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CÓD: SL-052FV-22

7908433218883

PM-RJ
POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO

Soldado
A APOSTILA PREPARATÓRIA É ELABORADA
ANTES DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL OFICIAL COM BASE NO EDITAL
ANTERIOR, PARA QUE O ALUNO ANTECIPE SEUS ESTUDOS.
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. As questões poderão ser teoricamente baseadas nos seguintes pontos: interpretação e compreensão de textos . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Construção de sentido e efeitos de sentido (semântica); denotação (sentido literal) e conotação (sentido figurado); relações lexic-
ais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. Gêneros textuais; tipologia textual; linguagem verbal e não verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
5. Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Variedades linguísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Tipos de discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
8. Acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Ortografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
10. Classe de palavras (substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição); estrutura e
formação de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Sintaxe (frase, oração, período; termos essenciais, integrantes e acessórios da oração) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
12. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
13. Regência nominal e verbal (crase) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
14. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
15. Coesão; coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
16. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Geografia
1. Características gerais do estado do rio de janeiro - reconhecer as relações entre sociedade e o ambiente natural no estado do rio de
janeiro, destacando os impactos ambientais produzidos e as influências dos elementos naturais na sociedade fluminense . . . . . 01
2. Identificar as principais regiões do estado e suas características gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Apresentar noções básicas sobre a geografia do município do rio de janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Reconhecer aspectos gerais do processo de favelização e suas características atuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
5. Identificar em textos e gráficos situações problema típicas da sociedade fluminense e reconhecer formas de reduzir os problemas
gerados em tais situações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Apresentar noções de localização espacial dentro do estado do rio de janeiro a partir da utilização de mapas . . . . . . . . . . . 15

História
1. A expansão Ultramarina Portuguesa dos séculos XV e XVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O sistema colonial português na América - Estrutura político-administrativa, estrutura sócio-econômica, a escravidão (as formas de
dominação econômico-sociais); as formas de atuação do Estado Português na Colônia; a ação da Igreja, as invasões estrangeiras,
expansão territorial, interiorização e formação das fronteiras, as reformas pombalinas, rebeliões coloniais. Movimentos e tentativas
emancipacionistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. O período joanino e o processo de independência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. A presença britânica no Brasil, a transferência da Corte, os tratados, as principais medidas de D. João VI no Brasil, política joanina, os
partidos políticos, revoltas, conspirações e revoluções, emancipação e conflitos sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. O processo de independência do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Brasil Imperial - O Primeiro Reinado, o Período Regencial e o Segundo Reinado: aspectos, políticos, administrativos, militares, cul-
turais, econômicos, sociais, territoriais, a política externa, a questão abolicionista, o processo de modernização, a crise da monarquia
e a proclamação da república . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Sociologia
1. Relações entre indivíduo e sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Distinção do espaço público e privado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. O Estado e os direitos humanos, cidadania e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
ÍNDICE
Noções Sobre Direitos Humanos
1. Direitos e Deveres Individuais e coletivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Considerações sobre a polícia e os Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

Legislação Brasileira De Trânsito


1. Penalidades aplicadas às infrações de trânsito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Medidas administrativas a serem adotadas pela autoridade de trânsito e seus agentes. Bibliografia/Legislação Brasileira de Trânsito:
Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Institui o Código de Trânsito Brasileiro), Capítulo XVI - Das penalidades e Capítulo XVII - Das
medidas administrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Informática
1. Aplicativos para processamento de texto, planilhas eletrônicas e apresentações: conceitos e modos de utilização . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conceitos básicos e modos de emprego de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à rede de computadores,
internet e intranet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

Última Prova Comentada


LÍNGUA PORTUGUESA
1. As questões poderão ser teoricamente baseadas nos seguintes pontos: interpretação e compreensão de textos . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Construção de sentido e efeitos de sentido (semântica); denotação (sentido literal) e conotação (sentido figurado); relações lexi-
cais; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
4. Gêneros textuais; tipologia textual; linguagem verbal e não verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
5. Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Variedades linguísticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7. Tipos de discurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
8. Acentuação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Ortografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
10. Classe de palavras (substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção, interjeição); estrutura e
formação de palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Sintaxe (frase, oração, período; termos essenciais, integrantes e acessórios da oração) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
12. Concordância nominal e verbal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
13. Regência nominal e verbal (crase) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
14. Colocação pronominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
15. Coesão; coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
16. Pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
LÍNGUA PORTUGUESA
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as
AS QUESTÕES PODERÃO SER TEORICAMENTE BASE- palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem
ADAS NOS SEGUINTES PONTOS: INTERPRETAÇÃO E verbal com a não-verbal.
COMPREENSÃO DE TEXTOS;; GÊNEROS TEXTUAIS;
TIPOLOGIA TEXTUAL; LINGUAGEM VERBAL E NÃO
VERBAL

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito,
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
ou que faça com que você realize inferências. identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
Quando Jorge fumava, ele era infeliz. damos a este processo é intertextualidade.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretação de Texto
Percebeu a diferença? Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
Tipos de Linguagem subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que de um texto.
facilite a interpretação de textos. A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
pode ser escrita ou oral. texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica
e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, - Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. polêmicos;
- Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.

1
LÍNGUA PORTUGUESA
O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo CACHORROS
e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e
mutável). Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma
– Retorne ao texto sempre que necessário. espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-
enunciados das questões. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
– Reescreva o conteúdo lido. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
tópicos ou esquemas. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
Além dessas dicas importantes, você também pode grifar outro e a parceria deu certo.
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
são uma distração, mas também um aprendizado. sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias As informações que se relacionam com o tema chamamos de
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
do texto. de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões capaz de identificar o tema do texto!
apresentadas na prova.
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso cundarias/
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
nunca extrapole a visão dele. TEXTOS VARIADOS

IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO Ironia


O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
significativo, que é o texto. novo sentido, gerando um efeito de humor.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um Exemplo:
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes. ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Ironia de situação de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da principal. Compreender relações semânticas é uma competência
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
morte. fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

Ironia dramática (ou satírica) Busca de sentidos


A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- apreensão do conteúdo exposto.
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- citadas ou apresentando novos conceitos.
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
da narrativa. espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao Importância da interpretação
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Humor específicos, aprimora a escrita.
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
rer algo fora do esperado numa situação. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
acessadas como forma de gerar o riso. são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-

3
LÍNGUA PORTUGUESA
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, berdade para quem recebe a informação.
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Fato
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Interpretação
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
leitor tira conclusões subjetivas do texto. sas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
Gêneros Discursivos tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de perso- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
nagens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou ças sejam detectáveis.
totalmente irreal. A diferença principal entre um romance e uma
novela é a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No Exemplos de interpretação:
romance nós temos uma história central e várias histórias secun- A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
dárias. tro país.
A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente do que com a filha.
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso-
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única Opinião
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
encaminham-se diretamente para um desfecho. juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
que fazemos do fato.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a história cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo na do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
novela é baseada no calendário. O tempo e local são definidos pelas pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
histórias dos personagens. A história (enredo) tem um ritmo mais ace-
lerado do que a do romance por ter um texto mais curto. Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
anteriores:
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos do que com a filha. Ela foi egoísta.
como horas ou mesmo minutos.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
imagens. mos expressando nosso julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto analisamos um texto dissertativo.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
vencer o leitor a concordar com ele. Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um com o sofrimento da filha.
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
de destaque sobre algum assunto de interesse. Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. e o do leitor.

4
LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ríodo, e o tópico que o antecede. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- Gíria
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
sem coerência. a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
mais direto. novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
NÍVEIS DE LINGUAGEM de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
Definição de linguagem “mina”, “tipo assim”.
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, Linguagem vulgar
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
e caem em desuso.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
comportamentos, nas leis jurídicas. nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. deios.
Exemplo: Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- administração política (tese), porque a força governamental certa-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
perior para formação de oficiais. traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-

6
LÍNGUA PORTUGUESA
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Novela
Crônica
Características principais: Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado. Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
reais/4835684 textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
GÊNEROS TEXTUAIS dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes provérbios, charges, dentre outros.
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- Tipos de Intertextualidade
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (paro-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- dès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante)
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
textuais que neles predominam. • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
significa a “repetição de uma sentença”.
Descritivo Diário • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Relatos (viagens, históricos, etc.) ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Biografia e autobiografia alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Notícia mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Currículo e “graphé” (escrita).
Lista de compras • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Cardápio textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Anúncios de classificados entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Injuntivo Receita culinária Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Bula de remédio lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Manual de instruções “citação” (citare) significa convocar.
Regulamento • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Textos prescritivos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Expositivo Seminários • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Palestras o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Conferências
Entrevistas ARGUMENTAÇÃO
Trabalhos acadêmicos O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
Enciclopédia ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
Verbetes de dicionários de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,

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LÍNGUA PORTUGUESA
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- ARGUMENTAÇÃO
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado,
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer texto diz e faça o que ele propõe.
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo
enunciador está propondo. tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. vista defendidos.
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre- uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que
mento de premissas e conclusões. está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos
A é igual a B. de linguagem.
A é igual a C. Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
Então: C é igual a A. voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, escolher entre duas ou mais coisas”.
que C é igual a A. Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e
Outro exemplo: uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos
Todo ruminante é um mamífero. argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
A vaca é um ruminante. entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse
Logo, a vaca é um mamífero. caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua
também será verdadeira. no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele, crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada enunciador está propondo.
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das

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LÍNGUA PORTUGUESA
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas conhecimento. Nunca o inverso.
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais
Então: C é igual a B. importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo.
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior
Logo, a vaca é um mamífero. número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve- Argumento do Consenso
se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo- em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que
chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo- o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia
nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao
e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo,
peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco. as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de
Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos.
mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos. Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer frases carentes de qualquer base científica.
as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
entender bem como eles funcionam. Argumento de Existência
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer mão do que dois voando”.
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o
Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano.
porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia
O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada
valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de
navios, etc., ganhava credibilidade.
Tipos de Argumento
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado Argumento quase lógico
a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
argumento. e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
Argumento de Autoridade lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a
para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade
recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu
produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do provável.
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
verdadeira. Exemplo: aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se

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LÍNGUA PORTUGUESA
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
indevidas. ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.
Argumento do Atributo - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
que é mais grosseiro, etc. que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de outros à sua dependência política e econômica”.
beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação
da celebridade. concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
competência linguística. A utilização da variante culta e formal assunto, etc).
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística Convém ainda alertar que não se convence ninguém com
socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz. feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o
maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
médico: verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
por bem determinar o internamento do governador pelo período ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
hospital por três dias.
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu
Como dissemos antes, todo texto tem uma função
pensamento e seu comportamento.
argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo
pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. inflexão de voz, a mímica e até o choro.
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta
não outras, etc. Veja: dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
trocavam abraços afetuosos.” “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação,
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão,
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento,
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: vista.
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
meio ambiente, injustiça, corrupção). a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,

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LÍNGUA PORTUGUESA
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
desenvolver as seguintes habilidades: as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
totalmente contrária; O calor dilata o ferro (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O calor dilata o bronze (particular)
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria O calor dilata o cobre (particular)
contra a argumentação proposta; O ferro, o bronze, o cobre são metais
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
oposta.
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
sociedade. sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a - Lógico, concordo.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
- Claro que não!
partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
- Então você possui um brilhante de 40 quilates...
por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
Exemplos de sofismas:
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
Dedução
dedução.
Todo professor tem um diploma (geral, universal)
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
Fulano tem um diploma (particular)
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
Indução
da verdade:
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
- evidência;
(particular)
- divisão ou análise;
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
- ordem ou dedução;
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
- enumeração.
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
– conclusão falsa)
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
A forma de argumentação mais empregada na redação
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
sentimentos não ditados pela razão.
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
alguns não caracteriza a universalidade.
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
sistematizar a pesquisa.
para o efeito. Exemplo:
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
Fulano é homem (premissa menor = particular)
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
Logo, Fulano é mortal (conclusão)

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LÍNGUA PORTUGUESA
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
relógio estaria reconstruído. os pontos de vista sobre ele.
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
ser assim relacionadas: é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de - o termo a ser definido;
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha - o gênero ou espécie;
dos elementos que farão parte do texto. - a diferença específica.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; O que distingue o termo definido de outros elementos da
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e mesma espécie. Exemplo:
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se Elemento especiediferença
a ser definidoespecífica
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
são empregados de modo mais ou menos convencional. A
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
artificial. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
ou instalação”;
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
sabiá, torradeira. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
Os elementos desta lista foram classificados por ordem - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar expandida;d
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto diferenças).
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.) que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
palavra e seus significados.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
fundamentação coerente e adequada. tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas Nesse caso, incluem-se
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, mortal, aspira à imortalidade);
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar postulados e axiomas);
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que que parece absurdo).
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: concretos, estatísticos ou documentais.
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar argumentação:
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, cordeiro”;
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, verdadeira;
assim, desse ponto de vista. Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração universalidade da afirmação;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada.
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o
mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. desenvolvimento é que gera o controle demográfico”.
Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
menos que, melhor que, pior que. desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade para a elaboração de um Plano de Redação.
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a

13
LÍNGUA PORTUGUESA
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
tecnológica a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
resposta, justificar, criando um argumento básico; textos caracterizada por um citar o outro.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
(rever tipos de argumentação); – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
consequência); um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
argumento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
argumento básico; ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos,
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
menos a seguinte: expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los
Introdução ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
- função social da ciência e da tecnologia; absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
- definições de ciência e tecnologia; implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. ou lido.

Desenvolvimento Tipos de Intertextualidade


- apresentação de aspectos positivos e negativos do A intertextualidade acontece quando há uma referência
desenvolvimento tecnológico; explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
condições de vida no mundo atual; novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade intertextualidade.
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
países subdesenvolvidos; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
passado; apontar semelhanças e diferenças;
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
urbanos; texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
mais a sociedade. com outras palavras o que já foi dito.
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
Conclusão textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
consequências maléficas; Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma
apresentados. reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
redação: é um dos possíveis. da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante.
como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
que ela é inserida. relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”.

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LÍNGUA PORTUGUESA
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa Segunda pessoa
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sinta quase como outro personagem que participa da história.
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
termo “citação” (citare) significa convocar. Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
disse.
Pastiche é uma recorrência a um gênero.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história
a recriação de um texto. é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao acompanhando a leitura não fique confuso.
“conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
comum ao produtor e ao receptor de textos. Coerência
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
daquela citação ou alusão em questão. outra”).
Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. elementos formativos de um texto.
A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
A intertextualidade explícita: aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
– é facilmente identificada pelos leitores; elementos textuais.
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
– não exige que haja dedução por parte do leitor; sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
– apenas apela à compreensão do conteúdos. tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
imediato a coerência de um discurso.
A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores; A coerência:
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por tual;
parte dos leitores; - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para o aspecto global do texto;
a compreensão do conteúdo. - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.

PONTO DE VISTA Coesão


O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
compreende a perspectiva através da qual se conta a história. fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar tem-se a coesão lexical.
de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
narrador-observador e o narrador-personagem. gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
nentes do texto.
Primeira pessoa Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas A coesão:
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
só descobrimos ao decorrer da história. - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
componentes do texto; pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
- Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases. programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece demagogia praticada pela classe dominante.
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
é inserida. fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume cultura é o melhor conforto para a velhice”.
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
textos caracterizada por um citar o outro. pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a termo “citação” (citare) significa convocar.
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
mencionar um provérbio conhecido. Pastiche é uma recorrência a um gênero.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou- A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to- a recriação de um texto.
má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
zá-lo ou ao compará-lo com outros. Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de- produtor e ao receptor de textos.
senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres- A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con- remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi- além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm daquela citação ou alusão em questão.
alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
Tipos de Intertextualidade A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
A intertextualidade acontece quando há uma referência ex- implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali- A intertextualidade explícita:
dade. – é facilmente identificada pelos leitores;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá- – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as – não exige que haja dedução por parte do leitor;
mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. – apenas apela à compreensão do conteúdos.

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto A intertextualidade implícita:


é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- – não é facilmente identificada pelos leitores;
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
outras palavras o que já foi dito. – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par-
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex- te dos leitores;
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, a compreensão do conteúdo.
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-

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LÍNGUA PORTUGUESA

CONSTRUÇÃO DE SENTIDO E EFEITOS DE SENTIDO (SEMÂNTICA); DENOTAÇÃO (SENTIDO LITERAL) E CONOTAÇÃO


(SENTIDO FIGURADO); RELAÇÕES LEXICAIS

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado de
uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

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LÍNGUA PORTUGUESA
Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que
Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in-
por estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, conscientemente.
não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta. Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili-
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da-
justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma quele que fala.
palavra, frase ou textos inteiros.
Exemplo: Nós te amamos!

Função Conativa
INTERTEXTUALIDADE A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua-
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado grande foco é no receptor da mensagem.
em tópicos anteriores. Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu-
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por
meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter-
FUNÇÕES DA LINGUAGEM ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do
vocativo.
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com
acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans- a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre. neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios
São seis as funções da linguagem, que se encontram direta- publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen-
mente relacionadas com os elementos da comunicação. tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos
certos produtos.
Funções da Linguagem Elementos da Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
Comunicação que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta-
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
Função referencial ou denotativa contexto dos, que se deixam conduzir sem questionar.
Função emotiva ou expressiva emissor Exemplos: Só amanhã, não perca!
Função apelativa ou conativa receptor Vote em mim!

Função poética mensagem Função Poética


Função fática canal Esta função é característica das obras literárias que possui
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Função metalinguística código
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
Função Referencial
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
tivo é a mensagem.
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
A função poética não pertence somente aos textos literários.
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
o que enfatiza sua impessoalidade.
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem. Exemplo:
“Basta-me um pequeno gesto,
Exemplo de uma notícia: feito de longe e de leve,
O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global para que venhas comigo
para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica- e eu para sempre te leve...”
da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi (Cecília Meireles)
decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o
objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo Função Fática
exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentá- A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca-
rias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a
praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação.
para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de A ênfase dada ao canal comunicativo.
qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esquele- Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem-
tos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele-
dos países tirou nota “D”. fone, etc.

Função Emotiva Exemplo:


Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. -- Calor, não é!?
É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa- -- Sim! Li na previsão que iria chover.
gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento. -- Pois é...

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LÍNGUA PORTUGUESA
Função Metalinguística – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua- regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
código utilizando o próprio código. quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des- – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
taque são as gramáticas e os dicionários. estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do- – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
são alguns exemplos. – o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
Exemplo: alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço hoje frequentes na fala caipira.
entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, ma-
mestre” relo (amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. oral coloquial.
“é uma de suas amizades fiéis”
Variações Sintáticas
Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe,
como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va-
VARIEDADES LINGUÍSTICAS riante e outra. Como exemplo, podemos citar:
– a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas, “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com
como na linguagem regional. Elas  reúnem as variantes da língua o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó- – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros.
você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os
me irrita.
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se
– ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes-
gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
mo significado dentro de um mesmo contexto.
mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
As variações que distinguem uma variante de outra se mani-
– o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico,
a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sintático e lexical. sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de ti)
e ele.
Variações Morfológicas – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en- “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas – a ausência da preposição adequada antes do pronome relati-
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de:
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice- de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que)
-versa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
champanha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal).
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- Variações Léxicas
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
indicado, as noite fria, os caso mais comum. léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se plos possíveis de citar:
eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu. vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan- almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
te (em vez de possantíssimo). suéter, malha, camiseta.
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
o recado, quando ele repor (repuser). gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: Esse amigo é um carinha maior esforçado.
vareia (varia), negoceia (negocia).
Designações das Variantes Lexicais:
Variações Fônicas – Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala- bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa-
vra. Entre esses casos, podemos citar: va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa.
– a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró- – Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria-
polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A na
pessoas de baixa condição social. computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra concordar
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma consentir
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da contestar
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas continuar
o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto declamar
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. determinar
dizer
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilidade”, esclarecer
capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações básicas). exclamar
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como explicar
a medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é no- gritar
tícia dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma indagar
barriga. insistir
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser interrogar
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida- interromper
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar). intervir
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: mandar
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista). ordenar, pedir
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de perguntar
saco cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, prosseguir
arruinou-se). protestar
reclamar
Tipos de Variação repetir
As variações mais importantes, são as seguintes: replicar
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com responder
certa facilidade. retrucar
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das solicitar
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar
gaúcho etc. atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circuns- gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou-
tâncias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou
falar compatível com determinada situação é incompatível com advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
outra histérica, respondeu irritada, explicou docemente.
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com
o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti- Exemplo:
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. — O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos-
sas vidas.
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) en-
tre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a seguir:
TIPOS DE DISCURSO
Estilo 1:
Discurso direto João perguntou:
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador, — Que tal o carro?
ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
— Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com- Estilo 2:
pletamente bêbados, não é? João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas)
Foi aí que um dos bêbados pediu: Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
— Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
o seu marido que os outros querem ir para casa. Estilo 3:
(Stanislaw Ponte Preta) Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o
Observe que, no exemplo dado, a fala da personagem é intro- carro.
duzida por um travessão, que deve estar alinhado dentro do pará- — Você, retrucou Antônio, está completamente enganado.
grafo.
O narrador, ao reproduzir diretamente a fala das personagens, Verbos de elocução no fim da fala:
conserva características do linguajar de cada uma, como termos de — Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente
gíria, vícios de linguagem, palavrões, expressões regionais ou ca- João.
coetes pessoais. — Você está completamente enganado — retrucou Antônio.
O discurso direto geralmente apresenta verbos de elocução (ou
declarativos ou dicendi) que indicam quem está emitindo a mensagem. Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com
Os verbos declarativos ou de elocução mais comuns são: travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos:
acrescentar — Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu
afirmar filho. (Machado de Assis)

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LÍNGUA PORTUGUESA
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse tos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) nas orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narra-
dor.
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta
e oito. (Machado de Assis) Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se
— Ainda não, respondi secamente. (Machado de Assis) a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O
domínio dessas estruturas é importante tanto para se empregar
Verbos de elocução depois de orações interrogativas e excla- corretamente os tipos de discurso na redação.
mativas: Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros
— Nunca me viu? perguntou Virgília vendo que a encarava com recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
insistência. (Machado de Assis) aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na
— Para quê? interrompeu Sabina. (Machado de Assis) atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insis-
— Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis) tência, porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem
construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece
Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús- dificuldade.
culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.

Discurso indireto Discurso Direto


No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala • Presente
da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e A enfermeira afirmou:
passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o – É uma menina.
verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
• Pretérito perfeito
pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi – Já esperei demais, retrucou com indignação.
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
personagem na voz do narrador. • Futuro do presente
A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava Pedrinho gritou:
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo. – Não sairei do carro.
(Ciro dos Anjos)
• Imperativo
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa; Olhou-a e disse secamente:
respondeu-me que não. – Deixe-me em paz.
(Machado de Assis)
Outras alterações
Discurso indireto livre • Primeira ou segunda pessoa
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe Maria disse:
uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso – Não quero sair com Roberto hoje.
indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das • Vocativo
personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so- – Você quer café, João?, perguntou a prima.
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador. • Objeto indireto na oração principal
As orações do discurso indireto livre são, em regra, independentes, A prima perguntou a João se ele queria café.
sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passagem da fala do
narrador para a da personagem, mas com transposições do tempo do • Forma interrogativa ou imperativa
verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes (terceira pessoa). O foco Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa:
narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse discurso é muito empregado – E o amarelo?
na narrativa moderna, pela fluência e ritmo que confere ao texto.
• Advérbios de lugar e de tempo
Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
aqui, daqui, agora, hoje, ontem, amanhã
decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era • Pronomes demonstrativos e possessivos
bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. essa(s), esta(s)
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na esse(s), este(s)
cadeia por que ele não sabe falar direito? isso, isto
(Graciliano Ramos) meu, minha
teu, tua
Observe que se o trecho “Era bruto, sim” estivesse um discur- nosso, nossa
so direto, apresentaria a seguinte formulação: Sou bruto, sim; em
discurso indireto: Ele admitiu que era bruto; em discurso indireto
livre: Era bruto, sim.
Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo inte-
rior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamen-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Discurso Indireto ORTOGRAFIA


• Pretérito imperfeito
A enfermeira afirmou que era uma menina. ORTOGRAFIA OFICIAL
• Futuro do pretérito • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
Pedrinho gritou que não sairia do carro. troduzidas as letras k, w e y.
• Pretérito mais-que-perfeito O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
Retrucou com indignação que já esperara (ou tinha espera- PQRSTUVWXYZ
do) demais. • Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
• Pretérito imperfeito do subjuntivo letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
Olhou-a e disse secamente que o deixasse em paz. gui, que, qui.
Outras alterações
• Terceira pessoa Regras de acentuação
Maria disse que não queria sair com Roberto naquele dia. – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
• Objeto indireto na oração principal palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
A prima perguntou a João se ele queria café. sílaba)
• Forma declarativa
Abriu o estojo, contou os lápis e depois perguntou ansiosa
pelo amarelo. Como era Como fica
lá, dali, de lá, naquele momento, naquele dia, no dia an- alcatéia alcateia
terior, na véspera, no dia seguinte, aquela(s), aquele(s), aquilo,
apóia apoia
seu, sua (dele, dela), seu, sua (deles, delas)
  apóio apoio

Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas


ACENTUAÇÃO GRÁFICA continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.

Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras.
Vejamos um por um: Como era Como fica
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre baiúca baiuca
aberto. bocaiúva bocaiuva
Já cursei a Faculdade de História.
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
fechado. posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este
caso afundo mais à frente). – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
Sou leal à mulher da minha vida. e ôo(s).
As palavras podem ser:
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- Como era Como fica
-já, ra-paz, u-ru-bu...) abençôo abençoo
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa,
sa-bo-ne-te, ré-gua...) crêem creem
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) – Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos:
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, Atenção:
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...) • Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
• São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N, • Permanece o acento diferencial em pôr/por.
R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter, • Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural
fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...) dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter,
• São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S), reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu, • É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as
dói, coronéis...) palavras forma/fôrma.
• São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
(aí, faísca, baú, juízo, Luísa...) Uso de hífen
Regra básica:
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei- Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho-
nar e fixar as regras. mem.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Outros casos • São acentuadas as palavras paroxítonas terminadas em L, N,
1. Prefixo terminado em vogal: R, X, I(S), US, UM, UNS, OS, ÃO(S), Ã(S), EI(S) (amável, elétron, éter,
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. fênix, júri, oásis, ônus, fórum, órfão...)
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, • São acentuadas as palavras oxítonas terminadas em A(S),
semicírculo. E(S), O(S), EM, ENS, ÉU(S), ÉI(S), ÓI(S) (xarás, convéns, robô, Jô, céu,
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis- dói, coronéis...)
mo, antissocial, ultrassom. • São acentuados os hiatos I e U, quando precedidos de vogais
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-on- (aí, faísca, baú, juízo, Luísa...)
das.
Viu que não é nenhum bicho de sete cabeças? Agora é só trei-
2. Prefixo terminado em consoante: nar e fixar as regras.
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-
-bibliotecário.
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su-
persônico. CLASSE DE PALAVRAS (SUBSTANTIVO, ARTIGO, ADJETI-
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. VO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPO-
SIÇÃO, CONJUNÇÃO, INTERJEIÇÃO); ESTRUTURA E FOR-
Observações: MAÇÃO DE PALAVRAS
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem CLASSES DE PALAVRAS
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala- Substantivo
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al- Classificação dos substantivos
mirante.
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/
pontapé, paraquedas, paraquedista. apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, sua estrutura. macaco/João/sabão
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. são formados por mais de um porta-voz/
radical em sua estrutura. pé-de-moleque
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/
vamos passar para mais um ponto importante. são os que dão origem a mundo/
outras palavras, ou seja, ela é população
Acentuação é o modo de proferir um som ou grupo de sons a primeira. /formiga
com mais relevo do que outros. Os sinais diacríticos servem para SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/
indicar, dentre outros aspectos, a pronúncia correta das palavras. são formados por outros populacional/formigueiro
Vejamos um por um: radicais da língua.
Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo
aberto. designa determinado ser /Brasil
Já cursei a Faculdade de História. entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da
Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre espécie. São sempre iniciados Liberdade
fechado. por letra maiúscula.
Meu avô e meus três tios ainda são vivos. SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
Acento grave: marca o fenômeno da crase (estudaremos este referem-se qualquer ser de cachorro/prima
caso afundo mais à frente). uma mesma espécie.
Sou leal à mulher da minha vida.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente
As palavras podem ser: nomeiam seres com existência /estrelas/fadas
– Oxítonas: quando a sílaba tônica é a última (ca-fé, ma-ra-cu- própria. Esses seres podem /lobisomem
-já, ra-paz, u-ru-bu...) ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
– Paroxítonas: quando a sílaba tônica é a penúltima (me-sa, reais ou imaginários.
sa-bo-ne-te, ré-gua...) SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/
– Proparoxítonas: quando a sílaba tônica é a antepenúltima nomeiam ações, estados, bondade/
(sá-ba-do, tô-ni-ca, his-tó-ri-co…) qualidades e sentimentos que confiança/
não tem existência própria, ou lembrança/
As regras de acentuação das palavras são simples. Vejamos: seja, só existem em função de amor/
• São acentuadas todas as palavras proparoxítonas (médico, um ser. alegria
íamos, Ângela, sânscrito, fôssemos...)

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/


referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/
de seres da mesma espécie, buquê (de flores)
mesmo quando empregado
no singular e constituem um
substantivo comum.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS
QUE NÃO ESTÃO AQUI!

Flexão dos Substantivos


• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculino e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou uni-
formes
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o pre-
sidente/a presidenta, o maestro/a maestrina
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros.
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariáveis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira ma-
cho/palmeira fêmea.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a tes-
temunha (o testemunha), o individuo (a individua).
c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente, o/a
estudante, o/a colega.
• Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
– Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.

• Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau diminutivo.


– Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
– Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
– Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
– Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 

Adjetivo
É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substantivo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão compos-
ta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um adjetivo: golpe
de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal vespertino).

Flexão do Adjetivos
• Gênero:
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o feminino: homem feliz, mulher feliz.
– Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria japo-
nesa, aluno chorão/ aluna chorona. 

• Número:
– Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namoradores,
japonês/ japoneses.
– Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.

• Grau:
– Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vitorioso (do) que o seu.
– Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso quanto o seu.
– Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssimo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito famoso.
– Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o mais famoso de todos.
– Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é menos famoso de todos.

Artigo
É uma palavra variável em gênero e número que antecede o substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
• Classificação e Flexão do Artigos
– Artigos Definidos: o, a, os, as.
O menino carregava o brinquedo em suas costas.
As meninas brincavam com as bonecas.

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LÍNGUA PORTUGUESA
– Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
Um menino carregava um brinquedo.
Umas meninas brincavam com umas bonecas.

Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Empregado nas correspondências e textos
Vossa Senhoria
escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posi- – Número: Este é fácil: singular e plural.
ção de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no – Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º
tempo ou no espaço. pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles ama-
ram).
Pronomes Singular Plural
• Formas nominais do verbo
Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exer-
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles cem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infi-
nitivo (terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particí-
• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, pio (terminado em –DA/DO).
designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os prono-
mes indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e • Voz verbal
invariáveis (não variam em gênero e número). É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação
com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa
Classificação Pronomes Indefinidos quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, sujeito. Veja:
nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, mui- João pulou da cama atrasado
ta, muitos, muitas, pouco, pouca, poucos, – Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas
poucas, todo, toda, todos, todas, outro, ou- recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz
Variáveis tra, outros, outras, certo, certa, certos, cer- passiva analítica é formada por:
tas, vário, vária, vários, várias, tanto, tanta, Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros)
tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, +  verbo principal da ação conjugado no particípio  + preposição
quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais, por/pelo/de + agente da passiva.
um, uma, uns, umas. A casa foi aspirada pelos rapazes
quem, alguém, ninguém, tudo, nada, ou- A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva prono-
Invariáveis
trem, algo, cada. minal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plu-
• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis ral) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas. Aluga-se apartamento.

Classificação Pronomes Interrogativos Advérbio


É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro ad-
qual, quais, quanto, quantos, quan-
Variáveis vérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
ta, quantas.
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
Invariáveis quem, que. – Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, ama-
nhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anterior- brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio-
mente na oração, evitando sua repetição. Eles também podem ser -dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez
variáveis e invariáveis. em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém,
Classificação Pronomes Relativos perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc.
o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, – Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapi-
Variáveis cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quan- damente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
tas. ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc.
Invariáveis quem, que, onde. – Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente,
efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc. 
Verbos – Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo al-
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos me- gum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc.
teorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo. – Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, as-
saz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco,
• Flexão verbal de todo, etc.
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas. – Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, por-
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na ventura, etc.
frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é
dividido em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, Preposição
subjetividade) e imperativo (ordem, pedido). É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo com-
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato ex- plete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes:
presso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: pre-
sente, passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito)
e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: pre-
sente, pretérito imperfeito e futuro.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções,
apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.

• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas


é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten-
der o estudo da Sintaxe.

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que li- Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
gam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
determinante e o outro é determinado). verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Conjunções Coordenativas • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
Tipos Conjunções Coordenativas • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Aditivas e, mas ainda, mas também, nem... Concordância nominal


contudo, entretanto, mas, não obstante, no Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
Adversativas artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
entanto, porém, todavia...
ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
Alternativas
quer… atento, também, aos casos específicos.
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
Conclusivas o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
conseguinte, por isso, portanto...
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
pois (antes do verbo), porquanto, porque,
Explicativas • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
que...
japonesa.
• Conjunções Subordinativas Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
Tipos Conjunções Subordinativas vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
Causais Porque, pois, porquanto, como, etc. tantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.
Embora, conquanto, ainda que,
Concessivas
mesmo que, posto que, etc. Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar
Se, caso, quando, conquanto que, tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti-
Condicionais vos (sendo usado no plural):
salvo se, sem que, etc.
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arru-
Conforme, como (no sentido de mada.
Conformativas
conforme), segundo, consoante, etc. • Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arru-
Para que, a fim de que, porque (no mados.
Finais
sentido de que), que, etc.
Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou
À medida que, ao passo que, à
Proporcionais de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
proporção que, etc.
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão
Quando, antes que, depois que, até entre os melhores escritores brasileiros.
Temporais
que, logo que, etc.
Que, do que (usado depois de mais, Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito
Comparativas ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
menos, maior, menor, melhor, etc.
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
Que (precedido de tão, tal, tanto), • O operário e sua família estavam preocupados com as conse-
Consecutivas
de modo que, De maneira que, etc. quências do acidente.
Integrantes Que, se.

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LÍNGUA PORTUGUESA

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em
deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração prin- caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
cipal ao qual o pronome faz referência: masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos
• Foi Maria que arrumou a casa. à escola / Amanhã iremos ao colégio.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o A regência estuda as relações de concordâncias entre os ter-
verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quan- mos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes.
to com o próprio nome, na 3ª pessoa do singular: Dessa maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa. o termo regido (complemento).

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do
como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa
do singular: relação é sempre intermediada com o uso adequado de alguma
• Nenhum de nós merece adoecer. preposição.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, Regência nominal


porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser
Exceto caso o substantivo vier precedido por determinante: um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome
sumiram. ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma prepo-
sição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras
que pedem seu complemento:
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL (CRASE)

PREPOSIÇÃO NOMES
Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma
só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de- acessível; acostumado; adaptado; adequado;
marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não agradável; alusão; análogo; anterior; atento;
é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão. benefício; comum; contrário; desfavorável;
Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em- devoto; equivalente; fiel; grato; horror;
A
prego da crase: idêntico; imune; indiferente; inferior; leal;
• Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu- necessário; nocivo; obediente; paralelo;
na. posterior; preferência; propenso; próximo;
• Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica- semelhante; sensível; útil; visível...
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas. amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo;
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito convicto; cúmplice; descendente; destituído;
estresse. devoto; diferente; dotado; escasso; fácil;
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei- DE feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno;
xando de lado a capacidade de imaginar. inimigo; inseparável; isento; junto; longe;
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima medo; natural; orgulhoso; passível; possível;
à esquerda. seguro; suspeito; temeroso...

Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- opinião; discurso; discussão; dúvida;
se: SOBRE insistência; influência; informação;
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé. preponderante; proeminência; triunfo...
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- acostumado; amoroso; analogia;
mos uma reunião frente a frente. compatível; cuidadoso; descontente;
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te mal; misericordioso; ocupado; parecido;
atender daqui a pouco. relacionado; satisfeito; severo; solícito;
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça triste...
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras. abundante; bacharel; constante; doutor;
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha erudito; firme; hábil; incansável; inconstante;
fica a 50 metros da esquina. EM
indeciso; morador; negligente; perito;
prático; residente; versado...
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. atentado; blasfêmia; combate; conspiração;
/ Dei um picolé à minha filha. CONTRA declaração; fúria; impotência; litígio; luta;
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei protesto; reclamação; representação...
minha avó até à feira. PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à
Ana da faculdade.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado em tópicos anteriores.

COESÃO; COERÊNCIA

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundan- Dois-pontos ( : )
te, ainda que seja expressa com palavras diferentes. Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação
si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumenta- (discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
ção. distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa.
tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações no- Ponto e vírgula ( ; )
vas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à pro- Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o
gressão de ideias. ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas,
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume-
Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomen- ração (frequente em leis), etc.
dáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimen- Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam-
to de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao bém uma linda decoração e bebidas caras.
longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do
leitor; e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessan- Travessão ( — )
tes e pouco previsíveis. Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta-
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter-
PONTUAÇÃO calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de
um diálogo, com ou sem aspas.
Pontuação Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
CHARA, 2009, p. 514) tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon- rem uma nova inserção.
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos vernador)
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ],
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses Aspas ( “ ” )
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
Ponto ( . ) especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau- apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
reticências.
Estaremos presentes na festa. Vírgula
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
Ponto de interrogação ( ? ) ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati- disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica. vírgula:
Você vai à festa? 1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
mos” o momento certo de fazer uso dela.
Ponto de exclamação ( ! ) 2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama- alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
tiva. leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
Ex: Que bela festa! cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
Reticências ( ... ) tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou menos importante e que pode ser colocada depois.
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo. Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
Ex: Essa festa... não sei não, viu. Maria foi à padaria ontem.
Sujeito Verbo Objeto Adjunto

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LÍNGUA PORTUGUESA
Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor- • Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen-
re por alguns motivos: tido completo. 
1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado. Os jornais publicaram a notícia.
2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos. Silêncio! 
3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
verbo e o adjunto. • Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma
locução verbal.
Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem Este filme causou grande impacto entre o público.
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula A inflação deve continuar sob controle.
é necessária:
Ontem, Maria foi à padaria. • Período Simples: formado por uma única oração.
Maria, ontem, foi à padaria. O clima se alterou muito nos últimos dias.
À padaria, Maria foi ontem.
• Período Composto: formado por mais de uma oração.
Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces- O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.
sário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera- Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período.
ção. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a • Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
serem observadas na redação oficial. O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Separa aposto. • Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica. A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Separa vocativo. • Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo
Brasileiros, é chegada a hora de votar. direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da pre-
• Separa termos repetidos. posição.
Aquele aluno era esforçado, esforçado. A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- • Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transi-
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, tivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com preposição. 
efeito, digo. Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, João gosta de beterraba.
ou seja, de fácil compreensão. • Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime
determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- um verbo, adjetivo ou advérbio.
tos). O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Vamos sair do mar.
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) • Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem prati-
ca a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
• Separa orações coordenadas assindéticas. Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as • Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um subs-
ideias na cabeça... tantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação
de um verbo.
• Isola o nome do lugar nas datas. Um casal de médicos eram os novos moradores do meu pré-
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. dio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa no-
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa mes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicio-
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões nado.
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor- A realização do torneio teve a aprovação de todos.
mações comprovam, etc. • Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao su-
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame- jeito da oração.
nizar o problema. A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao
objeto direto ou indireto da oração.
SINTAXE (FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO; TERMOS ESSEN- O médico considerou o paciente hipertenso.
CIAIS, INTEGRANTES E ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO) • Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou
identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equi-
valentes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo • Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita quem se dirige a palavra.
coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al- Senhora, peço aguardar mais um pouco.
gumas questões importantes:

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LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas


Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela  ora  quer comer hambúrguer,  ora quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante,  portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

Tipos de orações subordinadas


As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de
Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Causais Estou vestida assim porque vou sair.


Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

EXERCÍCIOS

1. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO se
fundamenta em intertextualidade é:
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido há muito tempo.”
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se mete onde não é chamada.”
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente mesmo!”
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo, tudo bem.”
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.”

2. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
(E) “solidária”, “área”, “após”.

3. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo exclusivo
de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse objetivo é a seguinte:
(A) pôr.
(B) ilhéu.
(C) sábio.
(D) também.
(E) lâmpada.

4. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco palavras:
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra-vermelho.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, infra-assinado.

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
trarregra. cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra-
-mencionado. 9. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
mente correta a pontuação do seguinte período:
5. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – 2003) (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
Indique o item em que todas as palavras estão corretamente em- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
pregadas e grafadas. nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- sem importância, ditam o rumo de toda a história.
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
qualquer excesso e violência. pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
(B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata- providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem importância, ditam o rumo de toda a história.
suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
isso, num modo de intervenção específico. pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
(C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento sem importância, ditam o rumo de toda a história.
em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol- (D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
ta que ambos possam suscitar. pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po- providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o importância, ditam o rumo de toda a história.
corpo dos supliciados. (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
(E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con- nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
sem importância, ditam o rumo de toda a história.
trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
organização em delinqüência.
10. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) –
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo
6. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR –
mesmo processo de formação é:
2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso;
(A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
extraordinária de imitar vários estilos musicais.
(C) deslealdade, colunista, incrível;
(B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti- (D) anoitecer, festeiro, infeliz;
mentos pessoais por meio de sua música. (E) reeducação, dignidade, enriquecer.
(C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
composições do músico na cultura ocidental. 11. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo- 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona- cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
gens. utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
(E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se palavra primitiva foi formada respectivamente é:
deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração. (A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
tica (en + trist + ecer);
7. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode ser (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma pa- (en + triste + cer);
drão na seguinte sentença: (C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. tética (en + trist + ecer);
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. (D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe. xal (des + entristecer);
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. (E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso. ca (des + entristecer).

8. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM 12. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
pontuação em: formada por derivação:
(A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi- (A) parassintética;
dados e retirou-se da sala: era o final da reunião. (B) prefixal;
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra- (C) sufixal;
teiramente pela porta? (D) imprópria;
(C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se (E) regressiva.
tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
(D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui- 13. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do
to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é:
irmãos e o mundo mágico dos brinquedos. (A) pronome;
(B) adjetivo;

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) advérbio; 19. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
(D) substantivo; “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
(E) preposição. que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
14. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). marcada com o acento, EXCETO em:
(A) Pronome demonstrativo. (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
(B) Pronome relativo. (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
(C) Pronome possessivo. eleitorado pelo resultado final.
(D) Pronome pessoal. (C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema.
(E) Pronome indefinido. (D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú-
vel.
15. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na (E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis-
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba- tema.
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli-
nhados classificam-se, respectivamente, em 20. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração e
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um (a):
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. “A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. americanas, entre na fila.”
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. subordinadas.
(B) Período, composto por três orações.
16. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2011) (C) Oração, pois possui sentido completo.
Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta. (D) Período, pois é composto por frases e orações.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
21. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS –
(B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor-
(C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda
35% deles fosse despejado em aterros.
oração.
(D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
(A) Oração coordenada assindética aditiva.
(E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(B) Oração coordenada sindética aditiva.
de lixo.
(C) Oração coordenada sindética adversativa.
(D) Oração coordenada sindética explicativa.
17. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012) (E) Oração coordenada sindética alternativa.
Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
de concordância no texto abaixo. 22. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
O bom desempenho do lado real da economia proporcionou a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra- exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo- orações.
ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de- (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as sativa.
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição (B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan- (C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi-
ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de tiva.
salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa (D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu-
Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência tiva.
social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital, (E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF. bial consecutiva.
(A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
plural em “deflacionados”. 23. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana-
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural lise sintaticamente a oração em destaque:
em “Elevaram-se”. “Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen-
(C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as sados” (Machado de Assis).
regras de concordância com “economia”.
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal.
(D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(B) oração subordinada adverbial causal.
singular em “fez aumentar”.
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida.
(E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(D) oração coordenada sindética conclusiva.
com “relevantes”.
(E) oração coordenada sindética explicativa.
18. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
– 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
(B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) Ele gosta de bife à cavalo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
24. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- dade à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser judiciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
(A) subordinada substantiva predicativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva; 27. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
(C) subordinada substantiva subjetiva; I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
(D) subordinada substantiva objetiva direta; fato.
(E) subordinada adjetiva explicativa. II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
gênero textual editorial.
25. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são que se trata de uma reportagem.
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, se trata de um editorial.
mas nunca à custa de nossos filhos...”
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- Analise as assertivas e responda:
dética adversativa; (A) Somente a I é correta.
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex- (B) Somente a II é incorreta.
plicativa; (C) Somente a III é correta
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- (D) A III e IV são corretas.
bial concessiva;
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada 28. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que
sindética adversativa; ainda suja o Brasil”:
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con- I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
cessiva. no desenvolvimento do assunto.
II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
26. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe- blemas no uso de conjunções e preposições.
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a de palavras e da ordem sintática.
história.”, a oração sublinhada é classificada como: IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
(A) coordenada assindética; temática e bom uso dos recursos coesivos.
(B) subordinada substantiva completiva nominal;
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; Analise as assertivas e responda:
(D) subordinada substantiva apositiva. (A) Somente a I é correta.
Leia o texto abaixo para responder a questão. (B) Somente a II é incorreta.
A lama que ainda suja o Brasil (C) Somente a III é correta.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br) (D) Somente a IV é correta.

A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um Leia o texto abaixo para responder as questões.
dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de UM APÓLOGO
um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio Machado de Assis.
Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam- Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola-
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica- da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de — Deixe-me, senhora.
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro- — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro, com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica, der na cabeça.
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
se tornou uma bomba relógio na região.” Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem riscos o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos
de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Segun- outros.
do o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos 16 — Mas você é orgulhosa.
barragens de mineração em todo o País apresentam condições de — Decerto que sou.
insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar ór- — Mas por quê?
gãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015, do ama, quem é que os cose, senão eu?
senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo mar- que quem os cose sou eu, e muito eu?
co regulatório da mineração, por sua vez, também concede priori-

37
LÍNGUA PORTUGUESA
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en-
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
isto uma cor poética. E dizia a agulha: Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e mando...” (L.14-15)
e acima… (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que abaixo e acima.” (L.25-26)
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli- e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que 30. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
perguntou-lhe: (A) dimensão e pejoratividade;
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da (B) afetividade e intensidade;
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que (C) afetividade e dimensão;
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para (D) intensidade e dimensão;
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? (E) pejoratividade e afetividade.
Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça 31. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: — Anda, mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai go- tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
zar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis- ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)
se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
muita linha ordinária! Agulha não tem cabeça.” (L.06)
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um
29. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13)
e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona- (D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi-
gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique nária!” (L.43)
a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os (E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?”
elementos dos textos: (L.25)

32. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo


metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre-
sente no texto:
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho;

38
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, 37. (IF BAIANO - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – IF-BA –
______________________________________________________
cada sujeito possui atribuições próprias. 2019)
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- ______________________________________________________
Acerca de seus conhecimentos em redação oficial, é correto
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do afirmar que o vocativo adequado a um texto no padrão ofício desti-
sujeito. ______________________________________________________
nado ao presidente do Congresso Nacional é
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, (A) Senhor Presidente.
______________________________________________________
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. (B) Excelentíssimo Senhor Presidente.
(C) Presidente.
______________________________________________________
33. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- (D) Excelentíssimo Presidente.
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a (E) Excelentíssimo Senhor.
_____________________________________________________
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase
acima, na ordem dada, as expressões: _____________________________________________________
38. (CÂMARA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - AUXILIAR
(A) a que – de que; ADMINISTRATIVO - INSTITUTO AOCP - 2019 )
(B) de que – com que; ______________________________________________________
Referente à aplicação de elementos de gramática à redação ofi-
(C) a cujas – de cujos; cial, os sinais de pontuação estão ligados à estrutura sintática e têm
______________________________________________________
(D) à que – em que; várias finalidades. Assinale a alternativa que apresenta a pontuação
(E) em que – aos quais. que pode ser utilizada em lugar da vírgula para dar ênfase ao que
______________________________________________________
se quer dizer.
34. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008) (A) Dois-pontos.
______________________________________________________
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. (B) Ponto-e-vírgula.
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de ______________________________________________________
(C) Ponto-de-interrogação.
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe- (D) Ponto-de-exclamação.
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a ______________________________________________________
maior taxa registrada na última década. 39. (UNIR - TÉCNICO DE LABORATÓRIO - ANÁLISES CLÍNICAS-
(B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que ______________________________________________________
AOCP – 2018) 
serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a Pode-se dizer que redação oficial é a maneira pela qual o Poder
______________________________________________________
conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). Público redige atos normativos e comunicações. Em relação à reda-
(C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento ção de documentos oficiais, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO,
______________________________________________________
em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em os itens a seguir.
que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am- A língua tem por objetivo a comunicação. Alguns elementos
pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de são necessários para a comunicação: a) emissor, b) receptor, c) con-
novas fontes de petróleo. teúdo, d) código, e) meio de circulação, f) situação comunicativa.
(D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente, Com relação à redação oficial, o emissor é o Serviço Público (Minis-
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí- tério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção). O assunto
da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação é sempre referente às atribuições do órgão que comunica. O desti-
menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina. natário ou receptor dessa comunicação ou é o público, o conjunto
(E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia, dos cidadãos, ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros
com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro Poderes da União.
da América Latina, o organismo internacional está atribuindo ( ) CERTO
um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do ( ) ERRADO
que o do Brasil.
40. (IF-SC - ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO- IF-SC - 2019 )
35. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – Determinadas palavras são frequentes na redação oficial. Con-
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, forme as regras do Acordo Ortográfico que entrou em vigor em
o seguinte par de palavras: 2009, assinale a opção CORRETA que contém apenas palavras gra-
(A) estrondo – ruído; fadas conforme o Acordo.
(B) pescador – trabalhador; I. abaixo-assinado, Advocacia-Geral da União, antihigiênico, ca-
(C) pista – aeroporto; pitão de mar e guerra, capitão-tenente, vice-coordenador.
(D) piloto – comissário; II. contra-almirante, co-obrigação, coocupante, decreto-lei, di-
(E) aeronave – jatinho. retor-adjunto, diretor-executivo, diretor-geral, sócio-gerente.
III. diretor-presidente, editor-assistente, editor-chefe, ex-dire-
36. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA tor, general de brigada, general de exército, segundo-secretário.
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma IV. matéria-prima, ouvidor-geral, papel-moeda, pós-graduação,
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é pós-operatório, pré-escolar, pré-natal, pré-vestibular; Secretaria-
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque -Geral.
tem como antônimo: V. primeira-dama, primeiro-ministro, primeiro-secretário, pró-
(A) fortuna; -ativo, Procurador-Geral, relator-geral, salário-família, Secretaria-
(B) opulência; -Executiva, tenente-coronel.
(C) riqueza;
(D) escassez; Assinale a alternativa CORRETA:
(E) abundância. (A) As afirmações I, II, III e V estão corretas.
(B) As afirmações II, III, IV e V estão corretas.
(C) As afirmações II, III e IV estão corretas.
(D) As afirmações I, II e IV estão corretas.

39
LÍNGUA PORTUGUESA
(E) As afirmações III, IV e V estão corretas. 24 A
41. ( PC-MG - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - FUMARC – 2018) 25 D
Na Redação Oficial, exige-se o uso do padrão formal da língua. 26 B
Portanto, são necessários conhecimentos linguísticos que funda-
mentem esses usos. 27 C
Analise o uso da vírgula nas seguintes frases do Texto 3: 28 D
1. Um crime bárbaro mobilizou a Polícia Militar na Região de
29 E
Venda Nova, em Belo Horizonte, ontem.
2. O rapaz, de 22 anos, se apresentou espontaneamente à 9ª 30 D
Área Integrada de Segurança Pública (Aisp) e deu detalhes do crime. 31 D
3. Segundo a polícia, o jovem informou que tinha um relaciona-
mento difícil com a mãe e teria discutido com ela momentos antes 32 D
de desferir os golpes. 33 A

INDIQUE entre os parênteses a justificativa adequada para uso 34 D


da vírgula em cada frase. 35 E
( ) Para destacar deslocamento de termos.
36 D
( ) Para separar adjuntos adverbiais.
( ) Para indicar um aposto. 37 B
38 B
A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(A) 1 – 2 – 3. 39 A
(B) 2 – 1 – 3. 40 E
(C) 3 – 1 – 2.
41 C
(D) 3 – 2 – 1.

GABARITO ANOTAÇÕES

______________________________________________________
1 E
2 A ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 B
______________________________________________________
6 C
7 B ______________________________________________________
8 E ______________________________________________________
9 A
______________________________________________________
10 A
11 A ______________________________________________________

12 D ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 E
______________________________________________________
15 B
16 E ______________________________________________________
17 A ______________________________________________________
18 A
______________________________________________________
19 D
20 B ______________________________________________________

21 C ______________________________________________________
22 C ______________________________________________________
23 E

40
GEOGRAFIA
1. Características gerais do estado do rio de janeiro - reconhecer as relações entre sociedade e o ambiente natural no estado do rio de
janeiro, destacando os impactos ambientais produzidos e as influências dos elementos naturais na sociedade fluminense . . . . . 01
2. Identificar as principais regiões do estado e suas características gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Apresentar noções básicas sobre a geografia do município do rio de janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
4. Reconhecer aspectos gerais do processo de favelização e suas características atuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
5. Identificar em textos e gráficos situações problema típicas da sociedade fluminense e reconhecer formas de reduzir os problemas
gerados em tais situações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
6. Apresentar noções de localização espacial dentro do estado do rio de janeiro a partir da utilização de mapas . . . . . . . . . . . 15
GEOGRAFIA
dos da natureza sobre a sociedade. Um exemplo seria o Aque-
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ESTADO DO RIO DE cimento Global, fruto da poluição e da degradação ambiental
JANEIRO - RECONHECER AS RELAÇÕES ENTRE SOCIE- (embora, no meio científico, essa teoria não seja um consenso).
DADE E O AMBIENTE NATURAL NO ESTADO DO RIO DE Portanto, é preciso considerar que, independente da forma
JANEIRO, DESTACANDO OS IMPACTOS AMBIENTAIS com que se estabelece essa complexa relação entre natureza e
PRODUZIDOS E AS INFLUÊNCIAS DOS ELEMENTOS sociedade, é preciso entender que os seres humanos precisam
NATURAIS NA SOCIEDADE FLUMINENSE
conservar o espaço natural, sobretudo no sentido de garantir a
existência dos recursos e dos meios inerentes a eles para as so-
ciedades futuras. A evolução das técnicas, nesse ínterim, precisa
Sociedade e Natureza acontecer no sentido de garantir essa dinâmica.
Desde a constituição das primeiras sociedades e o surgi-
mento das primeiras civilizações, observa-se a existência de uma Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/socie-
intensa e nem sempre equilibrada relação entre sociedade e na- dade-natureza.htm
tureza. Essa relação diz respeito às formas pelas quais as ações
humanas transformam o meio natural e utilizam-se deste para o
seu desenvolvimento. Além do mais, diz respeito também à for- Impactos Ambientais no Estado do Rio de Janeiro
ma pela qual as composições naturais – seres vivos, relevo, clima O presente artigo pretende identificar, discutir e entender
e recursos naturais – interferem nas dinâmicas sociais. alguns dos principais impactos ambientais urbanos que ocorrem
Por esse motivo, é importante entender a complexidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, tais como: movimen-
com que se estabelece a interação entre natureza e ação huma- tos de massa, inundações, enchentes e alagamentos.
na, pois, mesmo com a evolução dos diferentes instrumentos Resultado de reflexões que se acumularam aos poucos, a
tecnológicos e das formas de construção da sociedade, a utiliza- partir de observações e pesquisas, esse artigo foi sendo organi-
ção e transformação dos elementos naturais continuam sendo zado considerando algumas idéias básicas para compreensão do
de fundamental relevância. tema proposto, como por exemplo os de região metropolitana,
Originalmente, os primeiros agrupamentos humanos, que impactos ambientais e impactos ambientais urbanos. Acrescen-
eram nômades, utilizavam-se da natureza como habitat e tam- te-se a essas reflexões as experiências no dia-a-dia do autor, que
bém para a extração de alimentos. Com o passar do tempo, a sendo morador dessa região do estado, a qual é tema, buscou
constituição da agricultura no período neolítico possibilitou a formular interpretações de sua realidade, o que gerou diversas
instalação fixa das primeiras sociedades e, por extensão, o de- análises que foram devidamente expostas em nossa pesquisa.
senvolvimento de diferentes civilizações. Isso foi possível graças Nossa intenção é os relatos dos principais impactos ambien-
à evolução ocorrida nas técnicas e nos instrumentos técnicos, tais urbanos que ocorrem na Região Metropolitana do Rio de Ja-
que permitiram o cultivo e a administração dos elementos na- neiro fiquem claros, de modo que possam servir de contribuição
turais. para outras pesquisas.
Com o tempo, as sociedades tornaram-se cada vez mais de-
senvolvidas e, consequentemente, produziram transformações IMPACTOS AMBIENTAIS URBANOS NA REGIÃO METROPO-
cada vez mais avançadas em seus sistemas de técnicas, gerando LITANA DO RIO DE JANEIRO
um maior poder de construção e transformação do espaço geo- Segundo resolução do CONAMA (conselho nacional de meio
gráfico e os consequentes impactos sobre a natureza. Portanto, ambiente), Nº 1 de 23 de janeiro de 1986 em art. 1, considera-se
a influência da ação humana sobre a dinâmica natural tornou-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,
gradativamente mais complexa. químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
Essa influência acontece de muitas formas e perspectivas, forma de matéria ou energia das atividades humanas que direta
como é o caso das consequências geradas pelo desmatamento, ou indiretamente afetam: I- a saúde, a segurança e o bem estar
retirada dos recursos do solo, alteração das formas de relevo da população; II- as atividades sociais e econômicas; III- a biota;
para o cultivo (como as técnicas de terraceamento desenvolvi- IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V- a
das pelos astecas), etc. Após o século XVIII, com o desenvolvi- qualidade dos recursos ambientais.
mento da Revolução Industrial, podemos dizer que os impactos Em consonância com o CONAMA, COELHO (2006) define im-
da sociedade sobre o meio natural intensificaram-se de maneira pacto ambiental como o processo de mudanças sociais e eco-
jamais vista, propiciando uma união de fatores que levou ao ace- lógicas causado por perturbações (uma nova ocupação e/ou
leramento da geração de impactos ambientais. construções de um objeto novo: uma usina, uma estrada ou uma
Mas é preciso considerar que a natureza também gera im- indústria) no ambiente. Impacto ambiental diz respeito ainda, à
pactos sobre a sociedade. Essa perspectiva é de necessária com- evolução conjunta das condições sociais e ecológicas estimula-
preensão para que não se considere o espaço natural como um das pelos impulsos das relações entre forças externas e internas
meio estático, passivo, sem ação. Um exemplo mais evidente à unidade espacial e ecológica, histórica ou socialmente deter-
disso envolve os desastres naturais, como a passagem de um minada.
forte ciclone sobre uma cidade ou a ocorrência de um intenso Existem impactos ambientais espalhados por diferentes
terremoto. Essas são apenas algumas das muitas formas com espaços, mas existe um local onde sua proliferação ocorre de
que a natureza pode gerar mudanças no espaço geográfico e na forma mais acentuada e mais perceptível, que é nos sistemas
constituição das ações humanas. urbanos. Dentro desses sistemas, os espaços ocupados pelas ati-
Em muitas abordagens, considera-se que há uma interação vidades produtivas e pelos indivíduos vão ser distintos, variando
muitas vezes caótica e até reativa entre a natureza e a socieda- conforme alguns fatores. O principal fator que determinará a
de. Nesse ponto de vista, entende-se que os impactos gerados espacialidade e o lugar onde o indivíduo irá ocupar é a socie-
sobre a natureza reverberam, cedo ou tarde, em impactos gera- dade de classes. A partir daí, concluímos que os impactos am-

1
GEOGRAFIA
bientais não vão ser uniformes, vão variar conforme a classe so- Os movimentos de massa ocorrem em diferentes escalas e
cial concentrada no espaço físico impactado. Assim, concluímos velocidades, variando de rastejamentos a movimentos muito
que nos espaços de população menos favorecida a intensidade rápidos. Os movimentos rápidos são denominados generica-
dos impactos ambientais vão ser maior. Sobre o tema COELHO mente de deslizamentos e tombamentos, e são muito comuns
(2006:27) sintetiza: de ocorrerem dentro da dinâmica urbana de uma região metro-
“Os problemas ambientais (ecológicos) não atingem igual- politana, já que sofrem grande influência das atividades antró-
mente todo o espaço urbano . Atingem muito mais os espaços picas. Os deslizamentos e tombamentos são deflagrados pelo
físicos de ocupação das classes sociais menos favorecidas do aumento de solicitação de mobilização de material e pela redu-
que as das classes mais elevadas . A distribuição espacial das ção da resistência do material (ação desagregadora de raízes,
primeiras está associada a desvalorização do espaço, quer pela rastejamentos, textura e estrutura favoráveis à instabilização).
proximidade dos leitos de inundação dos rios, das indústrias, de Estes processos são partes da dinâmica natural, mas tornam-se
usinas termonucleares, quer pela insalubridade...” um problema quando encontram-se relacionados à ocupação
humana, ou seja, quando em áreas naturalmente potenciais à
Os impactos ambientais urbanos são em sua maioria re- sua ocorrência são induzidas pela ação antrópica, que ocorrem
sultantes de processos como reduções da cobertura vegetal, através de construções de fixos urbanos como estradas, túneis e
impermeabilização do solo e assoreamento das bacias fluviais. habitações mal planejadas. Nessa perspectiva de relação entre
Esses fatos acarretam na redução do potencial de infiltração de eventos naturais e ação antrópica, o fenômeno é enquadrado
água das chuvas no solo urbano, que sobrecarregam as redes como sendo de risco, ou seja, fenômenos de origem natural ou
de drenagem e que acabam não dando vazão, por já estarem induzidos antropicamente e que acarretam prejuízos aos com-
obstruídas por ocupações humanas. Além disso, o caminho final ponentes do meio biofísico e social, como veremos no transcor-
dessas águas são os rios, que no espaço urbano encontram-se rer de nosso trabalho.
extremamente entulhados e assoreados por sedimentos e detri- Nos países subdesenvolvidos e de clima tropical os movi-
tos industriais e domésticos. Tais fatos, intensificam nas cidades mentos de massa vem se tornando um problema que vem se
diversos problemas ambientais urbanos, como os processos de acentuando cada vez mais no meio urbano. Isso vem o ocorren-
erosão em encostas, com destaque para os movimentos de mas- do em função do aumento da população urbana, que tem levado
sa, além das inundações, alagamentos e enchentes. à ocupação de áreas de encostas para moradia, principalmente
por parte da população de baixa renda. Essa situação tem leva-
Os fenômenos urbanos das inundações, alagamentos e en-
do ao aumento da freqüência desses fenômenos nos grandes
chentes, apesar de serem tratados nos veículos de telecomu-
centros urbanos, gerando em alguns casos, grandes catástrofes.
nicações de forma genérica, são acontecimentos distintos. De
Antes de colocarmos em prática nossas análises sobre im-
acordo com o Manual de Desastres ambientais (1998) as inunda-
pactos ambientais em nosso objeto de estudo, a Região Metro-
ções podem ser definidas como o transbordamento de água pro-
politana do Rio de Janeiro, convém defini-la, localizá-la e carac-
veniente de rios, lagos ou açudes. Já alagamento, segundo esse
terizá-la socialmente e geograficamente.
mesmo manual, ocorre quando as águas ficam acumuladas nos
Segundo o CIDE (2010) a Região metropolitana do Rio de
leitos das ruas e no perímetro urbano em função de um sistema
Janeiro é composta por 16 municípios, a saber: Rio de Janeiro,
de drenagem deficiente. Por fim, as enchentes se caracterizam
Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri,
pela elevação das águas de forma paulatina e previsível, man- Magé, Maricá, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Queimados, São
tendo-se em situação de cheia durante algum tempo e a seguir Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá. Segundo da-
escoam-se gradativamente. Para Ward apud Rosa (2010), o fe- dos do IBGE (2008), a Região Metropolitana do Rio de Janeiro
nômeno da enchente está relacionado ao relevo, ao solo e a fal- apresenta uma população de 11,9 milhões de pessoas, tendo a
ta de cobertura vegetal, que são elementos colaboradores para maior taxa de urbanização do país, alcançando no ano de 2000,
a ocorrência, duração e intensidade desse evento. Para esse au- segundo dados do Censo demográfico, o porcentual de 99,3%
tor, a pluviosidade é uma variável secundária, já que as caracte- de pessoas habitando áreas urbanas. Essa região apresenta em
rísticas do sítio e a conseqüente ação antrópica na mudança da seu sítio características peculiares, já que apresenta fisicamente
dinâmica natural do solo, relevo e vegetação é que intensifica o formas muito complexas e distintas. Para começar esta região,
problema das enchentes urbanas. de maneira geral, situa-se entre o litoral, que incluí a Baía de
Os problemas ambientais em encostas estão relacionadas Guanabara, e a Serra do Mar. Entre esses dois pontos localizá-se
à topografia de uma superfície, mantendo uma relação indisso- uma área de baixada, formada por uma área de planície. Espa-
ciável a qualquer evento que diminua ou elimine a cobertura lhados ao longo dessa planície aparecem marrotes arredonda-
protetora da vegetação natural ou danifique a estrutura do solo, dos com altitudes compreendidas entre 30 e 100 metros de alti-
contribuindo para o início ou aceleração de processos erosivos tude, além de alguns maciços costeiros, como os do Mendanha,
em encostas, como os movimentos de massa. Gerecinó e Pedra Branca. Também não podemos deixar de citar
A dinâmica de um relevo de encosta tem relação tanto com que nessa área de Baixada situa-se uma vasta rede hidrográfica,
a interação de variáveis endógenas, como o tipo e estrutura das formada por um grande número de rios e canais, que são ali-
rochas e as atividades tectônicas, quanto exógenas, como as va- mentados através do lençol freático e/ou pelo escoamento de
riáveis climáticas, atuação de fauna e flora, etc (CHRISTOFOL- água das escarpas da Serra do Mar ou Maciços costeiros.
LETTI, 1974). Como parte dessa dinâmica ocorre os movimentos Outro aspecto importante a ser citado quando se fala em
de massa, que envolvem o desprendimento e transporte de solo impactos ambientais urbanos na RMRJ (Região Metropolitana
ou material rochoso vertente abaixo. A mobilização desse mate- do Rio de Janeiro) é o clima. Nessa região predomina o clima
rial está ligada à sua condição de instabilidade, devido à atuação tropical semi-úmido, com chuvas abundantes no verão, que é
da gravidade, podendo ser acelerada pela ação de outros agen- muito quente e invernos secos, com temperaturas amenas. A
tes, como a água. temperatura média anual é de 22 °C a 24 °C e o índice pluviomé-
trico fica entre 1.000 a 1.500 milímetros anuais.

