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Polícia Rodoviária Federal

PRF
Policial Rodoviário
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN032-N0

Cód.: 9088121379459
Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.
Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA
Polícia Rodoviária Federal

Atualizada até 03/2020

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Matemática - Profº Bruno Chieregatti e João de Sá Brasil
Informática - Profº Ovidio Lopes da Cruz Netto
Noções de Física - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Ética no Serviço Público - Profª Bruna Pinotti
Geopolítica Brasileira - Profº Heitor Ferreira
História da PRF- Profº Heitor Ferreira
Legislação de Trânsito - Profª Mariela Cardoso
Noções de Direito Administrativo - Profª Bruna Pinotti
Noções de Direito Constitucional - Profº Giovana Marques
Noções de Direito Penal e de Direito Processual Penal - Profº Rodrigo Gonçalves
Legislação Especial - Profº Karoline Gonçalves e Rodrigo Gonçalves
Direitos Humanos e Cidadania - Profº Ricardo Razaboni

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Roberth Kairo
Aline Mesquita
Josiane Sarto

DIAGRAMAÇÃO
Rodrigo Bernardes de Moura
Renato Vilela
Higor Moreira
Paulo Martins

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Edição: ABR/2020

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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados........................................................................................................... 01
Reconhecimento de tipos e gêneros textuais............................................................................................................................................ 08
Domínio da ortografia oficial............................................................................................................................................................................ 09
Domínio dos mecanismos de coesão textual............................................................................................................................................ 17
Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de
sequenciação textual........................................................................................................................................................................................... 17
Emprego de tempos e modos verbais.......................................................................................................................................................... 22
Domínio da estrutura morfossintática do período.................................................................................................................................. 22
Emprego das classes de palavras.................................................................................................................................................................... 22
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração................................................................................................. 62
Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração................................................................................................ 62
Emprego dos sinais de pontuação.................................................................................................................................................................. 72
Concordância verbal e nominal....................................................................................................................................................................... 75
Regência verbal e nominal. .............................................................................................................................................................................. 83
Emprego do sinal indicativo de crase........................................................................................................................................................... 89
Colocação dos pronomes átonos................................................................................................................................................................... 93
Reescrita de frases e parágrafos do texto................................................................................................................................................... 93
Significação das palavras................................................................................................................................................................................... 93
Substituição de palavras ou de trechos de texto..................................................................................................................................... 93
Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto....................................................................................................... 93
Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade.................................................................................................. 93
Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República)............................................................ 102

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO


Modelagem de situaçõesproblema por meio de equações do 1º e 2º graus e sistemas lineares....................................... 01
Noção de função. Análise gráfica. Funções afim, quadrática, exponencial e logarítmica. Aplicações................................ 06
Taxas de variação de grandezas. Razão e proporção com aplicações. Regra de três simples e composta....................... 17
Porcentagem........................................................................................................................................................................................................... 25
Regularidades e padrões em sequências. Sequências numéricas. Progressão aritmética e progressão geométrica... 28
Noções básicas de contagem e probabilidade.......................................................................................................................................... 33
Descrição e análise de dados. Leitura e interpretação de tabelas e gráficos apresentados em diferentes linguagens
e representações. Cálculo de médias e análise de desvios de conjuntos de dados................................................................... 40
Noções básicas de teoria dos conjuntos...................................................................................................................................................... 44
Análise e interpretação de diferentes representações de figuras planas, como desenhos, mapas e plantas. Utilização
de escalas. Visualização de figuras espaciais em diferentes posições. Representações bidimensionais de projeções,
planificações e cortes........................................................................................................................................................................................... 48
Métrica. Áreas e volumes. Estimativas. Aplicações.................................................................................................................................. 72
SUMÁRIO
INFORMÁTICA
Conceito de internet e intranet. Conceitos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e
procedimentos associados a internet/intranet. ....................................................................................................................................... 01
Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de grupos de discussão, de busca, de
pesquisa e de redes sociais................................................................................................................................................................................ 08
Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Windows)............................................................................................................ 12
Acesso a distância a computadores, transferência de informação e arquivos, aplicativos de áudio, vídeo e
multimídia................................................................................................................................................................................................................ 24
Redes de computadores..................................................................................................................................................................................... 31
Conceitos de proteção e segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança (antivírus,
firewall, antispyware etc.)................................................................................................................................................................................... 32
Computação na nuvem (cloud computing)................................................................................................................................................ 38

NOÇÕES DE FÍSICA
Cinemática escalar, cinemática vetorial........................................................................................................................................................ 01
Movimento circular.............................................................................................................................................................................................. 05
Leis de Newton e suas aplicações.................................................................................................................................................................. 06
Trabalho. Potência. Energia cinética, energia potencial, atrito. Conservação de energia e suas transformações.
Quantidade de movimento e conservação da quantidade de movimento, impulso. Colisões.............................................. 12

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO


Ética e moral........................................................................................................................................................................................................... 01
Ética, princípios e valores.................................................................................................................................................................................. 04
Ética e democracia: exercício da cidadania................................................................................................................................................ 06
Ética e função pública......................................................................................................................................................................................... 09
Ética no setor público......................................................................................................................................................................................... 12
Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal).............. 14

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O Brasil político: nação e território................................................................................................................................................................. 01


Organização do Estado Brasileiro.................................................................................................................................................................. 01
A divisão interregional do trabalho e da produção no Brasil.............................................................................................................. 02
A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles........................................................................................................................ 03
Distribuição espacial da população no Brasil e movimentos migratórios internos.................................................................... 04
A evolução da estrutura fundiária e problemas demográficos no campo..................................................................................... 06
Integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no Brasil............................................. 07
Geografia e gestão ambiental......................................................................................................................................................................... 08
Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas........................................................................... 09
SUMÁRIO
Política e gestão ambiental no Brasil............................................................................................................................................................ 10
O Brasil e a questão cultural............................................................................................................................................................................. 11
A integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia..................................................................................... 12
O século XX: urbanização da sociedade e cultura de massas............................................................................................................. 14

HISTÓRIA DA PRF

Polícia Rodoviária Federal: história em detalhes......................................................................................................................................... 01


Grandes eventos esportivos.............................................................................................................................................................................. 04
Atualidade................................................................................................................................................................................................................ 05
Tecnologia................................................................................................................................................................................................................ 06
Trânsito...................................................................................................................................................................................................................... 07
Capacitação............................................................................................................................................................................................................. 08
Ação especializada............................................................................................................................................................................................... 09
Áreas especializadas............................................................................................................................................................................................ 10

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Lei nº 9.503/1997 e suas alterações (institui o Código de Trânsito Brasileiro CTB).................................................................... 01


Decreto nº 4.711/2003(dispõe sobre a Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito SNT)............................................... 09
Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações: 04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998;
32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000; 160/2004; 197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007
(exceto os seus anexos); 231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008; 277/2008;
289/2008; 290/2008; 292/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (exceto as fichas); 396/2011; 432/2013;
441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015; 525/2015; 552/2015; 561/2015 (exceto as fichas); 573/2015;
598/2016; 619/2016; 624/2016; 643/2016; 720/2017; 723/2018; 735/2018................................................................................... 12

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções de organização administrativa. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração.................. 01


Administração direta e indireta....................................................................................................................................................................... 03
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.............................................................................. 06
Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies................................................................................ 09
Agentes públicos. Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990 e suas alterações............................................................................ 14
Disposições constitucionais aplicáveis.......................................................................................................................................................... 30
Disposições doutrinárias. Conceito. Espécies. Cargo, emprego e função pública...................................................................... 37
Poderes administrativos..................................................................................................................................................................................... 42
Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia................................................................................................................................. 43
Uso e abuso do poder......................................................................................................................................................................................... 47
Licitação.................................................................................................................................................................................................................... 48
SUMÁRIO

Princípios.................................................................................................................................................................................................................. 49
Contratação direta: dispensa e inexigibilidade......................................................................................................................................... 51
Modalidades........................................................................................................................................................................................................... 57
Tipos........................................................................................................................................................................................................................... 61
Procedimento......................................................................................................................................................................................................... 61
Controle da Administração Pública................................................................................................................................................................. 66
Controle exercido pela Administração Pública......................................................................................................................................... 67
Controle judicial.................................................................................................................................................................................................... 70
Controle legislativo.............................................................................................................................................................................................. 72
Responsabilidade civil do Estado.................................................................................................................................................................... 74
Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato comissivo do Estado.
Responsabilidade por omissão do Estado................................................................................................................................................... 76
Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado..................................................................................................... 78
Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado................................................................................................... 79
Regime jurídicoadministrativo. Conceito..................................................................................................................................................... 80
Princípios expressos e implícitos da Administração Pública................................................................................................................ 80

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos;
garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos...................................................... 1
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo............................................................. 11
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública................... 14
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente,
idoso, índio.............................................................................................................................................................................................................. 17

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios básicos.................................................................................................................................................................................................. 1
Aplicação da lei penal. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar do crime. Territorialidade e extraterritorialidade
da lei penal.............................................................................................................................................................................................................. 7
O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível............ 14
Crimes contra a pessoa...................................................................................................................................................................................... 32
Crimes contra o patrimônio.............................................................................................................................................................................. 39
Crimes contra a fé pública................................................................................................................................................................................. 48
da falsidade de títulos e outros papéis públicos...................................................................................................................................... 48
Crimes contra a Administração Pública....................................................................................................................................................... 55
Inquérito policial. Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de
cognição, valor probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos,
indiciamento, garantias do investigado; conclusão................................................................................................................................ 65
SUMÁRIO

Prova. Preservação de local de crime. Requisitos e ônus da prova. Nulidade da prova. Documentos de prova.
Reconhecimento de pessoas e coisas. Acareação. Indícios. Busca e apreensão.......................................................................... 68
Prisão em flagrante.............................................................................................................................................................................................. 79

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento)................................................................................................ 01


Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal).................................................................... 05
Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos casos
de abuso de autoridade).................................................................................................................................................................................... 05
Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura)............................................................................................................................... 07
Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente): Título II, Capítulos I e II, Título III,
Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII..................................................................................................................................................... 08
Lei nº 11.343/2006 (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas).................................................................................. 13
Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente): Capítulos III e V........................................ 20
Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (tráfico de pessoas).............................................................................. 24

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação................................... 01
Afirmação histórica dos direitos humanos................................................................................................................................................. 01
Direitos humanos e responsabilidade do Estado.................................................................................................................................... 02
Direitos humanos na Constituição Federal................................................................................................................................................ 03
Política Nacional de Direitos Humanos....................................................................................................................................................... 05
A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos................................................................................ 05
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.................................................................................................. 1


Reconhecimento de tipos e gêneros textuais.................................................................................................................................. 8
Domínio da ortografia oficial.................................................................................................................................................................. 9
Domínio dos mecanismos de coesão textualEmprego de elementos de referenciação, substituição e repetição,
de conectores e de outros elementos de sequenciação textual............................................................................................... 17
Emprego de tempos e modos verbais................................................................................................................................................ 22
Domínio da estrutura morfossintática do período......................................................................................................................... 22
Emprego das classes de palavras.......................................................................................................................................................... 22
Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e
entre termos da oração............................................................................................................................................................................. 60
Emprego dos sinais de pontuação........................................................................................................................................................ 71
Concordância verbal e nominal.............................................................................................................................................................. 74
Regência verbal e nominal....................................................................................................................................................................... 82
Emprego do sinal indicativo de crase.................................................................................................................................................. 88
Colocação dos pronomes átonos.......................................................................................................................................................... 92
Reescrita de frases e parágrafos do texto; Significação das palavras; Substituição de palavras ou de trechos
de texto; Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto;Reescrita de textos de diferentes
gêneros e níveis de formalidade............................................................................................................................................................ 92
Correspondência oficial (conforme Manual de Redação da Presidência da República).................................................. 96
É sugerido pelo autor que...
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS O narrador afirma...

Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- Erros de interpretação


cionadas entre si, formando um todo significativo capaz
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- • Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto, acrescentando ideias que não estão no
ficar e decodificar).
texto, quer por conhecimento prévio do tema quer
pela imaginação.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. • Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com atenção apenas a um aspecto (esquecendo que
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para um texto é um conjunto de ideias), o que pode
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- ser insuficiente para o entendimento do tema
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento desenvolvido.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada • Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
de seu contexto original e analisada separadamente, po- contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
derá ter um significado diferente daquele inicial. clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
questão.
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe-
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do
rências diretas ou indiretas a outros autores através de
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi-
deração é o que o autor diz e nada mais.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A Coesão e Coerência
partir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fun-
damentações), as argumentações (ou explicações), que Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
levam ao esclarecimento das questões apresentadas na relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
prova. si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
Normalmente, em uma prova, o candidato deve: pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
que se vai dizer e o que já foi dito.
• Identificar os elementos fundamentais de uma ar- São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
gumentação, de um processo, de uma época (nes-
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
te caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
quais definem o tempo). bém de que os pronomes relativos têm, cada um, va-
• Comparar as relações de semelhança ou de dife- lor semântico, por isso a necessidade de adequação ao
renças entre as situações do texto. antecedente.
• Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com Os pronomes relativos são muito importantes na in-
uma realidade. terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
• Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
• Parafrasear = reescrever o texto com outras existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
palavras. cia, a saber:
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
Condições básicas para interpretar te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa)
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá-
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei- o objeto possuído.
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua- como (modo)
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação onde (lugar)
e de síntese; capacidade de raciocínio. quando (tempo)
quanto (montante)
Interpretar/Compreender Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Interpretar significa: Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deve-
ria aparecer o demonstrativo O).
LÍNGUA PORTUGUESA

Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.


Através do texto, infere-se que...
É possível deduzir que... Dicas para melhorar a interpretação de textos
O autor permite concluir que...
• Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
Compreender significa muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
Entendimento, atenção ao que realmente está escrito. mais informação você absorver com a leitura, mais
O texto diz que... chances terá de resolver as questões.

1
• Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era
rompa a leitura. diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com
• Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar
forem necessárias. a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia
• Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma insuspeitada.
conclusão). Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare-
• Volte ao texto quantas vezes precisar. ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que,
• Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou
do autor. inteiramente.
• Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me- Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des-
lhor compreensão. coberta temporã.
• Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes,
cada questão. num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da
• O autor defende ideias e você deve percebê-las. flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra-
• Observe as relações interparágrafos. Um parágra- va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con-
fo geralmente mantém com outro uma relação de
segui boiar.
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito
que muito bem essas relações.
anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor-
• Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
seja, a ideia mais importante. ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação
• Nos enunciados, grife palavras como “correto” de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na esqueceram de como tudo isso é bom.
hora da resposta – o que vale não somente para Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a
Interpretação de Texto, mas para todas as demais ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das
questões! montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao
• Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança
principal, leia com atenção a introdução e/ou a água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
conclusão. isso, curiosamente, não é fácil.
• Olhe com especial atenção os pronomes relativos, Essa experiência me sugeriu algumas considerações so-
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, bre a vida em geral.
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de aprender
tem a outros vocábulos do texto. ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, de
um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incorpo-
SITES rando novidades que nos transformam. Somos geneti-
camente elaborados para lidar com o novo, mas não só.
Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos. Também somos profundamente modificados por ele. A
com/materiais/portugues/como-interpretar-textos> cada momento da vida, quando achamos que tudo já
Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/ aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós
09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em- uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz
-provas> de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras.
Disponível em: <http://www.portuguesnarede. Suspeito que isso tenha importância também para os
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um. relacionamentos.
html> Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já
Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi-
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a
nho/questoes/questao-117-portugues.htm>
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se
EXERCÍCIOS COMENTADOS tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra-
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça,
1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
– AOCP-2015) conquistar, aos poucos, a ansiedade e insegurança que
nos bloqueiam o caminho do prazer, não apenas no sen-
O verão em que aprendi a boiar tido sexual. Penso em estar mais tranquilo na companhia
Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca- do outro e de si mesmo, no mundo.
pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que Assim como boiar, essas coisas são simples, mas preci-
éramos sam ser aprendidas.
LÍNGUA PORTUGUESA

IVAN MARTINS Estar no interior de uma relação verdadeira é como estar


na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre-
boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um
afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
gosto especial.
po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor-
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci- se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada

2
apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo-
que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada rosas = incorreta – ser mais emoção.
um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos,
relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for- porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
ma relaxada e consciente um grande amor. pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando,
Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra- não pensando em algo ruim.
pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi- 2. (TJ-SC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – FGV-2018)
sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações Observe a charge a seguir:
emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo
se aprende, mesmo as coisas simples que pareciam
impossíveis.
Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
pode tentar boiar.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/
noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking,
destacando o fato de o cientista:
De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To-
dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de a) ter alcançado o céu após sua morte;
b) mostrar determinação no combate à doença;
a) haver sempre tempo para aprender, para tentar rela- c) ser comparado a cientistas famosos;
xar e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais d) ser reconhecido como uma mente brilhante;
calma, com mais prazer, com mais intensidade e me- e) localizar seus interesses nos estudos de Física.
nos medo.
b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona- Resposta: Letra D
mentos amorosos para que eles não se desfaçam. Em “a”: ter alcançado o céu após sua morte; = incorreto
c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio- Em “b”: mostrar determinação no combate à doença;
so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam = incorreto
vividos intensamente. Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incorreto
d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in- Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante;
clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas. Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física.
e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém = incorreto
sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es-
acontecer. távamos esperando”.

Resposta: Letra A 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)


Ao texto: (...) tudo se aprende, mesmo as coisas simples
que pareciam impossíveis. / Enquanto se está vivo e Lastro e o Sistema Bancário [...]
relação existe, há chance de melhorar = sempre há Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
tempo para boiar (aprender). do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
Em “a”: haver sempre tempo para aprender, para ten- de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
tar relaxar e ser feliz nas águas do amor, agindo com metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
mais calma, com mais prazer, com mais intensidade e ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
LÍNGUA PORTUGUESA

menos medo = correta. se deram conta de que ninguém estava interessado em


Em “b”: ser necessário agir com mais cautela nos rela- trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
cionamentos amorosos para que eles não se desfaçam serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
= incorreta – o autor propõe viver intensamente. que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
Em “c”: haver sempre tempo para aprender a ser mais como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
objetivo nos relacionamentos. economias seguramente guardadas.

3
Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão- 4. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
-ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e A leitura do texto permite a compreensão de que
principalmente de valores em contas bancárias, já não
tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria- a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os
do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o bancos.
banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em sua
b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é
conta é gerado naquele instante, criado a partir de uma
decisão administrativa, e assim entra na economia. Essa imaginário.
explicação permaneceu controversa e escondida por c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes.
muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do d) o pagamento de dívidas depende do
Bank of England de 2014. “livre-mercado”.
Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é e) os bancos confiscam os bens dos clientes
criado assim, inventado em canetaços a partir da conces- endividados.
são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma Resposta: Letra A
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os
números em uma tabela com meu nome e pede que eu
bancos = correta
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar, Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o imaginário = nem todo
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di- Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou-
única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim, tros clientes
os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa- Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo -mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre-
dinheiro tomei. -mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear.
Assim, o sistema monetário atual funciona com uma Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi-
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
vidados = desde que não paguem a dívida
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po- 5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI-
der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge
80 pessoas é maior do que o de 3,6 bilhões, e onde o 1% abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati-
mais rico tem mais do que os outros 99% juntos. vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de
[...] 2018.
Disponível em https://fagulha.org/artigos/
inventando-dinheiro/
Acessado em 20/03/2018

De acordo com o autor do texto Lastro e o sistema bancá-


rio, a reserva fracional foi criada com o objetivo de

a) tornar ilimitada a produção de dinheiro.


b) proteger os bens dos clientes de bancos.
c) impedir que os bancos fossem à falência.
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas.

Resposta: Letra D Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO


Ao texto: (...) Com o tempo, os banqueiros se deram pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
conta de que ninguém estava interessado em trocar
seguinte informação:
dinheiro por ouro e criaram manobras, como a reserva
fracional, para emprestar muito mais dinheiro do que
realmente tinham em ouro nos cofres. a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = metidos no Rio;
incorreta b) a tarefa da investigação criminal não está sendo
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = bem-feita;


incorreta c) a linguagem do personagem mostra intimidade com o
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência = interlocutor;
incorreta d) a presença do orelhão indica o atraso do local da
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro = charge;
correta
e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incorreta
sença do Exército.

4
Resposta: Letra D determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A
manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é:

a) Presa por mensagem racista na internet;


b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se-
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
guinte informação:
Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri-
mes cometidos no Rio = inferência correta Resposta: Letra C
Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen- Em “a”: Presa por mensagem racista na internet =
do bem-feita = inferência correta como a repressão política, familiar ou de gênero
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida- Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene-
de com o interlocutor = inferência correta zuelana = como a repressão política, familiar ou de
Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local gênero
da charge = incorreta Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô-
Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam nico = não consta na Manchete acima
a presença do Exército = inferência correta Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na
Rússia = como a repressão política, familiar ou de
6. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Observe gênero
a charge abaixo. Em “e”: Quatro funcionários ficaram livres do traba-
lho escravo = o desgaste causado pelas condições de
trabalho

8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO –


ÁREA JURÍDICA – FGV-2018)

Oportunismo à Direita e à Esquerda


Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
conforme estabelecido na legislação.
No caso da charge, a crítica feita à internet é: É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
a) a criação de uma dependência tecnológica excessiva; ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
b) a falta de exercícios físicos nas crianças; se beneficiar do barateamento do combustível.
c) o risco de contatos perigosos;
Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
d) o abandono dos estudos regulares;
para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
e) a falta de contato entre membros da família.
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
Resposta: Letra A faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
Em “a”: a criação de uma dependência tecnológica desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
excessiva; der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
Em “b”: a falta de exercícios físicos nas crianças; = que está delimitado pelo estado democrático de direito,
incorreto defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
Em “c”: o risco de contatos perigosos; = incorreto que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
Em “d”: o abandono dos estudos regulares; = incorreto Forças Armadas etc.
Em “e”: a falta de contato entre membros da família. = A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
incorreto suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
LÍNGUA PORTUGUESA

Através da fala do garoto chegamos à resposta: de- do, do qual depende a sobrevivência física da população.
pendência tecnológica - expressa em sua fala. Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
autoridades desenvolvam planos de contingência.
7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo O Globo, 31/05/2018.
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo
denota, além da agressão física, diversos tipos de impo- “É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca-
sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados

5
em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se- conceitos que anunciem os valores humanos que decan-
gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer” tam a paz, que lhe proclamam e promovem. A violência
é já é bastante denunciada, e quanto mais falamos dela,
mais lembramos de sua existência em nosso meio social.
a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento. É hora de começarmos a convocar a presença da paz em
b) garantir-se o direito de reunião e de greve. nós, entre nós, entre nações, entre povos.
c) lastrear leis e regras na Constituição. Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
d) punirem-se os responsáveis por excessos. tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
e) concluírem-se as investigações sobre a greve. mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos
Resposta: Letra D exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
Em “a”: manter-se o direito de livre expressão do pensa- estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo-
mento. = incorreto cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par-
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. = lamentos e centros de comunicação e associações.
incorreto Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incorreto sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento
Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos. sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor-
Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve. çando as instituições democráticas, promovendo a liber-
= incorreto dade de expressão, preservando a diversidade cultural e
Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a se- o ambiente.
rem devidamente contidos e seus responsáveis, pu- É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
nidos, conforme estabelecido na legislação. / É o que direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
precisa acontecer... = precisa acontecer a punição dos brar a educação para a paz.
excessos. Leila Dupret. Cultura de paz e ações sócio-educati-
vas: desafios para a escola contemporânea. In: Psicol.
9. (PC-MA – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL Esc. Educ. (Impr.) v. 6, n.º 1. Campinas, jun./2002 (com
– CESPE-2018) adaptações).

Texto CG1A1AAA De acordo com o texto CG1A1AAA, os elementos “gestão


A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos de conflitos” e “erradicar a pobreza” devem ser concebi-
políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in- dos como
dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica- a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz. b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças d) etapas para a construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber- e) consequências da construção da cultura da paz.
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância,
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi- Resposta: Letra D
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na Em “a”: obstáculos para a construção da cultura da paz.
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da = incorreto
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. paz. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
em sentido negativo, quando se traduz em um estado = incorreto
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, = incorreto
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
prática da não violência para resolver conflitos, a prática radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- para construção da paz.
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope-
ração planejada e o movimento constante da instalação
de justiça.
LÍNGUA PORTUGUESA

Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-


samento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa de
ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser esque-
cida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e temos
consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a ideo-
logia que o alimenta, precisa impregná-lo de palavras e

6
10. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- Resposta: Letra C
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) Em “a”: a violência era comum no passado. = incorreto
Em “b”: as pessoas lutam contra a violência. = incorreto
Em “c”: a violência está banalizada.
Em “d”: o preço que pagou pela violência foi alto. =
incorreto
Infelizmente, a personagem revela que a violên-
cia está banalizada, nem há mais “punições” para os
agressivos.

12. (PM-SP - ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR [INTE-


RIOR] – VUNESP-2017) Leia a charge.

O humor da tira é conseguido através de uma quebra de


expectativa, que é:
É correto associar o humor da charge ao fato de que
a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos; a) os personagens têm uma autoestima elevada e são
c) a falta de muitas figurinhas no álbum; otimistas, mesmo vivendo em uma situação de com-
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho; pleto confinamento.
e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário. b) os dois personagens estão muito bem informados so-
bre a economia, o que não condiz com a imagem de
Resposta: Letra B criminosos.
Em “a”: o fato de um adulto colecionar figurinhas; = c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida
incorreto dos personagens, pois eles demonstram preocupação
Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não com a aparência.
esportivos; d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende
os personagens, que estão acostumados a pagar caro
Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; =
por eles nos presídios.
incorreto
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevan-
Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não tes para os personagens, dada a condição em que se
pelo filho; = incorreto encontram.
Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
trário. = incorreto Resposta: Letra E
O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada
incomum: assuntos sociais. e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de
completo confinamento. = incorreto
11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VU- Em “b”: os dois personagens estão muito bem infor-
NESP-2015) Leia a tira. mados sobre a economia, o que não condiz com a
imagem de criminosos. = incorreto
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a
vida dos personagens, pois eles demonstram preocu-
pação com a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não sur-
preende os personagens, que estão acostumados a
pagar caro por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser
relevantes para os personagens, dada a condição em
que se encontram.
LÍNGUA PORTUGUESA

(Folha de S.Paulo, 02.10.2015. Adaptado)


Pela condição em que as personagens se encontram, o
Com sua fala, a personagem revela que aumento no preço dos cosméticos não os afeta.

a) a violência era comum no passado.


b) as pessoas lutam contra a violência.
c) a violência está banalizada.
d) o preço que pagou pela violência foi alto.

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13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
as figurinhas da Copa guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descri-
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo ção e Dissertação.
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- As tipologias textuais se caracterizam pelos aspec-
naleiros estão levando seus estoques para casa quando tos de ordem linguística
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- Os tipos textuais designam uma sequência definida
dos por mensagens de celular. pela natureza linguística de sua composição. São obser-
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
adequada é: argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.

a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do a) Textos narrativos – constituem-se de verbos de


ação demarcados no tempo do universo narrado,
celular e da carteira nos roubos urbanos;
como também de advérbios, como é o caso de an-
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car-
tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
teira como alvo de desejo dos assaltantes;
carro quando ele apareceu. Depois de muita con-
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
versa, resolveram...
vendem as figurinhas da Copa;
b) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa
descrevem características tanto físicas quanto psi-
nas bancas de jornais; cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin- objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
cipal dos ladrões. no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
Resposta: Letra B c) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
Em “a”: as figurinhas da Copa passaram a ocupar o assunto ou uma determinada situação que se al-
lugar do celular e da carteira nos roubos urbanos; = meje desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões
incorreto de ela acontecer, como em: O cadastramento irá
Em “b”: as figurinhas da Copa se somaram ao celular e se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portanto,
à carteira como alvo de desejo dos assaltantes; não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
Em “c”: o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros benefício.
que vendem as figurinhas da Copa; = incorreto d) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma
Em “d”: os ladrões passaram a roubar as figurinhas da modalidade na qual as ações são prescritas de for-
Copa nas bancas de jornais; = incorreto ma sequencial, utilizando-se de verbos expressos
Em “e”: as figurinhas da Copa se transformaram no no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
alvo principal dos ladrões. = incorreto Misture todos os ingrediente e bata no liquidifica-
O título do texto já nos dá a resposta: além do celular dor até criar uma massa homogênea.
e da carteira, ou seja, as figurinhas da Copa também e) Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-
passaram a ser alvo dos assaltantes. -se pelo predomínio de operadores argumenta-
tivos, revelados por uma carga ideológica cons-
RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS tituída de argumentos e contra-argumentos que
TEXTUAIS justificam a posição assumida acerca de um deter-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.
A todo o momento nos deparamos com vários tex-
tos, sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a Gêneros Textuais
LÍNGUA PORTUGUESA

presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência


daquilo que está sendo transmitido entre os interlocuto- São os textos materializados que encontramos em
res. Estes interlocutores são as peças principais em um nosso cotidiano; tais textos apresentam características
diálogo ou em um texto escrito. sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
É de fundamental importância sabermos classificar os composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
textos com os quais travamos convivência no nosso dia receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
a dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos tex- editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
tuais e gêneros textuais. blog, etc.

8
A escolha de um determinado gênero discursivo de-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei-
cular o texto, etc. ORTOGRAFIA
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por A ortografia é a parte da Fonologia que trata da cor-
exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta- reta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som
gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul- devem ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma
gação científica são comuns gêneros como verbete de língua são grafados segundo acordos ortográficos.
dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico, A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-
seminário, conferência. der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- etimologia (origem da palavra).
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Regras ortográficas
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – a) O fonema S
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
São escritas com S e não C/Ç
SITE
• Palavras substantivadas derivadas de verbos com
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender
cao/tipologia-textual.htm> - pretensão / expandir - expansão / ascender - as-
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / im-
EXERCÍCIO COMENTADO pelir - impulsivo / compelir - compulsório / repelir
- repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
1. (TJ-DFT – CONHECIMENTOS BÁSICOS – TÉCNI- sentir - sensível / consentir – consensual.
CO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – CESPE
– 2015) São escritos com SS e não C e Ç
Ouro em Fios
• Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados
como o ouro e o cobre - condutor de ENERGIA ELÉTRICA. por tir ou -meter: agredir - agressivo / imprimir -
O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. impressão / admitir - admissão / ceder - cessão /
Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de exceder - excesso / percutir - percussão / regredir
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
compromisso / submeter – submissão.
• Desligue as luzes nos ambientes onde é possível • Quando o prefixo termina com vogal que se junta
usar a iluminação natural. com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé-
• Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.
• Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do • No pretérito imperfeito simples do subjuntivo.
ambiente. Exemplos: ficasse, falasse.
• Utilize o computador no modo espera.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
Fique ligado! Evite desperdícios.
Energia elétrica. • Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
A natureza cobra o preço do desperdício. • Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica:
Internet: <www.tjdft.jus.br> (com adaptações) cipó, Juçara, caçula, cachaça, cacique.
• Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
LÍNGUA PORTUGUESA

Há no texto elementos característicos das tipologias ex- uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça,
positiva e injuntiva. caniço, esperança, carapuça, dentuço.
• Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
(  ) CERTO (  ) ERRADO deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
• Após ditongos: foice, coice, traição.
Resposta: Certo. Texto injuntivo – ou instrucional – é • Palavras derivadas de outras terminadas em -te,
aquele que passa instruções ao leitor. O texto acima to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor-
apresenta tal característica. to – absorção.

9
b) O fonema z • Palavras terminadas com aje: ultraje.

São escritos com S e não Z d) O fonema ch

• Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- São escritas com X e não CH
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos:
freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, • Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abaca-
princesa. xi, xucro.
• Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, • Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
metamorfose. lagartixa.
• Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, • Depois de ditongo: frouxo, feixe.
quis, quiseste. • Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
• Nomes derivados de verbos com radicais termi-
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / Exceção: quando a palavra de origem não derive de
empreender - empresa / difundir – difusão. outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
• Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. São escritas com CH e não X
• Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
• Verbos derivados de nomes cujo radical termina • Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche,
– pesquisar. salsicha.

São escritos com Z e não S e) As letras “e” e “i”

• Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- • Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
tivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
• Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de • Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
origem não termine com s): final - finalizar / con- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve-
creto – concretizar. mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer
• Consoante de ligação se o radical não terminar e -uir: trai, dói, possui, contribui.
com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
Há palavras que mudam de sentido quando substituí-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. mos a grafia “e” pela grafia “i”: área (superfície), ária (me-
lodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir) / emergir
c) O fonema j (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
anda a pé), pião (brinquedo).
São escritas com G e não J Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar
• Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP),
gesso. elaborado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra
• Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, de referência até mesmo para a criação de dicionários,
gim. pois traz a grafia atualizada das palavras (sem o signifi-
• Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com cado). Na Internet, o endereço é www.academia.org.br.
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
bege, foge. Informações importantes

Exceção: pajem. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-


núncias diferentes para palavras com a mesma signifi-
• Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, cação: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quator-
litígio, relógio, refúgio. ze, dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen,
infarto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem,
• Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
relampejar/relampear/relampar/relampadar.
gir, mugir.
Os símbolos das unidades de medida são escritos
• Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar
surgir.
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
• Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
LÍNGUA PORTUGUESA

20km, 120km/h.
minado com j: ágil, agente.
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
São escritas com J e não G
Na indicação de horas, minutos e segundos, não
• Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
• Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi-
boia, manjerona.
nutos e trinta e quatro segundos).

10
O símbolo do real antecede o número sem espaço: Mal = pode ser usado como
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
ra vertical ($). 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
Alguns Usos Ortográficos Especiais 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?
POR QUE / POR QUÊ / PORQUÊ / PORQUE 3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
POR QUE (separado e sem acento)
não compensa.
É usado em:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
gação) = Por que você não veio ontem? SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
que faltara à aula ontem. char - Português linguagens: volume 1. – 7.ª ed. Reform.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = – São Paulo: Saraiva, 2010.
Ignoro o motivo por que ele se demitiu. AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
POR QUÊ (separado e com acento) CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
Usos: Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002.
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
Você faltou. Por quê? SITE
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê? Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
aulas/portugues/ortografia>
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
Hífen
Usos:
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale para ligar os elementos de palavras compostas (como
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri- ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
final) = Compre agora, porque há poucas peças. para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
compa-/nheiro).
que se antecipou.

PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)


a) Uso do hífen que continua depois da Reforma
Usos: Ortográfica:

1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (por- mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
quês). Geralmente é precedido por artigo = Não que se unem para formam um novo significado:
sei o porquê da discussão. É uma pessoa cheia de tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
porquês. -coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
ONDE / AONDE 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer,
Onde = empregado com verbos que não expressam
abóbora-menina, erva-doce, feijão-verde.
a ideia de movimento = Onde você está?
LÍNGUA PORTUGUESA

Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos 3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
que expressam movimento = Aonde você vai? cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-núme-
ro, recém-casado.
MAU / MAL 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas al-
gumas exceções continuam por já estarem con-
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se sagradas pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha,
como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia,
mau elemento. queima-roupa, deus-dará.

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5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- paraquedista, etc.
-Hungria, Angola-Brasil, etc. 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- feito, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
-racional, etc. dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-dire- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
tor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. do, pressuposto, propor.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
etc. -humano, super-realista, alto-mar.
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun- ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepáti- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
co, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-
-hospitalar, super-homem. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
termina com a mesma vogal do segundo elemen- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
to: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
-observação, etc.
SITE
O hífen é suprimido quando para formar outros ter-
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar. Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/
aulas/portugues/ortografia>
#FicaDica
Ao separar palavras na translineação EXERCÍCIOS COMENTADOS
(mudança de linha), caso a última palavra a
ser escrita seja formada por hífen, repita-o
na próxima linha. Exemplo: escreverei anti- 1. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015)
inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Assinale a alternativa em que as palavras estão grafadas
Na próxima linha escreverei: “-inflamatório” corretamente.
(hífen em ambas as linhas). Devido à
diagramação, pode ser que a repetição do a) Extrovertido – extroverção.
hífen na translineação não ocorra em meus b) Disponível – disponibilisar.
conteúdos, mas saiba que a regra é esta! c) Determinado – determinassão.
d) Existir – existência.
e) Característica – caracterizasão.
b) Não se emprega o hífen:
Resposta: Letra D
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefi- Em “a”: Extrovertido / extroverção = extroversão
xo termina em vogal e o segundo termo inicia-se Em “b”: Disponível / disponibilisar = disponibilizar
em “r” ou “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas Em “c”: Determinado / determinassão = determinação
consoantes: antirreligioso, contrarregra, infrassom, Em “d”: Existir / existência = corretas
microssistema, minissaia, microrradiografia, etc. Em “e”: Característica / caracterizasão = caracterização
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se 2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu- I – CESGRANRIO-2018) O termo destacado está grafado
cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétri- de acordo com as exigências da norma-padrão da língua
LÍNGUA PORTUGUESA

co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. portuguesa em:


3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” a) O estagiário foi mal treinado, por isso não desempe-
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. nhava satisfatoriamente as tarefas solicitadas pelos
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando seus superiores.
o segundo elemento começar com “o”: coopera- b) O time não jogou mau no último campeonato, ape-
ção, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, sar de enfrentar alguns problemas com jogadores
coedição, coexistir, etc. descontrolados.

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c) O menino não era mal aluno, somente tinha dificul- c) Não obstante, foi ele talvez o único a demonstrar fé,
dade em assimilar conceitos mais complexos sobre os entusiasmo e coragem na aventura de 89.
temas expostos. d) A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da Cos-
d) Os funcionários perceberam que o chefe estava de ta, Alvarenga eram homens requintados, letrados, a
mal humor porque tinha sofrido um acidente de carro quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sempre
na véspera. lutara pela subsistência.
e) Os participantes compreendiam mau o que estava e) Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim, enfren-
tou a pena última.
sendo discutido, por isso não conseguiam formular
perguntas. Resposta: Letra A
Em “a”: Descoberta a conspiração, enquanto os outros
Resposta: Letra A não procuravam outra coisa se não salvar-se (senão se
Mal = advérbio (antônimo de “bem”) / mau = adjetivo salvar) , ele revelou a mais heróica (heroica) força de
(antônimo de “bom”). Para saber quando utilizar um ânimo, chamando a si toda a culpa.
ou outro, a dica é substituir por seu antônimo. Se a Em “b”: Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da
frase ficar coerente, saberemos qual dos dois deve ser profissão que lhe valera o apelido = correta
utilizado. Por exemplo: Cigarro faz mal/mau à saúde Em “c”: Não obstante, foi ele talvez o único a demons-
= Cigarro faz bem à saúde. A frase ficou coerente – trar fé, entusiasmo e coragem na aventura de 89 =
embora errada em termos de saúde! Então, a maneira correta
correta é “Cigarro faz mal à saúde”. Em “d”: A verdade é que Gonzaga, Cláudio Manuel da
Vamos aos itens: Costa, Alvarenga eram homens requintados, letrados,
Em “a”: O estagiário foi mal (bem) treinado = correta a quem a vida corria fácil, ao passo que o alferes sem-
Em “b”: O time não jogou mau (bem)no último cam- pre lutara pela subsistência = correta
Em “e”: Com coragem, serenidade e lucidez, até o fim,
peonato = mal
enfrentou a pena última = correta
Em “c”: O menino não era mal (bom) aluno = mau
Em “d”: Os funcionários perceberam que o chefe esta- 5. (TJ-MG – OFICIAL JUDICIÁRIO – COMISSÁRIO DA
va de mal (bom) humor = mau INFÂNCIA E DA JUVENTUDE – CONSULPLAN-2017)
Em “e”: Os participantes compreendiam mau (bem) o Estabeleça a associação correta entre a 1.ª coluna e a 2.ª
que estava sendo discutido = mal considerando o emprego do por que / porque.

3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR – (1) “Muitas pessoas se perguntam por que há tão poucas
CESGRANRIO-2018) Obedecem às regras ortográficas mulheres [...].”
da língua portuguesa as palavras (2) “Misoginia é o ódio contra as mulheres apenas porque
são mulheres.”
a) admissão, paralisação, impasse
b) bambusal, autorização, inspiração ( ) Faltei _____________ você estava doente.
c) consessão, extresse, enxaqueca ( ) Todos sabem _____________ não poderei estar presente.
d) banalisação, reexame, desenlace ( ) Não se sabe ____________realizou tal procedimento.
( ) Este ponto de vista é _________não há manifestação de
e) desorganisação, abstração, cassação
outro pensamento.
Resposta: Letra A A sequência está correta em:
Em “a”: admissão / paralisação / impasse = corretas
Em “b”: bambusal = bambuzal / autorização / a) 1, 1, 1, 2
inspiração b) 1, 2, 1, 2
Em “c”: consessão = concessão / extresse = estresse / c) 2, 1, 1, 2
enxaqueca d) 2, 2, 2, 1
Em “d”: banalisação = banalização / reexame /
desenlace Resposta: Letra C
Em “e”: desorganisação = desorganização / abstração Faltei porque você estava doente. = conjunção causal
/ cassação Todos sabem por que não poderei estar presente. = dá
para substituir por “a causa pela qual”
4. (MPU – ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – ESA- Não se sabe por que realizou tal procedimento. =
substituir por “a causa”
F-2004-ADAPTADA) Na questão abaixo, baseada em
Este ponto de vista é porque não há manifestação de
Manuel Bandeira, escolha o segmento do texto que não
outro pensamento. = conjunção causal
está isento de erros gramaticais e de ortografia, conside- Teremos: 2, 1, 1, 2
LÍNGUA PORTUGUESA

rando-se a ortodoxia gramatical.


6. (TJ-SC – TÉCNICO JUDICIÁRIO AUXILIAR – FGV-
a) Descoberta a conspiração, enquanto os outros não 2018) “Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele
procuravam outra coisa se não salvar-se, ele revelou só usava meias vermelhas”. Nesse segmento do texto 1
a mais heróica força de ânimo, chamando a si toda a há um erro gramatical, que é:
culpa.
b) Antes de alistar-se na tropa paga, vivera da profissão a) empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe cercaram”;
que lhe valera o apelido. b) haver vírgula após a expressão “Um dia”;

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c) usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o b) acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras
perguntaram”; “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
d) grafar-se “porque” em vez de “por que”; chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs .
e) escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”. c) acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Resposta: Letra D d) trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi to-
“Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só talmente abolido das palavras. Há uma exceção: é
usava meias vermelhas” utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
Em “a”: empregar-se “o cercaram” em lugar de “lhe estrangeiros: mülleriano (de Müller)
cercaram”; = está correto, pois o “o” funciona como e) til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam
objeto direto (sem preposição) vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
Em “b”: haver vírgula após a expressão “Um dia”; = está
correto, pois separa o advérbio no início do período Regras fundamentais
Em “c”: usar-se “lhe perguntaram” em lugar de “o per-
guntaram”; = está correto (o “lhe” é objeto indireto a) Palavras oxítonas:acentuam-se todas as oxítonas
– perguntaram o que a quem) terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não
Em “d”: grafar-se “porque” em vez de “por que”; do plural(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
Em “e”: escrever-se “só usava” em lugar de “usava só”.
= correto, pois se invertermos haverá mudança de Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
sentido (ele usava só meias, nenhuma outra peça de Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”,
roupa). seguidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
A incorreção está no uso de “porque” no lugar de “por Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
que”, já que se trata de uma pergunta indireta. seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo

b) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas


terminadas em:
ACENTUAÇÃO
i, is: táxi – lápis – júri
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
– fórceps
Por isso, vamos às regras!
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
Regras básicas não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. #FicaDica
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
com menos intensidade, são denominadas de átonas. esta palavra apresenta as terminações das
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi- paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
cadas como: (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO.
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai so- Assim ficará mais fácil a memorização!
bre a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju
– papel
Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla- c) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte).
ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Quanto à regra de acentuação: todas as proparoxí-
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
tonas são acentuadas, independentemente de sua
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
terminação: árvore, paralelepípedo, cárcere.
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
Regras especiais
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
- ré. abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
Os acentos
LÍNGUA PORTUGUESA

palavras paroxítonas.
a) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e
“i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras FIQUE ATENTO!
representam as vogais tônicas de palavras como Se os ditongos abertos estiverem em uma
pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indica, palavra oxítona (herói) ou monossílaba
além da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (di- (céu) ainda são acentuados: dói, escarcéu.
tongos abertos).

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Antes Agora O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido:
assembléia assembleia
idéia ideia Antes Agora
geléia geleia crêem creem
jibóia jiboia lêem leem
apóia (verbo apoiar) apoia vôo voo
paranóico paranoico enjôo enjoo

Acento Diferencial
#FicaDica
Representam os acentos gráficos que, pelas regras Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
de acentuação, não se justificariam, mas são utilizados verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
para diferenciar classes gramaticais entre determinadas que não recebem mais acento como antes:
palavras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Pôr (verbo) X CRER, DAR, LER e VER.
por (preposição) / pôde (pretérito perfeito do Indicativo do Repare:
verbo “poder”) X pode (presente do Indicativo do mesmo
O menino crê em você. / Os meninos creem
verbo).
em você.
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
Elza lê bem! / Todas leem bem!
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentua-
da, mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acen- Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos
tua-se, para que saibamos se se trata de um verbo ou que os garotos deem o recado!
preposição. Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Os demais casos de acento diferencial não são mais Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! /
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- Eles vêm à tarde!
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
ticais são definidos pelo contexto.
Polícia para o trânsito para que se realize a operação As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
junção (com relação de finalidade).

Antes Agora
#FicaDica
apazigúe (apaziguar) apazigue
Quando, na frase, der para substituir o “por” averigúe (averiguar) averigue
por “colocar”, estaremos trabalhando com
um verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos, argúi (arguir) argui
“por” é preposição: Faço isso por você. / Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes-
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos
conter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm,
Regra do Hiato ele obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm.
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
acento: saída – faísca – baú – país – Luís SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz – São Paulo: Saraiva, 2010.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se es-
tiverem seguidas do dígrafo nh: ra-i-nha, ven-to-i-nha. SITE
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie- Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba tica/acentuacao.htm>
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, for-
mando hiato quando vierem depois de ditongo (nas
LÍNGUA PORTUGUESA

paroxítonas): EXERCÍCIOS COMENTADOS


Antes Agora 1. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – EXATUS-2015)
Assinale a alternativa em que a palavra é acentuada pela
bocaiúva bocaiuva mesma razão que “Bíblia”:
feiúra feiura
a) íris.
Sauípe Sauipe b) estórias.

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c) queríamos. c) Alguns novelistas gostam de superpor temas sociais
d) aí. com temas políticos.
e) páginas. d) Para decorar o texto antes de gravar, cada ator rele
sua fala várias vezes.
Resposta: Letra B e) Alguns atores de novela constroem seus personagens
“Bíblia” = esta é acentuada por ser uma paroxítona fazendo pesquisa.
terminada em ditongo.
Em “a”, íris = paroxítona terminada em i(s) Resposta: Letra D
Em “b”, estórias = paroxítona terminada em ditongo Em “a”: Todo escritor de novela tem = singular (não
Em “c”, queríamos = proparoxítona acentuado)
Em “d”, aí = regra do hiato Em “b”: Os telespectadores veem = correta - plural do-
Em “e”, páginas = proparoxítona bra o “e” (perdeu o acento com o Acordo)
Em “c”: Alguns novelistas gostam de superpor =
2. (BANPARÁ – TÉCNICO BANCÁRIO – FADESP-2018) correta
A sequência de palavras cujos acentos são empregados Em “d”: Para decorar o texto antes de gravar, cada ator
pelo mesmo motivo é rele = relê (oxítona)
Em “e”: Alguns atores de novela constroem = correta
a) público, função, dói.
b) burocráticos, próximo, século. 5. (TJ-SP - ANALISTA EM COMUNICAÇÃO E PROCES-
c) será, aí, é, está. SAMENTO DE DADOS JUDICIÁRIO – VUNESP/2012)
d) glória, exercício, publicação. Seguem a mesma regra de acentuação gráfica relativa às
e) hábito, bancário, poética. palavras paroxítonas:

Resposta: Letra B a) probatório; condenatório; crédito.


Em “a”, público = proparoxítona / função = o til tem b) máquina; denúncia; ilícita.
função de nasalizar (indicar som fechado) / dói = mo- c) denúncia; funcionário; improcedência.
nossílabo formado por ditongo aberto d) máquina; improcedência; probatório.
Em “b”, burocráticos = proparoxítona / próximo = pro- e) condenatório; funcionário; frágil.
paroxítona / século = proparoxítona
Em “c”, será = oxítona terminada em ‘a” / aí = regra do Resposta: Letra C
hiato / é = (verbo) monossílabo tônico terminado em Vamos a elas:
“e” / está = (verbo) oxítona terminada em “a” Em “a”: probatório = paroxítona terminada em ditongo
Em “d”, glória = paroxítona terminada em ditongo / / condenatório = paroxítona terminada em ditongo /
exercício = paroxítona terminada em ditongo / publi- crédito = proparoxítona.
cação = o til indica nasalização (som fechado) Em “b”: máquina = proparoxítona / denúncia = paro-
Em “e”, hábito = (substantivo) proparoxítona / ban- xítona terminada em ditongo / ilícita = proparoxítona.
cário = paroxítona terminada em ditongo / poética = Em “c”: Denúncia = paroxítona terminada em diton-
proparoxítona go / funcionário = paroxítona terminada em ditongo
/ improcedência = paroxítona terminada em ditongo
3. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR Em “d”: máquina = proparoxítona / improcedência =
– CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014) O em- paroxítona terminada em ditongo / probatório = pa-
prego do acento gráfico nas palavras “metálica”, “acú- roxítona terminada em ditongo
mulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma regra Em “e”: condenatório = paroxítona terminada em di-
de acentuação. tongo / funcionário = = paroxítona terminada em di-
tongo / Frágil = paroxítona terminada em “l”
(  ) CERTO (  ) ERRADO
6. (TJ-AC – TÉCNICO EM MICROINFORMÁTICA - CES-
Resposta: Errado PE/2012) As palavras “conteúdo”, “calúnia” e “injúria”
O emprego do acento gráfico nas palavras “metálica”, são acentuadas de acordo com a mesma regra de acen-
“acúmulo” e “imóveis” justifica-se com base na mesma tuação gráfica.
regra de acentuação.
metálica = proparoxítona / acúmulo = proparoxítona / (  ) CERTO (  ) ERRADO
imóveis = paroxítona terminada em ditongo
Resposta: Errado
4. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- “Conteúdo” = regra do hiato / calúnia = paroxítona
GRANRIO-2018) A palavra que precisa ser acentuada terminada em ditongo / injúria = paroxítona termina-
LÍNGUA PORTUGUESA

graficamente para estar correta quanto às normas em da em ditongo.


vigor está destacada na seguinte frase:
7. (TRE-AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
a) Todo escritor de novela tem o desejo de criar um per- as frases que seguem, a única correta é:
sonagem inesquecível.
b) Os telespectadores veem as novelas como um espelho a) Ele se esqueceu de que?
da realidade. b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui-
-lo entre os presentes.

16
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas Não se deve escrever frases ou textos desconexos –
críticas. é imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações dos frases estejam coesas e coerentes formando o texto. Re-
funcionários. lembre-se de que, por coesão, entende-se ligação, rela-
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração. ção, nexo entre os elementos que compõem a estrutura
textual.
Resposta: Letra E
Em “a”: Ele se esqueceu de que? = quê? Formas de se garantir a coesão entre os elementos
Em “b”: Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu de uma frase ou de um texto:
para distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
Em “c”: Embora devêssemos (devêssemos), não fomos • Substituição de palavras com o emprego de sinô-
excessivos nas críticas.
nimos - palavras ou expressões do mesmo campo
Em “d”: O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às rei-
associativo.
vindicações dos funcionários.
• Nominalização – emprego alternativo entre um
Em “e”: Não sei por que ele mereceria minha
consideração. verbo, o substantivo ou o adjetivo correspondente
(desgastar / desgaste / desgastante).
• Emprego adequado de tempos e modos verbais:
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE
Embora não gostassem de estudar, participaram
COESÃO TEXTUALEMPREGO DE
ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, da aula.
SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, • Emprego adequado de pronomes, conjunções,
DE CONECTORES E DE OUTROS preposições, artigos:
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO
TEXTUAL O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
COESÃO E COERÊNCIA pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.
Na construção de um texto, assim como na fala, usa-
mos mecanismos para garantir ao interlocutor a com- • Uso de hipônimos – relação que se estabelece com
preensão do que é dito, ou lido. Estes mecanismos lin- base na maior especificidade do significado de um
guísticos que estabelecem a coesão e retomada do que deles. Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel
foi escrito - ou falado - são os referentes textuais, que
(mais genérico).
buscam garantir a coesão textual para que haja coerên-
• Emprego de hiperônimos - relações de um termo
cia, não só entre os elementos que compõem a oração,
de sentido mais amplo com outros de sentido mais
como também entre a sequência de orações dentro do
texto. Essa coesão também pode muitas vezes se dar de específico. Por exemplo, felino está numa relação
modo implícito, baseado em conhecimentos anteriores de hiperonímia com gato.
que os participantes do processo têm com o tema. • Substitutos universais, como os verbos vicários.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une Verbo vicário é aquele que substitui outro já utilizado
os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela- no período, evitando repetições. Geralmente é o verbo
ções de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. Faço porque
de diferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, preciso. O “faço” foi empregado no lugar de “estudo”,
substituição, associação), sejam gramaticais (emprego de evitando repetição desnecessária.
pronomes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se A coesão apoiada na gramática se dá no uso de co-
frases, orações, períodos, que irão apresentar o contexto nectivos, como pronomes, advérbios e expressões ad-
– decorre daí a coerência textual. verbiais, conjunções, elipses, entre outros. A elipse jus-
Um texto incoerente é o que carece de sentido ou tifica-se quando, ao remeter a um enunciado anterior,
o apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa a palavra elidida é facilmente identificável (Exemplo.: O
incoerência é resultado do mau uso dos elementos de jovem recolheu-se cedo. Sabia que ia necessitar de todas
coesão textual. Na organização de períodos e de pará- as suas forças. O termo o jovem deixa de ser repetido e,
grafos, um erro no emprego dos mecanismos gramati- assim, estabelece a relação entre as duas orações).
cais e lexicais prejudica o entendimento do texto. Cons-
truído com os elementos corretos, confere-se a ele uma
LÍNGUA PORTUGUESA

Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro-


unidade formal. priedade de fazer referência ao contexto situacional ou
Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enun- ao próprio discurso. Exercem, por excelência, essa fun-
ciado não se constrói com um amontoado de palavras e
ção de progressão textual, dada sua característica: são
orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de
elementos que não significam, apenas indicam, remetem
dependência e independência sintática e semântica, reco-
aos componentes da situação comunicativa.
bertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam
estes princípios”. Já os componentes concentram em si a significação.
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito:

17
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais in- Primeiro ocorreu a erosão dos monumentos (=1) de-
dicam os participantes do ato do discurso. Os pronomes vido à poluição; optou-se pelo banimento da circula-
demonstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, ção dos carros (=2) para que a poluição diminua (=3),
bem como os advérbios de tempo, referenciam o momento o que preservará os monumentos.
da enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterio-
ridade ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste 2. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO –
momento (presente); ultimamente, recentemente, ontem, CESGRANRIO-2018) A ideia a que o pronome destaca-
há alguns dias, antes de (pretérito); de agora em diante, do se refere está adequadamente explicitada entre col-
no próximo ano, depois de (futuro).” chetes em:
A coerência de um texto está ligada: a) “Ela é produzida de forma descentralizada por mi-
lhares de computadores, mantidos por pessoas que
1. à sua organização como um todo, em que devem
‘emprestam’ a capacidade de suas máquinas para criar
estar assegurados o início, o meio e o fim;
bitcoins” [computadores]
2. à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um
b) “No processo de nascimento de uma bitcoin, que é
texto técnico, por exemplo, tem a sua coerência
fundamentada em comprovações, apresentação chamado de ´mineração´, os computadores conecta-
de estatísticas, relato de experiências; um texto dos à rede competem entre si” [bitcoin]
informativo apresenta coerência se trabalhar com c) “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela
linguagem objetiva, denotativa; textos poéticos, rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa
por outro lado, trabalham com a linguagem figura- limitada, que é de até 21 milhões de unidades” [rede]
da, livre associação de ideias, palavras conotativas. d) “Elas são guardadas em uma espécie de carteira, que
é criada quando o usuário se cadastra no software.”
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [espécie ]
CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa. e) “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha que em
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática – algum momento deve estourar.” [bolha]
volume único – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Resposta: Letra E
SITE Em “a”: “Ela é produzida de forma descentralizada por
Disponível em: <http://www.mundovestibular.com. milhares de computadores, mantidos por pessoas que
br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/ (= as quais – retoma o termo “pessoas”)
Paacutegina1.html> Em “b”: “No processo de nascimento de uma bitcoin,
que é chamado de ‘mineração’ (= o qual - retoma o
termo “processo de nascimento”)
EXERCÍCIOS COMENTADOS Em “c”: “O nível de dificuldade dos desafios é ajustado
pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma
1. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades” =
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) retoma o termo “faixa limitada”
Em “d”: “Elas são guardadas em uma espécie de cartei-
Texto 2 ra, que é criada (= a qual – retoma “carteira”)
Em “e”: “Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a que (= a qual) em algum momento deve estourar.”
circulação de carros a diesel no centro a partir de 2024. O [bolha] = correta
objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão
dos monumentos”. (Veja, 7/3/2018) 3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR
– CESGRANRIO-2018-ADAPTADA)
A ordem cronológica dos fatos citados no texto 2 é:
O vício da tecnologia
a) redução da poluição / banimento da circulação de car-
ros / erosão dos monumentos; Entusiastas de tecnologia passaram a semana com os
b) banimento da circulação de carros / erosão dos mo- olhos voltados para uma exposição de novidades eletrô-
numentos / redução da poluição; nicas realizada recentemente nos Estados Unidos. Entre
c) erosão dos monumentos / redução da poluição / ba- as inovações, estavam produtos relacionados a experiên-
nimento da circulação de carros; cias de realidade virtual e à utilização de inteligência ar-
d) redução da poluição / erosão dos monumentos / ba- tificial — que hoje é um dos temas que mais desperta
nimento da circulação de carros;
interesse em profissionais da área, tendo em vista a am-
LÍNGUA PORTUGUESA

e) erosão dos monumentos / banimento da circulação


pliação do uso desse tipo de tecnologia nos mais diver-
de carros / redução da poluição.
sos segmentos.
Resposta: Letra E Mais do que prestar atenção às novidades lançadas no
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir evento, vale refletir sobre o motivo que nos leva a uma
a circulação de carros a diesel no centro a partir de ansiedade tão grande para consumir produtos que pro-
2024. O objetivo é reduzir a poluição, que contribui metem inovação tecnológica. Por que tanta gente se dis-
para a erosão dos monumentos”. põe a dormir em filas gigantescas só para ser um dos

18
primeiros a comprar um novo modelo de smartphone? c) “a compra de uma novidade tecnológica atende a essa
Por que nos dispomos a pagar cifras astronômicas para última necessidade citada” [segurança]
comprar aparelhos que não temos sequer certeza de que d) “O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o
serão realmente úteis em nossas rotinas? mais novo lançamento tecnológico dispara em nosso
A teoria de um neurocientista da Universidade de Oxford cérebro a liberação de um hormônio chamado dopa-
(Inglaterra) ajuda a explicar essa “corrida desenfreada” mina” [mapeamento cerebral]
por novos gadgets. De modo geral, em nosso processo e) “Ele é liberado quando nosso cérebro identifica algo
evolutivo como seres humanos, nosso cérebro aprendeu que represente uma recompensa.” [impulso cerebral]
a suprir necessidades básicas para a sobrevivência e a
perpetuação da espécie, tais como sexo, segurança e sta- Resposta: Letra B
tus social. Ao texto:
Nesse sentido, a compra de uma novidade tecnológica Em “a”: “relacionados a experiências de realidade vir-
atende a essa última necessidade citada: nós nos senti- tual e à utilização de inteligência artificial — que hoje
mos melhores e superiores, ainda que momentaneamen- é um dos temas que mais desperta interesse em pro-
te, quando surgimos em nossos círculos sociais com um fissionais da área” [experiências de realidade virtual]
produto que quase ninguém ainda possui. Nesse caso, a resposta se encontra na alternativa: in-
Foi realizado um estudo de mapeamento cerebral que teligência artificial
mostrou que imagens de produtos tecnológicos ativa- Em “b”: “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo
vam partes do nosso cérebro idênticas às que são ativa- de tecnologia nos mais diversos segmentos” [inteli-
das quando uma pessoa muito religiosa se depara com gência artificial]
um objeto sagrado. Ou seja, não seria exagero dizer que Texto: Entre as inovações, estavam produtos relaciona-
o vício em novidades tecnológicas é quase uma religião dos a experiências de realidade virtual e à utilização de
para os mais entusiastas. inteligência artificial — que hoje é um dos temas que
O ato de seguir esse impulso cerebral e comprar o mais mais desperta interesse em profissionais da área, tendo
novo lançamento tecnológico dispara em nosso cére-
em vista a ampliação do uso desse tipo de tecnologia
bro a liberação de um hormônio chamado dopamina,
nos mais diversos segmentos.= correta
responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
Em “c”: “a compra de uma novidade tecnológica aten-
liberado quando nosso cérebro identifica algo que repre-
de a essa última necessidade citada” [segurança]
sente uma recompensa.
Texto: (...) suprir necessidades básicas para a sobrevi-
O grande problema é que a busca excessiva por recom-
vência e a perpetuação da espécie, tais como sexo, se-
pensas pode resultar em comportamentos impulsivos,
gurança e status social. / Nesse sentido, a compra de
que incluem vícios em jogos, apego excessivo a redes
sociais e até mesmo alcoolismo. No caso do consumo, uma novidade tecnológica atende a essa última neces-
podemos observar a situação problematizada aqui: gasto sidade citada... = status social
excessivo de dinheiro em aparelhos eletrônicos que nem Em “d”: “O ato de seguir esse impulso cerebral e com-
sempre trazem novidade –– as atualizações de modelos prar o mais novo lançamento tecnológico dispara em
de smartphones, por exemplo, na maior parte das vezes nosso cérebro a liberação de um hormônio chamado
apresentam poucas mudanças em relação ao modelo dopamina” [mapeamento cerebral]
anterior, considerando-se seu preço elevado. Em outros (...) vício em novidades tecnológicas é quase uma re-
casos, gasta-se uma quantia absurda em algum aparelho ligião para os mais entusiastas. / O ato de seguir esse
novo que não se sabe se terá tanta utilidade prática ou impulso cerebral e comprar
inovadora no cotidiano. Em “e”: “Ele é liberado quando nosso cérebro identi-
No fim das contas, vale um lembrete que pode ajudar a fica algo que represente uma recompensa.” [impulso
conter os impulsos na hora de comprar um novo smart- cerebral]
phone ou alguma novidade de mercado: compare o efei- (...) a liberação de um hormônio chamado dopamina,
to momentâneo da dopamina com o impacto de imagi- responsável por nos causar sensações de prazer. Ele é
nar como ficarão as faturas do seu cartão de crédito com liberado = dopamina
a nova compra.
O choque ao constatar o rombo em seu orçamento pode 4. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN-
ser suficiente para que você decida pensar duas vezes a TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
respeito da aquisição.
DANA, S. O Globo. Economia. Rio de Janeiro, 16 jan. Texto I
2018. Adaptado.
A ideia a que a expressão destacada se refere está expli- Portugueses no Rio de Janeiro
citada adequadamente entre colchetes em:
LÍNGUA PORTUGUESA

O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-


a) “relacionados a experiências de realidade virtual e à guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
utilização de inteligência artificial — que hoje é um do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
dos temas que mais desperta interesse em profissio- mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
nais da área” [experiências de realidade virtual] de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
b) “tendo em vista a ampliação do uso desse tipo de tec- -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
nologia nos mais diversos segmentos” [inteligência como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
artificial] além de outros ramos, como os das papelarias e lojas

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de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais Resposta: Letra B
variadas profissões, como atividades domésticas ou as de Em “a”: “A civilização converteu a solidão num dos
barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais bens mais preciosos que a alma humana pode dese-
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para jar” = retoma “bens preciosos”
construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de Em “b”: “Todo o problema da vida é este: como romper
bebidas. a própria solidão” = o pronome se refere ao período
A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação que virá (= catáfora)
de guetos, denota uma tendência para a sua concentra- Em “c”: “É sobretudo na solidão que se sente a vanta-
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve- gem de viver com alguém que saiba pensar” = retoma
zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da “solidão”
cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo Em “d”: “O homem ama a companhia, mesmo que
significativo de patrícios e algumas associações de por-
seja apenas a de uma vela que queima” = retoma
te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
“companhia”
Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
Em “e”: “As pessoas que nunca têm tempo são aque-
de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
da colônia, se localizam outras associações portuguesas, las que produzem menos” = retoma “pessoas”
como a Casa de Portugal e um grande número de casas
regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos bairros 6. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
periféricos da cidade, como Jacarepaguá, originalmente – FGV-2018)
formado por quintas de pequenos lavradores; nos subúr-
bios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas mais pri- NÃO FALTOU SÓ ESPINAFRE
vilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul carioca,
área nobre da cidade a partir da década de cinquenta, A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
preferida pelos mais abastados. Mostrou também danos morais.
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: sala- Aconteceu num mercadinho de bairro em São Paulo. A
zaristas e opositores em manifestação na cidade. In: dona, diligente, havia conseguido algumas verduras e
ALVES, Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de avisou à clientela. Formaram-se uma pequena fila e uma
Janeiro. Rio de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. grande discussão. Uma senhora havia arrematado todos
Adaptado. os dez maços de espinafre. No caixa, outras freguesas
perguntaram se ela tinha restaurante. Não tinha. Obser-
“No Centro da cidade, próximo ao grande comércio, temos varam que a verdura acabaria estragada. Ela explicou que
um grupo significativo de patrícios e algumas associações ia cozinhar e congelar. Então, foram ao ponto: caramba,
de porte”. No trecho acima, a autora usou em itálico a havia outras pessoas na fila, ela não poderia levar só o
palavra destacada para fazer referência aos que consumiria de imediato?
“Não, estou pagando e cheguei primeiro”, foi a resposta.
a) luso-brasileiros Compras exageradas nos supermercados, estoques do-
b) patriotas da cidade
mésticos, filas nervosas nos postos de combustível – teve
c) habitantes da cidade
muito comportamento na base de cada um por si.
d) imigrantes portugueses
Cabem nessa categoria as greves e manifestações opor-
e) compatriotas brasileiros
tunistas. Governo, cedendo, também vou buscar o meu
Resposta: Letra D – tal foi o comportamento de muita gente.
Ainda hoje é o utilizado o termo “patrício” para se re- Carlos A. Sardenberg, in O Globo, 31/05/2018.
ferir aos portugueses. “Patrício” significa “da mesma
pátria”. “A crise não trouxe apenas danos sociais e econômicos.
Mostrou também danos morais”. A palavra ou expressão
5. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) To- do primeiro período que leva à produção do segundo
das as frases abaixo apresentam elementos sublinhados período é
que estabelecem coesão com elementos anteriores (aná-
fora); a frase em que o elemento sublinhado se refere a a) a crise.
um elemento futuro do texto (catáfora) é: b) não trouxe.
c) apenas.
a) “A civilização converteu a solidão num dos bens mais d) danos sociais.
preciosos que a alma humana pode desejar”; e) (danos) econômicos.
b) “Todo o problema da vida é este: como romper a pró-
LÍNGUA PORTUGUESA

pria solidão”; Resposta: Letra C


c) “É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de 1.º período: A crise não trouxe apenas danos sociais e
viver com alguém que saiba pensar”; econômicos.
d) “O homem ama a companhia, mesmo que seja apenas 2.º período: Mostrou também danos morais.
a de uma vela que queima”; A expressão que nos dá a ideia de que haverá mais
e) “As pessoas que nunca têm tempo são aquelas que
informações que complementarão a primeira “tese”
produzem menos”.
apresentada é “apenas”.

20
7. (IBGE – RECENSEADOR – FGV-2017) Resposta: Errado
Ao trecho: (...) É necessário investir em pesquisa para
Texto 3 – “Silva, Oliveira, Faria, Ferreira... Todo mundo devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entan-
tem um sobrenome e temos de agradecer aos romanos to, os resultados desse tipo de investimento = inves-
por isso. Foi esse povo, que há mais de dois mil anos tir em pesquisa / desse tipo de investimento.
ergueu um império com a conquista de boa parte das
terras banhadas pelo Mediterrâneo, o inventor da moda. 9. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)
Eles tiveram a ideia de juntar ao nome comum, ou pre-
nome, um nome.
Texto I
Por quê? Porque o império romano crescia e eles preci-
savam indicar o clã a que a pessoa pertencia ou o lugar
onde tinha nascido”. Na organização do poder político no Estado moderno,
(Ciência Hoje, março de 2014) à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
“Todo mundo tem um sobrenome e temos de agradecer a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
aos romanos por isso”. (texto 3) O pronome “isso”, nesse risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
segmento do texto, se refere a(à): exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
quista da liberdade humana também reclama a distri-
a) todo mundo ter um sobrenome; buição do poder em ramos diversos, com a disposição
b) sobrenomes citados no início do texto; de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
c) todos os sobrenomes hoje conhecidos; para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
d) forma latina dos sobrenomes atuais; nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
e) existência de sobrenomes nos documentos. só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
Resposta: Letra A “todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
Todo mundo tem um sobrenome e temos de agrade- até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
cer aos romanos por isso = ter um sobrenome. do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
GABARITO OFICIAL: A
poder limite o poder”.
8. (MPU – ANALISTA – ANTROPOLOGIA – CESPE-2010) Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
eficiência, a produtividade e a competitividade nos pro- concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
cessos gerenciais e nos produtos e serviços das organi- separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
zações. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
e social de um país. Para isso, é preciso criatividade, ca- diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
pacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respos- de origem baconiana, não abandonando o rigor das
tas originais e pertinentes em situações com as quais ele certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação é um explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
percurso de difícil travessia para a maioria das institui- civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
ções. Inovar significa transformar os pontos frágeis de Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
um empreendimento em uma realidade duradoura e lu- Ministério Público em função da proteção dos direitos
crativa. A inovação estimula a comercialização de produ- humanos.
tos ou serviços e também permite avanços importantes
Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p. 18-9.
para toda a sociedade. Porém, a inovação é verdadeira
Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
somente quando está fundamentada no conhecimento.
A capacidade de inovação depende da pesquisa, da ge- No trecho “controle recíproco entre”, o pronome “eles” faz
ração de conhecimento. É necessário investir em pesqui- referência a “ramos diversos”.
sa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No
entanto, os resultados desse tipo de investimento não (  ) CERTO (  ) ERRADO
são necessariamente recursos financeiros ou valores eco-
nômicos, podem ser também a qualidade de vida com Resposta: Certo
justiça social. Ao período: (...) reclama a distribuição do poder em
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico. In: Dar- ramos diversos, com a disposição de meios que asse-
cy. Revista de jornalismo científico e cultural da Univer- gurem o controle recíproco entre eles para o advento
sidade de Brasília, novembro e dezembro de 2009, p. 37
LÍNGUA PORTUGUESA

de um cenário de equilíbrio e harmonia.


(com adaptações).
10. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – 3.ª CLAS-
Subentende-se da argumentação do texto que o pro- SE – NUCEPE-2018 - ADAPTADA) Alguém apaixonado
nome demonstrativo, no trecho “desse tipo de investi- sempre atrai novas oportunidades, se destaca do grupo, é
mento”, refere-se à ideia de “fermento do crescimento promovido primeiro, é celebrado quando volta de férias,
econômico e social de um país”.
é convidado para ser padrinho ou madrinha e para ser
companhia em momentos prazerosos. Quanto melhor
(  ) CERTO (  ) ERRADO

21
vivemos, mais motivos surgem para vivermos bem. A pros- Observe outros exemplos:
peridade é um ciclo que se retroalimenta. O importante é
decidir fazer parte dele. de águia aquilino
Em: O importante é decidir fazer parte dele, a palavra
Dele retoma, textualmente, de aluno discente
de anjo angelical
a) ciclo.
de ano anual
b) Alguém.
c) padrinho. de aranha aracnídeo
d) grupo. de boi bovino
e) apaixonado.
de cabelo capilar
Resposta: Letra A de cabra caprino
Voltemos ao período: de campo campestre ou rural
A prosperidade é um ciclo que se retroalimenta. O im-
portante é decidir fazer parte dele. de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
Prezado candidato, o referido assunto será abor- de farinha farináceo
dado no tópico “classe de palavras”. de fera ferino
de ferro férreo
DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO de fogo ígneo
de garganta gutural
Prezado candidato, o tópico acima será abordado de gelo glacial
no decorrer do material! de guerra bélico
de homem viril ou humano
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
CLASSES DE PALAVRAS de lago lacustre
de leão leonino
1. ADJETIVO
de lebre leporino
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracte- de lua lunar ou selênico
rística do ser e se relaciona com o substantivo, concor-
de madeira lígneo
dando com este em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas. de mestre magistral
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de ouro áureo
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de paixão passional
Locução adjetiva de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes- dos quadris ciático
ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição + de rio fluvial
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo- de sonho onírico
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem de velho senil
freio (paixão desenfreada). de vento eólico
LÍNGUA PORTUGUESA

de vidro vítreo ou hialino


de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

22
Observação: Flexão dos adjetivos

Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres- O adjetivo varia em gênero, número e grau.
pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª Gênero dos Adjetivos
série. / O muro de tijolos caiu.
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática): referem (masculino e feminino). De forma semelhante
aos substantivos, classificam-se em:
O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuan- a) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o
do como adjunto adnominal ou como predicativo (do masculino e outra para o feminino: ativo e ativa,
sujeito ou do objeto). mau e má.

Adjetivo Pátrio (ou gentílico) Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no


feminino somente o último elemento: o moço norte-a-
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. mericano, a moça norte-americana.
Observe alguns deles:
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
Estados e cidades brasileiras:
b) Uniformes - têm uma só forma tanto para o mas-
Alagoas alagoano culino como para o feminino: homem feliz e mu-
lher feliz.
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense Se o adjetivo é composto e uniforme, fica inva-
Amazonas amazonense ou baré riável no feminino: conflito político-social e desavença
político-social.
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense Número dos Adjetivos
Cabo Frio cabo-friense
a) Plural dos adjetivos simples
Campinas campineiro ou campinense
Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo
Adjetivo Pátrio Composto com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primei- ruins, boa e boas.
ro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
erudita. Observe alguns exemplos: função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a pa-
lavra que estiver qualificando um elemento for, original-
África afro- / Cultura afro-americana mente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva.
germano- ou teuto-/Competições Exemplo: a palavra cinza é, originalmente, um substanti-
Alemanha vo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcio-
teuto-inglesas
nará como adjetivo. Ficará, então, invariável. Logo: cami-
américo- / Companhia sas cinza, ternos cinza.
América
américo-africana
belgo- / Acampamentos Motos vinho (mas: motos verdes)
Bélgica
belgo-franceses Paredes musgo (mas: paredes brancas).
China sino- / Acordos sino-japoneses Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Espanha hispano- / Mercado hispano-português b) Adjetivo Composto
Europa euro- / Negociações euro-americanas
franco- ou galo- / Reuniões É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
França malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape-
franco-italianas
nas o último elemento concorda com o substantivo a que
Grécia greco- / Filmes greco-romanos se refere; os demais ficam na forma masculina, singular.
LÍNGUA PORTUGUESA

Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas Caso um dos elementos que formam o adjetivo com-
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua-
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo
composto inteiro ficará invariável. Veja:

23
Camisas rosa-claro. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros. b) Superlativo
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
Observação: tivo e apresenta as seguintes modalidades:

Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre de um ser é intensificada, sem relação com outros
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, seres. Apresenta-se nas formas:
vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
• Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Grau do Adjetivo
• Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad-
jetivo: o comparativo e o superlativo. Observe alguns superlativos sintéticos:

a) Comparativo benéfico beneficentíssimo


bom boníssimo ou ótimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- comum comuníssimo
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser cruel crudelíssimo
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. difícil dificílimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade doce dulcíssimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da fácil facílimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto fiel fidelíssimo
ou quão.
B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de
de um ser é intensificada em relação a um conjun-
Superioridade
to de seres. Essa relação pode ser:
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de
Inferioridade • De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
todas.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de • De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São todas.
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe-
rior, grande/maior, baixo/inferior. O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
Observe que: antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
• As formas menor e pior são comparativos de supe- duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
mau, respectivamente. tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
• Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa- a popular é constituída do radical do adjetivo português
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio


– cheíssimo.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
elementos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
duas qualidades de um mesmo elemento. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
Inferioridade
– São Paulo: Saraiva, 2010.

24
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de modo
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala
altíssimo.
SITE
Observação:
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf32.php> As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
comuns na língua popular.
2. ADVÉRBIO Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Compare estes exemplos:
O ônibus chegou. Classificação dos Advérbios
O ônibus chegou ontem.
De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o bio pode ser de:
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e a) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
do próprio advérbio. lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio defronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhu-
(bem) res, aquém, embaixo, externamente, a distância, à
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- distância de, de longe, de perto, em cima, à direita,
à esquerda, ao lado, em volta.
jetivo (claros)
b) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres-
antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
centar ideia de:
sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Tempo: Ela chegou tarde.
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Lugar: Ele mora aqui.
mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
Modo: Eles agiram mal.
à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Negação: Ela não saiu de casa. quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Dúvida: Talvez ele volte. mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Flexão do Advérbio c) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas,
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa ma-
porém, admitem a variação em grau. Observe: neira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé,
de cor, em vão e a maior parte dos que termi-
a) Grau Comparativo nam em “-mente”: calmamente, tristemente, pro-
positadamente, pacientemente, amorosamente,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo docemente, escandalosamente, bondosamente,
modo que o comparativo do adjetivo: generosamente.
d) Afirmação: sim, certamente, realmente, decer-
• de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- to, efetivamente, certo, decididamente, deveras,
nato fala tão alto quanto João. indubitavelmente.
• de inferioridade: menos + advérbio + que (do que): e) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Renato fala menos alto do que João. de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
• de superioridade: f) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, prova-
velmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato quem sabe.
fala mais alto do que João. g) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
LÍNGUA PORTUGUESA

melhor que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
nada, todo, quase, de todo, de muito, por com-
b) Grau Superlativo pleto, extremamente, intensamente, grandemente,
bem (quando aplicado a propriedades graduáveis).
O superlativo pode ser analítico ou sintético: h) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
mente, simplesmente, só, unicamente. Por exem-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Rena- plo: Brando, o vento apenas move a copa das
to fala muito alto. árvores.

25
i) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam- a) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
bém. Por exemplo: O indivíduo também amadure- para dentro, por aqui, etc.
ce durante a adolescência. b) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
j) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por c) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão,
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer em geral, frente a frente, etc.
aos meus amigos por comparecerem à festa. d) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde,
hoje em dia, nunca mais, etc.
Saiba que:
Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo,
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei o adjetivo e outro advérbio:
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos Chegou muito cedo. (advérbio)
tarde possível. Joana é muito bela. (adjetivo)
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, De repente correram para a rua. (verbo)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente. Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
cer como advérbio e como pronome indefinido. bio: Cheguei primeiro.
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo
adverbial desempenham na oração a função de adjunto
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros.
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
Como saber se a palavra bastante é verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
advérbio (não varia, não se flexiona) ou Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
pronome indefinido (varia, sofre flexão)? Se dade e de tempo, respectivamente.
der, na frase, para substituir o “bastante” por
“muito”, estamos diante de um advérbio; se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
der para substituir por “muitos” (ou muitas),
é um pronome. Veja: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio – São Paulo: Saraiva, 2010.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
(estudei muitos capítulos) = pronome literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
indefinido SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

Advérbios Interrogativos SITE

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen- coes/morf/morf75.php>
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja:
3. ARTIGO
Interrogação Direta Interrogação Indireta
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu -se como o termo variável que serve para individualizar
Onde mora? Indaguei onde morava ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Por que choras? Não sei por que choras
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Aonde vai? Perguntei aonde ia riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Donde vens? Pergunto donde vens “uma”[s] e “uns]).
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando voltas? Pergunto quando voltas a) Artigos definidos – São usados para indicar seres
determinados, expressos de forma individual: O
Locução Adverbial concurseiro estuda muito. Os concurseiros estu-
dam muito.
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- b) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- da! Umas candidatas foram aprovadas!
nariamente por uma preposição. Veja:

26
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 1– 7.ª ed. Reform.
Considera-se obrigatório o uso do artigo depois – São Paulo: Saraiva, 2010.
do numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal
conteúdo. SITE
Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
Janeiro, Veneza, A Bahia... tica/artigo.htm>
Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem. 4. CONJUNÇÃO
No caso de nomes próprios personativos, denotando
Além da preposição, há outra palavra também inva-
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas
Pedro é o xodó da família.
palavras de mesma função em uma oração:
No caso de os nomes próprios personativos estarem O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, São Paulo.
os Incas, Os Astecas... A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do Morfossintaxe da Conjunção
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa-
dos. (qualquer classe) Classificação da Conjunção

Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
ter é uns vinte anos. Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
O artigo também é usado para substantivar palavras dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. conjunção depende da existência do outro. Veja:

Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
usado:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
conhecidas: O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- “mas”. Já em:
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
bela Roma. Espero que eu seja aprovada no concurso!
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
sairá agora? Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
Exceção: O senhor vai à festa? principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse (ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- principal).
didato cuja nota foi a mais alta.
Conjunções Coordenativas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA

São aquelas que ligam orações de sentido completo


CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- e independente ou termos da oração que têm a mesma
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. função gramatical. Subdividem-se em:
– São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: a) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (=
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa e não), não só... mas também, não só... como tam-
bém, bem como, não só... mas ainda.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

27
A sua pesquisa é clara e objetiva. a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
Não só dança, mas também canta. ocorrência da oração principal. São elas: porque,
que, como (= porque, no início da frase), pois que,
b) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
pressando ideia de contraste ou compensação. que, etc.
São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
no entanto, não obstante. Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.

Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
ideia contrária à da principal, sem, no entanto, im-
c) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- pedir sua realização. São elas: embora, ainda que,
apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos
que, posto que, conquanto, etc.
que se realizam separadamente. São elas: ou, ou...
ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
talvez.
c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. hipótese ou a condição para ocorrência da princi-
pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não
d) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
que expressa ideia de conclusão ou consequência.
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
por conseguinte, por isso, assim.

Marta estava bem preparada para o teste, portanto #FicaDica


não ficou nervosa. Você deve ter percebido que a conjunção
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. condicional “se” também é conjunção
integrante. A diferença é clara ao ler as
e) Explicativas: ligam a oração anterior a uma ora- orações que são introduzidas por ela. Acima,
ção que a explica, que justifica a ideia nela con- ela nos dá a ideia da condição para que
tida. São elas: que, porque, pois (antes do verbo), recebamos um telefonema (se for preciso
porquanto. ajuda). Já na oração: Não sei se farei o
concurso. = Não há ideia de condição
Não demore, que o filme já vai começar. alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração
Falei muito, pois não gosto do silêncio! principal (sei) pede complemento (objeto
direto, já que “quem não sabe, não sabe
Conjunções Subordinativas algo”). Portanto, a oração em destaque
exerce a função de objeto direto da oração
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- principal, sendo classificada como oração
las dependente da outra. A oração dependente, intro- subordinada substantiva objetiva direta.
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha
começado quando ela chegou. d) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
prime a conformidade de um fato com outro. São
O baile já tinha começado: oração principal elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) soante, etc.
ela chegou: oração subordinada
O passeio ocorreu como havíamos planejado.
As conjunções subordinativas subdividem-se em in-
e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
tegrantes e adverbiais:
nalidade ou o objetivo com que se realiza a ora-
ção principal. São elas: para que, a fim de que, que,
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por porque (= para que), que, etc.
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin-
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, Toque o sinal para que todos entrem no salão.
LÍNGUA PORTUGUESA

ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas:


que, se. f) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente
Quero que você volte. (Quero sua volta) à ocorrência do expresso na principal. São elas:
à medida que, à proporção que, ao passo que e
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- as combinações quanto mais... (mais), quanto me-
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
com a circunstância que expressam, classificam-se em: nos... (menos), etc.

28
O preço fica mais caro à medida que os produtos sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma
escasseiam. decorrente de uma situação particular, um momento ou
um contexto específico. Exemplos:
Observação:
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
São incorretas as locuções proporcionais à medida ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
em que, na medida que e na medida em que. Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
hum: expressão de um pensamento súbito =
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta
uma circunstância de tempo ao fato expresso na interjeição
oração principal. São elas: quando, enquanto, an-
tes que, depois que, logo que, todas as vezes que, O significado das interjeições está vinculado à ma-
desde que, sempre que, assim que, agora que, mal neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita
(= assim que), etc. o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto
em que for utilizada. Exemplos:
A briga começou assim que saímos da festa.
Psiu!
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- contexto: alguém pronunciando esta expressão na
sa ideia de comparação com referência à oração rua ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
principal. São elas: como, assim como, tal como,
mando! Ei, espere!”
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto,
do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que
(combinado com menos ou mais), etc. Psiu!
contexto: alguém pronunciando em um hospital;
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem. significado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça
silêncio!”
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
sa a consequência da principal. São elas: de sorte Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
que, de modo que, sem que (= que não), de forma puxa: interjeição; tom da fala: euforia
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na
oração principal uma palavra como tal, tão, cada, Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
tanto, tamanho), etc. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
exame. As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:

a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimin-


FIQUE ATENTO! do alegria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito
Muitas conjunções não têm classificação interessante!
única, imutável, devendo, portanto, ser b) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
classificadas de acordo com o sentido que nha frente.
apresentam no contexto (destaque da Zê!).
As interjeições podem ser formadas por:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô


• palavras: Oba! Olá! Claro!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa • grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Deus! Ora bolas!
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010. Classificação das Interjeições
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. Comumente, as interjeições expressam sentido de:

SITE a) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!


Atenção! Olha! Alerta!
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- b) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
LÍNGUA PORTUGUESA

coes/morf/morf84.php> c) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!


d) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
5. INTERJEIÇÃO e) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Ânimo! Adiante!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin- f) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de g) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas h) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente!
Essa não! Chega! Basta!

29
i) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira CAMPEDELLI, Samira Yousseff, SOUZA, Jésus Barbosa
Deus! - Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
j) Desculpa: Perdão! – volume único – 3.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
k) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
l) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! SITE
m) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! coes/morf/morf89.php>
n) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa!
Pô! Ora! 6. NUMERAL
o) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
p) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
q) Silêncio: Psiu! Silêncio! soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter-
r) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa! minada sequência.
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme-
Saiba que: ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so- trata de numerais, mas sim de algarismos.
frem variação em gênero, número e grau como os no- Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem
mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e a ideia expressa pelos números, existem mais algumas
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- palavras consideradas numerais porque denotam quan-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão década, dúzia, par, ambos(as), novena.
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
Classificação dos Numerais
Locução Interjetiva
a) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
século, par, dúzia, década, bimestre.
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
b) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando ou alguma coisa ocupa numa determinada sequ-
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor- ência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!
As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
1. As interjeições são como frases resumidas, sintéti- final e penúltimo também indicam posição dos seres,
cas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por essa!) mas são classificadas como adjetivos, não ordinais.
/ Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é c) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quin-
classes gramaticais podem aparecer como inter- tos, etc.
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! d) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
Francamente! (Advérbios) dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
-frase” porque sozinha pode constituir uma men-
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Flexão dos numerais
Fique quieto!
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
que! Quá-quá-quá!, etc. quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo «ó» variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
com a sua homônima «oh!», que exprime admira- cardinais são invariáveis.
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois
do «oh!» exclamativo e não a fazemos depois do Os numerais ordinais variam em gênero e número:
LÍNGUA PORTUGUESA

«ó» vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie-


dosa e pura!” (Olavo Bilac) primeiro segundo milésimo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
primeiras segundas milésimas
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

30
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e
conseguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas
do medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
terças partes.
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)

Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
LÍNGUA PORTUGUESA

lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

31
Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


Um Primeiro -
Dois Segundo Dobro, Duplo Meio
Três Terceiro Triplo, Tríplice Terço
Quatro Quarto Quádruplo Quarto
Cinco Quinto Quíntuplo Quinto
Seis Sexto Sêxtuplo Sexto
Sete Sétimo Sétuplo Sétimo
Oito Oitavo Óctuplo Oitavo
Nove Nono Nônuplo Nono
Dez Décimo Décuplo Décimo
Onze Décimo Primeiro - Onze Avos
Doze Décimo Segundo - Doze Avos
Treze Décimo Terceiro - Treze Avos
Catorze Décimo Quarto - Catorze Avos
Quinze Décimo Quinto - Quinze Avos
Dezesseis Décimo Sexto - Dezesseis Avos
Dezessete Décimo Sétimo - Dezessete Avos
Dezoito Décimo Oitavo - Dezoito Avos
Dezenove Décimo Nono - Dezenove Avos
Vinte Vigésimo - Vinte Avos
Trinta Trigésimo - Trinta Avos
Quarenta Quadragésimo - Quarenta Avos
Cinqüenta Quinquagésimo - Cinquenta Avos
Sessenta Sexagésimo - Sessenta Avos
Setenta Septuagésimo - Setenta Avos
Oitenta Octogésimo - Oitenta Avos
Noventa Nonagésimo - Noventa Avos
Cem Centésimo Cêntuplo Centésimo
Duzentos Ducentésimo - Ducentésimo
Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo
Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo
Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo
Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo
Setecentos Septingentésimo Septingentésimo
Oitocentos Octingentésimo Octingentésimo
Nongentésimo ou
Novecentos Nongentésimo
Noningentésimo
Mil Milésimo Milésimo
LÍNGUA PORTUGUESA

Milhão Milionésimo Milionésimo


Milhão Bilionésimo Bilionésimo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

32
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
SITE Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
go; o segundo, preposição.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf40.php> Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a
7. PREPOSIÇÃO apostila. = Nós a trouxemos.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece,
por meio das preposições:
normalmente há uma subordinação do segundo termo
em relação ao primeiro. As preposições são muito im-
portantes na estrutura da língua, pois estabelecem a coe- Destino = Irei a Salvador.
são textual e possuem valores semânticos indispensáveis Modo = Saiu aos prantos.
para a compreensão do texto. Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tipos de Preposição Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
a) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Fim ou finalidade = Vim para ficar.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Instrumento = Escreveu a lápis.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Posse = Vi as roupas da mamãe.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Autoria = livro de Machado de Assis
com. Companhia = Estarei com ele amanhã.
b) Preposições acidentais: palavras de outras classes Matéria = copo de cristal.
gramaticais que podem atuar como preposições, Meio = passeio de barco.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Origem = Nós somos do Nordeste.
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, se- Conteúdo = frascos de perfume.
gundo, senão, visto. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
c) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
lendo como uma preposição, sendo que a última
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de, Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de, prepositiva por trás de.
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por
cima de, por trás de.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela. CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Essa concordância não é característica da preposição, char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
mas das palavras às quais ela se une. – São Paulo: Saraiva, 2010.
Esse processo de junção de uma preposição com ou- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

 • Combinação: união da preposição “a” com o ar- SITE


tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
 • Contração: união de uma preposição com outra portugues/preposicao/>
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, 8. PRONOME
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 • Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” pre- Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
LÍNGUA PORTUGUESA

posição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
vogal do pronome “aquilo”). forma.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o
O “a” pode funcionar como preposição, pronome homem destrói a natureza...
pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
superior à natureza, por isso ele a destrói...
para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter-
nino: A matéria que estudei é fácil!
mos (homem e natureza).

33
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do singular: eu
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do singular: tu
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do singular: ele, ela
referência exata daquilo que está sendo colocado por 1.ª pessoa do plural: nós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 2.ª pessoa do plural: vós
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
mais pronomes têm por função principal apontar para as
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- Esses pronomes não costumam ser usados como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude complementos verbais na língua-padrão. Frases como
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
ma específica para cada pessoa do discurso. até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? -me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem formas verbais marcam, através de suas desinências, as
se fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
boa viagem. (Nós)
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em nú- b) Pronome Oblíquo
mero (singular ou plural). Assim, espera-se que a refe-
rência através do pronome seja coerente em termos de
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
gênero e número (fenômeno da concordância) com o
sentença, exerce a função de complemento verbal
seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente no
(objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
enunciado.
jeto indireto)
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da
Observação:
nossa escola neste ano.
O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân-
cia adequada] me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
[neste: pronome que determina “ano” = concordân- diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
cia adequada] marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
cordância inadequada] variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
suem, podendo ser átonos ou tônicos.
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. B.1 Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
Pronomes Pessoais são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.
São aqueles que substituem os substantivos, indican-
do diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou Lista dos pronomes oblíquos átonos
escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os
pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a 1.ª pessoa do singular (eu): me
quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer 2.ª pessoa do singular (tu): te
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala. 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto 2.ª pessoa do plural (vós): vos
ou do caso oblíquo. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

a) Pronome Reto

Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-


LÍNGUA PORTUGUESA

tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos


flores.
Os pronomes retos apresentam flexão de número,
gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
assim configurado:

34
A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
especiais depois de certas terminações frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
verbais: de companhia: Ele carregava o documento consigo.
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou
-r, o pronome assume a forma lo, los, la A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
ou las, ao mesmo tempo que a terminação Ela veio até mim, mas nada falou.
verbal é suprimida. Por exemplo: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
2. Quando o verbo termina em som nasal, As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
o pronome assume as formas no, nos, na, por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
nas. Por exemplo: soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
viram + o: viram-no próprios, todos, ambos ou algum numeral.
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na Você terá de viajar com nós todos.
tem + as = tem-nas Estávamos com vós outros quando chegaram as más
notícias.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- Ele disse que iria com nós três.
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a
B.3 Pronome Reflexivo
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
ção tônica forte.
São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo a ação expressa pelo verbo.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela Lista dos pronomes reflexivos:
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me lem-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas bro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do lherme já se preparou.
caso reto.
As preposições essenciais introduzem sempre prono- Ela deu a si um presente.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso Antônio conversou consigo mesmo.
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
forma: 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
com esta conquista.
Não há mais nada entre mim e ti. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
Não há nenhuma acusação contra mim.
Não vá sem mim.
#FicaDica
Há construções em que a preposição, apesar de sur-
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma O pronome é reflexivo quando se refere
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- à mesma pessoa do pronome subjetivo
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- (sujeito): Eu me arrumei e saí.
nome, deverá ser do caso reto. É pronome recíproco quando indica
LÍNGUA PORTUGUESA

reciprocidade de ação: Nós nos amamos. /


Trouxeram vários vestidos para eu experimentar. Olhamo-nos calados.
Não vá sem eu mandar. O “se” pode ser usado como palavra
expletiva ou partícula de realce, sem ser
A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” rigorosamente necessária e sem função
está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
sintática: Os exploradores riam-se de suas
cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
tentativas. / Será que eles se foram?
para mim!

35
c) Pronomes de Tratamento 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- ao longo do texto, a pessoa do tratamento esco-
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por- lhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começa-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira mos a chamar alguém de “você”, não poderemos
pessoa. Alguns exemplos: usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, ver-
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques bo na terceira pessoa.
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli- Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
giosos em geral teus cabelos. (errado)
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
professores de curso superior, ministros de Estado e de seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de
universidades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi-
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e Pronomes Possessivos
funcionários de igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
de direito (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento (coisa possuída).
cerimonioso
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
singular)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- Número Pessoa Pronome
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
Singular Primeira Meu(s), minha(s)
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em-
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a Singular Segunda Teu(s), tua(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega- Singular Terceira Seu(s), sua(s)
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica,
Plural Primeira Nosso(s), nossa(s)
ultraformal ou literária.
Plural Segunda Vosso(s), vossa(s)
Observações: Plural Terceira Seu(s), sua(s)

1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de Note que:


tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega- A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es- a que se refere; o gênero e o número concordam com o
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
encontro. naquele momento difícil.
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram Observações:
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
ca, agiu com propriedade. 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
3. Os pronomes de tratamento representam uma for- tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo- obrigado, seu José.
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à posse. Podem ter outros empregos, como:
excelência que esse deputado supostamente tem
para poder ocupar o cargo que ocupa. a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
LÍNGUA PORTUGUESA

4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita anos.
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
possessivos e os pronomes oblíquos empregados lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. celência trouxe sua mensagem?

36
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- Este e aquele são empregados quando se quer fazer
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus referência a termos já mencionados; aquele se refere ao
livros e anotações. termo referido em primeiro lugar e este para o referido
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais por último:
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, Paulo], aquele [Palmeiras])
para que não ocorra redundância: Coloque tudo
nos respectivos lugares. ou

Pronomes Demonstrativos Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau-


lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Paulo], aquele [Palmeiras])
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
a) Em relação ao espaço: Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
aquela(s).
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
pessoa que fala: Invariáveis: isto, isso, aquilo.

Este material é meu. Também aparecem como pronomes demonstrativos:

Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da • o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
pessoa com quem se fala: puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
Esse material em sua carteira é seu? aquilo.

Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)


Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com
indiquei.)
quem se fala:
Aquele material não é nosso.
• mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam
Vejam aquele prédio!
em gênero quando têm caráter reforçativo:
b) Em relação ao tempo:
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
Eu mesma refiz os exercícios.
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em Elas mesmas fizeram isso.
relação à pessoa que fala: Eles próprios cozinharam.
Esta manhã farei a prova do concurso! Os próprios alunos resolveram o problema.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- • semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
rém relativamente próximo à época em que se situa a • tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
pessoa que fala:
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
remoto: à mencionada em primeiro lugar.
Naquele tempo, os professores eram valorizados. 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
c) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
rá ou escreverá): em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se que estava vendo. (no = naquilo)
LÍNGUA PORTUGUESA

falará:
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Pronomes Indefinidos
ortografia, concordância.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: quantidade indeterminada.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas
desejamos! recém-plantadas.

37
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pes- São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
soa de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer
forma imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal
um ser humano que seguramente existe, mas cuja iden- qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
tidade é desconhecida ou não se quer revelar. Classifi- ou outra, etc.
cam-se em:
Cada um escolheu o vinho desejado.
a) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
lugar do ser ou da quantidade aproximada de se- Pronomes Relativos
res na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano,
beltrano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. São aqueles que representam nomes já mencionados
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
Algo o incomoda? as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
Quem avisa amigo é. um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
b) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um tros = oração subordinada adjetiva).
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s), O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sis-
certa(s). tema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que
a palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo
Cada povo tem seus costumes. que.
Certas pessoas exercem várias profissões. O antecedente do pronome relativo pode ser o pro-
nome demonstrativo o, a, os, as.
Note que:
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro-
expresso.
nomes indefinidos adjetivos:
Quem casa, quer casa.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui-
Observe:
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne-
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
vários, várias. quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco. Note que:

Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
riáveis e invariáveis. Observe: go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
• Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vá- seu antecedente for um substantivo.
rio, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, pou- a qual)
cos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, ne- Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
nhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, ou- quais)
tras, quantas. As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
• Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, as quais)
nada, algo, cada.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
plural é feito em seu interior). (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
LÍNGUA PORTUGUESA

Todo e toda no singular e junto de artigo significa in- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as: preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira) neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades) São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro) cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Trabalho todo dia. (= todos os dias) tia?).

38
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili- ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
za-se o qual / a qual) gente que conversava, (que) ria, observava.
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas Pronomes Interrogativos
deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com São usados na formulação de perguntas, sejam elas
o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse- diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne- dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im-
ro e número); não se usa artigo depois deste pronome; preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais. variações), quanto (e variações).

Existem pessoas cujas ações são nobres. Com quem andas?


(antecedente) (consequente) Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re- O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun-
feriu-se a) ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso
oblíquo quando desempenha função de complemento.
“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante-
cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
tudo: 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar.
Emprestei tantos quantos foram necessários.
(antecedente) Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao
Ele fez tudo quanto havia falado. caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce
(antecedente) função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur-
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
precedido de preposição. para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
É um professor a quem muito devemos. sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
(preposição)
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante- tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
casa onde morava foi assaltada. dos de preposição.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- a) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
vamos no exterior. que eu estava fazendo.
b) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as mim o que eu estava fazendo.
palavras:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• como (= pelo qual) – desde que precedida das pa-
lavras modo, maneira ou forma: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Não me parece correto o modo como você agiu sema- CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
na passada. char - Português linguagens: volume 2 – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
• quando (= em que) – desde que tenha como ante- AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
cedente um nome que dê ideia de tempo: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
LÍNGUA PORTUGUESA

Bons eram os tempos quando podíamos jogar Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
videogame. Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. SITE
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste
esporte. Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. coes/morf/morf42.php>

39
Colocação Pronominal • Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos • Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
pronomes oblíquos átonos na frase. Não era minha intenção machucá-la.
• Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
se inicia período com pronome oblíquo).
#FicaDica
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a Vou-me embora agora mesmo.
função de complemento verbal (objeto). Por Levanto-me às 6h.
isso, memorize:
OBlíquo = OBjeto! • Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
• Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- proposta fazendo-se de desentendida.
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. Colocação pronominal nas locuções verbais

Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. • Após verbo no particípio = pronome depois do
A próclise é usada: verbo auxiliar (e não depois do particípio):

• Quando o verbo estiver precedido de palavras que Tenho me deliciado com a leitura!
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: Eu tenho me deliciado com a leitura!
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, Eu me tenho deliciado com a leitura!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. • Não convém usar hífen nos tempos compostos e
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expli- nas locuções verbais:
quem tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se Vamos nos unir!
esforçou. Iremos nos manifestar.
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a
oportunidade. • Quando há um fator para próclise nos tempos
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
• Orações iniciadas por palavras interrogativas: do pronome oblíquo “solto” entre os verbos =
Quem lhe disse isso? Não vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos
• Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quan- preocupar”).
to se ofendem!
• Orações que exprimem desejo (orações optativas): Emprego de o, a, os, as
Que Deus o ajude.
• A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro- • Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
material amanhã. / Tu sabes cantar?
Chame-o agora.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do Deixei-a mais tranquila.
verbo. A mesóclise é usada:
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- • Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em (Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
prol da paz no mundo. (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma • Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
ria. Veja: Não se realizará... para no, na, nos, nas.
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Chamem-no agora.
LÍNGUA PORTUGUESA

nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró- Põe-na sobre a mesa.
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
nharia nessa viagem).

Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.


A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:

40
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
#FicaDica e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que tivo comum.
significa “antes”! Pronome antes do verbo!
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
(end, em Inglês – que significa “fim, final!). uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Pronome depois do verbo! homem, mulher, país, cachorro.
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do Estamos voando para Barcelona.
verbo
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. b) Substantivos Concretos e Abstratos
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser
– São Paulo: Saraiva, 2010. que existe, independentemente de outros seres.

SITE Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo
real e do mundo imaginário.
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra-
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
matica/colocacao-pronominal-.html> Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água,
9. SUBSTANTIVO fantasma.

Substantivo é a classe gramatical de palavras variá- B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se-
veis, as quais denominam todos os seres que existem, res que dependem de outros para se manifestarem
sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e ou existirem. Por exemplo: a beleza não existe por
fenômenos, os substantivos também nomeiam: si só, não pode ser observada. Só podemos obser-
var a beleza numa pessoa ou coisa que seja bela.
• lugares: Alemanha, Portugal A beleza depende de outro ser para se manifes-
• sentimentos: amor, saudade tar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
• estados: alegria, tristeza abstrato.
• qualidades: honestidade, sinceridade
• ações: corrida, pescaria Os substantivos abstratos designam estados, quali-
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem
Morfossintaxe do substantivo ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento).
Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
• Substantivos Coletivos
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha,
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do outra abelha, mais outra abelha.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
penhadas por grupos de palavras. Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
Classificação dos Substantivos mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

a) Substantivos Comuns e Próprios tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto


de seres da mesma espécie (abelhas).
Observe a definição:
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que,
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se-
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
res da mesma espécie.
cidade (em oposição aos bairros).

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Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas peças teatrais, obras
repertório
alcateia lobos musicais
acervo livros réstia alhos ou cebolas
trechos literários romanceiro poesias narrativas
antologia
selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
desordeiros ou tropa muares, soldados
bando
malfeitores turma estudantes, trabalhadores
banca examinadores vara porcos
batalhão soldados
cardume peixes Formação dos Substantivos
caravana viajantes peregrinos
a) Substantivos Simples e Compostos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra.
colmeia abelhas
O substantivo chuva é formado por um único ele-
concílio bispos mento ou radical. É um substantivo simples.
congresso parlamentares, cientistas
atores de uma peça ou A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
elenco único elemento.
filme
esquadra navios de guerra Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc.
enxoval roupas Veja agora: O substantivo guarda-chuva é formado por
falange soldados, anjos dois elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é
composto.
fauna animais de uma região
feixe lenha, capim A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
flora vegetais de uma região dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-
-flor, passatempo.
frota navios mercantes, ônibus
girândola fogos de artifício b) Substantivos Primitivos e Derivados
horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores, B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva
junta de nenhuma outra palavra da própria língua por-
examinadores
tuguesa. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
júri jurados derivado, pois se originou a partir da palavra limão.
legião soldados, anjos, demônios B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
leva presos, recrutas outra palavra.
malfeitores ou
malta Flexão dos substantivos
desordeiros
manada búfalos, bois, elefantes, O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
matilha cães de raça vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
molho chaves, verduras exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo:
multidão pessoas em geral meninão / Diminutivo: menininho
LÍNGUA PORTUGUESA

insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.) a) Flexão de Gênero
penca bananas, chaves
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
pinacoteca pinturas, quadros
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
quadrilha ladrões, bandidos a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
ramalhete flores a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.

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Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Veja estes títulos de filmes:
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão
- sultana
O velho e o mar
Um Natal inesquecível • Substantivos terminados em -or:
Os reis da praia
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
• Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
A história sem fim cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta -
Uma cidade sem passado poetisa / duque - duquesa / conde - condessa /
As tartarugas ninjas profeta - profetisa
• Substantivos que formam o feminino trocando o
-e final por -a: elefante - elefanta
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes • Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen- • Substantivos que formam o feminino de maneira
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho- especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita anteriores: czar – czarina, réu - ré
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
para o feminino. Classificam-se em:
a) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Epicenos:
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
macho e o jacaré fêmea. Não é possível saber o sexo do jacaré em questão.
b) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma
a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste- forma para indicar o masculino e o feminino.
munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o Alguns nomes de animais apresentam uma só for-
indivíduo. ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são
c) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in- chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se
colega e a colega, o doente e a doente, o artista e palavras macho e fêmea.
a artista.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o Sobrecomuns:
sintoma, o teorema.
Entregue as crianças à natureza.
• Existem certos substantivos que, variando de gê-
nero, variam em seu significado: A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso,
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
A criança chorona chamava-se João.
a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca- A criança chorona chamava-se Maria.
beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con- Outros substantivos sobrecomuns:
clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública); a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora). criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes Marcela faleceu
LÍNGUA PORTUGUESA

Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno Comuns de Dois Gêneros:
- aluna.
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
• Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
ao masculino: freguês - freguesa
• Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
de três formas: vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.

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A distinção de gênero pode ser feita através da análi- guia outras), a guia (documento, pena grande das asas
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- das aves), o grama (unidade de peso), a grama (relva), o
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; caixa (funcionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; pagamentos), o lente (professor), a lente (vidro de aumen-
repórter francês - repórter francesa to), o moral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes,
ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a
A palavra personagem é usada indistintamente nos fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor),
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (pon-
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- cho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo),
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (re-
mador), a voga (moda).
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino:
O problema está nas mulheres de mais idade, que não b) Flexão de Número do Substantivo
aceitam a personagem.
Em português, há dois números gramaticais: o singu-
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
fotográfico Ana Belmonte. que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
rística do plural é o “s” final.
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o Plural dos Substantivos Simples
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o
proclama, o pernoite, o púbis. Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
Exceção: cânon - cânones.
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
São geralmente masculinos os substantivos de ori-
em “ns”: homem - homens.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra- Atenção:
coma, o hematoma. O plural de caráter é caracteres.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais;
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce- caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males,
ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro cônsul e cônsules.
Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
gre. / Uma Londres imensa e triste. duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos têm uma significação no mascu- A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma-
lino e outra no feminino. Observe: neiras: répteis ou reptis (pouco usada).
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
à frente de um bloco carnavalesco, manejando um bas- duas maneiras:
tão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
(ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in-
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a ca-
LÍNGUA PORTUGUESA

variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.


pital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (ca-
beleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado de três maneiras.
na administração da crisma e de outros sacramentos), a
crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a es- 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
tepe (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos

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Observação: Casos Especiais
Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
dois – e até três – plurais: o louva-a-deus e os louva-a-deus
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos a n c i ã o
– anciões/anciães/anciãos o bem-te-vi e os bem-te-vis
charlatão – charlatões/charlatães corrimão o bem-me-quer e os bem-me-queres
– corrimãos/corrimões o joão-ninguém e os joões-ninguém.
guardião – guardiões/guardiães vilão – vilãos/
vilões/vilães Plural das Palavras Substantivadas
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
o látex - os látex. classes gramaticais usadas como substantivo, apresen-
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Plural dos Substantivos Compostos Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
A formação do plural dos substantivos compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
lavras que formam o composto e da relação que esta- Observação:
belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen
comportam-se como os substantivos simples: aguar- Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/pontapés, não variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos
malmequer/malmequeres. seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
Plural dos Diminutivos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas
e discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi-
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
a) Flexionam-se os dois elementos, quando formados
de:
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores animai(s) + zinhos = animaizinhos
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e botõe(s) + zinhos = botõezinhos
amores-perfeitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
gentis-homens farói(s) + zinhos = faroizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras tren(s) + zinhos = trenzinhos
b) Flexiona-se somente o segundo elemento, quando colhere(s) + zinhas = colherezinhas
formados de: flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e papéi(s) + zinhos = papeizinhos
alto-falantes nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e
funi(s) + zinhos = funizinhos
reco-recos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
c) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando pai(s) + zinhos = paizinhos
formados de:
pé(s) + zinhos = pezinhos
substantivo + preposição clara + substantivo = água- pé(s) + zitos = pezitos
-de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca- Plural dos Nomes Próprios Personativos
valo-vapor e cavalos-vapor
substantivo + substantivo que funciona como deter- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o sempre que a terminação preste-se à flexão.
Os Napoleões também são derrotados.
LÍNGUA PORTUGUESA

tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,


bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, As Raquéis e Esteres.
peixe-espada - peixes-espada.
Plural dos Substantivos Estrangeiros
d) Permanecem invariáveis, quando formados de: Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora escritos como na língua original, acrescentando-se “s”
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os (exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os
saca-rolhas shorts, os jazz.

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Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- nho do ser. Classifica-se em:
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
os réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
Observe o exemplo: Este jogador faz gols toda vez que jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
Plural com Mudança de Timbre 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
nho do ser. Pode ser:
Certos substantivos formam o plural com mudança
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico).
vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
Singular Plural dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
Corpo (ô) Corpos (ó)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Esforço Esforços
Fogo Fogos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Forno Fornos Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Fosso Fossos char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform.
Imposto Impostos – São Paulo: Saraiva, 2010.
Olho Olhos CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Osso (ô) Ossos (ó) Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
Ovo Ovos São Paulo: Saraiva, 2002.
Poço Poços
SITE
Porto Portos
Posto Postos Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf12.php>
Tijolo Tijolos
10. VERBO
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
etc. Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Observação: nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
molho (ó) = feixe (molho de lenha). no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).

Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o Estrutura das Formas Verbais


norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. os seguintes elementos:
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida- a) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos). ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas -ava; fal-am. (radical fal-)
com sentido de plural: Aqui morreu muito negro. b) Tema: é o radical seguido da vogal temática que
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
improvisadas. exemplo: fala-r. São três as conjugações:
c) Flexão de Grau do Substantivo 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática
LÍNGUA PORTUGUESA

- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).


Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. c) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
Classifica-se em:
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicati-
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
rado normal. Por exemplo: casa vo) / falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)

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d) Desinência número-pessoal: é o elemento que de- Observação:
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o nú-
mero (singular ou plural): Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
dica a 3.ª pessoa do plural.) ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
permanece inalterado.
FIQUE ATENTO!
c) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
O verbo pôr, assim como seus derivados jugação completa. Os principais são adequar, pre-
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª caver, computar, reaver, abolir, falir.
conjugação, pois a forma arcaica do verbo d) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
pôr era poer. A vogal “e”, apesar de haver normalmente, são usados na terceira pessoa do
desaparecido do infinitivo, revela-se em singular. Os principais verbos impessoais são:
algumas formas do verbo: põe, pões,
põem, etc. 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).

Formas Rizotônicas e Arrizotônicas Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =


Existiam)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen- Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do 2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
Faz invernos rigorosos na Europa.
Classificação dos Verbos Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.
Classificam-se em:
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
a) Regulares: são aqueles que apresentam o radical reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
inalterado durante a conjugação e desinências vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
idênticas às de todos os verbos regulares da mes- se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver- “amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
Modo Indicativo: xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
conjugação completa.
Canto Falo
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Cantas Falas
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Canta Falas Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
Cantamos Falamos
4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando
Cantais Falais tempo: Já passa das seis.
5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição
#FicaDica “de”, indicando suficiência:

Observe que, retirando os radicais, as Basta de tolices.


desinências modo-temporal e número- Chega de promessas.
pessoal mantiveram-se idênticas. Tente fazer
com outro verbo e perceberá que se repetirá 6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,
o fato (desde que o verbo seja da primeira Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem
conjugação e regular!). Faça com o verbo referência a sujeito expresso anteriormente (por
“andar”, por exemplo. Substitua o radical exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso,
LÍNGUA PORTUGUESA

“cant” e coloque o “and” (radical do verbo classificar o sujeito como hipotético, tornando-se,
andar). Viu? Fácil! tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente


de “ser possível”. Por exemplo:
b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, Não deu para chegar mais cedo.
fizesse. Dá para me arrumar uma apostila?

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e) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:

Teu irmão amadureceu bastante.


O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

• Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):

Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)


Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

• Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.

Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

f) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).

O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Particípio Particípio
Infinitivo
Regular Irregular
Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
LÍNGUA PORTUGUESA

Suspender Suspendido Suspenso


Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escre-
ver/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

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g) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
h) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso
numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:

Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

P r e t . Fut. do
Presente Pret. Perfeito Pret. Imp. Fut.do Pres.
mais-que-perf. Pretérito
Sou Fui Era Fora Serei Seria
És Foste Eras Foras Serás Serias
É Foi Era Fora Será Seria
Somos Fomos Éramos Fôramos Seremos Seríamos
Sois Fostes Éreis Fôreis Sereis Seríeis
São Foram Eram Foram Serão Seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele

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sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres Fut.do Preté
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR Modo Subjuntivo – Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja

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hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

i) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
• Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a re-
flexibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
LÍNGUA PORTUGUESA

tivos pronomes):

Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem

• Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.

51
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota
penteou-me. b) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjeti-
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes vo ou advérbio. Por exemplo:
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem
função sintática. Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de
Há verbos que também são acompanhados de pro- advérbio)
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmen- Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
te pronominais - são os verbos reflexivos. Nos verbos
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação
reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na
em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
pessoa idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Por exemplo: Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me
(objeto direto) – 1.ª pessoa do singular Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundis-
mo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
Modos Verbais
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas futebol.
pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadei- 2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
ro. Existem três modos:
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequa-
a) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu da, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no
estudo para o concurso. momento da outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que
b) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um
futuro em andamento, exigindo, no caso, a construção
Talvez eu estude amanhã.
“verificarei” ou “vou verificar”.
c) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estu-
de, colega! c) Particípio: quando não é empregado na formação
dos tempos compostos, o particípio indica, geral-
Formas Nominais mente, o resultado de uma ação terminada, flexio-
nando-se em gênero, número e grau. Por exemplo:
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- Terminados os exames, os candidatos saíram.
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo,
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas Quando o particípio exprime somente estado, sem
nominais. Observe: nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a
função de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida
a) Infinitivo pela turma.

A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de


modo vago e indefinido, podendo ter valor e fun-
ção de substantivo. Por exemplo:

Viver é lutar. (= vida é luta)


É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- Tempos Verbais


te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
Tomando-se como referência o momento em que se
exemplo:
fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diver-
É preciso ler este livro.
sos tempos.
Era preciso ter lido este livro.
a) Tempos do Modo Indicativo
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singu- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste
LÍNGUA PORTUGUESA

lar, não apresenta desinências, assumindo a mes- colégio.


ma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
seguinte maneira: num momento anterior ao atual, mas que não foi com-
pletamente terminado: Ele estudava as lições quando foi
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu) interrompido.
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós) Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós) momento anterior ao atual e que foi totalmente termina-
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles) do: Ele estudou as lições ontem à noite.

52
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

b) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
No próximo final de semana, faço a prova!
faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Tabelas das Conjugações Verbais

Modo Indicativo

Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
LÍNGUA PORTUGUESA

53
Pretérito mais-que-perfeito

3.ª conjugação
1.ª conjugação 2.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

54
Desinên. Pessoal Des. tem
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.poral
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

Des.temporal
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

c) Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo
LÍNGUA PORTUGUESA

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

55
Presente do Imperativo Presente do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Indicativo Afirmativo Subjuntivo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Eu canto - Que eu cante Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Tu cantas CantA tu Que tu cantes CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Ele canta Cante você Que ele cante char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
– São Paulo: Saraiva, 2010.
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos AMARAL, Emília... [et al.] - Português: novas palavras:
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis literatura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem
SITE
Imperativo Negativo
Disponível em: http://www.soportugues.com.br/se-
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar coes/morf/morf54.php
a negação às formas do presente do subjuntivo.
Vozes do Verbo
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta
Que eu cante - a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indi-
Que tu cantes Não cantes tu cando se este é paciente ou agente da ação. Importante
lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal.
Que ele cante Não cante você São três as vozes verbais:
Que nós cantemos Não cantemos nós
a) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
Que vós canteis Não canteis vós
ação expressa pelo verbo:
Que eles cantem Não cantem eles
Ele fez o trabalho.
• No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª sujeito agente ação objeto (paciente)
pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois
uma ordem, pedido ou conselho só se aplicam b) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa ação expressa pelo verbo:
razão, utiliza-se você/vocês.
• O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: O trabalho foi feito por ele.
sê (tu), sede (vós). sujeito paciente ação agente da passiva
Infinitivo Pessoal
c) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR O menino feriu-se.
cantar vender partir
cantarES venderES partirES #FicaDica
cantar vender partir Não confundir o emprego reflexivo do verbo
cantarMOS venderMOS partirMOS com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
cantarDES venderDES partirDES Nós nos amamos. (um ama o outro)
cantarEM venderEM partirEM

• O verbo parecer admite duas construções: Formação da Voz Passiva

Elas parecem gostar de você. (forma uma locução A voz passiva pode ser formada por dois processos:
verbal) analítico e sintético.
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito ora-
LÍNGUA PORTUGUESA

cional, correspondendo à construção: parece gostarem de a) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte
você). maneira:

• O verbo pegar possui dois particípios (regular e Verbo SER + particípio do verbo principal. Por
irregular): exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos:
Elvis tinha pegado minhas apostilas. os alunos pintarão a escola)
Minhas apostilas foram pegas. O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

56
Observações: Os mestres têm constantemente aconselhado os
alunos.
• O agente da passiva geralmente é acompanhado Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
da preposição por, mas pode ocorrer a construção los mestres.
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou
cercada de soldados. Eu o acompanharei.
• Pode acontecer de o agente da passiva não estar Ele será acompanhado por mim.
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
• A variação temporal é indicada pelo verbo auxi- Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
transformação das frases seguintes: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle-
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente,
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz paciente ou agente paciente.
ativa)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicativo)
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
char - Português linguagens: volume 2. – 7.ª ed. Reform.
Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
– São Paulo: Saraiva, 2010.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras:
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.
• Nas frases com locuções verbais, o verbo SER as-
sume o mesmo tempo e modo do verbo princi- SITE
pal da voz ativa. Observe a transformação da frase
seguinte: Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se-
coes/morf/morf54.php>
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
b) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética -
ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª
pessoa, seguido do pronome apassivador “se”. Por 1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO
exemplo: – CESGRANRIO-2018)

Abriram-se as inscrições para o concurso. O ano da esperança


Destruiu-se o velho prédio da escola.
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás
Observação:
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei-
O agente não costuma vir expresso na voz passiva
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a
sintética.
consciência de que era uma doação. A situação foi pio-
rando. Os argumentos também. No início era para pagar
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes.
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so-
substancialmente o sentido da frase. freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia.
Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações,
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa) remédios. A situação piorando, eu já estava encomen-
Sujeito da Ativa objeto Direto dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico,
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen-
LÍNGUA PORTUGUESA

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até
Passiva) que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu
Sujeito da Passiva Agente da Passiva não ajudava mais.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma recei-
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; ta de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nun-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ca conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo ter caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o
tempo.

57
emprego após o suposto acidente. Foi por isso que me Resposta: Letra C
deixei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde Em “a”: Os jornais noticiaram que alguns países mobi-
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As lizam-se = se mobilizam
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a Em “b”: Para criar leis eficientes no combate aos boa-
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. tos, sempre deve-se = sempre se deve
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos Em “c”: Entre os numerosos usuários da internet, cons-
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- tata-se um sentimento = correta
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça Em “d”: Uma nova lei contra as fake news promulgada
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova na Alemanha não aplica-se = não se aplica
consciência para votar. Como? Num mundo em que as Em “e”: Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites mais eficaz para que adote-se = que se adote
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já 3. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Se substituíssemos
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso os complementos dos verbos abaixo por pronomes pes-
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. soais oblíquos enclíticos, a única forma INADEQUADA
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da seria:
internet.
Duvidam. Acham que estou mentindo. a) impregna a vida cotidiana / impregna-a;
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. b) entender os debates / entendê-los;
2017, p.97. Adaptado.
c) ganha destaque / ganha-o;
d) supõe um conhecimento / supõe-lo;
No trecho “perde-se o dinheiro e o amigo”, a colocação
e) marcaram sua história / marcaram-na.
do pronome átono em destaque está de acordo com a
norma-padrão da língua portuguesa. O mesmo ocorre
em: Resposta: Letra D
Em “a”: impregna a vida cotidiana / impregna-a =
a) Não se perde nem o dinheiro nem o amigo. correta
b) Perderia-se o dinheiro e o amigo. Em “b”: entender os debates / entendê-los = correta
c) O dinheiro e o amigo tinham perdido-se. Em “c”: ganha destaque / ganha-o = correta
d) Se perdeu o dinheiro, mas não o amigo. Em “d”: supõe um conhecimento / supõe-lo =
e) Se o amigo que perdeu-se voltasse, ficaria feliz. supõe-no
Em “e”: marcaram sua história / marcaram-na = correta
Resposta: Letra A
Em “a”: Não se perde = correta (advérbio atrai o pro- 4. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL –
nome = próclise) VUNESP-2014) Considerando-se o uso do pronome e
Em “b”: Perderia-se = verbo no futuro do pretérito: a colocação pronominal, a expressão em destaque no
perder-se-ia (mesóclise) trecho – ... que cercam o sentido da existência huma-
Em “c”: O dinheiro e o amigo tinham perdido-se = ti- na... – está corretamente substituída pelo pronome, de
nham se perdido acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na
Em “d”: Se perdeu = não se inicia período com prono- alternativa:
me oblíquo/partícula apassivadora (Perdeu-se)
Em “e”: Se o amigo que perdeu-se = o “que” atrai o a) ... que cercam-lo...
pronome (próclise): que se perdeu b) ... que cercam-no...
c) ... que o cercam...
2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- d) ... que lhe cercam...
GRANRIO-2018) Segundo as exigências da norma-pa- e) ... que cercam-lhe...
drão da língua portuguesa, o pronome destacado foi
utilizado na posição correta em: Resposta: Letra C
Correções à frente:
a) Os jornais noticiaram que alguns países mobilizam-se Em “a”: que cercam-lo = o “que” atrai o pronome (que
para combater a disseminação de notícias falsas nas o cercam)
redes sociais. Em “b”: que cercam-no = que o cercam (“no” está cor-
b) Para criar leis eficientes no combate aos boatos, sem- reta – caso não tivéssemos o “que”, pois, devido a sua
pre deve-se ter em mente que o problema de divulga- presença, teremos próclise, não ênclise)
ção de notícias falsas é grave e muito atual. Em “c”: que o cercam = correta
c) Entre os numerosos usuários da internet, constata-se Em “d”: que lhe cercam = a posição está correta, mas
LÍNGUA PORTUGUESA

um sentimento generalizado de reprovação à prática o pronome está errado (“lhe” é para objeto indireto =
de divulgação de inverdades. a ele/ela)
d) Uma nova lei contra as fake news promulgada na Ale- Em “e”: que cercam-lhe = que o cercam
manha não aplica-se aos sites e redes sociais com me-
nos de 2 milhões de membros. 5. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2014)
e) Uma vultosa multa é, muitas vezes, o estímulo mais Considerando apenas as regras de regência e de coloca-
eficaz para que adote-se a conduta correta em relação ção pronominal da norma-padrão da língua portuguesa,
à reputação das celebridades.

58
a expressão destacada em – Ainda assim, 60% afirmam O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
que raramente ou nunca têm informações sobre o im- frase acima está em:
pacto ambiental do produto ou do comportamento da
empresa. – pode ser corretamente substituída por a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no
a) ... nunca informam-se sob o impacto... espaço...
b) ... nunca se informam o impacto... c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
c) ... nunca informam-se ao impacto... Charles Baudelaire.
d) ... nunca se informam do impacto... d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
e) ... nunca informam-se no impacto... ros na literatura...
e) ... para depois casá-las...
Resposta: Letra D
Por eliminação: o advérbio “nunca” atrai o pronome, Resposta: Letra A
teremos próclise (nunca se). Ficamos com B e D. Agora “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
vamos ao verbo: quem se informa, informa-se sobre vo. Procuremos nos itens:
algo = precisa de preposição. A alternativa que tem Em “a”, Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
preposição presente é a D (do = de+o). Teremos: nun- Em “b”, Porque não seria = futuro do pretérito do
ca se informam do impacto. Indicativo
Em “c”, Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
6. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL – to do Indicativo
VUNESP-2013) Considerando a substituição da expres- Em “d”, Quase meio século separa = presente do
são em destaque por um pronome e as normas da co- Indicativo
locação pronominal, a oração – … que abrem a cabeça Em “e”, para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
… – equivale, na norma-padrão da língua, a: elas)

a) que abrem-a. 9. (TRT 20.ª REGIÃO-SE - TÉCNICO JUDICIÁRIO


b) que abrem-na. – FCC-2016)
c) que a abrem. Precisamos de um treinador que nos ajude a comer...
d) que lhe abrem. O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
e) que abrem-lhe. sublinhado acima está também sublinhado em:

Resposta: Letra C a) ... assim que conseguissem se virar sem as mães ou as


Primeiramente: o “que” atrai o pronome oblíquo, en- amas...
tão teremos que + pronome. Resta-nos identificar se b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
o pronome é objeto direto (a) ou indireto (lhe). Vol- c) ... país que transformou a infância numa bilionária in-
temos ao verbo: abrir. Quem abre, abre algo... abre o dústria de consumo...
quê? Sem preposição! Portanto: objeto direto = que d) E, mesmo que se esforcem muito...
a abrem. e) Hoje há algo novo nesse cenário.

7. (TST - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA APOIO ESPE- Resposta: Letra D


CIALIZADO - ESPECIALIDADE MEDICINA DO TRABA- que nos ajude = presente do Subjuntivo
LHO – FCC/2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à Em “a”, que conseguissem = pretérito do Subjuntivo
constatação de que todo perfil de rede social é um retrato Em “b”, que proliferaram = pretérito perfeito (e tam-
ideal de nós mesmos. bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- Em “c”, que transformou = pretérito perfeito do
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser Indicativo
substituído por: Em “d”, que se esforcem = presente do Subjuntivo
Em “e”, há algo novo nesse cenário = presente do
a) ademais. Indicativo
b) conquanto.
c) porquanto. 10. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - Técnico Judiciário – FCC-
d) entretanto. 2016) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
e) apesar. com a norma culta na seguinte frase:

Resposta: Letra D a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento


Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- não poderia receber qualquer tipo de retificação.
LÍNGUA PORTUGUESA

sição). A substituição deve utilizar outra de mesma b) Os documentos com assinatura digital disporam de
classificação, para que se mantenha a ideia do perío- algoritmos de criptografia que os protegeram.
do. A correta é entretanto. c) Arquivados eletronicamente, os documentos pode-
ram contar com a proteção de uma assinatura digital.
8. (TRT 23.ª REGIÃO-MT - ANALISTA JUDICIÁRIO - d) Quem se propor a alterar um documento criptografa-
ÁREA ADMINISTRATIVA- FCC-2016) do deve saber que comprometerá sua integridade.
... para quem Manoel de Barros era comparável a São e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
Francisco de Assis... comprometer a integridade dos documentos.

59
Resposta: Letra E Resposta: Letra E
Em “a”, Para que se mantesse (mantivesse) sua auten- Em “a”, Existe grande confusão = substantivo
ticidade, o documento não poderia receber qualquer Em “b”, o médico ou alguém causa ativamente a mor-
tipo de retificação. te = pronome
Em “b”, Os documentos com assinatura digital dispo- Em “c”, prolonga o processo de morrer procurando
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os distanciar a morte = substantivo
protegeram. Em “d”, Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “c”, Arquivados eletronicamente, os documentos Em “e”, E como seria a verdadeira boa morte? =
poderam (puderam) contar com a proteção de uma adjetivo
assinatura digital.
Em “d”, Quem se propor (propuser) a alterar um docu- 13. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
mento criptografado deve saber que comprometerá DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
sua integridade. – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010)
Em “e”, Não é possível fazer as alterações que convie-
rem sem comprometer a integridade dos documentos
= correta

11. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO -


SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) Considere
as seguintes frases:
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos


empregados nessas frases está em destaque em:

a) ... o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com


que o cérebro humano não considere útil gravar esses
dados...
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-
Disponível em: http://www.acharge.com.br/index.htm
-número de informações.
(acesso: 03/03/2010)
c) ... após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... A palavra “oposição”, da charge, é classificada morfolo-
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em gicamente como:
que morou quando era criança?
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- a) Substantivo concreto.
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky... b) Substantivo abstrato.
c) Substantivo coletivo.
Resposta: Letra D d) Substantivo próprio.
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- e) Adjetivo.
vo (expressam ordem). Vamos aos itens:
Em “a”, ... o acesso rápido e a quantidade de textos Resposta: Letra B
fazem = presente do Indicativo O termo “oposição” é classificado – morfologicamente
Em “b”, Na internet, basta um clique = presente do – como substantivo abstrato, pois não existe por si só
Indicativo – depende de outro ser para “se concretizar”.
Em “c”, ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
= presente do Indicativo
Em “d”, Pense rápido: = Imperativo RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE
Em “e”, É o que mostra também uma pesquisa = pre- ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
sente do Indicativo RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO
12. (PC-SP - ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL
– VUNESP-2014) Assinale a alternativa em que a pala-
vra em destaque na frase pertence à classe dos adjetivos FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
(palavra que qualifica um substantivo). SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
LÍNGUA PORTUGUESA

TERMOS DA ORAÇÃO
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
eutanásia...
b) ... o médico ou alguém causa ativamente a morte... Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
a morte. dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
e) E como seria a verdadeira boa morte? jou muito ontem à noite.

60
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em O candidato está preparado.
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- Os candidatos estão preparados.
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
partir de seu sentido global: to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
a) frases interrogativas = o emissor da mensagem estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
formula uma pergunta: Que dia é hoje? no singular: candidato = está).
b) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou A função do sujeito é basicamente desempenhada
faz um pedido: Dê-me uma luz! por substantivos, o que a torna uma função substantiva
c) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
tado afetivo: Que dia abençoado! quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
d) frases declarativas = o emissor constata um fato: A pria) também podem exercer a função de sujeito.
prova será amanhã. Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo,
substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais: plo: substantivo)
sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver- Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a do sujeito.
parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, Um sujeito é determinado quando é facilmente
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que nado pode ser simples ou composto.
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo possível identificar claramente a que se refere a concor-
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
de ligação): Estão gritando seu nome lá fora.
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação Trabalha-se demais neste lugar.
(predicado verbal)
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
cleo é “fácil” (predicado nominal) senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
tido completo. O período pode ser simples ou composto. Nós estudaremso juntos.
A humanidade é frágil.
Período simples é aquele constituído por apenas Ninguém se move.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove. O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
A existência é frágil. derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. As crianças precisam de alimentos saudáveis.

Período composto é aquele constituído por duas ou O sujeito composto é o sujeito determinado que
mais orações: apresenta mais de um núcleo.
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais. Alimentos e roupas custam caro.
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Termos da Oração O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
LÍNGUA PORTUGUESA

Termos essenciais Além desses dois sujeitos determinados, é comum a


referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
O sujeito e o predicado são considerados termos “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
para a formação das orações. No entanto, existem ora- pela desinência verbal ou pelo contexto.
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que
define a oração é a presença do verbo. O sujeito é o ter- Abolimos todas as regras. = (nós)
mo que estabelece concordância com o verbo. Falaste o recado à sala? = (tu)

61
Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
pronomes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci- é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
to na desinência verbal “-mos” ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de- difere do sujeito numa oração é o seu predicado.
sinência verbal “-ais”
Chove muito nesta época do ano.
Mas: Houve problemas na reunião.
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - objeto direto.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso As questões estavam fáceis!
contrário, teríamos uma oração sem sujeito. Sujeito simples = as questões
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Predicado = estavam fáceis
nado de duas maneiras:
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o Sujeito = uma ideia estranha
sujeito não tenha sido identificado anteriormente: Predicado = passou-me pelo pensamento

Bateram à porta; Para o estudo do predicado, é necessário verificar


Andam espalhando boatos a respeito da queda do se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
ministro. nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
siderar também se as palavras que formam o predicado
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
ou composto: oração.
Os meninos bateram à porta. (simples) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) de opinião.

b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- Predicado


cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
ca dos verbos que não apresentam complemento O predicado acima apresenta apenas uma palavra
direto: que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos. A cidade está deserta.
Trata-se de casos delicados.
Sempre se está sujeito a erros. O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
de indeterminação do sujeito. sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
predicativo do sujeito).
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi- significativo um verbo:
pais casos de orações sem sujeito com:
Chove muito nesta época do ano.
• os verbos que indicam fenômenos da natureza: Estudei muito hoje!
Compraste a apostila?
Amanheceu.
Está trovejando. Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
• os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam processos.
LÍNGUA PORTUGUESA

fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao


tempo em geral: O predicado nominal é aquele que tem como nú-
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
Está tarde. ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
Já são dez horas. do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
Faz frio nesta época do ano. tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
Há muitos concursos com inscrições abertas. ligação).

62
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado Gosto de música popular brasileira.
do sujeito: Os dados parecem corretos. Necessito de ajuda.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como Objeto Pleonástico
elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
relacionadas.
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos.
A função de predicativo é exercida, normalmente, por Normalmente, as frases em que ocorrem objetos
um adjetivo ou substantivo. pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida,
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe-
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No tição que se dá o nome de objeto pleonástico.
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto). “Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal-
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig- ves Dias)
nificativo, indicando processos. É também sempre por
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com objeto pleonástico
o termo a que se refere.

O dia amanheceu ensolarado;


As mulheres julgam os homens inconstantes. Ao traidor, nada lhe devemos.

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta O termo que integra o sentido de um nome chama-se
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de complemento nominal, que se liga ao nome que com-
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: pleta por intermédio de preposição:
um verbal e outro nominal. A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
vra “necessária”
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o
complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Termos acessórios da oração e vocativo
Termos integrantes da oração
Os termos acessórios recebem este nome por serem
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
complemento nominal são chamados termos integrantes junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
da oração. tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
Os complementos verbais integram o sentido dos oração.
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com- O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
plementos diretamente, sem a presença de preposição, ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
ou indiretamente, por intermédio de preposição. sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
mente ao verbo.
Houve muita confusão na partida final. a pé àquela velha praça.
Queremos sua ajuda.
O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
O objeto direto preposicionado ocorre termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
principalmente: ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
a) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
muns referentes a pessoas: numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. amigo de infância.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
LÍNGUA PORTUGUESA

na-se: objeto direto preposicionado)


O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
cansar a Vossa Senhoria. verbo.
c) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a cri-
se. (sem preposição, o sentido seria outro: O povo O poeta português deixou uma obra originalíssima.
prejudica a crise) O poeta deixou-a.

63
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Duas orações são coordenadas quando estão juntas
adjunto adnominal) em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta português deixou uma obra inacabada. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
O poeta deixou-a inacabada. Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
(Período Composto)
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
do objeto) Podemos dizer:

Enquanto o complemento nominal se relaciona a um 1. Estou comprando um protetor solar.


substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se 2. Irei à praia.
relaciona apenas ao substantivo.
Separando as duas, vemos que elas são independen-
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, tes. Tal período é classificado como Período Composto
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um por Coordenação.
termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se- Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
gunda-feira, passei o dia mal-humorado. mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Sindéticas.
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
a) Coordenadas Assindéticas
termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
gunda-feira passei o dia mal-humorado.
São orações coordenadas entre si e que não são li-
O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas
valor na oração, em: justapostas.
a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma- Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação
com o mundo. b) Coordenadas Sindéticas
b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas
c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so- entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
nho, tudo forma o carnaval. coordenativa, que dará à oração uma classificação. As
d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida. co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas.
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- • Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- principais conjunções são: e, nem, não só... mas
tantivadas esse papel na linguagem. também, não só... como, assim... como.

João, venha comigo! Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
Traga-me doces, minha menina! Comprei o protetor solar e fui à praia.

Períodos Compostos • Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:


suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
Período Composto por Coordenação davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma Li tudo, porém não entendi!
oração)
Estou comprando um protetor solar, depois irei à • Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...
quer; seja...seja.
LÍNGUA PORTUGUESA

orações)
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
orações).
• Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
principais conjunções são: logo, portanto, por fim,
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
entre as orações de um período composto: uma relação posto ao verbo).
de coordenação ou uma relação de subordinação.

64
Passei no concurso, portanto comemorarei! O garoto perguntou qual seu nome.
A situação é delicada; devemos, pois, agir. Oração Subordinada Substantiva

• Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas Não sabemos quando ele virá.
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, Oração Subordinada Substantiva
na verdade, pois (anteposto ao verbo).
Classificação das Orações Subordinadas Substantivas
Não fui à praia, pois queria descansar durante o
Domingo. Conforme a função que exerce no período, a oração
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. subordinada substantiva pode ser:

1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do


Período Composto Por Subordinação
verbo da oração principal:
Quero que você seja aprovado! É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Oração principal oração subordinada Sujeito

Observe que na oração subordinada temos o verbo
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu- É fundamental que você compareça à reunião.
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida Oração Principal Oração Subordinada Substan-
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam tiva Subjetiva
verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou FIQUE ATENTO!
explícitas. Observe que a oração subordinada
substantiva pode ser substituída pelo
Podemos modificar o período acima. Veja: pronome “isso”. Assim, temos um período
simples:
Quero ser aprovado. É fundamental isso ou Isso é
Oração Principal Oração Subordinada fundamental.

A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- Desta forma, a oração correspondente a
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração “isso” exercerá a função de sujeito.
subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora-
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
ção principal:
ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou • Verbos de ligação + predicativo, em construções
particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí- do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É cer-
citas (como no exemplo acima). to - Parece certo - É claro - Está evidente - Está
comprovado
Observação:
É bom que você compareça à minha festa.
As orações reduzidas não são introduzidas por con-
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual- • Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-
mente, introduzidas por preposição. -se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi
anunciado, Ficou provado.
a) Orações Subordinadas Substantivas
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
tegrante (que, se). • Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar
- importar - ocorrer - acontecer
Não sei se sairemos hoje.
Oração Subordinada Substantiva Convém que não se atrase na entrevista.
LÍNGUA PORTUGUESA

Temos medo de que não sejamos aprovados. Observação:


Oração Subordinada Substantiva Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
do singular.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, do verbo da oração principal:
onde, como).

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Todos querem sua aprovação no concurso. 5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su-
Objeto Direto jeito do verbo da oração principal e vem sempre
depois do verbo ser.
Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem
isso) Nosso desejo era sua desistência.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Predicativo do Sujeito
tiva Objetiva Direta
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso de-
As orações subordinadas substantivas objetivas dire- sejo era isso)
tas (desenvolvidas) são iniciadas por: Oração Subordinada Substantiva Predicativa

• Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e 6. Apositiva = exerce função de aposto de algum
“se”: A professora verificou se os alunos estavam termo da oração principal.
presentes.
• Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
vezes regidos de preposição), nas interrogações Aposto
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
do carro importado. Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
• Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às Oração subordinada substantiva apositiva reduzida
vezes regidos de preposição), nas interrogações de infinitivo
indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
(Fernanda tinha um grande sonho: isso)
3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto
do verbo da oração principal. Vem precedida de Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
preposição.
b) Orações Subordinadas Adjetivas
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos-
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva-
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e
nisso) exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva
Indireta Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Observação:
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje-
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo
oração.
papel:
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Indireta
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva
4. Completiva Nominal = completa um nome que
Perceba que a conexão entre a oração subordinada
pertence à oração principal e também vem marca-
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
da por preposição.
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
Sentimos orgulho de seu comportamento. nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa
Complemento Nominal o papel que seria exercido pelo termo que o antecede
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun-
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= ciona como sujeito).
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva Completiva
Nominal FIQUE ATENTO!
LÍNGUA PORTUGUESA

As orações subordinadas substantivas objetivas in- Vale lembrar um recurso didático para
diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que reconhecer o pronome relativo “que”: ele
orações subordinadas substantivas completivas nominais sempre pode ser substituído por: o qual -
integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da a qual - os quais - as quais
outra, é necessário levar em conta o termo complemen- Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com- oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o o qual estuda.
segundo, um nome.

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Forma das Orações Subordinadas Adjetivas pontuação seja indicada como forma de diferenciar as
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicati-
Quando são introduzidas por um pronome relativo e vas vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol- c) Orações Subordinadas Adverbiais
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome Uma oração subordinada adverbial é aquela que
relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre- exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo, ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
gerúndio ou particípio). po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro-
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- a introduz (assim como acontece com as coordenadas
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome sindéticas).
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su- Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono- Oração Subordinada Adverbial
me relativo e seu verbo está no infinitivo.
A oração em destaque agrega uma circunstância de
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada
adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
Na relação que estabelecem com o termo que carac- acessórios que indicam uma circunstância referente, via
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem bial depende da exata compreensão da circunstância que
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- exprime.
dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou minha vida.
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
tra suficientemente definido. Estas orações denominam- minha vida.
-se subordinadas adjetivas explicativas.
No primeiro período, “naquele momento” é um ad-
Exemplo 1: junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração
passava naquele momento. subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol-
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
No período acima, observe que a oração em desta- possível reduzi-la, obtendo-se:
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos nha vida.
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
le momento. A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
Exemplo 2: é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
O homem, que se considera racional, muitas vezes
age animalescamente. Observação:

Oração Subordinada Adjetiva Explicativa A classificação das orações subordinadas adverbiais


Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con- oração.
ceito de “homem”.
Classificação das Orações Subordinadas Adverbiais
Saiba que:
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, àquilo que provoca um determinado fato, ao moti-
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a vo do que se declara na oração principal. Principal

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conjunção subordinativa causal: porque. Outras Só irei se ele for.
conjunções e locuções causais: como (sempre in-
troduzido na oração anteposta à oração principal), A oração acima expressa uma condição: o fato de
pois, pois que, já que, uma vez que, visto que. “eu” ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.

As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Compare agora com:
forte. Irei mesmo que ele não vá.
Já que você não vai, eu também não vou.
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon- A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre- concessiva.
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
qual ela se subordina. Repare: Observe outros exemplos:
Embora fizesse calor, levei agasalho.
1. Faltei à aula porque estava doente. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa) e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais


que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de comparativas estabelecem uma comparação com
estar doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a a ação indicada pelo verbo da oração principal.
oração sublinhada relata um fato que aconteceu depois, Principal conjunção subordinativa comparativa:
já que primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram como.
vermelhos.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme)
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên- Você age como criança. (age como uma criança age)
cia, é efeito do que se declara na oração principal.
• geralmente há omissão do verbo.
São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado
para a execução do que se declara na oração prin-
Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma-
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas:
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
concretizando-os. valor de conforme).
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
zida de Infinitivo) Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe direitos iguais.
como necessário para a realização ou não de um
fato. As orações subordinadas adverbiais condicio- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que se declara na oração principal. Principal conjunção
se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso subordinativa final: a fim de. Outras conjunções fi-
na oração principal. nais: que, porque (= para que) e a locução conjun-
tiva para que.
Principal conjunção subordinativa condicional: se.
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
certamente o melhor time será campeão. seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
Caso você saia, convide-me. principal. Principal locução conjuntiva subordina-
tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
da oração principal, isto é, admitem uma contra- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
LÍNGUA PORTUGUESA

dição ou um fato inesperado. A ideia de conces- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
são está diretamente ligada ao contraste, à quebra (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
de expectativa. Principal conjunção subordinativa (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
concessiva: embora. Utiliza-se também a conjun- (mais), quanto menos...(menos).
ção: conquanto e as locuções ainda que, ainda
quando, mesmo que, se bem que, posto que, ape- À proporção que estudávamos mais questões
sar de que. acertávamos.

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À medida que lia mais culto ficava. c) que relembremos este dia;
d) que relembrássemos este dia;
i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato e) uma nova lembrança deste dia.
expresso na oração principal, podendo exprimir
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste- Resposta: Letra C
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- Em “c”: que relembremos este dia;
poral: quando. Outras conjunções subordinativas Em “d”: que relembrássemos este dia;
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: Em uma oração desenvolvida há a presença de con-
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, junção. Ambos os itens têm, mas temos que fazer a
depois que, sempre que, desde que, etc. correlação verbal com o período da oração reduzida
(o verbo nos dá uma hipótese – talvez seja bom relem-
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. brar). Portanto, a forma correta é: Talvez um dia seja
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter- bom que relembremos este dia.
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
2. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
Orações Reduzidas
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Ou seja, foi usada
para criar uma desigualdade social...”; se modificarmos a
As orações subordinadas podem vir expressas como
oração reduzida de infinitivo por uma oração desenvolvi-
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- da, a forma adequada seria:
tivo subordinativo que as introduza.
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo a) para a criação de uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- b) para que se criasse uma desigualdade social;
sença do conectivo) c) para que se crie uma desigualdade social;
d) para a criatividade de uma desigualdade social;
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam e) para criarem uma desigualdade social.
“desenvolvidas” – como no exemplo acima.
É preciso estudar = oração subordinada substantiva Resposta: Letra B
subjetiva reduzida de infinitivo Em “b”: para que se criasse uma desigualdade social;
É preciso que se estude = oração subordinada subs- Em “c”: para que se crie uma desigualdade social;
tantiva subjetiva Desenvolvida = tem conjunção. Ambas têm. A dife-
rença é o tempo verbal. A ação aconteceu (foi usada
Orações Intercaladas para criar): Ou seja, foi usada para que se criasse uma
desigualdade social.
São orações independentes encaixadas na sequên-
cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um 3. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO
aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou – FGV-2017) Uma manchete do Estado de São Paulo,
travessões. 10/04/2017, dizia o seguinte: “Atentados contra cristãos
Nós – continuava o relator – já abordamos este matam 44 no Egito e país decreta emergência”. As duas
assunto. orações desse período mantêm entre si a seguinte rela-
ção lógica:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
a) causa e consequência;
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa b) informação e comprovação;
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. c) fato e exemplificação;
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, d) afirmação e explicação;
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira e) tese e argumentação.
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
São Paulo: Saraiva, 2002.
Resposta: Letra A
Atentados contra cristãos matam 44 no Egito e país de-
SITE
creta emergência = devido aos atentados (causa), o
Disponível em: <http://www.pciconcursos.com.br/ país decretou emergência (consequência).
aulas/portugues/frase-periodo-e-oracao>
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATI-
VO – FGV-2017) “Com as novas medidas para evitar a
abstenção, o governo espera uma economia vultosa no
EXERCÍCIOS COMENTADOS Enem”. A oração reduzida “para evitar a abstenção” pode
LÍNGUA PORTUGUESA

ser adequadamente substituída pela seguinte oração


1. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) desenvolvida:
“Talvez um dia seja bom relembrar este dia”. (Virgílio) A
forma de oração desenvolvida adequada corresponden- a) para que se evitasse a abstenção;
te à oração sublinhada acima é: b) a fim de que a abstenção fosse evitada;
c) para que se evite a abstenção;
a) relembrarmos este dia; d) a fim de evitar-se a abstenção;
b) a relembrança deste dia; e) evitando-se a abstenção.

