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CÓD: SL-023MR-22

7908433218494

CBM-PA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ

Curso de Formação de Praças


EDITAL Nº 01-CBMPA/SEPLAD, DE 02 DE MARÇO DE 2022
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos dissertativos. Conhecimentos linguísticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Norma culta: Ortografia / acentuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Emprego do sinal indicativo da crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Classes de palavras: definições, classificações, formas, flexões, empregos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Formação de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Estrutura da oração e do período: aspectos sintáticos e semânticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Concordância verbal. Concordância nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
8. Regência verbal. Regência nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
9. A variação linguística: as diversas modalidades do uso da língua adequada às várias situações de comunicação. . . . . . . . . . . . . . . 31

Matemática
1. Sistemas de unidades de medidas. Comprimento, área, volume, massa, tempo, ângulo e arco. Transformação de unidades de medi-
da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sequências numéricas. Progressão aritmética. Progressão geométrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Geometria plana e geometria espacial. Reta. Semirreta. Segmentos. Ângulos. Polígonos. Circunferência. Círculo. Lugares geométricos.
Congruências de figuras. Estudo do triângulo. Teorema de Thales. Teorema de Pitágoras. Áreas de figuras planas. Posições relativas de
retas e planos no espaço. Volumes e áreas de sólidos: prismas, pirâmides e poliedros regulares. Sólidos de revolução: áreas e volumes
de cilindro, cone e esfera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Noções de estatística. População e amostra. Variáveis contínuas e discretas. Distribuição de frequências Medidas de tendência central:
média, mediana e moda. Variância e desvio padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Funções: Definição, Domínio, Contradomínio, . Imagem. Gráficos. . Funções Polinomiais de 1º e 2º Graus: . Definição, Domínio,. Ima-
gem, Gráficos. Funções Elementares: Função Modular. Funções Definidas por várias Sentenças, Função Exponencial Função Logarítmi-
ca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Raciocínio Lógico
1. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, interferência, deduções e conclusões. Lógica sentencial (proposicional): prop-
osições simples e compostas; tabelas verdade; equivalências; leis de Morgan; diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Princípios
de contagem e probabilidades.Raciocínio lógico envolvendo problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

Química
1. Estrutura do átomo Massa e carga elétrica das partículas fundamentais - Modelos atômicos de Rutherford, Bohr e modelo atômico
segundo a Teoria Quântica elemento químico número atômico e número de massa isótopos - Princípio da exclusão de Pauling - con-
figuração eletrônica - Regra de Hund. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Classificação periódica dos elementos químicos:Tabela periódica atual e sua estrutura - Lei de Moseley período, grupo e subgrupo
elemento representativo, de transição e gás nobre, propriedade periódica (raios atômico e iônico, energia de ionização e eletronega-
tividade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Ligação quimica: . Teoria Eletrônica de valência ligação iônica - ligação covalente tipos de fórmula polaridade das ligações e das
moléculas - número de oxidação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Função inorgânica Conceito classificação notação nomenclatura, conceitos de Arrhenius, Bronsted e Lowry e de lewis para ácidos e
bases. Reação química: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Reação química equação química - tipos de reação química balanceamento de equação química. Cálculo químico. . . . . . . . . . . . 26
6. Funções orgânicas mais comuns: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos e aminas, conceitos, nomenclatura
e propriedades químicas mais importantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
ÍNDICE
Física
1. Mecânica. Movimento em duas e três dimensões: conceitos, deslocamento, velocidade e aceleração (escalar e vetorial), queda livre,
composição de movimentos, lançamento oblíquo e lançamento horizontal. Movimentos circulares (uniforme e variado). Princípios
fundamentais da dinâmica (leis de newton) inércia e sua relação com sistemas de referência. Força peso, força de atrito, força centrí-
peta, força elástica. Colisões: impulso e quantidade de movimento, impulso de uma força, quantidade de movimento, teorema do im-
pulso, teorema da conservação da quantidade de movimento, choques elástico e inelástico. Energia. Trabalho: trabalho da força-peso
e trabalho da força elástica, trabalho de uma força, potência e rendimento. Energia cinética: trabalho e variação de energia cinética.
Sistemas conservativos: energia potencial gravitacional, energia mecânica, conservação de energia mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Hidrostática: fundamentos, massa, peso, densidade, pressão, teorema fundamental da hidrostática, vasos comunicantes, teorema de
pascal, prensa hidráulica, teorema de arquimedes, corpos imersos e flutuantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Termometria: escalas termométricas em geral e variação de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4. Calorimetria: conceito de calor, capacidade térmica, equação fundamental da calorimetria, calorímetro, princípio geral das trocas de
calor, fluxo de calor, lei de fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5. Dilatação térmica: dilatação térmica de sólidos e líquidos, comportamento térmico da água. Termodinâmica: introdução, teoria cinéti-
ca dos gases, lei de joule, trabalho nas transformações gasosas, 1ª e 2ª lei da termodinâmica, máquinas térmicas e rendimento, ciclo
de carnot, conservação da energia e entropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
6. Eletrostática, cargas e campos eletrostáticos. Quantização e conservação da carga elétrica. Campo e potencial elétrico. Eletrodinâmi-
ca, corrente elétrica. Propriedades elétricas dos materiais: condutividade e resistividade; condutores e isolantes. Lei de ohm (mate-
riais ôhmicos e não ôhmicos). Circuitos simples e de malhas múltiplas. Lei de kirchhoff. Magnetostática. Força magnética, força de
lorentz. Força magnética em fios. Torque em espiras. Movimento de cargas no cíclotron. Lei de biotsavart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Biologia
1. Organização celular da vida, a célula como unidade estrutural e funcional dos seres vivos. . Características celulares dos reinos Monera,
Protista, Fungi, Vegetal, Animal e organização viral. Células vegetais e animais. Composição química da célula. . Biomembranas; estru-
tura, permeabilidade e transporte celular. Componentes estruturais da célula com ênfase nas suas funções. . Processos energéticos
celulares: respiração, fotossíntese e fermentação. Estrutura e formação do RNA e do DNA, autoduplicação, transcrição, código genéti-
co, síntese de proteínas, tradução e mutação. Ciclo celular: interfase, divisão mitótica e meiótica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Anatomia e Fisiologia Humana: Sistema Circulatório, Sistema Respiratório, . Sistema Digestório, Sistema Esquelético, Sistema Neu-
rológico, Sistema Hematopoiético, Sistema Tegumentar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Doenças endêmicas no Brasil e agentes Etiológicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Legislação Específica
1. Lei nº 5.251/1985 E suas alterações lei nº 6.049 De 11 de junho de 1997. Lei nº 6.230, De 12 de julho de 1999. Lei nº 6.626, De 03 de
fevereiro de 2004. Lei nº 6.721, De 26 de janeiro de 2005. Lei n° 8.388, De 22 de setembro de 2016. Lei n° 8.407, De 25 de
2. Outubro de 2016 . Lei n° 8.974, De 13 de janeiro de 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Lei nº 9.387 De 16 dez 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Lei complementar 142 de 16 de dezembro 2021 (institui o sistema de proteção social dos militares do estado do pará) . . . . . . . . 22
5. Lei 9.207 De 13 de janeiro de 2021 (dispõem sobre o estatuto dos militares do estado do pará e dá outras providências) . . . . . . 38
6. Lei 9.217 De 13 de janeiro de 2021 (dispõe da política estadual de proteção e defesa civil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Lei estadual nº 9.161/2021 (Institui o código de ética e disciplina do corpo de bombeiros militar do pará.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
8. Lei estadual nº 9.234 De 24 de março de 2021 (institui o código estadual de segurança contra incêndio e emergência) . . . . . . . . . 64
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos dissertativos. Conhecimentos linguísticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Norma culta: Ortografia / acentuação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Emprego do sinal indicativo da crase. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Classes de palavras: definições, classificações, formas, flexões, empregos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5. Formação de palavras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
6. Estrutura da oração e do período: aspectos sintáticos e semânticos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Concordância verbal. Concordância nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
8. Regência verbal. Regência nominal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
9. A variação linguística: as diversas modalidades do uso da língua adequada às várias situações de comunicação. . . . . . . . . . . . . . . 31
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as pa-
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DISSERTA- lavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem verbal
TIVOS. CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS com a não-verbal.

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto
ou que faça com que você realize inferências.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Além de saber desses conceitos, é importante sabermos iden-
Percebeu a diferença? tificar quando um texto é baseado em outro. O nome que damos a
este processo é intertextualidade.
Tipos de Linguagem
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que Interpretação de Texto
facilite a interpretação de textos. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar a
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao su-
pode ser escrita ou oral. bentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
de um texto.
A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos pré-
vios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao cresci-
mento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma aprecia-
ção pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido, afetan-
do de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analíti-
ca e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade, esta-
do, país e mundo;
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, - Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. (e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações orto-
gráficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais po-
lêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada pa-
rágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Sublinhe as ideias mais importantes. Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
principal e das ideias secundárias do texto. reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?
– Separe fatos de opiniões.
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e mu-
tável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
enunciados das questões. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
– Reescreva o conteúdo lido. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, tó- comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
picos ou esquemas. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar pa- outro e a parceria deu certo.
lavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu vocabu-
lário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas são uma Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
distração, mas também um aprendizado. sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a compre- to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
ensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula nossa falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora nos- do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
so foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além de ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias se- As informações que se relacionam com o tema chamamos de
letas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
do texto. de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a iden- fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
tificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explica- Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
ções, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na capaz de identificar o tema do texto!
prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um signi- Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-
ficado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso o can- -secundarias/
didato só precisa entendê-la – e não a complementar com algum
valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e nunca IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
significativo, que é o texto. novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um Exemplo:
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atra-
ído pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes. ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Ironia de situação de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da principal. Compreender relações semânticas é uma competência
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
morte. fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

Ironia dramática (ou satírica) Busca de sentidos


A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- apreensão do conteúdo exposto.
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- citadas ou apresentando novos conceitos.
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
da narrativa. espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao Importância da interpretação
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Humor específicos, aprimora a escrita.
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. fatores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- suficiente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o
rer algo fora do esperado numa situação. texto, pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreen-
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- dentes que não foram observados previamente. Para auxiliar na
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; busca de sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente frasais presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na
acessadas como forma de gerar o riso. apreensão do conteúdo exposto.

3
LÍNGUA PORTUGUESA
Lembre-se de que os parágrafos não estão organizados, pelo Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali-
menos em um bom texto, de maneira aleatória, se estão no lugar za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as
que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando
relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já os professores a identificar o nível de alfabetização delas.
citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. berdade para quem recebe a informação.
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas.
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, Fato
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
Diferença entre compreensão e interpretação uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- Exemplo de fato:
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O A mãe foi viajar.
leitor tira conclusões subjetivas do texto.
Interpretação
Gêneros Discursivos É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou sas, previmos suas consequências.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
dárias. ças sejam detectáveis.

Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente Exemplos de interpretação:
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única tro país.
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
encaminham-se diretamente para um desfecho. do que com a filha.

Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferencia- Opinião


do por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
história principal, mas também tem várias histórias secundárias. O juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
tempo na novela é baseada no calendário. O tempo e local são de- que fazemos do fato.
finidos pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
ritmo mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
curto. do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não anteriores:
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
como horas ou mesmo minutos. tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- do que com a filha. Ela foi egoísta.
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento,
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
imagens. Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto mos expressando nosso julgamento.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con- É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
vencer o leitor a concordar com ele. principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
analisamos um texto dissertativo.
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações. Exemplo:
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
de destaque sobre algum assunto de interesse. com o sofrimento da filha.

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LÍNGUA PORTUGUESA
ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS NÍVEIS DE LINGUAGEM
Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do Definição de linguagem
texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto. ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
e o do leitor. da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
Parágrafo cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
sentada na introdução. e caem em desuso.
Língua escrita e língua falada
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria Linguagem popular e linguagem culta
prova. Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. o diálogo é usado para representar a língua falada.

Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado Linguagem Popular ou Coloquial
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
Outro aspecto que merece especial atenção são os conecto- que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do perí- expressão dos esta dos emocionais etc.
odo, e o tópico que o antecede.
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto A Linguagem Culta ou Padrão
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
para a clareza do texto. se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
sem coerência. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es-
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento Gíria
mais direto. A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam TIPO TEXTUAL INJUNTIVO
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe,
comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o
novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário comportamentos, nas leis jurídicas.
de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”, Características principais:
“mina”, “tipo assim”. • Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver-
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro
Linguagem vulgar do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas).
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco • Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
comida”. Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito-
Linguagem regional ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa- na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi-
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala- nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico, que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino. suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su-
Tipos e genêros textuais perior para formação de oficiais.
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem Tipo textual expositivo
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou pode ser expositiva ou argumentativa.
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
exemplos e as principais características de cada um deles. sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
Tipo textual descritivo
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo Características principais:
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
um movimento etc. mar.
Características principais: • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função de ponto de vista.
caracterizadora. • Apresenta linguagem clara e imparcial.
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu-
meração. Exemplo:
• A noção temporal é normalmente estática. O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
ção. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. terminado tema.
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
Exemplo: sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada Tipo textual dissertativo-argumentativo
Ninguém podia entrar nela, não Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Porque na casa não tinha chão sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia dormir na rede apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha parede clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia fazer pipi tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque penico não tinha ali (leitor ou ouvinte).
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero
(Vinícius de Moraes)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Características principais: GÊNEROS TEXTUAIS
• Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes
e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté- de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro-
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo, dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem
enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su- funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são pas-
gestão/solução). síveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preservan-
• Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações do características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela que
informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos textu-
nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e ais que neles predominam.
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
• Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali- Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados. Descritivo Diário
• Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o de- Relatos (viagens, históricos, etc.)
senvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se rodeios. Biografia e autobiografia
Notícia
Exemplo: Currículo
A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol- Lista de compras
vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente Cardápio
administração política (tese), porque a força governamental certa- Anúncios de classificados
mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência Injuntivo Receita culinária
de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró- Bula de remédio
poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os Manual de instruções
traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo Regulamento
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula- Textos prescritivos
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Expositivo Seminários
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Palestras
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Conferências
cobrança efetiva (conclusão). Entrevistas
Trabalhos acadêmicos
Tipo textual narrativo Enciclopédia
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta Verbetes de dicionários
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu- Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Carta de opinião
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Resenha
Artigo
Características principais: Ensaio
• O tempo verbal predominante é o passado. Monografia, dissertação de
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- mestrado e tese de doutorado
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
Narrativo Romance
onisciente).
Novela
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em
Crônica
prosa, não em verso.
Contos de Fada
Fábula
Exemplo:
Lendas
Solidão
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- nitos e mudam de acordo com a demanda social.
rem, um tirou do outro a essência da felicidade.
Nelson S. Oliveira INTERTEXTUALIDADE
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossurre- A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou
ais/4835684 seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
ambos: forma e conteúdo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des-
forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar.
textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri- Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre-
dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos, cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
provérbios, charges, dentre outros. mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no
Tipos de Intertextualidade domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen- que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos-
te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
(parodès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (se- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
melhante) e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
a outro”. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorís- enunciador está propondo.
ticos. Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados
significa a “repetição de uma sentença”. admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí- crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea-
ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha mento de premissas e conclusões.
alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter- Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) A é igual a B.
e “graphé” (escrita). A é igual a C.
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção Então: C é igual a A.
textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re- que C é igual a A.
lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo Outro exemplo:
“citação” (citare) significa convocar. Todo ruminante é um mamífero.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros A vaca é um ruminante.
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Logo, a vaca é um mamífero.
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
• Outras formas de intertextualidade menos discutidas são Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
zado numa dada cultura.

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LÍNGUA PORTUGUESA
ARGUMENTAÇÃO Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
também será verdadeira.
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
propõe. banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de outro fundado há dois ou três anos.
vista defendidos. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse der bem como eles funcionam.
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
sos de linguagem. expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
escolher entre duas ou mais coisas”. associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- zado numa dada cultura.
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Tipos de Argumento
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- mento. Exemplo:
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de Argumento de Autoridade
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
enunciador está propondo. pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- dadeira. Exemplo:
mento de premissas e conclusões. “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
A é igual a B. Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
A é igual a C. ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
Então: C é igual a B. cimento. Nunca o inverso.
Alex José Periscinoto.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
que C é igual a A.
Outro exemplo: A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Todo ruminante é um mamífero. tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
A vaca é um ruminante. o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
Logo, a vaca é um mamífero. um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
acreditar que é verdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de Quantidade Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
largo uso do argumento de quantidade. dizer dá confiabilidade ao que se diz.
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
Argumento do Consenso de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não por bem determinar o internamento do governador pelo período
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu- tal por três dias.
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
carentes de qualquer base científica. Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
Argumento de Existência ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas texto tem sempre uma orientação argumentativa.
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
do que dois voando”. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa outras, etc. Veja:
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela vam abraços afetuosos.”
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na-
vios, etc., ganhava credibilidade.
Argumento quase lógico e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa esse fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são até, que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con- injustiça, corrupção).
correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações o argumento.
indevidas. - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
Argumento do Atributo atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi- exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
que é mais grosseiro, etc. outros à sua dependência política e econômica”.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
de.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
o assunto, etc). não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men- sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto, todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
dades não se prometem, manifestam-se na ação. verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu da verdade:
comportamento. - evidência;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- - divisão ou análise;
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- - ordem ou dedução;
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - enumeração.
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
mica e até o choro. encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse caracteriza a universalidade.
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu- verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. o efeito. Exemplo:
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- Fulano é homem (premissa menor = particular)
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
ver as seguintes habilidades: se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
mente contrária; dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o ferro (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- O calor dilata o bronze (particular)
ria contra a argumentação proposta; O calor dilata o cobre (particular)
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos- O ferro, o bronze, o cobre são metais
ta. Logo, o calor dilata metais (geral, universal)

11
LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção relacionadas:
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
sofisma no seguinte diálogo: A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
- Lógico, concordo. de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? lha dos elementos que farão parte do texto.
- Claro que não! Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
Exemplos de sofismas: tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Dedução um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
Todo professor tem um diploma (geral, universal) A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
Fulano tem um diploma (particular) lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Indução análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
cular) nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
– conclusão falsa) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro- integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base- sabiá, torradeira.
ados nos sentimentos não ditados pela razão. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
pesquisa. importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, (Garcia, 1973, p. 302304.)
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
o relógio estaria reconstruído. adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
de vista sobre ele.

12
LÍNGUA PORTUGUESA
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mentação coerente e adequada.
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
- o termo a ser definido; rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
- o gênero ou espécie; reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
- a diferença específica. sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
ma espécie. Exemplo: elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
Elemento especiediferença de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes-
a ser definidoespecífica se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa-
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par- apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de
tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por-
advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan- virtude de, em vista de, por motivo de.
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli-
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta-
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como:
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista,
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
ou instalação”; segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; assim, desse ponto de vista.
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
dida;d interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
diferenças). ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que que, melhor que, pior que.
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
vra e seus significados. o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:

13
LÍNGUA PORTUGUESA
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- tecnológica
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer ta, justificar, criando um argumento básico;
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
caráter confirmatório que comprobatório. (rever tipos de argumentação);
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
caso, incluem-se ência);
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
mortal, aspira à imortalidade); argumento básico;
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
dos e axiomas); poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão mento básico;
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se-
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
parece absurdo). partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
menos a seguinte:
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con- Introdução
cretos, estatísticos ou documentais. - função social da ciência e da tecnologia;
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
- definições de ciência e tecnologia;
realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
Desenvolvimento
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol-
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex- vimento tecnológico;
presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade condições de vida no mundo atual;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica-
-argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar- mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub-
gumentação: desenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran- - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu- - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”; sado; apontar semelhanças e diferenças;
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- ências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen- Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
que gera o controle demográfico”.
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- é inserida.
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
elaboração de um Plano de Redação. não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
textos caracterizada por um citar o outro. sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um termo “citação” (citare) significa convocar.
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema Pastiche é uma recorrência a um gênero.
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
mencionar um provérbio conhecido. A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com a recriação de um texto.
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi- mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
zá-lo ou ao compará-lo com outros. produtor e ao receptor de textos.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- daquela citação ou alusão em questão.
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido. A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
Tipos de Intertextualidade ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer A intertextualidade explícita:
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. – é facilmente identificada pelos leitores;
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali- – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
dade. – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – não exige que haja dedução por parte do leitor;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá- – apenas apela à compreensão do conteúdos.
logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores;
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
outras palavras o que já foi dito. te dos leitores;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex- – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto a compreensão do conteúdo.
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada PONTO DE VISTA
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces- sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com-
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente- da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con-
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
demagogia praticada pela classe dominante. servador e o narrador-personagem.
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con- Primeira pessoa
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re- Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra- de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé” o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
cultura é o melhor conforto para a velhice”. vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
só descobrimos ao decorrer da história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Segunda pessoa - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá- componentes do texto;
logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
quase como outro personagem que participa da história.

Terceira pessoa Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece


Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser- entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida-
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al- de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis-
guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse. tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi- é inserida.
tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
leitura não fique confuso. a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
Coerência escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto. textos caracterizada por um citar o outro.
Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se- A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um
mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se
linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a
outra”). fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di-
estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen- ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
elementos formativos de um texto. mencionar um provérbio conhecido.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
elementos textuais. tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
zá-lo ou ao compará-lo com outros.
de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
imediato a coerência de um discurso.
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
A coerência:
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei- alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
tual;
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com Tipos de Intertextualidade
o aspecto global do texto; A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
Coesão Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali-
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto, dade.
numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá-
fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário, logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
tem-se a coesão lexical. mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo- é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
nentes do texto. firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical, outras palavras o que já foi dito.
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
A coesão:
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;

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LÍNGUA PORTUGUESA
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex- – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto te dos leitores;
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada a compreensão do conteúdo.
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca NORMA CULTA: ORTOGRAFIA / ACENTUAÇÃO
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica ORTOGRAFIA OFICIAL
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
demagogia praticada pela classe dominante. troduzidas as letras k, w e y.
O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos PQRSTUVWXYZ
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con- • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re- letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra- gui, que, qui.
fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
(escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio Regras de acentuação
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
cultura é o melhor conforto para a velhice”. palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
sílaba)
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
Como era Como fica
pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação alcatéia alcateia
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o apóia apoia
termo “citação” (citare) significa convocar.
apóio apoio
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

Pastiche é uma recorrência a um gênero. – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
a recriação de um texto. Como era Como fica

Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci- baiúca baiuca


mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao bocaiúva bocaiuva
produtor e ao receptor de textos.
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am- Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
daquela citação ou alusão em questão. – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
e ôo(s).
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, Como era Como fica
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. abençôo abençoo
crêem creem
A intertextualidade explícita:
– é facilmente identificada pelos leitores;
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
– estabelece uma relação direta com o texto fonte;
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
– apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
Atenção:
– apenas apela à compreensão do conteúdos.
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por.
A intertextualidade implícita:
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
– não é facilmente identificada pelos leitores;
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
palavras forma/fôrma.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Uso de hífen – Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
Regra básica: (sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
mem. As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
Outros casos íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)
1. Prefixo terminado em vogal: • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
semicírculo. • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
mo, antissocial, ultrassom. dói, coronéis...)
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
das. (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)

2. Prefixo terminado em consoante: Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- nar e fixar as regras.
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- DIVISÃO SILÁBICA
persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. A cada um dos grupos pronunciados de uma determinada pa-
lavra numa só emissão de voz, dá-se o nome de sílaba. Na Língua
Observações: Portuguesa, o núcleo da sílaba é sempre uma vogal, não existe síla-
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra ba sem vogal e nunca mais que uma vogal em cada sílaba.
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem Para sabermos o número de sílabas de uma palavra, devemos
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. perceber quantas vogais tem essa palavra. Mas preste atenção, pois
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala- as letras i e u (mais raramente com as letras e e o) podem represen-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. tar semivogais.
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento,
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- Classificação por número de sílabas
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- Monossílabas: palavras que possuem uma sílaba.
mirante. Exemplos: ré, pó, mês, faz
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas.
pontapé, paraquedas, paraquedista. Exemplos: ca/sa, la/ço.
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, Trissílabas: palavras que possuem três sílabas.
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. Exemplos: i/da/de, pa/le/ta.

Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas.
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso Exemplos: mo/da/li/da/de, ad/mi/rá/vel.
vamos passar para mais um ponto importante. Divisão Silábica

Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons - Letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e “xc”
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para devem permanecer em sílabas diferentes. Exemplos:
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. des – cer
Vejamos um por um: pás – sa – ro...

Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre - Dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única
aberto. sílaba. Exemplos:
Já cursei a Faculdade de História. chu – va
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre quei – jo
fechado.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. - Hiatos não devem permanecer na mesma sílaba. Exemplos:
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este ca – de – a – do
caso afundo mais à frente). ju – í – z
Sou leal à mulher da minha vida.
- Ditongos e tritongos devem pertencer a uma única sílaba.
As palavras podem ser: Exemplos:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- en – xa – guei
-já, ra-paz, u-ru-bu...) cai – xa
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...)

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas não Por quê?
permanecem juntos, exceto aqueles em que a segunda consoante Usamos em perguntas no fim das frases. Escreve-se separado e
é “l” ou “r”. Exemplos: com acento circunflexo, e é usado no final das interrogativas diretas
ab – dô – men ou de forma isolada. Antes de um ponto mantém o sentido interro-
flau – ta (permaneceram juntos, pois a segunda letra é repre- gativo ou exclamativo.
sentada pelo “l”) Exemplos: O portão não foi aberto por quê
pra – to (o mesmo ocorre com esse exemplo) Não vai comer mais? Por quê?
- Alguns grupos consonantais iniciam palavras, e não podem
ser separados. Exemplos: Porquê?
peu – mo – ni – a Usamos como substantivo, grafado junto e com acento circun-
psi – có – lo – ga flexo. Seu significado é “motivo” ou “razão”, e aparece nas senten-
ças precedido de artigo, pronome, adjetivo ou numeral com objeti-
Acento Tônico vo de explicar o motivo dentro da frase.
Quando se pronuncia uma palavra de duas sílabas ou mais, há Exemplo: Não disseram o porquê de tanta tristeza.
sempre uma sílaba com sonoridade mais forte que as demais.
valor - a sílaba lor é a mais forte. Mau e Bom
maleiro - a sílaba lei é a mais forte. Os Antônimos em questão são adjetivos, ou seja, eles dão ca-
racterística a um substantivo, locução ou qualquer palavra substan-
Classificação por intensidade tivada. Seu significado está ligado à qualidade ou comportamentos,
-Tônica: sílaba com mais intensidade. podendo ser tanto sinônimos de “ruim/ótimo” e “maldoso/bondo-
- Átona: sílaba com menos intensidade. so”. As palavras podem se flexionar por gênero e nûmero, se tor-
- Subtônica: sílaba de intensidade intermediária. nando “má/boa”, “maus/bons” e “más/boas”. Veja alguns exemplos
e entenda melhor o seu uso.
Classificação das palavras pela posição da sílaba tônica Ele é um mau aluno
As palavras com duas ou mais sílabas são classificadas de acor- Anderson é um bom lutador
do com a posição da sílaba tônica. Essa piada foi de mau gosto
Não sei se você está tendo boas influências
- Oxítonos: a sílaba tônica é a última. Exemplos: paletó, Paraná,
jacaré. Mal e Bem
- Paroxítonos: a sílaba tônica é a penúltima. Exemplos: fácil, ba- Essas palavras normalmente são usadas como advérbios, ou
nana, felizmente. seja, elas caracterizam o processo verbal. São advérbios de modo
- Proparoxítonos: a sílaba tônica é a antepenúltima. Exemplos: e podem ser sinônimos de “incorretamente/corretamente”, “erra-
mínimo, fábula, término. damente/certamente” e “negativamente/positivamente”. Mal tam-
bém pode exercer função de conjunção, ligando dois elementos ou
USOS DE “PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ”, “POR QUÊ” orações com o significado de “assim que”. Outro uso comum para
estas palavras é o de substantivo, podendo significar uma situação
USOS DE “PORQUE”, “POR QUE”, “PORQUÊ”, “POR QUÊ” negativa ou positiva. Veja os exemplos seguidos das funções das
O emprego correto das diferentes formas do “porque” sempre palavras em cada um deles para uma compreensão melhor.
gera dúvida. Resumidamente, esses são seus usos corretos: Maria se comportou mal hoje. – Adverbio
Eles representaram bem a sala. – Adverbio
Perguntas = por que Mal começou e já terminou. – Conjunção
Respostas = porque Eles são o mal da sociedade. – Substantivo
Perguntas no fim das frases = por quê Vocês não sabem o bem que fizeram. – Substantivo.
Substantivo = (o) porquê
MAIS OU MAS
Vejamos uma explicação melhor de cada um:
Usadas para adição ou adversidade
Por que? As palavras mais ou mas têm sons iguais, mas são escritas de
Usamos em perguntas. “Por que” separado e sem acento é usa- formas diferentes e cada uma faz parte de uma classificação da
do no começo das frases interrogativas diretas ou indiretas, e pode morfologia. Seus significados no contexto também vão mudar de-
ser substituído por: “pela qual” ou suas variações. pendendo da palavra usada.
Trata-se de um advérbio interrogativo formado da união da No dia a dia, no discurso informal, é comum ouvir as pessoas
preposição “por” e o pronome relativo “pelo qual”. falando “mais” quando, na verdade, querem se referir à expressão
Exemplos: Por que está tão quieta? “mas” para dar sentido de oposição à frase. Por isso, é importante
Não sei por que tamanho mau humor. falar certo para escrever adequadamente.
Há formas fáceis e rápidas para entender a diferença de quan-
Porque? do usar mais ou mas por meio de substituições de palavras. Elas
Usamos em respostas. Escrito junto e sem acento, trata-se de serão explicadas ao longo do texto. Continue lendo este artigo para
conjunção subordinativa causal ou coordenativa explicativa, e pode nunca mais ter dúvidas sobre o uso destas expressões e ter sucesso
ser substituído por palavras, como “pois”, ou as expressões “para na sua prova.
que” e “uma vez que”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando usar Mais Exemplos:
A palavra “mais” tem sentido de adição, soma, comparação ou 1) Como ideia de defeito: Messias é um bom garoto, mas anda
quantidade. É antônima de “menos”. Na dúvida entre mais ou mas, com más influências.
utilize a opção com “i” quando o interlocutor quiser passar a ideia A frase expressa defeito porque embora Messias seja um bom
de numeral. garoto, anda com más influências.
2) Como ênfase: Carlos é ingênuo, mas tão ingênuo, que todo
Exemplos: mundo tira vantagem disso.
- Mais café, por favor! / + café, por favor!
- Seis mais seis é igual a doze. / Seis + seis é igual a doze. A frase passa a ter intensidade quando utilizou-se o termo em
- Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto + conhecimen- negrito.
to, melhor.
- Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota + Observação: a palavra mas não deve ser confundida com más
alta da turma. porque esta palavra quando é acentuada passa a ter equivalência
- Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de + de plural do adjetivo “má”, que é o oposto de “boa”. Exemplo: “As
frutas no café da manhã. más companhias não renderão um futuro promissor”.

A forma mais comum de usar “mais” é como advérbio de in- Mais ou mas em composições
tensidade, mas existem outras opções. Esta palavra pode receber A seguir, observa-se como as expressões foram usadas na músi-
classificações variadas a depender do contexto da oração. E assumir ca “Mais uma vez”, interpretada por Renato Russo.
a forma de um substantivo, pronome indefinido, advérbio de inten- Mas é claro que o sol
sidade, preposição ou conjunção. Vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Como identificar (...)
Para saber quando deverá ser usado “mais” ao invés de “mas”, Tem gente que está do mesmo lado que você
troque pelo antônimo “menos”. Mas deveria estar do lado de lá
Assim: Tem gente que machuca os outros
- Mais café, por favor! / Menos café, por favor! Tem gente que não sabe amar
- Seis mais seis é igual a doze. / Seis menos seis é igual a zero. Tem gente enganando a gente
- Quanto mais conhecimento, melhor. / Quanto menos conhe- Veja nossa vida como está
cimento, pior. Mas eu sei que um dia
- Iolanda é a garota mais alta da turma. / Iolanda é a garota A gente aprende
menos alta da turma. Se você quiser alguém em quem confiar
- Gostaria de mais frutas no café da manhã. / Gostaria de me- Confie em si mesmo
nos frutas no café da manhã. (...)

Quando usar Mas Compositores: Flavio Venturini / Renato Russo


A palavra “mas”, por ser uma conjunção adversativa, é usada Na primeira estrofe, observa-se os termos destacados em ne-
para transmitir ideia de oposição ou adversidade. Ela pode ser subs- grito como exemplos de adversidade ou ressalva e adição respecti-
tituída pelas conjunções porém, todavia, contudo, entretanto, no vamente. Já na segunda, tem-se duas ideias de adversidade.
entanto e não obstante.
Agora, tem-se o exemplo de como Marisa Monte usou “mais
Como identificar ou mas” na canção “Mais uma vez”, interpretada por ela.
Para saber quando deve-se usar “mas”, pode-se substituir a pa- Mais uma vez eu vou te deixar
lavra por outra conjunção. Mas eu volto logo pra te ver
Exemplos: Vou com saudades no meu coração
- Sairei mais tarde de casa, mas (porém) não chegarei atrasado Mando notícias de algum lugar.
no trabalho. (..)
- É uma ótima sugestão, mas (no entanto) precisa passar pela Compositores: Marisa De Azevedo Monte
gerência.
- Prefiro estudar Português a Matemática, mas (contudo) hoje ACENTUAÇÃO GRÁFICA
tive que estudar Trigonometria.
- Não peguei engarrafamento, mas (entretanto) chegarei atra- Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons
sado na escola. com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Dica esperta para identificar o “mas” na oração: como você Vejamos um por um:
pode ver nos exemplos, a palavra “mas” vem sucedendo uma vírgu-
la. Esta observação se aplica em muitos casos que geram a dúvida Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
de quando usar “mais ou mas” no texto. aberto.
Já cursei a Faculdade de História.
Além da dica acima, na hora de identificar o uso de mais ou Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre
mas, atente-se para a possibilidade da palavra “mas” assumir ca- fechado.
racterística de substantivo, quando trouxer ideia de defeito, e ad- Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
vérbio, quando intensificar ou der ênfase à afirmação. Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
caso afundo mais à frente).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Sou leal à mulher da minha vida. – Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou
plural) usado em sentido generalizador:
As palavras podem ser: Depois do trauma, nunca mais foi a festas.
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho-
-já, ra-paz, u-ru-bu...) mem.
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...) – Antes de artigo indefinido “uma”
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…)
– Antes de pronomes
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico,
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, A quem vocês se reportaram no Plenário?
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), – Antes de verbos no infinitivo
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
dói, coronéis...)

• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais CLASSES DE PALAVRAS: DEFINIÇÕES, CLASSIFICAÇÕES,
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) FORMAS, FLEXÕES, EMPREGOS
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
nar e fixar as regras. CLASSES DE PALAVRAS

Substantivo
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DA CRASE São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata.
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome Classificação dos substantivos
demonstrativo.
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
• Devemos usar crase: sua estrutura. macaco/João/sabão
– Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã SUBSTANTIVOS Macacos-prego/
Mediante à situação. COMPOSTOS: são formados porta-voz/
O Governo visa à resolução do problema. por mais de um radical em sua pé-de-moleque
estrutura.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” SUBSTANTIVOS Casa/
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas PRIMITIVOS: são os que dão mundo/
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: origem a outras palavras, ou população
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. seja, ela é a primeira. /formiga
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti-
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. SUBSTANTIVOS Caseiro/mundano/
Mas... há crase, sim! DERIVADOS: são formados populacional/formigueiro
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- por outros radicais da língua.
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. SUBSTANTIVOS Rodrigo
PRÓPRIOS: designa /Brasil
– Expressões fixas determinado ser entre outros /Belo Horizonte/Estátua
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de da mesma espécie. São da Liberdade
crase: sempre iniciados por letra
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- maiúscula.
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
uma mesma espécie.
didas, à medida que, à proporção que.
• NUNCA devemos usar crase:
– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a
pé.

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LÍNGUA PORTUGUESA
SUBSTANTIVOS Leão/corrente Flexão do Adjetivos
CONCRETOS: nomeiam seres /estrelas/fadas • Gênero:
com existência própria. Esses /lobisomem – Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
seres podem ser animadoso /saci-pererê no: homem feliz, mulher feliz.
ou inanimados, reais ou – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
imaginários. para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
japonesa, aluno chorão/ aluna chorona.
SUBSTANTIVOS Mistério/
ABSTRATOS: nomeiam bondade/ • Número:
ações, estados, qualidades confiança/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
e sentimentos que não tem lembrança/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
existência própria, ou seja, só amor/ res, japonês/ japoneses.
existem em função de um ser. alegria – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
SUBSTANTIVOS Elenco (de atores)/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
COLETIVOS: referem-se a um acervo (de obras
conjunto de seres da mesma artísticas)/buquê (de flores) • Grau:
espécie, mesmo quando – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
empregado no singular e rioso (do) que o seu.
constituem um substantivo – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
comum. rioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS quanto o seu.
PALAVRAS QUE NÃO ESTÃO AQUI! – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
mo.
Flexão dos Substantivos – Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- moso.
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
uniformes mais famoso de todos.
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o nos famoso de todos.
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única Artigo
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- • Classificação e Flexão do Artigos
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira – Artigos Definidos: o, a, os, as.
macho/palmeira fêmea. O menino carregava o brinquedo em suas costas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto As meninas brincavam com as bonecas.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Um menino carregava um brinquedo.
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto Umas meninas brincavam com umas bonecas.
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
o/a estudante, o/a colega. Numeral
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1). É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou
– Singular: anzol, tórax, próton, casa. coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas. • Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau Trezentos e vinte moradores.
diminutivo. – Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra. Quinto ano. Primeiro lugar.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme. – Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha quantidade é multiplicada:
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Adjetivo Dois terços dos alunos foram embora.
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão Pronome
composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam,
por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad- indicando a pessoa do discurso.
jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal • Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em
vespertino). uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Retos Pronomes Oblíquos
Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela, Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

Pronomes Demonstrativos Singular Plural


Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pou-
co, pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

Advérbio
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro advérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circunstância.
As circunstâncias dos advérbios podem ser:
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, amanhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem, breve-
mente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez em quando,
em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em cima,
à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapidamente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente, efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo algum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, assaz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco, de
todo, etc.
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, porventura, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo complete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que ligam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é de-
terminante e o outro é determinado).

• Conjunções Coordenativas

Tipos Conjunções Coordenativas


Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
Adversativas contudo, entretanto, mas, não obstante, no entanto, porém, todavia...
Alternativas já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer…
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso, portan-
Conclusivas
to...
Explicativas pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...

• Conjunções Subordinativas

Tipos Conjunções Subordinativas


Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
Concessivas Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, etc.
Condicionais Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, etc.
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo, consoante,
Conformativas
etc.
Finais Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que, etc.
Proporcionais À medida que, ao passo que, à proporção que, etc.
Temporais Quando, antes que, depois que, até que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, menor, melhor,
Comparativas
etc.
Que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que, De maneira que,
Consecutivas
etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções, apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações das
pessoas.
• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a fun-
ção de cada classe de palavras, não terá dificuldades para entender o estudo da Sintaxe.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Afixos
FORMAÇÃO DE PALAVRAS Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois
do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Divi-
dem-se em:
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
As palavras são formadas por estruturas menores, com signifi- Exemplos
cados próprios. Para isso, há vários processos que contribuem para DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
a formação das palavras.
Sufixo
Estrutura das palavras Afixo que se coloca depois do radical.
As palavras podem ser subdivididas em estruturas significativas Exemplos
menores - os morfemas, também chamados de elementos mórfi- contentaMENTO, reallDADE, enaltECER.
cos: Processos de formação das palavras
– radical e raiz; Composição: Formação de uma palavra nova por meio da jun-
– vogal temática; ção de dois ou mais vocábulos primitivos. Temos:
– tema;
– desinências; Justaposição: Formação de palavra composta sem alteração na
– afixos; estrutura fonética das primitivas.
– vogais e consoantes de ligação. Exemplos
Radical: Elemento que contém a base de significação do vocá- passa + tempo = passatempo
bulo. gira + sol = girassol
Exemplos
VENDer, PARTir, ALUNo, MAR. Aglutinação: Formação de palavra composta com alteração da
estrutura fonética das primitivas.
Desinências: Elementos que indicam as flexões dos vocábulos. Exemplos
em + boa + hora = embora
Dividem-se em: vossa + merce = você

Nominais Derivação:
Indicam flexões de gênero e número nos substantivos. Formação de uma nova palavra a partir de uma primitiva. Te-
Exemplos mos:
pequenO, pequenA, alunO, aluna.
pequenoS, pequenaS, alunoS, alunas. Prefixação: Formação de palavra derivada com acréscimo de
um prefixo ao radical da primitiva.
Verbais Exemplos
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos CONter, INapto, DESleal.
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo) Sufixação: Formação de palavra nova com acréscimo de um su-
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número) fixo ao radical da primitiva.
Exemplos
Indica, nos verbos, a conjugação a que pertencem. cafezAL, meninINHa, loucaMENTE.
Exemplos
1ª conjugação: – A – cantAr Parassíntese: Formação de palavra derivada com acréscimo de
2ª conjugação: – E – fazEr um prefixo e um sufixo ao radical da primitiva ao mesmo tempo.
3ª conjugação: – I – sumIr Exemplos
EMtardECER, DESanimADO, ENgravidAR.
Observação
Nos substantivos ocorre vogal temática quando ela não indica Derivação imprópria: Alteração da função de uma palavra pri-
oposição masculino/feminino. mitiva.
Exemplos Exemplo
livrO, dentE, paletó. Todos ficaram encantados com seu andar: verbo usado com
valor de substantivo.
Tema: União do radical e a vogal temática.
Exemplos Derivação regressiva: Ocorre a alteração da estrutura fonética
CANTAr, CORREr, CONSUMIr. de uma palavra primitiva para a formação de uma derivada. Em ge-
ral de um verbo para substantivo ou vice-versa.
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se inter- Exemplos
põem aos vocábulos por necessidade de eufonia. combater – o combate
Exemplos chorar – o choro
chaLeira, cafeZal.
Prefixos
Os prefixos existentes em Língua Portuguesa são divididos em:
vernáculos, latinos e gregos.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vernáculos: Prefixos latinos que sofreram modificações ou fo- arqui, arque, arce, arc – superioridade: arcebispo, arcanjo.
ram aportuguesados: a, além, ante, aquém, bem, des, em, entre, caco – mau: cacofonia.
mal, menos, sem, sob, sobre, soto. cata – de cima para baixo: cataclismo, catalepsia.
Nota-se o emprego desses prefixos em palavras como: abor- deca – dez: decâmetro.
dar, além-mar, bem-aventurado, desleal, engarrafar, maldição, me- dia – através de, divisão: diáfano, diálogo.
nosprezar, sem-cerimônia, sopé, sobpor, sobre-humano, etc. dis – dualidade, mau: dissílabo, dispepsia.
en – sobre, dentro: encéfalo, energia.
Latinos: Prefixos que conservam até hoje a sua forma latina endo – para dentro: endocarpo.
original: epi – por cima: epiderme, epígrafe.
a, ab, abs – afastamento: aversão, abjurar. eu – bom: eufonia, eugênia, eupepsia.
a, ad – aproximação, direção: amontoar. hecto – cem: hectômetro.
ambi – dualidade: ambidestro. hemi – metade: hemistíquio, hemisfério.
bis, bin, bi – repetição, dualidade: bisneto, binário. hiper – superioridade: hipertensão, hipérbole.
centum – cem: centúnviro, centuplicar, centígrado. hipo – inferioridade: hipoglosso, hipótese, hipotermia.
circum, circun, circu – em volta de: circumpolar, circunstante. homo – semelhança, identidade: homônimo.
cis – aquem de: cisalpino, cisgangético. meta – união, mudança, além de: metacarpo, metáfase.
com, con, co – companhia, concomitância: combater, contem- míria – dez mil: miriâmetro.
porâneo. mono – um: monóculo, monoculista.
contra – oposição, posição inferior: contradizer. neo – novo, moderno: neologismo, neolatino.
de – movimento de cima para baixo, origem, afastamento: de- para – aproximação, oposição: paráfrase, paradoxo.
crescer, deportar. penta – cinco: pentágono.
des – negação, separação, ação contrária: desleal, desviar. peri – em volta de: perímetro.
dis, di – movimento para diversas partes, ideia contrária: dis- poli – muitos: polígono, polimorfo.
trair, dimanar. pro – antes de: prótese, prólogo, profeta.
entre – situação intermediaria, reciprocidade: entrelinha, en- Sufixos
trevista. Os sufixos podem ser: nominais, verbais e adverbial.
ex, es, e – movimento de dentro para fora, intensidade, priva-
ção, situação cessante: exportar, espalmar, ex-professor. Nominais
extra – fora de, além de, intensidade: extravasar, extraordiná- Coletivos: -aria, -ada, -edo, -al, -agem, -atro, -alha, -ama.
rio. Aumentativos e diminutivos: -ão, -rão, -zão, -arrão, -aço, -as-
im, in, i – movimento para dentro; ideia contraria: importar, tro, -az.
ingrato. Agentes: -dor, -nte, -ário, -eiro, -ista.
inter – no meio de: intervocálico, intercalado. Lugar: -ário, -douro, -eiro, -ório.
intra – movimento para dentro: intravenoso, intrometer. Estado: -eza, -idade, -ice, -ência, -ura, -ado, -ato.
justa – perto de: justapor. Pátrios: -ense, -ista, -ano, -eiro, -ino, -io, -eno, -enho, -aico.
multi – pluralidade: multiforme. Origem, procedência: -estre, -este, -esco.
ob, o – oposição: obstar, opor, obstáculo.
pene – quase: penúltimo, península. Verbais
per – movimento através de, acabamento de ação; ideia pejo- Comuns: -ar, -er, -ir.
rativa: percorrer. Frequentativos: -açar, -ejar, -escer, -tear, -itar.
post, pos – posteridade: postergar, pospor. Incoativos: -escer, -ejar, -itar.
pre – anterioridade: predizer, preclaro. Diminutivos: -inhar, -itar, -icar, -iscar.
preter – anterioridade, para além: preterir, preternatural.
pro – movimento para diante, a favor de, em vez de: prosseguir, Adverbial = há apenas um
procurador, pronome. MENTE: mecanicamente, felizmente etc.
re – movimento para trás, ação reflexiva, intensidade, repeti-
ção: regressar, revirar.
retro – movimento para trás: retroceder. ESTRUTURA DA ORAÇÃO E DO PERÍODO:
satis – bastante: satisdar. ASPECTOS SINTÁTICOS E SEMÂNTICOS
sub, sob, so, sus – inferioridade: subdelegado, sobraçar, sopé.
subter – por baixo: subterfúgio.
super, supra – posição superior, excesso: super-homem, super- Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos
povoado. estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
trans, tras, tra, tres – para além de, excesso: transpor. da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita
tris, três, tri – três vezes: trisavô, tresdobro. coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al-
ultra – para além de, intensidade: ultrapassar, ultrabelo. gumas questões importantes:
uni – um: unânime, unicelular.
• Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen-
Grego: Os principais prefixos de origem grega são: tido completo.
a, an – privação, negação: ápode, anarquia. Os jornais publicaram a notícia.
ana – inversão, parecença: anagrama, analogia. Silêncio!
anfi – duplicidade, de um e de outro lado: anfíbio, anfiteatro.
anti – oposição: antipatia, antagonista. • Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma
apo – afastamento: apólogo, apogeu. locução verbal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

• Período Simples: formado por uma única oração.


O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção.
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas

Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final.• Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não •
passa no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela ora quer comer hambúr-
guer, ora quer comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante, portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar, ou seja, ela estava João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá in-
de mau humor. veja.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto

Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de


Explicam um termo dito quinta, terão aula de reforço.
anteriormente. SEMPRE serão
acompanhadas por vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de
Restringem o sentido de um termo quinta terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Causais Estou vestida assim porque vou sair.
Assumem a função de advérbio de
causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do
Assumem a função de advérbio de dia.
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar
Assumem a função de advérbio de na reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Orações Subordinadas Adverbiais Assumem a função de advérbio de previsto.
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que
Assumem a função de advérbio de todos tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono
Assumem a função de advérbio de tinha.
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos
Assumem a função de advérbio de saem de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

CONCORDÂNCIA VERBAL. CONCORDÂNCIA NOMINAL

Concordância Nominal
Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se
referem.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amistosa.

Casos Especiais de Concordância Nominal


• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam alerta.

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na formação de palavras compostas:


Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.

• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de acordo com o substantivo a que se referem:
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.

• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quando
advérbios:
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Usou meia dúzia de ovos.

• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio:


Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem.

• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o substantivo estiver determinado por artigo:
É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância Verbal Assistir (dar assistência) Não usa preposição
O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor- Deparar (encontrar) com
mes. Implicar (consequência) Não usa preposição

Concordância ideológica ou silepse Lembrar Não usa preposição


• Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne- Pagar (pagar a alguém) a
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
Precisar (necessitar) de
contexto.
Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas. Proceder (realizar) a
Blumenau estava repleta de turistas. Responder a
• Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con- Visar ( ter como objetivo a
texto. pretender)
O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau- NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
sos. QUE NÃO ESTÃO AQUI!
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
soa gramatical que está subentendida no contexto.
O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: AS DIVERSAS MODALIDADES
líticos.
DO USO DA LÍNGUA ADEQUADA ÀS VÁRIAS SITUAÇÕES
DE COMUNICAÇÃO
REGÊNCIA VERBAL. REGÊNCIA NOMINAL
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua
• Regência Nominal que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia.
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan- Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar- ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple- Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
mento é estabelecida por uma preposição. seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
• Regência Verbal mo significado dentro de um mesmo contexto.
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
Isto pertence a todos. sintático e lexical.

Regência de algumas palavras Variações Morfológicas


Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en-
Esta palavra combina com Esta preposição tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar:
Acessível a – uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-
Apto a, para -versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
Atencioso com, para com
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad-
Coerente com jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro
Conforme a, com indicado, as noite fria, os caso mais comum.
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o
Dúvida acerca de, de, em, sobre Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se
Empenho de, em, por eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
Fácil a, de, para,
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o
Junto a, de superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem
Pendente de jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo),
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan-
Preferível a te (em vez de possantíssimo).
Próximo a, de – a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula-
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir)
Respeito a, com, de, para com, por o recado, quando ele repor (repuser).
Situado a, em, entre – a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares:
vareia (varia), negoceia (negocia).
Ajudar (a fazer algo) a
Aludir (referir-se) a Variações Fônicas
Aspirar (desejar, pretender) a Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala-
vra. Entre esses casos, podemos citar:

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LÍNGUA PORTUGUESA
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- Designações das Variantes Lexicais:
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de – Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um
pessoas de baixa condição social. bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa-
– A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supim-
regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande pa.
do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira): – Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria-
quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol. das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A
– deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar, na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, prin-
estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social. tar.
– a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem – Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra
oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô. língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica, linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas
hoje frequentes na fala caipira. o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto
– a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma- (“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo.
relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem
oral coloquial. As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida-
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações
Variações Sintáticas básicas).
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe, – Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como
como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va- a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no-
riante e outra. Como exemplo, podemos citar: tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome barriga.
“que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com – Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser
o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida-
dele (em vez de cuja família eu já conhecia). de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar).
– a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando – Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro:
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista).
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz – Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de
me irrita. saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal,
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che- arruinou-se).
gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
mana muitos alunos; Comentou-se os episódios. Tipos de Variação
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não As variações mais importantes, são as seguintes:
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão – Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com
sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti) certa facilidade.
e ele. – Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das
– o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de características da pronúncia de uma determinada região dá-se o
“o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem. nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque
– a ausência da preposição adequada antes do pronome relati- gaúcho etc.
vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de: – De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns-
de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que) tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de
eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio. falar compatível com determinada situação é incompatível com
outra
Variações Léxicas – Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com
Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti-
léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri- do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas.
zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
plos possíveis de citar:
– as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às EXERCÍCIOS
vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil 1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é
chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por- a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO
tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno se fundamenta em intertextualidade é:
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de (A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido
suéter, malha, camiseta. há muito tempo.”
– a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para (B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se
formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua- mete onde não é chamada.”
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil; (C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente
Esse amigo é um carinha maior esforçado. mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”

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LÍNGUA PORTUGUESA
2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alterna- (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
tiva em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão. deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”. 7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser
(C) “sérios”, “potência”, “após”. retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa-
(D) “Goiás”, “já”, “vários”. drão na seguinte sentença:
(E) “solidária”, “área”, “após”. (A) Mário, vem falar comigo depois do expediente.
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho.
3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA- (C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex- (D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião.
clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse (E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.
objetivo é a seguinte:
(A) pôr. 8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(B) ilhéu. DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
(C) sábio. pontuação em:
(D) também. (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
(E) lâmpada. dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série teiramente pela porta?
em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras: (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
-vermelho. (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
fra-assinado. irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
trarregra. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra-
-mencionado. 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
mente correta a pontuação do seguinte período:
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em-
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
pregadas e grafadas.
sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po-
(B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de
pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
qualquer excesso e violência.
providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
importância, ditam o rumo de toda a história.
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
(C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
isso, num modo de intervenção específico. providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o sem importância, ditam o rumo de toda a história.
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
ta que ambos possam suscitar. providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- importância, ditam o rumo de toda a história.
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
corpo dos supliciados. pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- sem importância, ditam o rumo de toda a história.
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
organização em delinqüência. 10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR – mesmo processo de formação é:
2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é: (A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade (B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
extraordinária de imitar vários estilos musicais. (C) deslealdade, colunista, incrível;
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
mentos pessoais por meio de sua música. (E) reeducação, dignidade, enriquecer.
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
composições do músico na cultura ocidental.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
gens.

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LÍNGUA PORTUGUESA
11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – 17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação de concordância no texto abaixo.
utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
palavra primitiva foi formada respectivamente é: um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté- tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
tica (en + trist + ecer); ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
(B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
(en + triste + cer); receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
(C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin- Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
tética (en + trist + ecer); ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
(D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi- salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
xal (des + entristecer); Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
(E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti- social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
ca (des + entristecer). responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL – plural em “deflacionados”.
2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra (B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
formada por derivação: em “Elevaram-se”.
(A) parassintética; (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
(B) prefixal; regras de concordância com “economia”.
(C) sufixal; (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(D) imprópria; singular em “fez aumentar”.
(E) regressiva. (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
com “relevantes”.
13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: 18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(A) pronome; – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
(B) adjetivo; te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(C) advérbio; (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(D) substantivo; (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(E) preposição. (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). 19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
(A) Pronome demonstrativo. “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
(B) Pronome relativo. que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
(C) Pronome possessivo. a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
(D) Pronome pessoal. locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
(E) Pronome indefinido. marcada com o acento, EXCETO em:
(A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
eleitorado pelo resultado final.
15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba-
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
vel.
nhados classificam-se, respectivamente, em
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo.
tema.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo.
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome.
20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. (a):
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – americanas, entre na fila.”
2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor- (A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
reta. subordinadas.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo. (B) Período, composto por três orações.
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros. (C) Oração, pois possui sentido completo.
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que (D) Período, pois é composto por frases e orações.
35% deles fosse despejado em aterros.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
de lixo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS – 26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No perí-
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor- odo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um
miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a
oração. história.”, a oração sublinhada é classificada como:
(A) Oração coordenada assindética aditiva. (A) coordenada assindética;
(B) Oração coordenada sindética aditiva. (B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) Oração coordenada sindética adversativa. (C) subordinada substantiva objetiva indireta;
(D) Oração coordenada sindética explicativa. (D) subordinada substantiva apositiva.
(E) Oração coordenada sindética alternativa.
Leia o texto abaixo para responder a questão.
22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia A lama que ainda suja o Brasil
a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)
exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
orações. A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
(A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
sativa. ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
(B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva. um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
(C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi- Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
tiva. peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
(D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu- pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
tiva. anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
(E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver- ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
bial consecutiva. que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana- coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
lise sintaticamente a oração em destaque: sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- se tornou uma bomba relógio na região.”
sados” (Machado de Assis). Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun-
(B) oração subordinada adverbial causal. do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. barragens de mineração em todo o País apresentam condições de
(D) oração coordenada sindética conclusiva. insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór-
(E) oração coordenada sindética explicativa. gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do
24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar-
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
(A) subordinada substantiva predicativa; o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
(B) subordinada adjetiva restritiva; FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
(C) subordinada substantiva subjetiva; QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
(D) subordinada substantiva objetiva direta;
(E) subordinada adjetiva explicativa. 27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No fato.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: gênero textual editorial.
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
mas nunca à custa de nossos filhos...” que se trata de uma reportagem.
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
dética adversativa; se trata de um editorial.
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex-
plicativa; Analise as assertivas e responda:
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- (A) Somente a I é correta.
bial concessiva; (B) Somente a II é incorreta.
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada (C) Somente a III é correta
sindética adversativa; (D) A III e IV são corretas.
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con-
cessiva.

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LÍNGUA PORTUGUESA
28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela
ainda suja o Brasil”: agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que
no desenvolvimento do assunto. ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro- tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli-
blemas no uso de conjunções e preposições. c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a
III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até
de palavras e da ordem sintática. que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que
temática e bom uso dos recursos coesivos. a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da
Analise as assertivas e responda: bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali,
(A) Somente a I é correta. alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
(B) Somente a II é incorreta. perguntou-lhe:
(C) Somente a III é correta. — Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da
(D) Somente a IV é correta. baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para
Leia o texto abaixo para responder as questões. a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?
Vamos, diga lá.
UM APÓLOGO Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
Machado de Assis. beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? fico.
— Deixe-me, senhora. Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
muita linha ordinária!
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
outros. elementos dos textos:
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
e mando...” (L.14-15)
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando
(D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a
eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
isto uma cor poética. E dizia a agulha:
abaixo e acima.” (L.25-26)
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
e acima… Onde me espetam, fico.” (L.40-41)

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LÍNGUA PORTUGUESA
30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros 34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade, Assinale o trecho que apresenta erro de regência.
pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que (A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi- crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe-
nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de: cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a
(A) dimensão e pejoratividade; maior taxa registrada na última década.
(B) afetividade e intensidade; (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
(C) afetividade e dimensão; serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
(D) intensidade e dimensão; conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
(E) pejoratividade e afetividade. (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co- que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna- pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi- novas fontes de petróleo.
vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado. (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
(A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11) da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
Agulha não tem cabeça.” (L.06) (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
nária!” (L.43) que o do Brasil.
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”
(L.25) 35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS –
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem,
32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo o seguinte par de palavras:
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente (A) estrondo – ruído;
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- (B) pescador – trabalhador;
sente no texto: (C) pista – aeroporto;
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação (D) piloto – comissário;
equânime em ambientes coletivos de trabalho; (E) aeronave – jatinho.
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; 36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
cada sujeito possui atribuições próprias. questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do tem como antônimo:
sujeito. (A) fortuna;
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, (B) opulência;
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. (C) riqueza;
(D) escassez;
33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- (E) abundância.
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase 37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA –
acima, na ordem dada, as expressões: 2019)
(A) a que – de que; Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
(B) de que – com que; afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti-
(C) a cujas – de cujos; nado ao presidente do Congresso Nacional é
(D) à que – em que; (A) Senhor Presidente.
(E) em que – aos quais. (B) Excelentíssimo Senhor Presidente.
(C) Presidente.
(D) Excelentíssimo Presidente.
(E) Excelentíssimo Senhor.

37
LÍNGUA PORTUGUESA
38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR 41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018)
ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 ) Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua.
Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi- Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm mentem esses usos.
várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3:
que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que 1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
se quer dizer. Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
(A) Dois-pontos. 2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª
(B) Ponto-e-vírgula. Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime.
(C) Ponto-de-interrogação. 3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona-
(D) Ponto-de-exclamação. mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes
de desferir os golpes.
39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
AOCP – 2018) INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso
Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder da vírgula em cada frase.
Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda- ( ) Para destacar deslocamento de termos.
ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, ( ) Para separar adjuntos adverbiais.
os itens a seguir. ( ) Para indicar um aposto.
A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con- (A) 1 – 2 – 3.
teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa. (B) 2 – 1 – 3.
Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis- (C) 3 – 1 – 2.
tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto (D) 3 – 2 – 1.
é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto
dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros GABARITO
Poderes da União.
( ) Certo
( ) Errado 1 E
40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 ) 2 A
Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Con- 3 A
forme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor em
2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras gra- 4 D
fadas conforme o Acordo. 5 B
I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca-
6 C
pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di- 7 B
retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente. 8 E
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário. 9 A
IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação, 10 A
pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria-
-Geral. 11 A
V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró- 12 D
-ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria-
13 A
-Executiva, tenente-coronel.
14 E
Assinale a alternativa CORRETA: 15 B
(A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas. 16 E
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas. 17 A
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas. 18 A
19 D
20 B
21 C
22 C
23 E
24 A
25 D

38
LÍNGUA PORTUGUESA
26 B ______________________________________________________

27 C ______________________________________________________
28 D ______________________________________________________
29 E
______________________________________________________
30 D
31 D ______________________________________________________
32 D ______________________________________________________
33 A
______________________________________________________
34 D
______________________________________________________
35 E
36 D ______________________________________________________
37 B ______________________________________________________
38 B
______________________________________________________
39 A
40 E ______________________________________________________
41 C ______________________________________________________

______________________________________________________

ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA
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40
MATEMÁTICA
1. Sistemas de unidades de medidas. Comprimento, área, volume, massa, tempo, ângulo e arco. Transformação de unidades de medi-
da. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Sequências numéricas. Progressão aritmética. Progressão geométrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. Geometria plana e geometria espacial. Reta. Semirreta. Segmentos. Ângulos. Polígonos. Circunferência. Círculo. Lugares geométricos.
Congruências de figuras. Estudo do triângulo. Teorema de Thales. Teorema de Pitágoras. Áreas de figuras planas. Posições relativas de
retas e planos no espaço. Volumes e áreas de sólidos: prismas, pirâmides e poliedros regulares. Sólidos de revolução: áreas e volumes
de cilindro, cone e esfera. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Noções de estatística. População e amostra. Variáveis contínuas e discretas. Distribuição de frequências Medidas de tendência central:
média, mediana e moda. Variância e desvio padrão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Funções: Definição, Domínio, Contradomínio, . Imagem. Gráficos. . Funções Polinomiais de 1º e 2º Graus: . Definição, Domínio,. Ima-
gem, Gráficos. Funções Elementares: Função Modular. Funções Definidas por várias Sentenças, Função Exponencial Função Logarítmi-
ca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
MATEMÁTICA

SISTEMAS DE UNIDADES DE MEDIDAS. COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA, TEMPO, ÂNGULO E ARCO. TRANS-
FORMAÇÃO DE UNIDADES DE MEDIDA

UNIDADES DE COMPRIMENTO
km hm dam m dm cm mm
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
1000m 100m 10m 1m 0,1m 0,01m 0,001m

Os múltiplos do metro são utilizados para medir grandes distâncias, enquanto os submúltiplos, para pequenas distâncias. Para medi-
das milimétricas, em que se exige precisão, utilizamos:

mícron (µ) = 10-6 m angströn (Å) = 10-10 m

Para distâncias astronômicas utilizamos o Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano):
Ano-luz = 9,5 · 1012 km

Exemplos de Transformação
1m=10dm=100cm=1000mm=0,1dam=0,01hm=0,001km
1km=10hm=100dam=1000m

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 10 e para a esquerda divide por 10.

Superfície
A medida de superfície é sua área e a unidade fundamental é o metro quadrado(m²).

Para transformar de uma unidade para outra inferior, devemos observar que cada unidade é cem vezes maior que a unidade imedia-
tamente inferior. Assim, multiplicamos por cem para cada deslocamento de uma unidade até a desejada.

UNIDADES DE ÁREA
km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado Quadrado
1000000m2 10000m2 100m2 1m2 0,01m2 0,0001m2 0,000001m2

Exemplos de Transformação
1m²=100dm²=10000cm²=1000000mm²
1km²=100hm²=10000dam²=1000000m²

Ou seja, para transformar as unidades, quando “ andamos” para direita multiplica por 100 e para a esquerda divide por 100.

Volume
Os sólidos geométricos são objetos tridimensionais que ocupam lugar no espaço. Por isso, eles possuem volume. Podemos encontrar
sólidos de inúmeras formas, retangulares, circulares, quadrangulares, entre outras, mas todos irão possuir volume e capacidade.

UNIDADES DE VOLUME
km 3
hm 3
dam3 m3 dm3 cm3 mm3
Quilômetro Hectômetro Decâmetro Metro Decímetro Centímetro Milímetro
Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico Cúbico
1000000000m3 1000000m3 1000m3 1m3 0,001m3 0,000001m3 0,000000001m3

1
MATEMÁTICA
Capacidade
Para medirmos a quantidade de leite, sucos, água, óleo, gasolina, álcool entre outros utilizamos o litro e seus múltiplos e submúltiplos,
unidade de medidas de produtos líquidos.
Se um recipiente tem 1L de capacidade, então seu volume interno é de 1dm³

1L=1dm³

UNIDADES DE CAPACIDADE
kl hl dal l dl cl ml
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
1000l 100l 10l 1l 0,1l 0,01l 0,001l

Massa

Unidades de Capacidade
kg hg dag g g dg cg mg
Quilograma Hectograma Decagrama Grama Grama Decigrama Centigrama Miligrama
1000g 100g 10g 1g 0,1g 0,1g 0,01g 0,001

Toda vez que andar 1 casa para direita, multiplica por 10 e quando anda para esquerda divide por 10.
E uma outra unidade de massa muito importante é a tonelada
1 tonelada=1000kg

Tempo
A unidade fundamental do tempo é o segundo(s).
É usual a medição do tempo em várias unidades, por exemplo: dias, horas, minutos

Transformação de unidades
Deve-se saber:
1 dia=24horas
1hora=60minutos
1 minuto=60segundos
1hora=3600s

Adição de tempo
Exemplo: Estela chegou ao 15h 35minutos. Lá, bateu seu recorde de nado livre e fez 1 minuto e 25 segundos. Demorou 30 minutos
para chegar em casa. Que horas ela chegou?

15h 35 minutos
1 minutos 25 segundos
30 minutos
--------------------------------------------------
15h 66 minutos 25 segundos

Não podemos ter 66 minutos, então temos que transferir para as horas, sempre que passamos de um para o outro tem que ser na
mesma unidade, temos que passar 1 hora=60 minutos
Então fica: 16h6 minutos 25segundos
Vamos utilizar o mesmo exemplo para fazer a operação inversa.

Subtração
Vamos dizer que sabemos que ela chegou em casa as 16h6 minutos 25 segundos e saiu de casa às 15h 35 minutos. Quanto tempo
ficou fora?

11h 60 minutos
16h 6 minutos 25 segundos
-15h 35 min
--------------------------------------------------

2
MATEMÁTICA
Não podemos tirar 6 de 35, então emprestamos, da mesma for- a3 = 7 + 5 = 12
ma que conta de subtração.
1hora=60 minutos Classificação
As progressões aritméticas podem ser classificadas de acordo
15h 66 minutos 25 segundos com o valor da razão r.
r < 0, PA decrescente
15h 35 minutos r > 0, PA crescente
-------------------------------------------------- r = 0, PA constante
0h 31 minutos 25 segundos
Propriedades das Progressões Aritméticas
-Qualquer termo de uma PA, a partir do segundo, é a média
Multiplicação
aritmética entre o anterior e o posterior.
Pedro pensou em estudar durante 2h 40 minutos, mas demo-
rou o dobro disso. Quanto tempo durou o estudo?

2h 40 minutos
x2 -A soma de dois termos equidistantes dos extremos é igual à
soma dos extremos.
---------------------------- a1 + an = a2 + an-1 = a3 + an-2
4h 80 minutos OU
5h 20 minutos Termo Geral da PA
Podemos escrever os elementos da PA(a1, a2, a3, ..., an,...) da
Divisão seguinte forma:
5h 20 minutos : 2 a2 = a1 + r
a3 = a2 + r = a1 + 2r
a4 = a3 + r = a1 + 3r
5h 20 minutos 2
Observe que cada termo é obtido adicionando-se ao primeiro
1h 20 minutos 2h 40 minutos número de razões r igual à posição do termo menos uma unidade.
80 minutos an = a1 + (n - 1)r
Soma dos Termos de uma Progressão Aritmética
0
Considerando a PA finita (6,10, 14, 18, 22, 26, 30, 34).
6 e 34 são extremos, cuja soma é 40
1h 20 minutos, transformamos para minutos :60+20=80minu-
tos

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS. PROGRESSÃO ARITMÉTI-


CA. PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Numa PA finita, a soma de dois termos equidistantes dos extre-
mos é igual à soma dos extremos.
Sequências
Sempre que estabelecemos uma ordem para os elementos de
Soma dos Termos
um conjunto, de tal forma que cada elemento seja associado a uma
Usando essa propriedade, obtemos a fórmula que permite cal-
posição, temos uma sequência.
cular a soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética.
O primeiro termo da sequência é indicado por a1,o segundo por
a2, e o n-ésimo por an.

Termo Geral de uma Sequência


Algumas sequências podem ser expressas mediante uma lei de
formação. Isso significa que podemos obter um termo qualquer da
Sn - Soma dos primeiros termos
sequência a partir de uma expressão, que relaciona o valor do ter-
a1 - primeiro termo
mo com sua posição.
an - enésimo termo
Para a posição n(n ϵ N*), podemos escrever an=f(n)
n - número de termos
Progressão Aritmética
Exemplo
Denomina-se progressão aritmética(PA) a sequência em que
Uma progressão aritmética finita possui 39 termos. O último é
cada termo, a partir do segundo, é obtido adicionando-se uma
igual a 176 e o central e igual a 81. Qual é o primeiro termo?
constante r ao termo anterior. Essa constante r chama-se razão da
PA.
Solução
an = an-1 + r(n ≥ 2)
Como esta sucessão possui 39 termos, sabemos que o termo
central é o a20, que possui 19 termos à sua esquerda e mais 19 à sua
Exemplo
direita. Então temos os seguintes dados para solucionar a questão:
A sequência (2,7,12) é uma PA finita de razão 5:
a1 = 2
a2 = 2 + 5 = 7

3
MATEMÁTICA
1º Caso: q=1

Sn = n . a 1

2º Caso: q≠1
Sabemos também que a soma de dois termos equidistantes
dos extremos de uma P.A. finita é igual à soma dos seus extremos.
Como esta P.A. tem um número ímpar de termos, então o termo
central tem exatamente o valor de metade da soma dos extremos.
Em notação matemática temos:
Exemplo
Dada a progressão geométrica (1, 3, 9, 27,..) calcular:
a) A soma dos 6 primeiros termos
b) O valor de n para que a soma dos n primeiros termos seja
29524

Solução:
a1 = 1; q = 3; n = 6

Assim sendo:
O primeiro termo desta sucessão é igual a -14.

Progressão Geométrica
Denomina-se progressão geométrica(PG) a sequência em que
se obtém cada termo, a partir do segundo, multiplicando o anterior
por uma constante q, chamada razão da PG.
Exemplo
Dada a sequência: (4, 8, 16)
a1 = 4
a2 = 4 . 2 = 8
a3 = 8 . 2 = 16

Classificação
As classificações geométricas são classificadas assim:
- Crescente: Quando cada termo é maior que o anterior. Isto Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Infinita
ocorre quando a1 > 0 e q > 1 ou quando a1 < 0 e 0 < q < 1.
- Decrescente: Quando cada termo é menor que o anterior. Isto 1º Caso:-1 < q < 1
ocorre quando a1 > 0 e 0 < q < 1 ou quando a1 < 0 e q > 1.
- Alternante: Quando cada termo apresenta sinal contrário ao
do anterior. Isto ocorre quando q < 0.
- Constante: Quando todos os termos são iguais. Isto ocorre
quando q = 1. Uma PG constante é também uma PA de razão r = 0.
A PG constante é também chamada de PG estacionaria. Quando a PG infinita possui soma finita, dizemos que a série é
- Singular: Quando zero é um dos seus termos. Isto ocorre convergente.
quando a1 = 0 ou q = 0.
2º Caso: |q| > 1
Termo Geral da PG A PG infinita não possui soma finita, dizemos que a série é di-
Pelo exemplo anterior, podemos perceber que cada termo é vergente
obtido multiplicando-se o primeiro por uma potência cuja base é
a razão. Note que o expoente da razão é igual à posição do termo 3º Caso: |q| = 1
menos uma unidade. Também não possui soma finita, portanto divergente

a2 = a1 . q2-1 Produto dos termos de uma PG finita


a3 = a1 . q3-1

Portanto, o termo geral é:


an = a1 . qn-1

Soma dos Termos de uma Progressão Geométrica Finita


Seja a PG finita (a1, a1q, a1q2, ...)de razão q e de soma dos ter-
mos Sn:

4
MATEMÁTICA
Ângulo Reto:
GEOMETRIA PLANA E GEOMETRIA ESPACIAL. RETA. - É o ângulo cuja medida é 90º;
SEMIRRETA. SEGMENTOS. ÂNGULOS. POLÍGONOS. - É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendiculares.
CIRCUNFERÊNCIA. CÍRCULO. LUGARES GEOMÉ-
TRICOS. CONGRUÊNCIAS DE FIGURAS. ESTUDO DO
TRIÂNGULO. TEOREMA DE THALES. TEOREMA DE
PITÁGORAS. ÁREAS DE FIGURAS PLANAS. POSIÇÕES
RELATIVAS DE RETAS E PLANOS NO ESPAÇO. VOLUMES
E ÁREAS DE SÓLIDOS: PRISMAS, PIRÂMIDES E POLIE-
DROS REGULARES. SÓLIDOS DE REVOLUÇÃO: ÁREAS E
VOLUMES DE CILINDRO, CONE E ESFERA

GEOMETRIA PLANA
Triângulo
Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas se- Elementos
mirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome de la-
dos do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo. Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que liga um
vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo intercepta o


lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da bissetriz de


um ângulo do triângulo que liga um vértice a um ponto do lado
oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.

Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do que 90º.

Ângulo Raso:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

5
MATEMÁTICA
Altura de um triângulo é o segmento que liga um vértice a um
ponto da reta suporte do lado oposto e é perpendicular a esse lado.

Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpendicular a


esse segmento pelo seu ponto médio.

Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do triângulo


que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.

Triângulo retângulo: tem um ângulo reto

Classificação

Quanto aos lados


Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso
Triângulo escaleno: três lados desiguais.

Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.

6
MATEMÁTICA
Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é menor que Chama-se polígono a união de segmentos que são chamados
a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao maior ângulo lados do polígono, enquanto os pontos são chamados vértices do
opõe-se o maior lado, e vice-versa. polígono.

QUADRILÁTEROS
Quadrilátero é todo polígono com as seguintes propriedades:
- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º
Trapézio: É todo quadrilátero tem dois paralelos.

Diagonal de um polígono é um segmento cujas extremidades


são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a
- Losango: 4 lados congruentes
- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais
Observações:
- No retângulo e no quadrado as diagonais são congruentes
(iguais)
- No losango e no quadrado as diagonais são perpendiculares
entre si (formam ângulo de 90°) e são bissetrizes dos ângulos inter-
nos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base maior, b é a


medida da base menor e h é medida da altura.

2 - Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da base e h é a


medida da altura.

3 - Retângulo: A = b.h

4 - Losango: , onde D é a medida da diagonal maior e d


é a medida da diagonal menor.

5 - Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

7
MATEMÁTICA
Ângulos Internos Semelhança de Triângulos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polígono con- Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os seus ân-
vexo de n lados é (n-2).180 gulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas medidas, e os
Unindo um dos vértices aos outros n-3, convenientemente es- lados correspondentes forem proporcionais.
colhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das medidas dos ângu-
los internos do polígono é igual à soma das medidas dos ângulos Casos de Semelhança
internos dos n-2 triângulos. 1º Caso: AA(ângulo - ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de vértices
correspondentes, então esses triângulos são congruentes.

Ângulos Externos

2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes proporcio-
nais e os ângulos compreendidos entre eles congruentes, então es-
ses dois triângulos são semelhantes.

A soma dos ângulos externos=360°


Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais, então a
razão de dois segmentos quaisquer de uma transversal é igual à ra-
zão dos segmentos correspondentes da outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que são váli-
das as seguintes proporções:

3º Caso: LLL (lado - lado - lado)


Se dois triângulos têm os três lado correspondentes proporcio-
nais, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

8
MATEMÁTICA
Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²
Dividindo os membros por c²
Considerando o triângulo retângulo ABC.

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado trian-


gulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos são:

Temos:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h: altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipotenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes entre os
diversos segmentos desse triângulo. Assim:

1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa


pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC. 2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa pela
altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos


catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos


catetos (Teorema de Pitágoras).

9
MATEMÁTICA
Posições Relativas de Duas Retas GEOMETRIA ANALÍTICA
Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo plano.
Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem também não Estudo do Ponto
estar no mesmo plano. Nesse caso, são denominadas retas rever-
sas.

Retas Coplanares

a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum

Podemos localizar um ponto P em um plano α utilizando um


sistema de eixos cartesianos.
- A é a abscissa do ponto P
-Duas retas concorrentes podem ser: - B é a ordenada do ponto P
- P ϵ 1ºQuad
1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.
2. Oblíquas: r e s não são perpendiculares.

b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são coinci-


dentes. Fonte: www.matematicadidatica.com.br

1º Quadrante: x>o e y>o


2º Quadrante: x<0 e y>0
3º Quadrante: x<0 e y<0
4º Quadrante: x>0 e y>0

Para representar o par ordenado P(x,y)


Vale a pena lembrar que o eixo x é chamado de abscissa e o
eixo y de ordenada.

Exemplo: Um P(3,-1) está em qual quadrante?


x>0 e y<0 IV quadrante.

Distância entre Dois Pontos


Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yq), a distância dAB entre eles é
uma função das coordenadas de P e Q:

10
MATEMÁTICA
Exemplo
Dados os pontos A (2, 5), B (3, 7) e C (5, 11), vamos determi-
nar se estão alinhados.

(14 + 25 + 33)–(35 + 22 + 15)


Ponto Médio 72 – 72 = 0

Os pontos somente estarão alinhados se o determinante da


matriz quadrada calculado pela regra de Sarrus for igual a 0.

Estudo da Reta
Cálculo do coeficiente angular
Consideremos a reta r que passa pelos pontos A(x1,y1) e B(x2,y2),
com x1 ≠ x2, e que forma com o eixo x um ângulo de medida a.

1º caso: 0° < a < 90°

Dados os pontos P(xp,yp) e Q(xq,yp), as coordenadas do ponto


M(xM, yM) médio entre A e B, serão dadas pelas semi-somas das co-
ordenadas de P e Q.

O ponto M terá as seguintes coordenadas:

Três pontos estão alinhados se, e somente se, pertencerem à


mesma reta.

Sendo o triângulo ABC retângulo ( é reto), temos:

2º caso: 90° < a < 180°

Para verificarmos se os pontos estão alinhados, podemos


utilizar a construção gráfica determinando os pontos de acordo
com suas coordenadas posicionais. Outra forma de determinar o
alinhamento dos pontos é através do cálculo do determinante pela
regra de Sarrus envolvendo a matriz das coordenadas.

11
MATEMÁTICA
Do triângulo retângulo ABC, vem: a = 90° → m

Portanto, para os dois casos, temos:

A equação fundamental de r é dada por:

Coeficiente angular

Coeficiente angular m de uma reta não - perpendicular ao eixo


é o valor da tangente do ângulo de inclinação dessa reta. Equação Geral da Reta
Ax + by + c = 0
m = tan a
Equação Segmentária

O valor do coeficiente angular m varia em função de a.

0 < a < 90° → m > 0

Equação reduzida da reta


Vamos determinar a equação da reta r que passa por Q(0,q) e
tem coeficiente angular m = tan a:

y - q = m(x - 0)
y - q = mx
y = mx + q

a=0→m=0

12
MATEMÁTICA
Toda equação na forma y = mx + q é chamada equação reduzi- Retas perpendiculares
da da reta, em que m é o coeficiente. Duas retas, r e s, não - verticais são perpendiculares se, e so-
Posições relativas de duas retas mente se, os seus coeficientes angulares são tais que
Considere duas retas distintas do plano cartesiano:

De fato:
Podemos classificá-las como paralelas ou concorrentes.

Retas paralelas
As retas r e s têm o mesmo coeficiente angular.

ar = as ↔ mr = ms

Como:

Assim, para r // s, temos:

Então:

Retas concorrentes
As retas r e s têm coeficientes angulares diferentes. E, reciprocamente, se

ar ≠ as ↔ mr ≠ ms

Assim, para r e s concorrentes, temos:


Logo,

Distância de ponto a reta


Considere uma reta r, de equação ax + by + c = 0, e um ponto
P( x0, y0 ) não pertencente a r. Pode-se demonstrar que a distância
entre P e r( dPr ) é dada por:

13
MATEMÁTICA
Ângulo entre duas retas
Conhecendo os coeficientes angulares mr e ms de duas retas, r
e s, não paralelas aos eixos , podemos determinar o ângu-
lo 0 agudo formado entre elas:

Se uma das retas for vertical, teremos:

Portanto, (x - a)2 + (y - b)2 =r2 é a equação reduzida da circunfe-


rência e permite determinar os elementos essenciais para a cons-
trução da circunferência: as coordenadas do centro e o raio.
Observação: Quando o centro da circunfer6encia estiver na ori-
gem (C(0,0)), a equação da circunferência será x2 + y2 = r2.

Equação Geral
Desenvolvendo a equação reduzida, obtemos a equação geral
da circunferência:

Circunferência: Equações da circunferência e Equação reduzi-


da
Circunferência é o conjunto de todos os pontos de um plano Como exemplo, vamos determinar a equação geral da circunfe-
equidistantes de um ponto fixo, desse mesmo plano, denominado rência de centro C(2, -3) e raio r = 4.
centro da circunferência:
A equação reduzida da circunferência é:

( x - 2 )2 +( y + 3 )2 = 16

Desenvolvendo os quadrados dos binômios, temos:

Determinação do centro e do raio da circunferência, dada a


Assim, sendo C(a, b) o centro e P(x, y) um ponto qualquer da equação geral
circunferência, a distância de C a P(dCP) é o raio dessa circunferên- Dada a equação geral de uma circunferência, utilizamos o pro-
cia. Então: cesso de fatoração de trinômio quadrado perfeito para transformá-
-la na equação reduzida e, assim, determinamos o centro e o raio
da circunferência.
Para tanto, a equação geral deve obedecer a duas condições:
- Os coeficientes dos termos x2 e y2 devem ser iguais a 1;
- Não deve existir o termo xy.

14
MATEMÁTICA
Então, vamos determinar o centro e o raio da circunferência
cuja equação geral é x2 + y2 - 6x + 2y - 6 = 0.

Observando a equação, vemos que ela obedece às duas con-


dições.

Assim: Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos é uma importante ferramenta matemática
1º passo: agrupamos os termos em x e os termos em y e isola- para o cálculo de medidas dos lados e dos ângulos de triângulos
mos o termo independente quaisquer.
x2 - 6x + _ + y2 + 2y + _ = 6

2º passo: determinamos os termos que completam os quadra-


dos perfeitos nas variáveis x e y, somando a ambos os membros as
parcelas correspondentes

3º passo: fatoramos os trinômios quadrados perfeitos


( x - 3 ) 2 + ( y + 1 ) 2 = 16 Lei dos Senos

4º passo: obtida a equação reduzida, determinamos o centro


e o raio

TRIGONOMETRIA
Fórmulas Trigonométricas
Relação Fundamental
Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c² = a² + b²


Dividindo os membros por c²

!": ℎ!"#$%&'() = !
!": !"#$#%!!"!#$!!!!!!!!!"#!$%&'%!!!! = !
!": !"#$#%!!"#!$%&'%!!!!!!!!"!#$!!!!! = !
!

15
MATEMÁTICA
Temos:

cateto!oposto!a!! !
sen!α = =
hipotenusa !

cateto!adjacente!a!! !
cos ! = =
hipotenusa !

cateto!oposto!a!! !
tg!α = =
!"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!
1 !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
!"#$!! = = =
!"!! !"#$#%!!"!#$!!!!! !

1 ℎ!"#$%&'() !
sec ! = = = Redução ao Primeiro quadrante
cos ! !"#$#%!!"#!$%&'%!!!! !
Sen (π - x) = senx
1 ℎ!"#$%&'() ! Cos (π - x) = -cos x
!"#$!!! = = = ! Tg (π - x) = -tg x
!"#$ !"#$#%!!"!#$!!!!! !
Sen (π + x) = -sen x
!
Cos (π + x) = -cos x
Teorema de Pitágoras Tg (π + x) = tg x
Sen (2π - x) = -sen x
c² = a² + b² Cos (2π - x) = cos x
Tg (2π - x) = -tg x
Considere um arco , contido numa circunferência de raio r, Funções Trigonométricas
tal que o comprimento do arco seja igual a r.
Função seno
A função seno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco
de medida x ϵ R associa a ordenada y’ do ponto M.

! ! = !"#!! !

D=R e Im=[-1,1]

Dizemos que a medida do arco é 1 radiano(1rad)

Transformação de arcos e ângulos

Determinar em radianos a medida de 120°

!"#$ = 180°!
Exemplo
π ---- 180 Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da
função f(x)=2sen x.
X ---- 120
Solução
120! 2! -1 ≤ sen x ≤ 1
!= = !"# -2 ≤ 2 sen x ≤ 2
180 3
! -2 ≤ f (x) ≤ 2

Circunferência Trigonométrica Im = [-2,2]

Função Cosseno
A função cosseno é uma função !: ! → ! ! que a todo arco
de medida x ϵ R associa a abscissa x do ponto M.

16
MATEMÁTICA
Duplicação de arcos

!"#2! = 2!"#$! ∙ !"#$

!"#2! = !"! ! ! − !"!! !

2!"#
!"2! =
1 − !!! !
D=R !
Im = [-1,1]

Exemplo NOÇÕES DE ESTATÍSTICA. POPULAÇÃO E AMOSTRA.


Determine o conjunto imagem da função f (x) = 2 + cos x. VARIÁVEIS CONTÍNUAS E DISCRETAS. DISTRIBUIÇÃO
DE FREQUÊNCIAS. MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL:
Solução MÉDIA, MEDIANA E MODA. VARIÂNCIA E DESVIO PA-
-1 ≤ cos x ≤ 1 DRÃO
-1 + 2 ≤ 2 + cos x ≤ 1 + 2
1 ≤ f (x) ≤ 3
ESTATÍSTICA
Logo, Im = [1,3]
Função Tangente Estatística descritiva
A todo arco de medida x associa a ordenada yT do pon- O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
toT. O ponto T é a interseção da reta com o eixo das tangen- racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
tes. e resumos numéricos.

Noções de estatística
! ! = !"!! ! A estatística torna-se a cada dia uma importante ferramenta de
apoio à decisão. Resumindo: é um conjunto de métodos e técnicas
que auxiliam a tomada de decisão sob a presença de incerteza.

Estatística descritiva (Dedutiva)


O objetivo da Estatística Descritiva é resumir as principais ca-
racterísticas de um conjunto de dados por meio de tabelas, gráficos
e resumos numéricos. Fazemos uso de:

Tabelas de frequência
! Ao dispor de uma lista volumosa de dados, as tabelas de frequ-
! = ! ∈ ! ! ≠ + !", ! ∈ ! ! ência servem para agrupar informações de modo que estas possam
2 ser analisadas. As tabelas podem ser de frequência simples ou de
Im = R frequência em faixa de valores.

Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope- Gráficos


rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas O objetivo da representação gráfica é dirigir a atenção do ana-
seguintes identidades: lista para alguns aspectos de um conjunto de dados. Alguns exem-
plos de gráficos são: diagrama de barras, diagrama em setores,
histograma, boxplot, ramo-e-folhas, diagrama de dispersão, gráfico
!"# ! + ! = !"#!! ∙ cos ! + cos ! ∙ !"#!! sequencial.
cos ! + ! = cos ! ∙ cos ! − !"#!! ∙ !"#!!
Resumos numéricos
!"!! + !"!! Por meio de medidas ou resumos numéricos podemos levantar
!" ! + ! = importantes informações sobre o conjunto de dados tais como: a
1 − !"!! ∙ !"!!
tendência central, variabilidade, simetria, valores extremos, valores
!
discrepantes, etc.

Estatística inferencial (Indutiva)


Utiliza informações incompletas para tomar decisões e tirar
conclusões satisfatórias. O alicerce das técnicas de estatística infe-
rencial está no cálculo de probabilidades. Fazemos uso de:

17
MATEMÁTICA
Estimação Censo
A técnica de estimação consiste em utilizar um conjunto de da- É uma avaliação direta de um parâmetro, utilizando-se todos os
dos incompletos, ao qual iremos chamar de amostra, e nele calcular componentes da população.
estimativas de quantidades de interesse. Estas estimativas podem
ser pontuais (representadas por um único valor) ou intervalares. Principais propriedades:
- Admite erros processual zero e tem 100% de confiabilidade;
Teste de Hipóteses - É caro;
O fundamento do teste estatístico de hipóteses é levantar su- - É lento;
posições acerca de uma quantidade não conhecida e utilizar, tam- - É quase sempre desatualizado (visto que se realizam em perí-
bém, dados incompletos para criar uma regra de escolha. odos de anos 10 em 10 anos);
- Nem sempre é viável.
População e amostra
Dados brutos: é uma sequência de valores numéricos não or-
ganizados, obtidos diretamente da observação de um fenômeno
coletivo.

Rol: é uma sequência ordenada dos dados brutos.

Média aritmética de um conjunto de números é o valor que se


obtém dividindo a soma dos elementos pelo número de elementos
do conjunto.
É Representemos a média aritmética por .
o conjunto de todas as unidades sobre as quais há o interesse de A média pode ser calculada apenas se a variável envolvida na
investigar uma ou mais características. pesquisa for quantitativa. Não faz sentido calcular a média aritméti-
ca para variáveis quantitativas.
Variáveis e suas classificações Na realização de uma mesma pesquisa estatística entre diferen-
Qualitativas – quando seus valores são expressos por atribu- tes grupos, se for possível calcular a média, ficará mais fácil estabe-
tos: sexo (masculino ou feminino), cor da pele, entre outros. Dize- lecer uma comparação entre esses grupos e perceber tendências.
mos que estamos qualificando. Considerando uma equipe de basquete, a soma das alturas dos
Quantitativas – quando seus valores são expressos em núme- jogadores é:
ros (salários dos operários, idade dos alunos, etc). Uma variável
quantitativa que pode assumir qualquer valor entre dois limites 1,85 + 1,85 + 1,95 + 1,98 + 1,98 + 1,98 + 2,01 + 2,01+2,07+2,07
recebe o nome de variável contínua; e uma variável que só pode +2,07+2,07+2,10+2,13+2,18 = 30,0
assumir valores pertencentes a um conjunto enumerável recebe o
nome de variável discreta. Se dividirmos esse valor pelo número total de jogadores, obte-
remos a média aritmética das alturas:
Fases do método estatístico
— Coleta de dados: após cuidadoso planejamento e a devida
determinação das características mensuráveis do fenômeno que se
quer pesquisar, damos início à coleta de dados numéricos necessá-
rios à sua descrição. A coleta pode ser direta e indireta. A média aritmética das alturas dos jogadores é 2,02m.
— Crítica dos dados: depois de obtidos os dados, os mesmos
devem ser cuidadosamente criticados, à procura de possível falhas Média Ponderada
e imperfeições, a fim de não incorrermos em erros grosseiros ou A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à adi-
de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. A ção e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é chama-
crítica pode ser externa e interna. da média aritmética ponderada.

— Apuração dos dados: soma e processamento dos dados ob-


tidos e a disposição mediante critérios de classificação, que pode
ser manual, eletromecânica ou eletrônica.
— Exposição ou apresentação de dados: os dados devem ser
apresentados sob forma adequada (tabelas ou gráficos), tornando Mediana (Md)
mais fácil o exame daquilo que está sendo objeto de tratamento Sejam os valores escritos em rol: x1 , x2 , x3 , ... xn
estatístico.
— Análise dos resultados: realizadas anteriores (Estatística Sendo n ímpar, chama-se mediana o termo xi tal que o núme-
Descritiva), fazemos uma análise dos resultados obtidos, através ro de termos da sequência que precedem xi é igual ao número de
dos métodos da Estatística Indutiva ou Inferencial, que tem por termos que o sucedem, isto é, xi é termo médio da sequência (xn)
base a indução ou inferência, e tiramos desses resultados conclu- em rol.
sões e previsões. Sendo n par, chama-se mediana o valor obtido pela média arit-
mética entre os termos xj e xj +1, tais que o número de termos que
precedem xj é igual ao número de termos que sucedem xj +1, isto é,
a mediana é a média aritmética entre os termos centrais da sequ-
ência (xn) em rol.

18
MATEMÁTICA
Exemplo 1: E para amostra
Determinar a mediana do conjunto de dados:
{12, 3, 7, 10, 21, 18, 23}

Solução:
Escrevendo os elementos do conjunto em rol, tem-se: (3, 7, 10, Exemplo 1:
12, 18, 21, 23). A mediana é o termo médio desse rol. Logo: Md=12 Em oito jogos, o jogador A, de bola ao cesto, apresentou o se-
Resposta: Md=12. guinte desempenho, descrito na tabela abaixo:
Exemplo 2:
Determinar a mediana do conjunto de dados: JOGO NÚMERO DE PONTOS
{10, 12, 3, 7, 18, 23, 21, 25}.
1 22
Solução: 2 18
Escrevendo-se os elementos do conjunto em rol, tem-se:
(3, 7, 10, 12, 18, 21, 23, 25). A mediana é a média aritmética 3 13
entre os dois termos centrais do rol. 4 24
5 26
Logo:
6 20
Resposta: Md=15 7 19
Moda (Mo) 8 18
Num conjunto de números: x1 , x2 , x3 , ... xn, chama-se moda
aquele valor que ocorre com maior frequência. a) Qual a média de pontos por jogo?
b) Qual a variância do conjunto de pontos?
Observação:
A moda pode não existir e, se existir, pode não ser única. Solução:

Exemplo 1: a) A média de pontos por jogo é:


O conjunto de dados 3, 3, 8, 8, 8, 6, 9, 31 tem moda igual a 8,
isto é, Mo=8.

Exemplo 2:
O conjunto de dados 1, 2, 9, 6, 3, 5 não tem moda.

Medidas de dispersão b) A variância é:


Duas distribuições de frequência com medidas de tendência
central semelhantes podem apresentar características diversas.
Necessita-se de outros índices numéricas que informem sobre o
grau de dispersão ou variação dos dados em torno da média ou de
qualquer outro valor de concentração. Esses índices são chamados
medidas de dispersão.

Variância Desvio médio


Há um índice que mede a “dispersão” dos elementos de um Definição
conjunto de números em relação à sua média aritmética, e que é Medida da dispersão dos dados em relação à média de uma se-
chamado de variância. Esse índice é assim definido: quência. Esta medida representa a média das distâncias entre cada
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua elemento da amostra e seu valor médio.
média aritmética. Chama-se variância desse conjunto, e indica-se
por , o número:

Desvio padrão
Definição
Seja o conjunto de números x1 , x2 , x3 , ... xn, tal que é sua mé-
Isto é: dia aritmética. Chama-se desvio padrão desse conjunto, e indica-se
por , o número:

19
MATEMÁTICA
Isto é: Gráfico Cartesiano

Exemplo:
As estaturas dos jogadores de uma equipe de basquetebol são:
2,00 m; 1,95 m; 2,10 m; 1,90 m e 2,05 m. Calcular:
a) A estatura média desses jogadores.
b) O desvio padrão desse conjunto de estaturas.

Solução:

Sendo a estatura média, temos:

Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem uma


relação entre grandezas. Assim, o valor a ser pago na conta de luz
depende do consumo medido no período; o tempo de uma viagem
de automóvel depende da velocidade no trajeto.
Como, em geral, trabalhamos com funções numéricas, o domí-
Sendo o desvio padrão, tem-se: nio e a imagem são conjuntos numéricos, e podemos definir com
mais rigor o que é uma função matemática utilizando a linguagem
da teoria dos conjuntos.

Definição: Sejam A e B dois conjuntos não vazios e f uma rela-


ção de A em B.
Essa relação f é uma função de A em B quando a cada elemen-
to x do conjunto A está associado um e apenas um elemento y do
conjunto B.
FUNÇÕES: DEFINIÇÃO, DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO,
IMAGEM, GRÁFICOS. FUNÇÕES POLINOMIAIS DE 1º Notação: f: A→B (lê-se função f de A em B)
E 2º GRAUS: DEFINIÇÃO. DOMÍNIO. IMAGEM. GRÁFI-
COS. FUNÇÕES ELEMENTARES: FUNÇÃO MODULAR. Domínio, contradomínio, imagem
FUNÇÕES DEFINIDAS POR VÁRIAS SENTENÇAS. FUN- O domínio é constituído por todos os valores que podem ser
ÇÃO EXPONENCIAL. FUNÇÃO LOGARÍTMICA atribuídos à variável independente. Já a imagem da função é forma-
da por todos os valores correspondentes da variável dependente.
Diagrama de Flechas
O conjunto A é denominado domínio da função, indicada por D.
O domínio serve para definir em que conjunto estamos trabalhan-
do, isto é, os valores possíveis para a variável x.
O conjunto B é denominado contradomínio, CD.
Cada elemento x do domínio tem um correspondente y no con-
tradomínio. A esse valor de y damos o nome de imagem de x pela
função f. O conjunto de todos os valores de y que são imagens de
valores de x forma o conjunto imagem da função, que indicaremos
por Im.

Exemplo
Com os conjuntos A={1, 4, 7} e B={1, 4, 6, 7, 8, 9, 12}criamos
a função f: A→B. definida por f(x) = x + 5 que também pode ser
representada por y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos,
desta função, é:

20
MATEMÁTICA
No nosso exemplo, o domínio é D = {1, 4, 7}, o contradomínio é Função Crescente: a > 0
= {1, 4, 6, 7, 8, 9, 12} e o conjunto imagem é Im = {6, 9, 12} De uma maneira bem simples, podemos olhar no gráfico que os
valores de y vão crescendo.
Classificação das funções
Injetora: Quando para ela elementos distintos do domínio
apresentam imagens também distintas no contradomínio.

Sobrejetora: Quando todos os elementos do contradomínio fo-


rem imagens de pelo menos um elemento do domínio. Função Decrescente: a < 0
Nesse caso, os valores de y, caem.

Bijetora: Quando apresentar as características de função inje-


tora e ao mesmo tempo, de sobrejetora, ou seja, elementos dis-
tintos têm sempre imagens distintas e todos os elementos do con-
tradomínio são imagens de pelo menos um elemento do domínio.
Raiz da função
Calcular o valor da raiz da função é determinar o valor em que a
reta cruza o eixo x, para isso consideremos o valor de y igual a zero,
pois no momento em que a reta intersecta o eixo x, y = 0. Observe a
representação gráfica a seguir:

Função 1º grau
A função do 1° grau relacionará os valores numéricos obtidos
de expressões algébricas do tipo (ax + b), constituindo, assim, a fun-
ção f(x) = ax + b.
Estudo dos Sinais
Definimos função como relação entre duas grandezas repre-
sentadas por x e y. No caso de uma função do 1º grau, sua lei de Podemos estabelecer uma formação geral para o cálculo da raiz
formação possui a seguinte característica: y = ax + b ou f(x) = ax + de uma função do 1º grau, basta criar uma generalização com base
b, onde os coeficientes a e b pertencem aos reais e diferem de zero. na própria lei de formação da função, considerando y = 0 e isolando
Esse modelo de função possui como representação gráfica a figura o valor de x (raiz da função).
de uma reta, portanto, as relações entre os valores do domínio e da X=-b/aDependendo do caso, teremos que fazer um sistema
imagem crescem ou decrescem de acordo com o valor do coeficien- com duas equações para acharmos o valor de a e b.
te a. Se o coeficiente possui sinal positivo, a função é crescente, e
caso ele tenha sinal negativo, a função é decrescente. Exemplo:
Dado que f(x)=ax+b e f(1)=3 e f(3)=5, ache a função.

F(1)=1a+b
3=a+b
F(3)=3a+b
5=3a+b

21
MATEMÁTICA
Isolando a em I Raízes
a=3-b
Substituindo em II

3(3-b)+b=5
9-3b+b=5
-2b=-4
b=2

Portanto,
a=3-b
a=3-2=1
Assim, f(x)=x+2

Função Quadrática ou Função do 2º grau


Em geral, uma função quadrática ou polinomial do segundo Vértices e Estudo do Sinal
grau tem a seguinte forma: Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para cima e
f(x)=ax²+bx+c, onde a≠0 um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem concavidade
f(x)=a(x-x1)(x-x2) voltada para baixo e um ponto de máximo V.

É essencial que apareça ax² para ser uma função quadrática e Em qualquer caso, as coordenadas de V são .
deve ser o maior termo.
Veja os gráficos:
Concavidade
A concavidade da parábola é para cima se a>0 e para baixo se
a<0

Discriminante(∆)
∆ = b²-4ac
∆>0

A parábola y=ax²+bx+c intercepta o eixo x em dois pontos dis-


tintos, (x1,0) e (x2,0), onde x1 e x2 são raízes da equação ax²+bx+c=0

∆=0

Quando ∆=0 , a parábola y=ax²+bx+c é tangente ao eixo x, no


ponto

Repare que, quando tivermos o discriminante ∆ = 0, as duas


raízes da equação ax²+bx+c=0 são iguais
∆<0

A função não tem raízes reais

22
MATEMÁTICA
Equação Exponencial
É toda equação cuja incógnita se apresenta no expoente de
uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1.

Exemplo
Resolva a equação no universo dos números reais.

Solução

A Constante de Euler
É definida por :
e = exp(1)

O número e é um número irracional e positivo e em função da


definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1

Este número é denotado por e em homenagem ao matemático


suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primeiros a estudar as
propriedades desse número.

O valor deste número expresso com 10 dígitos decimais, é:


e = 2,7182818284

Função exponencial Se x é um número real, a função exponencial exp(.) pode ser


A expressão matemática que define a função exponencial é escrita como a potência de base e com expoente x, isto é:
uma potência. Nesta potência, a base é um número real positivo e ex = exp(x)
diferente de 1 e o expoente é uma variável.
Propriedades dos expoentes
Função crescente Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um número
Se a > 1 temos uma função exponencial crescente, qualquer racional, então:
que seja o valor real de x. - ax ay= ax + y
No gráfico da função ao lado podemos observar que à medida - ax / ay= ax - y
que x aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos - (ax) y= ax.y
que a curva da função é crescente. - (a b)x = ax bx
- (a / b)x = ax / bx
- a-x = 1 / ax
Logaritmo
Considerando-se dois números N e a reais e positivos, com a
≠1, existe um número c tal que:

A esse expoente c damos o nome de logaritmo de N na base a

Ainda com base na definição podemos estabelecer condições


de existência:
Função decrescente

Se 0 < a < 1 temos uma função exponencial decrescente em


todo o domínio da função.
Neste outro gráfico podemos observar que à medida que x au-
menta, y diminui. Graficamente observamos que a curva da função
é decrescente.

23
MATEMÁTICA
Exemplo Solução
a) Log 6=log 2⋅3=log2+log3=0,3010+0,4771=0,7781

Função Logarítmica

Uma função dada por , em que a constante


a é positiva e diferente de 1, denomina-se função logarítmica.

Consequências da Definição

Propriedades

Mudança de Base

Exemplo
Dados log 2=0,3010 e log 3=0,4771, calcule:
a) log 6
b) log1,5
c) log 16

24
RACIOCÍNIO LÓGICO
1. Estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, interferência, deduções e conclusões. Lógica sentencial (proposicional): pro-
posições simples e compostas; tabelas verdade; equivalências; leis de Morgan; diagramas lógicos. Lógica de primeira ordem. Princí-
pios de contagem e probabilidades.Raciocínio lógico envolvendo problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
RACIOCÍNIO LÓGICO

ESTRUTURAS LÓGICAS. LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS, INTERFERÊNCIA, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES. LÓ-


GICA SENTENCIAL (PROPOSICIONAL): PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS; TABELAS VERDADE; EQUIVALÊNCIAS;
LEIS DE MORGAN; DIAGRAMAS LÓGICOS. LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM. PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILI-
DADES. RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Este tipo de raciocínio testa sua habilidade de resolver problemas matemáticos, e é uma forma de medir seu domínio das diferentes
áreas do estudo da Matemática: Aritmética, Álgebra, leitura de tabelas e gráficos, Probabilidade e Geometria etc. Essa parte consiste nos
seguintes conteúdos:
- Operação com conjuntos.
- Cálculos com porcentagens.
- Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais.
- Geometria básica.
- Álgebra básica e sistemas lineares.
- Calendários.
- Numeração.
- Razões Especiais.
- Análise Combinatória e Probabilidade.
- Progressões Aritmética e Geométrica.

RACIOCÍNIO LÓGICO DEDUTIVO

Este tipo de raciocínio está relacionado ao conteúdo Lógica de Argumentação.

ORIENTAÇÕES ESPACIAL E TEMPORAL

O raciocínio lógico espacial ou orientação espacial envolvem figuras, dados e palitos. O raciocínio lógico temporal ou orientação tem-
poral envolve datas, calendário, ou seja, envolve o tempo.
O mais importante é praticar o máximo de questões que envolvam os conteúdos:
- Lógica sequencial
- Calendários

RACIOCÍNIO VERBAL

Avalia a capacidade de interpretar informação escrita e tirar conclusões lógicas.


Uma avaliação de raciocínio verbal é um tipo de análise de habilidade ou aptidão, que pode ser aplicada ao se candidatar a uma vaga.
Raciocínio verbal é parte da capacidade cognitiva ou inteligência geral; é a percepção, aquisição, organização e aplicação do conhecimento
por meio da linguagem.
Nos testes de raciocínio verbal, geralmente você recebe um trecho com informações e precisa avaliar um conjunto de afirmações,
selecionando uma das possíveis respostas:
A – Verdadeiro (A afirmação é uma consequência lógica das informações ou opiniões contidas no trecho)
B – Falso (A afirmação é logicamente falsa, consideradas as informações ou opiniões contidas no trecho)
C – Impossível dizer (Impossível determinar se a afirmação é verdadeira ou falsa sem mais informações)

ESTRUTURAS LÓGICAS
Precisamos antes de tudo compreender o que são proposições. Chama-se proposição toda sentença declarativa à qual podemos atri-
buir um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso, nunca ambos. Trata-se, portanto, de uma sentença fechada.

Elas podem ser:


• Sentença aberta: quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova? - Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposições simples e compostas
• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições
simples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R..., também chamadas letras proposicionais.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.
Proposições Compostas – Conectivos
As proposições compostas são formadas por proposições simples ligadas por conectivos, aos quais formam um valor lógico, que po-
demos vê na tabela a seguir:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Em síntese temos a tabela verdade das proposições que facilitará na resolução de diversas questões

Exemplo:
(MEC – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA OS POSTOS 9,10,11 E 16 – CESPE)

A figura acima apresenta as colunas iniciais de uma tabela-verdade, em que P, Q e R representam proposições lógicas, e V e F corres-
pondem, respectivamente, aos valores lógicos verdadeiro e falso.
Com base nessas informações e utilizando os conectivos lógicos usuais, julgue o item subsecutivo.
A última coluna da tabela-verdade referente à proposição lógica P v (Q↔R) quando representada na posição horizontal é igual a

( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
P v (Q↔R), montando a tabela verdade temos:

R Q P [P v (Q ↔ R) ]
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V V V F F V
V F F F F F F V

3
RACIOCÍNIO LÓGICO
F V V V V V F F
F V F F F V F F
F F V V V F V F
F F F F V F V F

Resposta: Certo

Proposição
Conjunto de palavras ou símbolos que expressam um pensamento ou uma ideia de sentido completo. Elas transmitem pensamentos,
isto é, afirmam fatos ou exprimem juízos que formamos a respeito de determinados conceitos ou entes.

Valores lógicos
São os valores atribuídos as proposições, podendo ser uma verdade, se a proposição é verdadeira (V), e uma falsidade, se a proposi-
ção é falsa (F). Designamos as letras V e F para abreviarmos os valores lógicos verdade e falsidade respectivamente.
Com isso temos alguns aximos da lógica:
– PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: uma proposição não pode ser verdadeira E falsa ao mesmo tempo.
– PRINCÍPIO DO TERCEIRO EXCLUÍDO: toda proposição OU é verdadeira OU é falsa, verificamos sempre um desses casos, NUNCA
existindo um terceiro caso.

“Toda proposição tem um, e somente um, dos valores, que são: V ou F.”

Classificação de uma proposição


Elas podem ser:
• Sentença aberta:quando não se pode atribuir um valor lógico verdadeiro ou falso para ela (ou valorar a proposição!), portanto, não
é considerada frase lógica. São consideradas sentenças abertas:
- Frases interrogativas: Quando será prova?- Estudou ontem? – Fez Sol ontem?
- Frases exclamativas: Gol! – Que maravilhoso!
- Frase imperativas: Estude e leia com atenção. – Desligue a televisão.
- Frases sem sentido lógico (expressões vagas, paradoxais, ambíguas, ...): “esta frase é falsa” (expressão paradoxal) – O cachorro do
meu vizinho morreu (expressão ambígua) – 2 + 5+ 1

• Sentença fechada: quando a proposição admitir um ÚNICO valor lógico, seja ele verdadeiro ou falso, nesse caso, será considerada
uma frase, proposição ou sentença lógica.

Proposições simples e compostas


• Proposições simples (ou atômicas): aquela que NÃO contém nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As
proposições simples são designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r, s..., chamadas letras proposicionais.
Exemplos
r: Thiago é careca.
s: Pedro é professor.

• Proposições compostas (ou moleculares ou estruturas lógicas): aquela formada pela combinação de duas ou mais proposições sim-
ples. As proposições compostas são designadas pelas letras latinas maiúsculas P,Q,R, R...,também chamadas letras proposicionais.
Exemplo
P: Thiago é careca e Pedro é professor.

ATENÇÃO: TODAS as proposições compostas são formadas por duas proposições simples.

Exemplos:
1. (CESPE/UNB) Na lista de frases apresentadas a seguir:
– “A frase dentro destas aspas é uma mentira.”
– A expressão x + y é positiva.
– O valor de √4 + 3 = 7.
– Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira.
– O que é isto?

Há exatamente:
(A) uma proposição;
(B) duas proposições;
(C) três proposições;
(D) quatro proposições;
(E) todas são proposições.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Analisemos cada alternativa:
(A) “A frase dentro destas aspas é uma mentira”, não podemos atribuir valores lógicos a ela, logo não é uma sentença lógica.
(B) A expressão x + y é positiva, não temos como atribuir valores lógicos, logo não é sentença lógica.
(C) O valor de √4 + 3 = 7; é uma sentença lógica pois podemos atribuir valores lógicos, independente do resultado que tenhamos
(D) Pelé marcou dez gols para a seleção brasileira, também podemos atribuir valores lógicos (não estamos considerando a quantidade
certa de gols, apenas se podemos atribuir um valor de V ou F a sentença).
(E) O que é isto? -como vemos não podemos atribuir valores lógicos por se tratar de uma frase interrogativa.
Resposta: B.

Conectivos (conectores lógicos)


Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos. São eles:

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA TABELA VERDADE

Negação ~ Não p

Conjunção ^ peq

Disjunção Inclusiva v p ou q

Disjunção Exclusiva v Ou p ou q

Condicional → Se p então q

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

Bicondicional ↔ p se e somente se q

Exemplo:
2. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q

Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B.

Tabela Verdade
Quando trabalhamos com as proposições compostas, determinamos o seu valor lógico partindo das proposições simples que a com-
põe. O valor lógico de qualquer proposição composta depende UNICAMENTE dos valores lógicos das proposições simples componentes,
ficando por eles UNIVOCAMENTE determinados.

• Número de linhas de uma Tabela Verdade: depende do número de proposições simples que a integram, sendo dado pelo seguinte
teorema:
“A tabela verdade de uma proposição composta com n* proposições simples componentes contém 2n linhas.”

Exemplo:
3. (CESPE/UNB) Se “A”, “B”, “C” e “D” forem proposições simples e distintas, então o número de linhas da tabela-verdade da propo-
sição (A → B) ↔ (C → D) será igual a:
(A) 2;
(B) 4;
(C) 8;
(D) 16;
(E) 32.

Resolução:
Veja que podemos aplicar a mesma linha do raciocínio acima, então teremos:
Número de linhas = 2n = 24 = 16 linhas.
Resposta D.

Conceitos de Tautologia , Contradição e Contigência


• Tautologia: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), V (verdades).
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma tautologia, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma tautologia, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contradição: possui todos os valores lógicos, da tabela verdade (última coluna), F (falsidades). A contradição é a negação da Tauto-
logia e vice versa.
Princípio da substituição: Seja P (p, q, r, ...) é uma contradição, então P (P0; Q0; R0; ...) também é uma contradição, quaisquer que sejam
as proposições P0, Q0, R0, ...

• Contingência: possui valores lógicos V e F ,da tabela verdade (última coluna). Em outros termos a contingência é uma proposição
composta que não é tautologia e nem contradição.

6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:
4. (DPU – ANALISTA – CESPE) Um estudante de direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou sua própria legenda, na qual
identificava, por letras, algumas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e as vinculava por meio de sentenças (proposições).
No seu vocabulário particular constava, por exemplo:
P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclusão no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.

Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não recordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
A sentença (P→Q)↔((~Q)→(~P)) será sempre verdadeira, independentemente das valorações de P e Q como verdadeiras ou falsas.
() Certo
() Errado

Resolução:
Considerando P e Q como V.
(V→V) ↔ ((F)→(F))
(V) ↔ (V) = V
Considerando P e Q como F
(F→F) ↔ ((V)→(V))
(V) ↔ (V) = V
Então concluímos que a afirmação é verdadeira.
Resposta: Certo.

Equivalência
Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, quando mesmo possuindo estruturas lógicas diferentes, apresentam a mesma
solução em suas respectivas tabelas verdade.
Se as proposições P(p,q,r,...) e Q(p,q,r,...) são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES.

Exemplo:
5. (VUNESP/TJSP) Uma negação lógica para a afirmação “João é rico, ou Maria é pobre” é:
(A) Se João é rico, então Maria é pobre.
(B) João não é rico, e Maria não é pobre.
(C) João é rico, e Maria não é pobre.
(D) Se João não é rico, então Maria não é pobre.
(E) João não é rico, ou Maria não é pobre.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução:
Nesta questão, a proposição a ser negada trata-se da disjunção de duas proposições lógicas simples. Para tal, trocamos o conectivo
por “e” e negamos as proposições “João é rico” e “Maria é pobre”. Vejam como fica:

Resposta: B.

Leis de Morgan
Com elas:
– Negamos que duas dadas proposições são ao mesmo tempo verdadeiras equivalendo a afirmar que pelo menos uma é falsa
– Negamos que uma pelo menos de duas proposições é verdadeira equivalendo a afirmar que ambas são falsas.

ATENÇÃO
As Leis de Morgan exprimem que NEGAÇÃO CONJUNÇÃO em DISJUNÇÃO
transforma: DISJUNÇÃO em CONJUNÇÃO

CONECTIVOS
Para compôr novas proposições, definidas como composta, a partir de outras proposições simples, usam-se os conectivos.

OPERAÇÃO CONECTIVO ESTRUTURA LÓGICA EXEMPLOS


Negação ~ Não p A cadeira não é azul.
Conjunção ^ peq Fernando é médico e Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Inclusiva v p ou q Fernando é médico ou Nicolas é Engenheiro.
Disjunção Exclusiva v Ou p ou q Ou Fernando é médico ou João é Engenheiro.
Condicional → Se p então q Se Fernando é médico então Nicolas é Engenheiro.
Bicondicional ↔ p se e somente se q Fernando é médico se e somente se Nicolas é Engenheiro.

Conectivo “não” (~)


Chamamos de negação de uma proposição representada por “não p” cujo valor lógico é verdade (V) quando p é falsa e falsidade (F)
quando p é verdadeira. Assim “não p” tem valor lógico oposto daquele de p. Pela tabela verdade temos:

Conectivo “e” (˄)


Se p e q são duas proposições, a proposição p ˄ q será chamada de conjunção. Para a conjunção, tem-se a seguinte tabela-verdade:

ATENÇÃO: Sentenças interligadas pelo conectivo “e” possuirão o valor verdadeiro somente quando todas as sentenças, ou argumen-
tos lógicos, tiverem valores verdadeiros.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conectivo “ou” (v)
Este inclusivo: Elisabete é bonita ou Elisabete é inteligente. (Nada impede que Elisabete seja bonita e inteligente).

Conectivo “ou” (v)


Este exclusivo: Elisabete é paulista ou Elisabete é carioca. (Se Elisabete é paulista, não será carioca e vice-versa).

• Mais sobre o Conectivo “ou”


– “inclusivo”(considera os dois casos)
– “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplos:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa
No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeira

Ele pode ser “inclusivo”(considera os dois casos) ou “exclusivo”(considera apenas um dos casos)

Exemplo:
R: Paulo é professor ou administrador
S: Maria é jovem ou idosa

No primeiro caso, o “ou” é inclusivo,pois pelo menos uma das proposições é verdadeira, podendo ser ambas.
No caso da segunda, o “ou” é exclusivo, pois somente uma das proposições poderá ser verdadeiro

Conectivo “Se... então” (→)


Se p e q são duas proposições, a proposição p→q é chamada subjunção ou condicional. Considere a seguinte subjunção: “Se fizer sol,
então irei à praia”.
1. Podem ocorrer as situações:
2. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
3. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade)
5. Não fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade, pois eu não disse o que faria se não fizesse sol. Assim, poderia ir ou não ir à praia).
Temos então sua tabela verdade:

9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que uma subjunção p→q somente será falsa quando a primeira proposição, p, for verdadeira e a segunda, q, for falsa.

Conectivo “Se e somente se” (↔)


Se p e q são duas proposições, a proposição p↔q1 é chamada bijunção ou bicondicional, que também pode ser lida como: “p é con-
dição necessária e suficiente para q” ou, ainda, “q é condição necessária e suficiente para p”.
Considere, agora, a seguinte bijunção: “Irei à praia se e somente se fizer sol”. Podem ocorrer as situações:
1. Fez sol e fui à praia. (Eu disse a verdade)
2. Fez sol e não fui à praia. (Eu menti)
3. Não fez sol e fui à praia. (Eu menti)
4. Não fez sol e não fui à praia. (Eu disse a verdade). Sua tabela verdade:

Observe que uma bicondicional só é verdadeira quando as proposições formadoras são ambas falsas ou ambas verdadeiras.

ATENÇÃO: O importante sobre os conectivos é ter em mente a tabela de cada um deles, para que assim você possa resolver qualquer
questão referente ao assunto.

Ordem de precedência dos conectivos:


O critério que especifica a ordem de avaliação dos conectivos ou operadores lógicos de uma expressão qualquer. A lógica matemática
prioriza as operações de acordo com a ordem listadas:

Em resumo:

Exemplo:
(PC/SP - DELEGADO DE POLÍCIA - VUNESP) Os conectivos ou operadores lógicos são palavras (da linguagem comum) ou símbolos (da
linguagem formal) utilizados para conectar proposições de acordo com regras formais preestabelecidas. Assinale a alternativa que apre-
senta exemplos de conjunção, negação e implicação, respectivamente.
(A) ¬ p, p v q, p ∧ q
(B) p ∧ q, ¬ p, p -> q
(C) p -> q, p v q, ¬ p
(D) p v p, p -> q, ¬ q
(E) p v q, ¬ q, p v q
Resolução:
A conjunção é um tipo de proposição composta e apresenta o conectivo “e”, e é representada pelo símbolo ∧. A negação é repre-
sentada pelo símbolo ~ou cantoneira (¬) e pode negar uma proposição simples (por exemplo: ¬ p ) ou composta. Já a implicação é uma
proposição composta do tipo condicional (Se, então) é representada pelo símbolo (→).
Resposta: B

10
RACIOCÍNIO LÓGICO
CONTRADIÇÕES Observe:
São proposições compostas formadas por duas ou mais propo- - Toda proposição implica uma Tautologia:
sições onde seu valor lógico é sempre FALSO, independentemente
do valor lógico das proposições simples que a compõem. Vejamos:
A proposição: p ^ ~p é uma contradição, conforme mostra a sua
tabela-verdade:

- Somente uma contradição implica uma contradição:

Exemplo:
(PEC-FAZ) Conforme a teoria da lógica proposicional, a propo-
sição ~P ∧ P é:
(A) uma tautologia.
(B) equivalente à proposição ~p ∨ p.
(C) uma contradição.
(D) uma contingência.
(E) uma disjunção.
Resolução: Propriedades
Montando a tabela teremos que: • Reflexiva:
– P(p,q,r,...) ⇒ P(p,q,r,...)
P ~p ~p ^p – Uma proposição complexa implica ela mesma.
• Transitiva:
V F F – Se P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...) e
V F F Q(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...), então
P(p,q,r,...) ⇒ R(p,q,r,...)
F V F
– Se P ⇒ Q e Q ⇒ R, então P ⇒ R
F V F
Regras de Inferência
Como todos os valores são Falsidades (F) logo estamos diante • Inferência é o ato ou processo de derivar conclusões lógicas
de uma CONTRADIÇÃO. de proposições conhecidas ou decididamente verdadeiras. Em ou-
Resposta: C tras palavras: é a obtenção de novas proposições a partir de propo-
sições verdadeiras já existentes.
A proposição P(p,q,r,...) implica logicamente a proposição Q(p,-
q,r,...) quando Q é verdadeira todas as vezes que P é verdadeira. Regras de Inferência obtidas da implicação lógica
Representamos a implicação com o símbolo “⇒”, simbolicamente
temos:

P(p,q,r,...) ⇒ Q(p,q,r,...).

ATENÇÃO: Os símbolos “→” e “⇒” são completamente distin-


tos. O primeiro (“→”) representa a condicional, que é um conec-
tivo. O segundo (“⇒”) representa a relação de implicação lógica
que pode ou não existir entre duas proposições. • Silogismo Disjuntivo

Exemplo:

• Modus Ponens

11
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Modus Tollens Lógica de primeira ordem
Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi-
ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor-
tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren-
te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira
ou falsa.

Vejamos algumas formas:


- Todo A é B.
- Nenhum A é B.
- Algum A é B.
- Algum A não é B.
Onde temos que A e B são os termos ou características dessas
proposições categóricas.

• Classificação de uma proposição categórica de acordo com


o tipo e a relação
Tautologias e Implicação Lógica Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun-
• Teorema damentais: qualidade e extensão ou quantidade.
P(p,q,r,..) ⇒ Q(p,q,r,...) se e somente se P(p,q,r,...) → Q(p,q,r,...) – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição
categórica em afirmativa ou negativa.
– Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica
uma proposição categórica em universal ou particular. A classifica-
ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição.

Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade


Observe que: e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas
→ indica uma operação lógica entre as proposições. Ex.: das letras A, E, I e O.
proposições p e q, dá-se a nova proposição p → q.
⇒ indica uma relação. Ex.: estabelece que a condicional P → • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B”
Q é tautológica. Teremos duas possibilidades.

Inferências
• Regra do Silogismo Hipotético

Princípio da inconsistência Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no
– Como “p ^ ~p → q” é tautológica, subsiste a implicação lógica conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam-
p ^ ~p ⇒ q bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de
– Assim, de uma contradição p ^ ~p se deduz qualquer propo- “Todo B é A”.
sição q. • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B”
Tais proposições afirmam que não há elementos em comum
A proposição “(p ↔ q) ^ p” implica a proposição “q”, pois a entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes-
condicional “(p ↔ q) ^ p → q” é tautológica. mo que dizer “nenhum B é A”.
Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia-
grama (A ∩ B = ø):

12
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese:

• Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B”


Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro-
posição:

Exemplos:
(DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não
são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto.
Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir-
mação anterior é:
(A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são par-
dos.
(B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos.
(C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos
não miam alto.
Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” (D) Todos os gatos que miam alto são pardos.
tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é
tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo pardo.
A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”.
Resolução:
• Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição
Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação.
representações possíveis: O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo
o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum).
Logo, podemos descartar as alternativas A e E.
A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção,
em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta-
mos a alternativa B.
Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de
que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo
A é não B.
Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não
são pardos NÃO miam alto.
Resposta: C

(CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a


afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de
Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira
conjunto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao (A) Todos os não psicólogos são professores.
conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo (B) Nenhum professor é psicólogo.
que Algum B não é A. (C) Nenhum psicólogo é professor.
(D) Pelo menos um psicólogo não é professor.
• Negação das Proposições Categóricas (E) Pelo menos um professor não é psicólogo.
Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as
seguintes convenções de equivalência: Resolução:
– Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega-
uma proposição categórica particular. ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra-
– Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo
categórica particular geramos uma proposição categórica universal. menos um professor não é psicólogo.
– Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, Resposta: E
sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca,
negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre,
uma proposição de natureza afirmativa.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO
• Equivalência entre as proposições Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas:
Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na
resolução de questões. TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS

TODO
A
AéB

Se um elemento pertence ao conjunto A,


então pertence também a B.

Exemplo:
(PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação NENHUM
lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual E
AéB
a cinco”?
(A) Todo número natural é menor do que cinco. Existe pelo menos um elemento que
(B) Nenhum número natural é menor do que cinco. pertence a A, então não pertence a B, e
(C) Todo número natural é diferente de cinco. vice-versa.
(D) Existe um número natural que é menor do que cinco.
(E) Existe um número natural que é diferente de cinco.

Resolução:
Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede-
-se a sua negação.
O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o
esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe
ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To- Existe pelo menos um elemento co-
dos e Nenhum, que também são universais. mum aos conjuntos A e B.
Podemos ainda representar das seguin-
tes formas:
ALGUM
I
AéB

Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem


quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter-
nativas A, B e C.
Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a
cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”.
Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser
negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...).
Resposta: D

Diagramas lógicos
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble-
mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam
argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po-
dem ser formadas por proposições categóricas.

ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para


conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos.

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

ALGUM - Algum teatro é casa de cultura


O
A NÃO é B

Perceba-se que, nesta sentença, a aten-


ção está sobre o(s) elemento (s) de A que
não são B (enquanto que, no “Algum A é
B”, a atenção estava sobre os que eram B,
ou seja, na intercessão).
Temos também no segundo caso, a dife-
rença entre conjuntos, que forma o con-
junto A - B
Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC
Exemplo: Segundo as afirmativas temos:
(GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último
– IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe
cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é pelo menos um dos cinemas é considerado teatro.
casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que
(A) existem cinemas que não são teatros.
(B) existe teatro que não é casa de cultura.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro.
(D) existe casa de cultura que não é cinema.
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema.

Resolução:
Vamos chamar de:
Cinema = C
Casa de Cultura = CC
Teatro = T
Analisando as proposições temos:
- Todo cinema é uma casa de cultura (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes-
mo princípio acima.
(C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado,
a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama
nos afirma isso

- Existem teatros que não são cinemas

15
RACIOCÍNIO LÓGICO
(D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- ATENÇÃO: O que vale é a CONSTRUÇÃO, E NÃO O SEU CONTE-
cativa é observada no diagrama da alternativa anterior. ÚDO! Se a construção está perfeita, então o argumento é válido,
(E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- independentemente do conteúdo das premissas ou da conclusão!
reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que
todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura • Como saber se um determinado argumento é mesmo váli-
também não é cinema. do?
Para se comprovar a validade de um argumento é utilizando
diagramas de conjuntos (diagramas de Venn). Trata-se de um mé-
todo muito útil e que será usado com frequência em questões que
pedem a verificação da validade de um argumento. Vejamos como
funciona, usando o exemplo acima. Quando se afirma, na premissa
P1, que “todos os homens são pássaros”, poderemos representar
essa frase da seguinte maneira:

Resposta: E

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Chama-se argumento a afirmação de que um grupo de propo-
sições iniciais redunda em outra proposição final, que será conse-
quência das primeiras. Ou seja, argumento é a relação que associa
um conjunto de proposições P1, P2,... Pn , chamadas premissas do
argumento, a uma proposição Q, chamada de conclusão do argu-
mento.

Observem que todos os elementos do conjunto menor (ho-


mens) estão incluídos, ou seja, pertencem ao conjunto maior (dos
pássaros). E será sempre essa a representação gráfica da frase
“Todo A é B”. Dois círculos, um dentro do outro, estando o círculo
menor a representar o grupo de quem se segue à palavra TODO.
Na frase: “Nenhum pássaro é animal”. Observemos que a pa-
lavra-chave desta sentença é NENHUM. E a ideia que ela exprime é
de uma total dissociação entre os dois conjuntos.

Exemplo:
P1: Todos os cientistas são loucos.
P2: Martiniano é louco.
Q: Martiniano é um cientista.
O exemplo dado pode ser chamado de Silogismo (argumento
formado por duas premissas e a conclusão).
A respeito dos argumentos lógicos, estamos interessados em
verificar se eles são válidos ou inválidos! Então, passemos a enten-
der o que significa um argumento válido e um argumento inválido.
Será sempre assim a representação gráfica de uma sentença
Argumentos Válidos “Nenhum A é B”: dois conjuntos separados, sem nenhum ponto em
Dizemos que um argumento é válido (ou ainda legítimo ou bem comum.
construído), quando a sua conclusão é uma consequência obrigató-
ria do seu conjunto de premissas.

Exemplo:
O silogismo...
P1: Todos os homens são pássaros.
P2: Nenhum pássaro é animal.
Q: Portanto, nenhum homem é animal.

... está perfeitamente bem construído, sendo, portanto, um


argumento válido, muito embora a veracidade das premissas e da
conclusão sejam totalmente questionáveis.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Tomemos agora as representações gráficas das duas premissas 1º) Fora do conjunto maior;
vistas acima e as analisemos em conjunto. Teremos: 2º) Dentro do conjunto maior. Vejamos:

Comparando a conclusão do nosso argumento, temos:


NENHUM homem é animal – com o desenho das premissas
será que podemos dizer que esta conclusão é uma consequência Finalmente, passemos à análise da conclusão: “Patrícia não
necessária das premissas? Claro que sim! Observemos que o con- gosta de chocolate”. Ora, o que nos resta para sabermos se este ar-
junto dos homens está totalmente separado (total dissociação!) do gumento é válido ou não, é justamente confirmar se esse resultado
conjunto dos animais. Resultado: este é um argumento válido! (se esta conclusão) é necessariamente verdadeiro!
- É necessariamente verdadeiro que Patrícia não gosta de cho-
Argumentos Inválidos colate? Olhando para o desenho acima, respondemos que não!
Dizemos que um argumento é inválido – também denominado Pode ser que ela não goste de chocolate (caso esteja fora do círcu-
ilegítimo, mal construído, falacioso ou sofisma – quando a verdade lo), mas também pode ser que goste (caso esteja dentro do círculo)!
das premissas não é suficiente para garantir a verdade da conclu- Enfim, o argumento é inválido, pois as premissas não garantiram a
são. veracidade da conclusão!

Exemplo: Métodos para validação de um argumento


P1: Todas as crianças gostam de chocolate. Aprenderemos a seguir alguns diferentes métodos que nos
P2: Patrícia não é criança. possibilitarão afirmar se um argumento é válido ou não!
Q: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. 1º) Utilizando diagramas de conjuntos: esta forma é indicada
quando nas premissas do argumento aparecem as palavras TODO,
Este é um argumento inválido, falacioso, mal construído, pois ALGUM E NENHUM, ou os seus sinônimos: cada, existe um etc.
as premissas não garantem (não obrigam) a verdade da conclusão. 2º) Utilizando tabela-verdade: esta forma é mais indicada
Patrícia pode gostar de chocolate mesmo que não seja criança, pois quando não for possível resolver pelo primeiro método, o que ocor-
a primeira premissa não afirmou que somente as crianças gostam re quando nas premissas não aparecem as palavras todo, algum e
de chocolate. nenhum, mas sim, os conectivos “ou” , “e”, “” e “↔”. Baseia-se
Utilizando os diagramas de conjuntos para provar a validade na construção da tabela-verdade, destacando-se uma coluna para
do argumento anterior, provaremos, utilizando-nos do mesmo arti- cada premissa e outra para a conclusão. Este método tem a des-
fício, que o argumento em análise é inválido. Comecemos pela pri- vantagem de ser mais trabalhoso, principalmente quando envolve
meira premissa: “Todas as crianças gostam de chocolate”. várias proposições simples.
3º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos e consi-
derando as premissas verdadeiras.
Por este método, fácil e rapidamente demonstraremos a vali-
dade de um argumento. Porém, só devemos utilizá-lo na impossibi-
lidade do primeiro método.
Iniciaremos aqui considerando as premissas como verdades.
Daí, por meio das operações lógicas com os conectivos, descobri-
remos o valor lógico da conclusão, que deverá resultar também em
verdade, para que o argumento seja considerado válido.

4º) Utilizando as operações lógicas com os conectivos, conside-


rando premissas verdadeiras e conclusão falsa.
É indicado este caminho quando notarmos que a aplicação do
terceiro método não possibilitará a descoberta do valor lógico da
Analisemos agora o que diz a segunda premissa: “Patrícia não é conclusão de maneira direta, mas somente por meio de análises
criança”. O que temos que fazer aqui é pegar o diagrama acima (da mais complicadas.
primeira premissa) e nele indicar onde poderá estar localizada a Pa-
trícia, obedecendo ao que consta nesta segunda premissa. Vemos
facilmente que a Patrícia só não poderá estar dentro do círculo das
crianças. É a única restrição que faz a segunda premissa! Isto posto,
concluímos que Patrícia poderá estar em dois lugares distintos do
diagrama:

17
RACIOCÍNIO LÓGICO
Em síntese: Resolução pelo 3º Método
Considerando as premissas verdadeiras e testando a conclusão
verdadeira. Teremos:
- 2ª Premissa) ~r é verdade. Logo: r é falsa!
- 1ª Premissa) (p ∧ q)r é verdade. Sabendo que r é falsa,
concluímos que (p ∧ q) tem que ser também falsa. E quando uma
conjunção (e) é falsa? Quando uma das premissas for falsa ou am-
bas forem falsas. Logo, não é possível determinamos os valores
lógicos de p e q. Apesar de inicialmente o 3º método se mostrar
adequado, por meio do mesmo, não poderemos determinar se o
argumento é ou NÃO VÁLIDO.

Resolução pelo 4º Método


Considerando a conclusão falsa e premissas verdadeiras. Tere-
mos:
- Conclusão) ~p v ~q é falso. Logo: p é verdadeiro e q é verda-
deiro!
Agora, passamos a testar as premissas, que são consideradas
verdadeiras! Teremos:
- 1ª Premissa) (p∧q)r é verdade. Sabendo que p e q são ver-
dadeiros, então a primeira parte da condicional acima também é
verdadeira. Daí resta que a segunda parte não pode ser falsa. Logo:
r é verdadeiro.
- 2ª Premissa) Sabendo que r é verdadeiro, teremos que ~r é
falso! Opa! A premissa deveria ser verdadeira, e não foi!

Exemplo: Neste caso, precisaríamos nos lembrar de que o teste, aqui no


Diga se o argumento abaixo é válido ou inválido: 4º método, é diferente do teste do 3º: não havendo a existência si-
multânea da conclusão falsa e premissas verdadeiras, teremos que
(p ∧ q) → r o argumento é válido! Conclusão: o argumento é válido!
_____~r_______
~p ∨ ~q Exemplos:
(DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE) Considere que as
Resolução: seguintes proposições sejam verdadeiras.
-1ª Pergunta) O argumento apresenta as palavras todo, algum • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
ou nenhum? • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
A resposta é não! Logo, descartamos o 1º método e passamos • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
à pergunta seguinte. • Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio.
- 2ª Pergunta) O argumento contém no máximo duas proposi-
ções simples? Tendo como referência as proposições apresentadas, julgue o
A resposta também é não! Portanto, descartamos também o item subsecutivo.
2º método. Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
- 3ª Pergunta) Há alguma das premissas que seja uma proposi- ( ) Certo
ção simples ou uma conjunção? ( ) Errado
A resposta é sim! A segunda proposição é (~r). Podemos optar
então pelo 3º método? Sim, perfeitamente! Mas caso queiramos Resolução:
seguir adiante com uma próxima pergunta, teríamos: A questão trata-se de lógica de argumentação, dadas as pre-
- 4ª Pergunta) A conclusão tem a forma de uma proposição missas chegamos a uma conclusão. Enumerando as premissas:
simples ou de uma disjunção ou de uma condicional? A resposta A = Chove
também é sim! Nossa conclusão é uma disjunção! Ou seja, caso B = Maria vai ao cinema
queiramos, poderemos utilizar, opcionalmente, o 4º método! C = Cláudio fica em casa
Vamos seguir os dois caminhos: resolveremos a questão pelo D = Faz frio
3º e pelo 4º métodos. E = Fernando está estudando
F = É noite
A argumentação parte que a conclusão deve ser (V)
Lembramos a tabela verdade da condicional:

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

A condicional só será F quando a 1ª for verdadeira e a 2ª falsa, utilizando isso temos:


O que se quer saber é: Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando. // B → ~E
Iniciando temos:
4º - Quando chove (F), Maria não vai ao cinema. (F) // A → ~B = V – para que o argumento seja válido temos que Quando chove tem
que ser F.
3º - Quando Cláudio fica em casa (V), Maria vai ao cinema (V). // C → B = V - para que o argumento seja válido temos que Maria vai
ao cinema tem que ser V.
2º - Quando Cláudio sai de casa(F), não faz frio (F). // ~C → ~D = V - para que o argumento seja válido temos que Quando Cláudio sai
de casa tem que ser F.
5º - Quando Fernando está estudando (V ou F), não chove (V). // E → ~A = V. – neste caso Quando Fernando está estudando pode ser
V ou F.
1º- Durante a noite(V), faz frio (V). // F → D = V

Logo nada podemos afirmar sobre a afirmação: Se Maria foi ao cinema (V), então Fernando estava estudando (V ou F); pois temos
dois valores lógicos para chegarmos à conclusão (V ou F).
Resposta: Errado

(PETROBRAS – TÉCNICO (A) DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO JÚNIOR – INFORMÁTICA – CESGRANRIO) Se Esmeralda é uma fada, então
Bongrado é um elfo. Se Bongrado é um elfo, então Monarca é um centauro. Se Monarca é um centauro, então Tristeza é uma bruxa.
Ora, sabe-se que Tristeza não é uma bruxa, logo
(A) Esmeralda é uma fada, e Bongrado não é um elfo.
(B) Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
(C) Bongrado é um elfo, e Monarca é um centauro.
(D) Bongrado é um elfo, e Esmeralda é uma fada
(E) Monarca é um centauro, e Bongrado não é um elfo.

Resolução:
Vamos analisar cada frase partindo da afirmativa Trizteza não é bruxa, considerando ela como (V), precisamos ter como conclusão o
valor lógico (V), então:
(4) Se Esmeralda é uma fada(F), então Bongrado é um elfo (F) → V

(3) Se Bongrado é um elfo (F), então Monarca é um centauro (F) → V


(2) Se Monarca é um centauro(F), então Tristeza é uma bruxa(F) → V
(1) Tristeza não é uma bruxa (V)

Logo:
Temos que:
Esmeralda não é fada(V)
Bongrado não é elfo (V)
Monarca não é um centauro (V)

Como a conclusão parte da conjunção, o mesmo só será verdadeiro quando todas as afirmativas forem verdadeiras, logo, a única que
contém esse valor lógico é:
Esmeralda não é uma fada, e Monarca não é um centauro.
Resposta: B

19
RACIOCÍNIO LÓGICO
LÓGICA MATEMÁTICA QUALITATIVA
Aqui veremos questões que envolvem correlação de elementos, pessoas e objetos fictícios, através de dados fornecidos. Vejamos o
passo a passo:

01. Três homens, Luís, Carlos e Paulo, são casados com Lúcia, Patrícia e Maria, mas não sabemos quem ê casado com quem. Eles tra-
balham com Engenharia, Advocacia e Medicina, mas também não sabemos quem faz o quê. Com base nas dicas abaixo, tente descobrir o
nome de cada marido, a profissão de cada um e o nome de suas esposas.
a) O médico é casado com Maria.
b) Paulo é advogado.
c) Patrícia não é casada com Paulo.
d) Carlos não é médico.

Vamos montar o passo a passo para que você possa compreender como chegar a conclusão da questão.
1º passo – vamos montar uma tabela para facilitar a visualização da resolução, a mesma deve conter as informações prestadas no
enunciado, nas quais podem ser divididas em três grupos: homens, esposas e profissões.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia
Patrícia
Maria

Também criamos abaixo do nome dos homens, o nome das esposas.

2º passo – construir a tabela gabarito.


Essa tabela não servirá apenas como gabarito, mas em alguns casos ela é fundamental para que você enxergue informações que ficam
meio escondidas na tabela principal. Uma tabela complementa a outra, podendo até mesmo que você chegue a conclusões acerca dos
grupos e elementos.

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos
Luís
Paulo

3º passo preenchimento de nossa tabela, com as informações mais óbvias do problema, aquelas que não deixam margem a nenhuma
dúvida. Em nosso exemplo:
- O médico é casado com Maria: marque um “S” na tabela principal na célula comum a “Médico” e “Maria”, e um “N” nas demais
células referentes a esse “S”.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos
Luís
Paulo
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

ATENÇÃO: se o médico é casado com Maria, ele NÃO PODE ser casado com Lúcia e Patrícia, então colocamos “N” no cruzamento
de Medicina e elas. E se Maria é casada com o médico, logo ela NÃO PODE ser casada com o engenheiro e nem com o advogado (logo
colocamos “N” no cruzamento do nome de Maria com essas profissões).
– Paulo é advogado: Vamos preencher as duas tabelas (tabela gabarito e tabela principal) agora.
– Patrícia não é casada com Paulo: Vamos preencher com “N” na tabela principal
– Carlos não é médico: preenchemos com um “N” na tabela principal a célula comum a Carlos e “médico”.

20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria
Carlos N N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

Notamos aqui que Luís então é o médico, pois foi a célula que ficou em branco. Podemos também completar a tabela gabarito.
Novamente observamos uma célula vazia no cruzamento de Carlos com Engenharia. Marcamos um “S” nesta célula. E preenchemos
sua tabela gabarito.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N
Maria S N N

HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS


Carlos Engenheiro
Luís Médico
Paulo Advogado

4º passo – após as anotações feitas na tabela principal e na tabela gabarito, vamos procurar informações que levem a novas conclu-
sões, que serão marcadas nessas tabelas.
Observe que Maria é esposa do médico, que se descobriu ser Luís, fato que poderia ser registrado na tabela-gabarito. Mas não vamos
fazer agora, pois essa conclusão só foi facilmente encontrada porque o problema que está sendo analisado é muito simples. Vamos con-
tinuar o raciocínio e fazer as marcações mais tarde. Além disso, sabemos que Patrícia não é casada com Paulo. Como Paulo é o advogado,
podemos concluir que Patrícia não é casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N
Patrícia N N
Maria S N N

Verificamos, na tabela acima, que Patrícia tem de ser casada com o engenheiro, e Lúcia tem de ser casada com o advogado.

Medicina Engenharia Advocacia Lúcia Patrícia Maria


Carlos N S N
Luís S N N
Paulo N N S N
Lúcia N N S
Patrícia N S N
Maria S N N

Concluímos, então, que Lúcia é casada com o advogado (que é Paulo), Patrícia é casada com o engenheiro (que e Carlos) e Maria é
casada com o médico (que é Luís).

21
RACIOCÍNIO LÓGICO
Preenchendo a tabela-gabarito, vemos que o problema está Luiz N N N
resolvido:
Arnaldo N N
HOMENS PROFISSÕES ESPOSAS Mariana N N S N
Carlos Engenheiro Patrícia Paulo N N
Luís Médico Maria Agora, completando o restante:
Paulo Advogado Lúcia Paulo viajou para Salvador, pois a nenhum dos três viajou. En-
tão, Arnaldo viajou para Fortaleza e Luiz para Goiânia
Exemplo:
(TRT-9ª REGIÃO/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
TRATIVA – FCC) Luiz, Arnaldo, Mariana e Paulo viajaram em janeiro,
todos para diferentes cidades, que foram Fortaleza, Goiânia, Curi- Luiz N S N N
tiba e Salvador. Com relação às cidades para onde eles viajaram, Arnaldo S N N N
sabe-se que:
Mariana N N S N
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador;
− Mariana viajou para Curitiba; Paulo N N N S
− Paulo não viajou para Goiânia;
− Luiz não viajou para Fortaleza. Resposta: B

É correto concluir que, em janeiro, Quantificador


(A) Paulo viajou para Fortaleza. É um termo utilizado para quantificar uma expressão. Os quan-
(B) Luiz viajou para Goiânia. tificadores são utilizados para transformar uma sentença aberta ou
(C) Arnaldo viajou para Goiânia. proposição aberta em uma proposição lógica.
(D) Mariana viajou para Salvador.
(E) Luiz viajou para Curitiba. QUANTIFICADOR + SENTENÇA ABERTA = SENTENÇA FECHADA

Resolução: Tipos de quantificadores


Vamos preencher a tabela:
− Luiz e Arnaldo não viajaram para Salvador; • Quantificador universal (∀)
O símbolo ∀ pode ser lido das seguintes formas:
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador
Luiz N
Arnaldo N
Mariana
Paulo
Exemplo:
Todo homem é mortal.
− Mariana viajou para Curitiba; A conclusão dessa afirmação é: se você é homem, então será
mortal.
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador Na representação do diagrama lógico, seria:
Luiz N N
Arnaldo N N
Mariana N N S N
Paulo N

− Paulo não viajou para Goiânia;

Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador ATENÇÃO: Todo homem é mortal, mas nem todo mortal é ho-
Luiz N N mem.
A frase “todo homem é mortal” possui as seguintes conclusões:
Arnaldo N N 1ª) Algum mortal é homem ou algum homem é mortal.
Mariana N N S N 2ª) Se José é homem, então José é mortal.
Paulo N N
A forma “Todo A é B” pode ser escrita na forma: Se A então B.
A forma simbólica da expressão “Todo A é B” é a expressão (∀
− Luiz não viajou para Fortaleza.
(x) (A (x) → B).
Observe que a palavra todo representa uma relação de inclusão
Fortaleza Goiânia Curitiba Salvador de conjuntos, por isso está associada ao operador da condicional.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Aplicando temos: Resolução:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Agora, se escrevermos da for- A frase “Todo cavalo é um animal” possui as seguintes conclu-
ma ∀ (x) ∈ N / x + 2 = 5 ( lê-se: para todo pertencente a N temos x sões:
+ 2 = 5), atribuindo qualquer valor a x a sentença será verdadeira? – Algum animal é cavalo ou Algum cavalo é um animal.
A resposta é NÃO, pois depois de colocarmos o quantificador, – Se é cavalo, então é um animal.
a frase passa a possuir sujeito e predicado definidos e podemos jul- Nesse caso, nossa resposta é toda cabeça de cavalo é cabeça
gar, logo, é uma proposição lógica. de animal, pois mantém a relação de “está contido” (segunda forma
de conclusão).
• Quantificador existencial (∃) Resposta: B
O símbolo ∃ pode ser lido das seguintes formas:
(CESPE) Se R é o conjunto dos números reais, então a proposi-
ção (∀ x) (x ∈ R) (∃ y) (y ∈ R) (x + y = x) é valorada como V.

Resolução:
Lemos: para todo x pertencente ao conjunto dos números reais
(R) existe um y pertencente ao conjunto dos números dos reais (R)
tal que x + y = x.
– 1º passo: observar os quantificadores.
Exemplo: X está relacionado com o quantificador universal, logo, todos
“Algum matemático é filósofo.” O diagrama lógico dessa frase os valores de x devem satisfazer a propriedade.
é: Y está relacionado com o quantificador existencial, logo, é ne-
cessário pelo menos um valor de x para satisfazer a propriedade.
– 2º passo: observar os conjuntos dos números dos elementos
x e y.
O elemento x pertence ao conjunto dos números reais.
O elemento y pertence ao conjunto os números reais.
– 3º passo: resolver a propriedade (x+ y = x).
A pergunta: existe algum valor real para y tal que x + y = x?
Existe sim! y = 0.
O quantificador existencial tem a função de elemento comum. X + 0 = X.
A palavra algum, do ponto de vista lógico, representa termos co- Como existe pelo menos um valor para y e qualquer valor de
muns, por isso “Algum A é B” possui a seguinte forma simbólica: (∃ x somado a 0 será igual a x, podemos concluir que o item está cor-
(x)) (A (x) ∧ B). reto.
Resposta: CERTO
Aplicando temos:
x + 2 = 5 é uma sentença aberta. Escrevendo da forma (∃ x) ∈ As sequências podem ser formadas por números, letras, pes-
N / x + 2 = 5 (lê-se: existe pelo menos um x pertencente a N tal que x soas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma se-
+ 2 = 5), atribuindo um valor que, colocado no lugar de x, a sentença quência, o importante é que existem pelo menos três elementos
será verdadeira? que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas séries
A resposta é SIM, pois depois de colocarmos o quantificador, necessitam de mais elementos para definir sua lógica1. Um bom co-
a frase passou a possuir sujeito e predicado definidos e podemos nhecimento em Progressões Algébricas (PA) e Geométricas (PG), fa-
julgar, logo, é uma proposição lógica. zem com que deduzir as sequências se tornem simples e sem com-
plicações. E o mais importante é estar atento a vários detalhes que
ATENÇÃO: elas possam oferecer. Exemplos:
– A palavra todo não permite inversão dos termos: “Todo A é B”
é diferente de “Todo B é A”. Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo
– A palavra algum permite a inversão dos termos: “Algum A é número.
B” é a mesma coisa que “Algum B é A”.

Forma simbólica dos quantificadores


Todo A é B = (∀ (x) (A (x) → B).
Algum A é B = (∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Nenhum A é B = (~ ∃ (x)) (A (x) ∧ B).
Algum A não é B= (∃ (x)) (A (x) ∧ ~ B).
Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
Exemplos: mesmo número.
Todo cavalo é um animal. Logo,
(A) Toda cabeça de animal é cabeça de cavalo.
(B) Toda cabeça de cavalo é cabeça de animal.
(C) Todo animal é cavalo.
(D) Nenhum animal é cavalo.

1 https://centraldefavoritos.com.br/2017/07/21/sequencias-com-nu-
meros-com-figuras-de-palavras/

23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Sequência de Figuras: Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir. Exemplos:

Exemplos:
Analise a sequência a seguir:

Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a 277ª
posição dessa sequência é:

Resolução:
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 277 ocu-
pa, então, a mesma posição das figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é
representada pela letra “B”.
Resposta: B

(CÂMARA DE ARACRUZ/ES - AGENTE ADMINISTRATIVO E LEGISLATIVO - IDECAN) A sequência formada pelas figuras representa as
posições, a cada 12 segundos, de uma das rodas de um carro que mantém velocidade constante. Analise-a.