2
GEOGRAFIA
Todos os aspectos citados anteriormente, como a urbaniza- vesse em boas condições e que fosse usada de maneira correta.
ção, número de habitantes, localização, características do sítio e Mas, segundo Ross, essa ação é complicada pois envolve muitas
clima da RMRJ, são agentes ativos que agem de forma integrada pessoas”.
na propagação dos impactos ambientais urbanos nessa região Então, analisando todos os relatos anteriores, percebemos
fluminense. A seguir faremos uma análise dos principais impac- que a região Metropolitana do Rio de Janeiro em função de sua
tos ambientais urbanos que ocorrem na região metropolitana topologia, de suas condições climáticas e de seus aspectos so-
do Rio de Janeiro. ciais, relacionados principalmente aos aspectos da segregação
Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro as áreas de en- espacial, é uma região susceptível a ocorrência de movimentos
costas, em via de regra, são locais desprezados e desvalorizados de massa.
dentro do espaço urbano, sendo ocupados normalmente por Os impactos ambientais urbanos, relacionados às inunda-
grupos sociais de baixa renda, constituindo nos maciços e mar- ções, enchentes ou alagamentos, que ocorrem dentro dos limi-
rotes da RMRJ, moradias irregulares e favelas. tes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, estão intimamen-
SOUZA (2000) explica que esses sítios comportam riscos e, te relacionados à ocupação de margens de rios, que ocorrem
diz ainda, que sob as condições de um clima tropical úmido, o muito em função da falta de estrutura de algumas cidades em
intenso intemperismo químico, que afeta as rochas cristalinas realizar um planejamento urbano, onde se evite a ocupação des-
dos maciços costeiros do Rio de Janeiro, mais a falta de cobertu- sas áreas. Essas ocupações em primeiro lugar dizimam as matas
ra vegetal e impermeabilidade do solo, pode gerar mobilização ciliares, o que contribui para o assoreamento dos rios, já que
de material e desagregação dos blocos rochosos, gerando movi- acabam com a camada protetora que retém os sedimentos tra-
mentos de massa. zidos pelas águas através da drenagem. Além disso, a ocupação
Num período de temporais, notadamente no verão, tantos das margens dos rios dificulta o trabalho de limpeza e dragagem
os marrotes como os maciços costeiros da RMRJ ficam sujeitos desses, o que lhes mantém sempre assoreados e entulhados.
a riscos de tombamentos e deslizamentos, já que se tornaram Por conseqüência a população que margeia os rios e canais que
áreas instáveis em função de construções desordenadas de mo- cortam a RMRJ são importantes fatores de degradação ambien-
radias sem planejamento, causando destruição e até mesmo tal, já que esses moradores, normalmente, tem ligações clandes-
grandes catástrofes, com inúmeros desabrigados e até mesmo tinas de esgoto e a maioria joga detritos e lixo domésticos em
mortos. Foi o que ocorreu recentemente com o Morro do Bum- seus leitos, entulhando esses.
ba, no dia 07 de março de 2010 em Niterói. A reportagem a se- SOUZA (2000) diz que as margens de rios e canais são sujei-
guir do portal de notícias R7 (2010) retrata com fidelidade essa tas a riscos, sobretudo devido ao acúmulo de lixo nos canais, di-
situação: ficultando o escoamento das águas pluviais. Além desse fato, na
“Até a noite de quinta-feira (8), as chuvas no Rio de Janeiro região metropolitana do Rio de Janeiro, as habitações que mar-
já haviam matado mais do que o dobro do que em quatro meses geiam os rios se tornam obstáculos para o escoamento da água
de temporais no Estado de São Paulo. Geógrafos ouvidos pelo em períodos de elevada pluviosidade. Além disso, por se locali-
R7 apontam dois fatores para a tragédia provocada pela chuva zar numa área litorânea, a drenagem da RMRJ sofre influência
no Rio ter sido maior que em São Paulo: o relevo do Estado e a das marés, que em dias de frente fria fazem as ondas ficarem
natureza do fenômeno dos deslizamentos de terra, que diminui altas dificultando o escoamento. Todos esses fatos somados a
a chance de sobrevivência. impermeabilidade do solo urbano, em função de sua compacta-
Para o professor de geologia da UFF (Universidade Federal ção devido à falta de cobertura vegetal, acarretam em seguidos
Fluminense) Adalberto Silva, a natureza geográfica do Rio de Ja- problemas de drenagem na região metropolitana do Rio de Ja-
neiro, aliada à ocupação irregular nas encostas, acelerou o pro- neiro, o que em períodos de grandes chuvas vão gerar inunda-
cesso de deslizamentos. Ele explica que, em São Paulo, houve ções, alagamentos e enchentes. Também não podemos deixar
muitas enchentes, enquanto no Rio predominaram os desliza- de citar, no que se refere a esses problemas, que a maior parte
mentos de casas. As chances de sobreviver a esse tipo de aci- dessas áreas que sofrem com constantes problemas de alaga-
dente são pequenas. Isso porque as vítimas não têm tempo de mentos e inundações dentro da RMRJ são áreas de ecossistemas
reagir e a lama que desce das encostas acaba sufocando-as. originalmente inundáveis, como brejos, pântanos e várzeas.
Silva entregou um estudo à Prefeitura de Niterói, em 2004, A reportagem a seguir do jornal O Globo (2009) do dia 12 de
que apontava as áreas da cidade mais suscetíveis a desabamen- novembro relata com perfeição nossas análises acerca do assun-
tos. Para o geólogo, a tragédia é anunciada. Por isso, você en- to abordado anteriormente:
trega as informações ao poder público para ele tomar as pro- “A enchente que inundou a Baixada Fluminense, na noite
vidências necessárias. Ele tem ferramentas para analisar isso e de quarta-feira e ontem, não era difícil de ser prevista. O geó-
minimizar essas tragédias”. grafo Elmo Amador, especialista na Bacia da Baía de Guanaba-
“O geógrafo e professor da USP (Universidade de São Paulo) ra, explicou que a maior parte das áreas atingidas pela água foi
Jurandyr Ross concorda que a tragédia que ocorreu o Rio não construída em cima de ecossistemas originalmente inundáveis,
é para ser uma surpresa, pois as chuvas intensas são normais como brejos, pântanos e várzeas. A inundação na região foi fa-
na região. Ele destacou que a capital fluminense é construída, cilitada ainda pela geografia - uma grande área plana cercada
predominantemente, em uma planície costeira, que é facilmen- por serras -, pela urbanização excessiva das margens dos canais
te inundável. E, ao redor dessa planície, estão as montanhas da e rios e pelo assoreamento praticamente completo de alguns
Serra do Mar, muito inclinadas e ocupadas irregularmente. dos principais deltas de rios da região, como o Iguaçu e o Meriti,
São construções frágeis, em relevo frágil. Porque é muito com enormes ilhas de lixo e areia. Amador criticou a omissão do
inclinado. poder público, já que muitas zonas ocupadas eram regularizadas
Para os dois professores, a solução ideal seria que o poder pelos próprios administradores municipais: As áreas inundadas
público retirasse todas as pessoas que vivem nesses locais de são exatamente as que correspondiam aos ecossistemas úmidos,
risco e não abandonasse a área, garantindo que ela se manti- geralmente localizados ao nível do mar. É natural que isso ocor-

3
GEOGRAFIA
ra ali. Há uma nítida negligência do poder público, já que muitos Neste sentido, vamos apresentar cada uma destas regiões,
loteamentos nessas áreas são regularizados. Um exemplo claro ressaltando seus municípios, características e principais ativida-
desse problema é Campos Elíseos, em Duque de Caxias”. des exercidas.
Os impactos ambientais urbanos ocorridos na rede de dre-
nagem da Região Metropolitana do Rio de Janeiro não afetarão 1. Região Metropolitana
apenas os rios ou em seu entorno, mas vai gerar impactos em Municípios: Rio de Janeiro, Niterói, Belford Roxo, Duque de
seu destino final, o mar. No caso da RMRJ esses impactos vão Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis,
chegar até a Baía de Guanabara, que é o depósito final de mui- Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de
tos rios que cortam essa região, que por sua vez levam consigo Meriti, Seropédica e Tanguá.
muitos sedimentos e detritos. • Concentra mais de 80% da população do Estado e mais
de 60% do produto interno bruto.
CONCLUSÃO • 2º maior pólo industrial do país.
O objetivo deste artigo foi relatar os principais impactos am- • Grandes problemas sócio-ambientais (desemprego,
bientais urbanos que ocorrem na Região Metropolitana do Rio violência, pressão e poluição sobre os recursos naturais, desi-
de Janeiro, relacionados a duas variáveis de análise: áreas de gualdade sócio-espacial e exclusão social).
encosta e margens de rios.
As referências que adotamos serviram de fio condutor para 2. Região do Médio Vale do Paraíba
que nosso tema fosse contextualizado harmonicamente com Municípios: Resende, Volta Redonda, Porto Real, Barra
nosso objeto de estudo. Desta forma, foi de vital importância Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Barra do Piraí, Rio Claro, Valen-
para o entendimento de nossa pesquisa a conceituação de im- ça, Quatis e Rio das Flores.
pactos ambientais e a localização e configuração da Região me- • Região localizada no vale do rio Paraíba do Sul.
tropolitana do Rio de Janeiro. • Seu histórico de ocupação e degradação está associado
Por fim queremos deixar claro que o presente trabalho tem à atividade cafeeira.
como finalidade servir de contribuição para futuras pesquisas • É a região que mais cresce no interior do estado, devido
e, principalmente, aguçar a discussão em torno da questão am- à posição logística no eixo RJ-SP-BH.
biental na Região Metropolitana do Rio de Janeiro e estimular • A atividade industrial é bastante intensa, com a presen-
a introdução em nossa sociedade de um modelo de desenvolvi- ça de empresas como: CSN (Volta Redonda), Volkswagen (Re-
mento que reduza os impactos ambientais. sende), Michelin (Itatiaia), entre outras.
• Poluição atmosférica muito intensa, pela presença de
Fonte: https://www.webartigos.com/artigos/impactos-ambien- muitas industrias.
tais-urbanos-na-regiao-metropolitana-do-rio-de-janeiro/71113 • A presença do Parque Nacional de Itatiaia alavanca o
turismo na região e fortalece o setor de comércio e serviços em
cidades como Resende e Itatiaia.
IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS REGIÕES DO ESTADO E • Pecuária leiteira e agricultura em Valença, Barra Man-
SUAS CARACTERÍSTICAS GERAIS sa, Quatis e Resende.

O Estado do Rio de Janeiro está subdividido em 8 regiões 3. Região Centro-Sul Fluminense


de governo: Municípios: Três Rios, Areal Comendador Levy Gasparian,
1. Região Metropolitana Paraíba do Sul, Sapucaia, Vassouras, Paty dos Alferes, Mendes,
2. Região do Médio Vale do Paraíba Miguel Pereira e Engenheiro Paulo de Frontin.
3. Região Centro-Sul Fluminense • A produção cafeeira foi dinamizadora da região no pas-
4. Região Serrana sado.
5. Região das Baixadas Litorâneas • Três Rios como principal centro da região. Privilegiado
6. Região Norte Fluminense pelo entroncamento rodo-ferroviário e localização estratégica
7. Região Noroeste Fluminense entre MG e RJ.
8. Região da Costa Verde • Principais atividades econômicas: Metalurgia (Três
Rios), Alimentos, Mecânica, Cerâmica (Paraíba do Sul), Constru-
ção Civil (Miguel Pereira), entre outras.

4. Região Serrana
Municípios: Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Bom Jardim, Duas
Barras, Nova Friburgo, Sumidouro, Santa Maria Madalena, São
Sebastião do Alto, Trajano de Morais, Petrópolis, São José do
Vale do Rio Preto, Teresópolis e Macuco.
• Apresenta bons indicadores socioeconômicos, sendo
bem dinamizada nos setores da indústria, comércio e prestação
de serviços. Sofreu, nas últimas décadas, com o crescimento ur-
bano desordenado.
• Região sofre com os desastres naturais, devido aos in-
tensos deslizamentos de terra, normalmente, promovidos pelas
chuvas em abundância, principalmente no verão, gerando perda
de vida, bens materiais e abalo econômico na região e no estado.

4
GEOGRAFIA
• As terras cultivadas na região abastecem os municípios • A região está localizada na porção leste da Serra da
da região metropolitana. Mantiqueira.
• Contribuem para o desenvolvimento da agricultura: cli- • A agropecuária é a principal atividade econômica (pe-
ma e a rede hidrográfica, relevo, o solo e o índice pluviométrico. cuária leiteira). A estrutura fundiária é concentrada, os solos
• Atividade turística bastante desenvolvida, voltada para não são utilizados adequadamente e a pecuária é extensiva.
o turismo histórico (Petrópolis), turismo rural, ecoturismo, turis-
mo cultural (culturas alemãs e suíças) e o turismo de comércio 8. Região da Costa Verde
(pólos têxteis e moda íntima). Municípios: Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty.
• A industria têxtil tem um papel muito importante na *Inserção recente de Itaguaí e Mangaratiba.
região, chegando a exportar lingerie para diversos países. • É a região de menor extensão territorial.
• Possui ainda uma grande unidade de Mata Atlântica do
5. Região das Baixadas Litorâneas estado, além de diversos ecossistemas associados. Entretanto, esse
Municípios: Maricá, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, ecossistema vem sofrendo com a expansão de atividades urbanas.
São Pedro da aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Armação de Bú- • Na região existem diversas reservas ambientais.
zios, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Silva Jardim, Rio Bonito • Estão localizadas as Usinas Nucleares de Angra.
e Cachoeira de Macacu. • Turismo forte em Angra dos Reis e Paraty.
• A importância do fator clima na região: o clima entre
Arraial do Cabo e Cabo Frio é diferente do restante do estado, Fonte: http://pibidgeouff.blogspot.com/2013/10/regioes-de-
sendo um local que chove menos, venta mais e o número de dias -governo-do-estado-do-rio-de.html
ensolarados durante o ano é maior, o que estimula o turismo de
veraneio na região.
• Ressurgência - este fenômeno, característico da região, APRESENTAR NOÇÕES BÁSICAS SOBRE A GEOGRAFIA
impulsiona a indústria pesqueira em Cabo Frio. DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
• Turismo é a principal atividade, gerando diversas ou-
tras, como comércio e construção civil. Um dos primeiros territórios explorados pelos colonizado-
• Os ecossistemas de restingas e lagunas sofrem com a res portugueses, durante muito tempo a cidade do Rio de Ja-
pressão desordenada e a falta de políticas públicas para a con- neiro, localizada no estado homônimo, foi a capital do Brasil,
servação.
portanto, centro administrativo do país. Mesmo que desde a
• Outros dois setores da indústria muito importantes
década de 60 a capital seja Brasília, o estado ainda sedia muitos
são: a pesca e a produção de sal, este último em decadência pela
órgãos públicos.
pressão dos empreendedores imobiliários e pela concorrência
com a produção do Rio Grande do Norte.
Com o objetivo de realizar contratações para esses órgãos,
• Falta de infra-estrutura e crescimento desorganizado
anualmente uma série de editais de concursos e processos se-
impulsionado pela especulação imobiliária são os principais cau-
letivos são publicados. Embora o total domínio do conteúdo
sadores de problemas sócio-ambientais na região.
programático seja indispensável, a preparação antecipada e um
• Expansão das atividades não agrícolas.
bom material de apoio são fundamentais para o sucesso dos es-
6. Região Norte Fluminense
Municípios: Campos dos Goytacazes, Carapebus, Cardoso tudantes.
Moreira, Conceição de Macabu, Macaé, Quissamã, São Fidélis,
São Francisco de Itabapoana e São João da Barra. Nesses certames regionais, frequentemente aparecem
• Produção de etanol de cana-de-açúcar. questões específicas sobre o estado que sedia o órgão, e no Rio
• Solos férteis, relevo de planície, disponibilidade hídri- de Janeiro não é diferente. Por isso, candidatos devem estar
ca, tradição em agricultura, força de trabalho numerosa e baixo sempre em dias com a matéria de geografia do Rio de Janeiro
custo, proximidade dos grandes centros consumidores. para concursos. Confira, a seguir, o nosso resumo sobre o tema.
• Bacia de Campos: exploração do petróleo off shore.
• Indústrias ligadas ao setor petrolífero presentes cada Formação do território
vez em maior número na região. Como mencionado anteriormente, o território onde hoje
• Falta de infra-estrutura básica em cidades como Macaé está o Rio de Janeiro foi um dos primeiros a ser explorado pelos
e Campos. portugueses. Uma dessas missões exploratórias chegou na Baía
• Royalties do petróleo aumentando receitas dos municí- de Guanabara em 1º de janeiro de 1502.
pios, sem outrora, melhorar as condições de vida da população.
• Estrutura fundiária marcada pela forte concentração de Porém, assim como no restante do território, a colonização
terras. só teve início, de fato, a partir de 1532. O local que anteriormen-
te era usado apenas para atividades extrativistas, passou a so-
7. Região Noroeste Fluminense frer com ameaças das nações que se aventuraram tardiamente
Municípios: Itaperuna, Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, nas grandes navegações.
Cambuci, Italva, Itaocara, Lajes do Muriaé, Natividade, Porciún-
cula, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai. França, Inglaterra, Holanda e outros, constituíam uma real
• É a região mais pobre do estado, participa apenas com ameaça, e por isso, o português Martim Afonso de Souza foi en-
1% do PIB do estado. carregado de vir para o Brasil em uma missão colonizadora. Por
• Itaperuna é o maior centro da região. conta da imensidão do território brasileiro, essa colonização não
• O meio físico da região é composto por muitas serras, teve êxito em evitar os ataques, que continuaram a acontecer
rios, morros e cachoeiras. deliberadamente.

5
GEOGRAFIA
A próxima tentativa de conter os ataques foi a divisão do Além do limitar-se ao oceano Atlântico ao sul e ao leste,
país em 15 capitanias hereditárias, destinando cada uma delas seus estados limítrofes são Minas Gerais ao norte e a oeste, São
para um donatário, que por sua vez, ficaria responsável pela pro- Paulo a oeste e o Espírito Santo ao norte.
teção e colonização do território que havia sido designado a ele.
Rio de Janeiro e as principais cidades
O local onde hoje está o Rio de Janeiro pertencia à Capitania A capital do Rio de Janeiro recebe o mesmo nome que o
de São Vicente, que foi entregue ao próprio Martim de Souza em estado e é conhecida popularmente apenas por “Rio” ou “cidade
1534. Uma porção do território também fazia parte da Capitania maravilhosa”, principalmente por conta de suas belezas naturais
de São Tomé, que em 1536 foi doada a Pero Góis da Silveira. e pontos turísticos. Ela obriga, inclusive, uma das sete maravi-
lhas do mundo moderno, o Cristo Redentor.
As capitanias hereditárias também não foram efetivas, e
em 1555 a Baía de Guanabara foi invadida pelos franceses. Com A cidade é um dos centros econômicos mais importantes do
apoio do rei da França, Henrique II, eles fundaram a França An- Brasil e o polo turístico que atrai o maior número de visitantes
tártica e trouxeram aproximadamente 300 colonos calvinistas. internacionais no país, na América Latina e em todo o hemisfério
sul. É também a capital brasileira mais conhecida no exterior.
Portugal demorou quase 10 anos para tomar medidas de
combate aos franceses. Uma delas ocorreu em 1º de março de Fundada em 1º de março de 1965, de acordo com dados do
1565, e foi comandada por Estácio de Sá. Nesse dia, aconteceu Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017 a
a fundação da segunda cidade brasileira, São Sebastião do Rio população estimada era de 6.520.266 habitantes, o que corres-
de Janeiro. ponde a quase 40% de todo o território.

A partir daí, entre 1567 e 1568 os portugueses travaram inú- Além da capital, que é a maior e mais populosa cidade do
meras batalhas contra os franceses e indígenas. Além da expul- estado, conheça outras dez cidades que se destacam:
são dos primeiros, os segundos foram amplamente dizimados. • São Gonçalo – 1.038.081 habitantes
Porém, os índios que aliaram-se aos lusitanos foram poupados, • Duque de Caxias – 882.729 habitantes
e muitas vezes, recompensados. • Nova Iguaçu – 807.492 habitantes
• Niterói – 496.696 habitantes
Em 1574, em mais uma tentativa de frear os ataques ao Bra- • São João de Meriti – 483.128 habitantes
sil, a Coroa Portuguesa dividiu o país em dois governos, um com • Belford Roxo – 481.127 habitantes
sede em Salvador – BA e outro no Rio de Janeiro – RJ. Somente • Campos dos Goytacazes – 460.624 habitantes
com essa iniciativa é que ocorreu a ocupação definitiva do ter- • Petrópolis – 298.142 habitantes
ritório. • Volta Redonda – 262.970 habitantes
• Magé – 236.319 habitantes
Pouco tempo depois, em 1578, aconteceu a reunificação.
No entanto a capital passou a ser unicamente Salvador. Essa
configuração permaneceu até 1808, ano que em que a família Bandeira do Rio de Janeiro
real portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, devolvendo à cidade
status de capital brasileira.

Ela assim permaneceu, até que em 21 de abril de 1960 Bra-


sília passou a ser a capital do Brasil. Essa transferência fez com
que a atual cidade do Rio de Janeiro se tornasse uma cidade-
-estado independente. Somente em 1975 ela se uniu ao Estado
do Rio de Janeiro, tornando-se uma capital como a conhecemos
hoje.
Detalhes do estado do Rio de Janeiro
Um dos três estados da região sudeste, o Rio de Janeiro é
representado pela sigla RJ. O gentílico do estado é o fluminense,
enquanto quem nasce na capital é chamado de carioca.
Como uma área de 43.777,954 km², o estado é quarto me-
nor estado brasileiro. Ao todo, ele tem 92 municípios, divididos
em cinco regiões geográficas intermediárias e 14 regiões geo-
gráficas imediatas, conforme detalhamento a seguir. Um dos símbolos oficiais do Rio de Janeiro, sua bandeira foi
• Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Rio Bonito. adotada em 1965. Tanto o brasão, quanto a bandeira são de au-
• Volta Redonda-Barra Mansa: Volta Redonda-Barra Mansa, toria do Dr. Alberto Rosa Fioravanti, atendendo a um pedido do
Resende e Valença. então governador, General Paulo Torres.
• Petrópolis: Petrópolis, Nova Friburgo e Três Rios-Paraíba As cores azul e branco representam, respectivamente, o mar
do Sul. e a paz. No brasão, o café e a cana-de-açúcar representam a im-
• Campos dos Goytacazes: Campos dos Goytacazes, Itaperu- portância da atividade agrícola no estado, enquanto as serras, o
na e Santo Antônio de Pádua. pico Dedo de Deus, que é uma formação geológica da Serra dos
• Macaé-Rio das Ostras-Cabo Frio: Cabo Frio e Macaé-Rio Órgãos. Por fim, a águia representa o governo forte e honesto.
das Ostras.

6
GEOGRAFIA
População Os maciços costeiros, também chamados de maciços litorâ-
Durante o período colonial o povoamento do Rio de Janeiro neos, são as elevações que surgem nas áreas de baixada, esten-
foi bastante lento. O processo só acelerou a partir do período dendo-se desde o município de Cabo Frio até a cidade do Rio de
imperial, principalmente no auge da cafeicultura. Naquela épo- Janeiro.
ca, assim como hoje, a população já concentrava-se na capital.
Segundo dados do IBGE, a população no Rio de Janeiro em Clima
2017 era de 16,72 milhões de habitantes. O Rio de Janeiro possui climas diversos, dependendo da
região referenciada. Portanto, há áreas úmidas, semi-úmidas e
Economia secas.
Conforme citado anteriormente, o Rio de Janeiro é um dos Na porção ocidental da baixada prevalece o tropical semi-ú-
maiores centros econômicos do Brasil. Em 2015, segundo o mido, com chuvas de verão e invernos secos. O clima de monção
IBGE, o Produto Interno Bruno (PIB) do estado era de R$ 659,137 aparece nos maciços e encostas baixas da capital em função das
bilhões. Já o PIB per capita era de R$ 39.826,90. Apesar da crise chuvas de relevo.
dos últimos anos, ainda permanece entre os maiores do país. O tropical úmido com chuvas bem distribuídas durante todo
A principal fonte de renda é a petroquímica, porém, há im- o ano prevalece na porção mais rebaixada da escarpa do pla-
portantes representantes em outros setores, como a agricultu- nalto. Já o tropical de altitude, onde os verões são quentes e as
ra, pecuária, indústria e energia. A industrialização começou a se chuvas bem distribuídas a ocorrência é nas porções elevadas da
instalar a partir do século XIX, um dos motivos pelos quais é tão escarpa. O temperado úmido e suas variáveis está presente no
bem estabelecida atualmente. restante do território.
Entre 1940 e 1960 houve investimentos pesados na região,
que foram os responsáveis por consolidar a industrialização na Vegetação
capital e em toda a região metropolitana. Hoje, no Brasil, o Rio Mais de 90% do território do Rio de Janeiro era coberto por
de Janeiro ocupa o segundo lugar em desenvolvimento indus- florestas. Porém, por conta das atividades agropecuárias boa
trial. parte da vegetação original foi devastada. Delas, restam peque-
Sobressaem-se, além do petróleo e seus derivados, a cons- nas manchas, geralmente em locais de difícil acesso, por serem
trução naval, siderurgia, metalurgia, indústrias alimentícia e de em terrenos extremamente acidentados.
bebidas, têxtil, de materiais de construção, fábricas de automó- Em menor quantidade, há manguezais e restingas no litoral,
veis, entre outras. além de campos de altitude nas áreas mais elevadas.
Na agricultura, durante muito tempo o café foi o principal
produto fluminense, entretanto, por conta da característica ero- Fauna
siva do solo e a abolição da escravidão fizeram com que ele en- Os pássaros constituem uma parcela importante entre os
trasse em decadência. animais característicos do Rio de Janeiro. Mas além deles há vá-
O Rio de Janeiro é um dos poucos estados brasileiros onde a rios mamíferos de pequeno e grande porte. Conheça os princi-
agricultura é secundária na economia. A cana-de-açúcar, notória pais animais do estado:
na região dos Campos, mantém-se como um dos produtos de • Biguá
maior destaque desde o final do século XX. Laranja, tomate, ca- • Jacutinga
qui, banana, arroz, mandioca, milho e feijão também são fortes • Bicho-preguiça
na agricultura fluminense. • Gambá
Em relação a pecuária, a criação de bovinos tem destaque • Cutia
na região do vale do Paraíba do Sul. Ao final do século XIX ela • Quati
entrou como atividade substitutiva ao café, cuja produção já • Tatu
estava decaindo naquele momento. Em menor quantidade, há • Mico-leão-dourado
criatórios de porcos e galinhas. • Tucano-de-peito-amarelo
A pesca, principalmente de sardinha, também é uma impor- • Jacu
tante atividade econômica do Rio de Janeiro. • Onça-pintada
• Atobá-pardo
Relevo • Muriqui
O relevo do Rio de Janeiro pode ser dividido em três unida-
des: baixadas, terras altas e maciços costeiros. Hidrografia
As baixadas situam-se entre o oceano e o planalto. Elas são O principal rio é o Paraíba do Sul, mas no estado há inúme-
muito lembradas pelo seu nome genérico, Baixada Fluminense. ros rios que correm para o oceano Atlântico. O Paraíba do Sul
Essa porção ficou restrita ao território que engloba os municí- vem do estado de São Paulo, corta o estado no sentido oeste
pios de Duque de Caxias, Belford Roxo, São João de Meriti, Jape- para leste, até desembocar no oceano, nas proximidades da di-
ri, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e Mesquita. visa com o Espírito Santo.
Localmente, elas são chamadas de Baixada dos Rios Macaé e Seus principais afluentes são os rios Piraí, Pomba, Paraibu-
São João, Baixada dos Goytacazes ou Baixada Campista, Baixada na, Dios Rios e Piabanha. Todo o sistema fluvial que nasce no
de Sepetiba e Baixada da Guanabara. alto da Serra do Mar converge para o rio Paraíba do Sul.
Nas terras altas, como o próprio nome diz, abrigam as maio- Além desses e em proporções menores, destacam-se os rios
res altitudes do estado, que estão localizadas nas áreas de pla- independentes Macaé, Macacu e São João. Em todo o litoral flu-
nalto. Destaque para a Serra do Mar, Vale do Paraíba do Sul, o minense, há, ainda, uma série de lagoas, resultantes do fecha-
Planalto do Itatiaia e o ponto mais alto do Rio de Janeiro, o Pico mento de baías por cordões litorâneos.
das Agulhas Negras.

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GEOGRAFIA
Comidas típicas do Rio de Janeiro • Taxa de natalidade – entre todas as unidades federativas
É comum as pessoas pensarem que o estado do Rio de Ja- do Brasil, o Rio de Janeiro tem a segunda menor taxa de nata-
neiro não tem uma culinária própria, ou se a tem, que ela fica lidade, com 11,9%, fica à frente apenas do Rio Grande do Sul.
restrita apenas a feijoada. Essa ideia é completamente errada, • Expectativa de vida – neste quesito, o estado o ocupa a
e pelo contrário, a comida tem características muito singulares. oitava melhor posição, com expectativa de vida média de 76,2
Apesar de ter outras influências, na comida típica fluminen- anos.
se, predominam as características da culinária portuguesa. Um • Incidência da pobreza – no estado, a incidência da pobreza
reflexo dos anos em que, durante o Brasil Império, o estado abri- está entre as dez menores do Brasil. Com 3,9% da população de
gou a capital do país. extrema pobreza, o Rio de Janeiro fica em sétimo lugar entre
• Feijoada todas as unidades federativas.
• Filé à Oswaldo Aranha • Acesso à rede de esgoto – mais de 92% dos municípios
• Chuvisco fluminenses possuem rede de esgoto, o que o coloca o estado
• Pão doce como o quarto melhor no ranking do país.
• Biscoito Globo e chá mate
• Caldo verde Fonte: https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/geografia-do-
• Frango assado de padaria -rio-de-janeiro-para-concursos/
• Podrão (gíria que dá nome ao cachorro quente feito em
barraquinhas de rua)

Realidade e principais problemas enfrentados RECONHECER ASPECTOS GERAIS DO PROCESSO DE


A partir de 2017 o Rio de Janeiro começou enfrentar proble- FAVELIZAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS ATUAIS
mas muito sérios. Uma crise econômica que afetou praticamen-
te todas as áreas do estado, seguida de um colapso na Seguran- Se a imagem da metrópole no século XX era a dos arranha-
ça Pública. -céus e das oportunidades de emprego, ao redor do mundo é
Por conta do rombo nos cofres públicos, hospitais ficaram possível, atualmente, observarmos cenários de pobreza onde
comprometidos por falta de insumos, até mesmo para atendi- vive grande parte dos habitantes das grandes cidades do século
mentos básicos e delegacias também tiveram falta de material XXI. Temos presenciado o crescimento cada vez maior do núme-
de trabalho. Houve racionamento de combustíveis e muitos ro de favelas em diversas partes do mundo; em todos os con-
servidores estaduais ficaram durante meses sem saber ao certo tinentes. Os números impressionam e quando expostos, como
quando iriam receber seus salários. feito por Mike Davis (2006), deixam atônitos até os menos en-
O problema que se arrastou durante vários governos acon- volvidos com a temática: tratam-se de aproximadamente 200
teceu principalmente pela confiança depositada dos royalties do mil favelas existentes no planeta.
petróleo, que acabou entrando em queda, frustrando todas as Esse crescimento está ligado a vários fatores, mas mencio-
expectativas. naremos apenas alguns que, obviamente, estão interligados. A
Dessa forma, o Rio de Janeiro passou a arrecadar menos im- impiedosa especulação imobiliária é um dos fatores responsá-
postos, e menos royalties. Somente entre 2013 e 2016, a receita veis pela expulsão de milhões de moradores pobres das cidade
com tributos despencou de R$ 47,5 bi para R$ 43 bi, enquanto para as periferias e para as favelas, sujeitando-os a inundações,
os royalties caíram de R$ 10 bi para apenas R$ 3,5 bi. Na con- deslizamentos e a todo tipo de risco que acabam sujeitos, le-
tramão, as despesas com previdência foram de R$ 11,8 bi para vando a graves doenças, inclusive ligadas a falta de saneamento
R$ 15,5 bi. básico. Além disso, doenças praticamente banidas dos países
Ou seja, a conta não fechava. Ainda mais levando em consi- centrais crescem vertiginosamente nessas áreas. Dados com-
deração que a situação no estado se agravou por conta da quan- provam o crescimento exponencial de tuberculose dentre os
tidade de aposentadorias. Ao ponto de que, para cada servidor habitantes das favelas. Em 2008, matéria publicada no Jornal do
na ativa, há um aposentado, a maioria com salário integral. Brasil afirmava que a favela da Rocinha, localizada na zona sul
da cidade do Rio de Janeiro, registrava a impressionante média
Após uma série de medidas, o estado começou a ir no rumo de 55 casos mensais de tuberculose, ou seja, são 600 casos para
de uma recuperação da crise, que deve acontecer pelos próxi- cada 100 mil habitantes. A ausência de debates públicos quando
mos anos, de forma lenta e gradual. se trata de crescimento tão elevado – a Organização Mundial da
Saúde (OMS) considera aceitável apenas cinco casos de incidên-
Principais indicadores socioeconômicos cia do Bacilo de Koch, causador da doença, para cada 100 mil ha-
Uma das principais formas de conhecer uma população é bitantes – somente se explica por tratar de assolar a população
entender seus indicadores socioeconômicos. Conheça quais são mais pobre da cidade.
os principais índices do Rio de Janeiro: Outro ponto importante, inclusive explorado por Davis
• Alfabetização – o Rio de Janeiro tem a segunda melhor (2006), referir-se-ia ao papel do Estado, que tem se preocu-
taxa de alfabetização do país, como 97,3%. O estado fica atrás pado apenas com obras de embelezamento urbano e medidas
somente do Distrito Federal. remediadoras – que não resolvem os problemas – ao invés de
• Pessoas com nível superior completo – 10,91% dos flumi- desenvolver políticas de inclusão social, seja no que se refere
nenses possuem graduação superior. O índice coloca o Rio de a políticas de geração de empregos, seja em forma de políticas
Janeiro como o terceiro melhor colocado no ranking. habitacionais ou no desenvolvimento de sistema de transpor-
• Mortalidade infantil – o estado registra a oitava menor tes coletivos eficientes. Maricato, no posfácio do livro de Davis
taxa de mortalidade do país, são 11,5 óbitos a cada mil nasci- (2006, p. 217), afirma que “o Brasil, por exemplo, cresceu 7 por
mentos. cento ao ano de 1940 a 1970. Na década de 1980, cresceu 1,3

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por cento, e na década de 1990, 2,1 por cento, segundo o IBGE. tística (IBGE), esse tipo de habitação encontra-se assim defini-
Ou seja, o crescimento econômico do país, nas duas últimas dé- do: “aglomerado subnormal (favelas e similares) é um conjunto
cadas do século XX, não conseguiu incorporar nem mesmo os constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais, ocupando
ingressantes da População Economicamente Ativa (PEA) no mer- ou tendo ocupado até período recente, terreno de propriedade
cado de trabalho, o que acarretou conseqüências dramáticas alheia (pública ou não), dispostas de forma desordenada e den-
para a precarização do trabalho e, conseqüentemente, também sa, carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais”.
para a crise urbana”. Sem entrarmos no mérito da definição, por si só problemática,
Foi com a introdução das políticas neoliberais, a partir de já na última década do século XIX, em 1897, surgiram as favelas
1980, que esse processo ganhou força, já que houve uma política nos morros da Providência e de Santo Antônio, na área central
de privatização, uma acumulação de bens e serviços em poucas da cidade.
mãos, o que acabou desestabilizando socialmente os países pe- A cidade do Rio de Janeiro tinha problemas seríssimos de fal-
riféricos e lançando milhões de pessoas na informalidade. Para o ta de moradia e ainda assim não parava de crescer. Entre 1903 e
sistema, segundo Davis (2006), eles são “óleo queimado”, “zeros 1906, o Prefeito Pereira Passos promoveu uma intensa reforma
econômicos”, “massa supérflua” que sequer merece entrar no urbana, na qual foram demolidos vários imóveis (grande parte
exército de reserva do capital. Essa exclusão pode ser percebi- deles de habitação popular) para ampliação de vias e construção
da pela crescente favelização que ocorre no planeta. Segundo de “prédios modernos”, muitos deles de inspiração parisiense.
Davis (2006, p. 34), 78,2 por cento das populações dos países Além disso, como voltaremos a falar posteriormente, o prefeito
pobres é de favelados e dados da CIA, de 2002, apresentavam impôs novas e rigorosas normas urbanísticas que acabaram por
o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou inviabilizar inclusive os subúrbios para as classes mais pobres
subempregadas favelizadas. que foram desalojadas da área central da cidade. Nesse sentido,
No Rio de Janeiro a realidade não é diferente. Há um grande o novo já traz em si a sua própria negação. Para complicar ainda
crescimento de favelas na cidade e dados oficiais (Instituto Pe- mais, os meios de transporte eram precários, obrigando a força
reira Passos - IPP) trazem a informação de que cerca de 20 por de trabalho a residir próximo ao local de trabalho.
cento dos habitantes da cidade moram em favelas. Esse cresci- Desde o início do século XX – com a denominada Reforma
mento mais vertiginoso faz-se ainda mais visível a partir da dé- Passos – foram promovidas reformas urbanas vigorosas (Abreu,
cada de 1980 – conhecida no Brasil como a década perdida, já 1987, p. 60; Neves, 1996, p. 49; Vaz, Silveira, 1999, p. 59; Reis,
que o crescimento foi irrisório frente aos anteriores – e está as- 1977, p. 22), ademais, embora tenham sido formados bairros
sociado a todos os fatores enunciados anteriormente. Alto índi- ditos operários (Albernaz, 1985, p. 25), o aspecto geomórfico
ce de desemprego, crescimento da informalidade, especulação peculiar da cidade fez com que a divisão de classes por entre os
imobiliária, falta de política habitacional para população de bai- diversos bairros da cidade fosse ligeiramente borrada. Assim é
xa renda e sistema de transportes coletivos precário são apenas que observamos um grande número de favelas localizadas em
alguns exemplos dos motivos para o crescimento das favelas no bairros nobres da cidade. Contudo, importa reconhecer que a
Brasil e especificamente no município do Rio de Janeiro. própria concepção “de morador do morro” e “morador do asfal-
Com toda certeza, para falarmos sobre as origens, expan- to” por si só já denota a divisão.
são, remoção e, atualmente, exclusão concretamente proposta Houve, durante a constituição da organização espacial ca-
através da construção de muros de contenção contra o cresci- rioca no decorrer do século XX, um comportamento já conheci-
mento das favelas, teríamos de iniciar nossa argumentação com do desde o século XIX, em que o Estado associou-se ao capital
o próprio processo de formação e expansão da cidade do Rio privado em benefício das classes mais abastadas da sociedade –
de Janeiro, contudo nossa proposta – até por ter um caráter de sobre tal tema Jacobi (1989, p. 06-09) debruça-se com bastante
sucinto comentário – objetivará fazer uma breve, e por isso in- clareza. É nesse sentido que podemos afirmar, juntamente com
suficiente, contextualização para posteriormente abordarmos a Lojkine (1981), que as formas de urbanização são, antes de tudo,
proposta do governo do estado com o apoio da prefeitura da formas da divisão social e territorial do trabalho. Jean Lojkine
cidade, de construir muros para conter a expansão das favelas. (1981, p. 122) acredita que “não considerar a urbanização como
Para tanto, subdividimos este artigo em três partes: inicialmente elemento-chave das relações de produção (...) é retomar um dos
retornaremos ao final do século XIX e início do século XX para temas dominantes da ideologia burguesa segundo a qual só é
apontarmos o que seria considerado o surgimento das favelas ‘produtiva’ a atividade de produção da mais-valia”.
na cidade do Rio de Janeiro, além de, também, abordarmos as No último quartel do século XIX, as companhias de bondes
transformações realizadas durante a Reforma Passos, que pro- da cidade também tiveram importante papel na produção do es-
moveu grande mudança na organização espacial da cidade; na paço carioca. Longe de representarem apenas companhias de
segunda parte trataremos da expansão das favelas – que cer- transporte, estas participaram da conformação da espacialidade
tamente seguem a expansão da própria cidade e dos empregos da cidade do Rio de Janeiro, pois a partir das alianças entre o
gerados por ela – , além de apontarmos também as políticas de capital externo, o capital imobiliário, o capital fundiário e o Esta-
remoção; e, finalmente, chegaremos ao fim do artigo apresen- do, o espaço urbano começa a ser (con)formado. Maria Lais Pe-
tando as atuais absurdas propostas de contenção do crescimen- reira da Silva (1992, p. 43) elucida tal colocação ao afirmar que,
to das favelas a partir da construção de muros em seu entorno. quando da concessão para abertura das linhas para Copacabana
e Vila Isabel, ocorreram barganhas com o poder público que im-
Sobre as origens das favelas plicaram em obras que modificaram o espaço urbano:
A presença de casebres em morros da cidade data de 1865, “a Cia. Do Jardim Botânico, por exemplo, executa o desmon-
o que leva a argumentação de que já se tratariam de formas te de parte da ladeira de Santo Antônio para alargamento da rua
embrionárias de favelas. Isso porque a definição oficial inclui a da Guarda Velha, sem falar nos túneis e em aterro (como vários
conotação de adensamento, ilegalidade, pobreza, insalubridade na lagoa Rodrigo de Freitas) para construir estações; a Cia. De
e desordem. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- São Cristóvão prolonga e abre várias ruas, como condição para

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extensão de suas linhas; a Cia. De Vila Isabel faz o aterro do man- buscou estar próximo ao local de trabalho. E nesse sentido não é
gue de Praia Formosa e abre ruas no Cachambi e outros locais, de espantar que a maior parte das remoções não obteve suces-
e assim por diante”. so, pois os moradores eram alocados em locais muito distantes
Maurício Abreu (1987, p. 44) também percebe tal aliança e sem infra-estrutura de transportes.
e enaltece o que denominou “associação bonde-loteamento”. Desde meados do século XX, a ocupação da cidade conti-
Exemplificando essa forma de associação, afirma que o bairro nuou seguindo o caminho traçado já no início desse mesmo sé-
de Vila Isabel foi criado em 1873 pela Companhia Arquitetôni- culo: o declínio da população residente na área central era cada
ca, cujo proprietário era o mesmo da Companhia Ferro-Carril de vez maior e enquanto os subúrbios absorviam as classes mais
Vila Isabel, o Barão de Drummond. Visto isso, acreditamos que a baixas da população, a zona sul manteve-se como área preferida
apropriação e a produção do espaço se dá segundo os interesses da classe mais abastada da cidade. Durante a primeira metade
do Estado, do capital comercial (nesse caso, mais especificamen- do século XX a cidade se expandiu e em seu interior as fave-
te os concessionários do setor de transportes), o capital imobi- las foram sendo criadas. Era possível observar um crescimento
liário e o capital fundiário. vertical no centro e na zona sul, enquanto que nos bairros da
Evidentemente, todas essas obras de extensão das linhas de zona norte e dos subúrbios a expansão deu-se através da cons-
bondes, que contribuíram para a expansão da cidade, deman- trução horizontal, principalmente de casas unifamiliares. Lílian
davam grande quantidade de mão de obra. Esses trabalhadores Vaz (1998) enaltece o fato de que “nas décadas de 1940-1950 e
acomodavam-se nos canteiros de obra durante a construção, seguintes assistiu-se à expansão metropolitana e à formação das
porém quando esta chegava ao fim, se não encontravam em- periferias”. Nesse período já havia forte pressão para a remoção
prego em novas obras, tinham de construir suas casas junto aos das favelas e a população de baixa renda que optava por não so-
locais em que pudessem conseguir trabalho. frer esse tipo de risco, tinha como alternativa as periferias cada
Em se tratando das companhias de bondes, poderíamos vez mais distantes, onde se multiplicaram os loteamentos po-
afirmar que enquanto a Companhia Jardim Botânico contribuiu pulares. Assim, segundo Vaz (1996), “nos lotes pequenos, sem
para a ocupação da freguesia da Lagoa pelas classes abastadas, infra-estruturas urbanísticas, de difícil acesso, e por isso mesmo,
as demais companhias exerciam a função de integração da área baratos, praticava-se a auto-construção. Assim, na produção dos
central da cidade aos bairros proletários de Santo Cristo, Gam- novos espaços, destacava-se o binômio loteamentos populares
boa, Saúde e Catumbi. e auto-construção, e em menor grau, a produção de conjuntos
Roberto Lobato Corrêa (1995, p. 32) dá-nos exemplo da residenciais pelo Estado”.
associação desses agentes quando da abertura do Túnel Velho Nos anos 1960 e 1970, a produção de conjuntos habitacio-
(que liga Botafogo a Copacabana) pela própria Companhia de nais esteve associada à política de remoção de favelas. Nesse
Bondes do Jardim Botânico. Para esse empreendimento foi cria- período, grande quantidade de moradores de favelas foi trans-
da a Empresa de Construções Civis, que acabou sendo a maior ferida para assentamentos distantes do núcleo, que na maio-
responsável pela valorização do arrabalde de Copacabana. ria das vezes não contava com comércio e nem com sistema de
Nesse sentido, elucida-nos Elizabeth Cardoso (1986, p. 66) transportes coletivos que desse boas condições de deslocamen-
a propósito do que vinha a ser a Empresa de Construções Civis. to para essas pessoas. Boa parte das áreas de onde foram re-
Constituiu-se de uma aliança de interesses comuns centrados movidas as favelas foi ocupada por grandes empreendimentos
nas valorizações fundiária e imobiliária. imobiliários que se destinavam à construção de conjuntos de
“Eram seus acionistas vários proprietários de terras em Co- edifícios de apartamentos de alto luxo.
pacabana, vários bancos – Banco Luso-Brasileiro, Banco Brasil e Neste momento seria importante tecer alguns esclareci-
Norte América, Banco Construtor do Brasil e Banco de Crédito mentos quanto à noção de subúrbio. Para tal, importa reconhe-
Rural e Internacional –, pelo menos uma empresa do setor in- cer, junto com José de Souza Martins (1992, p. 09), que “a pers-
dustrial, a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, empresas pectiva elitista do centro domina a concepção que se tem do que
comerciais, entre elas uma de exportação de café, outras em- foi [e é] o subúrbio”. Tentaremos não nos alongar em demasia,
presas imobiliárias, como a Empresa de Obras Públicas no Brasil, contudo a maneira como essa noção foi e, efetivamente, é utili-
que foi a maior acionista e a própria Botanical Garden”. zada no Rio de Janeiro tem sua especificidade. Nelson da Nóbre-
Mas isso não é tudo, participaram também da Empresa ga Fernandes (1995, p. 29) ao investigar a história da categoria
de Construções Civis um ex-Ministro da Agricultura, Comércio subúrbio no Rio de Janeiro entre 1858 e 1945, reconhece que
e Obras Públicas e dois prefeitos da cidade, dentre eles Carlos essa palavra sofreu uma transformação em seu significado tra-
Sampaio (também proprietário fundiário em Copacabana). Cor- dicional, fazendo com que deixasse de representar todas áreas
rêa (1995, p. 33) acrescenta à lista de acionistas membros da circunvizinhas à cidade para designar, de forma particular e ex-
antiga nobreza: “pelo menos seis barões e um visconde eram clusiva, os bairros populares situados ao longo das ferrovias nos
sócios dela”. Percebemos, então, a aliança entre proprietários setores norte e oeste da cidade do Rio de Janeiro.
fundiários, promotores imobiliários, bancos, empresas comer- O autor interpreta a produção do conceito carioca de subúr-
ciais e industriais e, inclusive, o Estado. bio, como o resultado de um rapto ideológico – mudança brusca
e drástica do significado de uma categoria, em que seus atribu-
tos mais originais e essenciais são expurgados de seu conteúdo,
A expansão das favelas por toda a cidade e as políticas de sendo submetidos por significados novos e complemente estra-
remoção nhos à sua extração mais genuína. Esse tipo de reforma implicou
A partir da década de 1910, as favelas crescem mais inten- na destruição dos bairros proletários centrais e o deslocamento
samente e penetram a zona sul e o seu crescimento é acompa- de seus moradores para o subúrbio, que para a ideologia domi-
nhado, nessa mesma década, pela sua repressão. Foi assim que nante, deveria ser o locus do proletariado.
presenciamos uma longa história de remoções, desconsideran-
do um fato fundamental: durante toda a história o trabalhador

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Em se tratando do Rio de Janeiro, a ausência de uma efetiva Após essa explanação, podemos perceber de maneira mais
política de habitação popular, tornou a casa própria no subúrbio apropriada a forma pela qual a cidade do Rio de Janeiro se ex-
uma miragem para a maioria do proletariado. A partir de então, pandiu. As primeiras três décadas do século XX demonstraram
Fernandes (1995, p. 30) supõe que “o sentido do ‘conceito ca- notável expansão da tessitura urbana da cidade. Nesse período,
rioca de subúrbio’ experimentou o sentimento e a necessidade caracterizou-se o crescimento da cidade a partir de dois vieses:
ideológica das elites no intuito de afastar as classes subalternas as classes alta e média ocuparam as zonas sul e norte, tendo no
do Rio de Janeiro”. Estado e nas companhias concessionárias de serviços públicos
Considerando a advertência de Henri Lefebvre (1976, p. seus maiores aliados; e por outro lado, os subúrbios cariocas
46) de que o espaço é sempre uma representação carregada de caracterizaram-se como locais de residência do proletariado,
ideologia, o trinômio trem–subúrbio–pobreza só veio de fato a que, a partir do deslocamento das indústrias, se dirigiu, tam-
se concretizar depois do início do século XX, com o desenvolvi- bém, para lá. Se as zonas sul e norte tiveram apoio do Estado,
mento da ideologia da casa própria no subúrbio. “Subúrbio”, en- em se tratando dos bairros suburbanos a ocupação se deu sem
tão, passou a ser entendido como as áreas servidas por ferrovia qualquer apoio estatal ou das concessionárias. Dessa maneira,
que foram abertas ao proletariado como um dos símbolos das logo se percebia a desigualdade sócio-econômica que se refletia
alterações das relações sociais que conformam e caracterizam na espacialidade da cidade.
as reformas urbanas verificadas no Rio de Janeiro. A alternativa Pelo que vimos, o Rio de janeiro apresentou uma história
da moradia suburbana para os pobres do Rio de Janeiro apare- de crescimento urbano marcado por extensas periferias, em
cerá com grande nitidez em 1905, no âmbito de uma comissão que residia a população de classe mais baixa, e por forte desi-
designada pelo Ministério da Justiça e do Interior para “propor gualdade da oferta de infra-estrutura e de serviços, em benefí-
soluções ‘ao urgente problema das habitações populares’ na ca- cio das áreas habitadas pelas classes mais abastadas. Vetter e
pital da República” (Benchimol, 1992, p. 39). Massena (1982, p. 50), analisando a cidade, identificaram em
O subúrbio ferroviário, contudo, não foi um lugar destinado sua dinâmica uma matriz perversa de distribuição dos recursos
aos pobres, o que significa que, do ponto de vista de um direito urbanos, que direcionava os investimentos públicos direta ou
social como a habitação, a República, além de expulsar os po- indiretamente para as camadas já mais bem servidas e de mais
bres da cidade, não garantiu sequer aquela área ao proletariado alta renda. Denominaram esse modelo de “causação circular”,
da cidade. O Prefeito Pereira Passos, através do Decreto 39, de que, segundo Cardoso e Ribeiro (1996, p. 22), “passou a ser con-
10/02/1903, criou uma série de normas para construção que di- siderado pela literatura como característico do nosso padrão de
ficultava ainda mais a construção de habitações populares nos urbanização”. Harvey (1980, p. 135; 1982, p. 11), já percebendo
subúrbios. Assim, a tentativa de organização espacial acabou tal distribuição desigual, enunciava a alocação espacial diferen-
por contribuir para a formação de favelas por toda cidade – in- ciada dos equipamentos urbanos de consumo coletivo. Tal ca-
clusive naquelas áreas mais periféricas, que teoricamente se- racterística levava à ampliação da renda real daqueles que já
riam destinados aos pobres – e, ainda, incentivou a promoção possuíam elevada renda monetária. Apesar disso, convém lem-
de loteamentos irregulares na Baixada Fluminense, ou seja, para brar que, devido à especificidade geomorfológica da cidade do
além do território do, à época, Distrito Federal. É nessa conjun- Rio de Janeiro, mesmo nos bairros habitados pelas classes mais
tura de transformação socioespacial do Rio de Janeiro que se abastadas da sociedade carioca encontramos favelas sem a in-
define os subúrbios ferroviários como o lugar do proletariado. fra-estrutura mínima necessária.
Ainda hoje, no Rio de Janeiro, é comum o uso de expressões A intensificação do processo de concentração de renda em
como: subúrbio da Leopoldina (referindo-se aos bairros servidos curso culminou com a expansão da parte rica da cidade em di-
pela Estrada de Ferro da Leopoldina) e subúrbio da Central (tra- reção a São Conrado e Barra da Tijuca. Para tanto, o Estado que
tando-se dos bairros servidos pela Estrada de Ferro da Central se associou ao capital imobiliário teve importante papel, pois
do Brasil). incorreu em um enorme investimento para a construção da Au-
O conceito carioca de subúrbio é uma representação que to-Estrada Lagoa-Barra. Essa obra foi extremamente custosa,
sintetiza um discurso ideológico sobre o lugar dos pobres na ci- pois incluiu, para sua realização, a perfuração de vários túneis e
dade do Rio de Janeiro. Para Fernandes (1995, p. 31), tal concei- a construção de pistas sobrepostas encravadas na rocha. Nesse
to significa o tipo de cidadania reservada para a maioria de sua período, essas novas áreas da cidade, apesar de esparsamente
população, já que “predomina, entre nós, a idéia de um espaço habitadas, tiveram no Estado importante agente para a produ-
(suburbano) subordinado e sem história, sem criação, sem cultu- ção do espaço. A partir da associação com o capital privado, seja
ra, carente de valores estéticos em seus homens e sua natureza na abertura de estradas e ruas, seja na pavimentação e instala-
(subúrbio é quase sempre feio e sem atrativos), ausente de par- ção de infra-estrutura, o Estado investiu grandes somas de di-
ticipação política e cultural. No máximo, concede-se ao subúrbio nheiro na preparação desse novo eixo de expansão da cidade.
o lugar da reprodução”. Em um período de aproximadamente 40 anos – 1955 a 1999 –
A partir dessa leitura, constatamos que o padrão de segre- a Barra da Tijuca apresentou um crescimento surpreendente,
gação que se reproduz através do conceito carioca de subúrbio, principalmente nos últimos 15 anos (Figuras 01, 02, 03, 04 e 05).
reifica o subúrbio enquanto ideologia, o que acaba por legiti- A rede viária do Rio de Janeiro, juntamente com a constru-
mar não só os discursos que fazem apologia ao status quo como ção imobiliária, tem se constituído como marco concreto do pro-
aqueles que se opõem a ele e o denunciam; isto porque não vão cesso de produção e transformação do espaço urbano. A cons-
além da forma, ou seja, classificam as aparências mas não as trução da rede viária contribuiu, segundo Mauro Kleiman (2001,
explicam e ao não fazê-lo reificam as práticas sociais a partir da p. 1597), para a configuração de seu padrão de segregação so-
ideologia dominante. Portanto, repete-se um dos fundamentos cioespacial. Tal afirmação baseia-se na forma com que se deu
das ideologias que é a negação e/ou omissão do processo histó- Os investimentos em direção à Barra da Tijuca continuaram
rico. É a naturalização do real e sua redução ao presente, onde o com a abertura de novas vias de acesso: Avenida das Américas
passado existe para ratificá-lo. (que se prolonga em direção ao Recreio dos Bandeirantes) e a

