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Prova Comentada 1

Conforme gabarito preliminar


CURSO MEGE
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Material: MPSP 95 (prova comentada)

Prova Comentada 2
Conforme gabarito preliminar1

1 Data de finalização do arquivo: 13/07/2023


OBSERVAÇÕES INICIAIS

A prova objetiva do MPSP foi aplicada dia 09/07/2023. Assim que tivemos acesso
ao gabarito preliminar iniciamos a tradicional prova comentada do Mege. A intenção neste
material é auxiliar alunos e seguidores, em formato conclusivo, na revisão de temas
cobrados no certame e na verificação de maiores chances de avanço para 2ª fase. Um
estudo que já virou uma tradição obrigatória entre os concurseiros.
O formato é pensado sem maiores pretensões de aprofundamento ou trabalho
editorial neste momento, que é de puro apoio (e também não foca na detectação de
questões antecipadas em nossas várias formas de atuação voltadas para o MPSP – pois o
tempo é curto para tal fim).
No entanto, a felicidade foi imensa ao constatarmos o quanto nosso apoio,
novamente, foi efetivo em reta final e o quanto nossos alunos do Clube do MP estão bem
direcionados independentemente do nível da prova a ser aplicada. Os feedbacks de vocês
enchem nosso coração de alegria! São alunos que relatam o aumento de pontuação em 15,
20 e até 25 pontos em poucos meses ao nosso lado.
O corte, neste momento, segue estimado em 72 acertos para ampla concorrência.
Os(as) candidatos(as) que concorram às vagas destinadas às pessoas com deficiência, bem
como os(as) candidatos(as) que se inscreveram às vagas reservadas aos(às) candidatos(as)
negros(as), precisam acertar 60 questões para avançarem de fase. 3
Em nossas análises, entendemos que 9 (nove) questões, em especial, estão
envolvidas em maiores polêmicas a serem apreciadas (04, 14, 16, 22, 25, 32, 51, 63, 98) e,
portanto, podem ter suas situações alteradas na fase recursal, o que deixa em aberto a nota
de corte para outras possibilidades.
Diante disso, em nosso sentimento, ainda é possível sonhar com a aprovação na
ampla concorrência com a nota 69/70 (tendo como parâmetro o corte atual em 72).
A sua maior ou menor probabilidade dependerá do aproveitamento das questões
mais polêmicas. Trata-se de mera opinião de parâmetro de circunstancial de tudo que
temos de informação neste momento.
Em cotas, deve-se analisar o desempenho nas questões que apontamos com maior
probabilidade de mudança, portanto, notas como 45/46/47 passam a ter chances. Uma vez
que a nota mínima exigida é de 50% da prova.

Em nossa experiência, constatamos um parâmetro de que a cada 2 (duas)


questões anuladas a pontuação oficial de corte aumenta em 1 (um) ponto. Essa dica deve
seguir como norte para definição de maiores chances de avanço no certame. Não temos
como cravar quantas questões efetivamente serão afetadas, mas guardem esta informação
de parâmetro para verificarem suas chances reais!
Aos alunos das turmas do Mege para o MPSP (pré-edital, pós-edital e mega
revisão), pedimos que não deixem de reler os conteúdos das rodadas com temas
antecipados na prova. A melhor fixação será importante nos próximos desafios (e também
para a 2ª fase do concurso, aos que prosseguirão – pois é bastante comum a cobrança nas
questões de 2ª fase de temas que abordamos desde o estudo para objetiva, justamente por
toda nossa atuação voltada para o concurso ser pensada através do parâmetro de pesquisa
de banca).
Como perceberam, o estudo em sprint final sempre é revertido em pontos
decisivos. As turmas de reta final são um sucesso desde nossa primeira edição. O trabalho
de pesquisa faz a diferença!
É importante mencionar que o Clube do MP também é extremamente valioso para
qualquer nível de prova para carreira (especialmente por tratar de um edital completo ao
longo de 1 ano – e aqui falamos, sem qualquer receio, em todas as fases). Não fizemos
maiores apontamentos sobre ele neste material pelo curto tempo de comparativo temático
de sua produção com as questões de prova.
No entanto, diante da imensa produção do Clube da MP, dificilmente uma prova
Ministério Público apresenta alguma questão que fuja de nossos olhos e produções.
Sempre acreditamos muito que, com o devido foco, é possível evoluir mesmo em
menor prazo. Portanto, ainda há tempo de evoluir para os próximos desafios.
A nossa próxima turma de reta final será para o MPRJ!
Até parece uma imagem colada de outra turma do tanto que tem sido assim,
nossos alunos, novamente, deram um show em relação aos demais cursos cadastrados! 4
O gráfico abaixo representa o desempenho geral da resposta comparativa de
nossos alunos (conforme gabarito e possível nota de corte). Algo apurado em plataforma
que não temos qualquer tipo de vínculo ou parceira - informação genuína e que nos enche
de orgulho.
Pelas matrículas nas turmas de 2ª fase temos uma boa percepção que vocês
estão realmente engajados em fazer bonito novamente!

SE VOCÊ NÃO FOI TÃO BEM NO TJSP NÃO SE DESESPERE!


O Clube da MP foi pensado para todos os níveis de concurseiro da carreira.

Aos colegas que não estão abaixo da zona de classificação para 2ª fase, indicamos,
conforme o caso, entrar imediatamente no Clube do MP (turma 2023.2), esta é a nossa
turma mais completa para quem se prepara para carreira (inclusive quem é assinante
premium ganha acesso a todas as retas finais de magistratura que atuamos).
Se você presta concursos de MP em outros estados, o Clube do MP conta com tudo
que precisa para preparação em todas as fases do concurso. Desde o estudo da lei
comentada até correções de provas de 2ª fase de forma personalizada; e até mesmo a
opção de acompanhamento personalizado.
Vale a pena conferir!
CLUBE DO MP 2023.2

A SEGUNDA FASE É LOGO ALI!

Por fim, vale ressaltar que já estamos com inscrições abertas para turma de 2ª fase
MPSP (onde contaremos com 2 opções: com e sem correções de provas personalizadas)
focada em uma preparação completa para este desafio.
O estudo de peças e discursivas segue devidamente alinhado ao curto espaço de
tempo para nosso desafio e de acordo com as peculiaridades de nosso edital.
As inscrições já estão abertas no site e você ainda poderá utilizar o os cupons
indicados (caso seja ex-aluno) para garantir sua vaga com 10% de desconto no carrinho de
compra!
Os links para inscrição nas turmas de 2ª fase seguem conforme abaixo
(em promoção de lançamento):

MPSP (2ª fase - TURMA 1: COM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)


5

MPSP (2ª fase - TURMA 2: SEM CORREÇÕES PERSONALIZADAS)

CUPONS DE DESCONTO PARA EX-ALUNOS


Turma 1 (COM correções): “10MPSP” (10% desconto)
Turma 2 (SEM correções): “10MPSP” (10% desconto)
Agora é com vocês, vamos para análise de tudo que caiu na objetiva do MPSP 95.
Seguiremos firmes em um trabalho realmente específico também para 2ª fase deste desafio
que conhecemos tão bem!
No concurso 94 do MPSP, 97 aprovados estudaram ao nosso lado (77% da lista
final, 8 entre os 10 primeiros).
Ao todo, 169 alunos do Mege foram aprovados no MPSP entre os concursos 91 a
94).
Vamos firmes em busca de novos sonhos realizados.
Bons estudos!

Arnaldo Bruno Oliveira2


Equipe Mege

2
Insta: @cursomege e @prof.arnaldobruno (fiquem à vontade para envio de mensagens sobre o Mege).
SUMÁRIO

DIREITO PENAL....................................................................................................................... 8
DIREITO PROCESSUAL PENAL............................................................................................... 29
DIREITO CIVIL ....................................................................................................................... 48
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................................................................................. 57
DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................................. 67
DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE ............................................................................. 83
DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL ................................................................................. 92
TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ................. 97
DIREITOS HUMANOS.......................................................................................................... 123
DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................. 129
DIREITO ELEITORAL ............................................................................................................ 142

7
DIREITO PENAL

01. Tendo em vista as alterações legislativas trazidas pela Lei no 13.964/2019 (Pacote
Anticrime) e a interpretação jurisprudencial dos Tribunais Superiores, considere as
afirmações a seguir:
(I) O regime disciplinar diferenciado será cumprido em estabelecimento prisional estadual
se existirem indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação
criminosa ou milícia privada;
(II) A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinado pelo juiz, quando o preso tiver cumprido
ao menos metade da pena, se o apenado for condenado pela prática de crime hediondo ou
equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
(III) O cometimento de falta grave durante a execução da pena privativa de liberdade
interrompe o prazo para a obtenção do livramento condicional e para a progressão no
regime de cumprimento da pena, caso em que o reinício da contagem do requisito objetivo
terá como base a pena remanescente;
(IV) Aquele que for condenado de modo expresso em sentença, por integrar organização
criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa, ficará impedido de
progredir de regime, de obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais, se 8
houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. São
verdadeiras apenas as afirmações:
(A) I e II.
(B) I e IV.
(C) III e IV.
(D) II e III.
(E) II e IV.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETA. Essa afirmação é falsa. De acordo com o Art. 52, §3º, da Lei de Execução
Penal, existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa,
associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou
mais Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
cumprido em estabelecimento prisional federal.

Resposta constante na página 63 da Rodada 24 da Turma Ponto a Ponto MPSP 95.


(II) CORRETA. Essa afirmação é verdadeira. De acordo com o Art. 112 da Lei de Execução
Penal, a pena privativa de liberdade deve ser executada de forma progressiva, com
transferência do condenado para regime menos rigoroso se cumprir determinados
requisitos tanto de ordem objetiva quanto de ordem subjetiva.

Resposta constante nas páginas 68 a 77, com outros esclarecimentos, da Rodada 24 da


Turma Ponto a Ponto MPSP 95.
Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando
o preso tiver cumprido ao menos:
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for:
a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livramento condicional;
b) condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou
c) condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada;

(III) INCORRETA. Essa afirmação é verdadeira em relação ao livramento condicional, mas


não em relação à progressão de regime. De acordo com a Súmula 441 do STJ, a prática de
falta grave não interrompe o prazo para a obtenção de livramento condicional. No entanto,
a Súmula 534 do STJ estabelece que a prática de falta grave interrompe a contagem do prazo
para a progressão de regime de cumprimento de pena, o qual se reinicia a partir do
cometimento dessa infração. 9
Resposta nas páginas 74 e 77 da Rodada 24 da Turma Ponto a Ponto MPSP 95.

(IV) CORRETA. Essa afirmação é verdadeira. De acordo com o Art. 3º da Lei nº 12.850/2013,
aquele que for condenado de modo expresso em sentença, por integrar organização
criminosa ou por crime praticado por meio de organização criminosa, ficará impedido de
progredir de regime, de obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais, se
houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo.

Resposta na página 69 da Rodada 24 da Turma Ponto a Ponto MPSP 95.

Portanto, a alternativa correta é a (E) II e IV.

02. As penas do crime de promover, constituir, financiar ou integrar organização


criminosa, do art. 2o da Lei no 12.850/13, são aumentadas de 1/6 a 2/3, nos termos do §
4o, se
(A) na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de fogo.
(B) houver impedimento ou, de qualquer forma, embaraçar-se a investigação de infração
penal cometida no seio da organização criminosa.
(C) das ações diretas ou indiretas da organização criminosa resultar morte.
(D) houver concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa
condição para a prática de infração penal.
(E) o acusado exercer o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda
que não pratique pessoalmente atos de execução.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

O art. 2º, § 4º da Lei 12.850/13 estabelece que as penas do crime de promover, constituir,
financiar ou integrar organização criminosa, do art. 2º da mesma lei, serão aumentadas de
1/6 a 2/3 se § 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):
I - se há participação de criança ou adolescente;
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa
condição para a prática de infração penal;
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao
exterior;
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas
independentes;
10
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização.
Logo, verifica-se a correção da assertiva D, posto que expressamente consignada no inciso
II do §4º. As demais assertivas não constam do texto expresso da Lei. Registre-se que a
alternativa E foi contemplada pelo §3º, mas sem patamar fixo.

Resposta na página 76 da Rodada 24 da Turma Ponto a Ponto MPSP 95.

03. Em relação à Lei no 9.613/98, que prevê as condutas que caracterizam o crime de
lavagem de dinheiro, com as alterações trazidas pela Lei no 12.683/12, assinale a
afirmação CORRETA.
(A) A pena pelo crime de lavagem de dinheiro será aumentada de um a dois terços, se os
crimes forem cometidos de forma reiterada, por intermédio de organização criminosa
armada ou por meio da utilização de ativo virtual.
(B) A possibilidade de redução da pena, nos crimes da Lei no 9.613/1998, condiciona-se à
colaboração espontânea do partícipe com os autores, sendo vedado idêntico benefício ao
coautor.
(C) O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva
referente à infração penal antecedente não implica atipicidade do delito de lavagem.
(D) As condutas de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal, tipificadas na Lei no 9.613/98, são crimes próprios, já que
a lei exige especial qualidade dos sujeitos ativos.
(E) A exemplo do que ocorre em outros países, a legislação brasileira não admite imputar à
mesma pessoa a responsabilidade pela lavagem de dinheiro e pela infração antecedente,
caso tenha concorrido para ambas.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A pena pelo crime de lavagem de dinheiro será aumentada de um a dois
terços se os crimes forem cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização
criminosa, conforme o art. 1º, § 4º, da Lei nº 9.613/98. A utilização de ativo virtual não é
mencionada como causa de aumento de pena.
(B) INCORRETA. A possibilidade de redução da pena nos crimes da Lei nº 9.613/1998
condiciona-se à colaboração espontânea do autor, coautor ou partícipe com as autoridades,
prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação
dos autores, coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do
crime, conforme o art. 1º, § 5º, da referida lei. Portanto, o coautor também pode ser 11
beneficiado pela colaboração espontânea.
(C) CORRETA. O reconhecimento da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva referente à infração penal antecedente não implica atipicidade do delito de
lavagem, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no HC 207.936/MG.
(D) INCORRETA. As condutas de ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta
ou indiretamente, de infração penal, tipificadas na Lei nº 9.613/98, não são crimes próprios,
pois a lei não exige especial qualidade dos sujeitos ativos. Qualquer pessoa pode praticar
essas condutas e ser responsabilizada pelo crime de lavagem de dinheiro, conforme o art.
1º da referida lei.
(E) INCORRETA. A legislação brasileira admite a imputação à mesma pessoa da
responsabilidade pela lavagem de dinheiro e pela infração antecedente, caso tenha
concorrido para ambas. Essa é a posição da segunda corrente doutrinária. Além disso, o
Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido de que é possível a condenação
pelo crime de lavagem de dinheiro mesmo que o agente tenha participado da infração
penal antecedente, conforme o REsp 1.639.377/SP

Respostas nas páginas 38, 39, 56 e 58 da Rodada 21 da Turma Ponto a Ponto MPSP 95.
04. Em tema de execução penal, sobre as faltas disciplinares, é INCORRETO afirmar:
(A) o rol de faltas graves está restrito aos incisos do artigo 50 da LEP, não podendo ser
ampliado em obediência ao princípio da legalidade.
(B) A prática de novo fato definido como crime doloso no curso da execução de pena,
constatada em procedimento administrativo disciplinar, consubstancia falta grave,
independentemente de condenação transitada em julgado pelo novo delito.
(C) A prática de falta disciplinar de natureza grave permite a regressão de regime de pena
“per saltum”, sendo desnecessária a observância da forma progressiva estabelecida no
artigo 112 da LEP.
(D) O diretor do estabelecimento prisional poderá impor as sanções de isolamento do preso
na própria cela e de restrição de direitos, como consequência decorrente do cometimento
de falta disciplinar de natureza grave, independentemente de prévia decisão judicial.
(E) A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena e de
indulto.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS 12
QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO.

(A) INCORRETA. Essa afirmação, em nossa compreensão, está CORRETA. O rol de faltas
graves está previsto nos incisos do artigo 50 da LEP e é taxativo, não podendo ser ampliado
por interpretação extensiva ou analogia, em obediência ao princípio da legalidade. Essa
informação é confirmada pelo Enunciado 28 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal
CJF/STJ. Tese 10 STJ: O rol do art. 50 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/1984), que
prevê as condutas que configuram falta grave, é taxativo, não possibilitando
interpretação extensiva ou complementar, a fim de acrescer ou ampliar o alcance das
condutas previstas.
(B) CORRETA. Essa afirmação está correta. A prática de novo fato definido como crime
doloso no curso da execução de pena, constatada em procedimento administrativo
disciplinar, consubstancia falta grave, independentemente de condenação transitada em
julgado pelo novo delito. Essa informação é confirmada pelo art. 52, 1ª parte, da LEP.
(C) CORRETA. Essa afirmação, em nossa compreensão, está correta. O Superior Tribunal de
Justiça adota o entendimento de que é possível a regressão de regime per saltum, no caso
de cometimento de falta grave no curso da execução penal, não havendo que se observar
a forma progressiva prevista no art. 112 da Lei de Execução Penal. AgRg no HC 740078 /
MG. DJe 31/05/2022.
(D) CORRETA. O diretor do estabelecimento prisional pode impor as sanções de isolamento
do preso na própria cela e de restrição de direitos como consequência decorrente do
cometimento de falta disciplinar de natureza grave. O art. 48, parágrafo único, da LEP
estabelece que, no caso de falta disciplinar de natureza grave, o diretor do estabelecimento
prisional deverá comunicar imediatamente o fato ao juiz da execução e ao Ministério
Público, informando as sanções aplicadas e as providências tomadas. Além disso, o art. 53
diz que constituem sanções disciplinares: III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41,
parágrafo único) e IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos
estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88
desta Lei. Nos termos do art. 58, parágrafo único, o isolamento será sempre comunicado
ao Juiz da execução.
(E) CORRETA. A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de
pena ou indulto. Essa informação é confirmada pela Súmula 535 do STJ, que estabelece que
"a prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou
indulto".

Resposta nas páginas 56 e 102 da Rodada 24 da Turma Ponto a Ponto MPSP.

05. Considere as seguintes situações:


(I) um aluno, ao final da aula, inadvertidamente, coloca em sua pasta um livro de um colega,
pensando sinceramente ser o seu;
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(II) uma pessoa pretende matar seu desafeto e, quando sai à sua procura, encontra-se com
um sósia de seu inimigo e, por confundi-lo com a vítima visada, acaba matando a pessoa
errada, ou seja, o sósia;
(III) um policial à paisana finge-se embriagado e, para chamar a atenção de um ladrão, com
quem conversa em um bar, diz que está com muito dinheiro na carteira. O ladrão decide
roubá-lo na saída do bar; ao fazê-lo, contudo, é preso em flagrante, por outros policiais à
paisana que acompanhavam os fatos;
(IV) José se depara com um sósia de seu inimigo que leva a mão à cintura, como se fosse
sacar algum objeto; José, ao ver essa atitude, pensa estar prestes a ser atingido por um
revólver e, por esse motivo, saca sua arma, atirando contra a vítima, que nada possuía nas
mãos ou na cintura.
Tais ocorrências configuram, respectivamente:
(A) erro de proibição; erro de tipo acidental; delito putativo por obra de agente provocador;
descriminante putativa.
(B) erro de tipo essencial; erro de tipo acidental; crime impossível; erro de tipo permissivo.
(C) erro de tipo acidental; erro de tipo essencial; descriminante putativa; erro de proibição.
(D) erro de tipo essencial; erro de proibição; delito de experiência; descriminante putativa.
(E) erro de tipo acidental; aberratio ictus; crime impossível; erro de tipo permissivo.
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(I) ERRO DE TIPO ESSENCIAL. O caso apresentado refere-se a um erro de tipo essencial,
conforme o art. 20, caput, do Código Penal, pois o sujeito supõe uma situação de fato que,
se fosse real, tornaria a ação lícita. O erro de tipo essencial é aquele que incide sobre as
elementares, circunstâncias ou dados que moldam a figura típica. Assim, o agente que
dispara sua arma de fogo contra uma pessoa, acreditando-se tratar de um animal, erra
sobre a elementar “alguém” do crime de homicídio. De igual forma, aquele que subtrai
coisa alheia acreditando tratar-se sua, incide em erro quanto a elementar “alheia” do crime
de crime de furto. Os exemplos, dos mais variados possíveis3, demonstram que, havendo o
vício de conhecimento quanto a um dos elementos que estruturam o tipo penal, gerará a
exclusão do dolo ou do dolo e da culpa.
(II) ERRO DE TIPO ACIDENTAL. Trata-se de erro sobre a pessoa, concebido como acidental.
O erro sobre a pessoa ou error in persona foi delineado no §3º do art. 20 do CP:
§ 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
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Nessa espécie de erro, o agente equivoca-se quanto a vítima do delito, atingindo pessoa
diversa da inicialmente desejada. De fato, o erro sobre a pessoa provoca a ficção jurídica
da existência de duas vítimas, a real, pessoa efetivamente atingida, e a virtual, pessoa
alvo original.
Assim, o marido que, desejando matar a esposa por ciúmes, efetua disparos de arma de
fogo contra o irmão gêmeo da vítima, que estava travestido de mulher para pular o
carnaval, acreditando tratar-se da esposa, responderá pelo delito de feminicídio (art. 121,
§2º, VI c/c §2º-A, inc. I do CP) e não pelo homicídio contra o irmão da vítima, a despeito de
ter sido a vítima real do crime. O problema, novamente, encontra residência na esfera da
tipicidade, porquanto o erro interfere no próprio enquadramento típico, podendo
repercutir também na aplicação da pena, no caso de a conduta contra a vítima original
amoldar-se a alguma circunstância agravante.
(III) CRIME IMPOSSÍVEL. Trata-se de delito putativo por obra do agente provocador: na
figura, também conhecida por delito de ensaio, crime de experiência ou flagrante
provocado, o agente pratica a conduta descrita no tipo penal e o resultado não ocorre por
circunstâncias alheias à sua vontade. De fato, há uma subsunção formal entre a conduta
praticada e o tipo descrito na lei penal. Ocorre que a prática da conduta não advém de
forma pura da mente do agente, porquanto foi provocado, ardilosamente por terceiro, para

3. Rogério Greco traz um extenso rol exemplificativo em seu Curso de Direito Penal, vol. I, p. 404: quando o agente toma coisa
alheia como própria; relaciona-se sexualmente com vítima menor de 14 anos, supondo-a maior; contrai casamento com
pessoa já casada, desconhecendo o matrimônio anterior; apossa-se de coisa alheia, acreditando tratar-se de res nullius;
atira em alguém imaginando ser um animal; deixa de agir por desconhecer sua qualidade de garantidor; tem relações sexuais
com alguém supondo-se curado de doença venérea.
a realização do comportamento. Esse mesmo terceiro, agente provocador, adota
providências para impedir a realização do resultado. Como exemplo, podemos citar a
hipótese do policial que, desejando prender um antigo criminoso, encomenda a esse o
furto de um veículo específico e, ao mesmo tempo, aciona seus colegas de instituição para
prenderem o agente em flagrante delito.
(IV) ERRO DE TIPO PERMISSIVO. Trata-se de erro de tipo permissivo. O indivíduo que
dispara sua arma de fogo contra seu desafeto por acreditar que seria vítima de agressão
injusta e iminente, ao perceber que seu inimigo declarado leva a mão ao bolso traseiro,
sinalizando que pegaria uma arma, que na realidade era sua carteira, age em legítima
defesa putativa em razão do erro.
De fato, temos um crime doloso em sua mais perfeita congruência: o agente quis o
resultado e deu causa a esse. Contudo, a falsa percepção da realidade, o erro, o conduziu
a agir acreditando estar diante de uma situação de fato que, se fosse real, excluiria a
ilicitude de sua conduta. Por se tratar de um erro vencível, superável, há a exclusão do dolo
e responsabilização a título de culpa.
Resposta nas páginas 9 a 12 da Rodada 13 da Turma Ponto a Ponto MPSP.

06. Acerca dos crimes contra a Administração Pública, assinale a alternativa CORRETA.
(A) No peculato-desvio e no peculato-apropriação, a reparação do dano pelo funcionário 15
público antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória extingue a
punibilidade do acusado; se posterior, reduz a pena em até 1/3 (um terço).
(B) O funcionário público que exige contribuição indevida e depois desvia, para si, o que
recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, comete o crime de peculato
desvio.
(C) O patrocínio de interesse privado legítimo perante a administração pública, valendose
da qualidade de funcionário, caracteriza a figura qualificada do delito de advocacia
administrativa, prevista no parágrafo único do artigo 321 do Código Penal.
(D) O fato de o funcionário público exercer cargo, emprego ou função em autarquias,
sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações representa uma causa de
aumento de pena dos crimes por ele praticados contra a administração pública.
(E) O crime de modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações, previsto
no artigo 313-B do Código Penal, pode ser cometido por qualquer funcionário público que
se valha dessa condição.

RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A reparação do dano pelo funcionário público antes do trânsito em julgado
da sentença penal condenatória, no peculato-desvio e no peculato-apropriação, não
extingue a punibilidade do acusado. A reparação apenas pode atenuar a pena.
(B) INCORRETA. O funcionário público que exige contribuição indevida e depois desvia, para
si, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, comete o crime de
concussão (art. 316 do CP), não o de peculato-desvio.
(C) INCORRETA. Somente o interesse ilegítimo qualifica o crime de advocacia
administrativa, conforme se verifica na redação do parágrafo único do art. 321 do Código
Penal: “art. 321 […] Parágrafo único – Se o interesse é ilegítimo: Pena – detenção, de três
meses a um ano, além da multa”.
(D) INCORRETA. O fato de o funcionário público exercer cargo, emprego ou função em
autarquias, sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações não é causa de
aumento de pena para os crimes praticados contra a administração pública, vez que se trata
de elementar típica. A previsão não se enquadra no art. 327, § 2º, do Código Penal:
“Art. 327 […] § 2º – A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de
função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, 16
sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder
público”.

(E) CORRETA.
_________________________________________________________________________
07. Tendo em vista a legislação que visa punir e combater os delitos praticados por meio
de invasão de dispositivos informáticos, considere as seguintes afirmações:
(I) No crime de invasão de dispositivo informático, previsto no artigo 154-A do Código Penal,
se prevê a forma qualificada quando da invasão resultar a obtenção de comunicações
eletrônicas privadas;
(II) São formas qualificadas do crime de divulgação de cena de estupro, de sexo e de
pornografia, previsto no artigo 218-C do Código Penal a circunstância de a divulgação se dar
por meio de comunicação de massa ou com o fim de obter vantagem patrimonial da vítima;
(III) Para a caracterização do denominado furto eletrônico ou informático, previsto no artigo
155, parágrafo 4o -B do Código Penal, é irrelevante se o dispositivo estava ou não conectado
à rede de computadores.
Com relação às assertivas, é CORRETO afirmar que
(A) todas são verdadeiras.
(B) apenas II e III são verdadeiras.
(C) apenas I e III são verdadeiras.
(D) apenas I e II são verdadeiras.
(E) nenhuma das afirmativas é verdadeira.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. Art. 154-A, § 3º, do Código Penal:


“Art. 154-A […] Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações
eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas,
assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo
invadido: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa”.

(II) INCORRETA. A circunstância - divulgação se dar por meio de comunicação de massa - é


elementar do próprio tipo penal (caput):
“Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda,
distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de
comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia,
vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro
17
de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena – reclusão,
de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave”.

(III) CORRETA.
Art. 155. § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o
furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou
informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação
de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por
qualquer outro meio fraudulento análogo.

08. Em relação ao tema reincidência, assinale a alternativa CORRETA.


(A) A condenação em definitivo por crime praticado no estrangeiro não precisará ser
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para gerar os efeitos da reincidência.
(B) A reincidência aumenta o prazo para a progressão de regime nos crimes hediondos e
interrompe a prescrição da pretensão punitiva, se posterior à condenação.
(C) Para validar a existência de maus antecedentes e reincidência não basta a juntada da
folha de antecedentes criminais, mostrando-se necessária a apresentação de certidão
cartorária da condenação anterior.
(D) O instituto da reincidência é constitucional e não gera a ocorrência de bis in idem, de
maneira que a condenação passada pode servir como maus antecedentes e, ao mesmo
tempo, como agravante da reincidência.
(E) A reincidência tem como consequência a vedação à concessão do livramento
condicional nos crimes hediondos ou equiparados e no tráfico de pessoas.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A reincidência não depende de homologação pelo Superior Tribunal de


Justiça para reconhecimento de sentença estrangeira. Conforme art. 7º do Código Penal, a
reincidência pode ocorrer quando o agente comete novo crime, depois de transitar em
julgado a sentença que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
(B) INCORRETA. A reincidência não aumenta o prazo para a progressão de regime nos
crimes hediondos nem interrompe a prescrição da pretensão punitiva se posterior à
condenação.
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
18
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da
prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos
crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos
demais a interrupção relativa a qualquer deles.
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo,
todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

(C) INCORRETA. Súmula nº 636 do STJ: “a folha de antecedentes criminais é documento


suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência”.
(D) INCORRETA. A reincidência é um fenômeno jurídico que acarreta aumento da pena e é
considerada constitucional. Contudo, a mesma condenação não pode ser usada para
configurar tanto a reincidência quanto os maus antecedentes, sob pena de bis in idem.
Súmula nº 421 do STJ, que estabelece que “A reincidência penal não pode ser considerada
como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial”.
(E) INCORRETA. A reincidência não é fator de vedação à concessão do livramento
condicional em qualquer crime hediondo ou equiparado. A reincidência que veda a
concessão do livramento é verificada nos crimes hediondos com resultado morte, nos
termos do art. 112, VI, VII e VIII, da LEP e não em relação a qualquer crime hediondo.
09. A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), a Lei Henry Borel (Lei nº 14.344/22) e a Lei
nº 13.431/17 (Lei de Escuta Protegida) preveem a adoção de medidas protetivas,
procedimentos policiais e legais e de assistência médica e social no âmbito da violência
contra a mulher e contra crianças e adolescentes.
A respeito desses importantes dispositivos, assinale a alternativa CORRETA.
(A) O delito de omissão de comunicação à autoridade da prática de violência contra criança
ou adolescente, previsto no art. 26 da Lei no 14.344/22, terá a pena aplicada no dobro se
da omissão resulta lesão corporal grave, e no triplo, se resulta morte.
(B) Não se tipifica o crime de violação de sigilo processual, previsto no art. 24 da Lei no
13.431/17, se houver autorização judicial permitindo que o depoimento de criança ou
adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo.
(C) O delito de descumprimento de medida protetiva de urgência previsto no art. 25 da Lei
no 14.344/22 é crime comum, já que pode ser cometido por qualquer pessoa, homem ou
mulher.
(D) Além das crianças e dos adolescentes, os incapazes também podem figurar como sujeito
passivo na conduta típica prevista no art. 26 da Lei no 14.344/22.
(E) Dentre as medidas protetivas previstas na Lei no 11.340/06, há a previsão de se
determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em escola de educação básica 19
próxima de seu domicílio, condicionada à existência de vagas.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Art. 26, §§ 1º e 2º, da Lei nº 14.344/2022:


“Art. 26, § 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte. § 2º Aplica-se a
pena em dobro se o crime é praticado por ascendente, parente
consanguíneo até terceiro grau, responsável legal, tutor, guardião,
padrasto ou madrasta da vítima”.

(B) INCORRETA. Art. 24 da Lei 13.431/17


“Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que depoimento de criança
ou adolescente seja assistido por pessoa estranha ao processo, sem
autorização judicial e sem o consentimento do depoente ou de seu
representante legal”.

(C) INCORRETA. O crime previsto no art. 25 da Lei nº 14.344/22 não é comum, pois somente
a pessoa que tem contra si a ordem judicial (medida protetiva) poderá ser sujeito ativo do
delito.
(D) CORRETA.
Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade pública a prática de violência,
de tratamento cruel ou degradante ou de formas violentas de educação,
correção ou disciplina contra criança ou adolescente ou o abandono de
incapaz:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1º A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal
de natureza grave, e triplicada, se resulta morte.
§ 2º Aplica-se a pena em dobro se o crime é praticado por ascendente,
parente consanguíneo até terceiro grau, responsável legal, tutor,
guardião, padrasto ou madrasta da vítima.

Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 20
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.

(E) INCORRETA. Independentemente da existência de vagas.


Art. 23, V, da Lei Maria da Penha:
Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
[…]
V – determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição
de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência
deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga”.

10. Em relação aos delitos contra a honra, considere as seguintes afirmações:


(I) A injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à condição de pessoa idosa
ou com deficiência é crime de ação penal pública incondicionada.
(II) Os crimes de calúnia, injúria e difamação cometidos contra criança, adolescente, pessoa
maior de 60 (sessenta) anos e deficientes terão as penas aumentadas em 1/3 (um terço),
sendo inaplicável a majorante se a injúria consistir na utilização de elementos referentes à
religião.
(III) Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia, a injúria ou a difamação
utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á pelos mesmos meios em que
se praticou a ofensa, se assim desejar o ofendido.
(IV) O Código Penal prevê como causa de aumento de pena a hipótese de os crimes de
calúnia ou difamação terem sido cometidos mediante paga ou promessa de recompensa.
É INCORRETO, apenas, o que se afirma em:
(A) I, II e IV.
(B) I, III e IV.
(C) III e IV.
(D) I e III.
(E) II, III e IV.

RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETA. A injúria qualificada pela utilização de elementos referentes à condição de 21


pessoa idosa ou com deficiência (Art. 140, §3º, do Código Penal) é crime de ação penal
pública condicionada à representação. Art. 145, Parágrafo único. Procede-se mediante
requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e
mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no
caso do § 3º do art. 140 deste Código”
(II) CORRETA.
Art. 141, IV, do Código Penal:
As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se
qualquer dos crimes é cometido:
[…]
IV – contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
pessoa com deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 14.344, de 2022)”.
(III) INCORRETA.
“Art. 143 – O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da
calúnia ou da difamação, fica isento de pena”. O dispositivo não
contempla a injúria.

(IV) CORRETA.
“Art. 141
[…]
§1º – Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa,
aplica-se a pena em dobro”.
11. A multa é modalidade de sanção penal de caráter patrimonial e consiste na entrega
de dinheiro ao fundo penitenciário. Levando-se em consideração a legislação e a
jurisprudência dos Tribunais Superiores, analise as seguintes situações:
(I) A pena de multa deve sofrer o mesmo acréscimo imposto à pena privativa de liberdade,
na hipótese do concurso formal perfeito de infrações.
(II) Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juízo
da execução penal e será convertida em dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à
dívida ativa da Fazenda Pública, exceção feita às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição, que serão aquelas previstas na lei penal.
(III) Nas hipóteses em que haja condenação à pena privativa de liberdade e multa, o
inadimplemento da sanção pecuniária não impede o reconhecimento da extinção da
punibilidade.
Com relação às assertivas, é CORRETO afirmar que
(A) apenas I está correta.
(B) apenas III está correta.
(C) apenas II está correta.
(D) todas estão corretas.
22
(E) nenhuma está correta.

