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OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do TJDFT foi aplicada dia 05/02/2023, após um excelente aulão
de véspera realizado em Brasília (vocês foram em peso e são a nossa maior motivação
em cada encontro!). Assim que tivemos acesso ao gabarito preliminar iniciamos a
tradicional prova comentada do Mege.
É incrível viver esses momentos de pós-prova juntos e, novamente, entregamos
em mãos tudo que apuramos ainda dentro do prazo recursal. A nossa intenção neste
material é auxiliar nossos alunos e seguidores na análise da elaboração de seus recursos,
além de possibilitar, em formato conclusivo, a revisão de temas cobrados no certame e
verificação de maiores chances de avanço para 2ª fase.
O material aqui apresentado trata de versão preliminar elaborada com as
finalidades informadas e concluída por nosso time específico de 1ª fase de magistratura,
sem maiores pretensões de aprofundamento, trabalho editorial neste momento de
puro apoio ou detectação de questões antecipadas em nossas várias formas de atuação.
Não há também o viés de verificação rigorosa de temas antecipados em nossas
atuações, diante do curto tempo para entrega desse apoio em prazo recursal e da ampla
produção de conteúdo de nossas turmas. No entanto, nossa felicidade foi imensa ao
constatarmos o quanto nosso apoio, novamente, foi efetivo em reta final e o quanto
nossos alunos do clube da Magistratura estão bem direcionados independentemente
do nível da prova a ser aplicada. 3
O corte, neste momento, segue estimado em 77 acertos para ampla
concorrência Em cotas, a nota de corte necessária é de 60 acertos.

Os nossos professores entendem que 5 (cinco) questões, em especial, estão


envolvidas em maiores polêmicas a serem apreciadas (7, 29, 53, 54 e 100) e, portanto,
podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto a nota de
corte para outras possibilidades. Diante disso, ainda é possível sonhar com aprovação
com a nota 74 (tendo como parâmetro o corte em 77). A sua maior ou menor
probabilidade dependerá do aproveitamento das questões mais polêmicas.

Após este estudo, o candidato poderá vislumbrar a possibilidade de um


aumento em sua nota final. Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a
cada 2 (duas) questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um)
ponto. Essa dica deve seguir como norte para definição de maiores chances de avanço
no certame. Guardem esta informação!
Aos alunos das turmas do Mege para o TJDFT, pedimos que não deixem de reler
os conteúdos das rodadas com temas antecipados na prova. A melhor fixação será
importante nos próximos desafios (e também para 2ª fase do concurso, aos que
prosseguirão). Como perceberam, o estudo em sprint final sempre é revertido em
pontos decisivos!
É importante mencionar que o Clube do Magistratura também é extremamente
valioso para qualquer nível de prova para carreira (especialmente por tratar de um edital
completo ao longo de 1 ano). Não fizemos maiores apontamentos sobre ele neste
material pelo curto tempo de comparativo temático de sua produção com as questões
de prova. No entanto, diante da imensa produção do clube, dificilmente uma prova de
magistratura apresenta questão que fuja de nossos olhos e produções.
Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo
em menor prazo. Portanto, ainda há tempo de evoluir para os próximos desafios.
É válido citar que, neste momento, estamos com inscrições abertas para as 2
(duas) turmas de retas finais.
LINK abaixo para turma de reta final do TJSP 190

LINK para turma de reta final do TJMS

SEGUNDO O SITE OLHO NA VAGA


79,62% dos candidatos que obtiveram as melhores notas estudaram no Mege!
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Até parece uma imagem colada de outra turma do tanto que tem sido assim,
nossos alunos, novamente, deram um show em relação aos demais cursos
cadastrados!
O gráfico abaixo representa o desempenho geral da resposta comparativa de
nossos alunos (conforme gabarito e possível nota de corte). Algo apurado em
plataforma que não temos qualquer tipo de vínculo ou parceira - informação genuína e
que nos enche de orgulho. Pelas matrículas nas turmas de 2ª fase temos uma boa
percepção que vocês estão realmente engajados em fazer bonito novamente!
Em nossa análise sobre caminhos pós-prova no TJDFT, entendemos que esse
direcionamento esquematizado pode orientar da melhor forma.
Sobre a nota de corte de ampla concorrência (estimada em 77 pontos), diante
das polêmicas apontadas como possíveis anulações, estimamos que até 74 pontos seria 5
possível imaginar uma chance de 2ª fase (com bom aproveitamento de anuladas).
Em cotas, 55 seria esse limite indicado, diante das possibilidades de anulações
que apontamos (e o aluno tendo errado todas). É uma chance remota, mas é possível.

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJDFT NÃO SE DESESPERE!

Aos colegas que não estão dentro dessas faixas, indicamos, conforme o caso,
entrar imediatamente no Clube da Magistratura (turma 2023.1), Nossa turma mais
completa para quem se prepara para carreira (inclusive assinante premium ganha
acesso a todas as retas finais de magistratura que atuamos).
Se você presta concursos de magistratura em outros estados, o Clube da
Magistratura conta com tudo que você precisa para preparação em todas as fases do
concurso. Desde o estudo da lei comentada até correções de provas de 2ª fase de forma
personalizada; e até mesmo a opção de acompanhamento personalizado.
Vale a pena conferir!

CLUBE DA MAGISTRATURA 2023.1


A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!

Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª
fase TJDFT (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas
personalizadas) focada em uma preparação completa para este desafio. O estudo de
sentenças e discursivas (aqui inclusa ainda uma abordagem ampla para Humanística
específica para o TJPE), a experiência de redigir e ter correções de provas manuscritas,
tudo devidamente alinhado ao seu desafio no melhor nível. Uma equipe que conta com
ex-examinadores em correções e um time focado em turmas de 2ª fase de magistratura
desde 2015.
As inscrições já estão abertas em nosso site e você ainda poderá utilizar o os
cupons indicados (caso seja ex-aluno) para garantir sua vaga com 10% de desconto no
carrinho de compra!

Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem conforme abaixo


(em promoção de lançamento):

TJPDFT (2ª fase - TURMA 1: COM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

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Observação: As vagas esgotaram nesta modalidade (com correções personalizadas)
antes da disponibilização deste material e as vendas foram, portanto, encerradas, mas
conseguimos ampliar 10 vagas (de forma excepcional) para quem ainda não conseguiu
matrícula nesta modalidade.

TJDFT (2ª fase - TURMA 2: SEM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do TJDFT.
Seguiremos firmes e com trabalho realmente específico também na 2ª fase.
Bons estudos!
Arnaldo Bruno Oliveira1
Equipe Mege

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Insta: @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para envio de mensagens sobre o Mege).
SUMÁRIO

BLOCO I ..................................................................................................................... 8
DIREITO CIVIL ................................................................................................................ 8
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ........................................................................................ 22
DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................... 39
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ................................................................. 47
BLOCO II .................................................................................................................. 51
DIREITO PENAL ............................................................................................................ 51
DIREITO PROCESSUAL PENAL ...................................................................................... 61
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................... 77
DIREITO ELEITORAL ..................................................................................................... 85
BLOCO III ................................................................................................................. 90
DIREITO ADMINISTRATIVO ......................................................................................... 90
DIREITO EMPRESARIAL................................................................................................ 99
DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................ 105
7
DIREITO AMBIENTAL ................................................................................................. 110
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA ..................................... 113
BLOCO I
DIREITO CIVIL

01. Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o provedor


responsável pela guarda dos registros de conexão e de acesso a aplicações de Internet
de que trata o Marco Civil da Internet tem a obrigação de guarda e de fornecimento das
informações relacionadas à porta lógica de origem associada ao endereço de IP, de
modo a viabilizar a identificação do usuário. Nesse sentido, utilizou-se da interpretação
(A) lógica.
(B) histórica.
(C) teleológica.
(D) extensiva.
(E) sistemática.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Consiste em desenvolver um raciocínio lógico, transcendendo a letra


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fria da lei, com o fito de fixar o alcance e extensão da lei a partir das motivações políticas,
históricas e ideológicas.
(B) INCORRETA. Aqui se realiza a análise dos fatos históricos que antecederam a norma,
bem como de todo o processo legislativo de sua criação. Verifica-se o contexto histórico
do surgimento da norma, a proposta legislativa que a originou, as emendas
apresentadas, os vetos, as razões do veto, etc.
(C) INCORRETA. Busca-se a finalidade social da norma. Trata-se de adaptar a lei às
exigências atuais e concretas da sociedade. Está prevista no art. 5º da LINDB:
Art. 5º, LINDB:
Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.

(D) INCORRETA. Aqui se amplia o sentido da norma. É quando o legislador "disse menos
que deveria" no texto da lei, abrindo espaço para uma maior interpretação do da norma
jurídica.
(E) CORRETA. A interpretação sistemática parte do pressuposto de que a lei não existe
isoladamente, devendo ser alcançado o seu sentido em consonância com a demais
normas que inspiram aquele ramo do Direito.
Neste particular, o STJ afiançou que: “da interpretação sistemática de dispositivos legais
do Marco Civil da Internet (art. 10, caput e §1º, e art. 15), dessume-se que tanto os
provedores de conexão quanto os provedores de aplicação têm a obrigação de guarda
e fornecimento das informações da porta lógica de origem associada ao endereço IP.
Apenas com as duas pontas da informação – conexão e aplicação – é possível resolver a
questão da identidade de usuários na internet que estejam utilizando um
compartilhamento da versão 4 do IP,” (REsp 2005051/SP).
_______________________________________________________________________
02. Para fins de regularização fundiária urbana de um núcleo urbano informal,
(A) o núcleo pode ser clandestino.
(B) é necessário que o tempo de ocupação do núcleo seja superior a cinco anos.
(C) o núcleo deve ser de difícil reversão.
(D) é necessário que a titulação tenha desatendido à legislação vigente quando da
implantação do núcleo.
(E) o núcleo deve ter, pelo menos, vias de circulação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Art. 11, III, Lei 13.465/2017:


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“Art. 11. Para fins desta Lei, consideram-se:

(...)

II - núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi


possível realizar, por qualquer modo, a titulação de seus ocupantes, ainda
que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou
regularização;”.

(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.


(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.
_______________________________________________________________________
03. De acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, a compatibilidade do
tratamento dos dados pessoais com as finalidades informadas ao titular, de acordo com
o contexto do tratamento, consiste no princípio da
(A) adequação.
(B) finalidade.
(C) transparência.
(D) segurança.
(E) qualidade dos dados.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. É o teor do art. 6, II, da Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD:
“Art. 6º As atividades de tratamento de dados pessoais deverão observar a boa-fé e
os seguintes princípios:

II – adequação: compatibilidade do tratamento com as finalidades informadas ao


titular, de acordo com o contexto do tratamento”.

(B) INCORRETA. Realização do tratamento para propósitos legítimos, específicos,


explícitos e informados ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de forma
incompatível com essas finalidades.
(C) INCORRETA. Garantia, aos titulares, de informações claras, precisas e facilmente
acessíveis sobre a realização do tratamento e os respectivos agentes de tratamento,
observados os segredos comercial e industrial.
(D) INCORRETA. Utilização de medidas técnicas e administrativas aptas a proteger os
dados pessoais de acessos não autorizados e de situações acidentais ou ilícitas de 10
destruição, perda, alteração, comunicação ou difusão.
(E) INCORRETA. Garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização
dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu
tratamento.
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04. Um dos objetivos do Sistema Eletrônico dos Registros Públicos (SERP) consiste em
viabilizar a consulta aos atos em que a pessoa pesquisada conste como
(I) devedora de título protestado e não pago.
(II) garantidora real.
(III) cedente convencional de crédito.
(IV) titular de direito sobre bem objeto de constrição processual.
(V) titular de direito sobre bem objeto de constrição administrativa.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I, III e V estão certos.
(B) Apenas os itens I, II, III e IV estão certos.
(C) Apenas os itens I, II, IV e V estão certos.
(D) Apenas os itens II, III, IV e V estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(I) CORRRETO. O item I está correto, uma vez que um dos objetivos do Sistema
Eletrônico dos Registros Públicos (SERP) é a viabilização da consulta aos atos em que a
pessoa pesquisada conste como devedora de título protestado e não pago (art. 3º, inc.
X, alínea “c”, item 1 da Lei nº 14.382/2022).
(II) CORRETO. O item II está correto, pois que um dos objetivos do Sistema Eletrônico
dos Registros Públicos (SERP) é a viabilização da consulta aos atos em que a pessoa
pesquisada conste como garantidora real (o art. 3º, inc. X, alínea “c”, item 2 da Lei nº
14.382/2022).
(III) CORRETO. O item III está correto, já que um dos objetivos do Sistema Eletrônico dos
Registros Públicos (SERP) é a viabilização da consulta aos atos em que a pessoa
pesquisada conste como cedente convencional de crédito (art. 3º, inc. X, alínea “c”,
item 3 da Lei nº 14.382/2022).
(IV) CORRETO. O item IV está correto, porquanto um dos objetivos do Sistema Eletrônico
dos Registros Públicos (SERP) é a viabilização da consulta aos atos em que a pessoa
pesquisada conste como titular de direito sobre bem objeto de constrição processual 11
(art. 3º, inc. X, alínea “c”, item 4 da Lei nº 14.382/2022).
(V) CORRETO. O item V está correto já que um dos objetivos do Sistema Eletrônico dos
Registros Públicos (SERP) é a viabilização da consulta aos atos em que a pessoa
pesquisada conste como titular de direito sobre bem objeto de constrição
administrativa (art. 3º, inc. X, alínea “c”, item 4 da Lei nº 14.382/2022).
Assim, a alternativa E está correta.
(A) INCORRETA. Vide comentários item “E”.
(B) INCORRETA. Vide comentários item “E”.
(C) INCORRETA. Vide comentários item “E”.
(D) INCORRETA. Vide comentários item “E”.
(E) CORRETA. Vide comentários alhures.
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05. O Estatuto da Cidade prevê que instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano
que incluam regras de acessibilidade aos locais de uso público é competência
(A) dos municípios.
(B) da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
(C) da União, dos estados e do Distrito Federal.
(D) da União.
(E) dos estados e do Distrito Federal.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.


(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(D) CORRETA. Art. 3º, IV, da Lei 10.257/2001:
“Art. 3º Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política
urba na: (…) IV – instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive
habitação, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam
regras de acessibilidade aos locais de uso público.”

(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.


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06. Pedro ajuizou ação requerendo o reconhecimento de sua paternidade biológica de
Rafael, com quatorze anos de idade, em cuja certidão de nascimento já constava o nome 12
do padrasto como pai.
Nessa situação hipotética,
(A) não há impedimento quanto à procedência da ação apenas se a paternidade
socioafetiva não tiver sido declarada em registro público de notas e títulos.
(B) não há impedimento quanto à procedência da ação, porquanto podem ser
reconhecidos os dois vínculos.
(C) há impedimento quanto à procedência da ação, em razão dos efeitos jurídicos que
esta causaria.
(D) não há impedimento quanto à procedência da ação, porquanto Rafael ainda é menor
de idade.
(E) há impedimento quanto à procedência da ação, porquanto só se admite um pai,
biológico ou não.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.


(B) CORRETA. O Supremo Tribunal Federal, ao conceder repercussão geral ao Tema n.
622, no leading case do RE 898060/SC, entendeu que a paternidade socioafetiva,
declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de
filiação concomitante baseado na origem biológica, com efeitos jurídicos próprios.
Note que ocorreu uma mudança no entendimento sobre o tema da multiparentalidade,
em virtude da constante evolução do conceito de família, que reclama a reformulação
do tratamento jurídico dos vínculos parentais à luz do sobreprincípio da dignidade
humana (art. 1º, III, da CRFB) e da busca da felicidade. Entendeu-se que pela necessidade
de ampliar a tutela normativa, de modo a atender o melhor interesse da criança e o
direito de declaração do genitor/genitora da sua paternidade/maternidade, ainda que
os arranjos familiares estejam alheios à regulamentação estatal.
Não sem razão, concluiu-se que as situações de pluriparentalidade não podem ficar sem
proteção, e, ainda que haja vínculo biológico reconhecido, a filiação socioafetiva
também deve ser tutelada juridicamente, admitindo-se a possibilidade de coexistência
simultânea entre os dois vínculos, biológico e socioafetivo, para todos os fins de direito,
a fim de prover a mais completa e adequada tutela aos sujeitos envolvidos, ante os
princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e da paternidade
responsável (art. 226, § 7º).
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(D) CORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”. 13
_______________________________________________________________________
07. De acordo com o Código Civil, caso um testador institua sua sobrinha como
fideicomissária, essa estipulação será
(A) nula.
(B) anulável.
(C) válida.
(D) ineficaz.
(E) não escrita.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

(A) CORRETA. Art. 1.952, do Código Civil:


A substituição fideicomissária somente se permite em favor dos não
concebidos ao tempo da morte do testador.

Parágrafo único. Se, ao tempo da morte do testador, já houver nascido o


fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicometidos,
convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário.

(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.


(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “A”.

Isso porque, apesar de não existir restrição, não resta claro se a sobrinha já era nascida
ou não. O enunciado não evidencia se a sobrinha era viva ou não concebida. No entanto,
o argumento tão seria tão forte, uma vez que a banca examinadora pode argumentar
que a referida informação estaria subentendida no enunciado.

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08. A repetição de indébito por cobrança indevida de valores contratuais sujeita-se à
prescrição
(A) quinquenal.
(B) bienal.
(C) trienal. 14
(D) anual.
(E) decenal.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “E”.


(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “E”.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “E”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “E”.
(E) CORRETA. A discussão sobre a cobrança indevida de valores constantes de relação
contratual e eventual repetição de indébito não se enquadra na hipótese do artigo 206,
parágrafo 3º, IV, do Código Civil/2002, seja porque a causa jurídica, em princípio, existe
(relação contratual prévia em que se debate a legitimidade da cobrança), seja porque a
ação de repetição de indébito é ação específica”. No mesmo julgado, o STJ definiu que
o prazo é decenal, seguindo a norma geral prevista no artigo 205 do CC. Afinal não há
previsão de prazo menor específico.
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09. Em caso de atraso na entrega do imóvel por culpa da construtora, o prejuízo do
promitente comprador
(A) excluirá os lucros cessantes.
(B) será presumido e deverá corresponder à média do aluguel que o comprador deixaria
de pagar.
(C) compreenderá somente o dano moral.
(D) deverá ser comprovado.
(E) compreenderá o dano material e o moral, que é presumido.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.


(B) CORRETA. A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que, reconhecida a culpa
do promitente vendedor no atraso da entrega de imóvel, os lucros cessantes são 15
presumidos e devem corresponder à média do aluguel que o comprador deixaria de
pagar (REsp 1723050/RJ).
No caso de descumprimento do prazo para a entrega do imóvel, incluído o período de
tolerância, o prejuízo do comprador é presumido, consistente na injusta privação do uso
do bem, a ensejar o pagamento de indenização, na forma de aluguel mensal, com base
no valor locatício de imóvel assemelhado, com termo final na data da disponibilização
da posse direta ao adquirente da unidade autônoma” (REsp n. 1.729.593/SP). Tema
Repetitivo 996.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
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10. Assinale a opção correta conforme o entendimento do STJ acerca da alienação
fiduciária em garantia de coisa móvel.
(A) O pagamento das despesas relativas à guarda e conservação de veículo alienado
fiduciariamente em pátio privado em virtude da efetivação de liminar de busca e
apreensão do bem é de responsabilidade do devedor fiduciante.
(B) Atraso cometido pela instituição financeira na baixa de gravame de alienação
fiduciária no registro de veículo caracteriza dano moral in re ipsa.
(C) É vedada a aplicação da pena de perdimento de veículo objeto de alienação fiduciária
ou de arrendamento mercantil, independentemente da participação do credor
fiduciário no evento que daria causa à pena.
(D) Caso o bem não seja encontrado em ação de busca e apreensão processada sob o
rito do Decreto-lei n.º 911/1969, o credor poderá requerer a conversão do pedido de
busca e apreensão em ação executiva.
(E) A relação entre o contrato de compra e venda de bem de consumo e o de
financiamento bancário com alienação fiduciária, destinado a viabilizar a aquisição do
bem, é de acessoriedade.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O pagamento devido pelas despesas relativas à guarda e conservação


de veículo alienado fiduciariamente em pátio privado em virtude da efetivação de
liminar de busca e apreensão do bem, por se tratar de obrigação propter rem, é de
responsabilidade do credor fiduciário que é quem detém a propriedade do automóvel
objeto de contrato garantido por alienação fiduciária” (AgRg no REsp 1.016.906/SP,
TERCEIRA TURMA, julgado em 7.11.2013, DJe de 21.11.2013).
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(B) INCORRETA. O atraso, por parte de instituição financeira, na baixa de gravame de
alienação fiduciária no registro de veículo não caracteriza, por si só, dano moral in re
ipsa” (REsp 1881453/RS, julgado em 30/11/2021, DJe 07/12/2021).
(C) INCORRETA. A jurisprudência do STJ está pacificada no sentido da admissão da
aplicação da pena de perdimento de veículo objeto de alienação fiduciária ou
arrendamento mercantil (leasing), independentemente da participação do credor
fiduciário ou arrendante no evento que deu causa à pena (AgInt no REsp 1591876/MS,
julgado em 08/11/2016, DJe 14/11/2016).
(D) CORRETA. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça traçou orientação no
sentido de que, em ação de busca e apreensão processada sob o rito do Decreto-Lei nº
911/1969, o credor tem a faculdade de requerer a conversão do pedido de busca e
apreensão em ação executiva se o bem não for encontrado ou não se achar na posse do
devedor (art. 4º)” (REsp n. 1.785.544/RJ, relator Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, julgado em 21/6/2022, DJe de 24/6/2022).
(E) INCORRETA. Não existe, em regra, caráter acessório entre os contratos de compra e
venda de bem de consumo e o de financiamento bancário com arrendamento mercantil
destinado a viabilizar a aquisição do mesmo bem, de maneira que a instituição financeira
não pode ser responsabilizada solidariamente pelo inadimplemento do vendedor”
(AgInt nos EDcl no REsp 1.292.147/SP, DJe de 02/06/2017).
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11. Conforme entendimento do STJ, a imposição da guarda compartilhada dos filhos é
afastada no caso de
(I) inaptidão de um dos genitores para o exercício da guarda.
(II) o genitor residir em país diferente daquele onde os filhos residem.
(III) um dos genitores praticar atos contrários à moral.
(IV) suspensão do poder familiar.
(V) perda do poder familiar.
Estão certos apenas os itens
(A) I e V.
(B) IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) I, II, III e IV.
(E) I, II, III e V.

GABARITO: B
COMENTÁRIOS 17
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(B) CORRETA. Os únicos mecanismos admitidos em lei para se afastar a imposição da
guarda compartilhada são a suspensão ou a perda do poder familiar, situações que
evidenciam a absoluta inaptidão para o exercício da guarda e que exigem, pela
relevância da posição jurídica atingida, prévia decretação judicial”. (REsp 1878041/SP,
julgado em 25/05/2021, DJe 31/05/2021).
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
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12. De acordo com o Código Civil, o juiz somente poderá autorizar a exibição integral
dos livros e papéis de escrituração da sociedade empresária quando necessária para
(A) instruir processo de pensão alimentícia.
(B) resolver questões relativas à sucessão.
(C) obter prova em processo cuja matéria seja de interesse público.
(D) instruir processo de insolvência.
(E) defender interesse de um dos sócios

GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.


(B) CORRETA. Art. 1.191 do Código Civil:
“O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de
escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão,
comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em
caso de falência”.

(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.


(D) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “B”.
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13. De acordo com o disposto no Código Civil e o entendimento jurisprudencial do STJ
acerca dos contratos de seguro, assinale a opção correta.
(A) No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital estipulado
18
é considerado herança para todos os efeitos de direito e está sujeito às dívidas do
segurado.
(B) Na falta de indicação do beneficiário do seguro de vida, ou, se por qualquer motivo,
não prevalecer a indicação feita, metade do capital segurado será pago ao cônjuge
sobrevivente, e o restante, às pessoas que provarem que a morte do segurado os privou
dos meios necessários à subsistência.
(C) No seguro de vida, é permitida a exclusão de cobertura na hipótese de sinistros ou
acidentes decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de insanidade
mental ou sob efeito de bebida alcoólica ou substâncias tóxicas.
(D) Em regra, a embriaguez do segurado não pode eximir a seguradora do pagamento
da indenização prevista em contrato de seguro de vida.
(E) Como a legislação estabelece critério objetivo para regular os seguros de vida, o
segurador está obrigado ao pagamento de indenização em caso de suicídio do segurado
dentro dos dois primeiros anos do contrato.

GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 794, do Código Civil:


No seguro de vida ou de acidentes pessoais para o caso de morte, o capital
estipulado não está sujeito às dívidas do segurado, nem se considera herança
para todos os efeitos de direito.

(B) INCORRETA. Art. 792, do Código Civil:


Na falta de indicação da pessoa ou beneficiário, ou se por qualquer motivo
não prevalecer a que for feita, o capital segurado será pago por metade ao
cônjuge não separado judicialmente, e o restante aos herdeiros do segurado,
obedecida a ordem da vocação hereditária.