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GEOGRAFIA
Avenida Alvorada (atual Avenida Ayrton Senna). Tais avenidas ra da Tijuca. Contudo, não devemos esquecer que, na década
favoreceram, respectivamente, a expansão imobiliária em di- de 1990, bairros como Botafogo, Lagoa, Jardim Botânico e Le-
reção ao Recreio e a acessibilidade maior a partir do bairro de blon começaram a vivenciar um processo de renovação do seu
Jacarepaguá. Contudo, juntamente com os condomínios fecha- estoque imobiliário pelas grandes incorporadoras, seja para a
dos construídos, houve também o surgimento e o crescimento construção de apartamentos de luxo, seja para edifícios de es-
das favelas. Algumas, como no caso da Favela do Terreirão, bem critórios.
próximas à praia e nesse caso tratando-se de favelas planas. Esse período compreende justamente a fase em que o cres-
No caso do Rio de Janeiro, como vimos anteriormente, a ar- cimento econômico no Brasil foi praticamente nulo, não con-
ticulação entre os agentes ocorreu desde há muito tempo atrás seguindo incorporar a população economicamente ativa que
e continua a ocorrer. Apesar de o governo federal ter anuncia- chegava ao mercado de trabalho, além de apresentar um for-
do sua intenção de concentrar seus investimentos em moradia te crescimento do desemprego. A estratégia de sobrevivência
para a população de baixa renda, as principais construtoras que dessa parte da população voltou-se à informalidade e as favelas
atuam na cidade têm-se dedicado à construção para a classe próximas aos locais de trabalho tornaram-se sua opção de ha-
mais abastada. Segundo levantamento da própria Associação bitação.
de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi/RJ), Luciana Corrêa do Lago (2001, p. 1535) percebe uma ten-
publicado pelo jornal O Globo (2003), 50,5 por cento dos novos dência que se refere à “elitização da população residente em
projetos – imóveis na planta, em construção ou que acabaram de áreas com significativa intervenção do capital imobiliário, res-
ficar prontos – custam hoje mais de R$ 251 mil. Além disso, 23,7 ponsável pelas mudanças de uso do espaço”. Tratam-se, basica-
por cento referem-se a unidades com preços acima de R$ 400 mente, de áreas consolidadas e já valorizadas como Botafogo,
mil. Curiosamente, o próprio presidente da Ademi/RJ (Associa- Leblon e Lagoa. Além dessas, a Barra da Tijuca se junta a elas
ção dos Empresários do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro) como nova área de expansão. Em uma dessas áreas, na Favela
na época, Márcio Fortes, ao analisar o resultado do levantamen- Santa Marta em Botafogo (Foto 06), o Governador Sérgio Cabral
to, afirma estar diante de uma grande distorção no sistema, já em parceria com o Prefeito Eduardo Paes estão pondo em ação
que em condições normais os imóveis avaliados acima de R$ 251 um plano de ocupação de favelas. Na segunda quinzena de de-
mil não deveriam representar mais de 10 por cento da oferta. zembro de 2008, foi inaugurado o novo Posto de Policiamento
Outro ponto marcante encontra-se no fato de, aproximada- Comunitário (PPC) na favela ocupada pela polícia desde 19 de
mente, 60 por cento dos imóveis serem financiados diretamente novembro do mesmo ano. Essa primeira experiência, segundo o
pelo incorporador. Nesse sentido, o financiamento caracteri- Secretário de Segurança, funcionará como projeto piloto e deve
za-se pelo curto prazo – em geral, cinco anos – o que exclui a ser expandido para outras favelas, segundo matéria publicada
possibilidade de aquisição pela parcela menos abastada da po- no jornal O Globo (19/12/2008).
pulação. A ação policial, que teria “expulsado” os traficantes, seria
E se a cidade vêm crescendo em direção da Barra da Tijuca acompanhada de uma “invasão social”, que traria atividades
(zona oeste litorânea), não é à toa que das 513 favelas regis- educativas e culturais, acesso aos serviços públicos e etc. Contu-
tradas pelo IBGE na Região Metropolitana, mais de 100 estão do, segundo o presidente da Associação de Moradores, a inva-
concentradas na zona oeste. Não nos surpreende que os núme- são social ainda não chegou.
ros oficiais cheguem a afirmar que aproximadamente 20% da Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Pereira Passos (IPP),
população da cidade vive em favelas. na primeira quinzena de janeiro de 2009, afirma que o Rio de
Paulo Bastos Cezar (Jornal do Brasil, 20 de dezembro de Janeiro já contabiliza 968 favelas, ou seja, 218 a mais do que em
2002), pesquisador do Instituto Pereira Passos (IPP), concluiu 2004. A pesquisa mostra ainda que a população favelada passou
seu trabalho sobre o crescimento das favelas afirmando que se a ocupar mais três milhões de metros quadrados do que ocupa-
a ocupação do Rio de Janeiro continuar no ritmo em que está, va em 1999. Segundo o IPP, as favelas passaram a ocupar 3,7 por
em 2024 os condomínios e prédios de Jacarepaguá estarão to- cento do território do município.
dos cercados por favelas. Segundo o pesquisador, atualmente O Prefeito da cidade, na primeira quinzena de janeiro de
o bairro tem 113.227 favelados, ou seja, 22 por cento de um 2009, publicou quatro decretos com o objetivo de controlar o
total de 506.760 moradores. Enquanto “a população favelada crescimento das favelas. Um deles autoriza a Secretaria de Ur-
cresceu 12,53 por cento ao ano, a população normal [sic] cres- banismo a firmar convênios com universidades e institutos de
ceu em média 2 por cento nos últimos quatro anos”. Importante pesquisa para elaborar regras urbanísticas para as 968 favelas
frisar que grande parte da população favelada presta serviços até 2012. Tais regras definirão o gabarito – limite máximo de
no bairro vizinho: Barra da Tijuca. Fato é que o crescimento po- altura para prédios em certas zonas – permitido, assim como as
pulacional da Barra da Tijuca continua alto e, como no passado, áreas públicas dentro das comunidades. O prefeito determinou
tal crescimento gera uma demanda por serviços pouco qualifica- ainda que os órgãos municipais passem a demolir habitações em
dos, que atrai cada vez mais população de baixa renda em busca áreas de risco. Outro decreto autoriza a Secretaria de Urbanis-
de postos de trabalho. mo a contratar arquitetos para ajudar a orientar os moradores
quanto às regras de construção. E, finalmente, o quarto decreto
Sinais concretos da exclusão: muros para conter o cresci- define a favela Vila Canoas, em São Conrado, como Área de Es-
mento das favelas pecial Interesse, onde será desenvolvido um projeto piloto que
Voltando os olhos para o período pós-1984, percebemos servirá como base para posterior expansão para outras favelas.
o que Lago (2001, p. 1534) denominou “elitização do mercado Ali, além de definir os gabaritos e as áreas públicas da comu-
imobiliário carioca”, pois com a crise do Sistema Financeiro de nidade, o prefeito determinou a obrigatoriedade de habite-se
Habitação (SFH) e praticamente o fim do financiamento para para qualquer obra.
construção de habitações populares, a produção das grandes
empresas passou a se concentrar mais especificamente na Bar-

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GEOGRAFIA
Contudo, a medida mais polêmica do Governo do Estado além de imóveis públicos e de empresas que faliram ou que sim-
juntamente com a Prefeitura foi a divulgação do início da cons- plesmente abandoram os antigos prédios. Acreditamos que há
trução, ainda este mês, de um muro de quase 650 metros de realmente um número considerável de imóveis que poderiam
comprimento por três metros de altura na Favela situada no ser convertidos em habitações populares, mas não seriam sufi-
Morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul carioca). Se tivermos cientes para dar conta de toda a população favelada do Rio de
em conta que do outro lado da favela há um plano inclinado, Janeiro.
com teleférico para transporte da comunidade, que já serve Assusta-nos que, nos dias atuais, os governos acreditem que
como muro de contenção, ao final da construção do muro os isolar em guetos parte específica da população – a classe pobre
moradores estarão concretamente segregados No discurso, – por achá-la inconveniente ou perigosa vá resolver algo. O pro-
o motivo para a construção do muro é apenas para impedir a blema do crescimento do tráfico de drogas, do crescimento das
devastação da floresta do entorno, tanto que três dias após a favelas e da desordem urbana estão como estão porque houve
divulgação da construção do muro, as instâncias de governo descaso com a população mais pobre e porque a escolha política
passaram a referir-se a ele como “ecolimite”. Em nota oficial o de caminhar junto às propostas neoliberais contribuíram para
governador afirma: “estamos investindo na ordem pública, en- o crescimento da informalidade. A instalação de equipamen-
frentando o tráfico de drogas e impondo limites ao crescimento tos, como infraestrutura de água e esgoto, luz e energia, gás,
desordenado”. coleta de lixo, serviço de correio, saúde e educação facilmente
A Favela Santa Marta parece ser apenas a primeira dentre encontradas no asfalto não chegaram às favelas. Então, ainda é
outras tantas, já que os secretários de Ordem Pública, de Urba- preciso pensar em políticas de construção e financiamento de
nismo e de Meio Ambiente sobrevoaram as Favelas da Rocinha habitações populares, mas tendo em conta que é preciso pen-
(São Conrado), Pavão-Pavãozinho (Copacabana) e Chapéu-Man- sar que a maioria da população necessitada não tem sequer ca-
gueira (Leme), todas na zona sul da cidade, e também demons- pacidade de endividamento, pois não tem como confirmar sua
traram preocupação com o crescimento desenfreado das cons- renda, são trabalhadores informais. É preciso levar serviços pú-
truções e com o desmatamento das áreas de floresta. Mas as blicos de qualidade até essas localidades. E finalmente, é preciso
medidas não param por aí, já foi iniciado o monitoramento onli- respeitar essas pessoas que lá vivem e que são tão moradores da
ne da expansão das comunidades usando satélites e a remoção cidade do Rio de Janeiro como qualquer outro.
de construções fora das áreas delimitadas estão entre as ações
definidas pela prefeitura para acabar com as invasões em áreas
de florestas. Segundo os secretários municipais, estão sendo de-
finidos os limites e qualquer construção que estiver além dessa IDENTIFICAR EM TEXTOS E GRÁFICOS SITUAÇÕES
definição será derrubada. PROBLEMA TÍPICAS DA SOCIEDADE FLUMINENSE E
Essa idéia de murar as favelas e que está sendo posta em RECONHECER FORMAS DE REDUZIR OS PROBLEMAS
prática agora pela parceria entre governo e prefeitura do Estado GERADOS EM TAIS SITUAÇÕES
do Rio de Janeiro não é nova. Em 2004, o Vice-Governador do
Estado, Luís Paulo Conde (que é arquiteto), fez essa mesma pro- A recessão, a grave crise financeira do Estado do Rio, a es-
posta para conter o crescimento da Favela da Rocinha, contudo cassez de recursos para a polícia e o desemprego estão entre os
a grande mobilização da academia e da opinião pública fez com fatores que contribuem para a atual crise de segurança.
que não a pusesse em prática. O Vice-Governador havia sido Para o antropólogo e especialista em segurança pública Luiz
Secretário de Urbanismo e, em seguida, Prefeito da cidade em Eduardo Soares, o quadro atual resulta da intensificação de prá-
meados da década de 1990. ticas e circunstâncias que estão em curso há muito tempo.
Em 1991, havia cerca de 245.000 imóveis desocupados no
Rio de Janeiro. Atualmente, estima-se que haja mais de 300.000 “O padrão tem sido o mesmo: confronto com ‘o tráfico’,
nessa mesma condição. Se olharmos atentamente, veremos ao adotando incursões bélicas às favelas, que matam inocentes,
longo das vias que cruzam as zonas industriais e portuária gal- suspeitos e até mesmo policiais. A velha ‘política’ da conhecida
pões, armazéns e prédios em sua maioria abandonados. Na área - e derrotada - guerra às drogas”, lamenta.
central da cidade a cena se repete em edifícios antigos e novos Entenda quais são os principais fatores estão por trás da
com grande quantidade de escritórios vazios. Isso acontece in- atual crise de segurança no Rio.
clusive no núcleo central da cidade.
Afirma Vaz (1996) que “nas zonas residenciais, principal- Deterioração das UPPs
mente nos bairros mais modernos, onde predominam os edifí- Nos últimos cinco anos, o número de tiroteios em comuni-
cios de apartamentos, vemos apartamentos e por vezes edifícios dades com UPPs aumentou 13.746%, de acordo com um estudo
inteiros vazios e fechados”. A autora acrescenta ainda, no que feito pela própria Polícia Militar. O número de confrontos nas
se refere ao enorme número de domicílios vazios, que esse nú- favelas com UPPs passou de 13, em 2011, para 1.555, em 2016.
mero é tão alto que daria para ocupá-los com os habitantes das As trocas de tiros se intensificaram nas últimas semanas, nota-
favelas. Segue Vaz (1996) afirmando que “há moradias para to- damente no Complexo do Alemão, onde a PM atua para instalar
dos, e o Rio de Janeiro não precisaria ter nenhuma moradia em uma cabine blindada numa das principais vias da comunidade
favela, nem tampouco, nenhuma favela! E no entanto, os dados Nova Brasília.
sobre favelas continuam a ser utilizados como demonstrativos O entusiasmo em torno da política das UPPs foi inicialmente
do déficit de habitações e da necessidade de construção de no- justificado por uma queda vertiginosa nos índices de criminali-
vas moradias”. dade nas comunidades. Com o tempo e a expansão do programa
Evidentemente, os números apresentados pela autora – que para comunidades maiores e mais complexas - como a Rocinha
acreditamos ter tido o objetivo apenas de provocação – são da- e o próprio Complexo da Maré -, a situação começou a se dete-
dos gerais, que incorporam imóveis particulares, de veraneio, riorar.

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GEOGRAFIA
Um dos problemas, segundo a socióloga Julita Lemgruber, Expansão da mancha de criminalidade
coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania A década entre 2006 e 2016 foi marcada por um período de
da Cândido Mendes (Cesec), foi apostar primordialmente nas otimismo que teve seu ápice em 2011, ano que apresentou os
UPPs, que tinham foco claro na capital e nunca foram uma polí- melhores indicadores de segurança. Em seguida, a situação co-
tica de segurança pública para todo o Estado - das 38 UPPs im- meçou a se deteriorar. Ao fim do período, a violência não voltou
plantadas, apenas uma, no Complexo da Mangueirinha, fica fora ao que era; mas se reconfigurou e se espalhou geograficamente
dos limites do município, na Baixada Fluminense. pelo Estado.
“Quando a política das UPPs entrou em falência, o Estado Uma pesquisa realizada pela FGV/DAPP com base nos dados
não conseguiu se movimentar rapidamente para se reestrutu- compilados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) mostrou
rar”, diz Lemgruber. que, quando a violência voltou a aumentar, ela se distribuiu pelo
Para ela, os episódios violentos que a cidade tem presencia- Estado.
do são “reações pontuais para apagar incêndios”, levando o Rio “Antes, a capital sempre acumulava os maiores números de
de volta à situação de “anos atrás”. violência”, diz Maria Isabel Couto, uma das autoras da pesquisa.
“Isso não é uma política de segurança pública. Isso são Isso foi mudando ao longo dos últimos anos, com o aumento do
ações violentas que não levam a lugar nenhum. Temos visto crime no interior do Estado e na Baixada Fluminense (região me-
uma média de quatro mortes provocadas pela polícia por dia, e tropolitana do Rio, já fora das fronteiras do município).
mais de 60 policiais já morreram no Rio só neste ano. Isso seria “A concentração na capital significava que, do ponto de vis-
um escândalo em qualquer parte do mundo. Aqui, faz parte da ta da segurança pública, os esforços e o contingente também
paisagem.” podiam ser concentrados. Hoje, a violência está muito mais dis-
Para Ignacio Cano, pesquisador da Uerj, o Estado se anco- persa, e é preciso distribuir esforços, recursos e adotar estraté-
rou nos bons resultados iniciais das UPPs sem que as políticas gias mais complexas”, diz Couto.
fossem “ampliadas, corrigidas, modificadas ou complementadas A distribuição criminal pode ser atribuída, em parte, à fuga
por novas políticas”. de traficantes de áreas ocupadas por UPPs para consolidar o
“Os gestores se limitaram a uma expansão quase automáti- domínio e outros territórios. Mas Couto considera também
ca das UPPs e do pagamento de bonificações a policias”, consi- que o descrédito das UPPs teve um importante papel. “As UPPs
dera Cano. Ele diz que as UPPs viraram o “fetiche” da segurança trouxeram a sensação de que o Rio ia finalmente dar conta do
pública no Rio; convencionou-se atribuir a elas tudo de bom que problema do tráfico. Os primeiros episódios de violência fize-
acontecia, ou tomar todos os problemas como indicativos de seu ram essa ideia desmantelar e mostraram que as UPPs não eram
fracasso. A situação, porém, envolve muitos outros fatores. infalíveis.”

Crise financeira no estado e na polícia Fortalecimento de facções criminosas


O cenário de recessão e grave crise financeira no Estado do Se na fase inicial as UPPs pareciam estar sufocando a atua-
Rio tem castigado servidores públicos estaduais de vários seto- ção de criminosos em algumas favelas, as disputas de territórios
res - e não é diferente com a Polícia Militar. Turistas desavisados vistas recentemente mostram que os danos causados não foram
que chegavam ao aeroporto do Galeão para a Olimpíada no ano permanentes. A disputa de territórios tem sido constante no
passado foram recebidos por um grupo de policiais em protes- Rio, e facções criminosas aproveitam a crise para agir de forma
to empunhando bandeiras dando as boas vindas ao “inferno” - mais agressiva.
“welcome to hell”, dizia em inglês, avisando que policiais e bom- “A criminalidade percebe que há um descontrole na segu-
beiros não estavam recebendo seus salários, e quem chegasse rança pública, que não há rumo, orientação”, diz Julita Lemgru-
ao Rio não estaria seguro. ber.
De lá para cá, a situação se tornou mais crítica. Devido à “Você acha que a criminalidade não percebe que o Rio está
crise, policiais ainda não receberam 13º salário nem as bonifi- à deriva, com um ex-governador preso, o mandato do atual cor-
cações a que têm direito. Maria Isabel Couto, da Diretoria de rendo risco (referência a acusações de corrupção contra o go-
Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/ vernador Luiz Fernando Pezão), um Tribunal de Contas que está
DAPP), diz que a escassez de recursos vem prejudicando a in- na cadeia? É uma situação de falta de legitimidade do Estado,
fraestrutura e as condições de trabalho da polícia, aumentando um Estado que está um pouco à deriva, e a criminalidade perce-
a situação de vulnerabilidade. be isso claramente”, argumenta Lemgruber.
“O aumento dos indicadores de violência significa que os Mais do que isso, a desigualdade social e a falta de oportu-
policiais na ponta estão sendo colocados sob muito mais pres- nidade para jovens nas comunidades continua a contribuir para
são - isso enquanto o Estado passa por uma crise financeira vio- atrair meninos e adolescentes para o tráfico e munir as facções
lentíssima que gera ansiedade sobre se vão receber salários, e de recursos humanos.
boatos de que o Estado não tem dinheiro para comprar gasolina, Sem outra porta de saída que ofereça outras oportunidades,
de que as viaturas estão sucateadas, de que coletes a prova de jovens pobres de comunidades idem são atraídos pelos benefí-
bala estão vencidos e armas estão sem manutenção. Tudo isso cios “sedutores” do tráfico - que não se reduzem a bens mate-
gera um cenário de muito estresse para um funcionário cuja fun- riais, diz o antropólogo e especialista em segurança pública Luiz
ção é ir para a rua e proteger a população.” Eduardo Soares. “Mais do que isso, estão em jogo acolhimento,
Neste ano, mais de 60 policiais já foram mortos no Rio. “A reconhecimento, valorização e pertencimento”, afirma.
sociedade precisa responsabilizar o policial quando ele precisar “É possível disputar menino a menino com a fonte de recruta-
ser responsabilizado, mas também precisa entender que poli- mento criminosa. Disputar significa oferecer pelo menos os mes-
ciais estão sob extrema pressão e profundo estresse, e que eles mos benefícios, com sinal invertido, evidentemente”, considera
também são vítimas desse processo.” Soares, dando o exemplo do campo de políticas culturais, que tem
muitas experiências bem sucedidas no Brasil e no mundo.

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GEOGRAFIA
Maria Isabel Couto, da FGV/DAPP, diz que a falta de uma política nacional de segurança também ajuda a fortalecer as facções
- que substituíram a disputa de uma ou outra favela por disputas mais amplas e ambiciosas.
“A gestão do crime não respeita fronteiras”, diz Maria Isabel Couto. “As facções estão se comunicando, criando parcerias, bus-
cando expandir sua influência e suas rotas. Há uma clara disputa nacional e internacional por territórios.”
Em contraposição, ela diz ser urgente elaborar uma política nacional de segurança pública. “O governo federal precisa entender
que se trata de uma questão nacional e que é seu dever lidar com isso. Nenhum Estado tem condições de dar conta desse controle
sozinho.”

‘Pacificação’ versus confronto


Com a “falência” da política de pacificação e o aumento da criminalidade, especialistas dizem que a doutrina policial que preco-
niza o confronto armado está voltando a ganhar força. A política das UPPs foi baseada em estratégias de policiamento comunitária
- embora, considera Julita Lemgruber, elas não tenham sido bem sucedidas em consolidar esse vínculo com as comunidades.
Porém, o velho modelo das operações policiais em favelas para confrontar o tráfico não foi abandonado, e, com o acirramento
da crise e da violência, volta a se intensificar.
O aumento do número de pessoas mortas pela polícia reflete o aumento de confrontos. Nos últimos cinco anos (2012-2016), o
número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial aumentou 120%, chegando a 920. Em 2012, o patamar mais
baixo na última década, foram 419 mortes. Já em 2007, antes das UPPs, o número de mortos por policiais chegou a 1.330.
“As perdas de vida decorrentes desse conjunto de ações são definidas, cinicamente, como casualties, efeitos colaterais de me-
didas ‘necessárias’. Como dizia (o ex-secretário de Segurança Pública José Mariano) Beltrame, e outros antes dele: ‘Não se fazem
omeletes sem quebrar ovos’”, diz Luiz Eduardo Soares.
“Eu acrescento: desde que não sejam seus filhos. Os efeitos dessa orientação irresponsável, mesmo criminosa, são trágicos.

APRESENTAR NOÇÕES DE LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DENTRO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A PARTIR DA UTILIZAÇÃO
DE MAPAS

O estado do Rio de Janeiro é uma das 27 unidades federativas do Brasil, e a sua capital possui a mesma nomenclatura, a famosa
“cidade maravilhosa“.

Os nascidos no estado do Rio de Janeiro são denominados fluminenses, enquanto aqueles que advém da capital são os cariocas.

Situado na região sudeste, três estados fazem fronteira com a terra carioca: Espírito Santo, a norte; Minas Gerais, a noroeste;
São Paulo, a sudoeste; e toda a sua costa leste é banhada pelo Oceano Atlântico.

Conhecido pelo grande número de praias e pontos turísticos, está entre os primeiros estados colonizados pelos portugueses.
Ela foi, também, a capital do Brasil entre os anos de 1763 e 1960.

O estado recebeu o nome de Rio de Janeiro por conta da expedição exploratória feita pelos portugueses, em que aportaram na
baía de Guanabara no dia 1 de janeiro de 1502.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a estimativa é que se tenha 17.264.943 pessoas no estado, em
uma área de 43.780 km². Só na capital, são estimadas 6.718.903 pessoas.

A sua população é fruto da mestiçagem entre os indígenas, africanos e europeus.

Considerada a segunda maior economia do país, o seu território é um dos locais com a maior industrialização.

O Rio de Janeiro é categorizado como uma das duas cidades globais brasileiras, enquadrando a região da única megalópole da
América do Sul, em um espaço que abrange até São Paulo e a Baixada Santista.

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GEOGRAFIA
Mapa político do estado do Rio de Janeiro
O estado do Rio de Janeiro possui 92 municípios e oito regiões do governo.

Mapa das regiões do Rio de Janeiro


As oito regiões de governo e municípios do Rio de Janeiro são:
1-Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ);
2-Região Noroeste;
3-Região Norte;
4-Região das Baixadas Litorâneas;
5-Região Serrana;
6-Região Centro-Sul;
7-Região do Médio Paraíba;
8-Região da Costa Verde.

16
GEOGRAFIA
Mapa rodoviário do Rio de Janeiro
O estado conta com cerca de 6 mil quilômetros de rodovia pavimentada e asfaltada. O mapa criado pelo Ministério dos Trans-
portes apresenta as principais rodovias e estradas do Rio de Janeiro. Veja:

Mapa antigo do Rio de Janeiro


O mapa antigo mostra como era o estado no ano de 1923. Segue:

Mapa do município do Rio de Janeiro – regiões e bairros


O município do Rio de Janeiro está subdividido em nove subprefeituras, agrupadas em quatro regiões ou “zonas” (zona oeste,
zona norte, centro e zona sul).

17
GEOGRAFIA
Essas possuem 33 regiões administrativas, cujas quais totalizam 160 bairros.

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GEOGRAFIA
Mapa da cidade do Rio de Janeiro

EXERCÍCIOS

1-A cidade do Rio de Janeiro tem uma temperatura média anual em torno de 23ºC, apresentando uma relativa uniformidade
térmica ao longo do ano, enquanto a estação meteorológica localizada no município de Itatiaia registra médias anuais em torno de
8ºC. Assinale a alternativa que apresenta a explicação correta para este fato.
(A) A posição em latitude determina o volume de insolação que um determinado lugar recebe e as diferenças térmicas entre
os lugares.
(B) A proximidade dos corpos hídricos influencia a temperatura do ar devido às características térmicas das superfícies conti-
nentais.
(C.)A influência da altitude explica a diferença de temperatura entre lugares situados à pequena distância um do outro e na
mesma faixa de latitude.
(D) A ação das correntes oceânicas influencia a temperatura do ar porque transportam “calor” ou “frio” de um lugar para outro.
(E )A proximidade das massas florestais determina as variações sazonais da temperatura entre os lugares devido ao volume de
insolação recebido.

2-Com relação ao litoral fluminense, analise as afirmativas a seguir.


I. Na Costa Verde, o litoral é bruscamente interrompido pelos pontões graníticos os chamados “costões” e, entre eles, praias
em forma de arco.
II. Nas Baixadas Litorâneas, a intensa sedimentação deu origem a costas baixas, com extensas planícies dentro das quais en-
contram-se lagoas.
III. Na Região Metropolitana, os aterros decorrentes do crescimento urbano e o lançamento de esgotos e lixo urbano nos rios
destruíram os manguezais que atuavam como “berçários” na renovação da vida marinha.

Assinale:
(A).se apenas a afirmativa II estiver correta.
(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C).se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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GEOGRAFIA
3-O arco rodoviário metropolitano ligará o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ) ao porto de Itaguaí, como
mostra o mapa a seguir.

Sobre a construção do arco rodoviário, analise as afirmativas a seguir.


I. A construção do arco deve reorientar a localização espacial das atividades industriais da Região Metropolitana.
II. A construção do arco deve facilitar o escoamento da produção da orla oriental da baía de Guanabara.
III. A construção do arco deve agilizar a conexão dos principais eixos viários que acessam a Região Metropolitana.

Assinale:
(A)se apenas a afirmativa II estiver correta.
(B) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
(C).se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
(D) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

4-O mapa a seguir, indica a localização correta de algumas fontes geradoras de energia elétrica no Estado do Rio de Janeiro, à
exceção de uma. Assinale-a.

(A)1 As usinas termonucleares localizadas no município de Angra dos Reis.


(B) 2 A usina hidrelétrica do Funil localizada no município de Resende.
(C). 3 A usina termelétrica Mario Lago localizada no município de Macaé.
(D).4 O complexo hidrelétrico de Lajes localizado no município de Piraí.
(E) 5 A usina hidrelétrica de Simplício, no município de Três Rios.

5-Com relação à Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ), assinale a afirmativa incorreta.
(A) A taxa de crescimento demográfico dos municípios que compõem a RMRJ é superior à do município do Rio de Janeiro.
(B)A deficiência do sistema de transporte de massas e o crescimento urbano desordenado amplificaram os problemas de inter-
-articulação da RMRJ.
(C). A diferença entre os padrões urbanos do Rio de Janeiro e Niterói e dos demais municípios da RMRJ é muito acentuada.
(D) A RMRJ tem uma taxa de crescimento demográfico de 3.0% ao ano e contém em torno de 50% da população fluminense.
(E) A RMRJ é polinucleada com complexas relações entre seus núcleos e respectivas periferias.

20
GEOGRAFIA
6-A cidade do Rio de Janeiro :
(A) é um modelo de desenvolvimento social a ser imitado ______________________________________________________
(B) é um foco de problemas insuperáveis, como a violência
urbana ______________________________________________________
(C). manteve o mesmo ritmo de crescimento desde o perío-
do colonial ______________________________________________________
(D) constitui um exemplo de ocupação racional de uma área
disponível ______________________________________________________
(E) é um laboratório onde experiências inestimáveis têm
sido registradas
______________________________________________________
7-A regionalização do Estado do Rio de Janeiro vem sendo
______________________________________________________
fortalecida pela política de pólos econômicos centrados em ati-
vidades diferenciadas. Considere a afirmativa acima e assinale a
alternativa que melhor representa os pólos da Região dos Lagos ______________________________________________________
e da Região do Vale Médio do Paraíba, respectivamente:
(A) Pólo gás-químico e frutícola. ______________________________________________________
(B) Pólo turístico e gás-químico.
(C).Pólo metal-automobilístico e turístico. ______________________________________________________
(D) Pólo frutícola e metal-automobilístico.
(E) Pólo turístico e metal-automobilístico. ______________________________________________________

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GABARITO
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1 C ______________________________________________________
2 E
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3 E
4 C ______________________________________________________
5 D
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6 E
7 E ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES
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21
GEOGRAFIA

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22
HISTÓRIA
1. A expansão Ultramarina Portuguesa dos séculos XV e XVI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. O sistema colonial português na América - Estrutura político-administrativa, estrutura sócio-econômica, a escravidão (as formas de
dominação econômico-sociais); as formas de atuação do Estado Português na Colônia; a ação da Igreja, as invasões estrangeiras,
expansão territorial, interiorização e formação das fronteiras, as reformas pombalinas, rebeliões coloniais. Movimentos e tentativas
emancipacionistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03
3. O período joanino e o processo de independência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4. A presença britânica no Brasil, a transferência da Corte, os tratados, as principais medidas de D. João VI no Brasil, política joanina, os
partidos políticos, revoltas, conspirações e revoluções, emancipação e conflitos sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5. O processo de independência do Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
6. Brasil Imperial - O Primeiro Reinado, o Período Regencial e o Segundo Reinado: aspectos, políticos, administrativos, militares, cultu-
rais, econômicos, sociais, territoriais, a política externa, a questão abolicionista, o processo de modernização, a crise da monarquia e
a proclamação da república . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
HISTÓRIA

A EXPANSÃO ULTRAMARINA PORTUGUESA DOS SÉCULOS XV E XVI

A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVIII quando alguns povos europeus partiram para
explorar o oceano que os rodeava.
Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comercial, ao encontro de culturas diferentes e da exploração do novo mundo,
possibilitando a interligação dos continentes.

Expansão Ultramarina
As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade Média, o desenvolvimento da economia
mercantil e o fortalecimento da burguesia.
A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos, econômicos e tecnológicos.
A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos desafios que resultariam na expansão para ou-
tros territórios.
Veja no mapa abaixo as rotas empreendias em direção ao Ocidente pelos navegadores e o ano das viagens:

Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente europeu, a oferta era de madeira, pedras,
cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas, trigo, peixe, carne.
Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas, pedras preciosas, cravo, canela, pimenta,
noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos aromáticos, drogas medicinais e perfumes.
Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas terrestres. O destino eram as cidades ita-
lianas de Gênova e Veneza que serviam como intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do continente.
Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era necessário encontrar um caminho alternati-
vo, mais rápido, seguro e, principalmente, econômico.
Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na Europa, onde as minas já davam sinais de
esgotamento.
Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as alianças entre reis e burguesia que formaram
as monarquias nacionais.
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era preciso navios, armas, navegadores e
mantimentos.
Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi um modo de fortalecer os Estados nacionais
e submeter à sociedade a um governo centralizado.
No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da cartografia, da astronomia e da engenharia náutica.

1
HISTÓRIA
Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através Assim, Portugal estabeleceu-se na África, mas não foi possível
da chamada da Escola de Sagres. Ainda que não fosse uma ins- interceptar as caravanas carregadas de escravos, ouro, pimenta,
tituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir na- marfim, que paravam em Ceuta. Os árabes procuraram outras ro-
vegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique tas e os portugueses foram obrigados a procurar novos caminhos
(1394-1460). para obter as mercadorias que tanto aspiravam.
Na tentativa de chegar à Índia, os navegadores portugueses
Portugal foram contornando a África e se estabelecendo na costa deste
A expansão marítima portuguesa começou através das conquistas na continente. Criaram feitorias, fortes, portos e pontos para nego-
costa da África e se expandiram para os arquipélagos próximos. Experien- ciação com os nativos.
tes pescadores, eles utilizaram pequenos barcos, o barinel, para explorar A essas incursões deu-se o nome de périplo africano e tinham
o entorno. o objetivo de obter lucro através do comércio. Não havia o inte-
Mais tarde, desenvolveriam e construiriam as caravelas e resse em colonizar ou organizar a produção de algum produto nos
naus a fim de poderem ir mais longe com mais segurança. locais explorados.
A precisão náutica foi favorecida pela bússola e o astrolábio, Em 1431, os navegadores portugueses chegavam às ilhas dos
vindos da China. A bússola já era utilizada pelos muçulmanos no Açores, e mais tarde, ocupariam a Madeira e Cabo Verde. O Cabo
século XII e tem como finalidade apontar para o norte (ou para o do Bojador foi atingido em 1434, numa expedição comandada por
sul). Por sua vez, o astrolábio é utilizado para calcular as distâncias Gil Eanes. O comércio de escravos africanos já era uma realidade
tomando como medida a posição dos corpos celestes. em 1460, com retirada de pessoas do Senegal até Serra Leoa.
No mapa a seguir é possível ver as rotas empreendidas pelos Foi em 1488 que os portugueses chegaram ao Cabo da Boa
portugueses: Esperança sob o comando de Bartolomeu Dias (1450-1500). Esse
feito constitui entre as importantes marcas das conquistas maríti-
mas de Portugal, pois desta maneira se encontrou uma rota para o
Oceano Índico em alternativa ao Mar Mediterrâneo.
Entre 1498, o navegador Vasco da Gama (1469-1524) conse-
guiu chegar a Calicute, nas Índias, e aí estabelecer negociações com
os chefes locais.
Dentro deste contexto, a esquadra de Pedro Álvares Cabral
(1467-1520), se afasta da costa da África a fim de confirmar se havia
terras por ali. Desta maneira, chega nas terras onde seria o Brasil,
em 1500.

Espanha
A Espanha unificou grande parte do seu território com a queda
de Granada, em 1492, com a derrota do último reino árabe. A pri-
meira incursão espanhola ao mar resultou na descoberta da Améri-
ca, pelo navegador italiano Cristóvão Colombo (1452-1516).
Apoiado pelos reis Fernando de Aragão e Isabel de Castela,
Colombo partiu em agosto de 1492 com as caravelas Nina e Pinta
e com a nau Santa Maria rumo a oeste, chegando à América em
outubro do mesmo ano.
Dois anos depois, o Papa Alexandre VI aprovou o Tratado de
Tordesilhas, que dividia as terras descobertas e por descobrir entre
espanhóis e portugueses.

França
As navegações portuguesas na África foram denominadas Através de uma crítica ao Tratado de Tordesilhas feita pelo rei
Périplo Africano Francisco I, os franceses se lançaram em busca de territórios ultra-
marinos. A França saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), das
Com tecnologia desenvolvida e a necessidade econômica de lutas do rei Luís XI (1461-1483) contra os senhores feudais.
explorar o Oceano, os portugueses ainda somaram a vontade de A partir de 1520, os franceses passaram a fazer expedições,
levar a fé católica para outros povos. chegando ao Rio de Janeiro e Maranhão, de onde foram expulsos.
As condições políticas eram bastante favoráveis. Portugal foi a Na América do Norte, chegaram à região hoje ocupada pelo Canadá
primeira nação a criar um Estado-nacional associado aos interes- e o estado da Louisiana, nos Estados Unidos.
ses mercantis através da Revolução de Avis. No Caribe, se estabeleceram no Haiti e na América do Sul, na
Em paz, enquanto outras nações guerreavam, houve uma Guiana.
coordenação central para as estimular e organizar as incursões
marítimas. Estas seriam essenciais para suprir a falta de mão de Inglaterra
obra, de produtos agrícolas e metais preciosos. Os ingleses, que também estavam envolvidos na Guerra dos
O primeiro sucesso português nos mares foi a Conquista de Cem Anos, Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e conflitos com se-
Ceuta, em 1415. Sob o pretexto de conquista religiosa contra os nhores feudais, também queriam buscar uma nova rota para as Ín-
muçulmanos, os portugueses dominaram o porto que era o desti- dias passando pela América do Norte.
no de várias expedições comerciais árabes. Assim, ocuparam o que hoje seria os Estados Unidos e o Cana-
dá. Igualmente, ocuparam ilhas no Caribe como a Jamaica e Baha-
mas. Na América do Sul, se estabeleceram na atual Guiana.

2
HISTÓRIA
Os métodos empregados pelo país eram bastante agressivos navegando rumo ao norte. Aportou no litoral do atual estado de
e incluía o estímulo à pirataria contra a Espanha, com a anuência ora de açúcar da colônia, o Engenho do Senhor Governador ou São
rainha Elizabeth I (1558-1603). Jorge dos Erasmos (1534). Não muito longe de São Vicente foram
Os ingleses dominaram o tráfico de escravos para a América fundadas, naquele mesmo período, duas outras vilas: Santo André
Espanhola e também ocuparam várias ilhas no Pacífico, colonizando da Borda do Campo, por João Ramalho, e Santos, por Brás Cubas.
as atuais Austrália e Nova Zelândia.
Holanda As estruturas de poder no início da colonização
A Holanda se lançou na conquista por novos territórios a fim de Com o planejamento das estruturas político-administrativas
melhorar o próspero comércio que dominavam. Conseguiram ocu- da colônia, a Coroa portuguesa buscava viabilizar o processo de
par vários territórios na América estabelecendo-se no atual Surina- ocupação do território e criar condições para o desenvolvimento
me e em ilhas no Caribe, como Curaçao. de atividades econômicas rentáveis, de acordo com o modelo de
Na América do Norte, chegaram a fundar a cidade de Nova mercantilismo europeu. Para tanto, resolveu adotar na colônia os
Amsterdã, mas foram expulsos pelos ingleses que a rebatizaram de padrões administrativos da metrópole, aliados à experiência portu-
Nova Iorque. guesa nas ilhas do Atlântico.
Igualmente, tentaram arrebatar o nordeste do Brasil durante a Em 1532, o rei dom João III decidiu aplicar na colônia da Amé-
União Ibérica, mas foram repelidos pelos espanhóis e portugueses. rica uma divisão administrativa que havia dado bons resultados nos
No Pacífico, ocuparam o arquipélago da Indonésia e ali permanece- Açores e na ilha da Madeira: o sistema de capitanias hereditárias.
riam por três séculos e meio. Quase duas décadas depois, criou-se um poder central, o go-
verno-geral, e, no âmbito local, foram instituídas as câmaras muni-
cipais, semelhantes às já existentes em Portugal.
O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA - ES-
TRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, ESTRUTURA As capitanias hereditárias
SÓCIOECONÔMICA, A ESCRAVIDÃO (AS FORMAS DE
DOMINAÇÃO ECONÔMICO-SOCIAIS); AS FORMAS
DE ATUAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS NA COLÔNIA;
A AÇÃO DA IGREJA, AS INVASÕES ESTRANGEIRAS,
EXPANSÃO TERRITORIAL, INTERIORIZAÇÃO E FORMA-
ÇÃO DAS FRONTEIRAS, AS REFORMAS POMBALINAS,
REBELIÕES COLONIAIS. MOVIMENTOS E TENTATIVAS
EMANCIPACIONISTAS

Em dezembro de 1530, partiu de Lisboa uma esquadra que mu-


daria a história das terras conquistadas pelos portugueses na Amé-
rica. Seu comandante era Martim Afonso de Sousa, que, à frente de
quatrocentos homens, deu início à ocupação efetiva do território
brasileiro.

A ocupação: primeiras providências


Uma das razões pelas quais o governo de Portugal decidiu co-
lonizar as novas terras, a partir de 1530, foi o fato de que na Eu-
ropa e no Oriente a situação não era mais tão favorável para os
portugueses. Os holandeses também haviam entrado no comércio
de especiarias das Índias, concorrência que provocava a queda nos
preços dos produtos.
Assim, para os portugueses, já não compensava investir em
viagens longas e custosas para buscá-los nas Índias e vendê-los a
preços pouco atraentes na Europa. Além disso, os franceses faziam
constantes incursões ao litoral das novas terras para extrair pau-
-brasil. Entretanto, uma razão mais forte atraía as atenções da Co-
roa portuguesa para o Novo Mundo: a notícia de que na América
Espanhola havia grandes jazidas de ouro e prata.

Martim Afonso de Sousa na colônia


Martim Afonso de Sousa recebeu do governo português ordens
para combater os navios franceses, explorar o rio da Prata (segundo
alguns, via de acesso a um reino cheio de riquezas) e criar núcleos
de povoamento nas novas terras. Para isso, dispunha de poderes
tais como o de distribuir sesmarias (grandes propriedades rurais), As capitanias hereditárias eram enormes faixas de terra que se
de nomear tabeliães e de estabelecer um sistema administrativo no limitavam a leste com o oceano Atlântico e a oeste com a linha de
novo território. Tordesilhas. Essas terras foram doadas pelo rei a militares, burocra-
Martim Afonso percorreu o litoral de São Paulo, onde fundou a tas e comerciantes portugueses, que receberam o título de “capi-
vila de São Vicente, em janeiro de 1532, e nessa região implantou tães donatários”.
a primeira unidade produtora até chegar à região do rio da Prata,

3
HISTÓRIA
Para formalizar seus direitos e deveres, o governo português
lançou mão de dois documentos: a Carta de Doação e o Foral.
De acordo com a Carta de Doação, o capitão donatário detinha
a posse da capitania, mas não a sua propriedade.
Dessa forma, não podia nem vendê-la nem dividi-la. Já o Fo-
ral dava-lhe amplos poderes: ele podia, entre outras coisas, fun-
dar vilas, conceder terras (as sesmarias) e arrecadar impostos. Ele
também podia receber tributos sobre a produção das salinas, as
moendas de água e os engenhos, além de monopolizar a navegação
fluvial.
Cabia-lhe, ainda, a aplicação das leis em suas possessões, bem
como a defesa militar da capitania.

Com as capitanias hereditárias foi criado um sistema políti-


co-administrativo descentralizado, ou seja, não havia um governo
central. Todos os donatários reportavam-se diretamente ao rei. Os
donatários eram os responsáveis pelos custos do processo de im-
plantação e do funcionamento das capitanias. Dessa forma, a Coroa
portuguesa transferia para particulares o ônus da colonização. Para
si, o rei reservou o monopólio das drogas-do-sertão, que eram as
especiarias da floresta Amazônica (castanha-do-pará, cravo, guara-
ná, canela etc.), e uma parte dos impostos arrecadados. Tomé de Sousa (1549-1553): durante seu governo foi fundada a
cidade de São Salvador, que se tomou sede do governo-geral e capi-
O governo-geral tal da colônia. A Bahia passou a ser a Capitania Real do Brasil. Foram
As capitanias não desapareceram imediatamente. Pouco a estabelecidos o primeiro bispado e o primeiro colégio da colônia.
pouco, foram retomando ao domínio da Coroa portuguesa, por con- Na imagem ao lado, a representação de Tomé de Sousa desembar-
fisco ou por meio do pagamento de indenizações aos donatários. cando na Terra de Santa Cruz, de autor anônimo.
Com isso, perderam seu caráter privado, passando à esfera pública. • Duarte da Costa (1553-1558): enfrentou grande instabilida-
Entretanto, mantiveram a função de unidade administrativa até o de política, causada, entre outros fatores, pela invasão francesa do
início do século XIX, quando transformaram-se em províncias. Rio de Janeiro (1555); entrou em atrito com o bispo do Brasil, Pero
A transferência das capitanias para o domínio da Coroa só foi Fernandes Sardinha, que criticava o comportamento e a violência
concluída no período entre 1752 e 1754, sob as ordens do marquês de seu filho, dom Álvaro da Costa. Um dos marcos de seu governo
de Pombal, espécie de primeiro-ministro de dom José I. Contudo, foi a fundação do Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554.
em 1548 o fracasso desse sistema já havia levado o governo de Por- O colégio, fundado pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de An-
tugal a criar um órgão central para administrar a colônia: o gover- chieta, deu origem à cidade de São Paulo.
no-geral. • Mem de Sá (1558-1572): fundou a cidade de São Sebastião
No ano seguinte, chegou à Bahia Tomé de Sousa, o primeiro do Rio de Janeiro em 1565; juntamente com seu sobrinho, Estácio
governador-geral. Ele veio acompanhado de aproximadamente mil de Sá, expulsou os franceses do Rio de Janeiro. É considerado o me-
pessoas, entre elas um grupo de padres jesuítas chefiado por Ma- lhor governador-geral do século XVI.
nuel da Nóbrega, além de funcionários da administração, militares,
artesãos e degredados. O poder local: as câmaras municipais
O governo-geral tornou-se o centro político da administração A partir de cerca de 1550, a administração das cidades e vilas
portuguesa na América. Sua legitimidade foi estabelecida pelo Re- ficou nas mãos das câmaras municipais. Esses órgãos administrati-
gimento de Tomé de Sousa, de 1548, que determinava as funções vos eram formados por três ou quatro vereadores, dois juízes ordi-
administrativas, judiciais, militares e tributárias do governador-ge- nários, um procurador, um escrivão e um tesoureiro, eleitos pelos
ral. Para assessorá-lo, havia três altos funcionários: o ouvidor-mor, chamados “homens bons”. Além disso, contavam com alguns fun-
responsável pela justiça; o provedor-mor, encarregado da tributa- cionários nomeados, conhecidos como “oficiais da Câmara”. Cabia
ção; e o capitão-mor, responsável pela defesa. aos membros da Câmara elaborar as leis e fiscalizar o seu cumpri-
O cargo de governador-geral subsistiu até o século XVIII, quan- mento, assim como nomear juízes, arrecadar impostos e cuidar do
do foi substituído pelo de vice-rei. Os três primeiros governadores- patrimônio público (estradas, ruas, pontes etc.), do abastecimento
-gerais foram: e da regulamentação das profissões e do comércio.
As câmaras municipais representavam os interesses dos pro-
prietários locais. Esse poder, delegado pelos senhores de engenho
aos vereadores (membros eleitos da Câmara), às vezes entrava em
conflito com o poder central, representado pelo governador-geral.
Exemplo disso foi a Câmara de Olinda, na capitania de Pernambuco,
que em 1710 chegou a comandar uma luta armada contra as tropas
do governo porque se opunha à elevação do Recife à condição de
vila.
A partir de 1642, com a criação do Conselho Ultramarino, que
detinha forte controle político-administrativo sobre a colônia, as câ-
maras municipais foram pouco a pouco perdendo seu poder.

4
HISTÓRIA
Mudanças na organização administrativa colonial A Economia Açucareira: trabalho escravo 1550-1650
A organização administrativa da colônia passou por várias mu- Os primerios povoadores vieram ao Brasil atraídos peloa possi-
danças entre os séculos XVI e XVIII. Em 1548 foi dado o nome de bilidade de encontrar metais e pedras preciosas e, assim, enrique-
Estado do Brasil pelo governo português. Os limites territoriais do cer rapidamente. Não tiveram sorte. Mas havia uma alternativa: a
Brasil atual não eram, nem de perto, os do período colonial. Duran- cana-de-açúcar.
te anos, a Coroa ficou apenas na exploração das faixas litorâneas e Desconhecido na Europa até o começo do século XII, o açúcar
aos poucos foi ampliando as terra para o oeste. Em 1572 foram es- chegou ao continente ainda durante a Idade Média por intermédio
tabelecidos dois governos-gerais: um ao norte, com capital em Sal- de mercadores árabes e cruzados. Além de ser utilizado como ado-
vador, e outro ao sul, com sede no Rio de Janeiro. Seis anos depois, çante, era empregado para conservar alimentos - no caso das frutas
os governos foram reunificados, com a capital tendo permanecido cristalizadas- e no fabrico de remédios.
em Salvador. Produzido em pequena escala, era considerado especiaria de
Em 1621, uma nova divisão administrativa criou o Estado do luxo: apenas nobres e reis tinham condições de comprá-lo. Seu va-
Brasil, com sede em Salvador (e a partir de 1763 no Rio de Janei- lor era tão alto, que pessoas indicavam em testamento quem deve-
ro), e o Estado do Maranhão, com capital em São Luís (mais tarde, ria herdar, após sua morte, o açúcar que lhes pertencera em vida.
Estado do Maranhão e Grão-Pará, com sede em Belém). Em 1641, Portanto, a Europa era um promissor mercado consumidor, o que
houve uma reorganização administrativa e a capital foi transferida significava aos portugueses, grandes lucros. Além disso, Portugal já
para Salvador. Em 1774, a colônia voltou a ser reunificada adminis- possuía experiência na produção de cana nos Açores e na Ilha da
trativamente. Madeira. Entretanto, faltava aos portugueses capital inicial e uma
eficiente infra-estrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida
O papel da Igreja na administração colonial com uma parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar pro-
A Igreja católica foi a grande parceira da Coroa portuguesa na duzido por Portugal nas ilhas do Atlântico.
tarefa de administrar a colônia. Para a instituição, os principais ob-
jetivos da conquista e da colonização das novas terras eram difun- O sistema instalado foi o de plantation, cujas características
dir a fé cristã em sua versão católica apostólica romana, bem como eram:
Grandes propriedades (latifúndios) monoculturas (dedicadas a
promover a catequese dos índios e administrar a vida espiritual dos
apenas um produto) - os engenhos.
colonos segundo os preceitos estabelecidos pela Santa Sé. Além de
Mão-de-obra escrava (primeiramente indígena; depois africa-
cristianizar os indígenas, buscava evitar o desregramento dos cos-
na)
tumes entre os colonos, combater sua tendência à poligamia com
Produção voltada para o mercado externo.
as índias e educar os filhos desses colonos dentro dos preceitos re-
Regiões: litoral do Nordeste, Bahia e Pernambuco.
ligiosos da Igreja católica.
Para isso, os primeiros religiosos a chegar trataram de construir
Os latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma
igrejas, capelas e escolas, criar paróquias e dioceses. Aos poucos produção vasta a baixos custos - o que levava a altos lucros. O desti-
ia surgindo uma estrutura material e administrativa de enorme in- no era unicamente a exportação, uma vez que Portugal não tinha o
teresse para o governo português e para a Santa Sé, que estavam menor interesse em desenvolver a economia interna brasileira. Os
preocupados em manter um rígido controle sobre as atividades e a lucros que permaneciam no Brasil eram poucos e ficavam nas mãos
vida religiosa da colônia. dos senhores de engenho - os donos dos latifúndio-, resultando em
grande concentração de renda.
Estrutura Socioeconômica no Brasil Colonial Segundo Jorge Caldeira no livro A nação mercantilista, o ne-
A economia do Brasil colônia foi sempre voltada para o bene- gócio do açúcar se transformou em um mercado global: o finan-
fício de Portugal. Inserida no contexto do mercantilismo europeu, ciamento vinha da Holanda; a produção se fazia no nordeste da
foi caracterizada pelo pacto colonial, segundo o qual os brasileiros colônia; o refino, também na Holanda; os consumidores eram da
só podiam comercializar produtos com os portugueses, de modo Europa; a mão-de-obra vinha da África; parte dos insumos, na Euro-
que esses últimos compravam barato, vendiam caro e ainda tinham pa: outra parte, em vários pontos da América do Sul.
exclusividade na exportação das mercadorias do Brasil a outras Até meados do século XVII, a colônia portuguesa liderou a produção
nações. A grande maioria dos lucros ia para a metrópole, espe- açucareira mundial. A partir de então, problemas internos - como secas e
cialmente para os cofres da Coroa portuguesa, que cobrava altos a destruição de engenhos nordestinos durante aInsurreição Pernambu-
impostos sobre a exploração dos produtos coloniais. As principais cana -e, mais tarde, externos - como a forte concorrência dos produtores
atividades econômicas realizadas no período em nosso território holandeses da região das Antilhas - provocaram a lenta decadência da
foram a extração do pau-brasil, a produção de açúcar, a mineração economia do açúcar na colônia portuguesa da América.
e a pecuária. A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do
A primeira riqueza percebida por Portugal foi o pau-brasil( ibi- Brasil colonial durante os séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada no
rapitanga, em tupi), madeira então abundante em nosso litoral, século XVIII pela mineração.
usada como matéria-prima para a fabricação de tinturas.
O pau-brasil, árvore que crescia por quase todo o litoral, media As formas de atuação do Estado Português na Colônia
cerca de 20 a 30 metros, de seu tronco vermelho os índios extraiam Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Re-
tinta para colorir as penas branca com que se enfeitavam. gimento -documento que reafirmava a autoridade e soberania da
Existente também na Ásia, o pau-brasil já era conhecido na Ida- Coroa sobre a colônia, e definia os encargos e direitos dos governa-
de Média pelos europeus, que utilizavam seu corante para tingir dores-gerais -o Estado português assumia a tarefa de colonização,
tecidos. Entretanto, com a conquista de Constantinopla pelos oto- sem extinguir o sistema de capitanias hereditárias.
manos, em 1453, e o bloqueio do comércio pelo Mediterrâno, o O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de
preço da madeira subiu muito. Por isso a descoberta de pau-brasil quatro anos e contava com três auxiliares: o provedor-mor, encar-
na América foi uma boa para Portugal. Sua exploração se tornaria a regado das finanças e responsável pela arrecadação de tributos; o
principal atividade econômica dos portugueses na região de 1500 a capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do litoral e o ouvi-
1530,conhecido como perído Pré-colonial. dor-mor, encarregado de aplicar a justiça.

5
HISTÓRIA
A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações: Durante cinco anos, aproximadamente, ocorreram diversos
Tomé de Souza (1549/1553) conflitos entre os portugueses e a Confederação. No ano de 1567,
-fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e capital do os portugueses derrotaram a Confederação, extinguindo-a e expul-
Brasil; sando os franceses do território colonial
-criação do primeiro bispado do Brasil (1551); Ao contrário do que muitos pensaram, os franceses não desisti-
-vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbre- ram tão facilmente do Brasil. Eles foram expulsos do litoral brasileiro,
ga, e início da catequese dos índios; -ampliação da distribuição de da região sudeste (Rio de Janeiro), porém estabeleceram uma nova fi-
sesmarias; xação no território durante o século XVII, mas na região nordeste, mais
-política de incentivos aos engenhos de açúcar; precisamente na cidade de São Luís (atual capital do Maranhão), onde
-introdução das primeiras cabeças de gado; fundaram, em 1612, a chamada França Equinocial.
-proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão- Outra vez, a França estava tentando desenvolver uma civi-
-de-obra escrava africana. lização no Brasil colonial. A metrópole Portugal, rapidamente, no
Duarte da Costa (1553/1558) intuito de não perder partes do território da colônia, enviou uma
-conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo a escravidão in- expedição militar à região do Maranhão. Essa expedição portugue-
dígena; sa atacou os franceses tanto por terra quanto por mar. No ano de
-invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555 pelo huguenotes 1615, os franceses foram derrotados e se retiraram do Maranhão,
(protestantes), e fundação da França Antártica; deslocando-se para a região das Guianas, onde fundaram uma colô-
-fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de Piratininga nia, a chamada Guiana Francesa.
pelos jesuítas José de Anchieta e Manuel de Paiva; Após duas tentativas mal sucedidas de estabelecimento de uma
civilização francesa, nos séculos XVI e XVII, no Brasil colonial (Fran-
-conflito do governador com o bispo Pero Fernandes Sardinha, ça Antártida e França Equinocial), os franceses passaram a saquear,
em virtude da vida desregrada de D. Álvaro da Costa, filho do go- através de corsários (piratas), algumas cidades do litoral brasileiro,
vernador; no século XVIII. A principal delas foi a cidade do Rio de Janeiro, de
Mem de Sá (1558/1572) onde escoava todo ouro extraído da colônia rumo a Portugal. Uma
-aceleração da política de catequese, como forma de efetivar o primeira tentativa de saque, em 1710, foi barrada pelos portugue-
domínio sobre os indígenas; ses; entretanto, no ano de 1711, piratas franceses tomaram a cida-
-início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as chamadas de do Rio de Janeiro e receberam dos portugueses um alto resgate
missões; para libertá-la: 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois.
-restabelecimento das boas relações com o bispado; Terminavam, então, as tentativas de invasões francesas no Brasil.
-expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade do Bra-
sil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/invasoes-francesas-
-no-brasil-colonial.htm
Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administra-
ção da colônia entre dois governos: D. Luís de Brito, que se instalou
Expansão Territorial Brasileira
em Salvador, a capital do Norte,e; ao sul, D. Antônio Salema, insta-
A expansão territorial brasileira está associada à diversidade
lado no Rio de Janeiro.
de atividades que foram se desenvolvendo no Brasil Colônia à me-
dida em que foi ocorrendo a expansão demográfica e também em
Fonte: https://www.mundovestibular.com.br/articles/4433/1/BRASIL-
decorrência da crise do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste.
-COLONIA/Paacutegina1.html
Após a União Ibérica (1580-1640), houve a anulação do Tratado
de Tordesilhas, que possibilitou que as terras mais afastadas do li-
toral brasileiro pudessem ser ocupadas pelos colonos, e ainda mais
A ação da Igreja, as invasões estrangeiras porque eram áreas que não interessavam na colonização espanho-
A França foi o primeiro reino europeu que contestou o Tratado la. Então, ocupado de maneira desigual e por diferentes motivos,
de Tordesilhas (1494), que dividiu as terras descobertas na América podemos resumir a expansão territorial brasileira assim:
entre Portugal e Espanha. O litoral brasileiro era constantemente • Região Nordeste: o litoral foi o primeiro local da ocupa-
frequentado pelos franceses desde o período da extração do pau- ção portuguesa, devido ao interesse econômico da cana-de-açú-
-brasil. Os franceses, nessa época, mantinham permanentes conta- car e também por motivo da defesa militar do território. Podemos
tos com os povos indígenas e dessa relação articulavam acordos e observar que a maioria das capitais nordestinas, com exceção de
alianças com esses povos. Teresina-PI, são cidades litorâneas. Já o interior do Nordeste foi
No século XVI, mais especificamente no ano de 1555, os fran- povoado pela expansão da pecuária, tendo como principal eixo o
ceses fundaram a chamada França Antártica, na baía de Guana- Rio São Francisco, e outros povoamentos que eram cortados pelos
bara (atual Rio de Janeiro). Lá construíram uma sociedade com rios, como o Rio Jaguaribe, no Ceará. A pecuária torna-se o principal
influências protestantes, uma vez que, no século XVI, milhares de meio econômico do Nordeste, que traz até hoje a figura do vaqueiro
protestantes europeus vieram em fuga da Europa para a América como representante de sua cultura.
em consequência da perseguição católica durante a Contrarreforma • Região Sudeste e Centro-Oeste: essas regiões foram po-
religiosa (conjunto de medidas tomadas pela Igreja Católica com o voadas pela atuação dos bandeirantes, em busca de ouro e no apre-
surgimento das religiões protestantes). samento dos índios. Na verdade, a figura do bandeirante é decisiva
Sob a influência francesa, algumas partes do litoral brasileiro para a expansão territorial brasileira, já que foi através das bandei-
ganharam diversas feitorias e fortes (militares). O principal povo ras que o interior do Brasil foi sendo penetrado, na corrida do ouro,
indígena que perpetuou a aliança com os franceses foi o Tamoio. no início do século XVIII. As cidades mineiras onde se concentraram
Deste acordo surgiu a Confederação dos Tamoios (aliança entre di- a extração mineradora, também foi onde mais se concentrou a po-
versos povos indígenas do litoral: tupinambás, tupiniquins, goita- pulação, contribuíndo para o desenvolvimento das cidades, cons-
cás, entre outros), que possuíam um objetivo em comum: derrotar trução de estradas, surgimento de vilas e a urbanização do Sudeste
os colonizadores portugueses. brasileiro.