RESPOSTA: E

COMENTÁRIOS
(I) INCORRETA. A pena de multa não deve sofrer o mesmo acréscimo imposto à pena
privativa de liberdade no caso de concurso formal perfeito de infrações. Art. 72 do Código
Penal “No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente”.
Aplica-se a regra do cúmulo material e não da exasperação, típica do concurso formal.
(II) INCORRETA.
Art. 51,CP:
“Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada
perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública,
inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição”.

(III) INCORRETA. Tema repetitivo 931 do STJ: “Na hipótese de condenação concomitante a
pena privativa de liberdade e multa, o inadimplemento da sanção pecuniária, pelo
condenado que comprovar impossibilidade de fazê-lo, não obsta o reconhecimento da
extinção da punibilidade” (REsp 1.785.383/SP e REsp 1.785.861/SP. Relator: Min. Rogério
Schietti Cruz). O inadimplemento da pena de multa em regra obsta a extinção da
punibilidade, exceto se comprovada a impossibilidade de fazê-lo.

12. Considerando as disposições contidas na Lei no 11.343/06 (Lei de Drogas) e o


entendimento jurisprudencial majoritário dos Tribunais Superiores, avalie as seguintes
afirmações:
(I) Para configuração do delito de tráfico de drogas, previsto no artigo 33, caput, da Lei no
11.343/06, é desnecessária a aferição do grau de pureza da substância apreendida a fim de
estabelecer o seu poder viciante.
(II) Se a conclusão do incidente de insanidade mental reconhecer a semi-imputabilidade do
acusado, deve o juiz absolver impropriamente o réu em relação ao crime de tráfico ilícito
de drogas, reduzindo-lhe a pena de um terço a dois terços.
(III) A condenação simultânea nos crimes de tráfico e de associação para o tráfico afasta a
incidência da causa especial de diminuição de penas do art. 33, § 4o, da Lei no 11.343/06
(tráfico privilegiado).
(IV) Sendo primário, de bons antecedentes e não se dedicar a atividades criminosas ou
integrar organização criminosa, cabe a incidência da minorante do tráfico privilegiado ao
agente que pratica o delito de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga,
23
previsto no art. 33, § 2o, da Lei no 11.343/06.
Estão CORRETAS
(A) I e III, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I e IV, apenas.
(D) I, II, III e IV.
(E) II e III, apenas.

RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. O grau de pureza da droga não possui relevância para a tipificação da
conduta. Entretanto, poderá ser considerada na dosimetria da pena conforme
entendimento do STJ.
(II) INCORRETA. A semi-imputabilidade é causa de diminuição de pena prevista no art. 26,
parágrafo único do CP, e não causa de absolvição imprópria. Parágrafo único - A pena pode
ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
(III) CORRETA. Tese nº 23 do STJ – Ed. 131 do Jurisprudência em Teses: “É inviável a
aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.
11.343/2006 quando há condenação simultânea do agente nos crimes de tráfico de drogas
e de associação para o tráfico, por evidenciar a sua dedicação a atividades criminosas ou a
sua participação em organização criminosa”.
(IV) INCORRETA. O privilégio somente se aplica ao art. 33, caput e § 1º, da Lei de Drogas.
Art. 33,§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser
reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa”.

13. A Lei no 7.716/89 define os crimes resultantes de discriminação racial. Com base nessa
legislação e nas alterações posteriores, analise as seguintes afirmações:
(I) O crime de injúria qualificada, previsto no artigo 140, parágrafo 3o, do Código Penal, é o
delito praticado por aquele que tem a intenção de ofender pessoa determinada pela sua
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
(II) A perda de cargo não constitui efeito automático da condenação por crime resultante
24
de preconceito de raça e de cor praticado por funcionário público no exercício de sua função
ou em razão dela.
(III) Ao agente que, em anúncios para recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de
aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas
exigências, caberá exclusivamente a aplicação das penas de multa e de prestação de
serviços comunitários.
(IV) Os crimes previstos na Lei no 7.716/89 terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço)
até metade quando praticados por funcionários públicos no exercício de suas funções ou a
pretexto de exercê-las.
Está CORRETO apenas o que se afirma em:
(A) I e IV.
(B) II e III.
(C) I e II.
(D) III e IV.
(E) I e III.

RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETA.
Art. 2º-A, Lei nº 7.716/89: “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou
o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”. Art. 140,
§3°, CP: “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a
religião ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência”.

Logo, é incorreta a assertiva.

(II) CORRETA.
Art. 16 da Lei 7.716/89: “Constitui efeito da condenação a perda do cargo
ou função pública, para o servidor público, e a suspensão do
funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a
três meses”;.
Art. 18 da Lei 7.716/89 “Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei
não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
sentença”.

(III) CORRETA.
25
Art. 4º, §2o, da Lei 7.716/89: “Ficará sujeito às penas de multa e de
prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção
da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de
raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas
exigências”.

(IV) INCORRETA.
Art. 20-B, da Lei 7.716/89: “Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta
Lei terão as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando
praticados por funcionário público, conforme definição prevista no
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las”.

14. Em relação aos crimes contra a paz pública, assinale a alternativa CORRETA:
(A) Para tipificação do crime de associação criminosa, exige-se a associação estável de mais
de três pessoas para o fim específico de cometer crimes.
(B) O sujeito que instiga animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes
constitucionais, responde pelo delito de incitação ao crime com a pena agravada.
(C) No delito de incitação ao crime, há a necessidade de que o agente instigue pessoa
determinada ou indeterminada à prática de determinada espécie de crime.
(D) No crime de constituição de milícia privada, a pena será aumentada em até metade se
houver a participação de criança ou adolescente.
(E) A constituição de milícia privada pode ter por finalidade a prática de qualquer crime
previsto no ordenamento jurídico brasileiro.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO.

(A) INCORRETA.
“Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de
cometer crimes: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos”.

Logo, não se exige mais de três pessoas para a configuração do crime.


(B) INCORRETA.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena - detenção, de
três a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena
quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou 26
delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a
sociedade. O agente que pratica a incitação pública, animosidade entre
as Forças Armadas ou delas contra os poderes constitucionais, as
instituições civis ou a sociedade, responde pela figura equiparada do
parágrafo único do art. 286, CP, o qual não prevê pena agravada.

(C) CORRETA. O gabarito assinala a alternativa C como correta. No delito de incitação ao


crime, há a necessidade de que o agente instigue pessoa determinada ou indeterminada
à prática de determinada espécie de crime. Não obstante, a questão não é pacífica na
doutrina, haja vista que se trata de crime contra a coletividade.
Cezar Roberto Bittencourt, in Tratado de Direito Penal, vol. 4, p. 430, 2018, Ed. Saraiva,
assinala que:
“Para que a conduta do sujeito ativo se ajuste à descrição típica é necessário que a incitação
ocorra em público: a publicidade do ato é elemento normativo do tipo, por isso é
indispensável a sua percepção por indeterminado número de pessoas. É necessário, em
outros termos, que a incitação se faça perante certo número de pessoas, para que se possa
falar em perturbação da paz pública, em alarma social etc. Com efeito, destacava Hungria,
acertadamente, que “a nota essencial ou condição sine qua non do crime é a publicidade:
a incitação deve ser feita coram multis personis, isto é, deve ser percebida ou perceptível
por indeterminado número de pessoas”. Com absoluta razão Hungria, pois sem a
característica da publicidade falta à conduta do sujeito ativo aquela consequência natural
que é o alarma da coletividade, não se podendo falar em ofensa da paz pública, que
permaneceria inalterada, sem qualquer repercussão social, faltando-lhe, pois, a sua
essência, representada pela repercussão que produz o alarma social. No entanto, não é
apenas o número de pessoas que caracteriza a elementar da publicidade exigida pelo tipo
penal; o incitamento ao crime, levado a efeito por alguém em uma reunião familiar –
destacava Magalhães Noronha – com a presença de diversas pessoas, não satisfaz a
tipicidade exigida, concluindo que “a publicidade é constituída também pelo lugar,
momento e outras circunstâncias que tornam possível a audição, por indeterminado
número de indivíduos, do incitamento ao delito”. Incitar publicamente, por outro lado, não
se confunde com incitar ou instigar diretamente o público, cuja generalidade impede a
adequação típica exigida pelo dispositivo em exame. A publicidade, na verdade, implica a
presença de inúmeras pessoas ou a utilização de meio realmente capaz de levar o fato ao
conhecimento de número indeterminado de pessoas. No entanto, a exposição feita em
lugar privado – como referido no exemplo anterior de Magalhães Noronha – a número
limitado de pessoas não é pública, pois, como destacava Sebastian Soler, “a publicidade
surge de certa indeterminação nos destinatários. Não é, porém, o número que deve ser
indeterminado, mas as pessoas; assim, por exemplo, se em determinada reunião admite-
se somente a participação de cinquenta pessoas, o número é absolutamente
determinado; mas as pessoas, não”.
Na mesma esteira, conforme o escólio de Fernando Abreu, in, Direito Penal, Parte
Especial, p. 905/906, 2022, ed. Juspodivm:
“O crime de incitação ao crime é comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. O
sujeito passivo é a coletividade e, eventualmente, as pessoas atingidas pelo
comportamento. Trata-se, portanto, de crime vago com potencial para atingir bens
27
jurídicos individuais”.
(...) Incitar significa incentivar, estimular a prática de um crime. A conduta pode ser
concebida como ato preparatório de outro delito, mas não se confunde com o instituto da
participação. Nessa, a incitação é direcionada a um único indivíduo ou pequeno grupo de
pessoas, certo e determinado, e funciona como induzimento ou instigação. Ao contrário, a
incitação prevista no tipo penal do art. 286 do CP deve ser dirigida à coletividade.
(...) “Consuma-se o delito quando o agente faz, publicamente, a incitação à prática de
crime, pouco importando que os delitos venham a ser praticados. A doutrina majoritária
sustenta que caso os crimes incitados venham a ser praticados, o agente poderá responder
em concurso de crimes.
Não obstante o entendimento predominante, entendemos que a figura da participação
nesse caso não encontra guarida, vez que o agente não detém qualquer domínio ou
controle do fato. Responsabilizá-lo pelo crime incitado equivaleria a punir o mero desejo.
De fato, seu comportamento contraria a norma jurídica, mas fica restrito à esfera da criação
de perigo ao bem jurídico protegido”.
Em síntese, assertiva, ao contemplar como possível a configuração do crime quando
praticada a conduta em relação a pessoa determinada, admite a antecipação do Direito
Penal à mera instigação, caracterizadora da participação, instituto da Parte Geral do Código
Penal, sem que o delito sequer venha a ser tentado, afastando não somente a lógica
compreensiva do instituto da participação (art. 31), que assinala que “o ajuste, a
determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”, mas também a razão de ser da
elementar típica “publicamente”, prevista no art. 286 do CP, crime contra a paz pública.
Registre-se, portanto, que o art. 286 do CP não é caracterizado como uma forma autônoma
de punição da incitação ao crime realizado diretamente à pessoa determinada, sob pena
de se transformar em letra morta a previsão do art. 31 da Parte Geral do Código Penal.
(D) INCORRETA.
O art. 288-A do Código Penal não prevê qualquer causa de aumento para
a hipótese de participação de criança ou adolescente em milícia privada.
Tal prevista consta somente do art. 288, parágrafo único do CP, crime de
associação criminosa.

(E) INCORRETA.
“Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de
praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: Pena – reclusão, de
4 (quatro) a 8 (oito) anos”.

Logo, não se trata de qualquer crime, mas somente os previstos no Código Penal.

15. O feminicídio foi incluído como uma forma qualificada do crime de homicídio pela Lei
no 13.104/2015. Desde então, várias alterações legislativas foram implementadas, e a 28
jurisprudência e a doutrina se encarregaram de esclarecer o alcance do dispositivo. Com
base na legislação e na jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores, assinale a
alternativa CORRETA.
(A) A Lei no 14.344/22 alterou a legislação para proibir a utilização no Tribunal do Júri da
tese de “legítima defesa da honra” como justificante no crime de feminicídio.
(B) As qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio são incompatíveis entre si, já que
ambas possuem o mesmo caráter subjetivo, caracterizando bis in idem a sua imputação
simultânea.
(C) O fato de o agente ter praticado o crime de feminicídio na presença de descendente ou
ascendente da vítima não deve ser considerado como circunstância judicial negativa no
cálculo da pena.
(D) O descumprimento de medida protetiva consistente na restrição ou suspensão de visitas
aos filhos menores constitui majorante no feminicídio.
(E) A pena do feminicídio será aumentada de 1/3 (um terço) até metade, se o crime for
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Lei no 14.344/2022 não alterou a legislação para proibir a utilização da tese
de "legítima defesa da honra" como justificante no crime de feminicídio. A proibição
decorre de decisão do STF, proferida na ADPF 779.
(B) INCORRETA. As qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio não são incompatíveis
entre si, haja vista que a primeira possui caráter subjetivo e a segunda, objetivo, conforme
entendimento do STJ.
(C) CORRETA. O fato de o agente ter praticado o crime de feminicídio na presença de
descendente ou ascendente da vítima não deve ser considerado como circunstância
judicial, pois se trata de causa de aumento de pena prevista no §7º do inc. III do CP:
“§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade
se o crime for praticado:
[…]
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da
vítima”.

(D) INCORRETA. O descumprimento de medida protetiva consistente na restrição ou


suspensão de visitas aos filhos menores não constitui majorante no crime de feminicídio. O
descumprimento de medida protetiva pode configurar crime autônomo de desobediência
ou outros delitos previstos na Lei Maria da Penha, mas não constitui uma majorante
específica no crime de feminicídio.
O art. 121, § 7º, IV, do Código Penal trata como causa de aumento de pena o crime praticado
em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do
29
“caput” do art. 22 da Lei Maria da Penha, sendo que a medida de “restrição ou suspensão
de visitas aos dependentes menores” encontra-se consolidada no art. 22, “caput”, IV, da Lei
Maria da Penha, não sendo, portanto, causa de aumento do feminicídio.
(E) INCORRETA. Não há uma previsão específica de aumento de pena nesses termos na
legislação.

DIREITO PROCESSUAL PENAL

16. A aplicação retroativa da lex mitior vai além da mera impossibilidade material de sua
aplicação ao passado, pois ocorre, também, ou quando a lei posterior, malgrado
retroativa, não tem mais como incidir, à falta de correspondência entre a anterior
situação do fato e a hipótese normativa a que subordinada a sua aplicação, ou quando a
situação de fato no momento em que essa lei entra em vigor não mais condiz com a
natureza jurídica do instituto mais benéfico e, portanto, com a finalidade para a qual foi
instituído.
Com base nessa asserção, extraída de decisão do Supremo Tribunal Federal, é lícito
concluir que
(A) a norma mista sempre retroagirá para beneficiar o acusado, em homenagem ao
princípio do favor rei.
(B) a norma processual penal tem aplicação imediata, salvo se prejudicar o acusado.
(C) se a lei passa a exigir representação para a persecução penal, essa mudança deve incidir,
inclusive, nos processos em andamento, com sentença já prolatada.
(D) a transação penal pode ser aplicada aos processos em curso, com denúncia recebida e
instrução processual já iniciada.
(E) se à época em que nova lei entrou em vigor, exigindo representação da vítima, já havia
denúncia oferecida, não se pode reclamar a incidência dessa condição específica da ação
penal.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA:
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO.

Não obstante a proposta do enunciado seja clara, “Com base nessa asserção, extraída de
decisão do Supremo Tribunal Federal, é lícito concluir que...”, sugerindo que a solução
deveria ser realizada por mera interpretação de texto, o examinador, ao lançar mão da
expressão “é lícito concluir”, atraiu, em nossa perspectiva, conceitos que ultrapassam a
mera interpretação de texto para a adequada compreensão da questão, tornando nebulosa
a questão. 30
(A) INCORRETA. De fato, a norma penal somente retroage para beneficiar o agente quando
possível materialmente. Vide a atual situação referente às novidades legislativas alusivas à
ação penal no crime de estelionato e ANPP, normas tipicamente mistas, mas com
retroatividade limitada, porquanto não alcançam processos já transitados em julgado
anteriormente à entrada em vigor das novas previsões. O gabarito funda-se no seguinte
julgado:
“HABEAS CORPUS. Suspensão condicional do processo penal (art. 89 da Lei 9.099/95). Lex
mitior. Âmbito de aplicação retroativa. – Os limites da aplicação retroativa da ‘lex mitior’,
vão além da mera impossibilidade material de sua aplicação ao passado, pois ocorrem,
também, ou quando a lei posterior, malgrado retroativa, não tem mais como incidir, à falta
de correspondência entre a anterior situação do fato e a hipótese normativa a que
subordinada a sua aplicação, ou quando a situação de fato no momento em que essa lei
entra em vigor não mais condiz com a natureza jurídica do instituto mais benéfico e,
portanto, com a finalidade para a qual foi instituído. – Se já foi prolatada sentença
condenatória, ainda que não transitada em julgado, antes da entrada em vigor da Lei
9.099/95, não pode ser essa transação processual aplicada retroativamente, porque a
situação em que, nesse momento, se encontra o processo penal já não mais condiz com a
finalidade para a qual o benefício foi instituído, benefício esse que, se aplicado
retroativamente, nesse momento, teria, até, sua natureza jurídica modificada para a de
verdadeira transação penal. ‘Habeas corpus’ indeferido.” (HC n° 74.305, Rel. Min. Moreira
Alves, j. 09.12.1996).
Ocorre que a assertiva emprega o termo “acusado”, que pressupõe processo ainda em
curso. E, nesse sentido, os Tribunais Superiores têm sufragado o entendimento de que as
normas mistas referentes à ação penal no crime de estelionato e ANPP são de aplicação
retroativa, devendo atingir os processos em curso quando da entrada em vigor das
alterações, ainda que tenham transitado em julgado. Logo, a assertiva é incorreta não
somente pelo entendimento do STF, mas pela ampla divergência doutrinária.
Vide:
STF: Ag.Reg. no HC 217.275/SP, j. 27.03.23: 2. A expressão “lei penal” contida no art. 5º,
inciso XL, da Constituição Federal é de ser interpretada como gênero, de maneira a abranger
tanto leis penais em sentido estrito quanto leis penais processuais que disciplinam o
exercício da pretensão punitiva do Estado ou que interferem diretamente no status
libertatis do indivíduo. 3. O art. 28-A do Código de Processo Penal, acrescido pela Lei
13.964/2019, é norma de conteúdo processual-penal ou híbrido, porque consiste em
medida despenalizadora, que atinge a própria pretensão punitiva estatal. Conforme
explicita a lei, o cumprimento integral do acordo importa extinção da punibilidade, sem
caracterizar maus antecedentes ou reincidência. 4. Essa inovação legislativa, por ser norma
penal de caráter mais favorável ao réu, nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição
Federal, deve ser aplicada de forma retroativa a atingir tanto investigações criminais quanto
ações penais em curso até o trânsito em julgado. Precedentes do STF. 5. A incidência do art.
5º, inciso XL, da Constituição Federal, como norma constitucional de eficácia plena e
aplicabilidade imediata, não está condicionada à atuação do legislador ordinário.
31
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. RETROATIVIDADE DO §
5º DO ART. 171, INCLUÍDO NO CÓDIGO PENAL PELA LEI N. 13.964/2019. ALTERAÇÃO DA
NATUREZA DA AÇÃO PENAL PARA O CRIME DE ESTELIONATO COMUM. INCLUSÃO DE
CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE. NORMA DE NATUREZA HÍBRIDA. RETROAÇÃO EM
BENEFÍCIO DO ACUSADO. MÁXIMA EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS. INC. XL
DO ART. 5º DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. NECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DA VÍTIMA
PARA PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO. PRECEDENTES. ORDEM CONCEDIDA. HC 208817 AgR,
DJE 02.05.2023.
(B) INCORRETA segundo o gabarito. De acordo com o princípio tempus regit actum, as
normas processuais penais possuem aplicabilidade imediata. A assertiva, a despeito de
concebida como incorreta, nos traz uma imprecisão apta a torná-la correta, especialmente
quando se observa da questão de forma integral. De forma estrita, a norma processual
penal é aquela que rege apenas questões de natureza processuais, sendo, portanto, inapta
a prejudicar. Logo, tem aplicação imediata, porquanto incapaz de prejudicar. Caso a norma
processual penal tenha o condão de prejudicar o acusado, será concebida como mista e,
portanto, não estritamente processual penal.
(C) INCORRETA segundo o gabarito. Não obstante, vide:
“DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. REPRESENTAÇÃO PARA A AÇÃO PENAL PÚBLICA
(ART. 91 DA LEI Nº 9.099, DE 26.09.1995). APLICABILIDADE AOS CASOS PENDENTES,
MESMO COM SENTENÇA CONDENATÓRIA JÁ PROFERIDA E RECORRIDA. HABEAS CORPUS.
1. A representação para a ação penal pública, prevista no art. 91 da Lei 9.099, de
26.09..1995, não tem caráter meramente processual, mas, também, de direito material,
pois sua falta implica a decadência do direito, ensejando a extinção da punibilidade. 2.
Tratando-se, pois, de norma penal mais benigna, deve ser aplicada, pelo menos, a caso
ainda pendente, como é o de condenação não transitada em julgado, porque sujeita a
recurso tempestivo. 3. Nesse caso, o Tribunal, ao apreciar o recurso, deve converter o
julgamento em diligência para determinar a intimação do ofendido, a fim de que este, se
assim lhe parecer, ofereça a representação, no prazo de trinta dias, nos termos do mesmo
dispositivo (art. 91). 4. Hipótese em que essa providência não foi adotada no acórdão
impugnado. 5. "H.C." deferido, para que, anulado o acórdão, se proceda à intimação do
ofendido, para tais fins. 6. Decisão unânime: 1ª Turma”. (HC 74.334, Rel. Min. SYDNEY
SANCHES, Primeira Turma, DJ 29.8.1997).
(...)
Assim, afirmou-se a aplicação da nova norma aos processos em andamento, mesmo após
o oferecimento da denúncia, desde que antes do trânsito em julgado (vide julgamento do
HC 180.421/SP, de relatoria do Ministro Edson Fachin). II – Mantida a decisão agravada que
decidiu pela retroatividade da norma em questão, com a necessidade de baixa dos autos à
origem para possibilitar a representação da vítima, por ausência de manifestação
inequívoca nesse sentido (vide ARE 1.249.156-AgR-ED/SP, de relatoria do Ministro Edson
Fachin). III – Agravo regimental a que se nega provimento. (RHC 203558 AgR-segundo, Rel.
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, j. 8.2.2022, DJe 24.2.2022)
Essa inovação legislativa, ao obstar a aplicação da sanção penal, é norma penal de caráter
mais favorável ao réu e, nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, deve ser 32
aplicada de forma retroativa a atingir tanto investigações criminais quanto ações penais em
curso até o trânsito em julgado. Precedentes do STF. (HC 180421 AgR, Rel. Min. EDSON
FACHIN, Segunda Turma, j. 22.6.2021, DJe 6.12.2021)
(D) INCORRETA segundo o gabarito. Não obstante, parece-nos perfeitamente possível a
aplicação da transação penal a processos em curso, com denúncia recebida e instrução
processual já iniciada, como na hipótese de flagrante excesso da acusação quanto à
imputação, por exemplo, do crime de tráfico a usuário de drogas, quando se evidencia, de
forma induvidosa, a prática do crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas. No exemplo, por
força do §5º do art. 48 da Lei de Drogas, parece-nos irrazoável seguir-se com o processo
para se aplicar a mesma pena que pode ser pactuada em transação penal, revelando a
possibilidade de aplicação a processo em curso.
§ 5º Para os fins do disposto no art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os
Juizados Especiais Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de
pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na proposta.
(E) CORRETA segundo o gabarito. vide comentários à assertiva C.
_________________________________________________________________________
17. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) O acordo de não persecução penal, por se tratar de direito público subjetivo do
investigado, pode ser concedido de ofício pelo Juiz de Direito.
(B) A confissão qualificada, que tenha por objeto a excludente da ilicitude, não impede o
acordo de não persecução penal.
(C) A exigência de confissão para a proposta de acordo de não persecução penal é
inconstitucional, por violar o privilégio contra a autoincriminação.
(D) É defeso ao Ministério Público a proposta de acordo de não persecução penal em crime
de ação penal privada.
(E) Tratando-se de norma mista, benéfica ao investigado, o acordo de não persecução penal
pode ser realizado a qualquer tempo, inclusive depois de transitada em julgado a sentença
penal condenatória, em sede de execução penal.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O acordo de não persecução penal não é concebido como direito público
subjetivo do agente e não pode ser concedido de ofício pelo Juiz de Direito. “[…] não
constitui direito subjetivo do investigado, podendo ser proposto pelo MPF conforme as
peculiaridades do caso concreto e quando considerado necessário e suficiente para a
reprovação e a prevenção da infração penal, não podendo prevalecer neste caso a
interpretação dada a outras benesses legais que, satisfeitas as exigências legais, constitui
33
direito subjetivo do réu, tanto que a redação do art. 28-A do CPP preceitua que o Ministério
Público poderá e não deverá propor ou não o referido acordo, na medida em que é o titular
absoluto da ação penal pública, ex vi do art. 129, inc. I, da Carta Magna” (AgRg no RHC
152.756/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
14/09/2021, DJe 20/09/2021).
(B) INCORRETA. A confissão qualificada, que envolve a admissão de uma excludente de
ilicitude, impede a aplicação do acordo de não persecução penal, porquanto não se
enquadra no conceito legal de confissão formal e circunstanciada para fins de celebração
do ANPP.
(C) INCORRETA. A exigência de confissão para a proposta de acordo de não persecução
penal não é inconstitucional nem viola o privilégio contra a autoincriminação, haja vista
que, de fato, não há qualquer espécie de condenação na homologação do acordo.
(D) CORRETA. Falta-lhe de legitimidade ativa.
(E) INCORRETA. O acordo de não persecução penal não pode ser realizado a qualquer
tempo, inclusive depois de transitada em julgado a sentença penal condenatória, em sede
de execução penal. O acordo de não persecução penal é uma medida que busca evitar a
instauração do processo criminal, sendo aplicável em momento anterior à decisão definitiva
da condenação. Segundo o STJ, o ANPP “aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia” (STJ. 5ª Turma. HC 607.003-SC, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020).
_________________________________________________________________________
18. A Lei Orgânica do Ministério Público de São Paulo (LC no 734, de 26.11.93) estatui que
“a designação da comarca ou da localidade na nomenclatura do cargo fixa o âmbito
territorial dentro do qual podem ser exercidas as respectivas funções” (art. 294, § 5o).
Esse dispositivo, por sua vez, é complementado pelo art. 296, § 1o, do mesmo diploma,
que tem o seguinte teor: “Os cargos com designação de determinada localidade, sejam
especializados, criminais, cíveis ou cumulativos ou gerais, terão as atribuições judiciais e
extrajudiciais de Ministério Público em correspondência com a competência do órgão
jurisdicional nela localizado”. A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, por sua vez,
estabelece que toda representação ou petição formulada ao Ministério Público será
distribuída entre os membros da instituição que tenham atribuições para apreciá-la,
observados os critérios fixados pelo Colégio de Procuradores (art. 26, § 5o, da Lei no
8.625/93). As asserções apresentadas consagram o seguinte princípio Institucional,
também relacionado ao processo penal:
(A) Do promotor natural.
(B) Da obrigatoriedade.
(C) Da interdependência funcional.
(D) Da indisponibilidade.
(E) Da autonomia do Ministério Público. 34
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

As asserções apresentadas consagram o princípio do promotor natural.


(A) CORRETA. O princípio do promotor natural estabelece que o membro do Ministério
Público deve ser designado de acordo com critérios objetivos, como a designação da
comarca ou localidade, para exercer suas funções. Isso assegura a imparcialidade e a
segurança jurídica nas atribuições do promotor de justiça, evitando interferências
arbitrárias ou direcionadas.
(B) INCORRETA. O princípio da obrigatoriedade refere-se à obrigação do Ministério Público
de promover a ação penal pública, quando presentes os elementos necessários, sem poder
optar pela não promoção em casos de interesse público. O enunciado não trata desse
princípio.
(C) INCORRETA. Ao que parece, a questão tinha pro escopo trabalhar o princípio da
independência funcional e não interdependência funcional. De toda sorte, a
interdependência funcional envolveria a colaboração e a cooperação entre os membros do
Ministério Público em suas atribuições. O enunciado não trata desse princípio.
(D) INCORRETA. O princípio da indisponibilidade refere-se à impossibilidade de o Ministério
Público dispor dos interesses públicos que lhe são confiados, especialmente no que diz
respeito à ação penal pública. O enunciado não trata desse princípio.
(E) INCORRETA. O princípio da autonomia do Ministério Público diz respeito à
independência e autonomia funcional dos membros do Ministério Público na condução de
suas atividades, dentro dos limites legais e constitucionais. O enunciado não trata desse
princípio.
_________________________________________________________________________
19. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Na solução do conflito de atribuições entre órgãos do Ministério Público, tendo por
objeto o foro competente para a propositura de virtual ação penal, o Procurador-geral de
Justiça deverá designar outro Promotor de Justiça para atuar no feito e, dessa forma,
preservar a independência funcional do vencido.
(B) Pela sistemática em vigor, discordando das razões invocadas pelo Ministério Público, o
Juiz de Direito poderá recusar a promoção de arquivamento do inquérito policial,
remetendo os autos ao Procurador-geral de Justiça.
(C) A natureza jurídica do curador especial a que alude o art. 33 do Código de Processo
Penal é de substituto processual, ao qual se impõe, uma vez nomeado pelo magistrado, o
dever de promover a queixa ou representação. 35
(D) O recurso da vítima que, nos termos do artigo 28, § 1o, do Código de Processo Penal
(incluído pela Lei no 13.964, de 2019), discorde do arquivamento promovido pelo órgão do
Ministério Público independe de regulamentação por meio de Lei Orgânica.
(E) O atestado de pobreza previsto no art. 32 do Código de Processo Penal é condição sine
qua non à nomeação de advogado para o exercício do direito de queixa.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Na solução do conflito de atribuições entre órgãos do Ministério Público,


o Procurador-Geral de Justiça deverá decidir, com base na Lei Orgânica Estadual, qual o
promotor natural da causa, que terá atribuição para atuar no feito, sob pena de violação ao
princípio do Promotor natural.
(B) CORRETA. Pela sistemática em vigor, o Juiz de Direito pode discordar das razões
invocadas pelo Ministério Público e recusar a promoção de arquivamento do inquérito
policial, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça para que este analise a
possibilidade de oferecimento da denúncia. Art. 28 do CPP, com redação vigente.
(C) INCORRETA.
Art. 33 CPP: “Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou
retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses
deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador
especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz
competente para o processo penal”. Poderá e não deverá.

(D) INCORRETA. O recurso da vítima contra o arquivamento promovido pelo órgão do


Ministério Público, nos termos do artigo 28, § 1º, do Código de Processo Penal, incluído
pela Lei nº 13.964/2019, depende de regulamentação por meio de Lei Orgânica.
(E) INCORRETA. O atestado de pobreza previsto no artigo 32 do Código de Processo Penal
não é uma condição indispensável para a nomeação de advogado para o exercício do direito
de queixa. O atestado de pobreza é um documento utilizado para comprovar a insuficiência
de recursos para arcar com as despesas processuais, mas não está relacionado diretamente
à nomeação de advogado.
_________________________________________________________________________
20. Não é possível a oposição de instrumento juridicamente válido que impeça o exercício
da jurisdição. Essa afirmação guarda relação com o seguinte princípio:
(A) Improrrogabilidade de jurisdição.
(B) Juiz natural.
(C) Indeclinabilidade de jurisdição.
36
(D) Aplicação jurisdicional da pena.
(E) Nenhuma das alternativas anteriores.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

A afirmação "Não é possível a oposição de instrumento juridicamente válido que impeça o


exercício da jurisdição", para nós, não guarda relação com nenhum dos princípios
mencionados nas alternativas.
(A) INCORRETA. O princípio da improrrogabilidade de jurisdição refere-se à impossibilidade
de o juiz transferir sua competência para outro órgão jurisdicional.
(B) INCORRETA. O princípio do juiz natural estabelece que toda pessoa tem direito a ser
julgada por um juiz competente e imparcial.
(C) INCORRETA. O princípio da indeclinabilidade de jurisdição estabelece que o juiz não
pode se recusar a exercer a função jurisdicional quando devidamente acionado.
(D) INCORRETA. O princípio da aplicação jurisdicional da pena refere-se ao poder e dever
do Estado de aplicar sanções penais por meio do processo penal.
Poder-se-ia cogitar acerca da alternativa C, que versa sobre a indeclinabilidade da
jurisdição, haja vista que, se essa é indeclinável, não se admitiria como possível a oposição
de instrumento juridicamente válido que impeça seu exercício. Não obstante, parece-nos
clara a opção do examinador pelo princípio da inafastabilidade da jurisdição e não
indeclinabilidade, que envolve a atuação específica do julgador de declinar sua missão.
Logo, nenhuma dessas alternativas corresponde ao princípio mencionado na afirmação.
(E) CORRETA.
_________________________________________________________________________
21. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Se o relator do Recurso Extraordinário entender que a ofensa à Constituição é reflexa,
deverá indeferir liminarmente seu processamento, não conhecendo, desde logo, a
impugnação.
(B) É defeso ao Presidente do Tribunal de origem indeferir o processamento de recurso
especial, posto que intempestivo.
(C) O recurso especial interposto contra acórdão condenatório, por versar sobre o direito
de locomoção e status libertatis do réu, admite ampla análise crítica e valorativa dos
elementos de prova.
(D) É necessária a ratificação do recurso especial interposto na pendência do julgamento
dos embargos de declaração, ainda que inalterado o resultado anterior.
37
(E) A constatação de erro grosseiro impede a aplicação do princípio da fungibilidade
recursal.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Se o relator do Recurso Extraordinário entender que a ofensa à


Constituição é reflexa, deve prosseguir com o processamento do recurso, porquanto, ainda
que reflexa, há a indicação de ofensa à CF.
(B) INCORRETA. Não é defeso ao Presidente do Tribunal de origem indeferir o
processamento de recurso especial, vez que se admite a realização do juízo de
admissibilidade recursal pelo Presidente do Tribunal, podendo indeferir o processamento
do recurso intempestivo.
(C) INCORRETA. O recurso especial interposto contra acórdão condenatório que envolva o
direito de locomoção e status libertatis do réu não admite ampla análise crítica e valorativa
dos elementos de prova. Súmula nº 7 do STJ: “A pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial”.
(D) INCORRETA. Súmula nº 579 do STJ: “Não é necessário ratificar o recurso especial
interposto na pendência do julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o
resultado anterior”.
(E) CORRETA. A constatação de erro grosseiro impede a aplicação do princípio da
fungibilidade recursal.
I – A jurisprudência deste Superior Tribunal “admite a fungibilidade recursal, a teor do art.
579 do CPP, quando, além de observado o prazo do recurso que se pretende reconhecer,
não fica configurada a má-fé ou a prática de erro grosseiro” (AgRg no REsp n. 1.704.526/AM,
Quinta Turma, Rel. Min. Ribeiro Dantas, DJe 30/5/2018).
II – O caso em comento se revela pela possibilidade de conversão do recurso em sentido
estrito em apelação se, do erro, não se constatou a intempestividade recursal, nem prejuízo
à parte recorrida no que tange ao processamento do recurso. Agravo regimental
desprovido”. (AgRg no REsp n. 1.937.416/SC, relator Ministro Messod Azulay Neto, Quinta
Turma, julgado em 20/3/2023, DJe de 27/3/2023.)
_________________________________________________________________________
22. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) O representante diplomático não pode figurar no polo passivo da prisão em flagrante,
exceto pela prática de crime considerado grave.
(B) Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir liberdade provisória 38
com ou sem fiança. Com base nessa afirmação, é lícito concluir que a prisão, antes do
trânsito em julgado de sentença penal condenatória, não é admitida no direito brasileiro,
por violar o princípio do estado de inocência.
(C) O flagrante não terá força prisional nas hipóteses em que o réu se livrar solto.
(D) O advogado pode ser preso em flagrante pela prática de crime inafiançável, exceto
quando o fato estiver relacionado ao exercício da função.
(E) O juiz poderá, de ofício, em qualquer fase do processo, decretar a prisão preventiva do
acusado, desde que devidamente fundamentada, revisando-a a cada 90 (noventa) dias.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO.

