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CÓD: SL-091AG-21

7908433209218

CUBATÃO
PREFEITURA MUNICIPAL DE CUBATÃO
DO ESTADO DE SÃO PAULO

Comum aos Cargos de Professor


(Educação Infantil I e II e Ensino Fundamental I)
EDITAL DE ABERTURA - CONCURSO PÚBLICO N° 01/2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Português
1. Questões que possibilitem avaliar a capacidade de Interpretação de texto, envolvendo de forma contextualizada, conhecimento da
norma culta na modalidade escrita do idioma e aplicação da Ortografia oficial; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Acentuação gráfica; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Pontuação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Classes gramaticais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Concordância verbal e nominal; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Pronomes: emprego e colocação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Matemática (Somente para Educação Infantil I e II e Ensino Fundamen-


tal I)
1. Conjunto dos números naturais, inteiros e racionais relativos (formas decimal e fracionária): propriedades, operações e prob-
lemas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Grandezas Proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Regra de três simples; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
5. Juro simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
6. Resolvendo problemas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
7. Sistema Monetário Brasileiro; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
8. Sistema Decimal de Medidas: comprimento, superfície, volume, massa, capacidade e tempo (transformação de unidades e prob-
lemas); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
9. Figuras Geométricas Planas: perímetros e áreas - problemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Informática
1. Sistema Operacional Microsoft Windows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Microsoft Office: Editor De Textos Word E Planilha Excel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Internet E Ferramentas Microsoft Office (2013, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Conhecimentos Pedagógicos
1. Alarcão, Isabel. Professores Reflexivos Em Uma Escola Reflexiva. 6ª Ed. São Paulo: Cortez 2008 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Castorina, José Antônio Et Al. Piaget E Vygotsky: Novas Contribuições Para O Debate. São Paulo: Ática, 2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Freitas, Luiz Carlos De. Ciclos, Seriação E Avaliação: Confronto De Lógicas. São Paulo: Moderna, 2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Freire, Paulo. Pedagogia Da Autonomia: Saberes Necessários À Prática Educativa. São Paulo: Paz E Terra, 1997 . . . . . . . . . . . . . . . 07
5. Hernández, Fernando. Transgressão E Mudança Na Educação: Os Projetos De Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998 . . . . . . 14
6. Hoffman, Jussara. Avaliação Mediadora – Uma Prática Em Construção Da Pré-Escola À Universidade. Porto Alegre: Mediação
1998 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
7. Mantoan, Maria Teresa Égler E Colaboradores. Inclusão Escolar. O Que É? Por Quê? Como Fazer. São Paulo: Moderna, 2003 . . . . 20
8. Morin, Edgar. Os Sete Saberes Necessários À Educação Do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
9. Silva, Tomaz Tadeu Da. Documentos De Identidade: Uma Introdução Às Teorias Do Currículo. Belo Horizonte: Editora Autêntica,
2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
10. Tardif, M. Saberes Docentes E Formação Profissional. - 5ª Ed. - Petrópolis: Vozes, 2002 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
11. Zabala, Antoni; Arnau, Laia. Como Aprender E Ensinar Competências. Porto Alegre: Artmed, 2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Conteúdo Digital Complementar e Exclusivo


Legislação Federal
1. BRASIL.CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – Artigo 5º, Artigos 37 ao 41, 205 a 214 e 227 ao 229 . . . . . . . . . . 01
2. BRASIL.LEI FEDERAL nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996 – Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional . . . . . . . . . . . 24
ÍNDICE

3. BRASIL. LEI FEDERAL nº 8069, de 13/07/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. (Artigos 1º ao 6º, 15 ao 18, 53 ao 69, 225 ao
258) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4. BRASIL.LEI FEDERAL Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
5. BRASIL.LEI FEDERAL n.º Lei 13.005 de 2014 que aprova o Plano nacional de educação. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá
outras providencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
6. BRASIL.LEI FEDERAL nº 10.793, de 1º de dezembro de 2003. Altera a redação do Artigo 26, § 3º, e do Artigo 92 da Lei Federal 9394/96,
que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
7. BRASIL.LEI FEDERAL 10639/03 – Estabelece a diretriz da educação nacional para incluir na rede de ensino a obrigatoriedade da temáti-
ca “História e Cultura Afro – Brasileira” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
8. BRASIL. Lei Federal 11.645 de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639,
de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino
a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
9. BRASIL. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. Promulga Convenção Internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência
e seu protocolo facultativo. Brasília, DF, 2009 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
10. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular- Texto Base . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
11. BRASIL. Resolução nº 4, de 13 de julho de 2010 - Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica . . . . . . 126
12. BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 - Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a
ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica . . . . . . . . . . . . . 132
13. BRASIL.RESOLUÇÃO CNE/CEB nº 3/99, de 10/11/1999- Fixa Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá
outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
14. BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 1, de 25 de maio de 2021. Institui diretrizes operacionais para a educação de Jovens e Adultos nos
aspectos relativos ao seu alinhamento à Política Nacional de Alfabetização e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Educação de
jovens e adultos a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
15. BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP nº 01/04, de 17/06/2004 – Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étni-
co-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142

Legislação Estadual
1. São Paulo - Currículo Paulista. Homologado Pela Resolução De 06/8 De 2019 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Legislação Municipal
1. CUBATÃO.LEI MUNICIPAL nº 325/59 – Estatuto dos Funcionários Públicos Municipais de Cubatão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. CUBATÃO. LEI COMPLEMENTAR Nº 22 DE 25 DE JUNHO DE 2004 - Dispõe sobre o Estatuto e Plano de Carreiras do Magistério Público
Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. CUBATÃO.PORTARIA n.º 03 DE 28 FEVEREIRO DE 2007 - Dispõe sobre os critérios relativos ao controle de frequência e à apuração de
falta do pessoal docente e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4. CUBATÃO. REGIMENTO ESCOLAR DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE CUBATÃO – Homologado pelo parecer CME em
29/1/2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
5. CUBATÃO. DECRETO MUNICIPAL nº 10.684, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2017- Regulamenta os arts. 28 e 29 da Lei Complementar nº 22,
de 25 de julho de 2004 e dá outras providências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
6. CUBATÃO. RESOLUÇÃO 15/SEDUC/GS de 10 de outubro de 2017. Regulamenta o artigo 25 da Lei Complementar 22/2004, em confor-
midade com A Lei Federal 11.738/2008 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Prezado Candidato, para estudar o conteúdo digital complementar e exclusivo,


acesse: https://www.editorasolucao.com.br/retificacoes
PORTUGUÊS
1. Questões que possibilitem avaliar a capacidade de Interpretação de texto, envolvendo de forma contextualizada, conhecimento da
norma culta na modalidade escrita do idioma e aplicação da Ortografia oficial; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Acentuação gráfica; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. Pontuação; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4. Classes gramaticais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. Concordância verbal e nominal; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
6. Pronomes: emprego e colocação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
7. Regência nominal e verbal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
PORTUGUÊS
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
QUESTÕES QUE POSSIBILITEM AVALIAR A CAPACI- lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
DADE DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO, ENVOLVENDO com a não-verbal.
DE FORMA CONTEXTUALIZADA, CONHECIMENTO DA
NORMA CULTA NA MODALIDADE ESCRITA DO IDIOMA
E APLICAÇÃO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências. Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas este processo é intertextualidade.
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz.
Percebeu a diferença? Interpretação de Texto
Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
Tipos de Linguagem uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
facilite a interpretação de textos. de um texto.
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
pode ser escrita ou oral. vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, gráficas, gramaticais e interpretativas;
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
lêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.

1
PORTUGUÊS
– Separe fatos de opiniões. CACHORROS
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu- Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
tável). espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
– Retorne ao texto sempre que necessário. seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
enunciados das questões. precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
– Reescreva o conteúdo lido. comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
picos ou esquemas. casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
outro e a parceria deu certo.
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa-
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu- Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
distração, mas também um aprendizado. to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. As informações que se relacionam com o tema chamamos de
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
do texto. fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- capaz de identificar o tema do texto!
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na
prova. Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi- -secundarias/
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can-
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca TEXTOS VARIADOS
extrapole a visão dele.
Ironia
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo novo sentido, gerando um efeito de humor.
significativo, que é o texto. Exemplo:
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

2
PORTUGUÊS
Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três modos:


ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica). ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
NERO EM QUE SE INSCREVE
Ironia verbal Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig- de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
intenção são diferentes. conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
Ironia de situação quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o principal. Compreender relações semânticas é uma competência
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- Busca de sentidos
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
morte. apreensão do conteúdo exposto.
Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
Ironia dramática (ou satírica) relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
A ironia dramática é um dos efeitos de sentido que ocorre nos citadas ou apresentando novos conceitos.
textos literários quando a personagem tem a consciência de que Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
suas ações não serão bem-sucedidas ou que está entrando por um tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
caminho ruim, mas o leitor já tem essa consciência. espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o entrelinhas. Deve-seater às ideias do autor, o que não quer dizer
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao Importância da interpretação
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Humor específicos, aprimora a escrita.
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
rer algo fora do esperado numa situação. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apre-
acessadas como forma de gerar o riso. ensão do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira alea-
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges. tória, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários,
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido,
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.

3
PORTUGUÊS
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Opinião


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- que fazemos do fato.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
curto. do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não anteriores:
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
como horas ou mesmo minutos. tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- do que com a filha. Ela foi egoísta.
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
imagens. Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto mos expressando nosso julgamento.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
vencer o leitor a concordar com ele. principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. Exemplo:
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
de destaque sobre algum assunto de interesse. com o sofrimento da filha.

Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-


za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
os professores a identificar o nível de alfabetização delas.

4
PORTUGUÊS
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS NÍVEIS DE LINGUAGEM
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do Definição de linguagem
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
e o do leitor. da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
Parágrafo cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
sentada na introdução. e caem em desuso.
Língua escrita e língua falada
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria Linguagem popular e linguagem culta
prova. Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. o diálogo é usado para representar a língua falada.

Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado Linguagem Popular ou Coloquial
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- expressão dos esta dos emocionais etc.
odo, e o tópico que o antecede.
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto A Linguagem Culta ou Padrão
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
para a clareza do texto. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
sem coerência. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento Gíria
mais direto. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.

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PORTUGUÊS
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário comportamentos, nas leis jurídicas.
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Características principais:
“mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
Tipos e genêros textuais perior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e Tipo textual expositivo
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns pode ser expositiva ou argumentativa.
exemplos e as principais características de cada um deles. A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
Tipo textual descritivo neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma Características principais:
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
um movimento etc. • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
Características principais: mar.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
caracterizadora. de ponto de vista.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
meração.
• A noção temporal é normalmente estática. Exemplo:
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
ção. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- terminado tema.
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
Exemplo: Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Era uma casa muito engraçada sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não Tipo textual dissertativo-argumentativo
Porque na casa não tinha chão Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Ninguém podia dormir na rede sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Porque na casa não tinha parede apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Ninguém podia fazer pipi clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Porque penico não tinha ali tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Mas era feita com muito esmero (leitor ou ouvinte).
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)

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PORTUGUÊS
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
gestão/solução). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e ais que neles predominam.
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Descritivo Diário
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Relatos (viagens, históricos, etc.)
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Biografia e autobiografia
Notícia
Exemplo: Currículo
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Lista de compras
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Cardápio
administração política (tese), porque a força governamental certa- Anúncios de classificados
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Injuntivo Receita culinária
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Bula de remédio
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Manual de instruções
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Regulamento
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Textos prescritivos
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Expositivo Seminários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Palestras
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Conferências
cobrança efetiva (conclusão). Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Tipo textual narrativo Enciclopédia
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Verbetes de dicionários
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Carta de opinião
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Resenha
Artigo
Características principais: Ensaio
• O tempo verbal predominante é o passado. Monografia, dissertação de mes-
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- trado e tese de doutorado
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
Narrativo Romance
onisciente).
Novela
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
Crônica
prosa, não em verso.
Contos de Fada
Fábula
Exemplo:
Lendas
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- nitos e mudam de acordo com a demanda social.
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira INTERTEXTUALIDADE
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre- A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
ais/4835684 seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
ambos: forma e conteúdo.

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PORTUGUÊS
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- que C é igual a A.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Outro exemplo:
“citação” (citare) significa convocar. Todo ruminante é um mamífero.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são o Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
zado numa dada cultura.

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Tipos de Argumento Argumento quase lógico
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa- É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu- e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
mento. Exemplo: chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os
Argumento de Autoridade elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí-
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en-
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica.
servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur- Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo”
so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.
do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver- correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
dadeira. Exemplo: tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para indevidas.
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
cimento. Nunca o inverso. Argumento do Atributo
Alex José Periscinoto. É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- que é mais grosseiro, etc.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela, Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
acreditar que é verdade. tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Argumento de Existência ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas texto tem sempre uma orientação argumentativa.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
do que dois voando”. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa outras, etc. Veja:
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela vam abraços afetuosos.”
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.

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O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras Desse ponto de vista, a dissertação pode ser definida como dis-
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse cussão, debate, questionamento, o que implica a liberdade de pen-
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, samento, a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente.
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. A liberdade de questionar é fundamental, mas não é suficiente para
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra- organizar um texto dissertativo. É necessária também a exposição
tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: dos fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- de vista.
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
injustiça, corrupção). seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
o argumento. ver as seguintes habilidades:
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por mente contrária;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir ria contra a argumentação proposta;
outros à sua dependência política e econômica”. - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
ta.
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
o assunto, etc). válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
comportamento. da verdade:
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - evidência;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - divisão ou análise;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - ordem ou dedução;
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - enumeração.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
mica e até o choro. e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
caracteriza a universalidade.

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Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
o efeito. Exemplo: que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
pesquisa.
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
Fulano é homem (premissa menor = particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
Logo, Fulano é mortal (conclusão) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia- síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par- reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci- o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
O calor dilata o ferro (particular) das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
O calor dilata o bronze (particular) o relógio estaria reconstruído.
O calor dilata o cobre (particular) Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
O ferro, o bronze, o cobre são metais meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, relacionadas:
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de lha dos elementos que farão parte do texto.
sofisma no seguinte diálogo: Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
- Lógico, concordo. racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
- Claro que não! por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Exemplos de sofismas: lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Dedução confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Todo professor tem um diploma (geral, universal) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Fulano tem um diploma (particular) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- sabiá, torradeira.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden- Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
ados nos sentimentos não ditados pela razão.

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Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de dida;d
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é diferenças).
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
(Garcia, 1973, p. 302304.) consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- vra e seus significados.
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam. necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
de vista sobre ele. mentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
- o termo a ser definido; cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
- o gênero ou espécie; raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
- a diferença específica. cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
ma espécie. Exemplo: exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
Elemento especiediferença apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
a ser definidoespecífica causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, virtude de, em vista de, por motivo de.
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta assim, desse ponto de vista.
ou instalação”; Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...

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PORTUGUÊS
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
que, melhor que, pior que. to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade que gera o controle demográfico”.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- elaboração de um Plano de Redação.
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
caráter confirmatório que comprobatório. tecnológica
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse ta, justificar, criando um argumento básico;
caso, incluem-se - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
mortal, aspira à imortalidade); que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- (rever tipos de argumentação);
dos e axiomas); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se ência);
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
parece absurdo). argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
cretos, estatísticos ou documentais. mento básico;
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau- quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações, menos a seguinte:
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, Introdução
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- - função social da ciência e da tecnologia;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - definições de ciência e tecnologia;
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- Desenvolvimento
gumentação: - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- vimento tecnológico;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; condições de vida no mundo atual;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
dadeira; desenvolvidos;
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
dade da afirmação; sado; apontar semelhanças e diferenças;
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- banos;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade.

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PORTUGUÊS
Conclusão - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
ências maléficas; A Linguagem Culta ou Padrão
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em
apresentados. que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas
instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obedi-
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda- ência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ção: é um dos possíveis. escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a compre- Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem.
ensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de mobili- Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
zar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coerente, além A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada. miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis
Coerência combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou-
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma.
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo
outra”). ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se variedades linguísticas.
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e,
elementos formativos de um texto. às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa-
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
elementos textuais. A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas,
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te-
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo- levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem:
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística, a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade
imediato a coerência de um discurso. de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do-
A coerência: mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto; para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes-
tual; ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
o aspecto global do texto; gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. participamos.
A norma culta é responsável por representar as práticas linguís-
Coesão ticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos for-
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, mais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo nos
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um víncu- textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramaticais.
lo ou conexão sequencial.Se o vínculo coesivo se faz via gramática, A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente é
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolarização,
tem-se a coesão lexical. maior a adequação com a língua padrão.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala- Exemplo:
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
nentes do texto. da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge- atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais. ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.
A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
componentes do texto;

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PORTUGUÊS
A Linguagem Popular ou Coloquial Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mos- principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também
tra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco-
vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida.
barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; ca-
cofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici-
coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A lin- cleta.
guagem popular está presente nas conversas familiares ou entre
amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e audi- “Para mim” ou “para eu”
tório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc. Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase
com um verbo, deve usar “para eu”.
Dúvidas mais comuns da norma culta Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para
eu curtir as fotos dele.
Perca ou perda
Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara “Tem” ou “têm”
que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra- Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo. “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo
no plural.
Embaixo ou em baixo Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu- mudança.
arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está “Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos
embaixo da cama atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que
Ver ou vir ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O
Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das romance começou muito tempo atrás.
frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás,
ficar de castigo! de Raul Seixas, está incorreta.

Onde ou aonde ORTOGRAFIA OFICIAL


Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? • Mudanças no alfabeto:O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi- troduzidas as letras k, w e y.
ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
Fica? PQRSTUVWXYZ
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
Como escrever o dinheiro por extenso? letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al- gui, que, qui.
garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100
R$ 1400,00 ou R$ 1400. Regras de acentuação
– Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
Obrigado ou obrigada palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao sílaba)
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada.
Como era Como fica
Mal ou mau alcatéia alcateia
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas apóia apoia
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. apóio apoio
Mau é o adjetivo contrário de bom.
Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
“Vir”, “Ver” e “Vier” continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver-
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. Como era Como fica

“Ao invés de” ou “em vez de” baiúca baiuca


“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas bocaiúva bocaiuva
para expressar oposição.
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda.

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PORTUGUÊS
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso
tuiuiú, tuiuiús, Piauí. vamos passar para mais um ponto importante.

– Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem


e ôo(s). ACENTUAÇÃO GRÁFICA

Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons


Como era Como fica
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
abençôo abençoo indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
crêem creem Vejamos um por um:

– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/ Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. aberto.
Já cursei a Faculdade de História.
Atenção: Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. fechado.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, caso afundo mais à frente).
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Sou leal à mulher da minha vida.
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma. As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu-
Uso de hífen -já, ra-paz, u-ru-bu...)
Regra básica: – Paroxítonas:quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, sa-
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- -bo-ne-te, ré-gua...)
mem. – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal: As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. • São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
semicírculo. • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- R, X, I(S), US, UM, UNS, OS,ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
mo, antissocial, ultrassom. fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
das. E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
dói, coronéis...)
2. Prefixo terminado em consoante:
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
-bibliotecário. (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
persônico. Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. nar e fixar as regras.

Observações: PONTUAÇÃO
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. Pontuação
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala- Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as
rar, cooperação, cooptar, coocupante. funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE-
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- CHARA, 2009, p. 514)
mirante. A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, sinais gráficos assim distribuídos:os separadores (vírgula [ , ], ponto
pontapé, paraquedas, paraquedista. e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reticências [
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos [ : ], aspas
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], travessão
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses retos [ [ ] ],
chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]).

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PORTUGUÊS
Ponto ( . ) Aspas ( “ ” )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau- As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
reticências. apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
Estaremos presentes na festa. da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Ponto de interrogação ( ? )
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- Vírgula
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
Você vai à festa? ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
Ponto de exclamação ( ! ) vírgula:
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
tiva. mos” o momento certo de fazer uso dela.
Ex: Que bela festa! 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
Reticências ( ... ) leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com 3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. menos importante e que pode ser colocada depois.
Ex: Essa festa... não sei não, viu. Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Dois-pontos ( : ) Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. Mariafoiàpadariaontem.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação Sujeito VerboObjetoAdjunto
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva. Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. re por alguns motivos:
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Ponto e vírgula ( ; ) 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, verbo e o adjunto.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
ração (frequente em leis), etc. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
bém uma linda decoração e bebidas caras. é necessária:
Ontem, Maria foi à padaria.
Travessão ( — ) Maria, ontem, foi à padaria.
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com À padaria, Maria foi ontem.
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- sário:
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
um diálogo, com ou sem aspas. ção.
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão. Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
serem observadas na redação oficial.
Parênteses e colchetes ( ) – [ ] • Separa aposto.
Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in- • Separa vocativo.
timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên- Brasileiros, é chegada a hora de votar.
tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados • Separa termos repetidos.
aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza- Aquele aluno era esforçado, esforçado.
dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
rem uma nova inserção. • Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli-
Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go- ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo,
vernador) ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com
efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara,
ou seja, de fácil compreensão.

• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen-


tos).

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PORTUGUÊS
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- SUBSTANTIVOS Mistério/
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) ABSTRATOS: nomeiam bondade/
ações, estados, qualidades confiança/
• Separa orações coordenadas assindéticas. e sentimentos que não tem lembrança/
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as existência própria, ou seja, só amor/
ideias na cabeça... existem em função de um ser. alegria
• Isola o nome do lugar nas datas. SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores)
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa espécie, mesmo quando
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões empregado no singular e
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- constituem um substantivo
mações comprovam, etc. comum.
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS
nizar o problema. PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI!

Flexão dos Substantivos


CLASSES GRAMATICAIS • Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi-
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou
uniformes
CLASSES DE PALAVRAS – Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
Substantivo presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi- – Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen- forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá-
Classificação dos substantivos veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira
macho/palmeira fêmea.
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a
sua estrutura. macaco/João/sabão testemunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
COMPOSTOS: são formados porta-voz/
o/a estudante, o/a colega.
por mais de um radical em sua pé-de-moleque
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
estrutura.
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
SUBSTANTIVOS Casa/ – Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
origem a outras palavras, ou população • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
seja, ela é a primeira. /formiga diminutivo.
SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
por outros radicais da língua. – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula.
SUBSTANTIVOS Rodrigo
PRÓPRIOS: designa /Brasil Adjetivo
determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
da mesma espécie. São da Liberdade vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
sempre iniciados por letra composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo
maiúscula. por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad-
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/ jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal
referem-se qualquer ser de cachorro/prima vespertino).
uma mesma espécie.
Flexão do Adjetivos
SUBSTANTIVOS Leão/corrente • Gênero:
CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
com existência própria. Esses /lobisomem no: homem feliz, mulher feliz.
seres podem ser animadoso /saci-pererê – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
ou inanimados, reais ou para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
imaginários. japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.

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PORTUGUÊS
• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.

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PORTUGUÊS

Pronomes de Tratamento Emprego


Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

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PORTUGUÊS
Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

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PORTUGUÊS
Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversati-
contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
vas
Alternati-
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
vas
Conclusi- assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portan-
vas to...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante,
Conformativas
etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

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PORTUGUÊS
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
acordo com o substantivo a que se referem: Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas. Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan- Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
do advérbios: Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou jam reduzidas: Percebia que o observavam.
meia dúzia de ovos. Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
tudo dá.
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem. tentos são para nos prejudicarem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Ênclise


substantivo estiver determinado por artigo: Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
Concordância Verbal indicativo: Trago-te flores.
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa: Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
mes. posição em: Saí, deixando-a aflita.
Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Concordância ideológica ou silepse outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Apressei-me a convidá-los.
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
contexto. Mesóclise
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo.
Blumenau estava repleta de turistas.
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú- É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- futuro do pretérito que iniciam a oração.
texto. Dir-lhe-ei toda a verdade.
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- Far-me-ias um favor?
sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes- Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de
soa gramatical que está subentendida no contexto. qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po- Eu lhe direi toda a verdade.
líticos. Tu me farias um favor?

Colocação do pronome átono nas locuções verbais


PRONOMES: EMPREGO E COLOCAÇÃO Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve-
A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal.
frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono- Exemplos:
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma Devo-lhe dizer a verdade.
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou Devo dizer-lhe a verdade.
após o verbo – ênclise.
De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini- Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua- do auxiliar ou depois do principal.
gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita, Exemplos:
formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele. Não lhe devo dizer a verdade.
Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem Não devo dizer-lhe a verdade.
as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju- Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise,
dique a eufonia da frase. o pronome átono ficará depois do auxiliar.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Próclise
Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo. Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do
auxiliar.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade. Exemplo: Não lhe havia dito a verdade.
Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
cientemente. Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois
Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise: do infinitivo.
Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.

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PORTUGUÊS
Exemplos: Visar ( ter como objetivo a
Hei de dizer-lhe a verdade. pretender)
Tenho de dizer-lhe a verdade.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
Observação QUE NÃO ESTÃO AQUI!
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções:
Devo-lhe dizer tudo.
EXERCÍCIOS
Estava-lhe dizendo tudo.
Havia-lhe dito tudo.
1. (PREFEITURA DE PIRACICABA - SP - PROFESSOR - EDUCA-
ÇÃO INFANTIL - VUNESP - 2020)
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL
Escola inclusiva
• Regência Nominal
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concor-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- dam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- deficiência.
mento é estabelecida por uma preposição. Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma
• Regência Verbal educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). lei em 2015 e criou raízes no tecido social.
Isto pertence a todos. A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualifi-
cados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer
Regência de algumas palavras então de alunos com gama tão variada de dificuldades.
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en-
frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por
Esta palavra combina com Esta preposição
limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais.
Acessível a Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para
Apto a, para minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis-
corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com-
Atencioso com, para com panhia de colegas na mesma condição.
Coerente com Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar
com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com
Conforme a, com necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2
Dúvida acerca de, de, em, sobre milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o
número de professores com alguma formação em educação espe-
Empenho de, em, por
cial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país.
Fácil a, de, para, Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de
Junto a, de aula.
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es-
Pendente de trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao
Preferível a menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno
e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do
Próximo a, de período regular nas técnicas pedagógicas.
Respeito a, com, de, para com, por Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe-
te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele-
Situado a, em, entre
cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar
Ajudar (a fazer algo) a em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con-
Aludir (referir-se) a funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado)
Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição
Deparar (encontrar) com
Implicar (consequência) Não usa preposição
Lembrar Não usa preposição
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de
Proceder (realizar) a
Responder a

24
PORTUGUÊS
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo:
pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses, “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores,
a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de sofás e até carcaças de automóveis.”
colocação dos pronomes. III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal:
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se
deficiência. (incluem-se) tornar as salamandras de Čapek.”
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se não muito IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu-
mais que 100 mil deles no país. (se contam) mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro-
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada duzir um ‘Dom Quixote’”.
sala de aula. (concebe-se)
(D) Aí, ao menos um profissional preparado se encarrega de Está correto apenas o que se afirma em
receber o aluno... (encarrega-se) (A) I e II.
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente (B) I e III.
já vamos aprendendo. (confunde-se) (C) II e IV.
(D) III e IV.
2. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AGENTE COMUNITÁ-
RIO DE SAÚDE - FCM - 2019) 3. (PREFEITURA DE BIRIGUI - SP - EDUCADOR DE CRECHE -
VUNESP - 2019)
Dieta salvadora
A ciência descobre um micróbio adepto de um Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente bus-
alimento abundante: o lixo plástico no mar. ca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato
é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Algu-
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o ma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apo-
câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des- logético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos,
tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto,
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado nor-
com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças mas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano.
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro
subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente das causas ambientais; falava com plantas e animais.
para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva,
Guanabara ao Pacífico. predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu
De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália, argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana,
China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste
micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa di-
jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado mensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar
pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser
das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios, abordada.
de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O
cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente
eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago.
passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse
Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
sentido que a chamada internalização da externalidade negativa
Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
exige justificativa para uma atuação contra-fática.
costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam-
pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as
bém rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a prote-
salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
ção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio
rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re-
homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva
produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar
ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e característi-
e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
cas. Posições se radicalizam.
Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem
se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o
aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios “salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benjamin,
no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo. em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre
Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa
Paulo. Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019. para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo.
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://
Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo, www.conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado)
possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no
meio do verbo) e ênclise (depois do verbo). (*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhe-
Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos cido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência
nos trechos a seguir. na natureza.
I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E
não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
prios dejetos.”

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PORTUGUÊS
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados em- Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata-
pregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de regência e dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente
colocação. se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil,
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam- que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em
bém rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitual pode- operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros
ria marcar o ambientalismo apologético. de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução.
(A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração,
(B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê
(C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inte-
(D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar ligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
(E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que
não estamos fazendo.
4. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - TÉC- (Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.
NICO EM SANEAMENTO - IBFC - 2019) br/colunas/.28.08.2018. Adaptado)
Considere as frases:
Vou-me embora pra Pasárgada, • países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhe-
lá sou amigo do Rei”. cimento populacional. (4º parágrafo)
(M.Bandeira) • ... minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
por regiões e cidades em que podem ser mais
úteis. (6º parágrafo)
Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a
A substituição das expressões em destaque por pronomes está
alternativa correta.
de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em:
(A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou (A) enfrentam-no; distribuindo-lhes.
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- (B) o enfrentam; lhes distribuindo.
posto ao verbo. (C) o enfrentam; distribuindo-as.
(B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou (D) enfrentam-no; lhes distribuindo.
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- (E) lhe enfrentam; distribuindo-as.
posto ao verbo.
(C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou 6. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP – SECRETÁRIO DE ESCOLA
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- - VUNESP - 2019)
posto ao verbo. Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmente
(E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites que garantam
afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao às crianças um desenvolvimento saudável. Para eliminar as repeti-
verbo. ções da frase, as expressões destacadas devem ser substituídas, em
conformidade com a norma-padrão da língua, respectivamente, por
5. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP - INSPETOR DE ALUNOS - (A) impor-nas ... lhes garantam
VUNESP - 2019) (B) impor-lhes ... as garantam
(C) impô-las ... lhes garantam
Pelo fim das fronteiras (D) impô-las ... as garantam
(E) impor-lhes ... lhes garantam
Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pura-
mente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas, 7. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEO-
como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas GRAFIA – MATUTINO- FURB – 2019)
que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com
desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que completa
imigração como remédio multiuso. 169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data especial
para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Hermann
No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra se-
Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram na Rua XV de
ria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB
Novembro nesta manhã acompanhando o desfile, de acordo com
mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam
estimativa da Fundação Cultural, conheceram um pouco mais da
inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da or-
vida do fundador do município. [...] O desfile também apresentou
dem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis). aspectos da colonização alemã no Vale do Itajaí. Dessa forma, as
Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do bandeiras e moradores das 42 cidades do território original de Blu-
que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob menau, que foi fundado por Hermann, também estiveram repre-
sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016 sentadas na Rua XV de Novembro. [...]
de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra- Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile-em-
balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e -blumenau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-anos-do-
transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil. -fundador>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado]
A imigração se torna ainda mais tentadora quando se considera
que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e moradores
o problema do envelhecimento populacional. das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado
por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de No-
vembro.”, a palavra destacada pertence à classe gramatical:

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PORTUGUÊS
(A) conjunção (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(B) pronome singular em “fez aumentar”.
(C) preposição (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(D) advérbio com “relevantes”.
(E) substantivo
11. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda-
8. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - PORTU- des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
GUÊS – MATUTINO - FURB – 2019) nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
acima, na ordem dada, as expressões:
Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto. Mui- (A) a que – de que;
tos são os adjetivos que encontramos nos livros de história para (B) de que – com que;
definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da colônia, es- (C) a cujas – de cujos;
teve determinado a construir uma casa melhor para viver com sua (D) à que – em que;
família, talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim. (E) em que – aos quais.
Infelizmente, nunca concretizou este sonho, porém, nunca deixou
de zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.[...] 12. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/fun- Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
dacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-200-a- (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
nos-dr-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adaptado] crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...talvez maior taxa registrada na última década.
em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e “...zelar por (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
tudo aquilo que lhe dizia respeito.”, podemos afirmar que ambas serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
as próclises estão corretas, pois o verbo está precedido de palavras conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
que atraem o pronome para antes do verbo. Assinale a alternativa (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
que identifica essas palavras atrativas dos excertos: em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
(A) palavras de sentido negativo que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
(B) advérbios pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
(C) conjunções subordinativas novas fontes de petróleo.
(D) pronomes demonstrativos (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
(E) pronomes relativos percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
9. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011) menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta. (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
que o do Brasil.
35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
de lixo.
(A) pronome;
(B) adjetivo;
10. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) (C) advérbio;
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações (D) substantivo;
de concordância no texto abaixo. (E) preposição.
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- 14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- morfológica do pronome “alguém” (l. 44).
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- (A) Pronome demonstrativo.
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as (B) Pronome relativo.
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição (C) Pronome possessivo.
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- (D) Pronome pessoal.
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de (E) Pronome indefinido.
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência 15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de nhados classificam-se, respectivamente, em
plural em “deflacionados”. (A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural (B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
em “Elevaram-se”. (C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as (D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo.
regras de concordância com “economia”. (E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio.

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PORTUGUÊS
16. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter- (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. 21. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade
(C) “sérios”, “potência”, “após”. é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
(D) “Goiás”, “já”, “vários”. se fundamenta em intertextualidade é:
(E) “solidária”, “área”, “após”. (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
há muito tempo.”
17. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- mete onde não é chamada.”
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente
objetivo é a seguinte: mesmo!”
(A) pôr. (D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
(B) ilhéu. tudo bem.”
(C) sábio. (E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”
(D) também.
(E) lâmpada. Leia o texto abaixo para responder a questão.
A lama que ainda suja o Brasil
18. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco pa-
lavras: A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
-vermelho. ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
fra-assinado. Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
trarregra. anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
-mencionado. que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
19. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
empregadas e grafadas. se tornou uma bomba relógio na região.”
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
qualquer excesso e violência. do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
isso, num modo de intervenção específico. Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
ta que ambos possam suscitar. dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
corpo dos supliciados. o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
organização em delinqüência. 22. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
20. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR fato.
– 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade gênero textual editorial.
extraordinária de imitar vários estilos musicais. III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- que se trata de uma reportagem.
mentos pessoais por meio de sua música. IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das se trata de um editorial.
composições do músico na cultura ocidental.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
gens.

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PORTUGUÊS
Analise as assertivas e responda: — Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
(A) Somente a I é correta. Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é
(B) Somente a II é incorreta. que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo
(C) Somente a III é correta e acima…
(D) A III e IV são corretas. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
23. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
ainda suja o Brasil”: ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
no desenvolvimento do assunto. c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
blemas no uso de conjunções e preposições. que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
de palavras e da ordem sintática. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
temática e bom uso dos recursos coesivos. bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
Analise as assertivas e responda: alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(A) Somente a I é correta. perguntou-lhe:
(B) Somente a II é incorreta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(C) Somente a III é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
(D) Somente a IV é correta. vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Leia o texto abaixo para responder as questões. Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
UM APÓLOGO beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
Machado de Assis. — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- fico.
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
— Deixe-me, senhora. se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está muita linha ordinária!
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça. 24. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
elementos dos textos:
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
isto uma cor poética. E dizia a agulha:

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PORTUGUÊS
(A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en- 28. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode
rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02) ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. padrão na seguinte sentença:
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06) (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, (B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
e mando...” (L.14-15) (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando 29. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
abaixo e acima.” (L.25-26) DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela pontuação em:
e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
Onde me espetam, fico.” (L.40-41) (B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
teiramente pela porta?
25. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi- to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(A) dimensão e pejoratividade; (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
(B) afetividade e intensidade; penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
(C) afetividade e dimensão; cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(D) intensidade e dimensão;
(E) pejoratividade e afetividade. 30. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
mente correta a pontuação do seguinte período:
26. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co- (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi- nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
Agulha não tem cabeça.” (L.06) importância, ditam o rumo de toda a história.
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
nária!” (L.43) sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
(L.25) pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
27. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo importância, ditam o rumo de toda a história.
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
sente no texto: nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação sem importância, ditam o rumo de toda a história.
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; GABARITO
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho,
cada sujeito possui atribuições próprias.
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- 1 D
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do
sujeito. 2 A
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, 3 E
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais.
4 A
5 C
6 E
7 B
8 E

30
PORTUGUÊS

9 E ______________________________________________________

10 A ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 D
______________________________________________________
13 A
14 E ______________________________________________________
15 B
______________________________________________________
16 A
______________________________________________________
17 A
18 D ______________________________________________________
19 B ______________________________________________________
20 C
______________________________________________________
21 E
22 C ______________________________________________________
23 D ______________________________________________________
24 E
______________________________________________________
25 D
26 D ______________________________________________________
27 D ______________________________________________________
28 B
______________________________________________________
29 E
30 A ______________________________________________________

______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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______________________________________________________ ______________________________________________________
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31
PORTUGUÊS
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32
MATEMÁTICA
1. Conjunto dos números naturais, inteiros e racionais relativos (formas decimal e fracionária): propriedades, operações e proble-
mas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Grandezas Proporcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
3. Regra de três simples; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
4. Porcentagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
5. Juro simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
6. Resolvendo problemas; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
7. Sistema Monetário Brasileiro; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
8. Sistema Decimal de Medidas: comprimento, superfície, volume, massa, capacidade e tempo (transformação de unidades e proble-
mas); . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
9. Figuras Geométricas Planas: perímetros e áreas - problemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
MATEMÁTICA
Números Inteiros
CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS, INTEIROS E Podemos dizer que este conjunto é composto pelos números
RACIONAIS RELATIVOS (FORMAS DECIMAL E FRACIO- naturais, o conjunto dos opostos dos números naturais e o zero.
NÁRIA): PROPRIEDADES, OPERAÇÕES E PROBLEMAS Este conjunto pode ser representado por:

Números Naturais
Os números naturais são o modelo matemático necessário
para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unidade, Subconjuntos do conjunto :
obtemos o conjunto infinito dos números naturais 1)Conjunto dos números inteiros excluindo o zero

{...-2, -1, 1, 2, ...}

2) Conjuntos dos números inteiros não negativos


- Todo número natural dado tem um sucessor
a) O sucessor de 0 é 1. {0, 1, 2, ...}
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20. 3) Conjunto dos números inteiros não positivos

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero. {...-3, -2, -1}

Números Racionais
{1,2,3,4,5,6... . } Chama-se de número racional a todo número que pode ser ex-
presso na forma , onde a e b são inteiros quaisquer, com b≠0
- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um anteces- São exemplos de números racionais:
sor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente de zero. -12/51
a) O antecessor do número m é m-1. -3
b) O antecessor de 2 é 1.
c) O antecessor de 56 é 55. -(-3)
d) O antecessor de 10 é 9. -2,333...

Expressões Numéricas As dízimas periódicas podem ser representadas por fração,


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtrações, mul- portanto são consideradas números racionais.
tiplicações e divisões. Todas as operações podem acontecer em Como representar esses números?
uma única expressão. Para resolver as expressões numéricas utili-
zamos alguns procedimentos: Representação Decimal das Frações
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em decimais
Se em uma expressão numérica aparecer as quatro operações,
devemos resolver a multiplicação ou a divisão primeiramente, na 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o número de-
ordem em que elas aparecerem e somente depois a adição e a sub- cimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
tração, também na ordem em que aparecerem e os parênteses são
resolvidos primeiro.

Exemplo 1
10 + 12 – 6 + 7
22 – 6 + 7
16 + 7
23

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23 2º) Terá um número infinito de algarismos após a vírgula, mas
40 – 36 + 23 lembrando que a dízima deve ser periódica para ser número racio-
4 + 23 nal
27 OBS: período da dízima são os números que se repetem, se
não repetir não é dízima periódica e assim números irracionais, que
Exemplo 3 trataremos mais a frente.
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25

1
MATEMÁTICA
– Os números irracionais não podem ser expressos na forma ,
com a e b inteiros e b≠0.

Exemplo: - = 0 e 0 é um número racional.


Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar com o – O quociente de dois números irracionais, pode ser um núme-
denominador seguido de zeros. ro racional.
O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante. Exemplo: : = = 2 e 2 é um número racional.

– O produto de dois números irracionais, pode ser um número


racional.

Exemplo: . = = 7 é um número racional.

Exemplo: radicais( a raiz quadrada de um número na-


tural, se não inteira, é irracional.

Números Reais

2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, então como


podemos transformar em fração?

Exemplo 1
Transforme a dízima 0, 333... .em fração
Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízima dada
de x, ou seja
X=0,333...

Se o período da dízima é de um algarismo, multiplicamos por


10.
10x=3,333...
Fonte: www.estudokids.com.br
E então subtraímos:
10x-x=3,333...-0,333... Representação na reta
9x=3
X=3/9
X=1/3

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212... Intervalos limitados
100x = 112,1212... . Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou iguais a
e menores do que b ou iguais a b.
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99
Intervalo:[a,b]
Números Irracionais Conjunto: {x ϵ R|a≤x≤b}
Identificação de números irracionais
– Todas as dízimas periódicas são números racionais. Intervalo aberto – números reais maiores que a e menores que
– Todos os números inteiros são racionais. b.
– Todas as frações ordinárias são números racionais.
– Todas as dízimas não periódicas são números irracionais.
– Todas as raízes inexatas são números irracionais.
– A soma de um número racional com um número irracional é
sempre um número irracional. Intervalo:]a,b[
– A diferença de dois números irracionais, pode ser um número Conjunto:{xϵR|a<x<b}
racional.

2
MATEMÁTICA
Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores que a ou Casos
iguais a A e menores do que B. 1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1.

Intervalo:{a,b[ 2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio número.


Conjunto {x ϵ R|a≤x<b}

Intervalo fechado à direita – números reais maiores que a e


menores ou iguais a b.

3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, resulta em


um número positivo.

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x ϵ R|a<x≤b}

Intervalos Ilimitados
Semirreta esquerda, fechada de origem b- números reais me- 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ímpar, resulta
nores ou iguais a b. em um número negativo.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x ϵ R|x≤b} 5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos passar o sinal
para positivo e inverter o número que está na base.
Semirreta esquerda, aberta de origem b – números reais me-
nores que b.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x ϵ R|x<b} 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o valor do
expoente, o resultado será igual a zero.
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais maiores
ou iguais a A.

Propriedades
Intervalo:[a,+ ∞[ 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de mesma
Conjunto:{x ϵ R|x≥a} base, repete-se a base e soma os expoentes.