(C) INCORRETA. No seguro de vida, é vedada a exclusão de cobertura na hipótese de


sinistros ou acidentes decorrentes de atos praticados pelo segurado em estado de
insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas” (REsp
1665701/RS, julgado em 09/05/2017, DJe 31/05/2017).
(D) CORRETA. Súmula 620/STJ: “A embriaguez do segurado não exime a seguradora do
pagamento da indenização prevista em contrato de seguro de vida.”
(E) INCORRETA. O legislador estabeleceu critério objetivo para regular a matéria,
tornando irrelevante a discussão a respeito da premeditação da morte e que, assim, a
seguradora não está obrigada a indenizar apenas o suicídio ocorrido dentro dos dois
primeiros anos do contrato (AgRg nos EDcl nos EREsp 1.076.942/PR). 19
_______________________________________________________________________
14. Cada um dos itens a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma
assertiva a ser julgada conforme as disposições do Código Civil e da jurisprudência do
STJ em relação à proteção da pessoa dos filhos em situações de multiparentalidade.
(I) O pai biológico de Maria faleceu quando ela tinha apenas doze anos de idade. Dois
anos depois, a mãe de Maria passou a viver em união estável com João. Desde então,
João tomou para si o exercício da função paterna na vida de Maria, situação plenamente
aceita por ela. Por essa razão, João e Maria decidiram tornar jurídica a situação fática
então existente, para ser reconhecida a paternidade socioafetiva dele mediante sua
inclusão no registro civil dela, sem exclusão do pai biológico falecido. Nessa situação
hipotética, reconhecida a multiparentalidade em razão da ligação afetiva entre enteada
e padrasto, Maria terá direitos patrimoniais e sucessórios em relação tanto ao pai
falecido quanto a João.
(II) Regina namorava publicamente Adão e outros rapazes quando engravidou. Dois
meses depois do nascimento de Felipe, fruto dessa gravidez, Adão o registrou e passou
a tratá-lo publicamente como filho. Todavia, com dúvidas acerca da paternidade, Adão
fez, extrajudicialmente, um exame de DNA e constatou que Felipe não era seu filho
biológico. Nessa situação hipotética, a divergência entre a paternidade biológica e a
declarada no registro de nascimento é suficiente para que Adão possa pleitear
judicialmente a anulação do ato registral, mesmo configurada a paternidade
socioafetiva.
(III) Daniel e Jonas convivem em união estável homoafetiva e resolveram ter um filho.
Procuraram, então, uma clínica de fertilização na companhia de Marta, irmã de Jonas,
para um programa de inseminação artificial. Daniel e Marta se submeteram ao ciclo de
reprodução assistida, dando origem a Letícia. Marta foi somente a chamada barriga
solidária. Nessa situação hipotética, o registro civil de Letícia deverá ser realizado pelo
cartório, independentemente de prévia autorização judicial.
(IV) Quando Eva se casou com Ivo, já era mãe de Elias, fruto de um relacionamento
anterior. Embora Elias seja filho biológico e registral de outro homem, perante a
sociedade, o trabalho, os amigos e a escola, Ivo sempre o apresenta como seu filho, sem
qualquer distinção. Nessa situação hipotética, depois do falecimento de Ivo, Elias poderá
obter judicialmente o reconhecimento de Ivo como seu pai socioafetivo, incluindo-o no
seu registro civil, sem a exclusão do pai biológico.
Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e IV.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.
_______________________________________________________________________
20
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO.
Enunciado 632 do CJF: Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade
paterna ou materna, o filho terá direito à participação na herança de todos
os ascendentes reconhecidos.

(II) INCORRETO. O STJ consolidou orientação no sentido de que para ser possível a
anulação do registro de nascimento, é imprescindível a presença de dois requisitos, a
saber: (i) prova robusta no sentido de que o pai foi de fato induzido a erro, ou ainda,
que tenha sido coagido a tanto e (ii) inexistência de relação socioafetiva entre pai e filho.
Assim, a divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro de
nascimento não é apta, por si só, para anular o registro. REsp 1829093/PR. Precedentes.
(III) CORRETO. De acordo com o Provimento nº 63/2017 do Conselho Nacional de
Justiça, o registro de nascimento de crianças geradas por meio da técnica de reprodução
assistida de gestação por substituição poderá ser solicitado no Cartório de Registro Civil,
não sendo necessária qualquer intervenção judicial.
(IV) CORRETO.
O STF possui firme entendimento no sentido de que a paternidade
socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem
biológica, com todas as suas consequências jurídicas. (RE 898060).
(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(D) CORRETA. I, III e IV corretos, conforme comentários acima.
(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
_______________________________________________________________________
15. Quanto às relações de parentesco e à competência para julgar as ações a esse
respeito, assinale a opção correta à luz do Código Civil e da Lei de Organização Judiciária
do Distrito Federal e dos Territórios.
(A) No Código Civil, há previsão de adoção de pessoa maior de dezoito anos de idade, o
que depende da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva de
competência do juiz da vara da infância e da juventude.
(B) Embora haja regra expressa de competência para o julgamento da ação de pessoa
maior de dezoito anos de idade na Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal e
dos
Territórios, não há previsão do instituto no Código Civil, devendo ser usado por analogia,
no que couber, o Estatuto da Criança e do Adolescente.
(C) Embora haja previsão de adoção de pessoa maior de dezoito anos de idade no Código
Civil, a Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal e dos Territórios não estabelece
21
regra de competência para julgamento desse tipo de demanda.
(D) No Código Civil, há previsão de adoção de pessoa maior de dezoito anos de idade, o
que depende da assistência efetiva do poder público e de sentença constitutiva de
competência do juiz da vara de família.
(E) Nos termos do Código Civil, as regras gerais do Estatuto da Criança e do Adolescente
não são aplicáveis à adoção de pessoa maior de dezoito anos de idade.

GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.


(B) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(C) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.
(D) CORRETA. Art. 1.619, do Código Civil:
A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva
do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as
regras gerais da Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e
do Adolescente.
Art. 27, VI, da Lei de Organização Judiciária do DF:
“Art. 27. Compete ao Juiz da Vara de Família: (…) VI – autorizar a adoção de
maiores de 18 (dezoito) anos.”

(E) INCORRETA. Vide comentários alternativa “D”.


_______________________________________________________________________

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

16. No que se refere à fazenda pública em juízo, assinale a opção correta, à luz da
jurisprudência do STJ e do Código de Processo Civil (CPC).
(A) A participação da fazenda pública no processo configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.
(B) No cumprimento de sentença de obrigação de pagar, a fazenda pública deve ser
intimada para impugnação, tendo prazo em dobro para se manifestar, por prerrogativa
legal.
(C) A fazenda pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito
prévio dos honorários do perito.
(D) Não é cabível ação monitória contra a fazenda pública, em virtude da simplicidade
do seu procedimento.
(E) A fazenda pública é isenta do pagamento de emolumentos cartorários. 22
______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 178, Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura,
por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

(B) INCORRETA.
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante
judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de
30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em
dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá
início a partir da intimação pessoal.
(...)
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei
estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.
O prazo de impugnação é de trinta dias, não sendo contado em dobro, já que o CPC
estabelece prazo próprio para a Fazenda Pública, o que atrai a incidência do art. 183,
§2º, do CPC.
(C) CORRETA. SÚMULA 232 do STJ: A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica
sujeita à exigência do depósito prévio dos honorários do perito.

(D) INCORRETA.
Art. 700, 6º: É admissível ação monitória em face da Fazenda Pública.

SÚMULA 339 do STJ: É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.


(E) INCORRETA. O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento segundo o qual
a Fazenda Pública não é isenta do pagamento dos emolumentos cartorários, havendo,
apenas, o diferimento deste para o final do processo, quando deverá ser suportado pelo
vencido (AgInt no AREsp 381536 / RS).
_______________________________________________________________________
17. Com base nas disposições do CPC e na jurisprudência do STJ a respeito do
litisconsórcio e da intervenção de terceiros, assinale a opção correta.
(A) O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser instaurado de
ofício no âmbito dos juizados especiais. 23
(B) Se uma seguradora denunciada em ação de reparação de danos não contestar o
pedido do autor, ela poderá ser condenada, direta e solidariamente com o segurado, ao
pagamento da indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
(C) O CPC determina expressamente a aplicação do prazo em dobro para litisconsortes
com procuradores de diferentes escritórios, ainda que o processo seja eletrônico.
(D) Não deve ser extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente pelo réu
nas hipóteses em que o denunciado conteste apenas a pretensão de mérito da demanda
principal.
(E) Aquele que detenha a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome
próprio, tem o ônus de nomear à autoria o proprietário ou o possuidor da coisa litigiosa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber
intervir no processo.
Art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-
se ao processo de competência dos juizados especiais.

(B) INCORRETA. SÚMULA N. 537 do STJ: Em ação de reparação de danos, a seguradora


denunciada, se aceitar a denunciação ou contestar o pedido do autor, pode ser
condenada, direta e solidariamente junto com o segurado, ao pagamento da
indenização devida à vítima, nos limites contratados na apólice.
(C) INCORRETA.
Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios
de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas
manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
requerimento.
(...)
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

(D) INCORRETA. Não é extinta a denunciação da lide apresentada intempestivamente


pelo réu nas hipóteses em que o denunciado contesta apenas a pretensão de mérito da
demanda principal. STJ. 3ª Turma. REsp 1.637.108-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 6/6/2017 (Info 606).
(E) INCORRETA. Não existe mais a nomeação à autoria enquanto intervenção de
terceiros no CPC de 2015. O réu poderá, na contestação, suscitar sua ilegitimidade
passiva, na forma do art. 339 do CPC.
_______________________________________________________________________
24
18. Almir, maior de idade e capaz, correntista do banco Beta S.A., verificou o desconto
de um seguro residencial não contratado em sua conta-corrente, o que o motivou a
ingressar com ação de indenização por danos morais e materiais contra a mencionada
instituição financeira. Regularmente citado, o banco réu refutou a pretensão e
apresentou pedido reconvencional de cobrança de valores de cheque especial
inadimplidos pelo autor. Por causa disso, Almir desistiu do pedido, oportunidade em que
o réu foi intimado para se manifestar.
Considerando a situação hipotética apresentada, os ditames do CPC e a jurisprudência
do STJ, assinale a opção correta.
(A) No caso de a sentença ser proferida com fundamento na desistência da ação
principal, as despesas e os honorários serão divididos entre as partes.
(B) Se o réu recusar-se, sem motivo razoável, a aceitar a desistência, o juiz poderá suprir
a concordância e proceder à homologação.
(C) A desistência do autor na ação principal obsta o prosseguimento do processo quanto
à reconvenção.
(D) A desistência da ação somente pode ser apresentada até a contestação.
(E) A homologação da desistência da ação gera coisa julgada material, o que impede
Almir de ajuizar nova demanda com conteúdo idêntico.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou
em reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela
parte que desistiu, renunciou ou reconheceu.

(B) CORRETA.
Art. 485, § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o
consentimento do réu, desistir da ação.

A despeito da literalidade do dispositivo, segundo entendimento do STJ, a recusa do réu


deve ser fundamentada e justificada, não bastando apenas a simples alegação de
discordância, sem a indicação de qualquer motivo relevante.
Confira-se:
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO
JURÍDICO. DESISTÊNCIA DA AÇÃO. NECESSIDADE DE CONCORDÂNCIA DO RÉU.
RECUSA, TODAVIA, CONDICIONADA A APRESENTAÇÃO DE FUNDAMENTAÇÃO
RAZOÁVEL. PEDIDO DE DESISTÊNCIA FORMULADO PARA MODIFICAR REGRA DE
COMPETÊNCIA E VIOLAR O PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. IMPOSSIBILIDADE. 25
1- Ação distribuída em 26/01/2009. Recurso especial interposto em 20/10/2014 e
atribuído à Relatora em 02/09/2016.
2- O propósito recursal é definir se a justificativa apresentada pelos recorrentes para
impedir a desistência da ação formulada pelos recorridos foi suficientemente
fundamentada e se deve ser reputada como válida.
3- Após o escoamento do prazo para resposta, somente é admissível a desistência da
ação com a aquiescência do réu, pois ele também tem direito ao julgamento de mérito
da controvérsia, bem como a eventual formação de coisa julgada material a seu favor.
4- A recusa do réu, todavia, deve ser fundamentada em motivo razoável, sendo
insuficiente a simples alegação de discordância sem a indicação de qualquer motivo
plausível. Precedentes.
5- Na hipótese, verifica-se que os autores pretendem desistir da ação para deduzir
pretensão assentada em questão conexa em juízo distinto daquele em que tramita a
ação em 1º grau de jurisdição, de modo que a justificativa apresentada pelos réus, ainda
que sucinta, é relevante e busca, em última análise, evitar a artificial modificação de
regra de competência e a violação ao princípio constitucional do juiz natural.
6- Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1519589 / DF, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, Terceira Turma, DJe 13/04/2018)
(C) INCORRETA.
Art. 343, § 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que
impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo
quanto à reconvenção.

(D) INCORRETA.
Art. 485, § 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

(E) INCORRETA. A sentença que homologa o pedido de desistência formulado julga


extinto o processo SEM resolução de mérito, não gerando, pois, coisa julgada material.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


(..)
VIII - homologar a desistência da ação;
_______________________________________________________________________
19. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), diante da
multiplicidade de recursos especiais fundados em idêntica questão de direito,
selecionou dois recursos e os remeteu ao STJ para fins de afetação, determinando o
sobrestamento de todos os processos em tramitação sob sua jurisdição na região que
versassem sobre a mesma matéria e estivessem pendentes de julgamento. Com o
recebimento do recurso representativo da controvérsia no STJ, o ministro relator
proferiu decisão de afetação e, em seguida, o recurso foi julgado pela Corte Especial do
STJ, a qual fixou a tese jurídica.

A partir dessa situação hipotética e das regras processuais recursais, assinale a opção
correta.
(A) Os recursos afetados devem ser julgados no prazo de um ano e têm preferência
sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam mandado de segurança.
26
(B) A escolha dos recursos feita pelo TJDFT vincula o relator no STJ, que não pode
selecionar outros recursos representativos da controvérsia.
(C) A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de
proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso
representativo da controvérsia.
(D) No STJ, para subsidiar seu convencimento acerca da controvérsia objeto dos recursos
especiais repetitivos, o relator não pode admitir a participação de terceiros na qualidade
de amicus curiae, por vedação legal.
(E) O julgamento de casos repetitivos tem por objeto apenas questão de direito
processual, uma vez que não cabe reexame de provas em recurso especial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência
sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus.
(B) INCORRETA.
Art. 1036, § 4º A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal
de justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o relator no tribunal
superior, que poderá selecionar outros recursos representativos da
controvérsia.

(C) CORRETA.
Art. 1040, § 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de
jurisdição, antes de proferida a sentença, se a questão nela discutida for
idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia.

(D) INCORRETA. Não há vedação legal. Ademais, o próprio CPC estabelece que o amicus
curiae possui legitimidade para recorrer da decisão julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas:
Art. 138, § 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente
de resolução de demandas repetitivas.

(E) INCORRETA.
Art. 928, Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto
questão de direito material ou processual.

_______________________________________________________________________
20. João, com oitenta anos de idade, nascido em São Paulo – SP, circense, sem domicílio
certo, foi encontrado morto no município de Fortaleza – CE, em 15 de outubro de 2021.
João deixou apenas bens imóveis: três situados na cidade de Brasília – DF e um na cidade
de Salvador – BA. Em razão do óbito, a única filha de João, domiciliada em Aracaju – SE, 27
procedeu à abertura do inventário.
Nessa situação hipotética, o foro competente para o referido inventário é o
(A) do município de Aracaju – SE, local do domicílio da inventariante, única filha do
falecido.
(B) do município de Fortaleza – CE, local do óbito de João.
(C) de Brasília – DF exclusivamente, pois é lá que se situa a maioria dos bens imóveis
deixados por João.
(D) do município de Salvador – BA ou o de Brasília – DF, indistintamente, pois nesses
locais se situam os bens imóveis do autor da herança.
(E) do município de São Paulo – SP, local de nascimento de João, uma vez que ele não
tinha domicílio certo ao tempo de sua morte.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS
Como João não possuía domicílio certo e deixou apenas bens imóveis, devemos aplicar
o art. 48 do CPC
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente
para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições
de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no
estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é
competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do
espólio.
_______________________________________________________________________

21. Luísa, servidora pública, ajuizou ação contra o município de Bertolínia – PI,
postulando o pagamento de determinada quantia com base em lei municipal. A
execução transitou em julgado em janeiro de 2015, formando-se um título executivo em
favor de Luísa. Em janeiro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF), ao examinar
recurso extraordinário interposto pelo município que envolvia o processo de outra
servidora com base na mesma lei, decidiu que a referida norma não fora recepcionada
pela Constituição Federal de 1988 (CF). Tendo em vista essa decisão, o município
pretende apresentar o instrumento jurídico mais adequado para a defesa de seus
interesses atualmente, inclusive contra Luísa.
Considerando essa situação hipotética, as disposições do CPC e a jurisprudência dos 28
tribunais superiores, assinale a opção correta.
(A) É cabível o ajuizamento de ação rescisória, cujo prazo será contado a partir do
trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF.
(B) O instrumento mais adequado a ser proposto pelo município é a ação declaratória
de nulidade (querela nullitatis).
(C) O instrumento mais adequado a ser proposto pelo município é a ação ordinária no
rito do procedimento comum.
(D) Não cabe a apresentação de nenhum instrumento jurídico pelo município, uma vez
que o processo de Luísa está protegido pela coisa julgada material.
(E) É cabível o ajuizamento de reclamação constitucional pelo município.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Art. 525, § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo,
considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em título
executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação
ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal
Federal como incompatível com a Constituição Federal, em controle de
constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal
poderão ser modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser
anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado
da decisão exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do
trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
_______________________________________________________________________
22. Em relação à tutela provisória, assinale a opção correta.
(A) O requerimento de tutela antecipada incidental é condicionado ao pagamento de
custas.
(B) No procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente, o prazo
máximo para o réu apresentar contestação é de quinze dias.
(C) Não caberá liminar na tutela de evidência quando ficar caracterizado o abuso no
direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.
(D) A tutela da evidência poderá ser concedida desde que haja demonstração de perigo
de dano ou de risco ao resultado útil do processo.
(E) O ressarcimento dos prejuízos decorrentes do deferimento da tutela provisória
posteriormente revogada por sentença que extingue o processo sem resolução de
mérito deve, necessariamente, ser liquidado em processo autônomo.
29
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do
pagamento de custas.

(B) INCORRETA.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido
e indicar as provas que pretende produzir.

(C) CORRETA.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente
e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental
adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de
gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

(D) INCORRETA.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando.

(E) INCORRETA.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte
responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte
adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os
meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do
autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida
tiver sido concedida, sempre que possível.
_______________________________________________________________________
23. De acordo com as disposições do CPC acerca das audiências, assinale a opção
30
correta.
(A) A audiência poderá ser adiada se houver atraso injustificado de seu início em tempo
superior a quinze minutos do horário agendado.
(B) Somente ocorrerá audiência de conciliação ou de mediação se os direitos envolvidos
no litígio forem disponíveis.
(C) As partes poderão gravar integralmente a audiência, em imagem e em áudio, em
meio digital ou analógico, desde que haja prévia autorização judicial.
(D) Caso haja acordo entre as partes na audiência de instrução, elas ficarão dispensadas
do pagamento de eventuais custas processuais remanescentes.
(E) Cabe ao defensor público intimar a testemunha por ele arrolada ou informá-la do
dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 362. A audiência poderá ser adiada:
I - por convenção das partes;
II - se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que
dela deva necessariamente participar;
III - por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado.

(B) INCORRETA. O CPC exige que o direito não admita autocomposição:


Art. 334, § 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na
composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.

(C) INCORRETA.
Art. 367, § 5º A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em
áudio, em meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das
partes e dos órgãos julgadores, observada a legislação específica.

§ 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode ser realizada diretamente


por qualquer das partes, independentemente de autorização judicial.

(D) CORRETA.
Art. 90, § 3º Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam
dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver.

(E) INCORRETA.
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por
ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-
31
se a intimação do juízo.
§ 4º A intimação será feita pela via judicial quando:
I - for frustrada a intimação prevista no § 1º deste artigo;
II - sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz;
III - figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em
que o juiz o requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em
que servir;
IV - a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela
Defensoria Pública;
V - a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454 .

_______________________________________________________________________
24. A respeito das ações locatícias, assinale a opção correta.
(A) Segundo o STJ, para a retomada da posse direta por adquirente de imóvel objeto de
contrato de locação, o rito processual adequado é o da ação de imissão de posse.
(B) Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o prazo máximo da renovação
compulsória do contrato locatício é de cinco anos, salvo se a vigência da avença locatícia
superar esse período.
(C) Na ação revisional de aluguel, a sentença não poderá estabelecer indexador para
reajustamento do aluguel diferente daquele previsto no contrato revisando.
(D) Segundo o STJ, o prazo de sessenta dias para exigir prestação de contas refere-se a
um intervalo mínimo a ser respeitado pelo locatário para promover solicitações dessa
natureza, portanto não é decadencial.
(E) As ações de despejo que decorram da falta de pagamento do aluguel e dos demais
encargos devem, necessariamente, ser instruídas com a prova da propriedade do imóvel
ou do compromisso.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Segundo o STJ, o art. 54, §2º, da lei 8.245/61 não estabelece prazo decadencial de 60
dias para que se formule pedido de prestação de contas no seio de contrato de locação
em shopping center, mas sim estatui uma periodicidade mínima para essa prestação
(REsp 2003209 / PR, DJe 30/09/2022).
_______________________________________________________________________
25. Considerando o CPC e a jurisprudência do STJ a respeito dos atos processuais e dos
negócios jurídicos processuais, assinale a opção correta.
(A) O peticionamento nos autos por advogado destituído de poderes especiais para
receber citação não configura comparecimento espontâneo apto a suprir tal
32
necessidade, por força do princípio da instrumentalidade das formas.
(B) As citações, intimações e penhoras não poderão realizar-se no período de férias
forenses.
(C) Os prazos processuais podem ser fixados em minutos.
(D) O negócio jurídico processual somente pode ser celebrado após o início do processo.
(E) Os negócios jurídicos processuais podem ser celebrados em processos que versem
sobre direitos de qualquer natureza, mesmo aqueles que não admitam
autocomposição.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. De fato, para o STJ, o peticionamento nos autos por advogado
destituído de poderes especiais para receber citação não configura comparecimento
espontâneo apto a suprir tal necessidade. STJ. 4ª Turma. RHC 168.440-MT, Rel. Min. Raul
Araújo, julgado em 16/08/2022 (Info 745).
Entretanto, o erro da alternativa é dizer que tal orientação encontra correlação com o
princípio da instrumentalidade das formas, uma vez que tal princípio foi afastado pela
Corte Superior em relação à possibilidade de reconhecer o comparecimento espontâneo
apto a suprir a necessidade de citação, na hipótese de peticionamento nos autos por
advogado destituído de poderes especiais
(B) INCORRETA.
Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações,
intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses,
onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido
neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, da Constituição
Federal .

(C) CORRETA. É possível que os prazos processuais sejam estabelecidos em minutos,


como o de 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos, para alegações orais, na forma
do art. 364 do CPC.
(D) INCORRETA.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição,
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

(E) INCORRETA.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição,
é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
33
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
_______________________________________________________________________
26. Quanto ao entendimento dos tribunais superiores acerca do mandado de segurança,
do mandado de injunção, do habeas corpus e do habeas data, assinale a opção correta.
(A) O cônjuge sobrevivente não é parte legítima para impetrar habeas data em defesa
de interesse do falecido, por se tratar de direito personalíssimo.
(B) Entidade de classe tem legitimidade para impetrar mandado de segurança, ainda que
a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.
(C) A competência para processar e julgar mandado de injunção firma-se em razão da
matéria, e não da autoridade coatora.
(D) A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes,
cumulativamente, a inexistência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou
informações e a que ordenou a prática do ato impugnado e a manifestação a respeito
do mérito nas informações prestadas.
(E) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor
dos associados depende da autorização destes.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. É parte legítima para impetrar habeas data o cônjuge sobrevivente na
defesa de interesse do falecido (HD 147/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2007, DJ 28/02/2008).
(B) CORRETA. Súmula 630/STF: A entidade de classe tem legitimação para o mandado
de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria.
(C) INCORRETA. A competência para processar e julgar mandado de injunção firma-se
não em razão da matéria, mas, sim, da autoridade coatora (STJ, CC 39.437).
(D) INCORRETA. Súmula 628/STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de
segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de
vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a
prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações
prestadas; e c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição
Federal.
(E) INCORRETA. Súmula 629/STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por
entidade de classe em favor dos associados independe de autorização destes.
_______________________________________________________________________ 34
27. A respeito da ação direta de inconstitucionalidade, da ação declaratória de
constitucionalidade, da ação de descumprimento de preceito fundamental e da ação de
usucapião, assinale a opção correta, com base nas regras processuais dispostas na
legislação em vigor e no entendimento do STF.
(A) Município não tem legitimidade para propor, incidentalmente no curso de processo
em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante no STF.
(B) Após o recebimento das informações dos requeridos e das manifestações do
advogado-geral da União e do procurador-geral da República, admite-se o aditamento
à inicial da ação direta de inconstitucionalidade (ADI) para inclusão de novos dispositivos
legais, em razão do princípio da causa de pedir aberta.
(C) As hipóteses de impedimento e suspeição de ministros não se aplicam,
ordinariamente, ao processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade.
(D) Estado-membro possui legitimidade para recorrer das decisões proferidas em sede
de controle concentrado de constitucionalidade em ação direta de
inconstitucionalidade (ADI) que tenha sido ajuizada pelo respectivo governador.
(E) É facultado ao interessado instruir o pedido de reconhecimento extrajudicial de
usucapião com certidões negativas dos distribuidores da comarca acerca da situação do
imóvel e do domicílio do requerente.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. LEI Nº 11.417/2006:


Art. 3º, § 1º O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de
processo em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de
enunciado de súmula vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo.

(B) INCORRETA. Não é admitido o aditamento à inicial da ação direta de


inconstitucionalidade após o recebimento das informações dos requeridos e das
manifestações do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República. STF.
Plenário. ADI 4541/BA, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/4/2021 (Info 1013).
(C) CORRETA. As hipóteses de impedimento e suspeição restringem-se aos processos
subjetivos; logo, não se aplicam, ordinariamente, ao processo de fiscalização
concentrada de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).
(D) INCORRETA. O Estado-membro NÃO POSSUI legitimidade para recorrer contra
decisões proferidas em sede de controle concentrado de constitucionalidade, ainda que
a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo Governador. A legitimidade para recorrer,
nestes casos, é do próprio Governador (previsto como legitimado pelo art. 103 da 35
CF/88). STF. Plenário. ADI 4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
05/04/2018. Info 896 STF.
(E) INCORRETA.
CPC, Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de
reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado
diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que
estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado,
representado por advogado, instruído com:
I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do
requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente
habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo
conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de
outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo
e na matrícula dos imóveis confinantes;
III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel
e do domicílio do requerente;

_______________________________________________________________________
28. Acerca dos procedimentos especiais e do processo de execução, assinale a opção
correta.
(A) Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
(B) Havendo garantia parcial do débito, o juiz não pode determinar, por requerimento
do exequente, a inscrição do nome do executado em cadastros de inadimplentes.
(C) Valores poupados pelo devedor até o patamar de quarenta salários mínimos são
protegidos, em regra, pela impenhorabilidade, desde que depositados em caderneta de
poupança ou em conta-corrente, sendo penhoráveis, contudo, valores aplicados em
fundos de investimento.
(D) O contrato de desconto bancário (borderô) constitui, por si só, título executivo
extrajudicial.
(E) Na petição inicial da ação de exigir contas, o autor deve especificar, detalhadamente,
as razões pelas quais exige as contas, requerendo a citação do réu para que as preste ou
ofereça contestação no prazo de cinco dias.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Súmula 531/STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito


ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à
emissão da cártula.
(B) INCORRETA.
Art. 782, § 3º A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do
36
nome do executado em cadastros de inadimplentes.