6
HISTÓRIA
• Região Norte: teve como processo de povoamento também a Assim, o formato atual das fronteiras brasileiras veio através
atuação dos bandeirantes que foram em busca das drogas do sertão (as de uma série de acordos com a Espanha, usando acidentes naturais
epeciarias da floresta Amazônica brasileira) para comercialização. e formas geográficas do relevo como limites entre as colônias das
• Região Sul: foi colonizada por incentivo da Metrópole duas nações, além de considerar a ocupação territorial. Em 1750,
para assegurar o controle das fronteiras com a América espanhola, foi assinado o Tratado de Madri, onde o território brasileiro assu-
além de ter desenvolvido um grande centro de ação jesuítica com miu seu formato atual, exceto por algumas regiões no Centro-Oes-
os Sete Povos das Missões. A Região Sul também se desenvolveu te, Norte e Sul (como o Acre, parte do Mato Grosso do Sul e uma
economicamente através da pecuária e charqueadas; grande parte do Rio Grande do Sul), e pequenos territórios ao longo
de toda a fronteira.
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/expansao-territorial-bra-
sileira/ Fonte: https://passeinafuvest.wordpress.com/2015/08/26/a-interiori-
zacao-e-formacao-das-fronteiras/
A interiorização e formação das fronteiras no Brasil colônia
Os principais fatores que levaram à interiorização do país foram:
Reformas Pombalinas
– A pecuária (século XVI)
Durante o reinado de Dom José I, um novo ministro inspirado
Para manter o gado distante das plantações de cana-de-açúcar,
por doutrinas de tendência iluminista empreendeu diversas mu-
evitando prejuízos para os produtores, os colonos adentraram na
mata nordestina. danças na administração portuguesa. Entre 1750 e 1777, Sebastião
José de Carvalho, o Marquês de Pombal, estabeleceu uma série de
– As missões jesuítas reformas modernizantes com o objetivo de melhorar a administra-
Para levarem a cultura católica aos índios, os jesuítas tiveram ção do Império português e aumentar as rendas obtidas através da
que se locomover até as aldeias no interior do país. exploração colonial. Esse tipo de experiência condizia com uma ten-
dência vivida em várias monarquias européias.
– As Bandeiras ou Entradas (século XVI a XVIII)
Os bandeirantes tiveram uma extrema importância na interioriza- O chamado despotismo esclarecido era uma tendência política
ção do Brasil. A diferença entre os dois tipos de expedições está no apoio que buscava conciliar a face política conservadora absolutista com
da Coroa portuguesa (Entradas). As Entradas eram expedições de caráter princípios econômicos racionalistas. A intervenção política “esclareci-
oficial e no início tinham o objetivo de expandir o território, mas logo da” de Pombal surgiu no momento em que Portugal enfrentava sérios
depois, assim como as Bandeiras, os exploradores eram enviados com problemas econômicos. A Coroa lusitana tinha perdido diversas de
a missão de procurar por ouro e pedras preciosas (obtendo sucesso na suas possessões no continente asiático e sofria com as imposições do
região de Minas Gerais e Goiás). Os bandeirantes também eram conhe- Tratado de Methuen, assinado junto à Inglaterra, em 1703.
cidos por capturarem indígenas (atacando as aldeias) e escravos fugitivos
É importante destacar que apesar do Tratado de Tordesilhas De acordo com o tratado, Portugal se comprometia a adquirir
(assinado por Espanha e Portugal) estabelecer um limite no territó- tecidos de lã ingleses. Em contrapartida, a Inglaterra obteria toda a
rio, os colonos portugueses adentraram no continente bem além de produção de vinhos oferecida pelo governo português. Esse tratado
onde ficava a linha imaginária do tratado. acabou gerando uma relação de extrema dependência econômica
na medida em que a demanda por tecidos era infinitamente maior.
O déficit econômico causado por essa situação, segundo Pombal,
seria amenizado com mudanças no gasto público e na administra-
ção colonial.

Para evitar as fraudes causadas com a cobrança do quinto, pas-


sou a exigir que os mineradores da colônia pagassem um valor fixo
de 1500 quilos de ouro por ano. Além disso, restringiu os pode-
res do Conselho Ultramarino e deu fim às capitanias hereditárias,
passando-as para o controle direto do governo português. Visan-
do ampliar os negócios na colônia, instituiu a criação de diversas
companhias de comércio incumbidas do papel de fortalecer o setor
comercial da metrópole. Em Portugal, preocupou-se em diminuir
os gastos excessivos da Coroa Portuguesa com a criação do Erário
Régio. Tal medida, apesar de visivelmente necessária, afrontava for-
temente as regalias e privilégios de muitos integrantes do gover-
no imperial. No plano interno, mesmo sem sucesso, Marquês de
Pombal tentou diminuir a dependência econômica lusitana com o
incentivo ao setor industrial.

Visando controlar de perto as questões jurídicas da colônia bra-


sileira, criou, em 1751, o Tribunal da Relação. Uma das mais polê-
micas medidas impostas por esse novo tribunal foi a de impor a ex-
pulsão dos jesuítas do Brasil. A decisão de caráter anticlerical visava
dar fim aos conflitos envolvendo os colonos e os padres jesuítas. En-
quanto os primeiros defendiam a utilização da mão-de-obra escrava
dos indígenas, os religiosos se negavam a ceder seus catequizados
para o empreendimento colonial.

7
HISTÓRIA
As terras anteriormente administradas pela Companhia de Je- A partir de 1821, com a volta do rei e da corte para Portugal, o
sus foram tomadas por militares e colonos; ou doadas e leiloadas Brasil passou a ser governado pelo príncipe regente D. Pedro. Aten-
pela Coroa Portuguesa. Em 1757, Marquês de Pombal proibiu a per- dendo principalmente aos interesses dos grandes proprietários ru-
seguição religiosa aos cristãos-novos e – tempos depois – deu fim à rais, contrários à política das Cortes portuguesas, que desejavam
escravidão indígena. Essa última medida visava inserir os índios no recolonizar o Brasil, bem como pretendendo libertar-se da tutela
processo de ocupação do território e transformá-los em mão-de-o- da metrópole, que visava diminuir-lhe a autoridade, D. Pedro pro-
bra por vias consensuais. clamou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, às
margens do riacho do Ipiranga, na província de São Paulo. É im-
No ano de 1777, a morte do rei D. José I fez com que os opo- portante destacar o papel de José Bonifácio de Andrada e Silva, à
sitores à política pombalina afastassem o ministro do governo por- frente do chamado Ministério da Independência, na articulação do
tuguês. Acusado de arbitrariedade e de cometer crimes contra o movimento separatista.
Estado, Marquês de Pombal saiu de cena interrompendo o prete- Primeiro reinado. Aclamado imperador do Brasil, D. Pedro I
rido processo de modernização política e econômica de Portugal. tratou de dar ao país uma constituição, outorgada em 1824. No iní-
Entretanto, os mecanismos de controle sobre a mineração foram cio do seu reinado, ocorreu a chamada “guerra da independência”,
mantidos durante o governo de Dona Maria I. contra as guarnições portuguesas sediadas principalmente na Bah-
ia. Em 1824, em Pernambuco, a confederação do Equador, movi-
Fonte: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiadobrasil/refor- mento revoltoso de caráter republicano e separatista, questionava
mas-pombalinas.htm a excessiva centralização do poder político nas mãos do imperador,
mas foi prontamente debelado. Em 1828, depois da guerra contra
as Províncias Unidas do Rio da Prata, o Brasil reconheceu a indepen-
Rebeliões Coloniais dência do Uruguai.
Desde a segunda metade do século 17, explodiram na colônia Depois de intensa luta diplomática, em que foi muito importan-
várias revoltas, geralmente provocadas por interesses econômicos te a intervenção da Inglaterra, Portugal reconheceu a independên-
contrariados. Em 1684, a revolta dos Beckman, no Maranhão, vol- cia do Brasil. Frequentes conflitos com a Assembleia e interesses
tou-se contra o monopólio exercido pela Companhia de Comércio dinásticos em Portugal levaram D. Pedro I, em 1831, a abdicar do
do Estado do Maranhão. trono do Brasil em favor do filho D. Pedro, então com cinco anos
Já no século 18, a guerra dos emboabas envolveu paulistas e de idade.
“forasteiros” na zona das minas; a guerra dos mascates opôs os Período regencial. O reinado de D. Pedro II teve início com um
comerciantes de Recife aos aristocráticos senhores de engenho de período regencial, que durou até 1840, quando foi proclamada a
Olinda; e a revolta de Vila Rica, liderada por Filipe dos Santos, em maioridade do imperador, que contava cerca de quinze anos. Du-
1720, combateu a instituição das casas de fundição e a cobrança de rante as regências, ocorreram intensas lutas políticas em várias
novos impostos sobre a mineração do ouro. partes do país, quase sempre provocadas pelos choques entre os
Os mais importantes movimentos revoltosos desse século fo- interesses regionais e a concentração do poder no Sudeste (Rio de
ram a conjuração mineira e a conjuração baiana, as quais possuíam, Janeiro). A mais importante foi a guerra dos farrapos ou revolução
além do caráter econômico, uma clara conotação política. A conju- farroupilha, movimento republicano e separatista ocorrido no Rio
ração mineira, ocorrida em 1789, também em Vila Rica, foi liderada Grande do Sul, em 1835, e que só terminou em 1845. Além dessa,
por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que terminou preso ocorreram revoltas na Bahia (Sabinada), no Maranhão (Balaiada) e
e enforcado, em 1792. Pretendia, entre outras coisas, a indepen- no Pará (Cabanagem).
dência e a proclamação de uma república. A conjuração baiana -- Segundo reinado. O governo pessoal de D. Pedro II começou
também chamada revolução dos alfaiates, devido à participação com intensas campanhas militares, a cargo do general Luís Alves de
de grande número de elementos das camadas populares (artesãos, Lima e Silva, que viria a ter o título de duque de Caxias, com a fina-
soldados, negros libertos) --, ocorrida em 1798, tinha ideias bastan- lidade de pôr termo às revoltas provinciais. A partir daí, a política
te avançadas para a época, inclusive a extinção da escravidão. Seus interna do império brasileiro viveu uma fase de relativa estabilida-
principais líderes foram executados. Mais tarde, estourou outro im- de, até 1870.
portante movimento de caráter republicano e separatista, conheci- A base da economia era a agricultura cafeeira, desenvolvida a
do como revolução pernambucana de 1817. partir de 1830, no Sudeste, inicialmente nos morros como o da Tiju-
Independência. Em 1808, ocorreu a chamada “inversão brasi- ca e a seguir no vale do Paraíba fluminense (província do Rio de Ja-
leira”, isto é, o Brasil tornou-se a sede da monarquia portuguesa, neiro), avançando para São Paulo (vale do Paraíba e oeste paulista).
com a transferência da família real e da corte para o Rio de Janei- Até 1930, o ciclo do café constituiu o principal gerador da riqueza
ro, fugindo da invasão napoleônica na península ibérica. Ainda na brasileira. A partir da década de 1850, graças aos empreendimentos
Bahia, o príncipe regente D. João assinou o tratado de abertura dos de Irineu Evangelista de Sousa, o barão e depois visconde de Mauá,
portos brasileiros ao comércio das nações amigas, beneficiando entre os quais se destaca a construção da primeira estrada de ferro
principalmente a Inglaterra. Terminava assim o monopólio portu- brasileira, ocorreu um primeiro surto de industrialização no país.
guês sobre o comércio com o Brasil e tinha início o livre-cambismo, A base social do império era a escravidão. Desde o período co-
que perduraria até 1846, quando foi estabelecido o protecionismo. lonial, os negros escravos constituíam a principal, e quase exclusiva,
Além da introdução de diversos melhoramentos (Imprensa Ré- mão-de-obra no Brasil. As restrições ao tráfico negreiro começaram
gia, Biblioteca Pública, Academia Militar, Jardim Botânico, faculda- por volta de 1830, por pressões da Inglaterra, então em plena re-
des de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia e outros), no governo volução industrial. Finalmente, em 1888, após intensa campanha
do príncipe regente D. João (que passaria a ter o título de D. João abolicionista, a chamada Lei Áurea declarava extinta a escravidão
VI a partir de 1816, com o falecimento da rainha D. Maria I) o Brasil no país. Nesse período, houve uma grande imigração para o Brasil,
foi elevado à categoria de reino e teve anexadas a seu território a sobretudo de alemães e italianos.
Guiana Francesa e a Banda Oriental do Uruguai, que tomou o nome Na política externa, sobressaíram as guerras do Prata, em que
de província Cisplatina. o Brasil enfrentou o Uruguai e a Argentina, e a da Tríplice Aliança
ou do Paraguai, que reuniu o Brasil, a Argentina e o Uruguai numa

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HISTÓRIA
coligação contra o ditador paraguaio Solano López. A guerra do Pa- renga Peixoto. Participaram, ainda, funcionários reais, como Cláu-
raguai (1864--1870), um dos episódios mais sangrentos da história dio Manuel da Costa, desembargador, e Tomás Antonio Gonzaga,
americana, terminou com a vitória dos aliados. ouvidor.
A partir de 1870, a monarquia brasileira enfrentou sucessivas Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antonio
crises (questão religiosa, questão militar, questão da abolição), que Gonzaga também são os maiores representantes do Arcadismo no
culminaram com o movimento militar, liderado pelo marechal Deo- Brasil, cuja poesia prega o retorno à Antiguidade Clássica e um es-
doro da Fonseca, que depôs o imperador e proclamou a república, tilo de vida simples.
em 15 de novembro de 1889. Nessa época, o ouro já mostrava claros sinais de esgotamento,
República Velha. A Primeira República, ou República Velha, es- mas a metrópole exigia o pagamento de impostos cada vez mais
tendeu-se de 1889 até 1930. Sob a chefia do marechal Deodoro, abusivos.
foi instalado um governo provisório, que convocou uma assembleia Das discussões influenciadas pelo Iluminismo, que combatia o
constituinte para elaborar a primeira constituição republicana, pro- Antigo Regime e propunha uma nova ordem político-econômica-so-
mulgada em 1891. Os governos do marechal Deodoro, e, depois, do cial os inconfidentes estabeleceram como objetivos a proclamação
marechal Floriano Peixoto foram plenos de conflitos com o Legisla- da república (embora alguns defendessem uma monarquia consti-
tivo e rebeliões, como as duas revoltas da Armada. tucional), a transferência da capital do Rio de Janeiro para São João
Com a eleição de Prudente de Morais, tem início a chamada Del Rey, a liberação das manufaturas, a instalação de uma fábrica
“política do café com leite”, segundo a qual os presidentes da Repú- de pólvora, a criação da Universidade de Vila Rica e a anistia das
blica seriam escolhidos dentre os representantes dos estados mais dívidas.
ricos e populosos -- São Paulo e Minas Gerais -- prática que foi se- Segundo os planos, a revolução iria estourar no dia da derrama,
guida, quase sem interrupções, até 1930. cobrança de impostos atrasados que, na época, acumulavam quase
A economia agrário-exportadora continuou dominante. O café 600 arrobas de ouro. Às vésperas, o movimento foi traído por um
representava a principal riqueza brasileira, e os fazendeiros paulis- dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou os pla-
tas constituíam a oligarquia mais poderosa. As classes médias eram nos ao governador das Minas Gerais, o visconde de Barbacena, em
pouco expressivas e começava a existir um embrião de proletaria- troca da suspensão do pagamento de suas dívidas. Assim, efetuou-
do. Por ocasião da primeira guerra mundial (1914--1918), ocorreu -se a prisão dos envolvidos, em março de 1789.
um surto de industrialização, em função da substituição de impor- Em abril de 1792, a sentença condenou onze inconfidentes à
tações europeias por produtos fabricados no Brasil. morte. Em seguida, a decisão foi comutada (trocada) por degredo
A partir da década de 1920, o descontentamento dos milita- perpétuo na África, exceto para Joaquim José da Silva Xavier, o Ti-
res explodiu em uma série de revoltas, destacando-se a marcha da radentes, que foi executado na forca, tendo sido seu corpo esquar-
coluna Prestes, entre 1924 e 1927, que percorreu grande parte do tejado e espalhado na estrada Vila Rica – Rio de Janeiro para servir
Brasil. As oligarquias alijadas do poder central também se mostra- de exemplo. Sua casa foi destruída, a terra, salgada e seus descen-
vam insatisfeitas. Quando ocorreu a crise de 1929 -- iniciada com o dentes, amaldiçoados.
crash da bolsa de Nova York --, com seus reflexos negativos sobre os O Tiradentes era o mais humilde de todos os envolvidos.
preços do café, a desorganização da economia, as divergências po-
lítico-eleitorais das oligarquias dominantes e as aspirações de mu- Conjura Carioca (1794)
dança de amplos setores da sociedade provocaram a deflagração da Eventos emancipacionistas ocorridos na cidade do Rio de Ja-
revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. neiro, entre 1794-1795, ficaram conhecidos como Conjura Carioca.
Nas últimas duas décadas do século XVIII, existiu na então ca-
Fonte: https://www.sohistoria.com.br/ef2/histbrasil/p1.php pital do Brasil Colônia uma entidade formada por intelectuais (poe-
tas, escritores, advogados, médicos), chamada Sociedade Literária.
Constituída, a princípio, para debater as novidades políticas
Movimentos Emancipacionistas que chegavam da Europa e da América do Norte (Iluminismo, In-
dependência dos Estados Unidos, Revolução Francesa), assim como
A partir da segunda metade do século XVIII, os movimentos de
assuntos de caráter científico, a Sociedade Literária ganhou a ade-
contestação ganharam novo impulso, favorecidos pelas transforma-
são de muitas pessoas, como padres, professores, ourives, marce-
ções que o mundo sofria por conta das ideias iluministas, da Revo-
neiros e sapateiros, entre outros, além dos grupos já citados.
lução Francesa e da Revolução Industrial.
Após os acontecimentos de Minas Gerais, as autoridades do
Aqui, essas ideias encontraram um campo fértil para sua ex-
Rio de Janeiro passaram a ver o livre funcionamento da Socieda-
pansão. No Brasil, a crise aurífera e a decadência econômica do
de Literária com certa preocupação, principalmente por conta das
Nordeste deram origem aos primeiros movimentos emancipacio-
discussões mais acaloradas das ideias filosóficas e políticas de Rou-
nistas.
sseau e Voltaire.
Em 1794, o vice-rei, conde de Resende, ordenou o seu fecha-
Conjuração Mineira (1789) mento, além de instalar uma devassa (um inquérito) contra seus
O movimento emancipacionista conhecido como Inconfidência associados, que foram presos e investigados como conspiradores.
Mineira (ou Conjuração Mineira), por ter sido o primeiro a pregar a O processo se estendeu até 1795, sem que fossem encontradas
independência política, é o mais conhecido. Um de seus integran- provas conclusivas de que uma conspiração se encontrava em cur-
tes, Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes –, mitificado pelo so. Desse modo, os implicados foram libertados.
movimento que implantou a República no país, acabou se transfor-
mando em mártir da Independência. Conjuração Baiana (1798)
Na realidade, esse movimento não saiu da discussão teórica Ao contrário dos acontecimentos de Minas Gerais e do Rio de
e, por isso, para alguns historiadores, foi o movimento mais fraco. Janeiro, a Conjuração Baiana (também conhecida como Revolta dos
Seus participantes representavam os interesses das camadas Alfaiates) envolveu as camadas populares e sofreu nítida influência
médias urbanas – militares, padres, estudantes, comerciantes – e da fase jacobinista da Revolução Francesa.
os interesses da elite mineira, como o proprietário de minas Alva-

9
HISTÓRIA
Durante o mês de agosto de 1798, a cidade de Salvador teve as Isso porque Napoleão decretou o Bloqueio Continental em
paredes de suas construções cobertas por um panfleto que afirma- 1806, determinando o fechamento dos portos aos navios ingleses.
va: “Animai-vos, povo bahiense, que está por chegar o tempo feliz Portugal, que apoiava a Inglaterra e tinha grande relação co-
de nossa liberdade: o tempo em que seremos todos irmãos, tempo mercial com esse país, não se submeteu ao bloqueio. Isso levou a
em que seremos todos iguais”. invasão de Napoleão às terras lusitanas.
O panfleto estimulava a revolução e a libertação dos escravos Sendo assim, em outubro de 1807, D. João e o rei da Inglaterra
para exterminar a opressão metropolitana e o domínio de um ho- Jorge III, assinaram um decreto que transferia a sede monárquica
mem sobre o outro. de Portugal para o Brasil.
A autoria do panfleto recaiu sobre o soldado Luiz Gonzaga das Além disso, Portugal se comprometia a assinar um tratado de
Virgens. Os conspiradores foram presos, entre eles escravos e mu- comércio com a Inglaterra, quando chegasse ao Brasil.
lheres. Foi dessa maneira que em 1808 o Pacto Colonial, um acordo
Os advogados de defesa argumentaram que a linguagem do comercial entre a colônia e a metrópole, chega ao fim. Nesse ano,
panfleto era muito superior à formação intelectual dos presos, que Dom João instituiu a “Carta Régia”, a qual permitia a abertura dos
não teriam como ler e entender textos em francês e inglês que che- portos a outras nações amigas, inclusive a Inglaterra.
gavam até aqui através de jornais. Diante disso, a economia do país alavancou, no entanto, im-
Mesmo assim, quatro foram condenados à morte: Luiz Gonza- pediu o desenvolvimento das manufaturas no Brasil. Isso porque
ga das Virgens, Lucas Dantas, Manuel Faustino dos Santos e João grande parte dos produtos eram importados da Inglaterra.
de Deus do Nascimento. Todos os quatro eram pobres e mulatos. Os produtos ingleses tinham uma menor taxa alfandegária em
relação aos outros países. Eles pagavam 15%, enquanto as outras
Revolução Pernambucana (1801) nações cerca de 24%.
Em 1796, Manuel Arruda Câmara – médico e ex-clérigo que Além da economia, o país, e sobretudo a capital, que até então
havia integrado a Sociedade Literária do Rio de Janeiro –, os ir- era o Rio de Janeiro, sofreram diversas mudanças.
mãos Luís Francisco de Paula Cavalcanti, José Francisco de Paula Muitas obras de caráter público foram erigidas nesse período,
Cavalcanti e Albuquerque e Francisco de Paula Cavalcanti (sendo por exemplo, a casa da moeda, o banco do Brasil, o jardim botânico,
este proprietário do Engenho Suassuna), além de outras pessoas dentre outras.
influentes de Pernambuco, fundaram, em Itambé, – o “Areópago de
Itambé” – a primeira loja maçônica do Brasil. Dela não participavam A Educação no Período Joanino
europeus, embora a inspiração para sua criação tenham sido o ideal Na educação e na cultura, esse período marcou diversos avanços
iluminista e a Revolução Francesa. nessas áreas. Isso porque muitos investimentos foram feitos, o que po-
demos confirmar com a construção da Biblioteca Real, da Academia Real
A partir de 1800, imbuídos dos princípios de liberdade e igual-
de Belas Artes, da Imprensa Real, além das escolas de medicina.
dade, os membros do Areópago passaram a conspirar contra o do-
mínio português, visando à emancipação de Pernambuco por meio
Período Joanino e a Independência do Brasil
da implantação de uma república, cuja proteção seria dada por Na-
Esse período da história do Brasil influenciou diretamente no
poleão Bonaparte.
processo de independência do país.
As autoridades da capitania de Pernambuco foram informadas
Isso porque em 1815 a administração do governo joanino ex-
dos planos dos conjurados, em maio de 1801, por um delator, o
tingui a condição de colônia ao Brasil. Foi assim que o páis rece-
que levou à detenção de diversos implicados. Em razão da elevada beu o título de “Reino Unido de Portugal e Algarves”, tornando-se a
posição social dos acusados, o processo de devassa correu em sigilo sede administrativa de Portugal.
e todos foram absolvidos por falta de provas. Esse fato deixou muito descontentes os portugueses que esta-
Os ideais da Conspiração dos Suassunas (ou Conjuração dos vam em Portugal. Com isso, eles exigiam o retorno de Dom João IV,
Cavalcanti), como ficou conhecido o evento, reapareceram, poste- que por fim, retorna à Portugal para a Revolução Liberal do Porto,
riormente, na Revolução Pernambucana de 1817. em abril de 1821. Esse evento marcou o fim do período joanino.
Em seu lugar permanece seu filho, Dom Pedro I. O príncipe re-
Fonte: https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/movimentos-e- gente governou o país de 1822 a 1831, estabelecendo em 1824, a
mancipacionistas primeira Constituição do país.
Quando Portugal exigiu seu retorno, ele se recusou a voltar
para a metrópole. Sendo assim, no dia 07 de setembro de 1822, ele
O PERÍODO JOANINO E O PROCESSO DE INDEPENDÊN- declara a Independência do Brasil.
CIA
Fonte: https://www.todamateria.com.br/periodo-joanino/

O período joanino corresponde a uma fase da história do Brasil


que ocorreu entre os anos de 1808 e 1821. Recebe esse nome em A PRESENÇA BRITÂNICA NO BRASIL, A TRANSFERÊN-
referência ao rei D. João VI que transferiu seu governo para o Brasil. CIA DA CORTE, OS TRATADOS, AS PRINCIPAIS MEDI-
Vale notar que essa foi a primeira vez na história que um rei eu- DAS DE D. JOÃO VI NO BRASIL, POLÍTICA JOANINA, OS
ropeu transferiu seu reino para um país do continente americano. PARTIDOS POLÍTICOS, REVOLTAS, CONSPIRAÇÕES E
Em janeiro de 1808 e com o apoio da Inglaterra, a família real REVOLUÇÕES, EMANCIPAÇÃO E CONFLITOS SOCIAIS
portuguesa chegou ao Brasil. Cerca de 15 mil pessoas vieram com
eles, o que totalizou cerca de 2% da população portuguesa da épo-
ca. Eles se instalaram na capital do Rio de Janeiro e permaneceram As invasões inglesas no Brasil devem ser consideradas sob
durante 12 anos ali. duas dimensões. A primeira delas está relacionada aos empreendi-
Ameaçados pela invasão do francês Napoleão Bonaparte, a mentos econômicos estabelecidos entre ingleses e indígenas no pri-
família Real deixou Portugal para garantir que o país continuasse meiro século da colonização. Daí a razão pela qual os portugueses
independente. chamaram os ingleses de invasores. A segunda e mais conhecida, se

10
HISTÓRIA
caracteriza pelo crescimento das práticas de pirataria decorrentes -regente, Dom Pedro I, oficializou o fim da colonização às margens
do colapso daquelas relações comerciais. Assim, as atividades de do rio Ipiranga. No entanto, como podemos imaginar que um brado
corsários e piratas devem ser analisadas em perspectiva. à beira de um rio seja capaz de fazer uma nação soberana?
Outra questão primordial nesse processo é a relação que os
navios ingleses estabeleceram entre a costa brasileira e a costa afri- Para entendermos melhor o nosso processo de independência,
cana a partir de suas atividades mercantilistas. A primeira viagem é de fundamental importância que nos desloquemos para outro
dessa natureza foi registrada em 1530. O inglês William Hawkins, contexto histórico: o estabelecimento da Era Napoleônica (1799 –
negociante de Plymouth, teria empreendido três viagens, entre os 1815) no início do século XIX. Durante esse período, que encerra as
anos de 1530 e 1532. Tais excursões marcaram a entrada de co- turbulências vividas durante a Revolução Francesa, Napoleão trans-
merciantes e navegadores ingleses no Atlântico Sul. Numa delas, formou-se em chefe supremo da nação francesa.
o próprio William teria chegado à costa africana. Desde então se
tornou comum embarcações inglesas criarem rotas intercontinen- Em sua gestão, Napoleão tinha como grande meta industriali-
tais, chegando à Inglaterra abarrotados de pau-brasil e marfim. zar a economia francesa através de um agressivo plano que com-
Um comércio regular foi estabelecido entre a Inglaterra, regiões da binava pesados investimentos estatais e uma política internacional
África Ocidental e do Nordeste Brasileiro. Nesse sentido, a chegada agressiva. Naquela época, a maior potência industrial era a Inglater-
de ingleses à costa brasileira fez parte de um projeto de expansão ra. Com isso, Bonaparte procurou retaliar o monopólio mercadoló-
marítima iniciado na primeira metade do século XVI e caracterizado gico britânico nem que para isso tivesse que ameaçar a soberania
por fortes relações econômicas. das demais nações europeias.
Um comerciante inglês chamado Pudsey, da cidade de Sou- No ano de 1806, o governo napoleônico impôs o Bloqueio Con-
thampton teria, inclusive, mandado construir um forte militar na tinental à Europa. Segundo esse decreto, a França exigiu que ne-
Bahia, em 1542. Tal atitude evidenciava a presença regular de ingle- nhuma nação europeia tivesse relações comerciais com a Inglater-
ses no litoral brasileiro no início da colonização. Para evitar choques ra. Dessa maneira, o governo napoleônico ampliou seus mercados
com os portugueses, os ingleses preferiam estabelecer trocas co- consumidores e, ao mesmo tempo, desestabilizou sua maior rival
merciais com os indígenas através do escambo. Na segunda viagem política, militar e econômica.
empreendida por Willian, um chefe indígena o teria acompanhado
até a Inglaterra e lá se apresentado à Corte, onde permaneceu. Até O príncipe regente de Portugal, Dom João VI, não acatou a ordem
fins do século XVI, a presença inglesa na costa brasileira foi carac- francesa. Isso porque, ao longo do século XVIII, a economia portuguesa
terizada pela forte relação comercial com os indígenas. Apesar da assinou uma série de tratados econômicos que aprofundou demasiada-
diminuição da atuação inglesa no litoral brasileiro, a partir de fins mente a dependência de Portugal para com a Inglaterra. Em reposta à
do século XVI, o comércio com indígenas do Atlântico-Norte parece intransigência portuguesa, Napoleão ameaçou invadir o território portu-
ter crescido substancialmente. guês. Pressionado por Napoleão, o governo português acabou aceitando
Na região do delta amazônico, no Estado Colonial do Mara- um plano da Inglaterra para contornar essa situação.
nhão, desde fins do século XVI e início do XVII, os ingleses estabe-
leceram contato com grupos indígenas e passaram a comercializar, Os ingleses ofereceram escolta para que a família real portu-
além de muita madeira, outras especiarias de alto valor no mercado guesa se deslocasse até o Brasil e garantiu que utilizaria de suas
europeu (algodão, urucum, tabaco e gêneros do reino animal, como forças militares para expulsar as tropas napoleônicas do solo por-
papagaios, tartarugas, peixes-boi, etc.). Um mapa do delta amazô- tuguês. Em troca desses favores, Dom João deveria transferir a ca-
nico desenvolvido em 1629, pelo cartógrafo português João Teixei- pital portuguesa para o Rio de Janeiro e estabelecer um conjunto
ra Albernaz indica a localização de uma fortaleza inglesa naquela de tratados que abrissem os portos brasileiros às nações do mundo
região, da qual os portugueses haviam se apossado. Outro mapa, e oferecessem taxas alfandegárias menores aos produtos ingleses.
desenvolvido em 1640, ainda indica a localização daquela fortaleza
inglesa. Não tendo melhores alternativas frente à proposta inglesa, em
Isso nos permite observar que, para além do que afirma a his- novembro de 1807, cerca de 15.000 súditos da Coroa Portuguesa saí-
toriografia que trata da atuação inglesa nas colônias portuguesas, ram às pressas rumo ao Brasil. Dessa maneira, entre os anos de 1808
tal presença não se caracterizou apenas pelas práticas de pirataria e 1821, o Brasil se tornou o centro administrativo do governo portu-
e tentativas de invasões, empreendidas por comandantes como guês. Além de ter sido um peculiar acontecimento na história políti-
Francis Drake (1577), Robert Withrington e Christopher Lister (Sal- ca portuguesa, a chegada de Dom João VI e seus cortesãos ao Brasil
vador/1587), James Lancaster (Recife/1595) e o mais famoso dos iniciou um conjunto de ações que enfraqueceram o pacto colonial.
piratas ingleses: Thomas Cavendish (Santos/1591). Portanto, se
deve observar que as colônias portuguesas na América (Brasil e Dessa maneira, podemos contemplar na administração joanina
Maranhão) tiveram lugar de destaque nos interesses marítimos in- um conjunto de ações que impulsionaram a nossa independência.
gleses. Práticas comerciais também constituíram, juntamente com Ao mesmo tempo, vemos que os gritos às margens do Ipiranga, de
práticas de pirataria, importantes elementos na expansão ultrama- Dom Pedro I, não efetivaram as liberdades anteriormente concedi-
rina inglesa. Assim, as colônias portuguesas se caracterizaram como das durante a passagem de Dom João VI em terras brasileiras.
alvo potencial, mas, também, ponto de apoio para os ingleses, nos
séculos XVI e XVII. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm

Fonte: https://www.infoescola.com/historia/invasoes-inglesas-no-bra-
sil/ Os Tratados
As Grandes Navegações geraram disputas pelos territórios des-
A transferência da Corte cobertos entre os países colonizadores – Portugal e Espanha – após
Todo sete de setembro celebramos o dia em que o Brasil foi a jornada rumo ao oriente. Para dar fim ao conflito de interesses,
proclamado independente de Portugal. Assim, o marco de nossa foram estabelecidos limites de exploração para cada país através de
soberania política fixou-se no momento em que o então príncipe- tratados. Neste artigo vamos conhecer os principais deles.

11
HISTÓRIA
É importante ressaltar que a palavra descobrimento expressa mércio. Do ponto de vista cultural, o Brasil também saiu ganhando
uma forma eurocêntrica de relatar o episódio, pois os territórios com algumas medidas tomadas por D. João. O rei trouxe a Missão
já eram ocupados pelos povos indígenas, ou seja, não eram desco- Francesa para o Brasil, estimulando o desenvolvimento das artes no
nhecidos. nosso país. Criou o Museu Nacional, a Biblioteca Real, a Escola Real
O primeiro acordo ocorreu em 1493, com a Bula inter Coetera, de Artes e o Observatório Astronômico. E também foram criados
criada pelo papa Alexandre VI. Foi definida uma linha imaginária a vários cursos (agricultura, cirurgia, química, desenho técnico, etc)
100 léguas de Cabo Verde, na costa africana, que dividia o mundo nos estados da Bahia e Rio de Janeiro.
entre os dois países ibéricos. Determinava que a parte leste (africa-
na) teria domínio português enquanto a oeste (americana) seria de Fonte: https://nobrasil.wordpress.com/2010/10/14/medidas-toma-
posse espanhola. das-por-d-joao-vi/
Entretanto, essa linha passava pelo Oceano Atlântico, o que fez
com que Portugal se sentisse prejudicado e com receio de perder os Política Joanina no Brasil
territórios conquistados, mesmo sem ter chegado ainda ao Brasil.
Para resolver tal situação, a linha foi deslocada, ficando agora a 370 A Política Externa Joanina
léguas de Cabo Verde, o que foi acordado com o Tratado de Torde- A transferência da sede da monarquia portuguesa para a sua
silhas, em 1494. colônia americana fez com que a política externa de Portugal pas-
sasse a ser aqui decidida, instalando-se no Rio de Janeiro o Ministé-
A linha definiria, posteriormente, como seria a divisão do Brasil rio da Guerra e Assuntos Estrangeiros.
entre as duas nações. No entanto, não foi respeitada, de modo que
Portugal dominou a parte leste do novo continente, enquanto a Es- A Questão de Caiena
panha se preocupou com a colonização do norte e oeste. Em 1º de maio de 1808, já instalada no Brasil a sede do Reino,
Em 1681, foi assinado o Tratado de Lisboa, pelo qual a Espanha que pretendia ser “um império poderoso, cheio de prestígio e que
devolveu a Portugal a Colônia de Sacramento, que havia invadido. garantisse a segurança de seus súditos,” D. João declarou guerra a
Em 1703, outro acordo foi firmado, o Tratado de Methuen ou Napoleão e aos franceses e considerou nulos os tratados assinados
Tratado de Panos e Vinhos, porém este não discutia territórios, anteriormente com aquele país.
mas estabelecia alianças comerciais entre Inglaterra – com a indús- Com o objetivo de ampliar seu Império na América, eliminar a
tria têxtil – e Portugal, com os vinhos. ameaça francesa e, ao mesmo tempo, vingar-se da invasão napo-
Já entre 1713 e 1715, ocorreram os tratados de Utrecht, entre leônica em Portugal, D. João resolveu ocupar a Guiana Francesa,
Portugal e Espanha. O primeiro estabelecia o rio Oiapoque como incorporando-a aos seus domínios.
divisão entre Brasil e Guiana Francesa e o segundo tratava de uma Para tanto, enviou uma força militar com o objetivo de restabe-
nova devolução da colônia de Sacramento a Portugal. lecer os limites entre o Brasil e a Guiana.
Em 1750, um novo tratado substituía o de Tordesilhas, o cha- Recebendo reforço naval da Inglaterra, as forças portuguesas
mado Tratado de Madri. Uma de suas principais características foi partiram para o ataque e, em janeiro de 1809, tomaram posse da
o uti posidetis, que trazia o conceito do usucapião, ou seja, a terra Colônia em nome de D. João.
pertence a quem a ocupa, de modo que a Colônia de Sacramento Em 1815, com a derrota de Napoleão, a posse da Colônia vol-
voltou a pertencer à Espanha, assim como regiões a oeste de Tor- tou a ser reivindicada pelo Governo francês, agora sob o domínio
desilhas, como os Sete Povos das Missões, que eram ocupados por de Luís XVIII.
portugueses, pertenceriam agora a Portugal. Consequentemente, Como os termos da proposta francesa não foram aceitos por D.
Portugal comandaria a região do Brasil e a Espanha, a região do João, a questão passou a ser discutida pelo Congresso de Viena, no
Prata. ano seguinte.
Em 1761, o Tratado de El Pardo revogou o Tratado de Madri, Nessas conversações a França concordou em recuar os limites
mas foi retomado em 1777, com o Tratado de Santo Ildefonso, po- de sua Colônia até a divisa proposta pelo Governo português.
rém este dava a posse de Sete Povos das Missões à Espanha, o que Entretanto, somente em 1817 os portugueses deixaram Caie-
foi novamente alterado em 1801, quando a região voltou ao domí- na, com a assinatura de um convênio entre a França e o novo Reino
nio português através do Tratado de Badajós. Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Fonte: https://www.infoenem.com.br/veja-os-tratados-da-co-
lonizacao-entre-portugueses-e-espanhois/ A Questão do Prata
Desde os primeiros tempos da colonização da América a região
As Principais Medidas de D. João VI no Brasil platina foi objeto de disputa entre Espanha e Portugal, especial-
No ano de 1818, a mãe de D. João, D. Maria I, faleceu e D. João mente a Colônia do Sacramento, atual Uruguai, também conhecida
tornou-se rei. Passou a ser chamado de D. João VI, rei do Reino Uni- como Banda Oriental.
do a Portugal e Algarves. Uma das principais medidas tomadas por Com a assinatura do Tratado de Badajoz, em 1801, que deu a
D. João foi abrir o comércio brasileiro aos países amigos de Portu- Portugal a posse dos Sete Povos das Missões e à Espanha a colônia
gal. A principal beneficiada foi à Inglaterra, que passou a ter vanta- de Sacramento, a paz na região parecia ter sido selada.
gens comerciais e dominar o comércio com o Brasil. Os produtos Entretanto, a vinda da família real para o Brasil e o domínio da
ingleses chegavam ao Brasil com impostos de 15%, enquanto de Península Ibérica por Napoleão mudaram a situação.
outros países deveriam pagar 24%. Isso fez com que nosso país fos- Desde o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro, o Gover-
se inundado por produtos ingleses. Esta medida acabou prejudican- no português demonstrou interesse em conquistar a margem es-
do o desenvolvimento da indústria brasileira. D. João adotou várias querda do rio da Prata.
medidas econômicas que favoreceram o desenvolvimento brasilei- A situação da Espanha, agora aliada da França e, portanto,
ro. Entre as principais, decidimos citar: estímulo ao estabelecimen- inimiga de Portugal e da Inglaterra, propiciava a D. João excelente
to de indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento oportunidade de se instalar na cobiçada região do Prata, para o que
da lei que não permitia a criação de fábricas no Brasil, reformas procurou o apoio da Inglaterra.
em portos, criação do Banco do Brasil e instalação da Junta de Co-

12
HISTÓRIA
Os representantes ingleses no Rio de Janeiro não se posiciona- Já na Primeira República, os partidos anteriores todos desapa-
ram logo sobre a questão, escaldados que estavam por conta das recem, surgindo conflitos entre novas ideologias emergentes, como
duas tentativas infrutíferas realizadas em 1806 para se apossarem por exemplo militaristas, civilistas, comunistas e liberais, girando
de Buenos Aires e de Montevidéu. Resolveram aguardar instruções em torno da questão principal de divisão do poder entre militares e
de seu Governo para agir. grandes latifundiários, além da discussão da participação do capital
Logo depois, em setembro de 1808, informados da revolta estrangeiro no país.
espanhola contra o domínio francês, os ingleses desaprovaram a O período de 1930 a 1945 será dominado pela carismática fi-
posição portuguesa, pois agora a Espanha voltara a ser sua aliada. gura de Getúlio Vargas, que estabelece um regime personalista, es-
D. Carlota Joaquina também tinha interesses pessoais na do- pecialmente após a fundação do Estado Novo (1937), e consquente
minação das antigas colônias espanholas, visto ser filha do rei da proibição da atividade política.
Espanha, Carlos IV, deposto por Napoleão, e irmã do herdeiro apri- O período seguinte, conhecido como República Liberal, irá du-
sionado pelos franceses, Fernando VII. rar de 1945 a 1964, onde três importantes partidos disputam o po-
Assim, julgava-se com direitos às colônias espanholas, por ser der: PSD, PTB e UDN, e sob os quais orbitam menores agremiações
a única representante legítima dos Bourbon espanhóis na América. como por exemplo o PSP e PST.
Lord Strangford, encarregado pela Inglaterra de cuidar de am- A ditadura militar de 1964 faz nova “limpeza” na cena política
bas as situações, teve melhor acolhida junto a D. João, pois D. Car- brasileira, extinguindo todos os partidos legalmente instituídos, e
lota já havia estabelecido contatos com antigos colonos espanhóis, reforçando a perseguição aos postos na ilegalidade, especialmen-
que lhe davam esperanças de conseguir o seu intento. te o PCB (Partido Comunista Brasileiro, fundado em 1923, e ilegal
durante maior parte de sua existência). Só duas agremiações eram
Tolhida em sua ação por D. João, a quem a Inglaterra pedira permitidas: ARENA, partido de apoio da situação, e MDB (atual
auxílio, D. Carlota viu, aos poucos, suas aspirações irem por água PMDB), de oposição, que congregava todas as filosofias de oposi-
abaixo, inclusive pela desconfiança dos espanhóis em relação à sua ção ao regime.
lealdade à causa da Espanha, por ser casada com o príncipe portu- Com a redemocratização, em 1985, um “enxurrada” de novos
guês. partidos vão sendo criados e extintos, fruto natural da reconquis-
Mas a dominação da Espanha pela França detonara um pro- tada liberade política. O PMDB, herdeiro do oposicionista MDB da
cesso de independência entre as colônias espanholas, do qual re- época anterior emerge como principal partido. Logo após, surgem
sultaram países como a Argentina e o Paraguai, que se tornaram outras forças importantes como o PSDB e o PT, que na atualidade
independentes em 1810 e 1811, respectivamente. estão quase que em todos os casos disputando os mais importantes
Sob o pretexto de defender o Rio Grande dos conflitos que postos nos estados e a nível federal.
eclodiam em suas fronteiras, D. João organizou tropas luso-brasilei- Atualmente, o cenário democrático brasileiro conta com 27
ras que se dirigiram para o sul, em direção à região platina, com a partidos ativos (não necessariamente possuindo representação no
intenção de anexá-la ao Império português. Congresso Nacional, mas tendo registro definitivo ante o TSE (Tribu-
Resolvidos os problemas fronteiriços, foi assinado um armistí- nal Superior Eleitoral), aptos portanto a apresentarem candidatos
cio entre o governo de D. João e a Junta que governava Buenos Ai- em quaisquer eleições ou se coligarem de acordo com a orientação
res. Mas a proclamação da independência das Províncias Unidas do de seu diretório), não sendo considerado o recentemente funda-
Rio da Prata ocasionou a retomada de violentos conflitos na região do PSD, que deve brevemente conquistar seu registro definitivo,
conhecida como a Banda Oriental do Uruguai, que não aceitava as aumentando para 28 o número de partidos políticos plenamente
imposições de Buenos Aires. Por este motivo os uruguaios retoma- ativos.
ram a luta. As matérias que lidam com praticamente todos os aspectos dos
Pretendendo resguardar suas fronteiras e, também, expandir o partidos e das eleições, estabelecendo os parâmetros aos quais es-
seu Império, D. João ordenou a invasão e ocupação da região, que tes devem seguir, encontram-se atualmente na Constituição e no
se tornou a Província Cisplatina, incorporada ao Brasil até 1827. Código Eleitoral. Na Constituição, tratam especialmente do tema os
capítulos IV, que engloba os artigos 14 e 15 e V, abrangendo o artigo
Partidos políticos e eleições no Brasil 17. No capítulo IV, são abordados os direitos políticos, e o V é dedi-
O Brasil possui uma tradição de livre criação de partidos políti- cado aos partidos políticos propriamente.
cos que remonta à independência, mesmo considerando que, no-
toriamente, tais entidades não tenham demonstrado um conteúdo Fonte: https://www.infoescola.com/politica/partidos-politicos-e-elei-
ideológico sólido que lhes permita serem distintos uns aos outros coes-no-brasil/
através de toda história do Brasil como Império e República. Ao
mesmo tempo, nossa história democrática, apesar dos percalços e
de ocasionais interrupções, segue rumo à maturidade, tendo suas Revoltas conspirações e revoluções e a emancipação e os con-
raízes mais antigas no período colonial, onde os cidadãos da Améri- flitos sociais.
ca portuguesa já votavam para escolher os seus representantes em As Revoltas do Período Colonial Brasileiro se dividiram entre
níveis regionais. interesses nativistas e interesses separatistas.
A evolução das forças e dos partidos políticos ao longo do Im- O Brasil foi colonizado por Portugal a partir de 1500, mas a
pério (1822-1889) refletia os interesses dos países estrangeiros so- efetiva exploração do território não começou no mesmo ano. Ini-
bre o Brasil, principalmente pelo fato do país ter sido colônia por- cialmente, os portugueses apenas extraíam das terras brasileiras
tuguesa e também pelo fato da independência ser resultado direto o pau-brasil que era trocado com os indígenas. Na falta de metais
das negociações entre ingleses, portugueses e brasileiros. Como preciosos, que demoraram ser encontrados, esse tipo de relação
partidos permanentes, que resistiram até o fim do Império, existi- de troca, chamada escambo, permaneceu por algumas décadas. A
ram somente dois, o Partido Conservador e o Partido Liberal, sob os postura dos portugueses em relação ao Brasil só se alterou quando
quais orbitaram durante todo o período monárquico partidos me- a ameaça de perder a nova terra e seus benefícios para outras na-
nores e efêmeros. cionalidades aumentou.

13
HISTÓRIA
Com o desenvolvimento da exploração do Brasil em sentido co-
lonial, ou seja, tudo que era produzido em território brasileiro iria O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
para Portugal, a metrópole e detentora dos lucros finais. Esse tipo
de relação estava inserido na lógica do Mercantilismo que marcava Para compreender o verdadeiro significado histórico da inde-
as ligações de produção e lucro entre colônias e suas respectivas pendência do Brasil, levaremos em consideração duas importantes
metrópoles. O modelo que possui essas características é chamado questões:
de Pacto Colonial, mas as recentes pesquisas de historiadores estão
demonstrando novas abrangências sobre a rigidez desse tipo de re- Em primeiro lugar, entender que o 07 de setembro de 1822 não
lação comercial. Ao que parece, o Pacto Colonial não era tão rígido foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um acontecimento
como se disse por muitos anos, a colônia tinha certa autonomia que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada
para negociar seus produtos e apresentar seus interesses. com as revoltas de emancipação no final do século XVIII. Ainda é
De toda forma, é certo que o tipo de relação entre metrópole muito comum a memória do estudante associar a independência
e colônia envolveu a prática da exploração. O objetivo das metró- do Brasil ao quadro de Pedro Américo, “O Grito do Ipiranga”, que
poles era auferir o máximo de lucros possíveis com a produção das personifica o acontecimento na figura de D. Pedro.
colônias. No Brasil, antes do ouro ser encontrado e causar grande
alvoroço, a cana-de-açúcar era o principal produto produzido, na Em segundo lugar, perceber que a independência do Brasil,
região Nordeste. restringiu-se à esfera política, não alterando em nada a realidade
A exploração excessiva que era feita pela metrópole portugue- sócio-econômica, que se manteve com as mesmas características
sa teve seus reflexos de descontentamento a partir do final do sé- do período colonial.
culo XVII. Neste, ocorreu apenas um movimento de revolta, mas Valorizando essas duas questões, faremos uma breve avaliação
foi ao longo do século XVIII que os casos se multiplicaram. Entre histórica do processo de independência do Brasil.
todos esses movimentos, podem-se distinguir duas orientações nas Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na Amé-
revoltas: a de tipo nativista e a de tipo separatista. As revoltas que rica Latina a crise do Antigo Sistema Colonial. No Brasil, essa crise
se encaixam no primeiro modelo são caracterizadas por conflitos foi marcada pelas rebeliões de emancipação, destacando-se a In-
ocorridos entre os colonos ou defesa de interesses de membros da confidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os primeiros mo-
elite colonial. Somente as revoltas de tipo separatista que pregavam vimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colonial
uma independência em relação a Portugal. A Revolta dos Beckman e assumir um caráter republicano. Era apenas o início do processo
ocorreu no ano de 1684 sob liderança dos irmãos Manuel e Tomas de independência política do Brasil, que se estende até 1822 com
Beckman. O evento que se passou no Maranhão reivindicava me- o “sete de setembro”. Esta situação de crise do antigo sistema co-
lhorias na administração colonial, o que foi visto com maus olhos lonial, era na verdade, parte integrante da decadência do Antigo
pelos portugueses que reprimiram os revoltosos violentamente. Foi Regime europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra
a única revolta do século XVII. e principalmente pela difusão do econômico e dos princípios ilumi-
A Guerra dos Emboabas foi um conflito que ocorreu entre nistas, que juntos formarão a base ideológica para a Independên-
1708 e 1709. O confronto em Minas Gerais aconteceu porque os cia dos Estados Unidos (1776) e para a Revolução Francesa (1789).
bandeirantes paulistas queriam ter exclusividade na exploração do Trata-se de um dos mais importantes movimentos de transição na
ouro recém descoberto no Brasil, mas levas e mais levas de portu- História, assinalado pela passagem da idade moderna para a con-
gueses chegavam à colônia para investir na exploração. A tensão temporânea, representada pela transição do capitalismo comercial
culminou em conflito entre as partes. para o industrial.
A Guerra dos Mascates aconteceu logo em seguida, entre 1710
e 1711. O confronto em Pernambuco envolveu senhores de enge- Os Movimentos de Emancipação
nho de Olinda e comerciantes portugueses de Recife. A elevação de A Inconfidência Mineira destacou-se por ter sido o primeiro
Recife à categoria de vila desagradou a aristocracia rural de Olinda, movimento social republicano-emancipacionista de nossa história.
gerando um conflito. O embate chegou ao fim com a intervenção de Eis aí sua importância maior, já que em outros aspectos ficou mui-
Portugal e equiparação entre Recife e Olinda. to a desejar. Sua composição social por exemplo, marginalizava as
A Revolta de Filipe dos Santos aconteceu em 1720. O líder Fili- camadas mais populares, configurando-se num movimento elitista
pe dos Santos Freire representou a insatisfação dos donos de minas estendendo-se no máximo às camadas médias da sociedade, como
de ouro em Vila Rica com a cobrança do quinto e a instalação das intelectuais, militares, e religiosos. Outros pontos que contribuíram
Casas de Fundição. A Coroa Portuguesa condenou Filipe dos Santos para debilitar o movimento foram a precária articulação militar e a
à morte e encerrou o movimento violentamente. postura regionalista, ou seja, reivindicavam a emancipação e a re-
A Inconfidência Mineira, já com caráter de revolta separatis- pública para o Brasil e na prática preocupavam-se com problemas
ta, aconteceu em 1789. A revolta dos mineiros contra a exploração locais de Minas Gerais. O mais grave contudo foi a ausência de uma
dos portugueses pretendia tornar Minas Gerais independente de postura clara que defendesse a abolição da escravatura. O desfe-
Portugal, mas o movimento foi descoberto antes de ser deflagrado cho do movimento foi assinalado quando o governador Visconde de
e acabou sendo punido com rigidez pela metrópole. Tiradentes foi Barbacena suspendeu a derrama -- seria o pretexto para deflagrar a
morto e esquartejado em praça pública para servir de exemplo aos revolta - e esvaziou a conspiração, iniciando prisões acompanhadas
demais do que aconteceria aos descontentes com Portugal. de uma verdadeira devassa.
A Conjuração Baiana, também separatista, ocorreu em 1798. O
movimento ocorrido na Bahia pretendia separar o Brasil de Portu- Os líderes do movimento foram presos e enviados para o Rio
gal e acabar com o trabalho escravo. Foi severamente punida pela de Janeiro responderam pelo crime de inconfidência (falta de fi-
Coroa Portuguesa. delidade ao rei), pelo qual foram condenados. Todos negaram sua
participação no movimento, menos Joaquim José da Silva Xavier, o
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/revoltas-do-periodo-colo- alferes conhecido como Tiradentes, que assumiu a responsabilida-
nial-brasileiro/ de de liderar o movimento. Após decreto de D. Maria I é revogada
a pena de morte dos inconfidentes, exceto a de Tiradentes. Alguns

14
HISTÓRIA
tem a pena transformada em prisão temporária, outros em prisão O Significado Histórico da Independência
perpétua. Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, onde prova- A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do
velmente foi assassinado. Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados
Tiradentes, o de mais baixa condição social, foi o único conde- pelo latifúndio e escravismo. Dessa forma, a independência foi im-
nado à morte por enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada posta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade na-
para Vila Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos cami- cional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite
nhos de Minas Gerais (21 de abril de 1789). Era o cruel exemplo rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados
que ficava para qualquer outra tentativa de questionar o poder da por escravos e trabalhadores pobres em geral.
metrópole. Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para
que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa
O exemplo parece que não assustou a todos, já que nove a viver sob um difícil dilema: conter a recolonizarão e ao mesmo
anos mais tarde iniciava-se na Bahia a Revolta dos Alfaiates, tam- tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter re-
bém chamada de Conjuração Baiana. A influência da loja maçônica volucionário-republicano que marcava a independência da América
Cavaleiros da Luz deu um sentido mais intelectual ao movimento Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios.
que contou também com uma ativa participação de camadas po- A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica
pulares como os alfaiates João de Deus e Manuel dos Santos Lira. Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura
Eram pretos, mestiços, índios, pobres em geral, além de soldados recolonizadora das Cortes.
e religiosos. Justamente por possuir uma composição social mais D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia
abrangente com participação popular, a revolta pretendia uma re- representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D.
pública acompanhada da abolição da escravatura. Controlado pelo Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia
governo, as lideranças populares do movimento foram executadas rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado
por enforcamento, enquanto que os intelectuais foram absolvidos. por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de
Outros movimentos de emancipação também foram controla- janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às
dos, como a Conjuração do Rio de Janeiro em 1794, a Conspiração pressões, D. Pedro decidiu-se: “Como é para o bem de todos e felicida-
dos Suaçunas em Pernambuco (1801) e a Revolução Pernambucana de geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”.
de 1817. Esta última, já na época que D. João VI havia se estabeleci- É claro que D. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem
do no Brasil. Apesar de contidas todas essas rebeliões foram deter- mais pela aristocracia, que o apoiaria como imperador em troca da
minantes para o agravamento da crise do colonialismo no Brasil, já futura independência não alterar a realidade socioeconômica colo-
que trouxeram pela primeira vez os ideais iluministas e os objetivos nial. Contudo, o Dia do fico era mais um passo para o rompimen-
republicanos. to definitivo com Portugal. Graças a homens como José Bonifácio
de Andrada e Silva (patriarca da independência), Gonçalves Ledo,
A Família Real no Brasil e a Preponderância Inglesa José Clemente Pereira e outros, o movimento de independência
Se o que define a condição de colônia é o monopólio imposto adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se, onde as leis
pela metrópole, em 1808 com a abertura dos portos, o Brasil deixa- portuguesas seriam obedecidas somente com o aval de D. Pedro,
va de ser colônia. O monopólio não mais existia. Rompia-se o pacto que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13
colonial e atendia-se assim, os interesses da elite agrária brasileira, de maio de 1822), oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Em 3
acentuando as relações com a Inglaterra, em detrimento das tradi- de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte e Le-
cionais relações com Portugal.
gislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas
portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no Brasil,
é considerado a primeira medida formal em direção ao “sete de
São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andra-
setembro”.
das, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa
de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da província.
Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra.
Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de
Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João VI ao Brasil,
que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para entrar tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente.
na esfera do domínio britânico. Para Inglaterra industrializada, a in-
dependência da América Latina era uma promissora oportunidade José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe,
de mercados, tanto fornecedores, como consumidores. juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no
Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. Pe-
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação dro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo,
e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: “É tem-
do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na dependência po... Independência ou morte... Estamos separados de Portugal”. Che-
do capitalismo inglês. gando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclama-
do Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império, embora
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.
absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Implantou-se A independência não marcou nenhuma ruptura com o proces-
uma monarquia constitucional, o que deu um caráter liberal ao mo- so de nossa história colonial. As bases socioeconômicas (trabalho
vimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma burguesia escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manu-
mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postu- tenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas.
ra recolonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma ruptura
seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, que política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.
sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a intenção re-
colonizadora de Portugal e as guerras de independência na América Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codi-
Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas. go=3

15
HISTÓRIA
terra, Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que
BRASIL IMPERIAL - O PRIMEIRO REINADO, O PERÍODO consistia na proibição às nações europeias de comercializar com a
REGENCIAL E O SEGUNDO REINADO: ASPECTOS, PO- Inglaterra.
LÍTICOS, ADMINISTRATIVOS, MILITARES, CULTURAIS, Segundo essa política estabelecida por Napoleão, as nações
ECONÔMICOS, SOCIAIS, TERRITORIAIS, A POLÍTICA que não aderissem ao bloqueio seriam militarmente invadidas pe-
EXTERNA, A QUESTÃO ABOLICIONISTA, O PROCESSO las tropas francesas. Portugal não aceitou aderir a esse bloqueio,
DE MODERNIZAÇÃO, A CRISE DA MONARQUIA E A justamente porque a Inglaterra era sua maior aliada política e eco-
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA nômica. Para fechar essa brecha existente, Napoleão ordenou a in-
vasão da Península Ibérica em 1807.
Brasil Imperial é um período da história brasileira entre 7 de Com a invasão francesa, Napoleão destituiu o rei espanhol e
setembro de 1822 (Independência do Brasil) e 15 de novembro de colocou seu irmão, José Bonaparte, no trono espanhol. Durante a
1889 (Proclamação da República). Neste período, o Brasil foi gover- invasão napoleônica em Portugal, D. João VI optou por fugir da pre-
nado por dois monarcas: D. Pedro I e D. Pedro II. sença das tropas francesas e, assim, realizou o embarque às pressas
com tudo o que pudesse carregar para o Brasil. A respeito disso,
segue o relato de Boris Fausto:
Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pes-
soas embarcaram em navios portugueses rumo ao Brasil, sob a pro-
teção da frota inglesa. Todo um aparelho burocrático vinha para a
Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcio-
nários do Tesouro, patentes do Exército e da Marinha, membros do
alto clero. Seguiam também o tesouro real, os arquivos do governo,
uma máquina impressora e várias bibliotecas que seriam a base da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
A expedição portuguesa era composta de 46 embarcações,
que foram escoltadas até a costa brasileira pela Marinha inglesa.
A viagem foi cheia de percalços, como uma tempestade que sepa-
rou parte dos navios, a falta de comida por causa da quantidade de
A Independência do Brasil pessoas e, de acordo com os historiadores, um surto de piolhos que
Em 1799, Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França. forçou as mulheres a rasparem os cabelos.
Seus projetos industrialistas e expansionistas levaram ao confronto D. João VI e toda a Corte portuguesa chegaram ao Brasil, na
direto com a Inglaterra. Por isso, em 1806, determinou o Bloqueio região de Salvador, em janeiro de 1808. No mês seguinte, o rei por-
Continental: o continente foi proibido de manter relações com os tuguês embarcou para a cidade do Rio de Janeiro, chegando a essa
britânicos. Isto afetou diretamente Portugal. cidade em março. Do Rio de Janeiro, D. João VI governaria Portugal
e o Brasil até 1821, quando, então, retornou à Europa.
Ameaçada de invasão, a Corte do Regente D. João retirou-se
para o Brasil. Pressões inglesas e brasileiras o levaram a assinar a
Quais grandes mudanças ocorreram com a chegada de D. João
abertura dos portos, em 1808, pondo um fim no Pacto Colonial. Era
VI ao Brasil?
o domínio inglês.
Assim que chegou ao Brasil, D. João VI tomou a primeira medi-
Os Tratados de 1810 selaram de vez tal domínio. E o Brasil foi
da de relevância: a abertura dos portos brasileiros às nações ami-
elevado a Reino Unido de Portugal, em 1815. Esta submissão de D.
gas. Isso aconteceu no dia 28 de janeiro de 1808 e iniciou todas as
João a Londres irritou profundamente a burguesia lusitana, pois a
mudanças que estavam por vir. A abertura dos portos brasileiros
Independência parecia inevitável. Mesmo a repressão joanina aos às nações amigas significava, na prática, que a única nação a bene-
republicanos da Revolução Pernambucana de 1817 não bastou para ficiar-se disso seria a Inglaterra, dona de um gigantesco comércio
aplacar a ira de Lisboa. marítimo.
Assim, em 1820, a Revolução do Porto implantou a monarquia Essa medida significou o fim do monopólio comercial exercido
constitucional e D. João VI voltou a Portugal. Aqui deixou o Príncipe por Portugal sobre as atividades econômicas do Brasil e permitia
D. Pedro como Regente. Formaram-se duas agremiações rivais: o aos comerciantes e grandes proprietários brasileiros negociar dire-
Partido Português, desejando a recolonização do Brasil, e o Partido tamente com seus compradores estrangeiros. Para Portugal, essa
Brasileiro, da aristocracia. Em 1822, por duas vezes, D. Pedro foi in- medida era resultado de uma necessidade óbvia, uma vez que, com
timado a retornar: em 9 de Janeiro deu a decisão do “Fico” e a 7 de a ocupação francesa, seria impossível comercializar com os portos
Setembro, o “Grito do Ipiranga”. Nascia o Império. portugueses.
Outras decisões importantes tomadas por D. João VI foram a
Período Joanino permissão para instalar manufaturas no Brasil e a criação de incen-
O Período Joanino refere-se ao momento da história da colo- tivos para que essas manufaturas surgissem. Apesar dessa medi-
nização brasileira marcado pela presença da família real portugue- da ser extremamente importante, as mercadorias manufaturadas
sa no Brasil. Essa época específica foi iniciada em 1808, quando a produzidas no Brasil sofriam com a concorrência das mercadorias
Corte portuguesa e D. João VI chegaram ao Brasil, e estendeu-se inglesas, que possuíam mais qualidade e um preço atrativo (Por-
até 1821, quando esse rei, pressionado pelas cortes portuguesas, tugal taxou as mercadorias inglesas em apenas 15% de imposto al-
optou por retornar para Portugal. Durante esse período, a família fandegário).
real portuguesa habitou a cidade do Rio de Janeiro. Por ordem de D. João VI, foram desenvolvidas faculdades de
medicina em Salvador e no Rio de Janeiro. Além disso, construíram-
Por que a família real portuguesa mudou-se para o Brasil? -se museus, teatros e bibliotecas, e foi permitida a instalação de
A mudança da família real portuguesa para o Brasil estava rela- uma tipografia na cidade do Rio de Janeiro. Tudo isso contribuiu
cionada com os acontecimentos na Europa durante o Período Na- para o crescimento do intelectualismo no Brasil e possibilitou a cir-
poleônico. Como forma de enfraquecer economicamente a Ingla- culação de ideias, sobretudo na capital.