Após 25 minutos e 48 segundos, tempo no qual o carro permanece nessa mesma condição, a posição da roda será:

Resolução:
A roda se mexe a cada 12 segundos. Percebe-se que ela volta ao seu estado inicial após 48 segundos.
O examinador quer saber, após 25 minutos e 48 segundos qual será a posição da roda. Vamos transformar tudo para segundos:
25 minutos = 1500 segundos (60x25)
1500 + 48 (25m e 48s) = 1548
Agora é só dividir por 48 segundos (que é o tempo que levou para roda voltar à posição inicial)
1548 / 48 = vai ter o resto “12”.
Portanto, após 25 minutos e 48 segundos, a roda vai estar na posição dos 12 segundos.
Resposta: B

24
QUÍMICA
1. Estrutura do átomo Massa e carga elétrica das partículas fundamentais - Modelos atômicos de Rutherford, Bohr e modelo atômico
segundo a Teoria Quântica elemento químico número atômico e número de massa isótopos - Princípio da exclusão de Pauling - confi-
guração eletrônica - Regra de Hund. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Classificação periódica dos elementos químicos:Tabela periódica atual e sua estrutura - Lei de Moseley período, grupo e subgrupo
elemento representativo, de transição e gás nobre, propriedade periódica (raios atômico e iônico, energia de ionização e eletronega-
tividade) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3. Ligação quimica: . Teoria Eletrônica de valência ligação iônica - ligação covalente tipos de fórmula polaridade das ligações e das molé-
culas - número de oxidação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Função inorgânica Conceito classificação notação nomenclatura, conceitos de Arrhenius, Bronsted e Lowry e de lewis para ácidos e
bases. Reação química: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5. Reação química equação química - tipos de reação química balanceamento de equação química. Cálculo químico. . . . . . . . . . . . 26
6. Funções orgânicas mais comuns: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos e aminas, conceitos, nomenclatura
e propriedades químicas mais importantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
QUÍMICA
Modelo Atômico de Thomson
ESTRUTURA DO ÁTOMO. MASSA E CARGA ELÉTRICA
DAS PARTÍCULAS FUNDAMENTAIS - MODELOS ATÔ-
MICOS DE RUTHERFORD, BOHR E MODELO ATÔMICO
SEGUNDO A TEORIA QUÂNTICA ELEMENTO QUÍMICO
NÚMERO ATÔMICO E NÚMERO DE MASSA ISÓTOPOS
- PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO DE PAULING - CONFIGURA-
ÇÃO ELETRÔNICA - REGRA DE HUND

A estrutura atômica é composta por três partículas fundamen-


tais: prótons (com carga positiva), nêutrons (partículas neutras) e
elétrons (com carga negativa).
Toda matéria é formada de átomo sendo que cada elemento
químico possui átomos diferentes.
A eletricidade chega às nossas casas através de fios e da mo-
vimentação de partículas negativas que fazem parte dos elétrons,
que circulam pelos fios. Modelo Atômico de Thomson

Modelos Atômicos O Modelo Atômico de Thomson foi o primeiro a realizar a di-


Os modelos atômicos são os aspectos estruturais dos átomos visibilidade do átomo. Ao pesquisar sobre raios catódicos, o físico
que foram apresentados por cientistas na tentativa de compreen- inglês propôs esse modelo que ficou conhecido como o modelo pu-
der melhor o átomo e a sua composição. dim de ameixa.
Em 1808, o cientista inglês John Dalton propôs uma explicação Ele demonstrou que esses raios podiam ser interpretados
para a propriedade da matéria. Trata-se da primeira teoria atômica como sendo um feixe de partículas carregadas de energia elétrica
que dá as bases para o modelo atômico conhecido atualmente. negativa.
A constituição da matéria é motivo de estudos desde a antigui- Em 1887, Thomson sugeriu que os elétrons eram um consti-
dade. Os pensadores Leucipo (500 a.C.) e Demócrito (460 a.C.) for- tuinte universal da matéria. Ele apresentou as primeiras ideias rela-
mularam a ideia de haver um limite para a pequenez das partículas. tivas à estrutura interna dos átomos.
Eles afirmavam que elas se tornariam tão pequenas que não Thomson indicava que os átomos deviam ser constituídos de
poderiam ser divididas. Chamou-se a essa partícula última de áto- cargas elétricas positivas e negativas distribuídas uniformemente.
mo. A palavra é derivada dos radicais gregos que, juntos, significam Ele descobriu essa mínima partícula e assim estabeleceu a teo-
o que não se pode dividir. ria da natureza elétrica da matéria. Concluiu que os elétrons eram
constituintes de todos os tipos de matéria, pois observou que a re-
O Modelo Atômico de Dalton lação carga/massa do elétron era a mesma para qualquer gás em-
pregado em suas experiências.

Em 1897, Thomson tornou-se reconhecido como o “pai do elé-


tron”.

Modelo Atômico de Rutherford

Modelo atômico de Dalton

O Modelo Atômico de Dalton, conhecido como o modelo bola


de bilhar, possui os seguintes princípios:
1. Todas as substâncias são formadas de pequenas partículas
chamadas átomos;
2. Os átomos de diferentes elementos têm diferentes pro-
priedades, mas todos os átomos do mesmo elemento são exata-
mente iguais; Modelo atômico de Rutherford
3. Os átomos não se alteram quando formam componentes
químicos; Em 1911, o físico neozelandês Rutherford colocou uma folha de
4. Os átomos são permanentes e indivisíveis, não podendo ouro bastante fina dentro de uma câmara metálica. Seu objetivo era
ser criados nem destruídos; analisar a trajetória de partículas alfa a partir do obstáculo criado
5. As reações químicas correspondem a uma reorganização pela folha de ouro.
de átomos. Nesse ensaio de Rutherford, observou que algumas partículas
ficavam totalmente bloqueadas. Outras partículas não eram afeta-
das, mas a maioria ultrapassava a folha sofrendo desvios. Segundo
ele, esse comportamento podia ser explicados graças às forças de
repulsão elétrica entre essas partículas.

1
QUÍMICA
Pelas observações, afirmou que o átomo era nucleado e sua
parte positiva se concentrava num volume extremamente pequeno,
que seria o próprio núcleo.
O Modelo Atômico de Rutherford, conhecido como modelo
planetário, corresponde a um sistema planetário em miniatura, no
qual os elétrons se movem em órbitas circulares, ao redor do nú-
cleo.

Modelo de Rutherford – Bohr

Em 1911, o neozelandês Ernest Rutherford (1871-1937) mos-


trou que os átomos tinham uma região central compacta chamada
núcleo e que lá dentro encontravam-se os prótons, partículas com
carga positiva.

Modelo Atômico de Rutherford-Bohr

O modelo apresentado por Rutherford foi aperfeiçoado por


Bohr. Por esse motivo, o aspecto da estrutura atômica de Bohr tam-
bém é chamada de Modelo Atômico de Bohr ou Modelo Atômico
de Rutherford-Bohr.
A teoria do físico dinamarquês Niels Bohr estabeleceu as se- Fonte: http://static.hsw.com.br/gif/atom-rutherford.jpg
guintes concepções atômicas:
1. Os elétrons que giram ao redor do núcleo não giram ao Em 1932, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) desco-
acaso, mas descrevem órbitas determinadas. briu o nêutron, partícula neutra, companheira do próton no núcleo
2. O átomo é incrivelmente pequeno, mesmo assim a maior atômico.
parte do átomo é espaço vazio. O diâmetro do núcleo atômico é No início dos anos 60, os cientistas já achavam que prótons
cerca de cem mil vezes menor que o átomo todo. Os elétrons giram e nêutrons eram formados por partículas ainda menores. Murray
tão depressa que parecem tomar todo o espaço. Gell-Mann, nascido em 1929 sugere a existência dos quarks, que se-
3. Quando a eletricidade passa através do átomo, o elétron riam essas partículas menores. Os quarks são mantidos juntos por
pula para a órbita maior e seguinte, voltando depois à sua órbita outras partículas denominadas gluons.
usual. Acreditava-se, na Antiguidade, que os átomos eram indivisíveis
4. Quando os elétrons saltam de uma órbita para a outra re- e maciços. No século XX ficou provado que os átomos são formados
sulta luz. Bohr conseguiu prever os comprimentos de onda a partir por outras partículas. São três partículas fundamentais: elétrons,
da constituição do átomo e do salto dos elétrons de uma órbita para prótons e nêutrons.
a outra. O átomo se divide em duas partes: o núcleo e a eletrosfera. Os
prótons e nêutrons ficam no núcleo do átomo e os elétrons ficam
ÁTOMO na eletrosfera.
Toda matéria é formada por partículas muito pequenas. Essas
partículas chamamos de átomo.
ÁTOMO – É uma partícula indivisível.
Há cerca de 2,5 mil anos, o filósofo grego Demócrito disse que
se dividirmos a matéria em pedacinhos cada vez menores, chegare-
mos a grãozinhos indivisíveis, que são os átomos (a = não e tomo
= parte). Em 1897, o físico inglês Joseph Thompson (1856-1940)
descobriu que os átomos eram divisíveis: lá dentro havia o elétron,
partícula com carga elétrica negativa.

Fonte: http://www.infoescola.com/Modules/Articles/Images/full-
-1-3d6aba4843.jpg

2
QUÍMICA
Essas partículas são caracterizadas pelas suas cargas elétricas.
O elétron tem carga -1 e massa desprezível (sendo aproximadamen-
te 1/1836 a massa do próton). A massa do próton seria então igual
a 1 e a carga +1. O nêutron não possui carga elétrica e sua massa é
igual a do próton.
Observe a tabela entre as relações de massa das partículas fun-
damentais do átomo. Adota-se como padrão o próton com massa
igual a 1:

PARTÍCULA MASSA CARGA ELÉTRICA


Cada camada eletrônica pode conter certo número máximo de
p 1 +1 elétrons.
n 1 0
Observe a tabela:
é 1/1836 -1

Note que a massa do elétron é 1.836 vezes menor que a do NOME DA Nº MÁX. DE É NA
NÍVEL
próton, por isso desconsidera-se a sua massa. CAMADA CAMADA
K 1 2
Tamanho do Átomo
O tamanho do átomo é medido em angstrons (Å). L 2 8
1 angstron = 10-10metros M 3 18
O diâmetro médio do núcleo de um átomo fica entre 10-4 Å e N 4 32
10 Å e o da eletrosfera é de 1Å.
-5

A eletrosfera de um átomo é entre 10000 e 100000 vezes maior O 5 32


que o seu núcleo. Essa diferença de tamanho nos leva a admitir que P 6 18
o átomo é quase feito de espaço vazio.
Q 7 8
Em termos práticos, se o núcleo tivesse o tamanho de uma bola
de tênis, o primeiro elétron estaria a uma distância de 1 km.
O número de camadas ou níveis de energia varia de acordo
com o número de elétrons de cada átomo.
Configuração Eletrônica
Em todo átomo (exceto o paládio – Pd) o número máximo de
A configuração eletrônica ou configuração eletrónica de um
elétrons em uma camada K só suporta 2 elétrons.
átomo ou íon é uma descrição da distribuição dos seus elétrons por
A penúltima camada deve ter no máximo 18 elétrons.
nível de energia.
Para os átomos com mais de 3 camadas, enquanto a penúltima
As configurações eletrônicas descrevem cada elétron como se
não estiver com 18 elétrons, a última terá no máximo 2 elétrons.
movendo independentemente em um orbital, em um campo médio
Observe algumas distribuições:
criado por todos os outros orbitais. Matematicamente, as configu-
H (hidrogênio) nº de é = 1 K=1
rações são descritas pelos determinantes de Slaterou pelas funções
K (potássio) nº de é = 19 K = 2 L=8 M = 8N = 1
do estado de configuração.
Be (berílio) nº de é = 4 K = 2 L = 2
De acordo com as leis da mecânica quântica, para sistemas
Zr (zircônio) nº de é = 40 K = 2L = 8M = 18 N = 10 O = 2
com apenas um elétron, um nível de energia está associado a cada
configuração eletrônica e, em certas condições, os elétrons podem
Número Atômico (Z)
passar de uma configuração para outra pela emissão ou absorção
Cada átomo possui o seu número atômico. Ele indica o número
de um quantum de energia, na forma de um fóton.
de elétrons e prótons do átomo. Se ele estiver com sua carga elétri-
O conhecimento da configuração eletrônica de diferentes áto-
ca zero ele está neutro, ou seja, é um átomo neutro.
mos é útil para entender a estrutura da tabela periódica dos ele-
O número atômico é indicado pela letra (Z).
mentos e também para descrever as ligações químicas que mantêm
Número Atômico é o número de prótons e elétrons (átomo
os átomos unidos. Em materiais, essa mesma ideia ajuda a explicar
neutro) que existem no átomo.
as propriedades peculiares dos lasers e semicondutores.
Camadas Eletrônicas / Níveis de Energia
Exemplos:
Na eletrosfera, os elétrons giram em torno do núcleo ocupando
Na (sódio) Z=11
o que chamamos de NÍVEIS DE ENERGIA ou CAMADAS ELETRÔNI-
He (hélio) Z=2
CAS. Cada nível possui um número inteiro de 1 a 7 ou pelas letras
V (vanádio) Z=23
maiúsculas K,L,M,N,O,P,Q. Nas camadas, os elétrons se movem e
Br (bromo) Z=84
quando passam de uma camada para outra absorvem ou liberam
Po (polônio) Z=84
energia.
Quando um elétron salta para uma camada mais interna ele
Pode-se dizer que o número atômico é igual ao número de
libera energia.
prótons do núcleo. Se o átomo for neutro, é igual ao número de
Quando um elétron salta para uma camada mais externa ele
elétrons também.
absorve energia.
Z=p=é
A energia emitida é em forma de luz. Chamamos essa energia
de “quantum” de energia. O “quantum” também é chamado de fó-
ton.

3
QUÍMICA
Número de Massa (A) hidrogênio deutériotrítio
Número de massa é o peso do átomo. É a soma do número de Z=1Z=1Z=1
prótons (Z) e de nêutrons (n) que existem num átomo. A = 1A = 2 A = 3

A = p + n ouA = Z + n Este fenômeno é muito comum na natureza. Quase todos os


É este número que informa se o átomo é mais “leve” ou mais elementos químicos naturais são formados por mistura de isótopos.
“pesado”. São os prótons e nêutrons quem dão a massa do átomo, Os isóbaros são átomos que possuem o mesmo número de
já que os elétrons são muito pequenos, com massa desprezível em massa (A) e diferente número de prótons.
relação a estas partículas. Exemplo:
Exemplos:
Na (sódio) A = 23 K Ca
40 40
1920

Se o Na tem A = 23 e Z = 11, qual o número de n (nêutrons)? A = 40 A = 40


A = 23 Z = 19 Z = 20
Z=p=é
A=p+n São átomos de elementos químicos diferentes, mas que tem o
23 = 11 + n mesmo número de massa.
n = 12 Os isótonos são átomos que possuem o mesmo número de
nêutrons e com diferentes números de prótons e de massa. São
A partir do Z, temos o número de prótons e de elétrons do átomos de diferentes elementos químicos.
átomo. A partir da fórmula A = p + n, isolamos o n para achá-lo, Exemplo:
substituindo o A e o p na fórmula. Então podemos utilizar também A = 37ClA = 40Ca
a fórmula: Z = 17 Z = 20
n=A–p __________ __________
Observe o modelo: n = 20n = 20
a) K (potássio)
A = 39 Os isótonos têm propriedades químicas e físicas diferentes.
Z = 19
p = 19 Diagrama de Pauling
é = 19 O diagrama de Pauling ou princípio de Aufbau nada mais é do
n = 20 que um método de distribuir os elétrons na eletrosfera do átomo
e dos íons. Este método foi desenvolvido pelo físico alemão Erwin
Encontramos estes valores na Tabela Periódica dos Elementos. Madelung (no Brasil, em muitos livros de química, o modelo é atri-
Toda tabela possui a sua legenda informando o número atômico buído à Linus Pauling; entretanto, não há evidências de que tenha
e o número de massa. Aplicando a fórmula correta, conseguimos sido ele o criador desse método). Ele provou experimentalmente
encontrar o valor de nêutrons. que os elétrons são dispostos nos átomos em ordem crescente de
energia, visto que todas as vezes que o elétron recebe energia ele
ÍON salta para uma camada mais externa a qual ele se encontra, e no
O átomo que possui p = é, ou seja, o número de prótons igual momento da volta para sua camada de origem ele emite luz, em vir-
ao número de elétrons é eletricamente neutro. tude da energia absorvida anteriormente. Baseado na proposição
Átomo neutro = p = é de Niels Borh de que os elétrons giram ao redor do núcleo, como a
Se o átomo tiver elétrons a mais ou a menos, então não será órbita dos planetas ao redor do sol.
mais um átomo neutro. Este átomo passará a ser chamado de ÍON. Uma lâmpada fluorescente, por exemplo, ela contém uma
Íon = p ≠ é substância química em seu interior, obviamente formada por áto-
mos, os elétrons presentes na eletrosfera destes átomos, ao rece-
Íon é um átomo que perde ou ganha elétrons. Ele pode ficar ber a energia elétrica são excitados, e começam a saltar para outras
negativo ou positivo. Então: camadas e ao retornarem emitem a luz.
Íon positivo (+) doa elétrons – íon cátion. Ex. Na+
Íon negativo (-) recebe elétrons – íon ânion. Ex. Cl-
Quando um cátion doa elétrons, ele fica positivo.
Quando um ânion ganha elétrons, ele fica negativo.

ISÓTOPO, ISÓBARO E ISÓTONO


Se observarmos o número atômico, número de massa e de
nêutrons de diferentes átomos podemos encontrar conjuntos de
átomos com outro número igual.
Os isótopos são átomos que possuem o mesmo número de
prótons (p) e diferente número de massa (A).
Exemplo: o hidrogênio (H)

¹H ²H³H
¹¹¹

4
QUÍMICA

Diagrama de Pauling
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d104p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d106p6 7s2 5f146d10 7p6 ...

Ordem crescente de energia

Número Quântico Principal (n): também conhecido como nível energético são representados pelos números inteiros corresponden-
tes a:
• K= 1 s
• L=2 s p
• M= 3 s p d
• N= 4 s p d f
• O= 5 s p d f g
• P= 6 s p d f g h
• Q= 7 s p d f g h i...

Número Quântico Azimutal(l): é comumente conhecido como subnível energético e representado pelas (“s, p, d, f,”...), respectiva-
mente, “s(Sharp), p(Principal), d(difuse) e f(fundamental)”.Os subníveis energéticos são formados por orbitais, que comportam 2 elétrons
com spins opostos segundo o Princípio da exclusão de Pauli.

• s²= 1 orbital e 2 spins


• p6= 3 orbitais e 6 spins
• d10= 5 orbitais e 10 spins
• f14= 7 orbitais e 14 spins

Número Quântico Magnético(m): o número quântico magnético é útil para identificação dos orbitais. Onde o orbital da direita tem
valor (+) e os da esquerda valor (-). Por exemplo, utilizando o subnível f que possui um maior número de orbitais, temos:

5
QUÍMICA

Número Quântico de Spin (Ms): são representações em forma de seta dos elétrons distribuídos nos orbitais. O valor dos de cada spin
é:
↑ Para cima é positivo Ms=+½(meio) e ↓ Para baixo é negativo e Ms=-½(meio)
Exemplo: é necessário fazer a distribuição eletrônica do átomo de Praseodímio:
Passo 1: procurar o elemento na tabela periódica e observar seu número atômico.
Utilizando o diagrama de Pauling e seguindo pelas diagonais obtém-se:

No átomo de Pr as camadas possuem:


K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=21elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.
Passo 2: dispor os spins em orbitais(aqui representados pelos quadrinhos) sendo

Para os íons a distribuição é diferente, visto que íons são átomos que possuem carga e são subdividos em Cátions - tem tendência de
perder seus elétrons e Ânions – tem tendência de ganhar elétrons.
Para o Cátion de Pr+2 por exemplo, a distribuição passa a ser para 57 elétrons pois ele perde 2 em virtude de sua valência:

K=2 elétrons, L=8 elétrons, M=18 elétrons, N=19 elétrons, O=8 elétrons e P=2 elétrons.

6
QUÍMICA

Para um átomo de cloro, por exemplo, a distribuição é 17, porém para o ânion cloreto passa a ser de 18 elétrons por que ele ganha 1
elétron:
17
Cl:
1s2
2s2 2p6
3s2 3p5 ou1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
K=2, L=8 e M=7 elétrons

Cl-1:
17

2
1s

2s2 2p6
3s2 3p6 ou1s2 2s2 2p6 3s2 3p6
K=2, L=8 e M=8 elétrons

É importante salientar que no texto acima existem reticências demonstrando a continuação das camadas, níveis, subníveis etc. Sim-
plesmente por que Pauling seguiu o raciocínio de Mendeleyev, sabendo que novos elementos ainda serão descobertos e ocuparão, por
exemplo, a camada R nível 8 e subníveis s,p,d,f,g,h,i, j e assim por diante.

Princípio da Exclusão de Pauli


De acordo com a Química Quântica, para cada elétron em um átomo poderá ser associado um conjunto de valores referente aos qua-
tro números quânticos, que determinarão a posição ocupada pelo elétron, incluindo o orbital, assim como a orientação em que executa
seu movimento de rotação.
“Existe uma restrição, todavia, quanto aos valores que esses números podem ter. Esta restrição é o Princípio de Exclusão de Pauli,
que estabelece que dois elétrons em um átomo não podem ter todos os quatro números quânticos iguais. Isto significa que, se escolher-
mos um conjunto particular de valores para n, l e ml correspondente a um orbital particular (por exemplo, n=1, l=0, ml=0; o orbital 1s),
poderemos ter apenas dois elétrons com valores diferentes do número quântico de spin, ms (isto é, s= +1/2 ou s= -1/2). Com efeito, isso
limita a dois o número de elétrons em um dado orbital, também requer que os spins destes dois elétrons estejam em direções opostas”.
Portanto, os valores dos quatro números quânticos podem ser atribuídos para cada elétron em um átomo, de acordo com as regras
precedentes e o Princípio da Exclusão de Pauli. Uma maneira objetiva de prever a localização provável de um elétron no interior de um
átomo (sua camada, subcamada e orbital) é através de um conjunto matemático de valores denominado números quânticos.

7
QUÍMICA
a) NÚMERO QUÂNTICO PRINCIPAL (n)
Representa a camada atômica em que o elétron se encontra. Seus valores são números inteiros positivos, sendo experimentalmente
determinado com variação de 1 a 7. Representa a distância média do elétron em relação ao núcleo do átomo, sendo assim, quanto maior
for o valor de n mais afastado este elétron estará.

b) NÚMERO QUÂNTICO AZIMUTAL (l)


Representa a subcamada, assim, a forma do orbital. Pode apresentar valores inteiros de zero até n-1. Quando l=0, tem-se a subcamada
s e forma simetricamente esférica para o orbital, l=1 designa uma subcamada p e um orbital apresentando uma forma típica de dois lobos
de um orbital p. De forma idêntica, l=2 representa uma subcamada d e l=3 uma subcamada f.

c) NÚMERO QUÂNTICO MAGNÉTICO (ml)


“O termo magnético é relativo ao fato de que os orbitais de uma dada subcamada possuem diferentes energias quantizadas, na pre-
sença de um campo magnético”. O valor deste número quântico oferece informações a respeito da orientação de um orbital no espaço.
Para a subcamada s apresenta valor zero, para a subcamada p pode assumir valores inteiros no intervalo de –1 a +1, para a subcamada d
valores de –2 a +2 e para a subcamada f valores de –3 a +3.

d) NÚMERO QUÂNTICO SPIN (ms)


O quarto número quântico, denominado muitas vezes apenas de spin, representa o eixo de rotação do elétron no orbital. Possui valor
de +1/2 e –1/2, “sendo atribuido o primeiro a uma rotação em sentido anti-horário e o segundo em sentido horário”.
Na Tabela 1 há um sumário referente aos valores para os quatro números quânticos obtidos por algumas informações.

Nome Símbolo Característica especificada Informação fornecida Valores possíveis


Principal n Camada Distância média do núcleo 1, 2, 3, 4,...
Azimutal l Subcamada Forma do orbital 0, 1, 2,...(n-1)
Magnético ml Orbital Orientação do orbital -l, (-l+1),...0,...(l-1), l
Spin ms Spin Spin -1/2, +1/2

O PRINCIPIO DA EXCLUSÃO DE PAULI E A CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA DOS ELEMENTOS


Sabendo que um orbital não pode acomodar mais do que dois elétrons, podemos prever o número máximo de elétrons em cada
camada ou subcamada eletrônica.
Somente dois elétrons podem ser atribuídos a um orbital s.
Como cada um dos três orbitais em uma subcamada p pode acomodar dois elétrons, esta subcamada pode acomodar um máximo de
seis elétrons.
Os cinco orbitais de uma subcamada d podem acomodar um total de dez elétrons.

Transição de Níveis de Energia

Ocorre emissão de fóton quando o elétron vai de um nível mais energético para um menos energético

Ocorre absorção de fóton quando o elétron vai de um nível menos energético para um mais energético

8
QUÍMICA
Elétrons em átomos e moléculas podem trocar (fazer transi- Onde::
ção) de níveis de energia ao emitirem ou absorverem um fóton, ou h = 6,63 x 10-34 J.s (constante de Planck)
radiação eletromagnética, tal energia deve ser exatamente igual à u = frequência
diferença energética entre os dois níveis. Elétrons podem também
ser completamente removidos de uma espécie química, como um Já vimos que a frequência, o comprimento de onda e a veloci-
átomo, molécula, ou íon. A remoção completa de um elétron de um dade da luz estão relacionados pela equação c = u l, que, substituin-
átomo pode ser uma forma de ionização, que é efetivamente mover do, obtemos:
o elétron para um orbital com um número quântico principal infi-
nito, tão longe de forma a praticamente não ter efeito algum sobre E fóton = hc / l
o átomo remanescente (íon). Para vários tipos de átomos, existem
a 1ª, 2ª, 3ª energia de ionização e assim por diante, que podem ser
Desta equação podemos ver que um fóton de energia eletro-
fornecidas ao átomo em estado fundamental para remover elétrons
magnética tem sua energia e comprimento de onda relacionados
do menor ao maior nível de energia. Energia em quantidades opos-
em uma proporcionalidade inversa (lembre-se: h e c são constan-
tas também pode ser liberada, muitas vezes em forma de energia
tes). Segundo Bohr, cada elétron pode Ter somente um valor de
fotoelétrica, quando elétrons entram em contato com ións positiva-
energia.
mente carregados (ou átomos). Moléculas também podem passar
Ele estabeleceu que um átomo tem um conjunto de energias
por transições em seus níveis de energia vibracionais e rotacionais.
quantizadas, ou níveis de energia, disponível para seus elétrons e
A transição de nível de energia também pode ser não-radioativa,
cada nível de energia tem uma quantidade máxima de elétrons. Um
significando que não ocorre a emissão ou absorção de um fóton.
átomo está normalmente em seu estado fundamental, no qual to-
Se um átomo, íon ou molécula está no menor nível de energia
dos os seus elétrons estão nos níveis de energia mais baixos que
possível, ele e seus elétrons são ditos em estado fundamental. Se
lhes são disponíveis.
estão no maior nível de energia, são ditos excitados, ou qualquer
Bohr conseguiu calcular a energia absorvida numa transição
elétron possui uma energia maior que o estado fundamental está
eletrônica no átomo de hidrogênio. Para tanto utilizou a seguinte
excitado. Tal espéciepode ser excitada a um nível de energia maior
equação: (o sinal negativo indica que a energia é absorvida)
ao absorver um fóton cuja energia é igual a diferença de energia
entre dois níveis. Por outro lado, uma espécie pode ir para um ní-
vel de energia inferior ao emitir espontaneamente um fóton com E total = - R (z2 / n2)
energia igual a diferença energética. A energia de um fóton é igual a
constante de Plank (h) vezes a sua frequência (f) e, portanto, é pro- Onde:
porcional a sua frequência, ou inversamente proporcional ao seu z = número atômico do elemento
comprimento de onda (λ). n = 6,02 x 1023 (número de Avogadro)
{\displaystyle \Delta \mathrm {E} =hf=hc/\lambda } O raio atômico também pode ser calculado pela equação:

Raio = Ao (n2 / z)

Onde:
onde c, velocidade da luz, é igual a {\displaystyle f\lambda } f λ) Ao = 0,529 x 10-10 m (Raio de Bohr - constante)
Estas equações podem ser aplicadas a qualquer átomo ou íon
O ÁTOMO DE BOHR hidrogenóide, isto é, com apenas um elétron, mas não se aplicam a
Para explicar a estabilidade do átomo, o físico dinamarquês outros elementos com mais de um elétron. Isto porque as repulsões
Niels Bohr admitiu que um gás emite luz quando uma corrente inter-eletrônicas teriam que ser levadas em consideração nas tran-
elétrica passa através deste, devido aos elétrons em seus átomos sições eletrônicas e no tamanho do raio atômico.
primeiro absorverem energia da eletricidade e posteriormente li- Sabia-se no século XIX que a luz exercia efeito sobre alguns me-
berarem aquela energia na forma de luz. tais, removendo elétrons de uma chapa metálica lisa no vácuo. Esse
Para explicar a estabilidade do átomo, o físico dinamarquês fenômeno ficou conhecido como efeito fotoelétrico. Quando um
Niels Bohr admitiu que um gás emite luz quando uma corrente átomo absorve energia de uma fonte externa, alguns de seus elé-
elétrica passa através deste, devido aos elétrons em seus átomos trons ganham energia e são elevados a um nível de energia maior.
primeiro absorverem energia da eletricidade e posteriormente li- Esse fenômeno é chamado de salto quântico.
berarem aquela energia na forma de luz. Diz-se que o átomo se encontra num estado excitado. Alguns
Ele imaginou que a radiação emitida é limitada para um cer- dos níveis de energia mais baixos ficam livres e, assim, um elétron
to comprimento de onda. Deduziu então que, em um átomo, um pode cair de um nível mais alto para um nível de energia mais baixo.
elétron não está livre para ter qualquer quantidade de energia. Ele Quando Isso acontece, a energia absorvida pelo elétron é liberada
pode ter somente certas quantidades de energia, isto é, a energia na forma de fóton de radiação eletromagnética, com um compri-
de um elétrons em um átomo é quantizada. mento de onda diferente do original.
No século XIX acreditava-se que a luz e outras formas de ra- Esse fenômeno é chamado de fluorescência. Muitas substân-
diação eletromagnética eram fluxos contínuos de energia. Mas no cias ficam fluorescentes quando atingida por luz ultravioleta, a qual
início do século XX, os físicos alemães Max Planck e Albert Einstein não podemos enxergar - vemos apenas a luz de baixa energia pro-
mostraram independentemente que todas as radiações eletromag- duzida pela fluorescência.
néticas comportavam-se como se fossem compostas por minúscu-
los pacotes de energia denominados fótons. Cada fóton tem uma
energia proporcional à frequência da radiação.

E fóton = h u

9
QUÍMICA
O fóton, portanto, corresponde à diferença entre dois níveis de Reações artificiais
energia de um elétron, quando este realiza um salto quântico. Uma Os núcleos radioativos artificiais são produzidos por reações
vez que a energia do fóton é quantizada, o comprimento de onda nucleares. Os elementos transurânicos, em particular, são normal-
também deve ser quantizado, ou seja, só pode um par específico de mente produzidos pela captura de nêutrons seguida de decaimento
níveis em um ter um valor discreto e fixo. Cada transição eletrônica b-. Por outro lado, o que se chama de espalhamento é a reação
entre átomo contribui para a produção de uma linha individual no nuclear em que projétil e partícula liberada são a mesma partícula.
espectro daquele elemento. O espalhamento é elástico quando, durante o processo, não varia a
O ponto mais fraco da teoria atômica de Bohr reside na sua energia cinética da partícula, e inelástico, caso contrário.
concepção de um modelo atômico planetário modificado no qual
cada nível quantizado de energia corresponde a uma órbita eletrô- Fissão nuclear
nica circular, específica e estável, com raio quantizado. Outros mais A fissão é a divisão do núcleo de um átomo, pelo bombardea-
tarde estenderam o modelo de Bohr a órbitas elípticas. Por razões mento com nêutrons, em dois núcleos menores com liberação de
que se tornarão evidentes adiante, não falaremos mais em elétrons grande quantidade de energia.
percorrendo órbitas ao redor do núcleo. A quantidade de energia armazenada nos núcleos atômicos é
Como Bohr encarou o fato de que os elétrons não irradiam incomparavelmente maior que a armazenada nas ligações químicas
energia continuamente, o que causaria o colapso no átomo? Em presentes nas camadas eletrônicas. Só para se ter uma ideia, se to-
primeiro lugar, desde que a energia de um elétron é quantizada, dos os núcleos de 1 kg de urânio-235 se desintegrassem por fissão,
a radiação contínua não é possível, pois a energia do elétron teria seria liberada mais de um milhão de vezes a quantidade de energia
de variar continuamente para que o elétron fosse capaz de perder produzida na combustão de 1 kg de petróleo.
energia continuamente. Em 1934, o físico italiano Enrico Fermi, descobriu como liberar
Em segundo lugar, Bohr foi capaz de mostrar que a menor ener- energia armazenada nos núcleos dos átomos, através da reação de
gia utilizável para um elétron não é zero. Ele interpretou isto como fissão nuclear em cadeia. Em 1938, Hahn e Strassmann, repetindo
significando que há um tamanho mínimo permitido para a órbita a mesma experiência, constataram a existência de bário-142 entre
de um elétron. os produtos obtidos. No mesmo ano, Meitner e Frisch explicaram o
Embora os conceitos de órbitas de Bohr sejam incorretos, acre- fenômeno admitindo a quebra ou fissão ou desintegração do átomo
ditamos hoje que há realmente uma energia mínima constante, de urânio-235.
maior do que zero, que um elétron pode ter. De acordo com Bohr,
os átomos não entram em colapso porque eles não podem ter me- Fusão nuclear
nos energia do que em seu estado fundamental. A fusão nuclear é o processo pelo qual átomos menores (hi-
drogênio 1H1, deutério 1H2, etc.) são agregados, produzindo áto-
Principais transformações nucleares artificiais e naturais. mos maiores (trítio 1H3, hélio 2He3 ou hélio 2He4) com liberação de
Quando dois núcleos se movem um em direção ao outro e, grande quantidade de energia. Reações desse tipo ocorrem no Sol
apesar da repulsão colombiana, se aproximam o suficiente para que e estrelas.
haja interação entre as partículas de um com as partículas do outro É muito difícil se fazer aqui na Terra a fusão nuclear devido a
pela força nuclear, pode ocorrer uma redistribuição de núcleos e exigência de temperaturas elevadíssima (300 000 000ºC) e de re-
diz-se que aconteceu uma reação nuclear. cipientes capazes de suportar essa temperatura, o que seria ideal,
Usualmente, as reações nucleares são produzidas bombarde- pois não deixa rejeitos radioativos como na fissão.
ando-se um núcleo alvo com um projétil que pode ser algum tipo de Essa façanha só foi realizada, até hoje, nas bombas de hidrogê-
partícula ou núcleo pequeno, de modo que a repulsão colombiana nio com o auxílio de uma bomba atômica que, ao explodir, fornece
não se torne um obstáculo muito grande. As reações que envolvem a temperatura necessária para a fusão do hidrogênio. Em outras
energias não muito grandes ocorrem em duas fases. Na primeira palavras, a bomba atômica funciona como espoleta da bomba de
fase, o núcleo alvo e o projétil se agrupam, formando o que se cha- hidrogênio; desse modo, são conseguidas explosões de até 500
ma de núcleo composto num estado altamente excitado. Na segun- megatons (2,092 x 1018 J), o que equivale a energia liberada pela
da fase, o núcleo composto decai por qualquer processo que não explosão de 500.000.000 toneladas de TNT.
viole os princípios de conservação. A primeira bomba de hidrogênio foi construída por Edward Tel-
Por exemplo, uma partícula a com uma energia cinética de cer- ler e seus colaboradores e explodiu em 1952.
ca de 7 MeV colide com um núcleo de nitrogênio 14. O resultado é
um núcleo composto que consiste de todos os núcleos da partícula Bomba Atômica
a e do nitrogênio 14 num estado altamente excitado. Esse núcleo Bomba atômica é uma arma explosiva cuja energia deriva de
composto, sendo constituído de 9 prótons, é um núcleo de flúor. uma reação nuclear, por isso também é denominada de bomba
Como esse núcleo composto está num estado altamente excitado, nuclear. Ela tem um poder destrutivo imenso, para ter ideia dessa
pode-se esperar que ele emitisse uma partícula (ou um fóton) no potência, basta citar que ela é capaz de destruir totalmente grandes
processo de passagem a um estado menos excitado ou ao estado cidades.
fundamental do núcleo filho. Na história há relatos de duas situações nas quais bombas atô-
micas foram utilizadas e causaram estragos irreversíveis. As bombas
Cinética das reações nucleares foram lançadas durante a Segunda Guerra Mundial, ambas pelos
Essas reações são interessantes porque produzem prótons e Estados Unidos contra o Japão, nas cidades de Hiroshima e Naga-
nêutrons com grandes energias cinéticas. Por outro lado, as par- saki. O poder de destruição das bombas foi imenso, quase 200 mil
tículas a de fontes radioativas naturais são efetivas para produzir foram mortos, iniciando, assim, a era nuclear.
transformações nucleares apenas em núcleos com números atô-
micos menores que Z = 19 (correspondente ao potássio) devido à
intensidade da repulsão colombiana entre essas partículas a e os
núcleos atômicos alvo. Nêutrons, ao contrário, podem penetrar, em
princípio, qualquer núcleo, já que não são repelidos pelos prótons.

10
QUÍMICA
Tudo começou quando Einstein, em 1939, admitiu que poderia Resumo:
ser viável a construção de uma bomba atômica. Já no início da dé- Transformações nucleares ocorrem em núcleos pesados cuja
cada de 40 essa ideia começou a ser difundido, o que foi uma opor- densidade da matéria nuclear é constante. As naturais se manifes-
tunidade para dezenas de cientistas europeus, fugindo do nazismo tam em elementos radioativos e nos isótopos que se encontram na
e do fascismo, encontrarem refúgio nos Estados Unidos. Um desses natureza e poluem o meio ambiente. E as artificiais são aquelas que
cientistas era o físico italiano Enrico Fermi que, em 1942, juntamen- se bombardeiam núcleos com partículas apropriadas (artificial)1
te com sua equipe, produziu uma reação atômica em cadeia.
As teorias de Einstein começavam a entrar em prática, mas
muitos já temiam o mais provável: que a bomba pudesse causar
grandes estragos, pois era impossível determinar e controlar o im- CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS QUÍMI-
pacto de uma explosão dessa natureza. COS: TABELA PERIÓDICA ATUAL E SUA ESTRUTURA - LEI
No ano de 1945, a equipe liderada por J. Robert Oppenheimer DE MOSELEY PERÍODO, GRUPO E SUBGRUPO ELEMEN-
construiu uma bomba de fissão nuclear. Os primeiros testes ocorre- TO REPRESENTATIVO, DE TRANSIÇÃO E GÁS NOBRE,
ram na manhã de 16 de julho de 1945, no deserto do Novo México. PROPRIEDADE PERIÓDICA (RAIOS ATÔMICO E IÔNICO,
Posteriormente foi inventada a bomba de hidrogênio, testada em ENERGIA DE IONIZAÇÃO E ELETRONEGATIVIDADE)
Bikini, chamada de bomba H, a qual se revelou cinco vezes mais
destruidora do que todas as bombas convencionais usadas durante
a Segunda Guerra Mundial. Em Química, os critérios utilizados para a organização dos ele-
De lá pra cá, as bombas nucleares já foram usadas centenas de mentos químicos foram estabelecidos ao longo do tempo. No ano
vezes em testes nucleares por vários países do mundo. Atualmente, de 1869, Dimitri Mendeleev iniciou os estudos a respeito da organi-
as maiores potências mundiais buscam o chamado “poder bélico”, zação da tabela periódica através de um livro sobre os cerca de 60
que consiste na aquisição das técnicas de destruição mais eficazes e elementos conhecidos na época, cujas propriedades ele havia ano-
precisas. Nações que possuem tal poder é mais respeitado no âm- tado em fichas separadas. Ao trabalhar com esses dados ele per-
bito político. cebeu que organizando os elementos em função da massa de seus
O idealizador da bomba atômica, Einstein, tomando consciên- átomos, determinadas propriedades se repetiam diversas vezes, e
cia da tragédia provocada pela bomba atômica, e sendo ele o ideali- com uma mesma proporção, portanto era uma variável periódica.
zador desta ameaça mundial proferiu a seguinte frase: “Tudo havia Lembrando que periódico é tudo o que se repete em intervalos de
mudado… menos o espírito humano”. tempo bem definidos, como é o caso das estações do ano e das
fases da lua, por exemplo.
Lixo Nuclear Ela foi criada com o intuito de organizar as informações já cons-
O lixo nuclear é todo resíduo formado por compostos radioati- tatadas a fim de facilitar o acesso aos dados. Quando foi proposta
vos que perderam a utilidade de uso. muitos elementos ainda não haviam sido descobertos, muito em-
Este lixo é produzido por diversas fontes, sendo as principais: bora seu princípio seja seguido até hoje com 118 elementos. Alguns
– Usinas nucleares: após o processo de fissão nuclear, o que outros modelos de tabela vêm sendo propostos, como por exemplo
sobra do uso do urânio é considerado lixo nuclear. a que apresenta forma de espiral proposta por Philip Stewart com
– Armas Nucleares: na fabricação, manutenção ou desativação base na natureza cíclica dos elementos químicos, porém a mais uti-
deste tipo de arma, vários resíduos nucleares são gerados. lizada ainda é a de Mendeleev.
– Laboratórios de exames clínicos: alguns instrumentos de exa- Dimitri Ivanovich Mendeleev nasceu na Sibéria e era professor
mes médicos usam produtos radioativos como, por exemplo, má- da Universidade de São Petersburgo quando descobriu a lei perió-
quinas de raio-x. dica. O elemento de número atômico 101 da tabela periódica tem o
nome em homenagem a ele, o Mendelévio.
O lixo nuclear deve ser transportado, tratado e isolado com A tabela tem os elementos químicos dispostos em ordem cres-
máximo rigor de cuidado, seguindo diversas normas de segurança cente de número atômico e são divididos em grupos (ou famílias)
internacionais, a fim de evitar qualquer tipo de acidente ou conta- devido a características que são comuns entre eles. Cada elemen-
minação. Um dos principais problemas atuais é o destino deste tipo to químico é representado por um símbolo, por exemplo a prata é
de lixo. representada por Ag devido a seu nome no latim argentum. Cada
O contato do ser humano com este tipo de lixo pode ter como elemento possui ao lado de seu símbolo o número atômico e o nú-
conseqüência o desenvolvimento de várias doenças (câncer é a mero de massa.
principal) e até a morte imediata.

Curiosidades:
– O lixo nuclear pode levar de 50 a 100 anos para perder toda
sua radiação.
– No Brasil, ocorre a produção de lixo nuclear nas Usinas Atômi-
cas de Angra I e Angra II, situadas em Angra dos Reis (RJ)

1Fonte: www.quimicalivre.wordpress.com/www.mundovestibular.com.br/
www.pt.wikipedia.org

11
QUÍMICA

Classificação dos elementos


• Metais: São bons condutores de calor e eletricidade. São sólidos nas CNTP (com exceção do mercúrio), além de maleáveis e
dúcteis.
• Não metais: São maus condutores de corrente elétrica e calor. Podem assumir qualquer estado físico na temperatura ambiente.
• Gases nobres: Apresentam baixa reatividade, sendo até pouco tempo considerados inertes.

Os elementos podem ser classificados em representativos ou de transição (interna e externa). Os representativos são aqueles cuja
distribuição eletrônica termina em s ou p. Os elementos de transição externa são aqueles cuja distribuição acaba em d, e os de transição
interna acabam em f. A localização de um elemento na tabela periódica pode ser indicada pelo seu grupo e seu período. Os elementos de
transição interna são os que se encontram nas duas linhas bem embaixo na tabela e na verdade é como se estivessem localizados no no
sexto e sétimo período do grupo três.
Cada linha no sentido horizontal da tabela periódica representa um período. Eles são em número de sete, e o período em que o ele-
mento se encontra indica o número de níveis que possui. Por exemplo o sódio (Na) está no período três, o que significa que o seu átomo
possui três camadas eletrônicas.

Já os grupos são as linhas verticais que apresentam elementos químicos que compartilham propriedades. Por exemplo o flúor (F) e
o cloro (Cl) estão no grupo 17 (ou 7A) por possuírem alta tendência de receber elétrons, o que chamamos de eletronegatividade. Alguns
grupos possuem nomes específicos como os listados abaixo e os demais recebem o nome do primeiro elemento de seu grupo.
Grupo 1: Metais alcalinos: esses elementos são muito reativos principalmente com a água. Esta reatividade aumenta conforme au-
menta o número atômico e o raio do átomo. Todos os elementos desse grupo são eletropositivos, metais bons condutores de eletricidade,
e formam bases fortes. São sólidos a temperatura ambiente, apresentam brilho metálico e quando expostos ao ar oxidam facilmente. São
utilizados na iluminação no caso das lâmpadas de sódio, na purificação de metais e na fabricação de sabões sendo combinados com a
gordura.
Grupo 2: Metais alcalino-terrosos: Possuem esse nome por serem geralmente encontrados na terra. São bastante reativos, porém
menos que os metais do grupo 1. Também são eletropositivos e são mais duros e densos do que os metais alcalinos. São utilizados em
ligas metálicas como é o caso por exemplo do Berílio (Be), na composição do gesso e do mármore sendo o caso do cálcio (Ca) e em fogos
de artifício magnésio (Mg) e estrôncio (Sr).
Grupo 16 (ou 6A): Calcogênios: Os elementos desse grupo recebem esse nome derivado do grego que significa “formadores de
cobre”. Neste grupo pode-se perceber facilmente analisando todos os elementos do grupo a presença de características metálicas e não
metálicas. Os elementos mais importantes deste grupo são o oxigênio (O) e o enxofre (S) sendo o primeiro o gás utilizado inclusive em
nossa respiração e o último é responsável inclusive pelo fenômeno da chuva ácida.
Grupo 17 (ou 7A): Halogênios: São os elementos mais eletronegativos da tabela periódica, ou seja, possuem a tendência de receber
elétrons em uma ligação. Podem se combinar com quase todos os elementos da tabela periódica. O flúor por exemplo possui aplicação
na higiene bucal.

12
QUÍMICA
Grupo 18 (ou 8A): Gases nobres: possuem essa intitulação A seguir, veja mais detalhadamente as propriedades periódicas
devido a ser constatado antigamente que não possuíam tendência químicas:
alguma a formarem ligações. Isto ocorre devido à estabilidade de 1- Raio atômico: pode ser definido como a metade da distância
seus orbitais da camada mais externa completamente preenchidos. (r = d/2) entre os núcleos de dois átomos de um mesmo elemento
Hoje alguns compostos conseguiram ser preparados com estes ele- químico, sem estarem ligados e assumindo os átomos como esferas:
mentos e incluem geralmente o Xenônio (Xe) que possui a primeira
energia de ionização muito próxima do oxigênio.
A Tabela Periódica atual é organizada em linhas horizontais
em ordem crescente de número atômico. Tanto que o primeiro
elemento químico que aparece da esquerda para a direita na parte
superior é o hidrogênio, que é o elemento de menor número atômi-
co, 1. Logo à sua direita vem o hélio, He, com número atômico igual
a 2, depois vem o lítio, com número atômico igual a 3, seguido do
berílio, Be, de número atômico igual a 4, e assim por diante.
Essa classificação crescente de números atômicos permite
organizar os elementos em grupos ou famílias (colunas) que pos-
suem propriedades semelhantes, além disso, as linhas horizontais
também nos revelam particularidades a respeito dos átomos dos
elementos. Observe como se dá essa organização:
Ilustração de raio atômico
• Grupos ou famílias – Colunas:
As colunas são chamadas de grupos ou famílias. Esses nomes Na tabela periódica, o raio atômico aumenta de cima para bai-
são bem apropriados, pois os membros de uma família possuem vá- xo e da direita para a esquerda.
rias características físicas, emocionais e psicológicas semelhantes; Isso acontece porque em uma mesma família (coluna), as ca-
além disso, os membros de um grupo específico possuem também madas eletrônicas vão aumentando conforme se desce uma “casa”
objetivos e gostos similares. Da mesma forma, os elementos per- e, consequentemente, o raio atômico aumenta. Em um mesmo pe-
tencentes a um mesmo grupo ou a uma mesma família da Tabela ríodo (linha), o número de camadas eletrônicas é o mesmo, mas a
Periódica possuem propriedades físicas e químicas semelhantes. quantidade de elétrons vai aumentando da esquerda para a direita
e, com isso, a atração pelo núcleo aumenta, diminuindo o tamanho
Isso acontece porque os elementos químicos que estão em do átomo.
uma mesma família possuem a mesma quantidade de elétrons na
camada de valência, isto é, na última camada eletrônica:
• Família 1: Possuem todos 1 elétron na camada de valên-
cia;
• Família 2: Possuem todos 2 elétrons na camada de valên-
cia;
• Família 13: Possuem todos 3 elétrons na camada de va-
lência;
• Família 14: Possuem todos 4 elétrons na camada de va-
lência;
• Família 15: Possuem todos 5 elétrons na camada de va-
lência;
• Família 16: Possuem todos 6 elétrons na camada de va-
lência;
• Família 17: Possuem todos 7 elétrons na camada de va-
lência;
• Família 18: Possuem todos 8 elétrons na camada de va- Ordem de crescimento do raio atômico na Tabela Periódica
lência.
2. Energia ou potencial de ionização: é a energia mínima ne-
Propriedades químicas cessária para remover um elétron de um átomo ou íon no estado
A Tabela Periódica organiza os elementos químicos até então gasoso.
conhecidos em uma ordem crescente de número atômico (Z – Esse elétron é sempre retirado da última camada eletrônica,
quantidade de prótons no núcleo do átomo). que é a mais externa e é conhecida como camada de valência.
Muitas propriedades químicas e físicas dos elementos e das Quanto maior o raio atômico, mais afastados do núcleo os elé-
substâncias simples que eles formam variam periodicamente, ou trons da camada de valência estarão, a força de atração entre eles
seja, em intervalos regulares em função do aumento (ou da dimi- será menor e, consequentemente, menor será a energia necessária
nuição) dos números atômicos. As propriedades que se comportam para retirar esses elétrons e vice-versa. Por isso, a energia de io-
dessa forma são chamadas de propriedades periódicas. nização dos elementos químicos na Tabela Periódica aumenta no
As principais propriedades periódicas químicas dos elementos sentido contrário ao aumento do raio atômico, isto é, de baixo para
são: raio atômico, energia de ionização, eletronegatividade, ele- cima e da esquerda para a direita:
tropositividade e eletroafinidade. Já as físicas são: pontos de fusão
e ebulição, densidade e volume atômico.

13
QUÍMICA

Ordem de crescimento da energia de ionização na Tabela Ordem de crescimento da eletropositividade na Tabela Perió-
Periódica dica

3. Eletronegatividade: representa a tendência que um átomo 5. Eletroafinidade ou afinidade eletrônica: corresponde à


tem de atrair elétrons para si em uma ligação química covalente em energia liberada por um átomo do estado gasoso, quando ele cap-
uma molécula isolada. tura um elétron.
Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de- Essa energia é chamada assim porque ela mostra o grau de
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o afinidade ou a intensidade da atração do átomo pelo elétron adi-
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com- cionado.
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade Infelizmente, não são conhecidos todos os valores para as ele-
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi- troafinidades de todo os elementos, mas os que estão disponíveis
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da permitem generalizar que essa propriedade aumenta de baixo para
esquerda para a direita: cima e da esquerda para a direita na Tabela Periódica:

Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Peri- Ordem de crescimento da afinidade eletrônica na Tabela
ódica Periódica

4. Eletropositividade: é a capacidade que o átomo possui de Resumidamente, temos:


se afastar de seus elétrons mais externos, em comparação a outro
átomo, na formação de uma substância composta.
Visto que é o contrário da eletronegatividade, a sua ordem
crescente na tabela periódica também será o contrário da mostra-
da para a eletronegatividade, ou seja, será de cima para baixo e da
direita para a esquerda:

14
QUÍMICA
b) Exemplos de sais
LIGAÇÃO QUIMICA:TEORIA ELETRÔNICA DE VALÊNCIA Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de for-
LIGAÇÃO IÔNICA - LIGAÇÃO COVALENTE TIPOS DE FÓR- ma direta ou indireta:
MULA POLARIDADE DAS LIGAÇÕES E DAS MOLÉCULAS • Cloreto de Sódio (NaCl)
- NÚMERO DE OXIDAÇÃO • Fluoreto de sódio (NaF)
• Nitrito de sódio (NaNO3)
Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de • Nitrato de amônio (NH4NO3)
substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que • Carbonato de sódio (Na2CO3)
alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com • Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
propriedades semelhantes: as funções inorgânicas. • Carbonato de cálcio (CaCO3)
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: áci- • Sulfato de cálcio (CaSO4)
dos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas • Sulfato de magnésio (MgSO4)
segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos • Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
que constituem cada grupo: • Hipoclorito de sódio (NaClO)

→ Ácidos: → Óxidos
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem io- São compostos binários (formados por apenas dois elementos
nização) e formam soluções que apresentam como único cátion o químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece
até hoje para fins didáticos, o cátion H1+. a) Fórmulas de óxidos
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.
a) Equações de ionização de ácidos
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4- b) Principais óxidos:
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1- • Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
cio – CaO);
b) Ácidos principais: • Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
• Ácido Sulfúrico (H2SO4) bono - CO2);
• Ácido Fluorídrico (HF) • Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi-
• Ácido Clorídrico (HCl) do de alumínio - Al2O3).
• Ácido Cianídrico (HCN)
• Ácido Carbônico (H2CO3) REAÇÃO QUÍMICA: REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍ-
• Ácido fosfórico (H3PO4) MICA - TIPOS DE REAÇÃO QUÍMICA BALANCEAMENTO
• Ácido Acético (H3CCOOH) DE EQUAÇÃO QUÍMICA
• Ácido Nítrico (HNO3)

→ Bases É a forma de calcular quantidades de reagentes e produtos em


São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, uma reação química. Envolve cálculos matemáticos simples para
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi- conhecer a proporção correta de substâncias a serem usadas.
dróxido (OH1-). Unidade de massa atômica:A massa atômica é a massa de um
a) Equações de dissociação de bases átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada
NaOH(s) → Na1+ + OH1- por “u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que
possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de
b) Exemplos de bases massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054 . 10-24 g.
• Hidróxido de sódio (NaOH)
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2)
• Hidróxido de amônio (NH4OH)

→ Sais
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons,
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-. Massa Atômica (MA)
A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em
a) Equações de dissociação de sais u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da massa do 12C.As
Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas
serem adicionados à água. experimentalmente com grande precisão, usando um aparelho de-
nominado espectrômetro de massa. Para facilitar os cálculos não
NaCl → Na1+ + Cl1- necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredonda-
Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31- mento” para o número inteiro mais próximo:
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-

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QUÍMICA
Exemplos: Mol e Constante de Avogadro
Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
Massa atômica do 4,0030u - 4u -Mol é a unidade de quantidade de matéria.
-Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos
Massa atômica do 18,9984u - 19u em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023 mol-1.
Massa atômica do 26,9815u -27u
Massa Molar (M)
Massa Atômica de um Elemento A massa molar de um elemento é a massa de um mol de áto-
Massa atômica de um elemento é a média ponderada das mas- mos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A unidade mais
sas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes. usada para a massa molar é g.mol-1.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37C, na propor- Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua
ção: massa atômica.
35
Cl= 75,4%MA= 34,997u
37
Cl= 24,6%MA= 36,975u Exemplos:
1) Massa atômica do Cl=35,453u
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.

Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos


Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 átomos do elemento Cl pe-
igual ao seu número de massa, a massa atômica de um elemento é sam 35,453 gramas.
aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa
de sesu isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada 2) Massa atômica da água, H2O = 18u
do cloro será: Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 molécu-
las de H2O pesam 18,0 gramas.

Cálculos estequiométricos
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa
reação química é chamado de cálculo estequiométricos — palavra
derivada do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = me-
Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a dida. São cálculos que envolvem proporções de átomos em uma
35,5u podemos afirmar que: sustância ou que relacionam-se com proporções de coeficientes de
Massa média do átomo de Cl=35,5u uma equação química.
Massa média do átomo de Cl=35,5 x massa de 1/12 do átomo As bases para o estudo da estequiometria das reações quími-
de 12C. cas foram lançadas por cientistas que conseguiram expressar mate-
Massa média do átomo dex massa do átomo de 12C, maticamente as regularidades que ocorrem nas reações químicas,
através das Leis das Combinações Químicas.
Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; Essas leis foram divididas em dois grupos:
esse é o valor médio da massa do átomo de 12C. - Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes uma reação.
isótopos, em proporção constante. Essa proporção varia de um ele- - Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de
mento para outro, mas para um elemento é constante. Desse ma- uma reação.
neira, a massa atômica dos elementos é também constante.
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômi- Conduta de Resolução
ca do seu único isótopo será também a massa atômica do elemento. Na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função
da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo
Exemplo: Elemento químico flúor gases e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão
e temperatura.Assim, devemos tomar os coeficientes da reação de-
vidamente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção
em mols dos elementos ou substâncias da reação.

Veja no quadro abaixo o resumo das informações importantes Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:
adquiridas até o momento:
C2H6O + O2 → CO2 + H2O
Massa molecular (MM)
A massa molecular de uma substância é a massa da molécula Após balancear a equação, ficamos com:
dessa substância expressa em unidades de massa atômica (u).Nu-
mericamente, a massa molecular é igual à soma das massas atômi-
cas de todos os átomos constituintes da molécula.
Exemplos:
H2⇒H = 1u , como são dois hidrogênios = 2u Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculo,
- O = 16u envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u as relações de várias maneiras:

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QUÍMICA

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o acerto, ela apresenta signi-
ficado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos coeficientes da equação
química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros,
conforme dados do problema.

Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação Quantidade em Mols Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Massa Relação Entre Massa e Volume
Mols e Massa
Os dados do problema e Os dados do problema são Os dados do problema e Os dados do problema são
as quantidades incógnitas expressos em termos de as quantidades incógnitas expressos em termos de massa
pedidas são expressos em quantidade em mols (ou massa) e pedidas são expressos em e a quantidade incógnita é
termos de quantidade em a quantidade incógnita é pedida termos de massa. pedida em volume**
mols. em massa (ou quantidade em
mols).

**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado,
determinar o volume correspondente.

Cálculos envolvendo excesso de reagente


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de 2 reagente, precisamos verificar qual deles estará em excesso, após termi-
nada a reação. As quantidades de substâncias que participam da reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da equação.
Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra
de acordo com a proporção; a parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.Por outro lado, o reagente que for totalmente
consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denominado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no
momento em que for totalmente consumido.

Cálculos envolvendo Pureza


Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquematicamente dividir uma amos-
tra em duas partes: a parte útil e as mas impurezas.
-Parte útil ou parte pura: reage no problema -p%
-Impurezas: não reagem no processo do problema -i%

Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não participam da reação. Grau de
pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra (substância impura).

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QUÍMICA
Sistema em que o rendimento não é total Como dois átomos de oxigênio (na forma de molécula 02) inte-
ragem, é lógico supor que duas moléculas de água sejam formadas.
Quando uma reação química não produz as quantidades de Mas como duas moléculas de água são formadas por quatro áto-
produto esperadas, de acordo com a proporção da reação química, mos de hidrogênio, serão necessárias duas moléculas de hidrogênio
dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma rea- para fornecer essa quantidade de átomos. Assim sendo, o menor
ção é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida número de moléculas de cada substância que deve participar da
e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação reação é: hidrogênio, duas moléculas; oxigênio, uma molécula;
química. água, duas moléculas.
A equação química que representa a reação é: 2 H2 + 02 => 2
Reações de Neutralização, Dupla Troca, Simples Troca, Redu- H20 (que é lida da seguinte maneira: duas moléculas de hidrogênio
ção, Oxidação reagem com uma molécula de oxigênio para formar duas moléculas
de água.)
Reações Químicas
A queima de uma vela, a obtenção de álcool etílico a partir de Lei Volumétrica das Reações Químicas
açúcar e o enferrujamento de um pedaço de ferro são exemplos de Estudos realizados por Gay-Lussac levaram-no, em 1808, a con-
transformações onde são formadas substâncias com propriedades cluir:
diferentes das substâncias que interagem. Tais transformações são Lei de Gay-Lussac: Os volumes de gases que participam de uma
chamadas reações químicas. As substâncias que interagem são cha- reação química, medidos nas mesmas condições de pressão e tem-
madas reagentes e as formadas, produtos. peratura, guardam entre si uma relação constante que pode ser ex-
No final do século XVIII, estudos experimentais levaram os pressa através de números inteiros.
cientistas da época a concluir que as reações químicas obedecem a Assim, por exemplo, na preparação de dois litros de vapor
certas leis. Estas leis são de dois tipos: d’água devem ser utilizados dois litros de hidrogênio e um litro de
- leis ponderais: tratam das relações entre as massas de reagen- oxigênio, desde que os gases estejam submetidos às mesmas con-
tes e produtos que participam de uma reação; dições de pressão e temperatura. A relação entre os volumes dos
- leis volumétricas: tratam das relações entre volumes de gases gases que participam do processo será sempre: 2 volumes de hidro-
que reagem e são formados numa reação. gênio; 1 volume de oxigênio; 2 volumes de vapor d’água. A tabela a
seguir mostra diferentes volumes dos gases que podem participar
Equações Químicas desta reação.
Os químicos utilizam expressões, chamadas equações quími-
cas, para representar as reações químicas. hidrogênio + oxigênio => Vapor d’água
Para se escrever uma equação química é necessário: 20 cm3 10 cm3 20 cm3
- saber quais substâncias são consumidas (reagentes) e quais 180 dm3 90 dm3 180 dm3
são formadas (produtos); 82 ml 41 ml 82 ml
- conhecer as fórmulas dos reagentes e dos produtos; 126 l 63 l 126 l
- escrever a equação sempre da seguinte forma: reagentes =>
produtos Observe que nesta reação o volume do produto (vapor d’água)
Quando mais de um reagente, ou mais de um produto, partici- é menor do que a soma dos volumes dos reagentes (hidrogênio e
parem da reação, as fórmulas das substâncias serão separadas pelo oxigênio). Esta é uma reação que ocorre com contração de volume,
sinal “+ “; isto é, o volume dos produtos é menor que o volume dos reagentes.
- se for preciso, colocar números, chamados coeficientes este- Existem reações entre gases que ocorrem com expansão de volu-
quiométricos, antes das fórmulas das substâncias de forma que a me, isto é, o volume dos produtos é maior que o volume dos rea-
equação indique a conservação dos átomos. Esse procedimento é gentes, como por exemplo na decomposição do gás amônia:
chamado balanceamento ou acerto de coeficientes de uma equa-
ção. amônia => hidrogênio + nitrogênio
2 vol. 3 vol 1 vol.
Utilizando as regras acima para representar a formação da água
temos: Em outras reações gasosas o volume se conserva, isto é, os vo-
- reagentes: hidrogênio e oxigênio; produto: água. lumes dos reagentes e produtos são iguais. E o que acontece, por
- fórmulas das substâncias: hidrogênio: H2; oxigênio: 02; água: exemplo, na síntese de cloreto de hidrogênio:
H20.
- equação: H2 + 02 => H2O. hidrogênio + cloro => cloreto de hidrogênio
- acerto dos coeficientes: a expressão acima indica que uma 1 vol. 1 vol. 2 vol.
molécula de hidrogênio (formada por dois átomos) reage com uma
molécula de oxigênio (formada por dois átomos) para formar uma Hipótese de Avogadro
molécula de água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de Em 1811, na tentativa de explicar a lei volumétrica de Gay-Lus-
oxigênio). Vemos, portanto, que a expressão contraria a lei da con- sac, Amadeo Avogadro propôs que amostras de gases diferentes,
servação dos átomos (lei da conservação das massas), pois antes ocupando o mesmo volume e submetidas às mesmas condições
da reação existiam dois átomos de oxigênio e, terminada a reação, de pressão e temperatura, são formadas pelo mesmo número de
existe apenas um. No entanto, se ocorresse o desaparecimento de moléculas. Tomando-se como exemplo a formação de vapor d’água
algum tipo de átomo a massa dos reagentes deveria ser diferente (todos os gases submetidos às mesmas condições de pressão e tem-
da massa dos produtos, o que não é verificado experimentalmente. peratura) temos:

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QUÍMICA
hidrogênio + oxigênio => vapor d’água Tipos de Reações Químicas
dados experimentais 2 vol. 1 vol. 2 vol. As reações químicas costumam ocorrer acompanhadas de al-
hip. de Avogadro 2a moléc. a moléc. 2a moléc. guns efeitos que podem dar uma dica de que elas estão aconte-
dividindo por a 2 moléc. 1 moléc. 2 moléc. cendo.
Vamos ver quais são estes efeitos?
ou seja, a relação entre os volumes dos gases que reagem e que Saída de gases
são formados numa reação é a mesma relação entre o número de Formação de precipitado
moléculas participantes. Mudança de cor
A hipótese de Avogadro também permitiu a previsão das fór- Alterações de calor
mulas moleculares de algumas substâncias. E o que foi feito, por Vamos estudar alguns tipos de reações químicas.
exemplo, para a substância oxigênio. Como uma molécula de oxi-
gênio, ao reagir com hidrogênio para formar água, produz o dobro Reações de Síntese
de moléculas de água, é necessário que ela se divida em duas par- Estas reações são também conhecidas como reações de com-
tes iguais. Portanto, é de se esperar que ela seja formada por um posição ou de adição. Neste tipo de reação um único composto é
número par de átomos. Por simplicidade, Avogadro admitiu que a obtido a partir de dois compostos.
molécula de oxigênio deveria ser formada por dois átomos. Vamos ver uma ilustração deste tipo de reação!
Raciocinando de maneira semelhante ele propôs que a molé-
cula de hidrogênio deveria ser diatômica e a de água triatômica, Reações de Decomposição
formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Como o próprio nome diz, este tipo de reação é o inverso da
Estas suposições a respeito da constituição das moléculas de anterior (composição), ou seja, ocorrem quando a partir de um úni-
água, oxigênio e hidrogênio concordam com as observações experi- co composto são obtidos outros compostos. Estas reações também
mentais acerca dos volumes dessas substâncias que participam da são conhecidas como reações de análise.
reação.
Atualmente, sabe-se que a hipótese levantada por Avogadro é Reações de Simples Trocas
verdadeira, mas, por razões históricas, sua proposição ainda é cha- Estas reações ocorrem quando uma substância simples reage
mada de hipótese. com uma substância composta para formar outra substância sim-
Outra decorrência da hipótese de Avogadro é que os coeficien- ples e outra composta. Estas reações são também conhecidas como
tes estequiométricos das equações que representam reações entre reações de deslocamento ou reações de substituição.
gases, além de indicar a proporção entre o número de moléculas
que reage, indica, também, a proporção entre os volumes das subs- Reações de Dupla Troca
tâncias gasosas que participam do processo, desde que medidas nas Estas reações ocorrem quando duas substâncias compostas re-
mesmas condições de pressão e temperatura. Podemos exemplifi- solvem fazer uma troca e formam-se duas novas substâncias com-
car este fato com as equações das reações descritas anteriormente: postas.
- síntese de vapor d’água: Redução e Oxidação
2 H2(g) + 02(g) 2 H2O(g) Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e re-
dução abrangem um amplo e diversificado conjunto de processos.
- decomposição da amônia: Muitas reações de oxirredução são comuns na vida diária e nas fun-
2 NH3(g) N2(g) + 3 H2(g)
ções vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o apodrecimento das
frutas, a respiração e a fotossíntese.
- síntese de cloreto de hidrogênio:
Oxidação é o processo químico em que uma substância per-
H2(g) + Cl2(g) 2 HC1(g)
de elétrons, partículas elementares de sinal elétrico negativo. O
mecanismo inverso, a redução, consiste no ganho de elétrons por
Massas Relativas de Átomos e Moléculas
um átomo, que os incorpora a sua estrutura interna. Tais proces-
A hipótese de Avogadro permitiu, mesmo sendo impossível de-
sos são simultâneos. Na reação resultante, chamada oxirredução
terminar a massa de uma molécula, comparar as massas de várias
ou redox, uma substância redutora cede alguns de seus elétrons
moléculas. Em outras palavras a hipótese de Avogadro permitiu cal-
cular quantas vezes uma molécula é mais leve ou mais pesada do e, consequentemente, se oxida, enquanto outra, oxidante, retém
que a outra. Vejamos como isso pode ser feito. essas partículas e sofre assim um processo de redução. Ainda que
Sabe-se que 10 litros de gás hidrogênio, submetido a 0ºC e 1 os termos oxidação e redução se apliquem às moléculas em seu
atm, pesam 0,892 grama e que o mesmo volume de oxigênio, nas conjunto, é apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas
mesmas condições de pressão e temperatura, pesa 14,3 gramas. que se reduz ou se oxida.
Como, tanto os volumes dos gases, como as condições de pressão e
temperatura em que se encontram são iguais, as amostras gasosas Número de oxidação. Para explicar teoricamente os mecanis-
são formadas pelo mesmo número de moléculas. Podemos, então, mos internos de uma reação do tipo redox é preciso recorrer ao
escrever: conceito de número de oxidação, determinado pela valência do
- massa de uma molécula de oxigênio/massa de uma molécula elemento (número de ligações que um átomo do elemento pode
de hidrogênio = 14,3g/0,893g = 16 fazer), e por um conjunto de regras deduzidas empiricamente:
- o que mostra que uma molécula de oxigênio é 16 vezes mais (1) quando entra na constituição das moléculas monoatômicas,
pesada que uma molécula de hidrogênio. diatômicas ou poliatômicas de suas variedades alotrópicas, o ele-
mento químico tem número de oxidação igual a zero;
(2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em to-
das as suas combinações com outros elementos, exceto nos peróxi-
dos, quando esse valor é -1;

19
QUÍMICA
(3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus Para fazer o balanceamento da reação global, igualam-se as
compostos, exceto aqueles em que se combina com os ametais, reações iônicas parciais, de tal maneira que o número de elétrons
quando o número é -1; e doados pelo agente redutor seja igual ao número de elétrons rece-
(4) os outros números de oxidação são determinados de tal bidos pelo oxidante, e procede-se a sua soma:
maneira que a soma algébrica global dos números de oxidação de
uma molécula ou íon seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível (H2 -> 2H+ + 2e-) x 2
determinar o número de oxidação de qualquer elemento diferente (4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-)x 1
do hidrogênio e do oxigênio nos compostos que formam com esses --------------------------------------------
dois elementos. 2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH-
o que equivale a:
Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para seu elemento 2H2 + O2 -> 2H2O
central (enxofre), um número de oxidação n, de forma que seja nula pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH- se unem
a soma algébrica dos números de oxidação dos elementos integran- para formar a água.
tes da molécula: 2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6
Em toda reação redox existem ao menos um agente oxidante e Nesses mecanismos se apóia o método generalizado de balan-
um redutor. Em terminologia química, diz-se que o redutor se oxi- ço de reações redox, chamado íon-elétron, que permite determinar
da, perde elétrons, e, em conseqüência, seu número de oxidação
as proporções exatas de átomos e moléculas participantes. O méto-
aumenta, enquanto com o oxidante ocorre o oposto.
do íon-elétron inclui as seguintes etapas:
(1) notação da reação sem escrever os coeficientes numéricos;
Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes redutores são
(2) determinação dos números de oxidação de todos os átomos
os metais altamente eletropositivos, como o sódio, que facilmente
participantes;
reduz os compostos de metais nobres e também libera o hidrogênio
(3) identificação do agente oxidante e redutor e expressão de
da água. Entre os oxidantes mais fortes, podem-se citar o flúor e o
suas respectivas equações iônicas parciais;
ozônio.
(4) igualação de cada reação parcial e soma de ambas, de tal
O caráter oxidante e redutor de uma substância depende dos
forma que sejam eliminados os elétrons livres;
outros compostos que participam da reação, e da acidez e alcalini-
(5) eventual recomposição das moléculas originais a partir de
dade do meio em que ela ocorre. Tais condições variam com a con-
possíveis íons livres.
centração de elementos ácidos. Entre as reações tipo redox mais
conhecidas -- as reações bioquímicas -- inclui-se a corrosão, que
Métodos de Balanceamento
tem grande importância industrial.
Método das Tentativas: Como o nome já sugere, consiste na
Um caso particularmente interessante é o do fenômeno cha-
escolha de números arbitrários de coeficientes estequiométricos.
mado auto-redox, pelo qual um mesmo elemento sofre oxidação
Assim, apesar de mais simples, pode se tornar a forma mais traba-
e redução na mesma reação. Isso ocorre entre halogênios e hidró-
lhosa de balancear uma equação.
xidos alcalinos. Na reação com o hidróxido de sódio a quente, o
cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para clorato (+5) e se reduz para
Método Algébrico: Utiliza-se de um conjunto de equações,
cloreto (-1): 6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + NaClO3 + 3H2O
onde as variáveis são os coeficientes estequiométricos. Sendo que,
essas equações podem ser solucionadas por substituição, escalona-
Balanço das reações redox. As leis gerais da química estabele-
mento ou por matrizes (através de determinantes).
cem que uma reação química é a redistribuição das ligações entre
os elementos reagentes e que, quando não há processos de ruptura
Exemplo: NH4NO3 → N2O + H2O
ou variação nos núcleos atômicos, conserva-se, ao longo de toda a
Passo 1: Identificar os coeficientes.
reação, a massa global desses reagentes. Desse modo, o número
aNH4NO3 → bN2O + cH2O
de átomos iniciais de cada reagente se mantém quando a reação
atinge o equilíbrio.
Passo 2: Igualar as atomicidades de cada elemento respeitando
Em cada processo desse tipo, existe uma relação de propor-
a regra da proporção atômica. Assim, deve-se multiplicar a atomici-
ção fixa e única entre as moléculas. Uma molécula de oxigênio, por
dade de cada elemento da molécula pelo coeficiente estequiomé-
exemplo, se une a duas de hidrogênio para formar duas molécu-
trico identificado anteriormente.
las de água. Essa proporção é a mesma para todas as vezes que
Para o nitrogênio: 2a = 2b (pois existem 2 átomos de N na mo-
se procura obter água a partir de seus componentes puros: 2H2 +
lécula NH4NO3)
O2->2H2O
Para o hidrogênio: 4a = 2c
A reação descrita, que é redox por se terem alterado os nú-
Para o oxigênio: 3a = b + c
meros de oxidação do hidrogênio e do oxigênio em cada um dos
Ou seja, o número de átomos de cada elemento deve ser igual
membros, pode ser entendida como a combinação de duas reações
no lado dos reagentes e no lado dos produtos.
iônicas parciais:
H2 -> 2H++ 2e- (semi-oxidação)
Passo 3: Resolver o sistema de equações
4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução)
Se 2a = 2b, tem-se que a = b.
Se 4a = 2c, tem-se que 2a = c.
em que os elétrons ganhos e perdidos representam-se com e- e
os símbolos H+ e OH- simbolizam respectivamente os íons hidrogê-
Portanto, atribuindo-se o valor arbitrário 2 para o coeficiente
nio e hidroxila. Em ambas as etapas, a carga elétrica nos membros
a, tem-se:
iniciais e finais da equação deve ser a mesma, já que os processos
a = 2, b = 2, c = 4.
são independentes entre si.

20
QUÍMICA
Mas, como os coeficientes devem ser os menores valores in- Método Íon-Elétron: Baseia-se na divisão da reação global de
teiros possíveis: oxirredução em duas semi-equações. Sendo que, para a semi-equa-
a = 1, b = 1, c = 2. ção de redução deve-se acrescentar os elétrons no lado dos rea-
gentes e o ânion no lado dos produtos. De forma análoga, para a
Passo 4: Substituir os valores obtidos na equação original semi-equação de oxidação, deve-se adicionar os elétrons no lado
1NH4NO3 → 1N2O + 2H2O, ou simplesmente, NH4NO3 → N2O + dos produtos junto à espécie oxidada, enquanto que no lado de rea-
2H2O gentes deve estar a espécie mais reduzida.
Método Redox: Baseia-se nas variações dos números de oxida-
ção dos átomos envolvidos de modo a igualar o número de elétrons Exemplo: CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu
cedidos com o número de elétrons ganhos. Se no final do balancea- Passo 1: Identificar as espécies que sofrem oxidação e redução
mento redox faltar compostos a serem balanceados, deve-se voltar No composto CuSO4, o cobre possui Nox +2 e transforma-se em
para o método das tentativas e completar com os coeficientes res- cobre puro com Nox 0. Assim como, o Níquel puro passa do estado
tantes. 0 para o estado de oxidação +2. Portanto, o cobre 2+ sofre redução
e o níquel oxidação.
Exemplo: Fe3O4 + CO → FeO + CO2
Passo 2: Escrever as semi-equações
Passo 1: Identificar os átomos que sofrem oxirredução e calcu- Cu2+ + 2e → Cu
lar as variações dos respectivos números de oxidação. Sabendo-se Ni → Ni2+ + 2e
que o Nox do oxigênio é -2 para todos os compostos envolvidos. O
Nox do Ferro varia de +8/3 para +2. E, o Nox do carbono de +2 para Passo 3: Somar as semi-equações de modo a balanceá-las e
+4. cancelar os elétrons cedidos com os ganhos
Cu2+ + Ni → Ni2+ + Cu, ou simplesmente, CuSO4 + Ni → NiSO4 +
Portanto, o ferro se reduz e o carbono se oxida. Cu
ΔFe = 8/3 – 2 = 2/3 (variação de Nox do ferro)
ΔC = 4 – 2 = 2 (variação de Nox do carbono) Caso a quantidade de elétrons cedidos e ganhos não fosse
igual, as duas semi-equações deveriam ser multiplicadas por núme-
ros inteiros de modo a equilibrar as cargas. Se a equação inicial pos-
Passo 2: Multiplicar a variação de Nox pela respectiva atomi-
suir íons H+ em um dos lados ou átomos de oxigênio, também em
cidade no lado dos reagentes e atribuir o valor obtido como o coe-
um dos lados, deve-se balancear a primeira espécie com moléculas
ficiente estequiométrico da espécie que sofreu processo reverso.
de hidrogênio e a segunda com moléculas de água.
Assim, o número obtido pela multiplicação da variação de Nox do
ferro pela sua atomicidade deve ser atribuído como o coeficiente RELAÇÕES MASSA E MOL
estequiométrico da molécula de CO. Antes de introduzir o conceito de massa molar e número de
Para o ferro: 2/3 . 3 = 2 mol, vejamos algumas definições importantes nesse contexto:
Para o carbono: 2 . 1 = 2
→ Termo molar
Portanto, o coeficiente do Fe3O4 é igual a 2, e o coeficiente do Molar vem da palavra molécula, mas o que exatamente é uma
CO também. molécula? É o conjunto de átomos que se ligam por meio de liga-
2Fe3O4 + 2CO → FeO + CO2 ções químicas.

Simplificando-se os coeficientes para os menores valores intei- → Massa molecular (MM)


ros possíveis, tem-se: É possível calcular a massa de uma molécula pela soma das
Fe3O4 + CO → FeO + CO2 massas atômicas de cada átomo que forma a respectiva molécula.
O resultado é denominado de Massa Molecular (MM).
Passo 3: Acrescentar os coeficientes restantes
Para completar o balanceamento, pode-se realizar o mesmo Qual seria a massa molecular do gás Sulfídrico (H2S), por exem-
procedimento utilizado no lado dos reagentes (multiplicando a plo?
variação de Nox pela atomicidade do elemento na molécula) ou Primeiro é preciso saber qual é a massa atômica de cada áto-
realizar o método de tentativas. A primeira opção é a mais viável, mo, que é dada pela Tabela Periódica dos elementos.
embora para equações mais simples (como a indicada como exem- • Massa atômica do hidrogênio (H) = 1 u.m.a. (unidade por
plo) possa ser utilizado o segundo método. O fato é que ambos os massa atômica)
métodos devem levar à mesma resposta final. • Massa atômica do enxofre (S) = 32,1 u.m.a.
Como a atomicidade do carbono no CO2 é igual a 1, multipli-
cando-se pela variação do Nox 2, obtém-se o coeficiente 2 para o A massa molecular é a soma das massas atômicas dos átomos.
FeO. Do mesmo modo, sendo a variação de Nox do ferro igual a 2/3,
Obs.: o Hidrogênio da molécula de H2S possui coeficiente 2, por
multiplicando-se pela atomicidade 1 na molécula de FeO, obtém-se
isso, é preciso multiplicar sua massa por 2. Calculando:
o coeficiente 2/3 para o CO2. Agora, basta balancear o lado dos pro-
Massa molecular do H2S = 1 • 2 + 32,1 = 34,1 u
dutos: Fe3O4 + CO → 2FeO + 2/3CO2
(H) + (S) = (H2S)
Como os coeficientes devem ser os menores valores inteiros
possíveis, deve-se multiplicar a equação por 3/2 a fim de retirar o Massa molar e o número de mol
coeficiente fracionário do CO2: Já a massa molar, assim como o número de mol, relaciona-se
Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2 com a Constante de Avogadro (6,02 x 1023) por meio do seguinte
conceito:

21
QUÍMICA
‘’O número de entidades elementares contidas em 1 mol correspondem à constante de Avogadro, cujo valor é 6,02 x 1023 mol-1.’’
Sendo assim, a massa molar é a massa de 6,02 x 1023 entidades químicas e é expressa em g/mol.

Mapa Mental - Mol

Exemplo: H2S
• Massa Molecular = 34,1 u
• Massa molar (M) = 34,1 g/mol
Isso quer dizer que, em 34,1 g/mol de gás sulfídrico, temos 6,02 x 1023 moléculas ou 1 mol de moléculas de gás sulfídrico.

Conclusão
A massa molecular e a massa molar possuem os mesmos valores, o que as difere é a unidade de medida. A massa molar relaciona-se
com o número de mols que é dado pela constante de Avogadro.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/massa-molar-numero-mol.htm

EXCESSO DE REAGENTES, REAGENTE LIMITANTE


Segundo a Lei Ponderal de Proust, denominada de Lei das Proporções Constantes, as reações sempre ocorrem em proporções defini-
das e constantes. Por exemplo, a reação de formação da amônia é realizada na proporção de 1 mol de gás nitrogênio para 3 mols de gás
hidrogênio, conforme mostrado pelos coeficientes estequiométricos na equação abaixo:
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)

Se essa reação for realizada numa proporção diferente dessa, então teremos um reagente em excesso e um reagente limitante. No
caso de reagirmos 1 mol de N2(g)com apenas 2 mols de H2(g), veremos claramente que a quantidade de hidrogênio é menor do que a reque-
rida pela relação estequiométrica, então ele é o reagente limitante da reação.
Reagente limitante é aquele que limita a quantidade de produto que pode ser produzido na reação. Isso significa que quando o rea-
gente limitante é totalmente consumido, a reação para, mesmo tendo ainda outros reagentes.
Todos os outros reagentes que sobrarem são considerados reagentes em excesso.
Para entender isso, vamos fazer uma analogia: imagine que temos que montar todos os conjuntos possíveis entre parafusos e duas
porcas. Digamos que temos 5 parafusos e 12 porcas. Nesse caso, os parafusos atuam como os reagentes limitantes e as porcas como os
reagentes em excesso, porque iremos parar de montar os conjuntos quando os parafusos acabarem e irão sobrar ainda duas porcas.

22
QUÍMICA
Para resolver questões que envolvem reagentes limitantes e em excesso, podemos seguir as três etapas mostradas abaixo:

Vejamos um exemplo:
Considere a seguinte reação corretamente balanceada:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)

a) Determine o reagente limitante e o reagente em excesso dessa reação quando 5,52g de sódio reage com 5,10 g de Al2O3.
b) Qual é a massa de alumínio produzida?
c) Qual é a massa do reagente em excesso que permanecerá sem reagir no final do processo?

Resolução:
a) Vamos seguir os três passos citados para resolver a letra “a”:

1º Passo:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
A massa molar do Na é 23 g/mol e do Al2O3 é 102 g/mol. Determinando a quantidade em mols (n) de cada reagente:
n = m/MM
nNa = 5,52g / 23 g/mol → nNa = 0,24 mol
nAl2O3= 5,10g / 102 g/mol → nAl2O3 = 0,05 mol

2º Passo:
Fazer a relação estequiométrica para descobrir a quantidade de Al2O3 necessária para reagir com 0,24 mol de Na:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol -----1 mol
0,24 mol---- x
x = 0,04 mol

3º Passo:
O cálculo anterior mostrou que seria necessário 0,04 mol de Al2O3 para reagir totalmente com 0,24 mol de Na. Mas, o 1º passo mos-
trou que na verdade temos uma massa maior do que essa, que é de 0,05 mol de Al2O3. Assim, o Al2O3(s) é o reagente em excesso e o Na é
o reagente limitante.

b) Para saber qual é a massa de alumínio produzida, basta relacionar com a quantidade do reagente limitante que temos, isto é, do
sódio:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol de Na ---- 2 mol de Al
6 mol . 23 g/mol de Na ----- 2 mol . 27 g/mol de Al
138 g de Na ---- 54 g de Al
5,52 g de Na ---- y
y = 54 . 5,52
138
y = 2,16 g de Al serão produzidos.

c) Para saber a massa de reagente em excesso (Al2O3) que irá sobrar, basta diminuir a quantidade que foi colocada para reagir no início
pela quantidade que de fato reagiu:
0,05 mol ----- 5,10 g
0,04 mol ---- w
w = 0,04 . 5,10
0,05
w = 4,08 g de Al2O3 reagiram

23
QUÍMICA
5,10 – 4,08 = 1,02 g de Al2O3 restaram.

Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/reagente-ex-
cesso-reagente-limitante.htm

RENDIMENTO DE REAÇÕES QUÍMICAS E GRAU DE PUREZA


DE REAGENTES
Uma reação química não pode ser considerada como um sis-
tema ideal, ou seja, que poderá ser previsto quantitativamente em
exatidão. Vários fatores podem estar envolvidos em um processo
laboratorial cujo resultado obtido não satisfez o teorizado. “A pa- Observamos dessa forma que o rendimento reacional foi de
lavra estequiometria vem do grego e significa medir algo que não 71,42%, o que nos demonstra erros operacionais durante o proce-
pode ser dividido. Ela foi empregada pela primeira vez pelo químico dimento laboratorial de síntese ou qualidade inferior dos reagentes
alemão J. B. Richter, que em 1972 publicou Anfangsgründe der Stö- utilizados, os quais não permitiram que obtivéssemos a massa es-
chyometrie (Fundamentos de Estequiometria). Hoje a estequiome- perada (0,84g) do produto considerado, mas apenas 0,6g, validan-
tria compreende os requisitos atômicos das substâncias que parti- do a afirmação de que a maioria dos processos laboratoriais não
cipam de uma reação química, particularmente no que diz respeito ocorre de modo ideal.
ao peso”.
Por exemplo, uma dada reação química de precipitação entre Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/rendimento-de-uma-rea-
1g de nitrato de prata (AgNO3) e 0,34g de cloreto de sódio (NaCl), cao-quimica/
massas sem excesso, após pesada a massa precipitada de um dos
produtos formados, o cloreto de prata (AgCl), após isolamento por Grau de pureza de reagentes
filtração seguida por evaporação, observou-se um valor levemente Muitas substâncias usadas como matérias-primas em proces-
abaixo do esperado, equivalente a 0,6g deste sal. Esse fato deve- sos industriais não são puras, ou seja, não contêm somente os seus
-se principalmente a fatores de impurezas dos reagentes utilizados. componentes principais, mas contêm também certo grau de impu-
Essa reação em questão está equacionada abaixo, e está previa- rezas, isto é, de outras substâncias que não participam das reações
mente com seus coeficientes estequiométricos ajustados, ou seja, a desejadas presentes em sua constituição.
massa dos reagentes é igual à massa dos produtos, juntamente com É importante determinar em laboratório qual é o grau de pure-
os pesos moleculares das espécies envolvidas. za da substância, pois, para ser usada no processo industrial, essas
impurezas terão que ser eliminadas. Por essa razão, talvez o gasto
que se terá nesse processo não justifique a quantidade de produto
que será obtida, portanto, pode tornar a aplicação em escala indus-
trial inviável economicamente.
O grau de pureza dos reagentes (p) é a relação entre a massa da
substância pura e a massa total da amostra. A porcentagem de pu-
reza (p%) é a porcentagem da massa da substância pura em relação
Dessa forma, deve-se primeiramente calcular a massa teórica à massa total da amostra.
esperada de AgCl, para então compará-la com a massa realmente Por exemplo, o calcário possui como constituinte principal o
obtida. O método empregado pode ser uma regra de três simples, carbonato de cálcio (CaCO3(s)). Mas nas jazidas em que esse mi-
considerando-se apenas um dos produtos envolvidos, uma vez neral é coletado, geralmente ele vem com impurezas, como areia,
que não há excesso de reagentes. Usaremos para fins de cálculos carvão e outras substâncias em menor quantidade. A partir do car-
o AgNO3, o qual terá sua massa molecular relacionada à massa mo- bonato de cálcio, produz-se, por exemplo, a cal virgem (óxido de
lecular do produto em destaque; na primeira linha da regra de três. cálcio – CaO(s)). Para garantir um rendimento bom desse produto,
Na segunda linha, relacionaremos a massa que reage com a massa é necessário determinar então o grau de pureza do calcário. Nesse
teórica esperada do produto. caso, temos que o grau de pureza é quantas partes de carbonato de
cálcio existem em 100 partes de calcário.
Considere que temos uma amostra de calcário de 250 g, sendo
que 225 g é de carbonato e 25 g é de impurezas. Temos então que o
grau de pureza (p) dessa amostra de calcário é dado por:
p = 225
250
p = 0,9
A porcentagem de pureza (p%) é dada por:
250 ---------- 100 %
225 ---------- p%
p% = 90%
ou
O cálculo indica que seriam esperadas 0,84g de AgCl, caso ti- p% = p . 100%
véssemos um rendimento teórico de 100%. Entretanto, sabemos p% = 0,9 . 100%
que a massa obtida deste produto foi de 0,60g, portanto, podemos p% = 90%
calcular o rendimento da reação química, também através de uma
regra de três simples. Nesta, consideramos como 100% a massa de Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/pureza-reagentes.
produto esperada e relacionamos a massa obtida com a variável, html
conforme podemos observar abaixo:

24
QUÍMICA

FUNÇÃO INORGÂNICA. CONCEITO CLASSIFICAÇÃO NOTAÇÃO NOMENCLATURA, CONCEITOS DE ARRHENIUS,


BRONSTED E LOWRY E DE LEWIS PARA ÁCIDOS E BASES

Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que alguns
desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com propriedades semelhantes: as funções inorgânicas.
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: ácidos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas segundo
o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos que constituem cada grupo:

→ Ácidos:
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem ionização) e formam soluções que apresentam como único cátion o hidrônio
(H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece até hoje para fins didáticos, o cátion H1+.

a) Equações de ionização de ácidos


H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4-
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1-

b) Ácidos principais:
• Ácido Sulfúrico (H2SO4)
• Ácido Fluorídrico (HF)
• Ácido Clorídrico (HCl)
• Ácido Cianídrico (HCN)
• Ácido Carbônico (H2CO3)
• Ácido fosfórico (H3PO4)
• Ácido Acético (H3CCOOH)
• Ácido Nítrico (HNO3)

→ Bases
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi-
dróxido (OH1-).
a) Equações de dissociação de bases
NaOH(s) → Na1+ + OH1-
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1-

b) Exemplos de bases
• Hidróxido de sódio (NaOH)
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2)
• Hidróxido de amônio (NH4OH)

→ Sais
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion é
diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-.

a) Equações de dissociação de sais


Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após serem adicionados à água.

NaCl → Na1+ + Cl1-


Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-

b) Exemplos de sais
Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de forma direta ou indireta:
• Cloreto de Sódio (NaCl)
• Fluoreto de sódio (NaF)
• Nitrito de sódio (NaNO3)
• Nitrato de amônio (NH4NO3)
• Carbonato de sódio (Na2CO3)
• Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
• Carbonato de cálcio (CaCO3)
• Sulfato de cálcio (CaSO4)
• Sulfato de magnésio (MgSO4)
• Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
• Hipoclorito de sódio (NaClO)

25
QUÍMICA
→ Óxidos Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente
São compostos binários (formados por apenas dois elementos igual ao seu número de massa, a massa atômica de um elemento é
químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa
de sesu isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada
a) Fórmulas de óxidos do cloro será:
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.

b) Principais óxidos:
• Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
cio – CaO);
• Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
bono - CO2); Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a
• Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi- 35,5u podemos afirmar que:
do de alumínio - Al2O3). Massa média do átomo de Cl=35,5u
Massa média do átomo de Cl=35,5 x massa de 1/12 do átomo
de 12C.
Massa média do átomo dex massa do átomo de 12C,
REAÇÃO QUÍMICA: REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO
QUÍMICA - TIPOS DE REAÇÃO QUÍMICA Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u;
BALANCEAMENTO DE EQUAÇÃO QUÍMICA esse é o valor médio da massa do átomo de 12C.
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes
É a forma de calcular quantidades de reagentes e produtos em isótopos, em proporção constante. Essa proporção varia de um ele-
uma reação química. Envolve cálculos matemáticos simples para mento para outro, mas para um elemento é constante. Desse ma-
conhecer a proporção correta de substâncias a serem usadas. neira, a massa atômica dos elementos é também constante.
Unidade de massa atômica:A massa atômica é a massa de um Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômi-
átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada ca do seu único isótopo será também a massa atômica do elemento.
por “u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo
de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que Exemplo: Elemento químico flúor
possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de
massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054 . 10-24 g.

Veja no quadro abaixo o resumo das informações importantes


adquiridas até o momento:

Massa molecular (MM)


A massa molecular de uma substância é a massa da molécula
dessa substância expressa em unidades de massa atômica (u).Nu-
Massa Atômica (MA) mericamente, a massa molecular é igual à soma das massas atômi-
A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em cas de todos os átomos constituintes da molécula.
u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da massa do 12C.As Exemplos:
massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas H2⇒H = 1u , como são dois hidrogênios = 2u
experimentalmente com grande precisão, usando um aparelho de- - O = 16u
nominado espectrômetro de massa. Para facilitar os cálculos não - H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u
necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredonda-
mento” para o número inteiro mais próximo: Mol e Constante de Avogadro
Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
Exemplos: -Mol é a unidade de quantidade de matéria.
-Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos
Massa atômica do 4,0030u - 4u em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023 mol-1.

Massa atômica do 18,9984u - 19u Massa Molar (M)


Massa atômica do 26,9815u -27u A massa molar de um elemento é a massa de um mol de áto-
mos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A unidade mais
Massa Atômica de um Elemento usada para a massa molar é g.mol-1.
Massa atômica de um elemento é a média ponderada das mas- Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua
sas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes. massa atômica.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37C, na propor-
ção: Exemplos:
35
Cl= 75,4%MA= 34,997u 1) Massa atômica do Cl=35,453u
37
Cl= 24,6%MA= 36,975u Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.

26
QUÍMICA
Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 átomos do elemento Cl pesam
35,453 gramas.

2) Massa atômica da água, H2O = 18u


Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 moléculas de H2O pesam 18,0 gramas.

Cálculos estequiométricos
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa reação química é chamado de cálculo estequiométricos — palavra deriva-
da do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = medida. São cálculos que envolvem proporções de átomos em uma sustância ou
que relacionam-se com proporções de coeficientes de uma equação química.
As bases para o estudo da estequiometria das reações químicas foram lançadas por cientistas que conseguiram expressar matemati-
camente as regularidades que ocorrem nas reações químicas, através das Leis das Combinações Químicas.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de uma reação.

Conduta de Resolução
Na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo gases
e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão e temperatura.Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devidamen-
te balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção em mols dos elementos ou substâncias da reação.

Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O

Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculo, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando as
relações de várias maneiras:

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o acerto, ela apresenta signi-
ficado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos coeficientes da equação
química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros,
conforme dados do problema.

27
QUÍMICA
Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação Quantidade em Mols Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Massa Relação Entre Massa e Volume
Mols e Massa
Os dados do problema e Os dados do problema são Os dados do problema e Os dados do problema são
as quantidades incógnitas expressos em termos de as quantidades incógnitas expressos em termos de massa
pedidas são expressos em quantidade em mols (ou massa) e pedidas são expressos em e a quantidade incógnita é
termos de quantidade em a quantidade incógnita é pedida termos de massa. pedida em volume**
mols. em massa (ou quantidade em
mols).

**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado,
determinar o volume correspondente.

Cálculos envolvendo excesso de reagente


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de 2 reagente, precisamos verificar qual deles estará em excesso, após termi-
nada a reação. As quantidades de substâncias que participam da reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da equação.
Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra
de acordo com a proporção; a parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.Por outro lado, o reagente que for totalmente
consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denominado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no
momento em que for totalmente consumido.

Cálculos envolvendo Pureza


Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquematicamente dividir uma amos-
tra em duas partes: a parte útil e as mas impurezas.
-Parte útil ou parte pura: reage no problema -p%
-Impurezas: não reagem no processo do problema -i%

Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não participam da reação. Grau de
pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra (substância impura).

Sistema em que o rendimento não é total

Quando uma reação química não produz as quantidades de produto esperadas, de acordo com a proporção da reação química, di-
zemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma reação é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida e a
quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação química.

Reações de Neutralização, Dupla Troca, Simples Troca, Redução, Oxidação

Reações Químicas
A queima de uma vela, a obtenção de álcool etílico a partir de açúcar e o enferrujamento de um pedaço de ferro são exemplos de
transformações onde são formadas substâncias com propriedades diferentes das substâncias que interagem. Tais transformações são
chamadas reações químicas. As substâncias que interagem são chamadas reagentes e as formadas, produtos.
No final do século XVIII, estudos experimentais levaram os cientistas da época a concluir que as reações químicas obedecem a certas
leis. Estas leis são de dois tipos:
- leis ponderais: tratam das relações entre as massas de reagentes e produtos que participam de uma reação;
- leis volumétricas: tratam das relações entre volumes de gases que reagem e são formados numa reação.

Equações Químicas
Os químicos utilizam expressões, chamadas equações químicas, para representar as reações químicas.
Para se escrever uma equação química é necessário:
- saber quais substâncias são consumidas (reagentes) e quais são formadas (produtos);
- conhecer as fórmulas dos reagentes e dos produtos;
- escrever a equação sempre da seguinte forma: reagentes => produtos
Quando mais de um reagente, ou mais de um produto, participarem da reação, as fórmulas das substâncias serão separadas pelo sinal
“+ “;
- se for preciso, colocar números, chamados coeficientes estequiométricos, antes das fórmulas das substâncias de forma que a equa-
ção indique a conservação dos átomos. Esse procedimento é chamado balanceamento ou acerto de coeficientes de uma equação.

28
QUÍMICA
Utilizando as regras acima para representar a formação da água amônia => hidrogênio + nitrogênio
temos: 2 vol. 3 vol 1 vol.
- reagentes: hidrogênio e oxigênio; produto: água.
- fórmulas das substâncias: hidrogênio: H2; oxigênio: 02; água: Em outras reações gasosas o volume se conserva, isto é, os vo-
H20. lumes dos reagentes e produtos são iguais. E o que acontece, por
- equação: H2 + 02 => H2O. exemplo, na síntese de cloreto de hidrogênio:
- acerto dos coeficientes: a expressão acima indica que uma
molécula de hidrogênio (formada por dois átomos) reage com uma hidrogênio + cloro => cloreto de hidrogênio
molécula de oxigênio (formada por dois átomos) para formar uma 1 vol. 1 vol. 2 vol.
molécula de água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio). Vemos, portanto, que a expressão contraria a lei da con- Hipótese de Avogadro
servação dos átomos (lei da conservação das massas), pois antes Em 1811, na tentativa de explicar a lei volumétrica de Gay-Lus-
da reação existiam dois átomos de oxigênio e, terminada a reação, sac, Amadeo Avogadro propôs que amostras de gases diferentes,
existe apenas um. No entanto, se ocorresse o desaparecimento de ocupando o mesmo volume e submetidas às mesmas condições
algum tipo de átomo a massa dos reagentes deveria ser diferente de pressão e temperatura, são formadas pelo mesmo número de
da massa dos produtos, o que não é verificado experimentalmente. moléculas. Tomando-se como exemplo a formação de vapor d’água
Como dois átomos de oxigênio (na forma de molécula 02) inte- (todos os gases submetidos às mesmas condições de pressão e tem-
ragem, é lógico supor que duas moléculas de água sejam formadas. peratura) temos:
Mas como duas moléculas de água são formadas por quatro áto-
mos de hidrogênio, serão necessárias duas moléculas de hidrogênio hidrogênio + oxigênio => vapor d’água
para fornecer essa quantidade de átomos. Assim sendo, o menor dados experimentais 2 vol. 1 vol. 2 vol.
número de moléculas de cada substância que deve participar da hip. de Avogadro 2a moléc. a moléc. 2a moléc.
reação é: hidrogênio, duas moléculas; oxigênio, uma molécula; dividindo por a 2 moléc. 1 moléc. 2 moléc.
água, duas moléculas.
A equação química que representa a reação é: 2 H2 + 02 => 2 ou seja, a relação entre os volumes dos gases que reagem e que
H20 (que é lida da seguinte maneira: duas moléculas de hidrogênio são formados numa reação é a mesma relação entre o número de
reagem com uma molécula de oxigênio para formar duas moléculas moléculas participantes.
de água.) A hipótese de Avogadro também permitiu a previsão das fór-
mulas moleculares de algumas substâncias. E o que foi feito, por
Lei Volumétrica das Reações Químicas exemplo, para a substância oxigênio. Como uma molécula de oxi-
Estudos realizados por Gay-Lussac levaram-no, em 1808, a con- gênio, ao reagir com hidrogênio para formar água, produz o dobro
cluir: de moléculas de água, é necessário que ela se divida em duas par-
Lei de Gay-Lussac: Os volumes de gases que participam de uma tes iguais. Portanto, é de se esperar que ela seja formada por um
reação química, medidos nas mesmas condições de pressão e tem- número par de átomos. Por simplicidade, Avogadro admitiu que a
peratura, guardam entre si uma relação constante que pode ser ex- molécula de oxigênio deveria ser formada por dois átomos.
pressa através de números inteiros. Raciocinando de maneira semelhante ele propôs que a molé-
Assim, por exemplo, na preparação de dois litros de vapor cula de hidrogênio deveria ser diatômica e a de água triatômica,
d’água devem ser utilizados dois litros de hidrogênio e um litro de formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
oxigênio, desde que os gases estejam submetidos às mesmas con- Estas suposições a respeito da constituição das moléculas de
dições de pressão e temperatura. A relação entre os volumes dos água, oxigênio e hidrogênio concordam com as observações experi-
gases que participam do processo será sempre: 2 volumes de hidro- mentais acerca dos volumes dessas substâncias que participam da
gênio; 1 volume de oxigênio; 2 volumes de vapor d’água. A tabela a reação.
seguir mostra diferentes volumes dos gases que podem participar Atualmente, sabe-se que a hipótese levantada por Avogadro é
desta reação. verdadeira, mas, por razões históricas, sua proposição ainda é cha-
mada de hipótese.
hidrogênio + oxigênio => Vapor d’água Outra decorrência da hipótese de Avogadro é que os coeficien-
20 cm3 10 cm3 20 cm3 tes estequiométricos das equações que representam reações entre
180 dm3 90 dm3 180 dm3 gases, além de indicar a proporção entre o número de moléculas
82 ml 41 ml 82 ml que reage, indica, também, a proporção entre os volumes das subs-
126 l 63 l 126 l tâncias gasosas que participam do processo, desde que medidas nas
mesmas condições de pressão e temperatura. Podemos exemplifi-
Observe que nesta reação o volume do produto (vapor d’água) car este fato com as equações das reações descritas anteriormente:
é menor do que a soma dos volumes dos reagentes (hidrogênio e
oxigênio). Esta é uma reação que ocorre com contração de volume, - síntese de vapor d’água:
isto é, o volume dos produtos é menor que o volume dos reagentes. 2 H2(g) + 02(g) 2 H2O(g)
Existem reações entre gases que ocorrem com expansão de volu-
me, isto é, o volume dos produtos é maior que o volume dos rea- - decomposição da amônia:
gentes, como por exemplo na decomposição do gás amônia: 2 NH3(g) N2(g) + 3 H2(g)

- síntese de cloreto de hidrogênio:


H2(g) + Cl2(g) 2 HC1(g)

29
QUÍMICA
Massas Relativas de Átomos e Moléculas Oxidação é o processo químico em que uma substância per-
A hipótese de Avogadro permitiu, mesmo sendo impossível de- de elétrons, partículas elementares de sinal elétrico negativo. O
terminar a massa de uma molécula, comparar as massas de várias mecanismo inverso, a redução, consiste no ganho de elétrons por
moléculas. Em outras palavras a hipótese de Avogadro permitiu cal- um átomo, que os incorpora a sua estrutura interna. Tais proces-
cular quantas vezes uma molécula é mais leve ou mais pesada do sos são simultâneos. Na reação resultante, chamada oxirredução
que a outra. Vejamos como isso pode ser feito. ou redox, uma substância redutora cede alguns de seus elétrons
Sabe-se que 10 litros de gás hidrogênio, submetido a 0ºC e 1 e, consequentemente, se oxida, enquanto outra, oxidante, retém
atm, pesam 0,892 grama e que o mesmo volume de oxigênio, nas essas partículas e sofre assim um processo de redução. Ainda que
mesmas condições de pressão e temperatura, pesa 14,3 gramas. os termos oxidação e redução se apliquem às moléculas em seu
Como, tanto os volumes dos gases, como as condições de pressão e conjunto, é apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas
temperatura em que se encontram são iguais, as amostras gasosas que se reduz ou se oxida.
são formadas pelo mesmo número de moléculas. Podemos, então,
escrever: Número de oxidação. Para explicar teoricamente os mecanis-
- massa de uma molécula de oxigênio/massa de uma molécula mos internos de uma reação do tipo redox é preciso recorrer ao
de hidrogênio = 14,3g/0,893g = 16 conceito de número de oxidação, determinado pela valência do
- o que mostra que uma molécula de oxigênio é 16 vezes mais elemento (número de ligações que um átomo do elemento pode
pesada que uma molécula de hidrogênio. fazer), e por um conjunto de regras deduzidas empiricamente:
(1) quando entra na constituição das moléculas monoatômicas,
Tipos de Reações Químicas diatômicas ou poliatômicas de suas variedades alotrópicas, o ele-
As reações químicas costumam ocorrer acompanhadas de al- mento químico tem número de oxidação igual a zero;
guns efeitos que podem dar uma dica de que elas estão aconte- (2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em to-
cendo. das as suas combinações com outros elementos, exceto nos peróxi-
Vamos ver quais são estes efeitos? dos, quando esse valor é -1;
Saída de gases (3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus
Formação de precipitado compostos, exceto aqueles em que se combina com os ametais,
Mudança de cor quando o número é -1; e
Alterações de calor (4) os outros números de oxidação são determinados de tal
Vamos estudar alguns tipos de reações químicas. maneira que a soma algébrica global dos números de oxidação de
uma molécula ou íon seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível
Reações de Síntese determinar o número de oxidação de qualquer elemento diferente
Estas reações são também conhecidas como reações de com- do hidrogênio e do oxigênio nos compostos que formam com esses
posição ou de adição. Neste tipo de reação um único composto é dois elementos.
obtido a partir de dois compostos.
Vamos ver uma ilustração deste tipo de reação! Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para seu elemento
central (enxofre), um número de oxidação n, de forma que seja nula
Reações de Decomposição a soma algébrica dos números de oxidação dos elementos integran-
Como o próprio nome diz, este tipo de reação é o inverso da tes da molécula: 2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6
anterior (composição), ou seja, ocorrem quando a partir de um úni- Em toda reação redox existem ao menos um agente oxidante e
co composto são obtidos outros compostos. Estas reações também um redutor. Em terminologia química, diz-se que o redutor se oxi-
são conhecidas como reações de análise. da, perde elétrons, e, em conseqüência, seu número de oxidação
aumenta, enquanto com o oxidante ocorre o oposto.
Reações de Simples Trocas
Estas reações ocorrem quando uma substância simples reage Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes redutores são
com uma substância composta para formar outra substância sim- os metais altamente eletropositivos, como o sódio, que facilmente
ples e outra composta. Estas reações são também conhecidas como reduz os compostos de metais nobres e também libera o hidrogênio
reações de deslocamento ou reações de substituição. da água. Entre os oxidantes mais fortes, podem-se citar o flúor e o
ozônio.
Reações de Dupla Troca O caráter oxidante e redutor de uma substância depende dos
Estas reações ocorrem quando duas substâncias compostas re- outros compostos que participam da reação, e da acidez e alcalini-
solvem fazer uma troca e formam-se duas novas substâncias com- dade do meio em que ela ocorre. Tais condições variam com a con-
postas. centração de elementos ácidos. Entre as reações tipo redox mais
conhecidas -- as reações bioquímicas -- inclui-se a corrosão, que
Redução e Oxidação tem grande importância industrial.
Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e re- Um caso particularmente interessante é o do fenômeno cha-
dução abrangem um amplo e diversificado conjunto de processos. mado auto-redox, pelo qual um mesmo elemento sofre oxidação
Muitas reações de oxirredução são comuns na vida diária e nas fun- e redução na mesma reação. Isso ocorre entre halogênios e hidró-
ções vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o apodrecimento das xidos alcalinos. Na reação com o hidróxido de sódio a quente, o
frutas, a respiração e a fotossíntese. cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para clorato (+5) e se reduz para
cloreto (-1): 6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + NaClO3 + 3H2O

30
QUÍMICA
Balanço das reações redox. As leis gerais da química estabele- Exemplo: NH4NO3 → N2O + H2O
cem que uma reação química é a redistribuição das ligações entre Passo 1: Identificar os coeficientes.
os elementos reagentes e que, quando não há processos de ruptura aNH4NO3 → bN2O + cH2O
ou variação nos núcleos atômicos, conserva-se, ao longo de toda a
reação, a massa global desses reagentes. Desse modo, o número Passo 2: Igualar as atomicidades de cada elemento respeitando
de átomos iniciais de cada reagente se mantém quando a reação a regra da proporção atômica. Assim, deve-se multiplicar a atomici-
atinge o equilíbrio. dade de cada elemento da molécula pelo coeficiente estequiomé-
Em cada processo desse tipo, existe uma relação de propor- trico identificado anteriormente.
ção fixa e única entre as moléculas. Uma molécula de oxigênio, por Para o nitrogênio: 2a = 2b (pois existem 2 átomos de N na mo-
exemplo, se une a duas de hidrogênio para formar duas molécu- lécula NH4NO3)
las de água. Essa proporção é a mesma para todas as vezes que Para o hidrogênio: 4a = 2c
se procura obter água a partir de seus componentes puros: 2H2 + Para o oxigênio: 3a = b + c
O2->2H2O Ou seja, o número de átomos de cada elemento deve ser igual
A reação descrita, que é redox por se terem alterado os nú- no lado dos reagentes e no lado dos produtos.
meros de oxidação do hidrogênio e do oxigênio em cada um dos
membros, pode ser entendida como a combinação de duas reações Passo 3: Resolver o sistema de equações
iônicas parciais: Se 2a = 2b, tem-se que a = b.
H2 -> 2H++ 2e- (semi-oxidação) Se 4a = 2c, tem-se que 2a = c.
4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução)
Portanto, atribuindo-se o valor arbitrário 2 para o coeficiente
em que os elétrons ganhos e perdidos representam-se com e- e a, tem-se:
os símbolos H+ e OH- simbolizam respectivamente os íons hidrogê- a = 2, b = 2, c = 4.
nio e hidroxila. Em ambas as etapas, a carga elétrica nos membros
iniciais e finais da equação deve ser a mesma, já que os processos Mas, como os coeficientes devem ser os menores valores in-
são independentes entre si. teiros possíveis:
Para fazer o balanceamento da reação global, igualam-se as a = 1, b = 1, c = 2.
reações iônicas parciais, de tal maneira que o número de elétrons
doados pelo agente redutor seja igual ao número de elétrons rece- Passo 4: Substituir os valores obtidos na equação original
bidos pelo oxidante, e procede-se a sua soma: 1NH4NO3 → 1N2O + 2H2O, ou simplesmente, NH4NO3 → N2O +
2H2O
(H2 -> 2H+ + 2e-) x 2 Método Redox: Baseia-se nas variações dos números de oxida-
(4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-)x 1 ção dos átomos envolvidos de modo a igualar o número de elétrons
-------------------------------------------- cedidos com o número de elétrons ganhos. Se no final do balancea-
2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH- mento redox faltar compostos a serem balanceados, deve-se voltar
o que equivale a: para o método das tentativas e completar com os coeficientes res-
2H2 + O2 -> 2H2O tantes.
pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH- se unem
para formar a água. Exemplo: Fe3O4 + CO → FeO + CO2

Nesses mecanismos se apóia o método generalizado de balan- Passo 1: Identificar os átomos que sofrem oxirredução e calcu-
ço de reações redox, chamado íon-elétron, que permite determinar lar as variações dos respectivos números de oxidação. Sabendo-se
as proporções exatas de átomos e moléculas participantes. O méto- que o Nox do oxigênio é -2 para todos os compostos envolvidos. O
do íon-elétron inclui as seguintes etapas: Nox do Ferro varia de +8/3 para +2. E, o Nox do carbono de +2 para
(1) notação da reação sem escrever os coeficientes numéricos; +4.
(2) determinação dos números de oxidação de todos os átomos
participantes; Portanto, o ferro se reduz e o carbono se oxida.
(3) identificação do agente oxidante e redutor e expressão de ΔFe = 8/3 – 2 = 2/3 (variação de Nox do ferro)
suas respectivas equações iônicas parciais; ΔC = 4 – 2 = 2 (variação de Nox do carbono)
(4) igualação de cada reação parcial e soma de ambas, de tal
forma que sejam eliminados os elétrons livres; Passo 2: Multiplicar a variação de Nox pela respectiva atomi-
(5) eventual recomposição das moléculas originais a partir de cidade no lado dos reagentes e atribuir o valor obtido como o coe-
possíveis íons livres. ficiente estequiométrico da espécie que sofreu processo reverso.
Assim, o número obtido pela multiplicação da variação de Nox do
Métodos de Balanceamento ferro pela sua atomicidade deve ser atribuído como o coeficiente
Método das Tentativas: Como o nome já sugere, consiste na estequiométrico da molécula de CO.
escolha de números arbitrários de coeficientes estequiométricos. Para o ferro: 2/3 . 3 = 2
Assim, apesar de mais simples, pode se tornar a forma mais traba- Para o carbono: 2 . 1 = 2
lhosa de balancear uma equação.
Portanto, o coeficiente do Fe3O4 é igual a 2, e o coeficiente do
Método Algébrico: Utiliza-se de um conjunto de equações, CO também.
onde as variáveis são os coeficientes estequiométricos. Sendo que, 2Fe3O4 + 2CO → FeO + CO2
essas equações podem ser solucionadas por substituição, escalona-
mento ou por matrizes (através de determinantes).

31
QUÍMICA
Simplificando-se os coeficientes para os menores valores inteiros possíveis, tem-se:
Fe3O4 + CO → FeO + CO2

Passo 3: Acrescentar os coeficientes restantes


Para completar o balanceamento, pode-se realizar o mesmo procedimento utilizado no lado dos reagentes (multiplicando a variação
de Nox pela atomicidade do elemento na molécula) ou realizar o método de tentativas. A primeira opção é a mais viável, embora para
equações mais simples (como a indicada como exemplo) possa ser utilizado o segundo método. O fato é que ambos os métodos devem
levar à mesma resposta final.
Como a atomicidade do carbono no CO2 é igual a 1, multiplicando-se pela variação do Nox 2, obtém-se o coeficiente 2 para o FeO. Do
mesmo modo, sendo a variação de Nox do ferro igual a 2/3, multiplicando-se pela atomicidade 1 na molécula de FeO, obtém-se o coefi-
ciente 2/3 para o CO2. Agora, basta balancear o lado dos produtos: Fe3O4 + CO → 2FeO + 2/3CO2
Como os coeficientes devem ser os menores valores inteiros possíveis, deve-se multiplicar a equação por 3/2 a fim de retirar o coefi-
ciente fracionário do CO2:
Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2

Método Íon-Elétron: Baseia-se na divisão da reação global de oxirredução em duas semi-equações. Sendo que, para a semi-equação
de redução deve-se acrescentar os elétrons no lado dos reagentes e o ânion no lado dos produtos. De forma análoga, para a semi-equação
de oxidação, deve-se adicionar os elétrons no lado dos produtos junto à espécie oxidada, enquanto que no lado de reagentes deve estar
a espécie mais reduzida.

Exemplo: CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu


Passo 1: Identificar as espécies que sofrem oxidação e redução
No composto CuSO4, o cobre possui Nox +2 e transforma-se em cobre puro com Nox 0. Assim como, o Níquel puro passa do estado 0
para o estado de oxidação +2. Portanto, o cobre 2+ sofre redução e o níquel oxidação.

Passo 2: Escrever as semi-equações


Cu2+ + 2e → Cu
Ni → Ni2+ + 2e

Passo 3: Somar as semi-equações de modo a balanceá-las e cancelar os elétrons cedidos com os ganhos
Cu2+ + Ni → Ni2+ + Cu, ou simplesmente, CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu

Caso a quantidade de elétrons cedidos e ganhos não fosse igual, as duas semi-equações deveriam ser multiplicadas por números
inteiros de modo a equilibrar as cargas. Se a equação inicial possuir íons H+ em um dos lados ou átomos de oxigênio, também em um dos
lados, deve-se balancear a primeira espécie com moléculas de hidrogênio e a segunda com moléculas de água.

RELAÇÕES MASSA E MOL


Antes de introduzir o conceito de massa molar e número de mol, vejamos algumas definições importantes nesse contexto:

→ Termo molar
Molar vem da palavra molécula, mas o que exatamente é uma molécula? É o conjunto de átomos que se ligam por meio de ligações
químicas.

→ Massa molecular (MM)


É possível calcular a massa de uma molécula pela soma das massas atômicas de cada átomo que forma a respectiva molécula. O re-
sultado é denominado de Massa Molecular (MM).

Qual seria a massa molecular do gás Sulfídrico (H2S), por exemplo?


Primeiro é preciso saber qual é a massa atômica de cada átomo, que é dada pela Tabela Periódica dos elementos.
• Massa atômica do hidrogênio (H) = 1 u.m.a. (unidade por massa atômica)
• Massa atômica do enxofre (S) = 32,1 u.m.a.

A massa molecular é a soma das massas atômicas dos átomos.

Obs.: o Hidrogênio da molécula de H2S possui coeficiente 2, por isso, é preciso multiplicar sua massa por 2. Calculando:
Massa molecular do H2S = 1 • 2 + 32,1 = 34,1 u
(H) + (S) = (H2S)

Massa molar e o número de mol


Já a massa molar, assim como o número de mol, relaciona-se com a Constante de Avogadro (6,02 x 1023) por meio do seguinte con-
ceito:
‘’O número de entidades elementares contidas em 1 mol correspondem à constante de Avogadro, cujo valor é 6,02 x 1023 mol-1.’’
Sendo assim, a massa molar é a massa de 6,02 x 1023 entidades químicas e é expressa em g/mol.

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QUÍMICA
Mapa Mental - Mol

Exemplo: H2S
• Massa Molecular = 34,1 u
• Massa molar (M) = 34,1 g/mol
Isso quer dizer que, em 34,1 g/mol de gás sulfídrico, temos 6,02 x 1023 moléculas ou 1 mol de moléculas de gás sulfídrico.

Conclusão
A massa molecular e a massa molar possuem os mesmos valores, o que as difere é a unidade de medida. A massa molar relaciona-se
com o número de mols que é dado pela constante de Avogadro.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/massa-molar-numero-mol.htm

EXCESSO DE REAGENTES, REAGENTE LIMITANTE


Segundo a Lei Ponderal de Proust, denominada de Lei das Proporções Constantes, as reações sempre ocorrem em proporções defini-
das e constantes. Por exemplo, a reação de formação da amônia é realizada na proporção de 1 mol de gás nitrogênio para 3 mols de gás
hidrogênio, conforme mostrado pelos coeficientes estequiométricos na equação abaixo:

1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)

Se essa reação for realizada numa proporção diferente dessa, então teremos um reagente em excesso e um reagente limitante. No
caso de reagirmos 1 mol de N2(g)com apenas 2 mols de H2(g), veremos claramente que a quantidade de hidrogênio é menor do que a reque-
rida pela relação estequiométrica, então ele é o reagente limitante da reação.
Reagente limitante é aquele que limita a quantidade de produto que pode ser produzido na reação. Isso significa que quando o rea-
gente limitante é totalmente consumido, a reação para, mesmo tendo ainda outros reagentes.
Todos os outros reagentes que sobrarem são considerados reagentes em excesso.
Para entender isso, vamos fazer uma analogia: imagine que temos que montar todos os conjuntos possíveis entre parafusos e duas
porcas. Digamos que temos 5 parafusos e 12 porcas. Nesse caso, os parafusos atuam como os reagentes limitantes e as porcas como os
reagentes em excesso, porque iremos parar de montar os conjuntos quando os parafusos acabarem e irão sobrar ainda duas porcas.

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QUÍMICA
Para resolver questões que envolvem reagentes limitantes e em excesso, podemos seguir as três etapas mostradas abaixo:

Vejamos um exemplo:
Considere a seguinte reação corretamente balanceada:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)

a) Determine o reagente limitante e o reagente em excesso dessa reação quando 5,52g de sódio reage com 5,10 g de Al2O3.
b) Qual é a massa de alumínio produzida?
c) Qual é a massa do reagente em excesso que permanecerá sem reagir no final do processo?

Resolução:
a) Vamos seguir os três passos citados para resolver a letra “a”:

1º Passo:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
A massa molar do Na é 23 g/mol e do Al2O3 é 102 g/mol. Determinando a quantidade em mols (n) de cada reagente:
n = m/MM
nNa = 5,52g / 23 g/mol → nNa = 0,24 mol
nAl2O3= 5,10g / 102 g/mol → nAl2O3 = 0,05 mol

2º Passo:
Fazer a relação estequiométrica para descobrir a quantidade de Al2O3 necessária para reagir com 0,24 mol de Na:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol -----1 mol
0,24 mol---- x
x = 0,04 mol

3º Passo:
O cálculo anterior mostrou que seria necessário 0,04 mol de Al2O3 para reagir totalmente com 0,24 mol de Na. Mas, o 1º passo mos-
trou que na verdade temos uma massa maior do que essa, que é de 0,05 mol de Al2O3. Assim, o Al2O3(s) é o reagente em excesso e o Na é
o reagente limitante.

b) Para saber qual é a massa de alumínio produzida, basta relacionar com a quantidade do reagente limitante que temos, isto é, do
sódio:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol de Na ---- 2 mol de Al
6 mol . 23 g/mol de Na ----- 2 mol . 27 g/mol de Al
138 g de Na ---- 54 g de Al
5,52 g de Na ---- y
y = 54 . 5,52
138
y = 2,16 g de Al serão produzidos.

c) Para saber a massa de reagente em excesso (Al2O3) que irá sobrar, basta diminuir a quantidade que foi colocada para reagir no início
pela quantidade que de fato reagiu:
0,05 mol ----- 5,10 g
0,04 mol ---- w
w = 0,04 . 5,10
0,05
w = 4,08 g de Al2O3 reagiram

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QUÍMICA
5,10 – 4,08 = 1,02 g de Al2O3 restaram.

Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/reagente-ex-
cesso-reagente-limitante.htm

RENDIMENTO DE REAÇÕES QUÍMICAS E GRAU DE PUREZA


DE REAGENTES
Uma reação química não pode ser considerada como um sis-
tema ideal, ou seja, que poderá ser previsto quantitativamente em
exatidão. Vários fatores podem estar envolvidos em um processo
laboratorial cujo resultado obtido não satisfez o teorizado. “A pa- Observamos dessa forma que o rendimento reacional foi de
lavra estequiometria vem do grego e significa medir algo que não 71,42%, o que nos demonstra erros operacionais durante o proce-
pode ser dividido. Ela foi empregada pela primeira vez pelo químico dimento laboratorial de síntese ou qualidade inferior dos reagentes
alemão J. B. Richter, que em 1972 publicou Anfangsgründe der Stö- utilizados, os quais não permitiram que obtivéssemos a massa es-
chyometrie (Fundamentos de Estequiometria). Hoje a estequiome- perada (0,84g) do produto considerado, mas apenas 0,6g, validan-
tria compreende os requisitos atômicos das substâncias que parti- do a afirmação de que a maioria dos processos laboratoriais não
cipam de uma reação química, particularmente no que diz respeito ocorre de modo ideal.
ao peso”.
Por exemplo, uma dada reação química de precipitação entre Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/rendimento-de-uma-rea-
1g de nitrato de prata (AgNO3) e 0,34g de cloreto de sódio (NaCl), cao-quimica/
massas sem excesso, após pesada a massa precipitada de um dos
produtos formados, o cloreto de prata (AgCl), após isolamento por Grau de pureza de reagentes
filtração seguida por evaporação, observou-se um valor levemente Muitas substâncias usadas como matérias-primas em proces-
abaixo do esperado, equivalente a 0,6g deste sal. Esse fato deve- sos industriais não são puras, ou seja, não contêm somente os seus
-se principalmente a fatores de impurezas dos reagentes utilizados. componentes principais, mas contêm também certo grau de impu-
Essa reação em questão está equacionada abaixo, e está previa- rezas, isto é, de outras substâncias que não participam das reações
mente com seus coeficientes estequiométricos ajustados, ou seja, a desejadas presentes em sua constituição.
massa dos reagentes é igual à massa dos produtos, juntamente com É importante determinar em laboratório qual é o grau de pure-
os pesos moleculares das espécies envolvidas. za da substância, pois, para ser usada no processo industrial, essas
impurezas terão que ser eliminadas. Por essa razão, talvez o gasto
que se terá nesse processo não justifique a quantidade de produto
que será obtida, portanto, pode tornar a aplicação em escala indus-
trial inviável economicamente.
O grau de pureza dos reagentes (p) é a relação entre a massa da
substância pura e a massa total da amostra. A porcentagem de pu-
reza (p%) é a porcentagem da massa da substância pura em relação
Dessa forma, deve-se primeiramente calcular a massa teórica à massa total da amostra.
esperada de AgCl, para então compará-la com a massa realmente Por exemplo, o calcário possui como constituinte principal o
obtida. O método empregado pode ser uma regra de três simples, carbonato de cálcio (CaCO3(s)). Mas nas jazidas em que esse mi-
considerando-se apenas um dos produtos envolvidos, uma vez neral é coletado, geralmente ele vem com impurezas, como areia,
que não há excesso de reagentes. Usaremos para fins de cálculos carvão e outras substâncias em menor quantidade. A partir do car-
o AgNO3, o qual terá sua massa molecular relacionada à massa mo- bonato de cálcio, produz-se, por exemplo, a cal virgem (óxido de
lecular do produto em destaque; na primeira linha da regra de três. cálcio – CaO(s)). Para garantir um rendimento bom desse produto,
Na segunda linha, relacionaremos a massa que reage com a massa é necessário determinar então o grau de pureza do calcário. Nesse
teórica esperada do produto. caso, temos que o grau de pureza é quantas partes de carbonato de
cálcio existem em 100 partes de calcário.
Considere que temos uma amostra de calcário de 250 g, sendo
que 225 g é de carbonato e 25 g é de impurezas. Temos então que o
grau de pureza (p) dessa amostra de calcário é dado por:
p = 225
250
p = 0,9
A porcentagem de pureza (p%) é dada por:
250 ---------- 100 %
225 ---------- p%
p% = 90%
ou
O cálculo indica que seriam esperadas 0,84g de AgCl, caso ti- p% = p . 100%
véssemos um rendimento teórico de 100%. Entretanto, sabemos p% = 0,9 . 100%
que a massa obtida deste produto foi de 0,60g, portanto, podemos p% = 90%
calcular o rendimento da reação química, também através de uma
regra de três simples. Nesta, consideramos como 100% a massa de Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/pureza-reagentes.
produto esperada e relacionamos a massa obtida com a variável, html
conforme podemos observar abaixo:

35
QUÍMICA
Segundo um levantamento feito pelo professor Antonio Mario Regra básica.
Salles, o Enem cobrou, em suas provas anteriores, seis questões so-
bre ligações químicas. Metais Não Metais ou Ametais
A ênfase, de acordo com ele, foi no princípio de solubilidade, 1,2,3 e- camada de valências 4,5,6,7e-camada de valências (cv)
na polaridade de moléculas, na geometria molecular, nas forças in- (cv) Receber e- Íons (-) negativos
termoleculares (“notadamente ligação de hidrogênio”) e na aplica- Doar e- Íons (+) positivos Chamados ânions.
ção do princípio de solubilidade aos sabões e detergentes. Chamados cátions
Átomos que se unem para criar moléculas e a formação básica
dos compostos constituem o centro desse tipo de estudo. Exemplos: 11Na e 17Cl distribuição eletrônica Linus Pauling
Primeiramente precisamos saber que a Química estuda a ma-
téria, a matéria é formada por átomos e os átomos não vivem so- Na 1s22s22p63s1 cv (metal) tendem a doar e-
zinhos, eles se unem através das ligações espontâneas para formar 11
Cl 1s2 2s22p63s23p5cv ( não metal) tendem a receber e-
substâncias que nos cercam. Essas ligações espontâneas são extre- 17

mamente importantes, pois é através de uma forte atração que se


ligam criando estabilidade e imitando os gases nobres.
A grande diversidade de substâncias que existem na natureza
deve-se à capacidade de combinação dos átomos de um mesmo
elemento ou elementos diferentes.

Teoria das colisões Íons formados = 1[Na]+1 1[Cl]-1


Quanto mais choques com energia e geometria adequada hou-
ver, maior a velocidade da reação, formando as Ligações Químicas.

Esta estabilidade está relacionada com a configuração ele- Exemplo: NaCl → cloreto de sódio (sal de cozinha)
trônica na última camada de valência que poderá ser de 2, 8,18 e
32e-, essas combinações entre os elementos ocorrem de algumas Obs.: Íons são átomos que possuem uma carga elétrica por adi-
maneiras: pela perda, pelo ganho ou, também, pelo simples com- ção ou perda de um ou mais elétrons.
partilhamento de elétrons da última camada de valência do átomo, Na ligação iônica o resultado final é eletricamente neutro.
portanto os elementos químicos que não adquiriram esta estabi- Na fórmula dos compostos iônicos a quantidade de elétrons
lidade procuram espontaneamente com outro elemento imitar os cedidos é igual à quantidade de elétrons recebidos.
gases nobres.

Os tipos de ligação são:


Regra do octeto: A partir da observação dos gases nobres que
possuem 8 elétrons em sua última camada (com exceção do Hélio Uma regra prática é que os coeficientes da fórmula final sejam
que possui 2 elétrons), formulou-se a regra de que os átomos se o inverso dos índices de carga elétrica.
estabilizam eletronicamente quando atingem esse valor. Essa regra Normalmente os elementos que se ligam ironicamente são os
não abrange todos os casos de ligações atômicas, mas auxilia preli- das famílias IA, IIA e IIIA com os das famílias VA, VIA e VIIA da tabela
minarmente no estudo do assunto. periódica.
1. Ligação iônica ou eletrovalente
2. Ligação covalente ou molecular Ligações covalentes – (não metal + não metal)
3. Ligação covalente dativa ou coordenada São elementos que gostam de receber elétrons, portanto são
4. Ligação metálica átomos que ao se unirem, o elétron da última camada de valência
de cada átomo irá sobrepor uns aos outros formando uma nuvem
Ligações iônicas – (metal + não metal) eletrônica comum compartilhando elétrons.
Os Metais tendem a doar elétrons, portanto tendem a possuir
cargas positivas.
Os Não Metais tendem a receber elétrons, portanto tendem a
possuir cargas negativas.

36
QUÍMICA
Exemplos:

TIPOS DE LIGAÇÕES

Ligações covalente dativas


Essa ligação é semelhante a molecular, com a diferença de que só um dos núcleos cede o par de elétrons compartilhados.

Obs.: dessa maneira os núcleos estão estabilizados eletronicamente.

Exemplo: O = S → O

Só podem ser realizada se o átomo que ceder o par de elétrons estiver estabilizado de acordo com a regra do octeto (com oito elétrons
na camada de valência).Ou seja, um átomo torna-se apto a “doar” elétrons se estiver na condição de gás nobre.

Ligações Metálicas – (metal + metal)


Ambos gostam de doar elétrons, portanto tendem perder estes elétrons são sólidos cristalinos, exceto o mercúrio que se encontra no
estado líquido.
Os metais tendem a doar elétrons na última camada de valência, formando nuvens de íons com carga positivas chamadas de cátions
livres, facilitando a condução de corrente elétrica.

Suas propriedades físicas são:


- Brilho – Características dos metais.
- Densidade elevada - Normalmente os metais são densos, em virtude das estruturas compactas dos retículos cristalinos.
- Altos pontos de fusão e ebulição.
- Condutibilidade elétrica e térmica.
- Maleabilidade – É a capacidade de moldar os metais em lâminas finas, por martelar o metal aquecido ou passá-lo por cilindros la-
minadores.
- Ductibilidade - é a transformação de fios.

37
QUÍMICA
Suas propriedades químicas - possuem relativa estabilidade Tipos de fórmula estrutural
como:
- Ouro (Au) e platina (Pt), não apresentando transformações Fórmula Condensada
mesmo expostos na presença da umidade, não perdendo o seu bri- Nesse tipo de fórmula as ligaçõesentre os átomos não são re-
lho. presentadas. Exemplo de fórmula condensada:
- Ferro (Fe), alumínio (Al) e zinco (Zn), estes já sofrem processos Hexano: (C6H14)
de corrosão na presença de água ou do oxigênio do ar. CH3 CH2 CH2 CH2 CH2 CH3
No entanto, se algum índice se repetir deve-se colocá-lo entre
Ligas metálicas colchetes e indicar quantas vezes ele aparece na fórmula:
Os metais não são usados na sua forma pura, devido processos CH3 [CH2]4 CH3
de corrosão na presença da água ou do ar atmosférico, portanto Fórmula Condensada Linear
costumam misturar a outros metais para melhorar a qualidade e Os carbonos são representados em forma de linhas em zigue-
suas propriedades como: zague. Cada extremidade da linha há um carbono. Como o carbono
1.Ferro (Fe) + Cromo (Cr) = aço inoxidável faz quatro ligações o restante é hidrogênio. Exemplo: Na ponta e no
2.Ferro (Fe) + carbono ( C) = aço são comumente utilizados em fim da reta, o carbono está fazendo três ligações então há três hi-
molas, engrenagens, componentes agrícolas sujeitos ao desgaste, drogênios. No fim e início de cada reta o carbono está fazendo duas
pequenas ferramentas, etc.. ligações por isso tem dois hidrogênios.
3.Ferro (Fe) + tungstênio (W) = dureza utilizadas para obtenção
de ligas de metais pesados exemplo laminas de turbinas de fogue-
tes.

Observação:
Como os metais possuem a tendência de formar cátions pela
cessão de elétrons, esses cátions formam um retículo cristalino en-
volto em uma nuvem eletrônica. Fórmula eletrônica ou de Lewis
A fórmula eletrônica de Lewis mostra os elementos, o número
de átomos envolvidos, os elétrons da camada de valência de cada
átomo e a formação de pares eletrônicos.

Exemplo: Ferro (Fe), Alumínio (Al), Cobre (Cu).

Fórmulas Estruturais
Os compostos químicos podem ser representados de diversas
formas, no entanto cada um tem sua estrutura diferenciada, pois
depende de quantos elétrons possuem na camada de valência, en- O átomo de oxigênio possui seis elétrons na sua camada de
tre outras particularidades. Dentre diversas maneiras de represen- valência, que são representados por seis pontos na fórmula eletrô-
tar uma molécula existe a fórmula estrutural apresentada a seguir. nica de Lewis.

Fórmula Estrutural O químico norte-americano Gilbert N. Lewis (1875-1946) pro-


Esse é o tipo de apresentação detalhada de como os átomos pôs a regra do octeto, que diz:
de uma molécula estão ligados entre si. Por exemplo, a molécula “Os átomos de diferentes elementos estabelecem ligações quí-
de água, onde dois átomos de Hidrogênio se unem a um átomo de micas, doando, recebendo ou compartilhando elétrons, a fim de
Oxigênio. adquirirem a configuração eletrônica de gás nobre, isto é, com 8
elétrons na última camada (ou com 2 elétrons no caso daqueles
átomos que possuem apenas uma camada eletrônica, como ocorre
com o hidrogênio).”
Em 1916, Lewis sugeriu que para ficarem estáveis, atingindo
o octeto ou o dueto, os elementos que compõem as substâncias
moleculares realizam um compartilhamento de pares de elétrons.
Essas substâncias são formadas apenas por átomos de hidrogênio,
ametais e semimetais, todos com a tendência de receber elétrons.
Por isso, não tem como nenhum deles doar algum elétron (como
Na fórmula estrutural além de fornecer o número de átomos ocorre com os metais nas ligações iônicas), mas todos precisam re-
ligados, pode observar também como eles estão ligados entre si. ceber, de modo que compartilhem seus elétrons por meio de uma
ligação covalente ou molecular.

38
QUÍMICA
Assim, Gilbert Lewis propôs uma forma de representar a ligação Na fórmula de Lewis, cada par de elétrons compartilhado re-
covalente ou molecular, que ficou sendo conhecida como fórmula presenta uma ligação química (covalente), em que os elétrons se
de Lewis. Ela também é chamada de fórmula eletrônicaou, ainda, encontram na região da eletrosfera que é comum a cada par de
fórmula eletrônica de Lewis, porque a sua principal característica é átomos que estão unidos.Por isso, na representação, eles são colo-
que ela mostra os elétrons na camada de valência de cada átomo cados lado a lado.
e a formação dos pares eletrônicos. Por exemplo, vamos descobrir qual é a fórmula de Lewis para o
gás hidrogênio, cuja fórmula molecular é: H2.
Cada elétron é representado por um ponto, que fica ao redor Cada átomo de hidrogênio possui apenas um elétron na cama-
do símbolo do elemento químico correspondente. Apenas os elé- da de valência, pois esse elemento pertence à família 1 da Tabela
trons da camada de valência é que ficam ao redor do elemento. Periódica. Cada um precisa receber mais um elétron, para ficar está-
Como mostra a tabela abaixo, para sabermos a quantidade de vel, com dois elétrons na camada eletrônica K. Assim, eles compar-
elétrons da camada de valência, basta saber a família da Tabela Pe- tilham seus elétrons e ambos ficam com dois. Veja:
riódica:

Essa é a fórmula eletrônica de Lewis da molécula de gás hidro-


gênio.
O oxigênio possui seis elétrons na sua camada eletrônica, assim
cada um precisa receber mais dois elétrons para ficar estável, com
oito elétrons. Por isso, a fórmula eletrônica de Lewis da molécula
de gás oxigênio é:

Veja que são duas ligações, pois há dois pares compartilhados.


Veja outros exemplos de fórmulas eletrônicas de substâncias
moleculares abaixo:

Reatividade dos metais


Os metais em geral são muito reativos, eles reagem com a
água, com ácidos, com bases, entre outros. Vejamos exemplos de
cada uma dessas ocorrências:

Reação com ácidos


O ouro é um exemplo de metal que sofre esse tipo de reação,
mas possui uma condição: não reage com ácidos isolados. Para que
o ataque aconteça é preciso uma mistura de ácidos, é a chamada
água régia. Esta solução se forma da junção de ácido clorídrico (HCl)
e ácido nítrico (HNO3). Acompanhe a reação:

Au (s) + 3 HNO3 (aq) + 4 HCl (aq) → HAuCl4 (aq) + 3 H2O (l) + 3


NO2 (g)

39
QUÍMICA
Reação com água A ligação covalente do HCl é apolar. A nuvem eletrônica está
A água reage com alguns metais originando como produto gás mais deslocada no sentido do cloro, pois ele é mais eletronegativo
hidrogênio (H2) e hidróxido de sódio (NaOH). Estes metais são per- que o hidrogênio
tencentes à classe de Metais alcalinos e Metais alcalino-terrosos, Os compostos no cotidiano apresentam diferentes proprie-
como: Lítio (Li), Bário (Ba), Césio (Cs), Potássio (K), Rádio (Ra), Cálcio dades, tais como estado de agregação (sólido, líquido e gasoso) à
(Ca), Estrôncio (Sr), entre outros. temperatura ambiente, pontos de fusão e ebulição e solubilidade.
Falando, por exemplo, da solubilidade, algumas substâncias dissol-
Equação do processo: vem em uns solventes, mas em outros não. O álcool etílico dissolve
2 Ba (s) + 2 H2O (l) → 2 BaOH (aq) + H2 (g) em água e na gasolina, mas a gasolina não se dissolve em água.
Essas diferenças ocorrem, entre outros fatores, porque, numa
Reação com bases molécula, diferentes ligações podem ocorrer, sendo que algumas
Somente alguns metais possuem a propriedade de reagir com serão polares e outras apolares. Vamos ver como identificar se uma
bases, são eles: Zinco (Zn), Chumbo (Pb), Estanho (Sn), Alumínio ligação química é polar ou apolar:
(Al).
Zn (s) + 2 NaOH (aq) → Na2ZnO2 (aq) + H2 (g) Ligações iônicas:
O produto será um sal e gás hidrogênio (H2). Uma ligação iônica se forma pela transferência definitiva de um
ou mais elétrons de um elemento para outro, com a formação de
Eletronegatividade: íons. O átomo do elemento que doa os elétrons adquire carga posi-
Representa a tendência que um átomo tem de atrair elétrons tiva, tornando-se um cátion, e o átomo do elemento que recebe os
para si em uma ligação química covalente em uma molécula isolada. elétrons se torna negativo, sendo chamado de ânion.
Os valores das eletronegatividades dos elementos foram de- Visto que em toda ligação iônica há a presença de íons com
terminados pela escala de Pauling. Foi observado que, conforme o excesso de cargas elétricas opostas (positiva e negativa), essas liga-
raio aumentava, menor era atração do núcleo pelos elétrons com- ções sempre serão polares.
partilhados na camada de valência. Por isso, a eletronegatividade
também aumenta no sentido contrário ao aumento do raio atômi- Ligações covalentes:
co, sendo que varia na Tabela Periódica de baixo para cima e da A ligação covalente se dá pelo compartilhamento de pares de
esquerda para a direita: elétrons.
Se ela ocorrer entre átomos de um mesmo elemento químico,
a ligação será apolar.
Por exemplo, abaixo temos a ligação covalente entre dois áto-
mos de oxigênio, formando uma molécula de gás oxigênio, O2. Vis-
to que ela é formada por átomos do mesmo elemento, não há dife-
rença de eletronegatividade entre eles e os elétrons serão atraídos
da mesma forma pelos dois núcleos. Com isso, não há o acúmulo de
carga elétrica em nenhum dos polos da molécula, sendo, portanto,
apolar:

Ordem de crescimento da eletronegatividade na Tabela Peri-


ódica

Polaridade das ligações

Outros exemplos de ligações covalentes apolares são: H2, F2,


N2e C?2.

40
QUÍMICA
Se a ligação covalente ocorrer entre átomos de elementos quí- Por meio de medidas experimentais, o cientista Linus Pauling
micos diferentes, a ligação será polar. criou uma escala de eletronegatividade para os elementos da Tabe-
Por exemplo, a seguir temos a ligação covalente que forma a la Periódica, que pode ser vista a seguir:
molécula de cloreto de hidrogênio, HC?. O cloro é mais eletrone-
gativo que o hidrogênio, por isso ele atrai os elétrons para si com
maior intensidade, adquirindo um “caráter” negativo, simbolizado
por δ-, enquanto o átomo de hidrogênio adquire um “caráter” po-
sitivo, δ+. Esse dipolo elétrico que é formado devido à diferença de
eletronegatividade entre os elementos faz com que a ligação seja
polar:

As setas indicadas, que mostram o sentido do crescimento da


eletronegatividade dos elementos (da esquerda para a direita e de
cima para baixo), e a parte mais escura indicam os elementos mais
eletronegativos. Considerando esses elementos mais importantes,
a escala pode ser representada simplificadamente por:

Assim, entre as ligações covalentes polares de HF, HC? e HBr, a


de maior polaridade é a do HF, pois o hidrogênio e o flúor estão nas
extremidades da escala, ou seja, a diferença de eletronegatividade
É importante ressaltar que, nas ligações covalentes polares, de- entre eles é a maior. Depois, a polaridade mais intensa é a do HC?
ve-se representar o polo negativo por δ- e o polo positivo por δ+, e, por último, a do HBr.
e não pelos sinais (+) e (-), porque isso passaria a ideia errada de
que a espécie química é constituída de cátions e ânions, isto é, que Essa diferença de eletronegatividade (?) pode ser calculada.
a ligação é iônica. A letra delta indica que se trata de uma ligação Por exemplo, no caso das ligações covalentes apolares, esse valor
covalente, cuja distribuição de carga não é uniforme. é igual a zero:
Outros exemplos de ligações covalentes polares são: HF e HBr. C? ? C?
? = 3,0 -3,0= zero
Resumidamente, temos então: ? = 3,0 -3,0= zero

Já nas ligações polares, este valor será diferente de zero. Se ele


for menor ou igual a 1,6, a ligação será predominantemente cova-
lente, como nos casos abaixo:
H ? C? I ? F
2,13,0 2,54,0
? = 3,0 – 2,1 = 0,9 ? = 4,0 – 2,5 = 1,5 (essa ligação é mais polar
que a anterior)

No entanto, se o valor da diferença de eletronegatividade (?)


for maior que 1,6, a ligação será predominantemente iônica. Exem-
plos:
A polaridade das ligações aumenta neste sentido: Na+C?- K+ F-
0,93,0 0,8 4,0
? = 3,0 – 0,9 = 2,1 ? = 4,0 – 0,8 = 3,2

Outro fato importante a se observar é que a carga parcial (δ)


dos átomos de cada elemento não pode ser definida como um úni-
co valor, mas ela pode variar, dependendo de qual elemento está
Mas, entre as ligações covalentes polares, qual apresenta ligado a ele. Por exemplo, o hidrogênio possui caráter zero (δ0) na
maior polaridade? molécula de H2, enquanto na molécula de HC?, sua carga é de +1
A polaridade de uma ligação aumenta proporcionalmente ao (δ+1).
aumento da diferença de eletronegatividade entre os átomos dos
elementos que participam da ligação.

41
QUÍMICA
Geometria molecular e polaridade de moléculas
Os compostos são classificados em compostos iônicos e compostos moleculares.
Os compostos iônicos são aqueles que possuem uma ou mais ligações iônicas, mesmo que apresente várias ligações covalentes.
Na ligação iônica, as forças de atração são consequência da transferência completa de um ou mais elétrons de um átomo para outro
sendo que um deles adquire carga positiva e o outro, negativa, surgindo as forças responsáveis pela ligação. A maioria dos compostos
iônicos são sólidos, nas temperatura e pressão ambientes, porque a força de atração elétrica mantém os cátions e os ânions firmemente
ligados uns aos outros.
Os compostos moleculares são aqueles que possuem somente ligações covalentes entre seus átomos. A menor partícula deste com-
posto denomina-se molécula.
Na ligação covalente a transferência de elétrons nunca é completa, pois estes são compartilhados e neste caso a força de atração entre
o par de elétrons (carga negativa) e o núcleo (carga positiva) é o que mantêm os átomos unidos.

Polaridade
A polaridade de uma molécula está diretamente vinculada à polaridade das ligações entre seus átomos constituintes e também a sua
geometria. A molécula polar é uma molécula com momento de dipolo diferente de zero enquanto uma molécula não-polar ou apolar tem
momento dipolo elétrico igual a zero. Cada ligação de uma molécula poliatômica pode ser polar, mas a molécula como um todo pode ser
não-polar ou apolar se os dipolos das ligações individuais se cancelarem.
Experimentalmente, quando uma molécula se orienta na presença de um campo elétrico externo é considerada polar, caso contrário
é apolar.
Diferentes materiais têm diferentes tendências de ceder ou receber elétrons. Ao atritar vigorosamente dois materiais, estamos forne-
cendo energia para que haja transferência de elétrons de um material para outro. O material que recebeu elétrons fica com carga negativa
e o que cedeu com carga positiva. A seqüência dos materiais em função da tendência de receber ou ceder elétrons é mostrada pela série
triboelétrica. Ao atritar dois materiais quaisquer de uma série triboelétrica, aquele que estiver posicionado à esquerda ficará eletrizado
positivamente e aquele que estiver posicionado à direita ficará eletrizado negativamente.

Ponto de Fusão
O ponto de fusão (PF) de um composto é a temperatura na qual este composto no estado sólido se transforma em líquido. O ponto
de fusão está relacionado com as interações entre partículas (átomos, íons e moléculas). Compostos que possuem fortes interações entre
partículas, terão maiores pontos de fusão.

1. Polaridade
Os compostos iônicos são constituídos por íons positivos e negativos, dispostos de maneira regular formando um retículo cristalino.
Para que ocorra a fusão do retículo precisamos de uma considerável energia, por isso os compostos iônicos possuem elevado ponto de
fusão e ebulição, geralmente são sólidos e muito duros.
Quanto mais fortes forem as interações intermoleculares, maior o ponto de fusão. Compostos contendo moléculas polares possui
ponto de fusão mais alto que moléculas apolares.

Condução de corrente elétrica


Para que haja condução de corrente elétrica é necessária a presença de elétrons livres, com mobilidade. Os compostos iônicos não
conduzem corrente na fase sólida (quando os elétrons estão firmemente ligados uns aos outros), mas conduzem na fase líquida ou em
solução aquosa, quando os íons adquirem mobilidade.
O composto que se dissolve originando uma solução que conduz corrente elétrica (solução eletrolítica) é chamado de eletrólito.

Geometria molecular
A geometria molecular baseia-se na forma espacial que as moléculas assumem pelo arranjo dos átomos ligados. Assim, cada molécu-
la apresenta uma forma geométrica característica da natureza das ligações (iônicas ou covalentes) e dos constituintes (como elétrons de
valência e eletronegatividade).

Teoria da Repulsão dos Pares Eletrônicos


A teoria da repulsão dos pares eletrônicos de valência (TRPEV) aponta que os pares eletrônicos (elétrons de valência, ligantes ou não)
do átomo central se comportam como nuvens eletrônicas que se repelem e, portanto, tendem a manter a maior distância possível entre si.
Mas, como as forças de repulsão eletrônica não são suficientes para que a ligação entre os átomos seja desfeita, essa distância é verificada
no ângulo formado entre eles.

Formas Geométricas
Para que se torne mais fácil a determinação da geometria (e, estrutura) de uma molécula, deve-se seguir os seguintes passos:
1. Contagem do número total de elétrons de valência (levando em consideração a carga, se for um íon);
2. Determinação do átomo central (geralmente, o menos eletronegativo e com o maior número de ligações);

42
QUÍMICA
3. Contagem do número de elétrons de valência dos átomos ligantes;
4. Cálculo do número de elétrons não ligantes (diferença entre número total e o número de elétrons dos átomos ligantes com a
camada de valência totalmente completa);
5. Aplicação do modelo da TRPEV.
Desse modo, as geometrias mais comuns obtidas (observando-se, principalmente, os pares eletrônicos não ligantes) são:

Geometria Pares eletrônicos totais Pares eletrônicos não ligantes Pares eletrônicos ligantes
2 0 2
Linear 5 3 2
6 4 2
Triangular 3 0 3
Angular 34 12 22
Tetraédrica 4 0 4
Piramidal 4 1 3
Bipiramidal 5 0 5
Octaétrica 6 0 6

Obs.: toda molécula biatômica assume geometria linear. E, apenas as geometrias linear, triangular e angular são planas: as outras são
espaciais.

Modelos Moleculares

Geometria linear

Geometria triangular

Geometria angular

43
QUÍMICA
Geometria tetraédrica A partir da análise da polaridade das moléculas, por exemplo,
podemos explicar o fato de encontrarmos a substância dióxido de
carbono (CO2) no estado gasoso, à temperatura ambiente, e a água
(H2O) no estado líquido. Outra importância de analisar a polaridade
das moléculas é entender por que a água apresenta uma grande
facilidade em dissolver o ácido clorídrico HCl, enquanto o mesmo
não ocorre com o dióxido de carbono.
A polaridade das moléculas está relacionada com o fato de o
composto apresentar ou não áreas com cargas diferentes (positiva
e negativa). As moléculas com polos são denominadas polares, e as
que não os apresentam são as apolares.
Para determinar a polaridade das moléculas, é importante co-
Geometria piramidal nhecer os seguintes aspectos:
• Diferença de eletronegatividade entre os átomos;
• Geometria da molécula: indica o posicionamento dos áto-
mos na molécula;
• Vetor momento dipolar: seta que indica o sentido da atra-
ção dos elétrons na ligação.