(C) INCORRETA. É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça no sentido


de que a impenhorabilidade da quantia de até quarenta salários-mínimos poupada
alcança não somente a aplicação em caderneta de poupança, mas, também, a mantida
em fundo de investimento, em conta corrente ou guardada em papel-moeda, ressalvado
eventual abuso, má-fé ou fraude. AgInt no REsp 1858456(2020/0012196-6 de
18/06/2020)
(D) INCORRETA. O contrato de desconto bancário (borderô) não constitui, por si
só, título executivo extrajudicial, dependendo a ação executiva de vinculação a
um título de crédito concedido em garantia ou à assinatura pelo devedor e por duas
testemunhas (STJ, REsp 986972 / MS)
(E) INCORRETA.
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá
a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15
(quinze) dias.

_______________________________________________________________________
29. Quanto à boa-fé e à má-fé processual, assinale a opção correta.
(A) Havendo mais de um litigante de má-fé, a multa aplicável será repartida entre os
litigantes, independentemente de quantos forem.
(B) A boa-fé é exigível de qualquer pessoa que participe do processo, inclusive
testemunhas, peritos e tradutores, sob pena de multa, a ser fixada pelo juiz, por
litigância de má-fé.
(C) A multa por litigância de má-fé é recolhida a favor do estado ou da União.
(D) A litigância de má-fé acarreta a responsabilização por perdas e danos, o que pode
englobar honorários contratuais de advogados contratados pela outra parte.
(E) A construção de versões dos fatos, mesmo que não totalmente correspondentes aos
que na verdade ocorreram, é prerrogativa da defesa em juízo, não configurando, por si
só, litigância de má-fé, salvo quando somada ao uso do processo para objetivo ilegal ou
à dedução de pretensão contra texto expresso de lei.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO!

37
(A) INCORRETA.
Art. 80, § 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz
condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou
solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

(B) INCORRETA (possivelmente correta).


Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-
se de acordo com a boa-fé.

A boa-fé, de fato, é exigida de todos que participem do processo.


Entretanto, para o STJ, a multa por litigância de má-fé não se aplica ao juiz: A multa
prevista no parágrafo único do art. 14 do CPC/1973 (art. 77, § 2º, do CPC/2015) NÃO
SE APLICA aos juízes, devendo os atos atentatórios por eles praticados ser investigados
nos termos da Lei Orgânica da Magistratura. STJ. 4ª Turma. REsp 1.548.783-RS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/06/2019 (Info 653).
Contudo, considerando que o enunciado não exige a orientação do STJ, bem como que
a alternativa aborda, expressamente e de forma genérica, tão somente a necessidade
de todos os integrantes do processo respeitarem a boa-fé objetiva, pode também ser
tida como correta, o que permite a anulação da questão ou a aceitação de duas
respostas.
(C) INCORRETA.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a
pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento
do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que
esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas
que efetuou.

(D) CORRETA.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a
pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento
do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que
esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as
despesas que efetuou.

(E) INCORRETA. O art. 80, II, do CPC considera litigante de má-fé aquele que altera a
verdade dos fatos:
Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:
(...)
II - alterar a verdade dos fatos;

_______________________________________________________________________
30. A respeito da gratuidade de justiça, assinale a opção correta, de acordo com o CPC,
o Regimento Interno do TJDFT e o provimento-geral da Corregedoria aplicado aos juízes 38
e ofícios judiciais.
(A) A concessão da gratuidade de justiça afasta a responsabilidade do beneficiário pelo
pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios.
(B) A concessão da gratuidade de justiça afasta do beneficiário o dever de pagar as
multas processuais que lhe forem impostas no decorrer do processo.
(C) A gratuidade da justiça compreende despesas com a realização de exame de código
genético (DNA), caso seja necessário ao processo.
(D) Findo o processo de natureza cível, os autos são remetidos à contadoria judicial, para
elaboração do cálculo das custas finais, a que todos estão obrigados, salvo se
beneficiário da justiça gratuita, não havendo a baixa do processo no sistema
informatizado até que haja o pagamento das referidas custas.
(E) A justiça gratuita deferida no primeiro grau de jurisdição não engloba os recursos
interpostos perante a segunda instância, devendo ser confirmada expressamente pelo
desembargador relator.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Art. 98, § 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do
beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios
decorrentes de sua sucumbência.

(B) INCORRETA.
Art. 98, § 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário
pagar, ao final, as multas processuais que lhe sejam impostas.

(C) CORRETA.
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os
honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de
outros exames considerados essenciais;

(D) INCORRETA. PROVIMENTO GERAL DA CORREGEDORIA APLICADO AOS JUÍZES E


OFÍCIOS JUDICIAIS
Art. 100. Findo o processo de natureza CÍVEL, os autos serão remetidos à
contadoria judicial para a elaboração dos cálculos das custas finais, SALVO se
a parte responsável pelo pagamento for beneficiária da justiça gratuita.

Art. 101. Escoado o prazo para o recolhimento das custas, a secretaria da vara
deverá providenciar a baixa da parte requerida no sistema informatizado e o
arquivamento dos autos, mesmo que não tenha havido o pagamento das
custas. 39
(E) INCORRETA. O benefício da gratuidade de justiça, se deferido, é mantido até o final
do processo, salvo se houver revogação por decisão judicial. Para o STJ, “a parte
beneficiária da justiça gratuita deve fazer prova dessa condição no momento da
interposição do recurso. Não o fazendo, deve a parte recorrente arcar com o ônus daí
advindo” (AgInt no AREsp 1708196 / SP, DJe 26/10/2022)
_____________________________________________________________________________

DIREITO DO CONSUMIDOR

31. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), são nulas as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos que

(A) proíbam a renúncia ao direito de indenização por benfeitorias necessárias.

(B) autorizem fornecedor e consumidor a cancelarem o contrato unilateralmente.

(C) deem como opção o reembolso de quantia já paga pelo consumidor.

(D) transfiram responsabilidades a terceiros.

(E) prevejam como alternativa a utilização de meios adequados de resolução de


conflitos.
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GABARITO: D

COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na reta final do TJDFT.


A questão é facilmente resolvida somente pelo conhecimento do art. 51 do Código de
Defesa do Consumidor, que assim prevê, exemplificativamente, as seguintes cláusulas
abusivas, nulas de pleno direito.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos
casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja conferido ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.

Correta, assim, a alternativa D.

_______________________________________________________________________
40
32. Tendo em vista as práticas comerciais disciplinadas pelo CDC e a jurisprudência do
STJ, assinale a opção correta a respeito da cobrança de dívidas.

(A) O órgão mantenedor do cadastro de proteção ao crédito é o responsável pela


exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro de inadimplentes, no
prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito.

(B) Os bancos de dados relativos aos consumidores, incluindo-se os serviços de proteção


ao crédito, são entidades de caráter privado, razão pela qual o acesso a informações
desses bancos é restrito às pessoas interessadas.

(C) O credor será responsabilizado em caso de omissão da comunicação prévia acerca


da inscrição do devedor nos registros de proteção ao crédito.

(D) A discussão judicial da dívida é suficiente para obstaculizar a negativação do


consumidor nos bancos de dados.

(E) O aviso de recebimento na carta de comunicação ao consumidor, no que se refere à


negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros, é dispensável.

_______________________________________________________________________

GABARITO: E
COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na reta final do TJDFT.


Houve cobrança tanto de detalhes do art. 43 do CDC como de Súmulas do STJ sobre os
bancos de dados e cadastro de consumidores.

(A) INCORRETA. A responsabilidade pela exclusão do nome do devedor/consumidor dos


cadastros de proteção ao crédito, após efetivo e integral pagamento, é do CREDOR
(fornecedor).

Súmula 548 do STJ. Incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do


devedor no cadastro de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral
e efetivo pagamento do débito.

(B) INCORRETA. Tratam-se de entidades de caráter público, mas que podem ser
instituídas e mantidas por entidades privadas.

Art. 43, § 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os


serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de
caráter público.

(C) INCORRETA. A responsabilidade pela comunicação prévia ao devedor/consumidor


sobre sua inscrição em cadastro de consumidores/serviço de proteção ao crédito é do
órgão mantenedor.
41
Súmula 359 do STJ. Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a
notificação do devedor antes de proceder à inscrição.

(D) INCORRETA. O STJ consolidou o entendimento no sentido de que, para a retirada do


nome do devedor do cadastro de proteção ao crédito, é necessário o depósito da parte
incontroversa da obrigação ou prestação de caução. Além disso, o devedor necessita
comprovar a verossimilhança de suas alegações com base na jurisprudência superior, a
fim de obter a decisão temporária de retirada do cadastro, por meio de tutela
antecipada, ou liminar em cautelar. Ex.: AgRg. no AREsp. 453.398/MS, Rel. Ministro
SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 16/06/2014.

(E) CORRETA. A notificação, além de ser prévia e por escrito, precisa ser acompanhada
de prova de efetiva notificação do devedor (ex.: aviso de recebimento)? Não! A questão
também já foi pacificada pelo STJ.

Súmula 404 do STJ. É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação


ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.

_______________________________________________________________________

33. João, após ter consumido um leite da marca X — produzido na fazenda de Carlos e
vendido somente no mercado de José — apresentou gastroenterite. Após investigação,
constatou-se que a má conservação do produto, durante o transporte pelo produtor, e
o acondicionamento no mercado contribuíram para a ocorrência do problema de João.

Com relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta no que diz respeito à
responsabilização no âmbito do CDC.

(A) A perecibilidade do produto impede o consumidor de exigir qualquer


responsabilização pelos danos a ele ocasionados.

(B) A hipótese é de fato do produto e enseja a responsabilização apenas do produtor


Carlos.

(C) A situação é de vício do produto e enseja a responsabilização do produtor Carlos e


do comerciante José.

(D) A hipótese é de fato do produto e enseja a responsabilização do produtor Carlos e


do comerciante José.

(E) A situação é de vício do produto e enseja a responsabilização apenas do produtor


Carlos

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GABARITO: D
42
COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na reta final do TJDFT.


Observe-se, em primeiro lugar, qual o tipo de responsabilidade que exsurge do
enunciado. Tratando-se de uma situação que causa riscos à saúde e à segurança do
consumidor, está-se diante de um fato/defeito/acidente do produto, que atrai a
regulamentação dos arts. 12 e 13 do CDC.

VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO FATO DO PRODUTO/SERVIÇO

Qualidade-adequação. Qualidade-segurança.

Atinge o produto ou o serviço em si – Atinge em especial a incolumidade físico-


intrínseco. psíquica do consumidor ou de terceiros
(as vítimas de consumo) – extrínseco.
• Pode vir a causar danos
materiais/morais.
Também denominado defeito ou
acidente de consumo.

Sujeita-se a prazo decadencial. Sujeita-se a prazo prescricional.

Uma vez classificado como FATO DO PRODUTO, é bem verdade que há uma
peculiaridade, para este tipo de responsabilidade, no que tange às espécies de
fornecedores responsáveis. O art. 12 do CDC traz como inicial, objetiva e solidariamente
responsáveis apenas o FABRICANTE, o PRODUTOR, o CONSTRUTOR e o IMPORTADOR.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

O comerciante não responde objetiva e solidariamente em toda e qualquer situação. As


hipóteses de responsabilidade estão elencadas no art. 13. Para considerável parcela da
doutrina, para o STJ e para bancas de concursos, a responsabilidade do comerciante é
objetiva e subsidiária.

Ocorre que, na situação posta no enunciado, houve o preenchimento de uma das


hipóteses de responsabilização do comerciante prevista no inciso III do art. 13 do CDC: 43
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo
anterior, quando:
(...)
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

Desse modo, serão responsáveis tanto o PRODUTOR como o COMERCIANTE.


_______________________________________________________________________

34. Com relação à disciplina dos planos de saúde, à luz do direito consumerista e da
jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta.
(A) É abusiva a conduta do seguro-saúde em condicionar a conclusão do contrato do
seguro-saúde à realização, pelo segurado, de exames médicos para a constatação de sua
disposição física e psíquica.
(B) É obrigatório o custeio, por parte dos planos de saúde, de tratamento médico de
fertilização in vitro, tendo em vista que o referido procedimento é regulamentado no
âmbito da ANVISA.
(C) É válida cláusula prevista em contrato de seguro-saúde que limite o tempo de
internação do segurado.
(D) É dispensável previsão contratual, no que diz respeito à ocorrência de variação das
contraprestações pecuniárias dos planos privados de assistência à saúde, em razão da
idade do usuário.
(E) É ilegítima a recusa da operadora de plano de saúde de custeio de medicamento
indicado pelo médico responsável pelo beneficiário e cuja importação tenha sido
autorizada pela ANVISA, mesmo não havendo registro do fármaco nessa agência
reguladora.
_______________________________________________________________________

GABARITO: E

COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na reta final do TJDFT.


(A) INCORRETA. Súmula 609 do STJ: A recusa de cobertura securitária, sob a alegação
de doença preexistente, é ilícita se não houve a exigência de exames médicos prévios
à contratação ou a demonstração de má-fé do segurado.

(B) INCORRETA. Tese firmada pelo STJ em sede de Repetitivo (tema 1067): Salvo
disposição contratual expressa, os planos de saúde não são obrigados a custear o
tratamento médico de fertilização in vitro. REsp 1.851.062-SP, Rel. Min. Marco Buzzi,
Segunda Seção, por maioria, julgado em 13/10/2021. (Tema 1067)

(C) INCORRETA. Súmula 302 do STJ: É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde
que limita no tempo a internação hospitalar do segurado. 44
(D) INCORRETA. TESE para os fins do Art. 1.040 do CPC/2015: O reajuste de mensalidade
de plano de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do
beneficiário é válido desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as
normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados
percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial
idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso. (REsp
1568244/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
14/12/2016, DJe 19/12/2016).

(E) CORRETA. Informativo 717 STJ 2021: É de cobertura obrigatória pela operadora de
plano de saúde, o medicamento que, apesar de não registrado pela ANVISA, teve a sua
importação excepcionalmente autorizada pela referida Agência Nacional. REsp
1.943.628-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
26/10/2021, DJe 03/11/2021.
_______________________________________________________________________

35. Acerca das disposições do CDC e à luz da jurisprudência do STF, julgue os itens a
seguir.

(I) Os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras


aéreas de passageiros, formalizados ou atualizados após o CDC, ainda que menos
favoráveis ao consumidor, têm prevalência em relação a esse diploma legal.
(II) É inconstitucional lei distrital que disponha sobre a vedação do corte do
fornecimento de energia elétrica residencial, em situações de inadimplemento e
parcelamento do débito, em razão da pandemia de covid-19, porquanto invade a
competência da União de legislar sobre normas gerais atinentes à proteção do
consumidor.

(III) É válida lei distrital que estabeleça novas restrições, com base no CDC, quanto aos
débitos que não podem ser inscritos nos cadastros de proteção ao crédito, em razão do
fato de ser concorrente a competência dos estados e do Distrito Federal para legislar
sobre direito do consumidor.

Assinale a opção correta.

(A) Apenas o item I está certo.

(B) Apenas o item II está certo.

(C) Apenas os itens I e III estão certos.

(D) Apenas os itens II e III estão certos.

(E) Todos os itens estão certos.

_______________________________________________________________________

GABARITO: A 45
COMENTÁRIOS

Assuntos da questão foram abordados na reta final do TJDFT.

(I) CORRETA. Informativo 866 STF 2017: Extravio de bagagem. Dano material. Limitação.
Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. É aplicável o
limite indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos
internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano material
decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais.

Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Constituição
da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade
das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e
Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor".

Vamos entender alguns detalhes do julgado acima do STF.

Em suma, decidiu-se uma antinomia aparente entre os seguintes diplomas:

- CDC (1990) – vige o princípio da reparação integral (art. 6º, VI);


- Convenção de Varsóvia (Decreto n. 20.704/31), alterada pela Convenção de Montreal
(Decreto n. 2.861/98) – tratam das indenizações que o transportador aéreo poderá ser
obrigado a pagar em caso de destruição, perda ou avaria de bagagens e fixam limites
(“indenização tarifada”).

Para compreender a decisão da Suprema Corte, é fundamental conhecer o teor do art.


178 da CF/88.
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e
terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional,
observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da
reciprocidade.

Diante do exposto da CF, aliado aos critérios cronológicos (a Convenção de Montreal foi
incorporada no ordenamento jurídico brasileiro após o CDC, e modificou a Convenção
de Varsóvia no que tange ao tema ora discutido) e especial (a Convenção de Montreal
dispõe especificamente sobre a indenização pelo extravio de bagagem em transporte
aéreo), o STF decidiu que deve prevalecer o disposto nas Convenções de Varsóvia e de
Montreal em detrimento do CDC.

(II) INCORRETA. ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO – CONTROLE ABSTRATO DE


CONSTITUCIONALIDADE. Cabe à Advocacia-Geral da União a defesa do ato normativo
impugnado – artigo 103, § 3º, da Constituição Federal. COMPETÊNCIA NORMATIVA –
CONSUMIDOR – PROTEÇÃO – AMPLIAÇÃO – LEI ESTADUAL. Ausente instituição de
obrigação relacionada à execução do serviço de energia elétrica, são constitucionais
atos normativos estaduais a versarem vedação do corte do fornecimento residencial,
ante inadimplemento, e parcelamento do débito, considerada a pandemia covid-19,
46
observada a competência concorrente para legislar sobre proteção do consumidor –
artigo 24, inciso VIII, da Carta da República. (ADI 6588, Relator(a): MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 31/05/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-159 DIVULG 09-
08-2021 PUBLIC 10-08-2021)

(III) INCORRETA. Ementa: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. CONSUMIDOR. LEI DISTRITAL QUE IMPÕE RESTRIÇÕES AO
SISTEMA DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. OFENSA AO ART. 24, VIII, DA CARTA MAGNA.
AÇÃO JULGADA PROCEDENTE.
I – É inconstitucional lei estadual, distrital ou municipal, que verse sobre normas gerais
de defesa do consumidor, por ofender o art. 24, VIII e § 1°, do texto constitucional.
II – A lei não pode estabelecer diferenças nos serviços de cadastro de dados de proteção
ao crédito que não sejam compatíveis com o Código de Defesa do Consumidor (norma
geral).
III – Ação direta de inconstitucionalidade que se julga procedente.
(ADI 3623, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
11/10/2019, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-238 DIVULG 30-10-2019 PUBLIC 04-11-2019)

_____________________________________________________________________________________
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

36. Ana, divorciada, tem três filhos: uma menina de dois anos de idade; uma menina de
três anos de idade; e um adolescente de quinze anos de idade. Ana é a única provedora
do lar, já que não recebe pensão alimentícia nem apoio do pai biológico das crianças ou
de quaisquer outras pessoas. Ela e as crianças moram em uma região administrativa do
Distrito Federal. Visando ter tempo para trabalhar, ela tem buscado vagas em creches e
pré-escolas públicas para as filhas menores, porém, sem sucesso, pois a única resposta
que vem recebendo é a de que não é possível o atendimento às crianças. O filho mais
velho de Ana informou à mãe que pretende ajudar financeiramente a família. Na
situação hipotética apresentada, em relação aos filhos de Ana, o Estado tem o dever
constitucional de assegurar
(A) o atendimento às duas meninas em creche ou pré-escola, sendo vedado ao
adolescente exercer qualquer atividade remunerada.
(B) o atendimento às duas meninas em pré-escola, podendo o adolescente exercer
atividade como aprendiz, assegurados a ele somente direitos previdenciários.
(C) o atendimento às duas meninas em creche, podendo o adolescente exercer atividade
como aprendiz, assegurados a ele direitos trabalhistas e previdenciários.
(D) o atendimento à filha maior de Ana em pré-escola, mas não o atendimento à filha
menor em uma creche, sendo vedado ao adolescente exercer qualquer atividade
remunerada.
(E) o atendimento às duas meninas em creche, podendo o adolescente exercer atividade
como aprendiz, assegurados a ele somente direitos trabalhistas.
47
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 54 do ECA - É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:


(...)
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de
idade;

Art. 60 do ECA - É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de


idade, salvo na condição de aprendiz.

Art. 7º da CF - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social: (...) XXXIII - proibição de trabalho
noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos;
_______________________________________________________________________
37. Tiago, que não está em situação de risco e cujo poder familiar é exercido
regularmente pela sua mãe, ajuizou ação de alimentos em desfavor de seu genitor. A
Defensoria Pública da comarca onde eles residem tende a ser eficiente nesse tipo de
demanda. Nessa situação hipotética, o Ministério Público
(A) tem legitimidade ativa para ajuizar a ação de alimentos, independentemente de
quaisquer um dos elementos apresentados na situação em apreço.
(B) não tem legitimidade ativa para ajuizar a referida ação de alimentos, em razão do
exercício regular do poder familiar pela mãe.
(C) não tem legitimidade ativa para ajuizar a ação de alimentos, já que existe órgão da
Defensoria Pública eficiente no local onde a família reside, para atuar na demanda em
questão.
(D) somente terá legitimidade ativa para ajuizar a ação de alimentos se a mãe de Tiago
procurar a Defensoria Pública local, mas esta for ineficiente.
(E) não tem legitimidade ativa para ajuizar a ação de alimentos, em razão de Tiago não
estar vivendo nenhuma situação de risco.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Art. 201 do ECA - Compete ao Ministério Público:


(...)
II - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de
suspensão e destituição do poder familiar , nomeação e remoção de tutores,
curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos
da competência da Justiça da Infância e da Juventude.
48
_______________________________________________________________________

38. De acordo com a Lei n.º 13.431/2017, assinale a opção correta acerca do
depoimento especial de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência.
(A) Em caso de quaisquer tipos de violência contra crianças e adolescentes, o
depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova.
(B) No curso do processo judicial, é vedada a transmissão do depoimento especial para
a sala de audiência, em tempo real, em razão do sigilo.
(C) O depoimento especial deverá ser gravado em áudio e vídeo, podendo as perguntas
ser adaptadas por profissional especializado, a fim de viabilizar a compreensão da
criança ou do adolescente.
(D) O depoimento especial deverá ser tomado uma única vez, independentemente da
necessidade, para evitar a potencialização de efeitos negativos na vítima.
(E) O depoimento especial deverá ocorrer diante da autoridade judiciária, uma vez que
as vítimas são menores de idade, sendo vedada a sua tomada por autoridade policial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Art. 12 da Lei 13.431/2017 - O depoimento especial será colhido conforme o


seguinte procedimento:
(...)
V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de
melhor compreensão da criança ou do adolescente;
VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo.
_______________________________________________________________________
39. De acordo com a Lei n.º 12.594/2012, no âmbito do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo (SINASE), compete aos estados
(A) instituir e manter processo de avaliação dos sistemas de atendimento
socioeducativo, seus planos, suas entidades e seus programas.
(B) contribuir para a qualificação e para a ação em rede dos sistemas de atendimento
socioeducativo.
(C) criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas socioeducativas
de semiliberdade e internação.
(D) desenvolver e manter programas de atendimento para a execução das medidas
socioeducativas em meio aberto.
(E) formular e coordenar a execução da Política Nacional de Atendimento
Socioeducativo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS
49
Questão abordada no aulão de Véspera e na rodada de reta final do TJDFT.

Art. 4º da Lei 12.594/2012 - Compete aos Estados:


(...)
III - criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas
socioeducativas de semiliberdade e internação;
_______________________________________________________________________
40. No dia 10/8/2022, um adolescente de 16 anos de idade foi apreendido em flagrante
pela prática de ato infracional análogo ao tráfico de drogas na rodoviária interestadual
do Distrito Federal (DF), localizada em Brasília. Conforme apurado pela autoridade
policial, o adolescente, residente no DF, havia acabado de embarcar em um ônibus com
destino à cidade de Fortaleza – CE e transportava consigo, escondidos em sua bagagem,
30 kg de substância entorpecente popularmente conhecida como maconha.
A busca pessoal ocorreu de forma legal, e o jovem, cientificado do direito ao silêncio,
confessou na esfera policial ter sido contratado por um terceiro para o transporte da
droga. Formalizado o flagrante pela delegacia da criança e do adolescente, os autos
foram encaminhados ao Poder Judiciário do DF.
A folha de passagem do jovem continha apenas um registro anterior de ato infracional
análogo a furto simples, ocasião em que fora concedida remissão pré-processual, sem
cumulação com medida socioeducativa. Após oitiva informal, o membro do MP ofereceu
representação contra o adolescente e justificou não ser possível a concessão de
remissão pré-processual em casos de tráfico de drogas, por expressa vedação legal.
Requereu, ainda, a decretação da internação provisória para a garantia da ordem
pública.
Os autos foram conclusos para a apreciação do juízo competente, que decidiu receber
a representação e liberar o adolescente, sob o fundamento de que a decretação da
internação provisória no caso em análise infringiria o princípio da homogeneidade,
porquanto ausentes as hipóteses de internação estrita previstas no Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA).
Considerando a situação hipotética apresentada, as normas do ECA, a jurisprudência do
STJ e as normas previstas no Regimento Interno do TJDFT, assinale a opção correta.
(A) Julgada procedente a representação oferecida em desfavor do adolescente, a
aplicação de medida socioeducativa de internação estrita se impõe, visto que, conforme
entendimento sumulado do STJ, a prática de ato infracional análogo ao tráfico de drogas
conduz obrigatoriamente à aplicação da referida medida.
(B) A decisão judicial que rejeitou o pedido de internação provisória do adolescente com
base no princípio da homogeneidade contraria a jurisprudência do STJ, cujo
entendimento prevalecente é o de ser possível a internação provisória, mesmo nas
situações em que não estiverem presentes as hipóteses legais de internação estrita
previstas no ECA.
(C) Segundo o Regimento Interno do TJDFT, o julgamento de eventual recurso interposto
pelo MP contra a decisão do juízo da infância e juventude que liberou o adolescente é
competência das turmas cíveis do tribunal, mesmo em se tratando de apuração de ato
infracional. 50
(D) A anotação relativa à remissão anteriormente concedida, constante na folha de
passagens do adolescente, não pode ser considerada para fins de caracterização de
reiteração de atos infracionais, de acordo com a jurisprudência do STJ.
(E) A justificativa do MP para não conceder remissão quanto ao tráfico de drogas está
correta, pois o ECA veda expressamente tal medida para atos infracionais análogos a
crimes hediondos ou equiparados.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

Art. 127 do ECA - A remissão não implica necessariamente o reconhecimento


ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de
antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das
medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e
a internação.
(...)
3. A remissão pré-processual concedida pelo Ministério Público, antes mesmo de se
iniciar o procedimento no qual seria apurada a responsabilidade, não é incompatível
com a imposição de medida sócio-educativa de advertência, porquanto não possui esta
caráter de penalidade. Ademais, a imposição de tal medida não prevalece para fins de
antecedentes e não pressupõe a apuração de responsabilidade. (...) STF. 2ª Turma. RE
248018, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 06/05/2008.