16
HISTÓRIA
Esse crescimento do intelectualismo no Brasil acabou incenti- monarquia centralista. O desfecho foi o golpe da “noite da agonia”:
vando a vinda de intelectuais e artistas estrangeiros notáveis da- a Constituinte foi dissolvida. D. Pedro, então, outorgou a Constitui-
quele período, como a viagem do botânico e naturalista francês ção que seus conselheiros elaboraram e fortaleceu-se com o Poder
Auguste de Saint-Hilaire e a Missão Artística Francesa, que trouxe Moderador.
importantes artistas franceses, com destaque para Debret e suas
pinturas sobre o Rio de Janeiro.
No entanto, a medida mais importante tomada por D. João
ocorreu em 1815, quando o Brasil foi elevado à condição de Reino
e, assim, surgiu o Reino de Portugal, Brasil e Algarves. Isso aconte-
ceu porque as nações integrantes do Congresso de Viena considera-
vam inaceitável que um rei europeu estivesse em uma colônia e não
em seu reino de fato. Como resposta, D. João VI tomou essa medida
e transformou o Brasil em parte integrante do reino português.

Além de permitirem o desenvolvimento econômico e intelec-


tual do Rio de Janeiro, todas essas mudanças resultaram no aumen-
to populacional da cidade do Rio de Janeiro, que passou de 50 mil
habitantes, em 1808, para 100 mil habitantes em 1822.

Como foi a política externa de D. João durante o Período Joa-


nino? Quinta da Boa Vista
Enquanto esteve presente no Brasil, D. João VI envolveu-se di-
retamente em questões territoriais com nações vizinhas e territó- A reação veio na revolta da Confederação do Equador, em
rios vizinhos dominados por nações estrangeiras. Primeiramente, 1824. A repressão custou a vida de expoentes liberais, como Frei
houve a invasão da Guiana Francesa, realizada em 1809. D. João Caneca. Neste mesmo ano os E.U.A. reconheceram o Brasil livre.
VI ordenou essa ocupação, junto com tropas inglesas, como repre- Mas os reconhecimentos português e inglês só vieram após intrin-
sália à ocupação de Portugal pelos franceses. A presença lusitana cadas negociações que geraram a dívida externa. Em seguida, Pedro
na Guiana Francesa estendeu-se até 1817, quando essa região foi I envolveu-se na questão sucessória portuguesa e na Guerra Cispla-
devolvida para a França após a derrota de Napoleão. tina, perdendo o Uruguai.
Outra questão muito importante, e que gerou impactos no Bra- Em 1830, as agitações resultaram no assassinato do jornalista
sil após a independência, foi o conflito pela Cisplatina. Por ordem de oposição Líbero Badaró e na “noite das garrafadas”, entre lusos
de D. João VI, a Banda Oriental do Rio da Prata (atual Uruguai) foi e brasileiros. Foi a crise final: no dia 7 de Abril de 1831, a abdicação
invadida e anexada ao território brasileiro em 1811. Pouco tempo de D. Pedro encerrou o 1 Reinado.
depois, em 1816, foram travadas guerras contra José Artigas, que
lutava pela independência do Uruguai. As Regências do Império
O Período Regencial (1831-40) foi o mais conturbado do Impé-
Como foi o retorno de D. João VI para Portugal? rio. Durante as Regências Trinas, Provisória e Permanente, a disputa
O retorno da Corte portuguesa a Portugal decorreu das pres- pelo poder caracterizou um “Avanço Liberal”. O Partido Português
sões que D. João VI passou a sofrer da burguesia portuguesa a partir tornou-se o grupo restaurador “Caramuru” defendendo a volta de
de 1820. Nesse momento, era iniciada a Revolução Liberal do Porto, Pedro I; o Partido Brasileiro dividiu-se nos grupos Exaltado (“Farrou-
na qual a burguesia formou as cortes portuguesas (espécie de as- pilha”) e Moderado (“Chimango”), respectivamente a favor e contra
sembleia) e passou a exigir mudanças em Portugal de acordo com uma maior descentralização política.
os princípios liberais e ilustrados em voga. A Regência Trina Permanente criou, em 1831, a Guarda Nacio-
Os liberais portugueses queriam que algumas mudanças fos- nal, através do Ministro da Justiça Padre Diogo Feijó. A nova arma
sem implantadas com a finalidade de recuperar a economia portu- servia à repressão interna e deu origem aos “coronéis” das elites
guesa. As principais exigências das cortes portuguesas eram o re- agrárias. A Constituição foi reformada através do Ato Adicional de
baixamento do Brasil novamente à condição de colônia e o retorno 1834. Foram criadas as Assembleias Legislativas Provinciais, abolido
imediato de D. João VI para Portugal. Essas pressões exercidas pelas o Conselho de Estado e substituída a Regência Trina pela Una.
cortes portuguesas forçaram o rei a retornar por causa do temor de Estas parcas vitórias liberais produziram, então, o Regresso
perder o trono português. Conservador. Os regentes Feijó, do Partido Progressista, e Araújo
D. João VI retornou para Portugal com aproximadamente qua- Lima, do Regressista, enfrentaram a radicalização das Rebeliões Re-
tro mil pessoas em 1821, no entanto, deixou seu filho D. Pedro, genciais: Cabanagem (PA), Sabinada (BA), Balaiada (MA) e a Guerra
futuro D. Pedro I, como regente do Brasil. As tensões provocadas dos Farrapos (RS/SC) foram as principais. Todas de caráter federa-
pelas cortes portuguesas com o Brasil e D. Pedro criaram a ruptura tivo, embora tão distintas. E a principal foi o Golpe da Maioridade,
que deu início ao processo de independência do Brasil. em 1840.

O Primeiro Reinado
A monarquia brasileira consolidou-se de forma crítica. A marca
do 1 Reinado foi a disputa pelo poder entre o Imperador Pedro I e a
elite aristocrática nacional. O primeiro confronto deu-se na outorga
da Constituição de 1824.
Durante o ano anterior as relações entre o governo e a Assem-
bleia Constituinte foram tensas. Enquanto a maioria “brasileira”
pretendia reduzir o poder do Trono, os “portugueses” defendiam a

17
HISTÓRIA
O segundo reinado - de 1840 a 1889 A estabilidade política revelou a contradição entre as aparên-
cias democráticas e a essência autoritária do regime. As eleições
eram censitárias e fraudulentas, apelidadas de “Eleições do Cace-
te”. Os Partidos Liberal e Conservador eram elitistas, sem diferenças
ideológicas significativas. E o parlamentarismo às avessas permitia
ao Poder Moderador do rei manipular tanto o 1 Ministro como o
Parlamento.
Entre 1851 e 1870, o Império enfrentou as Guerras Externas
no Prata. Foram conflitos sangrentos causados pelo caudilhismo ex-
pansionista, pelo controle da navegação nos rios da Bacia Platina e
influenciados pelos interesses ingleses na região.
Principalmente a Guerra contra Solano Lopes (Paraguai) trouxe
drásticos aumentos na dívida externa e influências políticas sobre
os militares, atuantes de ora em diante no movimento republicano.

O Império do Café O Movimento Republicano e o 13 de Maio


O café foi introduzido no Brasil em princípios do século XVIII. Os partidos e grupos agrários revezavam-se no poder numa
Sua rápida ascensão o pôs na ponta da economia entre as déca- gangorra viciada e alheia aos reclamos da sociedade em mutação.
das de trinta dos séculos XIX e XX. A independência e a revolta dos O trabalho assalariado imigrante e a semi-servidão sufocavam a es-
escravos no Haiti, principal produtor, abriu espaço para o Brasil no cravidão. E Pedro II observava estrelas.
mercado mundial. Em 1870, através do jornal A República, o Manifesto Republica-
O café pôde aproveitar a infraestrutura econômica já instalada no de Quintino Bocaiúva lançou a proposta do Partido Republicano
no Sudeste, os solos adequados da região (sobretudo a terra roxa) à sociedade. Mas só três anos depois, com a fundação do Partido
e não precisou de mão-de-obra qualificada na instalação das pri- Republicano Paulista na Convenção de Itu, surgiu o grupo dos “Re-
meiras lavouras. Assim, o investimento inicial de capital foi relati- publicanos Históricos”.
vamente baixo. Os “Republicanos Idealistas” organizaram-se em torno do Exér-
As consequências imediatas mostraram-se na modernização cito, que fundou o Clube Militar. Dessa forma, os cafeicultores e as
das relações de produção. O café foi gradativamente substituindo emergentes classes médias urbanas encontravam seus interlocuto-
os escravos pelos assalariados, sobretudo imigrantes europeus. res. A Campanha Abolicionista tomou espaço com a Lei do Ventre-
Para tanto, contribuíram as pressões inglesas pelo fim do tráfico -Livre de 1871, mesmo ano da Questão Religiosa, entre o governo
negreiro. e a cúpula católica.
Em 1844, foi aprovada a Lei Alves Branco, que extinguiu taxas A Lei Saraiva-Cotegipe libertou os sexagenários em meio à
alfandegárias favoráveis aos ingleses, vigentes desde 1810. Invo- Questão Militar. A 13 de Maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a
cando os mesmos tratados daquele ano, foi promulgado o Bill Aber- Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil. Foi a gota d’água. A
deen, em 1845. Esta lei, juntamente com a Lei Eusébio de Queirós monarquia desabou no dia 15 de novembro de 1889. O Marechal
de 1850, extinguiram o tráfico e levantaram a questão abolicionista. Deodoro da Fonseca expulsou a família Bragança do Brasil e instau-
Eram os primeiros passos capitalistas de um país, ainda incapaz rou a República.
de aceitar a industrialização sonhada pelo Barão de Mauá.
Resumo Cronológico dos principais fatos da História do Brasil
A Glória de Pedro II Imperial

Principais fatos históricos do Primeiro Reinado (1822 a 1831)


- 7 de setembro de 1822: Proclamação da Independência do
Brasil por D. Pedro I (então príncipe regente).
- 12 de outubro de 1822 - D. Pedro I é aclamado imperador no
Rio de Janeiro.
- 1823 - Reunião da Assembleia Geral Constituinte e Legislati-
va com o objetivo de criar a primeira constituição brasileira. Com
pouco tempo de trabalha, a Assembleia é dissolvida pelo imperador
que cria o Conselho de Estado.
- 1824 - A Constituição Brasileira é outorgada por D. Pedro I.
- 1824 - Confederação do Equador: movimento revolucionário
e emancipacionista ocorrido na região nordeste do Brasil.
- 1825 a 1828 - Guerra da Cisplatina: movimento que tornou a
região do Uruguai independente do Brasil.
- 1831 - Após muitos protestos populares e oposição de vários
D. Pedro II setores da sociedade, D. Pedro I abdica ao trono em favor de seu
filho.
Em 1847, o jovem imperador prematuramente entronado em
1840, completou vinte anos. Foi instaurado o sistema parlamenta- Principais fatos históricos do Período Regencial (1831 a 1840)
rista de governo e o café ganhou os mercados do mundo. A última - Neste período o Brasil foi governado por regentes. Regência
guerra civil do Império sangrou Pernambuco na Revolução Praieira Trina Provisória, Regência Trina Permanente, Regência Una de Feijó,
de 1848. A monarquia mostrava-se mais uma vez surda às reivindi- Regência Una de Araújo Lima
cações “radicais” dos liberais.

18
HISTÓRIA
- O período foi marcado por várias revoltas sociais. A maior par- 2. (IFB/2017 – IFB) “A principal característica política da inde-
te delas eram em protesto contra as péssimas condições de vida, pendência brasileira foi a negociação entre a elite nacional, a coroa
alta de impostos, autoritarismo e abandono social das camadas portuguesa e a Inglaterra, tendo como figura mediadora o príncipe
mais populares da população. Neste contexto podemos citar: Ba- D. Pedro”
laiada, Cabanagem, Sabinada, Guerra dos Malês, Cabanada e Revo- (CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 1.
lução Farroupilha. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. p. 26).
- 1840 (23 de julho) - Golpe da Maioridade com apoio do Parti-
do Liberal. Maioridade de Dom Pedro II foi declarada. Leia as afirmativas com relação ao processo de emancipação
política do Brasil.
Principais fatos históricos do Segundo Reinado (1840 a 1889) I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o Brasil uni-
- 1841 - Dom Pedro II é coroado imperador do Brasil. ram os luso-americanos em torno da ideia de perpetuar os laços
- 1844 - Decretação da Tarifa Alves Branco que protege as ma- políticos que uniam, entre si, os lados europeu e americano do Im-
nufaturas brasileiras. pério Português.
- 1850 - Lei Eusébio de Queiróz: fim do tráfico de escravos. II) A escolha da monarquia em vez da república, como alternati-
- 1862 e 1865 - Questão Christie - rompimento das relações va política para o Brasil independente, derivou da convicção da elite
diplomáticas entre Brasil e Grã-Bretanha. brasileira de que só um monarca poderia manter a ordem social e
- 1864 a 1870 - Guerra do Paraguai - conflito militar na América a união territorial.
do Sul entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uru- III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em 1821, a
guai) com o apoio do Reino Unido. Em 1870 é declarada a derrota elite brasileira percebeu a necessidade de uma solução política que
do Paraguai. implicasse a separação entre Brasil e Portugal.
- 1870 - Fundação do Partido Republicano Brasileiro. IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para a tran-
- 1871 - Lei do Ventre Livre: liberdade aos filhos de escravas, sição do Brasil de colônia para emancipado politicamente.
nascidos a partir daquela data. V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações dos di-
- 1872 a 1875 - Questão Religiosa: conflito pelo poder entre a reitos civis, uma vez que manteve a escravidão.
Igreja Católica e a monarquia brasileira.
- 1875 - Começa o período de imigração para o Brasil. Italianos, Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas
espanhóis, alemães e japoneses chegam ao Brasil para trabalharem CORRETAS.
na lavoura de café e nas indústrias. (A) I, V
- 1882 - Início do Ciclo da Borracha: o Brasil torna-se um dos (B) II, IV
principais produtores e exportadores de borracha do mundo. (C) II, V
- 1884 a 1887 - Questão Militar: crise política e conflitos entre a (D) I, IV
Monarquia Brasileira e o Exército. (E) III, IV
- 1885 - Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais
de 65 anos de idade. 3. (CESPE - Instituto Rio Branco) Durante o Primeiro Reinado
- 1888 - Lei Áurea decretada pela Princesa Isabel: abolição da consolidou-se a independência nacional, construiu-se o arcabou-
escravidão no Brasil. ço institucional do Império do Brasil e estabeleceram-se relações
- 1889 - Proclamação da República no Brasil em 15 de novem- diplomáticas com diversos países. Acerca desse período da histó-
bro. Fim da Monarquia e início da República. ria do Brasil, julgue (C ou E) o item subsequente.
Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo das
relações simétricas entre os Estados envolvidos, a Guerra da Cis-
EXERCÍCIOS platina encerrou-se com a interferência de uma potência externa
ao conflito.
( ) CERTO
1. (UFMT- IF/MT) Durante o período imperial brasileiro, o libe- ( ) ERRADO
ralismo foi uma das correntes políticas influentes na composição do
nascente Estado independente, tendo, em diferentes momentos, 4. (MPE/GO– MPE/GO) Acerca da história do Brasil, é incorreto
pautado seus rumos. Há que se observar, no entanto, que, diferen- afirmar:
temente do modelo europeu, o liberalismo encontrado no Brasil (A) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da
tinha suas idiossincrasias. A partir do exposto, marque V para as República pelo Marechal Deodoro da Fonseca e teve início a
afirmativas verdadeiras e F para as falsas. República Velha, que só veio terminar em 1930 com a chegada
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marcados pela de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, têm destaque na his-
manutenção da escravidão e da estrutura arcaica de produção. tória brasileira a industrialização do país; sua participação na
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes médias ur- Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos; e o Golpe
banas, agentes públicos e manumitidos ou libertos. Militar de 1964, quando o general Castelo Branco assumiu a
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante a ela- Presidência.
boração da Constituição de 1824. (B) A ditadura militar, a pretexto de combater a subversão e a
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no Brasil corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perseguiu e cen-
ajudou a estruturar o pensamento liberal no primeiro reinado. surou os meios de comunicação, extinguiu os partidos políti-
cos e criou o bipartidarismo. Após o fim do regime militar, os
Assinale a sequência correta. deputados federais e senadores se reuniram no ano de 1988
(A) F, V, F, V em Assembléia Nacional Constituinte e promulgaram a nova
(B) V, V, F, F Constituição, que amplia os direitos individuais. O país se rede-
(C) V, F, V, F mocratiza, avança economicamente e cada vez mais se insere
(D) F, F, V, V no cenário internacional.

19
HISTÓRIA
(C) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derrubada 8. (CESPE/ – DEPEN) Na década de 90 do século passado, pela
do presidente Washington Luís em 1930, até a volta do país à primeira vez em dois séculos, faltava inteiramente ao mundo, qual-
democracia em 1945, é chamado de Era Vargas, em razão do quer sistema ou estrutura internacional. O único Estado restante
forte controle na pessoa do caudilho Getúlio Domeles Vargas, que teria sido reconhecido como grande potência, eram os Estados
que assumiu o controle do país, no período. Neste período está Unidos da América. O que isso significava na prática era bastante
compreendido o chamado Estado Novo (1937-1945). obscuro. A Rússia fora reduzida ao tamanho que tinha no século
(D) Em 1967, o nome do país foi alterado para República Fede- XII. A Grã-Bretanha e a França gozavam apenas de um status pura-
rativa do Brasil. mente regional. A Alemanha e o Japão eram sem dúvida “grandes
(E) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição di- potências” econômicas, mas nenhum dos dois sentira a necessida-
reta para Presidente da República desde 1964. Seu governo de de apoiar seus enormes recursos econômicos com força militar.
perdurou até 1992, quando foi afastado pelo Senado Federal Eric Hobsbawm. Era dos extremos. O breve século XX, 1914-1991. São
devido a processo de “impugnação” movido contra ele. Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 538 (com adaptações).

5. (MPE/GO– MPE/GO) A volta democrática de Getúlio Vargas A partir das ideias apresentadas no texto, julgue o próximo
ao poder, após ser eleito no ano de 1950, ficou caracterizada pelo item, referentes à política internacional no século XX e à ordem
presidente: mundial instaurada após o fim da Guerra Fria.
(A) ter se aproximado dos antigos líderes militares do Estado A despeito da derrocada da antiga União Soviética em 1991, o
Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952. contexto imediatamente posterior à Guerra Fria não foi marcado
(B) ter exercido um governo de tendência populista e ter se pelo estabelecimento de um sistema internacional organizado para
suicidado em 1954. reduzir conflitos e garantir o equilíbrio entre os estados.
(C)) ter exercido um governo de tendência autoritária, com o ( ) CERTO
apoio de Carlos Lacerda. ( ) ERRADO
(D) ter exercido um governo de tendência populista que foi a
base para sua reeleição em 1955.
(E) não ter levado o governo adiante por motivos de saúde,
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951. GABARITO

6. (NC-UFPR – UFPR) Sobre a redemocratização no Brasil pós -


ditadura, assinale a alternativa correta. 1 C
(A) Uma das ações que marcou o processo de redemocratiza-
ção foi a campanha pelas eleições diretas para a presidência da 2 C
República, que ficou conhecida como “Diretas já”. 3 CERTO
(B) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-dita-
dura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os únicos par- 4 E
tidos políticos autorizados a funcionar no período 5 B
(C) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente elei-
6 A
to pelo voto popular após a ditadura militar.
(D) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presidente 7 C
José Sarney foi afastado da presidência da República. Esse pro- 8 CERTO
cesso ficou conhecido como impeachment
(E) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes eleitos
após a ditadura militar e ficou famoso pela criação do Progra-
ma Bolsa-Família.

7. (Prefeitura de Betim/MG - Prefeitura de Betim/MG) É alter-


nativa verdadeira, correspondente às principais características do
Feudalismo.
(A) Economia e sociedade agrárias e cultura predominante-
mente laica.
(B) Trabalho assalariado, cultura teocêntrica e poder político
centralizado nas mãos do rei.
(C) As relações entre a nobreza feudal baseavam-se nos laços
de suserania e vassalagem: tornava-se suserano o nobre que
doava um feudo a outro; e vassalo, o nobre que recebia o feu-
do.
(D) Trabalho regulado pelas obrigações servis e sociedade com
grande mobilidade.

20
SOCIOLOGIA
1. Relações entre indivíduo e sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Distinção do espaço público e privado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. O Estado e os direitos humanos, cidadania e diversidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02
SOCIOLOGIA
WEBER X DURKHEIM
RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE Dois dos principais mestres da sociología clássica compreen-
deram de maneira diversa a relação entre indivíduos e sociedade.
A visão dicotômica entre indivíduo e sociedade é fundamental Enquanto Emile Durkheim priorizou a sociedade na análise dos
nas Ciências Sociais, e faz parte dos primórdios do desenvolvimen- fenômenos sociais, considerando-a externa aos indivíduos e deter-
to da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo de minadora de suas ações, Max Weber entendia ser preponderante o
industrialização iniciado ainda no século XVIII e que levou ao sur- papel dos atores sociais e as suas ações. Weber entendia a socieda-
gimento de inúmeros problemas sociais no inicio do século seguinte, de como o conjunto das interações sociais. A “ação social”, objeto
quando surgiu a disciplina. Podemos dizer que as transformações ocor- de estudo weberiano, toma este significado quando seu sentido é
reram pela transição de uma realidade rural para um ambiente urbano orientado pelo conjunto de pessoas que constituem a sociedade.
e industrial. O advento de estruturas sociais mais complexas fez com Para Durkheim, os fatos sociais são anteriores e exteriores
que os homens se vissem na necessidade de compreendê-las. Brota aos indivíduos, exercendo sobre eles um poder coercitivo que se
uma nova ciência que, partindo do instrumental das ciências naturais e impõe sobre as vontades individuais. Num sentido oposto, Weber
exatas, tenta explicar a realidade, estudando sistematicamente o com- priorizou as ações individuais para compreender a sociedade, con-
portamento social dos grupos e as interações humanas. siderando-as como um componente universal e particular da vida
Basicamente buscou-se compreender que todas as relações social, fundamental para se conhecer o funcionamento das socie-
sociais estão conectadas, formando um todo social, que chamamos dades humanas, em que vigoram as interações entre indivíduos e
de sociedade. A passagem de uma sociedade rural para uma so- grupos sociais.
ciedade urbana, com a formação de grandes cidades, abriu novos
espaços de sociabilidade, em que conviveram pessoas diferentes e Fonte: http://educacao.globo.com/sociologia/assunto/conflitos-e-vida-
estranhas umas às outras, com objetivos e motivações distintas. Es- -em-sociedade/individuo-e-sociedade.html
ses novos espaços substituíram os espaços tradicionais de relações.
Essa transição é essencial para compreender a sociologia. O rápido
processo de urbanização provocou a degradação do espaço urbano DISTINÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO E PRIVADO
anterior, do meio ambiente, e a destruição dos valores tradicionais.
As indústrias atraíram as populações rurais para as cidades.
Quando caminhos pelas ruas públicas percebemos diversas
CONCEITOS DE SOCIEDADE formas de manifestações sociais; vemos tudo aquilo que não pe-
A sociedade, tal como passou a ser compreendida no inicio dimos e que não escolhemos. Casas e prédios são construídos de
do século XIX, pressupunha um grupo relativamente autônomo forma escolhidas por construtoras e podem prejudicar nossa con-
de pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa templação da paisagem. Temos aí a mistura do público com o priva-
forma, constituintes de uma cultura comum. Além disso, predomi- do. Para entender o que é público temos que ter sempre em mente
nava a ideia de que as pessoas compartilhavam uma identidade. que o público é aonde todos os cidadãos pode usufruir do espaço
As relações sociais, não só referentes às pessoas, mas, inclusive, com os mesmos direitos legais, sem distinção de etnias ou classes
às instituições (família, escola, religião, política, economia, mídia), sociais; o espaço privado é todo aquele que pagamos para mandar
moldavam as diversas sociedades. Assim, havendo uma enorme co- num determinado espaço, pagamos aos estados impostos prediais,
nexão entre essas relações, a mudança em uma acarretaria numa que é uma forma de licença geográfica, e neste espaço dominamos
transformação em outra. no metro quadrado pago. Porém não é desta forma que é entendi-
A sociedade é entendida, portanto, como algo dinâmico, em da pela população, constantemente o espaço público se transforma
permanente processo de mudança, já que as relações e instituições no espaço privado: aumentando o espaço de garagens, trancafian-
sociais acabam por dar continuidade à própria vida social. Torna-se do “ruas sem saída”, proibindo os demais de usufruir deste espaço.
claro, ademais, que existe uma profunda e inevitável relação entre
os indivíduos e a sociedade. As Ciências Sociais lidaram com essa Temos também nos espaços públicos os “não lugares”, que
relação de diferentes modos, ora enfatizando a prevalência da so- são os espaços de fluxos de pessoas, como trens e ônibus coletivos.
ciedade sobre os individuos, ora considerando certa autonomia nas Nestes espaços o público se transforma no privado, mediante ao
ações individuais. Para o antropólogo Ralph Linton, por exemplo, a pagamento da tarifa. Ao pagar a tarifa estamos privatizando um
sociedade, em vez do indivíduo, é a unidade principal, aquela onde veículo que circula num espaço público e dentro do coletivo, man-
os seres humanos vivem como membros de grupos mais ou menos damos nos assentos que escolhemos ou não. Neste momento so-
organizados. mos os donos do lugar.
OBJETO DE ESTUDO No espaço público exercemos nossas crenças e culturas. Sen-
A sociologia é o estudo científico da sociedade. Parte de méto-
do a humanidade local por meio da invenção local a criação de tal
dos científicos (observação, análise, comparação) e possui objetos
cultura, o ser humano absorve a cultura e expõe para o público o
de estudo específicos. Traz para o campo das ciências a figura do
que deveria ser privado. Ao construir uma igreja ou um templo re-
cientista social. Assim, diferentes de outras ciências, a sociologia
ligioso, estamos expondo nossas crenças e hábitos privados para
tem como parte integrante de seu objeto de estudo o próprio ob-
o espaço público, e apenas separando por uma parede e portão. É
servador. Este, ao mesmo tempo em que observa o fenômeno, so-
neste contexto que os “pichadores” alegam seus direitos de expres-
fre influência e influencia seu objeto de estudo.
são, sendo uma construção de alvenaria a transgressão da liberda-
Essa realidade leva a uma discussão sobre a objetividade do
trabalho científico e sobre a (im)possível neutralidade do cientista de, sendo assim a danificação da estética física do espaço.
social. Fato que não ocorre nas ciências físicas, por exemplo, o ho-
mem desempenha um duplo papel nas ciências sociais: é ao mesmo No espaço privado temos a nossa liberdade de expressão e
tempo objeto e sujeito do conhecimento. Aquele que desempenha sexual? Digo que não temos. Nem mesmo nos espaço privado so-
as ações sociais e as interpreta. Por isso se busca tanto a objetivida- mos livres. Estamos constantemente sendo influenciados pelo pen-
de nos casos estudados. samento privado de blocos dominantes, que infligem à liberdade

1
SOCIOLOGIA
sexual e de expressão no ambiente privado. Sexo e sexualidade Algumas das características mais importantes dos direitos hu-
são controlados, vigiados e caluniados por pessoas públicas que manos são:
não respeitam a liberdade privada; tal controle e crítica é a favor - Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dig-
de uma tal socialização moral de que todos “devem” apreender e nidade e o valor de cada pessoa;
viver. - Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são
Podemos concluir que constantemente infligimos o espaço pú- aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
blico e o privado simultaneamente, numa ordem vigente realizada - Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser
por todos, quer queira, quer não. privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em
situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direi- restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime dian-
to/o-espaco-publico-e-o-privado-infligindo-os-espacos/56971 te de um tribunal e com o devido processo legal;
- Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e in-
terdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos hu-
O ESTADO E OS DIREITOS HUMANOS, manos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar
CIDADANIA E DIVERSIDADE o respeito por muitos outros;

Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como


Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a digni-
humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, dade e o valor de cada pessoa.
idioma, religião ou qualquer outra condição.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à Normas internacionais de direitos humanos
liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à edu- A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá atra-
cação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem vés das normas internacionais de direitos humanos. Uma série de
discriminação. tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumen-
O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as tos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direi-
obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou tos humanos inerentes.
de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o
direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos. desenvolvimento e a adoção dos instrumentos internacionais de
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 – em direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível re-
meio ao forte lembrete sobre os horrores da Segunda Guerra Mun- gional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos par-
dial –, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e ticulares a cada região.
encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme A maioria dos países também adotou constituições e outras
estipulado na Carta das Nações Unidas: leis que protegem formalmente os direitos humanos básicos. Mui-
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, tas vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumen-
tos internacionais de direitos humanos.
na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na
As normas internacionais de direitos humanos consistem, prin-
dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos en-
cipalmente, de tratados e costumes, bem como declarações, dire-
tre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso so-
trizes e princípios, entre outros.
cial e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, …
a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos
Tratados
Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprome-
povos e todas as nações…”
tem com regras específicas. Tratados internacionais têm diferen-
tes designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e
Contexto e definição dos direitos humanos acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para os Estados que
Os direitos humanos são comumente compreendidos como tenham consentido em se comprometer com as disposições do tra-
aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos tado – em outras palavras, que são parte do tratado.
Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma ra-
direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, tificação, adesão ou sucessão.
opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou con- A ratificação é a expressão formal do consentimento de um
dição de nascimento ou riqueza. Estado em se comprometer com um tratado. Somente um Estado
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de di- que tenha assinado o tratado anteriormente – durante o período
reitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que no qual o tratado esteve aberto a assinaturas – pode ratificá-lo.
interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana. A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno,
Estão expressos em tratados, no direito internacional consue- requer a aprovação pelo órgão constitucional apropriado – como o
tudinário, conjuntos de princípios e outras modalidades do Direito. Parlamento, por exemplo. A nível internacional, de acordo com as
A legislação de direitos humanos obriga os Estados a agir de uma disposições do tratado em questão, o instrumento de ratificação
determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem em ati- deve ser formalmente transmitido ao depositário, que pode ser um
vidades específicas. No entanto, a legislação não estabelece os di- Estado ou uma organização internacional como a ONU.
reitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada A adesão implica o consentimento de um Estado que não te-
pessoa simplesmente por ela ser um humano. nha assinado anteriormente o instrumento. Estados ratificam tra-
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir tados antes e depois de este ter entrado em vigor. O mesmo se
para proteger formalmente os direitos de indivíduos ou grupos aplica à adesão.
contra ações ou abandono dos governos, que interferem no des- Um Estado também pode fazer parte de um tratado por su-
frute de seus direitos humanos. cessão, que acontece em virtude de uma disposição específica do
tratado ou de uma declaração. A maior parte dos tratados não são

2
SOCIOLOGIA
auto-executáveis. Em alguns Estados tratados são superiores à le- amar o próximo, ainda mais quando o próximo nos faz algum mal.
gislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem Jesus ensinou ainda que deveríamos “orar e amar nossos inimigos”
status constitucional e em outros apenas certas disposições de um (Mateus 5: 44). O contexto histórico em que Jesus começou a pre-
tratado são incorporadas à legislação interna. gar era de completa dominação de Israel pelos romanos. Sendo que
Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a Pilatos, era o governador romano de toda aquela região. Assim, um
ele, indicando que, embora consinta em se comprometer com a judeu ter que amar o próximo, orar e amar seus inimigos era um
maior parte das disposições, não concorda com se comprometer judeu ter que amar um romano, seu inimigo máximo, ocupante de
com certas disposições. No entanto, uma reserva não pode derro- suas terras e opressor do povo. Por isso, esse ensinamento de Jesus
tar o objeto e o propósito do tratado. causou polêmica em sua época.
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tra- Desse modo, o respeito pelo próximo é o respeito pelos direi-
tado ou não tenha formulado reservas, o Estado pode ainda estar tos humanos. Não podemos fazer o mal ao próximo, pois os ho-
comprometido com as disposições do tratado que se tornaram di- mens foram feitos a imagem e semelhança de Deus. Assim, o ensi-
reito internacional consuetudinário ou constituem normas impera- namento cristão de amor ao próximo é o fundamento histórico dos
tivas do direito internacional, como a proibição da tortura. Todos direitos humanos.
os tratados das Nações Unidas estão reunidos em treaties.un.org.
As gerações ou dimensões dos direitos humanos
Costume A doutrina costuma dividir a evolução histórica dos direitos
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente fundamentais em gerações de direito. Mas, parte da doutrina
“costume” – é o termo usado para descrever uma prática geral e abandou o termo geração, para adotar a expressão dimensão. O
consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de argumento é de que geração pressupõe a superação da geração
obrigação legal. anterior. O que não ocorre com os direitos fundamentais, pois to-
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Di- das as gerações seguintes não superam a anterior, mas as comple-
reitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de mentam, por isso é preferido o uso de “dimensão”. Independente
suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetu- da nomenclatura utilizada, Pedro Lenza (2010: 740) apresenta a
dinário. seguinte classificação:
a) Direitos humanos de 1ª geração: referem-se às liberdades
Declarações, resoluções etc. adotadas pelos órgãos das Na- públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos
ções Unidas a traduzirem o valor de liberdade. Documentos históricos (séculos
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas XVII, XVIII e XIX): 1) Magna Carta de 1215, assinada pelo rei Joao
com os quais a maior parte dos Estados concordaria – constam, sem terra;2) Paz de Westfália (1648);3) Habeas Corpus Act (1679);4)
muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, re- Bill of Rights (1688); 5) Declarações, seja a americana (1776) , seja
comendações e princípios. a francesa (1789).
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas b) Direitos humanos de 2ª geração: referem-se aos chamados
representam um consenso amplo por parte da comunidade inter- direitos sociais, como saúde, educação, emprego entre outros. Do-
nacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em ter- cumentos históricos: Constituição de Weimar (1919), na Alemanha
mos na prática dos Estados, em relação a sua conduta das relações e o Tratado de Versalhes, 1919. Que instituiu a OIT.
internacionais. c) Direitos humanos de 3ª geração: são os direitos relacionados
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na acei- a sociedade atual, marcada por amplos conflitos de massa, envol-
tação por um grande número de Estados e, mesmo sem o efeito vendo o direito ambiental e também o direito do consumidor, onde
vinculativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princí- esses direitos difusos muita das vezes sofrem violações.
pios amplamente aceitos pela comunidade internacional. d) Direitos humanos de 4º geração: Norberto Bobbio, defende
que esses direitos estão relacionados com os avanços no campo
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência
Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos em
humana, através da manipulação do patrimônio genético.
2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opu-
e) Direitos humanos de 5ª geração: Paulo Bonavides defende
seram a ela.
essa ideia. Para ele, essa geração refere-se ao direito à paz mundial.
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reco-
A paz seria o objetivo da geração a qual vivemos, que constantemen-
nhecer os direitos dos povos indígenas sob a lei internacional, com
te é ameaçada pelo terrorismo e pelas guerras (Portela: 2013: 817).
o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de
determinar seu próprio desenvolvimento de acordo com sua cultu- Reconhecimento e Positivação dos direitos fundamentais no
ra, prioridades e leis consuetudinárias (costumes) direito nacional
No plano internacional podemos afirmar que o principal docu-
Evolução histórica e classificação dos direitos fundamentais mento que positivou os direitos humanos foi a Declaração Univer-
sal dos Direitos Humanos (1948) da ONU.
Origem histórica dos direitos humanos: Cristianismo No plano interno, a Constituição de 1988 positivou em seu tex-
Podemos afirmar que os direitos humanos tem sua origem no to diversos direitos fundamentais. Vale ressaltar, que o rol do art.
Cristianismo. Sendo que o cristianismo nasceu na antiga Palestina, 5º é exemplificativo, podendo haver ampliação desses direitos, mas
onde era situado o Estado de Israel. nunca sua redução ou supressão. Até porque a CF/88 considera os
A mensagem de Jesus Cristo, conforme vemos em Mateus 22: direitos e garantias individuais e coletivos como claúsula pétrea
36-40, pode ser resumida em dois mandamentos: a) Amar a Deus (art. 60, §4º,IV).
sobre todas as coisas e b) Amar o próximo com a si mesmo. Ora, Todas as gerações de direitos humanos foram positivados no
o primeiro mandamento já havia sido dado por Deus a Moisés no texto constitucional. As liberdades individuais constam no art. 5º.
Monte Sinai e este mandamento não seria difícil de ser atendido. O Os direitos sociais no art. 6º. Os direitos políticos nos arts. 14 a 16.
segundo mandamento, agora dado por Jesus, o Filho de Deus, foi O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no art.
que causou polêmica em sua época. Amar a Deus é fácil. Difícil é 225. A saúde no art. 6º e no art. 196 e assim por diante.

3
SOCIOLOGIA
A Emenda 45/2004, acrescentou ao art. 5º, o §3º, o qual dispõe Paulo Gustavo Gonet Branco (2011: 174) explica que esse dis-
que os tratados internacionais sobre direitos humanos, que forem positivo tem como significado essencial ressaltar que as normas
aprovados em cada casa do Congresso Nacional, por 3/5 de seus que definem direitos fundamentais são normas de caráter precep-
membros, em dois turnos, equivalem às emendas constitucionais, tivo, e não meramente programático. Ainda segundo o autor, os juí-
ou seja, esses tratados ganham status de norma constitucional. zes podem e devem aplicar diretamente as normas constitucionais
Desse modo, com a Emenda 45/2004, os tratados sobre direi- para resolver os casos sob sua apreciação. Não é necessário que o
tos humanos aprovados nos termos do § 3º, do art. 5º da CF/88, legislador venha, antes, repetir ou esclarecer os termos da norma
ampliaram o bloco de constitucionalidade, juntando-se às normas constitucional para que ela seja aplicada.
jurídicas do texto constitucional. O disposto no art. 5º, § 1º, da CF, é um dispositivo de suma
importância, pois o mesmo servirá de fundamento de validade para
Eficácia dos Direitos Fundamentais a eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais.

Conceito de eficácia Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais


Antes de entrarmos na análise da eficácia dos direitos funda- A eficácia vertical significa que o Estado, em suas relações com
mentais, é preciso sabermos o que significa a expressão “eficácia.” os particulares, deverá respeitar as normas de direitos fundamen-
Pois bem, eficácia pode ser definida como algo que produz efeitos. tais. O Estado, portanto, deverá respeitar as liberdades individuais,
Segundo a doutrina, há dois tipos de eficácia das normas: a ju- tais como a liberdade de crença, de expressão, sexual, enfim, as-
rídica e social. Michel Temer (2005: 23) ensina que a eficácia social suntos da esfera privada dos indivíduos. Mas a função do Estado
se verifica na hipótese da norma vigente, isto é, com potencialidade não é apenas garantir essa proteção. No caso dos direitos funda-
para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a ca- mentais sociais, como a saúde, educação e outros, o Estado deve
sos concretos. Já a eficácia jurídica, ainda segundo Temer, significa ter uma postura positiva no sentido de efetivar aqueles direitos.
que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações Assim, a eficácia vertical dá ao Estado esse duplo papel: garan-
concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua tista e efetivados dos direitos fundamentais.
simples edição resulta na revogação de todas as normas anteriores No que tange a eficácia horizontal dos direitos fundamentais,
que com ela conflitam. Embora não aplicada a casos concretos, é podemos afirmar que esses direitos também podem ser aplicados
aplicável juridicamente no sentido negativo antes apontado. Isto é: as relações privadas. Os particulares nas relações que travam entre
retira a eficácia da normatividade anterior. É eficaz juridicamente, si devem também obedecer os direitos fundamentais.
embora não tenha sido aplicada concretamente. Segundo Daniel Sarmento (2004: 223), a premissa da eficácia
Entendemos que as normas constitucionais que regulam o di- horizontal dos direitos fundamentais é o fato de que vivemos em
reito a saúde e a defesa do consumidor são normas que possuem uma sociedade desigual em que a opressão pode provir não ape-
também eficácia social, na lição de Michel Temer. A eficácia jurídica nas do Estado, mas de uma multiplicidade de atores privados, pre-
é inerente à espécie, mas a eficácia social existe também pela pró- sentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a
pria abrangência de que esses direitos fundamentais apresentam. empresa.
Vale ressaltar, que uma norma jurídica poderá ter vigência, Várias teorias surgiram para explicar a vinculação dos particu-
mas poderá não ser eficaz, ou seja, devido a alguma circunstancia lares aos direitos fundamentais, mas duas se destacaram e tiveram
uma norma pode não apresentar efeitos jurídicos. No entanto, so- origem no direito germânico: a) Teoria da Eficácia Indireta e Media-
ta dos Direitos Fundamentais na Esfera Privada e b) Teoria da Eficá-
mente uma norma vigente poderá ser eficaz.
cia Direta e Imediata dos Direitos Fundamentais na Esfera Privada.
Sobre o tema vigência e eficácia, assim leciona Ingo Sarlet
Segundo Sarmento (2004:238), a teoria da eficácia horizontal
(2012: 236):
mediata ou indireta dos direitos fundamentais (Mittelbare Dritt-
Importa salientar, ainda, que a doutrina pátria tradicional-
wirkung) foi desenvolvida originariamente na doutrina alemã por
mente tem distinguido – e neste particular verifica-se substancial
Günter Dürig, em obra publicada em 1956, e tornou-se a concepção
consenso – as noções de vigência e eficácia, situando-as em planos
dominante no direito germânico, sendo hoje adotada pela maioria
diferenciados. Tomando-se a paradigmática lição de José Afonso da
dos juristas daquele país e pela sua Corte Constitucional. Trata-se
Silva, a vigência consiste na qualidade da norma que a faz existir de construção intermediária entre a que simplesmente nega a vin-
juridicamente (após regular promulgação e publicação), tornando- culação dos particulares aos direitos fundamentais, e aquela que
-a de observância obrigatória de tal sorte que a vigência constitui sustenta a incidência direta destes direitos na esfera privada.
verdadeiro pressuposto de eficácia, na medida em que apenas a Ainda segundo Sarmento (2004: 238), para a teoria da eficácia
norma vigente pode ser eficaz. mediata, os direitos fundamentais não ingressam no cenário priva-
Desse modo, somente uma norma jurídica que possua vigência do como direitos subjetivos, que possam ser invocados a partir da
poderá produzir efeitos jurídicos, ou seja, será eficaz, sendo que no Constituição. Para Dürig, a proteção constitucional da autonomia
presente texto, nos interessa conhecer a eficácia das normas jurídi- privada pressupõe a possibilidade de os indivíduos renunciarem a
cas constitucionais que tratam dos direitos fundamentais. direitos fundamentais no âmbito das relações privadas que man-
tem, o que seria inadmissível nas relações travadas com o Poder
Eficácia plena e imediata dos direitos fundamentais: análise Público. Por isso, certos atos contrários aos direitos fundamentais
do art. 5º, § 1º, da CF/88 , que seriam inválidos quando praticados pelo Estado, podem ser
De acordo, com o art. 5º, §1º, de nossa Carta Constitucional, as lícitos no âmbito do Direito Privado.
normas relativas às garantias e aos direitos fundamentais, possuem Não concordamos com essa teoria, pois entendemos que os
eficácia plena e imediata. Isso significa, que essas normas jurídicas particulares devem sim respeito aos direitos fundamentais, espe-
não precisarão da atuação do legislador infra-constitucional, para cialmente nas relações contratuais e naquelas que envolvem o di-
poderem ser efetivadas. Essas normas, portanto, não precisarão re- reito do consumidor, tendo em vista que nessas áreas as violações
ceber regulamentação legal para serem eficazes. Assim, as mesmas aos direitos fundamentais são mais intensas.
poderão ser aplicadas pelo intérprete imediatamente aos casos Já a teoria da eficácia direta dos direitos fundamentais nas re-
concretos. lações privadas, conforme leciona Sarmento (2004: 245), foi defen-
dida inicialmente na Alemanha por Hans Carl Nipperdey, a partir do

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SOCIOLOGIA
início da década de 50. Segundo ele, embora alguns direitos funda- ção os mesmos passam a serem considerados como direitos funda-
mentais previstos na Constituição alemã vinculem apenas o Estado, mentais. Parte da doutrina entende que os direitos fundamentais
outros, pela sua natureza, podem ser invocados diretamente nas seriam os direitos humanos que receberam positivação.
relações privadas, independentemente de qualquer mediação por Para exemplificarmos a afirmação feita, podemos mencionar
parte do legislador , revestindo-se de oponibilidade erga omnes. Ni- a lição de Paulo Gonet Branco (2011: 166), para quem a expressão
pperdey justifica sua afirmação com base na constatação de que os direitos humanos ou direitos do homem, é reservada para aquelas
perigos que espreitam os direitos fundamentais no mundo contem- reinvindicações de perene respeito a certas posições essenciais ao
porâneo não provem apenas do Estado, mas também dos poderes homem. São direitos postulados em bases jusnaturalistas, contam
sociais e de terceiros em geral. A opção constitucional pelo Estado com índole filosófica e não possuem como característica básica a
Social importaria no reconhecimento desta realidade, tendo como positivação numa ordem jurídica particular. Já a locução direitos
consequência a extensão dos direitos fundamentais às relações en- fundamentais é reservada aos direitos relacionados com posições
tre particulares. básicas das pessoas, inscritos em diplomas normativos de cada Es-
Somos partidários da teoria da eficácia direta e imediata dos
tado. São direitos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo,
direitos fundamentais as relações privadas, tendo em vista que
por isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo, pois são
como defendeu Nipperdey os abusos nas relações jurídicas ocor-
assegurados na medida em que cada Estado os consagra.
rem não apenas tendo o Estado como protagonista, mas muitos
Assim, podemos conceituar direitos humanos como aqueles
atores privados, como as grandes empresas que violam constante-
direitos básicos inerentes a todas as pessoas sem distinção, adqui-
mente os direitos fundamentais dos consumidores.
ridos com seu nascimento, tais como o direito à vida, à liberdade
Outro argumento pelo qual defendemos a teoria em tela é jus-
de locomoção, à liberdade expressão, liberdade de culto, etc, que
tamente o disposto no art. 5º,§ 1º da CF, que dispõe sobre a apli-
ainda não receberam positivação constitucional e até então são
cação imediata das normas de garantia dos direitos fundamentais.
apenas aspirações. As pessoas já nascem sendo titulares desses di-
Para nós o dispositivo abarca as relações entre os particulares e o
reitos básicos.
Estado.
Com a positivação no texto constitucional, esses direitos hu-
Do ponto de vista filosófico, e usando a visão do liberalismo de
manos tornam-se direitos fundamentais, tornando-se objetivos a
princípios de John Rawls, podemos também argumentar em favor
serem alcançados pelo Estado e também pelos demais atores pri-
da teoria que os direitos fundamentais previstos na Constituição
vados, como iremos demonstrar adiante.
Federal, tais como o direito à saúde e o direito a um meio ambiente
Vale ressaltar também que, a noção de direitos fundamentais
ecologicamente equilibrado, são exemplos de bens primários que
está intimamente relacionada com o princípio da dignidade da pes-
devem ser distribuídos pelo Estado às pessoas de forma equitativa.
soa humana, o qual pressupõe que todo ser humano deve possuir
Na concepção de justiça de Rawls, os homens escolhem num
um mínimo existencial para ter uma vida digna. A ideia de dignida-
estado hipotético chamado de “posição original” os princípios de
de da pessoa humana foi trabalhada inicialmente por Kant, para
justiça que irão governar a sociedade. Estes princípios são a liber-
quem “ o homem é um fim em si mesmo”, conforme ensina Ricardo
dade e a igualdade. As instituições sociais (Estado) e as demais pes-
Castilho ( 2012: 134). Podemos afirmar que a dignidade humana é
soas devem obediência a esses princípios.
a “fundamentalidade” dos direitos fundamentais, ou seja, é o fun-
A escolha desses princípios na posição original é feita pelos
damento de validade.
homens sob um “véu de ignorância”, ou seja, eles não sabem que
No Brasil, a Constituição de 1988, positivou a dignidade da pes-
papéis terão nessa futura sociedade e se serão beneficiados por
soa humana no art. 1º, inciso III, como fundamento da República
esses princípios. A escolha, portanto, foi justa porque obedeceu ao Federativa do Brasil.
procedimento.
Por essa ótica, mais do que nunca prevalece o entendimento Caracterização
que esses princípios de justiça vinculam os particulares, tendo em Podemos apresentar didaticamente as seguintes característi-
vista que os mesmos na posição original escolheram esses princí- cas dos direitos fundamentais:
pios. Assim, não apenas o Estado, mas os demais atores privados a) Historicidade: A historicidade significa que os direitos funda-
devem obediência a esses princípios e têm o dever de distribuir os mentais variam de acordo com a época e com o lugar;
bens primários (direitos fundamentais) de forma justa. b) Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos
E qual a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal? de forma concorrente. Ou seja, é possível exercer dois ou mais di-
Nossa Corte suprema adotou, sabiamente, a teoria de Nipperdey, reitos fundamentais ao mesmo tempo;
conforme podemos ver pela transcrição parcial da ementa do RE c) Indisponiblidade: o titular não pode dispor dos direitos fun-
201819, que teve como relator para o acordão o Min. Gilmar Men- damentais;
des e foi o leading case da questão, nos seguintes termos: d) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser
transferidos a terceiros;
Princípios e) Irrenunciabilidade: o titular não pode renunciar um direito
Antes de apresentarmos uma conceituação do que seja direi- fundamental. A pessoa pode até não exercer o direito, mas não
tos humanos, necessário é estabelecermos a nomenclatura mais pode renunciar;
adequada. Isto porque alguns usam a expressão “direitos huma- f) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não estão su-
nos”, outros de “direitos fundamentais” e outros ainda de “direitos jeitos a nenhum tipo de prescrição, pois os mesmos são sempre
do homem”. Qual seria a nomenclatura correta? Entendemos que exercitáveis sem limite temporal. Exemplo: o direito à vida;
todas são corretas, mas preferimos utilizar neste texto a expres- g) Indivisibilidade: os direitos fundamentais não podem ser fra-
são “ direitos fundamentais”, pois a mesma está relacionada com cionados. A pessoa deve exercê-lo em sua totalidade;
a ideia de positivação dos direitos humanos. Assim, quando a bus- h) Interdependência: significa que os direitos fundamentais
ca pela efetivação desses direitos são apenas aspirações dentro de são interdependentes, isto é, um direito fundamental depende da
uma comunidade podemos chamá-los de direitos humanos, mas existência do outro. Ex: a liberdade de expressão necessita do res-
quando os mesmos são positivados num texto de uma Constitui- peito à integridade física;

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SOCIOLOGIA
I) Complementariedade: os direitos fundamentais possuem o Para o Supremo Tribunal Federal, os direitos fundamentais
atributo da complementariedade, ou seja, um complementa o ou- também não são absolutos e podem sofrer limitação, conforme a
tro. Ex: o direito à saúde complementa à vida, e assim sucessiva- ementa abaixo transcrita:
mente OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER
m) Universalidade: os direitos humanos são apresentados ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos
como universais, ou seja, são destinados a todos os seres humanos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque
em todos os lugares do mundo, independente emente de religião, razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do
de raça, credo, etc. No entanto, alguns autores mostram que em princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que ex-
certos países os direitos humanos não são aplicados em razão das cepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medi-
tradições culturais. Seria a chamada teoria do “relativismo cultural” das restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que
dos direitos humanos. Sobre o assunto, assim leciona Paulo Henri- respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O
que Portela (2013: 833): estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regi-
me jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato
“ (...) o universalismo é contestado por parte da doutrina, que ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de
fundamentalmente defende que os diferentes povos do mundo ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do
possuem valores distintos e que, por isso, não seria possível es- interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa
tabelecer uma moral universal única, válida indistintamente para das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido
todas as pessoas humanas e sociedades. É a noção de relativismo em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos
cultural, ou simplesmente relativismo, que defende , ademais, que e garantias de terceiros (Grifamos. Jurisprudência: STF, Pleno, RMS
o universalismo implicaria imposição de ideias e concepções que na 23.452/RJ, Relator Ministro Celso de Mello, DJ de 12.05.2000, p.
realidade, pertenceriam ao universo da cultura ocidental.” 20.).
Um exemplo prático desse relativismo cultural é que em países Assim, a limitação dos direitos fundamentais podem ocorrer
islâmicos os direitos das minorias não são respeitados. A imprensa quando esses direitos entram em colisão entre ou até mesmo
já divulgou, por exemplo, que a teocracia islâmica que governa o quando a limitação é prevista no texto constitucional.
Irã enforca em praça pública as pessoas que são homossexuais. São
mortos em nome da religião muçulmana, que considera pecado a Princípios universais de direitos humanos
sua opção sexual. Isso ocorre em pleno século XXI. Temos defendido que a Constituição efetivamente democrá-
Um outro exemplo de violação sistemática dos direitos huma- tica (Constituição enquanto processo legitimador das mudanças
nos com base em crenças religiosas, que também já foi divulgado democraticamente apontadas pela população) deve ter como valor
pela imprensa mundial, é a mutilação de mulheres muçulmanas básico apenas os princípios universais de direitos humanos. É ne-
em alguns nações africanas. Milhares de mulheres têm seus clitóris cessário, pois, explicar o significado desta expressão, que para nós
arrancados para que não sintam prazer sexual, pois na religião islâ- deverá representar todo o conteúdo principiológico constante do
mica, extremamente machista, somente o homem pode ter prazer. texto federal.
Novamente, a religião islâmica viola os direitos humanos em nome Já estudamos a expressão “princípios constitucionais”, sendo
de preceitos religiosos. que propusemos ainda classificação que contemple os princípios
Quem defende o relativismo cultural afirma que a ideia de di- (regras em sentido amplo, ou com grau de abrangência maior) fun-
reitos fundamentais é uma ideia cristã-ocidental e não tem como damentais, setoriais e os deduzidos da Constituição. As Constitui-
ser aplicada em algumas regiões do mundo. ções tem diferentes princípios e oferece tratamentos variados aos
Concordamos com a afirmação de que os direitos fundamen- grupos e direitos fundamentais da pessoa humana.
tais são um ideal cristão e ocidental, mas não podemos concordar Estes direitos fundamentais e os seus princípios basilares serão
com o relativismo cultural. Entendemos que todas as pessoas no variáveis de acordo com o texto constitucional. Desta forma, uma
mundo inteiro devem ser tratadas com dignidade. Constituição Liberal limitar-se-á a declarar os direitos individuais
Em todo o caso, o universalismo dos direitos humanos é ex- e os direitos políticos, sendo que dentro do referencial teórico da
pressamente consagrado no bojo da própria Declaração de Viena época, os direitos humanos se reduziam, numa perspectiva consti-
de 1993, a qual diz que “todos os direitos humanos são universais, tucional, a este conteúdo, dentro de uma perspectiva teórica que
indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados...” consagrava o abstencionismo estatal e considerava como garantia
n) Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos. constitucional a simples inserção de princípios do Direito, no texto
Os mesmos podem sofrer limitações, inclusive, pelo próprio texto constitucional.
constitucional. Segundo Paulo Branco (2011: 162) afirma que tor- De outra forma as Constituições Sociais e as Socialistas am-
nou-se voz corrente na nossa família do Direito admitir que os direi- pliam este leque de direitos fundamentais, oferecendo variados
tos fundamentais podem ser objeto de limitações, não sendo, pois modelos adotados por diferentes países. Não se pode dizer, lendo
absolutos. Tornou-se pacifico que os direitos fundamentais podem as Constituições Socialistas e as Constituições Sociais-Liberais (ou
sofrer limitações quando enfrentam outros valores de ordem cons- sociais assistencialistas, ou neoliberais), que estas obedecem a um
titucional, inclusive outros direitos fundamentais. Igualmente no modelo rígido, imutável de Estado para Estado.
âmbito internacional, as declarações de direitos humanos admitem Tanto os textos socialistas como os Sociais, estes com maior
expressamente limitações “ que sejam necessárias para proteger intensidade, tem variações que correspondem as situações histó-
a segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e ricas específicas de cada país, sendo que estas variações ocorrem
liberdades fundamentais de outros (Art. 18 da Convenção de Direi- na forma de organização política do Estado, mas principalmente no
tos Civis e Políticos de 1966 da ONU)”. tratamento dos direitos fundamentais e a relação entre os seus gru-
Exemplificando na Constituição pátria, Paulo Branco (2011: pos de direitos, refletindo nos princípios constitucionais.
163) demonstra que até o elementar direito á vida tem limitação Fica claro que os princípios constitucionais não são exatamente
explícita no inciso XLVII, a, do art. 5º, em que se contempla a pena iguais, mesmo quando o tipo de Constituição adotada é o mesmo.
de morte em caso de guerra formalmente declarada. Ocorrerá quase sempre influencias nacionais específicas que serão
marcantes na construção dos princípios de direitos humanos numa