(A) INCORRETA. O representante diplomático não pode figurar no polo passivo da prisão
em flagrante por força da Convenção de Viena, não guardando qualquer pertinência legal
a exceção da assertiva quanto a “crime grave”.
(B) INCORRETA. Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir
liberdade provisória com ou sem fiança. Com base nessa afirmação, não é lícito concluir
que a prisão, antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, não é admitida
no direito brasileiro, haja vista a possibilidade de prisões de natureza cautelar, que não
violam o princípio do estado de inocência.
(C) CORRETA. O flagrante não terá força prisional nas hipóteses em que o réu se livrar solto.
A assertiva é passível de questionamento diante da revogação expressa e tácita da a
expressão “livrar-se solto” no CPP. Não obstante, conforme sustenta Fernando Abreu, in
Manual de Processo Penal, 2023, Ed. Juspodivm: O livrar-se solto, antes previsto nos
revogados incisos I e II do art. 321, contemplava as hipóteses de ausência de cominação de
pena privativa de liberdade ou quando prevista essa, de alguma forma, não excedesse três
meses. Atualmente, a despeito da conclusão pela revogação tácita da previsão do art. 304,
§1º do CPP, parece-nos perfeitamente possível ajustarmos a previsão legal aos diversos
dispositivos que impedem a restrição da liberdade, desde que não contemplados por
outros títulos jurídicos, como a fiança, por exemplo. Assim, não conferimos mais à
expressão “livrar-se solto” o status anterior pelo que dela nos valeremos tão somente
quando nos referimos às situações nas quais não couber qualquer medida cautelar de
natureza pessoal.
(D) INCORRETA. O advogado, quando no exercício da função, apenas poderá ser preso em
flagrante pela prática de crime inafiançável. A incorreção da assertiva reside na expressão
“quando o fato estiver relacionado ao exercício da função”, pois o fato pode estar
relacionado ao exercício da função mas o causídico não se encontrar no exercício dessa.
(E) INCORRETA. Com o advento da Lei do Pacote Anticrime, não mais se admite a 39
decretação da prisão preventiva de ofício do acusado conforme entendimento do STF e STJ,
devidamente pacificados.
_________________________________________________________________________
23. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) A presunção hominis pautada em regras de experiência sempre demanda prova.
(B) A regra do nemo tenetur se detegere também se aplica à testemunha compromissada.
(C) A estrutura acusatória do processo penal retira do juiz o seu poder instrutório.
(D) Pela atual sistemática processual penal, o silêncio poderá constituir elemento de prova
para a formação do convencimento do juiz.
(E) O descumprimento dos procedimentos previstos para a cadeia de custódia invalida
necessariamente o exame de corpo de delito em sentido estrito.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A presunção hominis pautada em regras de experiência não demanda
prova, uma vez que é uma presunção decorrente da própria experiência comum. Essa
presunção é amparada pelo artigo 375, inciso I, do Código de Processo Civil.
(B) CORRETA. A regra do nemo tenetur se detegere, que significa "ninguém é obrigado a
produzir prova contra si mesmo", se aplica tanto ao acusado quanto à testemunha
compromissada. Essa regra é garantida pelo artigo 186 do Código de Processo Penal.
(C) INCORRETA. Embora a estrutura acusatória do processo penal atribua maior
protagonismo às partes e limite o poder instrutório do juiz, o magistrado ainda possui
poderes instrutórios dentro dos limites estabelecidos pela legislação processual penal.
Portanto, o juiz tem o poder instrutório, mas de forma subsidiária. Vide artigo 156 do
Código de Processo Penal.
(D) INCORRETA. O silêncio do acusado não pode ser interpretado como elemento de prova
para a formação do convencimento do juiz. O direito ao silêncio do acusado é assegurado
pelo princípio do nemo tenetur se detegere e está previsto no artigo 186, parágrafo único,
do Código de Processo Penal.
(E) INCORRETA. O descumprimento dos procedimentos previstos para a cadeia de custódia
pode comprometer a validade do exame de corpo de delito em sentido estrito. Não
obstante, conforme destaca o Prof. Fernando Abreu, em seu Manual de Processo Penal:
Não obstante o rigoroso procedimento descrito, pode ocorrer a chamada quebra da cadeia
de custódia das provas – break on the chain of custody. A inobservância de qualquer dos 40
procedimentos legais de preservação dos vestígio pode macular a prova produzida e as
dela decorrentes, independentemente de má-fé, por prejudicar a rastreabilidade e,
consequentemente, a autenticidade da prova.
Em que pese grande parte da doutrina sustentar que a quebra da cadeia de custódia
conduza à invalidade da prova, o STJ, no julgamento do HC 653.515/RJ 4, entendeu que as
eventuais irregularidades na cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo magistrado
em conjunto com os demais elementos de prova:
[...] 5. Se é certo que, por um lado, o legislador trouxe, nos arts. 158-A a 158-F do CPP,
determinações extremamente detalhadas de como se deve preservar a cadeia de custódia
da prova, também é certo que, por outro, quedou-se silente em relação aos critérios
objetivos para definir quando ocorre a quebra da cadeia de custódia e quais as
consequências jurídicas, para o processo penal, dessa quebra ou do descumprimento de
um desses dispositivos legais. No âmbito da doutrina, as soluções apresentadas são as mais
diversas. 6. Na hipótese dos autos, pelos depoimentos prestados pelos agentes estatais em
juízo, não é possível identificar, com precisão, se as substâncias apreendidas realmente
estavam com o paciente já desde o início e, no momento da chegada dos policiais, elas
foram por ele dispensadas no chão, ou se as sacolas com as substâncias simplesmente
estavam próximas a ele e poderiam eventualmente pertencer a outro traficante que estava
no local dos fatos. 7. Mostra-se mais adequada a posição que sustenta que as
irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo magistrado
com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é confiável.

4 DJe 01.02.22.
Assim, à míngua de outras provas capazes de dar sustentação à acusação, deve a pretensão
ser julgada improcedente, por insuficiência probatória, e o réu ser absolvido[...].
_________________________________________________________________________
24. Assinale a alternativa que contém afirmação INCORRETA.
(A) O Ministério Público não pode desistir do recurso que haja interposto.
(B) Não é possível o aforamento de revisão criminal para alteração de dispositivo no qual
se fundamentou a absolvição, ainda que para impedir a ação civil para reparação do dano.
(C) A decisão do magistrado que, de ofício, determina arquivamento de inquérito policial
em benefício de investigado específico e determinado, sem a oitiva do Ministério Público,
deve ser impugnada por meio de recurso em sentido estrito (art. 581, X, do Código de
Processo Penal).
(D) A propositura de revisão criminal exige, antes, o exaurimento das instâncias, com a
interposição de todos os recursos postos à disposição do condenado.
(E) A sentença absolutória que reconhece a inexistência do fato impede a propositura da
ação civil para reparação do dano.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
41
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O Ministério Público não pode desistir do recurso que haja interposto. Essa
vedação está prevista no artigo 576 do Código de Processo Penal.
(B) CORRETA. Não é possível a aforamento de revisão criminal para alteração de dispositivo
no qual se fundamentou a absolvição, pois a revisão criminal é uma ação autônoma que
tem por objetivo a desconstituição de uma sentença condenatória transitada em julgado.
A absolvição definitiva não pode ser objeto de revisão criminal, conforme o artigo 621,
inciso II, do Código de Processo Penal.
(C) CORRETA. A decisão do magistrado que determina arquivamento de inquérito policial
de ofício, sem a oitiva do Ministério Público, deve ser impugnada por meio de recurso em
sentido estrito. Essa previsão está estabelecida no artigo 581, inciso X, do Código de
Processo Penal.
(D) INCORRETA. A propositura de revisão criminal não exige o exaurimento das instâncias,
ou seja, a interposição de todos os recursos disponíveis ao condenado. A revisão criminal
pode ser ajuizada mesmo sem o esgotamento das vias recursais, conforme previsto no
artigo 621, parágrafo único, do Código de Processo Penal.
(E) CORRETA. A sentença absolutória que reconhece a inexistência do fato impede a
propositura da ação civil para reparação do dano, uma vez que a inexistência do fato é
incompatível com a responsabilidade civil. A conclusão decorre dos arts. 66 e 67 do CPP.
_________________________________________________________________________
25. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) Por princípio da variabilidade recursal entende-se que a parte poderá, dentro do prazo
legal, interpor sucessivos recursos, impugnando tópicos diversos da sentença.
(B) É nas razões de apelação que o Ministério Público delimita a matéria objeto de
devolução para o Tribunal.
(C) É possível a impetração de pedido de ordem de habeas corpus contra sentença que
condenou o réu, exclusivamente, à pena de multa.
(D) Todas as alternativas estão incorretas.
(E) Os recursos especial e extraordinário, na atual sistemática processual, não têm efeito
translativo.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

QUESTÃO PASSÍVEL DE RECURSO.

(A) CORRETA segundo gabarito. Entretanto, conforme destaca o professor Fernando Abreu
em seu Manual de Processo Penal: O princípio da variabilidade assinala que o recorrente
42
pode variar de recurso, isto é, pode interpor novo recurso em substituição a outro
anteriormente interposto, desde que o faça dentro do prazo legal. À título exemplificativo,
antes da reforma processual de 2008, havia a previsão do “protesto por novo júri”, nos casos
de condenação à pena superior a vinte anos de reclusão. O princípio era utilizado para
fundamentar a substituição da apelação interposta, que demandava fundamento, pelo
protesto por novo júri, condicionado, tão somente, ao quantum de pena fixado. A doutrina
sustenta que o princípio não encontra amparo no processo penal em razão de sua
incompatibilidade com a preclusão consumativa pelo exercício anterior do direito de
recorrer.
Não se trata, portanto, de interposição de sucessivos recursos.
(B) INCORRETA segundo o gabarito. Não obstante, vale destacar a lição do professor
Fernando Abreu, em seu Manual de Processo Penal, que evidencia a nulidade da assertiva:
“De forma geral, concebe-se o efeito devolutivo como uma manifestação do princípio
dispositivo, e não uma mera técnica do processo. Por isso, em regra, como o juiz somente
deve julgar nos limites do pedido, delimitados na inicial, o tribunal somente poderá julgar
o que o recorrente tiver requerido nas suas razões de recurso, dando vazão à máxima
tantum devolutum quantum appellatum.
O efeito devolutivo “consiste em devolver ao tribunal ad quem o conhecimento da matéria
impugnada, julgada no grau inferior de jurisdição, bem como da cognoscível de ofício” 5,
isto é, devolve-se ao Poder Judiciário a análise da matéria, já apreciada, nos estritos limites
da impugnação.
O efeito devolutivo, portanto, deve ser compreendido pela lógica de sua extensão, haja
vista que a devolução da matéria ao tribunal poderá ser total, quando a impugnação versar
sobre toda a decisão, ou parcial, quando o objeto do recurso cingir-se a apenas alguns
pontos da sentença, a exemplo da insurgência apenas quanto à dosimetria da pena.
Apesar da lógica da devolução da matéria impugnada, não se pode olvidar da profundidade
do efeito devolutivo, que permite ao tribunal considerar tudo aquilo que for relevante para
nova decisão, podendo, inclusive converter o julgamento em diligência, dando vazão à
máxima vel appellari debebat, que se soma, nas lições de Ada Pellegrini Grinover, Antônio
Magalhães e Antônio Scarance Fernandes, ao brocardo tantum devolutum quantum
appellatum para formar a extensão do conhecimento e profundidade do efeito devolutivo6.
Em regra, portanto, todo recurso é dotado de efeito devolutivo, variando somente em sua
extensão e profundidade. A primeira, associa-se ao plano horizontal, e a segunda, ao plano
vertical.
Em seu plano horizontal, a extensão, a devolução da matéria é delimitada pelo objeto da
impugnação, estabelecida pelo fundamento do recurso, isto é, “do que se recorre”, vez que
o recurso pode ser parcial ou total. Assim, a devolução da matéria, delimitada pela
impugnação recursal, confere ao tribunal um conhecimento condicionado, restrito ao
43
objeto do recurso.
Sob a ótica do plano vertical, isto é, sobre a profundidade da decisão, não ficará o tribunal
restrito a conhecer e decidir apenas sobre o plano da extensão, porquanto poderá
modificar o fundamento da decisão, a exemplo do julgamento do recurso interposto
contra uma sentença absolutória, na qual o tribunal vai além e afasta a absolvição por
mera ausência de provas para absolver pela atipicidade da conduta, vez que, no processo
penal, o efeito devolutivo é mitigado pelo princípio da reformatio in mellius.
Por outro lado, não se admite a reformatio in pejus em razão da devolução da matéria,
caso não impugnada, isto é, se a matéria for capaz de prejudicar a situação jurídica do
acusado e não tiver sido impugnada pela acusação, o tribunal não poderá apreciá-la. Não
por outro motivo, a Súmula 160 do STF assinala que: É nula a decisão do Tribunal que
acolhe, contra o réu, nulidade (absoluta ou relativa) não arguida no recurso da acusação,
ressalvados os casos de recurso de ofício”.
Normalmente, a devolução do conhecimento da matéria impugnada é realizada para um
órgão jurisdicional de hierarquia superior, nada impedindo, contudo, que seja feita para o
mesmo órgão prolator da decisão em recursos específicos, como os embargos de

5
GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhães e FERNANDES, Antonio Scarance. Recursos
no processo penal brasileiro. 6ª ed., revista atualizada e ampliada. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2009, p. 44..
6
op. cit. p. 45-46.
declaração, ou, ainda para ambos, nos casos em que a lei prevê o juízo de retratação, a
exemplo do recurso em sentido estrito.
Salvo nas hipóteses de aplicação da reformatio in mellius, o objeto do recurso e,
consequentemente, do efeito devolutivo, será fixado pela petição de interposição,
isoladamente apresentada nos casos em que lei assim admite, que pode ser restringida
posteriormente pelas razões recursais, ou pela petição interposição acompanhada das
razões de recurso. Nesse particular, há que distinguir os recursos de fundamentação livre
e vinculada.
Fala-se em recurso de fundamentação livre quanto o recorrente não delimita a matéria
impugnada em sua petição de interposição, devolvendo a matéria na íntegra para o
tribunal. Nesse particular, cumpre indagar se, não obstante a interposição do recurso de
forma irrestrita, poderia o recorrente restringir o objeto do recurso em suas razões
recursais. No que toca à defesa, nenhuma divergência existe, não somente pela
possibilidade de reformatio in mellius, mas também porque o recurso é disponível, isto é,
a qualquer momento a defesa pode dele desistir. Assim, pela teoria dos poderes implícitos,
se pode desistir do recurso na íntegra, por que não poderia, simplesmente, desistir de levar
adiante parte da impugnação, que somente poderia trazer-lhe benefícios diante da
impossibilidade de reformatio in pejus?
Por outro lado, tratando-se de recurso interposto pelo Ministério Público, a questão se
torna mais tormentosa, haja visa que o parquet não pode desistir do recurso que haja
interposto (art. 576, CPP). Logo, a apresentação da petição de interposição recursal de 44
forma ampla, ao menos em tese, geraria para o parquet a obrigação de impugnar, em
suas razões, toda a decisão, sob pena de, indiretamente, desistir parcialmente do
recurso, em flagrante violação ao teor do art. 576 do CPP.
Apesar da lógica acima, a interpretação deve ser realizada não somente sob a perspectiva
da suposta violação ao dever funcional, mas também sob a perspectiva processual que
envolve os princípios do contraditório e ampla defesa. Isso porque, ao se considerar a
petição de interposição ampla como delimitadora do objeto recursal e se ignorar a restrição
realizada quando da apresentação das razões recursais, o recurso devolveria ao tribunal
toda a matéria, ainda que sem a fundamentação recursal adequada e necessária para
assegurar o exercício do direito de defesa por meio das contrarrazões recursais, conferindo
ao tribunal um “cheque em branco” para decidir como bem entender, ainda que as partes
não tenham debatido processualmente alguns pontos da decisão, justamente porque o
parquet, em suas razões, simplesmente entendeu por não questioná-los.
Imagine, por exemplo, um recurso de apelação, cuja petição de interposição tenha sido
apresentada de forma ampla, sem restringir o objeto do recurso e, nas razões recursais,
o Ministério Público insurge-se apenas contra a dosimetria da pena, não aduzindo
considerações acerca do decote da qualificadora realizado pelo magistrado. A defesa, por
obviedade, apenas apresentará suas contrarrazões recursais rebatendo a tese ministerial
relacionada à dosimetria da pena, porquanto, de fato, não haveria razões para sustentar
a decisão de primeiro grau que afastou a circunstância qualificadora, haja vista a ausência
de impugnação fundamentada ministerial.
Ao se admitir a petição de interposição como delimitadora do recurso, estar-se-ia
conferindo ao tribunal o direito de decidir sobre a qualificadora, ainda que não
trabalhada nas razões e contrarrazões recursais, trazendo, não somente surpresa, mas
um severo risco ao contraditório e ampla defesa, inclusive com possibilidade de
reformatio in pejus de ofício, porquanto a matéria, a despeito de impugnada
formalmente pela interposição geral, não o foi materialmente.
Assim, há duas premissas alternativas a serem observadas e uma única conclusão, que não
varia em razão da escolha da premissa. Se o magistrado entender que a apresentação das
razões está em contrariedade à amplitude da interposição, por implicar desistência parcial,
deverá provocar o órgão ministerial para completá-las, podendo, inclusive acionar o
Procurador-Geral de Justiça por analogia ao art. 28 do CPP, fixando, definitivamente, a
matéria que será apresentada à defesa em respeito ao contraditório e ampla defesa com a
manifestação do PGJ. Ou, ainda, receberá as razões recursais e intimará a defesa para
contrarrazoar o recurso, fixando, igualmente, os pontos objeto do recurso. Em ambos os
casos, e daí surge nossa conclusão, o tribunal, no que toca ao recurso ministerial, somente
poderá proferir decisão sobre a matéria impugnada de forma fundamentada, isto é,
constante das razões recursais ministeriais.
E, nesse sentido, surge o conceito de recurso de fundamentação vinculada, no qual a parte
é obrigada declinar pelo menos um dos fundamentos legais do recurso, como nas
apelações contra decisões do Tribunal do Júri, de forma que o tribunal, ao julgar o recurso,
ficará adstrito aos motivos e fundamentos do recurso, delimitados tanto pela petição de
interposição, como pelas razões recursais. Diante dessa premissa, podemos concluir que,
45
para a acusação, diante do princípio da não reformatio in pejus, todos os recursos serão de
fundamentação vinculada, sob pena de violação do contraditório e ampla defesa. Nesse
sentido, é o teor da Súmula 713 do STF, ao qual ampliamos, conceitualmente, sua
abrangência por conexão: “O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é
adstrito aos fundamentos da sua interposição”.
Doutrinariamente ainda se diferencia, sob a perspectiva da devolutividade, os chamados
recursos de instância iterada dos recursos de instância reiterada. Não vemos razão pratica
para a distinção, haja vista que os termos “iterado” e “reiterado” são tratados como
sinônimos pelos dicionários pátrios, de forma que a classificação, a pretexto de diferenciar
o objeto do recursos, vale-se da mesma terminologia. Ademais, a adoção da classificação
nos traz uma confusão inexplicável com o efeito iterativo, que veremos na sequência.
De toda sorte, apenas para registro, os chamados recursos de instância iterada seriam
aqueles que devolveriam ao tribunal apenas o conhecimento de decisão de cunho
processual, ao passo os nomeados recursos de instância reiterada seriam aqueles cuja
devolução da matéria seria integral, englobando temas processuais e de direito material.
(C) INCORRETA. O habeas corpus não é cabível contra sentença que condena o réu
exclusivamente à pena de multa, uma vez que essa pena não implica restrição à liberdade
de locomoção. Súmula nº 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão
condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a
pena pecuniária seja a única cominada”.
(D) INCORRETA. Sem conteúdo para comentários.
(E) INCORRETA. Os recursos especial e extraordinário possuem efeito translativo,
permitindo que o Tribunal analise questões não decididas pelo juízo de origem, como na
hipótese de nulidades absolutas não alegadas ou apreciadas.
_________________________________________________________________________
26. Em relação ao procedimento dos crimes dolosos contra a vida, é lícito afirmar:
(A) A leitura de obras jurídicas em plenário do júri é causa de nulidade do julgamento.
(B) É defeso ao Ministério Público recorrer contra decisão absolutória do Conselho de
Sentença, sob o argumento de ser manifestamente contrária à prova dos autos.
(C) Em homenagem à plenitude do direito de defesa, o advogado do acusado terá direito à
tréplica, posto que o Ministério Público não tenha se manifestado na réplica.
(D) Todas as alternativas estão incorretas.
(E) Operando-se a desclassificação em plenário em relação ao crime doloso contra a vida,
os jurados continuarão competentes para a apreciação dos delitos conexos.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
46
(A) INCORRETA. A leitura de obras jurídicas em plenário do júri não é causa de nulidade do
julgamento. O artigo 478 do Código de Processo Penal permite ao juiz permitir a leitura de
trechos de obras jurídicas para fundamentar a decisão.
(B) INCORRETA. O Ministério Público possui o direito de recorrer contra decisão absolutória
do Conselho de Sentença caso a decisão seja manifestamente contrária à prova dos autos.
Essa possibilidade de recurso está prevista no artigo 593, III, d, do Código de Processo Penal.
(C) INCORRETA. O advogado do acusado não tem direito à tréplica no plenário do júri caso
não exista réplica do Ministério Público por questões lógicas.
(D) CORRETA. Sem conteúdo para comentários. Assertiva dada como correta.
(E) INCORRETA. Desclassificado o delito para crime não doloso contra a vida, há o
afastamento da competência do Tribunal do Júri para análise dos crimes conexos, de forma
o processo deverá ser encaminhado para o juízo competente.
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27. Sobre a colaboração premiada, é lícito afirmar:
(A) Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida em até 2/3 (dois
terços).
(B) O Ministério Público poderá formular com o corréu colaborador um acordo de não
persecução penal, abstendo-se do oferecimento da denúncia, ainda que a pena mínima seja
superior a 04 anos.
(C) Uma vez homologada pelo magistrado, constitui direito do colaborador a obtenção dos
benefícios ali acordados.
(D) A ausência de defensor aos atos de negociação não importará nulidade do acordo, se
não ficar demonstrado o prejuízo.
(E) Em homenagem à estrutura acusatória do processo penal, o juiz de direito não poderá
recusar a homologação da proposta, pois importa acordo com concessões recíprocas de
interesse exclusivo das partes.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA.
Art. 4º, § 5º, da Lei 12.850: “Se a colaboração for posterior à sentença, a pena
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda
que ausentes os requisitos objetivos”.

(B) CORRETA. Em se tratando de colaboração premiada, que admite a possibilidade do não 47


oferecimento da denúncia nas hipóteses do §4º do art. 4º, nada impede que o acordo
contemple o não oferecimento da denúncia nos casos de crimes cuja pena mínima seja
superior a quatro anos, por se tratar de norma específica.

(C) CORRETA. Informativo 870, STF: “O direito subjetivo do colaborador nasce e se


perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus deveres. Assim, o cumprimento dos
deveres pelo colaborador é condição sine qua non para que ele possa gozar dos direitos
decorrentes do acordo. Por isso diz-se que o acordo homologado como regular, voluntário
e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela
colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do
negócio jurídico.”.
(D) INCORRETA.
Art. 3º-C, § 1º, da Lei 12.850: “Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada
deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou defensor público”.

(E) INCORRETA.
Art. 4º, §8º, da Lei 12.850: “O juiz poderá recusar a homologação da proposta
que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às partes para as adequações
necessárias.”.

_________________________________________________________________________
DIREITO CIVIL

28. Sobre fundações, de acordo com o Código Civil, é CORRETO afirmar:


(A) Poderá ser constituída para fins de habitação de interesse social.
(B) Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, é facultado ao instituidor a
transferência da propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados.
(C) Se o estatuto da fundação não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não
havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
(D) É possível sua criação por instituidor que fará, por escritura pública, documento privado
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
(E) A alteração estatutária pode ser deliberada pela maioria simples daqueles competentes
para gerir e representar a fundação.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
48
(A) INCORRETA. A finalidade de habitação de interesse social não está prevista como uma
finalidade específica para a constituição de uma fundação no Código Civil brasileiro.
(B) INCORRETA. Conforme artigo 64, do CC/02 não se trata de uma faculdade, mas de uma
obrigatoriedade.
(C) CORRETA. Conforme o artigo 65, parágrafo único, do Código Civil, se o estatuto da
fundação não for elaborado no prazo estipulado pelo instituidor ou, na ausência de prazo,
em até 180 dias, a incumbência de elaborá-lo caberá ao Ministério Público.
(D) INCORRETA. Conforme artigo 62 do CC/02 não há possibilidade de instituição por
documento privado.
(E) INCORRETA. A alteração estatutária de uma fundação requer a aprovação de 2/3 dos
competentes para gerir e representar a fundação, conforme previsto no artigo 67, I, do
Código Civil.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (C).
_________________________________________________________________________
29. Nos termos da jurisprudência dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça, em
relação à obrigação alimentar, é CORRETO afirmar:
(A) A obrigação de prestar alimentos recai sobre os parentes mais próximos em grau, só
transferindo aos mais remotos à falta daqueles. Essa falta deve ser compreendida apenas
como ausência, e não como impossibilidade ou insuficiência financeira de suportar o
encargo.
(B) O novo casamento do cônjuge devedor de alimentos extingue a obrigação constante da
sentença de divórcio de pagar pensão alimentícia à ex-esposa ou ao exmarido.
(C) Concedidos os alimentos gravídicos à gestante, a fim de auxiliá-la nas despesas com a
gestação, o nascimento com vida impõe a cassação desses alimentos, não sendo possível a
conversão da natureza dos alimentos para provisórios, em favor do recém-nascido.
(D) A obrigação alimentar do pai em relação aos filhos cessa automaticamente com o
advento da maioridade.
(E) É irrenunciável o direito aos alimentos presentes e futuros, facultado ao credor
renunciar aos alimentos pretéritos, devidos e não prestados, isso porque a
irrenunciabilidade atinge o direito, e não o seu exercício.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. Há a possibilidade de prestação de alimentos frente a mera impossibilidade


ou insuficiência financeira dos parentes mais próximos. 49
(B) INCORRETA. O novo casamento do cônjuge devedor de alimentos não extingue a
obrigação alimentar em relação ao ex-cônjuge. O dever de prestar alimentos decorrente do
casamento ou união estável persiste mesmo após o divórcio ou término da convivência.
(C) INCORRETA. Conforme artigo 6º, parágrafo único, da Lei 11.804/08 “após o nascimento
com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do
menor até que uma das partes solicite a sua revisão”.
(D) INCORRETA. A obrigação alimentar em relação aos filhos não cessa automaticamente
com o advento da maioridade.
(E) CORRETA. O direito aos alimentos é irrenunciável, conforme estabelece o artigo 1.707
do Código Civil. No entanto, é possível renunciar aos alimentos pretéritos, ou seja, aos
alimentos vencidos e não pagos. Essa renúncia não afeta o direito aos alimentos presentes
e futuros.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (E).
_________________________________________________________________________
30. A respeito da prescrição e da decadência, é CORRETO afirmar:
(A) O pagamento dos juros da dívida não interrompe a prescrição.
(B) A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros.
(C) Salvo disposição legal em contrário, aplicam-se à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição.
(D) É válida a renúncia à decadência fixada em lei.
(E) A exceção não prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A interrupção ocorre quando o devedor reconhece o débito ou realiza


qualquer ato que importe em reconhecimento inequívoco da dívida.
(B) CORRETA. A interrupção da prescrição feita por um credor específico não beneficia os
demais credores. A interrupção é pessoal, ou seja, somente aproveita ao credor que
realizou o ato interruptivo, conforme previsto no artigo 204 do Código Civil.
(C) INCORRETA. A decadência possui regras próprias e distintas da prescrição. Embora
existam semelhanças, as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição
não se aplicam à decadência, a menos que haja previsão legal expressa nesse sentido.
(D) INCORRETA. A decadência é um prazo extintivo de direitos que não pode ser objeto de 50
renúncia. A renúncia à decadência fixada em lei é nula, conforme estabelece o artigo 209
do Código Civil.
(E) INCORRETA. A exceção é um instituto que pode ser utilizado para afastar uma pretensão,
e tanto a exceção quanto a pretensão estão sujeitas aos mesmos prazos prescricionais.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (B).
_________________________________________________________________________
31. No ano de 2021, morreu homem solteiro que vivia sozinho, sem relacionamento
amoroso, sem deixar testamento, descendentes ou ascendentes. Contudo, deixou bens,
um irmão vivo, porém declarado indigno com trânsito em julgado, e cinco sobrinhos. Um
sobrinho (ora denominado S1) é filho de um irmão pré-morto (ora denominado I1). Dois
sobrinhos (ora denominados S2 e S3) são filhos de outro irmão pré-morto (ora
denominado I2). Dois sobrinhos (ora denominados S4 e S5) são filhos do irmão indigno
(ora denominado I3). Assinale a alternativa CORRETA, no que se refere à partilha de bens
da herança, nos termos do Código Civil.
(A) Cada sobrinho (S1, S2, S3, S4 e S5) receberá 1/5 parte da herança.
(B) S1 receberá 1/3 parte da herança, S2 receberá 1/3 parte da herança, e S3 receberá 1/3
parte da herança.
(C) S1 receberá metade da herança, S2 receberá 1/4 parte da herança, e S3 receberá 1/4
parte da herança.
(D) S1 receberá 1/3 parte da herança, e os demais sobrinhos (S2, S3, S4 e S5) receberão,
cada um, 1/6 parte da herança.
(E) S1 receberá 2/5 partes da herança, S2 e S3 receberão, cada qual, 1/5 parte da herança
e S4 e S5 receberão, cada qual, 1/10 parte da herança.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

A resposta correta é a alternativa A. Segundo o Código Civil, na ausência de cônjuge,


descendentes e ascendentes, a herança será dividida entre os colaterais até o quarto grau.
Nesse caso, os sobrinhos (S1, S2, S3, S4 e S5) são os herdeiros colaterais. Como não há
especificação de grau de parentesco entre os sobrinhos, eles receberão igualmente a
herança, cada um com uma parte igual, ou seja, 1/5 parte da herança. O artigo 1816 do
CC/02 estabelece que o indigno será considerado pré-morto.
_________________________________________________________________________
32. Sobre o regime de bens, nos termos do Código Civil e da jurisprudência dominante e
atual dos Tribunais Superiores, é INCORRETO afirmar:
(A) No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do 51
casamento.
(B) Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente
desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu
consentimento ou sem suprimento judicial.
(C) A regra do artigo 1.641, II, do Código Civil, que estabelece o regime da separação
obrigatória de bens para os septuagenários, embora expressamente prevista apenas para a
hipótese de casamento, aplica-se também às uniões estáveis entre pessoas maiores de 70
anos.
(D) É admissível a alteração do regime de bens entre os cônjuges, mediante autorização
judicial, desde que o pedido seja acompanhado de provas concretas do prejuízo na
manutenção do regime de bens originário.
(E) A certidão de casamento não é suficiente para demonstrar que o casamento foi
celebrado sob o regime de separação de bens. É imprescindível tenha havido pacto
antenupcial com convenção nesse sentido.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO. APENAS A ALTERNATIVA C ESTÁ CORRETA.