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Resposta: Letra C c) exerce função de aposto e não pode ser excluída da
Em “a”: para que se evitasse a abstenção; oração por tratar-se de um termo essencial.
Em “b”: a fim de que a abstenção fosse evitada; d) exerce função de adjunto adnominal, portanto é um
Em “c”: para que se evite a abstenção; termo acessório.
Desenvolvida tem conjunção. O período traz “para evi- e) exerce função de adjunto adverbial, portanto é um
tar a abstenção” = hipótese. A forma correta é: “com as termo acessório.
novas medidas para que se evite a abstenção”.
Resposta: Letra B
5. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – A expressão destacada exerce a função de aposto –
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) Assinale a opção em que uma informação a mais sobre o termo citado anterior-
o termo sublinhado funciona como sujeito. mente (no caso, Minas Gerais). É um termo acessório,
podendo ser retirado do período sem prejudicar a
a) “Em um regime de liberdades, há sempre o risco de coerência.
excessos”.
b) “Sempre há, também, o oportunismo político-ideoló- 8. (TRF-1.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INFOR-
gico para se aproveitar da crise”. MÁTICA – FCC-2014)
c) “Não faltam, também, os arautos do quanto pior, me- Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava
lhor, ...”. uma sala...
d) “A greve atravessou vários sinais ao estrangular as O verbo que exige complemento tal como o sublinhado
vias de suprimento que mantêm o sistema produtivo acima está em:
funcionando”.
e) “Numa democracia, é livre a expressão”. a) A capacidade de computação duplicou a cada 18 me-
ses nos últimos 20 anos ...
Resposta: Letra C b) ... que deriva da informação.
Em “a”: há sempre o risco de excessos = objeto direto c) ... que reduz as barreiras ao acesso.
Em “b”: “Sempre há, também, o oportunismo político- d) ... do que era nos anos 70.
-ideológico = objeto direto e) ... atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma
Em “c”: “Não faltam, também, os arautos do quanto camisa.
pior, melhor = sujeito
Em “d”: que mantêm o sistema produtivo funcionando Resposta: Letra C
= objeto direto “Ocupava uma sala” = transitivo direto
Em “e”: é livre a expressão = predicativo do sujeito Em “a”: A capacidade de computação duplicou = ver-
bo intransitivo
6. (TJ-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FUNÇÃO JUDI- Em “b”: que deriva da informação = transitivo indireto
CIÁRIA – IBFC-2017 - ADAPTADA) “A resposta que lhe Em “c”: que reduz as barreiras = transitivo direto
daria seria: ‘Essa estória não aconteceu nunca para que Em “d”: do que era nos anos 70 = verbo de ligação
aconteça sempre... ’” O pronome destacado cumpre papel Em “e”: atualmente, 200 gigabytes cabem = verbo
coesivo, mas também sintático na oração. Assim, sintati- intransitivo
camente, ele deve ser classificado como:
9. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) “Tenho
a) adjunto adnominal. comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da
b) objeto direto. internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação
c) complemento nominal. específica que coíba não somente os usos mas os abusos
d) objeto indireto. deste importante e eficaz veículo de comunicação”. Sobre
e) predicativo. as ocorrências do vocábulo que, nesse segmento do tex-
to, é correto afirmar que:
Resposta: Letra D
O verbo “dar” é bitransitivo (transitivo direto e indire- a) são pronomes relativos com o mesmo antecedente;
to): Quem dá, dá algo (direto) a alguém (indireto). No b) exemplificam classes gramaticais diferentes;
caso: resposta (objeto direto) / lhe (objeto indireto = c) mostram diferentes funções sintáticas;
a ele[a]) d) são da mesma classe gramatical e da mesma função
sintática;
7. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- e) iniciam o mesmo tipo de oração subordinada.
LÍNGUA PORTUGUESA

TRATIVA – AOCP-2015) Em “Ele diz que vota desde os


18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais, Resposta: Letra D
sua terra natal...”, a expressão em destaque “Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas,
os usos da internet, que (= a qual) se ressente ainda da
a) exerce função de vocativo e não pode ser excluída da falta de uma legislação específica que (= a qual) coíba
oração por tratar-se de um termo essencial. não somente os usos mas os abusos deste importan-
b) exerce função de aposto e pode ser excluída da ora- te e eficaz veículo de comunicação” = ambos podem
ção por tratar-se de um termo acessório. ser substituídos por “a qual”, portanto são pronomes

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relativos (pertencem à mesma classe gramatical); o 1.º • Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
inicia uma oração subordinada adjetiva explicativa; o panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
2.º, adjetiva restritiva. de período, este não receberá outro ponto; neste
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
10. (TRE-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- de período. Exemplo: Estudei português, matemá-
TRATIVA – CONSULPLAN-2017) Analise as afirmações rica, constitucional, etc. (e não “etc..”)
apresentadas a seguir. • Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
I. Em “Existe alguma hora que não seja de relógio?”, a ponto, assim como após o nome do autor de uma
oração sublinhada é uma oração subordinada adjetiva citação:
explicativa.
II. Em “[...] tem surgido, cada vez mais frequente, o dimi- Haverá eleições em outubro
nutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua como
sujeito da locução verbal “ter surgido”.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
III. “Não pense que para por aí [...]”, a oração sublinhada
leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
é uma oração subordinada substantiva objetiva direta.
IV. Em “[...] se te chamarem de ‘queridinho’, querem é
que você exploda.”, a oração destacada é uma oração • Os números que identificam o ano não utilizam
subordinada adverbial causal. ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem
como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
Estão corretas apenas as afirmativas 17600-250.

a) I e II. b) Ponto e Vírgula (;)


b) II e III.
c) III e IV. • Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
d) I, II e IV. importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho;
os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
Resposta: Letra B generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum es-
Em “I” - “Existe alguma hora que não seja de reló- pírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
gio?”, a oração sublinhada é uma oração subordinada • Separa partes de frases que já estão separadas por
adjetiva explicativa = substituindo “que” por “a qual”, vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
continua com sentido, então é pronome relativo – pre- tros, montanhas, frio e cobertor.
sente nas adjetivas, mas no período em questão te- • Separa itens de uma enumeração, exposição de
mos uma restritiva = incorreta motivos, decreto de lei, etc.
Em “II” - tem surgido, cada vez mais frequente, o di-
minutivo do gerúndio.”, a expressão destacada atua Ir ao supermercado;
como sujeito da locução verbal “ter surgido” = correta Pegar as crianças na escola;
Em “III” - “Não pense que para por aí [...]”, a oração Caminhada na praia;
sublinhada é uma oração subordinada substantiva ob- Reunião com amigos.
jetiva direta = correta
Em “IV” - se te chamarem de ‘queridinho’, a oração c) Dois pontos (:)
destacada é uma oração subordinada adverbial causal
= adverbial condicional (“se”) = incorreta
• Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
Coutinho trata este assunto:
• Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
• Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
PONTUAÇÃO a rotina de sempre.
• Em frases de estilo direto
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual, além Maria perguntou:
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando • Por que você não toma uma decisão?
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
depende, em certos momentos, da intenção do autor do d) Ponto de Exclamação (!)
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
LÍNGUA PORTUGUESA

te relacionados ao contexto e ao interlocutor. • Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,


susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me ca-
Principais funções dos sinais de pontuação
sar com você!
• Depois de interjeições ou vocativos
a) Ponto (.)

• Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ai! Que susto!


cerrando o período. João! Há quanto tempo!

71
e) Ponto de Interrogação (?) 5. Para isolar:

• Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. a) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole bra-
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur sileira, possui um trânsito caótico.
Azevedo) b) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

f) Reticências (...) Observações:


• Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres-
pis, canetas, cadernos... são latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria
• Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero dispensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o
dizer... é verdad... Ah!” acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empre-
• Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este guemos etc. predecido de vírgula: Falamos de política,
mal... pega doutor? futebol, lazer, etc.
• Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
xa, depois, o coração falar... binados o ponto de interrogação e o de exclamação:
Você falou isso para ela?!
g) Vírgula (,)
Temos, ainda, sinais distintivos:
Não se usa vírgula
• a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
Separando termos que, do ponto de vista sintático, ração de siglas (IOF/UPC);
ligam-se diretamente entre si: • os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como pri-
1. Entre sujeito e predicado: meira opção aos parênteses, principalmente na
Todos os alunos da sala foram advertidos. matemática;
Sujeito predicado • o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
2. Entre o verbo e seus objetos: um nome que não se quer mencionar.
O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Usa-se a vírgula: CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-


char - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform.
1. Para marcar intercalação: – São Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
abundância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. SITE
Estão produzindo, todavia, altas quantidades de
alimentos. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- portugues/pontuacao/>
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto Disponível em: <http://www.brasilescola.com/grama-
é, não querem abrir mão dos lucros altos. tica/uso-da-virgula.htm>

2. Para marcar inversão:


EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) do adjunto adverbial (colocado no início da ora-
ção): Depois das sete horas, todo o comércio está
1. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
de portas fechadas.
O enunciado em que a vírgula foi empregada em desa-
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
cordo com as regras de pontuação é
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
a) Como esse metal é limitado, isso garantia que a pro-
maio de 1982.
dução de dinheiro fosse também limitada.
b) Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o
3. Para separar entre si elementos coordenados
padrão-ouro.
(dispostos em enumeração):
LÍNGUA PORTUGUESA

c) Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é


criado assim, inventado em canetaços a partir da con-
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
cessão de empréstimos.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e
d) Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
animais.
moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante.
e) Escassa porque só banqueiros podem criá-la, e abun-
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
dante porque é gerada pela simples manipulação de
remos comer pizza; e vocês, churrasco.
bancos de dados.

72
Resposta: Letra E Em “b”, destacar os sistemas onde se originaram os
O enunciado pede a alternativa em desacordo: regimes trabalhista e previdenciário = correta
Em “a”, Como esse metal é limitado, isso garantia Em “c”, criticar o atraso político de alguns sistemas da
que a produção de dinheiro fosse também limitada História = incorreta
= correta Em “d”, condenar nossos regimes trabalhista e previ-
Em “b”, Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o denciário por serem muito antigos = incorreta
Em “e”, exemplificar alguns dos nossos erros do pas-
padrão-ouro = correta
sado = incorreta
Em “c”, Praticamente todo o dinheiro que existe no
mundo é criado assim, inventado em canetaços a par- 3. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE DA-
tir da concessão de empréstimos = correta DOS – FGV-2010) Assinale a alternativa em que a vírgula
Em “d”, Assim, o sistema monetário atual funciona está corretamente empregada.
com uma moeda que é ao mesmo tempo escassa e
abundante = correta a) O jeitinho, essa instituição tipicamente brasileira pode
Em “e”, Escassa porque só banqueiros podem criá-la, ser considerado, sem dúvida, um desvio de caráter.
(X) e abundante porque é gerada pela simples mani- b) Apareciam novos problemas, e o funcionário embora
pulação de bancos de dados = incorreta - a vírgula competente, nem sempre conseguia resolvê-los.
pode ser utilizada antes da conjunção “e”, desde que c) Ainda que os níveis de educação estivessem avançan-
haja mudança de sujeito, por exemplo (o que não do, o sentimento geral, às vezes, era de frustração.
d) É claro, que se fôssemos levar a lei ao pé da letra, mui-
acontece na questão)
tos sofreriam sanções diariamente.
e) O tempo não para as transformações sociais são ur-
2. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEIRO gentes mas há quem não perceba esse fato, que é
GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) evidente.

Texto 1 Resposta: Letra C


Indiquei com (X) os lugares inadequados e acrescentei
Em artigo publicado no jornal carioca O Globo, 19/3/2018, a pontuação que faltou:
com o nome Erros do passado, o articulista Paulo Gue- Em “a”, O jeitinho, essa instituição tipicamente brasi-
des escreve o seguinte: “Os regimes trabalhista e pre- leira , pode ser considerado, sem dúvida, um desvio
videnciário brasileiros são politicamente anacrônicos, de caráter.
economicamente desastrosos e socialmente perversos. Em “b”, Apareciam novos problemas , (X) e o funcio-
nário , embora competente, nem sempre conseguia
Arquitetados de início em sistemas políticos fechados
resolvê-los.
(na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Em “c”, Ainda que os níveis de educação estivessem
Mussolini), e desde então cultivados por obsoletos pro- avançando, o sentimento geral, às vezes, era de frus-
gramas socialdemocratas, são hoje armas de destruição tração.= correta
em massa de empregos locais em meio à competição Em “d”, É claro , (X) que se fôssemos levar a lei ao pé da
global. Reduzem a competitividade das empresas, fabri- letra, muitos sofreriam sanções diariamente.
cam desigualdades sociais, dissipam em consumo cor- Em “e”, O tempo não para , as transformações sociais
rente a poupança compulsória dos encargos recolhidos, são urgentes , mas há quem não perceba esse fato,
derrubam o crescimento da economia e solapam o valor que é evidente.
futuro das aposentadorias”. (adaptado)
4. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
No texto 1, os termos inseridos nos parênteses – na Ale- RIO-2018) De acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, a pontuação está corretamente empregada
manha imperial de Bismarck e na Itália fascista de Musso-
em:
lini – têm a finalidade textual de:
a) O conjunto de preocupações e ações efetivas, quan-
a) enumerar os sistemas políticos fechados do passado; do atendem, de forma voluntária, aos funcionários e
b) destacar os sistemas onde se originaram os regimes à comunidade em geral, pode ser definido como res-
trabalhista e previdenciário; ponsabilidade social.
c) criticar o atraso político de alguns sistemas da História; b) As empresas que optam por encampar a prática da
d) condenar nossos regimes trabalhista e previdenciário responsabilidade social, beneficiam-se de conseguir
por serem muito antigos; uma melhor imagem no mercado.
e) exemplificar alguns dos nossos erros do passado. c) A noção de responsabilidade social foi muito utiliza-
da em campanhas publicitárias: por isso, as empresas
precisam relacionar-se melhor, com a sociedade.
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra B
d) A responsabilidade social explora um leque abrangen-
Arquitetados de início em sistemas políticos fecha-
te de beneficiários, envolvendo assim: a qualidade de
dos (na Alemanha imperial de Bismarck e na Itália vida o bem-estar dos trabalhadores, a redução de im-
fascista de Mussolini) = os termos entre parênteses pactos negativos, no meio ambiente.
servem para se referir aos sistemas políticos fechados, e) Alguns críticos da responsabilidade social defendem
exemplificando-os. a ideia de que: o objetivo das empresas é o lucro e a
Em “a”, enumerar os sistemas políticos fechados do geração de empregos não a preocupação com a so-
passado = incorreta ciedade como um todo.

73
Resposta: Letra A c) apresentam informações que se opõem às informa-
Assinalei com (X) as inadequações e destaquei as ções precedentes.
inclusões: d) retificam as informações precedentes, dando-lhes o
Em “a”: O conjunto de preocupações e ações efetivas, correto matiz semântico.
quando atendem, de forma voluntária, aos funcioná- e) estabelecem certas restrições de sentido às informa-
rios e à comunidade em geral, pode ser definido como ções precedentes.
responsabilidade social = correta
Em “b”: As empresas que optam por encampar a prá- Resposta: Letra A
tica da responsabilidade social, (X) beneficiam-se de É uma situação que contrasta com outros lugares de
conseguir uma melhor imagem no mercado. Barcelona, uma cidade que vive hoje em duas di-
Em “c”: A noção de responsabilidade social foi mui- mensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, que
to utilizada em campanhas publicitárias: (X) ; por isso, se cotovelam nos pontos turísticos da cidade
as empresas precisam relacionar-se melhor, (X) com a Os períodos destacados acrescentam informações aos
sociedade. termos citados anteriormente.
Em “d”: A responsabilidade social explora um leque
abrangente de beneficiários, envolvendo , assim: (X) ,
a qualidade de vida , o bem-estar dos trabalhadores,
(X) e a redução de impactos negativos, (X) no meio CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
ambiente.
Em “e”: Alguns críticos da responsabilidade social de-
fendem a ideia de que: (X) o objetivo das empresas é CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
o lucro e a geração de empregos , não a preocupação
com a sociedade como um todo. Os concurseiros estão apreensivos.
Concurseiros apreensivos.
5. (PC-SP - Investigador de Polícia – Vunesp-2014)
No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
número e gênero se correspondem. A correspondência
de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
(Folha de S.Paulo, 03.01.2014. Adaptado)
ser verbal ou nominal.
De acordo com a norma-padrão, no primeiro quadri-
nho, na fala de Hagar, deve ser utilizada uma vírgula, Concordância Verbal
obrigatoriamente,
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
a) antes da palavra “olho”. seu sujeito.
b) antes da palavra “e”.
c) depois da palavra “evitar”. Sujeito Simples - Regra Geral
d) antes da palavra “evitar”.
e) depois da palavra “e”. O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
Resposta: Letra C
“Não posso evitar doutor” = no diálogo, Hagar fala A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
com o doutor (vocativo); portanto, presença obriga- 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
tória de vírgula após o verbo “evitar”.
Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
6. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO – SUBSTITUTO – VU- 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
NESP-2018) No trecho do primeiro parágrafo do texto
– Nas escolas da Catalunha, a separação da Espanha tem Casos Particulares
apoio maciço. É uma situação que contrasta com outros
lugares de Barcelona, uma cidade que vive hoje em a) Quando o sujeito é formado por uma expressão
duas dimensões. De um lado, há a Barcelona dos turistas, partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
LÍNGUA PORTUGUESA

que se cotovelam nos pontos turísticos da cidade, … metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
–, empregam-se as vírgulas para separar as expressões parte de...) seguida de um substantivo ou prono-
destacadas porque elas me no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
plural.
a) acrescem às informações precedentes comentários
que lhes ampliam o sentido. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
b) sintetizam as ideias centrais das informações Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
precedentes. ram proposta.

74
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos Qual de nós é capaz?
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân- Algum de vós fez isso.
dalos destruiu / destruíram o monumento.
e) Quando o sujeito é formado por uma expressão
Observação: que indica porcentagem seguida de substantivo, o
verbo deve concordar com o substantivo.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque 25% do orçamento do país será destinado à Educação.
aos elementos que formam esse conjunto. 85% dos entrevistados não aprovam a administração
do prefeito.
b) Quando o sujeito é formado por expressão que
indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, 1% do eleitorado aceita a mudança.
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs- 1% dos alunos faltaram à prova.
tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
• Quando a expressão que indica porcentagem não
Cerca de mil pessoas participaram do concurso. é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
Perto de quinhentos alunos compareceram à com o número.
solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi- 25% querem a mudança.
mas Olimpíadas. 1% conhece o assunto.

Observação: • Se o número percentual estiver determinado por


artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- -á com eles:
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- Os 30% da produção de soja serão exportados.
ram um ao outro) Esses 2% da prova serão questionados.

c) Quando se trata de nomes que só existem no plu- f) O pronome “que” não interfere na concordância; já
ral, a concordância deve ser feita levando-se em o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
conta a ausência ou presença de artigo. Sem arti- singular.
go, o verbo deve ficar no singular; com artigo no
plural, o verbo deve ficar o plural. Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Estados Unidos possui grandes universidades. Sou eu quem faz a prova.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. Não serão eles quem será aprovado.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
g) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
d) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou mir a forma plural.
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro taram os poetas.
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o Este candidato é um dos que mais estudaram!
pronome pessoal.
• Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
Quais de nós são / somos capazes? dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? singular:
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões
inovadoras. Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a • Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
LÍNGUA PORTUGUESA

inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz tantivo, o verbo pode:


ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atra-
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de vessa o Estado de São Paulo. (já que não há outro
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. rio que faça o mesmo).
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti-
condição).
ver no singular, o verbo ficará no singular.

75
h) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o c) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. passa a existir uma nova possibilidade de concor-
dância: em vez de concordar no plural com a totali-
Vossa Excelência está cansado? dade do sujeito, o verbo pode estabelecer concor-
Vossas Excelências renunciarão? dância com o núcleo do sujeito mais próximo.

i) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se Faltaram coragem e competência.
de acordo com o numeral. Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
Deu uma hora no relógio da sala. Compareceu o banca e todos os candidatos.
Deram cinco horas no relógio da sala.
Soam dezenove horas no relógio da praça. d) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor-
Baterão doze horas daqui a pouco. dância é feita no plural. Observe:

Observação: Abraçaram-se vencedor e vencido.


Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. Casos Particulares

O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. • Quando o sujeito composto é formado por núcle-
Soa quinze horas o relógio da matriz. os sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no
singular.
j) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin- Descaso e desprezo marca seu comportamento.
gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de A coragem e o destemor fez dele um herói.
existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
cam fenômenos da natureza. Exemplos: • Quando o sujeito composto é formado por núcle-
os dispostos em gradação, verbo no singular:
Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai. Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se-
Chovia ontem à tarde. gundo me satisfaz.

Sujeito Composto • Quando os núcleos do sujeito composto são


unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar
a) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver- no plural, de acordo com o valor semântico das
bo, a concordância se faz no plural: conjunções:

Pai e filho conversavam longamente. Drummond ou Bandeira representam a essência da


Sujeito poesia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Pais e filhos devem conversar com frequência.
Sujeito Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de
“adição”. Já em:
b) Nos sujeitos compostos formados por pessoas Juca ou Pedro será contratado.
gramaticais diferentes, a concordância ocorre da Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima
seguinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós) Olimpíada.
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por
sua vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
no singular.
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Primeira Pessoa do Plural (Nós) • Com as expressões “um ou outro” e “nem um
nem outro”, a concordância costuma ser feita no
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. singular.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Um ou outro compareceu à festa.
Pais e filhos precisam respeitar-se. Nem um nem outro saiu do colégio.
Terceira Pessoa do Plural (Eles)
LÍNGUA PORTUGUESA

• Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou


Observação: no singular: Um e outro farão/fará a prova.
• Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Quando o sujeito é composto, formado por um ele- “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os nú-
mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é cleos recebem um mesmo grau de importância e
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural a palavra “com” tem sentido muito próximo ao de
(eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar “e”.
de “tomaríeis”.

76
O pai com o filho montaram o brinquedo. Quando pronome apassivador, o “se” acompanha
O governador com o secretariado traçaram os planos verbos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e in-
para o próximo semestre. diretos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nes-
O professor com o aluno questionaram as regras. se caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
Exemplos:
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se Construiu-se um posto de saúde.
a ideia é enfatizar o primeiro elemento. Construíram-se novos postos de saúde.
O pai com o filho montou o brinquedo. Aqui não se cometem equívocos
O governador com o secretariado traçou os planos Alugam-se casas.
para o próximo semestre.
O professor com o aluno questionou as regras.
#FicaDica
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito Para saber se o “se” é partícula apassivadora
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres- ou índice de indeterminação do sujeito, ten-
sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos te transformar a frase para a voz passiva. Se
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou- a frase construída for “compreensível”, esta-
vesse uma inversão da ordem. Veja: remos diante de uma partícula apassivadora;
“O pai montou o brinquedo com o filho.” se não, o “se” será índice de indeterminação.
“O governador traçou os planos para o próximo semes- Veja:
tre com o secretariado.” Precisa-se de funcionários qualificados.
“O professor questionou as regras com o aluno.” Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Casos em que se usa o verbo no singular: precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se”
destacado é índice de indeterminação do
Café com leite é uma delícia! sujeito.
O frango com quiabo foi receita da vovó. Agora:
Vendem-se casas.
Voz passiva: Casas são vendidas. Constru-
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
ção correta! Então, aqui, o “se” é partícula
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
apassivadora. (Dá para eu passar para a voz
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”, passiva. Repare em meu destaque. Percebeu
o verbo ficará no plural. semelhança? Agora é só memorizar!).
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Nordeste.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a O Verbo “Ser”
notícia.
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
Quando os elementos de um sujeito composto são sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo
é feita com esse termo resumidor. do sujeito.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da
apatia. Quando o sujeito ou o predicativo for:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
na vida das pessoas. a) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo
SER concorda com a pessoa gramatical:
Outros Casos
Ele é forte, mas não é dois.
O Verbo e a Palavra “SE” Fernando Pessoa era vários poetas.
A esperança dos pais são eles, os filhos.
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
duas de particular interesse para a concordância verbal: b) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
a) quando é índice de indeterminação do sujeito; mente, com o que estiver no plural:
LÍNGUA PORTUGUESA

b) quando é partícula apassivadora.


Os livros são minha paixão!
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” Minha paixão são os livros!
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na Quando o verbo SER indicar
terceira pessoa do singular:
Precisa-se de funcionários. • horas e distâncias, concordará com a expressão
Confia-se em teses absurdas. numérica:

77
É uma hora. Concordância Nominal
São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois A concordância nominal se baseia na relação entre
quilômetros. nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles
se ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, prono-
• datas, concordará com a palavra dia(s), que pode mes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lem-
estar expressa ou subentendida: bre-se: normalmente, o substantivo funciona como nú-
cleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto
Hoje é dia 26 de agosto. adnominal.
Hoje são 26 de agosto. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
seguintes regras gerais:
• Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
de e for seguido de palavras ou expressões como a) O adjetivo concorda em gênero e número quando
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo ser se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
fica no singular: denunciavam o que sentia.
b) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. a concordância pode variar. Podemos sistematizar
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. essa flexão nos seguintes casos:
Duas semanas de férias é muito para mim.
• Adjetivo anteposto aos substantivos:
• Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este con- O adjetivo concorda em gênero e número com o
cordará o verbo. substantivo mais próximo.

No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.


Aqui os adultos somos nós. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
o pronome sujeito. As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Eu não sou ela.
Ela não é eu. • Adjetivo posposto aos substantivos:

• Quando o sujeito for uma expressão de sentido O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu- ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural
ral, o verbo ser concordará com o predicativo. se houver substantivo feminino e masculino).

A grande maioria no protesto eram jovens. A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
O resto foram atitudes imaturas. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
O Verbo “Parecer” A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

O verbo parecer, quando é auxiliar em uma lo- Observação:


cução verbal (é seguido de infinitivo), admite duas
concordâncias: Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos
• Ocorre variação do verbo parecer e não se fle- dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do no plural masculino, que é o gênero predominante quan-
desenho. do há substantivos de gêneros diferentes.
• A variação do verbo parecer não ocorre e o infini- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
tivo sofre flexão: jetivo fica no singular ou plural.

As crianças parece gostarem do desenho. A beleza e a inteligência feminina(s).


LÍNGUA PORTUGUESA

(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho O carro e o iate novo(s).


aas crianças)
c) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER fica no
singular. Por exemplo: As paredes parece que têm ouvidos. O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
(Parece que as paredes têm ouvidos = oração subordina- vo não for acompanhado de nenhum modificador: Água
da substantiva subjetiva). é bom para saúde.

78
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for É proibido entrada de crianças.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- Em certos momentos, é necessário atenção.
tivo: Esta água é boa para saúde. No verão, melancia é bom.
É preciso cidadania.
d) O adjetivo concorda em gênero e número com os Não é permitido saída pelas portas laterais.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
trou-as muito felizes. • Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
e) Nas expressões formadas por pronome indefinido minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposi- o verbo como o adjetivo concordam com ele.
ção DE + adjetivo, este último geralmente é usado
no masculino singular: Os jovens tinham algo de É proibida a entrada de crianças.
misterioso. Esta salada é ótima.
f) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem A educação é necessária.
função adjetiva e concorda normalmente com o São precisas várias medidas na educação.
nome a que se refere:
Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso
Cristina saiu só. - Quite
Cristina e Débora saíram sós.
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
Observação:
Seguem anexas as documentações requeridas.
A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
Muito obrigadas, disseram as senhoras.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Eles só desejam ganhar presentes.
Estamos quites com nossos credores.

#FicaDica Bastante - Caro - Barato - Longe

Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Estas palavras são invariáveis quando funcionam
Se a frase ficar coerente com o primeiro, como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
houver coerência com o segundo, função de tivos, ou numerais.
adjetivo, então varia: As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
Ele está só descansando. (apenas (pronome adjetivo)
descansando) - advérbio Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
As casas estão caras. (adjetivo)
Achei barato este casaco. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
“só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e Meio - Meia
descansando)
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
g) Quando um único substantivo é modificado por concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa- meia porção de polentas.
das as construções: Quando empregada como advérbio permanece inva-
• O substantivo permanece no singular e coloca-se riável: A candidata está meio nervosa.
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa. #FicaDica
• O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
portuguesa. saberei que se trata de um advérbio, não
de adjetivo: “A candidata está um pouco
Casos Particulares nervosa”.
LÍNGUA PORTUGUESA

É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É


permitido Alerta - Menos

• Estas expressões, formadas por um verbo mais um Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se sempre invariáveis.
referem possuir sentido genérico (não vier prece- Os concurseiros estão sempre alerta.
dido de artigo). Não queira menos matéria!

79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS c) Notícias falsas e boatos perigosos não deveriam ser
reproduzidas nas redes sociais da forma como acon-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- tece hoje.
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. d) Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos da Re-
– São Paulo: Saraiva, 2010. gião Nordeste foram elogiados por suas propriedades
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa alimentares.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. e) Profissionais dedicados e pesquisas constantes preci-
AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: sam ser estimuladas para que se avance na cura de
literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000. algumas doenças.

SITE Resposta: Letra D


Em “a”: Alimentos saudáveis e prática constante de
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- exercícios são necessárias (necessários) para uma vida
coes/sint/sint49.php> longa e mais equilibrada.
Em “b”: Inexistência de esgoto em muitas regiões e fal-
ta de tratamento adequado da água são causadores
EXERCÍCIOS COMENTADOS (causadoras) de doenças.
Em “c”: Notícias falsas e boatos perigosos não deve-
1. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – riam ser reproduzidas (reproduzidos) nas redes sociais
CESGRANRIO-2018) A forma verbal em destaque está da forma como acontece hoje.
empregada de acordo com a norma-padrão em: Em “d”: Plantas da caatinga e frutos pouco conhecidos
da Região Nordeste foram elogiados por suas pro-
a) Atualmente, comercializa-se diferentes criptomoedas priedades alimentares = correta
mas a bitcoin é a mais conhecida de todas as moedas Em “e”: Profissionais dedicados e pesquisas constantes
virtuais. precisam ser estimuladas (estimulados) para que se
b) A especulação e o comércio ilegal, de acordo com al- avance na cura de algumas doenças.
guns analistas, pode tornar as bitcoins inviáveis.
c) As notícias informam que até hoje, em nenhuma parte 3. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
do mundo, se substituíram totalmente as moedas re- GRANRIO-2018) A concordância do verbo destacado foi
ais pelas virtuais. realizada de acordo com as exigências da norma-padrão
d) De acordo com as regras do mercado financeiro, da língua portuguesa em:
criou-se apenas 21 milhões de bitcoins nos últimos
anos. a) Com a corrida desenfreada pelas versões mais atuais
e) O valor dos produtos comercializados seriam determi- dos smartphones, evidenciou-se atitudes agressivas e
nados por uma moeda virtual se a real fosse abolida. violentas por parte dos usuários.
b) Devido à utilização de estratégias de marketing, de-
Resposta: Letra C senvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que a posse
Em “a”: Atualmente, comercializam-se diferentes de novos aparelhos eletrônicos é garantia de sucesso.
criptomoedas mas a bitcoin é a mais conhecida de c) É necessário que se envie a todas as escolas do país ví-
todas as moedas virtuais. deos educacionais que permitam esclarecer os jovens
Em “b”: A especulação e o comércio ilegal, de acor- sobre o vício da tecnologia.
do com alguns analistas, podem tornar as bitcoins d) É preciso educar as novas gerações para que se reduza
inviáveis. os comportamentos compulsivos relacionados ao uso
Em “c”: As notícias informam que até hoje, em nenhu- das novas tecnologias.
ma parte do mundo, se substituíram totalmente as e) Nos países mais industrializados, comprovou-se os
moedas reais pelas virtuais. = correta danos psicológicos e o consumismo exagerado causa-
Em “d”: De acordo com as regras do mercado finan- dos pelo vício da tecnologia.
ceiro, criaram-se apenas 21 milhões de bitcoins nos
últimos anos. Resposta: Letra B
Em “e”: O valor dos produtos comercializados seria Em “a”: Com a corrida desenfreada pelas versões mais
determinado por uma moeda virtual se a real fosse atuais dos smartphones, evidenciou-se (evidencia-
abolida. ram-se) atitudes agressivas e violentas por parte dos
usuários.
2. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL Em “b”: Devido à utilização de estratégias de marke-
I – CESGRANRIO-2018) A concordância da palavra des- ting, desenvolveu-se, entre os jovens, a ideia de que
tacada atende às exigências da norma-padrão da língua
a posse de novos aparelhos eletrônicos é garantia de
LÍNGUA PORTUGUESA

portuguesa em:
sucesso = correta
Em “c”: É necessário que se envie (enviem) a todas as
a) Alimentos saudáveis e prática constante de exer-
escolas do país vídeos educacionais que permitam es-
cícios são necessárias para uma vida longa e mais
clarecer os jovens sobre o vício da tecnologia.
equilibrada.
b) Inexistência de esgoto em muitas regiões e falta de Em “d”: É preciso educar as novas gerações para que
tratamento adequado da água são causadores de se reduza (reduzam) os comportamentos compulsivos
doenças. relacionados ao uso das novas tecnologias.

80
Em “e”: Nos países mais industrializados, comprovou- risco da dominação dos mais fracos pelos mais fortes,
-se (comprovaram-se) os danos psicológicos e o con- exige a existência de um poder institucional. Mas a con-
sumismo exagerado causados pelo vício da tecnologia. quista da liberdade humana também reclama a distri-
buição do poder em ramos diversos, com a disposição
4. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO – de meios que assegurem o controle recíproco entre eles
FGV-2017) Observe os seguintes casos de concordância para o advento de um cenário de equilíbrio e harmonia
nominal retirados do texto 1: nas sociedades estatais. A concentração do poder em um
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e só órgão ou pessoa viria sempre em detrimento do exer-
cício da liberdade. É que, como observou Montesquieu,
independente.
“todo homem que tem poder tende a abusar dele; ele vai
2. A agenda pública é determinada pela imprensa
até onde encontra limites. Para que não se possa abusar
tradicional. do poder, é preciso que, pela disposição das coisas, o
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de conteú- poder limite o poder”.
do independentes. Até Montesquieu, não eram identificadas com clareza
as esferas de abrangência dos poderes políticos: “só se
A afirmação correta sobre essas concordâncias é: concebia sua união nas mãos de um só ou, então, sua
separação; ninguém se arriscava a apresentar, sob a for-
a) os dois adjetivos da frase (1) referem-se, respectiva- ma de sistema coerente, as consequências de conceitos
mente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; diversos”. Pensador francês do século XVIII, Montesquieu
b) os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plural por situa-se entre o racionalismo cartesiano e o empirismo
referirem-se a dois substantivos; de origem baconiana, não abandonando o rigor das
c) na frase (2), a forma de particípio ‘determinada’ se re- certezas matemáticas em suas certezas morais. Porém,
fere a ‘imprensa’; refugindo às especulações metafísicas que, no plano da
d) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está correta- idealidade, serviram aos filósofos do pacto social para a
mente no plural por referir-se a ‘empresas’; explicação dos fundamentos do Estado ou da sociedade
e) na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria estar civil, ele procurou ingressar no terreno dos fatos.
no singular por referir-se ao substantivo ‘conteúdo’. Fernanda Leão de Almeida. A garantia institucional do
Ministério Público em função da proteção dos direitos
humanos. Tese de doutorado. São Paulo: USP, 2010, p.
Resposta: Letra D 18-9. Internet: <www.teses.usp.br> (com adaptações).
1. A democracia reclama um jornalismo vigoroso e
independente. A flexão plural em “eram identificadas” decorre da con-
2. A agenda pública é determinada pela imprensa cordância com o sujeito dessa forma verbal: “as esferas
tradicional. de abrangência dos poderes políticos”.
3. Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con-
teúdo independentes. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Em “a”: os dois adjetivos da frase (1) referem-se, res-
pectivamente a ‘democracia’ e ‘jornalismo’; Resposta: Certo
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e in- (...) Até Montesquieu, não eram identificadas com cla-
dependente = apenas a “jornalismo” reza as esferas de abrangência dos poderes políticos
Em “b”: os adjetivos da frase (1) deveriam estar no plu- = passando o período para a ordem direta (sujeito +
ral por referirem-se a dois substantivos; verbo), temos: Até Montesquieu, as esferas de abran-
A democracia reclama um jornalismo vigoroso e inde- gência dos poderes políticos não eram identificadas
pendente = a um substantivo (jornalismo) com clareza.
Em “c”: na frase (2), a forma de particípio ‘determina-
6. (PC-RS – ESCRIVÃO e Inspetor de Polícia – Funda-
da’ se refere a ‘imprensa’;
tec-2018 - adaptada) Sobre a frase “Esses alunos que
A agenda pública é determinada pela imprensa tra-
são usuários constantes de redes sociais têm um risco 27%
dicional = refere-se ao termo “agenda pública” maior de desenvolver depressão”, avalie as assertivas que
Em “d”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ está seguem, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
corretamente no plural por referir-se a ‘empresas’; ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado para o
Mas o pontapé inicial é sempre das empresas de con- singular, outras quatro palavras deveriam sofrer ajustes
teúdo independentes = correta para fins de concordância.
Em “e”: na frase (3), o adjetivo ‘independentes’ deveria ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes sociais
estar no singular por referir-se ao substantivo ‘conteú- podem ficar deprimidos.
do’ = incorreta (refere-se a “empresas”) ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais desenvol-
verem depressão constante extrapola o índice dos 27%.
LÍNGUA PORTUGUESA

5. (MPU – ANALISTA DO MPU – CESPE-2015)


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de
Texto I cima para baixo, é:

Na organização do poder político no Estado moderno, a) V – V – V.


à luz da tradição iluminista, o direito tem por função a b) F – V – F.
c) V – F – F.
preservação da liberdade humana, de maneira a coibir
d) F – F – V.
a desordem do estado de natureza, que, em virtude do
e) F – F – F.

81
Resposta: Letra C Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi emprega-
Esses alunos que são usuários constantes de redes so- do como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto
ciais têm um risco 27% maior de desenvolver depressão (objeto indireto: às crianças); na segunda, como transiti-
Em: ( ) Caso os termos ‘Esses alunos’ fosse passado vo direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjun-
para o singular, outras quatro palavras deveriam sofrer to adverbial).
ajustes para fins de concordância. Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
Esse aluno que é usuário constante de redes sociais bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
tem um risco 27% maior de desenvolver depressão um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
= (verdadeira = haveria quatro alterações) rentes formas em frases distintas.
Em: ( ) Mais da metade dos alunos que usam redes
sociais podem ficar deprimidos. a) Verbos Intransitivos
= falsa (o período em análise não nos transmite tal in-
formação, apenas afirma que usuários constantes têm Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
um risco 27% maior que os demais) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
Em: ( ) O risco de alunos usuários de redes sociais de- aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
senvolverem depressão constante extrapola o índice
dos 27%. Chegar, Ir
= Falsa (“depressão constante” altera o sentido do
período) Normalmente vêm acompanhados de adjuntos ad-
verbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas
para indicar destino ou direção são: a, para.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Ricardo foi para a Espanha.
Dá-se o nome de regência à relação de subordina- Adjunto Adverbial de Lugar
ção que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um
nome (regência nominal) e seus complementos. Comparecer

Regência Verbal = Termo Regente: VERBO O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
A regência verbal estuda a relação que se estabele- Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
ce entre os verbos e os termos que os complementam último jogo.
(objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma b) Verbos Transitivos Diretos
regência, o que corresponde à diversidade de significa-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do Os verbos transitivos diretos são complementados
contexto em que forem empregados. por objetos diretos. Isso significa que não exigem prepo-
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes
contentar. oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após
agrado ou prazer”, satisfazer. formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais),
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
“agradar a alguém”. objetos indiretos.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
O conhecimento do uso adequado das preposições donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au-
verbal (e também nominal). As preposições são capazes xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar,
de modificar completamente o sentido daquilo que está defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
sendo dito. judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver,
visitar.
LÍNGUA PORTUGUESA

Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
como o verbo amar:
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a.
A voluntária distribuía leite às crianças. Amam aquele rapaz. / Amam-no.
A voluntária distribuía leite com as crianças. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

82
Observação: Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Paguei o débito ao cobrador.
adnominais): Objeto Direto Objeto Indireto
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau com particular cuidado:
humor) Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
c) Verbos Transitivos Indiretos Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Paguei minhas contas. / Paguei-as.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
gem uma preposição para o estabelecimento da relação
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de Informar
terceira pessoa que podem atuar como objetos indire-
tos são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos
que não representam pessoas, usam-se pronomes oblí- Informe os novos preços aos clientes.
quos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
pronomes átonos lhe, lhes. vos preços)

Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Na utilização de pronomes como complementos, veja
as construções:
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di- preços.
reitos iguais para todos. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple- sobre eles)
mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Observação:
Eles desobedeceram às leis do trânsito.

Responder - Tem complemento introduzido pela A mesma regência do verbo informar é usada para os
preposição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para in- seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
dicar “a quem” ou “ao que” se responde.
Comparar
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
Respondeu-lhe à altura. as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple-
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com
Observação: o) de uma criança.
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
Pedir
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica:
O questionário foi respondido corretamente. Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente
Todas as perguntas foram respondidas na forma de oração subordinada substantiva) e indireto
satisfatoriamente. de pessoa.

Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple- Pedi-lhe favores.


mentos introduzidos pela preposição “com”. Objeto Indireto Objeto Direto

Antipatizo com aquela apresentadora. Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.


Simpatizo com os que condenam os políticos que go- Objeto Indireto Oração Subordinada Substan-
vernam para uma minoria privilegiada.
LÍNGUA PORTUGUESA

tiva Objetiva Direta


d) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín-
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São palavra licença estiver subentendida.
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
sas e objeto indireto relacionado a pessoas. casa.

83
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
Preferir ciar, estar presente, caber, pertencer.

Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto Assistimos ao documentário.


indireto introduzido pela preposição “a”: Não assisti às últimas sessões.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. Essa lei assiste ao inquilino.
Prefiro trem a ônibus.
No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Observação:
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
conturbada cidade.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
prefixo existente no próprio verbo (pre). Chamar

Mudança de Transitividade - Mudança de Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-


Significado licitar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- chamá-la.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re-
curso linguístico muito importante, pois além de permitir Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
a correta interpretação de passagens escritas, oferece apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den- dicativo preposicionado ou não.
tre os principais, estão: A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
Agradar A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
nhos, acariciar, fazer as vontades de. Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Sempre agrada o filho quando. Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
Aquele comerciante agrada os clientes.
Custar
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
introduzido pela preposição “a”.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
O cantor não agradou aos presentes. bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti-
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
to: O cantor desagradou à plateia. reduzida de infinitivo.
Muito custa viver tão longe da família.
Aspirar Verbo Intransitivo Oração Subordinada Substantiva
Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Subjetiva Reduzida de Infinitivo
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
pirávamos a ele) A Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- pessoa: Custei para entender o problema.
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são = Forma correta: Custou-me entender o problema.
LÍNGUA PORTUGUESA

utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.


Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Implicar
Aspiravam a ela)
Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Assistir
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitu-
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
des implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.

84
b) ter como consequência, trazer como consequên- O ensino deve sempre visar ao progresso social.
cia, acarretar, provocar: Uma ação implica reação. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
tar público.
Como transitivo direto e indireto, significa compro-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões Esquecer – Lembrar
econômicas.
Lembrar algo – esquecer algo
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com (pronominal)
quem não trabalhasse arduamente.
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
Namorar exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o
livro.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
anos. e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
tanto, transitivos indiretos:
Obedecer - Desobedecer Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Sempre transitivo indireto: Eles se esqueceram da prova.
Todos obedeceram às regras. Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Ninguém desobedece às leis.
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
Proceder clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado
de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter vezes.
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
adverbial de modo. Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
As afirmações da testemunha procediam, não havia momentos é sujeito)
como refutá-las.
Você procede muito mal. Simpatizar - Antipatizar

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu- Não simpatizei com os jurados.
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto. Simpatizei com os alunos.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames. Importante:
O delegado procederá ao inquérito.
A norma culta exige que os verbos e expressões que
Querer dão ideia de movimento sejam usados com a preposição
“a”:
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
vontade de, cobiçar. Cláudia desceu ao segundo andar.
Querem melhor atendimento. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
Queremos um país melhor.
Regência Nominal
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. É o nome da relação existente entre um nome (subs-
tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por
LÍNGUA PORTUGUESA

Visar esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma


preposição. No estudo da regência nominal, é preciso le-
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- var em conta que vários nomes apresentam exatamente
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer
O homem visou o alvo. o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer
O gerente não quis visar o cheque. o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Ver-
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como bo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. complementos introduzidos pela preposição a. Veja:

85
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Cochar - Português linguagens: volume 3. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

AMARAL, Emília... [et al.]. Português: novas palavras: literatura, gramática, redação – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php>

86
Resposta: Letra C
Em “a”: Podemos esperar para um futuro melhor = po-
EXERCÍCIOS COMENTADOS demos esperar o quê?
Em “b”: Podemos esperar com um futuro melhor = po-
1. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO demos esperar o quê?
– CESGRANRIO-2018) Em “c”: Podemos esperar um futuro melhor = correta
Em “d”: Podemos esperar porquanto um futuro me-
O ano da esperança lhor = sentido de “porque”
Em “e”: Podemos esperar todavia um futuro melhor =
O ano de 2017 foi difícil. Avalio pelo número de amigos conjunção adversativa (ideia contrária à apresentada
desempregados. E pedidos de empréstimos. Um atrás anteriormente)
do outro. Nunca fui de botar dinheiro nas relações de A única frase correta – e coerente - é podemos esperar
amizade. Como afirmou Shakespeare, perde-se o dinhei- um futuro melhor.
ro e o amigo. Nos primeiros pedidos, eu ajudava, com a
consciência de que era uma doação. A situação foi pio- 2. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES-
rando. Os argumentos também. No início era para pagar GRANRIO-2018) Considere a seguinte frase: “Os lança-
a escola do filho. Depois vieram as mães e avós doentes. mentos tecnológicos a que o autor se refere podem re-
Lamentavelmente, aprendi a não ser generoso. Ajudava sultar em comportamentos impulsivos nos consumidores
um rapaz, que não conheço pessoalmente. Mas que so- desses produtos”. A utilização da preposição destacada
freu um acidente e não tinha como pagar a fisioterapia. a é obrigatória para atender às exigências da regência
Comecei pagando a físio. Vieram sucessivas internações, do verbo “referir-se”, de acordo com a norma-padrão da
remédios. A situação piorando, eu já estava encomen- língua portuguesa. É também obrigatório o uso de uma
dando missa de sétimo dia. Falei com um amigo médico, preposição antecedendo o pronome que destacado em:
no Rio de Janeiro. Ele aceitou tratar o caso gratuitamen-
te. Surpresa! O doente não aparecia para a consulta. Até a) Os consumidores, ao adquirirem um produto que
que o coloquei contra a parede. Ou se consultava ou eu quase ninguém possui, recém-lançado no mercado,
não ajudava mais. passam a ter uma sensação de superioridade.
Cheio de saúde, ele foi ao consultório. Pediu uma receita b) Muitos aparelhos difundidos no mercado nem sempre
de suplementos para ficar com o corpo atlético. Nunca trazem novidades que justifiquem seu preço elevado
conheci o sujeito, repito. Eu me senti um idiota por ter em relação ao modelo anterior.
caído na história. Só que esse rapaz havia perdido o em- c) O estudo de mapeamento cerebral que o pesquisador
prego após o suposto acidente. Foi por isso que me dei- realizou foi importante para mostrar que o vício em
xei enganar. Mas, ao perder salário, muita gente perde novidades tecnológicas cresce cada vez mais.
também a vergonha. Pior ainda. A violência aumenta. As d) O hormônio chamado dopamina é responsável por
pessoas buscam vagas nos mercados em expansão. Se a causar sensações de prazer que levam as pessoas a se
indústria automobilística vai bem, é lá que vão trabalhar. sentirem recompensadas.
Podemos esperar por um futuro melhor ou o que nos e) As pessoas, na maioria das vezes, gastam muito mais
aguarda é mais descrédito? Novos candidatos vão sur- do que o seu orçamento permite em aparelhos que
gir. Serão novos? Ou os antigos? Ou novos com cabeça elas não necessitam.
de velhos? Todos pedem que a gente tenha uma nova
consciência para votar. Como? Num mundo em que as Resposta: Letra E
notícias são plantadas pela internet, em que muitos sites Em “a”: Os consumidores, ao adquirirem um produ-
servem a qualquer mentira. Digo por mim. Já contaram to que (= o qual) quase ninguém possui, recém-lan-
cada história a meu respeito que nem sei o que dizer. Já çado no mercado, passam a ter uma sensação de
inventaram casos de amor, tramas nas novelas que escre- superioridade.
vo. Pior. Depois todo mundo me pergunta por que isso Em “b”: Muitos aparelhos difundidos no mercado nem
ou aquilo não aconteceu na novela. Se mudei a trama. sempre trazem novidades que (= as quais) justifiquem
Respondo: — Nunca foi para acontecer. Era mentira da seu preço elevado em relação ao modelo anterior.
internet. Em “c”: O estudo de mapeamento cerebral que (= o
Duvidam. Acham que estou mentindo. qual) o pesquisador realizou foi importante para mos-
CARRASCO, W. O ano da esperança. Época, 25 dez. trar que o vício em novidades tecnológicas cresce
2017, p.97. Adaptado. cada vez mais.
Em “d”: O hormônio chamado dopamina é responsá-
Considere o trecho “Podemos esperar por um futuro me- vel por causar sensações de prazer que (= as quais)
lhor”. Respeitando-se as regras da norma-padrão e con- levam as pessoas a se sentirem recompensadas.
servando-se o conteúdo informacional, o trecho acima
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “e”: As pessoas, na maioria das vezes, gastam mui-


está corretamente reescrito em: to mais do que o seu orçamento permite em apare-
lhos de que (= das quais) elas não necessitam.
a) Podemos esperar para um futuro melhor
b) Podemos esperar com um futuro melhor 3. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
c) Podemos esperar um futuro melhor A pobreza é um dos fatores mais comumente respon-
d) Podemos esperar porquanto um futuro melhor sáveis pelo baixo nível de desenvolvimento humano
e) Podemos esperar todavia um futuro melhor e pela origem de uma série de mazelas, algumas das

87
quais proibidas por lei ou consideradas crimes. É o caso Resposta: Letra A
do trabalho infantil. A chaga encontra terreno fértil nas Vamos por exclusão: “à elas” está errada, já que não
sociedades subdesenvolvidas, mas também viceja onde temos acento indicativo de crase antes de pronome
o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, obriga pessoal; quando temos um verbo no infinitivo, po-
crianças e adolescentes a participarem do processo de demos usar a construção: verbo + preposição + pro-
produção. Foi assim na Revolução Industrial de ontem nome pessoal. Por exemplo: Dar a eles (ao invés de
e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de “dar-lhes”).
hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do
Brasil. Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infan-
til foi minimizado, já que nunca se pode dizer erradica- EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE
do, ele continua sendo grave problema nos países mais CRASE
pobres.
Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações). CRASE
O emprego de preposição em “a participarem” é exigido
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
pela regência da forma verbal “obriga”.
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
(  ) CERTO   (  ) ERRADO com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo
Resposta: Certo e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
(...) o capitalismo, em seu ambiente mais selvagem, quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar-
obriga crianças e adolescentes a participarem = cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo,
quem obriga, obriga alguém (crianças e adolescentes – à qual, às quais.
objeto direto) a algo (a participarem – objeto indireto:
com preposição – no caso, uma oração com a função O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
de objeto indireto). do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
4. (PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP-2013)
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
Considerando as regras de regência verbal, assinale a al-
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
ternativa correta.
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
a) Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o amigo regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
comentou de que o livro estava acabando.
b) Enquanto seu amigo continua encomendando livros Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
de papel, o autor aderiu o livro digital. contratada recentemente.
c) Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer seria sair
para jantar. Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
d) As estantes que o autor aludiu foram projetadas para dos entre parênteses), temos:
armazenar livros e CDs. Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
e) O único detalhe do apartamento que o amigo se ateve da recentemente.
foi o número de estantes.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
Resposta: Letra C classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos
Em “a”: Ao ver a quantidade excessiva de prateleiras, o referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi-
amigo comentou de (X) que = comentou que ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a +
Em “b”: Enquanto seu amigo continua encomendando o pronome demonstrativo aquela (àquela).
livros de papel, o autor aderiu o = aderiu ao
Em “c”: Álvaro convenceu-se de que o melhor a fazer Observações importantes:
seria sair para jantar = correta
Em “d”: As estantes que o autor aludiu = às quais/a
Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
que
Em “e”: O único detalhe do apartamento que o amigo confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
se ateve = ao qual/ a que
• Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
5. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013 - ADAPTADA) equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
Na passagem – ... e ausência de candidatos para preen- crase está confirmada.
LÍNGUA PORTUGUESA

chê-las. –, substituindo-se o verbo preencher por concor-


rer e atendendo-se à norma-padrão, obtém-se: Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor.
a) … e ausência de candidatos para concorrer a elas.
b) … e ausência de candidatos para concorrer à elas. • No caso de nomes próprios geográficos, substitui-
c) … e ausência de candidatos para concorrer-lhes. -se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resul-
d) … e ausência de candidatos para concorrê-las. te na expressão “voltar da”, há a confirmação da
e) … e ausência de candidatos para lhes concorrer. crase.

88
Faremos uma visita à Bahia. • Também é facultativa diante de pronomes posses-
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
empresa.
Não me esqueço da viagem a Roma. • Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja- ficará aberta até as (às) dezoito horas.
mais vividos. • Constata-se o uso da crase se as locuções prepo-
sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
FIQUE ATENTO! implícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Te-
Nas situações em que o nome geográfico nho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à
se apresentar modificado por um adjunto moda de Luís XV)
adnominal, a crase está confirmada. • Não se efetiva o uso da crase diante da locução
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana,
de suas praias. observamos a queima de fogos a distância.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ;
vou A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
Vou a Campinas. = Volto de Campinas. uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
(crase pra quê?) tre foi arremessado à distância de cem metros.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)
• De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
-, faz-se necessário o emprego da crase.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
rerá crase. Veja: Ensino à distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Ensino a distância.
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado. • Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
petidas, não há ocorrência da crase.
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo Ela ficou frente a frente com o agressor.
regente exigir complemento regido da preposição “a”.
Eu o seguirei passo a passo.
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo)
Casos em que não se admite o emprego da crase:
Iremos àquela reunião.
(preposição + pronome demonstrativo) Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Esta caneta pertence a Pedro.
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
(preposição + pronome demonstrativo) Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar.
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad- Começou a chover.
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
grave: Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem.
• locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às Faremos uma visita a dez países.
pressas, à vontade...
• locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
Observações:
cura de...
• locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
que. • Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
cionando como uma locução adverbial feminina –
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezeno-
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: ve horas.
• Diante de numerais ordinais femininos a crase está
Eu adoro a noite! confirmada, visto que estes não podem ser empre-
gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
LÍNGUA PORTUGUESA

Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer das à primeira aluna da classe.
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não • Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
preposição. essa não se apresentar determinada: Chegamos
todos exaustos a casa.
Casos passíveis de nota:
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
• A crase é facultativa diante de nomes próprios fe- adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. exaustos à casa de Marcela.

89
• Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa Em “b”, tinha uma propensão à jogar = a jogar (sem
indicar chão firme: Quando os navegantes regres- acento grave indicativo de crase antes de verbo no
saram a terra, já era noite. infinitivo)
Em “c”, tinha um comportamento indiferente à qual-
Contudo, se o termo estiver precedido por um de- quer influência = a qualquer (antes de pronome
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. indefinido)
Em “d”, refere-se à uma maneira = a uma (antes de
Paulo viajou rumo à sua terra natal. artigo indefinido)
O astronauta voltou à Terra.
Em “e”, O personagem revelou à pessoa com quem
• Não ocorre crase antes de pronomes que reque- conversava que jogava o tempo fora = revelou o quê?
rem o uso do artigo. que jogava o tempo fora; revelou a quem? à pessoa
(objeto indireto, com preposição) = correta.
Os livros foram entregues a mim.
Dei a ela a merecida recompensa. 2. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017)
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
• Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos mente, as lacunas do texto a seguir.
à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de atendi-
uso da crase está confirmado no “a” que os antece- mento _____ presos da Casa de Detenção, em São Paulo,
de, no caso de o termo regente exigir a preposição. o médico oncologista Drauzio Varella chega ao fim de
uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois de “Es-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. tação Carandiru” (1999), que mostra ________ entranhas
daquela que foi ________maior prisão da América Latina,
• Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado e de “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que tra-
em sentido genérico ou indeterminado:
balham no sistema prisional, Varella agora faz um retrato
das detentas da Penitenciária Feminina da Capital, tam-
Estamos sujeitos a críticas.
Refiro-me a conversas paralelas. bém na capital paulista, onde cumprem pena mais de
duas mil mulheres.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (https://oglobo.globo.com. Adaptado)

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa a) à … às … a


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. b) a … as … a
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- c) a … às … a
char. Português linguagens: volume 3 – 7.ª ed. Reform. d) à … às … à
– São Paulo: Saraiva, 2010. e) a … as … à

SITE Resposta: Letra B


Quase 30 anos depois de iniciar um trabalho de aten-
Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gra- dimento a (preposição – regência nominal de “atendi-
matica/o-uso-crase-.html> mento”, mas sem acento grave por estar diante de pa-
lavra masculina) presos da Casa de Detenção, em São
Paulo, o médico oncologista Drauzio Varella chega ao
EXERCÍCIOS COMENTADOS fim de uma trilogia com o livro “Prisioneiras”. Depois
de “Estação Carandiru” (1999), que mostra as (objeto
1. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO - direto do verbo “mostrar”) entranhas daquela que foi a
SOLDADO PM 2.ª CLASSE – VUNESP/2017) O acento (artigo definido) maior prisão da América Latina, e de
indicativo de crase está empregado corretamente em: “Carcereiros” (2012), sobre os funcionários que traba-
lham no sistema prisional, Varella agora faz um retra-
a) O personagem evita considerar à internet responsável to das detentas da Penitenciária Feminina da Capital,
por suas atitudes.
também na capital paulista, onde cumprem pena mais
b) O personagem reconheceu que já tinha uma propen-
de duas mil mulheres.
são à jogar o tempo fora.
c) O personagem tinha um comportamento indiferente à Teremos: a / as / a.
qualquer influência da internet.
d) O personagem refere-se à uma maneira de se portar 3. (CÂMARA MUNICIPAL DE DOIS CÓRREGOS-SP -
LÍNGUA PORTUGUESA

com relação ao tempo. OFICIAL DE ATENDIMENTO E ADMINISTRAÇÃO – VU-


e) O personagem revelou à pessoa com quem conversa- NESP-2018) Assinale a alternativa em que o acento indi-
va que jogava o tempo fora. cativo de crase está empregado corretamente.

Resposta: Letra E a) Algumas pessoas com supermemória chegam à sofrer


Aos itens: com dores de cabeça.
Em “a”, evita considerar à internet = a internet (objeto b) Há lembranças tão vivas que nos fazem voltar à episó-
direto) dios de nosso passado.

90
c) Lembrar-se do passado pode ser uma tarefa muito di- agora. É o que mostra um relatório da UBS, companhia
fícil à determinadas pessoas. de serviços financeiros, feito em parceria com a consul-
d) Ela referiu-se à vontade de esquecer completamente tora PwC.
os momentos dolorosos. Para os autores do documento, a primeira Era Dourada
e) Ao nos atermos à uma experiência ruim, desconside- aconteceu entre 1870 e 1910. Segundo eles, a atual co-
ramos o que ela traz de bom. meçou em 1980 e deve se estender pelos próximos 10
a 20 anos, prolongada pelo desempenho econômico da
Resposta: Letra D Ásia e de negócios ligados ________ tecnologia.
Aos itens: (IstoÉ, 15.11.2017. Adaptado)
Em “a”, chegam à sofrer = a sofrer (antes de verbo no
infinitivo não se usa acento grave) Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do
Em “b”, que nos fazem voltar à episódios = a episó- texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:
dios (palavra masculina e no plural)
Em “c”, pode ser uma tarefa muito difícil à determina- a) a … a … a
das = a determinadas (palavra no plural e presença b) à … à … à
só da preposição) c) a … à … à
Em “d”, Ela referiu-se à vontade = correta (quem se d) à … à … a
refere, refere-se a algo ou a alguém) e) a … a … à
Em “e”, Ao nos atermos à uma experiência = a uma
Resposta: Letra E
(antes de artigo indefinido)
Vamos aos trechos:
a rápida industrialização nos Estados Unidos deu ori-
4. (IPSM-SP - ASSISTENTE DE GESTÃO MUNICIPAL
gem a algumas das maiores fortunas = antes de pro-
- VUNESP-2018) De acordo com a norma- -padrão, o
nome indefinido
acento indicativo da crase está corretamente empregado
e passaram a ostentar sua riqueza = antes de verbo
em: no infinitivo
e de negócios ligados à tecnologia = regência nominal
a) O leitor aludiu à escrita como se ela fosse questão de de “ligados” pede preposição
talento: quem não tem, não vai nunca aprender.
b) A escrita deve levar o texto à uma riqueza, marcada 6. (CÂMARA MUNICIPAL DE COTIA-SP – CONTADOR -
pela clareza e precisão, afastando o leitor da confusão VUNESP-2017) Assinale a alternativa correta quanto ao
ou tédio. emprego do acento indicativo da crase.
c) De parte à parte, o texto precisa organizar-se como
um tecido coeso e claro, instigando, assim, o leitor. a) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
d) Existem aquelas pessoas que chegam à conclusões se- chegam à um grande público devido à rapidez da in-
melhantes, no entanto elas seguem pelo lado oposto. ternet, é favorável à formação de ondas de credulidade.
e) Também não estamos falando só de correção gramati- b) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
cal e ortográfica. Estamos nos referindo à pensamento. chegam à muitas pessoas devido a rapidez da internet,
favorece que se formem ondas de credulidade.
Resposta: Letra A c) A circulação instantânea das notícias falsas, as quais
Em “a”, O leitor aludiu à escrita = correta (regência do chegam a muitas pessoas devido à rapidez da internet,
verbo “aludir” pede preposição) é favorável à formação de ondas de credulidade.
Em “b”, A escrita deve levar o texto à uma riqueza = a d) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
uma (antes de artigo indefinido) chegam a um grande número de pessoas devido à ra-
Em “c”, De parte à parte = parte a parte (entre pala- pidez da internet, é favorável as ondas de credulidade
vras repetidas) que se formam.
Em “d”, Existem aquelas pessoas que chegam à con- e) A circulação instantânea das notícias falsas, às quais
clusões = a conclusões (antes de palavra no plural e o chegam a muitas pessoas devido a rapidez da internet,
“a” está “sozinho” = somente preposição) favorece à formação de ondas de credulidade.
Em “e”, Estamos nos referindo à pensamento = a pen-
samento (palavra masculina) Resposta: Letra C
Acertos entre parênteses:
5. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRU- Em “a”, as quais chegam à um (a um) grande público
ZES-SP - AUXILIAR DE APOIO ADMINISTRATIVO devido à rapidez (ok) da internet, é favorável à for-
LÍNGUA PORTUGUESA

- VUNESP-2018) mação (ok)


No começo do século 20, a rápida industrialização nos Em “b”, às quais (as quais) chegam à muitas (a muitas)
Estados Unidos deu origem _______ algumas das maiores pessoas devido a rapidez (à rapidez) da internet
fortunas que o mundo já viu. Famílias como os Vander- Em “c”, as quais chegam a muitas pessoas devido à
bilt e os Rockefeller investiram em ferrovias, petróleo e rapidez da internet, é favorável à formação = correta
aço, obtendo um grande retorno, e passaram _________ Em “d”, às quais (as quais) chegam a um (ok) grande
ostentar sua riqueza. O período ficou conhecido como número de pessoas devido à rapidez (ok) da internet,
é favorável as ondas (às ondas)
Era Dourada. A desigualdade nunca foi tão grande – até

91
Em “e”, às quais (as quais) chegam a muitas (ok) pes- relação inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe
soas devido a rapidez (à rapidez) da internet, favorece ocorreu de maneira perfeita e o sentido está claro para
à formação (a formação) receptores de língua portuguesa inteirados da situação
Observação: quanto à regência verbal de “favorecer” econômica e cultural do mundo atual.
= pede complemento verbal direto (favorece o quê?
favorece quem?); já a regência nominal de “favorá- A Ordem dos Termos na Frase
vel” pede preposição (favorável a quem? a quê?)
Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS Todavia, há diferentes maneiras de se organizar grama-
ticalmente tal frase, tudo depende da necessidade ou da
vontade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo,
Prezado candidato, o referido assunto já foi abor- porém, acrescentado ênfase a algum dos seus termos.
dado no tópico “classe de palavras”. Significa dizer que, ao escrever, podemos fazer uma série
de inversões e intercalações em nossas frases, confor-
REESCRITA DE FRASES E me a nossa vontade e estilo. Tudo depende da maneira
PARÁGRAFOS DO TEXTO; como queremos transmitir uma ideia, do nosso estilo.
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS; Por exemplo, podemos expressar a mensagem da frase
2 da seguinte maneira:
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS
OU DE TRECHOS DE TEXTO;
No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA sando desemprego.
DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO
TEXTO;REESCRITA DE TEXTOS DE Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase
FORMALIDADE a alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repa-
re que, para obter a clareza tivemos que fazer o uso de
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE vírgulas.
ESTRUTURAS Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado
e o que mais nos auxilia na organização de um período,
pois facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase
vírgula ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando pro-
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um
duzimos frases complexas. Com isto, “entregamos” frases
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmente
bem organizadas aos nossos leitores.
devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar e, O básico para a organização sintática das frases é a
posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, ordem direta dos termos da oração. Os gramáticos estru-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem turam tal ordem da seguinte maneira:
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e
a experiência de vida antecedem o ato de escrever. SUJEITO + VERBO+ COMPLEMENTO VERBAL+
Obtido um razoável conhecimento sobre o que ire- CIRCUNSTÂNCIAS
mos escrever, feito o esquema de exposição da matéria,
é necessário saber ordenar as ideias em frases bem es- A globalização + está causando+ desemprego + no
truturadas. Logo, não basta conhecer bem um determi- Brasil nos dias de hoje.
nado assunto, temos que o transmitir de maneira clara
aos leitores. Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso todas contêm todos estes elementos, portanto cabem
aliado para organizarmos as ideias de maneira clara em algumas observações:
frases. Para tanto, é necessário ter alguma noção de sin-
taxe. “Sintaxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte a) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
da gramática que estuda a disposição das palavras na normalmente são representadas por adjuntos ad-
frase e a das frases no discurso, bem como a relação ló- verbiais de tempo, lugar, etc. Note que, no mais
gica das frases entre si”; ou em outras palavras, sintaxe das vezes, quando queremos recordar algo ou
quer dizer “mistura”, isto é, saber misturar as palavras de narrar uma história, existe a tendência a colocar os
maneira a produzirem um sentido evidente para os re- adjuntos nos começos das frases:
ceptores das nossas mensagens. Observe:
“No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas
minhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e
LÍNGUA PORTUGUESA

1. A desemprego globalização no Brasil e no na está


outros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil
Latina América causando.
existe…”
2. A globalização está causando desemprego no Brasil
e na América Latina.
Observações:
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma Tais construções não estão erradas, mas rompem com
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização a ordem direta;
de “uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem

92
É preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui- Outros exemplos:
tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri- A globalização, que é um fenômeno econômico e cul-
burgo. São quatro horas agora; tural, está causando desemprego no Brasil e na América
Outras frases são construídas com verbos intransiti- Latina.
vos, que não têm complemento: Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
O menino morreu na Alemanha. (sujeito +verbo+ ad- As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
junto adverbial) quentemente um papel semelhante ao do aposto expli-
A globalização nasceu no século XX. (idem) cativo, por isto são também isoladas por vírgula.
Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a or- Brasil…
dem direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os ter- Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o
mos existentes nelas. seu complemento.

Levando em consideração a ordem direta, podemos A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: no Brasil…
Se os termos estão colocados na ordem direta não Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não
haverá a necessidade de vírgulas. A frase 2 é um exemplo pertence ao assunto: globalização, da frase principal, tal
disto: oração é apenas um comentário à parte entre o comple-
A globalização está causando desemprego no Brasil e mento verbal e os adjuntos).
na América Latina.
Observação:
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da ora-
ção por três vezes ou mais, então é necessário usar a vír- A simples negação em uma frase não exige vírgula: A
gula, mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta globalização não causou desemprego no Brasil e na Amé-
é a regra básica n.º1 para a colocação da vírgula. Veja: rica Latina.

A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira”


causam desemprego… c) Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-
(três núcleos do sujeito) -a, tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a
regra n.º 3 da colocação da vírgula.
A globalização causa desemprego no Brasil, na Améri-
ca Latina e na África. No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
(três adjuntos adverbiais) sando desemprego…
No fim do século XX, a globalização causou desempre-
A globalização está causando desemprego, insatisfa- go no Brasil…
ção e sucateamento industrial no Brasil e na América Lati-
na. (três complementos verbais) Nota-se que a quebra da ordem direta frequente-
mente se dá com a colocação das circunstâncias antes
b) Em princípio, não devemos, na ordem direta, se- do sujeito. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstân-
parar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo cias, em gramática, são representadas pelos adjuntos
e o seu complemento, nem o complemento e as adverbiais. Muitas vezes, elas são colocadas em orações
circunstâncias, ou seja, não devemos separar com chamadas adverbiais que têm uma função semelhante a
vírgula os termos da oração. Veja exemplos de tal dos adjuntos adverbiais, isto é, denotam tempo, lugar,
incorreção: etc. Exemplos:
Quando o século XX estava terminando, a globalização
O Brasil, será feliz. começou a causar desemprego.
A globalização causa, o desemprego. Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos paí-
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre ses pobres.
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é go no Brasil.
LÍNGUA PORTUGUESA

a regra básica n.º 2 para a colocação da vírgula. Dito em


outras palavras: quando intercalamos expressões e frases Observação:
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos
com vírgulas. Vejamos: Quanto à equivalência e transformação de estruturas,
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sé- um exemplo muito comum cobrado em provas é o enun-
culo XX, causa desemprego no Brasil. ciado trazer uma frase no singular e pedir a passagem
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
sujeito e o verbo. mudança de tempos verbais.

93
SITE Os principais erros cometidos no desenvolvimento
são o desvio e a desconexão da argumentação. O primei-
Disponível em: <http://ricardovigna.wordpress. ro está relacionado ao autor tomar um argumento se-
com/2009/02/02/estudos-de-linguagem-1-estrutura- cundário que se distancia da discussão inicial, ou quando
-frasal-e-pontuacao/> se concentra em apenas um aspecto do tema e esquece
o seu todo. O segundo caso acontece quando quem re-
ESTRUTURA TEXTUAL dige tem muitas ideias ou informações sobre o que está
sendo discutido, não conseguindo estruturá-las. Surge
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a também a dificuldade de organizar seus pensamentos e
capacidade que temos de pensar. Por meio do pensa- definir uma linha lógica de raciocínio.
mento, elaboramos todas as informações que recebemos
e orientamos as ações que interferem na realidade e or- Conclusão
ganização de nossos escritos. O que lemos é produto de
um pensamento transformado em texto. Considerada como a parte mais importante do texto,
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen- é o ponto de chegada de todas as argumentações ela-
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma ma- boradas. As ideias e os dados utilizados convergem para
neira organizada do leitor compreender as nossas ideias. essa parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
A finalidade da escrita é direcionar totalmente o que Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
você quer dizer, por meio da comunicação. brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
Para isso, os elementos que compõem o texto se seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve
subdividem em: introdução, desenvolvimento e con- ser encerrada com argumentos repetitivos, como por
clusão. Todos eles devem ser organizados de maneira exemplo: “Portanto, como já dissemos antes...”, “Con-
equilibrada. cluindo...”, “Em conclusão...”.
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
Introdução ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
características de textos bem redigidos.
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen- Os seguintes erros aparecem quando as conclusões
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa ficam muito longas:
etapa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios.
O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o tex- • O problema aparece quando não ocorre uma ex-
to. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é ploração devida do desenvolvimento, o que gera
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio tí- uma invasão das ideias de desenvolvimento na
tulo. Já nos textos mais longos, em que o assunto é ex- conclusão.
posto em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um • Outro fator consequente da insuficiência de funda-
capítulo ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa mentação do desenvolvimento está na conclusão
situação, pode ter vários parágrafos. Em redações mais precisar de maiores explicações, ficando bastante
comuns, que em média têm de 25 a 80 linhas, a introdu- vazia.
ção será o primeiro parágrafo. • Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
texto em que o autor fica girando em torno de
Desenvolvimento ideias redundantes ou paralelas.
• Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita-
A maior parte do texto está inserida no desenvolvi- mente dispensáveis.
mento, que é responsável por estabelecer uma ligação • Quando não tem clareza de qual é a melhor con-
entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são clusão, o autor acaba se perdendo na argumenta-
elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus- ção final.
tentam e dão base às explicações e posições do autor.
É caracterizado por uma “ponte” formada pela organi- Em relação à abertura para novas discussões, a con-
zação das ideias em uma sequência que permite formar clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguin-
uma relação equilibrada entre os dois lados. tes fatores:
O autor do texto revela sua capacidade de discutir
um determinado tema no desenvolvimento, e é através • Para não influenciar a conclusão do leitor sobre
desse que o autor mostra sua capacidade de defender temas polêmicos, o autor deixa a conclusão em
seus pontos de vista, além de dirigir a atenção do leitor aberto.
para a conclusão. As conclusões são fundamentadas a • Para estimular o leitor a ler uma possível continui-
partir daqui. dade do texto, o autor não fecha a discussão de
LÍNGUA PORTUGUESA

Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o propósito.


escritor já deve ter uma ideia clara de como será a con- • Por apenas apresentar dados e informações sobre
clusão. Daí a importância em planejar o texto. o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja con-
Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no cluir o assunto.
mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido • Para que o leitor tire suas próprias conclusões,
em capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apre- o autor enumera algumas perguntas no final do
sentar-se-á no formato de parágrafos medianos e curtos. texto.

94
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele
autor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técni- falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans-
ca é um roteiro, em que estão presentes os planejamen- gride a norma culta.
tos. Naquele devem estar indicadas as melhores sequên- Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua
cias a serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare-
enxuto possível. ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis-
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola.
SITE
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Disponível em: pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é
<http://producao-de-textos.info/mos/view/ o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre
Caracter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/> amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi-
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
NÍVEIS DE LINGUAGEM
Eu não vi ela hoje.
A língua é um código de que se serve o homem para Ninguém deixou ele falar.
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Deixe eu ver isso!
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
funcionais:
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
a) a língua funcional de modalidade culta, língua cul-
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
ta ou língua-padrão, que compreende a língua lite-
norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
rária, tem por base a norma culta, forma linguística
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
utilizada pelo segmento mais culto e influente de
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
uma sociedade. Constitui, em suma, a língua uti- por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
lizada pelos veículos de comunicação de massa seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções
(emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, se alteram:
painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, Eu não a vi hoje.
colaborando na educação; Ninguém o deixou falar.
b) a língua funcional de modalidade popular; língua Deixe-me ver isso!
popular ou língua cotidiana, que apresenta grada- Eu te amo, sim, mas não abuses!
ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
calão. Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.

NORMA CULTA Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-


culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
A norma culta, forma linguística que todo povo civili- revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
zado possui, é a que assegura a unidade da língua nacio- transgressões da norma culta na pena ou na boca de
nal. E justamente em nome dessa unidade, tão importan- jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve
te do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas refletir serviço à causa do ensino.
escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontâ- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
nea e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva poética, caracterizado por construções de rara beleza.
e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Estou preocupado. (norma culta) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
Tô preocupado. (língua popular) o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Não basta conhecer apenas uma modalidade de Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. dispersar e Não vamos dispersar-nos)
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
normas da língua culta. de sair daqui bem depressa)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
O conceito de erro em língua seu posto)

Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num

95
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje por- ou um mesmo nível de fala, para colegas e para pedrei-
que a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, ros, assim como nenhum professor utiliza o mesmo nível
que tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bas- de fala no recesso do lar e na sala de aula.
tou para se arcaizarem as formas então legítimas impido, Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
despido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-es- esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co-
colarizada tem coragem de usar. tidiano, a que já fizemos referência.
Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases O que é linguagem? É o uso da língua como forma de
expressão e comunicação entre as pessoas. A linguagem
da língua popular para a língua culta”.
não é somente um conjunto de palavras faladas ou es-
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
critas, mas também de gestos e imagens. Afinal, não nos
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem
norma culta. a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar sem
utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se
LÍNGUA ESCRITA E LÍNGUA FALADA - NÍVEL DE ter algo fundamentado e coerente! Assim, a linguagem
LINGUAGEM verbal é a que utiliza palavras quando se fala ou quando
se escreve.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver-
econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O
falada. objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no de outros meios comunicativos, como: placas, figuras,
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais.
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda- Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo,
lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele-
natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor- visionado, um bilhete? = Linguagem verbal!
mações e a evoluções. Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor- futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi-
a língua falada com base na língua escrita, considerada ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as
não verbal!
emendas, a que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao
trando as características e as vantagens de uma e outra, mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- anúncios publicitários.
de ou inferioridade, que em verdade inexiste.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na Alguns exemplos:
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol.
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de Placas de trânsito.
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen- Imagem indicativa de “silêncio”.
to entre uma modalidade e outra. Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que SITE
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda-
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será cao/linguagem.htm>
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por
isso mesmo, processam-se lentamente e em número CORRESPONDÊNCIA OFICIAL (CONFORME
consideravelmente menor, quando cotejada com a mo- MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
dalidade falada. DA REPÚBLICA)
Importante é fazer o educando perceber que o nível
LÍNGUA PORTUGUESA

da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo Redação oficial é o meio utilizado para o estabeleci-
com a situação em que se desenvolve o discurso. mento de relações de serviço na administração pública
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- e corresponde ao modo uniforme de redigir atos nor-
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pro- mativos e comunicações oficiais. Para que se alcance a
núncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um efetividade dessas relações, são traçadas normas de lin-
padre não fala com uma criança como se estivesse em guagem e padronização no uso de fórmulas e estética
uma missa, assim como uma criança não fala como um para as comunicações escritas, as quais são revestidas de
adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, certas peculiaridades restritas ao meio.

96
As comunicações oficiais devem primar pela ob- Fundamentalmente esses atributos decorrem da
jetividade, transparência, clareza, simplicidade e Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A administração
impessoalidade. pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos
Nesse sentido, a redação oficial, da qual se deve ex- Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
trair uma única interpretação, há de procurar ser com- Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
preensível por todo e qualquer cidadão brasileiro. soalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo
Com esses cuidados, é possível aprimorar um item a publicidade e a impessoalidade princípios fundamen-
fundamental na profissionalização do servidor, na racio- tais de toda administração pública, claro está que devem
nalização do trabalho e na redução dos custos. igualmente nortear a elaboração dos atos e comunica-
ções oficiais.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a
Não se concebe que um ato normativo de qualquer
maneira pela qual o Poder Público redige atos normati-
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte
vos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de ou impossibilite sua compreensão. A transparência do
vista do Poder Executivo. sentido dos atos normativos, bem como sua inteligibili-
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa- dade, são requisitos do próprio Estado de Direito: é ina-
lidade, uso do padrão culto de linguagem, concisão, ceitável que um texto legal não seja entendido pelos
formalidade e uniformidade, clareza e precisão, objeti- cidadãos. A publicidade implica, pois, necessariamente,
vidade, coesão e coerência. clareza e concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
dos atos normativos obedece a certa tradição. Há nor-
FIQUE ATENTO! mas para sua elaboração que remontam ao período de
Essas quatro ultimas características foram nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
acrescentadas no novo manual de redação riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de-
oficial. zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos,
o número de anos transcorridos desde a Independência.
Essa prática foi mantida no período republicano.
Vejamos: Esses mesmos princípios (impessoalidade, clare-
Precisão: o atributo da precisão complementa a clare- za, uniformidade, concisão e uso de linguagem formal)
za e caracteriza-se Por: aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre
permitir uma única interpretação e ser estritamente im-
• articulação da linguagem comum ou técnica para a pessoais e uniformes, o que exige o uso de certo nível de
perfeita compreensão da ideia veiculada no texto. linguagem.
Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
Mas cuidado, a linguagem técnica é permitida, desde
sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
que usada de forma que não haja dúvidas na informação. receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
• manifestação do pensamento ou da ideia com as a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
mesmas palavras, evitando o emprego de sinôni- tratados de forma homogênea (o público).
mos com proposito meramente estilístico. Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
• escolha de expressão ou palavra que não confira buscou fazer das características específicas da forma ofi-
duplo sentido ao texto. cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que
se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
Objetividade: ser objetivo é ir diretamente ao assun- uma forma específica de linguagem administrativa,
to que se deseja abordar, sem voltas e sem redundân- o que coloquialmente e pejorativamente se chama bu-
cias. Para conseguir isso, é fundamental que o redator rocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a
saiba de antemão qual é a ideia principal e quais são as redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões
secundarias. e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de
construção de frases.
Coesão e coerência: é indispensável que o texto tenha A redação oficial não é, portanto, necessariamente
coesão e coerência. Tais atributos favorecem a conexão, árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali-
a ligação, a harmonia entre os elementos de um texto. dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima
clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
Percebe-se que o texto tem coesão e coerência quando
língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
se lê um texto e se verifica que as palavras, as frases e os
jornalístico, da correspondência particular, etc.
parágrafos estão entrelaçados, dando continuidade uns Apresentadas essas características fundamentais da
aos outros.
LÍNGUA PORTUGUESA

redação oficial, passemos à análise pormenorizada de


cada uma delas.
#FicaDica
• Uso do padrão culto de linguagem
Todo o texto precisa estar conectado, para
isso, fique atento à regência nominal e verbal, A necessidade de empregar determinado nível de
usando das preposições corretas de acordo linguagem nos atos e expedientes oficiais decorre,
com a intenção do texto. de um lado, do próprio caráter público desses atos e

97
comunicações; de outro, de sua finalidade. Os atos ofi- linguagem burocrática. O jargão burocrático, como todo
ciais, aqui entendidos como atos de caráter normativo, jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreen-
ou estabelecem regras para a conduta dos cidadãos, ou são limitada.
regulam o funcionamento dos órgãos públicos, o que só A linguagem técnica deve ser empregada apenas
é alcançado se em sua elaboração for empregada a lin- em situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso
guagem adequada. O mesmo se dá com os expedientes indiscriminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e
oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com cla- mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são
reza e objetividade. de difícil entendimento por quem não esteja com eles fa-
As comunicações que partem dos órgãos públicos fe- miliarizado. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-
derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci- -los em comunicações encaminhadas a outros órgãos da
dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
o uso de uma linguagem restrita a determinados gru-
pos. Não há dúvida que um texto marcado por expres- • Clareza e precisão
sões de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão Clareza
dificultada. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto
Ressalte-se que há necessariamente uma distância oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos-
entre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente sibilita imediata compreensão pelo leitor. Não se conce-
dinâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração be que um documento oficial ou um ato normativo de
de costumes, e pode eventualmente contar com outros qualquer natureza seja redigido de forma obscura, que
elementos que auxiliem a sua compreensão, como os dificulte ou impossibilite sua compreensão. A transpa-
gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns rência é requisito do próprio Estado de Direito: é inacei-
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua tável que um texto oficial ou um ato normativo não seja
escrita incorpora mais lentamente as transformações, entendido pelos cidadãos. O princípio constitucional da
tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas publicidade não se esgota na mera publicação do texto,
de si mesma para comunicar. estendendo-se, ainda, à necessidade de que o texto seja
A língua escrita, como a falada, compreende diferen- claro.
tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
Para a obtenção de clareza, sugere-se:
exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer
de determinado padrão de linguagem que incorpore ex-
a) utilizar palavras e expressões simples, em seu sen-
pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
tido comum, salvo quando o texto versar sobre
parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
assunto técnico, hipótese em que se utilizará no-
vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há
menclatura própria da área;
um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz b) usar frases curtas, bem estruturadas; apresentar
da língua, a finalidade com que a empregamos. as orações na ordem direta e evitar intercalações
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca- excessivas. Em certas ocasiões, para evitar ambi-
ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o guidade, sugere-se a adoção da ordem inversa da
máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do oração;
padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão c) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o
culto é aquele em que a) se observam as regras da gra- texto;
mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum d) não utilizar regionalismos e neologismos;
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res- e) pontuar adequadamente o texto;
saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na f) explicitar o significado da sigla na primeira referên-
redação oficial decorre do fato de que ele está acima das cia a ela; e
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, g) utilizar palavras e expressões em outro idioma
dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti- apenas quando indispensáveis, em razão de serem
cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi- designações ou expressões de uso já consagrado
da compreensão por todos os cidadãos. ou de não terem exata tradução. Nesse caso, gra-
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a fe-as em itálico, conforme orientações do subitem
simplicidade de expressão, desde que não seja confundi- 10.2 deste Manual.
da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso
do padrão culto implica emprego de linguagem rebus- Precisão
cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
linguagem próprios da língua literária. O atributo da precisão complementa a clareza e ca-
Pode-se concluir, então, que não existe propriamen- racteriza-se por:
LÍNGUA PORTUGUESA

te um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso


do padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É a) articulação da linguagem comum ou técnica para a
claro que haverá preferência pelo uso de determinadas perfeita compreensão da ideia veiculada no texto;
expressões, ou será obedecida certa tradição no empre- b) manifestação do pensamento ou da ideia com as
go das formas sintáticas, mas isso não implica, necessa- mesmas palavras, evitando o emprego de sinoní-
riamente, que se consagre a utilização de uma forma de mia com propósito meramente estilístico; e
c) escolha de expressão ou palavra que não confira
duplo sentido ao texto.

98
É indispensável, também, a releitura de todo o texto Exemplo:
redigido. A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obs-
curos provém principalmente da falta da releitura, o que Apurado, com impressionante agilidade e precisão,
tornaria possível sua correção. Na revisão de um expe- naquela tarde de 2009, o resultado da consulta à popu-
diente, deve-se avaliar se ele será de fácil compreensão lação acreana, verificou-se que a esmagadora e ampla
por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser maioria da população daquele distante estado manifes-
desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos tou-se pela efusiva e indubitável rejeição da alteração
sobre certos assuntos, em decorrência de nossa experiên- realizada pela Lei no 11.662/2008. Não satisfeita, incon-
cia profissional, muitas vezes, faz com que os tomemos formada e indignada, com a nova hora legal vinculada ao
como de conhecimento geral, o que nem sempre é ver- terceiro fuso, a maioria da população do Acre demons-
dade. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos trou que a ela seria melhor regressar ao quarto fuso, es-
técnicos, o significado das siglas e das abreviações e os tando cinco horas a menos que em Greenwich.
conceitos específicos que não possam ser dispensados. Nesse texto, há vários detalhamentos desnecessários,
A revisão atenta exige tempo. A pressa com que são abusou-se no emprego de adjetivos (impressionante, es-
elaboradas certas comunicações quase sempre compro- magadora, ampla, inconformada, indignada), o que lhe
mete sua clareza. “Não há assuntos urgentes, há assuntos confere carga afetiva injustificável, sobretudo em texto
atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua oficial, que deve primar pela impessoalidade. Elimina-
indesejável repercussão no texto redigido. dos os excessos, o período ganha concisão, harmonia e
A clareza e a precisão não são atributos que se atin- unidade:
jam por si sós: elas dependem estritamente das demais
características da redação oficial, apresentadas a seguir. Exemplo:

• Objetividade Apurado o resultado da consulta à população acrea-


na, verificou-se que a maioria da população se mani-
Ser objetivo é ir diretamente ao assunto que se deseja festou pela rejeição da alteração realizada pela Lei no
abordar, sem voltas e sem redundâncias. Para conseguir 11.662/2008. Não satisfeita com a nova hora legal vin-
isso, é fundamental que o redator saiba de antemão qual culada ao terceiro fuso, a maioria da população do Acre
é a ideia principal e quais são as secundárias. demonstrou que a ela seria melhor regressar ao quarto
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe fuso, estando cinco horas menos que em Greenwich.
em todo texto de alguma complexidade: as fundamen-
tais e as secundárias. Essas últimas podem esclarecer o • Coesão e coerência
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas exis-
tem também ideias secundárias que não acrescentam in- É indispensável que o texto tenha coesão e coerência.
formação alguma ao texto, nem têm maior relação com Tais atributos favorecem a conexão, a ligação, a harmo-
as fundamentais, podendo, por isso, ser dispensadas, o nia entre os elementos de um texto. Percebe-se que o
que também proporcionará mais objetividade ao texto. texto tem coesão e coerência quando se lê um texto e se
A objetividade conduz o leitor ao contato mais direto verifica que as palavras, as frases e os parágrafos estão
com o assunto e com as informações, sem subterfúgios, entrelaçados, dando continuidade uns aos outros.
sem excessos de palavras e de ideias. É errado supor que Alguns mecanismos que estabelecem a coesão e a
a objetividade suprime a delicadeza de expressão ou tor- coerência de um texto são: referência, substituição, elipse
na o texto rude e grosseiro. e uso de conjunção.
A referência diz respeito aos termos que se relacio-
• Concisão nam a outros necessários à sua interpretação. Esse me-
canismo pode dar-se por retomada de um termo, relação
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- com o que é precedente no texto, ou por antecipação de
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue um termo cuja interpretação dependa do que se segue.
transmitir o máximo de informações com o mínimo de
palavras. Não se deve de forma alguma entendê-la como Exemplos:
economia de pensamento, isto é, não se deve eliminar
passagens substanciais do texto com o único objetivo O Deputado evitou a instalação da CPI da corrupção.
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se, exclusivamente, de Ele aguardou a decisão do Plenário.
excluir palavras inúteis, redundâncias e passagens que O TCU apontou estas irregularidades: falta de assina-
nada acrescentem ao que já foi dito. tura e de identificação no documento.
Detalhes irrelevantes são dispensáveis: o texto deve A substituição é a colocação de um item lexical no
LÍNGUA PORTUGUESA

evitar caracterizações e comentários supérfluos, adjeti- lugar de outro(s) ou no lugar de uma oração.
vos e advérbios inúteis, subordinação excessiva. A seguir, Exemplos:
um exemplo1 de período mal construído, prolixo: O Presidente assinou o acordo. O Chefe do Poder
O exemplo de período mal construído foi elaborado, Executivo federal propôs reduzir as alíquotas.
para fins didáticos, a partir do exemplo de período bem O ofício está pronto. O documento trata da exonera-
construído, por sua vez, extraído da Exposição de Mo- ção do servidor.
tivos Interministerial no 51/MCTI/MRE/MPOG, de 21 de Os governadores decidiram acatar a decisão. Em se-
dezembro de 2011 (BRASIL, 2011a). guida, os prefeitos fizeram o mesmo.

99
A elipse consiste na omissão de um termo recuperá- • Formalidade e padronização
vel pelo contexto.
As comunicações administrativas devem ser sem-
Exemplo: pre formais, isto é, obedecer a certas regras de forma
(BRASIL, 2015a). Isso é válido tanto para as comunica-
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os ções feitas em meio eletrônico (por exemplo, o e-mail , o
particulares. (Na segunda oração, houve a omissão do documento gerado no SEI!, o documento em html etc.),
verbo “regulamenta”). quanto para os eventuais documentos impressos.
Outra estratégia para proporcionar coesão e coerên- É imperativa, ainda, certa formalidade de tratamento.
cia ao texto é utilizar conjunção para estabelecer ligação Não se trata somente do correto emprego deste ou da-
entre orações, períodos ou parágrafos. quele pronome de tratamento para uma autoridade de
certo nível, mais do que isso: a formalidade diz respeito
Exemplo:
à civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual
cuida a comunicação.
O Embaixador compareceu à reunião, pois identificou
o interesse de seu Governo pelo assunto. A formalidade de tratamento vincula-se, também,
à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se
• Impessoalidade a administração pública federal é una, é natural que as
A impessoalidade decorre de princípio constitucional comunicações que expeça sigam o mesmo padrão. O es-
(Constituição, art. 37), e seu significado remete a dois as- tabelecimento desse padrão, uma das metas deste Ma-
pectos: o primeiro é a obrigatoriedade de que a admi- nual, exige que se atente para todas as características da
nistração pública proceda de modo a não privilegiar ou redação oficial e que se cuide, ainda, da apresentação
prejudicar ninguém, de que o seu norte seja, sempre, o dos textos.
interesse público; o segundo, a abstração da pessoalida- A digitação sem erros, o uso de papéis uniformes
de dos atos administrativos, pois, apesar de a ação admi- para o texto definitivo, nas exceções em que se fizer ne-
nistrativa ser exercida por intermédio de seus servidores, cessária a impressão, e a correta diagramação do texto
é resultado tão-somente da vontade estatal. são indispensáveis para a padronização. Consulte o Ca-
A redação oficial é elaborada sempre em nome do pítulo II, “As comunicações oficiais”, a respeito de normas
serviço público e sempre em atendimento ao interesse específicas para cada tipo de expediente. Em razão de
geral dos cidadãos. Sendo assim, os assuntos objetos dos seu caráter público e de sua finalidade, os atos normati-
expedientes oficiais não devem ser tratados de outra for- vos e os expedientes oficiais requerem o uso do padrão
ma que não a estritamente impessoal. culto do idioma, que acata os preceitos da gramática for-
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que mal e emprega um léxico compartilhado pelo conjunto
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- dos usuários da língua. O uso do padrão culto é, por-
ções oficiais decorre: tanto, imprescindível na redação oficial por estar acima
das diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas, regio-
a) da ausência de impressões individuais de quem
nais; dos modismos vocabulares e das particularidades
comunica: embora se trate, por exemplo, de um
linguísticas.
expediente assinado por Chefe de determinada
Seção, a comunicação é sempre feita em nome do
serviço público. Obtém-se, assim, uma desejável Recomendações:
padronização, que permite que as comunicações
elaboradas em diferentes setores da administração • a língua culta é contra a pobreza de expressão e
pública guardem entre si certa uniformidade; não contra a sua simplicidade;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- • o uso do padrão culto não significa empregar a
ção: ela pode ser dirigida a um cidadão, sempre língua de modo rebuscado ou utilizar figuras de
concebido como público, ou a uma instituição pri- linguagem próprias do estilo literário;
vada, a outro órgão ou a outra entidade pública. • a consulta ao dicionário e à gramática é imperativa
Em todos os casos, temos um destinatário conce- na redação de um bom texto.
bido de forma homogênea e impessoal; e
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: Pode-se concluir que não existe propriamente um pa-
se o universo temático das comunicações oficiais drão oficial de linguagem, o que há é o uso da norma
se restringe a questões que dizem respeito ao in- padrão nos atos e nas comunicações oficiais. É claro que
teresse público, é natural não caber qualquer tom haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
particular ou pessoal. ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
Não há lugar na redação oficial para impressões pes- consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
LÍNGUA PORTUGUESA

soais, como as que, por exemplo, constam de uma carta rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mes- ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
mo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
da interferência da individualidade de quem a elabora. Classificação da correspondência
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
• Patente
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária
• Confidencial ou secreta
impessoalidade.

100
A correspondência confidencial ou secreta nunca Portanto, a redação da carta deve ser executada
deve ser aberta, mas sim conduzida diretamente á dire- por uma pessoa experiente, de forma a minimizar as
ção. É conveniente, contudo, registrar a sua entrada, de perdas de tempo e conseguir uma boa qualidade de
preferência em livro próprio. comunicação.
A correspondência particular, como é lógico, também A resposta pode ser executada de diversas formas:
não deve ser aberta, mas sim dirigida aos respectivos
destinatários.
• Ditado direto, em que o processador de texto exe-
A correspondência dita patente, é que vai entrar no
circuito de tratamento. cuta diretamente o texto que lhe é transmitido;
• Ditado indireto, onde o processador de texto exe-
Abertura cuta o texto através de uma minuta, um registro
que estenografou ou um registro gravado.
A abertura da correspondência é importante referir a
forma como se faz e os cuidados a ter para evitar a inuti- Assinatura
lização do conteúdo. Depois de finalizada a correspondência deve ser de
Antes de se abrir as cartas deve-se colocar o conteú- novo lida e em seguida assinada. A organização das
do para um dos cantos dos sobrescritos e em seguida grandes empresas implica que o correio e expedição es-
abre-se pelas arestas opostas. Isto porque as cartas são teja pronto até determinada hora, de forma a ser levado
normalmente mal dobradas e quando são inseridas nos
a despacho.
subscritos ficam, por vezes, coladas no interior.

Registro das entradas Registro de saída


O registro das saídas também é normalmente feito
Geralmente esta fase da correspondência concentra- em livro próprio. Devem ser tiradas cópias aos originais e
-se num só departamento. Tiram-se cópias dos originais encaminhadas devidamente.
recebidos, para um exemplar ficar no departamento e o
outro seguir para o respectivo destino. Mas a tiragem das Expedição e Arquivo
cópias não pode ser feita sem antes ser colocado o res- Antes da correspondência ser inserida no sobrescrito
pectivo carimbo da entrada contendo a data e o número deve-se verificar se:
da entrada. Nos serviços públicos e nas empresas, mas
tradicionalistas, utiliza-se o Livro de Registo para a cor-
• A carta está datada e assinada;
respondência recebida.
• Contém o material referido em anexo;
Distribuição • O endereço corresponde ao do sobrescrito. E por
fim...
A distribuição da correspondência pode ser feita de • Toda a correspondência que é expedida da empre-
diversas formas, mas sempre de forma a poder ser con- sa deve possuir em arquivo a respectiva cópia;
trolada. E, para esse efeito utiliza-se o chamado livro de • Quando a correspondência for registrada, junta-
protocolo. Muitas vezes é utilizada uma guia de remessa mente com a cópia, deve ser arquivado um exem-
de documentos que os descreve e agrupa por destinos, plar do talão de aceitação;
acompanhando-os até a recepção. Aí é assinado um du- • No caso do registro ser com aviso de recepção,
plicado que comprova a entrega. este, após ser devolvido pelo destinatário com a
respectiva assinatura, deve também ser arquivado
Resposta ou Arquivo
com a cópia da correspondência.
Depois de ser lida, a correspondência deve ser conve-
nientemente tratada. Para se redigir uma boa correspondência, é necessá-
O que significa que: ria objetividade na exposição do pensamento, é preciso
buscar por clareza, coerência, concisão, nas palavras em-
• Se não for necessário dar sequência ao assunto, a pregadas, e assim estabelecer uma melhor relação entre
correspondência vai imediatamente para o arqui- as ideias.
vo, com a devida indicação no canto superior es-
querdo e a assinatura do ordenante;
• Se é necessária uma resposta, devem ser feitas as "Se escrever cartas é um sinal de boa
anotações necessárias para a sua execução ou, en- educação, escrever corretamente é prova de
tão, se for o caso, o próprio destinatário encarre- boa instrução e inteligência". (Jane S. Singer)
gar-se-á de a escrever.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não esquecer que:


Há vários tipos de correspondência, e cada uma pos-
• Toda a correspondência urgente deve ter uma res- sui suas características, com suas normas e técnicas. O
posta imediata; estilo e as técnicas aplicadas em correspondências se
• Não se deve adiar a resolução de assuntos pen- atualizaram, tornando-se muito mais complexas. O estilo
dentes, tornando-os eternamente esquecidos. A depende dos conhecimentos dominados pelo redator, e
execução de uma carta resposta implica disponibi- este é aperfeiçoado pelas técnicas, que serão apresenta-
lidade de tempo e disponibilidade mental. das ao longo do trabalho.

101
Em suma, corresponder-se implica um ato de ir até públicos, o que só é alcançado se em sua elaboração for
outrem: seja para expor-lhe problemas, alegrias, seja empregada a linguagem adequada. O mesmo se dá com
para fazer-lhe pedidos, convencer, dar-lhe boas ou más os expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de
notícias. Da habilidade social do remetente virá seu su- informar com clareza e objetividade. A necessidade de
cesso com o destinatário. Será preciso conhecer os có- empregar determinado nível de linguagem nos atos e
digos de comportamento deste para que a mensagem expedientes oficiais decorre, de um lado, do próprio ca-
surta efeito. ráter público desses atos e comunicações; de outro, de
sua finalidade.
Tipos de Correspondência As comunicações que partem dos órgãos públicos fe-
derais devem ser compreendidas por todo e qualquer ci-
Quando se fala de correspondência, pensa-se logo dadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar
em uma simples carta, em mensagem escrita para tra- o uso de uma linguagem restrita a determinados grupos.
ta-se de assuntos íntimos entre pessoas cujas relações Não há dúvida que um texto marcado por expressões
são bastante estreitas. Contudo a carta hoje tornou ou- de circulação restrita, como a gíria, os regionalismos
tros rumos, não perdendo suas características especiais. vocabulares ou o jargão técnico, tem sua compreensão
A correspondência tomou rumos diferentes, em diversas dificultada.
áreas. Pode ser utilizada no estabelecimento de contatos A língua escrita, como a falada, compreende dife-
utilitários, como os de um industrial e seus compradores, rentes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. O
ou os que dizem respeito à comunicação comercial, ban- mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter im-
cária, judicial e de tantas instituições sociais. Usualmente,
pessoal, por sua finalidade de informar com o máximo de
divide-se a correspondência em:
clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto
da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele
a) Particular: quando é trocada entre pessoas mais
ou menos íntimas, sobre assuntos da vida priva- em que:
da, tais como notícias do quotidiano, da família,
de viagens, agradecimentos, convites, pêsames. A Observam-se as regras da gramática formal;
espécie mais particular de todas é a chamada carta
de amor, onde se expressam as nuanças do senti- Emprega-se um vocabulário comum ao conjunto dos
mento mais humano de todos. usuários do idioma.
b) Comercial: que inclui toda espécie de cartas e do- É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso
cumentos ligados a transações comerciais, indus- do padrão culto na redação oficial decorre do fato de
triais e também financeiras, tais como assuntos que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas
bancários, investimentos, empréstimos, câmbios, ou sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das
etc. idiossincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão,
c) Oficial: quando provém de instituições do serviço que se atinja a pretendida compreensão por todos os
público, tanto civis como militares, ou a elas se di- cidadãos.
rige. Abrange atos dos poderes legislativo, execu- Lembrar-se que o padrão culto nada tem contra a
tivo e judiciário, requerimento dos cidadãos, avisos simplicidade de expressão, desde que não seja confundi-
à população, etc. da com pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso
do padrão culto implica emprego de linguagem rebus-
Por vezes, é difícil distinguir o tipo de determinadas cada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de
cartas, quando seu assunto concerne a duas esferas so- linguagem própria da língua literária.
ciais diversas, como uma carta de um cidadão, solicitan- Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
do um favor comercial a um amigo pertencente a essa um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
área de atividades. A distinção recomendável é utilizar padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
nas cartas particulares uma linguagem mais espontânea, haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
mais rica em calor humano (salvo em comunicados im- ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
pressos, tais como convites, participações, que serão li-
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
dos não só pelos interessados, mas por outras pessoas
consagre a utilização de uma forma de linguagem bu-
fora do círculo de amizade do remetente), deixando para
rocrática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve
as cartas comerciais o estilo utilitário, direto, sem ape-
lar para aspectos afetivos, e para cartas ou documentos ser evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
oficiais reservar uma formulação impessoal, mais dis- Os atos administrativos são classificados como:
tanciada e formal, que veicule a mensagem de forma
clara, mas sem pessoalizá-la. Dessa forma, um pedido a ATOS DE CORRESPONDÊNCIA
um governador de Estado, por exemplo, sempre se fará
LÍNGUA PORTUGUESA

mencionando-se o cargo e não familiarmente o “prezado Aviso: Comunicação pela qual os titulares de órgãos,
fulano”. entidades e presidentes de comissões da Administração
do Município comunicam ao público assunto de seu in-
Atos Oficiais teresse e solicitam a sua participação.
Carta: Forma de correspondência por meio da qual
Os atos oficiais são entendidos como atos de cará- os dirigentes da Administração Municipal se dirigem a
ter normativo, ou estabelecem regras para a conduta personalidades e entidades públicas e particulares para
dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos tratar de assunto oficial.

102
Circular: Correspondência oficial de igual teor, expe- O decisório defere ou indefere solicitações.
dida por dirigentes de órgãos e entidades e chefes de
unidades administrativas a vários destinatários. Parecer: Manifestação de órgãos ou entidades sobre
Exposição de Motivos: Correspondência por meio da assuntos submetidos à sua consideração. É um ato ad-
qual os secretários e autoridades de nível hierárquico ministrativo usado com mais frequência por conselhos,
equivalente expõem assuntos da Administração Munici- comissões, assessorias e equivalentes.
pal para serem solucionados por atos do Prefeito. Relatório: Documento em que se relata ao superior
Quando a exposição de motivos tratar de assuntos imediato a execução de trabalhos concernentes a deter-
que envolvam mais de uma Secretaria, esta deverá ser minados serviços ou a um período relativo ao exercício
assinada pelos Secretários envolvidos. de cargo, função ou desempenho de atribuições.
Além do caráter informativo, a exposição de motivos
ATOS NORMATIVOS
pode propor medidas ou submeter projeto de ato nor-
mativo à apreciação da autoridade competente.
Decreto: Ato emanado do Poder Público, com força
Memorando: Correspondência utilizada pelas chefias obrigatória, que se destina a assegurar ou promover a
no âmbito de um mesmo órgão ou entidade para expor ordem política, social, jurídica e administrativa. É por
assuntos referentes a situações administrativas em geral. meio de decretos que o chefe do Governo determina a
Pode ser usado no mesmo nível hierárquico ou em nível observância de regras legais.
hierárquico diferente. Ordem de Serviço: Ato pelo qual os titulares de Coor-
Mensagem: Instrumento de comunicação oficial do denações, Departamentos, Presidentes de Comissões,
Prefeito para o Presidente da Câmara Municipal, expondo além de outras autoridades de nível hierárquico equiva-
sobre matérias que dependem de deliberação da Câma- lente, determinam providências a serem cumpridas por
ra. A mensagem versa sobre os seguintes assuntos, entre unidades orgânicas e/ou servidores subordinados.
outros: encaminhamento de projeto de lei complementar Portaria: Ato pelo qual o Prefeito ou os Secretários
ou financeira; pedido de autorização para o Prefeito e o (por delegação do Prefeito) expedem determinações
Vice-Prefeito se ausentarem do Município por mais de 15 gerais ou especiais a seus subordinados; ou designam
dias; encaminhamento das contas referentes ao exercício servidores para substituições eventuais e execução de
anterior; abertura da sessão legislativa; comunicação de atividades.
sanção de veto. Resolução: Ato emanado de órgãos colegiados, tendo
Ofício: Meio de comunicação utilizado entre dirigen- como característica fundamental o estabelecimento de
tes de órgãos e entidades e titulares de unidades da Pre- normas, diretrizes e orientações para a consecução dos
feitura ou ainda destes para com a Administração Esta- objetivos.
dual, Federal e Empresas Privadas. É válida para assuntos normativos ou de reconheci-
Telegrama: Forma de correspondência em que são mento de excepcionalidade.
transmitidas comunicações de absoluta urgência e com Edital: Ato de caráter obrigatório, emitido pelos titu-
lares de órgãos e entidades e presidentes de comissões,
reduzido número de palavras, uma vez que a sua princi-
que se destina a fixar condições e prazos para a legitima-
pal característica é a síntese.
ção de ato ou fato administrativo, a ser concretizado pela
Requerimento – deriva-se do verbo requerer, que, de
Administração Municipal.
acordo com seu sentido denotativo, significa solicitar, Regimento: Ato que indica a categoria e a finalidade
pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o dos órgãos e entidades, detalha sua estrutura em uni-
pedido seja deferido, ou seja, aprovado. dades organizacionais, especifica as respectivas compe-
tências, define as atribuições de seus dirigentes e indica
ATOS ENUNCIATIVOS seus relacionamentos interno e externo. Os regimentos
serão postos em vigor por decreto do Prefeito, referen-
Apostila: Documento que complementa um ato ofi- dado pelo titular da Secretaria a que diga respeito o ato.
cial, em geral ligado à vida funcional dos servidores pú- Regulamento: Ato que explica a execução de uma lei
blicos, fixando vantagens pecuniárias, retificando ou al- ou provê situação ainda não disciplinada por lei. Tem sua
terando nomes ou títulos. aprovação por decreto do Prefeito.
O ato deve ser publicado e registrado no assenta-
mento funcional. É sempre assinado pelo titular do órgão ATOS DE AJUSTE
expedidor.
Despacho: Nota escrita pela qual uma autoridade dá Contrato: Acordo bilateral firmado por escrito entre
solução a um pedido ou encaminha a outra autoridade a administração pública e particulares, vislumbrando, de
pedido para que decida sobre o assunto. um lado, o objeto do acordo, e de outro, a contrapresta-
LÍNGUA PORTUGUESA

O despacho pode ser interlocutório ou decisório: ção correspondente (remuneração).


O Interlocutório é breve e baseado em informações Convênio: Acordo firmado por entidades públicas, ou
ou parecer, e consta do corpo do processo (quando hou- entre estas e organizações particulares, para realização
ver). Em geral é manuscrito e assinado pela autoridade de objetivos de interesse comum dos partícipes.
Termo Aditivo: Ato lavrado para complementar um
competente, podendo, contudo, ser elaborado e assina-
ato originário - contrato ou convênio - quando verifi-
do por outros servidores desde que lhes seja delegada
cada a necessidade de alteração de uma das condições
competência. Nesse caso, inicia-se pela expressão: “De
ajustadas.
ordem”.

103
ATOS COMPROBATÓRIOS como ocorre com as instruções momentâneas de
superior a inferior hierárquico, com as determi-
Alvará: Documento firmado por autoridade compe- nações da polícia em casos de urgência e com a
tente, certificando, autorizando ou aprovando atos ou sinalização do trânsito. No entanto, a rigor, o ato
direitos. escrito em forma legal não se exporá à invalidade.
Ata: Documento que registra, com o máximo de fide- 4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de
lidade, o que se passou em uma reunião, sessão públi- direito ou de fato que determina ou autoriza a
ca ou privada, congresso, encontro, convenção e outros realização do ato administrativo. O motivo como
eventos, para comprovação, inclusive legal, das discus- elemento integrante da perfeição do ato, pode vir
sões e resoluções havidas. expresso em lei, como pode ser deixado a critério
A ata é lavrada por um secretário, indicado pelos do administrador. Em se tratando de motivo vincu-
membros da reunião. Sua redação obedece sempre às lado pela lei, o agente da administração, ao prati-
mesmas normas, quer se trate de instituições oficiais ou car o ato, fica na obrigação de justificar a existência
entidades particulares. Escreve-se seguidamente, sem do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo
rasuras e sem entrelinhas, evitando-se os parágrafos ou menos invalidável por ausência da motivação.
espaços em branco. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a cria-
A linguagem utilizada na redação é bastante sumária ção, a modificação ou a comprovação de situações
e quase sem oportunidade de inovações, exatamente por jurídicas concernentes a pessoas, coisas ou ativi-
sua característica de simples resumo de fatos. Também,
dades sujeitas à atuação do Poder Público. Neste
em decorrência disso, os verbos são empregados sempre
sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do
no tempo passado e, tanto quanto possível, devem ser
ato e por meio dele a administração manifesta o
evitados os adjetivos. Os números fundamentais, datas
seu poder e a sua vontade ou atesta simplesmente
e valores, de preferência, são escritos por extenso. A re-
situações pré-existentes.
dação deve ser fiel, clara e precisa com relação aos fatos
ocorridos, sem que o relator emita opinião sobre eles.
Registra-se, quando for o caso, na ata do dia, as retifica- AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
ções feitas à anterior.
Para os erros constatados no momento da redação, Concordância com os pronomes de tratamento
consoante o tipo de ata, emprega-se a partícula retifica- Os pronomes de tratamento apresentam certas pe-
tiva “digo”. Se forem notados erros após a redação, há o culiaridades quanto às concordâncias verbal, nominal e
recurso da expressão “em tempo”. pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa grama-
Atestado: Documento em que se comprova um fato tical (à pessoa com quem se fala), levam a concordância
e se afirma a existência ou inexistência de uma situação para a terceira pessoa. Os pronomes Vossa Excelência ou
de direito da qual se tenha conhecimento em favor de Vossa Senhoria são utilizados para se comunicar direta-
alguém. mente com o receptor.
Certidão: Documento oficial onde se transcrevem da-
dos de assentamentos funcionais com absoluta precisão. #OBS.:
A certidão deve ser escrita sem abertura de pará-
grafos, emendas ou rasuras. Quando houver engano ou Quanto às formas de tratamento não foi alterado nes-
omissão, o certificante o corrigirá com “digo”, colocado sa última atualização do manual.
imediatamente após o erro.
Declaração: Documento de manifestação administra- Concordância de gênero
tiva, declaratório da existência ou não de um direito ou
de um fato. Com as formas de tratamento, faz-se a concordância
com o sexo das pessoas a que se referem:
Os atos administrativos são compostos pelos seguin-
tes elementos: • Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a
assistir ao III Seminário da NOVA.
1. Competência - É a condição primeira para a vali- • Vossa Excelência será informada (mulher) a respei-
dade do ato administrativo. Nenhum ato pode ser to das conclusões do III Seminário da NOVA.
realizado validamente sem que o agente disponha
de poder legal para praticá-lo. Concordância de pessoa
2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a
atingir. Não se compreende ato administrativo Embora tenham a palavra “Vossa” na expressão, as
sem fim público.
LÍNGUA PORTUGUESA

formas de tratamento exigem verbos e pronomes refe-


3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o rentes a elas na terceira pessoa:
ato administrativo constitui elemento vinculado
e indispensável à sua perfeição. A inexistência da • Vossa Excelência solicitou...
forma induz à inexistência do ato administrativo. • Vossa Senhoria informou...
A forma normal do ato administrativo é a escrita, • Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria
embora atos existam consubstanciados em ordens
e sua equipe para... Na oportunidade, teremos a
verbais, e até mesmo em sinais convencionais,
honra de ouvi-los...

104
A pessoa do emissor assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
O emissor da mensagem, referindo-se a si mesmo, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
poderá utilizar a primeira pessoa do singular ou a primei- A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
ra do plural (plural de modéstia). Não pode, no entanto, mento indireto já estava em voga também para os ocu-
misturar as duas opções ao longo do texto: pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu
para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
• Tenho a honra de comunicar a Vossa Excelência... me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
• Temos a honra de comunicar a Vossa Excelência... que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
• Cabe-me ainda esclarecer a Vossa Excelência... to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
• Cabe-nos ainda esclarecer a Vossa Excelência... civis, militares e eclesiásticas.
Umas das características do estilo da correspondên-
Emprego de Vossa (Excelência, Senhoria, etc.) Sua cia oficial e empresarial é a polidez, entendida como o
(Excelência, Senhoria, etc.) ajustamento da expressão às normas de educação ou
cortesia.
• Vossa (Excelência, Senhoria, etc.), é tratamento di- A polidez se manifesta no emprego de fórmulas de
reto - usa-se para dirigir-se a pessoa com quem cortesia (“Tenho a honra de encaminhar” e não, sim-
se fala, ou a quem se dirige a correspondência plesmente, “Encaminho...”; “Tomo a liberdade de suge-
(equivale a você): Na expectativa do atendimento rir...” em vez de, simplesmente, “Sugiro...”); no cuidado
do que acaba de ser solicitado, apresento a Vossa de evitar frases agressivas ou ásperas (até uma carta
Senhoria nossas atenciosas saudações. de cobrança pode ter seu tom amenizado, fazendo-se
• Sua (Excelência, Senhoria, etc.): em relação à pes- menção, por exemplo, a um possível esquecimento...); no
soa de quem se fala (equivale a ele fala): Na aber- emprego adequado das formas de tratamento, dispen-
tura do Seminário, Sua Excelência o Senhor Reitor sando sempre atenção respeitosa a superiores, colegas
da PUCRS falou sobre o Plano Estratégico. e subalternos.
No que diz respeito à utilização das formas de trata-
Abreviatura das formas de tratamento mento e endereçamento, deve-se considerar não apenas
a área de atuação da autoridade (universitária, judiciária,
A forma por extenso demonstra maior respeito, maior religiosa, etc.), mas também a posição hierárquica do car-
deferência, sendo de rigor em correspondência dirigi- go que ocupa.
da ao Presidente da República. Fique claro, no entanto,
que qualquer forma de tratamento pode ser escrita por Concordância com os Pronomes de Tratamento
extenso, independentemente do cargo ocupado pelo
destinatário. Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con-
Vossa Magnificência cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refi-
ram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se
É assim que manuais mais antigos de redação ensinam fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a con-
a tratar os reitores de universidades. Uma forma muito cordância para a terceira pessoa. É que o verbo concor-
cerimoniosa, empolada, difícil de escrever e pronunciar, da com o substantivo que integra a locução como seu
e em desuso. Já não existe hoje em dia distanciamento núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto»;
tão grande entre a pessoa do reitor e o corpo docente «Vossa Excelência conhece o assunto».
e discente. É, pois, perfeitamente aceita hoje em dia a Da mesma forma, os pronomes possessivos referi-
fórmula >Vossa Excelência (V. Exa.). A invocação pode ser dos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira
simplesmente Senhor Reitor, Excelentíssimo Senhor Reitor. pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto» (e não
«Vossa ... vosso...”).
Pronomes de Tratamento Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes,
o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pes-
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra- soa a que se refere, e não com o substantivo que com-
tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o
acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por- correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senho-
tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento ria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência
direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia à palavra”, está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
passou-se a empregar, como expediente linguístico de
LÍNGUA PORTUGUESA

distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no Emprego dos Pronomes de Tratamento


tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
o autor: Tradicionalmente, o emprego dos pronomes de tra-
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fin- tamento adota a segunda pessoa do plural, de maneira
gir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade indireta, para referenciar atributos da pessoa à qual se di-
eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela rige. Na redação oficial, é necessário atenção para o uso
própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu rei dos pronomes de tratamento em três momentos distin-
com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); tos: no endereçamento, no vocativo e no corpo do texto.

105
No vocativo, o autor dirige-se ao destinatário no início Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
do documento. No corpo do texto, pode-se empregar os Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso
pronomes de tratamento em sua forma abreviada ou por Nacional,
extenso. O endereçamento é o texto utilizado no envelo- Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribu-
pe que contém a correspondência oficial. nal Federal.

Vocativo As demais autoridades serão tratadas com o vocativo


Senhor, seguido do cargo respectivo:
O vocativo é uma invocação ao destinatário. Nas co- Senhor Senador,
municações oficiais, o vocativo será sempre seguido de Senhor Juiz,
vírgula. Senhor Ministro,
Em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder, uti- Senhor Governador,
liza-se a expressão Excelentíssimo Senhor ou Excelentís- No envelope, o endereçamento das comunicações di-
sima Senhora e o cargo respectivo, seguidos de vírgula. rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá
a seguinte forma:
FIQUE ATENTO! A Sua Excelência o Senhor
Aqui temos outra mudança. Fulano de Tal
O manual atualizado traz a possibilidade de se Ministro de Estado da Justiça
utilizar o vocativo “prezado/a”, quando o oficio 70.064-900 – Brasília. DF
estiver sendo direcionado para PARTICULAR.
Senhor Governador... (para autoridades) A Sua Excelência o Senhor
Prezado fulano de tal... (para particular) Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF
Como visto, o emprego destes obedece a secular tra-
dição. São de uso consagrado: Senhor Ministro,
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: Submeto a Vossa Excelência projeto (...)

a) do Poder Executivo; Em comunicações oficiais, ESTÁ ABOLIDO O USO DO


TRATAMENTO DIGNÍSSMO (DD), às autoridades arrola-
Presidente da República; das na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que
Vice-Presidente da República; se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária
Ministros de Estado; sua repetida evocação.
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Vossa Senhoria é empregado para as demais auto-
Distrito Federal; ridades e para particulares. O vocativo adequado e o
Oficiais-Generais das Forças Armadas; endereçamento que deve constar no envelope são:
Embaixadores;
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu- Ao Senhor
pantes de cargos de natureza especial; Fulano de Tal
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Rua ABC, no 123
Prefeitos Municipais. 70.123 – Curitiba. PR
Senhor Fulano de Tal,
b) do Poder Legislativo: Escrevo a Vossa Senhoria (...)

Deputados Federais e Senadores; Como se depreende do exemplo acima, FICA DISPEN-


Ministro do Tribunal de Contas da União; SADO O EMPREGO DO SUPERLATIVO ILUSTRÍSSIMO
Deputados Estaduais e Distritais; para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do prono-
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. me de tratamento Senhor.
Acrescente-se que DOUTOR NÃO É FORMA DE TRA-
c) do Poder Judiciário: TAMENTO, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscrimi-
nadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em
Ministros dos Tribunais Superiores; comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
LÍNGUA PORTUGUESA

Membros de Tribunais; por terem concluído curso universitário de doutorado.


Juízes; É costume indevido designar por doutor os bacharéis, es-
pecialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos
d) outros: Auditores da Justiça Militar. demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
formalidade às comunicações.
O vocativo a ser empregado em comunicações diri- Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
gidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, se- empregada por força da tradição, em comunicações diri-
guido do cargo respectivo: gidas a reitores de universidade.

106
Corresponde-lhe o vocativo:

Magnífico Reitor,

Agradeço a Vossa Magnificência por (...)

Os pronomes de tratamento e vocativos para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são:
Em comunicações dirigidas ao Papa:

Santíssimo Padre,

Rogo a Vossa Santidade que (...)

Em comunicações aos Cardeais:


Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Rogo a Vossa Eminência ( Reverendíssima ) que (...)

Em comunicações a Arcebispos e Bispos:


Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo / Bispo,

Rogo a Vossa Excelência Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Monsenhores, Côneco e superiores religiosos:


Reverendíssimo Senhor Monsenhor / Cônego / Superior religioso

Rogo a Vossa ( Senhoria ) Reverendíssima que (...)

Em comunicações a Sacerdotes, Clérigos e Demais religiosos:


Reverendo Sacerdote / Clérigo / Demais religiosos,

Rogo a Vossa Reverência que (...)

Veja o quadro a seguir, que:

• Agrupa as autoridades em universitárias, judiciárias, militares, eclesiásticas, monárquicas e civis;


• Apresenta os cargos e as respectivas fórmulas de tratamento (por extenso, abreviatura singular e plural);
• Indica o vocativo correspondente e a forma de endereçamento.

Autoridades Universitárias

Cargo ou
Por Extenso Abreviatura Singular Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Função
Ao Magnífico Reitor
V. Mag. as
ou V. Magnífico Reitor
ou
Magas.
Vossa Magnificência
V. Mag.ª ou V. Maga. ou
Reitores ou Ao Excelentíssimo
V. Exa. ou V. Ex.ª ou
Vossa Excelência Senhor Reitor
Excelentíssimo
Nome
V.Ex.as ou V.Exas. Senhor Reitor
Cargo
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssimo Senhor Vice-Reitor
LÍNGUA PORTUGUESA

Vice-Reitores Vossa Excelência V.Ex.ª, ou V.Exa. V.Ex.as ou V. Exas. S e n h o r Nome


Vice-Reitor Cargo
Endereço
Assessores
Ao Senhor
Pró-Reitores
V.S.ª ou Nome
Diretores Vossa Senhoria V.S. ou V.Sas.
as
Senhor + cargo
V.Sa. Cargo
Coord. de
Endereço
Departamento

107
Autoridades Judiciárias

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Auditores
Curadores
Defensores Públicos
Ao Excelentíssimo Senhor
Desembargadores
Vossa V.Ex.as ou V. Excelentíssimo Nome
Membros de Tribunais V.Ex.ª ou V. Exa.
Excelência Exas. Senhor + cargo Cargo
Presidentes de
Endereço
Tribunais
Procuradores
Promotores
Ao Meritíssimo Senhor Juiz
Meritíssimo
Meritíssimo Senhor Juiz ou
Juiz
M.Juiz ou V.Ex.ª,
Juízes de Direito ou V.Ex.as ou Ao Excelentíssimo Senhor
V. Exas.
Vossa Juiz
Excelência Excelentíssimo Nome
Senhor Juiz Cargo
Endereço

Autoridades Militares

Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
Ao Excelentíssimo Senhor
Oficiais Generais Vossa Excelentíssimo Nome
V.Ex.ª ou V. Exa. V.Ex.as, ou V. Exas.
(até Coronéis) Excelência Senhor Cargo
Endereço
Ao Senhor
Vossa Nome
Outras Patentes V.S.ª ou V. Sa. V.S.as ou V. Sas. Senhor + patente
Senhoria Cargo
Endereço

Autoridades Eclesiásticas

Abreviatura
Cargo ou unção Por Extenso Abreviatura Plural Vocativo Endereçamento
Singular
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev. ou V.
ma
V.Ex. Rev. ou V.
as mas
Excelentíssimo
Arcebispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Excelência
Reverendíssima
Vossa Excelência V.Ex.ª Rev.maou V. V.Ex.asRev.mas ou V. Excelentíssimo
Bispos Nome
Reverendíssima Exa. Revma. Exas. Revmas. Reverendíssimo
Cargo
Endereço
A Sua Eminência
Vossa Eminência V.Em.ª, V. Ema. V.Em.as, V. Emas. Eminentíssimo
Reverendíssima
ou Vossa ou ou Reverendíssimo
Cardeais Nome
Eminência V.Em.ª Rev.ma, V. V.EmasRev.mas ou V. ou Eminentíssimo
Cargo
Reverendíssima Ema. Revma. Emas. Revmas. Senhor Cardeal
LÍNGUA PORTUGUESA

Endereço
Ao Reverendíssimo
Cônego
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Cônegos Nome
Reverendíssima ou V. Revma. V. Revmas. Cônego
Cargo
Endereço

108
Ao Reverendíssimo
Frade
Vossa V. Rev.ma
V. Rev.
mas
Reverendíssimo
Frades Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Frade
Cargo
Endereço
A Reverendíssima Irmã
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo Nome
Freiras
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Irmã Cargo
Endereço
Ao Reverendíssimo
Monsenhor
Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendíssimo
Monsenhores Nome
Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Monsenhor
Cargo
Endereço
A Sua Santidade o
Papa Vossa Santidade V.S. - Santíssimo Padre
Papa
Ao Reverendíssimo
Padre / Pastor
ou
Sacerdotes em Vossa V. Rev.ma V. Rev.mas Reverendo Padre / Ao Reverendo Padre /
geral e pastores Reverendíssima ou V. Revma. ou V. Revmas. Pastor Pastor
Nome
Cargo
Endereço

Autoridades Monárquicas

Cargo ou Abreviatura Abreviatura


Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Alteza Real
Nome
Arquiduques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Duques Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Imperadores V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço
A Sua Alteza Real
Nome
Príncipes Vossa Alteza V.A. VV. AA. Sereníssimo + Título
Cargo
Endereço
A Sua Majestade
Vossa Nome
Reis V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Cargo
Endereço
LÍNGUA PORTUGUESA

109
Autoridades Civis

Abreviatura Abreviatura
Cargo ou Função Por Extenso Vocativo Endereçamento
Singular Plural
Chefe da Casa Civil e da

Casa Militar

Cônsules

Deputados

Embaixadores

Governadores Ao Excelentíssimo
Senhor
V o s s a V.Ex.ª ou V.Ex.
as
Excelentíssimo
Ministros de Estado Nome
Excelência V. Exa. ou V. Exas. Senhor + Cargo
Cargo
Prefeitos Endereço

Presidentes da
República

Secretários de Estado

Senadores

Vice-Presidentes de
Repúblicas
Ao Senhor
Demais autoridades
V.S.ª ou V.S.as Nome
não contempladas com Vossa Senhoria Senhor + Cargo
V. Sa. ou V. Sas. Cargo
tratamento específico
Endereço
Forma de Diagramação
Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:

FIQUE ATENTO!
- conforme as ultimas mudanças no manual de redação oficial, deve ser utilizada fonte do tipo Calibri ou
Carlito (antes era a Times New Roman), de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de
rodapé;
• é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
• os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
• o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
• o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo 3,0 cm de largura;
• o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
• deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
• não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo,
bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
• a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
apenas para gráficos e ilustrações;
LÍNGUA PORTUGUESA

• todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser impressos em papel de tamanho A4, ou seja, 29,7
x 21,0 cm;
• deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
• dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
• para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do
documento + número do documento + palavraschave do conteúdo.

110
Fechos para Comunicações

O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário.
Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de
1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego
de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:

a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:

Respeitosamente,

b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:

Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradi-
ção próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

Identificação do Signatário

Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve
ser a seguinte:

(espaço para assinatura)


Nome
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

(espaço para assinatura)


Nome
Ministro de Estado da Justiça

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

O Padrão Ofício

Antes das ultimas alterações do Manual de Redação, tínhamos 3 tipos de expediente: Ofício, Aviso e Memorando.
A distinção básica anterior entre os três era:

a) aviso: era expedido exclusivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma hierarquia;
b) ofício: era expedido para e pelas demais autoridades; e
c) memorando: era expedido entre unidades administrativas de um mesmo órgão.

FIQUE ATENTO!
De acordo com essas alterações, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo
ofício nas três hipóteses.

A diagramação proposta para esse expediente é denominada padrão ofício.


A seguir, será apresentada a estrutura do padrão ofício, de acordo com a ordem com que cada elemento aparece
no documento oficial.

Partes do documento no padrão ofício


LÍNGUA PORTUGUESA

Cabeçalho

O cabeçalho é utilizado apenas na primeira página do documento, centralizado na área determinada pela formatação.
No cabeçalho deverão constar os seguintes elementos:

a) brasão de Armas da República: no topo da página. Não há necessidade de ser aplicado em cores. O uso de marca
da instituição deve ser evitado na correspondência oficial para não se sobrepor ao Brasão de Armas da República.

111
b) nome do órgão principal; Exemplo: Brasília, 2 de fevereiro de 2018.
c) nomes dos órgãos secundários, quando necessá-
rios, da maior para a menor hierarquia; e Endereçamento
d) espaçamento: entrelinhas simples (1,0).
O endereçamento é a parte do documento que infor-
Exemplo: ma quem receberá o expediente.
Nele deverão constar os seguintes elementos:

a) vocativo: na forma de tratamento adequada para


quem receberá o expediente;
b) nome: nome do destinatário do expediente;
c) cargo: cargo do destinatário do expediente;
d) endereço: endereço postal de quem receberá o ex-
pediente, dividido em duas linhas:

primeira linha: informação de localidade/logradouro


do destinatário ou, no caso de ofício ao mesmo órgão,
informação do setor;
segunda linha: CEP e cidade/unidade da federação,
Os dados do órgão, tais como endereço, telefone,
separados por espaço simples. Na separação entre cida-
endereço de correspondência eletrônica, sítio eletrônico
de e unidade da federação pode ser substituída a bar-
oficial da instituição, podem ser informados no rodapé ra pelo ponto ou pelo travessão. No caso de ofício ao
do documento, centralizados. mesmo órgão, não é obrigatória a informação do CEP,
podendo ficar apenas a informação da cidade/unidade
5.1.2 Identificação do expediente da federação; e

Os documentos oficiais devem ser identificados da e) alinhamento: à margem esquerda da página.


seguinte maneira:
O pronome de tratamento no endereçamento das
a) nome do documento: tipo de expediente por ex- comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vos-
tenso, com todas as letras maiúsculas; sa Excelência terá a seguinte forma: “A Sua Excelência o
b) indicação de numeração: abreviatura da palavra Senhor” ou “A Sua Excelência a Senhora”.
“número”, padronizada como No; Quando o tratamento destinado ao receptor for Vos-
c) informações do documento: número, ano (com sa Senhoria, o endereçamento a ser empregado é “Ao
quatro dígitos) e siglas usuais do setor que expede Senhor” ou “À Senhora”. Ressalte-se que não se utiliza a
o documento, da menor para a maior hierarquia, expressão “A Sua Senhoria o Senhor” ou “A Sua Senhoria
separados por barra (/); e a Senhora”.
d) alinhamento: à margem esquerda da página.
Exemplos:
Exemplo:
A Sua Excelência o Senhor À Senhora A o
Senhor
OFÍCIO N° 652/2018/SAA/SE/MT [Nome] [Nome] [Nome]
Ministro de Estado da Justiça Diretora de Gestão de
Local e data do documento Pessoas Chefe da Seção de Compras
Esplanada dos Ministérios Bloco T SAUS Q. 3
Na grafia de datas em um documento, o conteúdo Lote 5/6 Ed Sede I Diretoria de Material, Seção
deve constar da seguinte forma: 70064-900 Brasília/DF 70070-030 Brasília. D F
Brasília — DF
a) composição: local e data do documento;
b) informação de local: nome da cidade onde foi ex- Assunto
pedido o documento, seguido de vírgula. Não se O assunto deve dar uma ideia geral do que trata o
deve utilizar a sigla da unidade da federação de- documento, de forma sucinta.
pois do nome da cidade;
c) dia do mês: em numeração ordinal se for o pri- Ele deve ser grafado da seguinte maneira:
LÍNGUA PORTUGUESA

meiro dia do mês e em numeração cardinal para


os demais dias do mês. Não se deve utilizar zero à a) título: a palavra Assunto deve anteceder a frase
esquerda do número que indica o dia do mês; que define o conteúdo do documento, seguida de
d) nome do mês: deve ser escrito com inicial dois-pontos;
b) descrição do assunto: a frase que descreve o con-
minúscula;
teúdo do documento deve ser escrita com inicial
e) pontuação: coloca-se ponto-final depois da data; e
maiúscula, não se deve utilizar verbos e sugere-se
f) alinhamento: o texto da data deve ser alinhado à
utilizar de quatro a cinco palavras;
margem direita da página.

112
c) destaque: todo o texto referente ao assunto, inclu- III – tanto na estrutura I quanto na estrutura II, o tex-
sive o título, deve ser destacado em negrito; to do documento deve ser formatado da seguinte
d) pontuação: coloca-se ponto-final depois do assun- maneira:
to; e
e) alinhamento: à margem esquerda da página. a) alinhamento: justificado;
b) espaçamento entre linhas: simples;
Exemplos: c) parágrafos:
Assunto: Encaminhamento do Relatório de Gestão
• espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
julho/2018.
cada parágrafo;
Assunto: Aquisição de computadores.
• recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
Texto do documento gem esquerda;
• numeração dos parágrafos: apenas quando o do-
O texto do documento oficial deve seguir a seguinte cumento tiver três ou mais parágrafos, desde o pri-
padronização de estrutura: meiro parágrafo. Não se numeram o vocativo e o
I – nos casos em que não seja usado para encaminha- fecho;
mento de documentos, o expediente deve conter
a seguinte estrutura: d) fonte: Calibri ou Carlito;

a) introdução: em que é apresentado o objetivo da • corpo do texto: tamanho 12 pontos;


comunicação. Evite o uso das formas: Tenho a hon- • citações recuadas: tamanho 11 pontos; e
ra de, Tenho o prazer de, Cumpre-me informar que. • notas de Rodapé: tamanho 10 pontos;
Prefira empregar a forma direta: Informo, Solicito,
Comunico; e) símbolos: para símbolos não existentes nas fon-
b) desenvolvimento: em que o assunto é detalhado;
tes indicadas, pode-se utilizar as fontes Symbol e
se o texto contiver mais de uma ideia sobre o as-
Wingdings;
sunto, elas devem ser tratadas em parágrafos dis-
tintos, o que confere maior clareza à exposição; e
c) conclusão: em que é afirmada a posição sobre o Fechos para comunicações
assunto.
O fecho das comunicações oficiais objetiva, além da
II – quando forem usados para encaminhamento de finalidade óbvia de arrematar o texto, saudar o destinatá-
documentos, a estrutura é modificada: rio. Os modelos para fecho anteriormente utilizados fo-
ram regulados pela Portaria no 1, de 1937, do Ministério
a) introdução: deve iniciar com referência ao ex- da Justiça, que estabelecia quinze padrões.
pediente que solicitou o encaminhamento. Se a Com o objetivo de simplificá-los e uniformizá-los,
remessa do documento não tiver sido solicitada, este Manual estabelece o emprego de somente dois fe-
deve iniciar com a informação do motivo da co- chos diferentes para todas as modalidades de comuni-
municação, que é encaminhar, indicando a seguir cação oficial:
os dados completos do documento encaminhado
(tipo, data, origem ou signatário e assunto de que a) Para autoridades de hierarquia superior a do re-
se trata) e a razão pela qual está sendo encaminha- metente, inclusive o Presidente da República:
do; e
Respeitosamente,
b) Para autoridades de mesma hierarquia, de hierar-
Exemplos:
quia inferior ou demais casos: Atenciosamente,
Em resposta ao Ofício n o 12, de 1o de fevereiro de
2018, encaminho cópia do Ofício no 34, de 3 de abril de Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações di-
2018, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, que rigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
trata da requisição do servidor Fulano de Tal. tradição próprios.
Encaminho, para exame e pronunciamento, cópia do
Ofício no 12, de 1o de fevereiro de 2018, do Presiden- O fecho da comunicação deve ser formatado da se-
te da Confederação Nacional da Indústria, a respeito de guinte maneira:
projeto de modernização de técnicas agrícolas na região
LÍNGUA PORTUGUESA

Nordeste. a) alinhamento: alinhado à margem esquerda da


página;
b) desenvolvimento: se o autor da comunicação de- b) recuo de parágrafo: 2,5 cm de distância da mar-
sejar fazer algum comentário a respeito do docu- gem esquerda;
mento que encaminha, poderá acrescentar pará- c) espaçamento entre linhas: simples;
grafos de desenvolvimento. Caso contrário, não
d) espaçamento entre parágrafos: de 6 pontos após
há parágrafos de desenvolvimento em expediente
cada parágrafo; e
usado para encaminhamento de documentos.
e) não deve ser numerado.

113
Identificação do signatário

Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem
informar o signatário segundo o padrão:

a) nome: nome da autoridade que as expede, grafado em letras maiúsculas, sem negrito. Não se usa linha acima do
nome do signatário;
b) cargo: cargo da autoridade que expede o documento, redigido apenas com as iniciais maiúsculas. As preposições
que liguem as palavras do cargo devem ser grafadas em minúsculas; e
c) alinhamento: a identificação do signatário deve ser centralizada na página.

Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa
página ao menos a última frase anterior ao fecho.

Exemplo:

(espaço para assinatura)


NOME
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República
(espaço para assinatura)
NOME
Coordenador-Geral de Gestão de Pessoas

Numeração das páginas

A numeração das páginas é obrigatória apenas a partir da segunda página da comunicação.


Ela deve ser centralizada na página e obedecer à seguinte formatação:

a) posição: no rodapé do documento, ou acima da área de 2 cm da margem inferior; e


b) fonte: Calibri ou Carlito.

Formatação e apresentação

Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte formatação:

a) tamanho do papel: A4 (29,7 cm x 21 cm);


b) margem lateral esquerda: no mínimo, 3 cm de largura;
c) margem lateral direita: 1,5 cm;
d) margens superior e inferior: 2 cm;
e) área de cabeçalho: na primeira página, 5 cm a partir da margem superior do papel;
f) área de rodapé: nos 2 cm da margem inferior do documento;
g) impressão: na correspondência oficial, a impressão pode ocorrer em ambas as faces do papel. Nesse caso, as
margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (margem espelho);
h) cores: os textos devem ser impressos na cor preta em papel branco, reservando-se, se necessário, a impressão
colorida para gráficos e ilustrações;
i) destaques: para destaques deve-se utilizar, sem abuso, o negrito. Deve-se evitar destaques com uso de itálico,
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a sobriedade e a padronização do documento;
j) palavras estrangeiras: palavras estrangeiras devem ser grafadas em itálico;
k) arquivamento: dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado
para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos. Deve ser utilizado, preferencial-
mente, formato de arquivo que possa ser lido e editado pela maioria dos editores de texto utilizados no serviço
LÍNGUA PORTUGUESA

público, tais como DOCX, ODT ou RTF.


l) nome do arquivo: para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte manei-
ra: tipo do documento + número do documento + ano do documento (com 4 dígitos) + palavras-chaves do
conteúdo

Exemplo:

Ofício 123_2018_relatório produtividade anual

114
Seguem exemplos de Ofício:

LÍNGUA PORTUGUESA

115
LÍNGUA PORTUGUESA

116
LÍNGUA PORTUGUESA

117
Tipos de documentos

FIQUE ATENTO!
Como vimos acima, os tipos memorando e aviso foram abolidos e passou-se a utilizar o termo ofício para todos
LÍNGUA PORTUGUESA

os tipos, porém, conforme as alterações do manual, esse ofício pode apresentar algumas variações.

Essa variação não é obrigatória: PODE-SE acrescentar-se um “sobrenome” ao oficio. Vejamos abaixo as possíveis
variações:

a) [NOME DO EXPEDIENTE] + CIRCULAR: Quando um órgão envia o mesmo expediente para mais de um órgão
receptor. A sigla na epígrafe será apenas do órgão remetente.

118
b) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo expediente
para um único órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.
c) [NOME DO EXPEDIENTE] + CONJUNTO CIRCULAR: Quando mais de um órgão envia, conjuntamente, o mesmo
expediente para mais de um órgão receptor. As siglas dos órgãos remetentes constarão na epígrafe.

Exemplos:

OFÍCIO CIRCULAR Nº 652/2018/MEC


OFÍCIO CONJUNTO Nº 368/2018/SECEX/SAJ
OFÍCIO CONJUNTO CIRCULAR Nº 795/2018/CC/MJ/MRE

Nos expedientes circulares, por haver mais de um receptor, o órgão remetente poderá inserir no rodapé as siglas
ou nomes dos órgãos que receberão o expediente.

Exposição de Motivos

Definição e finalidade

Exposição de motivos (EM) é o expediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Presidente para:

a) propor alguma medida;


b) submeter projeto de ato normativo à sua consideração; ou
c) informá-lo de determinado assunto.

A exposição de motivos é dirigida ao Presidente da República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o as-
sunto tratado envolva mais de um ministério, a exposição de motivos será assinada por todos os ministros envolvidos,
sendo, por essa razão, chamada de interministerial.
Independentemente de ser uma EM com apenas um autor ou uma EM interministerial, a sequência numérica das
exposições de motivos é única. A numeração começa e termina dentro de um mesmo ano civil.

Forma e estrutura

As exposições de motivos devem, obrigatoriamente:

a) apontar, na introdução: o problema que demanda a adoção da medida ou do ato normativo proposto; ou infor-
mar ao Presidente da República algum assunto;
b) indicar, no desenvolvimento: a razão de aquela medida ou de aquele ato normativo ser o ideal para se solucionar
o problema e as eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; ou fornecer mais detalhes sobre o assunto
informado, quando for esse o caso; e
c) na conclusão: novamente, propor a medida a ser tomada ou o ato normativo a ser editado para solucionar o
problema; ou apresentar as considerações finais no caso de EMs apenas informativas.

As Exposições de Motivos que encaminham proposições normativas devem seguir o prescrito no Decreto nº 9.191,
de 1º de novembro de 2017. Em síntese, elas devem ser instruídas com parecer jurídico e parecer de mérito que per-
mitam a adequada avaliação da proposta.
O atendimento dos requisitos do Decreto nº 9.191, de 2017, nas exposições de motivos que proponham a edição
de ato normativo, tem como propósito:

a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca resolver;


b) ensejar avaliação das diversas causas do problema e dos efeitos que podem ter a adoção da medida ou a edição
do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas na elaboração de proposições normativas no
âmbito do Poder Executivo;
c) conferir transparência aos atos propostos;
d) resumir os principais aspectos da proposta; e
LÍNGUA PORTUGUESA

e) evitar a devolução a proposta de ato normativo para complementação ou reformulação da proposta.

A exposição de motivos é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos minis-
tros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário.

119
Exemplo de exposição de motivos:
LÍNGUA PORTUGUESA

120
#FicaDica
A exposição de motivos deve estar adequados ao sistema SIDOF (Sistema de Geração e Tramitação de Do-
cumentos Oficiais)

O Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais (Sidof) é a ferramenta eletrônica utilizada para a elabo-
ração, a redação, a alteração, o controle, a tramitação, a administração e a gerência das exposições de motivos com as
propostas de atos a serem encaminhadas pelos Ministérios à Presidência da República.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ao se utilizar o Sidof, a assinatura, o nome e o cargo do signatário, são substituídos pela assinatura eletrônica que
informa o nome do ministro que assinou a exposição de motivos e do consultor jurídico que assinou o parecer jurídico
da Pasta.

Mensagem

A Mensagem é o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente as men-
sagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato da administração pública;
para expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão legislativa; para submeter ao Congresso Nacional

121
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; d) Pedido de autorização para o Presidente ou o Vi-
para apresentar veto; enfim, fazer comunicações do que ce-Presidente da República se ausentarem do país
seja de interesse dos Poderes Públicos e da Nação. por mais de 15 dias:
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
ministérios à Presidência da República, a cujas assesso- Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
rias caberá a redação final. 49, caput, inciso III e art. 83), e a autorização é da com-
petência privativa do Congresso Nacional. O Presidente
da República, tradicionalmente, por cortesia, quando a
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni-
Congresso Nacional têm as seguintes finalidades: cação a cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensa-
gens idênticas.
a) Encaminhamento de proposta de emenda consti-
tucional, de projeto de lei ordinária, de projeto de e) Encaminhamento de atos de concessão e de reno-
lei complementar e os que compreendem plano vação de concessão de emissoras de rádio e TV:
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos
anuais e créditos adicionais: A obrigação de submeter tais atos à apreciação do
Congresso Nacional consta no inciso XII do caput do art.
49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
Os projetos de lei ordinária ou complementar são en- outorga ou a renovação da concessão após deliberação
viados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- do Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Des-
gência (Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). O projeto pode cabe pedir na mensagem a urgência prevista na Consti-
ser encaminhado sob o regime normal e, mais tarde, ser tuição, art. 64, uma vez que o § 1o do art. 223 já define o
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. prazo da tramitação. Além do ato de outorga ou renova-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos mem- ção, acompanha a mensagem o correspondente proces-
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com so administrativo.
ofício do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Pre-
f) Encaminhamento das contas referentes ao exercí-
sidência da República ao Primeiro-Secretário da Câma- cio anterior:
ra dos Deputados, para que tenha início sua tramitação
(Constituição, art. 64, caput). O Presidente da República tem o prazo de 60 dias
Quanto aos projetos de lei que compreendem plano após a abertura da sessão legislativa para enviar ao Con-
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e gresso Nacional as contas referentes ao exercício ante-
créditos adicionais, as mensagens de encaminhamento rior (Constituição, art. 84, caput, inciso XXIV), para exame
dirigem-se aos membros do Congresso Nacional, e os e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
respectivos ofícios são endereçados ao Primeiro-Secre- art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados rea-
lizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, caput, in-
tário do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da ciso II) em procedimento disciplinado no art. 215 do seu
Constituição impõe a deliberação congressual em sessão Regimento Interno.
conjunta, mais precisamente, “na forma do regimento
comum”. E, à frente da Mesa do Congresso Nacional, está g) Mensagem de abertura da sessão legislativa:
o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 57, §
5o), que comanda as sessões conjuntas. Deve conter o plano de governo, exposição sobre a
situação do País e a solicitação de providências que jul-
gar necessárias (Constituição, art. 84, inciso XI). O porta-
dor da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presidência
b) Encaminhamento de medida provisória: da República. Esta mensagem difere das demais, porque
vai encadernada e é distribuída a todos os congressistas
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons- em forma de livro.
tituição, o Presidente da República encaminha Mensa-
gem ao Congresso, dirigida a seus Membros, com ofício h) Comunicação de sanção (com restituição de
para o Primeiro-Secretário do Senado Federal, juntando autógrafos):
cópia da medida provisória.
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congres-
so Nacional, encaminhada por ofício ao Primeiro-Secre-
c) Indicação de autoridades:
tário da Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se
informa o número que tomou a lei e se restituem dois
As mensagens que submetem ao Senado Federal a exemplares dos três autógrafos recebidos, nos quais
indicação de pessoas para ocuparem determinados car- o Presidente da República terá aposto o despacho de
gos (magistrados dos tribunais superiores, ministros do sanção.
Tribunal de Contas da União, presidentes e diretores do
LÍNGUA PORTUGUESA

Banco Central, Procurador-Geral da República, chefes de i) Comunicação de veto:


missão diplomática, diretores e conselheiros de agências
etc.) têm em vista que a Constituição, incisos III e IV do Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constitui-
ção, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a decisão
caput do art. 52, atribui àquela Casa do Congresso Nacio- de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas,
nal competência privativa para aprovar a indicação. e as razões do veto. Seu texto é publicado na íntegra no
O curriculum vitae do indicado, assinado, com a infor- Diário Oficial da União, ao contrário das demais mensa-
mação do número de Cadastro de Pessoa Física, acom- gens, cuja publicação se restringe à notícia do seu envio
panha a mensagem. ao Poder Legislativo.

122
j) Outras mensagens remetidas ao Legislativo:

• Apreciação de intervenção federal (Constituição, art. 36, § 2º).


• Encaminhamento de atos internacionais que acarretam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art.
49, caput, inciso I);
• Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às operações e prestações interestaduais e de exportação
(Constituição, art. 155, § 2o, inciso IV);
• Proposta de fixação de limites globais para o montante da dívida consolidada (Constituição, art. 52, caput, inciso
VI);
• Pedido de autorização para operações financeiras externas (Constituição, art. 52, caput, inciso V);
• Convocação extraordinária do Congresso Nacional (Constituição, art. 57, § 6o);
• Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da República (Constituição, art. 52, inciso XI, e art. 128,
§ 2o);
• Pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobilização nacional (Constituição, art. 84, inciso XIX);
• Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz (Constituição, art. 84, inciso XX);
• Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
• Pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Constituição, art. 137);
• Relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo
único);
• Proposta de modificação de projetos de leis que compreendem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
mentos anuais e créditos adicionais (Constituição, art. 166, § 5o);
• Pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em decorrência de veto,
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8o);
• Pedido de autorização para alienar ou conceder terras públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
188, § 1o).