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais maiores Exemplos:


que a. 24 . 23 = 24+3= 27
(2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x ϵ R|x>a} 2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma base.
Conserva-se a base e subtraem os expoentes.
Potenciação
Multiplicação de fatores iguais Exemplos:
96 : 92 = 96-2 = 94
2³=2.2.2=8

3
MATEMÁTICA
3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multiplica-se De modo geral, se
os expoentes.

Exemplos:
a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * ,
(52)3 = 52.3 = 56
Então:

n
a.b = n a .n b

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores elevados a um O radical de índice inteiro e positivo de um produto indicado é
expoente, podemos elevar cada um a esse mesmo expoente. igual ao produto dos radicais de mesmo índice dos fatores do radi-
(4.3)²=4².3² cando.

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente, podemos Raiz quadrada de frações ordinárias
elevar separados.
1 1
2  2 2 22 2
Observe: =  = 1 =
3 3 3
32
Radiciação a na
Radiciação é a operação inversa a potenciação
* *
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R , n ∈ N , então: n =
+
b nb
O radical de índice inteiro e positivo de um quociente indicado
é igual ao quociente dos radicais de mesmo índice dos termos do
radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo
A determinação da raiz quadrada de um número torna-se mais
fácil quando o algarismo se encontra fatorado em números primos.
Veja:
Operações
64 2
32 2
16 2
8 2
4 2 Operações
2 2
1 Multiplicação

64=2.2.2.2.2.2=26 Exemplo
Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-se” um
e multiplica.
Divisão

Observe:
Exemplo
1 1 1
3.5 = (3.5) 2 = 3 .5 = 3. 5
2 2

4
MATEMÁTICA
Proporção
Adição e subtração
Proporção é a igualdade entre duas razões. A proporção entre
Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20. A/B e C/D é a igualdade:

8 2 20 2
4 2 10 2
2 2 5 5 Propriedade fundamental das proporções
Numa proporção:
1 1

Os números A e D são denominados extremos enquanto os nú-


Caso tenha:
meros B e C são os meios e vale a propriedade: o produto dos meios
é igual ao produto dos extremos, isto é:
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
AxD=BxC
Racionalização de Denominadores
Normalmente não se apresentam números irracionais com
Exemplo: A fração 3/4 está em proporção com 6/8, pois:
radicais no denominador. Ao processo que leva à eliminação dos
radicais do denominador chama-se racionalização do denominador.
1º Caso: Denominador composto por uma só parcela

Exercício: Determinar o valor de X para que a razão X/3 esteja


em proporção com 4/6.

Solução: Deve-se montar a proporção da seguinte forma:

2º Caso: Denominador composto por duas parcelas.

Segunda propriedade das proporções


Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos dois
primeiros termos está para o primeiro, ou para o segundo termo,
Devemos multiplicar de forma que obtenha uma diferença de
assim como a soma ou a diferença dos dois últimos termos está
quadrados no denominador:
para o terceiro, ou para o quarto termo. Então temos:

GRANDEZAS PROPORCIONAIS
Ou
Razão

Chama-se de razão entre dois números racionais a e b, com b


0, ao quociente entre eles. Indica-se a razão de a para b por a/bou
a : b.
Ou
Exemplo:
Na sala do 1º ano de um colégio há 20 rapazes e 25 moças.
Encontre a razão entre o número de rapazes e o número de moças.
(lembrando que razão é divisão)
Ou

5
MATEMÁTICA
Terceira propriedade das proporções Exemplo
Qualquer que seja a proporção, a soma ou a diferença dos an- Velocidade x Tempo a tabela abaixo:
tecedentes está para a soma ou a diferença dos consequentes, as-
sim como cada antecedente está para o seu respectivo consequen- VELOCIDADE (M/S) TEMPO (S)
te. Temos então:
5 200
8 125
10 100
16 62,5
Ou
20 50

Quanto MAIOR a velocidade MENOS tempo??


Inversamente proporcional
Se eu dobro a velocidade, eu faço o tempo pela metade.
Ou
Diretamente Proporcionais
Para decompor um número M em partes X1, X2, ..., Xn direta-
mente proporcionais a p1, p2, ..., pn, deve-se montar um sistema
com n equações e n incógnitas, sendo as somas X1+X2+...+Xn=M e
p1+p2+...+pn=P.
Ou

A solução segue das propriedades das proporções:


Grandezas Diretamente Proporcionais

Duas grandezas variáveis dependentes são diretamente pro-


porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual a
razão entre os valores correspondentes da 2ª, ou de uma maneira
mais informal, se eu pergunto: Exemplo
Quanto mais.....mais.... Carlos e João resolveram realizar um bolão da loteria. Carlos
entrou com R$ 10,00 e João com R$ 15,00. Caso ganhem o prêmio
Exemplo de R$ 525.000,00, qual será a parte de cada um, se o combinado
Distância percorrida e combustível gasto entre os dois foi de dividirem o prêmio de forma diretamente pro-
porcional?

DISTÂNCIA (KM) COMBUSTÍVEL (LITROS)


13 1
26 2
39 3
52 4

Quanto MAIS eu ando, MAIS combustível?


Diretamente proporcionais
Se eu dobro a distância, dobra o combustível Carlos ganhará R$210000,00 e Carlos R$315000,00.
Grandezas Inversamente Proporcionais Inversamente Proporcionais
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn inver-
Duas grandezas variáveis dependentes são inversamente pro- samente proporcionais a p1, p2, ..., pn, basta decompor este número
porcionais quando a razão entre os valores da 1ª grandeza é igual M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais a 1/p1, 1/p2,
ao inverso da razão entre os valores correspondentes da 2ª. ..., 1/pn. A montagem do sistema com n equações e n incógnitas,
Quanto mais....menos... assume que X1+X2+...+ Xn=M e além disso

6
MATEMÁTICA
cuja solução segue das propriedades das proporções: Solução: montando a tabela, colocando em cada coluna as
grandezas de mesma espécie e, em cada linha, as grandezas de es-
pécies diferentes que se correspondem:

HORAS CAMINHÕES VOLUME


8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↑
5↑ ----- X↓ ----- 125 ↑
REGRA DE TRÊS SIMPLES
A seguir, devemos comparar cada grandeza com aquela onde
Regra de três simples está o x.
Regra de três simples é um processo prático para resolver pro-
blemas que envolvam quatro valores dos quais conhecemos três Observe que:
deles. Devemos, portanto, determinar um valor a partir dos três já Aumentando o número de horas de trabalho, podemos dimi-
conhecidos. nuir o número de caminhões. Portanto a relação é inversamente
proporcional (seta para cima na 1ª coluna).
Passos utilizados numa regra de três simples: Aumentando o volume de areia, devemos aumentar o número
1º) Construir uma tabela, agrupando as grandezas da mesma de caminhões. Portanto a relação é diretamente proporcional (seta
espécie em colunas e mantendo na mesma linha as grandezas de para baixo na 3ª coluna). Devemos igualar a razão que contém o
espécies diferentes em correspondência. termo x com o produto das outras razões de acordo com o sentido
2º) Identificar se as grandezas são diretamente ou inversamen- das setas.
te proporcionais. Montando a proporção e resolvendo a equação temos:
3º) Montar a proporção e resolver a equação.
Um trem, deslocando-se a uma velocidade média de 400Km/h,
HORAS CAMINHÕES VOLUME
faz um determinado percurso em 3 horas. Em quanto tempo faria
esse mesmo percurso, se a velocidade utilizada fosse de 480km/h? 8↑ ----- 20 ↓ ----- 160 ↓
5↑ ----- X↓ ----- 125 ↓
Solução: montando a tabela:
Obs.: Assim devemos inverter a primeira coluna ficando:
1) Velocidade (Km/h) Tempo (h)
HORAS CAMINHÕES VOLUME
400 ----- 3
8 ----- 20 ----- 160
480 ----- X
5 ----- X ----- 125
2) Identificação do tipo de relação:

VELOCIDADE Tempo
400 ↓ ----- 3↑
Logo, serão necessários 25 caminhões
480 ↓ ----- X↑

Obs.: como as setas estão invertidas temos que inverter os nú-


meros mantendo a primeira coluna e invertendo a segunda coluna PORCENTAGEM
ou seja o que está em cima vai para baixo e o que está em baixo na
segunda coluna vai para cima
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, seu sím-
bolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que a encontramos
VELOCIDADE Tempo nos meios de comunicação, nas estatísticas, em máquinas de cal-
400 ↓ ----- 3↓ cular, etc.
480 ↓ ----- X↓ Os acréscimos e os descontos é importante saber porque ajuda
muito na resolução do exercício.
480x=1200
X=25 Acréscimo
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um determina-
Regra de três composta do valor, podemos calcular o novo valor apenas multiplicando esse
Regra de três composta é utilizada em problemas com mais de valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. Se o acréscimo for
duas grandezas, direta ou inversamente proporcionais. de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim por diante. Veja a tabela
abaixo:
Exemplos:
1) Em 8 horas, 20 caminhões descarregam 160m³ de areia. Em
5 horas, quantos caminhões serão necessários para descarregar ACRÉSCIMO OU LUCRO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO
125m³? 10% 1,10

7
MATEMÁTICA
15% 1,15 O menor número de meninas possíveis para ter gripe é se to-
dos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2 meninas estão.
20% 1,20
47% 1,47
67% 1,67

Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 temos: Resposta: C.


10 x 1,10 = R$ 11,00

Desconto JURO SIMPLES


No caso de haver um decréscimo, o fator de multiplicação será:
Fator de Multiplicação =1 - taxa de desconto (na forma decimal) Matemática Financeira
Veja a tabela abaixo: A Matemática Financeira possui diversas aplicações no atual
sistema econômico. Algumas situações estão presentes no cotidia-
DESCONTO FATOR DE MULTIPLICAÇÃO no das pessoas, como financiamentos de casa e carros, realizações
de empréstimos, compras a crediário ou com cartão de crédito,
10% 0,90
aplicações financeiras, investimentos em bolsas de valores, entre
25% 0,75 outras situações. Todas as movimentações financeiras são baseadas
34% 0,66 na estipulação prévia de taxas de juros. Ao realizarmos um emprés-
timo a forma de pagamento é feita através de prestações mensais
60% 0,40 acrescidas de juros, isto é, o valor de quitação do empréstimo é
90% 0,10 superior ao valor inicial do empréstimo. A essa diferença damos o
nome de juros.
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:
Capital
10 X 0,90 = R$ 9,00 O Capital é o valor aplicado através de alguma operação finan-
ceira. Também conhecido como: Principal, Valor Atual, Valor Pre-
Chamamos de lucro em uma transação comercial de compra e sente ou Valor Aplicado. Em inglês usa-se Present Value (indicado
venda a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. pela tecla PV nas calculadoras financeiras).
Lucro=preço de venda -preço de custo
Taxa de juros e Tempo
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem de duas A taxa de juros indica qual remuneração será paga ao dinheiro
formas: emprestado, para um determinado período. Ela vem normalmente
expressa da forma percentual, em seguida da especificação do perí-
odo de tempo a que se refere:
8 % a.a. - (a.a. significa ao ano).
10 % a.t. - (a.t. significa ao trimestre).

Outra forma de apresentação da taxa de juros é a unitária, que


é igual a taxa percentual dividida por 100, sem o símbolo %:
0,15 a.m. - (a.m. significa ao mês).
Exemplo 0,10 a.q. - (a.q. significa ao quadrimestre)
(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala de aula
com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está com gripe. Se x% Montante
das meninas dessa sala estão com gripe, o menor valor possível Também conhecido como valor acumulado é a soma do Capi-
para x é igual a tal Inicial com o juro produzido em determinado tempo.
(A) 8. Essa fórmula também será amplamente utilizada para resolver
(B) 15. questões.
(C) 10. M=C+J
(D) 6. M = montante
(E) 12. C = capital inicial
J = juros
Resolução M=C+C.i.n
45------100% M=C(1+i.n)
X-------60%
X=27 Juros Simples
Chama-se juros simples a compensação em dinheiro pelo em-
préstimo de um capital financeiro, a uma taxa combinada, por um
prazo determinado, produzida exclusivamente pelo capital inicial.
Em Juros Simples a remuneração pelo capital inicial aplicado
é diretamente proporcional ao seu valor e ao tempo de aplicação.

8
MATEMÁTICA
A expressão matemática utilizada para o cálculo das situações Exemplo
envolvendo juros simples é a seguinte: Calcule o juro composto que será obtido na aplicação de
J = C i n, onde: R$25000,00 a 25% ao ano, durante 72 meses
J = juros C = 25000
C = capital inicial i = 25%aa = 0,25
i = taxa de juros i = 72 meses = 6 anos
n = tempo de aplicação (mês, bimestre, trimestre, semestre,
ano...) M = C (1 + i)t
Observação importante: a taxa de juros e o tempo de aplica- M = 25000 (1 + 0,25)6
ção devem ser referentes a um mesmo período. Ou seja, os dois M = 25000 (1,25)6
devem estar em meses, bimestres, trimestres, semestres, anos... O M = 95367,50
que não pode ocorrer é um estar em meses e outro em anos, ou
qualquer outra combinação de períodos. M=C+J
Dica: Essa fórmula J = C i n, lembra as letras das palavras “JU- J = 95367,50 - 25000 = 70367,50
ROS SIMPLES” e facilita a sua memorização.
Outro ponto importante é saber que essa fórmula pode ser tra-
balhada de várias maneiras para se obter cada um de seus valores, RESOLVENDO PROBLEMAS
ou seja, se você souber três valores, poderá conseguir o quarto, ou
seja, como exemplo se você souber o Juros (J), o Capital Inicial (C) Os problemas matemáticos são resolvidos utilizando inúmeros
e a Taxa (i), poderá obter o Tempo de aplicação (n). E isso vale para recursos matemáticos, destacando, entre todos, os princípios algé-
qualquer combinação. bricos, os quais são divididos de acordo com o nível de dificuldade
e abordagem dos conteúdos. A prática das questões é que faz com
Exemplo que se ganhe maior habilidade para resolver problemas dessa na-
Maria quer comprar uma bolsa que custa R$ 85,00 à vista. tureza.
Como não tinha essa quantia no momento e não queria perder a
oportunidade, aceitou a oferta da loja de pagar duas prestações de Exemplos:
R$ 45,00, uma no ato da compra e outra um mês depois. A taxa de 01. (Câmara Municipal de São José dos Campos/SP – Analista
juros mensal que a loja estava cobrando nessa operação era de: Técnico Legislativo – Designer Gráfico – VUNESP) Em um condomí-
(A) 5,0% nio, a caixa d’água do bloco A contém 10 000 litros a mais de água
(B) 5,9% do que a caixa d’água do bloco B. Foram transferidos 2 000 litros de
(C) 7,5% água da caixa d’água do bloco A para a do bloco B, ficando o bloco
(D) 10,0% A com o dobro de água armazenada em relação ao bloco B. Após a
(E) 12,5% transferência, a diferença das reservas de água entre as caixas dos
Resposta Letra “e”. blocos A e B, em litros, vale
(A) 4 000.
O juros incidiu somente sobre a segunda parcela, pois a pri- (B) 4 500.
meira foi à vista. Sendo assim, o valor devido seria R$40 (85-45) e a (C) 5 000.
parcela a ser paga de R$45. (D) 5 500.
Aplicando a fórmula M = C + J: (E) 6 000.
45 = 40 + J
J=5 Resolução:
Aplicando a outra fórmula J = C i n: A = B + 10000( I )
5 = 40 X i X 1 Transferidos: A – 2000 = 2.B , ou seja,A = 2.B + 2000( II )
i = 0,125 = 12,5% Substituindo a equação ( II ) na equação ( I ), temos:
2.B + 2000 = B + 10000
Juros Compostos 2.B – B = 10000 – 2000
o juro de cada intervalo de tempo é calculado a partir do saldo B = 8000 litros (no início)
no início de correspondente intervalo. Ou seja: o juro de cada in- Assim, A = 8000 + 10000 = 18000 litros (no início)
tervalo de tempo é incorporado ao capital inicial e passa a render Portanto, após a transferência, fica:
juros também. A’ = 18000 – 2000 = 16000 litros
B’ = 8000 + 2000 = 10000 litros
Quando usamos juros simples e juros compostos? Por fim, a diferença é de : 16000 – 10000 = 6000 litros
A maioria das operações envolvendo dinheiro utilizajuros com- Resposta: E.
postos. Estão incluídas: compras a médio e longo prazo, compras
com cartão de crédito, empréstimos bancários, as aplicações finan-
ceiras usuais como Caderneta de Poupança e aplicações em fundos
de renda fixa, etc. Raramente encontramos uso para o regime de
juros simples: é o caso das operações de curtíssimo prazo, e do pro-
cesso de desconto simples de duplicatas.

O cálculo do montante é dado por:

M = C (1 + i)t

9
MATEMÁTICA
02. (IFNMG – Matemática - Gestão de Concursos) Uma linha A diferença é: 657 – 438 = 219
de produção monta um equipamento em oito etapas bem defini- Resposta: A.
das, sendo que cada etapa gasta exatamente 5 minutos em sua
tarefa. O supervisor percebe, cinco horas e trinta e cinco minutos 05. (CEFET – Auxiliar em Administração – CESGRANRIO) Caio
depois do início do funcionamento, que a linha parou de funcionar. é 15 cm mais alto do que Pedro. Pedro é 6 cm mais baixo que João.
Como a linha monta apenas um equipamento em cada processo de João é 7 cm mais alto do que Felipe. Qual é, em cm, a diferença
oito etapas, podemos afirmar que o problema foi na etapa: entre as alturas de Caio e de Felipe?
(A) 2 (A) 1
(B) 3 (B) 2
(C) 5 (C) 9
(D) 7 (D) 14
(E) 16
Resolução:
Um equipamento leva 8.5 = 40 minutos para ser montado. Resolução:
5h30 = 60.5 + 30 = 330 minutos Caio = Pedro + 15cm
330min : 40min = 8 equipamentos + 20 minutos (resto) Pedro = João – 6cm
20min : 5min = 4 etapas João = Felipe + 7cm, ou seja:Felipe = João – 7
Como as alternativas não apresentam a etapa 4, provavelmen- Caio – Felipe = ?
te, o problema ocorreu na etapa 3. Pedro + 15 – (João – 7) =
Resposta: B. João – 6 + 15 – João + 7 = 16
Resposta: E.
03. (EBSERH/HU-UFGD – Técnico em Informática – AOCP) Jo-
ana pretende dividir um determinado número de bombons entre
seus 3 filhos. Sabendo que o número de bombons é maior que 24 e SISTEMA MONETÁRIO BRASILEIRO
menor que 29, e que fazendo a divisão cada um dos seus 3 filhos re-
ceberá 9 bombons e sobrará 1 na caixa, quantos bombons ao todo O primeiro dinheiro do Brasil foi à moeda-mercadoria. Durante
Joana possui? muito tempo, o comércio foi feito por meio da troca de mercado-
(A) 24. rias, mesmo após a introdução da moeda de metal.
(B) 25. As primeiras moedas metálicas (de ouro, prata e cobre) chega-
(C) 26. ram com o início da colonização portuguesa. A unidade monetária
(D) 27. de Portugal, o Real, foi usada no Brasil durante todo o período co-
(E) 28 lonial. Assim, tudo se contava em réis (plural popular de real) com
moedas fabricadas em Portugal e no Brasil. O Real (R) vigorou até 07
Resolução: de outubro de 1833. De acordo com a Lei nº 59, de 08 de outubro
Sabemos que 9 . 3 = 27 e que, para sobrar 1, devemos fazer 27 de 1833, entrou em vigor o Mil-Réis (Rs), múltiplo do real, como
+ 1 = 28. unidade monetária, adotada até 31 de outubro de 1942.
Resposta: E. No século XX, o Brasil adotou nove sistemas monetários ou
nove moedas diferentes (mil-réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro,
04. (Câmara Municipal de São José dos Campos/SP – Analista cruzado, cruzado novo, cruzeiro, cruzeiro real, real).
Técnico Legislativo – Designer Gráfico – VUNESP) Na biblioteca de Por meio do Decreto-Lei nº 4.791, de 05 de outubro de 1942,
um instituto de física, para cada 2 livros de matemática, existem 3 uma nova unidade monetária, o cruzeiro – Cr$ veio substituir o mil-
de física. Se o total de livros dessas duas disciplinas na biblioteca é -réis, na base de Cr$ 1,00 por mil-réis.
igual a 1 095, o número de livros de física excede o número de livros A denominação “cruzeiro” origina-se das moedas de ouro (pe-
de matemática em sadas em gramas ao título de 900 milésimos de metal e 100 milési-
mos de liga adequada), emitidas na forma do Decreto nº 5.108, de
(A) 219. 18 de dezembro de 1926, no regime do ouro como padrão mone-
(B) 405. tário.
(C) 622.
(D) 812. O Decreto-Lei nº 1, de 13 de novembro de 1965, transformou
(E) 1 015. o cruzeiro – Cr$ em cruzeiro novo – NCr$, na base de NCr$ 1,00 por
Cr$ 1.000. A partir de 15 de maio de 1970 e até 27 de fevereiro de
Resolução: 1986, a unidade monetária foi novamente o cruzeiro (Cr$).
Em 27 de fevereiro de 1986, Dílson Funaro, ministro da Fa-
𝑀 2 , ou seja, 3.M = 2.F( I ) zenda, anunciou o Plano Cruzado (Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de
=
𝐹 3 fevereiro de 1986): o cruzeiro – Cr$ se transformou em cruzado –
Cz$, na base de Cz$ 1,00 por Cr$ 1.000 (vigorou de 28 de fevereiro
M + F = 1095 , ou seja, M = 1095 – F( II ) de 1986 a 15 de janeiro de 1989). Em novembro do mesmo ano, o
Vamos substituir a equação ( II ) na equação ( I ): Plano Cruzado II tentou novamente a estabilização da moeda. Em
3 . (1095 – F) = 2.F junho de 1987, Luiz Carlos Brésser Pereira, ministro da Fazenda,
3285 – 3.F = 2.F anunciou o Plano Brésser: um Plano Cruzado “requentado” avaliou
5.F = 3285 Mário Henrique Simonsen.
F = 3285 / 5
F = 657 (física)
Assim: M = 1095 - 657 = 438 (matemática)

10
MATEMÁTICA
Em 15 de janeiro de 1989, Maílson da Nóbrega, ministro da Cruzeiro Novo
Fazenda, anunciou o Plano Verão (Medida Provisória nº 32, de 15 Cr$1000 = NCr$1(com centavos) 13.02.1967
de janeiro de 1989): o cruzado – Cz$ se transformou em cruzado O Decreto-Lei nº 1, de 13 de novembro de1965 (D.O.U. de 17
novo – NCz$, na base de NCz$ 1,00 por Cz$ 1.000,00 (vigorou de 16 de novembro de 1965), regulamentado pelo Decreto nº 60.190, de
de janeiro de 1989 a 15 de março de 1990). 08 de fevereiro de1967 (D.O.U. de 09 de fevereiro de 1967), insti-
tuiu o Cruzeiro Novo como unidade monetária transitória, equiva-
Em 15 de março de 1990, Zélia Cardoso de Mello, ministra da lente a um mil cruzeiros antigos, restabelecendo o centavo. O Con-
Fazenda, anunciou o Plano Collor (Medida Provisória nº 168, de 15 selho Monetário Nacional, pela Resolução nº 47, de 08 de fevereiro
de março de 1990): o cruzado novo – NCz$ se transformou em cru- de 1967, estabeleceu a data de 13.02.67 para início de vigência do
zeiro – Cr$, na base de Cr$ 1,00 por NCz$ 1,00 (vigorou de 16 de novo padrão.
março de 1990 a 28 de julho de 1993). Em janeiro de 1991, a infla- Exemplo: Cr$ 4.750 (quatro mil, setecentos e cinquenta cru-
ção já passava de 20% ao mês, e o Plano Collor II tentou novamente zeiros) passou a expressar-se NCr$ 4,75(quatro cruzeiros novos e
a estabilização da moeda. setenta e cinco centavos).
A Medida Provisória nº 336, de 28 de julho de1993, transfor-
mou o cruzeiro – Cr$ em cruzeiro real – CR$, na base de CR$ 1,00 Cruzeiro
por Cr$ 1.000,00 (vigorou de 29 de julho de 1993 a 29 de junho de De NCr$ para Cr$ (com centavos) 15.05.1970
1994). A Resolução nº 144, de 31 de março de 1970 (D.O.U. de 06 de
Em 30 de junho de 1994, Fernando Henrique Cardoso, ministro abril de 1970), do Conselho Monetário Nacional, restabeleceu a de-
da Fazenda, anunciou o Plano Real: o cruzeiro real – CR$ se trans- nominação Cruzeiro, a partir de 15 de maio de 1970, mantendo o
formou em real – R$, na base de R$ 1,00 por CR$ 2.750,00 (Medida centavo.
Provisória nº 542, de 30 de junho de 1994, convertida na Lei nº Exemplo: NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cinco
9.069, de 29 de junho de 1995). centavos) passou a expressar-se Cr$ 4,75(quatro cruzeiros e setenta
O artigo 10, I, da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, e cinco centavos).
delegou ao Banco Central do Brasil competência para emitir papel-
-moeda e moeda metálica, competência exclusiva consagrada pelo Cruzeiros
artigo 164 da Constituição Federal de 1988. (sem centavos) 16.08.1984
Antes da criação do BCB, a Superintendência da Moeda e do A Lei nº 7.214, de 15 de agosto de 1984 (D.O.U. de 16.08.84),
Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional desempe- extinguiu a fração do Cruzeiro denominada centavo. Assim, a im-
nhavam o papel de autoridade monetária. portância do exemplo, Cr$ 4,75 (quatro cruzeiros e setenta e cinco
A SUMOC, criada em 1945 e antecessora do BCB, tinha por centavos), passou a escrever-se Cr$ 4, eliminando-se a vírgula e os
finalidade exercer o controle monetário. A SUMOC fixava os per- algarismos que a sucediam.
centuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas
do redesconto e da assistência financeira de liquidez, bem como os Cruzado
juros. Além disso, supervisionava a atuação dos bancos comerciais, Cr$ 1000 = Cz$1 (com centavos) 28.02.1986
orientava a política cambial e representava o País junto a organis- O Decreto-Lei nº 2.283, de 27 de fevereiro de 1986 (D.O.U. de
mos internacionais. 28 de fevereiro de 1986), posteriormente substituído pelo Decreto-
O Banco do Brasil executava as funções de banco do governo, e -Lei nº 2.284, de 10 de março de 1986 (D.O.U. de 11 de março de
o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda. 1986), instituiu o Cruzado como nova unidade monetária, equiva-
lente a um mil cruzeiros, restabelecendo o centavo. A mudança de
Cruzeiro padrão foi disciplinada pela Resolução nº 1.100, de 28 de fevereiro
1000 réis = Cr$1(com centavos) 01.11.1942 de 1986, do Conselho Monetário Nacional.
O Decreto-Lei nº 4.791, de 05 de outubro de 1942 (D.O.U. de 06 Exemplo: Cr$ 1.300.500 (um milhão, trezentos mil e quinhen-
de outubro de 1942), instituiu o Cruzeiro como unidade monetária tos cruzeiros) passou a expressar-se Cz$ 1.300,50 (um mil e trezen-
brasileira, com equivalência a um mil réis. Foi criado o centavo, cor- tos cruzados e cinquenta centavos).
respondente à centésima parte do cruzeiro.
Exemplo: 4:750$400 (quatro contos, setecentos e cinquenta Cruzado Novo
mil e quatrocentos réis) passou a expressar-se Cr$ 4.750,40 (quatro Cz$ 1000 = NCz$1 (com centavos) 16.01.1989
mil setecentos e cinquenta cruzeiros e quarenta centavos) A Medida Provisória nº 32, de 15 de janeiro de 1989 (D.O.U. de
16 de janeiro de 1989), convertida na Lei nº 7.730, de 31 de janeiro
Cruzeiro de 1989 (D.O.U. de 01 de fevereiro de 1989), instituiu o Cruzado
(sem centavos) 02.12.1964 Novo como unidade do sistema monetário, correspondente a um
A Lei nº 4.511, de 01de dezembro de1964 (D.O.U. de 02 de de- mil cruzados, mantendo o centavo. A Resolução nº 1.565, de 16 de
zembro de 1964), extinguiu a fração do cruzeiro denominada centa- janeiro de 1989, do Conselho Monetário Nacional, disciplinou a im-
vo. Por esse motivo, o valor utilizado no exemplo acima passou a ser plantação do novo padrão.
escrito sem centavos: Cr$ 4.750 (quatro mil setecentos e cinquenta
cruzeiros). Exemplo: Cz$ 1.300,50 (um mil e trezentos cruzados e cinquen-
ta centavos) passou a expressar-se NCz$ 1,30 (um cruzado novo e
trinta centavos).

11
MATEMÁTICA
Cruzeiro
De NCz$ para Cr$ (com centavos) 16.03.1990
A Medida Provisória nº 168, de 15 de março de 1990 (D.O.U. de 16 de março de 1990), convertida na Lei nº 8.024, de 12 de abril de
1990 (D.O.U. de 13 de abril de 1990), restabeleceu a denominação Cruzeiro para a moeda, correspondendo um cruzeiro a um cruzado
novo. Ficou mantido o centavo. A mudança de padrão foi regulamentada pela Resolução nº 1.689, de 18 de março de 1990, do Conselho
Monetário Nacional.
Exemplo: NCz$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzados novos) passou a expressar-se Cr$ 1.500,00 (um mil e quinhentos cruzeiros).

Cruzeiro Real
Cr$ 1000 = CR$ 1 (com centavos) 01.08.1993
A Medida Provisória nº 336, de 28 de julho de 1993 (D.O.U. de 29 de julho de 1993), convertida na Lei nº 8.697, de 27 de agosto de
1993 (D.O.U. de 28 agosto de 1993), instituiu o Cruzeiro Real, a partir de 01 de agosto de 1993, em substituição ao Cruzeiro, equivalendo
um cruzeiro real a um mil cruzeiros, com a manutenção do centavo. A Resolução nº 2.010, de 28 de julho de 1993, do Conselho Monetário
Nacional, disciplinou a mudança na unidade do sistema monetário.
Exemplo: Cr$ 1.700.500,00 (um milhão, setecentos mil e quinhentos cruzeiros) passou a expressar-se CR$ 1.700,50 (um mil e setecen-
tos cruzeiros reais e cinquenta centavos).

Real
CR$ 2.750 = R$ 1(com centavos) 01.07.1994
A Medida Provisória nº 542, de 30 de junho de 1994 (D.O.U. de 30 de junho de 1994), instituiu o Real como unidade do sistema
monetário, a partir de 01 de julho de 1994, com a equivalência de CR$ 2.750,00 (dois mil, setecentos e cinquenta cruzeiros reais), igual à
paridade entre a URV e o Cruzeiro Real fixada para o dia 30 de junho de 1994. Foi mantido o centavo.
Como medida preparatória à implantação do Real, foi criada a URV - Unidade Real de Valor - prevista na Medida Provisória nº 434,
publicada no D.O.U. de 28 de fevereiro de 1994, reeditada com os números 457 (D.O.U. de 30 de março de 1994) e 482 (D.O.U. de 29 de
abril de 1994) e convertida na Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994 (D.O.U. de 28 de maio de 1994).
Exemplo: CR$ 11.000.000,00 (onze milhões de cruzeiros reais) passou a expressar-se R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

Banco Central (BC ou Bacen) - Autoridade monetária do País responsável pela execução da política financeira do governo. Cuida ainda
da emissão de moedas, fiscaliza e controla a atividade de todos os bancos no País.

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - Órgão internacional que visa ajudar países subdesenvolvidos e em desenvolvimen-
to na América Latina. A organização foi criada em 1959 e está sediada em Washington, nos Estados Unidos.

Banco Mundial - Nome pelo qual o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) é conhecido. Órgão internacional
ligado a ONU, a instituição foi criada para ajudar países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - Empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior que tem como objetivo financiar empreendimentos para o desenvolvimento do Brasil.

SISTEMA DECIMAL DE MEDIDAS: COMPRIMENTO, SUPERFÍCIE, VOLUME, MASSA, CAPACIDADE E TEMPO (TRANS-
FORMAÇÃO DE UNIDADES E PROBLEMAS)

UNIDADES DE COMPRIMENTO
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

12
MATEMÁTICA
Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

UNIDADES DE ÁREA
km 2
hm 2
dam 2
m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

UNIDADES DE VOLUME
km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

UNIDADES DE CAPACIDADE
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Unidades de Capacidade
kg hg dag g g dg cg mg
Quilograma Hectograma Decagrama Grama Grama Decigrama Centigrama Miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,1g 0,01g 0,001

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

13
MATEMÁTICA
Tempo Divisão
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s). 5h 20 minutos : 2
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo:
dias, horas, minutos
5h 20 minutos 2
Transformação de unidades 1h 20 minutos 2h 40 minutos
Deve-se saber:
1 dia=24horas 80 minutos
1hora=60minutos 0
1 minuto=60segundos
1hora=3600s 1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minu-
tos
Adição de tempo
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recor-
de de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS: PERÍMETROS E ÁRE-
para chegar em casa. Que horas ela chegou? AS - PROBLEMAS

15h 35 minutos Ângulos


Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se-
1 minutos 25 segundos mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la-
30 minutos dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.
--------------------------------------------------
15h 66 minutos 25 segundos

Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para


as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos
Então fica: 16h6 minutos 25segundos
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa.

Subtração
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 mi- Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.
nutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo
ficou fora?

11h 60 minutos
16h 6 minutos 25 segundos
-15h 35 min
--------------------------------------------------

Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma for-


ma que conta de subtração.
1hora=60 minutos
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

15h 66 minutos 25 segundos


15h 35 minutos
--------------------------------------------------
0h 31 minutos 25 segundos

Multiplicação
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo-
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo? Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
2h 40 minutos - É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

x2
----------------------------
4h 80 minutos OU
5h 20 minutos

14
MATEMÁTICA
Ângulo Reto: Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um
- É o ângulo cuja medida é 90º; ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo

Elementos
Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a
Mediana esse segmento pelo seu ponto médio.
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto. Na figura, a reta m é a mediatriz de .
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto
Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo
Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
oposto. Um triângulo tem três mediatrizes.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Classificação

Quanto aos lados

Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.

15
MATEMÁTICA
Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que
a soma dos outros dois.Em qualquer triângulo, ao maior ângulo
opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Triângulo equilátero: três lados iguais. Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Quanto aos ângulos - é paralelo a


- Losango: 4 lados congruentes
Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos - Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto - No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b é a


medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a


medida da altura.
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso
3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

16
MATEMÁTICA
Polígono
Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
polígono.

Ângulos Externos

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades


são vértices não-consecutivos desse polígono.

A soma dos ângulos externos=360°


Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

Número de Diagonais

Exemplo

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con-
vexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es-
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos
internos dos n-2 triângulos.

17
MATEMÁTICA
Semelhança de Triângulos Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os Considerando o triângulo retângulo ABC.
lados correspondentes forem proporcionais.

Casos de Semelhança
1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio- Temos:
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes. Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

18
MATEMÁTICA
Neste triângulo, temos que: c²=a²+b² Posições Relativas de Duas Retas
Dividindo os membros por c² Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano.
Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não
estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever-
sas.

Retas Coplanares

a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo. -Duas retas concorrentes podem ser:
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.
2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares.

a: hipotenusa b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


b e c: catetos dentes.
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela


altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos


catetos (Teorema de Pitágoras).

19
MATEMÁTICA
5. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017 )
EXERCÍCIOS Um carregamento de areia foi totalmente embalado em 240 sacos,
com 40 kg em cada saco. Se fossem colocados apenas 30 kg em
1. (PREFEITURA DE SALVADOR /BA - TÉCNICO DE NÍVEL cada saco, o número de sacos necessários para embalar todo o car-
SUPERIOR II - DIREITO – FGV/2017) Em um concurso, há 150 can- regamento seria igual a
didatos em apenas duas categorias: nível superior e nível médio. (A) 420.
Sabe-se que: (B) 375.
• dentre os candidatos, 82 são homens; (C) 370.
• o número de candidatos homens de nível superior é igual ao (D) 345.
de mulheres de nível médio; (E) 320.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mulheres.
6. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV-
O número de candidatos homens de nível médio é GO/2017) Quarenta e oito funcionários de uma certa empresa,
(A) 42. trabalhando 12 horas por dia, produzem 480 bolsas por semana.
(B) 45. Quantos funcionários a mais, trabalhando 15 horas por dia, podem
(C) 48. assegurar uma produção de 1200 bolsas por semana?
(D) 50. (A) 48
(E) 52. (B) 96
(C) 102
2. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA - MS- (D) 144
CONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, Isabella e José
foram a uma prova de hipismo, na qual ganharia o competidor que 7. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – UFES/2017)
obtivesse o menor tempo final. A cada 1 falta seriam incrementados No regime de juros simples, os juros em cada período de tempo são
6 segundos em seu tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria calculados sobre o capital inicial. Um capital inicial C0 foi aplicado a
Eduarda fez 1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni juros simples de 3% ao mês. Se Cn é o montante quando decorridos
fez 1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a colo- n meses, o menor valor inteiro para n, tal que Cn seja maior que o
cação, é correto afirmar que o vencedor foi: dobro de C0, é
(A) José (A) 30
(B) Isabella (B) 32
(C) Maria Eduarda (C) 34
(D) Raoni (D) 36
(E) 38
3. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VUNESP/2017)
Para uma pesquisa, foram realizadas entrevistas nos estados da Re- 8. (PREF. DE NITERÓI/RJ – AGENTE FAZENDÁRIO –
gião Sudeste do Brasil. A amostra foi composta da seguinte maneira: FGV/2016) Para pagamento de boleto com atraso em período in-
– 2500 entrevistas realizadas no estado de São Paulo; ferior a um mês, certa instituição financeira cobra, sobre o valor do
– 1500 entrevistas realizadas nos outros três estados da Região boleto, multa de 2% mais 0,4% de juros de mora por dia de atraso
Sudeste. no regime de juros simples. Um boleto com valor de R$ 500,00 foi
pago com 18 dias de atraso.
Desse modo, é correto afirmar que a razão entre o número de O valor total do pagamento foi:
entrevistas realizadas em São Paulo e o número total de entrevistas (A) R$ 542,00;
realizadas nos quatro estados é de (B) R$ 546,00;
(A) 8 para 5. (C) R$ 548,00;
(B) 5 para 8. (D) R$ 552,00;
(C) 5 para 7. (E) R$ 554,00.
(D) 3 para 5.
(E) 3 para 8. 9. No sistema monetário brasileiro, há moedas de 1, 5, 10, 25
e 50 centavos de real, além da moeda de 1 real. De quantas formas
4. (UNIRV/60 – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV- diferentes podemos juntar 40 centavos de real com apenas 4 mo-
GO/2017) Em relação à prova de matemática de um concurso, Pau- edas?
la acertou 32 das 48 questões da prova. A razão entre o número de (A) 1
questões que ela errou para o total de questões da prova é de (B) 2
(A) 2/3 (C) 3
(B) 1/2 (D) 4
(C) 1/3 (E) 5
(D) 3/2

20
MATEMÁTICA
10. No Brasil, o sistema monetário adotado é o decimal. Por 15. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FAURGS/2017) No cubo
exemplo: de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se representado um plano
205,42 reais = (2 × 102 + 0 × 101 + 5 × 100 + 4 × 10-1 + 2 × passando pelos vértices B e C e pelos pontos P e Q, pontos médios,
10-2) reais Suponha que em certo país, em que a moeda vigente respectivamente, das arestas EF e HG, gerando o quadrilátero BCQP.
é o “mumu”, o sistema monetário seja binário. O exemplo seguin-
te mostra como converter certa quantia, dada em “mumus”, para
reais: 110,01 mumus = (1 × 22 + 1 × 21 + 0 × 20 + 0 × 2-1 + 1 × 2-2)
reais = = 6,25 reais Com base nessas informações, se um brasileiro
em viagem a esse país quiser converter 385,50 reais para a moeda
local, a quantia que ele receberá, em “mumus”, é:
(A) 10 100 001,11.
(B) 110 000 001,1.
(C) 110 000 011,11.
(D) 110 000 111,1.
(E) 111 000 001,11.

11. (IPRESB/SP - ANALISTA DE PROCESSOS PREVIDENCI- A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é
ÁRIOS- VUNESP/2017) Uma gráfica precisa imprimir um lote de (A) 25√5.
100000 folhetos e, para isso, utiliza a máquina A, que imprime 5000 (B) 50√2.
folhetos em 40 minutos. Após 3 horas e 20 minutos de funciona- (C) 50√5.
mento, a máquina A quebra e o serviço restante passa a ser fei- (D)100√2 .
to pela máquina B, que imprime 4500 folhetos em 48 minutos. O (E) 100√5.
tempo que a máquina B levará para imprimir o restante do lote de
folhetos é 16. (SAP/SP - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA -
(A) 14 horas e 10 minutos. MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a seguir, de
(B) 14 horas e 05 minutos. vértices A, B e C, representa uma praça de uma cidade. Qual é a
(C) 13 horas e 45 minutos. área dessa praça?
(D) 13 horas e 30 minutos.
(E) 13 horas e 20 minutos.

12. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VU-


NESP/2017) Renata foi realizar exames médicos em uma clínica. Ela
saiu de sua casa às 14h 45 min e voltou às 17h 15 min. Se ela ficou
durante uma hora e meia na clínica, então o tempo gasto no trânsi-
to, no trajeto de ida e volta, foi igual a
(A) 1/2h.
(B) 3/4h. (A) 120 m²
(C) 1h. (B)90 m²
(D) 1h 15min. (C) 60 m²
(E) 1 1/2h. (D) 30 m²

13. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VU- 17. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VU-
NESP/2017) Uma indústria produz regularmente 4500 litros de NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em centímetros,
suco por dia. Sabe-se que a terça parte da produção diária é dis- mostra um painel informativo ABCD, de formato retangular, no qual
tribuída em caixinhas P, que recebem 300 mililitros de suco cada se destaca a região retangular R, onde x > y.
uma. Nessas condições, é correto afirmar que a cada cinco dias a
indústria utiliza uma quantidade de caixinhas P igual a
(A) 25000.
(B) 24500.
(C) 23000.
(D) 22000.
(E) 20500.