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. No regime de separação legal de bens, não há comunicação dos bens
adquiridos na constância do casamento.
(B) INCORRETA. O artigo 1647 do CC/02 excepciona o regime da separação absoluta.
(C) CORRETA. Conforme Súmula 655 do STJ.
(D) INCORRETA. O artigo 1639, § 2º, CC/02 não traz obrigatoriedade de prova de prejuízo.
(E) INCORRETA. A separação legal não necessita de pacto antenupcial.
Portanto, a resposta correta é a letra (C).
_________________________________________________________________________
33. Em relação aos bens reciprocamente considerados, é INCORRETO afirmar:
(A) Os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, apesar de ainda não
separados do bem principal.
(B) Bem acessório é aquele cuja existência supõe a do principal.
(C) O tratamento das pertenças no Código Civil confirma a regra de que o acessório segue
o principal.
(D) Parte integrante e acessório não são vocábulos sinônimos. 52
(E) São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou a aformoseamento de outro.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico, mesmo que ainda
não tenham sido separados do bem principal. Isso está previsto no artigo 95 do Código Civil.
(B) CORRETA. Bem acessório é aquele cuja existência está subordinada à existência do bem
principal. É uma relação de dependência entre os dois. Artigo 92 do CC/02
(C) INCORRETA. O tratamento das pertenças no Código Civil não confirma a regra de que o
acessório segue o principal. Na verdade, as pertenças são bens que se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro bem, mas não seguem
necessariamente o bem principal. Essa relação é tratada no artigo 93 e no artigo 94 do
Código Civil.
(D) CORRETA. Parte integrante e acessório são termos distintos e não sinônimos. A parte
integrante é um elemento que faz parte do todo, enquanto o acessório é um bem que está
subordinado ao bem principal, mas não faz parte dele.
(E) CORRETA. As pertenças são bens que se destinam, de modo duradouro, ao uso, serviço
ou aformoseamento de outro bem. Essa definição está de acordo com o artigo 93 do Código
Civil.
Portanto, a alternativa correta é a letra (C).
_________________________________________________________________________
34. Assinale a alternativa INCORRETA a respeito de cláusula penal.
(A) Pode ser estipulada em conjunto com a obrigação ou em ato posterior.
(B) O juiz tem o dever de reduzir a cláusula penal se a obrigação principal tiver sido
cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo,
tendose em vista a natureza e a finalidade do negócio.
(C) Aplica-se a ela a regra do artigo 184 do Código Civil, segundo o qual “a invalidade da
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da
obrigação principal”.
(D) O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação
principal.
(E) Não é possível estipular cláusula penal que se refira apenas à inexecução de uma das
cláusulas da avença.
_________________________________________________________________________ 53
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A cláusula penal pode ser estipulada em conjunto com a obrigação principal
ou em ato posterior, de acordo com o artigo 409 do Código Civil.
(B) CORRETA. O juiz tem o poder-dever de reduzir a cláusula penal se a obrigação principal
tiver sido cumprida em parte, ou se o valor da penalidade for manifestamente excessivo,
levando em consideração a natureza e a finalidade do negócio. Essa possibilidade está
prevista no artigo 413 do Código Civil.
(C) CORRETA. A invalidade da obrigação principal implica a invalidade das obrigações
acessórias, mas a invalidade destas não afeta a validade da obrigação principal. Essa é a
regra estabelecida no artigo 184 do Código Civil, que se aplica também à cláusula penal.
(D) CORRETA. Conforme artigo 412 do CC/02.
(E) INCORRETA. É possível estipular cláusula penal que se refira apenas à inexecução de
uma das cláusulas da avença. Conforme previsto no artigo 409 do Código Civil, a cláusula
penal pode ser estipulada para garantir o cumprimento de qualquer obrigação, inclusive
uma cláusula específica do contrato.
Portanto, a alternativa INCORRETA é a letra (E).
_________________________________________________________________________
35. Em matéria de danos materiais e/ou morais, o Superior Tribunal de Justiça tem
entendimento atual e dominante que
(I) no transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador só será civilmente
responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.
(II) o mero descumprimento contratual, em princípio, é o suficiente para ensejar
responsabilização ao pagamento de indenização por danos morais, visto ultrapassar o
incômodo do cotidiano da vida em sociedade.
(III) a empresa não responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículos
ocorridos em seu estacionamento, por se tratar de fortuito externo.
(IV) nos contratos onerosos de transporte de pessoas, desempenhados no âmbito de uma
relação de consumo, o fornecedor de serviços não será responsabilizado por assédio sexual
ou ato libidinoso praticado por usuário do serviço de transporte contra passageira, por
caracterizar fortuito externo, afastando o nexo de causalidade.
Das proposições apresentadas, está(ão) CORRETAS apenas:
(A) I e IV.
(B) II e III.
(C) III e IV. 54
(D) I e II.
(E) I.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. A proposição I está correta. De acordo com o entendimento atual do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), no transporte desinteressado, de simples cortesia, o transportador
só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em
dolo ou culpa grave.
(II) INCORRETA. A proposição II está incorreta. O mero descumprimento contratual não é
suficiente, em princípio, para ensejar a responsabilização por danos morais. É necessário
que o descumprimento cause efetivamente lesão aos direitos de personalidade ou cause
transtornos graves além do mero aborrecimento cotidiano.
(III) INCORRETA. A proposição III está incorreta. A empresa pode ser responsabilizada
perante o cliente pelos danos ou furtos de veículos ocorridos em seu estacionamento,
conforme súmula 130 do STJ.
(IV) CORRETA. A proposição IV está correta. Nos contratos onerosos de transporte de
pessoas, desempenhados no âmbito de uma relação de consumo, o fornecedor de serviços
não pode ser responsabilizado por assédio sexual ou ato libidinoso praticado por usuário
do serviço de transporte contra passageira, pois constitui-se fortuito externo.
Portanto, apenas as proposições I e IV estão corretas.
A resposta correta é a alternativa (A) I e IV.
_________________________________________________________________________
36. Considerando a legislação civil em vigor, assinale a alternativa CORRETA acerca do
casamento.
(A) A sociedade conjugal só termina pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio.
(B) Não podem casar os afins em linha reta, mesmo após a dissolução do casamento.
(C) Para a realização do casamento nuncupativo, é necessário que algum dos contraentes
esteja em iminente risco de vida, não se obtenha a presença da autoridade à qual incumba
presidir o ato, nem a de seu substituto e haver a presença de, pelo menos, três
testemunhas.
(D) Pode ser anulado o casamento realizado por vício da vontade, se houve por parte de
um dos nubentes erro essencial. É hipótese de erro essencial a ignorância, anterior ao
casamento, de defeito físico irremediável que caracteriza deficiência. 55
(E) O Ministério Público não tem legitimidade para promover ação direta pretendendo a
decretação da nulidade de casamento contraído por infringência de impedimento.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A sociedade conjugal não se encerra apenas pela morte de um dos
cônjuges ou pelo divórcio. Existem outras formas de extinção da sociedade conjugal, como
a separação judicial, por exemplo.
(B) CORRETA. Não podem casar os afins em linha reta, mesmo após a dissolução do
casamento. Essa restrição está prevista no artigo 1.595, § 2º, do Código Civil, que estabelece
os impedimentos para o casamento.
(C) INCORRETA. Conforme previsto no artigo 1.540 do Código Civil há necessidade de 06
testemunhas.
(D) INCORRETA. O inciso foi revogado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência.
(E) INCORRETA. O Ministério Público possui legitimidade para promover ação direta para a
decretação de nulidade de casamento em casos de infringência de impedimento, nos
termos do artigo 1.549 do Código Civil.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (B).
_________________________________________________________________________
37. É entendimento dominante e atual do Supremo Tribunal Federal:
(A) A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, impede o
reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica.
(B) É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros.
(C) A legislação infraconstitucional que estabeleça módulos urbanos na respectiva área em
que situado o imóvel pode obstar o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana.
(D) É compatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim
entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos
ou dados verídicos.
(E) A pessoa transgênero tem o direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome,
vedada a modificação da sua classificação de gênero, no registro civil.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
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(A) INCORRETA. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é de que a paternidade
socioafetiva não impede o reconhecimento do vínculo de filiação biológica. Ambos os
vínculos podem coexistir, desde que haja o interesse e o bem-estar do filho como principal
critério para sua proteção.
(B) CORRETA. O Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida no julgamento da ADI
4.277 e da ADPF 132, firmou entendimento de que é inconstitucional a distinção de regimes
sucessórios entre cônjuges e companheiros, reconhecendo a igualdade de direitos
sucessórios entre essas duas modalidades de união estável.
(C) INCORRETA. A legislação infraconstitucional que estabelece módulos urbanos não pode
obstar o reconhecimento do direito à usucapião especial urbana, que está previsto no artigo
183 da Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal tem entendimento nesse sentido.
(D) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal entende não haver o direito ao esquecimento.
(E) INCORRETA. O Supremo Tribunal Federal, em decisão proferida no julgamento da ADI
4.275 e da ADPF 178, reconheceu o direito fundamental das pessoas transgênero à
alteração de prenome e à modificação da sua classificação de gênero no registro civil.
Portanto, é possível realizar ambas as alterações.
_________________________________________________________________________
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

38. A respeito das regras e dos princípios fundamentais do processo civil hodierno, é
INCORRETO afirmar:
(A) É vedada a prolação de decisão inaudita altera pars, salvo nas hipóteses de tutela
provisória e de urgência relativas a ações com intervenção do Ministério Público.
(B) A boa-fé é dever de comportamento de todos os sujeitos do processo, devendo o juiz
levar em consideração esse dever quando da interpretação do pedido e da prolação da
decisão judicial.
(C) É dever dos juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público
estimular a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos,
inclusive no curso do processo judicial.
(D) A proibição da decisão surpresa veda ao juiz decidir, em qualquer grau de jurisdição,
com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de
se manifestarem.
(E) O dever de cooperação é atribuído a todos os sujeitos do processo e pode fundamentar
a inversão do ônus da prova na hipótese de impossibilidade ou excessiva dificuldade do
57
cumprimento do encargo.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos termos do art. 9º, parágrafo único, do
Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015), a decisão inaudita altera pars é admitida nas
hipóteses de tutela provisória e de urgência, sem qualquer previsão legal sobre a
intervenção ou não do Ministério Público.
(B) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 5º do CPC, sendo boa-fé um
princípio fundamental e expresso no código. Além disso, o artigo 6º do mesmo diploma
legal determina que todos os sujeitos do processo devem agir de acordo com a boa-fé, o
que inclui o juiz.
(C) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 3º, § 3º, do Código de Processo
Civil, o qual estimula o uso dos métodos de solução consensual de conflitos a serem
aplicados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público.
(D) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 10 do Código de Processo Civil.
(E) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 6º do Código de Processo Civil.
Além disso, em casos de impossibilidade ou excessiva dificuldade no cumprimento do ônus
da prova, o juiz pode fundamentar a inversão do ônus da prova no art. 373, § 1º, do mesmo
Código.
_________________________________________________________________________
39. Sobre a intervenção de terceiros, leia as assertivas a seguir e assinale a alternativa
CORRETA.
(A) Havendo alienação da coisa litigiosa, o adquirente poderá ingressar em juízo sucedendo
o alienante, independentemente do consentimento da parte contrária, e poderá intervir no
processo como assistente litisconsorcial.
(B) O litisconsórcio será unitário quando a eficácia da sentença depender da citação de
todos que devam ser litisconsortes e será necessário quando o juiz tiver de decidir o mérito
de modo uniforme para todos os litisconsortes.
(C) O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos
poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido, sendo-lhe vedada a
rediscussão da decisão transitada em julgado, salvo se for revel o assistido, hipótese em
que ao assistente será permitida a rediscussão da ação.
(D) O réu poderá requerer o chamamento ao processo do afiançado, na ação em que o
fiador for réu, e dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles. 58
(E) Considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou
a repercussão social da controvérsia, o juiz ou o relator poderá, depois de prévio
requerimento das partes, admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou
entidade especializada, com representatividade adequada, como amicus curiae.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos termos do art. 109, §1º do CPC, a
alienação da coisa litigiosa não permite que o adquirente ingresse no processo como
assistente litisconsorcial sem o consentimento da parte contrária.
(B) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois inverteu os conceitos do litisconsórcio
unitário e necessário, nos termos dos arts. 114 e 116 do CPC.
(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois, embora seja parcialmente correta a
primeira parte da questão (art. 121 do CPC), o assistente poderá rediscutir a justiça da
decisão quando alegar e provar que (art. 123 do CPC): I - pelo estado em que recebeu o
processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de produzir provas
suscetíveis de influir na sentença; II - desconhecia a existência de alegações ou de provas
das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
(D) CORRETA. A assertiva está correta nos termos do art. 130 do CPC: É admissível o
chamamento ao processo, requerido pelo réu: I - do afiançado, na ação em que o fiador
for réu; II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; III - dos demais
devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida
comum.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos termos do art. 138 do CPC, o juiz ou
relator poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem
pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica,
órgão ou entidade especializada. Não sendo apenas em razão de requerimento prévio como
consta na questão.
_________________________________________________________________________
40. Considerando os institutos do impedimento e da suspeição, assinale a opção
CORRETA.
(A) É impedido para exercer suas funções no processo o chefe de secretaria cujo
companheiro for amigo íntimo do advogado de uma das partes no processo.
(B) Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do
qual o juiz não poderia ter atuado, declarando nulos os atos do juiz, se praticados quando
existente o motivo de impedimento ou de suspeição.
(C) Poderá o membro do Ministério Público declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo,
em petição específica dirigida ao juiz do processo na qual indicará o fundamento da
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suspeição.
(D) O impedimento e a suspeição do juiz para o processamento e julgamento da causa são
hipóteses de rescindibilidade da sentença de mérito transitada em julgado.
(E) É suspeito para exercer suas funções no processo o perito que tenha relação de emprego
com instituição de ensino que figure como parte no processo.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o chefe de secretaria não está diretamente
relacionado às funções jurisdicionais do juiz, portanto, o impedimento não se aplica a ele.
Além disso, nos termos do art. 145 do CPC seria caso de suspeição e não de impedimento.
(B) CORRETA. A assertiva está correta, nos termos do art. 146, §2º, do CPC.
(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois não há previsão legal para que o membro
do Ministério Público alegue suspeição por motivo de foro íntimo, apenas para juiz, nos
termos do art. 145, §1º do CPC. Desta feita, a suspeição deve ser alegada de acordo com as
hipóteses previstas em lei, não sendo facultada a declaração voluntária por foro íntimo.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a suspeição do juiz não enseja a rescisão da
sentença de mérito transitada em julgado, nos termos do art. 966 do CPC: II - for proferida
por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a relação de emprego entre o perito e uma
instituição de ensino que figure como parte no processo não caracteriza suspeição. A
suspeição se refere a circunstâncias que possam gerar dúvidas sobre a imparcialidade do
perito, como parentesco, amizade íntima, interesse direto na causa, entre outros. A mera
relação de emprego não configura automaticamente suspeição.
_________________________________________________________________________
41. A respeito dos mecanismos de autocomposição de conflitos, assinale a alternativa
INCORRETA.
(A) Em razão do dever de sigilo, o conciliador e o mediador não poderão divulgar ou depor
acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação, sob pena de
exclusão do cadastro de conciliadores e mediadores.
(B) A livre autonomia dos interessados permite às partes a escolha de conciliador e de
mediador, cadastrados ou não no tribunal, e a definição das regras procedimentais da
conciliação e da mediação, admitida a aplicação das técnicas negociais.
(C) O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, e o mediador atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo
anterior entre as partes.
60
(D) As práticas restaurativas são recomendadas nas situações para as quais seja viável a
busca da reparação dos efeitos da infração por intermédio da harmonização entre autor e
vítima, com o objetivo de restaurar o convívio social e a efetiva pacificação dos
relacionamentos.
(E) Os membros e servidores do Ministério Público serão capacitados pelas Escolas do
Ministério Público para que realizem sessões de negociação, conciliação, mediação e
práticas restaurativas, sendo vedadas as parcerias com outras instituições especializadas.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A assertiva está em conformidade o art. 166, §2º e art. 173, I do CPC, que
estabelece que o conciliador e o mediador estão sujeitos ao dever de sigilo e prevê a
exclusão do cadastro como pena em caso de violação desse dever.
(B) CORRETA. A assertiva está correta nos termos do art. 168 do CPC, bem como, o fato de
que a livre autonomia das partes (art. 166, §4º do CPC) permite a escolha do conciliador,
mediador e a possibilidade de definir as regras procedimentais.
(C) CORRETA. A assertiva está correta nos termos do art. 165, §§ 2º e 3º do CPC, pois o
conciliador atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre
as partes, enquanto o mediador atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo
anterior.
(D) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 13 da Resolução 118 do CNMP:
o objetivo das práticas restaurativas, que visam à reparação dos efeitos da infração por meio
da harmonização entre autor e vítima.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o art. 18 da Resolução 118 do CNMP não
veda parcerias com outras com outras instituições especializadas.
Art. 18. Os membros e servidores do Ministério Público serão capacitados pelas
Escolas do Ministério Público, diretamente ou em parceria com a Escola Nacional
de Mediação e de Conciliação (ENAM), da Secretaria de Reforma do Judiciário do
Ministério da Justiça, ou com outras escolas credenciadas junto ao Poder
Judiciário ou ao Ministério Público, para que realizem sessões de negociação,
conciliação, mediação e práticas restaurativas, podendo fazê-lo por meio de
parcerias com outras instituições especializadas.

_________________________________________________________________________
42. O Ministério Público deverá atuar na defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis. Nesse sentido, é CORRETO
afirmar:
(A) O Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica em todos
61
os processos em que a Fazenda Pública figure como parte.
(B) O Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica no prazo
de 60 (sessenta) dias.
(C) O Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica em
processos que envolvam interesse de incapaz, interesse público, interesse social e litígios
coletivos pela posse de terra urbana ou rural.
(D) O Ministério Público deverá ter vista dos autos antes das partes e poderá, além de
produzir provas, requerer medidas processuais e recorrer.
(E) O prazo do Ministério Público para manifestar-se nos autos será contado em dobro,
ainda que a lei estabeleça prazo próprio para sua manifestação.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o Ministério Público não será intimado para
intervir como fiscal da ordem jurídica em todos os processos em que a Fazenda Pública
figure como parte, apenas intervirá nos casos previstos no art. 178 do CPC, que estabelece
as hipóteses específicas em que o Ministério Público deve ser intimado para intervir.
(B) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o CPC estabelece o prazo de 30 dias para o
Ministério Público intervir como fiscal da ordem jurídica. Com efeito, o momento da
intimação do Ministério Público pode variar de acordo com as normas processuais e as
particularidades de cada caso.
(C) CORRETA. A assertiva está em consonância com o art. 178, inciso II, do CPC.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos termos do art. 179, I do CPC, O
Ministério Público terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos
do processo;
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos termos do art. 180, §2º do CPC, o
benefício da contagem do prazo em dobro para manifestação do Ministério Público nos
autos não é aplicável quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o
Ministério.
_________________________________________________________________________
43. Em relação às disposições sobre a tutela provisória no Código de Processo Civil,
assinale a alternativa CORRETA.
(A) A decisão que concede a tutela antecipada em caráter antecedente não fará coisa
julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir,
reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes.
(B) A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a 62
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo,
independentemente de caução, salvo nos casos de concessão liminar.
(C) Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente se o autor não deduzir o
pedido principal no prazo legal, sendo vedado à parte renovar o pedido, mesmo que sob
novo fundamento.
(D) A tutela de evidência será concedida independentemente da demonstração de perigo
de dano ou de risco ao resultado útil do processo na hipótese de abuso do direito de defesa,
podendo o juiz decidir liminarmente.
(E) A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada, salvo durante o período de suspensão do
processo.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 304, §§2º,3º e 6º do CPC, pois
a tutela antecipada, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo
recurso. Assim sendo, qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput .
(B) INCORRETA. A assertiva está incorreta, embora a primeira parte da questão esteja
correta nos termos do art. 300 do CPC, a concessão da tutela de urgência pode estar
condicionada à caução real ou fidejussória, nos termos do artigo 300, §1º, do CPC.
(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a eficácia da tutela concedida em caráter
antecedente cessa se o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal, conforme o
artigo 303, §4º, do CPC. No entanto, a parte poderá renovar o pedido, mesmo que sob novo
fundamento, desde que observado o prazo legal.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois, embora a tutela de evidência seja
concedida independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao
resultado útil do processo em algumas hipóteses, como no caso de abuso do direito de
defesa, conforme o artigo 311 do CPC, o juiz não pode decidir liminarmente, devendo
observar o contraditório.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a tutela provisória conserva sua eficácia na
pendência do processo, conforme o artigo 296 do CPC. No entanto, ela pode ser revogada
ou modificada a qualquer tempo, inclusive durante o período de suspensão do processo.
_________________________________________________________________________
44. A respeito das regras do procedimento comum dispostas no Código de Processo Civil,
assinale a assertiva CORRETA.
(A) O juiz não julgará antecipadamente o pedido quando o réu for revel, ressalvada apenas
a hipótese de o litígio versar sobre direitos indisponíveis.
63
(B) É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
desde que sejam conexos e compatíveis entre si.
(C) A propositura de reconvenção independe do oferecimento de contestação pelo réu,
podendo ser proposta contra autor e terceiro.
(D) São causas de indeferimento da petição inicial a ilegitimidade de parte, a carência de
interesse processual do autor e a ocorrência de decadência ou de prescrição.
(E) A incompetência absoluta e relativa do juízo poderão ser alegadas pelo réu em
contestação protocolada no foro de seu domicílio, sendo matérias cognoscíveis de ofício
pelo juiz.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o juiz poderá julgar antecipadamente o
pedido quando o réu for revel, desde que não se trate de litígio sobre direitos indisponíveis
(art. 345, II do CPC), e sendo o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não
houver requerimento de prova, na forma do art. 349 .
(B) INCORRETA. A assertiva é incorreta, pois é lícita a cumulação, em um único processo,
contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão, conforme
o art. 327 do CPC.
(C) CORRETA. A assertiva está correta, pois o art. 343 do CPC autoriza a reconvenção
independentemente de contestação e pode ser proposta pelo réu em face do autor e
terceiro.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a ocorrência de decadência ou prescrição
não são causas de indeferimento da petição inicial, mas sim de improcedência liminar nos
termos do art. 332, §1º do CPC.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a incompetência absoluta e relativa do juízo
deve ser alegada pelo réu em contestação, conforme art. 337, II do CPC. A incompetência
relativa é uma matéria de defesa que deve ser alegada oportunamente, não sendo
cognoscível de ofício pelo juiz (art. 337, §5º do CPC).
_________________________________________________________________________
45. A respeito da sentença e da coisa julgada, é CORRETO afirmar:
(A) Haverá resolução do mérito quando o juiz acolher a alegação de existência de convenção
de arbitragem.
(B) Na sentença, o juiz está obrigado a enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de infirmar a conclusão adotada. 64
(C) A eficácia preclusiva da coisa julgada não obsta que a parte discuta matérias e defesas
que poderiam ter sido arguidas, mas não o foram, na ação em que houve a formação da
coisa julgada.
(D) O juiz não resolverá o mérito quando homologar a transação, revestindo-se a sentença
de título executivo judicial.
(E) Os motivos, a verdade dos fatos e a questão prejudicial decidida incidenter tantum não
fazem coisa julgada.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a existência de convenção de arbitragem


implica resolução sem julgamento de mérito, nos termos do art. 485, VII do CPC.
(B) CORRETA. A assertiva está em conformidade com o art. 489, §1º, IV do CPC, pois
“não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
[…]
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador”.

(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a eficácia preclusiva da coisa julgada impede
que as partes discutam novamente matérias e defesas que já foram decididas na ação em
que houve a formação da coisa julgada. A coisa julgada faz com que essas questões não
possam ser rediscutidas, mesmo que não tenham sido anteriormente arguidas pelas partes,
nos termo do art. 508 do CPC.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois a homologação de transação é causa de
resolução da causa com julgamento do mérito, nos termos do art. 487, III, alínea “b”, do
CPC.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois questão prejudicial decidida incidenter
tantum faz coisa julgada se obedecidos os requisitos previstos no art. art. 503, §§1º e 2º,
do CPC.
_________________________________________________________________________
46. No que tange à participação processual do Ministério Público em processos que não
figure como parte, é CORRETO afirmar:
(A) O Ministério Público poderá promover ação de interdição em caso de doença mental
grave, ainda que o interditando possua parentes capazes que a promovam.
(B) O Ministério Público não tem legitimidade concorrente com aquele que estiver na posse 65
e administração do espólio para requerer abertura de inventário e de partilha quando
houver herdeiro incapaz.
(C) Nos casos em que houver herança jacente, o curador poderá representar a herança em
juízo, não sendo necessária a intervenção do Ministério Público.
(D) O Ministério Público será intimado nos casos de ação possessória em que figure no polo
passivo grande número de pessoas.
(E) Nas ações de família, o Ministério Público só intervirá quando houver interesse de
incapaz, não sendo necessária sua oitiva em caso de composição amigável.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois em consonância com o art. 748 do CPC, a
ação de interdição pode ser promovida pelo Ministério Público apenas quando não houver
parentes capazes dispostos a promovê-la.
(B) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o Ministério Público tem legitimidade
concorrente com aquele que estiver na posse e administração do espólio para requerer
abertura de inventário e de partilha quando houver herdeiro incapaz, nos termos do artigo
616, inciso VII, do CPC.
(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos casos em que houver herança jacente,
ou seja, sem herdeiros conhecidos, é necessária a intervenção do Ministério Público para
representar a herança em juízo, conforme previsto no art. 739,§1º do CPC.
(D) CORRETA. A assertiva está correta, pois o Ministério Público será intimado nos casos de
ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, de acordo com
o art. 554, §1º do CPC. Essa regra visa garantir a ampla defesa e a participação do Ministério
Público na proteção dos direitos coletivos.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nas ações de família, o Ministério Público
pode intervir não apenas quando houver interesse de incapaz, mas também em outras
situações previstas em lei, como nos casos de adoção, por exemplo. A sua oitiva não se
restringe apenas a situações de composição amigável.
_________________________________________________________________________
47. Com relação aos recursos cabíveis no ordenamento jurídico pátrio, é CORRETO
afirmar:
(A) O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público
são intimados da decisão, sendo considerados intimados em audiência quando nesta for
proferida a decisão.
(B) O relator do recurso de apelação poderá decidir monocraticamente o incidente de
desconsideração da personalidade jurídica instaurado originariamente perante o tribunal.
66
(C) Mesmo sendo os autos do processo eletrônicos, deve o agravante instruir a petição de
agravo de instrumento com a cópia da petição inicial, da decisão agravada e da certidão da
respectiva intimação.
(D) Opostos embargos de declaração, o juiz da causa decidirá diretamente sobre a
existência ou não de erro material, obscuridade, contradição ou omissão, sendo dispensada
a intimação do embargado para se manifestar.
(E) Quando o agravo interno for julgado manifestamente improcedente, por maioria de
votos, o órgão colegiado condenará o agravante a pagar ao agravado multa cujo depósito
condiciona a interposição de qualquer outro recurso.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o STJ já pacificou o entendimento de que o
termo inicial da contagem do prazo para impugnar decisão judicial é, para o Ministério
Público, a data da entrega dos autos na repartição administrativa do órgão, sendo
irrelevante que a intimação pessoal tenha se dado em audiência, em cartório ou por
mandado (TEMA 959).
(B) CORRETA. A assertiva está correta, pois o relator do recurso de apelação pode decidir
monocraticamente o incidente de desconsideração da personalidade jurídica instaurado
originariamente perante o tribunal, conforme previsto no artigo 932, VI do CPC. Essa é uma
medida que busca dar celeridade ao processo.
(C) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois nos autos do processo eletrônico, o agravo
de instrumento pode ser instruído com a indicação do processo e do respectivo número de
registro no tribunal, dispensando a juntada de cópias físicas de documentos, conforme
estabelecido no art. 1.017, §5º do CPC.
(D) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois após a oposição dos embargos de
declaração, o juiz deve intimar o embargado para se manifestar, antes de decidir sobre a
existência ou não de erro material, obscuridade, contradição ou omissão, nos termos do
art. 1.023, parágrafo 2º, do CPC.
(E) INCORRETA. A assertiva está incorreta, pois o agravo interno prevê a imposição de multa
ao agravante quando for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em
votação unânime, conforme previsto no artigo 1.021, §4º do CPC.
_________________________________________________________________________

DIREITO CONSTITUCIONAL

48. Com relação à Súmula Vinculante, assinale a alternativa INCORRETA.


67
(A) Do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe
vigência ou aplicá-lo indevidamente, após o esgotamento das vias administrativas, caberá
reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios
admissíveis de impugnação.
(B) A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal,
por decisão de dois terços dos seus membros, poderá restringir os efeitos vinculantes ou
decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse público.
(C) A vedação contida na Súmula Vinculante 13 não se aplica aos cargos em comissão, pois
decorrentes de vínculos fundados na fidúcia para o exercício de funções com atribuições de
direção, chefia e assessoramento na estrutura administrativa de entidades e órgãos
públicos de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
(D) A Súmula Vinculante 13, que proíbe a prática de nepotismo, não se aplica para as
nomeações para os cargos políticos, caracterizados pelo fato de seus titulares serem
detentores de um munus governamental decorrente da Constituição Federal, integrarem a
estrutura administrativa governamental dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
na condição de auxiliares do Chefe do Poder Executivo.
(E) Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de
enunciado da súmula vinculante pela Administração Pública, dar-se-á ciência à autoridade
prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso administrativo, que deverão
adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de
responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

A questão quer a alternativa INCORRETA a ser assinalada no gabarito! Portanto, atenção


nas explicações das alternativas.
(A) CORRETA. De acordo com o artigo 7ª da Lei nº 11.417/2006 (o artigo 103-A, § 3º, da
CF/88 também seria importante na compreensão).

Lei nº 11.417/2006, art. 7º: Da decisão judicial ou do ato administrativo que


contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo
indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo
dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.

(B) CORRETA. Artigo 4º da Lei nº 11.417/2006:

Art. 4º A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo
Tribunal Federal, por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá 68
restringir os efeitos vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro
momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse público.

(C) INCORRETA. A Súmula Vinculante 13, que trata do nepotismo, é aplicável aos cargos
em comissão, conforme o entendimento consolidado do STF. A súmula veda a nomeação
de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro
grau, inclusive, para o exercício de cargo em comissão, de confiança ou de função gratificada
na administração pública.

(D) CORRETA. A Súmula Vinculante 13, que proíbe a prática de nepotismo, não se aplica às
nomeações para cargos políticos. Os cargos políticos são caracterizados pelo fato de seus
titulares serem detentores de um múnus governamental decorrente da Constituição
Federal, integrarem a estrutura administrativa governamental dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, na condição de auxiliares do Chefe do Poder Executivo.

(E) CORRETA. É o teor do artigo 64-B da Lei nº 11.417/2006:

Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada


em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á ciência à
autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do
recurso, que deverão adequar as futuras decisões administrativas em
casos semelhantes, sob pena de responsabilização pessoal nas esferas
cível, administrativa e penal.
Portanto, com base nas disposições sobre a Súmula Vinculante, a alternativa incorreta é a
(C), pois a vedação do nepotismo é aplicável aplica aos cargos em comissão.

_________________________________________________________________________
49. Considere as afirmações a seguir.
(I) Os Municípios são dotados de autonomia política, legislativa, administrativa e financeira
e de auto-organização por lei orgânica, atendidos os princípios estabelecidos na
Constituição Federal e na Constituição Estadual.
(II) O Estado intervirá em seus Municípios quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido
da receita municipal na manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas ações e nos
serviços públicos de saúde.
(III) Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade, ilegalidade, ou ofensa aos princípios do artigo 37 da Constituição Federal,
dela darão ciência ao Tribunal de Contas do Estado, sob pena de responsabilidade solidária.
(IV) Os Municípios não têm competência para legislar sobre proteção ao patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico.
(V) A Lei Orgânica do Município constitui parâmetro de fiscalização abstrata de
constitucionalidade para o fim de representação de inconstitucionalidade de lei municipal
que a contrarie.
69
É CORRETO apenas o que está afirmado nos itens:
(A) I, II e IV.
(B) I e IV.
(C) II, III e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e III.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. Os Municípios são dotados de autonomia política, legislativa, administrativa


e financeira, conforme estabelecido nos artigos 18, 29; art. 34, VII, ‘c’, da CF/88. Além disso,
possuem o direito de se auto-organizarem por meio de uma lei orgânica, desde que
respeitem os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na Constituição Estadual.

(II) CORRETO. O Estado pode intervir nos Municípios quando estes não aplicarem o mínimo
exigido da receita municipal na manutenção e no desenvolvimento do ensino, bem como
nas ações e nos serviços públicos de saúde. Essa intervenção está prevista no artigo 35, III,
da Constituição Federal.

(III) CORRETO. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de


qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União,
sob pena de responsabilidade solidária. Essa previsão está estabelecida no artigo 74,
parágrafo 1º, da Constituição Federal.

(IV) INCORRETO. Os Municípios possuem competência para legislar sobre proteção ao


patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; por força do inciso II do
artigo 30 da CF/88, que permite o exercício da competência suplementar a legislação
federal e estadual no que couber.

(V) INCORRETO. O STF enfrentou o tema e entendeu que “é inconstitucional adoção de lei
orgânica municipal como parâmetro de controle abstrato de constitucionalidade estadual,
em face de ato normativo municipal uma vez que a Constituição Federal, no art. 125, § 2º,
estabelece como parâmetro apenas a constituição estadual.” (STF. Plenário. ADI 5548/PE,
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 16/8/2021).

Portanto, considerando as afirmações apresentadas, apenas os itens I, II, III estão corretos.
A resposta correta ser assinalada é a alternativa (E).

_________________________________________________________________________
70
50. Com relação às competências atribuídas pela Constituição Federal ao Tribunal de
Contas, é CORRETO afirmar:
(A) É competência exclusiva do Tribunal de Contas o poder para anular e sustar a execução
dos contratos administrativos em relação aos quais foi constatada ilegalidade.
(B) Por iniciativa própria, poderá realizar inspeções e auditorias de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos
Poderes Legislativos.
(C) O Tribunal de Contas não possui competência para determinar desconsideração da
personalidade jurídica de entidade envolvida em prática fraudulenta ou cometida em
colusão com terceiros, pois essa decisão está sujeita à reserva de jurisdição.
(D) O Tribunal de Contas estadual é parte legítima para executar suas próprias decisões que
impliquem imputação de débito ou multa, que têm eficácia de título executivo.
(E) A pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas é
imprescritível.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Embora o Tribunal de Contas possua competência para apreciar a
legalidade dos atos de admissão de pessoal e verificar a regularidade das licitações e dos
contratos administrativos, ele não possui o poder exclusivo de anular e sustar a execução
dos contratos administrativos em relação aos quais foi constatada ilegalidade. O artigo 71,
X, da CF/88 trata do tema.

(B) CORRETA. Conforme o art. 71, IV da CF:

CF/88, Art. 71, IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos


Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito,
inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso
II.

(C) INCORRETA. No MS 35.506, ressaltou-se que os tribunais de contas podem adotar


medidas cautelares diversas, desde que não extrapolam suas atribuições constitucionais;
para proteção da origem pública de recursos envolvidos em fraudes. A desconsideração da
personalidade jurídica é medida importante no mister constitucional efetivo das cortes de
contas.

(D) INCORRETA. O STF apreciou o assunto no RE 100343, onde fixou a tese de que o
município prejudicado é o legitimado para a execução de crédito decorrente de multa
aplicada por Tribunal de Contas estadual a agente público municipal, em razão de danos 71
causados ao erário municipal. Logo, a corte de contas estadual não seria parte legítima para
tal ato.

(E) INCORRETA. No RE 636886 foi fixada a tese de que “é prescritível a pretensão de


ressarcimento ao erário fundada em decisão de Tribunal de Contas”.

Portanto, considerando as afirmações apresentadas, apenas o item B está correto.

_________________________________________________________________________
51. Com relação ao sistema de competências dos entes da Federação previsto na
Constituição Federal, assinale a alternativa CORRETA.
(A) Não usurpa competência legislativa da União, se fundada na preponderância dos
interesses locais, dispositivo de lei ordinária municipal que estabeleça hipótese de dispensa
de licitação diversa das previstas em normas gerais editadas pela União.
(B) A competência constitucional atribuída aos Municípios autoriza a Lei Orgânica a dispor
sobre a alienação de bens públicos, concessão e permissão de uso, assim como hipóteses
de dispensa de licitação.
(C) Lei municipal que estipule regras para que uma entidade seja juridicamente qualificada
como organização social e possa validamente celebrar contrato de gestão com a
Administração Pública, deve obediência às normas gerais estabelecidas na Lei Federal no
9.637/1998.
(D) Ofende o Pacto Federativo, por não se tratar de assunto de interesse local, lei municipal
que regulamente a instalação e fiscalização de torres de telefonia móvel.
(E) Desde que prevista em Lei Orgânica Municipal, é constitucional dispositivo que dispõe
sobre concessão de direito real de uso de bens públicos a entidades religiosas com dispensa
de certame licitatório.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO.

COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A competência para legislar sobre normas gerais de licitação é privativa da
União, conforme estabelecido no artigo 22, inciso XXVII, da Constituição Federal. Portanto,
uma lei municipal que estabeleça hipótese de dispensa de licitação diversa das previstas
em normas gerais editadas pela União estaria usurpando a competência legislativa da
União.

(B) INCORRETA. Embora a competência constitucional atribuída aos Municípios lhes confira
certa autonomia legislativa, a Lei Orgânica Municipal não pode dispor de forma contrária à
Constituição Federal e às normas gerais estabelecidas pela União. Assim, a Lei Orgânica não
72
pode estabelecer regras sobre alienação de bens públicos, concessão e permissão de uso,
nem hipóteses de dispensa de licitação, pois tais matérias são regidas por normas gerais da
União.

(C) ITEM DE MAIOR POLÊMICA. A União é competente para legislar sobre regras gerais
sobre o tema, a Lei 9637/1998 trata do assunto. O município poderia apenas suplementar
o assunto. O uso do termo “regras” pode ser entendido como o erro do item, mas por não
citar claramente a ideia de “regras gerais”, o item pode ser contestado.

(D) CORRETA (embora seja tida como incorreta no gabarito oficial). O tema é tratado na
ADPF 732, que entende ser inconstitucional lei municipal que limite a instalação de sistemas
de telefonia (tema de competência legislativa privativa da União), nos termos dos arts. 21,
XI, e 22, IV, da Constituição Federal.

(E) INCORRETA. A concessão de direito real de uso de bens públicos está sujeita às normas
gerais de licitação estabelecidas pela União. Portanto, uma disposição na Lei Orgânica
Municipal que conceda esse direito a entidades religiosas com dispensa de certame
licitatório estaria em desacordo com as normas gerais.

Logo, ou o gabarito deveria apontar a letra D como correta, ou a questão pode ser anulada
por conta da letra C também ter apelo para ser contestada (e é justamente a letra C a
apontada como a alternativa correta).

_________________________________________________________________________
52. A Constituição Federal estabelece que a política de desenvolvimento urbano,
executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
bemestar de seus habitantes.
A respeito do assunto, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) É indispensável à validade e legitimidade constitucional dos atos que promovam
alterações na legislação urbanística municipal relacionadas ao parcelamento, ao uso e à
ocupação do solo a existência de planejamento prévio e a promoção de audiências públicas
e debates com a participação da população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade.
(B) É facultado aos Poderes Legislativo e Executivo municipais, no processo de elaboração
do plano diretor, a promoção de audiências públicas e debates com a participação da
população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade e a
publicidade quanto aos documentos e informações produzidos.
(C) O plano diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão
urbana, constituindo parte integrante do processo de planejamento municipal, cujas
diretrizes e prioridades nele contidas deverão ser incorporadas no plano plurianual, nas
diretrizes orçamentárias e no orçamento anual.
(D) O plano diretor será obrigatório para os Municípios que pretendam exigir do
proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, segundo o Estatuto 73
da Cidade, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de
parcelamento ou edificação compulsórios, imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana progressivo no tempo e a desapropriação com pagamento mediante títulos da
dívida pública.
(E) A gestão da administração territorial urbana submete-se ao Princípio da Coesão
Dinâmica que proíbe a criação de normas urbanísticas alheadas ao plano diretor,
fracionando-o para permitir soluções tópicas, isoladas e pontuais, desvinculadas do
planejamento urbano integral.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. De acordo com o art. 40, §4º, I, desta Lei nº 10.257/20013:

Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:
I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população
e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;
(B) INCORRETA. Pelo mesmo disposto na alternativa anterior, não há essa faculdade. É
necessária a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população
e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade e a publicidade
quanto aos documentos e informações produzidos.

(C) CORRETA. A alternativa reproduz trechos do art. 40 e do art. 4º, III, da Lei nº
10.257/20013.

(D) CORRETA. De acordo com o art. 182, parágrafo 4º da CF/88 e disposições do Estatuto
da Cidade.

(E) CORRETA. O princípio da Coesão Dinâmica estabelece que as normas urbanísticas


devem estar em conformidade com o plano diretor, evitando soluções isoladas e pontuais
que não estejam alinhadas com o planejamento urbano integral. Dessa forma, a afirmação
contida na alternativa está correta.

Portanto, a única alternativa INCORRETA é a letra B.

_________________________________________________________________________
53. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) O poder de apresentar emendas ao projeto de lei encaminhado pelo Chefe do Poder
Executivo versando sobre criação de cargos na Administração Pública direta pode ser
exercido pelos membros do Legislativo e equivale à cláusula de reserva de iniciativa.
74
(B) É constitucional dispositivo de Lei Orgânica Municipal, produto de emenda parlamentar
que eleva o percentual mínimo de gastos públicos destinados para a educação municipal.
(C) A aquiescência do Chefe do Poder Executivo mediante sanção expressa do projeto de lei
em que teve a prerrogativa usurpada tem a força normativa de sanar o vício de
inconstitucionalidade que afeta juridicamente a proposição legislativa aprovada.
(D) O poder de emendar projetos de lei de iniciativa do Poder Executivo sobre criação de
cargos na Administração Pública direta é legítimo desde que não importe em aumento da
despesa prevista no projeto de lei e guarde vínculo de pertinência com a proposição
original.
(E) Por constituir uma derivação do poder de iniciar o processo de formação das leis, as
emendas parlamentares oferecidas em projeto de lei encaminhado pelo Chefe do Poder
Executivo versando sobre criação de cargos na Administração Pública direta não encontram
limitações com relação ao aumento da despesa.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A Constituição Federal estabelece a cláusula de reserva de iniciativa, que
determina que determinadas matérias só podem ser objeto de projeto de lei quando de
iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Nesse sentido, os membros do Legislativo
não podem apresentar emendas que versem sobre criação de cargos na Administração
Pública direta. Sobre o tema, é válido mencionar a alínea a, inc. III do§1º do art. 61 da CF/88:
“ao de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre criação
de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento
de sua remuneração”.

(B) INCORRETA. Competência legislativa reservada ao Executivo.

(C) INCORRETA. A sanção expressa do Chefe do Poder Executivo não tem o poder de sanar
vícios de inconstitucionalidade de uma proposição legislativa aprovada. A
inconstitucionalidade de uma lei não pode ser afastada pela sanção do Chefe do Executivo.

(D) CORRETA. O poder de emendar projetos de lei de iniciativa do Poder Executivo é


legítimo, desde que não importe em aumento de despesa prevista no projeto de lei e
guarde vínculo de pertinência com a proposição original. Importante lermos o artigo 63, I,
da CF/88.

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:


I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República,
ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º.
75
(E) INCORRETA. Pela mesma informação já vista no item anterior.

Portanto, a alternativa correta é a letra D, com base no Artigo 65 da Constituição Federal.

_________________________________________________________________________
54. Funções Essenciais à Justiça:
(I) A advocacia pública é instituição estatal predicada como permanente e essencial à
administração da Justiça e à Administração Pública. É responsável pelo assessoramento,
consultoria e representação judicial do Poder Público, e deve ser organizada em carreira,
na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos.
(II) Em determinado ente federado, com advocacia pública organizada em carreira, cujos
membros ingressaram por meio de concurso público de provas e títulos, as funções
genéricas de representação, consultoria e assessoramento do Poder Executivo podem ser
executadas indiretamente nos termos da Lei Federal no 8.666/93.
(III) É constitucional Lei municipal que dispõe sobre a criação e estrutura do órgão da
Defensoria Pública Municipal.
(IV) As funções inerentes à Advocacia Pública Municipal podem ser atribuídas e exercidas
por ocupantes de cargo em comissão, desde que vinculados à Secretaria de Assuntos
Jurídicos.
(V) Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas
Procuradorias Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da
Constituição de 1988, tenham órgãos distintos para as respectivas funções.
É CORRETO o que está afirmado nos itens:
(A) I e III.
(B) III e V.
(C) II e IV.
(D) II, III e IV.
(E) I e V.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. A advocacia pública é uma instituição estatal essencial à administração da


Justiça e à Administração Pública, responsável pelo assessoramento, consultoria e
representação judicial do Poder Público. De acordo com o artigo 131 da Constituição
Federal, a advocacia pública deve ser organizada em carreira, e o ingresso depende de
76
concurso público de provas e títulos.

(II) INCORRETO. A representação, consultoria e assessoramento do Poder Executivo por


parte da advocacia pública não podem ser executados indiretamente; A atuação da
advocacia pública é própria e deve ser realizada pelos membros da carreira da advocacia
pública (com observância ao princípio da unicidade).

(III) INCORRETO. O STF decide que municípios podem instituir assistência jurídica à
população de baixa renda. Para a maioria do Plenário, o serviço prestado pelo município às
pessoas necessitadas amplia o acesso à justiça e não fere a autonomia das defensorias
públicas. O que não se confunde com criar uma estrutura do órgão da Defensoria Pública
Municipal (verificar ADPF 279).

(IV) INCORRETO. As funções inerentes à Advocacia Pública Municipal não podem ser
atribuídas e exercidas por ocupantes de cargo em comissão vinculados à Secretaria de
Assuntos Jurídicos. As funções atribuídas à Secretaria de Justiça e Assuntos Afins não são
típicas da Advocacia Pública e não há obrigatoriedade de os Municípios constituírem
Procuradorias Municipais. Além disso, é importante observar os artigos 131 e 132 da CF/88
e o RE 1288627 AGR/SP.

(V) CORRETO. Os Estados têm a possibilidade de manter consultorias jurídicas separadas


de suas Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da
Constituição de 1988, possuam órgãos distintos para as respectivas funções. É importante
verificar a ADI 6252 sobre o tema.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (E), com base nas referências mencionadas.

_________________________________________________________________________
55. Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Consoante o disposto no art. 58, § 3o, da Constituição Federal, a Comissão Parlamentar
de Inquérito deve apurar fato determinado, mas não está impedida de investigar fatos que
se ligam, intimamente, com o fato principal.
(B) Ao Congresso Nacional é atribuída competência para sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar, assim como fiscalizar e controlar,
diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da
administração indireta.
(C) A perda do mandato eletivo de vereador nos casos de condenação criminal transitada
em julgado não é automática, porque a regra de suspensão dos direitos políticos prevista
no art. 15, III, da CF, não é autoaplicável.
(D) Os Deputados e Senadores não poderão, desde a expedição do diploma, firmar ou
manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando
o contrato obedecer a cláusulas uniformes, assim entendidas somente as contidas nos
típicos contratos de adesão em que todas as cláusulas são impostas unilateralmente por
uma das partes, sem qualquer oferta ou manifestação de vontade do outro contraente, 77
senão o puro aceite.
(E) A perda do mandato eletivo de vereador decorre automaticamente da condenação
judicial de suspensão dos direitos políticos em ação de improbidade administrativa já
transitada em julgado, sendo o ato da Câmara Municipal vinculado e declaratório.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Conforme o artigo 58, § 3º, da Constituição Federal, a Comissão Parlamentar
de Inquérito deve apurar fato determinado, mas não está impedida de investigar fatos que
se relacionem intimamente com o fato principal. Importante verificar o HC 71.231.

(B) CORRETA. Em conformidade com o art. 49, V e X, da CF/88:

“É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


(...)
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
(…)
X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;”.
(C) INCORRETA. A perda do mandato eletivo de vereador nos casos de condenação criminal
transitada em julgado é automática. O artigo 15, III, da Constituição Federal estabelece a
suspensão dos direitos políticos como consequência de condenação criminal transitada em
julgado, o que resulta na perda do mandato eletivo. O RE 601182 / MG deixa claro que a
regra de suspensão dos direitos políticos prevista no art. 15, III, é autoaplicável, pois trata
de consequência imediata da sentença penal condenatória transitada em julgado. A
autoaplicação independe da natureza da pena imposta. A opção do legislador constituinte
foi no sentido de que os condenados criminalmente, com trânsito em julgado, enquanto
durar os efeitos da sentença condenatória, não exerçam os seus direitos políticos.

(D) CORRETA. Os Deputados e Senadores estão impedidos de firmar ou manter contrato


com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia
mista ou empresa concessionária de serviço público, exceto nos casos em que o contrato
obedecer a cláusulas uniformes. É importante vermos o art. 54, I, a, da CF/88 e o REsp
1.907.351 com maiores especificações sobre cláusulas uniformes.

(E) CORRETA. A perda do mandato eletivo de vereador decorre automaticamente da


condenação judicial de suspensão dos direitos políticos em ação de improbidade
administrativa já transitada em julgado. Sobre o assunto, importante a leitura do REsp
1.813.255.

_________________________________________________________________________

56. Assinale a alternativa INCORRETA.


78
(A) É constitucional a instituição por lei municipal de taxa de serviço de expediente que
tenha como fato gerador a prestação de serviços burocráticos da administração, entre os
quais a expedição de certidões a pessoas físicas ou jurídicas interessadas em sua obtenção,
e a apresentação de petição ou documento que deva ser apreciado por autoridade
municipal.
(B) Considerando a existência de relevante interesse social derivado de injusta recusa
estatal em fornecer certidões a usuários de serviços públicos, o Ministério Público está
legitimado para propor ação civil pública objetivando o atendimento desse direito a todos.
(C) A exigência de recolhimento de taxa para emissão de certidão em repartições públicas,
para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, viola o direito
constitucional de petição.
(D) A alínea “b” do inciso XXXIV do art. 5o da Constituição Federal assegura a obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal. Não obstante, prevalece a compreensão segundo a qual as situações
devem ser entendidas como alternativas: defesa de direitos “ou” esclarecimento de
situações de interesse pessoal.
(E) A Constituição Federal assegura o direito de obtenção de certidões em repartições
públicas para defesa de direito e esclarecimento de situação de interesse pessoal, não
abrangendo fato de terceiro.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O STF enfrentou o tema na ADI 3278 e entendeu pela inconstitucionalidade
de tal modalidade de taxa.

(B) CORRETA. O tema foi objeto de análise pelo STF no RE 472489 RS, onde o Ministério
Público foi entendido como legitimado para propor ação civil pública em casos que
envolvam injusta recusa estatal em fornecer certidões a usuários de serviços públicos.

(C) CORRETA. O tema foi enfrentado pelo STF na ADI 3278 SC, onde se entendeu pela
violação do direito de petição previsto no art. 5º, XXXIV, b, da Constituição Federal a
exigência de recolhimento de taxa para emissão de certidão em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

(D) CORRETA. O inciso XXXIV, alínea "b", do artigo 5º da Constituição Federal assegura o
direito de obtenção de certidões em repartições públicas, tanto para a defesa de direitos
como para o esclarecimento de situações de interesse pessoal. As situações mencionadas
são alternativas (não se excluem), ou seja, a certidão pode ser solicitada para um desses
fins. Essa interpretação está em conformidade com o texto constitucional. É a posição do
STF na ADI 3278 SC.
79
(E) CORRETA. A Constituição Federal assegura o direito de obtenção de certidões em
repartições públicas para a defesa de direito e esclarecimento de situação de interesse
pessoal, não abrangendo fato de terceiro. O direito de obtenção de certidões está previsto
no inciso XXXIV, alínea "b", do artigo 5º da Constituição Federal.

Portanto, a alternativa (A) deve ser assinalada.

_________________________________________________________________________
57. Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Enquanto o princípio da unidade do Ministério Público é de caráter administrativo, a
partir da ideia força de que o Ministério Público tem um só chefe, a indivisibilidade diz com
a atuação do Ministério público em juízo.
(B) A independência funcional não prevalece para resolver questões em que se verificam
manifestações diferentes de membros do Ministério Público atuando no mesmo grau de
jurisdição.
(C) O Conselho Nacional do Ministério Público não ostenta competência para efetuar
controle de constitucionalidade de lei, por tratar-se de órgão de natureza administrativa,
cuja atribuição adstringe-se ao controle da legitimidade dos atos administrativos praticados
por membros ou órgãos do Ministério Público e estadual.
(D) Sempre que for impedido ou dificultado a todos livre e amplo acesso às praias do litoral
paulista, o Ministério Público tomará imediata providência para a garantia desse direito.
(E) Afronta o princípio institucional da independência funcional a ocupação de cargos
políticos no âmbito do Poder Executivo por parte de membros do Ministério Público,
porque submete seu membro, a instituição em si por ele presentada, à subordinação e
sujeição do Chefe do Poder Executivo.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. O princípio da unidade do Ministério Público diz respeito à sua estrutura
administrativa, enquanto a indivisibilidade está relacionada à atuação em juízo. Essa
distinção é reconhecida na doutrina e jurisprudência, garantindo a harmonia e coesão na
atuação do Ministério Público. O STF tratou do assunto na ADI 932-SP.
(B) INCORRETA. A independência funcional prevalece, sim, para resolver questões em que
se verificam manifestações diferentes de membros do MP. Cada membro, no exercício de
suas funções, tem inteira autonomia. Não fica sujeito a ordens de quem quer que seja, nem
a superiores hierárquicos. Se membros diversos do MP atuam em um mesmo processo,
cada um pode emitir sua convicção pessoal acerca do caso; não estão obrigados a adotar o
mesmo entendimento do colega. Em decorrência desse princípio, a hierarquia é
considerada com relação a atos administrativos e de gestão.
(C) CORRETA. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) não possui competência
80
para efetuar controle de constitucionalidade de leis. Sua atribuição está relacionada ao
controle da legitimidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do
Ministério Público, conforme previsto no artigo 130-A da Constituição Federal. Sobre o
tema, destacamos o MS 28.872 AgR/DF.
(D) CORRETA. A previsão poderia ser justificada até pelo tratamento constitucional básico
dado ao Ministério Público. Mas há na própria CE menção ao amplo acesso às praias do
litoral paulista com providências próprias ao MP para essa garantia.
(E) CORRETA. A ocupação de cargos políticos no âmbito do Poder Executivo por membros
do Ministério Público pode comprometer o princípio institucional da independência
funcional. Isso ocorre porque essa situação pode gerar subordinação e sujeição do membro
do Ministério Público, interferindo na sua atuação autônoma. Sobre o tema, é válido
destacar a Reclamação 53373/SP.
Portanto, a resposta incorreta é a alternativa (B).
_________________________________________________________________________
58. Com relação aos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte, é INCORRETO afirmar:
(A) Os direitos e garantias expressos nos tratados aprovados pelo Congresso Nacional por
maioria simples, após a EC 45/2004, referendados por decreto legislativo e ratificado pelo
Presidente da República, ingressam no ordenamento jurídico brasileiro por norma
equivalente a lei complementar.
(B) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso especial, as causas decididas,
em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida contrariar tratado ou
negar-lhe vigência.
(C) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
(D) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, após a EC 45/2004, serão equivalentes às emendas constitucionais e
fazem parte do bloco de constitucionalidade.
(E) O Presidente da República possui competência para editar decreto que denuncia tratado
ou convenção internacional, que exige, todavia, a anuência do Congresso Nacional.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Os direitos e garantias expressos nos tratados aprovados pelo Congresso
81
Nacional, por maioria simples, referendados por decreto legislativo e ratificados pelo
Presidente da República, ingressam no ordenamento jurídico brasileiro com status de
norma equivalente a lei ordinária, e não como norma equivalente a lei complementar.
(B) CORRETA. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: “(…) III – julgar, em recurso especial,
as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a)
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;”, conforme o artigo 105, III, "a" da
Constituição Federal.
(C) CORRETA. “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe: (…) III – julgar, mediante recurso extraordinário, as causas
decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: b) declarar a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;”, conforme artigo 102, inciso III, da CF/88.
(D) CORRETA. Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
dos respectivos membros, têm status de emenda constitucional, conforme o § 3º do artigo
5º da Constituição Federal.
(E) CORRETA. O Presidente da República possui competência para resolver definitivamente
sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional, conforme o artigo 49, I, da Constituição Federal.
Portanto, a única resposta incorreta é a alternativa (A).
_________________________________________________________________________
59. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) O controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário está vinculado a perseguir a
atuação do agente público em campo de obediência aos princípios da legalidade, da
moralidade, da eficiência, da impessoalidade e da finalidade, não alcançando as atividades
de realização dos fatos concretos pela administração, dependentes de dotações
orçamentárias prévias e do programa de prioridades estabelecidos pelo governante.
(B) Com fundamento na separação dos poderes da Federação, atendida a independência e
harmonia entre os mesmos, o Poder Judiciário não poderá apreciar o mérito do ato
administrativo, nem tampouco determinar a sua execução, pois a oportunidade e
conveniência são as metas, os trilhos que o administrador tem para traçar a sua gestão,
sendo, portanto, indevida a intervenção.
(C) Constitui ofensa ao princípio da separação dos poderes decisão de procedência de ação
civil pública para obter provimento jurisdicional determinando a reconstrução de escola em
condições precárias, pois ao Poder Judiciário não é permitido adentrar no exame da
oportunidade e da conveniência de ato do Poder Executivo no exercício de sua
discricionariedade.
(D) A demonstração da excepcionalidade da situação e da ausência de razoabilidade ou de
proporcionalidade da omissão do ente público autorizam o Poder Judiciário a determinar a
82
implantação de políticas públicas relacionadas a direitos ou garantias fundamentais, sem
que isso ofenda o princípio da separação dos poderes.
(E) É incabível a ingerência do Poder Judiciário em questões afetas às políticas públicas, uma
vez que o Poder Público Municipal tem liberdade para eleger as obras prioritárias de seu
governo, sob pena de ofensa à discricionariedade do administrador e ao princípio da
Separação dos Poderes.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. O judiciário não deve analisar situações de natureza meramente
discricionária, às que dispõem essencialmente sobre o mérito administrativo. No entanto,
a sua característica de atuação sobre o controle de legalidade pode vir a alcançar as
atividades em seus fatos concretos, justamente para verificação de situações que afrontem
flagrantemente os princípios da moralidade, da eficiência, da impessoalidade, da
finalidade, entre outros.
(B) INCORRETA. O Poder Judiciário pode apreciar o mérito do ato administrativo quando
houver ilegalidade ou abuso de poder. O complemento deste item pode ser feito pelos
comentários já expostos na alternativa A.
(C) INCORRETA. O Poder Judiciário pode apreciar a legalidade e a constitucionalidade de
atos do Poder Executivo no intuito de garantir direitos fundamentais, como no caso de
escolas em situações precárias e sua ofensa ao direito à educação.
(D) CORRETA. O Poder Judiciário pode determinar a implantação de políticas públicas
quando houver a demonstração da excepcionalidade da situação e da ausência de
razoabilidade ou proporcionalidade da omissão do ente público, observados os limites
constitucionais e legais. O Estado de coisas inconstitucionais pode ser lembrado nesse
contexto, onde é constatada violação a direitos e garantias fundamentais de uma ampla
parcela de população, em situação em que evidenciada falha estrutural sistêmica de
autoridades e entidades na execução e na condução de políticas públicas.
(E) INCORRETA. Os comentários da letra D são válidos para essa alternativa.
_________________________________________________________________________

DIREITO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

60. A respeito das medidas socioeducativas previstas nos artigos 112 e seguintes do
Estatuto da Criança e do Adolescente, leia as assertivas a seguir:
(I) Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por
83
outra forma, compense o prejuízo da vítima, podendo substituir a coisa por outra
adequada.
(II) A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de
interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais,
hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.
(III) A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de doze meses, podendo, a
qualquer tempo, ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
Ministério Público e o defensor.
(IV) O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de
transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, mediante
autorização judicial, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização.
(V) A internação constitui medida privativa da liberdade, que só poderá ser aplicada quando
se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa, por
reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e
injustificável da medida anteriormente imposta, e não poderá exceder a dois anos.
(VI) São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, entrevistar-se
pessoalmente com o representante do Ministério Público, peticionar diretamente a
qualquer autoridade, corresponder-se com seus familiares e amigos, receber escolarização
e profissionalização, realizar atividades culturais, esportivas e de lazer.
É INCORRETO o que se afirma apenas em:
(A) IV, V e VI.
(B) I, IV e V.
(C) II, III e IV.
(D) I, II e III.
(E) III, IV e V.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) INCORRETA. A alternativa I está correta, de acordo com o artigo 116 (caput e parágrafo
único).
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a
autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a
coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense
o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser 84
substituída por outra adequada.

(II) CORRETA. A alternativa II está correta, de acordo com o artigo 117, do ECA, que trata da
prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de
tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis
meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros
estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou
governamentais.

(III) INCORRETA. A alternativa III está incorreta, de acordo com o artigo 118, § 2º, do ECA:
“Art. 118, § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis
meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou
substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e
o defensor.”

(IV) INCORRETA. A alternativa IV está incorreta, de acordo com o artigo 120, do ECA:
“Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o
início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a
realização de atividades externas, independentemente de autorização
judicial.”

(V) INCORRETA. A alternativa V está incorreta, de acordo com o artigo art. 121, §3º, do ECA:
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos
princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar
de pessoa em desenvolvimento.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a
três anos.

(VI) CORRETA. A alternativa VI está correta, de acordo com o artigo 124 do ECA, incisos I, II,
VIII, XI, XII:
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de Art. 124. São direitos do
adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério
Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
XI - receber escolarização e profissionalização;
lazer.

Portanto, a alternativa (E) deve ser marcada. Pois os itens III, IV e V estão incorretas.
_________________________________________________________________________
61. Em relação à perda do poder familiar, prevista nos artigos 155 e seguintes do Estatuto
da Criança e do Adolescente, é INCORRETO afirmar:
85
(A) Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determinará, concomitantemente ao
despacho de citação e independentemente de requerimento do interessado, a realização
do estudo social ou perícia, por equipe interprofissional ou multidisciplinar, para comprovar
a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar.
(B) Havendo motivo grave, poderá a autoridade jurídica, ouvido o Ministério Público,
decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento
definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante
termo de responsabilidade.
(C) A concessão da liminar será, obrigatoriamente, precedida de entrevista da criança ou
do adolescente perante equipe multidisciplinar e de oitiva da outra parte.
(D) Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é obrigatória a intervenção, junto
à equipe interprofissional ou multidisciplinar, de representantes do órgão federal
responsável pela política indigenista.
(E) Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança ou de adolescente, o juiz
comunicará o fato ao Ministério Público e encaminhará os documentos pertinentes.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS
(A) CORRETA. A alternativa está acordo com o artigo 157, §1º, do ECA:
§ 1º Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determinará,
concomitantemente ao despacho de citação e independentemente de
requerimento do interessado, a realização de estudo social ou perícia por
equipe interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a presença de
uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar, ressalvado
o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei nº 13.431, de 4
de abril de 2017.

(B) CORRETA. A alternativa está acordo com o artigo 157 do ECA:


Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o
Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou
incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança
ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
responsabilidade.

(C) INCORRETA. O equívoco está presente no termo “obrigatoriamente”, que substituiu a


observação “preferencialmente” que consta no art. 157, §3º, do ECA:
Art. 157. § 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida
de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe
multidisciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº 13.431, de
4 de abril de 2017.

(D) CORRETA. Conforme o artigo 157, § 2º, do ECA, em caso de pais oriundos de 86
comunidades indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional
ou multidisciplinar, de representantes do órgão federal responsável pela política
indigenista.
Art. §2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda
obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou
multidisciplinar referida no §1º deste artigo, de representantes do órgão
federal responsável pela política indigenista, observado o disposto no §6º
do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

(E) CORRETA. Conforme o artigo 157, § 4º, do ECA, se houver indícios de ato de violação de
direitos de criança ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público e
encaminhará os documentos pertinentes.
Portanto, apenas a alternativa (C) é INCORRETA.
_________________________________________________________________________
62. Leia as assertivas a seguir.
Compete ao Ministério Público:
(I) Promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e
destituição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores, guardiães, bem
como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e
da Juventude.
(II) Promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses
individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, podendo tomar dos
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual terá
eficácia de título executivo judicial.
(III) Impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo,
instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à
criança e ao adolescente devendo haver, exclusivamente nas ações constitucionais,
intimação pessoal do Ministério Público.
(IV) Instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los, requisitar informações e
documentos a particulares e instituições privadas, responsabilizando-se pelo uso indevido
das informações que requisitar nas hipóteses legais de sigilo.
(V) Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e
adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis, podendo efetuar
recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública afetos à
criança e ao adolescente.
É INCORRETO o que se afirma em:
(A) II e III, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) III e IV, apenas. 87
(D) IV e V, apenas.
(E) I e V, apenas.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(I) CORRETO. Conforme art. 201, III, do ECA.


Art. 201. Compete ao Ministério Público:
(…)
III – promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos
de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação e remoção de
tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais
procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude.”

(II) INCORRETO. Conforme art. 211, do ECA. O erro está no termo judicial apontado no
item. O correto é que o título executivo tenha natureza extrajudicial.
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, o qual
terá eficácia de título executivo extrajudicial.
(III) INCORRETO. Conforme art. 203, do ECA. O erro está na passagem “exclusivamente
nas ações constitucionais”. O que vai de encontro com a necessária observação de
intimação pessoal do MP em qualquer caso.
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita
pessoalmente.

(IV) CORRETO. Conforme disposições expressas do 201, VI, c) e § 4º do ECA:


“Art. 201. Compete ao Ministério Público:
(…)
VI – instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
(…)
c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições
privadas;
(...)
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável pelo uso
indevido das informações e documentos que requisitar, nas hipóteses
legais de sigilo.”

(V) CORRETO. Conforme disposições expressas no art. 201, VIII e §5º, c):
“Art. 201. Compete ao Ministério Público:
(…)
VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados
às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis;
88
(...)
“§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII deste artigo,
poderá o representante do Ministério Público:
(…)
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços públicos e de
relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fixando prazo
razoável para sua perfeita adequação.”

_________________________________________________________________________
63. São infrações administrativas previstas nos artigos 245 e seguintes do Estatuto da
Criança e do Adolescente:
(A) divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de
comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial
relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional.
(B) deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de
gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto.
(C) descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou
decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação de autoridade judiciária ou
Conselho Tutelar.
(D) hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
congênere.
(E) deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de
gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que
tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B

QUESTÃO PASSÍVEL DE ANULAÇÃO. O examinador aparentemente esqueceu de informar


que buscava como resposta a alternativa incorreta; pois quatro alternativas são
verdadeiras, de acordo com o texto do ECA, o que torna a questão inválida.

COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O artigo 247 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece como
infração administrativa divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por
qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo à criança ou adolescente a que se atribua ato infracional. 89
(B) INCORRETA. O artigo 229 do ECA prevê como crime em espécie, e não como infração
administrativa, “deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à
saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do
parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10”.
(C) CORRETA. O artigo 249 do ECA estabelece como infração administrativa descumprir,
dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela
ou guarda, bem assim determinação de autoridade judiciária ou Conselho Tutelar.
(D) CORRETA. A alternativa (D) está correta. O artigo 250 do ECA estabelece como infração
administrativa hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável,
ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
congênere.
(E) CORRETA. A alternativa (E) está correta. O artigo 258-B do ECA prevê como infração
administrativa deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à
saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para
adoção.
Portanto, a única alternativa INCORRETA é a letra B.
_________________________________________________________________________
64. A respeito do Marco Legal da Primeira Infância (Lei no 13.257/2016), assinale a
alternativa INCORRETA.
(A) As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira
infância serão elaboradas e executadas de forma a descentralizar as ações entre os entes
da Federação.
(B) São áreas prioritárias para as políticas públicas a adoção de medidas de proteção contra
toda forma de violência e de pressão consumista e a adoção de medidas que evitem a
exposição precoce à comunicação mercadológica.
(C) É papel das políticas para a primeira infância criar condições e meios para que a criança
tenha acesso à produção cultural e seja reconhecida como produtora de cultura.
(D) A sociedade participa solidariamente com a família e o Estado da proteção e da
promoção da criança na primeira infância, integrando conselhos, de forma paritária, com
representantes governamentais.
(E) Para os efeitos da Lei no 13.257/16, em atenção à especificidade e à relevância dos
primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil, considera-se primeira infância o
período que abrange os primeiros 60 (sessenta) meses de vida da criança.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

90
(A) CORRETA. O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016) prevê a
descentralização das ações entre os entes da Federação, para que as políticas públicas
voltadas ao atendimento dos direitos da criança na primeira infância sejam elaboradas e
executadas de forma compartilhada.
Art. 4º As políticas públicas voltadas ao atendimento dos direitos da criança na
primeira infância serão elaboradas e executadas de forma a:
VIII - descentralizar as ações entre os entes da Federação;

(B) CORRETA. O Marco Legal da Primeira Infância (art. 5º) estabelece como áreas
prioritárias para as políticas públicas a adoção de medidas de proteção contra toda forma
de violência e de pressão consumista, bem como a adoção de medidas que evitem a
exposição precoce à comunicação mercadológica.
(C) CORRETA. O Marco Legal da Primeira Infância (art. 15) prevê como papel das políticas
para a primeira infância a criação de condições e meios para que a criança tenha acesso à
produção cultural e seja reconhecida como produtora de cultura.
(D) CORRETA. O Marco Legal da Primeira Infância (art. 12, inciso II, da Lei nº 13.257/2016)
estabelece que a sociedade participa solidariamente com a família e o Estado da proteção
e da promoção da criança na primeira infância, integrando conselhos, de forma paritária,
com representantes governamentais, com funções de planejamento, acompanhamento,
controle social e avaliação.
(E) INCORRETA. Conforme o artigo 2º da Lei no 13.257/2016, considera-se primeira infância
o período que abrange os primeiros seis anos de vida da criança ou 72 (setenta e dois)
meses de vida da criança (e não os primeiros 60 meses, como informado na alternativa).
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se primeira infância o período que
abrange os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida
da criança.

Portanto, a única alternativa INCORRETA é a letra E.