Forma e estrutura
As mensagens contêm:

a) brasão: timbre em relevo branco


b) identificação do expediente: MENSAGEM No, alinhada à margem esquerda, no início do texto;
c) vocativo: alinhado à margem esquerda, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo do destinatário, com
o recuo de parágrafo dado ao texto;
d) texto: iniciado a 2 cm do vocativo; e
e) local e data: posicionados a 2 cm do final do texto, alinhados à margem direita.
A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da República, não traz identificação de seu signatário.

LÍNGUA PORTUGUESA

123
Exemplo de mensagem:

Correio eletrônico (e-mail)

#FicaDica
Correio eletrônico ainda é o meio mais célere (rápido) de envio de documentos, devendo atentar às
características de uma correspondência oficial, mesmo sendo ele digital.
LÍNGUA PORTUGUESA

A utilização do e-mail para a comunicação tornou-se prática comum, não só em âmbito privado, mas também na
administração pública. O termo e-mail pode ser empregado com três sentidos. Dependendo do contexto, pode signi-
ficar gênero textual, endereço eletrônico ou sistema de transmissão de mensagem eletrônica.
Como gênero textual, o e-mail pode ser considerado um documento oficial, assim como o ofício. Portanto, deve-se
evitar o uso de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

124
Como endereço eletrônico utilizado pelos servidores Exemplos:
públicos, o e-mail deve ser oficial, utilizando-se a exten-
são “.gov.br”, por exemplo. Senhor Coordenador,
Como sistema de transmissão de mensagens eletrô- Prezada Senhora,
nicas, por seu baixo custo e celeridade, transformou-se
na principal forma de envio e recebimento de documen- Fecho
tos na administração pública.
Atenciosamente é o fecho padrão em comunicações
Valor documental oficiais. Com o uso do e-mail, popularizou-se o uso de
abreviações como “Att.”, e de outros fechos, como “Abra-
Nos termos da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de ços”, “Saudações”, que, apesar de amplamente usados,
agosto de 2001, para que o e-mail tenha valor documen- não são fechos oficiais e, portanto, não devem ser utiliza-
tal, isto é, para que possa ser aceito como documento dos em e-mails profissionais.
original, é necessário existir certificação digital que ateste O correio eletrônico, em algumas situações, acei-
a identidade do remetente, segundo os parâmetros de ta uma saudação inicial e um fecho menos formais. No
integridade, autenticidade e validade jurídica da Infraes- entanto, a linguagem do texto dos correios eletrônicos
trutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil. deve ser formal, como a que se usaria em qualquer outro
O destinatário poderá reconhecer como válido o documento oficial.
e-mail sem certificação digital ou com certificação digi-
tal fora ICP-Brasil; contudo, caso haja questionamento, Bloco de texto da assinatura
será obrigatório a repetição do ato por meio documento
físico assinado ou por meio eletrônico reconhecido pela Sugere-se que todas as instituições da administração
ICP-Brasil. pública adotem um padrão de texto de assinatura. A assi-
Salvo lei específica, não é dado ao ente público impor natura do e-mail deve conter o nome completo, o cargo,
a aceitação de documento eletrônico que não atenda os a unidade, o órgão e o telefone do remetente.
parâmetros da ICP-Brasil.
Exemplo:
Forma e estrutura
Maria da Silva
Um dos atrativos de comunicação por correio ele-
Assessora
trônico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir
Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil
padronização da mensagem comunicada. No entanto,
(61)XXXX-XXXX
devem-se observar algumas orientações quanto à sua
estrutura.
Anexos
Campo “Assunto”
A possibilidade de anexar documentos, planilhas e
O assunto deve ser o mais claro e específico possível, imagens de diversos formatos é uma das vantagens do
relacionado ao conteúdo global da mensagem. Assim, e-mail. A mensagem que encaminha algum arquivo deve
quem irá receber a mensagem identificará rapidamente trazer informações mínimas sobre o conteúdo do anexo.
do que se trata; quem a envia poderá, posteriormente, Antes de enviar um anexo, é preciso avaliar se ele é
localizar a mensagem na caixa do correio eletrônico. realmente indispensável e se seria possível colocá-lo no
Deve-se assegurar que o assunto reflita claramente o corpo do correio eletrônico.
conteúdo completo da mensagem para que não pareça, Deve-se evitar o tamanho excessivo e o reencaminha-
ao receptor, que se trata de mensagem não solicitada/ mento de anexos nas mensagens de resposta.
lixo eletrônico. Em vez de “Reunião”, um assunto mais
preciso seria “Agendamento de reunião sobre a Reforma Os arquivos anexados devem estar em formatos
da Previdência”. usuais e que apresentem poucos riscos de segurança.
Quando se tratar de documento ainda em discussão, os
Local e data arquivos devem, necessariamente, ser enviados, em for-
mato que possa ser editado.
São desnecessários no corpo da mensagem, uma vez
que o próprio sistema apresenta essa informação. Recomendações
LÍNGUA PORTUGUESA

Saudação inicial/vocativo • Sempre que necessário, deve-se utilizar recurso de


O texto dos correios eletrônicos deve ser iniciado por confirmação de leitura. Caso não esteja disponível,
uma saudação. Quando endereçado para outras insti- deve constar da mensagem pedido de confirma-
tuições, para receptores desconhecidos ou para parti- ção de recebimento;
culares, deve-se utilizar o vocativo conforme os demais • Apesar da imensa lista de fontes disponíveis nos
documentos oficiais, ou seja, “Senhor” ou “Senhora”, se- computadores, mantêm-se a recomendação de
guido do cargo respectivo, ou “Prezado Senhor”, “Preza- tipo de fonte, tamanho e cor dos documentos ofi-
da Senhora”. ciais: Calibri ou Carlito, tamanho 12, cor preta;

125
• Fundo ou papéis de parede eletrônicos não devem ser utilizados, pois não são apropriados para mensagens
profissionais, além de sobrecarregar o tamanho da mensagem eletrônica;
• A mensagem do correio eletrônico deve ser revisada com o mesmo cuidado com que se revisam outros docu-
mentos oficiais;
• O texto profissional dispensa manifestações emocionais. Por isso, ícones e emoticons não devem ser utilizados;
• Os textos das mensagens eletrônicas não podem ser redigidos com abreviações como “vc”, “pq”, usuais das con-
versas na internet, ou neologismos, como “naum”, “eh”, “aki”;
• Não se deve utilizar texto em caixa alta para destaques de palavras ou trechos da mensagem pois denota agres-
sividade de parte do emissor da comunicação.
• Evite-se o uso de imagens no corpo do e-mail, inclusive das Armas da República Federativa do Brasil e de logo-
tipos do ente público junto ao texto da assinatura.
• Não devem ser remetidas mensagem com tamanho total que possa exceder a capacidade do servidor do
destinatário.

FIQUE ATENTO!
Telegrama e Fax - Foram abolidos do Manual de Redação

No Manual de Redação Oficial, temos ainda um capítulo que trata dos ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E
GRAMÁTICA.
Nesta seção aplicam-se os princípios da ortografia e de certos capítulos da gramática à redação oficial. Em sua ela-
boração, levou-se em conta amplo levantamento feito das dúvidas mais frequentes com relação à ortografia, à sintaxe
e à semântica. Buscou-se, assim, dotar o Manual de uma parte eminentemente prática, à qual se possa recorrer sempre
que houver incerteza quanto à grafia de determinada palavra, à melhor forma de estruturar uma frase, ou à adequada
expressão a ser utilizada.
As noções gramaticais apresentadas neste capítulo referem-se à gramática formal, entendida como o conjunto de
regras fixado a partir do padrão culto de linguagem. Optou-se, assim, pelo emprego de certos conceitos da Gramática
dita tradicional (ou normativa). A aplicação de conceitos da Gramática gerativa implicaria, forçosamente, em discussão
de teoria linguística, o que não parece apropriado em um Manual que tem óbvia finalidade prática.
Sublinhemos, no entanto, que a Gramática tradicional, ou mesmo toda teoria gramatical, são sempre secundárias
em relação à gramática natural, ao saber intuitivo que confere competência linguística a todo falante nativo. Não há
gramática que esgote o repertório de possibilidades de uma língua, e raras são as que contemplam as regularidades
do idioma.
Saliente-se, por fim, que o mero conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para que se escreva bem. No
entanto, o domínio da correção ortográfica, do vocabulário e da maneira de estruturar as frases certamente contribui
para uma melhor redação. Tenha sempre presente que só se aprende ou se melhora a escrita escrevendo.

Ao acessar o link a seguir terá acesso a todo o conteúdo do Manual, podendo assim analisar a parte gramatical
abordada pelo mesmo, sendo que, dentre os conteúdo gramaticais que sugerimos uma atenção maior é o que se refere
ao uso do hífen.
Vamos aqui fazer uma breve abordagem sobre esse assunto e segue o link para análise do conteúdo do Manual na
íntegra:
http://www.licitotus.com.br/manual-de-redacao-oficial-e-atualizado-pela-casa-civil-da-presidencia-da-republica/

Hífen
O hífen é usado em palavras compostas, com pronomes oblíquos e para separar sílabas. Exemplos: abre-alas, pós-
-moderno, encantei-lhe, amai-vos, a-le-gri-a, sa-ú-de.

Prefixos e Elementos de Composição


Usa-se o hífen com diversos prefixos e elementos de composição. Veja o quadro a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

126
Usa-se hífen com os prefixos: Quando a palavra seguinte começa por:
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Exemplos com H: ante-hipófise,
anti-higiênico, anti-herói,
contra-hospitalar, entre-hostil,
extra-humano, infra-hepático,
Ante-, Anti-, Contra-, Entre-, Extra-, Infra-, Intra-,
sobre-humano, supra-hepático,
Sobre-, Supra-, Ultra-
ultra-hiperbólico.
Exemplos com vogal idêntica:
anti-inflamatório, contra-ataque,
infra-axilar, sobre-estimar,
supra-auricular, ultra-aquecido.
H/R
Exemplos: hiper-hidrose, hiper-raivoso, inter-humano,
Hiper-, Inter-, Super-
inter-racial,
super-homem, super-resistente.
B-H-R
Exemplos: sub-bloco, sub-hepático,
Sub- sub-humano, sub-região.
Obs.: as formas escritas sem hífen e sem “h”, como por
exemplo “subumano” e “subepático” também são aceitas.
B - R - D (Apenas com o prefixo “Ad”)
Exemplos: ab-rogar (pôr em desuso),
Ab-, Ad-, Ob-, Sob- ad-rogar (adotar)
ob-reptício (astucioso), sob-roda
ad-digital
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Ex- (no sentido de estado anterior), Sota-, Soto-, Vice-,
Exemplos: ex-namorada, sota-soberania (não total), soto-
Vizo-
mestre (substituto), vice-reitor, vizo-rei.
DIANTE DE QUALQUER PALAVRA
Exemplos: pós-graduação, pré-escolar,
pró-democracia.
Pós-, Pré-, Pró- (tônicos e com significados próprios)
Obs.: se os prefixos não forem autônomos, não haverá
hífen. Exemplos: predeterminado, pressupor, pospor,
propor.
H / M / N / VOGAL
Exemplos: circum-meridiano,
Circum-, Pan- circum-navegação, circum-oral,
pan-americano, pan-mágico,
pan-negritude.
H / VOGAL IDÊNTICA À QUE TERMINA O PREFIXO
Pseudoprefixos (diferem-se dos prefixos por Exemplos com H: geo-histórico,
apresentarem elevado grau de independência e mini-hospital, neo-helênico,
possuírem uma significação mais ou menos delimitada, proto-história, semi-hospitalar.
presente à consciência dos falantes.) Exemplos com vogal idêntica:
Aero-, Agro-, Arqui-, Auto-, Bio-, Eletro-, Geo-, Hidro-, arqui-inimigo, auto-observação,
Macro-, Maxi-, Mega, Micro-, Mini-, Multi-, Neo-, Pluri-, eletro-ótica, micro-ondas,
Proto-, Pseudo-, Retro-, Semi-, Tele- micro-ônibus, neo-ortodoxia,
semi-interno, tele-educação.

#Importante
LÍNGUA PORTUGUESA

1) Não se utilizará o hífen em palavras iniciadas pelo prefixo ‘co-’. Ele irá se juntar ao segundo elemento, mesmo que
este se inicie por ‘o’ ou ‘h’. Neste último caso, corta-se o ‘h’. Se a palavra seguinte começar com ‘r’ ou ‘s’, dobram-se
essas letras.

Exemplos: coadministrar, coautor, coexistência, cooptar, coerdeiro corresponsável, cosseno.

2) Com os prefixos pre- e re- não se utilizará o hífen, mesmo diante de palavras começadas por ‹e›.

127
Exemplos: preeleger, preexistência, reescrever, Exemplos: sócio-gerente / socioeconômico
reedição.
• Travessão e Hífen
3) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
terminar em vogal e o segundo elemento começar Não confunda o travessão com o hífen: o travessão é
por r ou s, estas consoantes serão duplicadas e não um sinal de pontuação mais longo do que o hífen.
se utilizará o hífen.
• Hífen e translineação
Exemplos: antirreligioso, antissemita, arquirrivalida-
de, autorretrato, contrarregra, contrassenso, extrasseco, Havendo coincidência de fim de linha com o hífen,
deve-se, por clareza gráfica, repeti-lo no início da linha
infrassom, eletrossiderurgia, neorrealismo, etc. seguinte.

FIQUE ATENTO! Exemplos: ex-


Não confunda as grafias das palavras • alferes
autorretrato e porta-retrato. A primeira é guarda-
composta pelo prefixo auto-, o que justifica • chuva
a ausência do hífen e a duplicação da
consoante ‘r’. ‘Porta-retrato’, por outro lado, Por favor, diga-
não possui prefixo: o elemento ‘porta’ trata- • nos logo o que aconteceu.
se de uma forma do verbo “portar”. Assim,
esse substantivo composto deve ser sempre Conheça algumas diferenças de significação que o
grafado com hífen. uso (ou ausência) do hífen pode provocar:

Significado com uso


Significado sem uso do hífen
4) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo do hífen
terminar em vogal e o segundo elemento começar Ao meio-dia = às 12h
por vogal diferente, não se utilizará o hífen.

Exemplos: antiaéreo, autoajuda, autoestrada, agroin-


dustrial, contraindicação, infraestrutura, intraocular, plu-
rianual, pseudoartista, semiembriagado, ultraelevado, Meio dia = metade do dia
etc.

5) Não se utilizará o hífen nas formações com os pre-


fixos des- e in-, nas quais o segundo elemento ti-
ver perdido o “h” inicial. Pão duro = pão envelhecido
Exemplos: desarmonia, desumano, desumidificar,
inábil, inumano, etc.
Pão-duro = sovina
6) Não se utilizará o hífen com a palavra não, ao pos-
suir função prefixal.

Exemplos: não violência, não agressão, não


comparecimento. Cara suja = rosto sujo Cara-suja = espécie de
Lembre-se: periquito

Não se utiliza o hífen em palavras que possuem os


elementos “bi”, “tri”, “tetra”, “penta”, “hexa”, etc.
Exemplos: bicampeão, bimensal, bimestral, bienal,
tridimensional, trimestral, triênio, tetracampeão, tetra-
plégico, pentacampeão, pentágono, etc.

Observações:

• Em relação ao prefixo “hidro”, em alguns casos Copo de leite = copo com Copo-de-leite = flor
pode haver duas formas de grafia. leite
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos:

“Hidroavião” e “hidravião”;
“hidroenergia” e “hidrenergia”

• No caso do elemento “socio”, o hífen será utilizado


apenas quando houver função de substantivo (=
de associado).

128
Para ter acesso ao conteúdo completo da parte gra- (...) Como se depreende do exemplo acima, fica dis-
matical, acesse nosso site e adquira nossos materiais de pensado o emprego do superlativo ilustríssimo para
Língua Portuguesa para complementar seus estudos. as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pro-
nome de tratamento Senhor.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen-
to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscrimina-
1. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) damente. Como regra geral, empregue-o apenas em
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau
República (MRPR), o aviso e o ofício são por terem concluído curso universitário de doutorado.
É costume designar por doutor os bacharéis, especial-
a) modalidades de comunicação entre unidades admi- mente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos
nistrativas de um mesmo órgão. demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada
b) instrumentos de comunicação oficial entre os chefes formalidade às comunicações.
dos poderes públicos. Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/
c) documentos que compartilham a mesma diagrama- manual.htm
ção, uma vez que seguem o padrão ofício.
d) expedientes utilizados para o tratamento de assun- 3. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços
tos oficiais entre órgãos da administração pública e de Transportes Aquaviários – Superior - CESPE/2014)
particulares. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
e) correspondências usualmente remetidas por particu- respondências oficiais, julgue os itens que se seguem,
lares a órgãos do serviço público. de acordo com o Manual de Redação da Presidência da
República.
Resposta: Letra C O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
De acordo com o Manual: das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
O Padrão Ofício nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes cargos públicos.
pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e
o memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se (  ) CERTO   (  ) ERRADO
adotar uma diagramação única, que siga o que cha-
mamos de padrão ofício. Resposta: Errado
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/ Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for-
manual.htm ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal,
a dignidade é condição primordial para que tais cargos
2. (PC-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2016) públicos sejam ocupados.
Considerando as disposições do MRPR, assinale a opção Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
que apresenta o vocativo adequado para ser empregado cial_publicacoes_ver.php?id=2
em um expediente cujo destinatário seja um Delegado GABARITO OFICIAL: ERRADO
de Polícia Civil.
5. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
a) Magnífico Delegado, RIO – MÉDIO - CESPE/2014) Em toda comunicação ofi-
b) Digníssimo Delegado, cial, exceto nas direcionadas a autoridades estrangeiras,
c) Senhor Delegado, deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou Aten-
d) Excelentíssimo Senhor Delegado, ciosamente, de acordo com as hierarquias do destinatá-
e) Ilustríssimo Senhor Delegado, rio e do remetente.

Resposta: Letra C (  ) CERTO   (  ) ERRADO


Manual de Redação:
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Resposta: Certo
Senhor, seguido do cargo respectivo: Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-
Senhor Senador, tabelece o emprego de somente dois fechos diferen-
Senhor Juiz, tes para todas as modalidades de comunicação oficial:
LÍNGUA PORTUGUESA

Senhor Ministro, a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente


Senhor Governador, da República: Respeitosamente,
(...) b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra- rarquia inferior: Atenciosamente,
tamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
sua repetida evocação. nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

129
4. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
OS CARGOS – CESPE/2013) Na redação de uma ata,
devem-se relatar exaustivamente, com o máximo de
HORA DE PRATICAR!
detalhamento possível, incluindo-se os aspectos subje-
1. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA
tivos, as discussões, as propostas, as resoluções e as de- AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) “Os astrônomos
liberações ocorridas em reuniões e eventos que exigem eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os
registro. segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com his-
tórias tristes [...]”. Nas alternativas a seguir, os vocábulos
(  ) CERTO   (  ) ERRADO acentuados do trecho anterior foram colocados em pares
com palavras também acentuadas graficamente. Dentre
Resposta: Errado os pares formados, indique o que apresenta igual justifi-
Ata é um documento administrativo que tem a fina- cativa para tal evento.
lidade de registrar de modo sucinto a sequência de a) céu / avô
eventos de uma reunião ou assembleia de pessoas b) astrônomos / álibi
com um fim específico. É característica da Ata apre- c) histórias / balaústre
sentar um resumo, cronologicamente disposto, de d) formidáveis / ínterim
modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ 2. (MINISTÉRIO DA DEFESA COMANDO DA AERO-
ensino/a_redacao_oficial_ata/) NÁUTICA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁU-
TICA EXAME DE ADMISSÃO AO CFS-B 1-2/2014) Rela-
cione as colunas quanto às regras de acentuação gráfica,
6. (Tribunal de Justiça/SE – Técnico Judiciário – CES- sabendo que haverá repetição de números. Em seguida,
PE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di- assinale a alternativa com a sequência correta.
recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer
uso dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamen- (1) Põe-se acento agudo no i e no u tônicos que formam
te, de acordo com as hierarquias do destinatário e do hiato com a vogal anterior.
remetente. (2) Acentua-se paroxítona terminada em i ou u seguidos
ou não de s.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO (3) Todas as proparoxítonas devem ser acentuadas.
(4) Oxítona terminada em e ou o, seguidos ou não de s,
é acentuada.
Resposta: Certo
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es- ( ) íris
tabelece o emprego de somente dois fechos diferen- ( ) saída
tes para todas as modalidades de comunicação oficial: ( ) compraríamos
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente ( ) vendê-lo
da República: Respeitosamente, ( ) bônus
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- ( ) viúvo
( ) bisavôs
rarquia inferior: Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- a) 2 – 1 – 3 – 4 – 2 – 1 – 4
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e b) 1 – 2 – 3 – 4 – 1 – 1 – 4
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma- c) 4 – 1 – 1 – 2 – 2 – 3 – 2
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. d) 2 – 2 – 3 – 4 – 2 – 1 – 3

7. (ANTAQ – Especialista em Regulação de Serviços 3. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR –


CESGRANRIO-2018) Em conformidade com o Acordo
de Transportes Aquaviários – CESPE/2014) Conside-
Ortográfico da Língua Portuguesa vigente, atendem às
rando aspectos estruturais e linguísticos das correspon- regras de acentuação todas as palavras em:
dências oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo
com o Manual de Redação da Presidência da República. a) andróide, odisseia, residência
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- b) arguição, refém, mausoléu
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- c) desbloqueio, pêlo, escarcéu
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de d) feiúra, enjoo, maniqueísmo
cargos públicos. e) sutil, assembléia, arremesso

4. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUI-


(  ) CERTO   (  ) ERRADO TETURA – FGV-2017-ADAPTADA) Entre as palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

abaixo, retiradas dos textos 1 e 2, aquela que só existe


Resposta: Errado com acento gráfico é:
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for-
ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a) história;
a dignidade é condição primordial para que tais cargos b) evidência;
públicos sejam ocupados. c) até;
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi- d) país;
cial_publicacoes_ver.php?id=2 e) humanitárias.

130
5. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto
DA AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo de adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos
com seu significado, o conjunto de características for- por locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
mais e sua posição estrutural no interior da oração, as
palavras podem pertencer à mesma classe de palavras a) independente = com dependência;
ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a b) pública = de publicidade;
seguir considerando tais aspectos (considere as palavras c) relevante = de relevância;
em destaque). d) sociais = de associados;
e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome 9. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
(3) conjunção
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
(4) substantivo
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é
um adjetivo.
( ) “Não há prisão pior [...]”
( ) “O lugar de estudo era isso.” a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “E o olho sem se mexer [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” c) Eu queria que ele morresse logo, ...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às
espantou.” famílias.
e) E o inferno não atinge só os terminais.
A sequência está correta em
10. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 NISTRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo
b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4 “que” em destaque funciona como pronome relativo.
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3 a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
6. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
pronome indefinido. d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode
influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
a) “Ele não exige fatos...”. e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a
b) “Era um ídolo para mim.”. votar”.
c) “Discordo dele.”.
11. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”.
MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
e) “O bom humor está disponível a todos...”.
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e
7. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) das coisas, a palavra grifada tem a função de pronome
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”, relativo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo
os termos destacados são, respectivamente, como ocorre em:

a) artigo e pronome. a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos


b) artigo e preposição. espíritos chamados “xapiris” a capacidade de cura.
c) preposição e artigo. b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem
d) pronome e artigo. que índio não sabe nada.
e) preposição e pronome. c) O branco está preocupado que não chove mais em
alguns lugares.
8. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria
– FGV-2017) trajetória.
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono.
Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigo-
LÍNGUA PORTUGUESA

roso e independente. A agenda pública é determinada 12. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍ-
pela imprensa tradicional. Não há um único assunto rele- VEL SUPERIOR – CONHECIMENTOS BÁSICOS
vante que não tenha nascido numa pauta do jornalismo – CESPE-2014-ADAPTADA)
de qualidade. Alguns formadores de opinião utilizam as
redes sociais para reverberar, multiplicar e cumprem as- A busca de uma convenção para medir riquezas e trocar
sim relevante papel mobilizador. Mas o pontapé inicial é mercadorias é quase tão antiga quanto a vida em so-
sempre das empresas de conteúdo independentes”. ciedade. Ao longo da história, os mais diversos artigos
foram usados com essa finalidade, como o chocolate,
(O Estado de São Paulo, 10/04/2017)

131
entre os astecas, e o bacalhau seco, entre os noruegue- d) Em centros com grandes aglomerações populacionais,
ses, tendo cabido aos gregos do século VII a.C. a criação realiza-se negócios nacionais e internacionais, além de
de uma moeda metálica com um valor padronizado pelo um atendimento bastante diversificado, como jornais,
Estado. “Foi uma invenção revolucionária. Ela facilitou o teatros, cinemas, entre outros.
acesso das camadas mais pobres às riquezas, o acúmulo e) Em todos os estudos geopolíticos, considera-se as ci-
de dinheiro e a coleta de impostos – coisas muito difíceis dades globais como verdadeiros polos de influência
de fazer quando os valores eram contados em bois ou internacional, devido à presença de sedes de grandes
imóveis”, afirma a arqueóloga Maria Beatriz Florenzano, empresas transnacionais e importantes centros de
da Universidade de São Paulo. A segunda grande revo- pesquisas.
lução na história do dinheiro, o papel-moeda, teve uma
origem mais confusa. Existiam cédulas na China do ano 15. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
960, mas elas não se espalharam para outros lugares e I – CESGRANRIO-2018) A palavra destacada atende às
caíram em desuso no fim do século XIV. exigências de concordância da norma-padrão da língua
As notas só apareceram na Europa – e daí para o mundo portuguesa em:
– em 1661, na Suécia. Há quem acredite que cartões de
crédito e caixas eletrônicos em rede já representam uma a) Atualmente, causa impacto nas eleições de vários paí-
terceira revolução monetária. “Com a informática, o di- ses as notícias falsas.
nheiro se transformou em impulsos eletrônicos invisíveis, b) A recomendação de testar a veracidade das notícias
livres do espaço, do tempo e do controle de governos e precisam ser seguidas, para não prejudicar as pessoas.
corporações”, afirma o antropólogo Jack Weatherford, da c) O propósito de conferir grandes volumes de dados re-
Faculdade Macalester, nos Estados Unidos da América. sultaram na criação de serviços especializados.
Internet: <http://super.abril.com.br> (com adaptações). d) Os boatos causam efeito mais forte do que as no-
tícias reais porque vem acompanhados de títulos
A expressão “essa finalidade” refere-se ao trecho “para chamativos.
medir riquezas e trocar mercadorias”. e) Os resultados de pesquisas recentes mostram que
67% das pessoas consultam os jornais diariamente.
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
16. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIENTE
13. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE- JÚNIOR – CESGRANRIO-2018)
GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018) “Por outro lado,
nas sociedades complexas, a violência deixou de ser uma Texto I
ferramenta de sobrevivência e passou a ser um instrumen-
to da organização da vida comunitária. Ou seja, foi usada Portugueses no Rio de Janeiro
para criar uma desigualdade social sem a qual, acreditam
alguns teóricos, a sociedade não se desenvolveria nem se O Rio de Janeiro é o grande centro da imigração portu-
complexificaria”. A utilização do termo “ou seja” introduz: guesa até meados dos anos cinquenta do século passa-
do, quando chega a ser a “terceira cidade portuguesa do
a) uma informação sobre o significado de um termo an- mundo”, possuindo 196 mil portugueses — um décimo
teriormente empregado; de sua população urbana. Ali, os portugueses dedicam-
b) a explicação de uma expressão de difícil entendimento; -se ao comércio, sobretudo na área dos comestíveis,
c) uma outra maneira de dizer-se rigorosamente a mes- como os cafés, as panificações, as leitarias, os talhos,
ma coisa; além de outros ramos, como os das papelarias e lojas
d) acréscimo de um esclarecimento sobre o que foi dito de vestuários. Fora do comércio, podem exercer as mais
antes; variadas profissões, como atividades domésticas ou as de
e) a ênfase de algo que parece importante para o texto. barbeiros e alfaiates. Há, de igual forma, entre os mais
afortunados, aqueles ligados à indústria, voltados para
14. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN- construção civil, o mobiliário, a ourivesaria e o fabrico de
RIO-2018) De acordo com as exigências da norma-pa- bebidas.
drão da língua portuguesa, o verbo destacado está cor- A sua distribuição pela cidade, apesar da não formação
retamente empregado em: de guetos, denota uma tendência para a sua concentra-
ção em determinados bairros, escolhidos, muitas das ve-
a) No mundo moderno, conferem-se às grandes metró- zes, pela proximidade da zona de trabalho. No Centro da
poles importante papel no desenvolvimento da eco- cidade, próximo ao grande comércio, temos um grupo
nomia e da geopolítica mundiais, por estarem no topo significativo de patrícios e algumas associações de por-
da hierarquia urbana. te, como o Real Gabinete Português de Leitura e o Liceu
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Conforme o grau de influência e importância inter- Literário Português. Nos bairros da Cidade Nova, Estácio
nacional, classificou-se as 50 maiores cidades em três de Sá, Catumbi e Tijuca, outro ponto de concentração
diferentes classes, a maior parte delas na Europa. da colônia, se localizam outras associações portugue-
c) Há quase duzentos anos, atribuem-se às cidades a sas, como a Casa de Portugal e um grande número de
responsabilidade de motor propulsor do desenvolvi- casas regionais. Há, ainda, pequenas concentrações nos
mento e a condição de lugar privilegiado para os ne- bairros periféricos da cidade, como Jacarepaguá, origi-
gócios e a cultura. nalmente formado por quintas de pequenos lavradores;

132
nos subúrbios, como Méier e Engenho Novo; e nas zonas 19. (PC-BA – DELEGADO DE POLÍCIA – VUNESP-2018)
mais privilegiadas, como Botafogo e restante da zona sul A concordância está em conformidade com a norma-pa-
carioca, área nobre da cidade a partir da década de cin- drão na seguinte frase:
quenta, preferida pelos mais abastados.
PAULO, Heloísa. Portugueses no Rio de Janeiro: salaza- a) São comuns que a adaptação de livros para o cinema
ristas e opositores em manifestação na cidade. In: ALVES, suscitem reações negativas nos fãs do texto escrito.
Ida et alii. 450 Anos de Portugueses no Rio de Janeiro. Rio b) Cabem aos leitores completar, com a imaginação, as
de Janeiro: Ofi cina Raquel, 2017, pp. 260-1. Adaptado.
lacunas que fazem parte da estrutura significativa do
texto literário.
O texto emprega duas vezes o verbo “haver”. Ambos es-
tão na 3.ª pessoa do singular, pois são impessoais. Esse c) Aos esforços envolvidos na leitura soma-se a imagina-
papel gramatical está repetido corretamente em: ção, a que a linguagem literária apela constantemente.
d) Algumas pessoas mantém o hábito de só assistirem à
a) Ninguém disse que os portugueses havia de saírem da adaptação de uma obra depois de as terem lido, para
cidade. não ser influenciadas.
b) Se houvessem mais oportunidades, os imigrantes fica- e) Há livros que dispõe de uma infinidade de adaptações
riam ricos. para o cinema, as quais tende a compor seu repertório
c) Haveriam de haver imigrantes de outras procedências de leituras.
na cidade.
d) Os imigrantes vieram de Lisboa porque lá não haviam 20. (FUNDASUS-MG – ANALISTA EM SERVIÇO PÚBLI-
empregos. CO DE SAÚDE - ANALISTA DE SISTEMA – AOCP-2015)
e) Os portugueses gostariam de que houvesse mais ofer- Observe o excerto: “Entre os fatores ligados à relação do
tas de trabalho. aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à
escola (...)” e assinale a alternativa correta com relação
17. (TRANSPETRO – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR
ao emprego do acento utilizado nos termos destacados.
– CESGRANRIO-2018) A concordância da forma verbal
destacada foi realizada de acordo com as exigências da
norma-padrão da língua portuguesa em: a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
supressão do advérbio “a” com o pronome femini-
a) Com o crescimento da espionagem virtual, é necessá- no “a” que acompanha os substantivos “relação” e
rio que se promova novos estudos sobre mecanismos “escola”.
de proteção mais eficazes. b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
b) O rastreamento permanente das invasões cibernéticas nasalidade da vogal “a” que acompanha os substanti-
de grande porte permite que se suspeitem dos ha- vos “relação” e “escola”.
ckers responsáveis. c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assi-
c) Para atender às demandas dos usuários de celulares, é nalar a vogal aberta “a” que acompanha os substanti-
preciso que se destinem à pesquisa tecnológica mui- vos “relação” e “escola”.
tos milhões de dólares. d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a
d) Para detectar as consequências mais prejudiciais da supressão da preposição “a” com o artigo feminino “a”
guerra virtual pela informação, necessitam-se de estu-
que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.
dos mais aprofundados.
e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a
e) Se o crescimento das redes sociais assumir uma pro-
porção incontrolável, é aconselhável que se estabeleça junção da preposição “a” com o artigo feminino “a”
novas restrições de utilização pelos jovens. que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

18. (PC-AP – DELEGADO DE POLÍCIA – FCC-2017) As 21. (BADESC – ANALISTA DE SISTEMA – BANCO DE
normas de concordância e a adequada articulação entre DADOS – FGV-2010) Na frase “é ingênuo creditar a pos-
tempos e modos verbais estão plenamente observadas tura brasileira apenas à ausência de educação adequa-
na frase: da” foi corretamente empregado o acento indicativo de
crase.
a) É comum que se assinale numa crônica os aspectos do
cotidiano que o escritor resolvesse analisar e interpre- Assinale a alternativa em que o acento indicativo de cra-
tar, apesar das dificuldades que encerram tal desafio. se está corretamente empregado.
b) Se às crônicas de Rubem Braga viessem a faltar sua
marca autoral inconfundível, elas terão deixado de a) O memorando refere-se à documentos enviados na
constituir textos clássicos desse gênero.
semana passada.
c) Caso um dia venham a surgir, simultaneamente, ta-
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Dirijo-me à Vossa Senhoria para solicitar uma audiên-


lentos à altura de um Rubem Braga, esse gênero terá
alcançado uma relevância jamais vista. cia urgente.
d) Não seria fácil, de fato, que venha a se equilibrar, na c) Prefiro montar uma equipe de novatos à trabalhar
cabeça de um jovem cronista de hoje, os valores de com pessoas já desestimuladas.
sua experiência pessoal com os de sua comunidade. d) O antropólogo falará apenas àquele aluno cujo nome
e) Tanto uma padaria como um banheiro poderiam ofe- consta na lista.
recer matéria para uma boa crônica, desde que não e) Quanto à meus funcionários, afirmo que têm horário
falte ao cronista recursos de grande imaginação. flexível e são responsáveis.

133
22. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010) c) O acesso dos jovens a redes sociais tem causado enor-
De acordo com as regras gramaticais, no trecho “a exor- mes prejuízos ao seu desempenho escolar, conforme
bitante carga tributária a que estão submetidas as empre- o depoimento de professores.
sas”, não se deve empregar acento indicativo de crase, d) Os consumidores compulsivos sujeitam-se a ficar ho-
devendo ocorrer o mesmo na frase: ras na fila para serem os primeiros que comprarão os
novos lançamentos.
a) Entregue o currículo as assistentes do diretor. e) As pessoas precisam ficar atentas a fatura do cartão
b) Recorra a esta empresa sempre que precisar. de crédito para não serem surpreendidas com valores
c) Avise aquela colega que chegou sua correspondência. muito altos.
d) Refira-se positivamente a proposta filosófica da
companhia. 26. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA
– VUNESP-2014)
e) Transmita confiança aqueles que observam seu
A cada ano, ocorrem cerca de 40 mil mortes; segundo
desempenho.
especialistas, quase metade delas está associada _____
bebidas alcoólicas. Isso revela a necessidade de um com-
23. (BANCO DA AMAZÔNIA – TÉCNICO BANCÁRIO – bate efetivo _____ embriaguez ao volante.
CESGRANRIO-2018) De acordo com a norma-padrão da As lacunas do trecho devem ser preenchidas, correta e
língua portuguesa, o sinal grave indicativo da crase deve respectivamente, com:
ser empregado na palavra destacada em:
a) às … a
a) A intenção da entrevista com o diretor estava re- b) as … à
lacionada a programação que a empresa pretende c) à … à
desenvolver. d) às … à
b) As ações destinadas a atrair um número maior de e) à … a
clientes são importantes para garantir a saúde finan-
ceira das instituições. 27. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) De
c) As instituições financeiras deveriam oferecer condi- acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, o
ções mais favoráveis de empréstimo a quem está fora acento indicativo de crase está corretamente empregado
do mercado formal de trabalho. em:
d) As pessoas interessadas em ampliar suas reservas fi-
nanceiras consideram que vale a pena investir na nova a) A população, de um modo geral, está à espera de que,
moeda virtual. com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
e) Os participantes do seminário sobre mercado finan- b) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repensa-
ceiro foram convidados a comparar as importações e rem a sua postura.
as exportações em 2017. c) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu-
nições muito mais severas.
d) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a vida
24. (LIQUIGÁS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
dos demais motoristas e de pedestres.
CESGRANRIO-2018) O emprego do acento indicativo
e) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento da
de crase está de acordo com a norma-padrão em:
nova lei para que ela possa funcionar.
a) O escritor de novelas não escolhe seus personagens à 28. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LE-
esmo. GISLATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
b) A audiência de uma novela se constrói no dia à dia.
c) Uma boa história pode ser escrita imediatamente ou à Texto 1 – Guerra civil
prazo. Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
d) Devido à interferências do público, pode haver mu- O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pú-
danças na trama. blica, mostrando o crescimento das mortes violentas no
e) O novelista ficou aliviado quando entregou a sinopse Brasil em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram
à emissora. 61.619 pessoas que perderam a vida devido à violência.
Outro dado relevante é o crescimento da violência em
25. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- alguns estados do Sul e do Sudeste.
GRANRIO-2018) De acordo com a norma- -padrão da Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca
língua portuguesa, o acento grave indicativo da crase os inaceitáveis números da violência no país. Todos se as-
sustam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato. Tem
LÍNGUA PORTUGUESA

deve ser empregado na palavra destacada em:


sido assim com o governo federal e boa parte das demais
a) Os novos lançamentos de smartphones apresentam, unidades da Federação. Agora, com a crise, o argumento
em geral, pequena variação de funções quando com- é a incapacidade de investimento, mas, mesmo em pe-
parados a versões anteriores. ríodos de economia mais forte, pouco se viu da imple-
b) Estudantes do ensino médio fizeram uma pesquisa mentação de programas estruturantes com o objetivo de
enfrentar o crime. Contratação de policiais, aquisição de
junto a crianças do ensino fundamental para ver como
equipamentos, viaturas e novas tecnologias são medidas
elas se comportam no ambiente virtual.

134
essenciais, mas é preciso ir muito além. Definir metas e A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Mi-
alcançá-las, utilizando um bom método de trabalho, deve nistério Público no capítulo Das Funções Essenciais à
ser parte de um programa bem articulado, que permita o Justiça. Define as funções institucionais, as garantias e as
acompanhamento das ações e que incentive o trabalho vedações de seus membros. Isso deu evidência à institui-
integrado entre as forças policiais do estado, da União e ção, tornando-a uma espécie de ouvidoria da sociedade
das guardas municipais. brasileira.
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações).
O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é: No período “A sua história é marcada por processos que
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul restritiva.
e do Sudeste”;
b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
corre de fato”;
c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
das demais unidades da Federação”; - VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para res-
d) “...viaturas e novas tecnologias”; ponder às questões a seguir:
e) “Definir metas e alcançá-las...”.
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executi-
29. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – AR- vos no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu
QUITETURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as sua equipe para um chamado escritório aberto, sem pa-
referências cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica redes e divisórias.
convenientemente substituída por uma oração em forma Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele
desenvolvida na seguinte opção: queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
d) que possamos decifrar as referências cristãs; chefe.
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para
cristãs. o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
30. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMI- paço, com portas e tudo.
NISTRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
realidade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
para sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver” dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
pode ser nominalizada de forma conveniente na seguin- ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
te alternativa: Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
15% da produtividade, desenvolver problemas graves
a) para que sobrevivam. de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
b) a fim de que sobrevivessem. doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
c) para sua sobrevida. estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
d) no intuito de sobreviverem. organização.
e) para sua sobrevivência. Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
31. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
GO 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
MÉDIO – CESPE-2013) tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do es- preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
tado brasileiro e da democracia. A sua história é marcada É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
por processos que culminaram na sua formalização insti- desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
tucional e na ampliação de sua área de atuação. de Nagele e voltando aos espaços privados.
LÍNGUA PORTUGUESA

No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
lusitano. Não havia o Ministério Público como instituição. espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordena- é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
ções Filipinas de 1603 já faziam menção aos promotores tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e por até 20 minutos.
de promover a acusação criminal. Existiam os cargos de Retemos mais informações quando nos sentamos em um
procurador dos feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
procurador da Fazenda (defensor do fisco). design de interiores.

135
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem 35. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.fo- DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão
lha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) – contudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece
uma relação de sentido com o parágrafo
32. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
MÉDIO - VUNESP – 2017) Segundo o texto, são as- a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das
pectos desfavoráveis ao trabalho em espaços abertos empresas que adotaram o modelo de escritórios
compartilhados abertos.
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção
a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restri- do modelo de escritórios abertos.
ção à criatividade. c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com
b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a base em resultados de pesquisas.
transferência de atividades para o lar. d) anterior, introduzindo informações que se contra-
c) a dispersão e a menor capacidade de conservar põem à visão positiva acerca dos escritórios abertos.
conteúdos. e) posterior, contestando com dados estatísticos o for-
d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de mato tradicional de escritório fechado.
colegas e chefes.
e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância 36. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTA-
constante dos chefes. TÍSTICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em
relação à ortografia dos pares.
33. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a a) Atenção – atenciozo.
nova redação dada ao seguinte trecho do primeiro pará- b) Aprender – aprendizajem.
grafo apresenta concordância de acordo com a norma- c) Simples – simplissidade.
-padrão: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos d) Fúria – furiozo.
executivos no setor de tecnologia já tinham feito. e) Sensação – sensacional.

a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes 37. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
para o chamado escritório aberto, como feito por As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
Chris Nagele. diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equi- tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia
pes para escritórios abertos, o que só aconteceu com da palavra sublinhada está igualmente correta.
Chris Nagele fazem mais de quatro anos.
c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
equipes para escritórios abertos, também foi feito por b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
Chris Nagele, faz cerca de quatro anos. c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans- d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
transferido por muitos executivos.
e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o 38. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
que já tinham sido feitos por outros executivos do I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as pala-
setor. vras estão grafadas de acordo com a norma-padrão da
língua portuguesa é:
34. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
DIO - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão a) admissão, infração, renovação
– até então –, em destaque no início do segundo pará- b) diversão, excessão, sucessão
grafo, expressa um limite, com referência c) extenção, eleição, informação
d) introdução, repreção, intenção
a) temporal ao momento em que se deu a transferência e) transmissão, conceção, omissão
da equipe de Nagele para o escritório aberto.
b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava 39. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO –
a equipe de Nagele antes da mudança para locais FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e
LÍNGUA PORTUGUESA

abertos. econômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em


c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o um só vocábulo, a forma adequada será
exemplo de outros executivos, e espacial ao tipo de
escritório que adotou. a) sociais-econômicos.
d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do b) social-econômicos.
setor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias. c) sociais-econômico.
e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tem- d) socioeconômicos.
poral às mudanças favoráveis à integração. e) socioseconômicos.

136
40. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL 43. (MPU – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE-2010)
I – CESGRANRIO-2018) O sinal de dois-pontos (:) está Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e
empregado de acordo com a norma-padrão da língua traficantes que possam ser encontrados em uma rua es-
portuguesa em: cura da cidade são o cerne do problema criminal. Mas os
danos que tais criminosos causam são minúsculos quan-
a) A diferença entre notícias falsas e verdadeiras é maior do comparados com os de criminosos respeitáveis, que
no campo da política: é menor nas publicações rela- vestem colarinho branco e trabalham para as organiza-
ções mais poderosas. Estima-se que as perdas provoca-
cionadas às catástrofes naturais.
das por violações das leis antitrust — apenas um item de
b) A explicação para a difusão de notícias falsas é que
uma longa lista dos principais crimes do colarinho bran-
os usuários compartilham informações com as quais co — sejam maiores que todas as perdas causadas pelos
concordam: pois não verificam as fontes antes. crimes notificados à polícia em mais de uma década, e
c) As informações enganosas são mais difundidas do as relativas a danos e mortes provocadas por esse crime
que as verdadeiras: de acordo com estudo recente fei- apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela in-
to por um instituto de pesquisa. dústria do asbesto (amianto), dos perigos representados
d) As notícias falsas podem ser desmascaradas com o por seus produtos provavelmente custou tantas vidas
uso do bom senso: mas esperar isso de todo mundo é quanto as destruídas por todos os assassinatos ocorridos
quase impossível. nos Estados Unidos da América durante uma década in-
e) As revistas especializadas dão alguns conselhos: não teira; e outros produtos perigosos, como o cigarro, tam-
entre em sites desconhecidos e não compartilhe notí- bém provocam, a cada ano, mais mortes do que essas.
cias sem fonte confiável. James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed., São
Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).
41. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
Não haveria prejuízo para o sentido original do texto
I – CESGRANRIO-2018) A vírgula está empregada cor-
nem para a correção gramatical caso a expressão “a cada
retamente em: ano” fosse deslocada, com as vírgulas que a isolam, para
imediatamente depois de “e”.
a) A divulgação de histórias falsas pode ter consequên-
cias reais desastrosas: prejuízos, financeiros e cons- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
trangimentos às empresas.
b) As novas tecnologias, criaram um abismo ao separar 44. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
quem está conectado de quem não faz parte do mun- DIO - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que
do digital. a substituição dos trechos destacados na passagem – O
c) As pessoas tendem a aceitar apenas as declarações paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
que confirmam aquilo que corresponde, às suas estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
crenças. metros quadrados de chão. – está de acordo com a nor-
d) Os jornalistas devem verificar as fontes citadas, cruzar ma-padrão de crase, regência e conjugação verbal.
dados e checar se as informações refletem a realidade.
e) Os consumidores de notícias não agem como cientis- a) prefere mais estendê-la do que desistir – põe à
disposição.
tas porque não estão preocupados em conferir, pon-
b) prefere estendê-la à desistir – ponham a disposição.
tos de vista alternativos. c) prefere estendê-la a desistir – põe a disposição.
d) prefere estendê-la do que desistir – põem a disposição.
42. (PETROBRAS – ADMINISTRADOR JÚNIOR – CES- e) prefere estendê-la a desistir – ponham à disposição.
GRANRIO-2018) A vírgula foi plenamente empregada
de acordo com as exigências da norma-padrão da língua 45. (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO - SP – FARMA-
portuguesa em: CÊUTICO - SUPERIOR - VUNESP – 2017 - adaptada)
Leia as frases.
a) A conexão é feita por meio de uma plataforma espe- As previsões alusivas ............. aumento da depressão são
cífica, e os conteúdos, podem ser acessados pelos dis- alarmantes.
positivos móveis dos passageiros. Os sentimentos de tédio ou de tristeza são inadequada-
b) O mercado brasileiro de automóveis, ainda é muito mente convertidos .......... estados depressivos.
grande, porém não é capaz de absorver uma presença Qualquer situação que possa ser um obstáculo ............ feli-
maior de produtos vindos do exterior. cidade é considerada doença.
c) Depois de chegarem às telas dos computadores e
Para que haja coerência com a regência nominal estabe-
LÍNGUA PORTUGUESA

celulares, as notícias estarão disponíveis em voos


lecida pela norma-padrão, as lacunas das frases devem
internacionais. ser preenchidas, respectivamente, por:
d) Os últimos dados mostram que, muitas economias
apresentam crescimento e inflação baixa, fazendo a) ao … com … na
com que os juros cresçam pouco. b) ao … em … à
e) Pode ser que haja uma grande procura de carros im- c) do … com … na
portados, mas as montadoras vão fazer os cálculos e d) com o … em … para
ver, se a importação vale a pena. e) com o … para … à

137
46. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS No trecho “independentemente do tema geral que os ru-
– 2014) Assinale a assertiva cuja regência verbal está mores abordassem”, a palavra que pode substituir rumo-
correta: res, por ter sentido equivalente, é:

a) Ela queria namorar com ele. a) assuntos


b) Já assisti a esse filme. b) boatos
c) O caminhoneiro dormiu no volante. c) debates
d) Quando eles chegam em Campo Grande? d) diálogos
e) A moça que ele gosta é aquela ali. e) temas

47. (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 49. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) O
período abaixo em que os dois termos sublinhados NÃO
2014) A regência nominal está correta em:
podem trocar de posição é:
a) É preferível um inimigo declarado do que um amigo
a) A arte é a mais bela das mentiras;
falso. b) O importante na obra de arte é o espanto;
b) As meninas têm aversão de verduras. c) A forma segue a emoção;
c) Aquele cachorro é hostil para com desconhecidos. d) A obra de arte: uma interrupção do tempo;
d) O sentimento de liberdade é inerente do ser humano. e) Na arte não existe passado nem futuro.
e) Construiremos portos acessíveis de qualquer navio.
50. (MPU – TÉCNICO – SEGURANÇA INSTITUCIONAL
48. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL E TRANSPORTE – CESPE-2015)
I – CESGRANRIO-2018)
TEXTO II
Na internet, mentiras têm pernas longas
A partir de uma ação do Ministério Público Federal
Diz o velho ditado que “a mentira tem pernas curtas”, (MPF), o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2)
mas nestes tempos de internet parece que a situação se determinou que a Google Brasil retirasse, em até 72 ho-
inverteu, pelo menos no mundo digital. Pesquisadores ras, 15 vídeos do YouTube que disseminam o preconcei-
mostram que rumores falsos “viajam” mais rápido e mais to, a intolerância e a discriminação a religiões de matriz
“longe”, com mais compartilhamentos e alcançando um africana, e fixou multa diária de R$ 50.000,00 em caso de
maior número de pessoas, nas redes sociais, do que in- descumprimento da ordem judicial. Na ação civil pública,
formações verdadeiras. a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/
Foram reunidos todos os rumores nas redes sociais - fal- RJ) alegou que a Constituição garante aos cidadãos não
sos, verdadeiros ou “mistos”. Esses rumores foram acom- apenas a obrigação do Estado em respeitar as liberdades,
panhados, chegando a um total de mais de 4,5 milhões mas também a obrigação de zelar para que elas sejam
respeitadas pelas pessoas em suas relações recíprocas.
de postagens feitas por cerca de 3 milhões de pessoas,
Para a PRDC/RJ, somente a imediata exclusão dos vídeos
formando “cascatas” de compartilhamento.
da Internet restauraria a dignidade de tratamento, que,
Ao compararem os padrões de compartilhamento des-
nesse caso, foi negada às religiões de matrizes africanas.
sas milhares de “cascatas”, os pesquisadores observaram Corroborando a visão do MPF, o TRF2 entendeu que a
que os rumores “falsos” se espalharam com mais rapidez, veiculação de vídeos potencialmente ofensivos e fomen-
aumentando o número de “degraus” da cascata - e com tadores do ódio, da discriminação e da intolerância con-
maior abrangência do que os considerados verdadeiros. tra religiões de matrizes africanas não corresponde ao
A tendência também se manteve, independentemente legítimo exercício do direito à liberdade de expressão.
do tema geral que os rumores abordassem, mas foi mais O tribunal considerou que a liberdade de expressão não
forte quando versavam sobre política do que os demais, se pode traduzir em desrespeito às diferentes manifesta-
na ordem de frequência: lendas urbanas; negócios; terro- ções dessa mesma liberdade, pois ela encontra limites no
rismo e guerras; ciência e tecnologia; entretenimento; e próprio exercício de outros direitos fundamentais.
desastres naturais. Internet: <http://ibde.org.br> (com adaptações).
Uma surpresa provocada pelo estudo revelou o perfil
de quem mais compartilha rumores falsos: usuários com No trecho “adulterar ou destruir dados”, a palavra “adul-
poucos seguidores e novatos nas redes. terar” está sendo empregada com o sentido de alterar
• Vivemos inundados por notícias e muitas vezes as pes- prejudicando.
LÍNGUA PORTUGUESA

soas não têm tempo nem condições para verificar se elas


são verdadeiras — afirma um dos pesquisadores. Isso (  ) CERTO   (  ) ERRADO
não quer dizer que as pessoas são estúpidas. As redes
sociais colocam todas as informações no mesmo nível,
o que torna difícil diferenciar o verdadeiro do falso, uma
fonte confiável de uma não confiável.
BAIMA, Cesar. Na internet, mentiras têm pernas longas.
O Globo. Sociedade. 09 mar. 2018. Adaptado.

138
51. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO
BRANCO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO PO-
LICIAL MILITAR – VUNESP-2010) Analise a charge. GABARITO

1 B
2 A
3 B
4 E
5 A
6 E
7 A
8 C
9 A
10 A
(www.arionaurocartuns.com.br)
11 D
A palavra só, presente na fala do personagem, tem o 12 CERTO
mesmo sentido em: 13 D
a) Só vence quem concorre. 14 C
b) Mariana veio só, infelizmente. 15 E
c) Pedro estava só, quando cheguei. 16 E
d) A mulher, por estar só, sentiu-se amedrontada.
e) O marujo, só, resolveu passear pela praia. 17 C
18 C
19 C
20 E
21 D
22 B
23 A
24 E
25 E
26 D
27 A
28 B
29 D
30 E
31 CERTO
32 C
33 C
34 A
35 D
36 E
37 E
LÍNGUA PORTUGUESA

38 A
39 D
40 E
41 D
42 C

139
ANOTAÇÕES

43 CERTO _________________________________________________

44 E _________________________________________________
45 B _________________________________________________
46 B
_________________________________________________
47 C
48 B _________________________________________________
49 C _________________________________________________
50 CERTO
________________________________ _________________
51 A
_________________________________________________

_____________________________________ ____________

_________________________________________________

__________________________________________ _______
_________________________________________________

_______________________________________________ __

_________________________________________________

_________________________________________________

___ ______________________________________________

_________________________________________________

________ _________________________________________

_________________________________________________

_____________ ____________________________________

_________________________________________________
__________________ _______________________________

_________________________________________________

_______________________ __________________________

_________________________________________________

____________________________ _____________________

_________________________________________________

_________________________________ ________________

_________________________________________________
LÍNGUA PORTUGUESA

______________________________________ ___________

_________________________________________________

___________________________________________ _____
_________________________________________________

_________________________________________________

140
ÍNDICE

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Modelagem de situaçõesproblema por meio de equações do 1º e 2º graus e sistemas lineares............................................................ 01


Noção de função. Análise gráfica. Funções afim, quadrática, exponencial e logarítmica. Aplicações..................................................... 06
Taxas de variação de grandezas. Razão e proporção com aplicações. Regra de três simples e composta........................................... 17
Porcentagem............................................................................................................................................................................................................................... 25
Regularidades e padrões em sequências. Sequências numéricas. Progressão aritmética e progressão geométrica........................ 28
Noções básicas de contagem e probabilidade.............................................................................................................................................................. 33
Descrição e análise de dados. Leitura e interpretação de tabelas e gráficos apresentados em diferentes linguagens e
representações. Cálculo de médias e análise de desvios de conjuntos de dados............................................................................................ 40
Noções básicas de teoria dos conjuntos.......................................................................................................................................................................... 44
Análise e interpretação de diferentes representações de figuras planas, como desenhos, mapas e plantas. Utilização de
escalas. Visualização de figuras espaciais em diferentes posições. Representações bidimensionais de projeções, planificações
e cortes.......................................................................................................................................................................................................................................... 48
Métrica. Áreas e volumes. Estimativas. Aplicações....................................................................................................................................................... 72
Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-4” para o
2º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo no 1º mem-
MODELAGEM DE SITUAÇÕESPROBLEMA POR MEIO
bro com o sinal trocado:
DE EQUAÇÕES DO 1º E 2º GRAUS E SISTEMAS
LINEARES 5x − 2x = 8 + 4

Aplicando a regra 5, simplifica-se as expressões em


Equação do 1º Grau ambos os membros. Simplificar significa “juntar” todos
os termos com incógnitas em um único termo no 1º
Uma equação é uma igualdade na qual uma ou mais membro e fazer o mesmo com todos os temos que con-
variáveis, conhecidas por incógnitas, são desconhecidas. tenham somente números no 2º membro:
Resolver uma equação significa encontrar o valor das in-
cógnitas. Equações do primeiro grau são equações onde 3x = 12
há somente uma incógnita a ser encontrada e seu ex-
poente é igual a 1. A forma geral de uma equação do Aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no 1º mem-
primeiro grau é: bro. Para isso, divide-se ambos os lados da equação por
ax + b = 0 3, fazendo com que no 1º membro reste apenas :

3x 12 12
Onde a e b são números reais. = →x= → x = 4 → S = {4�
3 3 3
O “lado esquerdo” da equação é denominado 1º
2x
membro enquanto o “lado direito” é denominado 2º Exemplo: Resolva a equação +2 x−4 = x+1
membro. 3
Aplicando a regra 1, eliminam-se os parênteses. Para
isso, aplica-se a distributiva no termo com parênteses:
#FicaDica
2x
Para resolver uma equação do primeiro grau, 3
+ 2x − 8 = x + 1
costuma-se concentrar todos os termos que
contenham incógnitas no 1º membro e to-
dos os termos que contenham somente nú- Aplicando a regra 2, igualam-se os denominadores
meros no 2º membro. de todos os termos. Nessa equação, o denominador co-
mum é “3”:
2x 6x 24 3x 3
+ − = +
FIQUE ATENTO! 3 3 3 3 3
Há diversas formas de equações do primeiro
Como há o mesmo denominador em todos os ter-
grau e a seguir serão apresentados alguns
mos, eles podem ser “cortados”:
deles. Antes, há uma lista de “regras” para a
solução de equações do primeiro grau: 2x + 6x − 24 = 3x + 3

Regra 1 – Eliminar os parênteses Aplicando a regra 3, transfere-se o termo “3x” para o


Regra 2 – Igualar os denominadores de todos os 1º membro:
termos caso haja frações 2x + 6x − 3x − 24 = 3
Regra 3 – Transferir todos os termos que conte-
nham incógnitas para o 1º membro
Regra 4 – Transferir todos os termos que conte- Aplicando a regra 4, transfere-se o termo “-24” para
nham somente números para o 2º membro o 2º membro:
Regra 5 – Simplificar as expressões em ambos os
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2x + 6x − 3x = 24 + 3
membros
Regra 5 – Isolar a incógnita no 1º membro Aplicando a regra 5, simplificam-se as expressões em
ambos os membros:
Exemplo: Resolva a equação 5x − 4 = 2x + 8 5x = 27
As regras 1 e 2 não se aplicam pois não há parênteses,
Por fim, aplicando a regra 6, isola-se a incógnita no
nem frações. Aplicando a regra 3, transfere-se o termo
1º membro:
“2x” para o 1º membro. Para fazer isso, basta colocá-lo
no 1º membro com o sinal trocado: 27 27
x= →S=
5x − 4 − 2x = 8 5 5

1
Equação completa e incompleta
EXERCÍCIOS COMENTADOS - Quando b ≠ e c ≠ , a equação do 2º grau se diz
completa.
1. Calcule:
Exs:
a) −3x – 5 = 25 2
5x – 8x + 3 = 0 é uma equação completa (a = 5, b = – 8, c = 3).
2
y + 12y + 20 = 0 é uma equação completa (a = 1, b = 12, c = 20).
1
b) 2x − =3
2 Quando b=0 ou c=0 ou b=c=0, a equação do 2º grau
se diz incompleta.

Resposta: Exs:
2
x – 81 = 0 é uma equação incompleta (a = 1, b = 0 e c = – 81).
2
10t + 2t = 0 é uma equação incompleta (a = 10, b = 2 e c = 0).
a) −3x – 5 = 25 2
5y = 0 é uma equação incompleta (a = 5, b = 0 e c = 0).
⟹ −3x − 5 + 5 = 25 + 5
⟹ −3x = 30 Todas essas equações estão escritas na forma
−3x 30
⟹ = ⟹ x = −10 ax 2 + bx + c = 0 , que é denominada forma
−3 −3
normal ou forma reduzida de uma equação do 2º grau
com uma incógnita.
b) 1
2x –
=3 Há, porém, algumas equações do 2º grau que não
2 estão escritas na forma ax 2 + bx + c = 0 ; por meio
1 1
⟹ 2x − + = 3 +
1 de transformações convenientes, em que aplicamos o
2 2 2 princípio aditivo para reduzi-las a essa forma.

7 2x 7 Ex:
⟹ 2x = ⟹ =
2 2 4 Dada a equação: 2x 2 – 7x + 4 = 1 – x 2 , vamos es-
7 crevê-la na forma normal ou reduzida.
⟹x=
4
2x 2 – 7x + 4 – 1 + x 2 = 0
2. Encontre o valor de x que satisfaz a equação
2x 2 + x 2 – 7x + 4 – 1 = 0
3x 2 – 7x + 3 = 0
3x + 24 = −5x
Resolução de Equações do 2º Grau: Fórmula de
Resposta: Bháskara

3x + 24 = −5x Para encontras as soluções de equações do segundo


⟹ 3x + 5x + 24 = 0 − 5x + 5x grau, é necessário conhecer seu discriminante, represen-
⟹ 8x = −24 tado pela letra grega Δ (delta).
⟹ x = −3 Δ = b2 − 4 � a � c

EQUAÇÃO DO 2° GRAU FIQUE ATENTO!


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

O discriminante fornece importantes informa-


Equações do segundo grau são equações nas quais ções de uma equação do 2ª grau:
o maior expoente de é igual a 2. Sua forma geral é ex-
Se Δ > 0 → A equação possui duas raízes reais e distintas
pressa por: Se Δ = 0 → A equação possui duas raízes reais e idênticas
ax 2 + bx + c = 0 Se Δ < 0 → A equação não possui raízes reais

Onde e são números reais e . Os números a, b e c são


chamados coeficientes da equação: A solução é dada pela Fórmula de Bháskara:
- a é sempre o coeficiente do termo em x². −b ± Δ , válida para os casos onde Δ > 0 ou
x=
- b é sempre o coeficiente do termo em x. .2a
- c é sempre o coeficiente ou termo independente. Δ=0

2
#FicaDica Exemplo: Resolva a equação x 2 − 4x + 4 = 0
Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=2 e c=3
Para utilizar a Fórmula de Bháskara a equa- Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
ção deve estar obrigatoriamente no formato
Δ = b2 − 4 � a � c = 2 2
− 4 � 1 � 3 = 4 − 12 = −8
ax 2 + bx + c = 0 . Caso não esteja, é
necessário colocar a equação nesse formato Como o discriminante é negativo, a equação não pos-
para, em seguida, aplicar a fórmula! sui raízes reais.
Assim, S= ∅ (solução vazia).

Quando b=0 diz-se que as raízes das equações são


simétricas. EXERCÍCIOS COMENTADOS
As regras para solução de uma equação do 2º grau
1. Determine os valores de x que satisfazem: 
são as seguintes:
Regra 1 – Identificar os números e
2
x − 2x − 5 = 0
Regra 2 – Calcular o discriminante
Regra 3 – Caso o discriminante não seja negativo,
Resposta:
utilizar a Fórmula de Bháskara
x ′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6.
Exemplo: Resolva a equação
Aplicando a regra 1, identifica-se: , e 2
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante: x − 2x − 5 = 0
Δ = −2 2 − 4 � −5 � 1 = 4 + 20 = 24
Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re- − −2 ± 24 2±2 6
gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara: x=
2�1
=
2
=1± 6
Assim, as raízes x′ e x′′ são:
Assim,
x′ = 1 − 6 e x′′ = 1 + 6
Exemplo: Resolva a equação x − x − 6 = 0
2

Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-1 e c=-6


2. Determine os valores de x que satisfazem: 
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Δ = b2 − 4 � a � c = −1 2 − 4 � 1 � −6 = 1 + 24 = 25 x 2 − 2x + 5 = 0

Resposta:
Como o discriminante não é negativo, aplica-se a regra 3,
x2 - 2x -5 = 0
que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:
Δ=(-2)2-4∙(5)∙(1)=4-20=-16
Então, como não existe solução real para o cálculo da
raiz quadrada de 16,nenhum
valor de x satistaz a equação.
Não existe solução em R.

Assim, S= {-2, 3}
SISTEMAS LINEARES
Exemplo: Resolva a equação x2-4x+4=0
Aplicando a regra 1, identifica-se: a=1, b=-4 e c=4
Definição
Aplicando a regra 2, calcula-se o discriminante:
Δ = b2 − 4 � a � c = −4 2
− 4 � 1 � 4 = 16 − 16 = 0 Sistemas lineares são conjuntos de 2 ou mais equa-
ções lineares, onde procura-se valores das incógnitas,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

chamadas de X = x1 , x2, x3 … e xn que atendam si-


Como o discriminante não é negativo, aplica-se a re-
multaneamente todas as equações lineares:
gra 3, que consiste em utilizar a fórmula de Bháskara:

−b ± Δ − −4 ± 0 4 ± 0 4
x= = = = =2
2a 2×1 2 2

Assim, S={2}

Note que, como o discriminante é nulo, a equação


possui duas raízes reais e idênticas iguais a 2.
Onde

3
3𝑥 − 𝑦 = 6
a11 , a12 , … , ann e b1, b2 , … , bn são números �
2𝑥 + 2𝑦 = 20
reais.
Uma maneira de resolver o sistema pelo método da
Classificação de Sistemas Lineares adição consiste em eliminar a variável “y”. Na primeira
equação a variável “y” está multiplicada por -1, enquan-
Considerando um sistema de n equações lineares, to que na segunda equação, está multiplicada por 2. Se
podemos classificá-lo de 3 formas possíveis: a primeira equação for multiplicada por , em ambas as
equações a variável “y” estará multiplicada por 2 porém
Impossível: Quando não existem valores de com sinais opostos.
X = (x1 , x2, x3 … e xn) que satisfaçam todas as n
equações lineares.

Possível e Indeterminado: Quando existem infinitas


possibilidades para X = (x1 , x2, x3 … e xn ) que aten-
dem todas as equações;

Possível e determinado: Quando apenas um único Somando-se ambas as equações após multiplicar a
conjunto de X = (x1 , x2, x3 … e xn ) satisfaz as equa- primeira equação por 2, tem-se:
ções lineares. 6x − 2y + 2x + 2y = 12 + 20
→ 8x = 32
Associação de Sistemas Lineares com Matrizes →x=4
Podemos escrever qualquer sistema linear da seguin-
te forma, separando as constantes das incógnitas: Após encontrar o valor de uma das variáveis, basta
substituir esse valor em qualquer uma das equações e
encontrar o valor da outra variável. Substituindo na pri-
meira equação:

3x − y = 6
→ 3×4−y =6
→ 12 − y = 6
Se det A ≠ 0 , a matriz possui inversa e assim po- →y=6
demos isolar X da seguinte maneira: Assim, S = 4,6

A � X = B ⇒ A−1 � A � X = A−1 � B Método da Substituição


⇒ I � X = A−1 � B Este método consiste em isolar uma das incógnitas
⇒ X = A−1 � B em uma das equações e substituir na outra equação. Re-
tomando o mesmo exemplo:
Sistemas Lineares 2x2
3𝑥 − 𝑦 = 6

Um exemplo de sistema 2 x 2, possui duas equações 2𝑥 + 2𝑦 = 20
e duas incógnitas (x e y) é:

3𝑥 − 𝑦 = 6 É possível isolar qualquer uma das variáveis em


� qualquer uma das equações. Isolando a variável “y”
2𝑥 + 2𝑦 = 20
na primeira equação:
y = 3x − 6
Há diversos métodos utilizados para resolver um sis-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

tema linear 2 x 2. Aqui, destacam-se dois deles: método


da adição e método da substituição. Substitui-se essa expressão para “y” na segunda
equação:
Método da Adição
2x + 2 3x − 6 = 20
O método da adição consiste em multiplicar uma (ou
ambas) das equações por um valor de modo que, ao so-
mar-se as duas equações, uma das incógnitas seja elimi-
nada. Para isso, a incógnita a ser eliminada deve possuir
o mesmo número multiplicando-a em ambas as equa-
ções, porém com sinais opostos. Utilizando o exemplo:

4
Agora, resolve-se essa equação do primeiro grau:

2x + 6x − 12 = 20
2x + 6x = 20 + 12
8x = 32
32 Transformando em forma matricial:
x= =4
8
1 2 −1 x 2
Utiliza-se a expressão encontrada anteriormente para 2 −1 1 y = 3
“y” para encontrar o valor dessa incógnita: 1 1 1 z 6
y = 3x − 6
→ y = 3 × 4 − 6 = 12 − 6 Calculando os determinantes:
→y=6
Assim: S = 4,6 1 2 −1
DA = 2 −1 1 = −7
1 1 1
Sistemas Lineares 3x3 ou maiores.
2 2 −1
Todos os sistemas lineares podem ser resolvidos pelo Dx = 3 −1 1 = −7
método da substituição apresentado acima. Porém, com 6 1 1
mais equações, ele vai se tornando bem trabalhoso. Des-
ta forma, um método mais rápido é sugerido, chamado 1 2 −1
de método de Cramer. Utiliza-se a notação matricial e o Dy = 2 3 1 = −14
conceito de determinantes para resolver:
1 6 1

Ex: 1 2 2
Dz = 2 −1 3 = −21
1 1 6

Primeiro, calcula-se DA = det A . Também serão cal- Logo:


culados determinantes auxiliares, substituindo uma colu- Dx −7
na correspondente da matriz A, pela matriz B: x= = −7 = 1
DA

D −14
, e y = Dy = −7
=2
A

D −21
z = Dz = −7
=3
A

, e
#FicaDica
Sistemas lineares de ordem 3x3 ou maiores
não precisam ser necessariamente resolvidos
, e usando o método de Cramer. Fica a cargo do
estudante escolher um forma que pareça ser
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

mais fácil.

Os valores das incógnitas são calculados da seguinte


maneira:

Dx1 Dx2 Dx3


x1 = DA
, x2 = DA
, x3 = DA

Exemplo: Resolva pelo método de Cramer o seguinte


Sistema Linear:

5
Usando o diagrama esquemático representado ante-
NOÇÃO DE FUNÇÃO. ANÁLISE GRÁFICA. riormente, podemos descrever as 3 definições nele:
FUNÇÕES AFIM, QUADRÁTICA, Domínio: Todos os valores de A: f(x):Dom={2,4,7,10}
Contradomínio: Todos os valores de B: f(x):Contra-
EXPONENCIAL E LOGARÍTMICA.
Dom= {0,4,8,10,12,16}
APLICAÇÕES.
Imagem: Todos os valores de B que tiveram associa-
ção com A: f(x):Imagem={0,4,10,16}

Observe que o elemento “8” do conjunto B não per-


Função do 1˚ Grau tence a imagem, pois não há nenhum valor do conjunto
A associado a ele.
Conceitos Fundamentais sobre Funções

Uma função é uma relação entre dois conjuntos A e


B de modo que cada elemento do conjunto A está as- FIQUE ATENTO!
sociado a um único elemento de B. Sua representação Nem sempre a imagem e o contradomínio
matemática é bem simples: terão o mesmo tamanho!

y=f(x):A→B
Função crescente: A função f(x), num determinado
Onde y são os elementos do conjunto B e x são os
intervalo, é crescente se, para quaisquer x1 e x2 pertencen-
elementos do conjunto A. f(x) é a chamada “função de
tes a este intervalo, com com x1<x2, tivermos f(x1 )<f(x2 ).
x”, que basicamente é uma expressão matemática que
quantifica o valor de y, dado um valor de x. Outra manei-
ra de representarmos uma função é através de um mo-
delo esquemático:

x1<x2→f(x1 )<f(x2 )

Função decrescente: Função f(x), num determinado


intervalo, é decrescente se, para quaisquer x1 e x2 perten-
cente a este intervalo, com x1<x2, tivermos f(x1 )>f(x2 ).
Neste modelo esquemático, temos o conjunto A
sendo representado a esquerda e o conjunto B sendo
representado a direita, mostrando a relação de função
entre eles. A partir destas definições, podemos definir 3
conceitos fundamentais das funções: Domínio, Contra-
domínio e Imagem.

Domínio

O domínio da função, ou domínio de f(x), é o conjun-


to de todos os valores que podem ser atribuídos a x, ou
seja, todos os elementos do conjunto A.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

x1<x2→f(x1 )>f(x2 )
Contradomínio
Função constante: A função f(x), num determinado
O contradomínio da função, ou contradomínio de f(x), intervalo, é constante se, para quaisquer x1<x2 , tivermos
são todos os valores possíveis que podem ser atribuídos f(x1) = f(x2).
a y, ou seja, trata-se do conjunto B,

Imagem

A imagem de uma função, ou imagem de f(x), é um


subconjunto do contradomínio que contém apenas os
valores de y que tiveram algum elemento de x associado.

6
Onde “a” e “b” são números reais e são denomina-
dos respectivamente de coeficientes angular e linear. Nas
funções de primeiro grau, tanto o domínio, contradomí-
nio e imagem são todos os números reais, uma vez que
não há nenhum tipo de restrição de valor nas mesmas.

Zeros da Função do 1º grau:

Chama-se zero ou raiz da função do 1º grau y = ax +


b o valor de x que anula a função, isto é, o valor de x para
que y seja igual à zero.
Assim, para achar o zero da função y = ax + b, basta
resolver a equação ax + b = 0

Representação Gráfica Ex:


Determinar o zero da função: y = 2x – 4.
A função f(x) pode ser representada no plano carte-
siano, através de um par ordenado (x,y). O lugar geomé-
trico dos pares ordenados para os quais x∈Dom e y∈Ima-
gem formam, no plano cartesiano, o gráfico da função.
Um exemplo de plano cartesiano é apresentado abaixo:

O zero da função y = 2x – 4 é 2.

Gráfico da Função do 1º Grau

A forma desta função, como o próprio nome diz, será


linear ou uma reta, e terá três tipos:

a) Crescente: a> 0
Quando o coeficiente angular da função for positi-
vo, os valores de y aumentarão quando o valor de
x também aumentar. A representação gráfica dos
três posicionamentos desta reta, em função do va-
lor de b, está abaixo:

#FicaDica
A apresentação de uma função por meio de
seu gráfico é muito importante, não só na
Matemática como nos diversos ramos dos
estudos científicos.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Função do 1º Grau

As funções de 1° grau, conhecidas também como


funções lineares, são expressões matemáticas onde a va-
riável independente x possui grau igual a 1 e não está no
denominador, em outras palavras, a forma geral de uma
função de primeiro grau é a seguinte:

f(x)=ax+b a≠0

7
b) Decrescente:
A representação gráfica dos três posicionamentos
desta reta, em função do valor de b, está abaixo:

Estudo do sinal da função do 1º grau

Estudar o sinal da função do 1º grau


é determinar os valores reais de x para que:
- A função se anule (y = 0);
- A função seja positiva (y > 0);
- A função seja negativa (y < 0).

Ex:
Estudar o sinal da função .

a) Qual o valor de x que anula a função?


c) Constante:
Algumas referências não tratam a função constante
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

como uma função linear e na teoria, realmente ela não


é. Entretanto, como sua forma também é uma reta e tra-
ta-se de um caso específico do valor de a, colocamos
nesta seção para ficar de maneira mais didática ao leitor.
A representação gráfica dos três posicionamentos desta
reta, em função do valor de b, está abaixo:
A função se anula para .

b) Quais valores de x tornam positiva a função?

8
Resposta:

a) Domínio =

b) Domínio =

c) Domínio =

Exercício comentado 2

A função é positiva para todo x real maior que 2. 2. Determine o domínio e a imagem da função f(x)=√(x+2)

c) Quais valores de x tornam negativa a função? Resposta:


Domínio = {xϵR/x≥-2}
Imagem = {yϵR/y≥0}

FUNÇÃO DO 2˚ GRAU

Chama-se função do 2º grau ou função quadrática


toda função de em definida por um polinômio
do 2º grau da forma com a , b e
c reais e . O gráfico de uma função do 2º grau é
uma parábola.
A função é negativa para todo x real menor que 2.
Exs:
Podemos também estudar o sinal da função por meio
de seu gráfico:

ZEROS DA FUNÇÃO DO 2º GRAU

As raízes ou zeros da função quadrática f(x) = ax2 + bx


+ c são os valores de x reais tais que f(x) = 0 e, portanto,
as soluções da equação do 2º grau.
2
ax + bx + c = 0
A resolução de uma equação do 2º grau é feita utili-
- zando a fórmula de Bháskara como já visto.

FIQUE ATENTO!
As raízes (quando são reais), o vértice e a in-
tersecção com o eixo y são fundamentais para
- Para x = 2 temos y = 0; traçarmos um esboço do gráfico de uma fun-
- Para x > 2 temos y > 0; ção do 2º grau.
- Para x < 2 temos y < 0.

CONCAVIDADE DA PARÁBOLA
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

No caso das funções do 2º grau, a parábola pode ter


EXERCÍCIOS COMENTADOS sua concavidade voltada para cima (a > 0) ou voltada
para baixo (a < 0).
1. Determine o domínio das funções reais apresentadas
abaixo.

a)

b)

c)

9
Como observado, a ordenada do vértice (yV) pode ser
calculada de duas formas distintas: substituindo o valor
de xv na função ou usando a fórmula dada anteriormente
.
Δ
yV = −
4a

Costuma-se utilizar a primeira forma (apresentada no


exemplo) por exigir menos cálculos e com isso ganha-se
tempo na prova. Mas fica a cargo do aluno qual forma
utilizar. Para fins ilustrativos, vamos encontrar o utilizan-
a>0 a<0 do a fórmula:

COORDENADAS DO VÉRTICE DA PARÁBOLA Δ = b 2 − 4 � a � c = −8 2


− 4 � 1 � 15 = 64 − 60 = 4
A parábola que representa graficamente a função do
Δ 4 4
2º grau apresenta como eixo de simetria uma reta vertical yV = − =− = − = −1
que intercepta o gráfico num ponto chamado de vértice. 4a 4�1 4 que é idêntico
As coordenadas do vértice (xV,yV ) são: (como não poderia deixar de ser) ao valor encontrado
anteriormente.

b Δ DOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO DO 2º GRAU


xV = − e yV = −
2a 4a
O domínio de uma função do 2º grau é o conjunto
dos números reais, ou seja Dom = ℝ
Como visto acima, a imagem de uma função do 2º
grau está diretamente relacionada à ordenada do vértice
(yV).

Para a > 0 → Im = y ∈ ℝ y ≥ yV }
Para a < 0 → Im = y ∈ ℝ y ≤ yV }

Representação gráfica – diferentes casos

O Conjunto Imagem de uma função do 2º grau está Para sabermos a posição e orientação desta parábola,
associado ao seu ponto extremo, ou seja, à ordenada do precisaremos além de analisar o sinal do discriminante,
vértice (yV). teremos que analisar também o sinal do coeficiente “a”.
Vejam os casos:

a) a>0 e Δ>0: Neste caso, teremos a “boca” da pa-


rábola apontada para cima, e como temos duas
raízes distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo
x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza-se
pelo ponto de mínimo da mesma. Seguem as re-
presentações para duas raízes positivas, uma posi-
tiva e outra negativa, e as duas negativas, respec-
tivamente:
Exemplo:
Vamos determinar as coordenadas do vértice da pa-
rábola da seguinte função quadrática: y = x2 – 8x + 15.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Cálculo da abscissa do vértice:

b −8 8
xV = − =− = =4
2a 2�1 2

Cálculo da ordenada do vértice:


Substituindo x por 4 na função dada: yV=42-
8∙4=15=16-32=15=-1

Logo, o ponto V, vértice dessa parábola, é dado por


V (4,–1).

10
c) a>0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola se-
gue apontada para cima, mas a mesma toca o eixo
x apenas uma vez, já que a raízes são idênticas.
Além disso, o vértice desta parábola é exatamente
o ponto de tangência, a figura a seguir apresenta
os casos para a raiz positiva e negativa respectiva-
mente:

b) a<0 e Δ>0: Neste caso, temos a “boca” da pará-


bola apontada para baixo, e como temos duas raí-
zes distintas, a mesma cruza duas vezes no eixo
x. Além disso, o vértice da parábola caracteriza o
ponto de máximo da mesma. Seguem as represen-
tações para as duas raízes positivas, uma positiva
e outra negativa, e as duas negativas, respectiva-
mente:

d) a<0 e Δ=0: Neste caso, a “boca” da parábola segue


apontada para baixo, mas a mesma toca o eixo x
apenas uma vez, já que a raízes são idênticas. Além
disso, o vértice desta parábola é exatamente o
ponto de tangência, a figura a seguir apresenta
os casos para a raiz positiva e negativa respecti-
vamente:

RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

11
e) a>0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola VALOR MÁXIMO E VALOR MÍNIMO DA FUNÇÃO
não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará- DO 2º GRAU
bola segue para cima e as figuras a seguir apre-
sentam os gráficos para vértices com coordenada - Se a > 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
x positiva e negativa respectivamente: ordenada mínima. Nesse caso, o vértice é chamado pon-
to de mínimo e a ordenada do vértice é chamada valor
mínimo da função;
- Se a < 0, o vértice é o ponto da parábola que tem
ordenada máxima. Nesse caso, o vértice é ponto de má-
ximo e a ordenada do vértice é chamada valor máximo
da função.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. Dada a função parabólica f(x)=x2-x, determine as coor-
denadas do vértice, V

Resposta: As coordenadas do seu vértice podem ser


encontradas através de:
xv = – b
xv = –2ab
yv = – Δ2a
yv = 4a
–Δ
4a
Logo,
−1 1
xv = − = −1 1
x2v �=
1− 2 =
2�1 2

f) a<0 e Δ=0: Neste caso, não há raízes (a parábola Portanto:


não toca e nem cruza o eixo x). A “boca” da pará-
bola segue para baixo e as figuras a seguir apre- V=
1 1
,− .
sentam os gráficos para vértices com coordenada 2 4
x positiva e negativa respectivamente:
2. (UFSCAR–SP) Uma bola, ao ser chutada num tiro de
meta por um goleiro, numa partida de futebol, teve sua
trajetória descrita pela equação h(t) = – 2t² + 8t (t ≥0) ,
onde t é o tempo medido em segundo e h(t) é a altura
em metros da bola no instante t. Determine, após o chu-
te:

a) o instante em que a bola retornará ao solo.


b) a altura atingida pela bola.

Resposta:
a) Houve dois momentos em que a bola tocou o chão:
o primeiro foi antes de ela ser chutada e o segundo foi
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

quando ela terminou sua trajetória e retornou para o


chão. Em ambos os momentos a altura h(t) era igual a
zero, sendo assim:
h(t)= – 2t^2+ 8t
0 = – 2t^2+ 8t
2t^2– 8t = 0
2t(t – 4)= 0
t’ = 0
t’’ – 4 = 0
t’’ = 4
Portanto, o segundo momento em que a bola tocou
no chão foi no instante de quatro segundos.

12
b) A altura máxima atingida pela bola é dada pelo vér-
tice da parábola. As coordenadas do seu vértice po-
dem ser encontradas através de:
b
xv = –
2a

Δ
yv = –
4a

No caso apresentado, é interessante encontrar ape-


nas yv:

Δ
#FicaDica
yv = –
4a É importante ressaltar que o gráfico da fun-
ção exponencial (na forma que foi apresen-
(b² – 4 � a � c) tado) não toca o eixo x, pois a função f(x)=ax
yv = – com a>0 é sempre positiva.
4a
82– 4 � – 2 � 0
yv = –
4� – 2
EQUAÇÕES EXPONENCIAIS
yv = 8
As equações exponenciais são funções exponenciais
Portanto, a altura máxima atingida pela bola foi de 8 relacionadas a números ou expressões. O princípio fun-
metros. damental para a resolução das mesmas é lembrar que
dois expoentes serão iguais se as respectivas bases tam-
FUNÇÃO EXPONENCIAL bém forem iguais, sigam os exemplos abaixo:

A função exponencial, como o nome mostra, é uma Exemplo: Resolva 3x=27


função onde a variável independente é um expoente: Resolução: Seguindo o princípio que bases iguais
f(x)=aX terão expoentes iguais, temos que lembrar que 27=33 ,
assim:
3x=33
FIQUE ATENTO! x=3
Com “a” sendo um número real. Possui S={3}
dois tipos básicos, quando a>1 (crescente)
e 0<a<1 (decrescente).

EXERCÍCIOS COMENTADOS
As figuras a seguir apresentam seus respectivos grá-
ficos:
1. Resolva 22x=1024

Resposta:
Utilizando as propriedades de potenciação, tem-se:
22x=210
2x=10
Portanto, a solução da equação exponencial é x=5.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

2. (CONED-2016) Qual a soma das raízes ou zeros da


função exponencial abaixo:
22x−3 − 3 � 2x−1 + 4 = 0

a) 5
b) 4
c) 6
d) 8
e) -6

13
Resposta: Letra A. c) logba=log_bc→a=c (Se dois logaritmos de mesma
22x−3 − 3 � 2x−1 + 4 = 0 base são iguais então os logaritmandos são iguais)

d) blog_ba =a (Uma potência de base elevada a um


logaritmo de também na base resulta em )

Faz-se a substituição 2x=y pra obter uma equação de #FicaDica


segundo grau
Quando um logaritmo aparecer escrito sem
y 2 3y a base (log a) subentende-se que a sua
8

2
+4=0 base é igual a .
Multiplicando a equação por 8
y2-12y+32=0 PROPRIEDADES DOS LOGARITMOS

Resolvendo a equação do segundo grau: Em todas as propriedades abaixo, considera-se que


Δ = −12 2
− 4 � 1 � 32 = 144 − 128 = 16 as condições de existência estão atendidas.

a) Logaritmo do produto: o logaritmo de um pro-


duto de dois números é igual à soma dos logaritmos
logb a � c = log b a + logb c

Assim b) Logaritmo do quociente: o logaritmo de um


quociente de dois números é igual à diferença dos lo-
2x = 4 → 2x = 22 → x1 = 2 garitmos

2x = 8 → 2x = 23 → x2 = 3
a
Portanto, a soma das raízes é igual a 2+3=5 logb = logb a − logb c
c

LOGARITMO c) Logaritmo da potência: o logaritmo de uma po-


tência é igual ao produto do expoente dessa potência e
A definição de logaritmo está diretamente ligada à do logaritmo:
potenciação. Sejam dois números reais e positivos e tais
que a e b e que a>0 e b>0 e b≠1, o logaritmo de a na logb ac = c � logb a
base b é dado por:
d) Logaritmo cuja base está elevada a uma potên-
logb a = x ⇔ b x = a cia: o logaritmo cuja base está elevada a uma potência é
onde a é o logaritmando, b é a base e x é o logaritmo. igual ao produto do inverso do expoente da base e do
As condições para a e b são as condições de existência logaritmo:
de um logaritmo.
1
Exemplo:
log b c a = log a
c b
Calcule: log23
log28=x→2x=8→2x=23→x=3 e) Mudança de base: para mudar a base de um lo-
Assim, log28=3 garitmo na base para um logaritmo na base :

CONSEQUÊNCIAS DA DEFINIÇÃO logc a


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

logb a =
logc b
A definição de logaritmo traz consequências diretas
que podem (e devem) ser usadas sempre que possível
na resolução de exercícios que envolvem logaritmos. São Exemplo: log3(9.27)=log39 +log327=log332 +log333
elas: =2∙log_33+3∙log33=2+3=5

a) logb1=0 (O logaritmo de 1 em qualquer base é Exemplo:


sempre zero)
1 3 3
log 4 8 = log 22 23 = log2 23 = log 2 2 =
b) logbb=1 (Quando base e logaritmando são iguais o 2 2 2
logaritmo é unitário)

14
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Resolva: 10 log1010000

a) 10
b)100
c) 40
d) 400
e) 4000

Resposta: Letra C.
10 log10 10000=10 log10104 =4∙10 log10 10=40

FUNÇÃO LOGARÍTMICA

As funções logarítmicas tem como base o operador matemático log:

f x = log a x , com a > 0, a ≠ 1 e x > 0

FIQUE ATENTO!
Observe que há restrições importantes para os valores de (logaritmando) e (base) e será essas restrições
que poderá determinar o conjunto solução das equações logarítmicas.

O gráfico da função logarítmica terá dois formatos, baseado nos possíveis valores de a. Será crescente quando e
decrescente quando :

1. Equações Logarítmicas

As equações logarítmicas adotarão um princípio semelhante as equações exponenciais. Para se achar o mesmo
logaritmando, dois logaritmos deverão ter a mesma base ou vice-versa. Ressalta-se apenas que as condições de exis-
tência de um logaritmo devem ser respeitadas. Veja o exemplo:

Ex:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Resolva log2 x − 2 = 4

Primeiramente, será importante transformar o número 4 em um log. Como a base do log que contém x é dois, va-
mos transformar 4 em um log na base 2 da seguinte forma:

log 2 16 = 4

Igualando isso a equação:

log 2 x − 2 = log 2 16

15
#FicaDica
Bases iguais, logaritmandos iguais:

4x + 2 = 3x + 3
→ 4x − 3x = 3 − 2
→x=1

Função Modular Exemplo:


Desenhar o gráfico de f(x)=|x-a|
MÓDULO Resolução: Quando há um termo subtraindo o valor
de x dentro do módulo, o gráfico original acima se des-
As funções modulares são desenvolvidas através de loca, com a “ponta” se movendo para a coordenada “a”.
um operador matemático chamado de “Módulo”. Sua Seguem os dois casos, para a>0 e a<0 respectivamente:
definição está apresentada abaixo:

𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≥ 0
x = �
−𝑥, 𝑠𝑒 𝑥 ≤ 0

Sua representação é através de duas barras verticais e


lê-se “Módulo de x”.

FIQUE ATENTO!
Módulo também conhecido como valor ab-
soluto pode ser entendido como uma dis-
tância e por isso |x|<0 não existe para todo x.

Exemplo: |3| = 3 e |-3| = 3.

FUNÇÃO MODULAR

A função modular, segue a mesma representação,


trocando apenas x por f(x):

𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≥ 0
f(x) = � EQUAÇÕES MODULARES
−𝑓 x , 𝑠𝑒 𝑓 x ≤ 0
As equações modulares são funções modulares igua-
ladas a algum número ou expressão. Ela será resolvida
FIQUE ATENTO! decompondo a mesma em dois casos, com domínios
A representação gráfica será feita através de pré-determinados. Este tipo de solução é apresentada
duas retas, dependendo de como é a forma no Exercício Comentado 1, a seguir:
de f(x).
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Abaixo segue alguns exemplos: EXERCÍCIOS COMENTADOS


Exemplo:
1. (NOVA 2017) Resolva |x-3|=7:
Desenhar o gráfico de f(x)=|x|
Resolução: O gráfico de f(x)=|x| forma uma ponta na
origem e segue uma reta espelhada tanto para o sentido a) S={-4,10}
positivo quanto para o negativo: b) S={-2,10}
c) S={0,10}
d) S={2,10}
e) S={4,10}

16
Resolução: Ex. Numa classe de 36 alunos há 15 rapazes e 21 mo-
Conforme foi mencionado, vamos resolver dois casos, ças. A razão entre o número de rapazes e o número de
usando a definição de módulo: moças é 15 , se simplificarmos, temos que a fração equi-
5 21
a) x-3=7 ,para x-3≥0 valente 7 , o que significa que para “cada 5 rapazes há 7
b) -(x-3)=7 ,para x-3≤0 moças”. Por outro lado, a razão entre o número de rapa-
zes e o total de alunos é dada por 15 = 5 , o que equivale
Resolvendo:
36 12
a dizer que “de cada 12 alunos na classe, 5 são rapazes”.
a) x=7+3=10, para x≥3 Razão entre grandezas de mesma espécie: A razão
b) –x+3=7⇔x=-4, para x ≤3 entre duas grandezas de mesma espécie é o quociente
dos números que expressam as medidas dessas grande-
Observe que as duas soluções estão dentro dos domí- zas numa mesma unidade.
nios pré-estabelecidos, assim: S={-4,10} Ex. Um automóvel necessita percorrer uma estrada de
360 km. Se ele já percorreu 240 km, qual a razão entre a
distância percorrida em relação ao total?
TAXAS DE VARIAÇÃO DE GRANDEZAS. Como os dois números são da mesma espécie (dis-
tância) e estão na mesma unidade (km), basta fazer a ra-
RAZÃO E PROPORÇÃO COM APLICAÇÕES.
zão:
REGRA DE TRÊS SIMPLES E COMPOSTA.
240 𝑘𝑚 2
𝑟= =
360 𝑘𝑚 3

No caso de mesma espécie, porém em unidades di-


Razão ferentes, deve-se escolher uma das unidades e converter
a outra.
Quando se utiliza a matemática na resolução de pro-
blemas, os números precisam ser relacionados para se Ex. Uma maratona possui aproximadamente 42 km de
obter uma resposta. Uma das maneiras de se relacionar
extensão. Um corredor percorreu 36000 metros. Qual a
os números é através da razão. Sejam dois números reais
razão entre o que falta para percorrer em relação à ex-
a e b, com b ≠ 0,define-se razão entre a e b (nessa or-
𝑎 tensão da prova?
dem) o quociente a ÷ b, ou .
𝑏 Veja que agora estamos tentando relacionar metros
com quilômetros. Para isso, deve-se converter uma das
A razão basicamente é uma fração, e como sabem,
unidades, vamos utilizar “km”:
frações são números racionais. Entretanto, a leitura des-
te número é diferente, justamente para diferenciarmos
36000 m=36 km
quando estamos falando de fração ou de razão.
3
a) Quando temos o número 5 e estamos tratando de Como é pedida a razão entre o que falta em relação
fração, lê-se: “três quintos”. ao total, temos que:
42 𝑘𝑚 − 36 𝑘𝑚 6 𝑘𝑚 1
3 𝑟= = =
b) Quando temos o número 5
e estamos tratando 42 𝑘𝑚 42 𝑘𝑚 7
de razão, lê-se: “3 para 5”.
Ex. Uma sala tem 8 m de comprimento. Esse compri-
Além disso, a nomenclatura dos termos também é mento é representado num desenho por 20 cm. Qual é a
diferente: razão entre o comprimento representado no desenho e
o comprimento real?
O número 3 é numerador Convertendo o comprimento real para cm, temos
que:
3
a) Na fração 5 𝑒=
20 𝑐𝑚
=
1
800 𝑐𝑚 40
O número 5 é denominador
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

O número 3 é antecedente #FicaDica


A razão entre um comprimento no desenho
b) Na razão
3
5 e o correspondente comprimento real, cha-
ma-se escala
O número 5 é consequente

Ex. A razão entre 20 e 50 é = já a razão entre 50 Razão entre grandezas de espécies diferentes: É
20 2
50 5
e 20 é 50 = 5 . Ou seja, deve-se sempre indicar o antece- possível também relacionar espécies diferentes e isto
20 2
dente e o consequente para sabermos qual a ordem de está normalmente relacionado a unidades utilizadas na
montarmos a razão. física:

17
Ex. Considere um carro que às 9 horas passa pelo qui- Proporção
lômetro 30 de uma estrada e, às 11 horas, pelo quilô-
metro 170. Qual a razão entre a distância percorrida e o A definição de proporção é muito simples, pois se tra-
tempo gasto no translado? ta apenas da igualdade de razões.
Para montarmos a razão, precisamos obter as infor-
3 6
mações: Na proporção = (lê-se: “3 está para 5 assim
5 10
como 6 está para 10”).
Distância percorrida: 170 km – 30 km = 140 km Observemos que o produto 3 ∙ 10=30 é igual ao pro-
Tempo gasto: 11h – 9h = 2h duto 5 x 6=30, o que caracteriza a propriedade funda-
Calculamos a razão entre a distância percorrida e o mental das proporções
tempo gasto para isso:
#FicaDica
140 𝑘𝑚 70
𝑣= = = 70 𝑘 𝑚 ⁄ℎ Se multiplicarmos em cruz (ou em x), tere-
2ℎ 1
mos que os produtos entre o numeradores
e os denominadores da outra razão serão
Como são duas espécies diferentes, a razão entre elas
iguais.
será uma espécie totalmente diferente das outras duas.
2 6
#FicaDica Ex. Na igualdade 3 = 9 , temos 2 x 9=3 x 6=18, logo,
temos uma proporção.
A razão entre uma distância e uma medida
de tempo é chamada de velocidade. Ex. Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se
a seguinte dosagem: 7 gotas para cada 3 kg do “peso” da
criança. Se uma criança tem 15 kg, qual será a dosagem
correta?
Ex. A Região Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais,
Como temos que seguir a receita, temos que atender
Rio de Janeiro e São Paulo) tem uma área aproximada de
a proporção, assim, chamaremos de x a quantidade de
927 286 km2 e uma população de 66 288 000 habitantes,
gotas a serem ministradas:
aproximadamente, segundo estimativas projetadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o 7 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠 𝑥 𝑔𝑜𝑡𝑎𝑠
ano de 1995. Qual a razão entre o número de habitantes =
e a área total? 3 𝑘𝑔 15 𝑘𝑔
Dividindo-se o número de habitantes pela área, obte- Logo, para atendermos a proporção, precisaremos
remos o número de habitantes por km2 (hab./km2): encontrar qual o número que atenderá a proporção.
Multiplicando em cruz, temos que:
66288000 ℎ𝑎𝑏 ℎ𝑎𝑏
𝑑= = 71,5 3x=105
927286 𝑘𝑚² 𝑘𝑚2
105
𝑥= 3
#FicaDica
x=35 gotas
A razão entre o número de habitantes e a
área deste local é denominada densidade Ou seja, para uma criança de 30 kg, deve-se ministrar
demográfica. 35 gotas do remédio, atendendo a proporção.

Ex. Um carro percorreu, na cidade, 83,76 km com 8 L Outro jeito de ver a proporção: Já vimos que uma
de gasolina. Dividindo-se o número de quilômetros per- proporção é verdadeira quando realizamos a multiplica-
corridos pelo número de litros de combustível consumi- ção em cruz e encontramos o mesmo valor nos dois pro-
dos, teremos o número de quilômetros que esse carro dutos. Outra maneira de verificar a proporção é verificar
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

percorre com um litro de gasolina: se a duas razões que estão sendo igualadas são frações
equivalentes. Lembra deste conceito?
83,76 𝑘𝑚 𝑘𝑚
𝑐= = 10,47
8𝑙 𝑙 FIQUE ATENTO!
Uma fração é equivalente a outra quando
podemos multiplicar (ou dividir) o nume-
#FicaDica rador e o denominador da fração por um
mesmo número, chegando ao numerador e
A razão entre a distância percorrida em rela- denominador da outra fração.
ção a uma quantidade de combustível é de-
finida como “consumo médio”

18
4 12
Ex. e são frações equivalentes, pois:
3 9
4x=12 →x=3 EXERCÍCIOS COMENTADOS
3x=9 →x=3
1. O estado de Tocantins ocupa uma área aproximada de
4
Ou seja, o numerador e o denominador de quan- 278.500 km². De acordo com o Censo/2000 o Tocantins
3
do multiplicados pelo mesmo número (3), chega ao nu- tinha uma população de aproximadamente 1.156.000 ha-
merador e denominador da outra fração, logo, elas são bitantes. Qual é a densidade demográfica do estado de
equivalentes e consequentemente, proporcionais. Tocantins?
Agora vamos apresentar algumas propriedades da
proporção: Resposta : A densidade demográfica é definida como
a razão entre o número de habitantes e a área ocu-
a) Soma dos termos: Quando duas razões são pro- pada:
porcionais, podemos criar outra proporção soman-
do os numeradores com os denominadores e divi- 1 156 000 hab.
dindo pelos numeradores (ou denominadores) das d= = 4,15 ha b⁄k m²
278 500 km²
razões originais:

2. Se a área de um retângulo (A1 ) mede 300  cm²  e a


5 10 5 + 2 10 + 4 7 14
= → = → = área de um outro retângulo (A2 ) mede 100 cm², qual é o
2 4 5 10 5 10 valor da razão entre as áreas (A1 ) e (A2 ) ?
ou
5 10 5 + 2 10 + 4 7 14 Resposta : Ao fazermos a razão das áreas, temos:
= → = → = A1 300
2 4 2 4 2 4 = =3
A2 100
b) Diferença dos termos: Analogamente a soma, te-
mos também que se realizarmos a diferença entre Então, isso significa que a área do retângulo 1 é 3 ve-
os termos, também chegaremos em outras pro- zes maior que a área do retângulo 2.
porções:
4 8 4−3 8−6 1 2 3. Há, em virtude da demanda crescente de economia de
= → = → = água, equipamentos e utensílios como, por exemplo, as
3 6 4 8 4 8 bacias sanitárias ecológicas, que utilizam 6 litros de água
ou por descarga em vez dos 15 litros utilizados por bacias
4 8 4−3 8−6 1 2 sanitárias não ecológicas, conforme dados da Associação
= → = → = Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
3 6 3 6 3 6 Qual será a economia diária de água obtida por meio da
c) Soma dos antecedentes e consequentes: A soma substituição de uma bacia sanitária não ecológica, que
dos antecedentes está para a soma dos conse- gasta cerca de 60 litros por dia com a descarga, por uma
quentes assim como cada antecedente está para o bacia sanitária ecológica?
seu consequente:
Resposta: Se x for o número de litros de água despe-
12 3 12 + 3 15 12 3 jadas pela bacia ecológica, tem-se que:
= → = = = 15/60=6/x → 15x=6∙60 → 15x=360
8 2 8+2 10 8 2 Logo: x=360/15=24 litros.
Então, a economia de água foi de (60-24) = 36 litros.
d) Diferença dos antecedentes e consequentes: A
soma dos antecedentes está para a soma dos con- 4. (IFF – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018) A
sequentes assim como cada antecedente está para quantia de R$ 360.000 deverá ser repassada às escolas A, B
o seu consequente: e C para complemento da merenda escolar. A distribuição
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

12 3 12 − 3 9 12 3 será em partes diretamente proporcionais às quantidades


= → = = = de alunos de cada escola. Sabe-se que a escola A tem 20%
8 2 8−2 6 8 2 a mais de alunos que a escola B e que a escola C tem 20%
a menos de alunos que a escola B. Nesse caso, a escola A
deverá receber
FIQUE ATENTO!
a) R$ 140.000.
Usamos razão para fazer comparação entre
b) R$ 144.000.
duas grandezas. Assim, quando dividimos
c) R$ 168.000.
uma grandeza pela outra estamos compa-
d) R$ 192.000.
rando a primeira com a segunda. Enquanto
e) R$ 216.000.
proporção é a igualdade entre duas razões.

19
A questão informa que a quantia de R$ 360.000 de- Sabemos que a divisão é inversamente proporcional
verá ser repassada às escolas A, B e C, em partes di- as idades dos irmãos e que Jonas é o mais velho, sen-
retamente proporcionais às quantidades de alunos de do assim, irá receber o menor valor. Desta forma não
cada escola. precisamos fazer cálculos para responder a questão.
Sabemos que a escola A tem 20% a mais de alunos GABARITO OFICIAL: ERRADO
que a escola B e que a escola C tem 20% a menos de
alunos que a escola B.
A questão pede o quanto a escola A deverá receber.
A divisão de R$ 360.000, será proporcional, sendo as- DIVISÃO PROPORCIONAL
sim, temos:
360/3 = 120 Para decompor um número M em duas partes A e B
Porém, como a escola A tem 20% a mais de alunos que diretamente proporcionais a p e q, montamos um siste-
a escola B, temos: ma com duas equações e duas incógnitas, de modo que
120 ∙ 1,20 = 144.000 a soma das partes seja A+B=M, mas:
GABARITO OFICIAL: B
A B
=
5. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE – p q
CESPE – 2018) Os irmãos Jonas, Pierre e Saulo, que têm,
respectivamente, 30, 20 e 18 anos de idade, herdaram de
seu pai a quantia de R$ 5 milhões. O testamento prevê A solução segue das propriedades das proporções:
que essa quantia deverá ser dividida entre os irmãos em A B A+B M
partes inversamente proporcionais às suas idades. = = = =K
p q p+q p+q
Nessa situação hipotética, um dos irmãos receberá me-
tade da herança.

( ) CERTO ( ) ERRADO #FicaDica

A questão afirma que a quantia de R$ 5 milhões será O valor de K é que proporciona a solução,
dividida entre os irmãos em partes inversamente pro- pois:   𝐀 = 𝐊 � 𝐩 e 𝐁 = 𝐊 � 𝐪
porcionais às suas idades, que correspondem:
Jonas: 30
Pierre: 20 Exemplo: Para decompor o número 100 em duas par-
Saulo: 18 tes A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, montaremos
Devemos verificar se um dos irmãos receberá metade o sistema de modo que A+B=100, cuja solução segue de:
da herança. A B A + B 100
Somando 30, 20 e 18, temos 68. = = = = 20
Desta forma 68 representa 5milhões. 2 3 5 5
Ao dividir 68 por 2 obtemos a metade:
68/2 = 34 Segue que A=40 e B=60.
(34 representa a metade de 5 milhões) Ex. Determinar números A e B diretamente propor-
Entre os irmãos não existe nenhum com essa idade, cionais a 8 e 3, sabendo-se que a diferença entre eles é
portanto nenhum dos irmãos recebera a metade da 60. Para resolver este problema basta tomar A-B=60 e
herança. escrever:
GABARITO OFICIAL: ERRADO
A B A − B 60
6. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE – = =
8 3 5
=
5
= 12
CESPE – 2018) Os irmãos Jonas, Pierre e Saulo, que têm,
respectivamente, 30, 20 e 18 anos de idade, herdaram de
seu pai a quantia de R$ 5 milhões. O testamento prevê Segue que A=96 e B=36
que essa quantia deverá ser dividida entre os irmãos em
partes inversamente proporcionais às suas idades. Divisão em várias partes diretamente proporcionais
Nessa situação hipotética, Jonas receberá 50% a mais
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

que Saulo. Para decompor um número M em partes X1, X2, ... , Xn


diretamente proporcionais a p1, p2, ... , pn, deve-se montar
( ) CERTO ( ) ERRADO um sistema com n equações e n incógnitas, sendo as so-
mas X1 + X2 + ... + Xn = M e p1 + p2 + ... + pn = P
A questão afirma que a quantia de R$ 5 milhões será
dividida entre os irmãos em partes inversamente pro- x1 x2 xn
porcionais às suas idades, que correspondem: =
p1 p2
=⋯=
pn
Jonas: 30
Pierre: 20
Saulo: 18 A solução segue das propriedades das proporções:
Devemos verificar se Jonas receberá 50% a mais que
Saulo.

20
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn M Divisão em várias partes inversamente proporcionais
= =⋯= = = =K
p1 p2 pn p1 + p2 + ⋯ pn P
Para decompor um número M em n partes inversa-
mente proporcionais a X1, X2, ... , Xn basta decompor este
Ex. Para decompor o número 120 em três partes A, B número M em n partes diretamente proporcionais a 1/
e C diretamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar p1, 1/p2, ... , 1/pn.
um sistema com 3 equações e 3 incógnitas tal que A + B
+ C = 120 eA2 + 4
B + 6C= P.AAssim:
+ B + C 120 A montagem do sistema com n equações e n incógni-
= = = = = 10 tas, assume que X1+X2+...+ Xn=M e, além disso:
2 4 6 P 12
x1 x2 xn
= =⋯=
Logo: A = 20, B = 40 e C = 60. ⁄ ⁄
1 p1 1 p2 ⁄
1 pn

Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor-


cionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 120. Cuja solução segue das propriedades das proporções:
A solução segue das propriedades das proporções:
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn
= =⋯= = =
A B C 2A + 3B − 4C 120 1⁄p1 1⁄p2 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p
= = = = = −15
2 4 6 2 � 2 + 3 � 4 − 4 � 6 −8
x1 x2 xn x1 + x2 + ⋯ + xn M
Logo A = -30, B = -60 e C = -90. =
1⁄p1 1⁄p2
=⋯= = =
1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ 1⁄pn 1⁄p1 + 1⁄p2 + ⋯ + 1⁄pn

Divisão em duas partes inversamente proporcionais Ex. Para decompor o número 220 em três partes A, B e
C inversamente proporcionais a 2, 4 e 6, deve-se montar
Para decompor um número M em duas partes A e um sistema com 3 equações e 3 incógnitas, de modo que
B inversamente proporcionais a p e q, deve-se decom- A+B+C=220. Desse modo:
por este número M em duas partes A e B diretamente
A B C A+B+C 220
proporcionais a 1/p e 1/q, que são, respectivamente, os = = = = = 240
1⁄2 1⁄4 1⁄6 1⁄2 + 1⁄4 + 1⁄6 11⁄12
inversos de p e q.
Assim basta montar o sistema com duas equações e
duas incógnitas tal que A+B = M. Desse modo: A solução é A=120, B=60 e C=40.
Ex. Para obter números A, B e C inversamente pro-
A B A+B M M�p�q porcionais a 2, 4 e 6, de modo que 2A + 3B - 4C = 10,
= = =
1⁄p 1⁄q 1⁄p + 1⁄q 1⁄p + 1⁄q
=
p+q
=K devemos montar as proporções:

A B C 2A + 3B − 4C 10 120
O valor de K proporciona a solução, pois: A = K/p e = = = = =
B = K/q. 1⁄2 1⁄4 1⁄6 2⁄2 + 3⁄4 − 4⁄6 13⁄12 13
Exemplo: Para decompor o número 120 em duas par-
tes A e B inversamente proporcionais a 2 e 3, deve-se Logo A=60/13, B=30/13 e C=20/13.
montar o sistema tal que A + B= 120, de modo que:
FIQUE ATENTO!
A B A+B 120 120 � 2 � 3 Pode haver coeficientes A,B e C como nú-
= = = = = 144
1⁄2 1⁄3 1⁄2 + 1⁄3 5⁄6 5 meros fracionários e/ou negativos.

Assim A=72 e B=48.


Exemplo: Determinar números A e B inversamente Divisão em duas partes direta e inversamente propor-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

proporcionais a 6 e 8, sabendo-se que a diferença entre cionais


eles é 10. Para resolver este problema, tomamos A - B=
10. Assim: Para decompor um número M em duas partes A e B
diretamente proporcionais a c e d e inversamente pro-
A B A−B 10 porcionais a p e q, deve-se decompor este número M
= = = = 240 em duas partes A e B diretamente proporcionais a c/q e
1⁄6 1⁄8 1⁄6 − 1⁄8 1⁄24
d/q, basta montar um sistema com duas equações e duas
incógnitas de forma que A+B=M e, além disso:
Assim A=40 e B=30.
A B A+B M M� p�q
= = = = =K
c⁄p d⁄q c⁄p + d⁄q c⁄p + d⁄q c � q + p � d

21
O valor de K proporciona a solução, pois: A=Kc/p e
A B C 2A + 3B − 4C 10 100
B=Kd/q. = = = = =
Exemplo: Para decompor o número 58 em duas partes 1⁄2 10⁄4 2⁄5 2⁄2 + 30⁄4 − 8⁄5 69⁄10 69
A e B diretamente proporcionais a 2 e 3, e, inversamente
proporcionaisAa 5 e B7, deve-se
A + montar
B as
58proporções: A solução é A=50/69, B=250/69 e C=40/69
= = = = 70
2/5 3/7 2/5 + 3/7 29/35

Assim A=(2/5)∙70=28 e B=(3/7)∙70=30 EXERCÍCIO COMENTADO


Exemplo: Para obter números A e B diretamente pro- 1. Os três jogadores mais disciplinados de um campeo-
porcionais a 4 e 3 e inversamente proporcionais a 6 e 8, nato de futebol amador irão receber o prêmio de R$:
sabendo-se que a diferença entre eles é 21. Para resol- 3.340,00 rateados em partes inversamente proporcionais
ver este problema basta escrever que A-B=21 resolver as ao número de faltas cometidas em todo campeonato. Os
proporções: Jogadores cometeram 5, 7 e 11 faltas. Qual a premiação
A B A−B 21 a cada um deles respectivamente?
= = = = 72
4⁄6 3⁄8 4⁄6 − 3⁄8 7⁄24
Resposta:
Do enunciado tiramos que:
Assim A=(4/6)∙72=48 e B=(3/8)∙72=27. p1 = K . 1/5
p2 = K . 1/7
Divisão em n partes direta e inversamente proporcio- p3 = K . 1/11
nais p1 + p2 + p3 = 3340
Para encontrarmos o valor da constante  K  devemos
Para decompor um número M em n partes X1, X2, ..., Xn substituir o valor de p1, p2 e p3 na última expressão:
diretamente proporcionais a, p1, p2, ..., pn e inversamente
proporcionais a q1, q2, ... , qn, basta decompor este núme- Portanto:
ro M em n partes X1, X2, ..., Xn diretamente proporcionais p1 = 7700 . 1/5 = 1540
a p1 / q1, p2 / q2, ..., pn / qn. p2 = 7700 . 1/7 = 1100
A montagem do sistema com n equações e n incógni- p3 = 7700 . 1/11 = 700
tas exige que X1 + X2 + ... + Xn = M e além disso: A premiação será respectivamente R$  1.540,00,
R$ 1.100,00 e R$ 700,00.
x1 x2 xn
= =⋯=
⁄ ⁄
p1 q1 p2 q 2 pn⁄q n

REGRA DE TRÊS SIMPLES


A solução segue das propriedades das proporções:
x1 x2 xn xn + x2 + Os
⋯+ problemas
xn que envolvem duas grandezas direta-
= =⋯= = mente ou inversamente proporcionais podem ser resol-
p1 /q1 p2 /q 2 pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + ⋯ + pn/q n
vidos através de um processo prático, chamado regra de
x2 xn xn + x2 + ⋯ + xn três simples.
= =⋯= =
p2 /q 2 pn/q n p1 /q1 + p2/q 2 + ⋯ + pn/q n
Ex: Um carro faz 180 km com 15L de álcool. Quantos
litros de álcool esse carro gastaria para percorrer 210 km?
Ex. Para decompor o número 115 em três partes A, B
e C diretamente proporcionais a 1, 2 e 3 e inversamente Solução:
proporcionais a 4, 5 e 6, deve-se montar um sistema com
3 equações e 3 incógnitas de forma de e tal que: O problema envolve duas grandezas: distância e litros
A B C A+B+C 115 de álcool.
= = = = = 100 Indiquemos por x o número de litros de álcool a ser
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1/4 2/5 3/6 1/4 + 2/5 + 3/6 23/20


consumido.
Coloquemos as grandezas de mesma espécie em uma
Logo A=(1/4)100=25, B=(2/5)100=40 e mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que
C=(3/6)100=50. se correspondem em uma mesma linha:

Ex. Determinar números A, B e C diretamente propor- Distância (km) Litros de álcool


cionais a 1, 10 e 2 e inversamente proporcionais a 2, 4 e 180 15
5, de modo que 2A + 3B - 4C -= 10. 210 x
A montagem do problema fica na forma:
Na coluna em que aparece a variável x (“litros de ál-
cool”), vamos colocar uma flecha:

22
Observe que, se duplicarmos a distância, o consumo Observe que, se duplicarmos a velocidade, o tempo
de álcool também duplica. Então, as grandezas distância fica reduzido à metade. Isso significa que as grandezas
e litros de álcool são diretamente proporcionais. No velocidade e tempo são inversamente proporcionais.
esquema que estamos montando, indicamos esse fato No nosso esquema, esse fato é indicado colocando-se na
colocando uma flecha na coluna “distância” no mesmo coluna “velocidade” uma flecha em sentido contrário ao
sentido da flecha da coluna “litros de álcool”: da flecha da coluna “tempo”:

Armando a proporção pela orientação das flechas, Na montagem da proporção devemos seguir o senti-
temos: do das flechas. Assim, temos:

Resposta: O carro gastaria 17,5 L de álcool.


Resposta: Farei esse percurso em 3 h.

#FicaDica
Procure manter essa linha de raciocínio nos REGRA DE TRÊS COMPOSTA
diversos problemas que envolvem regra de
três simples ! Identifique as variáveis, verifi- O processo usado para resolver problemas que en-
que qual é a relação de proporcionalidade e volvem mais de duas grandezas, diretamente ou inver-
siga este exemplo ! samente proporcionais, é chamado regra de três com-
posta.

Ex: Viajando de automóvel, à velocidade de 60 km/h, Ex: Em 4 dias 8 máquinas produziram 160 peças. Em
eu gastaria 4 h para fazer certo percurso. Aumentando quanto tempo 6 máquinas iguais às primeiras produzi-
a velocidade para 80 km/h, em quanto tempo farei esse riam 300 dessas peças?
percurso? Solução: Indiquemos o número de dias por x. Co-
Solução: Indicando por x o número de horas e colo- loquemos as grandezas de mesma espécie em uma só
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

cando as grandezas de mesma espécie em uma mesma coluna e as grandezas de espécies diferentes que se
coluna e as grandezas de espécies diferentes que se cor- correspondem em uma mesma linha. Na coluna em que
respondem em uma mesma linha, temos: aparece a variável x (“dias”), coloquemos uma flecha:

Velocidade (km/h) Tempo (h)


60 4
80 x

Na coluna em que aparece a variável x (“tempo”), va-


mos colocar uma flecha: Comparemos cada grandeza com aquela em que está
o x.

23
As grandezas peças e dias são diretamente propor- Observe que,  aumentando  o número de homens, a
cionais. No nosso esquema isso será indicado colocan- produção de carrinhos  aumenta. Portanto a relação
do-se na coluna “peças” uma flecha no mesmo sentido é  diretamente proporcional  (não precisamos inverter
da flecha da coluna “dias”: a razão).
Aumentando o número de dias, a produção de carri-
nhos  aumenta. Portanto a relação também é  direta-
mente proporcional (não precisamos inverter a razão).
Devemos igualar a razão que contém o termo x com o
produto das outras razões.
Montando a proporção e resolvendo a equação, te-
mos:
As grandezas máquinas e dias são inversamente pro- 20 8 5
porcionais (duplicando o número de máquinas, o número = �
de dias fica reduzido à metade). No nosso esquema isso π 4 16
será indicado colocando-se na coluna (máquinas) uma
flecha no sentido contrário ao da flecha da coluna “dias”: 20 � 4 � 16
x= = 32
8�5
Logo, serão montados 32 carrinhos.

2. Para se construir um muro de 17m² são necessários 3


trabalhadores. Quantos trabalhadores serão necessários
para construir um muro de 51m²?

Agora vamos montar a proporção, igualando a razão Resposta: 9 trabalhadores.


que contém o x, que é 4 , com o produto das outras ra- As grandezas (área e trabalhadores) são diretamente
zões, obtidas segundo axorientação das flechas 6 � 160 : proporcionais. Assim, a regra de três é direta:
8 300

Área N Trabalhadores
17 3
51 x
17 � x = 51 � 3 → x = 9 trabalhadores

3. (EMAP – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018)


Resposta: Em 10 dias. Os operadores dos guindastes do Porto de Itaqui são to-
dos igualmente eficientes. Em um único dia, seis desses
operadores, cada um deles trabalhando durante 8 horas,
FIQUE ATENTO! carregam 12 navios.
Repare que a regra de três composta, em- Com referência a esses operadores, julgue o item seguin-
bora tenha formulação próxima à regra de te.
três simples, é conceitualmente distinta de- Para carregar 18 navios em um único dia, seis desses
vido à presença de mais de duas grandezas operadores deverão trabalhar durante mais de 13 horas.
proporcionais.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Sabemos que 6 operadores, cada um deles trabalhan-


EXERCÍCIOS COMENTADOS do durante 8 horas, carregam 12 navios.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Devemos identificar quantas horas serão utilizadas


1. Em uma fábrica de brinquedos, 8 homens montam 20 para que estes mesmos 6 operadores carreguem 18
carrinhos em 5 dias. Quantos carrinhos serão montados navios.
por 4 homens em 16 dias? Assim tempos:
12 Navios----------8 Horas
Resposta: 18 Navios---------- x Horas
12 ∙ x = 18 ∙ 8
Homens Carrinhos Dias 12 ∙ x = 144
8 20 5 x = 144/12
x = 12
4 x 16 GABARITO OFICIAL: ERRADO

24
4. (IFF – CARGOS DE NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2018) Se Cálculo da parte (Conheço p e V e quero achar A):
4 servidores, igualmente eficientes, limpam 30 salas de Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, bas- 𝑝
aula em exatamente 5 horas, então, 8 servidores, traba- ta multiplicarmos a fração correspondente, ou seja, 100
lhando com a mesma eficiência dos primeiros, limparão por V. Assim:
36 salas em exatamente 𝑝
P% de V =A= 100 .V
a) 7 horas.
b) 6 horas.
c) 5 horas. Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2
d) 4 horas. 100
e) 3 horas.
Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV.
Temos: Se a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas
4 servidores---------30 salas----------5 horas assistem ao tal programa?
8 servidores---------36 salas----------x horas Aqui, queremos saber a “parte” da população que as-
Sabemos que quanto mais servidores, serão utilizadas siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e
um menor número de horas, sendo assim temos gran- o total, basta realizarmos a multiplicação:
dezas inversamente proporcionais.
8 servidores---------30 salas----------5 horas 67
4 servidores---------36 salas----------x horas 67% de 56000=A= 56000=37520
100

Resp. 37 520 pessoas.


5 8 30 5 240
= � → =
𝑥 4 36 𝑥 144 Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero
5 � 144 = 𝑥 � 240 achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o va-
720 = 𝑥 � 240 lor de p e apenas precisamos rearranjar a mesma:
𝑥 = 720/240
𝑥=3 𝑝 𝐴
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100
100 𝑉
Portanto, serão necessárias 3 horas para 8 servidores
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos.
limparem 36 salas.  Qual foi sua porcentagem de vitórias?
GABARITO OFICIAL: E Neste caso, o exercício quer saber qual a porcenta-
gem de vitórias que esse time obteve, assim:

PORCENTAGEM 𝐴 10
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16

Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos.


Porcentagem
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou
A definição de porcentagem passa pelo seu próprio 48 de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário
nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou acertar 55% das questões, o candidato foi ou não foi
seja, é uma fração de denominador 100. Representamos aprovado?
porcentagem pelo% e lê-se:50“por cento”. Para sabermos se o candidato passou, é necessário
Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equiva- calcular sua porcentagem de acertos:
lente a ela é uma porcentagem que podemos represen-
tar por 50%.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

𝐴 48
𝑝= . 100 = . 100 = 60% > 55%
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que 𝑉 80
representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos
como 100%. Assim, de uma maneira geral, temos que: Logo, o candidato foi aprovado.
𝑝
𝐴= .𝑉 Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
100 No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso
100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente:
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o
todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcenta- 𝑝 𝐴 𝐴
gem se resumem a três tipos: 𝐴=
100
. 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100
𝑉 𝑝

25
Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de
tiros ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros, janeiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de au-
quantos tiros ele deu no total? mento. Se a empresa deseja que o salário desse funcio-
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale nário, a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário
o “todo”, assim: deve admiti-lo?
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
𝐴 15 saber o valor de V, assim:
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠
𝑝 75
p
VA = ( 1 + ).V
Forma Decimal: Outra forma de representação de 100
porcentagens é através de números decimais, pois to-
dos eles pertencem à mesma classe de números, que são 3500 = ( 1 +
40
).V
os números racionais. Assim, para cada porcentagem, há 100
um numero decimal equivalente. Por exemplo, 35% na 3500 =(1+0,4).V
forma decimal seriam representados por 0,35. A conver-
são é muito simples: basta fazer a divisão por 100 que 3500 =1,4.V
está representada na forma de fração:
3500
V= =2500
1,4
75
75% = = 0,75 Resp. R$ 2 500,00
100

Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar


Aumento e desconto percentual em 20% o valor de seus produtos. Se o preço de um de-
les é de R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação?
Outra classe de problemas bem comuns sobre por-
Aqui, basta calcular o valor de VD :
centagem está relacionada ao aumento e a redução per-
centual de um determinado valor. Usaremos as defini- p
VD = (1 – ) .V
ções apresentadas anteriormente para mostrar a teoria 100
envolvida 20
VD = (1 – ) .250,00
100
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial
VD = (1 –0,2) .250,00
V que deve sofrer um aumento de p% de seu valor. Cha-
memos de VA o valor após o aumento. Assim:
VD = (0,8) .250,00

VA = V +
p
.V VD = 200,00
100 Resp. R$ 200,00

Fatorando:
FIQUE ATENTO!
Em alguns problemas de porcentagem são
VA = ( 1 +
p
) .V necessários cálculos sucessivos de aumen-
100 tos ou descontos percentuais. Nesses ca-
sos é necessário ter atenção ao problema,
Em que (1 + p ) será definido como fator de au- pois erros costumeiros ocorrem quando se
mento, que pode100 estar representado tanto na forma de calcula a porcentagens do valor inicial para
fração ou decimal. obter todos os valores finais com descon-
tos ou aumentos. Na verdade, esse cálculo
Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial só pode ser feito quando o problema diz
que TODOS os descontos ou aumentos
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

V que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Cha-


memos de VD o valor após o desconto. são dados a uma porcentagem do valor
inicial. Mas em geral, os cálculos são feitos
VD = V –
p
.V como mostrado no texto a seguir.
100
Fatorando: Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos
um valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer
p
VD = (1 – ) .V dois aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor
100 após o primeiro aumento, temos:
p
Em que (1 – ) será definido como fator de des- 𝑝1
100
conto, que pode estar representado tanto na forma de V1 = V .(1 + )
fração ou decimal. 100

26
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
após já ter aumentado uma vez, temos que: sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
ao seu valor original.
𝑝2
V2 = V1 .(1 + )
100 ( ) Certo ( ) Errado

Como temos também uma expressão para V1, basta Este problema clássico tem como finalidade concei-
substituir: tuar esta parte de aumento e redução percentual e evitar
o erro do leitor ao achar que aumentando p% e dimi-
nuindo p%, volta-se ao valor original. Se usarmos o que
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1 + ) .(1 + ) aprendemos, temos que:
100 100
𝑝1 𝑝2
Assim, para cada aumento, temos um fator corres- V2 = V . 1+ . 1–
100 100
pondente e basta ir multiplicando os fatores para chegar 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
ao resultado final.
20 20
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois
descontos sucessivos de p1% e p2%.
V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos:
V2 = V .(1,2) .(0,8)
𝑝1
V1 = V.(1 – )
100 96
V2 = 0,96.V= V=96% de V
100
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
após já ter descontado uma vez, temos que:
Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
𝑝2 100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assi-
V2 = V_1 .(1 – )
100 nalar a opção ERRADO
Como temos também uma expressão para V2, basta
substituir:
𝑝1 𝑝2 EXERCÍCIOS COMENTADOS
V2 = V .(1 – ) .(1 – )
100 100
Além disso, essa formulação também funciona para 01. (SEDUC-AL – PROFESSOR - MATEMÁTICA – CES-
aumentos e descontos em sequência, bastando apenas PE – 2018) Com relação a matemática financeira, cada
a identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V um do item a seguir apresenta uma situação hipotética
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um seguida de uma assertiva a ser julgada.
aumento de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%. Para liquidar o estoque de determinado produto, o lojista
ofereceu um desconto de 10% no preço de venda. Pas-
Sendo V1 o valor após o aumento, temos: sados alguns dias, para o estoque remanescente, o lojista
concedeu novo desconto, agora de 20% sobre o preço já
𝑝1 com primeiro desconto. Nessa situação, o valor do des-
V1 = V .(1+ ) conto que é equivalente a um único desconto aplicado
100 sobre o preço do produto é igual a 28%.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Sendo V2 o valor após o desconto, temos que: ( ) CERTO ( ) ERRADO

𝑝2 A questão afirma que foi aplicado um desconto de


V2 = V_1 .(1 – ) 10% no preço de venda. Passados alguns dias, foi apli-
100 cado um novo desconto, agora de 20% sobre o preço
já com primeiro desconto.
Como temos uma expressão para , basta substituir: Devemos identificar se nessa situação, o valor do des-
conto que é equivalente a um único desconto aplica-
𝑝1 𝑝2 do sobre o preço do produto é igual a 28%.
V2 = V .(1+ ) .(1 – ) Vamos supor que o preço inicial era R$100,00
100 100 Aplicação do 1º desconto (10%)
100,00 – 10% = 90,00

27
Aplicação do 2º desconto (20%)
90,00 – 20% = 72,00 REGULARIDADES E PADRÕES EM
O valor final corresponde a:
SEQUÊNCIAS. SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.
72,00/100,00 = 0,28
0,28 ∙ 100 = 28%
PROGRESSÃO ARITMÉTICA E
GABARITO OFICIAL: CERTO PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

02. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE


– CESPE – 2018) Ao passar com seu veículo por um radar
eletrônico de medição de velocidade, o condutor perce- Sequências Numéricas
beu que o velocímetro do seu carro indicava a velocidade
de 99 km/h. Definição
Sabe-se que a velocidade mostrada no velocímetro do
veículo é 10% maior que a velocidade real, que o radar O diário do professor é composto pelos nomes de
mede a velocidade real do veículo, mas o órgão fiscaliza- seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são
dor de trânsito considera, para efeito de infração, valores escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá-
de velocidade 10% inferiores à velocidade real.
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês
Nessa situação, considerando que a velocidade máxima
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
permitida para a via onde se localiza o referido radar é de
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências
80 km/h, o condutor não cometeu infração, pois, descon-
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência
tando-se 20% da velocidade mostrada no velocímetro de
seu veículo, o valor de velocidade considerada pelo ór- que você pode imaginar.
gão fiscalizador será de 79 km/h. A definição formal de sequência é todo conjunto ou
grupo no qual os seus elementos estão escritos em uma
( ) CERTO ( ) ERRADO determinada ordem ou padrão. No estudo da matemáti-
ca estudamos obviamente, as sequências numéricas.
Ao passar com seu veículo por um radar eletrônico de Ao representarmos uma sequência numérica, deve-
medição de velocidade, o condutor percebeu que o mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al-
velocímetro do seu carro indicava a velocidade de 99 guns exemplos de sequências numéricas:
km/h. Sabe-se que a velocidade mostrada no velocí-
metro do veículo é 10% maior que a velocidade real, Ex: (2,4,6,8,10,12,…) - números pares positivos.
que o radar mede a velocidade real do veículo, mas o Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...) - números naturais.
órgão fiscalizador de trânsito considera, para efeito de Ex: (10,20,30,40,50...) - números múltiplos de 10.
infração, valores de velocidade 10% inferiores à velo- Ex: (10,15,20,30) - múltiplos de 5, maiores que 5 e me-
cidade real. nores que 35.
Nessa situação, considerando que a velocidade má- Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de
xima permitida para a via onde se localiza o referido sequências:
radar é de 80 km/h, o condutor não cometeu infração, Sequência finita: Sequência numérica onde a quanti-
pois, descontando-se 20% da velocidade mostrada no dade dos elementos é finita.
velocímetro de seu veículo, o valor de velocidade con- Sequência infinita: Sequência que seus elementos se-
siderada pelo órgão fiscalizador será de 79 km/h. guem ao infinito.
O velocímetro do corro indicava 99km/h, como a ve-
locidade mostrada no velocímetro do veículo é 10% Representação
maior que a velocidade real, temos:
99km/h, corresponde a 110% Em uma sequencia numérica qualquer, o primeiro
Sendo assim:
termo será representado por uma letra minúscula segui-
99 Km/h----------110% (1,10
do de sua posição na sequência. Assim, o primeiro termo
x Km/h-----------100% (1)
é representado por a1, o segundo termo é a2, o terceiro
99 ∙ 1 = x ∙ 1,1
a3 e assim por diante.
99 = x ∙ 1,1
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

x = 99/1,1
x = 90
Agora devemos subtrairmos os 10% de tolerância: FIQUE ATENTO!
90 – 10% = 81km Em uma sequência numérica finita desconhe-
GABARITO OFICIAL: ERRADO cida, o último elemento (chamado por exem-
plo de n-ésimo termo) é representado por an.

28
Progressão Aritmética
#FicaDica
Definição
Na matemática, achar uma expressão que
possa descrever a sequência numérica em As progressões aritméticas, conhecidas com “PA”, são
função da posição do termo na mesma tor- sequências de números, que seguem um determinado
na-se conveniente e necessário para se usar padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte
essa teoria. Os exemplos a seguir exemplifi- da sequência ser o termo anterior adicionado de um va-
cam esse conceito: lor fixo, que chamaremos de constante da PA, represen-
tado pela letra “r”.
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima:
Ex: (1,2,3,4,…)→Essa sequência pode ser descrita a) S={1,2,3,4,5…} : Esta sequência é caracterizada por
como sendo: an=n. Ou seja, qualquer termo da sequência sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja,
é exatamente o valor de sua posição. trata-se de uma PA com razão . Se r>0, classificare-
Ex: (5,8,11,14,…)→Essa sequência pode ser descrita mos com PA crescente.
como sendo: an=3n+2. Ou seja, qualquer termo da se- b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên-
quência é o triplo da sua posição somado 2. cias onde ao invés de somar, estaremos subtraindo
um valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte é o
Ex: (0,3,8,15,…)→ Essa sequência pode ser descrita termo anterior subtraído 2, assim, trata-se de uma
como sendo: an=n2-1. Ou seja, qualquer termo da se- PA com razão . Se r<0, classificaremos com PA de-
quência é o quadrado da sua posição subtraído 1. crescente.
c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma se-
Essa expressão de an é definida como expressão do quência de valores constantes, nesse caso, é como
termo geral da sequência. se estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se
r=0, classificaremos com PA constante.

EXERCÍCIOS COMENTADOS Termo Geral

1. (FCC-2016 – MODIFICADO) Determine o termo ge- Dado esta lógica de formação das progressões arit-
ral an da sequência numérica méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão
do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
1 3 5 7
, , , , … , an que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:
2 4 6 8
an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗
Resposta: Mediante análise dos termos da sequência,
nota-se que termo geral é Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex-
2n − 1 pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
an = a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
2n trar outro termo.

2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3,
ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A qual é o quinto termo?
diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
é igual a: Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
1 e n = 5. Assim: an = ap + n − p � r
a) 0,9 a5 = a1 + 5 − 1 � r
b) 9 a5 = 7 + 4 � 3
c) 0,009
a5 = 19
d) 0,09
e) 0,0009 Ou seja, o quinto termo desta PA é 19.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Resposta: Letra C.2n−1Utilizando o termo geral dessa b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter
sequência an = , facilmente a500 e a50 são a razão da PA.
2n
identificados. Substituindo para n=500 e n=50, che- Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será
ga-se ao resultado. a razão da PA?
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
3 e n = 6. Assim:

29
P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa sequên-
an = ap + n − p � r cia finita, dizemos que dois termos são equidistantes dos
extremos se a quantidade de termos que precederem o
a6 = a3 + 6 − 3 � r
primeiro deles for igual à quantidade de termos que su-
−1 = 2 + 3 � r cederem ao outro termo. Assim, na sucessão:
3r = −3 (a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ),
− − −
r = −1
Temos:

Ou seja, a razão desta PA é -1. a2 e an 1 são termos equidistantes dos extremos;



a3 e an 2 são termos equidistantes dos extremos;
Soma dos termos

a4 e an 3 são termos equidistantes dos extremos.

Outro ponto importante de uma progressão arit-


mética é a soma dos termos. Considerando uma PA Nota-se que sempre que dois termos são equidis-
que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos: tantes dos extremos, a soma dos seus índices é igual ao
S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to- valor de n + 1. Assim sendo, podemos generalizar que,
dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10 se os termos e são equidistantes dos extremos, então:
= 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e . p + k = n+1
Como você calcularia a soma dos 5 termos?
O jeito que você aprendeu até agora seria obter os
outros termos e a razão a partir da expressão do termo FIQUE ATENTO!
geral, porém você teria que fazer muitas contas para che-
Com as considerações anteriores, temos que
gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um
numa PA com termos, a soma de dois ter-
padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa
mos equidistantes dos extremos é constante
apenas do primeiro termo e do último:
e igual a soma do primeiro termo com o úl-
timo termo.
a1 + an � n
Sn =
2 Ex: Sejam, numa PA de termos, ap e ak termos equi-
distantes dos extremos, teremos, então:
Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos
calcular a soma: ap = a1 + (p – 1) � r ⇒ ap = a1 + p � r – r
ak = a1 + (k – 1) � r ⇒ ak = a1 + k � r – r
2 + 10 � 5 12 � 5 60
Sn = = = = 30
2 2 2 Somando as expressões:
Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
para acharmos a soma. ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
Propriedades ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
As progressões aritméticas possuem algumas pro-
priedades interessantes que podem ser exploradas em
provas de concursos: Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com:
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos
considerar três termos consecutivos de uma PA sendo ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r
an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula ap + ak = a1 + an
do termo geral que:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

an = an−1 + r
an = an+1 – r
Somando as duas expressões: EXERCÍCIOS COMENTADOS
2an = an−1 + r + an +1 − r 1. Em relação à progressão aritmética (10, 17, 24, …), de-
2an = an−1 + an + 1 termine:

O que leva a: a) o termo geral dessa PA;


an−1 + an + 1 b) o seu 15° termo;
an =
2

30
Resposta: 1 1 1
b) S = {9,3,1, , , … }: Esta sequência
a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé- 3 9 sempre
27
é caracterizada por multiplicar o ter-
1
tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r:
mo anterior por uma razão constante q =
r = a2 – a1 3
, ou seja, estar sendo dividida sempre por 3. As-
r = 17 – 10
r=7 sim, como os termos subseqüentes são menores,
A razão é 7, e o primeiro termo da progressão (a1) é 10. temos uma PG decrescente (caracterizada por
Através da fórmula do termo geral da PA, temos: a1 > 0 e 0 < q < 1 ).
c) S={-1,-2,-4,-8 ,-16,…}: Esta sequência é caracteri-
an = a1 + (n – 1). r zada por sempre multiplicar o termo anterior por
an = 10 + (n – 1). 7 uma constante q=-2. Assim, como os termos sub-
seqüentes são menores, temos outro caso de PG
Portanto, o termo geral da progressão é dado por an = decrescente (caracterizada por a1 < 0 e q > 1 ).
10 + (n – 1). 7. d) S={1,-4,16,-64,256…}: Esta sequência mostra alter-
nância de sinal entre os termos. A razão neste caso
b)  Como já encontramos a fórmula do termo geral, é q=-4 e quando isto ocorre, definimos como PG
vamos utilizá-la para encontrar o 15° termo. Tendo em alternada. (caracterizada por q < 0 ).
vista que n = 15, temos então: e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos
constantes e é caracterizada por ter uma razão
an = 10 + (n – 1). 7 q=1. Neste caso, é definido o que chamamos de
a15 = 10 + (15 – 1). 7 PG constante.
a15 = 10 + 14 . 7
a15 = 10 + 98
a15 = 108 FIQUE ATENTO!
Atenção as definições de PG decrescente e
O 15° termo da progressão é 108.
PG alternada, muitos alunos se confundem e
dizem que PG decrescente ocorre quando ,
2. (CONED-2016) Em uma PA com 12 termos, a soma
em uma analogia a PA.
dos três primeiros é 12 e a soma dos dois últimos é 65. A
razão dessa PA é um número:

a) Múltiplo de 5
Termo Geral
b) Primo
c) Com 3 divisores positivos
d) Igual a média geométrica entre 9 e 4 Dado esta lógica de formação das progressões geo-
e) Igual a 4! métricas, podemos também definir a “expressão do ter-
mo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática que rela-
Resposta: Letra B. Aplicando a fórmula do termo ge- ciona dois termos de uma PG com a razão q:
ral nas duas considerações do enunciado, chega-se a
razão igual a 3, que é um número primo an = ap � qn−p , n ∈ ℕ∗ , q ∈ ℝ

Onde an e ap são termos quaisquer da PG. Essa ex-


pressão geral pode ser utilizada de 2 formas:
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (PG)
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon-
Definição trar outro termo. Exemplo: O primeiro termo da PG
igual a 5 e a razão é 2, qual é o quarto termo?
As progressões geométricas, conhecidas com “PG”,
são sequências de números, como as PA, mas seu padrão Resolução: Temos então a1 = 5 e q = 2 e quere-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

está relacionado com a operação de multiplicação e di- mos achar a4 . Substituindo na fórmula do termo geral,
visão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG é composto temos que p = 1 e n = 4. Assim:
pelo termo anterior multiplicado por uma razão cons-
tante, que será chamada de “q”. an = ap � qn−p
Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas defini-
ções: a4 = a1 � q4−1
a4 = 5 � 23
a) S={2,4,8,16,32…}: Esta sequência é caracterizada
por sempre multiplicar o termo anterior por uma a4 = 5 � 8 = 40
razão constante, q = 2. Como os termos subse-
qüentes são maiores, temos uma PG crescente (ca-
Ou seja, o quarto termo desta PG é 40.
racterizada por q > 0 )

31
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter
a razão da PG. Exemplo: O segundo termo da PG é a1 qn − 1
3 e o quarto é 1/3, qual será a razão da PG, saben-
Sn =
q−1
do que q < 0 ?
1
Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = e que- a1 q4 − 1
3 S4 =
remos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral,
temos que p = 2 e n = 4. Assim:
q−1

an = ap � qn−p 4 34 − 1
S4 =
a4 = a2 � q4−2 3−1
1
= 3 � q2 4 � 343 − 1
3 S4 = = 2 � 342 = 684
1 2
q2 =
9
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG
é igual a 684.

Soma da PG infinita

Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres-


Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3. sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG
com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, pode-
Soma finita dos termos mos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras,
Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1
somatória dos “n” primeiros termos também. Uma fór- , podemos obter a somar todos eles e obter um valor
mula foi deduzida e está apresentada a seguir: finito. A fórmula da PG infinita é apresentada a seguir:
a1
a1 � qn − 1 S∞ =
Sn =
1−q
q−1

O ponto interessante desta fórmula é que ela depen- #FicaDica


de apenas da razão e do primeiro termo, sem a necessi-
A fórmula é bem simples e como na fórmu-
dade de obter o termo . Caso você tenha qualquer outro
la da soma dos “n” primeiros termos, temos
termo e a razão q, você obtém primeiramente o primeiro
dependência apenas do primeiro termo e da
termo com a fórmula do termo geral e depois obtém a
razão.
soma. O exemplo a seguir ilustra isso:

Exemplo: Calcule a soma dos quatro primeiros temos


de uma PG, com q = 3 e a2 = 12 Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG:

Resolução: Para aplicar a fórmula da soma, é necessá- 1 1 1 1 1


rio obter o primeiro termo da PG. Usando o termo geral S = {1, , , , , ,…�
2 4 8 16 32
(com n=2 e p=1):
an = ap � qn−p Resolução: Como se trata de uma PG decrescen-
a2 = a1 � q2−1 te com a1 = 1 e q =
1
, ela atende aos requisitos da
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

soma infinita: Substituindo na fórmula:


2
12 = a1 � 31
a1 = 4
Com o primeiro termo obtido, podemos encontrar a
somatória (com n=4):

32
a1
S∞ =
1−q

Agora, preencheremos a quantidade de possibilida-


1 des de cada caso:
S∞ =
1
1−
2

1
S∞ = =2
1
Finalmente, multiplicamos os números:
2
Ou seja, a soma dos termos desta PG infinita vale 2.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
Assim, João tem 180 possibilidades diferentes de se
montar um prato.
1. Determine o valor do sexto termo da seguinte pro-
gressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...). Fatorial
Resposta: a6 = 32 Antes de definirmos casos particulares de contagem,
Nota-se que a razão da progressão geométrica é igual iremos definir uma operação matemática que será uti-
a 2. Então, tem-se que: lizada nas próximas seções: o fatorial. Define-se o sinal
an = ap � qn−p de fatorial pelo ponto de exclamação, ou seja, “!“. Assim,
quando encontrarmos 2! Significa que estaremos calcu-
a6 = a1 � q6−1 lando o “fatorial de 2” ou “2 fatorial”. A definição de fato-
a6 = 1 � 25 = 32 rial está apresentada a seguir:
n! = n ⋅ n − 1 ⋅ n − 2 ⋅ n − 3 … 3 ⋅ 2 ⋅ 1

NOÇÕES BÁSICAS DE CONTAGEM E Ou seja, o fatorial de um número é caracterizado pelo


PROBABILIDADE produto deste número e seus antecessores, até se chegar
ao número 1. Vejam os exemplos abaixo:

3! = 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 6
PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CONTAGEM
5! = 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 120
O princípio fundamental da contagem permite quan-
tificar situações ou casos de uma determinada situação
ou evento. Em outras palavras, é uma maneira sistemáti- Assim, basta ir multiplicando os números até se che-
ca de “contar” a quantidade de “coisas”. gar ao número 1. Observe que os fatoriais aumentam
A base deste princípio se dá pela separação de ca- muito rápido, veja quanto é 10!:
sos e quantificação dos mesmos. Após isso, uma mul-
tiplicação de todos estes números é feita para achar a 10! = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1 = 3628800
quantidade total de possibilidades. O exemplo a seguir
irá ilustrar isso. Já estamos na casa dos milhões! Para não trabalhar-
Exemplo:“ João foi almoçar em um restaurante no mos com valores tão altos, as operações com fatoriais
centro da cidade, ao chegar no local, percebeu que ofe- são normalmente feitas por último, procurando fazer o
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

recem 3 tipos de saladas, 2 tipos de carne, 6 bebidas di- maior número de simplificações possíveis. Observe este
ferentes e 5 sobremesas diferentes. De quantas maneiras exemplo:
distintas ele pode fazer um pedido, pegando apenas 1 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
tipo de cada alimento? ” Calcule =
7! 7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1

Resolução: O princípio da contagem depende forte- Resolução: Ao invés de calcular os valores de 7! e 10!
mente de uma organização do problema. A sugestão é separadamente e depois fazer a divisão, o que levaria
sempre organizar cada caso em traços e preenchendo a muito tempo, nós simplificamos os fatoriais primeiro.
quantidade de possibilidades. Como temos 4 casos dis- Pela definição de fatorial, temos o seguinte:
tintos (salada, carne, bebida e sobremesa), iremos fazer 10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
4 traços: 7!
=
7 ⋅6 ⋅5 ⋅4 ⋅3 ⋅2 ⋅1

33
Observe que o denominador pode ser inteiramente Montando a esquematização:
cancelado, pois 10! Possui todos os termos de 7!. Essa
é uma particularidade interessante e facilitará demais a
simplificação. Se cancelarmos, restará apenas um produ-
to de 3 termos:
10! 10 ⋅ 9 ⋅ 8 ⋅ 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
= = 10 ⋅ 9 ⋅ 8 = 720
7! 7 ⋅6⋅5 ⋅4⋅3⋅ 2 ⋅1
Ou seja, temos que posicionar as letras nas 5 casas
Essa operação é muito mais fácil que calcular os fato- correspondentes e neste caso, é um problema de permu-
riais desde o começo! tação sem repetição como já foi visto:
P5 = 5! = 120
Agora que sabemos o que é fatorial e como simplifi-
cá-lo, podemos passar para os casos particulares de con- Logo, podemos formar 120 anagramas com a pala-
tagem: Permutações, Combinações e Arranjos vra BRUNO. Agora, vamos olhar o mesmo problema, mas
com a palavra MARIANA. Ela possui 7 letras, logo tere-
PERMUTAÇÃO mos 7 posições:

Permutação sem repetições de elementos

As permutações são definidas como situações onde o


número de elementos é igual ao número de posições em
que podemos posicioná-los. Considere o exemplo onde
temos 5 pessoas e 5 cadeiras alinhadas. Queremos saber Entretanto, temos a repetição da letra A. Veja o que
de quantas maneiras diferentes podemos posicionar es- acontece quando montarmos um anagrama qualquer da
sas pessoas. Esquematizando o problema, chamando de palavra:
P as pessoas e C as cadeiras:

Não conseguimos saber qual letra “A” foi utilizada nas


posições C1,C3 e C5. Se trocarmos as mesmas de posição
entre si, ficaremos com os mesmos anagramas, caracte-
rizando uma repetição. Assim, para saber a quantidade
de anagramas com repetição, corrigiremos a fórmula da
Em problemas onde o número de elementos é igual permutação da seguinte forma:
ao número de posições, sempre teremos uma permuta-
ção. A fórmula da permutação, considerando que não há
repetição de elementos é a seguinte: n!
Pna =
Pn = n! a!
Ou seja, calcula-se a permutação de “n” elementos
Ou seja, para permutar 5 elementos em 5 posições, com “a” repetições. Considerando que MARIANA tem 7
basta eu calcular o fatorial de 5: letras (n=7) e a letra “A” se repete 3 vezes, temos que:
P5 = 5! = 120
7! 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1
P73 = = = 7 ⋅ 6 ⋅ 5 ⋅ 4 = 840
Logo, eu posso posicionar as pessoas de 120 manei- 3! 3⋅2⋅1
ras diferentes na fileira de cadeiras. Assim, a palavra MARIANA tem 840 anagramas pos-
síveis.
Observe que a fórmula da permutação é utilizada Outro exemplo para deixar este conceito bem claro,
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

como não há repetição de elementos, mas e quando é quando temos dois elementos se repetindo. Por exem-
ocorre repetição? Neste caso, a fórmula da permutação plo, vamos calcular os anagramas da palavra TALITA:
terá uma complementação, para desconsiderar casos re-
petidos que serão contados 2 ou mais vezes se utilizar-
mos a fórmula diretamente.
O exemplo mais comum destes casos é o que chama-
mos de Anagramas. Os anagramas são permutações das
letras de uma palavra, formando novas palavras, sem a
necessidade de terem sentido ou não. Usando primeira- Observe que a letra “T” repete 2 vezes e a letra “A”
mente um exemplo sem repetição, veja quantos anagra- também repete duas vezes. Na fórmula da permutação
mas podemos formar com o nome BRUNO: com repetição, faremos duas divisões:

34
Assim, trata-se de um problema de combinação. A fór-
n!
Pna,b = mula da combinação depende do número de elementos
a! b! “n” e o número de posições “p”:
Ou seja, se houver 2 ou mais elementos se repetindo,
n!
a correção é feita dividindo pelas repetições de cada um. Cn,p =
Como ambos repetem duas vezes: p! (n − p)!
6! 6.5.4.3.2.1 6.5.4.3 360
P62,2 =
2! 2!
=
2.1 .2.1
=
2.1
=
2
= 180 No exemplo, temos 7 elementos e 3 posições, assim:

Assim, a palavra TALITA tem 180 anagramas. Cn,p =


n! 7! 7! 7�6�5�4�3�2�1 7�6�5
= 3! 7−3 ! = 3!�4! = 3�2�1 � 4�3�2�1 = 3�2�1 = 7 � 5 = 35
p!(n−p)!