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SOCIOLOGIA
perspectiva constitucional, influencias estas que terão origens em É necessário, neste momento, identificarmos quais os prin-
sistemas econômicos, culturas, histórias diferentes assim como ou- cípios deverão estar contidos na Constituição democrática: a) os
tros elementos, que nos indicarão com certeza a impossibilidade princípios universais conforme foram enunciados neste artigo; b) os
de se procurar um sistema constitucional único de Direitos Huma- princípios e direitos universais declarados pela Declaração Univer-
nos. Aliás, mais do que a impossibilidade é a constatação de que sal de Direitos Humanos de 1948 e os princípios decorrentes desta
esta diversidade deverá ser mantida, como elemento de riqueza Declaração; c) ou os princípios de Direitos Humanos consagrados
que permite a evolução do ser humano dentro de uma diversida- nas declarações internacionais em uma perspectiva regional?
de que incentiva e promove esta evolução desejada, afastando a Neste momento, e dentro do que já foi discutido até aqui, po-
massificação medíocre de grandes mercados transformadores dos deríamos dizer que nenhum destes. Primeiramente, é necessário
humanos em “em seres consumidores de matérias inúteis”, onde a esclarecer, que até aqui, vimos afirmando que o texto constitucio-
perspectiva de ser se transforma num ter sem limites. nal deve se limitar a conter princípios que sejam Universais, dentro
Este sistema constitucional de direitos humanos, deve conviver da perspectiva que se insere no item “a” acima e explicada neste
com um sistema global. É o que podemos chamar da perspectiva tópico. Com isto queríamos dizer que os também considerados di-
internacionalista dos direitos humanos.(2) É importante salientar reitos humanos que são os direitos sócio-econômicos não deveriam
que esta perspectiva internacionalista poderá subdividir-se em dois estar contidos no texto constitucional federal mas deveriam ser
novos enfoques: o enfoque regional multinacional, onde as coin- deixados para as leis infra constitucionais e as Constituições Muni-
cidências entre valores serão mais extensas e logo o numero de cipais. Podemos extrair desta afirmativa o seguinte:
princípios será maior, e um enfoque universalista, onde se encontra I - a tese se constrói pensando a realidade do Estado brasileiro,
o desafio maior dos direitos humanos hoje, que é o de estabelecer sua dimensão e organização territorial.
princípios e valores comuns, assim como direitos decorrentes des- II - os direitos sócio-econômicos não seriam suprimidos do
tes princípios, que sejam aceitos pôr todos os povos e culturas do ordenamento jurídico brasileiro mas regulamentados por normas
Planeta Terra. infra-constitucionais nos seus aspectos gerais de convivência de
Aliás, poderíamos dizer que esta perspectiva universalista é a modelos alternativos locais, de planejamento e investimentos pri-
dimensão correta oposta dos direitos humanos construídos sobre vados e públicos no território da União, e pelas Constituições Muni-
valores locais. O universal é construído sobre as parcelas da menor cipais no que se refere a regulamentação da forma de propriedade
dimensão espacial sobre a qual irá se estabelecer princípios huma- e do modelo local de repartição econômica.
nos. Assim, conclui-se que o primeiro princípio humano universal III - pela complexidade de se estabelecer nacionalmente prin-
está na liberdade de ser humano integralmente, o que implica em cípios que devem ser construídos no espaço internacional, ressal-
ser efetivamente livre para construir o seu futuro em comunidade. vados que os aspectos acima enunciados, nada impedem, muito
Obviamente que não iremos construir está idéia de liberdade na pelo contrário, que a Constituição consagre princípios nacionais ou
insuficiente noção liberal, neoliberal ou mesmo socialista em um regionais de direitos culturais específicos, desde que mantida a to-
primeiro momento, pois liberdade de ser humano, implica em ser tal autonomia da população para a construção do seu modelo de
humano de acordo com valores da comunidade em que se vive, organização social e econômica.
seja local, seja universal. As duas dimensões deverão estar sempre IV - a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948 e os
juntas. princípios dela decorrentes, é um texto de enorme importância his-
Os direitos humanos universais e os princípios universais de tórica, principalmente para o ocidente, mas deve ser vista dentro
direitos humanos são aqueles que podem ser aceitos por todas as do seu contexto histórico de vitória de um modelo que despontava
culturas, não se chocando com o que tem de essencial a cada prin- sua supremacia universal após a segunda guerra mundial. Ao dispor
cípio encontrado em cada comunidade do Planeta. Isto não quer sobre questões sociais e econômicas específicas a Declaração se
dizer que os princípios universais não serão contraditórios a deter- restringe a um contexto social, político e econômico específico do
minados princípios e regras de culturas e comunidades específicas. pós-guerra, que deve ser superado, e como tal deve ser entendida.
Isto ocorrerá com freqüência, e significará a superação destes prin-
cípios e regras locais pelo que existe de essencial em uma cultura Assim, concluímos, que a Constituição democrática, que pen-
planetária. Em outras palavras, a superação de regras e princípios samos, deve se aproximar de um texto que reduza seus princípios
locais ocorrerá através daquele dado que existe de humano ou de àqueles considerados universais, somados a princípios regionais,
universal em cada cultura do Planeta, ou mesmo em cada comuni- desde que não inibidores da evolução de modelos locais, princi-
dade, pois não é possível a permanência de qualquer comunidade, palmente no que diz respeito ao estabelecimento de modelos só-
mesmo por um espaço de tempo curto, se esta não tiver valores de cio-econômicos pré-fabricados pelos conglomerados econômicos
autopreservação, o que implica em vida, núcleo fundamental de mundiais.(3)
humanidade que poderá ser ampliado pelos princípios universais. Um dos aspectos mais importantes na construção de uma
Dado fundamental deve ser ressaltado quando falamos em di- Constituição efetivamente democrática e aberta é o da necessi-
reitos e princípios universais: felizmente a diversidade ainda existe dade de desconstitucionalizar a propriedade privada. Abordamos
e desta forma os direitos humanos não devem ser, por tudo que já assim questão que vem sendo discutida em vários trabalhos que
dissemos até agora, a supremacia de valores de uma cultura sobre surgiram a partir de tese de doutorado, sobre a necessidade de
as outras, ou de um modelo de sociedade sobre os outros. A diver- desconstitucionalização da ordem econômica e social do texto da
sidade é sua essência e o núcleo comum compartilhado por todas Constituição Federal e por conseqüência a desconstitucionalização
as culturas será o seu real conteúdo mutável. da propriedade privada. Em vários momentos e em diversos traba-
Desta maneira os direitos universais serão aqueles que podem lhos, já nos questionamos se seria possível fazer as mudanças de-
ser aceitos por todos os povos da Terra em todos os Estados Sobe- sejadas através dos processos formais de mudança da Constituição
ranos do Planeta. É importante lembrar que utilizamos a palavra como a emenda, juntamente com os processos de mutação.
“pode” enquanto possibilidade real de qualquer cultura humana, Entendemos que, embora a ideologia constitucionalmente
e não utilizamos as expressões “devem” ou “serão” aceitos, o que adotada possa ser modificada pelos processo informais de mudan-
seria inadequado ou falso, no atual momento histórico. ça da Constituição, o que poderia abrir espaço para a mudança de
dispositivos através do processo formal de emenda, entendemos

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SOCIOLOGIA
que o ideal é um novo texto que marque a ruptura formal e histó- iniciar a reforma, exigindo ainda um quorum específico para apro-
rica de tipos de Estado diferentes, construindo efetivamente uma vação. Podem iniciar o processo de reforma por meio de emendas
Constituição sintética, democrática, essencialmente de princípios e o Presidente da República, um terço da Câmara Federal ou do Sena-
de processos democráticos, escrita , mas que permita a sua cons- do, ou ainda mais da metade das Assembléias Legislativas dos Esta-
tante evolução interpretativa, codificada e extremamente rígida no dos membros, desde que aprovado o encaminhamento da emenda
que diz respeito aos processos formais de reforma. por maioria relativa de seus membros.
Ao defendermos a desconstitucionalização da propriedade pri- Para ser aprovada a emenda é exigida a aprovação de tres
vada, o primeiro obstáculo encontrado seria a existência de limites quintos dos membros da Câmara e do Senado, em dois turnos de
materiais ao poder de reforma da Constituição. votação em cada casa legislativa.
O poder constituinte originário é o poder que cria a Constitui- A diferença entre emenda e revisão consiste que a primeira
ção. Este poder tem caracteristicas de um poder inicial, soberano, é uma alteração pontual do texto, podendo ocorrer a qualquer
que não encontra limites de ordem jurídica no ordenamento ante- momento, desde que cumpridos os requisitos acima expostos. A
rior, mas apenas limitações de ordem sociológica no jogo de forças revisão de forma diferente, pode ocorrer uma ou mais vezes, se-
sociais que atuam no momento de seu funcionamento. Como tal o gundo dispor o texto, consistindo em uma revisão de todo o texto
poder constituinte é um poder de fato, que pode ser um poder de constitucional, onde se buscará uma melhor sistematização sen-
Direito na medida em que se legitimar na vontade popular cons- do possível a alteração de dispositivos constitucionais desde que
ciente e nos valores de justiça e de Direito vigentes em uma deter- não se desrespeite os limites materiais estabelecidos para o poder
minada sociedade no momento histórico em que atua. constituinte derivado.
Logo a natureza deste poder inicial e soberano será sempre de A Constituição de 1988 previu a revisão constitucional no Ato
fato, podendo ser um poder direito na medida em que se legitima das Disposições Constitucionais Transitórias, com um limite tempo-
na votade popular e nos valores aceitos por toda a sociedade em ral de cinco anos para que este poder derivado funcionasse, estabe-
um determinado momento. lecendo para o seu funcionamento um procedimento e um quorum
Este poder constituinte originário cria os poderes de reforma mais simples, sendo que o seu funcionamento se daria em sessão
da Constituição que tem como finalidade alterar as regras em senti- unicameral do Congresso Nacional, aprovando-se o texto revisado
do restrito do seu texto, que pelo menor grau de abrangência devi- por maioria absoluta dos membros.
do a sua especificidade, tem que ser modificada para acompanhar Estando previsto no ato da disposições constitucionais provisó-
as mudanças exigidas pela sociedade. Logo este poder se dirige às rias, o poder de reforma por meio de revisão teve unica previsão de
regras em sentido restrito do texto, não podendo entretanto atin- funcionamento, pois os dispositivos transitórios se extinguem após
gir aos princípios constitucionais e a ideologia constitucionalmente a realização de suas disposições.
adotada, pois estas regras em sentido amplo como a própria ideo- Outro fato que merece registro é o procedimento de realização
logia constitucinal são os elementos que identificam a Constituição, da revisão que foi excolhido pelo poder constituinte derivado. No
e a sua alteração não pode se dar por mecanismos de reforma, que lugar de realizar uma revisão de todo o texto e coloca-la em vota-
não se igualam ao poder criador que é o poder constituinte origi- ção, buscando com isto o objetivo da revisão que é a reestrutura-
nário. ção sistemática do texto alterando alguns dispositivos específicos
A Constituição brasileira, produto de um poder constituinte sem alterar princípios e a própria ideologia constitucional, alguns
originário que rompeu com o ordenamento jurídico anterior, esta- constituintes derivados, vendo a possibilidade de alterar dispositi-
beleceu dois mecanismos constitucionais de reforma de seu texto: vos com a maioria absoluta prevista para o seu funcionamento, que
a emenda e a revisão. seriam dificilmente alterados com a maioria de tres quintos, trans-
No texto são estabelecidos limites para atuação do poder formaram a revisão em uma série de emendas. Decorre deste fato
constituinte derivado, que é um poder de segundo grau, limitado a existencia de emendas constitucionais e de emendas de revisão,
e subordinado. Portanto, além da subordinação existênte entre um cada uma com numeração específica.
poder que é inicial e um poder de segundo grau derivado de um po- Isto posto podemos enfrentar o questionamento a que nos
der soberano, o que implica na impossibilidade de descaracterizar a referimos anteriormente: será possível promover as profundas al-
obra do primeiro, a Constituição traz limites expressos que podem terações no texto constitucional de 1988 aqui sugeridas, inclusíve
ser classificados da seguinte forma: alterar a ideologia constitucional rompendo com os modelos vincu-
a) limites materiais que consistem na proibição de deliberação lados a sistemas sócio-economicos promovendo a desconstitucina-
de emendas tendentes a abolir a forma de Estado Federal, a de- lização da propriedade privada?
mocracia, a separação de poderes e os direitos individuais e suas Poderíamos começar respondendo esta questão com outra
garantias. Estes limites se aplicam ao poder de reforma seja através pergunta: Para que?
de emendas, seja através de revisão. As alterações aqui sugeridas são amplas e representam um
b) limites circunstanciais que consistem na proibição do funcio- rompimento com um tipo de Constituição o que implica com o
namento do poder de revisão ou de emenda na vigência de Estado rompimento com alguns principios constitucionais e a alteração da
de Sitio, Estado de Defesa e Intervenção Federal. Ideologia constitucinalmente adotada. Neste momento é necessá-
c) limite temporal que no nosso texto constitucional se aplicou rio resumirmos o que já foi dito sobre mudança da Constituição.
somente ao poder de revisão e consistiu na proibição de realiza- Nos referimos a dois mecanismos de alteração do texto constitu-
ção da revisão antes de completados cinco anos da promulgação cional, um formal, previsto no texto constitucional, que é o poder
da Constituição. constituinte derivado de emenda e revisão, e um informal que se
constitui no processo de mutação interpretativa da Constituição:
O poder de emenda da Constituição está previsto no artigo 60 a) a mutação da Constituição ocorre através da leitura siste-
do texto permanente da Constituição e pode ser acionado a qual- mática das regras e princípios constitucionais e de sua inserção em
quer momento desde que cumpridos os requisitos alí estabeleci- uma realidade social, política e econômica específica. Deste per-
dos para se iniciar o processo de reforma por meio de emendas. manente processo de interpretação e aplicação do texto constitu-
A caracteristica de rigidez do texto constitucional é marcada por cional a uma realidade concreta, ocorrem processos de evolução
processo legislativo especial onde apenas algumas pessoas podem da leitura do texto, a reformulação de conceitos e adequação de

8
SOCIOLOGIA
princípios com a alteração de valores. Vimos que o processo de Acrescente-se ainda que a nossa Constituição, assim como to-
mutação pode mesmo gerar um rompimento com um modelo, das as Constituições modernas, tem uma vinculação com um mode-
ou tipo de Estado específico, para a sua transformação num outro lo socio-econômico específico, seja liberal, social ou socialista como
tipo, o que pode ocorrer justamente a partir do momento em que visto anteriormente. O texto de 1988, traz uma ordem econômica
as transformações sociais se refletem na alteração de conceitos e que tem como princípios a livre iniciativa, a livre concorrência, a
releitura de princípios, que permanecendo no texto tem sua atua- propriedade privada, principios de origem liberal que ao lado de
lização promovida pela evolução interpretativa. Exemplo pode ser princípios de origem socialista, como a função social da proprieda-
a Constituição norte americana, cujo o texto escrito, embora seja o de, o pleno emprego, a dignidade do trabalho humano, somam-se
mesmo, acrescido de 27 emendas, desde 1787, recebeu leituras ou a direitos humanos de terceira geração como o direito do consumi-
interpretações bastante diferentes em sua longa existência, o que dor e o meio ambiente, para apontar para uma ordem econômica
sugere a existência de Constituições diferentes construídas sobre o que embora avançada, pois incorpora o que há de mais atual em
mesmo texto escrito. termos de direitos fundamentais, pode no máximo ser interpreta-
Importante, entretanto, ressaltar, que existem limites para da como uma ordem econômica neoliberal em sentido amplo, com
este processo de mutação interpretativa sendo que um texto ana- um modelo de Estado Social não clientelista, dentro de um modelo
lítico como o nosso, repleto de regras em sentrido restrito, que se intervencionista estatal com a finalidade de promover a diminui-
aplicam a situações específicas, apresenta obstáculos por vezes in- ção das desigualdades sociais e regionais dentro de um capitalismo
superáveis, onde, nem o processo de mutação informal, nem os social. Note-se que embora esta interpretação que suscintamente
processos formais de alteração poderão vencer. Neste momento o fizemos pareça óbvia no texto, muitos Autores de Direito Constitu-
único caminho legitimo será o de elaboração de uma nova Consti- cional defendem leitura diferente, alguns defendendo uma ordem
tuição por uma nova Assembléia Constituinte soberana e popular. liberal neste texto o que nos parece absurdo.
A distorção do texto ou a construção de leituras que ignoram Coerentemente com o que sempre defendemos em termos de
princípios constitucionais, forçando uma transformação impossível, limites formais ao poder constituinte derivado, os princípios cons-
mesmo que seja um movimento legítimo porque amparado pela titucionais não podem ser modificados por meio de emendas ou
vontade consciente da população, não pode ser aceito em uma or- revisão, sendo que estamos portanto dentro de um texto constitu-
dem constitucional democrática, pois ameaça o seu princípio maior cional vinculado a um modelo econômico e um modelo especifico
de respeito ao processos democráticos de transformação. de repartição econômica, o que não pode ser modificado, a não ser
b) a outra maneira de se alterar o texto constitucional é a que por outra Assembléia Constituinte.
estudamos neste artigo. A alteração da Constituição através de A interpretação constitucional não pode ignorar esta vincula-
emenda e revisão de seu texto em processo legislativo previsto no ção, e o papel do interprete será o de acabar com os antagonismos
texto, com limites também expressos. do texto, representado neste momento por princípios de origem
Os limites a estes processos formais são maiores, sendo que liberal ao lado de princípios de origem socialista, extraindo deste
não será possível se alterar ou suprimir princípios constitucionais, texto uma nova resultante, que não poderá ser entretanto a que
o que inviabiliza a modificação da ideologia constitucional e o rom- desejamos, pois esta representa o rompimento com os modelos
pimento com um tipo de Constituição específica por meio destes constitucionais vinculados com modelos socio-econômicos, que
mecanismos. são todos os modelos conhecidos até hoje no constitucionalismo
Poderá o leitor perguntar porque os mecanismos expressa- que se afirmou após a Revolução francesa.
mente previstos no texto constitucional são muito mais limitados Conclui-se que o novo modelo, diante das restrições existentes
do que os processo informais de mutação. A resposta é simples, em um texto analítico como o nosso, pede uma Assembléia Consti-
tuinte Soberana e Popular, onde se discuta as bases de um Estado
pois a lei é a interpretação que se faz dela em um momento his-
que garanta voz aos seus cidadãos através de mecanismos de par-
tórico, logo a Constituição não é apenas o texto escrito mas sim a
ticipação democrática permanente; que garanta fala aos cidadãos
interpretação que se faz deste texto. Conclui-se que o processo de
através da educação livre, da liberdade de informar e informar-se; e
mutação interpretativa não implica na alteração do texto escrito,
onde a comunicação entre Sociedade Civil e Estado seja o elemento
na supressão de princípios, mas na constante reconstrução destes
que faça com que estes dois conceitos de confundam em um Esta-
ou seja na reconstrução da Constituição.
do que seja sensível às indicações que partem de seu povo através
A modificação formal é um processo inferior, subordinado, li-
dos mecanismos democráticos constitucionalmente instituídos e
mitado, enquanto a mutação interpretativa é a própria constituição garantidos.
limitada apenas pelo seu texto escrito.
Com base nestes dados, podemos concluir que as alterações Noções de Cidadania
sugeridas que representam um rompimento com um modelo vin- Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade
culado para a criação de uma Constituição democrática, onde o para melhorar suas vidas e ade outras pessoas. Ser cidadãoé nunca
cidadão tenha liberdade e amparo na estrutura do Estado para pro- se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser
mover as mudanças sociais e econômicas que desejar, construindo divulgada através de instituições de ensino e meios de comunica-
livremente o seu modelo na esfera territorial menor de poder que ção para o bem estar e desenvolvimento da nação.
é o Munícipio, dificilmente ocorrerá com base neste texto vigente. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua,
A complexidade das discussões, a variedade das decisões ju- não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais
diciais com interpretações diversas, a insegurança jurídica daí de- velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefo-
corrente, é um desgaste desnecessário e um preço que não deve nes públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia
ser pago, sendo necessário efetivamente um rompimento com o quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão
ordenamento jurídico vigente e a convocação de uma Assembléia das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros
Constituinte democrática onde este modelo e estas questões se- grandes problemas que enfrentamos em nosso país.
jam amplamente discutidas, e onde as forças sociais se confrontem “A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre
democráticamente na construção de um novo modelo que ofereça para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais impe-
segurança e estabilidade nas constantes mudanças sociais que ele rioso dos deveres impostos aos cidadãos.” (Juarez Távora Militar e
permitirá. político brasileiro).

9
SOCIOLOGIA
Consciência ecológica é uma expressão, exaustivamente utili- e natureza, e também um novo estilo de vida que respeite todas
zada na bibliografia especializada, de anos recentes, sem uma preo- as criaturas que, segundo São Francisco de Assis, são nossas irmãs.
cupação da maioria dos autores de precisarem a que, exatamente, Queremos contribuir para melhorar a qualidade de vida atra-
estão se referindo. A noção focalizada se contextualiza, historica- vés da construção de um ambiente saudável, que possa ser des-
mente, no período pós Segunda Guerra Mundial, quando setores frutado por nossa geração e também pelas futuras. Vivemos hoje
da sociedade ocidental industrializada passam a expressar reação sob a hegemonia de um modelo de desenvolvimento baseado em
aos impactos destrutivos produzidos pelo desenvolvimento tecno- relações econômicas que privilegiam o mercado, que usa a natu-
científica e urbano industrial sobre o ambiente natural e construí- reza e os seres humanos como recursos e fonte de renda. Contra
do. Representa o despertar de uma compreensão e sensibilidade este modelo injusto e excludente afirmamos que todos os seres,
novas da degradação do meio ambiente e das consequências desse animados ou inanimados, possuem um valor existencial intrínseco
processo para a qualidade da vida humana e para o futuro da espé- que transcende valores utilitários.
cie como um todo. Por isso, a todos deve ser garantida a vida, a preservação e a
Expressa a compreensão de que a presente crise ecológica ar- continuidade. O ser humano tem a missão de administrar respon-
ticula fenômenos naturais e sociais e, mais que isso, privilegia as ra- savelmente o ambiente natural, não dominá-lo e destruí-lo com
zões político-sociais da crise relativamente aos motivos biológicos sua sede insaciável de possuir e de consumir. Apesar de o quadro
e/ou técnicos. Isto porque entende que a degradação ambiental é, ecológico ser extremamente inquietante, existem cada vez mais
na verdade, consequência de um modelo, de organização político- pessoas e entidades que têm a consciência de que uma mudança é
-social e de desenvolvimento econômico, que estabelece priorida- necessária, e possível.
des e define o que a sociedade deve produzir, como deve produzir
e como será distribuído o produto social. Isto implica no estabele-
cimento de um determinado padrão tecnológico e de uso dos re- EXERCÍCIOS
cursos naturais, associados a uma forma específica de organização
do trabalho e de apropriação das riquezas socialmente produzidas.
Comporta, portanto, interesses divergentes entre os vários grupos 1. (CESPE - 2008 - MPE-RR - Oficial de Promotoria) Embora
sociais, dentre os quais aqueles em posição hegemônica decidem a cidadania expresse um conjunto de direitos, a possibilidade de
os rumos sociais e os impõe ao restante da sociedade. Assim, os participação ativa na sociedade reduz-se aos economicamente pri-
impactos ecológicos e os desequilíbrios sobre os ciclos biogeoquí- vilegiados.
micos são decorrentes de decisões políticas e econômicas previa- ( ) CERTO
mente tomadas. A solução para tais problemas, por conseguinte, ( ) ERRADO
exige mudanças nas estruturas de poder e de produção e não me-
didas superficiais e paliativas sobre seus efeitos. Essa consciência 2. (INSTITUTO AOCP - 2014 - UFGD - Assistente Administrati-
ecológica, que se manifesta, principalmente, como compreensão vo)Assinale a alternativa que apresenta um conceito de cidadania.
intelectual de uma realidade, desencadeia e materializa ações e (A) Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um
sentimentos que atingem, em última instância, as relações sociais estado-nação com certos direitos e obrigações universais em
e as relações dos homens com a natureza abrangente. Isso quer um específco nível de igualdade.
dizer que a consciência ecológica não se esgota enquanto ideia ou (B) Cidadania é a pertença passiva e ativa de famílias com a
teoria, dada sua capacidade de elaborar comportamentos e inspi- observação do respeito e da participação de seus membros nas
rar valores e sentimentos relacionados com o tema. Significa, tam- decisões em conformidade com a autoridade paterna.
bém, uma nova forma de ver e compreender as relações entre os (C) Cidadania é a pertença passiva e ativa de grupos sociais em
homens e destes com seu ambiente, de constatar a indivisibilida- defesa de seus interesses coletivos obtidos através do embate
de entre sociedade e natureza e de perceber a indispensabilida- ideológico entre grupos dominados e dominantes.
de desta para a vida humana. Aponta, ainda, para a busca de um (D) Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em
novo relacionamento com os ecossistemas naturais que ultrapasse suas classes profssionais para fazer prevalecer a qualifcação e
a perspectiva individualista, antropocêntrica e utilitária que, histo- o saber de cada um no efetivo exercício profssional.
ricamente, tem caracterizado a cultura e civilização modernas oci- (E) Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um
dentais.(Leis, 1992; Unger, 1992; Mansholt, 1973; estado-nação com todos os direitos determinados pelas leis
conforme a classe social.
Boff, 1995; Morin, 1975).
Para Morin, um dos autores que mais avança no esforço de 3. (PGT - 2006 - PGT - Procurador) Em relação aos Tratados
definir o fenômeno: Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos, é INCORRETO
“(...) a consciência ecológica é historicamente uma maneira ra- afirmar que:
dicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, no- (A) os tratados, como acordos internacionais juridicamente
cividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação obrigatórios e vinculantes, constituem a principal fonte de
aos ‘verdadeiros’ temas políticos; esta tendência se torna um pro- obrigação do Direito Internacional, e só se aplicam aos Estados
jeto político global , já que ela critica e rejeita, tanto os fundamen- que expressamente consentirem com a sua adoção;
tos do humanismo ocidental, quanto os princípios do crescimento (B) segundo a Constituição de 1988, os tratados internacionais
e do desenvolvimento que propulsam a civilização tecnocrática.” demandam, para o seu aperfeiçoamento, um ato complexo
(Morin, 1975) onde se integram a vontade do Presidente da República e do
Sinaliza-se, assim, algumas referências preliminares que indi- Congresso Nacional;
cam o significado aqui atribuído à expressão consciência ecológica. (C) a Carta Constitucional de 1967 incluía, expressamente,
A participação e o exercício da cidadania, com empenho e res- dentre os direitos constitucionalmente protegidos, os direitos
ponsabilidade, são fundamentais na construção de uma nova socie- enunciados nos tratados internacionais de que o Brasil fosse
dade, mais justa e em harmonia com o ambiente. Para isto,é urgen- signatário;
te descobrir novas formas de organizar as relações entre sociedade

10
SOCIOLOGIA
(D) a doutrina da incorporação imediata dos tratados interna-
cionais ao direito nacional, tão logo sejam ratificados, reflete a
ANOTAÇÕES
concepção monista do direito, pela qual o direito internacional
e o direito interno compõem uma mesma ordem jurídica; ______________________________________________________
(E) não respondida.
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GABARITO
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1 ERRADO ______________________________________________________
2 A
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3 C
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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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SOCIOLOGIA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
1. Direitos e Deveres Individuais e coletivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Considerações sobre a polícia e os Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Proteção do sigilo das comunicações:
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
— Direitos e deveres individuais e coletivos timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal. penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- Liberdade de profissão:
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Acesso à informação:
Princípio da igualdade entre homens e mulheres: XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
termos desta Constituição;
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
Princípio da legalidade e liberdade de ação: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
coisa senão em virtude de lei; cer ou dele sair com seus bens;

Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de- Direito de reunião:


sumano e degradante: XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
mano ou degradante; que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano- petente;
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu-
lação de ideias e práticas prejudiciais: Liberdade de associação:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
a de caráter paramilitar;
nimato;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
Direito de resposta e indenização:
estatal em seu funcionamento;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Liberdade religiosa e de consciência:
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo necer associado;
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência extrajudicialmente;
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- Direito de propriedade e sua função social:
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para XXII - é garantido o direito de propriedade;
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
prestação alternativa, fixada em lei;
Intervenção do Estado na propriedade:
Liberdade de expressão e proibição de censura: XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
previstos nesta Constituição;
Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana: XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano prietário indenização ulterior, se houver dano;
material ou moral decorrente de sua violação;
Pequena propriedade rural:
Proteção do domicílio do indivíduo: XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
Direitos autorais:
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
ros pelo tempo que a lei fixar;

1
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: Tribunal do Júri:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades que lhe der a lei, assegurados:
desportivas; a) a plenitude de defesa;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das b) o sigilo das votações;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- c) a soberania dos veredictos;
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri- a vida;
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria-
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o da lei penal:
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal;
Direito de herança: XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será Princípio da não discriminação:
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal tos e liberdades fundamentais;
do “de cujus”;
Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
Direito do consumidor: e anistia:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
sumidor; critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
aos órgãos públicos: tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
o Estado Democrático.
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011).
• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga-
grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
mento de taxas:
crático;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi-
• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa mes hediondos.
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Princípio da intranscendência da pena:
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
trole jurisdicional: do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
ou ameaça a direito; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Segurança jurídica: Individualização da pena:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
perfeito e a coisa julgada; outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico b) perda de bens;
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido. c) multa;
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- d) prestação social alternativa;
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. e) suspensão ou interdição de direitos;
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, Proibição de penas:
portanto, ser modificada. XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do
Tribunal de exceção: art. 84, XIX;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; b) de caráter perpétuo;
O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva- c) de trabalhos forçados;
mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde d) de banimento;
os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda e) cruéis.
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências Estabelecimentos para cumprimento de pena:
pré-fixadas. XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos,
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;

2
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: Informação ao preso:
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
e moral; de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
lia e de advogado;
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela pre-
sidiária mulher: Identificação dos responsáveis pela prisão:
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- sua prisão ou por seu interrogatório policial;
ção;
Relaxamento da prisão ilegal:
Extradição: LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, dade judiciária;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Garantia da liberdade provisória:
gas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
político ou de opinião;
Prisão civil:
Direito ao julgamento pela autoridade competente LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
toridade competente; alimentícia e a do depositário infiel;
Devido Processo Legal: Habeas corpus:
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
devido processo legal; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos Mandado de Segurança:
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
com os meios e recursos a ela inerentes; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Provas ilícitas: autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por buições do Poder Público;
meios ilícitos; LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
Presunção de inocência: a) partido político com representação no Congresso Nacional;
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
gado de sentença penal condenatória; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi- Mandado de Injunção:
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
Ação Privada Subsidiária da Pública: liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se lidade, à soberania e à cidadania;
esta não for intentada no prazo legal;
Habeas data:
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça: LXXII – conceder-se-á habeas data:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;
Legalidade da prisão: b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or- por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi- Ação Popular:
litar, definidos em lei; LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
Comunicabilidade da prisão: entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
do preso ou à pessoa por ele indicada; da sucumbência;

3
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Assistência Judiciária: — Direitos sociais
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
aos que comprovarem insuficiência de recursos; qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi-
mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
Indenização por erro judiciário: lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
Gratuidade de serviços públicos: aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
a) o registro civil de nascimento; Do direito ao trabalho
b) a certidão de óbito; Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or-
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas dens:
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidada- - Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
nia (Regulamento). - Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a
11, CF.
Princípio da Celeridade Processual:
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destina-
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a dos a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigual-
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional dade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e
nº 45, de 2004). o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação
trabalhista.
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen-
tais: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen- outros que visem à melhoria de sua condição social:
tais têm aplicação imediata.
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda- Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
mentais são autoaplicáveis. I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
Rol é exemplificativo: indenização compensatória, dentre outros direitos;
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado- Seguro-Desemprego:
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati- II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
va do Brasil seja parte.
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não III – fundo de garantia do tempo de serviço;
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios
constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio- Salário mínimo:
nais. IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- para qualquer fim;
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma Piso salarial:
deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
de 2015, DEC 9.522, de 2018). trabalho;
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re- Irredutibilidadade do salário:
conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so- VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus ou acordo coletivo;
membros em dois turnos de votação.
Proteção aos que percebem remuneração variável:
Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional: VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter- percebem remuneração variável;
nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte-
Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
gral ou no valor da aposentadoria;
Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
Remuneração superior por trabalho noturno:
esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
punir autores de crimes contra a humanidade.

4
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Proteção do salário contra retenção dolosa: Assistência aos filhos pequenos:
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
retenção dolosa; nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
Participação nos lucros:
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre- balho:
sa, conforme definido em lei; XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
Salário-família:
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- Proteção em face da automação:
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
Constitucional nº 20, de 1998).
Seguro contra acidentes de trabalho:
Jornada de Trabalho: XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de incorrer em dolo ou culpa;
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 28, de 2000).
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- Não discriminação:
mingos; XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
Pagamentos de horas extras: estado civil;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
§ 1º).
Proibição de distinção do trabalho:
Férias remuneradas: XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um intelectual ou entre os profissionais respectivos;
terço a mais do que o salário normal;
Trabalho do menor:
Licença à gestante: XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
rio, com a duração de cento e vinte dias; anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Licença-paternidade: • De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei; • De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
perigoso ou insalubre.
Proteção da mulher no mercado de trabalho: • A partir de 18 anos: Trabalho normal.
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei; Igualdade ao trabalhador avulso:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
Aviso Prévio: empregatício permanente e o trabalhador avulso
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Empregados domésticos:
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
Redução dos riscos do trabalho: dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
normas de saúde, higiene e segurança; e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas: acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
insalubres ou perigosas, na forma da lei; a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 72, de 2013).
Aposentadoria:
XXIV – aposentadoria; Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci-
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co-
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:

5
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa Naturalização
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
econômicos. da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea que preencher determinados requisitos.
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- mais de uma nacionalidade.
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese. ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos natos e naturalizados.
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
discussão.
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, Portugueses:
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada Aos portugueses com residência permanente no país serão
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. ciprocidade.

— Direitos de nacionalidade Art. 12


A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio- houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
nalidade se dá por dois critérios: direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
cional; 3, de 1994).
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo
nascido no exterior. Perda da Nacionalidade:
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
Art. 12 São brasileiros: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
I - natos: trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de 1994).
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
tiva do Brasil; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- Extradição, repatriação, deportação e expulsão
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio- giada em seu território a outro Estado estrangeiro.
nal nº 54, de 2007). Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato de
II - naturalizados: cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, acu-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, sada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. Não
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- haverá extradição de brasileiro nato. Também não será concedida ex-
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; tradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re-
Repatriação é medida administrativa consistente no processo
pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra-
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra-
sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3,
sileiro após determinado período.
de 1994).
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta-
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação
Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira.
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com-
III - de Presidente do Senado Federal; pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu-
V - da carreira diplomática; rado pela prática de crimes em território brasileiro.
VI - de oficial das Forças Armadas. O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento
VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado
Constitucional nº 23, de 1999). pela Constituição.

6
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
— Direitos políticos § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci- rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre- haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
sentantes junto aos poderes públicos.
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos- juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
do processo governamental, sobretudo pelo voto. substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
tos de participação semidireta pelo povo. tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re-
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia condução por um período somente, no Brasil, após o período de um
à elaboração da lei. mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje- § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
to de lei já existente. Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem nº 16, de 1997).
usar deste instrumento em nível estadual e municipal. § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos): devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re- pleito.
ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor
ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos:
para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio- dições:
res de setenta anos. I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço da atividade;
militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
foram convocados a prestar serviço militar. autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi- § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí-
mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi- da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
dos os devidos requisitos. fraude;
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
I - a nacionalidade brasileira; manifesta má-fé.
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar,
V - a filiação partidária; Regulamento. respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a
VI - a idade mínima de: perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença
a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a
Senador; todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar
b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis- obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá
trito Federal; enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re-
c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri- toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus-
tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão.
d) 18 anos para Vereador. Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui-
Inelegibilidades: rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a
A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses suspensão será, da mesma forma, temporária.
de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:

7
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou Dentro desse contexto, pesquisas sobre a integração dos direi-
suspensão só se dará nos casos de: tos humanos na atividade policial são extremamente necessárias
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em no sentido de mudar o histórico de violência em sua atuação. Bus-
julgado; cando por essa adequação, atualmente os planos de ensino das
II - incapacidade civil absoluta; academias de polícia e cursos de especialização inseriram em suas
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- propostas; matérias referentes à importância dos direitos humanos
rarem seus efeitos; na atividade policial. Tal procedimento tem como objetivo, a refle-
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação xão desses profissionais, os quais através da produção de monogra-
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII fias, artigos e teses sobre o tema, conscientizem-se da necessidade
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. de adequação do seu trabalho à defesa e respeito aos direitos fun-
damentais do cidadão.
— Partidos Políticos
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- Essa pesquisa tem sua justificativa embasada pela necessidade
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da de demonstrar que direitos humanos e atividade policial são total-
vontade popular, determinando o governo e a orientação política mente compatíveis desfazendo a crença de que o discurso dos direi-
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí- tos humanos só traz benefícios aos infratores da lei.
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e O objetivo geral da pesquisa é demonstrar a polícia como peça
autonomia para gerir sua organização interna. fundamental para garantir a democracia e a valorização dos direitos
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- humanos. Os objetivos específicos baseiam- se em conceituar e dis-
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- correr sobre Direitos Humanos; atividade policial; cidadania; poder
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos de polícia; polícia comunitária, abordando a atuação da polícia no
políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a Distrito Federal.
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter
nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos Considerando-se os objetivos estabelecidos no estudo, esta
financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti- é tida como uma pesquisa exploratória. Que segundo Gil (1991),
lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas assume, em geral, as formas de Pesquisa Bibliográfica e descritiva.
à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com
a lei. DIREITOS HUMANOS E ATIVIDADE POLICIAL
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são
permitidas. Direitos humanos
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re- De acordo com Bobbio (2004) Direitos humanos são derivados
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces- da dignidade e do valor inerente à pessoa humana, tais direitos são
so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral. universais, inalienáveis e igualitários. Em outras palavras eles são
inerentes a cada ser humano, não podem ser tirados ou alienados
por qualquer pessoa; sendo destinados e aplicados a qualquer indi-
víduo em igual medida – independente do critério de raça, cor, sexo,
CONSIDERAÇÕES SOBRE A POLÍCIA E OS DIREITOS idioma, religião, política ou outro tipo de opinião, nacionalidade ou
HUMANOS origem social, propriedades, nascimento ou outro status qualquer.

A formulação de princípios ou padrões de conduta diante da Os direitos humanos podem ser melhor entendidos como aque-
condição social do homem são elementos norteadores da convi- les direitos constantes nos instrumentos internacionais: Declaração
vência social. No decurso da história da humanidade as civilizações Universal dos Direitos Humanos, O Pacto Internacional sobre os Di-
construíram diferentes sistemas de normas sociais objetivando es- reitos Econômicos, Sociais e Culturais, O Pacto Internacional sobre
tabelecer padrões de relações humanas e comportamentos sociais. os Direitos Civis e Políticos, tratados regionais de direitos humanos,
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de dezembro e instrumentos específicos lidando com aspectos da proteção dos
de 1948 aborda em seus 30 artigos, os valores éticos básicos nor- direitos humanos como, por exemplo, a proibição da tortura.
teadores para proteção dos Direitos Humanos.
O direito de liberdade na concepção de Bobbio (1909)além de
De acordo com Soares (1997), os enfrentamentos atuais para a estar intimamente ligado ao principio da igualdade evolui paralela-
construção da democracia no Brasil passam, necessariamente, pela mente a ele. O que se confirma na afirmação contida na Declaração
ética e pela educação para a cidadania. Por duas décadas, o Brasil universal dos Direitos do Homem em seu artigo 1°: “ (…) art.1° da
esteve envolvido em um sistema ditatorial (1965 a 1985). Nesse pe- Declaração Universal, “todos os homens nascem iguais em liberda-
ríodo, direitos básicos foram cerceados. Serviram à manutenção da des e direitos”, afirmação cujo significado é que todos os homens
ditadura militar as forças policiais do país, as quais atuaram como nascem iguais na liberdade, no duplo sentido da expressão: “os ho-
aparelho repressor do Estado. mens têm igual direito à liberdade”, “os homens têm direito a uma
igual liberdade”.
O processo de estruturação dos direitos do homem ocorre des-
de o século XVIII, quando erigiu – se o Estado de Direitos, tendo Somente após a Segunda Guerra Mundial, a qual envolveu vá-
início então os movimentos constitucionalistas. Com a promulgação rias nações e causou prejuízos mundiais; os Direitos Humanos se
da Constituição Federal de 1988, denominada constituição cidadã, firmaram e obtiveram reconhecimento pleno, pois o quadro de des-
buscou-se resgatar o processo de democratização interrompido truição deixado pela guerra despertou na humanidade a necessida-
pelo período da ditadura militar e, consequentemente fazer valer de de se frear esse tipo de disputas.
direitos dos cidadãos que haviam sido negligenciados até então.

8
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Sensibilizadas com as atrocidades das guerras, as nações mun- Atividade policial
diais decidiram fundar a Organização das Nações Unidas (ONU), e A Constituição Federal destaca quais os órgãos estão aptos a
m junho de 1945, foi assinada a Carta das Nações Unidas, a qual promover a segurança pública e detalha os tipos de atividades de-
declara como objetivo principal: “preservar as próximas gerações legadas a cada um deles. Esses órgãos são as diferentes polícias no
do sofrimento da guerra e reafirmar os direitos fundamentais do contexto brasileiro. São elas: Polícia Federal; Polícia Rodoviária Fe-
homem”. deral; Polícia Ferroviária federal; Polícia Civil; Polícia Militar e o Cor-
po de Bombeiros Militares. Muito embora cada um desses órgãos
Em 1948, com a aprovação da Declaração Universal dos Direi- possua seu próprio campo de ação; a atividade primordial baseia-se
tos do Homem, a qual tem como princípio fundamental a dignidade na preservação da ordem pública e a incolumidade das pessoas e
da pessoa humana promoveu-se o efetivo respeito aos direitos hu- do patrimônio. Porquanto o caput do art. 144 os estabelece como
manos. Dando início a elaboração de outros Pactos Internacionais órgãos de promoção de segurança pública.
sobre o referido tema.
A atividade policial brasileira é detalhada em sua Carta Política,
Em 1966 em conformidade com os princípios proclamados dada a importância do trabalho policial, uma vez que dependendo
na Carta das Nações Unidas; foram criados o Pacto Internacional da forma como for exercida a atividade confirma ou nega o Estado
dos Direitos Civis e políticos e o Pacto Internacional dos Direitos Democrático de Direito. A atividade policial é um oficio de suma
Econômicos, Sociais e Culturais, os quais asseguram o respeito à importância, seriedade e dimensão única, pois deve atuar de for-
integridade física e a dignidade da pessoa humana, proibindo sob ma a impedir que as garantias e liberdades constitucionais sejam
qualquer pretexto a prática de tortura e execuções não levadas à violadas, Conforme a concepção de Goldstein (2003, p.28; 29), “A
justiça; garantindo todas as prerrogativas de defesa. Ambos estão policia não está apenas obrigada a exercer sua limitada autoridade
inseridos na Carta Internacional de Direitos Humanos. em conformidade com a Constituição e, por meios legais, aplicar
suas restrições: também está obrigada a observar que outros não
No Brasil, a ditadura militar, instalada no ano de 1964 vigoran- infrinjam as liberdades garantidas constitucionalmente. Essas exi-
do até 1984, foi um marco de desrespeito aos Direitos Humanos. gências introduzem na função policial a dimensão única que torna o
O período da ditadura foi marcado por torturas de todo tipo e res- policiamento neste país um oficio seríssimo.”
ponsável pelo desaparecimento de muitas pessoas. Todas as classes
sociais sofreram violação e restrição de Direitos. Apesar de detalhamento do trabalho policial no corpo da
Constituição; tais como: patrulhamento ostensivo; função de inves-
O Brasil se efetivou como um país democrático de direito após tigação e apuração de infrações penais; e preservação da ordem
a promulgação da Constituição Federal de 1988. Também chamada pública, o que se vê, hoje, é uma polícia que faz mais do que a de-
de Constituição Cidadã por contar com garantias e direitos funda- terminação legal impõe. A instituição policial absorveu atividades
mentais que reforçam a idéia de um país livre e pautado na valori- que em principio não deveriam ser suas, como por exemplo, as
zação do ser humano. Com a ruptura do antigo sistema ditatorial o ocorrências que envolvem discussões familiares, tal fato pode estar
Estado tinha a necessidade de resgatar a importância dos direitos ligado a falhas no Sistema de Segurança Pública ou pela mudança
do homem que tinham sido negligenciados até então. Porquanto, nos anseios da sociedade.
desde 1948 havia-se erigido a Declaração Internacional dos Direitos
Humanos, no mundo. A atividade policial, atualmente, não pode ser compreendida
apenas pela ótica legal. É preciso levar em conta que as leis são rígi-
Já no artigo 1° da Carta Magna afirma-se a condição de Estado das e invariáveis, mas a sociedade é mutável e espera uma mudan-
Democrático de Direito fundamentado em cidadania e dignidade ça na perspectiva do trabalho policial. O profissional de segurança
da pessoa humana. O Brasil por ser signatário de Tratados Interna- contemporâneo é um agente promotor de cidadania e direitos hu-
cionais de Direitos Humanos, tem como princípios em suas relações manos.
internacionais a prevalência dos direitos humanos.
A atividade policial, de hoje, leva em consideração não só a in-
Os padrões internacionais de direitos humanos têm o objetivo tolerância a criminalidade, mas também preocupa – se com o cará-
de prevenir que as pessoas se tornem vítimas desse abuso, assegu- ter social que desempenha junto à população. O trabalho da polícia
rá-las e protegê-las caso isto aconteça. Em alguns casos a violação abrange toda a determinação legal imposta pela constituição e re-
desses direitos, são atos criminosos por si só – tortura, por exem- gimentos policiais, e, sobretudo a civilidade que o profissional deve
plo, e execuções ilegais por funcionários do Estado. ter, no senso de responsabilidade frente à sociedade, a qual espera
do agente de segurança pública; a proteção quando um conflito se
Os criminosos também têm direitos humanos, por exemplo, instala.
têm direito a um julgamento justo e a um tratamento humano
quando detidos. Uma vez sentenciados por uma corte de justiça Antagonismo entre direitos humanos e polícia
pelo cometimento de uma ofensa criminal, perdem o direito à li- Traçando perfil do contexto histórico brasileiro, percebe-se que
berdade durante o tempo de cumprimento da sentença. Direitos Humanos e atividade policial sempre estiveram em posi-
ções antagônicas. Diante de todas as manifestações contrárias aos
No que se referem aos policiais, estes devem entender que Direitos Humanos no período da ditadura militar, a polícia ganhou
enquanto estiverem investigando um crime, estão lidando com um estigma de ações pautadas em violência, que não condiz com
suspeitos e não com pessoas que foram condenadas pelo cometi- modelo ideal de corporação em um Estado Democrático de Direito.
mento de um ato criminoso (que está sendo investigado). Apesar de
um policial acreditar que a pessoa realmente cometeu o crime, so- A utilização dos aparatos policiais pelo regime autoritário da
mente a justiça poderá considerar a pessoa culpada. Este é um ele- época colocou um grande abismo entre a polícia e a sociedade. Ain-
mento essencial para um julgamento justo, prevenindo que pessoas da hoje, a população vê nos agentes de segurança um instrumento
inocentes sejam condenadas por crimes que não tenham cometido. de dominação do Estado sobre o povo e não de servidores, ou seja,

9
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
vêem uma polícia contra o povo e não para o povo. Com a democra- confiança naquele diante da insegurança que se vive atualmente. A
tização da política brasileira, tornou-se necessário repensar o mo- polícia é a representação mais intima do Estado que a nação possui;
delo de segurança pública do país, tendo em mente que essa nova é a sua frente de atuação, nela se deposita todas as frustrações e
conjuntura da política nacional, propicia a relação polícia e direitos esperanças no governo.
humanos como uma parceria em benefício da comunidade e não o
contrário. Espera-se muito do agir policial, porquanto a missão é nobre.
Entretanto, a sociedade muda o discurso a toda hora. A polícia se vê
Inserir na instituição policial uma proposta baseada em ten- perdida nos anseios da população, que em determinado momento
dências contemporâneas a respeito de sua atuação não se constitui deseja que o agente de segurança seja polido em suas ações, já em
tarefa fácil, por se tratar de instituição fechada em si, tradicionalista outras situações pede que a polícia seja uma instituição de vingança
e baseada em hierarquia e disciplina, no caso das polícias militares. social, fazendo justiça com as próprias mãos como acontecia nos
A mudança no modo de agir da polícia, parte do princípio de que é primórdios da humanidade. As pessoas estão aterrorizadas pela
necessário que se mude a convicção que os profissionais de segu- violência que assola o país. Vive-se o clima de guerra urbana que
rança têm a respeito do valor dos direitos humanos. gera insegurança.

Mesmo dentro da polícia há o paradigma de que os militan- O policial não se deve levar por anseios ilegítimos que possam
tes de direitos humanos só atuam para reprimir a ação da força, desprestigiar seu trabalho. A sociedade que deseja ações desme-
procurando excessos em sua atividade e protegendo os marginais. didas por parte do agente será a mesma que proporcionará a ele o
O desconhecimento por boa parte da polícia do que sejam tais di- repúdio quando atender aos seus próprios anseios primitivos.
reitos, provoca a revolta dos profissionais de segurança pública e a
noção de que os militantes de direitos humanos são subversivos e O uso da força é apenas uma das características da atividade
atentam contra a segurança nacional. policial, ela não pode resumir o agir policial como um todo. Suas
atribuições e responsabilidades vão além, nem sempre é escolha
Os militantes de direitos humanos são mal interpretados, pelos do profissional o uso dessa prerrogativa para executar suas tarefas.
policiais, em razão da história de enfrentamento das duas posições
Como defende Balestreri (1998), o policial é um pedagogo de
em épocas de ditadura no país. O contexto histórico brasileiro re-
cidadania, ele deve ser incluído no rol dos profissionais pedagógi-
força o abismo que se criou entre direitos humanos e atividade po-
cos, ao lado das profissões consideradas formadoras de opinião.
licial, dificultando as novas filosofias de policiamento.
Dessa forma, o agente de segurança é um educador, o qual educa
por meio de suas atitudes ao de lidar com situações cotidianas. O
Na verdade, as denúncias feitas pela comunidade de Direitos
policial educador transmite cidadania, a partir de, exemplos de con-
Humanos é benéfica aos bons policiais, pois minam a ação de maus
duta; de comportamentos baseados em moderação e bom senso.
profissionais e impedem que eles continuem agindo em desacordo
com os direitos, maculando dessa forma, todo o corpo policial. Para O agente de segurança pública não pode mais ser visto, nos
que haja uma mudança no paradigma de antagonismo, é imprescin- dias de hoje, como agente de repressão a mando do Estado. A
dível que a polícia e as ONGS de direitos humanos se aproximem e Constituição Federal de 88, em seu artigo 144, declara que a segu-
trabalhem juntas na efetivação do bem maior, não para satisfação rança pública é exercida pelas polícias e que suas atribuições são
de posições, mas em favor da sociedade. a preservação da ordem pública, a incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
POLÍCIA E CIDADANIA
A Declaração Universal dos Direitos Humanos não faz diferença Visto desse modo, a atividade de polícia consiste em desem-
de cidadãos, fica claro que todas as pessoas são iguais em direitos penhar funções policiais, e ao mesmo tempo proteger os direitos
e deveres e veda qualquer forma de distinção. O profissional de se- humanos. Violar os direitos humanos, desrespeitar as normas legais
gurança assim como qualquer cidadão possui direitos e obrigações, como propósito de aplicar a lei não é considerado uma prática poli-
no entanto, a ele se atribui o solene dever de figurar como agente cial eficiente – apesar de algumas vezes se atingirem os resultados
promotor de Direitos Humanos. Os agentes de segurança possuem desejados. Quando a polícia viola a lei com o intuito de aplicá-la,
o poder de representar o Estado e se tornam, por isso, talvez, a clas- não está reduzindo a criminalidade, está se somando a ela.
se de trabalhadores com mais notoriedade em sua atuação.
Espera-se dos agentes de segurança o vigor necessário no de-
Dessa forma, é necessário que se invista, vigilantemente, nas senvolvimento de suas atividades, porém que haja preocupação em
ações policiais esperando dos agentes uma atuação pautada sem- agir no estrito cumprimento da lei. É necessária a admiração da so-
pre no estrito cumprimento da lei, já que atuam para garanti-la. É ciedade por essa classe de trabalhadores. O policial não é inimigo
importante cobrar profissionalismo nas ações. da população, deve que ser visto como agente promotor de direitos
humanos, sobretudo, de cidadania.
Em sua atuação vigilante, a população deve reconhecer que o
policial também é um cidadão com deveres, obrigações e direitos. POLÍCIA COMUNITÁRIA
Já o policial deve sentir-se inserido e participante dessa sociedade
na mesma medida do cidadão comum. A partir da Revolução Fran- O que é polícia comunitária
cesa cidadania se tornou sinônimo de igualdade, o que significa que O policiamento comunitário baseia-se em uma concepção de
independente da profissão exercida, a pessoa não perde seu status cooperação entre agentes de segurança e a população, delimitan-
de cidadão perante a sociedade. do estratégias as quais aproximem esses dois atores no intuito de
juntos resolverem os problemas de insegurança. Nas palavras de
Não há diferenças entre sociedade civil e sociedade policial, Skolnick e Bayley (2006, p.69) “Este conceito de uma cooperação
essa nem mesmo existe. O agente de segurança detém uma respon- maior entre a polícia e a comunidade é o que tem sido considerado,
sabilidade ímpar frente à população, já que a sociedade deposita em todo o mundo, como sendo “policiamento comunitário”.

10
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
Para que se efetive a policia comunitária é preciso firmar parce- Polícia comunitária é uma filosofia nova no Brasil. A implanta-
ria entre a comunidade e instituição policial. Unidas devem buscar ção do programa busca resgatar a tão manchada história das forças
soluções para os problemas que geram violência na comunidade. de segurança no país, que por erros do passado e também recor-
Marcineiro e Pacheco (2005, p.84) alertam que “é preciso compro- rentes nos dias de hoje prejudicou o contato com o cidadão. Pelo
metimento de ambas as partes na solução dos problemas, na busca fato de em outros países a iniciativa ter tido sucesso, o Brasil adotou
da melhoria da qualidade de vida da comunidade”. A polícia não a implantação em todas as polícias do país. No Distrito Federal os
deve apenas ser ouvinte dos problemas da sociedade e essa não Postos Comunitários são a expressão mais latente de policiamen-
deve apenas transmitir aquela seios anseios. Para que seja eficiente to comunitário, entre outras iniciativas da polícia como, teatro nas
e eficaz o modelo comunitário é preciso que as duas sejam parcei- escolas e incentivo a esportes nas regiões mais pobres e violentas
ras atuantes na resolução dos problemas identificados na localida- da capital.
de que estão inseridas.
Experiência da Polícia comunitária no Distrito Federal
O policiamento comunitário baseia seu objetivo principal em Polícia Comunitária é uma filosofia inovadora que está sendo
atribuir a sociedade parcela de responsabilização na prevenção ao implantada em todo o mundo. O Brasil trouxe para sua realidade
crime. Incluir a comunidade na solução de seus problemas locais e esse modelo novo de policiamento. Participam do projeto no país
pedir a ela que explane suas opiniões e, além disso, fazer com que as instituições de segurança e defesa social. O Ministério da Justiça
ela trabalhe para prevenir o crime e diminuir suas mazelas sociais prepara os profissionais de segurança de todos os estados mem-
é função e objetivo maior da polícia que trabalha com o programa bros para se tornarem multiplicadores de polícia comunitária, por
de policiamento comunitário. A partir daí, pode-se formular o pen- meio de curso de capacitação.
samento de que policiamento comunitário é expressão máxima de
valorização de direitos humanos, é interiorizar no intimo policial a As diretrizes comunitárias de segurança do Distrito Federal op-
idéia de profissional pedagogo de cidadania e promotor de direitos taram pela segurança comunitária, pelo fato de possuírem um con-
humanos. ceito mais abrangente que engloba não só a Polícia Militar, como
estipulado no conceito de Polícia Comunitária implantada no país,
Aumentar a responsabilização da polícia implica em se abrir mas também as polícias militar e civil, o Corpo de Bombeiro Militar
as críticas da população, porquanto terá que ouvi-la e saber que e o Departamento de Trânsito de Brasília. No entanto, o objetivo é o
nem sempre é agradável o que ela ira dizer. Quando o cidadão diz mesmo da filosofia de Polícia Comunitária, qual seja o de aproximar
a polícia sua impressão a respeito do trabalho de seus profissionais o profissional de campo à população, prevenindo os problemas da
e essa se preocupa, gera a cumplicidade de que a instituição neces- comunidade que geram violência.
sita para a efetividade do policiamento comunitário e seu objetivo
maior de prevenção do crime. O Decreto n ° 24.316 de 23 de Dezembro de 2003 regulamen-
ta o programa de policiamento comunitário no Distrito Federal.
Se o profissional de segurança não conhece a comunidade à qual A implantação do modelo é de responsabilidade da Secretária de
está servindo, e se não conhece, principalmente, seus problemas, não Segurança Pública e de Defesa Social. O objetivo do modelo de se-
atenderá aos princípios do programa comunitário. Os Conselhos Co- gurança comunitária na cidade; segundo a legislação é reduzir os
munitários de Segurança funcionam com esse intuito, a comunidade crimes, violência e demais fatores que desarticulem a ordem públi-
se reúne com representantes da polícia para explanar suas opiniões ca, pautando-se na prevenção como forma de proporcionar melhor
a respeito do trabalho policial e ajudar a polícia em soluções para os qualidade de vida à população local, porquanto quando se previne
problemas do bairro. Observa-se valorização da dignidade humana, o fato e esse não se concretiza evita os prejuízos ao cidadão, a so-
efetivação de cidadania e expressão democrática. ciedade e ao poder público.