_________________________________________________________________________
65. A Resolução no 231 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(CONANDA) traz alterações ao processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar. A
respeito dos parâmetros para criação e funcionamento dos Conselhos Tutelares, assinale
a alternativa INCORRETA.
(A) A Lei Orçamentária Municipal ou do Distrito Federal deverá estabelecer,
preferencialmente, dotação específica para o funcionamento dos Conselhos Tutelares,
devendo ser consideradas despesas referentes a computadores equipados com aplicativos
de navegação na rede mundial de computadores em número suficiente.
(B) Toda propaganda eleitoral da campanha para a eleição do Conselho Tutelar será
realizada de forma individual por cada candidato, havendo a possibilidade de constituição
de chapas.
(C) Para assegurar a equidade de acesso, caberá aos municípios e ao Distrito Federal criar e
91
manter Conselhos Tutelares, observada a proporção mínima de um Conselho para cada cem
mil habitantes.
(D) Entre os requisitos adicionais para candidatura a membro do Conselho Tutelar a serem
exigidos pela legislação local, deve ser considerada a comprovação de, no mínimo,
conclusão de ensino médio.
(E) processo de escolha para o Conselho Tutelar ocorrerá com o número mínimo de 10
(dez) pretendentes devidamente habilitados, podendo ser suspenso o processo de escolha
e reaberto o prazo de inscrição de novas candidaturas, caso o número de pretendentes seja
menor que 10 (dez).
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A Resolução 231/2022 do CONANDA (art. 4ª, caput, e §1º, alínea “g”)
estabelece que a Lei Orçamentária Municipal ou do Distrito Federal deverá estabelecer,
preferencialmente, dotação específica para o funcionamento dos Conselhos Tutelares,
incluindo despesas referentes a equipamentos como computadores com acesso à internet.
(B) INCORRETA. A Resolução 231/2022 do CONANDA (art. 8º, §3º) determina que
campanha deverá ser realizada de forma individual por cada candidato, sem possibilidade
de constituição de chapas.
(C) CORRETA. A Resolução 231/2022 do CONANDA (art. 3º, §1º) estabelece que é
responsabilidade dos municípios e do Distrito Federal criar e manter Conselhos Tutelares,
observando a proporção mínima de um Conselho para cada cem mil habitantes.
(D) CORRETA. A Resolução 231/2022 do CONANDA (art. 12, §2º) estabelece que, além dos
requisitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, a legislação local poderá exigir
requisitos adicionais para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, como a
comprovação de conclusão do ensino médio.
(E) CORRETA. Resolução no 231 do CONANDA (art. 13, caput e §1º) estabelece que o
processo de escolha para o Conselho Tutelar ocorrerá com o número mínimo de 10 (dez)
pretendentes devidamente habilitados. Caso o número de pretendentes seja menor que 10
(dez), o processo de escolha pode ser suspenso e reaberto o prazo de inscrição para novas
candidaturas.
Portanto, a única alternativa INCORRETA é a letra B.
_________________________________________________________________________

DIREITO COMERCIAL E EMPRESARIAL


92
66. Em matéria de recuperação judicial, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo,
atual e dominantemente, que
(I) a recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções
nem induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas em face de terceiros devedores
solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória.
(II) para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a
existência do crédito é determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador.
(III) para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a
existência do crédito é determinada pela data do trânsito em julgado da sentença que o
reconhece.
(IV) ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial, há mais de dois anos,
é facultado requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial
no momento em que formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo
de seu registro.
(V) ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial, há mais de dois anos,
é facultado requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial,
há mais de dois anos, contados do momento em que formalizar o pedido recuperacional.
Das proposições apresentadas, estão CORRETAS, apenas:
(A) I, II e V.
(B) II e V.
(C) I, III e IV.
(D) I, II e IV.
(E) I, III e V.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

Sobre o item I, essa a posição é consolidada no STJ, que preserva a autonomia das
obrigações dos devedores solidários ou coobrigados, permitindo a continuidade das
execuções contra estes (é válido citar o tema repetitivo do STJ nº 885 e a Súmula 581 do
STJ).
Súmula 581 do STJ: “A recuperação judicial do devedor principal não impede o
prosseguimento das ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou
coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória”.
O estudo dos repetitivos 1051 e 1145 do STJ são suficientes para definição dos demais itens
(onde teremos os itens II e IV como corretos e os itens III e IV como incorretos). 93
Tema repetitivo do STJ nº 1051:

“Para o fim de submissão aos efeitos da recuperação judicial, considera-se que a existência
do crédito é determinada pela data em que ocorreu o seu fato gerador”.

Tema repetitivo do STJ nº 1145:


“Ao produtor rural que exerça sua atividade de forma empresarial há mais de dois anos é
facultado requerer a recuperação judicial, desde que esteja inscrito na Junta Comercial no
momento em que formalizar o pedido recuperacional, independentemente do tempo de
seu registro”.
Portanto, a resposta correta é a alternativa (D), com os I, II e IV tidos como verdadeiros.
_________________________________________________________________________
67. A Lei no 14.112/20 provocou significativas alterações na Lei de Falência e Recuperação
Judicial, entre elas, os institutos da Consolidação Processual e da Consolidação
Substancial. Envolvendo tais institutos, é CORRETO afirmar:
(A) Na consolidação processual, os devedores proporão meios de recuperação
independentes e específicos para a composição de seus passivos, admitida a sua
apresentação em plano único.
(B) Na consolidação processual, ativos e passivos de devedores serão tratados como se
pertencessem a um único devedor.
(C) Na consolidação processual, além dos requisitos previstos para pedido de recuperação
judicial, deverão as devedoras integrar grupo sob controle societário comum e comprovar
a interconexão e a confusão entre ativos ou passivos dos devedores, de modo que não seja
possível identificar a sua titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos.
(D) A consolidação processual impede que alguns devedores obtenham a concessão da
recuperação judicial e outros tenham a falência decretada.
(E) A consolidação substancial necessita de realização de assembleia geral para sua
autorização.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. A alternativa está com o atual texto da lei de Falência e Recuperação
Judicial (Lei nº 11.101/05), em seu artigo 69-I, §1º:
“Os devedores proporão meios de recuperação independentes e
específicos para a composição de seus passivos, admitida a sua
apresentação em plano único”.

(B) INCORRETA. De acordo com o artigo 69-I da Lei 11.101/05, é garantida a 94


independência dos devedores (portanto, não se tratam os ativos e passivos como se
pertencessem a um único devedor:
“A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta Lei, acarreta a
coordenação de atos processuais, garantida a independência dos
devedores, dos seus ativos e dos seus passivos”.

(C) INCORRETA. De acordo com o artigo 69-G da Lei 11.101/05 basta que as empresas
façam parte de grupo sob controle societário comum, não há necessidade comprovação
complexa como sugerida na alternativa.
“Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e que
integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer
recuperação judicial sob consolidação processual”.

(D) INCORRETA. Não há o impedimento mencionado na alternativa, de acordo com os


termos do artigo 69-I, §4º, da Lei de Falências e Recuperação Judicial:
“A consolidação processual não impede que alguns devedores obtenham
a concessão da recuperação judicial e outros tenham a falência
decretada”.

(E) INCORRETA. Não há necessidade de realização de assembleia geral para autorização


de consolidação substancial (por parte do magistrado). É o que vem expresso no artigo
69-J da Lei de Falências e Recuperação Judicial:
“O juiz poderá, de forma excepcional, independentemente da realização
de assembleia-geral, autorizar a consolidação substancial de ativos e
passivos dos devedores integrantes do mesmo grupo econômico que
estejam em recuperação judicial sob consolidação processual, apenas
quando constatar a interconexão e a confusão entre ativos ou passivos
dos devedores, de modo que não seja possível identificar a sua
titularidade sem excessivo dispêndio de tempo ou de recursos,
cumulativamente com a ocorrência de, no mínimo, 2 (duas) das seguintes
hipóteses”.

_________________________________________________________________________
68. Em relação às sociedades empresárias, conforme jurisprudência dominante e atual do
Superior Tribunal de Justiça, está CORRETA a alternativa:
(A) Em Sociedade Anônima Fechada, a aprovação das próprias contas é caso típico de
conflito formal (ou impedimento de voto), sendo vedado ao acionista administrador
preferir voto acerca da regularidade de suas contas, ainda que o único outro sócio da
sociedade anônima fechada tenha ocupado cargo de administração em parte do exercício.
(B) Em caso de exclusão judicial de sócio majoritário de sociedade limitada por falta grave
no cumprimento de suas obrigações, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, de
rigor admitir sua patente impossibilidade, já que, nos termos do Enunciado no 216/CJF, o
quórum de deliberação previsto no art. 1.030 do Código Civil é de maioria absoluta de
capital.
(C) Não é possível ao sócio de sociedade limitada por prazo indeterminado retirar-se
imotivadamente da sociedade, já que o dispositivo que prevê tal direito está inserido no
95
capítulo relativo às sociedades simples (artigo 1.029 do Código Civil).
(D) Aplica-se a normativa do Código de Defesa do Consumidor nas relações entre Sociedade
Anônima de Capital Aberto e o acionista minoritário, tendo em vista sua patente
hipossuficiência.
(E) Na hipótese de ação reparatória ajuizada pela sociedade empresária em face de seus
ex-administradores (ut universi), não é possível a comprovação da autorização da
assembleia geral ordinária ou extraordinária necessária após o ajuizamento da ação.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Segundo a jurisprudência do STJ, em Sociedade Anônima Fechada, a


aprovação das próprias contas pelos acionistas administradores configura um caso típico de
conflito formal (ou impedimento de voto). Dessa forma, é vedado ao acionista
administrador preferir voto acerca da regularidade de suas contas, mesmo que o único
outro sócio da sociedade anônima fechada tenha ocupado cargo de administração em parte
do exercício (REsp 1.692.803-SP).
(B) INCORRETA. A jurisprudência do STJ (REsp 1.653.421-MG) não sustenta que a exclusão
judicial de sócio majoritário de sociedade limitada por falta grave seja de patente
impossibilidade. Pelo contrário, é possível a exclusão judicial do sócio majoritário por falta
grave no cumprimento de suas obrigações, o que deve levar em conta a maioria do capital
social de sociedade limitada, excluindo-se do cálculo o sócio que se pretende jubilar.
Enunciado n° 216/CJF
O quórum de deliberação previsto no art. 1.004, parágrafo único, e no art. 1.030 é de
maioria absoluta do capital representado pelas quotas dos demais sócios, consoante a regra
geral fixada no art. 999 para as deliberações na sociedade simples. Esse entendimento
aplica-se ao art. 1.058 em caso de exclusão de sócio remisso ou redução do valor de sua
quota ao montante já integralizado.
(C) INCORRETA. O debate gira em torno do artigo 1.029 do Código Civil.
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta
dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.

Para o STJ, no REsp 1.839.078/SP, o sócio que possui o desejo de se retirar da sociedade,
mesmo que sem motivação, pode se valer dos procedimentos do artigo 1.029 do Código
Civil. O direito de retirada é uma forma de dissolução da sociedade empresária em relação
ao sócio, previsto no artigo 1.029 do Código Civil, no capítulo das sociedades simples. Por
força do artigo 1.053 do mesmo diploma, as regras das sociedades simples se aplicam à
sociedade limitada, quando o seu capítulo não oferecer regras próprias. Destaca-se ainda 96
o REsp 1.839.078-SP: “É direito do sócio retirar-se imotivadamente de sociedade limitada
regida de forma supletiva pelas normas da sociedade anônima”.

(D) INCORRETA. O Código de Defesa do Consumidor não se aplica diretamente nas relações
entre Sociedade Anônima de Capital Aberto e o acionista minoritário. As relações entre
acionistas e sociedades anônimas são reguladas pelo direito societário e pelas normas
específicas das sociedades anônimas. A posição está em conformidade com o REsp
1.685.098-SP: “Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações entre
acionistas investidores e a sociedade anônima de capital aberto com ações negociadas no
mercado de valores mobiliários”.
(E) INCORRETA. A ação social reparatória (ut universi) ajuizada pela sociedade empresária
contra ex-administradores (art. 159 da Lei das SA), depende de autorização da assembleia
geral, podendo esta autorização ser comprovada após o ajuizamento da ação (REsp
1778629).
Portanto, a única alternativa correta é a alternativa (A).
_________________________________________________________________________
69. Pelos princípios que regem a circulação dos títulos de crédito e nos termos da
jurisprudência dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça, é CORRETO afirmar:
(A) O endosso, que pode ser parcial, deve ser puro e simples, não se admitindo subordiná-
lo a condição.
(B) Comprovada a má fé do emitente do título, ou de um dos portadores precedentes, pode
o devedor opor ao atual portador as exceções fundadas em relação pessoal com qualquer
deles.
(C) O endossatário que recebe título de crédito por endosso-mandato e o leva a protesto
só responde por danos materiais e morais se extrapola os poderes de mandatário ou em
razão de ato culposo próprio.
(D) O endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício
formal extrínseco ou intrínseco não responde pelos danos decorrentes de protesto
indevido.
(E) O endosso-mandato perde eficácia com a morte do endossante.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA:
COMENTÁRIOS

_________________________________________________________________________

TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS E INDIVIDUAIS 97


HOMOGÊNEOS

70. Assinale a alternativa que contém afirmação CORRETA.


(A) A sentença de improcedência do pedido na ação coletiva para a defesa dos interesses
individuais homogêneos, independentemente de seu fundamento, atingirá o titular do
interesse individual que tenha sido interveniente no processo coletivo.
(B) Os interesses ou direitos individuais homogêneos resultam da multiplicidade das lesões
individualmente sofridas por seus titulares indeterminados, mesmo que não tenham uma
relação fática ou jurídica subjacente, mas desde que o objeto seja divisível.
(C) A sentença de procedência do pedido na ação coletiva para a defesa dos interesses
individuais homogêneos tem eficácia erga omnes e deverá ser executada por um dos
colegitimados do artigo 82 do Código de Defesa do Consumidor, sendo vedado ao titular do
direito individual promover o cumprimento de sentença em relação ao dano por ele sofrido.
(D) A homogeneidade dos interesses ou direitos individuais homogêneos não está na
origem da lesão sofrida por seus titulares e nem na expressão individual do dano.
(E) Os interesses ou direitos individuais homogêneos assemelham-se aos interesses ou
direitos difusos pela indivisibilidade do objeto da tutela, mas deles diferem pela
possibilidade de determinação de seus titulares.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. Os direitos individuais homogêneos (art. 81, parágrafo único, III do CDC) são
direitos subjetivos individuais tutelados coletivamente em razão de decorrerem de uma
mesma origem, resultam "não de uma contingência imposta pela natureza do direito
tutelado, e sim de uma opção política legislativa, na busca de mecanismos que
potencializem a eficácia da prestação jurisdicional".

No tocante à coisa julgada, consoante o art. 103, III do CDC, caso a sentença coletiva
fundada em direitos individuais homogêneos seja julgada IMPROCEDENTE,
INDEPENDENTE DO FUNDAMENTO, a coisa julgada se formará pro et contra em relação
aos legitimados coletivos. Relembre:

Coisa julgada pro et Coisa julgada secundum Coisa julgada secundum


contra eventum probationes eventum litis
É aquela que se forma É aquela que se forma em É aquela que só se forma a
independentemente do caso de esgotamento depender do resultado do
resultado da causa, tanto das provas, i.e., se a processo, i.e., ou em caso de
em caso de procedência
como em caso
demanda
de
procedente
é julgada
ou
procedência ou em caso de
improcedência. Só
98
improcedência. É a regra improcedente com beneficia, pois, uma das
geral no ordenamento suficiência de provas. partes, e acaba por oferecer
jurídico brasileiro (cf. arts.
Logo, a decisão de um tratamento desigual à
502 e 503, CPC), que, com improcedência por outra, o que determinou
isso, confere tratamento insuficiência de provas que não fosse bem aceita
igualitário para as partes, não faz coisa julgada, não nem adotada no processo
que contarão com a impedindo a civil brasileiro (em que pese
formação da coisa julgada, repropositura da mesma acolhida no processo penal
independentemente de
demanda mediante a para beneficiar o acusado).
qual delas sagre-seapresentação de prova Aqui o legislador só se vale
vencedora. nova. É o caso da coisa da técnica de extensão da
julgada em sede de coisa julgada a terceiros
mandado de segurança secundum eventum litis, em
individual ou coletivo caso de procedência, como
(art. 19, Lei n. ocorre com o credor
12.016/2009), de ação solidário contra o qual não
popular (art. 18, Lei n. haja defesa pessoal (art.
4.717/1965), e das ações 274, CC), e nas ações
coletivas em geral (art. coletivas em geral (art. 103,
103, CDC). CDC), por exemplo.
*Definições e exemplos da prof. Paula Sarno Braga.
Não obstante, é possível que os interessados, desde que não tenham intervido no
processo coletivo, movam a sua ação individual. Essa é uma das peculiaridades dos DIH.

A respeito, interpretando o art. 103, III do CDC, decidiu o STF,

Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente


ação coletiva proposta em defesa de direitos individuais
homogêneos, independentemente do motivo que tenha
fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura
de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado
coletivo, ainda que em outro Estado da federação.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.302.596-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 9/12/2015 (Info 575).

Em outros termos:

Ação coletiva envolvendo direitos individuais homogêneos

COISA JULGADA
PROCEDENTE IMPROCEDENTE NÃO IMPORTA O
FUNDAMENTO, ainda que por ausência 99
de provas
A sentença fará coisa julgada erga Impede nova ação coletiva.
omnes e qualquer consumidor pode se Mas é possível que os interessados que
habilitar na liquidação e promover a não tenham intervindo no processo
execução, provando o dano sofrido. movam a sua ação individual, pois o fim
objetivado no art. 103, inciso III e no art.
103, parágrafo segundo, é o de beneficiar
tais interessados. Neste caso, a coisa
julgada só atinge os legitimados de que
trata o art. 82 (e, os que foram
litisconsortes) na precedente ação
coletiva, mas cujo poder de convicção
tenha sido, nesta sede, tido como
insuficiente.
Secundum eventum litis. Pro et contra em relação aos legitimados
coletivos.

(B) INCORRETA. Os titulares são pessoas determinadas ou determináveis. Os DIH,


caracterizam-se, portanto, pela DETERMINABILIDADE dos sujeitos.

Gênero: os direitos ou interesses coletivos (lato sensu) são o gênero. Eles são chamados de
direitos ou interesses transindividuais, metaindividuais ou supraindividuais.
Espécies: esses direitos coletivos (em sentido amplo) são divididos em três espécies:

DIFUSOS COLETIVOS INDIVIDUAIS


(em sentido estrito) HOMOGÊNEOS
São classificados como São classificados como São classificados como
direitos ESSENCIALMENTE direitos ESSENCIALMENTE direitos ACIDENTALMENTE
COLETIVOS. COLETIVOS. COLETIVOS (isso porque
são direitos individuais,
mas tratados como se
fossem coletivos).
São transindividuais São transindividuais Há uma
(há uma (há uma transindividualidade ARTI
transindividualidade real transindividualidade real FICIAL, formal ou relativa (
ou material). ou material). são direitos individuais
que, no entanto, recebem
tratamento legal de
direitos transindividuais).
Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza INDIVISÍVEL. Têm natureza DIVISÍVEL.
Tais direitos pertencem a O resultado será o mesmo O resultado da demanda
todos de forma simultânea para aqueles que fizerem pode ser diferente para os
e indistinta.
O resultado será o mesmo
parte do grupo, categoria
ou classe de pessoas.
diversos titulares (ex: o
valor da indenização pode
100
para todos os titulares. variar).
Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas: Os titulares são pessoas:
• indeterminadas e • indeterminadas, • determinadas; ou
• indetermináveis. • mas determináveis. • determináveis.

Não se tem como Os titulares são, a princípio, Caracterizam-se, portanto,


determinar de maneira indeterminados, mas é pela DETERMINABILIDAD
específica quem são os possível que eles sejam E.
titulares desses direitos. Os identificados.
direitos não pertencem a Os titulares fazem parte de
apenas uma pessoa, mas um grupo, categoria ou
sim à coletividade. classe de pessoas.

Caracterizam-se, portanto, Caracterizam-se, portanto,


pela indeterminabilidade pela indeterminabilidade
ABSOLUTA. RELATIVA.
Os titulares desses direitos EXISTE uma relação jurídica Os titulares não são ligados
NÃO possuem relação base entre os titulares. entre si, mas seus
jurídica entre si. interesses decorrem de
Os titulares são ligados uma ORIGEM COMUM.
Os titulares são ligados por entre si ou com a parte
CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO. contrária em virtude de
Os titulares se encontram uma RELAÇÃO JURÍDICA
em uma situação de fato BASE.
comum.

(C) INCORRETA. É justamente o contrário. Os Direitos Individuais Homogêneos são direitos


coletivos acidentais, uma vez que se tratam, em essência, de direitos individuais que, no
entanto, recebem tratamento legal de direitos transindividuais.
É dizer, são inicialmente tratados de forma indivisível. Não obstante, no momento da
liquidação e execução da sentença, a divisibilidade dos direitos se torna evidente, já que
os titulares do direito material envolvido -- ligados entre si por uma situação de fato ou
de direito decorrente de origem comum posterior a lesão -- SE HABILITAM A FIM DE
RECEBER SUAS RESPECTIVAS INDENIZAÇÕES.
A seguir, pela relevância do tema, doutrina e jurisprudência dispondo a respeito:

LEGITIMAÇÃO E REPRESENTAÇÃO PARA A LIQUIDAÇÃO E


EXECUÇÃO. O caput do art. 97 estabelece poderem a liquidação e
execução da sentença condenatória ser promovidas quer pelas
vítimas do dano e seus sucessores, quer pelos entes e pessoas
legitimadas às ações coletivas pelo art. 82 do Código.Tanto num
como noutro caso, porém, a liquidação e a execução serão
necessariamente personalizadas e divisíveis.
Promovidas que forem pelas vítimas e seus sucessores, estes
101
estarão agindo na qualidade de legitimados ordinários. E quando a
liquidação e a execução forem ajuizadas pelos entes e pessoas
enumerados no art. 82? A situação é diferente da que ocorre com a
legitimação extraordinária à ação condenatória do art. 91 (v.
comentário no 2 ao referido dispositivo). Lá, os legitimados agem
no interesse alheio, mas em nome próprio, sendo indeterminados os
beneficiários da condenação. Aqui, as pretensões à liquidação e
execução da sentença serão necessariamente individualizadas: o
caso surge como de representação, devendo os entes e pessoas
enumeradas no art. 82 agirem em nome das vítimas ou
sucessores. Por isso, parece faltar ao Ministério Público legitimação
para a liquidação e a execução individual, em que se trata da defesa
de direitos individuais disponíveis, exclusivamente (art. 127 da
CF).(GRINOVER, Ada Pelegrini. Código Brasileiro de Defesa do
Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto. Rio de
Janeiro: Forense, 2011, p. 157-158)

PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL.


AÇÃO DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA PROLATADA EM AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. PRECEDÊNCIA
DA LEGITIMIDADE DAS VÍTIMAS OU SUCESSORES.
SUBSIDIARIEDADE DA LEGITIMIDADE DOS ENTES INDICADOS NO
ART. 82 DO CDC. 1. A legitimidade para intentar ação coletiva
versando a defesa de direitos individuais homogêneos é
concorrente e disjuntiva, podendo os legitimados indicados no art.
82 do CDC agir em Juízo independentemente uns dos outros, sem
prevalência alguma entre si, haja vista que o objeto da tutela refere-
se à coletividade, ou seja, os direitos são tratados de forma
indivisível. 2. Todavia, para o cumprimento de sentença, o escopo
é o ressarcimento do dano individualmente experimentado, de
modo que a indivisibilidade do objeto cede lugar à sua
individualização. (…) 4. Assim, no ressarcimento individual (arts.
97 e 98 do CDC), a liquidação e a execução serão obrigatoriamente
personalizadas e divisíveis, devendo prioritariamente ser
promovidas pelas vítimas ou seus sucessores de forma singular,
uma vez que o próprio lesado tem melhores condições de
demonstrar a existência do seu dano pessoal, o nexo etiológico
com o dano globalmente reconhecido, bem como o montante
equivalente à sua parcela (INFO 722 DO STJ).

(D) e (E) INCORRETAS. Vide comentários à assertiva ‘‘B’’.


_________________________________________________________________________
71. No tocante ao inquérito civil, é CORRETO afirmar:
(A) é imprescindível a prévia instauração de procedimento preparatório ao inquérito civil,
102
bem como a prévia instauração de inquérito civil à ação civil pública.
(B) deve ser fundamentada a promoção de arquivamento do inquérito civil depois de
esgotadas todas as diligências, para posterior revisão pelo Conselho Superior do Ministério
Público do Estado de São Paulo, dispensando-se a apresentação de motivação no caso de
arquivamento das peças de informação.
(C) o inquérito civil poderá ser instaurado a partir de manifestação anônima, mesmo que
deixe de conter informações sobre o fato e seu provável autor, sem a qualificação mínima
para sua identificação e localização.
(D) o inquérito civil poderá ser instaurado por qualquer colegitimado para a propositura da
ação civil pública.
(E) compete ao Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo apreciar
recurso contra o indeferimento de representação de instauração de inquérito civil, bem
como recurso contra a instauração de inquérito civil.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
Embora o examinador mencione expressamente o MPSP, a questão poderia ser resolvida
com o conhecimento da Resolução (geral) 23 do CNMP que trata sobre o Inquérito Civil.

(A) INCORRETA. Consoante Hugo Nigro Mazzilli, o inquérito civil é um procedimento


administrativo investigatório a cargo do Ministério Público, cujo objeto consiste
essencialmente na coleta de elementos de convicção que lhe sirvam de base à propositura
de uma ação civil pública para a defesa de interesses transindividuais ou para a defesa do
patrimônio público e social - ou seja, destina-se a colher elementos de convicção para que,
à sua vista, o Ministério Público possa identificar ou não a hipótese em que a lei exige sua
iniciativa na propositura de alguma ação civil pública a seu cargo.
É possível que, antes de instaurar o inquérito civil, o membro do Ministério Público queira
complementar informações, visando apurar elementos para identificação dos investigados
ou do objeto. Nesse caso, o membro do MP poderá instaurar o chamado procedimento
preparatório para apurar notícias de irregularidades quando os fatos ou a autoria não estão
claros ou quando não é evidente que a investigação é de sua atribuição.
Por conseguinte, o procedimento deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa) dias,
prorrogável por igual prazo, uma única vez, em caso de motivo justificável. Vencido este
prazo, o membro do Ministério Público terá três opções (art. 2, §6º e 7º da Res. 23 do
CNMP):
a) promoverá seu arquivamento;
b) ajuizará a respectiva ação civil pública;
103
c) ou o converterá em inquérito civil.
Perceba: caso o membro do MP responsável possua elementos de convicção que lhe sirvam
de base à propositura de uma ação civil pública (ACP), não há necessidade de prévia
instauração do procedimento preparatório ou do inquérito civil.
Conforme exposto alhures, são procedimentos com a finalidade de esclarecer alguma
dúvida acerca do objeto da ação ou competência do membro do MP, por exemplo. Não
são, portanto, condições de procedibilidade para o ajuizamento da ACP.
(B) INCORRETA. Esgotadas todas as possibilidades de diligências, o membro do Ministério
Público, caso se convença da inexistência de fundamento para a propositura de ação civil
pública, promoverá, FUNDAMENTADAMENTE, o arquivamento do inquérito civil ou do
procedimento preparatório (Art. 10 da Res. 23 do CNMP).

(C) INCORRETA. Art. 2o § 3º da Res. 23 do CNMP. Vejamos:


Art. 2º § 3º O conhecimento por manifestação anônima, justificada, não
implicará ausência de providências, desde que obedecidos os mesmos
requisitos para as representações em geral, constantes no artigo 2º ,
inciso II, desta Resolução.

(D) INCORRETA. A presidência do inquérito civil é uma atribuição exclusiva do Ministério


Público.
Art. 3º da Res. 23/07 do CNMP - Caberá ao membro do Ministério Público
investido da atribuição para propositura da ação civil pública a
responsabilidade pela instauração de inquérito civil.

(E) CORRETA.
RESOLUÇÃO Nº 1.342/2021-CPJ DE 1º DE JULHO DE 2021,

Art. 20. Da instauração do inquérito civil caberá recurso ao Conselho


Superior do Ministério Público, nos termos desta resolução, devendo
constar da notificação do investigado o respectivo prazo.
(...)
Art. 120. Da decisão do membro do Ministério Público que arquivar,
fundamentadamente, a notícia de fato, caberá recurso ao Conselho
Superior do Ministério Público, no prazo de 10 (dez) dias, contados da
data da juntada aos autos do comprovante da ciência dada ao noticiante.

Resolução 23 do CNMP
Art. 5o Em caso de evidência de que os fatos narrados na representação
não configurem lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo
1o desta Resolução ou se o fato já tiver sido objeto de investigação ou de
ação civil pública ou se os fatos apresentados já se encontrarem
solucionados, o membro do Ministério Público, no prazo máximo de trinta
dias, indeferirá o pedido de instauração de inquérito civil, em decisão
fundamentada, da qual se dará ciência pessoal ao representante e ao 104
representado.
§ 1o Do indeferimento caberá recurso administrativo, com as respectivas
razões, no prazo de dez dias.
§ 2o As razões de recurso serão protocoladas junto ao órgão que indeferiu
o pedido, devendo ser remetidas, caso não haja reconsideração, no prazo
de três dias, juntamente com a representação e com a decisão
impugnada, ao Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de
Coordenação e Revisão respectiva para apreciação.
_________________________________________________________________________
72. Quanto ao compromisso de ajustamento de conduta, assinale a alternativa
INCORRETA.
(A) O compromisso de ajustamento de conduta é um título executivo extrajudicial.
(B) O compromisso de ajustamento de conduta firmado no inquérito civil, para ter eficácia,
depende de homologação judicial.
(C) No compromisso de ajustamento de conduta não há disponibilidade do direito material
controvertido, mas há disponibilidade do direito processual.
(D) Não é exigida a intervenção do Ministério Público nos compromissos de ajustamento
de conduta firmados pelos demais órgãos públicos colegitimados, ainda que seja
obrigatória sua atuação como fiscal da lei nas ações civis públicas por eles propostas.
(E) No compromisso de ajustamento de conduta, é obrigatória a previsão de cominações.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O compromisso de ajustamento de conduta é instrumento de garantia dos


direitos e interesses difusos e coletivos, individuais homogêneos, com natureza de
negócio jurídico que tem por finalidade a adequação da conduta às exigências legais
e constitucionais, com eficácia de título executivo extrajudicial a partir da celebração.

(B) INCORRETA. Deve ser assinalada. Ao contrário, o compromisso de ajustamento de


conduta é um instrumento de redução da litigiosidade, visto que evita a judicialização por
meio da autocomposição dos conflitos e controvérsias. Assim, não há necessidade de
homologação judicial.
Art. 3º O compromisso de ajustamento de conduta será tomado em
qualquer fase da investigação, nos autos de inquérito civil ou
procedimento correlato, ou no curso da ação judicial, devendo conter
obrigações certas, líquidas e exigíveis, salvo peculiaridades do caso
concreto, e ser assinado pelo órgão do Ministério Público e pelo
compromissário.

(C) CORRETA. No TAC não se pode fazer concessões, seja com relação aos direitos 105
envolvidos, seja com relação às obrigações necessárias, impostas pela lei, para prevenção
ou reparação dos danos, que são de ordem pública.
Os ajustes devem tratar sobre aspectos do cumprimento da obrigação, tais como prazo e
forma processuais, por não versar sobre o direito em si, nem sobre as obrigações legais,
irrenunciáveis.
Nos autos do REsp nº 1.630.659/DF, a 3ª Turma do STJ, tendo como relatora a Min. Nancy
Andrighi, decidiu, em 18.12.2018, que o TAC, firmado extrajudicialmente, e juntado aos
autos de ação civil pública em curso, poderia, no máximo, dar ensejo à extinção do
processo, por reconhecimento da procedência do pedido pelo réu, não podendo ser
homologado como transação, exatamente por não implicar em concessões mútuas.
(D) CORRETA. O art. 5º, § 6º, da Lei nº 7.347/85, permite que os órgãos públicos
legitimados tomem compromisso de ajustamento dos interessados, suprindo a
necessidade de propositura da ação civil pública de conhecimento e permitindo o
arquivamento do inquérito civil. Na hipótese de compromissos tomados pelo órgão
ministerial, caberá a ele a fiscalização.
Quando tomado pelo ente colegitimado, não se justifica a necessidade de prosseguir o
órgão ministerial na fiscalização do TAC, quando ausentes indícios de que o colegitimado
não esteja cumprindo fielmente seu poder de polícia em relação ao caso concreto. Inexiste
razão jurídica para se presumir inércia da Administração. Evita-se, com isso, duplo
empenho fiscalizatório quando a atuação do colegitimado já se mostrar bastante à devida
tutela dos interesses transindividuais, permitindo-se a dedicação ministerial às hipóteses
em que a atuação do colegitimado se mostrar, desde logo, ineficaz ou insuficiente.
(E) CORRETA. O Art. 4º da Res. 179/17 dispõe que o compromisso de ajustamento de
conduta deverá prever multa diária ou outras espécies de cominação para o caso de
descumprimento das obrigações nos prazos assumidos, admitindo-se, em casos
excepcionais e devidamente fundamentados, a previsão de que esta cominação seja
fixada judicialmente, se necessária à execução do compromisso.
_________________________________________________________________________
73. Analise as seguintes afirmações:
(I) A transação firmada pelo Ministério Público no curso de ação civil pública não exige o
controle pelo Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo.
(II) É preciso que a portaria do inquérito civil descreva o fato objeto de apuração e indique
o fundamento legal que autoriza a atuação do Ministério Público.
(III) Pode o Conselho Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo homologar a
promoção de arquivamento apresentada, reformar a promoção de arquivamento,
determinando a propositura de ação civil pública ou a realização de novas diligências
investigatórias.
Assinale a alternativa que classifica, corretamente, como verdadeiros (V) ou falsos (F) os
itens apresentados. 106
(A) I – F; II – V; III – F.
(B) I – F; II – V; III – V.
(C) I – F; II – F; III – V.
(D) I – V; II – V; III – V.
(E) I – F; II – F; III – F.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA:
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. SÚMULA 25 do CSMPSP: “Não há intervenção do Conselho Superior do


Ministério Público quando a transação for promovida pelo Promotor de Justiça no curso de
ação civil pública ou coletiva.”

FUNDAMENTO: O controle, na hipótese aludida, não é administrativo, tal como ocorre no


caso de arquivamento de inquérito civil (art. 9o, § 3o, da Lei no 7.347/85), porém,
jurisdicional, consistente na homologação por sentença do Juízo (Pts. nos 17.936/96,
29.951/96 e 21.733/97).
(II) CORRETO. Resolução 23 do CNMP:

Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem


crescente, renovada anualmente, devidamente registrada em sistema
informatizado de controle e autuada, contendo: (Redação dada pela
Resolução n° 229, de 8 de junho de 2021):
I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público e a
descrição do fato objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem
o fato é atribuído;
III – o nome e a qualificação possível do autor da representação, se for o
caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando
couber;
VI - a determinação de afixação da portaria no local de costume, bem
como a de remessa de cópia para publicação.
VI - a determinação de remessa de cópia para publicação. (Redação dada
pela Resolução n° 229, de 8 de junho de 2021).