_____________________________________________________________________________________

BLOCO II
DIREITO PENAL

41. Considerando-se a distinção entre crime comum e crime militar, é correto afirmar
que ocorre crime comum no caso de
(A) um civil cometer roubo de valores pertencentes a empresa privada depositados em
posto do Banco do Brasil situado em área sob a administração militar.
(B) um civil, fora de lugar sujeito à administração militar, praticar crime contra militar
que esteja no desempenho de serviço de vigilância por determinação legal superior.
(C) um civil praticar crime contra as instituições militares e contra o patrimônio sob a
administrativa militar, seja em tempo de guerra, seja em tempo de paz.
(D) um policial militar exigir vantagem indevida de um civil, em função de abordagem
de rotina realizada em veículo cuja documentação esteja irregular.
(E) um militar integrante da reserva remunerada ter cometido descaminho e, no
51
momento de abordagem policial realizada por militares, apresentar-se como policial
militar e exibir carteira funcional para evitar revista do seu automóvel.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

De início cabe esclarecer que os crimes militares podem ser classificados em próprios e
impróprios. Os crimes militares próprios são aqueles delitos cometido por militar, nos
termos do art. 9º, III, do Código Penal Militar ou em outros tipos penais especiais. Nessa
espécie, se amoldam os delitos que apenas os próprios militares podem cometer. Os
crimes militares impróprios são aqueles delitos cometidos, por militar ou por civil, desde
que haja previsão legal do Código Penal Militar, derivado da aplicabilidade do art. 9º da
legislação castrense.
(A) CORRETA. Crime comum, cometido por civil em desfavor de empresa privada, que
não se enquadra em nenhuma das hipóteses configuradoras de crime militar, conforme
art. 9º, III, do Código Penal Militar. Apesar de ser em lugar sujeito à administração
militar, o delito foi cometido contra militar que não estava em situação de atividade ou
no exercício de função inerente ao seu cargo;
(B) INCORRETA. Crime militar, cometido por civil em desfavor das Forças Armadas
(militar que esteja no desempenho de serviço de vigilância por determinação legal
superior), em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça
Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo.
(C) INCORRETA. Crime militar, contra as instituições militares e contra o patrimônio sob
a administrativa militar, seja em tempo de guerra (qualquer que seja o agente), seja em
tempo de paz, conforme art. 9º e 10 do Código Penal Militar.
(D) INCORRETA. Crime militar, praticado por militar em situação de atividade ou
assemelhado, no exercício de função inerente ao seu cargo. Art. 305. Exigir, para si ou
para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la,
mas em razão dela, vantagem indevida.
(E) INCORRETA. Crime militar, praticado por militar da reserva remunerada. Art. 171.
Usar o militar ou assemelhado, indevidamente, uniforme, distintivo ou insígnia de posto
ou graduação superior.
_______________________________________________________________________
42. A respeito dos crimes contra a ordem tributária, assinale a opção correta. Para tanto,
considere que a sigla ICMS, sempre que empregada, refere-se ao imposto sobre
circulação de mercadorias e serviços.
(A) Não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do lançamento
definitivo do tributo. 52
(B) O não recolhimento de ICMS retido por substituição tributária, declarado ao fisco,
apenas exclui o crime de apropriação indébita do tributo quando a apuração de
clandestinidade é apurada no balanço anual.
(C) A causa de aumento de pena relativa ao grave dano à coletividade não se restringe
a situações de relevante dano, considerando-se seu valor atual e integral, incluídos os
acréscimos legais de juros e multa.
(D) Tendo havido a quitação do tributo, ainda que remanescente o inadimplemento dos
juros e da multa cobrados, é possível a extinção da punibilidade pelo pagamento.
(E) O não recolhimento do ICMS em operações próprias configura crime contra a ordem
tributária, independentemente de contumácia delitiva, e pode ser punido a título de
culpa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Súmula Vinculante 24 determina que “não se tipifica crime material
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, antes do
lançamento definitivo do tributo”.
(B) INCORRETA.
Art. 2º, II, da Lei 8.137/90. A legislação não faz distinção no que toca o sujeito
ativo do crime, podendo restar caracterizado o delito pela atuação do
contribuinte ou do responsável tributário. A declaração ao fisco não
desconfigura o tipo penal, porquanto não exige a clandestinidade para sua
configuração.

(C) INCORRETA.
Portaria nº 320, editada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional: art. 12,
I: A majorante do grave dano à coletividade, trazida pelo art. 12, I, da Lei nº
8.137/90, deve se restringir a situações especiais de relevante dano.

(D) INCORRETA. Para os fins da majorante do art. 12, I, da Lei nº 8.137/90 (grave dano
à coletividade), o dano tributário deve ser valorado considerando seu valor atual e
integral, incluindo os acréscimos legais de juros e multa. (STF HC 129284/PE)
(E) INCORRETA. Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90,
deve ser comprovado o dolo específico. (HC 675.289-SC)
_______________________________________________________________________
43. João, maior de idade e capaz, e José, com 15 anos de idade, previamente acertados,
adentraram em um ônibus e, enquanto José distraía Maria, João subtraiu da bolsa dela
um telefone celular. De posse do celular, João dirigiu-se à porta de saída do ônibus,
quando foi detido por Manoel, que, tendo observado tudo, recuperou o celular de Maria
e entregou João e José para uma viatura da polícia que por ali passava. Apurou-se que
João e José praticavam tal conduta rotineiramente em ônibus pela cidade.
53
A partir da situação hipotética anterior, assinale a opção correta.
(A) A conduta de João enquadra-se como furto tentado, porque ele não teve a posse
mansa e pacífica do celular.
(B) O crime de corrupção de menores é crime formal, portanto sua configuração
depende de prova da corrupção.
(C) A comprovação da menoridade, para efeitos de configuração do crime de corrupção
de menores, requer a juntada de certidão de nascimento do corrompido.
(D) O prontuário civil de José não é prova suficiente de sua menoridade.
(E) O furto foi consumado, por ter o celular saído da esfera de vigilância da vítima.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse
do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
(B) INCORRETA. Súmula 500-STJ: “A configuração do crime do art. 244-B do ECA
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
(C) INCORRETA. Súmula 74-STJ: "para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade
do réu requer prova por documento hábil". O STJ considera documento hábil o registro
que contenha número do documento de identidade, do CPF ou de outro registro formal,
tal como a certidão de nascimento. A prova da idade da criança ou adolescente
supostamente envolvido em prática criminosa ou vítima do delito de corrupção de
menores não pode ser atestada exclusivamente pelo registro de sua data de
nascimento, em boletim de ocorrência, sem referência a um documento oficial do qual
foi extraída tal informação (STJ ProAfR no REsp 1619265/MG)
(D) INCORRETA. Súmula 74-STJ: "para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade
do réu requer prova por documento hábil". O STJ considera documento hábil o registro
que contenha número do documento de identidade, do CPF ou de outro registro formal,
tal como a certidão de nascimento. A prova da idade da criança ou adolescente
supostamente envolvido em prática criminosa ou vítima do delito de corrupção de
menores não pode ser atestada exclusivamente pelo registro de sua data de
nascimento, em boletim de ocorrência, sem referência a um documento oficial do qual
foi extraída tal informação (STJ ProAfR no REsp 1619265/MG)
(E) CORRETA. Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse
do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e
em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 54
_______________________________________________________________________
44. Marcos, reincidente, foi preso em flagrante pelo crime de roubo e condenado a
cumprir pena privativa de liberdade de quatro anos de reclusão.
Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) Caso alcance o direito ao trabalho externo, Marcos perderá tal direito apenas se
cometer novo crime ainda no decorrer do cumprimento da pena.
(B) Marcos poderá iniciar o cumprimento da pena no regime semiaberto, uma vez
presentes os requisitos para a concessão do benefício.
(C) Tratando-se de roubo, crime hediondo, é obrigatória a fixação do regime fechado.
(D) O regime inicial de cumprimento da pena deve ser definido considerando-se apenas
o quantum da pena aplicada.
(E) Ainda no início do cumprimento da pena em regime fechado, Marcos poderá ser
liberado para trabalho externo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
LEP - Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção
do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade,
além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único.
Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar
fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento
contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.

(B) CORRETA. Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto


aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as
circunstâncias judiciais.
(C) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal afastou a obrigatoriedade do regime inicial
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, devendo-se observar,
também nesses crimes, o disposto no art. 33, c.c. o art. 59, ambos do Código Penal, e as
Súmulas n. 440/STJ, 718/STF e 719/STF (HC n.111.840/ES).
(D) INCORRETA.
Código Penal - Art. 33, § 3º - A determinação do regime inicial de
cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art.
59 deste Código.

(E) INCORRETA.
LEP - Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime
fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da
55
Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas
as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.

_______________________________________________________________________
45. Quanto ao tempo do crime, assinale a opção correta.
(A) Mesmo que lei posterior deixe de considerar determinado fato como crime, não
serão excluídos os efeitos penais de condenação feita com base na legislação outrora
vigente.
(B) A lei temporária aplica-se ao fato praticado durante sua vigência, ainda que
decorrido o período de sua duração.
(C) Definido o fato como criminoso, a pena deve ser aplicada quando estabelecida
cominação para ele.
(D) Ainda que transitada em julgada sentença penal condenatória, lei posterior terá
aplicação imediata.
(E) A lei excepcional tem aplicação imediata, não gerando efeitos caso não aplicada
durante sua vigência.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Código Penal. Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos
penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de
qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

(B) CORRETA.
Código Penal. Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram,
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

(C) INCORRETA.
Código Penal - Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há
pena sem prévia cominação legal.

(D) INCORRETA.
Constituição Federal - Art. 5º, inc. XL - A lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu.

(E) INCORRETA.
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos
por sentença condenatória transitada em julgado.
56
_______________________________________________________________________
46. Julgue os itens a seguir, relativos aos crimes de violência doméstica.
(I) Para a configuração do crime de violência doméstica, é necessária coabitação entre
o autor e a vítima.
(II) Não se aplicam aos crimes de violência doméstica contra mulher os dispositivos da
Lei n.º 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais).
(III) Nos casos de crimes de lesões corporais leves e culposas, a ação penal é
condicionada à representação.
Assinale a opção correta.
(A) Nenhum item está certo.
(B) Apenas o item I está certo.
(C) Apenas o item II está certo.
(D) Apenas o item III está certo.
(E) Todos os itens estão certos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETO.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial: III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.

(II) CORRETO.
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099,
de 26 de setembro de 1995.

(III) INCORRETO. Súmula 542 do STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
_______________________________________________________________________
47. A respeito do excludente de ilicitude, assinale a opção correta.
(A) Não é passível de punição a pessoa que agir por erro sobre elemento constitutivo de
crime.
(B) O erro quanto à pessoa contra quem o crime foi praticado não isenta de pena o
agente da conduta criminosa, embora se desconsiderem, nesse caso, as qualidades da 57
vítima.
(C) Se o fato delituoso for cometido em obediência a ordem de superior hierárquico, só
será punível o autor da ordem.
(D) O erro derivado de culpa não permite punição, uma vez que as circunstâncias tornam
legítima a ação.
(E) O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, diminuirá a pena a ser aplicada.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Código Penal - Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de
crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em
lei.

(B) CORRETA.
Código Penal – Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições
ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.

(C) INCORRETA.
Código Penal – Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

(D) INCORRETA.
Código Penal - Art. 20, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de
culpa e o fato é punível como crime culposo.

(E) INCORRETA.
Código Penal - Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-
la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe
era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.

_______________________________________________________________________
48. De acordo com a legislação e a jurisprudência dos tribunais superiores a respeito do
crime de lavagem de capitais, assinale a opção correta.
(A) Nos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, não é legítima a
exasperação da pena-base pela valoração negativa das consequências do crime em
decorrência da movimentação de expressiva quantia de recursos envolvidos.
(B) O crime de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores tipificado na Lei n.º
9.613/1998 não constitui crime autônomo em relação a infrações penais antecedentes.
(C) Embora a tipificação da lavagem de dinheiro dependa da existência de uma infração
58
penal antecedente, é possível a imputação simultânea, ao mesmo réu, do crime de
lavagem e da infração antecedente, desde que demonstrados atos diversos e
autônomos daquele que compõe a realização da primeira infração penal, circunstância
na qual não ocorrerá o fenômeno da consunção.
(D) O crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade
típica de ocultar, não é permanente.
(E) Não acarreta bis in idem a incidência simultânea do reconhecimento da continuidade
delitiva e da majorante relativa ao cometimento dos crimes de lavagem de dinheiro de
forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Se a lavagem de dinheiro envolveu valores vultosos, a pena-base


poderá ser aumentada (“consequências do crime”) tendo em vista que, neste caso,
considera-se que o delito violou o bem jurídico tutelado de forma muito mais intensa
do que o usual. (STF - AP 863/SP).
(B) INCORRETA. Art. 2º, inciso II, da Lei nº 9.613/98. Por definição legal, a lavagem de
dinheiro constitui crime acessório e derivado, mas autônomo em relação ao crime
antecedente, não constituindo post factum impunível, nem dependendo da
comprovação da participação do agente no crime antecedente para restar
caracterizado. (STJ. REsp 134271 0/PR)
(C) CORRETA. É possível imputar simultaneamente o delito antecedente e lavagem de
dinheiro, “desde que sejam demonstrados atos diversos e autônomos daquele que
compõe a realização do primeiro crime, circunstância na qual não ocorrerá o fenômeno
da consunção” (AgRg no RHC 120.936/RN)
(D) INCORRETA. O delito de lavagem de bens, direitos ou valores (“lavagem de
dinheiro”), previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, quando praticado na modalidade de
ocultação, tem natureza de crime permanente. (STF AP 863/SP)
(E) INCORRETA. A incidência simultânea do reconhecimento da continuidade delitiva
(art. 70 do CP) e da majorante prevista no § 4º do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, nos crimes
de lavagem de dinheiro, acarreta bis in idem. (STJ AgRg nos EDcl no REsp 1667301/SP)
_______________________________________________________________________
49. Julgue os itens subsecutivos, a respeito da aplicação da pena de acordo com a
legislação e a jurisprudência dos tribunais superiores.
(I) A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio decorre do elemento
subjetivo do agente, ou seja, da existência ou não de desígnios autônomos.
(II) A circunstância agravante consistente em o agente ter cometido o crime contra
pessoa maior de sessenta anos de idade somente incide na dosimetria da pena se
comprovada a prévia ciência dessa característica pelo réu.
59
(III) É possível que o magistrado fixe a pena-base no máximo legal, ainda que tenha
valorado tão somente uma circunstância judicial.
(IV) Em se tratando de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na
sentença, computando-se o acréscimo decorrente da continuação.
(V) No concurso de crimes, a pena considerada para fins de fixação da competência do
juizado especial criminal será o resultado da soma, no caso de concurso material, ou da
exasperação, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, das penas máximas
cominadas aos delitos.
Estão certos apenas os itens
(A) I, II e IV.
(B) I, II e V.
(C) I, III e V.
(D) II, III e IV.
(E) III, IV e V.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA.
Concurso material - Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No
caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se
primeiro aquela.

Concurso Formal - Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou


omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

(II) INCORRETO. Para a incidência da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea
“h”, do Código Penal, não é necessário o agente ter conhecimento da idade da vítima,
tendo em vista que a vulnerabilidade do idoso é presumida. (STJ HC 417.150/SE)
(III) CORRETO. É possível que o magistrado fixe a pena-base no máximo legal, ainda que
tenha valorado somente uma circunstância judicial, desde que haja fundamentação
para tanto. (STJ AgRg no HC 699.762/SC)
(IV) INCORRETO. Súmula 497-STF “Em caso de continuidade delitiva, a prescrição regula-
se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da
continuação”.
60
(V) CORRETO.
Lei 9099/95 - Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que
a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com
multa.

_______________________________________________________________________
50. Com base no entendimento dos tribunais superiores acerca de aspectos da Lei n.º
11.343/2006 (Lei de Drogas), assinale a opção correta.
(A) O cometimento do crime de tráfico de drogas nas imediações de presídio não
constitui causa de aumento de pena se o destinatário da droga não for um preso ou um
frequentador da penitenciária, em virtude da ausência de lesão ao bem jurídico
tutelado.
(B) Configura constrangimento ilegal o afastamento do tráfico privilegiado e da redução
da fração de diminuição de pena por presunção de que o agente se dedica a atividades
criminosas, derivada unicamente da análise da natureza ou da quantidade de drogas
apreendida.
(C) É típica a conduta de importar pequena quantidade de sementes de maconha.
(D) Inquéritos policiais e ações penais em andamento podem ser utilizados como
fundamentação para o não reconhecimento do tráfico de drogas privilegiado previsto
na Lei de Drogas.
(E) Para aplicação da majorante atinente à internacionalidade do tráfico de drogas, é
necessário que a droga transportada atravesse a fronteira nacional.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº
11.343/2006 se justifica quando constatada a comercialização de drogas nas
dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, sendo irrelevante se o
agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local. Assim, se o tráfico de
drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. (STJ - HC
138944/SC).
(B) CORRETA. A causa de diminuição do artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06, conhecida
como tráfico privilegiado, não pode ser afastada pela presunção de que a quantidade de
drogas indica a dedicação à narcotraficância ou o envolvimento do réu com organização
criminosa. (STF - (HC 185287/MS AgR)
(C) INCORRETA. As condutas de plantar maconha para fins medicinais e importar
sementes para o plantio não preenchem a tipicidade material, motivo pelo qual se faz
possível a expedição de salvo-conduto, desde que comprovada a necessidade médica
do tratamento. (STJ HC 779289/DF)
61
(D) INCORRETA. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a
existência de inquéritos ou ações penais em andamento não é, por si só, fundamento
idôneo para afastamento da minorante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006. (STF - HC
206143 AgR).
(E) INCORRETA. Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art.
40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das
drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras.
_______________________________________________________________________

DIREITO PROCESSUAL PENAL

51. Com base no Código de Processo Penal (CPP) e na jurisprudência dos tribunais
superiores, assinale a opção correta relativa ao acordo de não persecução penal (ANPP).
(A) Os tribunais superiores têm reconhecido o ANPP como um direito subjetivo do
investigado.
(B) É incabível ANPP quando a infração é cometida com violência contra coisa, ainda que
a pena mínima seja inferior a quatro anos.
(C) Caso o agente tenha realizado transação penal nos cinco anos anteriores ao
cometimento da infração, ele não poderá ser beneficiado por ANPP.
(D) Em se tratando de cumprimento das condições impostas em ANPP, a competência
para a sua execução é do juízo do atual domicílio do investigado, em qualquer hipótese.
(E) No caso de recusa do oferecimento do ANPP pelo MP, a vítima, por meio de seu
advogado, pode propor o referido acordo ao investigado.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. STF, AgRg no HC 216.895, Rel. Min. Alexandre de Moraes, 1ª Turma, j.
19.08.2022: As condições descritas em lei são requisitos necessários para o
oferecimento do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), importante instrumento de
política criminal dentro da nova realidade do sistema acusatório brasileiro. Entretanto,
não obriga o Ministério Público, nem tampouco garante ao acusado verdadeiro direito
subjetivo em realizá-lo. Simplesmente, permite ao MP a opção, devidamente
fundamentada, entre denunciar ou realizar o acordo, a partir da estratégia de política
criminal adotada pela Instituição. O art. 28-A do Código de Processo Penal, alterado pela
Lei 13.964/2019, foi muito claro nesse aspecto, estabelecendo que o Ministério Público
“poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições”.
(B) INCORRETA. Entende-se majoritariamente que a violência que impede o
oferecimento do ANPP é aquele dirigido contra a pessoa, e não contra a coisa.
62
(C) CORRETA.
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou
grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
(...)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes
hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais
Criminais, nos termos da lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que
indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, transação
penal ou suspensão condicional do processo;

(D) INCORRETA.
Art. 18. (...) § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução
penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua
execução perante o juízo de execução penal.

(E) INCORRETA.
Art. 28 (...) § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em
propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
_______________________________________________________________________
52. Flávio, promotor de justiça no estado de Minas Gerais a passeio em Brasília – DF,
praticou, em situação de desavença no trânsito, o crime de lesão corporal grave contra
Túlio, juiz de direito do estado de São Paulo, que estava de férias na capital federal.
Considerando-se a situação hipotética, de acordo com as regras da legislação processual
penal brasileira e da jurisprudência dos tribunais superiores, é correto afirmar que a
competência para o julgamento do crime cometido por Flávio será do
(A) Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.
(B) Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
(C) Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
(D) juízo de primeiro grau da justiça comum do Distrito Federal.
(E) juízo de primeiro grau da justiça comum do estado de São Paulo.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS
63
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIMES DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E
LAVAGEM DE CAPITAIS SUPOSTAMENTE PRATICADOS EM DETRIMENTO DE INTERESSES
DA UNIÃO. ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
COMPETÊNCIA FIRMADA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADUAL. PLEITO DE REMESSA
DOS AUTOS À JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CORRÉU PROMOTOR DE
JUSTIÇA ESTADUAL. FATOS DELITIVOS EM APURAÇÃO NÃO RELACIONADOS COM O
EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES PÚBLICAS. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. AUSÊNCIA
DE SIMILITUDE COM A QUESTÃO ANALISADA PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL NO JULGAMENTO DA QO NA AP N. 937/RJ. APLICAÇÃO DA ATUAL
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE DEFINIDA PELA TERCEIRA SEÇÃO NO CC N. 177.100/CE.
MANUTENÇÃO DA COMPETÊNCIA DA CORTE ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PARA PROCESSAR E JULGAR A AÇÃO PENAL. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. Segundo reiterada manifestação desta Corte, não viola o princípio da colegialidade a
decisão monocrática do Relator calcada em jurisprudência dominante do Superior
Tribunal de Justiça, mormente tendo em vista a possibilidade de submissão do julgado
ao exame do Órgão Colegiado, mediante a interposição de agravo regimental.
2. Na hipótese, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
firmou sua competência para processar e julgar o Corréu detentor de foro por
prerrogativa de função e os demais Acusados, entre eles o Agravante. Contudo, a Defesa
argumenta que o Juízo Federal de primeira instância seria o competente para julgar os
fatos narrados na denúncia supostamente cometidos em detrimento de interesses da
União, por não possuírem nenhum vínculo funcional com o cargo de Promotor de Justiça
Estadual ocupado por um dos Corréus. Para tanto, invoca o entendimento firmado pela
Suprema Corte no julgamento da QO na AP n. 937/RJ e pela jurisprudência deste
Tribunal Superior.
3. Cabe esclarecer que o Supremo Tribunal Federal, nos autos da QO na AP n. 937/RJ,
delimitou sua competência para julgar os membros do Congresso Nacional somente nas
hipóteses de crimes praticados no exercício da função e em razão do cargo público
exercido.
Salienta-se, entretanto, que o referido julgado analisou somente o foro por prerrogativa
de função referente a cargos eletivos, visto que o caso concreto tratava de ação penal
ajuizada em desfavor de Deputado Federal. Ademais, frisa-se que, na ocasião do
julgamento da QO na APn n. 878/DF, a Corte Especial deste Superior Tribunal de Justiça
determinou a sua competência para processar e julgar Desembargadores acusados da
prática de crimes com ou sem relação ao cargo, não reconhecendo a similitude com o
precedente do Supremo Tribunal Federal, destacando a necessidade de o Magistrado
desempenhar suas atividades jurisdicionais de forma imparcial. Desse modo,
considerando que a prerrogativa de foro por prerrogativa de função relacionada à
Magistratura e ao Ministério Público encontra-se prevista no mesmo dispositivo
constitucional, qual seja, o art. 96, inciso III, da Constituição Federal, o mesmo
tratamento deve ser desferido a ambas as carreiras.
4. Registra-se que a Suprema Corte, em 28/05/2021, nos autos do ARE n. 1.223.589/DF,
de Relatoria do Ministro MARCO AURÉLIO, concluiu que a questão do foro por
prerrogativa de foro em relação aos Desembargadores, no que diz respeito aos delitos 64
não relacionados com a função pública, possui repercussão geral (Tema n. 1.147), cujo
julgamento de certo irá englobar o entendimento sobre o foro por prerrogativa de
função no tocante aos Magistrados de primeiro grau e Promotores de Justiças Estaduais.
5. Assim, constata-se que a conclusão apresentada pelo Tribunal de origem está em
consonância com o atual entendimento emanado pela Terceira Seção desta Corte
Superior na ocasião do julgamento do CC n. 177.100/CE, no sentido de que "o
precedente estabelecido pelo STF no julgamento da QO na AP 937/RJ diz respeito
apenas a cargos eletivos, ao passo que a prerrogativa de foro disciplinada no art. 96, III,
da CF, que abrange magistrados e membros do Ministério Público, será analisada pela
Suprema Corte no julgamento do ARE 1.223.589, com repercussão geral", motivo pelo
qual "enquanto pendente manifestação do STF acerca do tema, deve ser mantida a
jurisprudência até o momento aplicada que reconhece a competência dos Tribunais de
Justiça Estaduais para julgamento de delitos comuns em tese praticados por Promotores
de Justiça." (CC 177.100/CE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 08/09/2021, DJe 10/09/2021; sem grifos no original).
6. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC n. 611.628/RS, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em
10/5/2022, DJe de 16/5/2022.)
_______________________________________________________________________
53. A respeito da prisão, das medidas cautelares diversas da prisão e da liberdade
provisória, de acordo com o CPP e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a
opção correta.
(A) A não observância do prazo nonagesimal quanto à necessidade e à adequação da
prisão preventiva acarreta automaticamente a liberdade do preso.
(B) A concessão de prisão domiciliar às genitoras de menores de até 12 anos de idade
incompletos não é legalmente presumida, estando condicionada à comprovação da
imprescindibilidade dos cuidados maternos.
(C) Se o membro do MP, em audiência de custódia, manifestar-se apenas pela concessão
de liberdade provisória mediante o pagamento de fiança ao preso em flagrante, é
possível que o juiz que presidir o ato, além de acolher o parecer do parquet, aplique
medida de recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, não sendo
essa atuação considerada como de ofício.
(D) O tempo que o réu tiver ficado submetido à medida cautelar de recolhimento
domiciliar com tornozeleira eletrônica não pode ser descontado da pena imposta na
condenação.
(E) A ausência de exibição de mandado obsta a prisão se a infração for inafiançável.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO! 65

(A) INCORRETA. STF, SL 1.395 MC-Ref, Rel. Min. Luiz Fux, Plenário, j. 15.10.2020: A
inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do CPP não implica automática
revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a
legalidade e atualidade de seus fundamentos.
(B) INCORRETA. STJ, AgRg no HC 731.648, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª Turma, j.
07.06.2022: Conforme art. 318, V, do CPP, a concessão de prisão domiciliar às genitoras
de menores de até 12 anos incompletos não está condicionada à comprovação da
imprescindibilidade dos cuidados maternos, que é legalmente presumida.
(C) CORRETA. STJ, AgRg no HC 626.529, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j.
26.04.2022: A atuação do juiz de ofício é vedada independentemente do delito
praticado ou de sua gravidade, ainda que seja de natureza hedionda. No caso, na
audiência de custódia, o Ministério Público manifestou-se pela concessão de liberdade
provisória mediante o pagamento de fiança. O Juízo singular acolheu o pleito e fixou,
também, a medida de recolhimento domiciliar em período noturno e nos dias de folga.
A determinação do Magistrado, em sentido diverso do requerido pelo Ministério
Público, pela autoridade policial ou pelo ofendido, não pode ser considerada como
atuação ex officio, uma vez que lhe é permitido operar conforme os ditames legais,
desde que previamente provocado, no exercício de sua jurisdição.
Impor ou não cautelas pessoais, de fato, depende de prévia e indispensável provocação;
contudo, a escolha de qual delas melhor se ajusta ao caso concreto há de ser feita pelo
juiz da causa. Entender de forma diversa seria vincular a decisão do Poder Judiciário ao
pedido formulado pelo Ministério Público, de modo a transformar o julgador em mero
chancelador de manifestações do Parquet ou de transferir a este a escolha do teor de
uma decisão judicial. Em outras palavras, embora seja o órgão acusatório o dominus
litis, é do juiz a incumbência de atentar-se aos outros interesses legítimos que precisam
ser protegidos na relação processual, além dos relativos ao acusado, e, portanto, cabe-
lhe, eventualmente, adotar providência cautelar mais gravosa do que a alvitrada pelo
representante do Ministério Público, de modo que não se identifica ilegalidade no
presente caso.
(D) INCORRETA. Entendemos que a questão não poderia cobrar esse temática, uma vez
que existe divergência entre o STJ e o STF sobre o assunto. Veja:
É possível considerar o tempo submetido à medida cautelar de recolhimento noturno,
aos finais de semana e dias não úteis, supervisionados por monitoramento eletrônico,
com o tempo de pena efetivamente cumprido, para detração da pena.
STJ. 3ª Seção. HC 455097/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/04/2021 (Info 693).
A orientação jurisprudencial desta Suprema Corte é no sentido de que a detração da
pena privativa de liberdade não abrange o cumprimento de medidas cautelares diversas
da prisão por falta de previsão legal.
STF, AgRg no HC 205.740, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, j. 22.04.2022
(E) INCORRETA. CPP, Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do
mandado não obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado
ao juiz que tiver expedido o mandado, para a realização de audiência de custódia.
66
_______________________________________________________________________
54. De acordo com o CPP e com a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a
opção correta, relativa a questões e processos incidentes.
(A) A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado pode ser requerida em qualquer fase
do processo pelo ofendido, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes de
autoria.
(B) Para a decretação do sequestro, são necessários indícios seguros de autoria
criminosa.
(C) É cabível sequestro de bens móveis, advindos de infração penal, salvo se transferidos
a terceiro.
(D) A arguição de falsidade feita por procurador não exige poderes especiais.
(E) É cabível mandado de segurança contra decisão que indefira o pleito de restituição
dos bens sequestrados.
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GABARITO: A
COMENTÁRIOS
QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO!