14. (UNIRV/GO – AUXILIAR DE LABORATÓRIO – UNIRV-


GO/2017) Uma empresa farmacêutica distribuiu 14400 litros de
uma substância líquida em recipientes de 72 cm3 cada um. Sabe-se
que cada recipiente, depois de cheio, tem 80 gramas. A quantidade
de toneladas que representa todos os recipientes cheios com essa
substância é de
(A) 16
(B) 160 Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados correspon-
(C) 1600 dentes do retângulo ABCD e da região R é igual a 5/2 , é correto
(D) 16000 afirmar que as medidas, em centímetros, dos lados da região R, in-
dicadas por x e y na figura, são, respectivamente,

21
MATEMÁTICA
(A) 80 e 64.
(B) 80 e 62. GABARITO
(C) 62 e 80.
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 1. Resposta: B.
150-82=68 mulheres
18. (CÂMARA DE SUMARÉ – ESCRITURÁRIO – VU- Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 são de
NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de comprimento, nível médio.
foi totalmente coberto por 108 placas quadradas de porcelanato, Portanto, há 37 homens de nível superior.
todas inteiras. Sabe-se que quatro placas desse porcelanato cobrem 82-37=45 homens de nível médio.
exatamente 1 m2 de piso. Nessas condições, é correto afirmar que
o perímetro desse piso é, em metros, igual a 2. Resposta: D.
(A) 20. Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o vencedor.
(B) 21.
(C) 24. 3. Resposta: B
(D) 27. 2500+1500=4000 entrevistas
(E) 30.

19. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO MUNICIPAL E SUPERVI-


SOR – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular resolveu
cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de madeira. Colocou uma 4. Resposta: C
estaca em cada um dos quatro cantos do terreno e as demais igual- Se Paula acertou 32, errou 16.
mente espaçadas, de 3 em 3 metros, ao longo dos quatro lados do
terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores do terre-
no, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do número de estacas
em cada um dos lados menores, também incluindo os dois dos can- 5. Resposta: E
tos.
SACOS kg
A área do terreno em metros quadrados é:
(A) 240; 240 ----- 40
(B) 256; X ----- 30
(C) 324;
(D) 330; Quanto mais sacos, menos areia foi colocada(inversamente)
(E) 372.

20. (TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO- VU-


NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão indicadas em 30x=9600
metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas com formato de triângu- X=320
los retângulos, situadas em uma praça e destinadas a atividades de
recreação infantil para faixas etárias distintas. 6. Resposta: A

↑ FUNCIONÁRIOS ↑ HORAS BOLSAS ↓


48 ----- 12 ----- 480
X ----- 15 ----- 1200

Quanto mais funcionários, menos horas precisam


Quanto mais funcionários, mais bolsas feitas

Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é, em metros,


igual a
(A) 54. X=96 funcionários
(B) 48. Precisam de mais 48 funcionários
(C) 36.
(D) 40. 7. Resposta: C
(E) 42. M=C(1+in)
Cn=Co(1+0,03n)
2Co=Co(1+0,03n)
2=1+0,03n
1=0,03n
N=33,33
Ou seja, maior que 34

22
MATEMÁTICA
8. Resposta: C 17. Resposta: A
M=C(1+in)
C=500+500x0,02=500+10=510
M=510(1+0,004x18)
M=510(1+0,072)=546,72
5y=320
9. B Y=64
10. B

11. Resposta: E.
3h 20 minutos-200 minutos
5000-----40 5x=400
x----------200 X=80
x=1000000/40=25000

Já foram impressos 25000, portanto faltam ainda 75000


4500-------48
75000------x 18. Resposta: B.
X=3600000/4500=800 minutos 108/4=27m²
800/60=13,33h 6x=27
13 horas e 1/3 hora X=27/6
13h e 20 minutos
O perímetro seria

19. Resposta: C
Número de estacas: x
12. Resposta: C. X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contando duas ve-
Como ela ficou 1hora e meia na clínica o trajeto de ida e volta zes o canto
demorou 1 hora. 6x=30
X=5
13. Resposta: A.
4500/3=1500 litros para as caixinhas Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas a cada 3m
1500litros=1500000ml 4 espaços de 3m=12m
1500000/300=5000 caixinhas por dia Lado maior 10 estacas
5000.5=25000 caixinhas em 5 dias 9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²
14. Resposta: A.
14400litros=14400000 ml 20. Resposta: B

200000⋅80=16000000 gramas=16 toneladas

15. Resposta: C 9x=108


CQ é hipotenusa do triângulo GQC. X=12
01. CQ²=10²+5² Para encontrar o perímetro do triângulo R2:
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC
A=5√5⋅10=50√5

16. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8² Y²=16²+12²
289=x²+64 Y²=256+144=400
X²=225 Y=20
X=15 Perímetro: 16+12+20=48

23
MATEMÁTICA
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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INFORMÁTICA
1. Sistema Operacional Microsoft Windows . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Microsoft Office: Editor De Textos Word E Planilha Excel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
3. Internet E Ferramentas Microsoft Office (2013, 2016) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
INFORMÁTICA
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
SISTEMA OPERACIONAL MICROSOFT WINDOWS nada pasta ou arquivo propriamente dito.

WINDOWS 7

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.
Área de trabalho do Windows 7

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.

Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos. Área de transferência
• Arquivo é um item único que contém um determinado A área de transferência é muito importante e funciona em
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.

1
INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + Programas e aplicativos
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Player
• Media Center
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + • Limpeza de disco
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- • Desfragmentador de disco
do na área de transferência. • Os jogos do Windows.
• Ferramenta de captura
Manipulação de arquivos e pastas • Backup e Restore
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Interação com o conjunto de aplicativos
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode- Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, entendermos melhor as funções categorizadas.
criar pastas, criar atalhos etc.
Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media
center.

Uso dos menus

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples-
mente confirmar sua exclusão.

2
INFORMÁTICA

• O recurso de backup e restauração do Windows é muito


importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
uma cópia de segurança.

WINDOWS 8

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito im-


portante, pois conforme vamos utilizando o computador os ar-
quivos ficam internamente desorganizados, isto faz que o com-
putador fique lento. Utilizando o desfragmentador o Windows
se reorganiza internamente tornando o computador mais rápido
e fazendo com que o Windows acesse os arquivos com maior
rapidez.

3
INFORMÁTICA
Conceito de pastas e diretórios
Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos). Área de trabalho do Windows 8
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar- rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
quivos. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
Arquivos e atalhos – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza- V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos do na área de transferência.
e atalhos. Manipulação de arquivos e pastas
• Arquivo é um item único que contém um determinado A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi- criar pastas, criar atalhos etc.
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

4
INFORMÁTICA
Uso dos menus

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
Programas e aplicativos

Transferência
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito im-
portante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para se-
rem salvos, tendo assim uma cópia de segurança.

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para
entendermos melhor as funções categorizadas.

Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o


Capturador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, re-
cortar a parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músi-
cas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente
experiência de entretenimento, nele pode-se administrar biblio-
tecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media
center.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o


Skydrive mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft,
hoje portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referen-
ciar o armazenamento na nuvem (As informações podem ficar
gravadas na internet).

5
INFORMÁTICA
WINDOWS 10 Área de trabalho

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava-
do na área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar- A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
quivos. pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Pode-
mos executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos,
Arquivos e atalhos criar pastas, criar atalhos etc.
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

6
INFORMÁTICA
Uso dos menus que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário • O recurso de backup e restauração do Windows é muito
Vamos separar esta interação do usuário por categoria para importante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até
entendermos melhor as funções categorizadas. mesmo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo uma cópia de segurança.
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é
uma excelente experiência de entretenimento, nele pode-se ad-
ministrar bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu com-
putador, copiar CDs, criar playlists e etc., isso também é válido
para o media center.

Inicialização e finalização

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o
próprio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simples- Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no
mente confirmar sua exclusão. Windows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

LINUX
O Linux não é um ambiente gráfico como o Windows, mas
podemos carregar um pacote para torná-lo gráfico assumindo
assim uma interface semelhante ao Windows. Neste caso vamos
• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor- carregar o pacote Gnome no Linux. Além disso estaremos tam-
tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos bém usando a distribuição Linux Ubuntu para demonstração,
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi- pois sabemos que o Linux possui várias distribuições para uso.

7
INFORMÁTICA
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Vamos olhar abaixo o

Linux Ubuntu em modo texto:

No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro ar-


quivos.
Linux Ubuntu em modo gráfico (Área de trabalho):
Arquivos e atalhos
Como vimos anteriormente: pastas servem para organiza-
ção, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos
e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado
dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral
(textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determi-
nada pasta ou arquivo propriamente dito.

No caso do Linux temos que criar um lançador que funciona


como um atalho, isto é, ele vai chamar o item indicado.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome
“pasta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organi-
zar, armazenar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem
ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos
diversos).

Perceba que usamos um comando para criar um lançador,


mas nosso objetivo aqui não é detalhar comandos, então a for-
ma mais rápida de pesquisa de aplicativos, pastas e arquivos é
através do botão:

8
INFORMÁTICA

Desta forma já vamos direto ao item desejado

Área de transferência
Perceba que usando a interface gráfica funciona da mesma
forma que o Windows.
A área de transferência é muito importante e funciona em
segundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vá-
rios tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl +
C”, estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl +
V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está grava- Programas e aplicativos
do na área de transferência. Dependendo da distribuição Linux escolhida, esta já vem
com alguns aplicativos embutidos, por isso que cada distribui-
Manipulação de arquivos e pastas ção tem um público alvo. O Linux em si é puro, mas podemos
No caso da interface gráfica as funcionalidades são seme- destacar duas bem comuns:
lhantes ao Windows como foi dito no tópico acima. Entretanto, • Firefox (Navegador para internet);
podemos usar linha de comando, pois já vimos que o Linux origi- • Pacote LibreOffice (Pacote de aplicativos semelhante ao
nalmente não foi concebido com interface gráfica. Microsoft Office).

MICROSOFT OFFICE: EDITOR DE TEXTOS


WORD E PLANILHA EXCEL

Microsoft Office
Na figura acima utilizamos o comando ls e são listadas as
pastas na cor azul e os arquivos na cor branca.

Uso dos menus


Como estamos vendo, para se ter acesso aos itens do Linux
são necessários diversos comandos. Porém, se utilizarmos uma
interface gráfica a ação fica mais intuitiva, visto que podemos
utilizar o mouse como no Windows. Estamos utilizando para fins
de aprendizado a interface gráfica “GNOME”, mas existem diver-
sas disponíveis para serem utilizadas.

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais


para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramen-
tas, mas em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor
de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de
Apresentações – PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização
mais comum:

9
INFORMÁTICA
Word • Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área
ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos
Vamos então apresentar suas principais funcionalidades. básicos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou
pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos
• Área de trabalho do Word recursos automáticos.
Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de
acordo com a necessidade.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas


• Iniciando um novo documento e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da
seguinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para ope-


rar diferentes tipos de marcadores automáticos:
A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do
Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formata-
ções desejadas.

• Alinhamentos • Outros Recursos interessantes:


Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo
para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os
alinhamentos automáticos disponíveis na plataforma do Word. GUIA ÍCONE FUNÇÃO
- Mudar
GUIA PÁGINA TECLA DE Forma
ALINHAMENTO Página - Mudar cor
INICIAL ATALHO
inicial de Fundo
Justificar (arruma a direito - Mudar cor
e a esquerda de acordo Ctrl + J do texto
com a margem
- Inserir
Alinhamento à direita Ctrl + G Tabelas
Inserir
- Inserir
Centralizar o texto Ctrl + E Imagens

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

10
INFORMÁTICA
• Formatação células
Verificação e
Revisão correção ortográ-
fica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para
cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automá-
ticos, dentre outras funcionalidades importantes, que fazem
parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados


automaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


• Fórmulas básicas
– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados
são calculados automaticamente mediante a aplicação de fór-
mulas específicas do aplicativo. ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de


=MEDIA(célula X:célulaY)
células)
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresen-
tações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma
série de recursos avançados para a formatação das apresenta-
– Podemos também ter o intervalo A1..B3 ções, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na


célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação bási-
ca de uma planilha.

11
INFORMÁTICA
Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou
até mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já mo-
vemos as caixas, colocando um título na superior e um texto
na caixa inferior, também alinhamos cada caixa para ajustá-las
melhor.

Percebemos agora que temos uma apresentação com qua-


tro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos
que se fizerem necessários. Além de copiar podemos mover
cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.
Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mes- As Transições são recursos de apresentação bastante utili-
mo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o Po- zados no PowerPoint. Servem para criar breves animações au-
werPoint, o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante tomáticas para passagem entre elementos das apresentações.
parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos.
Confira no tópico referente ao Word, itens de formatação básica
de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias
de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso ampla-
mente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas
que mudam a aparência básica de nossos slides, melhorando a
experiência no trabalho com o programa.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma


apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la
bastando clicar no ícone correspondente no canto inferior di-
reito.

Um último recurso para chamarmos atenção é a possibili-


dade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresenta-
ções, levando a experiência dos usuários a outro nível.

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vá- Office 2013
rios no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniatu- A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explo-
ras, pelas quais podemos navegador, alternando entre áreas de rar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está dis-
trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma manei- ponível nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensí-
ra, como já apresentado anteriormente. veis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas
em equipamentos com telas simples funciona normalmente.

12
INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nu- • Atualizações no PowerPoint
vem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplica- – O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
tivos podem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso atra- riores, agora com uma maior integração com dispositivos mo-
vés de smartfones diversos. veis, além de ter aumentado o número de templates melhorado
a questão do compartilhamento dos arquivos;
• Atualizações no Word – O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários 3D na apresentação.
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento; Office 2019
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos ex- O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não
tensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais mode-
na leitura; los em 3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositi-
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente; vos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem documentos.
como editar PDF(s).
• Atualizações no Word
• Atualizações no Excel – Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um me-
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjun- lhor desenvolvimento de documentos;
to de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao
usuário melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do
Office2013 tem um grande número de templates para uso de
criação de apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo
o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo sli-
de antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborati-
va de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar jun-
tamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso
que permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente – Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz
em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.
outras ferramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 tam-
bém roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros pro-
dutos, mas no Word agora é real, de modo que é possível até
acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo
de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a
pesquisa inteligente; • Atualizações no Excel
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização
assim a digitação de equações. de algum mapa que deseja construir.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos an-
teriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos
móveis, além de ter aumentado o número de gráficos e melho-
rado a questão do compartilhamento dos arquivos.

13
INFORMÁTICA
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as
melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é
responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre
atualizados.

INTERNET E FERRAMENTAS MICROSOFT OFFICE (2013,


2016)

Tipos de rede de computadores


• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido.
Exemplos: casa, escritório, etc.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferra-
menta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apre-
sentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por


exemplo.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior


que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para
entendermos o conceito.
Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assina-
tura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz ne-
cessário sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e
utilizar o Word, Excel e PowerPoint.

14
INFORMÁTICA
Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma cole- O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Mi-
ção global de computadores, celulares e outros dispositivos que crosoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navega-
se comunicam. dor simplificado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
• Procedimentos de Internet e intranet – Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diver- que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por
sas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar sites;
mensagens, compartilhar dados, programas, baixar documentos – Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um
(download), etc. endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: ht-
tps://www.gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto.
No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.
gov.br/pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favo-
ritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais
como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configura-
ções, dentre outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da


internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e
vídeos que possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é
chamada web site. Através de navegadores, conseguimos aces-
sar web sites para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento,
onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geral-
mente aponta para uma determinada página, pode apontar para
um documento qualquer para se fazer o download ou simples-
mente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de al-


guns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet
Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome.

15
INFORMÁTICA
• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica
automaticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

16
INFORMÁTICA
Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, obje- • Sobre as abas
to de nosso estudo: No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas
também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aber-
ta, se quisermos abrir outra para digitar ou localizar outro site,
temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da pá-
gina visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo
que ao digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca
do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7
Menu e outros) 1 Botão Voltar uma página
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8 2 Botão avançar uma página
detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções 3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais
na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus
5 Adicionar Favoritos
dados como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazena-
das, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta 6 Usuário Atual
estar logado com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao uti-
lizar um computador público sempre desative a sincronização Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
para manter seus dados seguros após o uso. seguir.

Google Chrome O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostu-
mados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, per-
cebemos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está ins-
talado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais
comum atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre
suas funcionalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para
adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à
direita da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e dispo- sugerido, e pronto.
nibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram imple- Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de
mentadas por concorrentes. Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua
Vejamos: lista. Para removê-lo, basta clicar em excluir.

17
INFORMÁTICA

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para
acessá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar ata-
lho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma • Sincronização
nova aba, onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é
ou mesmo dia a dia se preferir. importante para manter atualizadas nossas operações, desta
forma, se por algum motivo trocarmos de computador, nossos
dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações esta-
rão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Goo-
gle.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto


do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e de-
sativar.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos
o atalho do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet Safari


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum
site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Chrome possui um item no menu, onde podemos
ver o progresso e os downloads concluídos.

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras


funções implementadas.
Vejamos:

18
INFORMÁTICA
• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços.
Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e
pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

19
INFORMÁTICA

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é
um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens
de texto e outras funções adicionais como anexos junto com a
mensagem.
• Histórico e Favoritos
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar
conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua
rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre
o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuá-
rio na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso
este é nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrôni-
cos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maio-
ria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hot-


mail.com.br / @editora.com.br
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens
recebidas;
• Pesquisar palavras – Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em ainda não enviadas;
busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos – E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam
o atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual os e-mails que foram enviados;
podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado. – Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não ter-
minou de redigir;
• Salvando Textos e Imagens da Internet – Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta. Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:
– Para: é o campo onde será inserido o endereço do desti-
• Downloads natário do e-mail;
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um – CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma
algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para
etc.). Neste caso, o Safari possui um item no menu onde pode- todos os destinatários envolvidos;
mos ver o progresso e os downloads concluídos.

20
INFORMÁTICA
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos do- – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coi-
nos da mensagem; sas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (ima- e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
gens, programas, música, textos e outros); Computação de nuvem (Cloud Computing)
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensa-
gem. • Conceito de Nuvem (Cloud)

• Uso do correio eletrônico


– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada
através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais so-
bre a criação de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um clien-
te de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird,
Opera Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os ser-
nos tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas viços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas
bastante parecidas. demandas de usuários e empresas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado; A internet é a base da computação em nuvem, os servidores
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos
extremo dando muitas voltas; usuários e às empresas.
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio corre- A computação em nuvem permite que os consumidores
to de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados. aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor
de serviços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e
• Anexação de arquivos as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para
acessarem seus arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer
computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas
em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses
produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em
nuvem, mas os principais aplicativos da computação em nuvem
estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Ban-
cos, Empresas de TI, Telecomunicações.

Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-


xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente
com o texto.

21
INFORMÁTICA
• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser
acessados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em ter-
mos de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem
que podem ser contratados.

OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook
também pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas,
contatos e anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail

22
INFORMÁTICA

5 Enviar Alt+S Botão enviar


6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este
é nome do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real:
joaodasilva@solucao.com.br;
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

Escrevendo e-mails
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos
os destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las
conforme a necessidade.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

23
INFORMÁTICA

Encaminhar e responder e-mails


Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os bo-
A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de tões indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros
e-mail, referida no item “Endereços de e-mail”. de texto, para a indicação de endereços e digitação do corpo do
e-mail de resposta ou encaminhamento.
Criar nova mensagem de e-mail

Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para


digitação do texto e colocar o destinatário, podemos preencher
também os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta),
porém esta outra pessoa não estará visível aos outros destina-
tários.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no
corpo do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão cor-
respondente, segundo a figura abaixo:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em
evidência para o envio de e-mails.

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INFORMÁTICA
Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida
a nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em
cada mensagem.

EXERCÍCIOS

1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem


como principal função a digitalização de imagens e textos, con-
vertendo as versões em papel para o formato digital, é denomi-
nado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorres-
sem erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apre-
sentou baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione
a alternativa que contém a placa de expansão que poderá ser
trocada ou adicionada para resolver o problema constatado por
João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb
(D) Placa de captura
(E) Placa de vídeo

3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de


periféricos utilizados em um computador, como os periféricos
de saída e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que
apresenta um exemplo de periférico somente de entrada.
(A) Monitor
(B) Impressora
(C) Caixa de som
(D) Headphone
(E) Mouse

4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de compu-


tadores, Internet, os serviços de comunicação e informação são
disponibilizados por meio de endereços e links com formatos
padronizados URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de
formato de endereço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br
(B) HTML:site.estado.gov
Imprimir uma mensagem de e-mail (C) html://www.mundo.com
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos (D) https://meusite.org.br
possibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora (E) www.#social.*site.com
ligada ao computador. Um recurso que se assemelha aos apre-
sentados pelo pacote Office e seus aplicativos. 5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível
e localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos
acesso presencial, chamamos esse serviço de:

25
INFORMÁTICA
(A) Computação On-Line. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Computação na nuvem. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Computação em Tempo Real. (C) Capturar uma janela inteira
(D) Computação em Block Time. (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Computação Visual (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e mo-
dos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e pro- 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
cedimentos associados à Internet, julgue o próximo item. assinale a alternativa INCORRETA:
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvol-
Internet para diversas finalidades, ainda não é possível extrair vidos pela Microsoft.
apenas o áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na in-
exemplo, no Youtube (http://www.youtube.com). terface do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não
( ) Certo está sempre visível ao usuário.
( ) Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Win-
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, dows 7 dentro do Windows 8.
a execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode pro- (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
vocar danos ao computador do usuário. Kapersky.
( ) Certo (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computa-
( ) Errado dores x86 e 64 bits.

8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema mul-
e-mail com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acu- titarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, en-
sa existência de vírus. tre as quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ( ) Certo
( ) Errado
ser adotado no exemplo acima.
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-
15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo
-lo ao administrador de rede.
de um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o
(A) init 0.
tipo de vírus.
(B) init 6.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(C) exit
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de mo-
(D) ls.
nitoramento.
(E) cd.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
analisá-lo posteriormente. 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windo- ( ) Certo
ws 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não pos- ( ) Errado
sui versão para processadores de 64 bits.
( ) Certo 17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo
( ) Errado (A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas
eletrônicas para cálculos numéricos, além de servir para a
10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões produção de textos organizados por linhas e colunas identi-
do Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, ficadas por números e letras.
não é uma versão oficial do Microsoft Windows (B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elabora-
(A) Windows 7 ção e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT.
(B) Windows 10 (C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de tex-
(C) Windows 8.1 to, é útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais
(D) Windows 9 recursos que o Excel.
(E) Windows Server 2012 (D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de men-
sagens de correio eletrônico.
11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente (E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o en-
do Windows: vio e recebimento de páginas web.
(A) Windows Gold.
(B) Windows 8. 18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apre-
(C) Windows 7. senta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba
(D) Windows XP. “Página Inicial” do Word 2010.
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e (B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra par-
Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não te do documento.
executa? (C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto

26
INFORMÁTICA
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse ANOTAÇÕES
aplicativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
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( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
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20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos
sonoros à apresentação em elaboração. ______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

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GABARITO
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1 C ______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 E
4 D ______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 ERRADO
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 CERTO
10 D ______________________________________________________
11 A
12 B ______________________________________________________

13 D ______________________________________________________
14 CERTO
15 D ______________________________________________________
16 CERTO
______________________________________________________
17 A
18 D ______________________________________________________
19 CERTO
_____________________________________________________
20 CERTO
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INFORMÁTICA

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
1. Alarcão, Isabel. Professores Reflexivos Em Uma Escola Reflexiva. 6ª Ed. São Paulo: Cortez 2008 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Castorina, José Antônio Et Al. Piaget E Vygotsky: Novas Contribuições Para O Debate. São Paulo: Ática, 2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
3. Freitas, Luiz Carlos De. Ciclos, Seriação E Avaliação: Confronto De Lógicas. São Paulo: Moderna, 2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
4. Freire, Paulo. Pedagogia Da Autonomia: Saberes Necessários À Prática Educativa. São Paulo: Paz E Terra, 1997 . . . . . . . . . . . . . . . 07
5. Hernández, Fernando. Transgressão E Mudança Na Educação: Os Projetos De Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998 . . . . . . 14
6. Hoffman, Jussara. Avaliação Mediadora – Uma Prática Em Construção Da Pré-Escola À Universidade. Porto Alegre: Mediação
1998 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
7. Mantoan, Maria Teresa Égler E Colaboradores. Inclusão Escolar. O Que É? Por Quê? Como Fazer. São Paulo: Moderna, 2003 . . . . 20
8. Morin, Edgar. Os Sete Saberes Necessários À Educação Do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
9. Silva, Tomaz Tadeu Da. Documentos De Identidade: Uma Introdução Às Teorias Do Currículo. Belo Horizonte: Editora Autêntica,
2004 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
10. Tardif, M. Saberes Docentes E Formação Profissional. - 5ª Ed. - Petrópolis: Vozes, 2002 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
11. Zabala, Antoni; Arnau, Laia. Como Aprender E Ensinar Competências. Porto Alegre: Artmed, 2010 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Capítulo 2 - A formação do professor reflexivo – e ativo.
ALARCÃO, ISABEL. PROFESSORES REFLEXIVOS EM Este deve processar informações acuradas e criticamente.
UMA ESCOLA REFLEXIVA. 6ª ED. SÃO PAULO: CORTEZ Tal reflexão deve ampliar seu desempenho e competência pro-
2008 fissional visando o todo (motivo de atração pela profissão). A
desilusão é conceituada como uma reflexão não entendida, difi-
Capítulo 1 - Alunos, professores e escola em face a socieda- culdades para atuar no novo programa de formação. Professor e
de da informação escola devem agir relacionados, a escola deve fornecer infraes-
A Sociedade da Informação – aberta e global, diferenças de trutura para fazer a ponte entre seus membros.
acesso à informação que causam a exclusão. Finalidade filtrar Com criatividade, capacidade de encontrar meios de como
informações para preparar alunos para a sociedade. interagir na vida social, o professor deve tomar abertura pra
A sociedade da informação em que vivemos é complexa e aprender e ensinar essa visão para seus alunos. A formação cri-
contraditória, com muitas informações sem saber lidar e sele- tica, reflexiva, deve combinar observações para resolver os pro-
cioná-las, o que prejudica o desenvolvimento do espírito critico, blemas, numa visão de valorizar a relação professor-aluno.
por serem aceitar e manipuladoras. Soa a reflexão pode organi- A pesquisa-ação é analisar um problema destrinchá-lo em
zar os conhecimentos (informação o contexto e em relação com partes ara resolvê-lo (observar, refletir, planificar e agir). Abor-
outros assuntos). É com compreensão que percebemos objetos, dar problemas com perspectivas de solucioná-los de modo re-
pessoas, acontecimentos e suas relações. flexivo, transformar em aprendizagem. Para complementar a
Cabe ao aluno, gerir informações para transformá-las em pesquisa e ampliar a reflexão temos:
conhecimento. O professor não é a única fonte de saber. O co- - análise de caso: de acontecimentos teorizados com valor
nhecimento só existe com a aprendizagem. Esta reorganização explicativo, que pode ser explicado, interpretado discutido, dis-
de valores reorganiza as competências do cidadão atual. secado e reconstruído. Além de ser uma ferramenta de forma-
Novas Competências Exigidas Pela Sociedade Da Informação ção tem embasamento teórico.
E Da Comunicação Do Conhecimento E Da Aprendizagem. - narrativas: narrar é um hábito que constitui reflexão, anali-
Nos anos 90, a nova visão chega as universidades européias sando situações, sistematizando reflexões, compartilhando pen-
e resultam numa maior reflexão na educação, intere-relacio- samentos. Casos e narrativas caminham juntos transmitidos tor-
nando ciclos , estudantes e desenvolvendo novas competências nam-se narrativas elaboradas que viabilizam o conhecimento.
numa formação holística (integral). -portfólio – seleções de fatos ou resultados. Promove o de-
A cidadania é revista, pó do o cidadão como um pressuposto senvolvimento reflexivo, fundamenta a reflexão, facilita a auto
um ser responsável, que encara a formação associando o indiví- e hetero-avaliação.
duo-escola, informação-pensamento. - perguntas pedagógicas: o caráter formativo é o moto do
A competência é entendida como “saber fazer bem”, isto desenvolvimento e da aprendizagem reflexiva, propicia a com-
é mobilizando saberes e utilizando-os, compreendendo, obser- preensão e é a base de outras estratégicas.
vando, e analisando e refletindo, preparando para mudanças, Conclusão: a formação profissional reflexiva deve incluir
aprendendo autonomamente. a intenção de conhecer o mundo. Seu trabalho deve estar em
Para lidar com a informação na sociedade da aprendizagem parceria com a escola e a comunidade. O conhecimento da com-
é importante filtrar informações, organizar e interar professor- preensão das informações.
-aluno, saber-uso.
Os alunos na sociedade da aprendizagem devem aprender a Capítulo 4 – Gerir Uma escola Reflexiva
aprender ao longo da vida, relacionando as coisas ao seu redor Na nota auto-biográfica a autora afirma que questionar
com sentido. A sala de aula é o lugar onde se produzem conhe- traz desenvolvimento e conhecimento. O professor faz parte
cimentos, e as informações devem ser passar com responsabi- da escola, esta é um organismo vivo, em desenvolvimento e em
lidade e autonomia. A iniciativa cientifica amplia o gosto pelo aprendizagem.
saber. A criatividade e responsabilidade são fatores essenciais A escola é uma comunidade com atores sociais que deve
na aprendizagem. unir a sociedade com objetivo comum: educar. Ela liga socieda-
Os professores na sociedade da aprendizagem devem aju- de adulta com crianças e jovens em desenvolvimento. Deve es-
dar o aluno a desenvolver a competência de aprender, dar su- tar contextualizada com a cultura local e articular com o contex-
porte, estrutura e estimular a aprendizagem e autoconfiança, di- to nacional e global. Deve ter personalidade, utilizar do próprio
recionando a informação processual, produto da análise critica, conhecimento para desenvolver-se. Seus atores devem ter um
ver do que precisam. Para isso, se atualizar e desenvolver suas único objetivo: a educação das novas gerações.
competências de aprender a aprender. A escola nunca está formada completamente, assim. Deve
A escola na sociedade da aprendizagem deve transforma o se avaliar, pensar e si própria e na sua missão; analisar, perce-
aluno em ativo, em salas de aulas e em atividades extras cur- ber dificuldades e agir para melhorá-la. Ela é inteligente, pratica
riculares. Deve ser repensada e reformulada contextualizada e atual, não burocrática e ultrapassada, saber onde está e ode
e relacionada com as pessoas que as constituem, tornando-se quer chegar com o objetivo de educar.
auto-reflexivas e criticas, sabedora de sua missão social; deve O projeto da escola é o conjunto que propicia e concebe es-
ser auto-dirigida de acordo com a realidade e seus problemas, forços para criar condições de aprendizagem e desenvolvimen-
tirando proveito das novas tecnológicas como meios de pesqui- to. O processo (projeto) e o produto (objetivo) estão ligados à
sas, contextualizando-se, professore-alunos-escola. gestão da escola reflexiva.
O Currículo é um conjunto de aprendizagens necessárias
à formação. Questiona-se a sua validade se comparado a nova
realidade da sociedade da informação.

1
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Segundo Rodan e Perrenoud, devemos trabalhar baseado Piaget, este último é interpretado a partir da experiência com o
em objetivos, em grupos flexíveis, tarefas escolares à base de meio físico, deixando aqueles fatores em um lugar subordinado.
problemas e projetos. Além do mais, o processo de desenvolvimento intelectual, expli-
A escola reflexiva deve agir de acordo com sua realidade e cado em Piaget pelo mecanismo de equilibração das ações sobre
no momento apropriado. Objetivos e projetos (também o currí- o mundo, precede e coloca limites aos aprendizados, sem que
culo) são referencias para uma ação compartilhada. estes possam influir sobre aquele.
A gestão da escola reflexiva deve ser participativa coerente, Ao contrário, para Vygotsky, a aprendizagem interage com o
desafiadora, exigente, interativa, flexível, avaliadora, formado- desenvolvimento, produzindo sua abertura nas zonas de desen-
ra, democrática. Todos devem decidir. volvimento proximal, nas quais as interações sociais e o contex-
O saber desenvolvido pela escola interage com a tarefa de to sociocultural são centrais”.
educar. O aluno torna-ser o centro da missão e com a coopera- Em linhas gerais, continua Castorina, a teoria piagetiana é
ção de todos como objetivo de educar de forma reflexiva. apresentada como uma versão de desenvolvimento cognitivo
A escola tem caráter, personalidade e forma própria de fun- nos termos de um processo de construção de estruturas lógicas,
cionar de acordo com sua realidade e contexto.1 explicada por mecanismos endógenos, e para a qual a interven-
ção social externa só pode ser “facilitadora” ou “obstaculizado-
ra”. Em poucas palavras, uma teoria universalista e individua-
CASTORINA, JOSÉ ANTÔNIO ET AL. PIAGET E VYGOT- lista do desenvolvimento, capaz de oferecer um sujeito ativo,
SKY: NOVAS CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE. SÃO porém abstrato (“epistêmico”), e que faz da aprendizagem um
PAULO: ÁTICA, 2003 derivado do próprio desenvolvimento.
A teoria de Vygotsky aparece como uma teoria histórico-so-
O debate Piaget-Vygotsky a busca de um critério para sua cial do desenvolvimento que, pela primeira vez, propõe uma vi-
avaliação são da formação das funções psíquicas superiores como interna-
lização mediada da cultura e, portanto, postula um sujeito social
A discussão sobre as ideais de Piaget e de Vygotsky adquiriu que não é apenas ativo mas sobretudo interativo.
uma notável atualidade no mundo latino-americano. O principal Castorina afirma que a comparação padrão está formulada
motivo de tal debate reside nas consequências divergentes que a partir das seguintes suposições:
parecem resultar das teorias na apreciação e orientação da prá- 1) As teorias em debate são respostas a uma série de pro-
tica educacional. blemas comuns levantados pelo desenvolvimento cognitivo: o
É necessário dizer, afirma Castorina, «que, para muitos teó- dos “fatores determinantes do desenvolvimento”, o da “for-
ricos e profissionais da educação tornam-se evidentes o conflito mação da linguagem e sua intervenção no pensamento”, ou o
irredutível e a necessidade de optar entre as mesmas. Tal versão levantado pela “relação entre o individual e o social no desen-
baseada em leituras superficiais, em alguns casos dogmáticas volvimento”, ou a “redução, dualidade ou interação entre de-
e em outros simplesmente errôneas, dos textos clássicos e das senvolvimento e aprendizagem”.
pesquisas mais recentes, impede uma autêntica confrontação, 2) Com relação a tais problemas, são estabelecidas teses
que inclua um exame da natureza das perspectivas e problemas mais ou menos opostas, mais ou menos diferentes: uma sequên-
propostos pelos nossos autores. Além disso, dessa forma, evi- cia universal de formas de pensamento em face de um proces-
ta-se a realização de indagações conjuntas entre piagetianos e so contextualizado de apropriação da cultura; a linguagem do
vygotskiano: que possam contribuir para a nossa compreensão grupo cultural dirigindo a formação dos conceitos em face de
da prática educativa. “ uma história de reestruturação lógico-matemática que utiliza a
Para boa parte dos psicólogos do desenvolvimento, psicó- linguagem unicamente como significante; a constituição dos co-
logos educacionais e mesmo pedagogos do mundo europeu e nhecimentos explicada por “Internalização” da cultura em face
também latino-americano, as teorias de Piaget e Vygotsky são de uma explicação por equilibração dos sistemas de conheci-
duas versões opostas sobre o desenvolvimento intelectual e os mento; o ator dos conhecimentos como sujeito social em face
processos de aprendizagem. de um sujeito universal e individual; o aprendizado como orien-
Reconhece-se que ambas as teorias assemelham-se porque tador do desenvolvimento cognitivo em face dos processos de
apresentam alguns traços comuns: um estruturalismo fraco, no desenvolvimento dirigindo as aprendizagens, etc.
sentido de que Vygotsky defendeu um estudo inter-relacionado 3) O resultado dessa comparação coloca professores e pe-
e não reducionista das funções e processos psicológicos, e Pia- dagogos diante da opção entre suas teorias do desenvolvimento
get insistiu na constituição de sistemas estruturais como a chave intelectual e da aprendizagem, bem como diante de duas manei-
do desenvolvimento da inteligência; um enfoque genético par- ras de conceber à prática educacional.
tilhado na medida em que as funções psicológicas em Vygotsky
e os sistemas de conhecimento em Piaget podem ser estudados Explica Castorina que o esforço de Vygotsky foi mostrar que,
apenas em seu processo de formação; e o fato de que tanto Vy- além dos mecanismos biológicos apoiados na evolução filoge-
gotsky quanto Piaget enfatizaram a atividade do sujeito na aqui- nética e que estavam na origem das funções “naturais”, exis-
sição do conhecimento e o caráter quantitativo da mudanças no te um lugar crucial para a intervenção dos sistemas de signos
desenvolvimento (Garcia Madruga, 1991). na constituição da subjetividade! A tese é que os sistemas de
signos produzidos na cultura na qual vivem as crianças não são
No entanto, argumenta o autor “para esta versão, as dife- “’facilitadores da atividade psicológica, mas seus formadores.
renças são mais relevantes do que as semelhanças”. Em Vygot- “Na perspectiva adotada para problematizar o desenvolvimento
sky, a interação social e o instrumento linguístico são decisivos psicológico e particularmente o cognitivo, a transição de uma
para compreender o desenvolvimento cognitivo, enquanto em influência social externa sobre o indivíduo para uma influência
1 Fonte: www.lidialindislay.blogspot.com.br social interna encontra-se no centro da pesquisa.

2
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Mas tanto essa tese, garante o autor, da origem social e não A atenção de Vygotsky aos processos de aprendizagem de-
natural do psiquismo superior do interpsicológico ao intrapsico- ve-se ao fato de os mesmos obrigarem ao processo de mediação
lógico, quanto a adoção de uma análise genética da transição es- e potencializá-lo, de forma que o desenvolvimento cultural da
tão articuladas e dependem conceitualmente da pressuposição criança equivale à sua aquisição dos sistemas sociais de media-
da existência dos sistemas de signos. ção-representação (Alvarez & Del Rio, 1990).
A afirmação de que a presença de estímulos criados, junto Vygotsky produz a hipótese da “zona de desenvolvimento
aos estímulos dados, é a característica diferencial da psicologia proximal”, que evidencia o caráter orientador da aprendizagem
humana implica que o estudo genético ocupa-se da aquisição de com relação ao desenvolvimento cognitivo. Isto é, a afirmação
sistemas de mediação e que o controle consciente da própria da distância entre “o nível de desenvolvimento real da criança,
atividade depende da utilização daquelas ferramentas psicoló- tal e como pode ser determinado a partir da resolução indepen-
gicas. dente de problemas, e o nível potencial, determinado pela reso-
O enfoque construtivista para interpretar o desenvolvimen- lução de problemas sob a direção de um adulto ou em colabo-
to dos conhecimentos, salienta Castorina, é uma tentativa de ração com um colega mais capaz” (Vygotsky, 1979) Trata-se de
superar o dualismo entre o sujeito e o objeto de conhecimen- um “espaço” dinâmico, no qual aquilo que uma criança só puder
to. O sujeito aparece construindo seu mundo de significados ao fazer com a ajuda de outro, no futuro poderá fazer sozinha.
transformar sua relação com o real, penetrando cada vez mais Dessa forma, explica Castorina, “o desenvolvimento do in-
profundamente neste último e em sua própria maneira de pen- divíduo e a ulterior consolidação das funções psicológicas es-
sar. Desta forma, quando ocorre cada progresso que aproxima o tão “precedidos” pela aprendizagem. Nesta, a intervenção de
sujeito do conhecimento do objeto, este recua. professores ou outros adultos contribui para orientar o desen-
Os modelos sucessivos do sujeito permanecem na categoria volvimento rumo à apropriação dos instrumentos de mediação
de aproximações que não podem atingir este limite constituído cultural.”
pelo objeto em suas propriedades ainda desconhecidas. O autor comenta o alcance das indagações de Piaget e da
sua escola sobre a aprendizagem.
Para o autor, o empreendimento epistemológico e a tese Em primeiro lugar, cabe ressaltar que os primeiros estudos
construtivista são o contexto no qual Piaget avançou na explici- tiveram um propósito declaradamente epistemológico: por um
tação dos mecanismos e processos psicológicos dos últimos anos lado estabelecer se a percepção era uma leitura direta da expe-
da sua obra, tais como as abstrações e generalizações, os confli- riência e, por outro, se podia haver sequências de aprendizagem
tos cognitivos, a tomada de consciência ou a criação de possibi- unicamente em função da experiência.
lidades. Esses mecanismos e processos adquirem seu significado Depois, continua Castorina, os estudos sobre a aprendiza-
se os situarmos com respeito à posição assumida sobre a relação gem de estruturas lógicas pretenderam determinar se os refor-
entre o sujeito e o objeto de conhecimento. Eles associaram-se à ços empíricos modificavam os conteúdos conceituais ou a forma
hipótese nuclear do programa piagetiano: o mecanismo de equi- de inferência. E as conclusões também assumiram um significa-
libração entre a assimilação e a acomodação que pretende dar do epistemológico: para utilizar os resultados da experiência, é
conta do modo pelo qual objeto e sujeito interagem. preciso que os mesmos sejam assimilados a sistemas prévios de
Com relação ao desenvolvimento, o projeto piagetiano vi- conhecimento.
sou reconstruir as transições entre as formas “de poder fazer”
com o mundo, esclarecendo que cada uma está vinculada aos Concluindo, os estudos de Inhelder e sua equipe não se ocu-
problemas que as crianças possam resolver ao interrogar a rea- param tanto em defender as teses construtivistas quanto em
lidade - física ou social- ou ao tornar seu o que outros Ihes colo- precisar os mecanismos da modificação estrutural, tentando-se
caram. E o processo de transição exprime as reorganizações do responder a pergunta: é possível produzir uma modificação do
“ponto de vista” infantil, da sua forma de significar os objetos nível estrutural do sujeito que apele ao mecanismo espontâneo
de conhecimento. do funcionamento intelectual?
Vygotsky contrapôs sua perspectiva sobre as relações entre Os resultados das indagações parecem mostrar que os pro-
a aprendizagem e o desenvolvimento à apoiada por Piaget. gressos deveram-se às tomadas de consciência dos conflitos e a
Segundo ele, os processos de desenvolvimento são inde- uma coordenação gradual de esquemas de conhecimento.
pendentes da aprendizagem. E mais, os processos de desenvol- Há de se frisar, diz Castorina, que no caso da aprendizagem
vimento são condição prévia para a realização de um aprendiza- e do desenvolvimento, as indagações situam-se em planos dife-
do, porém não são alterados por ele. rentes, e, por isso, as versões também são distintas. Quando Vy-
gotsky postula o caráter orientador da aprendizagem com rela-
Ao contrário, explica o autor, para Vygotsky, ambos os pro- ção ao desenvolvimento, está formulando a tese crucial segundo
cessos estão intimamente inter-relacionados, porque a aquisi- a qual a aquisição dos instrumentos de mediação cultural, isto é,
ção de qualquer habilidade infantil envolve a instrução prove- a atividade educacional, é constitutiva do curso do desenvolvi-
niente dos adultos, antes ou durante à prática escolar. A própria mento. Quando Piaget postula a continuidade, salienta o autor,
noção de “aprendizagem” significa processo de ensino-aprendi- entre desenvolvimento e aprendizagem está pensando nos me-
zagem, justamente para incluir quem aprende, quem ensina e a canismos que dirigem a mudança do “ponto de vista do sujeito
relação; social entre eles, de modo coerente com a perspectiva Isto é, seja qual for o modo pelo qual lhe são apresentados os
sócio histórico (Oliveira, 1993). Assim, a aprendizagem, salienta problemas ou os objetos a serem conhecidos, entra em funcio-
Castorina, consiste na internalização progressiva dos instrumen- namento um processo de reinvenção ou redescoberta devido à
tos mediadores e é uma aplicação do princípio antes menciona- sua atividade estruturadora.
do - todo processo psicológico superior vai do âmbito externo
para o interno, das interações sociais para as ações internas,
psicológicas.