Determinação da polaridade por meio do vetor momento di-


polar resultante

1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de tricloreto


de fósforo (PCl3).

Geometria bipiramidal

Fórmula estrutural do PCl3

A molécula de tricloreto de fósforo apresenta geometria pira-


midal, na qual há dois átomos de cloro nas diagonais inferiores e um
átomo de cloro na região inferior.
O átomo de cloro é mais eletronegativo do que o átomo de
fósforo, logo, nessa molécula, três vetores momento dipolar saem
do fósforo em direção aos átomos de cloro.
Geometria octaédrica

Polaridade das moléculas

Vetores momento dipolar na molécula do PCl3

Como existem dois vetores diagonais, é necessário realizar a


sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo, na qual for-
ma-se essa figura geométrica a partir dos dois vetores (unindo suas
As moléculas de água são polares pontas). Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar (seta
rosa).
A polaridade das moléculas é um tópico importante no estudo
da Química, pois nos ajuda a entender como as moléculas de uma
ou mais substâncias interagem, o que pode determinar a solubilida-
de ou o ponto de fusão e ebulição dessas substâncias.

Decomposição dos vetores diagonais na molécula do PCl3

44
QUÍMICA
Após essa decomposição, fica evidente que a molécula do PCl3 1º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de amônia
possui, na realidade, dois vetores para baixo que, ao serem so- (NH3).
mados (por terem mesma direção e sentido), fornecem um vetor
momento dipolar resultante diferente de 0. Assim, trata-se de uma
molécula polar.

2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluore-


to de boro (BF3).

Fórmula estrutural da amônia

A amônia é uma molécula que apresenta geometria piramidal


e possui três átomos de hidrogênio ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o hidrogênio só realiza uma ligação),
nas quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Fórmula estrutural do BF3 Entretanto, o átomo de nitrogênio pertence à família VA, por-
tanto, apresenta cinco elétrons na camada de valência, dos quais
três estão sendo utilizados nas ligações sigma, sobrando, então, um
par de elétrons, ou seja, uma nuvem eletrônica.
Por essa razão, a amônia apresenta três ligantes iguais (os hi-
drogênios) e quatro nuvens eletrônicas (três ligações sigma e uma
nuvem que sobra no nitrogênio), o que configura uma molécula
polar.

2º Exemplo: determinar a polaridade na molécula de trifluo-


reto de boro (BF3).
Vetores momento dipolar na estruturado BF3

Como existem dois vetores diagonais, também será necessário


realizar a sua decomposição utilizando a regra do paralelogramo.
Dessa forma, surge um único vetor momento dipolar.

Fórmula estrutural da trifluoreto de boro (BF3)

O trifluoreto de boro é uma molécula que apresenta geometria


trigonal e possui três átomos de flúor ligados ao átomo central por
meio de ligações sigma (já que o flúor só realiza uma ligação), nas
quais há um elétron de cada um dos átomos envolvidos.
Porém, o átomo de boro pertence à família IIIA e, por essa ra-
zão, apresenta três elétrons na camada de valência, os quais são to-
Decomposição dos vetores diagonais na molécula do BF3 dos utilizados nas ligações, não sobrando, então, nenhum elétron.
Portanto, o trifluoreto de boro apresenta três ligantes iguais
Após a decomposição, fica evidente que a molécula do BF3 pos- (os átomos de flúor) e três nuvens eletrônicas, caracterizando uma
sui, na realidade, dois vetores, um para baixo e um para cima, os molécula apolar.
quais serão anulados por terem mesma direção e sentido opostos.
Assim, o vetor momento dipolar resultante dessa molécula é igual a Relação entre polaridade e solubilidade
0, ou seja, trata-se de uma molécula apolar. As moléculas que apresentam a mesma característica com rela-
ção à polaridade têm a tendência de dissolverem-se, o que significa
Determinar a polaridade a partir da relação entre nuvens ele- que semelhante dissolve semelhante:
trônicas e ligantes • Composto polar dissolve outro composto polar;
Nessa forma de determinar a polaridade das moléculas, com- • Composto apolar dissolve outro composto apolar.
paramos o número de nuvens presentes no átomo central com o
número de ligantes, que estão ligados a ele: Relação entre polaridade e forças intermoleculares
• Se o número de ligantes iguais for igual ao número de nu- De acordo com a caraterística polar da molécula, ela interage
vens no átomo central, a molécula é apolar; com suas moléculas, ou com as moléculas de outras substâncias,
• Se o número de ligantes iguais for diferente do número de por meio de diferentes forças intermoleculares:
nuvens no átomo central, a molécula é polar. • Dipolo induzido: ocorre entre moléculas apolares;
• Dipolo permanente: ocorre entre moléculas polares;
• Ligação de hidrogênio: ocorre entre moléculas apolares.

45
QUÍMICA
Além disso, quanto maior a intensidade da força intermolecular, maior será o ponto de fusão e o ponto de ebulição, fato que influi
diretamente no estado físico em que podemos encontrar uma substância.

Forças intermoleculares
As forças intermoleculares são aquelas responsáveis por manter moléculas unidas na formação dos diferentes compostos, elas se
classificam em:
Força dipolo-induzido: é causada pelo acúmulo de elétrons em determinada região da molécula.

As interações intermoleculares presentes nas moléculas apolares são as dipolo-induzido, mas não ocorrem o tempo todo, a distribui-
ção de elétrons na eletrosfera dessas moléculas é uniforme. Contudo, em algum instante ocorre um acúmulo de cargas δ + e δ- (pólos) nas
extremidades, é aí que as forças dipolo-induzido aparecem, e como o próprio nome já diz, elas induzem as moléculas vizinhas a também
entrarem em desequilíbrio.
Veja exemplos de compostos apolares cujas moléculas interagem através de forças dipolo-induzido:

Cl2, CO2, CH4, H2, O2

Forças dipolo-dipolo: força intermolecular presente em compostos polares.


δ + δ-δ + δ- δ + δ-
H ? Br ------------------------- H ? Br --------------------- H ? Br

Repare que nas moléculas de ácido bromídrico (HBr) existem pólos δ + e δ-, são eles os responsáveis por esta molécula ser polar.

Exemplos de compostos polares em que ocorre interação dipolo-dipolo:


H2S, CO, SO2, HCl

Ligações de hidrogênio: essa é a interação mais forte que ocorre entre moléculas, é comparada à força dipolo-dipolo bem mais inten-
sificada. Esta ligação ocorre entre moléculas que contêm átomos de hidrogênio ligados a átomos de nitrogênio, flúor, oxigênio, ou seja,
elementos muito eletronegativos, por isso os pólos δ + e δ- ficam mais acentuados.
A molécula de água é um exemplo clássico das ligações de hidrogênio, onde átomos de H se unem fortemente aos átomos de H de
outras moléculas para formar a cadeia de H20.

Veja qual força intermolecular é mais intensa através da figura abaixo:

A seta indica a ordem crescente da intensidade de interação.

Número de Oxidação (Nox)


Diversas transformações químicas ocorrem através de reações de oxirredução. E muitas delas possuem aplicações para nós, desde
usos industriais, como na produção de ferro, queima de combustível para gerar energia, extração de metais de minérios, etc. até usos do-
mésticos, em pilhas e baterias, alvejantes e produtos de limpeza, dentre outros. Além disso, muitos processos metabólicos essenciais para
manutenção da vida são reações de oxirredução, como a respiração, a produção de energia pela quebra da glicose, a fotossíntese, etc. Mas
como é possível identificar se uma reação é redox?
Uma reação é considerada de oxirredução quando há transferência de elétrons de uma espécie a outra, para isso foi criado o número
de oxidação, ou Nox. Ele foi definido de forma que, quando ocorre uma oxidação, haverá aumento do número de oxidação, e quando
houver redução, haverá diminuição, facilitando o reconhecimento de uma reação redox. O Nox de um elemento é a carga elétrica que
ele adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação covalente, que irá depender da
eletronegatividade do elemento, isto é, se na ligação covalente ele atrairá mais ou menos elétrons para si e dos outros elementos que
formam o composto.
Sendo assim, alguns elementos apresentarão números de oxidação diferentes, dependendo do composto que ele está constituindo.
Outros, porém, por serem bastante eletronegativos ou eletropositivos, apresentarão um mesmo Nox em diversos compostos distintos,
são elementos que seguem um certo padrão. Então, para determinar o número de oxidação dos elementos de um composto, partimos
primeiro daqueles que já são conhecidos, de acordo com a tabela abaixo.

Principais Nox
Metais Alcalinos (família 1A) + Prata (Ag) Em substâncias compostas +1
Metais Alcalino-terrosos (família 2A) + Zinco (Zn) Em substâncias compostas +2
Alumínio (Al) Em substâncias compostas +3

46
QUÍMICA

Enxofre (S) Em sulfetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -2


Halogênios (família 7A) Em halogenetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -1
Ligado a ametais (mais eletronegativos que ele) +1
Hidrogênio (H)
Ligado a metais (menos eletronegativos que ele) -1
Maioria das substâncias compostas -2
Em peróxidos -1
Oxigênio (O)
Em superperóxidos -1/2
Em fluoretos +1

O próximo passo, então, é determinar os Nox dos elementos restantes, sabendo que:
• A soma de todos os Nox dos elementos de um composto sempre dá igual a zero; pois trata-se de uma substância neutra.
• A soma de todos os Nox dos elementos em um íon composto é sempre igual à carga do íon.
• O Nox de substâncias simples é sempre igual a zero. (Exemplos: N2, H2, Na, Fe, etc.)
• O Nox de íons é igual a sua carga. (Exemplos: Na+ possui Nox = +1; S2- possui Nox = -2).

Assim, quando temos uma reação de oxirredução para se determinar os Nox, iniciamos com os das substâncias simples e de íons
simples. Para substâncias e íons compostos, determinamos os Nox de elementos conhecidos para depois encontrar os valores dos outros
elementos, fazendo uma equação simples, na qual a soma de todos os números de oxidação dos elementos do composto é igual a zero
(substância composta) ou à carga do íon (íon composto).

Exemplos
HCl
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cloro → halogênio → nox -1
O HCl é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero.
HClO
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cl → ?
Oxigênio → nox -2
Da mesma forma, o HClO é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero:
nox H + nox Cl + nox O = 0
1 + x + (-2) = 0
logo o nox do Cloro será +1

OBSERVAÇÃO: um átomo que não se encaixe nas regras (como o Cloro) não precisa ter o mesmo NOX em todas as moléculas. Acima
notamos que no HCl o nox do Cloro é -1 , e no HClO, seu nox é +1.
CaCO3
Neste caso, precisamos multiplicar o nox das regras, pelo numero de átomos do elemento na molécula.
nox oxigênio = -2 . 3 = -6
nox cálcio = metal alcalino-terroso = +2
Para descobrir o nox do carbono:
(-2 . 3) + 2 + x = 0
-6 + 2 + x = 0
Logo o nox do carbono é +4.2

FUNÇÃO INORGÂNICA. CONCEITO CLASSIFICAÇÃO NOTAÇÃO NOMENCLATURA, CONCEITOS DE ARRHENIUS,


BRONSTED E LOWRY E DE LEWIS PARA ÁCIDOS E BASES

Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que alguns
desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com propriedades semelhantes: as funções inorgânicas.
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: ácidos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas segundo
o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos que constituem cada grupo:

→ Ácidos:
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem ionização) e formam soluções que apresentam como único cátion o hidrônio
(H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece até hoje para fins didáticos, o cátion H1+.

a) Equações de ionização de ácidos


H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4-
2Fonte: www.alunosonline.uol.com.br/www.brasilescola.uol.com.br

47
QUÍMICA
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1- • Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
bono - CO2);
b) Ácidos principais: • Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi-
• Ácido Sulfúrico (H2SO4) do de alumínio - Al2O3).
• Ácido Fluorídrico (HF) •
• Ácido Clorídrico (HCl)
• Ácido Cianídrico (HCN) REAÇÃO QUÍMICA: REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍ-
• Ácido Carbônico (H2CO3) MICA - TIPOS DE REAÇÃO QUÍMICA BALANCEAMENTO
• Ácido fosfórico (H3PO4) DE EQUAÇÃO QUÍMICA. CÁLCULO QUÍMICO
• Ácido Acético (H3CCOOH)
• Ácido Nítrico (HNO3) É a forma de calcular quantidades de reagentes e produtos em
uma reação química. Envolve cálculos matemáticos simples para
→ Bases conhecer a proporção correta de substâncias a serem usadas.
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, Unidade de massa atômica:A massa atômica é a massa de um
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi- átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada
dróxido (OH1-). por “u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo
a) Equações de dissociação de bases de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que
NaOH(s) → Na1+ + OH1- possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054 . 10-24 g.

b) Exemplos de bases
• Hidróxido de sódio (NaOH)
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2)
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2)
• Hidróxido de amônio (NH4OH)

→ Sais
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, Massa Atômica (MA)
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-. u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da massa do 12C.As
massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas
a) Equações de dissociação de sais experimentalmente com grande precisão, usando um aparelho de-
Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após nominado espectrômetro de massa. Para facilitar os cálculos não
serem adicionados à água. necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredonda-
mento” para o número inteiro mais próximo:
NaCl → Na1+ + Cl1-
Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31- Exemplos:
(NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-
Massa atômica do 4,0030u - 4u
b) Exemplos de sais
Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de for- Massa atômica do 18,9984u - 19u
ma direta ou indireta: Massa atômica do 26,9815u -27u
• Cloreto de Sódio (NaCl)
• Fluoreto de sódio (NaF) Massa Atômica de um Elemento
• Nitrito de sódio (NaNO3) Massa atômica de um elemento é a média ponderada das mas-
• Nitrato de amônio (NH4NO3) sas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes.
• Carbonato de sódio (Na2CO3) Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37C, na propor-
• Bicarbonato de sódio (NaHCO3) ção:
• Carbonato de cálcio (CaCO3) 35
Cl= 75,4%MA= 34,997u
• Sulfato de cálcio (CaSO4) 37
Cl= 24,6%MA= 36,975u
• Sulfato de magnésio (MgSO4)
• Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
• Hipoclorito de sódio (NaClO)

→ Óxidos Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente


São compostos binários (formados por apenas dois elementos igual ao seu número de massa, a massa atômica de um elemento é
químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa
de sesu isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada
a) Fórmulas de óxidos do cloro será:
Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.

b) Principais óxidos:
• Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
cio – CaO);

48
QUÍMICA
Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a 35,5u podemos afirmar que:
Massa média do átomo de Cl=35,5u
Massa média do átomo de Cl=35,5 x massa de 1/12 do átomo de 12C.
Massa média do átomo dex massa do átomo de 12C,

Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; esse é o valor médio da massa do átomo de 12C.
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes isótopos, em proporção constante. Essa proporção varia de um elemen-
to para outro, mas para um elemento é constante. Desse maneira, a massa atômica dos elementos é também constante.
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômica do seu único isótopo será também a massa atômica do elemento.

Exemplo: Elemento químico flúor

Veja no quadro abaixo o resumo das informações importantes adquiridas até o momento:

Massa molecular (MM)


A massa molecular de uma substância é a massa da molécula dessa substância expressa em unidades de massa atômica (u).Numeri-
camente, a massa molecular é igual à soma das massas atômicas de todos os átomos constituintes da molécula.
Exemplos:
H2⇒H = 1u , como são dois hidrogênios = 2u
- O = 16u
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u

Mol e Constante de Avogadro


Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
-Mol é a unidade de quantidade de matéria.
-Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023 mol-1.

Massa Molar (M)


A massa molar de um elemento é a massa de um mol de átomos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A unidade mais usada
para a massa molar é g.mol-1.
Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua massa atômica.

Exemplos:
1) Massa atômica do Cl=35,453u
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.

Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 átomos do elemento Cl pesam
35,453 gramas.

2) Massa atômica da água, H2O = 18u


Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 moléculas de H2O pesam 18,0 gramas.

Cálculos estequiométricos
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa reação química é chamado de cálculo estequiométricos — palavra deriva-
da do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = medida. São cálculos que envolvem proporções de átomos em uma sustância ou
que relacionam-se com proporções de coeficientes de uma equação química.
As bases para o estudo da estequiometria das reações químicas foram lançadas por cientistas que conseguiram expressar matemati-
camente as regularidades que ocorrem nas reações químicas, através das Leis das Combinações Químicas.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de uma reação.

Conduta de Resolução
Na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo gases
e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão e temperatura.Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devidamen-
te balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção em mols dos elementos ou substâncias da reação.

Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O

49
QUÍMICA
Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculo, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando as
relações de várias maneiras:

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o acerto, ela apresenta signi-
ficado quantitativo.
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos coeficientes da equação
química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros,
conforme dados do problema.

Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação Quantidade em Mols Relação entre Quantidade em Relação entre Massa e Massa Relação Entre Massa e Volume
Mols e Massa
Os dados do problema e Os dados do problema são Os dados do problema e Os dados do problema são
as quantidades incógnitas expressos em termos de as quantidades incógnitas expressos em termos de massa
pedidas são expressos em quantidade em mols (ou massa) e pedidas são expressos em e a quantidade incógnita é
termos de quantidade em a quantidade incógnita é pedida termos de massa. pedida em volume**
mols. em massa (ou quantidade em
mols).

**Caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado,
determinar o volume correspondente.

Cálculos envolvendo excesso de reagente


Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de 2 reagente, precisamos verificar qual deles estará em excesso, após termi-
nada a reação. As quantidades de substâncias que participam da reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da equação.
Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se encontra
de acordo com a proporção; a parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.Por outro lado, o reagente que for totalmente
consumido (o que não estiver em excesso) pode ser denominado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no
momento em que for totalmente consumido.

Cálculos envolvendo Pureza


Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos esquematicamente dividir uma amos-
tra em duas partes: a parte útil e as mas impurezas.
-Parte útil ou parte pura: reage no problema -p%
-Impurezas: não reagem no processo do problema -i%

Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não participam da reação. Grau de
pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total da amostra (substância impura).

50
QUÍMICA
Como dois átomos de oxigênio (na forma de molécula 02) inte-
ragem, é lógico supor que duas moléculas de água sejam formadas.
Mas como duas moléculas de água são formadas por quatro áto-
mos de hidrogênio, serão necessárias duas moléculas de hidrogênio
Sistema em que o rendimento não é total para fornecer essa quantidade de átomos. Assim sendo, o menor
número de moléculas de cada substância que deve participar da re-
Quando uma reação química não produz as quantidades de ação é: hidrogênio, duas moléculas; oxigênio, uma molécula; água,
produto esperadas, de acordo com a proporção da reação química, duas moléculas.
dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma rea- A equação química que representa a reação é: 2 H2 + 02 => 2
ção é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida H20 (que é lida da seguinte maneira: duas moléculas de hidrogênio
e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação reagem com uma molécula de oxigênio para formar duas moléculas
química. de água.)

Reações de Neutralização, Dupla Troca, Simples Troca, Redu- Lei Volumétrica das Reações Químicas
ção, Oxidação Estudos realizados por Gay-Lussac levaram-no, em 1808, a con-
cluir:
Reações Químicas Lei de Gay-Lussac: Os volumes de gases que participam de uma
A queima de uma vela, a obtenção de álcool etílico a partir de reação química, medidos nas mesmas condições de pressão e tem-
açúcar e o enferrujamento de um pedaço de ferro são exemplos de peratura, guardam entre si uma relação constante que pode ser ex-
transformações onde são formadas substâncias com propriedades pressa através de números inteiros.
diferentes das substâncias que interagem. Tais transformações são Assim, por exemplo, na preparação de dois litros de vapor
chamadas reações químicas. As substâncias que interagem são cha- d’água devem ser utilizados dois litros de hidrogênio e um litro de
madas reagentes e as formadas, produtos. oxigênio, desde que os gases estejam submetidos às mesmas con-
No final do século XVIII, estudos experimentais levaram os dições de pressão e temperatura. A relação entre os volumes dos
cientistas da época a concluir que as reações químicas obedecem a gases que participam do processo será sempre: 2 volumes de hidro-
certas leis. Estas leis são de dois tipos: gênio; 1 volume de oxigênio; 2 volumes de vapor d’água. A tabela a
- leis ponderais: tratam das relações entre as massas de reagen- seguir mostra diferentes volumes dos gases que podem participar
tes e produtos que participam de uma reação; desta reação.
- leis volumétricas: tratam das relações entre volumes de gases
que reagem e são formados numa reação. hidrogênio + oxigênio => Vapor d’água
20 cm3 10 cm3 20 cm3
Equações Químicas 180 dm3 90 dm3 180 dm3
Os químicos utilizam expressões, chamadas equações quími- 82 ml 41 ml 82 ml
cas, para representar as reações químicas. 126 l 63 l 126 l
Para se escrever uma equação química é necessário:
- saber quais substâncias são consumidas (reagentes) e quais Observe que nesta reação o volume do produto (vapor d’água)
são formadas (produtos); é menor do que a soma dos volumes dos reagentes (hidrogênio e
- conhecer as fórmulas dos reagentes e dos produtos; oxigênio). Esta é uma reação que ocorre com contração de volume,
- escrever a equação sempre da seguinte forma: reagentes => isto é, o volume dos produtos é menor que o volume dos reagentes.
produtos Existem reações entre gases que ocorrem com expansão de volu-
Quando mais de um reagente, ou mais de um produto, partici- me, isto é, o volume dos produtos é maior que o volume dos rea-
parem da reação, as fórmulas das substâncias serão separadas pelo gentes, como por exemplo na decomposição do gás amônia:
sinal “+ “;
- se for preciso, colocar números, chamados coeficientes este- amônia => hidrogênio + nitrogênio
quiométricos, antes das fórmulas das substâncias de forma que a 2 vol. 3 vol 1 vol.
equação indique a conservação dos átomos. Esse procedimento é
chamado balanceamento ou acerto de coeficientes de uma equa- Em outras reações gasosas o volume se conserva, isto é, os vo-
ção. lumes dos reagentes e produtos são iguais. E o que acontece, por
Utilizando as regras acima para representar a formação da água exemplo, na síntese de cloreto de hidrogênio:
temos:
- reagentes: hidrogênio e oxigênio; produto: água. hidrogênio + cloro => cloreto de hidrogênio
- fórmulas das substâncias: hidrogênio: H2; oxigênio: 02; água: 1 vol. 1 vol. 2 vol.
H20.
- equação: H2 + 02 => H2O. Hipótese de Avogadro
- acerto dos coeficientes: a expressão acima indica que uma Em 1811, na tentativa de explicar a lei volumétrica de Gay-Lus-
molécula de hidrogênio (formada por dois átomos) reage com uma sac, Amadeo Avogadro propôs que amostras de gases diferentes,
molécula de oxigênio (formada por dois átomos) para formar uma ocupando o mesmo volume e submetidas às mesmas condições
molécula de água (formada por dois átomos de hidrogênio e um de de pressão e temperatura, são formadas pelo mesmo número de
oxigênio). Vemos, portanto, que a expressão contraria a lei da con- moléculas. Tomando-se como exemplo a formação de vapor d’água
servação dos átomos (lei da conservação das massas), pois antes (todos os gases submetidos às mesmas condições de pressão e tem-
da reação existiam dois átomos de oxigênio e, terminada a reação, peratura) temos:
existe apenas um. No entanto, se ocorresse o desaparecimento de
algum tipo de átomo a massa dos reagentes deveria ser diferente
da massa dos produtos, o que não é verificado experimentalmente.

51
QUÍMICA
hidrogênio + oxigênio => vapor d’água Tipos de Reações Químicas
dados experimentais 2 vol. 1 vol. 2 vol. As reações químicas costumam ocorrer acompanhadas de al-
hip. de Avogadro 2a moléc. a moléc. 2a moléc. guns efeitos que podem dar uma dica de que elas estão aconte-
dividindo por a 2 moléc. 1 moléc. 2 moléc. cendo.
Vamos ver quais são estes efeitos?
ou seja, a relação entre os volumes dos gases que reagem e que Saída de gases
são formados numa reação é a mesma relação entre o número de Formação de precipitado
moléculas participantes. Mudança de cor
A hipótese de Avogadro também permitiu a previsão das fór- Alterações de calor
mulas moleculares de algumas substâncias. E o que foi feito, por Vamos estudar alguns tipos de reações químicas.
exemplo, para a substância oxigênio. Como uma molécula de oxi-
gênio, ao reagir com hidrogênio para formar água, produz o dobro Reações de Síntese
de moléculas de água, é necessário que ela se divida em duas par- Estas reações são também conhecidas como reações de com-
tes iguais. Portanto, é de se esperar que ela seja formada por um posição ou de adição. Neste tipo de reação um único composto é
número par de átomos. Por simplicidade, Avogadro admitiu que a obtido a partir de dois compostos.
molécula de oxigênio deveria ser formada por dois átomos. Vamos ver uma ilustração deste tipo de reação!
Raciocinando de maneira semelhante ele propôs que a molé-
cula de hidrogênio deveria ser diatômica e a de água triatômica, Reações de Decomposição
formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Como o próprio nome diz, este tipo de reação é o inverso da
Estas suposições a respeito da constituição das moléculas de anterior (composição), ou seja, ocorrem quando a partir de um úni-
água, oxigênio e hidrogênio concordam com as observações experi- co composto são obtidos outros compostos. Estas reações também
mentais acerca dos volumes dessas substâncias que participam da são conhecidas como reações de análise.
reação.
Atualmente, sabe-se que a hipótese levantada por Avogadro é Reações de Simples Trocas
verdadeira, mas, por razões históricas, sua proposição ainda é cha- Estas reações ocorrem quando uma substância simples reage
mada de hipótese. com uma substância composta para formar outra substância sim-
Outra decorrência da hipótese de Avogadro é que os coeficien- ples e outra composta. Estas reações são também conhecidas como
tes estequiométricos das equações que representam reações entre reações de deslocamento ou reações de substituição.
gases, além de indicar a proporção entre o número de moléculas
que reage, indica, também, a proporção entre os volumes das subs- Reações de Dupla Troca
tâncias gasosas que participam do processo, desde que medidas nas Estas reações ocorrem quando duas substâncias compostas re-
mesmas condições de pressão e temperatura. Podemos exemplifi- solvem fazer uma troca e formam-se duas novas substâncias com-
car este fato com as equações das reações descritas anteriormente: postas.

- síntese de vapor d’água: Redução e Oxidação


2 H2(g) + 02(g) 2 H2O(g) Na classificação das reações químicas, os termos oxidação e re-
dução abrangem um amplo e diversificado conjunto de processos.
- decomposição da amônia: Muitas reações de oxirredução são comuns na vida diária e nas fun-
2 NH3(g) N2(g) + 3 H2(g) ções vitais básicas, como o fogo, a ferrugem, o apodrecimento das
frutas, a respiração e a fotossíntese.
- síntese de cloreto de hidrogênio: Oxidação é o processo químico em que uma substância per-
H2(g) + Cl2(g) 2 HC1(g) de elétrons, partículas elementares de sinal elétrico negativo. O
mecanismo inverso, a redução, consiste no ganho de elétrons por
Massas Relativas de Átomos e Moléculas um átomo, que os incorpora a sua estrutura interna. Tais proces-
A hipótese de Avogadro permitiu, mesmo sendo impossível de- sos são simultâneos. Na reação resultante, chamada oxirredução
terminar a massa de uma molécula, comparar as massas de várias ou redox, uma substância redutora cede alguns de seus elétrons
moléculas. Em outras palavras a hipótese de Avogadro permitiu cal- e, consequentemente, se oxida, enquanto outra, oxidante, retém
cular quantas vezes uma molécula é mais leve ou mais pesada do essas partículas e sofre assim um processo de redução. Ainda que
que a outra. Vejamos como isso pode ser feito. os termos oxidação e redução se apliquem às moléculas em seu
Sabe-se que 10 litros de gás hidrogênio, submetido a 0ºC e 1 conjunto, é apenas um dos átomos integrantes dessas moléculas
atm, pesam 0,892 grama e que o mesmo volume de oxigênio, nas que se reduz ou se oxida.
mesmas condições de pressão e temperatura, pesa 14,3 gramas.
Como, tanto os volumes dos gases, como as condições de pressão e Número de oxidação. Para explicar teoricamente os mecanis-
temperatura em que se encontram são iguais, as amostras gasosas mos internos de uma reação do tipo redox é preciso recorrer ao
são formadas pelo mesmo número de moléculas. Podemos, então, conceito de número de oxidação, determinado pela valência do
escrever: elemento (número de ligações que um átomo do elemento pode
- massa de uma molécula de oxigênio/massa de uma molécula fazer), e por um conjunto de regras deduzidas empiricamente:
de hidrogênio = 14,3g/0,893g = 16 (1) quando entra na constituição das moléculas monoatômicas,
- o que mostra que uma molécula de oxigênio é 16 vezes mais diatômicas ou poliatômicas de suas variedades alotrópicas, o ele-
pesada que uma molécula de hidrogênio. mento químico tem número de oxidação igual a zero;
(2) o oxigênio apresenta número de oxidação igual a -2, em to-
das as suas combinações com outros elementos, exceto nos peróxi-
dos, quando esse valor é -1;

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QUÍMICA
(3) o hidrogênio tem número de oxidação +1 em todos os seus Para fazer o balanceamento da reação global, igualam-se as
compostos, exceto aqueles em que se combina com os ametais, reações iônicas parciais, de tal maneira que o número de elétrons
quando o número é -1; e doados pelo agente redutor seja igual ao número de elétrons rece-
(4) os outros números de oxidação são determinados de tal bidos pelo oxidante, e procede-se a sua soma:
maneira que a soma algébrica global dos números de oxidação de
uma molécula ou íon seja igual a sua carga efetiva. Assim, é possível (H2 -> 2H+ + 2e-) x 2
determinar o número de oxidação de qualquer elemento diferente (4e- + 2H+ + O2 -> 2OH-)x 1
do hidrogênio e do oxigênio nos compostos que formam com esses --------------------------------------------
dois elementos. 2H2 + 4e- + 2H+ + O2 -> 4H+ + 4e- + 2OH-
o que equivale a:
Assim, o ácido sulfúrico (H2SO4) apresenta, para seu elemento 2H2 + O2 -> 2H2O
central (enxofre), um número de oxidação n, de forma que seja nula pois os elétrons se compensam e os íons H+ e OH- se unem
a soma algébrica dos números de oxidação dos elementos integran- para formar a água.
tes da molécula: 2.(+1) + n + 4.(-2) = 0, logo, n = +6
Em toda reação redox existem ao menos um agente oxidante e Nesses mecanismos se apóia o método generalizado de balan-
um redutor. Em terminologia química, diz-se que o redutor se oxi- ço de reações redox, chamado íon-elétron, que permite determinar
da, perde elétrons, e, em conseqüência, seu número de oxidação as proporções exatas de átomos e moléculas participantes. O méto-
aumenta, enquanto com o oxidante ocorre o oposto. do íon-elétron inclui as seguintes etapas:
(1) notação da reação sem escrever os coeficientes numéricos;
Oxidantes e redutores. Os mais fortes agentes redutores são (2) determinação dos números de oxidação de todos os átomos
os metais altamente eletropositivos, como o sódio, que facilmente participantes;
reduz os compostos de metais nobres e também libera o hidrogênio (3) identificação do agente oxidante e redutor e expressão de
da água. Entre os oxidantes mais fortes, podem-se citar o flúor e o suas respectivas equações iônicas parciais;
ozônio. (4) igualação de cada reação parcial e soma de ambas, de tal
O caráter oxidante e redutor de uma substância depende dos forma que sejam eliminados os elétrons livres;
outros compostos que participam da reação, e da acidez e alcalini- (5) eventual recomposição das moléculas originais a partir de
dade do meio em que ela ocorre. Tais condições variam com a con- possíveis íons livres.
centração de elementos ácidos. Entre as reações tipo redox mais
conhecidas -- as reações bioquímicas -- inclui-se a corrosão, que Métodos de Balanceamento
tem grande importância industrial. Método das Tentativas: Como o nome já sugere, consiste na
Um caso particularmente interessante é o do fenômeno cha- escolha de números arbitrários de coeficientes estequiométricos.
mado auto-redox, pelo qual um mesmo elemento sofre oxidação Assim, apesar de mais simples, pode se tornar a forma mais traba-
e redução na mesma reação. Isso ocorre entre halogênios e hidró- lhosa de balancear uma equação.
xidos alcalinos. Na reação com o hidróxido de sódio a quente, o
cloro (0) sofre auto-redox: se oxida para clorato (+5) e se reduz para Método Algébrico: Utiliza-se de um conjunto de equações,
cloreto (-1): 6Cl + 6NaOH -> 5NaCl- + NaClO3 + 3H2O onde as variáveis são os coeficientes estequiométricos. Sendo que,
essas equações podem ser solucionadas por substituição, escalona-
Balanço das reações redox. As leis gerais da química estabele- mento ou por matrizes (através de determinantes).
cem que uma reação química é a redistribuição das ligações entre
os elementos reagentes e que, quando não há processos de ruptura Exemplo: NH4NO3 → N2O + H2O
ou variação nos núcleos atômicos, conserva-se, ao longo de toda a Passo 1: Identificar os coeficientes.
reação, a massa global desses reagentes. Desse modo, o número aNH4NO3 → bN2O + cH2O
de átomos iniciais de cada reagente se mantém quando a reação
atinge o equilíbrio. Passo 2: Igualar as atomicidades de cada elemento respeitando
Em cada processo desse tipo, existe uma relação de propor- a regra da proporção atômica. Assim, deve-se multiplicar a atomici-
ção fixa e única entre as moléculas. Uma molécula de oxigênio, por dade de cada elemento da molécula pelo coeficiente estequiomé-
exemplo, se une a duas de hidrogênio para formar duas molécu- trico identificado anteriormente.
las de água. Essa proporção é a mesma para todas as vezes que Para o nitrogênio: 2a = 2b (pois existem 2 átomos de N na mo-
se procura obter água a partir de seus componentes puros: 2H2 + lécula NH4NO3)
O2->2H2O Para o hidrogênio: 4a = 2c
A reação descrita, que é redox por se terem alterado os nú- Para o oxigênio: 3a = b + c
meros de oxidação do hidrogênio e do oxigênio em cada um dos Ou seja, o número de átomos de cada elemento deve ser igual
membros, pode ser entendida como a combinação de duas reações no lado dos reagentes e no lado dos produtos.
iônicas parciais:
H2 -> 2H++ 2e- (semi-oxidação) Passo 3: Resolver o sistema de equações
4e- + 2H+ + O2 -> 2OH- (semi-redução) Se 2a = 2b, tem-se que a = b.
Se 4a = 2c, tem-se que 2a = c.
em que os elétrons ganhos e perdidos representam-se com e- e
os símbolos H+ e OH- simbolizam respectivamente os íons hidrogê- Portanto, atribuindo-se o valor arbitrário 2 para o coeficiente
nio e hidroxila. Em ambas as etapas, a carga elétrica nos membros a, tem-se:
iniciais e finais da equação deve ser a mesma, já que os processos a = 2, b = 2, c = 4.
são independentes entre si.

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QUÍMICA
Mas, como os coeficientes devem ser os menores valores in- Método Íon-Elétron: Baseia-se na divisão da reação global de
teiros possíveis: oxirredução em duas semi-equações. Sendo que, para a semi-equa-
a = 1, b = 1, c = 2. ção de redução deve-se acrescentar os elétrons no lado dos rea-
gentes e o ânion no lado dos produtos. De forma análoga, para a
Passo 4: Substituir os valores obtidos na equação original semi-equação de oxidação, deve-se adicionar os elétrons no lado
1NH4NO3 → 1N2O + 2H2O, ou simplesmente, NH4NO3 → N2O + dos produtos junto à espécie oxidada, enquanto que no lado de re-
2H2O agentes deve estar a espécie mais reduzida.
Método Redox: Baseia-se nas variações dos números de oxida-
ção dos átomos envolvidos de modo a igualar o número de elétrons Exemplo: CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu
cedidos com o número de elétrons ganhos. Se no final do balance- Passo 1: Identificar as espécies que sofrem oxidação e redução
amento redox faltar compostos a serem balanceados, deve-se vol- No composto CuSO4, o cobre possui Nox +2 e transforma-se em
tar para o método das tentativas e completar com os coeficientes cobre puro com Nox 0. Assim como, o Níquel puro passa do estado
restantes. 0 para o estado de oxidação +2. Portanto, o cobre 2+ sofre redução
e o níquel oxidação.
Exemplo: Fe3O4 + CO → FeO + CO2
Passo 2: Escrever as semi-equações
Passo 1: Identificar os átomos que sofrem oxirredução e calcu- Cu2+ + 2e → Cu
lar as variações dos respectivos números de oxidação. Sabendo-se Ni → Ni2+ + 2e
que o Nox do oxigênio é -2 para todos os compostos envolvidos. O
Nox do Ferro varia de +8/3 para +2. E, o Nox do carbono de +2 para Passo 3: Somar as semi-equações de modo a balanceá-las e
+4. cancelar os elétrons cedidos com os ganhos
Cu2+ + Ni → Ni2+ + Cu, ou simplesmente, CuSO4 + Ni → NiSO4 +
Portanto, o ferro se reduz e o carbono se oxida. Cu
ΔFe = 8/3 – 2 = 2/3 (variação de Nox do ferro)
ΔC = 4 – 2 = 2 (variação de Nox do carbono) Caso a quantidade de elétrons cedidos e ganhos não fosse
igual, as duas semi-equações deveriam ser multiplicadas por núme-
Passo 2: Multiplicar a variação de Nox pela respectiva atomi- ros inteiros de modo a equilibrar as cargas. Se a equação inicial pos-
cidade no lado dos reagentes e atribuir o valor obtido como o co- suir íons H+ em um dos lados ou átomos de oxigênio, também em
eficiente estequiométrico da espécie que sofreu processo reverso. um dos lados, deve-se balancear a primeira espécie com moléculas
Assim, o número obtido pela multiplicação da variação de Nox do de hidrogênio e a segunda com moléculas de água.
ferro pela sua atomicidade deve ser atribuído como o coeficiente
estequiométrico da molécula de CO. RELAÇÕES MASSA E MOL
Para o ferro: 2/3 . 3 = 2 Antes de introduzir o conceito de massa molar e número de
Para o carbono: 2 . 1 = 2 mol, vejamos algumas definições importantes nesse contexto:

Portanto, o coeficiente do Fe3O4 é igual a 2, e o coeficiente do → Termo molar


CO também. Molar vem da palavra molécula, mas o que exatamente é uma
2Fe3O4 + 2CO → FeO + CO2 molécula? É o conjunto de átomos que se ligam por meio de liga-
ções químicas.
Simplificando-se os coeficientes para os menores valores intei-
ros possíveis, tem-se: → Massa molecular (MM)
Fe3O4 + CO → FeO + CO2 É possível calcular a massa de uma molécula pela soma das
massas atômicas de cada átomo que forma a respectiva molécula.
Passo 3: Acrescentar os coeficientes restantes O resultado é denominado de Massa Molecular (MM).
Para completar o balanceamento, pode-se realizar o mesmo
procedimento utilizado no lado dos reagentes (multiplicando a Qual seria a massa molecular do gás Sulfídrico (H2S), por exem-
variação de Nox pela atomicidade do elemento na molécula) ou plo?
realizar o método de tentativas. A primeira opção é a mais viável, Primeiro é preciso saber qual é a massa atômica de cada áto-
embora para equações mais simples (como a indicada como exem- mo, que é dada pela Tabela Periódica dos elementos.
plo) possa ser utilizado o segundo método. O fato é que ambos os • Massa atômica do hidrogênio (H) = 1 u.m.a. (unidade por
métodos devem levar à mesma resposta final. massa atômica)
Como a atomicidade do carbono no CO2 é igual a 1, multipli- • Massa atômica do enxofre (S) = 32,1 u.m.a.
cando-se pela variação do Nox 2, obtém-se o coeficiente 2 para o
FeO. Do mesmo modo, sendo a variação de Nox do ferro igual a 2/3, A massa molecular é a soma das massas atômicas dos átomos.
multiplicando-se pela atomicidade 1 na molécula de FeO, obtém-se
o coeficiente 2/3 para o CO2. Agora, basta balancear o lado dos pro- Obs.: o Hidrogênio da molécula de H2S possui coeficiente 2, por
dutos: Fe3O4 + CO → 2FeO + 2/3CO2 isso, é preciso multiplicar sua massa por 2. Calculando:
Como os coeficientes devem ser os menores valores inteiros Massa molecular do H2S = 1 • 2 + 32,1 = 34,1 u
possíveis, deve-se multiplicar a equação por 3/2 a fim de retirar o (H) + (S) = (H2S)
coeficiente fracionário do CO2:
Fe3O4 + CO → 3FeO + CO2 Massa molar e o número de mol
Já a massa molar, assim como o número de mol, relaciona-se
com a Constante de Avogadro (6,02 x 1023) por meio do seguinte
conceito:

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QUÍMICA
‘’O número de entidades elementares contidas em 1 mol correspondem à constante de Avogadro, cujo valor é 6,02 x 1023 mol-1.’’
Sendo assim, a massa molar é a massa de 6,02 x 1023 entidades químicas e é expressa em g/mol.

Mapa Mental - Mol

Exemplo: H2S
• Massa Molecular = 34,1 u
• Massa molar (M) = 34,1 g/mol
Isso quer dizer que, em 34,1 g/mol de gás sulfídrico, temos 6,02 x 1023 moléculas ou 1 mol de moléculas de gás sulfídrico.

Conclusão
A massa molecular e a massa molar possuem os mesmos valores, o que as difere é a unidade de medida. A massa molar relaciona-se
com o número de mols que é dado pela constante de Avogadro.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/massa-molar-numero-mol.htm

EXCESSO DE REAGENTES, REAGENTE LIMITANTE


Segundo a Lei Ponderal de Proust, denominada de Lei das Proporções Constantes, as reações sempre ocorrem em proporções defini-
das e constantes. Por exemplo, a reação de formação da amônia é realizada na proporção de 1 mol de gás nitrogênio para 3 mols de gás
hidrogênio, conforme mostrado pelos coeficientes estequiométricos na equação abaixo:
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)

Se essa reação for realizada numa proporção diferente dessa, então teremos um reagente em excesso e um reagente limitante. No
caso de reagirmos 1 mol de N2(g)com apenas 2 mols de H2(g), veremos claramente que a quantidade de hidrogênio é menor do que a reque-
rida pela relação estequiométrica, então ele é o reagente limitante da reação.
Reagente limitante é aquele que limita a quantidade de produto que pode ser produzido na reação. Isso significa que quando o rea-
gente limitante é totalmente consumido, a reação para, mesmo tendo ainda outros reagentes.
Todos os outros reagentes que sobrarem são considerados reagentes em excesso.
Para entender isso, vamos fazer uma analogia: imagine que temos que montar todos os conjuntos possíveis entre parafusos e duas
porcas. Digamos que temos 5 parafusos e 12 porcas. Nesse caso, os parafusos atuam como os reagentes limitantes e as porcas como os
reagentes em excesso, porque iremos parar de montar os conjuntos quando os parafusos acabarem e irão sobrar ainda duas porcas.

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QUÍMICA
Para resolver questões que envolvem reagentes limitantes e em excesso, podemos seguir as três etapas mostradas abaixo:

Vejamos um exemplo:
Considere a seguinte reação corretamente balanceada:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)

a) Determine o reagente limitante e o reagente em excesso dessa reação quando 5,52g de sódio reage com 5,10 g de Al2O3.
b) Qual é a massa de alumínio produzida?
c) Qual é a massa do reagente em excesso que permanecerá sem reagir no final do processo?

Resolução:
a) Vamos seguir os três passos citados para resolver a letra “a”:

1º Passo:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
A massa molar do Na é 23 g/mol e do Al2O3 é 102 g/mol. Determinando a quantidade em mols (n) de cada reagente:
n = m/MM
nNa = 5,52g / 23 g/mol → nNa = 0,24 mol
nAl2O3= 5,10g / 102 g/mol → nAl2O3 = 0,05 mol

2º Passo:
Fazer a relação estequiométrica para descobrir a quantidade de Al2O3 necessária para reagir com 0,24 mol de Na:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol -----1 mol
0,24 mol---- x
x = 0,04 mol

3º Passo:
O cálculo anterior mostrou que seria necessário 0,04 mol de Al2O3 para reagir totalmente com 0,24 mol de Na. Mas, o 1º passo mos-
trou que na verdade temos uma massa maior do que essa, que é de 0,05 mol de Al2O3. Assim, o Al2O3(s) é o reagente em excesso e o Na é
o reagente limitante.

b) Para saber qual é a massa de alumínio produzida, basta relacionar com a quantidade do reagente limitante que temos, isto é, do
sódio:
6 Na(l) + Al2O3(s) → 2 Al(l) + 3 Na2O(s)
6 mol de Na ---- 2 mol de Al
6 mol . 23 g/mol de Na ----- 2 mol . 27 g/mol de Al
138 g de Na ---- 54 g de Al
5,52 g de Na ---- y
y = 54 . 5,52
138
y = 2,16 g de Al serão produzidos.

c) Para saber a massa de reagente em excesso (Al2O3) que irá sobrar, basta diminuir a quantidade que foi colocada para reagir no início
pela quantidade que de fato reagiu:
0,05 mol ----- 5,10 g
0,04 mol ---- w
w = 0,04 . 5,10
0,05
w = 4,08 g de Al2O3 reagiram

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QUÍMICA
5,10 – 4,08 = 1,02 g de Al2O3 restaram. O cálculo indica que seriam esperadas 0,84g de AgCl, caso ti-
véssemos um rendimento teórico de 100%. Entretanto, sabemos
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/reagente- que a massa obtida deste produto foi de 0,60g, portanto, podemos
-excesso-reagente-limitante.htm calcular o rendimento da reação química, também através de uma
regra de três simples. Nesta, consideramos como 100% a massa de
produto esperada e relacionamos a massa obtida com a variável,
RENDIMENTO DE REAÇÕES QUÍMICAS E GRAU DE PUREZA conforme podemos observar abaixo:
DE REAGENTES
Uma reação química não pode ser considerada como um sis-
tema ideal, ou seja, que poderá ser previsto quantitativamente em
exatidão. Vários fatores podem estar envolvidos em um processo
laboratorial cujo resultado obtido não satisfez o teorizado. “A pa-
lavra estequiometria vem do grego e significa medir algo que não
pode ser dividido. Ela foi empregada pela primeira vez pelo químico
alemão J. B. Richter, que em 1972 publicou Anfangsgründe der Stö-
chyometrie (Fundamentos de Estequiometria). Hoje a estequiome-
tria compreende os requisitos atômicos das substâncias que parti-
cipam de uma reação química, particularmente no que diz respeito Observamos dessa forma que o rendimento reacional foi de
ao peso”. 71,42%, o que nos demonstra erros operacionais durante o proce-
Por exemplo, uma dada reação química de precipitação entre dimento laboratorial de síntese ou qualidade inferior dos reagentes
1g de nitrato de prata (AgNO3) e 0,34g de cloreto de sódio (NaCl), utilizados, os quais não permitiram que obtivéssemos a massa es-
massas sem excesso, após pesada a massa precipitada de um dos perada (0,84g) do produto considerado, mas apenas 0,6g, validan-
produtos formados, o cloreto de prata (AgCl), após isolamento por do a afirmação de que a maioria dos processos laboratoriais não
filtração seguida por evaporação, observou-se um valor levemente ocorre de modo ideal.
abaixo do esperado, equivalente a 0,6g deste sal. Esse fato deve-
-se principalmente a fatores de impurezas dos reagentes utilizados. Fonte: https://www.infoescola.com/quimica/rendimento-de-uma-
Essa reação em questão está equacionada abaixo, e está previa- -reacao-quimica/
mente com seus coeficientes estequiométricos ajustados, ou seja, a
massa dos reagentes é igual à massa dos produtos, juntamente com Grau de pureza de reagentes
os pesos moleculares das espécies envolvidas. Muitas substâncias usadas como matérias-primas em proces-
sos industriais não são puras, ou seja, não contêm somente os seus
componentes principais, mas contêm também certo grau de impu-
rezas, isto é, de outras substâncias que não participam das reações
desejadas presentes em sua constituição.
É importante determinar em laboratório qual é o grau de pure-
za da substância, pois, para ser usada no processo industrial, essas
impurezas terão que ser eliminadas. Por essa razão, talvez o gasto
Dessa forma, deve-se primeiramente calcular a massa teórica que se terá nesse processo não justifique a quantidade de produto
esperada de AgCl, para então compará-la com a massa realmente que será obtida, portanto, pode tornar a aplicação em escala indus-
obtida. O método empregado pode ser uma regra de três simples, trial inviável economicamente.
considerando-se apenas um dos produtos envolvidos, uma vez O grau de pureza dos reagentes (p) é a relação entre a massa da
que não há excesso de reagentes. Usaremos para fins de cálculos substância pura e a massa total da amostra. A porcentagem de pu-
o AgNO3, o qual terá sua massa molecular relacionada à massa mo- reza (p%) é a porcentagem da massa da substância pura em relação
lecular do produto em destaque; na primeira linha da regra de três. à massa total da amostra.
Na segunda linha, relacionaremos a massa que reage com a massa Por exemplo, o calcário possui como constituinte principal o
teórica esperada do produto. carbonato de cálcio (CaCO3(s)). Mas nas jazidas em que esse mi-
neral é coletado, geralmente ele vem com impurezas, como areia,
carvão e outras substâncias em menor quantidade. A partir do car-
bonato de cálcio, produz-se, por exemplo, a cal virgem (óxido de
cálcio – CaO(s)). Para garantir um rendimento bom desse produto,
é necessário determinar então o grau de pureza do calcário. Nesse
caso, temos que o grau de pureza é quantas partes de carbonato de
cálcio existem em 100 partes de calcário.
Considere que temos uma amostra de calcário de 250 g, sendo
que 225 g é de carbonato e 25 g é de impurezas. Temos então que o
grau de pureza (p) dessa amostra de calcário é dado por:
p = 225
250
p = 0,9
A porcentagem de pureza (p%) é dada por:
250 ---------- 100 %
225 ---------- p%
p% = 90%
ou

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QUÍMICA
p% = p . 100%
p% = 0,9 . 100%
p% = 90%

Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/pureza-reagentes.html

FUNÇÕES ORGÂNICAS MAIS COMUNS: HIDROCARBONETOS, ÁLCOOIS, ALDEÍDOS, CETONAS, ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
E AMINAS, CONCEITOS, NOMENCLATURA E PROPRIEDADES QUÍMICAS MAIS IMPORTANTES

É a parte da Química que estuda os compostos que contém carbono. Porém nem toda substância que contém carbono é parte da
Química Orgânica. Há algumas exceções, porque apesar de conter carbono, tem comportamento de uma substância inorgânica. São eles:
C(grafite), C(diamante), CO, CO2, HCN, H2CO3, Na2CO3. Os compostos orgânicos são, na sua maioria, formados por C, H, O e N.

Entretanto em 1828, Wohler obteve o primeiro composto orgânico em laboratório. Este composto recebeu o nome de ureia, e a partir
deste, surgiram outras sínteses de compostos orgânicos realizados em laboratório. Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram a teoria estru-
tural da Química orgânica através de três postulados:
1)O Carbono é tetravalente
2) As quatro valências são equivalentes
3) O carbono forma cadeias carbônicas

Os átomos de carbono agrupam-se entre si, formando estruturas de carbono, ou cadeias carbônicas.

FUNÇÃO ORGÂNICA:
É o conjunto de substâncias com propriedades químicas semelhantes (denominadas, então, propriedades funcionais).
O grupamento dos compostos orgânicos com propriedades semelhantes,ocorre em conseqüência de características estruturais co-
muns.
Cada função é caracterizada por um grupo funcional.

Nomenclatura dos compostos orgânicos


Os compostos orgânicos recebem nomes oficiais que levam em consideração o número de carbonos, os tipos de ligações entre eles e
a função que as substâncias pertencem.

O esquema apresentado no quadro abaixo mostra, as partes básicas da nomenclatura de um composto orgânico.

58
QUÍMICA

Primeiramente, vamos estudar os hidrocarbonetos. Estes são compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Os hidro-
carbonetos podem ser subdivididos em várias classes em função do tipo de ligação que apresenta entre os carbonos. Diante disso, temos:

Cadeia carbônica Classe de hidrocarboneto


Alifática saturada Alcano ou parafina
Alifática insaturada por 1 dupla ligação Aceno, alqueno ou olefina
Alifática insaturada por 1 tripla ligação Alcino ou alquino
Alifática insaturada por 2 duplas ligações Alcadienos ou dienos
Alicíclica saturada Ciclano, cicloalcano ou cicloparafina
Aromática Hidrocarboneto aromático

Classes dos hidrocarbonetos

-Alcanos ou parafinas
São hidrocarbonetos alifáticos saturados, isto é, apresentam cadeia aberta com apenas simples ligações (saturadas).

Fórmula geral: CnH2n+2 (proporção entre o número de átomos de carbono e hidrogênio)

Metano CH4
Etano C2H6
Propano C3H8
Fórmula Geral CnH2n+2

Exemplos:

59
QUÍMICA
Com base na figura acima podemos observar que os compostos
CH4, C2H6 e C3H8 diferem entre si devido a um grupo CH2, constituin-
do uma série denominada homóloga.

-Alcenos, Alquenos e Oleofinas


São hidrocarbonetos alifáticos insaturados que apresentam
uma dupla ligação. Este termo olefinas provém do latim: oleum =
óleo + affinis = afinidade, e significa que eles reagem com substân-
cias oleosas. Os compostos acima diferem entre si por dois átomos de hidro-
Fórmula geral: CnH2n gênio (2H) e constituem uma série isóloga.

Exemplos: -Alcadienos ou Dienos


1) Nomenclatura: Eteno (etileno) São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por duas ligações
Fórmula molecular: C2H4 duplas.
Fórmula estrutural: -Fórmula geral: CnH2n-2

Exemplos:
1) Nomenclatura: Propadieno
Fórmula molecular: C3H4
Fórmula estrutural:
2) Nomenclatura: Propeno
Fórmula molecular: C3H6
Fórmula estrutural:

3) Nomenclatura: Buteno 2) Nomenclatura:1,2 Butadieno


Fórmula molecular: C4H8 Fórmula molecular: C4H6
Fórmula estrutural: Fórmula estrutural:

Observação: Os alcenos diferem entre si por um grupo (CH2),


logo constituem uma série homóloga.
Sempre que for necessário, deve-se indicar a posição da du- -Ciclanos, Cicloalcanos ou Parafinas
pla ligação, sendo que a numeração é iniciada da extremidade mais Apresentam cadeia fechada com apenas simples ligações.
próxima da instauração (regra dos menores valores). Fórmula geral: CnH2n
-Alcinos ou Alquinos Exemplos:
São hidrocarbonetos alifáticos insaturados por uma tripla liga- 1) Nomenclatura:ciclopropano (ciclo-propano)
ção. Fórmula molecular: C3H6
Fórmula geral: CnH2n-2 Fórmula estrutural:

Exemplos:
1) Nomenclatura: Etino
Fórmula molecular: C2H2
Fórmula estrutural:

2) Nomenclatura: ciclohexano (ciclo-hexano)


Fórmula molecular: C6H12
Fórmula estrutural:
2) Nomenclatura: Proprino
Fórmula molecular: C3H4
Fórmula estrutural:

60
QUÍMICA
-Cicloalcenos, Cicloaquenos ou Ciclenos
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados com uma dupla liga-
ção. Caso não haja ramificações nos cicloalcenos, não é necessário
indicar a dupla posição.
Fórmula geral: CnH2n-2 primários

Exemplo: Cadeia fechada com pelo menos um carbono primário


1) Nomenclatura: 1-Ciclobutenos
Fórmula molecular: C4H6 Para realizar a nomenclatura de um hidrocarboneto ramificado,
Fórmula estrutural: é necessário identificar a cadeia principal, que, geralmente, apre-
senta o maior número de carbonos. Para isso, temos que levar em
consideração a classe dos hidrocarbonetos com a qual estamos tra-
balhando, como relatado em cada caso:

a) Nomenclatura de alcanos ramificados


Passo 1: Determinar a cadeia principal e seu nome
(A cadeia principal de um alcano é sempre aquela que apresen-
tar o maior número de carbonos e o maior número de ramificações)
Passo 2: Reconhecer os radicais e dar nome aos mesmos.
Passo 3: Numerar a cadeia principal de moto a obter os meno-
-Aromáticos res números possíveis para indicar as posições dos radicais.
São hidrocarbonetos que em cuja estrutura existe pelo menos Passo 4: Quando houver mais de um radical do mesmo tipo,
um anel benzênico ou aromático. Esses compostos apresentam seus nomes devem ser precedidos de prefixos que indiquem a
uma nomenclatura diferenciada, que não segue os padrões dos ou- quantidade: di, tri, treta, penta e etc.
tros hidrocarbonetos. Passa 5: Quando houver dois ou mais radicais de tipos diferen-
tes, seus nomes podem ser escritos de duas maneiras:
Os principais hidrocarbonetos são: a) Pela ordem de complexidade crescente dos radicais
b) Pela ordem alfabética (Notação recomentada pela IUPAC).

- PF e PE.
Na comparação entre moléculas apolares, os pontos de fusão
e ebulição aumentam com a massa molecular. Se duas moléculas
apolares têm a mesma massa molecular, quanto mais ramificada a
cadeia menores as temperaturas de fusão e de ebulição. As varia-
ções dessas propriedades físicas podem ser explicadas através das
forças intermoleculares.

Fatores que influenciam no Ponto de Ebulição


-Massa molar
-Maior massa
-Maior temperatura de ebulição
-Para moléculas de mesma força intermolecular
-Superfície de contato
-Maior a cadeia carbônica
-Maior superfície
Nomenclatura de hidrocarbonetos ramificados -Maior número de interações ao longo da cadeia
-Maior temperatura de ebulição
Saber reconhecer um hidrocarboneto é muito importante,
pois, com essa habilidade, é possível desenvolver outra, que é reali- Ramificações
zar corretamente a nomenclatura de hidrocarbonetos ramificados. -Maior número de ramificações
Os hidrocarbonetos ramificados são todos aqueles cujas ca- -Menor superfície
deias possuem mais de dois carbonos primários (se abertas) e pelo -Menor número de interações ao longo da cadeia
menos um carbono primário (se fechadas), como mostrado nos -Menor temperatura de ebulição
exemplos abaixo: -Para moléculas de mesma interação intermolecular e massas
molares próximas.

ÁLCOOIS
Os álcoois são compostos que apresentam o grupo hidroxila
(-OH) ligado ao carbono saturado.

Cadeia aberta com pelo menos três carbonos Grupo funcional:

61
QUÍMICA

Nomenclatura oficial dos álcoois


A nomenclatura oficial dos álcoois segue as mesmas regras estabelecidas pela IUPAC para os hidrocarbonetos, com apenas uma dife-
rença: como o grupo funcional é diferente, o sufixo é “OH” no lugar de “o”, que é o usado para os hidrocarbonetos.

Prefixo Intermediário Sufixo


N° de Carbono Tipo de Ligação OL

Exemplos:
-H3C — OH: met + an + ol = metanol
-H3C — CH2 — OH: et + an + ol = etanol

Quando um álcool alifático apresentar mais de dois átomos de carbono, devemos indicar a posição do OH numerando a cadeia a partir
da extremidade mais próxima do carbono que contém a hidroxila.

Exemplos:

1-butanol
2-butanol

Em álcoois insaturados e/ou ramificados, devemos indicar a posição da hidroxila, da insaturada e das ramificações. Sendo que a ordem
de prioridade para a manutenção é:

Função > Insaturação > Radical

Exemplos2:

Exemplo1:

3 metil-1 butanol

Nomenclatura usual dos álcoois


Iniciamos com a palavra álcool seguida do nome do radical ligado à hidroxila com a terminação ico.

Exemplos:

62
QUÍMICA
FENOL
Os fenóis são compostos que apresentam o grupo hidroxila (-OH) ligado diretamente a um carbono aromático.

Grupo funcional:

Exemplos

Nomenclatura IUPAC

É utilizado o prefixo hidróxi, seguido da terminação benzeno. Caso existam ramificações no núcleo benzênico, a numeração inicia-se
na hidroxila e segue o sentido dos menores números.

Exemplos:

O hidróxi-benzeno é o fenol mais simples, conhecido também como fenol, fenol, comum ou ácido fênico.

ENOL
Os enóis são compostos orgânicos que se caracterizam pela presença de hidroxila ligada a um carbono primário ou secundário. Assim
como, pela migração de uma ligação π entre dois átomos de carbono da molécula para entre um átomo de carbono e um de oxigênio. A
nomenclatura oficial dos enol, a terminação é ol.

63
QUÍMICA
Exemplo:

ALDEÍDOS
Os aldeídos contêm o grupo carbonila em carbono primário (extremidade da cadeia).

Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC

- A terminação do nome oficial é AL.


- A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresentar o grupo funcional.
- Para cadeias ramificadas ou insaturadas, devemos numerar pela extremidade que contenha o grupo funcional. Este será sempre
posição 1. E não precisa ser mencionado no nome.

Exemplos:

Nomenclatura usual
Os quatro primeiros aldeídos têm nomes usuais, tais como:

64
QUÍMICA
Importante
O odor dos aldeídos que têm baixo peso molecular é irritante, porém, à medida que o número de carbonos aumenta, torna-se mais
agradável. Os aldeídos de maior peso molecular são muito utilizados na indústria de cosméticos na fabricação de perfumes sintéticos. Por
exemplo, o benzaldeído é utilizado como essência de amêndoas e o cinamaldeído de canela.

CETONAS
As cetonas também apresentam o grupo carbonila, sendo que o carbono do grupo deve ser secundário.

Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC

De acordo com a nomenclatura da IUPAC a terminação das cetonas é é ONA.


A cadeia principal é a mais longa que possui a carbonila e a numeração é feita a partir da extremidade mais próxima da carbonila.

Exemplos

Quando a numeração for necessária, ela deve ser iniciada da extremidade mais próxima da carbonila.

Exemplos:

Nomenclatura Usual
Na nomenclatura usual, o grupo carbonila é denominado cetona, e seus ligantes são considerados radicais.

65
QUÍMICA
Exemplos:

ÁCIDO CARBOXÍLICO
Os ácidos carboxílicos apresentam pelo menos uma função carboxila.

-Grupo funcional:

Exemplos:

O O O
H C OH CH3 C OH C6H5 C OH

Ácido fórmico Ácido acético Ácido benzóico


Nomenclatura IUPAC

Inicia-se com a palavra ácido e a terminação utilizada é óico. A cadeia principal é a mais longa e que possua a carboxila. Para cadeias
ramificadas, devemos numerar a partir do carbono da carboxila (e não precisa mencionar a posição 1).

Exemplos:

Nomenclatura Usual
O nome usual para os ácidos é associado à sua origem ou a suas propriedades. Os nomes comuns de muitos ácidos carboxílicos são
baseados em suas origens históricas ou ao seu odor exalado por quem os produz.

Exemplo:

66
QUÍMICA
ÉSTERES
Ésteres são compostos orgânicos produzidos através da reação química denominada de esterificação: ácido carboxílico e álcool rea-
gem entre si e os produtos da reação são éster e água. Os ésteres são encontrados em muitos alimentos, perfumes, objetos e fármacos
que temos em casa.

Grupo funcional:

Os ésteres possuem aroma bastante agradável. São usados como essência de frutas e aromatizantes nas indústrias alimentícia, farma-
cêutica e cosmética. Constituem também óleos vegetais e animais, ceras e gordura.

Colocando-se o grupo funcional como referencial, podemos dividir o nome em duas partes:

Exemplos:

Importante
- Ésteres de cadeias carbônicas pequenas são líquidos e pouco solúveis em água, enquanto os de maiores massas molares são sólidos
e insolúveis.
- Diferentemente dos ácidos, dos quais são derivados, os ésteres geralmente possuem odor muito agradável.
- Conforme anteriormente mencionado eles são os principais responsáveis pelo aroma das frutas e das flores.

ÉTERES
Éter é todo composto orgânico onde a cadeia carbônica apresenta – O – entre dois carbonos. O oxigênio deve estar ligado diretamente
a dois radicais orgânicos (alquila ou arila). A fórmula genérica do éter é R – O – R, onde o R é o radical e o O é o oxigênio.

Grupo funcional:

67
QUÍMICA
Nomenclatura oficial
A nomenclatura oficial pode ser obtida da seguinte maneira:

Exemplos:

AMINAS
As aminas são consideradas as bases orgânicas e são obtidas a partir da substituição de um ou mais hidrogênios da amônia [NH3] por
radicais.

Nomenclatura da IUPAC

Na sua nomenclatura, basta indicar (o)s radical (is) ligados ao nitrogênio acrescido da palavra amina.

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–NH2 são, geralmente, nomeadas como se fos-
sem derivadas da amina aromática mais simples: a fenilamina (Anilina)

68
QUÍMICA

Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma ramificação, chamada de amino.

AMIDAS
As amidas são caracterizadas pelo grupo funcional:

Nomenclatura da IUPAC

O nome das amidas, de acordo com a IUPAC é dado da seguinte maneira:

Exemplo

NITRILA
As nitrilas são obtidas pela substituição do hidrogênio do gás cianídrico (HCN) por um radical orgânico.

Nomenclatura IUPAC

É dado nome ao hidrocarboneto correspondente seguido da terminação nitrila.

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QUÍMICA
Exemplos:

Nomenclatura Usual
Usa-se a palavra cianeto e, em seguida, o nome do radical preso ao grupo – C N.

A nitrila mais importante é o propenonitrila, empregada na obtenção de borracha sintética e de outros plásticos:

NITROCOMPOSTO
Os nitrocompostos são substâncias que contêm um ou mais grupos nitro (NO2) em sua molécula.

Grupo funcional:

Nomenclatura Oficial IUPAC

Usa-se prefixo nitro antecedendo o nome do hidrocarboneto de que se origina o nitro composto.

Exemplo:

H3C – NO2
Nitrometano

2-nitro-pentano

HALETOS ORGÂNICOS
Os haletos orgânicos são compostos resultantes da substituição de um ou mais hidrogênios em moléculas de hidrocarbonetos, por
átomos de halogênios, que podem ser o flúor, o cloro, o bromo ou o iodo.
Os Haletos orgânicos são representados por R – X onde X = Cl, Br, F, I.

70
QUÍMICA

2 – cloro 2 – metil – butano

Repare que o Cl está ligado a uma cadeia de hidrocarbonetos.

ÁCIDOS SULFÔNICOS
Ácidos sulfônicos são ácidos sulfúricos que perdem seu grupo hidroxila (-OH), ganhando no lugar um radical derivado de hidrocarbo-
neto.

-Grupo funcional:

O nome desses ácidos é obtido da seguinte maneira:

É importante lembrar que a nomenclatura deve ser iniciada pela extremidade mais próxima do grupo funcional:

COMPOSTO DE GRIGNARD
Os compostos de Grignard pertencem à classe dos compostos denominados organometálicos. Seu grupo funcional é dado por:

Sua nomenclatura segue o seguinte esquema:

EXERCÍCIOS

1. Um técnico em química teve a tarefa de armazenar diferentes substâncias. Para tanto, resolveu separá-las de acordo com as
respectivas funções químicas. As substâncias eram: NaCl, CaCO3, Ca(OH)2, CaO, Na2O, NaOH, H2SO4 e HCl.
A alternativa que apresenta apenas as substâncias classificados como óxidos é:
(A) CaO e Na2O.
(B) Na2O e NaOH.
(C) H2SO4 e HCl.
(D) Ca(OH)2 e CaO.
(E) CaO, Na2O e NaOH.

71
QUÍMICA
2.Um sal possui várias características.
NÃO constitui uma dessas características
(A) ter ponto de fusão elevado.
(B) ter, na forma sólida, rede cristalina formada por cátion e ânion.
(C) ser um sólido formado por apenas dois elementos, sendo um deles o oxigênio.
(D) ser uma substância iônica.
(E)tender a se dissociar em água (mesmo que em pequena escala) liberando pelo menos um cátion de um elemento metálico.

3. Considere as reações abaixo e marque a alternativa que indica corretamente as reações endotérmicas:
I. CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + H2O(l) + 889,5 kJ
II. Fe2O3(s) +3 C(s) → 2 Fe(s) +3 CO(g) ΔH = + 490 kJ
III. 6 CO2(g) + 6 H2O(l) + 2 813 → C6H12O6(g) + 6 O2(g)
IV. HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O(l) ΔH = - 57,7 kJ
V. 1 H2(g) + 1/2 O2(g) → 2 H2O(l) + 68,3 kcal
VI. 1 H2(g) + 1 I2(g) → 2 HI(g) ΔH = + 25,96 kJ/mol

(A) II e III.
(B) I e IV.
(C) II, III e VI.
(D) I, IV e V.
(E) I, III e V.

4. Em relação ao equilíbrio químico


2 NO(g)+ 1 O2(g) ↔ 2 NO2(g) + 27 kcal
pode-se afirmar:
(A) Aumentando a quantidade de O2(g), o equilíbrio se desloca para a esquerda;
(B) Diminuindo a quantidade de NO2(g), o equilíbrio se desloca para a esquerda;
(C) Aumentando ou diminuindo as quantidades das espécies químicas dessa equação, o equilíbrio não se altera;
(D) Diminuindo a quantidade de NO(g), o equilíbrio se desloca para a esquerda;
(E) Diminuindo a quantidade da espécie química NO(g), o equilíbrio se desloca para a direita.

5. De modo geral, os compostos que possuem ligações iônicas:


(A) são formados pela ligação entre ametais e o hidrogênio.
(B) são encontrados na natureza no estado líquido.
(C) apresentam baixos pontos de fusão e ebulição.
(D) são duros e resistentes a impactos.
(E) apresentam alta condutividade elétrica em solução aquosa.

6. Reações químicas dependem de energia e colisões eficazes que ocorrem entre as moléculas dos reagentes. Em sistema fechado,
é de se esperar que o mesmo ocorra entre as moléculas dos produtos em menor ou maior grau até que se atinja o chamado “equilíbrio
químico”.
O valor da constante de equilíbrio em função das concentrações das espécies no equilíbrio, em quantidade de matéria, é um dado
importante para se avaliar a extensão (rendimento) da reação quando as concentrações não se alteram mais.
Considere a tabela com as quantidades de reagentes e produtos no início e no equilíbrio, na temperatura de 100°C, para a seguinte
reação:

Tabela com quantidade de reagentes e produto (Foto: Reprodução)

A constante de equilíbrio tem o seguinte valor:


(A) 0,13
(B) 0,27
(C) 0,50
(D) 1,8
(E) 3,0

72
QUÍMICA
7. Em quais das passagens a seguir está ocorrendo transfor- 9. (Unesp) A elevação da temperatura de um sistema produz,
mação química? geralmente, alterações que podem ser interpretadas como sendo
1) “ O reflexo da luz nas águas onduladas pelos ventos lembra- devidas a processos físicos ou químicos.
va-lhe os cabelos de seu amado”. Medicamentos, em especial na forma de soluções, devem ser
2) “ A chama da vela confundia-se com o brilho nos seus mantidos em recipientes fechados e protegidos do calor para que
olhos”. se evite:
3) “Desolado, observava o gelo derretendo em seu copo e iro- (I) a evaporação de um ou mais de seus componentes;
nicamente comparava-o ao seu coração.” (II) a decomposição e consequente diminuição da quantidade
4) “Com o passar dos tempos começou a sentir-se como a ve- do composto que constitui o princípio ativo;
lha tesoura enferrujando no fundo da gaveta.” (III) a formação de compostos indesejáveis ou potencialmente
prejudiciais à saúde.
Estão corretas apenas:
(A) 1 e 2 A cada um desses processos - (I), (II) e (III) - corresponde um
(B) 2 e 3 tipo de transformação classificada, respectivamente, como:
(C) 3 e 4 (A) física, física e química.
(D) 2 e 4 (B) física, química e química.
(E) 1 e 3 (C) química, física e física.
(D) química, física e química.
8. A energia térmica liberada em processos de fissão nucle- (E) química, química e física.
ar pode ser utilizada na geração de vapor para produzir energia
mecânica que, por sua vez, será convertida em energia elétrica. 10. UFRJ) Em um potenciômetro, se faz a leitura de uma so-
Abaixo está representado um esquema básico de uma usina de lução 0,001M de hidróxido de sódio (utilizado na neutralização do
energia nuclear. ácido lático). Sabendo-se que o grau de dissociação é total, o valor
do pH encontrado corresponde a:
(A) 2,7.
(B) 5,4.
(C) 12,0.
(D) 11,0.
(E) 9,6.

11. (Mackenzie-SP) A análise feita durante um ano de chuva


da cidade de São Paulo forneceu um valor médio de pH igual a 5.
Comparando-se esse valor com o do pH da água pura, percebe-se
que a [H+] na água da chuva é, em média:
(A) duas vezes menor.
(B) cinco vezes maior.
(C) cem vezes maior.
(D) duas vezes maior.
(E) cem vezes menor.

12. Observe a estrutura eletrônica de Lewis sugerida para o


N2O.
A partir do esquema são feitas as seguintes afirmações:
I. a energia liberada na reação é usada para ferver a água que,
como vapor a alta pressão, aciona a turbina.
II. a turbina, que adquire uma energia cinética de rotação, é
acoplada mecanicamente ao gerador para produção de energia elé-
trica.
III. a água depois de passar pela turbina é pré-aquecida no con-
densador e bombeada de volta ao reator.
Nessa estrutura, as cargas formais dos átomos,lidos da esquer-
Dentre as afirmações acima, somente está(ão) correta(s): da para a direita, são, respectivamente,
(A) I. (A) zero, zero e zero.
(B) II. (B)-1, -1 e +2.
(C) III. (C)-1, +1 e zero.
(D) I e II. (D)+1, -1 e zero.
(E) II e III. (E)+3, +3 e -6.

13. (UEMG) Uma reação química hipotética é representada


pela seguinte equação:
A(g) + B(g) → C(g) + D(g)
e ocorre em duas etapas:
A(g) → E(g) + D(g) (Etapa lenta)
E(g) + B(g ) → C(g) (Etapa rápida)

73
QUÍMICA
A lei da velocidade da reação pode ser dada por 18. Além de serem as macromoléculas mais abundantes nas
(A) v = k.[A]1 células vivas, as proteínas desempenham diversas funções estru-
(B) v = k.[A]1.[B]1 turais e fisiológicas no metabolismo celular. Com relação a essas
(C) v = k.[C]1.[D]1 substâncias, é correto afirmar que:
(D) v = k.[E]1.[B]1 (A) são todas constituídas por sequências monoméricas de
aminoácidos e monossacarídeos.
14. A retenção de água na superfície da pele promovida pe- (B) além de função estrutural, são também as mais importan-
los hidratantes é consequência da interação dos grupos hidroxila tes moléculas de reserva energética e de defesa.
dos agentes umectantes com a umidade contida no ambiente por (C) são formadas pela união de nucleotídeos por meio dos gru-
meio de: pamentos amina e hidroxila.
(A) ligações iônicas (D) cada indivíduo produz as suas proteínas, que são codifica-
(B) forças de London das de acordo com o material genético.
(C) ligações covalentes (E) a sua estrutura é determinada pela forma, mas não interfe-
(D) forças dipolo-dipolo re na função ou especificidade.
(E) ligações de hidrogênio
19. (MACKENZIE-SP)Dadas as afirmações, à vista desarmada:
15. (UERJ-1997) Água e etanol são dois líquidos miscíveis em A) toda mistura heterogênea é um sistema polifásico.
quaisquer proporções devido a ligações intermoleculares, deno- B) todo sistema polifásico é uma mistura heterogênea.
minadas: C) todo sistema monofásico é uma mistura homogênea.
(A) iônicas. D) toda mistura homogênea é um sistema monofásico.
(B) pontes de hidrogênio.
(C) covalentes coordenadas. São verdadeiras as afirmações:
(D) dipolo induzido - dipolo induzido. (A) A e B
(E) dipolo permanente (B) A e C
(C) B e D
16. (Vunesp-2003) Pode-se verificar que uma massa de água (D) B e C
ocupa maior volume no estado sólido (gelo) do que no estado lí- (E) A e D
quido. Isto pode ser explicado pela natureza dipolar das ligações
entre os átomos de hidrogênio e oxigênio, pela geometria da mo- 20. (UF-PA) O sistema constituído por água líquida, ferro sóli-
lécula de água e pela rigidez dos cristais. As interações entre as do, gelo e vapor d’água apresenta:
moléculas de água são denominadas (A) 3 fases e 3 componentes
(A) forças de Van der Waals. (B) 3 fases e 2 componentes
(B) forças de dipolo induzido. (C) 4 fases e 2 componentes
(C) forças de dipolo permanente. (D) 4 componentes e 6 fases
(D) pontes de hidrogênio. (E) 2 fases e 2 componentes.
(E) ligações covalentes.
21. A água da chuva é naturalmente ácida em virtude da
17. Leia o texto a seguir, escrito por Jacob Berzelius, em 1828: presença normal de CO2(g)(dióxido de carbono) na atmosfera,
“Existem razões para supor que, nos animais e nas plantas, que reage com a água e forma o ácido de fórmula H2CO3(aq).
ocorrem milhares de processos catalíticos nos líquidos do corpo No entanto, óxidos de enxofre, como o SO2(g), e de nitrogênio,
e nos tecidos. Tudo indica que, no futuro, descobriremos que a como o NO2(g), contribuem para elevar ainda mais o pH da água,
capacidade de os organismos vivos produzirem os mais variados porque, ao se combinar com ela, eles reagem e formam os áci-
tipos de compostos químicos reside no poder catalítico de seus dos H2SO3(aq) e HNO3(aq). Os nomes respectivos dos três ácidos
tecidos.” mencionados são:
A previsão de Berzelius estava correta, e hoje sabemos que o (A) carbônico, sulfúrico e nítrico.
“poder catalítico” mencionado no texto deve-se (B) carbônico, sulfuroso e nítrico.
(A) aos ácidos nucleicos. (C) carbonoso, sulfuroso e nitroso.
(B) aos carboidratos. (D) percarbônico, persulfúrico e nítrico.
(C) aos lipídios. (E) hipocarbonoso, sulfúrico e hiponitroso.
(D) às proteínas.
(E) às vitaminas. 22. Assinale a alternativa que apresenta respectivamente as
fórmulas das bases: hidróxido de sódio, hidróxido de cálcio e hi-
dróxido de alumínio:
(A) Na(OH)2, Ca(OH)2, Al(OH)3.
(B) NaOH, Ca(OH)2, Al(OH)2.
(C) Na(OH)2, Ca(OH)2, Al(OH)2.
(D) Na(OH)2, CaOH, Al(OH)3.
(E) NaOH, Ca(OH)2, Al(OH)3.

74
QUÍMICA
23.(Fuvest) – Uma estudante de Química realizou o seguin- 25. (PUC-SP) – A pirolusita é um minério do qual se obtém o
te experimento: pesou um tubo de ensaio vazio, colocou nele um metal manganês (Mn), muito utilizado em diversos tipos de aços
pouco de NaHCO3 (s) e pesou novamente. Em seguida, adicionou resistentes. O principal componente da pirolusita é o dióxido de
ao tubo de ensaio excesso de solução aquosa de HCl, o que provo- manganês (MnO2). Para se obter o manganês metálico com ele-
cou a reação química representada por vada pureza, utiliza-se a aluminotermia, processo no qual o óxido
reage com o alumínio metálico, segundo a equação:
3 MnO2(s) + 4 Al(s) → 2 Al2O3(s) + 3 Mn(s)

Considerando que determinado lote de pirolusita apresenta


Após a reação ter-se completado, a estudante aqueceu o sis- teor de 80% de dióxido de manganês (MnO2), a massa mínima de
tema cuidadosamente, até que restasse apenas um sólido seco no pirolusita necessária para se obter 1,10 t de manganês metálico é
tubo de ensaio. Deixou o sistema resfriar até a temperatura am- (A) 1,09 t
biente e o pesou novamente. A estudante anotou os resultados (B) 1,39 t
desse experimento em seu caderno, juntamente com dados obtidos (C) 1,74 t
consultando um manual de Química: (D) 2,18 t
(E) 2,61 t

26. Calcule a concentração em mol/L ou molaridade de uma


solução que foi preparada dissolvendo-se 18 gramas de glicose
em água suficientes para produzir 1 litro da solução. (Dado: massa
molar da glicose = 180 g/mol)
(A) 0,1.
(B) 1,8.
(C) 10,0.
(D) 100,0.
(E) 3240.

27. No preparo de uma solução aquosa, foi usado 0,4 g de


cloreto de sódio como soluto. Sabendo que a concentração da so-
lução resultante é de 0,05 mol/L, determine o volume final.
(A) 0,14 L.
(B) 8 L.
(C) 1,4 L.
(D) 80 L.
A estudante desejava determinar a massa de (E) 140 L.
I. HCl que não reagiu;
II. NaCl que se formou; 28. (USJT-SP) O ácido tartárico, C4H6O6 (conservante), usado
III. CO2 que se formou. em alguns refrigerantes, pode ser obtido a partir da uva durante o
processo de fabricação do vinho.
Considerando as anotações feitas pela estudante, é possível Se a concentração em quantidade de matéria de ácido tartá-
determinar a massa de rico em uma refrigerante é 0,175 mol/L, qual é a massa de ácido
(A) I, apenas. utilizada na fabricação de 100 000 L desse refrigerante?
(B) II, apenas. (A) 17 500 g.
(C) I e III, apenas. (B) 116,6 kg.
(D) II e III, apenas. (C) 0,857 t.
(E) I, II e III. (D) 1,75 kg.
(E) 2,62 t.
24. (UFSM) – O acetileno, gás utilizado em maçaricos, pode
ser obtido a partir do carbeto de cálcio (carbureto) de acordo com
a equação
CaC₂ + 2H₂O ⇒ Ca(OH)₂ + C₂H₂

Utilizando-se 1 kg de carbureto com 36% de impurezas, o vo-


lume de acetileno obtido, nas CNTP, em litros, é de aproximada-
mente
(A) 0,224
(B) 2,24
(C) 26
(D) 224
(E) 260

75
QUÍMICA
29. (UNIR - RO) Considere o seguinte gráfico referente ao co-
eficiente de solubilidade de KNO3 em água em função da tempe- GABARITO
ratura:

1 A
2 C
3 C
4 D
5 E
6 B
7 D
8 D
9 B
10 D
11 C
12 C
13 A
14 E
Coeficiente de solubilidade de KNO3 em água em função da 15 B
temperatura
Ao adicionar, num recipiente, 40 g de nitrato de potássio em 50 16 D
g de água à temperatura de 40 ºC, pode-se afirmar: 17 D
(A) Apenas parte do sólido se dissolverá, permanecendo aproxima-
damente 20 g no fundo do recipiente. 18 D
(B) Apenas parte do sólido se dissolverá, permanecendo aproxima- 19 E
damente 10 g no fundo do recipiente. 20 C
(C) Tem-se uma solução insaturada.
(D) O resfriamento dessa solução não variará a quantidade de 21 B
sólido dissolvido. 22 E
(E) O aquecimento dessa solução, num sistema aberto, não modifi-
cará a quantidade de nitrato de potássio dissolvido. 23 D
24 D
30. (UCDB-MT) As propriedades coligativas das soluções de-
25 D
pendem:
(A)Da pressão máxima de vapor do líquido. 26 A
(B)Da natureza das partículas dispersas na solução. 27 A
(C)Da natureza do solvente, somente.
(D) Do número de partículas dispersas na solução. 28 E
(E) Da temperatura de ebulição do líquido. 29 B
30 D

76
FÍSICA
1. Mecânica. Movimento em duas e três dimensões: conceitos, deslocamento, velocidade e aceleração (escalar e vetorial), queda livre,
composição de movimentos, lançamento oblíquo e lançamento horizontal. Movimentos circulares (uniforme e variado). Princípios
fundamentais da dinâmica (leis de newton) inércia e sua relação com sistemas de referência. Força peso, força de atrito, força centrí-
peta, força elástica. Colisões: impulso e quantidade de movimento, impulso de uma força, quantidade de movimento, teorema do im-
pulso, teorema da conservação da quantidade de movimento, choques elástico e inelástico. Energia. Trabalho: trabalho da força-peso
e trabalho da força elástica, trabalho de uma força, potência e rendimento. Energia cinética: trabalho e variação de energia cinética.
Sistemas conservativos: energia potencial gravitacional, energia mecânica, conservação de energia mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Hidrostática: fundamentos, massa, peso, densidade, pressão, teorema fundamental da hidrostática, vasos comunicantes, teorema de
pascal, prensa hidráulica, teorema de arquimedes, corpos imersos e flutuantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3. Termometria: escalas termométricas em geral e variação de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4. Calorimetria: conceito de calor, capacidade térmica, equação fundamental da calorimetria, calorímetro, princípio geral das trocas de
calor, fluxo de calor, lei de fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
5. Dilatação térmica: dilatação térmica de sólidos e líquidos, comportamento térmico da água. Termodinâmica: introdução, teoria ciné-
tica dos gases, lei de joule, trabalho nas transformações gasosas, 1ª e 2ª lei da termodinâmica, máquinas térmicas e rendimento, ciclo
de carnot, conservação da energia e entropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
6. Eletrostática, cargas e campos eletrostáticos. Quantização e conservação da carga elétrica. Campo e potencial elétrico. Eletrodinâ-
mica, corrente elétrica. Propriedades elétricas dos materiais: condutividade e resistividade; condutores e isolantes. Lei de ohm (ma-
teriais ôhmicos e não ôhmicos). Circuitos simples e de malhas múltiplas. Lei de kirchhoff. Magnetostática. Força magnética, força de
lorentz. Força magnética em fios. Torque em espiras. Movimento de cargas no cíclotron. Lei de biotsavart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
FÍSICA
→ Mecânica Quântica
MECÂNICA. MOVIMENTO EM DUAS E TRÊS DIMEN- A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quânti-
SÕES: CONCEITOS, DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ca, mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica pos-
ACELERAÇÃO (ESCALAR E VETORIAL), QUEDA LIVRE, sui dependência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito
COMPOSIÇÃO DE MOVIMENTOS, LANÇAMENTO OBLÍ- básico de trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e
QUO E LANÇAMENTO HORIZONTAL. MOVIMENTOS as medidas são feitas com base nas interações de elétrons com
CIRCULARES (UNIFORME E VARIADO). PRINCÍPIOS
objetos denominados de aparelhos.
FUNDAMENTAIS DA DINÂMICA (LEIS DE NEWTON)
Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem pro-
INÉRCIA E SUA RELAÇÃO COM SISTEMAS DE REFERÊN-
fundamente com nosso senso comum e propõem fenômenos
CIA. FORÇA PESO, FORÇA DE ATRITO, FORÇA CENTRÍ-
que podem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos ci-
PETA, FORÇA ELÁSTICA. COLISÕES: IMPULSO E QUAN-
tar o caso da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecâni-
TIDADE DE MOVIMENTO, IMPULSO DE UMA FORÇA,
ca Clássica, as posições e as velocidades de um móvel são extre-
QUANTIDADE DE MOVIMENTO, TEOREMA DO IMPUL-
SO, TEOREMA DA CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE mamente bem definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas
DE MOVIMENTO, CHOQUES ELÁSTICO E INELÁSTICO. de um elétron são conhecidas, a determinação de sua veloci-
ENERGIA. TRABALHO: TRABALHO DA FORÇA-PESO E dade é impossível. Caso a velocidade seja conhecida, torna-se
TRABALHO DA FORÇA ELÁSTICA, TRABALHO DE UMA impossível a determinação da posição do elétron.
FORÇA, POTÊNCIA E RENDIMENTO. ENERGIA CINÉTI-
CA: TRABALHO E VARIAÇÃO DE ENERGIA CINÉTICA. CINEMÁTICA
SISTEMAS CONSERVATIVOS: ENERGIA POTENCIAL GRA- A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo prin-
VITACIONAL, ENERGIA MECÂNICA, CONSERVAÇÃO DE cipalmente os movimentos lineares e circulares os objetos do
ENERGIA MECÂNICA nosso estudo que costumar estar divididos em Movimento Re-
tilíneo Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemen-
te Variado (M.R.U.V)
A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos
movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais estar a par das seguintes variáveis:
e as equações matemáticas que os determinam. É um estudo -Deslocamento (ΔS)
de extrema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, -Velocidade ( V )
como na Geologia, com o estudo dos movimentos das placas -Tempo (Δt)
tectônicas; na Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo -Aceleração ( a )
de sangue; na Astronomi,a com as análises dos movimentos dos
planetas etc. Movimento Uniformemente Variado (MUV).
As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados
lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já a enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizon-
no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chama- tais ou oblíquos.
da Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clás- É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas,
sica e analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais como a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor refor-
à da luz. A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo ça ainda que os problemas elencados pelo Enem são contextua-
subatômico, moléculas, átomos, elétrons etc. lizados. “São questões de movimento uniformemente variado,
mas associadas a situações cotidianas.
→ Mecânica Clássica
A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica. Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)
A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de dire-
causas que os originam não são analisadas, somente suas clas- ção, nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas
sificações e comparações são feitas. O movimento uniforme, grandezas da seguinte forma:
movimento uniformemente variado e movimento circular são ΔS= V.Δt
temas de Cinemática.
Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)
A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo
No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
movimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmi-
rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
ca.
daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas
da seguinte forma:
→ Mecânica Relativística
ΔS= V₀.t + ½.a.t²
A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em
velocidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos ab-
No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme
solutos, mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores
alteramos as variáveis.
diferentes, um parado e outro em alta velocidade, apresentam Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
percepções diferentes das medidas de espaço e tempo. dada pela formula:
A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Eins- V²= V₀² + 2.a.ΔS
tein e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física,
pois foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não
Einstein. temos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas
questões, quando o tempo não é uma informação dada, por
exemplo.

1
FÍSICA
Impulso e quantidade de movimento
O impulso e a quantidade de movimento aparecem em questões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ).
Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num
trilho de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor.

Choques ou colisões mecânicas


No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quan-
tidade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam
os tipos de colisões.

Definição de sistema
Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo, de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo
estudado é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas entre os corpos que compõem o sistema são deno-
minadas de forças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por um agente externo são denominadas de forças
externas.
Quantidade de movimento e as colisões
As forças externas são capazes de gerar variação da quantidade de movimento do sistema por completo. Já as forças internas
podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento individual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em
consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimen-
to sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão.

Energia cinética e as colisões


Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo participante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada
ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características
dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de colisão que ocorrerá.

Coeficiente de restituição
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são
denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afastamento dos corpos.

Tipos de colisão

• Colisão perfeitamente elástica


Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participantes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade rela-
tiva de aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará com que o coeficiente de restituição seja igual a 1,
indicando que toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é uma situação idealizada, sendo impossível a sua
ocorrência no cotidiano, pois sempre haverá perca de energia.
• Colisão parcialmente elástica
Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema, a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo,
a velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coefi-
ciente de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.

• Colisão inelástica
Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse
tipo de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e executam o movimento como um único corpo. Como após a
colisão não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente
de restituição seja zero.

2
FÍSICA
A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações entre os diferentes tipos de colisões:

Gráficos na cinemática
Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso escolhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo.
O espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis dependentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.

Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma tabela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um
ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependente.

Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movi-
mento retilíneo uniformemente variado.

Exemplo 1
MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME
Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uniforme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega a
partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com velocidade de 10km/h.

Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação dos espaços é, para esse exemplo,
s = 5 + 10t

A velocidade podemos identificar como sendo:


v = 10km/h

E o espaço inicial:
so = 5km

Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos
os valores dos espaços correspondentes:

t(h) s(km)
0 5
1 15
2 25
3 35
4 45
5 55
6 65

Tabela 3 - MRU

3
FÍSICA

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

Agora fazemos o gráfico s x t.

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade


é constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se man-
tém a mesma.

A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.

A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme-


mente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2,
onde o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e
obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.
Note que:
• As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espa- A velocidade inicial é, portanto:
çamentos iguais. vo = 3m/s
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas
com as respectivas unidades. A aceleração:
• Os pontos são claramente mostrados. ao = -4m/s2 (a < 0)
• A reta representa o comportamento médio.
• As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é ne- e o espaço inicial:
cessário usar “todo o papel” so = 2km
• com uma escala de difícil subdivisão.
Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, cons-
Exemplo 2 truímos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
Considerando-se o movimento uniformemente variado, po- s(m) t(s)
demos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em
duas categorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração. 2,0 0
3,0 0,5
MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA 3,125 0,75
Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos
do movimento acelerado são 3,0 1
2,0 1,5
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3

4
FÍSICA
A partir da tabela obtemos o gráfico s x t:

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim, para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t
obtendo assim a tabela abaixo:

v(m/s) t(s)
3 0
-1 0,5
5 0,75

Obtendo o gráfico v x t:

Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Gráfico referente à tabela
Dados de um indivíduo andando

5
FÍSICA

t(min) s(m)
0 0
1 62
2 158
3 220
4 283
5 335

Note:
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por
• uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas
• médias lisas ou retas que representam comportamentos médios.

Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois para cima. A origem é um ponto experimental.

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que
pedem elementos como atrito e componentes da resultante, com a força centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a aceleração confortável para os passageiros de um trem com
dimensões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente ligado à aceleração centrípeta.
As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo sobre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas
causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis
em que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as chamadas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em
equilíbrio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante
A determinação de uma força resultante é definida pela intensidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferen-
tes cálculos da força resultante:

Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

6
FÍSICA
Caso 2 – Forças perpendiculares.

Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos

Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos

A Segunda lei de Newton


Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma proporção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada matematicamente pela fórmula:

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resultante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sentido.
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).

A terceira Lei de Newton


A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na
figura a seguir.

7
FÍSICA
2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos
Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mes-
mo ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação.
Por exemplo, na figura:

ESTÁTICA
A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que
não se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso
especial de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma
situação em que todas as forças que atuam sobre um corpo se
equilibram. Portanto, a soma vetorial de todas as forças que
agem sobre o corpo deve ser nula. Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula,
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios mas isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma ten-
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios dência de giro que pode ser representado por:
em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus
ocupantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da
chuva e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumu-
lada em seu teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo
solo e pelas fundações do prédio, que exercem reações sobre
ele de modo a sustentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma
vetorial de todas essas forças deverá ser nula.

1. Equilíbrio do Ponto Material


Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
para o estudo em questão, não são importantes, não interfe- A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da for-
rem no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de ça, e é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro.
um atleta de saltos ornamentais na piscina a partir de uma pla- No caso acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o
taforma de 10 m. Se o estudo está focalizado na trajetória do momento de cada força seria:
atleta da plataforma até a piscina, e não nos seus movimentos
em torno de si mesmo, pode-se adotar o centro de massa do
atleta, ignorar seu tamanho e desenvolver o estudo. (Caso ou-
tros estudos, dos movimentos do atleta em torno do seu centro
de massa, sejam necessários, eles poderão ser realizados poste-
riormente.) O momento total seria o dobro
Na Estática consideramos o ponto material como um corpo
suficientemente pequeno para podermos admitir que todas as
forças que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que
este ponto material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das
forças que nele atuam tem necessariamente de ser nula.
Ou: O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no
nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam
positivos no sentido horário, o momento total seria negativo,
pois o corpo tende a girar no sentido anti-horário:

No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar


dois eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das A unidade do momento de uma força é o newton∙metro ou
forças: N∙m.
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas
equações do ponto:

8
FÍSICA
Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos Introdução à Gravitação Universal
momentos deve ser nula: A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi desco-
berta pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular
o módulo da atração gravitacional existente entre dois corpos
dotados de massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age
na direção de uma linha imaginária que liga dois corpos. Além
disso, em respeito à Terceira Lei de Newton, conhecida como
Lei da Ação e Reação, a força de atração é igual para os dois
Nota: considera-se que todas as forças e momentos perten- corpos interagentes, independente de suas massas. De acordo
çam ao mesmo plano. com Isaac Newton:

3. Alavancas “Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente


Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo- proporcional ao produto de suas massas e inversamente pro-
mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim- porcional ao quadrado da distância que os separa.”
ples inventada pelo homem: a alavanca.
Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada: Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi
possível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de
asteroides, eventos astronômicos como eclipses, determinação
da massa e raio de planetas e estrelas etc.

Fórmula da Gravitação Universal


A principal fórmula utilizada na gravitação universal esta-
belece que o módulo da força gravitacional entre duas massas
é proporcional ao produto de suas massas e inversamente pro-
porcional ao quadrado da distância entre elas. A expressão uti-
lizada para o cálculo da força gravitacional é esta:

Legenda:
Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na |F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton)
distância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²)
ação na outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação ini- M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas)
cial. Para isto, basta comparar os momentos das duas forças m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
nas extremidades em relação ao apoio, e constatar que eles se d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)
equilibram, pois têm o mesmo valor e sinais opostos (a força à
esquerda tende a fazer a barra girar no sentido anti-horário e a Chamamos de peso a força de atração gravitacional que
da extremidade direita no sentido horário). Assim: uma massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas
50 N x 8 m= 200 N x 2 m de massa gravitacional ativa e passiva a massa que produz um
campo gravitacional ao seu redor e a massa que é atraída por tal
Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utiliza-
campo gravitacional, respectivamente.
ção dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica.
A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a
uma gravidade de módulo g, é dada por:
Gravitação Universal
A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois cor-
pos possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa
proporcional ao produto de suas massas e inversamente propor-
cional a sua distância.
Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal Legenda:
• Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente P – módulo da força peso (N – Newton)
com uma força proporcional ao produto de suas massas e inver- m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
samente proporcional ao quadrado de sua distância; g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo
• A Lei da Gravitação Universal é definida em termos ao quadrado)
da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a Comparando as duas equações acima, podemos perceber
6,67408.10-11 N.kg²/m²; que a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula
• A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desen- a seguir:
volvida pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os
raios das órbitas de diversos astros, bem como explicar teorica-
mente a lei empírica descoberta por Johannes Kepler que rela-
ciona o período orbital ao raio da órbita de dois corpos que se
atraem gravitacionalmente.

9
FÍSICA

A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, estrela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da
constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado da distância em que nos encontramos até o centro desse corpo
(d), que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio.
A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio médio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor
médio da gravidade na sua superfície:

Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler


Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática
descoberta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como Lei Harmônica:

Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se,
portanto, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta, que atua nos corpos em movimento circular. Assim:

Legenda:
v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por segundo)
ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
T – período de translação (s – segundos)

A fórmula indica que a razão do quadrado do período de translação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa
(por exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por
exemplo) tem módulo constante, que depende da constante de gravitação universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa
do Sol, por exemplo).

10
FÍSICA
Constante de gravitação universal
A constante de gravitação universal é uma constante de proporcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na
Lei da Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produto da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com
o módulo da força de atração entre eles. A constante de gravitação universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de
Unidades, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797 e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo
físico e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas
na época também pôde determinar a constante da gravitação universal com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido
atualmente.

Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre.
Sendo a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022 kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400
km (3,84.108 m), determine:

Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²


a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra

Resolução
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal:

b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve
exercer uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e direção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre
a Terra também é de 20.1019 N.
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao pro-
duto de sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe:

Os valores de aceleração calculados acima mostram que, apesar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua,
a aceleração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a
Lua sofre é cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra.
Quando o ser humano iniciou a agricultura, ele necessitou de uma referência para identificar as épocas de plantio e colheita.
Ao observar o céu, os nossos ancestrais perceberam que alguns astros descrevem um movimento regular, o que propiciou a eles
obter uma noção de tempo e de épocas do ano.
Primeiramente, foi concluído que o Sol e os demais planetas observados giravam em torno da Terra. Mas este modelo, chamado
de Modelo Geocêntrico, apresentava diversas falhas, que incentivaram o estudo deste sistema por milhares de anos.
Por volta do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) apresentou um modelo Heliocêntrico, em que o Sol estava no centro do
universo, e os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor.
No século XVII, Johanes Kepler (1571-1630) enunciou as leis que regem o movimento planetário, utilizando anotações do astrô-
nomo Tycho Brahe (1546-1601).
Kepler formulou três leis que ficaram conhecidas como Leis de Kepler.

11
FÍSICA
1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas Tendo em vista que o movimento de translação de um pla-
Os planetas descrevem órbitas elipticas em torno do Sol, neta é equivalente ao tempo que este demora para percorrer
que ocupa um dos focos da elipse. uma volta em torno do Sol, é fácil concluirmos que, quanto mais
longe o planeta estiver do Sol, mais longo será seu período de
translação e, em consequência disso, maior será o “seu ano”.

A terceira lei de Kepler e a velocidade orbital.


Em uma de suas leis propostas, Johannes Kepler afirma que
as órbitas descritas pelos planetas são elípticas. Sempre em nos-
sos estudos consideramos que essas órbitas são circulares, por-
tanto, se considerarmos que realmente as órbitas dos planetas
são circulares, a Segunda Lei de Kepler nos diz que a velocidade
do planeta é constante. Isso se dá pelo fato de a velocidade ser
proporcional às áreas varridas pelo raio vetor, sendo que, na
circunferência, essas áreas são iguais em intervalos de tempos
iguais.
Sendo assim, esta afirmação nos permite estudar o movi-
mento dos planetas ao redor do Sol e nos permite também estu-
dar o movimento dos satélites ao redor dos planetas de maneira
bastante aproximada. Para isso, basta fazermos uso de expres-
sões matemáticas do movimento circular uniforme e deduzir
uma nova expressão matemática para a terceira Lei de Kepler,
obtendo:
2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas

O segmento que une o sol a um planeta descreve áreas


iguais em intervalos de tempo iguais.

Em que, na equação acima, T é o período de revolução do


planeta ou o período de revolução do satélite, M é a massa do
Sol e R é o raio da órbita. É interessante ressaltar que a equação
acima também nos permite determinar o valor da constante k
da Terceira Lei de Kepler (T2=k.R3):

Da mesma maneira, também é possível determinar a ve-


locidade com que o planeta descreve sua órbita, isto é, temos
a possibilidade de determinar o valor da velocidade orbital de
qualquer planeta ou satélite.
Para isso, basta comparar a equação que define a lei da gra-
vitação universal com a equação da força centrípeta exercida
sobre o planeta, ou satélite, em movimento circular uniforme.
Sendo assim, teremos:

3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos


O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo de suas
distâncias médias do sol é igual a uma constante k, igual a todos
os planetas. A equação acima nos fornece o módulo da velocidade or-
bital de um planeta ao redor do Sol. Perceba que a massa do
planeta em órbita não influencia na velocidade orbital, ou seja,
a velocidade orbital depende apenas do raio e da massa do Sol.

12
FÍSICA
Movimento Oscilatório Função Cosseno
Um movimento oscilatório acontece quando o sentido do
movimento se alterna periodicamente, porém a trajetória é a
mesma para ambos os sentidos. É o caso dos pêndulos e das
cordas de guitarras e violões, por exemplo.
A figura abaixo representa uma corda em vibração, obser-
ve que mesmo se deslocando para baixo e para cima do ponto
de origem ela sempre mantêm distâncias iguais de afastamento
deste ponto.

Se considerarmos que o corpo começa a vibrar partindo da


linha mais escura, cada vez que a corda passar por esta linha, Quando isto acontece, o movimento é chamado Movimen-
após percorrer todas as outras linhas consideradas, dizemos que to Harmônico Simples (MHS).
ela completou um ciclo, uma oscilação ou uma vibração. Para que o estudo desse movimento seja simplificado, é
Da mesma forma que para o movimento periódico, o inter- possível analisá-lo como uma projeção de um movimento circu-
valo decorrido para que se complete um ciclo é chamado perío- lar uniforme sobre um eixo. Assim:
do do movimento (T) e o número de ciclos completos em uma
unidade de tempo é a frequência de oscilação. Função horária da elongação
Imagine uma partícula se deslocando sobre um circunferên-
Se você já esteve em um prédio alto, deve ter percebido cia de raio A que chamaremos amplitude de oscilação.
que em dias de muito vento a sua estrutura balança. Não é só
impressão! Algumas construções de grandes estruturas como
edifícios e pontes costumam balançar em decorrência do ven-
to. Estas vibrações, porém, acontecem com período de oscila-
ção superior a 1 segundo, o que não causa preocupação. Uma
construção só poderia ser prejudicada caso tivesse uma vibração
natural com período igual à vibração do vento no local.

Movimento harmônico simples


Chamamos um movimento de harmônico quando este pode
ser descrito por funções horárias harmônicas (seno ou cosseno),
que são assim chamadas devido à sua representação gráfica:

Função Seno

13
FÍSICA
Colocando o eixo x no centro do círculo que descreve o Mo-
vimento Curvilíneo Uniforme e comparando o deslocamento no
Movimento Harmônico Simples:

Força no movimento harmônico simples


Assim como visto anteriormente, o valor da aceleração para
uma partícula em MHS é dada por:

Então, pela 2ª Lei de Newton, sabemos que a força resul-


tante sobre o sistema é dada pelo produto de sua massa e ace-
leração, logo:

Como a massa e a pulsação são valores constantes para


um determinado MHS, podemos substituir o produto mω² pela
constante k, denominada constante de força do MHS.
Obtendo:
Usando o que já conhecemos sobre MCU e projetando o
deslocamento angular no eixo x podemos deduzir a função ho-
rária do deslocamento no Movimento Harmônico Simples:
Com isso concluímos que o valor algébrico da força resultan-
te que atua sobre uma partícula que descreve um MHS é propor-
cional à elongação, embora tenham sinais opostos.
Esta é a característica fundamental que determina se um
corpo realiza um movimento harmônico simples.
Chama-se a força que atua sobre um corpo que descreve
MHS de força restauradora, pois ela atua de modo a garantir o
prosseguimento das oscilações, restaurando o movimento an-
terior.
Sempre que a partícula passa pela posição central, a força
tem o efeito de retardá-la para depois poder trazê-la de volta.

Ponto de equilíbrio do MHS


Usando a relação trigonométrica do cosseno do ângulo para No ponto médio da trajetória, a elongação é numericamen-
obter o valor de x: te igual a zero (x=0), consequentemente a força resultante que
atua neste momento também é nula (F=0).
Este ponto onde a força é anulada é denominado ponto de
equilíbrio do movimento.

Período do MHS
Grande parte das utilidades práticas do MHS está relacio-
Esta é a posição exata em que se encontra a partícula na nado ao conhecimento de seu período (T), já que experimental-
figura mostrada, se considerarmos que, no MCU, este ângulo mente é fácil de medi-lo e partindo dele é possível determinar
varia com o tempo, podemos escrever φ em função do tempo, outras grandezas.
usando a função horária do deslocamento angular: Como definimos anteriormente:
k=mω²

A partir daí podemos obter uma equação para a pulsação


do MHS:
Então, podemos substituir esta função na equação do MCU
projetado no eixo x e teremos a função horária da elongação,
que calcula a posição da partícula que descreve um MHS em um
determinado instante t.

14
FÍSICA
Mas, sabemos que:

Então, podemos chegar a expressão:

Como sabemos, a frequência é igual ao inverso do período, logo:

Exemplo:
(1) Um sistema é formado por uma mola pendurada verticalmente a um suporte em uma extremidade e a um bloco de massa
10kg. Ao ser posto em movimento o sistema repete seus movimentos após cada 6 segundos. Qual a constante da mola e a freqüen-
cia de oscilação?
Para um sistema formado por uma massa e uma mola, a constante k é equivalente à constante elástica da mola, assim:

Lei de Hooke
A lei de Hooke consiste basicamente na consideração de que uma mola possui uma constante elástica k. Esta constante é obe-
decida até um certo limite, onde a deformação da mola em questão se torna permanente. Dentro do limite onde a lei de Hooke é
válida, a mola pode ser comprimida ou elongada, retornando a uma mesma posição de equilíbrio.
Analiticamente, a lei de Hooke é dada pela equação:

F = -k.x

Neste caso, temos uma constante de proporcionalidade k e a variável independente x. A partir da equação pode se concluir
que a força é negativa, ou seja, oposta a força aplicada. Segue que, quanto maior a elongação, maior é a intensidade desta força,
oposta a força aplicada.

15
FÍSICA
Veja o gráfico da lei de Hooke:

Note que as linhas em vermelho são as linhas que representam a força aplicada. Para a elongação da mola, ela é positiva, en-
quanto que para a compressão da mola, ao longo do sentido negativo do eixo x, esta força assume valores negativos. Já a força de
reação oferecida pela mola assume valores negativos para a elongação e valores positivos para a compressão. Isso é muito fácil de
observar cotidianamente. É só colocar uma mola presa a um suporte, de modo que possa ser elongada ou comprimida na horizontal,
conforme a figura 02.

Note que quando é aplicada uma força no sentido positivo do eixo x, a mola reagirá aplicando uma força de igual intensidade,
porém sentido contrário. No caso da compressão, a força aplicada é negativa, e a força de reação acaba por ser positiva, sempre
contrária à força aplicada.

Centro de Massa
Por Francisco José Correia de Alencar

Faça os exercícios!

16
FÍSICA
Veja a figura a cima. Enquanto o cilindro, lançado para cima, gira, há um ponto seu que não gira, mas descreve uma trajetória
parabólica. É o centro de massado cilindro.

Na figura anterior, o projétil descreve uma trajetória parabólica até explodir. Depois da explosão, cada fragmento tem trajetó-
ria diferente, mas o centro de massa do projétil de antes da explosão mantém a trajetória parabólica.
O movimento de um corpo rígido, ou de um sistema de corpos rígidos, pode ser representado pelo movimento do centro de
massa desse corpo ou sistema. Pra isso, admite-se que toda a massa do corpo, ou do sistema, esteja concentrada no centro de
massa e que nele estejam aplicadas todas as forças externas.

Centro de massa
Considere um sistema de pontos materiais P1, P2,..., Pn e de massas m1, m2,..., mn, respectivamente. Vamos supor, por exemplo,
que estes pontos pertençam a um plano α. Admitamos, ainda, conhecidas as coordenadas de P1, P2,..., Pn em relação a um sistema
cartesiano ortogonal pertencente ao plano α (Figura): P1(x1, y1), P2 (x2, y2),...,    Pn (xn, yn).

O ponto C de coordenadas (xCM, yCM) obtidas através das médias ponderadas:

17
FÍSICA
Recebe o nome de centro de massa do sistema de pontos materiais.

Propriedades do centro de massa


Se o sistema de pontos materiais admite um eixo (ou um centro de simetria), de modo que as massas dos pontos simétricos
sejam iguais, então o centro de massa pertence ao eixo (ou ao centro) de simetria.

Considere uma chapa homogênea, como por exemplo, a chapa homogênea em forma de T da Figura. Seu centro de massa C
coincide com o centro de massa dos pontos C’ e C” que são os centros de massa das chapas retangulares indicadas na figura. Pode-
-se generalizar a propriedade anterior, subdividindo-se o sistema em mais de dois conjuntos parciais.

Estática dos Sólidos


Nem sempre é possível considerar um corpo como uma partícula pontual, em geral, quando estamos interessados não só no
deslocamento de um objeto, mas também em sua rotação, a seguinte definição é importante:

Corpo rígido ou sólido


O modelo adotado para objetos extensos considera que o tamanho e a forma destes praticamente não se alteram quando
submetidos a forças externas, apesar das ligações moleculares reais não serem perfeitamente rígidas. Pontes, aviões e muitos ou-
tros objetos podem ser considerados bons exemplos de corpos rígidos, estes se deformam pouco, e, sobre a ação de forças muito
intensas, se quebram.
Os dois possíveis tipos de movimento de um corpo rígido podem ser definidos como:
Translação
É o movimento onde se modifica a posição de um objeto, ou seja, todos os pontos do corpo são movidos de uma distância fixa
em uma mesma direção.

Rotação
No movimento de rotação todos os pontos do corpo se movem em arcos de circunferências, cujos centros estão no mesmo eixo,
chamado de eixo de rotação.

Lei de Stevin
Simon Stevin, físico e matemático belga, pesquisou o comportamento hidrostático da pressão e formulou o Princípio Funda-
mental da Hidrostática.

Simon concluiu, através de experimentos, que a pressão realizada por um fluído (gases ou líquidos) depende da sua altura, ou
seja, depois de encontrar seu equilíbrio, a altura dos líquidos será igual.

Essa lei é válida, na verdade, para líquidos em repouso.

Um exemplo clássico e cotidiano é apresentado em diversos livros e também nas aulas de física. São os vasos comunicantes (a
ligação de dois ou mais recipientes por um conduto).

As caixas de distribuição de água das cidades são construídas com base nos vasos comunicantes. É comum observar que os
reservatórios de distribuição de água sempre estão localizados nos pontos mais altos da cidade. Isso acontece porque os princípios
dos vasos comunicantes afirmam que:
• A altura das colunas líquidas será sempre igual.

18
FÍSICA
• Os pontos localizados em uma mesma profundidade pos-
suem pressão também igual.

Obs.: Essas condições são aceitas quando analisado um úni-


co líquido.

Um outro exemplo comum é o uso de mangueira transpa-


rente com água em seu interior, utilizada por pedreiros na cons-
trução civil.

Essa engenhoca usa os princípios da hidrostática, especifica-


mente os vasos comunicantes, e serve para nivelar ou identificar
se a obra está num mesmo plano horizontal.

Vasos comunicantes
Vasos comunicantes são recipientes geralmente em forma-
to de U que são utilizados para estudos relativos à densidade e
pressão exercidas por líquidos.
A lei de Stevin pode ser usada para determinar a pressão
exercida pela água sobre o ponto P na figura acima.

• P = Pressão no ponto P (pa);


• PATM = Pressão atmosférica (pa);
• d = Densidade do líquido (kg/m3);
• g = Gravidade (m/s2);
• H = Altura da coluna de líquido acima do ponto anali-
sado.

Por intermédio da lei de Stevin, pode-se observar que a


pressão exercida por um líquido não depende do formato ou do
volume do recipiente no qual ele se encontra e que pontos de
mesma altura possuem mesma pressão. A imagem a seguir mos-
Nos vasos comunicantes, a pressão para pontos de mesma tra um sistema de vasos comunicantes formados por recipientes
altura é a mesma de formas e volumes diferentes.

Vasos comunicantes são recipientes geralmente em forma-


to de U que são utilizados para analisar as relações entre as den-
sidades de líquidos imiscíveis e executar estudos sobre a pres-
são exercida por líquidos.

Lei de Stevin
A lei de Stevin propõe que a pressão exercida por um líqui-
do depende apenas da densidade do líquido, da aceleração da
gravidade e da altura da coluna de líquido existente acima do
ponto analisado.

Repare que a altura da coluna de líquido e o tipo de líquido


são exatamente iguais para os três recipientes. Sendo assim, po-
de-se concluir, por meio da lei de Stevin, que as pressões exerci-
das nos pontos 1, 2 e 3 são exatamente iguais (P1 = P2 = P3).

19
FÍSICA
Mistura de líquidos
Quando dois líquidos imiscíveis são colocados em um reci-
piente em formato de U, pode-se aplicar a lei de Stevin para
estabelecer uma relação entre as densidades e as alturas das
colunas de líquido. Na imagem a seguir, dois líquidos com densi-
dades D1 e D2 foram colocados em um recipiente. As alturas das
colunas de líquido são proporcionais às densidades dos fluidos.

Na figura podemos identificar:

F1 – força aplicada no êmbolo 1;


F2 – força que surge no êmbolo 2;
A1 – área da seção transversal do cilindro 1;
A2 – área da seção transversal do cilindro 2.

Aplicando a lei de Stevin e sabendo que pontos de mesma O acréscimo de pressão (Δp) é dado a partir do Princípio de
altura possuem mesma pressão, teremos: Pascal. Portanto, temos:

∆p1= ∆p2

Onde:

Conclui-se que o produto das densidades pela altura da co- De acordo com essa relação, vemos que força e área são
luna de líquido deve ser igual para cada um dos fluidos dentro grandezas diretamente proporcionais. Dessa forma, dizemos
do recipiente. A igualdade será mantida se o líquido de menor que o êmbolo menor recebe uma força de menor intensidade,
densidade possuir a maior altura e vice-versa. enquanto que o êmbolo de maior área recebe maior força.
Em decorrência da equação enunciada acima (Princípio de
Prensa hidráulica Pascal), inúmeros equipamentos foram construídos de forma
Não é comum, mas sempre que paramos em um posto de a facilitar o trabalho humano. Podemos encontrar a prensa hi-
combustível, nos deparamos com elevadores enormes, como dráulica em freios hidráulicos, na direção de um automóvel, em
o da figura acima. Esse tipo de equipamento recebe o nome aviões, máquinas pesadas, etc.
de elevador hidráulico ou prensa hidráulica. Seu funcionamen- Para o deslocamento do êmbolo podemos dizer que o de-
to se baseia no Princípio de Pascal e ajuda a levantar grandes créscimo de volume no êmbolo 1 é igual ao acréscimo do volume
massas. no êmbolo 2. Então, temos:
As prensas hidráulicas constituem-se de um tubo preenchi-
do por um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas dife- ∆V1= ∆V2
rentes. Quando aplicamos uma força no êmbolo de área A1,
surge uma pressão na região do líquido em contato com esse Sabendo que a variação do volume é dada em função da
êmbolo. Como o incremento de pressão é transmitido inte- área e do deslocamento do êmbolo, temos:
gralmente a qualquer ponto do líquido, podemos dizer que ele
também atua no êmbolo de A2 com uma força de intensidade ∆V = A.d
proporcional à área do êmbolo 2. Vejamos a figura abaixo:
Como a variação do volume é igual, temos:

A1.d1= A2.A2

20
FÍSICA
Corpos flutuantes
Os corpos ocos ou feitos de materiais menos densos que os líquidos, ficam numa situação chamada de flutuação. Nessa condi-
ção o Peso e o Empuxo são iguais, pois o corpo fica apenas parcialmente imerso no líquido. Dessa forma o volume de líquido des-
locado é menor que o volume do corpo. O estudo das condições de flutuação é fundamental para a construção de embarcações de
qualquer espécie. Mesmo usando de materiais mais densos que a água, os cascos contém em seu interior um considerável volume
de ar, situado abaixo da linha de flutuação, o que faz a densidade relativa ser menor, permitindo ao mesmo transportar cargas úteis,
tanto de mercadorias quanto de passageiros.

Empuxo
O que é empuxo? Trata-se da força que surge em todo objeto mergulhado em um fluido. Ele corresponde ao peso do volume
de líquido deslocado pelo corpo.
Empuxo é o nome dado à força exercida por um fluidosobre um objeto mergulhado total ou parcialmente nele. Também conhe-
cido como Princípio de Arquimedes, o empuxo sempre apresenta direção vertical e sentido para cima.
Assim que um objeto qualquer é mergulhado em um fluido, ele começa a deslocá-lo. O empuxo corresponde ao peso do volume
de líquido deslocado pelo objeto, sendo assim, podemos definir matematicamente o empuxo da seguinte forma:
E = PDES
E = mDES . g
Sabendo que a densidade é fruto da razão entre a massa e volume de uma substância, podemos escrever que:

d = m/V → m = d.V

Reescrevendo a equação do empuxo, temos:

E = dL. VDES. g

Para essa equação, temos que:


dL= densidade do líquido;
VDES= volume de líquido deslocado;
g = aceleração da gravidade.

OBS.: O volume de líquido deslocado corresponde exatamente ao volume imerso do objeto no líquido.

Como surge o Empuxo?


O empuxo surge por causa da diferença de pressão existente entre a parte inferior e superior de um objeto mergulhado em um
fluido. A pressão na parte inferior, em virtude da maior profundidade, é maior que a pressão na parte superior, o que resulta no
surgimento de uma força vertical para cima, o empuxo.

Quem explicou o empuxo?


Essa força foi explicada por Arquimedes, matemático e engenheiro grego que foi incumbido por um rei de mostrar se a sua co-
roa era de ouro maciço ou se havia impurezas misturadas a ela. Enquanto tomava banho em uma banheira, ele reparou que a água
saía da banheira quando ele entrava e que seu corpo estava sujeito a uma espécie de força. A partir daí, ele pôde desenvolver a sua
ideia sobre o empuxo e enunciar que:

21
FÍSICA
“Todo corpo mergulhado em um fluido sofre ação de uma força vertical e para cima que corresponde ao volume de líquido
deslocado pelo corpo.”

Casos de flutuação

1) Corpo afunda:
Se um objeto mergulhado em um fluido afunda, podemos afirmar que a sua densidade é maior que a do líquido e que o seu
peso é superior ao empuxo.

2) Corpo em equilíbrio
Se as densidades do corpo e do fluido forem iguais, o corpo permanecerá em equilíbrio no líquido e podemos afirmar que o
empuxo é igual ao peso do corpo.

3) Corpo boiando:
Um objeto boia na superfície de um líquido sempre que sua densidade é menor que a densidade do líquido. Nesse caso, o em-
puxo que atua sobre o corpo é maior que seu peso.

Exemplo de aplicação
Os submarinos utilizados pelas Forças Armadas são um exemplo clássico de aplicação do empuxo. Enquanto o submarino man-
tém-se flutuando na superfície da água, podemos afirmar que o empuxo é igual ao peso e a embarcação mantém-se em equilíbrio.
Para submergir, o submarino enche alguns reservatórios com água, assim, seu peso torna-se superior ao empuxo e ele afunda.

Linha de corrente
É uma linha contínua traçada no líquido, o lugar geométrico dos pontos, que, num mesmo instante t considerado, mantém-
-se tangente em todos os pontos à velocidade V. Pode também ser definido como a família de curvas que, para cada instante de
tempo, são as envolventes do campo de velocidades num fluido.
A linha de corrente é correspondente diretamente à trajetória da partícula no fluido.
Em particular, a linha de corrente que se encontra em contato com o ar, num canal, duto ou tubulação se denomina linha
d’água.
O conjunto de todas as linhas de corrente que passam por uma pequena curva fechada é definido como um tubo de corrente.

Vazão
Vazão ou caudal (ou ainda, «débito») é o volume e/ou massa de determinado fluido que passa por uma determinada seçãode
um conduto livre ou forçado, por unidade de tempo. Ou seja, vazão é a rapidez com a qual um volume e/ou massa escoa. Vazão
corresponde à taxa de escoamento, ou seja, quantidade de material transportado através de conduto livre ou forçado, por unidade
de tempo.  Ainda outra definição é a de um fluxo volumétrico.
Um conduto livre pode ser um canal, um rio ou uma tubulação. Um conduto forçado pode ser uma tubulação com pressão
positiva ou negativa. Assim, pode-se escrever a vazão.
Com a área a em m² e a velocidade de escoamento v em m/s, vazão é dada em m³/s.

Equação da Continuidade
Antes de entender o que é a Equação da Continuidade, é necessário entender o conceito de fluxo. O termo pode ser aplicado
nos mais variados contextos. A abordagem feita aqui é aquela adotada do ponto de vista da Hidrodinâmica (Dinâmica dos Fluidos).
Se você pudesse ver cada partícula de ar atravessando a espira, poderia observar linhas que representariam as trajetórias das
partículas de ar. Em cada ponto, a tangente a cada linha daria a velocidade das gotas de água naquele ponto. Veja a sequência das
figuras abaixo:

Pelas figuras, pode-se compreender Fluxo como sendo um campo vetorial através de uma superfície, isto é, a “quantidade”
de algo que, efetivamente, atravessa aquela superfície. Matematicamente, pode ser expresso da seguinte forma:
A letra Φ representa o Fluxo, é o vetor velocidade e A é o vetor área.

22
FÍSICA

Um fato bastante corriqueiro mostra que é possível aumentar a velocidade da água que sai de uma mangueira de jardim fechan-
do parcialmente o bico da mangueira com o dedo. Esta alteração na velocidade está diretamente relacionada ao fato de alterarmos
a secção da área de saída de água da mangueira.
Observando a figura ao lado, é fato simples de compreender (principalmente quando consideramos o fluido incompressível)
que a quantidade de água que entra na mangueira com velocidade 1 deve ser a mesma que sai com velocidade 2, já que não há,
no transcurso, nenhuma fonte nem sumidouro de fluido. Em outras palavras, o fluxo de líquido deve ser constante.
Sendo assim, pode-se escrever matematicamente:

Efetivamente, como o fluxo é constante:


Δt1 = Δt2
Logo, a equação fica reduzida à:
A1 . v1 = A2 . v2

Esta relação entre a velocidade do fluido e a área de secção por onde o fluido passa é chamada Equação da Continuidade.
De uma outra forma, a equação anterior pode ser escrita como:
A . v = constante

O produto anterior é chamado de Vazão (volume de fluido que passa por uma secção na unidade de tempo). No Sistema Inter-
nacional de Unidades, é medido em m³/s (metro cúbico por segundo).
Para entender um pouco mais sobre as consequências desta equação, confira o vídeo:

Mas tem outra coisa: é comum alguns acreditarem que a água que sai da mangueira com maior velocidade em virtude da redu-
ção da área tem sua pressão aumentada. No entanto acontece exatamente ao contrário. A pressão, nesta condição é menor. Mas
isto é outra história. É necessário analisarmos do ponto de vista da Equação de Bernoulli.

HIDROSTÁTICA: FUNDAMENTOS, MASSA, PESO, DENSIDADE, PRESSÃO, TEOREMA FUNDAMENTAL DA HIDROSTÁ-


TICA, VASOS COMUNICANTES, TEOREMA DE PASCAL, PRENSA HIDRÁULICA, TEOREMA DE ARQUIMEDES, CORPOS
IMERSOS E FLUTUANTES

Hidrostática
A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam
em escoamento (movimento).
Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estudadas as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imer-
sos, seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como os totalmente submersos.

1. Massa Específica; Densidade


Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³ estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000
kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa:

23
FÍSICA
A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já Então, é possível relacionar as várias medidas comparando-
para os corpos não homogêneos essa relação é denominada -se os valores da pressão atmosférica ao nível do mar:
densidade: 1 atm = 101325 Pa = 10,2 mca = 760 mmHg

5. Princípio de Pascal
O Princípio de Pascal afirma que: “Um acréscimo de pres-
são exercido em qualquer ponto de um fluído é transmitido para
todo o fluído”. Com esse princípio é possível construir e dimen-
sionar macacos hidráulicos, prensas hidráulicas, etc.

2. Pressão
A pressão é definida como a aplicação de uma força distri-
buída sobre uma área:

Como a pressão é igual em todos os pontos do fluído e su-


pondo a área do pistão da direita sendo 5 vezes maior que o da
esquerda tem-se:
A unidade de medida da pressão é newton por metro qua-
drado (N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois
sólidos. No caso dos fluídos o newton por metro quadrado é
também denominado pascal (Pa).
3. Princípio de Stevin
O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um
líquido em repouso, estando com sua superfície livre em contato Dessa maneira uma força F_1 será, no exemplo, amplificada
com a atmosfera: (F_2 ) cinco vezes. Esse seria a versão hidráulica da alavanca me-
cânica concebida por Arquimedes.

6. Princípio de Arquimedes
Deve-se também a Arquimedes a definição da força de Em-
puxo gerada por um corpo imerso em um fluído. “A força de
empuxo de um corpo imerso em um fluído é igual ao peso do
fluído deslocado”.

Uma das consequências do princípio de Stevin é:


“Em um líquido em equilíbrio, a pressões são iguais em to-
dos os pontos da mesma horizontal”.

4. Pressão atmosférica
No planeta Terra em qualquer parte de sua superfície os
corpos estão envoltos em um fluído gasoso, o ar. Como todo
fluído ele causa uma pressão nos corpos nele imersos. Se o empuxo for maior que a força peso do corpo, a ten-
A pressão atmosférica deve ser expressa em Pa (N/m²). Mas dência do corpo é de subir com aceleração. No caso de o peso
outras unidades podem ser encontradas: ser menor que o empuxo, a tendência é de o corpo descer com
– atmosfera (atm) aceleração. No caso do empuxo ser igual à força peso o corpo
– milímetros de mercúrio (mmHg) ou centímetros de mer- terá a tendência de permanecer parado.
cúrio (cmHg)
– metros de coluna de água (mca).

24
FÍSICA
Nota: ao contrário do que se vê em muitos filmes e da cren- • Escalas Termométricas
ça geral, um submarino ao tentar emergir não solta subitamente Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
toda a água armazenada em seus tanques de lastro. Isso provo- desenvolvido um aparelho chamado termômetro.
caria uma subida acelerada difícil de ser controlada. A liberação O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste
do lastro de seus tanques é feita de forma controlada, de modo em um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é
a manter a força de empuxo igual à força peso, e com isto conse- ligado a um tubo muito fino, chamado tubo capilar.
guir uma subida gradual, com velocidade constante. O controle Quando a temperatura do termômetro aumenta, as molécu-
é feito pela hélice de propulsão em conjunto com as aletas con- las de mercúrio aumentam sua agitação fazendo com que este
troladoras de movimento vertical. se dilate, preenchendo o tubo capilar. Para cada altura atingida
pelo mercúrio está associada uma temperatura.
A escala de cada termômetro corresponde a este valor de
TERMOMETRIA: ESCALAS TERMOMÉTRICAS EM GE- altura atingida.
RAL E VARIAÇÃO DE TEMPERATURA
Escala Celsius
Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, ofi-
encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A cializada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudan- (1701-1744). Esta escala tem como pontos de referência a tem-
do a transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela peratura de congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e
quando é fornecida ou retirada de um corpo. a temperatura de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).
Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação
das moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais Escala Fahrenheit
agitadas estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países
que mede a agitação dessas moléculas, determinando se uma de língua inglesa, criada em 1708 pelo físico alemão Daniel Ga-
matéria está quente, fria, etc. briel Fahrenheit (1686-1736), tendo como referência a tempe-
Calor é a energia que flui de um corpo com maior tempera- ratura de uma mistura de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a
tura para outro de menor temperatura. Como sabemos, a uni- temperatura do corpo humano (100 °F).
dade de representação de qualquer forma de energia é o joule Em comparação com a escala Celsius:
(J), porém, para designar o calor, é adotada uma unidade prática 0 °C = 32 °F
denominada caloria, em que 1 cal = 4,186 J. 100 °C = 212 °F

Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de Escala Kelvin


dois ou mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está Também conhecida como escala absoluta, foi verificada
em equilíbrio térmico em relação a outro, cessam os fluxos de pelo físico inglês William Thompson (1824-1907), também co-
troca de calor entre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é dei- nhecido como Lorde Kelvin. Esta escala tem como referência a
xada por certo tempo sobre uma mesa, ela esfriará até entrar temperatura do menor estado de agitação de qualquer molécula
em equilíbrio térmico com o ambiente em que está. (0 K) e é calculada a partir da escala Celsius.
Por convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0
TERMOMETRIA K, lê-se zero kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com
Chamamos de Termologia a parte da física que estuda os a escala Celsius:
fenômenos relativos ao calor, aquecimento, resfriamento, mu-
danças de estado físico, mudanças de temperatura, etc. -273 °C = 0 K
0 °C = 273 K
Termometria é a parte da termologia voltada para o estudo 100 °C = 373 K
da temperatura, dos termômetros e das escalas termométricas.
• Conversões entre escalas
• Temperatura Para que seja possível expressar temperaturas dadas em
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico uma certa escala para outra qualquer deve-se estabelecer uma
de um corpo ou sistema. convenção geométrica de semelhança.
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco di-
ferente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos
definir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-
-se muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um
corpo frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema pode-
-se dizer que está se aumentando o estado de agitação de suas
moléculas.
Ao tirarmos uma garrafa de água mineral da geladeira ou
ao retirar um bolo de um forno, percebemos que após algum
tempo, ambas tendem a chegar à temperatura do ambiente. Ou
seja, a água “esquenta” e o bolo “esfria”. Quando dois corpos
ou sistemas atingem o mesma temperatura, dizemos que estes
corpos ou sistemas estão em equilíbrio térmico.

25
FÍSICA
Por exemplo, convertendo uma temperatura qualquer dada em escala Fahrenheit para escala Celsius:

Pelo princípio de semelhança geométrica:

Exemplo:
Qual a temperatura correspondente em escala Celsius para a temperatura 100 °F?

Da mesma forma, pode-se estabelecer uma conversão Celsius-Fahrenheit:

26
FÍSICA
E para escala Kelvin:

Algumas temperaturas:

CALORIMETRIA: CONCEITO DE CALOR, CAPACIDADE TÉRMICA, EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA CALORIMETRIA, CALO-


RÍMETRO, PRINCÍPIO GERAL DAS TROCAS DE CALOR, FLUXO DE CALOR, LEI DE FOURIER

CALORIMETRIA

Calor
Quando colocamos dois corpos com temperaturas diferentes em contato, podemos observar que a temperatura do corpo “mais
quente” diminui, e a do corpo “mais frio” aumenta, até o momento em que ambos os corpos apresentem temperatura igual. Esta
reação é causada pela passagem de energia térmica do corpo “mais quente” para o corpo “mais frio”, a transferência de energia é
o que chamamos calor.
Calor é a transferência de energia térmica entre corpos com temperaturas diferentes.
A unidade mais utilizada para o calor é caloria (cal), embora sua unidade no SI seja o joule (J). Uma caloria equivale a quantidade
de calor necessária para aumentar a temperatura de um grama de água pura, sob pressão normal, de 14,5 °C para 15,5 °C.

27
FÍSICA
A relação entre a caloria e o joule é dada por:
1 cal = 4,186J

Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades


usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o
seu múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal
Calor latente
Calor sensível Nem toda a troca de calor existente na natureza se detém
É denominado calor sensível, a quantidade de calor que tem a modificar a temperatura dos corpos. Em alguns casos há mu-
como efeito apenas a alteração da temperatura de um corpo. dança de estado físico destes corpos. Neste caso, chamamos a
Este fenômeno é regido pela lei física conhecida como Equa- quantidade de calor calculada de calor latente.
ção Fundamental da Calorimetria, que diz que a quantidade de A quantidade de calor latente (Q) é igual ao produto da mas-
calor sensível (Q) é igual ao produto de sua massa, da variação sa do corpo (m) e de uma constante de proporcionalidade (L).
da temperatura e de uma constante de proporcionalidade de- Assim:
pendente da natureza de cada corpo denominada calor espe-
cífico.
Assim:

A constante de proporcionalidade é chamada calor latente


de mudança de fase e se refere a quantidade de calor que 1 g
Onde: da substância calculada necessita para mudar de uma fase para
Q = quantidade de calor sensível (cal ou J). outra.
c = calor específico da substância que constitui o corpo (cal/ Além de depender da natureza da substância, este valor nu-
g°C ou J/kg°C). mérico depende de cada mudança de estado físico.
m = massa do corpo (g ou kg). Por exemplo, para a água:
Δθ = variação de temperatura (°C).
É interessante conhecer alguns valores de calores específi-
Calor latente de fusão 80cal/g
cos:
Calor latente de vaporização 540cal/g
Substância c (cal/g°C)
Calor latente de solidificação -80cal/g
Alumínio 0,219
Água 1,000 Calor latente de condensação -540cal/g
Álcool 0,590
Quando:
Cobre 0,093 Q>0: o corpo funde ou vaporiza.
Chumbo 0,031 Q<0: o corpo solidifica ou condensa.
Estanho 0,055
Exemplo:
Ferro 0,119 Qual a quantidade de calor necessária para que um litro de
Gelo 0,550 água vaporize? Dado: densidade da água=1g/cm³ e calor latente
de vaporização da água = 540 cal/g.
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031
Prata 0,056
Vapor d’água 0,480
Zinco 0,093

Quando:
Q>0: o corpo ganha calor.
Q<0: o corpo perde calor.
Exemplo: Assim:
Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer
uma barra de ferro de 2kg de 20°C para 200 °C? Dado: calor es-
pecífico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g

28
FÍSICA

Curva de aquecimento
Ao estudarmos os valores de calor latente, observamos que estes não dependem da variação de temperatura. Assim podemos
elaborar um gráfico de temperatura em função da quantidade de calor absorvida. Chamamos este gráfico de Curva de Aquecimento:

Trocas de Calor
Para que o estudo de trocas de calor seja realizado com maior precisão, este é realizado dentro de um aparelho chamado calo-
rímetro, que consiste em um recipiente fechado incapaz de trocar calor com o ambiente e com seu interior.
Dentro de um calorímetro, os corpos colocados trocam calor até atingir o equilíbrio térmico. Como os corpos não trocam calor
com o calorímetro e nem com o meio em que se encontram, toda a energia térmica passa de um corpo ao outro.
Como, ao absorver calor Q>0 e ao transmitir calor Q<0, a soma de todas as energias térmicas é nula, ou seja:
ΣQ=0

(lê-se que somatório de todas as quantidades de calor é igual a zero)

Sendo que as quantidades de calor podem ser tanto sensível como latente.

Exemplo:
Qual a temperatura de equilíbrio entre uma bloco de alumínio de 200g à 20°C mergulhado em um litro de água à 80°C? Dados
calor específico: água=1cal/g°C e alumínio = 0,219cal/g°C.

Repare que, neste exemplo, consideramos a massa da água como 1000g, pois temos 1 litro de água.

Capacidade térmica
É a quantidade de calor que um corpo necessita receber ou ceder para que sua temperatura varie uma unidade.
Então, pode-se expressar esta relação por:

29
FÍSICA
Aplicando a equação do fluxo de calor:

Sua unidade usual é cal/°C.


A capacidade térmica de 1g de água é de 1cal/°C já que seu
calor específico é 1cal/g.°C.

Transmissão de Calor
Em certas situações, mesmo não havendo o contato físico
entre os corpos, é possível sentir que algo está mais quente. Condução Térmica
Como quando chega-se perto do fogo de uma lareira. Assim, É a situação em que o calor se propaga através de um «con-
concluímos que de alguma forma o calor emana desses corpos dutor». Ou seja, apesar de não estar em contato direto com a
“mais quentes” podendo se propagar de diversas maneiras. fonte de calor um corpo pode ser modificar sua energia térmica
Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no se houver condução de calor por outro corpo, ou por outra parte
sentido da maior para a menor temperatura. do mesmo corpo.
Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas se- Por exemplo, enquanto cozinha-se algo, se deixarmos uma
guintes maneiras: colher encostada na panela, que está sobre o fogo, depois de um
• condução; tempo ela esquentará também.
• convecção; Este fenômeno acontece, pois, ao aquecermos a panela,
• irradiação. suas moléculas começam a agitar-se mais, como a panela está
em contato com a colher, as moléculas em agitação maior pro-
Fluxo de Calor vocam uma agitação nas moléculas da colher, causando aumen-
Para que um corpo seja aquecido, normalmente, usa-se uma to de sua energia térmica, logo, o aquecimento dela.
fonte térmica de potência constante, ou seja, uma fonte capaz Também é por este motivo que, apesar de apenas a parte
de fornecer uma quantidade de calor por unidade de tempo. inferior da panela estar diretamente em contato com o fogo, sua
Definimos fluxo de calor (Φ) que a fonte fornece de maneira parte superior também esquenta.
constante como o quociente entre a quantidade de calor (Q) e o
intervalo de tempo de exposição (Δt): Convecção Térmica
A convecção consiste no movimento dos fluidos, e é o prin-
cípio fundamental da compreensão do vento, por exemplo.
O ar que está nas planícies é aquecido pelo sol e pelo solo,
assim ficando mais leve e subindo. Então as massas de ar que
estão nas montanhas, e que está mais frio que o das planícies,
Sendo a unidade adotada para fluxo de calor, no sistema in- toma o lugar vago pelo ar aquecido, e a massa aquecida se des-
ternacional, o Watt (W), que corresponde a Joule por segundo, loca até os lugares mais altos, onde resfriam. Estes movimentos
embora também sejam muito usada a unidade caloria/segundo causam, entre outros fenômenos naturais, o vento.
(cal/s) e seus múltiplos: caloria/minuto (cal/min) e quilocalo- Formalmente, convecção é o fenômeno no qual o calor se
ria/segundo (kcal/s). propaga por meio do movimento de massas fluidas de densida-
des diferentes.
Exemplo: Irradiação Térmica
Uma fonte de potência constante igual a 100W é utilizada É a propagação de energia térmica que não necessita de um
para aumentar a temperatura 100g de mercúrio 30°C. Sendo o meio material para acontecer, pois o calor se propaga através de
calor específico do mercúrio 0,033cal/g.°C e 1cal=4,186J, quanto ondas eletromagnéticas.
tempo a fonte demora para realizar este aquecimento? Imagine um forno microondas. Este aparelho aquece os ali-
mentos sem haver contato com eles, e ao contrário do forno à
gás, não é necessário que ele aqueça o ar. Enquanto o alimento
é aquecido há uma emissão de microondas que fazem sua ener-
gia térmica aumentar, aumentando a temperatura.
O corpo que emite a energia radiante é chamado emissor ou
radiador e o corpo que recebe, o receptor.

Estudo dos gases


Com exceção dos gases nobres, que são formados por áto-
mos isolados a maioria dos gases são compostos moleculares. Fi-
sicamente, os gases possuem grande capacidade de compressão
e expansão, não possuindo nem forma nem volume definidos,
pois ocupam o volume a forma do recipiente que os contém.

30
FÍSICA
Há uma diferença entre gás e vapor: o vapor é capaz de O número de mols do gás é calculado utilizando-se sua mas-
existir em equilíbrio com a substância em estado líquido e até sa molar, encontrado em tabelas periódicas e através da cons-
mesmo sólido; o gás, por sua vez, é um estado fluido impossível tante de Avogadro.
de se liquefazer.

Gases
Gases são fluidos no estado gasoso. A característica que os Utilizando-se da relação que em 1mol de moléculas de uma
difere dos fluidos líquidos é que, quando colocados em um reci- substância há moléculas desta substância.
piente, estes têm a capacidade de ocupá-lo totalmente. A maior
parte dos elementos químicos não-metálicos conhecidos são Transformação Isotérmica
encontrados no seu estado gasoso, em temperatura ambiente. A palavra isotérmica se refere à mesma temperatura. Logo,
As moléculas do gás, ao se movimentarem, colidem com as uma transformação isotérmica de um gás ocorre quando a tem-
outras moléculas e com as paredes do recipiente onde se en- peratura inicial é conservada.
contram, exercendo uma pressão, chamada de pressão do gás. A lei física que expressa essa relação é conhecida com Lei de
Boyle e é matematicamente expressa por:
Esta pressão tem relação com o volume do gás e à tempe-
ratura absoluta.
Ao ter a temperatura aumentada, as moléculas do gás au-
mentam sua agitação, provocando mais colisões.
Ao aumentar o volume do recipiente, as moléculas tem mais Onde:
espaço para se deslocar, logo, as colisões diminuem, diminuindo p=pressão
a pressão. V=volume
Utilizando os princípios da mecânica Newtoniana é possível
estabelecer a seguinte relação: =constante que depende da massa, temperatura e na-
tureza do gás.

Como esta constante é a mesma para um mesmo gás, ao ser


transformado, é válida a relação:

Onde:
p=pressão
m=massa do gás
v=velocidade média das moléculas Exemplo:
V=volume do gás. Certo gás contido em um recipiente de 1m³ com êmbolo exer-
ce uma pressão de 250Pa. Ao ser comprimido isotermicamente a
Gás perfeito ou ideal um volume de 0,6m³ qual será a pressão exercida pelo gás?
É considerado um gás perfeito quando são presentes as se-
guintes características:
• o movimento das moléculas é regido pelos princípios
da mecânica Newtoniana;
• os choques entre as moléculas são perfeitamente elás-
ticos, ou seja, a quantidade de movimento é conservada;
• não há atração e nem repulsão entre as moléculas;
• o volume de cada molécula é desprezível quando com-
parado com o volume total do gás. Transformação Isobárica
Analogamente à transformação isotérmica, quando há uma
Energia cinética de um gás transformação isobárica, a pressão é conservada.
Devido às colisões entre si e com as paredes do recipiente, Regida pela Lei de Charles e Gay-Lussac, esta transformação
as moléculas mudam a sua velocidade e direção, ocasionando pode ser expressa por:
uma variação de energia cinética de cada uma delas. No entan-
to, a energia cinética média do gás permanece a mesma.
Novamente utilizando-se conceitos da mecânica Newtonia-
na estabelece-se:
Onde:
V=volume;
T=temperatura absoluta;

=constante que depende da pressão, massa e natureza


Onde: do gás.
n=número molar do gás (nº de mols) Assim, quando um mesmo gás muda de temperatura ou vo-
R=constante universal dos gases perfeitos (R=8,31J/mol.K) lume, é válida a relação:
T=temperatura absoluta (em Kelvin)

31
FÍSICA
Exemplo:
Um gás que se encontra à temperatura de 200K é aquecido
até 300K, sem mudar de volume. Se a pressão exercida no final
do processo de aquecimento é 1000Pa, qual era a pressão ini-
cial?
Exemplo:
Um gás de volume 0,5m³ à temperatura de 20ºC é aquecido
até a temperatura de 70ºC. Qual será o volume ocupado por ele,
se esta transformação acontecer sob pressão constante?
É importante lembrarmos que a temperatura considerada
deve ser a temperatura absoluta do gás (escala Kelvin) assim,
o primeiro passo para a resolução do exercício é a conversão de
escalas termométricas:
Lembrando que: Equação de Clapeyron
Relacionando as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de
Charles é possível estabelecer uma equação que relacione as
variáveis de estado: pressão (p), volume (V) e temperatura ab-
soluta (T) de um gás.

Esta equação é chamada Equação de Clapeyron, em home-


nagem ao físico francês Paul Emile Clapeyron que foi quem a
estabeleceu.
Então:

Onde:
p=pressão;
V=volume;
n=nº de mols do gás;
R=constante universal dos gases perfeitos;
T=temperatura absoluta.

Exemplo:
(1) Qual é o volume ocupado por um mol de gás perfeito
submetido à pressão de 5000N/m², a uma temperatura igual a
50°C?
Transformação Isométrica
A transformação isométrica também pode ser chamada iso-
córica e assim como nas outras transformações vistas, a isomé-
trica se baseia em uma relação em que, para este caso, o volume Dado: 1atm=100000N/m² e
se mantém.
Regida pela Lei de Charles, a transformação isométrica é
matematicamente expressa por:

Onde:
p=pressão;
T=temperatura absoluta do gás;
=constante que depende do volume, massa e da nature-
za do gás.;
Substituindo os valores na equação de Clapeyron:
Como para um mesmo gás, a constante é sempre a mes-
ma, garantindo a validade da relação:

32
FÍSICA
Lei geral dos gases perfeitos Se o sistema em que a energia interna está sofrendo va-
Através da equação de Clapeyron é possível obter uma lei riação for um gás perfeito, a energia interna será resumida na
que relaciona dois estados diferentes de uma transformação ga- energia de translação de suas partículas, sendo calculada atra-
sosa, desde que não haja variação na massa do gás. vés da Lei de Joule:
Considerando um estado (1) e (2) onde:

Onde:
U: energia interna do gás;
Através da lei de Clapeyron: n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin).

Como, para determinada massa de gás, n e R são constan-


tes, a variação da energia interna dependerá da variação da
temperatura absoluta do gás, ou seja,
• Quando houver aumento da temperatura absoluta
ocorrerá uma variação positiva da energia interna .
• Quando houver diminuição da temperatura absoluta,
há uma variação negativa de energia interna .
• E quando não houver variação na temperatura do gás, a
variação da energia interna será igual a zero .

Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la


a equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:

esta equação é chamada Lei geral dos gases perfeitos.

DILATAÇÃO TÉRMICA: DILATAÇÃO TÉRMICA DE SÓ-


LIDOS E LÍQUIDOS, COMPORTAMENTO TÉRMICO DA
ÁGUA. TERMODINÂMICA: INTRODUÇÃO, TEORIA
CINÉTICA DOS GASES, LEI DE JOULE, TRABALHO NAS
TRANSFORMAÇÕES GASOSAS, 1ª E 2ª LEI DA TERMO-
DINÂMICA, MÁQUINAS TÉRMICAS E RENDIMENTO,
CICLO DE CARNOT, CONSERVAÇÃO DA ENERGIA E EN-
TROPIA

Termodinâmica
A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principal-
mente a transformação de energia térmica em trabalho.

A utilização direta desses princípios em motores de com- Trabalho


bustão interna ou externa, faz dela uma importante teoria para
os motores de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com Trabalho de um gás
aplicação em aviões, etc. Considere um gás de massa m contido em um cilindro com
área de base A, provido de um êmbolo.
Energia Interna
As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
a soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
sistema. pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.
Para que este somatório seja calculado, são consideradas
as energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de
ligação e nuclear entre as partículas.
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação
na energia interna deste corpo. Esta variação é no que se ba-
seiam os princípios da termodinâmica.

33
FÍSICA

Diagrama p x V
Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sis- É possível representar a transformação isobárica de um gás
tema será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com através de um diagrama pressão por volume:
o deslocamento do êmbolo no cilindro:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do traba-


lho realizado por um gás , é possível verificar que o
trabalho realizado é numericamente igual à área sob a curva do
gráfico (em azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realiza-
do por um gás com pressão variável durante sua tranformação,
que é calculado usando esta conclusão, através de um método
de nível acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma
aproximação dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos
retângulos e trapézios.
Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma trans-
formação com pressão constante, é dado pelo produto entre a
pressão e a variação do volume do gás.

Quando:
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo,
ou seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por
exemplo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio
externo;
• o volume não é alterado, não há realização de trabalho
pelo sistema.

Exemplo:
(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o vo- 1ª Lei da Termodinâmica
lume do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ? Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da con-
servação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna pos-
sível prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer
uma transformação termodinâmica.

34
FÍSICA
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto da termodinâmica:
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como tra-
balho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho
e aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando matematicamente:

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).

Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do siste-
ma antes de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indús-
tria, pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais
alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que
o fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema.

• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor
recebido em trabalho.

Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que
seja, sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.

Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do
século XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão,
que por sua vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em
energia mecânica (trabalho).

35
FÍSICA

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como:

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que


no dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quanti- O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não
dade de calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho realizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a
. máquina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas
Assim é válido que: como visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento
em percentual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.
Exemplo:

Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exem- fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacida-
plo, estes valores serão negativos. de percentual que o motor tem de transformar energia térmica
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor em trabalho?
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este
fluxo não acontece espontaneamente, logo é necessário que
haja um trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a cons-
trução de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de trans-
formar toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um ren-
dimento total (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro fran-
cês Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica
Rendimento das máquinas térmicas teórica que se comportava como uma máquina de rendimento
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação total, estabelecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia tarde passou a ser chamado Ciclo de Carnot.
fornecida: Este ciclo seria composto de quatro processos, independen-
Considerando: te da substância:

=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica forne-


cida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimen-


to;

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

36
FÍSICA

Exemplo:Qual o rendimento máximo teórico de uma máqui-


na à vapor, cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC?

ELETROSTÁTICA, CARGAS E CAMPOS ELETROSTÁTICOS.


QUANTIZAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA.
• Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO. ELETRODINÂMICA,
uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M) CORRENTE ELÉTRICA. PROPRIEDADES ELÉTRICAS
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não tro- DOS MATERIAIS: CONDUTIVIDADE E RESISTIVIDADE;
ca calor com as fontes térmicas (M-N) CONDUTORES E ISOLANTES. LEI DE OHM (MATERIAIS
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede ÔHMICOS E NÃO ÔHMICOS). CIRCUITOS SIMPLES E
calor para a fonte de resfriamento (N-O) DE MALHAS MÚLTIPLAS. LEI DE KIRCHHOFF. MAGNE-
• Uma compressão adiabática reversível. O sistema não TOSTÁTICA. FORÇA MAGNÉTICA, FORÇA DE LORENTZ.
troca calor com as fontes térmicas (O-L) FORÇA MAGNÉTICA EM FIOS. TORQUE EM ESPIRAS.
MOVIMENTO DE CARGAS NO CÍCLOTRON. LEI DE BIO-
Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é for- T-SAVART
necida pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte
de resfriamento são proporcionais às suas temperaturas abso- O eletromagnetismo é a área da Física responsável por anali-
lutas, assim: sar e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria.
Sobretudo, em particular, as relações entre tais propriedades.
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes,
ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que esta-
va em seu cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem
misteriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena his-
tória, independente de ser fato ou ficção, expõe claramente o
Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é: interesse que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos
relativos à área da eletromagnética.
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos
que envolvem esse tópico científico, bem como sua importância
para a nossa vida, nos dias de hoje.
e Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras
Logo: do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas,
chegou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele
momento, de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo
efeito que pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que
estivessem sendo exercidas por objetos a uma distância relativa.
Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnéti-
ca, que afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho
Sendo: magnético e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a algu-
ma distância.
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa
de tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de
= temperatura absoluta da fonte de aquecimento Isaac Newton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar,
com rigor, exatamente tais mecanismos de relação eletromag-
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, nética entre corpos e objetos.
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser trans-
formado em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de
resfriamento deverá ser 0K.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível
para um sistema físico.

