECA, o
PRAZO MÁXIMO SERÁ DE 90 DIAS, prorrogáveis por igual
período.
ATENÇÃO! Art. 46, § 3º, do ECA - Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou
domiciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e,
no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até igual período, uma única vez,
mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº
13.509, de 2017)
ATENÇÃO!
Laudo de Recomendação para Adoção - art. 46, § 3º-A, do ECA - Ao final do prazo
previsto no § 3º deste artigo, deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe
mencionada no § 4º deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da adoção à
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Local de Cumprimento do Estágio de Convivência - art. 46, § 5º, do ECA - O estágio de
109
convivência será cumprido no território nacional, preferencialmente na comarca de
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe,
respeitada, em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de residência da
criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Ônus da Prova dos Requisitos para Adoção por Não Cadastrado - § 14 - Nas
hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato deverá comprovar, no curso do
procedimento, que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme previsto
nesta Lei.
123
2. JURISPRUDÊNCIA
INFORMATIVOS DO STJ
INFORMATIVO 661 - Mãe biológica pode se opor à ação de guarda mesmo que já
tenha perdido o poder familiar.
RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO DE GUARDA PROPOSTA EM FACE DA MÃE
BIOLÓGICA POR CASAL INTERESSADO. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR
MOVIDA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E JULGADA PROCEDENTE NO CURSO DO
PROCESSO. POSTERIOR SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DA AÇÃO DE GUARDA. APELAÇÃO
DA GENITORA. LEGITIMIDADE RECURSAL RECONHECIDA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. A mãe biológica, mesmo já destituída do poder familiar, em outra ação, por sentença
transitada em julgado, tem ainda legitimidade para recorrer da sentença que julgou
procedente, contra si, o pedido de guarda formulado por casal que exercia a guarda
provisória da criança, confiada pelo Conselho Tutelar da Comarca de origem. 2. No caso
concreto, a ação de destituição do poder familiar ajuizada pelo Ministério Público contra
a genitora não fora cumulada com pedido de adoção por família substituta. Desse modo,
embora julgada procedente, a sentença de destituição não eliminou o laço de
parentesco da mãe biológica com a criança, mas apenas fez cessar, juridicamente, suas
prerrogativas parentais sobre a filha. 3. A qualidade de ré na ação de guarda, bem como
a subsistência do laço sanguíneo, conferem à mãe biológica legitimidade e interesse
bastante para, em prol da proteção e do melhor interesse da menor, discutir o destino
da criança, seus cuidados e criação, na busca de assegurar o direito da infante à
manutenção no seio da família extensa materna. 4. Recurso especial a que se dá
provimento para que, reconhecida a legitimidade recursal, retornem os autos ao
Tribunal de origem a fim de que prossiga no julgamento da apelação. (REsp.
1.845.146/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 19/11/2019,
DJe 29/11/2019)
5. (TJSP – 2017 – VUNESP) Assinale a opção que não constitui causa para possível perda
do poder familiar.
a) A entrega informal do recém-nascido a quem se comprometa a dele cuidar e educar.
b) A doutrinação da criança ou adolescente segundo a crença religiosa e os valores
morais dos genitores.
c) A condenação do pai ou da mãe por sentença penal transitada em julgado, por crime
doloso contra o próprio filho, sujeito a pena de reclusão.
d) Gravar com caução, reiteradas vezes, os imóveis de propriedade do filho menor, sem
prévia autorização judicial.
136
4. GABARITO COMENTADO
1. D
Alternativa A e D - art. 33 do ECA - A guarda obriga a prestação de assistência material,
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de
opor-se a terceiros, inclusive aos pais.
Alternativa B e C - art. 33, § 4º do ECA - Salvo expressa e fundamentada determinação
em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em
preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar
alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou
do Ministério Público.
2. D
Alternativa A - art. 39, § 2º do ECA - É vedada a adoção por procuração.
Alternativa B - art. 46, § 1º do ECA - O estágio de convivência poderá ser dispensado se
o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente
para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
Alternativa C - art. 48, parágrafo único do ECA - O acesso ao processo de adoção poderá
ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada
orientação e assistência jurídica e psicológica.
137
Alternativa D - art. 42, § 1º do ECA - Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
adotando.
* Questão passível de recurso, pois o STJ já autorizou, excepcionalmente, a adoção de
netos por avós:
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ADOÇÃO C/C
DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR MOVIDA PELOS ASCENDENTES QUE JÁ EXERCIAM A
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. SENTENÇA E ACÓRDÃO ESTADUAL PELA PROCEDÊNCIA
DO PEDIDO. MÃE BIOLÓGICA ADOTADA AOS OITO ANOS DE IDADE GRÁVIDA DO
ADOTANDO. ALEGAÇÃO DE NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO NO ACÓRDÃO RECORRIDO. SUPOSTA
VIOLAÇÃO DOS ARTS. 39, § 1º, 41, CAPUT, 42, §§ 1º E 43, TODOS DA LEI N.º 8.069/90,
BEM COMO DO ART. 267, VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INEXISTÊNCIA.
DISCUSSÃO CENTRADA NA VEDAÇÃO CONSTANTE DO ART. 42, § 1º, DO ECA. COMANDO
QUE NÃO MERECE APLICAÇÃO POR DESCUIDAR DA REALIDADE FÁTICA DOS AUTOS.
PREVALÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO INTEGRAL E DA GARANTIA DO MELHOR
INTERESSE DO MENOR. ART. 6º DO ECA. INCIDÊNCIA. INTERPRETAÇÃO DA NORMA FEITA
PELO JUIZ NO CASO CONCRETO. POSSIBILIDADE. ADOÇÃO MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO. 1. Ausentes os vícios do art. 535, do CPC, rejeitam-se os embargos de
declaração. 2. As estruturas familiares estão em constante mutação e para se lidar com
elas não bastam somente as leis. É necessário buscar subsídios em diversas áreas,
levando-se em conta aspectos individuais de cada situação e os direitos de 3ª Geração.