(III) CORRETA. RESOLUÇÃO Nº 1.342/2021-CPJ, DE 1º DE JULHO DE 2021 (SEI


29.0001.0123476.2021-37)

Artigo 102. Sob pena de falta grave, os autos principais, com a promoção
de arquivamento, deverão ser remetidos no prazo de 3 (três) dias
107
contados da data da promoção, mediante comprovante, ao Conselho
Superior do Ministério Público.
§ 1o. A promoção de arquivamento será submetida, na forma do
regimento interno, a exame e deliberação do Conselho Superior do
Ministério Público em sessão pública, salvo se houver sigilo, que poderá:
I – homologá-la;
II – determinar o ajuizamento da ação civil pública;
III – determinar a conversão do julgamento em diligência, com o
prosseguimento no inquérito civil já instaurado, indicando de forma
expressa as diligências necessárias.
_________________________________________________________________________
74. Assinale a alternativa INCORRETA.
Na tutela dos direitos metaindividuais, o princípio da obrigatoriedade orienta a atuação
do Ministério Público quando
(A) assume a titularidade ativa da ação civil pública, no caso de desistência infundada ou
abandono por associação legitimada.
(B) propõe ação civil pública, se presente a hipótese em que identifica a lesão ou a
possibilidade de sua ocorrência.
(C) interpõe recurso contra sentença de improcedência do pedido que não reconhece a
ofensa a direito difuso por ele defendido.
(D) celebra compromisso de ajustamento de conduta em inquérito civil.
(E) promove o cumprimento de sentença que julgou procedente o pedido, reconhecendo a
ofensa a direito difuso por ele defendido.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

O compromisso de ajustamento de conduta (TAC) é um instrumento de redução da


litigiosidade, evita a judicialização por meio da autocomposição dos conflitos e
controvérsias, trata-se, portanto, de EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA
AÇÃO COLETIVA.

PRINCÍPIO DA Este princípio refere-se, essencialmente, aos legitimados órgãos


INDISPONIBILIDADE públicos e às Instituições (Defensoria Pública e Ministério
MITIGADA DA Público). Trata-se de indisponibilidade mitigada porque não há
AÇÃO COLETIVA obrigatoriedade absoluta de propositura da ação, ou seja,
devem ser utilizados os critérios de conveniência e
oportunidade. Assim, há uma discricionariedade controlada para
a propositura ou não da demanda, mas, existindo lesão ou
ameaça de lesão ao direito coletivo e presentes os requisitos de
conveniência e oportunidade, deve o membro do Ministério
108
Público e da Defensoria Pública atuar para propor a demanda
coletiva. Este princípio encontra previsão legal nos arts. 9º da LAP
e 5º, § 3º, da LACP.
_________________________________________________________________________
75. De acordo com seu perfil constitucional e atento à relevância do direito, quanto à
legitimidade, pode o Ministério Público
(I) instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitos e interesses
difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos da pessoa idosa.
(II) promover a ação de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados à honra
e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
(III) promover a ação civil pública para fornecimento, pelo Poder Público, de tratamento
médico ou medicamentos para uma pessoa determinada, protegendo seu direito
individual.
(IV) promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses
individuais, difusos ou coletivos, relativos à infância e à adolescência.
(V) promover as medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos, difusos,
individuais homogêneos e individuais indisponíveis ligados à pessoa com deficiência. Está
correto apenas o contido em:
(A) II e V.
(B) I, IV e V.
(C) todas as afirmações são verdadeiras.
(D) I, III e IV.
(E) I e II.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. Aduz o art. 74, I, da Pessoa Idosa:


“Art. 74. Compete ao Ministério Público:
I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos
direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e
individuais homogêneos da pessoa idosa; (Redação dada pela Lei nº
14.423, de 2022)”

(II) CORRETA. Art. 1º, VII da LACP. Vejamos:


Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação
popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais
causados:
109
l - ao meio-ambiente;
ll - ao consumidor;
III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V - por infração da ordem econômica;
VI - à ordem urbanística.
VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
VIII – ao patrimônio público e social.

(III) CORRETA. Estamos diante de direito individual indisponível.


Vejamos:
O Ministério Público é parte legítima para ajuizamento de ação civil pública que vise o
fornecimento de remédios a portadores de certa doença. STF. Plenário. RE 605533/MG,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911).
O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de
medicamentos nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo
quando se tratar de feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere a
direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público). STJ. 1ª Seção. REsp 1682836-SP, Rel. Min. Og Fernandes,
julgado em 25/04/2018 (recurso repetitivo) (Info 624).
(IV) CORRETA. Conforme art. 201, V do ECA, compete ao MP “promover o inquérito civil e
a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos
à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição
Federal”.
(V) CORRETA. Art. 3º da Lei nº 7.853/89. Senão vejamos:
Art. 3o As medidas judiciais destinadas à proteção de interesses coletivos,
difusos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa
com deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela
Defensoria Pública, pela União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo
Distrito Federal, por associação constituída há mais de 1 (um) ano, nos
termos da lei civil, por autarquia, por empresa pública e por fundação ou
sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção dos interesses e a promoção de direitos da
pessoa com deficiência.

_________________________________________________________________________
76. Ressalvada a competência da Justiça Federal e a competência originária dos Tribunais
Superiores, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos será
proposta no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local,
ou no foro do domicílio do réu (CPC, artigo 46), a critério do autor.
110
(B) A ação de responsabilidade por ofensa aos direitos difusos, coletivos e individuais,
indisponíveis ou homogêneos, assegurados à pessoa idosa, referente à omissão ou ao
oferecimento insatisfatório de acesso a serviços de saúde, será proposta no foro do
domicílio da pessoa idosa.
(C) A ação de responsabilidade por ofensa aos direitos individuais, difusos e coletivos,
assegurados à criança e ao adolescente, referente ao não oferecimento ou oferta irregular
de ensino obrigatório, será proposta no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação
ou omissão.
(D) A ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços poderá ser
proposta no foro do domicílio do autor.
(E) A ação civil pública de responsabilidade por danos causados a direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico será proposta no foro do local onde ocorrer o
dano.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. No processo coletivo a


CDC, Art. 93 - Ressalvada a competência da Justiça Federal, é
competente para a causa a justiça local:
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de
âmbito local;
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos
de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de
Processo Civil aos casos de competência concorrente.

(B) CORRETA. Art. 80 do Estatuto da Pessoa Idosa.

ATENÇÃO! Esse foro diz respeito à proteção dos direitos difusos, coletivos e individuais
indisponíveis ou homogêneos da pessoa idosa.

Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de


responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à pessoa idosa,
referentes à omissão ou ao oferecimento insatisfatório de: (Redação
dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
I – acesso às ações e serviços de saúde;
II – atendimento especializado à pessoa idosa com deficiência ou com
limitação incapacitante; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
III – atendimento especializado à pessoa idosa com doença
infectocontagiosa; (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
IV – serviço de assistência social visando ao amparo da pessoa
idosa. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)
Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo não excluem da 111
proteção judicial outros interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos, próprios da pessoa idosa, protegidos em
lei. (Redação dada pela Lei nº 14.423, de 2022)

(C) CORRETA.

ECA, Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro
do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá
competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência
da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

(D) CORRETA.

CDC, Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de


produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste
título, serão observadas as seguintes normas:
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor.

(E) CORRETA. Art. 2º da Lei 7.347/85.

LAP, art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a
causa.

_________________________________________________________________________
77. Com relação à área de preservação permanente, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em área de preservação permanente
somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo
impacto ambiental previstas na Lei no 12.651/12.
(B) A área de preservação permanente é uma área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, e a obrigação de promover a recomposição da vegetação tem natureza real,
transmitida ao sucessor do proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título,
no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
(C) A supressão de vegetação nativa protetora das nascentes, dunas e restingas somente
poderá ser autorizada em caso de utilidade pública.
(D) Uma área coberta com florestas ou outras formas de vegetação pode ser considerada
como área de preservação permanente e declarada de interesse social por ato do Chefe do
Poder Executivo, se for destinada a proteger várzeas.
(E) Sua função é assegurar o uso econômico dos recursos naturais do imóvel rural, de modo
sustentável, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a
conservação da biodiversidade.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
112
(A) e (C) CORRETAS. O art. 8º do Código Florestou dispõe que a intervenção ou a supressão
de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses
de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
Por conseguinte, dispõe o § 1º do mesmo artigo que a supressão de vegetação nativa
protetora de nascentes, dunas e restingas somente poderá ser autorizada em caso de
utilidade pública. Afastando a supressão mesmos nos casos de interesse social ou de baixo
impacto ambiental.
(B) CORRETA.
Código Florestal, Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou
não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas;
(...)
Art. 7º A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá
ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer
título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
§ 1º Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de
Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante
a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação,
ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
§ 2º A obrigação prevista no § 1º tem natureza real e é transmitida ao
sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
(D) CORRETA.
Código Florestal, Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação
permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do
Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de
vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos
de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou
histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades
militares.
IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância
internacional.

(E) INCORRETA. Conceitos invertidos. Deve, portanto, ser assinalada.


113
Área de Preservação Permanente Reserva Legal
Área protegida, coberta ou não por Área localizada no interior de uma
vegetação nativa, com a função propriedade ou posse rural, delimitada
ambiental de preservar os recursos nos termos do art. 12, com a função de
hídricos, a paisagem, a estabilidade
assegurar o uso econômico de modo
geológica e a biodiversidade, facilitar o
sustentável dos recursos naturais do
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
imóvel rural, auxiliar a conservação e a
solo e assegurar o bem-estar das reabilitação dos processos ecológicos e
populações humanas promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora
nativa
_________________________________________________________________________
78. Em um inquérito civil está sendo apurada a supressão de vegetação nativa. Neste caso,
é CORRETO afirmar que
(A) a responsabilidade subjetiva deve ser observada na defesa do meio ambiente, pois o
poluidor é obrigado a indenizar ou reparar os danos causados, desde que comprovada a
existência de culpa.
(B) a responsabilidade objetiva deve ser observada na defesa do meio ambiente, pois o
poluidor é obrigado a indenizar ou reparar os danos causados, desde que comprovada a
existência de culpa, mas dispensando-se a prova do nexo causal entre o fato ocorrido e a
ação ou omissão do poluidor.
(C) a responsabilidade subjetiva deve ser observada na defesa do meio ambiente, pois o
poluidor é obrigado a indenizar ou reparar os danos causados, desde que comprovado o
nexo causal entre o fato ocorrido e a ação ou omissão do poluidor.
(D) a responsabilidade objetiva deve ser observada na defesa do meio ambiente, pois o
poluidor é obrigado a indenizar ou reparar os danos causados, independentemente da
existência de culpa.
(E) o poluidor causador direto do dano é o único responsável pela indenização, devendo
cessar a ação ou omissão lesiva ao meio ambiente, diante do princípio da reparação integral
do dano.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

TEMA 681 REPETITIVO: A responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela
teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que
o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa
responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar sua
obrigação de indenizar.
ATENÇÃO! Não confundir com a responsabilidade administrativa no âmbito do direito
114
ambiental.
_________________________________________________________________________
79. Quanto ao estudo de impacto ambiental, analise as seguintes assertivas:
(I) Para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
exige-se o estudo prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
(II) Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-
estar da população.
(III) Estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais
relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou
empreendimento, apresentados como subsídio para a análise da licença requerida.
(IV) A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou
potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio
estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente,
dispensando-se publicidade e audiência pública.
(V) Exige-se estudo de impacto ambiental para o licenciamento de atividades modificadoras
do meio ambiente, tais como aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos
tóxicos ou perigosos.
Está CORRETO apenas o contido em:
(A) I.
(B) II e IV.
(C) I, II, III e V.
(D) III e IV.
(E) todas as afirmações são verdadeiras.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA:
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. Art. 225, § 1º , IV da CF.


CF, Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
115
lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
(Regulamento)

(II) CORRETA. De acordo com a Resolução normativa CONAMA nº 001/86 considera-se


“impacto ambiental” qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas. Em outras palavras, impacto ambiental é a alteração de alguma das
características do meio ambiente através de alguma atividade realizada pelo homem que,
direta ou indiretamente, afetam:
- a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
- as atividades sociais e econômicas;
- a biota;
- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
- a qualidade dos recursos ambientais.
(III) CORRETA. Art. 1º , III da Resolução normativa CONAMA 237/97. Vejamos:
Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições:
(...)
III - Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos
aspectos am- bientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como
subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório
ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental
preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de
recuperação de área de- gradada e análise preliminar de risco

(IV) INCORRETA. Há necessidade da publicidade e serão garantidas as audiências públicas,


quando couber. É o que dispõe o art. 3º Resolução normativa CONAMA 237/97. Vejamos:
Art. 3º A licença ambiental para empreendimentos e atividades
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa
degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao
qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas,
quando couber, de acordo com a regulamentação.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a
atividade ou empre- endimento não é potencialmente causador de
significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos
ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.

(V) CORRETA. De acordo com o Art. 2º, ‘’X’’ da Resolução CONAMA nº 001. Vejamos: 116
Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos
à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter
supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio
ambiente, tais como:
(...)
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos
ou perigosos;

_________________________________________________________________________
80. Analise as seguintes afirmações relacionadas ao Código de Defesa do Consumidor e
às cláusulas abusivas.
(I) Diante do princípio da boa-fé e do equilíbrio, é direito básico do consumidor ser
protegido contra cláusulas abusivas ou impostas.
(II) Cláusulas abusivas são consideradas nulas de pleno direito, e o artigo 51 do Código de
Defesa do Consumidor apresenta rol não exaustivo.
(III) É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula
contratual que contrarie o Código de Defesa do Consumidor.
(IV) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando
de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das
partes.
(V) É válida a cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a responsabilidade do
fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços, desde que prevista nos
contratos de adesão, diante do princípio pacta sunt servanda. Dessas afirmações, é(são)
correta(s)
(A) todas.
(B) duas.
(C) três.
(D) quatro.
(E) penas uma.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA.

CDC, Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos 117
comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.

(II) CORRETA. Art. 51 do CDC. Nesse sentido, decidiu o STJ:

(...) A propósito, ressalte-se que o art. 51 do CDC traz um rol meramente exemplificativo
de cláusulas abusivas, num "conceito aberto" que permite o enquadramento de outras
abusividades que atentem contra o equilíbrio entre as partes no contrato de consumo, de
modo a preservar a boa-fé e a proteção do consumidor. Precedente citado: REsp
1.133.410-RS, Terceira Turma, DJe 7/4/2010. REsp 1.479.039-MG, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015.

(III) CORRETA.
CDC, Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente
requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser
declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto
neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre
direitos e obrigações das partes.

(IV) CORRETA.
CDC, Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o
contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.

(V) INCORRETA.
CDC, art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta
e nas seções anteriores.
_________________________________________________________________________
81. O consumidor poderá exercer o prazo de reflexão, desistindo do contrato de
fornecimento de produtos e serviços realizado fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio, no prazo de
(A) trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis.
(B) sete dias, a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço.
(C) cinco dias úteis, a contar da constatação da inexatidão nos seus dados e cadastros,
devendo o arquivista comunicar a alteração das informações incorretas aos eventuais
destinatários.
(D) dez dias, a contar do recebimento do orçamento prévio, discriminando o valor da mão-
118
de-obra, dos materiais e equipamentos.
(E) noventa dias, tratando-se do fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Dispõe o art. 49 do CDC que o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a
contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.

_________________________________________________________________________
82. A respeito do plano diretor, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do
coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo
beneficiário.
(B) Aprovado por decreto municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento
e de expansão urbana e deverá ser revisto, pelo menos, a cada dez anos, incorrendo em
improbidade administrativa o Prefeito que deixar de tomar as providências necessárias para
garantir a revisão.
(C) Expressa as exigências fundamentais de ordenação da cidade, notadamente quando a
propriedade urbana cumpre sua função social, assegurando o atendimento das
necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao
desenvolvimento das atividades econômicas.
(D) É parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual,
as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades
nele contidas.
(E) É obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes e, no caso de cidades com
mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado um plano de transporte urbano
integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

Todas as assertivas retiradas do Estatuto da Cidade (LEI 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001).


119
(A) CORRETA.

Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir
poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico
adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário.

(B) INCORRETA. O plano diretor deve ser aprovado por LEI e não por decreto. Vejamos:

Art. 40. O plano diretor, aprovado POR LEI MUNICIPAL, é o instrumento


básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 3o A lei que instituir o plano diretor deverá ser revista, pelo menos, a
cada dez anos.
(...)
Art. 52. Sem prejuízo da punição de outros agentes públicos envolvidos e
da aplicação de outras sanções cabíveis, o Prefeito incorre em
improbidade administrativa, nos termos da Lei no 8.429, de 2 de junho
de 1992, quando:
II – deixar de proceder, no prazo de cinco anos, o adequado
aproveitamento do imóvel incorporado ao patrimônio público, conforme
o disposto no § 4o do art. 8o desta Lei;
III – utilizar áreas obtidas por meio do direito de preempção em
desacordo com o disposto no art. 26 desta Lei;
IV – aplicar os recursos auferidos com a outorga onerosa do direito de
construir e de alteração de uso em desacordo com o previsto no art. 31
desta Lei;
V – aplicar os recursos auferidos com operações consorciadas em
desacordo com o previsto no § 1o do art. 33 desta Lei;
VI – impedir ou deixar de garantir os requisitos contidos nos incisos I a III
do § 4o do art. 40 desta Lei;
VII – deixar de tomar as providências necessárias para garantir a
observância do disposto no § 3o do art. 40 e no art. 50 desta Lei;
VIII – adquirir imóvel objeto de direito de preempção, nos termos dos
arts. 25 a 27 desta Lei, pelo valor da proposta apresentada, se este for,
comprovadamente, superior ao de mercado.

(C) CORRETA.

Art. 39. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano
diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos
quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das
atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2 o desta
Lei.

(D) CORRETA.

Art. 40. § 1o O plano diretor é parte integrante do processo de


planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as
prioridades nele contidas.
120
(E) CORRETA.

Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:


(...)
§ 2o No caso de cidades com mais de quinhentos mil habitantes, deverá
ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com
o plano diretor ou nele inserido.
_________________________________________________________________________
83. Com relação ao parcelamento do solo urbano, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) O parcelamento do solo não será permitido (i) em terrenos alagadiços e sujeitos a
inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas, (ii)
em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que
sejam previamente saneados e (iii) em terrenos com declividade igual ou superior a 30%,
salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes.
(B) O loteador deve destinar parte da gleba para a implantação de equipamento urbano e
comunitário, sendo (i) urbano o equipamento público de abastecimento de água, serviços
de esgoto, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado e (ii)
comunitário o equipamento de educação, cultura, saúde, lazer e similares.
(C) No loteamento, há a abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou
prolongamentos, modificação ou ampliação das vias existentes; no desmembramento, há
aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas
vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já
existentes.
(D) Desde a data do registro do loteamento passam a integrar o domínio da Municipalidade
as vias e praças, os espaços livres e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros
equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial descritivo.
(E) É requisito urbanístico para loteamento que os lotes tenham área mínima de 125 m2 e
frente mínima de 5 metros, inclusive quando o loteamento se destinar a urbanização
específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social, previamente
aprovados pelos órgãos públicos competentes.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

Todas as assertivas retiradas da Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6.766/79)


(A) CORRETA.
Art. 3o Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos
em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, 121
assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal.
Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as
providências para assegurar o escoamento das águas;
Il - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde
pública, SEM que sejam previamente saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por
cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades
competentes;
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a
edificação;
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição
impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.

(B) CORRETA.
Art. 4o Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes
requisitos:
I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de
equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso
público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano
diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem.
(...)
§ 2o - Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de
educação, cultura, saúde, lazer e similares.
(...)
Art. 5o , Parágrafo único - Consideram-se urbanos os equipamentos
públicos de abastecimento de água, serviços de esgotos, energia
elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado.

(C) CORRETA.
O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou
desmembramento, observadas as disposições da Lei 6.766/79, das legislações estaduais
e municipais pertinentes.
LOTEAMENTO DESMEMBRAMENTO
Subdivisão de gleba em lotes destinados a Subdivisão de gleba em lotes destinados a
edificação, com edificação, com
- aproveitamento do sistema viário
- abertura de novas vias de circulação,
existente,
- de logradouros públicos - desde que não implique na abertura de
novas vias e logradouros públicos,
- ou prolongamento,
- nem implique prolongamento, modificação
- modificação ou ampliação dos já existentes.

- ou ampliação das vias existentes.


122
(D) CORRETA.

Art. 22. Desde a data de registro do loteamento, passam a integrar o


domínio do Município as vias e praças, os espaços livres e as áreas
destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos,
constantes do projeto e do memorial descritivo.

(E) INCORRETA. Deve ser assinalada. Art. 4o , II da Lei de Parcelamento do Solo.


Art. 4o Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes
requisitos:
I - as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de
equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso
público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano
diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se
situem. (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
II - os lotes terão área mínima de 125m² (cento e vinte e cinco metros
quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros, salvo quando o
loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação de
conjuntos habitacionais de interesse social, previamente aprovados
pelos órgãos públicos competentes;
III – ao longo das faixas de domínio público das rodovias, a reserva de faixa
não edificável de, no mínimo, 15 (quinze) metros de cada lado poderá ser
reduzida por lei municipal ou distrital que aprovar o instrumento do
planejamento territorial, até o limite mínimo de 5 (cinco) metros de cada
lado. (Redação dada pela Lei nº 13.913, de 2019)
III-A - ao longo da faixa de domínio das ferrovias, será obrigatória a
reserva de uma faixa não edificável de, no mínimo, 15 (quinze) metros de
cada lado; (Redação dada Lei nº 14.285, de 2021)
III-B - ao longo das águas correntes e dormentes, as áreas de faixas não
edificáveis deverão respeitar a lei municipal ou distrital que aprovar o
instrumento de planejamento territorial e que definir e regulamentar a
largura das faixas marginais de cursos d´água naturais em área urbana
consolidada, nos termos da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, com
obrigatoriedade de reserva de uma faixa não edificável para cada trecho
de margem, indicada em diagnóstico socioambiental elaborado pelo
Município; (Incluído pela Lei nº 14.285, de 2021)

IV - as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes


oficiais, existentes ou projetadas, e harmonizar-se com a topografia local.

_________________________________________________________________________

DIREITOS HUMANOS

84. A Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e as Formas


Correlatas de Intolerância declara que todo ser humano é igual perante a lei e tem direito
à igual proteção contra o racismo, a discriminação racial e as formas correlatas de
123
intolerância, em qualquer esfera da vida pública e privada (Capítulo II).
Para garantir a efetividade dos direitos da população negra são previstas ações
afirmativas, sendo INCORRETO sustentar que
(A) As ações afirmativas, adotadas com a finalidade de assegurar o gozo ou exercício, em
condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais de
grupos que requeiram essa proteção, não constituirão discriminação, desde que não levem
à manutenção de direitos separados para grupos diferentes, ainda que se perpetuem, uma
vez alcançados seus objetivos.
(B) Medidas, programas e políticas de ação afirmativa promovem a participação da
população negra, em condições de igualdade de oportunidade na vida econômica, social,
política e cultural do País.
(C) Ações afirmativas são programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade
de oportunidades.
(D) Programas de ações afirmativas destinam-se ao enfrentamento das desigualdades
étnicas no tocante a educação, cultura, esporte e lazer, saúde, segurança, trabalho,
moradia, meios de comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à
Justiça e outros.
(E) Programas de ações afirmativas constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a
reparar as distorções e desigualdades sociais e demais práticas discriminatórias adotadas
nas esferas pública e privada, durante o processo de formação social do País.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

A alternativa (A) está INCORRETA. As ações afirmativas, adotadas com o objetivo de


garantir a igualdade de direitos e oportunidades para grupos historicamente discriminados,
não são consideradas discriminação, desde que não perpetuem a manutenção de direitos
separados para grupos diferentes, mesmo que sejam necessárias por um período para
alcançar seus objetivos. Essa interpretação está em conformidade com o princípio de igual
proteção contra o racismo e a discriminação racial estabelecido na Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e as Formas Correlatas de
Intolerância.
Nesse sentido, seu objetivo é que não sejam permanentes, mas provisórias, até que se
alcancem os objetivos pretendidos, conforme dispõe o art.1.5 da citada convenção:
5. As medidas especiais ou de ação afirmativa adotadas com a finalidade 124
de assegurar o gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou
mais direitos humanos e liberdades fundamentais de grupos que
requeiram essa proteção não constituirão discriminação racial, desde que
essas medidas não levem à manutenção de direitos separados para
grupos diferentes e não se perpetuem uma vez alcançados seus objetivos.

As demais alternativas respondem-se por seus próprios fundamentos, visto que estão de
acordo com a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e as
Formas Correlatas de Intolerância.
_________________________________________________________________________
85. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência elenca os princípios do
respeito pela dignidade inerente, da não discriminação, da igualdade de oportunidades,
da acessibilidade, entre outros (artigo 3o, letras “a”, “b”, “e” e “f”).
Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do direito à saúde das pessoas com
deficiência.
(A) Compete ao Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolver ações destinadas à prevenção
de deficiências por causas evitáveis, inclusive por meio de identificação e controle da
gestante de alto risco e do acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com
garantia de parto humanizado e seguro.
(B) Quando esgotados os meios de atenção à saúde no local de residência, será prestado
atendimento fora do domicílio, para fins de diagnóstico e tratamento, garantidos o
transporte e a acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompanhante.
(C) Os espaços dos serviços de saúde, tanto públicos quanto privados, devem assegurar o
acesso da pessoa com deficiência mediante a remoção de barreiras, por meio de projeto
arquitetônico, de ambientação de interior e de comunicação que atendam às
especificidades das pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e mental.
(D) As operadoras de planos e seguros privados de saúde são obrigadas a garantir à pessoa
com deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados aos demais clientes,
autorizada a cobrança de valores diferenciados, em razão de sua condição.
(E) As ações e os serviços de saúde pública devem assegurar atendimento psicológico,
inclusive para os familiares da pessoa com deficiência e seus atendentes pessoais, além da
oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de locomoção, medicamentos, insumos e
fórmulas nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saúde.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

A alternativa (D) está INCORRETA. As operadoras de planos e seguros privados de saúde


125
são obrigadas a garantir à pessoa com deficiência todos os serviços e produtos ofertados
aos demais clientes, sem autorização para cobrança de valores diferenciados em razão de
sua condição, conforme assegura o art. 20 da lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com
Deficiência), o qual dispõe: As operadoras de planos e seguros privados de saúde são
obrigadas a garantir à pessoa com deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos
ofertados aos demais clientes.
Essa garantia de igualdade de acesso aos serviços de saúde está prevista na
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que estabelece o princípio da
igualdade de oportunidades e não discriminação para as pessoas com deficiência, inclusive
no que diz respeito à saúde.
As demais alternativas respondem-se por seus próprios fundamentos, visto que estão de
acordo com a Lei nº 13.146/2015 - Estatuto da Pessoa com Deficiência, Convenção
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e as Formas Correlatas.
________________________________________________________________________
86. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência estabelece o princípio do
respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo
direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade (artigo 3o, letra “h”) e,
em todas as ações relativas às crianças com deficiência, o superior interesse da criança
receberá consideração primordial (artigo 7o, no 2).
É INCORRETO afirmar que a educação inclusiva estabelece
(A) a adoção de medidas individualizadas e coletivas em ambientes que maximizem o
desenvolvimento acadêmico e social dos estudantes com deficiência, inclusive com a oferta
de profissionais de apoio escolar.
(B) o planejamento de estudo de caso, de elaboração de plano de atendimento educacional
especializado, de organização de recursos e serviços de acessibilidade e de disponibilização
e usabilidade pedagógica de recursos de tecnologia assistiva.
(C) a implementação de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial
e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento
educacional especializado.
(D) o acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica em igualdade de
oportunidades e condições com as demais pessoas.
(E) o cumprimento das determinações acima elencadas pelo poder público, por ser de sua
responsabilidade primordial e exclusiva, facultando-se às instituições de ensino privadas,
de qualquer nível e modalidade de ensino, o recebimento de estudantes com deficiência
em educação inclusiva.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS
126

(A) CORRETA. A educação inclusiva estabelece a adoção de medidas individualizadas e


coletivas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social dos
estudantes com deficiência, inclusive com a oferta de profissionais de apoio escolar. Isso
está de acordo com os princípios da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, que preza pelo respeito ao desenvolvimento das capacidades das crianças com
deficiência e pela inclusão de todas as crianças em ambientes educacionais (artigo 24).

(B) CORRETA. A educação inclusiva estabelece o planejamento de estudo de caso, a


elaboração de plano de atendimento educacional especializado, a organização de recursos
e serviços de acessibilidade e a disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de
tecnologia assistiva. Essas medidas visam garantir a igualdade de oportunidades e o acesso
ao ensino de qualidade para as crianças com deficiência (artigo 24).
(C) CORRETA. A educação inclusiva estabelece a implementação de práticas pedagógicas
inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores, bem como a
oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado. Isso está de
acordo com o princípio da igualdade de oportunidades e da não discriminação, presentes
na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (artigo 24).
(D) CORRETA. A educação inclusiva assegura o acesso à educação superior e à educação
profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades e condições com as demais
pessoas. Isso está previsto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
que defende a igualdade de acesso à educação em todos os níveis (artigo 24).
(E) INCORRETA. É responsabilidade tanto do poder público quanto das instituições de
ensino privadas, de qualquer nível e modalidade e o cumprimento das determinações
acerca da educação inclusiva. A inclusão de estudantes com deficiência em educação
inclusiva não é facultativa para as instituições de ensino privadas.
Tal obrigação está prevista na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº
13.146/2015) em seu artigo 28, conforme se observa a seguir:
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver,
implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
(...)
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino,
aplica-se obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X,
XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a
cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas
determinações.

_________________________________________________________________________
87. O Estatuto da Pessoa Idosa declara que a pessoa idosa goza de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando-lhe todas as oportunidades e
facilidades para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, 127
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (artigo 2o). Com
relação às entidades de atendimento à pessoa idosa, é INCORRETO asseverar que
(A) entre as penalidades administrativas às entidades governamentais de atendimento,
pelo descumprimento do Estatuto da Pessoa Idosa, sem prejuízo da responsabilidade civil
e criminal de seus dirigentes ou prepostos, estão a multa, a suspensão parcial ou total do
repasse de verbas públicas, a interdição da unidade ou a suspensão de programa e a
proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.
(B) entre os princípios das entidades com programas de institucionalização de longa
permanência, estão a preservação dos vínculos familiares, o atendimento personalizado e
em pequenos grupos, a participação da pessoa idosa nas atividades comunitárias, de
caráter interno e externo, a preservação da identidade da pessoa idosa e o oferecimento
de ambiente de respeito e dignidade.
(C) entre suas obrigações, constam o fornecimento de vestuário adequado, se for pública,
e alimentação suficiente, o oferecimento de instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade e a comunicação ao Ministério Público, para as providências cabíveis, de
situação de abandono moral ou material por parte dos familiares.
(D) entre seus requisitos, estão oferecer instalações físicas em condições de habitabilidade,
higiene, salubridade e segurança, apresentar objetivos estatutários e plano de trabalho
compatíveis com os princípios do Estatuto da Pessoa Idosa, estar regularmente constituída
e demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.
(E) na ocorrência de infração, por entidade de atendimento, que coloque em risco os
direitos assegurados pelo Estatuto da Pessoa Idosa, será o fato comunicado ao Ministério
Público para as providências cabíveis, inclusive para promover a suspensão das atividades
ou dissolução da entidade, com a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do
interesse público, sem prejuízo das providências a serem tomadas pela Vigilância Sanitária.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O Estatuto da Pessoa Idosa prevê as penalidades administrativas às


entidades de atendimento que descumprirem suas disposições em seu artigo 55, inciso I,
vejamos:
Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as
determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo da
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às
seguintes penalidades, observado o devido processo legal:
I – as entidades governamentais:
a) advertência;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; 128
d) fechamento de unidade ou interdição de programa;

Da leitura do dispositivo legal vê-se que as penalidades listadas na alternativa não


encontram correspondência no texto de lei no que se refere àquelas destinadas às
entidades governamentais, mas às não-governamentais.
(B) CORRETA. O Estatuto da Pessoa Idosa, em seu artigo 49, estabelece que as entidades
com programas de institucionalização de longa permanência devem observar princípios
como a preservação dos vínculos familiares, o atendimento personalizado e em pequenos
grupos, a participação da pessoa idosa nas atividades comunitárias, a preservação de sua
identidade e o oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
(C) CORRETA. O Estatuto da Pessoa Idosa, em seu artigo 50, estabelece as obrigações das
entidades de atendimento à pessoa idosa, incluindo o fornecimento de vestuário
adequado, alimentação suficiente e instalações físicas em condições adequadas de
habitabilidade. Além disso, prevê a comunicação ao Ministério Público em caso de
abandono moral ou material por parte dos familiares.
(D) CORRETA. O Estatuto da Pessoa Idosa, em seu artigo 48, parágrafo único, incisos de I a
IV, estabelece os requisitos que as entidades de atendimento à pessoa idosa devem
cumprir, como oferecer instalações físicas adequadas, apresentar objetivos estatutários e
plano de trabalho compatíveis com os princípios do Estatuto, e demonstrar a idoneidade
de seus dirigentes.
(E) CORRETA. O Estatuto da Pessoa Idosa, em seu artigo 55, §3º, estabelece que, em caso
de infração por parte de entidade de atendimento que coloque em risco os direitos
assegurados pelo Estatuto, o fato deve ser comunicado ao Ministério Público para as
providências cabíveis, podendo incluir a suspensão das atividades ou dissolução da
entidade e a proibição de atendimento a pessoas idosas a bem do interesse público.