37
FÍSICA

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-


tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na toma-
da. Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando
energia elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada,
O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a cor- como o celular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras;
rentes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: exis- eles recebem energia de pilhas e baterias.
tência de determinadas partículas de eletricidade, que fossem Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a
elementares e, ao se movimentar enquanto estivessem nas energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter regis-
substâncias, auxiliariam a provocar relação magnética. Contudo, tros armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos
mesmo que fosse uma teoria interessante, Ampère jamais con- usar as bússolas para nos localizarmos etc.
seguiu comprovar a existência das partículas. A revolução que a humanidade experimentou advinda das
Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aplicações da eletricidade e do magnetismo se intensificou
ajudou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da no- quando os cientistas perceberam a relação entre ambos.
ção de campo.
Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série Cargas elétricas
de linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
olho nu. Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua
do movimento de todo objeto, sendo criadas, também, pela pre- vez, são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêu-
sença de cada um dos corpos em um mesmo momento. trons e elétrons.
Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os
sejam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletros-
redor. Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar fera. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade deno-
a presença justamente pelas linhas de força do campo. Matema- minada carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos.
ticamente, essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Por isso a do próton foi convencionada como positiva e a do
Maxwell, o que ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele elétron como negativa.
tempo, de que forças agiam sob uma espécie de “controle re-
moto”.
Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado,
no momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Jo-
seph John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética
no movimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor
de núcleo de átomos.
O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas
finalidades, tais como:
• Construção de geradores de energia elétrica;
• Radiografias,
• Fornos de microondas, entre muitos outros.

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não


é mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua
vida, se não existisse?
Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e
tudo pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns
aparelhos de telefone, o aparelho de som, o computador, o mi-
croondas, os elevadores etc.

38
FÍSICA
Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.
Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao
número de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado
por um barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que
tenha sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os ma-
teriais vidro e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga
elétrica negativa. Os sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica
positiva, e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elé-
tricas de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a
ter cargas elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas
de mesmo sinal, passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação).
Sobre cada um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo
módulo) e a mesma direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois
corpos possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.

Eletrização por atrito


Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais
adquirem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir
carga elétrica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

39
FÍSICA
Condutores elétricos Corrente elétrica
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em cor-
si, uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletri- pos condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é cha-
zada. Se um bastão de metal tocar as duas esferas simultanea- mado de corrente elétrica.
mente, verifica-se que parte da carga elétrica é transferida para A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos
a outra esfera. Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a aparelhos elétricos; estes somente funcionam quando a corren-
carga permaneceria na esfera eletrizada, e a outra não receberia te passa por eles.
nem um pouco dessa carga. Somente é possível a passagem de corrente por um apare-
lho se este pertencer a um circuito fechado.

Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando li-


gados corretamente, formam um circuito fechado. Quando liga-
mos os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, po-
demos garantir que fazem parte de um circuito fechado quando
passa corrente elétrica através de seus fios.

Entendendo a corrente elétrica


Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se-
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou
de metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso
aos trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas
que passam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pes-
soas passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pes-
soas, você responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para
atingir uma média melhor, você pode contar por mais tempo.
Digamos que tenha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pes-
Esse experimento evidencia que o metal é o material con- soas que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
dutor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico. Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os ver isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre con-
metais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. sideram a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de
Entre eles, o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é advertência fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima:
usado na fiação elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos 10 pessoas ou 700 kg”).
podemos citar, além da madeira, os plásticos em geral, o ar (a
temperatura e pressão ambientes), as borrachas e o isopor (que Massa média
na verdade, é um tipo de plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um
desses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há,
contudo, certos materiais que não se enquadram bem em ne-
nhuma dessas duas categorias, mas sim em um grupo interme- Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de
diário, conhecidos como semi-condutores. Dois exemplos são corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual
o silício e o germânio, empregados na indústria para elaborar a 1,6.10- 19 C .
alguns componentes usados em aparelhos eletrônicos. Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n)
que atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia
Eletrização por contato afirmar que a intensidade da corrente elétrica é:
Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente
neutro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferi-
da para ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo
é a eletrização por contato.

40
FÍSICA
Se contasse por um período qualquer, e representando
a carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da


corrente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode
ser contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o flu-
xo dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão
seu movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse chegando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos:
tipo de corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na i1 + i2 = i3 + i4
nossa rede doméstica. A razão de a corrente ser alternada está Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a
relacionada a forma como a energia elétrica é produzida e distri- Lei dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por
buída para nossas casas. exemplo, se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes
(4 - 1).
Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as inten- Lei das Malhas
sidades das correntes em circuitos elétricos que não podem ser A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da
reduzidos a circuitos simples. energia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebi- dado sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp
das em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824- ou tensão) é igual a zero.
1887), quando ele era estudante na Universidade de Königsberg. Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sen-
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se apli- tido que iremos percorrer o circuito.
ca aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o
seja, nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). sentido que arbitramos para a corrente e para percorrer o cir-
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada cuito.
aos caminhos fechados de um circuito, os quais são chamados Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resis-
de malhas. tor é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for
o mesmo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido
contrário.
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de
entrada no sentido que adotamos para a malha.
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo:

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.
Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica,
cuja soma algébrica das cargas existentes em um sistema fecha-
do permanece constante.

Exemplo
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito
percorrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
(nó):

41
FÍSICA
Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, te- Solução
remos: Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as cor-
UAB + UBE + UEF + UFA = 0 rentes e também o sentido que iremos seguir na malha.
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema
Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar abaixo:
os sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido ho-
rário (sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido ho-
rário (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
O próximo passo é escrever um sistema com as equações
Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- estabelecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim,
mos escrever a equação desta malha como: temos:
ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0 Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo
i3 por i1 - i2 nas demais equações:
Passo a Passo Resolvendo o sistema por soma, temos:
Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguin- Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segun-
tes passos: da equação o valor encontrado para i2:
• 1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na
escolher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circui- primeira equação, para encontrar o valor de i3:
to. Essas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o
circuito para escolher de forma coerente esses sentidos. Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito
• 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós são: 3A, 8A e 5A.
e Lei das Malhas.
• 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós Diferença de potencial
e das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai.
desconhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual Isso ocorre porque existe uma diferença de energia potencial
ao número de incógnitas. entre o local em que o corpo estava e o solo.

Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
que percorrem os diferentes ramos do circuito. como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular,
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que enfim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo
a sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, no qual se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que
sentido contrário. precisa de elétrons e o outro que os tem sobrando.
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
Exemplo trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se li-
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes gássemos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons
em todos os ramos. entrariam em movimento e uma corrente surgiria no fio.

42
FÍSICA
Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas
na pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto uma das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial
situado a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em entre elas.
movimento. Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma cor- Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios
rente surge no fio. de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo,
A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada tocar em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá
pelo volt (V). levar um choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro for- diferença de potencial significativa entre os pontos tocados.
nece 12 V.
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas Resistência elétrica
de nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependen- Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade
do da região do País. É muito prudente observar a tensão local para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade
antes de ligar os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos é denominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em
programados para funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, geral são bons condutores, apresentam resistência. A unidade
eles podem queimar e até provocar acidentes graves. de medida da resistência é o ohm ( ).
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são
essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, denominados resistores. Os resistores são usados em um circui-
por isso tome cuidado! to para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétri-
ca que o percorre.
Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barrei-
ras que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com
obstáculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade
média dos corredores. Em um circuito acontece da mesma for-
ma: quanto mais resistência elétrica, menor é a corrente que
atravessa o fio condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia
elétrica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que
se movem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma,
gerando calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em
nosso dia-a-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa,
em fogões elétricos, etc. Observem que todos esses aparelhos
“fornecem calor”.
Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.
Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocar-
mos em dois pontos que existe diferença de potencial, uma cor-
rente atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade
dessa corrente e do caminho que ela percorrer no corpo um cho-
que pode até mesmo levar à morte.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia


elétrica em energia térmica do que em energia luminosa, sen-
do essa última a sua grande finalidade: 85 % da energia que
consome é transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas
fluorescentes, consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte
Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A bem menor da energia elétrica convertida em calor e por isso
tensão nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não são econômicas.
brinque próximo a postes de energia elétrica.
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam Primeira lei de Ohm
nesses cabos não são eletrocutados? Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que
a corrente estabelecida em um circuito é diretamente pro-
porcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à
resistência dos dispositivos do circuito e dos fios que os co-
nectavam. Ou seja: quanto maior a tensão do gerador, maior a
corrente e quanto maior a resistência, menor a corrente. Essa
relação é expressa matematicamente por:

43
FÍSICA
em que: U é a tensão
             R é a resistência
             i é a corrente

Vejamos um exemplo:
Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V. Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente
que percorre a lâmpada.
Sabemos que .

Como ,
Temos que:

Potência elétrica
Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dispositivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta
especificando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa essa informação?
Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias
finalidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida
pelo tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na mecânica, medimos em Watts (joules/segundo).

A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.

Matematicamente, temos:

Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:

Os ímãs
O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz
parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair pedaços de ferro.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de minério de ferro).

44
FÍSICA

A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou


simplesmente ímã.

Forças magnéticas
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a
propriedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é de-
nominada de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denomina-
dos ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéti-
cos. Os metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a
prata e o cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bús-
imã, nela fica representada a área de influência desse imã. sola, que, desde o século XI, tem sido usada para orientar nave-
gadores e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bús-
sola, desempenhou papel fundamental na orientação pelos ma-
res até então desconhecidos.

Eletroímãs
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã.
É um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado
em um pedaço de ferro e que se comporta como um imã.
As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã
agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência começa com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de
desses polos é uma das importantes características dos imãs. energia) e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.

O imã apresenta sempre dois polos.


Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresen-
tará novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca
isolar um dos polos do imã.

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com (-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pi-
a direção geográfica Norte-Sul. lha e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de
Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o um fio. Se você conectar um fio diretamente entre os terminais
Norte geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. positivo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
Normalmente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte 1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o
é o polo Sul do imã. lado positivo o mais rápido que puderem;

45
FÍSICA
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de
minutos). Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia co-
nectar os 2 terminais de uma pilha diretamente um ao outro,
normalmente, você conecta algum tipo de carga no meio do fio.
Essa carga pode ser um motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse
pequeno campo magnético que é a base de um eletroímã.

Campo Magnético

É a região próxima a um ímã que influencia outros ímãs ou


materiais ferromagnéticos e paramagnéticos, como cobalto e
ferro.
Compare campo magnético com campo gravitacional ou
campo elétrico e verá que todos estes têm as características
equivalentes.
Também é possível definir um vetor que descreva este cam-
po, chamado vetor indução magnética e simbolizado por . Se A parte interna dos imãs em forma de U aproxima um cam-
pudermos colocar uma pequena bússola em um ponto sob ação po magnético uniforme.
do campo o vetor terá direção da reta em que a agulha se
alinha e sentido para onde aponta o polo norte magnético da Efeitos de um campo magnético sobre cargas
agulha. Como os elétrons e prótons possuem características magné-
Se pudermos traçar todos os pontos onde há um vetor in- ticas, ao serem expostos à campos magnéticos, interagem com
dução magnética associado veremos linhas que são chamadas este, sendo submetidos a uma força magnética .
linhas de indução do campo magnético. estas são orientados do
polo norte em direção ao sul, e em cada ponto o vetor tan- Supondo:
gencia estas linhas. • campos magnéticos estacionários, ou seja, que o vetor
campo magnético em cada ponto não varia com o tempo;
• partículas com uma velocidade inicial no momento
da interação;
• e que o vetor campo magnético no referencial adotado
é ;
Podemos estabelecer pelo menos três resultados:

Carga elétrica em repouso


“Um campo magnético estacionário não interage com car-
gas em repouso.”
Tendo um Ímã posto sobre um referencial arbitrário R, se
uma partícula com carga q for abandonada em sua vizinhança
com velocidade nula não será observado o surgimento de força
magnética sobre esta partícula, sendo ela positiva, negativa ou
neutra.

Carga elétrica com velocidade na mesma direção do campo


“Um campo magnético estacionário não interage com car-
gas que tem velocidade não nula na mesma direção do campo
magnético.”
Sempre que uma carga se movimenta na mesma direção do
As linhas de indução existem também no interior do ímã,
campo magnético, sendo no seu sentido ou contrário, não há
portanto são linhas fechadas e sua orientação interna é do polo aparecimento de força eletromagnética que atue sobre ela. Um
sul ao polo norte. Assim como as linhas de força, as linhas de exemplo deste movimento é uma carga que se movimenta entre
indução não podem se cruzar e são mais densas onde o campo os polos de um Ímã. A validade desta afirmação é assegurada
é mais intenso. independentemente do sinal da carga estudada.
Campo Magnético Uniforme Carga elétrica com velocidade em direção diferente do
campo elétrico
De maneira análoga ao campo elétrico uniforme, é definido Quando uma carga é abandonada nas proximidades de um
como o campo ou parte dele onde o vetor indução magnética campo magnético estacionário com velocidade em direção di-
é igual em todos os pontos, ou seja, tem mesmo módulo, di- ferente do campo, este interage com ela. Então esta força será
reção e sentido. Assim sua representação por meio de linha de dada pelo produto entre os dois vetores, e e resultará em
indução é feita por linhas paralelas e igualmente espaçadas. um terceiro vetor perpendicular a ambos, este é chamado um
produto vetorial e é uma operação vetorial que não é vista no
ensino médio.

46
FÍSICA
Mas podemos dividir este estudo para um caso peculiar onde a carga se move em direção perpendicular ao campo, e outro onde
a direção do movimento é qualquer, exceto igual a do campo.

• Carga com movimento perpendicular ao campo


Experimentalmente pode-se observar que se aproximarmos um ímã de cargas elétricas com movimento perpendicular ao cam-
po magnético, este movimento será desviado de forma perpendicular ao campo e à velocidade, ou seja, para cima ou para baixo.
Este será o sentido do vetor força magnética.
Para cargas positivas este desvio acontece para cima:

E para cargas negativas para baixo.

A intensidade de será dada pelo produto vetorial , que para o caso particular onde e são perpendiculares é
calculado por:

A unidade adotada para a intensidade do Campo magnético é o tesla (T), que denomina , em homenagem ao físico
iugoslavo Nikola Tesla.

47
FÍSICA
Consequentemente a força será calculada por:
Para cargas negativas, vetor terá a direção de uma linha
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai do
dorso da mão, isto é, o vetor que entra na palma da mão.
Medida em newtons (N)
Indução Eletromagnética
• Carga movimentando-se com direção arbitrária em re- Quando uma área delimitada por um condutor sofre varia-
lação ao campo ção de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais
Como citado anteriormente, o caso onde a carga tem movi- uma força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estive-
mento perpendicular ao campo é apenas uma peculiaridade de rem ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente
interação entre carga e campo magnético. Para os demais casos esta força eletromotriz ira gerar uma corrente, chamada corren-
a direção do vetor será perpendicular ao vetor campo mag- te induzida.
nético e ao vetor velocidade . Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois
é causado por um campo magnético e gera correntes elétricas.
A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo,
chamado fluxo indutor

Lei de Lenz
Segundo a lei proposta pelo físico russo Heinrich Lenz, a par-
tir de resultados experimentais, a corrente induzida tem sentido
oposto ao sentido da variação do campo magnético que a gera.
• Se houver diminuição do fluxo magnético, a corrente
induzida irá criar um campo magnético com o mesmo sentido
do fluxo;
• Se houver aumento do fluxo magnético, a corrente
induzida irá criar um campo magnético com sentido oposto ao
sentido do fluxo.

Se usarmos como exemplo, uma espira posta no plano de


uma página e a submetermos a um fluxo magnético que tem di-
reção perpendicular à página e com sentido de entrada na folha.
• Se for positivo, ou seja, se a fluxo magnético au-
mentar, a corrente induzida terá sentido anti-horário;
• Se for negativo, ou seja, se a fluxo magnético di-
minuir, a corrente induzida terá sentido horário.

Lei de Faraday-Neumann
Também chamada de lei da indução magnética, esta lei,
Para o cálculo da intensidade do campo magnético se consi-
elaborada a partir de contribuições de Michael Faraday, Franz
dera apenas o componente da velocidade perpendicular ao cam-
Ernst Neumann e Heinrich Lenz entre 1831 e 1845, quantifica a
po, ou seja, , sendo o ângulo formado entre e indução eletromagnética.
então substituindo v por sua componente perpendicular te- A lei de Faraday-Neumann relaciona a força eletromotriz
remos: gerada entre os terminais de um condutor sujeito à variação de
fluxo magnético com o módulo da variação do fluxo em função
de um intervalo de tempo em que esta variação acontece, sendo
expressa matematicamente por:

Aplicando esta lei para os demais casos que vimos anterior-


mente, veremos que: O sinal negativo da expressão é uma consequência da Lei de
• se v = 0, então F = 0 Lenz, que diz que a corrente induzida tem um sentido que gera
• se = 0° ou 180°, então sen = 0, portanto F = 0 um fluxo induzido oposto ao fluxo indutor.
• se = 90°, então sen = 1, portanto .
Transformadores
Regra da mão direita Os transformadores de tensão, chamados normalmente de
Um método usado para se determinar o sentido do vetor transformadores, são dispositivos capazes de aumentar ou re-
é a chamada regra da mão direita espalmada. Com a mão duzir valores de tensão.
aberta, se aponta o polegar no sentido do vetor velocidade e Um transformador é constituído por um núcleo, feito de
os demais dedos na direção do vetor campo magnético. um material altamente imantável, e duas bobinas com número
Para cargas positivas, vetor terá a direção de uma linha diferente de espiras isoladas entre si, chamadas primário (bobi-
que atravessa a mão, e seu sentido será o de um vetor que sai na que recebe a tensão da rede) e secundário (bobina em que
da palma da mão. sai a tensão transformada).

48
FÍSICA
O seu funcionamento é baseado na criação de uma corrente As correntes elétricas alternadas em geral obtidas variam
induzida no secundário, a partir da variação de fluxo gerada pelo de forma senoidal com o tempo. Ou seja, oscila senoidalmente
primário. entre valores máximos e mínimos. A expressão para a força ele-
A tensão de entrada e de saída são proporcionais ao número tromotriz tem a forma:
de espiras em cada bobina. Sendo: ε = εm . senω . t
εm é a amplitude máxima da força eletromotriz e ω é a fre-
quência angular em rad/s. Conforme mudam os valores do tem-
po, a amplitude da força eletromotriz também muda. Para os
diferentes n inteiros a partir de 0, a força eletromotriz é nula. Os
Onde: valores mínimos ocorrem para os n.π, com n variando de 0 a ∞.
• é a tensão no primário; Os valores máximos da força eletromotriz ocorrem para os (n +
• é a tensão no secundário; ½).π, com n inteiros variando de 0 a ∞.
• é o número de espiras do primário; Imediatamente após aplicada a tensão, a corrente elétrica
• é o número de espiras do secundário. varia de maneira irregular com o tempo. Este é o chamado efei-
to transiente. Após cessar o transiente, a corrente elétrica oscila
Por esta proporcionalidade concluímos que um transforma- de maneira senoidal da mesma forma que a tensão aplicada.
dor reduz a tensão se o número de espiras do secundário for A expressão para a intensidade da corrente elétrica tem a
menor que o número de espiras do primário e vice-verso. mesma forma da equação para a tensão, embora agora seja ne-
Se considerarmos que toda a energia é conservada, a po- cessário introduzir a constante de fase Φ, entre a força eletro-
tência no primário deverá ser exatamente igual à potência no motriz e a corrente. Deste modo, podemos escrever:
secundário, assim:
i = im. sen(ωt – Φ)

Para a análise das correntes alternadas, usa-se um circuito


RLC com ambos os componentes, resistor, indutor e capacitor em
série, conectados a uma fonte de força eletromotriz alternada. O
símbolo utilizado para corrente alternada, assim como para força
eletromotriz alternada ε, é representado pelo símbolo ~:
Corrente Alternada
Chama-se corrente elétrica o movimento ordenado das car-
gas elétricas em um condutor. Estas cargas são aceleradas
pela diferença de potencial a que estão submetidas. Se a dife-
rença de potencial for constante, o movimento das cargas elétri-
cas terá um único sentido e velocidade constante, em circuitos
comuns com certa resistência. Ou seja, neste caso o fluxo de car-
gas elétricas em uma área de seção transversal é constante ao
longo do tempo. O sentido real da corrente elétrica é o sentido
do movimento dos elétrons, conforme mostra a figura abaixo:

Todo o corpo emite e absorve radiação. Quando a tempera-


tura do corpo é maior que a do ambiente onde ele está inserido,
a taxa de emissão é maior que a taxa de absorção. Quando a
temperatura do corpo é menor que a do ambiente onde ele se
encontra, a taxa de emissão é menor que a taxa de absorção.
Mas o sentido convencional adotado no meio científico é o Um corpo só não emite radiação térmica se sua temperatura for
sentido do movimento das cargas positivas: o zero absoluto, ou seja: 0 K (zero kelvin).
Toda matéria que se encontra em um estado solido ou lí-
quido, também conhecido como matéria condensada, emite um
espectro contínuo de freqüências. Ou seja, não existem espaços
vazios no espectro.
Quando um corpo se encontra a temperatura ambiente ele
é visto pela radiação que ele reflete na faixa de freqüência da luz
visível. Se estiver a temperaturas altíssimas, em torno de mil kel-
Porém, se a diferença de potencial variar com o tempo, o vins, ele emite luz visível própria em intensidade suficiente para
fluxo de cargas elétricas vai mudar, de acordo com a variação ser detectada pela visão humana.
na tensão. Quando esta variação da tensão oscila entre valores É definido como corpo negro todo aquele que emite um es-
positivos e negativos, ou seja, a polaridade alterna-se entre po- pectro de radiação universal que depende apenas de sua tem-
sitiva e negativa, pode-se dizer que a corrente elétrica gerada é peratura, não de sua composição. Este tipo de corpo absorve
uma corrente alternada. toda a radiação que incide sobre eles. Daí a denominação corpo
negro. Observe a figura 01:

49
FÍSICA

Figura 01: representação de um corpo negro perfeito que não reflete a radiação, considerando-o a temperatura de 0K.

Na figura 02 uma temperatura alta:

Figura 02: representação de um corpo negro a uma temperatura alta, próxima de 10³K.

Neste caso, o corpo emite radiação na faixa de freqüência da luz visível.


É observado experimentalmente que a intensidade da radiação emitida é maior para as freqüências maiores quando a tempe-
ratura é mais alta. Ou seja, quanto maior a temperatura, há mais abundância de radiação de alta freqüência sendo emitidas pelo
corpo em questão. Uma situação bem comum que pode ser observada no cotidiano é o aquecimento de um objeto de ferro, por
exemplo, a uma temperatura próxima de 10³K.
Das observações experimentais surgiu uma grandeza chamada radiância espectral RT(f) que é definida pela quantidade de ra-
diação emitida pela superfície de um corpo em um intervalo de freqüências df a uma temperatura T por unidade de tempo. Observe
a figura 03:

50
FÍSICA

Figura 03: radiância espectral do corpo negro em função da frequência de radiação. A frequência de radiância máxima ocorre
para frequências mais altas, quanto mais alta for a temperatura do corpo. No gráfico, três exemplos de curvas possíveis.

A interpretação deste gráfico nos leva a determinar a temperatura de corpos em função de sua radiância espectral. Ou seja,
corpos mais quentes tendem a emitir luz branca enquanto que corpos a temperaturas baixas emitem ondas de infravermelho, con-
forme distribuição no espectro eletromagnético.

Efeito fotoelétrico
O efeito fotoelétrico ocorre quando uma placa metálica é exposta a uma radiação eletromagnética de frequência alta, por
exemplo, um feixe de luz, e este arranca elétrons da placa metálica.
O efeito fotoelétrico parece simples, mas intrigou bastantes cientistas, só em 1905 Einstein explicou devidamente este efeito e
com isso ganhou o Prêmio Nobel.
Uma das dúvidas que se tinha a respeito era que quanto mais se diminuía a intensidade do feixe de luz o efeito ia desaparecen-
do e a respeito da frequência da fonte luminosa também intrigava muito os cientistas, pois ao reduzir a frequência da fonte abaixo
de um certo valor o efeito desaparecia (chamado de frequência de corte), ou seja, para frequências abaixo deste valor independen-
temente de qualquer que fosse a intensidade, não implicava na saída de nenhum único elétron que fosse da placa metálica.
Mais tarde Einstein com a teoria dos fótons explicou que, a intensidade de luz é proporcional ao número de fótons e que como
consequência determina o número de elétrons a serem arrancados da superfície da placa metálica e, quanto maior a frequência
maior é a energia adquirida pelos elétrons assim eles saem da placa e abaixo da frequência de corte, os elétrons não recebem ne-
nhum tipo de energia, assim não saem da placa.

Placa metálica incidida por luz e perdendo elétrons devido o efeito fotoelétrico.

Dualidade onda-partícula
Ao longo dos tempos o ser humano e os animais evoluíram de forma a ter uma sensibilidade maior para a luz visível. O estudo
dos fenômenos ópticos é fascinante, pois os variados tipos de imagens podem trazer diversos tipos de emoções ao ser humano e
mesmo aos animais. Mas a evolução vem da necessidade destes seres obterem informações do meio em que vivem.
Na história da humanidade alguns estudos resultaram em grandes descobertas. Primeiramente, com relação à luz, estudou-se
a possibilidade dela se propagar em linha reta. Mais tarde, Isaac Newton decompõe a luz em várias cores e também consegue de-
monstrar que várias cores compõe a luz branca.

51
FÍSICA
Muitas discussões foram feitas com relação à luz. Quando se fala em propagação automaticamente considera-se um desloca-
mento com certa velocidade. Mas velocidade do quê? De uma onda ou de uma partícula?
Primeiramente, faz-se necessário fazer algumas considerações:
Uma onda é uma perturbação que se propaga em um meio. No caso de uma onda eletromagnética a perturbação é do campo
elétrico e do campo magnético. É um argumento plausível pra explicar a luz.
Mas alguns experimentos realizados no fim do século XIX mudam um pouco essa concepção com relação a este importante ente
físico. Entre os mais relevantes, podem ser citados o efeito fotoelétrico, o espalhamento Compton e a produção de raios X.
Quando se faz um experimento com partículas em fenda única, observa-se uma região de máxima incidência de partículas,
conforme mostra a figura 01.

Figura 01: as partículas são colimadas por uma fenda e incidem no anteparo formando um padrão de interferência com uma fran-
ja apenas.

Quando a onda incide em um colimador com duas fendas observa-se um padrão de interferência com várias franjas. Isto ocorre
devido ao fato de que há uma interferência construtiva quando a intensidade máxima da onda da luz emergente de uma fenda
coincide com o máximo da onda emergente da outra fenda. Isso ocorre porque há uma diferença de caminho da luz emergente de
cada fenda. O mesmo acontece com os mínimos e forma o padrão de interferência da figura 02.

Figura 02: várias franjas de intensidade luminosa máxima no centro.

Quando a mesma experiência é realizada com partículas, o padrão deve ser formado apenas por duas raias de máxima inten-
sidade. Mas não é isto que se observa se a mesma experiência for realizada com prótons, nêutrons ou elétrons. O que se observa
é um padrão de interferência! É isto que intriga os físicos: a luz se comporta ora como onda, ora como partícula. E as partículas se
comportam como onda em determinadas situações.

Fonte:
www.fisicaevestibular.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.brasilescola.uol.com.br/www.sofisica.com.br/www.
exercicios.brasilescola.uol.com.br/www.todamateria.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.colegioweb.com.br/
www.guiadoestudante.abril.com.br/www.infoescola.com/www.brasilescola.uol.com.br/www.alunosonline.uol.com.br/www.me-
soatomic.com/www.alunosonline.uol.com.br/www.coladaweb.com/www.proenem.com.br/ www.edisciplinas.usp.br

52
FÍSICA

EXERCÍCIOS

1 O motorista de uma empresa transportadora de produtos hospitalares deve viajar de São Paulo a Brasília para uma entrega
de mercadorias. Sabendo que irá percorrer aproximadamente 1.100 km, ele estimou, para controlar as despesas com a viagem, o
consumo de gasolina do seu veículo em 10 km/L. Para efeito de cálculos, considerou que esse consumo é constante.
Considerando essas informações, julgue os itens que se seguem.
De acordo com o Sistema Internacional de Unidades (SI), o símbolo da unidade de comprimento metro é m, no entanto o INME-
TRO adota para essa unidade a representação mts, como se observa em muitas placas de trânsito nas estradas brasileiras.
( ) CERTO
( ) ERRADO

2. A grandeza de base temperatura termodinâmica, conforme o Sistema Internacional de Unidades (SI), tem como unidade de
base”correspondente:
(A) Kelvin.
(B) Grau Celsius.
(C) Grau Fahrenheit.
(D) Rankine.
(E) Grau Newton.

3.A tabela a seguir demonstra os símbolos das grandezas de base e os símbolos das unidades de base, de acordo com o Sistema
Internacional de Unidades (SI).

A correlação correta entre as colunas está expressa em


(A) a-III; b- II; c-V; d-IV; e-I.
(B) a-II; b-III; c-I; d-V; e-IV.
(C) a-IV; b-I; c-II; d-V; e-III.
(D) a-V; b-IV; c-III; d-I; e-II.
(E) a-I; b-V; c-IV; d-II; e-III.

4. A lente mais externa de um microscópio de luz é plana.


( ) CERTO
( ) ERRADO

5. A imagem do objeto será tão melhor quanto mais próximo do foco exato ele estiver.
( ) CERTO
( ) ERRADO

6. O poder de ampliação do microscópio de luz é alterado eletronicamente.


( ) CERTO
( ) ERRADO

7. Assinale a opção que corresponde a uma grandeza vetorial.


(A) pressão
(B) temperatura
(C) quantidade de movimento
(D) módulo de uma força

53
FÍSICA
8. A respeito das ondas eletromagnéticas, julgue os próxi- (A) de rádio.
mos itens. Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico e o (B) de raios X.
campo magnético oscilam, guardando uma relação fixa entre si. (C) dos raios gama.
( ) CERTO (D) dos raios ultravioletas.
( ) ERRADO (E) dos raios cósmicos.

9. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondu- 14. A respeito da Teoria da Blindagem Eletromagnética, ana-
latórios que têm características comuns entre si, embora repre- lise as assertivas abaixo.
sentem fenômenos físicos completamente diferentes. Com re- I. Os campos elétricos são mais fáceis de blindar do que os
lação a esses processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. campos magnéticos.
Tanto as ondas eletromagnéticas como as ondas sonoras podem II. Qualquer material é capaz de blindar com efetividade
apresentar o fenômeno de refração quando atravessam a fron- uma região sujeita a ruído eletromagnético.
teira entre dois meios diferentes. III. Compatibilidade eletromagnética é a capacidade que dis-
positivos elétricos ou eletrônicos apresentam, além de gerarem
( ) CERTO
seus próprios ruídos, de interagir com ruídos eletromagnéticos
( ) ERRADO
de outros aparelhos, mantendo sua performance em níveis acei-
táveis de operação.
10. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos on-
dulatórios que têm características comuns entre si, embora re- É correto o que se afirma em
presentem fenômenos físicos completamente diferentes. Com (A)I, II e III.
relação a esses processos ondulatórios, julgue os itens seguin- (B)I e II, apenas.
tes. Tanto as ondas eletromagnéticas quanto as ondas sonoras (C)II e III, apenas.
são processos de oscilação de grandezas físicas escalares, que se (D)I e III, apenas.
propagam no espaço. (E)III, apenas.
( ) CERTO
( ) ERRADO 15. Tendo à disposição, em uma bancada de laboratório,
uma bateria, fios de cobre, uma lâmpada e uma bússola, um
11. Ondas sonoras e eletromagnéticas são processos ondu- professor pode comprovar
latórios que têm características comuns entre si, embora repre- (A) a lei de Ohm.
sentem fenômenos físicos completamente diferentes. Com re- (B) o efeito fotoelétrico.
lação a esses processos ondulatórios, julgue os itens seguintes. (C) a lei de Kirchhoff.
Como a velocidade da luz é independente do referencial inercial (D) o efeito magnético de correntes.
na qual é medida, a luz não sofre o efeito Doppler, como ocorre
com a onda sonora. 16. (SEE -PB - Professor de Educação Básica 3 – Física - IBA-
( ) CERTO DE – 2017) São grandezas vetoriais:
( ) ERRADO (A) trabalho e velocidade.
(B) campo elétrico e velocidade.
12. A característica fundamental de uma onda é a transfe- (C) volume e aceleração
rência de energia do local em que está sendo gerada para outras (D) área e volume.
regiões do espaço, sem que haja, nesse processo, transporte de (E) área e campo elétrico.
matéria. A intensidade de uma onda mede a energia radiada. A
esse respeito, assinale a opção correta. 17. (UFGD - Engenheiro – Mecânica - UFGD – 2019) O estudo
teórico do fluxo através do rotor de uma bomba se baseia nos ve-
(A) O período de um movimento periódico é definido como
tores de velocidade que são representados por um triângulo em
o intervalo de tempo em que ele se repete.
qualquer ponto do escoamento no rotor. a representação gráfica
(B) Em uma onda periódica, o comprimento de onda é a me-
de um triângulo de velocidades genérico é mostrada na Figura 4.
nor distância entre os pontos de máximo e mínimo.
(C) Se duas emissoras de rádio transmitem ondas em 60
MHz e 120 MHz, então a relação entre os seus respectivos
comprimentos de onda é igual a 4.
(D) Tanto as ondas luminosas quanto as ondas sonoras ne-
cessitam de um meio material para se propagar, já que to-
das as ondas transportam energia.
(E) As ondas eletromagnéticas são diferenciadas pelas suas
amplitudes.

13. A ressonância magnética é um método moderno de


diagnóstico que fornece imagens em duas ou três dimensões de
diferentes planos do órgão inspecionado, que utiliza um forte
campo magnético e ondas para a obtenção dessas imagens.
A possibilidade de realizar exames de ressonância magné-
tica, inclusive em gestantes, deve-se ao fato de, além de não
HENN, Érico Antônio Lopes. Máquinas de Fluido. 2. ed. Santa
serem invasivos, as ondas por eles emitidas terem frequências
Maria, 2006. 474p.
próximas às das ondas

54
FÍSICA
Onde:

• Velocidade absoluta do escoamento no ponto em es-


tudo.

• - Velocidade tangencial do escoamento no ponto em


estudo.

• - Velocidade relativa do escoamento no ponto em es-


tudo.

• - Componente meridional da velocidade absoluta. Nessa situação, um projétil de massa igual a 15 g sai do cano
da arma paralelamente ao solo, com velocidade horizontal ini-
cial de 720 km/h.
• - Componente tangencial da velocidade absoluta. Tendo como referência a situação apresentada, julgue o
• α - Ângulo do escoamento absoluto. item a seguir, considerando que a aceleração da gravidade seja
• β - Ângulo construtivo. de 9,8 m/s² e desprezando o atrito do ar sobre o projétil.
Se o alvo fosse retirado da direção do projétil, então o tra-
De acordo com o estudo teórico do fluxo através do rotor de balho realizado pela força gravitacional para levar o projétil até
uma bomba, assinale a alternativa correta o solo seria superior a 0,10 J.
( ) CERTO
( ) ERRADO
(A)
(B) A componente meridional da velocidade absoluta está
vinculada à vazão promovida pela máquina. GABARITO
(C) A componente tangencial da velocidade absoluta está
vinculada à vazão promovida pela máquina.
(D) cu2 = c2 + cm2.
(E) A vazão promovida pela máquina não sofre influência da 1 ERRADO
componente meridional da velocidade absoluta.
2 A
18. (Unilab - Técnico de Laboratório – Física - FCPC – 2019) 3 B
Uma partícula descreve um movimento circular uniforme. Sa-
4 ERRADO
bendo que a partícula completa 180 voltas em uma hora, pode-
mos afirmar que a frequência do movimento é: 5 CERTO
(A) 0,05 Hz 6 ERRADO
(B) 0,2 Hz
(C) 0,5 Hz 7 C
(D) 5 Hz 8 CERTO
(E) 20 Hz 9 CERTO
19. (PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 4 - INSTITUTO 10 ERRADO
AOCP – 2019) Um carro trafegava na descida de uma rodovia 11 ERRADO
(inclinada em 30° em relação a horizontal) quando, ao notar um
12 A
acidente à sua frente, o motorista freou o carro até pará-lo. Sa-
bendo que o carro percorreu um trecho de 500m entre o início 13 A
da frenagem até a parada completa, aproximadamente a qual 14 D
velocidade o motorista trafegava antes da frenagem? Adote um
15 D
coeficiente de atrito cinético da pista com os pneus de µ=0,8.
(A) 80 km/h. 16 B
(B) 110 km/h. 17 B
(C) 150 km/h.
(D) 15 m/s. 18 A
(E) 60 m/s. 19 C
20 CERTO
20 (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE – 2019) A figu-
ra seguinte ilustra uma prova de tiro ao alvo com arma de fogo: 21 D
o alvo é um círculo de 20 cm de diâmetro e está localizado a 50 22 B
m da extremidade do cano da arma. O cano da arma e o centro
23 C
do alvo estão à altura de 1,5 m do solo.
24 C

55
FÍSICA

25 C
______________________________________________________
26 B
27 C ______________________________________________________
28 D
______________________________________________________
29 D
30 ERRADO ______________________________________________________
31 E
______________________________________________________
32 C
33 B ______________________________________________________
34 D
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35 CERTO
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ANOTAÇÕES
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56
BIOLOGIA
1. Organização celular da vida, a célula como unidade estrutural e funcional dos seres vivos. . Características celulares dos reinos Mo-
nera, Protista, Fungi, Vegetal, Animal e organização viral. Células vegetais e animais. Composição química da célula. . Biomembranas;
estrutura, permeabilidade e transporte celular. Componentes estruturais da célula com ênfase nas suas funções. . Processos energé-
ticos celulares: respiração, fotossíntese e fermentação. Estrutura e formação do RNA e do DNA, autoduplicação, transcrição, código
genético, síntese de proteínas, tradução e mutação. Ciclo celular: interfase, divisão mitótica e meiótica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Anatomia e Fisiologia Humana: Sistema Circulatório, Sistema Respiratório, . Sistema Digestório, Sistema Esquelético, Sistema Neuro-
lógico, Sistema Hematopoiético, Sistema Tegumentar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07
3. Doenças endêmicas no Brasil e agentes Etiológicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
BIOLOGIA

ORGANIZAÇÃO CELULAR DA VIDA, A CÉLULA COMO UNIDADE ESTRUTURAL E FUNCIONAL DOS SERES VIVOS. CARAC-
TERÍSTICAS CELULARES DOS REINOS MONERA, PROTISTA, FUNGI, VEGETAL, ANIMAL E ORGANIZAÇÃO VIRAL. CÉLU-
LAS VEGETAIS E ANIMAIS. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÉLULA. BIOMEMBRANAS; ESTRUTURA, PERMEABILIDADE
E TRANSPORTE CELULAR. COMPONENTES ESTRUTURAIS DA CÉLULA COM ÊNFASE NAS SUAS FUNÇÕES. PROCESSOS
ENERGÉTICOS CELULARES: RESPIRAÇÃO, FOTOSSÍNTESE E FERMENTAÇÃO. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DO RNA E DO
DNA, AUTODUPLICAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, CÓDIGO GENÉTICO, SÍNTESE DE PROTEÍNAS, TRADUÇÃO E MUTAÇÃO. CI-
CLO CELULAR: INTERFASE, DIVISÃO MITÓTICA E MEIÓTICA.

Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob a lente de um microscópio e, a partir de suas observações, nascia a biolo-
gia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido como citologia, tem como objeto de estudo as células, abrangendo a sua estrutura
(morfologia ou anatomia) e seu funcionamento (mecanismos internos da célula). A citologia se torna importante por, em conjunto com
outras ferramentas ou não, buscar entender o mecanismo de diversas doenças, auxiliar na classificação dos seres e, também, por ser
precursora ou conhecimento necessário de diversas áreas da atualidade, como a biotecnologia. Por essa razão, diversos conteúdos da
biologia celular estão intimamente relacionados com os da biologia molecular, histologia, entre outras.

Esquema de uma célula animal e suas organelas. Ilustração: master24 / Shutterstock.com [adaptado]

As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer que, com a exceção dos vírus, todos os organismos vivos são compostos
por elas. Nesse sentido, podemos classificar os seres vivos pela sua constituição celular ou complexidade estrutural, existindo os unicelula-
res e os pluricelulares. Os organismos unicelulares são todos aqueles que são compostos por uma única célula, enquanto os pluricelulares,
aqueles formados por mais de uma. Com relação a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis apenas ao microscópio,
como bactérias e protozoários, e células gigantes visíveis a olho nu, como fibras musculares e algumas algas.
Assim como acontece com o tamanho, as células se apresentam em diversas formas: retangulares, esféricas, estreladas, entre outras.
Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função celular exercida, por exemplo, as fibras musculares são afiladas e longas, o que é ade-
quado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diversos tamanhos e formas celulares, basicamente, existem apenas duas classes de cé-
lulas: as procariontes, nas quais o material genético não é separado do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por um
envoltório nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer que a diferença entre as classes reside na complexidade das células.
As células procariontes têm poucas membranas, em geral, apenas a que delimita o organismo, denominada de membrana plasmática.
Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são chamados de procariotas e o grupo representativo dessa classe é o das bactérias. Já
as células eucariontes são mais complexas e ricas em membranas, existindo duas regiões bem individualizadas, o núcleo e o citoplasma.
Assim, os portadores dessa classe de células são denominados eucariotas, existindo diversos representantes desse grupo, como animais
e plantas, por exemplo.
A constituição de cada célula varia bastante de acordo com qual sua classe, tipo e função. Isso ficará mais claro a seguir. Para fins
didáticos, separemos a célula em três partes: membrana plasmática, estruturas externas à membrana e estruturas internas à membrana.
A membrana plasmática ou celular é o envoltório que separa o meio interno e o meio externo das células. Ela está presente em todos os
tipos celulares e é formada por fosfolipídios e proteínas. Essa membrana possui uma característica de extrema importância para a ma-
nutenção da vida, a permeabilidade seletiva. Isso quer dizer que tudo o que entra ou sai das células depende diretamente da membrana
celular.
A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado, por essa razão surgiram estruturas que conferem maior resistência às
células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A parede celular é uma camada permeável e semi-rígida, o que confere maior estabilidade
quanto a forma da célula. Sua composição é variada de acordo com o tipo da célula e sua função é relacionada à proteção mecânica. Nesse
sentido, as paredes celulares estão presentes em diversos organismos, como bactérias, plantas, fungos e protozoários.

1
BIOLOGIA
A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em algumas bactérias, em geral patogênicas, externamente à parede celular. Sua
função também é a defesa, mas, diferentemente da parede celular, essa confere proteção contra a desidratação e, também, se trata de
uma estrutura análoga a um sistema imune. Sob o aspecto morfológico, sua espessura e composição química são variáveis de acordo com
a espécie, se tratando de um polímero orgânico. Já o glicocálix se trata de uma camada formada por glicídios associados, externamente,
à membrana plasmática. Embora não confira rigidez à célula, o glicocálix também tem uma função de resistência. Fora isso, ele confere
capacidade de reconhecimento celular, barrar agentes do meio externo e reter moléculas de importância para célula, como nutrientes.
Com relação à parte interna da membrana celular, existe uma enorme diversidade de estruturas com as mais diferentes funções. Para
facilitar a compreensão, pode-se dividir em citoplasma e material genético, esse que, nos procariotas, está solto no citoplasma. O material
genético é composto de ácidos nucléicos (DNA e RNA) e sua função é comandar a atividade celular. Por ele ser transmitido de célula pro-
genitora para a progênie, é a estrutura responsável pela transmissão das informações hereditárias. Já o citoplasma corresponde a todo o
restante, composto pela matriz citoplasmática ou citosol, depósitos citoplasmáticos e organelas.
O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas outras moléculas importantes para a célula. Por ser aquoso, ele é responsável
por ser o meio em que ocorrem algumas reações e a locomoção dentro da célula. Quanto aos depósitos, esses são as concentrações de
diversas substâncias soltas no citosol. A importância dessas estruturas tem relação com a reserva de nutrientes ou pigmentos.
Por fim, as organelas não possuem conceituação bem definida, mas, grosso modo, são todas as estruturas internas com funções defi-
nidas, como ribossomos, mitocôndrias, complexo de Golgi, retículos endoplasmáticos, entre outros. Suas funções variam desde a síntese
protéica até a respiração celular.
Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se comunica com outras disciplinas para concatenar os conhecimentos a fim de
utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na terapia gênica ou engenharia genética, por exemplo.
Organização Celular
Organização celular dos seres vivos.
As células são as unidades básicas da vida; pequenas máquinas que facilitam e sustentam cada processo dentro de um organismo
vivo. As células musculares se contraem para manter um batimento cardíaco e nos permitem mover-se, os neurônios formam redes que
dão origem a memórias e permitem processos de pensamento. As células epiteliais providenciam para formar barreiras superficiais entre
os tecidos e as muitas cavidades em todo o corpo.
Não só os diferentes tipos de células facilitam funções únicas, mas suas composições moleculares, genéticas e estruturais também
podem diferir. Por esse motivo, diferentes tipos de células geralmente possuem variações no fenótipo, como o tamanho e a forma das
células. Na imagem abaixo você pode ver diferentes tipos celulares dos seres humanos.

A função de uma célula é alcançada através do ponto culminante de centenas de processos menores, muitos dos quais são depen-
dentes uns dos outros e compartilham proteínas ou componentes moleculares. Apesar das variações fenotípicas e funcionais que existem
entre os tipos de células, é verdade que existe um alto nível de similaridade ao explorar os processos subcelulares, os componentes en-
volvidos e, principalmente, a organização desses componentes.
Com a maioria dos processos subcelulares sob controle regulatório preciso de outros processos subcelulares, e com componentes
geralmente compartilhados entre diferentes caminhos moleculares e cascatas protéicas, a organização celular é de grande importância.
Isso é verdade para cada tipo de célula, com compartimentação de processos subcelulares, e localização de proteínas, recrutamento e
entrega, garantindo que sejam constantemente repetidos de forma eficiente e com resultados precisos.
A nível básico, as células eucarióticas podem ser descritas como contendo três regiões sub-celulares distintas; nomeadamente a
membrana , o citosol e o núcleo . Contudo, a compartimentação celular é ainda mais complicada pela abundância de organelas específicas.

2
BIOLOGIA
Apesar de ter apenas vários nanômetros de largura, as membranas celulares são altamente enriquecidas em receptores de sinali-
zação, proteínas transmembranares, bombas e canais e, dependendo da maquiagem, podem recrutar e reter um conjunto de proteínas
importantes no campo da mecanobiologia. Em muitos casos, esses proteínas interagem com o citoesqueleto , que reside na proximidade
da membrana. O citosol, por outro lado, abriga organelas celulares, incluindo o complexo golgiense, o retículo endoplasmático (RE), ribos-
somos e numerosas vesículas e vacúolos. Podem existir proteínas solúveis nesta região. Enquanto isso, o núcleo abriga o material genético
e todos os componentes relacionados à sua expressão e regulação. Embora os processos do núcleo não estejam tão bem estabelecidos
em termos de seu papel na mecanobiologia , os achados recentes indicam várias conexões importantes, muitas vezes com as vias de sina-
lização de mecanotransdução que culminam em alterações na expressão gênica.
Cada uma dessas regiões sub-celulares deve funcionar de forma coerente para a sobrevivência e o funcionamento eficiente da célula.
A organização adequada de organelas, proteínas e outras moléculas em cada região permite que os componentes de proteínas individuais
funcionem de forma concertada, gerando efetivamente processos subcelulares individuais que culminam em uma função celular global.

Compartimentalização em células
As células não são uma mistura amorfa de proteínas, lipídios e outras moléculas. Em vez disso, todas as células são constituídas por
compartimentos bem definidos, cada um especializado em uma função particular. Em muitos casos, os processos subcelulares podem
ser descritos com base na ocorrência na membrana plasmática , no citosol ou dentro de organelas ligadas à membrana, como o núcleo, o
aparelho de Golgiense ou mesmo os componentes vesiculares do sistema de tráfico de membrana , como os lisossomos e os endossomas.

A compartimentação aumenta a eficiência de muitos processos subcelulares concentrando os componentes necessários em um es-
paço confinado dentro da célula. Quando uma condição específica é necessária para facilitar um determinado processo subcelular, isso
pode ser localmente contido de modo a não interromper a função de outros compartimentos subcelulares. Por exemplo, os lisossomos
requerem um pH mais baixo para facilitar a degradação do material internalizado. As bombas de protões ligadas à membrana presentes
no lipossoma mantém esta condição. Da mesma forma, uma grande área de superfície da membrana é requerida pelas mitocôndrias para
gerar eficientemente ATP a partir de gradientes de elétrons em sua bicamada lipídica. Isto é conseguido através da composição estrutural
deste organelo particular.
Importante, organelas individuais podem ser transportadas por toda a célula e isso localiza essencialmente todo o processo subcelular
para regiões onde são necessárias. Isso foi observado em neurônios, que possuem processos axonais extremamente longos e requerem
mitocôndrias para gerar ATP em vários locais ao longo do axônio. Seria ineficiente confiar na difusão passiva do ATP ao longo do axônio.
A compartimentação também pode ter importantes implicações fisiológicas. Por exemplo, as células epiteliais polarizadas , que pos-
suem membranas apicais e basolaterais distintas, podem, por exemplo, produzir uma superfície secretora para várias glândulas. Da mes-
ma forma, as células neuronais desenvolvem redes efetivas devido à produção de dendritos e processos axonais a partir de extremidades
opostas do corpo celular. Além disso, no caso de células estaminais embrionárias, a polarização celular pode resultar em destinos distintos
das células filhas.
Com cada organela facilitando sua própria função, eles podem ser considerados compartimentos subcelulares por direito próprio. No
entanto, sem um fornecimento regular de componentes para o compartimento, os processos e mecanismos que produzem sua função
geral serão impedidos.
Com muitas proteínas e componentes moleculares que participam em múltiplos processos subcelulares e, portanto, exigidos em
vários compartimentos subcelulares, o transporte efetivo da proteína e dos componentes moleculares, seja por difusão passiva ou recru-
tamento direcionado, é essencial para a função geral da célula.
Em seres eucariontes, a síntese de DNA, RNA, proteínas e lipídios é realizada de forma espaciotemporal. Cada molécula é produzida
dentro de organelas ou compartimentos especializados com mecanismos regulatórios rígidos existentes para controlar o tempo ea taxa
de síntese. Esses mecanismos regulatórios são complicados e podem envolver loops de feedback, estímulos externos e uma multiplicidade
de caminhos de sinalização.

3
BIOLOGIA
DNA e RNA são ambos produzidos dentro do núcleo. O DNA é Por exemplo, as proteínas da membrana apical são muitas ve-
inteiramente replicado durante a fase s do ciclo celular. Uma cópia zes ancoradas ao GPI , enquanto que as proteínas basolaterais pos-
é então passada para cada uma das células filhas. Durante outras suem sequências de assinaturas baseadas em aminoácidos diLeu
fases do ciclo celular, uma quantidade mínima de DNA é sintetiza- (N, N-Dimetil Leucina) ou tirosina com base em aminoácidos.
da, principalmente para o reparo do material genético.
Embora uma taxa basal de síntese de RNA mantenha a síntese Entrega Direta de Componentes
de mRNA ao longo da vida da célula, o mRNA para genes específicos A localização das proteínas pode resultar do reconhecimento
só pode ser expresso ou pode ser regulado ou regulado por baixo, de proteínas ou complexos solúveis de difusão passiva; No entanto,
após a detecção de certos sinais mecânicos ou químicos. Como re- isso pode não garantir uma concentração suficiente de componen-
sultado, diferentes células têm diferentes perfis de mRNA, e isso tes para manter um determinado processo.
geralmente é observado através do uso de tecnologias que exibem Isso pode impedir a sua conclusão, particularmente quando re-
os perfis genéticos das células. alizada em regiões com um volume citoplasmático limitado, como
Depois de ser processado e modificado no núcleo, o mRNA a ponta de um filopodia , ou quando os componentes são rapida-
transcrito é entregue ao citosol para tradução ou síntese proteica. mente transferidos.
Semelhante à síntese de RNA, um nível básico de síntese de prote- Uma maneira mais eficiente de manter a concentração de
ína é mantido durante toda a vida da célula, porém isso também componentes protéicos é por meio de sua entrega dirigida através
pode ser alterado quando determinados estímulos induzem a pro- da rede do citoesqueleto.
dução de proteínas específicas, ou quando mecanismos regulató- O citoesqueleto, composto por filamentos de actina e microtú-
rios reduzem a produção de outros. bulos , abrange toda a célula e conecta a membrana plasmática ao
Por exemplo, a síntese de proteínas é regulada para cima du- núcleo e outras organelas. Esses filamentos realizam muitos propó-
rante a fase G1 do ciclo celular, imediatamente antes da fase S. Isto sitos, desde o suporte estrutural até a célula, para gerar as forças
é para garantir que a célula tenha uma concentração suficiente da necessárias para a translocação celular. Eles também podem servir
maquinaria protéica necessária para realizar a replicação do DNA e como “trilhas” nas quais as proteínas motoras podem transladar
a divisão celular. enquanto transportam carga de um local para outro; análogo a um
Nos procariontes, onde não há compartimentos separados, trem de carga que transporta carga ao longo de uma rede de trilhos
tanto a transcrição quanto a tradução ocorrem simultaneamente. ferroviários.
A entrega de componentes é principalmente facilitada por mo-
Os lipídios, que são sintetizados no retículo endoplasmático tores moleculares com ATP / GTP, como miosina V ou miosina X ,
(RE) ou no complexo golgiensei, são transportados para outras or- Cinesina ou Dineína . Essas proteínas ou homólogos deles foram
ganelas sob a forma de vesículas que se fundem com a organela observados em uma grande quantidade de tipos celulares, incluin-
aceitadora. Algumas células também podem usar proteínas trans- do leveduras, célula vegetal e célula animal. Os motores molecula-
portadoras para transportar lipídios de um local para outro. A sín- res dineína e cinesina caminham sobre os microtúbulos enquanto a
tese lipídica também é dinâmica, e pode ser regulada até a proli- miosina caminha nos filamentos de actina. Imperativamente, esses
feração celular ou durante processos que envolvem a extensão da motores caminham de maneira unidirecional, embora não necessa-
membrana plasmática , quando novas membranas são necessárias. riamente na mesma direção uns dos outros.
O transporte baseado em microtúbulos foi estudado principal-
Localização de Proteínas mente em células neuronais. Os exons podem ter vários mícrons
Para que os processos celulares sejam realizados dentro de de comprimento (às vezes até mesmo medidores de comprimen-
compartimentos definidos ou regiões celulares, devem existir me- to), por isso é necessário transportar proteínas, lipídios, vesículas
canismos para garantir que os componentes proteicos necessários sinápticas, mitocôndrias e outros componentes ao longo do axônio.
estejam presentes nos locais e a uma concentração adequada. A Todos os microtúbulos nos axônios são unidirecionais, com extre-
acumulação de uma proteína em um determinado local é conheci- midades “menos” que apontam para o corpo da célula e ‘mais’ que
da como localização de proteínas. apontam para a sinapse. Os motores Kinesin se movem ao longo
O recrutamento de proteínas é essencialmente uma forma de dessas trilhas para transportar a carga do corpo da célula para o
reconhecimento de proteínas, possibilitado pela presença de se- axônio. A interrupção do transporte de carga mediada por cinesina
quências específicas de aminoácidos dentro da estrutura protéica. está correlacionada com várias doenças neuro-musculares, como
Por exemplo, muitas proteínas ligadas à membrana possuem pép- a atrofia muscular espinhal e a atrofia muscular espinhal e bulbar .
tidos de sinal que são reconhecidos pelos receptores de sinal que Dynein , por outro lado, desempenha um papel importante no trá-
os orientam para o site alvo. O sinal de localização nuclear é um fico de carga em dendritos.
desses exemplos. As proteínas que são destinadas ao retículo en-
doplasmático também possuem um péptido sinal. Caminhos de comunicação
Em outros casos, as proteínas podem transportar um remendo Com diferentes processos sendo realizados em compartimen-
de sinal. Isso geralmente consiste em cerca de 30 aminoácidos que tos subcelulares separados, organizados em diferentes regiões da
não estão presentes em uma sequência linear, mas estão em proxi- célula, a comunicação intracelular é primordial. Essa comunicação,
midade espacial próxima no espaço tridimensional. que é descrita em maior detalhe sob ” sinalização celular “, permite
às células manter a concentração de proteínas específicas e dentro
Curiosamente, a organização de uma célula e suas várias regi- das regiões corretas, dependendo dos requisitos de um determina-
ões desempenham um papel na direção do recrutamento de prote- do processo ou estado celular. Isso, em última instância, garante
ínas para um determinado site. Por exemplo, nas células epiteliais, que os compartimentos individuais funcionem de forma eficiente e
que são polarizadas, a composição proteica na membrana apical é permite que um processo subcelular conduza outro. Isso, em última
muito diferente daquela na membrana basolateral. Isto é conse- instância, permite que uma célula facilite suas funções primárias de
guido através do reconhecimento de sequências de sinais distintas forma eficiente e coerente.
que visam proteínas para cada uma dessas regiões.

4
BIOLOGIA
As vias de sinalização podem conter um sinal que se origina Tabela comparativa entre mitose e meiose
de fora de uma célula ou de vários compartimentos e geralmente Veja a seguir um quadro comparativo com as principais dife-
envolve a translocação de íons, solutos, proteínas e mensageiros renças entre a meiose e mitose:
secundários.
Todas as células possuem receptores de superfície e outras
proteínas para facilitar a detecção de sinais do ambiente extrace-
lular.
Esses sinais podem ser na forma de íons, moléculas pequenas,
péptidos, tensão de cisalhamento, forças mecânicas, calor, etc.
Uma vez que o sinal é detectado pelo receptor de superfície, ele é
transmitido ao citoplasma geralmente por meio de mudança con-
formacional no receptor ou mudança no seu estado de fosforilação
no lado citosólico. Isso, por sua vez, desencadeia uma cascata de
sinalização a jusante, que muitas vezes culmina no núcleo. O sinal
geralmente resulta em mudança no perfil de expressão gênica das
células, auxiliando-as a responder ao estímulo.

Reprodução Celular
A maioria das células humanas são frequentemente reproduzi-
do e substituídos durante a vida de um indivíduo. Mitose
No entanto, o processo varia com o tipo de célula Somática ou A mitose é um processo de divisão celular que forma duas
células do corpo, tais como aqueles que constituem a pele, cabelo, células-filhas, cada uma com o mesmo número de cromossomos
e músculo, são duplicados por mitose. que a célula-mãe. Esse processo está relacionado, em plantas e
O células sexuais, os espermatozóides e óvulos, são produzi- animais, com o desenvolvimento dos organismos, cicatrização e
dos por meiose em tecidos especiais dos testículos e ovários das crescimento.
fêmeas Uma vez que a grande maioria das nossas células são somá- As etapas da mitose são prófase, prometáfase, metáfase,
tica, a mitose é a forma mais comum de replicação celular. anáfase e telófase. Ao fim da telófase, observa-se a ocorrência da
citocinese, ou seja, a divisão do citoplasma da célula, gerando duas
Mitose e meiose células-filhas. Vale destacar que essas etapas variam de um autor
As principais diferenças entre a mitose e a meiose estão no para outro. A prometáfase, por exemplo, não é descrita por todos
número de células-filhas formadas e no número de cromossomos os autores.
que elas apresentam.

A mitose e a meiose são processos de divisão celular.

A diferença entre mitose e meiose está no fato de que, ape-


sar de serem processos de divisão celular, elas geram um número
diferente de células-filhas, as quais também possuem uma quan-
tidade distinta de cromossomos. Observe atentamente as etapas da mitose.
Na mitose, as células-filhas apresentam a mesma quantidade
de material genético que a célula-mãe, diferentemente da meiose.
Na mitose, vemos ainda a formação de duas células-filhas; já
na meiose, quatro. Além de todas essas diferenças, a mitose e a
meiose diferenciam-se também no que diz respeito às etapas do
processo de divisão e à função que elas desempenham no orga-
nismo.

5
BIOLOGIA
→ Fases da mitose Observe atentamente as etapas da meiose I.
• Prófase: inicia-se logo após a interfase, uma longa etapa na
qual ocorrem aumento da célula, produção de organelas e a dupli- • Prófase I: assim como a prófase da mitose, inicia-se após a
cação dos cromossomos. fase de interfase, na qual ocorrem o aumento da célula e a duplica-
• Na prófase, os cromossomos aumentam sua condensação, ção dos cromossomos. Na prófase I, iniciam-se a condensação dos
e o nucléolo, local onde os ribossomos são formados, desaparece. cromossomos, a destruição do envelope nuclear, a formação do
Inicia-se ainda a formação do fuso mitótico (estrutura constituída fuso e a movimentação do centrossomo. Podemos dividir a prófase
por microtúbulos), e os centrossomos (região onde são organizados I em cinco subetapas, as quais são meramente didáticas, ou seja,
os microtúbulos) afastam-se. servem para auxiliar o entendimento do processo. São elas:
• Prometáfase: ocorre a desintegração do envoltório nuclear, - Leptóteno: inicia-se uma maior compactação dos cromosso-
também chamado de carioteca. Os microtúbulos que partem do mos.
centrossomo ligam-se ao cinetócoro (estrutura proteica localizada - Zigoteno: ocorre a sinapse (aproximação dos cromossomos
no centrômero) dos cromossomos. Os cromossomos continuam homólogos).
sua condensação. - Paquiteno: formação da tétrade ou bivalente. O termo té-
• Metáfase: os cromossomos atingem seu maior grau de con- trade indica que os dois cromossomos homólogos emparelhados
densação. Os centrossomos estão em lados opostos da célula, e os possuem quatro cromátides. Já o termo bivalente é usado em re-
cromossomos estão organizados na região mediana da célula (placa ferência a dois cromossomos homólogos ou emparelhados. Nessa
metafásica). fase, verificam-se quebras nas cromátides seguidas por soldaduras,
• Anáfase: na fase mais curta do processo de mitose, ocorrem que muitas vezes ocorrem em posições diferentes das originais.
a separação das cromátides irmãs e a migração em direção aos po- Esse fenômeno é chamado de crossing-over.
los das células. A célula alonga-se e, no final dessa etapa, temos - Diploteno: inicia-se a separação dos homólogos e é possível
dois polos com a quantidade completa de cromossomos. perceber que suas cromátides cruzam-se em alguns pontos (quias-
• Telófase: formam-se novos núcleos e os envelopes nuclea- mas).
res. O nucléolo reaparece, e os cromossomos ficam menos conden- - Diacinese: os homólogos separam-se, e a prófase I é finali-
sados. Normalmente, no final dessa etapa, ocorre a citocinese, que zada.
nada mais é do que a divisão da célula em duas. • Metáfase I: os pares de cromossomos homólogos estão dis-
postos na placa metafásica. Nessa etapa, as duas cromátides de um
Meiose homólogo estão ligadas aos microtúbulos de um polo, e as cromá-
A meiose é um processo de divisão celular que gera quatro cé- tides do outro homólogo estão presas aos microtúbulos do outro
lulas-filhas, cada uma com metade do número de cromossomos da polo.
célula-mãe. Esse processo de divisão é responsável pela formação • Anáfase I: cromossomos homólogos separam-se e movem-se
de gametas. em direção aos polos opostos.
É fundamental que os gametas possuam metade do número • Telófase I: os cromossomos estão separados em dois grupos
de cromossomos da espécie, pois, dessa forma, no momento da em cada polo. Ao final dessa fase, a citocinese ocorre, e o citoplas-
fecundação, haverá o restabelecimento do número de cromosso- ma da célula é dividido, formando duas células-filhas.
mos da espécie.
Leia também: Gametogênese

A meiose caracteriza-se por dois processos de divisão celular:


a meiose I e meiose II. Na meiose I, temos a prófase I, metáfase I,
anáfase I, telófase I. Já na meiose II, temos a prófase II, metáfase II,
anáfase II e telófase II.

→ Fases da meiose MEIOSE II

MEIOSE I

6
BIOLOGIA
Observe atentamente as etapas da meiose II. Anatomia Sistêmica: Essa parte da anatomia estuda os siste-
mas do corpo humano, tais como o sistema digestório e o circulató-
• Prófase II: é a primeira etapa da segunda divisão da meiose e rio. Ela não se preocupa com o todo, realizando uma descrição mais
inicia-se nas duas células-filhas formadas na meiose I. Nessa etapa, aprofundada das partes que compõem um sistema.
as fibras do fuso são formadas e inicia-se a movimentação dos cro- Anatomia Regional ou Topográfica: Essa parte da anatomia es-
mossomos para a placa metafásica. tuda o corpo humano por regiões, e não por sistemas. Esse estudo
• Metáfase II: os cromossomos estão posicionados na placa facilita a orientação correta ao analisar um corpo.
metafásica.
• Anáfase II: as cromátides irmãs separam-se e movem-se em Principais sistemas estudados em Anatomia Humana
direção aos polos. Normalmente, ao estudar anatomia humana no Ensino Fun-
• Telófase II: o núcleo forma-se novamente com a reorganiza- damental e Médio, o foco maior é dado à anatomia sistêmica. Os
ção do envoltório nuclear. Os cromossomos começam a se descon- sistemas estudados normalmente são o tegumentar, esquelético,
densar. A citocinese ocorre, e a célula divide-se em duas. Como as muscular, nervoso, cardiovascular, respiratório, digestório, uriná-
duas células-filhas formadas na meiose I entram em meiose II, no rio, endócrino e reprodutor.
final do processo, temos quatro células-filhas. Veja um pouco mais sobre eles a seguir.
Corpo Humano e seus sistemas
O corpo humano é composto por vários sistemas que coope-
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA: SISTEMA CIR- ram entre si, a fim de manter a saúde, proteger contra doenças e
CULATÓRIO, SISTEMA RESPIRATÓRIO, SISTEMA permitir a reprodução da espécie.
DIGESTÓRIO, SISTEMA ESQUELÉTICO,SISTEMA NEU- Para termos uma ideia, vamos considerar como dois sistemas
ROLÓGICO, SISTEMA HEMATOPOIÉTICO, SISTEMA do corpo cooperam entre si: o sistema tegumentar e esquelético.
TEGUMENTAR O sistema tegumentar é formado pela pele, pelos e unhas, sendo o
responsável pela proteção de todos os sistemas do corpo, incluindo
o sistema ósseo, por meio da barreira entre o ambiente externo e
CORPO HUMANO - ÓRGÃOS E SISTEMAS os tecidos e os órgãos internos. Por sua vez, o sistema esquelético
fornece sustentação para o sistema tegumentar.
A - PARTE GERAL
A anatomia humana é o campo da Biologia responsável por es- TECIDOS E PELE - CLASSIFICAÇÃO DOS TECIDOS. PELE E
tudar a forma e a estrutura do organismo humano, bem como as ANEXOS.
suas partes. O nome anatomia origina-se do grego ana, que signifi-
ca parte, e tomnei, que significa cortar, ou seja, é a parte da Biolo- Sistema Tegumentar
gia que se preocupa com o isolamento de estruturas e seu estudo. - Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
A anatomia utiliza principalmente a técnica conhecida como - Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio
dissecação, que se baseia na realização de cortes que permitem externo e interno do organismo e manutenção da temperatura do
uma melhor visualização das estruturas do organismo. Essa práti- corpo.
ca é muito realizada atualmente nos cursos da área da saúde, tais O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glân-
como medicina, odontologia e fisioterapia. dulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sensoriais) e tem impor-
tantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o
A história da Anatomia Humana corpo da invasão de microrganismos e evitando o ressecamento e
Acredita-se que as primeiras dissecações em seres humanos perda de água para o meio externo.
tenham acontecido no século II a.C. por intermédio de Herófilo e Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a
Erasístrato em Alexandria. Posteriormente, a área ficou pratica- mais externa, a epiderme é formada por tecido epitelial, a camada
mente estagnada, principalmente em decorrência da pressão da subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um teci-
Igreja, que não aceitava esse tipo de pesquisa. do subcutâneo, também conhecida como hipoderme. Há também
Os estudos na área retornaram com maior força durante o uma cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de ane-
período do Renascimento, destacando-se as obras de Leonardo da xos, tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.
Vinci e Andreas Vesalius.
Leonardo da Vinci destacou-se na anatomia por seus espetacu-
lares desenhos a respeito do corpo humano, os quais preparou por
cerca de 15 anos. Para a realização de desenhos, esse importante
artista fez vários estudos, participando, inclusive, de dissecações.
O primeiro livro de atlas de anatomia, o “De Humani Corporis
Fabrica”, foi produzido em 1543 por Vesalius, atualmente conside-
rado o pai da anatomia moderna. Seu livro quebrou falsos concei-
tos e contribuiu para um aprofundamento maior na área, marcan-
do, assim, a fase de estudos modernos sobre a anatomia.

Divisões da Anatomia
Essa área foi e é, sem dúvidas, extremamente importante para
a compreensão do funcionamento do corpo humano. Atualmente,
podemos dividi-la em várias partes, mas duas merecem destaque:

7
BIOLOGIA
A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apre-
sentam diferentes formatos e funções. Elas são originadas na ca-
mada basal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas
à medida que sobem. Quando chegam na camada mais superficial
(camada córnea) as células estão mortas (e sem núcleo) e são com-
postas em grande parte por queratina. Entre a camada basal (mais
interna) e a córnea (mais externa), há a camada granulosa, onde as
células estão repletas de grânulos de queratina e a espinhosa, na
qual as células possuem prolongamentos que as mantêm juntas,
dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são
eliminadas periodicamente, tal como em répteis que trocam a pele,
ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos ma-
míferos assim como nos humanos.

Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao
microscópio. A parte superior (mais escura) é a epiderme e a parte
mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato
com as reentrâncias epidérmicas.

Funções do Tegumento

• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;


• Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mu-
danças bruscas de temperatura;
• Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema
excretor também;
• Atua na relação do corpo com o meio externo através dos
sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema nervoso;
• Armazena água e gordura nas suas células. A derme é constituída de tecido conjuntivo fibroso, vasos san-
guíneos e linfáticos, terminações nervosas e fibras musculares li-
Anatomia da Pele sas. É uma camada de espessura variável que une a epiderme ao
tecido subcutâneo, ou hipoderme. Sua superfície é irregular com
Epiderme saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
da epiderme.
Apêndices da Pele

Unhas, Cabelos e Pelos


As unhas são placas de queratina localizadas nas pontas dos
dedos que ajudam a agarrar os objetos.​Os pelos estão espalhados
pelo corpo todo, com exceção das palmas das mãos, das solas dos
pés e de certas áreas da região genital. Eles são formados de quera-
tina e restos de células epidérmicas mortas compactadas e se for-
mam dentro do folículo piloso. Os cabelos, espalhados pela cabeça
crescem graças às células mortas queratinizadas produzidas no fun-
do do folículo; elas produzem queratina, morrem e são achatadas
formando o cabelo. A cor dos pelos e cabelos é determinada pela
quantidade de melanina produzida, quanto mais pigmento houver
mais escuro será o cabelo.

Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram
encapsuladas formando corpúsculos, outras estão soltas como as
que se enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função senso-
rial, sendo capazes de receber estímulos mecânicos, de pressão, de
temperatura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpúscu-
los de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos
de Merkel, Terminais do Folículo Piloso e Terminações Nervosas
Livres. Veja a figura a seguir:

8
BIOLOGIA
As principais funções do sistema esquelético são:
• Sustentar o organismo;
• Proteger os órgãos vitais;
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que
são fundamentais para o funcionamento das células e devem es-
tar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no
sangue, os sais de cálcio são levados para os ossos para suprir a sua
ausência;
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética;
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida
como tutano. Essa medula é constituída, em sua maioria, por cé-
lulas adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva;
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia,
o esterno, as costelas e as cabeças dos ossos do braço e da coxa,
existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, cha-
mado de medula óssea vermelha, onde são produzidas as células
do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas.

Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo.
As glândulas sebáceas são bolsas que secretam o sebo (substância
oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas
sudoríparas têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido
corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e cloreto,
entre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.

SISTEMA ESQUELÉTICO - Esqueleto Axial. ESQUELETO APEN-


DICULAR. ARTICULAÇÕES
- Formado pelos ossos do corpo.
- Principais funções: sustentação, proteção e movimentação
do corpo humano.

O sistema esquelético tem como função proteger, produzir


células sanguíneas, armazenar os minerais, sustentar e locomover.
Ele também é conhecido pelo nome de sistema ósseo e é formado
por duzentos e seis ossos e estão assim divididos: ossos da cabe-
ça, ossos do pescoço, ossos do ouvido, ossos do tórax, ossos do
abdômen, ossos dos membros inferiores e ossos dos membros su-
periores.
A ciência que estuda os ossos é a osteologia. O crânio e a co-
luna vertebral são estruturas ósseas complexas e extremamente
importantes, que ajudam e evoluem ao ponto em que o homem se
desenvolve. A coluna vertebral tem como objetivo dar maior flexi-
bilidade ao corpo humano.
Os ossos do corpo humano são ligados através das articula-
ções. E eles são os responsáveis por darem um apoio para o siste-
ma muscular, fazendo com que o homem possa executar diversos
movimentos.

9
BIOLOGIA
Quais são as principais partes do esqueleto?
O sistema esquelético possui duas partes que podem ser con-
sideradas principais: o esqueleto apendicular e o esqueleto axial.

O esqueleto apendicular é formado:


Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também
conhecida como cintura superior. É formada pelas escápulas e cla-
vículas;
• Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem
na sua constituição o sacro, um par de ossos ilíacos e pelo cóccix.
O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas,
ou seja, uma ligação existente entre dois ou mais ossos. Outras es-
truturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas,
possuem os ligamentos, que são os responsáveis por tornar os os-
sos conectados a uma articulação.
Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida
intrauterina. Quando nasce, a criança já apresenta um esqueleto
bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda
possuem regiões cartilaginosas que permitem o crescimento.

Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam


e deixam de crescer.
Os músculos não estriados apresentam contração lenta e in-
Já o esqueleto axial é formado pela: voluntária, ou seja, são responsáveis por aqueles movimentos que
• Pela caixa craniana, que possui diversos ossos importantes ocorrem independentemente da nossa vontade, como os movi-
do crânio; mentos peristálticos.
• Pela coluna vertebral, que são pequenos ossos sobrepostos Os músculos estriados esqueléticos são aqueles que se fixam
que dão sustentação ao corpo, e onde existe um canal que se co- nos ossos através dos tendões (cordões fibrosos), caracterizam-se
necta à medula nervosa ou espinhal. A sua principal função é a mo- por contrações fortes e voluntárias. Isso quer dizer que são respon-
vimentação; sáveis pelas ações conscientes do nosso corpo, como andar e fazer
• Pela caixa torácica, que é formada pelo osso esterno e as cos- exercícios.
telas. É ela a responsável por proteger os pulmões e o coração. O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome diz, é o
músculo do coração. É ele o responsável pelos batimentos cardía-
SISTEMA MUSCULAR - Estrutura dos Músculos Esqueléticos. cos, suas contrações são fortes e involuntárias.
- Formado pelos músculos do corpo humano. A principal característica do sistema muscular é a capacidade
- Principais funções: atua na sustentação do corpo, movimen- de se contrair e relaxar. Aliás, é o equilíbrio entre esses dois estados
tação e equilíbrio da temperatura corporal. o responsável pelo movimento do corpo como um todo. Durante
a respiração, por exemplo, o diafragma precisa contrair e relaxar
O conjunto de músculos do nosso corpo forma o sistema mus- para receber o oxigênio nos pulmões e expelir em seguida o gás
cular. O corpo humano tem aproximadamente 600 músculos dife- carbônico.
rentes, isso significa que os músculos somam cerca de 50% do peso
total de uma pessoa. SISTEMA NERVOSO - ENCÉFALO E NERVOS CRANIANOS.
Os músculos, aliados aos ossos e articulações, são as estrutu- MEDULA ESPINHAL E NERVOS ESPINHAIS.
ras responsáveis por todos os movimentos corporais. Andar, correr, - Composto pelo cérebro, medula espinal e diversos nervos.
pular, comer, piscar e até mesmo respirar seriam atividades impos- - Principais funções: processamento de informações do am-
síveis sem a ação do sistema muscular. biente (cérebro) e transmissão de impulsos nervosos pelo corpo.
Os músculos são classificados em 3 categorias: O cérebro, principal órgão do sistema nervoso, também possui a
• Músculo não estriado (músculo liso) capacidade de armazenar informações, elaborar pensamentos e
• Músculo estriado esquelético produzir conhecimentos a partir das informações obtidas. O cére-
• Músculo estriado cardíaco bro também é muito importante no controle de diversas funções
vitais do corpo e no processo da fala.
O sistema nervoso é um dos mais importantes do corpo hu-
mano. Ele é o responsável por controlar diversos processos vitais,
como as atividades dos músculos, o movimento dos órgãos, os estí-
mulos e os sentidos humanos.
Este sistema é formado por estruturas essenciais, como os
neurônios e os nervos, dois elementos responsáveis pela coordena-
ção motora dos seres humanos. Graças ao sistema nervoso, somos
capazes de perceber estímulos externos.

10
BIOLOGIA
Características do sistema nervoso O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por
O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também atua para retirar o
por controlar todas as funções, atividades, movimentos, memórias gás carbônico do organismo.
e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões,
nervoso e atua para controlar a maioria das funções do organismo. que desempenham papel estratégico no processo de respiração.
Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca,
nervoso. Os neurônios se comunicam por meio de sinapses e pro- faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos.
pagam impulsos nervosos.
Como é possível perceber, o sistema nervoso é uma grande Características do sistema respiratório
rede de comunicações, movimentos e sensações. Este sistema está O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório
dividido em duas partes: o sistema nervoso central e o sistema ner- começa pelas narinas. As cavidades nasais recebem o ar e filtram as
voso periférico. partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também
Sistema Nervoso Central – Formado por encéfalo e medula são as responsáveis pela percepção dos odores.
espinhal. Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a fa-
Sistema Nervoso Periférico – Formado por nervos e gânglios ringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia, brônquios, bronquí-
nervosos. olos e pulmões.
Conheça melhor os órgãos e estruturas do sistema nervoso: Outro elemento fundamental no processo de respiração é o
Cérebro – Órgão volumoso, dividido em duas partes simétricas, diafragma, um músculo que fica localizado logo abaixo do pulmão
chamadas de hemisfério direito e hemisfério esquerdo. É o órgão e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração.
de maior importância no corpo humano.
Cerebelo – Responsável por coordenar os movimentos do cor- A importância dos pulmões
po e o equilíbrio. Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são reves-
Tronco Encefálico – Conduz impulsos nervosos entre o cérebro tidos por uma membrana dupla, que recebe o nome de pleura. Os
e a medula espinhal. seres humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino,
Medula Espinhal – Cordão de tecido nervoso que fica localiza- região onde está o coração e outros órgãos e estruturas do orga-
do na coluna vertebral. É responsável por conduzir impulsos nervo- nismo.
sos do corpo para o cérebro. Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de
As estruturas do sistema nervoso são essenciais para uma vida gases do organismo com o meio externo por meio da respiração.
saudável. Por isso, é recomendável manter uma rotina equilibrada Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
e passar por consultas regulares com especialistas. Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproxima-
do de 700 gramas. O ar que passa pelos pulmões é renovado a todo
SISTEMA CIRCULATÓRIO - SANGUE. ANATOMIA DO CO- momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
RAÇÃO E DOS VASOS SANGÜÍNEOS. É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões
- Formado por coração, veias e artérias. para que possam ter uma respiração adequada e para prevenir do-
- Principais funções: circulação do sangue pelo corpo humano. enças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos, os
Neste processo, os nutrientes e o oxigênio são transportados para médicos recomendam que os pacientes evitem ou deixem o vício
as células. do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos; e evitem
O sistema circulatório humano é formado pelo coração, pelo se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante pas-
sangue e os vasos sanguíneos. Também conhecido como sistema sivo. Além disso, é recomendado respirar profundamente, praticar
cardiovascular, essa rede de circulação do corpo é extremamente exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e
importante para o funcionamento dos órgãos e para a distribuição fazer a limpeza regular do nariz para prevenir alergias.
de nutrientes, hormônios e oxigênio pelo organismo. Sobre o mediastino veremos mais detalhadamente mais adian-
O principal órgão do sistema circulatório é o coração, respon- te.
sável por bombear o sangue para o corpo. O coração está localizado
na cavidade torácica e pesa cerca de 300 gramas. O órgão é forma- OUTROS SISTEMAS - ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO.
do por átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo ANATOMIA DO SISTEMA URINÁRIO. ANATOMIA DO SISTEMA
esquerdo; e apresenta três camadas fundamentais: o pericárdio, o REPRODUTOR.
endocárdio e o miocárdio.
Em relação aos vasos, o sistema circulatório tem basicamente Sistema Digestivo
três tipos: as artérias, as veias e os capilares. As artérias são consi- - Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos
deradas vasos de paredes que ajudam a transportar o sangue do (grosso e delgado). Há também outros órgãos que atuam de forma
coração para os tecidos do corpo. auxiliar no processo de digestão dos alimentos: glândulas salivares,
As veias são vasos de paredes que transportam sangue dos te- dentes, fígado e pâncreas.
cidos para o coração. Já os capilares arteriais e capilares venosos - Principal função: processo de digestão dos alimentos.
são ramificações que colaboram com o transporte do sangue pelo Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para ob-
organismo. termos energia para realizarmos nossas funções vitais e atividades
cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um
SISTEMA RESPIRATÓRIO - PAREDE TORÁCICA E PULMÕES. sistema faz toda a diferença: estamos falando do sistema digestivo,
MEDIASTINO ou sistema digestório, como é chamado atualmente.
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe,
laringe, traqueia e brônquios pulmonares.
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxi-
gênio e retirada de gás carbônico).

11
BIOLOGIA
O sistema digestivo é responsável por conduzir processos quí- - Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre
micos e mecânicos que retiram os nutrientes dos alimentos para a produção da urina, armazenamento e sua eliminação, pelo apa-
serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é relho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que
bastante complexa, formada por diversos órgãos importantes para foram filtradas (retiradas do sangue) pelos rins.
a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os ali- O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo
mentos que ingerimos. livre de toxinas. Isso é possível porque é composto por um conjunto
de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substân-
Características do sistema digestivo cias nocivas ou desnecessárias ao nosso corpo.
O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em
órgãos anexos. dois grupos, os secretores (responsáveis por produzir a urina) e os
As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, fa- excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os
ringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, glân- rins, que produzem a urina, os ureteres, que transportam a urina
dulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar. dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina.
Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os As substancias mais comumente encontradas na urina são: áci-
alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação é um processo de do úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato. Quando o corpo so-
digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela fre alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por
faringe até chegar ao esôfago. isso é tão comum que médicos peçam um exame de urina antes de
O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsá- diagnosticar o paciente.
vel pela digestão das proteínas. Depois de processado, o alimento Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de pro-
se transforma em quimo e vai para o intestino delgado. duzir a urina eles são responsáveis pela regulação da composição
O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio
passa pelo intestino grosso e segue até a eliminação dos resíduos da pressão arterial, o ph sanguíneo e a liberação de hormônios.
digestivos por meio do bolo fecal. Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais,
que ficam localizadas entre os rins e o diafragma. Cada glândula é
envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produ-
ção dos hormônios essenciais ao organismo.

Excreção da Urina

Os rins funcionam como um filtro que retém as impurezas do


Enzimas Digestivas sangue e o deixa em condições de circular pelo organismo.
O processo de digestão é facilitado pelas enzimas digestivas,
como as amilases, que agem sobre o amido; as proteases, que atu- Eles participam do controle das concentrações plásmicas de
am sobre as proteínas; e as lípases, que trabalham nos lipídios. íons, como sódio, potássio, bicarbonato, cálcio e cloretos.
De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem
Digestão Saudável ser eliminados em maior ou menor quantidade na urina, através do
Para o funcionamento correto do sistema digestivo é preciso sistema urinário. As principais substâncias que formam a urina são
que as pessoas mantenham uma alimentação saudável, rica prin- uréia, ácido úrico e amônia.
cipalmente em fibras e água. Isso ajuda a evitar problemas como o
velho conhecido intestino preso, por exemplo. Sistema Reprodutor
- Formado por:
Sistema Urinário - Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos,
- Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra canais deferentes, vesículas seminais, próstata, uretra e pênis.
e dois ureteres). - Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ová-
rios, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.

12
BIOLOGIA
- Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo B - PARTE ESPECIAL
dos seres humanos.
CABEÇA E PESCOÇO - CAVIDADE CRANIANA. FACE E COU-
Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor hu- RO CABELUDO. ÓRBITA E OLHOS. ESTRUTURA DO PESCOÇO.
mano é constituído por um conjunto de órgãos que formam tanto CAVIDADE NASAL. CAVIDADE ORAL. LARINGE E FARINGE.
o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.
Cavidade Craniana
O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
O Crânio
Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra Dividi-se, para estudo, em ossos da face e ossos do crânio pro-
é o canal responsável por eliminar a urina e também transportar priamente dito. Ele pode ser dividido em calota craniana ou calvária
o sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à e base do crânio. A calvária é a parte superior do crânio e é formada
ereção quando estimulado. pelos ossos: Frontal, Occipital, e Parietais. A base do crânio forma
o assoalho da cavidade craniana e pode ser dividida em três fossas
Testículos - são as glândulas que produzem os gametas mas- ou andares:
culinos (espermatozoides) e sintetizam a testosterona (hormônio Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Et-
sexual). móide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base
Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e pro- do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do frontal, pela lâmina
teger os testículos de agentes externos. crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfe-
nóide.
Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os A fossa média, também chamada de andar médio da base do
espermatozoides e os reserva até a maturidade. crânio, é formada anteriormente pelas asas menores do esfenói-
de, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e late-
Canal deferente - responsável por transportar os espermato- ralmente pelas escamas do temporal, osso parietal e asa maior do
zoides do epidídimo até o complexo de glândulas anexas. esfenóide.
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é consti-
Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas tuída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide, pelo occipital e parte
bulbo uretrais. São responsáveis pela produção da secreção que petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e
forma o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio também abriga o maior forame do crânio, o forame magno.
de sobrevivência aos espermatozoides, por exemplo, neutralizando Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde
o pH levemente ácido da uretra. (ímpares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Concha nasal inferior, La-
crimal e Nasal (pares).
O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 ór-
gãos: *Ossos ímpares são ossos situados na linha média e que não
possuem outro semelhante no corpo. Ossos pares são ossos situa-
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por dos lateralmente e que possuem outro semelhante do lado oposto.
proteger o interior da vagina.

Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.

Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor.


A cavidade vaginal recebe o pênis durante o ato sexual e a uretra
elimina a urina.

Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se


desenvolver durante os 9 meses de gestação.

Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transpor-


te dos óvulos do ovário até o útero.

Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o


ciclo menstrual, também produz os hormônios sexuais: estrógeno
e progesterona.

13
BIOLOGIA
* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-
ração.

Crânio – vista posterior

CRÂNIO – VISTA ANTERIOR * Em antropologia são empregados como pontos de mensura-


ção. Obs: nem todos os indivíduos possuem os ossos suturais.

Crânio – vista anterior

Crânio–vista lateral esquerda

Calvária – vista superior

14
BIOLOGIA
* Em antropologia são empregados como pontos de mensu-
ração.

Calvária – vista inferior ou interna.


Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior.

Crânio – corte sagital

Base do crânio, face interna – vista superior

15
BIOLOGIA
* Em antropologia são empregados como pontos de mensu- * Fossa da glândula lacrimal, onde está situada a glândula la-
ração crimal.

- Parietal
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto
da calota craniana. É aplanado, quadrangular e apresenta uma su-
perfície externa convexa e uma interna côncava.
Posição anatômica:
Anteriormente: borda frontal
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa

Calvária de recém-nascido – vista superior.

OSSOS DO CRÂNIO

- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da Parietal direito – vista lateral
calota craniana e o assoalho do andar superior da base do crânio.

POSIÇÃO ANATÔMICA:
ANTERIORMENTE: BORDA SUPRA-ORBITÁRIA
INFERIORMENTE: ESPINHA NASAL

Frontal – vista anterior. Parietal direito, face interna – vista medial

- Occipital
É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal
do crânio. Tem uma forma trapezóide e conformação de uma taça.
Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com
o canal vertebral.
Posição anatômica:
Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno

Frontal – vista inferior

16
BIOLOGIA

Occipital – vista inferior Occipital – vista superior

- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do crânio. Assemelha-se a um morcego de asas abertas.
Posição anatômica:
Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior

Esfenóide – vista anterior

Esfenóide – vista posterior

- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide
Superiormente: porção escamosa

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BIOLOGIA

Temporal direito – vista lateral

Temporal direito, face interna – vista medial

18
BIOLOGIA

Temporal direito – vista inferior

- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar superior da base do crânio.
Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade nasal e constitui parte do septo nasal.

Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali

Etmóide – vista postero-superior (esquerda) e vista lateral (direita)

Músculos da cabeça - da face ou da mímica facial


Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior do couro cabeludo, face
e pescoço.
Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor.
A maioria dos músculos se fixam ao osso ou fáscia e atuam mediante tração da pele.

19
BIOLOGIA
Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;

- E cervical do plexo parotídeo.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

COURO CABELUDO
Galea aponeurótica
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união com os músculos occipitais, especificamente na protuberância occipi-
tal externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço.
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a união com o músculo frontal.

Imagem: Niel Asher Healthcare

20
BIOLOGIA
Órbita e olhos • Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída superior do zigoma ao osso frontal na margem superior lateral da
por várias estruturas cranianas e cerca o tecido mole que compõe o abertura orbitária anterior.
olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para Marcos anatômicos e fissuras
o globo ocular e suas estruturas adjacentes, bem como proteger Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas
uma grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão. externas e seis internas, com a abertura do olho não sendo incluída
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a devido ao seu tamanho.
órbita, bem como as articulações entre eles. Em segundo lugar,
iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos Aberturas externas
ossos, incluindo os que se devem às suas articulações, dando espe- Os três marcos externos são forames (buracos):
cial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos • o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema. orbitário no osso frontal;
• o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitá- orbitário na maxila;
ria na verdade é mais como um canal piramidal, com uma grande • e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao
abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma forame infraorbital, na porção facial do osso zigomático.
parte do olho que é diretamente utilizada na visão emerge, e mais
duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias inferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e vasos, respectivamen-
estruturas anatômicas passem de dentro para fora. te.

Ossos e articulações Aberturas internas


As seis aberturas internas estão situadas nas paredes poste-
Parede anterior rior e medial da órbita. As aberturas posteriores são limitadas pelas
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à es- asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fis-
querda do leitor), os ossos que contribuem para a margem ante- sura orbital inferior é uma exceção, e possui somente a asa maior
rior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
frontal, que fornece a borda anterior e superior da órbita e a maior etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são
parte do teto da cavidade orbitária. marcos que atualmente estão sendo revisados.
Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções fron- O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é
tal e nasal para a margem ântero-medial e a margem ântero-infe- considerado o mais superior dos três. Ele contém:
rior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoa- • o nervo óptico;
lho da cavidade orbitária. • e a artéria oftálmica.
O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral in-
terna e externa da cavidade orbitária é o zigoma, ou a porção facial O próximo abaixo é a fissura orbital superior, que é a segunda
do osso zigomático. maior das fissuras, entretanto a que possui mais conteúdo, incluin-
do:
Parede medial • os ramos oftálmicos do nervo trigêmeo (nasociliar, frontal e
A parede medial interna continua posteriormente e superior- lacrimal),
mente da maxila, subindo até o osso frontal, e consiste primeira- • o nervo oculomotor,
mente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso • o nervo troclear,
etmoide. • o nervo abducente,
A margem posterior da placa do etmoide se articula com as • e as veias oftálmicas superior e inferior.
asas maior e menor do osso esfenóide, como também faz a maxila
inferiormente (mas somente com a asa maior). Finalmente, a fissura orbital inferior, que é a maior e mais in-
ferior estrutura na parede posterior da cavidade orbitária, contém:
Parede posterior • o ramo maxilar do nervo trigêmeo,
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da • o nervo zigomático,
cavidade orbitária. Uma pequena projeção da placa vertical do osso • e os vasos infraorbitais.
palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a
maxila, o osso etmoide e o osso esfenoide. Os marcos da parede medial incluem o canal e a fossa naso-
lacrimais, que podem ser vistos no aspecto mais anterior do osso
Articulações da órbita lacrimal, em sua fronteira com a maxila. Ele contém o saco lacrimal,
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se que se continua com o canal nasolacrimal.
espera isso como conhecimento comum de estudantes de medi- As estruturas finais são os forames (buracos) etmoidais ante-
cina em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são rior e posterior, que se encontram na sutura entre o osso etmoide
mencionadas nos livros de anatomia serão listadas aqui. Como e o osso frontal, e contém os nervos etmoidais anterior e posterior
mencionado anteriormente, a ordem será o sentido horário utili- e os respectivos vasos.
zando a órbita direita como referência.
• A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na
margem superior e anterior da borda da órbita.
• A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente
ao forame infraorbital, e possui uma orientação diagonal. Ela liga a
maxila à porção facial do osso zigomático.

21
BIOLOGIA
Estrutura do pescoço

Anatomia do pescoço
Se você pensa que as estruturas anteriores eram complexas,
aguarde até você ver o pescoço. Esta estrutura é suficientemen-
te forte para suportar a cabeça, mas também móvel o suficiente
para girar em várias direções. Por fora, o pescoço é dividido em
triângulos, cada um contendo músculos específicos, vasos e nervos.
Por outro lado, o pescoço também possui uma divisão interna na
forma de compartimentos, que são delimitados por várias camadas
da fáscia cervical.
O ponto de ancoragem do pescoço é o osso hioide, que situa-se Osso hioide
no nível do ‘pomo de Adão’ (maçã da Adão ou proeminência larín-
gea), nos homens. A maioria dos músculos do pescoço se insere no O pescoço abriga ainda quatro grandes estruturas profundas;
hioide, separando-os em dois grupos: os músculos supra-hióideos dois órgãos e dois tubos ou passagens. Eles são nomeados assim:
e os músculos infra-hióideos. Entretanto, outros músculos também
fazem parte do pescoço. • Glândula tireoide
• Glândulas parótidas
• Faringe
• Laringe
As duas glândulas são responsáveis pela homeostase endócri-
na normal do corpo.
A faringe é uma passagem muscular para alimentos e ar, co-
nectando as cavidades nasais e oral com o esôfago e a laringe. A
última é mais comumente conhecida como caixa vocal, e consiste
em várias cartilagens, membranas, ligamentos e músculos. Ela é
responsável pela fala.
As quatro principais artérias que cursam através do pescoço
Músculos da parte anterior do pescoço e/ou o suprem são as artérias carótida comum, carótida externa,
carótida interna e facial, juntamente com o tronco tireocervical. O
plexo cervical é a principal estrutura nervosa que cursa e inerva o
pescoço.Por fim, responda ao teste global em baixo, criado para
testar os seus conhecimentos sobre a anatomia da cabeça e do
pescoço. Este teste centra-se especificamente nos ossos, músculos
(incluindo as suas origens, inserções, inervação e função), artérias,
veias e nervos da mão, de forma a consolidar os temas abordados
anteriormente nesta página sobre a anatomia da cabeça e do pes-
coço.

Cavidade nasal e cavidade oral

Músculos infra-hióideos Porção lateral externa do nariz e terço


anterior da cavidade nasal: linfonodos
submaxilares
Cavidade nasal Dois terços posteriores da cavidade nasal e
seios etmoidais: linfonodos retrofaríngeos
e parcialmente para os linfonodos cervicais
profundos superiores
Linfonodos regionais: parotídeos, bucais,
submandibulares, submentonianos, cervicais
Cavidade oral superficiais
Linfonodos cervicais profundos:
jugulodigástrico, júgulo-omo-hióideo
Músculos supra-hióideos
A cavidade nasal na realidade são duas cavidades paralelas que
se estendem das narinas até à faringe e estão separadas uma da
outra por uma parede cartilaginosa. Em seu interior existem dobras
chamadas conchas nasais, que têm a função de fazer o ar rotacio-
nar. No teto das fossas nasais existem células sensoriais, responsá-
veis pelo sentido do olfato.

22
BIOLOGIA

Normalmente, estas cavidades são preenchidas de ar. Quando


você tem um resfriado ou sinusite a cavidade óssea pode ser pre-
enchida de muco e pus, muitas vezes ficando obstruídas e causando
sintomas.
A cavidade nasal e os seios paranasais têm várias funções:
Os seios paranasais são cavidades ou túneis pequenos. Eles são - Ajudar a filtrar o ar que respiramos
denominados paranasais, porque estão localizados em torno ou - Aquecer e umidificar o ar que chegará aos pulmões.
próximos do nariz. A cavidade nasal se abre para uma rede de seios: - Dar ressonância à voz.
- Seios maxilares que estão na área de face, abaixo dos olhos e - Aliviar o peso do crânio.
de cada lado do nariz. - Fornecer a estrutura óssea para o rosto e os olhos.
- Seios frontais localizados acima da parte interna da cavidade A cavidade nasal e os seios paranasais são revestidos por uma
ocular e a área das sobrancelhas. camada de muco denominada mucosa. A mucosa tem vários tipos
- Seios esfenoidais situados atrás do nariz e entre os olhos. de células:
- Células epiteliais escamosas, células achatadas que revestem
- Seios etmoidais compostos por muitos seios similares a uma os seios e formam a maior parte da mucosa.
peneira formados de ossos finos e mucosa - Células glandulares, similares às células das glândulas saliva-
- Estão localizados acima do nariz, entre os olhos. res, que produzem muco e outras secreções.
- Células nervosas, que são responsáveis pelo olfato.

- Células que combatem as infecções, que são parte do sistema


imunológico.
- Células do sistema vascular.
- Células de suporte.
- Células da cavidade nasal e seios paranasais, incluindo osso
e células cartilaginosas, que também podem se tornar cancerosas.

A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção


do palato duro e mole e, inferiormente, dos lábios à linha das pa-
pilas circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo
pequenas variações histológicas de acordo com a topografia. A mu-
cosa oral apresenta cinco tipos histológicos diferentes:

- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio


é delgado com uma camada bem fina queratinizada, o córion bem
vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter pou-
cas glândulas sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibu-
lar, véu, pilares, assoalho, região ventral da língua e mucosa jugal).

23
BIOLOGIA
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro): epitélio pouco queratinizado com um córion provido de glândulas saliva-
res acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacente.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva que suporta os dentes e papilas interdentárias), epitélio não queratini-
zado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento alveolar dentário, que une o cimento que recobre a raiz dentária ao osso
alveolar.
- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face inferior da língua); mucosa do dorso lingual contém as papilas gustatórias,
o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano muscular.

Jugal: compartimento parotídeo e jugular superior.


Palato: linfonodos jugulares profundos, faríngeos laterais, submandibulares, região de fusão dos processos palatinos da maxila.
Língua: linfonodos jugulodigástricos superiores e retrofaríngeos laterais, Trígono retromolar: jugulodigástricos.
Lábios: pré-auriculares, infraparotídeos, submandibulares e submentoneanos.
Orofaringe: base de língua, palato mole, área tonsilar (fossa amigdaliana, pilares anterior e posterior e amígdala) e parede faríngea
posterior.
Limita-se, superiormente pelo palato duro, inferiormente pelo osso hioide, anteriormente pelo “v” lingual, posteriormente pela pa-
rede faríngea posterior e lateralmente pelas amígdalas palatinas e pilares amigdalianos posteriores. A parede posterior é composta por
mucosa, submucosa, fáscia faringobasilar, músculo constritor superior, fibras superiores do músculo constritor médio da faringe e fáscia
bucofaríngea.

Laringe e Faringe
A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respiratório quanto do sistema digestório. É um canal muscular membranoso,
que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao esôfago.

Anatomia da Faringe

Representação das regiões nasofaríngea, orofaríngea e laringofaríngea e outras estruturas

A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da garganta, à frente de vér-
tebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofaringe, nasofaringe e laringofaringe.

Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas médias, pela tuba auditiva
de cada lado.

Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através de uma região denominada
istmo das fauces.

Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório) e mais abaixo com a
abertura do esôfago (no sistema digestório).

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BIOLOGIA
Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos sistemas respiratório e
digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram, devido a mecanismos que bloqueiam a entrada
de cada um nas vias erradas.

Esquema mostra como ocorre a deglutição sem mistura de ar e alimento

Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, durante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de comunicação com a
laringe. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte superior da faringe evitando também a entrada do alimento.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a faringe depois de ser mastigado e engolido. O bolo alimentar formado per-
corre toda a faringe através de contrações voluntárias e é levado em seguida para o esôfago.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das cóanas e passa pela laringe, até atingir a traqueia.

Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também responsável pela fala (fonação). Permite a passagem do ar entre a faringe e a
traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas.

Diferença entre a laringe saudável e inflamada

É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamentos que atuam em conjunto na fonação. O consumo excessivo de subs-
tâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz pode levar à inflamação da laringe, cujo principal sintoma é a rouquidão.

25
BIOLOGIA
Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo constante de ar, que está rela-
cionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A forma da laringe muda nos
homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz.

Anatomia da laringe e cordas vocais

As cartilagens que constituem a laringe são:


• Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma proeminência popularmente chamada de po-
mo-de-adão. Protege as cordas vocais.
• Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte inferior da laringe, ligando-a à traqueia.
• Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais.
• Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a comunicação da laringe com a traqueia durante a deglutição, impedindo
que o alimento entre nas vias aéreas.

As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre si por ligamentos e articulações, desse modo as cartilagens podem
deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados pelos músculos da laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:
• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e oblíquo, eles aproximam as cordas vocais, ou seja, fazem com que
ela feche. São também chamados de constritores da glote (esse é o nome da abertura entre as pregas) e atuam principalmente na fona-
ção.
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afastam as cordas vocais, abrindo-a. Também são conhecidos como dilata-
dores da glote e participam da respiração.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que fazem a distensão das cordas vocais, sendo atuantes na fonação.

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BIOLOGIA
Funções da Laringe

A epiglote bloqueia a laringe para impedir a entrada de alimentos

A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o principal órgão responsável pela fonação. Na respiração, a laringe recebe
o ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, portanto transporta ar e alimentos) e evita que alimentos passem para a
traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a deglutição.

Fonação

As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação, respectivamente

A emissão de sons é uma característica de diversos animais que possuem respiração pulmonar. No ser humano, a fala é produzida
através da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar encontra as pregas vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo pulsos
sonoros.
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e nas cavidades nasal e oral, pois sem isso, esse som não seria percebido.
Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos músculos permitem que diferentes sons sejam produzidos.

Laringite
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou por agentes químicos e físicos. Pode se
apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, geralmente caracterizada por um período mais longo de rouquidão, além dos
outros sintomas.
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou fungos. A causa mais comum da laringite crônica é o consumo excessi-
vo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias irritantes (poluição, substâncias alergênicas).
Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respirar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira na garganta e febre. O
tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos para controlar os sintomas.

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BIOLOGIA
TÓRAX - CAVIDADES PLEURAIS. PULMÕES. TRAQUÉIA. Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura vis-
BRÔNQUIOS. CORAÇÃO. VASOS SANGÜÍNEOS. ceral, enquanto a pleura parietal recobre a parede de cada hemitó-
rax, o diafragma e o mediastino.
MEDIASTINO ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢ A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave
O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos do pulmão à medida que se expande dentro do tórax, produzindo
e diversas outras estruturas, localizadas entre o pescoço e o dia- um espaço em potencial.
fragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja
órgãos vitais. por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de alvéolos criando
um pneumotórax.
Limites anatômicos Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são sepa-
Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do rados, um pneumotórax envolverá apenas o hemitórax direito ou
tórax as seguintes estruturas: esquerdo.
- Superiormente: primeira costela e osso esterno.
- Inferiormente: músculo diafragma. Traqueias
É composta de músculo liso com anéis cartilaginosos em forma
O que compõe: de C a intervalos regulares. Os anéis cartilaginosos são incompletos
É essencial conhecer detalhadamente os principais componen- na superfície posterior e proporcionam firmeza para a parede da
tes do tórax, para então, reconhecer sua importância e as doenças traqueia, impedindo que ela se colabe. A traqueia serve como pas-
associadas. sagem entre a laringe e os brônquios.
A traqueia bifurca-se em dois brônquios principais, que entram
1. Estruturas ósseas nos pulmões, e são subdivididos em fissuras, formando divisões in-
Têm como função a formação da “caixa torácica”, para garantir completas.
proteção aos órgãos internos.
- Costelas: são 12 pares, que podem ser divididas em típicas/ Epitélio da traqueia e brônquios
verdadeiras (se articulam com o esterno) e atípicas/falsas (não se
articulam com o esterno). Pode-se dizer que estas estruturas “con- Árvore Brônquica
tornam” o tórax. O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore
- Vértebras: em número de 12 também, elas fixam através da traqueobronquial) consiste de todas as vias aéreas a partir da tra-
fóvea as costelas. queia.
- Esterno: já descrito anteriormente, trata-se de um osso divi- O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas.
dido em 3 porções (manúbrio, corpo e apêndice xifoide), localizado À medida que as vias aéreas se dividem e penetram mais profunda-
anteriormente. mente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas.
A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao
2. Músculos seu aspecto parecido com uma quilha de barco) em brônquios prin-
O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais represen- cipais direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares,
tantes são: que formam os brônquios segmentares.
- Peitorais maior e menor. As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de
- Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercos- divisão assimétrico ou dicotômico, até formarem os bronquíolos
tal interno, externo e íntimo). terminais, que se caracterizam por serem as menores vias aéreas
- Subcostais. sem alvéolos.
- Levantadores das costelas. O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por
- Serrátil anterior. um brônquio segmentar, constitui a unidade anatomofuncional do
- Transverso do tórax. pulmão.
- Diafragma. Os brônquios são os condutores de ar entre o meio externo e
3. Órgãos os sítios mais distais, onde se processa a troca de gases. A quan-
- Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que ten- tidade de cartilagem diminui na medida em que as vias aéreas se
de a regredir na adolescência. tornam cada vez menores, e desaparecem por completo nas vias
- Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Loca- aéreas com diâmetro aproximado de um mm.
lizados nas cavidades pleurais. As vias aéreas da traqueia até os bronquíolos terminais não
Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada contêm alvéolos, e desta forma, não participa na troca de gases. Es-
pleura visceral, que passa de cada pulmão na sua raiz (i.e. onde pe- tas vias aéreas formam o espaço morto anatômico, que nos adultos
netram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as têm o volume de 150 ml.
faces mais internas da parede torácica, onde ela é chamada pleura Os bronquíolos têm menos de 1 mm de diâmetro, não pos-
parietal. suem cartilagem, e apresentam um epitélio cuboidal simples. Os
Desta maneira são formados dois sacos membranáceos cha- bronquíolos estão embebidos em uma rede de tecido conjuntivo
mados cavidades pleurais; uma de cada lado do tórax, entre os pul- pulmonar e desta forma o seu diâmetro aumenta e diminui confor-
mões e as paredes torácicas. me o volume pulmonar.
O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três Os bronquíolos se dividem ainda, dependendo de sua função.
lobos (o lobo superior direito, o lobo médio direito e o lobo inferior Os bronquíolos não respiratórios compreendem os bronquíolos
direito). terminais, que servem como condutores das correntes de gás, en-
O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a quanto os bronquíolos respiratórios contêm alvéolos que funcio-
língula, o lobo homólogo do lobo médio direito, e o lobo inferior nam como locais de troca de gases.
esquerdo.

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BIOLOGIA
A aérea entre o bronquíolo terminal e os alvéolos é ocasionalmente denominada de lóbulos ou ácino secundário. A característica ana-
tômica mais impressionante é a questão da região anatômica que tem apenas 5 mm de comprimento, porém o volume total dos ácinos
compreende o maior volume pulmonar isolado, cerca de 2500ml.
- Coração: localiza-se no mediastino, e está ligeiramente localizado após a linha média, com predomínio no lado esquerdo.
- Esôfago: estrutura integrante do sistema digestório.

4. Pleuras
São duas membranas extremamente finas que revestem os pulmões:
- Pleura visceral: está em íntimo contato com os pulmões.
- Pleura parietal: mais externa.

Entre elas, há líquido pleural, com a função de lubrificar e permitir o deslizamento de uma sobre a outra, durante a expansão e retra-
ção pulmonar.
Cavidade pleural é uma cavidade virtual existente entre as pleuras visceral e parietal, que contém apenas uma pequena quantidade
de líquido lubrificante. A pressão negativa existente na cavidade pleural é um fator importante na mecânica respiratória.

5. Mediastino
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo a mais importante, o cora-
ção.
O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e direita, na linha média do plano sagital no tórax. Estende-se anterior-
mente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém todas as estruturas do tórax, exceto os pulmões e também é conhecido
com espaço interpleural Pode ser dividido para fins descritivos em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do peri-
cárdio, chamada de mediastino superior; e a porção inferior, abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdivide-se
em outras três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas as estruturas, o
mediastino médio; e a porção posterior ao pericárdio, o mediastino posterior.

Mediastino – Vista Lateral Esquerda

O Mediastino Superior é o espaço interpleural que localiza-se entre o manúbrio do esterno e as vértebras torácicas superiores. É
limitado inferiormente por um plano oblíquo que passa da junção munibrio-esternal até a borda inferior do corpo da 4º vértebra torácica,
e lateralmente pelas pleuras. Contém a crossa da aorta, tronco braquiocefálico, a porção torácica da artéria carótida comum esquerda
e artéria subclávia esquerda, a veia braquiocefálica e a metade superior da veia cava superior, o nervo vago, nervo frênico e os nervos
laríngeos recorrentes, a traquéia, esôfago, ducto torácico, o remanescente do Timo e alguns linfonodos.
O Mediastino Anterior existe apenas do lado esquerdo, onde a pleura esquerda diverge da Lina média. É limitado anteriormente pelo
esterno, lateralmente pela pleura e posteriormente pelo pericárdio. É estreito na sua parte superior mas expande-se um pouco inferior-
mente. Sua parede anterior é formada pela 5º, 6º e 7º cartilagens costais. Contém uma pequena quantidade de tecido areolar frouxo,
alguns linfáticos que ascendem da superfície convexa dão fígado, 2 ou 3 linfonodos mediastinais e pequenos ramos mediastinais da artéria
mamária interna.

29
BIOLOGIA
O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural. Contém o coração envolvido por sua serosa, a aorta ascendente, a
metade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à ela, a bifurcação da traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmonar
e os seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda, os nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.

O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado anteriormente pelo pe-
ricárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura
pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago,
ducto torácico e alguns linfonodos.

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BIOLOGIA

Mediastino

Mediastino – Vista lateral esquerda.

31
BIOLOGIA

Mediastino – Vista anterior após remoção do coração

6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.

7. Nervos e vasos linfáticos


Também participam da composição do tórax e possuem estrita relação com as funções.

Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.
- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.

32
BIOLOGIA
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (principalmente líquido) entre
as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também para o alívio dos sin-
tomas.

ABDOME - CAVIDADE ABDOMINAL. ESTÔMAGO E INTESTINOS. FÍGADO. PÂNCREAS. BAÇO. RINS. ADRENAL E RETROPERI-
TÔNIO. VÍSCERAS PÉLVICAS. PERÍNE
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica, da qual é separada pelo
diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de peritônio, que desempenha um papel na imunidade,
órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a ca-
vidade abdominal foi dividida em nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta
divisão ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.

Regiões do Quadrante Abdominal

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BIOLOGIA
Órgãos da cavidade abdominal Intestino grosso
Nosso abdômen contém órgãos digestivos, reprodutivos e ex- O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digeri-
creção. Você pode encontrar alguns deles no diagrama a seguir. Te- do é enviado. É em forma de U e é composto de ceco, cólon, reto,
nha em mente que o reto é considerado parte da cavidade pélvica. canal anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação
de fezes, todos ocorrem aqui.
Rins
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen.
Eles desempenham papéis essenciais no corpo, como a desintoxi-
cação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio
da água e do ácido no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos,
chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins
produzem hormônios importantes, como a noradrenalina e o ADH.

Adrenal
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em
duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à
presença de colesterol) e medula (parte central).
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas
glândulas endócrinas situadas na cavidade abdominal, acima de
ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquanto
a esquerda assemelha-se a uma meia-lua (na foto, as partes em
amarelo).

São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm.


Fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes:
Estômago córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado es- colesterol) e medula (parte central).
querdo do abdome que é dividido em quatro regiões: cárdia, fundo,
corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transpor- Função
ta comida da boca e passa através do diafragma e no estômago, As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente im-
e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada portantes para o bom funcionamento do organismo, a saber:
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres hu-
manos após a boca, e serve para movimentar a comida dentro de 1. Córtex
si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas. O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem
hormônios diferentes:
Fígado • Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado supe- entre o sódio e o potássio;
rior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois lóbulos separados • Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroi-
por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nos- de envolvido na resposta ao estresse e que regula o metabolismo
sos corpos, pois mantém níveis normais de glicose no sangue, pro- da glicose e da gordura, entre outras funções;
duz bile e desintoxica o sangue. • Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a
testosterona.
Vesícula biliar
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada 2. Medula
a ela. Ele armazena e concentra a bile que é enviada para o duode- Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina
no quando necessário para digestão e absorção de gordura. e a noradrenalina. Esses hormônios regulam o sistema nervoso au-
tônomo, que controla importantes funções do corpo humano como
Baço frequência cardíaca, respiração, digestão, entre outras.
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem
a participação na produção de glóbulos brancos, o armazenamento Peritônio e Retroperitônio
de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e subs- O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essen-
tâncias nocivas. cialmente por tecido conjuntivo, que reveste o interior das pare-
des da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte
Pâncreas dos órgãos que contém. Deste modo, considera-se que, embora a
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes membrana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou fo-
enzimas digestivas, assim como insulina e glucagon, que são cru- lhas - o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal
ciais para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos. é a folha que cobre totalmente por dentro as paredes anteriores e
laterais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado
Intestino delgado um limite por trás do denominado espaço retroperitoneal, onde fi-
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intesti- cam situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes
no grosso e é composto de três partes: o duodeno, o jejuno e o íleo. vasos como a artéria aorta e a veia cava inferior.
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a
digestão e a maior absorção de nutrientes

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BIOLOGIA
O peritônio visceral é a folha que cobre completamente a su- Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada
perfície externa da maior parte das vísceras contidas no abdómen, seio anal. As válvulas anais formam a linha pectínea que é a locali-
exceto as que estão situadas no já referido espaço retroperitoneal. zação da antiga membrana anococcígea.
Entre as duas camadas do peritônio fica acomodado um espaço de- - A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal
nominado espaço ou cavidade peritoneal. Na realidade, trata-se de que termina na linha anocutanea ou linha branca onde o revesti-
um espaço virtual, uma vez que apenas contém uma fina película mento mucoso se torna pele verdadeira com pelos.
de um líquido lubrificante composto por água, algumas células e
substâncias minerais, cuja função primordial é permitir a desloca- - Sistema Urinário
ção das folhas sem que se produzam fricções entre ambas e, indi- Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e
retamente, entre os órgãos abdominais e a parede abdominal. Este parte proximal da uretra.
líquido peritoneal é constantemente segregado para o interior do
espaço peritoneal e paralelamente reabsorvido na mesma propor- Ureteres
ção, de tal modo que, em condições normais, não tem mais do que Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da
200 ml dentro do espaço peritoneal. artéria ilíaca comum e então continuam ao longo da parede e do
assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga.
Vísceras pélvicas e períneo
Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano Bexiga
que começa, para as mulheres na parte de baixo da vulva e esten- É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia lo-
de-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o caliza-se inteiramente na cavidade pélvica, porém quando tugida
ânus. expande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um te-
O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeu- traedro ou de uma pirâmide tombada. Possui um ápice dirigido
roses que encerram o estreito inferior da escavação pélvica, sendo anteriormente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero
atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante. -laterais. O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o
ligamento umbilical mediano (resquício fetal) continua a partir daí,
Vísceras pélvicas ascendendo até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepcio-
Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário na os dois ureteres em seus dois lados superiores e possui a ure-
e do sistema reprodutor. tra inferiormente que drena a urina, apresenta ainda o chamado
trígono, formado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde
- Sistema Gastrointestinal apresenta uma mucosa lisa diferente de todo o resto rugoso da be-
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a xiga. As superfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levan-
parte final do colo sigmoide também s e encontra na pelve. tadores do anus e o s músculos obturadores internos adjacentes,
a superfície superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está
Reto vazia e um abaulamento quando a mesma está cheia.
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vér-
tebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza imediatamente an- Colo Vesical
terior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte
posterior da cavidade. mais inferior da bexiga e também a mais fixa. Está ancorado por
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo pubor- duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte
retal (componente do levantador do anus) formando a flexura pe- pélvica da uretra a cada osso púbico:
rineal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior - Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, jun-
conforme entra no assoalho pélvico. tamente com a membrana perineal profunda, os músculos levan-
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apre- tadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
senta três curvaturas laterais: as curvaturas superior e inferior di- - Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque
rigidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda. se misturam com a cápsula fibrosa da próstata, ou seja, cercam a
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto próstata junto à uretra.
não apresenta tênias, apêndices omentais e saculações (haustra-
ções). No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e
a uretra se localiza na margem superior da sínfise púbica. Com a
Canal Anal idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho pélvica.
pélvico e termina com o anus depois de atravessar o períneo. De-
pois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres Uretra
interno (intrínseco – músculo liso) e externo do anus ( extrínseco Começa no colo vesical e termina na abertura externa no perí-
– M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal. neo, difere entra mulheres e homens.
Apresenta características que indicam a posição da membrana MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao
anococcígea no feto (fecha o canal anal para não haver defecação). passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar no períneo, onde
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda antes
que apresenta algum as pregas, chamadas colunas anais, que se de se abrir no vestíbulo localizado entre os pequenos lábios da ge-
unem inferiormente formando as válvulas anais. nitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície
anterior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais
(paralelas a ela), as glândulas de Skene, que associam-se na porção
inferior da uretra.

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BIOLOGIA
HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no - Dor ou mal-estar nas relações sexuais.
colo vesical e passa pela próstata, atravessa a região perineal pro- Quanto mais cedo for iniciado e não houver interrupção do tra-
funda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do tamento, maiores serão as chances de cura.
pênis. Faz a primeira curva para frente ao sair da membrana peri- As principais situações que aumentam o risco de se pegar uma
neal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo DST são:
quando o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva de- - Pessoas que têm relações sexuais sem usar camisinha;
saparece). Nos homens a uretra divide-se em: - Pessoas cujo companheiro ou companheira tem relação sexu-
Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical al com outras pessoas sem usar camisinha;
até a próstata, onde apresenta o esfíncter interno da uretra, que - Pessoas que usam drogas injetáveis, compartilhando agulhas
composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga e seringas, isto é, duas ou mais pessoas usando as mesmas agulhas
durante a ejaculação. e seringas.
Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 - 4
cm de comprimento. A luz da uretra é marcada por uma prega na Aids
linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da É uma DST causada por um vírus chamado HIV. Ele age des-
crista é o seio uretral, onde os ductos prostáticos desembocam. Na truindo as células que fazem a defesa do corpo contra as doenças –
parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo se- os glóbulos brancos. Ao se contaminar, a pessoa pode não apresen-
minal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado tar, pelo menos por algum tempo, nenhum sinal ou sintoma. Nesse
utrículo prostático (acredita-se ser análogo ao útero feminino). A caso ela é chamada de portadora do HIV ou soropositiva para HIV.
cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se Quando a pessoa soropositiva para HIV começa a apresentar
os ductos ejaculatórios do sistema reprodutor masculino. Os tratos sintomas, então se diz que ela tem Aids.
urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática Qualquer pessoa pode pegar o HIV: homem ou mulher (homo,
da uretra. bi ou heterossexual); gente casada ou solteira; criança, moço ou
Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata, idoso; rico ou pobre. E tanto faz se a pessoa mora na cidade ou no
atravessa a membrana perineal profunda. campo.
Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é Transmissão: o HIV passa de uma pessoa infectada para outra
envolvida pelo esfíncter externo da uretra. por meio de quatro líquidos produzidos pelo nosso corpo. Esses lí-
Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo es- quidos são:
ponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base do pênis e forma - Sangue;
um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis - Esperma;
onde forma a fossa navicular. As duas glândulas bulbouretrais loca- - Líquido da vagina;
lizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra - Leite do peito da mãe infectada para o bebê.
esponjosa na base do pênis. O vírus do HIV se transmite, principalmente, por meio das rela-
ções sexuais, sem proteção, por camisinha, por isso a Aids também
é uma doença sexualmente transmissível.
DOENÇAS ENDÊMICAS NO BRASIL E Como podemos nos proteger das DST e do HIV?
AGENTES ETIOLÓGICOS A melhor forma de proteção contra o HIV é a prevenção, que
se faz evitando as situações ou comportamentos de risco.
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E AIDS Orientações para prevenir as DST e HIV:
São chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DST) - Ter relações seguras, ou seja, usar sempre e corretamente a
aquelas causadas por vírus, bactérias ou micróbios e que são trans- camisinha, em qualquer tipo de relação sexual, entre pessoas de
mitidas, principalmente, nas relações sexuais. sexo diferente ou do mesmo sexo;
Muita gente chama de doenças venéreas, doenças da rua, do- - Não compartilhar agulhas e seringas;
enças do mundo. - Procurar um serviço de saúde, o mais rapidamente, em caso
São exemplos de doenças sexualmente transmissíveis: gonor- de suspeita de DST.
reia, sífilis, hepatite B, Aids, entre outras. Qual é a orientação que deve ser dada por você para uma pes-
Ter relação sexual faz parte da vida das pessoas. Cada pessoa soa que está com DST/Aids?
deve poder escolher com quem e como quer ter uma relação sexu- Pessoas com DST:
al. Em qualquer relação sexual é possível pegar ou passar uma DST. - Não se automedicar;
Infelizmente muitas pessoas não sabem o que são as DST. Outras - Não interromper o tratamento prescrito pelo médico;
sabem, mas não tomam cuidado para se proteger dessas doenças. - Se não for possível evitar as relações sexuais, utilizar a cami-
sinha;
Como saber se uma pessoa está com uma DST? - Procurar conversar com o(a) companheiro(a) ou parceiro(a)
Existem vários sinais (aquilo que a pessoa vê) e sintomas (aqui- sexual sobre a situação e levá-lo(a) até uma UBS.
lo que a pessoa sente e manifesta) que levam as pessoas a sus-
peitarem que estejam com uma DST. Mas somente o médico pode Portador do vírus HIV:
fazer o diagnóstico e indicar o tratamento, embora você e outros - Orientar que os soropositivos podem viver normalmente,
membros da equipe possam participar desse processo. mantendo as mesmas atividades físicas, profissionais e sociais de
Alguns sinais de DST: antes do diagnóstico, contanto que sejam seguidas as recomenda-
- Feridas nos órgãos genitais masculinos e femininos; ções da equipe de saúde;
- Corrimentos na mulher e no homem o “pinga-pinga”;
- Verrugas.
- Alguns sintomas de DST:
- Ardência ao urinar;
- Coceira nos órgãos genitais;

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BIOLOGIA
- O preservativo deve ser usado em todas as relações sexuais, Herpes simples
mesmo naquelas onde ambos os parceiros estejam infectados, pois HIV ou Aids
existe mais de um tipo de vírus do HIV e durante a relação sem HPV
preservativo ocorre a contaminação por outros vírus, dificultando Molusco contagioso
o tratamento pela resistência que pode ser adquirida aos medica- Parasitas Piolho-da-púbis
mentos; Protozoários Tricomoníase (Trichomonas vaginalis)
- Não se devem compartilhar agulhas e seringas nem mesmo
com outras pessoas sabidamente infectadas pelos motivos já cita- Prevenção
dos; Preservativo: O preservativo, mais conhecido como camisinha
- Não doar sangue; é um dos métodos mais seguros contra as DSTs. Sua matéria pri-
- Comparecer regularmente à UBS para avaliação; ma é o latex. Antes de chegar nas lojas, é submetido à vários tes-
- Orientar a família e comunidade que a convivência com uma tes de qualidade. Apesar de ser o método mais eficiente contra a
pessoa portadora do HIV deve ser tranquila. Beijos, abraços, de- transmissão do vírus HIV (causador da epidemia da SIDA), o uso de
monstrações de amor e afeto e compartilhar o mesmo espaço físico preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas
são atitudes a serem incentivadas e que não oferem risco; Ortodoxas e pelos praticantes doHinduísmo. O principal argumento
- Quanto mais respeito e afeto receber o portador que vive utilizado pelas religiões para sua recusa é que um comportamento
com HIV/Aids, melhor será a resposta ao tratamento; sexual avesso à promiscuidade e à infidelidade conjugal bastaria
- O convívio social é muito importante para o aumento da au- para a protecção contra DSTs.
toestima. Consequentemente, faz com que essas pessoas cuidem Vacina: Alguns tipos de HPV, a Hepatite A e B podem ser preve-
melhor da saúde; nidas através da vacina.
- Estimular para que tenha hábitos saudáveis. Se necessitar de
orientações nutricionais, orientar para procurar a UBS. Abstinência sexual: A abstinência sexual consiste em evitar
relações sexuais de qualquer espécie. Possui forte ligação com a
Doente de Aids religião.
Além das mesmas orientações dadas à pessoa portadora do
vírus HIV: Tratamento
- Estimular a adesão ao tratamento e o uso correto dos medi- Algumas DST’s são de fácil tratamento e de rápida resolução
camentos; quando tratadas corretamente, contudo outras são de tratamento
- Explicar que o tratamento é feito com uma combinação de difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melho-
remédios, chamados antirretrovirais. Esses remédios não curam, ra. As mulheres representam um grupo que deve receber especial
mas diminuem a quantidade de vírus HIV no corpo; atenção, uma vez que em diferentes casos de DST os sintomas le-
- Informar que o tratamento pode ser feito em casa. O hospital vam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as
só é indicado quando a pessoa precisa de tratamento especializa- reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher,
do, por estar muito doente. em especial aquelas com vida sexual ativa, independente da idade,
Pense e reflita... consultas periódicas ao serviço de saúde. Certas DST, quando não
As pessoas com Aids precisam de dois tipos de tratamento: diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complica-
- O que é feito com remédios para conter a doença; ções graves como infertilidade, infecções neonatais, malformações
- O que é feito de carinho, amor e ajuda da família, dos profis- congênitas, aborto, câncer e a morte. Num caso, a primeira reco-
sionais de saúde, entre eles, de você e dos amigos. mendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que
Seu papel como ACS: seja preparado um tratamento. Também há o controle de cura, ou
- A primeira coisa que você precisa fazer é esclarecer suas dúvi- seja, uma reavaliação clínica. A automedicação é altamente perigo-
das a respeito da doença para orientar melhor o portador de HIV ou sa, pois pode até fazer com que a doença seja camuflada.
um doente Aids, sua família e as pessoas de sua comunidade sem Epidemiologia: Incidência de DST’s (exceto AIDS) por idade a
medo e sem preconceito; cada 100 mil habitantes em 2004. As taxas de incidência de doen-
- Prestar informações de forma clara sobre como o serviço de ças sexualmente transmissíveis continuam a altos níveis em todo
saúde está organizado para atendimento ao usuário; o mundo, apesar dos avanços de diagnosticação e tratamento. Em
- Ser um educador em saúde, orientando como as pessoas po- muitas culturas, especialmente para as mulheres houve a elimina-
dem se proteger e que, apesar de a Aids não ter cura, é possível ção de restrições sexuais através da mudança na moral e o uso de
viver com qualidade; contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam tendo dificul-
- Lembrar que a solidariedade com quem está doente é a me- dade em lidar de forma aberta e francamente com essas questões.
lhor arma na luta contra a doença. Além disso, o desenvolvimento e a disseminação de bactérias resis-
tentes aos antibióticos fazem que certas doenças sejam cada vez
Causa mais difíceis de serem curadas.
Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de pessoas
e parasitas) estão envolvidos na contaminação por DST, gerando estavam sendo infectadas diariamente, e cerca de 60% dessas in-
diferentes manifestações, como feridas, corrimentos, bolhas ou fecções em jovens menores de 25 anos de idade, e cerca desses jo-
verrugas. vens 30% são menores de 20 anos. Entre as idades de 14 a 19 anos,
Bactérias Cancro mole (Haemophilus ducreyi) as doenças ocorrem mais em mulheres em uma proporção quase
Clamídia (Chlamydia trachomatis’) dobrada. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos de
Granuloma inguinal (Dovania granulamatis) sífilis, gonorreia, clamídia, tricomoníase ocorreram em todo o pla-
Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) neta em 1999. A Aids é a maior causa da mortalidade na África Sub-
Sífilis (Treponema pallidum) saariana, sendo que em cinco mortes uma é por causa da doença.
Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis)
Vírus Hepatite

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BIOLOGIA
Por causa da situação, o governo do Quênia pediu que a popu- A estrutura e a missão do CRT DST/Aids permitem prover aten-
lação deixasse de fazer sexo por dois anos. No Brasil, desde o pri- dimento, criar e validar procedimentos preventivos e modelos de
meiro caso até junho de 2011 foram registrados mais de seisentos assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer trei-
mil casos da doença. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu na Região namentos com maior legitimidade diante dos profissionais e insti-
Sudeste, enquanto nas outras regiões aumentou. A mortalidade tuições do Estado.
também diminuiu. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba Este modelo organizacional é único no Brasil e na América Lati-
e Porto Alegre são as que possuem o maior número dos portadores na e tem sido umA estrutura e a missão do CRTDST/Aids permitem
da doença. Em contrapartida, o país é um dos que mais se desta- prover atendimento, criar e validar procedimentos preventivos e
cam no combate, além de ser o líder em distribuição gratuita do modelos de assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e
Coquetel anti-HIV. oferecer treinamentos com maior legitimidade diante dos profis-
sionais e instituições do Estado. Este modelo organizacional é único
O modelo de Política Pública para DST/Aids do Estado de São no Brasil e na América Latina e tem sido um dos fatores para os
Paulo. O Programa Estadual de DST/Aids (PE-DST/Aids) foi criado êxitos obtidos pelo Programa Estadual DST/Aids, nos últimos anos.
em 1983, com quatro objetivos básicos: vigilância epidemiológica,
esclarecimento à população para evitar o pânico e discriminação MANUAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE - CONTROLE DE DOENÇAS
dos grupos considerados vulneráveis na época, garantia de atendi- SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS AIDS E ENFERMAGEM OBSTÉTRI-
mento aos casos verificados e orientação aos profissionais de saú- CA, HEIMAR DE FÁTIMA, MIRIAN SANTOS PAIVA, SÔNIA MARIA O.
de. No primeiro momento, a Divisão de Hanseníase e Dermatologia DE BARROS – EPU
Sanitária, órgão do Instituto de Saúde da SES/SP, sediou o Progra-
ma e a organização inicial do que seria posteriormente o serviço de HIV/Aids
referência. A emergência da aids no mundo, em 1981, foi um fato que
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) e o Instituto Adol- marcou a história da saúde globalmente, devido à sua elevada le-
fo Lutz (IAL) foram designados, respectivamente, como retaguardas talidade, rápida disseminação, produção de epidemias de magnitu-
hospitalar e laboratorial. Em 1988, foi criado o Centro de Referên- de crescente. No Brasil, os primeiros casos foram detectados logo
cia e Treinamento em Aids (CRT-A), vinculado ao gabinete do Secre- após a identificação desta doença e até 1990 já haviam sido diag-
tário da Saúde. Tinha como metas prioritárias, além da referência nosticados 24.514 casos, a grande maioria em indivíduos residen-
técnica, atuar como capacitador e gerador de normas técnicas, com tes nos grandes centros urbanos. Nos anos seguintes, a prevalên-
vistas a um processo de descentralização das atividades de preven- cia continuou aumentando e a aids se expandiu para o interior do
ção, vigilância e assistência no Estado de São Paulo. país, de modo que, entre 1991 e 2000, foram registrados 226.456
Além de capacitação e monitorização técnica, o CRT-A teve, casos novos. Embora o número de casos na década seguinte te-
neste período, um importante papel na implementação de alter- nha aumentado, observou-se que a epidemia se estabilizou, sendo
nativas assistenciais, como hospital-dia e assistência domiciliar te- confirmados em média 34.807 casos novos a cada ano. Entre 2007
rapêutica. Em 1993, ocorre a junção dos programas de aids e DST e 2016, houve pouca variação no número de casos, em torno de
e a transformação do CRT em Centro de Referência e Treinamento 32.321, de modo que a taxa de detecção de Aids tem sido em média
em DST/Aids (CRT-DST/Aids). Em 1995, o CRT-DST/Aids retoma seu de 20,7/100.000 habitantes.
papel de instância de Coordenação do Programa Estadual de DST/ O acesso universal e gratuito aos medicamentos antirretro-
Aids, o que delimitou com maior precisão a função estratégica da virais (TARV) passou a ser garantido pelo SUS em 1996, uma das
instituição, como referência técnica e como sede da Coordenação iniciativas que impactou sobremaneira o comportamento da epi-
do Programa Estadual de DST/Aids. Em 1996 o CRT-DST/Aids passa demia de HIV/Aids, principalmente, no que se refere ao aumento
a ser vinculado à Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP), ór- de sobrevida; redução da transmissão vertical, letalidade e taxa de
gão então responsável pela definição das políticas de saúde pública mortalidade por esta grave doença. Só entre 1997 e 2003, foram
no âmbito da Secretaria de Estado da Saúde-SP. evitadas cerca de 6.000 casos de transmissão vertical. Em 2003, já
Com a mudança de estrutura ocorrida na Secretaria de Estado haviam 150 mil pacientes em tratamento e o Programa Brasileiro de
da Saúde em 2005, a Coordenação dos Institutos de Pesquisa pas- DST/Aids é reconhecido como um dos melhores do mundo sendo
sou a chamar-se Coordenadoria de Controle de Doenças. A Coor- premiado pela Fundação Bill & Melinda Gates. O MS estimou que
denação do Programa Estadual de DST/Aids, apoiada na estrutura em 2015 haviam aproximadamente 827 mil pessoas vivendo com
do CRTDST/Aids, é responsável pela implementação, articulação, HIV no país, destes 82% tinham realizado pelo menos um teste de
supervisão e monitoramento das políticas e estratégias relativas às carga viral ou contagem de linfócitos T CD4 ou tinham pelo menos
DST/Aids, nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilância Epidemio- uma receita de antirretroviral dispensada e 55% do total (454.850)
lógica, em todo o Estado de São Paulo. estão utilizando a terapia antirretroviral. Além do tratamento, este
O PE-DST/Aids adota como referências éticas e políticas a luta programa está estruturado para desenvolver ações de vigilância e
pelos direitos de cidadania dos afetados e contra o estigma e a dis- controle que englobam notificação universal dos casos de aids, de
criminação, a garantia do acesso universal à assistência gratuita, in- gestantes soropositivas e de crianças expostas ao HIV; vigilância so-
cluindo medicamentos específicos, e o direito de acesso aos meios rológica em populações-sentinela (clínicas de DST e parturientes);
adequados de prevenção. O PE-DST/Aids atua de forma coordena- inquéritos sorológicos e comportamentais em populações específi-
da com outros setores governamentais, como Justiça, Educação e cas; mantém uma rede de centros de testagem e aconselhamento
Promoção Social, e em estreita colaboração com as ONGs que atu- (CTA), dentre outras.
am nesta área.
O Estado de São Paulo é dividido em 28 Grupos de Vigilância
Epidemiológica (GVE) que, por sua vez, contam com um interlocu-
tor do PE-DST/Aids, responsáveis pela implementação das ações
nos níveis regionais e locais.

38
BIOLOGIA
DST/AIDS Quanto tempo demora para os sintomas da Aids se manifes-
Aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome - síndro- tarem?
me da imunodeficiência adquirida, em português) é uma doença Uma pessoa pode estar infectada pelo HIV, sendo soropositiva,
crônica causada pelo vírus HIV, que danifica o sistema imunológico e não necessariamente apresentar comprometimento do sistema
e interfere na habilidade do organismo lutar contra outras infec- imune com depleção dos linfócitos T, podendo viver por anos sem
ções (tuberculose, pneumocistose, neurotoxoplasmose, entre ou- manifestar sintomas ou desenvolver a AIDS. Existe também o perí-
tras). A Aids também facilita a ocorrência de alguns tipos de cân- odo chamado de janela imunológica, que é o período entre o con-
cer, como sarcoma de Kaposi e linfoma, além de provocar perda tágio e o início de produção dos anticorpos pelo organismo. Nesse
de peso e diarreia. Apesar de ainda não existir cura para a doença, período, não há detecção de positividade nos testes, pois ainda não
atualmente há tratamentos retrovirais capazes de aumentar a ex- há anticorpos, e pode variar de 30-60 dias. Embora nesse período a
pectativa de vida dos soropositivos. pessoa não seja identificada como portadora do HIV, ela já é trans-
missora.
O que é HIV?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana Sintomas de AIDS
(human immunodeficiency virus), que é o causador da aids. O HIV Os primeiros sintomas de HIV observáveis para Aids são:
é uma infecção sexualmente transmissível, que também pode ser -Fraqueza
contraída pelo contato com o sangue infectado e de forma vertical, -Febre
ou seja, a mulher que é portadora do vírus HIV o transmite para o -Emagrecimento
filho durante a gravidez, parto ou amamentação. -Diarreia prolongada sem causa aparente.
No Brasil, de acordo com o Programa Conjunto das Nações Uni-
das sobre HIV/Aids (UNAIDS), a incidência do HIV em pessoas de 15 Nas crianças que nascem infectadas, os efeitos mais comuns
a 49 anos é de 0,6%, segundo atualização em 2013. De acordo com são:
o mesmo relatório, o Brasil apresenta uma incidência maior que os -Problemas nos pulmões
seus vizinhos Bolívia e Chile, ambos com 0,3%, Paraguai e Peru, com -Diarreia
0,4% e Colômbia, 0,5%, por exemplo. No Haiti a taxa é de 2%, mas -Dificuldades no desenvolvimento.
os números são muito mais altos em países africanos como Zimbá-
bue (15%), Moçambique (10,8%), Malavi (10,3%), Uganda (7,4%) e Fase sintomática inicial da Aids:
Angola (2,4%). No Canadá e na Itália a incidência de infecção pelo -Candidíase oral
vírus é de 0,3%. -Sensação constante de cansaço
-aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço
Causas -Diarreia
Os cientistas acreditam que um vírus similar ao HIV ocorreu -Febre
pela primeira vez em algumas populações de chimpanzés e ma- -Fraqueza orgânica
cacos na África, onde eram caçados para servirem de alimento. O -Transpirações noturnas
contato com o sangue do macaco infectado durante o abate ou no -Perda de peso superior a 10%.
processo de cozinhá-lo pode ter permitido ao vírus entrar em con-
tato com os seres humanos e se tornar o HIV. Infecção aguda da Aids:
O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais (vagi- • Febre
nais, anais ou orais) desprotegidas, isto é, sem o uso do preserva- • Afecções dos gânglios linfáticos
tivo, e compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas com • faringite
sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas - que • dores musculares e nas articulações
também podem contrair mais doenças, como hepatites. Outras • ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias
vias de transmissão são por transfusão de sangue, porém é muito • Feridas na área da boca, esôfago e órgãos genitais
raro, uma vez que a testagem do banco de sangue é eficiente, e a • Falta de apetite
vertical, que é a transmissão do vírus da mãe para o filho na gesta- • Estado de prostração
ção, amamentação e principalmente no momento do parto, o que • Dor de cabeça
pode ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do • Sensibilidade à luz
recém-nascido. • Perda de peso
A infecção pelo HIV evolui para Aids quando a pessoa não é • Náuseas e vômitos.
tratada e sua imunidade vai diminuindo ao longo do tempo, pois, Os sintomas que pessoas com aids podem apresentar incluem:
mesmo sem sintomas, o HIV continua se multiplicando e atacando • Emagrecimento não intencional
as células de defesa, principalmente os linfócitos TCD4+. Por defi- • Fadiga
nição, a pessoas que tem aids apresentam contagem de linfócitos • Aumento dos linfonodos, ou ínguas
TCD4+ menor que 200 células/mm3 ou têm doença definidora de • Sudorese noturna
aids, como neurotoxoplasmose, pneumocistose, tuberculose extra- • Calafrios
pulmonar etc. O tratamento antirretroviral visa impedir a progres- • Febre superior a 38ºC durante várias semanas
são da doença para aids. • Diarreia crônica
• Manchas brancas ou lesões incomuns na língua ou boca
• Dores de cabeça
• Fadiga persistente e inexplicável
• Visão turva e/ou distorcida
• Erupções cutâneas e/ou inchaços.

39
BIOLOGIA
Estes sintomas podem ser agravados sem o tratamento ade- Dengue hemorrágica
quado, além de que, o paciente vivendo com HIV/Aids pode apre- A dengue hemorrágica acontece quando a pessoa infectada
sentar outros sinais mais graves dependendo da doença oportunis- com dengue sofre alterações na coagulação sanguínea. Se a doença
ta que desenvolver. não for tratada com rapidez, pode levar à morte. No geral, a dengue
hemorrágica é mais comum quando a pessoa está sendo infecta-
O que é Dengue? da pela segunda ou terceira vez. Os sintomas iniciais são parecidos
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus, com os da dengue clássica, e somente após o terceiro ou quarto
sendo um dos principais problemas de saúde pública no mundo. dia surgem hemorragias causadas pelo sangramento de pequenos
É transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em vasos da pele e outros órgãos. Na dengue hemorrágica, ocorre uma
áreas tropicais e subtropicais. Atualmente, a vacina é a melhor for- queda na pressão arterial do paciente, podendo gerar tonturas e
ma de prevenção da dengue. Segundo o boletim epidemiológico do quedas.
Ministério da Saúde, divulgado em janeiro de 2018, foram regis-
trados menos casos prováveis de dengue em 2017, 252.054 casos Síndrome do choque da dengue
contra 1.483.623 em 2016. A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência
100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e per-
mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca da de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da
de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorres-
em consequência da dengue. piratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e
Existem quatro tipos de dengue, de acordo com os quatro so- derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não
rotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Quando uma pessoa tem tratada pode levar a óbito.
dengue tem uma imunidade relativa contra outro sorotipo.
É uma doença potencialmente grave, porque pode evoluir para Causas
a dengue hemorrágica a síndrome do choque da dengue, caracteri- A dengue não é transmitida de pessoa para pessoa. A trans-
zadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o missão se dá pelo mosquito que, após um período de 10 a 14 dias
risco de morte. A melhor maneira de combater esse mal é atuando contados depois de picar alguém contaminado, pode transportar o
de forma preventiva, impedindo a reprodução do mosquito. vírus da dengue durante toda a sua vida.
O ciclo de transmissão ocorre do seguinte modo: a fêmea do
Aedes Aegypti mosquito deposita seus ovos em recipientes com água. Ao saírem
Acredita-se que o mosquito Aedes aegypti chegou ao Brasil dos ovos, as larvas vivem na água por cerca de uma semana. Após
pelos navios negreiros, uma vez que as primeiras aparições do este período, transformam-se em mosquitos adultos, prontos para
mosquito se deram no continente africano. No início do século XX, picar as pessoas. O Aedes aegypti procria em velocidade prodigiosa
o médico Oswaldo Cruz implantou um programa de combate ao e o mosquito da dengue adulto vive em média 45 dias. Uma vez
mosquito, visando reduzir os casos de febre amarela. Essa medi- que o indivíduo é picado, demora no geral de três a 15 dias para a
da chegou a eliminar a dengue no país durante a década de 1950. doença se manifestar, sendo mais comum cinco a seis dias.
Segundo o Ministério da Saúde a primeira ocorrência do vírus no A transmissão da dengue raramente ocorre em temperaturas
país, comprovada laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982 em abaixo de 16° C, sendo que a mais propícia gira em torno de 30° a
Boa Vista (PR). 32° C - por isso o mosquito se desenvolve em áreas tropicais e sub-
No entanto, a dengue voltou a acontecer no Brasil na década de tropicais. A fêmea coloca os ovos em condições adequadas (lugar
1980. Atualmente, os quatro tipos de vírus circulam no país, sendo quente e úmido) e em 48 horas o embrião se desenvolve. É impor-
que foram registrados 587,8 mil casos de dengue em 2014, de acor- tante lembrar que os ovos que carregam o embrião do mosquito da
do com o Ministério da Saúde. dengue podem suportar até um ano a seca e serem transportados
por longas distâncias, grudados nas bordas dos recipientes. Essa é
Tipos uma das razões para a difícil erradicação do mosquito. Para passar
O vírus da dengue possui quatro variações: DEN-1, DEN-2, DEN- da fase do ovo até a fase adulta, o inseto demora dez dias, em mé-
3 e DEN-4. Todos os tipos de dengue causam os mesmo sintomas. dia. Os mosquitos acasalam no primeiro ou no segundo dia após
Caso ocorra um segundo ou terceiro episódio da dengue, há ris- se tornarem adultos. Depois, as fêmeas passam a se alimentar de
co aumentado para formas mais graves da dengue, como a dengue sangue, que possui as proteínas necessárias para o desenvolvimen-
hemorrágica e síndrome do choque da dengue to dos ovos.
Na maioria dos casos, a pessoa infectada não apresenta sinto- O mosquito Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem
mas de dengue, combatendo o vírus sem nem saber que ele está aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e
em seu corpo. Para aqueles que apresentam os sinais, os tipos de nas pernas. Costuma picar, transmitindo a dengue, nas primeiras
dengue podem se manifestar clinicamente de três formas: horas da manhã e nas últimas da tarde, evitando o sol forte, mas,
mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou
Dengue clássica fora de casa. Há suspeitas de que alguns ataquem durante a noi-
A dengue clássica é a forma mais leve da doença, sendo muitas te. O indivíduo não percebe a picada, pois não dói e nem coça no
vezes confundida com a gripe. Tem início súbito e os sintomas po- momento.
dem durar de cinco a sete dias, apresentando sinais como febre alta A fêmea do Aedes aegypti também transmite a febre chikun-
(39° a 40°C), dores de cabeça, cansaço, dor muscular e nas articula- gunya e a febre Zika e a febre amarela urbana.
ções, indisposição, enjôos, vômitos, entre outros.

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BIOLOGIA
Fatores de risco Diagnóstico de Dengue
Fatores que colocam você em maior risco de desenvolver den- Se você suspeita de dengue, vá direto ao hospital ou clínica de
gue ou uma forma mais grave da doença incluem: saúde mais próxima. Os médicos farão a suspeita clínica com base
- Vivendo ou viajando em áreas tropicais: Estar em áreas tropi- nas informações que você prestar, mas o diagnóstico de certeza é
cais e subtropicais aumenta o risco de exposição ao vírus que causa feito com o exame de sangue para dengue ou sorologia para den-
dengue. As áreas especialmente de alto risco são o Sudeste Asiáti- gue. Ele vai analisar a presença do vírus no seu sangue e leva de três
co, as ilhas do Pacífico Ocidental, a América Latina e o Caribe. a quatro dias para ficar pronto. No atendimento, outros exames
- Infecção prévia com um vírus da dengue: A infecção anterior serão realizados para saber se há sinais de gravidade ou se você
com um vírus da dengue aumenta o risco de ter sintomas graves se pode manter repouso em casa.
você estiver infectado novamente. O exame físico pode revelar:
-Fígado aumentado (hepatomegalia)
Sintomas de Dengue -Pressão baixa
Sintomas de dengue clássica -Erupções cutâneas
Os sintomas de dengue iniciam de uma hora para outra e duram -Olhos vermelhos
entre cinco a sete dias. Normalmente eles surgem entre três a 15 -Pulsação fraca e rápida.
dias após a picada pelo mosquito infectado. Os principais sinais são: Além disso, o governo incluiu o uso de testes rápidos para den-
-Febre alta com início súbito (entre 39º a 40º C) gue na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). O item irá otimi-
-Forte dor de cabeça zar o diagnóstico laboratorial. Serão disponibilizados aos estados
-Dor atrás dos olhos, que piora com o movimento dos mesmos e municípios dois milhões de testes rápidos imunocromatografia
-Manchas e erupções na pele, pelo corpo todo, normalmente qualitativa (IgM/IgG) para dengue.
com coceiras
-Extremo cansaço Exames
-Moleza e dor no corpo O diagnóstico da dengue pode ser feito com os seguintes exa-
-Muitas dores nos ossos e articulações mes:
-Náuseas e vômitos -Testes de coagulação
-Tontura -Eletrólitos (sódio e potássio)
-Perda de apetite e paladar. -Hematócrito
-Enzimas do fígado (TGO, TGP)
Sintomas de dengue hemorrágica -Contagem de plaquetas
Os sintomas de dengue hemorrágica são os mesmos da dengue -Testes sorológicos (mostram os anticorpos ao vírus da dengue)
clássica. A diferença é que a febre diminui ou cessa após o terceiro -Raio X do tórax para demonstrar efusões pleurais.
ou quarto dia da doença e surgem hemorragias em função do san-
gramento de pequenos vasos na pele e nos órgãos internos. Quan- Tratamento de Dengue
do acaba a febre, começam a surgir os sinais de alerta: Não existe tratamento específico contra o vírus da dengue, fa-
-Dores abdominais fortes e contínuas z-se apenas medicamentos para os sintomas da doença, ou seja,
-Vômitos persistentes fazer um tratamento sintomático. É importante apenas tomar mui-
-Pele pálida, fria e úmida to líquido para evitar a desidratação. Caso haja dores e febre, pode
-Sangramento pelo nariz, boca e gengivas ser receitado algum medicamento antitérmico, como o paraceta-
-Manchas vermelhas na pele mol. Em alguns casos, é necessária internação para hidratação en-
-Comportamento variando de sonolência à agitação dovenosa e, nos casos graves, tratamento em unidade de terapia
-Confusão mental intensiva.
-Sede excessiva e boca seca
-Dificuldade respiratória O que tomar em caso de dengue?
-Queda da pressão arterial:Pulso rápido. Pacientes com dengue ou suspeita de dengue devem evitar
Na dengue hemorrágica, o quadro clínico se agrava rapidamen- medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou que
te, apresentando sinais de insuficiência circulatória. A baixa circula- contenham a substância associada. Esses medicamentos têm efei-
ção sanguínea pode levar a pessoa a um estado de choque. Embora to anticoagulante e podem causar sangramentos. Outros anti-in-
a maioria dos pacientes com dengue não desenvolva choque, a pre- flamatórios não hormonais (diclofenaco, ibuprofeno e piroxicam)
sença de certos sinais alertam para esse quadro: também devem ser evitados. O uso destas medicações pode au-
-Dor abdominal persistente e muito forte mentar o risco de sangramentos.
-Mudança de temperatura do corpo e suor excessivo O paracetamol e a dipirona são os medicamentos de escolha
-Comportamento variando de sonolência à agitação para o alívio dos sintomas de dor e febre devido ao seu perfil de
-Pulso rápido e fraco segurança, sendo recomendado tanto pelo Ministério da Saúde,
-Palidez como pela Organização Mundial da Saúde.
-Perda de consciência.
A síndrome de choque da dengue, quando não tratada, pode Dengue tem cura?
levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas No caso da dengue clássica, a febre dura sete dias, mas a fra-
do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue he- queza e mal estar podem perdurar por mais tempo, às vezes por
morrágica morrem. algumas semanas. Embora seja desagradável, a dengue clássica não
é fatal. As pessoas com essa doença se recuperam completamente.
No entanto, é muito importante ficar atento aos sinais de alerta
da manifestação da dengue hemorrágica, que são, principalmente,
os sangramentos no nariz, boca e gengiva. Essa forma de dengue
quando não tratada rapidamente pode levar a óbito.