3. Pais que adotaram uma criança de oito anos de idade, já grávida, em razão de abuso
sexual sofrido e, por sua tenríssima idade de mãe, passaram a exercer a paternidade
socioafetiva de fato do filho dela, nascido quando contava apenas 9 anos de idade. 4. A
vedação da adoção de descendente por ascendente, prevista no art. 42, § 1º, do ECA,
visou evitar que o instituto fosse indevidamente utilizado com intuitos meramente
patrimoniais ou assistenciais, bem como buscou proteger o adotando em relação a
eventual "confusão mental e patrimonial" decorrente da "transformação" dos avós em
pais. 5. Realidade diversa do quadro dos autos, porque os avós sempre exerceram e
ainda exercem a função de pais do menor, caracterizando típica filiação socioafetiva. 6.
Observância do art. 6º do ECA: na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais
e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento. 7. Recurso especial não provido. (REsp 1448969/SC, Rel. Ministro
MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/10/2014, DJe 03/11/2014)
3. A
Princípio da Responsabilidade Parental - Responsabilidade parental é o conjunto de
poderes e deveres destinados a assegurar o bem-estar material e moral dos filhos,
especificamente do genitor a tomar conta dos seus, mantendo relações pessoais,
assegurando a sua educação, o seu sustento, a sua representação legal e a
administração dos seus bens.
Princípio da Prevalência da Família - Prevalência da família: quando a criança é
abandonada/sem assistência, cabe ao Estado dar uma solução, assegurar os direitos, 138
como disposto na CF e no ECA. O Estado deve primeiro inserir a criança em sua família
natural e, se não conseguir, deverá amparar e estruturar essa família, dar o que for
necessário.
4. D
Art. 27 do ECA - O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça.
Súmula 149 do STF - É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o
é a de petição de herança.
5. B
Art. 1.637 do CC - Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a
eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente,
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do
menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos
de prisão.
Art. 1.638 do CC - Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção
Art. 22, parágrafo único do ECA - A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais
e deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na educação da criança,
devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas,
assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.
139
DIREITO DO CONSUMIDOR
(conteúdo atualizado em 25-10-2022)
APRESENTAÇÃO
Consumidor é:
- pessoa física ou pessoa jurídica;
- que adquire ou utiliza produto e/ou serviço;
- como destinatário final.
“- A teoria do diálogo das fontes fala em três diálogos, quais seriam eles?
O que é diálogo de subsidiariedade? O que é diálogo de coordenação?”.
Comentários:
A professora Cláudia Lima Marques merece um notável destaque sobre esse tema.
A teoria do Diálogo das Fontes foi desenvolvida em 1995, por Erik Jayme, professor da
Universidade de Heidelberg na Alemanha, com o objetivo de estabelecer a necessidade
de um diálogo entre fontes heterogêneas para a solução dos conflitos de leis, em que
todas as fontes não mais se excluem mutuamente, pelo contrário devem dialogar
buscando a melhor solução no caso concreto, com base na interação das diferentes
fontes analisadas. Tendo em vista a importância da aplicação da teoria quando se busca
a proteção dos direitos humanos em diferentes contextos, a teoria foi largamente
reconhecida.
No Brasil, Claudia Lima Marques foi a propulsora no desenvolvimento da teoria do
diálogo das fontes, possuindo vários estudos sobre o tema.
A Teoria do Diálogo das Fontes ganhou destaque no Brasil com relação à sua aplicação
no Direito do Consumidor. Dentro desse contexto, o presente estudo tem como objetivo
analisar a proteção ao consumidor à luz da Teoria do Diálogo das Fontes.
De acordo com Claudia Lima Marques, existem três possíveis tipos de diálogos das
fontes, quais sejam: diálogo sistemático de coerência, diálogo de complementariedade
e subsidiariedade, e diálogo de influências recíprocas sistemáticas. O Diálogo
sistemático de coerência é identificado pela aplicação conjunta e simultânea de duas
leis, uma lei deve servir de base conceitual para a outra, evitando a sobreposição,
preservando o âmbito de aplicação de ambas às leis, utilizando-se o fundamento
teleológico das normas.
Tal diálogo pode ser aplicado no conceito dos contratos de espécie que pode ser retirado
do Código Civil, mesmo sendo em uma relação de consumo, como no caso de compra e
venda, estabelecido no art. 481 do Código Civil. O que representa, assim, um diálogo
possível e necessário entre o Código de Defesa do Consumidor e o Código Civil.
O Diálogo de complementariedade e subsidiariedade é a possibilidade de uma lei incidir
de maneira complementar (forma direta) ou subsidiária (forma indireta) a aplicação de
outra, no sentido contrário da revogação ou ab-rogação clássicas, em que uma lei era
superada e “retirada” do sistema pela outra. O exemplo típico citado pela doutrina se
refere aos contratos de consumo que também são de adesão. Com relação as cláusulas
abusivas, é possível invocar a proteção ao consumidor constante do art. 51 do CDC e,
ainda, a proteção dos aderentes constante do art. 424 do CC.
O Diálogo de Influências Reciprocas Sistemáticas ocorre quando os conceitos estruturais 148
de uma determinada lei sofrem influências de outras, sendo, portanto, a influência no
sistema especial no geral e do geral no especial, como ocorre com o conceito de
consumidor que pode sofrer influências do próprio Código Civil. (TARTUCE; NEVES, 2019,
p.17) Com base nessa possibilidade de diálogo entre o Código de Defesa do Consumidor
e o Código Civil, a jurisprudência possui inúmeros julgados com fundamento na Teoria
do Diálogo das Fontes, buscando dialogar as normas do CDC e o Código Civil com intuito
de extrair o que melhor se aplica no caso concreto, permitindo uma interpretação de
forma holística, com base na coexistência de leis.
Assim surge a possibilidade de integração conjunta de normas dos dois códigos, a fim
de sanar um conflito existente de forma mais precisa e sem prejuízos às partes. Nesse
sentido, as normas e negócios jurídicos, com base nesse diálogo, são interpretadas e
aplicadas no sentido de favorecer a parte mais vulnerável, no caso o consumidor,
havendo assim uma aproximação e complemento entre tais regramentos. Com isso,
percebe-se que o Direito deve ser interpretado como um todo de forma coerente à luz
da teoria do diálogo das fontes. E assim, no Brasil, esse método vem sendo muito bem
aplicado, em diversos contextos em que o Código de Defesa do Consumidor tem sido
interpretado em diálogo com o Código Civil de 2002, com o objetivo de estabelecer
aquela norma que mais beneficie a parte vulnerável na relação de consumo, no caso, o
consumidor.