3
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Ao citarmos a relação entre aprendizagem e desenvolvimen- Muitos educadores interpretaram a internalização segundo
to no contexto da intemalização dos sistemas de mediação, o os termos de uma transferência da ação externa para um plano
autor diz compreender a afirmação de Vygotsky, segundo a qual interno.
“a aprendizagem organizada converte-se em desenvolvimento Uma versão que recorda as teses comportamentais da “có-
mental e coloca em funcionamento uma série de processos evo- pia interna” dos modelos de ação externa, e na qual as crianças
lutivos que nunca poderiam ocorrer à margem do aprendizado” são recipientes passivos da socialização.
Segundo Castorina, “os estudos experimentais da equipe de Pelo contrário, diz Castorina, “os textos de Vygotsky (1977)
inhelder sobre as aprendizagens estruturais contribuíram para e dos seus discípulos parecem mostrar que não se trata de uma
esclarecer certos aspectos do mecanismo central da equilibra- transmissão, mas de uma transformação. Isto é, de uma modifi-
ção, como os conflitos entre esquemas de ação”. cação da compreensão individual dos instrumentos de mediação
Compreende-se que esses estudos sobre as aprendizagens não cultural como a linguagem, e portanto “não é uma transferên-
tenham modificado o curso do desenvolvimento dos sistemas de cia de uma atividade externa para um preexistente ‘plano de
categorias, no sentido de que a aceleração não implicou que os consciência’ interno: é o processo no qual este plano interno
sujeitos saltassem níveis nem deixassem de superar os mesmos forma-se”.
obstáculos cognitivos que teriam enfrentado sem a situação expe-
rimental; ou que os aprendizes tivessem se beneficiado mais com A internalização, para Vygotsky, envolve uma série de trans-
as incitações do meio segundo a estruturação dos seus esquemas. formações: por um lado, toda atividade externa deve ser modi-
A educação é vista como um desafio para o programa de ficada para tornar-se uma atividade interna, “a internalização
Piaget. transforma o próprio processo e modifica sua estrutura e fun-
Para ele, os alunos conseguem adquirir as noções científicas ções” (Vygotsky, 1979); por outro, é uma atividade interpessoal
não explicitadas nos materiais de aprendizagem, pela sua ativi- que se converte em intrapessoal.”
dade de exploração e pesquisa. Grande polêmica entre Piaget e Vygotsky surgiu com rela-
Para Vygotsky, o processo de aprendizagem está centrado ção a formação de conceitos científicos.
na intemalização de instrumentos culturais, permitindo que a Segundo Castorina, “o pensamento de Vygotsky sobre a for-
criança avance rumo aos sistemas conceituais. mação de conceitos é uma concretização da sua hipótese básica:
Para Castorina, a admissão da “zona de desenvolvimento as formas culturais internalizam-se ao longo do desenvolvimen-
proximal” implica aceitar um controle do desenvolvimento pela to dos indivíduos e constituem-se no material simbólico que me-
aprendizagem, quanto ao poder que os saberes escolares exer- deia sua relação com os objetos de conhecimento.”
cem sobre a aquisição.
Devido a isso, seu problema central com respeito à forma-
Entretanto, isso não significa que os mecanismos de conhe-
ção dos conceitos é a dos “meios’ que o tornam possível. E da
cimento sejam controláveis: é preciso assumir que eles funcio-
sua perspectiva, a interação dos indivíduos com os objetos do
nam contextualmente nas condições do ensino e da interação
mundo está orientada pelas palavras que representam catego-
com os professores, porém sua intimidade permanece fora da
rias culturais e que se transformam em instrumentos para for-
consciência do próprio aprendiz. Para um piagetiano, seria indis-
mar os conceitos.
pensável admitir a existência desse mecanismo para enfrentar
Dessa forma, a palavra funciona primeiro em seu papel de
os desafios supostos pela zona proposta por Vygotsky.
meio e depois no de símbolo do conceito.
Castorina salienta que “admitindo as diferentes raízes das
Castorina ressalta que a formação de conceitos cotidianos,
perguntas, e das perspectivas, não existe incompatibilidade en-
tre o construtivismo e a aquisição de conhecimentos na zona de desde os conjuntos “sincréticos” até os “pseudoconceitos”, é
desenvolvimento proximal. tratada em boa medida por Vygotsky a partir da psicologia in-
Mas é necessária a realização de indagações que mostrem dividual. Assim, na mesma intervêm processos intrapsicológicos
efetivamente o desenvolvimento dos mecanismos os universais como as associações de propriedades e as abstrações a partir
de apropriação no interior daquela interação com os saberes es- dos objetos. Mas, de qualquer maneira, tais processos seriam
colares e um avanço na reconstrução psicogenética das ideais insuficientes para formar os conceitos se ao mesmo tempo não
prévias que correspondem aos conteúdos curriculares em dife- interviesse o uso da palavra.
rentes domínios. No exame da formação dos conceitos científicos, argumenta
Castorina, Vygotsky coloca-se na perspectiva da sua emergência
O autor recorda estudos de orientação piagetiana que evi- no contexto da atividade escolar, ocupando-se em indagar como
denciam aquisições fora da escola, no desenvolvimento psicoge- esta oferece um marco discursivo (o sistema científico) para tal
nético como a linguagem e as ideias sobre as instituições sociais de envolvimento. Neste caso, Vygotsky enfoca sua análise nos
i que as crianças não poderiam adquirir sozinhas. termos da relação de ensino-aprendizagem como formadora dos
Isto é, cada vez que as crianças deparam-se com objetos processos intrapsicológicos.
simbólicos que exigem “Interpretantes, quer se trate do sistema Embora os adultos, portadores dos significados sociais de-
vocálico na aquisição inicial da linguagem (Sinclair et La, 1985), sempenhem um papel na constituição dos conceitos cotidianos,
quer do sistema de representação escrita (Ferreiro, 1986), quer no caso da formação dos conceitos científicos os professores in-
ainda das ordens ou gestos de uma autoridade escolar, o conhe- troduzem-nos explicitamente na escola.
cimento desses objetos só pode ocorrer durante uma complexa Tais conceitos se sobrepõem ou são identificados com os
interação social. ensinados na escola e são apresentados como um sistema inter-
A internalização da interação interpsicológica, para Vygot- -relacionado de ideais.
sky é o principal mecanismo que explica o desenvolvimento
psicológico humano, tendo sido originalmente examinada no O autor resume alguns traços específicos da sua formação:
contexto da emergência das funções psicológicas guiadas pelas basicamente, aquela apresentação sistemática obriga uma ati-
sugestões de outros. tude metacognitiva dos alunos, isto é, a um domínio e controle

4
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
consciente do sistema conceitual, bem como a uso deliberado O conceito original de Vygotsky não se refere apenas à
das suas próprias operações mentais; além disso, só os proces- aprendizagem ou ao ensino, mas um processo global de relação
sos de ensino-aprendizagem permitem acesso dos aprendizes interpessoaI que envolve alguém que aprende, alguém que ensi-
aos conhecimentos estabelecidos das ciências; também, dife- ne a própria relação ensino-aprendizagem.
rentemente dos conceitos cotidianos, pensamento sobre as
ideais científicas não se refere diretamente aos objetos, mas ao São três as ideais básicas de Vygotsky:
conhecimento cotidiano, sobre qual faz “uma generalização de 1) desenvolvimento psicológico deve ser olhado de maneira
generalizações”; por último cabe ressaltar que tal reconstrução prospectiva, isto é, para além de momento atual, com referên-
dos conceitos cotidiano à disposição envolve uma interação en- cia ao que está por acontecer na trajetória do indivíduo. O con-
tre a formação de conceitos científicos e cotidianos. ceito de zona de desenvolvimento proximal, talvez o conceito
Por outro lado, continua Castorina, “no programa de Pia- específico de Vygotsky mais divulgado e reconhecido como tí-
get, a pesquisa da constituição dos conceitos científicos também pico de seu pensamento, está estreitamente ligado (postulação
ocupava um lugar primordial, porém a partir de outras pergun- de que o desenvolvimento deve ser olhado prospectivamente:
tas, que são as questões típicas da epistemologia genética: de marca com mais importantes, no percurso de desenvolvimen-
que maneira a psicogênese das categorias que estão na base das to, exatamente aqueles processos que estão embrionariamente
ciências fornecem material empírico para as hipóteses episte- presentes no indivíduo, mas ainda não se consolidaram. A zona
mológicas. de desenvolvimento proximaI é, por excelência, o domínio psi-
Dessa forma, a gênese dos conceitos de causalidade, das cológico da constante transformação. Em termos de atuação
conservações físicas e lógico-matemáticas, das noções espaciais, pedagógica, essa postulação traz consigo a ideia de que o papel
em articulação com as análises histórico-críticas das ciências, explícito do professor de provocar nos alunos avanços que não
permite a busca de mecanismos comuns de construção. ocorreriam espontaneamente consiste exatamente em uma in-
Castorina ressalta que o termo “conceito” refere-se às gran- terferência na zona de desenvolvimento proximal dos alunos. O
des categorias que possibilitam a estruturação cognitiva e que único bom ensino, afirma Vygotsky, é aquele que se adianta ao
não podem ser identificadas com os sistemas conceituais espe- desenvolvimento. .
cíficos de um domínio de conhecimento, e muito menos com a
2) os processos de aprendizado movimentam os processos
sua forma escolar.
de desenvolvimento. A relação entre os processos de desenvol-
vimento e de aprendizado é central no pensamento de Vygot-
PENSAR A EDUCAÇÃO CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY
sky: a trajetória do desenvolvimento humano se dá “de fora para
dentro”, por meio da internalização de processos interpsicológi-
Para Kohl, existe uma situação complexa envolvendo as pro-
cos. As metas e os processos de desenvolvimento do indivíduo
postas teóricas e a prática pedagógica.
humano, o qual jamais existe enquanto tal rara de um grupo
Segundo ela, “a questão da relação entre os processos de
cultura específico, são sempre definidos culturalmente. Um ser
desenvolvimento e de aprendizagem é central no pensamento
humano que passe toda a sua vida no interior de um grupo cul-
de Vygotsky. Sua posição é essencialmente genética: procura
compreender a gênese, isto é, a origem e o desenvolvimento dos tural ágrafo, por exemplo, jamais será alfabetizado. Mesmo pos-
processos psicológicos. Sua abordagem genética desdobra-se suindo todo o aparato físico da espécie que possibilita aos seus
nos níveis filogenético (desenvolvimento da espécie humana), membros o aprendizado da leitura e da escrita.
sociogenético (história dos grupos sociais), ontogenético (de- 3) finalmente, a importância da atuação dos outros mem-
senvolvimento do indivíduo) e microgenétíco (desenvolvimento bros do grupo social na mediação entre cultura e indivíduo e na
de aspectos específicos do repertório psicológico dos sujeitos), promoção dos processos inter-psicológicos que serão posterior-
os quais interagem na construção dos processos psicológicos. mente internalizados.
Sua preocupação com o desenvolvimento é, pois, uma constante
em seu trabalho) marcando claramente sua abordagem sobre os
fenômenos psicológicos. Outro ponto abordado por Kohl é a questão da alfabetiza-
Afirma Kohl que dada a importância que Vygotsky atribui ção.
à dimensão sócio histórica do funcionamento psicológico e à Segundo ela, “é importante, no presente contexto, que se
interação social na construção do ser humano, o processo de discuta brevemente algumas questões referentes aos processos
aprendizagem é igualmente central em sua concepção sobre o de aquisição da língua escrita. As ideais de Vygotsky, particular-
homem. mente relevantes para a educação, subsidiam claramente sua
Ou seja, ao lado da postura genética que fundamenta seu concepção sobre o processo de alfabetização.”
interesse pelo desenvolvimento sua abordagem específica sobre A escrita, continua, sistema simbólico que tem um papel
o desenvolvimento, que leva em conta a inserção do homem em mediador na relação entre sujeito e objeto de conhecimento,
um ambiente histórico e cultural, fundamenta a ênfase que dá à é um artefato cultural que funciona como suporte para certas
aprendizagem dentro de sua teoria. ações psicológicas, isto é, como instrumento que possibilita a
Em se tratando de Vygotsky aprendizagem está relacionada ampliação da capacidade humana de registro transmissão e re-
ao desenvolvimento desde início da vida humana, sendo “um cuperação de ideais, conceitos, informações.
aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento Continuando Kohl, a escrita seria uma espécie de ferramen-
das funções psicológicas culturalmente organizadas e especifi- ta externa, que estende a potencialidade do ser humano para
camente humanas”. fora de seu corpo: da mesma forma que ampliamos o alcance do
O percurso de desenvolvimento do ser humano é, em parte, braço com o uso de uma vara, com a “escrita ampliamos nossa
definido pelos processos de maturação do organismo individual, capacidade de registro, de memória e de comunicação,
pertencente à espécie humana, mas é a aprendizagem que pos- Existe uma diferença significativa entre a concepção de Fer-
sibilita o despertar dos processos internos. reiro e a de Vygotsky:- e sobre alfabetização.

5
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Ferreiro centra na natureza interna da escrita enquanto sis- Por outro lado, esse desenvolvimento se apoia fortemente
tema Vygotsky e Luria centra-se nas funções desse sistema para em processos de intervenção deliberada, que ocorrem tipica-
seus usuários. mente na escola, para que a criança possa dar o salto qualitati-
Kohl afirma que Luria trabalha com a criança da fase pré-si- vo necessário à apreensão do sistema completo, sua estrutura,
lábica de Ferreiro, isto é, com a criança que ainda não percebeu usos e funções.”
que a escrita representa o som da fala.
Lúcia propõe uma sequência para o processo de aquisição Fonte
da escrita pela criança, que se refere justamente ao domínio do CASTORINA, José Antonio et al. Piaget e Vygotsky: novas
modo de utilização do sistema de escrita e de sua função. Inicial- contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 2005.
mente, a criança passa por uma fase de imitação da escrita, do
formato externo da escrita: faz rabiscos imitam fisicamente a es-
crita do adulto, sem nenhum valor instrumental. Isto é, quando FREITAS, LUIZ CARLOS DE. CICLOS, SERIAÇÃO E AVA-
a criança for solicitada, em um momento posterior, a lembrar-se LIAÇÃO: CONFRONTO DE LÓGICAS. SÃO PAULO: MO-
do que escreveu, sua escrita não terá nenhuma utilidade, não a DERNA, 2003
auxiliando na tarefa de recuperação da informação originalmen-
te registrada.
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries
Em uma segunda fase, a criança passa a utilizar o que Luria anuais, períodos semestrais,
chama de “marcas topográficas” registros gráficos distribuídos ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos
pelo papel, cuja posição no espaço poderá auxiliar na “leitura” não-seriados, com base na idade,
posterior dessa escrita. A criança procura associar o lugar onde na competência e em outros critérios, ou por forma diversa
fez as marcas com o conteúdo do registro, evidenciando, assim, de organização, sempre que o
maior compreensão da escrita como instrumento auxiliar da me- interesse do processo de aprendizagem assim o recomen-
mória. dar.
A seguir, a criança passa a produzir uma escrita claramente O autor expõe as experiências da prefeitura de Belo
relacionada ao conteúdo da fala a ser registrada, fazendo dife- Horizonte e da Secretaria de Educação de São Paulo que em 94
renciações de acordo com o tamanho, a quantidade, a forma ou iniciou o processo de progressão continuada: Tais experiências
a cor do referente. colocam os limites, as possibilidades e desacertos destas novas
Assim, por exemplo, uma marca bem preta pode ser utiliza- propostas bem como a política pública que norteia a implanta-
da para representar a escuridão do céu; vários tracinhos podem ção da nova organização escolar; a prática de avaliação adotada
indicar “muitas formigas” em oposição a uma formiga, represen- dentro da nova proposta gerou debates sobre a avaliação.
tada por um tracinho isolado; um quadrado grande pode lem- Segundo o autor a diferenças entre estas duas experiências;
brar um cachorro, contrastado com um quadrado pequeno que ele diferencia a partir dos exemplos de BH e São Paulo duas for-
é seu filhote. mulações que são chamadas de ciclos mas, que no seu entender
Depois dessa fase, a criança será capaz de utilizar represen- não deveriam sê-lo: trata-se da diferença entre a estratégia de
tações pictográficas como forma de escrita, produzindo dese- organizar a escola por círculos de formação que se baseiem em
nhos simplificados para registrar diferentes conteúdos da fala, experiências socialmente significativas para a idade do aluno
garantindo assim, a recuperação da informação em momentos e de agrupar series com o propósito de garantir a progressão
posteriores. continuada do aluno; a primeira exige uma proposta global de
Em segundo lugar, afirma Kohl, é fundamental que as duas redefinição de tempos e espaços da escola , enquanto a segunda
interpretações sobre o processo de aquisição da escrita sejam é instrumental – destina-se a viabilizar o fluxo e alunos e tentar
confrontadas com dados de pesquisas contemporâneas, que melhorar suas aprendizagem com medidas de apoio ( reforço,
contribuam para a recontextualização das teorias tendo em vis- recuperação).
ta a condição dos diferentes grupos de crianças que enfrentam O autor apresenta no primeiro capitulo a discussão sobre
a tarefa de dominar o sistema de escrita. E interessante investi- a lógica da escola mostrando que a progressão continuada não
gar, por exemplo, se a criança a urbana contemporânea passa ou investe em grandes avanços na significação educacional, mas
não pelas fases propostas por Luria. continua a exclusão e a submissão; mostra a lógica da avaliação
formal que pode levar o aluno a reprovação.
Ele desenvolveu seu trabalho com crianças russas do final Em seguida mostrar a importância da redefinição da escola
da década de 1920, e é razoável supor que o contato que uma em ciclos
criança pequena tinha com a escrita nesse momento, nesse lo-
cal, fosse muito diferente daquele possível em uma cidade como A lógica da escola
São Paulo, hoje. A escola atual usa várias terminologias para definir o pro-
Se, afirma Kohl, “do ponto de vista de Vygotsky, para ha- cesso educativo: ciclos, promoção automática, progressão con-
ver desenvolvimento tem de haver aprendizagem e para haver tinuada, etc.
aprendizagem, especialmente de funções psicológicas superio- Para o autor o espaço mais importante da escola é a sala de
res em que a cultura é de fundamental importância, é necessário aula e o tempo é da seriação das atividades dos anos escolares;
que haja intervenção, no que diz respeito à questão específica segundo os liberais, a escola tem que ensinar tudo a todos igual-
da alfabetização, por um lado o desenvolvimento das capacida- mente (equidade).
des de leitura e escrita se apoia na imersão da criança em uma Segundo a visão liberal a escola tem a sua eficácia na equi-
sociedade letrada, em sua participação em um mundo que utili- dade., não levando em conta o nível socioeconômico todos de-
za a palavra escrita. vem aprender em um nível elevado. Já os socialistas, embora

6
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
concordam com a aprendizagem aplicada em um nível elevado Os ciclos de formação constituem uma nova concepção de
de domínio, tem um olhar critico e acreditam que a escola deve escola para o ensino fundamental, na medida em que encara a
lutar pela eliminação dos desníveis sociais e culturais. aprendizagem como um direito da cidadania, propõem o agru-
De acordo com autor a escola brasileira está longe de ensi- pamento dos estudantes onde crianças e adolescentes são reu-
nar tudo a todos porque a hierarquia econômica que existe fora nidos por suas faces de formação: Infância ( 6 a 8 anos); pré-a-
dela, impede isso.; precisa-se saber o que é desejo e o que a dolescência (9ª 11) e adolescência (12 a 14 ).
realidade apresenta. Os educadores formam coletivos por ciclo, sendo que res-
A unificação do tempo de aprendizagem diferencia o de- ponsabilidade pela aprendizagem no ciclo é sempre comparti-
sempenho dos alunos, pois os alunos têm ritmos diferentes de lhada por um grupo de docentes e não de forma individual.
aprendizagem; quando se quer unificar aprendizagens é neces- O autor cita experiência russa em redefinir a escola, com
sário alterar o tempo desta, pois é preciso o respeito pelo tempo temas como:
que cada aluno leva para aprender; neste caso, o acompanha- a- Formação na atualidade o aluno deve interagir com a s
mento pedagógico também precisa ser diferenciado. contradições do seu tempo, aumentando gradualmente forças
A diferenciação entre progressão continuada e promoção que o levará à superação da sociedade capitalista; os ciclos de-
automática, enfatizada nos textos oficiais é assim apresentada: vem se estruturar para que as vivências sociais estejam ligadas a
- Na progressão a criança avança em seu percurso escolar realidade social do seu tempo
em razão de ter se apropriado, pela ação da escola, de novas b- auto-organização do estudante: Aprendizagem não pode
formas de pensar, sentir e agir. ser baseada na subordinação e isso só pode ser possível quando
-Na promoção automática a criança permanece na unidade o trabalho coletivo e a solidariedade são valorizados e colocados
escolar, independentemente de progressos terem sidos alcan- como alavancas da aprendizagem.
çados. É preciso que os ciclos alterem, além dos tempos e espaços,
A escola do Estado de São Paulo baseou-se na progressão o poder que estão neles inseridos; os estudantes devem ter voz
continuada, reunindo da 1ª à 4º série e um único módulo e da 5ª e voto.
à 8º em outro módulo. Os ciclos devem se abrir para a vida real e não se separa da
Para o autor a escola eficaz seria aquela que ensina o con-
realidade social vigente; a avaliação deve ser vista como resul-
teúdo, prepara o estudante – cidadão para a autonomia e para
tado das relações entre professores e alunos, pais e dirigentes
a auto-organização para intervenção da sociedade com vistas a
das escola s.
torná-la mais justa no sentido da eliminação da exploração do
O currículo deve ser baseado em temas que são dinâmicos
homem pelo homem. Tudo depende de que fins atribuiremos à
construídos pelos professores e cujo método deve ser uma gran-
ação da escola
de inter-relação entre vida real da sociedade em que vive levan-
do-se em consideração a idade e os interesses dos alunos.
2- A lógica da avaliação
Par o autor os ciclos não podem constituir-se em mera solu-
ção pedagógica visando a seriação – são instrumentos de desen-
No processo avaliativo devem estar intrínsecos três compo-
nentes: volvimentos de soluções sociais de antagonismo com as relações
Institucional – é mais conhecido e propõe avaliar o domínio sociais vigentes. Portanto, devem ser vistos como instrumentos
de habilidades e conteúdos apresentados em provas de resistência professores, pais e estudantes; devem compreen-
Comportamento – é por este componente que se avalia se der adequadamente a função dos ciclos e deixar de velos de ân-
o professor controla o aluno; na implantação dos ciclos se es- gulo exclusivamente metodológico – pedagógico. Devem vê-los
quece o poder do professor de aprovar ou de reprovar, não se como instâncias políticas de resistência à escola convencional e
cria estruturas de poder na sala de aula; por isso muitas vezes o que junto aos movimentos sociais avançados irá ajudar a confir-
educador lança a mão de outras maneiras de controle. mar uma nova sociedade, na qual homens não sejam explorado-
Valores e atitudes - em que o aluno é exposto a repressões res de homens
verbais e físicas, estabelecendo a lógica da submissão. Fonte: http://edu-candoconstruindosaber.blogspot.
Para o autor a avaliação ocorre em dois planos: com/2015/02/freitas-luiz-carlos-de-ciclos-seriacao.html
avaliação formal – provas que levam a notas
avaliação informal- juízos de valores, que não aparecem,
mas influenciam notas das avaliações finais; esse juízos se for-
mam através da interação professor aluno
FREIRE, PAULO. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: SABE-
RES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA. SÃO PAULO:
PAZ E TERRA, 1997
Alógica dos ciclos
Enquanto nova proposta, os ciclos procuram mudar a lógica
e a avaliação da escola seriada; sem excluir a avaliação informal Capítulo l - Não Há Docência Sem Discência
ou formal, procura redefinir seus propósitos, junto com o refor-
ço e recuperação paralela. Ensinar não é transferir conhecimentos e conteúdos, nem
Partindo do conceito de ciclos é preciso que se incorpore na formar é a ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo
organização social novas exigências para o sucesso e a supera- ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência
ção da lógica da exclusão e submissão. sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das
A experiência de BH e da Prefeitura municipal de São Paulo diferenças, não se reduzem à condição de objeto um do outro.
orienta o professor fornecendo –lhe parâmetros norteadores da Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao
prática pedagógica, sendo eles: As diferentes faces do desenvol- aprender. Ensinar exige rigorosidade metodológica. Ensinar não
vimento humano do aluno, as características de cada um e suas se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, superficial-
experiências sócios culturais. mente feito, mas se alonga à produção das condições em que

7
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
aprender criticamente é possível. E estas condições exigem a risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhi-
presença de educadores e de educandos criadores, investigado- do só porque é novo, assim como critério de recusa ao velho
res, inquietos, curiosos, humildes e persistentes. não é o cronológico. O velho que preserva sua validade encarna
Faz parte das condições em que aprender criticamente é uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo.
possível a pressuposição, por parte dos educandos, de que o Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a
educador já teve ou continua tendo experiência da produção de qualquer forma de discriminação.
saberes, e que estes, não podem ser simplesmente transferidos A prática preconceituosa de raças, de classes, de gênero
a eles. Pelo contrário, nas condições de verdadeira aprendiza- ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente
gem, tanto educandos quanto educadores transformam-se em a democracia. Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática. A
sujeitos do processo de aprendizagem. Só assim podemos fa- prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o
lar realmente de saber ensinado, em que o objeto ensinado é movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre
aprendido na sua razão de ser. Percebe-se, assim, a importância o fazer. É fundamental que, na prática da formação docente, o
do papel do educador, com a certeza de que faz parte de sua aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo
tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores
ensinar a pensar certo - um professor desafiador, crítico. Ensinar que, iluminados intelectuais, escrevem desde o centro do poder.
exige pesquisa. Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem en- Pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem de ser
sino. Hoje se fala muito no professor pesquisador, mas isto não produzido pelo próprio aprendiz, em comunhão com o professor
é uma qualidade, pois faz parte da natureza da prática docente formador. É preciso possibilitar que a curiosidade ingênua, atra-
a indagação, a busca, a pesquisa. vés da reflexão sobre a prática, vá tornando-se crítica.
Precisamos que o professor se perceba e se assuma como Na formação permanente dos professores, o momento fun-
pesquisador. Pensar certo é uma exigência que os momentos do damental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando cri-
ciclo gnosiológico impõem à curiosidade que, tornando-se mais ticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar
e mais metodologicamente rigorosa, transforma-se no que Pau- a próxima prática. O discurso teórico, necessário à reflexão crí-
lo Freire chama de “curiosidade epistemológica”. Ensinar exige tica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda
respeito aos saberes dos educandos. A escola deve respeitar os com a prática. Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da
saberes dos educandos – socialmente construídos na prática co- identidade cultural. A questão da identidade cultural, com sua
munitária - discutindo, também, com os alunos, a razão de ser dimensão individual e da classe dos educandos, cujo respeito é
de alguns deles em relação ao ensino dos conteúdos. absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é
Por que não aproveitar a experiência dos alunos que vivem problema que não pode ser desprezado. Tem a ver diretamente
em áreas descuidadas pelo poder público para discutir a polui- com a assunção de nós por nós mesmos. É isto que o puro trei-
ção dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar namento do professor não faz, perdendo-se na estreita e prag-
das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde? Por mática visão do processo.
que não associar as disciplinas estudadas à realidade concreta, Capítulo 2 – Ensinar Não É Transferir Conhecimento
em que a violência é a constante e a convivência das pessoas
com a morte é muito maior do que com a vida? Ensinar exige Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibi-
criticidade. A superação, ao invés da ruptura, se dá na medida lidades para a sua própria construção. Quando o educador entra
em que a curiosidade ingênua, associada ao saber comum, se em uma sala de aula, deve estar aberto a indagações, curiosida-
criticiza, aproximando-se de forma cada vez mais metodologica- de e inibições dos alunos: um ser crítico e inquiridor, inquieto
mente rigorosa do objeto cognoscível, tornando-se curiosidade em face da tarefa que tem - a de ensinar e não a de transferir
epistemológica. conhecimento. Pensar certo é uma postura exigente, difícil, às
Muda de qualidade, mas não de essência, e essa mudança vezes penosa, que temos de assumir diante dos outros e com
não se dá automaticamente. Essa é uma das principais tarefas os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós mesmos. É
do educador progressista - o desenvolvimento da curiosidade difícil, entre outras coisas, pela vigilância constante que temos
crítica, insatisfeita, indócil. Ensinar exige estética e ética. A ne- de exercer sobre nós mesmos para evitar os simplismos, as faci-
cessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ser lidades, as incoerências grosseiras.
feita sem uma rigorosa formação ética e estética. Decência e É difícil porque nem sempre temos o valor indispensável
boniteza andam de mãos dadas. Mulheres e homens, seres his- para não permitir que a raiva que podemos ter de alguém vire
tórico-sociais, tornamo-nos capazes de comparar, de valorar, de raivosidade, gerando um pensar errado e falso. É cansativo, por
intervir, de escolher, de decidir, de romper. Por tudo isso nós exemplo, viver a humildade, condição sine qua non do pensar
fizemos seres éticos. Só somos porque estamos sendo. Estar certo, que nos faz proclamar o nosso próprio equívoco, que nos
sendo é a condição, entre nós, para ser. Não é possível pensar faz reconhecer e anunciar a superação que sofremos. Sem rigo-
os seres humanos longe da ética. Quanto mais fora dela, maior rosidade metódica não há pensar certo. Ensinar exige consciên-
a transgressão. Ensinar exige a corporificação das palavras pelo cia do inacabamento. Na verdade, a inconclusão do ser é própria
exemplo. Quem pensa certo está cansado de saber que palavras de sua experiência vital. Onde há vida, há inconclusão, embora
sem exemplo pouco ou nada valem. Pensar certo é fazer certo esta só seja consciente entre homens e mulheres.
(agir de acordo com o que pensa). A invenção da existência envolve necessariamente a lin-
Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal, que o guagem, a cultura, a comunicação em níveis mais profundos e
re-diz em lugar de desdizê-lo. Não é possível ao professor pensar complexos do que ocorria e ocorre no domínio da vida, a espiri-
que pensa certo (de forma progressista), e, ao mesmo tempo, tualização do mundo, a possibilidade não só de embelezar, mas
perguntar ao aluno se “sabe com quem está falando”. Ensinar também de enfear o mundo; tudo isso inscreveria mulheres e
exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de homens como seres éticos. Só os seres que se tornaram éticos
discriminação. É próprio do pensar certo a disponibilidade ao podem romper com a ética. É necessário insistir na problemati-

8
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
zação do futuro e recusar sua inexorabilidade. Ensinar exige o Para isso, precisa de condições favoráveis, sem as quais se
reconhecimento de ser condicionado “Gosto de ser gente, inaca- move menos eficazmente no espaço pedagógico. O desrespeito
bado, sei que sou um ser condicionado, mas, consciente do ina- a este espaço é uma ofensa aos educandos, aos educadores e à
cabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença prática pedagógica. Ensinar exige humildade, tolerância e luta
profunda entre o ser condicionado e o ser determinado... Afinal, em defesa dos direitos dos educadores. Como ser educador sem
minha presença no mundo não é a de quem se adapta, mas a de aprender a conviver com os diferentes? Como posso respeitar
quem nele se insere”. a curiosidade do educando se, carente de humildade e da real
E a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas compreensão do papel da ignorância na busca do saber, temo
também sujeito da história. Histórico-sócio-culturais, torna- revelar o meu desconhecimento? A luta dos professores em
mo-nos seres em quem a curiosidade, ultrapassando os limites defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida
que lhe são peculiares no domínio vital, torna-se fundante da como um momento importante de sua prática docente, enquan-
produção do conhecimento. Mais ainda, a curiosidade é já o co- to prática ética. Ainda que a prática pedagógica seja tratada com
nhecimento. Como a linguagem que anima a curiosidade e com desprezo, não tenho por que desamá-la e aos educandos. Não
ela se anima, é também conhecimento e não só expressão dele. tenho por que exercê-la mal. Minha resposta à ofensa à educa-
Na verdade, seria uma contradição se, inacabado e consciente ção é a luta política consciente, crítica e organizada dos profes-
do inacabamento, o ser humano não se inserisse em tal movi- sores.
mento. É neste sentido que, para mulheres e homens, estar no Os órgãos de classe deveriam priorizar o empenho de for-
mundo necessariamente significa estar com o mundo e com os mação permanente dos quadros do magistério como tarefa al-
outros. É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se tamente política, e reinventar a forma de lutar. Ensinar exige
funda a educação como processo permanente. Mulheres e ho- apreensão da realidade. Como professor, preciso conhecer as
mens se tornaram educáveis na medida em que se reconhece- diferentes dimensões que caracterizam a essência da minha
ram inacabados. prática. O melhor ponto de partida para estas reflexões é a in-
O ideal é que, na experiência educativa, educandos e educa- conclusão do ser humano. Aí radica a nossa educabilidade, bem
dores, juntos, transformem este e outros saberes em sabedoria. como a nossa inserção num permanente movimento de busca.
Algo que não é estranho a nós, educadores. Ensinar exige respei- A nossa capacidade de aprender, de que decorre a de ensinar,
to à autonomia do ser educando. O professor, ao desrespeitar a implica a nossa habilidade de apreender a substantividade de
curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, um objeto. Somos os únicos seres que, social e historicamente,
a sua linguagem, ao ironizar o aluno, minimizá-lo, mandar que nos tornamos capazes de aprender.
“ele se ponha em seu lugar” ao mais tênue sinal de sua rebeldia Por isso aprender é uma aventura criadora, muito mais rica
legítima, ao se eximir do cumprimento de seu dever de propor do que meramente repetir a lição dada. Aprender é construir,
limites à liberdade do aluno, ao se furtar do dever de ensinar, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem aber-
de estar respeitosamente presente à experiência formadora do tura ao risco e à aventura do espírito. Toda prática educativa
educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos demanda:
de nossa existência. É neste sentido que o professor autoritário - a existência de sujeitos
afoga a liberdade do educando, amesquinhando o seu direito de - um que, ensinando, aprende, e outro que, aprendendo,
ser curioso e inquieto. ensina (daí seu cunho gnosiológico);
Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um de- - a existência de objetos, conteúdos a serem ensinados e
ver, por mais que se reconheça a força dos condicionamentos aprendidos;
a enfrentar. A beleza de ser gente se acha, entre outras coisas, - o uso de métodos, de técnicas, de materiais. Esta prática
nessa possibilidade e nesse dever de brigar. Saber que devo res- também implica, em função de seu caráter diretivo, objetivos,
peito à autonomia e à identidade do educando exige de mim sonhos, utopias, ideais. Daí sua politicidade, daí não ser neutra,
uma prática em tudo coerente com este saber. Ensinar exige ser artística e moral.
bom senso O exercício do bom senso, com o qual só temos a Exige uma competência geral, um saber de sua natureza e
ganhar, se faz no corpo da curiosidade. Neste sentido, quanto saberes especiais, ligados à atividade docente. Como professor,
mais colocamos em prática, de forma metódica, a nossa capaci- se a minha opção é progressista e sou coerente com ela, meu
dade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais papel é contribuir para que o educando, seja o, artífice de sua
eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crítico se torna formação. Devo estar atento à difícil caminhada da heteronomia
o nosso bom senso. para a autonomia. “É assim que venho tentando ser professor,
O exercício do bom senso vai superando o que há nele de assumindo minhas convicções, disponível ao saber, sensível à
instintivo na avaliação que fazemos dos fatos e dos aconteci- boniteza da prática educativa, instigado por seus desafios...” En-
mentos em que nos envolvemos. O meu bom senso não me diz sinar exige alegria e esperança.
o que é, mas deixa claro que há algo que precisa ser sabido. É O meu envolvimento com a prática educativa jamais dei-
ele que, em primeiro lugar, me diz não ser possível o respeito xou de ser feito com alegria, o que não significa dizer que tenha
aos educandos, se não se levar em consideração as condições podido criá-la nos educandos. Parece-me uma contradição que
em que eles vêm existindo, e os conhecimentos experienciais uma pessoa que não teme a novidade, que se sente mal com as
com que chegam à escola. Isto exige de mim uma reflexão crí- injustiças, que se ofende com as discriminações, que luta contra
tica permanente sobre minha prática. O ideal é que se invente a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e imobilizante não
uma forma pela qual os educandos possam participar da avalia- seja criticamente esperançosa. Ensinar exige a convicção de que
ção. E que o trabalho do professor deve ser com os alunos e não a mudança é possível.
consigo mesmo. O professor tem o dever de realizar sua tarefa A realidade não é inexoravelmente esta. E esta agora, e para
docente. que seja outra, precisamos lutar, viver a história como tempo
de possibilidade, e não de determinação. O amanhã não é algo

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
pré-dado, mas um desafio. Não posso, por isso, cruzar os braços. desperta. Um esforço sempre presente à prática da autoridade
Esse é, aliás, um dos saberes primeiros, indispensáveis a quem coerentemente democrática é o que a torna quase escrava de
pretende que sua presença se torne convivência. O mundo não um sonho fundamental - o de persuadir ou convencer a liberda-
é. O mundo está sendo. O meu papel no mundo não é só o de de para a construção da própria autonomia, ainda que reelabo-
quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém rando materiais vindos de fora de si.
como sujeito de ocorrências. É com a autonomia, penosamente construída e fundada na
Constato, não para me adaptar, mas para mudar. No fundo, responsabilidade, que a liberdade vai preenchendo o espaço
as resistências orgânicas e culturais são manhas necessárias à antes habitado pela dependência. O fundamental no aprendizado
sobrevivência física e cultural dos oprimidos. É preciso, porém, do conteúdo é a construção da responsabilidade da liberdade
que tenhamos na resistência fundamentos para a nossa rebel- que se assume. O essencial nas relações entre autoridade e
dia e não para a nossa resignação em face das ofensas. Não é liberdade é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua
na resignação que nos afirmamos, mas na rebeldia em face das autonomia. Nunca me foi possível separar dois momentos - o
injustiças. A rebeldia é ponto de partida, é deflagração da justa ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos. O saber
ira, mas não é suficiente. desta impossibilidade é fundamental à prática docente.
A rebeldia, enquanto denúncia, precisa se alongar até uma Quanto mais penso sobre a prática educativa, reconhecen-
posição mais radical e crítica, a revolucionária, fundamental- do a responsabilidade que ela exige de nós, mais me convenço
mente anunciadora. Mudar é difícil, mas é possível. Ensinar exi- do nosso dever de lutar para que ela seja realmente respeita-
ge curiosidade. Como professor, devo saber que, sem a curiosi- da: Ensinar exige comprometimento. Não posso ser professor
dade que me move, não aprendo nem ensino. A construção do sem me pôr diante dos alunos, sem revelar com facilidade ou
conhecimento implica o exercício da curiosidade, o estímulo à relutância minha maneira de ser, de pensar politicamente. Não
pergunta, a reflexão crítica sobre a própria pergunta. posso escapar à apreciação dos alunos. E a maneira como eles
O fundamental é que professor e alunos saibam que a pos- me percebem tem importância capital para o meu desempenho.
tura deles é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apas- Daí, então, que uma de minhas preocupações centrais deva ser
sivada. A dialogicidade, no entanto, não nega a validade de a de procurar a aproximação cada vez maior entre o que digo e o
momentos explicativos, narrativos. O bom professor faz da aula que faço, entre o que pareço ser e o que realmente estou sendo.
um desafio. Seus alunos cansam, não dormem. Um dos saberes Isto aumenta em mim os cuidados com o meu desempenho.
fundamentais à prática educativo-crítica é o que me adverte da Se a minha opção é democrática, progressista, não posso
necessária promoção da curiosidade espontânea para a curiosi- ter uma prática reacionária, autoritária, elitista. Minha presença
dade epistemológica. Resultado do equilíbrio entre autoridade e de professor é, em si, política. Enquanto presença, não posso
liberdade, a disciplina implica o respeito de uma pela outra, ex- ser uma omissão, mas um sujeito de opções. Devo revelar aos
presso na assunção que ambas fazem de limites que não podem alunos a minha capacidade de analisar, de decidir, de optar e
ser transgredidos. de romper, minha capacidade de fazer justiça, de não falhar à
verdade. Ético, por isso mesmo, tem que ser o meu testemunho.
Capítulo 3 - Ensinar É Uma Especificidade Humana Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de in-
tervenção no mundo. Outro saber de que ‘não posso duvidar na
Creio que uma das qualidades essenciais que a autoridade minha prática educativo-crítica é que, como experiência especi-
docente democrática deve revelar em suas relações com as li- ficamente humana, a educação é uma forma de intervenção no
berdades dos alunos é a segurança em si mesma. É a segurança mundo. Intervenção esta que, além do conhecimento dos con-
que se expressa na firmeza com que atua, com que decide, com teúdos, bem ou mal ensinados e/ou aprendidos, implica tanto
que respeita as liberdades, com que discute suas próprias po- o esforço da reprodução da ideologia dominante quanto o seu
sições, com que aceita rever-se. Ensinar exige segurança, com- desmascaramento.
petência profissional e generosidade - A segurança com que a Nem somos seres simplesmente determinados nem tam-
autoridade docente se move implica uma outra, fundada na sua pouco livres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais,
competência profissional. históricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos
Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta com- achamos referidos. Continuo aberto à advertência de Marx, a
petência. O professor que não leva a sério sua formação, que da necessária radicalidade, que me faz sempre desperto a tudo
não estuda, que não se esforça para estar à altura de sua ta- o que diz respeito à defesa dos interesses humanos. Interesses
refa não tem força moral para coordenar as atividades de sua superiores aos de grupos ou de classes de pessoas. Não posso
classe. A incompetência profissional desqualifica a autoridade ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não po-
do professor. Outra qualidade indispensável à autoridade, em der ser neutra, minha prática exige de mim uma definição, uma
suas relações com a liberdade, é a generosidade. Não há nada tomada de posição, uma ruptura. Exige que eu escolha entre isto
que inferiorize mais a tarefa formadora da autoridade do que a e aquilo.
mesquinhez, a arrogância ao julgar os outros e a indulgência ao Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a
se julgar, ou aos seus. favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor sim-
A arrogância que nega a generosidade nega também a hu- plesmente da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado
mildade. O clima de respeito que nasce de relações justas, sé- contrastante com a concretude da prática educativa. Sou profes-
rias, humildes, generosas, em que a autoridade docente e as sor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade
liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o ca- contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade,
ráter formador do espaço pedagógico. A autoridade, coerente- da democracia contra a ditadura. Sou professor a favor da luta
mente democrática, está convicta de que a disciplina verdadeira constante contra qualquer forma de discriminação, contra a do-
não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no minação econômica dos indivíduos ou das classes sociais, contra
alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que a ordem vigente que inventou a aberração da miséria na fartura.