Combinações
Ou seja, podemos formar 35 comissões distintas.
As combinações e os arranjos, que serão apresenta-
dos a seguir, possuem uma característica diferente da Arranjos
permutação. A diferença está no fato do número de po-
sições ser MENOR que o número de elementos, ou seja, Os arranjos seguem a mesma linha da combinação,
quando os elementos forem agrupados, sobrarão alguns. onde o número de elementos deve ser maior que o nú-
Veja este exemplo: De quantas maneiras podemos for- mero de posições possíveis, mas com a diferença que a
mar uma comissão de 3 membros, dentro os 7 funcioná- ordem de escolha dos elementos deve ser considerada.
rios de uma empresa? Vamos utilizar o mesmo exemplo descrito na combina-
Resolução: Este exemplo mostrará também como ção, mas com algumas diferenças:
diferenciar combinação de arranjo. Logo de início, po- De quantas maneiras podemos formar uma comissão
demos ver que não se trata de um problema de permu- de 3 membros, composta por um presidente, um vice-
-presidente e um secretário, dentro os 7 funcionários de
tação, pois temos 3 posições para 7 elementos. Para di-
uma empresa?
ferenciar combinação e arranjo, temos que verificar se a
Observe que agora o enunciado classifica explicita-
ordem de escolha dos elementos importa ou não. Neste
mente as posições, e podemos montar o esquema da
caso, a ordem não importa, pois estamos escolhendo 3
seguinte forma:
pessoas e não importa a ordem que escolhemos elas pois
a comissão será a mesma. Observe a esquematização:

As posições agora foram classificadas de acordo com


As pessoas foram chamadas pelas letras de A até G. a posição que foi pedida no enunciado. Vamos observar
Vamos supor que escolheremos as pessoas A,D e G mas agora o que acontece quando selecionando novamente
em ordens diferentes: as pessoas A,D e G:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

É importante notar que as comissões ADG e GAD não


possuem diferenças, já que as casas C1,C2 e C3 não pos-
suem nenhuma particularidade descrita no enunciado.

35
Neste caso, as duas comissões são diferentes, pois em • 9 opções para o algarismo das unidades;
uma a pessoa A é presidente e na outra ela é vice-presi- • 8 opções para o algarismo das dezenas, visto que já
dente. Como a ordem importa, temos um problema de utilizamos 1 algarismo na unidade e não pode repetir;
arranjo. A fórmula de arranjo é mais simples que a fór- • 7 opções para o algarismo das centenas, pois já utili-
mula de combinação: zamos 1 algarismo na unidade e outro na dezena;
• 6 opções para o algarismo do milhar, pois temos que
n!
An,p = tirar os que já usamos anteriormente.
(n − p)! Assim, o número de senhas será dado por:
9∙8∙7∙6 = 3 024 senhas

Tomando n=7 e p = 3 novamente: • 2ª maneira: usando a fórmula


Para identificar qual fórmula usar, devemos perceber
n! 7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1 que a ordem dos algarismos é importante. Por exem-
An,p = = = = = 7 � 6 � 5 = 210
(n − p)! 7 − 3 ! 4! 4�3�2�1 plo 1234 é diferente de 4321, assim iremos usar a fór-
mula de arranjo.
Então, temos 9 elementos para serem agrupados de 4
7! 7! 7 � 6 � 5 � 4 � 3 � 2 � 1 a 4. Desta maneira, o cálculo será:
= = = = 7 � 6 � 5 = 210
7−3 ! 4! 4�3�2�1 9! 9! 9 � 8 � 7 � 6 � 5!
A9,4 = = = = 3024 senhas
9 − 4 ! 5! 5!
Ou seja, é possível formar 210 comissões neste caso.
Veja que o número é maior que o número da combina-
ção. A razão é que comissões que antes eram repetidas
na combinação, deixaram de ser no arranjo. BINÔMIO DE NEWTON

Definição

EXERCÍCIOS COMENTADOS Denomina-se Binômio de Newton, a todo binômio da


forma , sendo n um número natural.
1. (PF – ESCRIVÃO – CESPE, 2009). Na sequência cres- Ex: 3x − 2y , onde a = 3x, b = −2y e n = 4
4

cente de todos os números obtidos, permutando-se os


algarismos 1, 2, 3, 7, 8, a posição do número 78.312 é a 
Primeiramente, vamos desenvolver alguns binômios,
a) 94ª variando o seu grau (exponente):
b) 95ª 0
a + b = 1
c) 96ª 1
a + b = a+b
d) 97ª 2 2 2

e) 98ª a + b = a + 2ab2 + b 2 3
a4 + 3a3 b + 3a2b 2 + b 3
3
3
a + b = 4
a + 4a4 b + 6a b3 2+ 4ab + b
4
Resposta: Letra B. Deve-se contar todos os números a + b =
a + 5a b + 10a b + 10a b + 5ab + b
5 5 2 3 4 5
anteriores a 78312. Iniciando com 1_ _ _ _, temos 4 es- a + b =
paços, ou seja 4! = 24 números; iniciando com 2 _ _ _ _
temos outros 24 números, assim como iniciando com Observe que, conforme o grau do binômio é aumen-
3_ _ _ _. Depois temos os números iniciados com “71_ _ tado, a quantidade de termos aumenta, mas que certo
_” que são 6 (3!), assim como os iniciados em “72_ _ _” padrão é seguido. Observando os coeficientes dos ter-
e “73_ _ _”. Depois aparece o iniciado com “781_ _” que mos desenvolvidos, temos o seguinte padrão:
são 2 números, assim como o “782 _ _”. O próximo já
será o 78312. Somando: 24+24+24+6+6+6+2+2=94. 0
1
a + b
Logo, ele será o 95° número
1 1
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1
a + b
2. Quantas senhas com 4 algarismos diferentes podemos
escrever com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,e 9? a + b
2
1 2 1

Resolução: a + b
3
1 3 3 1
Esse exercício pode ser feito tanto com a fórmula,
quanto usando a princípio fundamental da contagem. a + b
4
1 4 6 4 1

• 1ª maneira: usando o princípio fundamental da con- a + b


5
1 5 10 10 5 1
tagem.
Como o exercício indica que não ocorrerá repetição Esse padrão é conhecido como Triângulo de Pascal e
nos algarismos que irão compor a senha, então tere- pode ser expandido da seguinte forma: Os termos das
mos a seguinte situação: pontas (primeiro e último) serão sempre iguais a 1 e os

36
termos interiores serão sempre a soma dos dois termos Obviamente, se tivermos um expoente alto, gasta-
correspondentes da linha anterior. Vamos desenvolver os ríamos muito tempo para montar todo o triângulo. Para
coeficientes dos termos para , lembrando que ele terá 1 resolver este problema, os conceitos de fatorial são bem
termo a mais: úteis. Relembrando a fórmula da combinação:

n n!
a + b
5
1 5 10 10 5 1 Cn,p = p =
p! n − p !
a + b
6
1 1
Temos que o triângulo de Pascal pode ser reescrito da
seguinte forma:
Com o primeiro e último termos iguais a 1, vamos
agora efetuar as somas para encontrar os termos seguin-
tes:

a + b
5
1 5 10 10 5 1

a + b
6
1 1+5=6 1

Analogamente:

Terceiro termo:
a + b
5
1 5 10 10 5 1

a + b
6
1 6 5+10=15 1

Quarto termo: Ou seja, dado o expoente, você tem o valor de “n”. O


valor de “p” será em função de qual termo você deseja
a + b
5
1 5 10 10 5 1 obter o coeficiente.

a + b
6
1 6 15 5+10=15 1
#FicaDica
Quinto termo:
Observe que se desejar o 5° termo de um bi-
a + b
5
1 5 10 10 5 1 nômio desenvolvido, você terá p = 4, ou seja,
não possui a mesma correspondência direta
a + b
6
1 6 15 20 5+10=15 1 que temos em cada linha com o valor de n.

Sexto termo:
Observe que se desejar o 5° termo de um binômio
a + b
5
1 5 10 10 5 1 desenvolvido, você terá p = 4, ou seja, não possui a mes-
ma correspondência direta que temos em cada linha com
a + b
6
1 6 15 20 15 5+1=6 1 o valor de n.

Assim, seguindo o padrão de soma, consegue-se Agora que sabemos como obter cada coeficiente, fal-
construir qualquer linha do triângulo. Expandindo até o ta responder se há algum padrão para os expoentes de
expoente 10, temos que: “a” e “b” quando o binômio é desenvolvido.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Um termo genérico Tp do desenvolvimento de


+1
a + b , sendo um número natural, é dado por:
n

n –
n p p
Tp = ∙ a ∙ b
+1 p

Essa expressão pode obter qualquer termo de qual-


quer expoente de um determinado binômio. Basta apli-
carmos adequadamente a fórmula, usando os valores de
“n” e “p”, além de identificarmos quem são os termos “a”
e “b”.

37
Ex: 4° termo de a + b
5
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do es-
Aplicando a fórmula, temos então que paço amostral; será representado por A e o número de
p + 1 = 4 → p = 3 e n=5: elementos do evento por n(A).

Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,


5 −
5 3 3 5! portanto são eventos.
T4 = ∙ a ∙ b = a2 b3 = 10a2 b3
3 3! 5 − 3 ! Ø = evento impossível.
S = evento certo.
Se você observar os exemplos anteriores, verá que
este é exatamente o valor do termo do desenvolvimento. Conceito de Probabilidade

As probabilidades têm a função de mostrar a chance


de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
EXERCÍCIOS COMENTADOS um determinado evento A, que é simbolizada por P(A),
de um espaço amostral S≠ Ø , é dada pelo quociente en-
tre o número de elementos A e o número de elemento S.
9
1. Determine o 7º termo do binômio 2x + 1 .
Representando:
Resposta: 672x . Desenvolvendo o termo geral para
3

n(A)
a = 2x, b = 1, n = 9 e p + 1 = 7 → p = 6 , chega-se ao P A =
N(S)
resultado.

2.Qual o termo médio do desenvolvimento de 2x + 3y Ex: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1
8

? a 6, e observar o lado virado para cima, temos:


4 4
a) um espaço amostral, que seria o conjunto S
Resposta: 90720x y . Desenvolve-se o termo geral {1,2,3,4,5,6}..
para a = 2x, b = 3y, n = 8 . Além disso, para n=8, o b) um evento número par, que seria o conjunto A1 =
binômio desenvolvido terá 9 termos, portanto o termo {2,4,6} C S.
do meio será o quinto termo, logo e p + 1 = 5 → p = 4 c) o número de elementos do evento número par é
n(A1) = 3.
3. Desenvolvendo o binômio 2x − 3y , obtemos um d) a probabilidade do evento número par é 1/2, pois
3n

polinômio de 16 termos. Qual o valor de n?


n(A1 ) 3 1
P A = = =
Resposta: 5 Se o binômio desenvolvido possui 16 ter- N(S) 6 2
mos, seu grau será um dígito anterior a esse número,
ou seja 15. Assim, 3n=15. Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não
Vazio
4. Determine o termo independente de x no desenvolvi-
6
1
mento de x + x .. a) Em um evento impossível a probabilidade é igual a
zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a
Resposta: 20. Problema clássico de binômio de Ne- 1. Simbolicamente: P( Ø ) = 0 e P(S)= 1
wton, o termo independente será aquele onde os ex- b) Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A)
poentes de e são iguais, pois neste caso o x se cance- ≤ 1.
la, restando apenas números. c) Se A for o complemento de A em S, neste caso P(A) =
Para resolver, basta igualar os expoentes de “a” e “b” 1 - P(A)
do termo
1
geral: n-p=p→n=2p. . Resolvendo para a=x,
b=
x e n=6, temos p=3→p+1=4, ou seja, o termo in- Demonstração das Propriedades
dependente é o quarto termo do desenvolvimento.
Considerando S como um espaço finito e não vazio,
temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

PROBABILIDADE

Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento

Em uma tentativa com um número limitado de re-


sultados, todos com chances iguais, devemos considerar
três definições fundamentais:
Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos re-
sultados possíveis.
Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos re- �
sultados possíveis; será representado por S e o número � A ∪ �A = S
A∩A =∅
de elementos do espaço amostra por n(S).

38
Então, logo:

𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ ∪ An = 𝑃 A1 + 𝑃 A2 + ⋯ + 𝑃(An )

𝑃 A1 ∪ A2 ∪ ⋯ An = 𝑃 S = 1
União de Eventos

Considere A e B como dois eventos de um espaço Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ...+ P(An) = 1
amostral S, finito e não vazio, temos:
Probabilidade Condicionada

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral


S, finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a
A é dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo
que já ocorreu A. É representada por P (B/A).

Veja:
n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)↔ n(A ∩ B)
P(B⁄A) =
n(A ∪ B) n(A) n(B) n(A ∩ B) n(A)
↔ = + −
n(S) n(S) n(S) n(S)

Logo: P(A ∪ B) = P(A) + P(B) - P(A ∩ B)

Eventos Mutuamente Exclusivos

Eventos Independentes

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral


Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão de- S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente
nominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B quando:
= 0, portanto: P(A ∪ B) = P(A) + P(B). Quando os eventos
A1 , A2 , A3 , … , An de S forem, de dois em dois, sempre mu- P(A/B) = P(A)
tuamente exclusivos, nesse caso temos, analogicamente: P(B/A) = P(B)

Intersecção de Eventos
P(A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An ) = P(A1 ) + P(A2 ) + P(A3 ) + . . . + P(An )
Considerando n(AA∩eB)
B como
n Adois
∩ B eventos
+ n(S) deP(A
um∩espaço
B)
Eventos Exaustivos amostral
P(B/A)S, finito
= e não vazio,
n(A)
= logo:
n A + n(S)
=
P(A)
Quando os eventos A , A , A , … , A de S forem,
de dois em dois, mutuamente exclusivos, estes serão de-
1 2 3 n
n(A ∩ B) n A ∩ B + n(S) P(A ∩ B)
P(A/B) = = =
nominados exaustivos se: n(B) n B + n(S) P(B)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

A1 ∪ A2 ∪ A3 ∪ … ∪ An = S
Assim sendo:
P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B/A)
P(A ∩ B)= P(B) ∙ P(A/B)

Considerando A e B como eventos independentes,


logo P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B)
= P(A)∙ P(B). Para saber se os eventos A e B são indepen-
dentes, podemos utilizar a definição ou calcular a proba-
bilidade de A ∩ B. Veja a representação:

39
A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou Amostra: É uma parte da população que será objeto
A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) ∙ P(B) do estudo. Como em muitos casos não é possível estudar
a população inteira, estuda-se uma amostra de tamanho
significativo (há métodos para determinar isso) que re-
FIQUE ATENTO! trate o comportamento da população. Exemplo: pesquisa
Um exercício de probabilidade pode envol- de intenção de votos de uma eleição. Algumas pessoas
ver aspectos relativos à análise combinató- são entrevistadas e a pesquisa retrata a intenção de vo-
ria. É importante ter em mente a diferença tos da população.
conceitual que existe entre ambos.
Variável: é o dado a ser analisado. Aqui, será chama-
do de e cada valor desse dado será chamado de . Essa
variável pode ser quantitativa (assume valores) ou quali-
tativa (assume características ou propriedades).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Medidas de tendência central
1. Uma bola será retirada de uma sacola contendo 5 bo-
las verdes e 7 bolas amarelas. Qual a probabilidade desta São medidas que auxiliam na análise e interpretação
bola ser verde? de dados para a tomada de decisões. As três medidas de
tendência central são:
Resposta: 5/12.
Neste exercício o espaço amostral possui 12 elemen- Média aritmética simples: razão entre a soma de to-
tos, que é o número total de bolas, portanto a proba- dos os valores de uma mostra ∑x
e o número de elementos
i
bilidade de ser retirada uma bola verde está na razão da amostra. Expressa por x
� .=
Calculada por:
de 5 para 12. n
Sendo S o espaço amostral e E o evento da retirada de ∑xi
uma bola verde, matematicamente podemos repre- x� =
n
sentar a resolução assim:
n E Média aritmética ponderada: muito parecida com
P E = média aritmética simples, porém aqui cada variável tem
n S
um peso diferente pi que é levado em conta no cálculo
da média.
5
P E = ∑xi pi
12 x� =
∑pi
Logo, a probabilidade desta bola ser verde é 5/12.
Mediana: valor que divide a amostra na metade. Em
caso de número para de elementos, a mediana é a média
DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS. entre os elementos intermediários
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
Moda: valor que aparece mais vezes dentro de uma
TABELAS E GRÁFICOS APRESENTADOS
amostra.
EM DIFERENTES LINGUAGENS E Ex: Dada a amostra {1,3,1,2,5,7,8,7,6,5,4,1,3,2} calcule a
REPRESENTAÇÕES. CÁLCULO DE MÉDIAS média, a mediana e a moda.
E ANÁLISE DE DESVIOS DE CONJUNTOS Solução
DE DADOS Média:

1 + 3 + 1 + 2 + 5 + 7 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 1 + 3 + 2 55
x� = = = 3,92
14 14
Estatística
Mediana:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Definições Básicas Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescen-


te:
Estatística: ciência que tem como objetivo auxiliar na {1,1,1,2,2,3,3,4,5,5,6,7,7,8}
tomada de decisões por meio da obtenção, análise, orga-
nização e interpretação de dados. Como a amostra tem 14 valores (número par), os ele-
mentos intermediários são os 7º e 8º elementos. Nesse
População: conjunto de entidades (pessoas, obje- exemplo, são os números 3 e 4. Portanto, a mediana é a
3+4 7
tos, cidades, países, classes de trabalhadores, etc.) que média entre eles: = = 3,5
apresentem no mínimo uma característica em comum. 2 2
Exemplos: pessoas de uma determinada cidade, preços Moda:
de um produto, médicos de um hospital, estudantes que O número que aparece mais vezes é o número 1 e,
prestam determinado concurso, etc. portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.

40
Ex: Dada a amostra {2,4,8,10,15,6,9,11,7,4,15,15,11,6,10} calcule a média, a mediana e a moda.

Solução:

Média:
2 + 4 + 8 + 10 + 15 + 6 + 9 + 11 + 7 + 4 + 15 + 15 + 11 + 6 + 10 133
x� = = = 8,867
15 14

Mediana:
Inicialmente coloca-se os valores em ordem crescente
{2,4,4,6,6,7,8,9,10,10,11,11,15,15,15}
Como a amostra tem 15 valores (número par), o elemento intermediário é o 8º elemento. Logo, a mediana é igual
a 9.

Moda:
O número que aparece mais vezes é o número 15 e, portanto, é a moda da amostra nesse exemplo.
Ex: A média de uma disciplina é calculada por meio da média ponderada de três provas. A primeira tem peso 3, a
segunda tem peso 4 e a terceira tem peso 5. Calcule a média de um aluno que obteve nota 8 na primeira prova, 5 na
segunda e 6 na terceira.

Solução:
Trata-se de um caso de média aritmética ponderada.
∑xi pi 3 ∙ 8 + 4 ∙ 5 + 5 ∙ 6 74
x� = = = = 6,167
∑pi 3+4+5 12

Tabelas e Gráficos

Tabelas
Tabelas podem ser utilizadas para expressar os mais diversos tipos de dados. O mais importante é saber interpretá-
-las e para isso é conveniente saber como uma tabela é estruturada. Toda tabela possui um título que indica sobre o
que se trata a tabela. Toda tabela é dividida em linhas e colunas onde, no começo de uma linha ou de uma coluna, está
indicado qual o tipo de dado que aquela linha/coluna exibe.
Ex:
Tabela 1 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso

Número de
Curso
Estudantes
Administração 2000
Arquitetura 1450
Direito 2500
Economia 1800
Enfermagem 800
Engenharia 3500
Letras 750
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Medicina 1500
Psicologia 1000
TOTAL 15300

Nesse caso, as colunas são: curso e número de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos da Universi-
dade com o respectivo número de alunos de cada curso.

Tabela 2 - Número de estudantes da Universidade ALFA divididos por curso e gênero

41
Número de Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota pos-
Curso Gênero sui freqüência relativa:
Estudantes
Homem 1200 6
Administração fr = ∙ 100 = 20%
Mulher 800 30
Homem 850
Arquitetura Tipos de Gráficos
Mulher 600
Homem 1600 Gráficos de coluna: gráficos que têm como objetivo
Direito
Mulher 900 atribuir quantidades a certos tipos de grupos. Na hori-
Homem 800 zontal são apresentados os grupos (dados qualitativos)
Economia dos quais deseja-se apresentar dados enquanto na verti-
Mulher 1000
cal são apresentados os valores referentes a cada grupo
Homem 350 (dados quantitativos ou frequências absolutas)
Enfermagem
Mulher 450
Homem 2500 Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
Engenharia todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de
Mulher 1000
estudantes separados pelos seus continentes de origem:
Homem 200
Letras
Mulher 550
Homem 700 Estudantes da Universidade ALFA
Medicina
Mulher 800 700

Homem 400 600


Psicologia
Mulher 600 500

TOTAL 15300 400

300
Nesse caso, as colunas são: curso, gênero e número
de estudantes e cada linha corresponde a um dos cursos
200

da Universidade com o respectivo número de alunos de 100

cada curso separados por gênero. 0


América do América do América Europa Ásia África Oceania
Norte Sul Central

#FicaDica
Gráficos de barras: gráficos bastante similares aos
Acima foram exibidas duas tabelas como de colunas, porém, nesse tipo de gráfico, na horizontal
exemplos. Há uma infinidade de tabelas são apresentados os valores referentes a cada grupo (da-
cada uma com sua particularidade o que dos quantitativos) enquanto na vertical são apresentados
torna impossível exibir todos os tipos de os grupos (dados qualitativos)
tabelas aqui. Porém em todas será necessá-
rio identificar linhas, colunas e o que cada Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo
valor exibido representa. todo. A seguir há um gráfico que mostra a quantidade de
estudantes separados pelos seus continentes de origem:

Gráficos
Estudantes da Universidade ALFA
Para falar de gráficos em estatística é importante
apresentar o conceito de frequência. Oceania

África
Frequência: Quantifica a repetição de valores de uma
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

variável estatística. Ásia

Europa
Tipos de frequência
América Central

Absoluta: mede a quantidade de repetições. América do Sul


Ex. Dos 30 alunos, seis tiraram nota 6,0. Essa nota pos- América do Norte
sui freqüência absoluta:
0 100 200 300 400 500 600 700
fi = 4
Gráficos de linhas: gráficos nos quais são exibidas
Relativa: Relaciona a quantidade de repetições com o séries históricas de dados e mostram a evolução dessas
total (expresso em porcentagem) séries ao longo do tempo.

42
Ex: A Universidade ALFA tem 10 anos de existências Frequências relativas:
e seu reitor apresentou um gráfico mostrando o número
de alunos da Universidade ao longo desses 10 anos.

Estudantes da Universidade ALFA ao longo de 10 anos

2500

2000

1500

1000

500

0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Gráficos em pizzas: gráficos nos quais são expressas


relações entre grandezas em relação a um todo. Nesse
gráfico é possível visualizar a relação de proporcionalida-
de entre as grandezas. Recebe esse nome pois lembram EXERCÍCIOS COMENTADOS
uma pizza pelo formato redondo com seus pedaços (fre-
quências relativas).
1. (SEGEP-MA - Técnico da Receita Estadual –
Ex: A Universidade ALFA recebe estudantes do mundo FCC/2016) Três funcionários do Serviço de Atendimento
todo. A seguir há um gráfico que mostra a distribuição de ao Cliente de uma loja foram avaliados pelos clientes que
estudantes de acordo com seus continentes de origem atribuíram uma nota (1; 2; 3; 4; 5) para o atendimento
recebido. A tabela mostra as notas recebidas por esses
funcionários em um determinado dia.
Estudantes da Universidade ALFA
30

150

260 630

440 Considerando a totalidade das 95 avaliações desse dia,


é correto afirmar que a média das notas dista da moda
150
520
dessas mesmas notas um valor absoluto, aproximada-
mente, igual a:
América do Norte América do Sul América Central Europa Ásia África Oceania
a) 0,33
b) 0,83
Ex: Foi feito um levantamento do idioma falado pelos
alunos de um curso da Universidade ALFA. c) 0,65
d) 0,16
Frequências absolutas: e) 0,21

Resposta: Letra C Trata-se de um caso de média arit-


mética ponderada. Considerando as 95 avaliações, o
peso de cada uma das notas é igual ao total de pes-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

soas que atribuiu a nota. Analisando a tabela


8 pessoas atribuíram nota 1
18 pessoas atribuíram nota 2
21 pessoas atribuíram nota 3
29 pessoas atribuíram nota 4
19 pessoas atribuíram nota 5
Assim, a média das 95 avaliações é calculada por:
8 ∙ 1 + 18 ∙ 2 + 21 ∙ 3 + 29 ∙ 4 + 19 ∙ 5 318
x� = = = 3,34
8 + 18 + 21 + 29 + 19 95

43
2. (UFC - 2016) A média aritmética das notas dos alunos
de uma turma formada por 25 meninas e 5 meninos é
NOÇÕES BÁSICAS DE TEORIA DOS
igual a 7. Se a média aritmética das notas dos meninos
é igual a 6, a média aritmética das notas das meninas é
CONJUNTOS
igual a:

a) 6,5 CONCEITOS FUNDAMENTAIS


b) 7,2
c) 7,4 O conceito de conjunto é um conceito primitivo e,
d) 7,8 portanto, não existe uma definição clara para tal. Porém,
e) 8,0 conjuntos fazem parte do dia a dia de todas as pessoas
nas mais diversas situações: conjunto de pessoas, con-
Resposta: Letra B. Primeiramente, será identificada a junto de objetos, conjunto de arquivos em um computa-
soma das notas dos meninos por  x  e a da nota das dor, conjunto de fotografias.
meninas por y. Se a turma tem 5 meninos e a média Considere, em uma empresa, uma equipe de trabalho
aritmética de suas notas é igual a 6, então a soma das com 4 membros. Essa equipe nada mais é do que um
notas dos meninos  (x)  dividida pela quantidade de conjunto de pessoas, onde cada um dos membros é um
meninos (5) deve ser igual a 6, isto é:
x elemento desse conjunto.
= 6
5
CLASSIFICAÇÃO DE CONJUNTOS
x = 6 ∙ 5
x = 30 Conjunto Finito
Do mesmo modo, se a turma tem 25 meninas
(Me é a média aritmética de suas notas), o quociente Um conjunto finito é um conjunto que possui um
da soma das notas das meninas (y) e a quantidade de número limitado (finito) de elementos. Por exemplo, o
meninas (25) deve ser igual a Me, isto é: conjunto dos números naturais, ímpares e inferiores a 10.
(x + y)/(25+5) = 7 Esse conjunto contém apenas os elementos 1, 3, 5, 7 e 9.
y = 25∙Me O conjunto é expresso por: A={1, 3, 5, 7,9}
Para calcular a média da turma, devemos somar as no-
tas dos meninos (30) às notas das meninas (y) e dividir Note que o conjunto é expresso por uma letra maiús-
pela quantidade de alunos (25 + 5 = 30). O resultado cula e os elementos são apresentados entre colchetes
deverá ser 7. Sendo assim, temos:
Conjunto Infinito
x + y
= 7
25 + 5 Um conjunto infinito é um conjunto que possui um
30 + 25 ∙ Me número ilimitado (infinito) de elementos. Por exemplo, o
30
= 7 conjunto dos números naturais e pares maiores do que
1. Não há um número limitado de números naturais e
30 + 25 ∙ Me = 7 • 30 pares, começa com 2, 4, 6... e assim sucessivamente. O
conjunto é expresso por: B={2, 4, 6,8...}
30 + 25 ∙ Me = 210

25 ∙ Me = 210 – 30 Conjunto Vazio

25 ∙ Me = 180 Um conjunto vazio é um conjunto que não possui ele-


mentos. Por exemplo, o conjunto dos números múltiplos
Me = 7,2 de 10, maiores do que 1 e menores do que 2. Como é
Portanto, a média aritmética das notas das meninas possível notar, não há nenhum múltiplo de 10 entre 1 e
é 7,2. 9, portanto esse conjunto não possui elementos. O con-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

junto é expresso por: 𝐶 = 𝜙 ou 𝐶 = { }

Conjunto Unitário

Um conjunto unitário é um conjunto que possui um


único elemento. Por exemplo, o conjunto dos números
pares maiores do que 3 e menores do que 5. Nota-se que
o único número par maior do que 3 e menor do que 5 é
o número 4 e, portanto, é o único elemento do conjunto.
Assim, o conjunto é unitário e expresso por: D={4}.

44
REPRESENTAÇÃO RELAÇÃO ENTRE CONJUNTOS

Há três formas principais para representar conjuntos: Quando se analisa a relação entre dois conjuntos, há
compreensão, extensão e diagrama de Venn. Cada uma duas possibilidades: ou um conjunto está contido em
delas possui características específicas. outro ou não está contido. A essa relação dá-se o nome
de continência. Para explicar essa relação, é necessário
Compreensão definir o conceito de subconjunto. A seguir um exemplo:
Sejam dois conjuntos Y={1, 2, 3} e Z={1, 2, 3, 7, 8, 9}.
Nesse tipo de representação, o conjunto é expresso Nota-se que todos os elementos do conjunto Y per-
tencem ao conjunto Z. Assim, diz-se que Y é um subcon-
de modo a apresentar uma característica dos seus ele-
junto de Z e, portanto, Y está contido em Z. O símbolo
mentos. Por exemplo, o conjunto dos números pares,
que indica essa relação é: ⊂ . Assim a relação é expressa
nessa representação é expresso por: E={y|y é um número
por: Y ⊂ Z.
par} onde y representa qualquer elemento do conjunto. Sejam, agora, dois outros conjuntos W={1, 3, 5} e
T={1, 2, 3, 8, 10}.
Extensão Nota-se que nem todos os elementos do conjunto
W pertencem ao conjunto T. Assim, W não está contido
Nesse tipo de representação, o conjunto é apresen- em T (pelo menos um elemento de W não pertence a T).
tado com todos os seus elementos. Os elementos são O símbolo que indica essa relação é: ⊄ . Assim, a relação
apresentados entre chaves e separados por vírgulas. Por é expressa por: W ⊄ T.
exemplo, o conjunto dos números naturais, ímpares e
menores do que 10: F={1, 3, 5, 7, 9}
FIQUE ATENTO!
Diagrama de Venn A relação de um conjunto unitário e outro
conjunto é de continência e não de perti-
Esse tipo de representação, nada mais é do que uma nência. Seja: A={2, 4, 6,}, diz-se que {4} ⊂ A
representação gráfica onde os elementos do conjunto e não que {4} ∈ A..
são apresentados dentro de uma forma geométrica. Por
exemplo, o mesmo conjunto apresentado acima (núme-
ros naturais, ímpares e menores do que 10), pode ser ex- Subconjuntos
presso em um diagrama de Venn:
Da definição de subconjunto, decorrem três premis-
sas
a) Todo conjunto é subconjunto de si mesmo, ou seja,
X ⊂ X.
b) Se X ⊂ Y e ,Y ⊂ X então 𝑋 ≡ 𝑌
c) O conjunto vazio é subconjunto de todo e qualquer
conjunto, ou seja: 𝜙 ⊂ 𝑋

Igualdade de conjuntos

Diz-se que dois conjuntos são iguais se e somente


se ambos possuem os mesmos elementos. Se houver ao
menos um elemento diferente em um dos conjuntos, não
se pode dizer que ambos são iguais. A seguir, um exem-
RELAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E CONJUNTOS plo:
Sejam os conjuntos: X={1, 2, 3, 4}, Y={1, 2, 3, 4, 5,} e
Aqui são apresentadas as relações: entre elemento e Z={1, 2, 3, 4}
conjunto e entre conjuntos. Os conjuntos X e Z possuem os mesmos elementos
e, portanto, são iguais: 𝑋 ≡ 𝑍 . Já o conjunto Y não é
RELAÇÃO ENTRE ELEMENTO E CONJUNTO igual a nenhum dos outros dois, pois tem um elemento
diferente de ambos (elemento 5).
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Quando se analisa a relação entre um elemento e um


conjunto há duas possibilidades: ou o elemento pertence OPERAÇÕES ENTRE CONJUNTOS
ao conjunto ou não pertence ao conjunto. A essa relação,
dá-se o nome de pertinência. Abaixo, um exemplo: UNIÃO DE CONJUNTOS
Conjunto X={1, 5, 10, 15, 20}
O elemento 1 pertence ao conjunto X. O símbolo que Para explicar a união de conjuntos, será utilizado
indica essa relação é: ∈ . Assim, a relação é expressa por um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e
1 ∈ X: Y={30, 40, 50, 60}. A união desses dois conjuntos resulta
O elemento 4 não pertence ao conjunto X. O símbolo em um terceiro conjunto, Z, que é expresso por: Z={10,
que indica essa relação é: ∉ . Assim, a relação é expressa 20, 30, 40, 50, 60} . Note que o conjunto Z contém todos
por: 4 ∉ X. os elementos de X e Y, sem repetir os elementos em co-
mum. Essa operação é representada por: 𝑋 ∪ 𝑌 .

45
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama Se o segundo conjunto (Y) for um subconjunto do
de Venn: primeiro (X), a diferença é expressa por CXY, onde lê-se
complementar de Y em relação a X.

PROBLEMAS

É comum encontrar em diversas provas problemas


que precisam de noções de conjuntos para serem resol-
vidos. São problemas que requerem o uso do diagrama
de Venn e têm uma mecânica característica de solução. A
INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS seguir será apresentado um exemplo:
Uma pesquisa foi feita com os funcionários de uma
Para explicar a intersecção de conjuntos, será o exem- empresa, para ver quais eram as preferências alimentícias
plo anterior. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e de cada um deles. Para isso, foi perguntado se o funcio-
Y={30, 40, 50, 60} . A intersecção desses dois conjun- nário come carne vermelha, frango, peixe ou não come
tos resulta em um terceiro conjunto, Z, que é expresso nenhum tipo de carne. Após entrevistar os 200 funcioná-
por: Z={30, 40}. Note que o conjunto Z contém todos rios, chegou-se aos seguintes resultados:
os elementos que pertencem tanto ao conjunto X quan- 110 funcionários comem carne vermelha
to ao conjunto Y. Essa operação é representada por: 100 funcionários comem frango
𝑍 =𝑋∩𝑌 . 80 funcionários comem peixe
É possível visualizar a operação utilizando o diagrama 44 funcionários comem carne vermelha e frango
de Venn: 43 funcionários comem frango e peixe
41 funcionários comem carne vermelha e peixe
15 funcionários comem carne vermelha, frango e pei-
xe

De acordo com a pesquisa, quantos funcionários não


comem nenhum tipo de carne? Quantos funcionários co-
mem somente carne vermelha?
O primeiro passo é montar o diagrama de Venn do
problema, onde cada circunferência representará um
Quantidade de elementos no conjunto união
conjunto. Há três conjuntos: carne vermelha, frango e
peixe.
A quantidade de elementos, ou número de elemen-
tos, de qualquer conjunto é denotado da seguinte forma:
n (X) representa o número de elementos do conjunto . O
número de elementos do conjunto união é calculado por:
𝑛 𝑋 ∪ 𝑌 = 𝑛 𝑋 + 𝑛 𝑌 − 𝑛(𝑋 ∩ 𝑌)

Ou seja, o número de elementos do conjunto união


consista na soma do número de elementos de cada um
dos conjuntos subtraído do número de elementos da
intersecção entre os dois conjuntos. Como os elemen-
tos em comum a ambos pertencem aos dois conjuntos,
é necessário subtrair 𝑛 𝑋 ∩ 𝑌 para não contar esses
elementos duas vezes.

DIFERENÇA ENTRE CONJUNTOS O próximo passo é preencher os campos do diagra-


ma. Quando houver o dado, o primeiro espaço a ser
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Para explicar a diferença entre conjuntos, será dado preenchido é a intersecção dos três conjuntos. Nesse
um exemplo. Sejam dois conjuntos X={10, 20, 30, 40} e caso, corresponde à quantidade de funcionários que co-
Y={30, 40, 50, 60}. A diferença entre esses dois conjuntos, mem os três tipos de carne.
nessa ordem (ou seja, X-Y), resulta em um terceiro con-
junto, Z, que é expresso por: Z={10, 20}. Note que o con-
junto Z contém todos os elementos que pertencem tanto
ao conjunto X excluídos os elementos em comum com
o conjunto Y. Essa operação é representada por: Z=X-Y.
Se a diferença fosse Z=Y-X, o resultado seria .Z={50,
60}. Em resumo, o conjunto diferença contém todos os
elementos do primeiro conjunto excluindo-se os ele-
mentos em comum com o segundo conjunto.

46
44 funcionários comem carne vermelha e frango. A quantidade de funcionários que não comem carne,
Dessas 44 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e pode ser encontrada somando-se todos os valores que
peixe. Então, 44-15=29 pessoas comem somente carne constam no diagrama e, em seguida, calcula-se a dife-
vermelha e frango. rença entre o total de funcionários e a soma encontrada.
43 funcionários comem frango e peixe. Dessas 41 Assim: 200-(40+29+15+26+28+28+11)=23 funcionários.
pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e peixe. En- Assim:
tão, 43-15=28 pessoas comem somente frango e peixe.
41 funcionários comem carne vermelha e peixe. Des-
sas 41 pessoas, 15 comem carne vermelha, frango e pei-
xe. Então, 41-15=26 pessoas comem somente carne ver-
melha e peixe.

Agora, coloca-se todos os valores encontrados no


diagrama:

Assim, analisando o diagrama final é possível respon-


der às duas perguntas do problema:
23 funcionários não comem carne
40 funcionários comem somente carne vermelha

FIQUE ATENTO!
Sempre confira se a soma de todos os nú-
meros que constam nos espaços dos dia-
gramas corresponde à quantidade total do
Os próximos passos consistem em preencher os ou- problema. Se não corresponder, há um con-
tros espaços que há em comum entre os conjuntos. junto dos que não se encaixa em nenhum
110 funcionários comem carne vermelha. O número dos conjuntos do problema (no caso acima,
de funcionários que comem somente carne vermelha é o conjunto dos que não comem carne).
corresponde a: 110-29-15-26=40 funcionários.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

100 funcionários comem carne frango. O número de


funcionários que comem somente frango corresponde a:
100-29-15-28=28 funcionários.
80 funcionários comem peixe. O número de funcio-
nários que comem somente peixe corresponde a: 80-28-
15-26=11 funcionários

Agora, coloca-se todos os valores encontrados no


diagrama:

47
1.2. Representação gráfica
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (AFAP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC,


2019). Foi feita uma pesquisa entre todos os funcio-
nários da empresa X e constatou-se que 50 deles fala-
vam inglês, 45 espanhol e 15 falavam as duas línguas.
Verificou-se também que 5 dos funcionários não falavam
nenhuma língua estrangeira. Então, o número de funcio-
nários da empresa X é
a) 95
b) 75
c) 85
d) 80
e) 90

Resposta: Letra C. O diagrama de Venn do problema


é o seguinte Postulados primitivos da geometria, qualquer postu-
lado ou axioma é aceito sem que seja necessária a prova,
contanto que não exista a contraprova.
- Numa reta bem como fora dela há infinitos pontos
distintos.
- Dois pontos determinam uma única reta (uma e so-
mente uma reta).

Assim, o total de funcionários da empresa é igual a:


35+15+30+5=85 funcionários.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE
DIFERENTES REPRESENTAÇÕES DE - Pontos colineares pertencem à mesma reta.
FIGURAS PLANAS, COMO DESENHOS,
MAPAS E PLANTAS. XUTILIZAÇÃO DE
ESCALAS. VISUALIZAÇÃO DE FIGURAS
ESPACIAIS EM DIFERENTES POSIÇÕES.
REPRESENTAÇÕES BIDIMENSIONAIS DE
PROJEÇÕES, PLANIFICAÇÕES E CORTES.

Introdução a Geometria Plana


- Três pontos determinam um único plano.
1. Ponto, Reta e Plano

A definição dos entes primitivos ponto, reta e plano


é quase impossível, o que se sabe muito bem e aqui será
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

o mais importante é sua representação geométrica e es-


pacial.

1.1. Representação, (notação)

→ Pontos serão representados por letras latinas


maiúsculas; ex: A, B, C,… - Se uma reta contém dois pontos de um plano, esta
→ Retas serão representados por letras latinas minús- reta está contida neste plano.
culas; ex: a, b, c,…
→ Planos serão representados por letras gregas mi-
núsculas; ex: β,∞,α,...

48
Uma reta r é paralela a um plano no espaço R3, se
existe uma reta s inteiramente contida no plano que é
paralela à reta dada.
Seja P um ponto localizado fora de um plano. A dis-
tância do ponto ao plano é a medida do segmento de
reta perpendicular ao plano em que uma extremidade é
o ponto P e a outra extremidade é o ponto que é a inter-
seção entre o plano e o segmento.
Se o ponto P estiver no plano, a distância é nula.
- Duas retas são concorrentes se tiverem apenas um
ponto em comum.

Planos concorrentes no espaço são planos cuja inter-


seção é uma reta.
Planos paralelos no espaço R3 são planos que não
Observe que r ∩ s = {H} . Sendo que H está contido tem interseção.
na reta r e na reta s. Quando dois planos são concorrentes, dizemos que
tais planos formam um diedro e o ângulo formado en-
Um plano é um subconjunto do espaço R3 de tal tre estes dois planos é denominado ângulo diedral. Para
modo que quaisquer dois pontos desse conjunto podem obter este ângulo diedral, basta tomar o ângulo forma-
ser ligados por um segmento de reta inteiramente con- do por quaisquer duas retas perpendiculares aos planos
tida no conjunto. concorrentes.
Um plano no espaço pode ser determinado por qual-
quer uma das situações:
- Três pontos não colineares (não pertencentes à
mesma reta);
- Um ponto e uma reta que não contem o ponto;
- Um ponto e um segmento de reta que não contem
o ponto;
- Duas retas paralelas que não se sobrepõe; Planos normais são aqueles cujo ângulo diedral é um
- Dois segmentos de reta paralelos que não se so- ângulo reto (90°).
brepõe;
- Duas retas concorrentes;
- Dois segmentos de reta concorrentes.
Razão entre Segmentos de Reta
Duas retas (segmentos de reta) no espaço R3 podem Segmento de reta é o conjunto de todos os pontos
ser: paralelas, concorrentes ou reversas. de uma reta que estão limitados por dois pontos que são
Duas retas são ditas reversas quando uma não tem as extremidades do segmento, sendo um deles o ponto
interseção com a outra e elas não são paralelas. Pode-se inicial e o outro o ponto final. Denotamos um segmento
pensar de uma reta r desenhada no chão de uma casa e por duas letras como, por exemplo, AB, sendo A o início
uma reta s desenhada no teto dessa mesma casa. e B o final do segmento.
Ex: AB é um segmento de reta que denotamos por AB.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Segmentos Proporcionais
Uma reta é perpendicular a um plano no espaço R3, se
ela intersecta o plano em um ponto P e todo segmento Proporção é a igualdade entre duas razões equiva-
de reta contido no plano que tem P como uma de suas lentes. De forma semelhante aos que já estudamos com
extremidades é perpendicular à reta. números racionais, é possível estabelecer a proporcio-
nalidade entre segmentos de reta, através das medidas
desse segmentos.
Vamos considerar primeiramente um caso particular
com quatro segmentos de reta com suas medidas apre-
sentadas na tabela a seguir:

49
m(AB) = 2cm m(PQ) =4 cm
m(CD) = 3cm m(RS) = 6cm
A razão entre os segmentos AB e CD e a razão entre
os segmentos PQ e RS e , são dadas por frações equivalen-
tes, isto é A B⁄C D = 2⁄3; PQ/RS = 4/6 e como 2/3 = 4/6,
segue a existência de uma proporção entre esses quatro
segmentos de reta. Isto nos conduz à definição de seg-
mentos proporcionais.
Diremos que quatro segmentos de reta, AB, BC, CD e DE
, nesta ordem, são proporcionais se: A B⁄B C = C D⁄D E .
Os segmentos AB e DE são os segmentos extremos e
os segmentos BC e CD e são os segmentos meios.
A proporcionalidade acima é garantida pelo fato que
existe uma proporção entre os números reais que repre-
sentam as medidas dos segmentos: Assim:
B C⁄A B = E F⁄D E
m (AB) m (CD) A B⁄D E = B C⁄E F
=
m (BC) m (DE) D E⁄A B = E F⁄B C
Feixe de Retas Paralelas

Um conjunto de três ou mais retas paralelas num pla- #FicaDica


no é chamado feixe de retas paralelas. A reta que inter- Uma proporção entre segmentos pode
cepta as retas do feixe é chamada de reta transversal. As
ser formulada de várias maneiras. Se um
retas a, b, c e d que aparecem no desenho anexado, for-
dos segmentos do feixe de paralelas for
mam um feixe de retas paralelas enquanto que as retas s
desconhecido, a sua dimensão pode
e t são retas transversais.
ser determinada com o uso de razões
proporcionais.

Ângulos

Ângulo: Do latim - angulu (canto, esquina), do grego


- gonas; reunião de duas semi-retas de mesma origem
não colineares.

Teorema de Tales: Um feixe de retas paralelas de-


termina sobre duas transversais quaisquer, segmentos
proporcionais. A figura abaixo representa uma situação
onde aparece um feixe de três retas paralelas cortadas
por duas retas transversais.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Identificamos na sequência algumas proporções:


A B⁄B C = DE⁄E F
B C⁄ A B = EF ⁄D E
A B⁄D E = B C⁄ E F
D E⁄ A B = E F ⁄B C
Ângulo Central
Ex: Consideremos a figura ao lado com um feixe de
retas paralelas, sendo as medidas dos segmentos indica- a) Da circunferência: é o ângulo cujo vértice é o cen-
das em centímetros. tro da circunferência;

50
b) Do polígono: é o ângulo, cujo vértice é o centro do Ângulo Reto:
polígono regular e cujos lados passam por vértices
consecutivos do polígono. - É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apóiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos Complementares: Dois ângulos são comple-


Ângulo Circunscrito: É o ângulo, cujo vértice não per- mentares se a soma das suas medidas é 900.
tence à circunferência e os lados são tangentes à ela.

Ângulo Inscrito: É o ângulo cujo vértice pertence a


uma circunferência e seus lados são secantes a ela. Ângulos Congruentes: São ângulos que possuem a
mesma medida.

Ângulos Opostos pelo Vértice: Dois ângulos são


Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do opostos pelo vértice se os lados de um são as respectivas
que 90º. semi-retas opostas aos lados do outro. RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Ângulo Raso:
Ângulos Suplementares: Dois ângulos são ditos su-
- É o ângulo cuja medida é 180º; plementares se a soma das suas medidas de dois ângulos
é 180º.

- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

51
Ângulos colaterais externos: O termo colateral signifi-
ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°

Grau: (º): Do latim - gradu; dividindo a circunferência


em 360 partes iguais, cada arco unitário que corresponde
a 1/360 da circunferência denominamos de grau.

Ângulos formados por duas retas paralelas com


uma transversal

Lembre-se: Retas paralelas são retas que estão no


mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Vamos observar a figura abaixo:

Assim a soma dos ângulos 2 e 7 é 180° e a soma dos


ângulos 1 e 8 também será 180°

Ângulos alternos internos: O termo alterno significa


lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se-
rão congruentes

Todos esses ângulos possuem relações entre si, e elas


estão descritas a seguir:

Ângulos colaterais internos: O termo colateral signifi-


ca “mesmo lado” e sua propriedade é que a soma destes
ângulos será sempre 180°
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Assim, o ângulo 4 é igual ao ângulo 6 e o ângulo 3 é


igual ao ângulo 5

Ângulos alternos externos: O termo alterno significa


Assim a soma dos ângulos 4 e 5 é 180° e a soma dos lados diferentes e sua propriedade é que eles sempre se-
ângulos 3 e 6 também será 180° rão congruentes

52
POLÍGONOS

Um polígono é uma figura geométrica plana limitada


por uma linha poligonal fechada. A palavra “polígono”
advém do grego e quer dizer muitos (poly) e ângulos
(gon).

Linhas poligonais e polígonos

Linha poligonal é uma sucessão de segmentos conse-


cutivos e não-colineares, dois a dois. Classificam-se em:

Linha poligonal fechada


simples:

Linha poligonal fechada


não-simples:
Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 7 e o ângulo 2 é
igual ao ângulo 8

Ângulos correspondentes: São ângulos que ocupam


uma mesma posição na reta transversal, um na região Linha poligonal aberta
interna e o outro na região externa. simples:

Linha poligonal aberta


não-simples:

FIQUE ATENTO!
Polígono é uma linha fechada simples. Um
polígono divide o plano em que se encontra
em duas regiões (a interior e a exterior), sem
pontos comuns.

Assim, o ângulo 1 é igual ao ângulo 5, o ângulo 2 é Elementos de um polígono


igual ao ângulo 6, o ângulo 3 é igual ao ângulo 7 e o
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

ângulo 4 é igual ao ângulo 8.

FIQUE ATENTO!
Há cinco classificações distintas para os ân-
gulos formados por duas retas paralelas que
intersectam uma transversal. Então, procure
visualizar bem as imagens para associá-las a
cada classificação existente.

53
Um polígono possui os seguintes elementos:

Lados: Cada um dos segmentos de reta que une vértices consecutivos: AB, BC, CD, DE, EA.

Vértices: Ponto de encontro de dois lados consecutivos: A, B, C, D, E


Diagonais: Segmentos que unem dois vértices não consecutivos: AC, AD, BD, BE, CE
Ângulos internos: Ângulos formados por dois lados consecutivos: a� , b� , c� , d
� , e� .
Ângulos externos: Ângulos formados por um lado e pelo prolongamento do lado a ele consecutivo: a�1 , b1 , c1, d1 , e1

Classificação dos polígonos quanto ao número de lados

Nome Número de lados Nome Número de lados


triângulo 3 quadrilátero 4
pentágono 5 hexágono 6
heptágono 7 octógono 8
eneágono 9 decágono 10
hendecágono 11 dodecágono 12
tridecágono 13 tetradecágono 14
pentadecágono 15 hexadecágono 16
heptadecágono 17 octodecágono 18
eneadecágono 19 icoságono 20

A classificação dos polígonos pode ser ilustrada pela seguinte árvore:

Um polígono é denominado simples se ele for descrito por uma fronteira simples e que não se cruza (daí divide o
plano em uma região interna e externa), caso o contrário é denominado complexo.
Um polígono simples é denominado convexo se não tiver nenhum ângulo interno cuja medida é maior que 180°,
caso o contrário é denominado côncavo.
Um polígono convexo é denominado circunscrito a uma circunferência ou polígono circunscrito se todos os vértices
pertencerem a uma mesma circunferência.
Um polígono inscritível é denominado regular se todos os seus lados e todos os seus ângulos forem congruentes.

Alguns polígonos regulares:

a) triângulo equilátero
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

b) quadrado
c) pentágono regular
d) hexágono regular

Propriedades dos polígonos

De cada vértice de um polígono de n lados, saem dv = n – 3


O número de diagonais (d) de um polígono é dado por:
n n−3
d=
2

54
Onde n é o número de lados do polígono. Paralelogramo

A soma das medidas dos ângulos internos de um po-


lígono de n lados (Si) é dada por:
Si = n − 2 � 180°
A soma das medidas dos ângulos externos de um po-
lígono de n lados (Se) é igual a:

360°
Se =
n

Em um polígono convexo de n lados, o número de


triângulos formados por diagonais que saem de cada
vértice é dado por n - 2. Características:

A medida do ângulo interno de um polígono regular Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
de n lados (ai ) é dada por: AB // DC e AD // BC .
Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
n − 2 � 180° ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
ai =
n A altura é medida em relação a distância entre os seg-
mentos paralelos, ou seja: BG: altura = h
A medida do ângulo externo de um polígono regular A base é justamente a medida dos lados que se me-
de n lados (ae ) é dada por: diu a altura: AD: base = b
A área é calculada como o produto da base pela al-
360° tura: Área= b∙h
ae =
n O perímetro é calculado como a soma das medidas
de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
A soma das medidas dos ângulos centrais de um po-
lígono regular de n lados (Sc ) é igual a 360º. Retângulo

A medida do ângulo central de um polígono regular


de n lados () é dada por:
360°
ac =
n

Polígonos regulares

Os polígonos regulares são aqueles que possuem to-


dos os lados congruentes e todos os ângulos congruen-
tes. Todas as propriedades anteriores são válidas para os Características:
polígonos regulares, a diferença é que todos os valores
são distribuídos uniformemente, ou seja, todos os ân- Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
gulos terão o mesmo valor e todas as medidas terão o AB // DC e AD // BC
mesmo valor. Além de paralelos, os lados paralelos possuem a mes-
ma medida, ou seja: AB = DC e AD = BC
Diferentemente do paralelogramo, todos os ângulos
#FicaDica
do retângulo medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Polígonos regulares são formas de polígo- No retângulo, um par de lados paralelos


nos mais estudadas e cobradas em questões será a base e o outro será a altura, no desenho:
de concursos. AB: altura = h e AD: base = b
A área é calculada como o produto da base pela al-
tura: Área= b∙h

QUADRILÁTEROS, CIRCUNFERÊNCIA E CÍRCULO O perímetro é calculado como a soma das medidas


de todos os quatro lados:
Quadriláteros Perímetro = AB + BC + CD + DA = 2b + 2h

São figuras que possuem quatro lados dentre os


quais temos os seguintes subgrupos:

55
Losango Trapézio

Características:
Características: Possuirá apenas um par de lados paralelos que serão
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja: chamados de bases maior e menor:
AB // DC e AD // BC AD// BC, AB: base maior = B e CD: base menor = b
Possuem os quatro lados com medidas iguais: A altura será definida como a distância entre as bases:
AB = DC = AD = BC BG: altura = h
No losango, definem-se diagonais como a distância
entre vértices opostos, assim: A área é calculada em função das bases e da altura:
BD: diagonal maior = D e AC: diagonal menor = d Área =
B+b
�h
A área é calculada a partir das diagonais e não dos 2
lados: Área = 2 O perímetro é calculado como a soma das medidas
D�d

O perímetro é calculado como a soma das medidas de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA


de todos os quatro lados: AB + BC + CD + DA
Circunferência e Círculo
Quadrado
Uma circunferência é definida como o conjunto de
pontos cuja distância de um ponto, denominado de cen-
tro, O é igual a R, definido como raio.

Características:
Possuem lados paralelos, dois a dois, ou seja:
AB // DC e AD // BC
Possuem os quatro lados com medidas iguais: Já um círculo é definido como um conjunto de pontos
AB = DC = AD = BC cuja distância de O é menor ou igual a R.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Diferentemente do losango, todos os ângulos do


quadrado medem 90°: A �=B � = C� = D
� = 90°
Seguindo a lógica do retângulo, temos o valor da base
e da altura iguais neste caso: BC: lado = L e AB: lado =
A área é calculada de maneira simples: Área = L2
O perímetro é calculado como a soma
das medidas de todos os quatro lados:
Perímetro = AB + BC + CD + DA = 4L

56
Características:
Características: A Área do Setor Circular (para α em radianos):
A medida relevante da circunferência é o raio (R) que R2
é a distância de qualquer ponto da circunferência em re- A= α − sen α
lação ao centro C. 2
A área é calculada em função do raio: Área = πR2 3. Posições Relativas entre Retas e Circunferências
O perímetro, também chamado de comprimento da
circunferência, é calculado em função do raio também: Dado uma circunferência de raio R e uma reta ‘r’ cuja
Perímetro = 2πR distância ao centro da circunferência é ‘d’, temos as se-
guintes posições relativas:
Setor Circular
Reta Tangente: Reta e circunferência possuem apenas
Um Setor Circular é uma região de um círculo com- um ponto em comum (dOP = R)
preendida entre dois segmentos de reta que se iniciam
no centro e vão até a circunferência.

#FicaDica
Em termos práticos, um setor circular é um
“pedaço” de um círculo.

Reta Exterior: Reta e circunferência não possuem pon-


tos em comum (dOP > R)

Características:
O ângulo α é definido como ângulo central απR2
Área do Setor Circular (para α em graus): A =
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

360
αR2
Área do Setor Circular (para α em radianos): A =
2

Segmento Circular

Um Segmento Circular é uma região de um círculo


compreendida entre um segmento que liga os pontos de
cruzamento dos segmentos de reta com a circunferência,
ao qual definimos como corda AB e a circunferência.

57
Reta Secante: Reta e circunferência possuem dois
pontos em comum (dOP < R)

Bissetriz: É a semi-reta que divide um ângulo em duas


partes iguais. O ângulo B está dividido ao meio e neste
caso Ê = Ô.

TRIÂNGULOS E TEOREMA DE PITÁGORAS


Ângulo Interno: É formado por dois lados do triângu-
Definição lo. Todo triângulo possui três ângulos internos.

Triângulo é um polígono de três lados. É o polígono Ângulo Externo: É formado por um dos lados do triân-
que possui o menor número de lados. Talvez seja o polí- gulo e pelo prolongamento do lado adjacente (ao lado).
gono mais importante que existe. Todo triângulo possui
alguns elementos e os principais são: vértices, lados, ân-
gulos, alturas, medianas e bissetrizes.
Apresentaremos agora alguns objetos com detalhes
sobre os mesmos.

Classificação dos triângulos quanto ao número de


lados

Triângulo Equilátero: Os três lados têm medidas


a) Vértices: A,B,C. iguais. .
b) Lados: AB,BC e AC. m(AB) = m(BC) = m(CA)
c) Ângulos internos: a, b e c.

Altura: É um segmento de reta traçada a partir de um


vértice de forma a encontrar o lado oposto ao vértice
formando um ângulo reto. BH é uma altura do triângulo.

Triângulo Isósceles: Dois lados têm medidas iguais.


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

m(AB) = m(AC).

Mediana: É o segmento que une um vértice ao ponto


médio do lado oposto. BM é uma mediana.

Triângulo Escaleno: Todos os três lados têm medidas


diferentes.

58
Seguindo a regra dos polígonos, a soma dos ângu-
los internos de qualquer triângulo é sempre igual a 180
graus, isto é: a + b + c = 180°

Ex: Considerando
o triângulo abai-
xo, podemos achar o
valor de x, escrevendo:
70º + 60º + x = 180º e dessa forma, obtemos
Classificação dos triângulos quanto às medidas x = 180º − 70º − 60º = 50º
dos ângulos

Triângulo Acutângulo: Todos os ângulos internos são


agudos, isto é, as medidas dos ângulos são menores do
que 90º.

Ângulos Externos: Consideremos o triângulo ABC.


Como observamos no desenho, as letras minúsculas
representam os ângulos internos e as respectivas letras
maiúsculas os ângulos externos.

Triângulo Obtusângulo: Um ângulo interno é obtuso,


isto é, possui um ângulo com medida maior do que 90º.

Todo ângulo externo de um triângulo é igual à soma


dos dois ângulos internos não adjacentes a esse ângulo
externo. Assim: A = b + c, B = a + c, C = a + b
Triângulo Retângulo: Possui um ângulo interno reto
(90 graus). Atenção a esse tipo de triângulo pois ele é Ex: No triângulo desenhado, podemos achar
muito cobrado! a medida do ângulo externo x, escrevendo:
x = 50º + 80º = 130°.

Medidas dos Ângulos de um Triângulo

Ângulos Internos: Consideremos o triângulo ABC. Po- Congruência de Triângulos


deremos identificar com as letras a, b e c as medidas dos
ângulos internos desse triângulo. Duas figuras planas são congruentes quando têm a
mesma forma e as mesmas dimensões, isto é, o mesmo
tamanho. Para escrever que dois triângulos ABC e DEF
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

#FicaDica são congruentes, usaremos a notação: ABC ~ DEF


Para os triângulos das figuras abaixo, existe a congruên-
Em alguns locais escrevemos as letras mai- cia entre os lados, tal que: AB ~ RS, BC ~ ST, CA ~ T e
úsculas, acompanhadas de acento () para entre os ângulos:
representar os ângulos.

59
Se o triângulo ABC é congruente ao triângulo RST, LAAo (Lado, Ângulo, Ângulo oposto): Conhecido um
escrevemos: A�~R � , B� ~ S� , C� ~ �T lado, um ângulo e um ângulo oposto ao lado. Dois triân-
gulos são congruentes quando têm um lado, um ângulo,
um ângulo adjacente e um ângulo oposto a esse lado
FIQUE ATENTO! respectivamente congruente.
Dois triângulos são congruentes, se os seus
elementos correspondentes são ordenada-
mente congruentes, isto é, os três lados e
os três ângulos de cada triângulo têm res-
pectivamente as mesmas medidas. Deste
modo, para verificar se um triângulo é con-
gruente a outro, não é necessário saber a
medida de todos os seis elementos, basta
conhecerem três elementos, entre os quais
Semelhança de Triângulos
esteja presente pelo menos um lado. Para
facilitar o estudo, indicaremos os lados cor-
Duas figuras são semelhantes quando têm a mesma
respondentes congruentes marcados com
forma, mas não necessariamente o mesmo tamanho. Se
símbolos gráficos iguais.
duas figuras R e S são semelhantes, denotamos: .

Ex: As ampliações e as reduções fotográficas são figu-


ras semelhantes. Para os triângulos:
Casos de Congruência de Triângulos

LLL (Lado, Lado, Lado): Os três lados são conhecidos.


Dois triângulos são congruentes quando têm, respecti-
vamente, os três lados congruentes. Observe que os ele-
mentos congruentes têm a mesma marca.

Os três ângulos são respectivamente congruentes,


isto é: A~R, B~S, C~T

Casos de Semelhança de Triângulos

Dois ângulos congruentes: Se dois triângulos tem


LAL (Lado, Ângulo, Lado): Dados dois lados e um ân- dois ângulos correspondentes congruentes, então os
gulo. Dois triângulos são congruentes quando têm dois triângulos são semelhantes.
lados congruentes e os ângulos formados por eles tam-
bém são congruentes.

ALA (Ângulo, Lado, Ângulo): Dados dois ângulos e um Se A~D e C~F então: ABC =
� DEF
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

lado. Dois triângulos são congruentes quando têm um


lado e dois ângulos adjacentes a esse lado, respectiva- Dois lados proporcionais: Se dois triângulos tem dois
mente, congruentes. lados correspondentes proporcionais e os ângulos for-
mados por esses lados também são congruentes, então
os triângulos são semelhantes.

60
Como m(AB) ⁄ m(EF) = m(BC) ⁄ m(FG) = 2 ,

então ABC =
� EFG
Ex: Na figura abaixo, observamos que um triângulo pode ser “rodado” sobre o outro para gerar dois triângulos
semelhantes e o valor de x será igual a 8.

Três lados proporcionais: Se dois triângulos têm os três lados correspondentes proporcionais, então os triângulos
são semelhantes.

Teorema de Pitágoras

Dizem que Pitágoras, filósofo e matemático grego que viveu na cidade de Samos no século VI a. C., teve a intuição
do seu famoso teorema observando um mosaico como o da ilustração a seguir.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

61
Observando o quadro, podemos estabelecer a seguinte tabela:

Triângulo Triângulo Triângulo


ABC A`B`C` A``B``C``
Área do quadrado construído 4 8 16
sobre a hipotenusa
Área do quadrado construído 2 4 8
sobre um cateto
Área do quadrado construído 2 4 9
sobre o outro cateto

Como 4 = 2 + 2 � 8 = 4 + 4 � 16 = 8 + 8 , Pitágoras observou que a área do quadrado construído sobre


a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.

A descoberta feita por Pitágoras estava restrita a um triângulo particular: o triângulo retângulo isósceles. Estudos
realizados posteriormente permitiram provar que a relação métrica descoberta por Pitágoras era válida para todos os
triângulos retângulos. Os lados do triângulo retângulo são identificados a partir a figura a seguir:

Onde os catetos são os segmentos que formam o ângulo de 90° e a hipotenusa é o lado oposto a esse ângulo. Cha-
mando de “a” e “b” as medidas dos catetos e “c” a medida da hipotenusa, define-se um dos teoremas mais conhecidos
da matemática, o Teorema de Pitágoras:
c 2 = a2 + b2

Onde a soma das medidas dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Teorema de Pitágoras no quadrado

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabelecer uma relação importante entre a medida d da diagonal e a
medida l do lado de um quadrado.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

d= medida da diagonal
l= medida do lado

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo retângulo ABC, temos:

d² = l² + l²
d = √2l²
d=l 2

62
Teorema de Pitágoras no triângulo equilátero

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos estabe-


lecer uma relação importante entre a medida h da altura
e a medida l do lado de um triângulo equilátero.


Lembremo-nos de que, qualquer que seja o triângulo,
a soma dos seus três ângulos internos vale 180º. Logo,
a respeito do triângulo ABC apresentado, dizemos que:

α + β + 90° = 180° → α + β = 90°

Com isso, podemos concluir:

a) Que os ângulos α e β são complementares, isto é,


são ângulos cujas medidas somam 90º;
l= medida do lado b) Uma vez que são complementares ambos terão
h= medida da altura sempre medida inferior a 90º, ou seja, serão ân-
gulos agudos.
No triângulo equilátero, a altura e a mediana coin-
cidem. Logo, é ponto médio do lado BC. No triângulo
retângulo AHC, é ângulo reto. De acordo com o teorema FIQUE ATENTO!
de Pitágoras, podemos escrever: Dizemos que todo triângulo retângulo tem
um ângulo interno reto e dois agudos, com-
plementares entre si.

#FicaDica

Vale lembrar que a hipotenusa será sempre


o lado oposto ao ângulo reto e, ainda, o
lado maior do triângulo. Podemos relacio-
3l2 ná-los através do Teorema de Pitágoras, o
h² = qual enuncia que o quadrado sobre a hipo-
4 tenusa de um triângulo retângulo é igual à
soma dos quadrados sobre os catetos.
l 3
h=
2

2. Seno, Co-seno e Tangente de um Ângulo Agudo

TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO A figura abaixo ilustra um triângulo retângulo com


suas medidas de lados:
1. Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Definiremos algumas relações e números obtidos


a partir dos lados de triângulos retângulos. Antes, po-
rém, precisamos revisar seus conceitos básicos. A figura
abaixo apresenta um triângulo onde um de seus ângulos
π
internos é reto (de medida 90º ou 2 rad), o que nos per-
mite classificá-lo como um triângulo retângulo.

63
De fato, as medidas de seus lados (3, 4 e 5 unidades Observemos, nas figuras abaixo, que a diagonal de
de comprimento) satisfazem a sentença do teorema de um quadrado divide ângulos internos opostos, que são
Pitágoras: 52 = 32 + 42. retos, em duas partes de 45 + o+, e que o segmento
Agora, definiremos três importantes relações entre que define a bissetriz (e altura) de um ângulo interno do
os lados do triângulo, aos quais chamaremos de seno, triângulo equilátero permite-nos reconhecer, em qual-
co-seno e tangente. Essas propriedades serão sempre quer das metades em que este é dividido, ângulos de
relativas a um determinado ângulo, assim, precisaremos medidas 30o e 60o.
especificar de qual ângulo estamos falando. A expressão
geral é apresentada abaixo, com as abreviações as pro-
priedades:

cateto oposto ao ângulo


sen Ângulo =
hipotenusa

cateto adjacente ao ângulo


cos Ângulo =
hipotenusa

Primeiramente, vamos calcular os comprimentos da


cateto oposto ao ângulo diagonal do quadrado e a altura h, do triângulo equi-
tg Ângulo =
cateto adjacente ao ângulo látero. Como já vimos as fórmulas na seção anterior de
triângulos, vamos apenas indicar os valores:
A partir dessas definições, podemos calcular o seno,
co-seno e tangente do ângulo α, do triângulo da figura: d=a 2
l 3
cateto oposto a α h=
2
sen α =
hipotenusa Sabemos, agora, que o triângulo hachurado no inte-
rior do quadrado tem catetos de medida 𝐚 e2hipotenusa
cateto adjacente a α 𝐚 2 . Para o outro triângulo sombreado, teremos cate-
cos α = tos e medidas 1 e l 3 , enquanto sua hipotenusa tem
hipotenusa comprimento 1. 2 2

Passemos, agora, ao cálculo de seno, co-seno e tan-


cateto oposto a α gente dos ângulos de 30o, 45o e 60o.
tg α =
cateto adjacente a α
2.2. Seno, Co-seno e Tangente de 30° e 60°.
No caso de α , o cateto oposto a ele será aquele que Tomando por base o triângulo equilátero da figura
não forma o ângulo, ou seja, o segmento AC. Já o cateto acima, e conhecendo as medidas de seus lados, temos:
adjacente será o cateto que junto com a hipotenusa, for-
ma o ângulo, assim, ele será AB. Substituindo os valores: cateto oposto a 30° l/2 1
cateto oposto a α 3
sen 30° = = =
sen α = = = 0,6
hipotenusa l 2
hipotenusa 5 l 3
cateto adjacente a 30° 3
cos 30° = = 2
=
hipotenusa l 2
cateto adjacente a α 4
cos α = = = 0,8 cateto oposto a 30° l/2 3
hipotenusa 5
tg 30° = cateto adjacente a 30° = l 3
= 3
2
cateto oposto a α 3 E
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

tg α = = = 0,75
cateto adjacente a α 4

2.1. Seno, Co-seno e Tangente dos Ângulos Notá-


veis
l
cateto adjacente a 60° 1
Uma vez definidos os conceitos de seno, co-seno e cos 60° = = 2
=
hipotenusa l 2
tangente de ângulos agudos internos a um triângulo
retângulo, passaremos a determinar seus valores para l 3
ângulos de grande utilização em diversas atividades pro- tg 60° =
cateto oposto a 60°
= 2
= 3
fissionais e encontrados facilmente em situações cotidia- cateto adjacente a 60° l
2
nas.

64
Observação Importante: Observe que os ângulos de
30° e 60° são complementares, e isso provoca a troca dos
valores de seno e cosseno. Já a tangente, temos exata-
mente o valor inverso.

2.3. Seno, Co-seno e Tangente de 45°

A partir do quadrado representado na figura acima,


de lado a e diagonal 𝐚 2 , podemos calcular:

Nele, podemos ver a divisão do círculo em quadran-


cateto oposto a 45° a tes e em cada quadrante, podemos ver as posições do
tg 45° = = =1 seno e cosseno dos ângulos. É importante memorizar os
cateto adjacente a 45° a
sinais dos senos e cossenos, pois eles se alteram confor-
me mudamos de quadrante.
Note que o ângulo de 45° tem valores iguais de seno Também é importante notar os limites de valores
e cosseno, o que implica em uma tangente igual a 1. Isso para o seno e cosseno. Para qualquer ângulo x, os va-
se deve pois o complementar deste ângulo é ele mesmo. lores de seno e cosseno estarão sempre entre -1 e 1 e
Os resultados que obtivemos nos permitem definir, a isto está representado nos valores para os ângulos de
seguir, uma tabela de valores de seno, co-seno e tangen- π 3π
0, , π, e 2π
te dos ângulos notáveis, que nos será extremamente útil. 2 2

4. Outras Razões Trigonométricas – Co-tangente,


30o 45o 60o Secante e Co-secante

sen 3 Além das razões com que trabalhamos até aqui, são
1 2
definidas a co-tangente, secante e co-secante de um ân-
2 2
2 gulo agudo de triângulo retângulo através de relações
entre seus lados, como definimos a seguir, com suas res-
cos 3 2 1 pectivas abreviações
2 2 2
tg
3 1 3 cateto adjacente ao ângulo
cotg Ângulo =
3 2 cateto oposto ao ângulo
hipotenusa
sec Ângulo = cateto adjacente ao ângulo
3. O círculo trigonométrico
hipotenusa
cossec Ângulo =
Definidas principais propriedades e o ângulos notá- cateto oposto ao ângulo
veis, podemos expandir essa análise para todos os ân-
gulos de um círculo, indo de 0 a 360° ou de 0 a 2π rad. Por exemplo, para um triângulo retângulo de lados 3,
Para isso, usamos o circulo trigonométrico apresentado
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

4 e 5 unidades de comprimento que apresentamos ante-


a seguir: riormente, temos para o ângulo α:

cateto adjacente a α 4
cotg α = =
cateto oposto a α 3
hipotenusa 5
sec α = =4
cateto adjacente a α
hipotenusa 5
cossec α = cateto oposto a α = 3

65
5. Identidades Trigonométricas De forma análoga, o leitor obterá o mesmo resultado
se tomar o ângulo β. Dizemos, portanto, que, para um
É comum a necessidade de obtermos uma razão tri- ângulo x, cujo cosseno não será nulo:
gonométrica, para um ângulo, a partir de outra razão
cujo valor seja conhecido, ou mesmo simplificar expres- sen x
sões extensas envolvendo várias relações trigonométri- tg x =
cas para um mesmo ângulo. Nesses casos, as identidades
cos x
trigonométricas que iremos deduzir neste tópico são fer-
ramentas de grande aplicabilidade. Podemos observar, também, que a razão b , que re-
Identidade em uma ou mais variáveis é toda igualda- presenta tg α , se invertida (passando a c ), vemc a consti-
de verdadeira para quaisquer valores a elas atribuídos, tuir cotg α . Em virtude disso, e aproveitando
b
a identidade
desde que verifiquem as condições de existência de ex- enunciada anteriormente, podemos dizer que, para todo
pressão. ângulo x de seno não-nulo:
Vamos iniciar então, mostrando um triângulo retân-
1 cos x
gulo qualquer: cotg x = =
tg x sen x

Tais inversões ocorrem também e se tratando das re-


lações seno, co-seno, secante e co-secante. Vejamos que:

Aplicando as medidas de seus lados no teorema de


Pitágoras, obtemos a seguinte igualdade:

b2 + c 2 = a2 e

Dividindo os seus membros por , não alteraremos a


igualdade. Assim, teremos:
2
b2 c 2 a2 b c 2
2 + 2= 2→ + =1
a a a a a
Se utilizarmos as relações trigonométricas que defi-
nimos (seno, cosseno e tangente), podemos simplificar a
expressão de duas maneiras possíveis, em função de ou : Teríamos encontrado inversões análogas se utilizás-
semos o ângulo β. Assim, essas relações também vale-
2 2 rão para qualquer ângulo x, desde que seja respeitada a
sen α + cos α = 1 condição de os denominadores dos segundos membros
ou dessas identidades não serem nulos.
2 2
cos β + sen β = 1 Aplicando essas relações no teorema de Pitágoras,
chegamos as outras duas importantes identidades trigo-
nométricas:
Logo, como sempre teremos a soma dos quadrados
de seno e co-seno de um ângulo. Essa identidade valerá
2
tg x + 1 = sec 2 x
para qualquer ângulo x: 2
cotg x + 1 = cosec2 x
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

sen2x + cos 2 x = 1 6. Adição e Subtração de Arcos

Essa relação, é conhecida como relação fundamental Outras identidades trigonométricas estão relaciona-
da trigonometria. das a operações com ângulos. As fórmulas a seguir foram
deduzidas para facilitar algumas operações matemáticas.
Façamos agora outro desenvolvimento. Tomemos Sejam α e β ângulos quaisquer. Temos que:
um dos ângulos agudos do triângulo ABC, da figura. Por
exemplo, α. Dividindo-se sen α por cos α, obtemos:

sen α b⁄a b
= = = tg α
cos α c⁄a c

66
Seno da Soma: sen α + β = sen α � cos β + sen β � cos α

Seno da Diferença: sen α − β = sen α � cos β − sen β � cos α


Cosseno da Soma: cos α + β = cos α � cos β − sen α � sen β

Cosseno da Diferença: cos α − β = cos α � cos β + sen α � sen β

tg α+tg β
Tangente da Soma: tg α + β = 1−tgα � tgβ

tg α−tg β
Tangente da Diferença: tg α − β =
1+tgα.tg β

Dessas fórmulas, podemos deduzir uma variação im-


portante, que são as fórmulas dos arcos duplos:

sen 2θ = 2 � sen θ � cos θ �


a2 = b2 + c 2 − 2 � b � c � cos A

b2 = a2 + c 2 − 2 � a � c � cos B
cos 2θ = cos2 θ − sen ²θ
c 2 = a2 + b2 − 2 � a � b � cos C�

FIQUE ATENTO!
Há três formas distintas de utilizar a Lei dos
Cossenos. Quando for utilizá-la, tenha cui-
LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS dado ao expressar os termos conhecidos e
a incógnita em uma das três equações pro-
Lei dos Senos postas. Note que o termo à esquerda do si-
nal de igual é o lado oposto ao ângulo que
A Lei dos senos relaciona os senos dos ângulos de deve aparecer na equação.
um triângulo qualquer (não precisa necessariamente ser
retângulo) com os seus respectivos lados opostos. Além
disso, há uma relação direta com o raio da circunferência
circunscrita neste triângulo:
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Calcule a medida de x:

a b c Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


= = = 2R temos que aplicar ao ângulo oposto ao lado que ire-
� sen B
sen A � sen C�
mos usar. Assim, o lado de medida 100 possui o ângu-
lo A
� como oposto, e ele mede 30°, dado as medidas
Lei dos Cossenos dos outros ângulos, assim:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

A lei dos cossenos é considerada uma generalização x 100


=
do teorema de Pitágoras, onde para qualquer triângulo, sen 45° sen 30°
conseguimos relacionar seus lados com a subtração de
um termo que possui o ângulo oposto do lado de refe- x 100
rência. =
2/2 1/2

x = 100 2

67
2.Calcule a medida de x: Resposta: x = 50° e y = 130°
Facilmente observamos que os ângu-
los x e 50° são opostos pelo vértice, logo, x = 50°. Po-
demos constatar também que y e 50° são suplemen-
tares, ou seja:

50° + y = 180°
y = 180° – 50°
y = 130°
Portanto,os ângulos procurados são y = 130° e x = 50°

Resposta: Aplicando a lei dos senos, lembrando que


ela se relaciona com a circunferência circunscrita ao
triângulo: 3. A figura abaixo é um losango. Determine o valor
de x e y, a medida da diagonal   AC , da diagonal   BD e
x o perímetro do triângulo BMC.
= 2R
sen 60°

x
=2 3
3/2

x=3

Resposta: Aplicando as relações geométricas referen-


EXERCÍCIOS COMENTADOS tes ao losango, tem-se:

01. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2012) x = 15


Se o recipiente estiver assentado sobre um plano hori- y = 20
zontal e 30 litros do combustível forem retirados, a altura AC = 20 + 20 = 40
do combustível que restou no recipiente será inferior a BD = 15 + 15 = 30
30 cm.
BMC = 15 + 20 + 25 = 60
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. Dado o triângulo a seguir, obtenha os valores dos ca-
V = 50 ⋅ 50 ⋅ 40 = 100000. cm³ = 100.000 mL = 100 tetos. Utilize 3 = 1,7
litros
Se retirar 30litros = 70litros
700.00 = 50 ⋅ 50x
x = 28 cm
GABARITO OFICIAL: CERTO

2. Na imagem a seguir, as retas u, r e s são paralelas e


cortadas por uma reta transversal. Determine o valor dos
ângulos x e y.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

a) 10 e 7,5
b) 5 e 8,5
c) 5 e 5
d) 8,5 e 7,5
e) 7,5 e 7,5

Resposta: Letra B. Basta calcular o seno e o cosseno


de 30° e igualar aos valores de ½ e 3⁄2 . Nem sempre
os exercícios passarão os valores dos ângulos notá-
veis, é importante memorizar.

68
5. Dado o triângulo a seguir, obtenha o valor da hipotenusa. Utilize 2 = 1,4

a) 4,8
b) 5,0
c) 5,5
d) 5,7
e) 6,0

Resposta: Letra D. Usando o cosseno de 45°, chega-se na resposta.

6. Assinale a alternativa que representa os valores de sen (75°) e cos (75°)

6− 2 6+ 2
a) e
2 2
6− 2 6+ 2
b) 4
e 4
6+ 2 6− 2
c) 4
e 4
6− 2 6+ 2
d) e
4 4

Resposta: Letra C. Usando a fórmula de soma de arcos para seno e cosseno e considerando que 75° = 30° + 45°:

GEOMETRIA ESPACIAL

Poliedros

Poliedros são sólidos compostos por faces, arestas e vértices. As faces de um poliedro são polígonos. Quando as
faces do poliedro são polígonos regulares e todas as faces possuem o mesmo número de arestas, temos um poliedro
regular. Há 5 tipos de poliedros regulares, a saber:

Tetraedro: poliedro de quatro faces


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Hexaedro: poliedro de seis faces (cubo)


Octaedro: poliedro de oito faces
Dodecaedro: poliedro de doze faces
Icosaedro: poliedro de vinte faces

69
Já poliedros não regulares são sólidos cujas faces ou são polígonos não regulares ou não possuem o mesmo nú-
mero de arestas. Os exemplos mais usuais são pirâmides (com exceção do tetraedro) e prismas (com exceção do cubo).
Relação de Euler: relação entre o número de arestas (A), faces (F) e vértices (V) de um poliedro convexo. É dada por:

V− A+F = 2

Prismas

Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces planas, no qual as bases se situam em planos paralelos. Quanto
à inclinação das arestas laterais, os prismas podem ser retos ou oblíquos.

Prisma reto

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base.
As faces laterais são retangulares.

Prisma oblíquo

As arestas laterais têm o mesmo comprimento.


As arestas laterais são oblíquas (formam um ângulo diferente de um ângulo reto) ao plano da base.
As faces laterais não são retangulares.

Bases: regiões poligonais congruentes

Altura: distância entre as bases

Arestas laterais paralelas: mesmas


medidas

Faces laterais: paralelogramos

Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo

Prismas regulares: prismas que possuem como base, polígonos regulares (todos os lados iguais).
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Sendo AB , a área da base, ou seja, a área do polígono correspondente e AL , a área lateral, caracterizada pela
soma das áreas dos retângulos formados entre as duas bases, temos que:

Área total: AT = AL + 2 � AB

Volume: V = AB . h , onde h é a altura, caracterizada pela distância entre as duas bases

Cilindros

São sólidos parecidos com prismas, que apresentam bases circulares e também podem ser retos ou oblíquos.

70
Sendo R o raio da base, a altura do cilindro, temos Geratriz: g 2 = R2 + h2
que:
Área da base: AB = πR2 Área da Base: AB = πR2
Área lateral: AL = 2πRh
Área total: AT = AL + 2AB Área Lateral: AL = πgR
Volume: V = AB � h
Área Total: AT = AL + AB
Pirâmides
AB � h
As pirâmides possuem somente uma base e as faces Volume: V =
laterais são triângulos. A distância do vértice de encontro 3
dos triângulos com a base é o que determina a altura da Esfera
pirâmide (h).
A esfera é o conjunto de pontos nos quais a distância
em relação a um centro é menor ou igual ao raio da es-
fera R. A esfera é popularmente conhecida como “bola”
pois seu formato é o mesmo de uma bola de futebol, por
exemplo.

Sendo AB a área da base, determinada pelo polígono


que forma a base, a área lateral, determinada pela soma
2
das áreas dos triângulos laterais, temos que: Área da Superfície Esférica: A = 4πR
Área total: AT = AL + AB 4πR3
Volume: V =
AB � h 3
Volume: V =
3

Cones #FicaDica
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Os cones são sólidos possuem uma única base (cír- Na área total dos prismas e cilindros, mul-
culo). A distância do vértice à circunferência (contorno tiplicamos a área da base por 2 pois temos
da base) é chamada de geratriz (g) e a distância entre o duas bases formando o sólido. Já no caso
vértice e o centro do círculo é a altura do cone (h). das pirâmides e dos cones isto não ocorre,
pois há apenas uma base em ambos.

71
MÉTRICA. ÁREAS E VOLUMES. ESTIMATIVAS. APLICAÇÕES

Sistema de Unidades de Medidas

O sistema de medidas e unidades existe para quantificar dimensões. Como a variação das mesmas pode ser gigan-
tesca, existem conversões entre unidades para melhor leitura.

Medidas de Comprimento

A unidade principal (utilizada no sistema internacional de medidas) de comprimento é o metro. Para medir dimen-
sões muito maiores ou muito menores que essa referência, surgiram seis unidades adicionais:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

A conversão de unidades de comprimento segue potências de 10. Para saber o quanto se deve multiplicar (ou di-
vidir), utiliza-se a regra do 10 c , onde c é o número de casas que se andou na tabela acima. Adicionalmente, se você
andou para a direita, o número deverá ser multiplicado, se andou para a esquerda, será dividido. As figuras a seguir
exemplificam as conversões:

Ex: Conversão de 2,3 metros para centímetros

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

2o passo: Conte a
quantidade de casas
que você anda de uma
unidade para a outra. De
metro para centímetro
foram 2 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

72
Ex: Conversão de 125 000 mm para decâmetro:

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)
1º passo: Inicia-se
da unidade que
você vai converter.

2º passo: Conte a quan-


tidade de casas que você
anda de uma unidade para
a outra. De milímetro para
decâmetro são 4 casas.
km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

km hm dam m dm cm mm
(kilômetro) (hectômetro) (decâmetro) (metro) (decímetro) (centímetro) (milímetro)

Medidas de Área (Superfície)

As medidas de área seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o metro
quadrado e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10c , utiliza-
-se a regra de 102c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 2. A definição se multiplica
ou divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

Ex: Conversão de 2 km² para m²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você
vai converter.

73
2º passo: Conte a
quantidade de casas que
você andou. Neste caso,
de km2 para m2, andou-
se 3 casas.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

Ex: Conversão de 20 mm² para cm²

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²


(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

2o passo: Conte a quantidade


de casas que você andou.
Neste caso, de mm2 para
cm2, andou-se 1 casa.
km² hm² dam² m² dm² cm² mm²
(kilômetro (hectômetro (decâmetro (metro (decímetro (centímetro (milímetro
quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado) quadrado)

Medidas de Volume (Capacidade)

As medidas de volume seguem as mesmas referências que as medidas de comprimento. A unidade principal é o
metro cúbico e as outras seis unidades são apresentadas a seguir:
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

c
A conversão de unidades segue com potências de 10. A diferença agora é que ao invés da regra de 10 , utiliza-se
a regra de 103c , ou seja, o número de casas que se andou deve ser multiplicado por 3. A definição se multiplica ou
divide segue a mesma regra: Andou para a direita, multiplica, andou para a esquerda, divide. Sigam os exemplos:

74
Ex: Conversão de 3,7 m³ para cm³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de
casas que você andou.
Neste caso, de m3
para cm3, forma2 casas.

Ex: Conversão de 50000 dm³ para m³

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)
1o passo:
Inicia-se
da unidade
que você vai
converter.

km³ hm³ dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(kilômetro (hectômetro- (decâmetro- (metro- (decímetro- (centímetro- (milímetro-
cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico) cúbico)

2o passo: Conte a
quantidade de ca-
sas que você an-
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

dou. Neste caso, de


m3 para dm3, an-
dou-se 1 casa.

kL hL dam³ m³ dm³ cm³ mm³


(quilolitro) (hectolitro) (decalitro) (litro) (decilitro) (centilitro) (mililitro)

75
Para essa tabela, o roteiro para converter unidades de medidas é o mesmo utilizado para as medidas anteriores. A
diferença é que para cada unidade à direita multiplica-se por 10 e para cada unidade à esquerda divide-se por 10 (igual
para unidades de comprimento).

Medidas de Massa

As medidas de massa segue a base 10, como as medidas de comprimento. A unidade principal é o grama (g) e suas
seis unidades complementares estão apresentadas a seguir:

kg hg dag g dg cg mg
(kilograma) (hectograma) (decagrama) (grama) (decígrama) (centígrama) (milígrama)

Os passos para conversão de unidades segue o mesmo das medidas de comprimento. Utiliza-se a regra do 10c ,
multiplicando se caminha para a direita e divide quando caminha para a esquerda.

FIQUE ATENTO!
Outras unidades importantes:
• Massa: A tonelada, sendo que 1 tonelada vale 1000 kg.
• Volume : O litro (l) que vale 1 decímetro cúbico (dm³) e o mililitro, que vale 1 cm³.
• Área: O hectare (ha) que vale 1 hectômetro quadrado (ou 10000 m²) e o alqueire, (varia de região para
região e normalmente a conversão desejada é dada na prova).

Medidas de Tempo

Desse grupo, o sistema hora – minuto – segundo, que mede intervalos de tempo, é o mais conhecido.
2h = 2 ∙ 60min = 120 min = 120 ∙ 60s = 7 200s

Para passar de uma unidade para a menor seguinte, multiplica-se por 60.
0,3h não indica 30 minutos nem 3 minutos; como 1 décimo de hora corresponde a 6 minutos, conclui-se que 0,3h
= 18min.

Para medir ângulos, também temos um sistema não decimal. Nesse caso, a unidade básica é o grau. Na astronomia,
na cartografia e na navegação são necessárias medidas inferiores a 1º. Temos, então:
1 grau equivale a 60 minutos (1º = 60’)
1 minuto equivale a 60 segundos (1’ = 60”)

Os minutos e os segundos dos ângulos não são, é claro, os mesmos do sistema hora – minuto – segundo. Há uma
coincidência de nomes, mas até os símbolos que os indicam são diferentes:
1h32min24s é um intervalo de tempo ou um instante do dia.
1º 32’ 24” é a medida de um ângulo.

#FicaDica
Por motivos óbvios, cálculos no sistema hora – minuto – segundo são similares a cálculos no sistema grau
– minuto – segundo, embora esses sistemas correspondam a grandezas distintas.
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. Raquel saiu de casa às 13h 45min, caminhando até o curso de inglês que fica a 15 minutos de sua casa, e chegou na
hora da aula cuja duração é de uma hora e meia. A que horas terminará a aula de inglês?

a) 14h
b) 14h 30min
c) 15h 15min
d) 15h 30min
e) 15h 45min

76
Resposta: Letra D. Basta somarmos todos os valores
mencionados no enunciado do teste, ou seja:
13h 45min + 15 min + 1h 30 min = 15h 30min HORA DE PRATICAR!
Logo, a questão correta é a letra D.

2. 348 mm3 equivalem a quantos decilitros? 01.  CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
As figuras seguintes ilustram a vista frontal e a vista da
Resposta: “0, 00348 dl”. esquerda de um sólido que foi formado empilhando-se
Como 1 cm3 equivale a 1 ml, é melhor dividirmos 348 cubos de mesmo tamanho.
mm3  por mil, para obtermos o seu equivalente em
centímetros cúbicos: 0,348 cm3.
Logo 348 mm3 equivalem a 0, 348 ml, já que cm3 e ml se
equivalem.
Neste ponto já convertemos de uma unidade de me-
dida de volume, para uma unidade de medida de ca-
pacidade.
Falta-nos passarmos de mililitros para decilitros, quan-
do então passaremos dois níveis à esquerda. Dividire-
mos então por 10 duas vezes:
0,348ml:10:100,00348dl
Logo, 348 mm³ equivalem a 0, 00348 dl.
A partir das figuras precedentes, julgue o item a seguir,
3. Passe 50 dm2 para hectômetros quadrados. com relação à possibilidade de a figura representar uma
vista superior do referido sólido.
Resposta: 0, 00005 hm².
Para passarmos de decímetros quadrados para hectô-
metros quadrados, passaremos três níveis à esquerda.
Dividiremos então por 100 três vezes:
50dm2:100:100:100 ⟹ 0,00005hm2
Isto equivale a passar a vírgula seis casas para a es-
querda.
Portanto, 50 dm² é igual a 0, 00005 hm².

4. Passe 5.200 gramas para quilogramas.

Resposta: 5,2 kg.


Para passarmos 5.200 gramas para quilogramas, deve-
mos dividir (porque na tabela grama está à direita de
quilograma) 5.200 por 10 três vezes, pois para passar-
mos de gramas para quilogramas saltamos três níveis
à esquerda.
Primeiro passamos de grama para decagrama, depois ( ) CERTO ( ) ERRADO
de decagrama para hectograma e finalmente de hec-
tograma para quilograma: 02. CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito Criminal
5200g:10:10:10 ⟹ 5,2Kg Federal - Área 9
Isto equivale a passar a vírgula três casas para a es- Uma serraria obtém um rendimento volumétrico de 50%
querda. ao processar 10 m3 sólidos de toras de Manilkara hube-
Portanto, 5.200 g são iguais a 5,2 kg. ri  (Ducke) A. Chev., proveniente da floresta amazônica.
5. Converta 2,5 metros em centímetros. As espécies têm massa específica verde de 1.260 kg/m3 ,
comprimento de 500 cm e diâmetros da base e do topo
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

Resposta: 250 cm. iguais a 50 cm e 40 cm, respectivamente. Do total de re-


Para convertermos 2,5 metros em centímetros, deve- síduos resultante desse processamento, 50% correspon-
mos multiplicar (porque na tabela  metro  está à es- dem a serragem, e os outros 50%, a material em pedaços.
querda de centímetro) 2,5 por 10 duas vezes, pois para Acerca dessa situação hipotética, julgue o seguinte item.
passarmos de metros para centímetros saltamos dois O volume de cada tora pode ser calculado pelos mé-
níveis à direita. todos de Smalian:    ou de Newton: 
Primeiro passamos de metros para decímetros e de-  em que V é o volume da tora; At, a área
pois de decímetros para centímetros: do topo da tora; Ab, a área da base da tora; Am, a área
2,5m∙10∙10 ⟹ 250cm mediana da tora; e C, o comprimento da tora.
Isto equivale a passar a vírgula duas casas para a di-
reita. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Logo, 2,5 m é igual a 250 cm.

77
03. CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Considerando as tabelas acima, que apresentam, respec-
Federal tivamente, o peso e a estatura da criança A, desde o nas-
O tempo gasto (em dias) na preparação para determina- cimento (0 ano) até o 3.o ano de vida, bem como o peso
da operação policial é uma variável aleatória X que segue da criança B, desde o nascimento (0 ano) até o 2.º ano de
distribuição normal com média M, desconhecida, e des- vida, julgue os itens a seguir.
vio padrão igual a 3 dias. A observação de uma amostra Considere que, no plano cartesiano xOy, a variável x seja
aleatória de 100 outras operações policiais semelhantes o tempo, em anos, e a variável y seja a altura, em cen-
a essa produziu uma média amostral igual a 10 dias. tímetros. Considere, ainda, que exista uma função qua-
Com referência a essas informações, julgue o item que drática y = f(x) = ax2  + bx + c, cujo gráfico passa pelos
segue, sabendo que P(Z > 2) = 0,025, em que Z denota pontos (x, y) correspondentes às alturas no nascimento
uma variável aleatória normal padrão. no 1.º, 2.º e 3.º anos de vida da criança A. Em face dessas
informações, é correto afirmar que 

Considerando-se o teste da hipótese nula  H0: M  ≤  9,5 ( ) CERTO ( ) ERRADO


dias contra a hipótese alternativa H1: M > 9,5 dias, ado-
tando-se o nível de significância igual a 1%, não haveria 06. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo
evidências estatísticas contra a hipótese H0. Paulo, Maria e Sandra investiram, respectivamente, R$
20.000,00, R$ 30.000,00 e R$ 50.000,00 na construção de
( ) CERTO ( ) ERRADO um empreendimento. Ao final de determinado período
de tempo, foi obtido o lucro de R$ 10.000,00, que deverá
se dividido entre os três, em quantias diretamente pro-
04. CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal porcionais às quantias investidas.
Considerando a situação hipotética acima, julgue os itens
que se seguem.
Paulo e Maria receberão, juntos, mais do que Sandra.

( ) CERTO ( ) ERRADO

07. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo


Considere que o interior de um recipiente tenha a forma
de um
paralelepípedo retângulo de base quadrada de lado me-
dindo 50 cm
e altura, 40 cm. Considere, ainda, que esse recipiente te-
nha sido
enchido com um combustível homogêneo composto de
gasolina
Considerando os dados apresentados no gráfico, julgue pura e álcool e que 40% do combustível constitua-se de
os itens seguintes. álcool.
Com base nessas informações, julgue os itens subse-
A média do número de acidentes ocorridos no período quentes.
de 2007 a 2010 é inferior à mediana da sequência de Menos de 55 litros do combustível contido no recipiente
dados apresentada no gráfico. constitui-se de gasolina pura.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

05. CESPE - 2012 - PRF - Agente Administrativo


RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

78
8. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB – 11. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
2014) Considere o conjunto A representado pelo diagra- – 2013) Se, ao iniciar a obra, a equipe designada para
ma da figura a seguir e o conjunto B = (x é natural / x ≠ a empreitada receber reforço de uma segunda equipe,
múltiplo de 3}. Determine o conjunto A - B. com 90 operários igualmente produtivos e desempenho
igual ao dos operários da equipe inicial, então a estrada
será concluída em menos de 1/5 do tempo inicialmente
previsto

( ) Certo ( ) Errado

a) {1950,1962,1974,1986,1998,2010}
b) {1954,1958,1970,1982,1990,2002,2014} Considerando os dados apresentados no gráfico, julgue
c) {1950,1958,1974,1982,1998,2010} os itens seguintes.
d) {1950,1962,1978,1986,1998,2006,2010}
e) {1954,1974,1982,1994,2002,2014} 12. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) A média do número de acidentes ocorridos no
9. (PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB – período de 2007 a 2010 é inferior à mediana da sequên-
2014) Utilizando como universo o conjunto de letras {A, cia de dados apresentada no gráfico.
B, C, D, E, F, G, H, I, J, L, M, N, O, P, Q} foi formado o con-
junto ordenado, representado a seguir, cujos elementos ( ) CERTO ( ) ERRADO
são termos de letras que são obtidos seguindo-se um
comportamento lógico.
13. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
{BFH, CGI, FJM, GLN, ...} – 2013) Os valores associados aos anos de 2008, 2009 e
2010 estão em progressão aritmética.
Observando este comportamento determine o próximo
elemento deste conjunto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

a) JMQ.
b) HMO. 14. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
c) HNO. – 2013) O número de acidentes ocorridos em 2008 foi,
d) JOQ. pelo menos, 26% maior que o número de acidentes ocor-
e) LPQ. ridos em 2005

10. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE ( ) CERTO ( ) ERRADO


– 2013) Se a tarefa estiver sem do realizada pela equipe
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

inicial de 30 operários e, no início do quinto dia, 2 ope-


rários abandonarem a equipe, e não forem substituídos, Instrução: Considere que, em 2009, tenha sido cons-
então essa perda ocasionará atraso de 10 dias no prazo truído um modelo linear para a previsão de valores fu-
de conclusão da obra. turos do número de acidentes ocorridos nas estradas
brasileiras. Nesse sentido, suponha que o número de
acidentes no ano t seja representado pela função F(t) =
( ) CERTO ( ) ERRADO
At + B, tal que F(2007) = 129.000 e F(2009) =159.000.
Com base nessas informações e no gráfico apresentado,
julgue os itens das questões 6 e 7.

79
15. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE
– 2013) A diferença entre a previsão para o número de
acidentes em 2011 feita pelo referido modelo linear e o GABARITO
número de acidentes ocorridos em 2011 dado no gráfico
é superior a 8.000.
1 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
2 CERTO
3 CERTO
16. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE – 4 ERRADO
2013) O valor da constante A em F(t) é superior a 14.500.
5 ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 6 ERRADO


7 ERRADO
8 A
9 D
10 ERRADO
11 ERRADO
12 ERRADO
13 ERRADO
14 CERTO
15 ERRADO
16 CERTO
17 ERRADO
18 CERTO
Considere que o nível de concentração de álcool na
corrente sanguínea, em g/L, de uma pessoa, em função 19 CERTO
do tempo t, em horas, seja expresso por N = – 0,008 · (t²
– 35t + 34). Considere, ainda, que essa pessoa tenha co-
meçado a ingerir bebida alcoólica a partir de t = t0 (N(t0 )
= 0), partindo de um estado de sobriedade, e que tenha
parado de ingerir bebida alcoólica em t = t1 , voltando a
ficar sóbria em t = t2 . Considere, por fim, a figura acima,
que apresenta o gráfico da função N(t) para t 0 [t0 , t2 ].
Com base nessas informações e tomando 24,3 como va-
lor aproximado de , julgue os itens que se seguem.

17. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE


– 2013) O nível de concentração mais alto de álcool na
corrente sanguínea da referida pessoa ocorreu em t = t1
com t1 > 18 horas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE


– 2013) O nível de concentração de álcool na corrente
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO

sanguínea da pessoa em questão foi superior a 1 g/L por


pelo menos 23 horas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

19. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIA FEDERAL – CESPE –


2013) O valor de t2 é inferior a 36.

( ) CERTO ( ) ERRADO

80
ÍNDICE

INFORMÁTICA

Conceito de internet e intranet. Conceitos e modos de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
associados a internet/intranet. ....................................................................................................................................................................................... 01
Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação, de correio eletrônico, de grupos de discussão, de busca, de pesquisa e
de redes sociais.................................................................................................................................................................................................................... 08
Noções de sistema operacional (ambiente Linux e Windows)........................................................................................................................... 12
Acesso a distância a computadores, transferência de informação e arquivos, aplicativos de áudio, vídeo e multimídia........... 24
Redes de computadores.................................................................................................................................................................................................... 31
Conceitos de proteção e segurança. Noções de vírus, worms e pragas virtuais. Aplicativos para segurança (antivírus, firewall,
antispyware etc.)................................................................................................................................................................................................................... 32
Computação na nuvem (cloud computing)................................................................................................................................................................ 38
A internet funciona o tempo todo enviando e
CONCEITO DE INTERNET E INTRANET. recebendo informações, por isso o periférico que permite
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO a conexão com a internet chama MODEM, porque que
DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS, ele MOdula e DEModula sinais, e essas informações só
APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS podem ser trocadas graças aos protocolos TCP/IP.
ASSOCIADOS A INTERNET/INTRANET.
Protocolos Web

CONCEITOS DE TECNOLOGIAS RELACIONADAS À Já que estamos falando em protocolos, citaremos


INTERNET E INTRANET, BUSCA E PESQUISA NA outros que são largamente usados na Internet:
WEB, MECANISMOS DE BUSCA NA WEB. - HTTP (Hypertext Transfer Protocol): Protocolo de
transferência de Hipertexto, desde 1999 é utilizado para
O objetivo inicial da Internet era atender necessidades trocar informações na Internet. Quando digitamos um
militares, facilitando a comunicação. A agência norte- site, automaticamente é colocado à frente dele o http://
americana ARPA – ADVANCED RESEARCH AND PROJECTS Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br
AGENCY e o Departamento de Defesa americano, na
década de 60, criaram um projeto que pudesse conectar Onde:
os computadores de departamentos de pesquisas e http:// → Faz a solicitação de um arquivo de
bases militares, para que, caso um desses pontos sofresse hipermídia para a Internet, ou seja, um arquivo que pode
algum tipo de ataque, as informações e comunicação conter texto, som, imagem, filmes e links.
não seriam totalmente perdidas, pois estariam salvas em - URL (Uniform Resource Locator): Localizador Padrão
outros pontos estratégicos. de recursos, serve para endereçar um recurso na
O projeto inicial, chamado ARPANET, usava uma web, é como se fosse um apelido, uma maneira
conexão a longa distância e possibilitava que as mais fácil de acessar um determinado site.
mensagens fossem fragmentadas e endereçadas ao seu Exemplo: http://www.novaconcursos.com.br, onde:
computador de destino. O percurso entre o emissor e o
receptor da informação poderia ser realizado por várias Faz a solicitação de um arquivo de
rotas, assim, caso algum ponto no trajeto fosse destruído, http://
hiper mídia para a Internet.
os dados poderiam seguir por outro caminho garantindo
a entrega da informação, é importante mencionar que Estipula que esse recurso está na
a maior distância entre um ponto e outro, era de 450 rede mundial de computadores
www
quilômetros. No começo dos anos 80, essa tecnologia (veremos mais sobre www em um
rompeu as barreiras de distância, passando a interligar próximo tópico).
e favorecer a troca de informações de computadores de É o endereço de domínio. Um
universidades dos EUA e de outros países, criando assim endereço de domínio representará
uma rede (NET) internacional (INTER), consequentemente novaconcursos
sua empresa ou seu espaço na
seu nome passa a ser, INTERNET. Internet.
A evolução não parava, além de atingir fronteiras
continentais, os computadores pessoais evoluíam em Indica que o servidor onde esse site
forte escala alcançando forte potencial comercial, a está
.com
Internet deixou de conectar apenas computadores de hospedado é de finalidades
universidades, passou a conectar empresas e, enfim, comerciais.
usuários domésticos. Na década de 90, o Ministério das .br Indica que o servidor está no Brasil.
Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia do
Brasil trouxeram a Internet para os centros acadêmicos Encontramos, ainda, variações na URL de um site,
e comerciais. Essa tecnologia rapidamente foi tomando que demonstram a finalidade e organização que o criou,
conta de todos os setores sociais até atingir a amplitude como:
de sua difusão nos tempos atuais. .gov - Organização governamental
Um marco que é importante frisar é o surgimento .edu - Organização educacional
do WWW que foi a possibilidade da criação da interface .org - Organização
gráfica deixando a internet ainda mais interessante e .ind - Organização Industrial
vantajosa, pois até então, só era possível a existência de .net - Organização telecomunicações
textos. .mil - Organização militar
Para garantir a comunicação entre o remetente e o .pro - Organização de profissões
destinatário o americano Vinton Gray Cerf, conhecido .eng – Organização de engenheiros
como o pai da internet criou os protocolos TCP/IP, que
são protocolos de comunicação. O TCP – TRANSMISSION E também, do país de origem:
INFORMÁTICA

CONTROL PROTOCOL (Protocolo de Controle de .it – Itália


Transmissão) e o IP – INTERNET PROTOCOL (Protocolo .pt – Portugal
de Internet) são conjuntos de regras que tornam possível .ar – Argentina
tanto a conexão entre os computadores, quanto ao .cl – Chile
entendimento da informação trocada entre eles. .gr – Grécia

1
Quando vemos apenas a terminação .com, sabemos que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
que se trata de um site hospedado em um servidor dos com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
Estados Unidos. backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no
- HTTPS (Hypertext transfer protocol secure): Brasil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma
Semelhante ao HTTP, porém permite que os avenida de três pistas e os links como se fossem as ruas
dados sejam transmitidos através de uma conexão que estão interligadas nesta avenida. Tanto o link como
criptografada e que se verifique a autenticidade do o backbone possui uma velocidade de transmissão, ou
servidor e do cliente através de certificados digitais. seja, com qual velocidade ele transmite os dados.
- FTP (File Transfer Protocol): Protocolo de Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo).
transferência de arquivo, é o protocolo utilizado Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
para poder subir os arquivos para um servidor de que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
internet, seus programas mais conhecidos são, o e um endereço eletrônico na Internet.
Cute FTP, FileZilla e LeechFTP, ao criar um site, o
profissional utiliza um desses programas FTP ou Home Page
similares e executa a transferência dos arquivos
criados, o manuseio é semelhante à utilização Pela definição técnica temos que uma Home Page
de gerenciadores de arquivo, como o Windows é um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de
Explorer, por exemplo. computadores rodando um Navegador (Browser), que
- POP (Post Office Protocol): Protocolo de Posto permite o acesso às informações em um ambiente gráfico
dos Correios permite, como o seu nome o indica, e multimídia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de
recuperar o seu correio num servidor distante (o informações dentro das Home Pages.
servidor POP). É necessário para as pessoas não
ligadas permanentemente à Internet, para poderem
consultar os mails recebidos offline. Existem duas
versões principais deste protocolo, o POP2 e o
#FicaDica
POP3, aos quais são atribuídas respectivamente O endereço de Home Pages tem o seguinte
as portas 109 e 110, funcionando com o auxílio formato:
de comandos textuais radicalmente diferentes, na http://www.endereço.com/página.html
troca de e-mails ele é o protocolo de entrada. Por exemplo, a página principal do meu pro-
- IMAP (Internet Message Access Protocol): É um jeto de mestrado:
protocolo alternativo ao protocolo POP3, que http://www.youtube.com/canaldoovidio
oferece muitas mais possibilidades, como, gerir
vários acessos simultâneos e várias caixas de
correio, além de poder criar mais critérios de
Plug-ins
triagem.
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol): É o protocolo
Os plug-ins são programas que expandem a
padrão para envio de e-mails através da Internet.
Faz a validação de destinatários de mensagens. Ele capacidade do Browser em recursos específicos -
que verifica se o endereço de e-mail do destinatário permitindo, por exemplo, que você toque arquivos de
está corretamente digitado, se é um endereço som ou veja filmes em vídeo dentro de uma Home Page.
existente, se a caixa de mensagens do destinatário As empresas de software vêm desenvolvendo plug-ins
está cheia ou se recebeu sua mensagem, na troca a uma velocidade impressionante. Maiores informações
de e-mails ele é o protocolo de saída. e endereços sobre plug-ins são encontradas na página:
- UDP (User Datagram Protocol): Protocolo que atua http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/
na camada de transporte dos protocolos (TCP/IP). Software/ Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/
Permite que a aplicação escreva um datagrama Indices/
encapsulado num pacote IP e transportado ao
destino. É muito comum lermos que se trata Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
de um protocolo não confiável, isso porque ele temos uma relação de alguns deles:
não é implementado com regras que garantam - 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
tratamento de erros ou entrega. etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
Provedor - Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.).
O provedor é uma empresa prestadora de serviços - Negócios e Utilitários.
que oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é - Apresentações.
necessário conectar-se com um computador que já esteja
na Internet (no caso, o provedor) e esse computador INTRANET
INFORMÁTICA

deve permitir que seus usuários também tenham acesso


a Internet. A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, de comunicação internas baseadas na tecnologia usada

2
na Internet. Como um jornal editado internamente, e na mesma sala. De qualquer modo, é cedo para se afirmar
que pode ser acessado apenas pelos funcionários da onde a intranet vai ser mais efetiva para unir (no sentido
empresa. operacional) os diversos profissionais de uma empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si Mas em algumas áreas já se vislumbram benefícios, por
filiais e departamentos, mesclando (com segurança) as exemplo:
suas informações particulares dentro da estrutura de - Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
comunicações da empresa. tos, listas de preços, promoções, planejamento de
O grande sucesso da Internet, é particularmente da eventos;
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na - Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação de
evolução da informática nos últimos anos. Trabalho), planejamentos, listas de responsabilida-
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos des de membros das equipes, situações de projetos;
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme - Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste-
facilidade de se criar, interligar e disponibilizar mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões),
documentos multimídia (texto, gráficos, animações, manuais de qualidade;
etc.), democratizaram o acesso à informação através - Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
de redes de computadores. Em segundo lugar, criou-se tilas, políticas da companhia, organograma, opor-
uma gigantesca base de usuários, já familiarizados com tunidades de trabalho, programas de desenvolvi-
conhecimentos básicos de informática e de navegação mento pessoal, benefícios.
na Internet. Finalmente, surgiram muitas ferramentas
de software de custo zero ou pequeno, que permitem Para acessar as informações disponíveis na Web
a qualquer organização ou empresa, sem muito esforço, corporativa, o funcionário praticamente não precisa ser
“entrar na rede” e começar a acessar e colocar informação. treinado. Afinal, o esforço de operação desses programas
O resultado inevitável foi a impressionante explosão na se resume quase somente em clicar nos links que
informação disponível na Internet, que segundo consta, remetem às novas páginas. No entanto, a simplicidade
está dobrando de tamanho a cada mês. de uma intranet termina aí. Projetar e implantar uma rede
Assim, não demorou muito a surgir um novo desse tipo é uma tarefa complexa e exige a presença de
conceito, ao qual interessa um número cada vez maior profissionais especializados. Essa dificuldade aumenta
de empresas, hospitais, faculdades e outras organizações com o tamanho da intranet, sua diversidade de funções e
interessadas em integrar informações e usuários: a a quantidade de informações nela armazenadas.
intranet. Seu advento e disseminação promete operar
uma revolução tão profunda para a vida organizacional A intranet é baseada em quatro conceitos:
quanto o aparecimento das primeiras redes locais de
computadores, no final da década de 80. - Conectividade - A base de conexão dos computa-
dores ligados por meio de uma rede, e que podem
O que é Intranet? transferir qualquer tipo de informação digital entre si;
- Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado-
O termo “intranet” começou a ser usado em meados
res e sistemas operacionais podem ser conectados
de 1995 por fornecedores de produtos de rede para
de forma transparente;
se referirem ao uso dentro das empresas privadas
- Navegação - É possível passar de um documento
de tecnologias projetadas para a comunicação por
a outro por meio de referências ou vínculos de
computador entre empresas. Em outras palavras, uma
hipertexto, que facilitam o acesso não linear aos
intranet consiste em uma rede privativa de computadores
documentos;
que se baseia nos padrões de comunicação de dados
da Internet pública, baseadas na tecnologia usada na - Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, acesso ou manipulação na intranet só podem ocor-
atualmente fazendo muito sucesso. Entre as razões para rer graças à execução de programas aplicativos,
este sucesso, estão o custo de implantação relativamente que podem estar no servidor, ou nos microcompu-
baixo e a facilidade de uso propiciada pelos programas tadores que acessam a rede (também chamados
de navegação na Web, os browsers. de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza
a arquitetura da intranet: cliente-servidor).
Objetivo de construir uma Intranet - A vantagem da intranet é que esses programas são
ativados através da WWW, permitindo grande flexibili-
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma dade. Determinadas linguagens, como Java, assumiram
ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para grande importância no desenvolvimento de softwares
economizar tempo, diminuir as desvantagens da distância aplicativos que obedeçam aos três conceitos anteriores.
e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital com
conhecimentos das operações e produtos da empresa. Áudio e Vídeo
INFORMÁTICA

Aplicações da Intranet A popularização da banda larga e dos serviços de


e-mail com grande capacidade de armazenamento
Já é ponto pacífico que ao apoiarmos a estrutura de está aumentando a circulação de vídeos na Internet. O
comunicações corporativas em uma intranet dá para problema é que a profusão de formatos de arquivos
simplificar o trabalho, pois estamos virtualmente todos pode tornar a experiência decepcionante.

3
A maioria deles depende de um único programa com este tipo de programa. Ele também dispõe de alguns
para rodar. Por exemplo, se a extensão é MOV, você recursos simples de editor. Com ele é possível fazer
vai necessitar do QuickTime, da Apple. Outros, além de operações como copiar e deletar imagens até o efeito
um player de vídeo, necessitam do “codec” apropriado. de remoção de olhos vermelhos em fotos. O programa
Acrônimo de “COder/DECoder”, codec é uma espécie oferece alternativas para aplicar efeitos como texturas e
de complemento que descomprime - e comprime - o alteração de cores em sua imagem por meio de apenas
arquivo. É o caso do MPEG, que roda no Windows Media um clique.
Player, desde que o codec esteja atualizado - em geral, a Além disso sempre é possível a visualização de
instalação é automática. imagens pelo próprio gerenciador do Windows.
Com os três players de multimídia mais populares -
Windows Media Player, Real Player e Quicktime -, você Transferência de arquivos pela internet
dificilmente encontrará problemas para rodar vídeos,
tanto offline como por streaming (neste caso, o download FTP (File Transfer Protocol – Protocolo de Transferência
e a exibição do vídeo são simultâneos, como na TV Terra). de Arquivos) é uma das mais antigas formas de interação
Atualmente, devido à evolução da internet com os na Internet. Com ele, você pode enviar e receber
mais variados tipos de páginas pessoais e redes sociais, arquivos para, ou de computadores que se caracterizam
há uma grande demanda por programas para trabalhar como servidores remotos. Voltaremos aqui ao conceito
com imagens. E, como sempre é esperado, em resposta de arquivo texto (ASCII – código 7 bits) e arquivos
a isso, também há no mercado uma ampla gama não texto (Binários – código 8 bits). Há uma diferença
de ferramentas existentes que fazem algum tipo de interessante entre enviar uma mensagem de correio
tratamento ou conversão de imagens. eletrônico e realizar transferência de um arquivo. A
Porém, muitos destes programas não são o que se mensagem é sempre transferida como uma informação
pode chamar de simples e intuitivos, causando confusão textual, enquanto a transferência de um arquivo pode
em seu uso ou na manipulação dos recursos existentes. ser caracterizada como textual (ASCII) ou não-textual
Caso o que você precise seja apenas um programa (binário).
para visualizar imagens e aplicar tratamentos e efeitos Um servidor FTP é um computador que roda um
simples ou montar apresentações de slides, é sempre programa que chamamos de servidor de FTP e, portanto,
bom dar uma conferida em alguns aplicativos mais leves é capaz de se comunicar com outro computador na Rede
e com recursos mais enxutos como os visualizadores de que o esteja acessando através de um cliente FTP.
imagens. FTP anônimo versus FTP com autenticação existem
Abaixo, segue uma seleção de visualizadores, muitos dois tipos de conexão FTP, a primeira, e mais utilizada,
deles trazendo os recursos mais simples, comuns e fáceis é a conexão anônima, na qual não é preciso possuir
de se utilizar dos editores, para você que não precisa um username ou password (senha) no servidor de
de tantos recursos, mas ainda assim gosta de dar um FTP, bastando apenas identificar-se como anonymous
tratamento especial para as suas mais variadas imagens. (anônimo). Neste caso, o que acontece é que, em geral,
O Picasa está com uma versão cheia de inovações a árvore de diretório que se enxerga é uma sub-árvore
que faz dele um aplicativo completo para visualização da árvore do sistema. Isto é muito importante, porque
de fotos e imagens. Além disso, ele possui diversas garante um nível de segurança adequado, evitando que
ferramentas úteis para editar, organizar e gerenciar estranhos tenham acesso a todas as informações da
arquivos de imagem do computador. empresa. Quando se estabelece uma conexão de “FTP
As ferramentas de edição possuem os métodos mais anônimo”, o que acontece em geral é que a conexão
avançados para automatizar o processo de correção de é posicionada no diretório raiz da árvore de diretórios.
imagens. No caso de olhos vermelhos, por exemplo, Dentre os mais comuns estão: pub, etc, outgoing e
o programa consegue identificar e corrigir todos os incoming. O segundo tipo de conexão envolve uma
olhos vermelhos da foto automaticamente sem precisar autenticação, e portanto, é indispensável que o usuário
selecionar um por um. Além disso, é possível cortar, possua um username e uma password que sejam
endireitar, adicionar textos, inserir efeitos, e muito mais. reconhecidas pelo sistema, quer dizer, ter uma conta
Um dos grandes destaques do Picasa é sua nesse servidor. Neste caso, ao estabelecer uma conexão,
poderosa biblioteca de imagens. Ele possui um sistema o posicionamento é no diretório criado para a conta do
inteligente de armazenamento capaz de filtrar imagens usuário – diretório home, e dali ele poderá percorrer toda
que contenham apenas rostos. Assim você consegue a árvore do sistema, mas só escrever e ler arquivos nos
visualizar apenas as fotos que contém pessoas. quais ele possua.
Depois de tudo organizado em seu computador, Assim como muitas aplicações largamente utilizadas
você pode escolher diversas opções para salvar e/ hoje em dia, o FTP também teve a sua origem no
ou compartilhar suas fotos e imagens com amigos e sistema operacional UNIX, que foi o grande percursor e
parentes. Isso pode ser feito gravando um CD/DVD ou responsável pelo sucesso e desenvolvimento da Internet.
enviando via Web. O programa possui integração com
INFORMÁTICA

o PicasaWeb, o qual possibilita enviar um álbum inteiro Algumas dicas


pela internet em poucos segundos.
O IrfanView é um visualizador de imagem muito leve 1. Muitos sites que aceitam FTP anônimo limitam
e com uma interface gráfica simples porém otimizada e o número de conexões simultâneas para evitar
fácil de utilizar, mesmo para quem não tem familiaridade uma sobrecarga na máquina. Uma outra limitação

4
possível é a faixa de horário de acesso, que muitas
vezes é considerada nobre em horário comercial,
e portanto, o FTP anônimo é temporariamente
desativado.
2. Uma saída para a situação acima é procurar “sites
espelhos” que tenham o mesmo conteúdo do site
sendo acessado.
3. Antes de realizar a transferência de qualquer
arquivo verifique se você está usando o modo
correto, isto é, no caso de arquivos-texto, o modo
é ASCII, e no caso de arquivos binários (.exe, .com,
.zip, .wav, etc.), o modo é binário. Esta prevenção
pode evitar perda de tempo.
4. Uma coisa interessante pode ser o uso de um
servidor de FTP em seu computador. Isto pode
permitir que um amigo seu consiga acessar o seu
computador como um servidor remoto de FTP,
bastando que ele tenha acesso ao número IP, que
lhe é atribuído dinamicamente. Com base na figura acima, que ilustra as configurações
da rede local do navegador Internet Explorer (IE), versão
9, julgue os próximos itens.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se uma Resposta: Certo. HTTP (Hyper Text Transfer Protocol)
impressora estiver compartilhada em uma intranet por é um protocolo, ou seja, uma determinada regra que
meio de um endereço IP, então, para se imprimir um permite ao seu computador trocar informações com
arquivo nessa impressora, é necessário, por uma questão um servidor que abriga um site. Isso significa que,
de padronização dessa tecnologia de impressão, indicar uma vez conectados sob esse protocolo, as máquinas
no navegador web a seguinte url: podem receber e enviar qualquer conteúdo textual
, em – os códigos que resultam na página acessada pelo
que deve estar acessível via rede e navegador.
deve ser do tipo PDF. O problema com o HTTP é que, em redes Wi-Fi ou outras
conexões propícias a phishing (fraude eletrônica) e
hackers (pessoas mal-intencionadas) podem atravessar o
( ) CERTO ( ) ERRADO caminho e interceptar os dados transmitidos com relativa
facilidade. Portanto, uma conexão em HTTP é insegura.
Resposta: Errado. Pelo comando da questão, esta Nesse ponto entra o HTTPS (Hyper Text Transfer
afirma que somente arquivos no formato PDF, Protocol Secure), que insere uma camada de proteção
poderiam ser impressos, o que torna o item errado, na transmissão de dados entre seu computador e o
o comando para impressão não verifica o formato do servidor. Em sites com endereço HTTPS, a comunicação
arquivo, tão somente o local onde está o arquivo a ser é criptografada, aumentando significativamente a
impresso. segurança dos dados. É como se cliente e servidor
conversassem uma língua que só as duas entendessem,
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se, em uma dificultando a interceptação das informações.
intranet, for disponibilizado um portal de informações Para saber se está navegando em um site com
acessível por meio de um navegador, será possível criptografia, basta verificar a barra de endereços, na qual
acessar esse portal fazendo-se uso dos protocolos HTTP será possível identificar as letras HTTPS e, geralmente,
ou HTTPS, ou de ambos, dependendo de como esteja um símbolo de cadeado que denota segurança. Além
configurado o servidor do portal. disso, o usuário deverá ver uma bandeira com o nome
do site, já que a conexão segura também identifica
páginas na Internet por meio de seu certificado.

3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Se o


servidor proxy responder na porta 80 e a conexão passar
por um firewall de rede, então o firewall deverá permitir
conexões de saída da estação do usuário com a porta 80
INFORMÁTICA

de destino no endereço do proxy.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5
Resposta: Certo. E muitas redes LAN o servidor proxy 7. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Nas
e o firewall estão no mesmo servidor físico/virtual, versões recentes do Mozilla Firefox, há um recurso que
porém isso não é uma regra, ou seja, os dois serviços mantém o histórico de atualizações instaladas, no qual
podem aparecer eventualmente em servidores físicos/ são mostrados detalhes como a data da instalação e o
virtuais separados. Para que uma estação de usuário usuário que executou a operação.
(que utiliza proxy na porta 80) possa “sair” da rede
( ) CERTO ( ) ERRADO
LAN para o mundo exterior “WAN” é necessário que
o firewall permita conexões de saída na mesma porta
Reposta: Errado. Esse recurso existe nas últimas
em que o proxy está respondendo, ou seja, a porta 80. versões do Firefox, contudo o histórico não contém
o usuário que executou a operação. Este recurso está
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) A opção disponível no menu Firefox – Opções – Avançado –
de usar um servidor proxy para a rede local faz que o IE Atualizações – Histórico de atualizações.
solicite autenticação em toda conexão de Internet que
for realizada. 8. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
Internet Explorer 10, por meio da opção Sites Sugeridos,
( ) CERTO ( ) ERRADO o usuário pode registrar os sítios que considera mais
importantes e recomendá-los aos seus amigos.
Resposta: Errado. Somente é solicitado a autenticação
se o servidor assim estiver configurado, do contrário ( ) CERTO ( ) ERRADO
nenhuma senha é solicitada, além de que foi definido
Resposta: Errado. O recurso Sites Sugeridos é um
para a rede Interna e não para acesso à Internet.
serviço online que o Internet Explorer usa para
recomendar sítios de que o usuário possa gostar, com
5. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Considere base nos sítios visitados com frequência. Para acessá-
que um usuário necessite utilizar diferentes dispositivos lo, basta clicar o menu Ferramentas-Arquivo- Sites
computacionais, permanentemente conectados à Internet, Sugeridos.
que utilizem diferentes clientes de e-mail, como o Outlook
Express e Mozilla Thunderbird. Nessa situação, o usuário Considere que um delegado de polícia federal, em uma
deverá optar pelo uso do protocolo IMAP (Internet sessão de uso do Internet Explorer 6 (IE6), obteve a janela
message access protocol), em detrimento do POP3 (post ilustrada acima, que mostra uma página web do sítio do DPF,
office protocol), pois isso permitirá a ele manter o conjunto cujo endereço eletrônico está indicado no campo .A
de e-mails no servidor remoto ou, alternativamente, fazer partir dessas informações, julgue os itens de 09 a 12.
o download das mensagens para o computador em uso.
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) O conteúdo
( ) CERTO ( ) ERRADO da página acessada pelo delegado, por conter dados
importantes à ação do DPF, é constantemente atualizado por
Resposta: Certo. Em clientes de correios eletrônicos seu webmaster. Após o acesso mencionado acima, o delegado
o padrão é utilizar o Protocolo POP ou POP3 que desejou verificar se houve alteração desse conteúdo. Nessa
tem a função de baixar as mensagens do servidor situação, ao clicar no botão , o delegado terá condições
de e-mail para o computador que o programa foi de verificar se houve ou não a alteração mencionada,
configurado. Quando o POP é substituído pelo IMAP, independentemente da configuração do IE6, mas desde que
essas mensagens são baixadas para o computador haja recursos técnicos e que o IE6 esteja em modo online.
do usuário só que apenas uma cópia delas, deixando
no servidor as mensagens originais; quando o acesso ( ) CERTO ( ) ERRADO
é feito por outro computador essas mensagens
que estão no servidor são baixadas para este outro Resposta: Certo. O botão atualizar (F5) efetua uma
computador, deixando sempre a original no servidor. nova consulta ao servidor WEB, recarregando deste
modo o arquivo novamente, se houver alterações,
6. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Twitter, estas serão exibidas, caso contrário o arquivo será
Orkut, Google+ e Facebook são exemplos de redes reexibido sem alterações.
sociais que utilizam o recurso scraps para propiciar o
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004)
compartilhamento de arquivos entre seus usuários
O armazenamento de informações em arquivos
denominados cookies pode constituir uma
( ) CERTO ( ) ERRADO
vulnerabilidade de um sistema de segurança instalado
em um computador. Para reduzir essa vulnerabilidade,
Resposta: Errado. Scrap é um recado e sua função o IE6 disponibiliza recursos para impedir que cookies
INFORMÁTICA

principal é enviar mensagens e não o compartilhamento sejam armazenados no computador. Caso o delegado
de arquivos. Ainda que algumas redes permitam o deseje configurar tratamentos referentes a cookies, ele
compartilhamento de fotos e gifs animados, o objetivo encontrará recursos a partir do uso do menu .
não é o compartilhamento de arquivos e nem todas as
redes citadas na questão permitem. ( ) CERTO ( ) ERRADO

6
Resposta: Certo. No navegador Internet Explorer 11, a Navegadores: Navegadores de internet ou browsers
seguinte sequência de ação pode ser usada para fazer são programas de computador especializados em
o bloqueio de cookies: Clicar no botão Ferramentas, visualizar e dar acesso às informações disponibilizadas
depois em Opções da Internet, ativar guia Privacidade na web, até pouco tempo atrás tínhamos apenas o
e, em Configurações, mover o controle deslizante Internet Explorer e o Netscape, hoje temos uma série
até em cima para bloquear todos os cookies e, em de navegadores no mercado, iremos fazer uma breve
seguida, clicar em OK. descrição de cada um deles, e depois faremos toda a
exemplificação utilizando o Internet Explorer por ser o
11. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Caso o mais utilizado em todo o mundo, porém o conceito e
acesso à Internet descrito tenha sido realizado mediante usabilidade dos outros navegadores seguem os mesmos
um provedor de Internet acessível por meio de uma princípios lógicos.
conexão a uma rede LAN, à qual estava conectado o Chrome: O Chrome é o navegador do Google e
computador do delegado, é correto concluir que as consequentemente um dos melhores navegadores
informações obtidas pelo delegado transitaram na LAN existentes. Outra vantagem devido ser o navegador da
de modo criptografado. Google é o mais utilizado no meio, tem uma interface
simples muito fácil de utilizar.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Pela barra de endereço se verifica


que o protocolo utilizado é o HTTP; dessa forma
se conclui que não há uma criptografia, se fosse o
protocolo HTTPS, poderia se aferir que haveria algum
tipo de criptografia do tipo SSL.
Figura 1: Símbolo do Google Chrome
12. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Por
meio do botão , o delegado poderá obter, desde #FicaDica
que disponíveis, informações a respeito das páginas Ultimamente tem caído perguntas relacio-
previamente acessadas na sessão de uso do IE6 descrita nadas a guia anônima que não deixa rastro
e de outras sessões de uso desse aplicativo, em seu (senhas, auto completar, entre outros), e é
computador. Outro recurso disponibilizado ao se clicar acessado com o atalho CTRL+SHIFT+N
nesse botão permite ao delegado realizar pesquisa de
conteúdo nas páginas contidas no diretório histórico do
IE6.
Mozila Firefox: O Mozila Firefox é outro excelente
navegador ele é gratuito e fácil de utilizar apesar de
( ) CERTO ( ) ERRADO
não ter uma interface tão amigável, porém é um dos
navegadores mais rápidas e com maior segurança contra
Resposta: Certo. É possível através do botão descrito,
hackers.
o botão de histórico, que se encontre informações das
páginas acessadas anteriormente, e também permite
que se pesquise a respeito de conteúdos nas páginas
contidas no diretório do IE6.

FERRAMENTAS E APLICATIVOS
COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO, DE Figura 2: Símbolo do Mozilla Firefox
CORREIO ELETRÔNICO, DE GRUPOS DE
DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE PESQUISA E DE Opera: Usabilidade muito agradável, possui grande
REDES SOCIAIS. desempenho, porém especialistas em segurança o
considera o navegador com menos segurança.

NOÇÕES BÁSICAS DE FERRAMENTAS E APLICATIVOS


DE NAVEGAÇÃO E CORREIO ELETRÔNICO.

Um browser ou navegador é um aplicativo que opera


através da internet, interpretando arquivos e sites web
desenvolvidos com frequência em código HTML que Figura 3: Símbolo do Opera
contém informação e conteúdo em hipertexto de todas
INFORMÁTICA

as partes do mundo. Safari: O Safari é o navegador da Apple, é um ótimo


navegador considerado pelos especialistas e possui uma
interface bem bonita, apesar de ser um navegador da
Apple existem versões para Windows.

7
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol - Protocolo de
Transferência Simples de Correio): É um protocolo de
envio de e-mail apenas. Com ele, não é possível que um
usuário descarregue suas mensagens de um servidor.
Esse protocolo utiliza a porta 25 do protocolo TCP.
Spam: Mensagens de correio eletrônico não
autorizadas ou não solicitadas pelo destinatário,
geralmente de conotação publicitária ou obscena,
Figura 4: Símbolo do Safari enviadas em larga escala para uma lista de e-mails,
fóruns ou grupos de discussão.
Internet Explorer: O Internet Explorer ou IE é o
navegador padrão do Windows. Como o próprio nome Um pouco de história
diz, é um programa preparado para explorar a Internet
A internet é uma rede de computadores que liga os
dando acesso a suas informações. Representado pelo computadores a redor de todo o mundo, mas quando ela
símbolo do “e” azul, é possível acessá-lo apenas com um começou não era assim, tinham apenas 4 computadores
duplo clique em seu símbolo. e a maior distância entre um e outro era de 450 KM. No
fim da década de 60, o Departamento de Defesa norte-
americano resolveu criar um sistema interligado para
trocar informações sobre pesquisas e armamentos que
não pudesse chegar nas mãos dos soviéticos. Sendo
assim, foi criado o projeto Arpanet pela Agência para
Projeto de Pesquisa Avançados do Departamento de
Defesa dos EUA.
Ao ganhar proporções mundiais, esse tipo de conexão
Figura 5: Símbolo do Internet Explorer recebeu o nome de internet e até a década de 80 ficou
apenas entre os meios acadêmicos. No Brasil ela chegou
apenas na década de 90. É na internet que é executada
#FicaDica a World Wide Web (www), sistema que contém milhares
de informações (gráficos, vídeos, textos, sons, etc) que
Glossário interessante que abordam internet também ficou conhecido como rede mundial.
e correio eletrônico Tim Berners-Lee na década de 80 começou a criar um
Anti-spam: Ferramenta utilizada para filtro de projeto que pode ser considerado o princípio da World
mensagens indesejadas. Wide Web. No início da década de 90 ele já havia elaborado
Browser: Programa utilizado para navegar uma nova proposta para o que ficaria conhecido como
WWW. Tim falava sobre o uso de hipertexto e a partir
na Web, também chamado de navegador. disso surgiu o “http” (em português significa protocolo
Exemplo: Mozilla Firefox. de transferência de hipertexto). Vinton Cerf também é
Cliente de e-mail: Software destinado a ge- um personagem importante e inclusive é conhecido por
renciar contas de correio eletrônico, possi- muitos como o pai da internet.
bilitando a composição, envio, recebimen-
to, leitura e arquivamento de mensagens. A
seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail #FicaDica
(em negrito os mais conhecidos e utilizados URL: Tudo que é disponível na Web tem seu
atualmente): próprio endereço, chamado URL, ele facilita
Microsoft Office Outlook, Microsoft Outlook a navegação e possui características especí-
Express, Mozilla Thunderbird, Eudora, ficas como a falta de  acentuação gráfica  e
Pegasus Mail, Apple Mail (Apple), Kmail (Li- palavras maiúsculas. Uma url possui o http
nux) e Windows Mail. (protocolo), www (World Wide Web), o nome
da empresa que representa o site, .com (ex:
se for um site governamental o final será
Outros pontos importantes de conceitos que podem .gov) e a sigla do país de origem daquele site
ser abordado no seu concurso são: (no Brasil é usado o BR).
MIME (Multipurpose Internet Mail Extensions –
Extensões multiuso do correio da Internet): Provê
mecanismos para o envio de outros tipos de informações
por e-mail, como imagens, sons, filmes, entre outros. Mecanismos de Buscas
MTA (Mail Transfer Agent – Agente de Transferência
de Correio): Termo utilizado para designar os servidores Pesquisar por algo no Google e não ter como retorno
de Correio Eletrônico. exatamente o que você queria pode trazer algumas
MUA (Mail User Agent – Agente Usuário de horas de trabalho a mais, não é mesmo? Por mais que os
Correio): Programas clientes de e-mail, como o Mozilla algoritmos de busca sejam sempre revisados e busquem
Thunderbird, Microsoft Outlook Express etc. de certa forma “adivinhar” o que se passa em sua cabeça,
INFORMÁTICA

POP3 (Post Office Protocol Version 3 - Protocolo de lançar mão de alguns artifícios para que sua busca seja
Agência de Correio “Versão 3”): Protocolo padrão para otimizada poupará seu tempo e fará com que você tenha
receber e-mails. Através do POP, um usuário transfere acesso a resultados mais relevantes.
para o computador as mensagens armazenadas em sua
caixa postal no servidor.

8
Os mecanismos de buscas contam com operadores CORREIOS ELETRÔNICOS
para filtro de conteúdo. A maior parte desses filtros, no
entanto, pode não interessar e você, caso não seja um Os correios eletrônicos se dividem em duas formas:
praticante de SEO. Contudo alguns são realmente úteis e os agentes de usuários e os agentes de transferência de
estão listados abaixo. Realize uma busca simples e depois mensagens. Os agentes usuários são exemplificados pelo
aplique os filtros para poder ver o quanto os resultados Mozilla Thunderbird e pelo Outlook. Já os agentes de
podem sem mais especializados em relação ao que você transferência realizam um processo de envio dos agentes
procura. usuários e servidores de e-mail.
Os agentes de transferência usam três
-palavra_chave protocolos: SMTP (Simple Transfer Protocol), POP (Post
Retorna uma busca excluindo aquelas em que a Office Protocol) e IMAP (Internet Message Protocol).
palavra chave aparece. Por exemplo, se eu fizer uma O SMTP é usado para transferir mensagens eletrônicas
busca por computação, provavelmente encontrarei entre os computadores. O POP é muito usado para
na relação dos resultados informaçõe sobre “Ciência verificar mensagens de servidores de e-mail quando ele
da  computação“. Contudo, se eu fizer uma busca se conecta ao servidor suas mensagens são levadas do
por computação -ciência , os resultados que têm a servidor para o computador local. Pode ser usado por
palavra chave ciência serão omitidos. quem usa conexão discada.
Já o IMAP também é um protocolo padrão que
+palavra_chave permite acesso a mensagens nos servidores de e-mail.
Ele possibilita a leitura de arquivos dos e-mails, mas não
Retorna uma busca fazendo uma inclusão forçada
permite que eles sejam baixados. O IMAP é ideal para
de uma palavra chave nos resultados. De maneira
quem acessa o e-mail de vários locais diferentes.
análoga ao exemplo anterior, se eu fizer uma busca do
tipo computação, terei como retorno uma gama mista de
resultados. Caso eu queira filtrar somente os casos em #FicaDica
que ciências aparece, e também no estado de SP, realizo Um e-mail hoje é um dos principais meios de
uma busca do tipo computação + ciência SP. comunicação, por exemplo:
canaldoovidio@gmail.com
“frase_chave” Onde, canaldoovidio é o usuário o arroba
Retorna uma busca em que existam as ocorrências quer dizer na, o gmail é o servidor e o .com
dos termos que estão entre aspas, na ordem e grafia é a tipagem.
exatas ao que foi inserido. Assim, se você realizar uma
busca do tipo “como faser” – sim, com a escrita incorreta
da palavra FAZER, verá resultados em que a frase idêntica Para editarmos e lermos nossas mensagens eletrônicas
foi empregada. em um único computador, sem necessariamente
estarmos conectados à Internet no momento da criação
palavras_chave_01 OR palavra_chave_02 ou leitura do e-mail, podemos usar um programa de
Mostra resultado para pelo menos uma das palavras correio eletrônico. Existem vários deles. Alguns gratuitos,
chave citadas. Faça uma busca por facebook OR msn, por como o Mozilla Thunderbird, outros proprietários como
exemplo, e terá como resultado de sua busca, páginas o Outlook Express. Os dois programas, assim como vários
relevantes sobre pelo menos um dos dois temas- nesse outros que servem à mesma finalidade, têm recursos
caso, como as duas palavras chaves são populares, os dois similares. Apresentaremos os recursos dos programas
resultados são apresentados em posição de destaque. de correio eletrônico através do Outlook Express que
também estão presentes no Mozilla Thunderbird.
filetype:tipo Um conhecimento básico que pode tornar o dia a
dia com o Outlook muito mais simples é sobre os atalhos
Retorna as buscas em que o resultado tem o
de teclado para a realização de diversas funções dentro do
tipo de extensão especificada. Por exemplo, em uma
Outlook. Para você começar os seus estudos, anote alguns
busca filetype:pdf jquery serão exibidos os conteúdos da
atalhos simples. Para criar um novo e-mail, basta apertar
palavra chave jquery que tiverem como extensão .pdf. Os
Ctrl + Shift + M e para excluir uma determinada mensagem
tipos de extensão podem ser: PDF, HTML ou HTM, XLS, aposte no atalho Ctrl + D. Levando tudo isso em consideração
PPT, DOC inclua os atalhos de teclado na sua rotina de estudos e vá
preparado para o concurso com os principais na cabeça.
palavra_chave_01 * palavra_chave_02 Uma das funcionalidades mais úteis do Outlook para
Retorna uma “busca combinada”, ou seja, sendo o * profissionais que compartilham uma mesma área é o
um indicador de “qualquer conteúdo”, retorna resultados compartilhamento de calendário entre membros de uma
em que os termos inicial e final aparecem, independente mesma equipe.
INFORMÁTICA

do que “esteja entre eles”. Realize uma busca do Por isso mesmo é importante que você tenha o
tipo facebook * msn e veja o resultado na prática. conhecimento da técnica na hora de fazer uma prova
de concurso que exige os conhecimentos básicos de
informática, pois por ser uma função bastante utilizada tem
maiores chances de aparecer em uma ou mais questões.

9
O calendário é uma ferramenta bastante interessante
do Outlook que permite que o usuário organize de forma
completa a sua rotina, conseguindo encaixar tarefas,
compromissos e reuniões de maneira organizada por
dia, de forma a ter um maior controle das atividades que
devem ser realizadas durante o seu dia a dia.
Dessa forma, uma funcionalidade do Outlook permite
que você compartilhe em detalhes o seu calendário ou
parte dele com quem você desejar, de forma a permitir
que outra pessoa também tenha acesso a sua rotina,
o que pode ser uma ótima pedida para profissionais
dentro de uma mesma equipe, principalmente quando
um determinado membro entra de férias.
Para conseguir utilizar essa função basta que você
entre em Calendário na aba indicada como Página Inicial. Figura 6: Tela de Envio de E-mail
Feito isso, basta que você clique em Enviar Calendário
por E-mail, que vai fazer com que uma janela seja aberta
no seu Outlook.
Nessa janela é que você vai poder escolher todas as
#FicaDica
informações que vão ser compartilhadas com quem você Para: deve ser digitado o endereço eletrôni-
deseja, de forma que o Outlook vai formular um calendário co ou o contato registrado no Outlook do
de forma simples e detalhada de fácil visualização para destinatário da mensagem. Campo obriga-
quem você deseja enviar uma mensagem. tório.
Nos dias de hoje, praticamente todo mundo que Cc: deve ser digitado o endereço eletrônico
trabalha dentro de uma empresa tem uma assinatura ou o contato registrado no Outlook do des-
própria para deixar os comunicados enviados por e-mail tinatário que servirá para ter ciência desse
com uma aparência mais profissional. e-mail.
Dessa forma, é considerado um conhecimento básico Cco: Igual ao Cc, porém os destinatários fi-
saber como criar assinaturas no Outlook, de forma que cam ocultos.
este conteúdo pode ser cobrado em alguma questão
dentro de um concurso público.
Por isso mesmo vale a pena inserir o tema dentro de
Assunto: campo onde será inserida uma breve
seus estudos do conteúdo básico de informática para
descrição, podendo reservar-se a uma palavra ou uma
a sua preparação para concurso. Ao contrário do que
frase sobre o conteúdo da mensagem. É um campo
muita gente pensa, a verdade é que todo o processo de
opcional, mas aconselhável, visto que a falta de seu
criar uma assinatura é bastante simples, de forma que
preenchimento pode levar o destinatário a não dar
perder pontos por conta dessa questão em específico é
a devida importância à mensagem ou até mesmo
perder pontos à toa.
desconsiderá-la.
Para conseguir criar uma assinatura no Outlook basta
Corpo da mensagem: logo abaixo da linha assunto, é
que você entre no menu Arquivo e busque pelo botão
equivalente à folha onde será digitada a mensagem.
de Opções. Lá você vai encontrar o botão para E-mail
A mensagem, após digitada, pode passar pelas
e logo em seguida o botão de Assinaturas, que é onde
formatações existentes na barra de formatação do
você deve clicar. Feito isso, você vai conseguir adicionar
Outlook:
as suas assinaturas de maneira rápida e prática sem
Mozilla Thunderbird é um cliente de email e notícias
maiores problemas.
open-source e gratuito criado pela Mozilla Foundation
No Outlook Express podemos preparar uma
(mesma criadora do Mozilla Firefox).
mensagem através do ícone Criar e-mail, demonstrado
Webmail é o nome dado a um cliente de e-mail que
na figura acima, ao clicar nessa imagem aparecerá a tela
não necessita de instalação no computador do usuário, já
a seguir:
que funciona como uma página de internet, bastando o
usuário acessar a página do seu provedor de e-mail com
seu login e senha. Desta forma, o usuário ganha
mobilidade já que não necessita estar na máquina em
que um cliente de e-mail está instalado para acessar seu
e-mail.
INFORMÁTICA

10
Há dezenas de redes sociais. Dentre as mais
#FicaDica conhecidas, destacamos:
Segmentos do Outlook Express • Facebook: interação e expansão de contatos.
Painel de Pastas: permite que o usuário sal- • Youtube: partilha de vídeos.
ve seus e-mails em pastas específicas e dá a • Whatsapp: envio de mensagens instantâneas e
possibilidade de criar novas pastas; chamadas de voz.
Painel das Mensagens: onde se concentra a • Instagram: partilha de fotos vídeos.
lista de mensagens de determinada pasta e • Twitter: partilha de pequenas publicações, as quais
quando se clica em um dos e-mails o con- são conhecidas como “tweets”.
teúdo é disponibilizado no painel de conte- • Pinterest: partilha de ideias de temas variados.
údo. • Skype: telechamada.
Painel de Conteúdo: esse painel é onde irá • LinkedIn: interação e expansão de contatos
aparecer o conteúdo das mensagens envia- profissionais.
das. • Badoo: relacionamentos amorosos.
Painel de Contatos: nesse local se concen- • Snapchat: envio de mensagens instantâneas.
tram as pessoas que foram cadastradas em • Messenger: envio de mensagens instantâneas.
sua lista de endereço. • Flickr: partilha de imagens.
• Google+: partilha de conteúdos.
• Tumbrl: partilha de pequenas publicações,
GRUPOS DE DISCUSSÃO E REDES SOCIAIS semelhante ao Twitter.
São espaços de convivência virtuais onde grupos de Vantagens e Desvantagens
pessoas ou empresas se relacionam através do envio de
mensagens, do compartilhamento de conteúdo, entre Existem várias vantagens em fazer parte de redes
outras ações. sociais e é principalmente por isso que elas tiveram um
As redes sociais tiveram grande avanço devido a crescimento tão significativo ao longo dos anos.
evolução da internet, cujo boom aconteceu no início do Isso porque as redes sociais podem aproximar as
milênio. Vejamos como esse percurso aconteceu: pessoas. Afinal, elas são uma maneira fácil de manter as
Em 1994 foi lançado o GeoCities, a primeira relações e o contato com quem está distante, propiciando,
comunidade que se assemelha a uma rede social. assim, a possibilidade de interagir em tempo real.
O GeoCities que, no entanto, não existe mais, orientava As redes também facilitam a relação com quem está
as pessoas para que elas próprias criassem suas páginas mais perto. Em decorrência da rotina corrida do dia a dia,
na internet. nem sempre há tempo para que as pessoas se encontrem
Em 1995 surge o The Globe, que dava aos internautas fisicamente.
a oportunidade de interagir com um grupo de pessoas. Além disso, as redes sociais oferecem uma forma
No mesmo ano, também surge uma plataforma que rápida e eficaz de comunicar algo para um grande
permite a interação com antigos colegas da escola, número de pessoas ao mesmo tempo.
o Classmates. Podemos citar como exemplo o fato de poder avisar
Já nos anos 2000, surge o Fotolog, uma plataforma um acontecimento, a preparação de uma manifestação
que, desta vez, tinha como foco a publicação de ou a mobilização de um grupo para um protesto.
fotografias.
Em 2002 surge o que é considerada a primeira No entanto, em decorrência de alguns perigos, as
verdadeira rede social, o Friendster. redes sociais apresentam as suas desvantagens. Uma
No ano seguinte, é lançado o LinkedIn, a maior rede delas é a falta de privacidade.
social de caráter profissional do mundo. Por esse motivo, o uso das redes sociais tem sido
E em 2004, junto com a maior de todas as redes, cada vez mais discutido, inclusive pela polícia, que alerta
o Facebook, surgem o Orkut e o Flickr. para algumas precauções.