_________________________________________________________________________

DIREITO ADMINISTRATIVO

88. Assinale a alternativa INCORRETA.


(A) O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa instituído pela
Lei Federal no 8.429/92 tutelará a probidade na organização do Estado e no exercício de
suas funções, como forma de assegurar a integridade do patrimônio público e social, nos
termos dessa Lei.
(B) A instauração de inquérito civil para apuração dos ilícitos referidos nessa Lei interrompe
o curso do prazo prescricional, que passa a correr após a sua conclusão.
(C) O Ministério Público, ouvida a pessoa jurídica interessada, poderá celebrar acordo de
não persecução civil no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da
sentença condenatória, desde que estipule, no mínimo, o dever de o agente público ou
privado ressarcir integralmente o dano ou a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem 129
indevida obtida pelo agente público ou privado.
(D) Na ação civil pública para a responsabilização por improbidade administrativa, quando
a sentença condenar os réus ao pagamento de quantia ilíquida, o Ministério Público, ouvida
a pessoa jurídica prejudicada, procederá à liquidação do dano.
(E) Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito
privado respondem pelo ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica
se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, caso em que responderão
nos limites da sua participação.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. O sistema de responsabilização por atos de improbidade administrativa,


instituído pela Lei Federal no 8.429/92, tem como objetivo tutelar a probidade na
organização do Estado e no exercício de suas funções, assegurando a integridade do
patrimônio público e social. Essa é a finalidade expressa na própria lei.
(B) INCORRETA. A instauração de inquérito civil para apuração dos ilícitos referidos na Lei
de Improbidade Administrativa não interrompe o curso do prazo prescricional. O prazo
prescricional continua correndo durante a investigação, não havendo interrupção. Essa é a
interpretação pacífica dos tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
(C) CORRETA. Conforme previsto na Lei de Improbidade Administrativa, o Ministério
Público, ouvida a pessoa jurídica interessada, pode celebrar acordo de não persecução civil
no curso da ação de improbidade ou no momento da execução da sentença condenatória.
Esse acordo deve estipular, no mínimo, o dever de ressarcimento integral do dano ou a
reversão da vantagem indevida obtida pelo agente público ou privado. Essa possibilidade
foi introduzida pela Lei no 13.964/2019.
(D) CORRETA. Na ação civil pública para responsabilização por improbidade administrativa,
quando a sentença condenar os réus ao pagamento de quantia ilíquida, o Ministério
Público, ouvida a pessoa jurídica prejudicada, procederá à liquidação do dano. Essa é a
previsão da Lei de Improbidade Administrativa, no artigo 17, § 7º.
(E) CORRETA. Os sócios, cotistas, diretores e colaboradores de pessoa jurídica de direito
privado podem responder pelo ato de improbidade imputado à pessoa jurídica se houver
comprovação de participação e benefícios diretos. Nesse caso, cada um responderá nos
limites de sua participação. Essa é a interpretação jurisprudencial adotada pelo Superior
Tribunal de Justiça.
_________________________________________________________________________
89. Com relação ao regime instituído pela Lei Federal no 8.429/92, considere as
afirmações seguintes: 130
(I) A nomeação de servidores públicos para cargos em comissão sob condição de entrega
da remuneração por parte daqueles que não exercem nenhuma função (Método “Servidor
Fantasma”), ou as exercem parcialmente (Método “Rachadinha”), ao nomeante, é hipótese
de múltipla subsunção perante a Lei Federal no 8.429/92, porquanto a um só tempo
importa em enriquecimento ilícito e causa lesão ao erário.
(II) É possível a propositura de ação civil pública para a responsabilização por improbidade
administrativa na hipótese em que o agente público permite que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens integrantes do acervo patrimonial do Município sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie que não implique perda
patrimonial efetiva.
(III) O recebimento integral ou parcial pelo nomeante da remuneração de servidores
públicos nomeados para cargo em comissão que não exercem nenhuma função ou as
exercem parcialmente, não encontra adequação típica na Lei Federal no 8.429/92 porque
os valores entregues ao nomeante perdem o caráter público e passa a ter caráter privado.
(IV) Na ação civil pública para a responsabilização por improbidade administrativa, poderá
ser deferido pedido de indisponibilidade de bens dos demandados com a finalidade de
garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante de
enriquecimento ilícito, somente mediante prévia oitiva do réu em cinco dias e mediante a
demonstração no caso concreto de perigo de dano irreparável.
(V) É vedada a decretação de indisponibilidade do bem de família do réu, salvo se
comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida, conforme o caráter
exemplificativo do caput e das hipóteses do art. 9o da Lei Federal no 8.429/92. Estão
corretas apenas as alternativas:
(A) I, IV e V.
(B) II, III e IV.
(C) III, IV e V.
(D) I, II e IV.
(E) I, II e V.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. A nomeação de servidores públicos para cargos em comissão sob condição de
entrega da remuneração por parte daqueles que não exercem nenhuma função, conhecido
como método "Servidor Fantasma", ou que exercem parcialmente, conhecido como
método "Rachadinha", configura múltipla subsunção perante a Lei de Improbidade
Administrativa (Lei Federal no 8.429/92). Essa conduta pode caracterizar enriquecimento
ilícito e causar lesão ao erário. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem 131
reconhecido essa prática como ato de improbidade administrativa.
(II) CORRETA. É possível a propositura de ação civil pública para a responsabilização por
improbidade administrativa quando o agente público permite que pessoa física ou jurídica
privada utilize bens integrantes do acervo patrimonial do Município sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares, mesmo que não implique perda patrimonial
efetiva. A Lei de Improbidade Administrativa abrange condutas que atentam contra os
princípios da administração pública, incluindo o uso indevido de bens públicos. Essa
interpretação é corroborada pela jurisprudência do STJ.
(III) INCORRETA. O recebimento integral ou parcial pelo nomeante da remuneração de
servidores públicos nomeados para cargo em comissão que não exercem nenhuma função
ou as exercem parcialmente encontra adequação típica na Lei de Improbidade
Administrativa (Lei Federal no 8.429/92). Essa conduta pode configurar enriquecimento
ilícito e violação aos princípios da administração pública. Os valores recebidos pelo
nomeante não perdem o caráter público, uma vez que se originam de recursos públicos.
Essa interpretação é adotada pela jurisprudência.
(IV) CORRETA. Na ação civil pública para a responsabilização por improbidade
administrativa, é possível deferir pedido de indisponibilidade de bens dos demandados com
a finalidade de garantir a integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial
resultante de enriquecimento ilícito. Esse deferimento pode ocorrer mediante prévia oitiva
do réu em cinco dias e demonstração, no caso concreto, de perigo de dano irreparável. Essa
previsão está expressa no artigo 7º da Lei de Improbidade Administrativa.
(V) CORRETA. A Lei de Improbidade Administrativa veda a decretação de indisponibilidade
do bem de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto de vantagem
patrimonial indevida. O caráter exemplificativo do caput e das hipóteses do artigo 9º da Lei
Federal no 8.429/92 reforça essa vedação. Essa interpretação é consolidada na
jurisprudência do STJ.
_________________________________________________________________________
90. Assinale a alternativa CORRETA.
(A) A Lei Federal no 14.133/2021 autoriza a dispensa de licitação nos casos de emergência
ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços públicos ou a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares, e somente para aquisição dos bens necessários ao atendimento da situação
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas
no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, contados da data de ocorrência da
emergência ou da calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos da
celebração do contrato administrativo.
(B) Segundo o regime instituído pela Lei Federal no 14.133/2021, a pessoa jurídica poderá
participar de licitação em consórcio e, nesta hipótese, o edital deverá estabelecer para o
consórcio acréscimo de 10% (dez por cento) a 30% (trinta por cento) sobre o valor exigido
de licitante individual para a habilitação econômico-financeira, salvo justificação, inclusive
aos consórcios compostos, em sua totalidade, de microempresas e pequenas empresas.
132
(C) Com relação ao regime instituído pela Lei Federal no 14.133/2021, considera-se
emergencial a contratação por dispensa de licitação com o objetivo de manter a
continuidade do serviço público, cujo valor deve ser previamente estimado, e guardar
compatibilidade com os valores praticados pelo mercado, considerados os preços
constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas, observadas
a potencial economia de escala e as peculiaridades do local de execução do objeto, e
adotadas as providências necessárias para a conclusão do processo licitatório, sem prejuízo
de apuração de responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação
emergencial.
(D) Ao final da fase preparatória, o processo licitatório será encaminhado ao órgão de
assessoramento jurídico da Administração, que realizará controle prévio de legalidade
mediante análise jurídica da contratação, conforme critérios objetivos prévios de atribuição
de prioridade, com apreciação de todos os elementos indispensáveis à contratação, e com
exposição dos pressupostos de fato e de direito levados em consideração na análise
jurídica. Essa providência não é exigível para os processos de contratação direta, que
compreendem os casos de inexigibilidade e de dispensa de licitação.
(E) Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos os recursos administrativos,
ou na hipótese de contratação direta, o processo licitatório será encaminhado à autoridade
superior que, no exercício de ampla liberdade decorrente de competência discricionária,
poderá revogar a licitação por motivo de conveniência e oportunidade, não sendo
necessário assegurar a prévia manifestação dos interessados.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A Lei Federal no 14.133/2021 autoriza a dispensa de licitação nos casos de
emergência ou calamidade pública, porém, diferentemente do que é afirmado na
alternativa, não há vedação de prorrogação dos contratos decorrentes da celebração do
contrato administrativo. Além disso, a aquisição dos bens necessários e as parcelas de obras
e serviços que podem ser concluídas em até 180 dias são apenas algumas das possibilidades
previstas, não sendo exclusivas.
(B) INCORRETA. De acordo com a Lei Federal no 14.133/2021, o edital de licitação em
consórcio não precisa estabelecer um acréscimo fixo de 10% a 30% sobre o valor exigido de
licitante individual para a habilitação econômico-financeira. A lei prevê que o acréscimo
deve ser justificado, podendo ser adotado, por exemplo, quando o consórcio for composto
apenas por microempresas e pequenas empresas.
(C) CORRETA. Conforme o regime instituído pela Lei Federal no 14.133/2021, considera-se
emergencial a contratação por dispensa de licitação com o objetivo de manter a
continuidade do serviço público. O valor do contrato deve ser previamente estimado e
guardar compatibilidade com os valores praticados pelo mercado, levando em consideração
os preços constantes de bancos de dados públicos e as quantidades a serem contratadas.
133
Além disso, são exigidas as providências necessárias para a conclusão do processo licitatório
e a apuração de responsabilidade dos agentes públicos que deram causa à situação
emergencial.
(D) INCORRETA. O controle prévio de legalidade realizado pelo órgão de assessoramento
jurídico da Administração é exigível para todos os processos licitatórios, incluindo os de
contratação direta. A análise jurídica da contratação, com apreciação dos elementos
indispensáveis e exposição dos pressupostos de fato e de direito, deve ocorrer antes da
conclusão do processo licitatório.
(E) INCORRETA. Ao final das fases de julgamento e habilitação, e após o esgotamento dos
recursos administrativos, o processo licitatório não é encaminhado à autoridade superior
para a possibilidade de revogação por motivo de conveniência e oportunidade sem
assegurar a prévia manifestação dos interessados. A revogação da licitação é um ato
vinculado e deve ser fundamentada, garantindo a observância do devido processo legal.
_________________________________________________________________________
91. Com relação ao direito de acesso a informações assegurado no inciso XXXIII do art. 5o
da Constituição da República, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Qualquer interessado poderá requerer o acesso a informações aos órgãos e entidades
referidos no art. 1o da Lei Federal no 12.527/2011, devendo o pedido conter a identificação
do requerente, a especificação da informação requerida e os motivos determinantes da
solicitação de informações de interesse público.
(B) A Lei Federal no 12.527/2011 assegura o direito de obter informação relativa ao
resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos
de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios
anteriores.
(C) As entidades privadas sem fins lucrativos que recebem recursos públicos diretamente
do orçamento ou mediante subvenções sociais têm o dever de garantir o acesso a
informações relacionadas à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação.
(D) A Lei Federal no 12.527/2011 assegura o direito de obter informação contida em
registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades,
recolhidos ou não a arquivos públicos.
(E) Ao agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação, o agente
público sujeitar-se-á a medidas disciplinares, e poderá responder, também, por
improbidade administrativa, conforme o disposto nas Leis no 1.079/50 e no 8.429/92.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. A alternativa menciona que o pedido de acesso a informações deve conter
os motivos determinantes da solicitação de informações de interesse público. No entanto,
134
de acordo com a Lei Federal no 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), não é necessário
apresentar os motivos determinantes para o acesso à informação. O pedido deve conter a
identificação do requerente e a especificação da informação requerida, mas não é exigido
que sejam apresentados os motivos que determinam a solicitação de informações.
(B) CORRETA. A Lei Federal no 12.527/2011 garante o direito de obter informações relativas
ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos
órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios
anteriores. Isso está previsto no artigo 7º, inciso III, da referida lei.
(C) CORRETA. A Lei Federal no 12.527/2011 estabelece que as entidades privadas sem fins
lucrativos que recebem recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante
subvenções sociais têm o dever de garantir o acesso a informações relacionadas à parcela
dos recursos públicos recebidos e à sua destinação. Essa obrigação está prevista no artigo
27, inciso II, da referida lei.
(D) CORRETA. A Lei Federal no 12.527/2011 assegura o direito de obter informações
contidas em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por órgãos ou entidades
públicas, recolhidos ou não a arquivos públicos. Isso está previsto no artigo 7º, inciso I, da
referida lei.
(E) CORRETA. A Lei Federal no 12.527/2011 estabelece que, ao agir com dolo ou má-fé na
análise das solicitações de acesso à informação, o agente público sujeita-se a medidas
disciplinares e pode responder por improbidade administrativa. Essa responsabilização é
decorrente do disposto na própria Lei de Acesso à Informação, em conjunto com as Leis no
1.079/50 e no 8.429/92.
_________________________________________________________________________
92. Assinale a alternativa correta com relação a Agentes públicos.
(A) As contratações por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público são regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho.
(B) São nulos e não produzem quaisquer efeitos válidos com relação a terceiros os atos
praticados por pessoa que exerce função pública sem provimento válido em cargo, emprego
ou função.
(C) As matérias relativas a regime jurídico-administrativo de servidor público são de
competência da União, motivo pelo qual é necessária a edição de lei nacional para
estabelecer os casos, as condições e os percentuais mínimos para o preenchimento dos
cargos em comissão destinados às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
(D) As funções de confiança destinadas às atribuições de direção, chefia e assessoramento
devem ser exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo.
(E) Os Prefeitos Municipais são agentes políticos e não se submetem à Lei Federal no
8.429/92, mas segundo normas especiais de responsabilidade estabelecidas no Decreto-lei
no 201/1967.
_________________________________________________________________________
135
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. As contratações por tempo determinado para atender a necessidade


temporária de excepcional interesse público são regidas pelo regime jurídico
administrativo, previsto no artigo 37, inciso IX, da Constituição Federal. Não são regidas
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
(B) INCORRETA. Os atos praticados por pessoa que exerce função pública sem provimento
válido em cargo, emprego ou função podem produzir efeitos válidos com relação a terceiros
de boa-fé, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
(C) INCORRETA. As matérias relativas ao regime jurídico-administrativo de servidor público
não são de competência exclusiva da União. Cada ente federativo (União, estados, Distrito
Federal e municípios) possui competência para legislar sobre o regime jurídico de seus
próprios servidores, desde que observem os princípios constitucionais e as normas gerais
estabelecidas pela União.
(D) CORRETA. As funções de confiança destinadas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento devem ser exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo
efetivo. Essa previsão está estabelecida no artigo 37, inciso V, da Constituição Federal.
(E) INCORRETA. Os Prefeitos Municipais são agentes políticos, mas também estão sujeitos
à Lei Federal no 8.429/92, conhecida como Lei de Improbidade Administrativa. O Decreto-
lei no 201/1967 estabelece normas de responsabilidade dos prefeitos, mas não exclui a
aplicação da Lei de Improbidade Administrativa.
_________________________________________________________________________
93. Em relação ao regime jurídico dos bens públicos, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) O Município doou imóvel público a terceiro com encargo, substanciado no exercício de
atividade que se ajustaria ao interesse público porque fomentaria o comércio local e levaria
à geração de empregos. O desvirtuamento das finalidades originalmente propostas,
estabelecidas na escritura de doação do imóvel, conduz obrigatoriamente sua
desconstituição e a reversão do bem ao patrimônio público, excluída qualquer indenização,
ressalvada a hipótese de a Administração Pública não adotar as medidas para a restituição
do bem dentro de um ano, a contar da data em que tomou conhecimento do ilícito.
(B) A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
(C) O Município, atendidos os requisitos legais, poderá doar bem público dominial. Caso a
doação seja com encargo, deverá ser precedida de licitação, e de seu instrumento
constarão, obrigatoriamente, os encargos, o prazo de seu cumprimento e a cláusula de
reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse
público devidamente justificado. 136
(D) Na hipótese de construção ou atividade irregular em bem de uso comum do povo, a
Administração Pública, à luz do princípio da autoexecutoriedade dos atos administrativos,
que dispensa ordem judicial para sua plena eficácia, pode ordenar a demolição da
construção, desde que precedida de regular processo.
(E) A ocupação indevida de bem público revela dano in re ipsa, dispensada prova de prejuízo
in concreto, impondo-se imediata restituição da área ao estado anterior e à demolição e
restauração, às expensas do transgressor.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O desvirtuamento das finalidades originalmente propostas, estabelecidas


na escritura de doação do imóvel, não conduz obrigatoriamente à sua desconstituição e
reversão ao patrimônio público sem qualquer indenização. A Lei Federal nº 8.666/93
estabelece que a rescisão do contrato ou a anulação do ato de doação, nos casos de
descumprimento das cláusulas estabelecidas, acarreta a obrigação de indenizar,
observados os prejuízos causados à Administração Pública.
(B) CORRETA. A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza
precária, que não confere ao ocupante direito à retenção ou indenização por acessões e
benfeitorias. O ocupante indevido não possui direito real sobre o bem.
(C) CORRETA. A doação de bem público dominial pelo Município deve ser precedida de
licitação e constar de instrumento com os encargos, prazo de cumprimento e cláusula de
reversão. A dispensa de licitação é possível quando houver interesse público devidamente
justificado.
(D) CORRETA. A Administração Pública, com base no princípio da autoexecutoriedade dos
atos administrativos, pode ordenar a demolição de construções irregulares em bens de uso
comum do povo, desde que precedida de regular processo. No entanto, a demolição deve
ser respaldada por um processo administrativo que assegure o contraditório e a ampla
defesa.
(E) CORRETA. A ocupação indevida de bem público acarreta dano in re ipsa, ou seja, o dano
é presumido, dispensando a necessidade de prova de prejuízo in concreto. O ocupante
indevido deve restituir imediatamente a área ao estado anterior, sendo responsável pelas
despesas de demolição e restauração.
_________________________________________________________________________
94. Assinale a opção correta a respeito do instituto do tombamento.
(A) A submissão de um bem ao regime jurídico do tombamento encontra-se na esfera de
competência discricionária atribuída pela lei ao Poder Público, que poderá decidir segundo
137
critérios de conveniência e oportunidade formulados por ele mesmo.
(B) O bem objeto do tombamento só se encontra legalmente protegido contra destruições
ou descaracterizações após a tomada de decisão final com a transcrição para os devidos
efeitos em livro a cargo dos oficiais do registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição
do domínio.
(C) A notificação do proprietário para anuir ao tombamento ou para impugná-lo produz o
efeito de legalmente proteger o bem contra destruições ou descaracterizações até que seja
tomada a decisão final.
(D) O tombamento submete-se ao princípio da hierarquia verticalizada estabelecido no
artigo 2o, § 2o, do Decreto-lei no 3.365/41.
(E) Compete privativamente aos Municípios legislar sobre a proteção do patrimônio
histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico local.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. O tombamento não se trata de uma competência discricionária do Poder


Público, mas sim de uma medida de proteção do patrimônio cultural. A decisão de realizar
o tombamento deve ser fundamentada em critérios técnicos e jurídicos estabelecidos pela
legislação.
(B) INCORRETA. O bem objeto do tombamento já se encontra legalmente protegido contra
destruições ou descaracterizações a partir do momento da notificação do proprietário para
anuir ao tombamento ou impugná-lo. A transcrição em livro do registro de imóveis é um
ato posterior que formaliza e dá publicidade à decisão de tombamento.
(C) CORRETA. A notificação do proprietário para anuir ao tombamento ou para impugná-lo
produz o efeito de legalmente proteger o bem contra destruições ou descaracterizações até
que seja tomada a decisão final. Durante o processo de tombamento, o bem fica sob
proteção legal.
(D) INCORRETA. O tombamento não se submete ao princípio da hierarquia verticalizada
estabelecido no artigo 2º, § 2º, do Decreto-lei nº 3.365/41, que trata da desapropriação por
utilidade pública.
(E) INCORRETA. Embora os Municípios tenham competência para legislar sobre a proteção
do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico local, essa competência é
concorrente com a União e os Estados, conforme estabelecido no artigo 24, inciso VII, da
Constituição Federal.
_________________________________________________________________________
95. Assinale a alternativa INCORRETA. 138
(A) Nas concessões comuns, é admitida a subconcessão, no caso e nos termos de previsão
contratual, desde que expressamente autorizada pelo poder concedente e precedida de
licitação, procedimento que não será exigível na hipótese de transferência de concessão.
(B) A extinção do contrato de concessão comum de serviços públicos durante sua vigência,
fundamentada em falta grave praticada pela concessionária, atribui a esta direito subjetivo
à indenização às parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis ainda não
amortizados ou depreciados.
(C) O débito do usuário derivado de recuperação de consumo efetivo por fraude no
aparelho medidor apurado por meio do devido processo administrativo autoriza a
interrupção do fornecimento do serviço de energia elétrica, sem limite temporal de
apuração retroativa à constatação da fraude.
(D) Desde que exista previsão no edital da licitação, é possível a concessionária obter outras
fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados com
a finalidade de favorecer a modicidade das tarifas e a manutenção do inicial equilíbrio
econômico-financeiro do contrato.
(E) A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por inadimplência a
estabelecimentos de saúde, a instituições educacionais e de internação coletiva de pessoas
e a usuário residencial de baixa renda, beneficiário de tarifa social, deverá obedecer a
prazos e critérios que preservem condições mínimas de manutenção da saúde das pessoas
atingidas.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C
COMENTÁRIOS

(A) INCORRETA. É admitida a subconcessão, nos termos do art. 26 da Lei 8.987/95.


(B) INCORRETA. A extinção do contrato de concessão por falta grave praticada pela
concessionária não atribui automaticamente o direito à indenização dos investimentos
vinculados a bens reversíveis. A legislação estabelece critérios e procedimentos específicos
para a apuração e a indenização dos investimentos não amortizados ou depreciados.
(C) CORRETA. Na hipótese de débito estrito de recuperação de consumo efetivo por fraude
no aparelho medidor atribuída ao consumidor, desde que apurado em observância aos
princípios do contraditório e da ampla defesa, é possível o corte administrativo do
fornecimento do serviço de energia elétrica, mediante prévio aviso ao consumidor, pelo
inadimplemento do consumo recuperado correspondente ao período de 90 (noventa) dias
anterior à constatação da fraude, contanto que executado o corte em até 90 (noventa) dias
após o vencimento do débito, sem prejuízo do direito de a concessionária utilizar os meios
judiciais ordinários de cobrança da dívida, inclusive antecedente aos mencionados 90
(noventa) dias de retroação.
(D) INCORRETA. A obtenção de outras fontes de receitas alternativas pela concessionária
não depende apenas da previsão no edital da licitação, mas também de autorização
específica e regulamentação pelo poder concedente. O objetivo dessas fontes de receitas é
139
favorecer a modicidade das tarifas e o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
(E) INCORRETA. A interrupção ou a restrição do fornecimento de água por inadimplência
está sujeita a prazos e critérios estabelecidos pela legislação, independentemente da
condição do usuário. A garantia de condições mínimas de manutenção da saúde das
pessoas atingidas é aplicável a todos os usuários, não apenas a estabelecimentos de saúde,
instituições educacionais e beneficiários de tarifa social.
_________________________________________________________________________
96. Leia as assertivas a seguir, relacionadas à Administração Pública.
(I) Visando superar uma rígida noção do princípio da legalidade, considerando a
insuficiência da lei para antecipadamente solucionar todas as hipóteses e indicar ao
administrador público a conduta a ser seguida, a Lei Federal no 9.784/99 positivou o
princípio da juridicidade ao determinar que a Administração Pública deverá pautar sua
atuação conforme a lei e o Direito.
(II) Como derivação do princípio da eficiência, surge o subprincípio da economicidade,
segundo o qual o administrador público tem o compromisso inafastável de encontrar a
solução mais adequada economicamente na gestão da coisa pública. Considerando que,
geralmente, o administrador terá uma margem de liberdade prevista em lei para a escolha
da opção a ser adotada, o controle desses atos encontrará obstáculo na invasão da
discricionariedade administrativa.
(III) O princípio da legitimidade das despesas públicas, direcionado a uma análise além da
regularidade formal, está expresso no caput do art. 70 da Constituição Federal, cuja
observância pela Administração Pública direta e indireta deve ser realizada pelo Tribunal de
Contas, e pode orientar a atuação do Poder Judiciário quando este desempenhar sua
missão judicial de controle externo da Administração Pública.
(IV) Corolário do Estado Democrático de Direito, a exigência de motivação repele a
incidência da teoria do silêncio eloquente no Direito Administrativo. Deve ser adequada e
expressar a exposição das razões de fato e de direito, a justificativa do juízo valorativo, a
exposição das finalidades perseguidas para a solução tomada, mediante uma ponderação
reflexiva, correlacional, imparcial, objetiva e racional das situações constatadas, dos
preceitos normativos aplicáveis, dos resultados e dos interesses em jogo captados na fase
do respectivo processo administrativo.
(V) O princípio da eficiência, inserido no caput do art. 37 da Constituição Federal pela EC
19/98, em decorrência da denominada Reforma do Aparelho do Estado, cuja finalidade era
a implementação de uma Administração Pública gerencial, superando a concepção de uma
Administração Pública puramente burocrática, tem inegável preponderância aos demais
princípios impostos à Administração Pública, podendo a eles se sobrepor na busca de
resultados preestabelecidos.
Estão CORRETAS apenas as assertivas:
(A) III, IV e V. 140
(B) II, III e V.
(C) II e V.
(D) I, III e IV.
(E) I, II e III.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: D
COMENTÁRIOS

(I) CORRETA. A Lei Federal no 9.784/99 estabelece o princípio da juridicidade como um dos
fundamentos da atuação da Administração Pública, determinando que a Administração
deverá pautar sua atuação conforme a lei e o Direito.
(II) INCORRETA. O subprincípio da economicidade não é uma derivação direta do princípio
da eficiência. Embora a busca pela eficiência na gestão pública esteja relacionada à
economicidade, o controle dos atos administrativos, incluindo a análise da economicidade,
não necessariamente encontra obstáculos na discricionariedade administrativa.
(III) CORRETA. O princípio da legitimidade das despesas públicas está contido na análise do
art. 70 da Constituição Federal, estabelecendo que a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública será exercida pelo
Tribunal de Contas, o que implica analisar não apenas a regularidade formal, mas também
a legitimidade dos gastos públicos.
(IV) CORRETA. A exigência de motivação é um corolário do Estado Democrático de Direito
e uma garantia fundamental no Direito Administrativo. A motivação dos atos
administrativos deve ser adequada e expressar as razões de fato e de direito que
fundamentam a decisão, levando em consideração os interesses envolvidos e os preceitos
normativos aplicáveis.
(V) INCORRETA. O princípio da eficiência foi inserido no caput do art. 37 da Constituição
Federal pela Emenda Constitucional nº 19/98, como parte da Reforma do Aparelho do
Estado. Esse princípio busca uma Administração Pública mais eficiente e voltada para a
obtenção de resultados, superando a concepção burocrática anterior. Embora importante,
ele não tem preponderância sobre os demais princípios, mas deve ser observado
juntamente com os demais princípios constitucionais aplicáveis à Administração Pública.
_________________________________________________________________________
97. Com relação ao regime instituído pela Lei Federal no 12.846/2013, assinale a
alternativa INCORRETA.
(A) Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na
medida da sua culpabilidade.
(B) O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica será
conduzido por comissão designada pela autoridade instauradora e composta por dois ou
141
mais servidores, preferencialmente investidos em cargo de provimento efetivo.
(C) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos administrativo
e civil, pelos atos lesivos previstos nessa Lei, praticados em seu interesse ou benefício,
exclusivo ou não.
(D) A pessoa jurídica será responsabilizada, independentemente da responsabilização
individual das pessoas naturais referidas no caput.
(E) No curso do processo administrativo de responsabilização, observados o contraditório e
a ampla defesa, a autoridade competente do Poder Executivo poderá desconsiderar a
personalidade jurídica sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou
dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nessa Lei ou para provocar confusão
patrimonial, sendo estendidos aos seus administradores e sócios com poderes de
administração, todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: B
COMENTÁRIOS

(A) CORRETA. De acordo com a Lei Federal no 12.846/2013, os dirigentes ou


administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na medida da sua
culpabilidade. A culpabilidade é um elemento essencial para a responsabilização individual,
conforme previsto no artigo 3º, § 1º, da referida lei.
(B) INCORRETA. O processo administrativo para apuração da responsabilidade de pessoa
jurídica será conduzido por autoridade competente designada pela autoridade
instauradora, conforme o artigo 16 da Lei Federal no 12.846/2013.
(C) CORRETA. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente, nos âmbitos
administrativo e civil, pelos atos lesivos previstos na Lei Federal no 12.846/2013, praticados
em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
(D) CORRETA. A pessoa jurídica será responsabilizada independentemente da
responsabilização individual das pessoas naturais referidas no caput. A responsabilidade da
pessoa jurídica é autônoma em relação à responsabilidade das pessoas físicas envolvidas,
conforme previsto no artigo 3º, § 2º, da Lei Federal no 12.846/2013.
(E) CORRETA. No curso do processo administrativo de responsabilização, a autoridade
competente do Poder Executivo poderá desconsiderar a personalidade jurídica sempre que
utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos
previstos na Lei Federal no 12.846/2013 ou para provocar confusão patrimonial.
_________________________________________________________________________

DIREITO ELEITORAL
142
98. Como já se disse alhures, o Estado Democrático de Direito só existe com eleições
livres; quando haja salvaguarda à liberdade de voto e quando o procedimento não está
contaminado, porque o mandato parlamentar foi alcançado graças à corrupção eleitoral
(RJESMP-SP, V5, 2014, p.61).
Com base nessa asserção, é lícito afirmar:
(A) A corrução eleitoral, mesmo em face da pena mínima inferior a 04 anos, não admite a
proposta de acordo de não persecução penal, por importar necessariamente habitualidade
delitiva.
(B) É possível acordo de não persecução penal em crime de corrupção eleitoral, pois a
hipótese específica não está contemplada nas exceções previstas no art. 28-A, § 2o, incisos
I, II, III e IV, do Código de Processo Penal.
(C) A Justiça Eleitoral, dado o seu caráter especial, não pode contemplar acordos de não
persecução penal.
(D) Todas as alternativas estão INCORRETAS.
(E) Não é admissível a proposta de acordo de não persecução penal em crime de corrupção
eleitoral, por importar proteção insuficiente e, ainda, porque o bem e o interesse tutelados,
de índole constitucional, estão ligados a mandado de criminalização.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: E

QUESTÃO PASSÍVEL DE MODIFICAÇÃO DE GABARITO. Em nossa opinião, a letra B deveria


ser assinalada.

COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. Não há necessidade de habitualidade delitiva para configuração do crime
de corrupção eleitoral (que é de natureza formal).
(B) CORRETA (em nossa opinião). O artigo 28-A determina que o Acordo de Não Persecução
Penal (ANPP) seja cabível para crimes cometidos sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 anos. O delito de corrupção eleitoral estaria amparado neste requisito
(nos termos do artigo 299 do Código Eleitoral em relação a pena mínima, que por força do
artigo 284 do CE deve ser entendida como de 1 ano).
É ainda interessante observarmos o incido V do artigo 28-A (“cumprir, por prazo
determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e
compatível com a infração penal imputada”), que permite que ao MP estabelecer condições
para celebração do acordo, ou seja, estabelecer uma condição adequada ao caso concreto
e, sobretudo, proporcional à gravidade do delito. Não se está, portanto, gerando um
benefício ou incentivando a prática de crimes eleitorais de forma leviana ao se aplicar o
ANPP nesse contexto (que pode conter restrições pedagógicas e repressivas suficientes).
143
Não há disposição expressa ou entendimento pacificado que justifique a impossibilidade de
ANPP para o crime em análise.
Portanto, neste momento de debate sobre o tema ANPP em relação ao crime eleitoral
objeto da questão, entendemos que as alternativas (C), (D) e (E) devem ser consideradas
como INCORRETAS pelos motivos expostos para letra (B).
_________________________________________________________________________
99. Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas
depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer pessoa, salvo em flagrante
delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda,
por desrespeito a salvo-conduto.
(B) Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a execução da sentença
relacionada a crime eleitoral, contra ele representará a autoridade judiciária, sem prejuízo
da apuração da responsabilidade penal.
(C) Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas
funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo em caso de flagrante delito.
(D) O encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato
superveniente que afasta a inelegibilidade.
(E) Não são inelegíveis os membros do Ministério Público que tenham pedido exoneração
na pendência de representação contra eles oferecida, cujo objeto seja a apuração de
eventual falta disciplinar.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: A
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. O termo “qualquer pessoa” não possui o mesmo sentido de “qualquer
eleitor” (presente na lei). O que torna a assertiva equivocada. Por conta disso, ela é o
gabarito oficial da questão.
Código Eleitoral, Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco)
dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da
eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou
em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

(B) CORRETA.
CE, Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for condenatória, baixarão
imediatamente os autos à instância inferior para a execução da sentença,
que será feita no prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao
Ministério Público.
144
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público deixar de promover a
execução da sentença serão aplicadas as normas constantes dos
parágrafos 3º, 4º e 5º do Art. 357.

(C) CORRETA.
CE, art. 236, § 1º: Os membros das mesas receptoras e os fiscais de
partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou
presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os
candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição.

(D) CORRETA.
Súmula 70 do TSE

O encerramento do prazo de inelegibilidade antes do dia da eleição


constitui fato superveniente que afasta a inelegibilidade, nos termos do
art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997.

(E) CORRETA.
O erro está na observação que não existiria inelegibilidade no caso. Pois há amparo para
inelegibilidade, conforme o artigo 1º, I, q) da Lei de Inelegibilidades.
Art. 1º São inelegíveis:
I – para qualquer cargo: (…)
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem
aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham
perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou
aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo
disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos.
_________________________________________________________________________
100. Assinale a alternativa correta.
(A) As decisões proferidas por Tribunais Regionais Eleitorais que denegarem ordem de
habeas corpus ou mandado de segurança não admitirão recurso ordinário-constitucional.
(B) É admissível o recurso especial eleitoral ainda que a questão suscitada não tenha sido
debatida na decisão recorrida.
(C) O recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por Tribunal
Regional Eleitoral que resulte cassação de registro, afastamento do titular ou perda do
mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo.
(D) No âmbito eleitoral, das sentenças de condenação ou absolvição, cabe recurso para o
Tribunal Regional Eleitoral, a ser interposto no prazo de 05 dias contados da intimação.
(E) Todas as alternativas estão INCORRETAS.
_________________________________________________________________________
RESPOSTA: C 145
COMENTÁRIOS
(A) INCORRETA. A resposta é incorreta por seguir em desacordo com os dispositivos abaixo
da CF/88 e Código Eleitoral.
CF, 88. Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e
competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.
(...)
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá
recurso quando:
(...)
V - denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou
mandado de injunção.
Código Eleitoral. Art. 276. As decisões dos Tribunais Regionais são
terminativas, salvo os casos seguintes em que cabe recurso para o Tribunal
Superior:
(..)
II - ordinário:
(...)
b) quando denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.
(B) INCORRETA. Por conta do disposto na súmula 72 do TSE:
“É inadmissível o recurso especial eleitoral quando a questão suscitada não foi debatida na
decisão recorrida e não foi objeto de embargos de declaração”.
(C) CORRETA. Em regra, os recursos eleitorais não possuem efeito suspensivo, no entanto,
a questão trata de exceção prevista no Código Eleitoral. Diante disso, é a opção correta a
ser marcada em prova.

Código Eleitoral, art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito


suspensivo.

(...)

§ 2º O recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz


eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de
registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será
recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo.

(D) INCORRETA.
Código Eleitoral, art. 362. Das decisões finais de condenação ou
absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser interposto no prazo
de 10 (dez) dias.

(E) INCORRETA. Como temos a alternativa (C) como correta, a letra (E) perde o sentido. 146

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