A teoria do diálogo das fontes é a união entre diferentes fontes e um bom exemplo de
sua incidência no ordenamento jurídico brasileiro, como ficou demonstrado, é o diálogo
entre Código de Defesa do Consumidor (CDC) e o Código Civil (CC), na busca por
estabelecer a norma que melhor se aplica
1.2.1. DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS (art. 6o, V)
STJ: “para a teoria da base objetiva basta STJ: exige, também, fato novo e
que o fato novo superveniente seja extraordinário.
extraordinário e afete diretamente a
base objetiva do contrato”.
(AgInt no REsp 1.514.093/CE, T4, julgado
em 25/10/2016).
OBS: O STJ já entendeu que, para fins de
contrato de financiamento habitacional, 150
a perda de emprego não é fato novo
extraordinário a ensejar a quebra
objetiva do contrato.
ATENÇÃO! Esse direito básico foi cobrado na prova objetiva do TJSP 189.
a) Verossimilhança da alegação
É verossímil a alegação que tem aparência de verdade, que é plausível,
provável, que não repugna à verdade. É um conceito jurídico indeterminado,
competindo ao juiz definir seu conteúdo na análise do caso concreto, segundo as regras
ordinárias de experiência.
b) Hipossuficiência
É a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para produzir a prova
necessária à satisfação da sua pretensão em juízo (não sendo sinônimo de pobreza).
Um dos requisitos alternativos para que a inversão do ônus da prova ocorra, a
critério do magistrado, é quando for o consumidor hipossuficiente.
O primeiro ponto a se destacar é que o inciso VIII do art. 6o do CDC, ao prever
a inversão do ônus da prova como direito básico do consumidor, traz o vocábulo
“hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. 152
Ocorre que a hipossuficiência é um vocábulo de múltiplos significados, e,
embora não signifique necessariamente pobreza, existem tipos diversos de
hipossuficiência, inclusive a financeira, segundo entendimento comum da doutrina e
da jurisprudência.
Em outras palavras: é a incapacidade técnica ou econômica do consumidor para
produzir a prova necessária à satisfação da sua pretensão em juízo.
É a dificuldade do consumidor para produzir, no processo, a prova do fato
favorável a seu interesse, ante a ausência de conhecimento técnico específico sobre o
produto ou serviço adquirido ou à vista da falta de recursos financeiros para arcar com
os custos da produção dessa prova.
Há, basicamente, duas grandes posições sobre o momento para a inversão do
ônus da prova.
ATENÇÃO! CONCLUSÃO: A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII, do
CDC, não ocorre ope legis, mas ope judicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e
fundamentada, aprecia os aspectos de verossimilhança das alegações do consumidor ou
de sua hipossuficiência.
1.2.6. DIREITO À INFORMAÇÃO ACERCA DOS PREÇOS DOS PRODUTOS POR UNIDADE
DE MEDIDA, TAL COMO POR QUILO, POR LITRO, POR METRO OU POR OUTRA
UNIDADE, CONFORME O CASO (art. 6o, XIII – novidade oriunda da Lei n. 14.181/2021)
Qualidade-adequação. Qualidade-segurança.
São pistas de que se está diante de prazo São pistas de que se está diante de prazo
decadencial as expressões: caduca, prescricional as expressões: prescreve,
caducar, reclamar. pretensão, reparação.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios Art. 27. Prescreve em cinco anos a
aparentes ou de fácil constatação caduca pretensão à reparação pelos danos
em: causados por fato do produto ou do
(não se coloca os incisos, por ora, pois nos serviço prevista na Seção II deste
interessa analisar o teor do caput). Capítulo, iniciando-se a contagem do
prazo a partir do conhecimento do dano
e de sua autoria.
157
ATENÇÃO! A jurisprudência do STJ entende que houve inversão legal (ope legis) do ônus
da prova em relação ao defeito do produto.
A questão já foi decidida em sede de controvérsia de recursos repetitivos:
A inversão do ônus da prova pode decorrer da lei ('ope legis'), como na
responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14 do CDC), ou por
determinação judicial ('ope judicis'), como no caso dos autos, versando acerca da
responsabilidade por vício no produto (art. 18 do CDC). Inteligência das regras dos arts.
12, § 3º, II, e 14, § 3º, I, e 6º, VIII, do CDC.
(REsp 802.832/MG, S2, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 21/09/2011).
Em informativo recentíssimo do STJ, a tese foi reforçada, como se vê do REsp
1.955.890, oriundo da Terceira Turma e veiculado no Informativo 714:
(...) basta ao consumidor demonstrar a relação de causa e efeito entre o produto e o
dano, que induz à presunção de existência do defeito, cabendo ao fornecedor, na 160
tentativa de se eximir de sua responsabilidade, comprovar, por prova cabal, a sua
inexistência ou a configuração de outra excludente de responsabilidade consagrada
no § 3º do art. 12 do CDC.
(REsp 1955890/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
05/10/2021, DJe 08/10/2021).
Comentários:
ATENÇÃO! É preciso atentar para os balizadores dessa decisão, pois não é qualquer
transporte nem qualquer dano por ela abrangido.
- transporte aéreo internacional (NÃO se aplica ao transporte aéreo doméstico);
- danos materiais (os danos morais NÃO se sujeitam à indenização tarifada – vide info
673 do STJ adiante).
Como sabemos, a posição do STJ era distinta (entendia que se deveria afastar a
indenização tarifada e dar prevalência à restituição integral, ou seja, o CDC deveria
prevalecer sobre as Convenções). Com o julgado do STF acima, em sede de repercussão
geral, todavia, o STJ vem alinhando-se à Suprema Corte.
INFO 626:
Em adequação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível a limitação,
por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à indenização por danos
materiais decorrentes de extravio de bagagem (REsp 673.048-RS, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 08/05/2018, DJe 18/05/2018).
Novidade STJ – INFO 673:
As indenizações por danos morais decorrentes de extravio de bagagem e de atraso de
voo internacional não estão submetidas à tarifação prevista na Convenção de Montreal,
devendo-se observar a efetiva reparação do consumidor prevista no CDC (art. 6º, VI).
(REsp 1.842.066/RS, Terceira Turma).
E) Informativo 711 STJ 2021 (REsp 1.733.136/RO): É cabível dano moral pelo
defeito na prestação de serviço de transporte aéreo com a entrega de passageiro
menor desacompanhado, após horas de atraso, em cidade diversa da previamente
contratada.