Há vários tipos de redes sociais. A grande diferença


entre elas é o seu objetivo, os quais podem ser: #FicaDica
• Estabelecimento de contatos pessoais (relações de
amizade ou namoro) Por ser algo muito atual, tem caído muitas
• Networking: partilha e busca de conhecimentos questões de redes sociais nos concursos
profissionais e procura emprego ou preenchimento atualmente.
de vagas
• Partilha e busca de imagens e vídeos
INFORMÁTICA

• Partilha e busca de informações sobre temas


variados
• Divulgação para compra e venda de produtos e
serviços
• Jogos, entre outros

11
No MSDOS, por exemplo, o Shell era o command.
EXERCÍCIO COMENTADO com, por meio do qual era possível realizar comandos
como o dir, cd e outros. No Linux, o Shell mais usado é o
1. (TJ-ES – CBNM1-01 – NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2011) Bash, que, para usuários comuns, aparece como símbolo
UM PROGRAMA DE CORREIO ELETRÔNICO VIA WEB $, e para o root, aparece com o símbolo #.
(WEBMAIL) é uma opção viável para usuários que Há também os termos usuário e superusuário.
estejam longe de seu computador pessoal. A partir de Enquanto ao usuário é dada a permissão de utilização de
qualquer outro computador no mundo, o usuário pode, comandos simples, ao superusuário é possível configurar
via Internet, acessar a caixa de correio armazenada no quais comandos os usuários podem utilizar. Se eles
próprio computador cliente remoto e visualizar eventuais podem apenas ver ou também alterar e gravar diretórios.
novas mensagens. Sendo assim, ele atua como sendo o administrador do
sistema. O diretório padrão que possui os programas
( ) CERTO ( ) ERRADO usados pelo superusuário para o gerenciamento e a
manutenção do sistema é o /sbin.
Resposta: Errado. O programa WebMail irá acessar /bin-Comandos utilizados durante o boot e por
o servidor de e-mail, e não a máquina do usuário usuários comuns.
(computador cliente remoto). /sbin-Como os comandos do/bin, só que não são
utilizados pelos usuários comuns.
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL Por esse motivo, o diretório sbin foi nomeado de
(AMBIENTE LINUX E WINDOWS) superusuário, pois há comandos que só podem ser
utilizados nesse diretório. Funciona como se quem
estivesse no diretório sbin fosse o administrador
Conceitos Básicos Sobre Linux e Software Livre do sistema, com permissões especiais de inclusões,
exclusões e também de alterações.
O Linux é um sistema operacional originalmente
fundado em comandos, mas que vem amplificando Comandos Básicos
ambientes gráficos de estruturas e uso similar, e são do
Windows. Apesar desses ambientes gráficos serem cada Iniciaremos agora o estudo sobre vários comandos
vez mais aderidos, os comandos do Linux ainda são que podemos usar no Shell do Linux:
amplamente empregados, sendo de suma importância o
-addgroup - Adiciona grupos
conhecer e estudar.
Outro termo muito usado quando tratamos do Linux -adduser - Adiciona usuários
é o Kernel, que é uma parte do sistema operacional que -apropos - Faz pesquisa por palavra ou string
faz a ligação entre software e máquina. Ele é a camada de -cat - Mostra o conteúdo de um arquivo binário ou
software mais próxima do hardware, considerado o núcleo texto
do sistema. O Linux teve início com o desenvolvimento de -cd - Entra num diretório (exemplo: cd docs) ou
um pequeno Kernel, criado por Linus Torvalds, em 1991, retorna para home
quando era apenas um estudante finlandês. Ao Kernel, cd<pasta> – vai para a pasta especificada. exemplo:
que Linus desenvolveu, colocou o nome de Linux. Como cd /usr/bin/
o Kernel é capaz de fazer gerenciamentos primários -chfn - altera informação relativa a um utilizador
básicos e indispensáveis para o funcionamento da -chmod -Altera as permissões de arquivos ou
máquina, foi necessário desenvolver módulos específicos diretórios. É um comando para manipulação de arquivos
para atender inúmeras necessidades, como por exemplo e diretórios que muda as permissões para acesso para
um módulo capaz de utilizar uma placa de rede ou de
cada pessoa. Por exemplo, um diretório que poderia
vídeo lançada no mercado ou até uma interface gráfica
ser de escrita e leitura, pode passar a ser apenas leitura,
como a que usamos no Windows.
Uma forma de atender a necessidade de comunicação impedindo que seu conteúdo seja alterado.
entre Kernel e o aplicativo é a chamada do sistema -chown - Altera a propriedade de arquivos e pastas
(SystemCall), que é uma interface entre um aplicativo de (dono)
espaço de usuário e um serviço que o Kernel fornece. -clear – Limpa a tela do terminal
Como o serviço é fornecido no Kernel, uma chamada -cmd>>txt - adiciona o resultado do comando (cmd)
direta não pode ser realizada; ao invés disso, você deve ao fim do arquivo (txt)
utilizar um processo de cruzamento do limite de espaço -cp - Copia diretórios ‘cp -r’ copia recursivamente
do usuário/Kernel. -df - Reporta o uso do espaço em disco do sistema
No Linux também existem diferentes run levels de de arquivos
operação. O run level de uma inicialização padrão é o de -dig - Testa a configuração do servidor DNs
número 2. -dmesg - Exibe as mensagens da inicialização (log)
Como o Linux também é conhecido por ser um
INFORMÁTICA

-du - Exibe estado de ocupação dos discos/partições


sistema operacional que ainda utiliza bastante comandos
-du -msh - Mostra o tamanho do diretório em
digitados, não podemos deixar de citar o Shell, que
é exatamente o programa que possibilita o usuário megabytes
digitar comandos que sejam inteligíveis pelo sistema -env - Mostra variáveis do sistema
operacional e realize funções. -exit – Sair do terminal ou de uma sessão de root.

12
-/etc – É o diretório onde ficam os arquivos de -ps - Mostra os processos correntes
configuração do sistema -ps –aux - Mostra todos os processos correntes no
-/etc/skel – É o diretório onde fica o padrão de sistema
arquivos para o diretório Home de novos usuários. -ps -e – Lista os processos abertos no sistema.
-fdisk -l – Mostra a lista de partições. -pwd - Exibe o local do diretório atual. o prompt
-find - Comando de busca ex: find ~/ -cmin -3 padrão do Linux mostra apenas o último nome do
-find – Busca arquivos no disco rígido. caminho do diretório atual. Para mostrar o caminho
-halt -p – Desligar o computador. completo do diretório atual digite o comando pwd.
-head - Mostra as primeiras 10 linhas de um arquivo Linux@fedora11 – é a versão do Linux que está sendo
-history – Mostra o histórico de comandos dados no usada.
terminal. help pwd – é o comando que nos mostrará o conteúdo
-ifconfig - Mostra as interfaces de redes ativas e as da ajuda sobre o pwd. A informação do help nos mostra
informações relacionadas a cada uma delas que pwd imprime o nome do diretório atual.
-iptraf - Analisador de tráfego da rede com interface -reboot – Reiniciar o computador.
gráfica baseada em diálogos -recode - Recodifica um arquivo ex: recode iso-8859-
-kill - Manda um sinal para um processo. Os sinais 15..utf8 file_to_change.txt
sIG- TErm e sIGKILL encerram o processo. -rm - Remoção de arquivos (também remove
-kill -9 xxx – Mata o processo de número xxx. diretórios)
-rm -rf - Exclui um diretório e todo o seu conteúdo
-killall - Manda um sinal para todos os processos.
-rmdir - Exclui um diretório (se estiver vazio)
-less - Mostra o conteúdo de um arquivo de texto
-route - Mostra as informações referentes às rotas
com controle
-shutdown -r now – Reiniciar o computador
-ls - Listar o conteúdo do diretório
-split - Divide um arquivo
-ls -alh - Mostra o conteúdo detalhado do diretório
-smbpasswd - No sistema operacional Linux, na
-ls –ltr - Mostra os arquivos no formado longo (l) em
versão samba, smbpasswd permite ao usuário alterar sua
ordem inversa (r) de data (t)
senha criptografada smb que é armazenada no arquivo
-man - Mostra informações sobre um comando smbpasswd (normalmente no diretório privado sob a
-mkdir - Cria um diretório. É um comando utilizado na hierarquia de diretórios do samba). Os usuários comuns
raiz do Linux para a criação de novos diretórios. só podem executar o comando, sem opções. Ele os levará
para que sua senha velha smb seja digitada e, em seguida,
Na imagem a seguir, no prompt ftp, foi criado o pedir-lhes sua nova senha duas vezes, para garantir que
diretório chamado “myfolder”. a senha foi digitada corretamente. Nenhuma senha será
mostrada na tela enquanto está sendo digitada.
-su - Troca para o superusuário root (é exigida a
senha)
-su user - Troca para o usuário especificado em ‘user’
(é exigida a senha)
-tac - Semelhante ao cat, mas inverte a ordem
-tail - O comando tail mostra as últimas linhas de
um arquivo texto, tendo como padrão as 10 últimas
linhas. Sua sintaxe é: tail nome_do_arquivo. Ele pode
ser acrescentado de alguns parâmetros como o -n que
mostra o [numero] de linhas do final do arquivo; o – c
[numero] que mostra o [numero] de bytes do final do
arquivo e o – f que exibe constantemente os dados do
Figura 15: Prompt “ftp” final do arquivo à medida que são adicionados.
-tcpdump sniffer - Sniffer é uma ferramenta que
“ouve” os pacotes
-mount – Montar partições em algum lugar do -top – Exibe os processos do sistema e dados do
sistema. processador.
-mtr - Mostra rota até determinado IP -touch touch foo.txt - Cria um arquivo foo.txt vazio;
-mv - Move ou renomeia arquivos e diretórios também altera data e hora de modificação para agora
-nano – Editor de textos básico. -traceroute - Define uma rota do host local até o
-nfs - Sistema de arquivos nativo do sistema destino mostrando os roteadores intermediários
operacional Linux, para o compartilhamento de recursos -umount – Desmontar partições.
pela rede -uname -a – Informações sobre o sistema operacional
-netstat - Exibe as portas e protocolos abertos no -userdel - Remove usuários
sistema. -vi - Editor de ficheiros de texto
INFORMÁTICA

-nmap - Lista as portas de sistemas remotos/locais -vim - Versão melhorada do editor supracitado
atrás de portas abertas. -which - Exibe qual arquivo binário está sendo
-nslookup - Consultas a serviços DNs chamado pelo shell quando chamado via linha de
-ntsysv - Exibe e configura os processos de inicialização comando
-passwd - Modifica senha (password) de usuários -who - Informa quem está logado no sistema

13
Não são só comandos digitados via teclado que
podemos executar no Linux. Várias versões foram
expandidas e o kernel evoluiu bastante. Sobre ele correm as
mais diversas interfaces gráficas, baseadas principalmente
no servidor de janelas XFree.Entre as mais de vinte
interfaces gráficas criadas para o Linux, vamos citar o KDE.

Figura 17: Linux–Fonte:OLivroOficialdoUbuntu

As principais pastas do Linux são:


/etc- Contém os arquivos gerais de configuração do
sistema e dos programas instalados.
/home– Cada conta de usuário possui um diretório
salvo na pasta home.
/boot arquivos de carregamento do sistema,
incluindo configuração do gerenciador de boot e o
kernel.
Figura 16: MenuK,naversãoSuse–imagemobtidadehttp://
/dev– Onde ficam as entradas das placas de
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_
dispositivos como rede, som e impressoras.
gr%C3%A1fica_KDE
/lib– Bibliotecas do sistema.
/media– Contém a instalação de dispositivos como
Um dos motivos que ainda desconvence muitas
drive de CD, pendrives, entre outros.
pessoas a adotarem o Linux como seu sistema
/opt– Utilizado por desenvolvedores de programas.
operacional, é a quantidade de programas compatíveis
/proc– Armazena informações sobre o estado atual
com ele, o que vem sendo resolvido com o passar do
do sistema.
tempo. Sua interface familiar, semelhante ao do Windows,
/root–Diretório do super usuário.
tem ajudado a aumentar os adeptos ao Linux.
Distribuição Linux é um sistema operacional que utiliza
O gerenciamento de arquivos e diretórios, ou
o núcleo (Kernel) do Linux e outros softwares. Existem várias
seja, copiar, mover, recortar e colar pode ser feito,
versões do Linux (comerciais ou não): Ubuntu, Debian,
considerando que estamos usando o Nautilus, da
Fedora, etc. Cada uma com suas vantagens e desvantagens.
seguinte forma:
O que torna a escolha de uma distribuição bem pessoal.
- Copiar: Clique com o botão direito do mouse sobre
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado
FIQUE ATENTO! para a área de transferência, mas o original
continuará no local.
Distribuições são criadas, normalmente,
- Recortar: Clique com o botão direito do mouse sobre
para atender razões específicas. Por exem-
o arquivo ou diretório. O conteúdo será deslocado
plo, existem distribuições para rodar em
para a área de transferência, sendo removido do
servidores, redes - onde a segurança é prio-
seu local de origem.
ridade - e, também, computadores pessoais.
- Colar: Clique com o botão direito do mouse no local
Assim, não é possível dizer qual é a melhor
desejado e depois em colar. O conteúdo da área
distribuição, já que ela depende do objetivo
de transferência será colado.
do seu computador
Outra alternativa é deixar a janela do local de origem
do arquivo aberta e abrir outra com o local de destino.
Pressionar o botão esquerdo do mouse sobre o arquivo
Sistema de Arquivos: Organização e Gerenciamento
desejado e o transferir para o destino.
de Arquivos, Diretórios e Permissões no Linux
Instalar, Remover e Atualizar Programas
Dependendo da versão do Linux é possível encontrar
gerenciadores de arquivos diferentes. Por exemplo, no
Para instalar ou remover um programa, considerando
Linux Ubuntu, encontramos o Nautilus, que permite a
o Linux Ubuntu, podemos utilizar a ferramenta Adicionar
cópia, recorte, colagem, movimentação e organização
/Remover Aplicações, que viabiliza a busca de drives
dos arquivos e pastas. No Linux, vale lembrar que os
pela Internet. Esta ferramenta é encontrada no menu
dispositivos de armazenamento não são nomeados por
Aplicações, Adicionar/Remover.
letras.
INFORMÁTICA

Na parte superior da janela encontramos uma linha


Por exemplo, no Windows, se você possui um HD na
de busca, na qual podemos digitar o termo do aplicativo
máquina, ele recebe o nome de C. Se possui dois HDs,
que desejamos. Ao lado da linha de pesquisa temos a
um será o C e o outro o E. Já no Linux, tudo fará parte de
configuração de mostrar apenas os itens suportados
um mesmo sistema da mesma estrutura de pastas.
pelo Ubuntu.

14
O lado esquerdo lista todas as categorias de Permissões no Linux
programas, e quando uma categoria é selecionada,
sua descrição é mostrada na parte inferior da janela. Vale lembrar que apenas o superusuário (root) tem
Alguns exemplos de categorias podemos mencionar são: acesso ilimitado aos conteúdos do sistema. Os outros
Acessórios, Educacionais, Jogos, Gráficos, Internet, entre estão sujeitos à sua permissão para realizar comandos. As
outros. permissões podem ser sobre tipo do arquivo, permissões
do proprietário, permissões do grupo e permissões para
Manipulação de Hardware e Dispositivos os outros usuários.
Diretórios são designados com a letra ‘d’ e arquivos
A manipulação de hardware e dispositivos é possível comuns com o ‘-‘.
ser realizada no menu Locais, Computador, através o Alguns dos comandos utilizados em permissões são:
qual acessamos a lista de dispositivos em execução. A ls – l Lista diretórios e suas permissões rw- permissões
maioria dos dispositivos de hardware instalados no do proprietário do grupo
Linux Ubuntu são meramente instalados. Quando se r- Permissões do grupo ao qual o usuário pertence
trata de um pendrive, após sua conexão física, aparecerá r- -Permissão para os outros usuários
uma janela do gerenciador de arquivos exibindo o As permissões do Linux são: Leitura, escrita e execução.
conteúdo do dispositivo. É importante, porém, lembrar- - Leitura: (r, de Read) permite que o usuário apenas
se de desmontar corretamente os dispositivos de veja, ou seja, leia o arquivo.
armazenamento e outros antes de encerrar seu uso. No - Gravação, ou escrita: (w, de Write) o usuário pode
caso do pendrive, é possível clicar com o botão direito do criar e alterar arquivos.
mouse sobre o ícone localizado na área de trabalho e em - Execução: (x, de eXecution) o usuário pode executar
seguida, clicar em Desmontar. arquivos.
Quando a permissão é acompanhada com o ‘-‘,
Agendamento de Tarefas significa que ela não é atribuída ao usuário.

O agendamento de tarefas no Linux Ubuntu é feito Compactação e Descompactação de Arquivos


por meio do agendador de tarefas chamado cron, que Comandos básicos para compactação e
permite determinar horários e intervalos para que tarefas descompactação de arquivos:
sejam executadas. Ele possibilita detalhar comandos, gunzip[opções][arquivos]Descompacta arquivos
data e hora que ficam em um arquivo chamado crontab compactados com gzip.
- arquivo de texto que armazena a lista de comandos gzexe[opções][arquivos]compacta executáveis.
a serem acionados no horário e data que foram gunzip[opções][arquivos]descompacta arquivos.
determinados. zcat[opções][arquivos]descompacta arquivos.

Administração de Usuários e Grupos no Linux Comandos básicos para backups


tar Agrupa vários arquivos em apenas um.
Antes de iniciarmos, é preciso ter entendimento de compress Faz a compressão de arquivos padrão do
ambos termos: Unix.
- Superusuário: É o administrador do sistema. Ele uncompress Descomprime arquivos compactados
tem acesso e permissão para executar todos os pelo compress.
comandos. zcat Possibilita visualizar arquivos compactados pelo
-Usuário Comum: Tem as permissões configuradas compress.
pelo superusuário para o grupo em que se
encontra.

Um usuário pode fazer parte de vários grupos e


um grupo pode ter vários usuários. Assim, podemos
conceder permissões aos grupos e colocar o usuário que
queremos que tenha determinada permissão no grupo
correspondente.

Comandos Básicos para Grupos

- Para criar grupos: sudo groupadd nome grupo


- Para criar um usuário no grupo: sudo useradd –g
nome grupo nomeusuario
- Definir senha para o usuário: sudo password
INFORMÁTICA

nomeusuario
- Remover usuário do sistema: sudo userdel Figura 18: Centro de Controle do KDE
nomeusuario imagemobtidadehttp://
pt.wikibooks.org/wiki/Linux_para_iniciantes/A_interface_
gr%C3%A1fica_KDE

15
WINDOWS 7
#FicaDica
Para saber se o Windows é de 32 ou 64 bits, basta:
Como no Painel de controle do Windows, 1. Clicar no botão Iniciar , clicar com o botão direito
temos o centro de controle do KDE, onde em computador e clique em Propriedades.
é possível personalizar toda a parte gráfica, 2. Em sistema, é possível exibir o tipo de sistema.
fontes, temas, ícones, estilos, área de traba-
lho, além da Internet, periféricos, acessibili- “Para instalar uma versão de 64 bits do Windows 7,
dade, segurança e privacidade, som e con- você precisará de um processador capaz de executar
figurações para o administrador do sistema. uma versão de 64 bits do Windows. Os benefícios de um
sistema operacional de 64 bits ficam mais claros quando
você tem uma grande quantidade de RAM (memória de
WINDOWS acesso aleatório) no computador, normalmente 4 GB ou
mais. Nesses casos, como um sistema operacional de 64
O Windows assim como tudo que envolve a bits pode processar grandes quantidades de memória
informática passa por uma atualização constante, os com mais eficácia do que um de 32 bits, o sistema de
concursos públicos em seus editais acabam variando em 64 bits poderá responder melhor ao executar vários
suas versões, por isso vamos abordar de uma maneira programas ao mesmo tempo e alternar entre eles com
frequência”.
geral tanto as versões do Windows quanto do Linux.
Uma maneira prática de usar o Windows 7 (Win 7) é
O Windows é um Sistema Operacional, ou seja, é um
reinstalá-lo sobre um SO já utilizado na máquina. Nesse
software, um programa de computador desenvolvido por
caso, é possível instalar:
programadores através de códigos de programação. Os
- Sobre o Windows XP;
Sistemas Operacionais, assim como os demais softwares,
- Uma versão Win 7 32 bits, sobre Windows Vista
são considerados como a parte lógica do computador,
(Win Vista), também 32 bits;
uma parte não palpável, desenvolvida para ser utilizada - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 32 bits;
apenas quando o computador está em funcionamento. O - Win 7 de 32 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
Sistema Operacional (SO) é um programa especial, pois é - Win 7 de 64 bits, sobre Win Vista, 64 bits;
o primeiro a ser instalado na máquina. - Win 7 em um computador e formatar o HD durante
Quando montamos um computador e o ligamos a instalação;
pela primeira vez, em sua tela serão mostradas apenas - Win 7 em um computador sem SO;
algumas rotinas presentes nos chipsets da máquina. Para Antes de iniciar a instalação, devemos verificar qual
utilizarmos todos os recursos do computador, com toda tipo de instalação será feita, encontrar e ter em mãos a
a qualidade das placas de som, vídeo, rede, acessarmos chave do produto, que é um código que será solicitado
a Internet e usufruirmos de toda a potencialidade do durante a instalação.
hardware, temos que instalar o SO. Vamos adotar a opção de instalação com formatação
Após sua instalação é possível configurar as placas de disco rígido, segundo o site oficial da Microsoft
para que alcancem seu melhor desempenho e instalar Corporation:
os demais programas, como os softwares aplicativos e - Ligue o seu computador, de forma que o Windows
utilitários. seja inicializado normalmente, insira do disco de
O SO gerencia o uso do hardware pelo software e instalação do Windows 7 ou a unidade flash USB e
gerencia os demais programas. desligue o seu computador.
A diferença entre os Sistemas Operacionais de - Reinicie o computador.
32 bits e 64 bits está na forma em que o processador - Pressione qualquer tecla, quando solicitado a fazer
do computador trabalha as informações. O Sistema isso, e siga as instruções exibidas.
Operacional de 32 bits tem que ser instalado em um - Na página de Instalação Windows, insira seu idioma
computador que tenha o processador de 32 bits, ou outras preferências e clique em avançar.
assim como o de 64 bits tem que ser instalado em um - Se a página de Instalação Windows não aparecer
computador de 64 bits. e o programa não solicitar que você pressione
Os Sistemas Operacionais de 64 bits do Windows, alguma tecla, talvez seja necessário alterar
segundo o site oficial da Microsoft, podem utilizar algumas configurações do sistema. Para obter mais
mais memória que as versões de 32 bits do Windows. informações sobre como fazer isso, consulte. Inicie
“Isso ajuda a reduzir o tempo despendido na permuta o seu computador usando um disco de instalação
de processos para dentro e para fora da memória, pelo do Windows 7 ou um pen drive USB.
armazenamento de um número maior desses processos - Na página Leia os termos de licença, se você aceitar
na memória de acesso aleatório (RAM) em vez de fazê- os termos de licença, clique em aceito os termos
lo no disco rígido. Por outro lado, isso pode aumentar o de licença e em avançar.
desempenho geral do programa”. - Na página que tipo de instalação você deseja?
INFORMÁTICA

clique em Personalizada.
- Na página onde deseja instalar Windows? clique em
opções da unidade (avançada).
- Clique na partição que você quiser alterar, clique na
opção de formatação desejada e siga as instruções.

16
- Quando a formatação terminar, clique em avançar.
- Siga as instruções para concluir a instalação
do Windows 7, inclusive a nomenclatura do
computador e a configuração de uma conta do
usuário inicial.

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIA-


MENTO DE INFORMAÇÕES; ARQUIVOS, PASTAS
E PROGRAMAS.

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar


arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos por
meio de programas aplicativos. Por exemplo, quando
abrimos o Microsoft Word, digitamos uma carta e a
Figura 66: Tela da pasta criada
salvamos no computador, estamos criando um arquivo.
Ícones – são imagens representativas associadas a
Clicamos duas vezes na pasta “Trabalho” para abrí-la
programas, arquivos, pastas ou atalhos.
e agora criaremos mais duas pastas dentro dela:
Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
Para criarmos as outras duas pastas, basta repetir o
curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
procedimento: botão direito, Novo, Pasta.
Criação de pastas (diretórios)
Área de trabalho:

Figura 67: Área de Trabalho

A figura acima mostra a primeira tela que vemos


quando o Windows 7 é iniciado. A ela damos o nome
Figura 64: Criação de pastas de área de trabalho, pois a ideia original é que ela sirva
como uma prancheta, onde abriremos nossos livros e
documentos para dar início ou continuidade ao trabalho.
#FicaDica Em especial, na área de trabalho, encontramos a barra
Clicando com o botão direito do mouse em de tarefas, que traz uma série de particularidades, como:
um espaço vazio da área de trabalho ou ou-
tro apropriado, podemos encontrar a opção
pasta. Figura 68: Barra de tarefas
Clicando nesta opção com o botão esquer-
do do mouse, temos então uma forma prá- 1) Botão Iniciar: é por ele que entramos em contato
tica de criar uma pasta. com todos os outros programas instalados, programas
que fazem parte do sistema operacional e ambientes
de configuração e trabalho. Com um clique nesse
botão, abrimos uma lista, chamada Menu Iniciar, que
contém opções que nos permitem ver os programas
mais acessados, todos os outros programas instalados
e os recursos do próprio Windows. Ele funciona como
uma via de acesso para todas as opções disponíveis no
INFORMÁTICA

computador.
Figura 65: Criamos aqui uma pasta Por meio do botão Iniciar, também podemos:
chamada “Trabalho”. - desligar o computador, procedimento que encerra
o Sistema Operacional corretamente, e desliga
efetivamente a máquina;

17
- colocar o computador em modo de espera, que
reduz o consumo de energia enquanto a máquina
estiver ociosa, ou seja, sem uso. Muito usado nos
casos em que vamos nos ausentar por um breve
período de tempo da frente do computador;
- reiniciar o computador, que desliga e liga
automaticamente o sistema. Usado após a
instalação de alguns programas que precisam
da reinicialização do sistema para efetivarem sua
instalação, durante congelamento de telas ou
travamentos da máquina.
- realizar o logoff, acessando o mesmo sistema com
nome e senha de outro usuário, tendo assim um
ambiente com características diferentes para cada
usuário do mesmo computador.
Figura 70: Propriedades de data e hora

Nessa janela, é possível configurarmos a data e a hora,


determinarmos qual é o fuso horário da nossa região e
especificar se o relógio do computador está sincronizado
automaticamente com um servidor de horário na Internet.
Este relógio é atualizado pela bateria da placa mãe, que
vimos na figura 26. Quando ele começa a mostrar um
horário diferente do que realmente deveria mostrar, na
maioria das vezes, indica que a bateria da placa mãe deve
precisar ser trocada. Esse horário também é sincronizado
com o mesmo horário do SETUP.
Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas,
podemos clicar com o botão direito do mouse sobre
eles e depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar
uma vez sobre o objeto desejado e depois pressionar
o botão delete, no teclado. Esses dois procedimentos
enviarão para lixeira o que foi excluído, sendo possível
a restauração, caso haja necessidade. Para restaurar, por
exemplo, um arquivo enviado para a lixeira, podemos,
após abri-la, restaurar o que desejarmos.

Figura 69: Menu Iniciar – Windows 7

Na figura acima temos o menu Iniciar, acessado com


um clique no botão Iniciar.
2) Ícones de inicialização rápida: São ícones colocados
como atalhos na barra de tarefas para serem
acessados com facilidade.
3) Barra de idiomas: Mostra qual a configuração de
idioma que está sendo usada pelo teclado.
4) Ícones de inicialização/execução: Esses ícones Figura 71: Restauração de arquivos
são configurados para entrar em ação quando enviados para a lixeira
o computador é iniciado. Muitos deles ficam em
execução o tempo todo no sistema, como é o caso A restauração de objetos enviados para a lixeira
de ícones de programas antivírus que monitoram pode ser feita com um clique com o botão direito do
constantemente o sistema para verificar se não há mouse sobre o item desejado e depois, outro clique
invasões ou vírus tentando ser executados. com o esquerdo em “Restaurar”. Isso devolverá,
5) Propriedades de data e hora: Além de mostrar o automaticamente o arquivo para seu local de origem.
relógio constantemente na sua tela, clicando duas
vezes, com o botão esquerdo do mouse nesse
ícone, acessamos as Propriedades de data e hora.
#FicaDica
INFORMÁTICA

Outra forma de restaurar é usar a opção


“Restaurar este item”, após selecionar o
objeto.

18
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho Na guia “Barra de Tarefas”, temos, entre outros:
muito grande, são excluídos sem irem antes para a - Bloquear a barra de tarefas – que impede que ela
Lixeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá seja posicionada em outros cantos da tela que não seja o
uma mensagem, ou perguntando se realmente deseja inferior, ou seja, impede que seja arrastada com o botão
enviar aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que foi esquerdo do mouse pressionado.
selecionado será permanentemente excluído. Outra forma - Ocultar automaticamente a barra de tarefas –
de excluir documentos ou pastas sem que eles fiquem oculta (esconde) a barra de tarefas para proporcionar
armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho Shift+Delete. maior aproveitamento da área da tela pelos programas
A barra de tarefas pode ser posicionada nos quatro abertos, e a exibe quando o mouse é posicionado no
cantos da tela para proporcionar melhor visualização de canto inferior do monitor.
outras janelas abertas. Para isso, basta pressionar o botão
esquerdo do mouse em um espaço vazio dessa barra e
com ele pressionado, arrastar a barra até o local desejado
(canto direito, superior, esquerdo ou inferior da tela).
Para alterar o local da Barra de Tarefas na tela, temos
que verificar se a opção “Bloquear a barra de tarefas” não
está marcada.

Figura 74: Guia Menu Iniciar e Personalizar Menu


Iniciar

Pela figura acima podemos notar que é possível a


aparência e comportamento de links e menus do menu
Iniciar.

Figura 72: Bloqueio da Barra de Tarefas


Propriedades da barra de tarefas e do menu iniciar:

Por meio do clique com o botão direito do mouse Figura 21: Barra de Ferramentas
na barra de tarefas e do esquerdo em “Propriedades”,
podemos acessar a janela “Propriedades da barra de Painel de controle
tarefas e do menu iniciar”.
O Painel de Controle é o local onde podemos alterar
configurações do Windows, como aparência, idioma,
configurações de mouse e teclado, entre outras. Com ele
é possível personalizar o computador às necessidades do
usuário.
Para acessar o Painel de Controle, basta clicar no Botão
Iniciar e depois em Painel de Controle. Nele encontramos
as seguintes opções:
- Sistema e Segurança: “Exibe e altera o status do
sistema e da segurança”, permite a realização
de backups e restauração das configurações do
sistema e de arquivos. Possui ferramentas que
permitem a atualização do Sistema Operacional,
que exibem a quantidade de memória RAM
instalada no computador e a velocidade do
INFORMÁTICA

processador. Oferece ainda, possibilidades de


configuração de Firewall para tornar o computador
mais protegido.
Figura 73: Propriedades da barra de
tarefas e do menu iniciar

19
- Rede e Internet: mostra o status da rede e possibilita WINDOWS 8
configurações de rede e Internet. É possível também
definir preferências para compartilhamento de É o sistema operacional da Microsoft que
arquivos e computadores. substituiu o Windows 7 em tablets, computadores,
- Hardware e Sons: é possível adicionar ou remover notebooks, celulares, etc. Ele trouxe diversas mudanças,
hardwares como impressoras, por exemplo. principalmente no layout, que acabou surpreendendo
Também permite alterar sons do sistema, milhares de usuários acostumados com o antigo visual
reproduzir CDs automaticamente, configurar desse sistema.
modo de economia de energia e atualizar drives de A tela inicial completamente alterada foi a mudança
dispositivos instalados. que mais impactou os usuários. Nela encontra-se todas
- Programas: através desta opção, podemos realizar as aplicações do computador que ficavam no Menu
a desinstalação de programas ou recursos do Iniciar e também é possível visualizar previsão do tempo,
Windows.
cotação da bolsa, etc. O usuário tem que organizar as
- Contas de Usuários e Segurança Familiar: aqui
pequenas miniaturas que aparecem em sua tela inicial
alteramos senhas, criamos contas de usuários,
para ter acesso aos programas que mais utiliza.
determinamos configurações de acesso.
Caso você fique perdido no novo sistema ou dentro
- Aparência: permite a configuração da aparência da
área de trabalho, plano de fundo, proteção de tela, de uma pasta, clique com o botão direito e irá aparecer
menu iniciar e barra de tarefas. um painel no rodapé da tela. Caso você esteja utilizando
- Relógio, Idioma e Região: usamos esta opção para uma das pastas e não encontre algum comando, clique
alterar data, hora, fuso horário, idioma, formatação com o botão direito do mouse para que esse painel
de números e moedas. apareça.
- Facilidade de Acesso: permite adaptarmos o A organização de tela do Windows 8 funciona
computador às necessidades visuais, auditivas e como o antigo Menu Iniciar e consiste em um mosaico
motoras do usuário. com imagens animadas. Cada mosaico representa um
aplicativo que está instalado no computador. Os atalhos
Computador dessa área de trabalho, que representam aplicativos de
versões anteriores, ficam com o nome na parte de cima
e um pequeno ícone na parte inferior. Novos mosaicos
#FicaDica possuem tamanhos diferentes, cores diferentes e são
atualizados automaticamente.
Através do “Computador” podemos consul-
tar e acessar unidades de disco e outros dis- A tela pode ser customizada conforme a conveniência
positivos conectados ao nosso computador. do usuário. Alguns utilitários não aparecem nessa tela, mas
podem ser encontrados clicando com o botão direito do
mouse em um espaço vazio da tela. Se deseja que um desses
Para acessá-lo, basta clicar no Botão Iniciar e em aplicativos apareça na sua tela inicial, clique com o botão
Computador. A janela a seguir será aberta: direito sobre o ícone e vá para a opção Fixar na Tela Inicial.

Charms Bar

O objetivo do Windows 8 é ter uma tela mais limpa e


esse recurso possibilita “esconder” algumas configurações
e aplicações. É uma barra localizada na lateral que pode
ser acessada colocando o mouse no canto direito e inferior
da tela ou clicando no atalho Tecla do Windows + C. Essa
função substitui a barra de ferramentas presente no sistema
e configurada de acordo com a página em que você está.
Com a Charm Bar ativada, digite Personalizar na busca
em configurações. Depois escolha a opção tela inicial e
em seguida escolha a cor da tela. O usuário também
pode selecionar desenhos durante a personalização do
papel de parede.

Figura 76: Computador Redimensionar as tiles

Observe que é possível visualizarmos as unidades Na tela esses mosaicos ficam uns maiores que os
INFORMÁTICA

de disco, sua capacidade de armazenamento livre e outros, mas isso pode ser alterado clicando com o botão
usada. Vemos também informações como o nome do direito na divisão entre eles e optando pela opção menor.
computador, a quantidade de memória e o processador Você pode deixar maior os aplicativos que você quiser
instalado na máquina. destacar no computador.

20
Grupos de Aplicativos Internet Explorer no Windows 8

Pode-se criar divisões e grupos para unir programas Se você clicar no quadrinho Internet Explorer da
parecidos. Isso pode ser feito várias vezes e os grupos página inicial, você terá acesso ao software sem a barra
podem ser renomeados. de ferramentas e menus.

Visualizar as pastas WINDOWS 10

A interface do programas no computador podem ser O Windows 10 é uma atualização do Windows 8 que
vistos de maneira horizontal com painéis dispostos lado veio para tentar manter o monopólio da Microsoft no
a lado. Para passar de um painel para outro é necessário mundo dos Sistemas Operacionais, uma das suas missões
usar a barra de rolagem que fica no rodapé. é ficar com um visual mais de smart e touch.

Compartilhar e Receber

Comando utilizado para compartilhar conteúdo,


enviar uma foto, etc. Tecle Windows + C, clique na
opção Compartilhar e depois escolha qual meio vai
usar. Há também a opção Dispositivo que é usada para
receber e enviar conteúdos de aparelhos conectados ao
computador.

Alternar Tarefas

Com o atalho Alt + Tab, é possível mudar entre os


programas abertos no desktop e os aplicativos novos Figura 77: Tela do Windows 10
do SO. Com o atalho Windows + Tab é possível abrir
uma lista na lateral esquerda que mostra os aplicativos O Windows 10 é disponibilizado nas seguintes versões
modernos. (com destaque para as duas primeiras):
Telas Lado a Lado
Windows 10
Esse sistema operacional não trabalha com o conceito
de janelas, mas o usuário pode usar dois programas É a versão de “entrada” do Windows 10, que possui a
ao mesmo tempo. É indicado para quem precisa maioria dos recursos do sistema. É voltada para Desktops
acompanhar o Facebook e o Twitter, pois ocupa ¼ da e Laptops, incluindo o tablete Microsoft Surface 3.
tela do computador.
Windows 10 Pro
Visualizar Imagens
Além dos recursos da versão de entrada, fornece
O sistema operacional agora faz com que cada vez proteção de dados avançada e criptografada com o
que você clica em uma figura, um programa específico BitLocker, permite a hospedagem de uma Conexão de
abre e isso pode deixar seu sistema lento. Para alterar Área de Trabalho Remota em um computador, trabalhar
isso é preciso ir em Programas – Programas Default – com máquinas virtuais, e permite o ingresso em um
Selecionar Windows Photo Viewer e marcar a caixa Set domínio para realizar conexões a uma rede corporativa.
this Program as Default.
Windows 10 Enterprise
Imagem e Senha
Baseada na versão 10 Pro, é disponibilizada por meio
O usuário pode utilizar uma imagem como senha ao do Licenciamento por Volume, voltado a empresas.
invés de escolher uma senha digitada. Para fazer isso,
acesse a Charm Bar, selecione a opção Settings e logo Windows 10 Education
em seguida clique em More PC settings. Acesse a opção
Usuários e depois clique na opção “Criar uma senha com Baseada na versão Enterprise, é destinada a atender
imagem”. Em seguida, o computador pedirá para você as necessidades do meio educacional. Também tem
colocar sua senha e redirecionará para uma tela com um seu método de distribuição baseado através da versão
pequeno texto e dando a opção para escolher uma foto. acadêmica de licenciamento de volume.
Escolha uma imagem no seu computador e verifique se
Windows 10 Mobile
a imagem está correta clicando em “Use this Picture”.
INFORMÁTICA

Você terá que desenhar três formas em touch ou com o


Embora o Windows 10 tente vender seu nome fantasia
mouse: uma linha reta, um círculo e um ponto. Depois,
como um sistema operacional único, os smartphones
finalize o processo e sua senha estará pronta. Na próxima
com o Windows 10 possuem uma versão específica do
vez, repita os movimentos para acessar seu computador.
sistema operacional compatível com tais dispositivos.

21
Windows 10 Mobile Enterprise 2. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) A instalação e
a atualização de programas na plataforma Linux a serem
Projetado para smartphones e tablets do setor efetuadas com o comando aptget, podem ser acionadas
corporativo. Também estará disponível através do por meio das opções install e upgrade, respectivamente.
Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas Em ambos os casos, é indispensável o uso do comando
vantagens do Windows 10 Mobile com funcionalidades sudo, ou equivalente, se o usuário não for administrador
direcionadas para o mercado corporativo. do sistema.

Windows 10 IoT Core ( ) CERTO ( ) ERRADO

IoT vem da expressão “Internet das Coisas” (Internet Resposta: Errado. O comando para a atualização é
of Things). A Microsoft anunciou que haverá edições do “sudo apt-get upgrade”. O comando para instalar
Windows 10 baseadas no Enterprise e Mobile Enterprise pacotes é “sudo apt-get install nome_do_pacote”. O
destinados a dispositivos como caixas eletrônicos, comando é “apt-get” e não “aptget”. O comando sudo
terminais de autoatendimento, máquinas de atendimento realmente permite a usuários comuns obter privilégios
para o varejo e robôs industriais. Essa versão IoT Core de outro usuário como o administrador
será destinada para dispositivos pequenos e de baixo
custo. 3. (PERITO CRIMINAL – CESPE – 2013) Em
Para as versões mais populares (10 e 10 Pro), a Microsoft computadores com sistema operacional Linux ou
indica como requisitos básicos dos computadores: Windows, o aumento da memória virtual possibilita a
• Processador de 1 Ghz ou superior; redução do consumo de memória RAM em uso, o que
• 1 GB de RAM (para 32bits); 2GB de RAM (para permite executar, de forma paralela e distribuída, no
64bits); computador, uma quantidade maior de programas.
• Até 20GB de espaço disponível em disco rígido;
• Placa de vídeo com resolução de tela de 800×600 ( ) CERTO ( ) ERRADO
ou maior.
Resposta: Errado. O que torna esta alternativa
mais eficaz é o uso da memória em um dispositivo
EXERCÍCIOS COMENTADOS alternativo (para o PC não “travar”), e não uma
redução de consumo de memória RAM em uso, visto
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere que esta opção foi projetada para ajudar quando a
que o usuário de um computador com sistema operacional memória RAM do PC for insuficiente para a execução
Windows 7 tenha permissão de administrador e deseje de demasiados programas.
fazer o controle mais preciso da segurança das conexões
de rede estabelecidas no e com o seu computador. Nessa 4. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012) Tanto no
situação, ele poderá usar o modo de segurança avançado sistema operacional Windows quanto no Linux, cada
do firewall do Windows para especificar precisamente arquivo, diretório ou pasta encontra-se em um caminho,
quais aplicativos podem e não podem fazer acesso à podendo cada pasta ou diretório conter diversos
rede, bem como quais serviços residentes podem, ou arquivos que são gravados nas unidades de disco nas
não, ser externamente acessados. quais permanecem até serem apagados. Em uma mesma
rede é possível haver comunicação e escrita de pastas,
( ) CERTO ( ) ERRADO diretórios e arquivos entre máquinas com Windows e
máquinas com Linux.
Resposta: Certo. Um firewall (em português: Parede de
fogo) é um dispositivo de uma rede de computadores ( ) CERTO ( ) ERRADO
que tem por objetivo aplicar uma política de segurança
a um determinado ponto da rede. O firewall pode ser Resposta: Certo. O sistema Linux e o sistema Windows
do tipo filtros de pacotes, proxy de aplicações, etc. Os conseguem compartilhar diretórios/pastas entre si
firewalls são geralmente associados a redes TCP/IP. pois utilizam se do protocolo, o SMB.CIFS.
Este dispositivo de segurança existe na forma
de software e de hardware, a combinação de 5. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No
ambos é chamada tecnicamente de “appliance”. A Windows, não há possibilidade de o usuário interagir
complexidade de instalação depende do tamanho com o sistema operacional por meio de uma tela de
da rede, da política de segurança, da quantidade de computador sensível ao toque.
regras que controlam o fluxo de entrada e saída de
informações e do grau de segurança desejado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
INFORMÁTICA

Resposta: Errado. As versões mais recentes do


Windows existe este recurso. Para usá-lo há a
necessidade de que a tela seja sensível ao toque.

22
6. (AGENTE – CESPE – 2014) Comparativamente Resposta: Certo. No ambiente Linux, é permitida a
a computadores com outros sistemas operacionais, execução de vários comandos por meio de um console.
computadores com o sistema Linux apresentam a O comando “cp” é utilizado para copiar arquivos entre
vantagem de não perderem dados caso as máquinas sejam diretórios e arquivos para dispositivos.
desligadas por meio de interrupção do fornecimento de
energia elétrica. 10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Ao se
clicar a opção , será exibida uma janela por
( ) CERTO ( ) ERRADO meio da qual se pode verificar diversas propriedades do
arquivo, como o seu tamanho e os seus atributos.
Resposta: Errado. Nenhum sistema operacional Em computadores do tipo PC, a comunicação com
possui a vantagem de não perder dados caso a periféricos pode ser realizada por meio de diferentes
máquina seja desligada por meio de interrupção do interfaces. Acerca desse assunto, julgue os seguintes
fornecimento de energia elétrica. itens.

7. (AGENTE – CESPE – 2014) As rotinas de inicialização ( ) CERTO ( ) ERRADO


GRUB e LILO, utilizadas em diversas distribuições Linux,
podem ser acessadas por uma interface de linha de Resposta: Certo. Dentre as diversas opções que
comando. podem ser consultadas ao se ativar as propriedades
de um arquivo estão as opções: tamanho e os seus
( ) CERTO ( ) ERRADO atributos.
Resposta: Certo. É possível acessar as rotinas
de inicialização GRUB e LILO para realizar a sua ACESSO A DISTÂNCIA A COMPUTADORES,
configuração, assim como é possível alterar as TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E
opções de inicialização do Windows (em Win+Pause, ARQUIVOS, APLICATIVOS DE ÁUDIO,
Configurações Avançadas do Sistema, Propriedades VÍDEO E MULTIMÍDIA
do Sistema, Inicialização e Recuperação).

8. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Considere CONCEITOS E FUNDAMENTOS BÁSICOS DE


que um usuário de login joao_jose esteja usando o INFORMÁTICA
Windows Explorer para navegar no sistema de arquivos
de um computador com ambiente Windows 7. Considere
A Informática é um meio para diversos fins, com isso
ainda que, enquanto um conjunto de arquivos e pastas é
acaba atuando em todas as áreas do conhecimento. A
apresentado, o usuário observe, na barra de ferramentas
sua utilização passou a ser um diferencial para pessoas
do Windows Explorer, as seguintes informações:
e empresas, visto que, o controle da informação passou
Bibliotecas > Documentos > Projetos. Nessa situação, é
a ser algo fundamental para se obter maior flexibilidade
mais provável que tais arquivos e pastas estejam contidos
no mercado de trabalho. Logo, o profissional, que
no diretório C:\Bibliotecas\Documentos\Projetos que no
diretório C:\Users\joao_jose\Documents\Projetos. melhor integrar sua área de atuação com a informática,
atingirá, com mais rapidez, os seus objetivos e,
( ) CERTO ( ) ERRADO consequentemente, o seu sucesso, por isso em quase
todos editais de concursos públicos temos Informática.
Resposta: Errado. O correto é “C:\Users\joao_
jose\Documents\Projetos”. Há possibilidade das #FicaDica
pastas estarem em outro diretório, se forem feitas
configurações customizadas pelo usuário. Mesmo Informática pode ser considerada como
na configuração em português o diretório dos significando “informação automática”, ou
documentos do usuário continua sendo nomeado em seja, a utilização de métodos e técnicas
inglês: “documents”. Portanto, a afirmação de que o no tratamento automático da informação.
diretório seria “C:\biblioteca\documentos\projetos” Para tal, é preciso uma ferramenta adequa-
não está correta. O item considera o comportamento da: O computador.
padrão do sistema operacional Windows 7, e, A palavra informática originou-se da jun-
portanto, a afirmação não pode ser absoluta, devido ção de duas outras palavras: informação e
à flexibilidade inerente a este sistema software. A automática. Esse princípio básico descreve
premissa de que a informação fosse apresentada na o propósito essencial da informática: tra-
barra de ferramentas não compromete o entendimento balhar informações para atender as neces-
da questão.” sidades dos usuários de maneira rápida e
eficiente, ou seja, de forma automática e
INFORMÁTICA

9. (AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) No muitas vezes instantânea.


ambiente Linux, é possível utilizar comandos para copiar
arquivos de um diretório para um pen drive.

( ) CERTO ( ) ERRADO

23
O que é um computador? É o principal software do computador, pois possibilita
que todos os demais programas operem.
O computador é uma máquina que processa dados,
orientado por um conjunto de instruções e destinado a pro-
duzir resultados completos, com um mínimo de intervenção #FicaDica
humana. Entre vários benefícios, podemos citar:
Android é um Sistema Operacional desen-
: grande velocidade no processamento e disponibili-
volvido pelo Google para funcionar em
zação de informações;
dispositivos móveis, como Smartphones e
: precisão no fornecimento das informações;
Tablets. Sua distribuição é livre, e qualquer
: propicia a redução de custos em várias atividades
pessoa pode ter acesso ao seu código-
: próprio para execução de tarefas repetitivas;
-fonte e desenvolver aplicativos (apps) para
funcionar neste Sistema Operacional.
Como ele funciona?
iOS, é o sistema operacional utilizado pelos
aparelhos fabricados pela Apple, como o
Em informática, e mais especialmente em
iPhone e o iPad.
computadores, a organização básica de um sistema será
na forma de:

Identificação e manipulação de arquivos

Pastas – são estruturas digitais criadas para organizar


Figura 1: Etapas de um processamento de dados. arquivos, ícones ou outras pastas.
Arquivos – são registros digitais criados e salvos
Vamos observar agora, alguns pontos fundamentais através de programas aplicativos. Por exemplo, quando
para o entendimento de informática em concursos abrimos a Microsoft Word, digitamos uma carta e a
públicos. salvamos no computador, estamos criando um arquivo.
Hardware, são os componentes físicos do computador, Ícones – são imagens representativas associadas a
ou seja, tudo que for tangível, ele é composto pelos programas, arquivos, pastas ou atalhos. As duas figuras
periféricos, que podem ser de entrada, saída, entrada- mostradas nos itens anteriores são ícones. O primeiro
saída ou apenas saída, além da CPU (Unidade Central de representa uma pasta e o segundo, um arquivo criado no
Processamento) programa Excel.
Software, são os programas que permitem o Atalhos – são ícones que indicam um caminho mais
funcionamento e utilização da máquina (hardware), curto para abrir um programa ou até mesmo um arquivo.
é a parte lógica do computador, e pode ser dividido Clicando com o botão direito do mouse sobre um
em Sistemas Operacionais, Aplicativos, Utilitários ou espaço vazio da área de trabalho, temos as seguintes
Linguagens de Programação. opções, de organização:
O primeiro software necessário para o funcionamento
de um computador é o Sistema Operacional (Sistema
Operacional). Os diferentes programas que você utiliza
em um computador (como o Word, Excel, PowerPoint etc)
são os aplicativos. Já os utilitários são os programas que
auxiliam na manutenção do computador, o antivírus é o
principal exemplo, e para finalizar temos as Linguagens
de Programação que são programas que fazem outros
programas, como o JAVA por exemplo.
Importante mencionar que os softwares podem ser
livres ou pagos, no caso do livre, ele possui as seguintes
características:
• O usuário pode executar o software, para qualquer
uso.
• Existe a liberdade de estudar o funcionamento do
programa e de adaptá-lo às suas necessidades. Figura 3: Organizar ícones
• É permitido redistribuir cópias.
• O usuário tem a liberdade de melhorar o programa -Nome: Organiza os ícones por ordem alfabética
e de tornar as modificações públicas de modo que de nomes, permanecendo inalterados os ícones
a comunidade inteira beneficie da melhoria. padrão da área de trabalho.
INFORMÁTICA

Entre os principais sistemas operacionais pode-se -Tamanho: Organiza os ícones pelo seu tamanho em
destacar o Windows (Microsoft), em suas diferentes bytes, permanecendo inalterados os ícones padrão
versões, o Macintosh (Apple) e o Linux (software livre da área de trabalho.
criado pelo finlandês Linus Torvalds), que apresenta entre
suas versões o Ubuntu, o Linux Educacional, entre outras.

24
-Tipo: Organiza os ícones em grupos de tipos, por No Windows Explorer podemos realizar facilmente
exemplo, todas as pastas ficarão ordenadas em opções de gerenciamento como copiar, recortar, colar e
sequência, depois todos os arquivos, e assim mover, pastas e arquivos.
por diante, permanecendo inalterados os ícones -Copiar e Colar: consiste em criar uma cópia idêntica
padrão da área de trabalho. da pasta, arquivo ou atalho selecionado. Para essa tarefa,
-Modificado em: Organiza os ícones pela data da podemos adotar os seguintes procedimentos:
última alteração, permanecendo inalterados os 1º) Selecione o item desejado;
ícones padrão da área de trabalho. 2º) Clique com o botão direito do mouse e depois
-Organizar automaticamente: Não permite que os com o esquerdo em “copiar”. Se preferir, pode usar as
ícones sejam colocados em qualquer lugar na área teclas de atalho CTRL+C. Esses passos criarão uma cópia
de trabalho. Quando arrastados pelo usuário, ao do arquivo ou pasta na memória RAM do computador,
soltar o botão esquerdo, o ícone voltará ao seu mas a cópia ainda não estará em nenhum lugar visível do
lugar padrão.
sistema operacional.
-Alinhar à grade: estabelece uma grade invisível para
3º) Clique com o botão direito do mouse no local
alinhamento dos ícones.
onde deseja deixar a cópia e depois, com o esquerdo,
-Mostrar ícones da área de trabalho: Oculta ou mostra
clique em “colar”. Também podem ser usadas as teclas
os ícones colocados na área de trabalho, inclusive
os ícones padrão, como Lixeira, Meu Computador CTRL + V, para efetivar o processo de colagem.
e Meus Documentos. Dessa forma, teremos o mesmo arquivo ou pasta em
-Bloquear itens da Web na área de trabalho: Bloquea mais de um lugar no computador.
recursos da Internet ou baixados em temas da web -Recortar e Colar: Esse procedimento retira um arquivo
e usados na área de trabalho. ou pasta de um determinado lugar e o coloca em outro.
-Executar assistente para limpeza da área de trabalho: É como se recortássemos uma figura de uma revista e
Inicia um assistente para eliminar da área de trabalho a colássemos em um caderno. O que recortarmos ficará
ícones que não estão sendo utilizados. apenas em um lugar do computador.
Para acessar o Windows Explorer, basta clicar no botão Os passos necessários para recortar e colar, são:
Windows, Todos os Programas, Acessórios, Windows 1º) Selecione o item desejado;
Explorer, ou usar a tecla do Windows+E. O Windows 2º) Clique com o botão direito do mouse e depois
Explorer é um ambiente do Windows onde podemos com o esquerdo em “recortar”. Se preferir, pode
realizar o gerenciamento de arquivos e pastas. Nele, usar as teclas de atalho CTRL+X. Esses passos
temos duas divisões principais: o lado esquerdo, que criarão uma cópia do arquivo ou pasta na memória
exibe as pastas e diretórios em esquema de hierarquia e o RAM do computador, mas a cópia ainda não estará
lado direito que exibe o conteúdo das pastas e diretórios em nenhum lugar visível do sistema operacional.
selecionados do lado esquerdo. 3º) Clique com o botão direito do mouse no local
Quando clicamos, por exemplo, sobre uma pasta onde deseja deixar a cópia e depois, com o
com o botão direito do mouse, é exibido um menu esquerdo, clique em “colar”. Também podem ser
suspenso com diversas opções de ações que podem usadas as teclas CTRL + V, para efetivar o processo
ser realizadas. Em ambos os lados (esquerdo e direito) de colagem.
esse procedimento ocorre, mas do lado esquerdo, não é Lixeira: Contém os arquivos e pastas excluídos pelo
possível visualizar a opção “Criar atalho”, como é possível usuário. Para excluirmos arquivos, atalhos e pastas,
observar nas figuras a seguir: podemos clicar com o botão direito do mouse sobre
eles e depois usar a opção “Excluir”. Outra forma é clicar
uma vez sobre o objeto desejado e depois pressionar
o botão delete, no teclado. Esses dois procedimentos
enviarão para lixeira o que foi excluído, sendo possível
a restauração, caso haja necessidade. Para restaurar, por
exemplo, um arquivo enviado para a lixeira, podemos,
após abri-la, restaurar o que desejarmos.

Figura 4: Windows Explorer – botão direito


INFORMÁTICA

A figura a cima mostra as opções exibidas no menu Figura 5: Restauração de arquivos


suspenso quando clicamos na pasta DOWNLOADS com enviados para a lixeira
o botão direito do mouse, do lado esquerdo do Windows
Explorer.

25
O disco rígido, do inglês hard disk, também conhe-
#FicaDica cido como HD, serve como unidade de armazenamento
permanente, guardando dados e programas.
A restauração de objetos enviados para a Ele armazena os dados em discos magnéticos que
lixeira pode ser feita com um clique com o mantêm a gravação por vários anos, se necessário.
botão direito do mouse sobre o item dese- Esses discos giram a uma alta velocidade e tem seus da-
jado e depois, outro clique com o esquerdo dos gravados ou acessados por um braço móvel composto
em “Restaurar”. Isso devolverá, automatica- por um conjunto de cabeças de leitura capazes de gravar
mente o arquivo para seu local de origem. ou acessar os dados em qualquer posição nos discos.
Outra forma de restaurar é usar a opção Dessa forma, os computadores digitais (que traba-
“Restaurar este item”, após selecionar o lham com valores discretos) são totalmente binários.
objeto. Toda informação introduzida em um computador é con-
vertida para a forma binária, através do emprego de um
código qualquer de armazenamento, como veremos
mais adiante.
Alguns arquivos e pastas, por terem um tamanho A menor unidade de informação armazenável em um
muito grande, são excluídos sem irem antes para a Li- computador é o algarismo binário ou dígito binário, conhe-
xeira. Sempre que algo for ser excluído, aparecerá uma cido como bit (contração das palavras inglesas binarydigit).
mensagem, ou perguntando se realmente deseja en- O bit pode ter, então, somente dois valores: 0 e 1.
viar aquele item para a Lixeira, ou avisando que o que Evidentemente, com possibilidades tão limitadas, o
foi selecionado será permanentemente excluído. Outra bit pouco pode representar isoladamente; por essa ra-
forma de excluir documentos ou pastas sem que eles fi- zão, as informações manipuladas por um computador
quem armazenados na Lixeira é usar as teclas de atalho são codificadas em grupos ordena- dos de bits, de modo
Shift+Delete. a terem um significado útil.
No Linux a forma mais tradicional para se manipular O menor grupo ordenado de bits representando uma
arquivos é com o comando chmod que altera as permis- informação útil e inteligível para o ser humano é o byte
sões de arquivos ou diretórios. É um comando para ma- (leia-se “baite”).
Como os principais códigos de representação de
nipulação de arquivos e diretórios que muda as permis-
caracteres utilizam grupos de oito bits por caracter, os
sões para acesso àqueles, por exemplo, um diretório que
conceitos de byte e caracter tornam-se semelhantes e as
poderia ser de escrita e leitura, pode passar a ser apenas palavras, quase sinônimas.
leitura, impedindo que seu conteúdo seja alterado. É costume, no mercado, construírem memórias cujo
acesso, armazenamento e recuperação de informações
Conceitos básicos de Hardware (Placa mãe, me- são efetuados byte a byte. Por essa razão, em anúncios
mórias, processadores (CPU) e disco de armazena- de computadores, menciona-se que ele possui “512
mento HDs, CDs e DVDs) mega bytes de memória”; por exemplo, na realidade, em
face desse costume, quase sempre o termo byte é omiti-
Os gabinetes são dotados de fontes de alimentação do por já subentender esse valor.
de energia elétrica, botão de ligar e desligar, botão de Para entender melhor essas unidades de memórias,
reset, baias para encaixe de drives de DVD, CD, HD, veja a imagem abaixo:
saídas de ventilação e painel traseiro com recortes para
encaixe de placas como placa mãe, placa de som, vídeo,
rede, cada vez mais com saídas USBs e outras.
No fundo do gabinete existe uma placa de metal onde
será fixada a placa mãe. Pelos furos nessa placa é possível
verificar se será possível ou não fixar determinada placa
mãe em um gabinete, pois eles têm que ser proporcionais
aos furos encontrados na placa mãe para parafusá-la ou
encaixá-la no gabinete.
Figura 6: Unidade de medida de memórias
#FicaDica
Em resumo, a cada degrau que você desce na Figura 3
Placa-mãe, é a placa principal, formada por é só você dividir por 1024 e a cada degrau que você sobe
um conjunto de circuitos integrados (“chip basta multiplicar por 1024. Vejamos dois exemplos abaixo:
set“) que reconhece e gerencia o funciona-
mento dos demais componentes do com- Transformar 16422282522
putador. kilobytes em terabytes:
Transformar 4 gigabytes
16422282522 / 1024 =
em kilobytes:
INFORMÁTICA

16037385,28 megabytes
4 * 1024 = 4096 megabytes
Se o processador pode ser considerado o “cérebro” 16037385,28 / 1024 =
4096 * 1024 = 4194304
do computador, a placa-mãe (do inglês motherboard) 15661,51 gigabytes
kilobytes.
representa a espinha dorsal, interligando os demais 15661,51 / 1024 = 15,29 te-
periféricos ao processador. rabytes.

26
USB é abreviação de “Universal Serial Bus”. É a porta Diferentemente da memória RAM, as memórias ROM
de entrada mais usada atualmente. (Read Only Memory – Memória Somente de Leitura)
Além de ser usado para a conexão de todo o tipo não são voláteis, mantendo os dados gravados após o
de dispositivos, ele fornece uma pequena quantidade de desligamento do computador.
energia. Por isso permite que os conectores USB sejam As primeiras ROM não permitiam a regravação
usados por carregadores, luzes, ventiladores e outros de seu conteúdo. Atualmente, existem variações que
equipamentos. possibilitam a regravação dos dados por meio de
A fonte de energia do computador ou, em inglês é equipamentos especiais. Essas memórias são utilizadas
responsável por converter a voltagem da energia elétrica, para o armazenamento do BIOS.
que chega pelas tomadas, em voltagens menores, capazes O processador que é uma peça de computador
de ser suportadas pelos componentes do computador. que contém instruções para realizar tarefas lógicas e
matemáticas. O processador é encaixado na placa mãe
através do socket, ele que processa todas as informações
Monitor de vídeo
do computador, sua velocidade é medida em Hertz e os
fabricantes mais famosos são Intel e AMD.
Normalmente um dispositivo que apresenta
O processador do computador (ou CPU – Unidade
informações na tela de LCD, como um televisor atual.
Central de Processamento) é uma das partes principais
Outros monitores são sensíveis ao toque (chamados do hardware do computador e é responsável pelos
de touchscreen), onde podemos escolher opções cálculos, execução de tarefas e processamento de dados.
tocando em botões virtuais, apresentados na tela. Contém um conjunto de restritos de células de
memória chamados registradores que podem ser lidos
Impressora e escritos muito mais rapidamente que em outros
dispositivos de memória. Os registra- dores são unidades
Muito popular e conhecida por produzir informações de memória que representam o meio mais caro e rápido
impressas em papel. de armazenamento de dados. Por isso são usados em
Atualmente existem equipamentos chamados pequenas quantidades nos processadores.
impressoras multifuncionais, que comportam impressora, Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos
scanner e fotocopiadoras num só equipamento. RISC (Reduced Instruction Set Computer) e CISC (Complex
Pen drive é a mídia portátil mais utilizada pelos Instruction Set Computer). Segundo Carter [s.d.]:
usuários de computadores atualmente. ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento,
Ele não precisar recarregar energia para manter os enquanto que a maior parte das arquiteturas CISC
dados armazenados. Isso o torna seguro e estável, ao permite que outras operações também façam referência
contrário dos antigos disquetes. É utilizado através de à memória.
uma porta USB (Universal Serial Bus). Possuem um clock interno de sincronização que
Cartões de memória, são baseados na tecnologia define a velo- cidade com que o processamento ocorre.
flash, semelhante ao que ocorre com a memória RAM Essa velocidade é medida em Hertz. Segundo Amigo
do computador, existe uma grande variedade de formato (2008):
desses cartões. Em um computador, a velocidade do clock se refere ao
São muito utilizados principalmente em câmeras número de pulsos por segundo gerados por um oscilador
fotográficas e telefones celulares. Podem ser utilizados (dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina
também em microcomputadores. o tempo necessário para o processador executar uma
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sistema Básico instrução. Assim para avaliar a performance de um
de Entrada e Saída, trata-se de um mecanismo responsável processador, medimos a quantidade de pulsos gerados
por algumas atividades consideradas corriqueiras em um em 1 segundo e, para tanto, utilizamos uma unidade de
computador, mas que são de suma importância para o medida de frequência, o Hertz.
correto funcionamento de uma máquina.

#FicaDica
BIOS é o Basic Input/Output System, ou Sis-
tema Básico de Entrada e Saída, trata-se de
um mecanismo responsável por algumas
atividades consideradas corriqueiras em
um computador, mas que são de suma im-
portância para o correto funcionamento de
uma máquina.
INFORMÁTICA

Só depois de todo esse processo de identificação é


que a BIOS passa o controle para o sistema operacional e
o boot acontece de verdade. Figura 7: Esquema Processador

27
Na placa mãe são conectados outros tipos de placas, Periféricos de Computadores
com seus circuitos que recebem e transmite dados para
desempenhar tarefas como emissão de áudio, conexão à Para entender o suficiente sobre periféricos para
Internet e a outros computadores e, como não poderia concurso público é importante entender que os
faltar, possibilitar a saída de imagens no monitor. periféricos são os componentes (hardwares) que estão
Essas placas, muitas vezes, podem ter todo seu hard- sempre ligados ao centro dos computadores.
ware reduzido a chips, conectados diretamente na placa Os periféricos são classificados como:
mãe, utilizando todos os outros recursos necessários, que Dispositivo de Entrada: É responsável em transmitir a
não estão implementa- dos nesses chips, da própria mo- informação ao computador. Exemplos: mouse, scanner,
therboard. Geralmente esse fato implica na redução da microfone, teclado, Web Cam, Trackball, Identificador
velocidade, mas hoje essa redução é pouco considerada, Biométrico, Touchpad e outros.
uma vez que é aceitável para a maioria dos usuários.
No entanto, quando se pretende ter maior potência Dispositivos de Saída: É responsável em receber
de som, melhor qualidade e até aceleração gráfica de a informação do computador. Exemplos: Monitor,
imagens e uma rede mais veloz, a opção escolhida são as Impressoras, Caixa de Som, Ploter, Projector de Vídeo e
placas off board. Vamos conhecer mais sobre esse termo outros.
e sobre as placas de vídeo, som e rede: Dispositivo de Entrada e Saída: É responsável
Placas de vídeo são hardwares específicos para traba- em transmitir e receber informação ao computador.
lhar e projetar a imagem exibida no monitor. Essas placas Exemplos: Drive de Disquete, HD, CD-R/RW, DVD, Blu-
podem ser onboard, ou seja, com chipset embutido na ray, modem, Pen-Drive, Placa de Rede, Monitor Táctil,
placa mãe, ou off board, conectadas em slots presentes Dispositivo de Som e outros.
na placa mãe. São considerados dispositivos de saída de
dados, pois mostram ao usuário, na forma de imagens,
o resultado do processamento de vários outros dados. #FicaDica
Você já deve ter visto placas de vídeo com especi- Periféricos sempre podem ser classificados
ficações 1x, 2x, 8x e assim por diante. Quanto maior o em três tipos: entrada, saída e entrada e
número, maior será a quantidade de dados que passarão saída.
por segundo por essa placa, o que oferece imagens de
vídeo, por exemplo, com velocidade cada vez mais próxi-
ma da realidade. Além dessa velocidade, existem outros
itens importantes de serem observados em uma placa de
vídeo: aceleração gráfica 3D, resolução, quantidade de EXERCÍCIOS COMENTADOS
cores e, como não poderíamos esquecer, qual o padrão
de encaixe na placa mãe que ela deverá usar (atualmente
seguem opções de PCI ou AGP). Vamos ver esses itens
um a um:
Placas de som são hardwares específicos para traba-
lhar e projetar a sons, seja em caixas de som, fones de
ouvido ou microfone. Essas placas podem ser onboard,
ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou of-
fboard, conectadas em slots presentes na placa mãe. São
dispositivos de entrada e saída de dados, pois tanto per-
mitem a inclusão de dados (com a entrada da voz pelo
microfone, por exemplo) como a saída de som (através
das caixas de som, por exemplo).
Placas de rede são hardwares específicos para inte-
grar um computador a uma rede, de forma que ele possa
enviar e receber informações. Essas placas podem ser on-
board, ou seja, com chipset embutido na placa mãe, ou
offboard, conectadas em slots presentes na placa mãe.

#FicaDica
Alguns dados importantes a serem obser-
vados em uma placa de rede são: a arquite-
tura de rede que atende os tipos de cabos
de rede suportados e a taxa de transmissão.
INFORMÁTICA

Considerando a figura acima, que ilustra as propriedades


de um dispositivo USB conectado a um computador com
sistema operacional Windows 7, julgue os itens a seguir

28
1. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Resposta: Certo - O processador pode ter mais de
As informações na figura mostrada permitem inferir que um núcleo (CORE), o que gera uma divisão de tarefas,
o dispositivo USB em questão usa o sistema de arquivo economizando energia e gerando menos calor. EX. dual
NTFS, porque o fabricante é Kingston. core (2 núcleos). Os tipos de processador podem ser de
32bits e 64 bits
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013)
Resposta: Errado - Por padrão os pendrives (de baixa Se uma solução de armazenamento embasada em
capacidade) são formatados no sistema de arquivos hard drive externo de estado sólido usando USB 2.0 for
FAT, mas a marca do dispositivo ou mesmo a janela substituída por uma solução embasada em cloud storage,
ilustrada não apresenta informações para afirmar sobre ocorrerá melhoria na tolerância a falhas, na redundância
qual sistema de arquivos está sendo utilizado. e na acessibilidade, além de conferir independência
frente aos provedores de serviços contratados.
2. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013)
Ao se clicar o ícone , será mostrado, no ( ) CERTO ( ) ERRADO
Resumo das Funções do Dispositivo, em que porta USB o
dispositivo está conectado. Resposta: Errado - Não há “maior independência
frente aos provedores de serviço contratados”, pois o
( ) CERTO ( ) ERRADO acesso aos dados dependerá do provedor de serviços
de nuvem no qual seus dados ficarão armazenados,
Resposta: Certo - Ao se clicar no ícone citado qualquer que seja a nuvem. Independência para mudar
será demonstrada uma janela com informações/ de fornecedor, quando existente, não implica em dizer
propriedades do dispositivo em questão, uma das que o usuário fica independente do fornecedor que
informações que aparecem na janela é a porta em que esteja usando no momento.
o dispositivo USB foi/está conectado.
Acerca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte.
3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013)
Um clique duplo em 7. (PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2012)
fará que seja disponibilizada uma janela contendo Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs
funcionalidades para a formatação do dispositivo USB. tradicionais, que são operados por meio de teclado e
mouse, os tablets, computadores pessoais portáteis,
( ) CERTO ( ) ERRADO dispõem de recurso touchscreen. Outra diferença entre
esses dois tipos de computadores diz respeito ao fato
Resposta: Errado - O Clique duplo para o caso da de o tablet possuir firmwares, em vez de processadores,
ilustração fará abrir a janela de propriedades do como o PC.
dispositivo.
A respeito de tipos de computadores e sua arquitetura ( ) CERTO ( ) ERRADO
de processador, julgue os itens subsequentes
Resposta: Errado - O uso dos processadores era algo
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013) que até um tempo atrás ficava restrito a desktops,
Diferentemente de um processador de 32 bits, que não notebooks e, em uma maior escala, a servidores, mas
suporta programas feitos para 64 bits, um processador com a popularização de smartphones e tablets esse
de 64 bits é capaz de executar programas de 32 bits e cenário mudou. Grandes players como Samsung, Apple
de 64 bits. e NVIDIA passaram a fabricar seus próprios modelos,
conhecidos como SoCs (System on Chip), que além da
( ) CERTO ( ) ERRADO CPU incluem memória RAM, placa de vídeo e muitos
outros componentes.
Resposta: Certo - Se o programa for especialmente
projetado para a versão de 64 bits do Windows, ele 8. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004)
não funcionará na versão de 32 bits do Windows. Ao se clicar a opção , será executado um programa
(Entretanto, a maioria dos programas feitos para a que permitirá a realização de operações de criptografia
versão de 32 bits do Windows funciona com uma versão no arquivo para protegê-lo contra leitura indevida.
de 64 bits do Windows.)
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – CESPE – 2013)
INFORMÁTICA

Um processador moderno de 32 bits pode ter mais de Resposta: Errado - WinZip é um dos principais
um núcleo por processador. programas para compactar e descompactar arquivos de
seu computador. Perfeito para organizar e economizar
( ) CERTO ( ) ERRADO espaço em seu disco rígido.

29
9. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) Alguns tipos de Redes de Computadores
A comunicação entre a CPU e o monitor de vídeo é feita,
na grande maioria dos casos, pela porta serial. Antigamente, os computadores eram conectados
em distâncias curtas, sendo conhecidas como redes lo-
( ) CERTO ( ) ERRADO cais. Mas, com a evolução das redes de computadores,
foi necessário aumentar a distância da troca de infor-
Resposta: Errado - As portas de vídeo mais comuns mações entre as pessoas. As redes podem ser classifi-
são: VGA, DVI, HDMI cadas de acordo com sua arquitetura (Arcnet, Ethernet,
DSL, Token ring, etc.), a extensão geográfica (LAN, PAN,
10. (DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2004) MAN, WLAN, etc.), a topologia (anel, barramento, estrela,
Alguns tipos de mouse se comunicam com o computador ponto-a-ponto, etc.) e o meio de transmissão (redes por
por meio de porta serial. cabo de fibra óptica, trançado, via rádio, etc.).
Veja alguns tipos de redes:
( ) CERTO ( ) ERRADO Redes Pessoais (Personal Area Networks – PAN) – se
comunicam a 1 metro de distância. Ex.: Redes Bluetooth;
Resposta: Certo - A interface serial ou porta serial, Redes Locais (Local Area Networks – LAN) – redes em
também conhecida como RS-232 é uma porta de que a distância varia de 10m a 1km. Pode ser uma sala,
comunicação utilizada para conectar pendrives, um prédio ou um campus de universidade;
modems, mouses, algumas impressoras, scanners e Redes Metropolitanas (Metropolitan Area Network –
outros equipamentos de hardware. Na interface serial, MAN) – quando a distância dos equipamentos conec-
os bits são transferidos em fila, ou seja, um bit de dados tados à uma rede atinge áreas metropolitanas, cerca de
de cada vez. 10km. Ex.: TV à cabo;
Redes a Longas Distâncias (Wide Area Network –
WAN) – rede que faz a cobertura de uma grande área
REDES DE COMPUTADORES geográfica, geralmente, um país, cerca de 100 km;
Redes Interligadas (Interconexão de WANs) – são re-
des espalhadas pelo mundo podendo ser interconecta-
REDES DE COMPUTADORES das a outras redes, capazes de atingirem distâncias bem
maiores, como um continente ou o planeta. Ex.: Internet;
Redes de Computadores refere-se à interligação Rede sem Fio ou Internet sem Fio (Wireless Local Area
por meio de um sistema de comunicação baseado em Network – WLAN) – rede capaz de conectar dispositivos
transmissões e protocolos de vários computadores com eletrônicos próximos, sem a utilização de cabeamento.
o objetivo de trocar informações, entre outros recursos. Além dessa, existe também a WMAN, uma rede sem fio
Essa ligação é chamada de estações de trabalho (nós, para área metropolitana e WWAN, rede sem fio para
grandes distâncias.
pontos ou dispositivos de rede).
Atualmente, existe uma interligação entre
Topologia de Redes
computadores espalhados pelo mundo que permite a
comunicação entre os indivíduos, quer seja quando eles
Astopologias das redes de computadores são as es-
navegam pela internet ou assiste televisão. Diariamente,
truturas físicas dos cabos, computadores e componen-
é necessário utilizar recursos como impressoras
tes. Existem as topologias físicas, que são mapas que
para imprimir documentos, reuniões através de
mostram a localização de cada componente da rede que
videoconferência, trocar e-mails, acessar às redes sociais serão tratadas a seguir. e as lógicas, representada pelo
ou se entreter por meio de jogos, etc. modo que os dados trafegam na rede:
Hoje, não é preciso estar em casa para enviar e-mails, Topologia Ponto-a-ponto – quando as máquinas es-
basta ter um tablet ou smartphone com acesso à internet tão interconectadas por pares através de um roteamento
nos dispositivos móveis. Apesar de tantas vantagens, de dados;
o crescimento das redes de computadores também Topologia de Estrela – modelo em que existe um pon-
tem seu lado negativo. A cada dia surgem problemas to central (concentrador) para a conexão, geralmente um
que prejudicam as relações entre os indivíduos, como hub ou switch;
pirataria, espionagem, phishing - roubos de identidade, Topologia de Anel – modelo atualmente utilizado em
assuntos polêmicos como racismo, sexo, pornografia, automação industrial e na década de 1980 pelas redes
sendo destacados com mais exaltação, entre outros Token Ring da IBM. Nesse caso, todos os computadores
problemas. são entreligados formando um anel e os dados são pro-
Há muito tempo, o ser humano sentiu a necessidade pagados de computador a computador até a máquina
de compartilhar conhecimento e estabelecer relações de origem;
com pessoas a distância. Na década de 1960, durante Topologia de Barramento – modelo utilizado nas pri-
a Guerra Fria, as redes de computadores surgiram com meiras conexões feitas pelas redes Ethernet. Refere- se
INFORMÁTICA

objetivos militares: interconectar os centros de comando a computadores conectados em formato linear, cujo ca-
dos EUA para com objetivo de proteger e enviar dados. beamento é feito sequencialmente;
Redes de Difusão (Broadcast) – quando as máquinas
estão interligadas por um mesmo canal através de paco-
tes endereçados (unicast, broadcast e multicast).

30
Cabos Hubs: Dispositivos capazes de receber e concentrar
todos os dados da rede e compartilhá-los entre as outras
Os cabos ou cabeamentos fazem parte da estrutura estações (máquinas). Nesse momento nenhuma outra
física utilizada para conectar computadores em rede, máquina consegue enviar um determinado sinal até que
estando relacionados a largura de banda, a taxa de os dados sejam distribuídos completamente. Eles são uti-
transmissão, padrões internacionais, etc. Há vantagens lizados em redes domésticas e podem ter 8, 16, 24 e 32
e desvantagens para a conexão feita por meio de portas, variando de acordo com o fabricante. Existem os
cabeamento. Os mais utilizados são: Hubs Passivos, Ativos, Inteligentes e Empilháveis.
Cabos de Par Trançado – cabos caracterizados por sua Bridges: É um repetidor inteligente que funciona
velocidade, pode ser feito sob medida, comprados em como uma ponte. Ele lê e analisa os dados da rede, além
lojas de informática ou produzidos pelo usuário; de relacionar diferentes arquiteturas.
Cabos Coaxiais – cabos que permitem uma distância Switches: Tipo de aparelho semelhante a um hub,
maior na transmissão de dados, apesar de serem flexíveis, mas que funciona como uma ponte: ele envia os dados
são caros e frágeis. Eles necessitam de barramento ISA, apenas para a máquina que o solicitou. Ele possui muitas
suporte não encontrado em computadores mais novos; portas de entrada e melhor performance, podendo ser
utilizado para redes maiores.
Cabos de Fibra Óptica – cabos complexos, caros e de Roteadores: Dispositivo utilizado para conectar redes
difícil instalação. São velozes e imunes a interferências e arquiteturas diferentes e de grande porte. Ele funciona
eletromagnéticas. como um tipo de ponte na camada de rede do modelo
OSI (Open Systens Interconnection - protocolo de inter-
conexão de sistemas abertos para conectar máquinas de
#FicaDica diferentes fabricantes), identificando e determinando um
Após montar o cabeamento de rede é neces- IP para cada computador que se conecta com a rede.
sário realizar um teste através dos testadores Sua principal atribuição é ordenar o tráfego de da-
de cabos, adquirido em lojas especializadas. dos na rede e selecionar o melhor caminho. Existem os
Apesar de testar o funcionamento, ele não roteadores estáticos, capaz de encontrar o menor cami-
detecta se existem ligações incorretas. É pre- nho para tráfego de dados, mesmo se a rede estiver con-
ciso que um técnico veja se os fios dos cabos gestionada; e os roteadores dinâmicos que encontram
estão na posição certa. caminhos mais rápidos e menos congestionados para o
tráfego.
Modem: Dispositivo responsável por transformar a
onda analógica que será transmitida por meio da linha
Sistema de Cabeamento Estruturado telefônica, transformando-a em sinal digital original.
Servidor: Sistema que oferece serviço para as redes
Para que essa conexão não prejudique o ambiente de computadores, como por exemplo, envio de arquivos
de trabalho, em uma grande empresa, são necessárias ou e-mail. Os computadores que acessam determinado
várias conexões e muitos cabos, sendo necessário o servidor são conhecidos como clientes.
cabeamento estruturado. Placa de Rede: Dispositivo que garante a comunicação
Por meio dele, um técnico irá poupar trabalho e entre os computadores da rede. Cada arquitetura de rede
tempo, tanto para fazer a instalação, quanto para a depende de um tipo de placa específica. As mais utilizadas
remoção da rede. Ele é feito através das tomadas RJ- são as do tipo Ethernet e Token Ring (rede em anel).
45 que possibilitam que vários conectores possam ser
inseridos em um único local, sem a necessidade de serem
conectados diretamente no hub. CONCEITOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA.
Além disso, o sistema de cabeamento estruturado
NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS
possui um painel de conexões, o Patch Panel, onde os
cabos das tomadas RJ-45 são conectados, sendo um VIRTUAIS. APLICATIVOS PARA SEGURANÇA
concentrador de tomadas, favorecendo a manutenção (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTISPYWARE
das redes. Eles são adaptados e construídos para serem ETC.)
inseridos em um rack.
Todo esse planejamento deve fazer parte do projeto
do cabeamento de rede, em que a conexão da rede é SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: PROCEDIMENTOS
pensada de forma a realizar a sua expansão. DE SEGURANÇA
Repetidores: Dispositivo capaz de expandir o
cabeamento de rede. Ele poderá transformar os sinais A Segurança da Informação refere-se às proteções
recebidos e enviá-los para outros pontos da rede. Apesar existentes em relação às informações de uma determi-
de serem transmissores de informações para outros nada empresa, instituição governamental ou pessoa. Ou
pontos, eles também diminuem o desempenho da seja, aplica-se tanto às informações corporativas quanto
INFORMÁTICA

rede, podendo haver colisões entre os dados à medida às pessoais.


que são anexas outras máquinas. Esse equipamento, Entende-se por informação todo e qualquer conteú-
normalmente, encontra-se dentro do hub. do ou dado que tenha valor para alguma corporação ou
pessoa. Ela pode estar guardada para uso restrito ou ex-
posta ao público para consulta ou aquisição.

31
Mecanismos de segurança
#FicaDica
Antes de proteger, devemos saber: O suporte para as orientações de segurança pode ser
- O que proteger; encontrado em:
- De quem proteger; Controles físicos: são barreiras que limitam o contato
- Pontos frágeis; ou acesso direto a informação ou a infraestrutura (que
- Normas a serem seguidas. assegura a existência da informação) que a suporta.
Controles lógicos: são bloqueios que impedem ou
limitam o acesso à informação, que está em ambiente
A Segurança da Informação se refere à proteção controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo,
existente sobre as informações de uma determinada ficaria exibida a alteração não autorizada por elemento
empresa ou pessoa, isto é, aplica-se tanto às informações mal-intencionado.
corporativas quanto aos pessoais. Entende-se por Existem mecanismos de segurança que sustentam os
informação todo conteúdo ou dado que tenha valor para controles lógicos:
alguma organização ou pessoa. Ela pode estar guardada
para uso restrito ou exibida ao público para consulta ou - Mecanismos de cifração ou encriptação: Permitem
aquisição. a modificação da informação de forma a torná-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para isso,
não de ferramentas) para definir o nível de segurança algoritmos determinados e uma chave secreta
que há e, com isto, estabelecer as bases para análise de para, a partir de um conjunto de dados não
melhorias ou pioras de situações reais de segurança. A criptografados, produzir uma sequência de dados
segurança de certa informação pode ser influenciada por criptografados. A operação contrária é a decifração.
fatores comportamentais e de uso de quem se utiliza - Assinatura digital: Um conjunto de dados
dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca ou por criptografados, agregados a um documento
pessoas mal-intencionadas que têm o objetivo de furtar, do qual são função, garantindo a integridade e
destruir ou modificar tal informação. autenticidade do documento associado, mas não
A tríade CIA (Confidentiality, Integrity and Availability) ao resguardo das informações.
— Confidencialidade, Integridade e Disponibilidade — - Mecanismos de garantia da integridade da
representa as principais características que, atualmente, informação: Usando funções de “Hashing” ou de
orientam a análise, o planejamento e a implementação checagem, é garantida a integridade através de
da segurança para um certo grupo de informações que comparação do resultado do teste local com o
se almeja proteger. Outros fatores importantes são a divulgado pelo autor.
irrevogabilidade e a autenticidade. Com a evolução do - Mecanismos de controle de acesso: Palavras-chave,
comércio eletrônico e da sociedade da informação, a sistemas biométricos, firewalls, cartões inteligentes.
privacidade é também uma grande preocupação. - Mecanismos de certificação: Atesta a validade de
Portanto as características básicas, de acordo com um documento.
os padrões internacionais (ISO/IEC 17799:2005) são as - Integridade: Medida em que um serviço/informação
seguintes: é autêntico, ou seja, está protegido contra a
- Confidencialidade – especificidade que limita entrada por intrusos.
o acesso a informação somente às entidades
autênticas, ou seja, àquelas autorizadas pelo - Honeypot: É uma ferramenta que tem a função
proprietário da informação. proposital de simular falhas de segurança de
- Integridade – especificidade que assegura que um sistema e obter informações sobre o invasor
a informação manipulada mantenha todas as enganando-o, e fazendo-o pensar que esteja de
características autênticas estabelecidas pelo fato explorando uma fraqueza daquele sistema.
proprietário da informação, incluindo controle É uma espécie de armadilha para invasores. O
de mudanças e garantia do seu ciclo de vida HoneyPot não oferece forma alguma de proteção.
(nascimento, manutenção e destruição). - Protocolos seguros: Uso de protocolos que
- Disponibilidade – especificidade que assegura que garantem um grau de segurança e usam alguns
a informação esteja sempre disponível para o uso dos mecanismos citados.
legítimo, ou seja, por aqueles usuários que têm
autorização pelo proprietário da informação. Mecanismos de encriptação
- Autenticidade – especificidade que assegura que
a informação é proveniente da fonte anunciada
e que não foi alvo de mutações ao longo de um
#FicaDica
processo. A criptografia vem, originalmente, da fusão
- Irretratabilidade ou não repúdio – especificidade entre duas palavras gregas:
INFORMÁTICA

que assegura a incapacidade de negar a autoria • CRIPTO = ocultar, esconder.


em relação a uma transação feita anteriormente. • GRAFIA= escrever

32
Criptografia é a ciência de escrever em cifra ou em As chaves simétricas não são absolutamente seguras
códigos. Ou seja, é um conjunto de técnicas que tornam quando referem-se às informações extremamente valio-
uma mensagem ininteligível, e permite apenas que o sas, principalmente pelo emissor e o receptor precisa-
destinatário que saiba a chave de encriptação possa rem ter o conhecimento da mesma chave. Dessa forma,
decriptar e ler a mensagem com clareza. a transmissão pode não ser segura e o conteúdo pode
Permitem a transformação reversível da informação chegar a terceiros.
de forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se Chave Assimétrica utiliza duas chaves: a privada e a
para isso, algoritmos determinados e uma chave secreta pública. Elas se sintetizam da seguinte forma: a chave
para, a partir de um conjunto de dados não encriptados, pública para codificar e a chave privada para decodificar,
produzir uma continuação de dados encriptados. A considerando-se que a chave privada é secreta. Entre os
operação inversa é a desencriptação. algoritmos utilizados, estão:
Existem dois tipos de chave: a chave pública e a chave - RSA (Rivest, Shmirand Adleman): É um dos algorit-
privada.
mos de chave assimétrica mais usados, em que
A chave pública é usada para codificar as informações,
dois números primos (aqueles que só podem ser
e a chave privada é usada para decodificar.
divididos por 1 e por eles mesmos) são multipli-
cados para obter um terceiro valor. Assim, é preci-
Dessa forma, na pública, todos têm acesso, mas para
‘abrir’ os dados da informação, que aparentemente não so fazer fatoração, que significa descobrir os dois
tem sentido, é preciso da chave privada, que apenas o primeiros números a partir do terceiro, sendo um
emissor e receptor original possui. cálculo difícil. Assim, se números grandes forem
Hoje, a criptografia pode ser considerada um método utilizados, será praticamente impossível descobrir
100% seguro, pois, quem a utiliza para enviar e-mails e o código. A chave privada do RSA são os números
proteger seus arquivos, estará protegido contra fraudes que são multiplicados e a chave pública é o valor
e tentativas de invasão. que será obtido.
Os termos ‘chave de 64 bits’ e ‘chave de 128 bits’ - El Gamal: Utiliza-se do ‘logaritmo discreto’, que é
são usados para expressar o tamanho da chave, ou seja, um problema matemático que o torna mais segu-
quanto mais bits forem utilizados, mais segura será essa ro. É muito usado em assinaturas digitais.
criptografia.
Um exemplo disso é se um algoritmo usa uma chave NOÇÕES DE VÍRUS
de 8 bits, apenas 256 chaves poderão ser usadas para
decodificar essa informação, pois 2 elevado a 8 é igual a Firewall é uma solução de segurança fundamentada
256. Assim, um terceiro pode tentar gerar 256 tentativas em hardware ou software (mais comum) que, a partir de
de combinações e decodificar a mensagem, que mesmo um conjunto de regras ou instruções, analisa o tráfego
de rede para determinar quais operações de transmissão
sendo uma tarefa difícil, não é impossível. Portanto, ou recepção de dados podem ser realizadas. “Parede de
quanto maior o número de bits, maior segurança terá a fogo”, a tradução literal do nome, já deixa claro que o
criptografia. firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defe-
Existem dois tipos de chaves criptográficas, as chaves sa. A sua missão, consiste basicamente em bloquear trá-
simétricas e as chaves assimétricas fego de dados indesejados e liberar acessos desejados.
Chave Simétrica é um tipo de chave simples, que Para melhor compreensão, imagine um firewall como
é usada para a codificação e decodificação. Entre os sendo a portaria de um condomínio: para entrar, é neces-
algoritmos que usam essa chave, estão: sário obedecer a determinadas regras, como se identifi-
car, ser esperado por um morador e não portar qualquer
objeto que possa trazer riscos à segurança; para sair, não
- DES (Data Encryption Standard): Faz uso de chaves se pode levar nada que pertença aos condôminos sem a
de 56 bits, que corresponde à aproximadamente devida autorização.
72 quatrilhões de combinações. Mesmo sendo Neste sentido, um firewall pode impedir uma série de
um número extremamente elevado, em 1997, ações maliciosas: um malware que utiliza determinada
quebraram esse algoritmo através do método de porta para se instalar em um computador sem o usuário
‘tentativa e erro’, em um desafio na internet. saber, um programa que envia dados sigilosos para a in-
ternet, uma tentativa de acesso à rede a partir de compu-
- RC (Ron’s Code ou RivestCipher): É um algoritmo tadores externos não autorizados, entre outros.
muito utilizado em e-mails e usa chaves de 8 a Você já sabe que um firewall atua como uma espécie
1024 bits. Além disso, ele tem várias versões que de barreira que verifica quais dados podem passar ou
diferenciam uma das outras pelo tamanho das não. Esta tarefa só pode ser feita mediante o estabele-
chaves. cimento de políticas, isto é, de regras estabelecidas pelo
- EAS (Advanced Encryption Standard): Atualmente é usuário.
um dos melhores e mais populares algoritmos de Em um modo mais restritivo, um firewall pode ser
criptografia. É possível definir o tamanho da chave configurado para bloquear todo e qualquer tráfego no
computador ou na rede. O problema é que esta condi-
como sendo de 128 bits, 192 bits ou 256 bits. ção isola este computador ou esta rede, então pode-se
INFORMÁTICA

- IDEA (International Data Encryption Algorithm): É criar uma regra para que, por exemplo, todo aplicativo
um algoritmo que usa chaves de 128 bits, parecido aguarde autorização do usuário ou administrador para
com o DES. Seu ponto forte é a fácil execução de ter seu acesso liberado. Esta autorização poderá inclusive
software. ser permanente: uma vez dada, os acessos seguintes se-
rão automaticamente permitidos.

33
Em um modo mais versátil, um firewall pode ser
configurado para permitir automaticamente o tráfego
de determinados tipos de dados, como requisições HTTP
(veja mais sobre esse protocolo no ítem 7), e bloquear
outras, como conexões a serviços de e-mail.
Perceba, como estes exemplos, tem políticas de
um firewall que são baseadas, inicialmente, em dois
princípios: todo tráfego é bloqueado, exceto o que está
explicitamente autorizado; todo tráfego é permitido,
exceto o que está explicitamente bloqueado.
Firewalls mais avançados podem ir além, direcionando
determinado tipo de tráfego para sistemas de segurança
internos mais específicos ou oferecendo um reforço
extraem procedimentos de autenticação de usuários, por Figura 91: Proxy
exemplo.
O trabalho de um firewall pode ser realizado de várias Perceba que todo o fluxo de dados necessita passar
formas. O que define uma metodologia ou outra são fa- pelo proxy. Desta forma, é possível, por exemplo, esta-
tores como critérios do desenvolvedor, necessidades es- belecer regras que impeçam o acesso de determinados
pecíficas do que será protegido, características do siste- endereços externos, assim como que proíbam a comu-
ma operacional que o mantém, estrutura da rede e assim nicação entre computadores internos e determinados
por diante. É por isso que podemos encontrar mais de serviços remotos.
um tipo de firewall. A seguir, os mais conhecidos. Este controle amplo também possibilita o uso do pro-
Filtragem de pacotes (packetfiltering): As primeiras xy para tarefas complementares: o equipamento pode
soluções de firewall surgiram na década de 1980 basean- registrar o tráfego de dados em um arquivo de log; con-
do-se em filtragem de pacotes de dados (packetfiltering), teúdo muito utilizado pode ser guardado em uma espé-
uma metodologia mais simples e, por isso, mais limitada, cie de cache (uma página Web muito acessada fica guar-
embora ofereça um nível de segurança significativo. dada temporariamente no proxy, fazendo com que não
seja necessário requisitá-la no endereço original a todo
Para compreender, é importante saber que cada pa-
instante, por exemplo); determinados recursos podem
cote possui um cabeçalho com diversas informações a
ser liberados apenas mediante autenticação do usuário;
seu respeito, como endereço IP de origem, endereço IP
entre outros.
do destino, tipo de serviço, tamanho, entre outros. O Fi-
A implementação de um proxy não é tarefa fácil, haja
rewall então analisa estas informações de acordo com as
visto a enorme quantidade de serviços e protocolos exis-
regras estabelecidas para liberar ou não o pacote (seja
tentes na internet, fazendo com que, dependendo das
para sair ou para entrar na máquina/rede), podendo tam- circunstâncias, este tipo de firewall não consiga ou exija
bém executar alguma tarefa relacionada, como registrar muito trabalho de configuração para bloquear ou autori-
o acesso (ou tentativa de) em um arquivo de log. zar determinados acessos.
O firewall de aplicação, também conhecido como Proxy transparente: No que diz respeito a limitações,
proxy de serviços (proxy services) ou apenas proxy é uma é conveniente mencionar uma solução chamada de pro-
solução de segurança que atua como intermediário entre xy transparente. O proxy “tradicional”, não raramente,
um computador ou uma rede interna e outra rede, exter- exige que determinadas configurações sejam feitas nas
na normalmente, a internet. Geralmente instalados em ferramentas que utilizam a rede (por exemplo, um na-
servidores potentes por precisarem lidar com um grande vegador de internet) para que a comunicação aconteça
número de solicitações, firewalls deste tipo são opções sem erros. O problema é, dependendo da aplicação, este
interessantes de segurança porque não permitem a co- trabalho de ajuste pode ser inviável ou custoso.
municação direta entre origem e destino. O proxy transparente surge como uma alternativa
A imagem a seguir ajuda na compreensão do conceito. para estes casos porque as máquinas que fazem parte
Perceba que em vez de a rede interna se comunicar da rede não precisam saber de sua existência, dispensan-
diretamente com a internet, há um equipamento entre do qualquer configuração específica. Todo acesso é feito
ambos que cria duas conexões: entre a rede e o proxy; e normalmente do cliente para a rede externa e vice-ver-
entre o proxy e a internet. Observe: sa, mas o proxy transparente consegue interceptá-lo e
responder adequadamente, como se a comunicação, de
fato, fosse direta.
É válido ressaltar que o proxy transparente também
tem lá suas desvantagens, por exemplo: um proxy «nor-
mal» é capaz de barrar uma atividade maliciosa, como
um malware enviando dados de uma máquina para a
internet; o proxy transparente, por sua vez, pode não
INFORMÁTICA

bloquear este tráfego. Não é difícil entender: para con-


seguir se comunicar externamente, o malware teria que
ser configurado para usar o proxy «normal» e isso geral-
mente não acontece; no proxy transparente não há esta
limitação, portanto, o acesso aconteceria normalmente.

34
Limitações dos firewalls Os antivírus são aplicações de software projetadas
como medida de proteção e segurança para resguardar
os dados e o funcionamento de sistemas informáticos
#FicaDica caseiros e empresariais de outras aplicações conhecidas
comumente como vírus ou malware que tem a função de
Firewalls têm lá suas limitações, sendo que
estas variam conforme o tipo de solução e alterar, perturbar ou destruir o correto desempenho dos
a arquitetura utilizada. De fato, firewalls são computadores.
recursos de segurança bastante importantes, Um programa de proteção de vírus tem um funcio-
mas não são perfeitos em todos os sentidos. namento comum que com frequência compara o código
de cada arquivo que revisa com uma base de dados de
códigos de vírus já conhecidos e, desta maneira, pode
Seguem abaixo algumas dessas limitações: determinar se trata de um elemento prejudicial para o
- Um firewall pode oferecer a segurança desejada, sistema. Também pode reconhecer um comportamento
mas comprometer o desempenho da rede (ou ou padrão de conduta típica de um vírus. Os antivírus
mesmo de um computador). Esta situação pode podem registrar tanto os arquivos encontrados dentro
gerar mais gastos para uma ampliação de infraes- do sistema como aqueles que procuram ingressar ou in-
trutura capaz de superar o problema; teragir com o mesmo.
- A verificação de políticas tem que ser revista perio- Como novos vírus são criados de maneira quase
dicamente para não prejudicar o funcionamento constante, sempre é preciso manter atualizado o pro-
de novos serviços; grama antivírus de maneira de que possa reconhecer as
- Novos serviços ou protocolos podem não ser devi- novas versões maliciosas. Assim, o antivírus pode perma-
damente tratados por proxies já implementados; necer em execução durante todo tempo que o sistema
informático permaneça ligado, ou registrar um arquivo
- Um firewall pode não ser capaz de impedir uma ou série de arquivos cada vez que o usuário exija. Nor-
atividade maliciosa que se origina e se destina à malmente, o antivírus também pode verificar e-mails e
rede interna; sites de entrada e saída visitados.
- Um firewall pode não ser capaz de identificar uma Um antivírus pode ser complementado por outros
atividade maliciosa que acontece por descuido do aplicativos de segurança, como firewalls ou anti-spywa-
usuário - quando este acessa um site falso de um res que cumprem funções auxiliares para evitar a entrada
banco ao clicar em um link de uma mensagem de de vírus.
e-mail, por exemplo; Então, antivírus são os programas criados para man-
ter seu computador seguro, protegendo-o de programas
- Firewalls precisam ser “vigiados”. Malwares ou
maliciosos, com o intuito de estragar, deletar ou roubar
atacantes experientes podem tentar descobrir ou
dados de seu computador.
explorar brechas de segurança em soluções do
Ao pesquisar sobre antivírus para baixar, sempre es-
tipo;
colha os mais famosos, ou conhecidos, pois hackers es-
- Um firewall não pode interceptar uma conexão que
tão usando este mercado para enganar pessoas com fal-
não passa por ele. Se, por exemplo, um usuário
sos softwares, assim, você instala um “antivírus” e deixa
acessar a internet em seu computador a partir
seu computador vulnerável aos ataques.
de uma conexão 3G (justamente para burlar as E esses falsos softwares estão por toda parte, cuidado
restrições da rede, talvez), o firewall não conseguirá ao baixar programas de segurança em sites desconheci-
interferir. dos, e divulgue, para que ninguém seja vítima por falta
de informação.
Sistema antivírus Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
todos os arquivos que estão sendo ou e serão execu-
Qualquer usuário já foi, ou ainda é vítima dos vírus, tados. Alguns às vezes recontaminam o mesmo arquivo
spywares, trojans, entre muitos outros. Quem que nunca tantas vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um
precisou formatar seu computador? espaço considerável (que é sempre muito precioso) em
Os vírus representam um dos maiores problemas seu disco. Outros, mais inteligentes, se escondem entre
para usuários de computador. Para poder resolver esses os espaços do programa original, para não dar a menor
problemas, as principais desenvolvedoras de softwares pista de sua existência.
criaram o principal utilitário para o computador, os an- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
tivírus, que são programas com o propósito de detectar propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
e eliminar vírus e outros programas prejudiciais antes ou gados, o micro começa a travar, documentos que não
depois de ingressar no sistema. são salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mos-
Os vírus, worms, Trojans, spyware são tipos de pro- tram mensagens chatas, outros mais elaborados fazem
gramas de software que são implementados sem o con- estragos muito grandes.
INFORMÁTICA

sentimento (e inclusive conhecimento) do usuário ou Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
proprietário de um computador e que cumprem diver- no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-
sas funções nocivas para o sistema. Entre elas, o roubo e -o sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos
perda de dados, alteração de funcionamento, interrup- todos os dias e seu antivírus precisa saber da existência
ção do sistema e propagação para outros computadores. deles para proteger seu sistema operacional.

35
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços Worms (vermes) podem ser interpretados como um
de atualização automática. Abaixo há uma lista com os tipo de vírus mais inteligente que os demais. A princi-
antivírus mais conhecidos: pal diferença entre eles está na forma de propagação:
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br os worms podem se propagar rapidamente para outros
- Possui versão de teste. computadores, seja pela Internet, seja por meio de uma
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Pos- rede local. Geralmente, a contaminação ocorre de ma-
sui versão de teste. neira discreta e o usuário só nota o problema quando o
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga computador apresenta alguma anormalidade. O que faz
e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun- destes vírus inteligentes é a gama de possibilidades de
cionalidades). propagação. O worm pode capturar endereços de e-mail
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoft- em arquivos do usuário, usar serviços de SMTP (sistema
ware.com.br - Possui versão de teste. de envio de e-mails) próprios ou qualquer outro meio
É importante frisar que a maioria destes desenvolve- que permita a contaminação de computadores (normal-
dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a re- mente milhares) em pouco tempo.
mover vírus específicos. Geralmente, tais softwares são Spywares, keyloggers e hijackers: Apesar de não
criados para combater vírus perigosos ou com alto grau serem necessariamente vírus, estes três nomes também
de propagação. representam perigo. Spywares são programas que ficam
«espionando» as atividades dos internautas ou capturam
informações sobre eles. Para contaminar um computa-
dor, os spywares podem vir embutidos em softwares
desconhecidos ou serem baixados automaticamente
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos,
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado.
O objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas.
Hijackers são programas ou scripts que «sequestram»
navegadores de Internet, principalmente o Internet Ex-
plorer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página ini-
Figura 92: Principais antivírus do mercado atual cial do browser e impede o usuário de mudá-la, exibe
propagandas em pop-ups ou janelas novas, instala bar-
Tipos de Vírus ras de ferramentas no navegador e podem impedir aces-
so a determinados sites (como sites de software antivírus,
Cavalo-de-Tróia: A denominação “Cavalo de Tróia” por exemplo).
(Trojan Horse) foi atribuída aos programas que permi- Os spywares e os keyloggers podem ser identifica-
tem a invasão de um computador alheio com espanto- dos por programas anti-spywares. Porém, algumas des-
sa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo ao famoso tas pragas são tão perigosas que alguns antivírus podem
artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. Um ser preparados para identificá-las, como se fossem vírus.
“amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de No caso de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo ferramenta desenvolvida especialmente para combater
o executa, o programa atua de forma diferente do que aquela praga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar
era esperado. no sistema operacional de uma forma que nem antivírus
Ao contrário do que é erroneamente informado na nem anti-spywares conseguem “pegar”.
mídia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele Hoaxes: São boatos espalhados por mensagens de
não se reproduz e não tem nenhuma comparação com correio eletrônico, que servem para assustar o usuário de
vírus de computador, sendo que seu objetivo é total- computador. Uma mensagem no e-mail alerta para um
mente diverso. Deve-se levar em consideração, também, novo vírus totalmente destrutivo que está circulando na
que a maioria dos antivírus faz a sua detecção e os classi- rede e que infectará o micro do destinatário enquanto a
ficam como tal. A expressão “Trojan” deve ser usada, ex- mensagem estiver sendo lida ou quando o usuário clicar
clusivamente, como definição para programas que cap- em determinada tecla ou link. Quem cria a mensagem
turam dados sem o conhecimento do usuário. O Cavalo hoax normalmente costuma dizer que a informação par-
de Tróia é um programa que se aloca como um arquivo tiu de uma empresa confiável, como IBM e Microsoft, e
no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. Des-
informações como passwords, logins e quaisquer dados, considere a mensagem.
sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando
a máquina contaminada por um Trojan conectar-se à In-
ternet, poderá ter todas as informações contidas no HD
INFORMÁTICA

visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Estas


visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades
oferecidas.

36
Política de segurança da Informação A integridade é a garantia da exatidão e completeza
da informação e dos métodos de processamento (NBR
Hoje as informações são bens ativos da empresa, ISO/IEC 27002:2005) quando a informação é alterada,
imagine uma Universidade perdendo todos os dados falsificada ou furtada, ocorre à quebra da integridade. A
dos seus alunos, ou até mesmo o tornar públicos, com integridade é garantida quando se mantém a informação
isso pode-se dizer que a informação se tornou o ativo no seu formato original.
mais valioso das organizações, podendo ser alvo de uma A disponibilidade é a garantia de que os usuários
série de ameaças com a finalidade de explorar as vulne- autorizados obtenham acesso à informação e aos ati-
rabilidades e causar prejuízos consideráveis. A informa- vos correspondentes sempre que necessário (NBR ISO/
ção é encarada, atualmente, como um dos recursos mais IEC 27002:2005). Quando a informação está indisponível
importantes de uma organização, contribuindo decisiva- para o acesso, ou seja, quando os servidores estão inope-
mente para a uma maior ou menor competitividade, por rantes por conta de ataques e invasões, considera-se um
incidente de segurança da informação por quebra de
isso é necessária a implementação de políticas de segu-
disponibilidade. Mesmo as interrupções involuntárias de
rança da informação que busquem reduzir as chances de
sistemas, ou seja, não intencionais, configuram quebra
fraudes ou perda de informações.
de disponibilidade.
A Política de Segurança da Informação é um docu-
mento que contém um conjunto de normas, métodos e
procedimentos, que obrigatoriamente precisam ser co- COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUD
municados a todos os funcionários, bem como analisado COMPUTING)
e revisado criticamente, em intervalos regulares ou quan-
do mudanças se fizerem necessárias.
Para se elaborar uma Política de Segurança da Infor- Computação na nuvem (cloud computing)
mação, deve se levar em consideração a NBR ISO/IEC
27001:2005, que é uma norma de códigos de práticas Ao utilizar e acessar arquivos e executar tarefas pela
para a gestão de segurança da informação, na qual po- internet, o usuário está utilizando o conceito de compu-
dem ser encontradas as melhores práticas para iniciar, tação em nuvens, não há a necessidade de instalar apli-
implementar, manter e melhorar a gestão de segurança cativos no seu computador para tudo, pois pode acessar
da informação em uma organização. diferentes serviços online para fazer o que precisa, já que
Importante mencionar que conforme a ISO/IEC os dados não se encontram em um computador específi-
27002:2005(2005), a informação é um conjunto de dados co, mas sim em uma rede, um grande exemplo disso é o
que representa um ponto de vista, um dado processado Google com o Google Docs, Planilhas, e até mesmo porta
é o que gera uma informação. Um dado não tem valor aquivos como o Google Drive, ou de outras empresas
antes de ser processado, a partir do seu processamento, como o One Drive.
ele passa a ser considerado uma informação, que pode Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é
possível desfrutar suas ferramentas e salvar todo o tra-
gerar conhecimento, logo, a informação é o conheci-
balho que for feito para acessá-lo depois de qualquer
mento produzido como resultado do processamento de
lugar — é justamente por isso que o seu computador
dados.
estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicati-
De fato, com o aumento da concorrência de mercado,
vos a partir de qualquer computador que tenha acesso
tornou-se vital melhorar a capacidade de decisão em to- à internet.
dos os níveis. Como resultado deste significante aumen-
to da interconectividade, a informação está agora expos-
ta a um crescente número e a uma grande variedade de #FicaDica
ameaças e vulnerabilidades. Basta pensar que, a partir de uma conexão
Segundo a ABNT NBR ISO/IEC 17799:2005 (2005, p.ix), com a internet, você pode acessar um servi-
“segurança da informação é a proteção da informação de dor capaz de executar o aplicativo desejado,
vários tipos de ameaças para garantir a continuidade do que pode ser desde um processador de tex-
negócio, minimizar o risco ao negócio, maximizar o re- tos até mesmo um jogo ou um pesado editor
torno sobre os investimentos e as oportunidades de ne- de vídeos. Enquanto os servidores executam
gócio, para isso é muito importante a confidencialidade, um programa ou acessam uma determinada
integridade e a disponibilidade, onde: informação, o seu computador precisa ape-
A confidencialidade é a garantia de que a informa- nas do monitor e dos periféricos para que
ção é acessível somente por pessoas autorizadas a terem você interaja.
acesso (NBR ISO/IEC 27002:2005). Caso a informação
seja acessada por uma pessoa não autorizada, intencio-
nalmente ou não, ocorre a quebra da confidencialidade.
INFORMÁTICA

A quebra desse sigilo pode acarretar danos inestimáveis


para a empresa ou até mesmo para uma pessoa física.
Um exemplo simples seria o furto do número e da senha
do cartão de crédito, ou até mesmo, dados da conta ban-
cária de uma pessoa.

37
7. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL
MÉDIO – CESPE – 2017) Tendo como referência a
HORA DE PRATICAR! imagem precedente, que ilustra uma tela do Windows
Explorer, assinale a opção correspondente ao local
1. (TRT 10ª 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - apropriado para o usuário criar atalhos ou armazenar
ADMINISTRATIVA) Acerca dos conceitos de sistema livremente arquivos de uso corrente ou a que deseje ter
operacional (ambientes Linux e Windows) e de redes acesso mais facilmente.
de computadores, julgue os itens.3Por ser um sistema
operacional aberto, o Linux, comparativamente aos
demais sistemas operacionais, proporciona maior
facilidade de armazenamento de dados em nuvem.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (TJ/RR 2012 - CESPE - AGENTE DE PROTEÇÃO)


Acerca de organização e gerenciamento de informações,
arquivos, pastas e programas, de segurança da informação
e de armazenamento de dados na nuvem, julgue os itens
subsequentes.1Um arquivo é organizado logicamente
em uma sequência de registros, que são mapeados
em blocos de discos. Embora esses blocos tenham um a)
tamanho fixo determinado pelas propriedades físicas do b)
disco e pelo sistema operacional, o tamanho do registro c)
pode variar. d)
e)
( ) CERTO ( ) ERRADO
8. ((PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – TÉCNICO MUNI-
3. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - CIPAL – NÍVEL MÉDIO/NÍVEL VII-A – TRANSCRITOR E
PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito do Excel, ADAPTADOR DE SISTEMA BRAILLE – CESPE – 2017)
para ordenar, por data, os registros inseridos na planilha, Uma escola recebeu uma impressora braille nova. No
é suficiente selecionar a coluna data de entrada, clicar momento de sua instalação, verificou-se que a esco-
no menu Dados e, na lista disponibilizada, clicar ordenar la dispunha de apenas um notebook com as seguintes
data. conexões: duas entradas USB 2.0, entrada USB 3.0, uma
entrada HDMI, entrada VGA, uma entrada para cartão de
( ) CERTO ( ) ERRADO memória. Para que a impressora funcione corretamente
com esse notebook, é necessário:
4. (CÂMARA DOS DEPUTADOS 2012 - CESPE -
ANALISTA LEGISLATIVO - TÉCNICA LEGISLATIVA) Com a) conectar a impressora ao computador por meio de um
relação a redes de computadores, julgue os próximos cabo USB 2.0 ou um cabo conversor de porta paralela
itens.5Uma rede local (LAN — local area network) é serial para USB 2.0.
caracterizada por abranger uma área geográfica, em b) instalar um hardware conversor de impressão em tinta
teoria, ilimitada. O alcance físico dessa rede permite que em impressão em braille, conectado ao notebook via
os dados trafeguem com taxas acima de 100 Mbps. cartão de memória.
c) conectar a impressora pela entrada VGA, liberando-se
( ) CERTO ( ) ERRADO as entradas USB para outros dispositivos
d) usar um cabo HDMI Full HD com blindagem, tendo
5. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO em vista uma melhor qualidade na passagem de da-
- TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO) Com relação à dos e a maior durabilidade do cabo.
certificação digital, julgue os itens que se seguem.O e) um cabo de impressora que converta a entrada USB
certificado digital revogado deve constar da lista de 2.0 para MiniUSB, pois a impressora braille tem uma
certificados revogados, publicada na página de Internet conexão analógica.
da autoridade certificadora que o emitiu.
9. (SEDF - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA - IN-
( ) CERTO ( ) ERRADO FORMÁTICA - CESPE /2017) Acerca dos sistemas de en-
trada, saída e armazenamento em arquiteturas de com-
6. (TRT 10ª 2013 - CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - putadores, julgue o item que se segue.
ADMINISTRATIVA) Acerca de segurança da informação, CD-ROM, pendrive e impressora são exemplos de dispo-
INFORMÁTICA

julgue os itens a seguir. O vírus de computador é assim sitivos de entrada e saída do tipo bloco.
denominado em virtude de diversas analogias poderem
ser feitas entre esse tipo de vírus e os vírus orgânicos. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO

38
10. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL MÉ- c) responder para todos.
DIO – CESPE – 2017) O procedimento utilizado para d) responder para o remetente.
atribuir integridade e confidencialidade à informação, de e) responder com cópia oculta.
modo que mensagens e arquivos trocados entre dois ou
mais destinatários sejam descaracterizados, sendo impe- 15. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
didos leitura ou acesso ao seu conteúdo por outras pes- TOS BÁSICOS – TÉCNICO MUNICIPAL – NÍVEL SUPE-
soas, é denominado: RIOR – CESPE – 2017) A humanidade vem passando por
um processo de revolução tecnológica sem precedentes
a) criptografia em sua história cujo maior exemplo é o advento da Inter-
net. A respeito da Internet e dos aspectos a ela relaciona-
b) engenharia social
dos, assinale a opção correta.
c) antivírus
d) firewall a) As informações pessoais disponibilizadas na Internet
e) becape são de domínio privado e seu acesso por aplicativos é
proibido.
11. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL SU- b) A Internet, embora tenha impactado as relações so-
PERIOR – CESPE – 2017) Assinale a opção que apresenta ciais, manteve inalteradas as formas de consumo.
a solução que permite filtrar tentativas de acessos não c) A utilidade da Internet à pesquisa é restrita, por causa
autorizados oriundos de outros ambientes e redes exter- da quantidade de informações falsas disponibilizadas
nas, contribuindo para a melhora do estado de seguran- na rede.
ça da informação de ambientes computacionais. d) Com a Internet, uma nova modalidade de contraven-
ção surgiu: o cybercrime, que se manifesta nas ações
a) certificado digital dos hackers.
e) A Internet é acessível às diferentes classes sociais dos
b) chave de criptografia
mais diversos países.
c) rootkits
d) firewall 16. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
e) antivírus APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
12. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN- tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
CIÁRIA – CESPE – 2017) Praga virtual que informa, por associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.
meio de mensagem, que o usuário está impossibilitado Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na
de acessar arquivos de determinado equipamento por- Internet para diversas finalidades, ainda não é possível
que tais arquivos foram criptografados e somente po- extrair apenas o áudio de um vídeo armazenado na In-
derão ser recuperados mediante pagamento de resgate ternet, como, por exemplo, no Youtube <http://www.
denomina-se: youtube.com>.

( ) CERTO ( ) ERRADO
a) ransomware.
b) trojan.
17. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
c) spyware. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
d) backdoor. lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
e) vírus. tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.
13. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – APOIO AD- É correto conceituar intranet como uma rede de informa-
MINISTRATIVO – CESPE – 2016) Com relação a geren- ções internas de uma organização, que tem como obje-
ciamento de arquivos e segurança da informação, julgue tivo compartilhar dados e informações para os seus co-
o seguinte item. laboradores, usuários devidamente autorizados a acessar
Enquanto estiver conectado à Internet, um computador essa rede.
não será infectado por worms, pois este tipo de praga
virtual não é transmitido pela rede de computadores. ( ) CERTO ( ) ERRADO

18. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –


( ) CERTO ( ) ERRADO
APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com re-
lação aos conceitos básicos e modos de utilização de
14. (TRE-BA – CONHECIMENTOS GERAIS – NÍVEL SU- tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimentos
PERIOR – CESPE – 2017) Para responder uma mensagem associados à Internet e à intranet, julgue o próximo item.
de correio eletrônico e, simultaneamente, encaminhá-la Cookies são arquivos enviados por alguns sítios da In-
para todos os endereços de email constantes no campo ternet aos computadores dos usuários com o objetivo
INFORMÁTICA

Para: (ou To) e no campo Cópia: (ou Copy) no cabeçalho de obter informações sobre as visitas a esses sítios; no
da mensagem recebida, o usuário deve utilizar a opção: entanto, o usuário pode impedir que os cookies sejam
armazenados em seu computador.
a) encaminhar mensagem.
b) encaminhar mensagem para todos os destinatários. ( ) CERTO ( ) ERRADO

39
19 (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN- 21. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
CIÁRIA – CESPE – 2017) Determinado usuário, que dis- APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
põe de um arquivo Excel com as planilhas Plan1, Plan2 e próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
Plan3, deseja realizar, na Plan1, um cálculo na célula A1, textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
cujo resultado deve ser a soma dos valores presentes na Office 2013.
célula A1, da Plan2, e na célula A1, da Plan3. O usuário: Uma apresentação criada no PowerPoint 2013 não po-
derá ser salva em uma versão anterior a esta, visto que a
a) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação versão de 2013 contém elementos mais complexos que
da fórmula =Soma(Plan2.A1,Plan3.A1) na célula A1 da as anteriores.
Plan1. Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na
célula A1 da Plan3 sejam alterados, será atualizado o ( ) CERTO ( ) ERRADO
valor na célula A1 da Plan1.
b) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação da 22. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
fórmula =Plan2! A1+Plan3! A1 na célula A1 da Plan1. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na célula próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
A1 da Plan3 sejam alterados, será atualizado o valor na textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
célula A1 da Plan1. Office 2013.
c) poderá realizar o cálculo desejado com a digitação da No Word 2013, ao se clicar, com o botão esquerdo do
fórmula =A1(Plan2)+A1(Plan3) na célula A1 da Plan1. mouse, a seta no botão , localizado na guia Página
Caso os valores na célula A1 da Plan2 e(ou) na célula Inicial, grupo Fonte, serão mostradas opções para subli-
A1 da Plan3 sejam alterados, o valor na célula A1 da nhar um texto, tais como sublinhado duplo e sublinhado
Plan1 será atualizado. tracejado.
d) não poderá realizar o cálculo desejado, já que, por
questão de segurança, é vedada a referência entre ( ) CERTO ( ) ERRADO
planilhas. Ademais, no Excel, alterações de valores em
células de origem não permitem que os valores sejam 23. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
atualizados na célula que contém a fórmula. APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
e) não poderá realizar o cálculo desejado, uma vez que, próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
no Excel, é vedado o uso de endereços de outras pla- textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
nilhas em fórmulas. Para solucionar o problema, o Office 2013.
usuário deverá copiar os dados das planilhas Plan2 e Uma forma de realçar uma palavra, em um documento
Plan3 para a planilha Plan1 e, em seguida, realizar o no Word 2013, é adicionar um sombreamento a ela; no
cálculo. entanto, esse recurso não está disponível para aplicação
a um parágrafo selecionado.
20. (TRE-PE – CONHECIMENTOS GERAIS – APOIO AD-
MINISTRATIVO – CESPE – 2017) Com referência aos ( ) CERTO ( ) ERRADO
ícones da interface de edição do MS Word disponíveis
na guia Página Inicial, assinale a opção que apresenta, 24. (SEDF – TÉCNICO DE GESTÃO EDUCACIONAL –
na respectiva ordem, os ícones que devem ser acionados APOIO ADMINISTRATIVO – CESPE – 2017) Julgue o
para se realizarem as seguintes ações: aumentar em um próximo item, relativo aos aplicativos para edição de
ponto o tamanho da fonte; ativar estrutura de tópicos; textos, planilhas e apresentações do ambiente Microsoft
alinhar texto à direita; alterar o espaçamento entre linhas Office 2013.
de texto. No canto esquerdo superior da janela inicial do Excel
2013, consta a informação acerca do último arquivo
acessado bem como do local onde ele está armazenado.
a)
( ) CERTO ( ) ERRADO

b) 25. (TRT/MT - 2015 - CESPE - Analista Judiciário) Ser-


viços de cloud storage (armazenagem na nuvem)

c) a) aumentam a capacidade de processamento de com-


putadores remotamente.
b) aumentam a capacidade de memória RAM de compu-
d) tadores remotamente.
c) suportam o aumento da capacidade de processamen-
to e armazenamento remotamente.
INFORMÁTICA

e) d) suportam o aumento da capacidade dos recursos da


rede de computadores localmente.
e) suportam cópia de segurança remota de arquivos.

40
26. (CNJ 2013 - CESPE - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PRO-
GRAMAÇÃO DE SISTEMAS) A respeito de redes de ANOTAÇÕES
computadores, julgue os itens subsequentes. Lista de
discussão é uma ferramenta de comunicação limitada a
uma intranet, ao passo que grupo de discussão é uma _________________________________________________
ferramenta gerenciável pela Internet que permite a um
grupo de pessoas a troca de mensagens via email entre _________________________________________________
todos os membros do grupo.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO _________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________

_________________________________________________
1 Errado
_________________________________________________
2 Certo
3 Errado _________________________________________________
4 Errado _________________________________________________
5 Certo
_________________________________________________
6 Certo
_________________________________________________
7 B
8 A _________________________________________________
9 Errado _________________________________________________
10 A _________________________________________________
11 D
_________________________________________________
12 A
13 Errado _________________________________________________

14 C _________________________________________________
15 D _________________________________________________
16 Errado
_________________________________________________
17 Certo
_________________________________________________
18 Certo
19 B _________________________________________________
20 A _________________________________________________
21 Errado
_________________________________________________
22 Certo
_________________________________________________
23 Errado
24 Certo _________________________________________________
25 E _________________________________________________
26 Errado _________________________________________________

_________________________________________________

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INFORMÁTICA

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41
ANOTAÇÕES

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INFORMÁTICA

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42
ÍNDICE

NOÇÕES DE FÍSICA

Cinemática escalar, cinemática vetorial............................................................................................................................................................... 01


Movimento circular..................................................................................................................................................................................................... 05
Leis de Newton e suas aplicações.......................................................................................................................................................................... 06
Trabalho. Potência. Energia cinética, energia potencial, atrito. Conservação de energia e suas transformações.
Quantidade de movimento e conservação da quantidade de movimento, impulso. Colisões..................................................... 12
• Movimento Retrógrado: denomina-se movimento
CINEMÁTICA ESCALAR, CINEMÁTICA VE- progressivo o movimento no qual o corpo se mo-
TORIAL. vimenta no sentido negativo da trajetória. Por sen-
tido negativo, entende-se o sentido no qual a po-
sição da trajetória diminui. Novamente utilizando
CINEMÁTICA ESCALAR o exemplo das cidades A e B. Nota-se que A está
na posição e a cidade B está na posição , nota-se
Denomina-se cinemática escalar o ramo da Física que que de B para a A a posição diminuiu. Portanto, o
estuda o movimento dos corpos. Para tal, é importante sentido da trajetória é negativo de B para A. Em um
conhecer algumas grandezas que caracterizam os movi- movimento retrógrado diz-se que a velocidade é
mentos e ajudam a estudá-los. São elas negativa, ou seja v<0.

VELOCIDADE ESCALAR MÉDIA


FIQUE ATENTO!
A velocidade escalar média (Vm) é a razão entre o des-
Velocidade positiva significa que o corpo
locamento escalar (Δ𝑆 ) e o tempo transcorrido ( Δ𝑡) para
está se deslocando no sentido positivo da
realizar esse deslocamento. Ou seja:
trajetória e velocidade negativa significa que
A unidade de velocidade média no Sistema Interna-
o corpo está se deslocando no sentido ne-
cional é . Porém, é possível expressá-la em outras uni-
gativo da trajetória. Velocidade negativa não
dades. A mais comum delas é o . Voltando ao exemplo
significa que o corpo está “freando”!
anterior do carro que se desloca entre as cidades A e B,
sabe-se que ele realizou esse deslocamento em . Logo, a
velocidade média do carro nesse trajeto foi de: a) Função Horária do Espaço (posição)
Δ𝑆 120 É a função que permite obter a posição do corpo em
𝑣𝑚 = = = 60 𝑘 𝑚 ⁄ℎ movimento uniforme em função do tempo transcorrido.
Δ𝑡 2
É dada por:
Note que o deslocamento foi calculado em km e o 𝑆 = 𝑆0 + 𝑣. ∆𝑡
tempo transcorrido em h e, portanto, a velocidade foi Onde:
calculada em km/h. S= Posição do móvel em função do tempo
S0=Posição inicial do móvel
#FicaDica v= Velocidade do móvel
É possível converter uma velocidade em km/h Δ𝑡=Intervalo de tempo transcorrido
para m/s e vice-versa. Para converter uma ve-
b) Gráficos do Movimento Retilíneo Uniforme
locidade de km/h para m/s basta DIVIDIR por
As grandezas do movimento retilíneo uniforme são
3.6. Já para converter uma velocidade de m/s
expressas na forma de gráficos. São eles:
para km/h basta MULTIPLICAR por 3,6.
Gráfico S×t

MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME

Movimento retilíneo uniforme (MRU) é o movimento


no qual o corpo (móvel) percorre uma trajetória reta com
velocidade constante. Ou seja, em um mesmo intervalo
de tempo ele percorre distâncias iguais.

a) Classificação do Movimento Retilíneo Uniforme


O MRU pode ser classificado em dois movimentos
distintos, a saber:
• Movimento Progressivo: denomina-se movimen-
to progressivo o movimento no qual o corpo se
movimenta no sentido positivo da trajetória. Por
sentido positivo, entende-se o sentido no qual a
posição da trajetória aumenta. Por exemplo, recu- No movimento progressivo, o gráfico Sxt é crescente,
perando o exemplo do carro que vai da cidade A ou seja, conforme aumenta o tempo, o valor de S aumen-
para a cidade B, como a cidade A está na posição e ta. Por outro lado, no movimento retrógrado, o gráfico
NOÇÕES DE FÍSICA

a cidade B está na posição , nota-se que de A para Sxt é decrescente, ou seja, aumentando o tempo, o valor
a B a posição aumentou. Portanto, o sentido da de S diminui.
trajetória é positivo de A para B. Em um movimen-
to progressivo diz-se que a velocidade é positiva,
ou seja v>0.

1
Gráfico v×t Vamos tomar como exemplo a velocidade de um
carro. Normalmente, fala-se apenas do seu valor, por
exemplo, 100 km/h, considerando uma rodovia. Mas,
essa informação é suficiente? Se considerarmos que só
queremos saber o quanto o carro está rápido, este valor
é suficiente, mas se quisermos saber para onde o carro
está indo? Um carro andando a 100 km/h para o norte é
a mesma coisa que andar a 100 km/h para o sul?
Fisicamente, não é a mesma coisa, e dizemos que nos
dois carros, temos sentidos opostos, ou seja, cada carro
está indo no movimento diametralmente oposto ao ou-
tro. Assim, grandezas vetoriais precisarão de mais infor-
mações para ser totalmente determinadas.
Para colocar todas as informações organizadas, te-
mos a seguir a caracterização das três informações que
compõe um vetor:

• Módulo (ou magnitude): É o valor da grandeza em


si e irá determinar o tamanho de um vetor, ou seja,
vetores maiores terão módulos maiores.
• Direção: Descreve o plano onde o vetor se loca-
liza. Por exemplo, uma pessoa andando em uma
rua plana, tem direção horizontal, no caso de uma
rua inclinada, o ângulo de inclinação indicará a di-
reção.
Em ambos os movimentos, a velocidade é constante • Sentido: É a informação complementar da direção,
e forma uma linha horizontal. A diferença é que no movi- uma vez que para cada direção, temos dois senti-
mento progressivo, o valor da velocidade é positivo e no dos possíveis. Por exemplo, em um plano horizon-
movimento retrógrado, é negativo. tal, podemos estar indo para esquerda ou direita;
na direção vertical, para cima ou para baixo, etc.
#FicaDica
Com as três informações caracterizadas, define-se
Para MRU o gráfico S×t é sempre uma reta agora a geometria de um vetor, que está apresentada na
(crescente ou decrescente) e o gráfico v×t é figura a seguir:
sempre uma reta horizontal (acima ou abai-
xo do eixo x)

Cinemática vetorial

Quando estudamos o movimento retilíneo uniforme


(MRU) e o movimento uniformemente variado (MUV)
reparamos que; uma das características desses movi-
mentos era o fato de serem tratados sempre em linhas Geometricamente, o vetor é uma seta, onde seu ta-
retas. Quando estamos falando em um movimento que manho indicará o módulo e há as indicações de dire-
se baseia numa linha reta, rapidamente pensamos: “Este ção e sentido. Nesse caso, temos um vetor de direção
movimento só pode ter duas direções!”. Em matemática horizontal, e sentido para a direita. Vejam agora outros
chamamos um lado de positivo e outro lado de negativo, exemplos.
e este é o método que usamos para definir, nas equa- • Vetores de mesmo módulo, direção e sentido:
ções, os sinais de cada grandeza.
Quando passamos a ter mais do que dois sentidos
possíveis, aumentam as dificuldades de definir, mate-
maticamente, as grandezas impostas (já que não temos
somente duas possibilidades). E a maneira como nós tra-
tamos, a partir de agora, é fazendo o uso de Vetores.

Vetores
NOÇÕES DE FÍSICA

Neste exemplo, os vetores a e b são idênticos, pois


Quando se estuda grandezas físicas, sabe-se que há possuem as três informações iguais.
dois tipos: Escalares e vetoriais. A primeira, basta apenas
uma única informação (valor) para ela ser determinada. • Vetores de módulos diferentes, mas mesma dire-
Já as grandezas vetoriais, necessitam de três informa- ção e sentido:
ções, valor, direção e sentindo.

2
Soma e subtração de vetores

Em concursos e vestibulares, as operações mais co-


bradas são soma e subtração de vetores. Para iniciar, va-
mos apresenta-la de uma maneira simples, dois vetores
com módulos diferentes, mas com direções e sentidos
iguais:

Conforme dito anteriormente, o tamanho do vetor é


ligado ao seu módulo. Nesse caso, pode-se afirmar que
o módulo do vetor b é menor que o módulo do vetor a.

• Vetores com módulo e direção iguais, mas senti-


dos diferentes: Se pensarmos esses vetores como forças, é fácil per-
ceber que se tivermos uma força a valendo 10N e uma
força b valendo 5N, a soma será de 10+5 = 15N. Ve-
torialmente, como o tamanho é diretamente ligado ao
módulo do vetor, assim:

Aqui temos dois vetores que possuem uma única di-


ferença: Estão apontados para sentidos opostos. Caso
esses vetores fossem forças, uma anularia a outra, resul-
tando em uma resultante nula.

• Vetores com módulos iguais, mas direção e senti-


do diferentes: O vetor (𝑎 + 𝑏) foi formado a partir da junção dos dois

vetores. Agora, e se quisermos subtrair os vetores, como


fica a operação (𝑎 − 𝑏) ? Se pensarmos novamente em

força, temos uma força a de 10 N apontado para a direita


e uma força b de 5N apontada para a esquerda, resultan-
do uma força de 10 - 5 = 5N para a direita. Vetorialmente:

Nesse caso, temos dois vetores com o mesmo tama-


nho, mas apontado para direções diferentes, o que por
consequência gera direções diferentes.

#FicaDica
Vetores são utilizados principalmente em
Dinâmica, quando se trata de equilíbrio
de forças. As operações vetores descritas a
seguir serão fundamentais para o entendi-
mento desta parte da Física.
O vetor (𝑎 + 𝑏) também foi formado a partir da jun-
OPERAÇÕES COM VETORES ção dos dois vetores. Observe que nas duas operações,
o início do vetor b foi colocado no final do vetor a. Esse
Agora que são conhecidas as características dos veto- é um dos métodos para se calcular a soma ou subtração
NOÇÕES DE FÍSICA

res, serão descritas as operações que são possíveis com de dois ou mais vetores e ele pode ser extrapolado para
essas grandezas. vetores de direções diferentes. Veja o exemplo a seguir:

3
Ou seja, a subtração de vetores será uma soma do
primeiro vetor com o oposto do segundo, veja na figura
a seguir:

Novamente temos dois vetores a e b. Para aplicar o


método, primeiro temos que montar o vetor -b, que é o
mesmo vetor b, mas de sentido contrário:
São dois vetores com módulo, direção e sentido di-
ferentes, como soma-los? A estratégia é simples: Como
estamos fazendo (𝑎 + 𝑏) , vamos copiar o primeiro vetor,
ou seja, :

Agora basta aplicar o método, colocando o início do


vetor -b no final do vetor a:

Após isso, coloca-se o início do vetor b, no final do


vetor a, conforme visto a seguir:

#FicaDica
O vetor soma (𝑎 + 𝑏) será justamente o vetor formado Existe um outro método de soma e subtra-
pelo início do vetor a e o final do vetor b ,: ção de vetores chamado método da poli-
gonal. Como ele é específico para soma de
apenas dois vetores, optou-se por apresen-
tar apenas o caso geral, que funciona em
qualquer exercício.

Decomposição de vetores

Esse método também vale para a soma de três ou A decomposição de vetores é uma ferramenta impor-
mais vetores: tante aplicada na Física, pois permite que se separe um
vetor específico em diferentes componentes, que pode
facilitar o entendimento de alguns fenômenos ou para
estudar casos específicos. A idéia consiste em dividir o
vetor em dois (em problemas no plano) ou três (em pro-
blemas tridimensionais) componentes paralelas aos ei-
xos de coordenadas. Veja o exemplo a seguir:
Seguindo a mesma metodologia, os três vetores uni-
dos ficam:

A mesma regra vale para subtração. Para seguir a


NOÇÕES DE FÍSICA

mesma metodologia, temos que fazer a seguinte consi-


deração matemática:

𝑎 − 𝑏 = 𝑎⃗ − 𝑏 = 𝑎⃗ + (−𝑏�

4
A figura apresenta um vetor a localizado no plano xy,
formando um ângulo com o eixo x. Em certos problemas FIQUE ATENTO!
da Física, principalmente os relacionados com equilíbrio
Observe sempre qual eixo está formando o
de forças, é conveniente decompor esse vetor em uma
ângulo θ. Se ele estivesse formado pelo ve-
soma:
𝑎⃗ = 𝑎𝑥 + 𝑎𝑦 tor 𝑎⃗ e o eixo y, as proporcionalidades de
seno e cosseno se inverteriam.
Onde ax é um vetor paralelo ao eixo x e ay é um vetor
paralelo ao eixo y. Para fazer essa decomposição, basta
traçarmos linhas pontilhadas paralelas aos eixos x e y,
partindo do final do vetor, conforme visto na figura: MOVIMENTO CIRCULAR

Na Mecânica clássica, movimento circular é aquele


em que o objeto ou ponto material se desloca numa tra-
jetória circular. Uma força centrípeta muda de direção o
vetor velocidade, sendo continuamente aplicada para o
centro do círculo. Esta força é responsável pela chamada
aceleração centrípeta, orientada para o centro da circun-
ferência-trajetória.
Pode haver ainda uma aceleração tangencial, que ob-
viamente deve ser compensada por um incremento na
intensidade da aceleração centrípeta a fim de que não
deixe de ser circular a trajetória. O movimento circular
classifica-se, de acordo com a ausência ou a presença
de aceleração tangencial, em movimento circular unifor-
Os pontos de cruzamento das linhas pontilhadas com
me (MCU) e movimento circular uniformemente variado
os eixos marcam os finais das componentes ax e ay. Para
(MCUV).
construir os vetores, inicia-se do mesmo ponto onde o
vetor a está desenhado:
Propriedades e Equações

Movimento da Circunferência
#FicaDica
Uma vez que é preciso analisarmos propriedades an-
Você pode verificar que a = ax + ay usando
gulares mais do que as lineares, no movimento circular
o método de soma de vetores apresentado
são introduzidas propriedades angulares como o deslo-
anteriormente.
camento angular, a velocidade angular e a aceleração an-
gular e centrípeta. No caso do MCU existe ainda o perío-
As magnitudes das componentes, serão em função do, que é propriedade também utilizada no estudo dos
do ângulo 0. Como esse ângulo é formado entre o vetor movimentos periódicos. O deslocamento angular (indi-
principal e o eixo x, então o vetor ax terá a magnitude cado por ) se define de modo similar ao deslocamento
proporcional ao cosseno do ângulo: linear. Porém, ao invés de considerarmos um vetor des-
locamento, consideramos um ângulo de deslocamento.
Há um ângulo de referência, adotado de acordo como
NOÇÕES DE FÍSICA

𝑎𝑥 = 𝑎. 𝑐𝑜𝑠𝜃
problema. O deslocamento angular não precisa se limitar
a uma medida de circunferência
Já a componente y, será proporcional ao seno do ân- ( ); para quantificar as outras propriedades do
gulo: movimento circular, será preciso muitas vezes um dado
sobre o deslocamento completo do móvel, independen-
𝑎𝑦 = 𝑎. 𝑠𝑒𝑛𝜃
temente de quantas vezes ele deu voltas em uma circun-

5
ferência. Se for expresso em radianos, temos a relação segundo, o que leva a definir a unidade de frequência
, onde R é o raio da circunferência e s é o des- como ciclos por segundo ou hertz). Assim, o período é o
locamento linear. inverso da frequência:
Pegue-se a velocidade angular (indicada por ), por Por exemplo, um objeto que tenha velocidade angu-
exemplo, que é a derivada do deslocamento angular pelo lar de 3,14 radianos por segundo tem período aproxi-
intervalo de tempo que dura esse deslocamento: madamente igual a 2 segundos, e frequência igual a 0,5
hertz.

Transmissão do movimento circular

A unidade é o radiano por segundo. Novamente há Muitos mecanismos utilizam a transmissão de um


uma relação entre propriedades lineares e angulares: cilindro ou anel em movimento circular uniforme para
, onde é a velocidade linear. outro cilindro ou anel. É o caso típico de engrenagens e
Por fim a aceleração angular (indicada por ), somen- correias acopladas as polias. Nessa transmissão é man-
te no MCUV, é definida como a derivada da velocidade tida sempre a velocidade linear, mas nem sempre a ve-
angular pelo intervalo tempo em que a velocidade varia: locidade angular. A velocidade do elemento movido em
relação ao motor cresce em proporção inversa a seu ta-
manho. Se os dois elementos tiverem o mesmo diâme-
tro, a velocidade angular será igual; no entanto, se o ele-
mento movido for menor que o motor, vai ter velocidade
angular maior. Como a velocidade linear é mantida, e
A unidade é o radiano por segundo, ou radiano por , então:
segundo ao quadrado. A aceleração angular guarda re-
lação somente com a aceleração tangencial e não com a
aceleração centrípeta: , onde é a acelera-
ção tangencial. O movimento circular ocorre quando em diversas si-
tuações que podem ser tomadas como exemplo:
Como fica evidente pelas conversões, esses valores
- Uma pedra fixada a um barbante e colocada a gi-
angulares não são mais do que maneiras de se expressar
rar por uma pessoa descreverá um movimento circular
as propriedades lineares de forma conveniente ao movi-
uniforme.
mento circular. Uma vez quer a direção dos vectores des-
locamento, velocidade e aceleração modifica-se a cada
instante, é mais fácil trabalhar com ângulos. Tal não é o
caso da aceleração centrípeta, que não encontra nenhum LEIS DE NEWTON E SUAS APLICAÇÕES.
correspondente no movimento linear.
Surge a necessidade de uma força que produza essa 1. Explicando as causas dos movimentos
aceleração centrípeta, força que é chamada analoga-
mente de força centrípeta, dirigida também ao centro Durante muito tempo a humanidade se perguntou por
da trajetória. A força centrípeta é aquela que mantém o que determinados objetos se movimentavam. A experiên-
objeto em movimento circular, provocando a constante cia diária mostrou que, para deslocar um objeto que esti-
mudança da direção do vector velocidade. vesse parado, era necessário aplicar uma força sobre ele.
Por isso, chegou-se à conclusão de que, para manter um
A aceleração centrípeta é proporcional ao quadrado movimento, também seria necessária a ação de uma força.
da velocidade angular e ao raio da trajetória: Mas, durante o período conhecido como Renascimento
(séculos XIV-XVI), o físico italiano Galileu Galilei modificou
f a pergunta inicial e passou a se questionar: Por que os
corpos em movimento param de se movimentar? O que é
A função horária de posição para movimentos circu- necessário fazer para que um corpo em movimento pare?
lares, e usando propriedades angulares, assume a forma: Galileu realizou então uma série de experimentos com um
, onde é o deslocamento angular no início plano inclinado e uma bola.
do movimento. É possível obter a velocidade angular a
qualquer instante , no MCUV, a partir da fórmula:
NOÇÕES DE FÍSICA

Para o MCU define-se período T como o intervalo de


tempo gasto para que o móvel complete um desloca-
mento angular em volta de uma circunferência comple-
ta ( ). Também define-se frequência (indicada por
f) como o número de vezes que essa volta é completa-
da em determinado intervalo de tempo (geralmente 1

6
Ele percebeu que, quando soltava a bola do alto do plano inclinado, ela descia e, após atingir o plano horizontal,
deslocava-se por mais um trecho e depois parava. Em seguida, ele poliu a bola e o plano e percebeu que a bola ia mais
longe.
Depois, lubrificou ambos e se deu conta de que, quanto menor fosse o atrito entre a bola e o plano, mais longe ela
iria. Então, concluiu que, se não houvesse atrito entre a bola e o plano, ela rolaria infinitamente, sem parar; ou seja, era
a força de atrito, contrária ao movimento, que fazia a bola parar.
Com base nessa e em outras ideias do séc. XVII, o físico Isaac Newton formulou uma teoria, que ajudou a humani-
dade a explicar uma série de fenômenos conhecidos naquela época, mas que não tinham ainda uma explicação física,
baseada em observações, experimentos e novas hipóteses.
Essa teoria, conhecida como mecânica de Newton, ou mecânica clássica, está estruturada sobre três leis, chamadas
leis de Newton, em homenagem a esse cientista inglês.

2. 1ª lei de Newton – Princípio da inércia

A primeira lei de Newton, também conhecida como princípio da inércia, afirma que se nenhuma força agir sobre um
corpo, ou se a soma das forças que agirem sobre ele (chamada de força resultante) for nula (igual a zero), então ele não
muda de velocidade, ou seja, permanece com sua velocidade vetorial constante. Em outras palavras, para que a velo-
cidade de um corpo seja alterada, e, consequentemente, o movimento, é necessário que alguma força atue sobre ele.
Visualização da força resultante e suas consequências. Chama-se de força resultante a soma de todas as forças que
atuam em um corpo.

No caso representado na figura, como as forças aplicadas pelas pessoas na corda têm a mesma direção (horizontal),
mas sentidos opostos (a força de 80 N tem sentido da direita para a esquerda e a de 100 N, da esquerda para a direita),
a força resultante é de 20 N, na direção horizontal e com sentido para a direita.
NOÇÕES DE FÍSICA

Note que, se as duas forças tivessem a mesma intensidade, a força resultante entre elas seria nula e, consequente-
mente, nada se moveria.
A tendência que um corpo tem de manter sua velocidade é chamada de inércia. Por isso, uma pessoa que se mexe
pouco ou que tem pouca iniciativa é chamada de inerte.

7
Essa propriedade da matéria pode ser observada em várias atividades cotidianas. Ela explica por que, por exemplo,
quando se está parado no interior de um ônibus e ele começa a se movimentar, tem-se a sensação de estar sendo
jogado para trás, ou, quando um veículo está andando e para repentinamente, tem-se a sensação de ser lançado para
frente, ou mesmo quando o automóvel em que se viaja faz uma curva, e você pode sentir que está sendo lançado para
fora dele.

Por isso é muito importante o uso do cinto de segurança. Ele evita que seu corpo continue em movimento, para
frente ou para o lado, e que você se machuque, caso o veículo faça movimentos muito bruscos.

2. 2ª lei de Newton

Você viu na 1ª lei de Newton o que acontece quando a força resultante sobre um corpo é nula. Mas o que acontece,
então, quando a força resultante não é nula, ou seja, o que acontece quando há uma força resultante aplicada em um
corpo?
Se não há força resultante agindo em um corpo, sua velocidade permanece constante; portanto, quando houver
uma força resultante, sua velocidade vai variar.
É isso o que afirma a 2ª lei de Newton. Mais do que isso, ela diz o quanto a velocidade vai variar. Imagine duas caixas
de mesmo tamanho.
Uma delas está vazia e a outra cheia de tijolos. Sendo assim, a caixa vazia está muito mais leve do que a outra. Qual
delas será mais fácil de movimentar? O que a 2ª lei de Newton afirma é que a mudança na velocidade de um corpo
depende de sua massa.
Quanto maior a massa, maior a sua inércia, ou seja, maior será a dificuldade de modificar a velocidade do corpo.
Sendo assim, é mais fácil movimentar a caixa vazia do que a caixa cheia de tijolos, não é mesmo? Em linguagem mate-
mática, diz-se que a mudança na velocidade é inversamente proporcional à massa do corpo.
Para uma força de mesma intensidade, quanto maior a massa, menor será a variação da velocidade. Como a gran-
deza física que mede a variação da velocidade é a aceleração, pode-se escrever que:

Sabendo que a variação da velocidade dividida pela variação do tempo é igual à aceleração do corpo é
possível escrever a 2ª lei de Newton, em sua formulação matemática, desta maneira:
NOÇÕES DE FÍSICA

8
Por exemplo, se uma força resultante de 400 N for
aplicada em um carro de 1.000 kg, ele vai adquirir qual
aceleração? Utilizando a 2ª lei de Newton, tem-se:

Outro exemplo que se pode analisar é o de um carro


se movimentando a 100 km/h, quando colide contra um
muro. Qual é a força que atua sobre uma pessoa de 80 kg
que estiver em seu interior?

Se duas pessoas empurram um bloco de 100 kg sobre


uma superfície com atrito desprezível na mesma direção,
mas em sentidos opostos, com a da direita atuando com
uma força de 70 N, e a da esquerda, com uma força de 50
N, qual será a aceleração adquirida pelo bloco?

A situação é a seguinte: esse carro, que estava em mo-


vimento, parou subitamente. Ele foi de 100 km/h a 0 km/h
em aproximadamente 0,2 s. Inicialmente, é preciso trans-
formar a unidade da velocidade de km/h para m/s: 100
Note que, nesse caso, as forças têm sentido contrário; km equivalem a 100.000 m, e 1 h equivale a 3.600 s. Então:
então a força resultante sobre o bloco será de 70 – 50
= 20 N, para a esquerda, já que a pessoa da direita está
aplicando mais força. Portanto, de acordo com a 2ª lei de
Newton, tem-se que:

Ou seja, o carro vai de 28 m/s a 0 m/s (Δv = 28 m/s)


em 0,2 s. Portanto, sua aceleração é de:
Porém, se os dois empurrarem na mesma direção e
sentido, com as mesmas forças citadas anteriormente, a
resultante será 70 + 50 = 120 N, e calcula-se a aceleração:
NOÇÕES DE FÍSICA

Como a massa da pessoa é de 80 kg, a força aplicada


pelo carro nela, durante a colisão, é de:

9
Essa força equivale a colocar um bloco com pouco como a massa da bola é bem menor do que a da parede, a
mais de 1 tonelada (t) sobre essa pessoa. maior variação de velocidade acontece na bola, que acaba
voltando, enquanto a parede praticamente não se move.
3. 3ª lei de Newton – Princípio da ação e reação A mesma coisa acontece quando uma pessoa anda.
Sua ação é a de empurrar o chão para trás, então o chão
Você já percebeu que para subir uma escada você faz reage e a empurra para frente. Embora a força aplicada
força para baixo com as pernas? Que para fazer exercícios no chão seja exatamente a mesma que o chão aplica nos
em uma barra você “puxa a barra para baixo”, mas acaba pés, a resultante não é nula, pois, conforme foi dito ante-
subindo? E que, ao andar para frente, você faz força com riormente, não se podem somar forças que estão atuan-
os pés para trás, como se estivesse empurrando o chão? do em corpos diferentes. Uma pessoa aplica uma força
Essas situações parecem contraditórias, pois, ao fazer no chão (ação da pessoa no solo) e o chão aplica uma
força em um sentido, desloca-se para o sentido oposto. força nela (reação do solo sobre a pessoa). Como a mas-
Como é possível explicar isso? sa do chão, ou seja, da Terra, é muito maior do que a de
A resposta para essa questão é dada a partir da 3ª lei uma pessoa, ele permanece praticamente com a mesma
de Newton, que afirma que as forças sempre aparecem velocidade (parado), enquanto a pessoa vai para frente.
aos pares. Ela estabelece que a toda ação corresponde
uma reação. Essa reação possui a mesma intensidade e 4. Lei da gravitação de Newton
direção, mas sentido contrário. Ou seja, se um corpo A
aplica uma força sobre um corpo B, então o corpo B tam- Newton sabia que um corpo jogado para cima subia
bém aplica uma força no corpo A, de mesma intensidade, durante certo tempo e depois caía. Se ele fosse lançado
mesma direção, mas em sentido contrário. para cima e para frente, como uma bala de canhão, além
de subir, ele iria para frente, descrevendo uma trajetó-
ria parabólica. Percebeu, então, que a bala caía na Terra
como se estivesse sendo atraída para ela por uma força.