10
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Sou professor a favor da esperança que me anima, apesar Por isso é que acrescento, quem tem o que dizer deve assu-
de tudo. Contra o desengano que consome e imobiliza e a favor mir o dever de motivar, de desafiar quem escuta, para que este
da boniteza de minha própria prática. Tão importante quanto o diga, fale, responda. É preciso enfatizar - ensinar não é transferir
ensino dos conteúdos é a minha coerência na classe. A coerência a inteligência do objeto ao educando, mas instigá-lo no sentido de
entre o que digo, o que escrevo e o que faço. Ensinar exige liber- que, como sujeito cognoscente, torne-se capaz de inteligir e co-
dade e autoridade. O problema que se coloca para o educador municar o inteligido. É neste sentido que se impõe a mim escutar
democrático é como trabalhar no sentido de fazer possível que a o educando em suas dúvidas, em seus receios, em sua incompe-
necessidade do limite seja assumida eticamente pela liberdade. tência provisória. E ao escutá-lo, aprendo a falar com ele. Aceitar
Sem os limites, a liberdade se perverte em licença e a autoridade e respeitar a diferença é uma das virtudes sem a qual a escuta
em autoritarismo. Por outro lado, faz parte do aprendizado a não pode acontecer. Tarefa essencial da escola, como centro de
assunção das consequências do ato de decidir. produção sistemática de conhecimento, é trabalhar criticamente
Não há decisão que não seja seguida de efeitos esperados, a i das coisas e dos fatos e a sua comunicabilidade. Ensinar exige
pouco esperados ou inesperados. Por isso a decisão é um pro- reconhecer que a educação é ideológica Saber igualmente fun-
cesso responsável. É decidindo que se aprende a decidir. Não damental à prática educativa do professor é o que diz respeito à
posso aprender a ser eu mesmo se não decido nunca, porque há força, às vezes, maior do que pensamos da ideologia. É o que nos
sempre a sabedoria e a sensatez de meu pai e de minha mãe a adverte de suas manhas, das armadilhas em que nos faz cair.
decidir por mim. Ninguém é autônomo primeiro para depois de- A ideologia tem a ver diretamente com a ocultação da ver-
cidir. A autonomia vai se construindo na experiência. Ninguém dade dos fatos, com o uso da linguagem para penumbrar ou opa-
é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém cizar a realidade, ao mesmo tempo em que nos torna míopes.
amadurece de repente. A gente vai amadurecendo todo dia, ou No exercício crítico de minha resistência ao poder da ideologia,
não. A autonomia é um processo, não ocorre em data marcada. vou gerando certas qualidades que vão virando sabedoria indis-
É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar pensável à minha prática docente. A necessidade desta resis-
centrada em experiências estimuladoras da decisão e da respon- tência crítica, por exemplo, me predispõe, de um lado, a uma
sabilidade, ou seja, que respeitam a liberdade. Ensinar exige to- atitude sempre aberta aos demais, aos dados da realidade; de
mada consciente de decisões. Voltemos à questão central desta outro, a uma desconfiança metódica que me defende de tornar-
parte do texto - a educação, especificidade humana, como um -me absolutamente certo das certezas. Para me resguardar das
ato de intervenção no mundo. artimanhas da ideologia não posso nem devo me fechar aos ou-
Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto tros, nem tampouco me enclausurar no ciclo de minha verdade.
a que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da Pelo contrário, o melhor caminho para guardar viva e desperta
economia, das relações humanas, da propriedade, do direito a minha capacidade de pensar certo, de ver com acuidade, de
ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto a que, reacio- ouvir com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar ex-
nariamente, pretende imobilizar a História e manter a ordem posto às diferenças, é recusar posições dogmáticas, em que me
injusta. E que dizer de educadores que se dizem progressistas, admita como dono da verdade.
mas de prática pedagógica-política eminentemente autoritária? Ensinar exige disponibilidade para o diálogo. Nas minhas
A raiz mais profunda da politicidade da educação se acha na relações com os outros, que não fizeram necessariamente as
educabilidade do ser humano, que se funda em sua natureza mesmas opções que fiz, no nível da política, da ética, da esté-
inacabada e da qual se tornou consciente. Inacabado e conscien- tica, da pedagogia, nem posso partir do pressuposto que devo
te disso, necessariamente o ser humano se faria um ser ético, conquistá-los, não importa a que custo, nem tampouco temer
um ser de opção, de decisão. Um ser ligado a interesses e em que pretendam conquistar-me. É no respeito às diferenças entre
relação aos quais tanto pode manter-se fiel à ética quanto pode mim e eles, na coerência entre o que faço e o que digo, que me
transgredi-la. Se a educação não pode tudo, pode alguma coisa encontro com eles. O sujeito que se abre ao mundo e aos outros
fundamental. Se a educação não é a chave das mudanças, não inaugura, com seu gesto, a relação dialógica em que se confirma
é também simplesmente reprodutora da ideologia dominante. como inquietação e curiosidade, como inconclusão em perma-
O que quero dizer é que a educação nem é uma força imba- nente movimento na história. Como ensinar, como formar sem
tível a serviço da transformação da sociedade nem tampouco é estar aberto ao contorno geográfico, social, dos educandos?
a perpetuação do status quo. Com relação a meus alunos, diminuo a distância que me separa
Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e so- de suas condições negativas de vida na medida em que os ajudo
lidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, a aprender não importa que saber, o do torneio ou do cirurgião,
como se fôssemos os portadores da Verdade a ser transmitida com vistas à mudança do mundo, à superação das estruturas
aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que injustas, jamais com vistas à sua imobilização. Debater o que se
aprendemos & falar com eles. Os sistemas de avaliação pedagó- diz e o que se mostra e como se mostra na televisão me parece
gica de alunos e de professores vêm se assumindo cada vez mais algo cada vez mais importante.
como discursos verticais, de cima para baixo, mas insistindo em Como educadores progressistas não apenas não podemos
passar por democráticos. A questão que se coloca a nós é lutar desconhecer a televisão, mas devemos usá-la, sobretudo, discu-
em favor da compreensão e da prática da avaliação, enquanto ti-la. Não podemos nos pôr diante de um aparelho de televisão
instrumento de apreciação do que fazer, de sujeitos críticos a entregues ou disponíveis ao que vier. Ensinar exige querer bem
serviço, por isso mesmo, da libertação e não da domesticação. aos educandos. O que dizer e o que esperar de mim, se, como
Avaliação em que se estimule o falar a como caminho para o professor, não me acho tomado por este outro saber, o de que
falar com. Quem tem o que dizer, tem igualmente o direito e o preciso estar aberto ao gosto de querer bem, às vezes, à cora-
dever de dizê-lo. É preciso, porém, que o sujeito saiba não ser gem de querer bem aos educandos e à própria prática educativa
o único a ter algo a dizer. Mais ainda, que esse algo, por mais de que participo. Na verdade, preciso descartar como falsa a se-
importante que seja, não é a verdade alvissareira por todos es- paração radical entre seriedade docente e afetividade. A afetivi-
perada. dade não se acha excluída da cognoscibilidade.

11
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O que não posso, obviamente, permitir é que minha afetivi- cuidados com meu desempenho. Se a minha opção é democráti-
dade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor ca, progressista, não posso ter uma prática reacionária, autoritá-
no exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a ava- ria, elitista. Não posso discriminar o aluno em nome de nenhum
liação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem motivo. (p.97)
querer que tenha por ele. É preciso, por outro lado, reinsistir em Devo revelar aos alunos a minha capacidade de analisar, de
que não se pense que a prática educativa vivida com afetivida- comparar, a avaliar, de decidir, de optar, de romper. Minha ca-
de e alegria prescinda da formação científica séria e da clareza pacidade de fazer justiça, de não falhar à verdade. Ético, por isso
política dos educadores. Nunca idealizei a prática educativa. Em mesmo, tem que ser o meu testemunho. (p.98)
tempo algum a vi como algo que, pelo menos, parecesse com
um que-fazer de anjos. Jamais foi fraca em mim a certeza de que 3.3 - Ensinar exige compreender que a educação é uma for-
vale a pena lutar contra os descaminhos que nos obstaculizam ma de intervenção no mundo. (p.98 a 104)
de ser mais.
Como prática estritamente humana, jamais pude entender Outro saber de que não posso duvidar um momento sequer
a educação como uma experiência fria, sem alma, em que os na minha prática educativo-crítica é o de que, como experiência
sentimentos e as emoções, os desejos e os sonhos devessem ser especificamente humana, a educação é uma forma de interven-
reprimidos por uma espécie de ditadura reacionalista. Jamais ção no mundo. (p.98)
compreendi a prática educativa como uma experiência a que Continuo bem aberto à advertência de Marx, a da necessá-
faltasse o rigor em que se gera a necessária disciplina intelec- ria radicalidade que me faz sempre desperto a tudo o que diz
tual. Estou convencido de que a rigorosidade, a séria disciplina respeito à defesa dos interesses humanos. Interesses superiores
intelectual, o exercício da curiosidade epistemológica não me aos de puros grupos ou de classes de gente. (p.100)
fazem necessariamente um ser mal-amado, arrogante, cheio de Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor
mim mesmo. Nem a arrogância é sinal de competência nem a que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma
competência é causa de arrogância. Certos arrogantes, pela sim- definição. (...). Sou professor a favor da decência contra o des-
plicidade, se fariam gente melhor. pudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autorida-
Texto adaptado: Carlos R. Paiva. de contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de
direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante
3.1- Ensinar exige segurança, competência profissional e contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação
generosidade (p.91 a 96) econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor
contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração:
O professor que não leve a sério sua formação, que não es- a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me
tuda, que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que
tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. (...). me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza de
Há professoras cientificamente preparados mas autoritários a minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do
toda prova. O que quero dizer é que a incompetência profissio- saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto
nal desqualifica a autoridade do professor. (p.92) pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo,
Outra qualidade indispensável à autoridade em suas rela- descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o tes-
ções com as liberdades é a generosidade. (...). A arrogância que temunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não
nega a generosidade nega também a humildade. (...) (p.92) desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim
A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me
nenhuma criatividade do educando. Não faz parte de sua forma admirar. (p.102-103)
de ser, esperar, sequer, que o educando revele o gosto de aven-
turar-se. (p.92-93) 3.4 - Ensinar exige liberdade e autoridade (p.104 a 108)
(...)O educando que exercita sua liberdade ficará tão mais
livre quanto mais eticamente vá assumindo a responsabilidade O que sempre deliberadamente recusei, em nome do pró-
de suas ações. Decidir é romper e, para isso, preciso correr o prio respeito à liberdade, foi sua distorção em licenciosidade.
risco. (...) (p.93) O que sempre procurei foi viver em plenitude a relação tensa,
Me movo como educador porque, primeiro, me movo como contraditória e não mecânica, entre autoridade e liberdade, no
gente. (p.94) sentido de assegurar o respeito entre ambas, cuja ruptura pro-
Ensinar e, enquanto ensino, testemunhar aos alunos o quan- voca a hipertrofia de uma ou de outra. (p.108)
to me é fundamental respeitá-los e respeitar-me são tarefas que A posição mais difícil, indiscutivelmente correta, é a demo-
jamais dicotomizei. (p.94) crata, coerente com seu sonho solidário e igualitário, para quem
Como professor, tanto lido com minha liberdade quanto não é possível autoridade sem liberdade e esta sem aquela.
com minha autoridade em exercício, mas também diretamente (p.108)
com a liberdade dos educandos, que devo respeitar, e com a
criação de sua autonomia bem como com os anseios de constru- 3.5 - Ensinar exige tomada consciente de decisões (p.109
ção da autoridade dos educandos. (p.95) a 113)

3.2 - Ensinar exige comprometimento (p.96 a 98) Voltemos à questão central que venho discutindo nesta
parte do texto: a educação, especificidade humana, como um
Saber que não posso passar despercebido pelos alunos, e ato de intervenção não está sendo usado com nenhuma restri-
que a maneira como me percebam me ajuda ou desajuda no ção semântica. Quando falo em educação como intervenção me
cumprimento de minha tarefa de professor, aumenta em mim os refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no

12
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do Prefiro ser criticado como idealista e sonhador inveterado
direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, por continuar, sem relutar, a aposta no ser humano, a me bater
pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a História por uma legislação que o defenda contra as arrancadas agressi-
e manter o ordem injusta. (p.109) vas e injustas de que transgride a própria ética. (p.129)
A educação não vira política por causa da decisão deste ou É exatamente por causa de tudo isso que como professor,
daquele educador. Ela é política. (p.110) devo estar advertido do poder do discurso ideológico,
O que devo pretender não é a neutralidade da educação começando pelo que proclama a morte das ideologias. Na
mas a respeito, a toda prova, aos educandos, aos educadores verdade, só ideologicamente posso matar as ideologias, mas
e às educadoras. O respeito aos educadores e educadoras por é possível que não perceba a natureza ideológica do discurso
parte da administração pública ou privada das escolas; o respei- que fala de sua morte. No fundo, a ideologia tem um poder de
to aos educandos assumido e praticado pelos educadores não persuasão indiscutível. O discurso ideológico nos ameaça de
importa de que escola, particular ou pública. É por isto que devo anestesiar a mente, de confundir, das coisas, dos acontecimen-
lutar sem cansaço. Lutar pelo direito que tenho de ser respeita- tos. Não podemos escutar, sem um mínimo de reação crítica,
do e pelo dever que tenho de reagir a que me destratem . Lutar
discursos como estes: (p.132)
pelo direito que você, que me lê, professora ou aluna, tem de
ser você mesma e nunca, jamais, lutar por essa coisa impossível,
“O negro é geneticamente inferior ao branco. É uma pena,
acinzentada e insossa que é a neutralidade. (p.111-112)
mas é isso o que a ciência nos diz.”
(...) O educador e a educadora críticos não podem pensar
que, a partir do curso que coordenam ou do seminário que lide- “Em defesa de sua honra, o marido matou a mulher.”
ram, podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é “Que poderíamos esperar deles, uns baderneiros, invasores
possível mudar. E isto reforça nele ou nela a importância de sua de terra?”
tarefa político-pedagógica. (p.112) “Essa gente é sempre assim: damos-lhe os pés e logo quer
as mãos.”
3.6 - Ensinar exige saber escutar (p.113 a 125) “Nós já sabemos o que o povo quer e do que precisa. Pergun-
tar-lhe seria uma perda de tempo.”
Sempre recusei os fatalismos. Prefiro a rebeldia que me “O saber erudito a ser entregue às massas incultas é a sua
confirma como gente e que jamais deixou de provar que o ser salvação.”
humano é maior do que mecanismos que o minimizam. (p.115) “Maria é negra, mas é bondosa e competente.”
Os sistemas de avaliação pedagógica de alunos e de profes- “Esse sujeito é um bom cara. É nordestino, mas é sério e
sores vêm se assumindo cada vez mais como discursos verticais, prestimoso”.
de cima para baixo, mais insistindo em passar por democráticos. “Você sabe com quem está falando?”
A questão que se coloca a nós, enquanto professores e alunos “Que vergonha, homem se casar com homem, mulher se ca-
críticos e amorosos da liberdade, não é, naturalmente, ficar sar com mulher.”
contra a avaliação, de resto necessária, mas resistir aos méto- “É isso, você vai se meter com gentinha, é o que dá.”
dos silenciadores com que ela vem sendo às vezes realizada. A “Quando negro não suja na entrada, suja na saída.”
questão que se coloca a nós é lutar em favor da compreensão “O governo tem que investir mesmo é nas áreas onde mora
e da prática da avaliação enquanto instrumento de apreciação gente que paga imposto.”
do que fazer de sujeitos críticos a serviço, por isso mesmo, da “Você não precisa pensar. Vote em fulano, que pensa por
libertação e não da domesticação. (...) (p.116) você.”
Por isso é que, acrescento, quem tem o que dizer deve as- “Você, desempregado, seja grato. Vote em quem ajudou
sumir o dever de motivar, de desafiar quem escuta, no sentido você. Vote em fulano de tal.”
de que, quem escuta diga, fale, responda. É intolerável o direito “Está se vendo, pela cara, que se trata de gente fina, de tra-
que se dá a si mesmo o educador autoritário de comportar-se
to, que tomou chá em pequeno e não de um pé-rapado qual-
como proprietário da verdade(...). (p.117)
quer.”
Que me seja perdoada a reiteração, mas é preciso enfatizar,
“O professor falou sobre a Inconfidência Mineira.”
mais uma vez: ensinar não é transferir a inteligência do objeto
“O Brasil foi descoberto por Cabral.” (p.133)
ao educando mas instigá-lo no sentido de que, como sujeito cog-
noscente, se torne capaz de inteligir e comunicar o inteligido. É
nesse sentido que se impõe a mim escutar o educando em suas (...) o melhor caminho para guardar viva e desperta a mi-
dúvidas, em seus receios, em sua incompetência provisória. E ao nha capacidade de pensar certo, de ver com acuidade, de ouvir
escutá-lo, aprendo a falar com ele. (p.119) com respeito, por isso de forma exigente, é me deixar exposto
Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o às diferenças, é recusar posições dogmáticas, em que me admita
que a escuta não se pode dar. (p.120) como proprietário da verdade. (...) (p.134)
Ninguém pode conhecer por mim assim como não posso co-
nhecer pelo aluno. (p.124) 3.8 Ensinar exige disponibilidade para o diálogo. (p. 135 a
140)
3.7 - Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica.
(p.125 a 134) Como professor não devo poupar oportunidade para teste-
munhar aos alunos a segurança com que me comporto ao dis-
Há um século e meio Marx e Engels gritavam em favor da cutir um tema, ao analisar um fato, ao expor minha posição em
união das classes trabalhadoras do mundo contra sua espolia- face de uma decisão governamental. (p.135)
ção. Agora, necessária e urgente se fazem a união e a rebelião Me sinto seguro porque não há razão para me envergonhar
das gentes contra a ameaça que nos atinge, a dos à “fereza” da por desconhecer algo. (p.135)
ética do mercado. (p.128)

13
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
O mundo encurta, o tempo se dilui: o ontem vira agora; o Um professor que tem vocação, é uma arma perigosa, pois
amanhã já está feito. Tudo muito rápido. Debater o que se diz e ele pode trabalhar não apenas com os conteúdos, como também
o que se mostra e como se mostra na televisão me parece algo levar o indivíduo a pensar. Pensar sobre coisas simples e acre-
cada vez mais importante. (p.139) ditar que é possível mudar. Fazemos parte da transformação e
Como educadores e educadoras progressistas não apenas ela pode começar por nós. A educação é a chave da mudança!
não podemos desconhecer a televisão mas devemos usá-la, so- Freire fala sobre a importância que existe na afetividade re-
bretudo, discuti-la.(p.139) lacionada a discente- docente, pois de fato é arbitrário estabele-
O poder dominante, entre muitas, leva mais uma vantagem cer uma construção de saber, dado por troca, sem que haja ale-
sobre nós. É que, para enfrentar o ardil ideológico de que se gria, vivacidade, competência, respeito e capacidade. O modo
acha envolvida a sua mensagem na mídia, seja nos noticiários, como o aluno vê o educador, é outro ponto que me chamou
nos comentários aos acontecimentos ou na linha de certos pro- atenção, pois a postura apresentada deve estar em harmonia
gramas, para não falar na propaganda comercial, nossa mente com o discurso ético deste profissional.
ou nossa curiosidade teria de funcionar epistemologicamente Vale ressaltar que o grau de comprometimento com o tra-
todo o tempo. E isso não é fácil. (p.140) balho define seu resultado, isto vale para todas as partes en-
volvidas no processo de aprendizagem, o preparo é primordial.
3.9- Ensinar exige querer bem aos educandos (p.141 a 146) Estabelecer limites não implica em ser sisudo, a liberdade é tão
importante quanto o respeito, muito embora essas linhas tênues
(...) A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. se percam, não é válido assumir o modo silenciador, fazendo do
O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade educando mero receptador.
interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no Trabalhar com gente, nunca foi tarefa fácil, mas de certo
exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a avalia- é uma experiência incrível. Que se valha da esperança nos mo-
ção do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem mentos de angústia e olhando adiante, vejamos que é possível
querer que tenha por ele. (p.141) prosseguir um pouco mais e sempre mais. Desistir não faz parte
(...) A alegria não chega apenas no encontro do achado mas do perfil vencedor. A leitura foi de grande valia, certamente con-
faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não podem tribuiu muito em meu conhecimento.
dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. (...). (p.142)
(...) É esta força misteriosa, às vezes chamada vocação, que
explica a quase devoção com que a grande maioria do magisté- HERNÁNDEZ, FERNANDO. TRANSGRESSÃO E MUDAN-
rio nele permanece, apesar da imoralidade dos salários. E não ÇA NA EDUCAÇÃO: OS PROJETOS DE TRABALHO. POR-
apenas permanece, mas cumpre, como pode, seu dever. Amoro- TO ALEGRE: ARTMED, 1998
samente, acrescento. (p.142)
(...) A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, ca- A transgressão enfocada aqui é o salário e o reconhecimen-
pacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, to social do professor.
lamentavelmente, da permanência do hoje.(...). (p.143) A primeira proposta é a psicologia instrucional que vê a
(...) Se não posso, de um lado, estimular os sonhos impos- mente como computador e não como instrumento de capaci-
síveis, não devo, de outro, negar a quem sonha o direito de so- dade de dar sentido à realidade, de interpretá-la e transformá-la.
nhar. Lido com gente e não com coisas. (...).(p.144) A segunda transgressão é a visão de aprendizagem vincula-
(...) Como prática estritamente humana jamais pude en- da no desenvolvimento. Construtivismo não é adequado a esta
tender a educação como uma experiência fria, sem alma. (...). metodologia, mas acredita em significar a instituição social que
(p.145) é a escola. O construtivismo não é trocas simbólicas nas salas
Estou convencido, porém de que a rigosidade, a séria disci- de aulas sobre os valores que o professor promove ou exclui
plina intelectual, o exercício da curiosidade epistemológica não construção de identidade. Os fatores não podem ser reduzidos
me faz necessariamente um ser mal-amado, arrogante, cheio de a visão psicológica e o conhecimento cientifico vistos com enti-
mim mesmo. Ou, em outras palavras, não é a minha arrogância dades compactas.
intelectual a que fala de minha rigorosidade científica. Nem a ar- A terceira transgressão é a visão do currículo escolar centra-
rogância é sinal de competência nem a competência é causa de da nas disciplinas fragmentadas e afastada das realidades sociais
arrogância. Não nego a competência, por outro lado, de certos dos alunos, e manter a função de controle por parte de julgarem
arrogantes, mas lamento neles a ausência de simplicidade que, serem educadores especiais.
não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente A quarta transgressão é dirigir-se a escola marcada por idéia
mais gente. (p.146) de que o objetivo da infância é chegar a vida adulta ou passar no
vestibular é o objetivo básico da educação.
Realmente ler a obra de Freire (especificamente o capítulo A quinta transgressão é a perda da autonomia no discurso
3), nos faz refletir acerca de questões no qual estamos inseridas dos docentes, desvalorização do conhecimento e a incapacidade
e por vezes não percebemos. Seguimos numa ingenuidade im- escolar.
perdoável, enquanto isso os manipuladores permanecem como
tais. Perceber a postura do professor nesta visão é lamentar o Capítulo I – Um Mapa Para Iniciar Um Percurso
quão longe estamos de algo dito há anos. Infelizmente, os do- A construção da realidade: o todo é mais do que a soma das
centes, abatidos pelo desrespeito do sistema arcaico e preferem partes de um único ponto de vista, desta forma deve-se levar
trilhar o caminho mais fácil, porque afinal ouvir o outro requer em conta a dupla perspectiva: a organização escolar e as con-
tempo, sensibilidade, criticidade e afinal eles “não são pagos cepções do ensino aprendizagem.
para isso”.

14
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A escola promove a descontextualização do discurso cientif- da realidade. Sendo colocado dentro de um relativismo que va-
ico e sua fonte de origem e converte no discurso de regulador cine contra o fundamentalismo como proposta de resolver to-
e simplificado – discurso instrucional, produz a irrelevância da dos os problemas.
organização curricular. Um currículo de subjetividade e habili- A escola geradora de cultura não é só aprendizagem, mas o
dade de interpretação de interpretar o mundo subordinado ao desafio de questionar a forma de pensar e induzir a verdade ab-
conteúdo descontextualizado. soluta, reconhecer diferentes concepções incorporar uma visão
Defende as experiências como projeto de trabalho. Um pro- critica que questione a quem beneficia e quem marginaliza,
jeto que implioca na colaboração e exploração de alternativas visão dos fatos, opiniões diferenciada e colocar as perspectiva
de dar formas às idéias que estão no horizonte. certo relativismo.
A noção e a prática da globalização situadas em três eixos: Essa situação estabelece os desafios e a escola responde
-como forma de sabedoria; por selecionar critérios de avaliação, decidir o aprender, como
-como referências epistemológica e operacional; e para quê, ao internacionalismo e a valores de solidariedade
-como concepção do currículo, desenvolvendo estratégias. e tolerância, saber interpretar opções ideológicas do mundo. A
proposta educativa vinculam aos projetos do trabalho, sendo a
Capítulo II – A Transdisciplinaridade Como Marco Para A Or- compreender/responder a situação mudança.
ganização De Um Currículo Integrado.
A transdisciplinaridade como marco de um currículo inte- Reflexão Sobre o Limite das Disciplinas
grado. Este questiona “verdade sagrada” da organização do en- A transdisciplinaridade – caracteriza fenômeno, pesquisa
sino que parte das disciplinas ou da transformação de conheci- e requer formulação de terminologia e metodologia compartil-
mento por meio de didáticas. hada – disciplinas e tradições de campo de estudo de maneira
O primeiro protesto está no currículo da Escola Média em fechada. Ela acompanha interpretação recíproca das teorias do
se basear nas disciplinas e na transmissão de conteúdos sem se conhecimento (epistemologia) de cada disciplina. A diferença
preocupar com a construção da subjetividade dos estudantes e entre pesquisa pura aplicada e universidades/indústrias. At-
a interpretação das estratégias de informações e no desenvolver enção voltada para o alvo do objeto de estudo, valorizando a
das pesquisas. colaboração da atuação individual.
A pós-modernidade obriga a diversidade de pensamentos Estabelecer paralelismo – planejamento transdisciplinar,
da vida social e pessoal. Tendo de ser vista como condição social pesquisa e o ensino de interpretação do currículo integrado. En-
e com expressões radicais de transformações históricas. Eis al- sinar a relacionar conceitos de forma compartimentada: centro
gumas características de pós modernidade: de discussões. O currículo integrado organiza os conhecimentos
-a sociedade globalizada com desregulamentação de econo- escolares e a partir de temas-problemas que permitem explorar
mia de mercado; o campo do saber fora da escola ensinar aos alunos estratégias
-as opções políticas e econômicas são homogeneizadas; de investigações e interpretações da informaçaão, permitindo
-os valores e símbolos culturais são transnacionalizados explorar temas de forma autônoma.
devido a mundialização dos meios de comunicação; A opção currículo integrado a critica do tradicional currículo
-as transformações no emprego; acadêmico. Os argumentos são:
-o volume da produção de informação cresce em progressão -a integração de várias matérias;
geométrica; -a limitação dos professores ao ensinar e o currículo inte-
-a primazia da tecnologia como fator dominante de evolução grado;
humana. -o tempo dedicado no ensino integrado e centrado;
Já o trabalho opõe a essa idéia de Escola Nova e ao interesse -é necessária a dedicação dos professores;
do aluno no trabalho escolar-ensinar-conectá-lo com o mundo -as disciplinas armazenam o conhecimento útil, arcam as
externo e para elaborar esse projeto de trabalho, há a necessi- linhas, geram novo conhecimento e produzem o intercâmbio
dade de: entre debates-idéias.
-conhecimento psicopedagógico destacando os saberes e as Os defensores do currículo integrado dizem que há uma
experiências; eficácia em relação ao tempo e ao estímulo dos professor e os
-temas e estudos relacionados com a construção da subje- estudantes em evitar a repetição de termos e conceitos fre-
tividade e transformações da suicidai e da natureza; qüentes a vida escolar e a falta de coordenação dos professore,
-o papel do diálogo pedagógico – pesquisa/crítica na mas fazer o intercambio para repercutir a qualidade do ensino.
aprendizagem; O objetivo do currículo integrado não é favorecer conteúdo,
-busca para educação, compreensão, atitude globalizada. mas interpretar os conhecimentos através das experiências. “Só
Devendo incorporar as indignações tornando as públicas e se interpreta quando se entende o produto como portador de
compartilhadas com o grupo. Formando mais corrente critica de um conteúdo, como objeto gerado por alguém em determinadas
indagação, compreensão-transformação da realidade escolar e circunstâncias, com a intenção de manifestar algo.” ; e que o ob-
social. jetivo dela é interpretar e buscar vestígios da existência de um
Essa compreensão de educação deve relacionar a vida fenômeno para os objetos e fatos, isto é, significa interessar-se
dos alunos/professores e de interesse, mas sem confundir a para diferentes versões dos fenômenos.
trasdição, mas permitir a concepção de estratégias de conhe- Mostraremos assim a diferença entre currículo disciplinar e
cimentos que permitem ir além, são códigos estabelecidos de transdisciplinar.
bagagem cultural dentro do grupo social. Disciplina-centrado nas matérias;
A cultura tem função de refazer o mundo e ensinar o aluno Transdisciplinar-problemas transdisciplinares;
a interpretar o significado das diferentes culturas e nos diversos -conceitos disciplinares;
tempos históricos, abrindo as portas para duas compreensões -metas curriculares;

15
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
-conhecimento canônico; criando a idéia de currículo em Espiral em que o aluno tenha
-lições; contato com a idéia-chave de forma primitiva e complexa.
-estudo individual; A crítica ao método de idéias-chaves não representada de
-livros-textos; forma simples para que os alunos aprendam e compreendam
-centrado na escola; sem base organizada de conhecimento. Essa idéia leva a con-
-professor como especialista. -temas ou problemas; fundir aprendizagem com desenvolvimento de conteúdos.
-perguntas, pesquisa; Já nos anos 80, o auge está no construtivismo e os proje-
-conhecimento construído; tos de trabalho, que contribuem para a aquisição de capacidade
-projetos; relacionada em auto direção, a criatividade , a formulação e
-projetos em grupo; resolução do problema, a tomada de decisões e a comunicação
-fontes diversas; interpessoal.
-centrado no mundo real; O enfoque está no objetivo de estabelecer interferências e
-professor como facilitador. transferências entre os conhecimentos de problemas-situações
Efland oferece alternativa para o currículo transdisciplinar (Prawat). As idéias-chaves são fundamentais a uma situação de
que é a idéia-chave que vai além da disciplina e com a coor- aprendizagem. E que o papel do professor passa ser o intérprete
denação do professor, este projeto pode vincular ao currículo facilitar. Os projetos não devem ser comparados com “métodos”
básico existente no país. por não serem aplicados com regras e não havendo seqüências
únicas, pois os projetos não são lineares, nem previsíveis, cho-
Capítulo III – Os Projetos de Trabalho e a Necessidade de cando se com a idéia de ensinar o fácil para o difícil. O projeto de
Mudança na Educação e na Função da Escola trabalho é comum com as estratégias e ensino e que todos vão
ale dos limites curriculares e implicam nas atividades práticas e
Os projetos de trabalho enfoca o ensino vinculado as mu- de pesquisa individuais ou e grupos, são características de uma
danças sociais que situa a concepção e a prática da educação proposta da Nova Escola, vinculada a Dewey, a importância da
como meio de organizar a gestão do espaço e de tempo entre aprendizagem conceitual e a Brunner, uma proposta de currícu-
docentes/alunos sobre o discurso do saber escolar. lo Espiral e idéias-chaves.
A isso se deve a mudanças da realidade vivida em relação O sentido é tema de negociação onde se parte de um pro-
a quantidade fazendo a Escola uma redescoberta sobre os con- cesso de pesquisa, selecionam as fontes, estabelecem critérios e
teúdos do saber. ordenação, recolhem as dúvidas e elabore o processo de conhe-
Devido às informações não se restringir apenas nos liv- cimento, recapitulando o aprendido e conecta com o novo tema,
ros-textos e sim aprender a selecionar e pesquisar e relacionar não se fixando no percurso, mas que seja um fio condutor da
com outras práticas. atuação do docente dessa forma:
As diferenças no contexto entre a Independência e culturas -por um tema-problema-de análise de interpretação crítica;
em desenvolvimento tecnológico na qual as fontes de infor- -com predomínio de atitude de cooperação professor/alu-
mação são múltiplas em relação a psicopedagógica ao saber so- no;
cial e a função social da escola. -que estabelece conexões entre o fenômeno e questiona-
Eis alguns significados dos projetos em diferentes épocas. mento;
Nos anos 20 os métodos de projetos eram: -em que cada projeto é singular;
-aproximar a escola da vida cotidiana; -em que há diferentes formas de aprender o que quer en-
-os alunos não deveria sentir diferença entre vida externa e sinar;
interna da escola; -com aproximação atualizada dos problemas disciplinares;
-sendo viável para o meio de uma Nova Escola e -e que todos alunos podem aprender num determinado
-contrária a fragmentação de matérias. lugar;
Isso dava idéia denominada “ocupações construtivas” de -e que a aprendizagem é vinculada a prática.
formuladas para o método de projeto, assim: Indo por esse caminho, observamos que se parece com um
-o interesse do aluno não basta, se o objetivo não ter projeto mas não é: um percurso descritivo e linear sem problem-
definição; atização; professor protagonista do saber, apresenta matérias
-a atividade deve ter valor intrínseco; escolares, conversão de matérias de estudo do gosto do aluno.
-a atividade deve despertar curiosidade e criar a demanda os projetos apontam porá forma de basear do conhecimento
pra informações novas. escolar na aprendizagem, para desenvolver estratégias de in-
Isso era o contrário de uma escola compartimentada e dagação interpretação e apresentação do processo em sua com-
oprimida pra multiplicação das matéria e a base autoritária. plexidade favorecer o conhecimento do mundo.
Na Segunda Guerra Mundial, a racionalidade tecnológica se
configura na Ideologia dominante no Ocidente, favorecendo o Capítulo IV – A Avaliação Como Parte Do Processo Dos Pro-
êxito de condutismo e psicometria fazendo com que as iniciati- jetos De Trabalho
vas co gelassem no imaginário. Que acabam voltando quando se
percebe que as promessas da visão tecnológica não se cumprem. A finalidade da educação era proporcionar uma retrospecti-
Nos anos 60 há um fluxo de interesses por projetos chama- va sobre a aprendizagem do aluno, antes do início de nova série
dos de trabalho por temas. Então a expansão econômica e os ou para conceder a qualificação.
conflitos sociais dão ênfase as idéias de Piaget sobre o desen- Podemos distinguir três fases no processo de avaliação:
volvimento da inteligência e o papel da aprendizagem dos con- 1- avaliação inicial – detecta conhecimentos sobre o tema,
ceitos. Brunner sugere que o ensino deveria centrar no desen- recolhe evidencia da forma de aprendizado, erros e pré-con-
volvimento de conceitos-chaves das estruturas das disciplinas, cepções dos alunos.

16
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
2- Avaliação formativa – o progresso do aluno e pra o profes- Capítulo VII – Eu Aprendi O Que Queria dizer Um “Símbolo”
sor é a tarefa de ajuste constante entre o ensino-aprendizagem;
3- Avaliação recapitulativa – processo de síntese do tema. Envolve pó projeto El Greco que é a visita a uma exposição
Este é o momento de reconhecimento em que estudantes al- de obras, onde se discute sobre o autor, da obra o contexto de
cançam os resultados e adquiram as destrezas e as habilidades. vida, fazendo surgir questões em relação ao autor a sua obra, a
E o que se pretende é que a avaliação estimule a capacidade composição delas, a época, a sociedade, o século, etc.
de pesquisa e que os alunos aplicam em situações reais os con- Quando a exposição houve um questionamento entre alunos
hecimentos adquiridos e respondam em carater produtivo. Mais e monitores num jogo de perguntas e respostas gerando o signifi-
que medir, avaliar, entender e interpretar. cado dos símbolos. A primeira noção de símbolos é a transferên-
É necessário que os professores abram as frentes de análise: cia e o reforçamento da aprendizagem. E através da auto reflexão
-conceitual para avaliar resultados não previstos; reconstrói e rememorizam e incorporam os elementos.
-investigadora; para levantar evidencias do processo e dos
resultados; Capítulo VIII – Ter Saúde é Viver de Acordo com Nós Mesmos
-ético-político: para encontrar o caminho que vai da aval-
iação burocrática á democracia. O objetivo do professor é levar o aluno a aprender a elabo-
Essa mudança de visão fez recordar as informações de in- rar o caminho e a porta-fólio é o meio que reflete na trajetória
teresse e transferi-la a memorização de formulas e a necessi- valorizando a diversidade.
dade de encontrar estratégias para resolução do problema; a Sempre partir de um tema chave para se desenvolver a
importância do resultado ao interesse no processo e na quan- pesquisa levando a indagar as diferentes opiniões e relacioná-las
tidade de informação em prol da capacidade de interpretá-la. as mudanças e chegar a seu objetivo, e o aluno conscientizar e
A avaliação vem se tornando a peça chave do ensino. O interpretar as informações recebidas. A conexão com os conteú-
porta-fólio surge como modalidade de avaliação no campo da dos do currículo escolar é a tarefa com o qual o professor finaliza
arte sendo possível selecionar e ordenar e refletir a trajetória sua participação no projeto.
de aprendizagem. A noção de globalização – a idéia de “aprender a estabe-
Fazendo dos seus alunos sentir aprendizagem institucional lecer e interpretar relações e superar limites das disciplinas
como algo próprio. escolares” é um convite a não divisão de conhecimentos e o
No porta-fólio se identifica as questões relacionado ao aprender constante dos docentes e um esforço dos alunos sem
modo de alunos e professores refletirem sobre os objetivos de aprender globalizar sem confundir a idéia de totalidade, além
aprendizagem criando um processo de reflexão. de ter vinculado a economia tem como pensamento a visão do
mundo. O ensino globalizado não deve ser confundido com ed-
Capítulo V – Três Projetos De Trabalho Como Exemplos, Não ucação que promove valores econômicos e aceita a supremacia
Como Pauta A Seguir do mercado sobre os cidadãos.2

Há varias opções de adaptação dos conteúdos educativos.


Por exemplo: HOFFMAN, JUSSARA. AVALIAÇÃO MEDIADORA – UMA
- partir de temas que destacam e apresentam propostas de PRÁTICA EM CONSTRUÇÃO DA PRÉ-ESCOLA À UNIVER-
atividades; SIDADE. PORTO ALEGRE: MEDIAÇÃO 1998
-planejar a trajetória por tema, uma histórica com vários fi-
nais; AVALIAÇÃO MEDIADORA
-apresentar a própria experiência de forma geral: avaliando, UMA PRÁTICA DA PRÉ-ESCOLA À UNIVERSIDADE
comparando, para enfocar e ordenar o resultado.
Antes, iremos tornar explicitas as concepções que se inter Jussara Hoffmann
–relacionam por aprendizagens de produção ativa dos conheci-
mentos sociais e a bagagem do aprendiz. Esta obra discute a avaliação numa perspectiva construti-
O ensino é uma atividade de objetivos que facilitam o di- vista que se contraponha à prática de avaliação tradicional, bus-
alético das estruturas do conhecimento e a subjetividade/indi- cando o sentido em direção a uma escola igualitária e libertado-
vidual. A ordenação dos conteúdos é a definição da atuação que ra desde a educação infantil, o ensino fundamental, médio, até
modificam a interação dialética da classe. a universidade.

Capítulo VI – As Informações nos Servem Para Aprender e O livro inicia com a discussão da escola de qualidade e sobre
Nos Provocar Novas Interrogações o compromisso de manter na escola o aluno favorecendo-lhe
de fato o acesso ao saber (não simplesmente por promovê-lo),
O mais relevante deste projeto é mostrar o desenvolvimen- a outros graus de ensino, de permanência e continuidade nos
to da criança, do interesse e a observação de como elas enfren- estudos. Melhoria da qualidade do ensino requer: escolaridade
tam o problema dentro de aprendizagem. para todas as crianças e escolas que compreendam essas crian-
Quando o assunto foi interessante envolve todo o grupo. ças a ponto de auxiliá-las a usufruir seu direito ao ensino funda-
Assunto que se pode levar por meio de pesquisa, curiosidades, mental no sentido de sua promoção como cidadãos participan-
jornais, etc. a família deve-se envolver nesse coleta de infor- tes nesta sociedade; que perceba a educação como direito da
mações abrindo assim a reflexão fazneo a histórica tomar outro criança consciente desse direito.
rumos em geral. A criança segue um fio condutor (diálogo) en-
volvendo toda a classe.
Afinal o trabalho fará ter uma idéia-chave a ser desenvolvida. 2 Fonte: www.edu-candoconstruindosaber.blogspot.com

17
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Numa perspectiva construtivista da avaliação, a questão da Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a pro-
qualidade do ensino deve ser analisada em termos dos objetivos va não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar nas
efetivamente perseguidos no sentido do desenvolvimento máxi- estratégias pedagógicas que ele deverá utilizar para interagir
mo possível dos alunos, à aprendizagem, no seu sentido amplo, com esse aluno. Para que isso aconteça, o desenvolvimento des-
alcançada pela criança a partir das oportunidades que o meio sa prática avaliativa deverá desvelar a trajetória de vida do alu-
lhe oferece. no durante a qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões.