171
I) Informativo 648 STJ 2019 – Segunda Seção (EREsp 1.431.606/SP): O roubo à
mão armada em estacionamento gratuito, externo e de livre acesso configura fortuito
externo, afastando a responsabilização do estabelecimento comercial.
Registre-se, inicialmente, que o Recurso Especial 1.431.606/SP foi julgado – no
mesmo sentido, diga-se de passagem – anteriormente, divulgado no Informativo 613
STJ.
Peculiaridade: No entanto, nos casos em que o estacionamento
representa mera comodidade, sendo área aberta, gratuita e de
livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode
ser responsabilizado por roubo à mão armada, fato de terceiro
que exclui a responsabilidade, por se tratar de fortuito externo.
ATENÇÃO! Súmula 130 STJ: A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de
dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento.
A regra, estabelecida pelo enunciado acima, é de que os estabelecimentos comerciais
apenas respondem perante seus clientes pelos casos de DANO e FURTO ocorridos em
seu estacionamento.
Tradicionalmente, para os casos em que há emprego de violência ou grave ameaça
(ROUBO), o STJ afasta a responsabilidade do fornecedor, por entender configurado
fortuito externo. Essa é a regra que, contudo, comporta exceções.
Regra:
- DANO ou FURTO → responsabilidade objetiva do fornecedor (fortuito interno);
- ROUBO → não há responsabilidade objetiva do fornecedor (fortuito externo).
EXCEÇÕES:
- roubos em agências bancárias (e estacionamentos da instituição financeira ou por ela
oferecidos a seus clientes);
- shoppings centers e seus estacionamentos;
- hipermercados e seus estacionamentos;
- estacionamentos privados.
Força maior e caso fortuito externos Força maior e caso fortuito internos.
(causa jurisprudencial, com controvérsia
na doutrina).
Toda e qualquer pretensão a ser deduzida em Juízo atrai, via de regra, um prazo
de prescrição (exceto aquelas situações especiais de imprescritibilidade). Assim, na
seara do Direito do Consumidor, as situações de responsabilidade de consumo (seja por
fato seja por vício), de cláusulas contratuais abusivas, de prátivas abusivas etc. podem
ensejar uma demanda judicial.
O CDC traz regra específica, todavia, somente a respeito da prescrição dos fatos
174
do produto e do serviço em seu art. 27.
Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação (ação de reparação) pelos
danos causados por fato do produto ou serviço, iniciando-se a contagem do prazo a
partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Início da contagem do prazo prescricional – a parte final do art. 27 preceitua
que se inicia a contagem do prazo “a partir do conhecimento do dano e de sua autoria”.
Observe-se que a lei vale-se de uma conjunção de adição (“e”), e não de
alternância. Assim, o conhecimento do fato e do seu autor são pressupostos
cumulativos.
Prazo para solução do vício de qualidade - segundo o art. 18, § 1°, do CDC, o
fornecedor tem o prazo de 30 dias para sanar o vício de qualidade.
Este prazo tem natureza decadencial, caducando o direito ao final do
transcurso do tempo.
Dessa forma, segundo a doutrina, este prazo deve ser respeitado pelo
consumidor, sob pena de este perder o direito de fazer uso das medidas previstas nos
incisos do comando legal.
ATENÇÃO! Se o vício não for sanado no prazo legal (§ 1°) ou convencional (§ 2°), as
opções alternativas acima ficarão sob a escolha do consumidor!
1.3.6.1.1. Dos entendimentos sobre prazo de validade e vida útil do produto (STJ)
A reexecução dos serviços pode ser confiada a terceiros por conta e risco do
fornecedor (art. 20, par. 1o).
ATENÇÃO! Aqui, o CDC não estipula prazo para o fornecedor sanar o serviço (ou seja,
prestado o serviço com vício, o consumidor pode fazer uso imediato das opções acima).
É uma diferença em relação ao regramento do vício do produto.
As opções alternativas acima ficarão sob a escolha do consumidor!
O CDC não traz dispositivo expresso para tratar dos vícios de quantidade do
serviço, mas apreende-se tal espécie da parte final do caput do art. 20 (“disparidade
com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária”).
E o que são ou podem ser definidos como produtos e serviços duráveis e não
duráveis? Tratam-se de conceitos abertos que não encontram definição no CDC. Assim,
essa função tem ficado a cargo da doutrina e da jurisprudência.
ATENÇÃO!
Produtos (não) duráveis:
De uma forma tranquila, entende-se que produtos não duráveis são aqueles que se
esgotam em um ou poucos usos, que têm uma vida útil naturalmente curta, rápida.
Pode-se citar como exemplos os gêneros alimentícios em geral, medicamentos,
produtos de limpeza.
De outro lado, produtos duráveis são aqueles com uma vida útil considerável, em que
pese inexistir um cálculo ou estimativa certa para tanto. Ex.: eletrodomésticos e
eletrônicos em geral, imóveis.
Serviços (não) duráveis:
Para se saber se o serviço é durável ou não, não importa o tempo de duração da
prestação pelo fornecedor, mas principalmente a duração dos efeitos para o
consumidor.
Assim, são duráveis os serviços que se protraem no tempo (ex.: planos de saúde, 185
fornecimento de água, de energia elétrica, serviço de telefonia etc.).
Já os serviços não duráveis são aqueles que possuem efeitos efêmeros, que geralmente
se exaurem logo após prestados. Ex.: serviços de lazer (teatro, cinema, jogos),
transportes, serviços de limpeza etc.
Consorciadas Solidária
Mnemônico: consolidaria
1. (TJSP 189 – Juiz Substituto - 2021) Assinale a alternativa correta sobre a incidência
do Código de Defesa do Consumidor às seguintes relações jurídicas, segundo
entendimento dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça.
a) Aplica-se ao atendimento prestado por hospital da rede pública pelo Sistema Único
de Saúde.
b) Aplica-se às entidades abertas de previdência complementar, mas não aos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas.
c) Aplica-se aos contratos de plano de saúde, inclusive os administrados por entidades
de autogestão.
d) Não se aplica aos empreendimentos habitacionais promovidos por sociedades
cooperativas, porque fundadas no mutualismo.