Observe o exemplo a seguir, no qual uma bola bate


na parede. Note que as forças de ação e reação possuem
as seguintes características:

Imaginou, portanto, um experimento no qual atira-


va a bala do canhão com velocidades cada vez maiores.
Como a bala era atraída pela Terra para baixo, ela acaba-
va caindo, porém, cada vez mais longe.
Newton avaliou que, se a bala fosse lançada cada vez
com mais força, cairia cada vez mais longe, e que, se ela
fosse lançada com certa velocidade, seria atraída pela
Terra e “cairia” em direção ao solo, mas nunca chegaria
nele, como se ficasse caindo para sempre, sem alcançar o
chão. Dessa forma, a bala ficaria girando, em órbita, em
volta da Terra.
- têm a mesma intensidade (a força que a bola aplica
na parede tem o mesmo valor da força que a pare-
de aplica na bola);
- têm a mesma direção (as duas forças são horizon-
tais);
- têm sentidos opostos (a bola “empurra” a parede
para a esquerda e a parede “empurra” a bola para
a direita).
NOÇÕES DE FÍSICA

Um par de forças de ação e reação nunca se equilibra


(nunca se anula), pois as forças de ação e reação estão
aplicadas em corpos diferentes. No caso acima, a bola
exerce uma força na parede e a parede faz força na bola.
Utilizando a 2ª lei de Newton, é possível perceber que,

10
Assim, ele pôde concluir que o mesmo acontecia com Por meio da lei da gravidade, Newton conseguiu ex-
a Lua. Ao mesmo tempo em que ela caía em direção à plicar como a Terra pode ser redonda e estar em movi-
Terra, ela andava para o lado, de tal maneira que nunca mento e mesmo assim as pessoas, em qualquer lugar,
encontraria o solo terrestre, ou seja, ela não colidiria com ainda estarem presas a ela e não caírem: a força da gra-
a Terra porque tinha movimento lateral. vidade entre a Terra e as pessoas (e tudo o que está em
Se ela parasse de girar em torno do nosso planeta, sua superfície) é suficientemente grande para mantê-las
a Lua cairia no solo terrestre como uma pedra qualquer presas ao solo.
abandonada no alto de um precipício. Newton então A Terra exerce uma força sobre o que está em sua
analisou o movimento dos planetas e satélites, e obser- volta, puxando tudo “para baixo”, ou melhor, para o seu
vou que todos eles se moviam em torno de um corpo centro. Por isso, não faz sentido pensar que estamos de
central (os satélites em torno do planeta e os planetas cabeça para baixo em relação aos moradores do Japão,
em torno do Sol), concluindo que todos deviam se atrair por exemplo, pois, num planeta redondo, todos estão
com uma força chamada força gravitacional, que depen- “do lado de cima” da Terra, relativamente ao centro do
dia: planeta.
• diretamente da massa dos corpos envolvidos:
quanto maior a massa deles, maior seria a força
de atração; e
• inversamente da distância: quanto mais afastados
estivessem os corpos, menor seria a intensidade
dessa força.

Utilizando os dados disponíveis, ele percebeu que a


relação com a distância é quadrática, ou seja, a força gra-
vitacional varia com o inverso do quadrado da distância Isso também permite diferenciar os conceitos de
entre os corpos envolvidos. Essa força atua sobre todos massa e peso. A massa é uma característica do corpo que
os corpos que têm massa, sejam eles celestes ou terres- tem um valor universal, ou seja, tem o mesmo valor em
tres. Em linguagem matemática, pode-se escrever que: qualquer lugar do espaço. Mas o peso não. O peso é uma
força; é a força que a Terra aplica em um corpo que esteja
suficientemente próximo dela, ou seja, o peso é a força
com que um planeta (no caso, a Terra) puxa um corpo
para o seu centro.
Portanto, embora a massa de uma pessoa qualquer
não mude se ela circular em diferentes astros, seu peso
pode se alterar. Na Lua, por exemplo, ela será seis ve-
zes mais leve, mas, em Júpiter, duas vezes e meia mais
Isso explica porque, quando o planeta está mais pró- pesada, embora sua massa não se altere. A força gravi-
ximo do Sol, essa força aumenta e ele passa a se deslocar tacional, junto com a rotação da Terra, também ajuda a
mais rápido enquanto esse aumento de aceleração agir entender o fenômeno das marés.
sobre ele. Como a água é fluida, ela pode se deslocar sobre a
Da mesma forma, quando o planeta está mais longe, superfície da Terra de acordo com a ação da força gravi-
ele se move mais lentamente em torno do Sol. Isso ex- tacional tanto da Lua quanto do Sol, além da gravitação
plica a 2ª e a 3ª leis de Kepler1 e porque os planetas mais terrestre. A força gravitacional “puxa” a água que se con-
distantes como Marte, Júpiter e Saturno têm períodos de centra na direção do Sol e da Lua. Quando eles estão ali-
translação maiores do que a Terra, mas Mercúrio e Vênus nhados, acontecem as marés altas mais altas (chamadas
têm períodos menores. maré de sizígia) e, quando estão em quadratura, ou seja,
NOÇÕES DE FÍSICA

formando um ângulo de 90º (com a Terra como vértice),


acontecem as marés altas menores.
1  Concluiu que as órbitas não eram circulares como se pensava,
mas sim elípticas (ovais). Além disso, concluiu que a velocidade or-
bital dos planetas não era constante e que existia uma relação ma-
temática entre a distância a que um planeta está do Sol e o período
de translação dele.

11
A lei da gravitação universal de Newton permitiu
prever a existência de novos planetas no Sistema Solar.
Com o desenvolvimento de lunetas e telescópios cada
vez mais potentes, também foi possível mapear suas
trajetórias com mais precisão e descobrir outro planeta, TRABALHO. POTÊNCIA. ENERGIA CINÉ-
batizado de Urano. Porém, Urano nunca era encontra- TICA, ENERGIA POTENCIAL, ATRITO.
do onde as leis de Kepler previam, e alguns astrônomos CONSERVAÇÃO DE ENERGIA E SUAS
começaram a desconfiar da existência de outro planeta
TRANSFORMAÇÕES. QUANTIDADE
que, com sua força gravitacional, estaria modificando a
DE MOVIMENTO E CONSERVAÇÃO DA
trajetória de Urano. Utilizando as leis de Newton sobre
gravitação, o astrônomo francês Le Verrier calculou onde QUANTIDADE DE MOVIMENTO, IMPUL-
deveria estar o astro que modificava a trajetória de Ura- SO. COLISÕES.
no, e outros astrônomos localizaram um novo planeta,
Netuno, apontando seus telescópios para o local indica-
do pelo cientista francês. TRABALHO DE UMA FORÇA
Com isso, as leis de Newton ganharam definitivamen-
te o status de teoria válida para explicar o movimento O trabalho de uma força é definido como a quantida-
dos corpos. Com a evolução tecnológica, muitas novida- de de energia necessária para que essa força provoque
des foram descobertas no céu. um deslocamento em um móvel. O trabalho, denotado
Atualmente, sabe-se que o Universo é muito maior pela letra grega “tau” , é função do deslocamento d e da
do que aquele conhecido pelos gregos, e mesmo pela força aplicada sobre o corpo. Seja uma força F aplicada a
humanidade, até a época de Copérnico, Galileu, Kepler um corpo e deslocando-o de uma distância d, conforme
ou Newton. O modelo heliocêntrico é válido para o Sis- figura abaixo:
tema Solar, ou seja, o Sol é uma estrela entre muitas ou-
tras e tem seu sistema planetário formado pelos planetas
Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e
Netuno, cada um com sua(s) lua(s), exceto por Mercúrio
NOÇÕES DE FÍSICA

e Vênus, que não as têm.


Por sua vez, o Sol faz parte de um conjunto muito
grande de estrelas que formam uma galáxia, chamada
Via Láctea. Esta, por sua vez, é uma entre muitos bilhões O trabalho é calculado por: 𝜏 = 𝐹. 𝑑. cos 𝜃. A uni-
de galáxias espalhadas pelo Universo, tudo isso interliga- dade de trabalho, no SI, é o Joule (J).
do por meio da força gravitacional.

12
𝜏 =O𝐹.ângulo
𝑑. cos 𝜃. é o ângulo formado entre a direção do Assim, quando o corpo está “subindo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 < 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
deslocamento e a linha de ação da força. Ele pode variar o trabalho da força peso é negativo. Já quando o corpo
de 0 a 180°. O que muda nesses casos? está “descendo” 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 > 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 , o trabalho da força
Quando 0 ≤ 𝜃 < 90 , a força é favorável ao movimen- peso é positivo.
to, ou seja, tem alguma de suas componentes na direção
do deslocamento. Assim, diz-se que o trabalho de uma TRABALHO DA FORÇA ELÁSTICA
força nessas condições é positivo 𝜏 > 0 . Recebe o nome 𝑘Δ𝑥 2
de trabalho motor. O trabalho realizado pela força elástica, 𝜏𝐹𝑒𝑙 ,=depen-
2
Quando 90 < 𝜃 ≤ 180 , a força é desfavorável ao mo- de da constante elástica da mola e do elongamento da
vimento, ou seja, tem alguma de suas componentes na mola Δ𝑥 . O trabalho é calculado da seguinte forma:
direção contrária ao deslocamento. Assim, diz-se que o
trabalho de uma força nessas condições é negativo 𝜏 < 0 𝜏𝐹𝑒𝑙 =
𝑘Δ𝑥 2
. Recebe o nome de trabalho resistente. 2
E quando 𝜃 = 90°?
ENERGIA

FIQUE ATENTO! Energia é um conceito comum a todos nós pois lida-


mos com energia diariamente. Energia elétrica, energia
Quando 𝜃 = 90°?, o trabalho é nulo! Ou seja,
solar, energia dos alimentos, enfim, diferentes formas de
quando a força é perpendicular à direção
energia. Aqui serão apresentadas formas de energia rela-
do deslocamento ela não realiza trabalho.
tivas ao ramo da Mecânica.
Um exemplo disso é um corpo se deslocan-
do sobre um plano sob ação de uma força
Energia Cinética
F. Nessas condições a sua força peso é per-
pendicular à direção do deslocamento e não
É a forma de energia associada ao movimento. Um
realiza trabalho.
corpo de massa em movimento com velocidade possui
𝑚𝑣 2
energia cinética 𝐸𝑐 =igual a:
2
TRABALHO DA FORÇA PESO
𝑚𝑣 2
𝐸𝑐 =
Quando um corpo de massa está em queda livre, ou 2
desloca-se sobre um plano inclinado, ou em trajetórias
nas quais ele realize algum deslocamento vertical (come- Energia Potencial Gravitacional
ço e final do movimento em alturas diferentes) há reali-
zação de trabalho pela força peso. A força peso é uma É a forma de energia associada ao trabalho da força
força conservativa, ou seja, o trabalho dela independe da peso. Um corpo de massa que está a uma altura de um
trajetória do corpo e depende somente dos pontos final plano horizontal de referência possui energia potencial
e inicial da trajetória. Nesse caso, importa apenas, para gravitacional 𝐸𝑝 =
igual
𝑚. 𝑔.a:ℎ
o cálculo do trabalho da força peso, a altura inicial e a
altura final. 𝐸𝑝 = 𝑚. 𝑔. ℎ

Energia Potencial Elástica

É a forma de energia associada ao trabalho da força


elástica. Uma mola de constante elástica comprimida/
𝑘Δ𝑥 2
estendida em Δ𝑥 , possui energia potencial elástica 𝐸𝑝𝑒𝑙 =
2
igual a:
𝑘Δ𝑥 2
𝐸𝑝𝑒𝑙 =
2

O trabalho da força peso é calculado como: Energia Mecânica


𝜏 = 𝑚. 𝑔. 𝐻𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝐻𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙
É a energia de um corpo que corresponde à soma da
energia cinética e de todas as formas de energia poten-
ciais. A energia mecânica 𝐸𝑚 =de𝐸𝑐um
+ 𝐸corpo
𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙é igual a:
#FicaDica
NOÇÕES DE FÍSICA

𝐸𝑚 = 𝐸𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙
A fórmula acima pode parecer estranha,
mas é isso mesmo: diferença entre altura
inicial e final, nessa ordem. É uma caracte- Evidentemente,
𝐸𝑚 =a𝐸parcela
𝑐 + 𝐸𝑝 + 𝐸𝑝𝑒𝑙 só irá existir em siste-

rística do trabalho de forças conservativas mas onde haja mola(s).

13
CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA para arrastar esse bloco é de 1000 N. Uma das pessoas
consegue arrastar esse bloco por enquanto outra pes-
Um sistema é dito conservativo quando agem sobre soa consegue arrastá-lo por 5 m. Qual das duas pessoas
ele forças conservativas. Em linhas gerais, um sistema é “gastou” mais energia?
conservativo quando não há forças dissipativas (resistên- Olhando para as duas, ambas realizaram a mesma
cia do ar, atrito, perdas) nem forças que acrescem energia força (1000 N) pois ambas conseguiram arrastar o bloco.
ao sistema. Quando o sistema é conservativo, a energia Porém cada uma delas arrastou o bloco por uma distân-
mecânica é constante. Considerando, por exemplo, um cia diferente e realizaram, portanto, trabalhos diferentes.
carrinho em uma montanha russa desprezando-se todas A energia “gasta” por cada pessoa é igual ao trabalho da
as formas de perdas. O carrinho da montanha russa vai força.
de um ponto A para um ponto B. Como não há perdas, Assim, a pessoa que arrastou o bloco por 5 metros
diz-se que o sistema é conservativo e, portanto, a energia realizou um trabalho maior. Mas consideremos o mesmo
mecânica se conserva. caso novamente. Porém, agora, as duas pessoas arrastam
o bloco por 5 metros. A diferença é que uma pessoa le-
vou 2 segundos para arrastar o bloco e a outra levou 5
segundos. Quem realizou o maior trabalho?
Nenhuma! Pois ambas arrastaram o bloco (mesma
força) pela mesma distância e, portanto, realizaram o
mesmo trabalho. Qual a diferença? Cada uma realizou
esse trabalho com uma potência diferente! Então, com
isso define-se potência como a taxa de realização de tra-
Assim, vale: 𝐸𝑚
𝐴 = 𝐸𝐵
𝑚 balho ou simplesmente a razão entre trabalho e o tempo
𝐴 𝐴 𝐵 𝐵 gasto na realização de trabalho:
Ou seja: 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 = 𝐸𝑝 + 𝐸𝑐 𝜏
𝑃𝑜𝑡 =
Δ𝑡 𝜏
TEOREMA DA ENERGIA CINÉTICA 𝑃𝑜𝑡 =
como a unidade de 𝜏 é J e a unidade de Δ𝑡 é s, a
Esse teorema relaciona o trabalho da força resultante 𝑃𝑜𝑡 é=o Watt (W).
unidade de potência Δ𝑡
(ou trabalho resultante) com a variação da energia ciné-
tica de um corpo. Define-se trabalho da força resultante
como o produto da força resultante pelo deslocamen-
to do corpo: 𝜏𝐹𝑅 = 𝐹𝑅 . 𝑑 ou como a somatória do tra- EXERCÍCIOS COMENTADOS
balho de cada uma das forças que atua sobre o corpo:
𝜏𝐹𝑅 = 𝜏𝐹1 + 𝜏𝐹2 + ⋯ 1. (ENEM – 2010) Com o objetivo de se testar a efici-
ência de fornos de micro-ondas, planejou-se o aqueci-
mento em 10 ºC de amostras de diferentes substâncias,
#FicaDica cada uma com determinada massa, em cinco fornos de
As duas formas de calcular o trabalho da for- marcas distintas. Nesse teste, cada forno operou à po-
ça resultante são equivalentes. A primeira é tência máxima.
mais apropriada quando a força resultante é O forno mais eficiente foi aquele que
conhecida ou fácil de ser calculada. Já a se-
gunda, é mais apropriada quando os traba- a) forneceu a maior quantidade de energia às amostras.
lhos de cada uma das forças que atua sobre b) cedeu energia à amostra de maior massa em mais
o corpo são conhecidos. tempo.
c) forneceu a maior quantidade de energia em menos
tempo.
O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que: d) cedeu energia à amostra de menor calor específico
𝜏𝐹𝑅 = Δ𝐸𝑐 mais lentamente.
e) forneceu a menor quantidade de energia às amostras
𝜏𝐹𝑅 = 𝐸𝑐𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 − 𝐸𝑐𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙
em menos tempo.

Resposta: Letra C. A eficiência do forno é a razão en-


tre a quantidade de calor (energia) cedida pelo tem-
po para ceder este calor, independente da massa da
onde 𝑣𝑓 e 𝑣𝑖 são, respectivamente, as velocidades fi- substância. Quanto maior esta razão, maior a efici-
nal e inicial do corpo. ência do forno micro-ondas, ou seja, é mais eficiente
NOÇÕES DE FÍSICA

aquele forno que forneceu maior quantidade de ener-


POTÊNCIA gia em menos tempo.

Para entender o conceito de potência e sua relação


com trabalho, vamos dar um exemplo prático. Duas pes-
soas vão arrastar, cada uma, um bloco. A força necessária

14
2. (IBFC– 2017) Uma força realiza trabalho de 40 J, atuan-
do sobre um corpo na mesma direção e no mesmo senti- FIQUE ATENTO!
do do seu deslocamento. Sabendo que o deslocamento é Em um sistema isolado, a força resultante FR
de 10 m, a intensidade da força aplicada é igual a: é nula e, consequentemente, seu impulso IR
também é.
a) 4 N
b) 8 N
c) 12 N O princípio de conservação da quantidade de movi-
d) 16 N mento estabelece que em um sistema isolado a quanti-
e) 20 N dade de movimento se conserva, ou seja, a variação da
quantidade de movimento é nula:
Resposta: Letra A. Aplicação direta da definição de
trabalho: Δ𝑄 = 0 → 𝑄𝑓 = 𝑄𝑖

40
𝜏 = 𝐹. 𝑑 → 40 = 𝐹. 10 → 𝐹 = =4𝑁 Choques
10
Choques (ou colisões) são interações entre corpos
onde cada um exerce uma força sobre o outro. Aqui ire-
IMPULSO, QUANTIDADE DE MOVIMENTO E mos considerar colisões como sistemas isolados e, por
CHOQUES consequência disso, em todos os choques a quantidade
de movimento irá se conservar, ainda que a energia me-
IMPULSO DE UMA FORÇA cânica não se conserve necessariamente.
O impulso de uma força é definido como o produto É possível classificar os choques em três categorias. A
dessa força pelo tempo
𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 em que ela é aplicada. De-
seguir serão apresentadas todas elas. Para tal, conside-
nota-se da seguinte forma:
raremos dois corpos A e B, de massas ma e mb, com ve-
𝐼⃗ = 𝐹⃗ . Δ𝑡 locidades va e vb antes do choque e velocidades 𝑣𝐴′ e 𝑣𝐵′
e após o choque. Os tipos de choques são os seguintes:
O impulso é uma grandeza vetorial, possui direção,
sentido e intensidade. A intensidade é calculada pelo
produto 𝐼 = 𝐹Δ𝑡 , a direção e o sentido são os mesmos
da força. A unidade do impulso, no SI, é N.s .
i)
QUANTIDADE DE MOVIMENTO

A quantidade de movimento Q de um corpo é defini-


da da seguinte forma:
𝑄 = 𝑚. 𝑣⃗
onde𝑄 = 𝑚. 𝑣é⃗ a massa do corpo e 𝑣⃗ é a velocidade do
𝑄 = 𝑚. ii)
corpo. Também é uma grandeza vetorial, com intensi-
dade igual a 𝑄𝑄 = = 𝑚. ⃗⃗ e direção e sentido iguais aos da
𝑚.𝑣𝑣
velocidade.
𝑚
A unidade da quantidade de movimento é
o 𝑘𝑔. 𝑠 .

Teorema do Impulso
iii)
O Teorema do Impulso relaciona o impulso da força
resultante que atua sobre um corpo com a variação da
quantidade de movimento desse corpo. Em resumo, o
impulso da força resultante faz com que a quantidade de
movimento desse corpo varie. Assim: 𝐼⃗𝑅 = Δ𝑄 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖 Perfeitamente elásticos: choques nos quais ocorre
conservação da energia cinética
Conservação da Quantidade de Movimento Parcialmente elásticos: choques nos quais há dissipa-
ção parcial de energia cinética
Para enunciar o princípio de conservação da quanti- Perfeitamente inelásticos (anelásticos): choques nos
dade de movimento, é necessário definir o conceito de quais há máxima dissipação de energia mecânica. Após
NOÇÕES DE FÍSICA

sistema isolado. Um sistema isolado é todo sistema com- os choque os corpos permanecem unidos e possuem a
posto por mais de um corpo no qual não há atuação de mesma velocidade final, ou seja:
forças externas. Por isso o nome “isolado”, pois o sistema
é isolado de forças externas. Em um sistema isolado, há
somente forças internas ou, quando há forças externas
elas são tão pequenas que podem ser desprezadas.

15
#FicaDica
Se em algum exercício aparecer no enunciado algo como “após os choques os corpos têm a mesma
velocidade” ou “saem unidos após o choque”, trate o choque como inelástico. Vale atenção a termos
parecidos com esses nos enunciados em exercícios sobre choques.

Para caracterizar choques há uma grandeza denominada coeficiente de restituição (e) que corresponde à razão da
velocidade relativa de afastamento (depois do choque) e da velocidade relativa de aproximação (antes do choque). É
calculada por:
𝑣𝐵′ − 𝑣𝐴′
𝑒=
𝑣𝐴 − 𝑣𝐵

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (ENEM – 2016) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que
corpos de prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezivel. A figura ilustra um trilho horizontal com dois car-
rinhos (1 e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1,
de massa 150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em
que o carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante.
Os sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.

Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho 2 é igual a

a) 50,0 g
b) 250,0 g
c) 300,0 g
d) 450,0 g
e) 600,0 g

Resposta: Letra C. A questão trata de uma colisão inelástica, afinal os corpos saem juntos após o contato. Em qual-
quer colisão, a quantidade de movimento se conserva.
NOÇÕES DE FÍSICA

𝑄𝐴 = 𝑄𝐷 𝑚1 𝑉1
= 𝑚1 + 𝑚2 𝑉’150 � 15
= 𝑚1 + 𝑚2 � 5 𝑚1 + 𝑚2
= 450𝑔
Como o carrinho 1 possui massa de 150g, o carrinho 2 possui massa de 300g.

16
2. (IGP-RS – 2017) Um projétil, de 5g, é disparado por
uma pistola a uma velocidade de 350 m/s contra um alvo
metálico disposto sobre uma base móvel de massa total HORA DE PRATICAR!
de 65g. Sabendo que a bala fica alojada no alvo, despre-
zando a resistência do ar e supondo a distância de dispa- 1. (SAEB-BA – PROFESSOR – FÍSICA – CESPE – 2011)
ro suficientemente curta a ponto de ignorarmos efeitos
gravitacionais sobre a bala, qual a velocidade aproxima-
da do recuo do alvo? 

a) 23 m/s
b) 25 m/s
c) 27 m/s
d) 30 m/s
e) 32 m/s

Resposta: Letra B. Aplicando a conserva-


ção da quantidade de movimento, tem-se
que: 𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = 𝑚𝑎 𝑣´𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣´𝑏.
Como a bala se funde ao alvo, temos que:
𝑚𝑎 𝑣𝑎 + 𝑚𝑏 𝑣𝑏 = (𝑚𝑎 + 𝑚𝑏 )𝑣 . Como vb=0, tem-se
que: 5.350 = 5 + 65 𝑣´ → 𝑣´ = 25 𝑚 ⁄𝑠

Na figura acima, estão representados dois esquemas de


associação de molas: o primeiro é uma associação em
série e o segundo, uma associação em paralelo. K1 e K2
são as constantes elásticas das duas molas associadas.
Considerando que e Ks e Kp sejam as constantes elásti-
cas equivalentes da associação em série e da associação
em paralelo, respectivamente, então elas satisfazem às
seguintes condições:

a)

b)

c)

d)
NOÇÕES DE FÍSICA

17
2. (SEDUC-AL – PROFESSOR – FÍSICA – CESPE – 2018)
Acerca da mecânica newtoniana, julgue os itens a seguir. ANOTAÇÕES
O movimento circular uniforme é assim chamado por
não envolver aceleração.
________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
3. (SEDUC-AL – PROFESSOR – FÍSICA – CESPE – 2018)
_________________________________________________
Acerca da mecânica newtoniana, julgue os itens a seguir.
A função trabalho não pode ser definida para forças não _________________________________________________
conservativas como a força de atrito.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
4. (PARAUAPEBAS-PA – PROFESSOR – FÍSICA – CES-
_________________________________________________
PE – 2006) Torna-se mais fácil de explicar aos alunos o
conceito de trabalho quando se relaciona a variação da _________________________________________________
energia cinética de um objeto ao trabalho sobre esse
objeto realizado por uma força resultante. É essencial _________________________________________________
fazê-los compreender que o trabalho depende das di-
reções relativas entre as forças aplicadas no objeto e o _________________________________________________
seu deslocamento. Julgue os itens seguintes, que apre- _________________________________________________
sentam aplicações desse conceito e de suas implicações.
Considere que um objeto se desloque sobre uma super- _________________________________________________
fície horizontal. Nesse caso, a força normal exercida pela
superfície sobre o objeto não realiza trabalho. _________________________________________________

_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
5. (POLÍCIA CIENTÍFICA-PE – PAPILOSCOPISTA –
CESPE – 2016) Assinale a opção que apresenta associa- _________________________________________________
ção correta entre a grandeza física e sua unidade de base
correspondente, de acordo com o sistema internacional _________________________________________________
de pesos e medidas.
_________________________________________________
a) Corrente Elétrica: Candela _________________________________________________
b) Temperatura Termodinâmica: Kelvin
c) Quantidade de Substância: %/kg _________________________________________________
d) Intensidade Luminosa: Ampere
e) Massa: mol _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO
_________________________________________________
1 A _________________________________________________
2 ERRADO
_________________________________________________
3 ERRADO
_________________________________________________
4 CERTO
5 B _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
NOÇÕES DE FÍSICA

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

18
ÍNDICE

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética e moral............................................................................................................................................................................................................................... 01
Ética, princípios e valores....................................................................................................................................................................................................... 04
Ética e democracia: exercício da cidadania.................................................................................................................................................................... 06
Ética e função pública............................................................................................................................................................................................................. 09
Ética no setor público............................................................................................................................................................................................................. 12
Decreto nº 1.171/ 1994 (Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal).................................. 14
“Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido
ÉTICA E MORAL entendida como a ciência da conduta humana perante
o ser e seus semelhantes. Envolve, pois, os estudos de
aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a
consideração de valor como equivalente de uma medi-
A ética é composta por valores reais e presentes na ção do que é real e voluntarioso no campo das ações
sociedade, a partir do momento em que, por mais que às virtuosas”2.
vezes tais valores apareçam deturpados no contexto so- É difícil estabelecer um único significado para a
cial, não é possível falar em convivência humana se esses palavra ética, mas os conceitos acima contribuem para
forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se uma compreensão geral de seus fundamentos, de seu
os preceitos da Moral e o valor do justo (componente objeto de estudo.
ético do Direito). Quanto à etimologia da palavra ética: No grego exis-
Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas tem duas vogais para pronunciar e grafar a vogal e, uma
transformações sofridas pela sociedade através dos tem- breve, chamada épsilon, e uma longa, denominada eta.
pos provocaram uma variação no conceito de ética, por Éthos, escrita com a vogal longa, significa costume; po-
outro, não é possível negar que as questões que envol- rém, se escrita com a vogal breve, éthos, significa caráter,
vem o agir ético sempre estiveram presentes no pensa- índole natural, temperamento, conjunto das disposições
mento filosófico e social. físicas e psíquicas de uma pessoa. Nesse segundo sen-
Aliás, uma característica da ética é a sua imutabili- tido, éthos se refere às características pessoais de cada
dade: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje. um, as quais determinam que virtudes e que vícios cada
Por exemplo, respeitar o próximo nunca será considerada indivíduo é capaz de praticar (aquele que possuir todas
uma atitude antiética. Outra característica da ética é a sua as virtudes possuirá uma virtude plena, agindo estrita-
validade universal, no sentido de delimitar a diretriz do mente de maneira conforme à moral)3.
agir humano para todos os que vivem no mundo. Não há A ética passa por certa evolução natural através da
uma ética conforme cada época, cultura ou civilização. A história, mas uma breve observação do ideário de alguns
ética é uma só, válida para todos eternamente, de forma pensadores do passado permite perceber que ela é com-
imutável e definitiva, por mais que possam surgir novas posta por valores comuns desde sempre consagrados.
perspectivas a respeito de sua aplicação prática. Entre os elementos que compõem a Ética, destacam-
É possível dizer que as diretrizes éticas dirigem o -se a Moral e o Direito. Assim, a Moral não é a Ética, mas
comportamento humano e delimitam os abusos à liber- apenas parte dela. Neste sentido, Moral vem do grego
dade, estabelecendo deveres e direitos de ordem moral, Mos ou Morus, referindo-se exclusivamente ao regra-
sendo exemplos destas leis o respeito à dignidade das mento que determina a ação do indivíduo.
pessoas e aos princípios do direito natural, bem como a Assim, Moral e Ética não são sinônimos, não apenas
exigência de solidariedade e a prática da justiça1. pela Moral ser apenas uma parte da Ética, mas princi-
palmente porque enquanto a Moral é entendida como a
Conceitos alternativos de ética: prática, como a realização efetiva e cotidiana dos valores;
a Ética é entendida como uma “filosofia moral”, ou seja,
• Ciência do comportamento adequado dos homens como a reflexão sobre a moral. Moral é ação, Ética é re-
em sociedade, em consonância com a virtude. flexão.
• Disciplina normativa, não por criar normas, mas por
descobri-las e elucidá-las. Seu conteúdo mostra às
pessoas os valores e princípios que devem nortear ÉTICA MORAL
sua existência. • Mais ampla • Parte da ética
• Doutrina do valor do bem e da conduta humana
que tem por objetivo realizar este valor. • Teoria • Prática
• Saber discernir entre o devido e o indevido, o bom • Reflexão • Ação
e o mau, o bem e o mal, o correto e o incorreto, o
• Filosofia moral/ • Realização efetiva e
certo e o errado.
Doutrina cotidiana dos valores
• Fornece as regras fundamentais da conduta huma-
na. Delimita o exercício da atividade livre. Fixa os
usos e abusos da liberdade. No início do pensamento filosófico não prevalecia
• Doutrina do valor do bem e da conduta humana real distinção entre Direito e Moral, as discussões sobre
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

que o visa realizar. o agir ético envolviam essencialmente as noções de vir-


tude e de justiça, constituindo uma das dimensões da
virtude. Por exemplo, na Grécia antiga, berço do pensa-
mento filosófico, embora com variações de abordagem,
o conceito de ética aparece sempre ligado ao de virtude.

2 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2010.
1 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Di- 3 CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo:
reito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. Ática, 2005.

1
Aristóteles4, um dos principais filósofos deste mo- o prazer ou a dor, fatores geralmente relacionados ao
mento histórico, concentra seus pensamentos em algu- apetite, não são aptos para determinar uma lei prática,
mas bases: mas apenas uma máxima, de modo que é a razão pura
prática que determina o agir ético. Ou seja, se a razão
prevalecer, a escolha ética sempre será algo natural.
a) definição do bem supremo como sendo a felicida- Quando acabou a Segunda Guerra Mundial, perce-
de, que necessariamente ocorrerá por uma ativida- beu-se o quão graves haviam sido as suas consequências.
de da alma que leva ao princípio racional, de modo O pensamento filosófico ganhou novos rumos, retoman-
que a felicidade está ligada à virtude; do aspectos do passado, mas reforçando a dimensão co-
b) crença na bondade humana e na prevalência da letiva da ética. Maritain7, um dos redatores da Declaração
virtude sobre o apetite; Universal de Direitos Humanos de 1948, defendeu que o
c) reconhecimento da possibilidade de aquisição das homem ético é aquele que compõe a sociedade e busca
virtudes pela experiência e pelo hábito, isto é, pela torná-la mais justa e adequada ao ideário cristão. Assim,
prática constante; a atitude ética deve ser considerada de maneira coletiva,
d) afastamento da ideia de que um fim pudesse ser como impulsora da sociedade justa, embora partindo da
bom se utilizado um meio ruim. pessoa humana individualmente considerada como um
ser capaz de agir conforme os valores morais.
Já na Idade Média, os ideais éticos se identificaram Já a discussão sobre o conceito de justiça, intrínse-
com os religiosos. O homem viveria para conhecer, amar ca a do conceito de ética, embora sempre tenha estado
e servir a Deus, diretamente e em seus irmãos. Santo To- presente, com maior ou menor intensidade dependendo
más de Aquino5, um dos principais filósofos do período, do momento, possuiu diversos enfoques ao longo dos
lançou bases que até hoje são invocadas quando o tópi- tempos.
co em questão é a Ética: Pode-se considerar que, do pensamento grego até
o Renascimento, a justiça foi vista como uma virtude e
a) consideração do hábito como uma qualidade que não como uma característica do Direito. Por sua vez, no
deverá determinar as potências para o bem; Renascimento, o conceito de Ética foi bifurcado, reme-
b) estabelecimento da virtude como um hábito que tendo-se a Moral para o espaço privado e remanescendo
sozinho é capaz de produzir a potência perfeita, a justiça como elemento ético do espaço público. No en-
podendo ser intelectual, moral ou teologal – três tanto, como se denota pela teoria de Maquiavel8, o justo
virtudes que se relacionam porque não basta naquele tempo era tido como o que o soberano impu-
possuir uma virtude intelectual, capaz de levar ao nha (o rei poderia fazer o que bem entendesse e utilizar
conhecimento do bem, sem que exista a virtude quaisquer meios, desde que visasse um único fim, qual
moral, que irá controlar a faculdade apetitiva e seja o da manutenção do poder).
quebrar a resistência para que se obedeça à razão Posteriormente, no Iluminismo, retomou-se a discus-
são da justiça como um elemento similar à Moral, mas
(da mesma forma que somente existirá plenitude
inerente ao Direito, por exemplo, Kant9 defendeu que a
virtuosa com a existência das virtudes teologais); ciência do direito justo é aquela que se preocupa com o
c) presença da mediania como critério de determina- conhecimento da legislação e com o contexto social em
ção do agir virtuoso; que ela está inserida, sendo que sob o aspecto do con-
d) crença na existência de quatro virtudes cardeais – a teúdo seria inconcebível que o Direito prescrevesse algo
prudência, a justiça, a temperança e a fortaleza. contrário ao imperativo categórico da Moral kantiana.
Ainda, Locke, Montesquieu e Rousseau, em comum
No Iluminismo, Kant6 definiu a lei fundamental da ra- defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo
zão pura prática, que se resume no seguinte postulado:
suas ações limitadas pelos direitos dos cidadãos subme-
“age de tal modo que a máxima de tua vontade possa va- tidos ao regime estatal.
ler-te sempre como princípio de uma legislação univer- Tais pensamentos iluministas não foram plenamente
sal”. Mais do que não fazer ao outro o que não gostaria seguidos, de forma que se firmou a teoria jurídica do po-
que fosse feito a você, a máxima prescreve que o homem sitivismo, pela qual Direito é apenas o que a lei impõe
deve agir de tal modo que cada uma de suas atitudes re- (de modo que se uma lei for injusta nem por isso será
flita aquilo que se espera de todas as pessoas que vivem inválida), que somente foi abalada após o fim trágico da
em sociedade. O filósofo não nega que o homem poderá 2ª Guerra Mundial e a consolidação de um sistema glo-
ter alguma vontade ruim, mas defende que ele racional- bal de proteção de direitos humanos (criação da ONU
+ declaração universal de 1948). Com o ideário huma-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

mente irá agir bem, pela prevalência de uma lei prática


nista consolidou-se o Pós-positivismo, que junto consigo
máxima da razão que é o imperativo categórico. Por isso, trouxe uma valorização das normas principiológicas
4 ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução Pietro Nasset- do ordenamento jurídico, conferindo-as normativida-
ti. São Paulo: Martin Claret, 2006.
de.
5 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução
Aldo Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García 7 MARITAIN, Jacques. Humanismo integral. Tradução
Rodríguez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Afrânio Coutinho. 4. ed. São Paulo: Dominus Editora S/A, 1962.
Edição Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005. v. IV, parte II, seção 8 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nas-
I, questões 49 a 114. setti. São Paulo: Martin Claret, 2007.
6 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução 9 KANT, Immanuel. Doutrina do Direito. Tradução Edson
Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005. Bini. São Paulo: Ícone, 1993.

2
Assim, a concepção de uma base ética objetiva no Com efeito, a partir da segunda metade do século XX
comportamento das pessoas e nas múltiplas modalida- (pós-guerra), a razão jurídica é uma razão ética, funda-
des da vida social foi esquecida ou contestada por fortes da na garantia da intangibilidade da dignidade da pessoa
correntes do pensamento moderno. Concepções de ins- humana, na aquisição da igualdade entre as pessoas, na
piração positivista, relativista ou cética e políticas volta- busca da efetiva liberdade, na realização da justiça e na
das para o homo economicus passaram a desconsiderar a construção de uma consciência que preserve integral-
importância e a validade das normas de ordem ética no mente esses princípios.
campo da ciência e do comportamento dos homens, da Assim, as principais notas que distinguem Moral e Di-
sociedade da economia e do Estado. reito são:
No campo do Direito, as teorias positivistas que pre-
valeceram a partir do final do século XIX sustentavam
que só é direito aquilo que o poder dominante deter- Direito Moral
mina. Ética, valores humanos, justiça eram considerados Comportamento Comportamento
elementos estranhos ao Direito, extrajurídicos. Pensavam Exterioridade
exterior interior
com isso em construir uma ciência pura do direito e ga-
rantir a segurança das sociedades.10 Pode se exigir Não pode se exigir
Atualmente, entretanto, é quase universal a retoma- Exigibilidade a obrigação o cumprimento de
da dos estudos e exigências da ética na vida pública e derivada da lei obrigações morais
na vida privada, na administração e nos negócios, nas Sanções não
empresas e na escola, no esporte, na política, na justiça, Sanções aplicadas organizadas (ex.:
na comunicação. Neste contexto, é relevante destacar Coação
pelo Estado exclusão de um
que ainda há uma divisão entre a Moral e o Direito, que grupo social)
constituem dimensões do conceito de Ética, embora a
tendência seja que cada vez mais estas dimensões se jun-
tem, caminhando lado a lado. #FicaDica
Dentro desta distinção pode-se dizer que alguns au-
tores, entre eles Radbruch e Del Vechio são partidários de Os critérios que distinguem Moral e Direito
uma dicotomia rigorosa, na qual a Ética abrange apenas são:
a Moral e o Direito. Contudo, para autores como Miguel - Exterioridade – Ética é exterior, Moral é
Reale, as normas dos costumes e da etiqueta compõem a interior;
dimensão ética, não possuindo apenas caráter secundá-
- Exigibilidade – Direito é exigível, Moral
rio por existirem de forma autônoma, já que fazem parte
não;
do nosso viver comum.11
- Coação – Direito é coativo, Moral não –
o Direito exerce sua pressão social a partir
#FicaDica do centro ativo do Poder, a moral pressiona
pelo grupo social não organizado. Tanto no
• Posição 1 - Radbruch e Del Vechio - Ética Direito quanto na Moral existem sanções.
= Moral + Direito Elas somente são aplicadas de forma diver-
• Posição 2 - Miguel Reale - Ética = Moral + sa, sendo que somente o Direito aceita a
Direito + Costumes coação, que é a sanção aplicada pelo Es-
tado.

Para os fins da presente exposição, basta atentar O descumprimento das diretivas morais gera sanção,
para o binômio Moral-Direito como fator pacífico de e caso ele se encontre transposto para uma norma jurídi-
composição da Ética. Assim, nas duas posições adota- ca, gera coação (espécie de sanção aplicada pelo Estado).
das, uma das vertentes da Ética é a Moral, e a outra é o
Assim, violar uma lei ética não significa excluir a sua va-
Direito.
Tradicionalmente, os estudos consagrados às relações lidade. Por exemplo, matar alguém não torna matar uma
entre o Direito e a Moral se esforçam em distingui-los, ação correta, apenas gera a punição daquele que come-
nos seguintes termos: o direito rege o comportamento teu a violação. Neste sentido, explica Reale13: “No plano
exterior, a moral enfatiza a intenção; o direito estabelece das normas éticas, a contradição dos fatos não anula a
uma correlação entre os direitos e as obrigações, a moral validez dos preceitos: ao contrário, exatamente porque
prescreve deveres que não dão origem a direitos subje- a normatividade não se compreende sem fins de validez
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

tivos; o direito estabelece obrigações sancionadas pelo objetiva e estes têm sua fonte na liberdade espiritual, os
Poder, a moral escapa às sanções organizadas. Assim, as insucessos e as violações das normas conduzem à res-
principais notas que distinguem a Moral do Direito não ponsabilidade e à sanção, ou seja, à concreta afirmação
se referem propriamente ao conteúdo, pois é comum da ordenação normativa”.
que diretrizes morais sejam disciplinadas como normas Como se percebe, Ética e Moral são conceitos interli-
jurídicas.12 gados, mas a primeira é mais abrangente que a segunda,
10 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução porque pode abarcar outros elementos, como o Direito
João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
11 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: mantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Saraiva, 2002. 13 REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo:
12 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Er- Saraiva, 2002.

3
e os costumes. Todas as regras éticas são passíveis de Resposta: Certo. A moral é responsável por criar re-
alguma sanção, sendo que as incorporadas pelo Direito gras internas a um grupo social, que correspondem a
aceitam a coação, que é a sanção aplicada pelo Estado. normas e valores. Estas normas e valores são aceitos
Sob o aspecto do conteúdo, muitas das regras jurídicas como certos e errados de forma genérica e abstrata,
são compostas por postulados morais, isto é, envolvem de maneira consistente no grupo social. Assim, a mo-
os mesmos valores e exteriorizam os mesmos princípios. ral é interna, mas não significa que não possa ser ge-
neralizada, criando a moral de um grupo social.

EXERCÍCIOS COMENTADOS ÉTICA, PRINCÍPIOS E VALORES

1. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS


BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da
A área da filosofia do direito que estuda a ética é co-
Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida-
nhecida como axiologia, do grego “valor” + “estudo, tra-
dania, julgue o item seguinte. tado”. Por isso, a axiologia também é chamada de teoria
Uma vez que a moral se reveste de conteúdo mais dou- dos valores. Daí valores e princípios serem componentes
trinário e normativo que a ética, é correto afirmar que um da ética sob o aspecto da exteriorização de suas diretri-
dos fundamentos de existência da noção de moral seria zes. Em outras palavras, a mensagem que a ética pre-
a formação de uma base teórica para o estudo da ética. tende passar se encontra consubstanciada num conjunto
de valores, para cada qual corresponde um postulado
( ) CERTO ( ) ERRADO chamado princípio.
De uma maneira geral, a axiologia proporciona um
estudo dos padrões de valores dominantes na sociedade
que revelam princípios básicos. Valores e princípios, por
Resposta: Errado. A moral não se reveste de con- serem elementos que permitem a compreensão da ética,
teúdo mais doutrinário e normativo do que a ética, também se encontram presentes no estudo do Direito,
pelo contrário. Além disso, a moral não se fundamenta notadamente quando a posição dos juristas passou a ser
na necessidade de se formar uma base teórica para mais humanista e menos positivista (se preocupar mais
o estudo da ética, embora isso tenha ocorrido inva- com os valores inerentes à dignidade da pessoa humana
riavelmente, quando se observa a evolução histórica do que com o que a lei específica determina).
do conceito de ética e sua normalização através dos Os juristas, descontentes com uma concepção positi-
tempos. vista, estadística e formalista do Direito, insistem na im-
portância do elemento moral em seu funcionamento, no
papel que nele desempenham a boa e a má-fé, a inten-
2. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU- ção maldosa, os bons costumes e tantas outras noções
CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação cujo aspecto ético não pode ser desprezado. Algumas
a moral e ética, julgue o item a seguir. dessas regras foram promovidas à categoria de princí-
A ética é um ramo da filosofia que estuda a moral, os di- pios gerais do direito e alguns juristas não hesitam em
ferentes sistemas públicos de regras, seus fundamentos considerá-las obrigatórias, mesmo na ausência de uma
e suas características. legislação que lhes concedesse o estatuto formal de lei
positiva, tal como o princípio que afirma os direitos da
( ) CERTO ( ) ERRADO defesa. No entanto, a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro é expressa no sentido de aceitar a apli-
cação dos princípios gerais do Direito (artigo 4°).14
Resposta: Certo. A ética é ramo da filosofia e subdi- É inegável que o Direito possui forte cunho axiológico,
vide-se classicamente em Moral e Direito. Estuda não diante da existência de valores éticos e morais como
apenas a moral, mas os sistemas de regras, seus fun- diretrizes do ordenamento jurídico, e até mesmo como
damentos e suas características. meio de aplicação da norma. Assim, perante a Axiologia,
o Direito não deve ser interpretado somente sob uma
concepção formalista e positivista, sob pena de provocar
3. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTITU- violações ao princípio que justifica a sua criação e
CIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Com relação
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

estruturação: a justiça.
a moral e ética, julgue o item a seguir. Neste sentido, Montoro15 entende que o Direito é
Moral pode ser definida como todo o sistema público de uma ciência normativa ética: “A finalidade do direito
regras próprio de diferentes grupos sociais, que abrange é dirigir a conduta humana na vida social. É ordenar a
normas e valores que são aceitos e praticados, como cer- convivência de pessoas humanas. É dar normas ao agir,
tos e errados. para que cada pessoa tenha o que lhe é devido. É, em
14 PERELMAN, Chaïm. Ética e Direito. Tradução Maria Er-
( ) CERTO ( ) ERRADO mantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
15 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Di-
reito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

4
suma, dirigir a liberdade, no sentido da justiça. Insere-se, senso que todos os homens possuem (mesmo o corrupto
portanto, na categoria das ciências normativas do agir, sabe que está contrariando o agir esperado pela socieda-
também denominadas ciências éticas ou morais, em sen- de, tanto que esconde e nega sua conduta, geralmente).
tido amplo. Mas o Direito se ocupa dessa matéria sob um Todos estes valores morais se consolidam em princípios,
aspecto especial: o da justiça”. isto é, princípios são postulados determinantes dos valo-
A formação da ordem jurídica, visando a conservação res morais consagrados.
e o progresso da sociedade, se dá à luz de postulados Segundo Rizzatto Nunes18, “a importância da existên-
éticos. O Direito criado não apenas é irradiação de prin- cia e do cumprimento de imperativos morais está rela-
cípios morais como também força aliciada para a propa- cionada a duas questões: a) a de que tais imperativos
gação e respeitos desses princípios. buscam sempre a realização do Bem - ou da Justiça, da
Um dos principais conceitos que tradicionalmente Verdade etc., enfim valores positivos; b) a possibilidade
se relaciona à dimensão do justo no Direito é o de lei de transformação do ser - comportamento repetido e
natural. Lei natural é aquela inerente à humanidade, durável, aceito amplamente por todos (consenso) - em
independentemente da norma imposta, e que deve ser dever ser, pela verificação de certa tendência normativa
respeitada acima de tudo. O conceito de lei natural foi do real”.
fundamental para a estruturação dos direitos dos ho- Quando se fala em Direito, notadamente no direito
mens, ficando reconhecido que a pessoa humana possui constitucional e nas normas ordinárias que disciplinam
direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em qual- as atitudes esperadas da pessoa humana, percebem-se
os principais valores morais consolidados, na forma de
quer tempo e lugar, que devem ser respeitados por to-
princípios e regras expressos. Por exemplo, quando eu
dos os Estados e membros da sociedade.16
proíbo que um funcionário público receba uma vanta-
O Direito natural, na sua formulação clássica, não é
gem indevida para deixar de praticar um ato de interesse
um conjunto de normas paralelas e semelhantes às do do Estado, consolido os valores morais da bondade, da
Direito positivo, mas é o fundamento do Direito positivo. justiça e do respeito ao bem comum, prescrevendo a res-
É constituído por aquelas normas que servem de fun- pectiva norma.
damento a este, tais como: “deve se fazer o bem”, “dar Uma norma, conforme seu conteúdo mais ou me-
a cada um o que lhe é devido”, “a vida social deve ser nos amplo, pode refletir um valor moral por meio de um
conservada”, “os contratos devem ser observados” etc., princípio ou de uma regra. Quando digo que “todos são
normas essas que são de outra natureza e de estrutura iguais perante a lei [...]” (art. 5°, caput, CF) exteriorizo o
diferente das do Direito positivo, mas cujo conteúdo é a valor moral do tratamento digno a todos os homens, na
ele transposto, notadamente na Constituição Federal.17 forma de um princípio constitucional (princípio da igual-
Importa fundamentalmente ao Direito que, nas rela- dade). Por sua vez, quando proíbo um servidor público
ções sociais, uma ordem seja observada: que seja asse- de “Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
gurada individualmente cada coisa que for devida, isto é, indiretamente, ainda que fora da função ou antes de as-
que a justiça seja realizada. Podemos dizer que o objeto sumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou acei-
formal, isto é, o valor essencial, do direito é a justiça. tar promessa de tal vantagem” (art. 317, CP), estabeleço
No sistema jurídico brasileiro, estes princípios jurí- uma regra que traduz os valores morais da solidariedade
dicos fundamentais de cunho ético estão instituídos no e do respeito ao interesse coletivo. No entanto, sempre
sistema constitucional, isto é, firmados no texto da Cons- por trás de uma regra infraconstitucional haverá um prin-
tituição Federal. São os princípios constitucionais os mais cípio constitucional. No caso do exemplo do art. 317 do
importantes do arcabouço jurídico nacional, muitos deles CP, pode-se mencionar o princípio do bem comum (ob-
se referindo de forma específica à ética no setor público. jetivo da República segundo o art. 3º, IV, CF – “promover
O mais relevante princípio da ordem jurídica brasileira é o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,
o da dignidade da pessoa humana, que embasa todos cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”)
os demais princípios jurídico-constitucionais (artigo 1°, e o princípio da moralidade (art. 37, caput, CF, no que
III, CF). tange à Administração Pública).
Conforme Alexy19, a distinção entre regras e princí-
Claro, o Direito não é composto exclusivamente por
pios é uma distinção entre dois tipos de normas, for-
postulados éticos, já que muitas de suas normas não
necendo juízos concretos para o dever ser. A diferença
possuem qualquer cunho valorativo (por exemplo, uma
essencial é que princípios são normas de otimização, ao
norma que estabelece um prazo de 10 ou 15 dias não passo que regras são normas que são sempre satisfeitas
tem um valor que a acoberta). Contudo, o é em boa par- ou não. Se as regras se conflitam, uma será válida e outra
te. não. Se princípios colidem, um deles deve ceder, embo-
A Moral é composta por diversos valores - bom, ra não perca sua validade e nem exista fundamento em
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

correto, prudente, razoável, temperante, enfim, todas uma cláusula de exceção, ou seja, haverá razões suficien-
as qualidades esperadas daqueles que possam se dizer tes para que em um juízo de sopesamento (ponderação)
cumpridores da moral. É impossível esgotar um rol de um princípio prevaleça. Enquanto adepto da adoção de
valores morais, mas nem ao menos é preciso: basta um tal critério de equiparação normativa entre regras e prin-
olhar subjetivo para compreender o que se espera, num cípios, o jurista alemão Robert Alexy é colocado entre os
caso concreto, para que se consolide o agir moral - bom nomes do pós-positivismo.
16 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos:
um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. 18 NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Manual de introdução
das Letras, 2009. ao estudo do direito. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
17 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Di- 19 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tra-
reito. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. dução Virgílio Afonso da Silva. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.

5
Em resumo, valor é a característica genérica que com- d) A noção de validade é essencial ao reconhecimento
põe de alguma forma a ética (bondade, solidariedade, dos princípios porque estes devem ser sempre aplica-
respeito...) ao passo que princípio é a diretiva de ação es- dos de modo que seja feito o que preveem na íntegra,
perada daquele que atende certo valor ético (por exem- em todas as situações.
plo, não fazer ao outro o que não gostaria que fosse feito e) Os princípios são valores individuais oriundos de juízos
a você é um postulado que exterioriza o valor do respei- internos formulados por cada cidadão, valores estes
to; tratar a todos igualmente na medida de sua igualdade que serão tolerados se estiverem de acordo com os
é o postulado do princípio da igualdade que reflete os valores sociais.
valores da solidariedade e da justiça social). Por sua vez,
Resposta: Letra C. A alternativa correta é a “c”, pois
virtude é a característica que a pessoa possui coligada a
descreve de forma clara a função das regras de tra-
algum valor ético, ou seja, é a aptidão para agir conforme
zer comandos definitivos (com baixa margem de in-
algum dos valores morais (ser bondoso, ser solidário, ser terpretação, teor claro e preciso) e dos princípios de
temperante, ser magnânimo). trazerem mandamentos de otimização (ou seja, são o
Ética, Moral, Direito, princípios, virtudes e valores fundamento para a melhor interpretação das regras) e
são elementos constantemente correlatos, que se que podem ser graduados (colisões de princípios são
complementam e estruturam, delimitando o modo de resolvidas por critérios de ponderação, diferente do
agir esperado de todas as pessoas na vida social, bem conflito de normas, em que uma norma anula a outra
como preconizando quais os nortes para a atuação das – nos princípios, busca-se o equilíbrio).
instituições públicas e privadas. Basicamente, a ética é A alternativa “a” está errada porque no conflito entre
composta pela Moral e pelo Direito (ao menos em sua regras e princípios, prevalecem os princípios, justa-
parte principal), sendo que virtudes são características mente porque eles dão fundamento às regras.
que aqueles que agem conforme a ética (notadamente As alternativas “b” e “d” estão erradas porque é possí-
sob o aspecto Moral) possuem, as quais exteriorizam vel a aplicação parcial de um princípio.
valores éticos, a partir dos quais é possível extrair A alternativa “e” está errada porque os princípios são
postulados que são princípios. essencialmente gerais, não são formados em juízo in-
dividual.
#FicaDica
Regras são comandos definitivos, com teor ÉTICA E DEMOCRACIA: EXERCÍCIO DA
claro e preciso. CIDADANIA
Princípios são normas amplas, trazem man-
damentos de otimização.
Havendo conflito entre regras, a resolução Historicamente, nota-se que por volta de 800 a.C.
se dá por critérios de especialidade ou an- as comunidades de aldeias começaram a ceder lugar
terioridade. para unidades políticas maiores, surgindo as chamadas
Havendo conflito entre princípios, a reso- cidade-estado ou polis, como Tebas, Esparta e Atenas.
lução se dá por ponderação à luz dos prin- Inicialmente eram monarquias, transformaram-se em
cípios da razoabilidade e da proporciona- oligarquias e, por volta dos séculos V e VI a.C., tornaram-
lidade. -se democracias. As origens da chamada democracia se
encontram na Grécia antiga, sendo permitida a partici-
pação direta daqueles poucos que eram considerados
cidadãos, por meio da discussão na polis.
Democracia (do grego, “demo” + “kratos”) é um regi-
me de governo em que o poder de tomar decisões polí-
EXERCÍCIO COMENTADO ticas está com os cidadãos, de forma direta (quando um
cidadão se reúne com os demais e, juntos, eles tomam a
1.(PRF – AGENTE ADMINISTRATIVO – FUNCAB – decisão política) ou indireta (quando ao cidadão é dado
2014) É certo que os princípios se distinguem de valo- o poder de eleger um representante). Com efeito, é um
res e regras. Sobre os princípios e sua função, é correto regime de governo em que se garante a soberania po-
afirmar: pular, que pode ser conceituada como “a qualidade má-
xima do poder extraída da soma dos atributos de cada
a) Nem sempre os princípios devem ser aplicados em sua membro da sociedade estatal, encarregado de escolher
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

inteireza, pois, em caso de conflito entre regra e prin- os seus representantes no governo por meio do sufrágio
cípio, as regras predominam, em razão de sua supe- universal e do voto direto, secreto e igualitário”20.
rioridade normativa. Uma democracia pode existir num sistema presiden-
b) Os princípios são comandos definitivos que se aplicam cialista ou parlamentarista, republicano ou monárquico
ou não se aplicam em uma determinada situação, se- - somente importa que seja dado aos cidadãos o poder
gundo um parâmetro de “tudo ou nada”.
de tomar decisões políticas (por si só ou por seu repre-
c) Enquanto as regras são comandos definitivos, os prin-
sentante eleito).
cípios são normas de otimização, que comportam uma
ideia de gradação capaz de permitir sua aplicação de
20 BULOS, Uadi Lammêngo. Constituição federal anotada.
forma ponderada.
São Paulo: Saraiva, 2000.

6
Ninguém é obrigado a suportar desonestidades. A
#FicaDica cidadania tem um compromisso com a efetivação da
democracia participativa. E participar não é votar a cada
A principal classificação das democracias é eleição, não se interessar pelo andamento da política e
a que distingue a direta da indireta: até se esquecer de quem mereceu seu sufrágio.
a) direta, também chamada de pura, na Com efeito, participar é um direito de todo aquele
qual o cidadão expressa sua vontade por que é cidadão, consolidando o conceito de democracia
voto direto e individual em casa questão e reforçando os valores éticos de preservação do justo e
relevante; garantia do bem comum.
b) indireta, também chamada representa-
tiva, em que os cidadãos exercem indivi-
dualmente o direito de voto para escolher
representante(s) e aquele(s) que for(em)
#FicaDica
mais escolhido(s) representa(m) todos os Quem é cidadão? Cidadão, por sua vez, é
eleitores; o nacional, isto é, aquele que possui o vín-
c) semidireta, também conhecida como culo político-jurídico da nacionalidade com
participativa, em que se tem uma demo- o Estado, que goza de direitos políticos, ou
cracia representativa mesclada com pecu- seja, que pode votar e ser votado.
liaridades e atributos da democracia direta • Nacionalidade: é o vínculo jurídico-políti-
(sistema híbrido). co que liga um indivíduo a determinado Es-
tado, fazendo com que ele passe a integrar
o povo daquele Estado, desfrutando assim
de direitos e obrigações.
A democracia direta tornou-se cada vez mais difícil, • Povo: conjunto de pessoas que compõem
considerado o grande número de cidadãos, de modo o Estado, unidas pelo vínculo da naciona-
que a regra é a democracia indireta. Na Grécia Antiga, lidade.
encontra-se um raro exemplo de democracia direta, que • População: conjunto de pessoas residen-
somente era possível porque, embora a população fosse tes no Estado, nacionais ou não.
grande, a maioria não era composta de pessoas conside- • Direitos políticos: instrumentos por meio
radas como cidadãs, como mulheres, escravos e crianças, dos quais a Constituição Federal permite o
e somente os cidadãos tinham direito de participar do exercício da soberania popular, atribuindo
processo democrático. poderes aos cidadãos para que eles pos-
Contemporaneamente, o regime que mais se aproxi- sam interferir na condução da coisa pública
ma dos ideais de uma democracia direta é a democracia de forma direta ou indireta1.
semidireta da Suíça. Uma democracia semidireta é um
regime de democracia em que existe a combinação de 1 LENZA, Pedro. Curso de direito consti-
representação política com formas de democracia direta. tucional esquematizado. 15. ed. São Paulo: Sarai-
va, 2011.
Democracia é um conceito interligado à Ética no
que tange ao elemento da justiça, valor do Direito. Po-
de-se afirmar isto se considerados os três conceitos de Na disciplina constitucional, os direitos políticos ga-
Aristóteles sobre as dimensões da justiça (distributiva, rantidos àquele que é cidadão encontram-se disciplina-
comutativa e social), dos quais se origina a dimensão da dos nos artigos 14 e 15. O cidadão detém direitos políti-
justiça participativa. cos e, em regra, não poderá perdê-los, sofrendo apenas
Por esta dimensão da justiça participativa, resta des- eventualmente com suspensão.
pertada a consciência das pessoas para uma atitude de
agir, de falar, de atuar, de entrar na vida da comunidade
em que se vive ou trabalha. Enfim, busca despertar esta #FicaDica
consciência de que há uma obrigação de cada um para
com a sociedade de participar de forma consciente e livre Os direitos políticos somente são perdidos
e de se inteirar total e habitualmente na vida social que em dois casos, quais sejam: cancelamento
pertence. de naturalização por sentença transitada
Quem deve participar é quem vive na sociedade, é em julgado (o indivíduo naturalizado volta
o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao à condição de estrangeiro) e perda da na-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve cionalidade brasileira em virtude da aqui-
participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive sição de outra (brasileiro se naturaliza em
em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para partici-
outro país e assim deixa de ser considerado
par, o fato de não participar em si já é uma injustiça. Com
a ampliação do conceito de soberania e cidadania e, con- um cidadão brasileiro, perdendo direitos
sequentemente, da responsabilidade do cidadão, torna- políticos). Nota-se que não há perda de di-
-se ainda mais evidente esta necessidade de participar. reitos políticos pela prática de atos atenta-
A referência à justiça participativa, corolário do con- tórios contra a Administração Pública por
ceito de cidadania, é de fundamental importância para o parte do servidor, mas apenas suspensão.
elemento moral da noção de ética, no sentido de possi-
bilitar um agir voltado para o bem da sociedade.

7
A democracia brasileira adota a modalidade semi- Além da já mencionada ação popular – prevista no
direta, porque possibilita a participação popular direta artigo 5o, LXXIII, CF, segundo a qual “qualquer cidadão é
no poder por intermédio de processos como o plebiscito, parte legítima para propor ação popular que vise a anular
o referendo e a iniciativa popular. Contudo, a democra- ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
cia indireta que é predominantemente adotada no Brasil,
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
por meio do sufrágio universal (direito de todos de votar autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais
e de ser votado) e do voto direto e secreto com igual e do ônus da sucumbência” – merecem destaque as au-
valor para todos. diências e as consultas públicas.
A respeito da democracia brasileira, expõe Lenza21: “O objetivo maior das audiências é incentivar os pre-
“estamos diante da democracia semidireta ou participa- sentes na busca de soluções de problemas públicos. Po-
tiva, um ‘sistema híbrido’, uma democracia representati- dem servir como forma de coleta de mais informações ou
va, com peculiaridades e atributos da democracia direta. provas (depoimentos, pareceres de especialistas, docu-
Pode-se falar, então, em participação popular no poder mentos etc.) sobre determinados fatos. Também são rea-
por intermédio de um processo, no caso, o exercício da lizadas na definição de políticas públicas, bem como para
soberania que se instrumentaliza por meio do plebiscito, elaboração de projetos de lei, a realização de empreen-
referendo, iniciativa popular, bem como outras formas, dimentos que podem gerar impactos à cidade, à vida das
como a ação popular”. pessoas e ao meio ambiente. Além disso, as audiências
também podem ser feitas depois da implantação de po-
Destaca-se o caput do artigo 14: líticas, para discussão e avaliação de seus resultados e
impactos. Geralmente, a audiência é uma reunião com
duração de um período (manhã, tarde ou noite), coor-
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- denada pelo órgão competente ou em conjunto com
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor entidades da sociedade civil que a demandaram”23. As
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: consultas públicas possuem o mesmo objetivo, mas cos-
I - plebiscito; tumam ser feitas por outros veículos que não reuniões
II - referendo; presenciais, por exemplo, páginas oficiais de internet.
III - iniciativa popular. Há que se denotar, ainda, uma ampliação da pers-
pectiva de cidadania, vista não apenas como a partici-
O que diferencia o plebiscito do referendo é o mo- pação política nas vias tradicionais de poder como tam-
mento da consulta à população: no plebiscito, primeiro bém a participação na comunidade em que a pessoa está
se consulta a população e depois se toma a decisão po- inserida. Neste foco, impõe-se a cada indivíduo que se
lítica; no referendo, primeiro se toma a decisão política inclua socialmente e traga contribuições para a comu-
e depois se consulta a população. Embora os dois par- nidade em que está inserido, nos aspectos ambientais
tam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado, e sociais. Se inserem neste campo os projetos sociais
ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), desenvolvidos internamente em cada comunidade, bus-
ambos por meio de decreto legislativo. O que os asseme- cando contribuir para o desenvolvimento de seus mem-
lha é que os dois são “formas de consulta ao povo para bros, como crianças, adolescentes, idosos, dependentes
que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de químicos, mulheres, famílias, trabalhadores desemprega-
natureza constitucional, legislativa ou administrativa”22. dos, etc.
Na iniciativa popular, confere-se à população o poder
de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3% #FicaDica
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê Democracia – pode ser direta (exercida
o artigo 61, § 2°, CF:
pelos cidadãos), indireta (exercida por re-
Art. 61, § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela presentantes) ou semidireta (mesclando os
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de dois, como no Brasil).
lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitora- Cidadão – É direito e dever participar. A
do nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, cidadania tem uma dimensão ética, sen-
com não menos de três décimos por cento dos eleito- do incumbência de cada um se integrar na
res de cada um deles. vida da comunidade em que se insere. Não
basta votar ou exercer as vias legais da par-
Entretanto, os mecanismos enumerados no artigo ticipação direta. É preciso se integrar na co-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

14, CF não são os únicos que contemplam possibilida- munidade e contribuir para que ela avance,
des de participação direta no poder político por parte garantindo o bem a todos.
do cidadão brasileiro. Ao longo do texto constitucional e
de legislações infraconstitucionais despontam inúmeros
outros mecanismos que exteriorizam uma relação cada
vez mais próxima entre o Estado e a sociedade civil.
21 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque-
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esque- 23 https://www.politize.com.br/audiencias-publicas-como-
matizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. -participar/

8
terioriza os valores estatais, sendo que o Estado é o ente
que possui a maior necessidade de respeito à ética. Por
EXERCÍCIOS COMENTADOS isso, o servidor além de poder incidir em ato de improbi-
dade administrativa (cível), poderá praticar crime contra
1. (ANTAQ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – a Administração Pública (penal). Então, a ética profissio-
2014) No que diz respeito à democracia, julgue o item nal daquele que serve algum interesse estatal deve ser
abaixo. ainda mais consolidada.
Em uma sociedade democrática, permite-se a criação de Se a Ética, num sentido amplo, é composta por ao
novos direitos e considera-se legítimo o conflito. menos dois elementos - a Moral e o Direito (justo); no
caso da disciplina da Ética no Setor Público a expressão é
( ) CERTO ( ) ERRADO adotada num sentido estrito - ética corresponde ao valor
do justo, previsto no Direito vigente, o qual é estabeleci-
Resposta: Certo. A criação e a emergência de novos do com um olhar atento às prescrições da Moral para a
direitos num processo histórico fazem parte da vivên- vida social. Em outras palavras, quando se fala em ética
cia de uma sociedade democrática, aberta à alteração no âmbito dos interesses do Estado não se deve pensar
de suas normas, inclusive para a ampliação de direi- apenas na Moral, mas sim em efetivas normas jurídicas
tos fundamentais. É da essência da democracia, ainda, que a regulamentam, o que permite a aplicação de san-
a possibilidade de conflitos ideológicos, garantido o ções. Veja o organograma:
pluralismo do pensamento, inclusive e notadamente
o político.

2. (MPU – ANALISTA DO MPU – CONHECIMENTOS


BÁSICOS – CESPE – 2015) Com base nas disposições da
Lei nº 8.429/1992 e nos preceitos de ética, moral e cida-
dania, julgue o item seguinte.
O exercício da cidadania sofre influência das questões
éticas e morais que moldam o comportamento individual
do cidadão. Isso porque o conjunto das condutas indivi-
duais compõe o comportamento de determinado grupo
social, do qual são extraídas as demandas que subsidiam
a adoção de políticas públicas e a concretização de direi-
tos sociais.

( ) CERTO ( ) ERRADO
As regras éticas do setor público são mais do que
Resposta: Certo. Cidadania é um conceito estri- regulamentos morais, são normas jurídicas e, como tais,
tamente relacionado à ética, no sentido de impor a passíveis de coação. A desobediência ao princípio da
cada indivíduo que se inclua socialmente e traga con- moralidade caracteriza ato de improbidade administra-
tribuições para a comunidade em que está inserido. tiva, sujeitando o servidor às penas previstas em lei. Da
Assim, na relação entre ética e cidadania pensa-se mesma forma, o seu comportamento em relação ao Có-
no indivíduo como parte de um todo. Suas condutas digo de Ética pode gerar benefícios, como promoções, e
pertencem ao grupo social, pois nele está inserido. A prejuízos, como censura e outras penas administrativas.
observação das necessidades dos coletivos, que são A disciplina constitucional é expressa no sentido de pres-
os grupos sociais, permite delimitar políticas públicas crever a moralidade como um dos princípios fundadores
e concretizar direitos sociais para além da perspectiva da atuação da administração pública direta e indireta,
individual. bem como outros princípios correlatos. Logo, o Estado
brasileiro deve se conduzir moralmente por vontade ex-
pressa do constituinte, sendo que à imoralidade adminis-
ÉTICA E FUNÇÃO PÚBLICA trativa aplicam-se sanções.
Assim, tem-se que a obediência à ética não deve se
dar somente no âmbito da vida particular, mas também
na atuação profissional, principalmente se tal atuação se
der no âmbito estatal, caso em que haverá coação. O Es-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

Quando se fala em ética na função pública, não se


tado é a forma social mais abrangente, a sociedade de
trata do simples respeito à moral social: a obrigação ética
fins gerais que permite o desenvolvimento, em seu seio,
no setor público vai além e encontra-se disciplinada em das individualidades e das demais sociedades, chamadas
detalhes na legislação, tanto na esfera constitucional (no- de fins particulares. O Estado, como pessoa, é uma ficção,
tadamente no artigo 37) quanto na ordinária (em que se é um arranjo formulado pelos homens para organizar a
destaca a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade Adminis- sociedade de disciplinar o poder visando que todos pos-
trativa, a qual traz um amplo conceito de funcionário pú- sam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades
blico no qual podem ser incluídos os servidores do Banco particulares.24
do Brasil). Ocorre que o funcionário de uma instituição
24 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed.
financeira da qual o Estado participe de certo modo ex- São Paulo: Método, 2011.

9
O Estado tem um valor ético, de modo que sua Em geral, as diretivas a respeito do comportamento
atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não é pro- profissional ético podem ser bem resumidas em alguns
priamente o Estado que é aético, porque ele é composto princípios basilares.
por homens. Assim, falta ética ou não aos homens que Segundo Nalini26, o princípio fundamental seria o de
o compõe. Ou seja, o bom comportamento profissional agir de acordo com a ciência, se mantendo sempre atua-
do funcionário público é uma questão ligada à ética no lizado, e de acordo com a consciência, sabendo de seu
serviço público, pois se os homens que compõe a estru- dever ético; tomando-se como princípios específicos:
tura do Estado tomam uma atitude correta perante os
ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do • Princípio da conduta ilibada - conduta irrepreensível
valor ético do Estado. na vida pública e na vida particular.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções espe- • Princípio da dignidade e do decoro profissional - agir
cíficas dentro da administração pública, passando a de- da melhor maneira esperada em sua profissão e
sempenhar um papel de fundamental interesse para o fora dela, com técnica, justiça e discrição.
Estado. Quando estiver nesta condição, mais ainda, será • Princípio da incompatibilidade - não se deve acumu-
exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é responsá- lar funções incompatíveis.
vel pela manutenção da sociedade, que espera dele uma • Princípio da correção profissional - atuação com
conduta ilibada e transparente. transparência e em prol da justiça.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor pú- • Princípio do coleguismo - ciência de que você e
blico, passa a ser uma extensão daquilo que o Estado todos os demais operadores do Direito querem a
representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao mesma coisa, realizar a justiça.
máximo todos os consagrados preceitos éticos. • Princípio da diligência - agir com zelo e escrúpulo
Todas as profissões reclamam um agir ético dos que em todas funções.
a exercem, o qual geralmente se encontra consubstan- • Princípio do desinteresse - relegar a ambição pessoal
ciado em Códigos de Ética diversos atribuídos a cada para buscar o interesse da justiça.
categoria profissional. No caso das profissões na esfera • Princípio da confiança - cada profissional de Direito
pública, esta exigência se amplia. é dotado de atributos personalíssimos e intransfe-
Não se trata do simples respeito à moral social: a ríveis, sendo escolhido por causa deles, de forma
obrigação ética no setor público vai além e encontra-se que a relação estabelecida entre aquele que busca
disciplinada em detalhes na legislação, tanto na esfera o serviço e o profissional é de confiança.
constitucional (notadamente no artigo 37) quanto na • Princípio da fidelidade - Fidelidade à causa da justi-
ordinária (em que se destacam o Decreto n° 1.171/94 - ça, aos valores constitucionais, à verdade, à trans-
Código de Ética - a Lei n° 8.429/92 - Lei de Improbidade parência.
Administrativa - e a Lei n° 8.112/90 - regime jurídico dos • Princípio da independência profissional - a maior au-
servidores públicos civis na esfera federal). tonomia no exercício da profissão do operador do
Em verdade, “[...] a profissão, como exercício habitual Direito não deve impedir o caráter ético.
de uma tarefa, a serviço de outras pessoas, insere-se no • Princípio da reserva - deve-se guardar segredo so-
complexo da sociedade como uma atividade específica. bre as informações que acessa no exercício da pro-
Trazendo tal prática benefícios recíprocos a quem a pra- fissão.
tica e a quem recebe o fruto do trabalho, também exige, • Princípio da lealdade e da verdade - agir com boa-fé
nessas relações, a preservação de uma conduta condi- e de forma correta, com lealdade processual.
zente com os princípios éticos específicos. O grupamen- • Princípio da discricionariedade - geralmente, o pro-
to de profissionais que exercem o mesmo ofício termina fissional do Direito é liberal, exercendo com boa
por criar as distintas classes profissionais e também a autonomia sua profissão.
conduta pertinente. Existem aspectos claros de observa- • Outros princípios éticos, como informação, solida-
ção do comportamento, nas diversas esferas em que ele riedade, cidadania, residência, localização, conti-
se processa: perante o conhecimento, perante o cliente, nuidade da profissão, liberdade profissional, fun-
perante o colega, perante a classe, perante a sociedade, ção social da profissão, severidade consigo mesmo,
perante a pátria, perante a própria humanidade como defesa das prerrogativas, moderação e tolerância.
conceito global”25. Todos estes aspectos serão considera- O rol acima é apenas um pequeno exemplo de atitu-
dos em termos de conduta ética esperada. des que podem ser esperadas do profissional, mas assim
como é difícil delimitar um conceito de ética, é complica-
do estabelecer exatamente quais as condutas esperadas
#FicaDica de um servidor: melhor mesmo é observar o caso concre-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

to e ponderar com razoabilidade.


O agente público é uma extensão do Es- Em suma, respeitar a ética profissional é ter em mente
tado e representa a sua vontade. Por isso os princípios éticos consagrados em sociedade, fazendo
mesmo, deve se guiar pelos mesmos prin- com que cada atividade desempenhada no exercício da
cípios que ele se guia, conforme o manda- profissão exteriorize tais postulados, inclusive direcio-
mento constitucional. nando os rumos da ética empresarial na escolha de dire-
trizes e políticas institucionais.
25 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: 26 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São
Atlas, 2010. Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

10
O funcionário que busca efetuar uma gestão ética se ser obedecidas, caso em que a medida cabível é levar a
guia por determinados mandamentos de ação, os quais questão para as autoridades responsáveis pelo controle
valem tanto para a esfera pública quanto para a privada, da ética da instituição. Cada atividade deve ser desem-
embora a punição dos que violam ditames éticos no âm- penhada da melhor maneira possível, isto é, não se pode
bito do interesse estatal seja mais rigorosa. deixar de praticá-la corretamente por ser mais trabalho-
Neste sentido, destacam-se os dez mandamentos da so (por negligência entende-se uma omissão perigosa).
No tratamento dos demais colegas e do público, o fun-
gestão ética nas empresas públicas:
cionário deve ser cordial e ético, embora somente assim
estará contribuindo para a gestão ética da empresa.
PRIMEIRO: “Amar a verdade, a lealdade, a probidade e
a responsabilidade como fundamentos de dignidade pes- SEXTO: “Agir, na vida pessoal e funcional, com dignida-
soal”. de, decoro, zelo, eficácia e moralidade”.
Significa desempenhar suas funções com transparên- O bom comportamento não deve se fazer presente
cia, de forma honesta e responsável, sendo leal à institui- somente no exercício das funções. Cabe ao funcionário
ção. O funcionário deve se portar de forma digna, exte- se portar bem quando estiver em sua vida privada, na
riorizando virtudes em suas ações. convivência com seus amigos e familiares, bem como
nos momentos de lazer. Por melhor que seja como fun-
SEGUNDO: “Respeitar a dignidade da pessoa humana”. cionário, não será aceito aquele que, por exemplo, for
A expressão “dignidade da pessoa humana” está esta- visto frequentemente embriagado ou for sempre denun-
belecida na Constituição Federal Brasileira, em seu art. 3º, ciado por violência doméstica.
Dignidade é a característica que incorpora todas as
III, como um dos fundamentos da República Federativa
demais, significando o bom comportamento enquanto
do Brasil. Ao adotar um significado mínimo apreendido
pessoa humana, tratando os outros como gosta de ser
no discurso antropocentrista do humanismo, a expres- tratado. Decoro significa discrição, aparecer o mínimo
são valoriza o ser humano, considerando este o centro possível, não se vangloriar com base em feitos institucio-
da criação, o ser mais elevado que habita o planeta, o nais. Zelo quer dizer cuidado, cautela, para que as ativi-
que justifica a grande consideração pelo Estado e pelos dades sempre sejam desempenhadas do melhor modo.
outros seres humanos na sua generalidade em relação Eficácia remete ao dever de fazer com que suas ativida-
a ele. Respeitar a dignidade da pessoa humana significa des atinjam o fim para o qual foram praticadas, isto é,
tomar o homem como valor-fonte para todas as ações e que não sejam abandonadas pela metade. Moralidade
escolhas, inclusive na atuação empresarial. significa respeitar os ditames morais, mais que jurídicos,
que exteriorizam os valores tradicionais consolidados na
TERCEIRO: “Ser justo e imparcial no julgamento dos sociedade através dos tempos.
atos e na apreciação do mérito dos subordinados”.
SÉTIMO: “Jamais tratar mal ou deixar à espera de solu-
Retoma-se a questão dos planos de carreira, que ex-
ção uma pessoa que busca perante a Administração Públi-
teriorizam a imparcialidade e a impessoalidade na es-
ca satisfazer um direito que acredita ser legítimo”.
colha dos que deverão ser promovidos, a qual se fará O bom atendimento do público é necessário para que
exclusivamente com base no mérito. Não se pode to- uma gestão possa ser considerada ética. Aquele que tem
mar questões pessoais, como desavenças ou afinidades, um direito merece ser ouvido, não pode ser deixado de
quando o julgamento se faz sobre a ação de um funcio- lado pelo funcionário, esperando por horas uma solução.
nário - se agiu bem, merece ser recompensado; se agiu Mesmo que a pessoa esteja errada, isto deve ser escla-
mal, deve ser punido. recido, de forma que a confiabilidade na instituição não
fique abalada.
QUARTO: “Zelar pelo preparo próprio, moral, intelec- OITAVO: “Cumprir e fazer cumprir as leis, os regula-
tual e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o mentos, as instruções e as ordens das autoridades a que
cumprimento da missão institucional”. estiver subordinado”.
A missão institucional envolve a obtenção de lucros, O Direito é uma das facetas mais relevantes da Ética
em regra, mas sempre aliada à promoção da ética. Na porque exterioriza o valor do justo e o seu cumprimento
missão institucional serão estabelecidas determinadas é essencial para que a gestão ética seja efetiva.
metas para a empresa, que deverão ser buscadas pe-
los funcionários. Para tanto, cada um deve se preocupar NONO: “Agir dentro da lei e da sua competência, aten-
com o aperfeiçoamento de suas capacidades, tornando- to à finalidade do serviço público”.
-se paulatinamente um melhor funcionário, por exemplo, Não basta cumprir o Direito, é preciso respeitar a di-
buscando cursos e estudando técnicas.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

visão de funções feitas com o objetivo de otimizar as ati-


vidades desempenhadas.
QUINTO: “Acatar as ordens legais, não ser negligente e
trabalhar em harmonia com a estrutura do órgão, respei-
tando a hierarquia, seus colegas e cada concidadão, cola- DÉCIMO: “Buscar o bem-comum, extraído do equilíbrio
borando e aceitando colaboração”. entre a legalidade e finalidade do ato administrativo a ser
Existe uma hierarquia para que as funções sejam de- praticado”.
sempenhadas da melhor maneira possível, pois a desor- Bem comum é o bem de toda a coletividade e não
dem não permite que as atividades se encadeiem e se de um só indivíduo. Este conceito exterioriza a dimensão
enlacem, gerando perda de tempo e desperdício de re- coletiva da ética. Maritain27 apontou as características es-
cursos. Não significa que ordens contrárias à ética devam
27 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natu-

11
senciais do bem comum: redistribuição, pela qual o bem 3. (MPU – TÉCNICO DO MPU – SEGURANÇA INSTI-
comum deve ser redistribuído às pessoas e colaborar TUCIONAL E TRANSPORTE – CESPE – 2015) Acerca de
para o desenvolvimento delas; respeito à autoridade na ética deontológica e de ética e democracia, julgue o pró-
sociedade, pois a autoridade é necessária para conduzir ximo item.
a comunidade de pessoas humanas para o bem comum; Ser honesto e verdadeiro e cumprir promessas são con-
moralidade, que constitui a retidão de vida, sendo a jus- siderados princípios éticos.
tiça e a retidão moral elementos essenciais do bem co-
mum. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Não pode ser considerada conduta


#FicaDica ética ser desonesto e mentir, ou então deixar de cum-
prir promessas feitas licitamente. Assim, honestidade
A partir da consagração do princípio da e seriedade são primados éticos que devem ser cum-
moralidade, é possível afirmar que agir de pridos no exercício da função pública.
forma ética no desempenho de funções
públicas não é questão de mera morali-
dade, mas verdadeiramente jurídica, com
arcabouço legal, notadamente, Decreto ÉTICA NO SETOR PÚBLICO
nº 1.171/1994, Lei nº 8.112/1990, Lei nº
8.429/1992. Obedecer aos ditames da ética
é verdadeiro dever funcional do servidor,
O paradigma da Ética Pública parte da noção de liber-
o qual, se desobedecido, pode gerar puni-
dade social, envolta nos valores da segurança, igualdade
ções.
e solidariedade. Neste sentido, cada pessoa deve ter es-
paço para exercer individualmente sua liberdade moral,
cabendo à ética pública garantir que os indivíduos que
vivem em sociedade realizem projetos morais individuais.
A Ética Pública pode ser vista sob o aspecto da mo-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ralidade crítica e sob o aspecto da moralidade legaliza-
da: quando se estuda a lei posta ou a ausência de lei e
1. (TRT 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – PSICO- questiona-se a falta de justiça, há uma moralidade crítica;
LOGIA – CESPE – 2008) Com relação à ética nas organi- quando a regra justa é incorporada ao Direito, há mora-
zações, julgue os itens a seguir. lidade legalizada ou positivada.
As escolhas dos dirigentes, perante dilemas éticos, são Sobre a Ética Pública, explica Nalini28: “Ética é sempre
influenciadas por fatores de ordem individual, como ida- ética, poder-se-ia afirmar. Ser ético é obrigação de to-
de, grau de instrução, valores morais, que são parâme- dos. Seja no exercício de alguma atividade estatal, seja
tros decisivos no processo de tomada de decisão. no comportamento individual. Mas pode-se falar em éti-
ca realçada quando se atua num universo mais amplo,
( ) CERTO ( ) ERRADO de interesse de todos. Existe, pois, uma Ética Pública, e
Resposta: Certo. As escolhas dos gestores, quando apura-se o seu sentido em contraposição com o de Ética
enfrentam dilemas éticos, são também influenciadas Privada. Um nome pelo qual a Ética Pública tem sido co-
por fatores de ordem individual, que podem ser deci-
sivos no processo de tomada de decisão e são válidos, nhecida é o da justiça”.
cabendo na margem de discricionariedade dos atos Assim, ética pública seria a moral incorporada ao Di-
administrativos, podendo abranger aspectos como reito, consolidando o valor do justo. Diante da relevância
gênero, idade, grau de instrução, orientações filosófi- social de que a Ética se faça presente no exercício das ati-
cas ou valores morais. vidades públicas, as regras éticas para a vida pública são
mais do que regras morais, são regras jurídicas estabe-
2. (TRT 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – PSICO- lecidas em diversos diplomas do ordenamento, possibi-
LOGIA – CESPE – 2008) Com relação à ética nas organi- litando a coação em caso de infração por parte daqueles
zações, julgue os itens a seguir. que desempenham a função pública.
O comportamento ético da organização independe da Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
filosofia pessoal e dos processos cognitivos de decisão
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-


de seus dirigentes.
vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
( ) CERTO ( ) ERRADO riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
estabelecidos na Constituição Federal e em legislações
Resposta: Errado. A cultura estabelecida no âmbito infraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas
de uma empresa e a forma como o dirigente lida com neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
seus funcionários interfere no comportamento da or- 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
ganização. Tudo isso é matéria da cultura organizacio-
nal, em seu aspecto ético. 28 NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 8. ed. São
ral. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967. Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

12
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no de modo que enquanto o descumprimento dos
setor público partem da Constituição Federal, que esta- preceitos morais por parte deste particular não é
belece alguns princípios fundamentais para a ética no se- punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí-
tor público. Em outras palavras, é o texto constitucional dico adota tratamento rigoroso do comportamen-
to imoral por parte dos representantes do Estado.
do artigo 37, especialmente o caput, que permite a com-
O princípio da moralidade deve se fazer presente
preensão de boa parte do conteúdo das leis específicas, não só para com os administrados, mas também
porque possui um caráter amplo ao preconizar os princí- no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado
pios fundamentais da administração pública. Estabelece à noção de bom administrador, que não somente
a Constituição Federal: deve ser conhecedor da lei, mas também dos prin-
cípios éticos regentes da função administrativa.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca liga-
ção com os dois princípios anteriores.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
d) Princípio da publicidade: A administração pública
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- é obrigada a manter transparência em relação a to-
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...] dos seus atos e a todas informações armazenadas
É de fundamental importância um olhar atento ao nos seus bancos de dados. Daí a publicação em
significado de cada um destes princípios, posto que eles órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por
estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de exemplo, a própria expressão “concurso público”
Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos de-
vem tomar conhecimento do processo seletivo de
como base os ensinamentos de Carvalho Filho29 e Spit-
servidores do Estado. Diante disso, como será vis-
zcovsky30: to, se negar indevidamente a fornecer informações
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- ao administrado caracteriza ato de improbidade
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei administrativa. Somente pela publicidade os indi-
não proíbe. Contudo, como a administração públi- víduos controlarão a legalidade e a eficiência dos
ca representa os interesses da coletividade, ela se atos administrativos. Os instrumentos para prote-
sujeita a uma relação de subordinação, pela qual ção são o direito de petição e as certidões (art. 5°,
só poderá fazer o que a lei expressamente deter- XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente
- do mandado de segurança.
mina (assim, na esfera estatal, é preciso lei ante-
e) Princípio da eficiência: A administração pública
rior editando a matéria para que seja preservado o deve manter o ampliar a qualidade de seus servi-
princípio da legalidade). A origem deste princípio ços com controle de gastos. Isso envolve eficiência
está na criação do Estado de Direito, no sentido ao contratar pessoas (o concurso público selecio-
de que o próprio Estado deve respeitar as leis que na os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
dita. manter tais pessoas em seus cargos (pois é possí-
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos in- vel exonerar um servidor público por ineficiência)
teresses que representa, a administração pública e ao controlar gastos (limitando o teto de remu-
neração), por exemplo. O núcleo deste princípio
está proibida de promover discriminações gratui-
é a procura por produtividade e economicidade.
tas. Discriminar é tratar alguém de forma diferente
Alcança os serviços públicos e os serviços adminis-
dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segun-
trativos internos, se referindo diretamente à con-
do este princípio, a administração pública deve tra- duta dos agentes.
tar igualmente todos aqueles que se encontrem na Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po-
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im- dem ser apontados como princípios de natureza ética re-
pessoalidade no que tange à contratação de servi- lacionados à função pública a probidade e a motivação:
ços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se a) Princípio da probidade:  um princípio
ao princípio da finalidade, pelo qual o alvo a ser constitucional incluído dentro dos princípios
alcançado pela administração pública é somente o específicos da licitação, é o dever de todo o
interesse público. Com efeito, o interesse particular administrador público, o dever de honestidade
não pode influenciar no tratamento das pessoas, e fidelidade com o Estado, com a população, no
já que se deve buscar somente a preservação do desempenho de suas funções. Possui contornos
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

interesse coletivo. mais definidos do que a moralidade. Diógenes


c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- Gasparini31 alerta que alguns autores tratam como
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimen- distintos os princípios da moralidade e da probida-
to de uma espécie de moralidade administrativa, de administrativa, mas não há  características que
intimamente relacionada ao poder público. A ad- permitam tratar os mesmos como procedimentos
ministração pública não atua como um particular, distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
probidade administrativa é um aspecto particular
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito da moralidade administrativa.
administrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
30 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. 31 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed.
São Paulo: Método, 2011. São Paulo: Saraiva, 2004.

13
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida 2. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –
ao administrador de motivar todos os atos que 2016) Com referência à Constituição Federal de 1988 e
edita, gerais ou de efeitos concretos. É considera- às disposições nela inscritas relativamente a direitos so-
do, entre os demais princípios, um dos mais impor- ciais e políticos, administração pública e servidores públi-
tantes, uma vez que sem a motivação não há o de- cos, julgue o item subsequente.
vido processo legal, uma vez que a fundamentação Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
surge como meio interpretativo da decisão que le- eficiência são princípios aplicáveis exclusivamente à ad-
vou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro ministração pública federal: eles não se aplicam à admi-
meio de viabilização do controle da legalidade dos nistração pública dos estados, do Distrito Federal nem
atos da Administração. Motivar significa mencio- dos municípios.
nar o dispositivo legal aplicável ao caso concreto
e relacionar os fatos que concretamente levaram à
( ) CERTO ( ) ERRADO
aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos
administrativos devem ser motivados para que o
Judiciário possa controlar o mérito do ato adminis- Resposta: Errado. Nos termos do artigo 37, caput, CF:
trativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse “A administração pública direta e indireta de qualquer
controle, devem ser observados os motivos dos dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
atos administrativos. deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: [...]”.
#FicaDica
São princípios da administração pública, 3. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA – CESPE
nesta ordem: – 2015) No que diz respeito à organização dos poderes,
Legalidade ao princípio da legalidade e ao controle dos atos admi-
Impessoalidade nistrativos, julgue (C ou E) o seguinte item.
Moralidade O princípio da legalidade consiste em estatuir que a re-
Publicidade gulamentação de determinadas matérias há de fazer-se
Eficiência necessariamente por lei formal, e não por quaisquer ou-
Para memorizar: veja que as iniciais das pa- tras fontes normativas.
lavras formam o vocábulo LIMPE, que re-
mete à limpeza esperada da Administração ( ) CERTO ( ) ERRADO
Pública.
Resposta: Errado. A legalidade pode emanar de di-
versas fontes de regulação, por exemplo, Decretos,
Regulamentos, Portarias.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
DECRETO Nº 1.171/1994 (CÓDIGO DE ÉTICA
1. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA – CES- PROFISSIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO
PE – 2017) Com relação à classificação da Constituição CIVIL DO PODER EXECUTIVO FEDERAL)
Federal de 1988, ao controle de constitucionalidade e à
atividade administrativa do Estado brasileiro, julgue (C
ou E) o item que se segue. DECRETO N° 1.171 DE 22 DE JUNHO DE 1994
O princípio da impessoalidade, que consagra a ideia de
que o poder público deve dispensar tratamento isonô- Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
mico e impessoal aos particulares, deve ser entendido de blico Civil do Poder Executivo Federal.
forma absoluta, já que não comporta exceções ou trata-
mentos diferenciados pela administração.
Consolidando um padrão de comportamento ético,
( ) CERTO ( ) ERRADO merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-


cutivo Federal), o qual será estudado a partir deste ponto.
Resposta: Errado. Em alguns casos, o desigual deve Considerados os princípios administrativos basilares
ser tratado de forma desigual, pois o contrário que do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma
não seria isonômico. É o caso da fila preferencial para específico que estabelece a ação ética esperada dos ser-
gestantes e idosos nas repartições públicas, típico tra- vidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-
tamento diferenciado lícito e ético. -se do chamado Código de Ética do Servidor Público, o
qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria
de profissionais, assemelhando-se no formato aos Có-

14
digos de Ética que costumam ser adotados para varia- tuição Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
das categorias profissionais (médicos, contadores...), mas as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico, sua fiel execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, so-
logo, coativo. bre: a) organização e funcionamento da administração
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um federal, quando não implicar aumento de despesa nem
Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de
existem entre o ideal moral traçado e os diversos campos funções ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamen-
da conduta humana podem ser reunidas em um instru- te por causa desta atribuição que o Código de Ética em
mento regulador. Tal conjunto racional, com o propósi- estudo adota a forma de decreto e não de lei, já que
to de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação as leis são elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso
desta ciência que se consubstancia em uma peça magna, Nacional).
como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupa- O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado
mentos sociais. Uma espécie de contrato de classe gera exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo,
o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização que se perfaz em decretos regulamentares. Embora se-
do exercício passam a controlar a execução de tal peça jam factíveis decretos autônomos34, não é o caso do de-
magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um creto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas
indivíduo perante seu grupo e o todo social. O interesse como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores
no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade
ser de todos. O exercício de uma virtude obrigatória tor- administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o
na-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito Decreto nº 1.171/94 não é autônomo!
geral. Cria-se a necessidade de uma mentalidade ética Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas
e de uma educação pertinente que conduza à vontade de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de
de agir, de acordo com o estabelecido. Essa disciplina obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo35 se posi-
da atividade é antiga, já encontrada nas provas históricas cionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decre-
mais remotas, e é uma tendência natural na vida das co-
to 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe re-
munidades. É inequívoco que o ser tenha sua individuali-
gras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima
dade, sua forma de realizar seu trabalho, mas também o
diz, no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
é que uma norma comportamental deva reger a prática
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’
profissional no que concerne a sua conduta, em relação
e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem
a seus semelhantes” 32. Logo, embora se reconheça que o
pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art.
indivíduo tem particularidades no desempenho de suas
5º é a norma primária, não podendo ser confundida com
funções, isto é, que emprega algo de sua personalida-
a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela
de no exercício delas, cabe o estabelecimento de um rol
norma secundária. Assim, não poderia ser imposta ne-
de condutas padronizadas genericamente, as quais cor-
respondem ao melhor desempenho profissional que se nhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
pode ter, um desempenho ético. uma norma secundária, porque só a norma primária tem
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Consti-
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis tucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em
abrange as relações com os utentes dos serviços, os co- Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns organização e funcionamento da Administração Pública
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- Federal, quando não houver aumento de despesa nem
fissão representam as variações entre os diversos estatu- criação ou extinção de órgãos públicos, e também para
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível mente uma grande força de interpretação, que chegaria
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con-
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 33. duta para servidores públicos estaria inserta na organiza-
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge- ção e funcionamento da Administração Pública Federal.
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

informações privilegiadas no exercício do cargo. ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional


Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con- 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen-
siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
sobre a organização e o funcionamento da administra- Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas
ção pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Consti-
34 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado.
32 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
Atlas, 2010. 35 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Dis-
33 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: ponível em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/Au-
Atlas, 2010. lasOnline_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.

15
materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
às normas processuais, como a obrigação de criação de blicação.
Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
blicos federais”. Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência
Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato e 106° da República.
de os decretos autônomos terem surgido após o De-
creto nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, Os principais elementos que podem ser extraídos do
realmente. Contudo, trata-se de uma norma secundária preâmbulo do Código de Ética são:
Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente
que encontra bases em normas primárias, quais sejam
da República à época e, como tal, permanece válido até
a Lei nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú-
as diretrizes estabelecidas no Código de Ética são repe-
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decre-
tidas em leis federais e decorrem diretamente do texto to ser expedido para substituí-lo (revogação expressa).
constitucional. Assim, a adoção da forma de decreto não O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais:
significa, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou
obrigatórias: o servidor público federal que desobede- alguns incisos do Código e que será estudado oportu-
cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante namente.
a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do
ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder
até mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de cen- regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90
sura nos casos menos graves. Não obstante, o respeito referem-se aos deveres e proibições do servidor público
ao Código gera reconhecimento e é verificado para fins federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
de promoção. Isso sem falar na total efetividade das re- improbidade administrativa.
gras determinantes da instituição de Comissões de Ética. A partir da aprovação do Código de Ética, ele se tor-
nou obrigatório a todas as esferas da atividade pública.
Daí a obrigação de instituir o aparato próprio ao seu
#FicaDica cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
de Ética, as quais não podem ser compostas por servido-
O Decreto nº 1.171/1994 não é autôno- res temporários.
mo e se vincula às disciplinas da Lei nº O decreto conferiu um prazo para cada uma das en-
8.112/1990 – Regime Jurídico dos Servi- tidades da administração pública federal direta ou in-
dores Públicos Civis Federais e da Lei nº direta para constituir em seu âmbito uma Comissão de
8.429/1992 – Lei de Improbidade Adminis- Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
trativa. efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever
de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto
na administração direta quanto na indireta. A Comissão
de Ética será composta por: três servidores ou empre-
gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanen-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
te. A constituição (quando foi criada) e a composição
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo
(quem a compõe) da Comissão deverão ser informadas
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como
à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro
República.
de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de
junho de 1992,
ANEXO
DECRETA:
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
do Poder Executivo Federal
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
com este baixa. CAPÍTULO I
Seção I
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Das Regras Deontológicas
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

dias, as providências necessárias à plena vigência do


O Direito como valor do justo é estudado pela Filoso-
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da
fia do Direito na parte denominada Deontologia Jurídi-
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser-
ca, ou, no plano empírico e pragmático, pela Política do
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou
Direito36. Deontologia é uma das teorias normativas
emprego permanente.
segundo as quais as escolhas são moralmente
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
necessárias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-
será comunicada à Secretaria da Administração Fede-
se entre as teorias morais que orientam nossas esco-
ral da Presidência da República, com a indicação dos
respectivos membros titulares e suplentes. 36 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 19. ed. São Paulo:
Saraiva, 2002.

16
lhas sobre o que deve ser feito, considerada a moral I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciên-
vigente. Por sua vez, a deontologia jurídica é a ciência cia dos princípios morais são primados maiores que devem
que cuida dos deveres e dos direitos dos operadores do nortear o servidor público, seja no exercício do cargo ou
Direito, bem como de seus fundamentos éticos e legais, função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação
consolidando o valor do justo. Por isso, os incisos que do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e ati-
se seguem traduzem o comportamento moral esperado tudes serão direcionados para a preservação da honra e da
do servidor público não só enquanto desempenha suas tradição dos serviços públicos.
funções, mas também em sua vida social.
Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz Primeiramente, vale compreender o sentido de algu-
mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender
respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
autoridade moral; por decoro, compostura e decência;
tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do
dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de efeito esperado.
regras e princípios que regem a conduta de um profis- Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama
sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de- de consciência dos princípios morais: sei que devo agir
terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto
a uma deontologia própria a regular o exercício de sua é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de-
profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O sempenho das minhas funções, devo me manter sério e
Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em comprometido, desempenhando cada uma das atribui-
sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível,
de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei- evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja
tos a especificidade destas normas. o melhor que eu puder prestar.
O Código de Ética cria regras deontológicas de ética, Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
cício de suas funções, porque ele participa da sociedade
isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da
e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público,
moral, daí porque não se preocupa com a previsão de
por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma
punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti- pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada,
co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a pa-
entre a conduta antiética e a necessidade de punição ad- lavra-chave para a vida particular do servidor público,
ministrativa. A verdadeira intenção do Código de Ética preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo,
foi estimular os órgãos e entidades públicas federais a quem se sentiria bem em ser atendido por um funcioná-
promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as rio que é sempre visto embriagado em bares ou provo-
discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti- cando confusões familiares, por mais que os serviços por
ções, até com naturalidade. ele desempenhados sejam de qualidade?
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter O comportamento ético do servidor público na sua
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver- vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des- houver uma razoável exigência do servidor se comportar
tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria
de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de
dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de
todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde-
condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu-
profissionais são aquelas indispensáveis, sem as quais mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor
não se consegue a realização de um exercício ético com- público está envolto em um sistema onde a moral tem
petente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Tais forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú-
virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou
alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o profis- deveria saber que a promoção profissional e o adequado
sional ao êxito em seu desempenho” 37. cumprimento das atribuições do cargo estão condicio-
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que nados também pela ética e, assim, pelo comportamento
se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa particular do servidor.
buscando atendimento no órgão público em questão,
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio- II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que de-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro cidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto,
da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inopor-
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da tuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto,
mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da
de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te Constituição Federal.
sempre como princípio de uma legislação universal”38.
Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
37 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servi-
Atlas, 2010.
38 KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução dor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno,
Paulo Barrera. São Paulo: Ícone, 2005, p. 32. o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de

17
menor relevância para aquelas fundamentais, que envol- cia do ser humano, como tem sido objeto de referência
vem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar,
valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são
preciso escolher acima de tudo entre honesto e desones- de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos
to, evidencia-se que o Código busca mais do que o res- problemas. Quando o trabalho é executado só para au-
peito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade. ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro
Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be-
qual o inciso em estudo faz remissão. nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com
consciência do bem comum, passa a existir a expressão
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá-
Art. 37. A administração pública direta e indireta de vel de acordo com seu alcance em face da comunidade.
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente,
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor-
de e eficiência e, também, ao seguinte: [...] re com a sua comunidade e muito menos com a socieda-
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento destino de nações, partindo da ausência de conduta vir-
ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com
prejuízo da ação penal cabível. seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano
tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses
de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se
Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as
acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas
consequências dos atos de improbidade administra-
em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem
tiva, que poderão variar conforme o grau de gravidade condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o
(uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a caminho justo, adequado, para o benefício geral” 39.
devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se enten-
de por ressarcir o erário).
V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
rante a comunidade deve ser entendido como acréscimo
III - A moralidade da Administração Pública não se li- ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão, integrante
mita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser acres- da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado
cida da ideia de que o fim é sempre o bem comum. O como seu maior patrimônio.
equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
servidor público, é que poderá consolidar a moralidade do para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
ato administrativo. serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
particular. O servidor público não deve pensar por uma sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito
a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou Estado.
seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre- Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con-
valecer sobre o particular. forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju-
é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor vidor receba do particular qualquer verba extra: sua
não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
comum, sob pena de violar a moralidade. não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
IV - A remuneração do servidor público é custeada pe- do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, até que vive.
por ele próprio, e por isso se exige, como contrapartida,
que a moralidade administrativa se integre no Direito,
como elemento indissociável de sua aplicação e de sua VI - A função pública deve ser tida como exercício pro-
finalidade, erigindo-se, como consequência, em fator de fissional e, portanto, se integra na vida particular de cada
legalidade. servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
O servidor público deve colocar de lado seus inte- duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional.
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços 39 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên- Atlas, 2010.

18
Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti- Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá
ca lembra que um funcionário público carrega consigo a se eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto
imagem da administração pública, ou seja, não é servi- ofende a integridade dos cidadãos e da própria Nação.
dor público apenas quando está desempenhando suas Para ser um bom país, não é preciso se fundar em erros
funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o ou mentiras, mas sim se esforçar ao máximo para evitá-
melhor funcionário público da repartição se a vida parti- -los e corrigi-los.
cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
coerência, compostura e moralidade também na vida IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo
particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma dedicados ao serviço público caracterizam o esforço pela
pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus tributos
de seus deveres sociais. direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral.
Da mesma forma, causar dano a qualquer bem pertencen-
te ao patrimônio público, deteriorando-o, por descuido ou
VII - Salvo os casos de segurança nacional, investi- má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao equipa-
gações policiais ou interesse superior do Estado e da Ad- mento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho-
ministração Pública, a serem preservados em processo mens de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu
previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publi- tempo, suas esperanças e seus esforços para construí-los.
cidade de qualquer ato administrativo constitui requisito
de eficácia e moralidade, ensejando sua omissão compro- Quem nunca chegou a uma repartição pública ou
metimento ético contra o bem comum, imputável a quem cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um
a negar. funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no
serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que
Como visto, a publicidade é um princípio basilar da ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, fa-
administração pública, ao lado da moralidade. Como tal, zendo tudo o que for possível para ajudá-lo, despenden-
caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú- do o tempo necessário e tomando as devidas cautelas.
blico negar o acesso à informação por parte do cidadão,
O instituto da responsabilidade civil é parte inte-
salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be-
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal
nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po-
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o
demos justificar o não cumprimento quando fatores de
pagamento de indenização que se refere às perdas e da-
ordem muito superior possam-no impedir, pois o des-
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão
cumprimento será sempre uma lesão à consciência ética”
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
40
.
decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.41
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
FIQUE ATENTO! os limites da herança, embora existam reflexos na ação
O dispositivo autoriza que os atos adminis- que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
trativos não sejam públicos em situações ex- na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
cepcionais, quais sejam segurança nacional, tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
investigações policiais e interesse superior passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
do Estado e da Administração Pública. Genericamente, os elementos da responsabilidade
civil se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou im-
prudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Este é o
artigo central do instituto da responsabilidade civil, que
pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária aos inte-
tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir
resses da própria pessoa interessada ou da Administração como não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se so- ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
bre o poder corruptivo do hábito do erro, da opressão ou violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
da mentira, que sempre aniquilam até mesmo a dignidade causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
humana quanto mais a de uma Nação. o dano causado) e dano (prejuízo sofrido pelo agente,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

que pode ser individual ou coletivo, moral ou material,


Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe- econômico e não econômico).
rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se Prevê o artigo 37, § 6° da Constituição Federal: “As
referir à função desempenhada, por exemplo, negando pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
a prática de um ato ou informando erroneamente um ci- do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
à Administração Pública.
clara a formação de uma relação jurídica autônoma en-
40 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: 41 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
Atlas, 2010. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

19
tre o Estado e o agente público que causou o dano no decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe
desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon- o respeito ao que o superior determina, executando as
sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado funções da melhor forma possível.
provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi “A razão pela qual se exige uma disciplina do homem
anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso em seu grupo repousa no fato de que as associações
é justamente o direito de acionar o causador direto do possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi-
dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, con- líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres
siderada a existência de uma relação obrigacional que se se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas
forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe. que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so-
te causar aos membros da sociedade, mas se este agente matória deles em classe profissional, tem seu comporta-
agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que mento específico, guiado pela característica do trabalho
foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir
condutas incompatíveis com o comportamento ético uma ordem que permita a evolução harmônica do traba-
dele esperado.42 lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de
A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro- uma tutela no trabalho que conduza a regularização do
cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado individualismo perante o coletivo” 43.
contraditório e ampla defesa.
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é,
Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas
culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro
sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço
(administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua
Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que
vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto
ao serviço público.
é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que im-
plique num dano. Apesar deste dano não ser econômico,
isto é, de a dor causada não ter meio de compensação XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo-
financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço pú-
a compense razoavelmente. blico, o que quase sempre conduz à desordem nas relações
Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri- humanas.
za dano material. No caso, há um correspondente finan- O servidor público tem obrigação de comparecer reli-
ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido giosamente em seu local de trabalho no horário determi-
de pagar ao Estado o equivalente ao bem destruído ou nado. Todas as ausências devem ser evitadas e, quando
deteriorado. inevitáveis, devem ser justificadas.
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espe-
ra de solução que compete ao setor em que exerça suas Os demais funcionários e a sociedade sempre fi-
funções, permitindo a formação de longas filas, ou qual- cam atentos às atitudes do servidor público e qualquer
quer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não percepção de relaxo no desempenho das funções será
caracteriza apenas atitude contra a ética ou ato de de- observada, notadamente no que tange a ausências fre-
sumanidade, mas principalmente grave dano moral aos quentes.
usuários dos serviços públicos.
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a es-
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, trutura organizacional, respeitando seus colegas e cada
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com concidadão, colabora e de todos pode receber colabora-
relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei- ção, pois sua atividade pública é a grande oportunidade
xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com- para o crescimento e o engrandecimento da Nação.
petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente
O bom desempenho das funções ao agir conforme o
quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o
esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando
servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre-
demais quando realmente precisar.
guiça e desânimo.
“É inequívoco que o trabalho individual influencia
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às or- e recebe influências do meio onde é praticado. Não é,
dens legais de seus superiores, velando atentamente por pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta negligen- contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência
te. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral,
tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até pode realizar importantes feitos que alcançam repercus-
mesmo imprudência no desempenho da função pública. são ampla” 44.

Dentro do serviço público há uma hierarquia, que


deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
43 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual Atlas, 2010.
42 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. 44 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
São Paulo: Método, 2011. Atlas, 2010.

20
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con-
#FicaDica dição essencial da gestão dos bens, direitos e ser-
viços da coletividade a seu cargo;
As regras deontológicas do Código de Ética
trazem uma concepção abrangente de de- Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de
veres comportamentais do servidor públi-
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten-
co, que adiante são aprofundadas de forma
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do
mais específica no inciso XIV.
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo
que ele seja preservado.
Seção II e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços
Dos Principais Deveres do Servidor Público aperfeiçoando o processo de comunicação e con-
tato com o público;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
A atitude ética esperada do servidor público consis-
Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há te em exercer suas funções de forma adequada, sempre
continuidade no tratamento do agir moral esperado do atendendo da melhor forma possível os usuários.
servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
essenciais que devem ser obedecidos. f) ter consciência de que seu trabalho é regido por
“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para princípios éticos que se materializam na adequada
o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos. prestação dos serviços públicos;
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti- Os funcionários públicos nunca podem perder de vis-
nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a ta o dever ético que eles possuem com relação à socie-
tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe- dade como um todo, que é o de respeito à moralidade
nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro- insculpida no texto constitucional. “A consciência ética
fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal
execução de um trabalho” 45. um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, de todos; isso requer vida administrativa e política trans-
função ou emprego público de que seja titular; parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda
a coletividade”46.
Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
buições inerentes à posição de que seja titular. g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten-
ção, respeitando a capacidade e as limitações in-
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
rendimento, pondo fim ou procurando prioritaria- dividuais de todos os usuários do serviço público,
mente resolver situações procrastinatórias, prin- sem qualquer espécie de preconceito ou distinção
cipalmente diante de filas ou de qualquer outra de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião,
espécie de atraso na prestação dos serviços pelo cunho político e posição social, abstendo-se, dessa
setor em que exerça suas atribuições, com o fim de forma, de causar-lhes dano moral;
evitar dano moral ao usuário;
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com
O desempenho de funções deve se dar de forma igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa-
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi- do caracteriza dano moral, cabendo reparação.
fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler-
dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum te-
que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço mor de representar contra qualquer comprometi-
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive mento indevido da estrutura em que se funda o
para evitar dano moral ao cidadão. Poder Estatal;
i) resistir a todas as pressões de superiores hierár-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

quicos, de contratantes, interessados e outros que


integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
quando estiver diante de duas opções, a melhor e visem obter quaisquer favores, benesses ou vanta-
a mais vantajosa para o bem comum; gens indevidas em decorrência de ações imorais,
ilegais ou aéticas e denunciá-las;
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú-
da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de-
sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade. sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
45 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: 46 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São
Atlas, 2010. Paulo: FTD, 2010.

21
Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede- p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade-
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente quadas ao exercício da função;
quando perceber que a atitude de seu superior contraria
os interesses do bem comum, nem que deva ter medo A roupa vestida pelo servidor público também refle-
de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou te sua autoridade moral no exercício das funções. Por
colegas. exemplo, é absurdo chegar ao local de trabalho utilizan-
do bermuda e chinelo, refletindo uma imagem de des-
São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos caso do serviço público. As roupas devem ser sóbrias,
superiores ou de pessoas que contratem ou busquem compatíveis com a seriedade esperada da Administração
serviços do poder público: obtenção de favores, benefí- Pública e de seus funcionários.
cios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas.
Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las. q) manter-se atualizado com as instruções, as nor-
mas de serviço e a legislação pertinentes ao órgão
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên- onde exerce suas funções;
cias específicas da defesa da vida e da segurança
coletiva; A regulamentação das funções exercidas pelos ór-
gãos administrativos está sempre mudando, cabendo ao
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores servidor público se manter atualizado.
públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En- r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as
quanto não for elaborada uma legislação específica para instruções superiores, as tarefas de seu cargo ou
os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral função, tanto quanto possível, com critério, segu-
de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° rança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa
7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20). ordem.

l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de A alínea reflete uma síntese do agir moral esperado
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde- do servidor público, refletindo a prestação do serviço
nado, refletindo negativamente em todo o sistema; com eficiência e respeito à lei, atendendo ao bem co-
m) comunicar imediatamente a seus superiores todo mum.
e qualquer ato ou fato contrário ao interesse públi-
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por
co, exigindo as providências cabíveis; quem de direito;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de tra-
balho, seguindo os métodos mais adequados à sua As atividades de fiscalização são usuais no serviço
organização e distribuição; público e, por isso, os ficais devem ser bem atendidos,
cabendo ao servidor demonstrar que as atividades atri-
Os três incisos acima reiteram deveres constantemen- buídas estão sendo prestadas conforme a lei determina.
te enumerados pelo Código de Ética como o de com-
parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o t) exercer com estrita moderação as prerrogativas
de comunicação de atos contrários ao interesse públi- funcionais que lhe sejam atribuídas, abstendo-se
co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses
preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e dos usuários do serviço público e dos jurisdiciona-
organizado). dos administrativos;
o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
Prerrogativas funcionais são garantias atribuídas pela
cionem com a melhoria do exercício de suas fun-
lei ao servidor público para que ele possa bem desempe-
ções, tendo por escopo a realização do bem co-
nhar suas funções. Não cabe exercê-las a torto e direito,
mum;
é preciso ter razoabilidade, moderação. Assim, quando
invocá-las, o servidor público será levado a sério.
Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei-
çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua fun-
disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
ção, poder ou autoridade com finalidade estranha
ao servidor público participar sempre que for benéfico à
ao interesse público, mesmo que observando as
melhoria de suas funções.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

formalidades legais e não cometendo qualquer


“O valor do exercício profissional tende a aumentar à
violação expressa à lei;
medida que o profissional também aumentar sua cultu-
ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos
O servidor público deve agir conforme a lei determi-
os demais, como são os relativos às culturas filosóficas,
na, observando-a estritamente, preservando assim os in-
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em
teresses da sociedade.
elites cultas te garantida sua posição social, porque se
habilita às lideranças e aos postos de comando no po- v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
impossível negar tal evidência [...]”47. mulando o seu integral cumprimento.
47 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

22
O Código de Ética é o principal instrumento jurídico d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o
que trata das atitudes do servidor público esperadas e exercício regular de direito por qualquer pessoa,
vedadas. É preciso obedecer a suas diretrizes e aconse- causando-lhe dano moral ou material;
lhar a sua leitura àqueles que o desconheçam.
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou
Seção III material aos usuários e ao Estado.
Das Vedações ao Servidor Público Na esfera penal, pode incidir no crime de prevarica-
ção (art. 319, CP):
XV - É vedado ao servidor público;
Prevaricação
Nesta seção, são descritas algumas atitudes que con-
trariam as diretrizes do Código de Ética. Trata-se de um
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
rol exemplificativo, ou seja, que pode ser ampliado por
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex-
um juízo de interpretação das regras éticas até então es- pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
tudadas. pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
#FicaDica
Não será necessário gravar todas estas re- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos
gras se o candidato se atentar ao fato de ao seu alcance ou do seu conhecimento para aten-
que elas se contrapõem às atitudes corre- dimento do seu mister;
tas até então estudadas. Por óbvio, não agir
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos,
da forma estabelecida caracteriza violação
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança
dos deveres éticos, o que é proibido.
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do ser-
viço prestado.

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias,
tempo, posição e influências, para obter qualquer caprichos, paixões ou interesses de ordem pessoal
favorecimento, para si ou para outrem; interfiram no trato com o público, com os jurisdi-
cionados administrativos ou com colegas hierar-
O cargo público é para a sociedade, não para o indi- quicamente superiores ou inferiores;
víduo. Por isso, ele não pode se beneficiar dele indevi-
damente. A esta descrição corresponde o tipo criminal O funcionário público deve agir com impessoalidade
da corrupção passiva, prescrito no Código Penal em seu na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual-
artigo 317 nos seguintes termos: mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
Corrupção passiva quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
comissão, doação ou vantagem de qualquer es-
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, pécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
o cumprimento da sua missão ou para influenciar
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in-
outro servidor para o mesmo fim;
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena -
reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
A remuneração do servidor público já é paga pelo
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não
b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação
servidores ou de cidadãos que deles dependam; de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza
crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan-
Causar intrigas no trabalho, fazer fofocas e se negar a do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o
ajudar os demais cidadãos que busquem atendimento é faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas.
uma clara violação ao dever ético.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva


c) ser, em função de seu espírito de solidariedade,
encaminhar para providências;
conivente com erro ou infração a este Código de
Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas,
Como visto, é dever do servidor público denunciar incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (mo-
aqueles que desrespeitem o Código de Ética, bem como dificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar)
obedecê-lo estritamente. Não deve pensar que cobrir dados de documentos.
o erro do outro é algo solidário, porque todos os erros i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
cometidos numa função pública são prejudiciais à socie-
do atendimento em serviços públicos;
dade.

23
Como visto, o funcionário público deve atender com Violação de sigilo funcional
eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor-
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do
mações da maneira mais correta e verdadeira possível,
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
sem mentiras ou ilusões.
-lhe a revelação:
j) desviar servidor público para atendimento a inte- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
resse particular; se o fato não constitui crime mais grave.

Todos os servidores públicos são contratados pelo Es- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele
tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte- habitualmente;
resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor-
dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo, Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, va-
pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar lore morais inerentes à boa prestação do serviço público.
para consultórios para agendar consultas, fazer compras
num supermercado. o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten-
te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da
pessoa humana;
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmen-
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu
te autorizado, qualquer documento, livro ou bem
nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
pertencente ao patrimônio público;
O servidor público, seja na vida privada, seja no exer-
Os bens que se encontram no local de trabalho per- cício das funções, não deve se filiar a instituições que
tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu- contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon-
sivamente para a prestação do serviço público, não po- ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é
dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo-
civil e administrativamente, bem como criminalmente res tradicionais.
por peculato (art. 312, CP).

Peculato CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. exerça atribuições delegadas pelo poder público, de-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa-
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta-
mente de imputação ou de procedimento suscetível de
que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
censura.
“Estabelecido um código de ética, para uma classe,
Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de
abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre- incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen-
ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio, te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A
por servidor público que o administra ou guarda. fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de
classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no e executiva (ou de direta verificação da qualidade das
âmbito interno de seu serviço, em benefício pró- práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se
prio, de parentes, de amigos ou de terceiros; em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor,
As informações que são acessadas pelo funcionário deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór-
público somente devem ser aproveitadas para o bom gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa-
pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda


prestados e da conduta humana dos profissionais” 48.
que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi- Com efeito, as Comissões de Ética possuem função
co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera de orientação e aconselhamento, devendo se fazer
vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio- presentes em todo órgão ou entidade da administração
lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações direta ou indireta.
obtidas no âmbito interno da administração, nos casos A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar
em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime, sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito
previsto no artigo 325, do Código Penal: pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar
48 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.

24
a instauração desses processos, mediante trabalho de XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de ético, entende-se por servidor público todo aquele que,
ética consiste em produzir na pessoa do servidor público por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
a consciência de sua adesão às normas ético-profissio- preste serviços de natureza permanente, temporária
nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
por parte de cada um e, em consequência, o resgate do órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda-
respeito ao serviço público e à dignidade social de cada ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas
servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla públicas e as sociedades de economia mista, ou em
dos deveres e das vedações previstas, através de um tra- qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.
balho de cunho educativo com os servidores públicos
federais. Este último inciso do Código de Ética é de fundamen-
tal importância para fins de concurso público, pois define
quem é o servidor público que se sujeita a ele.
XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge-
neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe-
XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
cimento exigido preferencialmente para tal execução e
ganismos encarregados da execução do quadro de
pela identidade de habilitação para o exercício da mes-
carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
sociedade, específico, definido por sua especialidade de
ções e para todos os demais procedimentos próprios
desempenho de tarefa” 49.
da carreira do servidor público.
Elementos do conceito de servidor público:
Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por
fornecerá as informações sobre os funcionários a ela exemplo, prestação de serviços como jurado ou
submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para mesário), contrato (contratação direta, sem con-
alimentar processo administrativo disciplinar. curso público, para atender a uma urgência ou
emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o
XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art. caso da nomeação por aprovação em concurso
25). público) - enfim, não importa o instrumento da
XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co- vinculação à administração pública, desde que es-
teja realmente vinculado;
missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-
constará do respectivo parecer, assinado por todos os
cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só
seus integrantes, com ciência do faltoso. por um dia, como no caso do mesário de eleição, é
servidor público, da mesma forma que aquele que
A única sanção que pode ser aplicada diretamente foi aprovado em concurso público e tomou posse;
pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena com ou sem retribuição financeira - por exem-
mais branda pela prática de uma conduta inadequada plo, o jurado não recebe por seus serviços, mas
que seja praticada no exercício das funções. Nos demais não deixa de ser servidor público;
casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis- c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à adminis-
ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele- tração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão
mentos para instrução. que tenha algum vínculo com o poder estatal.
Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin- O conceito é o mais amplo possível, abrangendo
gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito, autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú- sociedades de economia mista, enfim, qualquer
blica vigente. entidade ou setor que vise atender o interesse do
Estado.

#FicaDica
- Todas entidades da administração pública EXERCÍCIOS COMENTADOS
federal direta ou indireta devem constituir
em seu âmbito uma Comissão de Ética que
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

1. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ADMI-


irá apurar as infrações ao Código de Ética. NISTRAÇÃO – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte,
- A Comissão será composta por três ser- relativo ao regime dos servidores públicos federais e à
vidores ou empregados titulares de cargo ética no serviço público.
efetivo ou emprego permanente. Comissões de ética são obrigatórias para todos os ór-
- A constituição (quando foi criada) e a gãos da administração pública federal direta, sendo fa-
composição (quem a compõe) da Comis- cultativas para entidades da administração indireta.
são deverão ser informadas à Secretaria da
Administração Federal da Presidência da ( ) CERTO ( ) ERRADO
República. 49 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.

25
Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está
expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI:
“Em todos os órgãos e entidades da Administração
HORA DE PRATICAR!
Pública Federal direta, indireta autárquica e funda-
1. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser
a seguir.
criada uma Comissão de Ética [...]”.
Por ser o Brasil um Estado democrático de direito, princí-
pios éticos não podem ser utilizados como instrumento
2. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2018)
de interpretação da CF e das leis.
Considerando os conceitos, princípios e valores da ética
e da moral, bem como o disposto na Lei nº 8.429/1992,
( ) CERTO ( ) ERRADO
julgue o item a seguir.
A consciência moral deve nortear o comportamento do
2. (ANVISA – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
servidor público, que deve sempre apresentar conduta
2016) Acerca da ética no serviço público, julgue o item
ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que
a seguir.
lhe imponha conduta imoral e antiética.
O princípio da moralidade expresso na CF é reflexo da
( ) CERTO ( ) ERRADO ciência da ética, na medida em que esta trata de uma
dimensão geral daquilo que é bom.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em
sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores. 3. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
A previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto – 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no
nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as serviço público.
pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, O uso do cargo ou função pública para obter favoreci-
interessados e outros que visem obter quaisquer favo- mento, desde que não haja prejuízo a outrem, não cons-
res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência titui afronta à ética e à moral do serviço público.
de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (SEDF – ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL –
4. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
ADMINISTRAÇÃO – CESPE – 2017) À luz da legislação
– 2018) Julgue o seguinte item, a respeito da ética no
que rege os atos administrativos, a requisição dos ser-
serviço público.
vidores distritais e a ética no serviço público, julgue o
Apesar de a função pública ser tida como exercício pro-
seguinte item.
fissional, ela não se integra à vida particular do indivíduo
Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti-
e, portanto, os atos praticados em sua vida privada não
mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui
poderão acrescer ou diminuir o seu conceito na vida fun-
vedação relativa a comportamento profissional e atitu-
cional.
des éticas no serviço.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (SUFRAMA – NÍVEL SUPERIOR – CESPE – 2014) Jul-
Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
gue o item a seguir, acerca da organização político-ad-
em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
ministrativa do Estado, da administração pública e dos
servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
servidores públicos.
vestimentas adequadas ao exercício da função”.
Em decorrência da regra constitucional que prevê o tra-
tamento isonômico e segundo a qual todos são iguais
perante a lei, a administração pública deve atuar sem fa-
voritismo ou perseguição e tratar todos de modo igual,
sem fazer qualquer tipo de discriminação.

( ) CERTO ( ) ERRADO
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

6. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)


Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
secutivo.
É dever fundamental do servidor comunicar a seus supe-
riores ato ou fato contrário ao interesse público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

26
7. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub-
secutivo. GABARITO
Não são considerados servidores públicos, para fins de
apuração de comportamento ético pela Comissão de Éti- 1 Errado
ca, aqueles que prestem serviços de natureza excepcio-
nal à administração, com ou sem remuneração. 2 Certo
3 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO
4 Errado
8. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016) 5 Errado
Com relação à ética no setor público, julgue o item sub- 6 Certo
secutivo. 7 Errado
O servidor não poderá omitir a verdade, ainda que possa
contrariar interesses de pessoa interessada ou da admi- 8 Certo
nistração pública. 9 Errado
( ) CERTO ( ) ERRADO 10 Certo

9. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE – 2016)


Eduardo, servidor público em estágio probatório, fre-
quentemente se ausentava de seu local de trabalho sem
justificativa e, quando voltava, se apresentava nitidamen-
te embriagado. Em razão desses fatos, a comissão de éti-
ca, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu apli-
car a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi, então,
reprovado no estágio probatório e, por isso, foi demitido,
sem que a administração pública tenha observado o con-
traditório e a ampla defesa.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
seguir.
A penalidade de advertência aplicada pela comissão de
ética encontra-se prevista no Código de Ética Profissional
do Servidor Público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

10. (FUB – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE –


2016) Eduardo, servidor público em estágio probatório,
frequentemente se ausentava de seu local de trabalho
sem justificativa e, quando voltava, se apresentava niti-
damente embriagado. Em razão desses fatos, a comissão
de ética, tendo apreciado a conduta do servidor, decidiu
aplicar a ele a penalidade de advertência. Eduardo foi,
então, reprovado no estágio probatório e, por isso, foi
demitido, sem que a administração pública tenha obser-
vado o contraditório e a ampla defesa.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a
seguir.
A conduta de Eduardo – que se ausentava do trabalho e,
quando comparecia, estava embriagado – violou deveres
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICOE

e vedações impostas ao servidor público pelo Código de


Ética Profissional do Servidor Público.

( ) CERTO ( ) ERRADO

27
ANOTAÇÕES

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

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28
ÍNDICE

GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

O Brasil político: nação e território.................................................................................................................................................................................... 01


Organização do Estado Brasileiro...................................................................................................................................................................................... 01
A divisão interregional do trabalho e da produção no Brasil................................................................................................................................. 02
A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles............................................................................................................................................ 03
Distribuição espacial da população no Brasil e movimentos migratórios internos....................................................................................... 04
A evolução da estrutura fundiária e problemas demográficos no campo........................................................................................................ 06
Integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no Brasil................................................................. 07
Geografia e gestão ambiental............................................................................................................................................................................................. 08
Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas............................................................................................... 09
Política e gestão ambiental no Brasil................................................................................................................................................................................ 10
O Brasil e a questão cultural................................................................................................................................................................................................. 11
A integração do Brasil ao processo de internacionalização da economia......................................................................................................... 12
O século XX: urbanização da sociedade e cultura de massas................................................................................................................................. 14
O BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO
#FicaDica
É necessário, contudo, estabelecer a dife-
rença entre Estado e País, afinal, enquanto
Em todo território autônomo existem divisões inter- o primeiro é uma instituição formada por
nas que servem para facilitar a administração. No Brasil povo, território e governo, o segundo é um
não é diferente, o país precisa ser gerenciado e controla- conceito genérico referente a tudo que se
do por entidades ligadas ao governo, sendo uma subor- encontra no território dominado por um
dinada à outra. Estado, apresentando características físi-
Sendo assim, mediante à necessidade de dividir a ad- cas, naturais, econômicas, sociais, culturais
ministração e o controle do país, foi estabelecida uma e outras. No nosso caso, o Brasil é o país e
fragmentação do território brasileiro em estados, municí- a República Federativa do Brasil é o Estado.
pios e distritos, além de outras regionalizações, como as
regiões e os complexos regionais.

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO


FIQUE ATENTO!
Atualmente, o Brasil possui 26 estados, cha-
mados também de unidades da federação; A palavra Estado, na linguagem corriqueira, na Cons-
incluindo ainda o Distrito Federal, uma das tituição e nas leis, indica as unidades federadas, e no Bra-
unidades federativas que foi criada com in- sil, como Estado Federal, é denominada União. 
tuito de abrigar a capital do país, a cidade de Deste modo, o Estado pode ser conceituado como
Brasília. Grande parte das decisões políticas “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem co-
acontece na sede do governo federal que se mum de um povo situado em determinado território”.
localiza nessa cidade. Pode ser entendido como uma nação: o Estado Brasileiro.
É uma organização política administrativa que tem ação
soberana, ocupa um território, é dirigido por um gover-
Com isso, as delimitações dos territórios de muitos no próprio e se institui pessoa jurídica de direito público
dos estados brasileiros ocorreram, principalmente, no fi- internacionalmente reconhecida. 
nal do século XIX. Mas tivemos outras mudanças mais Seguindo essa perspectiva, território é o limite dentro
contemporâneas, que aconteceram em 1977, quando do qual o Estado exerce o seu domínio soberano sobre
surgiu o Mato Grosso do Sul. Mais tarde, em 1988, Goiás pessoas e bens e compreende a extensão circunscrita pe-
foi dividido, dando origem a um novo estado, o Tocan- las fronteiras, as águas territoriais, o ar e o subsolo cor-
tins. respondentes. O Governo Soberano é o componente que
Desta forma, os estados possuem a liberdade de criar
conduz o Estado, que detém e exerce o poder absoluto
leis autônomas, mas que são subordinadas à Constitui-
emanado do povo. O povo é o componente humano,
ção Federal Brasileira. Dentro dos estados existe, ainda,
submetido juridicamente ao Estado. 
outra divisão: os municípios, que possuem leis próprias,
Com isso, a Gestão Pública é o Estado em ação, mobi-
devendo seguir os moldes estipulados pela nossa cons-
lizando diversos recursos a favor da coletividade. A Cons-
tituição. Dentro dos territórios municipais é possível en-
tituição Federal de 1988 estabeleceu diversos princípios
contrar outra divisão de proporção menor, que os subdi-
que devem nortear a Administração Pública. O artigo 37
vide em distritos.
estabelece que a Administração Pública direta e indireta
Assim, a soberania territorial é exercida pelo Esta-
do brasileiro. Perceba que esse termo, com “E” maiúsculo de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
difere-se do estado (com “e” minúsculo), que é apenas trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
uma unidade federativa ou uma província do país. O Es- de: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
tado é, portanto, um conjunto de instituições públicas e eficiência.
que administra um território, procurando atender os an- Desta forma, quanto à legalidade, ninguém é obri-
seios e interesses de sua população. Dentre essas insti- gado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
tuições, podemos citar as escolas, os hospitais públicos, virtude de lei. No item impessoalidade, todos são iguais
os departamentos de política, o governo e muitas outras. perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Todo
Por outro lado, o conceito de Nação também possui ato administrativo será determinado para atender aos
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

suas diferenças e particularidades em relação aos ter- interesses sociais e não vinculará à conveniência de qual-
mos supracitados.  Nação significa uma união entre um quer pessoa. Em relação à moralidade, todos são sub-
mesmo povo com um sentimento de pertencimento e de metidos à obediência aos princípios morais e éticos. Na
união entre si, compartilhando, muitas vezes, um conjun- esfera da publicidade, todos têm direito ao acesso às in-
to mais ou menos definido de culturas, práticas sociais, formações disponíveis na administração pública, ou a ela
idiomas, entre outros. Assim, nem sempre uma nação entregues, pois públicos devem ser os seus atos. Quanto
equivale a um Estado, ou a um país ou, até mesmo, a um à eficiência, esse princípio significa a busca de qualidade
território, havendo, dessa forma, muitas nações sem ter- e produtividade, de resultado, nas deliberações e pro-
ritório e sem uma soberania territorial constituída. cedimentos da Administração. Exige da Administração

1
Pública, de seus órgãos e agentes, a efetivação das ta- Século XVIII, mineração: deslocamento da população
refas com máxima rapidez e prontidão, com a qualidade do Nordeste e de São Paulo em direção à Região das
perfeita e de forma eficiente e eficaz no atendimento à Minas Gerais (Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais). A mi-
população.  neração iniciou a modificação da estrutura de ocupação
Logo, na Organização Político/Administrativa do Bra- do Brasil, até então concentrada no Nordeste brasileiro.
sil, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Nesse momento, começou a constituição de uma área de
são caracterizados como entidades autônomas, ficando repulsão (atual Região Nordeste) e uma área de atração
a União com a função de exercer a soberania do Estado (atual Região Sudeste).
Brasileiro no contexto internacional.  Século XIX (principalmente na 2ª metade), atividade
Ademais, a ética na esfera da gestão pública, carac- cafeeira: interiorização do estado de São Paulo (mineiros
teriza-se pela interligação profunda, entre o Estado e a e baianos). Apesar da predominância das imigrações ex-
sociedade, especialmente, quanto ao exercício da cida- ternas (italianos), ocorreu um grande movimento interno
dania. E, necessariamente, acontece se houver uma trans- em direção ao estado de São Paulo. Alguns agricultores
formação fundamental na cultura da própria sociedade e, paulistas também migraram em direção ao norte do es-
mais nomeadamente, na cultura pública. Para o exercício tado do Paraná.
da ética no trato público, é de fundamental importância Final do século XIX e início do século XX, ciclo da
respeitar e exercitar os princípios da Legalidade, Impes- borracha: nordestinos em direção à Amazônia, em sua
soalidade, Moralidade e Eficiência, consubstanciados na maioria retirantes do Sertão nordestino, principalmente
nossa Constituição Federal e, que amparam a boa Gestão do estado do Ceará. Após o declínio da borracha, muitos
Pública. Ainda na esfera do trato público, há necessidade se dirigiram para o Sudeste. 
de atenção à finalidade pública da atuação, o respeito ao Pós-Segunda Guerra Mundial, concentração industrial:
cidadão e aos usuários do serviço público. A satisfação nordestinos em direção ao Sudeste e Sul, com destaque
dos interesses da população e a realização das neces- para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse mo-
sidades sociais são os fundamentos de toda atividade vimento foi muito intenso, principalmente entre as déca-
administrativa.  das de 1960 e 1980. Os nordestinos constituíram a princi-
pal mão de obra para a construção civil e para os setores
industriais que empregavam trabalhadores com menor
FIQUE ATENTO!
qualificação. A falta de políticas públicas adequadas nas
A crise ética que enfrentamos atualmente, cidades do Sudeste, assim como por parte dos gover-
exige da família, dos educadores e de toda nantes nordestinos, que pouco ou nada fizeram para ofe-
sociedade o investimento na formação de jo- recer melhores condições de vida para a sua população,
vens que tragam enraizados dentro de si va- desencadeou uma série de problemas estruturais nas
lores e princípios éticos. Só atingiremos este áreas urbanas e rurais do Sudeste.
estágio quando a riqueza for mais bem com- Década de 1960,  construção de Brasília: nordestinos
partilhada, o que implica na democratização em direção ao Brasil Central. Formação da Zona Franca
do conhecimento e da informação. de Manaus e extrativismo mineral: nordestinos em di-
reção à Amazônia. Projetos de colonização do Estado:
nordestinos e agricultores sulistas em direção à Amazô-
nia. Os governos militares incentivaram a colonização da
região amazônica, tendo como fundamento a ocupação
A DIVISÃO INTER-REGIONAL DO
e proteção dos extremos do país. Nesse processo, ini-
TRABALHO E DA PRODUÇÃO NO BRASIL ciaram os conflitos fundiários que persistem até os dias
atuais, envolvendo os povos da floresta, garimpeiros, fa-
zendeiros e grandes corporações ligadas à extração de
madeira e minérios.
As migrações inter-regionais são aquelas que
Décadas de 1970 e 1980, fronteiras agropecuárias: fa-
ocorrem dentro do território nacional e entre as regiões
geográficas. Na história do Brasil, as migrações dessa zendeiros da região Sul em direção ao Brasil Central. O
espécie estiveram e ainda estão relacionadas aos ciclos Centro-Oeste tornou-se o novo celeiro agrícola do país,
econômicos, que atraem a população que busca con- destacando-se a pecuária e a produção de grãos. A espe-
quistar melhorias econômicas e benefícios sociais. Desta- culação agrícola supervalorizou as terras da região, pro-
caremos as grandes correntes migratórias que ocorreram vocando êxodo rural e pressionando as áreas de Cerrado.
no território brasileiro. Década de 1990, fronteiras agropecuárias: expansão
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Século XVII, a pecuária extensiva: deslocamento da das fronteiras do Brasil Central em direção à Amazônia.
população do litoral nordestino em direção ao Sertão e Com o crescimento do agronegócio, principalmente a
proximidades do Brasil Central. Esse movimento ajudou soja, as monoculturas avançaram em direção à Região
na interiorização do povoamento, até então restrito às Norte, alcançando até mesmo o estado do Amapá.
regiões litorâneas. A pecuária, a princípio, tinha como Década de 2000, motivações socioeconômicas: migra-
objetivo atender às necessidades dos engenhos de cana. ções de retorno, principalmente de nordestinos. Apesar
A necessidade de ampliar as fronteiras motivou a coroa de o Sudeste continuar exercendo atração para a popu-
portuguesa a explorar a atividade pecuarista para essa lação de outras regiões, a precariedade nas condições
finalidade. de vida dos centros urbanos e a falta de oportunidades

2
fizeram com que muitos imigrantes voltassem para os tegração territorial, possuem um nível de alcance que,
seus estados de origem, procurando evitar que mais uma muitas vezes, extrapola as fronteiras nacionais. As duas
geração fosse entregue à marginalidade e aos subem- metrópoles mundiais brasileiras são: Rio de Janeiro e São
pregos.  Juntamente a esse fator, pode ser acrescentado Paulo.
o crescimento econômico alcançado por alguns centros ● As  metrópoles nacionais  atuam basicamente da
nordestinos. Além disso, o Censo 2010 apontou para o mesma forma que as globais, porém com um nível
crescimento das cidades médias como sendo um dos de abrangência que alcança somente a escala na-
principais fatores responsáveis pela atração de imigran- cional, pois suas relações exteriores encontram-se
tes, o que ajuda a explicar o saldo migratório negativo da apenas parcialmente desenvolvidas. Mesmo assim,
Região Metropolitana de São Paulo. essas cidades também são importantes pontos nas
redes financeiras do Brasil. As metrópoles nacio-
nais são: Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG),
#FicaDica Fortaleza (CE), Brasília (DF), Salvador (BA) e Curitiba
(PR).
Ainda de acordo com o IBGE, apesar da ● As metrópoles regionais restringem suas áreas de
continuidade dos fluxos migratórios inter- influência a um nível regional não necessariamen-
-regionais, o volume das migrações entre te muito bem definido. Sendo assim, sua polari-
as regiões brasileiras tem diminuído nos zação é limitada, bem como os serviços por elas
últimos anos. oferecidos, porém muito elevados quando postos
em comparação com as regiões de entorno. Em
geral, as metrópoles regionais possuem uma for-
te conexão com metrópoles nacionais ou globais
próximas. As metrópoles regionais brasileiras são:
A ESTRUTURA URBANA BRASILEIRA E AS Goiânia (GO), Belém (PA) e Manaus (AM).
GRANDES METRÓPOLES
FIQUE ATENTO!
Entende-se por metrópole uma cidade, ou aglome- Embora essas cidades apresentem um nível
ração, caracterizada por apresentar um elevado grau de de urbanização e de desenvolvimento eco-
urbanização em seus espaços, centralizando em torno de nômico bastante acentuado, isso não signi-
si capital, trabalho, serviços e outros elementos, além de fica que elas não apresentem problemas. No
polarizar outras regiões, seja em um raio próximo, seja Brasil, como o processo de urbanização foi
em níveis internacionais. bastante acelerado ao final do século XX e
Deste modo, ao polarizar outras regiões, as metrópo- início do século XXI, suas metrópoles apre-
les estabelecem em torno de si uma rede de transportes sentam problemas de ordem social e am-
e comunicações geralmente muito articulada. Em muitos biental, tais como a ausência de mobilidade,
casos, as cidades de entorno apontam seus vetores de a violência, a periferização ou favelização, as
crescimento para elas, de forma que, em determinados ilhas de calor, a inversão térmica, entre ou-
momentos, ocorre o processo de conurbação, que é a tros.
junção do espaço urbano de uma ou mais cidades. Um
arranjo espacial desse modelo quase sempre se consoli-
da através da institucionalização das regiões metropoli-
tanas, que passam a ter um nível articulado de infraestru- EXERCÍCIO COMENTADO
turas de integração territorial.
Com isso, no Brasil, existem várias metrópoles, cuja
quantidade se intensificou a partir da década de 1960, 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Analise o fragmento
quando o país deixou de ser rural para tornar-se majo- abaixo, e julgue o item:
ritariamente urbano. Atualmente, com mais de 80% da
população residindo em centros urbanos e capitais, é Nação é um termo utilizado para se referir a um grupo
notória a consolidação de várias metrópoles, que, para de pessoas ou habitantes que compartilha de uma mes-
fins didáticos, podem ser classificadas conforme os seus ma origem étnica, de um mesmo idioma e de costumes
níveis de complexidade e avanço do capitalismo. relativamente homogêneos, ou seja, semelhantes entre
os seus pares.
● Há, portanto, três principais tipos de metrópoles no
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Brasil: as globais, as nacionais e as regionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO

As metrópoles globais representam as cidades com


maior grau de complexidade socioeconômica e geo- Resposta: Certo.
gráfica do país, pois abrigam sedes dos principais polos Nação significa uma união entre um mesmo povo com
do sistema financeiro, como bancos, bolsas de valores, um sentimento de pertencimento e de união entre si,
multinacionais e outros. Nesse sentido, suas respectivas compartilhando, muitas vezes, um conjunto mais ou
redes de transporte e comunicação, bem como a sua in- menos definido de culturas, práticas sociais, idiomas,
entre outros.

3
2. Com base na citação a seguir, avalie o item:
FIQUE ATENTO!
“Quando pensamos em formação de Estado e País, de- Outro fluxo bastante difundido é em relação
vemos sempre compreender que ambos os termos são aos migrantes do Sul que saem em direção
idênticos em sua aplicação, sendo assim, não existe ne- às regiões do Centro-Oeste e Norte, esse
nhuma diferença na aplicação deles para com a popula- processo deve-se aos agricultores gaúchos
ção.” que procuram novas áreas de cultivo com
preços mais baixos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Quando pensamos no processo de migração interna
São coisas diferentes, contudo, complementam-se no Brasil, devemos destacar que dentre os fatores que
entre si. Portanto, enquanto o primeiro é uma insti- influenciam os processos migratórios, o trabalho é o pre-
tuição formada por povo, território e governo, o se- ponderante. Esse movimento pode ocorrer dentro de um
gundo é um conceito genérico referente a tudo o que mesmo país, estado ou município. São as chamadas mi-
se encontra no território dominado por um Estado e grações internas, que são aquelas em que as pessoas se
apresenta características físicas, naturais, econômicas, deslocam dentro de um mesmo território.
sociais, culturais e outras. No nosso caso, o Brasil é o A migração consiste no ato da população deslocar-
país e a República Federativa do Brasil é o Estado. se espacialmente, ou seja, pode se referir à troca de
país, estado, região, município ou até de domicílio.
As migrações podem ser desencadeadas por fatores
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO religiosos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos e
NO BRASIL E MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS ambientais.
INTERNOS.
Com isso, dentre as migrações internas temos os se-
guintes movimentos:

A população brasileira está irregularmente distribuída ● Êxodo rural: tipo de migração que se dá com a
no território, isso fica evidente quando se compara algu- transferência de populações rurais para o espaço
mas regiões ou estados, o Sudeste do país, por exemplo, urbano. As principais causas são: a industrialização,
apresenta uma densidade demográfica de 87 hab./km2, a expansão do setor terciário e a mecanização da
as regiões Nordeste, Sudeste e Sul reúnem juntas 88% agricultura.
da população, distribuída em 36% de todo o território, ● Migração Urbano-Rural: tipo de migração que se dá
fato contrário à densidade demográfica do Norte e Cen- com a transferência de populações urbanas para o
tro-Oeste, que são, respectivamente, 4,1 hab./km2 e 8,7 espaço rural. Hoje em dia é um tipo de migração
hab./km2, correspondendo a 64% do território total.  muito incomum.
Deste modo, os brasileiros atualmente exercem um ● Migração urbano-urbano: tipo de migração que se
grande fluxo migratório, internacional e nacionalmente, dá com a transferência de populações de uma ci-
nesse processo é importante salientar a diferença entre dade para outra. Tipo de migração muito comum
emigração (saída voluntária do país de origem) e imigra- nos dias atuais.
ção (o ato de estabelecer-se em país estrangeiro). ● Migração sazonal: tipo de migração que se carac-
Assim, acerca das migrações externas o significado teriza por estar ligada às estações do ano. É uma
está no fluxo de pessoas que saem do seu país para viver, migração temporária, onde o migrante sai de um
ou mesmo visitar, outro país, geralmente países desen- determinado local, em determinado período do
volvidos; já as migrações internas caracterizam-se pelo ano, e posteriormente volta, em outro período do
deslocamento populacional que se realiza dentro de um ano. É conhecida também de transumância. É o
mesmo país, seja entre regiões, estado ou municípios. No que acontece, por exemplo, com os sertanejos do
Brasil cerca de 40% dos habitantes residem fora dos mu- Nordeste brasileiro.
nicípios que nasceram.  ● Migração pendular: tipo de migração característico
Sendo assim, os principais fluxos migratórios no Brasil de grandes cidades e regiões metropolitanas, no
estão voltados para os nordestinos que saem em direção qual centenas ou milhares de trabalhadores saem
ao Sudeste e Centro-Oeste, isso muitas vezes é provoca- todas as manhãs de sua casa (em determinada ci-
do devido às questões de seca, falta de emprego, baixo dade) em direção ao seu trabalho (que fica em ou-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

índice de industrialização em relação às outras regiões, tro município), retornando no final do dia.
dentre outros fatores.  ● Nomadismo: tipo de migração que se caracteriza
pelo deslocamento constante de populações em
busca de alimentos, abrigo etc. Esse tipo de migra-
ção é típico de sociedades primitivas e por conta
disso encontra-se em extinção.

4
#FicaDica
EXERCÍCIO COMENTADO
No Brasil, um dos fatores que exercem
maior influência nos fluxos migratórios é o
de ordem econômica, uma vez que o mo- 1. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA BANCA –
delo de produção capitalista cria espaços CESPE – 2017) Considerando a tríade cidade, ambiente e
privilegiados para instalação de indústrias, cultura, julgue (C ou E).
forçando indivíduos a se deslocarem de
um lugar para outro em busca de melhores No Brasil, as periferias metropolitanas podem ser carac-
condições de vida e à procura de emprego terizadas por trazerem elementos de reprodução da vida
para suprir suas necessidades básicas de rural pregressa do país, como são, por exemplo, os casos
sobrevivência. de Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte.