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BIOLOGIA
Complicações possíveis Evite o acúmulo de água
A síndrome de choque da dengue é a complicação mais séria O mosquito coloca seus ovos em água limpa, mas não neces-
da dengue, se caracterizando por uma grande queda ou ausência sariamente potável. Por isso é importante jogar fora pneus velhos,
de pressão arterial, acompanhado de inquietação, palidez e per- virar garrafas com a boca para baixo e, caso o quintal seja propenso
da de consciência. Uma pessoa que sofreu choque por conta da à formação de poças, realizar a drenagem do terreno. Também é
dengue pode sofrer várias complicações neurológicas e cardiorres- necessário lavar a vasilha de água do bicho de estimação regular-
piratórias, além de insuficiência hepática, hemorragia digestiva e mente e manter fechadas tampas de caixas d’água e cisternas.
derrame pleural. Além disso, a síndrome de choque da dengue não
tratada pode levar a óbito. Coloque tela nas janelas
Outras possíveis complicações da dengue incluem: Colocar telas em portas e janelas ajuda a proteger sua família
-Convulsões febris em crianças pequenas contra o mosquito da dengue. O problema é quando o criadouro
-Desidratação grave está localizado dentro da residência. Nesse caso, a estratégia não
-Sangramentos. será bem sucedida. Por isso, não se esqueça de que a eliminação
-Convivendo/ Prognóstico dos focos da doença é a maneira mais eficaz de proteção.
-Pessoas diagnosticadas com a dengue devem manter cuidados
básicos como: Coloque areia nos vasos de plantas
O uso de pratos nos vasos de plantas pode gerar acúmulo de
Repouso água. Há três alternativas: eliminar esse prato, lavá-lo regularmen-
Reposição de líquidos, principalmente recorrendo ao soro ca- te ou colocar areia. A areia conserva a umidade e ao mesmo tempo
seiro em casos de vômitos evita que e o prato se torne um criadouro de mosquitos.
Uso correto dos medicamentos indicados.
Aplicativos para o combate da dengue Seja consciente com seu lixo
Existem vários aplicativos que ajudam no tratamento preven- Não despeje lixo em valas, valetas, margens de córregos e ria-
ção contra dengue . Veja alguns a seguir, sempre lembrando que chos. Assim você garante que eles ficarão desobstruídos, evitando
eles não substituem um bom acompanhamento médico: acúmulo e até mesmo enchentes. Em casa, deixe as latas de lixo
UNA - SUS Dengue: Este aplicativo possibilita que o usuário sempre bem tampadas.
calcule a reposição de líquidos de acordo com suas características Coloque desinfetante nos ralos
fisiológicas e apresenta dicas relacionadas ao tratamento e preven- Ralos pequenos de cozinhas e banheiros raramente tornam-se
ção da doença. Avaliado com 4,4 estrelas na Google Play. foco de dengue devido ao constante uso de produtos químicos,
Observatório do Aedes Aegypti: O app possibilita que a popula- como xampu, sabão e água sanitária. Entretanto, alguns ralos são
ção denuncie a suspeita de focos e casos de dengue. Dessa forma, o rasos e conservam água estagnada em seu interior. Nesse caso, o
governo poderá ter acesso mais rapidamente às informações para ideal é que ele seja fechado com uma tela ou que seja higienizado
planejar o combate. com desinfetante regularmente.

Prevenção Limpe as calhas


Tome a vacina Grandes reservatórios, como caixas d’água, são os criadouros
A vacina contra dengue foi criada para prevenir a manifestação mais produtivos de dengue, mas as larvas do mosquito podem ser
do vírus. Atualmente apenas uma vacina foi licenciada no Brasil, a encontradas em pequenas quantidades de água também. Para evi-
desenvolvida pela empresa francesa Sanofi Pasteur. Ela é feita com tar até essas pequenas poças, calhas e canos devem ser checados
vírus atenuados e é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro todos os meses, pois um leve entupimento pode criar reservatórios
sorotipos de dengue existentes. Ela possui a estrutura do vírus va- ideais para o desenvolvimento do Aedes aegypti.
cinal da febre amarela, o que lhe dá mais estabilidade e segurança. Lagos caseiros e aquários
Vacinas com o vírus atenuado são aquelas que diminuem a pe- Assim como as piscinas, a possibilidade de laguinhos caseiros e
riculosidade do vírus, garantindo que ele não cause doenças, mas aquários se tornarem foco de dengue deixou muitas pessoas pre-
sejam capazes de gerar resposta imunológica, fazendo com que o ocupadas, porém, peixes são grandes predadores de formas aquá-
organismo da pessoa reconheça o vírus e saiba como atacá-lo quan- ticas de mosquitos. O cuidado maior deve ser dado, portanto, às
do a pessoa for exposta a sua versão convencional. piscinas que não são limpas com frequência.
A eficácia na população acima de 9 anos é de, aproximadamen-
te, 66% contra os quatro sorotipos de vírus da dengue. Isso significa Uso de inseticidas e larvicidas
que em um grupo de cem pessoas, 66 evitariam contrair a doença. Tanto os larvicidas quanto os inseticidas distribuídos aos esta-
Além disso, reduz os casos graves - aqueles que levam ao óbito, dos e municípios pela Secretaria de Vigilância em Saúde têm eficá-
como a dengue hemorrágica - em 93% e os índices de hospitaliza- cia comprovada, sendo preconizados por um grupo de especialistas
ções em 80%. da Organização Mundial da Saúde.
Além dela, o Instituto Butantan está testando uma nova vacina Os larvicidas servem para matar as larvas do mosquito da den-
feita no Brasil. O antíduto também é feito com vírus atenuados e gue. São aqueles produtos em pó, ou granulado, que o agente de
está na terceira fase de testes, em que mais de 17 mil voluntários combate a dengue coloca nos ralos, caixas d’água, enfim, nos luga-
serão observados: dois terços deles receberão a vacina verdadeira res onde há água parada que não pode ser eliminada.
e um terço receberá um placebo. Antes ela passou por testes clíni-
cos nos Estados Unidos em 600 pessoas e depois em São Paulo por
mais 300. O plano de fazer os testes agora em todo Brasil é garantir
que as pessoas estudadas tenham contato com todos os sorotipos
da doença.

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BIOLOGIA
Já os inseticidas são líquidos espalhados pelas máquinas de ne- O primeiro surto causado por um vírus derivado vacinal (PVDV)
bulização, que matam os insetos adultos enquanto estão voando, foi detectado na Ilha de Hispaniola (que pertence ao Haiti e à Re-
pela manhã e à tarde, porque o mosquito tem hábitos diurnos. O pública Dominicana), em 2000/2001. Esse surto teve grande impor-
fumacê, como é chamado, não é aplicado indiscriminadamente, tância no processo de erradicação da Poliomielite, quando foram
sendo utilizado somente quando existe a transmissão da dengue registrados 21 casos (50% na faixa etária de 1 a 4 anos).
em surtos ou epidemias. Desse modo, a nebulização pode ser con-
siderada um recurso extremo, porque é utilizada em um momen- Quais são os sintomas da poliomielite?
to de alta transmissão, quando as ações preventivas de combate à Os sinais e sintomas da poliomielite variam conforme as for-
dengue falharam ou não foram adotadas. mas clínicas, desde ausência de sintomas até manifestações neuro-
Algumas vezes, os mosquitos e larvas da dengue desenvolvem lógicas mais graves. A poliomielite pode causar paralisia e até mes-
resistência aos produtos. Sempre que isso é detectado, o produto é mo a morte, mas a maioria das pessoas infectadas não fica doente
imediatamente substituído por outro. e não manifesta sintomas, deixando a doença passar despercebida.
Os sintomas mais frequentes são:
Uso de repelente - febre;
O uso de repelentes, principalmente em viagens ou em locais - mal-estar;
com muitos mosquitos, é um método importante para se proteger - dor de cabeça;
contra a dengue. Recomenda-se, porém, o uso de produtos indus- - dor de garganta e no corpo;
trializados. Os repelentes caseiros, como andiroba, cravo-da-índia, - vômitos;
citronela e óleo de soja não possuem grau de repelência forte o - diarreia;
suficiente para manter o mosquito longe por muito tempo. Além - constipação (prisão de ventre);
disso, a duração e a eficácia do produto são temporárias, sendo - espasmos;
necessária diversas reaplicações ao longo do dia, o que muitas pes- - rigidez na nuca;
soas não costumam fazer. - meningite.

O que é a poliomielite? Na forma paralítica ocorre:


Poliomielite (paralisia infantil) é uma doença contagiosa aguda - Instalação súbita de deficiência motora, acompanhada de fe-
causada por vírus que pode infectar crianças e adultos e em casos bre.
graves pode acarretar paralisia nos membros inferiores. A vacina- - Assimetria acometendo, sobretudo a musculatura dos mem-
ção é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de bros, com mais frequência os inferiores;
cinco anos devem ser vacinadas. - Flacidez muscular, com diminuição ou abolição de reflexos
A Poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infan- profundos na área paralisada;
til, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que - Sensibilidade conservada;
pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fe- - Persistência de paralisia residual (sequela) após 60 dias do
zes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e início da doença.
provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as
paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos. Como prevenir a poliomielite?
A doença permanece endêmica em três países: Afeganistão, A vacinação é a única forma de prevenção da Poliomielite. To-
Nigéria e Paquistão, com registro de 12 casos. Nenhum confirma- das as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vaci-
do nas Américas. Como resultado da intensificação da vacinação, nadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha
no Brasil não há circulação de poliovírus selvagem (da poliomielite) nacional anual.
desde 1990. Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a
ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais
IMPORTANTE: Poliomielite e paralisia infantil são a mesma coi- duas doses de reforço com a vacina oral bivalente– VOP (gotinha).
sa. A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças A mudança está de acordo com a orientação da Organização
menores de cinco anos devem ser vacinadas conforme esquema de Mundial da Saúde (OMS) e faz parte do processo de erradicação
vacinação de rotina e na campanha nacional anual. Cuide da saúde mundial da pólio.
do(a) seu(sua) filho(a).
Situação epidemiológica da poliomielite Quais são as causas e sequelas da poliomielite?
No Brasil, o último caso de infecção pelo poliovírus selvagem A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a hi-
ocorreu em 1989, na cidade de Souza/PB. A estratégia adotada giene pessoal precária constituem fatores que favorecem a trans-
para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de missão do poliovírus, causador da poliomielite.
campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção
(VOP). Essa vacina propicia imunidade individual e aumenta a imu- da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente correspon-
nidade de grupo na população em geral, com a disseminação do po- dem a sequelas motoras e não tem cura. Assim, as principais seque-
liovírus vacinal no meio ambiente, em um curto espaço de tempo. las da poliomielite são:
Chama-se a atenção para o risco de importação de casos de pa- Problemas e dores nas articulações;
íses onde ainda há circulação endêmica do poliovírus selvagem (Pa- Pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não con-
quistão, Nigéria e Afeganistão). Com isso, reforça-se a necessidade segue andar porque o calcanhar não encosta no chão;
de manter ações permanentes e efetivas de vigilância da doença e Crescimento diferente das pernas, o que faz com que a pessoa
níveis adequados de proteção imunológica da população. manque e incline-se para um lado, causando escoliose;
Osteoporose;
Paralisia de uma das pernas;
Paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca
acúmulo de secreções na boca e na garganta;

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BIOLOGIA
Dificuldade de falar; Quais são os sintomas da raiva?
Atrofia muscular; Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clí-
Hipersensibilidade ao toque. nicos inespecíficos (pródromos) da raiva, que duram em média de
2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:
As sequelas da poliomielite são tratadas por meio de fisiotera- -mal-estar geral;
pia e da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força -pequeno aumento de temperatura;
dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando as- -anorexia;
sim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além -cefaleia;
disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as do- -náuseas;
res musculares e das articulações. -dor de garganta;
-entorpecimento;
A poliomielite atinge também os adultos? -irritabilidade;
Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomie- -inquietude;
lite também pode ocorrer em adultos que não foram imunizados. -sensação de angústia.
Por isso é fundamental ficar atento às medidas preventivas, como:
lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimen- Podem ocorrer linfoadenopatia, hiperestesia e parestesia no
tos e beber água tratada. trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura, e
alterações de comportamento.
Como é feito o diagnóstico da poliomielite?
O diagnóstico da poliomielite deve ser suspeitado sempre que Quais são as complicações da raiva?
houver paralisia flácida de surgimento agudo com diminuição ou A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais gra-
abolição de reflexos tendinosos em menores de 15 anos. ves e complicadas, como:
Os exames de liquor (cultura) e a eletromiografia são recursos -ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes;
diagnósticos importantes. O diagnóstico será dado pela detecção -febre;
de poliovírus nas fezes. -delírios;
Como é feito o tratamento da poliomielite? -espasmos musculares involuntários, generalizados, e/ou con-
Não existe tratamento específico da poliomielite, todas as víti- vulsões.
mas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento
dos sintomas de acordo com o quadro clínico do paciente. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem
quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialor-
O que é raiva? reia intensa (“hidrofobia”).
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete ma- Os espasmos musculares evoluem para um quadro de parali-
míferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite sia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e
progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, ae-
causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. rofobia, hiperacusia e fotofobia.

IMPORTANTE: A raiva é de extrema importância para saúde IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período
pública, devido a sua letalidade de aproximadamente 100%, por de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução
ser uma doença passível de eliminação no seu ciclo urbano (trans- para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de ins-
mitido por cão e gato) e pela existência de medidas eficientes de talados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.
prevenção, como a vacinação humana e animal, a disponibilização
de soro antirrábico humano, a realização de bloqueios de foco, en- Como é feito o diagnóstico da raiva?
tre outras. A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos
casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imuno-
Como a raiva é transmitida? fluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa
A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infec- lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de
tados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser trans- folículos pilosos).
mitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas,
O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da au-
até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser tópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à
localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, Diagnóstico diferencial
lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quan-
proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervo- do o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas carac-
sos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral. terísticos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito.
5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes.
toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte No caso da raiva humana transmitida por morcegos hemató-
do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresenta- fagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é
ção dos sintomas. incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confun-
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do didos com raiva humana.
vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros
(morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sinto-
matologia aparente.

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BIOLOGIA
Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: Em caso de título insatisfatório, aplicar uma dose de reforço e
tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteurelose, por mordedura reavaliar a partir do 14º dia após o reforço.
de gato e de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por
mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato (So- Profilaxia Pós-Exposição
dóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de Em caso de possível exposição ao vírus da raiva, é imprescindí-
inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras vel a limpeza do ferimento com água corrente abundante e sabão
encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdoví- ou outro detergente, pois essa conduta diminui, comprovadamen-
rus; e tularemia. te, o risco de infecção. É preciso que seja realizada o mais rápido
Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus possível após a agressão e repetida na unidade de saúde, indepen-
e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, dentemente do tempo transcorrido.
apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É A limpeza deve ser cuidadosa, visando eliminar as sujidades
importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser reali- sem agravar o ferimento, e, em seguida, devem ser utilizados an-
zada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com desta- tissépticos como o polivinilpirrolidona-iodo, povidine e digluconato
que para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e de clorexidina ou álcool-iodado.
vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar aten- Essas substâncias deverão ser utilizadas somente na primeira
tamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, consulta. Nas seguintes, devem-se realizar cuidados gerais orienta-
aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de dos pelo profissional de saúde, de acordo com a avaliação da lesão.
deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do compor- Deve-se fazer anamnese completa, utilizando-se a Ficha de
tamento. Atendimento Antirrábico Humano (Sinan), visando à indicação cor-
Como é feito o tratamento da raiva? reta da profilaxia da raiva humana.
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor As exposições (mordeduras, arranhaduras, lambeduras e con-
medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando tatos indiretos) devem ser avaliadas pela equipe médica de acordo
a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se com as características do ferimento e do animal envolvido para fins
utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na de indicação de conduta de esquema profilático, conforme esque-
indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamen- ma de profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular.
tos específicos.
Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes IMPORTANTE: É é importante salientar que nem todos os pa-
de raiva, mesmo submetido ao protocolo sobrevivem. cientes de raiva, mesmo submetido ao protocolo, sobrevivem.

Profilaxia antirrábica humana Como prevenir a raiva?


O Ministério da Saúde adquire e distribui às Secretarias Esta- No caso de agressão por parte de algum animal, a assistência
duais de Saúde os imunobiológicos necessários para a profilaxia da médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao feri-
raiva humana no Brasil: vacina antirrábica humana de cultivo celu- mento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão e aplicar
lar, soro antirrábico humana e imunoglobulina antirrábica humana. produto antisséptico.
Atualmente se recomenda duas possíveis medidas de profilaxia an- O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito
tirrábica humana: a pré-exposição e a pós-exposição, após avalia- pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a aplica-
ção profissional e se necessário. ção de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos,
quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele ma-
Profilaxia Pré-Exposição nifesta doença ou morre.
A profilaxia pré-exposição deve ser indicada para pessoas com
risco de exposição permanente ao vírus da raiva, durante ativida- IMPORTANTE: Caso o animal adoeça, desapareça ou morra
des ocupacionais exercidas por profissionais como: nesse período, informar o serviço de saúde imediatamente.
Médicos Veterinários; biólogos; profissionais de laboratório de
virologia e anatomopatologia para raiva; estudantes de Medicina A vacinação anual de cães e gatos é eficaz na prevenção da
Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica e áreas raiva nesses animais, o que consequentemente previne também a
afins; raiva humana.
Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de Deve-se sempre evitar de se aproximar de cães e gatos sem
amostras, vacinação, pesquisas, investigações ecopidemiológicas, donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando,
identificação e classificação de mamíferos: os domésticos (cão e com crias ou mesmo dormindo.
gato) e/ou de produção (bovídeos, equídeos, caprinos, ovinos e su- Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres direta-
ínos), animais silvestres de vida livre ou de cativeiro, inclusive fun- mente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encon-
cionário de zoológicos; trados em situações não habituais.
Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profis-
sionais que trabalham em áreas de risco. Raiva Humana
Pessoas com risco de exposição ocasional ao vírus, como turis- A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor-
tas que viajam para áreas de raiva não controlada, devem ser ava- tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços
liados individualmente, podendo receber a profilaxia pré-exposição de vigilância sanitária municipal, estadual e federal.
dependendo do risco a que estarão expostos durante a viagem. A raiva é uma antropozoonose causada por um RNA-vírus da
A profilaxia pré-exposição apresenta as seguintes vantagens: família Rhabidoviridae (RABV), gênero Lyssavirus. Com o aspecto
Simplifica a terapia pós-exposição, eliminando a necessidade aproximado de uma bala de revólver, ele é transmitido para os hu-
de imunização passiva (soro ou imunoglobulina), e diminui o núme- manos pelo contato direto com a saliva de um mamífero infectado,
ro de doses da vacina; e seja através de mordidas ou penetrando por feridas abertas, seja
Desencadeia resposta imune secundária mais rápida (booster), através de lambidas na lesão ou em mucosas, como a da boca, por
quando iniciada a pós-exposição. exemplo, que são permeáveis a esse tipo de germe.

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BIOLOGIA
O Lyssavirus tem predileção pelas células do sistema nervoso. Tipos
Assim que é inoculado através de uma lesão na pele, ele se multipli- Não há tipos de sarampo, somente fases de apresentação e
ca, invade os nervos periféricos e, movendo-se lentamente – cerca complicações relacionadas à doença.
de 1 cm por dia -, propaga-se pelos neurotransmissores, alcança o
cérebro (fase centrípeta) e provoca um quadro grave de encefalite. Causas
Dali, ele se espalha por vários órgãos do corpo (fase centrífuga), Não há uma causa específica para o Sarampo. O vírus ainda cir-
mas é nas glândulas salivares que torna a multiplicar-se e é excreta- cula por não ter uma população completamente imune. Os surtos
do pela saliva do animal doente. de sarampo ocorrem devido a fluxos de pessoas suscetíveis ao sa-
A raiva humana é uma doença viral aguda, progressiva e mor- rampo, ou seja, que não foram vacinadas, e também à diminuição
tal, de notificação compulsória, individual e imediata aos serviços da cobertura vacinal nos últimos anos.
de vigilância sanitária municipal, estadual e federal. Conhecida
desde a Antiguidade, antes de a vacina ser descoberta por Louis Transmissão
Pasteur, no final do século 19, representava sentença de morte em A transmissão é diretamente de pessoa a pessoa, por meio das
praticamente 100% dos casos. secreções do nariz e da boca expelidas pelo doente ao tossir, res-
O vírus da raiva está difundido em todos os continentes, ex- pirar ou falar.
ceção feita à Austrália e Oceania. Alguns países da América, da Por isso, quem reconhece os sintomas do sarampo precisa se
Europa, o Japão a Austrália e outras ilhas do Pacífico conseguiram consultar com um médico. Se a doença for confirmada, deve evitar
erradicar a forma urbana da doença. o contato com pessoas não infectadas.
No entanto, a transmissão por animais silvestres, especialmen- Ficar em locais fechados junto com uma pessoa doente facilita
te pelo morcego da espécie Desmodus Rotundus, continua sendo a transmissão do vírus do sarampo.
um desafio que ainda precisa ser vencido.
Hidrofobia, palavra de origem grega que significa pavor, aver- Sintomas de Sarampo
são pela água, é outro nome pelo qual a enfermidade é conhecida. Altamente contagioso, o sarampo é propagado por meio das
Na realidade, a hidrofobia é apenas um dos sintomas da doença, secreções mucosas (como a saliva, por exemplo) de indivíduos do-
que aparece quando ela já se tornou avançada. entes para outros não-imunizados. O período de incubação dura
Qualquer mamífero, doméstico ou não – o homem inclusive em média 10 dias, mas pode variar de 7 a 18 dias. Isto significa que
– pode ser infectado pelo vírus da raiva, que não penetra em pele esta é a média de tempo desde a data da exposição ao vírus até o
íntegra, somente através de ferimentos abertos ou das mucosas. A aparecimento dos sintomas.
transmissão pode ocorrer antes mesmo de surgirem os primeiros Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são:
sintomas da doença. • Febre
Embora o vírus esteja presente na urina, fezes e sangue dos • Tossepersistente
animais infectados, não costuma oferecer risco maior de transmis- • conjuntivite
são, porque não consegue sobreviver por muito tempo fora do or- • coriza
ganismo do hospedeiro. • fotofobia
Exceção feita aos mamíferos, não há notícia de que outra clas- Do 2° ao 4° dia desse período, os sintomas iniciais se agravam,
se de animais possa transmitir o vírus da raiva. Na maior parte dos e ainda surgem outros sinais de sarampo:
casos, cães e morcegos são os animais que mais transmitem a do- • Manchas vermelhas (que que não coçam e podem apare-
ença pela saliva carregada de vírus. cer atrás das orelhas)
Entretanto, embora bastante raros, há casos de transmissão • Prostração
inter-humana pelo transplante de tecidos ou de órgãos infectados As manchas avermelhadas geralmente progridem em direção
(especialmente pelo transplante de córnea), e casos de transmissão aos pés, com duração mínima de três dias. Além disso, pode causar
por via respiratória, quando uma pessoa não vacinada inala o ar infecção nos ouvidos,pneumonia,diarreia,convulsõese lesões no
carregado de vírus em cavernas infestadas de morcegos, por exem- sistema nervoso.
plo.
É considerada remota a possibilidade de que o vírus da raiva Tuberculose
possa ser transmitido por via sexual, da mãe para o feto durante a A tuberculose - chamada antigamente de “peste cinzenta”, e
gestação ou digestiva. conhecida também em português como tísica pulmonar ou “doen-
ça do peito” - é uma das doenças infecciosas documentadas desde
SARAMPO mais longa data e que continua a afligir a Humanidade nos dias atu-
O que é Sarampo? ais. É causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conheci-
Osarampoé uma doença infecto-contagiosa causada por um ví- do como bacilo-de-koch. Estima-se que a bactéria causadora tenha
rus chamado Morbillivirus. A enfermidade é uma das principais res- evoluído há 40.000 anos, a partir de outras bactérias do gênero
ponsáveis pela mortalidade infantil em países sub-desenvolvidos. Mycobacterium.
Seus sintomas incluem febre e manchas no corpo, e o tratamento é A tuberculose é considerada uma doença socialmente deter-
feito para atenuar estes sintomas. minada, pois sua ocorrência está diretamente associada à forma
As vacinas para o sarampo são dadas na infância, e isso fez com como se organizam os processos de produção e de reprodução so-
que, em 2016, o Brasil tenha recebido da Organização Pan-Ameri- cial, assim como à implementação de políticas de controle da do-
cana da Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da circulação do ença. Os processos de produção e reprodução estão diretamente
vírus do sarampo. relacionados ao modo de viver e trabalhar do indivíduo.
No entanto, em 2018 o país enfrenta dois surtos de sarampo,
em Roraima e Amazonas, com mais de mil casos confirmados.

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BIOLOGIA
A tuberculose pulmonar é a forma mais frequente e generaliza- Algumas situações aumentam o risco de progressão da tuber-
da da doença. Porém, o bacilo da tuberculose pode afetar também culose. Em pessoas infectadas com o HIV ou outras doenças que de-
outras áreas do nosso organismo, como, por exemplo, laringe, os primem o sistema imunológico tem muito mais chances de desen-
ossos e as articulações, a pele (lúpus vulgar), os glânglios linfáticos volverem complicações. Outras situações de risco incluem: o abuso
(escrófulo), os intestinos, os rins e o sistema nervoso. A tuberculose de drogas injetáveis; infecção recente de tuberculose nos últimos 2
miliar consiste num alastramento da infeção a diversas partes do anos; raio-x do tórax que sugira a existência de tuberculose (lesões
organismo, por via sanguínea. Este tipo de tuberculose pode atin- fibróticas e nódulos); diabetes mellitus, silicose, terapia prolongada
gir as meninges (membranas que revestem a medula espinhal e o com corticosteróides e outras terapias imuno-supressivas, câncer
encéfalo), causando infecções graves denominadas de “meningite na cabeça ou pescoço, doenças no sangue ou reticuloendoteliais
tuberculosa”. (leucemia e doença de Hodgkin), doença renal em estágio avan-
Em diversos países houve a ideia de que por volta de 2010 a çado, gastrectomia, síndromes de mal-absorção crônicas, ou baixo
doença estaria praticamente controlada e inexistente. No entan- peso corporal (10% ou mais de peso abaixo do ideal).
to, o advento do HIV e da AIDS mudaram drasticamente esta pers-
pectiva. No ano de 1993, em decorrência do número de casos da A tuberculose afeta principalmente os pulmões, (75% ou mais)
doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado e é chamada de tuberculose pulmonar. Os sintomas incluem tosse
de emergência global e propôs o DOTS (Tratamento Diretamente prolongada com duração de mais de três semanas, dor no peito e
Supervisionado) como estratégia para o controle da doença. hemoptise. Outros sintomas incluem febre, calafrios, suores notur-
nos, perda de apetite e de peso, e cansaço fácil. A palavra consun-
Sintomas mais comuns: Entre seus sintomas, pode-se mencio- ção (consumpção, em Portugal) surgiu porque os doentes pareciam
nar tosse com secreção, febre (mais comumente ao entardecer), ter sido “consumidos por dentro” pela doença. Outros locais do
suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento, cansaço fácil e corpo que são afetados incluem a pleura, o sistema nervoso cen-
dores musculares. Dificuldade na respiração, eliminação de sangue tral (meninges), o sistema linfático, o sistema genitourinário, ossos
e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos e articulações, ou pode ser disseminada pelo corpo (tuberculose
mais graves. miliar - assim chamada porque as lesões que se formam parecem
Contágio e evolução: A tuberculose se dissemina através de pequenos grãos de milho). Estas são mais comuns em pessoas com
aerossóis no ar que são expelidas quando pessoas com tuberculose supressão imunológica e em crianças. A tuberculose pulmonar tam-
infecciosa tossem, espirram. Contactos próximos (pessoas que tem bém pode evoluir a partir de uma tuberculose extrapulmonar.
contato freqüente) têm alto risco de se infectarem. A transmissão Resistência a medicamentos: A tuberculose resistente é trans-
ocorre somente a partir de pessoas com tuberculose infecciosa mitida da mesma forma que as formas sensíveis a medicamentos.
activa (e não de quem tem a doença latente). A probabilidade da A resistência primária se desenvolve em pessoas infectadas ini-
transmissão depende do grau de infecção da pessoa com tubercu- cialmente com microorganismos resistentes. A resistência secun-
lose e da quantidade expelida, forma e duração da exposição ao dária (ou adquirida) surge quando a terapia contra a tuberculose é
bacilo, e a virulência. A cadeia de transmissão pode ser interrom- inadequada ou quando não se segue ou se interrompe o regime de
pida isolando-se pacientes com a doença ativa e iniciando-se uma tratamento prescrito.
terapia antituberculose eficaz.
Notificação: A tuberculose é uma doença de notificação obri- Diagnóstico: Uma avaliação médica completa para a tuberculo-
gatória (compulsória), ou seja, qualquer caso confirmado tem que se ativa inclui um histórico médico, um exame físico, a baciloscopia
ser obrigatoriamente notificado. de escarro, uma radiografia do tórax e culturas microbiológicas. A
prova tuberculínica (também conhecida como teste tuberculínico
Infecção: A infecção pelo M. tuberculosis se inicia quando o ou teste de Mantoux) está indicada para o diagnóstico da infecção
bacilo atinge os alvéolos pulmonares e pode se espalhar para os latente, mas também auxilia no diagnóstico da doença em situa-
nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos ções especiais, como no caso de crianças com suspeita de tubercu-
mais distantes onde a doença pode se desenvolver: a parte supe- lose. Toda pessoa com tosse por três semanas ou mais é chamada
rior dos pulmões, os rins, o cérebro e os ossos. A resposta imunoló- sintomática respiratória (SR) e pode estar com tuberculose.
gica do organismo mata a maioria dos bacilos, levando à formação
de um granuloma. Os “tubérculos”, ou nódulos de tuberculose são Baciloscopia: A baciloscopia é um exame realizado com o es-
pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzen- carro do paciente suspeito de ser vítima de tuberculose, colhido
tada contendo a bactéria da tuberculose. Normalmente o sistema em um potinho estéril. Para o exame são necessárias duas amos-
imunológico é capaz de conter a multiplicação do bacilo, evitando tras. Uma amostra deve ser colhida no momento da identificação
sua disseminação em 90% dos casos. do sintomático respiratório e a outra na manhã do dia seguinte,
Evolução: Entretanto, em algumas pessoas, o bacilo da tu- com o paciente ainda em jejum após enxaguar a boca com água. É
berculose supera as defesas do sistema imunológico e começa a importante orientar o paciente a não cuspir, mas sim escarrar. Esse
se multiplicar, resultando na progressão de uma simples infecção exame está disponível no SUS e pode ser solicitado por enfermeiros
por tuberculose para a doença em si. Isto pode ocorrer logo após a e médicos.
infecção (tuberculose primária – 1 a 5% dos casos), ou vários anos Histórico médico: O histórico médico inclui a obtenção de sin-
após a infecção (reativação da doença tuberculosa, ou bacilo dor- tomas da tuberculose pulmonar:
mente – 5 a 9 %). Cerca de 5% das pessoas infectadas vão desenvol- - tosse intensa e prolongada por três ou mais semanas;
ver a doença nos dois primeiros anos, e outras 5% vão desenvolvê- - dor no peito; e
-la ainda mais tarde. No total, cerca de 10% dos infectados com sis- - hemoptise.
tema imunológico normal desenvolverão a doença durante a vida.
Sintomas sistêmicos incluem:
- febre;
- calafrios;
- suores noturnos;

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BIOLOGIA
- perda de apetite e peso; e Prova Tubberculínica (Teste Tuberculínico ou de Mantoux):
- cansaço fácil. Dentre a gama de testes disponíveis para avaliar a possibilidade de
Outras partes do histórico médico incluem: TB, o teste de Mantoux envolve injeção intradérmica de tuberculi-
- exposição anterior à tuberculose, na forma de infecção ou na e a medição do tamanho da envuração provocada após 72 horas
doença; (48 a 96 horas). O teste intradérmico de Mantoux é usado no Brasil,
- tratamento anterior de TB; nos EUA e no Canadá. O teste de Heaf é usado no Reino Unido. Um
- fatores de risco demográficos para a TB; e resultado positivo indica que houve contato com o bacilo (infec-
- condições médicas que aumentem o risco de infecção por tu- ção latente da tuberculose), mas não indica doença, já que, após
berculoses, tais como a infecção por HIV. o contágio, o indivíduo apresenta 5% de chances de desenvolver a
doença nos primeiros 2 anos. Este teste é utilizado para fins de con-
Deve-se suspeitar de tuberculose quando uma doença respira- trole epidemiológico e profilaxia em contactantes de pacientes com
tória persistente - num indivíduo que de outra forma seria saudável tuberculose. Em situações específicas, como no caso do diagnóstico
- não estiver respondendo aos antibióticos regulares. da doença em crianças, pode auxiliar no diagnóstico. O derivado de
Exame físico: Um exame físico é feito para avaliar a saúde geral proteína purificada (ou PPD), que é um precipitado obtido de cultu-
do paciente e descobrir outros fatores que podem afetar o plano de ras filtradas e esterilizadas, é injetado de forma intradérmica (isto
tratamento da tuberculose. Não pode ser usado como diagnostica- é, dentro da pele) e a leitura do exame é feita entre 48 e 96 horas
dor da Tuberculose. (idealmente 72 horas) após a aplicação do PPD. Um paciente que
Radiografia do tórax: A tuberculose cria cavidades visíveis em foi exposto à bactéria deve apresentar uma resposta imunológica
radiografias como esta, na parte superior do pulmão direito. Uma na pele, a chamada “enduração”.
radiografia postero-anterior do tórax é a tradicionalmente feita; Classificação da reação à tuberculina: Os resultados são classi-
outras vistas (lateral ou lordótico) ou imagens de tomografia com- ficados como Reator Forte, Reator Fraco ou Não Reator. Um endu-
putadorizada podem ser necessárias. recimento de mais de 5–15 mm (dependendo dos fatores de risco
Em tuberculose pulmonar ativa, infiltrações ou consolidações da pessoa) a 10 unidades de Mantoux é considerado um resultado
e/ou cavidades são frequentemente vistas na parte superior dos positivo, indicando infecção pelo M. tuberculosis.
pulmões com ou sem linfadenopatia (doença nos nódulos linfáti- 5 mm ou mais de tamanho são positivos para a TB em:
cos) mediastinal ou hilar. No entanto, lesões podem aparecer em - pacientes positivos para o HIV
qualquer lugar nos pulmões. Em pessoas com HIV e outras imuno- - contatos com casos recentes de TB
-supressões, qualquer anormalidade pode indicar a TB, ou o raio-x - pessoas com mudanças nodulares ou fibróticas em raios-x do
dos pulmões pode até mesmo parecer inteiramente normal. Em tórax, consistentes com casos antigos de TB curada
geral, a tuberculose anteriormente tratada aparece no raio-x como - Pacientes com órgãos transplantados e outros pacientes imu-
nódulos pulmonares na área hilar ou nos lóbulos superiores, apre- no-suprimidos
sentando ou não marcas fibróticas e perda de volume. Bronquiec-
tastia (isto é, dilatação dos brônquios com a presença de catarro) e 10 mm ou mais é positivo em:
marcas pleurais podem estar presentes. - Pessoas recém-chegadas (menos de 5 anos) de países com
Nódulos e cicatrizes fibróticas podem conter bacilos de tuber- alta incidência da doença (isso inclui quem mora no Brasil)
culose em multiplicação lenta, com potencial para progredirem - Utilizadores de drogas injetáveis
para uma futura tuberculose ativa. Indivíduos com estas caracterís- - Residentes e empregados de locais de aglomerações de alto
ticas em seus exames, se tiverem um teste positivo de reação sub- risco (ex.: prisões, enfermarias, hospitais, abrigos de sem-teto, etc.)
cutânea à tuberculina, devem ser consideradas candidatos de alta - Pessoal de laboratórios onde se faça testes com Mycobacte-
prioridade ao tratamento da infecção latente, independente de sua rium
idade. De modo oposto, lesões granulares calcificadas (granulomas - Pessoas com condições clínicas de alto risco (ex.:, diabetes,
calcificados) apresentam baixíssimo risco de progressão para uma terapias prolongadas com corticosteróides, leucemia, falência re-
tuberculose ativa. Anormalidades detectadas em radiografias do nal, síndromes de mal-absorção crônicas, reduzido peso corporal,
tórax podem sugerir, porém, nunca são exatamente o diagnóstico, etc)
de tuberculose. Entretanto, estas radiografias podem ser usadas - Crianças com menos de 4 anos de idade, ou crianças e adoles-
para descartar a possibilidade de tuberculose pulmonar numa pes- centes expostos a adultos nas categorias de alto risco
soa que tenha reação positiva ao teste de tuberculina mas que não
tenha os sintomas da doença. 15 mm ou mais é positivo em:
Estudos microbiológicos: Colônias de M. tuberculosis podem - (Não utilizado no Brasil) Pessoas sem fatores de risco conhe-
ser vistas nitidamente nesta cultura. Análises de amostras de es- cidos para a TB
carro e culturas microbiológicas devem ser feitas para detectar o - (Nota: programas de testes cutâneos normalmente são con-
bacilo, caso o paciente esteja produzindo secreção. Se não estiver duzidos entre grupos de alto risco para a doença)
produzindo-a, uma amostra coletada na laringe, uma broncoscopia
ou uma aspiração por agulha fina podem ser consideradas. O ba- Um teste negativo não exclui tuberculose ativa, especialmente
cilo pode ser cultivado, apesar de crescer lentamente e então, ou se o teste foi feito entre 6 e 8 semanas após adquirir-se a infecção;
imediatamente após colheita da amostra corado (com a técnica de se a infecção for intensa, ou se o paciente tiver comprometimen-
Ziehl-Neelsen) e observado ao microscópio óptico. to imunológico. Um teste positivo não indica doença ativa, apenas
que o indivíduo teve contato com o bacilo. Não há relação entre a
eficácia da vacina BCG e um teste de Mantoux positivo. Uma BCG é
suficiente; a revacinação não é útil. Uma vacinação prévia por BCG
dá, por vezes, resultados falso-positivos. Isto torna o teste de Man-
toux pouco útil em pessoas vacinadas por BCG. A fim de melhorar o
Teste de Mantoux, outros testes estão sendo desenvolvidos.

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BIOLOGIA
Um dos considerados promissores observa a reação de linfócitos-T aos antígenos ESAT6 e CFP10.

Teste de Heaf
O Teste de Heaf é usado no Reino Unido, e também injeta a proteína purificada (PPD) na pele, observando-se a reação resultante.
Quando alguém é diagnosticado com tuberculose, todos os seus contatos próximos devem ser investigados com um teste de Mantoux e,
principalmente, radiografias de tórax, a critério médico.

Sistema de classificação
O sistema de classificação para a tuberculose mostrado abaixo é baseado no grau de patogenia da doença. Os agentes de saúde
devem obedecer às leis de cada país no tocante à notificação de casos de tuberculose. As situações descritas em 3 ou 5 na tabela abaixo
devem ser imediatamente notificadas às autoridades de saúde locais.

Sistema de classificação para a tuberculose. (TB)


Classe Tipo Descrição
Nenhuma exposição à TB Nenhum histórico de exposição
0
Não infectado Reação negativa ao teste de tuberculina dérmico
Exposição à TB Histórico de exposição
1
Nenhuma evidência de infecção Reação negativa ao teste dérmico de tuberculina
Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
Infecção de TB
2 Estudos bacteriológicos negativos (caso tenham sido feitos)
Sem doença
Nenhuma evidência clínica, bacteriológica ou radiográfica de TB
Cultura de M. tuberculosis (caso tenha sido feita)
3 TB clinicamente ativa
Evidências clínicas, bacteriológicas, ou radiográficas da doença
Histórico de episódio(s) de TB
ou
Sinais anormais porém estáveis nas radiografias
TB
4 Reação positiva ao teste dérmico de tuberculina
não ativa clinicamente
Estudos bacteriológicos negativos (se feitos)
e
Nenhuma evidência clínica ou radiográfica de presença da doença
Diagnóstico pendente
5 Suspeita de TB
A doença deve ser confirmada ou descartada dentro de 3 meses

Tratamento: Pessoas com infecção de Tuberculose (classes 2 ou 4), mas que não têm a doença (como nas classes 3 ou 5), não es-
palham a infecção para outras pessoas. A infecção por Tuberculose numa pessoa que não tem a doença não é considerada um caso de
Tuberculose e normalmente é relatada como uma infecção latente de Tuberculose. Esta distinção é importante porque as opções de
tratamento são diferentes para quem tem a infecção latente e para quem tem a doença ativa.

Tratamento de infecção latente de tuberculose: O tratamento da infecção latente é essencial para o controle e eliminação da TB, pela
redução do risco de a infecção vir a tornar-se doença ativa. Uma avaliação para descartar TB ativa é necessária antes que um tratamento
para tuberculose latente seja iniciado. Candidatos ao tratamento de tuberculose latente são aqueles grupos de muito alto risco, com re-
ação positiva à tuberculina de 5 mm ou mais, assim como aqueles grupos de alto risco com reações cutâneas de 10 mm ou mais. Veja em
inglês na Wikipédia,classification of tuberculin reaction.

Há vários tipos de tratamento disponíveis, a critério médico.

- Contatos próximos: são aqueles que dividem a mesma habitação ou outros ambientes fechados. Aqueles com riscos maiores são as
crianças com idade inferior a 4 anos, pessoas imuno-deprimidas e outros que possam desenvolver a TB logo após uma infecção. Contatos
próximos que tenham tido uma reação negativa ao teste de tuberculina (menos de 5 mm) devem ser novamente testados 10 a 12 semanas
após sua última exposição à TB. O tratamento da tuberculose latente pode ser descontinuado a critério médico.
- Crianças com menos de 4 anos de idade têm grande risco de progressão de uma infecção para a doença, e de desenvolverem formas
de TB potencialmente fatais. Estes contatos próximos normalmente devem receber tratamento para tuberculose latente mesmo quando
não os testes de tuberculina ou o raio-x do tórax não sugere TB.

Um segundo teste de tuberculina normalmente é feito de 10 a 12 semanas após a última exposição à TB infecciosa, para que se decida
se o tratamento será descontinuado ou não.

Tratamento de tuberculose ativa: Os tratamentos recentes para a tuberculose ativa incluem uma combinação de drogas e remédios,
às vezes num total de quatro, que são reduzidas após certo tempo, a critério médico. Não se utiliza apenas uma droga, pois, neste caso,
todas as bactérias sensíveis a ela morrem, e, três meses depois, o paciente sofrerá infecção de bactérias que conseguiram resistir a esta
primeira droga.

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BIOLOGIA
Alguns medicamentos matam a bactéria, outros agem contra a Não aparecem sinais ou sintomas.
bactéria infiltrada em células, e outros, ainda, impedem a sua mul- É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de in-
tiplicação. Ressalve-se que o tratamento deve seguir uma continui- fecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção).
dade com acompanhamento médico, e não suspenso pelo paciente A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgi-
após uma simples melhora. Com isto evita-se que cepas da bactéria mento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
mais resistentes sobrevivam no organismo, e retornem posterior- Terciária - sintomas
mente com uma infecção mais difícil de curar. O tratamento pode
durar até 5 anos. Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.
Prevenção: A imunização com vacina BCG dá entre 50% a 80% Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões
de resistência à doença. Em áreas tropicais onde a incidência de cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar
mycobactérias atípicas é elevada (a exposição a algumas “myco- à morte.
bacterias” não transmissoras de tuberculose dá alguma proteção Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença
contra a TB), a eficácia da BCG é bem menor. No Reino Unido ado- pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo.
lescentes de 15 anos são normalmente vacinadas durante o perío- Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção
do escolar. for detectada, tratar da maneira correta. O não tratamento da sí-
filis pode levar a várias outras doenças e complicações, inclusive à
O que é sífilis? morte.
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável
e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema palli- Como é feito o diagnóstico?
dum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saú-
estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). de do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resul-
Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade tado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura
de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida por relação laboratorial. Esta é a principal forma de diagnóstico da sífilis.
sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança O TR de sífilis é distribuído pelo Departamento das IST, do HIV/
durante a gestação ou parto. Aids e das Hepatites Virais/Secretaria de Vigilância em Saúde/Mi-
A infecção por sífilis pode colocar em risco não apenas a saúde nistério da Saúde (DIAHV/SVS/MS) como parte da estratégia para
do adulto, como também pode ser transmitida para o bebê durante ampliar a cobertura diagnóstica da doença. Nos casos de TR posi-
a gestação. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais tivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e
durante o pré-natal previne a sífilis congênita e é fundamental. encaminhada para realização de um teste laboratorial (não trepo-
Em formas mais graves da doença, como no caso da Sífilis Ter- nêmico) para confirmação do diagnóstico.
ciária, se não houver o tratamento adequado pode levar a pessoa Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exa-
à morte. me físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames
radiológicos e laboratoriais, para se chegar a um diagnóstico seguro
Como prevenir? e correto de sífilis congênita.
O uso correto e regular da camisinha feminina e/ou masculina Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto,
é a medida mais importante de prevenção da sífilis, por se tratar de o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (rea-
uma Infecção Sexualmente Transmissível. gente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.
O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante
o pré-natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congê- Como é feito o tratamento da sífilis?
nita. O tratamento de escolha é a penicilina benzatina (benzetacil),
que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima
Quais são os sinais e sintomas? de sua residência.
Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada está- Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de com-
gio da doença, que divide-se em: bater a bactéria causadora da doença.
Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser
Primária - sintomas iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou
(pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da seja, de passar a doença para o bebê.
pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para
rica em bactérias. evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento ade-
Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, po- quado à gestante:
dendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
Secundária - sintomas Administração de penicilina benzatina.
Início do tratamento até 30 dias antes do parto.
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis.
do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Respeito ao intervalo recomendado das doses.
Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, O que é sífilis congênita?
incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas A sífilis congênita é uma doença transmitida para criança du-
em bactérias. rante a gestação (transmissão vertical).= Por isso, é importante fa-
Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo cor- zer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o
po. resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e
latente – fase assintomática - sintomas sua parceria sexual, para evitar a transmissão.

50
BIOLOGIA
Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em 3 O que causa a meningite?
momentos: A meningite de origem infecciosa pode ser causada por bacté-
- Primeiro trimestre de gestação. rias, vírus, fungos e parasitas, conforme a seguir.
- Terceiro trimestre de gestação.
- Momento do parto ou em casos de aborto Bacterianas
A sífilis congênita pode se manifestar logo após o nascimento, Existem muitos tipos de bactérias que podem causar meningi-
durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança. te. As principais causas no Brasil são:
- Neisseria meningitidis (meningococo)
Quais são as complicações da sífilis congênita? - Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
São complicações da sífilis congênita: - Haemophilus influenzae
- aborto espontâneo; - Mycobacterium tuberculosis
- parto prematuro; - Streptococcus sp., especialmente os do Grupo B
- má-formação do feto; - Listeria monocytogenes
- surdez; - Escherichia coli
- cegueira; - Treponema pallidum
- deficiência mental; Entre outras
- morte ao nascer.
As causas mais comuns de meningite bacteriana variam de
O que é meningite? acordo com o grupo etário:
A meningite é uma inflamação das meninges, membrandas Recém-nascidos: Streptococcus do grupo B, Streptococcus
que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A meningite pode ser pneumoniae, Listeria monocytogenes, Escherichia coli
causada por vírus ou por bactéria, que é mais grave. Bebes e crianças: Streptococcus pneumoniae, Neisseria menin-
O risco de contrair meningite é maior entre crianças menores gitidis, Haemophilus influenzae, Streptococcus do grupo B
de cinco anos, principalmente até um ano, no entanto pode acon- Adolescentes e adultos jovens: Neisseria meningitidis, Strepto-
tecer em qualquer idade. coccus pneumoniae
A principal forma de prevenir a meningite é por meio da vaci- Idosos: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Ha-
nação. emophilus influenzae, Streptococcus do grupo B, Listeria monocy-
No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica. togenes
Casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocor-
rência de surtos e epidemias ocasionais. A ocorrência das meningi- Virais
tes bacterianas é mais comum no outono-inverno e das virais na Os principais agentes virais que podem causar meningite são:
primavera-verão. - Enterovírus não-pólio (tais como os vírus Coxsackie, e Echo-
Crianças, jovens e adolescentes precisam se vacinar contra me- vírus)
ningite! - Virus do grupo Herpes (incluindo o herpes simplex, o vírus da
Todas as faixas etárias podem ser acometidas pela doença, varicela zoster, Epstein-Barr, e Citomegalovírus)
porém o maior risco de adoecimento está entre as crianças meno- - Arbovírus (tais como dengue, zika, chykungunya, febre ama-
res de 05 (cinco) anos, especialmente as menores de 01 (um) ano rela, e o vírus da febre do Nilo Ocidental)
de idade. Na doença causada pela bactéria Neisseria meningitidis, - Vírus do Sarampo
além das crianças, os adolescentes e adultos jovens têm o risco de - Vírus da Caxumba
adoecimento aumentado em surtos. - Adenovírus
Na meningite pneumocócica (causada pelo Streptococcus - Entre outros
pneumoniae) idosos e indivíduos portadores de quadros crônicos
ou de doenças imunossupressoras também apresentam maior risco Por Fungos
de adoecimento. O sexo masculino também é o mais acometido - Cryptococcus neoformans
pela doença. - Cryptococcus gatti
- Candida albicans
Meningite tem cura? - Candida tropicalis
Sim, a maioria dos casos evoluem para cura. No entanto, é ne- - Histoplasma capsulatum
cessario assitencia médica na vigência dos sintomas. - Paracoccidioides brasiliensis
A depender do agente causador da doença, em alguns casos, - Aspergillus fumigatus
podem ocorrer sequelas como: surdez, crises de epilepsia, danos
cerebrais, amputação de membros, dificuldades de aprendizagem Por Protozoários
além de problemas comportamentais. - Toxoplasma gondii
- Trypanosoma cruzi
Meningite mata? - Plasmodium sp
Sim. Principalmente as causadas por bactérias, como por
exemplo, a meningite pneumocócica e a meningite meningocócica, Por Helmintos
que pode apresentar-se associada à meningococcemia. Nesse últi- - Infecção larvária da Taenia solium
mo caso, a doença pode evoluir de forma fulminante, levando ao - Cysticercus cellulosae (Cisticercose)
óbito em poucas horas. - Angyostrongylus cantonensis
Nas meningites causadas por vírus, geralmente a evolução é
mais branda e o prognótico da doença é menos grave que na me-
ningite bacteriana.

51
BIOLOGIA
Quais são os sintomas da meningite? Sintomas meningite por fungos
A meningite é uma síndrome na qual, em geral, o quadro clíni- Os sinais e sintomas de meningite fúngica são parecidos com
co é grave, por isso no momento em que achar que você ou alguém os causados por outros tipos de agentes etiológicos, como segue:
pode estar com sintomas de meningite deve procurar atendimen- febre, dor de cabeça, rigidez no pescoço, nausea, vomitos, fotofo-
to médico o mais rápido possível. Um médico pode determinar se bia (sensibilidade à luz), e status mental alterado (confusão).
você tem a doença, o tipo de meningite e o melhor tratamento.
Como a meningite é transmitida?
Sintomas meningite bacteriana Na meningite bacteriana, geralmente, a transmissão é de pes-
Os sintomas da meningite incluem início súbito de febre, dor soa a pessoa, por meio das vias respiratórias, por gotículas e se-
de cabeça e rigidez do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas, creções das vias aéreas superiores (do nariz e da garganta). Já na
como: meningite viral a transmissão é fecal-oral.
- Mal estar
- Náusea DIFERENÇAS NOS TIPOS DE TRANSMISSÃO
- Vômito Meningite Bacteriana
- Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz) Geralmente, as bactérias que causam meningite bacteriana se
- Status mental alterado (confusão) espalham de uma pessoa para outra por meio das vias respirató-
Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de me- rias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Já outras bac-
ningite bacteriana podem aparecer,como: convulsões, delírio, tre- térias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da
mores e coma. Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.
Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos aci- É importante saber que algumas pessoas podem transportar
ma podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê essas bactérias dentro ou sobre seus corpos sem estarem doentes.
pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letargico Essas pessoas são chamadas de “portadoras”. A maioria dessas pes-
ou irresponsivo a estimulos. Também podem apresentar a fontane- soas não adoece, mas ainda assim pode espalhar as bactérias para
la (moleira) protuberante ou reflexos anormais. outras pessoas.
Na septicemia meningocócica (também conhecida como me-
ningococemia) que é uma uma infecção na corrente sanguínea Meningite Viral
causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos sintomas As meningites virais podem ser transmitidas de diversas ma-
descritos acima, podem aparecer outros como: neiras a depender do vírus causador da doença.
- Fadiga No caso dos Enterovírus, a contaminação é fecal-oral, e os ví-
- Mãos e pés frios rus podem ser adquiridos por contato próximo (tocar ou apertar as
- Calafrios mãos) com uma pessoa infectada; tocar em objetos ou superfícies
- Dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou que contenham o vírus e depois tocar nos olhos, nariz ou boca antes
abdomen (barriga) de lavar as mãos, trocar fraldas de uma pessoa infectada, depois to-
- Respiração rápida car nos olhos, nariz ou boca antes de lavar as mãos, beber água ou
- Diarréia comer alimentos crus que contenham o vírus. Já os Já os Arbovírus
- E, manchas vermelhas pelo corpo são transmitidos por meio de picada de mosquitos contaminados.

Sintomas meningite viral Meningite causada por Fungos


Os sintomas iniciais da meningite viral são semelhantes aos da A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa.
meningite bacteriana. No entanto, a meningite bacteriana é geral- Geralmente os fungos são adquiridos por meio da inalação dos es-
mente mais grave. poros (pequenos pedaços de fungos) que entram nos pulmões e
- Febre podem chegar até as meninges (membranas que envolvem o cére-
- Dor de cabeça bro e a medula espinhal). Alguns fungos encontram-se em solos ou
- Rigidez no pescoço ambientes contaminados com excrementos de pássaros ou mor-
- Náusea cegos.
- Vômito Já um outro fungo, chamado Candida, que também pode cau-
- Falta de apetite sar meningite, geralmente é adquirido em ambiente hospitalar.
- Irritabilidade
- Sonolência ou dificuldade para acordar do sono Meningite causada por Parasitas
- Letargia (falta de energia) Os parasitas que causam meningite não são transmitidos de
- Fotofobia (aumento da sensibilidade à luz) uma pessoa para outra, e normalmente infectam animais e não
Em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas descritos aci- pessoas. As pessoas são infectadas pela ingestão de produtos ou
ma podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. O bebê alimentos contaminados que tenha a forma ou a fase infecciosa do
pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico parasita
(falta de energia) ou irresponsivo a estimulos. Também podem
apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anor- Como é feito o tratamento da meningite?
mais. Tratamentos para os diversos tipos de meningite
Devido à gravidade do quadro clínico, os casos suspeitos de
Sintomas meningite de parasitas meningite sempre são internados nos hospitais, por isso, ao se sus-
Tal como acontece com a meningite causada por outras infec- peitar de um caso, é urgente a procura por um pronto-socorro hos-
ções, as pessoas que desenvolvem este tipo de meningite podem pitalar para avaliação médica.
apresentar dores de cabeça, rigidez no pescoço, náuseas, vomitos,
fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confu-
são).

52
BIOLOGIA
Para tratamento das meningites bacterianas, faz-se uso de Quanto as faixas etárias preconizadas para vacinação, reco-
antibioticoterapia em ambiente hospitalar, com drogas de escolha mendamos o acesso ao Calendário Nacional de Vacinação do Pro-
e dosagens terapêuticas prescritas pelos médicos assistentes do grama Nacional de Imunizações (PNI).
caso; Já a quimioprofilaxia medicamentosa está indicada para con-
Para as meningites virais, na maioria dos casos, não se faz tra- tatos de casos de Doença Meningocócica e meningite por Haemo-
tamento com medicamentos antivirais. Em geral as pessoas são in- philus influenzae. A equipe médica que acompanha o caso, junto
ternadas e monitoradas quanto a sinais de maior gravidade, e se re- com a vigilância epidemiológica local são os responsáveis pelas
cuperam espontaneamente. Porém alguns vírus como herpesvírus orientações e aplicação da quimioprofilaxia medicamentosa nos
e influenza podem vir a provocar meningite com necessidade de contatos.
uso de antiviral específico. A devida conduta sempre é determinada Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações e
pela equipe médica que acompanha o caso. manter os ambientes ventilados e limpos
Nas meningites fúngicas o tratamento é mais longo, com al-
tas e prolongadas dosagens de medicação antifúngica, escolhida Parotidite infecciosa
de acordo com o fungo identificado no organismo do paciente. A Definição: Doença viral aguda, autolimitada, caracterizada por
resposta ao tratamento também é dependente da imunidade da febre, edema parotídeo bi ou unilateral com ocorrência frequente
pessoa, e pacientes com história de HIV/AIDS, diabetes, câncer e de meningoencefalia e orquite.
outras doenças imunodepressoras são tratados com maior rigor e
cuidado pela equipe médica. Anamnese
Nas meningites por parasitas, tanto o medicamento contra a O caso típico apresenta pródromos 1-2 dias com febre, cefa-
infecção como as medicações para alívio dos sintomas são admi- leia, vômitos e dor, com período de incubação em geral é de 16-18
nistrados por equipe médica em paciente internado. Nestes casos, dias. sse, dispnéia, sibilos agudos expiratórios, roncos e/ou crepi-
os sintomas como dor de cabeça e febre são bem fortes, e assim a tações finas, expansão torácica diminuída e expiração prolongada.
medicação de alívio dos sintomas se faz tão importante quanto o Surge então a parotidite que inicialmente é uni tornando-se
tratamento contra o parasita. bilateral na maioria dos quadros, podendo ser acompanhada de
otalgia ipsilateral. A febre desaparece de 3 a 5 dias.
Como é feito o diagnóstico da meningite? Sempre investigar a situação vacinal.
Se o médico suspeita de meningite, ele solicita a coleta de
amostras de sangue e líquido cerebroespinhal (líquor). O labora- Exame Físico:
tório então testa as amostras para detectar o agente que está cau- As alterações no exame físico são concentradas próximo ao
sando a infecção. A identificação específica do agente é importante ângulo da mandíbula. Encontra-se edema dessa região que pode
para o médico saber exatamente como deve tratar a infecção. apagar o contorno do ângulo da mandíbula e deixar o lobo auricular
elevado para cima e para fora.
Quais exames são feitos?
Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de ca- Abordagem diagnóstica:
sos suspeitos de meningite são: exame quimiocitológico do líquor; Se suspeita diagnóstica: A confirmação da parotidite pode ser
bacterioscopia direta (líquor); cultura (líquor, sangue, petéquias ou feita com a demonstração de nível elevado de Amilase.
fezes); contra-imuneletroforese cruzada – CIE (líquor e soro); aglu- Exames confirmatórios: O teste de certeza é feito por meio de
tinação pelo látex (líquor e soro). testes virológicos ou sorológicos(PCR viral e aumento significativo
O aspecto do líquor, embora não considerado um exame, fun- de IgM para Caxumba) que são utilizados apenas quando o diagnós-
ciona como um indicativo. O líquor normal é límpido e incolor, como tico diferencial é importante ou para pesquisa.
“água de rocha”. Nos processos infecciosos, ocorre o aumento de
elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade Diagnóstico diferencial:
varia de acordo com a quantidade e o tipo desses elementos. O diagnóstico diferencial se estabelece com outras causas de
DESTAQUE: Todos os exames laboratoriais estão disponíveis aumento de parótidas e/ou estruturas cervicais adjacentes:
no SUS, e são solicitados pela equipe médica ou de vigilância epide- Infecções virais: Parainfluenza 1 e 3; Influenza A; CMV; EBV;
miológica durante o acompanhamento do caso. Enterovírus, HIV;
Parotidite purulenta (Staphylococcus aureus);
Como prevenir a meningite? Adenite submandibular ou cervical anterior;
A meningite é uma síndrome que pode ser causada por dife- Obstrução do ducto de Stensen;
rentes agentes infecciosos. Para alguns destes, existem medidas Doenças do colágeno (Sjogren e LES);
de prevenção primária, tais como vacinas e quimioprofilaxia. As Tumor parotídeo.
vacinas estão disponíveis para prevenção das principais causas de Tratamento e Profilaxia:
meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de vaci-
nação da criança do Programa Nacional de Imunização são: Não há terapia antiviral específica para Caxumba.
Vacina meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra Tratamento de suporte:
a Doença Meningocócica causada pelo sorogrupo C; • Repouso;
Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra • Hidratação adequada;
as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, in- • Controle da dor e febre com analgésicos/antipiréticos.
cluindo meningite. Vacinação: Inclusa no calendário vacinal na vacina tríplice viral
Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas
pelo Haemophilus influenzae sorotipo b, como meningite, e tam- Cólera
bém contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B. A cólera é umadoença infectocontagiosa causada pela bacté-
BCG: protege contra as formas graves da tuberculose. riaVibrio cholerae.

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BIOLOGIA
Sua principal característica está relacionada com os problemas Há também a vacina contra a cólera, administrada por via oral.
associados ao intestino delgado, tal qual a diarreia. Além de imunizar contra essa doença, ela confere proteção con-
Ela é considerada uma doença perigosa, de modo que se não tra outra bactéria que também provoca diarreia:Escherichia coli(E.
for tratada, pode levar o paciente à morte por conta da intensa coli.).
desidratação que ela causa. Porém, essa vacina protege o indivíduo durante um curto perí-
Todos os indivíduos de qualquer idade podem contrair a doen- odo de tempo, de aproximadamente seis meses.
ça. Embora, ela atinja mais as crianças. Fonte: https://www.todamateria.com.br/colera/
A cólera é uma doença que já foi diagnosticada na antiguidade.
Felizmente, os surtos de cólera têm diminuído cada vez mais no TÉTANO
mundo. O que é Tétano?
No entanto, países menos favorecidos (principalmente dos Tétano é uma grave doença bacteriana que afeta o sistema
continentes africano e asiático) ainda sofrem com a doença, o que neurológico e que, entre outras complicações, pode levar inclusive
leva à morte de milhares de pessoas. Por outro lado, em países de- à morte.
senvolvidos a cólera é considerada uma doença rara.
Causas
Transmissão Otétanoé causado pela bactériaClostridium tetani, que pode
A cólera é transmitida por meio de alimentos mal lavados, mal- ser encontrada no solo, poeira e nas fezes de animais.
cozidos (sobretudo mariscos), água não tratada, dentre outros. Por A infecção por tétano começa quando os esporos da bacté-
isso, ela está intimamente relacionada com a falta de saneamento ria transmissora entram no corpo por meio de uma ferida ou um
básico do local. ferimento, onde liberam bactérias que se espalham pela corrente
Ou seja, locais mais pobres onde não há esgoto ou tratamento sanguínea e produzem um veneno chamado tetanospasmina. Esse
da água, estão mais propensos à proliferação da doença. veneno bloqueia os sinais neurológicos da coluna vertebral para os
Um exemplo notório são os assentamentos humanos, onde as músculos, causando espasmos musculares intensos. Os espasmos
condições de higiene são desfavoráveis para o ser humano, além da podem ser tão fortes que rompem os músculos ou causam fraturas
escassez de água potável. na coluna.
Importante destacar que as pessoas infectadas podem trans- Fatores de risco
mitir às outras por meio das fezes. Portanto, o diagnóstico da doen- Alguns fatores contribuem para o desenvolvimento do tétano.
ça é feito pelo exame de fezes. Veja:
• Não ter sevacinado contra tétanoou não ter tomado a se-
Sintomas gunda dose da vacina
Desde contraída a bactéria, os sintomas da cólera podem sur- • Estar infectado com outra bactéria
gir horas depois ou em poucos dias. Os principais sintomas são: • Apresentar uma ferida ou um ferimento na pele, causado
• Diarreia intensa por algum objeto enferrujado e sujo, a exemplo de pregos
• Desidratação • Inchaço ao redor da ferida
• Boca e pele seca •
• Sede excessiva Sintomas de Tétano
• Perda de peso O tempo entre a infecção e os primeiros sinais dos sintomas
• Fraqueza é geralmente de uma a três semanas. O período de incubação da
• Taquicardia bactéria é de, em média, sete a oito dias. Os principais sintomas do
• Pressão baixa tétano são:
• Náuseas e vômitos • Espasmos e rigidez no maxilar
• Cólicas abdominais • Rigidez nos músculos do pescoço e da nuca
• Câimbras musculares • Rigidez nos músculos do abdômen
Obs: Uma vez contraída a doença, você se torna imune durante • Espasmos corporais que provocam dor e duram por vários
o resto da vida. minutos, geralmente causados por sons altos, toque físico e sensi-
bilidade à luz
Tratamento • Febre
O tratamento para a cólera inclui: • Sudorese
• Beber bastantes líquidos • Hipertensão
• Se alimentar bem • Batimentos cardíacos acelerados
• Fazer reposição de sais
• Tomar suplementos de zinco Buscando ajuda médica
• Usar antibióticos Procure um médico para tomar a vacina contra tétano se você
• ainda não o fez ou para tomar a segunda dose.
Prevenção Se você não foi vacinado contra a doença e se ferir com al-
A prevenção contra a cólera começa com a melhoria do siste- gum objeto enferrujado, independentemente do tamanho da feri-
ma de esgoto, água e alimentação relacionados com as condições da, procure ajude médica imediatamente. Não espere os sintomas
de higiene. Esses fatores são fundamentais para se prevenir contra surgirem, pois eles costumam demorar alguns dias para aparecer.
essa doença. Na consulta médica
Especialistas recomendam lavar bem as mãos e os alimentos Descreva com detalhes todos os seus sintomas ao médico para
antes de consumi-los. Além disso, as pessoas devem evitar a in- que ele possa realizar o diagnóstico corretamente. Aproveite a con-
gestão de alimentos crus ou malcozidos e consumir sempre água sulta para tirar suas dúvidas também.
potável.

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BIOLOGIA
LEPTOSPIROSE O comprometimento pulmonar da leptospirose se expressa
O que é Leptospirose? com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptóica e, ocasional-
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem mente, dor torácica e cianose. A hemoptise franca denota extrema
pela urina de roedores, principalmente por ocasião das enchentes. gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando a insuficiência
A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presen- respiratória – síndrome da hemorragia pulmonar aguda e síndrome
te na urina de ratos e outros animais (bois, porcos, cavalos, cabras, da angústia respiratória aguda (SARA) – e óbito.
ovelhas e cães também podem adoecer e, eventualmente, transmi- Por outro lado, na maioria dos pacientes, a hemorragia pul-
tir a leptospirose ao homem). monar maciça não é identificada até que uma radiografia de tórax
A doença apresenta elevada incidência em determinadas áre- seja realizada ou que o paciente seja submetido à intubação orotra-
as, alto custo hospitalar e perdas de dias de trabalho, além do risco queal. Assim, os médicos devem manter uma suspeição para a for-
de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ma pulmonar grave da leptospirose em pacientes que apresentem
ocorrência está relacionada às precárias condições de infraestrutu- febre e sinais de insuficiência respiratória, independentemente da
ra sanitária e alta infestação de roedores infectados. presença de hemoptise.
Sinonímia: Doença de Weil, síndrome de Weil, febre dos pânta- Além disso, a leptospirose pode causar uma síndrome da an-
nos, febre dos arrozais, febre outonal, doença dos porqueiros, tifo gústia respiratória aguda na ausência de sangramento pulmonar.
canino e outras. Atualmente, evita-se a utilização desses termos, A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica,
por serem passíveis de confusão. frequentemente em associação com trombocitopenia. Além de
IMPORTANTE: As inundações propiciam a disseminação e a sangramento nos pulmões, os fenômenos hemorrágicos podem
persistência do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência ocorrer na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais
de surtos. de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos
internos, inclusive no sistema nervoso central. A insuficiência renal
Quais são os sintomas da Leptospirose? aguda é uma importante complicação da fase tardia da leptospiro-
Os principais da leptospirose são: se e ocorre em 16 a 40% dos pacientes.
-febre; A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal
-dor de cabeça; aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalê-
-dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas. mica, devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais
proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda
Podem também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nas formas de potássio. Durante esse estágio inicial, o débito urinário é nor-
graves, geralmente aparece icterícia (pele e olhos amarelados), mal a elevado, os níveis séricos de creatinina e uréia aumentam e o
sangramento e alterações urinárias. Pode haver necessidade de in- paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. Com a
ternação hospitalar. perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvol-
O período de incubação, ou seja, tempo que a pessoa leva para vem insuficiência renal oligúrica, devido à azotemia pré-renal. Nes-
manifestar os sintomas desde a infecção da doença, pode variar de se estágio, os níveis de potássio começam a subir para valores nor-
1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposi- mais ou elevados. Devido à perda contínua de volume, os pacientes
ção a situações de risco. podem desenvolver necrose tubular aguda e não irão responder à
reposição intravascular de fluidos, necessitando o início imediato
Quais são as complicações da Leptospirose? de diálise para tratamento da insuficiência renal aguda.
Em aproximadamente 15% dos pacientes com leptospirose,
ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipica- Outras manifestações frequentes na forma grave da leptos-
mente iniciam-se após a primeira semana de doença, mas que pode pirose são:
ocorrer mais cedo, especialmente em pacientes com apresenta-
ções fulminantes. A manifestação clássica da leptospirose grave é a -miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias;
síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia, insuficiên- -agravadas por distúrbios eletrolíticos;
cia renal e hemorragias, mais comumente pulmonar. -pancreatite;
Entretanto, essas manifestações podem se apresentar conco- -anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alu-
mitantemente ou isoladamente na fase tardia da doença. A síndro- cinações e sinais de irritação meníngea.
me de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar A leptospirose é uma causa relativamente frequente de menin-
aguda e sangramento pulmonar maciço e vem sendo cada vez mais gite asséptica. Menos frequentemente ocorrem encefalite, parali-
reconhecida no Brasil como uma manifestação distinta e importan- sias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais
te da leptospirose na fase tardia. Enquanto a letalidade média para de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos,
os casos de leptospirose confirmados no Brasil é de 9%, a letalidade radiculite, síndrome de Guillain-BarréGuillain-Barré e mielite.
para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior
que 50%. IMPORTANTE: Os casos da “forma pulmonar grave da leptos-
A icterícia é considerada um sinal característico e tipicamen- pirose” podem evoluir para insuficiência respiratória aguda, he-
te apresenta uma tonalidade alaranjada muito intensa (icterícia morragia maciça ou síndrome de angústia respiratória do adulto.
rubínica) e geralmente aparece entre o 3º e o 7º dia da doença. Muitas vezes precede o quadro de icterícia e insuficiência renal. O
A presença de icterícia é frequentemente usada para auxiliar no óbito (morte) pode ocorrer nas primeiras 24 horas de internação.
diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognósti-
co, devido à sua associação com a síndrome de Weil. No entanto, é
importante notar que manifestações graves da leptospirose, como
a hemorragia pulmonar e insuficiência renal, podem ocorrer em pa-
cientes anictéricos.

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BIOLOGIA
Como a Leptospirose é transmitida? Como prevenir a Leptospirose?
A Leptospirose é transmitida durante as enchentes, a urina dos A prevenção da Leptospirose ocorre por meio de medidas
ratos, presente nos esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à como:
lama. Qualquer pessoa que tiver contato com a água ou lama pode Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas sus-
infectar-se. As leptospiras penetram no corpo pela pele, principal- peitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água,
mente por arranhões ou ferimentos, e também pela pele íntegra, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais,
imersa por longos períodos na água ou lama contaminada. O conta- coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza
to com esgotos, lagoas, rios e terrenos baldios também pode pro- e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o
piciar a infecção. controle de roedores.
Como é feito o diagnóstico da Leptospirose? É importante evitar o contato com água ou lama de enchentes
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas
clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de
esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos
Fase precoce –dengue, influenza (síndrome gripal), malária, ri- duplos amarrados nas mãos e nos pés).
quetsioses, doença de Chagas aguda, toxoplasmose, febre tifóide, A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospi-
entre outras doenças. ras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um li-
Fase tardia –hepatites virais agudas, hantavirose, febre amare- tro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório.
la, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram
riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2
aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros
aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome he- de água, deixando agir por 15 minutos.
patorrenal, síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluin- Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado
do lúpus eritematoso sistêmico, dentre outras. do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e
vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em por-
Diagnóstico laboratorial tas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito
Exames específicos por técnicos devidamente capacitados.
O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva
em que se encontra o paciente. Na fase precoce, as leptospiras po- Ações de prevenção de doenças infecto contagiostas em situ-
dem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto, de cul- ações emergenciais
tura em meios apropriados, inoculação em animais de laboratório I - Vacinação
ou detecção do DNA do microrganismo, pela técnica da reação em Não existe uma vacina para uso humano contra a leptospirose
cadeia da polimerase (PCR). A cultura somente se finaliza (positi- no Brasil. A vacinação de animais domésticos e de produção (cães,
va ou negativa) após algumas semanas, o que garante apenas um bovinos e suínos), disponível em serviços particulares, evita que es-
diagnóstico retrospectivo. tes adoeçam e transmitam a doença por aqueles sorovares que a
Na fase tardia, as leptospiras podem ser encontradas na urina, vacina protege, ficando a critério do proprietário, vacinar ou não o
cultivadas ou inoculadas. Pelas dificuldades inerentes à realização animal, sendo válida como estratégia de proteção individual.
dos exames anteriormente citados, os métodos sorológicos são
consagradamente eleitos para o diagnóstico da leptospirose. Os II - Quimioprofilaxia para leptospirose
mais utilizados no país são o teste ELISA-IgM e a microaglutinação Qualquer indivíduo que entrou em contato com a água ou lama
(MAT). Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, perten- das enchentes é passível de se infectar e manifestar sintomas da
centes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. doença, configurando-se uma situação em que não há indicação
Exames complementares de maior complexidade ou não dis- técnica para a realização da quimioprofilaxia contra a leptospirose,
ponibilizados nos Lacen podem ser solicitados através dos mesmos como medida de saúde pública. Esta tem indicação apenas quando
ao Laboratório de Referência Nacional para Leptospirose (ex.: imu- um grupo pequeno e bem identificado é exposto a uma situação de
nohistoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados risco. Na situação atualmente encontrada nas áreas com ocorrên-
clínicos). cia de enchentes, as medidas a serem adotadas são as seguintes:
-Divulgar ações de proteção entre a população vulnerável;
Exames inespecíficos -Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos
Exames iniciais e de seguimento –hemograma e bioquímica suspeitos de leptospirose; tendo em vista que o período de incu-
(ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, bação da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 após a
fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). Se necessário, também devem exposição);
ser solicitados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e -Notificar imediatamente todo caso suspeito da doença, con-
gasometria arterial. Nas fases iniciais da doença, as alterações la- forme a Portaria do MS de consolidação Nº 4 de 03 de outubro de
boratoriais podem ser inespecíficas. Alterações mais comuns nos 2017;
exames laboratoriais, especialmente na fase tardia da doença. -Realizar tratamento oportuno dos casos suspeitos.

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BIOLOGIA
Alerta para vigilâncias epidemiológicas em situações emer- De grande relevância no atendimento dos casos moderados
genciais e graves, as medidas terapêuticas de suporte devem ser inicia-
Em todos os anos, nos meses de verão, uma das principais das precocemente com o objetivo de evitar complicações e óbito,
ocorrências epidemiológicas após as inundações é o aumento do principalmente as complicações renais: reposição hidroeletrolítica,
número de casos de leptospirose. Diante disso, visando alertar as assistência cardiorespiratória, transfusões de sangue e derivados,
vigilâncias epidemiológicas das Secretarias Estaduais e Municipais nutrição enteral ou parenteral, proteção gástrica, etc. O acompa-
de Saúde, sobre condutas em situações de desastres naturais como nhamento do volume urinário e da função renal são fundamentais
enchentes, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da para se indicar a instalação de diálise peritoneal precoce, o que re-
Saúde (SVS/MS) informa: duz o dano renal e a letalidade da doença.
Em situações de desastres naturais como enchentes, os indi-
víduos ou grupos de pessoas que entraram em contato com lama Situação epidemiológica da Leptospirose
ou água, por elas contaminadas, podem se infectar e manifestar No Brasil, a leptospirose é uma doença endêmica, tornando-
sintomas da doença. -se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais
Nos desastres naturais, as seguintes recomendações devem e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglome-
ser adotadas: ração populacional de baixa renda, às condições inadequadas de
Divulgar informes sobre o risco de leptospirose para a popula- saneamento e à alta infestação de roedores infectados. Algumas
ção exposta à enchente; profissões facilitam o contato com as leptospiras, como trabalhado-
Divulgar informes sobre a necessidade de avaliação médica res em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de
para todo indivíduo exposto a enchente que apresente febre, mial- lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores,
gia, cefaléia ou outros sintomas clínicos no período de até 30 dias militares e bombeiros, dentre outros. Contudo, a maior parte dos
após contato com lama ou águas de enchente; casos ainda ocorre entre pessoas que habitam ou trabalham em
Divulgar informes sobre medidas potenciais para evitar novas locais com infraestrutura sanitária inadequada e expostas à urina
ou continuadas exposições a situações de risco de infecção; de roedores.
Alertar os profissionais de saúde sobre a possibilidade de ocor- Existem registros de leptospirose em todas as unidades da fe-
rência da doença na localidade de forma a aumentar a capacidade deração, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste.
diagnóstica; A doença apresenta uma letalidade média de 9%. Entre os casos
Manter vigilância ativa para identificação oportuna de casos confirmados, o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos
suspeitos de leptospirose, tendo em vista que o período de incuba- estão entre os mais atingidos, embora não exista uma predispo-
ção da doença pode ser de 1 a 30 dias (média de 5 a 14 dias após sição de gênero ou de idade para contrair a infecção. Quanto às
exposição); características do local provável de infecção (LPI), a maioria ocorre
Notificar todo caso suspeito da doença, para o desencadea- em área urbana, e em ambientes domiciliares.
mento de ações de prevenção e controle;
Realizar tratamento oportuno de todo caso suspeito. O que é Amebíase?
O uso de quimioprofilaxia não é recomendado pela SVS/MS A amebíase é uma infecção parasitária que acomete o intestino.
como medida de prevenção em saúde pública, em casos de expo- Ela é bastante comum em áreas do mundo onde o saneamento bá-
sição populacional em massa, por ocasião de desastres naturais sico é deficiente, permitindo que alimentos e água sejam expostos
como enchentes. à contaminação fecal.
Nestas situações de desastres naturais como enchentes, a
orientação para profissionais de saúde, militares e de defesa civil Causas
que se expuserem ou irão se expor a situações de risco, durante Amebíase é causada pelo parasita Entamoeba histolytica, que
operações de resgate, é utilizar Equipamentos de Proteção Indivi- entra no organismo principalmente por meio da ingestão de água
dual (EPI) e ampliar o grau de alerta sobre o risco da doença entre ou comida contaminadas. Esse parasita também pode entrar no
os expostos, de forma a permitir o diagnóstico precoce de pacien- corpo por meio do contato direto com a matéria fecal. Entamoeba
tes e tratamento oportuno. histolytica libera cistos, que são uma forma relativamente inativa
do parasita e que pode viver por vários meses no ambiente em que
Como é feito o tratamento da Leptospirose? foram depositados, geralmente nas fezes, no solo e na água. Eles
Os casos leves de leptospirose são tratados em ambulatório, também podem ser transmitidos por manipuladores de alimentos
mas os casos graves precisam ser internados. A automedicação não e por meio de relação sexual desprotegida.
é indicada, pois pode agravar a doença. Ao suspeitar da doença, a
recomendação é procurar um médico e relatar o contato com ex- Fatores de risco
posição de risco. Alguns fatores são considerados de risco para infecção por
A antibioticoterapia está indicada em qualquer período da amebíase, como:
doença, mas sua eficácia parece ser maior na 1ª semana do início Alcoolismo
dos sintomas. A reação de Jarisch-Herxheimer, embora seja relata- Câncer
da em pacientes com leptospirose, é uma condição rara e que não Desnutrição
deve inibir o uso de antibióticos. É caracterizada pelo início súbito Idade infantil ou idade avançada
de febre, calafrios, cefaleia, mialgia, exacerbação de exantemas e, Gravidez
em algumas vezes, choque refratário a volume, decorrente da gran- Viagem recente a uma região que não dispõe de boas condições
de quantidade de endotoxinas liberada pela morte de bactérias es- sanitárias e de higiene
piroquetas, após o início da antibioticoterapia. Uso de corticoide para inibir o sistema imunológico
Manter relações sexuais desprotegidas

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BIOLOGIA
Sintomas de Amebíase Amebíase tem cura?
A maioria das pessoas com amebíase não manifesta sintomas. O resultado do tratamento é geralmente bem sucedido. Geral-
Quando eles surgem, no entanto, costumam aparecer de sete a dez mente, a amebíase dura cerca de duas semanas, mas poderá voltar
dias após a exposição ao parasita. se não for tratada corretamente. Obediência às recomendações
Sintomas leves de amebíase médicas é essencial para a recuperação, bem como alterações no
• Cólicas abdominais estilo de vida e adaptação na dieta.
• Evacuação de fezes pastosas com muco e sangue ocasional Prevenção
• Fadiga Saneamento básico e condições adequadas de higiene são a
• Gases em excesso chave para evitar a amebíase. Outras medidas também podem ser
• Dor retal durante evacuação (tenesmo) adotadas:
• Perda de peso involuntária
• Lave bem as mãos com água e sabão após usar o banheiro e
Sintomas graves de amebíase antes de manipular alimentos
• Sensibilidade abdominal • Lave bem frutas e verduras antes de comê-las
• Evacuação de fezes líquidas, às vezes com sangue • Evite comer frutas ou vegetais, a menos que você lave e des-
• Evacuação de dez a 20 vezes por dia cascá-los você mesmo
• Febre • Beba somente água engarrafada
• Vômitos • Evite leite, queijo e outros produtos lácteos não pasteurizados
• Evite alimentos vendidos por ambulantes.
Diagnóstico de Amebíase • Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/ame-
O médico poderá começar o diagnóstico com um exame físico. biase
Depois, ele fará algumas perguntas sobre seu histórico médico. Se
houver suspeita de que você tem amebíase, ele poderá solicitar a MALÁRIA
realização de alguns exames específicos, como: A malária é uma infecção causada por parasitas do gênero
Plasmodium, Marchiafava e Celli, 1885, Classe Sporozoa, transmi-
Exame de fezes tida na natureza pela picada de mosquitos infectados do gênero
Exames laboratoriais para verificar a função hepática para de- Anopheles. Entretanto, a doença pode ser adquirida por transfusão
terminar se houve danos ao fígado sangüínea, por uso compartilhado de agulhas contaminadas ou por
Se o segundo exame mostrar que, sim, houve danos ao fígado, via congênita no momento do parto.
ele poderá pedir a realização de outros exames para verificar se não A moléstia caracteriza-se principalmente por febre intermi-
houve prejuízo a nenhum outro órgão interno. Para isso, ele pedi- tente, cefaléia, anemia e esplenomegalia. É causada pelo P. vivax,
rá alguns exames de imagem, como ultrassonografias e tomografia Grassi e Feletti, 1890, P. falciparum, Welch, 1897, P. malariae, Lave-
computadorizada da área afetada. Finalmente, uma colonoscopia ran,1881 e P. ovale, Stephens, 1922, sendo que este último ocorre
poderá ser realizada para determinar se os parasitas invadiram o somente nos países africanos. Dentre estas espécies, P. falciparum
intestino ou o tecido do cólon também. pode ocasionar malária grave e óbito se o diagnóstico clínico e labo-
ratorial, assim como o tratamento específico, não forem realizados
Tratamento de Amebíase rapidamente após a ocorrência dos sintomas.
O tratamento para casos simples de amebíase geralmente con- Em pacientes com febre a esclarecer, a investigação epide-
siste na prescrição de metronidazol por dez dias, administrado por miológica acerca dos deslocamentos realizados nos últimos meses
via oral. O médico também pode prescrever medicamentos para pode auxiliar na elaboração da hipótese diagnóstica de malária.
controlar náuseas. Na década de 40, dois terços da população mundial viviam sob
Se o parasita invadir os tecidos intestinais ou órgãos internos, o o risco de contrair malária. Em 1955, a Organização Mundial de
tratamento deve focar, também, no tratamento de todas as áreas Saúde (OMS) iniciou um programa global de erradicação da ende-
afetadas por ele. Se a infecção parasitária causar perfurações no mia, o que contribuiu para uma diminuição marcante do número
cólon ou em tecidos peritoneais, a cirurgia pode ser necessária. de casos, e conduziu à interrupção da transmissão da malária na
Após o tratamento da amebíase, as fezes devem ser reexamina- maioria das regiões temperadas. A partir do final da década de 60
das para se ter certeza de que a infecção foi eliminada. houve um recrudescimento da malária, com índice de prevalência
próximo àquele observado anteriormente às medidas de controle
Convivendo/ Prognóstico citadas. Atualmente ocorrem cerca de 300 milhões de casos clíni-
Siga à risca as recomendações médicas e tome os medicamen- cos por ano. Uma criança africana morre a cada 30 segundos por
tos conforme indicado. Mantenha uma boa alimentação, evitando malária.
alimentos gordurosos. Beba bastante líquidos também. Amebíase
pode causar desidratação, portanto a ingestão de líquidos é pri- Agente Etiológico:
mordial para a recuperação plena do paciente. A malária, também conhecida como paludismo ou maleita, é
uma parasitose causada por um protozoário do filo Apicomplexa,
Complicações possíveis gênero Plasmodium. Apesar de as mais de cem espécies deste gê-
• Amebíase não tratada pode causar complicações mais graves nero, somente P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale infec-
de saúde, a exemplo de: tam o homem, sendo as duas primeiras espécies as mais importan-
• Abscesso hepático tes.
• Efeitos colaterais dos medicamentos, incluindo náusea
• Disseminação do parasita por meio da corrente sanguínea
para o fígado, pulmões, cérebro e outros órgãos.

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BIOLOGIA
P. falciparum é o mais patogênico, produz uma febre terçã (ci- O oocineto forma um envoltório protetor se transformando
clo de 48 horas) maligna e causa a morte se não diagnosticado e num oocisto (N), que sofrerá uma primeira meiose redutora segui-
tratado precocemente, principalmente em pessoas em sua primei- da de inúmeras mitoses, liberando os esporozoítos (O) haplóides
ra infecção. Por outro lado, P. vivax, que é o agente da febre terçã na hemolinfa do inseto. Estes esporozoítos migram e se instalam
benigna, raramente produz infecções fatais, mas tem uma ampla na glândula salivar (P) do mosquito até que este realize uma nova
distribuição mundial sendo a espécie mais prevalente na maioria alimentação sangüínea, podendo então infectar outro indivíduo.
das regiões malarígenas fora do continente africano. P. ovale é res- Os parasitos que entram no sistema linfático podem atingir o
ponsável por outra forma de febre terçã benigna, mas está restrito linfonodo (X) mais próximo e se transformam numa forma seme-
ao continente africano. P. malariae causa febre quartã (ciclo de 72 lhante ao estágio inicial do esquizonte hepático, entretanto não
horas) e, apesar de ser encontrado no mundo todo, apresenta uma completam o processo de divisão e amadurecimento celular. Este
distribuição muito pontual. novo estágio exoeritrocítico no linfonodo foi recentemente descri-
Reservatórios: to e sua importância no estabelecimento da infecção e na resposta
O homem é o hospedeiro natural de P. falciparum, P. vivax, imune do hospedeiro ainda permanece obscura (Revista Nature).
P. malariae e P. ovale, mas não se infecta com plasmódios de ou- Em P. vivax e P. ovale os esporozoítos, após invadirem o he-
tros mamíferos, aves ou répteis. Entretanto, algumas espécies que patócito, podem permanecer em um estágio de dormência, os de-
causam malária em símios como P. simium, P. brasilianum, P. cy- nominados hipnozoítos. Esses podem iniciar sua replicação após
nomolgi, P. inui e P. knowlesi, já foram implicadas em malária em meses, dando origem a esquizontes hepáticos que liberarão me-
humanos, tanto em infecções experimentais e acidentais como rozoítos na circulação capazes de desenvolver novo ciclo intraeri-
em infecções naturais. Reciprocamente, em condições naturais, os trocítico, acarretando novas manifestações clínicas denominadas
plasmódios da malária humana só se desenvolvem no homem, com recaídas.
exceção do P. malariae que infecta também espécies de macacos,
sendo denominado então, P. brasilianum. Período de incubação:
Na malária o período de incubação varia conforme o parasito
Modos de transmissão: responsável pela infecção e também pode diferir para isolados da
A malária é transmitida na natureza quando uma fêmea de mesma espécie. Para P. falciparum podem ser encontrados perí-
mosquitos do gênero Anopheles infectada com Plasmodium pica odos de 7 a 15 dias, sendo em geral em torno de 10 dias. Em P.
um hospedeiro vertebrado, mas a doença pode também ser trans- vivax e P. ovale esse período oscila normalmente por volta de 14
mitida por transfusão sangüínea, por uso compartilhado de agulhas dias, podendo ser de 10 a 20 dias. Já o P. malariae tem períodos de
contaminadas ou congenitamente no momento do parto. incubação maiores, em torno de 30 dias, mas que podem variar de
20 a 40 dias.
Ciclo de vida do parasito:
No momento da picada o mosquito infectado inocula os es- Períodos de transmissibilidade:
porozoítos de Plasmodium (A). Alguns destes parasitos, através de Do mosquito para o homem: O tempo para produção de es-
um intenso movimento na derme, encontram vasos sangüíneos (B) porozoítas na glândula salivar dos mosquitos, desde a ingestão do
e linfáticos (C) e reduzem seu movimento. Carregados pela circu- sangue com gametócitos do indivíduo infectado, depende da tem-
lação do sangue, eles atingem o fígado e invadem os hepatócitos peratura ambiente, mas obedece determinados limites, sendo de
(D), onde se modificam dando origem a formas mais arredondadas 10 a 12 dias para P. falciparum e de 8 a 10 dias para P. vivax. A
do parasito. Através de um processo de reprodução assexuada são idade média de um mosquito gira em torno de 30 dias e uma vez
formados esquizontes hepáticos, com milhares de merozoítos (E). infectado ele transmitirá a doença a cada repasto sangüíneo que
Esses são liberados na corrente circulatória do hospedeiro e rapida- realizar, podendo ser a cada dois ou três dias. Do homem para o
mente invadem as hemácias (penetrate.mov) (F), iniciando o ciclo mosquito: O homem pode ser fonte de infecção para mosquitos
intra-eritrocítico assexuado(G), responsável pela patologia da do- enquanto apresentar gametócitos masculinos e femininos em sua
ença. Os parasitos se desenvolvem dentro do vacúolo parasitóforo, circulação periférica. Em geral, nas infecções causadas por P. vivax,
onde se alimentam de hemoglobina, passando por vários estágios. quando as formas assexuadas são detectadas aparecem também
O primeiro estágio é chamado de anel e, após ter seu citoplasma os gametócitos. Em P. falciparum os gametócitos aparecem após 10
aumentado, se transformam em trofozoítos. Estes se transforma- a 15 dias da detecção dos trofozoítas. Casos tratados incorretamen-
rão em um esquizontes através de um processo de divisão celular te ou não tratados podem ser fonte de infecção por até 40 anos na
denominado esquizogonia. Após a ruptura dos eritrócitos os novos malária causada por P. malariae, por um a três anos em P. vivax e
merozoítos são liberados na circulação sangüínea (burst.mov) e in- por até um ano em P. falciparum. Do homem para o homem: Um
vadem novas células, dando continuidade ao ciclo e à doença. No sangue pode ser infectante enquanto apresentar formas assexua-
entanto, alguns parasitos não iniciam o processo de divisão celular das e quando houver contato direto de sangue com sangue, como
e se diferenciam nas formas sexuadas, os gametócitos masculinos e no caso de compartilhamento de agulhas em usuários de drogas.
femininos (H). Quando ingeridos pelo mosquito no momento do re- No caso de transmissão transfusional, se o doador for portador de
pasto sangüíneo (I) alcançam o trato digestivo do inseto (J)(J), onde formas assexuadas e enquanto elas resistirem no sangue armaze-
as hemácias são digeridas e os gametócitos são liberados. Os game- nado, a malária poderá ser transmitida ao receptor. Na literatura há
tócitos masculinos (microgametócitos) sofrem três mitoses, dando relatos de transmissão de malária em transfusões realizadas com
origem a oito células, que sofrem um processo de exflagelação e se sangue estocado por mais de 15 dias (revisado em Bruce-Chwatt,
transformam nos gametas masculinos. Ocorre a fecundação entre 1974).
os gametas masculino e feminino (K), formando o zigoto (L), única
forma diplóide deste parasito. Este se diferencia em oocineto (M) Definição dos casos:
que é uma forma amebóide capaz de atravessar a membrana pe- Caso autóctone: quando a transmissão ocorre no local, sem
ritrófica e se instalar na parede interna do trato digestivo, entre o que o indivíduo tenha realizado deslocamentos para outras re-
epitélio e a lâmina basal. giões. Supõe a existência de casos anteriores e continuidade da
transmissão.

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BIOLOGIA
Caso importado: quando a transmissão ocorreu em local dis- ciparum varia de 7 a 10 dias, para o P. vivax de 10 a 15 dias e para o
tinto daquele de origem do indivíduo, em deslocamento realizado P. malariae de 14 a 30 dias. No caso de infecção induzida por trans-
para área malarígena e é detectado fora da área onde houve a in- fusão sanguínea e hemoderivados, o período de incubação pode
fecção. variar de 10 horas a 60 dias.
Caso introduzido: quando a transmissão foi local, porém não Período pré-patente: está relacionado ao período pré-eritrocí-
foi continuada, e o caso detectado foi originado de um outro im- tico da infecção malárica no fígado humano. Compreende o tempo
portado. desde a inoculação dos esporozoítos nos capilares até a invasão das
Induzido: quando a transmissão ocorreu sem a participação do hemácias pelos merozoítos em número insuficiente para ser detec-
vetor, ou seja, por transfusão sangüínea, por uso compartilhado de tado pela hemoscopia. Este período varia também segundo a espé-
seringas contaminadas ou por via congênita no momento do parto, cie e tipo de plasmódio infectante, da quantidade de plasmódios
em conseqüência de lesões nos vasos sangüíneos de mãe e filho. inoculados e da resposta imune do hospedeiro.
Recaída: quando ocorre o reaparecimento da parasitemia san- Período sub-patente: compreende o período do ciclo exo-eri-
güínea, sem que o indivíduo tenha realizado novos deslocamentos trocítico.
para áreas com possibilidade de transmissão, sendo portanto este Período patente: este período estende-se até a detecção de
novo episódio de malária decorrente de um ataque primário ante- plasmódios pela hemoscopia, freqüentemente associado com ma-
riormente diagnosticado e tratado. nifestações clínicas.

Sintomas: Malária no indivíduo semi-imune:


Imunidade e suscetibilidade Indivíduo semi-imune é aquele que já apresentou surtos de
Na membrana de superfície dos parasitos são expressas pro- malária anteriormente.
teínas altamente polimórficas e antigenicamente variáveis, que Alguns pacientes apresentam sintomas prodrômicos alguns
dias antes do início da ¿crise palúdica¿. O paciente sente-se inco-
parecem estar relacionadas com a resposta imune adquirida. Antí-
modado, com cefaléia, dores musculares, astenia, anorexia, febre
genos internos liberados no momento da ruptura dos esquizontes
de pequena intensidade e ocasionalmente náuseas e vômitos. Tais
são parcialmente conservados entre as espécies de plasmódios e
sintomas são inespecíficos e surgem em inúmeras outras doenças
parecem estar relacionados com a sintomatologia e a patologia da
infecciosas.
malária. Em áreas com endemicidade estável, a imunidade adqui- O ataque agudo da malária caracteriza-se por um conjunto
rida desenvolve-se lentamente, após muitos anos de exposição à de paroxismos febris que apresentam três períodos: frio, calor e
doença e vários episódios maláricos. A imunidade adquirida é par- suor. Na maioria dos pacientes com malária os sintomas começam
cial, e não impede a infecção mesmo em indivíduos expostos por repentinamente, com período de frio que costuma durar de 15 a
longo tempo à doença. Nestes casos o que ocorre é uma infecção 60 minutos. Os sintomas estão relacionados ao brusco aumento
assintomática com baixa parasitemia sangüínea. de temperatura do corpo e caracterizam-se pela sensação de frio
As dificuldades para o desenvolvimento de uma vacina eficaz intenso e calafrios marcados por tremores generalizados. Podem
contra a malária residem no fato de que não se pode assegurar que aparecer cefaléia, náuseas e vômitos. O pulso está fino e acelerado,
a imunidade celular e humoral sejam capazes de impedir a infec- a pele seca e os lábios cianóticos.
ção. Os antígenos parasitários variam nas diferentes fases do ciclo O período de calor dura de 2 a 6 horas e tem início quando ces-
evolutivo dos plasmódios, de modo que anticorpos específicos para sam os calafrios. O paciente começa a sentir calor que pode se tor-
antígenos de uma fase podem não proteger contra antígenos de nar ¿insuportável¿ e a face fica hiperemiada, o pulso cheio e a pele
outra fase do desenvolvimento dos parasitos. Muitos são os antí- seca e quente. Existe uma intensificação da cefaléia e persistência
genos que se constituem em alvo para o desenvolvimento de uma das náuseas e vômitos. Neste período o paciente pode delirar e sur-
vacina, incluindo proteínas do esporozoíto (CSP) e do merozoíto gem convulsões, principalmente em crianças.
(MSP-1). O período de suor dura de 2 a 4 horas. A febre cede em ¿crise¿
A interação entre o esporozoíto e o hepatócito ocorre atra- (rapidamente) cessando o desconforto. Após cessar o suor, que é
vés de uma proteína denominada circumsporozoíta, que recobre intenso, o paciente pode permanecer com discreta cefaléia, exaus-
a superfície do parasito. Em P. vivax, a invasão do eritrócito pelo to, porém relativamente bem. A duração total do paroxismo é de
parasito é realizada por meio de um antígeno da superfície da he- 6 a 12 horas. Uma das características do paroxismo palúdico é que
mácia denominado fator Duffy e por meio de proteínas do parasito ocorre em períodos regulares, na dependência do tipo de plasmó-
que promovem a ligação com os reticulócitos. Em P. falciparum a dio infectante. Assim o paroxismo por P. falciparum e P. vivax re-
ligação se processa por meio da glicoforina A presente na célula pete-se a cada 48 horas (febre terçã) e o por P. malariae a cada 72
hospedeira e de antígenos do parasito, como o EBA 175. A invasão horas (febre quartã). A regularidade só é válida no caso das infec-
ções cujos parasitos terminam sincronicamente sua esquizogonia.
do eritrócito pelo merozoíto ocorre em 20 segundos. Este se liga
ao glóbulo vermelho através de sua região apical, promovendo de-
Malária no indivíduo não imune:
formações na hemácia e penetrando na mesma por um processo
Os primeiros ¿ataques¿ no indivíduo não imune não apresen-
semelhante à endocitose. A hemácia invaginada cria um vacúolo
tam típico paroxismo palúdico, pois a esquizogonia não é síncrona
parasitóforo, onde o merozoíto se aloja. Então o merozoíto perde até que o sistema imune do hospedeiro comece a ¿reconhecer¿ as
roptrias, micronemas e membrana e dá origem ao trofozoíto. diferentes formas parasitárias. O indivíduo geralmente apresenta
como sintoma único a febre, que pode ser contínua, subcontínua,
Manifestações clínicas: remitente ou intermitente com remissões.
Ao abordarmos o diagnóstico clínico da malária, algumas defi- É importante ter em mente que nestes pacientes a malária tem
nições necessitam ser dadas. possibilidades maiores de evolução com complicações e que quan-
Período de incubação: compreende desde a inoculação de es- do os paroxismos ocorrerem em sua forma típica, ou seja, quando
porozoítos até o surgimento das primeiras manifestações clínicas. ocorrer sincronismo na esquizogonia o paciente pode já estar em
Freqüentemente o período de incubação para infecção pelo P. fal- situação clínica com complicações.

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BIOLOGIA
Malária grave: Quais são os sintomas da malária?
As formas graves e de urgência, com raras exceções, obser- Os sintomas da malária são:
vam-se nas infecções produzidas por P. falciparum. As formas gra- -febre alta;
ves apresentam-se no indivíduo não imune, gestantes e crianças. O -calafrios;
paroxismo febril não é comum. O paciente apresenta febre persis- -tremores;
tente, podendo não ser muito elevada, e não apresenta calafrios -sudorese;
nem sudorese. A cefaléia é intensa, o vômito freqüente e ocorre -dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica.
delírio. Geralmente mais de 2% das hemácias encontram-se parasi-
tadas, ocorrendo intensa anemia. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações
Se o paciente não for tratado adequadamente pode evoluir mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de
para forma de urgência onde acentuam-se os sinais e sintomas, apetite.
surgindo as complicações. As mais freqüentes relacionam-se ao Quais são as complicações da malária?
comprometimento dos rins, pulmões, cérebro, fígado e sangue. A malária grave caracteriza-se por um ou mais desses sinais e
sintomas:
Malária na criança: -prostração;
Em crianças maiores que 5 anos de idade, a malária tem a mes- -alteração da consciência;
ma evolução que em adultos. Entretanto em crianças em idade pré -dispnéia ou hiperventilação;
escolar, não se observam os sinais característicos do paroxismo -convulsões;
palúdico, levando freqüentemente a erro diagnóstico. Em regiões -hipotensão arterial ou choque;
endêmicas, a malária causada pelo P. falciparum, é responsável por -hemorragias.
alta taxa de mortalidade e morbidade quando ocorre em crianças
em idade pré-escolar. Como é feito o diagnóstico da malária?
A despeito de a malária grave ser quase sempre causada por P. O diagnóstico correto da infecção malárica só é possível pela
falciparum a infecção por P. vivax pode também ter evolução grave demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no san-
em crianças (alta taxa de reticulócitos). gue periférico do paciente, pelos métodos diagnósticos especifica-
A malária por P. malariae é observada produzindo síndrome dos a seguir:
nefrótica quando incide em crianças em regiões endêmicas, com
prognóstico geralmente desfavorável. Gota espessa
É o método oficialmente adotado no Brasil para o diagnóstico
Malária na gestante: da malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este
Na gestante, a malária pode ter evolução com complicações exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e
duas vezes mais freqüentemente que na mulher não gestante. Na de fácil realização. Quando executado adequadamente, é conside-
primeira metade da gestação se observa taxa de aborto em 30% rado padrão-ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sua
das oportunidades, enquanto que na segunda metade, existem evi- técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de micros-
dências de imunossupressão materna com evolução maistormen- copia óptica, após coloração com corante vital (azul de metileno
tosa da malária. e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a
partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desen-
Malária congênita: volvimento encontrados no sangue periférico. A determinação da
Desconhece-se o mecanismo causal da malária congênita. Su- densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser
põe-se que na gestante infectada não imune poderia haver lesão realizada em todo paciente com malária, especialmente nos porta-
centária com passagem do protozoário. Existe a possibilidade da dores de P. falciparum. Por meio desta técnica é possível detectar
contaminação do sangue fetal no momento do parto, sendoque outros hemoparasitos, tais como Trypanosoma sp. e microfilárias.
neste caso a malária é considerada comoinduzida.< Esfregaço delgado
As características clinicas da malária congênita são as mesmas Possui baixa sensibilidade (estima-se que a gota espessa é
das causadas por outras infecções adquiridas através da placenta. cerca de 30 vezes mais eficaz na detecção da infecção malárica).
O recém-nascido pode apresentar febre discreta, irritabilidade e Porém, este método permite, com mais facilidade, a diferenciação
anorexia. específica dos parasitos a partir da análise de sua morfologia e das
alterações provocadas no eritrócito infectado
Malária induzida:
A malária pode ser transmitida por inoculação de sangue fres- Testes rápidos
co por meio de agulhas contaminadas utilizadas por toxicômanos Testes rápidos para a detecção de componentes antigênicos de
ou por acidentes profissionais com pessoal da área de saúde. Pode plasmódio – testes imunocromatográficos representam novos mé-
ser induzida também por ransfusão de sangue e seus derivados. todos de diagnóstico rápido de malária. São realizados em fitas de
Qualquer dos 4 tipos de malária humana pode ser induzida por nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra antígenos es-
meio de transfusão. O período de incubação pode variar de 10 ho- pecíficos do parasito. Em parasitemia superior a 100 parasitos/μL,
ras a 60 dias, na dependência da espécie de plasmódio, número de pode apresentar sensibilidade de 95% ou mais quando comparados
parasitos injetados e resposta do hospedeiro. à gota espessa. Grande parte dos testes hoje disponíveis discrimi-
Febre remitente, náuseas, vômitos, mialgia, icterícia discreta, na, especificamente, o P. falciparum das demais espécies. Por sua
diarréia e dor abdominal são os sintomas mais encontrados. Rara- praticidade e facilidade de realização, são úteis para a confirmação
mente observa-se o paroxismo. Em pacientes imunossuprimidos a diagnóstica, no entanto seu uso deve ser restrito a situações onde
doença é de difícil diagnóstico. não é possível a realização do exame da gota espessa por micros-
copista certificado e com monitoramento de desempenho, como
áreas longínquas e de difícil acesso aos serviços de saúde e áreas de
baixa incidência da doença.

61
BIOLOGIA
Estes testes não avaliam a densidade parasitária nem a presen- Para essa situação, o item 2 (teste rápido) disponível no campo 39
ça de outros hemoparasitos e não devem ser usados para controle (tipo de exame) da ficha de notificação do Sivep-Malária deve ser
de cura devido a possível persistência de partes do parasito, após o marcado, por falta de local específico para PCR. Para mais informa-
tratamento, levando a resultado falso positivo. ções, acesse o “Guia prático de tratamento de malária no Brasil”.

A qualidade diagnóstica de um teste de diagnóstico rápido Malária mista


(TDR) depende da experiência do examinador e dos cuidados com O diagnóstico da malária em áreas onde coexistem o Plasmo-
o qual ele é preparado e interpretado. A execução e a acurácia dos dium falciparum e P. vivax e P. malariae merece especial atenção
TDRs podem ser afetadas por vários fatores, tais como problemas em virtude da possibilidade da ocorrência de infecções mistas.
na fabricação do teste, condições de armazenamento e transporte, A infecção mista ocorre quando é observada a presença de
competência e desempenho do manipulador. duas ou mais espécies diferentes no exame de uma amostra de
Atualmente, o PNCM utiliza para diagnóstico de malária o SD- sangue de um paciente.
-BIOLINE MALARIA AG Pf/Pf/Pv, que é um teste combinado que A presença de baixa parasitemia de formas de anéis (trofozoí-
trabalha com a HRP-II e pLDH de P. falciparum e pLDH de P. vivax. tos jovens) em conjunto com formas irregulares (trofozoítos madu-
Oferece sensibilidade para P. falciparum HRP-II de 100%, P. falcipa- ros) de P. vivax muitas vezes não é considerada malária mista, uma
rum pLDH de 99,7% e P. vivax de 98,2%) e especificidade de 99,3%. vez que as formas de anéis são comuns e parecidas em todas as es-
Orientações acerca desse teste rápido para o diagnóstico de malá- pécies. No entanto a média e alta parasitemias de formas de anéis
ria podem ser acessadas aqui. levam a suspeita de P. falciparum presente na amostra, indicando o
tratamento direcionado para as duas espécies.
Para a distribuição dos testes rápidos, alguns critérios devem Critérios para diagnóstico de malária mista no exame microscó-
ser atendidos: pico do esfregaço espesso (gota espessa) ou no esfregaço delgado:
1) áreas rurais de difícil acesso, sem condições de instalação de
uma unidade de laboratório de diagnóstico ou ausência de pessoal 1. Encontro de formas irregulares (trofozoítos maduros) de P.
treinado para utilização de microscópio; vivax e gametócitos (forma de banana) de P. falciparum, com ou
2) área de garimpo que atenda a especificação do item 1; sem a presença de formas em anéis (trofozoítos jovens) de P. fal-
3) área indígena desde que atenda a especificação do item 1; ciparum.
4) na região Extra-Amazônica nas unidades de referência para
o diagnóstico de malária. Registro: V+Fg
Além disso, para o uso dos TDRs da malária, os seguintes requi-
sitos devem ser atendidos: Neste caso o tratamento deve ser feito para malária mista
(conforme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária).
1) somente usar em caso suspeito de malária que esteja apre-
sentando algum sintoma; 2. Observação de parasitemia média a elevada (++ ou mais) por
2) não usar para lâmina de verificação de cura (LVC), devido a formas em anel (trofozoítos jovens), sendo alguns com duas croma-
grande possibilidade de falsos positivos nessas situações; tinas, formas semelhantes a bigode, formas em vírgula e presença
3) para todo teste realizado deve ser preenchido um formu- de parasitismo múltiplo de hemácias não dilatadas e sem granula-
lário do SIVEP-Malária (na região Amazônica) ou SINAN (na região ções de Schuffner, características da espécie P. falciparum; asso-
Extra-Amazônica); ciada a formas irregulares (trofozoítos maduros) e grandes mono-
4) os testes devem ser realizados por profissionais devidamen- nucleados (gametócitos) em hemácias dilatadas com granulações
te capacitados e devem ser seguidas as orientações do fabricante. de Schuffner em menor grau de parasitemia, características de P.
vivax. Mesmo na ausência de gametócitos típicos de Plasmodium
Técnicas moleculares falciparum (forma de banana).
O diagnóstico molecular para malária começou a ser testado
em meados dos anos 80 e tem mostrado grande progresso para Registro: F+V
aprimoramento e simplificação das técnicas de extração do DNA. Neste caso o tratamento deve ser feito para malária mista
As técnicas moleculares mais utilizadas para o diagnóstico da malá- (conforme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária).
ria são o Nested PCR ou PCR convencional e o PCR em tempo real.
No entanto, em virtude do custo elevado, da necessidade de infra- 3. Presença de baixa parasitemia (+ ou menos) de formas em
estrutura e mão de obra especializada seu uso ainda é restrito a anéis (trofozoítos jovens) associada a formas irregulares (trofozo-
laboratórios de referência. Estudos tem demonstrado que técnicas ítos maduros) e esquizontes de P. vivax em maior grau de parasi-
de PCR são mais sensíveis e específicas quando comparadas às téc- temia, pode ser considerada infecção somente por P. vivax, uma
nicas microscópicas e ao teste imunocromatográfico, portanto com vez que todas as espécies apresentam trofozoítos jovens em anéis.
capacidade de detecção do parasito em pacientes com baixa para-
sitemia, mas a interpretação dos resultados positivos ainda é discu- Registro: V
tida. Existe ainda, um método molecular com possível utilização em Neste caso o tratamento deve ser feito para malária vivax (con-
campo, chamado de amplificação isotérmica circular fluorescente forme orientações do Guia Prático de Tratamento de Malária).
em tempo real (RealAmp) ainda em fase de validação. Existe ainda a possibilidade de se encontrar perfis de infecção
O PNCM, baseado em estudos realizados no Brasil e em vários mista com combinações entre: F, M, V, Fg, Ov. Em todos os casos
países do mundo, considera que pacientes com PCR positivo para listados acima, o paciente deverá realizar o acompanhamento com
malária, mesmo assintomáticos, podem infectar mosquitos e /ou as lâminas de verificação de cura (LVC), pelo menos em D3 e D7.
se tornar sintomáticos, sendo assim devem ser tratados quando o Além de ser orientado a retornar ao serviço de saúde a qualquer
diagnóstico for realizado unicamente por essa técnica molecular. momento caso não haja melhora dos sintomas.

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BIOLOGIA
Diagnóstico diferencial da malária Os medicamentos devem ser ingeridos, preferencialmente às
O diagnóstico diferencial da malária é feito com a febre tifoide, refeições. No caso da combinação, arteméter e lumefantrina deve
febre amarela, leptospirose, hepatite infecciosa, leishmaniose vis- ser preferencialmente ingerido com alimentos gordurosos. Caso
ceral, doença de Chagas aguda e outros processos febris. Na fase surja icterícia durante o tratamento, a primaquina deve ser suspen-
inicial, principalmente na criança, a malária confunde-se com ou- sa.
tras doenças infecciosas dos tratos respiratório, urinário e diges- Sempre que possível, deve-se optar pela supervisão das doses
tivo, quer de etiologia viral ou bacteriana. No período de febre in- dos medicamentos para garantir uma melhor adesão ao tratamen-
termitente, as principais doenças que se confundem com a malária to.
são as infecções urinárias, tuberculose miliar, salmoneloses septi- O paciente deve completar o tratamento conforme a recomen-
cêmicas, leishmaniose visceral, endocardite bacteriana e as leuco- dação, mesmo que os sintomas desapareçam, pois a interrupção
ses. Todas apresentam febre e, em geral, esplenomegalia. Algumas do tratamento pode levar a recidiva da doença ou agravamento do
delas apresentam anemia e hepatomegalia. quadro, além de manter o ciclo de transmissão da doença permitin-
Como é feito o tratamento da malária? do que outras pessoas também adoeçam por malária.
No geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe Esquemas de tratamento
o tratamento em regime ambulatorial, com comprimidos que são Para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde das áreas
fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saú- endêmicas e garantir a padronização dos procedimentos necessá-
de (SUS). Somente os casos graves deverão ser hospitalizados de rios para o tratamento da malária, o Guia Prático de Tratamento da
imediato. Malária no Brasil (2010) apresenta tabelas e quadros com todas as
O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a orientações relevantes sobre a indicação e uso dos antimaláricos
espécie do protozoário infectante; a idade do paciente; condições preconizados no Brasil de acordo com o grupo etário dos pacientes.
associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além Embora as dosagens constantes nas tabelas levem em consi-
da gravidade da doença. deração o grupo etário do paciente, é recomendável que, sempre
que possível e para garantir boa eficácia e baixa toxicidade no tra-
IMPORTANTE: Quando realizado de maneira correta, o trata- tamento da malária, as doses dos medicamentos sejam fundamen-
mento da malária garante a cura da doença. talmente ajustadas ao peso do paciente. Quando uma balança para
verificação do peso não estiver disponível, recomenda-se a utiliza-
Objetivos do tratamento contra a malária: ção da relação peso/idade apresentada nas tabelas.
O diagnóstico oportuno seguido, imediatamente, de tratamen-
to correto são os meios mais adequados para reduzir a gravidade Como prevenir a malária?
e a letalidade por malária. O tratamento da malária visa atingir ao Entre as principais medidas de prevenção individual da malária
parasito em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, que podem ser estão:
didaticamente resumidos em: -uso de mosquiteiros;
a) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela -roupas que protejam pernas e braços;
patogenia e manifestações clínicas da infecção; -telas em portas e janelas;
b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual -uso de repelentes.
(hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as re-
caídas tardias; Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são:
c) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas -borrifação intradomiciliar;
que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos -uso de mosquiteiros;
(gametócitos). -drenagem;
Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, -pequenas obras de saneamento para eliminação de criadou-
cada uma delas agindo de forma específica para impedir o desen- ros do vetor;
volvimento do parasito no hospedeiro. -aterro;
-limpeza das margens dos criadouros;
Orientações para o tratamento -modificação do fluxo da água;
É da maior importância que todos os profissionais de saúde -controle da vegetação aquática;
envolvidos no tratamento da malária, desde o auxiliar de saúde da -melhoramento da moradia e das condições de trabalho;
comunidade até o médico, orientem os pacientes, adequadamente -uso racional da terra.
e com uma linguagem compreensível, quanto ao tipo de medica-
mento que está sendo oferecido, a forma de ingeri-lo e os respec- IMPORTANTE: Não existe vacina contra a malária. Algumas
tivos horários. Em diversos lugares, os responsáveis por distribuir e substâncias capazes de gerar imunidade foram desenvolvidas e es-
orientar o uso dos medicamentos utilizam envelopes de cores dife- tudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios
rentes para cada medicamento. para a implantação da vacinação.
Muitas vezes, os pacientes são pessoas que não dispõem nem
mesmo de relógio para verificar as horas. O uso de expressões mais O que é Doença de Chagas?
simples, como manhã, tarde e noite, para a indicação do momento A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infec-
da ingestão do remédio é recomendável. A expressão de 8 em 8 ção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi.
horas ou de 12 em 12 horas muitas vezes não ajuda o paciente a Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA)
saber quando deve ingerir os medicamentos. Sempre que possível, que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se
deve-se orientar os acompanhantes ou responsáveis, além dos pró- manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou car-
prios pacientes, pois estes geralmente encontram-se desatentos, diodigestiva.
devido à febre, dor e mal-estar causados pela doença.

63
BIOLOGIA
Quais são os sintomas da Doença de Chagas? Amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, co-
A Doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas zinha, anexo ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separada-
duas fases que se apresenta, que é a aguda e a crônica. A fase agu- mente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data
da, que é a mais leve, a pessoa pode apresentar sinais moderados e nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço.
ou até mesmo não sentir nada. Em relação à transmissão oral, as principais medidas de pre-
venção são:
Na fase aguda, os principais sintomas são: Intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas
-febre prolongada (mais de 7 dias); as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à con-
-dor de cabeça; taminação, com especial atenção ao local de manipulação de ali-
-fraqueza intensa; mentos.
-inchaço no rosto e pernas. Instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de
processamento do alimento para evitar a contaminação acidental
Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, por vetores atraídos pela luz.
porém algumas pessoas podem apresentar: Realizar ações de capacitação para manipuladores de alimen-
-problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca; tos e de profissionais de informação, educação e comunicação.
-problemas digestivos, como megacolon e megaesôfago. Resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a
transmissão oral por T. cruzi, mas sim o cozimento acima de 45°C, a
Como a doença de chagas é transmitida? pasteurização e a liofilização.
As principais formas de transmissão da doença de chagas são: As instituições de pesquisa vêm investindo em aplicativos gra-
Vetorial: contato com fezes de triatomíneos infectados, após tuitos para a identificação de triatomíneos. A Fiocruz - Minas Gerais
picada/repasto (os triatomíneos são insetos popularmente conhe- desenvolveu um aplicativo gratuito para identificação de triatomí-
cidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo). neos, Triatokey, no qual o usuário responde perguntas sobre carac-
Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos pro- terísticas visíveis do inseto a ser identificado.
venientes de triatomíneos infectados.
Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infec- Acontece um processo de eliminação, por meio das perguntas,
tadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto. que estreita as possibilidades chegando-se ao gênero do animal e a
Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores um pequeno número de espécies dentro daquele gênero, sendo de
infectados a receptores sadios. grande utilidade nas atividades de vigilância.
Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com ma- Como diagnosticar a Doença de Chagas?
terial contaminado durante manipulação em laboratório ou na ma- Na fase aguda da doença de Chagas, o diagnóstico se baseia na
nipulação de caça. presença de febre prolongada (mais de 7 dias) e outros sinais e sin-
tomas sugestivos da doença, como fraqueza intensa e inchaço no
O período de incubação da Doença de Chagas, ou seja, o tempo rosto e pernas, e na presença de fatores epidemiológicos compatí-
que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividi- veis, como a ocorrência de surtos (identificação entre familiares/
do da seguinte forma: contatos).

Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias. Já na fase crônica, a suspeita diagnóstica é baseada nos acha-
Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou dos clínicos e na história epidemiológica, porém ressalta-se que
mais. parte dos casos não apresenta sintomas, devendo ser considerados
Transmissão oral – de 3 a 22 dias. os seguintes contextos de risco e vulnerabilidade:
Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias. Ter residido, ou residir, em área com relato de presença de
vetor transmissor (barbeiro) da doença de Chagas ou ainda com
Como prevenir a Doença de Chagas? reservatórios animais (silvestres ou domésticos) com registro de
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relaciona- infecção por T. cruzi;
da à forma de transmissão. Ter residido ou residir em habitação onde possa ter ocorrido o
Uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” convívio com vetor transmissor (principalmente casas de estuque,
forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de constru-
inseticidas residuais por equipe técnica habilitada. ção que permitam a colonização por triatomíneos);
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pe- Residir ou ser procedente de área com registro de transmissão
las aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas me- ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocor-
tálicas. rência da transmissão da doença no passado;
Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelen- Ter realizado transfusão de sangue ou hemocomponentes an-
tes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de ativida- tes de 1992;
des noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata. Ter familiares ou pessoas do convívio habitual ou rede social
que tenham diagnóstico de doença de Chagas, em especial ser filho
Quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio: (a) de mãe com infecção comprovada por T. cruzi.
Não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto;
Proteger a mão com luva ou saco plástico; IMPORTANTE: Para confirmação laboratorial é necessária a
Os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plás- realização de exame de sangue (parasitológico e/ou sorológico, a
ticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente depender da fase da doença) que é realizado gratuitamente pelo
vivos; SUS. É importante que você procure um médico para que ele possa
solicitar os exames e interpretá-los adequadamente, além de ava-
liar caso a caso os sintomas e sinais clínicos de cada pessoa.

64
BIOLOGIA
Com o intuito de auxiliar os profissionais de saúde na inter- Destes, o estado do Pará é responsável por 83% dos casos. Em
pretação de exames laboratoriais geralmente disponibilizados na relação às principais formas prováveis de transmissão ocorridas no
rede do SUS na confirmação de casos de doença de Chagas na fase país, 72% foram por transmissão oral, 9% por transmissão vetorial
aguda, foi criada uma ferramenta para servir de guia especialmen- e em 18% não foi identificada a forma de transmissão.
te para fins epidemiológicos nas situações mais recorrentes e para
apoio assistencial enquanto o apoio de equipe especializada não Viajantes - Doença de Chagas
for conseguido. É considerado caso suspeito de Doença de Chagas o viajante
que tenha ingerido alimento suspeito contaminado por T. cruzi ou
Qual é o tratamento para Doença de Chagas? visitado área com presença de triatomíneos e apresente febre pro-
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um longada (superior a 7 dias), acompanhado de pelo menos um dos
médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado ben- seguintes sinais:
znidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, me- Edema de face ou de membros.
diante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser Exantema.
utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for Adenomegalia.
identificada. Hepatomegalia.
Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamen- Esplenomegalia.
to depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso. Cardiopatia aguda (taquicardia, sinais de insuficiência cardía-
Em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamen- ca).
to com benznidazol, o Ministério da Saúde disponibiliza o nifurti- Manifestações hemorrágicas.
mox como alternativa de tratamento, conforme indicações estabe- Sinal de Romaña ou chagoma de inoculação.
lecidas em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.
Independente da indicação do tratamento com benznidazol ou Período de incubação
nifurtimox, as pessoas na forma cardíaca e/ou digestiva devem ser Oscila entre 4 e 10 dias, quando a transmissão é pelos triatomí-
acompanhadas e receberem o tratamento adequado para as com- neos, sendo geralmente assintomáticos. Nos casos de transmissão
plicações existentes. transfusional, pode alongar-se entre 20 ou mais dias.

IMPORTANTE: O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Agente Etiológico


doença de Chagas estabelece, com base em evidências, as diretri- É um protozoário da ordem Kinetoplastida da família Trypa-
zes para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pessoas nosomatidae e gênero Trypanosoma denominado Trypanosoma
afetadas pela infecção por Trypanosoma cruzi em suas diferentes cruzi. No homem e nos animais, vive no sangue periférico e nas fi-
fases (aguda e crônica) e formas clínicas, além de situações espe- bras musculares, especialmente as cardíacas e digestivas: no inseto
ciais como gestantes e condições de imunossupressão, servindo de transmissor, vive no tubo digestivo.
subsídio a gestores, profissionais e usuários do SUS, visando garan-
tir a assistência terapêutica integral. Profilaxia
Baseiam-se principalmente em medidas de controle ao “bar-
Situação epidemiológica - Doença de Chagas beiro”, impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arre-
Em função das ações de controle de vetores realizadas a partir dores. Além de medidas específicas (inquéritos sorológicos , ento-
da década de 1970, o Brasil recebeu em 2006 a certificação Interna- mológicos e desinsetização), as atividades de educação em saúde,
cional da interrupção da transmissão vetorial pelo Triatoma infes- devem estar inseridas em todas as ações de controle, bem como, as
tans, espécie exótica e responsável pela maior parte da transmissão medidas a serem tomadas pela população local, tais como:
vetorial no passado. Porém, estima-se que existam aproximada- - melhorar habitação, através de reboco e tamponamento de
mente 12 milhões de portadores da doença crônica nas Américas, e rachaduras e frestas;
que haja no Brasil, atualmente, pelo menos um milhão de pessoas - usar telas em portas e janelas;
infectadas por T. cruzi. - impedir a permanência de animais , como cão, o gato, macaco
A alteração do quadro epidemiológico da doença de Chagas e outros no interior da casa;
(DC) no Brasil promoveu a mudança nas ações e estratégias de vi- - evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior
gilância, prevenção e controle, por meio da adoção de um novo e arredores da casa;
modelo de vigilância epidemiológica. Entretanto, o risco de trans- - construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro , depósito afasta-
missão vetorial da doença de Chagas persiste em função da: do das casas e mantê-los limpos;
Existência de espécies de triatomíneos autóctones com eleva- - retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas;
do potencial de colonização; - manter limpeza periódica nas casas e em seus arredores;
Presença de reservatórios de T. cruzi e da aproximação cada - difundir junto aos amigos, parentes , vizinhos, os conhecimen-
vez mais frequente das populações humanas a esses ambientes; tos básicos sobre a doença, vetor e sobre as medidas preventivas;
Persistência de focos residuais de T. infestans, ainda existentes - encaminhar os insetos suspeitos de serem “barbeiros”, para o
em alguns municípios dos estados da Bahia e do Rio Grande do Sul. serviço de saúde mais próximo.
Soma-se a esse quadro a ocorrência de casos e surtos por
transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados (caldo
de cana, açaí, bacaba, entre outros), vetorial domiciliar sem coloni-
zação e vetorial extradomiciliar, principalmente na Amazônia Legal.
Entre o período de 2008 a 2017, foram registrados casos confirma-
dos de doença de Chagas aguda na maioria dos estados brasileiros.
Entretanto, a maior distribuição, cerca de 95%, concentra-se na re-
gião Norte.

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BIOLOGIA
Reservatórios Fatores de risco
Além do homem, mamíferos domésticos e silvestres têm sido Pela natureza do ciclo da lombriga, a doença ocorre mais fre-
naturalmente encontrados infectados pelo Trypanosoma cruzi, tais quentemente em locais com sistema sanitário deficiente e em
como: gato, cão, porco doméstico, rato de esgoto, rato doméstico, crianças. Porém, todas as pessoas estão suscetíveis a contamina-
macaco de cheiro, sagüi, tatu, gambá, cuíca, morcego, dentre ou- ção, seja pela má higienização de alimentos ou ingestão de água
tros. Os mais importantes epidemiologicamente são aqueles que contaminada.
coabitam ou estão muito próximos do homem como o cão, o rato,
o gambá, o tatu, e até mesmo o porco doméstico, encontrado as- Sintomas de ascaridíase
sociado com espécies silvestres na Amazônia. As aves e animais de A ascaridíase é comumente assintomática, mas pode apresen-
“sangue frio” (lagartos, sapos, outros) são refratários à infecção. tar sintomas intestinais e respiratórios.

O que é ascaridíase? • Sintomas intestinais


A ascaridíase (CID 10 - B77) é uma infecção causada pelo verme • Dor abdominal
nematelminto Ascaris lumbricoides, mais conhecido como lombri- • Falta de apetite
ga. Seu hospedeiro é o ser humano, mas, ocasionalmente, pode • Perda de peso
aparecer em porcos pelo verme Ascaris suum. Pode causar tanto • Náuseas e vômitos
problemas respiratórios quanto intestinais, porém, em geral, a do- • Diarreia
ença não apresenta sintomas. • Obstrução intestinal.
Além disso, as lombrigas podem invadir a mucosa intestinal, al-
A lombriga é um animal cilíndrico e alongado, que pode chegar cançar as vias sanguíneas e viajar para outros órgãos. É comum a
até 40 cm de comprimento em sua fase adulta. As fêmeas, diferen- migração para os pulmões, onde o verme fica alojado nos alvéolos
te dos machos, são maiores e mais robustas. Por ser um verme que e pode causar pneumonite.
se reproduz rapidamente, um único hospedeiro pode carregar até
600 lombrigas de uma só vez. Sintomas respiratórios
Causas • Tosse
A contaminação acontece quando a pessoa entra em contato • Sibilos (assobios agudos ao respirar)
com os ovos do verme, geralmente ao ingerir água e alimentos con- • Irritação na garganta
taminados ou ao colocar a mão contaminada na boca.
Diagnóstico de ascaridíase
Ciclo da lombriga O diagnóstico de ascaridíase é confirmado com a eliminação de
O ser humano é o único hospedeiro da lombriga, que ingere os vermes visíveis ao olho nu através da boca, nariz e ânus. Pode-se
ovos do verme através de água, alimentos e mãos contaminadas. ainda fazer um exame patológico das fezes para verificar a existên-
Após ingeridos, os ovos migram para o intestino e ficam instalados cia de ovos ou lombrigas adultas.
lá até eclodirem. O tempo de incubação dos ovos até o desenvolvi- Radiografias de tórax também podem demonstrar manchas no
mento das larvas é de cerca de 20 dias. pulmão típicas de lombrigas. Além disso, larvas podem aparecer no
As larvas entram em contato com as paredes do intestino e via- escarro e o hemograma pode apontar um aumento de eosinófilos.
jam até outros órgãos através das vias sanguíneas. No intestino,
as lombrigas fêmeas fecundadas podem produzir até 200 mil ovos Tratamento de ascaridíase
por dia, que geram larvas que crescem no organismo até virarem O tratamento da ascaridíase contempla o uso de medicamen-
adultas. tos para os sintomas e também para eliminar as lombrigas. Existem
Os ovos produzidos são liberados na natureza novamente atra- remédios específicos para a doença, como os anti-helmínticos, po-
vés das fezes humanas, o que propicia a infecção de novos indivídu- rém, eles só devem ser prescritos por um médico por conta de seus
os. Este ciclo desde a ingestão dos ovos até a saída de larvas pelas efeitos colaterais.
fezes pode variar de 60 a 75 dias. Já a duração média de vida do Por vezes, o médico pode optar pela associação de medicações
verme adulto é de 12 meses. para um tratamento seguro, já que as lombrigas podem se multi-
plicar em grande quantidade e tem a capacidade de causar obstru-
Transmissão ções ou migrar de forma desordenada pelo organismo.
Enquanto um paciente está com o verme e produzindo fezes
com ovos, ele pode transmitir a doença. Quando os ovos embrio- Complicações possíveis
nados encontram um meio favorável de desenvolvimento, eles po- Quando há grandes quantidades do verme no corpo da pessoa,
dem permanecer viáveis e infectantes durante anos. eles podem começar a sair pela boca, nariz ou ânus. A obstrução
intestinal também caracteriza um caso mais grave e ocorre mais
Portanto, o período de transmissibilidade é longo, principal- frequentemente em crianças.
mente se não for adotado um tratamento adequado. Assim, a asca- Os parasitas podem ainda migrar para outros órgãos do sistema
ridíase é transmitida pela: digestivo, pelas vias biliares, e causar inflamações nos ductos bilia-
res e no fígado, como colecistite, pancreatite ou abscesso hepático.
Ingestão de alimentos infectados por ovos de lombriga, muitas No entanto, estas apresentações são mais raras.
vezes por causa de uma má higienização
Ingestão de água contaminada, especialmente em locais sem Além disso, a migração das larvas pode causar:
ou com pouco acesso a saneamento básico
Contato da mão contaminada com a boca. • Febre
• Dor abdominal
• Diarreia
• Náuseas

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BIOLOGIA
• Bronquite Ciclo da Teníase
• Perfuração intestinal
• Convulsão.

Prevenção
As medidas de profilaxia da ascaridíase envolvem ações de hi-
giene pessoal, de alimentos e saneamento básico. Entram como
recomendações de prevenção:

• Sempre lavar as mãos antes e depois das refeições, depois de


ir ao banheiro, ao ter contato com terra, ao manipular alimentos e
sempre que estiverem visivelmente sujas
• Consumir água filtrada ou fervida Cisticercose – Ao ingerir ovos viáveis da tênia, estes chegam ao
• Lavar bem frutas, verduras e legumes crus estômago e liberam o embrião que atravessa a mucosa gástrica, vai
• Descascar frutas, verduras e legumes, e sempre que possível, para a corrente sanguínea e se distribui pelo corpo, pode alcançar
cozinhá-los antes de comer diversos tecidos (músculos, coração, olhos e cérebro) aonde irá se
• Evitar usar fezes humanas como fertilizantes ou defecar ao desenvolver o cisticerco (larva). Ao atingir o cérebro causam a Neu-
ar livre rocisticercose, que é a forma mais grave da infecção.
• Manter ações adequadas de saneamento básico, com acesso
adequado ao sistema de esgoto, uso de fossas higiênicas e acesso Ciclos da Cisticercose
à água potável.

ascaridíase tem cura?


A ascaridíase pode ser totalmente curada através do tratamen-
to adequado com vermicidas.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/ascaridia-
se

teníase cisticercose
1- O que é teníase e o que é cisticercose?
São duas doenças distintas com sintomas e epidemiologia to-
talmente diferentes, apesar de serem causadas pela mesma espé-
cie de cestódeo (parasita).
A teníase é causada pela Taenia solium e/ou pela Taenia sagi- 4- Quais os sintomas?
nata, também conhecida como “solitária”. Teníase – Pode causar desconforto abdominal, náuseas, vômi-
Já a cisticercose é causada pelas larvas dessas espécies de pa- tos, diarreia ou constipação, cólicas intestinais, alterações no apeti-
rasitas. te, além de mal estar geral, indisposição, fadiga fácil, perda de peso.
Além de sinais nervosos como insônia, irritabilidade e inquietação.
2- Como se transmite? Cisticercose - Pode ser assintomática ou apresentar sintomas
O homem é o hospedeiro definitivo e consequentemente a como cefaleia, convulsões, hipertensão craniana, entre outros. As
principal fonte de infecção deste parasita, sendo responsável pela manifestações clínicas da Cisticercose dependem da localização, do
transmissão aos animais e a si próprio. tipo morfológico, do número de larvas que infectaram o indivíduo,
Teníase – é adquirida através do consumo de carne crua ou da fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunoló-
insuficientemente cozida contendo os cisticercos (larvas). gica do hospedeiro. Podendo apresentar complicações como defi-
Cisticercose – através do consumo de alimentos contaminados ciência visual, loucura, epilepsia, entre outras.
com os ovos da tênia, frutas, verduras, hortaliças que não são higie-
nizados corretamente, através do consumo de água contaminada, 5- Qual o tratamento?
ou ainda, no homem com teníase pode haver a auto-infestação já A teníase possui tratamento terapêutico, já para a cisticercose
que os ovos podem ser encontrados nas mãos do hospedeiro, na não se conhece nenhum procedimento terapêutico eficaz e seguro
região perianal (ânus) e perineal, nas roupas e até mesmo na mo- no homem ou nos animais.
bília da residência.
- A ÚNICA MEDIDA EFICAZ AINDA É A PREVENÇÃO -
3- Ciclo evolutivo 6- Como se prevenir?
Teníase – a teníase é adquirida pelo homem quando ele ingere • Não ingerir carne crua ou insuficientemente cozida, ou ainda,
carne o cisticerco (larva) e este evolui para a forma adulta no intes- proveniente de abate clandestino, sem inspeção oficial.
tino delgado. O verme adulto se fixa e começa a expelir os ovos e • Consumir apenas água tratada, fervida ou de fonte segura.
proglótides, que são excretados nas fezes humanas e podem con- • Lavar bem as mãos, principalmente após usar o banheiro e
taminar o solo, a água e os alimentos. antes das refeições.
• Lavar bem os alimentos como verduras, frutas e hortaliças
com água limpa.
• Irrigar hortas e pastagens com água limpa e não adubar com
fezes humanas.
• Construir sanitários com fossa séptica.

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BIOLOGIA
• Realizar o tratamento dos efluentes de esgotos de forma Sinonímia - Solitária, lombriga na cabeça.
adequada para que estes não contaminem o solo, a água e os ali- Agente etiológico - Taenia solium é a tênia da carne de porco e
mentos. a Taenia saginata é a da carne bovina. Esses dois cestódeos causam
• Fazer periodicamente exames de fezes em moradores de doença intestinal (teníase) e os ovos da T. solium desenvolvem in-
área rurais. fecções somáticas (cisticercose).
Reservatório - O homem é o único hospedeiro definitivo da for-
ma adulta da Taenia solium e da Taenia saginata. O suíno ou o bo-
vino são os hospedeiros intermediários, por apresentarem a forma
larvária nos seus tecidos.
Modo de transmissão - A teníase é adquirida através da inges-
ta de carne de boi ou de porco mal cozida, que contém as larvas.
Quando o homem ingere, acidentalmente, os ovos de T. solium,
adquire a cisticercose.
Período de incubação - Da cisticercose humana, varia de 15
dias a anos após a infecção. Para a teníase, em torno de 3 meses
após a ingesta da larva, o parasita adulto já é encontrado no intes-
tino delgado humano.
Período de transmissibilidade - Os ovos das tênias permane-
cem viáveis por vários meses no meio ambiente, que é contamina-
do pelas fezes de humanos portadores de teníase.
Complicações - Da teníase: obstrução do apêndice, colédoco,
7 – Observações sobre a teníase/cisticercose ducto pancreático. Da cisticercose: deficiência visual, loucura, epi-
lepsia, entre outros.
O suíno não causa cisticercose no homem. O homem é que Diagnóstico
causa cisticercose no suíno. É clínico, epidemiológico e laboratorial. Como a maioria dos ca-
Um homem com teníase é uma importante fonte de transmis- sos de teníase é oligossintomático, o diagnóstico comumente é fei-
são de cisticercose e de teníase. to pela observação do paciente ou, quando crianças, pelos familia-
O suíno não é fonte de transmissão, apenas participa do ciclo res. Isso porque os proglotes são eliminados espontaneamente e,
da doença que é transmitida a ele pelo homem. nem sempre, são detectados nos exames parasitológicos de fezes.
O homem não adquire cisticercose ao ingerir carne bovina ou Para se fazer o diagnóstico da espécie, em geral, coleta-se material
suína crua ou mal passada, mas pode adquirir a teníase se não to- da região anal e, através do microscópio, diferencia-se morfologi-
mar os devidos cuidados. camente os ovos da tênia dos demais parasitas. Os estudos soro-
Os suínos e bovinos não possuem a tênia ou “solitária”, apenas lógicos específicos (fixação do complemento, imunofluorescência
o homem possui a fase adulta. e hemaglutinação) no soro e líquido cefalorraquiano confirmam o
Se não houver pessoas com teníase, não haverá cisticercose diagnóstico da neurocisticercose, cuja suspeita é feita através de
nos suínos e bovinos. exames de imagem (RX, tomografia computadorizada e ressonân-
cia nuclear magnética de cisticercos calcificados). A biópsia de te-
ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS cidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da
Descrição - O complexo teníase/cisticercose constitui-se de larva.
duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie Diagnóstico diferencial - Na neurocisticercose, tem-se que fa-
de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo de vida. A teníase é zer diagnóstico diferencial com distúrbios psiquiátricos e neuroló-
provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da gicos (principalmente epilepsia por outras causas).
Taenia saginata, no intestino delgado do homem. A cisticercose é
causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é uma Tratamento
enfermidade somática. A teníase é uma parasitose intestinal que a) Teníase - Mebendazol - 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias,
pode causar dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, VO; niclosamida ou clorossalicilamida - adulto e criança com 8 anos
flatulência, diarréia ou constipação. Quando o parasita permane- ou mais, 2g e crianças de 2 a 8 anos, 1g, VO, dividido em duas toma-
ce na luz intestinal, o parasitismo pode ser considerado benigno e das; praziquantel, VO, dose única, 5 a 10mg/kg de peso corporal;
só, excepcionalmente, requer intervenção cirúrgica por penetração albendazol, 400mg/ dia, durante 3 dias.
em apêndice, colédoco, ducto pancreático, devido ao crescimento b) Neurocisticercose - Praziquantel, na dose de 50mg/kg/dia,
exagerado do parasita. A infestação pode ser percebida pela eli- durante 21 dias, associado à dexametasona para reduzir a respos-
minação espontânea nas fezes de proglotes do verme. Em alguns ta inflamatória, conseqüente à morte dos cisticercos. Pode-se usar
casos, podem causar retardo no crescimento e no desenvolvimen- também albendazol, 15 mg/dia, durante 30 dias, dividido em 3
to das crianças, e baixa produtividade no adulto. As manifestações tomadas diárias, associado a 100mg de metilpredinisolona, no pri-
clínicas da cisticercose (larvas da Taenia solium) dependem da lo- meiro dia de tratamento, a partir do qual se mantém 20mg/dia,
calização, tipo morfológico, número de larvas que infectaram o in- durante os 30 dias. O uso de anticonvulsivantes, às vezes, se impõe,
divíduo, da fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta pois cerca de 62% dos pacientes são portadores de epilepsia asso-
imunológica do hospedeiro. As formas graves estão localizadas no ciada.
sistema nervoso central e apresentam sintomas neuro-psiquiátri-
cos (convulsões, distúrbio de comportamento, hipertensão intra-
craneana) e oftálmicos.

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BIOLOGIA
Características epidemiológicas - A América Latina tem sido d) Fiscalização de produtos de origem vegetal - A irrigação de
apontada por vários autores como área de prevalência elevada de hortas e pomares com água de rios e córregos, que recebam esgoto
neurocisticercose, que está presente em 18 países desta área, com ou outras fontes de águas contaminadas, deve ser coibida através
uma estimativa de 350.000 pacientes. A situação da cisticercose su- de rigorosa fiscalização, evitando a comercialização ou o uso de ve-
ína nas Américas não está bem documentada. O abate clandestino getais contaminados por ovos de Taenia;
destes animais, sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado e) Cuidados na suinocultura - Evitar o acesso do suíno às fezes
na maioria dos países da América Latina e Caribe, sendo a causa humanas e à água e alimentos contaminados com material fecal:
fundamental a falta de notificação. No Brasil, a cisticercose tem essa é a forma de evitar a cisticercose suína;
sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul f) Isolamento - Para os indivíduos com cisticercose ou portado-
e Sudeste, tanto em serviços de neurologia e neurocirurgia quanto res de teníase, não há necessidade de isolamento. Para os portado-
em estudos anatomopatológicos. A baixa ocorrência de cisticercose res de teníase, entretanto, recomenda-se medidas para evitar a sua
em algumas áreas, como por exemplo nas regiões Norte e Nordes- propagação: tratamento específico, higiene adequada;
te, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o trata- g) Desinfecção concorrente - É desnecessária, porém é impor-
mento é realizado em grandes centros, como São Paulo, Curitiba, tante o controle ambiental através da deposição correta dos deje-
Brasília e Rio de Janeiro, o que dificulta a identificação da procedên- tos (saneamento básico) e rigoroso hábito de higiene (lavagem das
cia do local da infecção. O Ministério da Saúde registrou um total mãos após evacuações, principalmente).
de 937 óbitos por cisticercose no período de 1980 a 1989. Até o
momento não existem dados disponíveis para que se possa definir Esquistossomose
a letalidade do agravo. Infecção causada por verme parasita da classe Trematoda.
Ocorre em diversas partes do mundo de forma não controlada (en-
dêmica). Nestes locais o número de pessoas com esta parasitose se
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
mantém mais ou menos constante.
Objetivo - Manter permanente articulação entre a vigilância
Os parasitas desta classe são cinco, e variam como agente cau-
sanitária do setor saúde e das secretarias de agricultura, visando
sador da infecção conforme a região do mundo. No nosso país a es-
adoção de medidas sanitárias preventivas. quistossomose é causada pelo Schistossoma mansoni. O principal
Notificação - Não é doença de notificação compulsória. Entre- hospedeiro e reservatório do parasita é o homem, sendo a partir
tanto, os casos diagnosticados de teníase e neurocisticercose de- de suas excretas (fezes e urina) que os ovos são disseminados na
vem ser informados aos serviços de saúde, visando mapear as áreas natureza.
afetadas, para que se possa adotar as medidas sanitárias indicadas. Possui ainda um hospedeiro intermediário que são os caramu-
jos, caracóis ou lesmas, onde os ovos passam a forma larvária (cer-
Definição de caso cária). Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas,
Teníase - Indivíduo que elimina proglotes de tênia. como lagos, infecta o homem pela pele causando uma inflamação
Cisticercose - Paciente suspeito, com ou sem sintomatologia da mesma.
clínica, que apresenta imagens radiológicas suspeitas de cisticer- Já no homem o parasita se desenvolve e se aloja nas veias do
cos; paciente suspeito com sorologia positiva para cisticercose e/ou intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo esta a
exames por imagem sugestivos da presença dos cistos. causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e
levar a morte.
Medidas de controle Os sexos do Schistossoma mansoni são separados. O macho
a) Trabalho educativo da população - Uma das medidas mais mede de 6 a 10 mm de comprimento. é robusto e possui um sulco
eficazes no controle da teníase/cisticercose é a promoção de exten- ventral, o canal ginecóforo, que abriga a fêmea durante o acasala-
so e permanente trabalho educativo nas escolas e nas comunida- mento. A fêmea é mais comprida e delgada que o macho. Ambos
des. A aplicação prática dos princípios básicos de higiene pessoal e possuem ventosas de fixação, localizadas na extremidade anterior
o conhecimento dos principais meios de contaminação constituem do corpo e que facilitam a adesão dos vermes às paredes dos vasos
medidas importantes de profilaxia. O trabalho educativo da popu- sanguíneos.
lação deve visar à conscientização, ou seja, a substituição de há-
bitos e costumes inadequados e adoção de outros que evitem as Como se adquire?
infecções; Os ovos eliminados pela urina e fezes dos homens contamina-
b) Bloqueio de foco do complexo teníase/cisticercose - O foco dos evoluem para larvas na água, estas se alojam e desenvolvem
em caramujos. Estes últimos liberam a larva adulta, que ao perma-
do complexo teníase/cisticercose pode ser definido como sendo a
necer na água contaminam o homem. No sistema venoso humano
unidade habitacional com pelo menos: indivíduos com sorologia
os parasitas se desenvolvem até atingir de 1 a 2 cm de comprimen-
positiva para cisticercose; um indivíduo com teníase; um indivíduo
to, se reproduzem e eliminam ovos.
eliminando proglotides; um indivíduo com sintomas neurológicos
O desenvolvimento do parasita no homem leva aproximada-
suspeitos de cisticercose; animais com cisticercose (suína/bovina). mente 6 semanas (período de incubação), quando atinge a forma
Serão incluídos no mesmo foco outros núcleos familiares que te- adulta e reprodutora já no seu habitat final, o sistema venoso.
nham tido contato de risco de contaminação. Uma vez identificado A liberação de ovos pelo homem pode permanecer por muitos
o foco, os indivíduos deverão receber tratamento com medicamen- anos. (Veja detalhes do ciclo)
to específico;
c) Fiscalização da carne - Essa medida visa reduzir, ao menor
nível possível, a comercialização ou o consumo de carne contami-
nada por cisticercos e orientar o produtor sobre medidas de apro-
veitamento da carcaça (salga, congelamento, graxaria, conforme
a intensidade da infecção), reduzindo perdas financeiras e dando
segurança para o consumidor;

69
BIOLOGIA
O que se sente? A esquistossomose mansoni é uma doença parasitária, cau-
No momento da contaminação pode ocorrer uma reação do sada pelo trematódeo Schistosoma mansoni, cujas formas adultas
tipo alérgica na pele com coceira e vermelhidão, desencadeada habitam os vasos mesentéricos do hospedeiro definitivo (homem)
pela penetração do parasita. Esta reação ocorre aproximadamente e as formas intermediárias se desenvolvem em caramujos gastró-
24 horas após a contaminação. Após 4 a 8 semanas surge quadro podes aquáticos do gênero Biomphalaria. Trata-se de uma doença,
de febre, calafrios, dor-de-cabeça, dores abdominais, inapetência, inicialmente assintomática, que pode evoluir para formas clínicas
náuseas, vômitos e tosse seca. extremamente graves e levar o paciente a óbito. A magnitude de
O médico ao examinar o portador da parasitose nesta fase sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e a sua
pode encontrar o fígado e baço aumentados e ínguas pelo corpo evolução, conferem a esquistossomose uma grande relevância
(linfonodos aumentados ou linfoadenomegalias). como problema de saúde pública.
Estes sinais e sintomas normalmente desaparecerem em pou-
cas semanas. Dependendo da quantidade de vermes a pessoa pode Sinonímia
se tornar portadora do parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo No Brasil é conhecida popularmente como “xistose”, “barriga
dos meses apresentar os sintomas da forma crônica da doença: fa- d’água” e “doença dos caramujos”.
diga, dor abdominal em cólica com diarreia intermitente ou disen-
teria. Agente etiológico
Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do O agente etiológico da esquistossomose é o Schistosoma man-
baço e do fígado com consequente aumento destes órgãos e desvio soni, um helminto pertencente à classe dos Trematoda, família
do fluxo de sangue que podem causar desde desconforto ou dor no Schistosomatidae e gênero Schistosoma. São vermes digenéticos
quadrante superior esquerdo do abdômen até vômitos com sangue (organismos que, no decorrer do seu ciclo biológico, passam por
por varizes que se formam no esôfago. formas de reprodução sexuada e assexuada), delgados, de colora-
ção branca e sexos separados (característica desta família), onde a
Como se faz o diagnóstico? fêmea adulta é mais alongada e encontra-se alojada em uma fenda
do corpo do macho, denominada de canal ginecóforo.
Para diagnosticar esquistossomose a informação de que o sus-
peito de estar infectado esteve em área onde há muitos casos de
Reservatório
doença (zona endêmica) é muito importante, além dos sintomas e
No ciclo da doença estão envolvidos dois hospedeiros, um de-
sinais descritos acima (quadro clínico). Exames de fezes e urina com
finitivo e outro intermediário.
ovos do parasita ou mesmo de pequenas amostras de tecidos de
alguns órgãos (biópsias da mucosa do final do intestino) são defi- Hospedeiro definitivo
nitivas. Mais recentemente se dispõe de exames que detectam, no O homem é o principal hospedeiro definitivo e nele o parasita
sangue, a presença de anticorpos contra o parasita que são úteis apresenta a forma adulta, reproduz-se sexuadamente. Os ovos são
naqueles casos de infecção leve ou sem sintomas. eliminados por meio das fezes no ambiente, ocasionando a con-
taminação das coleções hídricas naturais(córregos, riachos, lagoas)
Como se trata? ou artificiais (valetas de irrigação, açudes e outros). Os primatas,
O tratamento de escolha com antiparasitários, substâncias quí- marsupiais (gambá), ruminantes, roedores e lagomorfos (lebres e
micas que são tóxicas ao parasita. coelhos), são considerados hospedeiros permissivos ou reservató-
Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam rios, porém, não está clara a participação desses animais na trans-
o parasita, mas a medicação de escolha é o Oxaminiquina ou Pra- missão e epidemiologia da doença.
ziquantel ou, que se toma sob a forma de comprimidos na maior
parte das vezes durante um dia. Hospedeiro intermediário
Isto é suficiente para eliminar o parasita, o que elimina tam- O ciclo biológico do S. mansoni depende da presença do hos-
bém a disseminação dos ovos no meio ambiente. Naqueles casos pedeiro intermediário no ambiente. Os caramujos gastrópodes
de doença crônica as complicações requerem tratamento especí- aquáticos, pertencentes à família Planorbidae e gênero Biompha-
fico. laria, são os organismos que possibilitam a reprodução assexuada
do helminto. Os planorbídeos são caramujos pulmonados e herma-
Como se previne? froditas, que habitam coleções de água doce com pouca corrente-
Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica za ou parada. No Brasil, as espécies Biomphalariaglabrata, Biom-
em diversos locais (Penísula Arábica, África, América do Sul e Ca- phalariastraminea e Biomphalariatenagophila estão envolvidas na
ribe) os órgãos de saúde pública (OMS – Organização Mundial de disseminação da esquistossomose. Há registros da distribuição ge-
Saúde - e Ministério da Saúde) possuem programas próprios para ográfica das principais espécies em 24 estados, localizados, princi-
controlar a doença. palmente, nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Basicamente as estratégias para controle da doença baseiam-
Vetores Não há vetor envolvido na transmissão da esquistos-
-se em:
somose.
-Identificação e tratamento de portadores.
-Saneamento básico (esgoto e tratamento das águas) além de
Modo de Transmissão
combate do molusco hospedeiro intermediário O Indivíduo infectado elimina os ovos do verme por meio das
-Educação em saúde. fezes humanas. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam
-Não evacue próximo a lagoas, rios ou represas. larvas, denominadas miracídios, que infectam os caramujos, hos-
-Utilize um banheiro com rede de esgoto pedeiros intermediários, que vivem nas águas doces. Após quatro
-A saúde começa na sala de aula. semanas as larvas abandonam o caramujo na forma de cercarias e
ficam livres nas águas naturais. O contato dos seres humanos com
essas águas é a maneira pela qual é adquirida a doença.