2. (TJSP 189 – Juiz Substituto - 2021) Assinale a alternativa correta sobre direitos
básicos do consumidor, conforme entendimento dominante e atual do Superior
Tribunal de Justiça:
a) A revisão de cláusulas contratuais em razão de fatos supervenientes exige que a
prestação se torne extremamente onerosa para uma das partes, com extrema vantagem 192
para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis.
b) A efetiva reparação dos danos patrimoniais e morais ao consumidor é compatível com
a possibilidade de redução equitativa da indenização no caso de desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, pre-vista no direito comum.
c) A inversão do ônus da prova por determinação judicial (ope judicis) em casos de vício
do produto deve ocorrer preferencialmente na fase de saneamento do processo ou,
pelo menos, assegurando-se à parte a quem não incumbia inicialmente o encargo, a
reabertura de oportunidade para apresentação de provas.
d) Não se considera abusiva, por falha do dever geral de informação ao consumidor,
cláusula de contrato de seguro limitativa da cobertura apenas a furto qualificado, que
deixa de esclarecer o significado eo alcance do termo técnico-jurídico específico e a
situação referente ao furto simples, pois são tipos previstos na lei penal, da qual não se
pode alegar ignorância.
10. (TJRJ – Juiz Substituto – 2019) De acordo com o tratamento atribuído pelo regime
consumerista aos institutos da decadência e da prescrição, assinale a alternativa
correta.
a) Tem início o prazo de prescrição nos casos de responsabilidade pelo fato dos produtos
ou serviços a partir da ciência do dano, bem como de sua autoria.
b) Em se tratando de vício oculto, o prazo de decadência tem início no momento em que
se formalizar a reclamação do consumidor perante o fornecedor de produtos.
c) A instauração de inquérito civil obsta a decadência, reiniciando a contagem do prazo
decadencial no dia seguinte à referida instauração.
d) Obsta o transcurso do prazo decadencial a reclamação formulada pelo consumidor
perante o fornecedor de produtos até a resposta negativa correspondente ou o
transcurso de prazo razoável sem a respectiva resposta.
e) Prescreve em sessenta dias o direito de reclamar pelos vícios de fácil constatação,
iniciando a contagem a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução
dos serviços.
11. (TJMT – Juiz Substituto – 2018 - Vunesp) Estipêndio da Silva queria galgar
rapidamente posições em sua profissão e para tal finalidade se inscreveu em uma
instituição de ensino superior, próxima da sua residência, que oferecia curso por
mensalidade módica. Contudo, concluídos os estudos, Estipêndio soube que o curso
ainda não era reconhecido pelo Ministério da Educação e, em razão disso, não poderia
obter o diploma. Sentindo-se ludibriado pela situação, pretende ser reparado pelos
gastos na realização do curso. Diante dessa situação, assinale a alternativa correta,
considerando também entendimento jurisprudencial sumulado sobre a questão.
196
a) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor, ainda que comprove que deu prévia e adequada informação a
Estipêndio antes de ele efetivar a matrícula.
b) Se a instituição de ensino demonstrar que o não reconhecimento do curso no
Ministério da Educação foi decorrente da burocracia governamental, não responderá
pelos danos suportados por Estipêndio.
c) A questão retrata a hipótese de culpa concorrente, eis que caberia à instituição de
ensino informar ao autor, assim como competia ao autor buscar informações sobre o
curso antes da realização da matrícula.
d) A instituição de ensino responde objetivamente pelos danos sofridos pelo
aluno/consumidor que realiza curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, mas
exime-se da responsabilidade se provar que o aluno foi prévia e adequadamente
informado do fato.
e) A instituição de ensino deve reparar Estipêndio pelos danos suportados para a
realização do curso, se restar comprovado que houve dolo ou culpa da instituição, por
tratar-se de hipótese de responsabilidade subjetiva.
12. (TJMT – Juiz Substituto – 2018 - Vunesp) Alarmino Figueira adquiriu um secador de
cabelos para presentear sua sogra, Dona Afrodite Merluza. O secador era de uma
marca conhecida e continha folheto com instruções de uso e identificação de
fabricante. Contudo, quando sua sogra foi utilizar o secador de cabelos pela primeira
vez, conforme as instruções do manual do usuário, o objeto explodiu, causando-lhe
queimaduras no rosto e nas mãos. Diante desse fato hipotético, assinale a alternativa
correta.
a) Trata-se de responsabilidade pelo fato do produto, pois o secador de cabelos se
mostrou defeituoso, porque não ofereceu a segurança que dele legitimamente se
espera, devendo o fabricante ser responsabilizado pelo dano causado a Dona Afrodite.
b) Trata-se de vício do produto, porque não teve utilidade para o fim ao qual foi
adquirido.
c) Trata-se de acidente de consumo, ensejando responsabilidade pelo fato do produto,
e o consumidor deve acionar o comerciante que vendeu o produto.
d) Alarmino Figueira deve pleitear a substituição, o abatimento ou a devolução integral
do preço, bem como reparação pelos danos sofridos por Dona Afrodite, no prazo
decadencial de 90 dias.
e) Tratando-se de hipótese de responsabilidade por vício do produto, a ignorância do
fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação do produto não o exime de
responsabilidade.
197
3. GABARITO COMENTADO
1. B
A – INCORRETA
RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE DANO MORAL. FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. SÚM. 284/STF. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA.
MORTE DE PACIENTE ATENDIDO EM HOSPITAL PARTICULAR CONVENIADO AO SUS.
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS MÉDICOS. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO INDIVISÍVEL
E UNIVERSAL (UTI UNIVERSI). NÃO INCIDÊNCIA DO CDC. ART. 1º-C DA LEI 9.494/97.
PRAZO PRESCRICIONAL QUINQUENAL. ALEGADA MÁ VALORAÇÃO DA PROVA. CULPA
DOS MÉDICOS E CARACTERIZAÇÃO DO DANO MORAL. SÚMULA 07/STJ. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. JULGAMENTO: CPC/15.
8. Quando prestado diretamente pelo Estado, no âmbito de seus hospitais ou postos de
saúde, ou quando delegado à iniciativa privada, por convênio ou contrato com a
administração pública, para prestá-lo às expensas do SUS, o serviço de saúde constitui
serviço público social.
9. A participação complementar da iniciativa privada - seja das pessoas jurídicas, seja
dos respectivos profissionais - na execução de atividades de saúde caracteriza-se como
serviço público indivisível e universal (uti universi), o que afasta, por conseguinte, a
incidência das regras do CDC.