A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, ( ) CERTO ( ) ERRADO


recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do
país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de
fornecer maiores oportunidades de emprego em razão Resposta: Certo. O Brasil tinha mais da metade de sua
do processo de industrialização desenvolvido. população vivendo no campo até a década de 1960.
Contudo, nas últimas décadas, as regiões Centro- De lá para cá, o índice de urbanização cresceu bastan-
-Oeste e Norte têm sido bastante atrativas para os mi- te e atualmente mais de 80% da população vive em
grantes, pois após a década de 1970, a estagnação eco- áreas urbanas. Este movimento migratório, do campo
nômica que atingiu e ainda atinge a indústria brasileira para a cidade, é chamado de êxodo rural e é provoca-
afetou negativamente o nível de emprego nas grandes do por diversos fatores como a mecanização do cam-
cidades do Sudeste, gerando pouca procura de mão de po (que diminui a necessidade de mão de obra nesta
obra, ocasionando a retração desses fluxos migratórios. área) e o desenvolvimento industrial (que atrai mão de
Assim, as regiões Norte e Centro-Oeste, que já captavam obra para as grandes cidades). Estes fatos fizeram com
alguma parcela desse movimento, tornaram-se destinos que uma grande parcela da população rural brasileira
da migração interna do Brasil. migrasse para as metrópoles, fixando-se nas regiões
Deste modo, as políticas públicas para a ocupação do mais pobres e com menos infraestrutura destas cida-
des: as periferias. Grande parte destes migrantes era
oeste brasileiro foram determinantes para esse redirecio-
oriundo do nordeste brasileiro, levando sua cultura
namento dos fluxos migratórios no Brasil. A construção
para os grandes centros econômicos do país, como os
de Brasília, os investimentos em infraestrutura, novas
citados na questão.
fronteiras agrícolas, entre outros fatores, contribuíram
para essa nova distribuição.
Portanto, o Sudeste continua captando boa parte dos 2. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
migrantes brasileiros. A região recebe muito mais gen- Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
te do que perde. O Centro-Oeste também recebe mais tura etária da população brasileira e da evolução de seu
migrantes do que perde, sendo, atualmente, o principal crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
destino dos fluxos migratórios no Brasil. O Sul e o Norte
são regiões onde o volume de entrada e saída de mi- O baixo crescimento vegetativo da população brasileira
grantes é mais equilibrado. verificado nos últimos três censos demográficos indica a
diminuição do ritmo de migrações no país e o início de
longo ciclo de estagnação. Centros urbanos de atração
de migrantes, como Brasília, Manaus e São Paulo, dimi-
FIQUE ATENTO! nuíram drasticamente o ritmo de crescimento econômi-
A Região Nordeste tem recebido cada vez co, justificando assim a queda do fluxo migratório de en-
mais migrantes, sendo a maioria proveniente trada e o aumento da saída de população.
do Sudeste (retorno), porém, continua sendo
a região que mais perde população para as ( ) CERTO ( ) ERRADO
demais.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

Resposta: Errado. A afirmativa está errada por vários


motivos. Entre eles, podemos citar o fato de o cres-
cimento vegetativo brasileiro não ser baixo. Apesar
de estar em queda desde a década de 1960, quando
atingiu 36,7%, o país continua com uma taxa de cres-
cimento elevada nos últimos três censos: 21,3% em
1991; 15,4% em 2000 e 12,5% em 2010. Um segundo
erro é que quando falamos de crescimento vegetativo,
levamos em consideração o que chamamos de cresci-

5
mento natural, ou seja, a diferença entre a taxa de na- Desta forma, é importante conhecer os números que
talidade e a de mortalidade. Não entra na contagem, revelam quantas são as propriedades rurais e suas exten-
portanto, a taxa de migração. Esta entraria em conta sões: existem pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais
apenas se falássemos do “Crescimento Demográfico” inferior a 1 hectare, essas juntas ocupam no país uma
que é igual a soma do crescimento vegetativo com o área de 25.827 hectares, há também propriedades de ta-
crescimento migratório (Cres. Demog. = cresc. Veg. + manho superior a 100 mil hectares que juntas ocupam
cresc. Migr.). uma área de 24.047.669 hectares. 
Ademais, outra forma de concentração de terras no
Brasil é proveniente também da expropriação, isso sig-
3. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
nifica a venda de pequenas propriedades rurais para
Acerca dos movimentos migratórios internos, da estru-
grandes latifundiários com intuito de pagar dívidas ge-
tura etária da população brasileira e da evolução de seu
ralmente geradas em empréstimos bancários, como são
crescimento no século XX, julgue os itens a seguir.
muito pequenas e o nível tecnológico é restrito diversas
vezes não alcançam uma boa produtividade e os custos
A dinâmica da estrutura etária da população brasileira
são elevados, dessa forma, não conseguem competir no
tende ao equilíbrio quanto à quantidade de crianças, jo-
mercado, ou seja, não obtêm lucros. Esse processo favo-
vens, adultos e idosos: a população de idosos com maior
rece o sistema migratório do campo para a cidade, cha-
expectativa de vida cresce tanto quanto a população em
mado de êxodo rural. 
idade infantil e jovem.
Logo, a problemática referente à distribuição da terra
no Brasil é produto histórico, resultado do modo como
( ) CERTO ( ) ERRADO no passado ocorreu a posse de terras ou como foram
concedidas. 
Resposta: Errado. Em relação à estrutura da popula-
ção brasileira, há uma tendência de aumento do per-
centual da população idosa, ou seja, estamos vivendo #FicaDica
um envelhecimento da população. O percentual de
adultos e idosos vem aumentando nas últimas déca- O processo de distribuição de terras no
das, enquanto o de crianças vem caindo ano a ano. Brasil, teve início ainda no período colonial
Em 1980, 38,2% da população tinha até 14 anos e em com a criação das capitanias hereditárias
2010 essa taxa já era de 24%. e sesmarias, caracterizada pela entrega da
terra pelo dono da capitania a quem fos-
se de seu interesse ou vontade, em suma,
como no passado a divisão de terras foi
A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA FUNDIÁRIA E desigual, os reflexos são percebidos na
PROBLEMAS DEMOGRÁFICOS NO CAMPO atualidade e é uma questão extremamente
polêmica e que divide opiniões. 

A estrutura fundiária corresponde ao modo como as


propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus Desta forma, vale lembrar que especialmente nos paí-
respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das ses subdesenvolvidos, com passado colonial, a grande
desigualdades que acontecem no campo.  concentração fundiária tem ocasionado conflitos entre
Com isso, a desigualdade estrutural fundiária brasilei- grandes proprietários e camponeses. Trabalhadores que
ra configura como um dos principais problemas do meio perderam suas terras têm-se organizado em movimentos
rural, isso porque interfere diretamente na quantidade sociais que lutam pela reforma agrária.
de postos de trabalho, valor de salários e, automatica- Sendo assim, a reforma agrária, quando é realizada
mente, nas condições de trabalho e o modo de vida dos de forma planejada e ampla, leva a reorganização da es-
trabalhadores rurais.  trutura fundiária, favorecendo a distribuição mais justa e
Deste modo, no caso específico do Brasil, uma grande igualitária das terras de um país. A reforma agrária é tam-
parte das terras do país se encontra nas mãos de uma bém benéfica para reduzir a especulação imobiliária no
pequena parcela da população, essas pessoas são co- campo e promover a produção agrícola (principalmente
nhecidas como latifundiários. Já os minifundiários são alimentos) a uma população cada vez mais urbanizada.
proprietários de milhares de pequenas propriedades ru- A desigualdade na distribuição das terras agricultá-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

rais espalhadas pelo país, algumas são tão pequenas que veis necessita ser foco de intervenção do Estado. O go-
muitas vezes não conseguem produzir renda e a própria verno precisa promover a desapropriação de grandes
subsistência familiar suficiente.  propriedades improdutivas dividindo-as em lotes para
Sendo assim, mediante às informações, fica eviden- assentar agricultores e trabalhadores rurais sem terra.
te que no Brasil ocorre uma discrepância em relação à Porém, a estrutura fundiária de um país só se torna
distribuição de terras, uma vez que alguns detêm uma menos desigual quando a redistribuição de terras acon-
elevada quantidade de terras e outros possuem pouca tece acompanhada de intervenções que visem a perma-
ou nenhuma, esses aspectos caracterizam a concentra- nência dos agricultores nas terras e lhes garanta a ca-
ção fundiária brasileira.  pacidade de promover a própria subsistência além de

6
produzir excedentes para o abastecimento do mercado.
É fundamental, portanto, que além do “pedaço de terra” INTEGRAÇÃO ENTRE INDÚSTRIA
seja também oferecido apoio técnico, financeiro, política E ESTRUTURA URBANA, REDE DE
de preços, e apoio na comercialização da safra. TRANSPORTES E SETOR AGRÍCOLA NO
BRASIL
#FicaDica
Estrutura fundiária é a forma como as
No processo de constituição e transformação do es-
propriedades rurais estão distribuídas, de
paço geográfico ao longo da história, um dos fatores que
acordo com suas dimensões. Nos países
exerceram uma maior influência foi a industrialização,
desenvolvidos da Europa, por exemplo, a
que se manifestou em diferentes ritmos e períodos en-
estrutura fundiária conta com o predomí-
tre os diversos países. Nesse sentido, podemos dizer que
nio de pequenas e médias propriedades
um desses efeitos foram as transformações relacionadas
poli cultoras. Já os países subdesenvolvi-
com o processo de urbanização das sociedades.
dos como é o caso do Brasil, possuem uma
Deste modo, a relação entre industrialização e urbani-
estrutura fundiária concentrada na mão de
zação encontra-se no fato de que é o processo industrial
proprietários com grandes extensões de
terras. que dinamiza as sociedades e atua no sentido de moder-
nizá-las, embora esse não seja o único fator responsável
por isso. Assim, ampliam-se os chamados fatores atrati-
vos das cidades, ou seja, o conjunto de características do
meio urbano que atrai os migrantes advindos do campo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Outrossim, entre os efeitos da industrialização na ur-
banização, temos a transformação do meio rural e, por
extensão, dos fatores repulsivos do campo, ou seja, os
O processo de concentração fundiária caminha junto
elementos do meio rural responsáveis por enviar de ma-
à industrialização da agropecuária com predomínio de
capitais. Mediante às informações, fica evidente que no neira relativamente forçada a população rural para as
Brasil ocorre uma discrepância em relação à distribuição cidades. Nesse caso, podemos citar a mecanização das
de terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quanti- atividades agrícolas, que geram a substituição de uma
dade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, esses grande quantidade de trabalhadores por maquinários e
aspectos caracterizam a concentração fundiária brasileira.  do tipo de agrossistema adotado. Essa mecanização é
intensificada pelas inovações técnicas produzidas pela
industrialização. Portanto, a industrialização intensifica
Com base no fragmento acima, julguem os itens abai- a urbanização das sociedades no sentido de propiciar a
xo: formação do êxodo rural, que é a migração em massa da
população do campo para as cidades, além de atrair essa
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O discurso de moder- migração justamente para as áreas mais industrializadas,
nidade das elites tem contribuído para que a terra esteja
onde há mais empregos direta e indiretamente produzi-
concentrada nas mãos da grande maioria dos agriculto-
dos pelas indústrias.
res brasileiros.
Sendo assim, vale lembrar que não é só a atividade
industrial em si que gera uma maior atratividade demo-
( ) CERTO ( ) ERRADO gráfica para as cidades, mas a dinâmica econômica por
ela produzida, que provoca o surgimento de maiores
oportunidades em outros ramos da economia, principal-
Resposta: Errado. No Brasil, as terras concentram-se mente no setor terciário (comércio e serviços). Não por
nas mãos da minoria, e não o contrário. A concentra- coincidência, os países que mais avançaram no processo
ção fundiária é uma característica do meio rural bra- de industrialização e modernização das sociedades são
sileiro. aqueles que mais apresentam um setor terciário como
composição predominante na produção de riquezas em
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Os pequenos agriculto- suas respectivas economias.
res não conseguem competir e são forçados a abandonar Ademais, no caso da industrialização e urbanização
suas lavouras de subsistência e vender suas terras. do Brasil, podemos perceber que as áreas que histori-
camente mais se industrializaram são aquelas que mais
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

concentram um grande contingente populacional e, as-


( ) CERTO ( ) ERRADO sim, encontram-se mais urbanizadas. As regiões Sudeste
e Sul, principalmente as regiões metropolitanas de São
Paulo e Rio de Janeiro, formam as maiores aglomerações
Resposta: Certo. Devido à dificuldade em competir urbanas do país, uma vez que essas áreas detêm a maior
com os grandes latifundiários, os pequenos agriculto- porção do parque industrial, mesmo com a tendência
res, acabam por abandonar o campo, a fim de obter atual de dispersão de boa parte da produção fabril para
uma melhoria e mudança de vida nas cidades, ou se o interior do território brasileiro.
tornando, um empregado dos grandes proprietários.

7
Logo, além de atrair um maior volume demográfico e
intensificar a urbanização, os efeitos da industrialização
nas cidades também podem ser sentidos na composição EXERCÍCIO COMENTADO
hierárquica da divisão territorial do espaço geográfico.
Em sociedades predominantemente agrárias, o campo
Tanto se analisarmos o território brasileiro quanto se
exerce uma relação preponderante sobre as cidades, uma levarmos em conta as configurações espaciais do mundo,
vez que elas dependem do meio rural para a geração de podemos perceber que a industrialização não se distribui
alimentos, matérias-primas e movimentação de capital. de forma homogênea. Os fatores locacionais, que direcio-
Com a industrialização, as cidades modernizam-se e pas- nam e redirecionam a atividade industrial pelas diferentes
sam a subordinar o campo, que se torna dependente do localidades, são os principais responsáveis por essa dinâ-
meio urbano para o recebimento de máquinas, aparatos mica.
tecnológicos, mão de obra qualificada, conhecimentos
científicos aplicados à produção, entre outros elementos. Com base na citação acima, julguem os itens abaixo:
Sendo assim, podemos dizer que entre os efeitos da
industrialização na urbanização brasileiro, podemos des- 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Proximidade dos gran-
tacar os seguintes aspectos: des centros administrativos globais são responsáveis
pela integração e o processo de globalização.
- Intensificação do crescimento das cidades;
- Concentração populacional; ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Crescimento do setor terciário e a inversão da rela-
ção de subordinação entre campo e cidade.
Resposta: Errado. Atualmente, as indústrias não ne-
#FicaDica cessitam estar próximas dos centros administrativos,
pois o processo de globalização vem facilitando a sua
Esses aspectos são indicativos gerais e pre- descentralização produtiva.
cisam ser devidamente adaptados para o
entendimento de cada ocorrência ao longo 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A presença de mão de
do espaço geográfico mundial. obra farta, barata e qualificada é um dos objetivos das
indústrias, que visam à maximização dos lucros.

Deste modo, os processos de industrialização e urba- ( ) CERTO ( ) ERRADO


nização estão intrinsecamente interligados. Foi com os
avanços e transformações proporcionados, por exemplo,
pelas Revoluções Industriais na Europa que esse conti- Resposta: Certo. Presença de mão de obra barata,
nente concebeu o crescimento exponencial de suas prin- farta e qualificada é um dos mais importantes fatores
cipais cidades, aquelas mais industrializadas. Ao mesmo para o crescimento e fortalecimento da empresa, uma
tempo, o processo de urbanização intensifica o consumo vez que essa vasta oferta de mão de obra permite uma
nas cidades, o que acarreta a produção de mais merca- expansão a um bom preço de mercado.
dorias e o aumento do ritmo da atividade industrial.
Portanto, a industrialização é um dos principais fato-
res de transformação do espaço geográfico, pois interfe- GEOGRAFIA E GESTÃO AMBIENTAL
re nos fluxos populacionais, reorganiza as atividades nos
contextos da sociedade e promove a instrumentalização
das diferentes técnicas e meios técnicos, que são essen-
ciais para as atividades humanas. A atividade industrial,
Gestão Ambiental é o nome dado a uma série de
por definição, corresponde ao arranjo de práticas econô-
ações voltadas para a promoção de um meio ambiente
micas em que o trabalho e o capital transformam maté-
ecologicamente equilibrado. Tais conceitos são aplica-
rias-primas ou produtos de base em bens de produção
dos a partir da divulgação feita por meio de instituições
e consumo.
públicas e privadas, sendo possível, assim, mobilizar im-
FIQUE ATENTO! portantes agentes sociais na conscientização de práticas
voltadas para a preservação e utilização racional de de-
Com o avanço nos sistemas de comunicação terminado espaço geográfico.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

e transporte (fatores esses que impulsiona- Desta maneira, a matéria de gestão ambiental possui
ram a globalização), praticamente todos os ligação fundamental com os conhecimentos da geogra-
povos do mundo passaram a consumir pro- fia, pois os conceitos fundamentais desta última são co-
dutos industrializados, independentemente locados em prática pela primeira. Exemplos desta prática
da distância entre o seu local de produção e são: gestão ambiental de bacias hidrográficas, gestão
o local de consumo. Estabelece-se, com isso, ambiental de parques e reservas florestais, gestão de
uma rede de influências que atua em escalas áreas de proteção ambiental, gestão ambiental de reser-
que vão do local ao global. vas de biosfera, além de outras atividades envolvendo
práticas ambientais de fundo geográfico.

8
Com isso, ao mesmo tempo, sua aplicação em diver-
sas instituições governamentais e privadas melhora as MACRO DIVISÃO NATURAL DO ESPAÇO
práticas industriais e empresariais, trazendo um aperfei-
BRASILEIRO: BIOMAS, DOMÍNIOS E
çoamento na qualidade de produtos, serviços e ambien-
ECOSSISTEMAS
te de trabalho. É, atualmente, assunto que assume uma
posição cada vez mais estratégica em meio à política de
desenvolvimento nacional, pois além do estímulo à qua-
lidade ambiental, possibilita a redução de custos diretos, Bioma, domínio e ecossistema são termos ligados e
diminuindo o desperdício de água, energia e matérias- utilizados ao mesmo tempo nas áreas da biologia, geo-
-primas bem como custos indiretos, por exemplo, inde- grafia e ecologia, mas não significando em absoluto que
nizações por danos ambientais. sejam palavras referentes a um mesmo conceito. São to-
Chamamos a este grupo de Conceitos de Gestão dos empregados quando se pretende dividir um territó-
Ambiental Empresarial, estudo que é dirigido a compa- rio de acordo com suas paisagens naturais.
nhias, corporações, firmas, empresas etc., e abrange um Deste modo, biomas são grandes áreas ou eco re-
conjunto de políticas de programas e práticas adminis- giões geográficas, de até mais de um milhão de quilô-
trativas e operacionais que dão prioridade à saúde e à metros quadrados (uma dimensão que equivale a pouco
segurança dos indivíduos, preservando o meio ambien- menos que o estado do Pará ou a África do Sul), com
te, buscando eliminar ou minimizar os impactos e danos condições ambientais específicas, onde ocorre interação
ambientais que se originam do planejamento, implanta- entre os fatores no conjunto natural (relevo, clima, vege-
ção, operação, ampliação, realocação ou desativação de tação, fauna, hidrografia e solo). Apesar da diversidade
todo empreendimento ou atividade, estando ali incluídas de vegetação, a paisagem apresenta-se com certa uni-
todas as fases do ciclo de vida de um determinado pro- formidade, havendo, porém, dificuldade de definição de
duto. seus limites naturais.
Deste modo, a gestão ambiental também se faz pre- Como exemplo de biomas, de acordo com o IBGE –
sente no setor público, já de certo modo consolidada en- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, temos:
tre os preceitos da administração pública, mesmo que
apresentando algumas diferenças em relação ao setor ● Mata Atlântica;
privado. Nela, é importante lembrar que o governo, por ● Cerrado;
meio dos Poderes Executivo e Legislativo, tem um papel ● Amazônico;
fundamental na implementação e consolidação do de- ● Caatinga;
senvolvimento sustentável, pela simples conclusão de ser ● Pantanal;
ele o responsável pela implantação de normas e leis re- ● Pampa.
guladoras dos critérios ambientais a serem seguidos por
todos, especialmente os integrantes do setor privado, já Logo, o domínio é o conjunto natural em que há
que em seu processo de elaboração de bens e serviços, interação entre o clima e os elementos relevo ou vege-
fazem amplo uso dos recursos naturais, inevitavelmente tação determinantes. Possui o domínio certa ordem de
produzindo resíduos poluentes. grandeza, geralmente apresentando-se como uma área
Portanto, além do papel inerente ao Poder Público menor que o bioma. Neste conjunto, há certa coerência
de prover uma ampla fiscalização do cumprimento das nos aspectos de relevo, tipos de solo, vegetação, clima
normas ambientais, é necessária uma política coerente, e hidrografia. Modernamente, substitui o termo zona
buscando a execução dos preceitos de desenvolvimen- (como por exemplo, zonas tropicais, zonas temperadas,
to sustentável, além de ser ele mesmo exemplo principal subtropical etc.). Definimos os domínios morfoclimáticos
para todos os setores da sociedade de padrões corretos brasileiros a partir de características climáticas, botânicas,
pedológicas, hidrológicas e fitogeográficas, havendo seis
de consumo e produção, dando parâmetros ideais para
importantes destes espaços em território brasileiro:
a implementação de toda e qualquer política socioam-
biental.
● Domínio Amazônico;
● Domínio dos Cerrados;
FIQUE ATENTO! ● Domínio dos Mares de Morros;
● Domínio das Caatingas;
As decisões na empresa devem ser tomadas ● Domínio das Araucárias;
visando à harmonia entre o patrimônio e o ● Domínio das Pradarias.
entorno ecológico, principalmente na orga-
nização que utiliza recursos naturais e, assim,
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

fazer crescer a importância da gestão am- Portanto, finalmente, o ecossistema é uma comu-
biental na indústria que facilmente ultrapassa nidade de organismos que interagem entre si e com o
o limite de resíduos que poluem o ambiente.  meio ambiente ao qual pertencem. Exemplos de meio
ambiente são lagos, floresta, savana, tundra, dentre ou-
tras. É complexo que compõe o ecossistema onde ocorre
a interação entre seres vivos e os elementos não-vivos
(bióticos e abióticos), havendo a transferência de energia
e matéria entre eles. Um domínio pode conter mais de
um bioma e de um ecossistema.

9
Desta forma, os principais ecossistemas brasileiros ● A crítica da destruição da natureza, com um mo-
são: delo alternativo e autônomo de desenvolvimento
nacional.
● Floresta Amazônica;
● Mata Atlântica;
A dinâmica da política e gestão ambiental torna-se
● Cerrado;
mais acelerada a partir de 1930, mudando constantemente
● Caatinga;
e adotando uma mescla das quatro noções citadas acima,
● Campos;
com a adição de políticas regulatórias, estruturadoras
● Pantanal;
e indutoras. Isso se deve principalmente à mudança
● Restingas;
da administração, que adotara um perfil centralizador,
● Manguezais.
que, por sua vez implementa definitivamente a
regulamentação ambiental.
Outrossim, é importante notar os diferentes biomas,
Sendo assim, mais três períodos podem ser conside-
domínios e ecossistemas presentes no território nacional,
rados neste curto espaço de tempo dentro do século XX:
atestando a diversidade climática, vegetal, animal e de
relevo que estão contidas entre as fronteiras terrestres.
● De 1930 a 1971, onde a política ambiental é carac-
#FicaDica terizada pela construção de todo um repertório re-
gulamentador de ações no sentido da preservação
Tal variedade cultural e paisagística, além ambiental e penalização do infrator;
da falta de praticamente qualquer conflito ● De 1972 a 1987, presenciamos o auge do estado
étnico e fronteiriço deixa o Brasil em posi- intervencionista em matéria ambiental;
ção privilegiada, ressaltando seu potencial ● De 1988 aos dias atuais, presenciamos os processos
turístico, sobretudo o turismo ecológico. de democratização e descentralização dos meios
decisórios, onde emerge o conceito que se torna
palavra de ordem da preservação ambiental em
escala mundial: desenvolvimento sustentável.

POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL FIQUE ATENTO!


Ao longo da história, presenciamos no Brasil
um distanciamento entre estas três modali-
O tema Política e gestão ambiental no Brasil refere-se dades, de políticas regulatórias, estrutura-
ao modo como, em retrospectiva, o Brasil, por meio de doras e indutoras, passando por obstáculos
seus governos, vem tratando a questão ambiental atra- culturais e institucionais que ainda não per-
vés dos anos. O conceito de gestão está associado prin- mitiram atingir-se um excelente modelo de
cipalmente à atuação no tempo presente, associada a política ambiental. O governo, em grande
procedimentos operacionais, à administração e à aplica- parte, concentra-se ainda em obter resulta-
ção das leis, regulamentos, indicadores, normas, planos e dos rápidos, a curto prazo, ao contrário de
programas. Já o conceito de política pública está restrito ganhos perenes.
a uma atividade especializada do Estado moderno.
Sendo assim, a importância de tal questão já emerge
na prevalência do nome do país, Brasil, em relação a ou-
tros, na maioria de cunho religioso, como por exemplo
“Terra de Santa Cruz”, que foram dados à terra a ser co-
lonizada por Portugal.
Deste modo, o nome Brasil é resultado direto da visão
mercantilista de exploração das riquezas naturais do ter-
ritório, questão com a qual o país se debate até os dias
atuais. De 1500 até o século XX são encontradas quatro
importantes posturas do ocupante da terra em relação à
questão da natureza:
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

● O elogio retórico e laudatório do meio natural, in-


diferente e em certos momentos, conivente com a
devastação;
● O elogio à ação humana em uma dimensão abs-
trata, em meio às consequências destrutivas que
resultam da colonização compulsória;
● A crítica da destruição da natureza, com proposta
de modernização urbano-industrial;

10
Resposta: Certo. O Pantanal está localizado no sudo-
este de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Esse bioma é uma das maiores planícies inundáveis
do planeta. Durante os períodos chuvosos (outubro a
O Brasil dispõe de instrumentos sofisticados de pla- abril), o nível dos rios na bacia do Paraguai aumenta
nejamento e gestão ambiental, que contemplam a espa- e inunda a planície, cobrindo até dois terços da área
cialização dos processos, estimulam a participação dos pantaneira.
atores locais das áreas de atuação, possuem uma reta-
guarda técnica substantiva e se amparam num quadro
legislativo bem discriminado. Existem leis, metodologias,
colegiados e propostas definidas à exaustão. Contudo, O BRASIL E A QUESTÃO CULTURAL
a efetivação das ações e metas revela-se ainda bastante
problemática, muito aquém do requerido pela dinâmica
territorial e populacional vivenciada pelo país [...]. Num Quando analisamos o Brasil e sua população, é pos-
país construído na apropriação de espaços, onde “gover- sível notarmos uma gigantesca mescla cultura, com isso,
nar é construir estradas”, a ideia de natureza como valor toda essa diversidade cultural refere-se aos diferentes
em si tem dificuldade em se enraizar nas práticas sociais. costumes de uma sociedade, entre os quais podemos
Antônio Carlos Robert Moraes. Território e História no mencionar:
Brasil. São Paulo: Annablume, p. 86. 2005
Com base na citação acima, julgue os itens abaixo: ● Vestimenta;
● Culinária;
● Manifestações religiosas;
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A legislação ambiental ● Tradições;
brasileira precisa ser aprimorada, de forma a garantir a
● Música;
proteção do valioso patrimônio natural do país.
● Comidas típicas;
● Festividades tradicionais;
( ) CERTO ( ) ERRADO
● Folclore.

Resposta: Errado. Na verdade, a legislação ambiental Deste modo, o Brasil, por conter um extenso territó-
brasileira já está adequada a fim de defender o patri- rio, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e
mônio cultural do país, o que vem ocorrendo, é um culturais entre as suas regiões.
processo de abertura de brechas para uso indevido. Sendo assim, os principais disseminadores da cultu-
ra brasileira são os colonizadores europeus, a população
indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imi-
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) No Brasil, o padrão
grantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes,
histórico de exploração dos recursos naturais se impõe
sobre os modernos instrumentos de planejamento e ges- entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do
tão ambiental. Brasil.
Desta forma, dentro desse contexto, alguns aspectos
culturais das regiões brasileiras serão abordados.
( ) CERTO ( ) ERRADO Na Região Nordeste, entre as manifestações culturais
da região estão danças e festas como o bumba meu boi,
maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de
Resposta: Certo. A concepção e os valores criados zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira.
pela historicidade brasileira, desconsideram o concei- Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá
to de preservação e conservação do ambiente, peran- e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de
te a ocupação e a produção do espaço Cordel é outro elemento forte da cultura nordestina. O
artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os
Sobre as formações fitogeográficas ou Biomas exis- pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar,
tentes no Brasil, julgue o item abaixo: buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, fei-
jão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo
de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha,
cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

3. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Pantanal ocorre nos


estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, carac- No que tange a Região Norte, a quantidade de even-
terizando-se como uma região plana que é alagada nos tos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas
meses de cheias dos rios. populares do Norte são o Círio de Nazaré, em Belém
(PA), e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do
boi-bumbá do país, que ocorre em junho, no Amazonas.
( ) CERTO ( ) ERRADO Outros elementos culturais da região Norte são: o ca-
rimbó, o congo ou congada, a folia de reis e a festa do
divino.

11
Vale lembrar, a influência indígena é fortíssima na
culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes.
Outros alimentos típicos do povo nortista são: carne de EXERCÍCIO COMENTADO
sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá (espécie
de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de
O Brasil é conhecido por ser um país multiétnico, deste
erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.
modo, quando analisamos a formação do Brasil e de sua
Dentro da Região Centro-Oeste, a cultura do Cen-
população, é possível notarmos uma gigantesca mescla
tro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo
cultura, com isso, toda essa diversidade cultural refere-se
contribuições principalmente dos indígenas, paulistas,
aos diferentes costumes de uma sociedade e aos povos que
mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São mani-
ocuparam cada uma das regiões do país.
festações culturais típicas da região: a cavalhada e o fo-
garéu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul. A culinária regional é composta
Com base em seus conhecimentos, e no fragmento
por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro,
acima, julgue os itens abaixo:
arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamo-
nha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado,
pacu, dourado, entre outros. 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Foram os portugue-
No tocante a Região Sudeste, os principais elemen- ses, os africanos e os imigrantes árabes, japoneses, italia-
tos da cultura regional são: festa do divino, festejos da nos e alemães que formaram efetivamente a população
páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, brasileira.
bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de
velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia
de reis, caiapó. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Ademais, a culinária do Sudeste é bem diversificada
e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos
diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos Resposta: Errado. Na da população brasileira, des-
típicos se destacam a moqueca capixaba, pão de queijo, taca-se mais os elementos nativos e africanos, deste
feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bo- modo, não podemos afirmar que árabes, japoneses,
linho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz italianos e alemães formaram efetivamente nossa con-
paulista, farofa, pizza, dentre outros. cepção étnica e cultural.
Já na Região Sul, é formada de aspectos culturais
dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmen- 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Os nativos brasileiros,
te, alemães e italianos. As festas típicas são: a Festa da são oriundos dos indígenas, os europeus brancos e os
Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram africanos, povo que aqui foi escravizado.
a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a
tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa ( ) CERTO ( ) ERRADO
Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a
dança de fitas, boi na vara. Na culinária estão presentes:
churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco Resposta: Certo. A formação étnica da população
assado, barreado (cozido de carne em uma panela de brasileira possui como principais elementos o negro
barro), vinho. africano, o indígena nativo e o branco europeu.

FIQUE ATENTO!
Apesar do processo de globalização, que A INTEGRAÇÃO DO BRASIL AO PROCESSO
busca a mundialização do espaço geográfi- DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA
co, tentando, através dos meios de comuni-
cação, criar uma sociedade homogênea, os
aspectos locais continuam fortemente pre-
sentes. A cultura é um desses aspectos: vá- Nos últimos 50 anos, as chamadas economias em
rias comunidades continuam mantendo seus desenvolvimento alcançaram níveis expressivos de in-
costumes e tradições. dustrialização e urbanização, formando uma burguesia
nacional e uma classe média de assalariados com ren-
da relativamente elevada. Esse momento pode ser com-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

preendido por meio de dois pressupostos: a participação


do Estado como empresário e a atração de empresas
transnacionais.
Sendo assim, após a década de 1950, ocorreu no Bra-
sil o processo de internacionalização da economia, com
grande participação do Estado como empresário e no
desenvolvimento de infraestrutura (transportes, energia,
portos) e políticas de incentivos fiscais. Todos esses fa-

12
tores, aliados à disponibilidade de mão-de-obra barata,
mercado consumidor emergente e acesso a matérias-pri- #FicaDica
mas e fontes de energia, atraíram empresas transnacio-
nais para o território brasileiro. Houve uma grande am- Os países emergentes como o Brasil, remo-
pliação do parque industrial, principalmente indústrias veram os obstáculos ao capital internacio-
de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodo- nal, como as elevadas tarifas alfandegárias.
mésticos). Com isso, juntando aos fenômenos da glo-
Com isso, o país conheceu a sua industrialização tardia balização e abertura econômica, ocorreu
e adotou plenamente o Fordismo, um sistema produtivo promoção de um aumento sem preceden-
tradicional que considerava a capacidade de produção e tes do volume de IEDs - Investimentos Es-
os grandes parques industriais como fundamentos para trangeiros Diretos, no Brasil. Vale lembrar,
a atividade industrial. Esse padrão concretizado com o que um dos setores que mais recebeu IEDs
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) foi amplia- foi a indústria automobilística.
do pela ditadura militar (1964-1985). Os militares criaram
obras estruturais em diferentes regiões brasileiras, a des-
tacar as usinas hidrelétricas e as rodovias. Muitos muni-
cípios do interior do estado de São Paulo começaram a
desenvolver seus distritos industriais. Durante a década EXERCÍCIOS COMENTADOS
de 1970, ocorreu o “milagre econômico brasileiro”, que
elevou o país à posição de 8ª economia mundial no ano Julgue os próximos itens, relativos à industrialização e
de 1973, com taxas anuais de crescimento em torno de à integração do Brasil ao processo de internacionalização
10%. da economia.
Deste modo, no caso brasileiro, o modelo fordista
trouxe crescimento econômico para o país, mas não foi 1. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
capaz de promover o desenvolvimento econômico re- Com a desconcentração da indústria paulista, as princi-
gional. O aumento de renda per capita de um país nem pais regiões metropolitanas nordestinas (Salvador, Reci-
sempre representa avanços na qualidade de vida. O cres- fe, Fortaleza e São Luís) tornaram-se novas aglomerações
cimento que o Brasil obteve, principalmente durante o industriais, devido a algumas condições básicas: situação
período correspondente ao regime militar, construiu um geográfica adequada para a implantação de indústrias
arcabouço técnico e logístico para o desenvolvimento, em razão da proximidade de rotas de comércio interna-
mas não o privilegiou. cional; e aumento do número de empregos industriais
Assim, a partir da década de 1980, ocorreu o esgota- diretos e indiretos com mão de obra barata e qualificada.
mento da capacidade do Estado em promover o desen-
volvimento industrial (fim do Estado empresário) devido
às políticas econômicas malsucedidas que aumentaram a ( ) CERTO ( ) ERRADO
dívida externa e a inflação. No plano externo, os países
desenvolvidos começaram a adotar medidas neoliberais,
reduzindo o papel do Estado na sua participação em de- Resposta: Errado. De fato, alguns estados nordestinos
terminados setores econômicos. beneficiaram-se da desindustrialização do Sudeste e se
Outrossim, o Brasil iniciou, a partir da década de tornaram destino de algumas indústrias que antes fun-
1990, um acelerado programa de abertura econômica cionavam nesta região. Estas empresas, no entanto, não
conduzido pelo governo Collor. Através da redução de se instalaram de maneira significativa nas capitais. São
alíquotas de importações, desregulamentação do Esta- Luís, por exemplo, minha cidade natal e apontada no
do, privatizações das empresas estatais e diminuição de enunciado, tem atividade industrial bastante incipiente.
subsídios, mudanças profundas foram implementadas na
estrutura industrial do país. Apesar de estimular a com-
2. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE –
petitividade, muitas pequenas e médias empresas não
2018) O Brasil, potência regional na economia do mun-
tiveram suporte técnico e financeiro para se adaptarem a
do, integra redes de produção e consumo em escala
essas transformações.
global, principalmente nos setores de produção de soja,
Desta forma, até os dias atuais, a principal dificuldade
minério de ferro, óleos brutos de petróleo, automóveis
enfrentada pelos pequenos e médios empreendedores
de passageiros e açúcar de cana bruto.
no Brasil é que os investimentos em tecnologia e o cré-
dito necessário para a efetuação de qualquer base de es-
( ) CERTO ( ) ERRADO
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

truturação produtiva ainda dependem do resguardo es-


tatal. Enfim, o país abraçou o neoliberalismo econômico
como política de Estado.
Resposta: Certo. Em poucas palavras, a questão afir-
ma que o Brasil é um exportador de commodities e de
automóveis, o que está correto. Sobre os automóveis, é
importante ressaltar que nosso país exporta principal-
mente para os países da América Latina e da África.

13
Haveria, então, um obstáculo ao desenvolvimento do
O SÉCULO XX: URBANIZAÇÃO DA espírito racional e crítico, pois nesse processo se trans-
forma a arte e a cultura em mercadoria. Portanto, sujeito
SOCIEDADE E CULTURA DE MASSAS
às leis comerciais de procura e demanda, os produtos
comerciais ofertados são respostas da vontade imediata
de um público cada vez mais passivo e desencorajado a
Entre o final do século XIX e o início da Primeira procurar novas experiências, como na arte erudita e po-
Guerra Mundial ocorreram algumas mudanças como o pular. Ele consome o que é ofertado e tem comporta-
aumento do número de pessoas alfabetizadas, melhores mento acrítico diante das demandas.
condições de vida e desenvolvimento tecnológico que Ademais, utilizando como estratégia o uso de apelos
possibilitaram o surgimento de novos pensamentos e es- visuais e estéticos, seria possível conduzir os “consumi-
tilos de vida. Nesse contexto, ocorreu a penetração dos dores” dessa cultura a uma espécie de fuga da realidade
meios de comunicação em massa com uma configuração em direção a um mundo fantasioso de lazer e diversão.
cultural específica que difere das manifestações culturais Essa fuga da realidade é apontada como um elemento de
anteriores. alienação que faz com que o indivíduo aceite a explora-
Deste modo, a característica mais imediata que dife- ção capitalista.
rencia a cultura de massa do que era produzido anterior- Deste modo, quando falamos em sociedades de mas-
mente é o alcance que esta tem possibilitada pela sua sa, geralmente nos referimos a um tipo de organização
difusão em larga escala através dos diferentes meios de social bastante específico e recente. Podemos descrevê-
comunicação. Atingindo um número de pessoas cada vez la como uma sociedade em que a grande maioria da
maior e como jamais havia ocorrido, as manifestações ar- população está envolvida na produção, na distribuição
tísticas e culturais vão ganhando novos contornos consti- e no consumo de bens e serviços, além de seguirem um
tuindo a indústria cultural. modelo de comportamento generalizado, participando
Sendo assim, esta ideia está presente no livro de Marx do meio político e da vida cultural por meio do uso dos
Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969) meios de comunicação de massa.
intitulado “A indústria cultural: o esclarecimento como Sendo assim, o termo sociedade de massa é usado
mistificação das massas” onde os autores fazem uma re- justamente para descrever a nova ordem social que vi-
flexão sobre a mercantilização de manifestações culturais vemos, que se formou no início do século XX, após a
e artísticas, isto é, o processo de transformação de bens Primeira Guerra Mundial. A nova forma de ordem social
culturais em mercadorias. desperta no indivíduo um enorme sentimento de ape-
Adorno e Horkheimer eram membros da Escola de go ao seu próprio contexto social como um todo. Essa
Frankfurt, um grupo de intelectuais alemães que tinham nova sociedade é uma sociedade de massa precisamente
como uma das pautas de discussão a relação entre cul- pelo fato de que a grande massa social se tornou inte-
tura e ideologia. Segundo os autores, por meio da noção grada à sociedade.
de indústria cultural e o seu papel articulador de orga- Vale lembrar, que o teórico Edward Shils explica que
nização e manutenção da sociedade, é possível se ex- o centro da sociedade, as instituições centrais e o sis-
plicar questões como vulgarização cultural, exploração tema de valores que guia e delimita essas instituições,
comercial e por consequência, ideologia da dominação. estendeu suas fronteiras, de modo que a grande maioria
O próprio termo “indústria cultural” demonstra a ideia das populações das sociedades contemporâneas passou
de que, assim como as indústrias fabricam determinados a se relacionar de maneira muito mais íntima com o cen-
produtos (móveis, sapatos, refrigerantes, entre outros) tro do mundo social do que em períodos anteriores. Isso,
com um intuito de grande consumo, geração de lucros e em outras palavras, quer dizer que o sujeito inserido na
adesão ao sistema capitalista, o mesmo acontece com a sociedade de massa tornou-se completamente depen-
produção de bens culturais. dente de seu meio social.
Deste modo, o surgimento e o crescimento
dos ideais nacionalistas, que se alastraram rapidamen-
FIQUE ATENTO! te no decorrer da era moderna, ampliaram de maneira
considerável o  sentimento  de afinidade  entre sujeitos
A cultura de massa teria impacto na socie-
de classes e regiões diferentes pertencentes a um mes-
dade ao produzir uma homogeneização dos
mo país. A progressiva urbanização da vida social hu-
indivíduos. Esse comportamento ocorreria,
mana e o consequente inchamento dos centros urba-
pois, ao conseguirem atingir um número de
nos também são característicos das sociedades de massa.
pessoas muito maior, os meios de comuni-
Além disso, a burocratização e a racionalização das insti-
cação fazem a difusão de modelos planifi-
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

tuições estatais enfraqueceram as formas de ação indivi-


cados de cultura reproduzindo padrões ho-
dual, já que o corpo do Estado é o que possui força legí-
mogêneos e não levando em consideração
tima de manutenção e determinação das normas formais
as diferentes possibilidades de configuração
do mundo coletivo. É nesse sentido que a massa social
de gostos e identidades. O “público consu-
se torna cada vez mais próxima, passando a ter força de
midor” é visto assim, como uma “massa” ho-
neutralização dos conflitos inerentes ao convívio entre
mogênea.
diferenças. Para certos autores, essa força neutralizadora
é, de fato, uma das características mais marcantes das
sociedades de massa.

14
Sendo assim, Jean Baudrillard,  sociólogo e filóso-
fo francês, enxerga na massa um corpo de  amortiza-
ção de forças políticas e sociais, um corpo que absorve EXERCÍCIO COMENTADO
“toda a eletricidade do social e do político e as neutraliza,
sem retorno”. A visão de Baudrillard sobre a massa é de A sociedade do espetáculo corresponde a uma fase es-
que a conformidade dos sujeitos com as determinações pecífica da sociedade capitalista, quando há uma inter-
exteriores transforma o cenário social em um grande cor- dependência entre o processo de acúmulo de capital e o
po inerte e imóvel. Para ele, as partes que formam as processo de acúmulo de imagens. O papel desempenha-
massas estão tão ligadas que tornam a manifestação do do pelo marketing, sua onipresença, ilustra perfeitamente
diferente e das diferenças impossível. O conformismo é, bem o que Guy Debord quis dizer: das relações interpes-
portanto, um dos pilares essenciais das sociedades de soais à política, passando pelas manifestações religiosas,
massa. tudo está mercantilizado e envolvido por imagens. Assim
Portanto, as ideias de Baudrillard nos interessa ao como o conceito de “indústria cultural”, o conceito de “so-
considerarmos o trabalho do filósofo José Ortega y Gas- ciedade do espetáculo” faz parte de uma postura crítica
set e sua concepção do “homem-massa”, conceito que com relação à sociedade capitalista. São conceitos que
usa para definir o sujeito que está inserido nas socie- procuram apontar aquilo que se constitui em entraves
dades de massa. Para Ortega, o sujeito contemporâneo para a emancipação humana.
que se vê em meio ao mundo social atual é a expressão
absoluta do conformismo com as determinações sociais (Cláudio N. P. Coelho, em Mídia e poder na sociedade
estabelecidas. Logo, o indivíduo e sua individualidade do espetáculo.
perderam força em meio ao enorme processo de homo-
geneização das diferenças. Seu desejo é o de se tornar
Com base na citação acima, julgue os itens abaixo:
comum, aceito pelos demais, encaixar-se nas determina-
ções genéricas do mundo social massificado. O “homem-
-massa”, portanto, só se sente confortável quando se vê
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A transformação da
em conformidade com a massa.
cultura em mercadoria é uma característica fundamental
desse fenômeno social.
#FicaDica
( ) CERTO ( ) ERRADO
O próprio termo sociedade de massa já faz
referência a uma  sociedade massificada,
isto é, uma sociedade em que os indivíduos Resposta: Certo. A noção de sociedade do espetáculo
agem de forma semelhante com gostos e está diretamente relacionada com uma visão marxista
interesses praticamente padronizados. da sociedade. Por essa lógica, existe, na sociedade ca-
pitalista, um processo de coisificação, simplificando as
relações sociais a meras relações econômicas. Assim,
a cultura é um dos elementos que é transformado em
mercadoria, podendo ser comercializada e produzin-
do lucro para a burguesia.

2. (NOVA CONCURSOS – 2019) O conceito de socie-


dade do espetáculo realiza uma reflexão contestadora
sobre a indústria cultural.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Na verdade, a sociedade do espe-


táculo faz parte do processo de solidificação da in-
dústria cultural, deste modo, ela apoia o processo de
indústria cultural, ao invés de contestar.
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

15
5. (NOVA CONCURSOS – 2019) Fornecimento de incen-
tivos fiscais por parte do governo, gera estímulo e atra-
HORA DE PRATICAR! ção de empresas para uma determinada região.

1. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)


O crescimento da população mundial tem preocupa- ( ) CERTO ( ) ERRADO
do as instituições internacionais porque articula vários
aspectos da vida humana, desde o meio ambiente e o
desenvolvimento econômico até a habitação e o cres- 6. (NOVA CONCURSOS – 2019) Analise o fragmento
cimento das cidades. Considerando essas informações, abaixo, e julgue o item a seguir.
julgue os itens seguintes.
As taxas de natalidade, a expectativa de vida e o fluxo de As regiões brasileiras exercem diferentes papéis no que
migrações são os aspectos que caracterizam e determi- diz respeito à “divisão inter-regional do trabalho”, ressal-
nam o surgimento de cidades globais. tando-se que a Região Norte se caracteriza pela exporta-
ção de matérias-primas de origem diversa, com destaque
( ) CERTO ( ) ERRADO para os minérios.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Com base no fragmento abaixo, julguem os itens
a seguir:
O processo de concentração fundiária caminha junto
à industrialização da agropecuária com predomínio de Sobre as formações fitogeográficas ou Biomas exis-
capitais. Mediante as informações, fica evidente que no tentes no Brasil, julgue os itens abaixo:
Brasil ocorre uma discrepância em relação à distribuição
de terras, uma vez que alguns detêm uma elevada quanti- 7. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Cerrado é uma for-
dade de terras e outros possuem pouca ou nenhuma, esses mação fitogeográfica caracterizada por uma floresta
aspectos caracterizam a concentração fundiária brasileira.  tropical que cobre cerca de 40% do território brasileiro,
ocorrendo na Região Norte.
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A intensa mecanização
leva à redução do trabalho humano e à mudança nas re-
lações de trabalho, com a especialização de funções e o ( ) CERTO ( ) ERRADO
aumento do trabalho assalariado e de diaristas.

8. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Mangue ocorre des-


( ) CERTO ( ) ERRADO de o Amapá até Santa Catarina e desenvolve-se em estu-
ários, sendo utilizados por vários animais marinhos para
reprodução.
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) As modificações na es-
trutura fundiária provocam desemprego no campo, in-
tenso êxodo rural, além de aumentar o contingente de ( ) CERTO ( ) ERRADO
trabalhadores sem direito à terra e sua exclusão social.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Com base na citaçao abaixo, julguem os itens a


seguir:

Tanto se analisarmos o território brasileiro quanto se


levarmos em conta as configurações espaciais do mundo,
podemos perceber que a industrialização não se distribui
de forma homogênea. Os fatores locacionais, que direcio-
nam e redirecionam a atividade industrial pelas diferentes
GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

localidades, são os principais responsáveis por essa dinâ-


mica.
4. (NOVA CONCURSOS – 2019) Existência de infraestru-
turas e meios de transporte é fundamental para a empre-
sa lograr êxito e obter um grande crescimento.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16
ANOTAÇÕES
GABARITO

________________________________________________
1 E
_________________________________________________
2 C
3 C _________________________________________________
4 C _________________________________________________
5 C
_________________________________________________
6 C
7 E _________________________________________________
8 C _________________________________________________

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GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

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17
ANOTAÇÕES

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GEOPOLÍTICA BRASILEIRA

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18
ÍNDICE

HISTÓRIA DA PRF

Polícia Rodoviária Federal: história em detalhes......................................................................................................................................................... 01


Grandes eventos esportivos................................................................................................................................................................................................. 04
Atualidade.................................................................................................................................................................................................................................. 05
Tecnologia.................................................................................................................................................................................................................................. 06
Trânsito........................................................................................................................................................................................................................................ 07
Capacitação................................................................................................................................................................................................................................ 08
Ação especializada.................................................................................................................................................................................................................. 09
Áreas especializadas............................................................................................................................................................................................................... 10
nomeado Inspetor de Tráfego, com a missão inicial de
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: HISTÓRIA percorrer e fiscalizar as ditas rodovias, usando duas mo-
EM DETALHES tocicletas Harley Davidson. Para tal, contava com cerca
de 450 “vigias” da Comissão de Estradas de Rodagem
(CER).

Quando analisamos a história da Polícia Rodoviária


Federal (PRF) em detalhes, devemos destacar que ela foi FIQUE ATENTO!
criada pelo presidente Washington Luís, no dia 24 de ju-
lho de 1928, através do Decreto nº 18.323, que definia as Importante destacar que desde 1927, Turqui-
regras de trânsito à época, com a denominação inicial de nho já defendia a criação da Polícia de Estra-
“Polícia de Estradas”. das, surgindo daí seu aproveitamento como
primeiro Inspetor de Tráfego.

#FicaDica
DECRETO Nº 18.323, DE 24 DE JULHO DE Ademais, ainda em 1935, Yeddo Fiúza indicou Carlos
1928: Aprova o regulamento para a cir- Rocha Miranda para organizar a estrutura da Polícia das
culação internacional de automóveis, no Estradas, auxiliado por Turquinho. Juntos criaram, no dia
território brasileiro e para a sinalização, se- 23 de julho de 1935, o primeiro quadro de policiais da
gurança do trânsito e polícia das estradas hoje Polícia Rodoviária Federal, denominados, à época,
de rodagem O Presidente da República dos “Inspetores de Tráfego”. Eram eles: Antônio Wilbert So-
Estados Unidos do Brasil, usando da auto- brinho, Alizue Galdino Neves, Ranulpho Pereira de Car-
rização constante do decreto nº 5.372, de 9 valho, Manoel Fonseca Soares, Nicomedes Rosa e Silva,
de dezembro de 1927, DECRETA: Waldemar Barreto, Adelson José dos Santos, Manoel Go-
Art. 1º – Fica aprovado o regulamento, que mes Guimarães, Pedro Luiz Plum, Má rio Soares, Luciano
com este baixa, estabelecendo regras para Alves e Nelson Azevedo Barbosa.
a circulação internacional de automóveis, Deste modo, Antônio Felix Filho ficou com a plaqueta
no território brasileiro, de conformidade nº 1. Ele foi incumbido de chefiar uma equipe com 13
com o decreto nº 5.252 A, de 9 de setembro componentes e, ainda, ficou responsável pelo primeiro
de 1927, e para a sinalização, segurança do posto de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, que
trânsito e policia das estradas de rodagem, foi construído na estrada Rio-Petrópolis, numa localida-
de acordo com as últimas convenções in- de denominada Castanhinha.
ternacionais. Desta forma, da época de sua criação até meados de
1939, o Sistema Rodoviário incluiu apenas as rodovias
Rio-Petrópolis, Rio-São Paulo, Rio-Bahia e União Indús-
Sendo assim, para compreender a trajetória política tria. Somente em 1943, no estado do Paraná, foi criado
do Washington Luiz, devemos destacar que ele foi eleito um Núcleo da Polícia das Estradas, com o objetivo de
presidente da República no ano de 1926, sendo candi- exercer o policiamento de trânsito em rodovias em cons-
dato pelo PRP – Partido Republicano Paulista, no recorte trução naquele estado. Daí em diante, foi-se ampliando a
temporal da República Velha. E após dois anos de man- área de atuação da Polícia Rodoviária Federal até os dias
dato, ele edificou a “Polícia de Estradas”. de hoje, quando a malha rodoviária federal fiscalizada
Deste modo, com um pensamento de modernidade chega a mais de 71 mil quilômetros de rodovias e estra-
das, de Norte a Sul, e de Leste a Oeste do Brasil.
e objetivando melhorar a segurança na circulação de au-
tomóveis, o presidente institui o embrião da Polícia Ro-
doviária Federal: Polícia das Estradas de Rodagem. Ou-
#FicaDica
trossim, vale lembrar, que Washington Luiz foi um dos
presidentes que mais criou rodovias no território nacio- Entre os anos de 1933 e 1939, foi edifica-
nal brasileiro. do no governo de Getúlio Vargas a rodo-
Contudo, somente em 1935, Antônio Félix Filho, o via Rio-Bahia, que atualmente é conhecida
“Turquinho”, como ficou conhecido dentro da PRF, e como BR-116. O projeto, que foi iniciado
considerado o primeiro patrulheiro rodoviário federal, foi em 1861, dentro do Governo de Dom Pe-
chamado pelo administrador Natal Crosato, a mando do dro II, chegava a sua 4ª rodovia no ano de
engenheiro-chefe da Comissão de Estradas de Rodagem, 1939.
Yeddo Fiúza, para organizar os serviços de vigilância das
HISTÓRIA DA PRF

rodovias Rio-Petrópolis, Rio-São Paulo e União Indústria.


Com isso, naquela época, as fortes chuvas exigiam
uma melhor sinalização e desvio de trechos, inclusive Um passo importante para o exercício das atividades
da Polícia das Estradas foi a transformação da Comissão
com a utilização de lampiões vermelhos durante a noite.
Nacional de Estradas de Rodagem no Departamento Na-
Apresentado ao Yeddo Fiúza, Turquinho recebeu a mis-
cional de Estradas de Rodagem – DNER, conforme a Lei
são de zelar pela segurança das rodovias federais e foi

1
nº 467 de 31 de julho de 1937. No segundo artigo que Em 1958, o então deputado federal Colombo de
trata da competência do DNER, na alínea “d” especifica Souza apresentou um Projeto de Lei que propunha a
a incumbência da fiscalização da circulação e exercer o extinção da Polícia Rodoviária Federal. O projeto, que
poder de Polícia das Estradas Nacionais, gerando a deno- se arrastou até 1963, transformou-se no Substitutivo nº
minação que vigora nos dias de hoje: Polícia Rodoviária 3.832-C/58, que extinguia a Polícia Rodoviária Federal,
Federal. mas criava a Patrulha Rodoviária Federal. O projeto, que
Um dos grandes acontecimentos que marcou a épo- teve a liderança do deputado José Damião de Souza Rio,
ca e foi de grande importância para o policiamento ro- foi aprovado na Câmara por unanimidade e remetido ao
doviário foi a criação do primeiro Código Nacional de Senado, onde recebeu o número 86/63.
Trânsito, instituído pelo Decreto-Lei nº 2.994 de 28 de Em 1965, entretanto, o DNER, antecipando-se a qual-
janeiro de 1941. No mês de setembro de 1941, foi feito quer outra medida, determinou o uso da nova denomi-
uma emenda no Código Nacional de Trânsito que criou o nação – Patrulha Rodoviária Federal, na mesma época em
CONTRAN, Conselho Nacional de Trânsito, a nível federal que era criado o Serviço de Polícia Rodoviária Federal do
e os Conselhos Estaduais de Trânsito, dos estados, subor- Departamento Federal de Segurança Pública (Decreto
dinado aos governadores estaduais. nº 56.510, de 28 de junho de 1965, art. 184). Evitava-se,
Com isso, no dia primeiro de maio de 1943, o então dessa forma, confundir duas corporações com denomi-
nações semelhantes na esfera federal e a superposição
presidente da república, Getúlio Vargas, Decreta a Con-
no policiamento.
solidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto-Lei nº 5.
Houve vários acordos entre o antigo Departamento
452, com o intuito de dirimir as questões envolvendo
Federal de Segurança Pública – DFSP e o Departamento
patrões e empregados. O Departamento Nacional de Es-
Nacional de Estradas de Rodagem, inclusive com a rea-
tradas de Rodagens adotou para os seus funcionários a lização de um convênio, em 19 de dezembro de 1967,
CLT, e a primeira turma a ser contratada neste regime foi assinado pelos diretores Florimar Campello e Elizeu Re-
a de 1965. sende, respectivamente, do DFSP e DNER, tratando da
Sendo assim, com o Decreto nº 8.463 (também co- cooperação entre os dois órgãos. Mais tarde, esse convê-
nhecido como Lei Joppert), de 27 de dezembro de 1945, nio se transformou no Decreto nº 62.384, de 11 de março
o qual reorganizou o Departamento Nacional de Estra- de 1968.
das de Rodagem (DNER) com autonomia financeira. Com Desta forma, em 21 de março de 1969, foi assinado o
este decreto, o departamento recebeu autorização para Decreto Lei nº 512, regulando a Política Nacional de Via-
gerir seus recursos, inclusive para as demandas da Polí- ção Rodoviária, fixando diretrizes para a reorganização
cia Rodoviária Federal. Foi, inclusive, com este decreto do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, em
que nasceu a denominação de Polícia Rodoviária Federal, consequência ao policiamento de trânsito das rodovias
pois o art. 2º, letra “C”, dava ao DNER o direito de exer- federais, executado pela Polícia Rodoviária Federal.
cer o poder de Polícia de Tráfego nas rodovias federais. Com a assinatura do Decreto nº 74.606, de 24 de
O nome “Polícia Rodoviária Federal” foi sugerido pelo setembro de 1974, que dispôs sobre a estrutura básica
engenheiro Ciro Soares de Almeida e aceito pelo então do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, foi
diretor-geral do DNER, Edmundo Régis Bittencourt. criada a Diretoria de Trânsito e, integrada a ela, a Divisão
Outrossim, no dia 5 de setembro de 1947, a Polícia de Polícia Rodoviária Federal. Esse mesmo Decreto, no
Rodoviária Federal criou o Grupo de Motociclistas com art. 30, definia as competências da Divisão de Polícia Ro-
a missão de realizar o batedor do, então, presidente dos doviária Federal, da seguinte forma:
Estados Unidos da América, Harry S. Truman, que veio a “À Divisão de Polícia Rodoviária Federal compete: a
cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, e ficou no hotel programação, a organização, e o controle das atividades
Quitandinha. Sua vinda aconteceu por causa da primeira de policiamento, orientação de trânsito e fiscalização do
reunião para formação da Organização da Nações Uni- cumprimento da legislação de trânsito nas rodovias fe-
derais; preparar, coordenar, orientar e fazer executar pla-
das – ONU.
nos de policiamento e esquemas de segurança especiais;
Por aquela ocasião, a Polícia Rodoviária Federal rece-
colaborar com as Forças Armadas, órgãos de Segurança
beu vinte e cinco motocicletas da marca Harley Davidson.
Federais, Estaduais e demais órgãos similares em articu-
Ao término da missão, dez motocicletas ficaram no Rio
lação com a Assessoria de Segurança e Informações –
de Janeiro e o restante foi distribuído para vários estados ASI/DG; colaborar nas campanhas educativas de trânsito;
brasileiros. programar e supervisionar a execução de comandos de
Até dezembro de 1957, a Polícia Rodoviária Federal fiscalização; fornecer dados sobre acidentes do trânsito,
era supervisionada pela Divisão de Conservação, Pavi- cabendo-lhes, ainda, assegurar regularidade, segurança
mentação e Tráfego – DCPT – do DNER. Estavam subordi- e fluência no trânsito nas rodovias federais, proteger os
nados a essa divisão os Distritos Rodoviários Federais, na bens patrimoniais a elas incorporados, bem como fazer
forma do Decreto nº 31.154, de 19/07/52, art. 15, letras respeitar os regulamentos relativos à faixa de domínio.”
“D” e “H”. Em 12 de dezembro de 1957, com a assina- Destarte, em 1978, cinquenta anos após sua fundação,
HISTÓRIA DA PRF

tura do Decreto nº 42.799, a PRF passou a fazer parte a PRF recebeu as primeiras policiais em seus quadros.
da Divisão de Trânsito, órgão incumbido de concentrar No concurso realizado naquele ano, com vagas distribuí
todos os serviços técnicos e administrativos ligados à ad- das para todo Brasil, cinco mulheres foram aprovadas. O
ministração do trânsito. Desligou-se, assim, do DCPT e edital publicado à época não fazia distinção quanto ao
concentrou seu comando na área central do DNER, uni- gênero dos candidatos. Era a oportunidade que muitas
formizando seus procedimentos no âmbito dos distritos. desejavam.

2
Foram inúmeras inscrições e, após a prova de conhe- Após ter sido integrada à estrutura organizacional
cimentos específicos, algumas candidatas seguiram as do Ministério da Justiça, a Polícia Rodoviária Federal
fases, passando pelo treinamento prático com aproveita- teve oito diretores. Inicialmente, durante a transição,
mento adequado, sagrando-se aptas ao cargo. 1991/1992, o órgão foi dirigido por Ítalo Mazoni da Silva,
De acordo com a Inspetora Roseli, hoje aposentada, o servidor do Departamento Nacional de Estradas de Ro-
treinamento foi feito em instalações do Exército Brasilei- dagem; posteriormente, em 1993, passou a ser dirigido
ro. Elas participavam das mesmas atividades que os de- pelo Patrulheiro Mauro Ribeiro Lopes, primeiro servidor
mais candidatos, sem diferenciação por serem mulheres. de carreira a chegar ao cargo máximo da instituição,
Com o advento da Constituição de 1988, a Polícia onde permaneceu até 1994, quando se afastou da fun-
Rodoviária Federal foi institucionalizada e integrada ao ção para se candidatar a Deputado Federal, assumindo,
Sistema Nacional de Segurança Pública. Inserida no Art. interinamente, o Patrulheiro Adair Marcos Scorsin. Em
144, no Título V – Da Defesa do Estado e das Instituições 1995, foi nomeado o Patrulheiro Lorival Carrijo da Rocha,
Democráticas, Capítulo III – Da Segurança Pública, a PRF que permaneceu até 1999.
ganha definitivamente o status de instituição permanen- Em 1999, foi nomeado o General Álvaro Henrique
te de Estado, atuando no policiamento e na fiscalização Vianna de Moraes, que permaneceu até 2003. Em 2003,
de rodovias e de áreas de interesse da União. assumiu a função de Diretor Geral o Patrulheiro Rodoviá-
rio Federal Helio Cardoso Derenne, o qual permaneceu
até o ano de 2011. Nesse ano, então, assumiu a Policial
FIQUE ATENTO!
Rodoviário Federal Maria Alice Nascimento de Souza, a
Finalmente, em 1988, com o advento da qual permaneceu na função até o ano de 2017. Já em
Constituinte, a Polícia Rodoviária Federal foi 2017, o PRF Renato Antônio Borges Dias assumiu o
integrada ao Sistema Nacional de Seguran- cargo de diretor-geral, sendo o atual gestor máximo da
ça Pública, recebendo como missão exercer instituição.
o patrulhamento ostensivo das rodovias fe- Portanto, no ano de 2018, por ordem do presiden-
derais. te da república, Michel Temer, foi instituído o Ministé-
rio Extraordinário da Segurança Pública, logo deixando
o status de extraordinário e se tornando Ministério da
Foi por intermédio da atuação eficaz de organizações Segurança Pública, o qual arrastou para sua estrutura or-
associativas, tais como a União do Policial Rodoviário Fe- ganizacional os órgãos de segurança pública que antes
deral “Casa do Inspetor”, Associação da Patrulha Federal estavam subordinados ao Ministério da Justiça, dentre os
do Paraná e Associação Nacional da Polícia Rodoviária quais, a Polícia Rodoviária Federal.
Federal, e com grande apoio popular (subscrição de
175.623 eleitores) que a estrutura da época foi elevada à
condição de Instituição Policial. #FicaDica
Sob essa nova ótica, a Polícia Rodoviária Federal
passou a ter também como missão parte das responsa- Em recente atualização de toda a comuni-
bilidades do Poder Executivo Federal para com a segu- cação visual, o atual uniforme do policial
rança pública, além das atribuições normais de prestar rodoviário federal passa a ter a seguinte
segurança aos usuários das rodovias federais, socorro às composição de cores e visual: as botas, cal-
vítimas de acidentes de trânsito, zelar pela proteção do ças, cintos, coldres e armas portáteis na cor
patrimônio da União etc. bege (areia). Da cintura para cima, ou seja,
as camisas polo, camisas táticas combate
Por meio da Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990, e do
manga comprida, bonés, capas de colete e
Decreto nº 11, de 18/01/91, a Polícia Rodoviária Federal
capas táticas na cor azul marinho escuro.
passou a integrar a estrutura organizacional do Ministé-
rio da Justiça como Departamento de Polícia Rodoviária
Federal, tendo sua estrutura e competência definidas no
art. 23 do supracitado Decreto e no Regimento Interno,
aprovado pela Portaria Ministerial nº 237, de 19/03/91.
Posteriormente, o Departamento de Polícia Rodo-
viária Federal, através do Decreto no 761, de 19/02/93,
passou a integrar a estrutura regimental da Secretaria de
Trânsito do Ministério da Justiça. Posteriormente, atra-
vés do Decreto nº 1.796, de 24/01/96, o DPRF passou
a integrar a estrutura regimental da Secretaria de Pla-
nejamento de Ações Nacionais de Segurança Pública do
HISTÓRIA DA PRF

Ministério da Justiça.
Em 3 de outubro de 1995, a Polícia Rodoviária Federal
tem suas atribuições definidas com a publicação do De-
creto no 1.655, o qual possui validade e dita as compe-
tências até os dias de hoje.

3
EXERCÍCIOS COMENTADOS GRANDES EVENTOS ESPORTIVOS

Saindo de um cenário de carroças e carros de boi, Os grandes eventos esportivos que ocorreram no
que interligavam cidades e vilas no Brasil desde o início Brasil exigiram uma alta performance das instituições de
do processo de colonização, foi em meados do século segurança pública. E, nesse cenário, a PRF saiu vitoriosa,
XIX, que foi iniciado um processo de desenvolvimento e afinal, conseguiram executar com grande êxito a segu-
infraestrutura rodoviária no território nacional. Esse pro- rança de todos no território nacional.
cesso de transição, ocorreu no governo de Dom Pedro II, Com isso, o primeiro desafio em um grande evento
e com isso, foi introduzido um breve início da história do ocorreu no ano de 2007, quando a PRF foi protagonista
rodoviarismo nacional. nos Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos. Ade-
mais, em seguida, veio a Copa das Confederações e Jor-
Sobre a história do rodoviarismo no Brasil e sobre o nada Mundial da Juventude em 2013. Na sequência, a
sistema rodoviário atual, julguem os itens a seguir:
Copa Fifa de Futebol 2014, chegando aos Jogos Olímpi-
cos, Paralímpicos de 2016 e a Copa América em 2019. As
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Departamento Na- ações foram realizadas em ritmo de competição: rápido
cional de Estradas de Rodagem foi criado pelo então pre- e preciso.
sidente Washington Luís, em 1937. Sendo assim, a PRF atuou fazendo ações de poli-
ciamento, utilizando a estratégia de gerar “cinturões
( ) CERTO ( ) ERRADO de segurança” em todos os estados da federação onde
ocorreram competições. Essas ações visavam garantir a
segurança de todos os envolvidos nos eventos, desde
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada. O DNER comissão organizadora, atleta e, sobretudo, torcedores.
foi efetivamente criado em 1937, mas durante o go- Com isso, reforçando o policiamento desde as fron-
verno de Getúlio Vargas. teiras, a PRF atuou com grande empenho para evitar a
entrada de drogas, armas e indivíduos em restrições ju-
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Quando o DNER foi diciais. Tudo para levar segurança aos brasileiros e es-
criado, em 1937, ele era uma autarquia, possuía recursos trangeiros que acompanharam de perto as competições
próprios e suas atividades eram vinculadas aos sistemas esportivas.
rodoviários estadual e municipal. Dentre as atividades desenvolvidas, a PRF destacou-
-se, também, naquela em que tem reconhecida excelên-
( ) CERTO ( ) ERRADO cia: as escoltas. Chefes de Estado, delegações de atletas,
competições de rua, como os casos de corridas ciclísticas
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada, já que e maratonas e, um dos pontos altos, a escolta da Tocha
quando o DNER foi fundado, em 1937, ele não possuía Olímpica, um dos maiores símbolos da integração entre
as características preconizadas pelo grupo de traba- povos.
lho criado em 1933 para estruturar o órgão: não era Treinar para não falhar – Para atingir um alto grau de
uma autarquia, não possuía recursos próprios e suas proficiência, a PRF manteve ao longo desses últimos anos
atividades eram desvinculadas dos sistemas rodoviá- um programa de treinamento de todo o efetivo empre-
rios estadual e municipal. Isto só foi obtido a partir gado nos grandes eventos. Uma das áreas mais exigidas
de 1945. foi a dos motociclistas batedores. Diversos policiais
foram capacitados para o emprego de motocicletas,
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) As rodovias União In- tanto no serviço de escolta e batedor, como também
dústria, Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo, foram criadas no de motopoliciamento. Foram eles que escoltaram as
durante o governo de Washington Luís (1926-1930), cujo seleções de futebol, equipes de vôlei, basquete, estrelas
lema era “governar é abrir estradas”. do atletismo e de outras modalidades, dos mais diversos
países participantes.
( ) CERTO ( ) ERRADO Outrossim, escoltaram o Papa Francisco, na Jornada
Mundial da Juventude, dentre outras missões. Policiais
Resposta: ERRADO. A afirmativa está errada, já que, das áreas de Controle de Distúrbio Civil (choque), Pronto
apesar de o lema de Washington Luís estar correto, Emprego, Operações com Cães, Atendimento Pré-Hos-
apenas as rodovias Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo pitalar (APH), Inteligência também passaram por treina-
HISTÓRIA DA PRF

foram finalizadas em seu mandato. A rodovia União mentos constantes.


Indústria é do período imperial, inaugurada em 1861.

4
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF ficou responsável
FIQUE ATENTO! por realizar a escolta do Papa Francisco na Jornada Mun-
A Polícia Rodoviária Federal atuou em ações dial da Juventude, ocorrida no Rio de Janeiro, no ano de
de educação e fiscalização de trânsito e na 2013.
prevenção e repressão de ações criminosas.
Também intensificou a segurança no eixo ( ) CERTO ( ) ERRADO
rodoviário no período dos Jogos e Grandes
Eventos no cenário nacional, formando cin- Resposta: CERTO. Foi responsabilidade da PRF a reali-
turões de policiamento nas divisas do esta- zação da segurança e escolta do Papa no JMJ de 2013,
do. Policiais Rodoviários especializados em criando medidas para evitar ataques e atentados que
serviço de batedor motociclista também fi- pudessem envolver a maior figura católica e todos os
zeram a segurança de dignitários e a escolta jovens envolvidos no evento, que trouxe ao Brasil pes-
esportiva de atletas. soas do mundo inteiro.

ATUALIDADE

EXERCÍCIO COMENTADO

Entre as várias funções da Polícia Rodoviária Federal, A Polícia Rodoviária Federal é uma instituição que age
devemos destacar que na última década, ela participou com a visão calcada na garantia dos direitos humanos.
da cobertura de grandes eventos no território nacional Sua atuação está sempre estruturada por um consistente
brasileiro. modelo de gestão, baseado em constante modernização,
buscando efetividade e celeridade.
Com base nas participações em eventos esportivos e Com isso, a instituição opera num dos principais am-
demais eventos no Brasil, julgue os itens abaixo: bientes utilizados pela criminalidade, a rodovia. Em fun-
ção disso, a PRF exerce forte presença na prevenção e
repressão ao crime, especialmente no combate ao roubo
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) O primeiro grande de- e furto de veículos e cargas, ao tráfico de drogas e armas,
safio em um evento nacional, ocorreu no ano de 2008, ao contrabando e descaminho, à sonegação fiscal, à ex-
quando a PRF foi protagonista nos Jogos Pan-america- ploração sexual de crianças e adolescentes e ao tráfico
nos e Parapan-americanos. de pessoas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
#FicaDica
Resposta: ERRADO. Na verdade, o primeiro desafio
Atualmente a PRF possui mais de 450 (qua-
em um grande evento ocorreu no ano de 2007 e não
trocentos e cinquenta) Unidades Operacio-
2008, nesse contexto, a PRF foi protagonista nos Jogos
nais de Policiamento (UOP) nos mais diver-
Pan-americanos e Parapan-americanos, realizando um
sos municípios brasileiros, proporcionando
excelente trabalho em ambos os eventos.
à estrutura do órgão uma capilaridade que
poucas instituições nacionais possuem.
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A fim de executar um
trabalho de alta performance no Brasil, a PRF desenvol-
veu o seguinte lema: “Treinar para não falhar”.
Deste modo, em sua estratégia de atuação, a insti-
tuição planeja um extenso calendário de operações em
( ) CERTO ( ) ERRADO épocas de grande fluxo de veículos nas rodovias federais.
Cumpre, ainda, comandos voltados à educação para o
Resposta: CERTO. Para atingir uma boa proficiência, trânsito, fiscalização do transporte de produtos perigo-
a PRF manteve ao longo desses últimos anos um pro- sos, transporte coletivo de passageiros, transporte de
grama de treinamento de todo o efetivo empregado produtos ambientais, executando, também, serviços de
nos grandes eventos. Uma das áreas mais exigidas escolta e batedor de cargas de dimensões excepcionais,
foi a dos motociclistas batedores. Diversos policiais além de escolta e segurança de autoridades brasileiras
foram capacitados para o emprego de motocicletas, ou estrangeiras.
Ademais, outra característica notável da PRF é sua
HISTÓRIA DA PRF

tanto no serviço de escolta e batedor, como também


no de motopoliciamento. Foram eles que escoltaram atuação articulada com outros órgãos de governo, tais
as seleções de futebol, equipes de vôlei, basquete, es- como Polícia Federal, polícias Civil e Militar nos estados,
trelas do atletismo e de outras modalidades, dos mais Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Fede-
diversos países participantes. ral, Receita Federal, Fundação Nacional de Saúde, Institu-
to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

5
Renováveis, Departamento Nacional de Infraestrutura de 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Polícia Rodoviária Fe-
Transporte, Agência Nacional de Transporte Terrestre, ór- deral, vem mantendo um estreito relacionamento com
gãos de trânsito estaduais, Secretarias Estaduais de Fa- instituições de segurança da Espanha e Portugal, além
zenda e numerosos outros órgãos que atuam em ações de ser membro da International Association of Chiefs of
de justiça, policiamento ou fiscalização. Police (IACP – América Latina) e da UNECE (Economic
Portanto, esse vigor na atuação articulada não se re- Commission for Europe).
sume ao cenário nacional. Nos últimos anos, a Polícia
Rodoviária Federal assinou acordos de cooperação com ( ) CERTO ( ) ERRADO
duas organizações internacionais que são referências no
segmento de segurança pública: Immigration and Cus- Resposta: CERTO. Efetivamente, além dos acor-
toms Enforcement (ICE) e Drug Enforcement Agency dos com os Estados Unidos da América, a PRF man-
(DEA). Além disso, mantém relacionamento estreito com tém acordos com Espanha, Portugal, América Latina
instituições de segurança da Espanha e Portugal, além e União Europeia, fator esse, que amplia as relações
de ser membro da International Association of Chiefs of entre a vigilância brasileira com demais países do
Police (IACP – América Latina) e da UNECE (Economic mundo, o que promove troca de informações e apoio
Commission for Europe). quando necessário.

FIQUE ATENTO!
A PRF, assim como outras polícias, também TECNOLOGIA
é dotada de unidades de policiamento espe-
cializado, como o Grupo de Resposta Rápida
(GRR) do Comando de Operações Especiali-
zadas (COE) e o Núcleo de Operações Espe- Os sistemas informatizados e dispositivos móveis têm
ciais (NOE), cujos integrantes recebem trei- auxiliado os policiais rodoviários federais a diminuírem
namento especializado para atuar em ações o tempo de resposta no enfrentamento às suas deman-
específicas – como em Operações de Contro- das, seja de fiscalização do trânsito ou enfrentamento ao
le de Distúrbios, Ações Táticas, Anti e Contra crime.
Bombas, Tiro de Precisão, ações em área de Com isso, economia de tempo e recursos humanos
caatinga, dentre outros. são os principais fatores para a adoção de tecnologia.
Com a substituição de servidores em processos auto-
matizados, agora realizados por sistemas, o policial tem
mais tempo disponível para concentrar seu trabalho em
ações que efetivamente geram impacto positivo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Deste modo, os aplicativos de acesso a câmeras de
monitoramento, informações sobre pessoas e veículos
com restrições judiciais, mapas de localização das via-
A Polícia Rodoviária Federal, atualmente, é uma ins-
turas mais próximas, sinalizadores de tráfego automati-
tituição que realiza suas ações fundamentadas na ga-
zados e inteligência policial: tudo isso para aumentar a
rantia dos direitos humanos, deste modo, sua atuação
eficiência dos resultados institucionais, adaptando a PRF
está sempre estruturada por um consistente modelo de
ao cenário desafiador em que atua.
gestão, baseado em constante modernização, buscando
Portanto, atualmente a PRF conta com sistemas que
efetividade e celeridade.
filtram informações por um Núcleo de Ciência de Dados.
O conhecimento produzido é utilizado nas ações, geran-
Com base nas atualidades sobre a PRF, julgue os itens
do resultados continuamente aperfeiçoados. Os recursos
a seguir:
tecnológicos são variados, com destaque para softwares
de big data, que relacionam conteúdos extraí do dos sis-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Nos últimos anos, a PRF temas corporativos, ou mesmo da internet, gerando in-
assinou acordos de cooperação com duas organizações sumos relevantes para a atuação policial.
internacionais, sendo elas: Immigration and Customs En-
forcement (ICE) e Drug Enforcement Agency (DEA).

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. Tanto a ICE quanto a DEA, são or-


ganizações norte-americanas que tem como objeti-
HISTÓRIA DA PRF

vo fiscalizar e controlar as fronteiras estadunidenses,


controlando entrada de mercadorias e pessoas. Esse
acordo, mostra um alinhamento da PRF com políticas
de segurança internacional.

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2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com o processo de
FIQUE ATENTO! substituição de servidores em processos automatizados,
A fiscalização de trânsito é realizada nas Uni- agora realizados por sistemas, o policial tem mais tempo
dades Operacionais ou ao longo das rodo- disponível para concentrar seu trabalho em ações que
vias e podem ser sem abordagem ou com efetivamente geram impacto positivo.
abordagem de veículos. Quando a fiscali-
zação evolui para a notificação por alguma ( ) CERTO ( ) ERRADO
infração encontrada, o policial irá utilizar-se
dos meios eletrônicos disponíveis (tablets, Resposta: CERTO. Com a sincronização em sistemas
telefones celulares ou computadores). Em mais eficientes e automatizados, os policiais federais
situações mais complexas, utilizará equi- têm mais tempo para execução do seu trabalho, além
pamentos direcionados, como radares de disso, com o banco de dados ativo e atualizado, dimi-
velocidade, etilômetros (popularmente de- nui as chances de erros e falhas no monitoramento e
fiscalização.
nominados bafômetros), luxímetro, câmera
de inspeção veicular e outros mecanismos
de aferição, como balanças. Ademais, a PRF 3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF conta também
conta também com SICOP - Sistema de Con- com SICOP - Sistema de Consultas Operacionais, que é
sultas Operacionais, que é uma ferramenta uma ferramenta que o policial rodoviário federal pode-
que o policial rodoviário federal poderá con- rá contar durante o trabalho ordinário, o policial poderá
tar durante o trabalho ordinário, o policial pesquisar dados do proprietário do veículo com apenas
poderá pesquisar dados do proprietário do um clique, além disso, no mesmo espaço virtual, será
veículo com apenas um clique, além disso, no possível pesquisar dados do veículo, do banco nacional
mesmo espaço virtual, será possível pesqui- de mandados de prisão, entre outros.
sar dados do veículo, do banco nacional de
mandados de prisão, entre outros. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: CERTO. Com o uso do SICOP, os policiais


federais têm uma grande praticidade na prática de
suas funções diárias, e, com isso, podem inclusive ali-
mentar o sistema no ato da própria infração ou em
EXERCÍCIOS COMENTADOS uma blitz de rotina, possibilitando alimentar o banco
de dados de forma imediata.
Com relação a tecnologia aplicada pela Polícia Rodo-
viária Federal no território nacional brasileiro, podemos
observar uma constate busca por sincronização e enri-
TRÂNSITO
quecimento do banco de dados, uma vez, que essas in-
formações possibilitam um melhor controle nas estradas
de rodagem e divisas do país.
Dentro das mais diversas atividades exercidas pela
Relacionando os conhecimentos sobre as tecnologias Polícia Rodoviária Federal, a fiscalização de trânsito é a
principal delas, pois foi com esse propósito que a insti-
aplicadas a PRF, julgue os itens a seguir:
tuição foi estabelecida, sendo assim, a PRF possui, dentre
outras, a atribuição de aplicar o Código de Trânsito Brasi-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Na atualidade, o uso de leiro (Lei n.º 9.503/1997) nas rodovias federais e estradas
sistemas informatizados e dispositivos móveis, têm difi- federais.
Deste modo, ao longo dos mais de 70 mil quilôme-
cultado a vida dos policiais rodoviários federais, afinal,
tros de rodovias federais, a PRF é responsável pela fluidez
eles perdem muito tempo em cursos de formação, difi- e organização do tráfego e pela segurança de veículos e
cultando a realização dos seus trabalhos. usuários da 4ª maior malha viária do planeta. É através
da fiscalização de trânsito que o policial rodoviário fede-
( ) CERTO ( ) ERRADO ral, ao fiscalizar uma enorme variedade de elementos e
documentos, coíbe a circulação de veículos irregulares e
reprime as mais diversas modalidades criminosas. Muito
Resposta da questão: ERRADA. Na verdade, os sis-
além da fiscalização de irregularidades administrativas,
temas informatizados e dispositivos móveis têm auxi- a atividade de fiscalização de trânsito tem caráter de se-
liado os policiais rodoviários federais a diminuírem o gurança e saúde pública, coíbe a circulação de ilícitos e
tempo de resposta no enfrentamento às suas deman- previne a ocorrência de acidentes, contribuindo para a
HISTÓRIA DA PRF

das, seja de fiscalização do trânsito ou enfrentamento diminuição dos custos sociais a eles relacionados.
ao crime. Outrossim, a Polícia Rodoviária Federal mantém ações
sistemáticas de educação para o trânsito, com projetos
que buscam transmitir, além dos preceitos legais, aspec-
tos éticos e de cidadania. Afim de formar de forma efetiva
o cidadão brasileiro para uma boa conduta no trânsito.

7
Ademais, a PRF ministra aulas em escolas, empresas
e órgãos públicos por todo Brasil, distribuindo material CAPACITAÇÃO
didático e, ao mesmo tempo, promovendo a inserção do
tema dentro do dia a dia desses setores. E para tornar o
assunto mais atrativo, foram desenvolvidos dois grandes
programas muito bem aceitos pelo público: o Cinema Ro- No ano de 1999, com a edição da portaria Ministério
doviário, onde o profissional de transporte de cargas e da Justiça no 308, foi criado um novo Regimento Interno
passageiros é convidado para uma rodada de palestras para a PRF, estruturando o ensino como atribuição do
e vídeos sobre o trânsito, e o Fetran, que é um festival Núcleo de Normas e Capacitação na sede do DPRF e nas
temático infantil sobre trânsito, aproximando as futuras Superintendências dos Setores de Legislação de Pessoal.
gerações do tema trânsito de uma forma leve e lúdica. Sendo assim, a partir daí sucessivos eventos de ca-
pacitação foram realizados, sendo os primeiros na área
de atendimento pré-hospitalar. E para que as atividades
#FicaDica pudessem ser desenvolvidas com o foco específico no
trabalho da Polícia Rodoviária Federal, em 2004 foi reali-
O objetivo principal da fiscalização de trân- zado o primeiro Curso de Formação de Instrutores (CFI)
sito é a prevenção de acidentes e preser- com gestão da própria instituição, fato que alavancou a
vação da incolumidade das pessoas e do multiplicação do ensino na instituição.
patrimônio. Deste modo, em 2012, a PRF deu início a uma nova
etapa em sua produção de conhecimento, criando um
local exclusivo para ações de capacitação. A criação da
Academia Nacional da PRF (ANPRF) foi um marco den-
tro da instituição e dentro do serviço público brasileiro.
EXERCÍCIO COMENTADO Estrutura, metodologia e técnicas de ensino daquele
ambiente têm sido utilizadas para formar novos policiais
e para aperfeiçoamento técnico dos servidores da PRF.
A fiscalização de trânsito é realizada nas Unidades
Além disso, o ambiente é constantemente requisitado e
Operacionais ou ao longo das rodovias e podem ser
utilizado por outras instituições públicas, como Ministé-
sem abordagem ou com abordagem aos veículos. Des- rio Público Federal, Polícias Civis, dentre outras.
te modo, quando a fiscalização evoluir para a notificação
por alguma infração encontrada, o policial irá utilizar-se
dos meios eletrônicos. FIQUE ATENTO!

Com base nas funções relacionadas ao trânsito, julgue A Polícia Rodoviária Federal disponibiliza um
os itens abaixo: levantamento estatístico atualizado diaria-
mente, com informações sobre o registro de
apreensão de drogas e recuperação de veí-
1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Com relação as diversas culos roubados.
atividades exercidas pela Polícia Rodoviária Federal, a fis-
calização de trânsito é a principal delas, desta forma, foi
com esse propósito que a instituição foi estabelecida no
território nacional.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
A excelência na formação, treinamento e capacitação
Resposta: CERTO. Dentro das principais atividades da dos policiais é prioridade na organização do Departa-
PRF, a instituição visa a aplicação do Código de Trânsi- mento, sendo referência para órgãos de segurança pú-
to Brasileiro (Lei n.º 9.503/1997) nas rodovias federais blica, dentro e fora do território nacional.
e estradas federais.
Com base na formação dos profissionais para atua-
2. (NOVA CONCURSOS – 2019) Logo quando a PRF ção, julgue os itens a seguir:
foi criada, a instituição realiza ações de educação para o
trânsito, com projetos que buscam transmitir, além dos 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Polícia Rodoviária Fe-
preceitos legais, aspectos éticos e de cidadania. Entre- deral, com a implementação da Academia Nacional da
tanto, na atualidade, a instituição deixou essa missão de Polícia Rodoviária Federal, vem a corroborar o processo
lado. de diuturna e progressiva modernização na difusão do
conhecimento em técnicas policiais e em segurança pú-
blica.
HISTÓRIA DA PRF

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO. Ainda hoje, a Polícia Rodoviária ( ) CERTO ( ) ERRADO


Federal mantém ações sistemáticas de educação para
o trânsito, com projetos que buscam transmitir, além Resposta: CERTO. A criação da Academia Nacional
dos preceitos legais, aspectos éticos e de cidadania. da PRF (ANPRF) foi um marco dentro da instituição e
dentro do serviço público brasileiro.

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2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Academia Nacional
da PRF, tem sua infraestrutura constantemente requisi- #FicaDica
tada e utilizada por outras instituições públicas, como
Ministério Público Federal, Polícias Civis, dentre outras. A excelência na formação, treinamento e
capacitação dos policiais é prioridade na
( ) CERTO ( ) ERRADO organização do Departamento, sendo re-
ferência para órgãos de segurança pública,
Resposta: CERTO. De fato, as instalações da Acade- dentro e fora do território nacional. Desta
mia Nacional da PRF são utilizadas em cursos de atu- forma, o processo de consolidação da PRF
alização, e, também, de formação por outras institui- como uma polícia cidadã, reconhecida e
ções públicas. respeitada pela sociedade, está diretamen-
te relacionado à qualidade pedagógica
construída e aprimorada através das dé-
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) Antes da construção da cadas nesta Instituição. Com isso, a Polícia
Academia Nacional da PRF, a Polícia Rodoviária Federal Rodoviária Federal, com a implementação
buscava sua formação outros países. da Academia Nacional da Polícia Rodovi-
ária Federal, vem a corroborar o processo
( ) CERTO ( ) ERRADO de diuturna e progressiva modernização na
difusão do conhecimento em técnicas poli-
Resposta: ERRADO. Antes da construção da Acade- ciais e em segurança pública.
mia Nacional da PRF, a Polícia Rodoviária Federal uti-
lizava unidades de treinamento que se encontravam
descentralizadas em diversas regiões do território na-
cional, entretanto, agora, com o advento deste inova-
dor complexo de ensino, modificou-se este paradig- EXERCÍCIO COMENTADO
ma e insurge uma nova era no ensino da PRF.
A excelência na formação, treinamento e capacitação
dos policiais é prioridade na organização do Departa-
mento, sendo referência para órgãos de segurança pú-
AÇÃO ESPECIALIZADA blica, dentro e fora do território nacional. Deste modo, o
processo de formação com ações especializadas, promo-
vem um engajamento e um aumento de desempenho do
policial rodoviário federal.
Com o esforço de especialização na PRF tem coloca-
do a instituição numa condição de protagonista na se- Sendo assim, com base nas ações especializadas, res-
gurança pública. Todos os policiais rodoviários federais ponda os itens abaixo:
podem, ao longo da carreira, se especializar em uma ou
mais área, de acordo com suas habilidades e interesse.
Policiamento especializado, choque, cinotecnia, fiscaliza- 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) Em todos os segmentos
ção de produtos perigosos. de atuação exigem especialização e o policial recebe o
Deste modo, todos esses vetores de atuação exigem conhecimento necessário nos cursos específicos, sendo
especialização e o policial recebe o conhecimento ne- assim, esse é o caminho para incrementar o profissiona-
cessário nos cursos específicos. Esse é o caminho para lismo da instituição, colocando-a num patamar de de-
incrementar o profissionalismo da instituição, colocan- sempenho mais eficiente, mais responsável e mais efeti-
do-a num patamar de desempenho mais eficiente, mais vo na condução da ordem e da segurança pública.
responsável e mais efetivo na condução da ordem e da
segurança pública. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Portanto, na PRF, o Comando de Operações Especia-
lizadas é a unidade responsável por subsidiar a Coorde- Resposta: CERTO. Com a prática da especialização
nação-Geral de Operações – CGO, produzindo análise em todos os vetores de atuação, os policiais rodoviários
criminal e propondo diretrizes para o policiamento os- federais, acabam saindo com um potencial maior para a
tensivo rodoviário e especializado na prevenção e en- execução de suas funções, fator esse, que faz dessa insti-
frentamento ao crime, planejando, fomentando e super- tuição, uma das mais bem-sucedidas do país.
visionando essas atividades.

2. (NOVA CONCURSOS – 2019) No que tange a carrei-


HISTÓRIA DA PRF

ra do policial rodoviário federal, ele não poderá escolher


nenhuma outra área para se especializar ao longo da
carreira, logo, todas as decisões devem ser tomadas no
curso de formação da PRF.

( ) CERTO ( ) ERRADO

9
Resposta: ERRADO. Todos os policiais rodoviários fe-
derais podem, ao longo da carreira, se especializar em FIQUE ATENTO!
uma ou mais área, de acordo com suas habilidades A Polícia Rodoviária Federal está presente em
e interesse. Policiamento especializado, choque, cino- todas as unidades da federação e é adminis-
tecnia, fiscalização de produtos perigosos. trada pelo DPRF - Departamento de Polícia
Rodoviária Federal, com sede em Brasília,
no Distrito Federal. Ademais, os estados são
ÁREAS ESPECIALIZADAS divididos em unidades administrativas cha-
madas de Superintendências Regionais, divi-
didas em Delegacias, que coordenam as Uni-
Escolta, batedor, e motopoliciamento – a Polícia Ro- dades Operacionais (pontos de fiscalização).
doviária Federal, desde sua criação, em 1928, tem sua
imagem vinculada ao serviço com motocicletas. Naquela
época, já oferecia à sociedade vigilância e inspeção das
estradas brasileiras utilizando a motocicleta como ferra-
menta de trabalho.
Operações de controle de distúrbios – é uma ativida- EXERCÍCIOS COMENTADOS
de na qual o policial deve utilizar ferramentas psicomo-
toras e cognitivas em situações complexas, que forçam Dentro da PRF, existe uma grande ramificação em
a tomadas de decisão rápidas e assertivas, em meio a áreas de atuação especializadas, sendo assim, o policial
cenários conflituosos, sob demasiado estresse. rodoviário federal, irá seguir uma das linhas disponíveis
Pronto emprego – a Polícia Rodoviária Federal, face à dentro dessa instituição. Seguindo essa máxima, as áreas
complexidade dos cenários em que atua, tem dedicado de atuação especializadas são vitais para o bom funcio-
cada vez mais atenção à prevenção e ao combate ao cri- namento dessa instituição, que está inserida em todas as
me. Respondendo a diversas situações críticas, a PRF viu- unidades da federação.
-se impelida a criar o Grupo de Resposta Rápida (GRR),
com foco ocorrências criminais complexas em todo o Relacionando os conhecimentos sobre as áreas de
Brasil. O GRR é situado em Brasília e subordinado ao Co- atuação especializadas da PRF, julgue os itens a seguir:
mando de operações Especializadas da PRF (COE). Seu
acionamento é pautado na resposta rápida a situações
especiais, operações de grande sensibilidade, relevância 1. (NOVA CONCURSOS – 2019) A PRF, desde sua cria-
e urgência. A rotina das equipes táticas, quando não es- ção, em 1928, tem sua imagem vinculada ao serviço de
tão realizando missões, compreende treinamento físico, motocicletas. Essa é uma área de atuação do policial ro-
operacional, instruções táticas individuais e coletivas, que doviário federal, executando o serviço de Escolta, de Ba-
mantém a capacidade operacional dos policiais. tedor ou Motopoliciamento.
O policiamento com cães – o trabalho dos cães poli-
ciais farejadores da PRF é bastante desafiador. Os animais ( ) CERTO ( ) ERRADO
precisam ser dóceis e bastante sociáveis. O equilíbrio e o
destemor também são características marcantes nos cães Resposta: CERTO. Em 1928, quando foi criada a PRF,
utilizados pela instituição para este fim, uma vez que os já teve sua imagem vinculada ao serviço com moto-
locais de fiscalização são bem diversificados, e vão des- cicletas. Naquela época, já oferecia à sociedade vigi-
de um acostamento de uma rodovia até um movimento lância e inspeção das estradas brasileiras utilizando a
terminal rodoviário. motocicleta como ferramenta de trabalho.
Operações aéreas – a Divisão de Operações Aéreas
(DOA) da Polícia Rodoviária Federal foi estabelecida em
junho de 1999 por meio da Portaria n° 308 do Minis- 2. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Divisão de Operações
tério da Justiça, assinada pelo Ministro Interino Paulo Aéreas (DOA) da Polícia Rodoviária Federal foi estabe-
Afonso Martins de Oliveira e publicada no DOU doa dia lecida em junho de 1999 por meio da Portaria n° 308
01/07/1999. do Ministério da Justiça, assinada pelo Ministro Interino
Atendimento pré-hospitalar – o Atendimento Pré- Paulo Afonso Martins de Oliveira e publicada no DOU
-Hospitalar consiste na pronta resposta às urgências e doa dia 01/07/1999. Sendo a última área especializada
emergências de acidentados, fora do ambiente hospita- a ser criada.
lar, visando à estabilização clínica da vítima até a remo-
ção para uma unidade hospitalar adequada. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Perícia – desde a sua implantação em 2013 até os
dias atuais, a atividade de perícia tem evoluído de forma
HISTÓRIA DA PRF

Resposta: ERRADO. A DOA foi sim criada por meio


notória, com os integrantes cada vez mais aptos, com
da portaria n° 308, entretanto, após ela, outras áreas
expertise em investigação de acidentes de trânsito e es-
foram criadas, como por exemplo, a área de perícias,
tudos de segurança pública.
que foi criada no ano de 2013.

10
3. (NOVA CONCURSOS – 2019) A área de atuação do
Atendimento Pré-Hospitalar, consiste na pronta resposta
a urgências e emergências a acidentados, fora do am-
HORA DE PRATICAR!
biente hospitalar, visando à estabilização clínica da vítima
até a remoção para uma unidade hospitalar adequada.
O Brasil é o país com a maior concentração rodoviária
de transporte de cargas e passageiros entre as principais
( ) CERTO ( ) ERRADO economias mundiais. Segundo dados do Banco Mundial,
referentes a 2013, 58% do transporte no país é feito por
rodovias — contra 53% da Austrália, 50% da China, 43%
Resposta: CERTO. A unidade de Atendimento Pré-
-Hospitalar, é uma importante área de atuação da PRF, da Rússia e 8% do Canadá.
uma vez, que realiza os atendimentos emergenciais Fonte: BBC. Disponível em: <www.bbc.com.br>.
antes da transferência para uma unidade hospitalar. Adaptado.
Essa área, é vital no salvamento de vidas nas rodovias
e estradas do país.
Considerando o texto apresentado, que destaca o
papel do modal rodoviário de cargas e passageiros no
Brasil, e a figura precedente, que ilustra como a rede ro-
doviária integra as diversas regiões que compõem o ter-
ritório nacional, julgue os itens a seguir.

1. (PRF – CESPE – 2018) O custo do frete e as grandes


distâncias a serem percorridas entre as regiões produ-
toras e os centros urbanos consumidores e os portos de
exportação são fatores que impactam diretamente no
preço dos produtos agropecuários e industriais brasi-
leiros e em sua competividade nos mercados nacional e
internacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (PRF – CESPE – 2018) A rede de transporte rodoviário


integra todo o território brasileiro, com rodovias conec-
tando em rede todos os municípios das cinco macror-
regiões do território nacional, e a predominância desse
modal de transporte é fator de vulnerabilidade em rela-
ção aos países desenvolvidos, os quais também depen-
dem desse modal de transporte.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Tendo o texto abaixo como referência inicial, jul-


gue os próximos itens.
Como salienta Milton Santos (1994), a noção de territó-
rio, na atualidade, transcende a ideia apenas geográfica de
espaços contíguos vizinhos que caracterizam uma região,
estendendo-se para a noção de rede, formada por pontos
distantes uns dos outros, ligados por todas as formas e
processos sociais; o espaço econômico, nesse sentido, é or-
ganizado hierarquicamente, como resultado da tendência
à racionalização das atividades, e se faz sob um comando
que tende a ser concentrado em cidades mundiais, em que
a tecnologia da informação desempenha papel relevante;
HISTÓRIA DA PRF

esse comando então passa a ser feito pelas empresas por


meio de suas bases em territórios globais diversos.
Fonte: FGV. Disponível em: <www.fgv.br>. Adaptado.

11
3. (PRF – CESPE – 2018) O processo de globalização 8. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Lei Joppert, pode ser
econômica e desenvolvimento tecnológico é marcado considerada a Lei Áurea do rodoviarismo brasileiro, afi-
pela solidariedade organizacional entre empresas, siste- nal, conferia autonomia técnica e financeira ao DNER e
ma financeiro, tecnologia e lugares eleitos como regiões criava também o Fundo Rodoviário Nacional.
de investimento pela economia globalizada e, com o
capital globalizado, busca-se desenvolver as regiões de ( ) CERTO ( ) ERRADO
modo a diminuir as desigualdades regionais e a oferecer
uma economia justa e solidária. Sobre a história do rodoviarismo no Brasil e sobre
o sistema rodoviário atual, julguem os itens a seguir:
( ) CERTO ( ) ERRADO
Saindo de um cenário de carroças e carros de boi,
4. (PRF – CESPE – 2018) No Brasil, o setor de serviços que interligavam cidades e vilas no Brasil desde o início
do processo de colonização, foi em meados do século
ampliou a sua participação no PIB; o setor agropecuá-
XIX, que foi iniciado um processo de desenvolvimento e
rio, estratégico na economia brasileira, se tornou mais
infraestrutura rodoviária no território nacional. Esse pro-
complexo, o que permitiu a ampliação de diversos servi-
cesso de transição, ocorreu no governo de Dom Pedro II,
ços relacionados aos diferentes momentos do processo
e com isso, foi introduzido um breve início da história do
de produção/consumo, como os setores de tecnologia, rodoviarismo nacional.
transporte e finanças.
9. (NOVA CONCURSOS – 2019) A Primeira rodovia do
( ) CERTO ( ) ERRADO país foi a União Indústria, que ligava a antiga capital, Rio
de Janeiro, ao polo industrial do país, a cidade de São
Em relação à história da PRF, julgue os itens a seguir. Paulo.

5. (PRF – CESPE – 2018) Durante os grandes eventos ( ) CERTO ( ) ERRADO


esportivos sediados no Brasil nesta década, a PRF ado-
tou como principal estratégia concentrar suas ações de 10. (NOVA CONCURSOS – 2019) O Departamento de
policiamento nos locais de realização dos eventos, priori- Estradas de Rodagem, no estado de São Paulo, foi o pri-
zando a segurança dos estrangeiros que ingressaram no meiro órgão rodoviário brasileiro com autonomia técnica
país, especialmente de autoridades e delegações esporti- e administrativa.
vas, com destaque para as atividades de escolta.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Com base nas participações em eventos esportivos e
demais eventos no Brasil, julgue o item abaixo:
6. (PRF – CESPE – 2018) No que se refere ao trânsito,
a PRF exerce atividades como fiscalização de documen- 11. (NOVA CONCURSOS – 2019) Quando pensamos
tos e repressão a modalidades criminosas, além de ati- nos grandes eventos esportivos que ocorreram no Bra-
vidades educativas para adultos e crianças, por meio de sil, e exigiram uma alta performance das instituições de
projetos que visem transmitir aspectos legais, éticos e de segurança pública. A PRF saiu vitoriosa em todas as suas
cidadania. participações.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Com base no trecho da Lei , julgue os itens a se-


guir:

O Decreto nº 8.463, também conhecido como Lei


Joppert, de 27 de dezembro de 1945, o qual reorganizou
o DNER - Departamento Nacional de Estradas de Roda-
gem, deu autonomia financeira ao mesmo, sendo assim,
com este decreto, o departamento recebeu autorização
para gerir seus recursos, inclusive para as demandas da
Polícia Rodoviária Federal.
HISTÓRIA DA PRF

7. (NOVA CONCURSOS – 2019) Foi na gestão de Getú-


lio Dorneles Vargas que a Lei Joppert foi aprovada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

12
ANOTAÇÕES
GABARITO

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1 C
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2 E
3 E _________________________________________________

4 C _________________________________________________
5 E _________________________________________________
6 C _________________________________________________
7 E
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8 C
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9 E
10 C _________________________________________________
11 C _________________________________________________

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HISTÓRIA DA PRF

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13
ANOTAÇÕES

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14
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Lei nº 9.503/1997 e suas alterações (institui o Código de Trânsito Brasileiro CTB)................................................................. 01


Decreto nº 4.711/2003(dispõe sobre a Coordenação do Sistema Nacional de Trânsito SNT)............................................ 09
Resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) e suas alterações: 04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998;
32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000; 160/2004; 197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007
(exceto os seus anexos); 231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008; 277/2008;
289/2008; 290/2008; 292/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (exceto as fichas); 396/2011; 432/2013;
441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015; 525/2015; 552/2015; 561/2015 (exceto as fichas); 573/2015;
598/2016; 619/2016; 624/2016; 643/2016; 720/2017; 723/2018; 735/2018............................................................................... 12
PEDESTRE
LEI Nº 9.503/1997 E SUAS ALTERAÇÕES
(INSTITUI O CÓDIGO DE TRÂNSITO Podem ser multados caso atravessem a rua fora da
BRASILEIRO CTB) faixa específica. Fica mantida a prioridade dos pedestres
sobre os veículos onde houver faixas de travessia sem
sinais luminosos. Onde houver semáforos, a luz deter-
Com base em trabalho informativo do Ministério mina a prioridade. O ciclista desmontado, empurrando a
dos Transportes, iremos elencar os principais pontos do bicicleta, equipara-se ao pedestre em direitos e deveres.
Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
BICICLETAS
HABILITAÇÃO
Terão como equipamento obrigatório: campainha, si-
Quando aprovados no exame de habilitação, os can- nalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais,
didatos ganham permissão para dirigir com validade de além de espelho retrovisor do lado esquerdo. Conduzir a
um ano. Recebem a carteira definitiva os candidatos que bicicleta em passeio onde não seja permitido a sua circu-
não cometerem infração grave ou gravíssima nesse pe- lação, ou em locais de grande movimento de pedestres,
ríodo. Os candidatos serão submetidos a exames de ap- o ciclista poderá ser multado. E mais: a bicicleta será re-
tidão física e mental, como a prova sobre legislação de colhida até que a multa seja paga.
trânsito (escrita), a de noções de primeiros socorros e o
exame de direção. Os exames, exceto o de direção, pode- CINTO DE SEGURANÇA
rão ser terceirizados pelos órgãos estaduais de trânsito.
Passa a ser obrigatório também na cidade. Vale para
VELOCIDADE todo o país.
O limite de velocidade nas rodovias passa a ser de SISTEMA DE PONTUAÇÃO PARA INFRAÇÕES
110km/h para carros de passeio e camionetas, de 90km/h
para ônibus e micro-ônibus e 80km/h para os demais Pontos: As infrações são pontuadas de acordo com
veículos. Nas vias urbanas, os limites de velocidade ficam sua gravidade:
em 80km/h para vias de trânsito rápido; 60km/h nas vias
secundárias; 40km/h nas vias distribuidoras de tráfego e Gravíssima: 7 pontos
30km/h nas vias locais.
Grave: 5 pontos
Média: 4 pontos
RADARES ELETRÔNICOS
Leve: 3 pontos
Ficam autorizados a funcionar, já que a exigência da
Multas: O valor das multas varia de 50 a 180 UFIRs. Os
presença do infrator para autuação foi retirada do texto
valores de multiplicação são definidos de acordo com a
aprovado.
gravidade da infração.
TRANSPORTE ESCOLAR Multa Reparatória: É criada a multa reparatória de
danos materiais. Um motorista que, por exemplo, mate
Cintos de segurança em número igual à lotação e ou deixe inválido pessoa responsável pelo sustento da
equipamento registrador instantâneo inalterável de ve- família terá de sustentar essa família.
locidade e tempo. O motorista deve ter mais de 21 anos,
ser julgado apto em exame de avaliação psicológica e TIPO DE INFRAÇÕES:
não pode ter cometido nenhuma infração grave ou gra-
víssima nos últimos 12 meses nem ser reincidente em GRAVÍSSIMAS
infrações médias.
Dirigir sem carteira ou com ela vencida, sem apare-
EDUCAÇÃO lhos de correção física (como óculos de grau), embriaga-
do, transportar criança sem segurança, ameaçar pedes-
A educação para trânsito passa a fazer parte dos cur- tres, participar de “pega” ou exibições, envolver-se em
rículos de 1º, 2º e 3º graus. Não está prevista como dis- acidente com vítima, estacionar na pista, deixar de dar
ciplina à parte, mas será incluída dentro do conteúdo das passagem a veículo de socorro, transitar na contramão,
disciplinas já existentes. Haverá campanhas educativas ultrapassar perigosamente, ultrapassar ônibus pela direi-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

divulgadas gratuitamente pelas emissoras de rádio e TV ta, fazer retorno perigoso, avançar sinal vermelho, ultra-
exploradas pelo poder público. passar barreira policial, deixar de parar em cruzamento
de via férrea ou próximo a grupo de pessoas, deixar de
MOTOCICLETAS dar passagem a pedestre na faixa de segurança, excesso
de velocidade 20% acima da permitido, falsificar docu-
O capacete é obrigatório para o motorista e para o mentos do veículo ou de habilitação, carregar criança
passageiro, assim como vestuário apropriado a ser defi- menor de 7 anos em motocicleta e transportar irregular-
nido pelo CONTRAM. Os veículos de duas ou três rodas mente passageiros ou carga.
ficam dispensados da placa dianteira.

1
GRAVES - OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA - imobilização
do veículo, pelo tempo estritamente necessário ao
Não usar cinto de segurança, não prestar socorro à carregamento ou descarregamento de animais ou
vítima quando solicitado pela autoridade policial, seguir carga, na forma disciplinada pelo órgão ou entida-
veículo de socorro para obter vantagens, estacionamen- de executivo de trânsito competente com circuns-
to irregular, percorrer grandes distâncias em marcha à ré, crição sobre a via.
fazer ultrapassagem perigosa, não sinalizar mudança de
direção, desviar rota para evitar pedágios ou balanças, Os danos causados aos cidadãos são tratados através
ultrapassar veículos em sinais luminosos, desobedecer dos órgãos e entidades que compõem o SINATRAN.
preferenciais, excesso de velocidade até 20% do permi- Responsabilidade objetiva: a atitude culposa ou do-
tido, trafegar irregularmente com veículo de dimensões losa do agente causador do dano é de menor relevância,
excedentes, conduzir animais ou passageiros (como ca- pois, desde que exista uma relação de causalidade entre
chorro ou criança) na janela, depositar material ou obje- o dano experimentado pela vítima e o ato do agente,
tos na rodovia. surge o dever de indenizar, quer tenha o agente agido
ou não culposamente.
Teoria do Risco: é a da responsabilidade objetiva -
MÉDIAS
aquele que, através de sua atividade, cria um risco de
dano para terceiros, deve ser obrigado a repara-lo, ainda
Uso de celular, arremessar água ou detritos em pe-
que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos
destres, não remover o veículo do local do acidente, es- de culpa. Se for verificada, OBJETIVAMENTE, a relação
tacionar irregularmente, parar o veículo próximo a esqui- de causa e efeito entre o comportamento do agente e o
nas, parar na faixa de pedestres, trafegar fora da faixa dano causado à vítima, esta tem direito de ser indenizada
destinada ao veículo, ultrapassar pela direita, trafegar em pelo agente. (Veja o art. 37, § 6º, da CF)
rodovia em velocidade inferior à metade da permitida, Responsabilidade Subjetiva: não há responsabilidade
transitar com placas irregulares, deixar de retirar objeto objetiva nos casos de danos decorrentes de caso fortuito
utilizado em sinalização temporária, usar som ou alarmes (raio, incêndio, inundação, vendaval) ou oriundos de for-
excessivos, transportar passageiros de forma coletiva ça maior, a exemplo dos atos provocados pela multidão,
sem autorização, deixar de fazer a transferência de veí- da greve e da grave perturbação da ordem, posto que
culo vendido em 30 dias, usar corda para rebocar veícu- não foram causados pelo Estado. Por estes danos, o Es-
los, deixar de acender as luzes internas do carro quando tado pode responder subjetivamente, isto é, nos termos
parar à noite para desembarcar passageiro, dirigir com da teoria da culpa administrativa, na medida em que o
fones de ouvido, chinelos ou apenas uma das mãos. estado omitiu-se no cumprimento de dever legal.
Quando ocorre deficiência técnica ou administrativa
LEVES ou a prática constante de atos de improbidade contra a
fé pública, contra o patrimônio ou contra a administra-
Dirigir sem atenção, fazer reparos mecânicos em via ção pública, por parte do órgão executivo de trânsito es-
pública e ultrapassagem irregular, usar luz alta em via tadual, o órgão federal de trânsito INTERVIRÁ no órgão
iluminada, buzinar sucessivamente ou em horário impró- estadual de trânsito.
prio e andar sem os documentos do veículo. O Código de Trânsito Brasileiro, no melhor e mais
equilibrado espírito federativo, prevê uma clara divisão
O motorista que somar 20 pontos no período de um de responsabilidades e uma sólida parceria entre órgãos
ano perde a carteira de habilitação. federais, estaduais e municipais. Os municípios, em par-
ticular, tiveram sua esfera de competência substancial-
mente ampliada no tratamento das questões de trânsito.
- TRÂNSITO - movimentação e imobilização de veícu-
Aliás, nada mais justo se considerarmos que é nele que
los, pessoas e animais nas vias terrestres.
o cidadão efetivamente mora, trabalha e se movimenta,
- VIA - superfície por onde transitam veículos, pesso-
ali encontrando sua circunstância concreta e imediata de
as e animais, compreendendo a pista, a calçada, o
vida comunitária e expressão política.
acostamento, ilha e canteiro central. Por isso, compete agora aos órgãos executivos mu-
- CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído nicipais de trânsito exercer nada menos que vinte e uma
como separador de duas pistas de rolamento, atribuições. Uma vez preenchidos os requisitos para inte-
eventualmente substituído por marcas viárias (can- gração do município ao Sistema Nacional de Trânsito, ele
teiro fictício). assume a responsabilidade pelo planejamento, o projeto,
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

- ILHA - obstáculo físico, colocado na pista de rola- a operação e a fiscalização, não apenas no perímetro ur-
mento, destinado à ordenação dos fluxos de trân- bano, mas também nas estradas municipais. A prefeitura
sito em uma interseção. passa a desempenhar tarefas de sinalização, fiscalização,
- PARADA - imobilização do veículo com a finalidade aplicação de penalidades e educação de trânsito.
e pelo tempo estritamente necessário para efetuar
embarque ou desembarque de passageiros. Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encar-
- ESTACIONAMENTO - imobilização de veículos por roçadoras e fabricantes de veículos e autopeças são
tempo superior ao necessário para embarque ou responsáveis civil e criminalmente por danos causados
desembarque de passageiros. aos usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decor-

2
rentes de falhas oriundas de projetos e da qualidade a) se o recurso não for julgado num prazo máximo de
dos materiais e equipamentos utilizados na sua fabri- 30 dias, o mesmo terá efeito suspensivo, concedi-
cação. do pela autoridade que impôs a penalidade;
b) se o recurso não for julgado no prazo máximo de
60 dias, a penalidade aplicada será automatica-
Este artigo trata da responsabilidade subjetiva, na
mente cancelada.
esfera criminal e civil, por parte das montadoras, impor-
tadoras, encarroçadoras, e dos fabricantes de veículos,
O recurso interposto poderá tomar dois caminhos:
quando existirem danos causados por falhas provenien-
tes de projeto e da qualidade de equipamentos e mate-
a) se não houve recolhimento antecipado:
riais usados em sua fabricação.
Portanto, a responsabilidade do agente que causar o
1. em não sendo provido o recurso, o valor da multa
dano só configurar-se-á no caso de ter agido com culpa
será atualizada até a data do pagamento;
ou dolo. A prova da culpa do agente que causou o dano
é indispensável para que sobrevenha o dever de indeni- 2. sendo provido, o infrator não terá que pagar a mul-
zação. ta.
A comunicação da penalidade, feita ao órgão ou
b) se houve recolhimento antecipado:
entidade executivo de trânsito responsável pelo licen-
ciamento do veículo e habilitação do condutor, é de 1. em não sendo provido o recurso, o valor da multa
vital importância, visto que somente desta maneira irá já terá sido pago;
garantir que o condutor seja penalizado, pois o mesmo 2. em sendo provido o recurso, a importância paga
só poderá proceder ao licenciamento do veículo se não antecipadamente será devolvida, atualizada.
existirem débitos acerca do mesmo. 3. Da decisão da JARI caberá recurso ao CETRAN ou
A penalidade pode ser transformada em advertência CONTRANDIFE, no prazo de 30 dias, a contar da publi-
por escrito, e para tanto faz-se necessário que existam cação ou da notificação da decisão. Neste caso, o valor
condições objetivas e subjetivas. da multa deverá ser recolhido antes do recurso, o qual
somente será admitido com o comprovante do recolhi-
Condições Objetivas: mento. No prazo de 30 dias, o recurso será apreciado
pelo CETRAN ou CONTRANDIFE, encerrando a instância
a) a infração passível de ser penalizada com multa pe- administrativa de julgamento de infrações e penalidades.
cuniária, deve ser de natureza leve ou média;
b) o infrator não pode ser reincidente, na mesma in- Se um crime for cometido quando na condução de
fração, no período dos últimos 12 meses. um veículo automotor, e estiver previsto no CTB, no capí-
tulo XIX, seção II, as normas gerais do Código Penal e do
Código de Processo Penal deverão ser aplicadas em re-
Condições Subjetivas:
lação a ele, isto desde que o CTB não disponha de modo
diverso.
É uma decisão discricionária da autoridade de trânsi-
Há uma hierarquia entre duas ou mais normas penais,
to, e no seu entendimento a advertência por escrito é a
fazendo com que a aplicação de uma norma esgota a pu-
providência mais educativa.
nição do fato, excluindo a aplicação cumulativa de outra
No caso da transformação da penalidade em adver-
norma, ou seja, ninguém pode ser condenado 2 vezes
tência por escrito, as condições objetivas devem ser ana-
pelo mesmo crime.
lisadas conjuntamente com as condições subjetivas.
Por exemplo, em havendo a ocorrência de um aci-
dente de trânsito que tenha resultado lesões corporais
PROCEDIMENTO DO JULGAMENTO DAS AUTUA-
culposas em certas pessoas. Neste caso, seriam aplicadas
ÇÕES E PENALIDADES
as normas do CTB, no caso das mesmas existirem, e isto
pelo princípio da especialidade (a lei especial tem prefe-
1. A autoridade de trânsito tem a competência para
rência em relação à lei geral). Norma especial é aquela
julgar a consistência do auto de infração, tendo o poder
que contém todos os elementos da norma geral, com o
de:
acréscimo de elementos especificadores.
a) arquivar o auto de infração, se considera-lo incon-
sistente ou irregular, ou, se no prazo máximo de
30 dias, não houver sido expedida a notificação da
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

autuação;
b) aplicar a penalidade, expedindo notificação ao
proprietário do veículo ou ao infrator, para tomar
ciência da penalidade imposta.

2. O recurso deverá ser interposto perante a autorida-


de que impôs a penalidade, o qual será remetido à JARI,
para julgamento no prazo de 30 dias.

3
mais brandas, o que faz crescer, de certa forma um
#FicaDica expansionismo penal, onde por vezes em casos concretos
juízes e jurados aplicam a tese do dolo onde de fato
Não há responsabilidade objetiva nos ca- deveria ser reconhecida a existência da culpa.
sos de danos decorrentes de caso fortui- Para boa parte da doutrina esse posicionamento as-
to (raio, incêndio, inundação, vendaval) ou sumido pelo legislador é o mais acertado, pois diante da
oriundos de força maior, a exemplo dos
subjetividade do caso concreto, somente o fator: “estar
atos provocados pela multidão, da greve e
com o nível de álcool acima do permitido quando trafega
da grave perturbação da ordem, posto que
com seu automóvel”, não seria suficiente para comprovar
não foram causados pelo estado. Por estes
que o agente assume o risco de causar a morte de outra
danos, o estado pode responder subjetiva-
pessoa.
mente, isto é, nos termos da teoria da culpa
Essa corrente doutrinária alega que o instituto do
administrativa, na medida em que o estado
dolo eventual vem sendo aplicado de forma desmedida,
omitiu-se no cumprimento de dever legal.
em descompasso com a própria Teoria Geral do Delito.
Particularmente o legislador deu uma resposta ao
É importante destacarmos que a referida alteração corpo social, com a nova forma qualificadora, as penas
entra em vigor após a vacatio legis, decorridos cento e ficaram maiores que as previstas no caput dos referidos
vinte dias de sua publicação oficial, conforme o art. 6º artigo 302 e 303, mas não se rendeu ao discurso popu-
da referida lei. E que o art. 3º foi vetado pelo Presidente lista, aplicado a elevadíssima pena prevista na hipótese
da República. Conforme entendimento do Prof. Fernando dolosa no artigo 121 do Código Penal.
Tadeu Marques, a primeira alteração ocorreu no artigo Necessário apontar que se enquadrado na hipótese
291 do Código de Trânsito, trata-se de uma alteração que qualificada, o agente passa a ter um tratamento penal
tem por finalidade garantir uma pena justa, proporcional mais rigoroso.
a culpabilidade do agente, fazendo com que na fixação Diferente da forma simples descrita no caput do art.
da pena-base o juiz se atente as circunstâncias e conse- 302 o agente não poderá ser beneficiado com a suspen-
quências do crime. Podemos dizer que a nova lei, ape- são condicional da pena, nos termos do artigo 77 do
nas enfatiza para a necessidade de se garantir uma pena Código Penal, pois para a concessão de tal benefício, a
justa, mais próxima o possível dos objetivos da política pena máxima concreta aplicada na sentença não pode
criminal, reiterando o que o Código penal já utiliza como ultrapassar dois anos.
norma para a fixação da pena, quando leva em conside- Outra alteração gravosa a ser citada: com a pena na
ração o disposto no Código Penal nos artigos 68, que hipótese qualificada o agente possivelmente iniciará o
trata do critério trifásico e 59 quando analisa a dosime- cumprimento desta, após ser condenado, no regime se-
tria e aplicação da pena base, observando os requisitos miaberto ou fechado conforme a regra do artigo 33 do
neles dispostos. Código Penal.
A segunda alteração se deu com inserção do § 3º no Vale destacar, o que certamente será objeto de ques-
art. 302, com a nova redação inseriu uma circunstância tionamento em concurso e no exame de ordem: muito
que qualifica o crime de homicídio na direção de veícu- embora a pena privativa de liberdade seja de cinco a
lo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer oito anos de reclusão haverá a possibilidade de substi-
outra substância psicoativa que determine dependência. tuição da pena privativa de liberdade por pena restritiva
Essa alteração tem uma importância significativa, pois de direitos, tendo em vista o que dispõe o artigo 44 do
o legislador deixa de aplicar a pena de “detenção, de dois Código Penal, impondo-se como limitação ao beneficio
a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a para a substituição na forma dolosa, quando a pena for
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automo- superior a quatro anos. Na forma culposa, não importa a
tor” e passa a aplicar a “reclusão, de cinco a oito anos, e quantidade de pena aplicada.
suspensão ou proibição do direito de se obter a permis- Quanto à terceira alteração podemos aplicar o mes-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor”. mo raciocínio delineado no comentário supracitado,
Desta forma, com essa alteração, o legislador passa apenas lembrando que no artigo 303 não tratamos do
a considerar a hipótese de homicídio culposo na dire- homicídio, mas sim da lesão corporal causada na direção
ção de veículo automotor qualificada, quando o agente de veículo automotor.
estiver embriagado e causar a morte de alguém nessa Tal dispositivo passa também a prever a forma qua-
circunstância. lificada, afastando a pena de “detenção, de seis meses a
E, inicialmente, o que se observa é que o legislador dois anos e suspensão ou proibição de se obter a per-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

assume uma posição na eterna discussão, sobre a apli- missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”,
cação do dolo eventual ou da culpa consciente, o que na passando a aplicar as penas de “reclusão de dois a cinco
pratica faz grande diferença, uma vez que se considerado anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste arti-
como dolo eventual as penas aplicadas seriam as cons- go”, quando o evento ocorrer com o agente transitando
tantes do artigo 121 do Código Penal, e o procedimento com capacidade psicomotora alterada em razão da in-
seria o especial, do tribunal do júri. fluência de álcool ou de outra substância psicoativa que
É notório que nestes casos o clamor popular é pela determine dependência, e se do crime resultar lesão cor-
aplicação de penas mais severas, uma vez que, as penas poral de natureza grave ou gravíssima, conforme a nova
previstas nas hipóteses culposas sejam consideras redação.

4
Aqui, no que diz respeito aos possíveis benefícios Diferença entre suspensão e proibição do direito de
afastados quando do crime na hipótese qualificada, dirigir: Suspensão; já tem a carteira de habilitação, e será
como dito sobre o artigo 302, aplicam-se também tais suspenso do seu direito de dirigir, proibição; Não possui
limitações ao art. 303, com exceção no que diz respei- a carteira, e fica proibido de obter a carteira de habilita-
to ao regime de cumprimento de pena, tendo em vista ção.
que na lesão corporal tem penas que vão de dois a cin- Diferença entre suspensão judicial e administrativa do
co anos, ou seja, sendo possível que o agente inicie o direito de dirigir: Em relação á suspensão judicial, a com-
cumprimento da pena no regime aberto, semiaberto ou petência é do juiz de direito, na suspensão administrati-
fechado conforme a regra do artigo 33 do Código Penal. va, compete á autoridade de trânsito. Quanto á aplicação
na suspensão judicial pode ser pena principal isolada,
A quarta alteração se deu com a modificação da reda- ou de forma cumulada (CTB art. 292), na administrativa
ção integralmente do artigo 308 do Código de Trânsito é pena cumulativa (CTB, art. 256). Referente á forma, a
Brasileiro, que passa vigorar da seguinte forma: suspensão judicial é oriunda de processo penal após o
trânsito em julgado da sentença condenatória (CTB, art.
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, 293, parágrafo 1º), na administrativa, vem de processo
em via pública, de corrida, disputa ou competição au- administrativo com decisão fundamentada transitada em
tomobilística ou ainda de exibição ou demonstração julgado (CTB, art. 265). No tocante ao prazo, a decisão
de perícia em manobra de veículo automotor, não au- judicial é de dois meses a cinco anos (CTB, art. 293), na
torizada pela autoridade competente, gerando situa- administrativa, de um mês a um ano, e se reincidente
ção de risco à incolumidade pública ou privada: em doze meses, passará a ser de seis meses a dois anos
Penas – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, (CTB, art. 261). Quanto ao cumprimento, na suspensão
multa e suspensão ou proibição de se obter a permis- judicial é condicionado, sendo cumprido após o cumpri-
são ou a habilitação para dirigir veículo automotor. mento da pena privativa de liberdade (CTB, art. 293 Pa-
1º Se da prática do crime previsto no caput resultar rágrafo 2º), enquanto na administrativa é imediato (CTB,
art. 261). A devolução do direito de dirigir, na suspensão
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias
judicial, submente a novos exames, conforme o CTB, art.
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem
160. Já na suspensão administrativa, há curso de recicla-
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de li-
gem (CTB, art. 261, parágrafo 2º). Por fim, na suspensão
berdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem
judicial, a publicidade se dá através de comunicação ao
prejuízo das outras penas previstas neste artigo.
conselho nacional e conselho estadual de trânsito (CTB,
2º Se da prática do crime previsto no caput resultar
art. 295). Na administrativa, será publicada do Diário ofi-
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agen-
cial do Estado.
te não quis o resultado nem assumiu o risco de produ-
Suspensão e proibição de dirigir (Art. 292 do CTB) e
zi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 do Art. 72, III do CP. A pena do CP, art. 47 III é pena
(cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas restritiva de direitos na modalidade de interdição tem-
previstas neste artigo. porária. Não alcança a proibição de obter permissão ou
habilitação, tem caráter substitutivo e, por isso, não pode
Nesta hipótese foi inserido no texto legal, a seguin- ser aplicada cumulativamente á pena privativa de liber-
te descrição “ou ainda de exibição ou demonstração de dade. A duração é a mesma aplicada à pena privativa de
perícia em manobra de veículo automotor”. O legislador, liberdade. A pena do CTB, art. 292, além da suspensão,
atendendo o princípio da taxatividade tornou o tipo pe- alcança a proibição do direito de dirigir e não é substitu-
nal mais abrangente, afastando a possibilidade de uti- tiva da pena privativa de liberdade, é pena principal iso-
lizar-se da brecha deixada pela redação anterior, dimi- lada ou cumulativamente aplicada. Sua duração é de dois
nuindo as chances de ficarem impunes os praticantes nesses a cinco anos. O art. 47 está tacitamente revogado
de tais condutas que colocam em risco a incolumidade pelo CTB, mas pode ser aplicada ainda a autorização (art.
pública e privada. 141CTB) para dirigir, mas para a permissão e autorização
Desta forma não há necessidade de que haja dispu- não.
ta ou competição automobilística, basta que os agentes Há previsão expressa de suspensão ou proibição em
estejam praticando manobras não autorizadas pela auto- que crimes? Arts. 302, 303, 306, 307, 309.
ridade competente. Todos os crimes podem suspender ou proibir, des-
de que o motorista seja reincidente no mesmo crime de
Art. 291 a 391 trânsito cometido anteriormente, conforme prevê o art.
296 do CTB.
Conceito de veículo automotor: A lei 9.503/97 só tra-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Como se dá a cumulação de penas de suspensão ou


ta de veículos terrestres, portanto excluindo as embar-
proibição com as privativas de liberdade? O art. 292 do
cações, aeronaves e veículos puxados por tração animal.
CTB responde a indagação, a suspensão ou proibição
Existem crimes que só podem ocorrer em via pública, será iniciada após o término pena privativa de liberdade.
sendo este descrito no tipo. Caso a ação se adeque ao Diferença entre prestação pecuniária do CP e a multa
tipo e tenha ocorrido em outro local que não seja via reparatória CTB: A prestação pecuniária do CP, art. 45, §
pública, como em um estacionamento de shopping, fa- 1º, é pena restritiva de direitos, que deve ser paga em di-
zenda ou garagem, não será um crime do CTB. reito à vítima e seus dependentes entre um e 360 salários
mínimos. O valor pago será abatido do valor de condena-

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ção para reparação civil se coincidirem os beneficiários. Lesão corporal culposa (CTB, art. 303)
Por sua vez, a multa a reparatória do CTB, art. 297, é feita Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
mediante depósito judicial, para a vítima e seus sucesso- automotor:
res, no valor a ser arbitrado com base nos dias-multa do Penas – detenção de 6 meses a dois anos, e suspen-
CP, art. 49. Só será aplicada se houver prejuízo material são ou proibição de se obter a permissão ou a habilita-
decorrente do crime de trânsito e o valor não poderá ser ção para dirigir veículo automotor.
superior ao do prejuízo demonstrado no processo. Se Mesmas observações do crime de homicídio culposo,
houver condenação no cível, o valor da multa reparatória porém os resultados são menos gravosos.
será descontado. Em relação a multa reparatória do art. Consumação e tentativa: Consumação com a adequa-
297 do CTB, é importante frisarmos que aplicasse o dis- ção do resultado ao tipo, a tentativa não é aplicada em
posto aos arts. 50, 51, 52 do CP. O que seria?, é que esta nenhuma hipótese de crime culposo.
multa reparatória pode ser paga de forma parcelada e, Se houver mais de uma vítima, será aplicado o dis-
também, uma vez inadimplente não pode ser convertida posto ao artigo 70 do CP (concurso formal), ou seja, vai
em pena privativa de liberdade, mas sim deverá ser exe- aumentar a pena de 1/6 até a metade.
cutada na esfera civil como divida de valor. Causas de aumento: aplicam-se as causas de aumento
Exceção: Violação da suspensão ou proibição de di- do parágrafo único do artigo anterior (1/3 até metade).
rigir (art. 307 CTB), Além da pena privativa de liberdade,
vai receber uma pena idêntica a interior imposta (a que Crime de omissão de socorro (art. 304 do CTB):
foi descumprida). Deixar o condutor do veículo, na ocasião acidente, de
A suspensão ou proibição cautelar é recorrível? Sim, prestar imediato socorro à vítima ou, não podendo fazê-
porque na realidade no art. 294 o legislador prevê que -lo diretamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio
sempre que for imprescindível para a garantia da ordem da autoridade competente: Penas – Detenção, de 6 me-
pública, seja nas investigações policiais por crime de ses a 1 ano, ou multa, se o fato não constituir elemento
trânsito, o juiz pode decretar cautelarmente a suspenção de crime mais grave.
ou proibição, e neste caso cabe recurso em sentido estri- Parágrafo único – Incide nas penas previstas neste ar-
to, sem efeito extintivo. tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
Perdão judicial em crime de trânsito: Verificar Art. 291 suprida por terceiros, ou se trate de vítima com morte
(aplicam-se subsidiariamente as regras gerais do código instantânea ou com ferimentos leves.
penal), portanto é possível (CP art. 107, causas extintivas
da punibilidade). Embriaguez ao volante (CTB, art. 306)
Prisão em flagrante em crime de trânsito: Art. 301 é Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a in-
possível se o autor do delito não prestar imediato socor- fluência de álcool ou substância de efeitos análogos, ex-
ro à vítima. pondo a dano potencial a incolumidade de outrem: Pe-
nas – detenção, de 6 meses a 3 anos, multa e suspensão
Parte Especial – Os crimes em espécie ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para
dirigir veículo automotor.
Homicídio culposo da direção de veículo automotor Requisitos: I - estar na direção de veículo automotor
(CTB, art. 302): Praticar homicídio culposo na direção de terrestre, II - na via pública, III – conduzindo o volante
veículo automotor: Penas – detenção, de 2 a 4 anos, e com substância análoga ou embriagada (maconha, crack,
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a ha- cocaína) Obs: O limite máximo de substância permitido
bilitação para dirigir veículo automotor. Não é requisito o será definido na resolução do ente administrativo, IV –
motorista estar dirigindo em via pública para se amoldar Dirigindo de forma anormal e perigosa.
ao tipo. Não comporta modalidade tentada do tipo.
Dirigir sem Habilitação (CTB, art. 309)
Parágrafo único: causa especial de aumento de pena: Conduzir veículo automotor, na via pública sem a de-
No homicídio culposo cometido na direção de veículo vida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se
automotor, a pena é aumentada de 1/3 á metade, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano:
o agente: Requisitos: Dirigir veículo automotor terrestre na via
I – não possuir Permissão para dirigir ou Carteira de pública, sem habilitação ou permissão para dirigir cau-
habilitação; (não possuir habilitação, ou não estar sando perigo de dano concreto.
portando no momento do crime); STF, súmula nº 720 – derrogou o art. 32 da lei 9099.
II- praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada (Por Vitor Viviane)
(maior reprovabilidade da conduta em relação a inob-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

servância das regras de tráfego); Últimas alterações:


III – deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo As penalidades serão impostas ao condutor, ao pro-
sem risco pessoal, a vítima do acidente; prietário do veículo, ao embarcador e ao transportador,
IV – no exercício de sua profissão ou atividade estiver salvo os casos de descumprimento de obrigações e de-
conduzindo veículo de transporte de passageiros (os veres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressa-
tribunais divergem sobre o tema, mas a principio este mente mencionados neste Código.
inciso é inconstitucional). Não sendo imediata a identificação do infrator, o prin-
cipal condutor ou o proprietário do veículo terá quinze
dias de prazo, após a notificação da autuação, para apre-

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sentá-lo, na forma em que dispuser o Conselho Nacional mento de metas anuais de redução de índice de mortos
de Trânsito (Contran), ao fim do qual, não o fazendo, será por grupo de veículos e de índice de mortos por grupo
considerado responsável pela infração o principal condu- de habitantes, ambos apurados por Estado e por ano,
tor ou, em sua ausência, o proprietário do veículo. detalhando-se os dados levantados e as ações realizadas
O proprietário poderá indicar ao órgão executivo de por vias federais, estaduais e municipais.
trânsito o principal condutor do veículo, o qual, após O objetivo geral do estabelecimento de metas é, ao
aceitar a indicação, terá seu nome inscrito em campo final do prazo de dez anos, reduzir à metade, no míni-
próprio do cadastro do veículo no Renavam. mo, o índice nacional de mortos por grupo de veículos
e o índice nacional de mortos por grupo de habitantes,
O principal condutor será excluído do Renavam: relativamente aos índices apurados no ano da entrada
em vigor da lei que cria o Plano Nacional de Redução de
- quando houver transferência de propriedade do ve- Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans).
ículo; As metas expressam a diferença a menor, em base
- mediante requerimento próprio ou do proprietário percentual, entre os índices mais recentes, oficialmente
do veículo; apurados, e os índices que se pretende alcançar. A deci-
- a partir da indicação de outro principal condutor. são que fixar as metas anuais estabelecerá as respectivas
margens de tolerância. As metas serão fixadas pelo Con-
Praticar homicídio culposo na direção de veículo au- tran para cada um dos Estados da Federação e para o
tomotor: Distrito Federal, mediante propostas fundamentadas dos
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão Cetran, do Contrandife e do Departamento de Polícia
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação Rodoviária Federal, no âmbito das respectivas circunscri-
para dirigir veículo automotor. ções. Antes de submeterem as propostas ao Contran, os
Se o agente conduz veículo automotor sob a influên- Cetran, o Contrandife e o Departamento de Polícia Ro-
cia de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa doviária Federal realizarão consulta ou audiência pública
que determine dependência: para manifestação da sociedade sobre as metas a serem
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
propostas.
proibição do direito de se obter a permissão ou a habili-
As propostas dos Cetran, do Contrandife e do De-
tação para dirigir veículo automotor.
partamento de Polícia Rodoviária Federal serão enca-
minhadas ao Contran até o dia 1o de agosto de cada
Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo
ano, acompanhadas de relatório analítico a respeito do
automotor:
cumprimento das metas fixadas para o ano anterior e
Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen-
de exposição de ações, projetos ou programas, com os
são ou proibição de se obter a permissão ou a habilita-
ção para dirigir veículo automotor. respectivos orçamentos, por meio dos quais se pretende
Aumenta-se a pena de 1/3 à metade, se ocorrer qual- cumprir as metas propostas para o ano seguinte.
quer das hipóteses do § 1º do art. 302. As metas fixadas serão divulgadas em setembro, du-
A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a rante a Semana Nacional de Trânsito, assim como o de-
cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas nes- sempenho, absoluto e relativo, de cada Estado e do Dis-
te artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade trito Federal no cumprimento das metas vigentes no ano
psicomotora alterada em razão da influência de álcool anterior, detalhados os dados levantados e as ações rea-
ou de outra substância psicoativa que determine depen- lizadas por vias federais, estaduais e municipais, devendo
dência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza tais informações permanecer à disposição do público na
grave ou gravíssima. rede mundial de computadores, em sítio eletrônico do
órgão máximo executivo de trânsito da União.
O Contran, ouvidos o Departamento de Polícia Rodo-
#FicaDica viária Federal e demais órgãos do Sistema Nacional de
Trânsito, definirá as fórmulas para apuração dos índices
Diferença entre suspensão judicial e admi- de que trata este artigo, assim como a metodologia para
nistrativa do direito de dirigir: em relação à a coleta e o tratamento dos dados estatísticos necessá-
suspensão judicial, a competência é do juiz rios para a composição dos termos das fórmulas.
de direito, na suspensão administrativa, Os dados estatísticos coletados em cada Estado e no
compete à autoridade de trânsito Distrito Federal serão tratados e consolidados pelo res-
pectivo órgão ou entidade executivos de trânsito, que
os repassará ao órgão máximo executivo de trânsito da
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Participar, na direção de veículo automotor, em via União até o dia 1º de março, por meio do sistema de
pública, de corrida, disputa ou competição automobi- registro nacional de acidentes e estatísticas de trânsito.
lística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia Os dados estatísticos sujeitos à consolidação pelo
em manobra de veículo automotor não autorizada pela órgão ou entidade executivos de trânsito do Estado ou
autoridade competente, gerando situação de risco à in- do Distrito Federal compreendem os coletados naquela
columidade pública ou privada. circunscrição:
A atuação dos integrantes do Sistema Nacional de
Trânsito, no que se refere à política de segurança no - pela Polícia Rodoviária Federal e pelo órgão execu-
trânsito, deverá voltar-se prioritariamente para o cumpri- tivo rodoviário da União;

7
- pela Polícia Militar e pelo órgão ou entidade execu- O condutor condenado poderá requerer sua reabili-
tivos rodoviários do Estado ou do Distrito Federal; tação, submetendo-se a todos os exames necessários à
- pelos órgãos ou entidades executivos rodoviários e habilitação, na forma deste Código.
pelos órgãos ou entidades executivos de trânsito No caso do condutor preso em flagrante na prática
dos Municípios. dos crimes de que trata o caput deste artigo, poderá o
juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal,
se houver necessidade para a garantia da ordem públi-
O cálculo dos índices, para cada Estado e para o Dis-
ca, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento
trito Federal, será feito pelo órgão máximo executivo de
do Ministério Público ou ainda mediante representação
trânsito da União, ouvidos o Departamento de Polícia
da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a
Rodoviária Federal e demais órgãos do Sistema Nacional
suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir
de Trânsito.
veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.
Os índices serão divulgados oficialmente até o dia 31
de março de cada ano. Conduzir veículo automotor com capacidade psico-
motora alterada em razão da influência de álcool ou de
Com base em índices parciais, apurados no decorrer outra substância psicoativa que determine dependência:
do ano, o Contran, os Cetran e o Contrandife poderão Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa
recomendar aos integrantes do Sistema Nacional de e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
Trânsito alterações nas ações, projetos e programas em habilitação para dirigir veículo automotor.
desenvolvimento ou previstos, com o fim de atingir as
metas fixadas para cada um dos Estados e para o Distrito As condutas previstas no caput serão constatadas por
Federal.
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
A partir da análise de desempenho, o Contran elabo- álcool por litro de sangue ou igual ou superior a
rará e divulgará, também durante a Semana Nacional de 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar;
Trânsito: II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Contran, alteração da capacidade psicomotora.
- duas classificações ordenadas dos Estados e do
Distrito Federal, uma referente ao ano analisado e Poderá ser empregado qualquer aparelho homologa-
outra que considere a evolução do desempenho do pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
dos Estados e do Distrito Federal desde o início das Tecnologia (INMETRO).
análises;
- relatório a respeito do cumprimento do objetivo ge-
ral do estabelecimento de metas.
EXERCÍCIO COMENTADO
Conduzir o veículo:
- sem portar a autorização para condução de escola- 1. (MPE-PI - PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
res, na forma estabelecida no art. 136: - CESPE – 2019) Com relação a crimes de trânsito, julgue
os itens a seguir.
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (cinco vezes); I De acordo com o STJ, a conduta de permitir a direção
Medida administrativa – remoção do veículo; de veículo automotor a pessoa que não seja habilita-
da constitui crime somente na hipótese em que for
Transitar com o veículo: constatado perigo de dano concreto na condução do
- efetuando transporte remunerado de pessoas ou veículo.
bens, quando não for licenciado para esse fim, II Aplica-se à lesão corporal culposa a transação penal,
salvo casos de força maior ou com permissão da exceto se o agente estiver sob a influência de álcool
autoridade competente: ou outra substância psicoativa que determine depen-
dência.
III A remoção do veículo por seu condutor imediatamen-
Infração – gravíssima; te após a ocorrência de acidente automobilístico con-
Penalidade – multa; figura o crime de fraude processual.
Medida administrativa – remoção do veículo; IV Em caso de acidente de trânsito de que resulte vítima,
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ao condutor do veículo não se imporá a prisão em fla-


O condutor que se utilize de veículo para a prática do grante nem se exigirá fiança caso ele preste pronto e
crime de receptação, descaminho, contrabando, previs- integral socorro à vítima.
tos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado Estão certos apenas os itens
por um desses crimes em decisão judicial transitada em
julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou a) I e II.
será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo b) I e III.
automotor pelo prazo de 5 anos. c) II e IV.