(A) CORRETA.
CPP, Art. 134. A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser
requerida pelo ofendido em qualquer fase do processo, desde que haja
certeza da infração e indícios suficientes da autoria.

(B) INCORRETA. A questão faz um jogo de palavras que, ao nosso ver, é completamente
inócuo. A redação fala em indícios “seguros”, ao passo que a lei fala em indício
“veementes”, termos que podem ser interpretados no mesmo sentido.
Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens.

(C) INCORRETA.
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado
com os proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a
terceiro.

(D) INCORRETA.
CPP, Art. 146. A argüição de falsidade, feita por procurador, exige poderes
especiais.
67
(E) INCORRETA. O recurso cabível para impugnar a decisão que julga o pedido de
sequestro é a apelação criminal, que possui força de decisão definitiva, resolvendo o
incidente processual, enquadrando-se na norma do art. 593 , II , do CPP .
_____________________________________________________________________________

55. Acerca das nulidades, dos recursos e dos remédios impugnativos autônomos, com
base no entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta.
(A) O habeas corpus constitui via própria para impugnar decreto de governador de
estado sobre adoção de medidas acerca da apresentação de comprovante de vacinação
contra a covid-19 para que as pessoas possam circular e permanecer em locais públicos
e privados.
(B) Não cabe habeas corpus nas hipóteses que não envolvam risco imediato de prisão,
como na análise da licitude de determinada prova.
(C) Tribunal pode aumentar a pena de multa em recurso exclusivo da defesa, desde que,
no mesmo julgamento, reduza a pena privativa de liberdade.
(D) Em matéria penal, o Ministério Público e a Defensoria Pública gozam da prerrogativa
da contagem dos prazos recursais em dobro.
(E) A jurisprudência dos tribunais superiores não tolera a chamada nulidade de algibeira
— aquela que, podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa após ciência do
vício, não é alegada, como estratégia, para conveniência futura.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. STJ, RCD no HC 700.487, Rel. Min. Francisco Falcão, 2ª Turma, j.
22.02.2022: O habeas corpus não é a via própria para o controle abstrato da validade de
leis e atos normativos em geral, como ocorre no caso em exame, em que a impetração
se volta contra decreto do Governador do Estado do RS, o qual contém adoção de
medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a Covid-19.
(B) INCORRETA. PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. 1. IMPETRAÇÃO
SUBSTITUTIVA DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. 2. CRIME DE HOMICÍDIO.
JUNTADA DE INTERCEPTAÇÃO REALIZADA EM OUTRO PROCESSO. PROVA CONSIDERADA
ILÍCITA. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO SOBRE AS PROVAS DERIVADAS. ART. 157, § 1º,
DO CPP. DIREITO DO RÉU. 3. CERCEAMENTO À PLENITUDE DE DEFESA. NECESSIDADE DE
PRONUNCIAMENTO JUDICIAL. 4. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO PARA ANULAR A PRONÚNCIA E DETERMINAR AO MAGISTRADO
QUE SE PRONUNCIE SOBRE AS PROVAS DERIVADAS. 1. A Primeira Turma do Supremo
Tribunal Federal e as Turmas que compõem a Terceira Seção do Superior Tribunal de
Justiça, diante da utilização crescente e sucessiva do habeas corpus, passaram a
restringir a sua admissibilidade quando o ato ilegal for passível de impugnação pela via
recursal própria, sem olvidar a possibilidade de concessão da ordem, de ofício, nos casos
de flagrante ilegalidade. 2. É direito constitucional do réu ter as provas obtidas por meios
68
ilícitos expurgadas do processo a que responde, sendo igualmente inadmissíveis, nos
termos do art. 157, § 1º, do Código de Processo Penal, as provas que derivam da prova
ilícita, razão pela qual devem ter o mesmo destino. As provas derivadas apenas podem
ser mantidas nos autos nos casos em que não ficar evidenciado o nexo de causalidade,
ou seja, quando não se verificar a derivação, ou quando demonstrado que poderiam ser
obtidas por uma fonte independente, cabendo ao Magistrado justificar. 3. Constatando-
se que o Magistrado de origem não tomou nenhuma providência com relação às provas
derivadas, tendo apenas mencionado que não as utilizou, e tendo o impetrante
comprovado a existência de provas derivadas (e-STJ fl. 8), faz-se necessário o
pronunciamento judicial, na origem, acerca de todas as provas derivadas. De fato, a
parte tem direito de saber quais os elementos de prova se encontram hígidos nos autos,
para que possa produzir eventuais contraprovas necessárias, sob pena de se dificultar
sobremaneira o exercício da plenitude de defesa assegurada pelo art. artigo 5º, inciso
XXXVIII, alínea a, da Constituição Federal. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem
concedida de ofício para anular a decisão de pronúncia e o acórdão que a confirmou,
para que o Magistrado de origem se manifeste sobre a admissibilidade ou não das
provas derivadas da prova ilícita. (STJ - HC: 301488 MT 2014/0201362-1, Relator:
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Data de Julgamento: 01/09/2016, T5 -
QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/09/2016)
(C) INCORRETA. Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non
reformatio in pejus”, a majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso
exclusivo da defesa. Isso porque, na apreciação de recurso exclusivo da defesa, o
tribunal não pode inovar na fundamentação da dosimetria da pena, contra o
condenado, ainda que a inovação não resulte em aumento da pena final.
STF. 2ª Turma. RHC 194952 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
13/4/2021 (Info 1013).
(D) INCORRETA. O Ministério Público não goza de prazo em dobro no âmbito penal,
sendo intempestivo o recurso de agravo regimental interposto fora do quinquídio
previsto no art. 258 do Regimento Interno do STJ.” (AgRg no HC 392.868/MT, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 6/2/2018, DJe 15/2/2018) (AgInt
no REsp 1.658.578/MT, 5ª Turma, DJe 02/05/2018).
(E) CORRETA. A jurisprudência dos Tribunais Superiores não tolera a chamada “nulidade
de algibeira” – aquela que, podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa
após ciência do vício, não é alegada, como estratégia, numa perspectiva de melhor
conveniência futura. Observe-se que tal atitude não encontra ressonância no sistema
jurídico vigente, pautado no princípio da boa-fé processual, que exige lealdade de todos
os agentes processuais. STJ, AgRg no HC 732.642, Rel. Min. Jesuíno Rissato
(desembargador convocado), 6ª Turma, j. 24.05.2022
_______________________________________________________________________
56. Quanto às regras referentes a sentença, coisa julgada e procedimentos e provas nos
processos penais, assinale a opção correta.
(A) Em crimes de competência do júri, se o conselho de sentença reconhecer a existência
de minorante, a definição da fração de diminuição também caberá a esse conselho, no
momento da quesitação, por força de comando constitucional. 69
(B) É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio
audiovisual, desde que haja a sua transcrição integral no processo, em respeito ao
princípio do devido processo legal.
(C) Excepcionalmente, admite-se que a emendatio libelli se dê no recebimento da
denúncia na hipótese em que a inadequada subsunção típica macular o adequado
procedimento.
(D) Se o MP injustificadamente não comparecer à audiência para a oitiva das
testemunhas de acusação, o magistrado poderá formular todas as perguntas
diretamente a essas testemunhas em consonância com o princípio da verdade real.
(E) A jurisprudência veda a chamada fundamentação per relationem, ainda que a
decisão faça referência concreta às peças que pretende encampar, transcrevendo as
partes delas que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa a
conclusão a que se quer chegar.
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GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Inexiste tal previsão. A dosimetria da pena fica a critério do juiz-
presidente.
(B) INCORRETA. É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada
em meio audiovisual, ainda que não haja a sua transcrição. O § 2º do art. 405 do CPP,
que autoriza o registro audiovisual dos depoimentos, sem necessidade de transcrição,
deve ser aplicado também para os demais atos da audiência, dentre eles os debates
orais e a sentença. O registro audiovisual da sentença prolatada oralmente em audiência
é uma medida que garante mais segurança e celeridade. Não há sentido lógico em se
exigir a degravação da sentença registrada em meio audiovisual, sendo um desserviço à
celeridade. A ausência de degravação completa da sentença não prejudica o
contraditório nem a segurança do registro nos autos, do mesmo modo que igualmente
ocorre com a prova oral. STJ. 3ª Seção. HC 462253/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 28/11/2018 (Info 641).
(C) CORRETA. O órgão jurisdicional (juiz ou Tribunal) não tem competência para
substituir-se ao Ministério Público, titular da ação penal pública, e retificar (consertar) a
classificação jurídica proposta na denúncia. Por esse motivo, o entendimento dominante
é o de que, em regra, o momento adequado para a emendatio libelli é na prolação da
sentença e não no recebimento da denúncia. Isso se justifica, ainda, pela posição
topográfica do art. 383 no CPP (que está no título que trata sobre sentença) e pelo fato
de que o acusado se defende dos fatos imputados, e não da classificação que lhes
atribuem. De forma excepcional, jurisprudência e doutrina afirmam que é possível
antecipar o momento da emendatio libelli nas hipóteses em que a inadequada
subsunção típica (tipificação): macular a competência absoluta; o adequado
procedimento; ou restringir benefícios penais por excesso de acusação.
STJ. 6ª Turma. HC 241206-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 11/11/2014 (Info 553).
STJ. 5ª Turma. HC 258581/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/02/2016.
70
(D) INCORRETA. No caso concreto, o membro do Ministério Público, mesmo tendo sido
intimado, sem qualquer justificativa, deixou de comparecer à audiência para oitiva das
testemunhas.
Diante disso, o magistrado tinha duas opções válidas:
1) suspender a audiência e designar uma nova data para o ato; ou
2) realizar a audiência mesmo sem a presença do MP e, neste caso, abster-se de fazer
perguntas às testemunhas arroladas pela acusação.
Na situação concreta, contudo, o próprio juiz fez todas as perguntas para as
testemunhas de acusação. Em razão disso, o STJ reconheceu que houve nulidade.
O fato de o Ministério Público não ter comparecido à audiência de instrução não dá, à
autoridade judicial, a liberdade de assumir a função precípua do Parquet.
STJ. 6ª Turma. REsp 1846407-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2022
(Info 761).
(E) INCORRETA. STJ, AgRg no RHC 124.059, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª Turma, j.
09.12.2020: É válido e compatível com a prescrição do art. 93, IX, da CF o uso da
fundamentação per relationem, em que se adotam como ratio decidenti os termos de
decisão anterior ou de parecer do Ministério Público nos autos, com a condição de que
o órgão julgador elabore argumentos próprios sobre a matéria apreciada.
_______________________________________________________________________
57. Em outubro de 2022, Pablo, pessoa em situação de rua, foi detido em flagrante delito
pela Polícia Civil do Distrito Federal, em virtude da prática do crime de furto simples.
Conforme apurado na esfera policial, ele havia ingressado em um supermercado
durante o dia e de lá subtraído alguns itens expostos à venda, avaliados em cerca de R$
95, tendo sido detido, ainda na posse dos bens subtraídos, pelos seguranças do
estabelecimento. A autoridade policial formalizou a prisão em flagrante sem formular
representação pela conversão em prisão preventiva. Na sequência, Pablo foi
apresentado ao Núcleo de Audiências de Custódia (NAC) do TJDFT. Na audiência de
custódia, foram constatadas, pela análise da folha de antecedentes penais de Pablo,
duas condenações definitivas anteriores, por furtos datados de 2015 e 2016, mas com
as penas já extintas, pelo cumprimento, havia quatro anos. Depois de ouvida a pessoa
detida, tanto o MP quanto a defesa manifestaram-se pela concessão da liberdade
provisória ao autuado, sem formular requerimento de aplicação de quaisquer medidas
cautelares diversas da prisão.
Em relação a essa situação hipotética, assinale a opção correta a respeito da prisão
processual, das medidas cautelares diversas da prisão e da liberdade provisória.
(A) O juiz em atuação no NAC pode, de ofício, converter a detenção em flagrante em
prisão preventiva, pois a circunstância de o autuado ser pessoa em situação de rua gera,
por si só, risco à aplicação da lei penal e, assim, autoriza a adoção da medida excepcional
da prisão provisória.
(B) Para a caracterização de risco à ordem pública por reiteração delitiva, não importa
se as condenações anteriores deram-se por fatos que guardam relação de
contemporaneidade com a situação que gerou o flagrante em outubro de 2022.
(C) Essa situação não se enquadra em nenhuma das hipóteses de admissibilidade da 71
prisão preventiva previstas no CPP, sendo certo que o CPP não admite essa modalidade
de custódia cautelar para crimes dolosos com pena máxima não superior a quatro anos,
seja a pessoa detida reincidente ou não em crime doloso.
(D) Concedida a liberdade provisória pelo NAC, o juízo da vara criminal para o qual for
distribuído o auto de prisão em flagrante não poderá decretar a prisão preventiva de
Pablo, mesmo que sobrevenham razões para tanto e haja requerimento do MP.
(E) Caso o juiz em atuação no NAC considere que o fato narrado no auto de prisão em
flagrante é insignificante e decida relaxar a prisão efetuada, a sua decisão,
fundamentada na atipicidade material, não produzirá coisa julgada e, portanto, não
vinculará o juízo da vara criminal para a qual, posteriormente, for distribuído o auto de
prisão em flagrante e o correspondente inquérito policial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Além de não ser admitida prisão preventiva decretada de ofício, o fato
de o agente estar em situação de rua não é fundamento suficiente.
STF, AgRg no HC 198.774, Rel. Min. Edson Fachin, 2ª Turma, j. 28.06.2021: A Lei n.
13.964/2019, ao suprimir a expressão “de ofício” constante na redação anterior dos arts.
282, § § 2º e 4º, e 311, ambos do Código de Processo Penal, veda, de forma expressa, a
imposição de medidas cautelares restritivas de liberdade pelo magistrado sem que haja
anterior representação da autoridade policial ou requerimento das partes. O art. 310 do
Código de Processo Penal deve ser interpretado à luz do sistema acusatório e em
conjunto com os demais dispositivos legais que regem a aplicação das medidas
cautelares penais (arts. 282, §§ 2º e 4º, 311 e seguintes do CPP). Disso decorre a ilicitude
da conversão, de ofício, da prisão em flagrante em prisão preventiva pela autoridade
judicial.
(B) INCORRETA.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4o).
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.

(C) INCORRETA.
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
72
superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada
em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir
a execução das medidas protetivas de urgência;

(D) INCORRETA. Não existe nenhum impeditivo para que a prisão preventiva seja
decretada caso surjam fatos novos.
(E) CORRETA. A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da
prisão em flagrante sob o argumento de que a conduta praticada é atípica não faz coisa
julgada.
Assim, esta decisão não vincula o titular da ação penal, que poderá oferecer acusação
contra o indivíduo narrando os mesmos fatos e o juiz poderá receber essa denúncia.
STF. 1ª Turma. HC 157306/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/9/2018 (Info 917).
_______________________________________________________________________
58. Acerca das provas no processo penal, assinale a opção correta de acordo com o CPP
e a jurisprudência do STF e do STJ.
(A) O depoimento de um policial ouvido como testemunha é dotado de especial valor
probatório, nos termos do CPP, em virtude da fé pública de que ele desfruta por sua
condição de servidor público.
(B) O reconhecimento por fotografia, por constituir prova atípica, dispensa a
observância das formalidades previstas no CPP para o reconhecimento pessoal e pode
servir de fundamento exclusivo para uma condenação.
(C) Amigo íntimo de vítima de infração penal arrolado como testemunha é dispensado
do compromisso legal de dizer a verdade, conforme previsto no CPP.
(D) Para a realização de busca exclusivamente pessoal, exige-se, além da fundada
suspeita, que a medida se vincule à busca de arma ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, não havendo autorização no CPP para a realização de buscas
pessoais meramente exploratórias ou com finalidade preventiva.
(E) As partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo, inclusive
em ação penal que tenha por objeto a apuração de crime doloso contra a vida, em que
é possível a apresentação e leitura de documento novo na fase do plenário do júri.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Há valor probatório, mas não “especial” como narra o enunciado da
questão.
[...] 7. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento firme de que os depoimentos 73
dos policiais, que acompanharam as investigações prévias ou que realizaram a prisão
em flagrante, são meio idôneo e suficiente para a formação do édito condenatório,
quando em harmonia com as demais provas dos autos, e colhidos sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa. [...]. (STJ — AgRg no AREsp 918323 / RS — Relata
Ministro RIBEIRO DANTAS — T5 — QUINTA TURMA — DJe 26/11/2019)
[...] 4. Esta Corte Superior possui entendimento remansoso no sentido de que
o depoimento de policiais, os quais, de acordo com o acórdão ora combatido,
visualizaram a prática do tráfico, constitui meio de prova idôneo a dar azo à condenação,
principalmente quando corroborada em juízo, circunstância que reforça a legalidade da
decisão recorrida. [...]. (STJ — AgRg no HC 483731 / SP — Ministro JORGE MUSSI — T5
— QUINTA TURMA — DJe 02/09/2019)
(B) INCORRETA. O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s)
ao reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento
pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal
e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que confirmado em
juízo (...) (STJ. 6ª Turma. HC 598886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/10/2020 (Info 684)
(C) INCORRETA. Inexiste referida previsão legal.
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes
e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas
a que se refere o art. 206.
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor.
Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o
afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe,
ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo,
obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias.

(D) CORRETA. Exige-se, em termos de standard probatório para busca pessoal ou


veicular sem mandado judicial, a existência de fundada suspeita (justa causa) – baseada
em um juízo de probabilidade, descrita com a maior precisão possível, aferida de modo
objetivo e devidamente justificada pelos indícios e circunstâncias do caso concreto – de
que o indivíduo esteja na posse de drogas, armas ou de outros objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, evidenciando-se a urgência de se executar a diligência.
Entretanto, a normativa constante do art. 244 do CPP não se limita a exigir que a
suspeita seja fundada. É preciso, também, que esteja relacionada à “posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito”. Vale dizer, há uma
necessária referibilidade da medida, vinculada à sua finalidade legal probatória, a fim de
que não se converta em salvo-conduto para abordagens e revistas exploratórias (fishing
expeditions), baseadas em suspeição genérica existente sobre indivíduos, atitudes ou
situações, sem relação específica com a posse de arma proibida ou objeto (droga, por
exemplo) que constitua corpo de delito de uma infração penal. O art. 244 do CPP não
autoriza buscas pessoais praticadas como “rotina” ou “praxe” do policiamento
ostensivo, com finalidade preventiva e motivação exploratória, mas apenas buscas
pessoais com finalidade probatória e motivação correlata. 3. Não satisfazem a exigência
legal, por si sós, meras informações de fonte não identificada (e.g. denúncias anônimas) 74
ou intuições e impressões subjetivas, intangíveis e não demonstráveis de maneira clara
e concreta, apoiadas, por exemplo, exclusivamente, no tirocínio policial. Ante a ausência
de descrição concreta e precisa, pautada em elementos objetivos, a classificação
subjetiva de determinada atitude ou aparência como suspeita, ou de certa reação ou
expressão corporal como nervosa, não preenche o standard probatório de “fundada
suspeita” exigido pelo art. 244 do CPP. (...)
(STJ - RHC: 158580 BA 2021/0403609-0, Relator: Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Data
de Julgamento: 19/04/2022, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/04/2022)
(E) INCORRETA.
Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento
ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a
antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se ciência à outra parte.

_______________________________________________________________________
59. Considerando a disciplina a respeito da competência em matéria processual penal e
as disposições da Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal e dos Territórios,
assinale a opção correta.
(A) A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecida exclusivamente pela Constituição estadual.
(B) É causa de separação obrigatória de processos referentes a infrações conexas a
existência de excessivo número de réus, a fim de não lhes prolongar a prisão provisória.
(C) Compete ao TJDFT processar e julgar, originariamente, secretário de governo do
Distrito Federal que cometa crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a
competência da justiça eleitoral e dos juizados especiais criminais.
(D) A competência para o processamento e julgamento de crime de estelionato
praticado mediante transferência de valores entre contas bancárias será definida pelo
local de domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas residentes em
circunscrições judiciárias diversas, haverá a separação dos processos.
(E) É absoluta a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por
prevenção.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. SV-25: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre


o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição
estadual.
(B) INCORRETA.
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações
tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes,
ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a
75
prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente
a separação.

(C) INCORRETA.
Art. 8o Compete ao Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar originariamente:
a) nos crimes comuns e de responsabilidade, os Governadores dos
Territórios, o Vice-Governador do Distrito Federal e os Secretários dos
Governos do Distrito Federal e dos Territórios, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral;

(D) INCORRETA.
Art. 70. § 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito,
mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder
do sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de
valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima, e, em
caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela
prevenção. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

(E) INCORRETA. Súmula 706 do STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância


da competência penal por prevenção.
______________________________________________________________________
60. Foi encerrada a fase instrutória da apuração de um crime de roubo, com a realização
do depoimento de testemunhas, da declaração da vítima, do interrogatório do réu, a
par da juntada de outros documentos, em especial o adendo ao boletim de ocorrência
policial, o qual registrou tão somente o reconhecimento fotográfico do réu (então
suspeito) realizado na delegacia de polícia ao tempo do comparecimento da vítima para
noticiar o crime. Não houve qualquer referência ou observância ao procedimento do
reconhecimento de pessoa, previsto no artigo 226 do Código de Processo Penal (CPP).
A partir da situação hipotética apresentada, considerando a recente jurisprudência do
STJ, a qual é seguida pelo TJDFT, e as normas do CPP pertinentes às provas, assinale a
opção correta em relação ao reconhecimento fotográfico.
(A) O juiz estará dispensado da realização do reconhecimento pessoal em juízo,
porquanto foi exaurida a produção do meio de prova na fase inquisitiva.
(B) O juiz deverá anular a fase instrutória e absolver o réu, dada a notória
interdependência das provas nas fases investigativa e judicial.
(C) O juiz não poderá convencer-se da autoria delitiva a partir do exame de outras provas
que não guardem relação de causa e efeito com o reconhecimento fotográfico.
(D) O juiz deverá valorar o reconhecimento fotográfico como elemento de prova
inominado, ainda que não tenha sido observado o roteiro prescrito pelo CPP, exigível
apenas na fase instrutória.
(E) O juiz deverá invalidar esse meio de prova, porque o reconhecimento do suspeito
por simples exibição de fotografia à vítima (pessoa reconhecedora) há de ser visto como 76
etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal (a ser seguido) e, portanto, não
pode servir como prova desse reconhecimento em ação penal, ainda que confirmado
em juízo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

1) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226


do Código de Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para
quem se encontra na condição de suspeito da prática de um crime;
2) À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do
procedimento descrito na referida norma processual torna inválido o reconhecimento
da pessoa suspeita e não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se
confirmado o reconhecimento em juízo;
3) Pode o magistrado realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que
observado o devido procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da
autoria delitiva a partir do exame de outras provas que não guardem relação de causa e
efeito com o ato
4) O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao
reconhecedor, a par de dever seguir o mesmo procedimento do reconhecimento
pessoal, há de ser visto como etapa antecedente a eventual reconhecimento pessoal
e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que confirmado em
juízo (...) (STJ. 6ª Turma. HC 598886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
27/10/2020 (Info 684).
_______________________________________________________________________

DIREITO CONSTITUCIONAL

61. No que diz respeito à ação declaratória de constitucionalidade (ADC), assinale a


opção correta.
(A) As decisões do STF proferidas em ADC são irrecorríveis.
(B) Diferentemente do que ocorre com a ação direta de inconstitucionalidade, a ADC
não possui efeito dúplice.
(C) Devido a seu caráter abstrato, não cabe instrução processual na ADC.
(D) A ADC não deve ter como objeto direito pré-constitucional.
(E) No caso de ADC promovida pelo procurador-geral da República, é dispensável a
intimação desse procurador para atuar como fiscal da ordem jurídica (custos juris).
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
77
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Lei 9869 de 1999, Art. 26. A decisão que declara a constitucionalidade ou a
inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta ou em ação
declaratória é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos
declaratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória.