A qualidade do ensino na concepção classificatória, a qua- Em relação ao processo de aprendizagem toda resposta do
lidade se refere a padrões preestabelecidos, em bases compa- aluno é ponto de partida para novas interrogações ou desafios
rativas: critérios de promoção, gabaritos de respostas, padrões do professor. Devem-se oportunizar aos discentes emitir ideias
de comportamento ideal. Uma qualidade que se confunde com sobre um assunto, para ressaltar as hipóteses em construção, ou
quantidade. as que já foram elaboradas. São estas atitudes que idealizam, de
fato, um processo de avaliação contínua e mediadora.
Qualidade, na perspectiva mediadora da avaliação, significa
desenvolvimento máximo possível, um permanente “vir a ser”, A objetividade e a subjetividade em geral refere-se a forma
sem limites preestabelecidos, embora com objetivos delineados de elaboração das questões, mas é pela correção que as ques-
e aceitação das pré-condições socioculturais do educando. tões se caracterizam em “objetivas” ou “subjetivas”.

A avaliação apresenta uma importância social e política fun- A partir das considerações, apontamos alguns princípios
damental no fazer educativo vinculando-a a idéia de qualidade. coerentes à ação avaliativa mediadora:
Avaliar qualitativamente significa um julgamento mais global e - oportunizar aos alunos muitos momentos de expressar
intenso, no qual o aluno é observado como um ser integral, co- suas ideias – as tarefas são elementos essenciais para a observa-
locado em determinada situação relacionada às expectativas do ção das hipóteses construída pelos alunos ao longo do processo;
professor e também deles mesmos. - oportunizar discussões entre os alunos a partir de situa-
ções desencadeadoras - os trabalhos em grupo são “gatilhos”
A autora pesquisou as causas do fracasso escolar junto aos
para a reflexão de cada aluno, para o desenvolvimento do co-
professores (30) de escolas estaduais de educação infantil, ensi-
nhecimento em sua perspectiva de compreensão;
no fundamental e médio, os quais responderam:
- realizar várias tarefas individuais, menores e sucessivas,
1. o aluno não se interessa pelo conteúdo da escola. (10)
investigando teoricamente, procurando entender razões para as
2. o aluno apresenta problemas de relacionamento com
respostas apresentadas pelos estudantes – a avaliação media-
professores e colegas. (10)
dora exige a observação individual, ou seja, uma relação direta
3. o aluno não apresenta maturidade. (06)
com o aluno a partir de muitas tarefas (orais ou escritas), inter-
4. o aluno não tem oportunidade de expressar suas ideias
pretando-as (respeito a subjetividade), refletindo e investigando
ao professor. (03)
5. o professor apresenta falta de conhecimento quanto a teoricamente razões para soluções apresentadas de acordo com
questões de aprendizagem. (1) os estágios e as experiências do aluno;
- em vez do certo/errado e da atribuição de pontos, fazer
Percebe-se que alguns professores atribuem a responsabili- comentários sobre as tarefas dos alunos, auxiliando-os a loca-
dade a si próprios, porém a maioria atribui a culpa aos alunos, os lizar as dificuldades, oferecendo-lhes oportunidades de desco-
quais passam a ser um misto de réu e vítima. brirem melhores soluções – é preciso ultrapassar a sistemática
tradicional de buscar certos e errados em relação às respostas
Quem são os responsáveis pelo fracasso escolar: professo- do aluno e atribuir significado ao que se observa em sua tarefa,
res, alunos ou sociedade? O compromisso do professor diante valorizando idéia e dando importância a suas dificuldades. O res-
da criança e do jovem deve proceder diante das diferenças in- peito e a valorização de cada tarefa favorecem a expressão de
dividuais dos alunos em relação a todos os níveis socioculturais. crenças verdadeiramente espontâneas.
Um dos princípios da teoria construtivista é fundamental para - transformar os registros de avaliação em anotações signi-
avaliação: o indivíduo se dá por estágios evolutivos do pensa- ficativas sobre o acompanhamento dos alunos em seu proces-
mento a partir de sua maturação e suas vivências. so de construção de conhecimento – os registros do professor
devem responder às questões: O aluno aprendeu? Ainda não
Neste sentido, deve-se ter uma visão construtivista do erro aprendeu? Por que não aprendeu? Quais os encaminhamentos
em termos da correção das tarefas feitas pelos alunos em todas feitos ou por fazer nesse sentido?
as situações de aprendizagem. Os erros e as dúvidas dos alu-
nos são componentes significativos ao desenvolvimento da ação
educacional, pois permitirá ao docente a observação e investiga-
ção de como o aluno se coloca diante da realidade ao construir
seu conhecimento.

A autora distingue o diálogo entre professor e aluno como


indicador de aprendizagem, necessário, à reformulação de alter-
nativas de solução para que a construção do saber aconteça. A
reflexão do professor sobre seus próprios posicionamentos me-
todológicos, na elaboração de questões e na análise de respos-
tas dos alunos deve ter sempre um caráter dinâmico.

18
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Em relação à correção há duas posturas que se opõem naturalmente:

As diferentes posturas também se revelam nas expectativas dos alunos (pedindo para professor dar nota em toda atividade;
não aceitando que sua tarefa tenha erro), dos pais (não aceitando que não se corrija o caderno de seu filho), dos professores (corrijo
tudo, não corrijo, o que fazer?).

Na concepção mediadora a correção se faz presente pensando na evolução do conhecimento de forma dinâmica, de descoberta
por ensaio e erro, de tomada de consciência sobre o fazer, muito mais que a preocupação com resultados imediatos ou fórmulas
definitivas de solução apresentadas pelo professor.

Não significa aceitar tudo o que a criança faz. Considerar, valorizar, não significa observar e deixar como está. Ao contrário exige
do professor a reflexão teórica necessária para o planejamento de situações provocativas ao aluno que favoreçam a sua descoberta.
As tarefas de aprendizagem são pontos de partida do professor no sentido de gerar conflitos entre as crianças pela confrontação
entre elas a respeito de diferentes soluções pensadas em evolução.

A ação mediadora do professor, a sua intervenção pedagógica, desafiadora, não pode ser uniforme em todas as situações de
tarefas dos alunos. Os erros que a criança apresenta podem ser de natureza diversa. Nenhum extremo é válido: considerar que sem-
pre devemos dizer a resposta certa ou no outro extremo, considerar que todo e qualquer erro que o aluno cometa tenha o caráter
construtivo e que ele poderá descobrir todas as respostas.

A tarefa do aluno está presente entre uma tarefa do aluno e a posterior. A tarefa do professor consiste em favorecer a este
aluno o alcance de um saber competente e a aproximação com a verdade científica.

O tema correção envolve essencialmente o respeito à criança em suas etapas de desenvolvimento e, por isso é urgente incluir
o termo “ainda” no seu vocabulário. Ao invés de analisar os exercícios dos alunos para responder quem errou ou quem acertou,
analisá-los para observar quem aprendeu e quem “ainda” não aprendeu.

Os registros de avaliação refletem a concepção de educação do professor. Relatórios de avaliação devem expressar avanços,
conquistas, descobertas, bem como relatar o processo vivido em sua evolução, em seu desenvolvimento, dirigindo-se aos encami-
nhamentos, às sugestões de cooperação entre todos que participam do processo. Ao relatarmos um processo efetivamente vivido,
encontraremos as representações que lhes deem verdadeiro sentido.

Há muitas crenças que a avaliação mediadora é restrita aos professores das séries iniciais do ensino fundamental, mas a autora
revela o desenvolvimento desta perspectiva no ensino médio e no ensino universitário através de pesquisas realizadas.

O modelo que se instala em cursos de formação, é um modelo reprodutivista sendo muito mais forte que qualquer teoria que
o aluno possa adquirir, pois é vivida em seu cotidiano.

Em sua pesquisa no curso universitário a autora aponta algumas concepções apresentadas pelos professores resistentes à ava-
liação mediadora e assinala caminhos para reflexão:
1. alunos desinteressados e desatentos – observa-se, nesta visão, um compromisso do educador alienado de uma relação de
aproximação com o pensar do aluno: o professor “dá” a aula e o aluno “pega” as explicações. Na avaliação mediadora despertaria,
então, o educador para a relação dialógica da avaliação, buscando alternativas para estabelecer sua aproximação e descoberta dos
diferentes modos de pensar.

2. tempos e disponibilidade: entraves do processo – a avaliação mediadora opõe-se ao modelo “transmitir-verificar-registrar”


e evolui no sentido de uma ação reflexiva e desafiadora do educador em termos de contribuir, elucidar, favorecer a troca de ideias
entre e com seus alunos.

3. o diálogo professor/aluno – o diálogo entendido a partir da relação epistemológica, não se processa obrigatoriamente atra-
vés da conversa, enquanto comunicação verbal com o estudante.

19
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Refletir em conjunto com o aluno sobre o objeto do conheci-
mento, para encaminhar-se à superação, significa desenvolver uma MANTOAN, MARIA TERESA ÉGLER E COLABORADO-
relação dialógica, princípio fundamental da avaliação mediadora. RES. INCLUSÃO ESCOLAR. O QUE É? POR QUÊ? COMO
FAZER. SÃO PAULO: MODERNA, 2003.
4. acompanhamento individualizado – o diálogo, compreen-
dido como leitura curiosa e investigativa do professor das tarefas INCLUSÃO ESCOLAR – O QUE É? POR QUÊ? COMO FAZER?
de aprendizagem, poderá se estabelecer mesmo se o educador
trabalhar com muitos alunos, no sentido de permitir lhe, senão Inclusão escolar: O que é?
a proximidade corpo a corpo com o estudante, o debruçar-se so-
bre suas ideias e as do grupo para acompanhar seus argumentos Crise de paradigmas
e vir a discuti-los ou enriquecê-los.
O mundo gira e, nessas voltas, vai mudando e nessas mu-
Portanto, o maior desafio é favorecer a descoberta pelos tações, ora drásticas ora nem tanto, vamos também nos envol-
professores do significado da avaliação mediadora para a forma- vendo e convivendo com o novo, mesmo que não nos aperce-
ção de um profissional competente. bamos disso. Há, contudo, os mais sensíveis, os que estão de
prontidão, “plugados” nessas reviravoltas e que dão os primei-
Confirmando a hipótese da autora que experiências em ava- ros gritos de alarme, quando anteveem o novo, a necessidade
liação mediadora possam provocar espontaneamente um rees- do novo, a emergência do novo, a urgência de adotá-lo, para
tudo do currículo, realizou um trabalho junto a uma universida- não sucumbir à morte, à degradação do tempo, à decrepitude
de e constatou que a prática avaliativa foi sendo reformulada e da vida.
explicitada em seu desenvolvimento através de reflexões cons- Esses pioneiros, as sentinelas do mundo, estão sempre muito
tantes e ajustes necessários. perto e não têm muitas saídas para se esquivar do ataque frontal
das novidades. São essas pessoas que despontam nos diferentes
Os professores participantes do projeto no Ensino Médio re- âmbitos das atividades humanas e que num mesmo momento
lataram algumas conclusões: começam a transgredir, a ultrapassar as fronteiras do conheci-
- o processo de transformação inicia de forma lenta com mento, dos costumes, das Artes, inaugurando um novo cenário
muitas resistências dos alunos. Uma vez compreendido, o pro- para as manifestações e atividades humanas, a qualquer custo,
cesso alcança bons resultados; · a proposta exige a reflexão per- porque têm clareza do que estão propondo e não conseguem se
manente do grupo e ajustes freqüentes; esquivar ou se defender da força das concepções atualizadas.
- a cooperação entre os alunos e destes com a professora é Ocorre que, saibamos ou não, estamos sempre agindo, pen-
um dos resultados alcançados. Os alunos passam a mostrar-se sando, propondo, refazendo, aprimorando, retificando, excluin-
mais interessados em vencer suas dificuldades e a refazer seus do, ampliando segundo paradigmas.
trabalhos; · a não-atribuição de notas à tarefas e situações não- Conforme pensavam os gregos, os paradigmas podem ser
-declaradas de “prova” causam menor pressão e resultados mais definidos, como modelos, exemplos abstratos, que se material-
favoráveis de aprendizagem; izam de modo imperfeito no mundo concreto. Podem também
- o processo provoca naturalmente a revisão do currículo ser entendidos segundo uma concepção moderna, como um
pelos professores e o repensar de sua metodologia; conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que
- percebe-se com maior clareza a dimensão das dificuldades são partilhados por um grupo em um dado momento histórico e
dos alunos. que norteiam o nosso comportamento, até entrarem em crise,
porque não nos satisfazem mais, não dão conta dos problemas
Nesta perspectiva, avaliação mediadora é uma postura de que temos de solucionar. Assim, Thomas Kuhn, em sua obra “A
vida e os fundamentos de uma ação avaliativa mediadora ultra- estrutura das revoluções científicas” e outros pensadores, como
passam estudos sobre teorias de avaliação e exigem o aprofun- Edgar Morin, em “O Paradigma Perdido – a natureza humana”
damento em teorias de conhecimento bem como estudos refe- definem paradigma.
rentes a áreas específicas de trabalho do professor. Uma crise de paradigma é uma crise de concepção, de visão
de mundo e, quando as mudanças são mais radicais, temos as
A ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício ao chamadas revoluções científicas.
educando e dá-se fundamentalmente pela proximidade entre
quem educa e quem é educado. Pela curiosidade de conhecer O período em que se estabelecem as novas bases teóricas
a quem educa e conhecendo, a descoberta de si próprio. Co- suscitadas pela mudança de paradigmas é bastante difícil, pois
nhecimento das possibilidades dos educandos de contínuo vir a caem por terra os fundamentos sobre os quais a ciência se as-
ser, desde que lhe sejam oferecidas as oportunidades de viver sentava sem que se fincassem de todo os pilares que a susten-
muitas e desafiadoras situações de vida. tarão, daqui para frente.
Sendo ou não uma mudança radical, toda crise de paradig-
Fonte ma é cercada de muita incerteza, insegurança, mas também de
SILVA, M. S. da. muita liberdade e de ousadia, para buscar outras alternativas,
http://www.professorefetivo.com.br/resumos/Avaliacao- outras formas de interpretação e de conhecimento que nos sus-
-Mediadora-Uma-Pratica-da-Pre-Escola-a-Universidade.html tente e nos norteie para realizar a mudança.
É o que estamos vivendo no momento.
Referência A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cin-
HOFFMANN, Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em diu-se em modalidades de ensino, tipos de serviços, grades cur-
construção de pré-escola à universidade. Mediação. riculares, burocracia. Uma ruptura de base em sua estrutura

20
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
organizacional, como propõe a inclusão, é uma saída para que O ensino curricular de nossas escolas, organizado em disci-
ela possa fluir, novamente, espalhando sua ação formadora por plinas, isola, separa os conhecimentos, ao invés de reconhecer
todos os que dela participam. as suas inter-relações. Contrariamente, o conhecimento evolui
A inclusão, portanto, implica em mudança desse atual par- por recomposição, contextualização e integração de saberes,
adigma educacional para que se encaixe no mapa da educação em redes de entendimento, não reduz o complexo ao simples,
escolar que estamos retraçando. tornando maior a capacidade de reconhecer o caráter multidi-
É inegável que os velhos paradigmas da modernidade estão mensional dos problemas e de suas soluções.
sendo contestados e que o conhecimento, matéria prima da ed- Os sistemas escolares também estão montados a partir de
ucação escolar, está passando por uma reinterpretação. um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir
As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gêne- os alunos em normais e deficientes, as modalidades de ensino
ro, enfim, a diversidade humana está sendo cada vez mais em regular e especial, os professores em especialistas, nesta e
desvelada e destacada e é condição imprescindível para se en- naquela manifestação das diferenças. A lógica dessa organização
tender como aprendemos, e como entendemos o mundo e a nós é marcada por uma visão determinista, mecanicista, formalista,
mesmos. reducionista própria do pensamento científico moderno, que
ignora o subjetivo, o afetivo, o criador, sem os quais não con-
Um novo paradigma do conhecimento está surgindo das seguimos romper com o velho modelo escolar, para produzir a
interfaces e das novas conexões que se formam entre saberes reviravolta que a inclusão impõe.
outrora isolados e partidos e dos encontros da subjetividade Essa reviravolta exige, em nível institucional, a extinção das
humana com o cotidiano, o social, o cultural. Redes cada vez categorizações e das oposições excludentes – iguais/diferentes,
mais complexas de relações, geradas pela velocidade das comu- normais/deficientes – e em nível pessoal, que busquemos artic-
nicações e informações estão rompendo as fronteiras das disci- ulação, flexibilidade, interdependência entre as partes que se
plinas e estabelecendo novos marcos de compreensão entre as conflitavam nos nossos pensamentos, ações, sentimentos. Essas
pessoas e do mundo em que vivemos. atitudes diferem muito das que são típicas das escolas tradicio-
Diante dessas novidades, a escola não pode continuar igno- nais em que ainda atuamos e em que fomos formados para en-
rando o que acontece ao seu redor, anulando e marginalizando sinar.
as diferenças nos processos por meio dos quais forma e instrui Se o que pretendemos é que a escola seja inclusiva, é ur-
os alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica gente que seus planos se redefinam para uma educação volta-
em saber expressar, dos mais variados modos, o que sabemos, da para a cidadania global, plena, livre de preconceitos e que
implica em representar o mundo, a partir de nossas origens, va- reconhece e valoriza as diferenças.
lores, sentimentos. Chegamos a um impasse, como nos afirma Morin (2001),
O tecido da compreensão não se trama apenas com os fios pois para se reformar a instituição temos de reformar as mentes,
do conhecimento científico. Como Santos nos aponta, a comu- mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma
nidade acadêmica, não pode continuar a pensar que só há um das instituições.
único modelo de cientificidade e uma única epistemologia, e
que, no fundo, todo o resto é um saber vulgar, um senso comum Integração ou inclusão?
que ela contesta em todos os níveis de ensino e de produção do
conhecimento. A ideia de que o nosso campo de conhecimen- Tendemos, pela distorção/redução de uma ideia, a nos
to é muito mais amplo do que aquele que cabe no paradigma desviar dos desafios de uma mudança efetiva de nossos propósi-
da ciência moderna traz a ciência para um campo de luta mais tos e práticas. A indiferenciação entre os processos de inte-
igual, em que ela tem de reconhecer e se aproximar de outras gração e inclusão escolar é prova dessa tendência na educação e
formas de entendimento e perder a posição hegemônica em que está reforçando a vigência do paradigma tradicional de serviços
se mantém, ignorando o que foge aos seus domínios. educacionais. Muitos, no entanto, continuam mantendo-o ao
A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perver- defender a inclusão!
sas maneiras, e quase sempre o que está em jogo é a ignorância A discussão em torno da integração e da inclusão cria ainda
do aluno, diante dos padrões de cientificidade do saber escolar. inúmeras e infindáveis polêmicas, provocando as corporações
Ocorre que a escola se democratizou abrindo-se a novos grupos de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no
sociais, mas não aos novos conhecimentos. Exclui, então, os que atendimento às pessoas com deficiência - os paramédicos e out-
ignoram o conhecimento que ela valoriza e, assim, entende que ros, que tratam clinicamente de crianças e jovens com proble-
a democratização é massificação de ensino, e não cria a possibi- mas escolares e de adaptação social. A inclusão também “mexe”
lidade de diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais
se abre a novos conhecimentos que não couberam, até então, de assistência às suas clientelas. Afeta, e muito, os professores
dentro dela. da educação especial temerosos de perder o espaço que con-
O pensamento subdividido em áreas específicas é uma quistaram nas escolas e redes de ensino e envolvem grupos de
grande barreira para os que pretendem, como nós, inovar a es- pesquisa das Universidades (Mantoan, 2002; Doré, Wagner e
cola. Nesse sentido, é imprescindível questionar esse modelo de Brunet, 1996).
compreensão que nos é imposto desde os primeiros passos de Os professores do ensino regular consideram-se incompe-
nossa formação escolar e que prossegue nos níveis de ensino tentes para atender às diferenças nas salas de aula, especial-
mais graduados. Toda trajetória escolar precisa ser repensada, mente aos alunos com deficiência, pois seus colegas especial-
considerando-se os efeitos cada vez mais nefastos das hiper-es- izados sempre se distinguiram por realizar unicamente esse
pecializações dos saberes, que nos dificultam a articulação de atendimento e exageraram essa capacidade de fazê-lo aos olhos
uns com os outros e de termos igualmente uma visão do essen- de todos (Mittler, 2000).
cial e do global.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Há também um movimento contrário de pais de alunos sem as salas de aula do ensino regular.
deficiências, que não admitem a inclusão, por acharem que as O objetivo da integração é inserir um aluno ou um grupo
escolas vão baixar e/ou piorar ainda mais a qualidade de ensino de alunos que já foram anteriormente excluídos e o mote da
se tiverem de receber esses novos alunos. inclusão, ao contrário, é o de não deixar ninguém no exterior
Os dois vocábulos - integração e inclusão - conquanto ten- do ensino regular, desde o começo da vida escolar. As escolas
ham significados semelhantes, são empregados para expressar inclusivas propõem um modo de organização do sistema educa-
situações de inserção diferentes e se fundamentam em posi- cional que considera as necessidades de todos os alunos e que é
cionamentos teórico-metodológicos divergentes. Grifei os ter- estruturado em função dessas necessidades.
mos, porque acho ainda necessário frisá-los, embora admita Por tudo isso, a inclusão implica uma mudança de perspec-
que essa distinção já poderia estar bem definida no contexto tiva educacional, pois não se limita aos alunos com deficiência
educacional. e aos que apresentam dificuldades de aprender, mas a todos
O processo de integração escolar tem sido entendido de di- os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa
versas maneiras. O uso do vocábulo “integração” refere-se mais geral. Os alunos com deficiência constituem uma grande preocu-
especificamente à inserção escolar de alunos com deficiência pação para os educadores inclusivos, mas todos sabemos que a
nas escolas comuns, mas seu emprego é encontrado até mesmo maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vêm do
para designar alunos agrupados em escolas especiais para pes- ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele!
soas com deficiência, ou mesmo em classes especiais, grupos de
lazer, residências para deficientes. A radicalidade da inclusão vem do fato de exigir uma mu-
dança de paradigma educacional, como já nos referimos ante-
Os movimentos em favor da integração de crianças e jovens riormente. Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão
com deficiência surgiram nos países nórdicos em 1969, quando dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e
se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação. regular. As escolas atendem às diferenças, sem discriminar, sem
Sua noção de base é o princípio de normalização, que não sendo trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras
específico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestações específicas para se planejar, para aprender, para avaliar (cur-
e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, se- rículos, atividades, avaliação da aprendizagem para alunos com
jam elas afetadas ou não por uma incapacidade, dificuldade ou deficiência e com necessidades educacionais especiais).
inadaptação. Pode-se, pois, imaginar o impacto da inclusão nos sistemas
Pela integração escolar, o aluno tem acesso às escolas por de ensino ao supor a abolição completa dos serviços segregados
meio de um leque de possibilidades educacionais, que vai da in- da educação especial, os programas de reforço escolar, salas de
serção às salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas aceleração, turmas especiais e outros.
especiais. Na perspectiva de o especial da educação, a inclusão é uma
O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura provocação, cuja intenção é melhorar a qualidade do ensino das
educacional, que oferece ao aluno a oportunidade de transitar escolas, atingindo todos os alunos que fracassam em suas salas
no sistema escolar, da classe regular ao ensino especial, em to- de aula.
dos os seus tipos de atendimento: escolas especiais, classes es- A metáfora da inclusão é o caleidoscópio. Esta imagem foi
peciais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos, bem descrita pelas palavras de uma de suas grandes defensoras:
classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Trata-se de uma Marsha Forest.
concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços Tive o privilégio de conhecê-la, em Toronto, no Canadá, em
educacionais segregados. 1996, quando a visitei em sua casa. Infelizmente, ela faleceu em
É sabido (e alguns de nós têm experiência própria no assun- 2001, quando estava de malas prontas para vir ao Brasil, para
to), que os alunos que migram das escolas comuns para serviços participar de um grande evento educacional e para conhecer os
da educação especial muito raramente se deslocam para os trabalhos orientados para a inclusão em nossas redes públicas e
menos segregados e, raramente, retornam/ingressam às salas escolas particulares.
de aula do ensino regular. Em sua homenagem, destaco como Marsha se refere ao ca-
Nas situações de integração escolar, nem todos os alunos leidoscópio educacional: “O caleidoscópio precisa de todos os
com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois há uma pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o de-
seleção prévia dos que estão aptos à inserção. Para esses casos, senho se torna menos complexo, menos rico. As crianças, jovens
são indicados: a individualização dos programas escolares, cur- se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente
rículos adaptados, avaliações especiais, redução dos objetivos rico e variado”.
educacionais para compensar as dificuldades de aprender. Em A distinção entre integração e inclusão é um bom começo
uma palavra, a escola não muda como um todo, mas os alunos para esclarecermos o processo de transformação das escolas, de
têm de mudar para se adaptarem às suas exigências. modo que possam acolher, indistintamente todos os alunos, nos
A integração escolar pode ser entendida como o especial na diferentes níveis de ensino.
educação, ou seja, a justaposição do ensino especial ao regular, Temos já um bom número de ideias para analisar, comparar,
ocasionando um inchaço desta modalidade, pelo deslocamento reinterpretar. Elas serão certamente retomadas, revisadas e am-
de profissionais, recursos, métodos, técnicas da educação espe- pliadas, no que trataremos a seguir.
cial às escolas regulares.
Quanto à inclusão, esta questiona não somente as políticas Inclusão escolar - Por quê?
e a organização da educação especial e regular, mas também o
próprio conceito de integração. Ela é incompatível com a inte- A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de
gração, pois prevê a inserção escolar de forma radical, completa uma parte significativa dos seus alunos, que são marginalizados
e sistemática. Todos os alunos, sem exceções, devem frequentar pelo insucesso e privações constantes e pela baixa autoestima

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
resultante da exclusão escolar e social. Alunos que são vítimas Nessas orientações entendem-se as deficiências como fixa-
de seus pais, de seus professores e, sobretudo, por viverem em das no indivíduo, como se fossem marcas indeléveis, a partir das
condições de pobreza em todos os seus sentidos. Esses alunos quais só nos cabe aceitá-las, passivamente, pois nada poderá
são sobejamente conhecidos das escolas, pois repetem as suas evoluir, além do previsto no quadro geral das suas especifi-
séries várias vezes, são expulsos, evadem e ainda são rotulados cações estáticas: os níveis de comprometimento, as categorias
como mal nascidos e com hábitos que fogem ao protótipo da educacionais, os quocientes de inteligência, predisposições para
educação formal. o trabalho e outras tantas mais.
As soluções sugeridas para se reverter esse quadro parecem Consoante a esses pressupostos é que criamos espaços edu-
reprisar as mesmas medidas que o criaram. Em outras palavras, cacionais protegidos, à parte, restritos a determinadas pessoas,
pretende-se resolver a situação a partir de ações que não recor- ou seja, aquelas que eufemisticamente denominamos Portado-
rem a outros meios, que não buscam novas saídas e que não vão ras de Necessidades Educacionais Especiais – PNEE.
a fundo nas causas geradoras do fracasso escolar. Esse fracasso A diferença, nesses espaços, é o que o outro é, - ele é bran-
continua sendo do aluno, pois a escola reluta em admiti-lo como co, ele é religioso, ele é deficiente, como nos afirma Silva (2000),
sendo o seu. é o que está sempre no outro, que está separado de nós para ser
A inclusão total e irrestrita é uma oportunidade que temos protegido ou para nos protegermos dele. Em ambos os casos,
para reverter a situação da maioria de nossas escolas, as quais nós somos impedidos de realizar e de conhecer a riqueza da ex-
atribuem aos alunos as deficiências que são do próprio ensino periência da diversidade e da inclusão. A identidade é o que se
ministrado por elas – sempre se avalia o que o aluno aprendeu, é, como afirma o mesmo autor - eu sou brasileiro, sou negro, eu
o que ele não sabe, mas raramente se analisa o que e como a es- sou estudante...
cola ensina, de modo que os alunos não sejam penalizados pela A Ética em sua dimensão crítica e transformadora é a que
repetência, a evasão, a discriminação, a exclusão, enfim. referenda a nossa luta pela inclusão escolar. A posição é oposta
Estou convicta de que todos nós, professores, sabemos que à anterior, porque entende que as diferenças estão sendo con-
é preciso excluir a exclusão em nossas escolas e fora delas e que stantemente feitas e refeitas; pois elas vão diferindo. Elas são
os desafios são necessários a fim de que possamos avançar, pro- produzidas e não podem ser naturalizadas, como pensamos,
gredir, evoluir em nossos empreendimentos. É fácil receber os habitualmente. Essa produção merece ser compreendida e não
“alunos que aprendem apesar da escola” e é mais fácil ainda apenas respeitada e tolerada
encaminhar os que têm dificuldades de aprendizagem para as Nossas ações educativas têm como eixos o convívio com as
classes e escolas especiais, sendo ou não deficientes, aos pro- diferenças, a aprendizagem como experiência relacional, partic-
gramas de reforço e aceleração. Por meio dessas válvulas de es- ipativa, que produz sentido para o aluno, pois contempla a sua
cape continuamos a discriminar os alunos que não damos conta subjetividade, embora construída no coletivo das salas de aula.
de ensinar. Estamos habituados a repassar nossos problemas É certo que relações de poder presidem a produção das dif-
para outros colegas, os “especializados” e, assim, não recai so-
erenças na escola, mas a partir de uma lógica que não mais se
bre nossos ombros o peso de nossas limitações profissionais.
baseia na igualdade, como categoria assegurada por princípios
Focalizei o porquê da inclusão, a partir de três questões
liberais, inventada e decretada, a priori e que trata a realidade
que são o alvo das iniciativas inclusivas, nas suas pretensões de
escolar com a ilusão da homogeneidade, promovendo e justifi-
“revitalizar” a educação escolar. Abordaremos cada uma delas
cando a fragmentação do ensino em disciplinas, modalidades de
a seguir.
ensino regular, especial, as seriações, classificações, hierarquias
de conhecimentos.
A questão da identidade X diferença
Por tudo isso, a inclusão é produto de uma educação plural,
democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou
Embora a inclusão seja uma prática recente e ainda incip-
iente nas nossas escolas para que possamos entendê-la com melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez,
maior rigor e precisão, considero-a suficiente para questionar abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignifi-
que Ética ilumina as nossas ações, na direção de uma escola para cada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro
todos. Ou, mais precisamente, as propostas e políticas educacio- sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais,
nais que proclamam a inclusão estão realmente considerando as permanentes, essenciais.
diferenças na escola, ou seja, alunos com deficiências e todas os O direito à diferença nas escolas desconstrói, portanto, o
demais excluídos e que são as sementes da sua transformação? sistema atual de significação escolar excludente, normativo, eli-
Essas propostas reconhecem e valorizam as diferenças, como tista, com suas medidas e mecanismos de produção da identi-
condição para que haja avanço, mudanças, desenvolvimento e dade e da diferença.
aperfeiçoamento da educação escolar? Se a igualdade é referência, podemos inventar o que quis-
Ao avaliarmos propostas de ação educacional, visando à ermos para agrupar e rotular os alunos como PNEE, como defi-
inclusão, encontramos habitualmente, na orientação dessas cientes. Se a diferença é tomada como parâmetro, não fixamos
ações, dimensões éticas conservadoras. Essas orientações, no mais a igualdade como norma e fazemos cair toda uma hier-
geral, expressam-se pela tolerância e pelo respeito ao outro, arquia das igualdades e diferenças que sustentam a “normal-
que são sentimentos que precisamos analisar com mais cuidado ização”. Esse processo, a normalização, pelo qual a Educação
para entender o que podem esconder nas suas entranhas. Especial tem proclamado o seu poder, propõe sutilmente, com
A tolerância, como um sentimento aparentemente gener- base em características devidamente selecionadas como positi-
oso, pode marcar uma certa superioridade de quem tolera. O vas, a eleição arbitrária de uma identidade “normal”, como um
respeito, como conceito, implica um certo essencialismo, uma padrão de hierarquização e de avaliação de alunos, de pessoas.
generalização, que vem da compreensão de que as diferenças Contrariar a perspectiva de uma escola que se pauta pela igual-
são fixas, definitivamente estabelecidas, de tal modo que só nos dade de oportunidades é fazer a diferença, reconhecê-la e val-
resta respeitá-las. orizá-la.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Temos, então, que reconhecer as diferentes culturas, a plu- sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art.
ralidade das manifestações intelectuais, sociais, afetivas, enfim, 3º, inciso IV). Ela garante ainda o direito à igualdade (art. 5º) e
precisamos construir uma nova ética escolar, que advém de uma trata, no art. 205 e seguintes, do direito de todos à educação.
consciência ao mesmo tempo individual, social e, por que não, Esse direito deve visar ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
planetária! preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.
No desejo da homogeneidade, que tem muito em comum Além disso, a Constituição elege como um dos princípios
com a democracia de massas, destruíram-se muitas diferenças para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanên-
que nós hoje consideramos valiosas e importantes. cia na escola (art. 206, inciso I), acrescentando que o dever do
Ao nos referirmos, hoje, a uma cultura global e globalização, Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de
parece contraditória a luta de grupos minoritários por uma acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
política identitária, pelo reconhecimento de suas raízes, como criação artística, segundo a capacidade de cada um (art. 208, V).
fazem os surdos, os deficientes, os hispânicos, os negros, as mul- Quando garante a todos o direito à educação e ao acesso à
heres, os homossexuais. Há, pois um sentimento de busca das escola, a Constituição Federal não usa adjetivos e assim sendo,
raízes e de afirmação das diferenças. Devido a isso, contesta-se toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não po-
hoje a modernidade nessa sua aversão pela diferença. dendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça,
Nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as sexo, cor, idade ou deficiência.
pessoas. Há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser Apenas esses dispositivos bastariam para que não se ne-
igual e nem tudo deve ser diferente. Então, como conclui Santos gasse a qualquer pessoa, com e sem deficiência, o acesso à mes-
(1995), é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes ma sala de aula que qualquer outro aluno. Um dos argumentos
quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos sobre a impossibilidade prática da inclusão total aponta os casos
iguais quando a diferença nos inferioriza. de alunos com deficiências severas, múltiplas, notadamente a
deficiência mental, os casos de autismo.
A questão legal A Constituição, contudo, garante a educação para todos e
isso significa que é para todos mesmo e, para atingir o pleno
Mesmo sob a garantia da lei, podemos encaminhar o concei- desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania, en-
to de diferença para a vala dos preconceitos, da discriminação, tende-se que essa educação não pode realizar-se em ambientes
da exclusão, como tem acontecido com a maioria de nossas segregados.
políticas educacionais. Temos de ficar atentos!
A maioria dos alunos das classes especiais é constituída No Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, arti-
daqueles que não conseguem acompanhar os seus colegas de go 205 a Constituição prescreve em seu art. 208, que o dever do
turma, ou os indisciplinados, os filhos de lares pobres, de ne- Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
gros e outros. Pela ausência de laudos periciais competentes e [...]” atendimento educacional especializado aos portadores de
de queixas escolares bem fundamentadas, esses alunos correm deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”.
o risco de serem admitidos e considerados como PNEE. O preferencialmente refere-se a atendimento educacional
As indefinições da clientela justificam todos os desmandos especializado, ou seja, o que é necessariamente diferente no en-
e transgressões ao direito à educação e à não discriminação que sino para melhor atender às especificidades dos alunos com de-
algumas escolas e redes de ensino estão praticando, por falta ficiência, abrangendo principalmente instrumentos necessários
de um controle efetivo dos pais, das autoridades de ensino e da à eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência natu-
justiça em geral. O caráter dúbio da educação especial é acen- ralmente têm para relacionar-se com o ambiente externo, como
tuado pela imprecisão dos textos legais que fundamentam nos- por exemplo: ensino da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, do
sos planos e propostas educacionais e, ainda hoje, fica patente código “Braille”, uso de recursos de informática, e outras ferra-
a dificuldade de se distinguir o modelo médio/pedagógico do mentas e linguagens que precisam estar disponíveis nas escolas
modelo educacional/escolar dessa modalidade de ensino. Essa ditas regulares.
falta de clareza faz retroceder todas as iniciativas que visam à Na concepção inclusiva e na lei, esse atendimento espe-
adoção de posições inovadoras para a educação de alunos com cializado deve estar disponível em todos os níveis de ensino, de
deficiência. preferência na rede regular desde a educação infantil à Univer-
Problemas conceituais, desrespeito a preceitos constitucio- sidade. De fato, pois este é o ambiente escolar que nos parece
nais, interpretações tendenciosas de nossa legislação educa- o mais adequado para se garantir o relacionamento dos alunos
cional, preconceitos distorcem o sentido da inclusão escolar, deficientes com seus pares de mesma idade cronológica. A que-
reduzindo-a unicamente à inserção de alunos com deficiência bra de qualquer ação discriminatória e todo tipo de interação
no ensino regular. Essas são, do nosso ponto de vista, as maiores que possa beneficiar o desenvolvimento cognitivo, social, mo-
barreiras a serem enfrentadas pelos que defendem a inclusão tor, afetivo dos alunos, em geral.
escolar, fazendo retroceder as iniciativas que visam à adoção de Na interpretação evolutiva de nossas normas educacionais
posições inovadoras para a educação de alunos em geral. Esta- há, portanto, que se entender e ultrapassar as controvérsias
mos diante de avanços, mas de muitos impasses da legislação. entre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional -
LDB/1996 e a Constituição/1988.
A nossa Constituição Federal de 1988, respalda os que Aqui há mais uma razão para que a inclusão seja um mote
propõem avanços significativos para a educação escolar de em nossa educação escolar, ultrapassando-se os impasses de
pessoas com deficiência, quando elege como fundamentos da nossa legislação.
República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º,
incisos II e III), e, como um dos seus objetivos fundamentais, a
promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A Constituição admite que o atendimento educacional es- Ademais, a LDB/1996 não contempla o direito de opção das
pecializado também pode ser oferecido fora da rede regular de pessoas com deficiência e de seus pais ou responsáveis, limitan-
ensino, em qualquer instituição, já que seria apenas um comple- do-se a prever as situações em que se dará a educação especial,
mento e não um substitutivo do ensino ministrado na rede regu- normalmente, na prática, por imposição da escola ou rede.
lar para todos os alunos. Mas, na LDB/1996 (art. 58 e seguintes) Para esta nova corrente de interpretação jurídica da edu-
consta que a substituição do ensino regular pelo ensino especial cação para pessoas com deficiência, as escolas atualmente in-
é possível. scritas como “especiais” devem, então, por força desta lei, rever
Segundo a opinião de juristas brasileiros ligados ao seus estatutos, pois, pelos termos da Convenção da Guatemala,
Ministério Público Federal, (Fávero e Ramos, 2002), essa sub- a escola não pode se intitular de “especial”, com base em dif-
stituição não está de acordo com a Constituição, que prevê at- erenciações fundadas na deficiência das pessoas que pretende
endimento educacional especializado, e não educação especial receber. A Convenção da Guatemala não está sendo cumprida,
e somente prevê esse atendimento para os portadores de defi- e para esse fim, não há necessidade de revogação expressa da
ciência, justamente por este atendimento referir-se ao ofereci- LDB/96, pois a sua revogação, no que se refere à Educação Es-
mento de instrumentos de acessibilidade à educação. pecial, já ocorreu com a internalização da Convenção à nossa
A utilização de métodos que contemplem as mais diversas Constituição.
necessidades dos estudantes, inclusive eventuais necessidades Segundo os nossos juristas, nada impede, portanto, que os
especiais, deve ser regra no ensino regular e nas demais modal- órgãos responsáveis pela emissão de atos normativos infralegais
idades de ensino, como a Educação de Jovens e Adultos, a Ed- e administrativos relacionados à Educação (Conselhos de Edu-
ucação Profissional, não se justificando a manutenção de um cação de todos os níveis, Ministério da Educação e Secretarias),
ensino especial, apartado. emitam diretrizes para a educação básica, em seus respectivos
Além do mais, após a LDB/1996, surgiu uma nova legislação, âmbitos, considerando os termos da Convenção da Guatemala
que revoga as disposições anteriores que lhe são contrárias. Tra- no Brasil, com orientações adequadas e suficientes para que as
ta-se da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas escolas em geral recebam com qualidade a todas as crianças e
as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Defi- adolescentes.
ciência, celebrada na Guatemala, em maio de 1999.
Em resumo, para os defensores da inclusão escolar é indis-
O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado
pensável que os nossos estabelecimentos de ensino eliminem
pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 198,
barreiras arquitetônicas e adotem métodos e práticas de ensino
de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo Decreto nº 3.956,
adequados às diferenças dos alunos em geral, oferecendo alter-
de 08 de outubro de 2001, da Presidência da República. Este
nativas que contemplem a diversidade, além de recursos de en-
documento, portanto, tem valor de norma constitucional, já que
sino e equipamentos especializados, que atendam a todas as ne-
se refere a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana.
cessidades educacionais dos educandos, com e sem deficiências,
A importância dessa Convenção está no fato de que deixa
mas sem discriminações (Mantoan, 1999, 2001; Forest, 1985).
clara a impossibilidade de diferenciação com base na deficiên-
Todos os níveis dos cursos de formação de professores, de-
cia, definindo a discriminação como [...] “toda diferenciação, ex- vem sofrer modificações nos seus currículos, de modo que os
clusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de de- futuros professores aprendam práticas de ensino adequadas às
ficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de diferenças.
deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósi- O acesso a todas as séries do ensino fundamental
to de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício (obrigatório) deve ser incondicionalmente garantido a todos.
por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos Para tanto, os critérios de avaliação e de promoção, com base
humanos e suas liberdades fundamentais (art. I, nº 2“a”). no aproveitamento escolar e previstos na LDB/1996 (art. 24),
devem ser reorganizados, de forma a cumprir os princípios con-
A mesma Convenção esclarece, no entanto, que não consti- stitucionais da igualdade de direito ao acesso e permanência na
tui discriminação [...]” a diferenciação ou preferência adotada escola, bem como do acesso aos níveis mais elevados do ensino,
para promover a integração social ou o desenvolvimento pes- da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada
soal dos portadores de deficiência, desde que a diferenciação ou um.
preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas Os serviços de apoio especializado, tais como os de intér-
pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferen- pretes de língua de sinais, aprendizagem do sistema “Braille”
ciação ou preferência” (art. I, nº 2, “b”). e outros recursos especiais de ensino e de aprendizagem, não
Como em nossa Constituição consta que educação visa ao substituiriam, como ainda ocorre hoje, as funções do professor
pleno desenvolvimento humano e ao seu preparo para o ex- responsável pela sala de aula da escola regular.
ercício da cidadania (art. 205), qualquer restrição ao acesso a As creches e escolas de educação infantil dentro de sua at-
um ambiente marcado pela diversidade, que reflita a sociedade ual e reconhecida função de cuidar e educar, não podem mais
como ela é, como forma efetiva de preparar a pessoa para a deixar de receber crianças PNEE, a partir de zero anos (art. 58, §
cidadania, seria uma “diferenciação ou preferência” que estaria 3º, LDB c.c. o art. 2º, inciso I, alínea “a”, da Lei 7.853/89), ofere-
limitando “em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas”. cendo-lhes cuidados diários que favoreçam sua estimulação pre-
Essa norma, portanto, não se coaduna com a LDB/1996, que coce, sem prejuízo dos atendimentos clínicos individualizados
diferencia a educação com base em condições pessoais do ser que, se não forem oferecidos no mesmo ambiente, devem ser
humano, no caso a deficiência, admitindo a substituição do di- realizados convênios para facilitação do atendimento da criança.
reito de acesso à educação pelo atendimento ministrado apenas Como se estes motivos não bastassem para que a inclusão
em ambientes “especiais”. escolar revirasse o nosso quadro educacional de cabeça para
baixo, a fim de que o conhecêssemos pelo avesso, temos ainda
de considerar a organização pedagógica de nossas escolas.