70
BIOLOGIA
Período de incubação O tratamento da ancilostomose é feito com remédios antipa-
Em média, é de duas a seis semanas após a infecção, período rasitários como o Albendazol de acordo com a recomendação do
que corresponde desde a fase de penetração e desenvolvimento médico, sendo também muito importante adotar medidas para
das cercarias, até a instalação dos vermes adultos no interior do prevenir a infecção, como evitar andar descalço e ter bons hábitos
hospedeiro definitivo. de higiene, como lavar sempre as mãos.

Período de transmissibilidade Principais sintomas


A transmissão da esquistossomose não ocorre por meio do O sintoma inicial da ancilostomose é a presença de uma pe-
contato direto, homem doente→homem suscetível. Também não quena lesão vermelha e que coça no local de entrada do parasita.
ocorre “auto-infecção”, como na estrongiloidíase e outras vermino- À medida que o parasita ganha a corrente sanguínea e se espalha
ses. O homem infectado pode eliminar ovos viáveis de S. mansoni para outros órgãos, surgem outros sinais e sintomas, sendo os prin-
a partir de 5 semanas após a infecção e por um período de 6 a 10 cipais:
anos, podendo chegar até mais de 20 anos.
Os hospedeiros intermediários começam a eliminar cercarias • Tosse;
após 4 a 7 semanas da infecção pelos miracídios. Os caramujos • Respiração com ruído;
infectados eliminam cercarias por toda a vida, que é aproximada- • Dor de barriga;
mente de um ano. • Diarreia;
• Perda de apetite e perda de peso;
Suscetibilidade e imunidade • Fraqueza;
A suscetibilidade humana ao verme é universal, embora apre- • Cansaço excessivo;
sente variações individuais. Portanto, qualquer pessoa, indepen- • Fezes escuras e com mal cheiro;
dente de idade, sexo ou grupo étnico, que entre em contato com as • Febre;
cercarias pode contrair a infecção. Existem evidências de que certo • Anemia e palidez.
grau de resistência à esquistossomose se faz presente na maioria É importante que o médico seja consultado assim que forem
dos indivíduos expostos em áreas hiperendêmicas, embora esse verificados sinais e sintomas de ancilostomíase, pois assim é possí-
mecanismo não esteja perfeitamente esclarecido. vel fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado, evitando a
Essa resistência, em grau variável, faz com que um grande nú- progressão da doença e o surgimento de complicações.
mero de pessoas continuamente expostas não desenvolva infec-
ções com grandes cargas parasitárias. Por isso, é reduzido o núme- Ciclo biológico da Ancilostomíase
ro de pessoas com manifestações clínicas severas, em relação ao
total de portadores.
Sinais e Sintomas
Na fase aguda, o paciente pode apresentar febre, dor na cabe-
ça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tos-
se e diarréia. Em alguns casos o fígado e o baço podem inflamar e
aumentar de tamanho. Na forma crônica a diarréia se torna mais
constante, alternando-se com prisão de ventre, e pode aparecer
sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode sentir tonturas, dor
na cabeça, sensação de plenitude gástrica, prurido anal, palpita-
ções, impotência, emagrecimento e endurecimento do fígado, com
aumento do seu volume. Nos casos mais graves, da fase crônica, o
estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento, fra-
queza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido
popularmente como barriga d’água.
A transmissão da ancilostomose acontece da seguinte forma:
Prevenção A larva do parasita penetra através da pele, ​​momento em que
A prevenção consiste em evitar o contato com águas onde exis- podem surgir pequenas lesões na pele, coceira e vermelhidão;
tam os caramujos hospedeiros intermediários infectados. As larvas atingem a circulação sanguínea, migrando pelo orga-
nismo e chegando aos pulmões e alvéolos pulmonares;
O que é ancilostomíase As larvas também migram pela traqueia e epiglote, são degluti-
A ancilostomíase, também chamada de ancilostomose e po- das e chegam ao estômago e, em seguida, intestino;
pularmente conhecida como amarelão, é uma parasitose intestinal No intestino, a larva sofre processo de maturação e diferencia-
que pode ser causada pelo Ancylostoma duodenale ou pelo Neca- ção em vermes adultos machos e fêmeas, havendo reprodução e
tor americanus e que leva ao aparecimento de alguns sinais e sinto- formação dos ovos, que são eliminados nas fezes;
mas, como irritação na pele, diarreia e dor na barriga, além poder
causar anemia. Em solos úmidos, especialmente de locais tropicais, os ovos
eclodem, liberando as larvas no solo, que desenvolvem-se em suas
A doença pode ser transmitida através da penetração do pa- formas infectantes e podem infectar mais pessoas.
rasita pela pele, quando se anda descalço em solo contaminado, As pessoas que moram em zonas rurais têm maior probabilida-
principalmente nos países de clima quente e úmido. Após o entrar de de serem infectados devido ao constante contato com o solo ao
no organismo, o parasita chega facilmente à corrente sanguínea e andar descalço, ou por falta de saneamento básico na região.
espalha-se para outros órgãos, resultando nos sinais e sintomas de
infecção que podem ser graves quando a doença não é identificada
e tratada corretamente.

71
BIOLOGIA
Para evitar a infecção pelos parasitas responsáveis pela anci- 4. (UEMS) O corpo humano é constituído basicamente de água,
lostomíase, é importante evitar ter contato direto com o solo, sem sais minerais e macromoléculas como carboidratos, proteínas e li-
as proteções adequadas, e evitar andar descalço, já que os parasi- pídios. Entre as afirmativas abaixo, assinale a que não está relacio-
tas normalmente entram no organismo por meio de pequenos feri- nada com as propriedades das proteínas:
mentos presentes no pé.
(A) Colágeno, queratina e actina são exemplos de proteínas
Como é feito o tratamento com função de constituição e estruturação da matéria viva.
O tratamento para a ancilostomíase tem como objetivo pro- (B) São constituídas por vários aminoácidos unidos por ligações
mover a eliminação do parasita, aliviar os sintomas e tratar a ane- peptídicas.
mia. Normalmente, o médico inicia o tratamento com suplementos (C) Quando submetidas a elevadas temperaturas, sofrem o
de ferro, com o objetivo de tratar a anemia, e, a partir do momento processo de desnaturação.
de os níveis de hemácias e hemoglobina estão mais normalizados, (D) Fornecem energia para as células e constituem os hormô-
é iniciado o tratamento com antiparasitários, como Albendazol e nios esteroides.
Mebendazol, que devem ser utilizados de acordo com a orientação (E) São catalisadores de reações químicas e participam do pro-
médica. cesso de defesa como anticorpos contra antígenos específicos.

5. (UECE) A farinha de mandioca, muito usada no cardápio do


EXERCÍCIOS sertanejo nordestino, é um alimento rico em energia. Entretanto, é
pobre em componentes plásticos da alimentação. Quando nos re-
1. As células são estruturas conhecidas como unidades estru- ferimos ao componente energético, estamos falando daquela subs-
turais e funcionais dos organismos vivos. Elas são formadas basica- tância que é a reserva energética nos vegetais. Quanto aos com-
mente por substâncias orgânicas e inorgânicas. São consideradas ponentes plásticos, lembramo-nos das substâncias químicas que
substâncias inorgânicas: participam da construção do corpo. Tais componentes, energéticos
(A) lipídios e proteínas. e plásticos, são, respectivamente:
(B) proteínas e água.
(C) sais minerais e vitaminas. (A) glicogênio e proteína
(D) água e sais minerais (B) vitamina e amido
(E) lipídios e carboidratos. (C) amido e proteína
2. Muitas pessoas pensam que os lipídios trazem apenas ma- (D) vitamina e glicogênio
lefícios à saúde e que podem ser facilmente excluídos da nossa ali-
mentação. Entretanto, essa substância orgânica é essencial para o 6. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o que
organismo. Nas células, os lipídios: é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto, os organismos vivos
apresentam características marcantes que permitem essa diferen-
(A) fazem parte da composição das membranas celulares. ciação. Uma dessas características é a capacidade de responder a
(B) são a única fonte de energia. estímulos, uma capacidade denominada de:
(C) estão relacionados principalmente com a função estrutural. (A) irritabilidade.
(D) atuam na formação da parede celular. (B) flexibilidade.
(E) são as moléculas formadoras de grande parte das enzimas. (C) complexidade.
(D) reação.
3. Os carboidratos são substâncias orgânicas que atuam, princi- (E) metabolismo.
palmente, fornecendo energia para a célula. O amido, por exemplo,
é um carboidrato de origem vegetal amplamente disponível na na- 7. É comum dizer que todos os organismos são formados por
tureza e também bastante consumido. Estima-se que cerca de 80% células, estruturas conhecidas como a unidade funcional e estrutu-
das calorias que consumimos sejam oriundas desse carboidrato. A ral dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são acelulares
respeito do amido, marque a alternativa que indica corretamente e, por isso, alguns autores não os consideram vivos. Entre os seres
sua classificação dentro do grupo dos carboidratos. listados abaixo, qual é o único que não possui células em sua cons-
tituição?
(A) Monossacarídeos.
(B) Dissacarídeos. (A) bactérias.
(C) Oligossacarídeos. (B) fungos.
(D) Polissacarídeos. (C) protozoários.
(E) Trissacarídeos. (D) vírus.
(E) animais.

8. Para um organismo ser considerado vivo, algumas caracte-


rísticas devem estar presentes. Analise as alternativas a seguir e
marque o único atributo que não é encontrado em todos os seres
vivos.

(A) Hereditariedade.
(B) Capacidade de responder a estímulos.
(C) Corpo formado por várias células.
(D) Capacidade de evoluir.
(E) Metabolismo.

72
BIOLOGIA
9. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos evolu- 15. (FCC-SP) A diferença fundamental entre reprodução asse-
tivos. Algumas características, por exemplo, surgem e são passadas xuada e sexuada é que a reprodução assexuada:
para os descendentes e outras são eliminadas da população por (A) exige apenas um indivíduo para se cumprir, e a sexuada
meio de um processo denominado de: exige dois.
(B) não cria variabilidade genética, e a sexuada pode criar.
(A) recombinação gênica. (C) só ocorre entre vegetais, e a sexuada entre vegetais e ani-
(B) seleção natural. mais.
(C) mimetismo. (D) dá origem a vários indivíduos de uma só vez, e a sexuada a
(D) mutação. um indivíduo apenas.
(E) migração. (E) só ocorre entre espécies em que não existam dois sexos, e
a sexuada ocorre nos seres em que há diferenciação dos dois
10. (FaZU) Na divisão dos seres vivos em cinco reinos, qual de- sexos.
les é o mais inferior por conter organismos dotados de organização
mais simples? 16. Algumas espécies, como as hidras, formam um broto que
se desprende e desenvolve vida independente. Esse processo de
(A) Monera reprodução assexuada é conhecido como:
(B) Protista
(C) Fungi (A) fragmentação.
(D) Metaphyta (B) esporulação.
(E) Metazoa (C) gemiparidade.
(D) divisão binária.
11. Atualmente costumamos classificar os seres vivos em sete (E) partenogênese.
categorias taxonômicas principais. Marque a alternativa que indi-
ca corretamente essas categorias na ordem da categoria de maior 17. As planárias são pequenos platelmintos que se destacam
abrangência para a mais restrita. pela sua grande capacidade de regeneração. Se cortamos uma
planária ao meio, dividindo-a em duas partes, ela é capaz de dar
(A) Reino – classe – filo – ordem – gênero – família – espécie. origem a dois indivíduos. Esse tipo de reprodução assexuada é co-
(B) Reino – filo – ordem – classe – família – gênero – espécie. nhecido como:
(C) Reino – filo – classe – família – ordem – gênero – espécie. (A) fragmentação.
(D) Reino – filo – classe – ordem – família – gênero – espécie. (B) brotamento.
(E) Reino – filo – classe – ordem – família – espécie – gênero. (C) gemiparidade.
(D) divisão binária.
12. A ordem Carnívora inclui espécies tais como cães e ursos. (E) partenogênese.
Para pertencer à mesma ordem, essas espécies também devem
pertencer: 18. As células bacterianas normalmente se reproduzem dupli-
cando seu material genético e dividindo-se em duas células-filhas.
(A) à mesma família. Esse processo é relativamente rápido, ocorrendo, em algumas
(B) ao mesmo gênero. espécies, em apenas 20 minutos.
(C) à mesma espécie. O processo descrito acima é conhecido como:
(D) à mesma classe.
(A) brotamento.
13. Um grupo formado por diferentes ordens com característi- (B) fragmentação.
cas semelhantes é chamado de: (C) gemiparidade.
(D) partenogênese.
(A) reino. (E) divisão binária.
(B) filo.
(C) classe. 19. Algumas espécies de lagarto possuem a incrível capacidade
(D) família de se reproduzir sem que haja a participação do macho, ou seja,
(E) gênero. por meio de um processo assexuado. Nesse processo, ocorre a
transformação dos óvulos em embriões sem a necessidade de uma
14. (PUC-RJ) Um entomólogo estudando a fauna de insetos da célula masculina.
Mata Atlântica encontrou uma espécie cujos caracteres não se en- Marque a alternativa que indica o nome correto desse tipo de
caixavam naqueles característicos dos gêneros de sua família. Isso reprodução:
levará o cientista a criar:
(A) fragmentação.
(A) uma nova família com um novo gênero. (B) esporulação.
(B) somente uma nova espécie. (C) brotamento
(C) um novo gênero com uma nova espécie. (D) divisão binária.
(D) uma subespécie. (E) partenogênese.
(E) uma nova ordem com uma nova família.

73
BIOLOGIA
20. (PUC-CAMPINAS) Ao queimar o bagaço da cana para obter 24. A poluição atmosférica causa preocupação em todo o mun-
energia, o homem está desempenhando um papel comparável ao do, uma vez que provoca danos ao homem e ao meio ambiente. Ela
nível trófico dos: pode ser desencadeada por fontes fixas, como indústrias, ou fontes
móveis, como os veículos automotores. Analise as alternativas a
(A) Produtores primários seguir e marque aquela que não indica um poluente atmosférico:
(B) Desnitrificantes
(C) Decompositores (A) óxido de nitrogênio.
(D) Predadores (B) dióxido de enxofre.
(E) Parasitas (C) gás nitrogênio.
(D) partículas em suspensão.
21. UDESC) Analise as proposições abaixoa respeito da energia (E) monóxido de carbono.
nos ecossistemas. 25. A poluição da água, muitas vezes, é confundida com sua
contaminação. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que
I. Organismos fotossintetizantes (como algas e plantas) são melhor indica a definição de água poluída.
capazes de capturar a energia luminosa do Sol e convertê-la em
energia química, que fica armazenada nas moléculas das substân- (A) Água poluída é aquela que possui alterações em suas ca-
cias orgânicas. Esse processo é chamado de fotossíntese; racterísticas químicas e físicas, tais como mudanças no cheiro,
II. Em uma cadeia alimentar, a quantidade de energia de um cor e sabor.
nível trófico é sempre maior que a energia que pode ser transferida (B) Água poluída é aquela capaz de causar doenças em quem
ao nível seguinte, uma vez que todos os seres vivos consomem par- a ingere.
te da energia do alimento para a manutenção de sua própria vida; (C) Água poluída é aquela que apresenta organismos vivos, tais
III. A transferência de energia na cadeia alimentar é unidirecio- como vermes e protozoários.
nal: tem início nos organismos produtores, passa para os consumi- (D) Água poluída é aquela que se apresenta imprópria para o
dores e finaliza com os organismos decompositores; consumo humano, apesar de não ter alterações em suas carac-
IV. Os consumidores primários obtêm a energia necessária à terísticas químicas e físicas.
sua sobrevivência alimentando-se diretamente dos organismos fo- (E) Água poluída é aquela que apresenta grande quantidade de
tossintetizantes; solo dissolvido.
V. Os organismos decompositores obtêm a energia necessária
à sua sobrevivência por meio da decomposição da matéria orgânica
morta.
GABARITO
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. 1 D
(C) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. 2 A
(E) Todas as afirmativas são verdadeiras. 3 D
4 D
22. É o sexto planeta do sistema solar a partir do Sol, sendo o
segundo maior planeta desse grupo. É conhecido por ser rodeado 5 C
de anéis e ser classificado como um planeta gasoso ou joviano. 6 A
A descrição acima refere-se a:
7 D
(A) Urano 8 C
(B) Netuno 9 B
(C) Saturno
(D) Júpiter 10 A
(E) Vênus 11 D
12 D
23. Assinale a alternativa que indica apenas os planetas rocho-
sos do sistema solar: 13 C
14 C
(A) Terra, Vênus, Urano e Netuno
(B) Marte, Terra, Saturno e Mercúrio 15 B
(C) Vênus, Marte, Plutão e Urano 16 C
(D) Mercúrio, Vênus, Terra e Marte 17 A
(E) Júpiter, Saturno, Urano e Netuno
18 E
19 E
20 C
21 E
22 C

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BIOLOGIA

23 D ______________________________________________________

24 C ______________________________________________________
25 D
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ANOTAÇÕES
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75
BIOLOGIA
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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
1. Lei nº 5.251/1985 E suas alterações lei nº 6.049 De 11 de junho de 1997. Lei nº 6.230, De 12 de julho de 1999. Lei nº 6.626, De 03 de
fevereiro de 2004. Lei nº 6.721, De 26 de janeiro de 2005. Lei n° 8.388, De 22 de setembro de 2016. Lei n° 8.407, De 25 de
2. Outubro de 2016 . Lei n° 8.974, De 13 de janeiro de 2020 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Lei nº 9.387 De 16 dez 2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4. Lei complementar 142 de 16 de dezembro 2021 (institui o sistema de proteção social dos militares do estado do pará) . . . . . . . . 22
5. Lei 9.207 De 13 de janeiro de 2021 (dispõem sobre o estatuto dos militares do estado do pará e dá outras providências) . . . . . . 38
6. Lei 9.217 De 13 de janeiro de 2021 (dispõe da política estadual de proteção e defesa civil) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7. Lei estadual nº 9.161/2021 (Institui o código de ética e disciplina do corpo de bombeiros militar do pará.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
8. Lei estadual nº 9.234 De 24 de março de 2021 (institui o código estadual de segurança contra incêndio e emergência) . . . . . . . . . 64
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DA POLÍCIA MILITAR
LEI Nº 5.251/1985 E SUAS ALTERAÇÕES LEI Nº 6.049 DE DO PARÁ
11 DE JUNHO DE 1997. LEI Nº 6.230, DE 12 DE JULHO
DE 1999. LEI Nº 6.626, DE 03 DE FEVEREIRO DE 2004. TÍTULO - I
LEI Nº 6.721, DE 26 DE JANEIRO DE 2005. LEI N° 8.388, GENERALIDADES
DE 22 DE SETEMBRO DE 2016. LEI N° 8.407, DE 25 DE CAPÍTULO I
OUTUBRO DE 2016 . LEI N° 8.974, DE 13 DE JANEIRO DE
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
2020.
Art. 1º - O presente Estatuto regula a situação, obrigações,
Vide Lei 6.049 de 11 de junho de 1997 – Acrescenta o § 4º deveres, direitos e prerrogativas dos Policiais Militares do Pará.
ao artigo 75 e altera a redação da alínea a do art. 79 da Lei Esta- Art. 2º - A Polícia Militar do Pará, instituída para a manuten-
dual nº 5.251, de 31 de julho de 1985, que ção da ordem pública e segurança interna do Estado, considera-
dispõe sobre o Estatuto dos Policiais Militares do Estado do da Força Auxiliar Reserva do Exército e Instituição permanente,
Pará. Publicada no DOE nº 28.482, de 12/06/1997. organizada com base na hierarquia e disciplina.
Vide Lei nº 6.230, de 12 de julho de 1999 – Altera o artigo Parágrafo - Único - A Polícia Militar vincula-se operacional-
105, da Lei nº 5.251, de 31 de julho de 1985, que dispõe sobre a mente à Secretaria de Estado de Segurança Pública e subordina-
convocação de policiais militares da reserva remunerada para a -se administrativamente ao Governador do Estado.
realização de tarefas por prazos certo, e dá outras providências. Art. 3º - Os integrantes da Polícia Militar, em razão da des-
Publicada no DOE nº 29.006, de 14/07/1999. tinação constitucional da Corporação e em decorrência das Leis
Vide Lei nº 6.626, de 03 de fevereiro de 2004 - Dispõe sobre vigentes, constituem uma categoria especial de servidores pú-
o ingresso na Polícia Militar do Pará (PMPA) e dá outras provi- blicos estaduais, sendo denominados Policiais Militares.
dências. Publicada no DOE nº 30.125, de 04/02/2004. § 1º - Os Policiais Militares encontram-se em uma das se-
Vide Lei nº 6.721, de 26 de janeiro de 2005 - Altera dis- guintes situações:
positivo da Lei Estadual n° 5.251, de 31 de julho de 1985, que I – Na Ativa:
dispõe sobre o Estatuto dos Policias Militares da Polícia Militar a) Os Policiais Militares de carreira;
do Estado do Pará e dá outras providências. Publicada no DOE nº b) Os incluídos na Polícia Militar, voluntariamente, durante
30.365, de 27/01/2005. os prazos que se obrigam a servir;
Vide Lei n° 8.388, de 22 de setembro de 2016 - Dispõe so- c) Os componentes da reserva remunerada da Polícia Mili-
bre a promoção dos Oficiais da Polícia Militar do Pará (PMPA) tar, quando convocados para o serviço ativo;
e dá outras providências. Publicada no DOE nº 33.218, de d) Os alunos de Órgão de formação de Policiais Militares da
23/09/2016. ativa;
Vide Lei n° 8.407, de 25 de outubro de 2016 - Altera dis- II - Na Inatividade:
positivos da Lei Estadual nº 5.251, de 31 de julho de 1985, que a) Na reserva remunerada, quando pertencem à Reserva da
dispõe sobre o Estatuto da Polícia Militar do Pará e dá outras Corporação e percebem remuneração do Estado, estando sujei-
providências. Publicada no DOE nº 33.239, de 26/10/2016. tos, ainda, à prestação de serviços na ativa, mediante convoca-
Vide Lei n° 8.974, de 13 de janeiro de 2020 - Altera, acres- ção;
centa e revoga dispositivos na Lei nº 5.251, de 31 de julho de b) Os reformados, quando, tendo passado por uma das si-
1985, que dispõe sobre o Estatuto dos PoliciaisMilitares da tuações anteriores, estiverem dispensados definitivamente da
Polícia Militar do Estado do Pará - PMPA. Publicada no DOE nº prestação de serviço na ativa, continuando, entretanto, a perce-
34.089, 14/01/2020. ber remuneração do Estado.
Lei Complementar nº 142, de 16 de dezembro de 2021. § 2º - Os Policiais Militares de carreira são os que no desem-
Institui o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado penho voluntário e permanente do serviço Policial Militar, têm
do Pará; altera e revoga dispositivos da Lei Complementar Esta- vitaliciedade assegurada ou presumida.
dual nº 039, de 09 de janeiro de 2002; revoga dispositivos da Lei Art. 4º - O serviço Policial Militar consiste no exercício de
atividades inerentes à Polícia Militar e compreende todos os
Estadual nº 4.491, de 28 de novembro de 1973, da Lei Estadual
encargos previstos na legislação específica, relacionados com a
nº 5.162-A, de 16 de outubro de 1984 e da Lei Estadual nº 5.251,
manutenção da ordem pública e a segurança interna no Estado
de 31 de julho de 1985.
do Pará.
Art. 5º - A carreira Policial Militar é caracterizada pela ati-
LEI N 5.251 DE 31 DE JULHO DE 1985
vidade continuada e inteiramente devotada às finalidades pre-
cípuas da Polícia Militar, denominada atividade Policial Militar.
Dispõe sobre a convocação de policiais militares da Reserva
§ 1º - A carreira de Policial Militar é privativa do pessoal
Remunerada para a realização de tarefas por prazo certo e dá
da ativa. Inicia-se com o ingresso na Polícia Militar e obedece a
outras providências.
seqüência de graus hierárquicos.
§ 2º - É privativa de brasileiros nato a carreira de Oficial da
A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e Polícia Militar.
eu sanciono a seguinte Lei: Art. 6º - Os Policiais Militares da reserva remunerada pode-
rão, mediante aceitação voluntária, ser designados para o ser-
viço ativo, em caráter transitório, por proposta do Comandante
Geral e ato do Governador do Estado.
Art. 7º - São equivalentes às expressões “na ativa’’, “da ati-
va’’, “em serviço ativo’’, “em serviço na ativa’’, “em serviço’’,
“em atividade’’ e “em atividade Policial Militar’’, conferidas aos

1
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Policiais Militares no desempenho de cargo, comissão, encargos, CÍRCULO E ESCALA HIERÁRQUICA NA POLÍCIA MILITAR
incumbência ou missão, serviço ou atividade Policial Militar ou
considerada de natureza Policial Militar, nas Organizações Po- HIERARQUIZAÇÃO POSTOS E GRADUAÇÕES
liciais Militares da Polícia Militar, bem como em outros Órgãos
do Governo do Estado ou da União, quando previstos em Lei ou CÍRCULO DE OFICIAIS Coronel PM
Regulamento. SUPERIORES Tenente Coronel PM
Art. 8º - A condição jurídica dos Policiais Militares da Polícia Major PM
Militar do Estado do Pará é definida pelos dispositivos constitu-
cionais que lhes forem aplicáveis, por este Estatuto, pelas Leis e CÍRCULO DE OFICIAIS Capitão PM
pelos Regulamentos que lhes outorgam direitos e prerrogativas INTERMEDIÁRIOS
e lhes impõem deveres e obrigações.
CÍRCULO DE OFICIAIS 1º Tenente PM
Art. 9º - O disposto neste Estatuto aplica-se, no que couber,
SUBALTERNOS 2º Tenente PM
aos Policiais Militares reformados e aos da reserva remunerada.

CAPÍTULO II PRAÇAS ESPECIAIS


DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR

Art. 10 - (Revogado pela lei nº 6.626, de 03 fevereiro de FREQUENTAM O CÍRCULO Aspirante a Oficial PM
2004) DE
Art. 11 - (Revogado pela lei nº 6.626, de 03 fevereiro de OFICIAIS SUBALTERNOS
2004)
EXCEPCIONALMENTE OU Aluno Oficial PM
Art. 12 - (Revogado pela lei nº 6.626, de 03 fevereiro de
EM
2004) REUNIÕES SOCIAIS, TEM
ACESSO
CAPÍTULO III AO CÍRCULO DE OFICIAIS.
DA HIERARQUIA POLICIAL MILITAR E DA DISCIPLINA
EXCEPCIONALMENTE OU Aluno do CFS PM
Art. 13 - A hierarquia e a disciplina são as bases institucio- EM
nais da Polícia Militar, crescendo a autoridade e responsabilida- REUNIÕES SOCIAIS, TEM
de com a elevação do grau hierárquico. ACESSO
AO CÍRCULO DE SUBTE-
§ 1º - A hierarquia Policial Militar é a ordenação da autori-
NENTES E
dade, em níveis diferentes, dentro da estrutura da Polícia Mili-
SARGENTOS.
tar, por postos ou graduações. Dentro de um mesmo posto ou
graduação, a ordenação faz-se pela antigüidade nestes, sendo o PRAÇAS
respeito à hierarquia consubstanciado no espírito de acatamen-
to à seqüência da autoridade.
§ 2º - Disciplina é a rigorosa observância e acatamento inte- CÍRCULO DE SUBTENEN- Subtenente PM
gral da legislação que fundamenta o organismo Policial Militar e TES E 1º Sargento PM
coordena seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo- SARGENTOS 2º Sargento PM
-se pelo perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de 3º Sargento PM
cada um dos componentes desse organismo.
CÍRCULO DE CABOS E Cabo PM
§ 3º - A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser man- SOLDADOS Soldado PM 1ª Classe
tidos em todas as circunstâncias pelos Policiais Militares em ati- Soldado PM 2ª Classe
vidade ou na inatividade. Soldado PM 3ª Classe
Art. 14 - Círculos hierárquicos são âmbitos de convivência Soldado PM Classe Simples
entre os Policiais Militares da mesma categoria e têm a finalida-
de de desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de Art. 16 - A precedência entre os Policiais Militares da ativa
estima e confiança sem prejuízo do respeito mútuo. do mesmo grau hierárquico, é assegurada pela antigüidade no
Art. 15 - Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica na Posto ou Graduação, salvo nos casos de precedência funcional
Polícia Militar são os fixados nos Parágrafos e quadro seguintes: estabelecida em Lei ou Regulamento.
§ 1º - Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por § 1º - A antigüidade em cada Posto ou Graduação é contada
ato do Governador do Estado e confirmado em Carta Patente. a partir da data da assinatura do ato da respectiva promoção,
§ 2º - Graduação é o grau hierárquico da Praça, conferido nomeação, declaração ou inclusão, salvo quando estiver taxati-
pelo Comandante Geral da Polícia Militar. vamente fixada outra data.
§ 3º - Os Aspirantes a Oficial PM e Alunos da Escola de For- § 2º - No caso de ser igual a antigüidade, referida no Pará-
mação de Policial Militar são denominados praças especiais; grafo anterior, é ela estabelecida:
§ 4º - Os graus hierárquicos inicial e final dos diversos qua- a) Entre os Policiais Militares do mesmo Quadro, pela posi-
dros de Oficiais e Praças, são fixados separadamente, para cada ção nas respectivas escalas numéricas ou registros existentes na
caso, em Lei de Organização Básica da Corporação. Corporação.
§ 5º - Sempre que o Policial Militar da reserva remunerada
ou reformado, fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-los
com as abreviaturas respectivas de sua situação.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
b) Nos demais casos, pela antigüidade no Posto ou na Gra- § 3º - Excetuados os Oficiais do Quadro Técnico, no exer-
duação anterior, se, ainda assim, subsistir a igualdade de anti- cício do cargo privativo de sua especialidade, e respeitadas as
güidade, recorrer-se-á, sucessivamente, aos graus hierárquicos restrições do artigo 16, os demais oficiais não poderão exercer
anteriores à data de praça e a data de nascimento para definir a Comando, Chefia ou Direção sobre os Oficiais possuidores de
precedência e neste último caso, o de mais idade será conside- Curso de Formação de Oficiais.
rado o mais antigo.
c) Entre os alunos de um mesmo Órgão de Formação de CAPÍTULO IV
Policiais Militares, de acordo com o Regulamento do respectivo DO CARGO E DA FUNÇÃO POLICIAL MILITAR
órgão, se não estiverem especificamente enquadrada nas letras
“a” e “b” . Art. 21 - Cargo Policial Militar é um conjunto de deveres e
d) Na existência de mais de uma data de praça, prevalece a responsabilidade inerentes ao Policial Militar em serviço ativo.
antigüidade do Policial Militar, referente a última data de praça § 1º - O cargo Policial Militar a que se refere este artigo
na Corporação, se não estiver, especificamente enquadrada nas é o que se encontra especificado nos Quadros de Organização ou
letras “a”, “b” e “c “. previsto, caracterizado ou definido como tal em outras disposições
§ 3º - Em igualdade de Posto ou Graduação, os Policiais Mi- legais.
litares em atividade, têm precedência sobre os da inatividade. § 2º - As atribuições e obrigações inerentes ao cargo Policial
§ 4º - Em igualdade de Posto ou Graduação, a precedência Militar, devem ser compatíveis com o correspondente grau hierár-
entre os Policiais Militares de carreira na ativa e os da reser- quico e, no caso do Policial Militar, às restrições fisiológicas pró-
va remunerada, quando estiverem convocados, é definida pelo prias, tudo definido em legislação ou regulamentação específica.
tempo de efetivo serviço no posto ou graduação. Art. 22 - Os cargos Policiais Militares são providos com pes-
§ 5º - 5º Após a conclusão do Curso de Adaptação de Ofi- soal que satisfaça aos requisitos de grau hierárquico e de quali-
ciais, os oficiais dos Quadros de Saúde, Capelão e Complementar ficação exigidos para o seu desempenho.
terão sua antiguidade definida, em suas respectivas categorias, Parágrafo - Único: O provimento do cargo Policial Militar se
de acordo com a ordem de classificação intelectual obtida no faz por ato de nomeação, de designação ou determinação ex-
referido curso. (Alterado pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de pressa da autoridade competente.
2020). Art. 23 - O cargo de Policial Militar é considerado vago a par-
Art. 17 - A precedência entre as Praças Especiais e as demais tir de sua criação ou desde o momento em que o Policial Militar
Praças é assim regulada: é exonerado, dispensado ou que tenha recebido determinação
I - Os Aspirantes a Oficial PM/BM são hierarquicamente expressa da autoridade competente, o deixe e até que outro Po-
superiores as demais Praças e freqüentam o Círculo de Oficiais licial Militar tome posse, de acordo com a norma de provimento
Subalternos. prevista no parágrafo único do artigo 22.
II - Os alunos da Escola de Formação de Oficiais são hierar- Parágrafo - Único: Consideram-se também vagos os cargos
quicamente superiores aos Subtenentes PM/BM. Policiais Militares cujos ocupantes tenham;
III - Os Cabos PM/BM tem precedência sobre os alunos do a) falecido;
Curso de Formação de Sargentos, que a eles são equiparados, b) Sido considerados extraviados;
respeitada a antigüidade relativa. c) Sido considerados desertores.
Art. 18 - Na Polícia Militar será organizado o registro de to- Art. 24 - Função Policial Militar é o exercício das atribuições
dos os oficiais e graduados, em atividade, cujos resumos consta- inerentes aos cargos Policial, exercido por oficiais e praças da
rão dos Almanaques da Corporação. Polícia Militar, com a finalidade de preservar, manter e estabe-
§ 1º - Os Almanaques, um para Oficiais e Aspirantes a Oficial lecer a ordem pública e segurança interna, através das várias
e outro para Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar do Pará, ações policiais ou militares, em todo o território do Estado.
conterão respectivamente, a relação nominal de todos aqueles
Oficiais e Praças em atividade, distribuídos por seus Quadros, de Art. 25 - Dentro de uma mesma Organização Policial Militar,
acordo com seus Postos, Graduações e Antigüidades. a seqüência de substituições para assumir cargos ou responder
§ 2º - A Polícia Militar manterá um registro de todos os da- por funções, bem como as normas, atribuições e responsabilida-
dos referentes ao pessoal da ativa e da reserva remunerada, de relativas, são estabelecidas na legislação específica, respeita-
dentro das respectivas escalas numéricas, segundo instruções das a precedência e a qualificação exigidas para o cargo ou para
baixadas pelo Comando Geral. o exercício da função.
Art. 19 - Os Alunos Oficial PM/BM, por conclusão de curso, Art. 26 - O Policial Militar, ocupante do cargo provido em
serão declarados Aspirantes a Oficial PM/BM por ato do Coman- caráter efetivo ou interino, de acordo com o parágrafo único do
dante Geral, na forma especificada em Regulamento. artigo 22, faz jus aos direitos correspondentes ao cargo, confor-
Art. 20 - O ingresso no Quadro de Oficiais será por promo- me previsto em Lei.
ção do Aspirante a Oficial PM/BM para o Quadro de Oficiais Art. 27 - As atribuições que, pela generalidade, peculiarida-
Combatente e, mediante concurso entre diplomados por Facul- de, duração, vulto ou natureza, não são catalogadas como posi-
dades reconhecidas pelo Governo Federal, para os Quadros que ções tituladas em Quadros de Organização ou outros dispositi-
exijam este requisito. vos legais são cumpridas como encargo, comissão, incumbência,
§ 1º - O ingresso no Quadro de Oficiais especialistas e de ou atividade Policial Militar, ou de natureza Policial Militar.
administração será regulado por legislação específica. Parágrafo - Único: Aplica-se, no que couber, a encargos, in-
§ 2º - Em caso de igualdade de posto os oficiais que possu- cumbência, comissão, serviço ou atividade Policial Militar, ou de
írem o Curso de Formação de Oficiais terão precedência sobre natureza Policial Militar, o disposto neste capítulo para o cargo
os demais. Policial Militar.

3
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 28 - A qualquer hora do dia ou da noite, na sede da XVI - Conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inatividade,
Unidade ou onde o serviço o exigir, o Policial Militar deve estar de modo a que não sejam prejudicados os princípios da discipli-
pronto para cumprir a missão que lhe for confiada pelos seus na, do respeito e do decoro Policial Militar;
superiores hierárquicos ou imposta pelas Leis e Regulamentos. XVII - Abster-se de fazer uso do posto ou graduação para
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encami-
TÍTULO II nhar negócios particulares ou de terceiros;
DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS MILITARES XVIII - Abster-se o Policial Militar, na inatividade, do uso das
CAPÍTULO I designações hierárquicas quando:
DAS OBRIGAÇÕES POLICIAIS MILITARES a) Em atividade político partidária;
SEÇÃO I b) Em atividades comerciais ou industriais;
DO VALOR POLICIAL MILITAR c) Para discutir ou provocar discussões pela imprensa a res-
peito de assuntos políticos ou Policiais Militares, excetuando-se
Art. 29 - São manifestações essenciais do valor Policial Mi- os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente autori-
litar: zado;
I - O sentimento de servir à comunidade estadual, traduzi- d) No exercício de cargo ou de função de natureza civil mes-
do pela vontade inabalável de cumprir o dever Policial Militar mo que seja da administração pública;
e pelo integral devotamento à manutenção da ordem pública, XIX - Zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada um de
mesmo com o risco da própria vida; seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos preceitos
II - O civismo e o culto das tradições históricas; da ética Policial Militar.
III - A fé na missão elevada da Polícia Militar; Art. 31 - Ao Policial Militar da ativa é vedado comerciar ou
IV - O espírito de corpo, orgulho do Policial Militar pela Or- tomar parte na administração ou gerência de sociedade ou dela
ganização onde serve; ser sócio ou participar, exceto como acionista ou quotista em
V - O amor à profissão Policial Militar e o entusiasmo com sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
que é exercida; § 1º - Os Policiais Militares da reserva remunerada, quando
VI - O aprimoramento técnico profissional. convocados, ficam proibidos de tratar, nas Organizações Poli-
ciais Militares e nas repartições públicas civis, de interesse de
SEÇÃO II organizações ou empresas privadas de qualquer natureza.
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR § 2º - Os Policiais Militares da ativa, podem exercer, direta-
mente, a gestão de seus bens, desde que não infrinjam o dispos-
Art. 30 - O sentimento do dever, o pundonor Policial Militar tos no presente artigo.
e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes da Po- Art. 32 - O Comandante Geral da Polícia Militar poderá de-
lícia Militar, conduta moral e profissional irrepreensíveis, com terminar aos Policiais Militares da ativa que, no interesse da sal-
observância dos seguintes preceitos da ética Policial Militar. vaguarda da dignidade dos mesmos, informem sobre a origem
I - Amar a verdade e a responsabilidade com fundamentos e natureza dos seus bens, sempre que houver razões que reco-
da dignidade pessoal; mendem tal medida.
II - Exercer, com autoridade, eficiência e probidade as fun-
ções que lhe couberem em decorrência do cargo; CAPITULO II
III - Respeitar a dignidade da pessoa humana; DOS DEVERES POLICIAIS -MILITARES
IV - Acatar às autoridades civis; SEÇÃO I
V - Cumprir e fazer cumprir as Leis, os Regulamentos, as ins- DA CONCEITUAÇÃO
truções e as ordens das autoridade competentes;
VI - Ser justo e imparcial nos julgamentos dos atos e na apre- Art. 33 - Os deveres Policiais Militares emanam de vínculos
ciação do mérito dos subordinados; racionais e morais que ligam o Policial Militar a sua Corporação e
VII - Zelar pelo preparo moral, intelectual e físico, próprio ao serviço que a mesma presta à comunidade, e compreendem:
e dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão I - A dedicação integral ao serviço Policial Militar e a fideli-
comum; dade à instituição a que pertencem, mesmo com o sacrifício da
VIII - Praticar a camaradagem e desenvolver, permanente- própria vida;
mente, o espírito de cooperação. II - O culto aos símbolos nacionais;
IX - Empregar todas as suas energias em benefício do ser- III - A probidade e a lealdade em todas as circunstâncias;
viço; IV - A disciplina e o respeito à hierarquia;
X - Ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lingua- V - O rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
gem escrita e falada; VI - A obrigação de tratar o subordinado dignamente e com
XI - Abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de ma- urbanidade;
téria sigilosa de qualquer natureza; VII - O trato urbano, cordial e educado para com os cida-
XII - Cumprir seus deveres de cidadão; dãos;
XIII - Proceder de maneira ilibada na vida pública e na par- VIII - A manutenção da ordem pública;
ticular; IX - A segurança da comunidade.
XIV - Observar as normas da boa educação;
XV - Garantir assistência moral e material ao seu lar e con-
duzir-se como chefe de família modelar;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
SEÇÃO II Art. 41 - Às praças especiais cabe a rigorosa observância das
DO COMPROMISSO POLICIAL-MILITAR prescrições dos Regulamentos do Estabelecimento de Ensino
Policial Militar, onde estiverem matriculados, exigindo-se-lhes
Art. 34 - Todo cidadão, após ingressar na Polícia Militar, me- inteira dedicação ao estudo e ao aprendizado técnico profissio-
diante inclusão, matrícula ou nomeação, prestará compromis- nal.
so de honra, no qual afirmará a sua aceitação consciente das Art. 42 - Ao Policial Militar cabe a responsabilidade integral
obrigações e dos deveres policiais militares e manifestará a sua pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e pelos atos
firme disposição de bem cumpri-los. que praticar.
Art. 35 - O compromisso a que se refere o artigo anterior,
terá caráter solene e será prestado na presença de tropa, tão CAPÍTULO III
logo o Policial Militar tenha adquirido o grau de instrução com- DA VIOLAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES E DOS DEVERES POLICIAIS
patível com o perfeito entendimento de seus deveres como in- MILITARES
tegrante da Polícia Militar, conforme os seguintes dizeres: “Ao SEÇÃO I
ingressar na Polícia Militar do Pará, prometo regular minha con- DA CONCEITUAÇÃO
duta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens
das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me, intei- Art. 43 - A violação das obrigações ou dos deveres Policiais
ramente ao serviço Policial Militar, à manutenção da ordem pú- Militares constituirá crime, contravenção ou transgressão dis-
blica e à segurança da comunidade, mesmo com o sacrifício da ciplinar, conforme dispuser a legislação ou regulamentação es-
própria vida’’. pecífica.
Parágrafo - Único - O compromisso do Aspirante a Oficial § 1º A violação dos preceitos da ética Policial Militar é tão
PM/BM é prestado na solenidade de declaração de Aspirante a mais grave quanto mais elevado for o grau hierárquico de quem
Oficial, de acordo com o cerimonial previsto no Regulamento do a cometer.
Estabelecimento de Ensino, e terá os seguintes dizeres: “Perante § 2º No concurso de crime militar ou contravenção e de
a Bandeira do Brasil e pela minha honra, prometo cumprir os transgressão disciplinar, será aplicada somente a pena relativa
deveres de Oficial da Polícia Militar do Pará e dedicar-me intei- ao crime.
ramente ao seu serviço’’. Art. 44 - A inobservância ou falta de exação no cumprimen-
to dos deveres especificados nas Leis e Regulamentos, acarreta
SEÇÃO III para o Policial Militar, responsabilidade funcional, pecuniária,
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO disciplinar ou penal, consoante a legislação específica em vigor.
Parágrafo - Único: A apuração da responsabilidade funcio-
Art. 36 - Comando é a soma de autoridade, deveres e respon- nal, pecuniária, disciplinar ou penal poderá concluir pela incom-
sabilidade que oPolicial Militar é investido legalmente, quando patibilidade do Policial Militar com o cargo ou pela incapacidade
conduz homens ou dirige uma Organização Policial Militar. O Co- do exercício das funções Policiais Militares a ele inerentes.
mando é vinculado ao grau hierárquico econstitui prerrogativa Art. 45 - O Policial Militar que, por atuação, se tornar incom-
impessoal, na qual se define e se caracteriza como chefe. patível com o cargo ou demonstrar incapacidade no exercício
Parágrafo - Único: Aplica-se à direção e à chefia de Orga- de funções Policiais Militares a ele inerentes, será afastado do
nização Policial Militar, no que couber, o estabelecido para o cargo.
Comando. § 1º - São competentes para determinar o imediato afasta-
Art. 37 - A subordinação não afeta, de modo algum, a dig- mento do cargo ou impedimento do exercício da função.
nidade pessoal do Policial Militar e decorre, exclusivamente, da a) O Governador do Estado;
estrutura hierarquizada da Polícia Militar. b) O Comandante Geral da Polícia Militar;
Art. 38 - O Oficial é preparado, ao longo da carreira, para o c) Os Comandantes, os Chefes e os Diretores de Organiza-
exercício do Comando, da chefia e da Direção das Organizações ções Policiais Militares, na conformidade da legislação ou regu-
Policiais Militares. lamentação específica sobre a matéria.
Art. 39 - Os Subtenentes e Sargentos auxiliam ou comple- § 2º - O Policial Militar afastado do cargo, nas condições
mentam as atividades dos Oficiais, quer no adestramento e em- mencionadas neste artigo, ficará privado do exercício de qual-
prego de meios, quer na instrução e na administração, deverão quer função Policial Militar, até a solução final do processo ou
ser empregados na execução de atividade de policiamento os- das providências legais que couberem no caso.
tensivo fardado. Art. 46 - São proibidas quaisquer manifestações coletivas,
Parágrafo - Único: No exercício das atividades menciona- tanto sobre atos superiores, quanto as de caráter reinvindicató-
das, neste artigo e no Comando de elementos subordinados, os rios ou políticos.
Subtenentes e Sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo
exemplo e pela capacidade profissional etécnica, incumbindo- SEÇÃO II
-lhes assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das or- DOS CRIMES MILITARES
dens, das regras do serviço e das normas operativas pelas praças
que lhes estiverem diretamente subordinadas e a manutenção Art. 47 - O Código Penal Militar relaciona e classifica os cri-
da coesão e da moral das mesmas praças em todas as circuns- mes militares, em tempo de paz e em tempo de guerra, e dispõe
tâncias. sobre a aplicação aos Policiais Militares das penas correspon-
Art. 40 - Os Cabos e Soldados são, essencialmente, elemen- dentes aos crimes por eles cometidos.
tos de execução. Art. 48 - Aplicam-se, no que couber, aos Policiais Militares,
as disposições estabelecidas na legislação penal militar.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
SEÇÃO III IV - Nas condições ou nas limitações impostas na legislação
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES ou regulamentação específica.;
a) A estabilidade, quando praça com 10 (dez) ou mais anos
Art. 49 - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar espe- de tempo de efetivo serviço;
cificará e classificará as transgressões e estabelecerá as normas b) O uso das designações hierárquicas;
relativas à amplitude e aplicação das penas disciplinares, à clas- c) A ocupação de cargos e funções correspondentes ao pos-
sificação do comportamento Policial Militar e à interposição de to e de atribuições correspondentes à graduação;
recursos contra as penas disciplinares. d) A percepção de remuneração;
§ 1º - A pena disciplinar de detenção ou prisão não pode e) Outros direitos previstos em Leis específicas, que tratam
ultrapassar a 30 (trinta) dias. da remuneração dos Policiais Militares;
§ 2º - À praça especial aplicam-se, também, as disposições f) A assistência médico hospitalar para si e seus dependen-
disciplinares previstas no Regulamento do Estabelecimento de tes, assim entendida como conjunto de atividades relacionadas
Ensino onde estiver matriculado. com a conservação ou recuperação da saúde, abrangendo servi-
ços profissionais médicos, farmacêuticos e odontológicos, bem
SEÇÃO IV como o fornecimento, a aplicação de meios, os cuidados e de-
DOS CONSELHOS DE JUSTIFICAÇÃO E DE DISCIPLINA mais atos médicos e paramédicos necessários;
g) O funeral para si e seus dependentes, constituindo-se no
Art. 50 - O Oficial, presumivelmente incapaz de permanecer conjunto de medidas tomadas pelo Estado, quando solicitado,
como Policial Militar da ativa, será, na forma da legislação espe- desde o óbito até o sepultamento condigno;
cífica, submetido a Conselho de Justificação. h) A alimentação, assim entendida como as refeições forne-
§ 1º - O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Justificação, cidas aos Policiais Militares em atividade;
poderá ser afastado do exercício de suas funções, conforme es- i) O fardamento, constituindo-se no conjunto de uniformes,
tabelecido em Lei específica. roupa branca e roupa de cama, fornecido ao Policial Militar, na
§ 2º - Compete ao Tribunal de Justiça do Estado julgar os ativa, de graduação inferior a 3º Sargento e, em casos especiais,
processos oriundos dos Conselhos de Justificação, na forma es- a outros Policiais Militares.
tabelecida em Lei específica. j) A moradia, para o Policial Militar em atividade, compre-
§ 3º - O Conselho de Justificação poderá, também, ser apli- endendo:
cado aos Oficiais reformados ou da reserva remunerada, presu- *1. Alojamento em Organização Policial Militar;
mivelmente incapazes de permanecer na situação de inatividade *2. Habitação para si e seus dependentes, em imóvel sob a
em que se encontram. responsabilidade da Corporação, de acordo com as disponibili-
Art. 51 - O Aspirante a Oficial PM/BM, bem como as praças dades existentes.
com estabilidade assegurada, presumivelmente incapazes de l) O transporte, assim entendido como os meios fornecidos
permanecerem como Policiais Militares da ativa serão subme- ao Policial Militar, para seu deslocamento por interesse do servi-
tidos a Conselho de Disciplina e afastados das atividades que ço; quando o deslocamento implicar em mudança de sede ou de
estiverem exercendo, na forma da legislação específica. moradia, compreende também as passagens para seus depen-
§ 1º - Compete ao Comandante Geral da Polícia Militar jul- dentes e a translação das respectivas bagagens, de residência à
gar os processos oriundos dos Conselhos de Disciplina, convoca- residência;
dos no âmbito da Corporação. m) A constituição de Pensão Policial Militar;
§ 2º - O Conselho de Disciplina poderá, também, ser aplica- n) A promoção;
do às praças reformadas e da reserva remunerada, presumivel- o) As férias, os afastamentos temporários de serviço e as
mente incapazes de permanecer na situação de inatividade em licenças;
que se encontram. p) A transferência, a pedido, para a reserva remunerada;
q) A demissão e o licenciamento voluntários;
TÍTULO III r) O porte de arma, quando Oficial em serviço ativo ou na
DOS DIREITOS E DAS PRERROGATIVAS DOS POLICIAIS MI- inatividade, salvo aqueles em inatividade por alienação mental
LITARES ou condenação por crime contra a segurança ou por atividade
CAPÍTULO I que desaconselham aquele porte;
DOS DIREITO s) O porte de arma, pelos praças, com as restrições regula-
SEÇÃO I das pelo Comandante Geral.
DA ENUMERAÇÃO t) Outros direitos previstos em legislação específica;
§ 1º - A percepção de remuneração ou melhoria da mesma
Art. 52 - São direitos dos Policiais Militares: de que trata o inciso II, obedecerá ao seguinte:
I - A garantia da patente quando Oficial, em toda a sua pleni- a) O Oficial que contar mais de 30 (trinta) anos de serviço,
tude, com as vantagens, prerrogativas e deveres a ela inerentes; quando transferido para a inatividade, terá seus proventos cal-
II - A percepção de remuneração correspondente ao grau culados sobre o soldo correspondente ao posto imediato, se na
hierárquico superior ou melhoria da mesma quando, ao ser Polícia Militar existir posto superior ao seu, mesmo que de outro
transferido para a inatividade, contar mais de 30 (trinta) anos quadro; se ocupante do último posto da Corporação, o Oficial
de serviço; terá os proventos calculados tomando-se por base osoldo de
III - A remuneração calculada com base no soldo integral do seu próprio posto acrescido do percentual fixado em legislação
posto ou graduação, quando, não contando 30 (trinta) anos de específica;
serviço, for transferido para a reserva remunerada, ex-offício,
por ter sido atingido pela compulsória de qualquer natureza.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
b) Os Subtenentes, quando transferidos para a inatividade, Art. 53 - O Policial Militar que se julgar prejudicado ou ofen-
terão os proventos calculados sobre o soldo correspondente dido por qualquer ato administrativo ou disciplinar de superior
ao posto de 2º Tenente PM/BM, desde que contem mais de 30 hierárquico, poderá recorrer ao interpor pedido de reconsidera-
(trinta) anos de serviço; ção, queixa ou representação, segundo a regulamentação espe-
c) As demais praças que contem mais de 30 (trinta) anos de cifica da Corporação.
serviço, ao serem transferidos para a inatividade terão os pro- § 1º - O direito de recorrer na esfera administrativa pres-
ventos calculados sobre o soldo correspondente à graduação creverá:
imediatamente superior. a) Em 15 (quinze) dias corridos, a contar do recebimento da
§ 2º - Serão considerados dependentes de Policial Militar: comunicação oficial, quanto a ato de composição de Quadro de
I - A esposa; Acesso;
II - O filho menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou b) Nas questões disciplinares, como dispuser o Regulamento
interdito; Disciplinar da Polícia Militar;
III - A filha solteira, desde que não perceba remuneração; c) Em 120 (cento e vinte) dias corridos nos demais casos.
IV - O filho estudante, menor de 24 (vinte e quatro) anos, § 2º - O pedido de reconsideração, a queixa e a representa-
desde que não perceba remuneração; ção não podem ser feitos coletivamente.
V - A mãe viúva, desde que não perceba remuneração; § 3º - O Policial Militar só poderá recorrer ao Judiciário, após
VI - O enteado, o filho adotivo e o tutelado, nas mesmas esgotadostodos os recursos administrativos e deverá participar
condições dos incisos II, III e IV; esta providência, antecipadamente, à autoridade a qual estiver
VII - A viúva do Policial Militar, enquanto permanecer neste subordinado.
estado, os demais dependentes mencionados nos incisos II, Art. 54. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
III, IV, V e VI deste parágrafo, desde que vivam sob respon- condições: (Alterado pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
sabilidade da viúva; I- se contar menos de 10 (dez) anos de serviço, deverá afas-
VIII - A ex-esposa com direito à pensão alimentícia estabele- tar-se da atividade; (Alterado pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro
cida por sentença transitada em julgado, enquanto não contrair de 2020)
novo matrimônio;
II- se contar mais de 10 (dez) anos de serviço, será agregado
IX - O esposo inválido, isto é, impossibilitado total e per-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente,
manentemente para qualquer trabalho, não podendo prover os
no ato da diplomação, para a inatividade. (Alterado pela Lei nº
meios de subsistência, mediante julgamento proferido por Junta
8.974, de 13 de janeiro de 2020)
Policial Militar de Saúde da Corporação.
§ 3º - São, ainda, considerados dependentes do Policial Mi-
SEÇÃO II
litar, desde que vivam sob sua dependência econômica, sob o
DA REMUNERAÇÃO
mesmo teto, e quando expressamente declarados na Organiza-
ção Policial Militar competente:
Art. 55 - A remuneração dos Policiais Militares compreende
a) A filha, a enteada e a tutelada, nas condições de viúvas,
separadas judicialmente ou divorciadas, desde que não perce- vencimentos ou proventos, indenização e outros direitos e é de-
bam remuneração; vida em bases estabelecidas em Lei específica.
b) A mãe solteira, a madrasta viúva, a sogra viúva ou soltei- § 1º - Os Policiais Militares na ativa percebem remuneração,
ra, bem como separada judicialmente ou divorciada, desde que compreendendo:
em qualquer dessas situações não recebam remuneração; I - Vencimentos, constituídos de soldo e gratificações;
c) Os avós e os pais, quando inválidos ou interditos e res- II - Indenizações;
pectivos cônjuges, estes desde que não recebam remuneração; § 2º - Os Policiais Militares na inatividade percebem remu-
d) O pai maior de 60 (sessenta) anos e seu respectivo cônju- neração, compreendendo:
ge, desde que ambos não recebam remuneração; I - Proventos, constituídos de soldo ou quotas de soldo e
e) O irmão, o cunhado e o sobrinho, quando menores ou gratificações incorporáveis;
inválidos ou interditos, sem outro arrimo; II - Indenizações na inatividade.
f) A irmã, a cunhada e a sobrinha, solteiras, viúvas, separa- § 3º - Os Policiais Militares receberão o salário família de
das judicialmente ou divorciadas, desde que não recebam re- conformidade com a Lei que o rege.
muneração; § 4º - Os Policiais Militares farão jus, ainda, a outros direitos
g) O neto, órfão, menor ou inválido ou interdito; pecuniários, em casos específicos.
h) A pessoa que viva no mínimo ha 05 (cinco) anos sob a sua Art. 56 - O auxílio invalidez, atendidas as condições estipula-
exclusiva dependência econômica, comprovada mediante justi- das na Lei que trata da remuneração dos Policiais Militares, será
ficação judicial; concedido ao Policial Militar considerado inválido, por junta Po-
i) A companheira, desde que viva em sua companhia há mais licial Militar de Saúde, isto é, impossibilitado total e permanen-
de 05 (cinco) anos, comprovada por justificação judicial; temente para qualquer trabalho, não podendo prover os meios
j) O menor que esteja sob sua guarda, sustento e responsa- de subsistência.
bilidade, mediante autorização judicial; Art. 57 - O soldo é irredutível e não está sujeito a penhora,
§ 4º Para efeito do disposto nos parágrafos 2º e 3º deste seqüestro ou arresto, exceto nos casos previstos em Lei.
artigo, não serão considerados como remuneração ou rendi- Art. 58 - O valor do soldo é igual para o Policial Militar da
mentos não provenientes de trabalho assalariado, ainda que ativa, da reserva remunerada ou reformado, de um mesmo grau
recebidos dos cofres públicos, ou aremuneração que, mesmo hierárquico, ressalvado o disposto no inciso II do artigo 52 deste
resultante de relação de trabalho, não enseje ao dependente Estatuto.
do Policial Militar qualquer direito à assistência previdenciária Art. 59 - É proibido acumular remuneração de inatividade.
oficial.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo - Único - O disposto neste artigo não se aplica SEÇÃO IV
aos Policiais Militares da reserva remunerada e aos reformados DAS FÉRIAS E DE OUTROS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS
quanto ao exercício de mandato eletivo, quanto a função de DO SERVIÇO
magistério ou cargo em comissão, ou quando ao contrato para
prestação de serviços técnicos ou especializados. Art. 66 - Férias são afastamentos totais do serviço anual e
Art. 60 - Os proventos da inatividade serão revistos sempre obrigatoriamente concedidos aos Policiais Militares para des-
que, por motivo de alteração do poder aquisitivo da moeda, se canso, a partir do último mês do ano a que se referem, e durante
modificarem os vencimentos dos Policiais Militares em serviço todo o ano seguinte.
ativo. § 1º - Compete ao Comandante Geral da Polícia Militar a
§ 1º - Ressalvados os casos previstos em Lei, os proventos da regulamentação da concessão das férias anuais e de outros afas-
inatividade não poderão exceder a remuneração percebida pelo tamentos temporários.
Policial Militar da ativa no posto ou graduação correspondentes § 2º - A concessão de férias não é prejudicada pelo gozo an-
aos de seus proventos. terior de licença para tratamento de saúde, por punição anterior
§ 2º - O Policial Militar que, ao passar para a inatividade, decorrente de transgressão disciplinar, pelo estado de guerra
contar 35 (trinta e cinco) anos de serviço, terá direito ao soldo e ou para que sejam cumpridos atos de serviços, bem como, não
vantagens que percebia no serviço ativo. anula o direito àquelas licenças.
Art. 61 - Por ocasião de sua passagem para a inatividade, § 3º - Somente em caso de interesse da Segurança Nacio-
o Policial Militar terá direito a tantas quotas de soldo quantos nal, da manutenção da ordem, de extrema necessidade do ser-
forem os anos de serviço, computáveis para a inatividade, até o viço ou de transferência para a inatividade, para cumprimento
máximo de 30 (trinta) anos, ressalvado o disposto no inciso III do de punição decorrente de transgressão disciplinar de natureza
caput do artigo 52 deste Estatuto. grave e em caso de baixa a hospital, os Policiais Militares terão
Parágrafo - Único - Para efeito de contagem das quotas a interrompido ou deixam de gozar, na época prevista, o período
fração de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias de férias a que tiverem direito, registrando-se, então o fato em
será considerada 01 (um) ano. seus assentamentos.
§ 4º - Na impossibilidade do gozo de férias no ano seguinte
SEÇÃO III ou no caso de sua interrupção pelos motivos previstos, o perí-
DA PROMOÇÃO odo de férias não gozado será computado dia a dia pelo dobro,
no momento da passagem do Policial Militar para a inatividade
Art. 62 - O acesso na hierarquia Policial Militar é seletivo, e somente para esse fim, ressalvados os casos de transgressão
gradual esucessivo e será feito mediante promoções, de con- disciplinar.
formidade com o disposto na legislação e regulamentação de § 5º - As férias serão de 30 (trinta) dias para todos os Poli-
promoções de Oficiais e Praças, de modo a obter-se um fluxo ciais Militares.
regular e equilibrado da carreira para os Policiais Militares a que Art. 67 - Os Policiais Militares têm direito, ainda aos seguin-
esses dispositivos se referem. tes períodos de afastamento total do serviço, obedecidas as dis-
§ 1º - O planejamento da carreira dos Oficiais e das Praças, posições legais e regulamentares, por motivo de:
obedecidas as disposições da legislação e regulamentação a que I - Núpcias: 08 (oito) dias;
se refere este artigo, é atribuição do Comando da Polícia Militar. II - Luto: 08 (oito) dias;
§ 2º - A promoção é um ato administrativo e tem como fina- III - Instalação: até 10 (dez) dias;
lidade básica a seleção dos Policiais Militares para o exercício de IV - Trânsito: até 30 (trinta) dias, quando designados para
funções pertinentes ao grau hierárquico superior. curso ou transferidos para OPM sediadas fora da capital.
Art. 63 - Para promoção ao posto de Major PM/BM é neces- Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 8.974, de 13 de ja-
sário possuir o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. neiro de 2020)
Parágrafo - Único - Excetua-se do disposto neste artigo o Art. 68 - As férias e os afastamentos mencionados nesta
pessoal do Quadro de Saúde e outros Quadros Técnicos eventu- seção são concedidos com remuneração prevista na legislação
almente existentes. específica e computados como tempo de efetivo serviço para
Art. 64 - As promoções serão efetuadas pelo critério de anti- todos os efeitos legais.
güidade e merecimento, ou ainda, por bravura e “PostMortem’’. Art. 69 - O afastamento de serviço por motivo de núpcias
§ 1º - Em casos extraordinários, poderá haver promoção em ou luto será concedido, no primeiro caso, se solicitado com an-
ressarcimento de preterição, independentemente de vagas. tecipação à data do evento e, no segundo caso, tão logo a au-
§ 2º - A promoção de Policial Militar feita em ressarcimento toridade a qual estiver subordinado oPolicial Militar tenha co-
de preterição será efetuada segundo os critérios de antigüidade nhecimento do óbito de seu ascendente, descendente, cônjuge,
ou merecimento, recebendo ele o número que lhe competir na sogro ou irmão.
escala hierárquica como se houvesse sido promovido, na época
devida, pelo princípio em que ora é feita sua promoção. SEÇÃO V
Art. 65 - Não haverá promoção de Policial Militar, por oca- DAS LICENÇAS
sião de sua transferência para a reserva remunerada ou reforma.
Art. 70 - Licença é a autorização para afastamento total do
serviço em caráter temporário, concedida ao Policial Militar,
obedecidas as disposições legais e regulamentares.
§ 1º - A licença pode ser:
a) - Especial;
b) - Para tratar de interesse particular;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
c) - Para tratamento de saúde de pessoa da família; Art. 71 - Licença Especial é a autorização para afastamento
d) - Para tratamento de saúde própria. total do serviço, relativa a cada decênio de tempo de efetivo ser-
e) maternidade; (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de ja- viço prestado, concedida ao Policial Militar que a requerer sem
neiro de 2020) que implique em qualquer restrição para sua carreira.
f) paternidade. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro § 1º - A licença Especial tem a duração de 06 (seis) meses a
de 2020) ser gozada de uma só vez, podendo ser parcelada em 02 (dois)
§ 2º - A remuneração do Policial Militar, quando em qual- ou 03 (três) meses por ano civil, quando solicitada pelo interes-
quer das situações de licença constante do parágrafo anterior, sado e julgado conveniente pela autoridade competente.
será regulada em legislação específica. § 2º - O período de Licença Especial não interrompe a conta-
§ 3º - A concessão de licença é regulada pelo Comandante gem do tempo de efetivo serviço.
Geral da Corporação. § 3º - Os períodos de Licença Especial não gozados pelo Po-
Art. 70-A. Pelo nascimento de filho, adoção ou obtenção de licial Militar são computados em dobro para fins exclusivos de
guarda judicial para fins de adoção será concedida à policial mili- contagem de tempo para a passagem para a inatividade e, nesta
tar licença-maternidade, sem prejuízo da remuneração e vanta- situação para todos os efeitos legais.
gens, com duração de 180 (cento e oitenta) dias. (Acrescido pela § 4º - A Licença Especial não é prejudicada pelo gozo ante-
Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020) rior de qualquer licença para tratamento de saúde e para que
§ 1º A licença-maternidade de que trata a alínea “e” do § 1º sejam cumpridos atos de serviço, bem como, não anula o direito
do Art. 70, poderá ter início no primeiro dia do 8º (oitavo) mês àquelas licenças.
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. (Acresci- § 5º - Uma vez concedida a Licença Especial, o Policial Mi-
do pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020) litar será exonerado do cargo ou dispensado do exercício das
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início funções que exerce e ficará à disposição do Órgão de Pessoal da
a partir do parto. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro Polícia Militar, a que pertencer.
de 2020) Art. 72 - A licença para tratamento de interesse particular é
§ 3º No caso de aborto, atestado por médico oficial, a mili- a autorização para afastamento total do serviço, concedida ao
Policial Militar que contar mais de 10 (dez) anos de efetivo ser-
tar terá direito a 30 (trinta) dias de licença para tratamento de
viço e que a requerer com aquela finalidade.
saúde própria. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de
Parágrafo - Único: A licença será sempre concedida com
2020)
prejuízo da remuneração e da contagem de tempo de efetivo
§ 4º Findo o prazo da licença para tratamento de saúde
serviço.
estabelecido no § 3º, a militar estadual será submetida à nova
Art. 73 - É de competência do Comando Geral da Polícia Mi-
inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço ou pela
litar aconcessão da Licença Especial e da licença para tratamen-
prorrogação da licença. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de
to de interesse particular .
janeiro de 2020)
Art. 74 - As licenças poderão ser interrompidas a pedido ou
§ 5º No caso de natimorto, atestado por médico oficial, será nas condições estabelecidas neste artigo .
concedida licença prevista no caput do Art. 70-A. (Acrescido pela § 1º - A interrupção da Licença Especial e da licença para
Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020) tratar de interesse particular poderá ocorrer:
§ 6º Ocorrido o parto, sem que tenha sido requerida a li- a) Em caso de mobilização e estado de guerra;
cença, poderá esta ser concedida mediante apresentação da b) Em caso de decretação de estado de emergência ou de
certidão de nascimento e vigorará a partir da data do evento. sítio;
(Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020) c) Para cumprimento de punição disciplinar conforme o re-
Art. 70-B. Ao militar cuja cônjuge ou convivente vier a fale- gulado pelo Comandante Geral da Polícia Militar;
cer no período de 180 (cento e oitenta) dias da data de nasci- d)Para cumprimento de sentença que importe em restrição
mento da criança será concedida licença, nos termos do caput da liberdade individual;
do Art. 70-A. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de e) Em caso de denúncia, pronúncia em processo criminal ou
2020) indiciação em Inquérito Policial Militar, a juízo da autoridade
§ 1º O prazo da licença prevista no caput será contado a par- que efetivou a pronúncia ou a indiciação.
tir do óbito, até o 180º (centésimo octogésimo) dia de vida da § 2º - A interrupção de licença para tratar de interesse parti-
criança. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020) cular, será definitiva quando o Policial Militar for reformado ou
§ 2º Na hipótese de inexistência de relação conjugal ou de transferido ex-offício para a reserva remunerada.
convivência com a mãe falecida, a concessão da licença prevista § 3º - A interrupção de licença para tratamento de saúde
no caput poderá ocorrer mediante a comprovação, pelo militar, de pessoa da família, para cumprimento de pena disciplinar que
da guarda da criança. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de ja- importe em restrição da liberdade individual, será regulada na
neiro de 2020) legislação específica.
Art. 70-C. Pelo nascimento de filho, adoção ou obtenção de
guarda judicial para fins de adoção, será concedida ao policial SEÇÃO VI
militar a licença-paternidade de 20 (vinte) dias consecutivos, DA PENSÃO POLICIAL MILITAR
vedada a prorrogação. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de
janeiro de 2020) Art. 75 - A Pensão Policial Militar destina-se a amparar os
Parágrafo único. A licença de que o caput será concedida beneficiários do Policial Militar falecido ou extraviado e será
mediante a apresentação do registro civil ou do termo de guar- paga conforme o disposto emlegislação específica.
da provisória para fins de adoção, retroagindo à data do nasci- § 1º - Para fins de aplicação da legislação específica, será
mento ou da obtenção da guarda provisória para fins de adoção, considerado como posto ou graduação do Policial Militar, o cor-
conforme o caso. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro respondente ao soldo sobre o qual forem calculadas as suas con-
de 2020) tribuições.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Todos os Policiais Militares são contribuintes obriga- CAPÍTULO II
tórios da Pensão Policial Militar correspondente ao seu posto ou DAS PRERROGATIVAS
graduação, com as exceções previstas na legislação específica. SEÇÃO I
§ 3º - Todo Policial Militar é obrigado a fazer sua declaração DA CONSTITUIÇÃO E ENUMERAÇÃO
de beneficiário que, salvo prova em contrário, prevalecerá para
a habilitação dos mesmos à Pensão Policial Militar. Art. 81 - As prerrogativas dos Policiais Militares são cons-
§ 4º - A remuneração a que faria jus, em vida, o Policial Mi- tituídas pelas honras, dignidade e distinções devidas aos graus
litar falecido será paga aos seus beneficiários habilitados até a hierárquicos e cargos.
conclusão do processo referente à Pensão Policial Militar, com- Parágrafo - Único: São prerrogativas dos Policiais Militares:
pensados, posteriormente, eventuais valores pagos a maior até a) - O uso de título, uniformes, distintivos, insígnias e em-
a efetiva concessão do benefício (Acrescido pela Lei nº 6.049, de blemas da Polícia Militar do Pará, correspondente ao posto ou
11 de junho de 1997) graduação;
Art. 76 - Pensão Policial Militar do pessoal do serviço ativo, b) - Honras, tratamento e sinais de respeito que lhes sejam
da reserva remunerada ou reformado será a do Instituto de Pre- assegurados em Leis e Regulamentos;
vidência do Estado, conforme legislação específica. c) - Cumprimento de pena de prisão ou detenção somen-
Parágrafo - Único: As disposições do presente artigo e do te em Organização Policial Militar da Corporação, cujo Coman-
seguinte, não prejudicarão a percepção de pensão, pecúlio ou dante, Chefe ou Diretor tenha precedência hierárquica sobre o
outras vantagens de associações beneficentes. preso;
Art. 77 - Os Policiais Militares mortos em campanha ou ato d) - Julgamento, em foro especial, dos crimes militares.
de serviço, ou em conseqüência de ferimentos ou moléstias de- Art. 82 - Somente em casos de flagrante delito, o Policial
correntes, ou ainda, emconseqüência de acidentes em serviço, Militar poderá ser preso por autoridade policial civil, ficando
deixarão a seus herdeiros pensão correspondente aos venci- esta obrigada a entregá-lo, imediatamente, a autoridade Policial
mentos integrais do posto ou graduação imediatamente supe- Militar mais próxima, só podendo retê-lo, na Delegacia ou Posto
rior, conforme legislação específica. Policial, durante o tempo necessário à lavratura do flagrante.
Art. 78 - A Pensão Policial Militar é isenta de qualquer tri- § 1º - Cabe ao Comando Geral da Corporação a iniciativa de
butação estadual; é impenhorável, não responde Por dividas do responsabilizar a autoridade policial que não cumprir o disposto
instituidor nem constitui acumulação. neste artigo e que maltratar ou consentir que seja maltratado
Art. 79 - A Pensão Policial Militar defere-se nas prioridades qualquer Policial Militar preso ou não lhe der o tratamento devi-
e condições estabelecidas a seguir e de acordo com as demais do ao seu posto ou graduação.
contidas em legislação específica: § 2º - Se, durante o processo e julgamento no foro civil,
a) viúva e/ou companheira. (Alterado pela Lei nº 6.049, de houver perigo de vida para qualquer preso Policial Militar, o Co-
11 de junho de 1997) mandante Geral da Corporação providenciará os entendimentos
b) - Aos filhos de qualquer condição, exclusive os menores com a autoridade judiciária, visando a guarda dos pretórios ou
do sexo masculino, que não sejam interditos ou inválidos; tribunais pôr força Policial Militar.
c) - Aos netos, órfãos de pai e mãe, nas condições estipula- Art. 83 - Os Policiais Militares da ativa, no exercício de fun-
das para os filhos; ções Policiais Militares, são dispensados do serviço de Júri na
d) - A mãe, ainda que adotiva, viúva, separada judicialmente Justiça Civil e do serviço na Justiça Eleitoral.
ou divorciada ou solteira, como também, a casada sem meios
de subsistência, que viva na dependência econômica do Policial SEÇÃO II
Militar, separada do marido, e ao pai, ainda que adotivo, desde DO USO DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR
que inválido, interdito ou maior de 60 (sessenta) anos;
e) - Às irmãs, germanas ou consangüíneas, solteiras, viúvas, Art. 84 - Os uniformes da Polícia Militar com seus distinti-
separadas judicialmente ou divorciadas, bem como, aos irmãos vos, insígnias e emblemas, são privativos dos Policiais Militares
germanos ou consangüíneos menores de 21 (vinte e um) anos, e representam o símbolo da autoridade Policial Militar, com as
mantidos pelo contribuinte ou maiores interditos ou inválidos e prerrogativas a ela inerentes.
se do sexo feminino, solteira. Parágrafo - Único: Constituem crimes, previstos na legisla-
Art. 80 - O Policial Militar viúvo, separado judicialmente, ção específica, o desrespeito aos uniformes, distintivos, insíg-
divorciado ou solteiro, poderá destinar a Pensão Policial Militar, nias e emblemas Policiais Militares, bem como, seu uso por par-
se não tiver filhos capazes de receber o benefício, a pessoa que te de quem a eles não tiver direito.
viva sob a sua dependência econômica no mínimo há 05 (cinco) Art. 85 - O uso dos uniformes com seus distintivos, insígnias
anos e desde que haja subsistido impedimento legal para o ca- e emblemas, bem como os modelos, descrições, composição e
samento. peças acessórias, são estabelecidas em legislação específica da
§ 1º - Se o Policial Militar tiver filhos, somente poderá des- Polícia Militar do Pará.
tinar à referida beneficiária metade da Pensão Policial Militar. § 1º - É proibido ao Policial Militar o uso dos uniformes:
§ 2º - O Policial Militar que for separado judicialmente ou a) Em manifestação de caráter político partidária;
divorciado somente poderá valer-se do disposto neste artigo se b) No estrangeiro, quando em atividade não relacionada
não estiver compelido, judicialmente, a alimentar a ex-esposa. com a missão do Policial Militar, salvo quando expressamente
determinado ou autorizado.
c) Na inatividade, salvo para comparecer às solenidade Po-
liciais Militares, cerimônia cívico comemorativas das grandes
datas nacionais ou atos sociais solenes, quando devidamente
autorizado.

10
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Os Policiais Militares na inatividade, cuja conduta pas- l) Ter passado à disposição de Secretaria de Estado ou de
sa ser considerada como ofensiva à dignidade da classe, pode- outro órgão do Estado, da União, dos Estados ou dos Territórios
rão ser definitivamente proibidos de usar uniformes por decisão para exercer função de natureza civil
do Comandante Geral da Polícia Militar. m)Ter sido nomeado para qualquer cargo público civil tem-
Art. 86 - O Policial Militar fardado tem as obrigações corres- porário, não eletivo, inclusive da administração indireta;
pondentes ao uniforme que use e aos distintivos, insígnias ou n) Ter se candidatado a cargo eletivo desde que conte 05
emblemas que ostente. (cinco) ou mais anos de efetivo serviço;
Art. 87 - É vedado a qualquer elemento civil ou organizações o) Ter sido condenado à pena de suspensão do exercício do
civis usar uniformes ou ostentar distintivos, insígnias ou emble- posto, graduação, cargo ou função, previsto no Código Penal Mi-
mas que possam ser confundidos com os adotados na Polícia litar.
Militar. § 2º - O Policial Militar agregado, de conformidade com os
Parágrafo - Único: São responsáveis pela infração das dispo- incisos I e II do § 1º, continua a ser considerado, para todos os
sições deste artigo, além dos indivíduos que a tenham cometido, efeitos, como em serviço ativo.
os Diretores ou Chefes de repartições, organizações de qualquer § 3º - A agregação do Policial Militar a que se refere o inciso
natureza, firmas ou empregadores, empresas, institutos ou de- I e as letras “l’’ e “m’’ do inciso III do § 1º, é contada a partir da
partamentos que tenham ostentado ou consentido que sejam data da posse no novo cargo até o regresso à Corporação ou
usados uniformes ou ostentando distintivos , insígnias ou em- transferência ex-offício para a reserva remunerada.
blemas que possam ser confundidos com os adotados na Polícia § 4º - A agregação do Policial Militar, a que se referem as
Militar. letras “a’’, “c’’, “d’’ e “e’’ do inciso III do § 1º, é contada a partir
do primeiro dia após os respectivos prazos e enquanto durar o
TÍTULO IV evento.
DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS § 5º - A agregação do Policial Militar a que se referem o in-
CAPÍTULO I ciso II e as letras “b’’, “f’’, “g’’, “h’’, “i’’ , “j’’ e “o”, do inciso III do
DAS SITUAÇÕES ESPECIAIS § 1º, é contada a partir da data indicada no ato que torna
SEÇÃO I público o respectivo evento.
DA AGREGAÇÃO § 6º - A agregação do Policial Militar, a que se refere a letra
“”n’’ do inciso III § 1º, é contada a partir do registro como candi-
Art. 88 - A agregação é a situação na qual o Policial Militar dato, até sua diplomação ou seu regresso à Corporação, se não
da ativa deixa de ocupar vaga na Escala Hierárquica do seu Qua- houver sido eleito.
dro, nela permanecendo sem número. § 7º - O Policial Militar agregado, fica sujeito às obrigações
§ 1º - O Policial Militar deve ser agregado quando: disciplinares concernentes às suas relações com outros Policiais
I - For nomeado para cargo Policial Militar ou considerado Militares e autoridades civis e militares, salvo quando ocupar
de natureza Policial Militar, estabelecido em Lei, não previstos cargo que lhe dê precedência funcional sobre os outros Policiais
nos Quadros de Organização da Polícia Militar ( QO ); Militares mais graduado ou mais antigos.
II - Aguardar transferência ex-offício para a reserva remune- § 8º - Caracteriza a posse no novo cargo regulado pelo § 3º,
rada, por ter sido enquadrado em quaisquer dos requisitos que a entrada em exercício no cargo ou respectiva função.
a motivaram; Art. 89 - O Policial Militar, agregado ficará adido, para efeito
III - For afastado, temporariamente, do serviço ativo por de alterações e remuneração, no Órgão de Pessoal da Polícia Mi-
motivo de: litar, que lhe for designado, continuando a figurar no lugar que
a) Ter sido julgado, temporariamente, após 01 (um) ano então ocupava no Almanaque ou Escala Numérica, comabrevia-
contínuo de tratamento de saúde própria; tura “AG’’ e anotações esclarecedoras de sua situação.
b) Ter sido julgado incapaz, definitivamente, enquanto tra- Art. 90 - A agregação se faz por ato do Governador do Esta-
mita o processo de reforma; do, para oficiais e do Comandante Geral, para praças.
c) Haver ultrapassado 01 (um) ano contínuo de licença para
tratamento de saúde própria. SEÇÃO II
d) Haver ultrapassado 06 (seis) meses contínuos em licença DA REVERSÃO
para tratar de interesse particular;
e) Haver ultrapassado 06 (seis) meses contínuos em licença Art. 91 - A reversão é o ato pelo qual o Policial Militar, agre-
para tratar da saúde de pessoa da família; gado retorna ao respectivo Quadro, tão logo cesse o motivo que
f) Ter sido considerado oficialmente extraviado; determinou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe
g) Haver sido esgotado o prazo que caracteriza o crime de competir no respectivo Almanaque ou Escala Numérica, na pri-
deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial ou Praça meira vaga que ocorrer.
com estabilidade assegurada; Parágrafo - Único: Em qualquer tempo, poderá ser determi-
h) Como desertor, ter-se apresentado voluntariamente ou nada a reversão do Policial Militar agregado, exceto nos casos
ter sido capturado e reincluído a fim de se ver processar; previstos nas letras “a’’, “b’’, “c’’, “f’’, “g’’, “h’’, “j’’, “n’’ e “o’’ do
i) Se ver processar, após ficar exclusivamente à disposição inciso III do § 1º do artigo 88.
da Justiça Comum; Art. 92 - A reversão de Oficiais será efetuada mediante ato
j) Ter sido condenado à pena restritiva da liberdade superior do Governador do Estado e das Praças, por ato do Comandante
a 06 (seis) meses, em sentença passada em julgado, enquanto Geral da Corporação.
durar a execução, excluído o período de sua suspensão condi-
cional ou até ser declarado indigno de pertencer à Polícia Militar
ou com ela incompatível.

11
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
SEÇÃO III Art. 97 - O Policial Militar que na forma do artigo anterior,
DO EXCEDENTE permanecer desaparecido por mais de 30 (trinta) dias, será ofi-
cialmente considerado extraviado.
Art. 93 - Excedente é a situação transitória a que, automati-
camente, passa o Policial Militar que: CAPÍTULO II
I - Tendo cessado o motivo que determinou sua agregação, DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
reverte ao respectivo Quadro, estando este com o efetivo com- SEÇÃO I
pleto; DA OCORRÊNCIA
II - Aguarda a colocação a que faz jus na escala hierárquica,
após haver sido transferido de Quadro, estando o mesmo com Art. 98 - A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar e o
seu efetivo completo; conseqüente desligamento da Organização a que estiver vincu-
III - É promovido por bravura, sem haver vaga; lado o Policial Militar, decorrem dos seguintes motivos:
IV - É promovido indevidamente mesmo havendo vaga; I - Transferência para a Reserva Remunerada ;
V - Sendo o mais moderno da respectiva escala hierárquica, II - reforma;
ultrapassa o efetivo de seu Quadro em virtude de promoção de III - Demissão;
outro Policial Militar, em ressarcimento de preterição; IV - Perda do Posto e Patente;
VI - Tendo cessado o motivo que determinou sua reforma V - Licenciamento;
por incapacidade definitiva, retorna ao respectivo Quadro, es- VI - Exclusão a bem da Disciplina;
tando este com seu efetivo completo. VII - Deserção;
§ 1º - O Policial Militar, cuja a situação é a de excedente, VIII - Falecimento;
salvo oindevidamente promovido, ocupa a mesma posição rela- IX - Extravio.
tiva, em antigüidade, que lhe cabe na escala hierárquica, com a Parágrafo - Único: O desligamento do serviço ativo será pro-
abreviatura “EXCED’’ e receberá o número que lhe competir em cessado após a expedição do ato do Governador do Estado ou
conseqüência da primeira vaga que se verificar . de autoridade a qual tenham sido delegados poderes para isso.
§ 2º - O Policial Militar, cuja situação é de excedente, é con- Art. 99 - A transferência para a reserva remunerada ou re-
siderado como em efetivo serviço, para todos os efeitos e con- forma não isentam o Policial Militar da indenização dos prejuízos
corre, respeitados os requisitos legais, em igualdade de condi- causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem por pagamento
ções e sem nenhuma restrição, a qualquer cargo Policial Militar, das pensões decorrentes de sentença judicial.
bem como à promoção. Art. 100 - O Policial Militar da ativa, enquadrado em um dos
§ 3º - O Policial Militar promovido por bravura, sem haver incisos I, II e V do artigo 98, ou demissionário a pedido, continua-
vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando o critério da rá no exercício de suas funções até ser desligado da Organização
promoção a ser seguido para a vaga seguinte. Policial Militar em que serve. O desligamento deverá ser feito
§ 4º - O Policial Militar, promovido indevidamente, só conta- após a publicação em Boletim de sua Unidade, do ato oficial cor-
rá antigüidade e receberá o número que lhe competir, na escala respondente e não poderá exceder de 30 (trinta) dias da data de
hierárquica, quando a vaga que deverá preencher, corresponder tal publicação.
ao critério pelo qual deveria ter sido promovido, desde que sa-
tisfaça os requisitos para a promoção. SEÇÃO II
DA TRANSFERÊNCIA PARA A RESERVA REMUNERADA
SEÇÃO IV
DO AUSENTE E DO DESERTOR Art. 101 - A passagem do Policial Militar à situação de ina-
tividade mediante transferência para a reserva remunerada se
Art. 94 - É considerado ausente o Policial Militar que por efetua:
mais de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas: I - A pedido;
I - Deixar de comparecer à sua Organização Policial Militar, II - ex-offício.
sem comunicar qualquer motivo de impedimento; Art. 102 - A transferência para a reserva remunerada, a pe-
II - Ausentar-se sem licença, da Organização Policial Militar, dido, será concedida, mediante requerimento, ao Policial Militar
onde serve ou local onde deve permanecer. que contar no mínimo 30 (trinta) anos de serviço.
Parágrafo - Único: Decorrido o prazo mencionado neste ar- § 1º - No caso do Policial Militar haver realizado qualquer
tigo, serão observadas as formalidades previstas em legislação curso ou estágio com duração superior a 06 (seis) meses, por
específica. conta do Estado, no estrangeiro, sem haver decorrido 03 (três)
Art. 95 - O Policial Militar é considerado desertor nos casos anos do seu término, a transferência para a reserva remunerada
previstos na Legislação Penal Militar. só será concedida mediante indenização de todas as despesas
correspondentes a realização do referido estágio ou curso, in-
SEÇÃO V clusive as diferenças de vencimentos. O cálculo da indenização
DO DESAPARECIDO E DO EXTRAVIADO será efetuado pelo órgão competente da Corporação.
§ 2º - Não será concedida transferência para a reserva re-
Art. 96 - É considerado desaparecido o Policial Militar da munerada, a pedido, ao Policial Militar que estiver:
ativa que, no desempenho de qualquer serviço, em viagem, em I - (Revogado pela Lei nº 8.388, de 22 de setembro de 2016).
operações Policiais Militares ou em caso de calamidade pública, II - Cumprindo pena de qualquer natureza;
tiver paradeiro ignorado por mais de 08 dias. Art. 103 - A transferência para a reserva remunerada, “ex-o-
Parágrafo - Único: A situação de desaparecimento só será ffício’’, verificar-se-á sempre que o Policial Militar incidir em um
considerada quando houver indício de deserção. dos seguintes casos:

12
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I -Atingir as seguintes idades limites: (Alterado pela Lei nº VII - Ultrapassar 02 (dois) anos contínuos em licença para
8.407, de 25 de outubro de 2016) tratamento de saúde de pessoa de sua família;
a) Para os Oficiais dos Quadros de Combatentes, de Saúde VIII - Ser empossado em cargo público permanente estranho
e Intendentes: a sua carreira, cujas funções não sejam de magistério;
IX - Ultrapassar 02 (dois) anos de afastamento contínuos
POSTOS I IDADES ou não, agregado em virtude de ter passado a exercer cargo ou
emprego público civil temporário, não eletivo, inclusive de ad-
Coronel PM/BM 60 anos ministração indireta;
Tenente Coronel PM/BM 59 anos X - Ser diplomado em cargo eletivo, na forma do inciso II do
Parágrafo Único do artigo 54.
Major PM/BM 59 anos § 1º - A transferência para a reserva remunerada processar-
Capitão PM/BM 56 anos -se-á à medida em que o Policial Militar for enquadrado em um
dos incisos deste artigo.
1º Tenente PM/BM 56 anos § 2º - A transferência do Policial Militar para a reserva remu-
2º Tenente PM/BM 56 anos nerada nas condições estabelecidas no inciso VIII, será efetivada
no posto ou graduação que tenha na ativa, podendo acumular
b) Para Oficiais dos Quadros de Administração e Especialis- os proventos a que fizer jus, na inatividade, com a remuneração
tas do cargo ou emprego público civil para o qual foi nomeado ou
admitido.
§ 3º - A nomeação ou admissão do Policial Militar para os
POSTOS I IDADES cargos públicos ou emprego público de que tratam os incisos VIII
Capitão PM/BM 59 anos e IX somente poderá ser feita:
I - Quando a nomeação ou admissão for de alçada Federal
1º Tenente PM/BM 59 anos
ou Estadual, pela autoridade competente, mediante requisição
2º Tenente PM/BM 59 anos ao Governador do Estado;
II - Pelo Governador ou mediante sua autorização nos de-
c) Para as Praças mais casos.
§ 4º - Enquanto permanecer no cargo ou emprego público
POSTOS I IDADES de que trata o inciso IX:
I - É lhe assegurada a opção entre a remuneração do cargo
Subtenente PM/BM 60 anos ou emprego e a do posto ou graduação.
1º Sargento PM/BM 59 anos II - Somente poderá ser promovido por antigüidade;
III - O tempo de serviço é contado apenas para a promoção
2º sargento PM/BM 59 anos por antigüidade e para a transferência para a inatividade.
3º Sargento PM/BM 56 anos Art. 104 - A transferência do Policial Militar para a reserva
remunerada, pode ser suspensa na vigência do estado de guer-
Cabo PM/BM 56 anos ra, estado de sítio ou em estado de emergência, em caso de mo-
Soldado PM/BM 1ª Classe 56 anos bilização e de imperiosa necessidade da segurança pública.
Art. 105 - O policial militar da reserva remunerada poderá
Soldado PM/BM 2ª Classe 56 anos
ser convocado para o serviço ativo por ato do Governador do Es-
Soldado PM/BM 3ª Classe 56 anos tado para compor Conselho de Justificação, para ser encarrega-
Soldado PM/BM Classe 56 anos do de Inquérito Policial-Militar ou incumbido de outros procedi-
Simples mentos administrativos, na falta de oficial da ativa em situação
hierárquica compatível com a do oficial envolvido, bem como
para a realização de tarefas, por prazo certo, hipótese essa que
II - Alcançar o Coronel PM/BM 08 (oito) anos de permanên-
também permitirá a convocação de praças da reserva remunera-
cia neste posto;
da. (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999)
III - Ter sido o Tenente Coronel PM/BM constante do Qua-
§ 1º O policial militar convocado nos termos deste artigo
dro de Acesso, preterido por 02 (duas) vezes para a promoção
terá os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierár-
ao posto de Coronel PM/BM a partir da data em que completar
quica, exceto quanto à promoção que não concorrerá, e contará
30 (trinta) anos de serviços, desde que na oportunidade sejam
como acréscimo esse tempo de serviço. (Alterado pela Lei nº
promovidos oficiais mais modernos.
6.230, 12 de julho de 1999)
IV - Ultrapassar o Oficial intermediário 06 (seis) anos de
§ 2º A convocação poderá ser efetuada nos seguintes casos,
permanência no posto, quando este for o último da hierarquia
sem prejuízo do disposto no caput deste artigo: (Alterado pela
de seu Quadro, desde que conte ou venha contar 30 (trinta) ou
Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999)
mais anos de serviço;
I – Oficiais:
V - For Oficial considerado não habilitado para o acesso
a) comissões de estudos ou grupos de trabalhos, em ativida-
em caráter definitivo, no momento em que vier a ser objeto de
des de planejamento administrativo ou setorial;
apreciação para o ingresso em Quadro de Acesso;
b) assessoramento ou acompanhamento de atividades es-
VI - Ultrapassar 02 (dois) anos contínuos ou não, em licença
pecializadas ou peculiares, de caráter temporário, e que esca-
para tratar de interesse particular;
pem às atribuições normais e específicas dos órgãos de direção
da Polícia Militar do Pará.

13
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
c) exercício do planejamento e comando das ações opera- d) por ter sido julgado fisicamente incapaz para o desem-
cionais a serem desenvolvidas pelo policial militar convocado; penho do ato ou tarefa para o qual foi convocado, em inspeção
II – Praças: de saúde realizada por Junta Médica da Corporação, a qualquer
a) para constituírem o suporte necessário ao desempenho tempo.
das tarefas tratadas no inciso anterior. § 12 A convocação de policiais militares da reserva remune-
b) Para integrarem a segurança patrimonial e/ou policia- rada será proposta pelo Comandante Geral da Polícia Militar ao
mento interno em órgão da administração pública. Chefe do Poder Executivo, de forma justificada e instruída com
§ 3º A convocação especificada no parágrafo anterior será prova de aprovação de inspeção de saúde do órgão competente
efetivada: (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999) da Corporação, que aquiescendo a mesma expedirá o ato perti-
I – com ônus total para o Estado, nos casos previstos no in- nente. (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999)
ciso I, alíneas “a” e “b”, e inciso II - alínea “a”. § 13 Será assegurado o direito à pensão especial, prevista no
II – mediante convênio, nos casos previstos no inciso I, alí- Art. 77 desta Lei, aos dependentes do policial militar da reserva
nea “c”, e inciso II, alínea “b”. remunerada que, no exercício das tarefas previstas no presente
§ 4º A convocação somente poderá ser efetuada median- artigo, para as quais tenha sido convocado, venha a falecer em
te aceitação voluntária do policial militar. (Alterado pela Lei nº consequência dos fatos ali previstos. (Alterado pela Lei nº 6.230,
6.230, 12 de julho de 1999) 12 de julho de 1999)
§ 5º A convocação para a realização de tarefas terá prazo § 14 As regras estabelecidas nos parágrafos deste artigo
fixado no ato que a efetivar e observará o seguinte: (Alterado aplicam-se exclusivamente às hipóteses de convocação nele
pela Lei nº 6.721, de 26 de janeiro de 2005). previstas. (Acrescentado pela Lei nº 7.730, de 19 de setembro
I- havendo conveniência para a Corporação, a convocação de 2013)
poderá ser renovada; (Alterado pela Lei nº 6.721, de 26 de ja- Art. 105-A O Policial Militar da reserva remunerada pode-
neiro de 2005). rá, além das hipóteses de convocação previstas no Art. 105, ser
II- se concluída a tarefa antes do prazo fixado, o policial mi- convocado mediante a aceitação voluntária, por ato do Gover-
litar será dispensado ou ser-lhe-á atribuído outro encargo de in- nador do Estado, permanecendo na situação de inatividade, nos
teresse da Corporação, respeitado o prazo estabelecido no ato termos do Art. 3º, § 1º, inciso II, alínea “a”, desta Lei, nos se-
da convocação. (Alterado pela Lei nº 6.721, de 26 de janeiro de guintes casos: (Acrescentado pela Lei nº 7.730, de 19 de setem-
2005). bro de 2013)
§ 6º O policial militar da reserva remunerada convocado nos I- assessoria militar e guarda nas sedes e órgãos dos pode-
termos deste artigo não sofrerá alteração de sua situação jurí- res da União, do Estado e dos Municípios; (Alterado pela Lei nº
dica e, durante a convocação, fará jus a: (Alterado pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
6.230, 12 de julho de 1999)I – uniformes e equipamentos, nos II- assessoria militar e guarda na sede do Tribunal de Contas
casos do § 2º, inciso I, alínea “c” e inciso II, alínea “b”, do Estado;
II – alimentação, III- assessoria militar e guarda na sede do Tribunal de Contas
III – diárias, ajudas de custo e transporte, quando em deslo- dos Municípios;
camento, face à realização de tarefas fora da sede. IV- assessoria militar e guarda na sede do Ministério Públi-
§ 7º O uniforme e o equipamento serão os de uso regula- co;
mentar, fornecidos pelo órgão superior da Corporação. (Altera- V- guarda e serviços referentes à atividade meio na Secreta-
do pela Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999) ria de Estado de Segurança Púbica e na PMPA;
§ 8º A alimentação será proporcionada nas mesmas con- VI- guarda nos estabelecimentos penais;
dições da que é fornecida ao pessoal ativo no desempenho da VII- condução de veículos do Sistema de Segurança Pública,
atividade do designado. (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho em atividades meio.
de 1999) § 1º É condição para a convocação tratada neste artigo que
§ 9º As diárias, a ajuda de custo e o transporte serão propor- o policial militar:
cionados nas condições e valores estabelecidos na legislação de I- tenha passado para a reserva remunerada, no mínimo, no
remuneração para a situação hierárquica alcançada em ativida- comportamento “bom”;
de. (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho de 1999) II- tenha, no momento da convocação, as seguintes idades
§ 10 Os policiais militares convocados nos termos deste ar- limites:
tigo ficam sujeitos: (Alterado pela Lei nº 6.230, 12 de julho de a) para oficiais superiores: 58 anos;
1999) b) para capitães e oficiais subalternos: 58 anos;
I- ao cumprimento das normas disciplinares em vigor na c) para praças: 56 anos.
Corporação, nos mesmos moldes do serviço ativo; III- seja considerado apto em inspeção de saúde pela Junta
II- às normas administrativas e de serviço em vigor nos ór- Médica da Corporação;
gãos onde tiverem atuação. IV- seja considerado apto em teste de aptidão física;
§ 11 Os policiais militares convocados nos termos da pre- V- obtenha o parecer favorável do Comandante-Geral.
sente disposição poderão ser dispensados: (Alterado pela Lei nº § 2º O convocado ficará administrativamente vinculado à
6.230, 12 de julho de 1999) Diretoria de Pessoal da Corporação, que manterá cadastro atua-
I- a pedido; lizado dos militares interessados em serem convocados.
II- “ex-officio”: § 3º O planejamento e a supervisão do emprego dos convo-
a) por conclusão do prazo de convocação; cados, nos termos deste artigo, far-se-á de acordo com decreto
b) por terem cessado os motivos da convocação; do Chefe do Poder Executivo, que especificará, em especial, o
c) por interesse ou conveniência da Administração, a qual- seguinte:
quer tempo; I- critérios para inscrição e formação dos cadastros;

14
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II- padrões de treinamento; III- auxílio-alimentação;
III- normas de divulgação aos militares da reserva; IV- auxílio-fardamento.
IV- critérios para uso de uniforme; § 12. As regras estabelecidas nos parágrafos deste artigo
V- critérios para o teste de aptidão física; aplicam-se exclusivamente às hipóteses de convocação nele
VI- critérios para a inspeção de saúde; previstas.
VII- critérios para uso de armamento;
VIII- forma dos atos de convocação e dispensa. SEÇÃO III
§ 4º Compete ao Comandante da Polícia Militar a expedição DA REFORMA
dos atos necessários à efetivação dos policiais militares convo-
cados nas assessorias, podendo implicar a substituição dos mili- Art. 106 - A Passagem do Policial Militar à situação de inati-
tares da ativa pelos convocados nas respectivas assessorias. vidade, mediante reforma, será sempre “ex-offício’’ e ser-lhe-á
§ 5º O Policial Militar convocado nos termos deste artigo aplicada desde que:
não sofrerá alteração em sua situação jurídico funcional e, du- I - Atinja as seguintes idades limites de permanência na re-
rante a designação, fará jus a (o): serva remunerada:
I- auxílio mensal, de natureza jurídica indenizatória, corres- a) Para Oficiais Superiores: 64 anos
pondente a dois soldos de seus respectivos postos ou gradua- b) para Capitães e oficiais subalternos: 62 anos; (Alterado
ções, o qual não será base de cálculo para quaisquer vantagens, pela Lei nº 8.407, de 25 de outubro de 2016)
inclusive as decorrentes de tempo de serviço, e não será passível c) para Subtenentes, 1º Sargento e 2º Sargento - 64 anos;
de incorporação; (Alterado pela Lei nº 8.407, de 25 de outubro de 2016)
II- auxílio-fardamento, pago uma vez por ano, no valor refe- d) para 3º Sargento, Cabo e Soldado - 62 anos; (Alterado
rente a um soldo do seu respectivo posto ou graduação; pela Lei nº 8.407, de 25 de outubro de 2016)
III- armamento e equipamentos, quando for o caso; II - Seja julgado incapaz definitivamente para o serviço da
IV- auxílio-alimentação, nos mesmos padrões pagos aos in- Polícia Militar;
tegrantes ativos; III - Esteja agregado há mais de 02 (dois) anos, por ter sido
V- diárias e transporte, quando em deslocamento, em face julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação da
da realização de Junta Policial Militar Superior de Saúde, ainda mesmo que se
tarefas fora da sede do Município, proporcionados nas con- trate de moléstia curável;
dições e valores estabelecidos na legislação para a mesma situa- IV - Seja condenado à pena de reforma prevista no Código
ção hierárquica em atividade; Penal Militar, por sentença transitada em julgado;
VI- férias remuneradas; V - Sendo Oficial, e tiver determinada pelo Tribunal de Justi-
VII- 13º salário; ça do Estado, em julgamento por ele efetuado, em conseqüência
VIII- pensão especial. do Conselho de Justificação a que foi submetido;
§ 6º A convocação será por prazo certo, em período que não VI - Sendo Aspirante a Oficial PM/BM ou Praça com estabili-
exceda a dois anos, podendo ser renovada uma única vez por dade assegurada, for para tal indicado, ao Comandante Geral da
igual período. Polícia Militar, em julgamento do Conselho de Disciplina.
§ 7º O militar estadual da reserva não poderá ser convocado § 1º O policial militar reformado na forma dos incisos V e
para o exercício das atividades reguladas neste artigo, após ces- VI só poderá readquirir a situação de policial militar, anterior,
sado o prazo estabelecido no parágrafo anterior. respectivamente, por outra sentença do Tribunal de Justiça do
§ 8º A convocação sujeita o Policial Militar: Estado e nas condições nela estabelecidas ou por decisão do
I- ao cumprimento das normas disciplinares em vigor na cor- Comandante-Geral da Polícia Militar. (Renumerado pela Lei nº
poração; 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
II- às normas administrativas e de serviço em vigor nos ór- § 2º Mediante requerimento, é facultada ao policial militar
gãos onde tiverem atuação. que incorra em situação de reforma por incapacidade física de-
§ 9º O Policial Militar convocado poderá ser dispensado: finitiva para atividade-fim a permanência no serviço ativo, com
I- a pedido; emprego na atividade-meio, no mesmo posto ou graduação, hi-
II- ex officio, que ocorrerá nas seguintes situações: pótese em que será readaptado, na forma estabelecida em De-
a) por conclusão do prazo de convocação; creto. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
b) por interesse ou conveniência da Administração; § 3º O policial militar deverá ser readaptado em função
c) por ter obtido dispensa de saúde por mais de sessenta compatível com a sua capacidade física, desde que seja julga-
dias, contínuos ou não, no período de um ano; do apto, por Junta Policial Militar de Saúde, para o exercício da
d) por ter sido julgado incapaz para o desempenho da desig- nova função, atendida a conveniência do serviço. (Acrescido
nação, em inspeção realizada por junta médica, anualmente ou pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
extraordinariamente. § 4º O readaptado poderá ser reavaliado a qualquer tempo
§ 10. O número máximo de policiais militares convocados, pela Junta Policial Militar de Saúde, por solicitação do Diretor
nos termos deste artigo, não poderá exceder 5% (cinco por cen- de Pessoal ou por manifestação fundamentada do Comandante,
to) do efetivo fixado na Lei de Organização Básica da Corpora- Chefe ou Diretor do policial militar. (Acrescido pela Lei nº 8.974,
ção. de 13 de janeiro de 2020)
§ 11. As despesas decorrentes do presente artigo correrão à § 5º Não sendo possível a manutenção da readaptação, o
conta de dotações orçamentárias próprias de cada Poder, enti- policial militar será reformado, a qualquer tempo, por meio de
dade ou órgão beneficiado pela prestação do serviço, incluindo: avaliação da Junta Policial Militar de Saúde. (Acrescido pela Lei
I- auxílio mensal; nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
II- diárias e transporte;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 6º O policial militar, uma vez readaptado, ficará sujeito à § 4º - São equiparados à cegueira, não só os casos de afec-
reforma, caso incorra em situação de inatividade, prevista nos ções crônicas progressivas e incuráveis, que conduzirão à ce-
incisos I, IV, V e VI deste artigo. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de gueira total, como também, os de visão rudimentar que apenas
13 de janeiro de 2020) permitam a percepção de vultos, não susceptíveis de correção
Art. 106-A. Os policiais militares reformados por incapacida- por lentes, nem removíveis por tratamento médico cirúrgico.
de física definitiva para atividade-fim, no período de até 1 (um) § 5º - São também equiparados às paralisias os casos de
ano anterior à data de publicação desta Lei, poderão requerer a afecção ósteo-músculo- articulares graves e crônicos (reuma-
readaptação. (Acrescido pela Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de tismo grave e crônico ou progressivo) e doenças similares re-
2020) siduais, quer secundárias das funções nervosas, motilidade,
Art. 107 - Anualmente, no mês de fevereiro, o órgão de pes- troficidade ou mais funções, que tornem o indivíduo total ou
soal da Polícia Militar organizará a relação de Policiais Militares permanentemente impossibilitado para qualquer trabalho.
que houverem atingido a idade limite de permanência na reser- § 6º - Considera-se paralisia todo caso de neuropatia grave
va remunerada, a fim de serem reformados. e definitiva que afete a motilidade, sensibilidade, troficidade e
Parágrafo - Único: A situação de inatividade do Policial Mili- demais funções nervosas, no qual, esgotados os meios habituais
tar da reserva remunerada, quando reformado por limite de ida- de tratamento, permaneçam distúrbios graves, extensos e defi-
de, não sofre solução de continuidade, exceto, quanto às condi- nitivos que tornem o indivíduo total e permanentemente impos-
ções de mobilização estabelecidas em legislação específica. sibilitado para qualquer trabalho.
Art. 108 - A incapacidade definitiva pode sobrevir em con- § 7º - Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio
seqüência de: mental ou neuro mental grave persistente, no qual esgotados
I - Ferimento recebido em operações Policiais Militares ou os meios habituais de tratamento (psicoterapia, psicofarmaco-
na manutenção da ordem pública; terapia, eletroconvulsoterapia, etc.) durante um período de 02
II - Enfermidade contraída em operações Policiais Militares (dois) anos contínuos, dos quais 1/4 (um quarto) ou mais sob
ou na manutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa a forma de internamento nosocomial, permaneça alteração
eficiente decorra de uma dessas situações; completa ou considerável da personalidade, destruindo a auto-
III - Acidente em serviço;
determinação do pragmatismo e tornando o indivíduo total e
IV - Doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo
permanentementeimpossibilitado para qualquer trabalho. São
de paz, com relação de causa e efeito às condições inerentes ao
incluídos no conceito de alienação mental os estados mentais
serviço.
graves que se comportem como psicose grave, tais como, a neu-
V - Tuberculose ativa, neoplastia maligna, cegueira, lepra,
rose obsessivo convulsiva.
paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de
São excluídas do conceito de alienação mental as epilepsia
Parkinson , pênfigo, espondilo-artrose anquilosante, nefropatia
não associadas à psicose e os transtornos mentais não psicóti-
grave, alienação mental e outras moléstia que a lei indicar com
cos, tais como, os transtornos neuróticos e da personalidade.
base nas conclusões da medicina especializada;
Art. 109 - O Policial Militar da ativa julgado incapaz defini-
VI - Acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem re-
lação de causa e efeito com o serviço. tivamente por um dos motivos constantes dos incisos I, II, III, IV
§ 1º - Os casos que tratam os incisos I, II, III e IV deste Artigo, e V do artigo anterior será reformado com qualquer tempo de
serão provados por Atestado de Origem, Inquérito Sanitário de serviço.
Origem ou Ficha de Evacuação, sendo os termo do acidente, bai- § 1º - Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos
xa ao hospital, papeleta de tratamento nas enfermarias e hos- nos incisos III, IV e V do artigo 108, quando verificada a inca-
pitais e os registros de baixa utilizados como meios subsidiários pacidade definitiva, for o Policial Militar considerado inválido,
para esclarecer a situação. Prescreve em 01 (um) e 120 (cento isto é, impossibilitado total epermanentemente para qualquer
e vinte) dias respectivamente, o direito de participar o acidente trabalho.
ou requerer a instauração de Inquérito Sanitário de Origem (ISO) § 2º - Considera-se, para efeito deste artigo, grau hierárqui-
§ 2º - Os Policiais Militares julgados incapazes por um dos co imediato:
motivos constantes do item V deste artigo somente poderão ser a) O de 1º Tenente PM/BM para Aspirante a Oficial PM e
reformados após a homologação, por Junta Policial Militar Su- Subtenente PM/BM;
perior de Saúde, da inspeção de saúde que concluiu pela inca- b) O de 2º Tenente PM/BM para 1º Sargento PM/BM, 2º
pacidade definitiva, obedecida a regulamentação específica ou Sargento PM/BM e 3º Sargento PM/BM;
peculiar. c) O de 3º Sargento PM/BM para Cabo PM/BM e as demais
§ 3º - Nos casos de Tuberculose, as Juntas Policiais Militares praças constantes do Quadro a que se refere o artigo 15, deste
de Saúde deverão basear seus julgamentos, obrigatoriamente, Estatuto.
em observações clínicas acompanhadas de repetidos exames § 3º - Aos benefícios previstos neste artigo e seus parágra-
subsidiários, de modo a comprovar, com segurança, a atividade fos, poderão ser acrescidos outros relativos à remuneração, es-
da doença após acompanhar sua evolução até 03 (três) perío- tabelecidos em legislação específica, desde que o Policial Mili-
dos de 06 (seis) meses de tratamento clínico cirúrgico metódico, tar, ao ser reformado, já satisfaça as condições por ela exigida.
atualizado e, sempre que necessário, nosocomial, salvo quando § 4º - O direito do Policial Militar previsto no artigo 52, in-
se tratar de formas “grandemente avançadas” no conceito clíni- ciso II, independerá dos benefícios referidos no “Caput’’ e no §
co e sem qualquer possibilidade de regressão completa, as quais 1º deste artigo.
terão parecer imediato de incapacidade definitiva. O Parecer § 5º - Quando a praça fizer jus ao direito previsto no artigo
definitivo a adotar, nos casos de tuberculose, para os portado- 52, inciso II, e, conjuntamente a um dos benefícios a que se re-
res de lesões aparentemente inativas, ficará condicionado a um fere o parágrafo anterior, aplicar-se-á somente o disposto no §
período de consolidação extranosocomial, nunca inferior a 06 2º deste artigo.
(seis) meses, contados a partir da época da cura.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 110 - O Policial Militar da ativa julgado incapaz definiti- a) - 02 (dois) anos, para cursos ou estágios de duração igual
vamente por um dos motivos constantes do inciso VI do artigo ou superior a 06 (seis) meses.
108, será reformado: b) - 03 (três) anos, para cursos ou estágios de duração igual
a) Com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se ou superior a 06 (seis) meses e igual ou inferior a 18 (dezoito)
Oficial ou praça com estabilidade assegurada; meses:
b) Com remuneração calculada com base no soldo integral c) 05 (cinco) anos, para cursos ou estágios de duração supe-
do posto ou graduação desde que, com qualquer tempo de ser- rior a 18 (dezoito) meses.
viço, seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e § 2º - O cálculo das indenizações a que se refere o inciso II
permanentemente para qualquer trabalho. e o § 1º deste artigo, será efetuado pela Organização Policial
Art. 111 - O Policial Militar reformado por incapacidade fí- Militar encarregada das finanças da Polícia Militar.
sica definitiva eque ainda não atingiu o limite de idade estabe- § 3º - O Oficial demissionário, a pedido, não terá direito a
lecida pelo artigo 103, inciso I, será submetido anualmente a qualquer remuneração, sendo a sua situação militar definida
inspeção de saúde para fins de avaliação de seu estado clínico.
pela Lei do Serviço Militar.
Quando julgado apto, será revertido ao serviço ativo e emprega-
§ 4º - O direito à demissão a pedido pode ser suspenso na
do na atividade meio.
vigência do estado de guerra, calamidade pública, perturbação
Art. 112 - O Policial Militar reformado por alienação men-
da ordem interna, estado de sítio, estado de emergência, em
tal, enquanto não ocorrer a designação judicial do curador, terá
remuneração paga aos seus beneficiários, desde que estes, o caso de mobilização ou ainda, quando a legislação especifica de-
tenham sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispensem tra- terminar.
tamento humano e condigno. Art. 116 - (Revogado pela Lei nº 6.626/04)
§ 1º - A interdição judicial do Policial Militar, reformado por
alienação mental, deverá ser providenciada junto ao Ministério SEÇÃO V
Público, por iniciativa dos beneficiários, parentes ou responsá- DA PERDA DO POSTO A DA PATENTE
veis, até 60 (sessenta) dias a contar da data do ato da reforma.
§ 2º - A interdição judicial do Policial Militar e seu inter- Art. 117 - O Oficial que tiver perdido o posto e a patente,
namento em instituição apropriada, deverão ser providenciada será demitido “ex-offício” sem direito a qualquer remuneração
pela Polícia Militar quando: ou indenização e terá a sua situação militar definida pela Lei do
a) - Não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; Serviço Militar.
b) - Não forem satisfeitas as condições de tratamento exigi- Art. 118 - O Oficial perderá o posto e patente se for decla-
das neste artigo. rado indigno do oficialato, ou com ele incompatível, por decisão
§ 3º - Os processos e os atos de registro de interdição do do Tribunal de Justiça do Estado, em decorrência de julgamento
Policial Militar terão andamento sumário, serão instruídos com a que for submetido.
laudo proferido por Junta Policial Militar de Saúde e isento de Parágrafo - Único: O Oficial declarado indigno do oficialato
custas. ou com ele incompatível, condenado a perda de posto e paten-
Art. 113 - Para fins do previsto na presente seção, as praças te, só poderá readquirir a situação Policial Militar anterior, por
constantes do Quadro a que se refere o artigo 15, são conside- outra sentença do Tribunal mencionado e nas condições nela
radas: estabelecidas.
I - 2º Tenente PM/BM: os Aspirantes a Oficial PM/BM; Art. 119 - Fica sujeito à declaração de indignidade para o
II - Aspirantes a Oficial PM/BM, os alunos da Escola de For- oficialato ou de incompatibilidade com o mesmo, o Oficial que:
mação de Oficiais PM/BM, qualquer que seja o ano; I - For condenado por Tribunal Civil ou Militar à pena restri-
III - 3º Sargento PM/BM: os alunos dos Cursos de Formação tiva de liberdade individual superior a 02 (dois) anos em decor-
de Sargentos PM/BM;
rência de sentença condenatória transitada em julgado;
IV - Cabo PM/BM: os alunos do Curso de Formação de Cabos
II - For condenado por sentença transitada em julgado, por
PM/BM e Soldados PM/BM.
crimes para os quais o Código Penal Militar comina essas penas
acessórias e por crimes previstos na legislação concernente à
SEÇÃO IV
DA DEMISSÃO segurança do Estado;
III - Incidir nos casos previstos em Lei específica que moti-
Art. 114 - A demissão na Polícia Militar, aplicada exclusiva- vam julgamento por Conselho de Justificação e neste for consi-
mente aos oficiais, se efetua: derado culpado;
I - A pedido; IV - Houver perdido a nacionalidade brasileira.
II - ex-offício.
Art. 115 - A demissão a pedido será concedida mediante re- SEÇÃO VI
querimento do interessado: DO LICENCIAMENTO
I - Sem indenização aos cofres públicos, quando contar mais
de cinco (05) anos de oficialato na Polícia Militar; Art. 120 - O licenciamento do serviço ativo, aplicado somen-
II - Com indenização das despesas relativas à sua preparação te às praças, se efetua:
e formação, quando contar menos de cinco (05) anos de oficia- I - A pedido;
lato na Polícia Militar. II - “ex-offício’’
§ 1º - A demissão, a pedido, só será concedida mediante § 1º - O licenciamento a pedido poderá ser concedido às
indenização de todas as despesas correspondentes, acrescidas, praças de acordo com as normas baixadas pelo Comandante Ge-
se for o caso, das previstas no inciso II, quando o oficial tiver ral.
realizado qualquer curso ou estágio no país ou no exterior, e não § 2º - O licenciamento ex-offício será aplicado às praças:
tenha decorrido os seguintes prazos: I - Por conveniência do serviço;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II - A bem da disciplina; SEÇÃO VIII
III - Por conclusão de tempo de serviço. DA DESERÇÃO
§ 3º - O Policial Militar licenciado não tem direito a qualquer
remuneração e terá a sua situação militar definida pela Lei do Art. 126 - A deserção do Policial Militar acarreta uma inter-
Serviço Militar. rupção do serviço Policial Militar, com a conseqüente demissão
§ 4º - O licenciamento ex-offício a bem da disciplina recebe- “ex-offício’’, para o Oficial, ou a exclusão do serviço ativo para o
rá o certificado de isenção do serviço militar, previsto na Lei do Aspirante a Oficial ou praça.
Serviço Militar. § 1º - A demissão do Oficial ou exclusão do Aspirante a Ofi-
Art. 121 - O Aspirante a Oficial PM/BM e as demais praças cial ou da Praça com estabilidade assegurada processar-se-á
empossadas em cargo público permanente, estranho à sua car- após 01 (um) ano de agregação, se não houver captura ou apre-
reira e cuja a função não seja do magistério, serão imediatamen- sentação voluntária antes desse prazo.
te licenciados ex-offício, sem remuneração, e terão a sua situa- § 2º - A Praça sem estabilidade assegurada será automatica-
ção definida pela Lei do Serviço Militar. mente excluída, após oficialmente declarada desertora.
Art. 122 - O direito ao licenciamento a pedido poderá ser § 3º - O Policial Militar desertor que for capturado ou se
suspenso na vigência do estado de guerra, calamidade pública, apresentar voluntariamente, depois de ter sido demitido ou ex-
perturbação da ordem interna, estado do sítio, estado de emer- cluído será reincluído no serviço ativo e a seguir agregado para
gência, em caso de mobilização ou, ainda, quando a legislação se ver processar.
específica regular. § 4º - A reinclusão em definitivo do Policial Militar, de que
SEÇÃO VII trata oparágrafo anterior, dependerá de sentença do Conselho
DA EXCLUSÃO DAS PRAÇAS A BEM DA DISCIPLINA de Justiça.

Art. 123 - A exclusão a bem da disciplina será aplicada ex-of- SEÇÃO IX


fício ao Aspirante a Oficial PM/BM ou às praças com estabilidade DO FALECIMENTO, DO EXTRAVIO E DO REAPARECIMENTO
assegurada:
I - Sobre os quais houver pronunciado tal sentença e Con- Art. 127 - O falecimento do Policial Militar na ativa acarreta,
selho Permanente de Justiça, por haverem sido condenados em automaticamente, a exclusão do serviço ativo e desligamento
sentença transitada em julgado por aquele Conselho ou Tribu- da Organização Policial Militar a que está vinculado, na data da
nal Civil, à pena restritiva da liberdade individual superior a 02 ocorrência do óbito.
(dois) anos ou nos crimes previstos na legislação concernentes à Art. 128 - O extravio do Policial Militar na ativa acarreta in-
segurança do Estado a pena de qualquer duração; terrupção do serviço Policial Militar, com o conseqüente afas-
II - Sobre os quais houver pronunciado tal sentença o Con- tamento temporário do serviço ativo, a partir da data em que o
selho Permanente de Justiça, por haverem perdido a nacionali- mesmo for oficialmente considerado:
dade brasileira; § 1º - A exclusão do serviço ativo será feita 06 (seis) meses
III - Que incidirem em nos casos que motivarem o julgamen- após a agregação por motivo de extravio.
to pelo Conselho de Disciplina, previsto no artigo 51 e, neste, § 2º - Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe, cala-
forem considerados culpados. midade pública ou outros acidentes oficialmente reconhecidos,
Parágrafo - Único: O Aspirante a Oficial PM/BM ou a Praça o extravio ou desaparecimento de Policial Militar da ativa será
com estabilidade assegurada que houver sido excluído a bem considerado como falecimento para fins deste Estatuto tão logo
da disciplina só poderá readquirir a situação Policial Militar an- sejam esgotados os prazos máximos de possível sobrevivência,
terior: ou quando dêem por encerradas as providências do salvamento.
a) Por outra sentença do Conselho Permanente de Justiça e Art. 129 - O reaparecimento de Policial Militar extraviado ou
nas condições nela estabelecidas, se a exclusão for conseqüên- desaparecido, já excluído do serviço ativo, resulta em sua rein-
cia de sentença daquele Conselho; clusão e nova agregação, enquanto se apuraram, as causas que
b) Por decisão do Comandante Geral da Polícia Militar, se a deram origem ao seu afastamento.
exclusão for conseqüência de ter sido julgado culpado em Con- Parágrafo - Único: O Policial Militar reaparecido será sub-
selho de Disciplina. metido a Conselho de Justificação ou a Conselho de Disciplina,
Art. 124 - É da competência do Comandante Geral, o ato de por decisão do Governador do Estado ou do Comandante Geral,
exclusão a bem da disciplina do Aspirante a Oficial PM/BM, bem respectivamente, se assim for julgado necessário.
como, das praças com estabilidade assegurada.
Art. 125 - A exclusão da praça a bem da disciplina, acarreta a CAPITULO III
perda de seu grau hierárquico e não a isenta da indenização dos DO TEMPO DE SERVIÇO
prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das
pensões decorrentes de sentença judicial. Art. 130 - Os Policiais Militares começam a contar tempo de
Parágrafo - Único: - A praça excluída a bem da disciplina não serviço na Polícia Militar a partir da data de sua inclusão, ma-
terá direito a qualquer indenização ou remuneração e a sua situ- trícula em órgãos de formação do Policial Militar ou nomeação
ação militar será definida pela Lei do Serviço Militar. para posto ou graduação na Polícia Militar.
§ 1º - Considera-se como data de inclusão, para fins deste
artigo, a do ato de inclusão em uma Organização Policial Militar;
e de matrícula em qualquer órgão de formação de Oficiais
ou de Praças ou de apresentação para o serviço, em caso de
nomeação.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - O Policial Militar reincluído recomeça a contar tempo § 3º - O disposto no inciso III deste artigo aplicar-se-á nas
de serviço na data de sua reinclusão. mesmas condições e na forma da legislação específica, aos pos-
§ 3º - Quando, por motivo de força maior oficialmente re- suidores do curso universitário, reconhecido oficialmente que
conhecido, decorrente de incêndio, inundação, sinistro aéreo e venham a ser aproveitados como Oficiais da Polícia Militar, des-
outras calamidades, faltarem dados para a contagem de tempo de que esse curso seja requisito para seu aproveitamento.
de serviço, caberá ao Comandante Geral arbitrar o tempo a ser § 4º - Não é computáveis para efeito algum, o tempo;
computado para cada caso particular, de acordo com os elemen- I - Que ultrapassar de 01 (um) ano, contínuo ou não em li-
tos disponíveis. cença para tratamento de saúde de pessoa da família;
§ 4º - Os períodos de tempo de serviço, prestados pelas pra- II - Passado em licença para tratar de interesse particular;
ças, serão estabelecidos em normas baixadas pelo Comandante III - Passado como desertor;
Geral. IV - Decorrido em cumprimento de pena de suspensão do
Art. 131 - Na apuração de tempo de serviço do Policial Mili- exercício do posto, graduação, cargo ou função por sentença
tar, será feita a distinção entre: transitada em julgado;
I - Tempo de efetivo serviço; V - Decorrido em cumprimento de pena restritiva da liber-
II - Anos de serviços. dade, por sentença transitada em julgado, desde que não tenha
Art. 132 - Tempo de efetivo serviço é o espaço de tempo sido concedida suspensão condicional da pena, quando, então,
computado dia a dia entre a data de inclusão e a data limite es- o tempo que exceder ao período da pena será computado para
tabelecida para a contagem ou a data do desligamento em con- todos os efeitos, caso as condições estipuladas na sentença não
seqüência da exclusão do serviço ativo, mesmo que tal espaço o impeçam.
de tempo seja parcelado. Art. 134. O tempo em que o policial militar da ativa pas-
§ 1º - Será computado tempo de efetivo serviço: sou ou vier a passar afastado do exercício de suas funções, em
I - O tempo de serviço prestado nas Forças Armadas ou em consequência de ferimentos recebidos em acidente quando em
outras Polícias Militares, e, serviço na manutenção da ordem pública e em operações poli-
II - O tempo passado dia a dia nas Organizações Policiais Mi- ciaismilitares, ou de moléstia adquirida no exercício de qualquer
litares, pelo Policial Militar da reserva da Corporação, convoca- função policial-militar, será computado como se ele o tivesse
do para o exercício de funções Policiais Militares. passado no exercício efetivo daquelas funções. (Alterado pela
§ 2º - Não serão reduzidos do tempo de efetivo serviço, Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
além dos afastamento previstos no artigo 68, os períodos em Parágrafo único. O cômputo do tempo previsto no caput
deste artigo se encerra no momento da transferência do policial
que o Policial Militar estiver afastado do exercício de suas fun-
militar para a reforma ou reserva remunerada. (Acrescido pela
ções, em gozo de licença especial.
Lei nº 8.974, de 13 de janeiro de 2020)
§ 3º - Ao tempo de efetivo serviço, de que tratam este artigo
Art. 135 - O tempo de serviço dos Policiais Militares bene-
e seus parágrafos, apurados e totalizados em dias, será aplicado
ficiados por anistia, será contado como estabelecer o ato legal
o divisor 365 (trezentos e sessenta e cinco) para a correspon-
que a conceder.
dente obtenção dos anos de efetivo serviço.
Art. 136 - Uma vez computado o tempo de efetivo serviço e
Art. 133 - “Anos de Serviço” é a expressão que designa o
seus acréscimos, previstos nos artigos 133 e 134, e no momento
tempo de efetivo serviço a que se refere o artigo 133 e seus
da passagem do Policial Militar à situação de inatividade, pelos
parágrafos, com os seguintes acréscimos:
incisos I, II, III, IV e V do artigo 103 e nos incisos II e III do artigo
I - Tempo de serviço público federal, estadual ou municipal, 106 a fração de tempo igual ou superior a 180 (cento e oitenta)
prestado pelo Policial Militar, anteriormente à sua inclusão, ma- dias será considerado como um (01) ano para efeitos legais.
trícula, nomeação ou reinclusão na Polícia Militar; Art. 137 - O tempo de serviço prestado a antiga Guarda Civil
II - Tempo de serviço de atividade privada na forma da legis- do Estado pelos Oficiais e praças da Polícia Militar, aproveitados
lação específica. nos termos do Decreto Lei n 188, de 24 de março de 1970, é
III - 01 (um) ano para cada 05 (cinco) anos de tempo de efe- computada como tempo de efetivo serviço para fins do artigo
tivo serviço prestado pelo Oficial do Quadro de Saúde que pos- 133 deste Estatuto.
suir curso universitário, até que este acréscimo complete o total Art. 138 - A data limite estabelecida para final de contagem
de anos de duração normal correspondente ao referido curso dos anos de serviço, para inatividade, será a do desligamento
sem superposição a qualquer tempo de serviço Policial Militar em conseqüência da exclusão do serviço ativo.
público ou de atividade privada, eventualmente prestado duran- Parágrafo - Único: A data limite não poderá exceder de 45
te a realização deste mesmo curso; (quarenta e cinco) dias, dos quais o máximo de 15 (quinze) dias
IV - Tempo relativo a cada licença especial não gozada, con- no órgão encarregado de efetivar a transferência, da data da pu-
tando em dobro; blicação do ato de transferência para a reserva remunerada da
V - Tempo relativo a férias não gozadas, contando em dobro; Polícia Militar ou reforma, Órgão oficial do Governo do Estado
§ 1º - O acréscimo a que se refere o inciso I deste artigo, só do Pará ou em Boletim da Organização Policial Militar conside-
será computada no momento da passagem do Policial Militar à rada sempre a primeira publicação oficial.
situação de inatividade e para esse fim. Art. 139 - Na contagem dos anos de serviço não poderá ser
§ 2º - Os acréscimo a que se referem os incisos II, III, IV e V computada qualquer superposição do tempo de serviço públi-
deste artigo, serão computados somente no momento da passa- co (federal, estadual ou municipal e da administração indireta)
gem do Policial Militar à situação de inatividade e, nessa situa- entre si, nem com os acréscimos de tempo para os Oficiais do
ção, para todos os efeitos legais, inclusive quanto à percepção Quadro de Saúde possuidores do curso universitário, e nem com
definitiva da gratificação de tempo de serviço. otempo de serviço computável após a inclusão em Organização
Policial Militar, matrícula em órgão de Formação Policial Militar
ou nomeação para posto ou graduação na Polícia Militar.

19
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPITULO IV Parágrafo - Único: Excetuam-se as prescrições deste artigo
DO CASAMENTO as associações, clubes, círculos e outras entidades que se desti-
nem exclusivamente a promover intercâmbio social e assistên-
Art. 140 - O Policial Militar pode contrair matrimônio, desde cial entre os Policiais Militares e seus familiares e entre esses e
que observada a legislação civil específica. a sociedade civil local.
§ 1º - É vedado o casamento às praças especiais, com qual- Art. 150 - Às praças que concluírem o tempo de serviço a
quer idade enquanto estiverem sujeitas aos regulamentos dos que estiverem obrigadas poderá, desde que requeiram, ser
Órgãos de Formação de Oficiais. concedida prorrogação desse tempo uma ou mais vezes, como
§ 2º - O casamento de Policial Militar com estrangeiro (a) engajados ou reengajados, segundo as conveniências da Corpo-
somente poderá ser realizado após a autorização do Comandan- ração e de acordo com a legislação peculiar. Parágrafo - Único:
te Geral; O tempo de serviço Policial Militar inicial, de engajamento e de
Art. 141 - As Praças Especiais que contraírem matrimônio reengajamento, será de 02 (dois) anos.
em desacordo com o § 1º do artigo anterior, serão excluídas sem Art. 151 - Aplicam-se à Polícia Militar, no que couber, o Re-
direito a qualquer remuneração ou indenização. gulamento Interno e dos Serviços Gerais (R/1), o Regulamento
de Continência, Honras e Sinais de Respeito das Forças Armadas
CAPITULO V (R/2), e o Regulamento de Correspondência (R/8).
DAS RECOMPENSAS E DAS DISPENSAS DO SERVIÇO Art. 152 - O cônjuge do Policial Militar, sendo servidor esta-
dual, será, se o requer, removido ou designado para a sede do
Art. 142 - As recompensas constituem reconhecimento dos município onde servir o Policial Militar, sem prejuízo de qual-
bons serviços prestados pelos Policiais Militares. quer dos seus direitos, passando, se necessário à condição de
§ 1º - São recompensas Policiais Militares: adido ou posto à disposição de qualquer Órgão de serviço pú-
I - Prêmios de honra ao mérito; blico estadual.
II - Condecorações; Art. 153 - Quando, por necessidade do serviço , o Policial
III - Elogios; Militar mudar a sede de seu domicílio, terá assegurado o direito
IV - Dispensa do Serviço. de transferência e matrícula, para si e seus dependentes, para
§ 2º - As recompensas serão concedidas de acordo com as qualquer estabelecimento de ensino do Estado, independente
normas estabelecidas na legislação em vigor. de vaga e em qualquer grau.
Art. 143 - As dispensas do serviço são autorizações concedi- Art. 154 - O Coronel PM que tenha exercido o Cargo de Co-
das aos Policiais Militares para afastamento total do serviço em mandante Geral da Polícia Militar, por tempo superior a 06 (seis)
caráter temporário. meses, nomeado pelo Governador do Estado, fica assegurado,
Art. 144 - As dispensas de serviço podem ser concedidas aos ao ser transferido para a reserva, o direito de ter os proventos
Policiais Militares: de inatividade, fixados com a incorporação das vantagens gerais
I - Como recompensa; e especiais, bem como, todas as indenizações que a qualquer
II - Para desconto em férias; título caibam ao referido cargo.
III - Em decorrência de prescrição médica. Art. 155 - Os vencimentos e vantagens do pessoal em servi-
Parágrafo - Único: As dispensas do serviço serão concedidas ço ativo ou na inatividade, ficam sujeitos às limitações do artigo
com a remuneração integral e computadas como tempo de efe- 24 do Decreto Lei Federal n.º 667, de 02 de julho de 1969.
tivo serviço. Art. 156 - Não se aplicam as disposições deste Estatuto ao
pessoal civil em serviço na Polícia Militar.
TÍTULO V Art.157 - O período de permanência do Oficial em Cargo de
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS Comando de Organização da Polícia Militar, operacional e do
Serviço de Saúde, tem a duração de 02 (dois) anos, podendo ser
Art. 145 - A assistência religiosa aos Policiais Militares é re- prorrogado por mais 01 (um) ano, a critério do Comandante Ge-
gulada em legislação específica. ral e desde que a prorrogação seja exclusivamente, do interesse
Art. 146 - Ao Policial Militar já na situação de inatividade re- da Corporação.
munerada, que venha a ser julgado pela Junta Policial Militar de Art. 158 - A ex-praça, que se encontrava hospitalizada ou
Saúde, inválido, impossibilitado, total e permanentemente para em tratamento de saúde à época do licenciamento ou exclusão
qualquer trabalho, ainda que sem relação de causa e efeito com do serviço ativo, terá direito a assistência médica hospitalar por
o exercício de suas funções enquanto esteve na ativa, fará jus ao conta do Estado até sua alta médica.
auxílio invalidez. Art. 159 - As disposições deste Estatuto não retroagem para
Art. 147 - O Policial Militar que em inspeção de saúde for jul- alcançar situações definidas anteriormente à data de sua vigên-
gado incapaz para o serviço Policial Militar e vier a falecer antes cia.
da efetivação de sua reforma, será considerado reformado, para Art. 160 - Após a vigência do presente Estatuto, serão a ele
todos os efeitos legais, a contar da data de óbito. ajustados todos os dispositivos legais e regulamentares que com
Art. 148 - Ao Policial Militar (Feminino), integrantes dos ele tenham pertinência.
Quadros Orgânicos da Polícia Militar, aplicar-se-ão, na íntegra, Art. 161 - O presente Estatuto entrará em vigor na data de
os dispositivos deste Estatuto, resguardados os direitos especí- sua publicação, ficando revogada a Lei n 4.525, de 09 de julho de
ficos da mulher, regulados por legislação específica ou peculiar: 1974 e demais disposições em contrário.
Art. 149 - É vedado o uso, por parte de Organização Civil, de
designações que possam sugerir sua vinculação à Polícia Militar.

20
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2° Na ocorrência de mais de 1 (um) curso será atribuída
LEI Nº 9.387 DE 16 DEZ 2021 somente a gratifi cação de maior valor percentual.
§ 3° A Gratifi cação de Habilitação Militar é devida a partir
LEI N° 9.387, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2021 da data de conclusão do respectivo curso.

Altera a Lei Estadual n° 4.491, de 28 de novembro de 1973, SEÇÃO IV


que institui novos valores de remuneração dos Policiais Milita- DA GRATIFI CAÇÃO DE SERVIÇO ATIVO
res; a Lei Estadual n° 5.162-A, de 16 de outubro de 1984, que
dispõe sobre o ingresso e promoções nos Quadros de Ofi ciais Art. 22-A. A Gratifi cação de Serviço Ativo é devida ao poli-
de Administração (QOA) e de Ofi cial Especialista (QOE); a Lei cial militar no efetivo desempenho de suas obrigações no per-
Estadual n° 5.251, de 31 de julho de 1985, que dispõe sobre o centual de 30% (trinta por cento).
Estatuto dos Policiais Militares da Polícia Militar do Estado do Art. 27-A. Para efeito de percepção pelo policial militar da
Pará e dá outras providências; a Lei Estadual n° 6.564, de 1° de Gratifi cação de Localidade Especial, as regiões ou localidades do
agosto de 2003, que dispõe sobre a estruturação do Instituto de Estado consideradas inóspitas ou hostis serão classifi cadas em
Gestão Previdenciária do Estado do Pará (IGEPREV), e dá outras 3 (três) categorias denominadas “A”, “B” e “C”, às quais corres-
providências; a Lei Estadual n° 6.626, de 3 de fevereiro de 2004, ponderão, respectivamente, os percentuais de 40% (quarenta
que dispõe sobre o ingresso na Polícia Militar do Pará (PMPA) e por cento), 30% (trinta por cento) e 20% (vinte por cento) do va-
dá outras providências; a Lei Estadual n° 6.833, de 13 de feverei- lor do soldo referente ao posto ou graduação do policial militar,
ro de 2006, que institui o Código de Ética e Disciplina da Polícia de acordo com o Anexo Único desta Lei.
Militar do Pará (PMPA); a Lei Estadual n° 8.230, de 13 de julho de
2015, que dispõe sobre a promoção dos praças da Polícia Militar SEÇÃO VI
do Pará (PMPA); e a Lei Estadual n° 8.388, de 22 de setembro DA GRATIFI CAÇÃO DE RISCO DE VIDA
de 2016, que dispõe sobre a promoção dos Ofi ciais da Polícia
Militar do Pará (PMPA) e dá outras providências; e dá outras Art. 29-A. A Gratifi cação de Risco de Vida, prevista no inciso
II do caput do art. 48 da Constituição do Estado do Pará, corres-
providências. A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ,
ponderá a 100% (cem por cento) do valor do soldo.
estatui e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1° A Lei Estadual n° 4.491, de 28 de novembro de 1973,
SEÇÃO VII
passa a vigorar com a seguinte redação:
DA GRATIFI CAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO POR GRADUAÇÃO
“Art. 1° Esta Lei regula a remuneração dos policiais milita-
res e compreende vencimentos e indenizações, e dispõe ainda
Art. 29-B. A Gratifi cação de Representação por Graduação
sobre outros direitos.
será devida ao policial militar em razão do seu grau hierárquico,
Art. 13.
posto, graduação e condição, nos percentuais a seguir:
I - Gratifi cação de Tempo de Serviço;
a) Comandante-Geral: 80% (oitenta por cento) do soldo;
II - Gratifi cação de Habilitação Militar; b) Ofi cial Superior: 60% (sessenta por cento) do soldo;
III - Gratifi cação de Serviço Ativo; c) Ofi cial Intermediário: 50% (cinquenta por cento) do sol-
IV - Gratifi cação de Localidade Especial; do;
V - Gratifi cação de Risco de Vida; d) Ofi cial Subalterno: 45% (quarenta e cinco por cento) do
VI - Gratifi cação de Representação por Graduação; e soldo;
VII - Gratifi cação de Tropa. e) Aspirante a Ofi cial: 40% (quarenta por cento) do soldo;
f) Subtenente e Sargento: 35% (trinta e cinco por cento) do
SEÇÃO III soldo;
DA GRATIFI CAÇÃO DE HABILITAÇÃO MILITAR g) Aluno Ofi cial e integrantes da Banda de Música: 30%
(trinta por cento) do soldo;
Art. 21-A. A Gratifi cação de Habilitação Militar é devida ao h) Cabos e Soldados: 30% (trinta por cento) do soldo.
policial militar pelos cursos realizados, com aproveitamento,
nos postos e graduações, com os percentuais a seguir fi xados SEÇÃO VIII
em relação ao soldo: DA GRATIFI CAÇÃO DE TROPA
a) 50% (cinquenta por cento): Curso Superior de Polícia ou
equivalente; Art. 29-C. A Gratifi cação de Tropa é devida ao policial mi-
b) 40% (quarenta por cento): Curso de Aperfeiçoamento de litar que serve em organização policial-militar ou em função de
Ofi ciais, de Sargentos ou equivalentes e Curso de Habilitação natureza policial-militar, fi xada no percentual de 10% (dez por
de Ofi ciais; cento) do valor do soldo do respectivo posto ou graduação.
c) 30% (trinta por cento): Curso de Extensão de Ofi ciais e Art. 40.
de Praças, Curso de pós-graduação lato sensu e stricto sensu ou I - ao valor correspondente ao soldo do posto ou graduação
equivalentes; ou quando não possuir dependente, na forma da lei; ou
d) 20% (vinte por cento): Curso de Formação de Ofi ciais, II - a duas vezes o valor do soldo do posto ou graduação
Curso de Adaptação de Ofi ciais, Curso de Adaptação à Gradua- quando possuir dependente expressamente declarado, na for-
ção de 3° Sargento e Curso de Formação de Praças. ma da lei, que efetivamente o acompanhar ao novo domicílio.
§ 1° Somente serão considerados, para efeito de Habilitação Art. 46. Para efeito de concessão de transporte, conside-
Militar, os cursos de extensão com duração igual ou superior a 5 ram-se dependentes do policial militar aqueles de que trata a
(cinco) meses, realizados no País ou no Exterior. Lei Complementar que instituiu o Sistema de Proteção Social dos
Militares do Estado do Pará.

21
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 53. III - até 30% (trinta por cento) para os demais não enqua-
I - 30% (trinta por cento) do valor do soldo do posto ou gra- drados nos I e
duação, quando o policial militar possuir dependente, na forma II do caput deste artigo.
da lei; ou Art. 110. Em nenhuma hipótese o consignante poderá re-
II - 10% (dez por cento) do valor do soldo do posto ou gradu- ceber em folha de pagamento a quantia líquida inferior a 30%
ação, quando o policial militar não possuir dependente. (trinta por cento) da defi nição estabelecida no art. 106, mesmo
Art. 56. Salário-Família é o auxílio em dinheiro pago ao poli- nos casos de suspensão do pagamento das gratifi cações.
cial militar para custear, em parte, a educação e a assistência de Art. 111. .
seus dependentes, na forma da lei § 1° A importância devida ao Estado do Pará ou a título de
Art. 105. Descontos em folha é o abatimento que, na forma pensão alimentícia, superveniente à averbação já existente, será
deste Título, pode o militar sofrer em uma fração de vencimen- obrigatoriamente descontada dentro dos limites estabelecidos
tos para cumprimento de obrigações assumidas ou impostas em nos arts. 109 e 110.
virtude de Lei ou Regulamento. Art. 112. O desconto originado de crime previsto no Código
Art. 106. Para os efeitos de descontos do militar em folha de Penal Militar não impede que, por decisão judicial, a autoridade
pagamento, é considerado soldo, acrescido das vantagens pecu- competente proceda a buscas, apreensões legais, confi sco de
niárias permanentes estabelecidas em lei, excluídas: bens e sequestros no sentido de abreviar o prazo de indenização
I - as diárias para viagens; ao Estado do Pará.
II - a ajuda de custo em razão de mudança de sede; Art. 113. A dívida para com o Estado do Pará no caso de
III - a indenização de transporte; policial militar que é desligado da ativa será obrigatoriamente
IV - o salário-família; cobrada, de preferência, por meios amigáveis e, na impossibili-
V - o auxílio-alimentação; dade destes, por cobrança, mediante a prévia inscrição em Dí-
VI - o auxílio-fardamento; vida Ativa.
VII - o auxílio-transporte; Art. 114. Podem ser consignantes: Ofi cial PM, o Aspirante
VIII - a jornada operacional; e a Ofi cial PM, o Subtenente PM, o Sargento PM, o Cabo PM e o
IX - a parcela percebida em decorrência do exercício de car- Soldado PM com mais de 5 (cinco) anos de serviço, da ativa.
go em comissão ou função de confi ança. Art. 121. Os vencimentos devidos ao militar falecido serão
Art. 107. calculados até o dia do óbito, inclusive, e pagos aos dependen-
I - contribuição para: tes habilitados, na forma da lei.
a) o custeio da inatividade e pensão militar previstas no Sis-
tema de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará; e LEI COMPLEMENTAR 142 DE 16 DE DEZEMBRO 2021
b) o Estado do Pará, quando fi xado em lei; (INSTITUI O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS
II - indenizações: MILITARES DO ESTADO DO PARÁ)
a) o Estado do Pará, em decorrência de dívida; e
b) pela ocupação de próprio estadual; e
III - consignações para: LEI COMPLEMENTAR N° 142, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2021
a) o pagamento da mensalidade social, a favor de entidades
consideradas consignatárias, estabelecidas na forma do art. 115; Institui o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado
b) o cumprimento de sentença judicial para pensão alimen- do Pará; altera e revoga dispositivos da Lei Complementar Esta-
tícia; dual n° 039, de 09 de janeiro de 2002; revoga dispositivos da Lei
c) a assistência prevista no Sistema de Proteção Social dos Estadual n° 4.491, de 28 de novembro de 1973, da Lei Estadual
Militares do Estado do Pará; n° 5.162-A, de 16 de outubro de 1984 e da Lei Estadual n° 5.251,
d) o pagamento da indenização prevista no art. 54; de 31 de julho de 1985.
e) o pagamento de aluguel de casa para residência do con- A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ, estatui e
signante; e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
f) outros fi ns do interesse da Corporação militar e determi-
nadas por ato do Comandante-Geral. TÍTULO I
Art. 108. DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILITARES DO
I - obrigatórios, nos casos dos incisos I e II e alíneas “b” e “d” ESTADO DO PARÁ
do caput do art. 107; e os constantes dos itens 1 e 2, letra “b” do
item 3 do artigo anterior; ou Art. 1° Esta Lei Complementar cria o Sistema de Proteção
II - autorizados, quanto aos demais descontos mencionados Social dos Militares do Estado Pará, ao qual estão sujeitos os Po-
no inciso III do caput art. 107. liciais Militares e Bombeiros Militares do Estado do Pará, ativos,
Parágrafo único. O Comandante-Geral regulamentará os inativos e seus pensionistas, estabelecido pelos arts. 24-A a 24-J
descontos previstos no inciso II do caput deste artigo. do Decreto-Lei n° 667, de 02 de julho de 1969, regulamentan-
Art. 109. Para os descontos em folha, a que se refere o Ca- do o inciso XXI do art. 22 da Constituição Federal, com redação
pítulo I deste dada pela Emenda Constitucional n° 103, de 12 de novembro de
Título, são estabelecidos os seguintes limites, observada a 2019.
defi nição prevista no art. 106: Parágrafo único. O regime jurídico dos militares temporá-
I - quando determinados por lei ou regulamento, quantia rios será regulado em lei.
estipulada nesses atos; Art. 2° O Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado
II - 70% (setenta por cento) para os descontos previstos nas Pará é o conjunto integrado de direitos, serviços e ações perma-
alíneas “b”, “c” e “d” do inciso III do caput art. 107; e nentes e interativos, de remuneração, pensão militar, saúde e

22
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
assistência, de caráter retributivo, nos termos desta Lei Comple- CAPÍTULO II
mentar e das regulamentações específicas e de acordo com as DAS CONTRIBUIÇÕES
seguintes finalidades:
I- proporcionar benefício de inatividade ao militar e de pen- Art. 6° As contribuições ao Sistema de Proteção Social dos
são militar para os beneficiários previstos nesta Lei Complemen- Militares do Estado do Pará para custeio da assistência aos mili-
tar; tares, da ativa e na inatividade, e a seus dependentes são:
II - garantir o pagamento da remuneração da inatividade de- I - contribuição do militar para o Fundo de Assistência Social
corrente de ato de concessão praticado pelas autoridades com- da Polícia Militar (FASPM);
petentes; II - contribuição do militar por cada dependente cadastrado
III - dar cobertura aos eventos de incapacidade definitiva no Fundo de Assistência Social da Polícia Militar (FASPM);
para o serviço ativo, invalidez, morte e idade avançada; e III - contribuição do militar para o Fundo de Saúde da Polícia
IV - suprir as necessidades de saúde e assistência aos milita- Militar (FUNSAU);
res estaduais e seus dependentes. IV - adicional da contribuição do militar por cada dependen-
Parágrafo único. São princípios básicos do Sistema de Prote- te cadastrado no Fundo de Saúde da Polícia Militar (FUNSAU); e
ção Social dos Militares do Estado Pará: V - contribuição do Tesouro Estadual, na forma do regula-
I - custeio dos benefícios de inatividade e pensão militar me- mento.
diante contribuições obrigatórias dos militares estaduais, ativos Parágrafo único. Os Fundos de que trata os incisos do caput
e inativos, e dos pensionistas; e deste artigo são destinados aos policiais e bombeiros militares
II - cobertura de eventuais insuficiências financeiras decor- do Estado do Pará.
rentes do pagamento da remuneração da inatividade e da pen- Art. 7° A contribuição mensal do militar para Fundo de Assis-
são militar, sem natureza contributiva, pelo Tesouro Estadual. tência Social da Polícia Militar (FASPM) corresponde a 2% (dois
por cento) do soldo do militar.
TÍTULO II Parágrafo único. O gozo dos benefícios instituídos com re-
DA ASSISTÊNCIA AOS MILITARES E A SEUS DEPENDENTES cursos do Fundo de Assistência Social da Polícia Militar (FASPM)
CAPÍTULO I é exclusivo do militar que for contribuinte, excetuando-se as
DISPOSIÇÕES GERAIS ações de responsabilidade do Estado.
Art. 8° A assistência aos dependentes do militar fica condi-
Art. 3° O Estado proporcionará assistência ao militar e aos cionada a contribuição para o Fundo de Assistência Social da Po-
seus dependentes, de acordo com as normas estabelecidas no lícia Militar (FASPM), de acordo com os seguintes percentuais:
presente Título. I- 2% (dois por cento) do soldo do militar para os depen-
Art. 4° São considerados dependentes do militar, desde que dentes previstos nos incisos I e II do caput do art. 4° desta Lei
assim declarados por ele na organização militar competente: Complementar; e
I - o cônjuge ou o companheiro com quem viva em união II- 1% (um por cento) do soldo do militar para cada depen-
estável, na constância do vínculo; e dente previsto no §1° do art. 4° desta Lei Complementar.
II - o filho ou o enteado: Art. 9° Para a constituição do Fundo de Saúde da Polícia
a) menor de 21 (vinte e um) anos de idade; ou Militar (FUNSAU), visando, especialmente à cobertura da assis-
b) inválido. tência aos dependentes, cada militar contribuirá com valores a
§1° Podem, ainda, ser considerados dependentes do militar, serem estabelecidos pelo Conselho de Administração do referi-
desde que não recebam rendimentos e sejam declarados por ele do Fundo, acrescido de dotações orçamentárias provenientes do
na organização militar competente: Tesouro Estadual.
I - o filho ou o enteado estudante menor de 24 (vinte e qua- Parágrafo único. Para cada um dos dependentes que vier a
tro) anos de idade; ser cadastrado no Fundo de Saúde da Polícia Militar (FUNSAU), o
II - o pai e a mãe; e militar pagará um adicional da sua contribuição, cujo valor será
III - o tutelado ou o curatelado inválido ou menor de 18 (de- estabelecido pelo Conselho de Administração.
zoito) anos de idade que viva sob a sua guarda por decisão ju- Art. 10. O militar ao ser transferido para a inatividade so-
dicial. mente será excluído como contribuinte do Fundo de Assistência
§2° A condição de dependente pode subsistir após a morte Social da Polícia Militar (FASPM) e/ou do Fundo de Saúde da Po-
do militar, desde que aquele seja beneficiário de pensão militar. lícia Militar (FUNSAU) se assim o requerer por escrito.
Art. 5° A inscrição dos dependentes mencionados na alínea §1° Caso a exclusão não seja requerida na forma do caput
“b” do inciso II do caput do art. 4° e nos incisos I, II e deste artigo, o militar continuará contribuindo automaticamen-
III do parágrafo único do art. 4° desta Lei Complementar de- te, resguardando, portanto, manifestação inicial materializada
pende de comprovação dos requisitos especificados em relação no requerimento de inclusão nos respectivos fundos.
a cada classe, devendo se fazer acompanhar dos documentos §2° Havendo descontinuidade do desconto da contribuição,
exigidos por regulamento. dada a mudança do órgão pagador, o militar continuará cober-
Parágrafo único. A comprovação da união estável é impres- to pelos atendimentos do Fundo de Assistência Social da Polícia
cindível para efeito de inscrição como beneficiário da assistên- Militar (FASPM) e/ou do Fundo de Saúde da Polícia Militar (FUN-
cia, na forma do regulamento. SAU) até que o desconto se regularize.
§3° Todas as mensalidades não recolhidas por conta da des-
continuidade referida no § 2° deste artigo, serão lançadas ime-
diatamente após a regularização.