(B) INCORRETA. Ambas as ações possuem caráter dúplice:


Lei 9869 de 1999, Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á
improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e,
proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou
improcedente eventual ação declaratória.
(C) INCORRETA.
Lei 9869 de 1999, Art. 20. Vencido o prazo do artigo anterior, o relator lançará
o relatório, com cópia a todos os Ministros, e pedirá dia para julgamento.
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância
de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos,
poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou
comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data
para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
autoridade na matéria.
(D) CORRETA. De acordo com o art. 103, I, a, da CF, apenas cabe ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
De fato, não se admite o ajuizamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade para
a análise da constitucionalidade de leis estaduais, distritais ou municipais, ou, ainda, de
atos normativos editados antes da edição da Constituição Federal, que devem ser
impugnados na via da ADPF.
(E) INCORRETA. Considerando a atribuição do Procurador-Geral da República como
fiscal da ordem jurídica, também deve ser intimado para atuar nessa condição, ainda
que tenha ajuizado a ADC.
Lei 9869 de 1999, Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta
vista ao Procurador-Geral da República, que deverá pronunciar-se no prazo
de quinze dias.

_______________________________________________________________________
62. Acerca do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), assinale a opção correta.
(A) O membro do Ministério Público da União que compõe o CNJ é nomeado por meio
de eleição realizada no órgão, a qual, por sua vez, resulta em lista tríplice a ser enviada
ao presidente da República.
(B) A atividade notarial e registral, por ser exercida em caráter privado, não está sujeita
a controle do CNJ.
(C) Os integrantes do CNJ não podem ser reconduzidos. 78
(D) A tese de que a criação do CNJ por emenda constitucional fere o princípio federativo,
devido ao fato de implicar intromissão indevida da União no Poder Judiciário dos
estados-membros, está superada.
(E) Os componentes do CNJ, salvo o seu presidente, são nomeados pelo presidente da
República após a aprovação de seu nome pela maioria simples do plenário do Senado
Federal.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo:
(...)
X - um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-
Geral da República;

(B) INCORRETA. As atividades notariais e registrais, contudo, não perdem sua natureza
tipicamente estatal pelo fato de serem executadas por particulares. Cuida-se de serviços
públicos, realizados por meio de delegação do Poder Público, sujeitos, por isso mesmo,
ao poder fiscalizatório e disciplinar do Poder Judiciário (CF, art. 236, § 1º) e do Conselho
Nacional de Justiça (CF, art. 103-B, § 4º, III) e subordinados à observância dos princípios
gerais da Administração Pública (CF, art. 37, caput) (SS 5594 MC-AgR, 09/11/2022).
(C) INCORRETA.
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze)
membros com mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução,
sendo:

(D) CORRETA. De fato, o STF já assentou a constitucionalidade na criação e atuação do


CNJ.
Conforme orientação firmada no julgamento da ADC n. 12, “o modelo normativo em
exame não é suscetível de ofender a pureza do princípio da separação dos Poderes e até
mesmo do princípio federativo. Primeiro, pela consideração de que o CNJ não é órgão
estranho ao Poder Judiciário (art. 92, CF) e não está a submeter esse Poder à autoridade
de nenhum dos outros dois; segundo, porque ele, Poder Judiciário, tem uma singular
compostura de âmbito nacional, perfeitamente compatibilizada com o caráter
estadualizado de uma parte dele. Ademais, o art. 125 da Lei Magna defere aos Estados
a competência de organizar a sua própria Justiça, mas não é menos certo que esse
mesmo art. 125, caput, junge essa organização aos princípios “estabelecidos” por ela,
Carta Maior, neles incluídos os constantes do art. 37, cabeça”.
(E) INCORRETA. Não é o que se extrai do art. 103-B da CF. 79
_______________________________________________________________________
63. No que concerne a medidas provisórias, estas
(A) não podem instituir tributo.
(B) têm seus efeitos preservados se não forem expressamente rejeitadas pelo Congresso
Nacional no prazo de 60 dias da publicação.
(C) podem dispor sobre direito eleitoral, mas suas normas somente se aplicam à eleição
seguinte à do ano em que forem editadas ou convertidas em lei.
(D) têm eficácia pelo tempo máximo de 60 dias de sua publicação, prorrogáveis uma vez
e não passíveis de suspensão.
(E) podem ser emendadas no processo legislativo, desde que haja pertinência temática
das emendas com o conteúdo do ato normativo.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

Durante a tramitação de uma medida provisória no Congresso Nacional, os


parlamentares poderão apresentar emendas, desde que tais emendas tenha pertinência
temática com a medida provisória que está sendo apreciada. Assim, a emenda
apresentada deverá ter relação com o assunto tratado na medida provisória.
Desse modo, É INCOMPATÍVEL com a Constituição a apresentação de emendas sem
relação de pertinência temática com medida provisória submetida à sua apreciação. STF.
Plenário. ADI 5127/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 15/10/2015 (Info 803).
_______________________________________________________________________
64. Com relação ao direito adquirido, assinale a opção correta.
(A) A proteção jurídica do direito adquirido não prevalece sobre normas constitucionais
originárias.
(B) Considera-se direito adquirido aquele cujo titular possa exercê-lo pessoalmente e
não por meio de representante.
(C) Não subsiste direito adquirido se a norma jurídica que o fundamenta perder eficácia.
(D) Na esfera previdenciária, quando cumpridas as condições para que servidor público
possa se aposentar, ele passa a ter direito adquirido à condição jurídico-subjetiva da
aposentadoria, com proteção contra incidências tributárias mais severas sobre seus
proventos.
(E) Indivíduos podem ter direito adquirido mesmo que este ainda não seja exercitável.
_______________________________________________________________________ 80
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Para a corrente juspositivista, majoritária em doutrina e jurisprudência, o


Poder Constituinte é pré-jurídico, de modo que é tido como ilimitado e incondicionado
juridicamente. Todas as normas jurídicas são fruto do Poder Constituinte.
Para tal concepção do Poder Constituinte, esse é um poder de fato, situado fora do
Direito, já que não se subordina a qualquer limite jurídico, e não há nenhum critério
normativo que permita a sua identificação.
Nesse sentido, consignou o Ministro Cesar Peluzo, em voto proferido na ADI nº 2.356-
MC:
“A eficácia das regras jurídicas produzidas pelo Poder Constituinte ORIGINÁRIO não está
sujeita a nenhuma limitação normativa de ordem material, e muito menos, formal,
porque provém do exercício de poder fático, cuja força soberana e vinculante,
repousando no fato de se impor à obediência geral, independe de legitimação jurídica”.
(ADI nº 2.356-MC, Rel. p/ acórdão Min. Carlos Britto. Julg. 25.11.2010)
Trata-se de orientação consagrada, ainda, na ADI 248.
(B) INCORRETA.
LINDB, art. 6º, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem.

(C) INCORRETA. O direito adquirido, de proteção constitucional, consiste em garantia


que, justamente, independe de eventual perda de eficácia da norma jurídica que o
fundamenta, já que integra o patrimônio jurídico do seu titular.
(D) INCORRETA. O STF possui entendimento no sentido de que inexiste direito adquirido
a ser tributado de forma menos severa, ainda que preenchidos os requisitos para a
aposentadoria:
“1. Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos
de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária.
Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição
social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade
tributária absoluta. Emenda Constitucional nº 41/2003 (art. 4º, caput). Regra não
retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência.
Precedentes da Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195,
caput, II e § 6º, da CF, e art. 4º, caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico
vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-
subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo
como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões
à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de 81
contribuição previdencial. Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento,
nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico do fato jurídico da
aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação
de ordem constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não
haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento. 2. Inconstitucionalidade.
Ação direta. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de
aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária, por
força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individuais. Não
ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária.
Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa.
Instrumento de atuação do Estado na área da previdência social. Obediência aos
princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos
objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no
custeio e diversidade da base de financiamento. (...) ” (ADI 3128, Relator(a): Min. ELLEN
GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em
18/08/2004, DJ 18-02-2005 PP-00004 EMENT VOL02180-03 PP-00450 RDDT n. 135,
2006, p. 216-218, destaquei)
(E) INCORRETA.
LINDB, art. 6º, § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem.
_______________________________________________________________________
65. Relativamente à intervenção federal, assinale a opção correta.
(A) A intervenção é mecanismo de defesa da federação mediante afastamento
temporário de atributos decorrentes da própria forma federativa.
(B) Em casos excepcionais, de grave comoção intestina, a União pode intervir
diretamente em qualquer município.
(C) Conforme previsto na CF, a deflagração do processo de intervenção compete ao
chefe de qualquer um dos três poderes.
(D) Como meio de defesa da ordem constitucional, as hipóteses de cabimento da
intervenção previstas no texto constitucional são exemplificativas, a fim de garantir mais
amplitude a essa intervenção.
(E) No caso de intervenção para garantir a execução de decisão judicial ou lei federal, a
competência para decretá-la é privativa do governador do estado em que a decisão ou
a lei tiver de ser cumprida.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

82
A intervenção federal consiste em ato de natureza política excepcional, dotado de
necessidade, que consiste na supressão temporária da autonomia política de um ente
em virtude de hipóteses taxativamente previstas na CF/88.
Desse modo, a intervenção consistente na incursão (intromissão) de um ente superior
em assuntos de um ente inferior, restringindo temporariamente a autonomia deste,
com o objetivo de preservar o pacto federativo, e fazer cumprir os demais princípios e
regras constitucionais.
De acordo com o art. 84, X, da CF, compete privativamente ao Presidente da República
decretar e executar a intervenção federal.
Ademais, a União só pode intervir em Municípios localizador em Território Federal (art.
35, caput, CF).
_______________________________________________________________________
66. Acerca do habeas corpus como garantia constitucional, assinale a opção correta.
(A) Estrangeiros não residentes no Brasil não gozam da proteção constitucional de
habeas corpus.
(B) Para impetrar habeas corpus, é necessária a comprovação da condição de cidadão
brasileiro por meio da apresentação de título eleitoral.
(C) No âmbito dos direitos e das garantias individuais, atualmente considera-se que o
habeas corpus destina-se também a proteger pessoas jurídicas.
(D) Não se aplica à ação de habeas corpus o princípio da congruência, o qual determina
que a exposição da causa de pedir, bem como o pedido expostos na petição conformam
a margem de apreciação judicial.
(E) Tendo em vista as consequências da ação penal para a liberdade de locomoção, o
habeas corpus pode ser manejado contra qualquer ilegalidade em processo criminal.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Como indicado na letra D, considerando a natureza de direito fundamental do habeas


corpus, ao qual deve ser garantido máxima efetividade, admite-se que a decisão judicial
possa se lastrear em elementos fáticos ou jurídicos diversos distintos em relação àqueles
indicados na peça exordial, inexistindo qualquer violação ao princípio da congruência na
análise desse remédio constitucional.
Ademais, é possível a concessão de habeas corpus de ofício, o que corrobora a tese que
não há vinculação ao pedido da adstrição, com fulcro no art. 654, §2º, do CPP, que prevê:
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem
de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está
na iminência de sofrer coação ilegal.
_______________________________________________________________________
83
67. No que se refere a tratados e convenções a respeito de direitos humanos, assinale a
opção correta.
(A) No caso de tratados de direitos humanos que reproduzam direitos já previstos no
texto constitucional, há recepção automática de seus preceitos quando da adesão do
Brasil.
(B) Os tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pelo Congresso
Nacional têm força jurídica equivalente à das emendas constitucionais.
(C) Devido à aprovação da emenda constitucional que alterou, no artigo 5.º da CF,
disposições sobre tratados e convenções a respeito de direitos humanos, os
instrumentos internacionais anteriormente assinados pelo Brasil nessa área passaram a
viger com o status de emenda constitucional.
(D) No processo de incorporação de tratados de direitos humanos ao direito brasileiro,
é necessária a sanção, por parte do presidente da República, do decreto legislativo que
tiver sido editado nesse sentido pelo Congresso Nacional.
(E) Não apenas os tratados mas também convenções internacionais sobre direitos
humanos de que o Brasil seja parte podem ser fonte de direitos e garantias
constitucionalmente protegidos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

A resposta perpassa pela aplicação do art. 5º, §3º, da CF:


§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais.

Os tratados de direitos humanos se submetem ao procedimento previsto no art. 5º, §3º,


da CF para incorporação ao ordenamento brasileiro, não havendo que se falar em
recepção automática.
Ademais, apenas possuem status de emenda constitucional se forem aprovados no
procedimento estabelecido no referido dispositivo, observado o quórum exigido, de
modo que não basta a aprovação pelo Congresso Nacional de modo diferente do que
preconiza o dispositivo em questão.
Ademais, decretos legislativos não se submetem à sanção do presidente da república
(art. 49 da CF).
_______________________________________________________________________
68. No que se refere ao controle concentrado de constitucionalidade dos atos
normativos distritais realizado pelo STF, assinale a opção correta. 84
(A) Em que pese a competência privativa da União para organizar e manter a Polícia Civil
do DF, é constitucional o dispositivo da lei distrital que assegura à Polícia Civil do DF
relativa autonomia administrativa e financeira para celebrar contratos, uma vez que a
CF de 1988 estabelece competência concorrente entre a União, os estados e o DF para
legislar sobre organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.
(B) Em que pese a vedação constitucional de divisão do DF em municípios, é
constitucional a norma da Lei Orgânica do DF que prevê a participação popular na
escolha dos administradores das regiões administrativas do DF.
(C) Norma originária da Lei Orgânica do Distrito Federal que assegure a participação de
representantes dos servidores na direção superior das fundações e autarquias é
inconstitucional, por violação à iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo.
(D) Norma originária da Lei Orgânica do DF que confere aos datiloscopistas policiais a
garantia de independência funcional na elaboração de laudos periciais é formalmente
inconstitucional, por invadir a competência legislativa da União.
(E) É cabível ação direta de inconstitucionalidade perante o STF contra lei distrital que
discipline o exercício do poder de polícia sobre o parcelamento do solo urbano.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS
Questão que exigia o conhecimento da jurisprudência do STF. A resposta é a letra b, haja
vista o entendimento firmado na ADI 2558:
EMENTA: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Art. 10, § 1º, da Lei Orgânica, e
inteiro teor da Lei nº 1.799/97, ambas do Distrito Federal. Poder executivo.
Administrador regional. Processo de escolha. Previsão de participação popular
mediante edição de lei específica. Prejuízo declarado em relação à Lei nº 1.799/97, ab-
rogada. Inexistência de ofensa ao art. 32 da CF, quanto ao primeiro dispositivo. Pedido
residual julgado improcedente. Não é inconstitucional a norma que prevê, para o
processo de escolha de administrador regional, participação popular nos termos em
que venha a dispor a lei.
_____________________________________________________________________________

DIREITO ELEITORAL

69. A respeito da propaganda eleitoral, assinale a opção correta.


(A) Nenhuma forma de menção à candidatura antes de quinze de agosto dos anos
eleitorais é lícita, porquanto caracteriza propaganda eleitoral antecipada.
(B) A lei eleitoral proíbe que se faça propaganda em bens públicos, os quais são
considerados para fins eleitorais, conforme previsto no Código Civil.
85
(C) A contratação de apresentações artísticas em eventos de inauguração de obras
públicas bem como a presença de candidatos nesses eventos, nos três meses anteriores
ao pleito, são condutas vedadas aos agentes públicos.
(D) A lei eleitoral proíbe, em qualquer circunstância, o uso de trio elétrico para a
realização de propaganda eleitoral.
(E) No caso de propaganda eleitoral ilícita em bem particular, a simples retirada da
propaganda afasta a aplicabilidade das multas previstas na legislação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Eventuais menções podem ser admitidas. De acordo com o TSE:
Ac.-TSE, de 9.4.2019, no AgR-REspe nº 060033730: critérios para identificação dos
limites para a propaganda no período pré-eleitoral: “(a) ‘o pedido explícito de votos,
entendido em termos estritos, caracteriza a realização de propaganda antecipada
irregular, independentemente da forma utilizada ou da existência de dispêndio de
recursos’; (b) ‘os atos publicitários não eleitorais, assim entendidos aqueles sem
qualquer conteúdo direta ou indiretamente relacionados com a disputa, consistem em
‘indiferentes eleitorais’, situando-se, portanto, fora da alçada desta Justiça
Especializada’; (c) ‘o uso de elementos classicamente reconhecidos como
caracterizadores de propaganda, desacompanhado de pedido explícito e direto de
votos, não enseja irregularidade per se’; e (d) ‘todavia, a opção pela exaltação de
qualidades próprias para o exercício de mandato, assim como a divulgação de
plataformas de campanha ou planos de governo acarreta, sobretudo, quando a forma
de manifestação possua uma expressão econômica minimamente relevante, os
seguintes ônus e exigências: (i) impossibilidade de utilização de formas proscritas
durante o período oficial de propaganda (outdoor, brindes, etc); e (ii) respeito ao
alcance das possibilidades do pré-candidato médio’”.
(B) INCORRETA. Em regra não são admitidas as propagandas eleitorais em bens
públicos, mas a lei excepciona algumas hipóteses. Veja, nesse sentido, os parágrafos 2º
a 7º do art. 37 da Lei das Eleições.
Lei 9.504/97
Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público,
ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de
iluminação pública, sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes,
paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de
propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e
exposição de placas, estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.
§ 1o A veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput
deste artigo sujeita o responsável, após a notificação e comprovação, à
restauração do bem e, caso não cumprida no prazo, a multa no valor de R$
2.000,00 (dois mil reais) a R$ 8.000,00 (oito mil reais).
§ 2º Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em
bens públicos ou particulares, exceto de:
86
I - bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem
o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos;
II - adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e
janelas residenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado).
§ 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda
eleitoral fica a critério da Mesa Diretora.
§ 4o Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil e também aqueles a que a
população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros
comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.
§ 5o Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em
muros, cercas e tapumes divisórios, não é permitida a colocação de
propaganda eleitoral de qualquer natureza, mesmo que não lhes cause dano.
§ 6o É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de
campanha e a utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que
móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e
veículos.
§ 7o A mobilidade referida no § 6o estará caracterizada com a colocação e a
retirada dos meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas.
§ 8o A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser
espontânea e gratuita, sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca
de espaço para esta finalidade.

(C) CORRETA. Lei 9.504/97


Das Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em Campanhas Eleitorais
Art. 75. Nos três meses que antecederem as eleições, na realização de
inaugurações é vedada a contratação de shows artísticos pagos com recursos
públicos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento do disposto neste artigo, sem
prejuízo da suspensão imediata da conduta, o candidato beneficiado, agente
público ou não, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma.

Art. 77. É proibido a qualquer candidato comparecer, nos 3 (três) meses que
precedem o pleito, a inaugurações de obras públicas.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo sujeita o infrator à
cassação do registro ou do diploma.

(D) INCORRETA. Lei 9.504/97


Art. 39
(...)
§ 10. Fica vedada a utilização de trios elétricos em campanhas eleitorais,
exceto para a sonorização de comícios.
§ 11. É permitida a circulação de carros de som e minitrios como meio de
propaganda eleitoral, desde que observado o limite de oitenta decibéis de
nível de pressão sonora, medido a sete metros de distância do veículo, e
respeitadas as vedações previstas no § 3o deste artigo, apenas em carreatas,
caminhadas e passeatas ou durante reuniões e comícios.
§ 12. Para efeitos desta Lei, considera-se:
I - carro de som: veículo automotor que usa equipamento de som com
potência nominal de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts;
II - minitrio: veículo automotor que usa equipamento de som com potência
nominal de amplificação maior que 10.000 (dez mil) watts e até 20.000 (vinte 87
mil) watts;
III - trio elétrico: veículo automotor que usa equipamento de som com
potência nominal de amplificação maior que 20.000 (vinte mil) watts.

(E) INCORRETA. Nos termos do parágrafo único do art. 40–B da Lei 9.504/97, é possível
responsabilizar candidato beneficiado por propaganda irregular “se as circunstâncias e
as peculiaridades do caso específico revelarem a impossibilidade de o beneficiário não
ter tido conhecimento da propaganda”.
Súmula-TSE nº 48
A retirada da propaganda irregular, quando realizada em bem particular, não é capaz
de elidir a multa prevista no art. 37, § 1º, da Lei nº 9.504/97.
Ainda de acordo com o TSE:
“[...] Propaganda irregular. [...] Bem particular. Extrapolação. Limite legal [...] 2. O art.
37, § 1º, da Lei nº 9.504/97, que dispõe sobre a necessidade de prévia notificação do
candidato para fins de imposição de multa pela prática de propaganda eleitoral
irregular, não se aplica à propaganda confeccionada em bem particular. Precedente. [...]
4. Tratando-se de propaganda realizada em bem particular, sua retirada ou
regularização não afasta a incidência de multa. Precedentes. [...] ”. (Ac. de 30.4.2013 no
AgR-AI nº 282212, rel. Min. Dias Toffoli.)
“[...] Propaganda eleitoral irregular. Bens particulares. Retirada que não afasta a
aplicação da multa. Precedentes. Comitê eleitoral. Placas em dimensão superior a 4m².
Impossibilidade. Precedentes. Justaposição de placas. Efeito visual único semelhante a
outdoor [...] 1. No caso de bens particulares, tal como ocorre na hipótese dos autos, a
retirada da propaganda eleitoral irregular não afasta a aplicação da multa [...]”. (Ac. de
12.12.2013 no AgR-AI nº 376002, rel. Min. Laurita Vaz.)
_______________________________________________________________________
70. Em relação às ações eleitorais, assinale a opção correta.
(A) Por aplicação subsidiária do CPC, nas ações eleitorais, cabe à parte demandante
indicar o valor da causa, ainda que precise estimá-lo.
(B) Conforme o novo CPC, a contagem de prazos no processo eleitoral, exceto no
período próximo às eleições, considera os dias úteis.
(C) Conforme previsto na jurisprudência, em determinadas situações, é admitida a
impetração de mandado de segurança como meio adequado para impugnar decisões
judiciais eleitorais.
(D) Nos casos em que o valor da causa de ação eleitoral for inestimável, os ônus de
sucumbência devem ser fixados em salários-mínimos.
(E) Na ação de impugnação de registro de candidatura (AIRC), caso haja questão
relevante objeto de outro processo judicial, a regra é a de que a AIRC seja suspensa até
que se decida o processo em andamento.

_______________________________________________________________________
88
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Não se aplica valor da causa aos feitos eleitorais, em especial àqueles
de valor inestimável.
“Representação. [...] Pretensão de conduzir o juízo a erro. [...] o TRE/SP asseverou que
a agravante fez afirmação falsa, procurando conduzir o Juízo a erro, porquanto, ao
contrário do que alegado, o panfleto impugnado foi confeccionado de acordo com as
regras legais, o que denotaria a má-fé da agravante no ajuizamento da representação
[...] 3. Tendo sido definido pelo Tribunal a quo que o ajuizamento da representação foi
de má-fé, a imposição da multa por litigância de má-fé é pertinente, com base no art.
18 do CPC. 4. Tendo em vista a inexistência de valor da causa nos feitos eleitorais,
afigura-se razoável a fixação considerando o critério atinente à multa fixada na
representação, aplicando-se, por analogia, o disposto no § 3º do art. 36 da Lei nº
9.504/97. [...]”
(Ac. de 4.12.2014 no AgR-REspe nº 1007054, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura.)
Ressalte-se que a Resolução 23.478/2016, do TSE, que Estabelece diretrizes gerais para
a aplicação do Código de Processo Civil -, no âmbito da Justiça Eleitoral, prevê em seu
artigo 2º que:
Art. 2º Em razão da especialidade da matéria, as ações, os procedimentos e
os recursos eleitorais permanecem regidos pelas normas específicas previstas
na legislação eleitoral e nas instruções do Tribunal Superior Eleitoral.
Parágrafo único. A aplicação das regras do Novo Código de Processo Civil tem
caráter supletivo e subsidiário em relação aos feitos que tramitam na Justiça
Eleitoral, desde que haja compatibilidade sistêmica.

(B) INCORRETA. Resolução TSE 23.478/2016


Art. 7º O disposto no art. 219 do Novo Código de Processo Civil não se aplica
aos feitos eleitorais.

CPC, ART. 219: Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo
juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.
§ 1º Os prazos processuais, durante o período definido no calendário
eleitoral, serão computados na forma do art. 16 da Lei Complementar nº 64,
de 1990, não se suspendendo nos fins de semana ou feriados.
§ 2º Os prazos processuais, fora do período definido no calendário eleitoral,
serão computados na forma do art. 224 do Novo Código de Processo Civil.
§ 3º Sempre que a lei eleitoral não fixar prazo especial, o recurso deverá ser
interposto no prazo de 3 (três) dias, a teor do art. 258 do Código Eleitoral, não
se aplicando os prazos previstos no Novo Código de Processo Civil.

(C) CORRETA. “[...] 1. Afigura–se inadmissível, via de regra, a impetração de mandado


de segurança contra atos decisórios de índole jurisdicional, sejam eles proferidos
monocraticamente ou por órgãos colegiados. Somente em bases excepcionais o
mandamus pode insurgir–se contra decisão judicial, observados os seguintes
89
pressupostos: (i) não cabimento de recurso, com vistas a integrar ao patrimônio do
impetrante o direito líquido e certo a que supostamente aduz ter direito; (ii) inexistência
de trânsito em julgado; e (iii) tratar–se de decisão teratológica. 2. No caso, a decisão
objeto do writ, além de não ser teratológica ou revestir–se de ilegalidade, é impugnável
por recurso próprio, o que torna inadmissível o mandamus, a teor do que dispõe a
Súmula nº 22/TSE. 3. Além disso, é inequívoco o manejo do mandado de segurança
como sucedâneo recursal, porquanto o ora impetrante apresentou o presente writ [...]
posteriormente à decisão denegatória de seguimento ao seu recurso especial [...], no
qual declinou as mesmas alegações aqui analisadas. [...]”
(Ac. de 18.3.2021 no AgR-MSCrim nº 060183567, rel. Min. Edson Fachin.)
(D) INCORRETA. Resolução TSE 23.478/2016
Art. 4º Os feitos eleitorais são gratuitos, não incidindo custas, preparo ou
honorários (Lei nº 9.265/96, art. 1º).