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A questão das mudanças A inclusão pegou as escolas de calças curtas. Esse é um dado
irrefutável. E o nível de escolaridade que mais parece ter sido
Os caminhos propostos por nossas políticas (equivocadas?) atingido por essa inovação é o ensino fundamental.
de educação continuam insistindo em “apagar incêndios”. Elas Uma análise desse contexto escolar é importante, se quiser-
não avançam como deveriam, acompanhando as inovações e mos entender a razão de tanta dificuldade e perplexidade diante
não questionam a produção da identidade e da diferença nas es- da inclusão, especialmente quando o inserido é um aluno com
colas. Continuam mantendo um distanciamento das verdadeiras deficiência. É também mais uma possibilidade de apontarmos,
questões que levam à exclusão escolar. a razão de se propor inclusão escolar, com urgência e determi-
Na verdade, estamos acompanhando par e passo os países nação, como objetivo primordial dos sistemas educativos.
mais desenvolvidos em educação escolar, no que diz respeito ao Os alunos do ensino fundamental estão organizados por
conhecimento das inovações educacionais e temos clareza de séries nas escolas, o currículo é estruturado por disciplinas e o
seus benefícios, quando devidamente adotadas pelas escolas. seu conteúdo é selecionado pelas coordenações pedagógicas,
Afinal, vivemos em um mundo globalizado, onde as novidades pelos livros didáticos, enfim, por uma “inteligência”, que define
correm, as notícias chegam rápido para todos. os saberes úteis e a sequência em que devem ser ensinados, nas
Mas, mas, mas... Por que não constatamos a presença des- escolas.
sas inovações em nosso cotidiano escolar? Onde estariam sen- Sabemos que o ensino básico como um todo, é prisioneiro
do bloqueadas? O que impede que essas novidades sejam bem da transmissão dos conhecimentos acadêmicos e os alunos de
recebidas pelos professores? Que razões existem para que elas sua reprodução, nas aulas e nas provas. A divisão do currícu-
não estejam provocando modificações no modo de planejar, de lo em disciplinas como a Matemática, a Língua Portuguesa etc.
executar, de avaliar os processos educativos e quais os motivos fragmenta e especializa os saberes e faz de cada matéria escolar
pelos quais não estão ensejando a busca de alternativas de re- um fim em si mesmo e não um dos meios de que dispomos para
estruturação dos currículos acadêmicos e de toda a organização esclarecer o mundo em que vivemos e para entender melhor a
do trabalho pedagógico nas escolas? nós mesmos.
O tempo de aprender é o das séries escolares, porque é
Penso que não levamos a sério os nossos compromissos ed- necessário hierarquizar a complexidade do conhecimento, se-
ucacionais, como os outros povos, neste e em outros momentos quenciar as etapas de sua aprendizagem, mesmo sendo este o
de nossa história educacional. Desrespeitamos o que nós mes- básico, o elementar do saber. Uma escala de valores também é
mos nos dispusemos a realizar, quando definimos nossos planos atribuída às disciplinas, em que a Matemática reina absoluta,
escolares, nosso planejamento pedagógico, quando escolhemos como a mais importante e poderosa, enquanto as Artes, a Edu-
as atividades que desenvolveremos com nossas turmas e aval- cação Física quase sempre estão lá para trás.
iamos o desempenho de nossos alunos e o nosso, como pro- O erro tem de ser banido, pois o que é “passado” aos alunos
fessores. Uma coisa é o que está escrito e outra coisa é o que pelo professor é uma verdade pronta, absoluta e imutável. Re-
acontece, verdadeiramente, nas salas de aula, no dia-a-dia, nas provam-se, então, os que tentam transformá-la ou estão proces-
nossas rotinas de trabalho. Somos, certamente, bem pouco sin- sando a sua construção, autonomamente.
ceros conosco mesmos, com a comunidade escolar, com os pais Com esse perfil organizacional, podemos imaginar o impac-
e com os nossos alunos, principalmente! to da inclusão na maioria das escolas, especialmente quando se
Por isso podemos ter propostas educacionais avançadas, entende que incluir é não deixar ninguém de fora da escolar reg-
sem precisar “suar a camisa” para colocá-las em ação. ular, ou seja, ensinar a todos os alunos, indistintamente!
Uma das maiores barreiras para se mudar a educação é a É como se o espaço escolar fosse de repente invadido e
ausência de desafios, ou melhor, a neutralização de todos os todos os seus domínios tomados de assalto. A escola se sente
desequilíbrios que eles podem provocar na nossa velha forma ameaçada por tudo o que ela criou para se proteger da vida que
de ensinar. E, por incrível que pareça, essa neutralização vem existe para além de seus muros e paredes – novos saberes, no-
do próprio sistema que se dispõe a se modificar, que está in- vos alunos, outras maneiras de resolver problemas, de avaliar
vestindo na inovação, nas reformas do ensino para melhorar a a aprendizagem, outras “artes de fazer”, como nos diria Michel
sua qualidade. de Certeau, um autor que todos nós, professores, deveríamos
Se o momento é o de enfrentar as mudanças provocadas de conhecer a fundo. Este pensador francês, não conformista,
pela inclusão escolar, logo distorcemos o sentido dessa ino- nos deixou uma obra original, em que destacou a criatividade
vação, até mesmo no discurso pedagógico, reduzindo-a a um das pessoas em geral, oculta em um emaranhado de táticas e
grupo de alunos (no caso, as pessoas com deficiência), e con- astúcias, que inventam para si mesmos, com a finalidade de re-
tinuamos a excluir tantos outros alunos e mesmo a restringir a agir, de uma maneira própria e sutil ao cotidiano de suas vidas.
inserção dos alunos com deficiência aos que conseguem “acom- A invenção do cotidiano, como ele nomeou um de seus livros, é
panhar” as suas turmas escolares! o que fazemos para sair da passividade, da rotina costumeira e
Logo, tratamos de encontrar meios para facilitar a intro- das estratégias que vêm de cima para disciplinar o nosso com-
dução de uma inovação, fazendo o mesmo que se fazia antes, portamento, os nossos pensamentos e intenções... Temos, sim,
mas sob uma outra designação ou em um local diferente, como a capacidade silenciosa e decisiva de enfrentar o dia-a-dia das
é o caso de se incluir crianças e jovens nas salas de aula comuns, imposições e de toda regulamentação e controle que nos apri-
mas com todo o staff do ensino especial por detrás, sem que sionam e descaracterizam nossa maneira de ser e de fazer frente
com isso seja necessário rever as práticas excludentes do ensino às nossa tarefas e responsabilidades. Mas precisamos identificar
regular. Válvulas de escape como o reforço paralelo, o reforço e tirar proveito dessa possibilidade.
continuado, os currículos adaptados etc, continuam sendo mo-
dos de discriminar alunos que não damos conta de ensinar e de
nos escondermos de nossas próprias incompetências.

26
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Conhecemos os argumentos pelos quais a escola tradicion- As razões para se justificar a inclusão escolar, no nosso
al resiste à inclusão; eles refletem a sua incapacidade de atu- cenário educacional não se esgotam nas questões que levanta-
ar diante da complexidade, da diversidade, da variedade, do mos e comentamos neste capítulo.
que é real nos seres e nos grupos humanos. Os alunos não são A inclusão também se legitima, porque a escola para muitos
virtuais, objetos categorizáveis. Eles existem de fato, são pes- alunos é o único espaço de acesso aos conhecimentos. É o lugar
soas que provêm de contextos culturais os mais variados; rep- que vai lhes proporcionar condições de se desenvolver e de se
resentam diferentes segmentos sociais. Produzem e ampliam tornar um cidadão, alguém com identidade social e cultural que
conhecimentos e têm desejos, aspirações, valores, sentimentos lhes confere oportunidades de ser e de viver dignamente.
e costumes com os quais se identificam. Em uma palavra, esses
grupos de pessoas não são criações da nossa razão, mas existem Incluir é necessário, primordialmente, para melhorar as
em lugares e tempos não ficcionais, evoluem, são compostos de condições da escola de modo que nela se possam formar ger-
seres vivos, encarnados! ações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livre-
O aluno abstrato justifica a maneira excludente de a escola mente, sem preconceitos, sem barreiras. Não podemos contem-
tratar as diferenças. Assim é que se estabelecem as categorias porizar soluções, mesmo que o preço que tenhamos de pagar
de alunos: deficientes, carentes, comportados, inteligentes, hi- seja bem alto, pois nunca será tão alto quanto o resgate de uma
perativos, agressivos e tantos mais. vida escolar marginalizada, uma evasão, uma criança estigma-
Por essas classificações é que se perpetuam as injustiças na tizada, sem motivos.
escola. Por detrás delas é que a escola se protege do aluno, na Confirma-se, ainda, mais uma razão de ser da inclusão - um
sua singularidade. Tais especificações reforçam a necessidade motivo a mais para que a educação se atualize e para que os
de se criarem modalidades de ensino, espaços, e programas seg- professores aperfeiçoem as suas práticas e para que escolas pú-
regados, para que alguns alunos possam aprender. blicas e particulares se obriguem a um esforço de modernização
Sem dúvida, é mais fácil gerenciar as diferenças, forman- e de reestruturação de suas condições atuais a fim de respon-
do classes especiais de objetos, de seres vivos, acontecimentos, derem às necessidades de cada um de seus alunos, em suas es-
fenômenos, pessoas... pecificidades, sem cair nas malhas da educação especial e suas
modalidades de exclusão.
Mas, como não há mal que sempre dure, o desafio da in-
clusão está desestabilizando as cabeças dos que sempre defen- Inclusão: como fazer?
deram a seleção, a dicotomização do ensino nas modalidades
especial e regular, as especializações e especialistas, o poder Neste parte, vamos tratar das condições que contribuem
das avaliações, da visão clínica do ensino e da aprendizagem. E para que as escolas se tornem espaços vivos de acolhimento e
como não há bem que sempre ature, está sendo difícil manter de formação para todos os alunos e de como transformá-las em
resguardados e imunes às mudanças todos aqueles que colo- ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. A intenção
cam nos ombros dos alunos, exclusivamente, a incapacidade de é ressaltar o que é típico de uma escola em que todas os alunos
aprender. são bem-vindas, indiscriminadamente.
Os subterfúgios teóricos que distorcem propositadamente o Não adianta, contudo, admitir o acesso de todos às escolas,
conceito de inclusão, condicionada à capacidade intelectual, so- sem garantir o prosseguimento da escolaridade, até o nível que
cial e cultural dos alunos, para atender às expectativas e exigên- cada aluno for capaz de atingir. Ao contrário do que alguns ain-
cias da escola precisam cair por terra com urgência Porque sabe- da pensam, não há inclusão, quando a inserção de um aluno é
mos que podemos refazer a educação escolar, segundo novos condicionada à matrícula em uma escola ou classe especial. A in-
paradigmas, preceitos, ferramentas, tecnologias educacionais. clusão deriva de sistemas educativos que não são recortados nas
As condições de que dispomos, hoje, para transformar a es- modalidades regular e especial, pois essas se destinam a receber
cola nos autorizam a propor uma escola única e para todos, em alunos aos quais impomos uma identidade, uma capacidade de
que a cooperação substituirá a competição, pois o que se pre- aprender, de acordo com suas características pessoais.
tende é que as diferenças se articulem e se componham e que Infelizmente, não estamos caminhando decisivamente na
os talentos de cada um sobressaiam. direção da inclusão, por falta de políticas públicas de educação
Nós, professores, temos de retomar o poder da escola que apontadas para esses novos rumos, ou por outros motivos
deve ser exercido pelas mãos dos que fazem, efetivamente, ac- menos abrangentes, mas relevantes, como pressões corporati-
ontecer a educação. Combater a descrença e o pessimismo dos vas, ignorância dos pais, acomodação dos professores.
acomodados e mostrar que a inclusão é uma grande oportuni- Por isso, sou clara ao afirmar que falta muita vontade de
dade para que alunos, pais e educadores demonstrem as suas virar a mesa, ou melhor, de virar a escola do avesso e já faz tem-
competências, poderes e responsabilidades educacionais. po que estamos retendo essa possibilidade de revolucionar os
É inegável que as ferramentas estão aí, para que as mu- nossos sistemas educacionais, em favor de uma educação mais
danças aconteçam e para que reinventemos a escola, “descon- humana, mais democrática.
struindo” a máquina obsoleta que a dinamiza, os conceitos sobre Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As
os quais ela se fundamenta, os pilares teórico-metodológicos grandes inovações são muitas vezes a concretização do óbvio,
em que ela se sustenta. do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desve-
Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução lado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem
da nova escola brasileira. Eles são uma força estimuladora e muitas resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao de-
reivindicadora dessa tão almejada recriação da escola, exigindo bate das novidades.
o melhor para seus filhos, com e sem deficiências, e não se con- Nas redes de ensino público e particular que resolveram ad-
tentando com projetos e programas que continuem batendo nas otar medidas includentes de organização escolar, as mudanças
mesmas teclas e/ou maquiam o que sempre existiu. podem ser observadas sob três ângulos: o dos desafios provo-

27
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
cados por essa inovação, o das ações no sentido de efetivá-la Do meu ponto de vista, é preciso mudar a escola e mais pre-
nas turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de pro- cisamente o ensino nelas ministrado. A escola aberta a todos é
fessores; e, finalmente, o das perspectivas que se abrem à edu- o grande alvo e, ao mesmo tempo, o grande problema da edu-
cação escolar, a partir de sua implementação. cação nestes novos tempos.
No começo de tudo está o princípio democrático da edu- Mudar a escola é enfrentar muitas frentes de trabalho, cujas
cação para todos. E ele só se evidencia nos sistemas educacio- tarefas fundamentais, do meu ponto de vista, são:
nais que se especializam em todos os alunos, não apenas em
alguns deles, os alunos com deficiência. • recriar o modelo educativo escolar, tendo como eixo o en-
sino para todos;
A inclusão é uma inovação que implica em um esforço de • reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo espaços
modernização e de reestruturação das condições atuais da maio- para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade
ria de nossas escolas, especialmente as de nível básico, a que se e o espírito crítico sejam exercitados nas escolas, por profes-
chegar, quando a escola comum assume que as dificuldades de sores, administradores, funcionários e alunos, porque são habil-
alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande idades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é • garantir aos alunos tempo e liberdade para aprender e um
concebida e avaliada. ensino que não segrega e reprova a repetência;
Para mudar as condições excludentes de ensino de nossas • formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor
escolas enfrentam-se inúmeros desafios. Eu, particularmente, para que tenha condições e estímulo para ensinar a turma toda,
sou muito criticada pelo meu radicalismo, ao condenar as me- sem exclusões e exceções;
didas pelas quais as escolas têm reagido às diferenças. Conheço
a escola por dentro e aprendi a entendê-la, vivenciando o seu Essas tarefas serão comentadas a seguir.
cotidiano. Falo da escola e não sobre a escola e, assim sendo,
sou bastante segura ao denunciar o velho e ao sugerir a sua re- Recriar o modelo educativo
vitalização.
Recentemente, ao proferir uma palestra para um grupo de Não se pode encaixar um projeto novo, como é o caso da
professores, quiseram me apertar contra a parede! No momen- inclusão, em uma velha matriz de concepção escolar; daí a ne-
to das perguntas, senti que não seria fácil conter a “ira” dos cessidade de se recriar o modelo educacional vigente.
que se aproveitam desse espaço para colocar em apuros os pal- As escolas que reconhecem e valorizam as diferenças têm
estrantes e ganhar a plateia com posições contrárias à mesa. projetos inclusivos de educação e o ensino que ministram dif-
Um jovem professor tomou a palavra e me disse: “A escola ere radicalmente do proposto para atender às especificidades
a que a professora está se referindo não é uma utopia? Uma dos educandos que não conseguem acompanhar seus colegas de
fantasia, ou melhor, a escola ideal? Nós enfrentamos todos os turma, por problemas que vão desde as deficiências até outras
dias a realidade das nossas escolas e acho que estamos falando dificuldades de natureza relacional, motivacional, cultural dos
de escolas muito diferentes, não acha?” alunos. Nesse sentido, elas contestam e não adotam o que é
Eu respondi-lhe assim: “Professor, penso que é exatamente tradicionalmente utilizado para dar conta das diferenças nas es-
o contrário. Quem está sempre falando e imaginando a escola colas: as adaptações de currículos, a facilitação das atividades,
ideal me parece que é o senhor e tantos outros que me julgam além dos programas para reforçar aprendizagens, ou mesmo
utópica, idealista! Eu falo de um aluno que existe, concreta- para acelerá-las, em casos de defasagem idade/séries escolares.
mente, que se chama Pedro, Ana, André... Eu trabalho com as Superar o sistema tradicional de ensinar é um propósito
peculiaridades de cada um e considerando a singularidade de to- que temos de efetivar com toda a urgência, nas salas de aula.
das as suas manifestações intelectuais, sociais, culturais, físicas. Essa superação refere-se ao que ensinamos aos nossos alunos
Trabalho com alunos de carne e osso. Não tenho alunos ideais, e ao como ensinamos para que eles cresçam e se desenvolvam,
tenho, simplesmente, alunos e não almejo uma escola ideal, mas sendo seres éticos, justos e revolucionários, pessoas que têm
a escola, tal como se apresenta, em suas infinitas formas de ser. de reverter uma situação que não conseguimos resolver intei-
Não me surpreende a criança, o jovem e o adulto nas suas dif- ramente: mudar o mundo e torná-lo mais humano. Recriar esse
erenças, pois não conto com padrões e modelos de alunos “nor- modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de
mais “que aprendemos a definir, nas teorias que estudamos. Se ensino.
eu estivesse me baseando nessa escola idealizada, não teria a Infelizmente ainda vigora a visão conservadora de que as
resistência de tantos, pois estaria continuando a falar de uma escolas de qualidade são as que enchem as cabeças dos alunos
escola imaginada pela maioria, em que, certamente, não cabem com datas, fórmulas, conceitos justapostos, fragmentados. A
todos os alunos, só os que se encaixam em nossos pretensos qualidade desse ensino resulta do primado e da supervalor-
modelos e estereótipos! ização do conteúdo acadêmico em todos os seus níveis. Persiste
a ideia de que as escolas consideradas de qualidade são as que
A escola real, ou seja, aquela que não queremos encarar, centram a aprendizagem no racional, no aspecto cognitivo do
coloca-nos, entre muitas outras, estas questões de base, que in- desenvolvimento e que avaliam os alunos, quantificando res-
sisto em colocar: muda a escola ou mudam os alunos, para se postas-padrão. Seus métodos e práticas preconizam a exposição
ajustarem às suas velhas exigências? Ensino especializado em oral, a repetição, a memorização, os treinamentos, o livresco, a
todos os alunos ou ensino especial para algumas? Professores negação do valor do erro. São aquelas escolas que estão sempre
que se aperfeiçoam para exercer suas funções, atendendo às preparando o aluno para o futuro: seja este a próxima série a
peculiaridades de todos os alunos, ou professores especializa- ser cursada, o nível de escolaridade posterior, os exames vestib-
dos para ensinar aos que não aprendem e aos que não sabem ulares para a Universidade!
ensinar?

28
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz Os dados do projeto-político pedagógico esclarecem o di-
de formar pessoas, nos padrões requeridos por uma sociedade retor, os professores, coordenadores, funcionários e pais sobre
mais evoluída e humanitária, quando consegue aproximar os a clientela, os recursos, humanos e materiais, de que a escola
alunos entre si, tratar as disciplinas como meios de conhecer dispõe.
melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam e ter como par- Os currículos, a formação das turmas, as práticas de ensino,
ceiras as famílias e a comunidade na elaboração e cumprimento a avaliação são aspectos da organização pedagógica das escolas
do projeto escolar. e serão revistos e modificados com base no que for definido pelo
Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de projeto político pedagógico de cada escola. Sem os conhecimen-
trabalho pedagógico que implicam em formação de redes de tos levantados por esse projeto é impossível elaborar currículos
saberes e de relações, que se enredam por caminhos impre- que reflitam o meio social e cultural do alunado.
visíveis para chegar ao conhecimento; existe ensino de quali-
dade quando as ações educativas se pautam por solidariedade, Para se integrar áreas do conhecimento e se atingir a con-
colaboração, compartilhamento do processo educativo com to- cepção transversal de novas propostas não disciplinares de or-
dos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. ganização curricular, o sentido das disciplinas acadêmicas muda
A aprendizagem nessas circunstâncias é acentrada, ora so- – elas passam a ser meios e não fins em si mesmas. O estudo das
bressaindo o lógico, o intuitivo, o sensorial, ora os aspectos so- disciplinas partirá das experiências de vida dos alunos, os seus
cial e afetivo dos alunos. Nas práticas e métodos pedagógicos saberes e fazeres, significados, vivências para chegar à sistema-
predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a co- tização dos conhecimentos.
autoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de Como essas experiências variam entre os alunos, mesmo
aprender hoje e o que podemos lhes oferecer de melhor para sendo membros de uma mesma comunidade, a implantação dos
que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente ciclos de formação é uma solução justa e muito adequada para
estimulador de suas potencialidades. se mudar os critérios de agrupamento escolar atuais. Embora
Em uma palavra, as escolas de qualidade são espaços edu- ainda pouco compreendidos pelos professores e pais, por ser
cativos de construção de personalidades humanas autônomas, uma novidade e por não ter sido bem explicado em seus fins,
críticas, nos quais os alunos aprendem a ser pessoas. Nesses am- os ciclos tiveram seus objetivos esvaziados e distorcidos. Foram
bientes educativos ensinam-se os alunos a valorizar a diferença confundidos com junção de séries escolares, como exemplo: 1º
pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, ciclo compreendendo a junção da 1ª e 2ª séries e assim por di-
pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima socioafeti- ante.
vo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar -
Os ciclos de formação provocam mudanças na avaliação do
sem tensões competitivas, solidário, participativo. Escolas assim
desempenho escolar dos alunos, ao concederem-lhes mais tem-
concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus
po para aprender, eliminando a seriação e articulando o proces-
programas, de suas aulas, das atividades e do convívio escolar
so de aprendizagem com o ritmo e condições de desenvolvimen-
mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos
to dos aprendizes.
têm possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e úni-
O ensino individualizado/diferenciado para os alunos que
ca turma.
apresentam déficits intelectuais, problemas de aprendizagem é
Essas escolas são, realmente abertas às diferenças e capaz-
uma solução que não corresponde aos princípios inclusivos, pois
es de ensinar a turma toda. A possibilidade de se ensinar to-
não podemos diferenciar um aluno pela sua deficiência, como já
dos os alunos, sem discriminações e sem métodos e práticas do
ensino especializado deriva de uma reestruturação do projeto nos referimos no capítulo em que tratamos das questões legais
pedagógico-escolar como um todo e das reformulações que da inclusão e nos remetemos à Convenção da Guatemala. Na
esse projeto exige da escola, para que esta se ajuste a novos visão inclusiva, o ensino diferenciado continua segregando e dis-
parâmetros de ação educativa. criminando os alunos dentro e fora das salas de aula.

Reorganizar as escolas – aspectos pedagógicos e adminis- A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de
trativos ensino específicas para esta ou aquela deficiência e/ou dificul-
dade de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites e se
Para universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de todos, o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em
incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a ed- conta essa condição e explorará convenientemente as possib-
ucação, muitas mudanças já estão acontecendo em algumas es- ilidades de cada um. Não se trata de uma aceitação passiva do
colas e redes públicas de ensino - vitrines que expõem o sucesso desempenho escolar, mas de agirmos com realismo e coerência
da inclusão. e admitirmos que as escolas existem para formar as novas ger-
A reorganização das escolas depende de um encadeamento ações, e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais
de ações que estão centradas no projeto político-pedagógico. capacitados e privilegiados.
Esse projeto, que já se chamou de plano de curso e de outros Eis aí um grande desafio a ser enfrentado quando nos pro-
nomes parecidos, é uma ferramenta de vital importância para pomos a reorganizar as escolas, cujo paradigma é meritocrático,
que as diretrizes gerais da escola sejam traçadas com realismo elitista, condutista, e baseado na transmissão dos conhecimen-
e responsabilidade. Não faz parte da cultura escolar a prop- tos, não importa o quanto estes possam ser acessíveis ou não
osição de um documento de tal natureza e extensão, elabora- aos alunos.
do com autonomia e participação de todos os segmentos que a É certo que não se consegue predeterminar a extensão e a
compõem. Ele parte do diagnóstico da demanda, penetra fundo profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos,
nos pontos positivos e fracos dos trabalhos desenvolvidos, de- nem facilitar/adaptar as atividades escolares para alguns, porque
fine prioridades de atuação, objetivos, propõe iniciativas, ações, somos incapazes de prever, de antemão, as dificuldades/ facil-
com metas e responsáveis para coordená-las. idades que cada um poderá encontrar para realizá-las. Porque

29
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
é o aluno que se adapta ao novo conhecimento e só ele pode A educação não disciplinar (Gallo, 1999), reúne essas
regular o processo de construção intelectual. A maioria dos pro- condições, ao propor:
fessores não pensa assim e nem é alertada para esse fato e se - rompimento das fronteiras entre as disciplinas curricu-
apavora, com razão, ao receber alunos com deficiência ou com lares;
problemas de aprendizagem em suas turmas, pois prevê como - formação de redes de conhecimento e de significações, em
será difícil dar conta das diferenciações que um pretenso ensino contraposição a currículos conteudistas, a verdades prontas e
inclusivo lhes exigirá. acabadas, listadas em programas escolares seriados;
- integração de saberes, decorrente da transversalidade cur-
Uma outra situação, que implica em recriação dos espaços ricular e que se contrapõe ao consumo passivo de informações e
educativos de trabalho escolar é a que diz respeito ao trabalho de conhecimentos sem sentido.
em sala de aula, ainda muito marcado pela individualização das - policompreensões da realidade;
tarefas, neste caso, pelo próprio aluno, que trabalha na maior - descoberta, inventividade e autonomia do sujeito, na con-
parte do tempo sozinho e solitário, em sua carteira, mesmo que quista do conhecimento;
as atividades sejam comuns a todos. Ao propiciar uma reviravol- - ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estu-
ta nesse sentido, por meio de experiências de trabalho coletivo, do que partem da realidade, da identidade social e cultural dos
em pequenos grupos e diversificados, exercitamos: (1) a capaci- alunos, contra toda a ênfase no primado do enunciado desen-
dade de decisão dos alunos diante da escolha de tarefas; (2) a carnado e no conhecimento pelo conhecimento.
divisão e o compartilhamento das responsabilidades com seus
pares; (3) o desenvolvimento da cooperação; (4) o sentido e a O ponto de partida para se ensinar a turma toda, sem difer-
riqueza da produção em grupo; (5) o reconhecimento da diversi- enciar o ensino para cada aluno ou grupo de alunos é entender
dade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada que a diferenciação é feita pelo aluno, ao aprender e não pelo
pessoa para a consecução de metas que lhes são comuns. professor, ao ensinar! Essa inversão é fundamental para que se
Um hábito extremamente útil e natural, e que tem sido mui- possa ensinar a turma toda, naturalmente, sem sobrecarregar
to pouco promovido nas escolas, é o de os alunos se apoiarem inutilmente o professor (para produzir atividades e acompanhar
mutuamente, nas atividades de sala de aula.
grupos diferentes de alunos) e alguns alunos (para que consigam
A reorganização administrativa e os papéis desempenhados
se “igualar” aos colegas de turma).
pelos membros da organização escolar são outros alvos a serem
Buscar essa igualdade como produto final da aprendizagem
alcançados.
é fazer educação compensatória, em que se acredita na superi-
A descentralização da gestão administrativa parece ser
oridade de alguns, inclusive a do professor; e na inferioridade
uma questão central, pois é condição para que se promova uma
de outros alunos, que são menos dotados, menos informados e
maior autonomia pedagógica, administrativa e financeira de re-
esclarecidos, desde o início do processo de aprendizagem cur-
cursos materiais e humanos das escolas, por meio dos Consel-
ricular.
hos, Colegiados, Assembleias de pais e de alunos.
O mito de que o professor é o que tem a chave do saber para
Ao serem modificados os rumos da administração escolar,
os papéis e a atuação do diretor, coordenadores, supervisores e melhor explicar e dosar os conhecimentos que o aluno vai/deve
funcionários perdem o caráter controlador, fiscalizador e buro- aprender precisa cair. Defendemos um ensino que emancipa e
crático de suas funções e readquirem teor pedagógico, deixando não submete os alunos intelectualmente.
de existir os motivos pelos quais esses profissionais ficam con- Debates, pesquisas, registros escritos/falados, observação,
finados em seus gabinetes, sem tempo para conhecer e partici- vivências são alguns processos pedagógicos indicados para a re-
par mais intensiva e diretamente do que acontece nas salas de alização das atividades escolares. Tais processos dependem dos
aula e demais ambientes educativos das escolas. conteúdos curriculares para esclarecer os assuntos em estudo,
mas os conteúdos são sempre considerados como meios e não
Ensinar a turma toda – sem exceções e exclusões como fins do ensino escolar.
Suprimir o caráter classificatório de notas, provas e sub-
Para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos stituí-lo por uma visão diagnóstica da avaliação escolar é in-
sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode apren- dispensável, quando se ensina a turma toda. Para ser coerente
der, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios. Além do mais, com essa novidade, o professor priorizará a avaliação do desen-
é fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa volvimento das competências dos alunos, diante de situações–
em relação à capacidade dos alunos de progredir e não desista problema em detrimento da memorização de informações e da
nunca de buscar meios que possam ajudá-los a vencer os ob- reprodução de conhecimentos, sem compreensão, cujo objetivo
stáculos escolares. é tirar boas notas e ser promovido. O tempo de construção de
O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, at- uma competência varia de aluno para aluno e sua evolução é
ualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de percebida por meio da mobilização e aplicação do que o aluno
cada aluno. As dificuldades e limitações são reconhecidas, mas aprendeu ou já sabia para chegar à soluções pretendidas.
não conduzem/restringem o processo de ensino, como comu- A avaliação é também um instrumento de aperfeiçoamento
mente acontece. e depuração do ensino e, quando a tornarmos mais adequada e
Como não me canso de dizer, ensinar, atendendo às difer- eficiente, diminuiremos substancialmente o número de alunos
enças dos alunos, mas sem diferenciar o ensino para cada um, excluídos das escolas.
depende, entre outras condições, de se abandonar um ensino
transmissivo e de se adotar uma pedagogia ativa, dialógica, in-
terativa, integradora, que se contrapõe a toda e qualquer visão
unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hi-
erárquica do saber.

30
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Para se ensinar a turma toda vamos contra certas práticas O professor que ensina a turma toda não tem o falar, o co-
consagradas nas escolas: piar e o ditar como recursos didático-pedagógicos básicos. Ele
não é um professor palestrante, identificado com a lógica de
- propor trabalhos coletivos, que nada mais são do que ativi- distribuição do ensino e que pratica a pedagogia unidirecional
dades individuais realizadas ao mesmo tempo pela turma; do ‘A’ para ‘B’ e do ‘A ‘sobre ‘B’, como afirmou Paulo Freire, nos
- ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos da série; idos de 1978, mas aquele que partilha com seus alunos a con-
- adotar o livro didático, como ferramenta exclusiva de ori- strução/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula.
entação dos programas de ensino; O ensino expositivo foi banido da sua sala de aula, onde
- servir-se da folha mimeografada ou xerocada para que to- todos interagem e constroem ativamente conceitos, valores,
dos os alunos as preencham ao mesmo tempo, respondendo às atitudes. Esse professor explora os espaços educacionais com
mesmas perguntas, com as mesmas respostas; seus alunos, buscando perceber o que cada um deles consegue
- propor projetos de trabalho totalmente desvinculados apreender do que está sendo estudado e como procedem ao
das experiências e do interesse dos alunos, que só servem para avançar nessa exploração.
demonstrar a pseudo adesão do professor às inovações; Certamente um professor que engendra e participa da
- organizar de modo fragmentado o emprego do tempo do caminhada do saber com seus alunos consegue entender mel-
dia letivo para apresentar o conteúdo estanque desta ou daque- hor as dificuldades e as possibilidades de cada um e provocar a
la disciplina e outros expedientes de rotina das salas de aula; construção do conhecimento com maior adequação.
- considerar a prova final, como decisiva na avaliação do
rendimento escolar do aluno. Ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promov-
erem situações de aprendizagem que formem um tecido color-
Essas práticas configuram o velho e conhecido ensino para ido de conhecimento, cujos fios expressam diferentes possib-
alguns alunos - e para alguns, em alguns momentos, algumas ilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de
disciplinas, atividades e situações de sala de aula. pessoas que atua cooperativamente.
É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a Os diferentes significados que os alunos atribuem a um dado
todos os alunos, não apenas os que apresentam uma dificuldade objeto de estudo e as suas representações vão se expandindo e
maior de aprender ou uma deficiência específica. se relacionando e revelam, pouco a pouco, uma construção orig-
Há alunos que rejeitam propostas descontextualizadas inal de ideias que integra as contribuições de cada um, antes.
de trabalho escolar, sem sentido e atrativos intelectuais; eles Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso,
protestam a seu modo, contra um ensino que não os desafia e mas investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que
não atende às suas motivações e interesses pessoais. confronta significados, desejos, experiências, o professor deve
O ensino seletivo é ideal para gerar indisciplina, com- garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos.
petição, discriminação, preconceitos e para categorizar os bons O professor, da mesma forma, não procurará eliminar as
e os maus alunos, por critérios que são, no geral, infundados. diferenças em favor de uma suposta igualdade do alunado, que
As desigualdades tendem a se agravar quanto mais espe- é tão almejada pelos que apregoam a (falsa) homogeneidade
cializamos o ensino para alguns alunos. Essa desigualdade, que das salas de aula. Antes, estará atento à singularidade das vozes
no geral se inicia no âmbito escolar, expande-se para outros que compõem a turma, promovendo o diálogo entre elas, con-
domínios e áreas, marcando indelevelmente as pessoas atingi- trapondo-as, complementando-as.
das.
Não se pode imaginar uma educação para todos, quando Preparar-se para ser um professor inclusivo?
caímos na tentação de constituir grupos de alunos por séries,
por níveis de desempenho escolar e determinamos para cada O argumento mais frequente dos professores, quando resis-
nível objetivos... E, mais ainda, quando encaminhamos os que tem à inclusão é não estarem/não terem sido preparados para
não cabem em nenhuma dessas determinações para classes e esse trabalho. Tentarei discutir essa preparação na formação
escolas especiais, argumentando que o ensino para todos não inicial e em serviço, sempre baseada em minha experiência de
sofreria distorções de sentido em casos como esses! formadora, nessas duas opções.
Essa compreensão equivocada da escola inclusiva acaba Há uma cisão entre o que os professores aprendem e o que
instalando cada criança em um locus escolar, arbitrariamente colocam em prática nas suas salas de aula.
escolhido. Aumenta as diferenças, acentua as desigualdades, Na formação em serviço, os professores reagem inicialmente
justificando o fracasso escolar, como problema do aluno. à metodologia que tenho adotado, porque estão habituados a
aprender de maneira fragmentada e essencialmente instrucion-
E a atuação do professor? al. Eles esperam uma preparação para ensinar os alunos com
deficiência e/ou dificuldades de aprendizagem e de indisciplina,
A maioria dos professores têm uma visão funcional do ensi- ou melhor, uma formação que lhes permita aplicar esquemas
no e tudo o que ameaça romper o esquema de trabalho prático de trabalho pedagógico pré-definidos às suas salas de aula, ga-
que aprenderam a aplicar em suas salas de aula é inicialmente rantindo-lhes a solução dos problemas que presumem encontrar
rejeitado. Também reconhecemos que inovações educacionais nas escolas ditas inclusivas. Grande parte desses profissionais
como a inclusão abalam a identidade profissional e o lugar con- concebem a formação como sendo mais um curso de extensão,
quistado pelos professores em uma dada estrutura ou sistema de especialização com uma terminalidade e com um certificado
de ensino, atentando contra a experiência, os conhecimentos e que lhes convalide a capacidade de ser um professor inclusivo.
o esforço que fizeram para adquiri-los. Não se trata de uma visão ingênua do que significa ser um
professor qualificado para o ensino inclusivo, mas uma con-
cepção equivocada do que é uma formação em serviço e do que

31
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
significa a inclusão escolar. Mais uma vez a imprecisão de con- Idealizei, em 1991, um projeto de formação em serviço que
ceitos distorce a finalidade de ações que precisam ser concre- tem sido adotado por redes de ensino públicas e escolas particu-
tizadas com urgência e muita clareza de propósitos, retardando lares brasileiras até então.
a inclusão. A cooperação, a autonomia intelectual e social, a
Por que os professores reagem, inicialmente à formação em aprendizagem ativa são condições que propiciam o desenvolvi-
serviço, aos meus moldes de trabalho? mento global de todos os professores, no processo de aprimora-
mento profissional.
Tenho algumas hipóteses: Como se considera o professor uma referência para o alu-
a) por terem internalizado o papel de praticantes, eles es- no e não apenas um mero instrutor, a formação enfatiza a im-
peram que os formadores lhes ensinem a trabalhar, na prática, portância de seu papel tanto na construção do conhecimento,
com turmas de alunos heterogêneas, a partir de aulas, manuais, como na formação de atitudes e valores do cidadão. Assim sen-
regras, transmitidas e conduzidas por formadores, do mesmo do, a formação vai além dos aspectos instrumentais de ensino.
modo como ensinam, nas salas de aula; Assim como qualquer aluno, os professores não aprendem
b) acreditam que os conhecimentos que lhes faltam para en- no vazio. Por isso a proposta de formação parte do “saber fazer”
sinar alunos com deficiência ou dificuldade de aprender refer- desses profissionais, que já possuem conhecimentos, experiên-
em-se primordialmente à conceituação, etiologia, prognósticos cias, crenças, esquemas de trabalho, ao entrar em contato com
das deficiências/problemas de aprendizagem e que precisam a inclusão ou qualquer outra inovação educacional.
conhecer e saber aplicar métodos e técnicas específicas para a O exercício constante de reflexão e o compartilhamento de
aprendizagem escolar desses alunos, se tiverem de “aceitá-los” ideias, sentimentos, ações entre os professores, diretores, coor-
em suas salas de aula; denadores da escola é um dos pontos chave do aprimoramento
c) querem obter, o mais rápido possível, conhecimentos que em serviço Esse exercício é feito sobre as experiências concretas,
resolvam problemas pontuais a partir de regras gerais. os problemas reais, as situações do dia-a-dia que desequilibram
o trabalho, nas salas de aula. Eles constituem a matéria-prima
Os dirigentes das redes de ensino têm expectativas semel- das mudanças pretendidas pela formação.
hantes quando nos solicitam essa formação, pois estão habitua- No questionamento da própria prática, nas comparações,
dos a cursos que se realizam segundo outros moldes de trabalho. na análise das circunstâncias e dos fatos que provocam pertur-
Se, de um lado, é preciso continuar investindo maciçamente bações e/ou respondem pelo sucesso escolar, os professores
na direção da formação de profissionais qualificados; de outro, vão definindo, pouco a pouco, as suas “teorias pedagógicas”. A
não se pode descuidar da realização dessa formação e estar at-
intenção é que os professores sejam capazes de explicar o que
ento ao modo pelo qual os professores aprendem para se profis-
antes só sabiam reproduzir, a partir do que aprendiam em cur-
sionalizar e para aperfeiçoar seus conhecimentos pedagógicos,
sos, oficinas, palestras, exclusivamente. A proposta incentiva
assim como reagem às novidades, aos novos possíveis educa-
os professores a interagirem com seus colegas regularmente, a
cionais.
estudarem juntos e que estejam abertos a colaborar, com seus
No caso de uma formação inicial e continuada direcionada
pares, na busca dos caminhos pedagógicos da inclusão.
à inclusão escolar estamos diante de uma proposta de trabalho
O fato de professores fundamentarem suas práticas e ar-
que não se encaixa em uma especialização, extensão, atual-
gumentos pedagógicos no senso comum dificulta a explicitação
ização de conhecimentos pedagógicos. Ensinar, na perspectiva
dos problemas de aprendizagem. Essa dificuldade pode mudar
inclusiva significa ressignificar o papel do professor, da esco-
la, da educação e de práticas pedagógicas que são usuais, no o rumo da trajetória escolar de alunos que muitas vezes são
contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus níveis. encaminhados indevidamente para as modalidades do ensino
Como já nos referimos anteriormente, a inclusão escolar não especial e outras opções segregativas de atendimento educa-
cabe em um paradigma tradicional de educação e assim sendo, cional.
uma preparação do professor nessa direção requer um design Daí a necessidade de se formarem grupos de estudos nas es-
diferente das propostas de profissionalização existentes e de colas, para a discussão e a compreensão dos problemas educa-
uma formação em serviço que também muda, porque as esco- cionais, à luz do conhecimento científico e interdisciplinarmente,
las não serão mais as mesmas, se abraçarem esse novo projeto se possível. Os grupos são organizados espontaneamente pelos
educacional. próprios professores, no horário em que estão nas escolas. Essas
Essa reviravolta, que é bem mais complexa do que se pensa reuniões têm como ponto de partida, as necessidades e inter-
na preparação de professores para a inclusão, ainda não foi bem esses comuns de alguns professores de esclarecer situações e de
assimilada pelos que elaboram políticas públicas de educação, aperfeiçoar o modo como trabalham nas salas de aula.
pelos que planejam ações para concretizá-las e é por essas e out- O foco da formação é o desenvolvimento da competência
ras razões que estão sendo oferecidos cursos de especialização de resolver problemas pedagógicos. Analisa-se, então, como o
lato sensu, sobre educação inclusiva e que se sugere a inserção ensino está sendo ministrado e a construção do conhecimento
da disciplina Educação Inclusiva em cursos de formação de pro- pelos alunos, pois esses processos interagem e esses dois lados
fessores e profissionais de áreas afins: Psicologia, Fisioterapia, - ensino e aprendizagem - devem ser avaliados sempre que se
Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e outras. Falta apenas ser quiser esclarecê-los.
criada uma habilitação específica nos Cursos de Pedagogia!
Participam regularmente dos grupos de formação de cada
Por tudo isso temos de ficar cada vez mais atentos, questio- escola os professores, o seu diretor, coordenador, mas há
nando o que existe mas, ao mesmo tempo, apresentando outras também os grupos que se formam entre professores de diversas
maneiras de se preparar profissionais para transformar a escola, escolas, que estejam interessados em um mesmo tema de estu-
na perspectiva de uma abertura incondicional às diferenças e de do, como, por exemplo, a indisciplina, a sexualidade, a ética e a
um ensino de qualidade. violência, a avaliação e outros assuntos pertinentes.