As comunidades compõem-se cada uma em sua complexidade, Importante observar que para os programas de policiamento
o policiamento comunitário leva em consideração essas questões e comunitário serem eficazes e eficientes nas regiões do Distrito Fe-
acredita que modelo de patrulhamento deve ser adaptado as ne- deral é necessário adequá-los à realidade da população. Como em
cessidades de cada localidade. A proposta de descentralização do todo país, Brasília também conta com sérios problemas de desigual-
comando leva em consideração as diferenças que cada comunidade dades sociais. Portanto, estratégias de redução de criminalidade no
possui. Assim o comandante subordinado que tem liberdade para Plano Piloto devem ser diferentes das pautadas em cidades satéli-
coordenar de acordo com as prioridades que lhes são apresentadas tes, principalmente, naquelas mais novas e com graves problemas
poderá adaptar de melhor forma o programa comunitário da área sociais.
na qual atua.
Segundo Cardoso (2009, p. 16) “o policiamento em Brasília
A efetiva ação está no dia a dia, conhecendo as dificuldades e tem que ser mais específico, adaptando-se a realidade de cada
problemas da comunidade, diferente do comando centralizado que cidade.” o que será um desafio para os responsáveis pelo mode-
se mantém distante e, conseqüentemente, o atendimento se torna lo comunitário, porquanto um dos princípios desse policiamento é
insuficiente. Assim Skolnick; Bayley declaram que “a descentraliza- que ele atenda as prioridades de cada comunidade; e se adeque as
ção do comando é necessária para ser aproveitada a vantagem que dificuldades de cada uma.
traz o conhecimento particular, obtido e alimentado pelo maior en-
volvimento da polícia na comunidade”. É fundamental que a população seja ouvida em seus anseios
dentro de sua comunidade. Para que o poder público, no caso as
Resumidamente, polícia comunitária é a filosofia teórica de polícias e demais agentes sociais envolvidos na filosofia, reconhe-
estudar o problema e buscar soluções junto à comunidade; policia- çam as debilidades daquela localidade, afim de que se desenvolva
mento comunitário é a filosofia em ação de buscar soluções para os programas comunitários necessários.
prevenir o problema antes que aconteça, também com apoio da
comunidade.

11
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
A sociedade deve se sentir responsável em por fim a suas ma- Ficou constatado que no período que compreendido entre 23
zelas sociais, o cidadão tem o poder – dever de opinar nas políticas horas às 2 horas da madrugada ocorria a maior parte dos crimes
de segurança pública que lhe são impostas. Quem está apto a es- na região, então foi estipulado esse horário para promover práticas
clarecer os problemas de uma comunidade a não ser aquele que faz esportivas com os garotos da localidade. Em horário determinado
parte dessa comunidade? Assim, afirma Cardoso (2009, p. 17) “A passa o ônibus do programa e aquele jovem que quiser pode em-
polícia é vulnerável e não consegue arcar sozinha com a responsabi- barcar rumo ao centro de esporte, único requisito para participar
lidade, sendo assim, a comunidade deve ser vista como “co-produ- do “esporte a meia noite” é submeter- se a abordagem policial que
tora” da segurança e da ordem, juntamente com a polícia”. tem por objetivo garantir a segurança de todos, porquanto traba-
lha- se com jovens em situação de risco.
Como forma de viabilizar uma efetiva participação da comu-
nidade na resoluções de seus problemas criou- se, por meio dos Esses são programas comunitários que aproximam a sociedade
Decretos n° 24.101 de setembro de 2003 e 26.291 de outubro de da polícia e mudam o paradigma que se tem de uma polícia distante
2005 os Conselhos Comunitários de Segurança no Distrito Federal, e fria em relação aos problemas da comunidade. Ainda não é nor-
inspirados no modelo japonês. O conselho é formado por pessoas mal ver um profissional de segurança personagem de uma peça ou
da comunidade local que reúnem- se com as autoridades das polí- participando de uma partida de futebol com crianças. Os jovens,
cias civil e militar, corpo de bombeiro militar e secretária de defesa a partir dessas iniciativas internalizam conceitos novos de atuação
social, conforme o caso para juntos discutirem programas que de- policial diminuindo, dessa forma a distancia entre os dois polos: co-
sarticulem as causas da criminalidade naquela região. munidade e instituições policiais.

Os conselhos são separados por Regiões Administrativas – A validade dos programas comunitários está na premissa de
RAS[6] do Distrito Federal e por Conselhos especiais que englobam que os profissionais de segurança atuam promovendo o direito
as áreas rurais, os conselhos escolares, os conselhos de segurança à dignidade do ser humano. Conforme, concepção de Balestreri
da Universidade de Brasília, o conselho de segurança dos rodoviá- (1998, p. 30) “o velho paradigma antagonista da Segurança Pública
rios, os conselhos dos taxistas, dos postos de combustível, do co- e dos Direitos Humanos precisa ser substituídos por um novo, que
mércio, da indústria gráfica e do transporte alternativo. exige desacomodação de ambos os campo: “Segurança Pública com
Direitos Humanos”.”
Os Conselhos Comunitários efetivam a voz democrática da so-
ciedade. O cidadão seja ele quem for, a dona de casa, o comercian- Outro programa comunitário instituído como forma de aproxi-
te da esquina, o aposentado, a empregada doméstica, enfim todos mar a comunidade da polícia foi a implantação dos Postos de Polí-
que morem naquela comunidade ou que participem de um grupo cia Comunitária – PCS em todo o Distrito Federal. O modelo segue
como os taxistas ou rodoviários, por exemplo, tem o poder de opi- aos Kobans japoneses, em países como Cingapura e Japão os postos
nar sobre a estratégias de segurança daquele ponto que é sensível e funcionam como pequenas delegacias são bem equipados possuem
gera instabilidade na ordem daquela localidade. Ao perceber que o televisão, sala de descanso e banheiro.
problema responsável pela criminalidade de um bairro é talvez, um
beco escuro, a comunidade propõe em reunião do conselho que a O objetivo dos postos é a sensação de segurança à comunidade,
polícia procure solucionar a questão, juntamente com a Administra- pois funcionam 24 horas o que faz com que a população sinta – se
ção da cidade a qual aquele bairro pertença. protegida. No entanto, muitas são as críticas a respeito do progra-
ma, desde sua inauguração na capital. Os policiais reclamam a falta
Se um dos princípios fundamentais do modelo de polícia co- de viaturas, de efetivo, de equipamento de trabalho como rádios,
munitária é atribuir responsabilidade a sociedade, os conselhos telefones, internet, computadores e até mesmo falta de água. A
são uma das formas de efetivar esse modelo e fazer com que os maior reclamação dos profissionais é que recebem ordens de seus
programas traçados junto a comunidade sejam realmente eficazes, superiores para não abandonar os PSC. Criando, dessa forma um
porquanto trata o problema com os maiores interessados. policial engessado sem poder atender as solicitações da comunida-
de. Conforme Cardoso (2009, p. 45) “Os policiais acostumados com
Percebendo que há um número considerável de violência entre o serviço operacional em viaturas se sentem deslocados no postos,
os jovens da cidade, constatados em muitos casos famosos de de- pois não “prendem” mais ninguém. Alegam que se tornaram “sim-
linquência juvenil, os profissionais de segurança em parceria com a plesmente vigias de posto”, pois estão impossibilitados de realizar
comunidade desenvolvem programas por meio de teatro e esporte. qualquer tipo de atendimento em suas proximidades.”
A companhia de teatro Pátria Amada coordenada pela Secretá- Os postos são construídos com material frágil, não suporta tiros
ria de Segurança desenvolve um trabalho, por meio de peças tea- e além disso, é facilmente inflamável. Um dos postos instalados na
trais, que visa diminuir a violência e as dúvidas dessa faixa etária, cidade satélite do Guará, em 2009, foi queimado por marginais no
como gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, uso mesmo dia de sua inauguração, fatos como esse geram insegurança
de drogas, entre outras. As peças são apresentadas em escolas pú- até mesmo entre os policiais, os quais estão preocupados com a
blicas e os scripts são elaborados observando temas do dia a dia dos segurança dos Postos Comunitários e não mais com a população.
adolescentes, como uso de drogas, estupro, abuso sexual ; esses
Assim afirma Cardoso (2009, p. 33) “alguns postos instalados em
são problemas graves que aumentam o índice de violência entre
áreas consideradas “perigosas” foram alvos de ameaças.
os jovens.
O programa funciona bem em outros países, pois não apenas a
Outra forma encontrada para afastar os jovens da criminalidade
população foi privilegiada, mas também os policiais que dispõe de
é o esporte, o programa “esporte a meia noite” foi implantado nas
infra-estrutura e efetivo suficiente. Diante de tantas reclamações a
cidades do Gama, Planaltina, Ceilândia e Samambaia. Inicialmente,
respeito do modelo em Brasília, pode-se perceber que não houve a
foi implantado em Planaltina por contar com diferentes grupos de
“gangues” de garotos constantemente envolvidos em conflitos, os preocupação de um estudo mais detalhado sobre o funcionamento
quais eram responsáveis pela maioria dos homicídios na cidade. dos Postos em outros países para assim adequá-los à realidade da

12
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
cidade. A população não está satisfeita com os Postos comunitários Diante do exposto conclui-se que a formação dos profissionais
e nem tão pouco os policiais que atuam neles. Conforme observa da Segurança Pública é fundamental para a qualificação das polícias
Cardoso (2009, p. 34) “As reclamações estão ocorrendo em todos brasileiras e o ensino dos Direitos Humanos no Curso de Formação
os postos. A falta de segurança e de condições para se trabalhar de policiais é uma alternativa que se apresenta adequada, uma vez
é evidente, mas também é clara a reorientação das atividades de que propicia a percepção dos policiais como sujeitos e defensores
policiamento. A polícia saiu das viaturas e entrou definitivamente dos Direitos Humanos garantindo a efetiva aplicabilidade do conhe-
nos posto”. cimento desenvolvido na prática policial.

Para que os Postos Comunitários de Segurança se tornem efica-


zes, atendam realmente a população e cumpram com a finalidade
do policiamento comunitário, aproximar a polícia da sociedade, é EXERCÍCIOS
necessário que sejam avaliados os erros e recuperem a proposta
inicial dos postos. O maior objetivo do Posto é dar sensação de se- 1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art. 5º da Cons-
gurança a população o que não vem acontecendo. tituição Federal trata dos direitos e deveres individuais e coletivos,
espécie do gênero direitos e garantias fundamentais (Título II).
CONCLUSÃO Assim, apesar de referir-se, de modo expresso, apenas a direitos
A relação entre polícia e direitos humanos está centrada nas e deveres, também consagrou as garantias fundamentais. (LENZA,
noções de proteção e respeito, e pode ser uma relação muito positi- Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
va. De fato é função da polícia a proteção dos direitos humanos. Tal 2009,13ª. ed., p. 671).
proteção se faz de maneira genérica, mantendo a ordem social, de Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e
modo que todos os direitos humanos, de todas as categorias pos- assinale a alternativa correta.
sam ser gozados. Quando há uma quebra na ordem social, a capa- I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma cons-
cidade e habilidade do Estado em promover e proteger os direitos titucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos
humanos são consideravelmente diminuídos ou destruídos. Ainda, quais se assegura o exercício dos aludidos direitos.
é parcialmente por meio da atividade policial que o Estado atinge II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e parágrafos do
suas obrigações legais de proteger alguns direitos humanos especí- art. 5º da Constituição Federal é meramente exemplificativo.
ficos – o direito à vida, por exemplo. III - Os direitos e garantias expressos na Constituição Federal
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
Dentre as profissões públicas pode-se dizer que a polícia é uma adotados, ou dos tratados internacionais em que o Brasil seja parte.
das que possui maior responsabilidade em relação à imagem do Es- IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
tado. É necessário que os agentes públicos de segurança resgatem imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
os anos perdidos de autoritarismo e distanciamento da sociedade material ou moral decorrente de sua violação.
brasileira. A história da origem policial no Brasil explica o porquê de V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
seus traços de violência. assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for-
ma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
Tendo em vista esse histórico, cada policial ao entrar na corpo-
ração devem estar conscientes de que a policia não é mais a mes- (A) Apenas I, II e III estão corretas.
ma, agora mais que nunca; deve-se fortalecer o sentido de fazer (B) Apenas II, III e IV estão corretas.
de sua missão um ato nobre. Policiais devem respeitar os direitos (C) Apenas III e V estão corretas.
humanos no desenvolvimento de suas atividades profissionais. Em (D) Apenas IV e V estão corretas.
outras palavras, considerando que é função da polícia a proteção (E) Todas as questões estão corretas.
dos direitos humanos, o requisito de respeito a esses direitos afe-
ta diretamente o modo como a polícia desempenha todas as suas 2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os remédios cons-
funções. titucionais são as formas estabelecidas pela Constituição Federal
para concretizar e proteger os direitos fundamentais a fim de que
Diante dos anos que macularam a imagem policial as institui- sejam assegurados os valores essenciais e indisponíveis do ser hu-
ções de segurança pública e as políticas governamentais acenam mano.
para mudança nas diretrizes de policiamento em todo Brasil, se- Assim, é correto afirmar, exceto:
guindo assim uma tendência mundial. Os cursos de integração das (A) O habeas corpus pode ser formulado sem advogado, não
normas de direitos humanos na atividade policial são de extrema tendo de obedecer a qualquer formalidade processual, e o pró-
importância, pois conscientiza o profissional policial de que o poder prio cidadão prejudicado pode ser o autor.
a ele atribuído deve ser utilizado sempre em benefício da socieda- (B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém sofrer ou se
de. achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Quanto ao programa de policiamento comunitário, sua efetiva- (C) O autor da ação constitucional de habeas corpus recebe o
ção depende do entendimento de que a idéia é que haja a participa- nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual se impetra,
ção da comunidade nas formulações, implementações e avaliações paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e a autoridade
das políticas de segurança pública e estratégias de policiamento. A que pratica a ilegalidade, autoridade coatora.
instalação de cada Posto Comunitário de Segurança pode tornar-se (D) Caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares
um instrumento avançado entre o relacionamento da Polícia Militar militares.
e comunidade na redução dos índices de criminalidade, no aumen- (E) O habeas corpus será preventivo quando alguém se achar
to da confiança dos serviços prestados, maior eficácia nas ações e ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quando for con-
adoção de estilo de gerenciamento participativo. creta a lesão.

13
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda em relação (C) não haverá pena de morte em nenhuma circunstância.
aos outros remédios constitucionais analise as questões a seguir e (D) os templos religiosos, entendidos como casas de Deus, pos-
assinale a alternativa correta. suem garantia de inviolabilidade domiciliar.
I - O habeas data assegura o conhecimento de informações re-
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou banco de 7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) NÃO figura
dados de entidades governamentais ou de caráter público. entre as garantias expressas no artigo 5º da Constituição Federal:
II - Será concedido habeas data para a retificação de dados, (A) a obtenção de certidões em repartições públicas.
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou ad- (B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto próprio.
ministrativo. (C) o respeito à integridade física dos presos, garantido pela lei
III - Em se tratando de registro ou banco de dados de entida- de execução penal.
de governamental, o sujeito passivo na ação de habeas data será a (D) a remuneração do trabalho noturno superior ao diurno,
pessoa jurídica componente da administração direta e indireta do posto que contido na legislação ordinária trabalhista.
Estado.
IV - O mandado de injunção serve para requerer à autoridade 8 (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) A casa é
competente que faça uma lei para tornar viável o exercício dos di- asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela entrar, sem permis-
reitos e liberdades constitucionais. são do morador, EXCETO
V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a demo- (A) em caso de desastre.
ra legislativa que impede um direito de ser efetivado pela falta de (B) em caso de flagrante delito.
complementação de uma lei. (C) para prestar socorro.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora.
(A) Todas as afirmações estão corretas.
(B) Apenas I, II e III estão corretas. 9 (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador - FGV/2014)
(C) Apenas II, III e IV estão corretas. Em tema de direitos e garantias fundamentais, o artigo 5º da Cons-
(D) Apenas II, III e V estão corretas. tituição da República estabelece que é:
(E) Apenas IV e V estão corretas. (A) livre a manifestação do pensamento, sendo fomentado o
anonimato;
4 (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devido processo (B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,
legal estabelecido como direito do cidadão na Constituição Federal que substitui o direito à indenização por dano material, moral
configura dupla proteção ao indivíduo, pois atua no âmbito material ou à imagem;
de proteção ao direito de liberdade e no âmbito formal, ao assegu- (C) assegurado a todos o acesso à informação e resguardado
rar-lhe paridade de condições com o Estado para defender-se. o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Com base na afirmação acima, analise as questões a seguir e (D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica
assinale a alternativa correta. e de comunicação, ressalvados os casos de censura ou licença;
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- (E) direito de todos receber dos órgãos públicos informações
toridade competente. de seu interesse particular, sendo vedada a alegação de sigilo
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais por imprescindibilidade à segurança da sociedade e do Estado.
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 10. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - FGV/2014) A partir
ilícitos. da Emenda Constitucional nº 45/2004, os tratados e convenções
IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei internacionais sobre direitos humanos:
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. (A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a sua apro-
V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do depo- vação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, na ordem in-
sitário infiel. terna, pelo Chefe do Poder Executivo;
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda constitucional,
(A) Apenas I, II e IV estão corretas. exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio-
(B) Apenas I, III e V estão corretas. nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável de
(C) Apenas III e IV estão corretas. dois terços dos respectivos membros;
(D) Apenas IV e V estão corretas. (C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitucional,
(E) Todas as questões estão corretas. desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacional, se dê em
dois turnos de votação, com o voto favorável de três quintos
5 (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre a Lei dos respectivos membros;
Penal, é CORRETO afirmar que (D) podem ter a natureza jurídica de lei complementar, desde
(A) não retroage, salvo para beneficiar o réu. que o Congresso Nacional venha a aprová-los com observância
(B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não for co- do processo legislativo ordinário;
nhecido. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito inter-
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário. nacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à ordem
(D) retroage, se ainda não houver processo penal instaurado. jurídica interna.

6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Sobre as


garantias fundamentais estabelecidas na Constituição Federal, é
CORRETO afirmar que
(A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
(B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
critível.

14
NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS

GABARITO ANOTAÇÕES

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1 E
2 D ______________________________________________________
3 A ______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 A
______________________________________________________
6 B
7 D ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 C
______________________________________________________
10 C
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ANOTAÇÕES
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NOÇÕES SOBRE DIREITOS HUMANOS
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
1. Penalidades aplicadas às infrações de trânsito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Medidas administrativas a serem adotadas pela autoridade de trânsito e seus agentes. Bibliografia/Legislação Brasileira de Trânsito:
Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Institui o Código de Trânsito Brasileiro), Capítulo XVI - Das penalidades e Capítulo XVII - Das
medidas administrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

PENALIDADES APLICADAS ÀS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) detalha cada tipo de infração e suas consequências. A maioria dos condutores só presta atenção
em tudo o que está descrito no CTB sobre as infrações e outras informações enquanto estão cursando as aulas de legislação. Logo que
conseguem a aprovação no exame, pensam que não precisam mais saber tudo isso, mas esse é um grande – e perigoso – engano.
O CTB classifica as infrações no trânsito como leves, médias, graves e gravíssimas. Para essa classificação, é levado em conta o risco
que a infração apresenta para os demais (e para o próprio condutor).

Infrações leves
As infrações leves são aquelas que o CTB entende como as que causam situações de menor risco no trânsito
As penalidades para as infrações leves são multa de R$ 88,38 e três pontos na carteira. Além disso, há a aplicação de medidas admi-
nistrativas quando necessário (como a remoção do veículo, por exemplo).

EXEMPLOS DE INFRAÇÕES LEVES

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

2
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

Infrações médias
As infrações médias são aquelas que, de acordo com o CTB, apresentam um nível de perigo mediano.
As penalidades para as infrações médias são multa de R$ 130,16 e quatro pontos na carteira, além da aplicação de medidas adminis-
trativas quando necessário (como a remoção do veículo, por exemplo).

EXEMPLO DE INFRAÇÕES MÉDIAS

3
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

4
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Infrações graves
O Código de Trânsito Brasileiro classifica as Infrações Graves como aquelas cujo o risco é considerado alto.
As penalidades para as infrações graves são multa de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira, além da aplicação de medidas administra-
tivas quando necessário (como a remoção do veículo, por exemplo).

EXEMPLOS DE INFRAÇÕES GRAVES

5
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Infrações Gravíssimas
As infrações gravíssimas são aquelas cujo risco ou perigo causado para si mesmo e para os demais é considerado altíssimo.
As penalidades para as infrações gravíssimas têm particularidades em relação às outras infrações. Todas elas resultam em sete pontos
na CNH, mas também pode haver suspensão da habilitação de forma imediata. Além disso, as multas são calculadas levando em conside-
ração os fatores multiplicadores.

EXEMPLOS DE INFRAÇÕES GRAVÍSSIMAS

O que são os fatores multiplicadores e como funcionam?


O Código de Trânsito Brasileiro vem sendo atualizado ano após ano, desde que entrou em vigor. Em 2014, uma dessas atualizações
criou o chamado “fator multiplicador” para algumas infrações gravíssimas, na tentativa de diminuir acidentes ao aumentar as penalidades
para as condutas consideradas de alto risco.
As multas para as infrações gravíssimas são de R$ 293,47. Quando a infração tem um fator multiplicador, o valor da multa é multipli-
cado por esse fator. Por exemplo: o fator multiplicador para a infração de participar de “rachas” é dez. Logo, a multa para quem cometer
essa infração será de R$ 2.934,70 (o valor da multa multiplicado por 10).
Como é possível perceber, os multiplicadores mudaram bastante a vida dos condutores, exigindo atenção redobrada em relação ao
respeito às normas de trânsito previstas pelo CTB.

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Infrações auto-suspensivas

7
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

O QUE SÃO CRIMES DE TRÂNSITO


Todas as condutas proibidas aos condutores de veículo automotores estão descritas na Lei nº 9.503/1997, que institui o Código de
Trânsito Brasileiro.
Na lei, há infrações civis e administrativas, punidas pelos órgãos de trânsito com multas e penalidades, por exemplo, a suspensão do
direito de dirigir.
Mas há, também, infrações penais, ou seja, os crimes de trânsito. Nesses casos, o infrator não é apenas autuado pelo órgão de trân-
sito, mas sofre um processo judicial criminal.
Esse processo está sujeito às regras descritas no Código Penal e no Código de Processo Penal.
O Decreto-Lei nº 3.914/1941, que se trata da Lei de Introdução do Código Penal, conceitua o que é crime em seu primeiro artigo:
“Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; (…).”
Se cometer um crime de trânsito, o motorista pode ser condenado às penalidades de detenção ou multa. Também é possível que o
juiz aplique a penalidade de suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação.
Conforme previsto pelo Código Penal, também é possível que a pena de detenção seja substituída por uma pena restritiva de direito,
como a prestação de serviços à comunidade.

O Que Diz o CTB Sobre Crimes no Trânsito


O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é dividido em capítulos. O XV, por exemplo, versa sobre as infrações de trânsito.
Ou seja, você encontrará lá todas as condutas que são consideradas infrações de trânsito e suas respectivas punições.
No caso dos crimes de trânsito, também há um capítulo específico, o de número XIX, que conta com duas seções.
A primeira é dedicada às disposições gerais, na qual você encontra o art. 291, que confirma o que eu disse anteriormente sobre as
normas a serem aplicadas:
“Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código
Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995, no que couber.”
Nessa seção, há também artigos que dispõem sobre as penalidades de suspensão ou proibição de obter a habilitação e de multa
reparatória.
No artigo 298, há uma lista com circunstâncias em que as penalidades do crime de trânsito são agravadas.
Elas são, por exemplo, o veículo utilizado para cometer o crime estar sem as placas ou com placas falsas (art. 298, II), o condutor en-
volvido não possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou Permissão Para Dirigir (PPD) (art. 298, III), ou cometer o crime sobre faixa
de pedestres (art. 298, VII).

8
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Na segunda seção do capítulo XIX do CTB, são descritos os cri- Segundo o artigo 294 do CTB, o juiz pode decretar a suspensão
mes em espécie e as respectivas penalidades. como medida cautelar, em qualquer fase da investigação, caso jul-
gue necessário para a garantia da ordem pública.
Quais Infrações Preveem Penalidades de Crimes de Trânsito O prazo de suspensão, conforme o artigo 293, é de dois meses
São 11 os crimes de trânsito descritos no CTB. Eles constam nos a cinco anos. É importante saber que, se o réu estiver preso por
artigos 302 a 312, que especificam qual o prazo mínimo e máximo consequência da condenação, esse prazo não estará correndo.
de detenção para cada caso. Já a penalidade de multa reparatória, prevista no artigo 297, é
Veja quais são: aplicada para indenizar a vítima ou seus sucessores quando houver
Artigo 302: Praticar homicídio culposo na direção de veículo prejuízo material resultante do crime.
automotor; A multa não pode ser superior ao valor do prejuízo demons-
Artigo 303: Praticar lesão corporal culposa na direção de veícu- trado no processo, e o pagamento é realizado mediante depósito
lo automotor; judicial.
Artigo 304: Deixar de prestar imediato socorro à vítima em aci- Voltando ao assunto da detenção, o juiz tem alguns critérios
dente, de forma direta ou solicitando auxílio de autoridade pública; para decidir qual será a pena, ou seja, o tempo exato de restrição
Artigo 305: Afastar-se o condutor do veículo do local do aci- de liberdade, entre os prazos previstos no CTB.
dente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa Eles são citados no artigo 59 do Código Penal. Confira:
ser atribuída; “Art. 59 – O juiz, atendendo à culpabilidade, aos anteceden-
Artigo 306: Conduzir veículo automotor com capacidade psico- tes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs- circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comporta-
tância psicoativa que determine dependência; mento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficien-
Artigo 307: Violar a suspensão ou a proibição de se obter a per- te para reprovação e prevenção do crime:
missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com I – as penas aplicáveis dentre as cominadas;
fundamento neste Código; II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previs-
Artigo 308: Participar de corrida, disputa ou competição auto- tos.”
mobilística não autorizada na via pública, gerando risco de dano à Portanto, o réu é avaliado a partir de:
propriedade pública ou privada;
-Culpabilidade;
Artigo 309: Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a de-
-Antecedentes;
vida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o
-Conduta social;
direito de dirigir, gerando perigo de dano;
-Personalidade;
Artigo 310: Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
-Motivação.
automotor a pessoa que não possa ou não esteja em condições
de dirigir – por exemplo, pessoa não habilitada, com CNH cassada,
Também são avaliadas as circunstâncias e consequências do
suspensa, com seu estado de saúde, física ou mental alterado, ou
crime e o comportamento da vítima.
embriagada;
Essas premissas valem para qualquer crime. Nos crimes de
Artigo 311: Trafegar em velocidade incompatível com a segu-
trânsito, o juiz avalia ainda outros possíveis agravantes, exatamen-
rança onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas
te aqueles que constam no artigo 298 do CTB, transcritos no início
– escolas, hospitais, paradas de ônibus etc. –, gerando perigo de
deste texto.
dano;
Por outro lado, há crimes cujos agravantes vêm nos próprios
Artigo 312: Alterar o estado de lugar, de coisa ou de pessoa en-
dispositivos legais, ou seja, nos artigos específicos que os descre-
volvida em crime, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito,
vem.
ou juiz.
A seguir, veja quando isso acontece no CTB.
Agora que você conheceu o que diz o Código sobre os crimes
de trânsito, é hora de conhecer as penalidades previstas para quem
Agravantes
cometê-los.
Há, como lhe falei, descrições de agravantes atribuídos especi-
Na próxima seção, você conhecerá as penas previstas e verá
ficamente a alguns crimes.
quais multas de trânsito podem levar um motorista à prisão.
Um exemplo é crime de homicídio culposo na direção de veícu-
lo automotor (art. 302 do CTB).
Quais Multas Podem Levar à Prisão?
Segundo o parágrafo primeiro desse artigo, a pena – que é de
Todos os crimes de trânsito descritos no CTB têm como pena a
dois a quatro anos de detenção e suspensão – pode ser aumentada
detenção. Entre um e outro, no entanto, mudam os prazos e outras
de um terço à metade se o réu:
particularidades na aplicação da pena.
-Não possuir Permissão para Dirigir (habilitação provisória) ou
O tempo mínimo dessa pena é seis meses, com exceção do cri-
Carteira de Habilitação;
me de homicídio culposo na direção de veículo automotor, descrito
-Praticar o crime em faixa de pedestres ou na calçada;
no art. 302, cuja pena mínima é de dois anos.
-Deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco
Quanto à pena máxima de detenção, há infrações cuja privação
pessoal, à vítima do acidente;
de liberdade pode chegar a um ano, dois, três ou quatro anos.
O crime descrito no art. 303, praticar lesão corporal culposa na
No exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo
direção de veículo, por exemplo, pode gerar pena de seis meses a
veículo de transporte de passageiros.
dois anos.
Os mesmos agravantes são atribuídos ao crime do art. 303:
Já, para o condutor que violar a suspensão da CNH, o art. 307
“Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor”.
prevê detenção de seis meses a um ano.
Já no artigo 308, que penaliza o motorista que participou de
Alguns crimes também são penalizados, como já mencionei an-
competição automobilística não autorizada em via pública, gerando
tes, com a suspensão ou proibição de obter a habilitação.
situação de risco, os agravantes são outros.

9
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
O tempo de detenção, que é de seis meses a três anos, aumen- O que pode acontecer é o promotor de justiça concluir que
ta nos seguintes casos: a conduta do motorista foi dolosa e, desse modo, processá-lo de
Se a conduta criminosa resultar em lesão corporal de natureza acordo com o Código Penal, e não com o CTB.
grave, e caso as circunstâncias demonstrem que o agente não quis No caso de homicídio, por exemplo, em vez de ser enquadrado
o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena será de reclu- no artigo 302 do CTB, será acusado por homicídio simples, confor-
são de três a seis anos; me o art. 121 do Código Penal.
Se da prática do crime resultar morte (também sem que haja Isso não acontece apenas quando se conclui que o motoris-
indícios de intenção de produzir o resultado), a pena será de reclu- ta deliberadamente direciona o veículo contra um pedestre, por
são de cinco a dez anos. exemplo.
O que significa detenção? Pode acontecer de ser imputada a prática dolosa quando acon-
Você observou que, até agora, falei sempre em detenção, com tece o chamado dolo eventual, isto é, quando o agente aceita o
exceção dos agravantes do artigo 308, que podem converter a pena risco de cometer o crime praticando determinada conduta.
em reclusão. Por exemplo, se um condutor ultrapassa um sinal vermelho e,
Para quem não conhece os meandros da lei, as duas penas po- sem intenção, atropela um pedestre e este acaba falecendo, esta-
dem soar parecidas. Porém, elas têm as suas diferenças. mos diante de uma possibilidade de aplicação do dolo eventual.
Tanto detenção quanto reclusão são consideradas, segundo o Embora o motorista não tivesse a intenção de atropelar aquela
Código Penal, penas privativas de liberdade. pessoa, ele assumiu o risco de adotar uma conduta infracional.
Elas são detalhadas no artigo 33 do Código: Para algumas situações em que um condutor comete crime de
“Art. 33 – A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fe- trânsito, as autoridades fixam um valor para que ele seja solto du-
chado, semiaberto ou aberto. A de detenção em regime semiaberto rante o processo judicial.
ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.” Esse valor é chamado de fiança e você, provavelmente, já ouviu
Ou seja, o motorista condenado pelos crimes de trânsito pre- falar nela em algum momento.
vistos no CTB cumprirá pena no regime semiaberto ou aberto. O Mas você sabe como ela funciona? É o que lhe explicarei na
que isso quer dizer? próxima seção. Siga a leitura!
No regime semiaberto, o preso pode trabalhar, seja no próprio
local ou então externamente. Também é admitido que ele saia para Como Funciona a Fiança
ter aulas em curso profissionalizante, de segundo grau ou superior. O condutor que praticou um crime de trânsito poderá ser preso
em flagrante pela autoridade policial.
Uma reportagem do Jornal Nacional de 2013 dá uma ideia me-
O condutor que praticou um crime de trânsito poderá ser preso
lhor de como é o cotidiano do condenado a detenção em regime
em flagrante pela autoridade policial.
semiaberto:
Nesse caso, o delegado de polícia poderá conceder a liberdade
“A lei exige cercas ou muros altos, portão de ferro, controle
mediante o pagamento de uma fiança, conforme disposto no art.
de saída – para estudar ou trabalhar às 7h e para retornar antes
322 do Código de Processo Penal:
das 19h. Celas sem luxo nem mordomia. O banheiro é coletivo, e o
“Art. 322 – A autoridade policial somente poderá conceder
chuveiro um simples cano de água fria. Geralmente as camas são
fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxi-
triliches, com três andares.” [sic] ma não seja superior a 4 (quatro) anos.”
Já o regime aberto, segundo o artigo 36 do Código Penal, ba- A prisão em flagrante não deve ser confundida com a detenção
seia-se na “autodisciplina e senso de responsabilidade do conde- sobre a qual falamos anteriormente.
nado”. A lógica da fiança é que o réu deposite o dinheiro nos cofres
Desse modo, o condenado pode trabalhar fora durante o dia e públicos como garantia de que não irá fugir durante o processo ju-
passar a noite em casa de albergado ou em sua própria residência. dicial.
Já na pena de reclusão, como você viu no artigo 33, a pena Até o julgamento, ele tem direito à presunção de inocência, as-
poderá ser em regime fechado. sim, poderá responder o processo em liberdade.
Nesse caso, o preso ficará em um estabelecimento de seguran- Caso seja absolvido, o dinheiro pago como fiança será devol-
ça máxima ou média, sendo proibido de deixá-lo. vido.
Para entender os crimes de trânsito, é preciso buscar informa- No Código de Trânsito Brasileiro, o art. 301 diz que o condutor
ções no Código Penal, como você pôde perceber. que se envolveu em um acidente de trânsito que resultou em vítima
Na próxima seção, você lerá um pouco mais sobre a legislação não será preso em flagrante caso preste pronto e integral socorro.
penal que se aplica aos crimes de trânsito. Então, para não ser preso antes da condenação judicial e não
precisar pagar fiança, basta estar disponível para o socorro.
Crimes Dolosos ou Culposos: Como Eles Aparecem no CTB? Veja que isso não quer dizer que é necessário salvar uma vida,
Dolo é uma palavra que significa, no direito penal, a intenção afinal, a motorista pode não possuir o conhecimento e a habilidade
de violar a lei, seja por ação ou omissão, agindo propositalmente ou técnica para isso.
assumindo o risco de cometer o crime. O que precisa ser feito é tomar as medidas que estejam ao seu
Sendo assim, o crime doloso, segundo o artigo 18 do Código alcance, como isolar a vítima e acionar o serviço de urgência.
Penal, é aquele em que “o agente quis o resultado ou assumiu o Assim como muitos outros tópicos relacionados ao direito de
risco de produzi-lo”. trânsito, os crimes de trânsito também são cercados de polêmicas.
A outra possibilidade é o crime ser culposo, ou seja, “quando Uma das principais está relacionada à diferença entre dolo
o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou eventual e culpa consciente. A seguir, veja o que os diferencia e o
imperícia”, também na definição do Código Penal. que um advogado especialista na área tem a dizer sobre isso.
Aos crimes classificados como dolosos, é claro, são conferidas
as penas mais severas. Embriaguez Ao Volante é Crime de Trânsito?
Quanto aos crimes de trânsito descritos no Código de Trânsito O crime descrito no art. 306 do Código de Trânsito fala sobre
Brasileiro, nenhum é classificado como doloso. dirigir com a capacidade psicomotora alterada. Veja o que diz o tre-
cho:

10
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
“Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psico- Para dar andamento adequado a esse processo, você precisará
motora alterada em razão da influência de álcool ou de outra subs- buscar o auxílio de um(a) advogado(a).
tância psicoativa que determine dependência: Ele(a) o representará e tomará as devidas providências para
Penas – detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão que você utilize todas as suas chances de recorrer e buscar a absol-
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir vição ao final do processo.
veículo automotor.”
Mas, afinal, o que eleva a infração do art. 165 ao crime do art. O que devemos entender sobre processo administrativo de
306? trânsito?
Segundo o § 1º do artigo 306, essa conduta pode ser constata- Após começar a atuar em processos envolvendo a matéria de
da pelas seguintes maneiras: trânsito percebi logo a ausência de material específico disponível
Concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por no cenário nacional. Assim, como tenho dedicado estudo a este
litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por tema e atuação prática, pretendo, de alguma forma, transmitir o
litro de ar alveolar; ou conhecimento e desmistificar o que é o processo administrativo de
Sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo CONTRAN, al- trânsito.
teração da capacidade psicomotora. Certo que aqui faremos uma abordagem mais genérica e em
Essa verificação pode acontecer mediante “teste de alcoolemia linguagem mais simplista para o entendimento do público em geral.
ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou Em outros artigos serão feitas análises mais profundas.
outros meios de prova em direito admitidos”. Assim, o que fazer quando recebo uma multa de trânsito?
A polêmica reside no fato de o CTB prever a prova testemunhal Quais são os meus direitos? Como funciona o procedimento (ou
do agente de trânsito como forma de comprovar a alteração da ca- processo) de trânsito?
pacidade motora. Primeiramente temos de entender o seguinte, toda multa é um
No anexo II da Resolução nº 432/2012 do Conselho Nacional de ato do poder público e todo ato do poder público deve fielmente
Trânsito (CONTRAN), consta uma lista de sinais nos quais o agente pode seguir a Lei sob pena de nulidade, neste caso nosso Código de Trân-
se basear para observar as alterações na capacidade psicomotora. sito Brasileiro - CTB (Lei n. 9.503/97), Resoluções do Contran (Con-
Alguns deles são sonolência, olhos vermelhos e odor etílico no selho Nacional de Trânsito), princípios constitucionais entre outros.
hálito, além de atitudes como agressividade e exaltação. Segundo, que toda infração, por mais leve que seja, deve pas-
O mais comum, no entanto, é somente enquadrar a conduta do mo- sar por um processo ou procedimento administrativo para verifica-
torista como crime caso ele tenha aceito o teste do bafômetro e o resulta- ção de sua legalidade pela autoridade de trânsito. É o que dispõe o
do tenha sido superior a 0,3 mg de álcool por litro de ar alveolar. art. 281 do CTB.
A prova testemunhal é contestada com frequência porque, Ou seja, toda autuação de infração de trânsito é por natureza
apesar de o agente de trânsito ter fé pública, averiguar que um uma ‘penalização’, um ato do Estado que adentra na esfera particu-
condutor está com os olhos vermelhos e com sono pode não ser lar do cidadão e gera correção, danos, portanto, o processo serve
suficiente para enquadrá-lo no crime do art. 306. para verificar se todas as etapas, prazos e regras foram cumpridas
Sinais como esses podem ter proveniências muito diversas, que pelo Estado, já que, antes de se exigir o cumprimento por parte do
não o consumo de bebidas alcoólicas. cidadão, deve o Estado cumprir sua parte.
Portanto, de modo geral, o crime de trânsito é mais comum
quando o agente tem acesso ao resultado do teste do bafômetro O processo administrativo serve de controle sobre os atos do
pelo condutor. estado.
Quando o caso é uma infração, como a prevista no art. 165, é
possível recorrer administrativamente. Mas e quanto aos crimes de É importante saber que, se for identificado qualquer erro na
trânsito? autuação (e atuação) por parte dos órgãos de trânsito todo o pro-
A legislação brasileira prevê o direito à defesa em todas as situ- cesso deve ser declarado nulo e por consequência anular qualquer
ações. Você sabe como ela funciona no caso de ser enquadrado em penalidade sobre o condutor, mesmo que este esteja comprovada-
um crime de trânsito? mente errado.
Seguindo a leitura para a próxima seção, você terá sua respos-
ta. Afinal, é possível recorrer de crimes de trânsito? O processo administrativo em si é dividido em três fases:
Feita a autuação nasce o processo, e aqui não se deve confun-
É Possível Recorrer Contra Crimes de Trânsito? dir autuação com multa. Esta é a primeira fase, oportunidade em
Para uma resposta logo de cara: Sim! É possível! que o condutor pode apresentar a defesa prévia, protocolada, en-
No entanto, o processo será bastante diferente do recurso en- dereçada e julgada pelo próprio órgão de trânsito responsável na
viado para anular uma multa de trânsito comum. esfera da competência estabelecida pelo CTB e dentro de sua cir-
O recurso de infração é endereçado à Junta Administrativa de cunscrição (art. 281, CTB), normalmente os Detrans, Ciretrans, DER.
Recursos de Infrações (JARI) na primeira instância e ao Conselho Vale ressaltar que o condutor, em todos os atos de julgamen-
Estadual de Trânsito (CETRAN) na segunda instância. to, e da própria autuação, deve receber a notificação, sob pena de
Já, nos casos de crime, o processo é julgado judicialmente. nulidade.
Da decisão do juiz, o réu poderá interpor um recurso, solicitan- Nesta primeira etapa também caso o condutor não apresente
do novo julgamento em outra instância. defesa prévia ele não terá prejuízos para posteriormente apresen-
tar recurso.
Esse é um direito assegurado pela Constituição Federal, no in- Passando para a segunda etapa do processo administrativo.
ciso LV do artigo 5º: Caso a defesa prévia não tenha êxito, o condutor é notificado e
“Art. 5º. (…) abre prazo para, desta vez, elaborar recurso, que será dirigido à JARI
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos (Junta Administrativa de Recursos de Infrações).
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes; (…).”

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Aqui cabe destacar que: neste ponto a autuação é convertida possibilita a administração o exercício do ato vinculado nas estritas
em multa, a suspensão é confirmada, mas seus efeitos ainda estão hipóteses legais, ou seja, dever de observância ao conteúdo da lei.
suspensos por estar em curso o processo, e atenção, caso o con- Dessarte, fica claro que o agente da autoridade de trânsito (agente
dutor não recorra, perca o prazo, o processo será encerrado e os público) está subordinado ao império da lei, fruto da preservação
efeitos da infração serão aplicados. do Estado de Direito, cabendo a ele somente a observância/ obedi-
E a terceira etapa. ência ao disposto pelo legislador de trânsito no Código de Trânsito
Caso o recurso à JARI também não tenha êxito, novamente o Brasileiro, ou seja, ocorrendo infração prevista na legisla- ção de
condutor será notificado e poderá recorrer ao CETRAN (Conselho trânsito, lavrar-se-á auto de infração. Portanto, cabe anotar, que
Estadual de Trânsito). caso o agente aja em desconforme com o estabelecido na lei dei-
Esta é a última instância administrativa. xando de observar o seu poder-dever de agir (abuso de poder) está
No geral, informações importantes que destacamos são: sujeito a sanções administrativas e penais.
Enquanto estiver recurso sob julgamento não pode o órgão de
trânsito impor ao condutor qualquer penalidade. 2. Da advertência Verbal/ Orientação.
Também, não estará obrigado o condutor pagar a multa para A Lei Federal nº5108/66, o Código Nacional de Trânsito, o le-
recorrer, e se pagar e conseguir vencer no processo terá o reembol- gislador previu a possibilidade do agente da autoridade de trânsito
so dos valores. diante do ilí- cito administrativo de trânsito (infração) aplicasse a
Também, após esgotado o processo administrativo, poderá o advertência verbal, em seu artigo 188, I (Decreto-Lei 62127, de 16
condutor se socorrer ao judiciário, inclusive pleiteando medida an- de janeiro de 1967).
tecipatória para não perde o direito de dirigir. Art 188. A advertência será aplicada:
I – Verbalmente, pelo agente da autoridade de trânsito, quan-
do, em face das circunstâncias, entender involuntária e sem gra-
vidade infração punível com multa classificada nos grupos 3 e 4;
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS A SEREM ADOTADAS Era conferido ao agente público uma razoável liberdade de atuação,
PELA AUTORIDADE DE TRÂNSITO E SEUS AGENTES. observando algumas disposições do artigo 189 (grupos 3 e
BIBLIOGRAFIA/LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSI- 4), valorando se conveniente ou não (dever-poder discricio-
TO: LEI N° 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 (INSTI- nário) a aplicação da advertência verbal no lugar da autuação. O
TUI O CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO), CAPÍTULO legislador do Código de Trânsito Brasileiro vetou a possibilidade do
XVI - DAS PENALIDADES E CAPÍTULO XVII - DAS MEDI- agente da autoridade de trânsito aplicação da advertência verbal,
DAS ADMINISTRATIVAS prevendo somente a possibilidade de aplicação da penalidade de
advertência por escrito, competência atribuída a autoridade de
Muito se ouve por aí: Os agentes de trânsito, os “marronzi- trânsito e não ao agente da autoridade de trânsito (artigo 256, I,
nhos”, os “amarelinhos” devem ter “bom senso”; O correto é ad- CTB), disposta no artigo 267, vejamos o que dispõe:
vertir, daí se o sujeito cometer a infração novamente, aí sim multar. Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências
estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá
Mas será que o agente da autoridade de trânsito ou a autoridade
aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
de trânsito tem autonomia para se sobrepor as sinalizações regular-
[…]
mente implantadas? Permitir um condutor agir de forma oposta as
I – advertência por escrito;
sinalizações de trânsito e as normas gerais de circulação? É lícito/
Art. 267. Poderá ser imposta a penalidade de advertência por
legal? Pode o agente da autoridade de trânsito substituir a lavratura
escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser puni-
do auto de infração para imposição de penalidade (Artigo 256, II,
da com multa, não sendo reincidente o infrator, na mesma infra-
CTB) por uma advertência verbal/ orientação?
ção, nos últimos doze meses, quando a autoridade, considerando o
Então, vamos lá: prontuário do infrator, entender esta providência como mais edu-
cativa.
1. Da natureza administrativa da lavratura do AIIP/ AIT (auto de Trata-se de faculdade/ discricionariedade da autoridade de
infração para imposição de penalidade/ auto de infração de trânsi- trânsito, quando, entender tal providência como medida mais
to). Vejamos o que dispôs o legislador pátrio na Lei Federal nº 9503, educativa. Vale ressaltar, que a advertência por escrito é penalidade
de 23 de Setembro de 1997, o Código de Trânsito Brasileiro em seu assim como a multa. Alguns condutores se iludem com a ideia de
artigo 280 caput e a resolução 371 do Conselho Nacional de Trân- não sofrer pontos negativos na carteira nacional de habilitação e
sito: da pecúnia/multa. Ou seja, diante de um ilícito administrativo de
Art. 280. Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, trânsito/ infração de trânsito não há o que se falar em advertir ver-
lavrar-se-á auto de infração, do qual constará: […] balmente/ orientar o condutor em vez de lavrar o auto de infração
Resolução-CONTRAN nº 371: […] A lavratura do auto de infra- para que a autoridade de trânsito, na esfera das competências esta-
ção é um ato vinculado na forma da Lei, não havendo discriciona- belecidas pelo CTB e dentro de sua circunscrição, aplique a penali-
riedade com relação a sua lavratura, conforme dispõe o artigo 280 dade cabível ao condutor.
do CTB. […] A administração pública possui poderes/ instrumentos
(poderes estruturais) que, permitem à administração cumprir suas 3. A autoridade de Trânsito e o Agente de Trânsito podem se
finalidades, sobrepor-se a vontade da lei à vontade individual, o in- sobrepor as sinalizações regularmente implantadas? Tal prerrogati-
teresse público ao interesse privado. Trata-se de um poder-dever va é conferida ao agente da autoridade no Código de Trânsito Brasi-
para que exerça seus atos em prol do interesse público/ interesse leiro em seu artigo 89, I:
da coletividade. O reportado ato administrativo vinculado exposto Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência:
na Resolu- ção nº 371, de 10 de dezembro de 2010 do Conselho I – as ordens do agente de trânsito sobre as normas de circula-
Nacional de Trânsito é mera exteriorização do poder-dever vincu- ção e outros sinais;
lado da administração pública. No dever-poder vinculado inexiste […] O aludido dispositivo parece conferir ao agente da auto-
margem de liberdade a administração pública para discernir o que ridade ampla autonomia para se sobrepor as regras de trânsito
seria mais oportuno, mais conveniente. O poder vinculado apenas quando assim achar pertinente, mas não é bem assim, vejamos:

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
Toda norma jurídica carece de uma leitura sistemática, e a ciência mente irá sinalizar de forma contrária às normas quando houver
responsável pelos mecanismos teóricos que serão manejados pelo um interesse coletivo, algo relevante diante das circunstâncias que
interprete na busca da compreensão das disposições normativas, ele presenciar. Por exemplo: ocorreu um acidente próximo ao cru-
que tem por objetivo fornecer conteúdo para a interpretação (usan- zamento e mesmo com o semáforo vermelho o agente determina
do critérios objetivos) da lei é a ciência denominada como herme- que os condutores avancem para garantir a fluidez e a segurança
nêutica jurídica. Ou seja, a mera interpretação gramatical da norma no local.”
(de natureza subjetiva) leva o agente da autoridade de trânsito ao
erro. De fato, o artigo 89, I, da Lei, é claro ao atribuir ao agente
da autoridade de trânsito autonomia para se sobrepor as demais LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997
sinalizações, porém, tal análise deve ser feita de forma cautelosa/
atenciosa sob risco de ferir princípios constitucionais e a finalidade Institui o Código de Trânsito Brasileiro.
da administração pública (interesse público/ coletivo).LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA DE TRÂNSITO CAPÍTULO XVI
Nas lições de Julyver Modesto de Araújo: DAS PENALIDADES
“Apesar de parecer que tal condição confere a este profissio-
nal uma ampla autonomia, para, inclusive, se sobrepor aos sinais Art. 256. A autoridade de trânsito, na esfera das competências
de trânsito, regularmente implantados, e às normas de circulação estabelecidas neste Código e dentro de sua circunscrição, deverá
constantes do Código de Trânsito, tal análise deve ser feita com aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes penalidades:
cuidado: Somente será lícita a atuação do agente de trânsito, de I - advertência por escrito;
maneira contrária às regras de trânsito ou aos sinais físicos implan- II - multa;
tados, quando houver um interesse público a ser preservado, aten- III - suspensão do direito de dirigir;
tando-se sempre aos princípios constitucionais da Administra- ção IV - (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
pública, constantes do artigo 37 da Constituição Federal – legali- V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência; assim, VI - cassação da Permissão para Dirigir;
somente será exigível de um usuário da via a conduta determinada VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem.
pelo agente de trânsito, de maneira oposta aos sinais e regras de § 1º A aplicação das penalidades previstas neste Código não eli-
trânsito, quando as circunstâncias exigirem para o perfeito ordena- de as punições originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes
mento dos fluxos de tráfego e preservação da segurança viária.” No de trânsito, conforme disposições de lei.
mesmo diapasão é o escólio de Arnaldo Rizzardo (2013, pág. 210): § 2º (VETADO)
“A fim de não haver confronto ou confusão na obediência dos § 3º A imposição da penalidade será comunicada aos órgãos ou
sinais, deve existir uma hierarquia na prevalência. É evidente que as entidades executivos de trânsito responsáveis pelo licenciamento
ordens do agente têm preferência ante os sinais ostensivos de trân- do veículo e habilitação do condutor.
sito. Nesta previsão, mesmo que existente semáforo, se o policial Art. 257. As penalidades serão impostas ao condutor, ao pro-
se interpõe em sua frente e determinada contrariamente à sinali- prietário do veículo, ao embarcador e ao transportador, salvo os
zação luminosa, a orientação que estabelece é a que deve ser obe- casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pes-
decida. Tal acontece em locais críticos de congestionamentos ou de soas físicas ou jurídicas expressamente mencionados neste Código.
anormalidades em vias próximas, que ficam obstruídas por algum § 1º Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas
acidentes. Às vezes, faz-se necessário até contrariar a sinalização, concomitantemente as penalidades de que trata este Código toda
mudando as regras de preferencialidade”. vez que houver responsabilidade solidária em infração dos precei-
Percebe-se, portanto, que a doutrina é uniforme, e é indubitá- tos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela
vel que a aplicabilidade do dispositivo aludido trata-se de exceção, falta em comum que lhes for atribuída.
carece que haja uma ameça ao bem jurídico tutelado pelo legisla- § 2º Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela
dor pátrio no CTB, expresso em seu artigo 1º,§2º e 5º: infração referente à prévia regularização e preenchimento das for-
Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do malidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via
território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código. terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características,
§ 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus
dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva
Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, observar.
adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. § 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações de-
§ 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema correntes de atos praticados na direção do veículo.
Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da § 4º O embarcador é responsável pela infração relativa ao
vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente. O transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no peso bru-
Professor Leandro Macedo faz o seguinte comentário (2013, pág. to total, quando simultaneamente for o único remetente da carga
270): “O trânsito é extremamente dinâmico, não sendo suporta- e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior
do pela sociedade interrupções desnecessárias, devendo, as vias, àquele aferido.
portanto, estar sempre que possível com uma fluidez desejável, a § 5º O transportador é o responsável pela infração relativa ao
fim de que possamos cumprir nossos compromissos. Foi com este transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou quando a
espírito que o legislador estabeleceu a regra de prevalência de si- carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso
nais, para que agentes de trânsito, assim como as autoridades com bruto total.
circunscrição sobre a via pudessem melhorar a fluidez do tráfego.” § 6º O transportador e o embarcador são solidariamente res-
Professor Gleydson Mendes: “Saiba que existe uma ordem de pre- ponsáveis pela infração relativa ao excesso de peso bruto total, se
valência da sinalização para essas situações e em primeiro lugar o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao
deve-se observar as ordens dos agentes que irão prevalecer sobre limite legal.
as normas de circula- ção e outros sinais. Entretanto, o agente so-

13
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
§ 7º Quando não for imediata a identificação do infrator, o II - previstas no art. 221, nos incisos VII e XXI do art. 230 e nos
principal condutor ou o proprietário do veículo terá o prazo de 30 arts. 232, 233, 233-A, 240 e 241 deste Código, sem prejuízo da apli-
(trinta) dias, contado da notificação da autuação, para apresentá-lo, cação das penalidades e medidas administrativas cabíveis;
na forma em que dispuser o Contran, e, transcorrido o prazo, se não III - puníveis de forma específica com suspensão do direito de
o fizer, será considerado responsável pela infração o principal con- dirigir.” (NR)
dutor ou, em sua ausência, o proprietário do veículo. Art. 260. As multas serão impostas e arrecadadas pelo órgão ou
§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior, não haven- entidade de trânsito com circunscrição sobre a via onde haja ocor-
do identificação do infrator e sendo o veículo de propriedade de rido a infração, de acordo com a competência estabelecida neste
pessoa jurídica, será lavrada nova multa ao proprietário do veículo, Código.
mantida a originada pela infração, cujo valor é o da multa multi- § 1º As multas decorrentes de infração cometida em unidade
plicada pelo número de infrações iguais cometidas no período de da Federação diversa da do licenciamento do veículo serão arreca-
doze meses. dadas e compensadas na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o exime do § 2º As multas decorrentes de infração cometida em unidade
disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259. da Federação diversa daquela do licenciamento do veículo poderão
§ 10. O proprietário poderá indicar ao órgão executivo de trân- ser comunicadas ao órgão ou entidade responsável pelo seu licen-
sito o principal condutor do veículo, o qual, após aceitar a indicação, ciamento, que providenciará a notificação.
terá seu nome inscrito em campo próprio do cadastro do veículo no § 3º (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998)
Renavam. (Incluído pela Lei nº 13.495, 2017) (Vigência) § 4º Quando a infração for cometida com veículo licenciado no
§ 11. O principal condutor será excluído do Renavam: (Incluído exterior, em trânsito no território nacional, a multa respectiva de-
pela Lei nº 13.495, 2017) (Vigência) verá ser paga antes de sua saída do País, respeitado o princípio de
I - quando houver transferência de propriedade do veículo; (In- reciprocidade.
cluído pela Lei nº 13.495, 2017) (Vigência) Art. 261. A penalidade de suspensão do direito de dirigir será
II - mediante requerimento próprio ou do proprietário do veí- imposta nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.281, de
culo; (Incluído pela Lei nº 13.495, 2017) (Vigência) 2016) (Vigência)
III - a partir da indicação de outro principal condutor. (Incluído I - sempre que, conforme a pontuação prevista no art. 259 des-
pela Lei nº 13.495, 2017) (Vigência) te Código, o infrator atingir, no período de 12 (doze) meses, a se-
Art. 258. As infrações punidas com multa classificam-se, de guinte contagem de pontos:
acordo com sua gravidade, em quatro categorias: a) 20 (vinte) pontos, caso constem 2 (duas) ou mais infrações
I - infração de natureza gravíssima, punida com multa no valor gravíssimas na pontuação;
de R$ 293,47 (duzentos e noventa e três reais e quarenta e sete b) 30 (trinta) pontos, caso conste 1 (uma) infração gravíssima
centavos); (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) na pontuação;
II - infração de natureza grave, punida com multa no valor de c) 40 (quarenta) pontos, caso não conste nenhuma infração
R$ 195,23 (cento e noventa e cinco reais e vinte e três centavos); gravíssima na pontuação;
(Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) II - por transgressão às normas estabelecidas neste Código,
III - infração de natureza média, punida com multa no valor de cujas infrações preveem, de forma específica, a penalidade de sus-
R$ 130,16 (cento e trinta reais e dezesseis centavos); (Redação dada pensão do direito de dirigir. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) (Vigência)
IV - infração de natureza leve, punida com multa no valor de R$ § 1º Os prazos para aplicação da penalidade de suspensão do
88,38 (oitenta e oito reais e trinta e oito centavos). (Redação dada direito de dirigir são os seguintes: (Redação dada pela Lei nº 13.281,
pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) de 2016) (Vigência)
§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) I - no caso do inciso I do caput: de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e, no
(Vigência) caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8 (oito) meses
§ 2º Quando se tratar de multa agravada, o fator multiplicador a 2 (dois) anos; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
ou índice adicional específico é o previsto neste Código. II - no caso do inciso II do caput: de 2 (dois) a 8 (oito) meses,
§ 3º (VETADO) exceto para as infrações com prazo descrito no dispositivo infracio-
§ 4º (VETADO) nal, e, no caso de reincidência no período de 12 (doze) meses, de 8
Art. 259. A cada infração cometida são computados os seguin- (oito) a 18 (dezoito) meses, respeitado o disposto no inciso II do art.
tes números de pontos:
263. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
I - gravíssima - sete pontos;
§ 2º Quando ocorrer a suspensão do direito de dirigir, a Car-
II - grave - cinco pontos;
teira Nacional de Habilitação será devolvida a seu titular imediata-
III - média - quatro pontos;
mente após cumprida a penalidade e o curso de reciclagem.
IV - leve - três pontos.
§ 3º A imposição da penalidade de suspensão do direito de
§ 1º (VETADO)
dirigir elimina a quantidade de pontos computados, prevista no
§ 2º (VETADO)
inciso I do caput ou no § 5º deste artigo, para fins de contagem
§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) (Vigência)
§ 4º Ao condutor identificado será atribuída pontuação pelas subsequente.
infrações de sua responsabilidade, nos termos previstos no § 3º do § 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) (Vigência)
art. 257 deste Código, exceto aquelas: § 5º No caso do condutor que exerce atividade remunerada ao
I - praticadas por passageiros usuários do serviço de transporte veículo, a penalidade de suspensão do direito de dirigir de que trata
rodoviário de passageiros em viagens de longa distância transitan- o caput deste artigo será imposta quando o infrator atingir o limite
do em rodovias com a utilização de ônibus, em linhas regulares in- de pontos previsto na alínea c do inciso I do caput deste artigo, in-
termunicipal, interestadual, internacional e aquelas em viagem de dependentemente da natureza das infrações cometidas, facultado
longa distância por fretamento e turismo ou de qualquer modalida- a ele participar de curso preventivo de reciclagem sempre que, no
de, excluídas as situações regulamentadas pelo Contran conforme período de 12 (doze) meses, atingir 30 (trinta) pontos, conforme
disposto no art. 65 deste Código; regulamentação do Contran.