(E) INCORRETA. Diante da exiguidade dos prazos eleitorais e da natureza da ação de


impugnação de registro da candidatura – AIRC, não há que se falar em suspensão.
Eventual causa apurada e julgada em outro processo, a depender da matéria e da
natureza, poderá ser discutida posteriormente ao registro de candidatura, por meio das
outras ações eleitorais.
_______________________________________________________________________
BLOCO III
DIREITO ADMINISTRATIVO

71. De acordo com a jurisprudência do STF a respeito do poder de polícia, a teoria do


ciclo de polícia compõe-se, em sua totalidade, das fases de
(A) ordem, fiscalização e sanção, sendo apenas a sanção impassível de delegação a
pessoas jurídicas de direito privado.
(B) ordem, consentimento, fiscalização e sanção, sendo apenas a ordem impassível de
delegação a pessoas jurídicas de direito privado.
(C) ordem, consentimento e sanção, sendo apenas o consentimento impassível de
delegação a pessoas jurídicas de direito privado.
(D) ordem, consentimento, fiscalização e sanção, sendo apenas a sanção impassível de
delegação a pessoas jurídicas de direito privado.
(E) ordem, fiscalização e sanção, sendo apenas a fiscalização impassível de delegação a
pessoas jurídicas de direito privado.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS 90
Doutrinariamente, o poder de polícia é entendido como um ciclo de polícia, abrangente
de 04 (quatro) etapas:
a) Ordem de polícia: corresponde às normas gerais da Administração Pública
que fixam limites e condicionamentos ao exercício de atividades privadas e
ao uso de bens, devendo sempre, em nome do princípio da legalidade, contar
com previsão básica em lei formal, cabendo às normas administrativas
apenas o detalhamento das prescrições legais. É o caso das regras de trânsito
em determinada localidade da cidade;
b) Consentimento de polícia: corresponde à anuência prévia da
Administração exigida por lei para o exercício de determinadas atividades ou
utilização de bens. Esse consentimento se materializa na forma das já
estudadas licença ou autorização;
c) Fiscalização de polícia: é a atividade de controle das atividades submetidas
ao poder de polícia, verificando se atendem aos requisitos legais ou
regulamentares (ordens de polícia) e aos termos fixados na licença ou da
autorização;
d) Sanção de polícia: é a aplicação, dentre aquelas previstas na legislação, de
penalidade administrativa em razão da violação das normas impostas pela
Administração, em ordens de polícia ou nos instrumentos de consentimento
de polícia.

Em julgado paradigmático, examinando a delegabilidade do poder de polícia a


particulares sob a perspectiva do ciclo de polícia, o STJ considerou delegável às
entidades privadas da Administração Indireta as fases de consentimento e de
fiscalização, reputando indelegáveis aquelas de ordem e sanção (STJ, REsp 817.534/MG,
Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, j. em 25/05/2010).
Mais recentemente, o STF também encampou a teoria do ciclo de polícia e estabeleceu,
em sede de repercussão geral, que, por meio de lei, é possível a delegação do poder de
polícia às pessoas jurídicas de direito de privado integrantes da Administração Pública
Indireta de capital social majoritariamente público (empresas públicas ou sociedade de
economia mista) que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do
Estado e em regime não-concorrencial (STF, RE 633.782/MG, Rel. Luiz Fux, Repercussão
Geral. j. em 24/10/2020).
O Supremo acabou ampliando o entendimento do STJ para abranger a delegabilidade
da fase de sanção, como é o caso da imposição de multas por delegatária de trânsito
municipal, mantendo indelegável, contudo, a fase de ordem (imposição de normas
gerais aos particulares,
_______________________________________________________________________
72. A respeito do encerramento da licitação nos termos estabelecidos pela Lei n.º
14.133/2021, julgue os itens a seguir.
(I) É possível a revogação da licitação por motivos de conveniência e oportunidade,
desde que resultantes de fato superveniente devidamente comprovado.
(II) Para a anulação da licitação, quando presente legalidade insanável, dispensa-se a
manifestação prévia dos interessados.
(III) A anulação da licitação pode ser promovida de ofício pela administração pública, 91
não estando condicionada à provocação de terceiros.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Questão abordada na reta final do TJDFT.

(I) CORRETA.
Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os
recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à
autoridade superior, que poderá: II - revogar a licitação por motivo de
conveniência e oportunidade;
§ 2º O motivo determinante para a revogação do processo licitatório deverá
ser resultante de fato superveniente devidamente comprovado.

(II) INCORRETA.
Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os
recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à
autoridade superior, que poderá: III - proceder à anulação da licitação, de
ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
§ 3º Nos casos de anulação e revogação, deverá ser assegurada a prévia
manifestação dos interessados.

(III) CORRETA.
Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os
recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à
autoridade superior, que poderá: III - proceder à anulação da licitação, de
ofício ou mediante provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade
insanável;
_______________________________________________________________________
73. João, servidor público do Distrito Federal, ingressou no cargo público em 1986, sem
ter realizado concurso público. Em 1991, foi editado ato da administração pública que
declarou sua estabilidade no cargo. Passados dez anos, a administração pública anulou
o referido ato, por considerá-lo incompatível com o texto constitucional.
Nessa situação hipotética, a anulação do ato foi
92
(A) inválida, pois, embora o ato administrativo que concedeu a estabilidade a João tenha
sido editado em descompasso com o texto constitucional, decorreu o prazo decadencial
para a administração pública exercer o poder-dever de autotutela, cujo afastamento
depende da comprovação de má-fé do beneficiário.
(B) válida, uma vez que o ato administrativo que concedeu a estabilidade a João
destoava do texto constitucional e, portanto, era passível de anulação, não estando
sujeito ao prazo para o exercício do poder-dever de autotutela administrativa, que é
decadencial, nem à observância do contraditório e da ampla defesa.
(C) inválida, pois, embora o ato administrativo que concedeu a estabilidade a João tenha
sido editado em descompasso com o texto constitucional, decorreu o prazo
prescricional para a administração pública exercer o poder-dever de autotutela, cujo
afastamento depende da comprovação de má-fé do beneficiário.
(D) válida, uma vez que o ato administrativo que concedeu a estabilidade a João
destoava do texto constitucional e, portanto, era passível de anulação, não estando
sujeito ao prazo para o exercício do poder-dever de autotutela administrativa, que é
decadencial, sem prejuízo do contraditório e da ampla defesa em favor do administrado.
(E) válida, uma vez que o ato administrativo que concedeu a estabilidade a João
destoava do texto constitucional e, portanto, era passível de anulação, não estando
sujeito ao prazo para o exercício do poder-dever de autotutela administrativa, que é
prescricional, sem prejuízo do contraditório e da ampla defesa em favor do
administrado.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Tendo ingressado em 1986 no serviço público, João não se beneficiou da estabilidade


extraordinária prevista no art. 19 do ADCT, que exigia que o servidor público civil
estivesse em exercício, na data da promulgação da Constituição, há pelo menos 05
(cinco) anos continuados.
O STF entende que as Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais e Distrital
NÃO podem ampliar a estabilidade extraordinária do art. 19 do ADCT, não se
submetendo o ato inconstitucional ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos previsto no
art. 54 da Lei Federal nº 9.784/1999 (STF, ADI nº 1.241/RN).
_______________________________________________________________________
74. Consoante a Lei Complementar n.º 840/2011, a contagem do tempo de estágio
probatório ficará suspensa caso o servidor
(A) seja cedido a outro órgão para ocupar cargo de natureza especial.
(B) seja designado para ocupar cargo em comissão ou função de confiança na fundação 93
de sua lotação.
(C) assuma exclusivamente cargo em comissão na estrutura da fundação de sua lotação.
(D) seja nomeado para cargo em comissão no seu órgão de lotação.
(E) assuma exclusivamente função de confiança na autarquia de sua lotação.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Lei Complementar Estadual n.º 840/2011:


Art. 27. Fica suspensa a contagem do tempo de estágio probatório quando
ocorrer:
I – o afastamento de que tratam os arts. 26, II, e 162;

Art. 26. O servidor em estágio probatório pode:


II – ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargo de natureza
especial ou de equivalente nível hierárquico.

_______________________________________________________________________
75. Os bens dominicais incluem
(I) as terras dos silvícolas.
(II) as escolas públicas em uso.
(III) as terras devolutas. IV a dívida ativa.
Estão certos apenas os itens
(A) I e II.
(B) II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I, III e IV.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

(I) e (II) INCORRETAS. As escolas públicas em uso são bens públicos de uso especial. Bens
de uso especial são todas as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou incorpóreas,
utilizadas pela Administração Pública para realização de suas atividades e consecução
de seus fins, conforme se extrai da redação do art. 99, inciso II, do Código Civil. 94
São exemplos de bens de uso especial os imóveis onde estão instaladas repartições
públicas, os bens móveis utilizados pela Administração, museus, bibliotecas, terras dos
silvícolas, escolas e cemitérios públicos, entre outros.
Em relação às terras dos silvícolas, embora não haja estritamente um serviço
administrativo, há uma afetação a uma finalidade pública, qual seja a proteção dessa
categoria social. Neste sentido, Maria Sylvia Zanella de Pietro esclarece que “as terras
indígenas são bens de uso especial; embora não se enquadrem no conceito do artigo 99,
II, do Código Civil, , a sua afetação, e a sua inalienabilidade e indisponibilidade, bem
como a imprescritibilidade dos direitos a ela relativos, conforme previsto no §4º do artigo
231 da Constituição, permite incluí-las nessa categoria”.
(III) e (IV) CORRETAS. Os bens de uso dominical são todos aqueles que não possuem
destinação especial (terras devolutas, direitos pessoais, herança jacente etc.) e, por
também possuir caráter residual, essa categoria acaba por compreender todos os bens
que não se enquadram nas duas categorias mencionadas, sendo objeto de direito
pessoal ou real.
As chamadas terras devolutas (terras públicas sem utilização), os terrenos de marinha e
a dívida ativa (objeto de direito pessoal) são exemplos dessa categoria.
_______________________________________________________________________
76. Lucas, Fabiano e Cláudio são servidores públicos e praticaram, dolosamente, no
exercício de suas funções, as seguintes condutas: Lucas facilitou a aquisição de bem por
preço superior ao de mercado; Fabiano permitiu a realização de despesas não
autorizadas em lei ou regulamento; e Cláudio frustrou, em ofensa à imparcialidade, o
caráter concorrencial de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício
de terceiros.
Com base na Lei n.º 8.429/1992 e suas alterações, assinale a opção que indica quem, na
situação hipotética apresentada, está sujeito a sanção por ato de improbidade
administrativa, independentemente de ter causado efetivo dano ao patrimônio público.
(A) Lucas, Fabiano e Cláudio.
(B) Lucas e Fabiano, somente
(C) Cláudio, somente
(D) Fabiano, somente.
(E) Lucas, somente .
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Questão abordada na reta final do TJDFT.

Lucas, ao facilitar a aquisição de bem por preço superior ao de mercado (art. 10, V, LIA), 95
assim como Fabiano, ao permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou
regulamento (art. 10, IX, LIA), poderiam ter suas condutas enquadradas como ato de
improbidade administrativa, caso ação praticada por cada um deles tivesse ensejado,
efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento
ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades que compõem os Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, bem como da administração direta e indireta, no âmbito da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, nos termos do art. 10, caput,
LIA.
Cláudio, por sua vez, praticou ato de improbidade que atenta contra os princípios da
administração pública, incidindo, especificamente, no inciso V do art. 11 da LIA
(“frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concorrencial de concurso público, de
chamamento ou de procedimento licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio,
direto ou indireto, ou de terceiros”), cuja configuração independe do reconhecimento da
produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos agentes públicos (§4º).
_______________________________________________________________________
77. Um condenado preso em determinado presídio estadual morreu e, na semana
seguinte, sem qualquer relação com o óbito ocorrido, outro preso fugiu e, na sequência,
praticou um latrocínio.
Nessa situação hipotética, o Estado poderá ser responsabilizado civilmente
(A) pela morte do primeiro preso, independentemente de demonstração de não
observância do dever específico de proteção do Estado, e pelo latrocínio praticado pelo
segundo preso, independentemente do nexo causal direto entre o momento da fuga e
o crime praticado.
(B) pela morte do primeiro preso, caso seja demonstrada a inobservância do dever
específico de proteção do Estado, e pelo latrocínio cometido pelo segundo preso,
independentemente de nexo causal direto entre o momento da fuga e o crime
praticado.
(C) pela morte do primeiro preso, de forma objetiva, não cabendo qualquer
responsabilidade civil do Estado pela conduta praticada pelo segundo preso enquanto
foragido do sistema prisional.
(D) pela morte do primeiro preso, independentemente de demonstração de não
observância do dever específico de proteção do Estado, e pelo latrocínio cometido pelo
segundo preso, desde que demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga
e o crime praticado.
(E) pela morte do primeiro preso, caso seja demonstrada a inobservância do dever
específico de proteção do Estado, e pelo latrocínio praticado pelo segundo preso, caso
seja demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e o crime praticado.
______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS
96
Tema 592 do STF - Responsabilidade civil objetiva do Estado por morte de detento: “Em
caso de inobservância do seu dever específico de proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX,
da Constituição Federal, o Estado é responsável pela morte de detento.”
Re 608.880 STF: “nos termos do artigo 37 §6º da Constituição Federal, não se caracteriza
a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por
pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto
entre o momento da fuga e a conduta praticada".
_______________________________________________________________________
78. Nos termos do Estatuto da Pessoa com Deficiência, quando for necessário, a pessoa
com deficiência será submetida à curatela, a qual afetará somente os atos relacionados
aos direitos de natureza
(A) patrimonial e trabalhista.
(B) trabalhista e educacional.
(C) educacional e patrimonial.
(D) patrimonial e negocial.
(E) educacional e negocial.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Lei Federal n.º 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência)


Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de
natureza patrimonial e negocial.
_______________________________________________________________________
79. Determinada sociedade empresária fraudou contrato administrativo decorrente de
licitação pública celebrado com certa secretaria de estado.
Nessa situação hipotética, conforme a Lei n.º 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), o
processo administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa jurídica
(A) será instaurado pela autoridade máxima do órgão envolvido, sendo vedada a
delegação da competência para essa instauração.
(B) poderá ser julgado por autoridade delegada para tanto, sendo vedada a
subdelegação da competência para o julgamento do processo.
(C) deverá ser suspenso se for apurada responsabilidade individual das pessoas naturais
gerentes da sociedade empresária.
(D) será conduzido por comissão constituída de servidores estáveis, a qual poderá
determinar busca e apreensão na sede da sociedade.
(E) impede que ocorra a fusão, a incorporação ou a cisão societária até que seja 97
devidamente apurada a responsabilidade.
______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA.
Art. 8º A instauração e o julgamento de processo administrativo para
apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade máxima
de cada órgão ou entidade dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que
agirá de ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e a ampla
defesa.
§ 1º A competência para a instauração e o julgamento do processo
administrativo de apuração de responsabilidade da pessoa jurídica poderá ser
delegada, vedada a subdelegação.

(B) CORRETA. Art. 8º, § 1º.


(C) INCORRETA.
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade
individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa
natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput .
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por
atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.

(D) INCORRETA.
Art. 10. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de
pessoa jurídica será conduzido por comissão designada pela autoridade
instauradora e composta por 2 (dois) ou mais servidores estáveis.
§ 1º O ente público, por meio do seu órgão de representação judicial, ou
equivalente, a pedido da comissão a que se refere o caput , poderá requerer
as medidas judiciais necessárias para a investigação e o processamento das
infrações, inclusive de busca e apreensão.
§ 2º A comissão poderá, cautelarmente, propor à autoridade instauradora
que suspenda os efeitos do ato ou processo objeto da investigação.
§ 3º A comissão deverá concluir o processo no prazo de 180 (cento e oitenta)
dias contados da data da publicação do ato que a instituir e, ao final,
apresentar relatórios sobre os fatos apurados e eventual responsabilidade da
pessoa jurídica, sugerindo de forma motivada as sanções a serem aplicadas.
§ 4º O prazo previsto no § 3º poderá ser prorrogado, mediante ato
fundamentado da autoridade instauradora.

(E) INCORRETA.
Art. 4º Subsiste a responsabilidade da pessoa jurídica na hipótese de
alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária.
§ 1º Nas hipóteses de fusão e incorporação, a responsabilidade da sucessora
será restrita à obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano
causado, até o limite do patrimônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as
demais sanções previstas nesta Lei decorrentes de atos e fatos ocorridos
antes da data da fusão ou incorporação, exceto no caso de simulação ou
98
evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
§ 2º As sociedades controladoras, controladas, coligadas ou, no âmbito do
respectivo contrato, as consorciadas serão solidariamente responsáveis pela
prática dos atos previstos nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade à
obrigação de pagamento de multa e reparação integral do dano causado.

_______________________________________________________________________
80. No que diz respeito à licitação e ao pregão, assinale a opção correta.
(A) Pelo fato de a Lei n.º 14.133/2021 constituir lei geral sobre contratações do poder
público, ela se aplica, de forma subsidiária, a concursos públicos para provimento de
cargos na administração pública.
(B) Se o prestador de serviços agir com má-fé em contrato com a administração pública
ou concorrer para contratação ilegal, a administração pública não necessariamente terá
de ressarcir os serviços prestados.
(C) O pregão distingue-se das demais modalidades de licitação pelo fato de todas as suas
fases se caracterizarem por informalismo e oralidade.
(D) Como o pregão busca definir uma ordenação de licitantes, em função de suas
propostas, estas não podem ser desclassificadas nessa modalidade de licitação.
(E) Desde que haja notória especialização de escritório de advocacia, é possível a sua
contratação direta, sem licitação, pelo poder público.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada na reta final do TJDFT.

(A) INCORRETA.
Art. 2º Esta Lei aplica-se a:
I - alienação e concessão de direito real de uso de bens;
II - compra, inclusive por encomenda;
III - locação;
IV - concessão e permissão de uso de bens públicos;
V - prestação de serviços, inclusive os técnico-profissionais especializados;
VI - obras e serviços de arquitetura e engenharia;
VII - contratações de tecnologia da informação e de comunicação.

(B) CORRETA. O prestador de serviços agir com má-fé em contrato com a administração
pública ou concorrer para contratação ilegal deverá ser sancionado nos termos do art.
155-163 da Lei. De acordo com o § 8º do art. 156,
“Se a multa aplicada e as indenizações cabíveis forem superiores ao valor de
pagamento eventualmente devido pela Administração ao contratado, além
da perda desse valor, a diferença será descontada da garantia prestada ou
será cobrada judicialmente”.
99
(C) INCORRETA. O pregão é “modalidade de licitação obrigatória para aquisição de bens
e serviços comuns, cujo critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de maior
desconto” (art. 6º, XLI). Nos termos do art. 29,
“A concorrência e o pregão seguem o rito procedimental comum a que se
refere o art. 17 desta Lei, adotando-se o pregão sempre que o objeto possuir
padrões de desempenho e qualidade que possam ser objetivamente definidos
pelo edital, por meio de especificações usuais de mercado”.

(D) INCORRETA. Como visto, o pregão segue o rito procedimental comum do art. 17,
podendo ocorrer a desclassificação normalmente na fase de julgamento (art. 59).
(E) INCORRETA. Conforme prevê a alínea “e” do inciso III do art. 74 da Lei, não basta a
notória especialização do escritório de advocacia, sendo indispensável também se tratar
de serviço técnico especializado de natureza predominantemente intelectual.
_______________________________________________________________________

DIREITO EMPRESARIAL

81. Considerando as regras e os princípios relacionados à ordem econômica previstos


na CF de 1988, julgue os itens a seguir.
(I) A redução das desigualdades regionais e sociais é um dos princípios da ordem
econômica.
(II) A função de planejamento exercida pelo Estado na condição de agente regulador da
atividade econômica é de observância obrigatória para o setor público e indicativa para
o setor privado.
(III) O relevante interesse coletivo é uma das hipóteses que autoriza a exploração direta
de atividade econômica pelo Estado.
(IV) A liberdade de iniciativa integra a ordem econômica.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I, II e III estão certos.
(B) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
(C) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
(D) Apenas os itens II, III e IV estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS
100
(I) CORRETO. Fundamento: CF/88, art. 170, inciso VII

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano


e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;”

(II) CORRETO. Fundamento: CF/88, art. 174.

“Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o


Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e
planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para
o setor privado.”

(III) CORRETO. Fundamento: CF/88, art. 173.

“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração


direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.”

(IV) CORRETO. Fundamento: CF/88, art. 170


“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:”

_______________________________________________________________________
82. O complexo ou conjunto de bens utilizado e organizado pela sociedade empresária
para o desenvolvimento de uma atividade econômica denomina-se
(A) empresa.
(B) empresário.
(C) estabelecimento empresarial.
(D) ponto empresarial.
(E) aviamento.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

101
Art. 1.142 do Código Civil:

“Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens


organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária.”

_______________________________________________________________________
83. A patente viabiliza a exploração do invento, com exclusividade e por tempo
determinado, pelo titular. Não obstante, há hipóteses em que o titular da patente é
obrigado a deixar que outras pessoas explorem o bem patenteado. Nesse sentido, o
chamado licenciamento compulsório é cabível em caso de
(I) exercício abusivo dos direitos da patente.
(II) abuso do poder econômico pelo titular da patente.
(III) não exploração do objeto da patente.
(IV) comercialização que não satisfaça às necessidades do mercado.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas os itens I, II e III estão certos.
(B) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
(C) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
(D)Apenas os itens II, III e IV estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

Art. 68 da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996), que trata da licença


compulsória.

“Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente


se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela
praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por
decisão administrativa ou judicial.
§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:
I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de
fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso
integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade
econômica, quando será admitida a importação; ou
II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado. [...]” 102
_______________________________________________________________________
84. No âmbito de sociedade empresária limitada que esteja em funcionamento regular,
se inexistir disposição específica no seu contrato social, será possível que a maioria dos
sócios presentes em reunião, independentemente de representarem mais da metade
do capital social, deliberem sobre
(A) modificação do contrato social.
(B) aprovação das contas da administração.
(C) fusão da sociedade.
(D) pedido de concordata.
(E) destituição dos administradores.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.


A questão possui fundamento no art. 1.071 e 1.076 do Código Civil, recentemente
alterado pela Lei 14.451/2022.

“Art. 1.071. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras matérias


indicadas na lei ou no contrato:
I – a aprovação das contas da administração;
II – a designação dos administradores, quando feita em ato separado;
III – a destituição dos administradores;
IV – o modo de sua remuneração, quando não estabelecido no contrato;
V – a modificação do contrato social;
VI – a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do
estado de liquidação;
VII – a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das suas
contas;
VIII – o pedido de concordata.
[...]

Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios


serão tomadas:
I – (revogado);
II – pelos votos correspondentes a mais da metade do capital social, nos casos
previstos nos incisos II, III, IV, V, VI e VIII do caput do art. 1.071 deste Código;
III – pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei
ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.”

_______________________________________________________________________
85. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o contrato poderá ser renovado
por igual prazo, desde que, cumulativamente, o locatário esteja explorando comércio,
103
no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de
(A) um ano.
(B) três anos.
(C) cinco anos.
(D) sete anos.
(E) nove anos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

Tratando sobre o contrato de locação comercial, a questão cobra o conhecimento do


prazo para o empresário ter direito à renovação compulsória (3 anos, conforme o art.
51, inciso III, da Lei 8.245/91).
“Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá
direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que,
cumulativamente:
[...]
III – o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo
mínimo e ininterrupto de três anos.”

_______________________________________________________________________
86. A cobrança da comissão de permanência nos contratos bancários é inacumulável
com
(A) juros moratórios, apenas.
(B) correção monetária, apenas.
(C) juros moratórios, compensatórios e correção monetária.
(D) juros compensatórios e correção monetária, apenas.
(E) juros compensatórios e moratórios, apenas.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

104
Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

Questão difícil cobrando o conhecimento das súmulas 472 e 30 do Superior Tribunal de


Justiça (STJ).

Súmula 472: A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar
a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual.

Súmula 30: A comissão de permanência e a correção monetária são inacumuláveis.

_______________________________________________________________________
87. O certificado de recebíveis imobiliários (CRI)
(A) pode ser emitido sem indicação de valor nominal.
(B) é título de crédito ao portador.
(C) pode ser emitido por pessoa física.
(D) é nominativo e emitido de forma escritural.
(E) não pode ser garantido por aval.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Questão tratando sobre os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), que é regulado


pelas Leis 9.514/1997 (lei específica) e 14.430/2022 (lei geral).

(A) INCORRETA. A alternativa A está incorreta, pois o valor nominal é exigido para
emissão do título de crédito (Lei 14.430/22, art. 22, inciso IV).

(B) INCORRETA. A alternativa B, também incorreta, uma vez que o título é nominativo
(Lei 9.514/97, art. 6º).

(C) INCORRETA. A alternativa C contraria o art. 3º da Lei 9.514/97.

(D) CORRETA. A alternativa D, por sua vez, está correta, trazendo disposição expressa
no art. 20 da Lei 14.430/22.

(E) INCORRETA. A alternativa E viola o art. 21, §1º, da Lei 14.430/22, que permite o aval.

Logo, a única alternativa correta é o item D.