32
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A equipe responsável pela coordenação da formação nas plicidade com os demais integrantes da unidade. Eles têm dificul-
escolas é constituída por professores, coordenadores sediados dade de se distanciar dos problemas de sua unidade, sentem-se
nas redes de ensino e por parceiros de Secretarias afins: Saúde, muito envolvidos e misturados com os seus colegas e com os
Esportes, Cultura e outras. alunos, para que possam tomar certas atitudes mais ousadas e
Algumas redes de ensino criaram centros de gestão da corajosas em relação aos professores, aos pais, à comunidade
proposta educacional da rede e de apoio e atualização dos pro- escolar como um todo.
fessores. Esses núcleos representam um avanço na nova direção Os coordenadores da escola diferem muito dos coordena-
de formação em serviço, pois além de sediar ações de aprimo- dores dos centros de formação. Estes são profissionais que ex-
ramento da rede, promovendo eventos de pequeno, médio e istem para que todas as situações problemáticas sejam enfren-
grande porte, como workshops, seminários, entrevistas, com es- tadas e para que, de fato, as mudanças no ensino se concretizem
pecialistas, fóruns e outras atividades. Eles reúnem os profissio- com mais facilidade e com maior isenção de vieses pessoais,
nais que atendem (individualmente ou em pequenos e grandes como os já citados.
grupos) os professores, nas suas respectivas escolas, os pais e a Quero deixar claro que cursos, oficinas e outros eventos de
comunidade. A criação desses centros é uma maneira de nort- atualização e de aperfeiçoamento são indicados, mas quando
ear as ações educativas propostas pelas escolas através de seus correspondem a uma necessidade de grupos de professores,
projetos político-pedagógicos. que têm necessidade de certos conhecimentos, para melhorar
Os profissionais que fazem parte do quadro dos centros são sua atuação, diante de assuntos muito particularizados. Nesses
supervisores de ensino, e coordenadores pedagógicos externos casos, parcerias das redes de ensino com grupos de pesquisa/
às escolas, que dão sustentação aos professores e às equipes das professores das Universidades e com profissionais especial-
unidades escolares, para que possam alcançar seus objetivos, izados são indicadas. Mas não se pode excluir a possibilidade
ultrapassando as barreiras que os impedem de realizar o que de esses cursos serem oferecidos também por professores da
definiram em seus projetos de trabalho. Eles visitam as escolas própria rede de ensino, que são convidados pelo núcleo/centro,
semanalmente e atendem a três ou quatro delas, no máximo. por reconhecimento do valor da contribuição a ser propiciada
Tenho verificado com frequência que os cursos e demais aos colegas interessados.
atividades de formação em serviço, habitualmente oferecidos
aos professores pelas redes de ensino, nos moldes costumeiros, O sucesso desta proposta nas escolas aponta como indica-
não estão obtendo o retorno que o investimento propõe, o que dores: (1) o reconhecimento e a valorização das diferenças, como
justifica a minha insistência na criação desses centros, porque a elemento enriquecedor do processo de ensino e aprendizagem;
existência de seus serviços redireciona o que já é usual nas redes (2) professores conscientes do modo como atuam, para promov-
de ensino, ou seja, o apoio ao professor, pelos professores itin- er a aprendizagem de todos os alunos; (3) cooperação entre os
erantes ou também pelos coordenadores pedagógicos sediados implicados no processo educativo - dentro e fora da escola; (4)
nas escolas. valorização do processo sobre o produto da aprendizagem; (5)
enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas
Nunca concordei com a existência de professores itiner- que possibilitam a construção coletiva do conhecimento.
antes, pois eles atuam sobre os sintomas, oferecem soluções A avaliação dos seus efeitos não se mede, portanto, pelo
particularizadas, locais, mas não vão a fundo nos problemas e aproveitamento de alguns alunos, os que apresentam dificul-
suas causas. Trata-se de mais um serviço da Educação Especial dade de aprender ou os alunos com deficiência, incluídos nas
que neutraliza os desafios da inclusão. Na maioria das vezes esse classes do ensino regular. Embora esses casos mereçam toda
serviço impede que o professor se defronte diretamente com atenção, o que se almeja, acima de tudo, é saber se os profes-
a responsabilidade de ensinar todos os seus alunos, pois existe sores e demais integrantes das unidades escolares progridem
um especialista para atender aos casos mais difíceis, que são pedagogicamente, atualizando a maneira de ensinar, a partir de
justamente aqueles que provocam o professor para que mude a novas concepções e práticas educacionais; se as escolas estão se
maneira de proceder com a turma toda. O professor itinerante/ transformando; se os alunos estão sendo respeitados nas suas
especialista tende a acomodar o professor comum, tirando-lhe possibilidades de avançar, autonomamente, ao construírem
a oportunidade de crescer, de sentir a necessidade de buscar conhecimentos; se estes conhecimentos e outros são produzi-
soluções e não aguardar que alguém de fora venha, regular- dos coletivamente, nas salas de aula, em clima solidário e com
mente, para resolver seus problemas. Esse serviço reforça a id- responsabilidade; se a as relações entre os alunos, pais, profes-
eia de que os problemas de aprendizagem são sempre do aluno sores e toda a comunidade escolar se estreitaram, em laços de
e que só o especialista consegue removê-los, com adequação e cooperação, de diálogo, que são frutos de um exercício diário de
eficiência. compartilhamento de seus deveres, problemas, sucessos.
Se um aluno não vai bem, seja ele uma pessoa com ou
sem deficiência, o problema precisa ser analisado com relação E, finalmente...
ao ensino que está sendo ministrado para todos os demais da
turma. Ele é um indicador importante da qualidade do trabalho Embora possa assustar pelo grande número de mudanças e
pedagógico porque, o fato de a maioria dos alunos estarem se pelo teor de cada uma delas, a inclusão é como muitos a apre-
saindo bem, não significa que o ensino ministrado atenda às ne- goam “um caminho sem volta”.
cessidades e possibilidades de todos. Nunca é demais, contudo, reafirmar as condições em que
A existência de um coordenador pedagógico em cada un- essa inovação acontece, marcando, grifando na nossa consciên-
idade escolar, no meu ponto de vista, não tem propiciado um cia de educadores o seu valor para que nossas escolas atendam
bom acompanhamento/andamento do projeto-político-ped- à expectativa dos alunos de nossas escolas, do ensino infantil à
agógico da escola, seja porque esse projeto não foi ainda bem Universidade.
compreendido e valorizado, seja porque muitos atuam em cum-

33
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
A escola prepara o futuro e de certo que, se os alunos vidade pode fortalecer o conhecimento. Embora o desenvolvi-
aprenderem a valorizar e a conviver com as diferenças nas salas mento do conhecimento científico seja necessário para detectar
de aula, serão adultos bem diferentes de nós que temos de nos os erros e as ilusões, é de fundamental importância reconhecer
empenhar tanto para entender e viver a experiência da inclusão! e eliminar as ilusões que advêm das teorias científicas. A educa-
O movimento inclusivo, nas escolas, por mais que seja ainda ção precisa ensinar, no processo ensino-aprendizagem, a condi-
muito contestado, pelo caráter ameaçador de toda e qualquer ção humana com base na razão, sem esquecer a afetividade, na
mudança, especialmente no meio educacional, convence a to- emoção.
dos pela sua lógica e pela ética de seu posicionamento social. No capítulo II (p. 35-46). Os princípios do Conhecimento
Ao denunciar o abismo existente entre o velho e o novo na Pertinente, trata das informações essenciais sobre o mundo,
instituição escolar brasileira, a inclusão é reveladora dos males que devem ser contextualizadas com os conhecimentos do mun-
que o conservadorismo escolar tem espalhado pela nossa infân- do como mundo. A educação deve viabilizar meios ao acesso
cia e juventude estudantil. às informações a todo cidadão do novo milênio. Ao homem do
Penso que o futuro da escola inclusiva depende de uma ex- futuro, a educação deve preocupar-se com a pertinência do co-
pansão rápida dos projetos verdadeiramente imbuídos do com- nhecimento. Como organizar um ensino-aprendizagem voltado
promisso de transformar a escola, para se adequar aos novos ao Contexto, o Global, o Multidimensional, o Complexo. A lógica
tempos. Se hoje ainda esses projetos se resumem a experiências do pensamento depende da articulação e organização dos co-
locais, estas estão demonstrando a viabilidade da inclusão, em nhecimentos do mundo.
escolas e redes de ensino brasileiras, porque têm a força do ób- No capítulo III, Ensinar a Condição Humana, p. 47-61, o au-
vio e a clareza da simplicidade. tor trata a educação do futuro como meio de um ensino voltado
A aparente fragilidade das pequenas iniciativas tem sido su- ao conhecimento do humano, como parte do universo. Segundo
ficiente para enfrentar, com segurança e otimismo, o poder da ele, todo o conhecimento deve ser contextualizado para ser per-
velha e enferrujada máquina escolar. tinente. É dever da educação ensinar a condição humana consi-
A inclusão é um sonho possível. derando a razão sem esquecer afetividade dentro da emoção.
No capítulo IV, Ensinar a Identidade Terrena (p. 63-78), re-
Fonte lata as consequências do medo que tomou conta no século XX,
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? devido ao massacre ideológico visando o poder econômico. A
Por quê? Como fazer. São Paulo: Moderna, 2006. falta de explicação lógica para tais fatos desafia a educação a
encontrar um meio de ensinar com coerência e a ética da com-
preensão.
O capítulo V, Enfrentar as Incertezas (p. 79-92), fala das in-
MORIN, EDGAR. OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À certezas históricas ao longo dos séculos. Segundo o autor, o sur-
EDUCAÇÃO DO FUTURO. SÃO PAULO: CORTEZ, 2000 gimento do novo não pode ser previsto, senão não seria novo. O
avanço da história surge a partir de acontecimentos decorridos
Para a educação do futuro exige-se enfrentar os problemas de inovações ou de criações internas ou locais e são tratados
que para o autor, “são ignorados ou esquecidos”. Para os edu- como desvios em relação à normalidade. Essas incertezas po-
cadores, há a preocupação de como transmitir conhecimentos derão ser ensinadas à luz do processo histórico da humanidade.
dentro de uma estrutura social hierarquizada e em permanente No capítulo VI, Ensinar a Compreensão (p. 93-104), trata do
transformação. É um desafio para eles lidar com os novos sabe- problema da compreensão. Enfatiza a incompreensão generali-
res que a sociedade moderna exige e que contribuição terá estes zada entre os humanos, em meio a uma profusão de meios de
novos saberes na educação do futuro. Em sua análise, o autor comunicação modernos. O papel da educação deve ser centrado
evidencia a sociedade contemporânea e como as diferentes num processo de uma sociedade globalizada, convivendo com
maneiras de articular dentro do universo escolar uma formação as tecnologias de informação, porém sem esquecer a condição
mais humana, vinculando os conhecimentos antigos, modernos humana.
e contemporâneos não excluindo os aparelhos eletrônicos, que No capítulo VII, A Ética do Gênero Humano (p. 105-115), tra-
tantas benesses trouxeram para a formação intelectual do ho- ta da inseparabilidade do gênero humano como a trilogia indi-
mem deste novo século. O autor expõe também, nesta obra, a víduo/sociedade/espécie. No processo educacional é necessário
velocidade e a eficiência com que as informações são divulgadas conduzir as interações entre os indivíduos, pois são não apenas
aos quatro cantos do continente e como são dimensionados os inseparáveis, mas co-produtores um do outro. Nessas condi-
processos de controle e articulação de bases sólidas na trans- ções, a comunidade de destino planetário permite esperar para
missão de conhecimentos que seriam universais com interesses o futuro uma maior participação dos indivíduos e das socieda-
da maioria. Edgar Morin expõe na sua obra 7 capítulos ou “sete des, uma nova consciência humana e consequentemente uma
saberes” necessários á educação do futuro. solidariedade planetária do gênero humano. No ensino da ética
O capítulo I, As Cegueiras do Conhecimento: o Erro e a Ilu- do gênero humano, o futuro da humanidade depende de como
são, p. 19-33, trata da cegueira com que a educação conduz o o homem vai construir seu caminhar.3
conhecimento. Para o autor, o conhecimento está, em algum
grau, ameaçado pelo erro e pela ilusão e é dever da educação
mostrar que direção tomar. Mostra também o risco do erro pro-
vocado pelas perturbações aleatórias ou de ruídos, em qualquer
transmissão de informação, em qualquer comunicação de men-
sagens. Na busca de conhecimentos que possibilitam eliminar o
risco do erro, poder-se-ia considerar a repressão de manifesta-
ções de afetividade, mas chegou-se à conclusão de que a afeti- 3 Fonte: www.studylibpt.com

34
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
em movimento as antinomias imposição/resistência e domínio/
SILVA, TOMAZ TADEU DA. DOCUMENTOS DE IDENTI- oposição. O segundo deslocamento seria ocasionado pelas teo-
DADE: UMA INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DO CURRÍCU- rias Pós-Críticas ao descentrar a ênfase nas dinâmicas de classe
LO. BELO HORIZONTE: EDITORA AUTÊNTICA, 2004 e consolidar a importância dos processos de produção de subje-
tividade, particularmente expressos nas construções discursivas
No campo da saúde, é cada vez maior a frequência de para a elaboração de análises sociais.
propostas de qualificação profissional cuja responsabilidade de Em relação ao primeiro conjunto de teorias, a grande trans-
implementação está exclusivamente a cargo de entidades tão formação frente às teorias tradicionais se opera pelo profundo
diversas quanto hospitais, conselhos municipais e secretarias de questionamento quanto à naturalização dos conhecimentos que
saúde. compõem o currículo e as estruturas educacionais. Enquanto as
Esse movimento traz implicações que certamente mere- teorias tradicionais, com base nos princípios da administração
cem ser analisadas, mas, de antemão, é pertinente questionar taylorista, tomariam como dado os conhecimentos em torno dos
o quanto deste esforço pela expansão dos processos de qualifi- quais se estabelecia o status quo, concentrando-se na dimensão
tecnocrática do currículo, as Teorias Críticas viriam investir no
cação, frequentemente impulsionado pelo anseio de adequação
desenvolvimento de conceitos que permitissem compreender o
dos trabalhadores às mudanças nos processos de trabalho
modo pelo qual dinâmicas sociais de dominação se implemen-
decorrentes da velocidade de produção e incorporação de ino-
tam também através dos processos educacionais e curriculares,
vações tecnológicas, vem sendo acompanhado por um diálogo
conformando uma estreita conexão entre saber e poder.
com os referenciais teóricos próprios do campo da educação. Ao relembrar que a teorização curricular recente ainda vive
Certamente o livro Documentos de Identidade; uma intro- do legado das teorias críticas, o autor indiretamente nos indi-
dução às teorias do currículo, de Tomaz Tadeu da Silva - profes- ca o interessante exercício de identificar alguns conceitos que
sor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universi- impulsionaram estas reflexões e que permanecem fortemente
dade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), envolvido, há mais presentes nas análises sobre currículo.
de duas décadas, com as discussões do campo educacional - é Observa-se, assim, que a partir das teorizações críticas
extremamente interessante como introdução, tal qual o próprio de base marxista, a questão da desigualdade - tomada como
título informa, às discussões teóricas do campo social, filosófico fenômeno vinculado à injustiça - se estabeleceu nesse campo de
e educacional que abordam diretamente a questão do currículo discussão. A preocupação em compreender, na perspectiva de
ou que, a despeito deste enfoque, conduziram a diferentes for- transformar, os contextos através dos quais a escola atuava de
mas de se pensar sobre o tema. forma discriminatória em relação às classes trabalhadoras mo-
Poderíamos dizer que, através desse texto, encontramos bilizou a produção de autores das denominadas teorias críticas,
uma colaboração consistente ao objetivo de elaborar de forma como Bordieu, Passeron, Michel Apple, Paulo Freire, por exem-
consciente uma fundamentação teórica que se faz necessária plo, e de correntes de pensamento como a Nova Sociologia da
enquanto base para a reflexão/ação do educador que se pre- Educação. A atenção à questão da desigualdade/dominação foi
tende crítico. preservada no conjunto das Teorias Pós-Críticas, influenciando
Ao longo do livro, dividido em duas partes, cada uma con- vigorosamente as referências de análise de vertentes teóricas,
tendo nove textos breves, o autor apresenta um mapeamento tais como a pedagogia feminista, pós-colonialista e o multicul-
das principais contribuições, ora referidas a autores específicos, turalismo. Entretanto, diferentemente da perspectiva promovi-
ora a movimentos intelectuais, que proporcionam uma com- da pelas Teorias Críticas em relação às Teorias pós-críticas, con-
posição de certa pluralidade teórica que nos ajuda a refletir stata-se uma recusa à ideia de emancipação como contraponto
sobre o lugar do currículo nos processos de produção e repro- à dominação, na medida em que não admite a existência de uma
dução social. essência humana a ser recuperada.
Na introdução, Tomaz Tadeu renuncia à pretensão de obje- Outro exemplo de proposição teórica que vem expressar
o poder de rearticulação e reconstrução de determinadas con-
tividade mostrando-se favorável a abordar a questão do currícu-
cepções quando incorporadas a um novo cenário de questões
lo não a partir da noção de teoria, que estaria comprometida
é a afirmação do currículo como artefato histórico. Uma abor-
com um conceito de verdade, mas da noção de discurso, com-
dagem histórica que enfatiza o caráter de construção social do
preendido como um modo particular de definição, produzindo,
currículo ingressou de modo pungente no debate educacional
assim, uma certa concepção de currículo. Ao argumentar a favor através da Nova Sociologia da Educação. A crítica dirigia-se à
da segunda alternativa, o autor implicitamente sugere ao leitor forma pela qual as categorias curriculares, pedagógicas e aval-
que também seu texto deva ser tomado como um modo par- iativas foram naturalizadas pela teoria educacional e pelos ed-
ticular de valorar, representar e articular as construções teóri- ucadores, apontando para o fato de que sua desnaturalização
cas que ele destaca como centrais à reflexão sobre o currículo. deveria seguir um itinerário de reflexão que promovesse a com-
Fica ao leitor o convite, reforçado pela clareza do texto e pela preensão dos interesses e valores sociais postos em jogo no pro-
abrangência das questões postas em pauta, a atuar como co- cesso seletivo característico das construções curriculares. Esta
autor, reformulando, através da leitura, as conexões, entrelaça- contribuição inspirou também os Estudos Culturais e as teorias
mentos, contraposições e transformações que os conceitos de influenciadas pela perspectiva pós-estruturalista.
cada teoria produzem entre si. Outro debate instigante em que o livro nos envolve diz res-
Como “sinalizadores” da renovação da teoria educacion- peito ao modo como as diferentes teorias consideram a relação
al/curricular, o autor apresenta dois deslocamentos, que, em entre cultura acadêmica e escolar, cultura popular e cultura de
grande parte, definem a organização do livro. O primeiro inten- massa. Não vamos nos deter aqui na discussão sobre a quali-
so deslocamento, e que constitui a primeira parte do livro, seria dade dos vínculos entre as dinâmicas do campo social e cam-
proporcionado pelas Teorias Críticas ao demarcar o campo do po cultural, abordada por Tomaz Tadeu, mas somente focalizar
currículo como espaço de poder, ou seja, de luta por hegemonia como determinadas correntes teóricas contribuem para integrar
em torno de projetos de escolarização, onde estão situados e a cultura popular no contexto pedagógico.

35
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Ao colocar em questão a visão elitista segundo a qual do ção. De acordo com o autor, o saber dos professores é o saber
campo cultura estariam excluídas as manifestações populares, deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com
postulando o reconhecimento da cultura como “forma global de a sua experiência de vida e com a sua história profissional, com
vida ou experiência vivida de um grupo social” (p. 133), o cam- as suas relações com os alunos em sala de aula e, com os outros
po denominado Estudos Culturais contribuiu para consolidar, no atores escolares na escola. Eis a razão do título do livro, Saberes
campo educacional, uma perspectiva antropológica de cultura docentes e formação profissional.
que tem grande repercussão nas diversas vertentes teóricas. O livro divide-se em duas partes inter complementares: o
É especialmente relevante, nesse conjunto de reflexões, o saber dos professores em seu trabalho e o saber dos professores
papel de Paulo Freire, cuja influência extrapolou o âmbito na- em sua formação. Na introdução Tardif nos interpela com vários
cional. O que o texto nos permite registrar é que, ao estruturar questionamentos e nos deixa inquietos e curiosos para conhecer
uma abordagem pedagógica que ressignifica a cultura, traduzin- as respostas. Quais os saberes que servem de base ao ofício de
do-a como o contexto existencial em articulação com o contex- professor? Quais são os conhecimentos, o saber-fazer, as com-
to social, Paulo Freire traz a experiência de vida dos educandos petências e as habilidades que os professores mobilizam diaria-
e, portanto, a dimensão cultural dessa existência para o centro mente, nas salas de aula e nas escolas, a fim de realizar con-
do processo pedagógico. Consubstanciada no conceito de ed- cretamente as suas diversas tarefas? Qual é a natureza desses
ucação problematizadora, Paulo Freire apresenta alternativa saberes? Como esses saberes são adquiridos? Esses são alguns
teórico-metodológica para a superação do frequente fracasso exemplos dentre tantos questionamentos apresentados. Na pri-
dos processos de educação de adultos. meira parte encontram-se capítulos que esclarecem vários as-
Essa formulação sobre a cultura continha uma contestação pectos referentes aos saberes dos professores e a segunda parte
explícita à excessiva valorização das tradições culturais dos gru- constituída de três capítulos realiza uma análise dos resultados
pos dominantes, em detrimento do universo cultural dos grupos das pesquisas sobre os investimentos financeiros e das diretri-
subordinados. Tal elaboração, que perpassa Teorias Críticas e zes para a formação do professor.
Pós-críticas, aponta para um desenho curricular coerente com No primeiro capítulo “Os professores diante do saber: esbo-
um projeto político-pedagógico apoiado em princípios de- ço de uma problemática do saber docente”, o autor realiza a in-
mocráticos. A cena educacional é assim pontuada por novas terlocução entre saberes sociais e educação, é dado ênfase que
análises, nas quais as experiências culturais consideradas estão o professor é aquele que sabe alguma coisa e o ensina a alguém.
para além da produção reconhecida pelas elites tradicionais. É com muita propriedade, que Tardif apresenta os quatro sabe-
Finalizando, destacamos que o livro de Tomaz Tadeu tem res que constroem a profissão docente: os saberes da formação
o mérito de provocar, mesmo em leitores pouco familiarizados profissional (das ciências da educação e da ideologia pedagógi-
com o campo teórico da educação, a experiência de um diálogo ca), os saberes disciplinares, os saberes curriculares e os sabe-
que estimula o desejo de continuidade através de outros textos. res experienciais. É dada toda a ênfase aos saberes experienciais
Além disso, impulsiona aqueles que se comprometem com as como aquele que surge na e pela prática, validados pelo profes-
práticas educativas a reconhecer a complexidade desse objeto sor e acoplados na constituição de seu profissionalismo. Nesse
e retomar uma indagação que nos parece fundamental: afinal, capítulo, também é feita toda uma revisão histórica, definindo
que sociedade pretendemos construir e que lugar reservamos os vários papéis exercidos pelo professor até a “conquista” da
nessa sociedade para a escola?4 autonomia que começa a exigir do professor novas definições
políticas e sociais na profissão. “Saberes, tempo e aprendizagem
do trabalho no magistério” é o segundo capítulo do livro e tra-
TARDIF, M. SABERES DOCENTES E FORMAÇÃO PROFIS- ta das questões de ordem da transformação que ocorre com a
SIONAL. - 5ª ED. - PETRÓPOLIS: VOZES, 2002 identidade profissional do professor ao longo dos anos. Os anos
de profissão mudam a identidade profissional, assim como,
Nesta obra, o autor traz pesquisas feitas nessa área nos a maneira de trabalhar. Nesse sentido, Tardif compactua com
países mencionados , o que traz informações que permitem dis- Schön, quando aponta que as aprendizagens profissionais são
cussões referente à formação profissional dos professores. temporais e, que à medida que o tempo passa, novas ações sur-
É apresentado pesquisas educacionais a partir de 90; desta- gem a partir das experiências interiorizadas e reavaliadas. Tem-
ca a avaliação das reformas implantadas até a virada do século -se o social como ferramenta de construção do profissionalismo
com ênfase à formação profissional dos professores e à visão docente. Para comprovar esse fato as pesquisas dos autores
dos saberes; traz ao palco das discussões as experiências exis- Raymond, Butt e Yamagishi (1993), de Lessard e Tardif (1996),
tentes na prática pedagógica no mundo anglo saxão e, mais re- de Tardif e Lessard (2000) são apresentadas para exemplificar a
centemente, nos países europeus. construção do profissionalismo através do coletivo e, várias fa-
Até a década de 80, as pesquisas não levavam em conta a las de professores (sujeitos da pesquisa) ilustram as fases iniciais
experiência da sala de aula e existia uma cisão entre os conhe- da carreira e as transformações oriundas da experiência que se
cimentos oriundos da universidade e a realidade do cotidiano acumula com o passar dos anos. Ou seja, o professor aprende a
escolar. Na época, os pesquisadores revelavam suas pesquisas trabalhar trabalhando. Vários aspectos significativos dos sabe-
nas descobertas de teorias encontradas nas bibliotecas de uni- res experienciais são apresentados e discutidos ao término do
versidades. capítulo. O terceiro capítulo do livro, “O trabalho docente, a pe-
Tardif em suas pesquisas não desconsidera, em hipótese dagogia e o ensino: interações humanas, tecnologias e dilemas”,
alguma, a relação dos conhecimentos oriundos das universida- apresenta uma discussão muito interessante do papel da peda-
des com os saberes extraídos e produzidos na prática docente. gogia como instrumento de trabalho do professor. Discute as
Como pesquisador, seus estudos defendem essa prática intera- várias interações que se estabelecem no cotidiano pedagógico
tiva entre saber profissional e os saberes das ciências da educa- e as ferramentas utilizadas para essa interação. A coerção, a au-
4 Fonte: scielo.br toridade e a persuasão fazem parte das tecnologias da interação

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
e são utilizadas pelo professor no processo pedagógico. O autor cientes para atender ao desejo da reforma, assim como, propor-
enfatiza que não tem sentido pensar conceitos como Pedagogia, cionar aos professores das universidades as devidas horas para
Didática, Aprendizagem, dentre outros, sem integrá-los às situa- que pudessem acompanhar os alunos da formação inicial nos
ções concretas do trabalho docente. Outra observação realizada projetos e pesquisas no interior dos muros escolares.5
com precisão pelo autor, é a diferenciação entre o trabalho do
professor e o trabalho industrial. Entre o trabalho pedagógico
e o trabalho industrial a diferença reside na possibilidade de ZABALA, ANTONI; ARNAU, LAIA. COMO APRENDER E
materialização, ou seja, no processo produtivo industrial a vi- ENSINAR COMPETÊNCIAS. PORTO ALEGRE: ARTMED,
sualização dos resultados é desvelada com mais rapidez que no 2010
trabalho pedagógico. “Elementos para uma prática educativa” e
“O professor enquanto ‘ator racional’” são o quarto e quinto ca- O livro é composto por apresentação, 11 capítulos, epílogo
pítulos. No quarto capítulo, o saber do professor é relacionado a e glossário, sendo o último de uso prático. Na apresentação, o
alguns estereótipos designados à profissão docente. O ofício de leitor fica informado de aspectos gerais e questões básicas tra-
professor é historiado desde a Grécia antiga. Na linha histórica balhadas ao longo dos capítulos. É estabelecido que:
do tempo, são apresentados autores como Platão, Aristóteles e A competência, no âmbito da educação escolar, deve identi-
Rousseau. Tardif retrocede na história e apresente a educação ficar o que qualquer pessoa necessita para responder ao proble-
como arte, a educação enquanto técnica guiada de valores e a ma aos quais será exposta ao longo da vida. Portanto, a compe-
educação enquanto interação. No entanto, esses três aspectos tência consistirá na intervenção eficaz nos diferentes âmbitos da
da revisão histórica realizada por ele não esgotam a discussão e vida, mediante ações nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo
mais oito modelos recentes que integram a prática pedagógica e de maneira inter-relacionada, componentes atitudinais, proce-
são apresentados. No último capítulo da primeira parte, Tardif dimentais e conceituai
apresenta porque se distancia da teoria de Schön, visão cogni- Os autores acrescentam que qualquer competência implica
tivista, pois centraliza seus estudos na racionalidade docente, em conhecimentos relacionados a habilidades e atitudes.
partindo das vivências/experiências que constroem seus sabe- O primeiro capítulo recupera aspectos que nortearam o sur-
res profissionais. A segunda parte do livro “O saber dos profes- gimento e o uso de competências como propostas para superar
sores e sua formação“ é construída a partir do capítulo seis “Os as limitações detectadas no ensino, buscando mudanças nos re-
professores enquanto sujeitos do conhecimento”, do capítulo ferenciais educacionais vigentes até o começo dos anos 70 do
sete “Saberes profissionais dos professores e conhecimentos século passado. Vale lembrar que no Brasil foram necessárias
universitários” e do capítulo oito “Ambigüidade do Saber docen- quase duas décadas a mais do que em países europeus, mesmo
te”. Nesses três últimos capítulos o autor discute os trabalhos os de tradição católica como a Espanha. Foram os países de tra-
de pesquisa (dos professores universitários), juntamente com o dição calvinista os primeiros a adotarem uma nova percepção
trabalho do professor (professor de ofício). Tardif é enfático ao da matéria. Neste, como nos demais capítulos, o leitor encontra,
apontar que não se pode mais cindir o trabalho do professor da nas margens esquerda e direita, chamadas para aspectos rele-
pessoa do professor. Neste sentido, as universidades, que repre- vantes da matéria que o texto apresenta. Também, em todos
sentam os grandes centros de pesquisa, precisam considerar o eles, o leitor encontra um quadro com questões práticas envol-
vendo os aspectos tratados no capítulo.
professor como o principal agente do sistema escolar. É nos om-
O capítulo seguinte começa por um esforço em definir, mais
bros do professor que se encontra a estrutura responsável pela
especificamente, competência. É bem conduzido e traz também
missão educativa. Portanto, é imprescindível que as pesquisas
uma breve caracterização do processo desenvolvido para que
científicas de educação considerem o saber-fazer dos professo-
a pessoa tenha uma ação competente diante de uma situação
res. Tanto na América do Norte quanto na maioria dos outros
real. Os autores defendem que, para tanto é preciso dispor, na
países de cultura anglo-saxônica (Austrália, Inglaterra, dentre
base, de conteúdos factuais, conceituais, procedimentais e ati-
outros) e de forma mais recente em parte da Europa (Bélgica,
tudinais. Esses conteúdos de- vem viabilizar o planejamento de
França, Suíça) a preocupação com o resgate ao valor profissional
várias possibilidades de esquemas para atuação competente.
dos agentes educativos, mas especificamente do professor, tem
Segundo Zabala e Arnau, a pessoa precisa selecionar um desses
sido alvo de discussões para fundamentar novas epistemologias esquemas para usar, mas manter-se flexível para uso de outro
ao ofício. Diante desse fato, Tardif discute a questão da inclusão se for necessário. A escolha deve levar em consideração a análi-
dos saberes do professor de ofício (aquele que atua na sala de se da situação que gerou a necessidade de um comportamento
aula) nas pesquisas realizadas pelos professores universitários competente. Além disso, quadros com sínteses e figuras facili-
(pesquisadores). O saber-fazer existente na prática do cotidiano tam a compreensão das propostas apresentadas.
escolar e, representado naquilo que o autor denomina de subje- No capítulo 3, os autores começam a entrelaçar os vários
tividade do trabalho docente, deve ser incorporado à pesquisa aspectos do tema. Nele, descrevem as inter-relações entre habi-
universitária e aproveitado para a formação de futuros profes- lidades e atitudes, imprescindíveis para se alcançar a competên-
sores. Desta forma, o autor apresenta alguns modelos implanta- cia. São descritas as características da escola tradicional, enfo-
dos em outros países na formação de futuros professores, como cadas as falsas dicotomias entre memorização vs. compreensão;
no caso do modelo inglês, que desde 1992 dois terços da forma- conhecimentos vs. procedimentos e feitas sugestões sobre en-
ção inicial foi transferida para o meio escolar. Talvez utopia para caminhamentos mais produtivos.
a realidade brasileira, mas vale a pena observar os resultados O termo competência representa a alternativa que supera
dessa iniciativa. Nas considerações finais, Tardif apresenta a dis- as dicotomias: memorizar e compreender; conhecimentos e ha-
cussão das reformas implantadas no sistema educacional norte- bilidades; teoria e prática [...] A melhoria da competência impli-
-americano e canadense e a diferença entre o real e o ideal para ca a capacidade de refletir sobre sua aplicação e, para alcançá-
a consolidação de uma formação docente almejada. Mesmo nos -la, é necessário o apoio do conhecimento teórico.
países desenvolvidos os investimentos financeiros não são sufi- 5 Fonte: www.educacadoresemluta.blogspot.com.br

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
Neste capítulo os autores expõem necessidades estudadas O núcleo comum é tratado no capítulo seguinte. Como não
no seguinte (capítulo 4), no qual retomam o tema do objetivo há uma disciplina científica para trabalhar as competências e
essencial da educação por competência, que é o desenvolvi- seus componentes, essa preocupação deve ser comum a todas
mento pleno da pessoa, e alertam que na literatura muitas ex- as disciplinas. É preciso considerar esses aspectos ao selecionar
pressões foram usadas, muito se discutiu e se discute com re- as metodologias e estratégias de ensino a serem usadas na prá-
lação aos papéis desempenhados pela escola, e que modismos tica educativa. O ensino inclui exercícios, aplicação, modelos de
substituem modismos, especialmente no discurso pedagógico. vivências em todas as áreas, de modo que todas as disciplinas
O próprio uso das competências pode cair nesse mesmo limbo requeiram agir conforme as atitudes e valores desejados.
se não for adequadamente trabalhado desde o estabelecimento No que concerne aos métodos de ensino (capítulo 10), os
dos objetivos educacionais e dos sistemas educacionais e esco- autores indicam a necessidade de um enfoque globalizado. Essa
lar. Apresentam um quadro muito útil de como as finalidades da é a matéria do penúltimo capítulo, no qual são expostos os cri-
Educação são vistas por instituições como a ONU, pela Consti- térios gerais para as escolhas metodológicas:
tuição Espanhola, pela Declaração dos Direitos da Criança, pela • relacionados à necessidade de que as aprendizagens se-
UNESCO e pelo Fórum de Dakar. jam mais significativas possível;
Os autores dão prosseguimento ao tema, no capítulo 5, ao • relacionados à complexidade da própria competência, es-
descreverem que no mundo escolar as competências devem pecialmente, de todo o processo de atuação competente;
abarcar o âmbito social, interpessoal, pessoal e profissional. • relacionados ao caráter procedimental do processo de
Vale dizer que é um educar para a vida, portanto requer muito atuação competente;
mais do que informar e compreender a informação. Apenas de- • relacionados às características dos componentes das com-
ve-se fazer uma ressalva à pouca atenção dada à dimensão afeti- petências.
va ou emocional das atitudes, estando as cognitivas e comporta- Além disso, os critérios precisam levar em conta que desen-
mentais bem trabalhadas. Os autores acrescentam, no entanto, volver competências tem caráter interdisciplinar. É necessário
que embora haja variação conceitual quanto às competências é também considerar as variáveis da prática educacional, as sequ-
denominador comum que devem abranger todas as capacidades ências de conhecimento, as relações interativas entre professo-
do ser humano. res e alunos e entre os alunos. São caracterizados na organiza-
No capítulo seguinte o leitor é chamado a atentar para o fato ção social da classe: o grande grupo, as equipes heterogêneas
de que a aprendizagem de competências é sempre funcional, o fixas, as homogêneas ou heterogêneas flexíveis e o trabalho
que implica em dar à aprendizagem o maior grau de relevância individual. O espaço e o tempo, a organização do conteúdo e
e funcionalidade possível. Consequentemente, isso requer mu- os materiais a serem usados também representam cuidados a
danças nos princípios psicopedagógicos e a análise estrutural serem tomados pelos responsáveis pelo ensino-aprendizagem.
das competências e respectivas aprendizagens de seus compo- A avaliação das competências é o tema tratado no último
nentes (aprendizagem de fatos, de conceitos, de procedimentos capítulo, no qual os autores lembram que a ênfase deve ser no
e de atitudes). Enfocam vários aspectos correlatos decorrentes tipo de avaliação cujos resultados precisam ser considerados
do empenho do educador ao trabalhar dentro da proposta de para enfocar a solução de problemas. Assim, explicitam que ela
desenvolvimento das competências nos seus alunos. deve ter um caráter prospectivo, além de propor que seja ava-
De acordo com os autores, para ensinar competências o liado se o aluno, diante de uma situação da realidade, é capaz
ponto de partida deve ser trabalhar o contexto de situações e de solucionar e/ou propor um problema, analisar a situação,
problemas reais (Capítulo7). Zabala e Arnau lembram ainda que selecionar um esquema para atuação e agir flexível e estrategi-
o ensino por competências tem por características essenciais: a camente. Consideram imprescindível que os alunos frequente-
relevância do que vai ser ensinado; a complexidade da situação, mente sejam informados de “como estão sendo competentes”.
possuir um caráter procedimental; e a combinação dos compo- O epílogo é uma retomada da proposta como uma nova opor-
nentes aprendidos considerando a funcionalidade. Isso implica tunidade para a Educação. Inclui a formação docente; a estrutura,
em atender a critérios específicos sobre o significado do que vai a organização e gestão acadêmica; o envolvimento da escola-fa-
ser ensinado, de sua complexidade, dos procedimentos a serem mília- sociedade. Zabala e Arnau finalizam propondo “a escola
usados e dos componentes envolvidos, bem como os compro- como o órgão que projete, coordene e supervisione as ações edu-
missos a serem assumidos. É imprescindível o envolvimento dos cacionais realizadas nos âmbitos formal, informal e não formal”.
alunos e o respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem.
Pelo exposto fica evidente que cuidar apenas do conteúdo Fonte
das disciplinas é insuficiente para que o aluno aprenda com- WITTER, Geraldina Porto baseado no livro se ZABALA, Anto-
petências. É o que os autores procuram mostrar no capítulo 8. ni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências).
Destacam como dimensões geralmente relevantes a social, a
interpessoal, a profissional. O ensino, tendo em vista o desen-
volvimento de competência, deve considerar os procedimentos EXERCÍCIOS
metadisciplinares, interdisciplinares e de cada disciplina indi-
vidualmente. O núcleo de disciplinas é um suporte ou núcleo 1. (CS-UFG/2019 - IF Goiano) Jussara Hoffmann, estudiosa
para a organização curricular. A análise do exercício profissio- da área da avaliação, define a avaliação como uma ação refle-
nal na realidade oferece o conhecimento dos domínios de co- xiva e desafiadora do educador em termos de contribuir, eluci-
nhecimentos e domínios de habilidades que precisam compor dar, favorecer a troca de ideias entre e com seus alunos, num
as competências dos alunos que são formados para uma dada movimento de superação do saber transmitido a uma produ-
profissão. ção de saber enriquecido, construído a partir da compreensão
dos fenômenos estudados, o que se traduz na concepção de
uma avaliação

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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
(A) somativa.
(B) quantitativa. ANOTAÇÕES
(C) mediadora.
(D) classificatória.
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2. (FCC/Prefeitura de Santos – SP) Pedagogia  Aspectos Psi-
cológicos da Educação  Teorias do desenvolvimento e da apren- ______________________________________________________
dizagem
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Para Isabel Alarcão, uma escola reflexiva expressa
(A) uma comunidade de aprendizagem e estabelece uma rela-
______________________________________________________
ção dialética com o conhecimento novo.
(B) uma comunidade de aprendizagem e produz conhecimento
sobre educação. ______________________________________________________
(C) um laboratório social em que os alunos recebem o mesmo
treinamento que os professores. ______________________________________________________
(D) a necessidade de revisão radical da formação de professo-
res, testando-os no desempenho de habilidades didáticas. ______________________________________________________
(E) uma cooperativa de educadores que estabelece uma rela-
ção dialética com o conhecimento novo. ______________________________________________________

3. (IFB/2017 - IFB) Um dos clássicos escritos por Paulo Frei- ______________________________________________________


re traz como título “Pedagogia da Autonomia: saberes necessá-
rios à prática educativa”. Nessa obra é abordada a questão da
______________________________________________________
formação docente aliada à reflexão sobre a prática educativa-
-progressista para o desenvolvimento da autonomia do ser dos
educandos. Com base nos escritos, leia atentamente as afirma- ______________________________________________________
tivas a seguir:
I) ensinar exige criticidade: a curiosidade ingênua não é a ______________________________________________________
mesma curiosidade que, aproximando-se de forma cada vez
mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, torna-se ______________________________________________________
curiosidade epistemológica;
II) ensinar exige bom senso: a vigilância do bom senso tem ______________________________________________________
grande importância na avaliação que o professor, a todo mo-
mento, deve fazer de sua prática; ______________________________________________________
III) ensinar exige curiosidade: sem a curiosidade o professor
não aprende e nem ensina; ______________________________________________________
IV) ensinar exige liberdade e autoridade: quanto mais criti-
camente a liberdade assume o limite necessário, tanto menos ______________________________________________________
autoridade ela tem para continuar lutando em seu nome.
V) ensinar exige disponibilidade para o diálogo: o professor ______________________________________________________
se sente seguro porque não há razão para se envergonhar por
desconhecer algo.
______________________________________________________
Com base nas afirmativas anteriores, marque a opção em
______________________________________________________
que todas as alternativas estejam CORRETAS:
(A) I, II e IV apenas.
(B) I, III, IV apenas. ______________________________________________________
(C) II, III e V apenas.
(D) II, III, IV e V apenas. ______________________________________________________
(E) I, IV e V apenas.
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GABARITO _____________________________________________________

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1 C
2 B ______________________________________________________
3 C
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CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

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