(REsp 1771169/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 198
26/05/2020, DJe 29/05/2020)
B – CORRETA
Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades
fechadas.
C – INCORRETA
Súmula 608 do STJ – Aplica-se o CDC aos contratos de plano de saúde, salvo os
administrados por entidades de autogestão.
D – INCORRETA
Súmula 602 do STJ – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos
empreendimentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas.
2. C
A – INCORRETA
Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico
(Karl Larenz), uma vez que não se exige a imprevisibilidade do fato superveniente e
dispensa-se qualquer discussão a respeito da previsibilidade do fato econômico
superveniente.
Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por onerosidade
excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida.
Teoria da base objetiva do negócio Teoria da imprevisão (=CC)
jurídico (=CDC)
STJ: “para a teoria da base objetiva STJ: exige, também, fato novo e
basta que o fato novo superveniente seja extraordinário.
extraordinário e afete diretamente a
base objetiva do contrato”.
(AgInt no REsp 1.514.093/CE, T4, julgado
em 25/10/2016).
OBS: O STJ já entendeu que, para fins de
contrato de financiamento habitacional,
a perda de emprego não é fato novo
extraordinário a ensejar a quebra
objetiva do contrato.
B – INCORRETA
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. RESOLUÇÃO POR
INADIMPLEMENTO DO PROMITENTE-COMPRADOR. INDENIZAÇÃO PELA FRUIÇÃO DO
IMÓVEL. CABIMENTO. INAPLICABILIDADE DA LIMITAÇÃO PREVISTA NO ART.53 DO
CDC. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL.
1. Controvérsia acerca da possibilidade de se limitar a indenização devida ao
promitente-vendedor em razão da fruição do imóvel pelo promitente-comprador que
se tornou inadimplente, dando causa à resolução do contrato.
2. "Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e
honorários de advogado" (art. 389 do CC/2002).
3. Possibilidade de estimativa prévia da indenização por perdas e danos, na forma de
cláusula penal, ou de apuração posterior, como nos presentes autos.
4. Indenização que deve abranger todo o dano, mas não mais do que o dano, em face
do princípio da reparação integral, positivado no art. 944 do CC/2002.
5. Descabimento de limitação 'a priori' da indenização para não estimular a resistência
indevida do promitente-comprador na desocupação do imóvel em face da resolução
provocada por seu inadimplemento contratual.
6. Inaplicabilidade do art. 53, caput, do CDC à indenização por perdas e danos apuradas
posteriormente à resolução do contrato.
7. Revisão da jurisprudência desta Turma.
8. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
(REsp 1258998/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
julgado em 18/02/2014, DJe 06/03/2014)
C – CORRETA
Informativo 701 STJ (junho/2021):
A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor
é regra de instrução e não regra de julgamento, motivo pelo qual a decisão judicial que
a determina deve ocorrer antes da etapa instrutória ou, quando proferida em
momento posterior, há que se garantir à parte a quem foi imposto o ônus a
oportunidade de apresentar suas provas, sob pena de ABSOLUTO cerceamento de
defesa.
REsp 1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
08/06/2021.
200
D – INCORRETA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. REEXAME
DE MATÉRIA PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. CONSONÂNCIA DO
ACÓRDÃO RECORRIDO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ.
INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULA CONTRATUAL. INVIABILIDADE. SÚMULA 5/STJ.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CARACTERIZADA. AGRAVO NÃO PROVIDO.
2. "A cláusula securitária a qual garante a proteção do patrimônio do segurado apenas
contra o furto qualificado, sem esclarecer o significado e o alcance do termo
"qualificado", bem como a situação concernente ao furto simples, está eivada de
abusividade por falha no dever geral de informação da seguradora e por sonegar ao
consumidor o conhecimento suficiente acerca do objeto contratado.
Não pode ser exigido do consumidor o conhecimento de termos técnico-jurídicos
específicos, ainda mais a diferença entre tipos penais de mesmo gênero." (REsp
1352419/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, DJe 08/09/2014). Incidência
da Súmula 83/STJ.
3. O Sodalício Estadual reconhece a nulidade da cláusula que estipula os juros
moratórios no percentual mínimo de 6% a.a., em caso de mora da obrigação imposta à
seguradora (pagamento da indenização). Salienta que não há proporcionalidade desta
penalidade, com a que é imposta ao segurado em caso de mora no cumprimento de sua
obrigação (pagamento do prêmio), ou seja, neste caso é prevista a rescisão do contrato.
Desta forma, o Tribunal de origem entende ser necessária a fixação de juros moratórios
1% a.m.
no caso de mora da seguradora. Destarte, a alteração das premissas estabelecidas na
origem, neste tópico, depende de interpretação de cláusula contratual, o que inviabiliza
a abertura da via especial, ante o óbice da Súmula 5/STJ.
4. A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que não se aplica a multa por litigância
de má-fé quando a parte utiliza recurso previsto no ordenamento jurídico, sem abusar
do direito de recorrer, como é o caso dos autos.
5. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1408142/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 18/06/2019, DJe 25/06/2019).
3. C
A – INCORRETA
Súmula 359 do STJ. Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a
notificação do devedor antes de proceder à inscrição.
A notificação, além de ser prévia e por escrito, precisa ser acompanhada de prova de
efetiva notificação do devedor (ex.: aviso de recebimento)? Não! A questão também já
foi pacificada pelo STJ.
Súmula 404 do STJ. É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação
ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
B – INCORRETA 201
AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL.
TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO EM DOBRO. PROVA DE MÁ-
FÉ DO CREDOR. DESNECESSIDADE.
PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL. MANUTENÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
1. "A repetição em dobro, prevista no parágrafo único do art. 42 do CDC, é cabível
quando a cobrança indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé objetiva, ou seja,
deve ocorrer independentemente da natureza do elemento volitivo" (EAREsp
600.663/RS, Rel. Min. MARIA TEREZA DE ASSIS MOURA, Rel. para Acórdão Min. HERMAN
BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/10/2020, DJe de 30/03/2021).
2. Na hipótese, o acórdão embargado exigiu como requisito a má-fé, para fins de
aplicação do parágrafo único do art. 42 do CDC, com a orientação firmada pela Corte
Especial do STJ.
3. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
(AgInt nos EDcl nos EAREsp 656.932/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
CORTE ESPECIAL, julgado em 08/09/2021, DJe 10/09/2021)
C – CORRETA
É possível a desconsideração da personalidade jurídica com base no artigo 28, § 5º, do
CDC, na hipótese em que comprovada a insolvência da empresa, pois tal providência
dispensa a presença dos requisitos contidos no caput do artigo 28, isto é, abuso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social,
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica, sendo aplicável a teoria menor da
desconsideração, subordinada apenas à prova de que a mera existência da pessoa
jurídica pode causar, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.
(trecho extraído do voto do Min. Massami Uyeda no AgRg no Ag 1.342.443/PR, T3, DJe
24/05/2012).
Ou seja, a incidência do §5º é autônoma, não precisa combinar com uma das hipóteses
do caput. Subordina-se a prova da mera existência da pessoa jurídica, que está a causar
obstáculo ao ressarcimento dos consumidores.
D – INCORRETA
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
EMPREENDIMENTO HABITACIONAL. SOCIEDADE COOPERATIVA. DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. TEORIA MENOR. ART. 28, § 5º, DO CDC. MEMBRO DE
CONSELHO FISCAL. ATOS DE GESTÃO. PRÁTICA. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA.
INAPLICABILIDADE.
1. Para fins de aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica
(art. 28, § 5º, do CDC), basta que o consumidor demonstre o estado de insolvência do
fornecedor ou o fato de a personalidade jurídica representar um obstáculo ao
ressarcimento dos prejuízos causados.
2. A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para fins de aplicação da Teoria
Menor da desconsideração da personalidade jurídica, tampouco de confusão
patrimonial, o § 5º do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a responsabilização
202
pessoal de quem jamais atuou como gestor da empresa.
3. A desconsideração da personalidade jurídica de uma sociedade cooperativa, ainda
que com fundamento no art. 28, § 5º, do CDC (Teoria Menor), não pode atingir o
patrimônio pessoal de membros do Conselho Fiscal sem que que haja a mínima
presença de indícios de que estes contribuíram, ao menos culposamente, e com desvio
de função, para a prática de atos de administração.
4. Recurso especial provido.
(REsp 1766093/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/11/2019, DJe 28/11/2019)
4. B
Para a resolução da presente questão, o candidato teria que utilizar os conhecimentos
relativos aos prazos de decadência, aos vícios ocultos e às normas sobre a garantia legal.
O enunciado da questão tenta confundir ao prever a existência de garantia contratual.
Todavia, o mais importante, é saber que houve o aparecimento de um vício oculto, o
que atrai a regra do par. 3o do art. 26 do CDC quanto ao início do prazo decadencial.
Ou seja, se o vício oculto surgiu em 15/07/2016, a partir desta data se conta o prazo
decadencial de 90 dias (pois se trata de um produto durável – televisor). Na data da
propositura da ação (10/09/2016), pois, ainda não havia esgotado o lapso de 90 dias
5. C
Trata-se de questão bastante objetiva, que demanda, basicamente, a análise casuística
de dispositivos do CDC e do tipo de responsabilidade envolvida, envolvendo
conhecimento básico sobre a diferenciação entre vício e fato do produto.
No tocante ao furto da medida, trata-se de vício de quantidade do produto, haja vista
que há disparidade entre a quantidade líquida comercializada e a constante do
recipiente, da embalagem, da rotulagem etc. O art. 19 do CDC especifica esse tipo de
vício e, em seus incisos, traz as alternativas à disposição do consumidor que se depara
com o produto viciado, dentre as quais a complementação do peso ou medida.
Com relação à colocação de água no querosene e na pinga, observa-se que se trata de
um vício intrínseco ao produto, que não se exterioriza – pelo menos o enunciado da
questão não traz qualquer dado nesse sentido – na segurança (seja física seja moral) do
consumidor, razão pela qual não há configuração de defeito/fato do produto (ou
acidente de consumo).
Assim como na situação anterior, o vício corresponde à alteração do conteúdo líquido
real do produto (querosene e aguardente) – inferior ao veiculado, complementado com
água -, razão pela qual também é um vício de quantidade do produto.
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
alternativamente e à sua escolha: 203
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementação do peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos.
As alternativas sequer fizeram diferenciação entre vício de qualidade e de quantidade
do produto, o que a tornava mais simples. Alternativa correta, portanto, é a letra C, pois
estamos diante de dois casos de vício (de quantidade) do produto.
6. B
O CDC prevê uma limitação da responsabilidade do comerciante nos casos de fato do
produto. As hipóteses de responsabilidade estão elencadas no art. 13:
- quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados (inciso I);
É o caso dos “produtos anônimos”, sem que o consumidor consiga identificar sua origem
(o fabricante ou o produtor, por exemplo).
- quando o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,
construtor ou importador (inciso II);
Aqui, tratam-se de produtos mal identificados.
- no caso de produtos perecíveis, o comerciante não os conservar adequadamente
(inciso III).
Para considerável parcela da doutrina e para várias bancas de concursos, a
responsabilidade do comerciante é objetiva e subsidiária.
Da análise da primeira parte de todas as assertivas da questão, observa-se que todos os
casos ensejam a responsabilização do comerciante, seja por se enquadrar no inciso I do
art. 13 (alternativa A), seja por se enquadrar no inciso II do mesmo dispositivo legal
(alternativas B, C e D).
Dessa forma, o que vai definir a resposta correta é o modo como o comerciante pode
exercitar seu direito de regresso perante o fabricante, o que vem regulamentado no
parágrafo único do art. 13 e no art. 88 do CDC.
Art. 13.
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o
direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá
ser ajuizada em processo autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos
mesmos autos, vedada a denunciação da lide.
A responsabilidade do comerciante pelo fato do produto será objetiva e subsidiária (e
não solidária) – assim, incorreta está a assertiva D. 204
A responsabilidade subsidiária do comerciante não afasta a responsabilidade objetiva
do fabricante, produtor, construtor (o art. 13, caput, dispõe que o “comerciante é
igualmente responsável”), inclusive no caso do inciso III.
O parágrafo único do art. 13 prevê que aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua
participação no evento danoso.
Diante da previsão do direito de regresso, pode-se questionar: é cabível a denunciação
da lide (por exemplo: comerciante, acionado judicialmente pelo consumidor, denuncia
à lide o fabricante)?