23
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO III III - decorrido o prazo fixado no inciso I deste parágrafo, sem
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL reclamação do auxílio-funeral por quem o haja custeado, será
o mesmo pago aos beneficiários habilitados à pensão militar,
Art. 11. As ações prioritárias da assistência social aos milita- mediante petição à autoridade competente, no prazo de até 5
res e seus dependentes destinam-se ao atendimento de progra- (cinco) anos a contar da data do óbito do militar.
mas de assistência à educação, ao lazer, à habitação e ao fune- Art. 16. Fica autorizada a aquisição de coroa de flores às
ral, na forma do regulamento. expensas do Estado, com a finalidade de prestar homenagem
Parágrafo único. O regulamento poderá prever ações com- póstuma aos militares falecidos fora de serviço, desde que con-
plementares às ações prioritárias previstas no caput deste ar- tribuintes do Fundo de Assistência Social da Polícia Militar (FAS-
tigo, com vistas a oferecer outros benefícios assistenciais aos PM).
contribuintes do Fundo de Assistência Social da Polícia Militar Art. 17. O Estado poderá pagar auxílio-funeral no valor de 2
(FASPM). (dois) salários mínimos vigentes no país ao militar na hipótese
Art. 12. As despesas decorrentes dos serviços de assistência de falecimento de dependente que seja contribuinte do Fundo
social prestados aos militares e seus dependentes serão provi- de Assistência Social da Polícia Militar (FASPM), na forma do re-
das pelo Fundo de Assistência Social da Polícia Militar (FASPM), gulamento.
cujos recursos são provenientes do Tesouro Estadual, de contri-
buições dos militares, de transferências federais e de convênios CAPÍTULO IV
e serão alocados no Orçamento Geral do Estado, em unidade DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
orçamentária criada especificamente para esse fim.
Parágrafo único. O montante dos recursos do Tesouro Esta- Art. 18. O Estado proporcionará aos militares e seus depen-
dual que constituírem receita do Fundo de Assistência Social da dentes assistência à saúde, assim entendida como conjunto de
Polícia Militar (FASPM), será definido pela lei orçamentária de atividades relacionadas com a conservação ou recuperação da
cada exercício. saúde, abrangendo serviços profissionais de saúde, bem como o
fornecimento, a aplicação de meios, os cuidados e demais atos
SEÇÃO ÚNICA médicos e paramédicos necessários, por meio das organizações
DO FUNERAL dos serviços de saúde da Polícia Militar do Pará e Corpo de Bom-
beiros Militar do Pará e das organizações de saúde do Estado, na
Art. 13. O Estado assegurará, independentemente de con- forma do regulamento.
tribuição, serviço de assistência funeral ao militar falecido por Parágrafo único. Nas localidades onde não houver organiza-
meio de recurso alocado no orçamento do Fundo de Assistência ção de saúde do Estado, ou quando a complexidade do caso exi-
Social da Polícia Militar (FASPM). gir, os militares poderão ser internados ou realizar o tratamento
Parágrafo único. A assistência funeral constitui-se no con- necessário em organizações de saúde particulares, na forma do
junto de medidas adotadas pelo Estado, quando solicitado, des- regulamento.
de o óbito até o sepultamento condigno do militar. Art. 19. O militar da ativa, quando acidentado em serviço ou
Art. 14. O militar falecido em serviço terá todas as despesas portador de doença decorrente ou adquirida em serviço, terá
com os serviços funerários custeadas integralmente pelo Esta- tratamento e hospitalização totalmente custeados pelo Estado.
do, inclusive as referentes ao traslado do local do óbito para o Parágrafo único. O militar da ativa ou na inatividade não en-
local de sepultamento e as decorrentes da necessidade de urna quadrado no caput deste artigo terá tratamento e hospitaliza-
e serviços especiais. ção custeados pelo Estado, na forma do regulamento.
Art. 15. O Estado pagará, por meio do Fundo de Assistência Art. 20. As despesas decorrentes dos serviços de assistência
Social da Polícia Militar (FASPM), um auxíliofuneral correspon- à saúde prestados aos militares e seus dependentes serão pro-
dente a 2 (dois) soldos do posto de Capitão, quando o militar vidas pelo Fundo de Saúde da Polícia Militar (FUNSAU), cujos re-
falecer fora de serviço. cursos são provenientes do Tesouro Estadual, de contribuições
§1° Na hipótese do caput deste artigo, os dependentes do dos militares, de transferências federais e de convênios e serão
militar falecido poderão optar, mediante formulário próprio, alocados no Orçamento Geral do Estado, em unidade orçamen-
pela prestação do serviço de assistência funeral até o valor li- tária criada especificamente para esse fim.
mite estabelecido, a ser realizada por empresa contratada pelo Parágrafo único. O montante dos recursos do Tesouro Es-
Fundo de Assistência Social da Polícia Militar (FASPM). tadual que constituírem receita do Fundo de Saúde da Polícia
§2° Caso não seja realizada a opção referida no § 1° deste Militar (FUNSAU), será definido pela lei orçamentária de cada
artigo, devem ser observadas as seguintes providências para a exercício.
concessão do auxílio-funeral: Art. 21. O militar contribuinte do Fundo de Saúde da Polícia
I - após o sepultamento do militar, deverá a pessoa que o Militar (FUNSAU), ficará isento de qualquer indenização pelas
custeou, mediante a apresentação do atestado de óbito, soli- despesas decorrentes da assistência à saúde prevista neste Ca-
citar o reembolso da despesa, comprovando-a com recibos em pítulo.
seu nome, dentro de 30 (trinta) dias, sendo-lhe, em seguida, re-
conhecido o crédito e paga a importância correspondente aos
recibos até o valor limite estabelecido no caput deste artigo;
II - caso a despesa com o sepultamento, paga de acordo com
o inciso I deste parágrafo, seja inferior ao valor do auxílio-fune-
ral estabelecido, a diferença será paga aos beneficiários habili-
tados à pensão militar, mediante petição à autoridade compe-
tente; e/ou

24
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO III IX - elaborar e aprovar seu regimento interno e eventuais
DA GESTÃO DAS RESERVAS REMUNERADAS, REFORMAS E alterações;
PENSÕES MILITARES X - manifestar-se em caráter deliberativo sobre a aplicação
CAPÍTULO I das normas do sistema de proteção social referente a conflitos
DISPOSIÇÕES GERAIS de interpretação dela decorrentes; e
XI - deliberar sobre os casos omissos no âmbito das regras
Art. 22. A gestão dos benefícios referentes à inatividade e aplicáveis ao Sistema de Proteção Social dos Militares.
pensão militares compete ao Instituto de Gestão Previdenciária Parágrafo único. As decisões proferidas pelo Conselho deve-
e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), sob a orienta- rão ser publicadas no Diário Oficial do Estado.
ção superior do Conselho Estadual do Sistema de Proteção So- Art. 25. O Conselho Estadual do Sistema de Proteção Social
cial dos Militares, compreendendo: dos Militares, órgão superior de deliberação colegiado, terá 15
I - quanto ao segurado: (quinze) membros efetivos e respectivos suplentes, nomeados
a) reserva; e pelo Governador do Estado, com a seguinte composição:
b) reforma. I - o Presidente do Instituto de Gestão Previdenciária e de
II - quanto aos beneficiários: Proteção Social do Estado do Pará, que o presidirá;
a) pensão militar por morte; II - o Comandante-Geral da Polícia Militar do Pará;
b) pensão militar por extravio; e III - o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do
c) pensão militar especial. Pará;
§1° Benefícios são prestações de caráter pecuniário a que IV - o Chefe da Casa-Militar da Governadoria;
faz jus o segurado ou seus beneficiários, conforme a respectiva V - o Secretário de Estado de Planejamento e de Adminis-
titularidade. tração;
§2° Os benefícios serão concedidos nos termos da Consti- VI - o Secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa
tuição Federal, da Constituição Estadual e da legislação infra- Social;
constitucional em vigor aplicáveis aos militares, observados os VII - o Secretário de Estado da Fazenda;
regramentos introduzidos por esta Lei Complementar.
VIII - o Chefe do Departamento-Geral de Pessoal da Polícia
Art. 23. Para o cumprimento do disposto no art. 22 desta Lei
Militar do Pará;
Complementar, compete ao Instituto de Gestão Previdenciária e
X - 2 (dois) militares representando os segurados ativos;
de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS):
Xl - 2 (dois) militares representando os segurados inativos;
I - executar, coordenar e supervisionar os procedimentos
XII - 1 (um) representante dos beneficiários de pensão mi-
operacionais de concessão de reserva remunerada, reforma e
litar; e
pensão;
XIII - 1 (um) representante indicado pelas associações de
II - executar as ações referentes à inscrição e ao cadastro de
militares.
segurados e beneficiários;
§1° Todos os membros deverão ter formação de nível su-
III - processar a concessão e o pagamento de reserva remu-
nerada, reforma e pensão; perior.
IV - acompanhar o Plano de Custeio do Sistema de Proteção §2° Cada um dos membros natos elencados nos incisos I a
Social dos Militares do Estado do Pará; e IX do caput deste artigo deverá indicar como suplente, prefe-
V - gerenciar o fundo contábil-financeiro do Sistema de Pro- rencialmente, seu substituto legal em casos de impedimentos,
teção Social dos Militares do Estado do Pará. ausências ou licenças.
Art. 24. Compete ao Conselho Estadual do Sistema de Prote- §3° Os representantes dos segurados e beneficiários de pen-
ção Social dos Militares: são militar, bem como seus suplentes, serão indicados conjunta-
I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de mente pelos Comandantes-Gerais da Polícia Militar e do Corpo
políticas aplicáveis ao Sistema de Proteção Social dos Militares; de Bombeiros Militar, mediante proposição escrita remetida ao
II- definir, observando a legislação de regência, as diretrizes Governador do Estado em até 15 (quinze) dias úteis, contados
e regras relativas à aplicação dos recursos econômico-financei- da publicação de edital específico no Diário Oficial do Estado,
ros do Sistema de Proteção Social dos Militares, à política de be- respeitando procedimento constante de regulamentação.
nefícios e à adequação entre o plano de custeio e de benefícios; §4° Os integrantes do Conselho Estadual do Sistema de Pro-
III - participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a teção Social dos Militares, na qualidade de representante dos
gestão do Sistema de Proteção Social dos Militares; militares deverão contar com, no mínimo, 10 (dez) anos de efe-
IV - apreciar e aprovar, anualmente, os planos e programas tivo serviço nas Corporações.
de benefícios e custeio do Sistema de Proteção Social dos Mili- §5° O representante a que se refere o inciso XIII do caput
tares; deste artigo será eleito por meio de procedimento previsto em
V - apreciar e aprovar as propostas de programação orça- regulamento, sendo que as associações representativas:
mentária do Sistema de Proteção Social dos Militares; I - devem estar constituídas há pelo menos 5 (cinco) anos;
VI - acompanhar e apreciar, mediante relatórios gerenciais II - somente podem ser compostas por militares ativos e ina-
por ele definidos, a execução dos planos, programas e orçamen- tivos;
tos do Sistema de Proteção Social dos Militares; III - não podem possuir qualquer natureza sindical.
VII - acompanhar e fiscalizar a aplicação da legislação perti- Art. 26. O mandato dos membros do Conselho Estadual do
nente ao Sistema de Proteção Social dos Militares; Sistema de Proteção Social dos Militares é de 2 (dois) anos, po-
VIII - apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao dendo ser reconduzidos uma única vez, por igual período, à ex-
Tribunal de Contas do Estado, podendo, para tanto, contratar ceção dos referidos nos incisos de I a VIII do caput do art. 25 des-
auditoria externa, a custo do Fundo do Sistema de Proteção So- ta Lei Complementar que terão assento enquanto investidos nos
cial dos Militares do Estado do Pará; cargos especificados, dada sua qualidade de membros natos.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo único. A participação no Conselho Estadual do §7° O regulamento disporá sobre a comprovação de depen-
Sistema de Proteção Social dos Militares não será remunerada, dência econômica, quando exigida.
sendo considerada atividade de relevante interesse público. Art. 31. A qualidade de segurado representa condição es-
Art. 27. O Conselho Estadual do Sistema de Proteção Social sencial para aferição de qualquer direito ou prestação previstos
dos Militares reunir-se-á ordinariamente 1 (uma) vez por mês, no Título IV desta Lei Complementar.
e extraordinariamente quando convocado, com a presença da Art. 32. No que se refere aos segurados referidos no art. 29
maioria absoluta de seus conselheiros, e deliberará por maioria desta Lei Complementar a inscrição é automática,
simples, salvo exceção prevista nesta Lei Complementar ou em resultando do início do exercício no posto ou graduação.
seu regulamento. Art. 33. Os beneficiários referidos no art. 30 desta Lei Com-
Art. 28. O presidente do Conselho Estadual do Sistema de plementar deverão ser inscritos pelo segurado, permitindo-se
Proteção Social dos Militares terá direito à voz e voto, inclusive que promovam sua própria inscrição, se o militar tiver falecido
de desempate. sem tê-la efetivado.
Art. 34. Perderá a qualidade de segurado:
CAPÍTULO II I- o segurado obrigatório ou o beneficiário que vier a falecer;
DOS SEGURADOS II- o segurado obrigatório que for demitido, licenciado ou
excluído a bem da disciplina;
Art. 29. São segurados obrigatórios os militares do Estado III- filho ou enteado até 21 (vinte e um) anos de idade que
ativos, da reserva remunerada e os reformados. não comprove estar regulamente matriculado em curso de nível
Art. 30. São considerados segurados, na qualidade de be- superior, salvo se for inválido;
neficiários da pensão militar, na seguinte ordem de prioridade IV- o filho ou enteado de qualquer condição que alcançar 24
e condições: (vinte e quatro) anos, mesmo que esteja regularmente matricu-
I - primeira ordem de prioridade: lado em curso de nível superior, salvo se for inválido;
a) cônjuge ou companheiro ou que comprove união estável V- o cônjuge pelo abandono do lar reconhecido por senten-
como entidade familiar; ça judicial transitada em julgado, anulação do casamento, sepa-
b) pessoa separada de fato, separada judicialmente ou di- ração judicial, divórcio ou separação de fato, salvo se lhe tiver
vorciada do instituidor, ou ex-convivente, desde que perceba sido assegurada a percepção de alimentos;
pensão alimentícia; VI- o companheiro pela cessação da união estável com o mi-
c) filhos ou enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou litar e não lhe for assegurada a prestação de alimentos;
até 24 (vinte e quatro) anos de idade, se estudantes VII- o enteado e o menor tutelado com a perda da depen-
universitários ou, se inválidos, enquanto durar a invalidez; e dência econômica, a percepção de alimentos, a percepção de
d) menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de renda mensal própria ou proveniente de seus genitores superior
idade ou, se estudante universitário, até 24 (vinte e a 50% (cinquenta por cento) do limite estabelecido para os be-
quatro) anos de idade ou, se inválido, enquanto durar a in- nefícios do Regime Geral de Previdência Social ou o recebimento
validez. de outro benefício previdenciário pago pelos cofres públicos;
II - segunda ordem de prioridade: a mãe e o pai que compro- VIII- o cônjuge ou companheiro do militar falecido, pelo ca-
vem dependência econômica do militar; e samento ou pelo estabelecimento de união estável; e
III - terceira ordem de prioridade: o irmão órfão, até 21 (vin- IX - o maior inválido, pela cessação da incapacidade perma-
te e um) anos de idade ou, se estudante universitário, até 24 nente.
(vinte e quatro) anos de idade, e o inválido, enquanto durar a §1° A perda da qualidade de segurado não prejudica o di-
invalidez, comprovada a dependência econômica do militar. reito à inatividade, para cuja concessão tenham sido preenchi-
§1° A concessão da pensão aos beneficiários de que tratam dos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época
as alíneas “a” e “c” do inciso I do caput exclui desse direito os em que estes foram atendidos, salvo na hipótese do inciso II do
beneficiários referidos nos incisos II e III do caput deste artigo. caput deste artigo.
§2° A pensão será concedida integralmente aos benefici- §2° Não será concedida pensão militar aos beneficiários do
ários referidos na alínea “a” do inciso I do caput deste artigo, militar que falecer após a perda desta qualidade, salvo se preen-
exceto se for constatada a existência de beneficiário que se en- chidos os requisitos para obtenção da inatividade, na forma do
quadre no disposto nas alíneas “b”, “c” e “d” do referido inciso. § 1° deste artigo.
§3° No caso de mais de 1 (um) beneficiário do inciso I do §3° Na hipótese do inciso II do caput deste artigo, o benefi-
caput deste artigo, o beneficiário referido na alínea “a” fará jus ciário perderá, também, a qualidade de segurado.
à metade do benefício e os beneficiários referidos nas alíneas Art. 35. Não se poderá, para efeito dos direitos ou presta-
“c” e “d” repartirão igualmente a outra metade do benefício, ções previstos no Título IV desta Lei Complementar, considerar
observado o §4° deste artigo. normas de inscrição no Sistema de Proteção Social dos Militares
§4° A cota destinada à pessoa separada de fato, separada do Estado do Pará e de perda da condição de segurado ou bene-
judicialmente ou divorciada do instituidor, ou ao exconvivente, ficiário distintas das que estão estabelecidas neste Título.
desde que perceba pensão alimentícia, corresponderá à pensão
alimentícia arbitrada, na forma da lei civil. CAPÍTULO III
§5° No caso de beneficiário inválido para fins de inscrição e DAS CONTRIBUIÇÕES
concessão do benefício, a incapacidade permanente será apu-
rada por perícia médica de Junta Militar de Saúde, na forma do Art. 36. As contribuições devidas ao Sistema de Proteção So-
regulamento. cial dos Militares do Estado do Pará para custeio da inatividade
§6° A invalidez deverá ser contemporânea à instituição do e pensão militares são:
benefício.

26
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I- contribuição dos segurados ativos, inativos e dos benefi- dice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado
ciários de pensão militar à razão de 10,5% (dez inteiros e cinco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou ou-
décimos por cento) sobre a totalidade da base de contribuição; tro índice que venha a substituí-lo.
II- contribuição mensal do Estado, à razão de 18% (dezoito Art. 41. A Secretaria de Estado de Planejamento e Adminis-
por cento), incidente sobre a mesma base de cálculo das contri- tração (SEPLAD), alocará ao Instituto de Gestão Previdenciária e
buições dos segurados; e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), mensalmente, os
III- contribuição complementar do Estado, para cobertura recursos financeiros necessários ao pagamento dos benefícios
de eventual diferença entre o valor das contribuições, relacio- de proteção social.
nadas nos incisos I e II, arrecadadas no mês anterior, e o valor Art. 42. Nas hipóteses de cessão, licenciamento ou afasta-
necessário ao pagamento dos benefícios. mento do militar, o cálculo da contribuição de que trata este Tí-
§1° O 13° (décimo terceiro) salário será considerado para tulo será feito com base na remuneração do posto ou graduação
fins de incidência da contribuição a que se refere esta Lei Com- de que o militar for titular.
plementar. Art. 43. Na cessão, quando o pagamento da remuneração
§2° Compete ao ente federativo a cobertura de eventuais seja ônus do cessionário, será de responsabilidade desse órgão
insuficiências financeiras decorrentes do pagamento das pen- ou entidade:
sões militares e da remuneração da inatividade, que não tem I - o desconto da contribuição devida pelo segurado;
natureza contributiva. II - o custeio da contribuição devida pelo órgão de origem; e
Art. 37. Para fins da contribuição prevista no inciso I do III - o repasse das contribuições, de que tratam os incisos I e
caput do art. 36 desta Lei Complementar, considera-se base de II, ao Instituto de Gestão Previdenciária e de Proteção Social do
cálculo: Estado do Pará (IGEPPS).
I - quanto ao segurado ativo, o soldo, acrescido das vanta- §1° Caso o cessionário não efetue o repasse das contribui-
gens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, excluído o ções ao Instituto de Gestão Previdenciária e de Proteção Social
seguinte: do Estado do Pará (IGEPPS), nos prazos de que tratam os arts. 38
a) diárias para viagens; e 39 desta Lei Complementar, caberá ao órgão de origem efe-
b) ajuda de custo em razão de mudança de sede; tuá-lo, buscando o reembolso de tais valores.
c) indenização de transporte; §2° O termo, ato ou outro documento de cessão ou afasta-
d) salário-família; mento do militar com ônus para o cessionário deverá prever a
e) auxílio-alimentação; responsabilidade deste pelo desconto, recolhimento e repasse
f) auxílio-fardamento; das contribuições ao Sistema de Proteção Social dos Militares
g) auxílio-transporte; do Estado do Pará, conforme valores informados mensalmente
h) gratificação de complementação de jornada operacional; pelo órgão de origem.
e Art. 44. Não incidirão contribuições para o Sistema de Pro-
i) parcela percebida em decorrência do exercício de cargo teção Social dos Militares do Estado do Pará sobre as parcelas
em comissão ou função de confiança. remuneratórias não componentes da remuneração do posto
II - quanto ao segurado inativo e aos beneficiários de pensão ou graduação, pagas pelo ente cessionário ao militar cedido ou
militar, o valor integral do benefício. transferido para a reserva remunerada em virtude do exercício
Parágrafo único. Quando o segurado inativo ou o benefi- de mandato eletivo.
ciário da pensão militar for portador de doença incapacitante Art. 45. O militar afastado ou licenciado temporariamente
prevista no regulamento a que se refere o inciso V do art. 89 do exercício do posto ou graduação sem recebimento de remu-
desta Lei Complementar, a contribuição incidirá apenas sobre as neração pelo Estado somente contará o respectivo tempo de
parcelas de remuneração de reserva e de reforma e de pensões afastamento ou licenciamento para fins de reserva remunerada
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be- ou reforma, mediante o recolhimento mensal das contribuições.
nefícios do Regime Geral de Previdência Social. Parágrafo único. A contribuição efetuada pelo militar na si-
tuação de que trata o caput deste artigo não será computada
CAPÍTULO IV para efeito de cumprimento do requisito de tempo de atividade
DO RECOLHIMENTO de natureza militar exigido para conces são de benefício de pro-
teção social.
Art. 38. As contribuições devidas pelos segurados e benefi-
ciários de pensão militar serão descontadas de ofício pelos seto- CAPÍTULO V
res encarregados do pagamento das respectivas remunerações DO PLANO DE CUSTEIO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL
e pensões e recolhidas ao Instituto de Gestão Previdenciária e DOS MILITARES DO ESTADO DO PARÁ
de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS) até o 12° (déci-
mo segundo) dia do mês subsequente, sob pena de responsa- Art. 46. O Plano de Custeio do Sistema de Proteção Social
bilidade civil, penal e administrativa do responsável pelo órgão dos Militares do Estado do Pará será aprovado pelo Conselho Es-
inadimplente. tadual do Sistema de Proteção Social dos Militares, anualmente,
Art. 39. As contribuições devidas pelo Estado deverão ser constando obrigatoriamente, a programação e o corresponden-
recolhidas mensalmente ao Instituto de Gestão Previdenciária e te regime financeiro, devendo ser revisto sempre que houver
de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS) até o 12° (décimo revisão de remuneração dos inativos e beneficiários da pensão
segundo) dia do mês subsequente. militar.
Art. 40. As contribuições não recolhidas nos prazos estabe-
lecidos nesta Lei Complementar ficam sujeitas a juros de mora
de 0,5% (meio por cento) ao mês e correção monetária pelo Ín-

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO VI Previdenciária e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS),
DO FUNDO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILI- após aprovação pelo Conselho Estadual de Proteção Social dos
TARES Militares, de acordo com as seguintes diretrizes:
DO ESTADO DO PARÁ I- garantia real de investimento;
II- segurança e rentabilidade de capital;
Art. 47. Fica instituído o Fundo do Sistema de Proteção So- III- liquidez; e
cial dos Militares do Estado do Pará, de natureza contábil, vincu- IV- atualização monetária e juros. Parágrafo único. Poderá
lado ao Instituto de Gestão Previdenciária e de Proteção Social ser instituído pelo Conselho Estadual de Proteção Social dos Mi-
do Estado do Pará (IGEPPS), com a finalidade de prover recur- litares Comitê de Investimentos destinado a orientar as aplica-
sos, exclusivamente, para o pagamento dos benefícios relativos ções financeiras de que trata o caput deste artigo.
à inatividade e pensão militar. Art. 51. As receitas, as rendas e os resultados das aplicações
Parágrafo único. Os militares ficam vinculados ao Fundo do dos recursos disponíveis serão empregados exclusivamente na
Sistema de Proteção Social dos Militares do Estadodo Pará a par- consecução das finalidades previstas nesta Lei Complementar,
tir de seu ingresso na respectiva Corporação, na forma da lei. no aumento do valor real do patrimônio do Fundo do Sistema
Art. 48. Constituem receita ou patrimônio do Fundo do Sis- de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará na obtenção
tema de Proteção Social do Militares do Estado do Pará: de recursos destinados ao custeio de suas atividades finalísticas,
I- as contribuições dos militares, ativos e inativos, bem permitida, no entanto, a remuneração da instituição financeira
como dos beneficiários de pensão militar, nos termos do inciso I que aplicar os recursos e ativos do Fundo, nos termos definidos
do caput do art. 36 desta Lei Complementar; pelo Conselho Estadual de Proteção Social dos Militares.
II- as contribuições do Estado do Pará, nos termos dos inci- Art. 52. A gestão do Fundo do Sistema de Proteção Social
sos II e III do caput do art. 36 desta Lei Complementar; dos Militares do Estado do Pará deverá, dentre outros princípios
III - as doações, legados e rendas extraordinárias ou even- aplicáveis à administração pública, obedecer:
tuais; I- às diretrizes gerais de gestão, investimento e alocação dos
IV- os rendimentos de seu patrimônio, tais como os obtidos recursos aprovados pelo Conselho Estadual de Proteção Social
com aplicações financeiras ou com o recebimento de contrapar- dos Militares;
tida pelo uso de seus bens; II- o sistema de registro contábil individualizado de cada mi-
V- os recursos provenientes de convênios, contratos, acor- litar e do Estado do Pará; e
dos ou ajustes de prestação de serviços; III- ao pleno acesso dos segurados às informações relativas
VI- os recursos de operações de crédito decorrentes de em- à gestão do sistema ora instituído.
préstimos e financiamentos junto a organismos nacionais e in- Art. 53. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil e a
ternacionais para capitalização do Fundo; contabilidade obedecerá às normas gerais públicas da adminis-
VII- os recursos oriundos da compensação financeira entre tração financeira.
o Regime Geral de Previdência Social e o Sistema de Proteção Art. 54. Os orçamentos, a programação financeira e o ba-
Social dos Militares, na forma prevista na legislação federal; e lanço do Fundo do Sistema de Proteção Social dos Militares do
VIII - demais dotações orçamentárias. Estado do Pará obedecerão aos padrões e às normas instituídos
Art. 49. Observadas as diretrizes de investimento estabele- por legislação específica, ajustados às suas peculiaridades. Pará-
cidas pelo Conselho Estadual de Proteção Social dos Militares, a grafo único. Ao final de cada exercício financeiro, deverá ser rea-
aplicação dos recursos do Fundo do Sistema de Proteção Social lizado o balanço geral, elaborado por entidades ou profissionais
dos Militares do Estado do Pará, instituído por esta Lei Com- legalmente habilitados.
plementar, obedecerá às normas estabelecidas pelo Conselho Art. 55. As importâncias devidas ou recebidas a mais pelos
Monetário Nacional, sendo expressamente vedado: segurados ou seus dependentes serão ressarcidas ao Fundo do
I- a utilização de recursos para empréstimos de qualquer na- Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará, po-
tureza, inclusive à União, Estados, Distrito Federal, Municípios, dendo ser parceladas na forma do regulamento.
entidades de administração indireta, bem como aos segurados e Art. 56. Os saldos positivos do Fundo do Sistema de Prote-
beneficiários de pensão militar; ção Social dos Militares do Estado do Pará, apurados em balanço
II- a aplicação dos recursos em títulos públicos, à exceção ao final de cada exercício financeiro, serão transferidos para o
daqueles de emissão do Governo Federal; exercício seguinte, a crédito do correspondente Fundo.
III- a aplicação de recursos em operações ativas que envol- Art. 57. O Fundo do Sistema de Proteção Social dos Mili-
vam interesses do Estado, bem como na utilização para aquisi- tares do Estado do Pará terá contabilidade própria, em unida-
ção de bens e valores mobiliários do Estado, de suas autarquias, de gestora vinculada ao Instituto de Gestão Previdenciária e de
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista; Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), cujo Plano Geral de
e Contas discriminará as receitas realizadas e despesas incorridas,
IV- a utilização de recursos do Fundo para custeio de despe- as reservas técnicas, as provisões, os saldos patrimoniais e ou-
sas administrativas acima de 2% (dois por cento) dovalor total tros elementos, de forma a possibilitar o acompanhamento per-
das despesas com remuneração e pensões dos segurados vincu- manente do seu desempenho e a sistemática avaliação de sua
lados ao Sistema de Proteção Social dos Militares instituído por situação financeira, econômica e patrimonial.
esta Lei Complementar, relativamente ao exercício financeiro
anterior.
Art. 50. As aplicações financeiras dos recursos do Fundo do
Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará se-
rão realizadas diretamente ou por intermédio de instituições es-
pecializadas credenciadas para esse fim pelo Instituto de Gestão

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO IV III - retorno à inatividade, inclusive após ter sido convocado
DA INATIVIDADE E DA PENSÃO MILITAR para o serviço ativo, quando já se encontrava na reserva remu-
CAPÍTULO I nerada.
DISPOSIÇÕES GERAIS Parágrafo único. O militar de que trata o caput deste artigo
continuará a perceber a sua remuneração até o mês anterior ao
Art. 58. A transferência para a inatividade e a pensão militar da publicação da portaria de transferência para a inatividade,
são de competência exclusiva do Instituto de Gestão Previdenci- excluídas as parcelas e benefícios cujo recebimento está condi-
ária e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), mediante cionado ao efetivo exercício da atividade de natureza militar, na
publicação de ato específico no Diário Oficial do Estado. forma da lei.
Art. 64. No caso de retorno à atividade por meio da convo-
CAPÍTULO II cação, nos termos dos arts. 72, 73 e 78 desta Lei Complementar,
DA REMUNERAÇÃO NA INATIVIDADE o militar poderá optar entre a remuneração da ativa ou inativi-
SEÇÃO I dade.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 65. Cessa o direito à percepção da remuneração na ina-
tividade na data:
Art. 59. Remuneração na inatividade é a retribuição pecu- I - do falecimento;
niária que o militar percebe na inatividade, quer na reserva re- II - do ato de demissão, para o Oficial militar; e
munerada, quer na situação de reformado, também designada III - do ato de exclusão ou licenciamento a bem da disciplina
de proventos. da Corporação Militar, para o Praça.
Parágrafo único. O soldo constitui a parcela básica da remu-
neração a que faz jus o militar na inatividade, sendo o seu valor SEÇÃO II
igual ao estabelecido para o soldo do militar da ativa do mesmo DO REGIME REMUNERATÓRIO DA INATIVIDADE
posto ou graduação.
Art. 60. A remuneração na inatividade, calculada com base Art. 66. O regime remuneratório do militar inativo é com-
na remuneração do posto ou da graduação que o militar possuir posto das seguintes parcelas:
por ocasião da transferência para a inatividade remunerada, a I - soldo integral ou cotas de soldo;
pedido, pode ser: II - gratificações, nos percentuais previstos em lei:
I- integral, desde que cumprido o tempo mínimo de 35 (trin- a) gratificação de risco de vida;
ta e cinco) anos de serviço, dos quais no mínimo 30 (trinta) anos b) gratificação de habilitação militar;
de exercício de atividade de natureza militar; ou c) gratificação de tempo de serviço;
II- proporcional, com base em tantas cotas de remuneração d) gratificação de serviço ativo;
do posto ou da graduação quantos forem os anos de serviço, e) gratificação de localidade especial;
se transferido para a inatividade sem atingir o referido tempo f) gratificação de representação por graduação; e
mínimo. g) gratificação de tropa.
§1° O tempo de serviço a ser cumprido pelos militares que §1° VETADO.
ingressaram no serviço ativo até o dia 31 de dezembro de 2021, §2° As parcelas de que trata o caput deste artigo integrarão
para ter direito à remuneração integral, será de 30 (trinta) anos, a remuneração na inatividade de acordo com a hipótese de pas-
se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se mulher, devendo cum- sagem à inatividade, previstas neste Título.
prir o tempo de serviço faltante para atingir os referidos tem- §3° Por ocasião de sua passagem para a inatividade, o mili-
pos, acrescido do percentual previsto no art. 24-G do Decreto- tar tem direito a tantas cotas de soldo quantos forem os anos de
-Lei n° 667, de 1969. serviço, computáveis para a inatividade, até o máximo de:
§2° É assegurado o direito adquirido na concessão de ina- I - 35 (trinta e cinco) anos, para os militares estaduais de
tividade remunerada aos militares e de pensão militar aos seus carreira do serviço ativo, que tenham ingressado a partir de 1°
beneficiários, a qualquer tempo, desde que tenham sido cum- de janeiro de 2022;
pridos, até 31 de dezembro de 2021, os requisitos exigidos pela II - 30 (trinta) anos, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos,
lei vigente do ente federativo para obtenção desses benefícios, se mulher, para os militares que tenham ingressado até 16 de
observados os critérios de concessão e de cálculo em vigor na dezembro de 2019, e tenham direito adquirido na concessão de
data de atendimento dos requisitos. transferência para a reserva remunerada, desde que tenham
Art. 61. A remuneração do militar reformado por incapa- sido cumpridos os referidos tempos de serviço, até 31 de de-
cidade permanente decorrente do exercício da função ou em zembro de 2021; e
razão dela é in tegral, calculada com base na remuneração do III - 30 (trinta) anos, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, se
posto ou da graduação que possuir por ocasião da transferência mulher, acrescido do percentual de que trata o art. 24-G do De-
para a inatividade remunerada. creto-Lei n° 667, de 1969, para os militares de carreira do serviço
Art. 62. A remuneração na inatividade é irredutível e deve ativo que tenham ingressado até 31 de dezembro de 2021, e que
ser revista automaticamente na mesma data da revisão da re- não tenham cumprido os requisitos do inciso II deste parágrafo.
muneração dos militares da ativa, para preservar o valor equi- §4° Para efeito de contagem dessas cotas, a fração de tem-
valente à remuneração do militar da ativa do correspondente po igual ou superior a 180 (cento e oitenta) dias será considera-
posto ou graduação. da 1 (um) ano.
Art. 63. A remuneração na inatividade é devida aos militares §5° A remuneração dos militares integrantes da reserva re-
quando forem desligados da ativa em virtude de: munerada e reformados pelo atingimento dos limites etários de
I - reserva remunerada; permanência respectivos não sofrem qualquer tipo de acrésci-
II - reforma; e mo ou redução de vantagem pecuniária.

29
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§6° Para efeito de cálculo o soldo será dividido em cotas de III - ultrapassar 2 (dois) anos contínuos em razão de licença
soldo, correspondendo cada uma a 1/35 (um trinta e cinco avos) para tratamento de saúde de pessoa de sua família;
de seu valor para os militares de carreira do serviço ativo que IV - ultrapassar 2 (dois) anos, contínuos ou não, em virtude
ingressem a partir de 1° de janeiro de 2022. de ter passado a exercer cargo, emprego ou função
§ 7° Para efeito de cálculo o soldo será dividido em cotas de pública civil temporária, não eletiva, inclusive da adminis-
soldo, correspondendo cada uma a 1/30 (um trinta avos) de seu tração indireta, ressalvada a hipótese prevista no inciso
valor, se homem e 1/25 (um vinte e cinco avos), se mulher, para XVI do art. 37 da Constituição Federal, com prevalência da
os militares de carreira do serviço ativo que tenham ingressado atividade militar;
até 31 de dezembro de 2021. V- tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil
permanente, ressalvada a hipótese prevista no inciso
CAPÍTULO III XVI do art. 37 da Constituição Federal, com prevalência da
DA RESERVA REMUNERADA atividade militar; e
VI - ser diplomado em cargo eletivo, na forma prevista em
Art. 67. A passagem do militar à situação de inatividade, me- lei.
diante transferência para a reserva remunerada se efetua: §1° A transferência para a reserva remunerada de ofício
I - a pedido; ou será processada na medida em que o militar for enquadrado em
II - de ofício. um dos incisos do caput deste artigo, fi cando na condição de
Art. 68. A transferência para a reserva remunerada observa- agregado, na forma da lei, até a data indicada no ato oficial de
rá as seguintes diretrizes: transferência para a inatividade, e o tempo nessa condição será
I- a transferência para a reserva remunerada do militar que considerado como serviço ativo, para todos os efeitos.
tenha realizado qualquer curso ou estágio de duração superior §2° O ato de transferência para a reserva remunerada não
a 6 (seis) meses, por conta do Tesouro Estadual, deverá ocorrer terá efeitos retroativos, salvo na hipótese do inciso VI do caput
após 3 (três) anos de seu término, sob pena de ter que indeni- deste artigo, que terá eficácia a partir da data da diplomação.
zar todas as despesas correspondentes à realização do referido Art. 70. O militar empossado em cargo público permanente
estágio ou curso, inclusive as diferenças de vencimentos, obser- estranho à sua carreira, ressalvadas as hipóteses de acumulação
vado o devido processo legal pela Corporação Militar de origem; de cargos prevista no inciso XVI do art. 37 da Constituição Fe-
II- não será concedida transferência para a reserva remune- deral, será transferido para reserva de ofício e fará jus ao posto
rada, a pedido, ao militar que estiver cumprindo penalidade de ou graduação ocupada no momento da passagem para a inati-
qualquer natureza; vidade.
III- a transferência para a reserva remunerada, a pedido, Parágrafo único. O militar transferido para a reserva, na for-
será concedida ao militar independentemente de estar respon- ma do caput deste artigo, deverá observar o disposto no § 10 do
dendo a inquérito ou processo em qualquer jurisdição; e art. 37 da Constituição Federal.
IV- o período compreendido entre a data de desaquartela- Art. 71. A transferência do militar para a reserva remunera-
mento do militar, nos termos do art. 323 da Constituição Estadu- da pode ser suspensa na vigência do estado de guerra, estado
al, e a data da publicação do ato de transferência para a reserva de sítio ou em estado de emergência, em caso de mobilização e
não será considerado tempo de efetivo serviço. de imperiosa necessidade de segurança pública. Seção Única Da
Art. 69. A transferência para a reserva remunerada, de ofí- Convocação Para o Serviço Ativo
cio, verificar-se-á sempre que o militar incidir em um dos seguin- Art. 72. O militar da reserva remunerada poderá ser convo-
tes casos: cado para o serviço ativo por ato do Governador do Estado para:
I - atingir as seguintes idades limites: I - compor Conselho de Justificação;
a) para os Oficiais dos Quadros de Combatentes, de Saúde, II - ser encarregado de Inquérito Policial Militar ou incumbi-
Complementar e de Capelão: do de outros procedimentos administrativos, na falta de Oficial
1. Coronel PM/BM - 67 anos; da ativa em situação hierárquica compatível com a do Oficial
2. Tenente Coronel PM/BM - 64 anos; envolvido; e/ou
3. Major PM/BM - 61 anos; III - realizar tarefas, por prazo certo.
4. Capitão PM/BM - 55 anos; §1° O militar convocado nos termos do caput deste artigo
5. 1° Tenente PM/BM - 55 anos; ou terá os direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierár-
6. 2° Tenente PM/BM - 55 anos. quica, exceto quanto à promoção, a que não concorrerá, e con-
b) para os Oficiais dos Quadros de Administração e Especia- tará como acréscimo esse tempo de serviço.
listas: §2° Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, a con-
1. Capitão PM/BM - 59 anos; vocação terá prazo fixado no ato que a efetivar e observará o
2. 1° Tenente PM/BM - 59 anos; ou seguinte:
3. 2° Tenente PM/BM - 59 anos. I - havendo conveniência para a Corporação Militar, a con-
c) para os Praças: vocação poderá ser renovada; e
1. Subtenentes PM/BM - 63 anos; II - se concluída a tarefa antes do prazo fixado, o militar será
2. 1° Sargento PM/BM - 57 anos; dispensado ou ser-lhe-á atribuído outro encargo de interesse da
3. 2° Sargento PM/BM - 56 anos; Corporação, respeitado o prazo estabelecido no ato da convo-
4. 3° Sargento PM/BM - 55 anos; cação.
5. Cabo PM/BM - 54 anos; ou Art. 73. A convocação poderá também ser efetuada nos se-
6. Soldado PM/BM - 50 anos. guintes casos:
II - ultrapassar 2 (dois) anos, contínuos ou não, em razão de I - em se tratando de Oficiais, para:
licença para tratar de interesse particular;

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
a) compor comissões de estudos ou grupos de trabalhos, em Art. 78. Além das hipóteses de convocação previstas nos
atividades de planejamento administrativo ou setorial; arts. 72 e 73 desta Lei Complementar, o militar da reserva remu-
b) prestar assessoria ou acompanhar atividades especiali- nerada poderá ser convocado, mediante aceitação voluntária,
zadas ou peculiares, de caráter temporário, e que escapem às por ato do Governador do Estado, permanecendo na inativida-
atribuições normais e específicas dos órgãos de direção da res- de, nos seguintes casos:
pectiva Corporação Militar; e/ou I - assessoria militar e guarda nas sedes e órgãos dos Pode-
c) exercer o planejamento e comando das ações operacio- res da União, do Estado e dos Municípios;
nais a serem desenvolvidas pelo militar convocado. II - assessoria militar e guarda na sede do Tribunal de Contas
II - em se tratando de Praças, para: do Estado;
a) constituir o suporte necessário ao desempenho das tare- III - assessoria militar e guarda na sede do Tribunal de Con-
fas tratadas no inciso I; e/ou tas dos Municípios;
b) integrar a segurança patrimonial e/ou o policiamento IV - assessoria militar e guarda na sede do Ministério Públi-
interno em órgão ou entidade da administração pública. Pará- co;
grafo único. A convocação prevista no caput deste artigo será V - guarda e serviços referentes à atividade-meio na Secre-
efetivada: taria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP) e
I - com ônus total para o Tesouro Estadual, nos casos previs- nas Corporações Militares;
tos nas alíneas “a” e “b” do inciso I e na alínea “a” do inciso II; ou VI - guarda nos estabelecimentos penais;
II - mediante convênio, nos casos previstos na alínea “c” do VII - condução de veículos do Sistema de Segurança Pública,
inciso I e na alínea “b” do inciso II. em atividade-meio; ou
Art. 74. A convocação somente poderá ser efetuada me- VIII - condução e operação de veículos de grande porte
diante aceitação voluntária do militar. como ônibus, caminhões e cavalos mecânicos com carretas, nas
Parágrafo único. Fica vedada a convocação de militares que Corporações Militares.
ingressaram na reserva na forma dos incisos V e VI do art. 69 §1° Compete ao Comandante da respectiva Corporação Mi-
desta Lei Complementar. litar a expedição dos atos necessários à efetivação dos militares
Art. 75. O militar da reserva remunerada convocado nos convocados nas assessorias, que poderá implicar a substituição
termos dos arts. 72 e 73 desta Lei Complementar não sofrerá dos militares da ativa pelos convocados nas respectivas asses-
alteração de sua situação jurídica e, durante a convocação, fará sorias.
jus a: §2° A convocação será por prazo certo, em período que não
I - uniformes e equipamentos, nos casos da alínea “c” do exceda a 2 (dois) anos, podendo ser renovada sucessivamente
inciso I e da alínea “b” do inciso II do art. 73; por igual período, até o limite de idade de 65 (sessenta e cinco)
II - alimentação; e anos.
III - diárias, ajudas de custo e transporte, quando em deslo- §3° O militar da reserva remunerada não poderá ser con-
camento, face à realização de tarefas fora da sede. vocado para o exercício das atividades previstas no caput deste
§1° O uniforme e o equipamento serão os de uso regula- artigo, após cessado o prazo estabelecido no §2° deste artigo.
mentar, fornecidos pelo órgão superior da Corporação Militar. Art. 79. É condição para a convocação prevista no art. 78
§2° A alimentação será proporcionada nas mesmas condi- desta Lei Complementar que o militar:
ções da que é fornecida ao pessoal ativo no desempenho da ati- I - tenha passado para a reserva remunerada, no mínimo, no
vidade do designado. comportamento “bom”;
§3° As diárias, a ajuda de custo e o transporte serão pro- II - tenha, no momento da convocação, as seguintes idades
porcionados nas condições e valores estabelecidos na legislação limites:
de remuneração para a situação hierárquica alcançada em ati- a) para Oficiais superiores: 63 anos;
vidade. b) para Capitães e Oficiais subalternos: 63 anos; ou
Art. 76. A convocação de militares da reserva remunerada c) para Praças: 63 anos.
será proposta pelo Comandante-Geral da respectiva Corporação III - seja considerado apto em inspeção de saúde por Junta
ao Chefe do Poder Executivo, de forma justificada e instruída Militar de Saúde;
com prova de aprovação em inspeção de saúde realizada por IV - seja considerado apto em teste de aptidão física; e
Junta Militar de Saúde. V - obtenha o parecer favorável do Comandante-Geral.
Parágrafo único. O Chefe do Poder Executivo, caso concorde Parágrafo único. O convocado ficará administrativamente
com a convocação, expedirá o ato pertinente. vinculado ao setor de pessoal da respectiva Corporação Militar,
Art. 77. Os militares convocados nos termos dos arts. 72 e que manterá cadastro atualizado dos interessados em serem
73 desta Lei Complementar poderão ser dispensados: convocados.
I - a pedido; ou Art. 80. O planejamento e a supervisão dos convocados, nos
II - ex officio: termos do art. 78 desta Lei Complementar, far-se-á de acordo
a) por conclusão do prazo de convocação; com decreto do Chefe do Poder Executivo, que especificará, em
b) por haverem cessado os motivos da convocação; especial, o seguinte:
c) por interesse ou conveniência da Administração, a qual- I - critérios para inscrição e formação dos cadastros;
quer tempo; ou II - padrões de treinamento;
d) por ter sido julgado fisicamente incapaz para o desempe- III - normas de divulgação aos militares da reserva;
nho do ato ou tarefa para o qual foi convocado, em inspeção de IV - critérios para uso de uniforme;
saúde realizada por Junta Militar de Saúde, a qualquer tempo. V - critérios para o teste de aptidão física;
VI - critérios para a inspeção de saúde;
VII - critérios para uso de armamento; e

31
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
VIII - forma dos atos de convocação e dispensa. II - ser julgado incapaz definitivamente para o serviço da res-
Art. 81. O militar convocado nos termos do art. 78 desta Lei pectiva Corporação Militar;
Complementar não sofrerá alteração em sua situação jurídico- III - estar agregado há mais de 2 (dois) anos, por ter sido
-funcional e, durante a designação, fará jus a: julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de
I - auxílio mensal, de natureza jurídica indenizatória, corres- Junta Militar de Saúde, conforme regulamentação, mesmo que
pondente a 2 (dois) soldos de seus respectivos postos ou gra- se trate de moléstia curável;
duações, o qual não será base de cálculo para quaisquer vanta- IV - ser condenado à pena de reforma prevista no Código
gens, inclusive as decorrentes de tempo de serviço, e não será Penal Militar, por sentença transitada em julgado; e
passível de incorporação; V - ser punido com a reforma administrativa disciplinar.
II - auxílio-fardamento, pago uma vez por ano, no valor re- Parágrafo único. O ato de reforma não terá efeitos retroati-
ferente a 1 (um) soldo do seu respectivo posto ou graduação; vos, salvo nas hipóteses dos incisos I e III do caput deste artigo,
III - armamento e equipamentos, quando for o caso; que terá eficácia a partir da data de aniversário do militar ou da
IV - auxílio-alimentação, nos mesmos padrões pagos aos mi- data da declaração de incapacidade definitiva por Junta Militar
litares ativos; de Saúde, na forma do regulamento.
V - diárias e transporte, quando em deslocamento, em face Art. 87. No caso do inciso I do caput do art. 86 desta Lei
da realização de tarefas fora da sede do Município, proporcio- Complementar, deverá ser observado o seguinte:
nados nas condições e valores estabelecidos na legislação para a I - o Instituto de Gestão Previdenciária e de Proteção Social
mesma situação hierárquica em atividade; do Estado do Pará (IGEPPS), mensalmente, organizará a relação
VI - férias remuneradas; e de militares que atingiram o limite de permanência na reserva
VII - 13° salário. remunerada;
Art. 82. O militar convocado nos termos do art. 78 desta Lei II - a reforma será automática e declarada por ato, com vi-
Complementar poderá ser dispensado: gência a partir da data em que o militar tiver completado o limi-
I - a pedido; ou te de permanência na reserva remunerada; e
II - ex officio: III - a situação de inatividade do militar da reserva remu-
a) por conclusão do prazo de convocação; nerada não sofrerá solução de continuidade, exceto quanto às
b) por interesse ou conveniência da Administração; condições de mobilização estabelecidas em lei.
c) por ter obtido dispensa de saúde por mais de 60 (sessen- Art. 88. O militar reformado na forma do inciso V do caput
ta) dias, contínuos ou não, no período de 1 (um) ano; do art. 86 desta Lei Complementar não terá alterado o funda-
d) por ter sido julgado incapaz para o desempenho da desig- mento de sua reforma, salvo decisão administrativa ou judicial
nação, em inspeção realizada por Junta Militar de Saúde, anual- que modifique a pena disciplinar, na forma da lei.
mente ou extraordinariamente; ou Art. 89. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
e) ter atingido 65 (sessenta e cinco) anos de idade. quência de:
Art. 83. O número máximo de militares convocados, nos ter- I - ferimento recebido em operações militares ou manuten-
mos do art. 78 desta Lei Complementar, não poderá exceder 5% ção da ordem pública;
(cinco por cento) do efetivo fixado em lei. II - enfermidade contraída em operações militares ou na ma-
Art. 84. As despesas decorrentes da convocação prevista no nutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente
art. 78 desta Lei Complementar correrão à conta de dotações decorra de uma dessas situações;
orçamentárias próprias de cada Poder, órgão ou entidade bene- III - acidente em serviço;
ficiado pela prestação do serviço, incluindo: IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo
I - auxílio mensal; de paz, com relação de causa e efeito às condições inerentes ao
II - diárias e transporte; serviço;
III - auxílio-alimentação; e V - doenças que incapacitem definitiva, total e permanente-
IV - auxílio-fardamento. mente para qualquer atividade remunerada, conforme previsto
Art. 85. As convocações previstas nesta Seção sujeitam o em regulamento; ou
militar: VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem rela-
I - ao cumprimento das normas disciplinares em vigor na ção de causa e efeito com o serviço.
respectiva Corporação Militar; e § 1° Os casos de que tratam os incisos I a IV do caput deste
II - às normas administrativas e de serviço em vigor no Po- artigo serão objeto de apuração administrativa, na forma do re-
der, órgão ou entidade onde tiver atuação. gulamento, observando-se os seguintes prazos:
I - 1 (um) dia útil para comunicar o acidente; e
CAPÍTULO IV II - 90 (noventa) dias úteis para requerer a instauração de
DA REFORMA apuração.
§ 2° O militar julgado incapaz por um dos motivos constan-
Art. 86. A passagem do militar à situação de inatividade, me- tes nos incisos I ao VI do caput deste artigo somente poderá ser
diante reforma, será sempre de ofício, e ocorrerá nas seguintes reformado após a homologação, por Junta Militar de Saúde, da
hipóteses: inspeção de saúde que concluir pela incapacidade definitiva, na
I - atingir as seguintes idades limites de permanência na re- forma do regulamento.
serva remunerada: Art. 90. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente
a) para Oficiais superiores: 72 anos; por um dos motivos constantes dos incisos I a V do caput do
b) para Capitães e Oficiais subalternos: 68 anos; art. 89 desta Lei Complementar será reformado com qualquer
c) para Subtenentes, 1° Sargento e 2° Sargento: 68 anos; ou tempo de serviço.
d) para 3° Sargento, Cabo e Soldado: 68 anos.

32
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 91. O militar que, em inspeção de saúde, for julgado 2. gratificação de habilitação militar; e
incapaz definitivamente para o serviço e vier a falecer antes da 3. gratificação de tempo de serviço.
efetivação de sua reforma, será considerado reformado para to- II - quando julgado inválido, impossibilitado total e perma-
dos os efeitos legais, a contar da data do óbito. nentemente para qualquer trabalho, não podendo prover meios
Art. 92. O militar reformado por incapacidade definitiva e para sua subsistência:
que ainda não atingiu o limite de idade de permanência no ser- a) soldo integral do posto ou graduação ocupado quando da
viço ativo será submetido, periodicamente, à inspeção de saú- transferência para inatividade; e
de por Junta Militar de Saúde, na forma do regulamento, e, se b) gratificações, nos percentuais fixados em lei:
julgado apto, será revertido ao serviço ativo e empregado na 1. gratificação de risco de vida;
atividade-meio. 2. gratificação de habilitação militar;
Parágrafo único. Realizada a inspeção de saúde referida no 3. gratificação de serviço ativo;
caput deste artigo e constatado o agravamento da incapacidade, 4. gratificação de localidade especial;
o militar fará jus ao reenquadramento legal da reforma e à revi- 5. gratificação de tempo de serviço;
são da respectiva remuneração, desde que comprovada relação 6. gratificação de representação por graduação; e
com a causa originária. 7. gratificação de tropa.
Art. 93. O militar julgado incapaz definitivamente por do- Art. 97. A remuneração do militar punido com a reforma ad-
ença mental por Junta Militar de Saúde, nos casos em que ne- ministrativa disciplinar é composta da seguinte forma:
cessária a curatela e enquanto não ocorrer a designação judicial I - soldo proporcional ao tempo de serviço referente ao pos-
do curador, poderá ser representado por dependente indicado to ou graduação ocupado na ativa; e
no art. 4° desta Lei Complementar, desde que este comprove a II - gratificações, nos percentuais previstos em lei:
responsabilidade pelos cuidados com o militar. a) gratificação de risco de vida;
§1° Quando não houver dependentes, outros parentes ou b) gratificação de habilitação militar; e
responsáveis, a respectiva Corporação Militar poderá adotar as c) gratificação de tempo de serviço.
providências necessárias junto às instituições competentes para
a interdição judicial do militar e/ou a garantia de seu tratamento SEÇÃO ÚNICA
em instituição apropriada. DA READAPTAÇÃO
§2° Na hipótese do caput deste artigo, deverá ser observado
o seguinte: Art. 98. O militar declarado incapaz definitivamente poderá
I - somente após a interdição judicial o processo de reforma requerer a permanência no serviço ativo, com emprego na ati-
deverá ser encaminhado ao Instituto de Gestão Previdenciária e vidade-meio, no mesmo posto ou graduação, hipótese em que
de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS); será readaptado, na forma prevista em regulamento.
II - o ato de reforma não poderá ser revisto em razão do §1° O disposto no caput deste artigo somente se aplica em
reestabelecimento da saúde do militar. caso de incapacidade física.
Art. 94. Concedida a reforma, será o ato publicado, implan- §2° O militar deverá ser readaptado em atividade compatí-
tado na folha de pagamento e apreciado, para fins de registro, vel com a sua capacidade física, desde que julgado apto, por Jun-
pelo Tribunal de Contas do Estado. ta Militar de Saúde, para o exercício da nova atividade, atendida
Parágrafo único. Caso seja denegado o registro do ato pelo a conveniência do serviço.
Tribunal de Contas do Estado, o benefício será cancelado até a §3° O readaptado poderá ser reavaliado a qualquer tempo
folha de pagamento do mês subsequente à data de publicação pela Junta Militar de Saúde, por solicitação do Chefe de Departa-
da decisão no Diário Oficial do Estado. mento-Geral ou Diretor de Pessoal ou por manifestação funda-
Art. 95. A remuneração do militar reformado por uma das mentada do Comandante, Chefe ou Diretor do militar.
situações previstas nos incisos I a V do caput do art. 89 desta Lei §4° Não sendo possível a manutenção da readaptação, o mi-
Complementar é composta da seguinte forma: litar será reformado, a qualquer tempo, por meio de avaliação
I - soldo integral do posto ou graduação ocupado quando da de Junta Militar de Saúde.
transferência para a inatividade; e §5° O militar, uma vez readaptado, ficará sujeito à reforma,
II - gratificações, nos percentuais previstos em lei: caso incorra em outra hipótese de passagem à situação de ina-
a) gratificação de risco de vida; tividade.
b) gratificação de habilitação militar;
c) gratificação de tempo de serviço; CAPÍTULO V
d) gratificação de serviço ativo; DAS PENSÕES MILITARES
e) gratificação de localidade especial; SEÇÃO I
f) gratificação de representação por graduação; e DA PENSÃO MILITAR POR MORTE
g) gratificação de tropa.
Art. 96. A remuneração do militar reformado por uma das Art. 99. O falecimento do militar, ativo ou inativo, implica a
situações previstas no inciso VI do caput do art. 89 desta Lei concessão do benefício de pensão militar por morte, que será
Complementar é composta da seguinte forma: igual à remuneração integral do militar, excluída a parcela de au-
I - quando julgado incapaz para o serviço militar, podendo xílio-invalidez.
prover meios para sua subsistência: §1° Até o esgotamento do prazo previsto no inciso I do caput
a) soldo proporcional ao tempo de serviço referente ao pos- do art. 100, a remuneração do militar falecido será paga, de modo
to ou graduação ocupado na ativa; e provisório, aos beneficiários do rol do inciso I do art. 30 desta Lei
b) gratificações, nos percentuais previstos em lei: Complementar e que tenham sido inscritos em vida pelo militar,
1. gratificação de risco de vida; na forma desta Lei Complementar e do regulamento.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§2° Não efetuado o requerimento de pensão no prazo do pensão, exclusivamente para efeitos de rateio, descontando-se
estipulado no inciso I do caput do art. 100 desta Lei Complemen- os valores referentes a esta habilitação das demais cotas, veda-
tar, os beneficiários ficam sujeitos à obrigação de devolução dos do o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da
valores recebidos, na forma do regulamento. respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em
Art. 100. A pensão militar por morte será devida ao conjun- contrário.
to de beneficiários de acordo com o rol definido no art. 30 desta §2° Julgada improcedente a ação prevista no caput ou no
Lei Complementar, a contar: §1° deste artigo, o valor retido será corrigido pelo Índice Na-
I - do óbito, quando requerida em até 90 (noventa) dias; cional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previs- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou por outro índice
to no inciso I; que venha a substituí-lo para reajustamento de benefícios e será
III - da data do cancelamento de benefício inacumulável, pago de forma proporcional aos demais beneficiários, de acordo
quando houver. com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefícios.
§1° Se o beneficiário for absolutamente incapaz à data do §3° Em qualquer caso, fi ca assegurada ao Instituto de
óbito, não tem início a contagem do prazo previsto no inciso I Gestão Previdenciária e de Proteção Social do Estado do Pará
do caput deste artigo, enquanto perdurar essa condição jurídica. (IGEPPS), a cobrança dos valores indevidamente pagos em fun-
§2° Na hipótese do §1° deste artigo, o prazo somente come- ção de nova habilitação.
çará a ser contado quando cessada a causa impeditiva da pres- Art. 104. Concedida a pensão militar por morte, será o ato
crição, retroagindo-se os efeitos financeiros da pensão à data do publicado, implantado na folha de pagamento e apreciado, para
óbito ou à do requerimento, conforme o caso. fins de registro, pelo Tribunal de Contas do Estado. Parágrafo
§3° Os valores recebidos na forma do §1° do art. 99 desta Lei único. Caso seja denegado o registro do ato pelo Tribunal de
Complementar são considerados como adiantamento da pensão Contas do Estado, o benefício será cancelado até a folha de pa-
militar. gamento do mês subsequente à data de publicação da decisão
§4° A pensão militar poderá ser requerida a qualquer tem- no Diário Oficial do Estado.
po, porém as prestações mensais se sujeitam ao prazo de pres-
crição quinquenal. SEÇÃO II
Art. 101. O benefício da pensão militar por morte é irredu- DA PENSÃO MILITAR POR EXTRAVIO
tível e deve ser revisto automaticamente, na mesma data da re-
visão das remunerações dos militares da ativa, para preservar o Art. 105. A pensão militar por extravio será devida uma vez
valor equivalente à remuneração do militar da ativa do posto ou comprovado o estado de extraviado ou de morte presumida em
graduação que lhe deu origem. virtude de catástrofe, acidente ou desastre, na forma das leis
§1° A perda da qualidade de um dos beneficiários não impli- aplicáveis aos militares.
cará a reversão da sua respectiva cota aos demais. § 1° No caso de desaparecimento do militar por motivo de
§2° Com a extinção da cota do último beneficiário, extingue- catástrofe, acidente ou desastre, a pensão será devida, median-
-se a pensão. te o processamento da justificação, nos termos da lei federal.
Art. 102. A concessão da pensão militar por morte não será §2° Decorridos 6 (seis) meses do primeiro dia do desapare-
protelada pela falta de habilitação de outro possível beneficiá- cimento ou extravio, terá início a habilitação dos beneficiários
rio. à pensão militar e será cessado o pagamento da remuneração,
§1° Qualquer inscrição ou habilitação posterior, que impor- quando se iniciará o pagamento da pensão militar, na forma do
te em exclusão ou inclusão de beneficiário, só produzirá efeito a regulamento.
contar da data da respectiva inscrição ou requerimento. §3° Na hipótese de reaparecimento do militar, assim apura-
§2° O cônjuge ausente, nos termos da Lei Federal n° 10.406, do na forma da lei, deverá ser efetuado o pagamento da diferen-
de 10 de janeiro de 2002, não exclui do direito à pensão militar ça entre a remuneração a que faria jus e a pensão paga a seus
por morte o companheiro ou companheira, que somente fará beneficiários, se for o caso.
jus ao benefício, a partir da data de sua efetiva inscrição ou re- §4° Exceto na hipótese de desaparecimento, extravio ou
querimento. deserção, a concessão da pensão aos beneficiários do militar fi
§3° Protocolado requerimento para inclusão no rateio de cará condicionada à declaração judicial de morte presumida, nos
pensão militar por morte, o Instituto de Gestão Previdenciária termos do disposto na Lei Federal n° 10.406, de 2002.
e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), procederá de Art. 106. À pensão militar por extravio aplica-se o disposto
ofício à habilitação provisória do requerente, exclusivamente na Seção I deste Capítulo, no que for compatível.
para fins de rateio dos valores com outros beneficiários, vedado
o pagamento da respectiva cota até conclusão do processo ad- SEÇÃO III
ministrativo. DA PENSÃO MILITAR ESPECIAL
Art. 103. Ajuizada a ação para reconhecimento da condição
de beneficiário, este poderá requerer a sua habilitação provi- Art. 107. A pensão militar especial será devida ao conjunto
sória ao benefício de pensão militar por morte, exclusivamente de beneficiários, de acordo com o rol definido no art. 30 desta
para fins de rateio dos valores com outros beneficiários, vedado Lei Complementar, do militar morto em uma das seguintes hi-
o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da póteses:
respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em I - em campanha ou em ato de serviço;
contrário. II - em decorrência de ferimentos ou doenças derivados das
§1° Nas ações em que o Instituto de Gestão Previdenciária condições inerentes ao serviço, assim reconhecidos por Junta
e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), for parte, este Militar de Saúde; ou
poderá proceder de ofício à habilitação provisória da referida III - por acidente em serviço.

34
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§1° Para efeito de concessão de pensão militar especial, Art. 112. Farão jus à pensão militar especial os beneficiários
considera-se acidente em serviço o estritamente ocorrido nas do militar da reserva remunerada convocado, nos termos desta
seguintes circunstâncias: Lei Complementar, que venha a falecer em serviço.
I - por fato relacionado, mediata ou imediatamente, com Art. 113. A pensão militar especial será concedida por ato
as atribuições militares, ainda que ocorrido em horário ou local do Chefe do Poder Executivo, que será publicado no Diário Ofi-
diverso daquele determinado para o exercício de suas funções; cial do Estado.
II - em decorrência de agressão sofrida e não provocada §1° Uma vez publicado o ato concessivo, a pensão militar es-
pelo militar, no exercício regular de suas atribuições funcionais; pecial será implantada na folha de pagamento e apreciada pelo
III - por situação ocorrida no percurso da residência para o Tribunal de Contas do Estado, para fins de registro.
trabalho e vice-versa, desde que ligada diretamente à atividade §2° Caso seja denegado o registro do ato pelo Tribunal de
exercida; Contas do Estado, o benefício será cancelado até a folha de pa-
IV - em treinamento; e/ou gamento do mês subsequente à data de publicação da decisão
V - em represália, por sua condição de militar. no Diário Oficial do Estado.
§2° Não se aplica o disposto neste artigo quando o aciden- Art. 114. À pensão militar especial aplica-se o disposto na
te for resultado de crime, transgressão disciplinar, imprudência, Seção I deste Capítulo, no que for compatível.
imperícia, negligência ou desídia imputados ao militar morto.
§3° As circunstâncias do óbito do militar deverão ser apu- CAPÍTULO VI
radas pela respectiva Corporação, que se pronunciará sobre a DAS DISPOSIÇÕES COMUNS À RESERVA REMUNERADA,
efetiva ocorrência de uma das hipóteses previstas no caput des- REFORMA E PENSÕES MILITARES
te artigo.
Art. 108. A pensão militar especial é acumulável com as de- Art. 115. Os benefícios serão modificados ou extintos, de
mais pensões militares previstas nesta Lei Complementar. acordo com a lei vigente ao tempo da ocorrência do fato modifi-
Parágrafo único. A pensão militar especial é inacumulável cativo ou extintivo, ressalvado o direito adquirido.
com qualquer benefício previdenciário. Art. 116. Os benefícios serão pagos diretamente ao titular
ou beneficiário, salvo em caso de extravio, moléstia contagiosa
Art. 109. A pensão militar especial é composta das seguintes
ou impossibilidade de locomoção, quando serão pagos a procu-
parcelas:
rador com instrumento público, cujo mandato não terá prazo
I - soldo integral ou cotas de soldo; e
superior a 6 (seis) meses.
II - gratificações, nos percentuais previstos em lei:
Art. 117. O pagamento devido ao beneficiário civilmente
a) gratificação de risco de vida;
incapaz será feito ao seu representante legal, admitindose, na
b) gratificação habilitação militar; e
falta deste e por período não superior a 6 (seis) meses, o paga-
c) gratificação de tempo de serviço.
mento a herdeiro legítimo, civilmente capaz, mediante termo de
§1° Se ocorrer a promoção post mortem do militar, o valor
compromisso firmado no ato do recebimento.
do soldo será o do novo posto ou graduação.
Parágrafo único. O procurador se sujeita à responsabilida-
§2° As parcelas que compõem a pensão especial militar de- de civil e criminal pelo recebimento indevido do benefício, bem
vem considerar os valores previstos na norma que vigorava na como pela falta de comunicação de qualquer ato que invalide o
data do óbito do militar. seu instrumento ou o próprio falecimento do representado.
§3° Os percentuais e os valores obedecerão à legislação pró- Art. 118. O militar inativo e o beneficiário de pensão militar
pria de cada parcela. deverão fazer, anualmente, a prova de vida perante o Instituto
§4° Excluem-se da composição da pensão militar especial as de Gestão Previdenciária e de Proteção Social do Estado do Pará
vantagens de natureza indenizatória, bem como as vantagens (IGEPPS), na forma do que dispuser o regulamento.
que decorrem especificamente da atividade, na forma da lei. Art. 119. O 13° (décimo terceiro) salário será devido aos
Art. 110. A pensão militar especial será reajustada pelo Índi- militares da reserva remunerada, reformados e beneficiários de
ce Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), publicado pelo Ins- pensão militar e equivalerá ao valor da respectiva remuneração
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou por outro ou da pensão referente ao mês de dezembro de cada ano. Pa-
índice que venha a substituí-lo. rágrafo único. No ano da ocorrência do fato gerador ou extin-
Art. 111. A pensão militar por morte será devida ao conjun- tivo do benefício dem proteção social, o cálculo da prestação
to de beneficiários de acordo com o rol definido no art. 30 desta obedecerá à proporcionalidade da manutenção do benefício no
Lei Complementar, a contar: correspondente exercício, equivalendo cada mês decorrido, ou
I - do óbito, quando requerida em até 90 (noventa) dias; fração de dias superior a 15 (quinze), a 1/12 (um doze avos).
II - do requerimento, quando requerida após o prazo previs- Art. 120. Serão descontados dos benefícios:
to no inciso I; e I - as contribuições ao Sistema de Proteção Social dos Mili-
III - da data do cancelamento de benefício inacumulável, tares do Estado do Pará;
quando houver. II - as restituições dos valores de benefícios recebidos inde-
§1° Se o beneficiário for absolutamente incapaz à data do vidamente;
óbito, não tem início a contagem do prazo previsto no inciso I III - o imposto de renda retido na fonte, ressalvadas as dis-
do caput deste artigo, enquanto perdurar essa condição jurídica. posições legais;
§2° Na hipótese do § 1° deste artigo, o prazo somente come- IV - a pensão de alimentos decretada em decisão judicial ou
çará a ser contado quando cessada a causa impeditiva da pres- na forma do art. 733 da Lei Federal n° 13.105, de 16 de março
crição, retroagindo-se os efeitos financeiros da pensão à data do de 2015;
óbito ou à do requerimento, conforme o caso. V - as contribuições facultativas devidas pelo segurado às
§3° O direito de requerer a pensão militar especial prescre- respectivas associações e entidades sociais instituídas por mili-
ve em 5 (cinco) anos. tares, na forma da lei;

35
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
VI - as consignações facultativas, nos termos das respectivas Art. 128. É de 5 (cinco) anos o prazo para a Administração
normas estaduais; e anular os atos praticados com fundamento nesta Lei Comple-
VII - outros descontos instituídos por lei. mentar de que decorram efeitos favoráveis para os militares,
§1° Na hipótese do inciso VI do caput deste artigo, o descon- seus dependentes e beneficiários de pensão militar, contados da
to incidente sobre o benefício de proteção social não poderá ser data em que foram praticados.
superior a 30% (trinta por cento) do seu valor bruto. §1° Havendo comprovada má-fé, o prazo previsto no caput
§2° Para a cobertura das despesas administrativas das con- deste artigo conta-se da data do conhecimento do ato pela au-
signações de que tratam os incisos V e VI do caput deste artigo, toridade competente para a sua anulação.
deverá ser cobrada a reposição de custos definida por norma §2° No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo para
regulamentar. anular contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
Art. 121. Para os descontos em folha, a que se refere o art. Art. 129. A prescrição quinquenal das dívidas passivas, bem
120 desta Lei Complementar, são estabelecidos os seguintes li- assim todo e qualquer direito ou ação contra o Estado do Pará e/
mites: ou o Instituto de Gestão Previdenciária e de Proteção Social do
I - quando determinados por lei ou regulamento, quantia Estado do Pará (IGEPPS), seja qual for a sua natureza, será disci-
plinada nos termos do Decreto Federal n° 20.910, de 6 de janei-
estipulada nesses atos;
ro de 1932, e do DecretoLei n° 4.597, de 19 de agosto de 1942.
II - até 70% (setenta por cento) para os descontos previstos
Art. 130. O recebimento indevido, total ou parcial, de be-
nos incisos I, III e IV do art. 120 desta Lei Complementar; e
nefício de qualquer natureza importa na obrigação de devolu-
III - até 30% (trinta por cento) para os demais não enqua-
ção ao Tesouro Estadual do valor auferido indevidamente, com
drados nos I e II do caput deste artigo. Parágrafo único. Em ne- atualização monetária, independentemente de ação, podendo
nhuma hipótese o consignante poderá receber em folha de pa- ser efetuada compensação com eventuais créditos em favor do
gamento a quantia líquida inferior a 30% (trinta por cento) da interessado.
remuneração da inatividade ou da pensão militar. Parágrafo único. Caso não seja possível realizar o desconto
Art. 122. Os valores devidos a segurado inativo ou beneficiá- em folha, deverão ser adotadas as providências para a inscrição
rio da pensão que vier a falecer antes do seu recebimento serão em dívida ativa e cobrança extrajudicial ou judicial.
pagos aos seus sucessores mediante apresentação de alvará ju- Art. 131. Os proventos e as pensões militares em pagamen-
dicial ou formal de partilha. to quando da entrada em vigor desta Lei Complementar passam
Art. 123. O tempo de contribuição para Regime Próprio de a integrar o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado
Previdência ou para o Regime Geral de Previdência Social po- do Pará, aplicando-se-lhes os parâmetros de cálculo e atualiza-
derá ser contado para efeito de reserva e reforma, salvo se já ção constantes da legislação vigente à data em que completados
utilizado para recebimento de outro benefício previdenciário, os requisitos para a passagem à inatividade e à data do óbito,
devendo ser realizada a devida compensação financeira entre os respectivamente.
regimes e o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado Art. 132. A concessão dos benefícios de reserva remunerada
do Pará, na forma prevista em lei. e de reforma é regulada pela legislação vigente à data em que
Art. 124. O tempo de serviço militar efetivamente presta- o segurado reunir os requisitos para passagem à inatividade e
do e não contribuído, anterior a 11 de janeiro de 2002, data da os de pensão militar, pela legislação em vigor na data do óbito
entrada em vigor da Lei Complementar Estadual n° 039, de 09 ou do extravio, respeitadas as normas de transição previstas na
de janeiro de 2002, será contado como tempo de contribuição, presente Lei Complementar e o direito adquirido.
para fins de inatividade, no âmbito do Sistema de Proteção So- Art. 133. O segurado em gozo de licença sem remuneração
cial dos Militares do Estado do Pará. contribuirá para o Sistema de Proteção Social dos Militares do
Parágrafo único. É expressamente vedada, para efeitos de Estado do Pará durante o período de afastamento, recolhendo a
reforma e reserva remunerada no âmbito do Sistema de Prote- contribuição, inclusive a do Estado do Pará que incidiria sobre a
ção Social dos Militares do Estado do Pará, a contagem de tem- sua remuneração, diretamente ao Instituto de Gestão Previden-
ciária e de Proteção Social do Estado do Pará (IGEPPS), por meio
po de contribuição fictício a contar de 11 de janeiro de 2002.
de documento próprio de arrecadação.
Art. 125. Para efeito de concessão de reforma ou reserva
§1° Durante o período de licença sem remuneração, perma-
remunerada constitui-se em incumbência do órgão de origem
nece o vínculo com o Sistema de Proteção Social dos Militares
do militar a instrução completa do processo de inativação, na
do Estado do Pará.
forma do regulamento. §2° O não recolhimento de, no mínimo, 3 (três) contribui-
Art. 126. A perda da condição de militar em decorrência da ções consecutivas ou não, desde que por responsabilidade do
aplicação de punição disciplinar implica a perda dos direitos pre- segurado, importará na suspensão do exercício dos direitos de
vistos nesta Lei Complementar, sem prejuízo do aproveitamento proteção social dispostos nesta Lei Complementar e possibilita-
do tempo de contribuição em outro regime de proteção social rá inscrição em dívida ativa.
ou previdenciário. §3° No retorno do período de licença sem remuneração, o
militar deverá, no prazo de até 90 (noventa) dias, apresentar
TÍTULO V à respectiva Corporação Militar certidão que ateste a regulari-
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS dade das contribuições para o Sistema de Proteção Social dos
Militares do Estado do Pará.
Art. 127. O prazo de decadência do direito ou da ação do §4° Ocorrendo o óbito do militar que estiver com seus di-
segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, reitos suspensos em relação a um dos Fundos referidos nesta
indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato Lei Complementar por período ininterrupto de até 1 (um) ano,
de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de os benefícios devidos aos seus dependentes poderão ser pagos,
benefício é de 5 (cinco) anos contados do registro pelo Tribunal desde que efetuado o recolhimento das quantias devidas, sujei-
de Contas do Estado. tas a juros de mora e correção monetária.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 134. Fica assegurado o adicional de inatividade aos mi- Parágrafo único. Aos militares que, na data da publicação
litares que ingressaram na respectiva Corporação até 31 de de- da Lei Complementar Estadual n° 044, de 2003, possuíam direito
zembro de 2021, calculado mensalmente sobre a remuneração adquirido à incorporação do adicional por exercício de represen-
e em função da soma dos anos de serviço, nas seguintes condi- tação, cargo em comissão ou função gratificada e que exerceram
ções: desde aquela data ou que vierem a exercer referidos cargos ou
I - 35% (trinta e cinco por cento) quando o tempo computa- funções, vedada a percepção simultânea da vantagem incorpo-
do for de 30 (trinta) anos, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos, rada com a representação devida em razão do exercício de tais
se mulher, com o acréscimo previsto no Decreto-Lei n° 667, de cargos ou funções, ressalvado o direito de opção.
1969; ou Art. 137. Não haverá restituição de contribuições, excetua-
II - 20% (vinte por cento) quando o tempo computado for do o caso de recolhimento indevido.
inferior a 30 (trinta) anos. Art. 138. Os processos relacionados à pensão militar terão
Parágrafo único. Fica assegurado aos militares que ingressa- prioridade de tramitação em relação aos demais processos que
ram na respectiva Corporação até 31 de dezembro de 2021 e ve- envolvam concessão de direitos remuneratórios.
nham a contar, no momento da transferência para a inatividade, Art. 139. Fica o Poder Executivo Estadual autorizado a
com mais de 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e 25 (vinte e abrir crédito no Orçamento da Seguridade Social, no exercício
cinco) anos de serviço, se mulher, com o acréscimo previsto no de 2022, na forma dos incisos I e II do art. 41 da Lei Federal n°
Decreto-Lei n° 667, de 1969, o cálculo de seus proventos referi- 4.320, de 17 de março de 1964.
dos ao soldo do posto ou graduação imediatamente superior, se §1° Os recursos necessários à abertura do crédito referido
na Corporação existir, observado o seguinte: no caput deste artigo correrão nos termos do § 1° do art. 43 da
I - o Oficial ocupante do último posto da hierarquia de sua Lei Federal n° 4.320, de 1964.
Corporação terá o cálculo da remuneração tomando-se por base §2° Fica o Poder Executivo Estadual autorizado a suplemen-
o soldo do seu próprio posto, acrescido de 20% (vinte por cen- tar o valor previsto no caput deste artigo, na forma do art. 43 da
to); e Lei Federal n° 4.320, de 1964.
II - o Subtenente, quando transferido para a inatividade, §3° Os créditos iniciais serão provenientes da ação (projeto/
terá o cálculo de sua remuneração de acordo com o soldo do atividade) 9028 – Encargos com a Previdência Social dos Servi-
posto de 2° Tenente. dores da Área Militar, programados na UO 84202 – Fundo Fi-
Art. 135. O militar da ativa que foi ou venha a ser reformado nanceiro de Previdência do Estado do Pará, de acordo com suas
por incapacidade definitiva e considerado inválido, impossibili- respectivas fontes de recursos (01 – Tesouro Estadual) e (290
tado total e permanentemente para qualquer trabalho, não po- – SPSM).
dendo prover os meios de sua subsistência, fará jus a um auxílio- §4° O Poder Executivo abrirá os créditos necessários com a
-invalidez, no valor de 25% (vinte e cinco por cento) da soma do ação (projeto/atividade) de nome “Encargos com a Previdência
soldo com a gratificação de tempo de serviço, desde que satis- Social dos Servidores da Área Militar” em favor do Fundo do Sis-
faça a uma das condições, declarada por Junta Militar de Saúde: tema de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará.
I - necessite de assistência ou de cuidados permanentes de Art. 140. O Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do
enfermagem; ou Pará (IGEPREV), criado pela Lei Complementar Estadual n° 039,
II - necessite de internação em instituição apropriada. de 2002, passa a ser denominado Instituto de Gestão Previden-
§1° Para a continuidade do direito ao recebimento do auxí- ciária e Proteção Social do Estado do Pará (IGPPS).
lio-invalidez, o militar fi cará obrigado a apresentar anualmente Art. 141. A Lei Complementar Estadual n° 039, de 2002, pas-
declaração de que não exerce qualquer atividade remunerada, sa a vigorar com a seguinte redação:
pública ou privada, e, a critério da Administração, será submeti- “Art. 1° Esta Lei Complementar institui o Regime de Previ-
do, periodicamente, à inspeção de saúde de controle, na forma dência dos Servidores do Estado do Pará, englobando os Pode-
do regulamento. res Executivo, Legislativo e Judiciário, as autarquias, inclusive as
§2° O auxílio-invalidez será suspenso automaticamente se: de regime especial, e fundações estaduais, o Ministério Público
I - verificado que o militar exerce ou exerceu, após o re- Estadual, os Ministérios Públicos junto aos Tribunais de Contas
cebimento do auxílio-invalidez, qualquer atividade remunerada, do Estado e dos Municípios, os Tribunais de Contas do Estado e
sem prejuízo de outras sanções cabíveis; e/ou dos Municípios, os magistrados, os Conselheiros dos Tribunais
II - em inspeção de saúde, for constatado não se encontrar de Contas do Estado e dos Municípios, os membros do Minis-
nas condições previstas no caput deste artigo. tério Público Estadual, os membros do Ministério Público junto
§3° O militar de que trata o caput deste artigo terá direi- aos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios e os aposen-
to ao transporte dentro do território estadual, se obrigado a se tados, objetivando assegurar o gozo dos benefícios nela previs-
afastar de seu domicílio para ser submetido à inspeção de saú- tos, mediante a contribuição do Estado, dos servidores públicos
de, na forma do regulamento. ativos e inativos e dos beneficiários de pensão militar, observa-
§4° O auxílio-invalidez não poderá ser inferior ao soldo de dos os critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial,
Cabo. e os demais critérios estabelecidos nesta Lei Complementar.
Art. 136. Fica assegurado o direito adquirido à incorporação
pelo exercício de representação, cargo em comissão ou função
gratificada aos militares que, até a data da publicação da Lei
Complementar Estadual n° 044, de 23 de janeiro de 2003, com-
pletaram período mínimo exigido em lei para a aquisição da van-
tagem, devendo tal parcela integrar a base de contribuição para
o Sistema de Proteção Social dos Militares do Estado do Pará.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO II
LEI 9.207 DE 13 DE JANEIRO DE 2021 (DISPÕEM SOBRE DA POLÍTICA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
O ESTATUTO DOS MILITARES DO ESTADO DO PARÁ E (PEPDEC)
DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS) SEÇÃO I
DAS DIRETRIZES E OBJETIVOS

Prezado(a), Art. 3º A Política Estadual de Proteção e Defesa Civil abran-


Informamos que o edital indicou o número errado para a lei ge as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e re-
em questão, de modo que, na verdade, a Lei nº 5.251/1985 é cuperação voltadas à proteção e defesa civil.
que dispõem sobre o Estatuto dos militares do estado do Pará. Parágrafo único. A Política Estadual de Proteção e Defesa
Informamos que a referida lei já foi abordada em tópicos Civil deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial,
anteriores. desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças cli-
máticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura,
educação, ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais,
LEI 9.217 DE 13 DE JANEIRO DE 2021 (DISPÕE DA tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.
POLÍTICA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL) Art. 4º São diretrizes da Política Estadual de Proteção e De-
fesa Civil;
Prezado(a), I - atuação articulada entre o Estado e seus Municípios para
Informamos que o edital indicou o número errado para a redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;
lei em questão, de modo que, na verdade, a Lei 9.207 de 13 de II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação,
janeiro de 2021 é que (Dispõe da Política Estadual de Proteção preparação, resposta e recuperação;
e Defesa Civil) III - prioridade às ações preventivas relacionadas à minimi-
A seguir, apresentamos a lei correta zação de desastres;
IV - adoção da bacia hidrográfica do Estado como unidade
LEI Nº 9207 DE 13/01/2021 de análise das ações de prevenção de desastres relacionados a
corpos d’água;
Institui a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil (PEP- V - planejamento com base em pesquisas e estudos sobre
DEC), dispõe sobre o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil áreas de risco e incidência de desastres no Estado do Pará; e
(SEPDEC) e o Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEP- VI - participação da sociedade civil.
DEC); autoriza a criação de sistema de informações e monitora- Art. 5º São objetivos da Política Estadual de Proteção e De-
mento de desastres, regulamenta os incisos I e VII do art. 200 da fesa Civil:
Constituição do Estado do Pará. I - reduzir os riscos de desastres;
II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por
A Assembleia Legislativa do Estado do Pará estatui e eu san- desastres;
ciono a seguinte Lei: III - recuperar as áreas afetadas por desastres;
IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de
CAPÍTULO I proteção e defesa civil entre os elementos da gestão territorial e
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS do planejamento das políticas setoriais;
V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa
Art. 1º Esta Lei institui a Política Estadual de Proteção e De- civil;
fesa Civil (PEPDEC), dispõe sobre o Sistema Estadual de Proteção VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os
e Defesa Civil (SEPDEC) e o Conselho Estadual de Proteção e De- processos sustentáveis de urbanização;
fesa Civil (CEPDEC), autoriza a criação de sistema de informa- VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, sus-
ções e monitoramento de desastres e regulamenta os incisos I e cetibilidades e vulnerabilidades a desastres, a fim de evitar ou
VII do art. 200 da Constituição do Estado do Pará. reduzir sua ocorrência;
Parágrafo único. As definições técnicas para aplicação des- VIII - monitorar os eventos meteorológicos, hidrológicos,
ta Lei serão estabelecidas em regulamento, por meio de ato do geológicos, biológicos, nucleares, químicos e outros potencial-
Chefe do Poder Executivo Estadual. mente causadores de desastres;
Art. 2º É dever do Estado do Pará e de seus Municípios ado- IX - produzir alertas antecipados sobre a possibilidade de
tar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre. ocorrência de desastres naturais;
§ 1º As medidas previstas no caput poderão ser adotadas X - estimular o ordenamento da ocupação do solo urbano e
com a colaboração de entidades públicas ou privadas e da so- rural, tendo em vista sua conservação e a proteção da vegetação
ciedade em geral. nativa, dos recursos hídricos e da vida humana;
§ 2º A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá XI - combater a ocupação de áreas ambientalmente vulnerá-
óbice para a adoção das medidas preventivas e mitigadoras da veis e de risco e promover a realocação da população residente
situação de risco. nessas áreas;
XII - estimular iniciativas que resultem na destinação de mo-
radia em local seguro;
XIII - desenvolver consciência estadual acerca dos riscos de
desastre;

38
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos XVII - coordenar as ações do Sistema Nacional de Proteção e
adequados de prevenção e de resposta em situação de desastre Defesa Civil, em articulação com a União e os Municípios;
e promover a autoproteção; XVIII - apoiar a União, quando solicitado, no reconhecimen-
XV - integrar informações em sistema capaz de subsidiar os to de situação de emergência e estado de calamidade pública; e
órgãos do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil na pre- XIX - celebrar parcerias para o desenvolvimento de projetos
visão e no controle dos efeitos negativos de eventos adversos ou ações de cidadania e direitos humanos voltados à defesa civil
sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente; e estadual.
XVI - adotar medidas voltadas ao incremento da oferta de § 1º O Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil conterá,
terra urbanizada e de recursos para utilização em habitação de no mínimo:
interesse social, por meio dos institutos previstos em lei ou em I - a identificação das regiões geográficas e das bacias hi-
regulamento. drográficas do Estado do Pará, com risco de ocorrência de de-
sastres; e
SEÇÃO II II - as diretrizes de ação governamental de proteção e de-
DAS COMPETÊNCIAS DO ESTADO DO PARÁ fesa civil no âmbito estadual, em especial no que se refere à
implantação da rede de monitoramento meteorológico, hidro-
Art. 6º Compete ao Estado do Pará: lógico e geológico e dos riscos biológicos, nucleares e químicos,
I - expedir normas para implementação e execução da Polí- bem como à produção de alertas antecipados das regiões com
tica Estadual de Proteção e Defesa Civil; risco de desastres.
II - coordenar o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil, § 2º O Estado do Pará, por meio da Coordenadoria Estadual
em articulação com os Municípios; de Defesa Civil, instituirá cadastro estadual de Municípios com
III - promover estudos referentes às causas e possibilidade áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande im-
de ocorrência de desastres de qualquer origem, sua incidência, pacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidroló-
extensão e consequência; gicos correlatos, conforme regulamento.
IV - apoiar a União e os Municípios no mapeamento das áre- § 3º A inscrição no cadastro de que trata o § 2º deste artigo
as de risco, nos estudos de identificação de ameaças, suscetibi- dar-se-á por iniciativa do Município ou mediante indicação da
lidades, vulnerabilidades e risco de desastre e nas demais ações Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, observados os critérios
de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação; e procedimentos previstos em regulamento.
V - instituir e manter o sistema de informações e monitora- Art. 7º Compete aos Municípios:
mento de desastres; I - executar a Política Estadual de Proteção e Defesa Civil em
VI - instituir o Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil; âmbito local;
VII - realizar o monitoramento meteorológico, hidrológico II - coordenar as ações do Sistema Estadual de Proteção e
e geológico das áreas de risco, bem como dos riscos biológicos, Defesa Civil no âmbito local, em articulação com a União e o
nucleares e químicos, e produzir alertas sobre a possibilidade de Estado do Pará;
ocorrência de desastres, em articulação com a União, o Distrito III - incorporar as ações de proteção e defesa civil no plane-
Federal e os Municípios; jamento municipal;
VIII - apoiar a União, quando solicitado, no reconhecimento IV - identificar e mapear as áreas de risco de desastres;
de situação de emergência e estado de calamidade pública; V - promover a fiscalização das áreas de risco de desastre e
IX - incentivar a instalação de centros universitários de en- vedar novas ocupações nessas áreas;
sino e pesquisa sobre desastres e de núcleos multidisciplinares VI - declarar situação de emergência e estado de calamidade
de ensino permanente e à distância, destinados à pesquisa, ex- pública;
tensão e capacitação de recursos humanos, com vistas ao geren- VII - vistoriar edificações e áreas de risco e promover, quan-
ciamento e execução de atividades de proteção e defesa civil; do for o caso, a intervenção preventiva e a evacuação da popula-
X - fomentar a pesquisa sobre os eventos deflagradores de ção das áreas de alto risco ou das edificações vulneráveis;
desastres; VIII - organizar e administrar abrigos provisórios para assis-
XI - apoiar a comunidade docente no desenvolvimento de tência à população em situação de desastre, em condições ade-
material didático-pedagógico relacionado ao desenvolvimento quadas de higiene e segurança;
da cultura de prevenção de desastres; IX - manter a população informada sobre áreas de risco e
XII - declarar, quando for o caso, estado de calamidade pú- ocorrência de eventos extremos, bem como sobre protocolos de
blica ou situação de emergência; prevenção e alerta e sobre as ações emergenciais em circunstân-
XIII - apoiar, sempre que necessário, os Municípios no levan- cias de desastres;
tamento das áreas de risco, na elaboração dos Planos de Contin- X - mobilizar e capacitar os radioamadores para atuação na
gência de Proteção e Defesa Civil e na divulgação de protocolos ocorrência de desastre;
de prevenção e alerta e de ações emergenciais; XI - realizar regularmente exercícios simulados, conforme
XIV - executar a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil;
em seu território; XII - promover a coleta, a distribuição e o controle de supri-
XV - apresentar recomendações ao Corpo de Bombeiros Mi- mentos em situações de desastre;
litar do Pará e à Coordenadoria Estadual de Defesa Civil sobre XIII - proceder à avaliação de danos e prejuízos das áreas
situações de risco; atingidas por desastres;
XVI - promover e incentivar ações do Sistema Estadual de XIV - manter o Estado do Pará informado sobre a ocorrência
Proteção e Defesa Civil nos Municípios, em articulação com o de desastres e as atividades de proteção civil no Município;
Corpo de Bombeiros Militar do Pará; XV - estimular a participação de entidades privadas, associa-
ções de voluntários, clubes de serviços, organizações não gover-

39
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
namentais e associações de classe e comunitárias nas ações do III - órgãos estaduais e municipais de proteção e defesa civil;
Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil e promover o treina- e
mento de associações de voluntários para atuação conjunta com IV - órgãos setoriais do Estado do Pará e dos Municípios.
as comunidades apoiadas; e § 1º Poderão participar do Sistema Estadual de Proteção e
XVI - prover solução de moradia temporária às famílias atin- Defesa Civil as organizações comunitárias de caráter voluntário
gidas por desastres. ou outras entidades com atuação significativa nas ações locais
Parágrafo único. Compete aos Municípios inscritos no ca- de proteção e defesa civil.
dastro a que se refere § 2º do art. 6º desta Lei: § 2º Representantes de órgãos ou instituições federais,
I - elaborar mapeamento contendo as áreas suscetíveis à quando convidados, e estiverem diretamente ligados a desas-
ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações tres poderão integrar o Sistema Estadual de Proteção e Defesa
bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos; Civil.
II - elaborar Plano de Contingência de Proteção e Defesa Ci-
vil no órgão municipal de defesa civil, de acordo com os procedi- SEÇÃO II
mentos estabelecidos pelo órgão central do Sistema Estadual de DO CONSELHO ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
Proteção e Defesa Civil, a ser submetido à avaliação e prestação (CEPDEC)
de contas, com ampla divulgação;
III - elaborar plano preventivo de implantação de obras e Art. 11. O Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil, ór-
serviços para a redução de riscos de desastre; gão de assessoramento colegiado integrante da Casa Civil terá
IV - criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar por finalidades:
a edificação em áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos I - auxiliar na formulação, implementação e execução do
de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos Plano Estadual de Proteção e Defesa Civil;
ou hidrológicos correlatos; e II - propor normas para implementação e execução da Polí-
V - elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização, es- tica Estadual de Proteção e Defesa Civil;
tabelecendo diretrizes urbanísticas voltadas para segurança dos III - expedir procedimentos para implementação, execução
novos parcelamentos do solo e para o aproveitamento de agre- e monitoramento da Política Estadual de Proteção e Defesa Civil,
gados para a construção civil. observado o disposto nesta Lei e em seu regulamento;
Art. 8º Compete ao Estado do Pará e aos Municípios: IV - propor procedimentos para atendimento a crianças,
I - desenvolver cultura estadual de prevenção de desastres, adolescentes, gestantes, idosos e pessoas com deficiência em
destinada ao desenvolvimento da consciência estadual acerca situação de desastre, observada a legislação aplicável;
dos riscos de desastre no Estado do Pará e nos Municípios; V - acompanhar o cumprimento das disposições legais e re-
II - estimular comportamentos de prevenção capazes de evi- gulamentares de proteção e defesa civil; e
tar ou minimizar a ocorrência de desastres; VI - reunir, quando necessário, representantes de órgãos
III - estimular a reorganização do setor produtivo e a rees- governamentais, não governamentais e a sociedade civil, com
truturação econômica das áreas atingidas por desastres; o objetivo de encontrar soluções para diminuição do sofrimento
IV - estabelecer medidas preventivas de segurança contra humano em desastres, § 1º A organização, a composição e o fun-
desastres em escolas e hospitais situados em áreas de risco; cionamento do Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil se-
V - oferecer capacitação de recursos humanos para as ações rão estabelecidos em ato do Chefe do Poder Executivo Estadual.
de proteção e defesa civil; e § 2º O Conselho Estadual de Proteção e Defesa Civil contará
VI - fornecer dados e informações para o sistema nacional com representantes da União, do Estado do Pará, dos Municí-
de informações e monitoramento de desastres. pios e da sociedade civil organizada, incluindo-se representan-
tes das comunidades atingidas por desastre, e por especialistas
CAPÍTULO III de notório saber.
DO SISTEMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL
(SEPDEC) CAPÍTULO IV
SEÇÃO I DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 12. Fica autorizada a criação de sistema de informações
Art. 9º O Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil é cons- de monitoramento de desastres, em ambiente informatizado,
tituído pelos órgãos e entidades da Administração Pública do Es- que atuará por meio de base de dados compartilhada entre os
tado do Pará e dos Municípios e pelas entidades públicas e pri- integrantes do Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil vi-
vadas de atuação significativa na área de proteção e defesa civil. sando ao oferecimento de informações atualizadas para preven-
Parágrafo único. O Sistema Estadual de Proteção e Defesa ção, mitigação, alerta, resposta e recuperação em situações de
Civil tem por finalidade contribuir no processo de planejamento, desastre em todo o território estadual.
articulação, coordenação e execução dos programas, projetos e Art. 13. Os programas habitacionais do Estado do Pará e dos
ações de proteção e defesa civil. Municípios devem priorizar a relocação de comunidades de áre-
Art. 10. O Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil será as afetadas pelo desastre e de moradores de áreas de risco.
gerido pelos seguintes órgãos: Art. 14. Em situações de iminência ou ocorrência de desas-
I - órgão consultivo: Conselho Estadual de Proteção e Defesa tre, ficam os órgãos competentes autorizados a transferir bens
Civil (CEPDEC); apreendidos em operações de combate e repressão a crimes
II - órgão central: Corpo de Bombeiros Militar do Pará, po- para os órgãos de proteção e defesa civil do Estado do Pará e dos
dendo o Chefe do Poder Executivo Estadual assumir a condição Municípios, desde que se destinem a ações de restabelecimento
de órgão central dependendo da magnitude do desastre; dos serviços essenciais ou de recuperação de áreas atingidas.

40
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo único. O ente beneficiado deverá apresentar pla- § 2º Também se aplicam as normas deste código aos bom-
no de trabalho ao órgão central do Sistema Estadual de Proteção beiros militares à disposição de outros órgãos.Inalcançáveis dis-
e Defesa Civil no prazo máximo de 90 (noventa) dias da ocorrên- ciplinarmente
cia do desastre, para que seja aprovado. § 3º O disposto neste código não se aplica:
Art. 15. Para fins do disposto nesta Lei, consideram-se agen- I - aos bombeiros militares ocupantes de cargos ou funções
tes de proteção e defesa civil: públicas de natureza não bombeiro-militar definidos em lei, des-
I - os agentes políticos do Estado do Pará e dos Municípios de que na prática de atos específicos relacionados a esses cargos
responsáveis pela direção superior dos órgãos do Sistema Esta- ou funções que não afetem a honra pessoal, o pundonor bom-
dual de Proteção e Defesa Civil; beiro-militar e o decoro da classe;
II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e di- II - aos bombeiros militares ocupantes de cargos públicos
reção de órgãos ou entidades públicas prestadores dos serviços de natureza eletiva definidos em lei, desde que na prática de
de proteção e defesa civil; sua atividade parlamentar por suas opiniões, palavras e votos; e
III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou III - aos membros dos conselhos de justiça, desde que na
função pública, civis ou militares, com atribuições relativas à prática de atos específicos relacionados à função. Finalidade
prestação ou execução dos serviços de proteção e defesa civil; e Art. 3º O CEDCBMPA tem por finalidade especificar e clas-
IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas sificar as transgressões disciplinares, estabelecer normas relati-
ou prestadores de serviços voluntários que exercem, em caráter vas à amplitude e à aplicação das punições disciplinares e ava-
suplementar, serviços relacionados à proteção e defesa civil. liação continuada do comportamento disciplinar escolar, com
Parágrafo único. Os órgãos do Sistema Estadual de Proteção seus respectivos procedimentos e processos, à classificação do
e Defesa Civil adotarão, no âmbito de suas competências, as me- comportamento bombeiro-militar dos praças, à interposição de
didas pertinentes para assegurar a profissionalização e a quali- recursos contra a aplicação das punições e recompensas. Equi-
ficação, em caráter permanente dos agentes públicos referidos paração a OBM
no inciso III deste artigo. Art. 4º Para efeito deste código, são Organizações Bom-
Art. 16. O Poder Executivo regulamentará a presente Lei em beiro-Militares (OBM) o Quartel do Comando-Geral, Comandos
até 180 (cento e oitenta) dias contados de sua publicação. Operacionais Intermediários, Diretorias, Corpo Militar de Saúde,
Art. 17. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Unidades Operacionais, Unidades de Apoio e áreas de instrução
PALÁCIO DO GOVERNO, 13 de janeiro de 2021. e exercício. Equiparação a comandante
Parágrafo único. Para efeito deste código, os comandantes,
LEI ESTADUAL Nº 9.161/2021 (INSTITUI O CÓDIGO diretores ou chefes de OBM, subunidades e pelotões destacados
DE ÉTICA E DISCIPLINA DO CORPO DE BOMBEIROS serão denominados “COMANDANTES”.
MILITAR DO PARÁ.)
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
LEI N° 9.161, DE 13 DE JANEIRO DE 2021 HIERARQUIA

INSTITUI O CÓDIGO DE ÉTICA E DISCIPLINA DO CORPO DE Art. 5º A hierarquia bombeiro-militar é a ordenação pro-
BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ. gressiva da autoridade, em níveis diferentes, decorrente da
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ ESTATUI obediência dentro da estrutura do Corpo de Bombeiros Militar,
E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI: alcançando seu grau máximo no Governador do Estado, que é o
Comandante Supremo da Corporação. Ordenação da autoridade
LIVRO I § 1º A ordenação da autoridade se faz por postos e gradua-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DA DEONTOLOGIA BOMBEIRO- ções, de acordo com o escalonamento hierárquico, a antiguida-
-MILITAR de e a precedência funcional. Posto
TÍTULO I § 2º Posto é o grau hierárquico dos ofi ciais, correspondente
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ao respectivo cargo, conferido por ato do Governador do Estado
CAPÍTULO I e atestado em Carta Patente. Graduação
DAS GENERALIDADES § 3º Graduação é o grau hierárquico dos praças, correspon-
dente ao respectivo cargo, conferido pelo Comandante-Geral do
Organização do Código Corpo de Bombeiros Militar. Antiguidade
Art. 1º Esta Lei institui o Código de Ética e Disciplina do Cor- § 4º Nos casos de declaração a aspirante-a-ofi cial, incorpo-
po de Bombeiros Militar do Pará (CEDCBMPA), que dispõe so- ração e promoção por conclusão de curso de formação prevale-
bre o comportamento ético e estabelece os procedimentos para cerá, para efeito de antiguidade, a ordem de classificação obtida
apuração da responsabilidade administrativo-disciplinar dos in- nos respectivos cursos ou concursos.
tegrantes do Corpo de Bombeiros Militar do Pará. Abrangência § 5º A ordenação dos postos e graduações em relação à an-
Art. 2º Estão sujeitos a esta Lei os bombeiros militares ati- tiguidade emprecedência no Corpo de Bombeiros Militar se faz
vos e inativos, nos termos da legislação vigente. Alunos conforme preceitua o Estatuto dos Militares Estaduais. Discipli-
§ 1º Os alunos de órgãos específicos de formação, especiali- na
zação e aperfeiçoamento de bombeiros militares ficam sujeitos Art. 6º A disciplina bombeiro-militar é a rigorosa observân-
às disposições deste código, sem prejuízo das leis, regulamen- cia e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e
tos, normas e outras prescrições das Organizações Bombeiro- disposições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever
-Militares (OBM) em que estejam matriculados. Bombeiros mili- por parte de todos e de cada um dos componentes do organis-
tares à disposição mo bombeiro-militar. Manifestações essenciais

41
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º São manifestações essenciais de disciplina, dentre ou- Funções de subtenentes e sargentos
tras: Parágrafo único. No exercício das atividades menciona-
I - a correção de atitudes; das neste artigo e no comando de elementos subordinados, os
II - a obediência pronta às ordens dos superiores hierárqui- subtenentes e sargentos deverão impor-se pela lealdade, pelo
cos; exemplo e pela capacidade profissional e técnica, incumbindo-
III - a dedicação integral ao serviço; -lhes assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das or-
IV - a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à efi dens, das regras do serviço e das normas operativas pelos praças
ciência da instituição; que lhes estiverem diretamente subordinados e a manutenção
V - a consciência das responsabilidades; e da coesão e da moral dos mesmos praças em todas as circuns-
VI - a rigorosa observância das prescrições regulamentares. tâncias.
Condutas permanentes
§ 2º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser manti- Cabos e soldados
dos permanentemente pelos bombeiros militares na ativa e na Art. 12. Os cabos e soldados são, essencialmente, elementos
inatividade. Obediência às ordens de execução.
Art. 7º As ordens devem ser prontamente obedecidas, des- Dedicação ao estudo
de que não manifestamente ilegais. Responsabilidade Art. 13. Os praças especiais cabe a rigorosa observância das
§ 1º Cabe ao bombeiro militar a responsabilidade pelas or- leis, regulamentos, normas e outras prescrições do estabeleci-
dens que der e pelas consequências que delas advierem. Escla- mento de ensino bombeiro-militar onde estiverem matricula-
recimento sobre ordem dos, exigindo-se-lhes inteira dedicação ao estudo e ao aprendi-
§ 2º Cabe ao subordinado, ao receber uma ordem, solici- zado técnico- profissional.
tar os esclarecimentos necessários ao seu total entendimento e
compreensão. Excesso e omissão TÍTULO II
§ 3º Cabe ao bombeiro militar que exorbitar ou se omitir DA DEONTOLOGIA BOMBEIRO-MILITAR
no cumprimento de ordem recebida a responsabilidade pelos CAPÍTULO I
excessos e abusos que cometer ou pelo que deixou de fazer. DO VALOR BOMBEIRO-MILITAR
Responsabilidade de terceiro
§ 4º Se a violação da disciplina é provocada por terceiro, Deontologia
responderá este pela transgressão, se bombeiro militar. Art. 14. A Deontologia Bombeiro-Militar é constituída pelos
valores e deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, que
CAPÍTULO III se impõem para que o exercício da profissão bombeiro-militar
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO atinja plenamente os ideais de realização do bem comum, me-
diante a preservação da ordem pública.
Comando
Art. 8º Comando é a soma de autoridade, deveres e respon- Finalidade
sabilidade que o bombeiro militar é investido legalmente, quan- Parágrafo único. A Deontologia Bombeiro-Militar reúne va-
do conduz homens ou dirige uma Organização Bombeiro-Militar. lores úteis, lógicos e razoáveis, destinados a elevar a profissão
O Comando é vinculado ao grau hierárquico e constitui prerro- bombeiro-militar à condição de missão.
gativa impessoal, na qual se define e se caracteriza como chefe.
Camaradagem
Equiparação a comandante Art. 15. A camaradagem é indispensável à formação e ao
§ 1º Equipara-se a comandante, para efeito de aplicação convívio da família bombeiro-militar, devendo existir as melho-
desta Lei, toda autoridade bombeiro-militar com função de di- res relações sociais entre os bombeiros militares.
reção e chefia.
Responsabilidade de todos
Equiparação a superior Parágrafo único. Cabe a todos os integrantes do Corpo de
§ 2º O bombeiro militar que, em virtude da função, exerce Bombeiros Militar incentivar e manter a harmonia e a amizade
autoridade sobre outro de igual posto ou graduação considera- entre si. Civilidade
-se superior para efeito da aplicação das cominações previstas Art. 16. A civilidade é parte da Educação Bombeiro-Militar e,
nesta Lei. como tal, de interesse vital para a disciplina consciente. Importa
ao superior tratar os subordinados em geral com consideração e
Subordinação justiça. Em contrapartida, o subordinado é obrigado a todas as
Art. 9º A subordinação não afeta, de modo algum, a digni- provas de respeito e deferência para com seus superiores, em
dade pessoal do bombeiro militar e decorre, exclusivamente, da conformidade com legislação vigente.
estrutura hierarquizada do Corpo de Bombeiros Militar.
Militares de outras corporações
Oficiais Parágrafo único. As demonstrações de camaradagem, cor-
Art. 10. O oficial é preparado, ao longo da carreira, para o tesia e consideração, obrigatórias entre os bombeiros militares,
exercício do comando, da chefia e da direção das Organizações devem ser dispensadas aos militares das Forças Armadas e aos
Bombeiro-Militares. Subtenentes e sargentos policiais e bombeiros militares de outras corporações.
Art. 11. Os subtenentes e sargentos auxiliam ou comple-
mentam as atividades dos ofi ciais no adestramento e emprego
de meios, na instrução, na administração e na operacionalidade.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Valores bombeiro-militares § 6º A indignidade para com o cargo é o ferimento a precei-
Art. 17. São atributos inerentes à conduta do bombeiro mili- tos morais e éticos vinculados à conduta do bombeiro militar.
tar, que se consubstanciam em valores bombeiro-militares: Incompatibilidade
I - a cidadania; § 7º A incompatibilidade para com o cargo é a inabilitação
II - o respeito à dignidade humana; ao exercício funcional decorrente da falta de preparo técnico-
III - a primazia pela liberdade, justiça e solidariedade; -profissional.
IV - a promoção do bem-estar social sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade, religião e quaisquer outras for- CAPÍTULO II
mas de discriminação; DA ÉTICA BOMBEIRO-MILITAR
V - a defesa do Estado e das instituições democráticas; SEÇÃO I
VI - a educação, cultura e bom condicionamento físico; DOS PRECEITOS FUNDAMENTAIS
VII - a assistência à família;
VIII - o respeito e assistência à criança, ao adolescente, ao Preceitos éticos
idoso e ao índio; Art. 18. O sentimento do dever, o pundonor bombeiro-mili-
IX - o respeito e preservação do meio ambiente; tar e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes do
X - o profissionalismo; Corpo de Bombeiros Militar, conduta moral e profissional irre-
XI - a lealdade; preensíveis, com observância dos seguintes preceitos da ética
XII - a constância; bombeiro-militar:
XIII - a verdade real; I - cultuar os símbolos e as tradições da Pátria, do Estado do
XIV - a honra; Pará e do Corpo de Bombeiros Militar e zelar por sua inviolabi-
XV - a honestidade; lidade;
XVI - o respeito à hierarquia; II - preservar a natureza e o meio ambiente;
XVII - a disciplina; III - servir à comunidade, procurando, no exercício da su-
XVIII - a coragem; prema missão de preservar a ordem pública, promover, sempre,
XIX - o patriotismo; o bem-estar comum, dentro da estrita observância das normas
XX - o sentimento de servir à comunidade estadual; jurídicas e das disposições desta Lei;
XXI - o integral devotamento à preservação da ordem públi- IV - atuar com devotamento ao interesse público, colocan-
ca, mesmo com o risco da própria vida; do-o acima dos anseios particulares;
XXII - o civismo e o culto das tradições históricas; V - atuar de forma disciplinada e disciplinadora, com respei-
XXIII - a fé na missão elevada do Corpo de Bombeiros Militar; to mútuo de superiores e subordinados, e preocupação com a
XXIV - o espírito de corpo, orgulho do bombeiro militar pela integridade física, moral e psíquica de todos os bombeiros mi-
Organização Bombeiro-Militar onde serve; litares do Estado, inclusive dos agregados, envidando esforços
XXV - o amor à profissão bombeiro-militar e o entusiasmo para bem encaminhar a solução dos problemas apresentados;
com que é exercida; VI - ser justo na apreciação de atos e méritos dos subordi-
XXVI - o aprimoramento técnico-profissional. nados;
VII - cumprir e fazer cumprir, dentro de suas atribuições le-
Objetividade dos valores galmente definidas, a Constituição, as leis e as ordens legais das
§ 1º Os valores cominados no caput deste artigo são essen- autoridades competentes, exercendo suas atividades com res-
ciais para o entendimento objetivo do sentimento do dever, da ponsabilidade, incutindo-a em seus subordinados;
honra pessoal, do pundonor bombeiro-militar, do decoro da VIII - estar sempre preparado para as missões que desem-
classe, da dignidade e compatibilidade com o cargo. penhe;
IX - exercer as funções com integridade, probidade e equilí-
Sentimento do dever brio, segundo os princípios que regem a Administração Pública,
§ 2º Sentimento do dever é o comprometimento com o fiel não sujeitando o cumprimento do dever a influências indevidas;
cumprimento da missão bombeiro-militar. X - procurar manter boas relações com outras categorias
profissionais, conhecendo e respeitando-lhes os limites de com-
Honra pessoal petência, mas elevando o conceito e o Processo Administrativo
§ 3º Honra pessoal é o sentimento de dignidade própria, Disciplinar da própria profissão, zelando por sua competência e
como o apreço e o respeito de que é objeto ou se tornam mere- autoridade;
cedores os bombeiros militares perante seus superiores, pares XI - ser fiel na vida bombeiro-militar, cumprindo os compro-
e subordinados. missos relacionados às suas atribuições de agente público;
Pundonor bombeiro-militar XII - manter ânimo forte e fé na missão bombeiro-militar,
§ 4º Pundonor bombeiro-militar é o dever de pautar sua mesmo diante das dificuldades, demonstrando persistência no
conduta com correção de atitudes, como um profissional cor- trabalho para solucioná-las;
reto. Exige-se do bombeiro militar, em qualquer ocasião, com- XIII - manter ambiente de harmonia e camaradagem na vida
portamento ético que refletirá no seu desempenho perante a profissional, solidarizando-se nas dificuldades que estejam ao
instituição a que serve e no grau de respeito que lhe é devido. seu alcance, minimizar e evitando comentários desairosos sobre
Decoro da classe os componentes das instituições militares;
§ 5º Decoro da classe é o valor moral e social da instituição, XIV - não pleitear para si, por meio de terceiros, cargo ou
representando o conceito do bombeiro militar em sua amplitu- função que esteja sendo exercido por outro militar do Estado;
de social, estendendo-se à classe que o militar compõe, não sub- XV - conduzir-se de modo não subserviente, sem ferir os
sistindo sem ele. Indignidade princípios de respeito e decoro;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XVI - abster-se do uso do posto, graduação ou função para § 1º Compete aos comandantes fiscalizar os subordinados
obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encami- que apresentarem sinais exteriores de riqueza incompatíveis
nhar negócios particulares ou de terceiros; com a remuneração do respectivo cargo, fazendo-os comprovar
XVII - prestar assistência moral e material à família; a origem de seus bens mediante instauração de procedimento
XVIII - considerar a verdade, a legalidade e a responsabilida- administrativo, observada a legislação específica. Vedação a ati-
de como fundamentos de dignidade pessoal; vidades comerciais a bombeiros militares da reserva revertidos
XIX - exercer a profissão sem discriminações ou restrições à ativa.
de ordem religiosa, política, racial, de condição social, de gênero § 2º Os bombeiros militares da reserva remunerada, quando
ou qualquer outra de caráter discriminatório; convocados para o serviço ativo, ficam submetidos à legislação
XX - atuar com prudência nas ocorrências policiais; pertinente à situação de atividade na Corporação.
XXI - respeitar a integridade física, moral e psíquica da pes- Declaração de bens
soa do preso ou de quem seja objeto de incriminação; Art. 20. No ato da inclusão, o bombeiro militar apresentará
XXII - não solicitar ou provocar publicidade visando à pró-
declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio, re-
pria promoção pessoal;
petindo-se esse ato anualmente, como medida de transparência
XXIII - observar os direitos e garantias fundamentais, agin-
da aplicação do Erário. Substituição da declaração.
do com isenção, equidade e absoluto respeito pelo ser humano,
Parágrafo único. A declaração anual acima referida poderá
não usando sua condição de autoridade pública para a prática
de arbitrariedade; ser substituída pela entrega à Administração Bombeiro-Militar
XXIV - exercer a função pública com honestidade, não acei- de cópia da declaração anual do imposto de renda de pessoa
tando vantagem indevida, de qualquer espécie; física.
XXV - não usar meio ilícito na produção de trabalho intelec-
tual ou em avaliação profissional, inclusive no âmbito do ensino SEÇÃO II
bombeiro-militar; DO COMPROMISSO BOMBEIRO-MILITAR
XXVI - não abusar dos meios do Estado postos à sua disposi- ACEITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
ção, nem distribuílos a quem quer que seja, em detrimento dos
fins da Administração Pública, coibindo ainda a transferência, Art. 21. Todo cidadão, após ingressar no Corpo de Bombei-
para fins particulares, de tecnologia própria das funções bom- ros Militar mediante concurso público, ao término do curso de
beiro-militares; formação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a
XXVII - atuar com eficiência e probidade, zelando pela eco- sua aceitação consciente das obrigações e dos deveres bombei-
nomia e conservação dos bens públicos cuja utilização lhe for ro-militares e manifestará a sua firme disposição de bem cum-
confiada; pri-los.
XXVIII - proteger as pessoas, o patrimônio e o meio ambien- Compromisso de honra
te com abnegação e desprendimento pessoal; Art. 22. O compromisso a que se refere o art. 21 terá caráter
XXIX - zelar pelo preparo moral, intelectual e físico próprio solene e será prestado na presença de tropa, tão logo o bom-
e dos subordinados, tendo em vista o cumprimento da missão beiro militar tenha adquirido o grau de instrução compatível
comum; com os seus deveres como integrante do Corpo de Bombeiros
XXX - praticar a camaradagem e desenvolver, permanente- Militar, conforme os seguintes dizeres: “Ao ingressar no Corpo
mente, o espírito de cooperação; de Bombeiros Militar do Pará, prometo regular minha conduta
XXXI - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lin- pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das
guagem escrita e falada; autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramen-
XXXII - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de te ao serviço bombeiro-militar, à preservação da ordem pública
matéria sigilosa de qualquer natureza;
e à segurança da comunidade, mesmo com o risco da própria
XXXIII - proceder de maneira ilibada na vida pública e na
vida”. Compromisso do aspirante-a-oficial
particular;
§ 1º O compromisso do aspirante-a-oficial é prestado na
XXXIV - observar as normas da boa educação;
solenidade de conclusão do curso de formação de oficiais, de
XXXV - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inativida-
de, de modo a que não sejam prejudicados os princípios da dis- acordo com o cerimonial previsto no regulamento do estabeleci-
ciplina, do respeito e do decoro bombeiro-militar; mento de ensino, e terá os seguintes dizeres: “Ao ser declarado
XXXVI - zelar pelo bom nome do Corpo de Bombeiros Militar aspirante-a-oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, pro-
e de cada um de seus integrantes, obedecendo e fazendo obe- meto regular minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir
decer aos preceitos da ética bombeiro-militar; rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subor-
XXXVII - dedicar-se integralmente ao serviço bombeiro-mi- dinado e dedicarme inteiramente ao serviço bombeiro-militar,
litar e ser fiel à instituição a que pertence, mesmo com o risco à preservação da ordem pública e à segurança da comunidade,
da própria vida; mesmo com o risco da própria vida”. Compromisso do oficial
XXXVIII - tratar o subordinado dignamente e com urbanida- § 2º O compromisso do oficial promovido ao primeiro posto
de; e é prestado em solenidade, de acordo com o cerimonial previsto
XXXIX - tratar de forma urbana, cordial e educada os cida- em legislação específica, e terá os seguintes dizeres: “Perante
dãos. Vedação a atividades comerciais a Bandeira do Brasil e pela minha honra, prometo cumprir os
Art. 19. Ao bombeiro militar da ativa é vedado exercer ati- deveres de ofi cial do Corpo de Bombeiros Militar do Pará e de-
vidade de segurança particular, comerciar ou tomar parte na dicar-me inteiramente ao seu serviço’’.
administração ou gerência de sociedade, ou dela ser sócio ou
participar ainda que indiretamente, exceto como acionista ou
cotista em sociedade anônima ou limitada. Sinais de riqueza in-
compatíveis

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO III repreensão e suspensão até quinze dias para oficiais e até trinta
DA VIOLAÇÃO DOS DEVERES BOMBEIRO-MILITARES dias para praças, a bombeiros militares ativos sob os seus co-
mandos ou chefias; e
Violação dos deveres éticos VIII - aos Subcomandantes de Grupamentos e dos Subgru-
Art. 23. A violação dos deveres éticos dos bombeiros mili- pamentos: as sanções disciplinares de repreensão e suspensão
tares acarretará responsabilidade administrativa, independente de até dez dias para oficiais e de até quinze dias para praças.
da penal e da civil. Parágrafo único. A violação dos preceitos da Obrigação de informar ato atentatório à disciplina
ética bombeiro-militar é tão mais grave quanto mais elevado for Art. 27. Todo bombeiro militar que tiver conhecimento de
o grau hierárquico de quem a cometer. Vedação a manifesta- um fato contrário à disciplina deverá participá-lo ao seu chefe
ções coletivas. imediato, por escrito ou verbalmente. Neste último caso, deve
Art. 24. São proibidas quaisquer manifestações coletivas confirmar a participação, por escrito, no prazo máximo de três
sobre atos dem superiores, de caráter reivindicatório e/ou de dias.
cunho político-partidário, sujeitando-se as manifestações de ca- Requisitos da informação
ráter individual aos preceitos deste código. § 1º A parte deve ser clara, concisa e precisa; deve conter
dados capazes de identificar as pessoas ou coisas envolvidas, o
TÍTULO III local, a data e a hora da ocorrência e caracterizar as circunstân-
DA ABRANGÊNCIA DO CÓDIGO DISCIPLINAR E COMPETÊN- cias que a envolvem, sem tecer comentários ou opiniões pesso-
CIA PARA ais. Prazo para providências da autoridade competente
SUA APLICAÇÃO § 2º A autoridade a quem a parte disciplinar é dirigida deve
CAPÍTULO I tomar providências no prazo máximo de quinze dias. Encami-
DA COMPETÊNCIA nhamento à autoridade competente
§ 3º A autoridade que receber a parte, não sendo compe-
Competência geral tente para providenciar a respeito, deve encaminhá-la a seu su-
Art. 25. A competência para aplicar as prescrições contidas perior imediato. Conflito de competência
neste código é conferida à função, observada a hierarquia. Auto- Art. 28. Nas ocorrências disciplinares que envolvam bom-
ridades competentes para punir disciplinarmente beiros militares de mais de uma Organização Bombeiro-Militar,
Art. 26. O Governador do Estado é competente para aplicar caberá ao comandante que primeiro tomar conhecimento do
todas as sanções disciplinares previstas neste código aos bom- fato comunicá-lo, imediatamente e por escrito, à Corregedoria-
beiros militares ativos e inativos, cabendo às demais autorida- -Geral. Competência em razão da pessoa
des as seguintes competências: § 1º Havendo a situação descrita no caput deste artigo, o
I - ao Comandante-Geral: todas as sanções disciplinares a Corregedor-Geral encaminhará o caso à comissão permanente
bombeiros militares ativos e inativos, exceto ao Chefe da Casa de corregedoria do comando operacional intermediário a que
Militar da Governadoria e seus comandados, até os limites má- pertencer o bombeiro militar mais antigo envolvido no fato, fi-
ximos previstos neste código, excluindo-se a demissão e a refor- cando ampliada a competência do presidente da respectiva co-
ma administrativa disciplinar de oficiais; missão para aplicar as prescrições deste código a todos os im-
II - ao Chefe da Casa Militar da Governadoria: as sanções dis- plicados. Punição a ser aplicada está além da competência da
ciplinares de repreensão e suspensão a bombeiros militares sob autoridade
o seu comando, até os limites máximos estabelecidos nesta Lei; § 2º Quando uma autoridade, ao solucionar o Processo Ad-
III - ao Chefe do Estado-Maior Geral do Corpo de Bombei- ministrativo Disciplinar, concluir que a punição a ser aplicada
ros Militar: as sanções disciplinares de repreensão, suspensão está além do limite máximo que lhe é autorizado, cabe-lhe en-
a bombeiros militares ativos, exceto ao Comandante-Geral e ao caminhar o processo à autoridade superior para fins de delibe-
Chefe da Casa Militar da Governadoria e seus comandados, até ração. Ocorrência envolvendo militar de outra Força ou servidor
os limites máximos estabelecidos nesta Lei; público
IV - ao Corregedor-Geral: todas as sanções disciplinares a § 3º No caso de ocorrência disciplinar envolvendo militar de
bombeiros militares ativos e inativos, exceto ao Comandante- outra Força ou servidor público e bombeiro militar, a autorida-
-Geral, ao Chefe do Estado-Maior Geral do Corpo de Bombeiros de competente deverá tomar as medidas disciplinares referen-
Militar e ao Chefe da Casa Militar da Governadoria e seus co- tes ao bombeiro militar, informando ao escalão superior sobre
mandados, excluindo-se a demissão e a reforma administrativa sua decisão administrativa, devendo este comunicar a solução
disciplinar de oficiais; tomada à autoridade que tenha ascendência funcional sobre o
V - aos Chefes de Departamentos, Comandantes Operacio- outro envolvido.
nais Intermediários, Diretores Setoriais e ao Ajudante-Geral: as
sanções disciplinares de repreensão e suspensão até vinte dias LIVRO II
para oficiais e até trinta dias para praças, a bombeiros militares DAS TRANSGRESSÕES E PUNIÇÕES DISCIPLINARES
ativos sob a sua chefia, comando ou direção; TÍTULO I
VI - aos Presidentes das Comissões de Correição Geral, de DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
Corregedoria dos Comandos Operacionais Intermediários e ao CAPÍTULO I
Chefe de Divisões: as sanções disciplinares de repreensão e sus- DO CONCEITO E DA CLASSIFICAÇÃO DAS TRANSGRESSÕES
pensão até vinte dias para oficiais e até trinta dias para praças, a
bombeiros militares ativos na sua circunscrição; Conceito de transgressão disciplinar
VII - aos Comandantes de Grupamentos, dos Subgrupamen- Art. 29. Transgressão disciplinar é qualquer violação dos
tos, das Unidades Escola, aos Chefes de Seção do Estado-Maior princípios da ética, dos deveres e das obrigações bombeiro-
Geral e aos Chefes de Assessorias: as sanções disciplinares de -militares, na sua manifestação elemetar e simples, e qualquer

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
omissão ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, re- V - por motivo de força maior ou caso fortuito plenamente
gulamentos, normas ou disposições, ainda que constituam cri- comprovado. Inexistência de transgressão disciplinar
me, cominando ao infrator as sanções previstas neste código. Parágrafo único. Não haverá transgressão disciplinar quan-
Classificação das transgressões do for reconhecida qualquer causa de justificação, devendo a
Art. 30. A transgressão disciplinar classifica-se, de acordo decisão ser publicada em boletim.
com sua gravidade, em leve, média ou grave. Atenuantes
Competência para classificar Art. 35. São circunstâncias atenuantes:
Parágrafo único. A classificação da transgressão compete a I - bom comportamento;
quem couber aplicar a punição, considerando a natureza e as II - relevância de serviços prestados;
circunstâncias do fato. III - ter sido cometida a transgressão para evitar mal maior;
Pressupostos para a classificação IV - ter sido cometida a transgressão em defesa própria, de
Art. 31. As transgressões disciplinares serão classificadas seus direitos ou de outrem, desde que não constitua causa de
observando-se o seguinte: justificação;
§ 1º De natureza “leve”, quando constituírem atos que V - falta de prática do serviço; e
por suas consequências não resultem em grandes prejuízos ou VI - ter sido a transgressão praticada em decorrência da falta
transtornos: de melhores esclarecimentos quando da emissão da ordem ou
I - ao serviço bombeiro-militar; e/ou de falta de meios adequados para o seu cumprimento, devendo
II - à Administração Pública. tais circunstâncias ser plenamente comprovadas. Agravantes
§ 2º De natureza “grave”, quando constituírem atos que: Art. 36. São circunstâncias agravantes:
I - sejam atentatórios aos direitos humanos fundamentais; I - o mau comportamento;
II - sejam atentatórios às instituições ou ao Estado; II - a prática simultânea ou conexão de duas ou mais trans-
III - afetem o sentimento do dever, a honra pessoal, o pun- gressões;
donor bombeiromilitar ou o decoro da classe; III - a reincidência de transgressão;
IV - atentem contra a moralidade pública; IV - o conluio de duas ou mais pessoas;
V - gerem grande transtorno ao andamento do serviço; V - a prática de transgressão durante a execução do serviço;
VI - também sejam definidos como crime; e/ou VI - ser cometida a falta em presença de subordinado;
VII - causem grave prejuízo material à Administração. VII - ter abusado o transgressor de sua autoridade hierár-
§ 3º A transgressão será considerada de natureza “média” quica;
quando não se enquadrar nas hipóteses dos parágrafos ante- VIII - a prática da transgressão com premeditação;
riores. IX - a prática de transgressão em presença de tropa; e
§ 4º Considera-se transgressão de natureza grave cometer X - a prática da transgressão em presença de público.
a subordinado atividades que não são inerentes às funções do
bombeiro militar. CAPÍTULO III
DA ESPECIFICAÇÃO DAS TRANSGRESSÕES
CAPÍTULO II
DO JULGAMENTO DAS TRANSGRESSÕES Art. 37. São transgressões disciplinares todas as ações ou
omissões contrárias à disciplina bombeiro-militar, especificadas
Critérios para julgamento das transgressões a seguir:
Art. 32. O julgamento das transgressões deve ser precedido No ato da prisão
de uma análise que considere: I - desconsiderar os direitos constitucionais da pessoa no
I - os antecedentes do transgressor; ato da prisão; GRAVE
II - as causas que a determinaram; II - usar de força desnecessária no atendimento de ocorrên-
III - a natureza dos fatos ou os atos que a envolveram; e cia ou no ato de efetuar prisão; GRAVE
IV - as consequências que delas possam advir. III - deixar de providenciar para que seja garantida a integri-
Obrigatoriedade de observar causas de justificação, atenu- dade física das pessoas que prender ou manter sob sua custódia;
antes e agravantes GRAVE
Art. 33. No julgamento das transgressões devem ser levan- IV - agredir física, moral ou psicologicamente preso sob sua
tadas causas que justifiquem a falta ou circunstâncias que a ate- guarda ou permitir que outros o façam; GRAVE
nuem e/ou a agravem. V - permitir que o preso sob sua guarda conserve em seu
Causas de justificação poder instrumento ou objetos com que possa ferir a si próprio
Art. 34. Haverá causa de justificação quando a transgressão ou a outrem; GRAVE
for cometida: VI - reter o preso, a vítima, as testemunhas ou partes por
I - na prática de ação meritória ou no interesse do serviço ou mais tempo que o necessário para a solução do procedimento
da ordem pública; policial, administrativo ou penal;
II - em legítima defesa, estado de necessidade, exercício re- GRAVE
gular de direito ou estrito cumprimento do dever legal; VII - soltar preso ou dispensar pessoas detidas em ocorrên-
III - em obediência à ordem superior, quando não manifes- cia, sem ordem de autoridade competente; GRAVE No atendi-
tamente ilegal; mento a ocorrências
IV - para compelir o subordinado a cumprir rigorosamente o VIII - receber vantagem de pessoa interessada no caso de
seu dever, em caso de perigo, necessidade urgente, calamidade furto, roubo, objeto achado ou qualquer outro tipo de ocorrên-
pública, preservação da ordem pública e da disciplina; e/ou cia ou procurá-la para solicitar vantagem; GRAVE

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IX - receber ou permitir que seu subordinado receba, em ra- XXX - esquivar-se a satisfazer compromissos de ordem mo-
zão da função pública, qualquer objeto ou valor, mesmo quando ral que houver assumido, desde que afete a instituição bombei-
oferecido pelo proprietário ou responsável; GRAVE ro-militar; MÉDIA
X - desrespeitar, desconsiderar ou ofender pessoa por pala- XXXI - deixar o superior de determinar a saída imediata, de
vras, atos ou gestos, no atendimento de ocorrência ou em ou- solenidade bombeiro-militar ou civil, de subordinado que a ela
tras situações de serviço; GRAVE compareça em uniforme diferente do marcado; LEVE
XI - deixar de assumir, orientar ou auxiliar o atendimento de XXXII - deixar o ofi cial ou aspirante-a-oficial, ao entrar em
ocorrência, quando esta, por sua natureza ou amplitude assim o Organização Bombeiro-Militar onde não sirva, de dar ciência da
exigir; GRAVE sua presença ao oficial de dia e, em seguida, de procurar o co-
XII - descumprir, retardar ou prejudicar medidas ou ações de mandante ou o mais graduado dos oficiais presentes para cum-
ordem judicial ou de polícia administrativa ou judiciária de que primentá-lo; MÉDIA
esteja investido ou que deva promover; MÉDIA XXXIII - deixar o subtenente, sargento, cabo ou soldado,
XIII - violar ou deixar de preservar local de crime; GRAVE Na ao entrar em Organização Bombeiro-Militar onde não sirva, de
utilização de transportes apresentar-se ao oficial de dia ou seu substituto legal; MÉDIA
XIV - dirigir viatura, pilotar aeronave ou embarcação com XXXIV - deixar o comandante da guarda ou agente de segu-
imprudência, imperícia, negligência ou sem habilitação legal; rança
GRAVE correspondente de cumprir as prescrições regulamentares
XV - desrespeitar regras de trânsito, de tráfego aéreo ou de com respeito à entrada ou à permanência na Organização Bom-
navegação marítima, lacustre ou fluvial, quando em serviço; MÉ- beiro-Militar de civis, militares ou bombeiros militares estra-
DIA nhos à mesma; MÉDIA
XVI - conduzir veículo, pilotar aeronave ou embarcação ofi XXXV - não se apresentar a superior hierárquico ou de sua
cial sem autorização do órgão competente do Corpo de Bombei- presença retirar-se sem obediência às normas regulamentares;
ros Militar, mesmo estando habilitado; LEVE LEVE
XVII - transportar, na viatura, aeronave ou embarcação que XXXVI - deixar, quando estiver sentado, de oferecer seu lu-
esteja sob seu comando ou responsabilidade, pessoal ou mate- gar a superior, ressalvadas as exceções no regulamento de con-
rial sem autorização da autoridade competente; LEVE tinências, honras e sinais de respeito; MÉDIA
Por omissão XXXVII - deixar deliberadamente de corresponder a cumpri-
XVIII - omitir deliberadamente, em boletim de ocorrência, mento de subordinado; MÉDIA
relatório ou qualquer documento, dados indispensáveis ao es- XXXVIII - deixar o subordinado, quer uniformizado, quer em
clarecimento dos fatos; GRAVE traje civil, de cumprimentar superior uniformizado ou não, nes-
XIX - não cumprir ou retardar, sem justo motivo, a execução te caso, desde que o conheça, ou prestar-lhe as homenagens e
de qualquer ordem legal recebida; MÉDIA sinais regulamentares de consideração e respeito; LEVE
XX - deixar de assumir a responsabilidade de seus atos ou XXXIX - deixar ou negar-se a receber vencimentos, alimenta-
pelos praticados por subordinados que agirem em cumprimento ção, fardamento, armamento, equipamento, material ou docu-
de sua ordem; GRAVE mento que lhe seja destinado ou deva ficar em seu poder ou sob
XXI - deixar de punir transgressor da disciplina; MÉDIA sua responsabilidade; MÉDIA
XXII - não levar falta ou irregularidade que presenciar, ou de XL - deixar o oficial ou aspirante-a-oficial, tão logo seus afa-
que tiver ciência e não lhe couber reprimir, ao conhecimento da zeres o permitam, de apresentar-se ao de maior posto ou ao
autoridade competente, no mais curto prazo; MÉDIA substituto legal imediato da Organização Bombeiro-Militar onde
XXIII - deixar de cumprir ou de fazer cumprir normas regula- serve para cumprimentá-lo, salvo ordem ou instrução a respei-
mentares na esfera de suas atribuições; MÉDIA to; LEVE
XXIV - deixar de comunicar a tempo, ao superior imediato, XLI - deixar o subtenente ou sargento, tão logo seus afaze-
ocorrência no âmbito de suas atribuições, quando se julgar sus- res o permitam, de apresentar-se ao seu comandante ou chefe
peito ou impedido de providenciar a respeito; MÉDIA imediato; LEVE
XXV - deixar de comunicar ao superior imediato ou, na au- XLII - deixar de comunicar a alteração de dados de qualifica-
sência deste, a qualquer autoridade superior, toda informação ção pessoal ou mudança de endereço residencial; LEVE
que tiver sobre iminente perturbação da ordem pública ou grave XLIII - deixar de instruir processo que lhe for encaminhado,
alteração do serviço, logo que disto tenha conhecimento; GRAVE exceto no caso de suspeição ou impedimento, ou absoluta falta
XXVI - deixar de comunicar ao superior a execução de ordem de elementos, hipóteses em que estas circunstâncias serão fun-
recebida, tão logo seja possível; LEVE damentadas; MÉDIA
XXVII - deixar de participar a tempo, à autoridade imediata- XLIV - deixar de encaminhar à autoridade competente, na
mente superior, a impossibilidade de comparecer à Organização linha de subordinação e no mais curto prazo, recurso ou docu-
Bombeiro-Militar ou a qualquer ato de serviço; LEVE mento que receber, desde que elaborado de acordo com os pre-
XXVIII - deixar de apresentar-se, nos prazos regulamentares, ceitos regulamentares, se não estiver na sua alçada dar solução;
à Organização Bombeiro-Militar para a qual tenha sido trans- MÉDIA
ferido ou classificado e às autoridades competentes, nos casos XLV - deixar de providenciar a tempo, na esfera de suas atri-
de comissão ou serviço extraordinário para os quais tenha sido buições, por negligência ou incúria, medidas contra qualquer ir-
designado; MÉDIA regularidade que venha a tomar conhecimento; MÉDIA
XXIX - não se apresentar ao fi m de qualquer afastamento do XLVI - deixar de fiscalizar o subordinado que apresentar si-
serviço ou, ainda, logo que souber que o mesmo foi interrompi- nais exteriores de riqueza incompatíveis com a remuneração do
do; MÉDIA cargo; GRAVE

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XLVII - não atender à obrigação de dar assistência a sua fa- LXXII - penetrar o bombeiro militar, sem permissão ou or-
mília ou dependentes legalmente constituídos; MÉDIA dem, em aposentos destinados a superior ou onde esse se ache,
XLVIII - deixar de portar o seu documento de identidade, bem como em qualquer lugar onde a entrada lhe seja vedada;
quando em serviço, e de exibi-lo, quando solicitado; MÉDIA Con- MÉDIA
tra os serviços bombeiro-militares LXXIII - penetrar ou tentar penetrar o bombeiro militar em
XLIX - faltar ao expediente ou ao serviço para o qual esteja alojamento de outra subunidade depois da revista do recolher,
escalado; GRAVE salvo os oficiais ou sargentos que, pelas funções, sejam a isto
L - afastar-se, quando em atividade bombeiro-militar, com obrigados; MÉDIA
veículo automotor, aeronave, embarcação, montaria ou a pé, da LXXIV - entrar ou sair de Organização Bombeiro-Militar com
área em que deveria permanecer ou não cumprir roteiro de pa- tropa armada sem prévio conhecimento ou ordem da autorida-
trulhamento predeterminado; GRAVE de competente; GRAVE
LI - chegar atrasado ao expediente, ao serviço para o qual LXXV - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da Or-
esteja escalado ou a qualquer ato em que deva tomar parte ou ganização BombeiroMilitar fora das horas de expediente, desde
assistir; LEVE que não seja o respectivo chefe ou sem sua ordem escrita com a
LII - dormir em serviço, salvo quando autorizado; MÉDIA expressa declaração do motivo, salvo situações de emergência;
LIII - permanecer, alojado ou não, deitado em horário de MÉDIA
expediente, no interior da Organização Bombeiro-Militar, sem LXXVI - usar o uniforme quando de folga, se isso contrariar
autorização de quem de direito; LEVE ordem de autoridade competente; MÉDIA
LIV - abandonar o serviço para o qual tenha sido designado; LXXVII - usar, quando uniformizado, barba, bem como cabe-
GRAVE los, bigode ou costeletas excessivamente compridos ou exage-
LV - permutar serviço sem permissão da autoridade compe- rados; LEVE
tente; MÉDIA LXXVIII - deixar de cumprir punição legalmente imposta;
LVI - interferir na administração de serviço ou na execução MÉDIA
de ordem ou missão sem ter a devida competência para tal; MÉ- LXXIX - deixar de seguir a cadeia de comando, sem prejuízo
DIA de acesso à Corregedoria; MÉDIA
LVII - trabalhar mal, intencionalmente ou por desídia, em LXXX - deixar de atender citação, notificação ou intimação
qualquer serviço, instrução ou missão; MÉDIA administrativas ou judiciais; GRAVE
LVIII - causar ou contribuir para a ocorrência de incidente ou Contra a utilização dos uniformes
acidente em serviço ou instrução; MÉDIA
LXXXI - usar vestuário incompatível com a função, ou descui-
LIX - passar, deliberadamente, à condição de ausente; GRA-
dar do asseio próprio, ou prejudicar o de outrem; LEVE
VE
LXXXII - comparecer uniformizado a manifestações ou reu-
LX - abandonar ou se afastar do serviço para o qual tenha
niões de caráter político-partidário, salvo por motivo de serviço;
sido designado ou recusar-se a executá-lo na forma determina-
MÉDIA
da; GRAVE
LXXXIII - comparecer o bombeiro militar a qualquer festi-
LXI - entrar, ou sair, ou tentar fazê-lo, de Organização Bom-
vidade ou reunião social com uniforme diferente do marcado;
beiro-Militar com tropa sem prévio conhecimento da autorida-
MÉDIA
de competente, salvo para fins de instrução autorizada pelo co-
LXXXIV - apresentar-se desuniformizado, quando o uso do
mando; GRAVE
LXII - deixar o responsável pela segurança da Organização uniforme for obrigatório, mal uniformizado ou com o uniforme
Bombeiro-Militar de cumprir as prescrições regulamentares com alterado; MÉDIA
respeito à entrada, saída e permanência de pessoa estranha; LXXXV - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não re-
MÉDIA gulamentar, bem como, indevidamente, distintivo ou condeco-
LXIII - permitir que pessoa não autorizada adentre prédio ou ração; MÉDIA
local interditado; MÉDIA LXXXVI - andar o bombeiro militar a pé ou em coletivos pú-
LXIV - deixar de exibir a superior hierárquico, quando por blicos com uniforme inadequado, contrariando o Regulamento
ele solicitado, objeto ou volume, ao entrar ou sair de qualquer de Uniformes do Corpo de Bombeiros Militar do Pará ou normas
Organização BombeiroMilitar; MÉDIA Contra as obrigações em a respeito; MÉDIA
geral LXXXVII - usar traje civil o cabo ou soldado, quando isso con-
LXV - castigar o cão empregado no serviço; LEVE trariar ordem de autoridade competente; MÉDIA
LXVI - representar a Organização Bombeiro-Militar, e mes- LXXXVIII - ter pouco cuidado com o asseio próprio ou coleti-
mo a corporação, em qualquer ato sem estar devidamente au- vo, em qualquer circunstância; LEVE
torizado; MÉDIA LXXXIX - usar, quando uniformizado ou à paisana em serviço
LXVII - tomar compromisso pela Organização Bombeiro-Mi- público, elementos estéticos e adereços que possam ir de en-
litar que comanda ou em que serve sem estar autorizado; MÉDIA contro à sobriedade e discrição inerentes à condição de militar;
LXVIII - permanecer a praça em dependência da Organiza- MÉDIA
ção BombeiroMilitar, desde que seja estranha ao serviço ou sem Contra a postura e compostura bombeiro-militar
consentimento ou ordem de autoridade competente; LEVE XC - fumar em serviço ou em local não permitido; LEVE
LXIX - içar ou arriar bandeira ou insígnia sem ordem para XCI - portar-se sem compostura em lugar público; LEVE
tal; LEVE XCII - desrespeitar em público as convenções sociais; MÉDIA
LXX - dar toque ou fazer sinais sem ordem para tal; LEVE XCIII - desconsiderar ou desrespeitar a autoridade civil;
LXXI - tomar parte em jogos proibidos ou jogar a dinheiro GRAVE
nos permitidos, em área bombeiro-militar ou sob circunscrição XCIV - desrespeitar corporação judiciária ou qualquer de
bombeiro-militar; LEVE seus membros; GRAVE Contra a administração bombeiro-militar

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XCV - ameaçar, induzir ou instigar alguém para que não de- CXVII - faltar à verdade; GRAVE
clare ou omita a verdade em procedimento administrativo, civil CXVIII - utilizar-se do anonimato; MÉDIA
ou penal; GRAVE CXIX - autorizar, promover ou participar da elaboração de
XCVI - apropriar-se de bens pertencentes ao patrimônio pú- petições ou de manifestações de caráter reivindicatório, de
blico ou particular; GRAVE cunho político-partidário, de crítica ou de apoio a ato irregular
XCVII - empregar subordinado, funcionário civil ou volun- de superior, para tratar de assuntos de natureza bombeiro-mili-
tário civil sob sua responsabilidade ou não para a execução de tar, ressalvados os de natureza técnica ou científica havidos em
atividades diversas daquelas para as quais foram destinados, em razão do exercício da função bombeiro-militar; MÉDIA
proveito próprio ou de outrem; GRAVE CXX - recorrer a outros órgãos, autoridades ou instituições,
XCVIII - desviar qualquer meio material ou financeiro sob exceto ao Poder Judiciário, para resolver assunto de interesse
sua responsabilidade ou não para a execução de atividades di- pessoal relacionado com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará;
versas daquelas para as quais foram destinados, em proveito MÉDIA
próprio ou de outrem; GRAVE CXXI - frequentar lugares incompatíveis com o decoro da
XCIX - provocar desfalques no patrimônio público ou deixar classe, salvo por motivo de serviço; MÉDIA
de adotar providências, na esfera de suas atribuições, para evi- CXXII - ser indiscreto em relação a assuntos de caráter ofi-
tá-los; GRAVE cial, cuja divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou à boa
C - utilizar-se da condição de militar do Estado para obter ordem do serviço; MÉDIA
facilidades pessoais de qualquer natureza ou para encaminhar CXXIII - publicar ou contribuir para que sejam publicados
negócios particulares ou de terceiros; GRAVE fatos, documentos ou assuntos bombeiro-militares que possam
CI - dar, receber ou pedir gratificação ou presente com fi- concorrer para o desprestígio da Corporação ou firam a discipli-
nalidade de retardar, apressar ou obter solução favorável em na; GRAVE
qualquer ato de serviço; GRAVE CXXIV - apresentar parte ou petição sem seguir as normas e
CII - fazer, diretamente ou por intermédio de outrem, agio- preceitos regulamentares ou em termos desrespeitosos, ou com
tagem ou transação pecuniária envolvendo assunto de serviço, argumentos falsos ou de má fé; GRAVE
bens da administração pública ou material cuja comercialização CXXV - autorizar, promover ou tomar parte em qualquer ma-
seja proibida; GRAVE nifestação coletiva, seja de caráter reivindicatório, seja de críti-
CIII - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ca a superior ou de apoio a ato irregular; GRAVE
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; GRAVE CXXVI - autorizar, promover ou assinar petições coletivas
CIV - utilizar pessoal ou recursos materiais da unidade em referente a assunto de natureza bombeiro-militar e/ou dirigi-las
serviços ou atividades particulares; GRAVE à autoridade que não integre a cadeia de comando da Corpora-
CV - praticar usura sob qualquer de suas formas; GRAVE ção; GRAVE
Subtração e extravio CXXVII - dirigir memoriais ou petições, a qualquer autori-
CVI - subtrair, extraviar, danificar, falsificar, desviar ou inu- dade, sobre assuntos da alçada do Comando-Geral do Corpo de
tilizar documentos de interesse da Administração Pública ou de Bombeiros Militar do Pará, salvo em grau de recurso na forma
prevista neste regulamento; MÉDIA
terceiros; GRAVE
CXXVIII - frequentar ou fazer parte de sindicatos ou grevar;
CVII - não ter o devido zelo, danificar, extraviar ou inutilizar,
GRAVE
por ação ou omissão, bens pertencentes ao patrimônio públi-
CXXIX - frequentar lugares incompatíveis com seu nível so-
co ou particular que estejam ou não sob sua responsabilidade;
cial e o decoro da classe; MÉDIA
MÉDIA
CXXX - coagir ou aliciar subordinados no sentido de se filia-
CVIII - retirar ou tentar retirar de local sob administração
rem à associação profissional ou sindical, ou a partido político;
bombeiro-militar material, viatura, aeronave, embarcação ou
LEVE
animal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem ou autorização;
CXXXI - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
GRAVE
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo
CIX - retirar, sem prévia anuência da autoridade competen- grau civil; LEVE
te, qualquer documento ou objeto da repartição; MÉDIA CXXXII - evadir-se ou tentar evadir-se de local de detenção
CX - negociar, não zelar devidamente, danificar ou extraviar, ou prisão, de escolta, bem como resistir a esta; GRAVE
por negligência ou desobediência a regras ou normas de serviço, CXXXIII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento
material da fazenda federal, estadual ou municipal que esteja ou de qualquer dever bombeiro-militar; MÉDIA
não sob sua responsabilidade direta; GRAVE CXXXIV - dificultar ao subordinado a apresentação de re-
Ofensas contra militares cursos ou representação ou, ainda, de exercer o seu direito de
CXI - procurar desacreditar seu superior, igual ou subordina- petição; MÉDIA
do hierárquico; MÉDIA CXXXV - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou
CXII - concorrer para a discórdia ou desarmonia ou cultivar claramente inexequível que possa acarretar ao subordinado res-
inimizade entre camaradas; MÉDIA ponsabilidade, ainda que não chegue a ser cumprida; GRAVE
CXIII - dirigir-se, referir-se ou responder de maneira desa- CXXXVI - prestar informação a superior induzindo-o a erro
tenciosa a superior; GRAVE intencionalmente; GRAVE
CXIV - ofender, provocar ou desafiar superior, igual ou su- CXXXVII - recusar fé a documentos públicos; LEVE Serviços
bordinado; GRAVE ou atividades extras não autorizados
CXV - ofender a moral por atos, gestos ou palavras; GRAVE CXXXVIII - exercer ou administrar, o militar do Estado em
CXVI - travar discussão, rixa ou luta corporal com seu supe- serviço ativo, a função de segurança particular ou qualquer ati-
rior, igual ou subordinado; GRAVE vidade estranha à instituição bombeiro-militar com prejuízo do
Incompatíveis com a conduta dos bombeiros militares serviço ou com emprego de meios do

49
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Estado; GRAVE CLVI - aproveitar-se de missões de voo para realizar voos de
CXXXIX - exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o co- caráter não militar ou pessoal; LEVE
mércio, ter função ou emprego remunerado de qualquer natu- CLVII - utilizar-se, sem ordem, de aeronave militar ou civil;
reza, salvo a prática do magistério, ou tomar parte na adminis- GRAVE
tração ou gerência de sociedade comercial ou industrial com fi CLVIII - transportar, na aeronave que comanda, pessoal ou
ns lucrativos, ou delas ser sócio, exceto como acionista, cotista material sem autorização de autoridades competentes; MÉDIA
ou comanditário; GRAVE CLIX - deixar de observar as regras de tráfego aéreo; e GRA-
CXL - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis VE
com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; CLX - executar voos à baixa altura, acrobáticos ou de instru-
GRAVE ção fora das áreas para tal fim estabelecidas, excetuando-se os
Relacionadas às transações pecuniárias autorizados por autoridade competente.
CXLI - contrair dívida ou assumir compromisso superior às GRAVE
suas possibilidades, desde que venha a expor o nome do Corpo Outras transgressões disciplinares
de Bombeiros Militar do Pará; § 1º São também consideradas transgressões disciplinares
MÉDIA todas as ações, omissões ou atos não especificados na relação
CXLII - fazer diretamente, ou por intermédio de outrem, de transgressões deste artigo, que afetem a honra pessoal, o
transações pecuniárias envolvendo assunto de serviço, bens da pundonor bombeiro-militar, o decoro da classe ou o sentimento
Administração Pública oumaterial proibido; do dever e outras prescrições contidas no Estatuto dos Militares
GRAVE Estaduais, leis e regulamentos, bem como aquelas praticadas
CXLIII - realizar ou propor transações pecuniárias envol- contra regras e ordens de serviços estabelecidas por autoridade
vendo superior, igual ou subordinado, não sendo consideradas competente. Obrigatoriedade de combinação com outras nor-
transações pecuniárias os empréstimos em dinheiro sem auferir mas
lucro; GRAVE § 2º No caso das transgressões a que se refere o § 1º des-
Na utilização de armamentos te artigo, deve ser feita alusão às normas ou ordens que foram
CXLIV - portar ou possuir arma em desacordo com as nor- violadas.
mas vigentes; GRAVE
CXLV - andar ostensivamente armado, em trajes civis, não TÍTULO II
estando de serviço; DAS PUNIÇÕES DISCIPLINARES
GRAVE CAPÍTULO I
CXLVI - disparar arma de fogo por imprudência, negligência, DA GRADAÇÃO E DA EXECUÇÃO DAS PUNIÇÕES DISCIPLI-
imperícia ou desnecessariamente; GRAVE NARES
CXLVII - não obedecer às regras básicas de segurança ou não
ter cautela na guarda de arma própria ou sob sua responsabili- Caráter educativo da punição disciplinar
dade; GRAVE Art. 38. A punição disciplinar possui caráter pedagógico, in-
Relacionadas ao álcool e a materiais proibidos dividual e coletivo e objetiva o fortalecimento da disciplina.
CXLVIII - fazer uso, estar sob ação ou induzir outrem ao uso Espécies de punição disciplinar
de substância proibida, entorpecente ou que determine depen- Art. 39. As punições disciplinares a que estão sujeitos os
bombeiros militares, segundo a classificação resultante do jul-
dência química, ou introduzi-las em local sob administração
gamento da transgressão, são as seguintes, em ordem crescente
bombeiro-militar; GRAVE
de gravidade:
CXLIX - negar-se a ser submetido a exame clínico toxicológi-
I - repreensão;
co periódicodefinido em lei;
II - suspensão;
MÉDIA
III - reforma administrativa disciplinar;
CL - ingerir bebida alcoólica quando em serviço ou apresen-
IV - licenciamento a bem da disciplina, para praças sem es-
tar-se alcoolizado para prestá-lo;
tabilidade;
GRAVE
V - exclusão a bem da disciplina, para praças com estabili-
CLI - induzir outrem que esteja de serviço à ingestão de be-
dade; e
bida alcoólica ou a que se apresente alcoolizado para prestá-lo; VI - demissão para oficiais.
GRAVE Parágrafo único. O período de cumprimento da punição dis-
CLII - introduzir bebida alcoólica em local sob administração ciplinar prevista no inciso II deste artigo será computado como
bombeiro-militar, salvo se devidamente autorizado; GRAVE tempo de efetivo serviço apenas para aposentadoria.
CLIII - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em área Repreensão
bombeiro-militar, tóxicos ou entorpecentes, a não ser mediante Art. 40. Repreensão é a punição mais branda que, publicada
prescrição da autoridade competente; em boletim e lançada nos assentamentos, não priva o punido da
GRAVE liberdade.
CLIV - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em área Suspensão
bombeiro-militar ou sob circunscrição bombeiro-militar, publi- Art. 41. A suspensão consiste no afastamento do bombeiro
cações, estampas ou jornais que atentem contra a disciplina ou militar do serviço, por prazo não superior a trinta dias, impli-
a moral; LEVE cando desconto em folha de pagamento da remuneração cor-
CLV - ter em seu poder ou introduzir, em área bombeiro- respondente aos dias em que ficar afastado de suas atividades.
-militar ou sob a circunscrição bombeiro-militar, inflamável ou Parágrafo único. Quando houver conveniência para o servi-
explosivo sem permissão da autoridade competente; MÉDIA ço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa,
Relacionadas ao serviço em aeronaves na base de cinquenta por cento por dia de remuneração, o que

50
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
obrigará o bombeiro militar a permanecer em serviço. I - a transgressão cometida, em termos precisos e sintéticos,
Art. 42. A penalidade de suspensão terá seu registro can- e a especificação da norma transgredida;
celado após o decurso de cinco anos de efetivo exercício se o II - as circunstâncias atenuantes ou agravantes;
bombeiro militar não houver, nesse período, praticado nova in- III - a classificação da transgressão;
fração disciplinar. IV - a punição imposta;
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá V - a classificação do comportamento militar em que a praça
efeitos retroativos. punida permaneça ou ingresse;
Reforma administrativa disciplinar VI - a data do início e do fi m do cumprimento ou a determi-
Art. 43. A reforma administrativa disciplinar consiste na pas- nação para posterior cumprimento, se o punido estiver baixado,
sagem do bombeiro militar em atividade para a inatividade, em afastado do serviço ou à disposição de outra autoridade.
vista da constatação da falta de condições para o desempenho Publicação
das suas funções no serviço ativo. Aplicação da reforma admi- § 2º A publicação em boletim é o ato administrativo que
nistrativa disciplinar
formaliza a aplicação da punição ou a justificação.
§ 1º A reforma administrativa disciplinar será aplicada após
Inexistência de boletim na Organização Bombeiro-Militar
a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar, respectiva-
§ 3º Quando a autoridade que aplica a punição não dispuser
mente:
de boletim para sua publicação, esta deve ser feita no boletim
I - ao oficial, quando determinada pelo tribunal competen-
te, que o considerará incapaz de permanecer no serviço ativo, da autoridade imediatamente superior.
nos termos desta Lei; e Início da contagem de prazo recursal
II - à praça julgada sem condições para o desempenho das § 4º O primeiro dia do prazo recursal será o dia útil seguinte
funções inerentes ao cargo, nos termos desta Lei. à intimação pessoal do militar punido ou à publicação em bole-
Proventos do reformado disciplinarmente tim, o que ocorrer por último.
§ 2º A reforma disciplinar do bombeiro militar é efetuada no Início do cumprimento da punição
grau hierárquico, graduação ou posto que possuir na ativa e com § 5º Para os fins de que trata o § 4º deste artigo, a intimação
proventos proporcionais ao seu tempo de serviço. pessoal será feita, preferencialmente:
Licenciamento e exclusão a bem da disciplina I - por mandado, na pessoa do bombeiro militar punido;
Art. 44. O licenciamento e a exclusão a bem da disciplina II - na pessoa de seu defensor, regularmente constituído;
consistem no desligamento da praça das fileiras da Corporação. III - por meio eletrônico, na forma da lei; ou
Aplicação do licenciamento a bem da disciplina IV - por correio, com Aviso de Recebimento (AR).
§ 1º O licenciamento a bem da disciplina será aplicado à pra- § 6º O início do cumprimento da punição disciplinar ocorre-
ça sem estabilidade assegurada, após Processo Administrativo rá com a publicação em boletim da Organização Bombeiro-Mili-
Disciplinar Simplificado. tar ou de acordo com o inciso VI do §1º deste artigo.
Aplicação da exclusão a bem da disciplina Publicação em boletim reservado
§ 2º A exclusão a bem da disciplina deve ser aplicada ao Art. 48. A publicação da punição imposta a ofi cial ou aspi-
aspirante-a-oficial e à praça com estabilidade assegurada, após rante-a-oficial será feita em boletim reservado ou em boletim
conselho de disciplina. ostensivo, conforme as circunstâncias ou a natureza da trans-
Remuneração do licenciado ou excluído a bem da disciplina gressão assim o recomendarem.
§ 3º A praça licenciada ou excluída a bem da disciplina não Limites das punições disciplinares
terá direito a qualquer remuneração ou indenização. Art. 49. A aplicação da punição deve obedecer às seguintes
Demissão normas:
Art. 45. A demissão decorre da declaração do tribunal com- I - a punição deve ser proporcional à gravidade da transgres-
petente sobre a indignidade ou incompatibilidade com o oficia-
são, dentro dos seguintes limites:
lato, implicando na perda do posto e da patente do oficial julga-
a) de repreensão até dez dias de suspensão para transgres-
do, sendo efetivada por ato do Governador.
são leve;
Remuneração do demitido
b) de onze a vinte dias de suspensão para a transgressão
Parágrafo único. O ofi cial demitido não terá direito a qual-
quer remuneração ou indenização. média;
c) de vinte e um dias de suspensão até reforma administra-
CAPÍTULO II tiva disciplinar, licenciamento, exclusão a bem da disciplina ou
DAS NORMAS PARA APLICAÇÃO E CUMPRIMENTO DAS demissão, para transgressão grave.
PUNIÇÕES II - a punição deve ser dosada proporcionalmente quando
ocorrerem circunstâncias atenuantes a agravantes;
Limite máximo da suspensão III - por uma única transgressão não deve ser aplicada mais
Art. 46. A pena disciplinar de suspensão não pode ultrapas- de uma punição;
sar trinta dias. Aplicação da punição IV - a punição disciplinar, no entanto, não exime o punido de
Art. 47. A aplicação da punição compreende uma descrição responsabilidade civil ou penal que lhe couber;
sumária, clara e precisa dos fatos e circunstâncias que determi- V - havendo mais de uma transgressão, sem conexão entre
naram a transgressão, o enquadramento da punição e a publica- si, a cada uma deve ser imposta a punição correspondente, de-
ção em boletim da Organização vendo ser apuradas em processos distintos; e
Bombeiro-Militar.Enquadramento VI - havendo conexão, as de menor gravidade serão conside-
§ 1º O enquadramento é a caracterização da transgressão, radas como circunstâncias agravantes da transgressão principal.
acrescida de outros detalhes relacionados com o comportamen- Conexão
to do transgressor e cumprimento da punição. No enquadra- Parágrafo único. São transgressões disciplinares conexas
mento devem ser necessariamente mencionados: aquelas que se relacionam por um nexo ou liame.