14
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
§ 6o Concluído o curso de reciclagem previsto no § 5o, o con- Parágrafo único. Além do curso de reciclagem previsto no caput
dutor terá eliminados os pontos que lhe tiverem sido atribuídos, deste artigo, o infrator será submetido à avaliação psicológica nos
para fins de contagem subsequente. (Incluído pela Lei nº 13.154, casos dos incisos III, IV e V do caput deste artigo.’ (NR)” (Parte
de 2015) promulgada pelo Congresso Nacional)
§ 7º O motorista que optar pelo curso previsto no § 5º não Art. 268-A. Fica criado o Registro Nacional Positivo de Condu-
poderá fazer nova opção no período de 12 (doze) meses. (Redação tores (RNPC), administrado pelo órgão máximo executivo de trânsi-
dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) to da União, com a finalidade de cadastrar os condutores que não
§ 8o A pessoa jurídica concessionária ou permissionária de ser- cometeram infração de trânsito sujeita à pontuação prevista no art.
viço público tem o direito de ser informada dos pontos atribuídos, 259 deste Código, nos últimos 12 (doze) meses, conforme regula-
na forma do art. 259, aos motoristas que integrem seu quadro fun- mentação do Contran.
cional, exercendo atividade remunerada ao volante, na forma que § 1º O RNPC deverá ser atualizado mensalmente.
dispuser o Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) § 2º A abertura de cadastro requer autorização prévia e ex-
§ 9º Incorrerá na infração prevista no inciso II do art. 162 o con- pressa do potencial cadastrado.
dutor que, notificado da penalidade de que trata este artigo, dirigir § 3º Após a abertura do cadastro, a anotação de informação no
veículo automotor em via pública. (Incluído pela Lei nº 13.281, de RNPC independe de autorização e de comunicação ao cadastrado.
2016) (Vigência) § 4º A exclusão do RNPC dar-se-á:
§ 10. O processo de suspensão do direito de dirigir a que se I - por solicitação do cadastrado;
refere o inciso II do caput deste artigo deverá ser instaurado con- II - quando for atribuída ao cadastrado pontuação por infração;
comitantemente ao processo de aplicação da penalidade de multa, III - quando o cadastrado tiver o direito de dirigir suspenso;
e ambos serão de competência do órgão ou entidade responsável IV - quando a Carteira Nacional de Habilitação do cadastrado
pela aplicação da multa, na forma definida pelo Contran. estiver cassada ou com validade vencida há mais de 30 (trinta) dias;
§ 11. O Contran regulamentará as disposições deste artigo. (In- V - quando o cadastrado estiver cumprindo pena privativa de
cluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) liberdade.
Art. 262. (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 5º A consulta ao RNPC é garantida a todos os cidadãos, nos
Art. 263. A cassação do documento de habilitação dar-se-á: termos da regulamentação do Contran.
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir § 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
qualquer veículo; derão utilizar o RNPC para conceder benefícios fiscais ou tarifários
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infra- aos condutores cadastrados, na forma da legislação específica de
ções previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, cada ente da Federação
174 e 175;
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, ob- CAPÍTULO XVII
servado o disposto no art. 160. DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS
§ 1º Constatada, em processo administrativo, a irregularidade
na expedição do documento de habilitação, a autoridade expedido- Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera
ra promoverá o seu cancelamento. das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir-
§ 2º Decorridos dois anos da cassação da Carteira Nacional de cunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas:
Habilitação, o infrator poderá requerer sua reabilitação, submeten- I - retenção do veículo;
do-se a todos os exames necessários à habilitação, na forma esta- II - remoção do veículo;
belecida pelo CONTRAN. III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
Art. 264. (VETADO) IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
Art. 265. As penalidades de suspensão do direito de dirigir e de V - recolhimento do Certificado de Registro;
cassação do documento de habilitação serão aplicadas por decisão VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual;
fundamentada da autoridade de trânsito competente, em processo VII - (VETADO)
administrativo, assegurado ao infrator amplo direito de defesa. VIII - transbordo do excesso de carga;
Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente, duas IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia
ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as res- de substância entorpecente ou que determine dependência física
pectivas penalidades. ou psíquica;
Art. 267. Deverá ser imposta a penalidade de advertência por X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias
escrito à infração de natureza leve ou média, passível de ser punida e na faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus
com multa, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra in- proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
fração nos últimos 12 (doze) meses. XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legisla-
§ 1º (Revogado). ção, de prática de primeiros socorros e de direção veicular. (Incluído
§ 2º (Revogado).” (NR) pela Lei nº 9.602, de 1998)
Art. 268. O infrator será submetido a curso de reciclagem, na § 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas ad-
forma estabelecida pelo CONTRAN: ministrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito
I - (revogado); e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à
II - quando suspenso do direito de dirigir; incolumidade física da pessoa.
III - quando se envolver em acidente grave para o qual haja con- § 2º As medidas administrativas previstas neste artigo não eli-
tribuído, independentemente de processo judicial; dem a aplicação das penalidades impostas por infrações estabeleci-
IV - quando condenado judicialmente por delito de trânsito; das neste Código, possuindo caráter complementar a estas.
V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está § 3º São documentos de habilitação a Carteira Nacional de Ha-
colocando em risco a segurança do trânsito; bilitação e a Permissão para Dirigir.
VI - (revogado). § 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do inciso X o
disposto nos arts. 271 e 328, no que couber.

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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
§ 5º No caso de documentos em meio digital, as medidas ad- § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja presente no
ministrativas previstas nos incisos III, IV, V e VI do caput deste artigo momento da remoção do veículo, a autoridade de trânsito, no pra-
serão realizadas por meio de registro no Renach ou Renavam, con- zo de 10 (dez) dias contado da data da remoção, deverá expedir ao
forme o caso, na forma estabelecida pelo Contran.” (NR) proprietário a notificação prevista no § 5º, por remessa postal ou
Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste por outro meio tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso
Código. reste frustrada, a notificação poderá ser feita por edital. (Redação
§ 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local da in- dada pela Lei nº 13.281, de 2016)
fração, o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação. § 7o A notificação devolvida por desatualização do endereço
§ 2º Quando não for possível sanar a falha no local da infra- do proprietário do veículo ou por recusa desse de recebê-la será
ção, o veículo, desde que ofereça condições de segurança para cir- considerada recebida para todos os efeitos (Incluído pela Lei nº
culação, deverá ser liberado e entregue a condutor regularmente 13.160, de 2015)
habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a notificação
Anual, contra apresentação de recibo, assinalando-se ao condutor será feita por edital. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015)
prazo razoável, não superior a 30 (trinta) dias, para regularizar a § 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregularidade
situação, e será considerado notificado para essa finalidade na mes- for sanada no local da infração.
ma ocasião. § 10. O pagamento das despesas de remoção e estada será cor-
§ 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devolvido ao respondente ao período integral, contado em dias, em que efetiva-
condutor no órgão ou entidade aplicadores das medidas adminis- mente o veículo permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6
trativas, tão logo o veículo seja apresentado à autoridade devida- (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
mente regularizado. § 11. Os custos dos serviços de remoção e estada prestados
§ 4º Não se apresentando condutor habilitado no local da in- por particulares poderão ser pagos pelo proprietário diretamente
fração, o veículo será removido a depósito, aplicando-se neste caso ao contratado. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
o disposto no art. 271. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de o res-
(Vigência) pectivo ente da Federação estabelecer a cobrança por meio de taxa
§ 5º A critério do agente, não se dará a retenção imediata, instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
quando se tratar de veículo de transporte coletivo transportando § 13. No caso de o proprietário do veículo objeto do recolhi-
passageiros ou veículo transportando produto perigoso ou perecí- mento comprovar, administrativa ou judicialmente, que o recolhi-
vel, desde que ofereça condições de segurança para circulação em mento foi indevido ou que houve abuso no período de retenção em
via pública. depósito, é da responsabilidade do ente público a devolução das
§ 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se refere o § quantias pagas por força deste artigo, segundo os mesmos critérios
2o, será feito registro de restrição administrativa no Renavam por da devolução de multas indevidas. (Incluído pela Lei nº 13.281, de
órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito 2016)
Federal, que será retirada após comprovada a regularização. (Inclu- Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e
ído pela Lei nº 13.160, de 2015) da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante recibo, além dos casos
§ 7o O descumprimento das obrigações estabelecidas no § 2o previstos neste Código, quando houver suspeita de sua inautentici-
dade ou adulteração.
resultará em recolhimento do veículo ao depósito, aplicando-se,
Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro dar-se-á
nesse caso, o disposto no art. 271. (Incluído pela Lei nº 13.160, de
mediante recibo, além dos casos previstos neste Código, quando:
2015)
I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos neste
II - se, alienado o veículo, não for transferida sua propriedade
Código, para o depósito fixado pelo órgão ou entidade competente,
no prazo de trinta dias.
com circunscrição sobre a via.
Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licenciamento Anu-
§ 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante
al dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste Código,
prévio pagamento de multas, taxas e despesas com remoção e es- quando:
tada, além de outros encargos previstos na legislação específica. I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração;
(Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) II - se o prazo de licenciamento estiver vencido;
§ 2o A liberação do veículo removido é condicionada ao repa- III - no caso de retenção do veículo, se a irregularidade não pu-
ro de qualquer componente ou equipamento obrigatório que não der ser sanada no local.
esteja em perfeito estado de funcionamento. (Incluído pela Lei nº Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente é condição
13.160, de 2015) para que o veículo possa prosseguir viagem e será efetuado às ex-
§ 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência que pensas do proprietário do veículo, sem prejuízo da multa aplicável.
não possa ser tomada no depósito, a autoridade responsável pela Parágrafo único. Não sendo possível desde logo atender ao dis-
remoção liberará o veículo para reparo, na forma transportada, me- posto neste artigo, o veículo será recolhido ao depósito, sendo libe-
diante autorização, assinalando prazo para reapresentação. (Reda- rado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de remoção
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) e estada.
§ 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de veículo po- Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue
derão ser realizados por órgão público, diretamente, ou por particu- ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previs-
lar contratado por licitação pública, sendo o proprietário do veículo tas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
o responsável pelo pagamento dos custos desses serviços. (Reda- Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerân-
ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) cia quando a infração for apurada por meio de aparelho de medi-
§ 5o O proprietário ou o condutor deverá ser notificado, no ato ção, observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº
de remoção do veículo, sobre as providências necessárias à sua res- 12.760, de 2012)
tituição e sobre o disposto no art. 328, conforme regulamentação Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em aci-
do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) dente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá
ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimen-

16
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO
to que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo
Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância
ANOTAÇÕES
psicoativa que determine dependência. (Redação dada pela Lei nº
12.760, de 2012) ______________________________________________________
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser carac- ______________________________________________________
terizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indi-
quem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade ______________________________________________________
psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito
admitidas. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) ______________________________________________________
§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas
estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se recu- ______________________________________________________
sar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput
______________________________________________________
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, não subme- ______________________________________________________
tendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos de pesagem, fixos
ou móveis, será aplicada a penalidade prevista no art. 209, além ______________________________________________________
da obrigação de retornar ao ponto de evasão para fim de pesagem
obrigatória. ______________________________________________________
Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação policial,
a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja localizado, aplican- ______________________________________________________
do-se, além das penalidades em que incorre, as estabelecidas no
art. 210. ______________________________________________________
Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a prática
______________________________________________________
do crime de receptação, descaminho, contrabando, previstos nos
arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro ______________________________________________________
de 1940 (Código Penal), condenado por um desses crimes em de-
cisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento ______________________________________________________
de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir
veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei ______________________________________________________
nº 13.804, de 2019)
§ 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilitação, ______________________________________________________
submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na for-
ma deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.804, de 2019) ______________________________________________________
§ 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos
______________________________________________________
crimes de que trata o caput deste artigo, poderá o juiz, em qual-
quer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade ______________________________________________________
para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício,
ou a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante repre- ______________________________________________________
sentação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo auto- ______________________________________________________
motor, ou a proibição de sua obtenção. (Incluído pela Lei nº 13.804,
de 2019) ______________________________________________________
Art. 279. Em caso de acidente com vítima, envolvendo veículo
______________________________________________________
equipado com registrador instantâneo de velocidade e tempo, so-
mente o perito oficial encarregado do levantamento pericial poderá _____________________________________________________
retirar o disco ou unidade armazenadora do registro.
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LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE TRÂNSITO

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES
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INFORMÁTICA
1. Aplicativos para processamento de texto, planilhas eletrônicas e apresentações: conceitos e modos de utilização . . . . . . . . . . . . . 01
2. Conceitos básicos e modos de emprego de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos associados à rede de computadores,
internet e intranet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09
INFORMÁTICA

APLICATIVOS PARA PROCESSAMENTO DE TEXTO, PLANILHAS ELETRÔNICAS E APRESENTAÇÕES: CONCEITOS E MO-


DOS DE UTILIZAÇÃO

Microsoft Office

O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas em
geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos – Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Power-
Point. A seguir verificamos sua utilização mais comum:

Word
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos
então apresentar suas principais funcionalidades.

• Área de trabalho do Word


Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo com a necessidade.

1
INFORMÁTICA
• Iniciando um novo documento

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações de-
sejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinhamen-
tos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA INICIAL ALINHAMENTO TECLA DE ATALHO

Justificar (arruma a direito e a esquerda de acordo com a margem Ctrl + J

Alinhamento à direita Ctrl + G

Centralizar o texto Ctrl + E

Alinhamento à esquerda Ctrl + Q

• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)


Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos de
nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação), se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos automáticos.

GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO

Tipo de letra

Tamanho

Aumenta / diminui tamanho

Recursos automáticos de caixa-altas e baixas

Limpa a formatação

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da seguinte forma:

2
INFORMÁTICA

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar diferentes tipos de marcadores automáticos:

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar Forma
Página inicial - Mudar cor de Fundo
- Mudar cor do texto

- Inserir Tabelas
Inserir
- Inserir Imagens

Revisão Verificação e correção ortográfica

Arquivo Salvar

Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cálculos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos, dentre
outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
– Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados automaticamente.

• Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas espe-
cíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

3
INFORMÁTICA
– Podemos também ter o intervalo A1..B3

– Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na célula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de uma
planilha.

• Formatação células

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY)
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY)
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY)
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)

• Fórmulas de comum interesse

MÉDIA (em um intervalo de células) =MEDIA(célula X:célulaY)


MÁXIMA (em um intervalo de células) =MAX(célula X:célulaY)
MÍNIMA (em um intervalo de células) =MIN(célula X:célulaY)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresentações personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série de
recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

4
INFORMÁTICA
• Área de Trabalho do PowerPoint

Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escrever conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até mesmo
excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior, também
alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint, o
Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos, no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópico referen-
te ao Word, itens de formatação básica de texto como: alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e recursos gerais.
Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam a
aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no trabalho com o programa.

5
INFORMÁTICA
Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pelas
quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho. A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já apresen-
tado anteriormente.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se fize-
rem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de uma posição para outra utilizando o mouse.
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas para
passagem entre elementos das apresentações.

Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apresentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando clicar
no ícone correspondente no canto inferior direito.

6
INFORMÁTICA
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, levando
a experiência dos usuários a outro nível.

Office 2013
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível nas
versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque (TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamentos com
telas simples funciona normalmente.
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem, desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos podem
ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smartfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

• Atualizações no PowerPoint
– O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Office2013 tem um grande número de templates para uso de criação de
apresentações profissionais;
– O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
– Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar juntamente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que permite
que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras ferramentas, tais
como Skype. O pacote Office 2016 também roda em smartfones de forma geral.

• Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos, mas
no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pesquisa
inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de toque, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim a
digitação de equações.

• Atualizações no Excel
– O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, mas agora com uma maior integração com dispositivos móveis,
além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos.

• Atualizações no PowerPoint
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos anteriores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, além de
ter aumentado o número de templates melhorado a questão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos 3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não houve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em 3D,
todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensíveis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor desenvolvimento de documentos;

7
INFORMÁTICA

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”. Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

• Atualizações no Excel
– Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de algum
mapa que deseja construir.

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

8
INFORMÁTICA

Office 365
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário sua
instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o Word, Excel e PowerPoint.
Observações importantes:
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as melhorias citadas constam nele;
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é responsável por isso;
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atualizados.

CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE EMPREGO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS


ASSOCIADOS À REDE DE COMPUTADORES, INTERNET E INTRANET

Tipos de rede de computadores

• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido. Exemplos: casa, escritório, etc.

9
INFORMÁTICA
• MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exemplo.

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

Navegação e navegadores da Internet

• Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção global de computadores, celulares e outros dispositivos que se comu-
nicam.

• Procedimentos de Internet e intranet


Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensagens,
compartilhar dados, programas, baixar documentos (download), etc.

• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web
sites para operações diversas.

10
INFORMÁTICA
• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifi-
cado com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

11
INFORMÁTICA
À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

6 Ver históricos e favoritos

7 Mostra um painel sobre os favoritos (Barra, Menu e outros)

12
INFORMÁTICA

8 Sincronização com a conta FireFox (Vamos detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções

– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados como:
Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc., sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado com o seu e-mail de
cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computador público sempre desative a sincronização para manter seus dados seguros após o uso.

Google Chrome

O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponibiliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementadas
por concorrentes.
Vejamos:

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas também como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se quiser-
mos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal (+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é acionado e exibe os resultados.

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Usuário Atual

7 Exibe um menu de contexto que iremos relatar seguir.

13
INFORMÁTICA
O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostumados ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebemos que
o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum atualmente, a
seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcionalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adicionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita da barra
de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e pronto.
Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Favoritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista. Para
removê-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para acessá-lo,
podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba, onde pode-
mos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo dia a dia se preferir.

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste caso,
o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.

14
INFORMÁTICA
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

15
INFORMÁTICA

4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bastante comuns.


Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para posterior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endereços. Para
adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e pronto.
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para removê-
-lo, basta clicar em excluir.

• Histórico e Favoritos

16
INFORMÁTICA
• Pesquisar palavras
Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste
caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

Correio Eletrônico
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto e ou-
tras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.
Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar conectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede local.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa;

Vejamos um exemplo: joaodasilva@gmail.com.br / @hotmail.com.br / @editora.com.br


– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não terminou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatário do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma mensagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da
mensagem;
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem;
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens, programas, música, textos e outros);
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem.

17
INFORMÁTICA
• Uso do correio eletrônico
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail;
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada através de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a criação
de contas estão no tópico acima;
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera Mail,
Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos tópicos
adiante, lembrando que todos funcionam de formas bastante parecidas.

• Preparo e envio de mensagens

• Boas práticas para criação de mensagens


– Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
– A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao extremo dando muitas voltas;
– Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.

• Anexação de arquivos

Uma função adicional quando criamos mensagens é de anexar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com o texto.

• Boas práticas para anexar arquivos à mensagem


– E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
– Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.

18
INFORMÁTICA
Computação de nuvem (Cloud Computing) • Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

• Conceito de Nuvem (Cloud)

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é sim-


ples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez
que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser aces-
sados em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas
que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, One-
Drive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das
empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos res-
ponsáveis por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem
relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem
seus dados e recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características
que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos
de praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
A internet é a base da computação em nuvem, os servidores Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais
remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuá- como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nu-
rios e às empresas. vem que podem ser contratados.
A computação em nuvem permite que os consumidores alu-
guem uma infraestrutura física de um data center (provedor de ser-
viços em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas EXERCÍCIOS
usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus
arquivos, aplicações, etc., a partir de qualquer computador conec-
tado no mundo. 1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
um local chamado Data Center dentro do provedor. versões em papel para o formato digital, é denominado
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses pro- (A) joystick.
dutos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem, (B) plotter.
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas (C) scanner.
áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas (D) webcam.
de TI, Telecomunicações. (E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um


novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem
erros. No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou
baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alterna-
tiva que contém a placa de expansão que poderá ser trocada ou
adicionada para resolver o problema constatado por João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb
(D) Placa de captura
(E) Placa de vídeo

19
INFORMÁTICA
3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de pe- 9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows
riféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída 7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver-
e os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta são para processadores de 64 bits.
um exemplo de periférico somente de entrada. ( ) CERTO
(A) Monitor ( ) ERRADO
(B) Impressora
(C) Caixa de som 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
(D) Headphone Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
(E) Mouse uma versão oficial do Microsoft Windows
(A) Windows 7
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- (B) Windows 10
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- (C) Windows 8.1
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados (D) Windows 9
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (E) Windows Server 2012
reço válido na Internet é:
(A) http:@site.com.br 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
(B) HTML:site.estado.gov Windows:
(C) html://www.mundo.com (A) Windows Gold.
(D) https://meusite.org.br (B) Windows 8.
(E) www.#social.*site.com (C) Windows 7.
(D) Windows XP.
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido-
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
presencial, chamamos esse serviço de: cuta?
(A) Computação On-Line. (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Computação na nuvem. (B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
(C) Computação em Tempo Real. (C) Capturar uma janela inteira
(D) Computação em Block Time. (D) Capturar uma seção retangular da tela.
(E) Computação Visual (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
uma caneta eletrônica
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
tos associados à Internet, julgue o próximo item. assinale a alternativa INCORRETA:
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o pela Microsoft.
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
Youtube (http://www.youtube.com). ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
( ) Certo pre visível ao usuário.
( ) Errado (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
7 dentro do Windows 8.
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a (D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar Kapersky.
danos ao computador do usuário. (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
( ) Certo res x86 e 64 bits.
( ) Errado
14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
cia de vírus. ( ) Certo
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser ( ) Errado
adotado no exemplo acima.
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
ao administrador de rede. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo (A) init 0.
de vírus. (B) init 6.
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo. (C) exit
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- (D) ls.
toramento. (E) cd.
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a
analisá-lo posteriormente. 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
minúsculas
( ) CERTO
( ) ERRADO

20
INFORMÁTICA
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 12 B
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 13 D
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 14 CERTO
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 15 D
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 16 CERTO
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
17 A
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 18 D
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 19 CERTO
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 20 CERTO
e recebimento de páginas web.

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-


ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010.
ANOTAÇÕES
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte ______________________________________________________
do documento.
(C) Definir o alinhamento do texto. ______________________________________________________
(D) Inserir uma tabela no texto
______________________________________________________
19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint
2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli- ______________________________________________________
cativo.
______________________________________________________
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?.
______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so- ______________________________________________________
noros à apresentação em elaboração.
( ) CERTO ______________________________________________________
( ) ERRADO
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
5 B ______________________________________________________

6 ERRADO ______________________________________________________
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 CERTO
10 D _____________________________________________________
11 A _____________________________________________________

21
INFORMÁTICA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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22
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
III - O comportamento da narradora-personagem é meio aluci-
PORTUGUÊS nado, em uma posição defensiva, esquiva-se do problema e revela
sua convicção de não ajudar, por ser inacessível às pessoas caren-
Eu faço não com a cabeça tes.
(1) O homem se aproxima.......ponto de ônibus. Tem um papel Quais afirmativas estão corretas?
na mão, lista, receita, não sei. Fala coisas que não entendo. (A) Apenas I e II.
(2) Evito olhar o papel, evito olhar para ele, querendo afastá- (B) Apenas I e III.
-lo com meu desinteresse. Quando percebo que quer dinheiro faço (C) Apenas II e III.
que não com a cabeça. E continuo fazendo não até que ele se afasta. (D) I, II e III.
(3) Moça, chama-me o chão. Não é o chão, é uma pessoa aco-
corada junto ....... parede. Estou com pressa, respondo sem falar. 2. Em:
(4) Não quero que limpem meu vidro. Não_________de cane- “-Moça?... (1) a senhorapodia...(2)
tas esferográficas. Não vou comprar loteria hoje, o bilhete caído não - Não posso
é um apelo da sorte, é uma malha a mais que chega.......vasta rede. - ...(3) dizer onde fica a “Praça XV”?”
(5) O umbigo ainda pendente, o bebê mole no calor, largado Acerca da pontuação do trecho acima, informe se é verdadeiro
no colo da mãe, ao nível dos meus pés. Se eu comprar uma lata de (V) ou falso (F) o que se afirma e, em seguida, assinale a alternativa
leite em pó ela não terá água filtrada, não terá mamadeira, não terá que apresenta a sequência correta de cima para baixo:
nada para usar o leite. Então não compro. ( ) As reticências no primeiro caso, sugerem que o falante está
(6) Traço a cidade na reta dos meus passos, na fuga a tantas inseguro, tímido.
mãos. Mas é difícil andar neste Pátio dos Milagres, porque me falta ( ) As reticências no segundo caso, indicam que a fala da pessoa
uma perna. E é difícil_________, porque me falta um olho. No Pátio foi bruscamente interrompida pela da narradora-personagem.
da Cidade só quero descansar de tudo o que me falta. [...] ( ) A s reticências no terceiro caso, indicam que houve uma pau-
(7) Vou e u .......corredor das ruas. sa na fala que havia sido interrompida.
(8) Boa noite, sorrio para o porteiro da boate que me abre a ( ) Depois de “posso” deveria ser usado dois pontos ou ponto
porta. de exclamação.
(9) Obrigada, sorrio para o chofer do táxi que me leva. ( ) A ausência do sinais de pontuação depois de “posso”, indica
(10) Até amanhã, despeço-me do maítre que me serviu o jantar. que uma das falas seguiu-se instantaneamente a outra.
(11) Eu tão gentil. (A) V, F, V, V, F. -
(12) - Moça?... a senhora podia... (B) F, V, F, F, F.
(13) - Não posso (C) V ,V ,F ,F ,V .
(14) -... dizer onde fica a “Praça XV”? (D) F, F, V, V, V.
(15) As mulheres, todos sabem, alugam criancinhas para pedir
esmolas na rua. Então não dou esmola para as mulheres, que es- 3. Acerca da acentuação gráfica das palavras, informe se é ver-
pancarão os meninos porque nada ganharam. dadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma, e em seguida, assinale a
(16) E as criancinhas, todos dizem, são pivetes em potencial. alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo:
Então não dou esmolas, para que prossigam. ( ) A mesma regra de acentuação que serve para “pé(s)” serve
(17) O cego vende lixas de unhas que não compro porque corto também para “até”.
com tesouras. E agulhas de costura, que não compro porque não ( ) A palavra “caído” recebe acento agudo no “i” por não formar
são da marca que me agrada. Ou não vende nada, e não dou dinhei- ditongo com a vogal anterior.
ro, porque todo dia passo por ele e se eu der dinheiro todo dia não ( ) “Ônibus” e “esferográficas” recebem acento por obedece-
há dinheiro que chegue. rem à mesma norma gramatical.
(18) Alô? Aqui é do Orfanato, será que a senhora podería... ( ) A palavra “difícil” é acentuada por ser uma paroxítona ter-
(19) Alô? Aqui é do Asilo, quem sabe, a senhora’ minada em “l”. “Ardil” e “perfil” deveriam estar acentuadas pela
podería... mesma razão,
(20) Não posso. Não estou. Fecha a porta. Não atende. Mada- (A) F, F, F, V.
me está viajando. Aqui não mora ninguém com esse nome. Não viu (B) F, V, V, F.
o aviso na porta? Cuidado com o cão. Fale com o porteiro. Deixe (C) V, V, F, F.
recado. Passe outro dia. (D) V, F, V, V.
(21) O homem vem a mim no ponto de ônibus. Desvio o Olhar
que não estou com medo. Ele me olha e pede, sabendo que não vou 4. Sobre a forma verbal em destaque na oração “continuo a
dar. E eu faço não com a cabeça. E eu o odeio por me levar a fazer fazer não até que ele se afasta” (2º parágrafo):
não. E não. Faço não. Não. Com a cabeça. I - O primeiro verbo é auxiliar.
(Marina Colosanti, A cosa das palavras. Coleção Para gostar de II - A forma verbal confere uma ideia de ação durativa.
lei. São Paulo, Atica, 2002.) III - Poderia ser substituída pela forma simples “farei”.
Quais afirmativas estão corretas?
1. Analise as afirmativas referentes ao texto: (A) Apenas I e II.
I - O texto é uma denúncia contra a exclusão social a que estão (B) Apenas I e III.
submetidos milhões de brasileiros. (C) Apenas II e III.
II - O texto critica a insensibilidade de pessoas que se fecham (D) I, II e III.
em um individualismo egoísta e recusam-se a contribuir para mino-
rar o sofrimento das pessoas míseras.

1
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
5. Analise as afirmativas referente aos verbos retirados do texto
e, em seguida, assinale a alternativa incorreta: GABARITO COMENTADO
(A) “querendo” (2o parágrafo) está no gerúndio e é irregular no
presente do subjuntivo. 1 A
(B) “respondo” (3o parágrafo) está no presente do indicativo e
admite voz passiva. 2 C
(C) “chegue” (17° parágrafo) está no presente do subjuntivo e é 3 B
um verbo que indica movimento.
4 ANULADA
(D) “há” (17° parágrafo) está no presente do indicativo, o verbo
haver quando pessoal, não se usa na 2a pessoa do singular do 5 ANULADA
imperativo negativo. 6 C
6. Analise os trechos retirados do texto e as afirmações sobre 7 C
cada um e, em seguida, assinale a alternativa que contém afirma- 8 C
ção incorreta: 9 A
(A) “Quando percebo que quer dinheiro” (2o parágrafo) o ter-
mo destacado introduz uma circunstância de tempo e pode ser 10 D
substituído por “mal”.
(B) “Só quero descansar de tudo o que me falta.” (6º parágra-
fo). O vocábulo “o” é pronome demonstrativo e exerce a fun- 1. Nota-se ao longo do texto a insensibilidade da narradora,
ção sintática de adjunto adnominal. reafirmando preconceitos estabelecidos pela sociedade e sua visão
(C) “Não quero que limpem meu vidro.” (4o parágrafo). O vocá- bem estabelecida da exclusão social narrada nas situações apresen-
bulo “que” é uma conjunção integrante, está introduzindo uma tadas. Por isso, alternativa A.
oração subordinada substantiva subjetiva.
(D) “Fala coisas que não entendo.” (Io parágrafo). O vocábulo 2. É importante o estudo da pontuação para conseguirmos re-
“que” é um pronome relativo exercendo a função sintática de tirar dos textos seus sentidos e, no trecho apresentado, vemos as
objeto direto. reticências servindo não apenas de marca de pontuação, mas como
marca de estilo que ajuda a estabelecer bem a situação de diálogo
7. Assinale a alternativa que identifica corretamente a relação transcrita. A leitura pausada e a intepretação prática do uso das re-
de sentido estabelecida pelos elementos coesivos destacados nos ticências na situação apresentada nos leva a concluir a alternativa
trechos retirados do texto: C como a correta.
(A) “porque me falta uma perna” (6° parágrafo) = explicação.
(B) “para que prossigam” (16° parágrafo) = causa. 3. Alternativa B é a correta. O primeiro caso é falso, pois pés diz
(C) “e não dou dinheiro” (17° parágrafo) = oposição. respeito a um monossílabo tônico, enquanto até é uma terminada
(D) “porque todo dia passo por ele” (17° parágrafo) = finalida- em vogal “e”; no segundo, em caído temos o caso de um hiato, por
de. isso a acentuação; no terceiro as duas palavras são proparoxítonas;
por fim, enquanto “difícil” é uma paroxítona, as outras duas são
8. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas oxítonas terminada em “l”.
de linha contínua no texto:
(A) pressiso - enchergar - finjindo. 4. QUESTÃO ANULADA
(B) precizo - enchergar - finjindo.
(C) preciso - enxergar - fingindo. 5. QUESTÃO ANULADA
(D) pressizo - enxergar - fingindo.
6. Lembrando que Oração Subordinada Substantiva Subjetiva é
9. Obedecendo a norma gramatical quanto à regência verbal e aquela que exerce a função de sujeito da oração principal, temos
nominal, assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu- “Não quero”: oração principal / “que limpem meu vidro.” sujeito
nas de linha pontilhada no texto: da oração principal.
(A) no - à - à - no
(B) do - a - na – pelo 7. No trecho em questão há a ideia de que, mesmo sem vender
(C) ao - da - até o – ao nada o narrador não dá dinheiro, gerando o tom de oposição.
(D) até o - à - sob - pelo.
8. Aqui é requirida atenção a escrita correta das palavras, sendo
10. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente o texto: a alternativa C a única com todos os itens corretamente grafados.
(A) É do gênero textual argumentativo, a narradora fundamen-
ta seu ponto de vista. 9. Importante atentar à construção das frases em questão, or-
(B) É do gênero textual editorial que tem a finalidade de per- ganizando corretamente os conectivos listados. Uma dica é ler em
suadir o leitor. voz alta, pois nosso conhecimento natural da língua falada ajuda
(C) É do gênero textual conto por apresentar uma sucessão de nesse tipo de percepção. Nos levando à resposta correta, A.
acontecimento, envolvendo a narradora.
(D) É do gênero textual crônica que oscila entre a literatura e
jornalismo.

2
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
10. O texto é uma crônica, pois não argumenta ou tentar per- 15. Um indicador econômico de determinado país é a Renda Per
suadir, tampouco tem apenas a intenção de narrar acontecimentos. Capita. Este indicador pode ser classificado como:
Ele trás uma série de recortes de um dia cotidiano, reconhecido (A) Impreciso, pois a fórmula (RN/Pop - Renda Nacional dividi-
pelo leitor, e com seu tom de retrato de uma parcela da realidade, do pela população) atesta apenas a renda média dos que po-
oscila entre o jornalismo e com o estilo literário, utilizando-se da dem comprovar sua renda.
narração e enredo. (B) Preciso, e é também denominado IDH (índice de Desenvol-
vimento Humano).
(C) Impreciso, pois não leva em conta a concentração de renda
SOCIOLOGIA ao atestar a condição de desenvolvimento de um país.
(D) Preciso, pois em países considerados desenvolvidos, com
11. Leia as seguintes proposições: renda per capita alta, conclui-se que a população seja rica.
Proposição I
A sociedade comunitária geralmente é de limitada diferencia-
ção de papéis, com relações sociais duradouras, com contatos so-
ciais primários. GABARITO COMENTADO
Proposição II
Sociedades societárias caracterizam-se pela acentuada divisão
do trabalho, com muitos papéis sociais, organizados numa comple- 11 B
xa estrutura social.
Proposição III 12 ANULADA
Na sociedade societária, o comportamento é regulado pelo cos- 13 D
tume e as pessoas envolvidas compartilham as experiências indivi-
14 A
duais.
Assinale: 15 C
(A) Estão corretas somente as proposições I e III.
(B) Estão corretas somente as proposições I e II.
(C) Estão corretas somente as proposições II e III. 11. Resposta: B.
(D) Estão corretas as proposições I, II e III. As proposições I e II estão corretas, visto que a sociedade so-
cietária encarna princípios e estruturas das sociedades modernas,
12. Entre os diversos documentos que tratam dos direitos hu- como o exacerbado individualismo, a perda de uma noção do todo
manos e da cidadania, podemos citar a Declaração Universal dos social, a complexificação de postos e funções, a desconexão do co-
Direitos do Homem. A respeito deste documento, é incorreto afir- letivo e uma percepção pouco clara quanto às regras. Já as socieda-
mar que: des comunitárias possuem maior homogeneidade, maior consciên-
(A) É uma recomendação da ONU aos países membros, assina- cia coletiva e regras e costumes claros e estabelecidos.
da em 1948. No entanto, a proposição III se equivoca ao afirmar uma carac-
(B) Reconhece que toda pessoa tem direitos ao trabalho e a terística da sociedade comunitária como sendo da sociedade so-
escolha de emprego. cietária.
(C) Seus artigos contemplam, entre outros, o direito à - liberda- Portanto, a letra B é a alternativa correta.
de, a vida e a segurança pessoal.
(D) É um documento elaborado pela Assembleia Geral das Na- 12. ANULADA.
ções Unidas, em 1950. Esta questão foi anulada, pois o gabarito preliminar dado pela
banca era a letra C, no entanto, o enunciado da questão refere-se
13. Assinale a única alternativa que não contem características a escolha de uma única alternativa incorreta, e a alternativa D tam-
corretas dos grupos sociais: bém é incorreta, pois a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(A) Pluralidade de indivíduos; interação social; objetivo comum. foi adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
(B) Interação social; objetivo comum; consciência coletiva. (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.
(C) Objetivo comum; consciência coletiva; continuidade.
(D) Interação social; independência individual; singularidade 13. Resposta: D.
de indivíduos. As principais características dos grupos sociais são a pluralidade
de indivíduos, a interação entre eles (social), a consciência coletiva,
14. O conceito de mobilidade social vertical está corretamente o objetivo comum, a continuidade, a exterioridade e a organização.
definido em: No entanto, independência individual e singularidade de indivíduos
(A) Pode ser mobilidade ascendente, quando um indivíduo não fazem parte.
passa a integrar um grupo social economicamente superior ou Portanto, a resposta incorreta é a alternativa D.
pode ser descendente, quando um indivíduo passa a integrar
um grupo social economicamente inferior. 14. Resposta: A.
(B) Ocorre sempre que um indivíduo obtém melhoria de con- A mobilidade social exige uma mudança significativa na condi-
dições de vida, sem necessariamente mudar de classe social. ção financeira a ponto de permitir a ascensão social de uma classe
(C) Ocorre sempre que um indivíduo aumente ou diminua sua para outra. Esse movimento vertical pode acontecer para cima e
condição financeira. para baixo, mas precisa ser contundente a ponto de impor tal trans-
(D) Todas as alternativas estão corretas. formação.
Considerando tal afirmativa, percebe-se que as letras B e C não
definem corretamente o conceito de mobilidade social.
Portanto, a letra A é a alternativa correta.

3
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
15. Resposta: C.
A Renda Per Capita é medida através da fórmula RN/Pop - Ren-
da Nacional dividida pela população, porém é imprecisa, pois des-
considera a concentração de renda e identifica tão somente a renda
média de TODA a população e não apenas de quem pode compro-
var renda.
Já o IDH trata-se de outro indicador que mede dados como edu-
cação e saúde.
Portanto, a resposta correta é a alternativa C.

Considerando o roteiro de vistas e o mapa supra apresentados,


GEOGRAFIA necessariamente o Comandante Geral da PMERJ, nas datas previs-
tas, estará nas seguintes cidades:
16. Segundo dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Bra- (A) Três Rios - São João da Barra - Volta Redonda – Itaperuna
sileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população residente em - Parati.
aglomerados subnormals (popularmente conhecidos por comuni- (B) Parati - São Joao da Barra - Itaperuna - Volta Redonda - Três
dades ou favelas) representava 23% do total da população cario- Rios. *
ca. E contextualizando os aglomerados subnormals no território do (C) Três Rios - Itaperuna - Volta Redonda - São João da Barra -
município do Rio de Janeiro (RJ) é correto afirmar que: Parati.
(A) Nos últimos cinquenta anos, a cidade do Rio de Janeiro tem (D) São João da Barra - Volta Redonda - Parati - Itaperuna - Três
apresentado uma forte dinâmica de mudança de localização Rios.
das favelas, dirigindo-se das áreas mais centrais, na porção les-
te da cidade, para as mais periféricas, na porção oeste. 18. Os fragmentos abaixo se referem às características de algu-
(B) As regiões conhecidas como Complexo do Alemão, Santa mas regiões fluminenses. Leia-os atentamente:
Cruz, Méier, Barra da Tijuca, Ramos e Madureira abrigam, em
conjunto, mais de oitenta por cento de todo o contingente de
população moradora em favelas da cidade do Rio de Janeiro
(RJ).
(C) As maiores proporções de habitantes em favelas se locali-
zam nas zonas leste e norte da cidade do Rio de Janeiro, sendo
que a explicação territorial para tal aglomeração é a expressiva
presença de equipamentos sociais e de serviços nestas regiões.
(D) Os aglomerados subnormals cariocas são reconhecidamen-
te áreas de ocupação das áreas mais planas e péssimas condi-
ções de infraestrutura urbana.

17. Para resolução desta questão, observe o mapa abaixo:

Considerando os fragmentos acima, podemos afirmar que:


Uma das funções do Comandante Geral da Polícia Militar do Es- (A) As características do fragmento 1 se referem à região Cen-
tado do Rio de Janeiro - PMERJ é visitar frequentemente os quartéis tro Sul fluminense.
e seções vinculadas, inspecionando suas atividades em desenvolvi- (B) A região da Costa Verde fluminense é corretamente caracte-
mento. Assim sendo, suponhamos que tal oficial tenha o seguinte rizada pelo fragmento 2.
roteiro de visitas: (C) O fragmento 3 revela contextos da região Médio Paraíba.
(D) Os fragmentos 1 e 3 são relacionados às características da
Região Metropolitana.

4
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
19. Segundo estimativas oficiais, o setor industrial como um
todo responde por um terço das emissões de gases de efeito estufa HISTÓRIA
do Estado do Rio de Janeiro. De tal forma, afirma-se como estratégia
adequada para ajudar a diminuir emissões de carbono no Estado: 21. No plano interno, Marquês de Pombal instituiu uma refor-
(A) Atingir metas pactuadas pela Certificação ISO 9001:2008, ma que desagradou muitos daqueles que viviam das regalias ofere-
junto ao Painel Inter governamental sobre Mudanças Climáti- cidas pela Coroa Portuguesa:
cas (IPCC) e o governo brasileiro. (A) Incentivou o desenvolvimento de uma indústria nacional
(B) Tolher processos produtivos eficientes combinados com com pretensões de diminuir a dependência econômica do país.
menor emissão de carbono, através de incrementos tributários (B) A expulsão dos jesuítas do Brasil.
e de instrumentos de apoio à produção mais limpa. (C) A criação de várias companhias de comércio incumbidas de
(C) A captação direta ao consumo de água bruta e ao lança- dar maior fluxo às transações comerciais entre a colônia e a
mento de efluentes nos corpos hídricos. metrópole.
(D) O incremento da política de compensação ambiental para (D) O chamado Erário Régio tinha como papel controlar os gas-
os casos irreversíveis de emissão de carbono. tos do corpo de funcionários reais e, principalmente, reduzir os
seus gastos.
20. Observe os dados abaixo:
22. Assinale a alternativa correta, quanto às afirmativas abaixo,
sobre a Insurreição Pernambucana:
I - A Insurreição Pernambucana ocorreu no contexto da ocupa-
ção holandesa na Região Nordeste do Brasil, em meados do século
XVII.
II - Representou uma ação de confronto com os holandeses por
parte dos portugueses, comandados principalmente por João Fer-
nandes Vieira, um próspero senhor de engenho de Pernambuco.
III - Nessa luta contra os holandeses, os portugueses contaram
com o importante auxílio de alguns africanos libertos e também de
índios potiguares.
IV - A oposição dos portugueses aos holandeses ocorreu em
decorrência da intensificação da cobrança de impostos e também
da cobrança dos empréstimos realizados pelos senhores de enge-
nho de origem portuguesa com os banqueiros holandeses.
(A) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
(B) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
(C) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
Analisando os dados acima apresentados, é adequado afirmar (D) Todas as afirmativas estão corretas.
que:
(A) A morte de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, tendo 23. A Batalha do Jenipapo, ocorrida no dia 13 de março de
como causa intervenções legais e operações de guerra está in- 1823, foi um confronto:
tima e unicamente vinculada à atitude preconceituosa de agen- (A) Que evidencia as péssimas condições de vida da popula-
tes de segurança contra jovens das comunidades pobres. ção mais pobre e domínio político e econômico dos grandes
(B) No ano de 2010, o expressivo número de mortes por inter- fazendeiros.
venções legais e operações de guerra pode ser vinculado ao (B) Considerado fundamental no processo de independência e
contexto de exclusão social e à clara marginalização de várias consolidação do território brasileiro.
áreas do município de Rio de Janeiro. (C) Que se consistiu numa sublevação de caráter racial, de es-
(C) Ao se comparar dados dos anos 2005 e 2010, conclui-se que cravos africanos, organizados em tomo de propostas radicais
a expressiva diminuição de mortes por causa de agressões e para libertação dos demais escravos africanos.
acidentes de transporte na faixa etária em questão, refere-se à (D) Que teve início entre as elites militares, médicas e jornalis-
consolidação de medidas legais inseridas nas últimas décadas tas do atual município de Campo Maior, na província do Piauí.
no contexto social brasileiro. Medidas estas que conferem aos
jovens a liberdade de movimentos e tratamento judicial dife-
renciado.
(D) Em termos percentuais, as causas externas de óbito do ano
de 2005 em relação ao do ano 2010 apresentam significativa
queda, em especial aos relacionados a eventos indetermina-
dos.

5
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
24. O sentido da colonização - A atividade colonizadora euro- 16. Com o início do processo de favelização da cidade, fica claro
peia aparece como desdobramento da expansão puramente co- que a população pobre vai procurar se localizar à retaguarda das
mercial. Passou-se da circulação para a produção, no caso portu- classes sociais com maior poder aquisitivo e vai subsistir como mão
guês, esse movimento realizou-se através da agricultura tropical. - de-obra de diferentes atividades para os grupos sociais abastados,
Os dois tipos de atividade, circulação e produção, coexistiram. Isso fato que permanece até hoje, com a permanência dos mora do-
significa que a economia colonial ficou atrelada ao comércio euro- res de favelas essencialmente como trabalhadores de serviços. No
peu. Segundo Caio Prado Jr., o sentido da colonização era explícito: entanto, em uma cidade como o Rio de Janeiro temos empecilhos
(A) Como elemento da expansão mercantil da Europa, regulado como a supervalorização imobiliária no centro da cidade, próxima
pelos interesses da nobreza. ao litoral, impulsionada, entre outros fatores, pela acumulação do
(B) Fornecer produtos tropicais e minerais para o mercado ex- centro financeiro da cidade nessa área, e pelo turismo. Isso levou
terno. e ainda leva a uma política de remoção das favelas do centro da
(C) A colônia transforma-se em instrumento de poder da me- cidade para as áreas periféricas ao redor da cidade, ou em direção
trópole, o fio condutor, a prática mercantilista, visara essencial- aos morros, ocupando estas áreas de forma precária. Esta política
mente o poder da própria burguesia. ainda persiste, com a valorização de locais específicos para constru-
(D) Na centralização do poder como condição para os países ção de obras. Esta dinâmica urbana causa a mobilidade destas com
saírem em busca de novos mercados. unidades marginalizadas conforme as demandas do capital, como
expressa na alternativa correta, em que se de monstra a mudança
25. Após a deflagração da Revolução de Avis, Portugal passou de localização de favelas de uma área a outra da c idade.
por um processo de mudanças onde não podemos afirmar que:
(A) A nacionalização dos impostos, leis e exércitos favoreceram 17. Segundo o mapa temos que as cidades que pertencem as
a ascendência das atividades comerciais de sua burguesia mer- regiões informadas segunda a agenda são:
cantil. 23/08 – Centro Sul: Três Rios
(B) A prosperidade material alcançada por meio desse conjunto 24/08 – Região Noroeste: Itaperuna
de medidas ofereceu condições para o investimento em novas 25/08 – Médio Paraíba: Volta Redonda
empreitadas mercantis. 26/08 – Região Norte: São João da Barra
(C) Parte desse câmbio de mercadorias era intermediada pelos 27/08 – Sul Fluminense: Parati
italianos genoveses que, via Mar Mediterrâneo, introduziam as A alternativa que corresponde é a:
especiarias orientais na Europa. (C) Três Rios - Itaperuna - Volta Redonda - São João da Barra -
(D) Nesse período, as principais rotas comerciais estavam vol- Parati.
tadas no trânsito entre a Ásia (China, Pérsia, Japão e índia) e as
nações mercantilistas europeias. 18. Analisando as alternativas temos que:
(A) As características do fragmento 1 se referem à região Cen-
tro Sul fluminense. – na verdade este fragmento refere-se a região
GABARITO COMENTADO Norte fluminense, trazendo destaque para cana-de-açúcar. -ERRA-
DA
(B) A região da Costa Verde fluminense é corretamente carac-
16 A terizada pelo fragmento 2. – A região em questão é mais voltada ao
turismo, um pouco de indústria Naval - INCORRETA
17 C (C) O fragmento 3 revela contextos da região Médio Paraíba. –
18 C Caminho entre Rio – São Paulo. É uma região que vem crescendo
bastante - CORRETA
19 D
(D) Os fragmentos 1 e 3 são relacionados às características da
20 B Região Metropolitana. – A região metropolitana, e seus problemas
21 D relacionados a grande população - INCORRETO
22 D 19. Não se pretende impedir o crescimento econômico e a in-
23 B dustrialização no estado. O incremento da política de compensa-
24 B ção ambiental para os casos irreversíveis de emissão de carbono,
aliada ao incentivo à atividades produtivas não poluidoras são duas
25 C estratégias adotadas pela Secretaria do Ambiente do Rio de Janei-
ro, vinculada a Subsecretaria de Economia Verde, para a redução
da emissão de gases de efeito estufa, principalmente por parte do
setor industrial, que é um dos principais emissores.

20. A alternativa que melhor retratada os apresentados dados


da tabela. São áreas que existem muitos confrontos e combates
com alta letalidade.

21. O marquês de Pombal fez Erário Régio afim de controlar os


gastos da coroa Portuguesa, desagradando-a.

6
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
22. A Insurreição Pernambucana, também referida como Guer- (A) Há uma resposta correta.
ra da Luz Divina, registrou-se no contexto da segunda das invasões (B) Há duas respostas corretas.
holandesas do Brasil, culminando com a expulsão dos holandeses (C) Há três respostas corretas.
da região Nordeste do país tornando está à coroa portuguesa. Em (D) Há quatro respostas corretas.
15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes
insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar con- 29. Art. 263 (Código de Trânsito Brasileiro). A cassação do docu-
tra o domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças mento de habilitação dar-se-á:
lideradas por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Hen- (A) Quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir
rique Dias e Filipe Camarão, nas célebres Batalhas dos Guararapes, qualquer veículo.
travadas entre 1648 e 1649, que determinaram a expulsão dos ho- (B) Quando o somatório das infrações cometidas pelo infrator
landeses do Brasil. no prazo de um ano, alcançar 20 (vinte) pontos negativos.
(C) Quando for flagrado dirigindo com velocidade superior a
23. A Batalha do Jenipapo, ocorrida no dia 13 de março de 1823, 50% (cinquenta por cento) da máxima estipulada para a via.
foi um confronto considerado fundamental no processo de inde- (D) Todas as alternativas anteriores.
pendência e consolidação do território brasileiro.
30. Art. 269 (Código de Trânsito Brasileiro). A autoridade de
24. A economia colonial era um complemento a economia da trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas
metrópole (Portugal). Cabia a colônia fornecer, com exclusividade, no Código de Trânsito Brasileiro e dentro de sua circunscrição, deve-
produtos tropicais para que fossem revendidos e dessa forma man- rá adotar as seguintes medidas administrativas. Exceto:
ter uma balança comercial favorável dentro da lógica do mercanti- (A) Realização de exames de aptidão física, mental, de legisla-
lismo. ção, de prática de primeiros socorros e de direção veicular.
(B) Recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias
25. Podemos afirmar que a alternativa C não condiz com a reali- e na faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus
dade. Na verdade, ocorre o contrário, o que vemos é uma ascensão proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos.
da classe mercantil portuguesa, se lançando a expansão comercial (C) Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual.
marítima, afim de romper com o monopólio italiano de especiarias (D) Cassação da Carteira Nacional de Habilitação.
no mar mediterrâneo.
GABARITO COMENTADO
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

26 B
26. Art. 268 (Código de Trânsito Brasileiro). O infrator será sub-
metido a curso de reciclagem, na forma estabelecida pelo CON- 27 C
TRAN: 28 C
I - quando, sendo contumaz, for necessário à sua reeducação.
29 A
II - quando suspenso do direito de dirigir.
III - quando se envolver em acidente grave para o qual haja con- 30 D
tribuído, independentemente de processo judicial.
IV - quando absolvido judicialmente por delito de trânsito.
V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está 26. Resposta: A.
colocando em risco a segurança do trânsito. De acordo com o Artigo 268 do CTB, “O infrator será submetido
Estão corretas: a curso de reciclagem, na forma estabelecida pelo CONTRAN:
(A) Apenas as afirmativas II, III e V. I - Revogado pela Lei nº 14.071, de 2020;
(B) Apenas as afirmativas I, II, III e V. II - quando suspenso do direito de dirigir;
(C) Apenas as afirmativas II, III, IV e V. III - quando se envolver em acidente grave para o qual haja con-
(D) Apenas as afirmativas I, II, IV e V. tribuído, independentemente de processo judicial;
IV - quando condenado judicialmente por delito de trânsito (gri-
27. Art. 260 § 4º (Código de Trânsito Brasileiro). Quando a infra- fo nosso); A questão utiliza erroneamente o termo absolvido;
ção for cometida com veículo licenciado no exterior, em trânsito no V - a qualquer tempo, se for constatado que o condutor está
território nacional, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua colocando em risco a segurança do trânsito;
saída do País, respeitado o princípio: VI – Revogado pela Lei nº 14.071, de 2020”.
(A) de legalidade. Portanto, é correta a alternativa A.
(B) patrimonial.
(C) de reciprocidade. 27. Resposta: C.
(D) de patriotismo. Diz o Art. 260, § 4º, do CTB, “Quando a infração for cometida
com veículo licenciado no exterior, em trânsito no território nacio-
28. A autoridade de trânsito, na esfera das competências esta- nal, a multa respectiva deverá ser paga antes de sua saída do País,
belecidas no Código de Trânsito Brasileiro e dentro de sua circuns- respeitado o princípio de reciprocidade”.
crição, deverá aplicar, às infrações nele previstas, as seguintes pe-
nalidades:
I - multa.
II - advertência verbal.
III - suspensão do direito de dirigir.
IV - apreensão do veículo.

7
ÚLTIMA PROVA COMENTADA
No princípio de reciprocidade, o qual visa a harmonia das rela- Dica → As medidas administrativas previstas nos incisos do Art.
ções entre os países, os direitos e obrigações que forem assumidos 269 do CTB, sempre se iniciarão com as letras “r” ou “t”.
por Estado que fizer parte de um tratado internacional ou de um
bloco econômico necessariamente deverão ser cumpridos pelos Es-
tados signatários do instrumento, o não cumprimento por parte de INFORMÁTICA
algum Estado poderá ser punido através de represálias feitas pelos
demais signatários do tratado ou bloco, como embargos econômi- 31. No aplicativo Microsoft Excel 2013, tomando como base a
cos. planilha abaixo e utilizando a fórmula exposta, o seguinte valor será
Portanto, é correta a alternativa C. obtido:

28. Resposta: B.
A questão refere-se ao Artigo 256 do CTB, “A autoridade de
trânsito, na esfera das competências estabelecidas neste Código e
dentro de sua circunscrição, deverá aplicar, às infrações nele previs-
tas, as seguintes penalidades:
I - advertência por escrito; A questão utiliza erroneamente o ter-
mo advertência verbal;
II - multa;
III - suspensão do direito de dirigir;
IV - Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016; O termo apreensão
do veículo foi revogado pela Lei nº 13.281, de 2016;
V - cassação da Carteira Nacional de Habilitação;
VI - cassação da Permissão para Dirigir; (A) 228.
VII - frequência obrigatória em curso de reciclagem”. (B) 224.
Portanto, é correta a alternativa B. (C) 18.
(D) Nenhuma das alternativas anteriores.
29. Resposta: A.
De acordo com o Artigo 263 do CTB, “A cassação do documento 32. No aplicativo Microsoft Excel 2013, ao se utilizar a fórmula
de habilitação dar-se-á: abaixo exposta, a seguinte informação será obtida:
I - quando, suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir qual- =MAIUSCULA(TEXTO(HOJE();”mmmm”))
quer veículo; (A) Dia atual por extenso (exemplo: DOMINGO).
II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses, das infra- (B) Mês atual por extenso (exemplo: AGOSTO).
ções previstas no inciso III do art. 162 e nos arts. 163, 164, 165, 173, (C) Dia atual em número (exemplo: 31).
174 e 175; (D) Mês atual em número (exemplo: 08).
III - quando condenado judicialmente por delito de trânsito, ob-
servado o disposto no art. 160”. 33. O aplicativo Microsoft Word 2013, voltado ao processa-
Portanto, é correta a alternativa A. mento de textos, permite a adição das margens superior, inferior,
esquerda e direita a um determinado documento. No caso de um
30. Resposta: D. texto que irá posteriormente necessitar de encadernação, pode ser
De acordo com o Artigo 269 do CTB, “A autoridade de trânsito necessário a reserva de espaço adicional na margem das páginas
ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste (de modo que o texto não seja afetado pela encadernação), neste
Código e dentro de sua circunscrição, deverá adotar as seguintes caso, o seguinte tipo de margem pode ser utilizada:
medidas administrativas: (A) Medianiz.
I - retenção do veículo; (B) Mediatriz.
II - remoção do veículo; (C) Retrato
III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação; (D) Paisagem.
IV - recolhimento da Permissão para Dirigir;
V - recolhimento do Certificado de Registro; 34. No aplicativo navegador Microsoft Internet Explorer 11, po-
VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual; de-se escolher entre diferentes níveis de configuração para a zona
VII - (VETADO) da Internet. A descrição abaixo remete ao seguinte nível:
VIII - transbordo do excesso de carga; - Bloqueia cookies de terceiros que não tenham uma política de
IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de privacidade compacta
substância entorpecente ou que determine dependência física ou - Bloqueia cookies de terceiros que salvam informações que po-
psíquica; dem ser usadas para contatado sem o seu consentimento explícito
X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e - Bloqueia cookies internos que salvam informações que po-
na faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus dem ser usadas para contatado sem o seu consentimento implícito
proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos. (A) Alto.
XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legisla- (B) Médio-Alto.
ção, de prática de primeiros socorros e de direção veicular”. (C) Médio.
A Cassação da Carteira Nacional de Habilitação não é uma me- (D) Baixo.
dida administrativa, mas sim, uma penalidade, prevista no Art. 256,
V, do CTB.
Portanto, é correta a alternativa D.

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ÚLTIMA PROVA COMENTADA
35. No aplicativo navegador Microsoft Internet Explorer 11, as 35.QUESTÃO ANULADA.
seguintes opções de acessibilidade estão disponíveis em Configura- As opções de acessibilidade no INTERNET EXPLORE 11 permi-
ções da Internet -> Avançadas, exceto: tem aos usuários portadores de deficiências uma melhor experiên-
(A) Tocar sons do sistema.X cia no uso da navegação dos sites e páginas.
(B) Habilitar navegação guiada.X’ Aparentemente todas as opções relatadas são opções de aces-
(C) Redefinir nível de zoom para novas janelas e guias. sibilidade disponíveis, mas a questão está mal formulada portanto
(D) Sempre expandir texto alternativo para imagens. foi anulada.

GABARITO COMENTADO

31 A
32 B
33 A
34 B
35 ANULADA

31. ALTERNATIVA A
A função MARRED é a função MROUND no EXCEL em portu-
guês. A função MARRED devolve um número arredondado ao múl-
tiplo desejado.
Neste caso temos:
MARRED(A1;12) é igual a 228 (Múltiplo de 12).

32. ALTERNATIVA B ANOTAÇÕES


A Função TEXTO permite a alteração do formato de exibição de
um número para a forma extensa. A função MAIÚSCULA converte o
texto para letras maiúsculas e a função HOJE retorna o dia atual de ______________________________________________________
acordo com a máscara informada
Neste caso temos: ______________________________________________________
=MAIUSCULA(TEXTO(HOJE();”mmmm”)) é igual ao mês atual
______________________________________________________
por extenso.
______________________________________________________
33. ALTERNATIVA A
A MEDIANIZ é uma margem extra que adiciona espaços na ______________________________________________________
margem superior e lateral. A MEDIANIZ permite que se proceda a
encadernação sem ocultar o texto presente. ______________________________________________________

34. ALTERNATIVA B ______________________________________________________


O nível de segurança médio alto é o nível recomendado para
a maioria dos sites. Este nível bloqueia COOKIES potencialmente ______________________________________________________
perigosos. ______________________________________________________

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ÚLTIMA PROVA COMENTADA
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