NÃO!!! O art. 88 do CDC veda-a expressamente, pelo que estão incorretas as assertivas
A e C.
Correta, assim, apenas a alternativa B.
7. D
Para a resolução da presente questão, o candidato também teria que utilizar os
conhecimentos relativos aos prazos de decadência e aos vícios ocultos.
A primeira observação é que o produto em tela é um aparelho celular, ou seja, durável,
o que já atrai o prazo de decadência de 90 (noventa) dias.
Outrossim, tratando-se de vício do produto e de reclamação perante o fornecedor,
estamos diante de decadência, como estudado nesta rodada.
O problema do aparelho celular (aquecimento e desligamento espontâneo) pode ser
enquadrado como vício oculto, pois não é perceptível a partir de um mero exame
superficial do produto. Assim, por ser vício oculto, o prazo decadencial tem início no
momento em que ficar evidenciado (art. 26, par. 3o) – meados de setembro.
8. C
Para entender a questão, em primeiro lugar, faz-se necessário esclarecer qual o tipo de
responsabilidade consumerista está em jogo na situação hipotética.
Perceba-se que houve um acidente de consumo, um fato/defeito na prestação do
serviço médico (cirurgia estética), pois é extrínseco e representa uma falha de
segurança, atingindo a incolumidade física da consumidora/paciente (deformidade
permanente ocasionada pela ruptura das próteses e liberação de silicone no corpo).
Um segundo ponto é entender quando surgiu o conhecimento do dano e de sua autoria
(termo a quo do prazo), o que é esclarecido pelo enunciado da questão: após 10 anos
da cirurgia (através da realização de exames médicos), mas 01 ano antes do ingresso
com a ação judicial pleiteando indenização.
Tratando-se de fato do serviço, é aplicável o prazo prescricional de 05 (cinco) anos
previsto no art. 27 do CDC, cuja contagem só se inicia “a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria”.
Carlota Joaquina, assim, propôs ação indenizatória após apenas 01 ano da contagem do
prazo prescricional, sendo correta apenas a alternativa C. 205
9. E
(A) Incorreta. Art. 26, par. 2º, do CDC.
Art. 26.
§ 2° Obstam a decadência:
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor
de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser
transmitida de forma inequívoca;
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
(B) Incorreta. Art. 26, par. 1º, do CDC.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto
ou do término da execução dos serviços.
(C) Incorreta. Art. 26, par. 3º, do CDC.
Art. 26.
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
(D) Incorreta. Art. 27 do CDC.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem
do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
(E) Correta. Art. 27 do CDC, parte final.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem
do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
10. A
(A) Correta. Art. 27, CDC: Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos
causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo,
iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
(B) Incorreta. O prazo decadencial se inicia no momento em que o vício for conhecido e
não com a reclamação perante o fornecedor. -> Art. 26, §3º, CDC: § 3° Tratando-se de
vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o
defeito.
(C) Incorreta. Em caso de inquérito civil, o prazo recomeça a contar do encerramento do
inquérito civil e não da sua instauração. -> Art. 26, 2º, III, CDC: § 2° Obstam a decadência:
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
(D) Incorreta. Não há previsão de prazo razoável na lei. Art. 26, § 2° Obstam a
decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve 206
ser transmitida de forma inequívoca;
(E) Incorreta. A questão confunde os prazos decadenciais e prescricionais. No caso, em
caso de vício de fácil constatação, o prazo é DECADENCIAL. -> Art. 26, caput e §1º do
CDC: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
(...) § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto
ou do término da execução dos serviços.
11. D
Para solucionar o caso concreto exposto, é preciso conhecer a Súmula 595 do STJ: “As
instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da
Educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
No enunciado da questão, deixou-se claro que apenas quando “concluídos os estudos”
Estipêndio da Silva tomou conhecimento da ausência de reconhecimento pelo MEC,
razão pela qual não lhe foi dada prévia e adequada informação.
ALTERNATIVA A – INCORRETA
A parte final da assertiva a torna incorreta (“ainda que comprove que deu prévia e
adequada informação a Estipêndio antes de ele efetivar a matrícula”), pois viola a parte
final da Súmula 595.
ALTERNATIVAS B e C – INCORRETAS
A responsabilidade da instituição de ensino superior é OBJETIVA e, para além disso,
decorre de violação do seu dever de informar, verdadeira publicidade enganosa por
omissão, pois a situação de ainda se estar buscando administrativamente o
reconhecimento do MEC deve ser objeto de prévia e adequada informação ao
consumidor/aluno, para que este possa avaliar se deseja, ainda assim, assumir o risco e
efetuar o curso.
De acordo com os arts. 6o, IV, e 37 do CDC, é vedada a publicidade, inteira ou
parcialmente, enganosa. O par. 1o do art. 37 define a publicidade enganosa nos
seguintes termos:
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre
produtos e serviços.
O sistema protetivo do CDC, ademais, não impõe ao consumidor o dever de buscar as
informações que são do seu interesse. Esse dever básico de informar é apenas do
fornecedor, conforme arts. 6o, III, e 31 do CDC.
Art. 6o. São direitos básicos do consumidor:
(...)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem.
207
Art. 31. A oferta e a apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à
saúde e segurança dos consumidores.
ALTERNATIVA D – CORRETA
Como já explicitado acima.
ALTERNATIVA E – INCORRETA
Como visto, a teor do sistema geral de responsabilidade objetiva do CDC (exemplo arts.
14 e 20 do CDC, no que tange a serviços) e do próprio enunciado da Súmula 595, a
responsabilidade é objetiva.
12. A
ALTERNATIVAS A (CORRETA), B (INCORRETA) e E (INCORRETA)
De um lado, tem-se a responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, que
compreende os defeitos de segurança, e de outro, a responsabilidade por vício do
produto ou do serviço, que abrange os vícios por inadequação. A diferença pode ser
assim resumida:
a) haverá vício de adequação sempre que um produto ou serviço não corresponder à
legítima expectativa do consumidor quanto à sua utilização ou fruição
(comprometimento da prestabilidade);
b) haverá defeito de segurança quando, além de não corresponder à expectativa do
consumidor, sua utilização ou fruição for capaz de adicionar riscos à sua incolumidade
ou de terceiros.
Qualidade-adequação. Qualidade-segurança.
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