51
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Vedação especial a interrogatório I - anulação;
Art. 50. Nenhum bombeiro militar deverá ser interrogado II - relevação;
em estado de embriaguez ou sob a ação de alucinógenos ou en- III - atenuação;
torpecentes. IV - agravação;
Punição a bombeiro militar à disposição V - avocação; e
Art. 51. A autoridade que necessitar punir seu subordinado VI - revisão.
à disposição ou a serviço de outra autoridade deve a ela requi- Anulação
sitar a apresentação do punido para cumprimento da punição. Art. 59. A anulação da punição disciplinar consiste em decla-
Suspensão de licenças e afastamentos temporários rar a ilegalidade deste ato administrativo.
Art. 52. Todas as licenças e afastamentos temporários pode- Efeito imediato
rão ser suspensos a critério do Governador do Estado, Coman- § 1º A anulação, sendo concedida ainda durante o cumpri-
dante-Geral, Chefe da Casa Militar da Governadoria ou Correge- mento da punição, importa no punido retornar a suas atividades
dor-Geral, para submeter o militar estadual a inquérito policial imediatamente.
militar, procedimento ou Processo Administrativo Disciplinar e a Eliminação de registros
cumprimento de punição. § 2º A anulação da punição deve eliminar toda e qualquer
Suspensão do cumprimento de punição anotação ou registro nas alterações do militar, relativos à sua
Art. 53. Durante o cumprimento de punição disciplinar e ha- aplicação.
vendo necessidade de licença para tratamento de saúde própria Encaminhamento à autoridade competente
ou de pessoa da família, baixa hospitalar ou afastamento tem- § 3º A autoridade que tome conhecimento de comprovada
porário do punido, será o cumprimento suspenso até que cesse ilegalidade na aplicação de punição e não tenha competência
o motivo que lhe deu causa. para anulá-la deve, fundamentadamente, encaminhar a docu-
Publicação da suspensão mentação correspondente à autoridade competente.
Art. 54. Tanto o afastamento quanto o retorno do punido ao Relevação
local de cumprimento da punição disciplinar serão publicados Art. 60. A relevação da punição consiste na suspensão do
no boletim.
cumprimento da punição imposta.
Pressupostos para concessão
CAPÍTULO III
Parágrafo único. A relevação da punição pode ser concedi-
DAS MEDIDAS DISCIPLINARES CAUTELARES
da:
I - quando ficar comprovado que foram atingidos os objeti-
Medida cautelar
vos visados com a aplicação da mesma, independentemente do
Art. 55. Constitui-se em medida disciplinar cautelar o afasta-
tempo de punição a cumprir; ou
mento do exercício das funções.
II - por motivo de passagem de comando, data de aniversá-
Afastamento do exercício das funções
rio do Corpo de Bombeiros Militar, data de aniversário da Orga-
Parágrafo único. O afastamento do exercício das funções
ocorrerá durante apuração de processo ou procedimento ad- nização Bombeiro-Militar ou data nacional, quando já tiver sido
ministrativo a que responde o bombeiro militar, a critério das cumprida pelo menos metade da punição.
autoridades competentes. Impedimento do uso do armamento Atenuação
e do fardamento Art. 61. A atenuação da punição consiste na transformação
Art. 56. O bombeiro militar afastado da função, nos termos da punição em outra menos rigorosa, se assim exigir o interesse
deste capítulo, poderá ser impedido do uso do armamento e/ou da disciplina e da ação educativa do punido.
do fardamento, quando houver indícios sufi cientes que reco- Agravação
mendem tal medida. Art. 62. A agravação da punição consiste na transformação
Expediente do bombeiro militar afastado da punição em outra mais rigorosa, se assim exigir o interesse
Parágrafo único. A autoridade que motivadamente decidir da disciplina.
pelo afastamento do bombeiro militar da função deverá deter- Avocação
minar o local onde o mesmo cumprirá expediente. Art. 63. A autoridade de hierarquia superior e competente,
Conveniência da medida discordando da solução dada à sindicância ou ao Processo Ad-
Art. 57. A autoridade que decidir pela medida disciplinar ministrativo Disciplinar pela autoridade de hierarquia inferior,
cautelar poderá revogá-la se, no decorrer do processo, verifi car poderá avocá-la, dando-lhe solução diferente.
a falta de motivo para que essa medida subsista, bem como de Pressupostos para avocação
novo implementá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. § 1º A avocação será admitida:
I - quando a decisão disciplinar for contrária à evidência dos
CAPÍTULO IV autos;
DA MODIFICAÇÃO DAS PUNIÇÕES II - quando a decisão disciplinar se fundar em depoimentos,
exames ou documentos comprovadamente falsos; e/ou
Competência para modificação das punições III - quando a decisão disciplinar estiver eivada de vícios que
Art. 58. A modificação da aplicação de punição pode ser a torne irregular e/ou ilegal.
realizada pela autoridade que a aplicou ou por outra superior Prescrição da avocação
e competente, motivadamente, quando tiver conhecimento de § 2º O direito a avocação prescreverá em um ano.
fatos que recomendem tal procedimento. Revisão
Espécies de modificação de punição Art. 64. Caberá revisão, que será processada em autos apar-
Parágrafo único. As modificações da aplicação de punição tados, dos processos findos, exauridos os recursos administrati-
são: vos admitidos, quando o interessado aduza fatos novos capazes

52
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
de elidir as razões que fundamentaram o ato punitivo, onde te- Art. 67. A contagem de tempo para mudança de compor-
nha havido erro quanto aos fatos, sua apreciação, avaliação ou tamento é automática e inicia-se na data em que se encerra o
enquadramento. cumprimento da punição, observados os prazos previstos no art.
Competência para julgamento 66 desta Lei.
§ 1º São autoridades competentes para decidir sobre o pe- Equivalências de comportamentos
dido de revisão: Art. 68. Para efeito de classifi cação e reclassificação do
I - o Governador do Estado, quando aplicou a punição dis- comportamento disciplinar, ficam estabelecidas as seguintes
ciplinar ou quando esta foi aplicada pelo Comandante-Geral ou equivalências:
Chefe da Casa Militar da Governadoria; e I - duas repreensões equivalem a uma suspensão de onze a
II - o Comandante-Geral, quando a punição disciplinar tiver vinte dias; e
sido aplicada por seus comandados. II - quatro repreensões equivalem a uma suspensão de vinte
Prescrição da revisão e um a trinta dias.
§ 2º O direito à revisão prescreverá em cinco anos.
Possibilidade de nova revisão TÍTULO IV
§ 3º Não será admissível a reiteração do pedido de revisão, DAS RECOMPENSAS
salvo se baseado em novas provas ou novo fundamento.
Consequências da revisão Definição
§ 4º Decidindo procedente a revisão, poderá o Governador Art. 69. As recompensas constituem reconhecimento dos
do Estado ou o Comandante-Geral absolver o impetrante, alte- bons serviços prestados por bombeiros militares.
rar a classificação da transgressão da disciplina, modificar a san- Espécies de recompensas
ção disciplinar ou anular o Processo Administrativo. Em hipótese Art. 70. Além de outras previstas em leis e regulamentos,
alguma poderá ser agravada a sanção. são recompensas bombeiro-militares:
Absolvição I - o elogio;
§ 5º A absolvição implicará o restabelecimento de todos os II - as dispensas do serviço; e
direitos perdidos em virtude da sanção imposta. III - a dispensa da revista do recolher e do pernoite nos cen-
Inadmissibilidade de recurso tros de formação, para alunos dos cursos de formação.
§ 6º Não haverá recurso contra decisão proferida em grau Espécies de elogio
de revisão. Art. 71. O elogio pode ser individual, coletivo ou perante a
tropa.
TÍTULO III Elogio individual
DO COMPORTAMENTO § 1º O elogio individual, que coloca em relevo as qualidades
CAPÍTULO I morais e profissionais, somente poderá ser formulado a bombei-
DA CLASSIFICAÇÃO, DA RECLASSIFICAÇÃO E DA MELHORIA ros militares que se hajam destacado da coletividade no desem-
DE penho de ato de serviço ou ação meritória. Os aspectos princi-
COMPORTAMENTO pais que devem ser abordados são os referentes ao caráter, à
coragem, ao desprendimento, à inteligência, às condutas civil
Comportamento disciplinar e bombeiro-militar, às culturas profissionais em geral, à capa-
Art. 65. O comportamento bombeiro-militar dos praças es- cidade como instrutor, à capacidade como comandante e como
pelha o seu procedimento profissional, sob o ponto de vista dis- administrador ou à capacidade física.
ciplinar. Competência Elogio coletivo
§ 1º A classificação e reclassificação do comportamento são § 2º O elogio coletivo visa a reconhecer e ressaltar um grupo
da competência do Comandante-Geral e dos comandantes de de bombeiros militares ou fração de tropa ao cumprir destaca-
Organização Bombeiro-Militar, obedecido o disposto neste capí- damente uma determinada missão.
tulo e, necessariamente, publicadas em boletim. Publicação dos elogios
Comportamento inicial § 3º Os elogios, individual e coletivo, deverão ser publicados
§ 2º Ao ser incluída no Corpo de Bombeiros Militar, a praça em boletim da Organização Bombeiro-Militar da autoridade que
será classificada no comportamento “BOM”. o emitiu ou de autoridade superior, se aquela não dispuser de
Espécies de comportamento tal instrumento.
Art. 66. O comportamento disciplinar da praça deve ser clas- Elogio perante a tropa
sificado em: § 4º O elogio perante a tropa é procedido informalmente,
I - EXCEPCIONAL: quando, no período de oito anos de efeti- durante as reuniões, paradas, formaturas e afi ns, o qual não
vo serviço, nãotenha sofrido qualquer punição disciplinar; constará nos assentamentos do bombeiro militar.
II - ÓTIMO: quando, no período de quatro anos de efetivo Recomendações da sociedade civil
serviço, tenha sido punida com até uma suspensão; § 5º As observações positivas elaboradas por autoridades,
III - BOM: quando, no período de dois anos de efetivo servi- representantes da sociedade civil ou cidadãos, individualmen-
ço, tenha sido punida com até duas suspensões; te, somente serão registradas como elogio nos assentamentos
IV - INSUFICIENTE: quando, no período de um ano de efetivo do bombeiro militar se devidamente ratificadas pela autoridade
serviço, tenha sido punida com pelo menos duas suspensões; ou bombeiro-militar competente.
V - MAU: quando, no período de um ano de efetivo serviço, Dispensas do serviço
tenha sido punida com pelo menos três suspensões. Contagem Art. 72. As dispensas do serviço, como recompensas, podem
automática ser:

53
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - dispensa total do serviço, que isenta de todos os traba- Correção
lhos da Organização Bombeiro-Militar, inclusive os de instrução; Art. 78. A correção é a ação imediata e voluntária das auto-
ou ridades competentes diante das transgressões disciplinares mé-
II - dispensa parcial do serviço, quando isenta de alguns tra- dias ou leves, cometidas pelos seus subordinados no exercício
balhos, que devem ser especificados na concessão.Limites da das funções, indiretamente a elas relacionadas ou que nelas se
dispensa reflitam, tais como erro de interpretação de ordens ou regras,
§ 1º A dispensa total do serviço é concedida pelo prazo má- erro no cumprimento de tarefa ou erro de postura em relação a
ximo de oito dias, não podendo ultrapassar o total de dezesseis superiores, pares, subordinados e terceiros.
dias no decorrer de um ano civil. Esta dispensa não invalida o Comunicações de Alerta
direito de férias. § 1º A correção é exercida pelo esclarecimento escrito,
Gozo fora da sede de caráter educativo, em que conste objetivamente o fato e a
§ 2º A dispensa total do serviço, para ser gozada fora da orientação sobre a forma correta de procedimento, assinado
sede, fica subordinada às mesmas regras da concessão de férias. com duas testemunhas.
Publicação § 2º A comunicação escrita, com possível justificativa apre-
§ 3º O ato administrativo que concede a dispensa do servi- sentada pelo militar alertado, será arquivada pela autoridade
ço, devidamente publicado, deverá indicar o início e o término que a emitiu, dela não podendo resultar aplicação de sanção.
da dispensa. § 3º Cópias das comunicações podem ser requisitadas pela
Dispensa da revista do recolher e do pernoite Corregedoria-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, para
Art. 73. As dispensas da revista do recolher e do pernoite formulação de estudos estatísticos e adoção de medidas preven-
nos cursos de formação podem ser incluídas em uma mesma tivas e corretivas.
concessão. Essas dispensas não significam que o aluno esteja Notícia de Ocorrência
dispensado de qualquer outro serviço ou instrução para o qual § 4º A reiteração de condutas inadequadas pelo militar esta-
esteja escalado ou ao qual deva comparecer. dual devidamente esclarecido, na forma deste artigo, implicará
Competência para concessão a comunicação do fato às autoridades mencionadas no art. 26
Art. 74. São competentes para conceder as recompensas de
desta Lei, para adoção de medidas disciplinares.
que trata este capítulo as autoridades especificadas no art. 26
Ajustamento de Conduta
desta Lei.
Art. 79. O ajustamento de conduta é a forma voluntária de
adequação do comportamento do bombeiro militar, fundada
TÍTULO V
nos princípios constitucionais da eficiência, economicidade, pro-
DA POLÍTICA DE CONTROLE
porcionalidade e razoabilidade, podendo ser adotado nos casos
ÂMBITO DE APLICAÇÃO
de infração leve e média.
§ 1º O ajustamento de conduta efetivar-se-á mediante assi-
Política de Controle
natura do Termo de
Art. 75. Este título regulamenta o sistema de controle alter-
nativo das infrações disciplinares e os procedimentos a serem Ajustamento de Conduta (TAC) pelo infrator e pela autorida-
adotados na apuração preliminar e no termo de ajustamento de de competente para a instauração do procedimento disciplinar
conduta. ou para aplicação de medidas de caráter educativo.
Art. 76. O controle da disciplina dos militares estaduais po- § 2º O Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo mi-
derá ser realizado pelo uso progressivo da autoridade compe- litar estadual dispensa a instauração de Processo Administrativo
tente, dos seguintes instrumentos: Disciplinar e exclui eventual aplicação de pena, caso sejam cum-
I - prevenção; pridas as obrigações constantes do documento e observada a
II - correção; efetiva mudança de comportamento.
III - ajustamento de conduta; e § 3º O Termo de Ajustamento de Conduta poderá ser firma-
IV - Processo Administrativo Disciplinar. do até o final da instrução e antes da apresentação das alega-
Prevenção ções finais no Processo
Art. 77. Compete às autoridades de que trata o art. 26 desta Administrativo Disciplinar, mediante proposta da comissão
Lei, planejar e aplicar, preventivamente, programas de qualifi processante ou a requerimento do interessado.
cação, atualização e orientação dos militares estaduais para o § 4º A assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta im-
exercício das suas atribuições dentro dos padrões da ética e da plica o reconhecimento da irregularidade cometida e o compro-
disciplina, com enfoque na correta interpretação dos seus de- metimento em reparála, bem como a adequação do comporta-
veres e na perfeita compreensão das proibições e das respon- mento.
sabilidades. § 5º O Termo de Ajustamento de Conduta preverá a apli-
Programa Complementar de Prevenção cação de, pelo menos, uma das seguintes medidas de caráter
§ 1º Às comissões de correição e às divisões da Correge- educativo:
doria-Geral compete implantar programa complementar de pre- I - elaboração e apresentação de trabalho sobre o tema que
venção, com realização de reuniões setoriais, visando a padroni- originou o ajustamento de conduta;
zar procedimentos e esclarecer situações de risco. II - ministério de instrução, em estabelecimento de ensino
Sistema de Informações público ou outra
§ 2º Para adoção de mecanismos de prevenção e correição, instituição, sobre assunto de interesse da sociedade;
a Corregedoria manterá estatística identificando pontos vulne- III - ministério de palestra para a tropa sobre assunto pré-
ráveis na regularidade dos serviços, tipos de infrações e possí- -determinado pelas autoridades indicadas no art. 26 desta Lei,
veis causas, além do perfil dos infratores, com o fi m de traçar na parada matinal ou evento diverso;
metas de prevenção.

54
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IV - cumprimento de escala extra de serviço que não ultra- LIVRO III
passe seis horas, sem ônus e no interesse da administração, des- DO PROCEDIMENTO E DOS PROCESSOS DISCIPLINARES
de que haja voluntariedade e concordância do militar ajustado; TÍTULO I
e/ou DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
V - assistir instruções ou palestras, sobre assuntos de inte-
resse da instituição, no horário de folga do militar ajustado. Princípios
§ 6º No caso de falta ao serviço, a medida de caráter educa- Art. 81. Os processos e procedimentos na seara disciplinar
tivo aplicada será a escala extra em dobro, em serviço de mesma devem observar, dentre outros, os princípios da legalidade, im-
natureza, sem ônus e no interesse da administração. pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
§ 7º O Termo de Ajustamento de Conduta conterá, no míni- Providências preliminares
mo, as seguintes informações: Art. 82. Logo que tiver conhecimento da prática de infra-
I - qualificação do militar infrator; ção disciplinar, verificável na ocasião, o comandante ou oficial
II - fundamentos de fato e de direito para a celebração do designado por autoridade bombeiro-militar competente deverá,
ajustamento de conduta, bem como a caracterização da infração desde que não prejudique instrução criminal concomitante:
cometida como leve ou média; I - dirigir-se ao local, providenciando para que não seja al-
III - descrição das obrigações assumidas para reparar o dano terado o estado e a situação das coisas, enquanto necessário;
e das medidas de caráter educativas aplicadas; II - apreender os instrumentos e todos os objetos que te-
IV - o prazo e o modo de cumprimento das obrigações as- nham relação com o fato; e
sumidas, bem como para a realização das medidas de caráter III - colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento
educativas aplicadas; do fato e de suas circunstâncias.
V - a forma de fiscalização pela Organização Bombeiro-Mili- Competência subsidiária
tar competente; e Parágrafo único. O comandante ou aquele que o substitua
VI - as sanções aplicáveis em caso de descumprimento do ou esteja de dia, de serviço ou de quarto deverá, imediatamen-
Termo de te, tomar ou determinar que sejam tomadas as providências ca-
Ajustamento de Conduta. Critérios para o Ajustamento de bíveis previstas neste artigo, ao ter conhecimento de infração
Conduta disciplinar que lhe incumba reprimir.
§ 8º Para a aferição da conveniência e da oportunidade da Modos de iniciação de procedimentos e Processos Adminis-
adoção do Termo de trativos
Ajustamento de Conduta serão considerados os seguintes Disciplinares
critérios: Art. 83. A sindicância e o Processo Administrativo Disciplinar
I - estar o militar, no mínimo, com comportamento BOM; serão instaurados:
II - não ter sido beneficiado pelo ajustamento de conduta I - de ofício, pela autoridade bombeiro-militar em cujo âm-
nos últimos seis meses anteriores à prática do novo fato; e bito de comando
III - não ter praticado novo ato infracional até seis meses haja ocorrido a infração disciplinar, observada a hierarquia;
após o encerramento do prazo do último ajustamento de con- II - por determinação ou delegação da autoridade bombei-
duta. ro-militar superior; ou
§ 9º É vedada a realização de ajustamento de conduta quan- III - em virtude de requisição do Ministério Público.
do houver indícios de prejuízos efetivos ao Erário ou ao serviço Início por requerimento
público, de improbidade administrativa, de crime ou de má-fé Parágrafo único. A sindicância e o Processo Administrativo
do infrator. Disciplinar poderão ser instaurados, a critério da autoridade
Arquivamento competente, em razão de requerimento da parte ofendida ou de
§ 10. O Termo de Ajustamento de Conduta será registrado quem legalmente a represente, ou em virtude de representação
nos assentamentos do militar estadual. de autoridade que tenha conhecimento da infração disciplinar,
Apuração Preliminar cuja repressão não tenha competência.
Art. 80. Para o esclarecimento das circunstâncias em que Requisitos obrigatórios do documento instaurador
se deu a ocorrência da infração funcional, com vistas a subsi- Art. 84. O ato administrativo de instauração deverá conter
diar a decisão sobre a medida aplicável ou o procedimento a ser os seguintes requisitos:
adotado, poderá a autoridade competente determinar que se I - a autoridade instauradora;
faça uma apuração preliminar, a qual consistirá em uma coleta II - a autoridade delegada, se for o caso;
simplificada de informações que permitam concluir pela conve- III - a indicação do possível autor da transgressão da disci-
niência da medida. plina, quando se
Prazo para Conclusão tratar de Processo Administrativo Disciplinar;
§ 1º O prazo de conclusão da apuração preliminar é de cin- IV - a indicação do ofendido e a designação da pessoa jurídi-
co dias, a contar da data em que o militar estadual seja cientifi ca ou instituição prejudicada ou atingida, sempre que possível;
cado ofi cialmente da referida apuração, por meio de notificação V - o tempo e o lugar do fato objeto da apuração, com todas
pessoal. as suas circunstâncias;
§ 2º Ato do Comandante-Geral disciplinará os procedimen- VI - a norma em tese violada, quando se tratar de Processo
tos da Apuração Preliminar. Administrativo
Disciplinar; e
VII - possível sanção disciplinar aplicável ao acusado, quan-
do se tratar de
Processo Administrativo Disciplinar.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo único. Presente a indicação da conduta imputada Carta precatória
ao bombeiro militar, a mera ausência de algum dos requisitos Art. 87. Poderá ser requisitada a produção de prova por
previstos neste artigo não gera a nulidade do Processo Admi- meio de carta precatória, expedida diretamente ao comandante
nistrativo Disciplinar, salvo comprovação de efetivo prejuízo à da Organização BombeiroMilitar onde deverão ser realizadas as
defesa, uma vez que a descrição minuciosa da infração só se faz diligências solicitadas.
necessária na fase final da instrução. Acusado do posto de coronel
Atribuições dos encarregados Art. 88. Se o sindicado ou acusado for do posto de Coronel,
Art. 85. O encarregado da sindicância ou do Processo Admi- o fato será comunicado ao Comandante-Geral e ao Corregedor,
nistrativo Disciplinar, ressalvado o disposto no art. 117, deverá: obedecidos os trâmites regulamentares.
I - tomar as medidas previstas no art. 82, caso estas ainda Sigilo dos procedimentos e processos
não tenham sido providenciadas; Art. 89. A sindicância e o Processo Administrativo Disciplinar
II - ouvir o ofendido; somente serão sigilosos quando o ato de instauração determi-
III - ouvir as testemunhas, devendo, no caso de Processo Ad- nar este procedimento, devendo ser, por conseguinte, publica-
ministrativo do em boletim reservado, admitindo-se o acompanhamento do
Disciplinar, proceder-se, em primeiro lugar, à oitiva das de defensor do sindicado ou acusado.
acusação e, após, das de defesa; Defensor
IV - ouvir o acusado, em depoimento preliminar; Art. 90. Entende-se por defensor, que é facultativo na sin-
V - proceder ao reconhecimento de pessoas ou coisas e aca- dicância e no
reações; Processo Administrativo Disciplinar, o advogado, o oficial ou
VI - requerer exame de corpo de delito e quaisquer outros a praça bacharel em direito, devidamente habilitado com outor-
exames e perícias, quando necessário; ga de poderes cedidos pelo sindicado ou acusado.
VII - determinar a identificação e avaliação de coisa subtra- Defensor dativo e ad hoc
ída, desviada, destruída, danificada ou objeto de apropriação Parágrafo único. O bombeiro militar, quando estiver atuan-
indébita; do como defensor dativo ou ad hoc, estará em serviço bombei-
VIII - proceder às buscas e apreensões, conforme dispuser ro-militar para fins de direito.
a lei; Reunião e ordem dos procedimentos e processos
IX - tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de Art. 91. Todas as peças serão reunidas em um só processo,
testemunhas; por ordem cronológica, datilografadas ou digitadas em espaço
X - juntar documentos, papéis, fotografias com os negativos, um centímetro e cinquenta milímetros, com as folhas numera-
croquis e qualquer outro meio que ilustre o modo como os fatos das, rubricadas e autenticadas, conforme o caso, pelo encarre-
se desenvolveram; gado que, uma vez findo os trabalhos, lavrará o termo de encer-
XI - qualificar e interrogar o acusado após a coleta de todas ramento.
as provas; e Relatório
XII - outros atos necessários em direito admitidos. Art. 92. A sindicância e o Processo Administrativo Discipli-
Parágrafo único. O acusado deve ser notificado de todas as nar serão encerrados com um minucioso relatório, no qual o
provas a serem produzidas, facultando-se a ele acompanhá-las, encarregado mencionará à autoridade delegante a portaria de
bem como ser informado sobre o direito de produzir provas e instauração, o objetivo da apuração, as diligências realizadas e
requerer as que entender cabíveis, cuja os resultados obtidos, a descrição dos fatos com indicação do
pertinência será analisada pela comissão em decisão funda- dia, hora e local em que ocorreu, a análise do fato e das provas
mentada, que poderá deferi-las ou não. constantes dos autos. Em conclusão, mencionará se há indícios
Antecedência da citação, intimação e notificação de infração disciplinar, no caso da sindicância, ou infração disci-
Art. 86. A citação, as intimações e as notificações serão sem- plinar a punir, no caso dos Processos Administrativos Disciplina-
pre feitas de dia e com a antecedência mínima de vinte e quatro res, e/ou indícios de crime.
horas do ato a que se referirem. Relatório integrante da parte dispositiva
Citação Parágrafo único. Quando não houver delegação, o relatório
§ 1º Citação é o ato processual pelo qual se chama, por or- fará parte da decisão da autoridade instauradora da sindicância
dem da autoridade competente, o acusado para defender-se em ou Processo Administrativo Disciplinar.
Processo Administrativo Da autoridade delegada
Disciplinar, dando-lhe ciência dos fatos que lhe são imputa- Art. 93. No caso de ter sido delegada a atribuição para ins-
dos e das normas em tese infringidas. trução, o encarregado remeterá os autos à autoridade de quem
Intimação e Notificação recebeu a delegação para que esta publique em boletim a solu-
§ 2º Intimação é utilizada para dar conhecimento de atos ção no prazo de dez dias, a contar do recebimento dos autos, ou
ou despachos praticados no processo em curso e notificação é a determine novas diligências, se as julgar necessárias.
ordem feita a alguém para que faça ou deixe de fazer algo. Superioridade ou igualdade hierárquica sobre o infrator
Recusa ou Negativa Art. 94. Em se tratando de delegação para a instrução da sin-
§ 3º Se o citado ou intimado recusar-se a ouvir a leitura da dicância ou do Processo Administrativo Disciplinar deverá aque-
citação ou intimação ou se negar a assiná-las, o encarregado cer- la recair em bombeiro militar de posto superior ao do bombeiro
tificará tal fato no próprio mandado de citação ou intimação, na militar sindicado ou acusado. Na impossibilidade disto, deverá
presença de duas testemunhas instrumentárias do feito. recair em bombeiro militar que o preceda na antiguidade. Indí-
§ 4º A intimação do defensor dativo ou regularmente consti- cios contra superior hierárquico ou bombeiro militar mais antigo
tuído nos autos, inclusive por Aviso de Recebimento (AR), supre no curso do procedimento
a do acusado nos demais atos do processo.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º Se, no curso da sindicância, o seu encarregado verifi- § 2º Não haverá outra prorrogação, além da prevista no § 1º
car a existência de indícios de transgressão da disciplina contra deste artigo, salvo dificuldade insuperável, a juízo da autoridade
bombeiro militar superior hierárquico ou mais antigo, tomará as delegante.
providências necessárias para que as suas funções sejam delega- § 3º Durante o sobrestamento é vedada a prática de qual-
das a outro encarregado. Indícios contra superior hierárquico ou quer ato procedimental ou processual, salvo, a juízo da autorida-
bombeiro militar mais antigo no curso do processo de administrativa delegante, atos inadiáveis e indispensáveis ao
§ 2º Se, no curso de Processo Administrativo Disciplinar, o bom andamento do processo, mediante decisão fundamentada.
seu presidente verificar a existência de indícios de transgressão § 4º A publicação do ato de sobrestamento suspenderá o
da disciplina contra um outro bombeiro militar superior hierár- transcurso do prazo prescricional, que voltará a correr pelo que
quico ou mais antigo, deve prosseguir normalmente na apura- sobejar.
ção, mencionando esta circunstância no relatório.
Dedução em favor dos prazos TÍTULO II
§ 3º São deduzidas dos prazos para a conclusão da instrução DO PROCEDIMENTO E DOS PROCESSOS DISCIPLINARES EM
as suspensões pelo motivo previsto no § 1º deste artigo. ESPÉCIE
Cumprimento de precatória CAPÍTULO I
§ 4º A delegação para o cumprimento de carta precatória DA SINDICÂNCIA
deverá recair em bombeiro militar, observando-se o disposto no
caput deste artigo. Definição
Diligências da Corregedoria Art. 99. Sindicância disciplinar é a apuração sumária inquisi-
Art. 95. Os autos, após serem solucionados pelas autorida- torial de fato ou ato que, em tese, configure transgressão da dis-
des instauradoras, serão remetidos ao Corregedor-Geral, acom- ciplina bombeiro-militar, quando inexistirem indícios claros de
panhados dos instrumentos apensos, bem como dos objetos que autoria. Tem caráter de instrução provisória, cuja finalidade pre-
interessem a sua prova, podendo este, se for o caso, determinar cípua é reunir elementos necessários à propositura do Processo
novas diligências, marcando o prazo para a sua devolução. Administrativo Disciplinar e/ou inquérito bombeiro-militar,
Impedimentos se for o caso.
Art. 96. São impedidos de apurar indícios de infração disci- Perícias
plinar: Parágrafo único. São efetivamente atos instrutórios da sin-
I - o bombeiro militar que formulou a acusação originária do dicância disciplinaros exames, perícias e avaliações realizados
procedimento ou do processo; regularmente por peritos idôneos e com obediência às formali-
II - os bombeiros militares que tenham entre si, com o acu- dades previstas em lei.
sador ou com o acusado, parentesco consanguíneo ou afim, na Competência para instauração
linha reta ou até quarto grau de consanguinidade colateral ou Art. 100. São autoridades administrativas militares compe-
de natureza civil; e tentes para instaurar a sindicância as previstas no art. 26 desta
III - os bombeiros militares que tenham particular interesse Lei.
na decisão do Processo Administrativo Disciplinar. Delegação
Incidentes de insanidade mental Art. 101. A autoridade instauradora poderá delegar suas
Art. 97. Quando houver dúvida razoável sobre a sanidade atribuições para instruir a sindicância disciplinar a um bombeiro
mental do acusado, o presidente do Processo Administrativo militar, que será denominado de sindicante.
Disciplinar proporá à autoridade competente que o militar dis- Prazo para conclusão
ciplinado seja submetido a exame por junta médica militar, da Art. 102. O prazo de conclusão da sindicância disciplinar é
qual participe pelo menos um médico psiquiatra. de quinze dias, a contar da data da publicação do decreto ou da
§ 1º O incidente de sanidade mental será processado em au- portaria de instauração/ delegação no Diário Oficial do Estado
tos apartados e apenso ao processo principal, após a expedição ou em boletim, conforme o caso.
do laudo pericial. Prorrogação do prazo
§ 2º O militar acusado ou seu defensor poderá requerer a Art. 103. Este último prazo poderá ser prorrogado por mero
instauração de incidente de sanidade mental. despacho, sem exigência de publicação, por até sete dias, pela
§ 3º O incidente de sanidade mental não suspenderá o curso autoridade bombeiro-militar instauradora, desde que não este-
do processo disciplinar ou a instrução probatória, ressalvada a jam concluídos exames ou perícias já iniciados ou haja necessi-
produção de prova testemunhal ou outra em que seja indispen- dade de diligências indispensáveis à elucidação do fato. O pedi-
sável a presença do acusado submetido ao exame pericial. do de prorrogação deve ser motivado e feito tempestivamente.
Sobrestamento Renovação da prorrogação
Art. 98. É permitido o sobrestamento de procedimento ou Art. 104. Não haverá mais prorrogação além da prevista no
Processo Administrativo Disciplinar, por um período de até trin- art. 103, salvo dificuldade insuperável, a juízo da autoridade ins-
ta dias, mediante requerimento fundamentado da autoridade tauradora.
administrativa delegada dirigido às autoridades previstas no art. Remessa posterior de provas
26 desta Lei. Parágrafo único. Os laudos de perícias ou exames não con-
§ 1º O prazo de que trata o caput deste artigo poderá ser cluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos
prorrogado por até trinta dias pela autoridade bombeiro-militar depois dela, serão posteriormente remetidos à autoridade ins-
delegante, desde que o pedido de prorrogação seja motivado e tauradora para juntada à sindicância disciplinar. Ainda no seu
tempestivo. relatório, poderá o presidente indicar, mencionando, se possí-
vel, o lugar onde se encontram as testemunhas que deixaram de
ser ouvidas por qualquer impedimento.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO II Defensor ad hoc
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO Parágrafo único. No caso de ausência simultânea do acusa-
DISCIPLINAR do e seu defensor ao ato de que foram regularmente notificados
ou intimados, o presidente do
Espécies de processos Processo Administrativo Disciplinar nomeará defensor ad
Art. 105. São Processos Administrativos Disciplinares: hoc para o exercício da defesa do acusado durante o ato.
I - Processo Administrativo Disciplinar Sumário (PADSU); Acusado preso
II - Processo Administrativo Disciplinar Simplificado (PADS); Art. 110. Estando o acusado preso, a presença de seu defen-
III - Conselho de Disciplina (CD); e sor em sessão do
IV - Conselho de Justificação (CJ). Processo Administrativo Disciplinar supre a daquele.
Conveniência para adoção
Art. 106. Adotar-se-á o Processo Administrativo Disciplinar SEÇÃO I
nos casos em que houver indícios sufi cientes de autoria e mate- DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR SIMPLIFICA-
rialidade da transgressão da disciplina bombeiro-militar, obser- DO E SUMÁRIO
vando-se, dentre outros princípios, o do devido processo legal,
do contraditório e da ampla defesa. Conveniência do Processo Administrativo Disciplinar Simpli-
Providências preliminares ficado
Art. 107. A autoridade instauradora ou a quem for delegada Art. 111. Adotar-se-á o Processo Administrativo Disciplinar
as atribuições para a instrução do processo disciplinar, após a Simplificado nos casos em que houver indícios sufi cientes de
publicação do ato administrativo de instauração, providenciará autoria e materialidade da transgressão da disciplina bombeiro
a citação do acusado. Requisitos da citação militar.
§ 1º A citação indicará: Forma e casos de instauração do Processo Administrativo
I - o inteiro teor do ato administrativo de instauração; Disciplinar
II - o rol de testemunhas; Simplificado
III - a abertura de prazo para defesa prévia, na forma no art. Parágrafo único. O Processo Administrativo Disciplinar Sim-
plificado será instaurado por decreto ou portaria e utilizado nos
108 desta Lei;
casos que impliquem sanção disciplinar de repreensão, suspen-
IV - a data em que foi expedida; e
são e licenciamento a bem da disciplina.
V - a subscrição do encarregado.
Competência para instauração
Requisito de validade
Art. 112. São autoridades administrativas militares compe-
§ 2º É requisito da citação válida a comprovação do recebi-
tentes para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar Sim-
mento do documento citatório por parte do acusado.
plificado as previstas no art. 26 desta Lei
Citação do acusado solto
Competência para aplicar o licenciamento a bem da disci-
§ 3º A citação do acusado em liberdade far-se-á com an-
plina
tecedência mínima de vinte e quatro horas em relação ao ato Parágrafo único. São autoridades competentes para aplicar
seguinte a ser praticado. a sanção de licenciamento a bem da disciplina:
Citação do acusado preso I - o Governador do Estado, quando instaurar o Processo
§ 4º A citação do acusado preso far-se-á com antecedência Administrativo Disciplinar Simplificado ou quando o fato e as
mínima de quarenta e oito horas em relação ao ato seguinte a circunstâncias exigirem o agravamento da punição disciplinar
ser praticado. Citação por edital imposta ao acusado;
§ 5º Se o acusado não for encontrado para fins de citação II - o Comandante-Geral, quando instaurar o Processo Ad-
pessoal ou se estiver em local incerto ou não sabido, será ci- ministrativo Disciplinar Simplificado ou quando o licenciamento
tado por edital, atendidos os mesmos requisitos previstos no § a bem da disciplina for proposto pelas autoridades indicadas no
1º deste artigo, publicado uma única vez no Diário Oficial do art. 26, incisos II a VIII, desta Lei, por meio de Processo Adminis-
Estado, determinando-se o prazo de cinco dias para a sua apre- trativo Disciplinar Simplificado que tenham instaurado.
sentação, sem prejuízo das demais providências que devam ser Possibilidade de delegação
tomadas, sejam de caráter administrativo ou penal. Art. 113. A autoridade instauradora poderá delegar suas
Revelia atribuições para instruir o Processo Administrativo Disciplinar
§ 7º O processo corre à revelia se o acusado não atender à Simplificado a bombeiro militar, que será denominado de pre-
citação por edital. Neste caso, o presidente do Processo Admi- sidente, o qual deverá ser superior hierárquico do acusado ou,
nistrativo Disciplinar designará um excepcionalmente, mais antigo.
defensor dativo. Prazo para conclusão
Providências do presidente Art. 114. O prazo de conclusão do Processo Administrativo
Art. 108. Citado o acusado, o presidente deverá: Disciplinar Simplificado é de quinze dias, a contar da data de pu-
I - adotar as providências necessárias à coleta de provas e blicação do decreto ou da portaria de instauração/delegação no
instrução do processo; diário oficial do estado ou em boletim, conforme o caso.
II - intimar o acusado para qualificação e interrogatório; e Prorrogação do prazo
III - conceder o prazo de três dias para defesa escrita, me- Art. 115. Este último prazo poderá ser prorrogado por mero
diante termo de vista dos autos ao acusado. despacho, sem exigência de publicação, por até sete dias, pela
Defensor dativo autoridade bombeiro-militar instauradora, desde que não este-
Art. 109. Não tendo o acusado apresentado sua autodefesa jam concluídos exames ou perícias já iniciados ou haja necessi-
e nem constituído defensor, ser-lhe-á nomeado defensor dativo dade de diligências indispensáveis à elucidação do fato. O pedi-
pelo presidente do Processo Administrativo Disciplinar para o do de prorrogação deve ser motivado e feito tempestivamente.
exercício da defesa do acusado. Possibilidade de nova prorrogação

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 116. Não haverá mais prorrogação além da prevista no Competência
art. 115, salvo dificuldade insuperável, a juízo da autoridade ins- Art. 119. O Governador, o Comandante-Geral e o Correge-
tauradora. dor-Geral são as autoridades administrativas militares compe-
Remessa posterior de provas tentes para instaurarem e decidirem conselho de disciplina.
Parágrafo único. Os laudos de perícias ou exames não con- Requisitos para instauração
cluídos nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos Art. 120. O Conselho de Disciplina é instaurado mediante
depois dela, serão posteriormente remetidos à autoridade ins- decreto ou portaria, publicados em diário ofi cial ou boletim,
tauradora para juntada aos autos. Cabimento do Processo Admi- respectivamente, quando a praça for acusada ofi cialmente ou
nistrativo Disciplinar Sumário por qualquer meio de comunicação social de:
Art. 117. Adotar-se-á o Processo Administrativo Disciplinar I - ter procedido incorretamente no desempenho do cargo,
Sumário nos casos em que houver indícios sufi cientes de auto- violando o sentimento do dever no exercício de função ou de
ria e materialidade e a transgressão disciplinar for classificada serviço bombeiro-militar;
como de natureza leve. II - estando no comportamento mau e praticar novo ato com
Competência para Instauração indícios de transgressão disciplinar, devendo neste caso ser ana-
§ 1º São autoridades administrativas militares competentes lisada toda sua vida profissional;
para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar Sumário as III - ter praticado ato de natureza grave que afete a honra
previstas no art. 26 desta Lei. pessoal, o pundonor bombeiro-militar ou o decoro da classe, in-
§ 2º A autoridade instauradora poderá delegar a instrução dependentemente de seu comportamento, não estando de ser-
do Processo Administrativo Disciplinar Sumário a bombeiro mili- viço ou atuando em razão da função; e/ou
tar, que será denominado de presidente, o qual deverá ser supe- IV - indignidade ou incompatibilidade para com o cargo.
rior hierárquico do acusado ou, excepcionalmente, mais antigo. Afastamento das funções
Prazo para Conclusão Art. 121. Ao ser publicado o ato administrativo de instaura-
§ 3º O prazo de conclusão do Processo Administrativo Disci- ção do conselho de disciplina, a praça da ativa é imediatamente
plinar Sumário é de dez dias, a contar da data da publicação do afastada do exercício de suas funções, ficando à disposição do
decreto ou da portaria de instauração no Diário Oficial do Estado conselho.
ou em boletim, conforme o caso. Prorrogação do prazo Membros do Conselho de Disciplina
§ 4º Não haverá prorrogação de prazo, salvo dificuldade in- Art. 122. O Conselho De Disciplina é composto de três ofi-
superável, a juízo da autoridade instauradora.Fases do Processo ciais da ativa da Corporação.
Administrativo Disciplinar Sumário Organização funcional do Conselho de Disciplina
§ 5º O Processo Administrativo Disciplinar Sumário observa- Parágrafo único. O membro mais antigo do conselho de dis-
rá, no mínimo, as seguintes formalidades: ciplina, no mínimo oficial intermediário, é o presidente; o que
I - citação do acusado para que tome ciência e indique as lhe segue em antiguidade é o interrogante e relator, e o mais
provas que pretende produzir; moderno é o escrivão.
II - adoção das diligências necessárias à elucidação do fato; Atribuições do presidente do Conselho de Disciplina
III - fixação do prazo de dois dias para apresentação de de- Art. 123. São atribuições do presidente do conselho de dis-
fesa escrita; e ciplina, dentre outras:
IV - relatório fundamentado e conclusivo, que será remetido I - presidir todos os atos do conselho, zelar pela regularida-
à autoridade julgadora. de do processo, pela execução da lei e pela garantia da ordem;
§ 6º Em sua defesa escrita, o acusado poderá alegar todas II - instalar o conselho, prestando o compromisso legal;
as matérias que entender pertinentes, apresentar documentos III - citar o acusado;
e justificações e arrolar, no máximo, duas testemunhas, qualifi- IV - determinar diligências necessárias à elucidação do fato;
cando-as e requerendo sua intimação, se necessário. V - intimar o acusado sobre a conclusão a que chegaram os
Interposição de Recurso membros do conselho de disciplina;
§ 7º Da decisão proferida em Processo Administrativo Disci- VI - apresentar o acusado ao comandante de sua Organiza-
plinar Sumário somente caberá recurso hierárquico. ção BombeiroMilitar de origem, após o encerramento dos tra-
balhos; e
SEÇÃO II VII - remeter os autos do Conselho de Disciplina ao Governa-
DO CONSELHO DE DISCIPLINA dor ou Comandante-Geral, conforme o caso.
Atribuições do interrogante e relator do Conselho de Disci-
Finalidade plina
Art. 118. O Conselho de Disciplina (CD) tem a finalidade de Art. 124. São atribuições do interrogante e relator, dentre
julgar a capacidade para permanecerem na ativa o aspirante-a- outras:
-oficial e os demais praças com estabilidade. I - inquirir testemunhas, requerer diligências necessárias à
Bombeiro militares na reserva remunerada elucidação do fato e
Parágrafo único. O Conselho de Disciplina será aplicado: interrogar o acusado;
I - aos praças inativos que, em tese, sejam incapazes de per- II - elaborar o relatório e submetê-lo à apreciação dos de-
manecer na situação de inatividade; e mais membros; e
II - no caso de o(s) ato(s) infracional(is) ter(em) sido prati- III - datilografar ou digitar as peças instrutórias e o relatório
cado(s) em concurso, por bombeiros militares com e sem esta- do conselho, se a celeridade do processo assim o exigir.
bilidade. Atribuições do escrivão do Conselho de Disciplina
Art. 125. São atribuições do escrivão, dentre outras:
I - autuar o processo;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II - cumprir os despachos do presidente; SEÇÃO III
III - elaborar as atas das sessões do conselho; e DO CONSELHO DE JUSTIFICAÇÃO
IV - datilografar ou digitar as peças instrutórias e o relatório
do conselho. Inquirições no Conselho de Disciplina Finalidade
Art. 126. É lícito aos membros do conselho e à defesa per- Art. 133. O Conselho de Justificação é destinado a julgar a
guntar e reperguntar, por intermédio do presidente, sobre o capacidade do oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Pará em
objeto da acusação e propor diligências para o esclarecimento permanecer na ativa. Alcance aos oficiais da reserva remunera-
dos fatos. da
Compromisso Parágrafo único. O conselho de justificação também poderá
Art. 127. Os membros do conselho, na reunião de instalação, será plicado ao oficial inativo presumivelmente incapaz de per-
prestarão o seguinte compromisso: “Prometo apreciar os fatos manecer na situação de inatividade.
que me forem submetidos e, de acordo com a lei e as provas dos Competência para instauração
autos, emitir parecer sobre eles com imparcialidade e justiça.” Art. 134. O Governador do Estado é a autoridade adminis-
Suspeição e impedimento trativa competente para instaurar e decidir o conselho de justi-
Parágrafo único. Os casos de suspeição e impedimento de- ficação. Arquivamento do pedido de instauração do Conselho de
verão ser declarados de ofício antes de prestado o compromisso. Justificação
Registro da instrução processual § 1º O Governador do Estado pode, com base nos antece-
Art. 128. De toda sessão será lavrada ata, a fi m de registrar dentes do oficial a ser julgado e na natureza ou falta de consis-
o que ocorrer, devendo ser assinada pelos membros do conse- tência dos fatos arguidos, considerar, desde logo, improcedente
lho, acusado e defensor, se houver. a acusação e indeferir, em consequência, o pedido de nomeação
Regra para funcionamento do conselho de justificação. Publicação do indeferimento
Parágrafo único. O Conselho de Disciplina funcionará com a § 2º O indeferimento do pedido de nomeação do conselho
totalidade de seus membros. de justificação, devidamente fundamentado, deve ser publicado
Prazo para conclusão no Diário Oficial do Estado e transcrito nos assentamentos do
Art. 129. O prazo de conclusão do Conselho de Disciplina é oficial, se este for da ativa. Requisitos para instauração do Con-
de trinta dias, a contar da publicação do ato administrativo de selho de Justificação
instauração, podendo ser prorrogado por vinte dias, pela autori- Art. 135. O Conselho de Justificação é instaurado mediante
dade instauradora. Motivação do pedido de prorrogação decreto governamental, nas seguintes hipóteses:
§ 1º O pedido de prorrogação deve ser motivado e feito I - quando o oficial for acusado oficialmente ou por qualquer
tempestivamente. meio de comunicação social de ter:
Forma da prorrogação a) procedido incorretamente no desempenho do cargo, vio-
§ 2º A concessão ou denegação da prorrogação será realiza- lando o sentimento do dever no exercício de função ou de servi-
da por despacho. ço bombeiro-militar;
Relatório do Conselho de Disciplina b) sido punido com três suspensões disciplinares no perío-
Art. 130. O relatório é assinado por todos os membros do do de um ano e praticar novo ato com indícios de transgressão
conselho, concluindo se o bombeiro militar é culpado ou não disciplinar, devendo neste caso ser analisada toda sua vida pro-
da acusação que lhe foi imputada, bem como se é capaz ou não fissional; e/ou
de permanecer na ativa ou na situação em que se encontra na c) praticado ato de natureza grave que afete a honra pes-
inatividade. soal, o pundonor bombeiro-militar ou o decoro da classe, não
Votação no Conselho de Disciplina estando de serviço bombeiromilitar nem atuando em razão da
Art. 131. A conclusão do Conselho de Disciplina será tomada função; e/ou
por maioria de votos de seus membros, iniciando-se o escrutínio II - considerado não habilitado para o acesso em caráter
pelo oficial mais moderno. Justificação do voto vencido provisório, em decorrência de indícios de indignidade ou incom-
Parágrafo único. Havendo voto vencido, é obrigatória a sua patibilidade para com o cargo, no momento em que venha a ser
justificação por escrito. objeto de apreciação para ingresso em quadro de acesso à pro-
Decisão do Comandante-Geral moção. Afastamento das funções do justificante
Art. 132. Recebidos os autos do processo do conselho de Art. 136. Ao ser publicado o decreto de instauração do
disciplina, a autoridade julgadora, acolhendo ou não as conclu- conselho de justificação, o oficial da ativa será imediatamente
sões da comissão, motivadamente, decidirá: afastado do exercício de suas funções, ficando à disposição do
I - arquivar o processo, se considerar improcedente a acu- conselho.
sação; Membros do Conselho de Justificação
II - aplicar a sanção disciplinar de até trinta dias de suspen- Art. 137. O Conselho de Justificação é composto de três ofi-
são; ou ciais da ativa deposto superior ao do justificante.
III - aplicar a reforma administrativa disciplinar ou a exclu- Organização funcional do Conselho de Justificação
são a bem da disciplina. § 1º O membro mais antigo do Conselho de Justificação, no
Registro do arquivamento mínimo um oficial superior da ativa, é o presidente, o que lhe se-
Parágrafo único. A decisão que determinar o arquivamento gue em antiguidade é o interrogante e relator, e o mais moderno
do processo deve ser publicada oficialmente e transcrita nos as- é o escrivão. Impedimentos
sentamentos da praça, se esta for da ativa. § 2º Não podem fazer parte do conselho de justificação,
além dos casos previstos no art. 96, os oficiais subalternos.
Justificante do posto de Coronel

60
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 3º Quando o justificante for oficial superior do último Parágrafo único. Concluída esta fase, o processo é submeti-
posto, os membros do conselho de justificação serão nomeados do a julgamento.
dentre os oficiais daquele posto, da ativa ou da inatividade, mais Decisão do Tribunal
antigos que o justificante, sendo estes revertidos para a ativida- Art. 146. O Tribunal de Justiça, caso julgue provado que o
de para este único fim. oficial é culpado do ato ou fato previsto no inciso I do art. 135:
Regra para funcionamento I - determinará sua reforma disciplinar; ou
Art. 138. O conselho de justificação funciona sempre com a II - declara-lo-á indigno do oficialato e/ou com ele incompa-
totalidade de seus membros. tível, determinando a perda de seu posto e patente e, em conse-
Art. 139. Aplica-se ao Conselho de Justificação o disposto quência, a sua demissão.
nos arts. 123, 124, 125,126, 127, 128, 129, 130 e 131 desta Lei, Perda do posto e da patente
no que couber. Parágrafo único. A reforma disciplinar do oficial ou sua de-
Oficial da reserva revel missão, neste último caso em consequência da perda do posto e
Art. 140. Quando o justificante for oficial inativo e não for patente, é efetuada por ato do
localizado ou deixar de atender à intimação por escrito para Governador do Estado, tão logo seja publicado o acórdão do
comparecer perante o Conselho de Tribunal de Justiça.
Justificação:
I - a citação por edital será publicada no Diário Oficial do CAPÍTULO III
Estado; e DOS RECURSOS EM ESPÉCIE
II - o processo correrá à revelia, se o justificante não atender
à publicação. Definição
Acesso à promoção Art. 147. Os recursos disciplinares constituem os procedi-
Art. 141. No caso do item II do art. 135, o Conselho de Justi- mentos administrativos interpostos pelos militares sancionados
ficação concluirá se o oficial está ou não habilitado para o acesso disciplinarmente, com o objetivo de modificar ou anular a san-
à promoção em caráter ção aplicada.
definitivo. Pressupostos
Remessa ao Governador do Estado Art. 148. O recurso, para ser conhecido, deve conter os se-
Art. 142. Elaborado o relatório, o Conselho de Justificação guintes pressupostos:
remete o processo ao Governador do Estado, por intermédio do I - legitimidade para recorrer;
Comandante-Geral da II - interesse (prejuízo);
Corporação. III - tempestividade; e
Decisão do Governador do Estado IV – adequabilidade.
Art. 143. Recebidos os autos do processo do Conselho de Interposição de recursos
Justificação, o Governador do Estado, dentro do prazo de vinte Art. 149. Interpor recurso disciplinar é o direito concedido
dias, aceitando ou não o julgamento dos membros do conselho ao bombeiro militar que se julgue prejudicado em decisão disci-
e, neste último caso, justificando os motivos de sua decisão, de- plinar proferida pela autoridade instauradora do Processo Admi-
terminará: nistrativo Disciplinar.
I - o arquivamento do processo, se considerar procedente a Espécies de recursos
justificação; Parágrafo único. São recursos disciplinares:
II - a aplicação de pena disciplinar de até trinta dias de sus- I - reconsideração de ato; e
pensão, se considerar transgressão disciplinar a razão pela qual II - recurso hierárquico.
o oficial foi julgado culpado; Reconsideração de ato
III - na forma da legislação bombeiro-militar, a adoção das Art. 150. A reconsideração de ato é o recurso interposto me-
providências necessárias à transferência para a reserva remune- diante requerimento, por meio do qual o bombeiro militar que
rada, se o oficial for considerado não habilitado para o acesso ao se julgue prejudicado solicita à autoridade que proferiu a deci-
quadro de promoções em caráter definitivo; ou são disciplinar que reexamine sua decisão e reconsidere seu ato.
IV - a remessa do processo ao Tribunal de Justiça, se a razão Autoridade competente para decidir
pela qual o oficial foi julgado culpado estiver prevista no inciso I § 1º O pedido de reconsideração de ato deve ser encami-
do art. 135 e ensejar as providências do art. 146. nhado diretamente à autoridade recorrida, por uma única vez.
Publicação da justificação Prazo para interposição
Parágrafo único. A decisão do Governador do Estado pela § 2º O pedido de reconsideração de ato deve ser apresen-
remessa dos autos do processo de Conselho de Justificação ao tado no prazo máximo de cinco dias, a contar da data em que o
Tribunal de Justiça é irrecorrível. bombeiro militar for cientificado da decisão impugnada, na for-
Competência do Tribunal de Justiça ma do art. 47, §§ 4° e 5°, desta Lei.
Art. 144. É de competência do Tribunal de Justiça julgar, em Recurso hierárquico
instância única, os processos oriundos de Conselho de Justifica- Art. 151. O recurso hierárquico, interposto por uma única
ção a ele remetidos pelo vez, será redigido sob a forma de requerimento endereçado di-
Governador do Estado. retamente à autoridade imediatamente superior àquela que não
Defesa no Tribunal reconsiderou o ato.
Art. 145. No Tribunal de Justiça, distribuído o processo, será Cabimento
relatado por um dos seus membros que, antes, deve abrir prazo § 1º A apresentação do recurso hierárquico só é cabível
de cinco dias para a defesa se manifestar por escrito sobre a de- após o pedido de reconsideração de ato ter sido negado.
cisão do conselho de justificação. Julgamento no Tribunal Prazo para interposição

61
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º O recurso hierárquico deve ser interposto no prazo má- LIVRO IV
ximo de cinco dias, a contar da data em que o bombeiro militar DO COMPORTAMENTO ESCOLAR
for cientificado da decisão recorrida, por meio de intimação pes- TÍTULO I
soal, na forma do art. 47, §§ 4° e 5° desta Lei. ALCANCE DAS REGRAS ESCOLARES
Prazo para decisão CAPÍTULO I
Art. 152. As autoridades a quem forem dirigidos os recursos DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
devem decidir no prazo máximo de dez dias, inclusive sobre o
efeito suspensivo, se aplicável. Alcance das regras escolares
Recurso em Conselho de Justificação Art. 159. Os bombeiros militares que estejam matriculados
Art. 153. Nos casos de Conselho de Justificação, somente sob regime escolar em qualquer Organização Bombeiro-Militar
caberá a reconsideração de ato. da Corporação obedecerão às regras deste livro, sem prejuízo
das demais disposições desta Lei e normas regulamentares.
CAPÍTULO IV Alunos de outros Países ou Estados
DO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO Parágrafo único. Os alunos de outras corporações militares
do país ou do exterior estarão sujeitos ao mesmo regime disci-
Representação plinar escolar previsto para o aluno da Corporação.
Art. 154. A representação é o instrumento, normalmente Corpo discente
redigido sob forma de requerimento, interposto por bombeiro Art. 160. O corpo discente compreende:
militar que se considere vítima de abuso por parte de autorida- I - estagiário: é o oficial ou praça matriculado em estágio; e
de funcionalmente superior que, no exercício de suas funções, II - aluno: é o oficial ou praça matriculado em curso de for-
atente contra direito legalmente garantido. mação, pósgraduação, aperfeiçoamento, especialização ou ex-
Autoridade a quem dever ser dirigida tensão.
Art. 155. A interposição de representação deve ser dirigida Equivalência de denominações
à Corregedoria, ser feita individualmente, tratar de casos especí- Parágrafo único. Para efeitos desta Lei, os bombeiros milita-
ficos, cingir-se aos fatos que a motivaram e fundamentar-se em res que se encontram na condição mencionada nos incisos deste
argumentos e indícios de provas. artigo são denominados
Prazo para interposição
Parágrafo único. O prazo para a interposição de represen- “ALUNOS”.
tação é de cento e vinte dias, a contar do conhecimento do fato CAPÍTULO II
considerado abusivo. DOS DEVERES

CAPÍTULO V Deveres dos discentes


DO CANCELAMENTO DE PUNIÇÕES Art. 161. São deveres do corpo discente, além dos previstos
na legislação em
Definição vigor:
Art. 156. Cancelamento de punição é o direito concedido I - frequência às atividades escolares;
ao bombeiro militar de ter desconsiderada a averbação de puni- II - participação nos exercícios e nas apresentações internas
ções e outras notas a elas relacionadas em suas alterações. e externas;
Condições para concessão III - obedecer, rigorosamente, às exigências da coletividade
Art. 157. O cancelamento da punição deve ser concedido militar;
ao bombeiro militar que o requerer dentro das seguintes condi- IV - obedecer cuidadosamente os horários das aulas e re-
ções, cumulativamente: feições;
I - não ser a transgressão, objeto da punição, atentatória ao V - contribuir em sua esfera de ação para o prestígio do es-
sentimento do dever, à honra pessoal, ao pundonor bombeiro- tabelecimento de ensino a que pertence;
-militar ou ao decoro da classe; VI - dirigir-se ao local de instrução munido do material didá-
II - ter conceito favorável de seu comandante; e tico indispensável à sessão de ensino programada;
III - ter completado, sem qualquer punição: VII - cooperar para a boa conservação dos imóveis do esta-
a) oito anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar belecimento, do seu material escolar, móveis e utensílios diver-
for de suspensão de vinte e um a trinta dias; sos;
b) quatro anos de efetivo serviço, quando a punição a can- VIII - apresentar-se, quando em trajes civis, de forma de-
celar for de suspensão de onze a vinte dias; ou cente;
c) dois anos de efetivo serviço, quando a punição a cancelar IX - aguardar, no local de instrução, a chegada do professor
for de repreensão e suspensão até dez dias. ou instrutor;
Competência para decidir X - obedecer às ordens do chefe de turma e do instrutor,
Art. 158. A solução do requerimento de cancelamento de tratando-os sempre com respeito;
punição, de XI - ser assíduo e pontual no cumprimento de seus traba-
competência do Comandante-Geral, deve ser publicada em lhos;
boletim e registrada nos assentamentos do bombeiro militar. XII - dirigir-se aos órgãos administrativos escolares percor-
rendo os trâmites regulamentares;
XIII - justificar a falta ou atraso a qualquer atividade de ser-
viço ou instrução;

62
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XIV - não usar meio ilícito na produção de trabalho intelec- Efeito pedagógico da anotação e elogio
tual ou em avaliação; Art. 168. A anotação escolar e o elogio tornam-se necessá-
XV - devolver, no tempo devido, os livros que retirar da bi- rios quando deles advier benefício para a coletividade discente,
blioteca ou outros meios auxiliares; para sua reeducação ou para a Organização Militar de Ensino,
XVI - tratar com urbanidade os colegas e os subordinados; visando ao fortalecimento da disciplina e da justiça.
XVII - levar ao conhecimento de seu superior imediato qual-
quer irregularidade que tenha conhecimento; e CAPÍTULO II
XVIII - atender às convocações e determinações de autori- DO PROCEDIMENTO DA ANOTAÇÃO E ELOGIOS ESCOLARES
dade competente. SEÇÃO I
Serviço dos estagiários DA COMPETÊNCIA
Art. 162. Os estagiários, a critério do comandante da Orga-
nização BombeiroMilitar em que estão matriculados, poderão Competência para notificar
concorrer às escalas normais do serviço de guarnição. Art. 169. A notificação aos alunos quanto às anotações de
Serviço dos alunos em formação fatos observados será realizada pelo oficial competente, na qual
Art. 163. Os alunos, a título de aprendizagem, concorrerão o aluno alvo da anotação registrará que tomou ciência do ato,
aos serviços internos normais e extraordinários da Organização com a faculdade de apresentar sua justificativa por escrito no
Bombeiro-Militar em que estão matriculados, bem como parti- prazo de dois dias.
ciparão dos estágios e exercícios externos, estabelecidos como Competência para decidir
atividades curriculares, extracurriculares ou complementares da Parágrafo único. Cabe ao comandante do corpo de alunos
formação profi ssional peculiar de cada curso. ou ao coordenador do curso ou estágio, conforme o caso, ana-
Excepcionalidades lisar a justificativa do aluno anotado, decidindo pela perda ou
Parágrafo único. Os alunos somente serão empregados na não de pontos.
execução de serviços externos de segurança nos casos de grave Pontuação relativa às anotações
perturbação da ordem, calamidade pública, desastre ou eventos Art. 170. São anotações as condutas constantes do Anexo I.
de extraordinária necessidade. Desconto das punições disciplinares
Publicação
TÍTULO II Art. 171. As perdas, os acréscimos e a nota serão publicados
DO REGIME DO COMPORTAMENTO ESCOLAR mensalmente em boletim da Organização Bombeiro-Militar.
CAPÍTULO I
DAS GENERALIDADES CAPÍTULO III
DA REVISÃO DE ANOTAÇÃO
Observância da ordem escolar
Art. 164. Cabe aos corpos docente e discente, bem como Autoridade a quem deve ser dirigido
à administração da Organização Bombeiro-Militar, manter fi el Art. 172. O pedido de revisão de anotação de comportamen-
observância dos preceitos exigidos para a boa ordem e disciplina to escolar será dirigido ao comandante do corpo de alunos ou
da Corporação. coordenador do curso ou estágio.
Competência para fiscalização do comportamento escolar Processamento
Art. 165. São competentes para efetuar anotações relativas § 1º O comandante do corpo de alunos ou coordenador do
ao comportamento escolar os oficiais pertencentes ao efetivo curso ou estágio, após receber o pedido de revisão de anotação
da Organização Bombeiro-Militar onde estiverem funcionando de comportamento escolar, dará solução no prazo máximo de
os respectivos cursos e os alunos-oficiais, quando em função de quatro dias, a contar da data de recebimento, dando conheci-
oficial-de-dia ou auxiliar do oficial-de-dia. mento da decisão ao interessado, publicando-a em boletim in-
Padronização das anotações terno.
Parágrafo único. O corpo docente não pertencente ao efe- Decisão da autoridade competente
tivo da Organização Bombeiro-Militar que presenciar o come- § 2º O comandante do corpo de alunos ou coordenador do
timento de faltas escolares deverá relatar o acontecido à Divi- curso ou estágio, quando da emissão da referida solução, pode-
são de Ensino, em formulário próprio, para fins de remessa ao rá praticar um dos seguintes atos:
comando do corpo de alunos, visando ao lançamento no item I - manter a anotação;
específico para desconto da nota de comportamento. II - retificar o enquadramento; ou
Competência para o cômputo das anotações III - anular a anotação.
Art. 166. São competentes para realizar a pontuação do Ausência de solução
comportamento disciplinar escolar: § 3º Não sendo dada a devida solução ao pedido após vinte
I - o comandante da Organização Bombeiro-Militar em que dias, contados da data de sua interposição, poderá o interessa-
esteja funcionando o curso, nos limites da sua competência, a do solicitá-la, por uma única vez, diretamente ao comandante
todos os alunos; da Organização Bombeiro-Militar, o qual terá quatro dias para
II - o subcomandante, nos limites da sua competência, aos decisão.
alunos; e Desligamento
III - o comandante do corpo de alunos e os coordenadores Art. 173. O aluno será desligado do respectivo curso ou es-
de curso ou estágio, nos limites da sua competência. tágio quando:
Matéria curricular I - solicitar por escrito;
Art. 167. O comportamento escolar será considerado como II - for transferido para a reserva remunerada, reformado,
matéria curricular, influenciando no cômputo da média final do licenciado ou excluído a bem da disciplina ou demitido, nos ter-
curso. mos desta Lei;

63
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III - não obtiver nota mínima de comportamento escolar; ou TÍTULO I
IV - for reprovado em matéria curricular, conforme legisla- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
ção em vigor. E DOS SERVIÇOS DE BOMBEIROS MILITARES
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
PRESCRIÇÃO
Art. 1º Fica instituído o Código Estadual de Segurança contra
Art. 174. O direito de punir prescreve em cinco anos, conta- Incêndios e Emergências com o objetivo de estabelecer diretri-
dos da data em que as autoridades superiores tomaram conhe- zes gerais de segurança contra incêndios e emergências, bem
cimento do fato. Interrupção da prescrição como estabelecer parâmetros de crescimento e distribuição nos
§ 1º O curso da prescrição interrompe-se: municípios das unidades de Bombeiro Militar do Corpo de Bom-
I - pela instauração de Processo Administrativo Disciplinar; beiros Militar do Pará (CBMPA), de modo a proteger a vida e a
II - pela decisão recorrível em Processo Administrativo Dis- reduzir danos ao meio ambiente e ao patrimônio.
ciplinar; Art. 2º Para fins desta Lei, considera-se:
III - pela decisão definitiva em Processo Administrativo Dis- I - Agentes de defesa civil municipal: servidores públicos
ciplinar; ou municipais preparados e cadastrados pelo Corpo de Bombeiros
IV - pela celebração de Termo de Ajustamento de Conduta. Militar do Pará, com o objetivo de cooperar na prestação dos
Reinício do prazo prescricional serviços de defesa civil, nos termos da legislação vigente;
§ 2º Ocorrendo uma causa de interrupção, o prazo prescri- II - Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB): docu-
cional reinicia. mento emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará certifi-
§ 3º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam- cando que a edificação ou área de risco está em conformidade,
-se às transgressões disciplinares capituladas também como cri- no momento da vistoria, com as exigências previstas nas normas
me. estaduais;
Aplicação subsidiária III - Carga de incêndio: soma das energias caloríficas possí-
veis de serem liberadas pela combustão completa de todos os
Art. 175. Aplicam-se a esta Lei, subsidiariamente, as normas
materiais combustíveis contidos em um espaço, inclusive do re-
do Código de Processo Penal Militar e do Código de Processo
vestimento das paredes, divisórias, pisos e tetos;
Penal Comum.
IV - Certificado de Licenciamento do Corpo de Bombeiros
Art. 176. O Governador do Estado e o Comandante-Geral do
(CLCB): documento emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar do
Corpo de Bombeiros Militar do Pará, atendendo às peculiarida-
Pará certificando a regularidade decorrente do procedimento de
des da Corporação, baixarão as respectivas normas regulamen-
licenciamento;
tares necessárias à explicitação e execução desta Lei. Vigência
V - Comissão Técnica (CT): grupo de militares do Corpo de
Art. 177. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Bombeiros Militar do Pará qualificados em segurança contra in-
PALÁCIO DO GOVERNO, 13 de janeiro de 2021.
cêndios e emergências com o objetivo de analisar e emitir pare-
ceres relativos aos casos que necessitem de soluções técnicas
complexas que venham a substituir medidas de segurança con-
tra incêndios e emergências ou que apresentem dúvidas quanto
LEI Nº 9.234, DE 24 DE MARÇO DE 2021 às exigências previstas na legislação, bem como julgar as defesas
apresentadas em caso de sanções administrativas relacionadas
Institui o Código Estadual de Segurança contra Incêndios e ao não cumprimento das exigências previstas nesta Lei e no Re-
Emergências. gulamento de Segurança contra Incêndios e Emergências das
Edificações e Áreas de Risco;
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e VI - Comissão Técnica Especial (CTE): presidida pelo oficial
eu sanciono a seguinte Lei: superior comandante de ações preventivas e responsivas da
Corporação e composta por Oficiais Bombeiros Militares qualifi-
cados em segurança contra incêndios e emergências e profissio-
nais técnicos habilitados, quando a matéria a ser discutida assim
LEI ESTADUAL Nº 9.234 DE 24 DE MARÇO DE 2021 o exigir, tendo como objetivo avaliar a execução da legislação
(INSTITUI O CÓDIGO ESTADUAL DE SEGURANÇA técnica, propor sua alteração, estabelecer normas complemen-
CONTRA INCÊNDIO E EMERGÊNCIA) tares e emitir pareceres técnicos;
VII - educação pública: atividades realizadas junto à socieda-
de por meio de programas educacionais, campanhas de preven-
LEI Nº 9.234, DE 24 DE MARÇO DE 2021 ção e outras ações educativas;
VIII - emergências: situações súbita, fortuita e crítica e que
Institui o Código Estadual de Segurança contra Incêndios e representam perigo à vida, ao meio ambiente ou ao patrimônio,
Emergências. decorrentes de atividade humana ou fenômeno da natureza e
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui e que obrigam a uma rápida intervenção operacional;
eu sanciono a seguinte Lei: IX - evento temporário: aquele realizado em período restrito
de tempo ou com prazo determinado de duração;
X - fiscalização: ato administrativo pelo qual o bombeiro mi-
litar verifica, em qualquer momento, o cumprimento das medi-
das de segurança contra incêndios e emergências, previstas na
legislação em vigor;

64
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
XI - infrator: pessoa física ou jurídica proprietária, responsá- cia, com o objetivo de estabilizar o paciente e atingir um nível de
vel pelo uso, responsável pela obra ou responsável técnico, das cuidados minimamente satisfatório, de modo a permitir o trans-
edificações e áreas de risco, que descumpre as normas previstas porte da vítima em segurança para a próxima etapa no processo;
nas legislações aplicáveis; XXIII - Sistema Global de Segurança contra Incêndios e Emer-
XII - instrução técnica: documento técnico elaborado pelo gências: conjunto de elementos a serem adotados no processo
Corpo de Bombeiros Militar do Pará que normatiza procedimen- produtivo e no uso das edificações e áreas de risco, necessários
tos administrativos, bem como medidas de segurança contra in- para evitar o surgimento de um incêndio, limitar sua propaga-
cêndios e emergências nas edificações e nas áreas de risco; ção, possibilitar sua extinção, bem como propiciar a proteção à
XIII - licenciamento: ato administrativo pelo qual o Corpo de vida, ao meio ambiente e ao patrimônio;
Bombeiros Militar do Pará, verificando que o interessado aten- XXIV - vistoria técnica: ato administrativo, decorrente do
deu a todas as exigências legais constantes do processo de se- exercício do poder de polícia, pelo qual o Corpo de Bombeiros
gurança contra incêndios e emergências, autoriza a ocupação e Militar do Pará verifica a implementação e manutenção das me-
funcionamento das edificações ou áreas de risco; didas de prevenção e combate a incêndios e desastres em uma
XIV - medidas de segurança contra incêndios e emergências: edificação, estabelecimento, área de risco ou evento temporá-
conjunto de ações ou barreiras de proteção (ativa e passiva), rio, mediante solicitação do interessado ou ex officio; e
além dos recursos internos e externos às edificações e áreas de XXV - vistoriador: militar do Corpo de Bombeiros Militar do
risco, que permitem controlar a situação de incêndio, o aban- Pará, oficial ou praça, imbuído da função fiscalizadora.
dono seguro de pessoas e garantem o acesso das equipes de
salvamento e socorro; CAPÍTULO II
XV - medidas alternativas de segurança contra incêndios ba- DOS SERVIÇOS DE BOMBEIROS
seadas no desempenho: medidas que têm como objetivo forne-
cer uma solução alternativa de segurança para alcançar as me- Art. 3º Os serviços de bombeiros são desenvolvidos nas for-
tas específicas da segurança contra incêndios e se baseiam no mas preventiva e de pronto atendimento às emergências.
desempenho de todos os agentes envolvidos no sistema como a Art. 4º A atuação preventiva dar-se-á por meio de atividades
dinâmica do incêndio, a edificação e o comportamento das pes- de educação pública e de fiscalização.
soas; § 1º As atividades de educação pública são realizadas junto
XVI - perícia de incêndio e explosões: apuração das causas, à comunidade por meio de programas sociais, palestras, campa-
desenvolvimento e consequências dos incêndios atendidos pelo nhas de prevenção e outras ações educativas.
Corpo de Bombeiros Militar do Pará, mediante exame técnico § 2º As atividades de fiscalização consistem na aplicação das
das edificações, materiais e equipamentos, no local ou em labo- medidas de segurança contra incêndios e emergências das edi-
ratório especializado, com vistas ao aprimoramento técnico da ficações e áreas de risco, e são realizadas por meio de análise
segurança contra incêndios e emergências, bem como da ativi- técnica do processo de segurança contra incêndios e emergên-
dade operacional; cias e de vistoria técnica, conforme prescrições contidas no re-
XVII - processo de segurança contra incêndios e emergên- gulamento desta Lei.
cias: conjunto de procedimentos e atos que tem por finalidade o Art. 5º A atuação de pronto atendimento à emergência con-
licenciamento de edificações ou áreas de risco; siste na intervenção operacional em decorrência de incêndios,
XVIII - risco específico: situação que proporciona uma pro- desastres, atendimento pré-hospitalar e outras emergências.
babilidade maior de perigo à edificação, tais como: caldeira, casa Art. 6º O exercício do comando nas atuações emergenciais
de máquinas, incinerador, central de gás combustível, transfor- do Sistema de Comando de Incidentes, respeitadas as atribui-
mador, fonte de ignição e outros, e que deve ser tratado com ções e competências de outros órgãos, caberá ao militar do Cor-
medidas de segurança equivalentes a este risco, independen- po de Bombeiros Militar do Pará de maior posto ou graduação
temente do risco predominante determinado pela Classificação que estiver empenhado na ocorrência, o qual atuará como Co-
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE); mandante da Emergência.
XIX - serviços de bombeiros: conjunto de atividades direta- Parágrafo único. Os órgãos e entidades que forem aciona-
mente voltadas à preservação da ordem pública e da incolumi- dos e participarem das emergências referentes aos serviços de-
dade das pessoas e do patrimônio; vem atuar de forma integrada e harmônica.
XX - Serviço de Segurança contra Incêndios e Emergências Art. 7º O Corpo de Bombeiros Militar do Pará, em conjunto
(SSCIE): constituído pelo órgão máximo do Serviço Técnico do com os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito
Corpo de Bombeiros Militar do Pará e pelo conjunto de Organi- Federal, deve estabelecer critérios para padronizar a linguagem
zações Bombeiro-Militares, que tem por finalidade desenvolver técnica relacionada às ocorrências de incêndios, salvamentos e
as atividades relacionadas à prevenção e proteção contra incên- emergências médicas utilizada na Corporação.
dios e emergências nas edificações e áreas de risco; Parágrafo único. A padronização da linguagem técnica fa-
XXI - Sistema de Comando de Incidentes: ferramenta de cilitará as estatísticas de ocorrências dos Corpos de Bombeiros
gerenciamento de incidentes padronizada, em decorrência de Militares em nível nacional.
incêndios, desastres, atendimento pré-hospitalar e outras emer-
gências de bombeiros, que permite a seu usuário adotar uma TÍTULO II
estrutura organizacional integrada para suprir as complexidades DA GESTÃO DOS SERVIÇOS
e demandas de incidentes únicos ou múltiplos, independente-
mente das barreiras jurisdicionais; Art. 8º Para que a gestão dos serviços do Corpo de Bombei-
XXII - Sistema de Socorros em Emergências: conjunto de ros Militar do Pará aconteça nos municípios é necessário adotar
atendimentos prestados pela Corporação Bombeiro-Militar no 03 (três) principais eixos:
tratamento a quem necessite de intervenção médica de urgên-

65
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - implantação de Unidade de Bombeiro Militar e integração com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará, conforme previsto
com os municípios; no § 2º do art. 3º da Lei Federal nº 13.425, de 30 de março de
II - regulação das atividades de competência do Corpo de 2017.
Bombeiros Militar do Pará; e Art. 13. Compreendem-se como atividades da área de com-
III - medidas urbanísticas e qualidade no atendimento que petência do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, exercida por
compreende: profissionais e instituições civis do município:
a) a malha urbana; I - educação pública e combate a incêndio;
b) os hidrantes urbanos; II - busca e salvamento; e
c) os equipamentos de bombeiros; III - atendimento pré-hospitalar, ressalvadas as ações desen-
d) a coibição ao acionamento indevido do atendimento às volvidas pelos órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde,
emergências de competência do Corpo de Bombeiros Militar do estabelecimentos hospitalares e sistema de saúde suplementar.
Pará; e Art. 14. É vedado às instituições civis que exerçam ativida-
e) o Sistema de Socorro em Emergências. des da área de competência do Corpo de Bombeiros Militar do
Pará:
CAPÍTULO I I - a utilização da nomenclatura “Corpo de Bombeiros”;
DA IMPLANTAÇÃO DE UNIDADE DE BOMBEIRO MILITAR E II - a nomenclatura de instalações físicas de instituições civis
INTEGRAÇÃO COM OS MUNICÍPIOS semelhante às utilizadas nas Unidades de Bombeiro Militar;
III - a identificação visual e sonora dos veículos usados se-
Art. 9º Os municípios das regiões de integração do Estado melhante àquelas das viaturas utilizadas pela Corporação Bom-
do Pará serão dotados de Unidade de Bombeiro Militar de forma beiro-Militar; e
planejada, com base no Índice de Vulnerabilidade de Risco de IV - a utilização do número de telefone 193, por ser de uso
Incêndio e Desastre (IVRD) do município, a ser fixado pelo Corpo exclusivo do Corpo de Bombeiros Militar do Pará dentro do limi-
de Bombeiros Militar do Pará, com base nos parâmetros cons- te territorial estadual.
tantes do regulamento desta Lei. Art. 15. Nas ocorrências em que a guarnição do Corpo de
Parágrafo único. Os parâmetros de que trata este artigo Bombeiros Militar do Pará atue em conjunto com profissionais
servirão como base para indicar se o município será dotado de ou instituições civis, a coordenação e a direção das ações ca-
Unidade de Bombeiro Militar com maior ou menor estrutura físi- berão, com exclusividade e em qualquer hipótese, ao Corpo de
ca operacional, bem como com maior ou menor contingente de Bombeiros Militar do Pará.
bombeiros militares. Art. 16. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará é o respon-
Art. 10. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá uti- sável pelo estabelecimento das normas que regem as atividades
lizar, caso haja necessidade operacional, nos municípios com exercidas por profissionais e instituições civis em sua área de
limite populacional previsto na regulamentação desta Lei, os competência, bem como pela fiscalização dessas atividades.
parâmetros do Índice de Vulnerabilidade de Risco de Incêndio Art. 17. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará estabelecerá
e Desastre para implantação de outras categorias de Unidade normas para regulamentar:
de Bombeiro Militar de forma integrada com o município, desde I - o credenciamento de profissionais, instituições civis e
que devidamente ajustado com a Corporação, conforme convê- centros de formação que exerçam atividades na área de compe-
nio disposto no art. 11. tência do Corpo de Bombeiros Militar do Pará;
Art. 11. Fica autorizado, ao Corpo de Bombeiros Militar do II - os cursos de formação de profissionais que exerçam ati-
Pará e aos municípios que o constituem, no âmbito de suas com- vidades na área de competência do Corpo de Bombeiros Militar
petências, firmar convênios para a instalação de Unidade de do Pará; e
Bombeiro Militar no município e, se for o caso, para o treina- III - a padronização dos uniformes e sua utilização por pro-
mento dos agentes de defesa civil municipal, em conformidade fissionais que exerçam atividades na área de competência do
com a orientação técnica e operacional da Corporação Bombei- Corpo de Bombeiros Militar do Pará, para evitar semelhança ao
ro-Militar. uniforme da Corporação Bombeiro-Militar.
§ 1º Caberá ao município conveniado arcar com as despesas Art. 18. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará realizará a
necessárias à capacitação dos agentes de defesa civil municipal avaliação dos profissionais e das instituições civis que exerçam
com base no disposto neste artigo. atividades em sua área de competência, para fins de credencia-
§ 2º Os agentes de defesa civil municipal, quando previsto mento.
em convênio, poderão atuar em conjunto com o Corpo de Bom- Parágrafo único. Somente serão credenciados os centros de
beiros Militar do Pará nos serviços de pronto atendimento às formação e as instituições civis localizados no Estado, bem como
emergências e de educação pública. os profissionais formados ou requalificados em centros de for-
mação devidamente credenciados.
CAPÍTULO II Art. 19. O bombeiro militar da reserva, independentemen-
DA REGULAÇÃO DAS ATIVIDADES DE COMPETÊNCIA te de sua unidade federativa, não necessitará realizar curso nos
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ centros de formação para exercer atividades na área de compe-
tência do Corpo de Bombeiros Militar do Pará.
Art. 12. No município que não contar com Unidade de Bom- Art. 20. As pessoas físicas e jurídicas que contratarem pro-
beiro Militar instalada, as atividades de competência da Cor- fissionais para desenvolvimento de atividades na área de com-
poração poderão ser realizadas por profissionais e instituições petência do Corpo de Bombeiros Militar do Pará deverão sub-
civis, desde que o município tenha os menores Índices de Vulne- meter à avaliação da Corporação Bombeiro Militar os uniformes
rabilidade de Risco de Incêndio e Desastre, população total de a serem utilizados.
até 25.000 (vinte e cinco mil) habitantes e celebrado convênio

66
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 21. Constituem infrações sujeitas a sanções administra- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II, a suspensão ocor-
tivas: rerá pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias e permanecerá até
I - o exercício de atividades na área de competência do Cor- que sejam sanadas as irregularidades.
po de Bombeiros Militar do Pará sem o devido credenciamento Art. 30. A cassação será aplicada nas seguintes hipóteses:
ou em desacordo com as informações apresentadas no momen- I - imediatamente após o término da suspensão, se não sa-
to do credenciamento; nadas as irregularidades que lhe deram origem;
II - o uso de uniformes, distintivos, emblemas, brevês, veí- II - no caso em que as instituições civis suspensas sejam fla-
culos e equipamentos em desacordo com o disposto nesta Lei; e gradas em funcionamento; ou
III - a contratação de profissionais e instituições civis não III - no caso de suspensão por duas vezes, em qualquer tem-
credenciadas para o exercício de atividades na área de compe- po.
tência do Corpo de Bombeiros Militar do Pará. Art. 31. A interdição, combinada com a multa de 1.000 (um
Art. 22. Os profissionais e instituições civis de que trata este mil) Unidades Padrão Fiscal do Estado do Pará, será aplicada às
Capítulo, assim como a pessoa física ou jurídica que os contra- instituições civis que não observarem o disposto no inciso I do
tar, estão sujeitos às seguintes sanções administrativas: art. 21.
I - advertência; Art. 32. Na impossibilidade técnica de cumprimento dos
II - multa de 200 (duzentas) a 3.000 (três mil) Unidades Pa- prazos para sanar irregularidades, o responsável técnico, pro-
drão Fiscal do Estado do Pará (UPF-PA); prietário ou representante legal das instituições civis e centros
III - suspensão temporária do exercício da atividade pelo de formação e os profissionais credenciados poderão requerer,
prazo máximo de 06 (seis) meses; mediante petição fundamentada, a prorrogação, por igual perí-
IV - cassação do credenciamento; e odo, dos prazos previstos nesta Lei.
V - interdição. Art. 33. Ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa
Art. 23. As sanções previstas no art. 22 serão aplicadas con- no âmbito do procedimento de aplicação das sanções previstas
siderando a natureza e a gravidade da infração praticada. no art. 22, por meio de recurso escrito interposto perante o Cor-
Art. 24. As sanções previstas nos incisos I, III, IV e V do art. po de Bombeiros Militar do Pará.
22 poderão ser aplicadas cumulativamente com a penalidade de § 1º É de 30 (trinta) dias úteis o prazo para interposição de
multa. recurso, contados da ciência pelo interessado.
Art. 25. Os profissionais e instituições civis punidos com ad- § 2º O recurso será decidido no prazo de 10 (dez) dias úteis
vertência terão o prazo de 30 (trinta) dias para sanar as irregula- contados do seu recebimento pela autoridade bombeiro-militar
ridades verificadas e solicitar nova vistoria. competente da região do Estado.
Parágrafo único. Decorrido o prazo previsto no caput e não § 3º Salvo no caso de interdição, o recurso terá efeito sus-
sendo sanadas as irregularidades verificadas ou não havendo a pensivo.
solicitação de vistoria, será aplicada multa. § 4º Aplica-se quanto ao recurso, no caso das sanções de
Art. 26. Será aplicada multa diretamente, independente- que trata o art. 22, o disposto no art. 121 e ss. da Lei nº 8.972,
mente da sanção de advertência, no caso de reincidência no de 2020, no que for compatível.
cometimento da mesma infração, verificada no período de 02 Art. 34. Cabe ao Comandante do Comando de Operações de
(dois) anos. Bombeiros (COB`s) da região do Estado em que aplicada a pe-
Art. 27. A aplicação de multa será iniciada, no mínimo, com nalidade conhecer e julgar o recurso apresentado, observados,
o valor de 200 (duzentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado do para tanto, os aspectos técnicos e legais da matéria.
Pará e será aplicada em dobro para cada nova reincidência, até Parágrafo único. Da decisão proferida pelo Comandante do
o limite de 3.000 (três mil) Unidades Padrão Fiscal do Estado do Comando de Operações de Bombeiros (COB`s) da região do Es-
Pará. tado em que aplicada a penalidade caberá recurso ao Coman-
Parágrafo único. As multas arrecadadas serão recolhidas dante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, no mesmo
para o Fundo Especial de Bombeiros, de que trata o art. 104 des- prazo a que se refere o § 1º do art. 33 desta Lei.
ta Lei, e serão revertidas para investimentos e custeio, visando Art. 35. Não interposto ou não conhecido o recurso, a deci-
à melhoria das atividades operacionais da Corporação Bombei- são administrativa tornar-se-á definitiva, certificando-se no pro-
ro-Militar. cesso a data do exaurimento da instância administrativa.
Art. 28. Nos eventos temporários, definidos conforme o Re-
gulamento de Segurança Contra Incêndios e Emergências do Es- CAPÍTULO III
tado do Pará, se constatada alguma das infrações a que se refere DAS MEDIDAS URBANÍSTICAS E QUALIDADE NO ATENDI-
o art. 21, a multa será aplicada diretamente aos profissionais, MENTO
instituições civis e contratantes, no limite de suas responsabi- SEÇÃO I
lidades. DA MALHA URBANA
Parágrafo único. Nos eventos a que se refere o caput, ocor-
rendo simultaneamente duas ou mais infrações, serão aplicadas Art. 36. Observada a competência municipal, os municípios
cumulativamente as multas correspondentes. garantirão o acesso à entrada nos logradouros públicos para
Art. 29. A suspensão temporária das atividades será aplica- passagem de viaturas do Corpo de Bombeiros Militar do Pará
da nas seguintes hipóteses: em caso de emergência, em áreas comerciais, centros históri-
I - decorridos 30 (trinta) dias da aplicação da multa, se não cos e conjuntos habitacionais, as quais deverão estar livres de
sanadas as irregularidades ou se não houver o pagamento da obstáculos.
multa; ou
II - quando houver o cometimento de, pelo menos, três in-
frações, no período de 02 (dois) anos.

67
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
SEÇÃO II § 1º Para os fins do disposto neste artigo, considera-se acio-
DOS HIDRANTES URBANOS namento indevido aquele que não tenha como objeto o atendi-
mento à emergência ou à situação real que dê razões ao aciona-
Art. 37. Os municípios deverão ser dotados de hidrantes ur- mento, ressalvados os casos de erro justificável.
banos de forma planejada pelo Corpo de Bombeiros Militar do § 2º Os valores arrecadados das multas aplicadas serão re-
Pará, levando em conta parâmetros, na forma de matriz de risco colhidos para o Fundo Especial de Bombeiros previsto no art.
de incêndio fixada pela Corporação Bombeiro-Militar, que indi- 104 e revertidos para investimentos e custeio, com vistas à me-
quem a maior vulnerabilidade de sinistros dentro do município, lhoria das atividades operacionais do Corpo de Bombeiros Mili-
conforme prescrições contidas no regulamento desta Lei. tar do Pará.
Art. 38. A rede de abastecimento de água existente no mu- Art. 43. A ocorrência de acionamento indevido será apurada
nicípio fica à disposição do Corpo de Bombeiros Militar do Pará em processo administrativo, garantidos o contraditório e a am-
para os serviços de extinção de incêndios. pla defesa, nos termos do art. 104 e ss. da Lei nº 8.972, 13 de
§ 1º Os hidrantes urbanos somente poderão ser utilizados janeiro de 2020.
pela Corporação e pela concessionária dos serviços de abasteci-
mento de água e tratamento de esgoto da localidade. SEÇÃO V
§ 2º Quando houver necessidade, poderão ser utilizados, DO SISTEMA DE SOCORRO EM EMERGÊNCIAS
além dos hidrantes urbanos, quaisquer outras fontes disponíveis
ou depósitos de água, públicos e/ou particulares. Art. 44. Considera-se atendimento próprio do Sistema de
Art. 39. A responsabilidade pela rede pública de hidrantes Socorro em Emergências do Corpo de Bombeiros Militar do Pará:
urbanos se dará da seguinte forma: I - acidentes de trânsito com vítimas;
I - às concessionárias locais de abastecimento de água e II - acidentes traumáticos pessoais e do trabalho;
tratamento de esgoto compete a instalação e a manutenção da III - acidentes com lesões corporais traumáticas;
rede de hidrantes urbanos, de acordo com as diretrizes estabe- IV - afogamentos;
lecidas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará; e V - tentativa de homicídio, lesão grave e tentativa de suicí-
II - ao Corpo de Bombeiros Militar do Pará compete o plane- dio;
jamento e a supervisão dos hidrantes urbanos. VI - acidentes envolvendo choque elétrico ou queimaduras;
Art. 40. Os condomínios, loteamentos e desmembramentos e
efetuados na zona urbana deverão possuir projeto de colocação VII - partos de emergência.
de hidrantes urbanos, devidamente instalados, de acordo com
Art. 45. Considera-se atendimento não próprio do Sistema
as instruções técnicas vigentes do Corpo de Bombeiros Militar
de Socorro em Emergências do Corpo de Bombeiros Militar do
do Pará, sob a responsabilidade do loteador.
Pará:
I - casos clínicos em geral;
SEÇÃO III
II - intoxicações;
DOS EQUIPAMENTOS E VIATURAS
III - casos psiquiátricos; e
IV - transferência de pacientes entre hospitais.
Art. 41. Os equipamentos e viaturas do Corpo de Bombeiros
Parágrafo único. As emergências de que trata este artigo
Militar do Pará devem possuir certificação de qualidade por ór-
não são de responsabilidade do Corpo de Bombeiros Militar do
gãos acreditados, nos termos da legislação vigente.
§ 1º Poderão ser aceitos certificados com base em normas Pará.
técnicas e organismos de avaliação da conformidade internacio- Art. 46. Excepcionalmente, emergências previstas no art. 45
nalmente reconhecidos. com peculiaridades especiais poderão ser atendidas pelo Siste-
§ 2º O Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá solicitar ma de Socorro em Emergências do Corpo de Bombeiros Militar
testes, certificados ou exigir documentos homologados por ór- do Pará, a critério do Oficial de Operações do Centro Integrado
gãos certificados relativos aos equipamentos e viaturas de com- de Operações ou do médico regulador do Sistema.
bate a incêndios e emergências para confirmar o desempenho Art. 47. Não será permitido o emprego de viaturas, aerona-
do material, equipamento ou sistema. ves e equipamentos do Sistema de Socorro em Emergências do
§ 3º Todas as viaturas para atendimento às emergências, Corpo de Bombeiros Militar do Pará em eventos esportivos, ar-
inclusive as de socorros de emergências e as de salvamento, uti- tísticos e similares, exceto quando a magnitude e a repercussão
lizadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará, devem ser pa- pública do evento justificar seu emprego, mediante avaliação
dronizadas com sirene bitonal característica daquelas utilizadas dos responsáveis pela operação do Sistema.
pelos Corpos de Bombeiros Militares. Art. 48. Nos casos de desastres envolvendo múltiplas víti-
mas, o atendimento poderá ser realizado de forma integrada
SEÇÃO IV pelo Sistema de Socorro em Emergências do Corpo de Bombei-
DA COIBIÇÃO AO ACIONAMENTO INDEVIDO DO ATENDI- ros Militar do Pará e pelos serviços municipais e/ou privados de
MENTO DAS EMERGÊNCIAS DE COMPETÊNCIA DO CORPO emergências médicas, com as operações de salvamento nas zo-
DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ nas de risco sob a incumbência da Corporação Bombeiro-Militar,
que estabelecerá o Sistema de Controle de Incidentes (SCI) para
Art. 42. O acionamento indevido via serviços telefônicos a coordenação das informações, recursos e adoção de decisões
do atendimento a emergências relativas a resgates, combate a estratégicas.
incêndios ou demais ocorrências de competência do Corpo de Art. 49. Nas localidades em que não exista serviço munici-
Bombeiros Militar do Pará, constitui infração administrativa e pal e/ou regional móvel de atendimento às emergências médi-
sujeita o infrator à multa de quinhentas Unidades Padrão Fiscal cas, poderá a equipe do Sistema de Socorro em Emergências
do Estado do Pará. do Corpo de Bombeiros Militar do Pará mais próxima efetuar

68
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
o atendimento das emergências, mediante a autorização do CAPÍTULO II
Comandante da Unidade de Bombeiro Militar, sem prejuízo do DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E
atendimento das emergências próprias do Sistema. EMERGÊNCIAS
Art. 50. Nos municípios em que exista o serviço municipal
e/ou regional móvel de atendimento às emergências médicas Art. 54. As medidas de segurança contra incêndios e emer-
e não exista equipe do Sistema de Socorro em Emergências do gências previstas nesta legislação aplicam-se às edificações e
Corpo de Bombeiros Militar do Pará instalada, poderá o serviço áreas de risco no Estado do Pará, e devem ser observadas, por
municipal atender às emergências de que trata o art. 44, res- ocasião de:
peitadas suas limitações técnicas, e, caso necessário, solicitar o I - construção de uma edificação ou área de risco;
apoio da equipe do Sistema mais próxima. II - mudança de atividade da edificação ou área de risco;
III - ampliação de área construída;
TÍTULO III IV - aumento na altura da edificação;
DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E EMERGÊNCIAS V - regularização das edificações ou áreas de risco;
CAPÍTULO I VI - reforma de edificação que implique alteração de leiaute;
DA CLASSIFICAÇÃO E DO SISTEMA GLOBAL VII - aumento do grau de risco de incêndio; e/ou
DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS E EMERGÊNCIAS VIII - aumento da capacidade de lotação de público, quando
resultar em alterações nas medidas de segurança contra incên-
Art. 51. A garantia da segurança contra incêndios e emer- dios e emergências.
gências, direito de todos e dever do Estado, será exercida pelo § 1º As medidas de segurança contra incêndios e emergên-
Corpo de Bombeiros Militar do Pará, na forma desta Lei. cias previstas nesta legislação não se aplicam nos casos de:
Art. 52. As edificações e áreas de risco serão classificadas I - edificação destinada exclusivamente à residência unifa-
em função das seguintes características: miliar;
I - ocupação e atividade econômica; II - residência unifamiliar localizada no pavimento superior
II - área total construída e área de risco; de ocupação mista com até 02 (dois) pavimentos e que possuam
III - altura; acessos independentes;
IV - capacidade de público; III - propriedade destinada à atividade agrossilvipastoril, ex-
V - carga de incêndio; e cetuando-se quando houver silos e armazéns;
VI - riscos específicos. IV - empreendimento que utilize residência unifamiliar
Parágrafo único. A classificação das edificações quanto à como endereço de contato, sem atendimento ao público ou es-
ocupação, altura e risco serão fixadas por meio de instruções toque de materiais; e
técnicas. V - atividade econômica ambulante individualmente consi-
Art. 53. As edificações e áreas de risco serão dotadas, de derada, tais como carrinhos de lanches em geral, barracas itine-
acordo com os respectivos riscos e ocupações, dos seguintes rantes, veículos de comércio ambulante e congêneres.
elementos do Sistema Global de Segurança contra Incêndios e § 2º O disposto nesta Lei não interfere e tampouco se sobre-
Emergências: põe às atribuições e competências legais atinentes aos municí-
I - restrição ao surgimento e à propagação de incêndio; pios no que diz respeito ao controle do uso, do parcelamento e
II - controle de crescimento e supressão de incêndio; da ocupação do solo urbano.
III - meios de aviso; Art. 55. Os materiais e equipamentos de segurança contra
IV - facilidades no abandono; incêndios utilizados nas edificações e áreas de risco devem ser
V - acesso e facilidades para as operações de socorro; certificados por órgãos acreditados, nos termos da legislação vi-
VI - proteção estrutural em situações de incêndio; gente.
VII - gerenciamento de risco de incêndio; Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará po-
VIII - controle de fumaça e gases; e derá solicitar testes, certificados ou exigir documentos homolo-
IX - controle de explosão. gados por órgãos certificados relativos aos materiais, serviços
§ 1º O Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá realizar e equipamentos relacionados à segurança contra incêndios e
investigação de incêndio e pesquisas científicas, com o objetivo emergências das edificações e áreas de risco para confirmar o
de avaliar o desempenho dos elementos do Sistema Global de desempenho do material, equipamento ou sistema.
Segurança contra Incêndios e Emergências previstos nesta Lei.
§ 2º Para cada elemento do Sistema Global de Segurança
contra Incêndios e Emergências haverá uma ou mais medidas CAPÍTULO III
de segurança contra incêndios e emergências correspondentes, DO PROPRIETÁRIO, DO RESPONSÁVEL PELA POSSE E DOS
que são os sistemas de proteção adotados na edificação. RESPONSÁVEIS TÉCNICOS
§ 3º A descrição dos critérios e exigências das medidas de
segurança contra incêndios e emergências será objeto de regu- Art. 56. O proprietário, o responsável pelo uso ou o seu
lamentação. representante legal podem tratar de seus interesses perante o
Corpo de Bombeiros Militar do Pará e, quando necessário, deve-
rão comprovar a titularidade ou o direito sobre a edificação ou
área de risco, mediante documentação.
Art. 57. O proprietário do imóvel ou o responsável pelo uso
obrigam-se a manter as medidas de segurança contra incêndios
e emergências em condições de utilização, bem como providen-
ciar sua adequada manutenção, sob pena de multa, embargo,

69
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
interdição e/ou cassação do licenciamento do Corpo de Bombei- § 2º De acordo com o tipo de cadastramento, serão exigidos
ros Militar do Pará, independentemente das responsabilidades documentos comprobatórios de certificação de produtos, capa-
civis e penais cabíveis. citação técnica dos profissionais, estruturas físicas e condições
Art. 58. Nas edificações ou áreas de risco é de inteira res- de segurança do estabelecimento.
ponsabilidade do proprietário ou usuário, a qualquer título: § 3º Os uniformes dos serviços de bombeiros civis, guarda-
I - utilizar a edificação ou área de risco de acordo com o uso -vidas de piscina, atendimento pré-hospitalar e congêneres de-
para o qual foi projetada, nos termos da licença expedida pelo verão ser diferentes em padrões de cores, formato, acabamen-
Corpo de Bombeiros Militar do Pará; to, bolsos, pregas, reforço, costuras e acessórios dos uniformes
II - realizar manutenção e testes periódicos das medidas de usados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará e por outras
segurança contra incêndios e emergências existentes no local; forças militares, no âmbito federal e estadual, ou de guardas
III - providenciar manutenção preventiva ou preditiva nos municipais.
sistemas de controle e segurança dos riscos específicos do local, § 4º A identificação dos veículos usados pelos prestadores
como caldeiras, vasos de pressão, casa de máquinas, incinera- de serviços de bombeiros civis, guarda-vidas de piscina, aten-
dor, central de gás combustível, transformador, fonte de ignição dimento pré-hospitalar e congêneres não deverá ter qualquer
e outros; semelhança com a viatura utilizada pelo Corpo de Bombeiros
IV - efetuar, periodicamente, treinamento com os ocupan- Militar do Pará.
tes do local, bem como manter atualizada a equipe de brigadis-
tas, os programas de segurança e planos de emergência, quando CAPÍTULO V
exigidos; e DO LICENCIAMENTO E DA RENOVAÇÃO DO LICENCIAMEN-
V - providenciar a adequação da edificação ou das áreas de TO
risco às exigências desta Lei, quando necessárias.
Art. 59. Nas edificações e áreas de risco a serem construídas Art. 61. O licenciamento no Corpo de Bombeiros Militar do
caberá aos respectivos autores ou responsáveis técnicos o de- Pará será expedido após a aprovação da edificação ou área de
talhamento técnico dos projetos e das instalações das medidas risco que cumprir as condições previstas nesta Lei e no Regula-
de segurança contra incêndios e emergências, de que trata esta mento de Segurança contra Incêndio e Emergências das Edifica-
Lei, e ao responsável pela obra, o fiel cumprimento do que foi ções e Áreas de Risco da Corporação.
Art. 62. Toda edificação ou área de risco deve renovar anu-
projetado e aprovado.
almente o licenciamento por meio da emissão do Certificado de
§ 1º Para as edificações novas e as edificações já existentes,
Licenciamento do Corpo de Bombeiros (CLCB).
inclusive as tombadas pelo patrimônio histórico, o responsável
§ 1º Para renovação do licenciamento, o proprietário ou o
técnico poderá adotar medidas alternativas de segurança con-
responsável legal deve declarar a integral manutenção das me-
tra incêndios baseadas no desempenho por meio de métodos
didas de segurança contra incêndios e emergências e das carac-
computacionais avançados ou métodos de avaliação de incên-
terísticas consignadas no licenciamento do ano anterior, dispen-
dios com base no desempenho da edificação, visando a embasar
sada a vistoria técnica, porém sujeita à fiscalização pelo Corpo
tecnicamente sua decisão na adoção de medidas alternativas no
de Bombeiros Militar do Pará em qualquer tempo.
lugar das atuais medidas de segurança contra incêndios e emer-
§ 2º O licenciamento e a renovação do licenciamento da edi-
gências previstas nas normas vigentes do Corpo de Bombeiros ficação ou área de risco ficam condicionados ao pagamento da
Militar do Pará. taxa correspondente ao ato administrativo e das multas eventu-
§ 2º Os profissionais a que se refere o caput deste artigo almente aplicadas.
respondem, nas esferas penal e cível, pelos Projetos Técnicos e Art. 63. Será objeto de procedimento de invalidação o licen-
execução das medidas de segurança contra incêndios e emer- ciamento expedido com base em dados falsos, erro das informa-
gências de sua autoria. ções ou ausência dos requisitos que o fundamentaram.
§ 3º Caso haja adulteração fraudulenta de Projeto Técnico, Art. 64. A emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombei-
de laudos técnicos de manutenção das medidas de segurança ros (AVCB) supre por doze meses o licenciamento da edificação
contra incêndios e emergências, de anotações ou registros de ou área de risco, devendo ser emitido o Certificado de Licencia-
responsabilidade técnica ou outros documentos correlatos, será mento do Corpo de Bombeiros a partir do segundo ano, contado
comunicado o fato e/ou ato do infrator à autoridade policial da emissão do Auto de Vistoria de que trata este artigo.
competente e ao Conselho Profissional, quando couber, além da Art. 65. O ato de licenciamento válido deve ser fixado em
aplicação das sanções previstas nesta Lei. local visível ao público, com sua apresentação obrigatória ao
Corpo de Bombeiros Militar do Pará no ato de fiscalização.
CAPÍTULO IV Art. 66. A validade do alvará de licença ou autorização ex-
DO CADASTRAMENTO DE EMPRESAS E PROFISSIONAIS pedido pelo poder público municipal ou documento equivalente
fica condicionada ao prazo de validade do licenciamento expedi-
Art. 60. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará é o órgão do pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará.
responsável em promover o cadastramento de empresas desti- Art. 67. O licenciamento da edificação ou área de risco de
nadas à comercialização de produtos relacionados à segurança órgãos governamentais poderá ser realizado pelos bombeiros
contra incêndios, de formação e prestação de serviços de bom- militares que estejam à disposição do órgão, desde que obede-
beiros civis, guarda-vidas de piscina, atendimento pré-hospitalar çam às seguintes condições:
e congêneres, bem como de profissionais que projetem e exe- I - possuam habilitação pelo Corpo de Bombeiros Militar do
cutem sistemas de segurança contra incêndios e emergências. Pará na área de segurança contra incêndios e emergências;
§ 1º O cadastramento se dará após prévia demonstração do II - tenham o aval do Centro de Atividades Técnicas (CAT); e
atendimento à instrução técnica do Corpo de Bombeiros Militar III - que o procedimento esteja registrado no sistema de in-
do Pará. formação gerencial do Corpo de Bombeiros Militar do Pará.

70
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
CAPÍTULO VI VI - descumprir os prazos assinalados para a apresentação
DAS INFRAÇÕES, DAS SANÇÕES, DAS MEDIDAS de laudos, de certificados de treinamento e da Anotação de Res-
ACAUTELATÓRIAS ponsabilidade Técnica ou Registro de Responsabilidade Técnica
E DO TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA ADEQUAÇÃO DO (ART/RRT), dos sistemas ou das medidas de segurança previstos
CORPO DE em lei;
BOMBEIROS (TAACB) Infração: leve;
SEÇÃO I Penalidade: multa;
DAS INFRAÇÕES VII - deixar de encaminhar, com antecedência mínima de 30
(trinta) dias, ao Corpo de Bombeiros Militar do Pará o pedido de
Art. 68. Constitui infração, passível de penalidades, o des- renovação do licenciamento;
cumprimento das diretrizes gerais estabelecidas nesta Lei, bem Infração: leve;
como no Regulamento de Segurança contra Incêndio e Emergên- Penalidade: multa;
cias das Edificações e Áreas de Risco da Corporação, no caso de VIII - deixar de disponibilizar, de forma destacada, o docu-
edificações ou áreas de risco. mento de licenciamento do Corpo de Bombeiros Militar do Pará,
Art. 69. As infrações às normas de segurança contra incên- quando da divulgação do evento no sítio eletrônico na rede
dios e emergências classificam-se em: mundial de computadores ou redes sociais;
I - leves, quando envolverem aspectos de ordem formal; Infração: média;
II - médias, quando consistirem na falta de apresentação do Penalidade: multa;
projeto de segurança contra incêndios ou na instalação incom- IX - manter qualquer uso, atividade ou ocupação em edifi-
pleta ou deficiente de medida preventiva ou sistema de segu- cação ou área de risco com o documento de licenciamento do
rança antes da emissão do licenciamento pelo Corpo de Bom- Corpo de Bombeiros Militar do Pará vencido;
beiros Militar do Pará; Infração: média;
III - graves, quando há alteração na edificação ou área de ris- Penalidade: multa;
co que implique a adequação das medidas de segurança contra X - prestar informações incorretas sobre a edificação ou
incêndios e emergências; e área de risco, para execução do processo perante o Corpo de
IV - gravíssimas, quando a ação do infrator expuser a perigo Bombeiros Militar do Pará;
terceiros ou a propriedade alheia no entorno de sua edificação, Infração: média;
ou deixar de manter em condições de utilização as medidas de Penalidade: multa;
segurança contra incêndios e emergências. XI - manter qualquer uso, atividade ou ocupação em edifi-
cação ou área de risco sem o documento de licenciamento do
SUBSEÇÃO I Corpo de Bombeiros Militar do Pará;
DAS INFRAÇÕES EM ESPÉCIE Infração: grave;
Penalidade: multa;
Art. 70. São infrações às normas de segurança contra incên- XII - dispor de materiais ou equipamentos de sistemas de
dios e emergências, sem prejuízo de outras sanções de natureza segurança contra incêndios e emergências sem certificação,
administrativa, cível ou criminal: quando exigido;
I - deixar de possuir cadastro (empresas e profissionais) jun- Infração: grave;
to ao Corpo de Bombeiros Militar do Pará; Penalidade: multa;
Infração: leve; XIII - alterar a ocupação ou o uso, ou ampliar a edificação
Penalidade: advertência; ou área de risco sem que as alterações ou ampliações constem
II - apresentar documentação em desacordo com o que do documento de licenciamento no Corpo de Bombeiros Militar
prescreve a Instrução Técnica no momento do cadastramento do Pará;
ou recadastramento; Infração: grave;
Infração: leve; Penalidade: multa;
Penalidade: advertência; XIV - usar a edificação ou área de risco com ausência de me-
III - utilizar uniformes, distintivos, emblemas, brevês, veícu- didas de segurança contra incêndios e emergências definidas em
los e/ou equipamentos em desacordo com o disposto nos §§ 3º normatização do Corpo de Bombeiros Militar do Pará;
e 4º do art. 60; Infração: grave;
Infração: leve; Penalidade: multa;
Penalidade: advertência e, em caso de reincidência, suspen- XV - adulterar de forma fraudulenta Projetos Técnicos, lau-
são do cadastramento; dos técnicos de
IV - descumprir os prazos assinalados para a apresentação, manutenção das medidas de segurança contra incêndios e
correção ou modificação dos projetos de segurança contra in- emergências,
cêndios; anotações ou registros de responsabilidade técnica ou ou-
Infração: leve; tros documentos
Penalidade: multa; correlatos;
V - descumprir os prazos assinalados para a apresentação Infração: gravíssima;
do programa de segurança contra incêndios e emergências, e Penalidade: multa;
planos de emergência, quando exigidos; XVI - alterar leiaute com a obstrução de itens que impeçam
Infração: leve; o funcionamento dos sistemas ou das medidas de segurança
Penalidade: multa; contra incêndios e
emergências;

71
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Infração: gravíssima; Penalidade: multa.
Penalidade: multa; Parágrafo único. Na hipótese dos incisos I e II do caput deste
XVII - permitir que seja ultrapassada a capacidade máxima artigo, além da penalidade de advertência, não será efetivada
de pessoas em a entrada de processos de análise de projetos ou comprovação
edificações, instalações ou em locais destinados à reunião de produtos junto ao Corpo de Bombeiros Militar do Pará, bem
de público, em como não renovação do cadastro nos casos de recadastramento,
desacordo com o permitido pelo Corpo de Bombeiros Mili- se for o caso.
tar do Pará;
Infração: gravíssima; SEÇÃO II
Penalidade: multa e suspensão temporária da atividade por DAS SANÇÕES
48 (quarenta e
oito) horas e, em caso de reincidência, interdição total; Art. 71. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará, no exercício
XVIII - instalar, sem autorização, qualquer dispositivo que da fiscalização que lhe compete, poderá aplicar as seguintes pe-
impeça o funcionamento normal das rotas e saídas de emergên- nalidades, de forma cumulada ou não:
cia; I - advertência;
Infração: gravíssima; II - multa;
Penalidade: multa; III - cassação do licenciamento; e/ou
XIX - possuir saídas de emergência com largura inadequada IV - suspensão do cadastramento.
ou com deficiência em seu processo construtivo ou em sua ins- Parágrafo único. Se houver, simultaneamente, duas ou mais
talação; infrações, a penalidade será cumulativa.
Infração: gravíssima; Art. 72. As sanções administrativas deverão ser aplicadas
Penalidade: multa; pelos militares do Corpo de Bombeiros Militar do Pará gradati-
XX - realizar eventos temporários sem autorização do Corpo vamente, salvo em caso de multa aplicada sumariamente ou de
de Bombeiros interdição.
Militar do Pará; Art. 73. Compete, de forma concorrente, aos comandantes
Infração: gravíssima; ou subcomandantes de unidades ou subunidades operacionais a
Penalidade: multa aplicação das sanções administrativas previstas no art. 71 na sua
XXI - deixar de atender às condições de segurança contra área de atuação, e ao chefe do Centro de Atividades Técnicas a
incêndio e emergências no prazo estipulado para autorização de aplicação das sanções em todo o Estado do Pará.
funcionamento de eventos Art. 74. No âmbito da competência concorrente para a apli-
temporários; cação de penalidades a que se refere o art. 73, caso constatada
Infração: gravíssima; a existência de atos formais divergentes praticados por agentes
Penalidade: multa e medida acautelatória de suspensão públicos competentes, prevalecerá como válido o ato proferido
temporária do evento; por aquele que possuir circunscrição administrativa mais ampla.
XXII - apresentar locais desprovidos ou com insuficiência de
brigada de SUBSEÇÃO I
incêndio, cujas exigências estejam previstas em instrução DA ADVERTÊNCIA
técnica;
Infração: gravíssima; Art. 75. Para o cumprimento das disposições do presente
Penalidade: multa; Código, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá, no exercí-
XXIII - utilizar, em locais internos de reunião de público, ma- cio da função fiscalizadora, vistoriar toda e qualquer edificação
terial pirotécnico durante apresentações e shows; e área de risco no Estado do Pará e, quando necessário, solicitar
Infração: gravíssima; documentos relacionados à segurança contra incêndios e emer-
Penalidade: multa; gências, e lavrar a advertência, exceto quando presente circuns-
XXIV - deixar de fazer a manutenção nas medidas de segu- tância que enseje a aplicação de multa sumária ou a imediata
rança contra interdição.
incêndios e emergências, alterar as características, ocultá- Art. 76. A advertência constitui-se na menor penalidade
-las, removê-las, aplicada ao não cumprimento das exigências desta Lei e do Re-
inutilizá-las, destruí-las ou substituí-las por outras que não gulamento de Segurança contra Incêndio e Emergências das Edi-
atendam às ficações e Áreas de Risco da Corporação.
exigências da legislação em vigor; Parágrafo único. Quando as edificações e áreas de risco, ha-
Infração: gravíssima; bitadas ou em funcionamento, não estiverem regularizadas pe-
Penalidade: multa; rante o Corpo de Bombeiros Militar do Pará ou forem verificadas
XXV - deixar de substituir medidas de segurança contra in- inconformidades na instalação ou manutenção das medidas de
cêndios e emergências por outras que atendam às exigências segurança contra incêndios e emergências, seu proprietário ou
definidas por Comissão Técnica; responsável será intimado a cumprir, em prazo fixado pela Cor-
Infração: gravíssima; poração, as exigências que constarão da advertência.
Penalidade: multa; e
XXVI - utilizar equipamentos de segurança contra incêndios
e emergências para quaisquer outros fins diversos da normali-
dade;
Infração: gravíssima; e

72
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
SUBSEÇÃO II c) quando constatado o início de obra que necessite de aná-
DA MULTA lise técnica do processo de segurança contra incêndios e emer-
gências sem a devida aprovação do Corpo de Bombeiros Militar
Art. 77. Decorrido o prazo 60 (sessenta) dias após a forma- do Pará, sem prejuízo da aplicação da medida acautelatória de
lização da advertência, persistindo a conduta infracional, e sem embargo, prevista no art. 92.
que haja retorno por parte do proprietário, responsável pelo uso Art. 79. O pagamento da multa não isenta o responsável do
ou responsável técnico quanto ao cumprimento das exigências cumprimento das exigências e demais sanções na esfera cível e
apresentadas, defesa ou recurso interposto, será lavrado auto penal.
de infração pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará, do qual Art. 80. O auto de infração deverá ser lavrado em formulário
será dada ciência ao autuado, garantidos o contraditório e a am- próprio, conforme modelo a ser definido em instrução técnica
pla defesa. do Corpo de Bombeiros Militar do Pará.
§ 1º O Corpo de Bombeiros Militar do Pará notificará, por Art. 81. O pagamento de uma multa não isenta o pagamento
meio físico ou eletrônico, o proprietário da edificação ou área de das demais.
risco das infrações constatadas, assim como do valor da multa Art. 82. O cálculo do valor da multa deverá levar em con-
correspondente, estabelecendo o prazo de 30 (trinta) dias úteis sideração a gravidade da infração e o valor de referência cor-
para sua regularização, na forma regulamentar. respondente ao licenciamento da edificação ou área de risco,
§ 2º Findo o prazo de que trata o § 1º deste artigo e compro- conforme o disposto no Anexo II desta Lei.
vado o não cumprimento das exigências formuladas, será emiti- Art. 83. O recolhimento das multas e demais valores deve-
da multa correspondente ao dobro da primeira multa e aplicada rão ser efetuado em até 30 (trinta) dias, por meio de Documento
a penalidade de cassação do licenciamento, se houver. de Arrecadação Estadual (DAE), na rede bancária credenciada.
§ 3º Admite-se, dentro do prazo previsto no § 1º deste ar- Art. 84. Finalizado o processo administrativo, sem o reco-
tigo, o pagamento de 10% (dez por cento) do valor da multa lhimento dos valores devidos em razão da multa aplicada, será
cominada, mediante a declaração válida do saneamento das ir- remetido ao órgão competente para inscrição em dívida ativa.
regularidades. Art. 85. Os valores arrecadados das multas aplicadas serão
§ 4º O Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá verificar recolhidos para o Fundo Especial de Bombeiros previsto no art.
a veracidade da declaração a que se refere o § 3º deste artigo, 104 e revertidos para investimentos e custeio, com vistas à me-
em até 12 (doze) meses, contados da data do pagamento, me- lhoria das atividades operacionais do Corpo de Bombeiros Mili-
diante fiscalização. tar do Pará.
§ 5º Se na fiscalização prevista no § 4º deste artigo for iden-
tificado o não cumprimento das exigências, será cobrada a inte- SUBSEÇÃO III
gralização do pagamento da multa e retomado o procedimento DA CASSAÇÃO DO LICENCIAMENTO
que a originou, conforme o disposto no § 2º deste artigo.
§ 6º Aos casos que não se enquadrarem na previsão do § Art. 86. O licenciamento no Corpo de Bombeiros Militar do
3º deste artigo, tampouco resultarem em medidas acautelató- Pará perderá sua eficácia mediante a cassação, nas seguintes hi-
rias previstas no art. 88, pode-se aplicar o Termo de Autoriza- póteses:
ção para Adequação do Corpo de Bombeiros (TAACB), de acordo I - de descumprimento das obrigações impostas por lei de
com o critério disposto no art. 96, mediante o pagamento de instalar as medidas de segurança contra incêndios e emergên-
35% (trinta a cinquenta por cento) do valor da multa cominada, cias na edificação ou área de risco; e/ou
a ser definido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará. II - de perda de eficácia de informações, documentos ou
§ 7º O proprietário ou responsável legal poderá solicitar atos que tenham servido de fundamento à licença, em razão de
novo prazo de até 90 (noventa) dias, sendo este improrrogável, alterações físicas ou de utilização, ocorridas na edificação ou
à autoridade da Unidade de Bombeiro Militar responsável pelo área de risco em relação às condições anteriores, aceitas pelo
processo, sem aplicação do Termo de Autorização para Adequa- Corpo de Bombeiros Militar do Pará.
ção no Corpo de Bombeiros, desde que seja antes do término do Parágrafo único. A cassação do licenciamento no Corpo de
prazo previsto no caput deste artigo e que esteja devidamente Bombeiros Militar do Pará deverá ser comunicada à prefeitura
fundamentado o não cumprimento das exigências. municipal da localidade e aos demais órgãos de fiscalização que
§ 8º Em caso de recusa em firmar o compromisso previsto requeiram em seus atos de liberação o licenciamento da Corpo-
no § 6º deste artigo será retomado o procedimento que o origi- ração.
nou, conforme o disposto no § 2º deste artigo.
Art. 78. A multa será aplicada da seguinte forma: SUBSEÇÃO IV
I - quando houver o descumprimento das medidas de segu- DA SUSPENSÃO DO CADASTRAMENTO
rança contra incêndios e emergências, após o proprietário ter
sido advertido; ou Art. 87. O cadastramento no Corpo de Bombeiros Militar do
II - sumariamente, sem advertência: Pará perderá sua eficácia mediante a suspensão, nas seguintes
a) quando verificadas irregularidades, no ato da fiscalização, hipóteses:
nas edificações ou áreas de risco com processo de segurança I - quando da ocorrência de uma segunda advertência, pelo
contra incêndios e emergências finalizado, aprovado e com li- prazo máximo de 06 (seis) meses;
cenciamento válido no Corpo de Bombeiros Militar do Pará; II - pela não revalidação do Certificado de Cadastramento;
b) por denúncia de infração gravíssima prevista no inciso IV III - pelo descumprimento da obrigatoriedade no recolhi-
do art. 69 desta Lei, devidamente comprovada pelo vistoriador mento das taxas de Anotação de Responsabilidade Profissional
no momento da fiscalização; e dentro do prazo estabelecido; e/ou

73
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IV - estar com o licenciamento da edificação fora da valida- § 6º A interdição da edificação ou área de risco resulta na
de. suspensão imediata do funcionamento de qualquer atividade na
Parágrafo único. O prazo da suspensão do cadastramento área interditada até o saneamento dos motivos que resultaram
será de 120 (cento e vinte) dias, independentemente da corre- na aplicação da medida ou provimento do recurso interposto
ção das irregularidades. pelo interessado.
§ 7º O proprietário ou responsável pelo uso da edificação
SEÇÃO III ou área de risco será comunicado da interdição por meio idôneo
DAS MEDIDAS ACAUTELATÓRIAS previsto em regulamento.
Art. 90. Compete ao oficial de serviço, na sua área de atua-
Art. 88. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará, no exercício ção, a aplicação das medidas acautelatórias previstas no art. 89
da fiscalização que lhe compete, poderá aplicar as seguintes me- e, na sua ausência, ao chefe da guarnição de serviço da Unidade
didas acautelatórias: de Bombeiro Militar do local, uma vez constatado o risco imi-
I - suspensão temporária das atividades ou evento; nente à vida e à saúde.
II - interdição parcial ou total da edificação ou área de risco; Art. 91. Será procedida a desinterdição quando o responsá-
ou vel pela edificação ou área de risco sanar todas as irregularida-
III - embargo parcial ou total de local de construção ou re- des constantes do auto de interdição, independentemente de
forma. ter sido recolhido o valor da multa correspondente.

SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO II
DA SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DAS ATIVIDADES OU EVEN- DO EMBARGO
TO E DA INTERDIÇÃO
Art. 92. A medida acautelatória de embargo de edificação
Art. 89. Quando constatado risco iminente à vida e à saúde, ou área de risco será aplicada quando a construção ou reforma
o Corpo de Bombeiros Militar do Pará deverá adotar imediata- não for executada de acordo com a legislação de segurança con-
mente as seguintes medidas acautelatórias: tra incêndios e emergências do Estado do Pará ou expuser as
I - suspensão temporária das atividades ou evento; e/ou pessoas ou outras edificações a perigo.
II - interdição parcial ou total da edificação ou área de risco. Art. 93. O embargo será acompanhado de notificação, na
§ 1º Considera-se risco iminente à vida e à saúde, entre ou- qual serão elencadas as não conformidades que motivaram a
tros: referida sanção.
I - capacidade de público excedida; Parágrafo único. O embargo independe do prazo previsto
II - obstrução das saídas de emergência; na notificação.
III - inexistência de saídas de emergência ou em inconfor- Art. 94. Será lavrado o termo de desembargo quando o res-
midade com a normatização do Corpo de Bombeiros Militar do ponsável pela edificação ou área de risco sanar todas as irregu-
Pará; laridades constantes do ato de embargo.
IV - irregularidades na sinalização das saídas de emergência; Art. 95. As demais disposições sobre o embargo serão trata-
V - irregularidades na iluminação de emergência relaciona- das no regulamento desta Lei.
das às saídas de emergência;
VI - iminência de colapso estrutural; SEÇÃO IV
VII - não observância de critérios de segurança durante a DO TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA ADEQUAÇÃO
realização de espetáculos pirotécnicos; e/ou DO CORPO DE BOMBEIROS (TAACB)
VIII - não observância de critérios de segurança, durante o
evento em instalações temporárias. Art. 96. O Termo de Autorização para Adequação do Corpo
§ 2º Aplica-se a medida acautelatória de suspensão tempo- de Bombeiros
rária das atividades ou evento por um período de 48 (quarenta e poderá ser emitido, excepcionalmente, para edificações ou
oito) horas, quando for constatada extrapolação da capacidade áreas de risco que necessitem de prazo para ajustamento das
de público prevista pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará. medidas de segurança
§ 3º A aplicação da medida prevista no § 2º deste artigo contra incêndios e emergências, mediante avaliação do ris-
implica o enquadramento em infração penal ao proprietário ou co, das medidas
promotor do evento, conforme previsto no art. 65 da Lei Federal compensatórias e do cronograma físico de obras para a res-
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, desde que não haja outras pectiva adequação pela Comissão Técnica.
irregularidades. § 1º As obrigações e cominações serão reduzidas no Termo
§ 4º A penalidade de suspensão temporária das atividades de Autorização
ou evento por 48 (quarenta e oito) horas prevista no § 2º deste para Adequação do Corpo de Bombeiros, com o compromis-
artigo ensejará a interdição total em caso de reincidência. so de ajustamento
§ 5º Aplica-se cautelarmente a interdição total ou parcial de de conduta que conterá, dentre outras, cláusulas que esti-
edificação ou área de risco quando: pulem o seguinte:
I - for constatada qualquer das hipóteses previstas nos inci- I - a obrigação do compromitente em adequar sua conduta
sos II a VIII do § 1º deste artigo; e/ou às exigências
II - quando inexistirem medidas de segurança contra incên- normativas, no prazo acordado, com as especificações sobre
dios e emergências na edificação ou área de risco. as medidas a
serem adotadas e eventuais equipamentos a serem instala-
dos, sob pena

74
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
de multa e cassação do licenciamento, se houver, em caso Parágrafo único. Aplica-se quanto à defesa e ao recurso, no
de descumprimento do Termo de Autorização para Adequação caso das sanções de que trata o art. 42, o disposto no art. 113 e
do Corpo de Bombeiros; e ss. da Lei nº 8.972, de 2020.
II - as sanções pecuniárias por descumprimento total ou par- Art. 99. O responsável pela edificação ou área de risco po-
cial do Termo derá apresentar defesa escrita e devidamente fundamentada,
de Autorização para Adequação do Corpo de Bombeiros, caso discorde das não conformidades elencadas ou penalidades
que terão sua aplicadas.
gradação conforme a área total construída da edificação ou § 1º A defesa deverá ser protocolada na forma e local indi-
área de risco, cado na comunicação da infração ou medida acautelatória, no
conforme o Anexo III desta Lei. prazo de 30 (trinta) dias úteis.
§ 2º O Termo de Autorização para Adequação do Corpo de § 2º A defesa será apreciada por Comissão Técnica.
Bombeiros tem § 3º Até a decisão sobre a defesa, fica suspenso o prazo es-
prazo máximo de vigência de 36 (trinta e seis) meses, im- tabelecido na advertência.
prorrogáveis, Art. 100. Cabe à Comissão Técnica conhecer e julgar a defe-
contados da data de assinatura do Termo. sa apresentada, observados, para tanto, os aspectos técnicos e
§ 3º Quando a vigência prevista no § 2º deste artigo ultra- legais da matéria.
passar o prazo de Parágrafo único. Para melhor instruir o exame da defesa, a
01 (um) ano, a cada ano deverá ser recolhida a taxa referen- Comissão Técnica poderá determinar a realização de diligências,
te à renovação bem como solicitar do interessado que junte ao processo outros
do licenciamento. documentos indispensáveis à verificação dos fatos.
§ 4º A celebração do Termo de Autorização para Adequação Art. 101. Da decisão proferida pela Comissão Técnica caberá
do Corpo de recurso ao Comandante do Comando de Operações de Bombei-
Bombeiros não anula multa que tenha sido aplicada, mas ros (COB`s) da região do Estado em que aplicada a penalidade ou
suspende o curso a medida acautelatória.
do procedimento que a originou, o qual somente poderá ser Parágrafo único. O prazo para interposição do recurso é de
arquivado após 30 (trinta) dias úteis, contados da ciência da decisão da Comis-
o atendimento de todas as condições estabelecidas no res- são Técnica.
pectivo Termo.
§ 5º No caso de inviabilidade técnica para execução de me- TÍTULO IV
didas de segurança contra incêndios e emergências, inclusive DAS TAXAS DEVIDAS AO CORPO DE BOMBEIROS
instalação de equipamentos, a autoridade máxima do Serviço MILITAR DO PARÁ
Técnico do Corpo de Bombeiros Militar do Pará poderá designar CAPÍTULO I
Comissão Técnica, a fim de analisar e emitir DAS TAXAS
parecer conclusivo acerca de solução técnica compensató-
ria. Art. 102. As taxas devidas em razão do exercício do poder de
§ 6º A análise e emissão do parecer previsto no § 5º deste polícia do Corpo de Bombeiros Militar do Pará estão previstas no
artigo será Anexo I desta Lei.
precedida de apresentação de estudo técnico elaborado por
profissional CAPÍTULO II
habilitado, que justifique a inviabilidade técnica e aponte de DAS ISENÇÕES
forma objetiva
a solução de caráter compensatório. Art. 103. São isentos das taxas e emolumentos do Corpo de
§ 7º Os valores arrecadados das multas aplicadas serão re- Bombeiros Militar do Pará, previstas nesta Lei, exclusivamente:
colhidos para o I - o licenciamento de atividades e eventos de cunho reli-
Fundo Especial de Bombeiros previsto no art. 104 e rever- gioso, sem fins lucrativos, realizados por igrejas e instituições
tidos para investimentos e custeio, com vistas à melhoria das religiosas no Estado do Pará;
atividades operacionais do II - o licenciamento dos templos de qualquer culto e entida-
Corpo de Bombeiros Militar do Pará. des de ensino religioso;
III - as solicitações para realização de licenciamento ou re-
CAPÍTULO VII novação de licenciamento de edificações ou áreas de risco clas-
DA DEFESA E DO RECURSO sificadas como Microempreendedor Individual (MEI), nos ter-
mos da legislação em vigor;
Art. 97. Contra a aplicação de quaisquer das penalidades ad- IV - as solicitações de instituições ou entidades para realiza-
ministrativas ou medidas acautelatórias previstas na legislação ção de treinamento e cursos de formação ou de requalificação
vigente caberá defesa e, se for o caso, recurso. de brigadas de incêndio, bombeiros civis, de primeiros socorros
Art. 98. Para a apresentação de defesa, interposição de re- ou socorros de urgência, e de salvavidas ou guarda-vidas de pis-
curso ou solicitação de prazo perante o Corpo de Bombeiros Mi- cina para atender a relevante fim social, desde que tenham fir-
litar do Pará deverão ser observados os procedimentos gerais mado convênio com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará para
quanto ao processamento, tramitação e prazos, para que a defe- essa finalidade;
sa, recurso ou solicitação seja conhecido e apreciado. V - as entidades filantrópicas, reconhecidas de utilidade pú-
blica por lei;

75
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
VI - os órgãos da Administração Direta, Autárquica e Fun- Art. 105. Fica assegurado o repasse mensal de 7% (sete por
dacional, da União, dos Estados, dos Munícipios e do Distrito cento) da arrecadação referente às taxas do Fundo Especial de
Federal; Bombeiros para o Fundo de Investimento de Segurança Pública
VII - os Poderes Legislativo e Judiciário Federal ou Estadual; (FISP), a título de investimentos e custeio nas áreas de integra-
e ção em que o Corpo de Bombeiros Militar do Pará faça parte.
VIII - as solicitações para realização de análise de projetos Art. 106. Aplicam-se à execução financeira do Fundo Espe-
de eventos temporários, de vistorias técnicas, de perícias de cial de Bombeiros as normas gerais que regem a legislação orça-
incêndios e explosões em locais de sinistro para os órgãos dos mentária e financeira públicas.
poderes públicos constituídos. Art. 107. O Fundo Especial de Bombeiros terá contabilida-
de própria com escrituração geral e estará sujeito ao controle
TÍTULO V externo do Tribunal de Contas do Estado do Pará, sem prejuízo
DO FUNDO ESPECIAL DE BOMBEIROS (FEBOM) do controle interno e de auditoria que o Corpo de Bombeiros
Militar do Pará adotar.
Art. 104. Fica criado o Fundo Especial de Bombeiros (FE- Art. 108. O Fundo Especial de Bombeiros será administrado
BOM). pelo Comitê de Gestão e Administração Superior do Corpo de
§ 1º O Fundo Especial de Bombeiros tem por objetivo suprir Bombeiros Militar do Pará.
e fomentar as atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombei- § 1º O Fundo Especial de Bombeiros terá como presidente o
ros Militar do Pará, no que se refere às despesas de custeio, ComandanteGeral do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, que
investimentos e inversões financeiras, necessárias à estrutura- exercerá a função de ordenador de despesas, assessorado pelos
ção, aparelhamento e manutenção da Corporação, capacitação membros do Comitê de Gestão e Administração Superior.
e atualização de recursos humanos e desenvolvimento de pro- § 2º O Comitê de Gestão e Administração Superior do Fundo
gramas de valorização e motivação profissional. Especial de Bombeiros será constituído por oficiais militares do
§ 2º Excluem-se das finalidades descritas no § 1º deste ar- Corpo de Bombeiros Militar do Pará previsto na regulamentação
tigo as despesas relativas à folha de pagamento de pessoal e desta Lei.
verbas indenizatórias. § 3º Compete ao Presidente do Fundo Especial de Bombei-
§ 3º Constituem receitas do Fundo Especial de Bombeiros: ros aprovar os planos de aplicação dos recursos do Fundo en-
I - taxas em razão do exercício do poder de polícia adminis- caminhados pelo Comitê de Gestão e Administração Superior e
trativa pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará, descritas no estabelecer as prioridades de execução de despesas.
Anexo I desta Lei; § 4º Compete ao Comitê de Gestão e Administração Supe-
II - multas previstas no Anexo II desta Lei; rior deliberar sobre os planos e programas de aplicação de re-
III - contribuições, donativos e legados de pessoas físicas ou cursos do Fundo Especial de Bombeiros, bem como assessorar o
jurídicas de direito privado, nacionais e internacionais; Presidente do Comitê nos demais assuntos pertinentes à gestão
IV - recursos financeiros provenientes de acordos, contra- do Fundo.
tos, convênios ou instrumentos congêneres; Art. 109. As receitas a que se referem o § 3º do art. 104 se-
V - receitas orçamentárias que lhe forem destinadas pelo rão depositadas diretamente em conta especial, sob a denomi-
Estado do Pará; nação de Fundo Especial de Bombeiros, e aplicadas para atender
VI - juros e rendimentos dos seus depósitos; e exclusivamente às necessidades do Corpo de Bombeiros Militar
VII - outras receitas eventuais. do Pará, segundo planos de aplicação, elaborados pelo Comi-
§ 4º O saldo positivo do Fundo Especial de Bombeiros, apu- tê de Gestão e Administração Superior, depois de apreciados e
rado em balanço, ao final de cada exercício financeiro, será aprovados pelo Comandante-Geral da Corporação.
transferido em crédito orçamentário do mesmo Fundo para o Art. 110. A conta bancária específica do Fundo Especial de
exercício seguinte. Bombeiros será movimentada pelo Presidente do Comitê de
§ 5º Destinam-se os recursos do Fundo Especial de Bombei- Gestão e Administração Superior e o responsável pelo setor fi-
ros: nanceiro da corporação.
I - ao pagamento de despesas com manutenção geral dos Art. 111. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará divulgará
bens adquiridos com recursos do Fundo Especial de Bombeiros; com periodicidade quadrimestral, em sua página oficial na inter-
II - ao pagamento de despesas com capacitação e qualifica- net, o demonstrativo atualizado da execução orçamentária do
ção de bombeiros militares para o exercício de suas atividades; Fundo Especial de Bombeiros, o qual conterá:
III - à aquisição de imóveis, viaturas, materiais e equipamen- I - a receita mensal e a acumulada no ano ou exercício fi-
tos permanentes, móveis em geral e demais materiais específi- nanceiro; e
cos necessários ao reaparelhamento, funcionamento e à opera- II - a despesa executada tendo como fonte os recursos finan-
cionalidade do Corpo de Bombeiros Militar do Pará; ceiros mensais e acumulados no ano ou exercício financeiro, dis-
IV - à aquisição de equipamentos de informática, comunica- criminada por Comando de Operações de Bombeiros (COB`s) da
ção, localização e serviços para o desenvolvimento e manuten- região do Estado do Pará, por natureza e por grupo de despesa.
ção da tecnologia da informação; e/ou Art. 112. O chefe do Poder Executivo, por meio de regu-
V - ao pagamento de despesas correntes e de capital neces- lamento, baixará as instruções normativas complementares à
sárias à manutenção, ampliação, reforma e construção de insta- operacionalidade do Fundo Especial de Bombeiros.
lações físicas.
§ 6º Os bens adquiridos com recursos do Fundo Especial de
Bombeiros serão incorporados ao patrimônio do Estado do Pará,
vinculado ao Corpo de Bombeiros Militar do Pará.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO VI Art. 8º O Gestor Administrativo e Financeiro do Fundo de
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Investimento de Segurança Pública será o Conselho Diretor, pre-
sidido pelo Secretário de Estado de Segurança Pública e com-
Art. 113. Fica vedado ao militar do Corpo de Bombeiros Mi- posto por membros representantes das Polícias Civil e Militar do
litar do Pará ou a servidor civil a serviço da Corporação ser pro- Estado do Pará e pelo Diretor do Núcleo Central de Segurança
prietário, prestador de serviço de qualquer natureza ou consul- Pública, que atuará como seu Diretor Técnico. “
tor, em caráter privado, quando no serviço ativo, diretamente Art. 118. As taxas do Grupo III do Anexo Único da Lei nº
ou por interposta pessoa, de empresa de execução de projeto, 6.724, de 5 de fevereiro de 2005, referentes ao exercício do po-
comercialização, instalação, manutenção e conservação nas áre- der de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços
as de segurança contra incêndios e emergências. públicos específicos e divisíveis, prestados pelo Corpo de Bom-
beiros Militar do Pará ao contribuinte ou postos a sua disposi-
§ 1º Caso o militar ou servidor civil contrarie o caput deste ção, passam a vigorar conforme os Anexos I, II e III desta Lei.
artigo serão aplicadas ao infrator as sanções previstas em legis- Art. 119. Ficam revogados:
lação específica. I - a Lei nº 4.453, de 22 de dezembro de 1972; e II - a Lei nº
§ 2º Fica excluído do caput deste artigo atividade de docên- 5.088, de 19 de setembro de 1983.
cia exercida por militar ou por servidor civil a serviço da Corpo- Art. 120. O Poder Executivo Estadual editará normas com-
ração. plementares para a fiel execução desta Lei, no prazo de 180
Art. 114. Os emolumentos devidos pelos atos de análise de (cento e oitenta) dias.
projeto e vistoria técnica para licenciamento e renovação de li- Art. 121. Esta Lei entra em vigor em 1º de janeiro de 2022.
cenciamento serão reduzidos em 75% (setenta e cinco por cen- PALÁCIO DO GOVERNO, 24 de março de 2021.
to) para as edificações ou áreas de risco que possuam sistema
automático de supressão de incêndio instalado e em condições
de uso, desde que esta medida de segurança não tenha sido exi-
gida de forma compulsória pelo Corpo de Bombeiros Militar do
Pará.
ANOTAÇÕES
Art. 115. A perícia de incêndio e explosões será obrigatória
sempre que o Corpo de Bombeiros Militar do Pará for aciona-
do, independentemente de o proprietário ou de quem possua ______________________________________________________
a posse do imóvel ou veículo solicitar ou facultar a exigência da
perícia. ______________________________________________________
Parágrafo único. O detentor da propriedade deverá assinar
termo de recusa de perícia, se recusar a perícia a que se refere ______________________________________________________
o caput deste artigo.
Art. 116. A Lei nº 6.010, de 27 de dezembro de 1996, passa ______________________________________________________
a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2º A Taxa de Segurança tem como fato gerador a efeti- ______________________________________________________
va ou potencial utilização, por pessoa determinada, de qualquer
ato decorrente do poder de polícia, serviço ou atividade policial-
______________________________________________________
-militar, inclusive policiamento preventivo, prestado ou posto à
disposição do contribuinte por qualquer dos órgãos do Sistema
de Segurança Pública (art. 3º da Lei nº 5.944/1996), exceto o ______________________________________________________
Departamento de Transito do Estado do Pará (DETRAN-PA) e o
Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA).” ______________________________________________________
Art. 117. A Lei nº 6.016, de 30 de dezembro de 1996, passa
a vigorar com a seguinte redação: ______________________________________________________
“Art. 1º Fica criado o Fundo de Investimento de Segurança
Pública (FISP) com a finalidade de prover recursos para reequi- ______________________________________________________
pamento, manutenção de material, construção e reforma física
das Polícias Civil e Militar do Estado do Pará. ______________________________________________________

§ 1º Compreendem-se por despesas com reequipamento os ______________________________________________________


investimentos e inversões financeiras definidos nos §§ 4º e 5º
do art. 12 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, e as
______________________________________________________
despesas com manutenção de material, construção e reforma
física das Polícias Civil e Militar do Estado do Pará, previstas no
§ 1º do mesmo dispositivo legal. ______________________________________________________

Art. 2º O Fundo de Investimento de Segurança Pública será ______________________________________________________


constituído dos recursos provindos das taxas e preços públicos
arrecadados pelas Polícias Civil e Militar do Estado do Pará, os ______________________________________________________
quais ficam rigorosamente vinculados à receita própria e origi-
nária de cada órgão arrecadador, sendo vedada ao Conselho Di- ______________________________________________________
retor, a destinação dos recursos de um órgão para outro.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

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