_______________________________________________________________________

DIREITO TRIBUTÁRIO 105


88. No âmbito da política tributária implementada pela nova gestão de determinado
estado, o Poder Executivo estadual editou dois decretos: o primeiro alterou o aspecto
temporal da hipótese de incidência de determinado imposto, antecipando a cobrança,
por meio de substituição tributária; e o segundo alterou o prazo para recolhimento
desse mesmo imposto, tendo sido publicado depois de ocorrido o fato gerador. Nessa
situação hipotética, o primeiro decreto é
(A) ilegítimo, porquanto, para a alteração temporal da hipótese de incidência tributária,
exige-se lei em sentido estrito; o segundo decreto, no entanto, é legítimo, uma vez que
a alteração no pagamento do tributo não se submete à reserva legal e pode ser
implementada, ainda que já tenha ocorrido o fato gerador.
(B) ilegítimo, porquanto, para a alteração temporal da hipótese de incidência, exige-se
lei em sentido estrito; igualmente, o segundo decreto é ilegítimo, uma vez que a
alteração no pagamento do tributo se submete à reserva legal e não pode ser
implementada quando já tiver ocorrido o fato gerador.
(C) legítimo, porquanto, para a alteração temporal da hipótese de incidência tributária,
prescinde-se de lei em sentido estrito; igualmente, o segundo decreto é legítimo, uma
vez que a alteração no pagamento do tributo não se submete à reserva legal e pode ser
implementada, ainda que já tenha ocorrido o fato gerador.
(D) ilegítimo, porquanto, para a alteração temporal da hipótese de incidência, exige-se
lei em sentido estrito; igualmente, o segundo decreto é ilegítimo, uma vez que, embora
a alteração no pagamento do tributo não se submeta à reserva legal, essa modificação
não pode ser implementada quando já tiver ocorrido o fato gerador.
(E) legítimo, porquanto, para a alteração temporal da hipótese de incidência, prescinde-
se de lei em sentido estrito; o segundo decreto, no entanto, é ilegítimo, uma vez que a
alteração no pagamento do tributo se submete à reserva legal, podendo ser
implementada ainda que já tenha ocorrido o fato gerador.
_______________________________________________________________________
GABARITO: A
COMENTÁRIOS

Questão abordada na rodada de reta final do TJDFT.

Questão difícil, que encontra fundamento na jurisprudência do STF e STJ, além do CTN
e súmulas do STF.

Como dispõe o artigo 96 do CTN, o prazo para pagamento de tributo não é matéria que
exige lei formal para sua alteração e, no mesmo sentido vai a súmula 669 do STF. Porém
a questão afirma que a substituição tributária interfere no aspecto temporal da hipótese
de incidência tributária, exigindo, portanto, lei formal para a sua alteração (CTN, art.
128).
106
Ainda, a data do fato gerador não interfere no prazo para pagamento, uma vez que este
só começa a fluir com o lançamento pera autoridade competente (CTN, art. 160).
Portanto, o decreto só precisaria estar vigente no momento em que fosse feito o
lançamento do tributo e não quando ocorre o fato gerador.

Assim, só resta a alternativa A, como alternativa correta.

_______________________________________________________________________
89. Julgue os itens a seguir, de acordo com a jurisprudência do STF no que tange à
tributação e ao orçamento.
(I) Em um contexto pandêmico, tal qual o da covid-19, é legítimo ao Poder Judiciário
determinar a suspensão da exigibilidade de tributos, assim como a dilação dos prazos
para o pagamento de impostos.
(II) É vedado ao Poder Judiciário, com base no princípio da isonomia, desconsiderar
limites objetivos e subjetivos de determinada isenção tributária para alcançar
contribuinte que não fora contemplado na legislação de regência daquele benefício
fiscal.
(III) É legítimo ao Poder Judiciário, após decidir a inconstitucionalidade da majoração da
alíquota de determinado tributo, estipular nova alíquota a ser aplicada na cobrança do
imposto, quando não houver lei anterior a voltar a vigorar.
Assinale a opção correta.
(A) Apenas o item I está certo.
(B) Apenas o item II está certo.
(C) Apenas os itens I e III estão certos.
(D) Apenas os itens II e III estão certos.
(E) Todos os itens estão certos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETO. O STF possui entendimento vedando a possibilidade da concessão de


moratória, através do Poder Judiciário (ARE 1.307.729/SP).

(II) CORRETO. O STF não permite o alargamento da isenção a contribuintes não


alcançados pela Lei a título de isonomia (RExt 159.026/SP)

(III) INCORRETO. Assertiva absurda, uma vez que é impossível ao Poder Judiciário
estipular alíquota de tributo.
107
_______________________________________________________________________
90. A substituição tributária progressiva
(A) ocorre quando o tributo é recolhido em relação a fatos geradores já ocorridos.
(B) é uma forma de recolhimento do ICMS e não pode ser aplicada a outros tributos.
(C) distribui a responsabilidade pelo pagamento do tributo entre vários contribuintes.
(D) é um instituto utilizado para operações dentro do mesmo estado, não se aplicando
em comercialização interestadual.
(E) ocorre quando o sujeito passivo fica responsável pelo pagamento do ICMS de fato
gerador futuro.
_______________________________________________________________________
GABARITO: E
COMENTÁRIOS

A questão versa sobre a substituição tributária para a frente (ou progressiva). Prevista
no art. 150, §7º, da CF/88, a substituição tributária para a frente ocorre quando o
pagamento do tributo é antecipado, uma vez que os fatos geradores ainda vão
acontecer. Logo, a único alternativa correta é a “E”.
_______________________________________________________________________
91. Determinado município instituiu taxa de combate a sinistros destinada a custear
assistência, combate e extinção de incêndios, sendo a base de cálculo dessa taxa o metro
quadrado do imóvel.
Considerando a situação hipotética anterior, assinale a opção correta.
(A) O estado, mas não o município, poderia, no âmbito da segurança pública, instituir a
taxa de forma válida.
(B) O fato gerador, nesse caso, caracteriza-se pela utilização, efetiva ou potencial, de
serviço de segurança pública, podendo, portanto, ser custeado por taxa.
(C) Os serviços de extinção e prevenção de incêndios não são específicos ou divisíveis,
razão pela qual podem ser remunerados por taxa.
(D) Sendo a segurança pública dever do Estado e direito de todos, essa atividade só pode
ser sustentada pelos impostos.
(E) A base de cálculo da taxa deve mensurar a atividade estatal, podendo ter como
parâmetro fatos geradores tributados por impostos.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
COMENTÁRIOS
108
O STF decidiu, em sede de repercussão geral, ser inconstitucional a taxa de incêndio
cobrada pelo Poder Público, uma vez que se trata de exercício da segurança pública,
compreendido no valor dos impostos (Recurso Extraordinário nº 1.179.245/MT).

_______________________________________________________________________
92. Determinada empresa sediada no estado de São Paulo vendeu diversos bens, com
incidência de ICMS, para João, morador do Distrito Federal e consumidor final das
mercadorias.
Assinale a opção correta relativamente à situação hipotética apresentada.
(A) O Distrito Federal deverá receber integralmente o ICMS incidente na operação, pois
é a unidade da Federação onde reside o consumidor final.
(B) Caberá ao estado de São Paulo o ICMS calculado com base na alíquota interestadual,
e ao Distrito Federal, eventual diferencial entre a alíquota interestadual e sua alíquota
interna.
(C) O Distrito Federal não deverá receber nada a título de ICMS, pois não se trata de bem
destinado a microempresa ou empresa de pequeno porte.
(D) O ICMS, nessa operação, será devido totalmente ao estado de São Paulo, por se
tratar de destinatário não contribuinte desse imposto.
(E) Caberá ao Distrito Federal o ICMS calculado com base na alíquota interestadual, e ao
estado de São Paulo, eventual diferencial entre a alíquota interestadual e sua alíquota
interna.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Como São Paulo é o Estado de origem, ele vai ficar com a alíquota interestadual e o DF,
por se tratar da Unidade de destino, vai ficar com a diferença entre a sua alíquota interna
e a alíquota interestadual (CF/88, art. 155, §2º, inciso VII).

_______________________________________________________________________
93. Determinado estado da Federação publicou 3 leis: A, B e C. A lei A isenta
trabalhadores desempregados do pagamento do consumo de água pelo período de seis
meses. A lei B trata de transporte de animais, tema já disciplinado na legislação federal.
A lei C cria tributo, na modalidade taxa, para remunerar certa atividade de fiscalização
estatal decorrente de ação para proteção do meio ambiente.
Com base nessa situação hipotética e no entendimento do Supremo Tribunal Federal
(STF), é correto afirmar que
(A) somente a lei A é constitucional. 109
(B) somente a lei B é constitucional.
(C) somente a lei C é constitucional.
(D) todas as três leis são constitucionais.
(E) todas as três leis são inconstitucionais.
_______________________________________________________________________
GABARITO: C
COMENTÁRIOS

Lei A – INCONSTITUCIONAL. O STF decidiu que Lei estadual tratando da isenção de água
e energia viola os arts. 21, inciso XII, alínea “b”; 22, inciso IV e 30, incisos I e V, todos da
CF/88 (STF ADI 2.299/RS).

Lei B – INCONSTITUCIONAL. O STF tem entendimento consolidado que “a


inconstitucionalidade formal de lei municipal, estadual ou distrital só deve ser
reconhecida se a legislação federal dispuser, de forma clara e cogente, que outros entes
não podem sobre ela legislar, ou se os outros entes legislarem de forma autônoma sobre
matéria idêntica.” (ADPF 514/SP). Logo, estaria verificada a invasão da competência da
União pelo Estado para legislar sobre transporte de animais, matéria exaustivamente
disciplinada em âmbito federal.
Lei C – CONSTITUCIONAL. Conforme decidido pelo STF em 2021 (ADI 5.374/PA e ADI
5.489/RJ) não existe inconstitucionalidade formal na criação de taxa para fiscalização do
meio ambiente. Como decidiu o STF: “A competência político-administrativa comum
para a proteção do meio ambiente legitima a criação de tributo na modalidade taxa para
remunerar a atividade de fiscalização dos Estados”.

Portanto, a única correta é a alternativa C.

_______________________________________________________________________

DIREITO AMBIENTAL

94. Conforme o entendimento do STF, se determinado estado da Federação, com


fundamento em suas peculiaridades regionais e na preponderância de seu interesse,
publicar lei que proíba a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e
testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus componentes, essa
lei será
(A) inconstitucional, por ser competência privativa da União legislar sobre o assunto.
(B) inconstitucional, já que é competência exclusiva da União legislar sobre o assunto.
(C) constitucional, por ser competência concorrente da União, dos estados e dos
municípios legislar sobre o assunto.
(D) constitucional, por ser competência privativa dos estados legislar sobre o assunto. 110
(E) constitucional, por ser competência concorrente da União, dos estados e do Distrito
Federal legislar sobre o assunto.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na rodada de reta final do TJDFT.

(...) A Lei 289/2015 do Estado do Amazonas, ao proibir a utilização de animais para


desenvolvimento, experimentos e testes de produtos cosméticos, de higiene pessoal,
perfumes e seus componentes, não invade a competência da União para legislar sobre
normas gerais em relação à proteção da fauna. Competência legislativa concorrente dos
Estados (art. 24, VI, da CF). 4. A sobreposição de opções políticas por graus variáveis de
proteção ambiental constitui circunstância própria do estabelecimento de competência
concorrente sobre a matéria. Em linha de princípio, admite-se que os Estados editem
normas mais protetivas ao meio ambiente, com fundamento em suas peculiaridades
regionais e na preponderância de seu interesse, conforme o caso. Precedentes. 5. Ação
Direta de Inconstitucionalidade conhecida e julgada improcedente. (ADI 5.996,
Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 15/04/2020,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-105 DIVULG 29-04-2020 PUBLIC 30-04-2020)

_______________________________________________________________________
95. Em determinado empreendimento imobiliário, a pessoa física responsável pelo
imóvel causou danos ao meio ambiente, o que deu origem a processos administrativo e
judicial.
Nessa situação hipotética, eventual aplicação de multa administrativa será
(A) imprescritível, não se aplicando a teoria do fato consumado e não sendo cumulável
eventual condenação judicial de obrigações de fazer e de indenizar.
(B) imprescritível, sendo prescritível a reparação dos danos ambientais, podendo
eventual condenação judicial de obrigação de fazer ser cumulada com a de indenizar.
(C) prescritível, aplicando-se a teoria do fato consumado, havendo prazo em dobro da
prescrição para a reparação dos danos ambientais.
(D) prescritível, sendo imprescritível a reparação dos danos ambientais, podendo
eventual condenação judicial de obrigação de fazer ser cumulada com a de indenizar.
(E) imprescritível, tal qual a reparação dos danos ambientais, não sendo cumulável
eventual condenação judicial de obrigações de fazer e de indenizar.
_______________________________________________________________________
GABARITO: D
111
COMENTÁRIOS

Questão abordada no Aulão de Véspera e na rodada de reta final do TJDFT.

(...) 4. O meio ambiente deve ser considerado patrimônio comum de toda humanidade,
para a garantia de sua integral proteção, especialmente em relação às gerações futuras.
Todas as condutas do Poder Público estatal devem ser direcionadas no sentido de
integral proteção legislativa interna e de adesão aos pactos e tratados internacionais
protetivos desse direito humano fundamental de 3ª geração, para evitar prejuízo da
coletividade em face de uma afetação de certo bem (recurso natural) a uma finalidade
individual. 5. A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental indisponível,
sendo imperativo o reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à recomposição
dos danos ambientais. (...) Afirmação de tese segundo a qual É imprescritível a
pretensão de reparação civil de dano ambiental. (RE 654.833, Relator(a): ALEXANDRE
DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 20/04/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157
DIVULG 23-06-2020 PUBLIC 24-06-2020)

Súmula 629 do STJ - Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à


obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 467 do STJ - Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa
por infração ambiental.

_______________________________________________________________________
96. Determinado órgão do MP propôs ação judicial em desfavor de certa pessoa física
que supostamente havia causado degradação ambiental decorrente de atividades
particulares realizadas em unidade de conservação ambiental. Na mesma ação, está
sendo imputada responsabilidade civil à administração pública, pelos mesmos danos
causados ao meio ambiente, em razão de sua omissão no dever de fiscalizar.
A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) A pessoa física poderá ser condenada pelos danos ambientais, de forma solidária
com a administração pública, sendo inadmitida a inversão do ônus da prova em seu
favor.
(B) A administração pública poderá ser responsabilizada civilmente pelos danos
ambientais, de forma solidária, mas a execução será subsidiária.
(C) A administração pública poderá ser responsabilizada civilmente pelos danos
ambientais, sendo a forma e a execução solidárias.
(D) A pessoa física poderá ser condenada pelos danos ambientais, sem responsabilidade
solidária com a administração pública, sendo admitida a inversão do ônus da prova em
seu favor. 112
(E) A pessoa física poderá ser condenada pelos danos ambientais, mas a administração
pública não poderá ser condenada por omissão no dever de fiscalizar.
_______________________________________________________________________
GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Questão abordada no aulão de véspera e na rodada de reta final do TJDFT.

Súmula 652 do STJ - a responsabilidade da administração por dano ao meio ambiente


decorrente de sua omissão no dever de fiscalização é de caráter solidário, mas de
execução subsidiária.
_______________________________________________________________________
97. Considere as seguintes definições, relativas ao zoneamento ambiental.
(I) Zonas que se destinam, preferencialmente, à localização de estabelecimentos
industriais cujos resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e
radiações possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das populações,
mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento de
efluentes, nos termos da legislação vigente.
(II) Zonas que se destinam, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos
processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes,
não causem incômodos sensíveis às demais atividades urbanas nem perturbem o
repouso noturno das populações.
Os itens I e II conceituam, respectivamente, as zonas de
(A) uso diversificado e de uso predominantemente industrial.
(B) uso predominantemente industrial e de uso diversificado.
(C) uso diversificado e de uso estritamente industrial.
(D) uso estritamente industrial e de uso predominantemente industrial.
(E) uso predominantemente industrial e de uso estritamente industrial.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Art. 2º da Lei 6.803/1980 - As zonas de uso estritamente industrial destinam-


se, preferencialmente, à localização de estabelecimentos industriais cujos
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos, vibrações, emanações e radiações
possam causar perigo à saúde, ao bem-estar e à segurança das populações,
mesmo depois da aplicação de métodos adequados de controle e tratamento 113
de efluentes, nos termos da legislação vigente.

Art. 3º da Lei 6.803/1980 - As zonas de uso predominantemente industrial


destinam-se, preferencialmente, à instalação de indústrias cujos processos,
submetidos a métodos adequados de controle e tratamento de efluentes,
não causem incômodos sensíveis às demais atividades urbanas e nem
perturbem o repouso noturno das populações.

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NOÇÕES GERAIS DE DIREITO E FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

98. Com base na Lei Orgânica da Magistratura Nacional — Lei Complementar n.º
35/1979 —, assinale a opção correta a respeito das penalidades disciplinares aplicáveis
aos magistrados.
(A) A remoção compulsória aplica-se a juiz de instância superior apenas nos casos de
interesse público e desde que tenham sido obtidos dois terços dos votos dos membros
efetivos do tribunal.
(B) A aplicação da pena de advertência ao juiz o impede de participar de concurso de
promoção por merecimento, durante um ano, a contar da aplicação da pena.
(C) A pena de demissão não se aplica a magistrados que tenham adquirido a
vitaliciedade.
(D) As penas de advertência e de censura não se aplicam a desembargadores.
(E) A pena de advertência é mais grave que a de censura e aplica-se nos casos de
reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo pelo magistrado.
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GABARITO: D
COMENTÁRIOS

Questão abordada na Rodada de Noções Gerais do Direito e Formação Humanística para


o TJDFT, quando da exposição da LOMAN com destaques.

(A) INCORRETA. LC 35/79:

“Art. 45 - O Tribunal ou seu órgão especial poderá determinar, por motivo de


interesse público, em escrutínio secreto e pelo voto de dois terços de seus
membros efetivos:
I - a remoção de Juiz de instância inferior;
II - a disponibilidade de membro do próprio Tribunal ou de Juiz de instância
inferior, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.
Parágrafo único - Na determinação de quorum de decisão aplicar-se-á o
disposto no parágrafo único do art. 24. (Execução suspensa pela Res/SF nº
12/90)”
114
Ou seja, de acordo com a lei, a remoção compulsória não se aplica a juiz de instância
superior.

Observação: a título de complemento, o procedimento para aplicação de remoção


compulsória e de disponibilidade é previsto na CF/88, sendo ele que deve ser seguido.
Atualmente, embora a lei fale de voto de dois terços e de escrutínio secreto, necessita-
se, em verdade, de voto da maioria absoluta, e o julgamento será público, conforme
adiante se vê:

“Art. 93. (...)

VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do magistrado, por interesse


público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo
tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa;
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;”

(B) e (E) INCORRETAS. LC 35/79:

“Art. 43 - A pena de ADVERTÊNCIA aplicar-se-á reservadamente, por escrito,


no caso de negligência no cumprimento dos deveres do cargo.
Art. 44 - A pena de CENSURA será aplicada reservadamente, por escrito, no
caso de reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo, ou no
de procedimento incorreto, se a infração não justificar punição mais grave.
Parágrafo único - O Juiz punido com a pena de censura não poderá figurar em
lista de promoção por merecimento pelo prazo de um ano, contado da
imposição da pena.”

A censura é a que gera essa consequência de impedir o juiz de participar de concurso de


promoção por merecimento, durante um ano, a contar da aplicação da pena. Ademais,
a censura é mais grave que a advertência, e aquela é a que se aplica nos casos de
reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo pelo magistrado.

(C) INCORRETA. LC 35/79:

“Art. 47 - A pena de DEMISSÃO será aplicada:


I - aos magistrados vitalícios, nos casos previstos no art. 26, I e Il;
II - aos Juízes nomeados mediante concurso de provas e títulos, enquanto não
adquirirem a vitaliciedade, e aos Juízes togados temporários, em caso de falta
grave, inclusive nas hipóteses previstas no art. 56.

Art. 26 - O magistrado vitalício somente PERDERÁ O CARGO:


I - em ação penal por crime comum ou de responsabilidade;
II - em procedimento administrativo para a perda do cargo nas hipóteses
seguintes:
a) exercício, ainda que em disponibilidade, de qualquer outra função, salvo
um cargo de magistério superior, público ou particular;
b) recebimento, a qualquer título e sob qualquer pretexto, de percentagens
115
ou custas nos processos sujeitos a seu despacho e julgamento;
c) exercício de atividade político-partidária.”

O enunciado pediu que o candidato respondesse de acordo com a lei complementar, e


ela fala da pena de demissão do juiz vitalício.

Observação: a título de complemento, atualmente, o tema é regulado pela CF/88:

“Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:


I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;”

Assim, depois de vitalício, o magistrado não pode perder o cargo por decisão
administrativa, fazendo-se necessária uma sentença judicial transitada em julgado. No
âmbito administrativo, a pena máxima é a aposentadoria compulsória.

Então, é possível a demissão, ainda que dependa de ação penal por crime comum ou de
responsabilidade, estando a alternativa falsa de qualquer modo.

(D) CORRETA. LC 35/79:

“Art. 42 - São PENAS disciplinares:


I - advertência;
II - censura;
III - remoção compulsória;
IV - disponibilidade com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço;
V - aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de
serviço;
VI - demissão.
Parágrafo único - As penas de ADVERTÊNCIA e de CENSURA somente são
aplicáveis aos Juízes de primeira instância.”
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99. Gradativamente, o direito brasileiro foi adotando diversos instrumentos de
uniformização jurisprudencial, para incrementar a cognoscibilidade do ambiente
normativo brasileiro e, consequentemente, reduzir o grande número de demandas
ajuizadas e de recursos interpostos. Se a sociedade conhece a resposta que será dada
pelo Estado às divergências interpretativas, o direito torna-se mais previsível e, por
conseguinte, as pessoas podem exercer a liberdade com mais segurança, bem como a
tendência de observância voluntária das normas jurídicas tende a ser incrementada.
Trata-se, portanto, de técnica que confere claros benefícios teóricos e práticos.
Paulo Mendes Oliveira. Segurança jurídica e processo: da rigidez à flexibilização processual.

Internet: <thomsonreuters.jusbrasil.com.br> (com adaptações).

Considerando as informações precedentes, é correto afirmar que o sistema jurídico


brasileiro, de raízes
(A) romano-germânicas (civil law), foi se aproximando do modelo anglo-saxão (common 116
law), por meio da adoção crescente de um sistema de precedentes, em proveito da
aleatoriedade da prestação jurisdicional.
(B) anglo-saxônicas (common law), foi se aproximando do modelo romano-germânico
(civil law), por meio da adoção crescente de um sistema de precedentes, em desproveito
da aleatoriedade da prestação jurisdicional.
(C) anglo-saxônicas (common law), foi se afastando do modelo romano-germânico (civil
law), rejeitando a adoção de um sistema de precedentes.
(D) anglo-saxônicas (common law), foi se aproximando do modelo romano-germânico
(civil law), por meio da adoção crescente de um sistema de precedentes, em proveito
da aleatoriedade da prestação jurisdicional.
(E) romano-germânicas (civil law), foi se aproximando do modelo anglo-saxão (common
law), por meio da adoção crescente de um sistema de precedentes, em desproveito da
aleatoriedade da prestação jurisdicional.
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GABARITO: E
COMENTÁRIOS

O modelo civil law (sistema românico-germânico) é o sistema baseado nas normas


escritas para fundamentar decisões e resolver casos judiciais. Por outra vertente, o
modelo common law (sistema anglo-saxão) usa os julgados anteriores para
fundamentar as decisões judiciais.

O civil law é o sistema jurídico adotado pelo Brasil, porém o país vem transformando e
flexibilizando o seu sistema, passando a adotar critérios de julgamento oriundos
do common law, sobretudo com o Novo CPC, que deu um grande passo no sistema de
precedentes judiciais, na tentativa de conceder mais segurança jurídica, minimizando a
existência de divergências de decisões judiciais.

O dispositivo a seguir do CPC dispõe sobre esse avanço do sistema de precedentes


judiciais no Brasil:

“Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução
de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e
especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados.”
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100. De acordo com o artigo 5.º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,
117
“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum”. Esse preceito legal faz menção ao método hermenêutico denominado
(A) sistemático.
(B) teleológico.
(C) histórico.
(D) lógico.
(E) sociológico.
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GABARITO: B
COMENTÁRIOS

Apesar de o gabarito ter apontado a alternativa B, entendemos ser QUESTÃO PASSÍVEL


DE ANULAÇÃO!
Material do Clube da Magistratura do Mege:

“Sobre a interpretação normativa, o art. 5º da LINDB prescreve “na aplicação da lei, o


juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”.
Verifica-se o referido diploma legal optou por considerar que se deve buscar na exegese
uma finalidade teleológica e uma função social (princípio da sociabilidade).
(...)
Quanto aos elementos utilizados, a interpretação pode ser:
- gramatical ou literal: considera apenas aspectos linguísticos, buscando o sentido do
texto legal;
- lógica ou racional: visa a eliminar contradições, utilizando silogismos, deduções e
presunções;
- ontológica: busca a razão da norma;
- sistemática: considera a norma em seu contexto jurídico, como parte de um
ordenamento;
- histórica: considera a evolução histórica do instituto e a exposição de motivos;
- teleológica ou sociológica: busca a finalidade da norma no contexto social.”
É, nesse sentido, a doutrina majoritária. Para Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves 118
Farias, a interpretação pode ser “sociológica, também dita teleológica, quando se
procura adaptar a lei às exigências atuais e concretas da sociedade” (Farias, Cristiano
Chaves de. Curso de direito civil: parte geral e LINDB, volume 1 / Cristiano Chaves de
Farias, Nelson Rosenvald. – São Paulo: Atlas, 2015 – p. 85).
Ainda nesse sentido, Carlos Roberto Gonçalves tratando especificamente do art. 5º do
mesmo diploma legal da questão: “A interpretação sociológica ou teleológica tem por
objetivo adaptar o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais, com
abandono do individualismo que preponderou no período anterior à edição da Lei de
Introdução ao Código Civil. Tal recomendação é endereçada ao magistrado no art. 5º da
referida lei, que assim dispõe: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se destina e às exigências do bem comum.” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito
Civil Brasileiro, volume 1: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 81.).
Assim, interpretação teleológica é sinônimo da interpretação sociológica, motivo pelo
qual a alternativa E também está correta.
A própria banca CEBRASPE, em situações anteriores, considerou as expressões como
sinônimas, conforme adiante se vê nas seguintes provas e questões:

PGE-SE (Procurador do Estado - CEBRASPE - 2017) A adaptação de lei, por um


intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade configura interpretação
A) histórica.
B) sistemática.
C) sociológica.
D) analógica.
E) autêntica.

Resposta da banca: C.

TCE-MG (Analista de Controle Externo – Direito – CEBRASPE – 2018) Ao buscar uma


adaptação da lei para aplicá-la a exigências atuais e concretas da sociedade, o
intérprete da legislação utiliza-se da interpretação
A) histórica.
B) sistemática.
C) extensiva.
D) teleológica.
E) lógica.

Resposta da banca: D.
119
Assim, em provas anteriores, com enunciados semelhantes, apresentou-se como
resposta interpretação sociológica e, em seguida, interpretação teleológica, apontando
que se trata da mesma interpretação (ou seja, são expressões sinônimas).
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