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d) I, III e IV.
e) II, III e IV. DECRETO Nº 4.711/2003 (DISPÕE SOBRE A
COORDENAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE
Resposta: C TRÂNSITO SNT)
Item I incorreto. Crime do 310 é crime de perigo abs-
trato.
Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, O trânsito é hoje um tema que envolve muitas dis-
confiar ou entregar a direção de veículo automotor à cussões por parte dos governos em todo o mundo, essas
pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em discussões têm como objetivo encontrar meios de tornar
qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, o trânsito mais seguro, mais eficaz e melhor para todos.
independentemente da ocorrência de lesão ou de pe- No intuito de regular as atitudes, visando à melhoria das
rigo de dano concreto na condução do veículo. condições do trânsito, os governos lançam mão de uma
Item II correto. Art. 291 ferramenta muito importante, o Poder de Polícia de Trân-
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal sito.
culposa o disposto nos arts. 74, 76 (Transação Penal) No entanto, diante da possibilidade de ocorrerem
e 88 da Lei nº 9.099, 1995, EXCETO SE O AGENTE ES- abusos ou omissões por parte dos órgãos que venham
TIVER: a fazer uso do Poder de Polícia de Trânsito, torna-se in-
I - Sob a INFLUÊNCIA DE ÁLCOOL ou qualquer outra teressante uma investigação mais aprofundada sobre o
substância psicoativa que determine dependência; tema.
II - Participando, em via pública, DE CORRIDA, dis- Faremos uma explanação sobre o trânsito, definin-
puta ou competição automobilística, de exibição ou do o conceito do que é trânsito e explicando o Sistema
demonstração de perícia em manobra de veículo au- Nacional de Trânsito; também serão descritos um a um
tomotor, não autorizada pela autoridade competente; os diversos órgãos que compõem o Sistema Nacional de
III - transitando em VELOCIDADE SUPERIOR À MÁXI- Trânsito, bem como suas competências. Serão abordados
MA permitida para a via EM 50 KM/H (cinquenta qui- ainda os temas infrações de trânsito, penalidades e me-
lômetros por hora). didas administrativas.
Item III incorreto. Alguns detalhes do alcance da previ- É interessante saber quais são os órgãos que
são legal do artigo 312: normalmente fazem uso do Poder de Polícia de Trânsito,
1. Somente existirá o crime de “fraude processual e de que forma o fazem (normativa ou executiva) e ainda
no trânsito”, se o artifício for utilizado para ludibriar quais são suas competências.
a persecução criminal, referente a um crime de lesão A escolha do tema ocorreu principalmente devido ao
corporal ou homicídio, posto que se configura apenas fato de o trânsito ser hoje motivo de muitas discussões
nas ocorrências de trânsito COM VÍTIMA; entre as autoridades, e entre a população em geral. Esta
2. O crime somente ocorre na modalidade dolosa, escolha deu-se também pelo fato de o Poder de Polícia
com a intenção específica de induzir a erro o agente ser largamente utilizado na área do trânsito.
policial, o perito, ou juiz; logo, a simples não preserva- O trânsito é algo que envolve muitas definições e que
ção do local da ocorrência não estará abrangida pela acarreta muitas discussões, sem dúvida é de extrema im-
infração penal, estando sujeita, entretanto, ao cometi- portância entender o que é trânsito, mas para isso é ne-
mento da infração de trânsito do artigo 176, inciso III: cessário primeiro ter bem claro o que significa o termo
“Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima trânsito.
de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos O conceito do que seja trânsito está bem descri-
da polícia e da perícia”; to logo no 1° artigo da lei 9.503/97, CTB – Código de
3. O autor deste crime pode ser pessoa diversa do res- Trânsito Brasileiro – que em seu parágrafo 1° diz:
ponsável pela lesão corporal ou homicídio ocorridos Considera-se trânsito a utilização das vias por pes-
na condução de veículo automotor, desde que seu soas, veículos e animais, isolados ou em grupos, condu-
intento seja atrapalhar a investigação criminal e apu- zidos ou não, para fins de circulação, parada, estaciona-
ração da culpabilidade; mento e operação de carga ou descarga.
4. A conduta típica consiste na inovação artificiosa de Esta lei prevê as regulamentações para o trânsito, as
estado de: normas a serem seguidas, as infrações e punições res-
4.1. LUGAR (exemplo: alterando a cena do crime, para pectivas, bem como define os órgãos que farão uso do
se fazer supor que o fato tenha ocorrido em local di- poder de polícia administrativa de trânsito.
verso de onde realmente aconteceu); É importante ressaltar que compete privativamente
4.2. COISA (exemplo: retirando vestígios que induzam à União legislar sobre trânsito e transporte, é o precei-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

à responsabilidade pela ocorrência ou modificando tuado no artigo 22, inciso XI da Constituição Federal de
peças automotivas para se isentar de culpa); ou 1988. Devendo ser harmonizada à competência comum
4.3. PESSOA (exemplo: fazendo alguém se passar pelo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
motorista, para acobertar o fato de o condutor não ser cípios em estabelecer e implantar política de educação
habilitado ou estar sob influência de álcool). para a segurança do trânsito, conforme estabelece o ar-
Item IV correto. Art. 301 - Ao condutor de veículo, nos tigo 23, inciso XII da CF/88.
casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, No estudo do CTB, percebe-se claramente a tendên-
não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá cia à descentralização ou municipalização do trânsito,
fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. através de uma maior liberdade para regulamentação

9
e normatização de situações de interesse local. Encon- O CONTRAN é um órgão consultivo e normativo; tra-
tra amparo legal no artigo 30, inciso I, da CF/88, que diz ta-se de um conselho que não tem estrutura física pró-
competir aos Municípios legislar sobre assuntos de inte- pria, o CONTRAN utiliza as dependências do DENATRAN.
resse local. O CONTRAN é o responsável por estabelecer normas
O poder de polícia administrativa de trânsito é o ramo complementares ao texto da lei (resoluções) visando à
do poder de polícia administrativa que restringe e orien- uniformidade de procedimentos; solucionar conflitos de
ta os comportamentos individuais no trânsito, buscando competência e circunscrição entre as Unidades da Fede-
criar condições para um trânsito coletivo mais seguro, ração, ou entre estas e a União; julgar os recursos inter-
mais ordeiro e mais eficiente. postos contra decisões dos outros órgãos do SNT.
Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de
Trânsito lançam mão do poder de polícia administrativa CONSELHOS ESTADUAIS DE TRÂNSITO E CONSE-
de trânsito para regular e inclusive punir indivíduos que LHO DE TRÂNSITO DO DISTRITO FEDERAL
venham a ser nocivos à coletividade no trânsito, visan-
do garantir a integridade e a incolumidade física e pa- Os Conselhos Estaduais de Trânsito (CETRAN) e o
trimonial daqueles que fazem uso das vias em território Conselho de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDI-
nacional. FE) são órgãos consultivos e normativos, assim como o
Cabe lembrar, porém, que o poder de polícia admi- CONTRAN, só que atuam em nível estadual e distrital. Os
nistrativa de trânsito não é absoluto, portanto, não pode seus presidentes são nomeados pelos respectivos gover-
suprimir o direito de ir e vir e o direito a propriedade. nadores.
O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de en- As competências dos CETRAN e do CONTRANDIFE
tidades das três esferas do poder executivo (federal, são descritas no art. 14 do CTB.
estadual e municipal) que tem como objetivo regular e Os CETRAN e o CONTRANDIFE são conselhos com-
normatizar o trânsito no Brasil. Faz isso por meio de pla- postos por alguns poucos membros, assim como o CON-
nejamento e desenvolvimento de políticas de trânsito, TRAN. Não possuem estrutura física própria, utilizam as
dependências dos respectivos DETRAN (Departamento
registro de veículos, formação de condutores, policia-
Estadual de Trânsito).
mento e fiscalização de trânsito, bem como aplicação de
São responsáveis por estabelecer normas comple-
penalidades e adoção de medidas administrativas.
mentares (no âmbito de suas competências); solucionar
O Sistema Nacional de Trânsito é composto pelos
conflitos de competência entre os municípios; orientar
órgãos normativos e consultivos: CONTRAN – Conse-
e supervisionar as ações de administração, engenharia,
lho Nacional de Trânsito, CETRAN – Conselhos Estaduais
fiscalização e policiamento de trânsito.
de Trânsito e CONTRANDIFE – Conselho de Trânsito do
Distrito Federal; pelos órgãos executivos de trânsito DE-
JUNTAS ADMINISTRATIVAS DE RECURSOS DE IN-
NATRAN – Departamento Nacional de Trânsito, DETRAN FRAÇÕES
– Departamentos Estaduais de Trânsito e órgãos executi-
vos de trânsito dos municípios; pelos órgãos executivos As Juntas Administrativas de Recursos de Infrações
rodoviários: DNIT – Departamento Nacional de Infra-es- (JARI) são órgãos recursais com regimento próprio e
trutura de Transportes, DER – Departamentos de Estradas que funcionam junto aos órgãos executivos de trânsito
e Rodagem e respectivos órgãos municipais; pela PRF – ou executivos rodoviários. A principal atribuição das JARI
Polícia Rodoviária Federal; pelas Polícias Militares e pelas é julgar os recursos que serão interpostos por cidadãos
JARI – Juntas Administrativas de Recursos de Infrações. que tiverem sido autuados em virtude de cometimento
Cabe ao Presidente da República definir qual Minis- de infração de trânsito.
tério será responsável por coordenar o SNT. Atualmente Por meio do decreto 1777/96 o Ministro da Justiça foi
o Ministério que coordena o SNT é o Ministério das Ci- autorizado a criar no Departamento de Polícia Rodoviá-
dades. ria Federal (DPRF), Juntas Administrativas de Recursos de
Infrações, assim, qualquer recurso contra autuação feita
CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO por Policial Rodoviário Federal deverá ser apreciado pe-
las JARI que funcionam junto ao DPRF.
O CONTRAN é o órgão máximo do Sistema Nacional
de Trânsito, é composto por nove pessoas, sendo presi- DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO
dido pelo dirigente do DENATRAN e tendo em sua com-
posição dez representantes de ministérios, sendo: um do O DENATRAN é o órgão executivo de trânsito da
Ministério da Saúde, um do Ministério da Educação, um União, ele é o responsável por executar a Política Nacio-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

do Ministério dos Transportes, um do Ministério da De- nal de Trânsito e por em prática (seja diretamente ou por
fesa, um do Ministério da Ciência e Tecnologia, um do delegação) as normativas estabelecidas pelo CONTRAN.
Ministério do Meio Ambiente e um do Ministério que
As competências do DENATRAN são descritas no art.
coordena o SNT (neste caso o Ministério das Cidades),
19 do CTB.
um do Ministério da Justiça, um do Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio e um da Agência Na- O DENATRAN é responsável por criar procedimentos
cional de Transportes Terrestres – ANTT. para a aprendizagem e habilitação de condutores e para
As competências do CONTRAN são descritas no art. o registro e licenciamento de veículos; organizar e man-
12 do CTB. ter o RENACH (Registro Nacional de Carteiras de Habili-

10
tação); organizar e manter o RENAVAM (Registro Nacio- No Distrito Federal como não há municípios, as atri-
nal de Veículos Automotores); pesquisar os casos onde buições dos órgãos municipais ficarão a cargo do órgão
houver omissão da lei e propor solução ao ministério que executivo de trânsito, no caso o DETRAN-DF.
coordena o SNT; prestar apoio logístico e financeiro ao
CONTRAN, além de administrar o Fundo Nacional de Se- ÓRGÃOS EXECUTIVOS RODOVIÁRIOS
gurança e Educação de Trânsito-FUNSET.
Os Órgãos Executivos Rodoviários podem ser de âm-
DEPARTAMENTOS ESTADUAIS DE TRÂNSITO bito federal como o DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes), que substituiu o antigo
Os DETRAN são os órgãos executivos de trânsito dos DNER (Departamento Nacional de Estradas e Rodagem);
Estados e do Distrito Federal, possuem atribuições seme- estadual como os DER (Departamentos de Estradas e Ro-
lhantes ao DENATRAN, porém em nível estadual, muitas dagem) e municipal.
sendo delegadas por este. Estes órgãos atuam no trânsito das rodovias, sendo
As competências dos DETRAN são descritas no art. que suas competências são descritas no art. 21 do CTB.
22 do CTB. Eles são responsáveis por instalar e operar o sistema
Os DETRAN são responsáveis por realizar a formação de sinalização e os dispositivos de controle viário; arreca-
de condutores, aperfeiçoamento, reciclagem e suspen- dar valores provenientes da escolta de veículos de cargas
são dos mesmos; realizar vistorias de segurança em veí- superdimensionadas ou perigosas; realizar a fiscalização
culos, emplacar, registrar e licenciar veículos; realizar a das infrações de excesso de peso, dimensões e lotação
fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas ad- dos veículos, bem como autuar os infratores e aplicar as
ministrativas e penalidades previstas no CTB, exceto no penalidades e medidas administrativas cabíveis; realizar
caso dos incisos VI e VIII do art. 24, em que a competên- vistoria em veículos que precisem de autorização espe-
cia para tal é de outros órgãos. cial para transitar (AET) e estabelecer os critérios a serem
O inciso VI trata das infrações de circulação, estacio- observados para a circulação desse tipo de veículo.
namento e parada; o inciso VIII trata das infrações de ex-
cesso de peso, dimensões e lotação dos veículos. POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL
É importante lembrar que as Circunscrições Regionais
de Trânsito (CIRETRAN) são apenas ramificações dos A Polícia Rodoviária Federal (PRF) é um órgão de
órgãos executivos de trânsito dos Estados, e funcionam
suma importância para aplicação concreta das normas
como filiais dos DETRAN, tendo as mesmas atribuições
de que dispõem o Código de Trânsito Brasileiro. Apesar
destes. Portanto não se confundem com os órgãos
de ser o trânsito o seu maior foco, e principal motivo de
municipais de trânsito que serão descritos logo abaixo.
sua criação, a PRF não se dedica somente ao trânsito.
O inciso II do artigo 144 da Constituição Federal define
ÓRGÃOS EXECUTIVOS DE TRÂNSITO DOS MUNI-
a PRF como órgão de segurança pública e o parágrafo
CÍPIOS
3° do mesmo artigo diz que a PRF destina-se ao patru-
Os Órgãos Executivos de Trânsito dos Municípios são lhamento ostensivo das rodovias federais; além de suas
entidades administradas e mantidas pelas prefeituras. Os atribuições constitucionais, esta instituição integra o Sis-
seus agentes de fiscalização são os mais conhecidos do tema Nacional de Trânsito.
público que utiliza as vias urbanas, como por exemplo, O termo patrulhamento ostensivo é bem mais do que
os “marronzinhos” na cidade de São Paulo e os “amare- simplesmente fiscalização de trânsito, a PRF realiza tam-
linhos” em Cuiabá. bém combate ao crime (tráfico de drogas, de armas, de
As competências dos Órgãos Executivos de Trânsito animais e de pessoas), escolta de veículos, atendimento
dos Municípios são descritas no art. 24 do CTB. de acidentes, dentre tantas outras.
Estes órgãos são responsáveis por instalar e operar o As competências da Polícia Rodoviária Federal na
sistema de sinalização e os dispositivos de controle viá- área de trânsito são descritas no art. 20 do CTB.
rio; realizar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar as A Polícia Rodoviária Federal é responsável por exe-
medidas administrativas cabíveis e aplicar as penalida- cutar o patrulhamento ostensivo das rodovias federais,
des de multa e advertência por escrito para as infrações com o intuito de preservar a ordem, a incolumidade dos
de estacionamento, circulação e parada; autuar e aplicar usuários da rodovia e o patrimônio da União e das pes-
as medidas administrativas e as penalidades cabíveis às soas; realizar fiscalização de trânsito, aplicar e arrecadar
infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos as multas e aplicar as medidas administrativas cabíveis
veículos. em cada caso; arrecadar os valores decorrentes de es-
Convém lembrar que órgão municipal de trânsito não colta de veículos com cargas superdimensionadas ou
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

pode ser confundido com guarda municipal, visto que perigosas; credenciar e fiscalizar os serviços de escolta
a existência daquele está prevista na lei 9.503/97-CTB e adotando medidas que visem uma maior segurança des-
suas atribuições, estritamente na área de trânsito, são se tipo de serviço.
descritas no artigo 24 do CTB; enquanto que a criação
desta está expressa no artigo 144 da Constituição Fede- POLÍCIAS MILITARES
ral, sendo que sua criação é destinada para a proteção de
bens, serviços e instalações municipais, não tendo atri- As Polícias Militares (PM) não são órgãos tipicamente
buições na área do trânsito e sim na área de segurança de trânsito, criados com intuito de atuar nesta área, mas
pública. integram o Sistema Nacional de Trânsito e executam a

11
fiscalização de trânsito através de convênios, os quais podem ser firmados com órgãos executivos de trânsito ou órgãos
executivos rodoviários, conforme o inciso III do artigo 23 da Lei 9503/97 CTB:

Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal:


III - Executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou entidade
executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes credenciados.

É importante deixar claro que as Polícias Militares, assim como os outros integrantes do SNT, podem celebrar con-
vênios com mais de um órgão ao mesmo tempo, portanto podem firmar convênios entre si, não importando a esfera
federativa de atuação.
As atribuições das Polícias Militares na área de trânsito serão aquelas que o órgão com o qual foi firmado convênio
delegar.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE – 2019) Com relação ao Sistema Nacional de Trânsito, julgue
o seguinte item. O CONTRAN é o órgão máximo executivo de trânsito da União, cabendo a coordenação máxima do
Sistema Nacional de Trânsito ao Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN).

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: ERRADO
Decreto nº 4.711, de 29 de Maio de 2003
Art. 2º O Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, órgão integrante do Sistema Nacional de Trânsito, presidido
pelo dirigente do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, órgão máximo executivo de trânsito da União,
é composto por um representante de cada um dos seguintes Ministérios:
I – da Ciência e Tecnologia;
II – da Educação;
III – da Defesa;
IV – do Meio Ambiente;
V – dos Transportes;
VI – das Cidades; e
VII – da Saúde.

RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO (CONTRAN) E SUAS ALTERAÇÕES:


04/1998; 14/1998; 24/1998; 26/1998; 32/1998; 36/1998; 92/1999; 110/2000; 160/2004;
197/2006; 205/2006; 210/2006; 211/2006; 216/2006; 227/2007 (EXCETO OS SEUS ANEXOS);
231/2007; 242/2007; 253/2007; 254/2007; 258/2007; 268/2008; 273/2008; 277/2008; 289/2008;
290/2008; 292/2008; 349/2010; 356/2010; 360/2010; 371/2010 (EXCETO AS FICHAS); 396/2011;
432/2013; 441/2013; 453/2013; 471/2013; 508/2014; 520/2015; 525/2015; 552/2015; 561/2015
(EXCETO AS FICHAS); 573/2015; 598/2016; 619/2016; 624/2016; 643/2016; 720/2017;
723/2018; 735/2018.

A Resolução n.º 4 dispõe sobre o trânsito de veículos novos, nacionais ou importados, antes do registro e do licen-
ciamento e de veículos usados incompletos, nacionais ou importados, antes da transferência.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Permitir o transporte de cargas e pessoas em veículos novos, antes do registro e licenciamento. Adquiridos por
pessoas físicas e jurídicas, por entidades públicas e privadas e os destinados aos concessionários para comercialização,
desde que portem a “autorização especial”.
A permissão estende-se aos veículos aos veículos inacabados (chassis), do pátio do fabricante ou do concessionário
até o local da indústria encarroçadora.
A “autorização especial” válida apenas para deslocamento para o município de destino, será expedida para o veículo
que portar os Equipamentos Obrigatórios previstos pelo CONTRAN (adequado ao tipo de veículo), com base na Nota
Fiscal de Compra e Venda, com validade de 15 dias transcorridos da data da emissão, prorrogável por igual período
por motivo de força maior.

12
Os veículos adquiridos por autônomos e por empre- Deverá apresentar e disponibilizar a qualquer mo-
sas que prestam transportes de cargas e de passageiros, mento, pelo menos, as seguintes informações das últi-
poderão efetuar serviços remunerados para quais estão mas vinte e quatro horas de operação do veículo:
autorizados, atendida a legislação especifica, as exigên-
cias dos poderes concedentes e das autoridades com ju- I. velocidades desenvolvidas;
risdição sobre as vias públicas. II. distância percorrida pelo veículo;
Para os veículos recém-produzidos, beneficiados por III. tempo de movimentação do veículo e suas inter-
regime tributário especial e para os quais ainda não foram rupções;
emitidas as notas fiscais de faturamento, fica permitido o IV. data e hora de início da operação;
transporte somente do pátio interno das montadoras e V. identificação do veículo;
fabricantes para os pátios externos das montadoras e fa- VI. identificação dos condutores;
bricantes ou das empresas responsáveis pelo transporte VII. identificação de abertura do compartimento que
contém o disco ou de emissão da fita diagrama.
dos veículos, em um raio máximo de 10 (dez) quilôme-
tros, desacompanhados de nota fiscal, desde que acom-
A fiscalização das condições de funcionamento do
panhados da relação de produção onde conste a nume-
registrador instantâneo e inalterável de velocidade e
ração do chassi.
tempo, nos veículos em que seu uso é obrigatório, será
exercida pelos órgãos ou entidades de trânsito com cir-
A Resolução nº 14 estabelece os equipamentos obri- cunscrição sobre a via onde o veículo estiver transitando.
gatórios para a frota de veículos em circulação e dá ou- Para a extração, análise e interpretação dos dados
tras providências. Os equipamentos obrigatórios dos veí- registrados, o agente fiscalizador deverá ser submetido
culos destinados ao transporte de produtos perigosos, a um prévio treinamento sob responsabilidade do fabri-
bem como os equipamentos para situações de emergên- cante, conforme instrução dos fabricantes dos equipa-
cia serão aqueles indicados na legislação pertinente. Os mentos ou pelos órgãos incumbidos da fiscalização. Ao
veículos destinados à condução de escolares ou outros final de cada período de vinte quatro horas, as informa-
transportes especializados terão seus equipamentos ções previstas no artigo segundo ficarão à disposição da
obrigatórios previstos em legislação específica. autoridade policial ou da autoridade administrativa com
jurisdição sobre a via, pelo prazo de noventa dias.
Na Resolução nº 26 o transporte de carga em veícu- A violação ou adulteração do registrador instantâneo
los destinados ao transporte de passageiros, do tipo ôni- e inalterável de velocidade e tempo sujeitará o infrator às
bus, micro-ônibus, ou outras categorias, está autorizado cominações da legislação penal aplicável.
desde que observadas as exigências desta Resolução,
bem como os regulamentos dos respectivos poderes REGISTRADOR INSTANTÂNEO E INALTERÁVEL DE
concedentes dos serviços. A carga só poderá ser acomo- VELOCIDADE E TEMPO, PROVIDO DE DISCO DIA-
dada em compartimento próprio, separado dos passa- GRAMA
geiros, que no ônibus é o bagageiro.
Fica proibido o transporte de produtos considerados
perigosos conforme legislação específica, bem como da- I. DEFINIÇÃO
queles que, por sua forma ou natureza, comprometam a
segurança do veículo, de seus ocupantes ou de terceiros. Instrumento instalado em veículos automotores para
Os limites máximos de peso e dimensões da carga, serão registro contínuo, instantâneo, simultâneo e inalterável,
os fixados pelas legislações existentes na esfera federal, em disco diagrama, de dados sobre a operação desses
estadual ou municipal. veículos e de seus condutores.
O instrumento pode ter períodos de registro de 24
horas, em um único disco, ou de 7 ou 8 dias em um con-
Em havendo acidentes, a Resolução n.º 36 estabelece
junto de 7 ou 8 discos de 24 horas cada um. Neste caso
que o condutor deverá acionar de imediato as luzes de
registrador troca automaticamente o disco após as 24
advertência (pisca-alerta) providenciando a colocação do
horas de utilização de cada um.
triângulo de sinalização ou equipamento similar à dis-
tância mínima de 30 metros da parte traseira do veículo. II. CARACTERÍSTICAS GERAIS E FUNÇÕES DO RE-
O equipamento de sinalização de emergência deverá ser GISTRADOR INSTANTÂNEO E INALTERÁVEL DE VELO-
instalado perpendicularmente ao eixo da via, e em con- CIDADE E TEMPO
dição de boa visibilidade.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

O registrador de velocidade deverá fornecer os se-


A Resolução n.º 92 dispõe sobre requisitos técnicos guintes registros
mínimos do registrador instantâneo e inalterável de velo-
cidade e tempo, conforme o Código de Trânsito Brasilei- a) distância percorrida pelo veículo
ro. O registrador instantâneo e inalterável de velocidade b) velocidade do veículo
e tempo pode constituir-se num único aparelho mecâni- c) tempo de movimentação do veículo e suas inter-
co, eletrônico ou compor um conjunto computadorizado rupções
que, além das funções específicas, exerça outros contro- d) abertura do compartimento de que aloja o disco
les. diagrama

13
e) poderá ainda, dependendo do modelo, fornecer 7. Iluminação e proteção
outros tempos como: direção efetiva, disponibili-
dade e repouso do motorista. Os dispositivos indicadores do aparelho devem estar
munidos de uma iluminação adequada não ofuscante.
III GENERALIDADES Em condições normais de utilização, todas as partes
internas do instrumento devem estar protegidas de umi-
1. O instrumento deve incluir os seguintes dispo- dade e pó.
sitivos:
IV DISPOSITIVOS INDICADORES
Dispositivos indicadores:
Da distância percorrida (odômetro) 1. Indicador da distância percorrida (odômetro)
a velocidade (velocímetro)
do tempo (relógio)
A divisão mínima do dispositivo indicador da distân-
Dispositivo de registro incluído:
cia percorrida deve ser de 0.1 Km. Os algarismos que ex-
um registrador de distância percorrida
primem os décimos devem poder distinguir-se dos que
um registrador de velocidade
um registrador de tempo exprimem números de quilômetros.
Os algarismos do contador totalizador devem ser cla-
Dispositivo de marcação que assinale no disco dia- ramente legíveis e ter uma altura visível de, pelo menos,
grama qualquer abertura do compartimento que contém 4mm.
esse disco. O contador totalizador deve poder indicar, pelo me-
nos, até 99.999,9 KM.
2. A eventual inclusão no instrumento de outros
dispositivos além dos acima numerados não deve 2. Indicador de velocidade (velocímetro)
comprometer o bom funcionamento dos dispositivos
obrigatórios, nem dificultar a sua leitura. No interior do campo de medida, a escala da veloci-
dade deve ser graduada uniformemente por 1, 2, 5 ou
O instrumento deverá ser à homologação e aprova- 10 Km/h. O valor de uma divisão da velocidade (espaço
ção munido desses dispositivos complementares even- compreendido entre duas marcas sucessivas0 não deve
tuais. exceder 10% da velocidade máxima que figurar no fim
da escala.
3. Materiais O espaço para além do campo não deve ser nume-
rado.
Todos os elementos constituídos do registrador ins- O comprimento de cada divisão correspondente a
tantâneo e inalterável de velocidade e tempo, devem ser uma diferença de velocidade de 10KM/h não deve ser
feitos de materiais com estabilidade e resistência mecâ- inferior a 10mm.
nica suficientes com características elétricas e magnéti- Num indicador com ponteiro, a distância entre ente e
cas invariáveis. o mostrador não deve ultrapassar 3mm.
4. Medição da distância percorrida 3. Indicador de Tempo ( relógio)
As distâncias percorridas podem ser totalizadas e re-
O indicador de tempo deve ser visível do exterior do
gistradas: quer em marcha em frente e marcha trás, quer
instrumento e a sua leitura deve ser segura, fácil e não
em marcha em frente, o eventual registro das manobras
de marcha atrás não deve em nada afetar a clareza e a ambígua.
precisão dos outros registros.
V. DISPOSITIVOS REGISTRADORES
5. Medição de velocidade
1. Generalidades
- o campo da medida de velocidade deve ser compa-
tível com modelo do registrador. Em todos os instrumentos, deve ser prevista uma
- a frequência natural e o dispositivo de amorteci- marca que permita a colocação do disco diagrama, de
mento do mecanismo de medição, devem ser tais forma a que seja assegurada a correspondência entre a
que os dispositivos de indicação e de registro de hora indicada pelo relógio e a marcação horária no disco
velocidade possam, dentro do campo de medida, diagrama.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

seguir as mudanças de aceleração de 2m/s2 dentro O mecanismo que movimenta o disco diagrama deve
dos limites de tolerância admitidos. garantir que esse movimento se efetue sem manipulação
e a folha possa ser colocada e retirada livremente.
6. Medição do tempo (relógio) O dispositivo que faz avançar o disco diagrama, é
O comando do dispositivo de ajustamento da hora comandado pelo mecanismo do relógio neste caso, o
deve encontra-se no interior do compartimento que movimento de rotação do disco diagrama será contínuo
contém o disco diagrama, e cada abertura desse com- e uniforme com uma velocidade mínima de 7 mm/h, me-
partimento será assinalada automaticamente no disco dida no bordo inferior da coroa circular que delimita a
diagrama. zona de registro da velocidade.

14
Os registros da velocidade do veículo, tempos, da dis- 2. Qualquer abertura do compartimento que contém
tância percorrida e da abertura do compartimento con- o disco diagrama e o comando do dispositivo de
tendo o(s) disco (s) diagrama devem ser automáticos. ajustamento da hora deverá ser automaticamente
O disco diagrama inserido no registrador instantâneo registrada no disco.
e inalterável de velocidade e tempo deverá conter, ne-
cessariamente, a data da operação, o número da placa VII INDICAÇÕES DO MOSTRADOR
do veículo, o nome ou o prontuário do condutor, a qui-
lometragem inicial e o término de sua utilização, a quilo- No mostrador do instrumento deve figurar no míni-
metragem final do veículo. mo a seguinte inscrição:
Próximo da escala de velocidades, a indicação “Km/h”.
Nos veículos que revezam dois condutores as infor-
mações poderão ser registradas: VIII ERROS MÁXIMOS TOLERADOS (DISPOSITI-
VOS INDICADORES E REGISTRADORES)
a) de forma diferenciada, em um único disco diagra-
1. No banco de ensaio antes da instalação:
ma, quando o registrador de velocidade e tempo
for dotado de dispositivo de comutação de con-
a) Para registro da distância percorrida, o erro máxi-
dutor ou; mo admissível é o maior dos dois valores abaixo, positivo
b) separadamente, e, dois discos diagramas, sendo ou negativo:
um disco para cada condutor.
- 1% da distância real, sendo esta, pelo menos igual
2. Registro da distância percorrida a 1Km;
- 10% m da distância real, sendo esta, pelo menos
Todo o percurso de uma distância de 1 Km deve ser igual a 1Km.
representado no disco diagrama por uma variação de
pelo menos, 1mm da coordenada correspondente. b) Para registro da velocidade, o erro máximo admis-
Mesmo que a velocidade do veículo se situe no limi- sível é o maior dois valores abaixo, positivo ou negativo:
te superior do campo da medida, o registro da distância
percorrida deve ser também claramente legível. 3% da velocidade real;
3 Km/h da velocidade real
3. Registro da velocidade
c) Para registro do tempo decorrido o erro máximo
A agulha de registro da velocidade deve, em princí- admissível e o abaixo discriminado:
pio, Ter um movimento retilíneo e perpendicular à dire-
2 minutos a cada 24 horas com o máximo de 10 mi-
ção de deslocamento do disco diagrama.
nutos em sete dias
Todavia, pode ser admitido um movimento curvilíneo 2. Na instalação:
da agulha, se forem preenchidas as seguintes condições:
a) Para registro da distância percorrida, o erro máxi-
mo é o maior dos valores abaixo positivo ou negativo:
- traçado descrito pela agulha deve ser perpendicular
à média. - 2% da distância real, sendo esta pelo menos igual
- Qualquer variação de 10 Km/h da velocidade deve a 1 KM
ser representada no disco diagrama por uma va- - 20m da distância real ,sendo esta pelo menos igual
riação mínima de 1,5 mm da coordenada corres- a 1 Km
pondente.
b) Para registro da velocidade, o erro máximo é o
4. Registro de tempos maior dos valores abaixo positivo e negativo:

O registrador deve ser construído de tal forma que - 4% da velocidade real;


permita a clara visualização do tempo de operação e pa- - 4Km/h da velocidade real;
rada do veículo, podendo o registrador ser provido de
dispositivo de manobra que identifique, no disco dia- c) Para registro do tempo decorrido, o erro máximo
grama, a natureza de tempo registrado como: direção admissível é o abaixo discriminado:
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

efetiva por motorista, parada para repouso, parada para


espera (disponibilidade) e outros trabalhos. - 2 minutos a cada 24 horas, com o máximo de 10
minutos em 7 dias;
VI DISPOSITIVO DE FECHAMENTO
Em uso:
1. O compartimento que contém o disco diagrama e
o comando do dispositivo de ajustamento da hora a) Para registro da distância percorrida, o erro máxi-
deverá ser provido de um dispositivo de fecha- mo admissível é o maior dos dois valores abaixo positivo
mento. ou negativo:

15
- 4% da distância real, sendo esta, pelo menos igual - as indicações relativas ao tempo de movimentação
a 1 Km do veículo, e poderá ter zonas para outros tempos
- 40m da distância real, sendo esta, pelo menos de trabalho e de presença no trabalho, interrup-
igual a 1 Km ções de trabalho e repouso dos condutores.
b) A zona reservada ao registro da velocidade deve
estar subdivida, no mínimo, de 20 em 20 Km/h.
b) Para registro da velocidade, o erro máximo ad-
A velocidade correspondente deve Ser indicada
missível é o maior dos dois valores abaixo positivo e
em algarismos em cada linha dessa subdivisão. O
negativo:
símbolo KM/ h deve figurar, pelo menos, uma vez
no interior dessa zona. A ultima linha dessa zona
- 6% da velocidade real;
deve coincidir com o limite superior do campo de
- 6Km/h da velocidade real.
medida
c) A zona reservada ao registro das distâncias per-
c) Para registro do tempo decorrido, o erro máximo
corridas deve ser imprensa de forma a permitir a
admissível é o abaixo discriminado:
leitura do número de quilômetros percorridos.
d) A zona reservada ao registro de tempos deverá ser
- 2 minutos a cada 24 horas, com o máximo de 10
compatível com o modelo do registrados em uso.
minutos em 7 dias;
e) Indicações impressas nos discos diagrama:
IX DISCO DIAGRAMA
Cada disco diagrama deve conter, impressas, as se-
guintes indicações
1. Definição
- nome do fabricante
Disco de papel carbonado recoberto de fino reves-
timento destinado a receber e fixar os registros pro- - escalas de leitura
venientes dos dispositivos de marcação do registrador - limite superior da velocidade registravel, em quilô-
instantâneo de velocidade de forma contínua e inalte- metros por hora.
rável e de leitura e interpretação direta (sem dispositi-
vos especiais de leitura). Além disso, cada disco deve ter impresso pelo me-
nos uma escala de tempo, graduada de forma a permitir
2. Generalidades a leitura direta do tempo com intervalo de 5 minutos,
bem como a determinação fácil de cada intervalo de 15
a) Os discos diagrama devem ser de uma qualidade minutos.
tal de forma a não impedir o funcionamento normal e
permitir que os registros sejam indeléveis, claramente f) Espaço livre para as inscrições manuscritas.
legíveis e identificáveis. Deve haver um espaço livre que permita ao condutor
a inscrição de, pelo menos, as seguintes indicações ma-
- Esses discos diagrama devem conservar as suas
nuscritas:
dimensões e registros em condições normais de
- nome do condutor ou número do prontuário;
higrometria e de temperatura
- data e lugar do início da utilização do disco;
- Em condições normais de conservação, os regis-
- número da placa do veículo;
tros devem ser legíveis com precisão durante,
- quilometragem inicial;
pelo menos, cinco anos.
- quilometragem final;
b) A capacidade de registro no disco diagrama deve - total de quilômetros.
ser de 24 horas.
CONJUNTO COMPUTADORIZADO PARA REGISTRO
- Se vários discos diagrama forem ligados entre si, a ELETRÔNICO INSTANTÂNEO E INALTERÁVEL DE
fim de aumentar a capacidade de registros contí- VELOCIDADE, DISTÂNCIA PERCORRIDA, TEMPO
nuos sem intervenção do pessoal, as ligações en- E PROVIDO DE EQUIPAMENTO EMISSOR DE FITA
tre os diversos discos diagrama devem ser feitas DIAGRAMA
de tal maneira que os registros não apresentem
nem interrupções nem sobreposições nos pontos
de passagem de um disco diagrama ao outro. 1. DEFINIÇÃO
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Conjunto computadorizado instalado em veículos au-


3. Zonas de registro e respectivas graduações tomotores para registro eletrônico instantâneo, simultâ-
neo, inalterável e contínuo, em memória circular não vo-
a) Devem comportar as seguintes zonas de registro:
látil, de dados sobre a operação desse veículo e de seus
condutores.
- exclusivamente reservada para indicações relativas
O conjunto deverá obrigatoriamente conter um equi-
à velocidade;
pamento emissor de fita diagrama para disponibilização
- exclusivamente reservada para indicações relativas
das informações registradas.
às distâncias percorridas;
Esse conjunto deverá ter capacidade de armazenar os

16
dados previstos relativos as últimas vinte e quatro horas 3. GENERALIDADES
de operação do veículo.
3.1. O equipamento deve incluir os seguintes dis-
2. Características gerais e funções do conjunto positivos:
computadorizado para registro eletrônico instantâ-
neo de velocidade, distância percorrida e tempo 3.1.1.- Eletrônicos indicadores:

- e funcionamento do conjunto computadorizado;


2.1 deverá fornecer os seguintes registros
- de funcionamento do relógio de tempo.
- de duas velocidades padrão para correlação com o
- velocidade do veículo
instrumento indicador
- distância percorrida pelo veículo
- do funcionamento do sensor de distância
- tempo de movimentação do veículo e suas inter-
rupções
3.1.2.- Eletrônicos de registro não volátil:
- data e hora de início da operação
- identificação do veículo
- a velocidade do veículo;
- identificação dos condutores (nome ou numero do
- a distância percorrida pelo veículo;
prontuário)
- o tempo de operação do veículo e suas interrup-
- identificação dos períodos de condução de cada
ções;
condutor
- a data e hora de início da operação;
- constante k
- a identificação do veículo;
- da identificação dos condutores (nome ou no. do
2.2 Software básico
prontuário)
- da identificação dos períodos de condução de cada
O Conjunto Computadorizado para Registro Eletrô-
condutor
nico de velocidade, distância percorrida, tempo provido
de equipamento emissor de fita diagrama deverá obri-
3.1.3.- Localização dos lacres:
gatoriamente conter o programa que atenda às disposi-
ções desta Resolução, de responsabilidade do fabricante,
- nas ligações necessárias ao seu completo funciona-
residente de forma permanente no equipamento, em
mento;
memória não-volátil, com a finalidade específica e ex-
- nas caixas dos aparelhos que compõem o Conjunto
clusiva de gerenciamento das operações e impressão de
Computadorizado para registro eletrônico instan-
documentos por meio do equipamento emissor de fita
tâneo de velocidade, distância percorrida e tempo.
diagrama não podendo ser modificado ou ignorado por
programa aplicativo.
3.2. Acessórios
2.3 Segurança das informações
A eventual inclusão de novas funções, além das acima
citadas não deve comprometer o funcionamento dos re-
Em caso de acidente com o veículo, as informações
gistros obrigatórios, nem dificultar a sua leitura.
das últimas vinte e quatro horas, ficarão à disposição das
autoridades competentes, em mídia eletrônica e em do-
3.3. Materiais
cumento impresso, pelo prazo de 5 cinco anos. As infor-
mações em mídia eletrônica deverão incorporar autenti-
Todos os elementos constituintes do Conjunto Com-
cação eletrônica (algoritmo que permite a verificação de
putadorizado para Registro eletrônico instantâneo de
autenticidade de um conjunto de dados), portanto asse-
velocidade, distância percorrida e tempo devem utilizar
gurando que os dados sejam a cópia fiel e inalterável das
materiais com estabilidade e resistência mecânica ade-
informações solicitadas. A autenticação eletrônica deverá
quadas e com características elétricas e magnéticas inva-
utilizar algoritmo reconhecido garantindo que a modifi-
riáveis, conforme normas da indústria automotiva.
cação de qualquer bit do conjunto de dados invalide o
3.4. Medição da distância percorrida
código de autenticação. A chave de verificação de auten-
As distâncias percorridas serão totalizadas e registra-
ticidade deverá estar depositado no órgão controlador.
das quer em marcha em frente e marcha atrás. O even-
Havendo necessidade de apreensão do Conjunto
tual registro das manobras de marcha atrás não deverá
Computadorizado para Registro eletrônico instantâneo
em nada afetar a clareza e precisão dos outros registros.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

de velocidade, distância percorrida e tempo, a autorida-


O registro deverá ser feito com resolução mínima de 10
de competente, mediante decisão fundamentada forne-
metros.
cerá documento circunstanciado, contendo a sua marca,
A aferição deverá ser realizada mediante o envio ao
o seu modelo, o seu número de série, o nome do fabri-
Conjunto Computadorizado para Registro Eletrônico, por
cante e a identificação do veículo. Os dados das últimas
meio de um microcomputador, de um parâmetro numé-
vinte e quatro horas antes da apreensão deverão perma-
rico acompanhado de uma senha alfanumérica de pelo
necer intactos na memória do dispositivo, independente
menos 8 caracteres e deverá portar em local adequado, a
do fornecimento de energia elétrica, por pelo menos um
inscrição do valor da constante k.
ano.

17
O erro máximo tolerado na aferição deverá ser de 1% 0 contador totalizador deve poder indicar, pelo me-
para mais ou para menos da distância real. Em uso, a di- nos até 99.999,9 Km.
ferença tolerada será aquela devida ao desgaste natural
dos pneus do veículo. 3.8.2. Indicador de velocidade (velocímetro)

3.5. Medição de velocidade No interior do campo de medida, a escala da velo-


cidade deve ser graduada uniformemente por 1,2,5 ou
Operará com o tempo de digitalização registro da ve- 10 Km/h. O valor de uma divisão da velocidade (espaço
locidade não superior a um segundo nas últimas vinte e compreendido entre duas marcas sucessivas) não deve
quatro horas. A unidade utilizada deverá ser quilômetros exceder 10% da velocidade máxima que figurar no fim
por hora (km/h). da escala.
A frequência própria e o amortecimento do disposi- 0 espaço para além do campo de medida não deve
tivo de medição devem ser tais que os instrumentos de ser numerado.
indicação e de registro da velocidade possam, dentro da 0 comprimento de cada divisão correspondente a
gama de medição, acompanhar variações de aceleração uma diferença de velocidade de 10 km/h não deve ser
até 2m/s2 dentro dos limites de tolerância admitidos. inferior a 10 mm.
O erro máximo tolerado na aferição da instalação po- Num indicador com ponteiro, a distância entre este e
derá ser de 1% para mais ou para menos da velocidade o mostrador não deve ultrapassar 3 mm.
real. Em uso, a diferença adicional tolerada deverá ser
aquela devido ao desgaste natural dos pneus. 3.8.3. Indicador de tempo (relógio)
O registro de velocidades deverá ser feito na faixa de
0 a 150 km/h com resolução de 1 km/h. O indicador de tempo deve ser visível do exterior do
aparelho e a sua leitura deve ser segura, fácil e não am-
3.6. Medição do tempo (relógio eletrônico) bígua.
Conterá um relógio eletrônico interno que servirá de
3.9. Manutenção dos dados
referência para registro das informações, no equipamen-
to emissor de fita diagrama, e deverá ter precisão até
Os dados obtidos do conjunto computadorizado para
0,05%.
registro instantâneo e inalterável de velocidade e tempo,
Na ausência de fornecimento de energia elétrica para
para cada período de vinte e quatro horas, deverão ser
o Conjunto Computadorizado para Registro eletrônico
mantidos em meio magnético pelo prazo de um ano. É
instantâneo de velocidade, distância percorrida e tempo,
responsabilidade do usuário manter um sistema de ar-
o relógio eletrônico deverá manter-se em funcionamen-
mazenamento de dados que atenda esta exigência.
to normal por um período não inferior a 5 (cinco) anos.
3.10. Fita diagrama
3.7. Iluminação e proteção
A fita diagrama deve ser de uma qualidade tal não
Os dispositivos eletrônicos indicadores devem ter impedindo o funcionamento normal e permitindo que
uma iluminação adequada não ofuscante. os registros que nela efetuados sejam indeléveis e clara-
Em condições normais de utilização, todas as partes mente legíveis e identificáveis.
internas do Conjunto Computadorizado para Registro Deve resistir e conservar as suas dimensões e regis-
eletrônico instantâneo de velocidade, distância percorri- tros em condições normais de higrometria, temperatura
da e tempo deverão estar protegidas. e manuseio em ambiente automotivo.
Em condições normais de conservação os registros
3.8. Indicador de velocidade, tempo e distância devem ser legíveis com precisão, durante, cinco anos
Com o uso do sistema computadorizado para re- pelo menos.
gistro instantâneo de velocidade e tempo e provido de Não deverá ter largura superior a 75,0 mm e compri-
equipamento emissor de fita diagrama, o veículo deve mento mínimo para os registros de vinte quatro horas.
ser equipado com velocímetro, odômetro e relógio em
conformidade com a especificação original do fabricante Deve comportar as seguintes zonas de registro pré-
do veículo. -impressas:

3.8.1. Indicador da distância percorrida (odôme- - uma zona exclusiva reservada às indicações relativas
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

tro); à velocidade;
- uma zona para as indicações relativas ao tempo de
A divisão mínima do dispositivo indicador da distân- operação do veículo
cia percorrida deve ser de 0.1 Km. Os algarismos que ex-
primem os décimos devem poder distinguir-se dos que Deverá ter necessariamente marcas d’água para as
exprimem números de quilômetros. escalas de velocidade e campo de tempo e conter im-
Os algarismos do contador totalizador devem ser cla- pressa o limite superior da velocidade registrável, em
ramente legíveis e ter uma altura visível de, pelo menos, quilômetros por hora e a identificação do fabricante da
4mm. fita.

18
4. DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES pelo fabricante deverá processar os dados armazenados
de forma gráfica e textual. Este tipo de informação é di-
4.1. Disponibilizador de informações recionado para análise de situações de acidente e deverá
obedecer os seguintes critérios:
O equipamento emissor de fita diagrama, deverá ser 4.2.3.1. A informação de velocidade deverá ser mos-
uma impressora de, no mínimo, 250 pontos por linha. trada em um gráfico Velocidade x Tempo, com resolução
conforme descrito no item 3.5, sendo que, cada unidade
4.2. Informações de velocidade (km/h) deverá ser representada grafica-
mente por uma variação mínima de 0,5 mm no seu eixo.
Deverá disponibilizar informações do tipo A e B, a sa- A representação de tempo deverá permitir a visualiza-
ber: ção de um período de 24 vinte e quatro horas por lau-
da tamanho A4. Deverá permitir também períodos de 5
4.2.1. Tipo A: O relatório deve incluir as seguintes minutos com resolução de pelo menos 0,5 mm a cada
informações: segundo.
4.2.3.2. A representação da quilometragem deverá ser
- ao modelo, ao número de série, apresentada, em forma numérica, no início e no final de
- a constante de velocidade, cada gráfico e permitir, também, o cálculo da distância
- a identificação do veículo, percorrida entre dois pontos distanciados de no máxi-
- o início e final da operação (odômetro, data e hora), mo 200 (duzentos) metros para uma velocidade de 150
- a identificação dos condutores (nome ou prontuá- km/h. A variação de 1 km deverá representar no gráfico a
rio), variação mínima de 1 mm..
- o tempo de operação do veículo e suas interrup- 4.2.3.3. As indicações de data e horário deverão ser
ções, apresentadas de forma alfanumérica no formato DD/
- as velocidades atingidas pelo veículo, sendo que MM/AA e hh:mm, onde:
qualquer variação de 10 km/h deverá ser represen-
tada no diagrama de fita por uma variação de 2,0 - “DD”,” MM” e “AA” representa respectivamente o
+/- 0,1 mm da coordenada correspondente; dia, mês e ano;
- um marco a cada 5 km de distância percorrida, sen- - “hh” e “mm” representa respectivamente a hora e
do que cada mm deve corresponder pelo menos minuto.
a 2,5 km;
- a marcação de velocidade na fita deve ser a cada 4.2.3.4. As informações referentes a identificação do
minuto, e o valor marcado deve ser a da maior ve- veículo, identificação dos condutores (nome ou nº do
locidade dos sessenta segundos anteriores a mar- prontuário) e seus períodos de condução, identificação
cação. do Conjunto Computadorizado para Registro eletrônico
instantâneo de velocidade, distância percorrida e tempo
Estes dados relativos às últimas vinte e quatro horas, deverão ser apresentadas de tal forma que permita sua
considerando o ato da solicitação, deverão ser disponi- clara visualização e não comprometa a legibilidade do
bilizados em forma gráfica por meio do equipamento gráfico.
emissor de fita diagrama a qualquer momento da opera-
ção do veículo, na ação de fiscalização. A Resolução n.º 110 fixa o calendário para renovação
Em condições de conservação, as informações im- do Licenciamento Anual de Veículos:
pressas devem ser legíveis com precisão, durante pelo s
5 cinco anos, pelo menos. Algarismo final da placa Prazo final para renovação
Cada fita diagrama deverá ter impressa pelo menos
uma escala de tempo, graduada de forma a permitir a 1e2 Até setembro
leitura direta do tempo com intervalo de quinze, bem 3, 4 e 5 Até outubro
como a determinação fácil de cada intervalo de cinco
6, 7 e 8 Até novembro
minutos. O comprimento do campo gráfico registro de
vinte e quatro horas para velocidade, tempo e distância) 9e0 Até dezembro
deve ser de 290 mm +/- 10 mm. E a Resolução n.º 197 regulamenta o dispositivo de
O tempo máximo de impressão de uma fita diagrama acoplamento mecânico para reboque (engate) utilizado
deve ser de 3 (três) minutos . em veículos com PBT de até 3.500kg. Os engates utiliza-
Um exemplo desta fita encontra-se no final do anexo. dos em veículos automotores com até 3.500 kg de peso
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

(Item 4.3) bruto total deverão ser produzidos por empresas regis-
tradas junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Norma-
4.2.3. Tipo B: As informações das últimas vinte e lização e Qualidade Industrial – INMETRO.
quatro horas deverão ser enviadas para um microcom- Os fabricantes e os importadores dos veículos de que
putador mediante o uso de uma senha programável in- trata esta Resolução deverão informar ao órgão máximo
dependente daquela usada para a aferição. O referido executivo de trânsito da União os modelos de veículos
microcomputador deverá armazenar os dados em meio que possuem capacidade para tracionar reboques, além
magnético com assinatura digital que garanta a autenti- de fazer constar no manual do proprietário as seguintes
cidade dos mesmos. Um programa específico fornecido informações:

19
I – especificação dos pontos de fixação do engate tra- I - para a CVC:
seiro; a) Peso Bruto Total Combinado – PBTC igual ou infe-
II – indicação da capacidade máxima de tração - CMT. rior a 74 toneladas;
Para rastreabilidade do engate deverá ser fixada em b) Comprimento superior a 19,80 m e máximo de 30
sua estrutura, em local visível, uma plaqueta invio- metros, quando o PBTC for inferior ou igual a
lável com as seguintes informações; 57t.
I – Nome empresarial do fabricante, CNPJ e identifica- c) Comprimento mínimo de 25 m e máximo de 30
ção do registro concedido pelo INMETRO; metros, quando o PBTC for superior a 57t.
II – modelo do veículo ao qual se destina; d) limites legais de Peso por Eixo fixados pelo CON-
III – capacidade máxima de tração do veículo ao qual TRAN;
se destina; e) a compatibilidade da Capacidade Máxima de Tra-
IV – referência a esta Resolução. ção - CMT da unidade tratora, determinada pelo
fabricante, com o Peso Bruto Total Combinado -
A Resolução n.º 210 estabelece os limites de peso e PBTC;
dimensões para veículos que transitem por vias terres- f) estar equipadas com sistemas de freios conjugados
tres. As dimensões autorizadas para veículos, com ou entre si e com a unidade tratora, atendendo o dis-
sem carga, são as seguintes: posto na Resolução n°. 777/93 - CONTRAN;
g) o acoplamento dos veículos rebocados deverá ser
I – largura máxima: 2,60m; do tipo automático conforme NBR 11410/11411 e
II – altura máxima: 4,40m; estarem reforçados com correntes ou cabos de aço
III – comprimento total: de segurança;
h) o acoplamento dos veículos articulados deverá ser
a) veículos não-articulados: máximo de 14,00 metros; do tipo pino-rei e quinta roda e obedecer ao dis-
b) veículos não-articulados de transporte coletivo posto na NBR NM/ ISO 337..
urbano de passageiros que possuam 3º eixo de i) possuir sinalização especial na forma do Anexo II
apoio direcional: máximo de 15 metros; e estar provida de lanternas laterais colocadas a
c) veículos articulados de transporte coletivo de pas- intervalos regulares de no máximo 3 (três) metros
sageiros: máximo 18,60 metros; entre si, que permitam a sinalização do compri-
d) veículos articulados com duas unidades, do tipo mento total do conjunto.
caminhão-trator e semi-reboque: máximo de 18,60
metros; II - as condições de tráfego das vias públicas a se-
e) veículos articulados com duas unidades do tipo rem utilizadas.
caminhão ou ônibus e reboque: máximo de 19,80; O trânsito de Combinações de Veículos de que trata
f) veículos articulados com mais de duas unidades: esta Resolução será do amanhecer ao pôr do sol e sua
máximo de 19,80 metros. velocidade máxima de 80 km/h.
Em casos especiais, devidamente justificados, poderá
ser autorizado o trânsito noturno das Combinações que
Os limites para o comprimento do balanço traseiro
exijam AET, nas vias de pista simples com duplo sentido
de veículos de transporte de passageiros e de cargas são
de circulação, observados os seguintes requisitos:
os seguintes:
I – nos veículos não-articulados de transporte de car- I - volume de tráfego no horário noturno de no máxi-
ga, até 60 % (sessenta por cento) da distância entre mo 2.500 veículos;
os dois eixos, não podendo exceder a 3,50m (três II - traçado de vias e suas condições de segurança,
metros e cinquenta centímetros); especialmente no que se refere à ultrapassagem
II – nos veículos não-articulados de transporte de dos demais veículos;
passageiros: III - distância a ser percorrida;
a) com motor traseiro: até 62% (sessenta e dois por IV - colocação de placas de sinalização em todo o tre-
cento) da distância entre eixos; cho da via, advertindo os usuários sobre a presen-
b) com motor central: até 66% (sessenta e seis por ça de veículos longos.
cento) da distância entre eixos;
c) com motor dianteiro: até 71% (setenta e um por A Autorização Especial de Trânsito - AET terá validade
cento) da distância entre eixos. pelo prazo máximo de 1 ano, de acordo com o licencia-
mento da unidade tratora, para os percursos e horários
As Combinações de Veículos de Carga - CVC, com previamente aprovados, e somente será fornecida após
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

mais de duas unidades, incluída a unidade tratora, com vistoria técnica da Combinação de Veículos de Carga -
peso bruto total acima de 57 t ou com comprimento total CVC, que será efetuada pelo Órgão Executivo Rodoviário
acima de 19,80 m, conforme regulamenta a Resolução n.º da União, ou dos Estados, ou dos Municípios ou do Dis-
211 só poderão circular portando Autorização Especial trito Federal.
de Trânsito – AET.
A Autorização Especial de Trânsito - AET pode ser A Resolução n.º 216 fixa requisitos técnicos e esta-
concedida pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, belece exigências sobre as condições de segurança dos
dos Estados, dos Municípios ou do Distrito Federal, me- para-brisas de veículos automotores e de visibilidade do
diante atendimento aos seguintes requisitos: condutor para fins de circulação nas vias públicas.

20
Na área crítica de visão do condutor e em uma faixa periférica de 2,5 centímetros de largura das bordas externas do
para-brisa não devem existir trincas e fraturas de configuração circular, e não podem ser recuperadas.
Nos para-brisas dos ônibus, micro-ônibus e caminhões, a área crítica de visão do condutor conforme figura ilustra-
tiva do anexo desta resolução é aquela situada a esquerda do veículo determinada por um retângulo de 50 centímetros
de altura por 40 centímetros de largura, cujo eixo de simetria vertical é demarcado pela projeção da linha de centro do
volante de direção, paralela à linha de centro do veículo, cuja base coincide com a linha tangente do ponto mais alto
do volante.
Nos demais veículos automotores, a área crítica de visão do condutor é a metade esquerda da região de varredura
das palhetas do limpador de para-brisa.

ÁREA CRÍTICA DE VISÃO DO CONDUTOR

Nota - Para a identificação do retângulo de 40x 50 cm o Agente poderá valer-se de um gabarito com as referidas
dimensões, feito em papel, plástico, madeira ou metal, com uma indicação em sua parte central, a qual posicionada no
nível superior do volante da direção, na posição central, possibilitará a identificação precisa da área crítica de visão do
condutor.

A Resolução n.º 231 estabelece o Sistema de Placas de Identificação de Veículos, após o registro no órgão de trân-
sito, cada veículo será identificado por placas dianteira e traseira, afixadas em primeiro plano e integrante do mesmo,
contendo 7 caracteres alfanuméricos individualizados sendo o primeiro grupo composto por 3, resultante do arranjo,
com repetição de 26 letras, tomadas três a três, e o segundo grupo composto por 4, resultante do arranjo, com repeti-
ção, de 10 algarismos, tomados quatro a quatro. No caso de mudança de categoria de veículos, as placas deverão ser
alteradas para as de cor da nova categoria, permanecendo entretanto a mesma identificação alfanumérica.
O Órgão Máximo Executivo de Transito da União estabelecerá normas técnicas para a distribuição e controle das
series alfanuméricas
Os veículos com placas de identificação em desacordo com as especificações de dimensão, cor e tipologia deverão
adequar-se quando da mudança de município. Será obrigatório o uso de segunda placa traseira de identificação nos
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

veículos em que a aplicação do dispositivo de engate para reboques resultar no encobrimento, total ou parcial, da placa
traseira localizada no centro geométrico do veículo. Não será exigida a segunda placa traseira para os veículos em que
a aplicação do dispositivo de engate de reboques não cause prejuízo para visibilidade da placa de identificação traseira.

Para efeito da Resolução n.º 258 a classificação do veículo, o comprimento total é aquele medido do ponto mais
avançado da sua extremidade dianteira ao ponto mais avançado da sua extremidade traseira, inclusos todos os aces-
sórios para os quais não esteja prevista uma exceção.

21
I - Na medição do comprimento dos veículos não A Resolução n.º 273 regulamenta a utilização de se-
serão tomados em consideração os seguintes dispo- mirreboques por motocicletas e motonetas, define carac-
sitivos: terísticas, estabelece critérios e dá outras providências.
Motocicletas e motonetas dotadas de motor com mais
a) limpador de para-brisas e dispositivos de lavagem
de 120 centímetros cúbicos poderão tracionar semirre-
do para-brisas;
boques, especialmente projetados e para uso exclusivo
b) placas dianteiras e traseiras;
desses veículos, devidamente homologados pelo órgão
c) dispositivos e olhais de fixação e amarração da car-
máximo executivo de trânsito da União, observados os
ga, lonas e encerados;
limites de capacidade máxima de tração, indicados pelo
d) luzes;
fabricante ou importador da motocicleta ou da motone-
e) espelhos retrovisores ou outros dispositivos simi-
ta.
lares;
Os semirreboques tracionados por motocicletas e
f) tubos de admissão de ar;
motonetas devem ter as seguintes características:
g) batentes;
h) degraus e estribos de acesso;
Elementos de Identificação:
k) borrachas;
I) Número de identificação veicular - VIN gravado na
l) plataformas elevatórias, rampas de acesso, e ou- estrutura do semirreboque
tros equipamentos semelhantes, em ordem de mar- II) Ano de fabricação do veículo gravado em 4 dígitos
cha, desde que não constituam saliência superior a III) Plaqueta com os dados de identificação do fabri-
200 mm; cante, Tara, Lotação, PBT e dimensões (altura, com-
primento e largura).
m) dispositivos de engate do veículo a motor.
Equipamentos Obrigatórios:
Parágrafo Único - A medição do comprimento dos ve-
ículos do tipo guindaste deverá tomar como base, a I) Para-choque traseiro;
ponta da lança e o suporte dos contrapesos. II) Lanternas de posição traseira, de cor vermelha;
III) Protetores das rodas traseiras;
Nenhum veículo ou combinação de veículos poderá IV) Freio de serviço;
transitar com peso bruto total (PBT) ou com peso bru- V) Lanternas de freio, de cor vermelha;
to total combinado (PBTC) com peso por eixo, superior VI) Iluminação da placa traseira;
ao fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a capacidade VII) Lanternas indicativas de direção traseira, de cor
máxima de tração (CMT) da unidade tratora. A fiscaliza- âmbar ou vermelha;
ção de peso dos veículos deve ser feita por equipamento VIII) Pneu que ofereça condições de segurança.
de pesagem (balança rodoviária) ou, na impossibilidade, IX) Elementos retrorrefletivos aplicados nas laterais e
pela verificação de documento fiscal. Na fiscalização de traseira, conforme especificações contidas na Re-
peso dos veículos por balança rodoviária será admitida à solução CONTRAN nº 568, de 16 de dezembro de
tolerância máxima de 5% sobre os limites de pesos regu- 2015.
lamentares, para suprir a incerteza de medição do equi-
pamento, conforme legislação metrológica.
Dimensões, com ou sem carga:
Quando o peso verificado for igual ou inferior ao PBT
ou PBTC estabelecido para o veículo, acrescido da tole- I) Largura máxima: 1,15 m;
rância de 5%, mas ocorrer excesso de peso em algum dos II) Altura máxima: 0,90m;
eixos ou conjunto de eixos aplicar-se-á multa somente III) Comprimento total máximo (incluindo a lança de
sobre a parcela que exceder essa tolerância. acoplamento): 2,15 m;
Quando o peso verificado estiver acima do PBT ou
PBTC estabelecido para o veículo, acrescido da tolerância A Resolução n.º 277 dispõe sobre o transporte de
de 5%, aplicar-se-á a multa somente sobre a parcela que menores de 10 anos e a utilização do dispositivo de re-
exceder essa tolerância. tenção para o transporte de crianças em veículos. Para
O veículo só poderá prosseguir viagem após sanadas transitar em veículos automotores, os menores de dez
as irregularidades, observadas as condições de seguran- anos deverão ser transportados nos bancos traseiros
ça. usando individualmente cinto de segurança ou sistema
Independentemente da natureza da sua carga, o veí- de retenção equivalente, na forma prevista no Anexo
culo poderá prosseguir viagem sem remanejamento ou desta Resolução.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

transbordo, desde que os excessos aferidos sejam simul- Dispositivo de retenção para crianças é o conjunto
taneamente inferiores a 5% do limite para cada tipo de de elementos que contém uma combinação de tiras com
eixo, ou seja: fechos de travamento, dispositivo de ajuste, partes de
fixação e, em certos casos, dispositivos como: um ber-
I - 300 kg no eixo direcional; ço portátil porta-bebê, uma cadeirinha auxiliar ou uma
II - 500 kg no eixo isolado; proteção anti-choque que devem ser fixados ao veículo,
III - 850 kg por conjuntos de eixos em tandem duplo, mediante a utilização dos cintos de segurança ou outro
e; equipamento apropriado instalado pelo fabricante do
IV - 1275 kg no conjunto de eixos em tandem triplo. veículo com tal finalidade.

22
As exigências relativas ao sistema de retenção, no As crianças com idade superior a um ano e inferior ou
transporte de crianças com até sete anos e meio de ida- igual a quatro anos deverão utilizar, obrigatoriamente, o
de, não se aplicam aos veículos de transporte coletivo, dispositivo de retenção denominado “cadeirinha” (figura 2)
aos de aluguel, aos de transporte autônomo de passa-
geiro (táxi), aos veículos escolares e aos demais veículos
com peso bruto total superior a 3,5t.
Na hipótese de a quantidade de crianças com idade
inferior a dez anos exceder a capacidade de lotação do
banco traseiro, será admitido o transporte daquela de
maior estatura no banco dianteiro, utilizando o cinto de
segurança do veículo ou dispositivo de retenção adequa-
do ao seu peso e altura.
Nos veículos equipados com dispositivo suplementar
de retenção (airbag), para o passageiro do banco dian-
teiro, o transporte de crianças com até dez anos de idade
neste banco, conforme disposto no Artigo 2º e seu pa-
rágrafo, poderá ser realizado desde que utilizado o dis-
positivo de retenção adequado ao seu peso e altura e
observados os seguintes requisitos:

I – É vedado o transporte de crianças com até sete As crianças com idade superior a quatro anos e in-
anos e meio de idade, em dispositivo de retenção ferior ou igual a sete anos e meio deverão utilizar o dis-
posicionado em sentido contrário ao da marcha do positivo de retenção denominado “assento de elevação”.
veículo. (figura 3)
II – É permitido o transporte de crianças com até sete
anos e meio de idade, em dispositivo de retenção
posicionado no sentido de marcha do veículo, des-
de que não possua bandeja, ou acessório equiva-
lente, incorporado ao dispositivo de retenção;
III – Salvo instruções específicas do fabricante do
veículo, o banco do passageiro dotado de airbag
deverá ser ajustado em sua última posição de re-
cuo, quando ocorrer o transporte de crianças neste
banco.

DISPOSITIVO DE RETENÇÃO PARA TRANSPORTE


DE CRIANÇAS EM VEÍCULOS AUTOMOTORES PAR-
TICULARES

OBJETIVO: estabelecer condições mínimas de segu-


rança de forma a reduzir o risco ao usuário em casos de
colisão ou de desaceleração repentina do veículo, limi-
tando o deslocamento do corpo da criança.
As crianças com idade superior a sete anos e meio e
As Crianças com até um ano de idade deverão uti-
inferior ou igual a dez anos deverão utilizar o cinto de
lizar, obrigatoriamente, o dispositivo de retenção de-
segurança do veículo ( figura 4)
nominado “bebê conforto ou conversível” (figura 1)
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

23
A Resolução n.º 290 disciplina a inscrição de pesos e - PESO BRUTO TOTAL COMBINADO (PBTC): Peso má-
capacidades em veículos de tração, de carga e de trans- ximo que pode ser transmitido ao pavimento pela
porte coletivo de passageiros. Para efeito de registro, li- combinação de um veículo de tração ou de carga,
cenciamento e circulação, os veículos de tração, de carga mais seu(s) semi-reboque(s), reboque(s), respei-
e os de transporte coletivo de passageiros deverão ter tada a relação potência/peso, estabelecida pelo
indicação de suas características registradas para obten- INMETRO – Instituto de Metrologia, Normalização
ção do CAT – Certificado de Adequação à Legislação de e Qualidade Industrial, a Capacidade Máxima de
Trânsito, de acordo com os requisitos do Anexo desta Tração da unidade de tração, conforme definida
Resolução. no item 2.7 do anexo dessa Resolução e o limite
máximo estabelecido na Resolução CONTRAN nº
A responsabilidade pela inscrição e conteúdo dos 211/06, e suas sucedâneas.
pesos e capacidades, conforme estabelecido no Anexo - CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO (CMT): máximo
desta Resolução será: peso que a unidade de tração é capaz de tracionar,
incluído o PBT da unidade de tração, limitado pe-
I - do fabricante ou importador, quando se tratar de las suas condições de geração e multiplicação do
veículo novo acabado ou inacabado; momento de força, resistência dos elementos que
II - do fabricante da carroçaria ou de outros imple- compõem a transmissão.
mentos, em caráter complementar ao informado - CAMINHÃO: veículo automotor destinado ao trans-
pelo fabricante ou importador do veículo; porte de carga, com PBT acima de 3.500 quilogra-
III - do responsável pelas modificações, quando se mas, podendo tracionar ou arrastar outro veículo,
tratar de veículo novo ou já licenciado que tiver desde que tenha capacidade máxima de tração
sua estrutura e/ou número de eixos alterados, ou compatível;
outras modificações previstas pelas Resoluções - VEÍCULO INACABADO OU INCOMPLETO: todo o
292/08 e 293/08, ou suas sucedâneas. chassi e plataforma para ônibus ou micro-ônibus
IV - do proprietário do veículo, conforme estabeleci- e os chassis de caminhões, caminhonete, utilitário
com cabine completa, incompleta ou sem cabine.
do no art. 5º desta Resolução.
- VEÍCULO INACABADO: Todo chassi plataforma,
chassis de caminhões e caminhonetes, com cabine
Anexo da Resolução 290 de 29 de setembro de 2008
completa, incompleta ou sem cabine.
- VEÍCULO ACABADO: Veículo automotor que sai de
1 OBJETIVO
fábrica pronto para licenciamento, sem precisar de
complementação.
Estabelecer requisitos para inscrição indicativa e obri-
- VEÍCULO NOVO: veículo de tração, de carga e trans-
gatória dos pesos e capacidades registrados, conforme
porte coletivo de passageiros, reboque e semi-re-
definidos no item a seguir. boque, antes do seu registro e licenciamento.
DEFINIÇÕES APLICAÇÃO
Para efeito dessa Resolução define-se: Informações mínimas para veículos de tração, de car-
PESOS E CAPACIDADES INDICADOS: pesos máximos ga e transporte coletivo de passageiros, com PBT acima
e capacidades máximas informados pelo fabricante ou de 3500 kg.
importador como limites técnicos do veículo; Veículo automotor novo acabado: tara, lotação, PBT,
PBTC e CMT;
- PESOS E CAPACIDADES AUTORIZADOS: o menor Veículo automotor novo inacabado: PBT, PBTC e CMT;
valor entre os pesos e capacidades máximos es- Veículo automotor novo que recebeu carroçaria ou
tabelecidos pelos regulamentos vigentes (valores implemento: tara e lotação, em complemento às carac-
legais) e os pesos e capacidades indicados pelo fa- terísticas informadas pelo fabricante ou importador do
bricante ou importador (valores técnicos); veículo;
- TARA: peso próprio do veículo, acrescido dos pe- Veículo automotor novo que teve alterado o número
sos da carroçaria e equipamento, do combustível de eixos ou sua(s) capacidade(s): tara, lotação e PBT, em
– pelo menos 90% da capacidade do(s) tanque(s), complemento às características informadas pelo fabri-
das ferramentas e dos acessórios, da roda sobres- cante ou importador do veículo;
salente, do extintor de incêndio e do fluido de ar- Veículo automotor já licenciado que teve alterado sua
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

refecimento, expresso em quilogramas. estrutura, número de eixos ou sua(s) capacidade(s): tara,


- LOTAÇÃO: carga útil máxima, expressa em quilogra- lotação, PBT e peso por eixo, respeitada a CMT informada
mas, incluindo o condutor e os passageiros que o pelo fabricante ou importador do veículo, em comple-
veículo pode transportar, para os veículos de carga mento às características informadas pelos mesmos.
e tração ou número de pessoas para os veículos de Reboque e semi-reboque, novo ou alterado: tara, lo-
transporte coletivo de passageiros. tação e PBT.
- PESO BRUTO TOTAL (PBT): o peso máximo (autori- 3.2 Informações mínimas para veículos de tração, de
zado) que o veículo pode transmitir ao pavimento, carga e transporte coletivo de passageiros, com PBT de
constituído da soma da tara mais a lotação. até 3500 kg.

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3.2.1 Todas as constantes nos itens de 3.1.1 a 3.1.6, fábrica dos veículos para aumentar a capacidade de car-
sendo autorizada a opcionalidade: PBTC ou CMT. Obser- ga, visando o uso do combustível Diesel.
vação: as informações complementares devem atender Na troca do sistema de suspensão não será permitida
os requisitos do item 4 deste anexo, em campo distinto a utilização de sistemas de suspensão com regulagem
das informações originais do fabricante ou importador de altura. É permitido, para fins automotivos, exceto para
do veículo. ciclomotores, motonetas, motocicletas e triciclos, o uso
do Gás Natural Veicular – GNV como combustível.
REQUISITOS Por ocasião do registro será exigido dos veículos au-
tomotores que utilizarem como combustível o Gás Natu-
Específicos. ral Veicular – GNV:
As indicações referentes ao item 3 serão inscritas em
plaqueta ou em etiqueta adesiva resistente a ação do I Certificado de Segurança Veicular – CSV expedido
tempo; por Instituição Técnica Licenciada pelo DENATRAN
As indicações serão inscritas em fundo claro ou es- e acreditada pelo INMETRO, conforme regulamen-
curo, adotados caracteres alfanuméricos contrastantes, tação específica, onde conste a identificação do
com altura não inferior a 3 milímetros. (retificada com instalador registrado pelo INMETRO, que executou
publicação no DOU nº 251 de 26 dez 2008 - Seção 1 - o serviço.
pg.149) II O Certificado Ambiental para uso de Gás Natural
Também, poderão ser usados letras ou números ins- em Veículos Automotores – CAGN, expedido pelo
critos em alto ou baixo relevo, sem necessidade de con- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recur-
traste de cor. sos Naturais Renováveis – IBAMA, ou aposição do
Normas gerais. número do mesmo no CSV.
A indicação nos veículos automotores de tração, de
carga será inscrita ou afixada em um dos seguintes locais, Ficam proibidas:
assegurada a facilidade de visualização.
I A utilização de rodas/pneus que ultrapassem os li-
Na coluna de qualquer porta, junto às dobradiças, ou
mites externos dos para-lamas do veículo;
no lado da fechadura.
II O aumento ou diminuição do diâmetro externo do
Na borda de qualquer porta.
conjunto pneu/roda;
Na parte inferior do assento, voltada para porta.
III A substituição do chassi ou monobloco de veículo
Na superfície interna de qualquer porta.
por outro chassi ou monobloco, nos casos de mo-
No painel de instrumentos.
dificação, furto/roubo ou sinistro de veículos, com
Nos veículos destinados ao transporte coletivo de
exceção de sinistros em motocicletas e assemelha-
passageiros, a indicação deverá ser afixada na parte fron-
dos
tal interna acima do pára-brisa ou na parte superior da
IV A alteração das características originais das molas
divisória da cabina de comando do lado do condutor. Na
do veículo, inclusão, exclusão ou modificação de
impossibilidade técnica ou ausência de local para fixação,
dispositivos da suspensão.
poderão ser utilizados os mesmos locais previstos para
os veículos de carga e tração.
Serão consideradas alterações de cor aquelas realiza-
Nos reboques e semi-reboques, a indicação deverá
das através de pintura ou adesivamento em área superior
ser afixada na parte externa da carroçaria na lateral dian-
a 50% do veículo, excluídas as áreas envidraçadas.
teira.
Nos implementos montados sobre chassi de veículo
A Resolução n.º 349 dispõe sobre o transporte even-
de carga, a indicação deverá ser afixada na parte externa
tual de cargas ou de bicicletas nos veículos classificados
do mesmo, em sua lateral dianteira.
nas espécies automóvel, caminhonete, camioneta e uti-
litário.
A Resolução n.º 292 Estabelece as modificações per-
O transporte de cargas e de bicicletas deve respeitar
mitidas em veículo registrado no Órgão Executivo de
o peso máximo especificado para o veículo. A carga ou a
Trânsito dos Estados ou do Distrito Federal. As modifi-
bicicleta deverá estar acondicionada e afixada de modo
cações permitidas em veículos, bem como a exigência
que:
para cada modificação e a nova classificação dos veículos
após modificados, quanto ao tipo/espécie e carroçaria,
I - não coloque em perigo as pessoas nem cause da-
para fins de registro e emissão de CRV/CRLV, constam
nos a propriedades públicas ou privadas, e em es-
no Anexo desta Resolução. As modificações em veículos
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

pecial, não se arraste pela via nem caia sobre esta;


devem ser precedidas de autorização da autoridade res-
II - não atrapalhe a visibilidade a frente do condutor
ponsável pelo registro e licenciamento.
nem comprometa a estabilidade ou condução do
Quando houver modificação exigir-se-á realização de
veículo;
inspeção de segurança veicular para emissão do Certifi-
III - não provoque ruído nem poeira;
cado de Segurança Veicular – CSV, conforme regulamen-
IV - não oculte as luzes, incluídas as luzes de freio e os
tação específica do INMETRO, expedido por Instituição
indicadores de direção e os dispositivos refletores;
Técnica Licenciada pelo DENATRAN, respeitadas as dis-
ressalvada, entretanto, a ocultação da lanterna de
posições constantes na tabela do Anexo desta Resolução.
freio elevada (categoria S3);
Fica proibida a modificação da estrutura original de

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V - não exceda a largura máxima do veículo;
VI - não ultrapasse as dimensões autorizadas para veículos estabelecidas na Resolução CONTRAN nº 210, de 13 de
novembro de 2006, que estabelece os limites de pesos e dimensões para veículos que transitam por vias terres-
tres e dá outras providências, ou Resolução posterior que venha sucedê-la.
VII - todos os acessórios, tais como cabos, correntes, lonas, grades ou redes que sirvam para acondicionar, proteger
e fixar a carga deverão estar devidamente ancorados e atender aos requisitos desta Resolução.
VIII - não se sobressaiam ou se projetem além do veículo pela frente.

Nos casos em que o transporte eventual de carga ou de bicicleta resultar no encobrimento, total ou parcial, quer
seja da sinalização traseira do veículo, quer seja de sua placa traseira, será obrigatório o uso de régua de sinalização e,
respectivamente, de segunda placa traseira de identificação fixada àquela régua ou à estrutura do veículo, conforme
figura constante do anexo II desta Resolução.
Régua de sinalização é o acessório com características físicas e de forma semelhante a um para-choque traseiro,
devendo ter no mínimo um metro de largura e no máximo a largura do veículo, excluídos os retrovisores, e possuir
sistema de sinalização paralelo, energizado e semelhante em conteúdo, quantidade, finalidade e funcionamento ao do
veículo em que for instalado.
A fixação da régua de sinalização deve ser feita no veículo, de forma apropriada e segura, por meio de braçadeiras,
engates, encaixes e/ou parafusos, podendo ainda ser utilizada a estrutura de transporte de carga ou seu suporte.
A segunda placa de identificação será lacrada no centro da régua de sinalização ou na parte estrutural do veículo
em que estiver instalada (para-choque ou carroceria), devendo ser aposta em local visível na parte direita da traseira.
Fica dispensado da utilização de régua de sinalização o veículo que possuir extensor de caçamba, no qual deve ser
lacrada a segunda placa traseira.
Permite-se o transporte de cargas acondicionadas em bagageiros ou presas a suportes apropriados devidamente
afixados na parte superior externa da carroçaria.

Será admitido o transporte eventual de carga indivisível, respeitados os seguintes preceitos:


I - As cargas que sobressaiam ou se projetem além do veículo para trás, deverão estar bem visíveis e sinalizadas.
No período noturno, esta sinalização deverá ser feita por meio de uma luz vermelha e um dispositivo refletor de cor
vermelha.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

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II - O balanço traseiro não deve exceder 60% do valor da distância entre os dois eixos do veículo.

A bicicleta poderá ser transportada na parte posterior externa ou sobre o teto, desde que fixada em dispositi-
vo apropriado, móvel ou fixo, aplicado diretamente ao veículo ou acoplado ao gancho de reboque. O dispositivo
para transporte de bicicletas para aplicação na parte externa dos veículos deverá ser fornecido com instruções
precisas sobre:
I- Forma de instalação, permanente ou temporária, do dispositivo no veículo,
II- Modo de fixação da bicicleta ao dispositivo de transporte;
III - Quantidade máxima de bicicletas transportados, com segurança;
IV - Cuidados de segurança durante o transporte de forma a preservar a segurança do trânsito, do veículo,
dos passageiros e de terceiros.

A Resolução nº 356 estabelece requisitos mínimos de segurança para o transporte remunerado de passagei-
ros (mototáxi) e de cargas (motofrete) em motocicleta e motoneta, e dá outras providências.
Os veículos tipo motocicleta ou motoneta, quando autorizados pelo poder concedente para transporte re-
munerado de cargas (motofrete) e de passageiros (mototáxi), deverão ser registrados pelo Órgão Executivo de
Trânsito do Estado e do Distrito Federal na categoria de aluguel, atendendo ao disposto no artigo 135 do CTB e
legislação complementar. Para efeito do registro, os veículos deverão ter:

I - dispositivo de proteção para pernas e motor em caso de tombamento do veículo, fixado em sua estrutura,
conforme Anexo IV, obedecidas as especificações do fabricante do veículo no tocante à instalação;
II - dispositivo aparador de linha, fixado no guidon do veículo, conforme Anexo IV; e
III - dispositivo de fixação permanente ou removível, devendo, em qualquer hipótese, ser alterado o registro
do veículo para a espécie passageiro ou carga, conforme o caso, vedado o uso do mesmo veículo para
ambas as atividades.

Os pontos de fixação para instalação dos equipamentos, bem como a capacidade máxima admissível de
carga, por modelo de veículo serão comunicados ao DENATRAN, pelos fabricantes, na ocasião da obtenção do
Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito (CAT), para os novos modelos, e mediante complementação
de informações do registro marca/modelo/versão, para a frota em circulação.

Para o exercício das atividades previstas nesta Resolução, o condutor deverá:

I - ter, no mínimo, vinte e um anos de idade;


II - possuir habilitação na categoria “A”, por pelo menos dois anos, na forma do artigo 147 do CTB;
III - ser aprovado em curso especializado, na forma regulamentada pelo CONTRAN; e
IV - estar vestido com colete de segurança dotado de dispositivos retrorrefletivos, nos termos do Anexo III
desta Resolução.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Além dos equipamentos obrigatórios para motocicletas e motonetas e dos previstos no art. 2º desta Reso-
lução, serão exigidas para os veículos destinados aos serviços de moto táxi alças metálicas, traseira e lateral,
destinadas a apoio do passageiro.
As motocicletas e motonetas destinadas ao transporte remunerado de mercadorias – motofrete – somente
poderão circular nas vias com autorização emitida pelo órgão executivo de trânsito do Estado e do Distrito Fe-
deral.
Os dispositivos de transporte de cargas em motocicleta e motoneta poderão ser do tipo fechado (baú) ou
aberto (grelha), alforjes, bolsas ou caixas laterais, desde que atendidas as dimensões máximas fixadas nesta Re-
solução e as especificações do fabricante do veículo no tocante à instalação e ao peso máximo admissível.

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É proibido o transporte de combustíveis inflamáveis I - Fixo: medidor de velocidade com registro de ima-
ou tóxicos, e de galões nos veículos de que trata a Lei gens instalado em local definido e em caráter per-
12.009 de 29 de julho de 2009, com exceção de botijões manente;
de gás com capacidade máxima de 13 kg e de galões II - Estático: medidor de velocidade com registro de
contendo água mineral, com capacidade máxima de 20 imagens instalado em veículo parado ou em su-
litros, desde que com auxílio de sidecar. porte apropriado;
A Resolução n.º 360 dispõe sobre a habilitação do III - Móvel: medidor de velocidade instalado em ve-
candidato ou condutor estrangeiro para direção de veí- ículo em movimento, procedendo a medição ao
culos em território nacional. O condutor de veículo au- longo da via;
IV - Portátil: medidor de velocidade direcionado ma-
tomotor, oriundo de país estrangeiro e nele habilitado,
nualmente para o veículo alvo.
desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir
no Território Nacional quando amparado por convenções Definições:
ou acordos internacionais, ratificados e aprovados pela
República Federativa do Brasil e, igualmente, pela adoção a) medidor de velocidade: instrumento ou equipa-
do Princípio da Reciprocidade, no prazo máximo de 180 mento destinado à medição de velocidade de ve-
dias, respeitada a validade da habilitação de origem. ículos.
Este condutor, após o prazo de 180 dias de estada b) controlador eletrônico de velocidade: medidor de
regular no Brasil, pretendendo continuar a dirigir veículo velocidade destinado a fiscalizar o limite máximo
automotor no âmbito territorial brasileiro, deverá sub- regulamentado para a via ou trecho por meio de
sinalização (placa R-19) ou, na sua ausência, pelos
meter-se aos Exames de aptidão Física e Mental e Avalia-
limites definidos no art. 61 do CTB;
ção Psicológica.
c) redutor eletrônico de velocidade (barreira ou lom-
Ao cidadão brasileiro habilitado no exterior serão bada eletrônica): medidor de velocidade, do tipo
aplicadas as regras estabelecidas nos artigos 1° ou 2°, fixo, com dispositivo registrador de imagem, des-
respectivamente, comprovando que mantinha residência tinado a fiscalizar a redução pontual de velocidade
normal naquele País por um período não inferior a 06 em trechos considerados críticos, cujo limite é di-
meses quando do momento da expedição da habilitação. ferenciado do limite máximo regulamentado para
Já o estrangeiro não habilitado, com estada regular a via ou trecho em um ponto específico indicado
no Brasil, pretendendo habilitar-se para conduzir veículo por meio de sinalização (placa R-19).
automotor no Território Nacional, deverá satisfazer todas
as exigências previstas na legislação de trânsito brasileira § 2º Quando for utilizado redutor eletrônico de
em vigor. velocidade, o equipamento deverá ser dotado de
O condutor com Habilitação Internacional para Diri- dispositivo (display) que mostre aos condutores a ve-
gir, expedida no Brasil, que cometer infração de trânsito locidade medida.
cuja penalidade implique na suspensão ou cassação do
direito de dirigir, terá o recolhimento e apreensão desta, Cabe à autoridade de trânsito com circunscrição so-
juntamente com o documento de habilitação nacional, bre a via determinar a localização, a sinalização, a insta-
ou pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Esta- lação e a operação dos medidores de velocidade do tipo
fixo.
do ou do Distrito Federal.
A notificação da autuação/penalidade deve conter,
A Resolução n.º 371 aprova o Manual Brasileiro de
além do disposto no CTB e na legislação complementar,
Fiscalização de Trânsito, Volume I – Infrações de compe- expressas em km/h:
tência municipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e
entidades estaduais de trânsito, e rodoviários. Compete I - a velocidade medida pelo instrumento ou equipa-
ao órgão máximo executivo de trânsito da União: mento medidor de velocidade;
II - a velocidade considerada para efeito da aplicação
I – Atualizar o MBFT, em virtude de norma posterior da penalidade; e
que implique a necessidade de alteração de seus III - a velocidade regulamentada para a via.
procedimentos.
II – Estabelecer os campos das informações mínimas Em trechos de estradas e rodovias onde não houver
que devem constar no Recibo de Recolhimento de placa R-19 poderá ser realizada a fiscalização com medi-
Documentos. dores de velocidade dos tipos móvel, estático ou portátil,
desde que observados os limites de velocidade estabele-
A Resolução n.º 396 dispõe sobre requisitos técnicos cidos no § 1º do art. 61 do CTB. Quando o local ou trecho
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

mínimos para a fiscalização da velocidade de veículos au- da via possuir velocidade máxima permitida por tipo de
tomotores, reboques e semirreboques, conforme o Códi- veículo, a placa R-19 deverá estar acompanhada da infor-
go de Trânsito Brasileiro. mação complementar, os tipos de veículos registrados e
licenciados devem estar classificados conforme as duas
A medição das velocidades desenvolvidas pelos veí-
denominações descritas a seguir:
culos automotores, elétricos, reboques e semirreboques
nas vias públicas deve ser efetuada por meio de instru- I - “VEÍCULOS LEVES” correspondendo a ciclomotor,
mento ou equipamento que registre ou indique a velo- motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo, auto-
cidade medida, com ou sem dispositivo registrador de móvel, utilitário, caminhonete e camioneta, com
imagem dos seguintes tipos: peso bruto total - PBT inferior ou igual a 3.500 kg.

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II - “VEÍCULOS PESADOS” correspondendo a ônibus, III - exames realizados por laboratórios especializa-
micro-ônibus, caminhão, caminhão-trator, trator dos, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito
de rodas, trator misto, chassi-plataforma, motor- competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de
-casa, reboque ou semirreboque e suas combina- consumo de outras substâncias psicoativas que
ções. determinem dependência;
IV - sinais de alteração da capacidade psicomotora
A Resolução n.º 432 define os procedimentos a serem obtido na forma do art. 5º.
adotados pelas autoridades de trânsito e seus agentes
na fiscalização do consumo de álcool ou de outra subs-
Além das exigências estabelecidas em regulamenta-
tância psicoativa que determine dependência, para apli-
ção específica, o auto de infração lavrado em decorrência
cação do disposto nos arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei nº
da infração prevista no art. 165 do CTB deverá conter:
9.503, de 23 de setembro de 1997 – Código de Trânsito
Brasileiro (CTB). I - no caso de encaminhamento do condutor para
A confirmação da alteração da capacidade psicomo- exame de sangue, exame clínico ou exame em la-
tora em razão da influência de álcool ou de outra subs- boratório especializado, a referência a esse proce-
tância psicoativa que determine dependência dar-se-á dimento;
por meio de, pelo menos, um dos seguintes procedi- II – no caso do art. 5º, os sinais de alteração da capa-
mentos a serem realizados no condutor de veículo au- cidade psicomotora de que trata o Anexo II ou a
tomotor: referência ao preenchimento do termo específico
de que trata o § 2º do art. 5º;
I – exame de sangue; III - no caso de teste de etilômetro, a marca, modelo
II – exames realizados por laboratórios especializa- e nº de série do aparelho, nº do teste, a medição
dos, indicados pelo órgão ou entidade de trânsi- realizada, o valor considerado e o limite regula-
to competente ou pela Polícia Judiciária, em caso mentado em mg/L;
de consumo de outras substâncias psicoativas que IV - conforme o caso, a identificação da (s) testemu-
determinem dependência; nha (s), se houve fotos, vídeos ou outro meio de
III – teste em aparelho destinado à medição do teor prova complementar, se houve recusa do condu-
alcoólico no ar alveolar (etilômetro); tor, entre outras informações disponíveis.
IV – verificação dos sinais que indiquem a alteração
da capacidade psicomotora do condutor. O veículo será retido até a apresentação de condutor
habilitado, que também será submetido à fiscalização.
Se o condutor apresentar sinais de alteração da capa- Caso não se apresente condutor habilitado ou o agen-
cidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja compro- te verifique que ele não está em condições de dirigir, o
vação dessa situação por meio do teste de etilômetro e veículo será recolhido ao depósito do órgão ou entidade
houver encaminhamento do condutor para a realização responsável pela fiscalização, mediante recibo.
do exame de sangue ou exame clínico, não será neces-
sário aguardar o resultado desses exames para fins de A Resolução n.º 441 regulamenta sobre o transpor-
autuação administrativa. te de qualquer tipo de sólido a granel em vias abertas
à circulação pública, em veículos de carroçarias abertas,
Os sinais de alteração da capacidade psicomotora somente será permitido nos seguintes casos:
poderão ser verificados por:
I - veículos com carroçarias de guardas laterais fecha-
I – exame clínico com laudo conclusivo e firmado por das;
médico perito; ou II - veículos com carroçarias de guardas laterais dota-
II – constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsi- das de telas metálicas com malhas de dimensões
to, dos sinais de alteração da capacidade psicomo- que impeçam o derramamento de fragmentos do
tora nos termos do Anexo II. material transportado. As cargas transportadas
deverão estar totalmente cobertas por lonas ou
O crime previsto no art. 306 do CTB será caracteriza- dispositivos similares, que deverão cumprir os se-
do por qualquer um dos procedimentos abaixo: guintes requisitos:
III - possibilidade de acionamento manual, mecânico
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

I – exame de sangue que apresente resultado igual ou ou automático;


superior a 6 (seis) decigramas de álcool por litro de IV - estar devidamente ancorados à carroçaria do ve-
sangue (6 dg/L); ículo;
II - teste de etilômetro com medição realizada igual V - cobrir totalmente a carga transportada de forma
ou superior a 0,34 miligrama de álcool por litro eficaz e segura;
de ar alveolar expirado (0,34 mg/L), descontado o VI - estar em bom estado de conservação, de forma a
erro máximo admissível nos termos da “Tabela de evitar o derramamento da carga transportada.
Valores Referenciais para Etilômetro” constante no
Anexo I;

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A Resolução n.º 453 disciplina o uso de capacete para Os veículos a serem utilizados no transporte de que
condutor e passageiro de motocicletas, motonetas, ciclo- trata esta Resolução devem ser adaptados, no mínimo,
motores, triciclos motorizados e quadriciclos motoriza- com:
dos. É obrigatório, para circular nas vias públicas, o uso
I - bancos, na quantidade suficiente para todos os
de capacete motociclístico pelo condutor e passageiro
passageiros, revestidos de espuma, com encosto
de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motoriza-
e cinto de segurança, fixados na estrutura da car-
do e quadriciclo motorizado, devidamente afixado à ca-
roceria;
beça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate,
II - carroceria com cobertura, barra de apoio para as
por debaixo do maxilar inferior. mãos, proteção lateral rígida, com dois metros e
dez centímetros de altura livre, de material de boa
Para fiscalização do cumprimento desta Resolução, as qualidade e resistência estrutural, que evite o es-
autoridades de trânsito ou seus agentes devem observar: magamento e a projeção de pessoas em caso de
acidente com o veículo;
I - Se o capacete motociclístico utilizado é certificado III - escada para acesso, com corrimão;
pelo INMETRO; IV - cabine e carroceria com ventilação, garantida a
II - Se o capacete motociclístico está devidamente afi- comunicação entre motorista e passageiros;
xado à cabeça; V - compartimento resistente e fixo para a guarda das
III - A aposição de dispositivo retrorrefletivo de se- ferramentas e materiais, separado dos passageiros,
gurança nas partes laterais e traseira do capacete no caso de transporte de trabalhadores;
motociclístico, conforme especificado no item I do VI - sinalização luminosa, na forma do inciso VIII do
Anexo; artigo 29 do CTB e da Resolução nº 268, de 15 de
IV - A existência do selo de identificação da confor- fevereiro de 2008, no caso de transporte de pes-
midade do INMETRO, ou etiqueta interna com a soas vinculadas à prestação de serviço em obras
logomarca do INMETRO, especificada na norma na via.
NBR7471, podendo esta ser afixada no sistema de
retenção; Além das exigências estabelecidas nos demais artigos
V - O estado geral do capacete, buscando avarias ou desta Resolução, para o transporte de passageiros em
danos que identifiquem a sua inadequação para o veículos de carga ou misto, é vedado:
uso;
I - transportar passageiros com idade inferior a 10
O condutor e o passageiro de motocicleta, motoneta, anos;
ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motoriza- II - transportar passageiros em pé;
do, para circular na via pública, deverão utilizar capacete III - transportar cargas no mesmo ambiente dos pas-
com viseira, ou na ausência desta, óculos de proteção, sageiros;
em boas condições de uso. IV - utilizar veículos de carga tipo basculante e boia-
deiro;
Dirigir ou conduzir passageiro em descumprimento V - utilizar combinação de veículos.
às disposições contidas nesta Resolução implicará nas VI - transportar passageiros nas partes externas.
sanções previstas no CTB, conforme abaixo:
A Resolução n.º 520 dispõe sobre os requisitos mí-
I - com o capacete fora das especificações contidas nimos para a circulação de veículos com dimensões
no art. 2º, exceto inciso II, combinado com o Ane- excedentes aos limites estabelecidos pelo CONTRAN.
xo: art. 230, inciso X, do CTB; A circulação de veículo com suas dimensões ou de sua
II - utilizando viseira ou óculos de proteção em des- carga superiores aos limites estabelecidos pela Resolu-
cumprimento ao disposto no art. 3º ou utilizando ção CONTRAN nº 210, ou suas sucedâneas, poderá ser
capacete não afixado na cabeça conforme art. 1º: permitida, mediante Autorização Especial de Trânsito
art. 169 do CTB; (AET) da autoridade com circunscrição sobre a via públi-
III - não uso de capacete motociclístico, capacete não ca, atendidos os requisitos desta Resolução. A AET, for-
encaixado na cabeça ou uso de capacete indevido, necida pelo Órgão Executivo Rodoviário da União, dos
conforme Anexo: incisos I ou II do art. 244 do CTB, Estados, dos Municípios e do Distrito Federal com cir-
conforme o caso. cunscrição sobre a via, terá validade máxima de 1 ano e
conterá, no mínimo:
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

A Resolução n.º 508 dispõe sobre os requisitos de se-


gurança para a circulação, a título precário, de veículo de a) a identificação do órgão emissor;
carga ou misto transportando passageiros no comparti- b) o número de identificação;
c) a identificação e características do(s) veículo(s);
mento de cargas. A autoridade com circunscrição sobre
d) o peso e dimensões autorizadas;
a via poderá autorizar, eventualmente e a título precário,
e) o prazo de validade;
a circulação de veículo de carga ou misto transportan-
f) o percurso;
do passageiros no compartimento de cargas, desde que
g) a identificação em se tratando de carga indivisível.
sejam cumpridos os requisitos estabelecidos nesta Re-
solução.

30
A AET não exime o condutor e/ou proprietário da res-
ponsabilidade por eventuais danos que o veículo ou a
combinação de veículos causar à via ou a terceiros, con-
forme prevê o § 2º do art. 101 do CTB.

O não cumprimento do disposto nesta Resolução im-


plicará na aplicação das sanções previstas no CTB:

a) Art. 187, inciso I: quando o(s) veículo(s) e/ou carga


estiverem com dimensões superiores aos limites
estabelecidos legalmente e existir restrição de trá-
fego referente ao local e/ou horário imposta pelo
órgão com circunscrição sobre a via e não cons-
tante na AET.
b) Art. 231, inciso IV: quando o(s) veículo(s) e/ou car-
ga estiverem com suas dimensões superiores aos Sinalização especial de advertência traseira para lar-
limites estabelecidos legalmente e circularem sem gura excedente. Especificações:
a expedição da AET ou com AET expedida em de-
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
sacordo com o disposto no artigo 2º desta Reso-
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
lução;
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
c) Art. 231, inciso V: quando o peso do veículo mais
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
o peso da carga for superior aos limites legais de
de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
peso;
te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.
d) Art. 231, inciso VI: quando as informações do(s)
veículo(s) e/ou carga, com dimensões superiores
aos limites estabelecidos legalmente, estão em de-
sacordo com aquelas constantes da AET, tais como
peso, dimensões, percurso, exigência da sinaliza-
ção, configuração de eixos, entre outras informa-
ções e exigências;
e) Art. 231, inciso VI: quando o veículo(s) e/ou carga
estiverem com suas dimensões superiores aos li-
mites estabelecidos legalmente e circularem com
a AET vencida;
f) Art. 231, inciso X: quando o peso do veículo mais a
carga for superior à Capacidade Máxima de Tração
(CMT) do(s) caminhão(ões) trator(es);
g) Art. 232: quando o(s) veículo(s) e/ou carga com
dimensões superiores aos limites estabelecidos le- Sinalização especial de advertência traseira para com-
galmente não estiver portando a AET regularmen- primento e largura excedente. Especificações:
te expedida; Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
h) Art. 235: quando a carga ultrapassar os limites late- tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
rais, posterior e/ou anterior do(s) veículo(s), ainda de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
que não ultrapasse os limites regulamentares es- do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
tabelecidos na Resolução CONTRAN nº 210/2006; de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
i) Art. 237: quando o(s) veículo(s) e/ou carga estive- te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.
rem com suas dimensões superiores aos limites es-
tabelecidos legalmente e a sinalização especial de
advertência não tiver sido instalada ou não atender
aos requisitos previstos nos artigos 6º e 7º e ane-
xos desta Resolução.

Sinalização especial de advertência traseira para com-


LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

primento excedente. Especificações:


Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
de cima para baixo, na cor preta e laranja alternadamen-
te. As cores: branca e laranja devem ser retrorrefletivas.

31
Sinalização especial de advertência traseira do tipo II - tempo de direção: período em que o condutor
bipartida. Especificações: estiver efetivamente ao volante de um veículo em
movimento.
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire-
III – intervalo de descanso: período de tempo em que
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira
o condutor estiver efetivamente cumprindo o des-
de ou material com propriedades equivalentes, possuin-
canso estabelecido nesta Resolução, comprovado
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e
por meio dos documentos previstos no art. 2º,
de cima para baixo, com adesivo refletivo na cor preta e
não computadas as interrupções involuntárias, tais
laranja alternadamente, com espaçamento máximo de 5
como as decorrentes de engarrafamentos, semáfo-
cm entre as duas partes sem alterar ou comprometer as
ro e sinalização de trânsito.
letras e formato da sinalização. As cores: branca e laranja
IV – ficha de trabalho do autônomo: ficha de controle
devem ser retrorrefletivas.
do tempo de direção e do intervalo de descanso
do motorista profissional autônomo, que deverá
sempre acompanhá-lo no exercício de sua profis-
são.

A fiscalização do tempo de direção e do intervalo de


descanso do motorista profissional dar-se-á por meio de:
I - Análise do disco ou fita diagrama do registrador
instantâneo e inalterável de velocidade e tempo ou
de outros meios eletrônicos idôneos instalados no
veículo, na forma regulamentada pelo CONTRAN;
ou
Sinalização especial de advertência traseira do tipo II - Verificação do diário de bordo, papeleta ou ficha
bipartida. Especificações: de trabalho externo, fornecida pelo empregador;
Dispositivo de Segurança Autoadesivo aplicado dire- ou
tamente no veículo ou sobre placa metálica, de madeira III – Verificação da ficha de trabalho do autônomo,
de ou material com propriedades equivalentes, possuin- conforme Anexo I desta Resolução.
do faixas inclinadas de 45º da direita para a esquerda e IV - É vedado ao motorista profissional dirigir por
de cima para baixo, com adesivo refletivo na cor preta mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veícu-
e laranja alternadamente, sendo que o espaçamento di- los de transporte rodoviário coletivo de passagei-
mensões estabelecidas para a sinalização. As cores: bran- ros ou de transporte rodoviário de cargas;
ca e laranja devem ser retrorrefletivas. V - Serão observados 30 (trinta) minutos para descan-
so dentro de cada 6 (seis) horas na condução de
veículo de transporte de carga, sendo facultado o
seu fracionamento e o do tempo de direção desde
que não ultrapassadas 5 (cinco) horas e meia con-
tínuas no exercício da condução;
VI - Serão observados 30 (trinta) minutos para des-
canso a cada 4 (quatro) horas na condução de ve-
ículo rodoviário de passageiros, sendo facultado o
seu fracionamento e o do tempo de direção;
VII - Em situações excepcionais de inobservância
justificada do tempo de direção, devidamente re-
gistradas, o tempo de direção poderá ser elevado
pelo período necessário para que o condutor, o
veículo e a carga cheguem a um lugar que ofereça
a segurança e o atendimento demandados, desde
que não haja comprometimento da segurança ro-
doviária;
VIII - O condutor é obrigado, dentro do período de
A Resolução n.º 525 estabelece os procedimen- 24 (vinte e quatro) horas, a observar o mínimo de
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

tos para fiscalização do tempo de direção e descanso 11 (onze) horas de descanso, que podem ser fra-
do motorista profissional na condução dos veículos de cionadas, usufruídas no veículo e coincidir com os
transporte e de condução de escolares, de transporte de intervalos mencionados no inciso II, observadas,
passageiros com mais de 10 lugares e de carga com peso no primeiro período, 8 (oito) horas ininterruptas
bruto total superior a 4.536 quilogramas. de descanso;
IX - Entende-se como tempo de direção ou de con-
Definições: dução apenas o período em que o condutor estiver
efetivamente ao volante, em curso entre a origem
I – motorista profissional: condutor que exerce ativi- e o destino;
dade remunerada ao veículo.

32
X - Entende-se como início de viagem a partida do I – por desrespeito aos incisos II e III do art. 3º, pelo
veículo na ida ou no retorno, com ou sem carga, período de 30 minutos, observadas as disposições
considerando-se como sua continuação as parti- do inciso IV do mesmo artigo;
das nos dias subsequentes até o destino; II – por desrespeito ao inciso V do art. 3º, pelo perío-
XI - O condutor somente iniciará uma viagem após do de 11 horas.
o cumprimento integral do intervalo de descanso
previsto no inciso V deste artigo; § 2º No caso do inciso II, a retenção poderá ser rea-
XII - Nenhum transportador de cargas ou coleti- lizada em depósito do órgão ou entidade de trânsito
vo de passageiros, embarcador, consignatário de responsável pela fiscalização, com fundamento no §
cargas, operador de terminais de carga, operador 4º do art. 270 do CTB.
de transporte multimodal de cargas ou agente de
cargas ordenará a qualquer motorista a seu servi- A Resolução n.º 561 aprova o Manual Brasileiro de
ço, ainda que subcontratado, que conduza veículo Fiscalização de Trânsito, Volume II – Infrações de com-
referido no caput sem a observância do disposto petência dos órgãos e entidades executivos estaduais de
no inciso VIII; trânsito e rodoviários.
XIII - O descanso de que tratam os incisos II, III e V
deste artigo poderá ocorrer em cabine leito do Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito
veículo ou em poltrona correspondente ao servi-
ço de leito, no caso de transporte de passageiros, APRESENTAÇÃO
devendo o descanso do inciso V ser realizado com
o veículo estacionado, ressalvado o disposto no O Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito con-
inciso XI; templa os procedimentos gerais a serem observados
XIV - Nos casos em que o empregador adotar 2 (dois) pelos agentes de trânsito, conceitos e definições e está
motoristas trabalhando no mesmo veículo, o tem- estruturado em fichas individuais, classificadas por códi-
po de repouso poderá ser feito com o veículo em go de enquadramento das infrações e seus respectivos
movimento, assegurado o repouso mínimo de 6 desdobramentos.
(seis) horas consecutivas fora do veículo em aloja-
As fichas são compostas dos campos, abaixo descri-
mento externo ou, se na cabine leito, com o veículo
tos, destinados ao detalhamento das infrações com seus
estacionado, a cada 72 (setenta e duas) horas, nos
respectivos amparos legais e procedimentos:
termos do § 5º do art. 235-D e inciso III do art. 235-
E da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.
- Tipificação resumida – descreve a conduta infracio-
XV - O motorista profissional é responsável por con-
nal de acordo com Portaria do Denatran.
trolar e registrar o tempo de condução estipulado
- Código do enquadramento – indica o código da in-
neste artigo, com vistas à sua estrita observância;
fração e seu desdobramento.
XVI - A não observância dos períodos de descanso - Amparo Legal – indica o artigo, inciso e alínea do
estabelecidos neste artigo sujeitará o motorista CTB.
profissional às penalidades previstas no artigo 230, - Tipificação do Enquadramento – descreve a conduta
inciso XXIII, do código de Trânsito Brasileiro; infracional de acordo com o CTB.
XVII - O tempo de direção será controlado mediante - Natureza – informa a classificação da infração de
registrador instantâneo inalterável de velocidade e acordo com a sua gravidade.
tempo e, ou por meio de anotação em diário de - Penalidade – informa a sanção aplicada a cada con-
bordo, ou papeleta ou ficha de trabalho externo, duta infracional.
conforme o modelo do Anexo I desta Resolução, - Medida Administrativa – indica o procedimento
ou por meios eletrônicos instalados no veículo, aplicável à conduta infracional.
conforme regulamentação específica do Contran, - Infrator – informa o responsável pelo cometimento
observada a sua validade jurídica para fins traba- da infração.
lhistas; - Competência – indica o órgão ou entidade de trân-
XVII - O equipamento eletrônico ou registrador deve- sito com competência para autuar.
rá funcionar de forma independente de qualquer - Pontuação – informa o número de pontos compu-
interferência do condutor, quanto aos dados regis- tados ao infrator.
trados; - Pode configurar crime – informa a previsão de even-
XIX - A guarda, a preservação e a exatidão das infor- tual ilícito criminal.
mações contidas no equipamento registrador ins- - Sinalização – informa a necessidade da sinalização
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

tantâneo inalterável de velocidade e de tempo são para configurar a infração.


de responsabilidade do condutor. - Constatação da infração – indica as situações nas
quais a abordagem é necessária para a constata-
O descumprimento dos tempos de direção e descan- ção da infração.
so previstos nesta Resolução sujeitará o infrator à aplica- - Quando Autuar – indica as situações que configu-
ção das penalidades e medidas administrativas previstas ram a infração tipificada na respectiva ficha.
no inciso XXIII art. 230 do CTB. - Não Autuar – indica as situações que não configu-
A medida administrativa de retenção do veículo será ram a infração tipificada na respectiva ficha ou re-
aplicada: mete a outros enquadramentos.

33
- Definições e Procedimentos – menciona dispositivos INFRAÇÃO DE TRÂNSITO
legais, estabelece definições e indica procedimen-
tos específicos. Constitui infração a inobservância a qualquer pre-
- Campo ‘Observações’ – indica ou sugere informa- ceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do
ções a serem registradas no campo ‘observações’ Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e
do auto de infração. a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade
executiva do trânsito.
Regulamentação – relaciona as normas aplicáveis.
O infrator está sujeito às penalidades e medidas ad-
A fiscalização, conjugada às ações de operação de ministrativas previstas no CTB.
trânsito, de engenharia de tráfego e de educação para o
trânsito, é uma ferramenta de suma importância na bus- As infrações classificam-se, de acordo com sua gra-
ca de uma convivência pacífica entre pedestres e condu- vidade, em quatro categorias, computados, ainda, os se-
tores de veículos. guintes números de pontos:
As ações de fiscalização influenciam diretamente na
segurança e fluidez do trânsito, contribuindo para a efe- I - infração de natureza gravíssima, 7 pontos;
tiva mudança de comportamento dos usuários da via, II - infração de natureza grave, 5 pontos;
e de forma específica, do condutor infrator, através da III - infração de natureza média, 4 pontos;
imposição de sanções, propiciando a eficácia da norma IV - infração de natureza leve, 3 pontos.
jurídica.
Nesse contexto, o papel do agente de trânsito é de- RESPONSABILIDADE PELA INFRAÇÃO
senvolver atividades voltadas à melhoria da qualidade de
vida da população, atuando como facilitador da mobili- As penalidades serão impostas ao condutor ou ao
dade urbana ou rural sustentáveis, norteando-se, dentre proprietário do veículo, salvo os casos de descumpri-
outros, pelos princípios constitucionais da legalidade, mento de obrigações e deveres impostos a pessoas fí-
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. sicas ou jurídicas expressamente mencionadas no CTB.
Desta forma o presente Manual tem como objetivo
uniformizar procedimentos, de forma a orientar os agen-
Proprietário
tes de trânsito nas ações de fiscalização.

AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade


pela infração referente à prévia regularização e preen-
O agente da autoridade de trânsito competente para chimento das formalidades e condições exigidas para o
lavrar o auto de infração de trânsito (AIT) poderá ser ser- trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalte-
vidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial mili- rabilidade de suas características, componentes, agrega-
tar designado pela autoridade de trânsito com circunscri- dos, habilitação legal e compatível de seus condutores,
ção sobre a via no âmbito de sua competência. quando esta for exigida, e outras disposições que deva
Para que possa exercer suas atribuições como agente observar.
da autoridade de trânsito, o servidor ou policial militar
deverá ser credenciado, estar devidamente uniformiza- Condutor
do, conforme padrão da instituição, e no regular exercí-
cio de suas funções. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra-
O veículo utilizado na fiscalização de trânsito deverá ções decorrentes de atos praticados na direção do veí-
estar caracterizado. culo.
O agente de trânsito, ao constatar o cometimento da
infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada
administrativas cabíveis. no CTB
É vedada a lavratura do AIT por solicitação de tercei- A pessoa física ou jurídica é responsável por infração
ros, excetuando-se o caso em que o órgão ou entidade de trânsito, não vinculada a veículo ou à sua condução,
de trânsito realize operação (comando) de fiscalização de expressamente mencionada no CTB.
normas de circulação e conduta, em que um agente de
trânsito constate a infração e informe ao agente que es- AUTUAÇÃO
teja na abordagem; neste caso, o agente que constatou
a infração deverá convalidar a autuação no próprio auto
Autuação é ato administrativo da Autoridade de Trân-
de infração ou na planilha da operação (comando), a qual
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

sito ou de seus agentes quando da constatação do co-


deverá ser arquivada para controle e consulta.
metimento de infração de trânsito, devendo ser formali-
O AIT traduz um ato vinculado na forma da Lei, não
havendo discricionariedade com relação a sua lavratura, zado por meio da lavratura do AIT.
conforme dispõe o artigo 280 do CTB. O AIT é peça informativa que subsidia a Autoridade
“O agente de trânsito deve priorizar suas ações no de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistên-
sentido de coibir a prática das infrações de trânsito, de- cia está na perfeita caracterização da infração, devendo
vendo tratar a todos com urbanidade e respeito, sem, ser preenchido de acordo com as disposições contidas
contudo, omitir- se das providências que a lei lhe deter- no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares,
mina.” com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura.

34
O AIT não poderá conter rasura, emenda, uso de cor- momentânea, e têm como objetivo prioritário impedir a
retivo, ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchi- continuidade da prática infracional, garantindo a prote-
mento se dará com letra legível, preferencialmente, com ção à vida e à incolumidade física das pessoas, e não se
caneta esferográfica de tinta azul. confundem com penalidades.
Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro Compete à autoridade de trânsito com circunscrição
da infração conforme regulamentação específica. sobre a via e seus agentes aplicar as medidas administra-
O agente só poderá registrar uma infração por auto e, tivas, considerando a necessidade de segurança e fluidez
no caso da constatação de infrações em que os códigos do trânsito.
infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros dí- A impossibilidade de aplicação de medida adminis-
gitos), considerar-se-á apenas uma infração. trativa prevista para infração não invalidará a autuação
Exemplo: veículo sem equipamento obrigatório e pela infração de trânsito, nem a imposição das penalida-
com equipamento obrigatório ineficiente/inoperante, des previstas.
utilizar o código 663-71 e descrever no campo ‘Obser-
vações’ a situação constatada (ex: sem o estepe e com o Retenção do Veículo
extintor de incêndio vazio).
As infrações podem ser concorrentes ou concomitan-
Consiste na sua imobilização no local da abordagem,
tes:
para a solução de determinada irregularidade.
São concorrentes aquelas em que o cometimento de
uma infração tem como pressuposto o cometimento de A retenção se dará nas infrações em que esteja pre-
outra. vista esta medida administrativa.
Por exemplo: veículo sem as placas (art. 230, IV), por Quando a irregularidade puder ser sanada no local
falta de registro (art. 230, V). Nesses casos, o agente de- onde for constatada a infração, o veículo será liberado
verá lavrar um único AIT, com base no art. 230, V. tão logo seja regularizada a situação.
São concomitantes aquelas em que o cometimento Na impossibilidade de sanar a falha no local da infra-
de uma infração não implica o cometimento de outra, na ção, o veículo poderá ser retirado por condutor regular-
forma do art. 266 do CTB. mente habilitado, desde que não ofereça risco à segu-
Por exemplo: dirigir veículo com a CNH vencida há rança do trânsito, mediante recolhimento do Certificado
mais de trinta dias (art. 162, V) e de categoria diferente de Licenciamento Anual - CLA/CRLV, contra recibo, noti-
para a qual é habilitado (art. 162, III). ficando o condutor do prazo para sua regularização.
Nesses casos, o agente deverá lavrar os dois AIT. Não se apresentando condutor habilitado no local da
O agente de trânsito, sempre que possível, deverá infração, o veículo será recolhido ao depósito.
abordar o condutor do veículo para constatar a infra- No prazo assinalado no recibo, o infrator deverá pro-
ção, ressalvados os casos nos quais a infração poderá ser videnciar a regularização do veículo e apresentá-lo no lo-
comprovada sem a abordagem. Para esse fim, o Manual cal indicado, onde, após submeter-se à vistoria, terá seu
estabelece as seguintes situações: CLA/CRLV restituído.
No caso de não observância do prazo estabelecido
- Caso 1: “possível sem abordagem” – significa que a para a regularização, o agente da autoridade de trânsito
infração pode ser constatada sem a abordagem do deverá encaminhar o documento ao órgão ou entidade
condutor. de trânsito de registro do veículo.
- Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a in- Havendo comprometimento da segurança do trânsito
fração só pode ser constatada se houver a aborda- e/ou no caso do condutor sinalizar que não regularizará
gem do condutor. a situação, a retenção do veículo poderá ser transferida
- Caso 3: “vide procedimentos” – significa que, em al-
para local mais adequado ou para o depósito do órgão
guns casos, há situações específicas para aborda-
ou entidade de trânsito.
gem do condutor.
Quando se tratar de transporte coletivo conduzindo
O AIT deverá ser impresso em, no mínimo, duas vias, passageiros ou de veículo transportando produto peri-
exceto o registrado em equipamento eletrônico. goso ou perecível, desde que o veículo ofereça condições
Uma via do AIT será utilizada pelo órgão ou entida- de segurança para circulação em via pública, a retenção
de de trânsito para os procedimentos administrativos de pode deixar de ser aplicada imediatamente.
aplicação das penalidades previstas no CTB. A outra via
deverá ser entregue ao condutor, quando se tratar de Remoção do Veículo
autuação com abordagem, ainda que este se recuse a
assiná-lo. A remoção do veículo consiste em deslocar o veículo
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

Nas infrações cometidas com combinação de veícu- para o depósito fixado pela autoridade de trânsito com
los, preferencialmente será autuada unidade tratora. Na circunscrição sobre a via. Tem por finalidade restabelecer
impossibilidade desta, a unidade tracionada. as condições de segurança, fluidez da via, garantir a boa
ordem administrativa, dentre outras hipóteses estabele-
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS cidas pela legislação.
A medida administrativa de remoção é independente
Medidas administrativas são providências de caráter da penalidade de apreensão e não se caracteriza como
complementar, exigidas para a regularização de situa- medida antecipatória desta.
ções infracionais, sendo, em grande parte, de aplicação

35
A remoção deve ser feita por meio de veículo destina- Habilitação
do para esse fim ou, na falta deste, valendo-se da própria
capacidade de movimentação do veículo a ser removido, Para a condução de veículos automotores é obriga-
desde que haja condições de segurança para o trânsito. tório o porte do documento de habilitação, apresentado
A remoção do veículo não será aplicada se o condu- no original e dentro da data de validade.
tor, regularmente habilitado, sanar a irregularidade no O documento de habilitação não pode estar plasti-
local, desde que isso ocorra antes que a operação de re- ficado para que sua autenticidade possa ser verificada.
moção tenha sido iniciada, ou quando o agente avaliar
que a operação de remoção trará ainda mais prejuízo à São documentos de habilitação:
segurança e/ou fluidez da via.
Este procedimento somente se aplica para o veículo - Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) - ha-
devidamente licenciado e que esteja em condições de bilita o condutor somente para conduzir ciclomo-
segurança de circulação. tores e cicloelétricos;
A restituição dos veículos removidos só ocorrerá após - Permissão para Dirigir (PPD) - categorias A e B;
o pagamento das multas, taxas e despesas com remoção - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - categorias
e estada, além de outros encargos previstos na legislação A, B, C, D e E.
especifica.

Recolhimento do Documento de Habilitação CATEGORIA ESPECIFICAÇÃO


Todos os veículos automotores e
O recolhimento do documento de habilitação tem elétricos, de duas ou três rodas, com
por objetivo imediato impedir a condução de veículos ou sem carro lateral.
nas vias públicas enquanto perdurar a irregularidade A Ciclomotor, caso o condutor não
constatada. possua ACC.
O documento de habilitação será recolhido pelo Não se aplica a quadriciclos, cuja
agente, mediante recibo, sendo uma das vias entregue, categoria é a B.
obrigatoriamente, ao condutor, e ficará sob custódia do
órgão ou entidade de trânsito responsável pela autuação Veículos automotores e elétricos,
até que o condutor comprove que a irregularidade foi de quatro rodas cujo Peso Bruto
sanada. Total (PBT) não exceda a 3.500 kg
Caso o condutor não compareça ao órgão ou entida- e cuja lotação não exceda a oito
de de trânsito responsável pela autuação em até 5 (cinco) lugares, excluído o do motorista,
dias da data do cometimento da infração, o documento contemplando a combinação de
será encaminhado ao órgão executivo de trânsito res- unidade acoplada, reboque, semi-
ponsável pelo seu registro. reboque ou articulada, desde que
Sanada a irregularidade, a restituição do documento atenda a lotação e capacidade de
B
de habilitação se dará sem qualquer outra exigência. peso para a categoria.
O recibo expedido pelo agente não autoriza a condu- Veículo automotor da espécie
ção do veículo. motor-casa, cujo peso não exceda a
6.000 kg, ou cuja lotação não exceda
Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual a 8 lugares, excluído o do motorista.
(CLA/CRLV) O trator de roda e os equipamentos
Consiste no recolhimento do documento que certifica automotores destinados a executar
o licenciamento do veículo com o objetivo de garantir trabalhos agrícolas, quando
que o proprietário promova a regularização da infração conduzidos em via pública.
constatada. Todos os veículos automotores e
Será aplicada quando não for sanada a irregularidade, elétricos utilizados em transporte de
nos casos em que esteja prevista a medida administrativa carga, cujo PBT exceda a 3.500 kg.
de retenção do veículo ou a penalidade de apreensão do Tratores, máquinas agrícolas e de
veículo; movimentação de cargas, motor-
Quando houver fundada suspeita quanto à inautenti- C casa, combinação de veículos em
cidade ou adulteração, deverão ser adotadas as medidas que a unidade acoplada, reboque,
de polícia judiciária. semi-reboque ou articulada, não
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

De acordo com a Resolução do CONTRAN nº 61/1998, exceda a 6.000 kg de PBT.


o CLA é o Certificado de Registro e Licenciamento de Veí- Todos os veículos abrangidos pela
culos (CRLV). categoria “B”.
Todo e qualquer recolhimento de CLA deve ser do-
cumentado por meio de recibo, sendo que uma das vias
será entregue, obrigatoriamente, ao condutor.
Após o recolhimento do documento pelo agente, a
Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar
medidas destinadas ao registro do fato no RENAVAM.

36
dem de marcha não superior a 400kg, ou 550kg no
Veículos automotores e elétricos
caso do veículo destinado ao transporte de cargas,
utilizados no transporte de
excluída a massa das baterias no caso de veículos
passageiros, cuja lotação exceda a
elétricos, cuja potência máxima do motor não seja
oito lugares, excluído o do condutor.
D superior a 15kW.
Veículos destinados ao transporte de
II - o veículo automotor elétrico com cabine fecha-
escolares independente da lotação. da, possuindo eixo dianteiro e traseiro, dotado de
Todos os veículos abrangidos nas quatro rodas, com massa em ordem de marcha
categorias “B” e “C”. não superior a 400kg, ou 550kg no caso do veículo
Combinação de veículos em que destinado ao transporte de cargas, excluída a mas-
a unidade tratora se enquadre nas sa das baterias, cuja potência máxima do motor
Categorias B, C ou D e: não seja superior a 15kW.
- A unidade acoplada, reboque,
semirreboques, trailer ou articulada, Devem ser observados os seguintes requisitos para
tenha 6.000 Kg ou mais de PBT. condução do quadriciclo nas vias públicas:
- A lotação da unidade acoplada
E I - O condutor e o passageiro devem utilizar capace-
exceda a 8 lugares.
- Seja uma combinação de te de segurança, com viseira ou óculos protetores,
veículos com mais de uma unidade em acordo com a legislação vigente aplicável às
tracionada, independentemente da motocicletas, para os veículos enquadrados no in-
capacidade de tração ou do PBT. ciso I do Art. 2º desta Resolução.
- Todos os veículos abrangidos nas II - A Carteira Nacional de Habilitação do condutor
categorias “B”, “C” e “D”. será do tipo B.

Ficam proibidos:
Condutor oriundo de país estrangeiro
I - O uso de cabine fechada nos veículos enquadrados
O condutor de veículo automotor, oriundo de país es- no inciso I do Art. 2º desta Resolução.
trangeiro e nele habilitado, poderá dirigir portando Per- II - A transformação de outros tipos de veículos em
missão Internacional para Dirigir (PID) ou documento de quadriciclos.
habilitação estrangeira, acompanhados de documento II - A circulação em vias públicas de veículos similares
de identificação, quando o país de origem do condutor sem homologação.
for signatário de Acordos ou Convenções Internacionais,
ratificados pelo Brasil, respeitada a validade da habilita- A Resolução n.º 598 regulamenta a produção e a ex-
ção de origem e o prazo máximo de 180 dias da sua es- pedição da Carteira Nacional de Habilitação, com novo
tada regular no Brasil. leiaute e requisitos de segurança.
A expedição da Carteira Nacional de Habilitação –
DISPOSIÇÕES FINAIS
CNH obedecerá ao previsto no art.159 do Código de
O condutor de motocicleta, motoneta e ciclomotor, Transito Brasileiro – CTB e deverá conter novo leiaute,
quando desmontado e puxando ou empurrando o veícu- papel com marca d`agua, requisitos de segurança e 2
lo nas vias públicas, não se equipara ao pedestre, estan- números de identificação nacional e 1 (um) número de
do sujeito às infrações previstas no CTB. identificação estadual, que são:
O conteúdo dos itens do Sumário deste Manual se
aplica, no que couber, à fiscalização das infrações pre- I – Registro Nacional - primeiro número de identifica-
vistas no Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito – ção nacional, que será gerado pelo sistema infor-
Volume I. matizado da Base Índice Nacional de Condutores
– BINCO, composto de 9 (nove) caracteres mais 2
A Resolução n.º 573 estabelece os requisitos de segu- (dois) dígitos verificadores de segurança, sendo
rança e circulação de veículos automotores denomina- único para cada condutor e o acompanhará duran-
dos quadriciclos. Todos os veículos novos devem possuir te toda a sua existência como condutor, não sendo
código de marca/modelo/versão e Certificado de Ade- permitida a sua reutilização para outro condutor.
quação a Legislação de Trânsito (CAT), conforme procedi- II – Número do Espelho da CNH - segundo número
mento estabelecido pelo DENATRAN por meio da Porta- de identificação nacional, que será formado por
ria DENATRAN nº 190, de 30 de junho de 2009, para fins 9 (nove) caracteres mais 1 (um) dígito verificador
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

de registro e licenciamento junto aos órgãos executivos de segurança, autorizado e controlado pelo Órgão
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal. Máximo Executivo de Trânsito da União e identifi-
cará cada espelho de CNH expedida.
Para os efeitos desta Resolução, entende-se como
quadriciclos: a) O dígito verificador será calculado pela rotina de-
nominada de “módulo 11” e sempre que o resto da divi-
I - o veículo automotor com estrutura mecânica simi- são for zero (0) ou um (1), o dígito verificador será zero
lar às motocicletas, possuindo eixo dianteiro e tra- (0);
seiro, dotado de quatro rodas, com massa em or-

37
III – Número do formulário RENACH - número de o recebimento da multa de trânsito (de sua com-
identificação estadual, documento de coleta de petência ou de terceiros), sendo responsáveis pelo
dados do candidato/condutor gerado a cada ser- repasse dos 5% (cinco por cento) do valor da multa
viço, composto, obrigatoriamente, por 11 (onze) de trânsito à conta do Fundo Nacional de Seguran-
caracteres, sendo as duas primeiras posições for- ça e Educação de Trânsito – FUNSET;
madas pela sigla da Unidade de Federação expedi- VI - RENACH: Registro Nacional de Condutores Ha-
dora, facultada a utilização da última posição como bilitados;
dígito verificador de segurança. VII - RENAVAM: Registro Nacional de Veículos Auto-
motores;
a) O número do formulário RENACH identificará a VIII - RENAINF: Registro Nacional de Infrações de
Unidade da Federação onde o condutor foi habilitado ou Trânsito.
realizou alterações de dados no seu cadastro pela última
vez. Após a verificação da regularidade e da consistência
b) O Formulário RENACH que dá origem às informa- do Auto de Infração de Trânsito, a autoridade de trânsito
ções na BINCO e autorização para a impressão da CNH expedirá, no prazo máximo de 30 dias contados da data
deverá ficar arquivado em segurança no órgão ou enti- do cometimento da infração, a Notificação da Autuação
dade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Fe- dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão cons-
deral. tar os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB.
A autoridade de trânsito poderá socorrer-se de meios
A expedição da Carteira Nacional de Habilitação – tecnológicos para verificação da regularidade e da con-
CNH, modelo único, será obrigatória quando: sistência do Auto de Infração de Trânsito.
Sendo a infração de responsabilidade do condutor,
I – da obtenção da Permissão para Dirigir na “ACC” e e este não for identificado no ato do cometimento da
nas categorias “A”, “B” ou “AB”, com validade de infração, a Notificação da Autuação deverá ser acompa-
1(um) ano; nhada do Formulário de Identificação do Condutor Infra-
II – da substituição da Permissão para Dirigir pela tor, que deverá conter, no mínimo:
CNH definitiva, ao término do prazo de validade
de 1 (um) ano, desde que atendido ao disposto no I - identificação do órgão ou entidade de trânsito res-
§ 3º do Art. 148 do CTB; ponsável pela autuação;
III – da adição ou da mudança de categoria; II - campos para o preenchimento da identificação do
IV – da perda, dano ou extravio; condutor infrator: nome e números de registro dos
V – da renovação dos exames para a CNH, exceto o documentos de habilitação, identificação e CPF;
exame toxicológico; III - campo para a assinatura do proprietário do ve-
VI – houver a reabilitação do condutor; ículo;
VII – ocorrer alteração de dados do condutor; IV - campo para a assinatura do condutor infrator;
VIII – da substituição do documento de habilitação IV - placa do veículo e número do Auto de Infração
estrangeira. de Trânsito;
V - data do término do prazo para a identificação do
A Resolução n.º 619 estabelece e normatiza os pro- condutor infrator e interposição da defesa da au-
cedimentos para a aplicação das multas por infrações, a tuação;
arrecadação e o repasse dos valores arrecadados. Para os VI - esclarecimento das consequências da não identi-
fins previstos nesta Resolução, entende-se por: ficação do condutor infrator;
VII - instrução para que o Formulário de Identificação
I - Auto de Infração de Trânsito: é o documento que do Condutor Infrator seja acompanhado de cópia
dá início ao processo administrativo para imposi- reprográfica legível do documento de habilitação
ção de punição, em decorrência de alguma infra- do condutor infrator e do documento de identifi-
ção à legislação de trânsito. cação do proprietário do veículo ou seu represen-
II - notificação de autuação: é o procedimento que tante legal, o qual, neste caso, deverá juntar docu-
dá ciência ao proprietário do veículo de que foi mento que comprove a representação;
cometida uma infração de trânsito com seu veícu- VIII - esclarecimento de que a indicação do condutor
lo. Caso a infração não tenha sido cometida pelo infrator somente será acatada e produzirá efeitos
proprietário do veículo, deverá ser indicado o con- legais se o formulário de identificação do condutor
dutor responsável pelo cometimento da infração. estiver corretamente preenchido, sem rasuras, com
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

III - notificação de penalidade: é o procedimento que assinaturas originais do condutor e do proprietário


dá ciência da imposição de penalidade bem como do veículo e acompanhado de cópia reprográfica
indica o valor da cobrança da multa de trânsito. legível dos documentos relacionados no inciso an-
IV - autuador: os órgãos e entidades executivos de terior;
trânsito e rodoviários competentes para julgar a IX - endereço para entrega do Formulário de Identifi-
defesa da autuação e aplicar penalidade de multa cação do Condutor Infrator; e
de trânsito; X - esclarecimento sobre a responsabilidade nas es-
V - arrecadador: os órgãos e entidades executivos de feras penal, cível e administrativa, pela veracidade
trânsito e rodoviários que efetuam a cobrança e das informações e dos documentos fornecidos.

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O proprietário do veículo será considerado responsá- da publicação de ato do DENATRAN que regulamente
vel pela infração cometida, respeitado o disposto no § 2º o CRLVe, devendo ser obrigatória a expedição do docu-
do art. 5º, nas seguintes situações: mento em meio físico ou digital, na forma escolhida pelo
proprietário do veículo.
I - caso não haja identificação do condutor infrator
até o término do prazo fixado na Notificação da A Resolução n.º 723 referenda a Deliberação CON-
Autuação; TRAN nº 163, de 31 de outubro de 2017, que dispõe
II - caso a identificação seja feita em desacordo com sobre a uniformização do procedimento administrativo
o estabelecido no artigo anterior; e para imposição das penalidades de suspensão do direito
III - caso não haja registro de comunicação de venda de dirigir e de cassação do documento de habilitação,
à época da infração. previstas nos arts. 261 e 263, incisos I e II, do Código de
Trânsito Brasileiro (CTB), bem como sobre o curso pre-
Em se tratando de infrações de natureza leve ou mé- ventivo de reciclagem.
dia, a autoridade de trânsito, nos termos do art. 267 do
Esta Resolução estabelece o procedimento adminis-
CTB, poderá, de ofício ou por solicitação do interessado,
trativo a ser seguido pelos órgãos e entidades compo-
aplicar a Penalidade de Advertência por Escrito, na qual
nentes do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), quando
deverão constar os dados mínimos definidos no art. 280
da aplicação das penalidades de suspensão do direito
do CTB e em regulamentação específica.
de dirigir e de cassação do documento de habilitação,
A Notificação da Penalidade de Multa deverá conter: decorrentes de infrações cometidas a partir de 1º de
novembro de 2016, bem como do curso preventivo de
I - os dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e reciclagem.
em regulamentação específica; A penalidade de suspensão do direito de dirigir será
II - a comunicação do não acolhimento da Defesa da imposta nos seguintes casos:
Autuação ou da solicitação de aplicação da Penali- I - sempre que o infrator atingir a contagem de 20, no
dade de Advertência por Escrito; período de 12 meses;
III - o valor da multa e a informação quanto ao des- II - por transgressão às normas estabelecidas no CTB,
conto previsto no art. 284 do CTB; cujas infrações preveem, de forma específica, a penalida-
IV - data do término para apresentação de recurso, de de suspensão do direito de dirigir.
que será a mesma data para pagamento da multa, Esgotados todos os meios de defesa da infração na
conforme §§ 4º e 5º do art. 282 do CTB; esfera administrativa, a pontuação prevista no art. 259 do
V - campo para a autenticação eletrônica, regulamen- CTB será considerada para fins de instauração de proces-
tado pelo DENATRAN; e so administrativo para aplicação da penalidade de sus-
VI - instruções para apresentação de recurso, nos ter- pensão do direito de dirigir.
mos dos arts. 286 e 287 do CTB. Para fins de cumprimento do disposto no inciso II do
art. 3º, o processo de suspensão do direito de dirigir de-
Esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o verá ser instaurado da seguinte forma:
proprietário do veículo por meio postal ou pessoal, as I - para as autuações de competência do órgão exe-
notificações de que trata esta Resolução serão realizadas cutivo de trânsito estadual de registro do documento
por edital publicado em diário oficial, na forma da lei, de habilitação do infrator, quando o infrator for o pro-
respeitados o disposto no §1º do art. 282 do CTB e os prietário do veículo, será instaurado processo único para
prazos prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de aplicação das penalidades de multa e de suspensão do
novembro de 1999, que estabelece prazo de prescrição
direito de dirigir, nos termos do § 10 do art. 261 do CTB;
para o exercício de ação punitiva.
II - para as demais autuações, o órgão ou entidade
responsável pela aplicação da penalidade de multa, en-
A Resolução n.º 624 regulamenta a fiscalização de
cerrada a instância administrativa de julgamento da in-
sons produzidos por equipamentos utilizados em veí-
culos, a que se refere o art. 228, do Código de Trânsito fração, comunicará imediatamente ao órgão executivo
Brasileiro – CTB. Fica proibida a utilização, em veículos de de trânsito do registro do documento de habilitação,
qualquer espécie, de equipamento que produza som au- via RENAINF ou outro sistema, para que instaure proces-
dível pelo lado externo, independentemente do volume so administrativo com vistas à aplicação da penalidade
ou frequência, que perturbe o sossego público, nas vias de suspensão do direito de dirigir.
terrestres abertas à circulação. O ato instaurador do processo administrativo de sus-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

pensão do direito de dirigir de que trata esta Resolução,


A Resolução n.º 720 institui o Certificado de Regis- conterá o nome, a qualificação do infrator, a(s) infra-
tro e Licenciamento de Veículo Eletrônico (CRLVe), que ção(ões) com a descrição sucinta dos fatos e a indicação
poderá ser expedido em meio eletrônico, na forma es- dos dispositivos legais pertinentes. Instaurado o proces-
tabelecida em portaria do Departamento Nacional de so, far-se-á a respectiva anotação no prontuário do in-
Trânsito (DENATRAN). frator, a qual não constituirá qualquer impedimento ao
O CRLVe deverá ser implantado pelos órgãos e en- exercício dos seus direitos.
tidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, no prazo de até 30 de junho de 2019 a partir

39
A autoridade de trânsito deverá expedir notificação IV - a autoridade de trânsito de registro do documen-
ao infrator, contendo no mínimo, os seguintes dados: to de habilitação do condutor, que tomar ciência
da condução de veículo automotor por pessoa
I - a identificação do infrator e do órgão de registro com direito de dirigir suspenso, por qualquer meio
do documento de habilitação; de prova em direito admitido, deverá instaurar o
II - a finalidade da notificação, qual seja, dar ciência processo de cassação do documento de habilita-
da instauração do processo administrativo para ção;
imposição da penalidade de suspensão do direito V - quando não houver abordagem, não será instau-
de dirigir por somatório de pontos ou por infração rado processo de cassação do documento de ha-
específica; bilitação:
III - a data do término do prazo para apresentação
da defesa; a) ao proprietário do veículo, nas infrações original-
IV - informações referentes à(s) infração(ões) que mente de sua responsabilidade;
ensejou(aram) a abertura do processo administra- b) nas infrações de estacionamento, quando não for
tivo, fazendo constar: possível precisar que o momento inicial da conduta se
deu durante o cumprimento da penalidade de suspensão
a) o(s) número(s) do(s) auto(s) de infração(ões); do direito de dirigir.
b) órgão(s) ou entidade(s) que aplicou(aram) a(s)
penalidade(s) de multa; I - é possível a instauração do processo de cassação
c) a(s) placa(s) do(s) veículo(s); do documento de habilitação do proprietário que
d) tipificação(ões), código(s) da(s) infração(ões) e não realizar a indicação do condutor infrator de
enquadramento(s) legal(is); que trata o art. 257, § 7º, do CTB.
e) a(s) data(s) da(s) infração(ões); e II - no caso de reincidência, no prazo de doze meses,
f) o somatório dos pontos, quando for o caso. das infrações previstas no inciso III do art. 162 e
nos arts. 163, 164, 165, 173, 174 e 175, todos do
Da notificação constará a data do término do prazo CTB.
para a apresentação da defesa, que não será inferior a 15 III - o processo administrativo será instaurado após
dias contados a partir da data da notificação da instaura- esgotados todos os meios de defesa da infração
ção do processo administrativo. que configurou a reincidência, na esfera adminis-
A notificação devolvida, por desatualização do en- trativa, devendo o órgão executivo de registro do
dereço do infrator no RENACH, será considerada válida documento de habilitação observar as informações
para todos os efeitos legais. registradas no RENAINF ou outro sistema;
A notificação a pessoal de missões diplomáticas, de IV - para fins de reincidência, serão consideradas as
repartições consulares de carreira e de representações datas de cometimento das infrações, independen-
de organismos internacionais e de seus integrantes será temente da fase em que se encontre o processo de
remetida ao Ministério das Relações Exteriores para as aplicação de penalidade da primeira infração;
providências cabíveis, passando a correr os prazos a par- V - em relação à primeira infração, serão aplicadas
tir do seu conhecimento pelo infrator. todas as penalidades previstas;
Concluída a análise do processo administrativo, a VI - em relação à infração que configurar reincidência,
autoridade do órgão ou entidade de trânsito proferirá caso haja previsão de penalidade de suspensão do
decisão motivada e fundamentada. Não apresentada, direito de dirigir, esta deixará de ser aplicada, em
não conhecida ou não acolhida a defesa, a autoridade razão da cassação.
de trânsito do órgão de registro do documento de ha-
bilitação aplicará a penalidade de suspensão do direito Decorridos 02 anos da cassação do documento de
de dirigir. habilitação, o infrator poderá requerer a sua reabilitação,
submetendo-se a todos os exames necessários.
Deverá ser instaurado processo administrativo de
Aplicam-se a esta Resolução, os seguintes prazos
cassação do documento de habilitação, pela autoridade
prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de novem-
de trânsito do órgão executivo de seu registro.
bro de 1999:
I - suspenso o direito de dirigir, o infrator conduzir I - Prescrição da Ação Punitiva: 5 anos;
qualquer veículo; II - Prescrição da Ação Executória: 5 anos;
II - o processo administrativo será instaurado após es- III - Prescrição Intercorrente: 3 anos.
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

gotados todos os meios de defesa da infração que


enseja a penalidade de cassação, na esfera admi- O termo inicial da pretensão punitiva relativo à pena-
nistrativa, devendo o órgão executivo de registro lidade de suspensão do direito de dirigir será:
do documento de habilitação observar as informa-
ções registradas no RENAINF ou outro sistema; I - no caso previsto no inciso I do art. 3º desta Re-
III - caso o condutor seja autuado por outra infração solução, o dia subsequente ao encerramento da
que preveja suspensão do direito de dirigir, será instância administrativa referente à penalidade de
aberto apenas o processo administrativo para cas- multa que totalizar 20 ou mais pontos no período
sação, sem prejuízo da penalidade de multa; de 12 meses;

40
II - no caso do inciso I do art. 8º desta Resolução, a III - memória de cálculo comprobatório da estabili-
data da infração; dade do equipamento com carga considerando
III - no caso do inciso II do art. 8º desta Resolução, a ação do vento firmada por engenheiro que se
o dia subsequente ao encerramento da instância responsabilizará pelas condições de estabilidade e
administrativa referente à penalidade de multa. segurança operacional do veículo;
O termo inicial da pretensão punitiva relativo à pe- IV - planta dimensional da combinação, na escala
nalidade de cassação do documento de habilitação será: 1:50, com o equipamento carregado nas condições
mais desfavoráveis indicando:
I - no caso do inciso I do art. 19 desta Resolução, a
data do fato; a) dimensões;
II - no caso do Inciso II do art. 19 desta Resolução, b) distância entre eixos e comprimento dos balanços
o dia subsequente ao encerramento da instância dianteiro e traseiro;
administrativa referente à penalidade de multa da
infração que configurou a reincidência. V - distribuição de peso por eixo;
VI - apresentação do Laudo Técnico conforme o § 2º
Interrompe-se a prescrição da pretensão punitiva do Art. 6º desta Resolução.
com:
Para a circulação e a concessão da Autorização Espe-
I - a notificação de instauração do processo adminis- cial de Trânsito – AET deverão ser observados os seguin-
trativo; tes limites:
II - a aplicação da penalidade de suspensão do di-
reito de dirigir ou de cassação do documento de I - poderá ser admitida, a critério dos órgãos e enti-
habilitação; dades executivos rodoviários, a altura máxima do
III - o julgamento do recurso na JARI, se houver. conjunto carregado de 4,95 m (quatro metros e
noventa e cinco centímetros);
Suspende-se a prescrição da pretensão punitiva ou II - largura: 2,60 m (dois metros e sessenta centíme-
da pretensão executória durante a tramitação de proces- tros) ou até 3,0 m (três metros) quando se tratar de
so judicial, do qual o órgão tenha sido cientificado pelo Combinação para Transporte de Veículos – CTV e
Combinações de Transporte de Veículos e Cargas
juízo.
Paletizadas – CTVP destinada ao transporte de ôni-
bus, chassis de ônibus e de caminhões;
A Resolução n.º 735 estabelece requisitos de seguran- III - comprimento - medido do para-choque dianteiro
ça necessários à circulação de Combinações para Trans- à extremidade posterior (plano inferior e superior)
porte de Veículos – CTV e Combinações de Transporte de da carroceria do veículo:
Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP.
Entende-se por Combinações de Transporte de Veí- a) veículo simples: 14,00 m (quatorze metros);
culos – CTV o veículo ou combinação de veículos cons- b) veículo articulado: até 23,00 m (vinte e três metros),
truídos ou adaptados especial e exclusivamente para o desde que a distância entre os eixos extremos não
transporte de veículos e chassis. ultrapasse a 18,00 m (dezoito metros);
Entende-se por Combinações de Transporte de Veícu- c) veículo com reboque: até 23,00 m (vinte e três me-
los e Cargas Paletizadas – CTVP a combinação de veículos tros);
concebida e construída especialmente para o transporte
de veículos acabados e cargas unitizadas sobre paletes I - os limites legais de Peso Bruto Total Combinado –
ou racks. PBTC e peso por eixo previstos na Resolução CON-
Ficam dispensadas da emissão de Autorização Espe- TRAN nº 210, de 13 de novembro de 2006 e suas
cial de Trânsito – AET as Combinações de Transporte de sucedâneas;
Veículos – CTV e as Combinações de Transporte de Veí- II - a compatibilidade do limite da Capacidade Máxi-
ma de Tração – CMT do caminhão- trator, determi-
culos e Cargas Paletizadas – CTVP com até 4,70 m (quatro
nada pelo seu fabricante, com o Peso Bruto Total
metros e setenta centímetros) de altura, e que atendam
Combinado – PBTC, nos termos do Anexo II;
aos limites de largura e comprimento previstos no art. 3º III - as combinações deverão estar equipadas com
desta Resolução. sistemas de freios conjugados entre si e com o ca-
As empresas e transportadores autônomos de veícu- minhão-trator, atendendo o disposto na Resolução
los deverão requerer a Autorização Especial de Trânsito CONTRAN nº 210, de 13 de novembro de 2006 e
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

– AET perante à autoridade competente, juntando a se- suas sucedâneas;


guinte documentação: IV - os acoplamentos dos veículos rebocados de-
verão ser do tipo automático, conforme NBR
I - requerimento, em 3 (três) vias, indicando nome e 11410/11411, e estar reforçados com correntes ou
endereço do proprietário, devidamente assinado cabos de aço de segurança;
por responsável ou representante credenciado do V - os acoplamentos dos veículos articulados com
proprietário; pino-rei e quinta roda deverão obedecer ao dis-
II - cópia do Certificado de Registro e Licenciamento posto na ABNT NBR NM ISO 337/2001 e suas atu-
do Veículo – CRLV; alizações;

41
VI - contar com sinalização especial na traseira do IV - Art. 230, inciso X:
conjunto veicular, na forma do Anexo III, para a) quando os dispositivos de fixação e ancoragem es-
Combinações com comprimento superior a 19,80 tiverem em desacordo com os requisitos previstos
m (dezenove metros e oitenta centímetros); nesta Resolução;
VII - estar provido de lanternas laterais, colocadas b) quando as Combinações de Transporte de Veículos
em intervalos regulares de no máximo 3,00 m (três e Cargas Paletizadas – CTVP portar sider protetor
metros) entre si, que permitam a sinalização do contra intempéries e este não atender aos requisi-
comprimento total do conjunto. tos previstos no artigo 15 desta Resolução;
I - Art. 231, inciso IV, quando as Combinações de
São dispensadas da emissão da Autorização Especial Transporte de Veículos – CTV e as Combinações
de Trânsito – AET as combinações que atendam as di- de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas –
mensões máximas fixadas pela Resolução CONTRAN nº CTVP e/ou carga estiverem com suas dimensões
210, de 30 de novembro de 2006 e suas sucedâneas, as superiores aos limites estabelecidos legalmente, e
Combinações de Transporte de Veículos – CTV e as Com- não houver a expedição da correspondente Auto-
binações de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas rização Especial de Trânsito – AET, exigida pelo art.
– CTVP com até 4,70 m (quatro metros e setenta centí- 3º desta Resolução;
metros) de altura e que atendam aos limites de largura e
comprimento previstos no art. 3º desta Resolução. II - Art. 231, inciso VI:
Não será concedida Autorização Especial de Trânsito a) quando as Combinações de Transporte de Veículos
– AET para combinações que não atendam integralmente – CTV e as Combinações de Transporte de Veículos
ao disposto nesta Resolução. e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga estiverem
O descumprimento das determinações desta Resolu- com suas dimensões superiores aos limites esta-
ção implicará, conforme o caso, na aplicação das penali- belecidos legalmente, e apresentarem informações
dades descritas nos seguintes dispositivos do Código de divergentes em relação à Autorização Especial de
Trânsito Brasileiro – CTB: Trânsito – AET já expedida;
b) quando as Combinações de Transporte de Veículos
I - Art. 169, quando as Combinações de Transporte de – CTV e as Combinações de Transporte de Veículos
Veículos – CTV e as Combinações de Transporte de e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga estiverem
Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP transitarem com suas dimensões superiores aos limites esta-
com os dispositivos de fixação sem estar devida- belecidos legalmente, e a Autorização Especial de
mente tensionados; Trânsito – AET estiver vencida;
II - Art. 187, inciso I, quando as Combinações de III - Art. 232, quando as Combinações de Transporte
Transporte de Veículos – CTV e as Combinações de Veículos – CTV e as Combinações de Transporte
de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas – de Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou carga
CTVP e/ou carga estiverem com suas dimensões estiverem com suas dimensões superiores aos limi-
superiores aos limites estabelecidos legalmente e tes estabelecidos legalmente no art. 1º desta Re-
existir restrição de tráfego, referente ao local e/ou solução, e não estiverem portando a Autorização
horário, imposta pelo órgão com circunscrição so- Especial de Trânsito – AET regularmente expedida;
bre a via e não constante na Autorização Especial IV - Art. 235, quando a carga ultrapassar os limites
de Trânsito – AET; laterais, posterior e/ou anterior das Combinações
III- Art. 230, inciso IX: de Transporte de Veículos – CTV e as Combinações
de Transporte de Veículos e Cargas Paletizadas –
a) quando for constatada a falta de qualquer um dos CTVP, ainda que não ultrapasse os limites estabe-
dispositivos obrigatórios para fixação e ancoragem lecidos legalmente;
de chassis, veículos e cargas unitizadas sobre pale- V - Art. 237, quando as Combinações de Transporte
tes ou racks, ou do mecanismo de tensionamento de Veículos – CTV e as Combinações de Transporte
(quando aplicável); de Veículos e Cargas Paletizadas – CTVP e/ou car-
b) quando portar os dispositivos obrigatórios para ga estiverem com suas dimensões superiores aos
fixação e ancoragem em mau estado de conser- limites estabelecidos legalmente e a sinalização
vação; especial de advertência não tiver sido instalada ou
c) quando uma ou mais rodas do veículo transporta- não atender aos requisitos previstos no inciso IX
do não estiver ancorada à estrutura de apoio; do artigo 3º e no Anexo III desta Resolução.
d) quando utilizar cordas como dispositivo para amar-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

ração de chassis, veículos e cargas unitizadas sobre


paletes ou racks, em substituição aos dispositivos
de fixação previstos nesta Resolução;
e) quando as Combinações de Transporte de Veículos
e Cargas Paletizadas – CTVP não possuírem sider
protetor contra intempéries, ou este estiver em
mau estado de conservação, em desacordo ao dis-
posto no artigo 15 desta Resolução;

42
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

1. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE 1. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
– 2019) No que se refere aos procedimentos para aplica- - 2019) No que se refere aos procedimentos para aplica-
ção de penalidades previstos no CTB e nas resoluções do ção de penalidades previstos no CTB e nas resoluções do
CONTRAN, julgue o item subsecutivo. CONTRAN, julgue o item subsecutivo. As receitas oriun-
Situação hipotética: Policial rodoviário federal, ao fla- das das multas aplicadas pela PRF serão repassadas ao
grar o condutor de um veículo dirigindo alcoolizado, o DNIT, órgão executivo rodoviário com circunscrição so-
que ficou comprovado pelo teste de etilômetro, lavrou bre as rodovias federais.
o competente auto de infração de trânsito. Assertiva:
Nessa situação, a própria PRF aplicará ao condutor in- ( ) CERTO ( ) ERRADO
frator a penalidade de suspensão do direito de dirigir,
assegurando-lhe a ampla defesa, o contraditório e o de-
2. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
vido processo legal.
- 2019) No que se refere aos procedimentos para aplica-
( ) CERTO ( ) ERRADO ção de penalidades previstos no CTB e nas resoluções do
CONTRAN, julgue o item subsecutivo. Situação hipotéti-
ca: Ao abordar um veículo em rodovia federal, o policial
Resposta: ERRADO
rodoviário federal constatou que o condutor, que era o
Os textos do CTB e da Resolução 723/18, respectiva-
proprietário do veículo, dirigia sem utilizar o cinto de se-
mente:
gurança. O policial lavrou o auto de infração, que conti-
“Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos
nha a assinatura do condutor e especificava o prazo para
de trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbi-
apresentação da defesa da autuação. Assertiva: Nessa si-
to de sua circunscrição:
tuação, fica a PRF dispensada de expedir a notificação da
[...]
autuação ao proprietário do veículo.
II - realizar, fiscalizar e controlar o processo de for-
mação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão de
( ) CERTO ( ) ERRADO
condutores, expedir e cassar Licença de Aprendiza-
gem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional de
Habilitação, mediante delegação do órgão federal 3. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
competente;” - 2019) À luz das disposições do CTB e das resoluções
“Art. 5º As penalidades de que trata esta Resolução se- do CONTRAN acerca das regras de circulação de moto-
rão aplicadas pela autoridade de trânsito do órgão de cicletas, motonetas, ciclomotores, triciclos e quadriciclos
registro do documento de habilitação, em processo motorizados, julgue o item seguinte. Situação hipotética:
administrativo, assegurados a ampla defesa, o contra- Em operação de fiscalização em uma rodovia federal, a
ditório e o devido processo legal.” equipe da PRF verificou que o condutor de um quadrici-
Logo entendemos ser competência dos DETRANs, de- clo não fazia uso do capacete. O policial que abordou o
legada pelo DENATRAN. A PRF é competente para a condutor o liberou, considerando que o uso de capacete
lavratura do auto e aplicação da multa vinculada a in- pelo condutor desse tipo de veículo se restringe à con-
fração, conforme o Art. 20, III do CTB. dução em vias urbanas pavimentadas. Assertiva: Nessa
situação, foram adequadas as condutas do policial e do
condutor.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE


- 2019) À luz das disposições do CTB e das resoluções
do CONTRAN acerca das regras de circulação de moto-
cicletas, motonetas, ciclomotores, triciclos e quadriciclos
motorizados, julgue o item seguinte. É permitido que
motociclista levante a viseira do capacete enquanto o
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

veículo conduzido estiver parado, aguardando a traves-


sia de pedestres diante de semáforo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

43
5. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE superposição de registros, o que impossibilitava a leitura
- 2019) Com relação aos requisitos mínimos previstos do tempo de movimentação do veículo e de suas inter-
nas resoluções do CONTRAN acerca de segurança para rupções. Na ficha de trabalho de autônomo do condutor
amarração de cargas transportadas em veículos de carga, constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de saída =
julgue o item subsequente. Nos veículos com carroceria 17 horas. Além disso, a autorização especial de trânsito
aberta, os dispositivos de amarração devem ser tensio- de posse do condutor não permitia o tráfego em local e
nados pelo lado externo das guardas laterais, indepen- horário distintos do que prevê a norma aplicável.
dentemente do espaço interno ocupado pela carga na
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo
carroceria, como mostram as figuras a seguir.
item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN.
Nessa situação, apesar de o disco-diagrama não se pres-
tar para exame, não cabe a aplicação de penalidade de-
corrente do defeito no aparelho registrador, já que foi
possível a fiscalização do tempo de direção do motorista
por meio da verificação da ficha de trabalho do autôno-
mo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE -


2019) No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviá-
rio federal, em rodovia federal de pista simples, abordou
um veículo do tipo cegonha — combinação de um ca-
minhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de
( ) CERTO ( ) ERRADO
comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me-
tros, que transportava veículos nas plataformas inferior
6. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE - e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo
2019) No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviá- e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava
rio federal, em rodovia federal de pista simples, abordou superposição de registros, o que impossibilitava a leitura
um veículo do tipo cegonha — combinação de um ca- do tempo de movimentação do veículo e de suas inter-
minhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de
rupções. Na ficha de trabalho de autônomo do condutor
comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me-
constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de saída =
tros, que transportava veículos nas plataformas inferior
e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo 17 horas. Além disso, a autorização especial de trânsito
e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava de posse do condutor não permitia o tráfego em local e
superposição de registros, o que impossibilitava a leitura horário distintos do que prevê a norma aplicável.
do tempo de movimentação do veículo e de suas inter- Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo
rupções. Na ficha de trabalho de autônomo do condutor item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN.
constavam: data de saída = 3/1/2019 e hora de saída = O condutor em questão não ultrapassou o tempo má-
17 horas. Além disso, a autorização especial de trânsito ximo ininterrupto de direção previsto na legislação de
de posse do condutor não permitia o tráfego em local e trânsito para o tipo de veículo referido.
horário distintos do que prevê a norma aplicável.
Considerando essa situação hipotética, julgue o próximo ( ) CERTO ( ) ERRADO
item, à luz do CTB e das resoluções do CONTRAN.
Haja vista o horário e o local da vistoria, bem como as 9. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
condições de transporte do veículo, o policial rodoviário - 2019) De acordo com o que dispõem as resoluções do
federal deverá lavrar auto de infração pelo descumpri-
CONTRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos
mento da restrição de tráfego, cabendo a aplicação de
penalidades previstas no CTB. automotores, julgue o item que se segue.
O transporte de bicicletas em dispositivos fixados no teto
( ) CERTO ( ) ERRADO de veículos estará em conformidade com a legislação de
trânsito caso a altura do sistema veículo-dispositivo-bici-
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

cletas não ultrapasse 4,4 metros.


7. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE -
2019) No dia 3/1/2019, às 21 horas, um policial rodoviá-
( ) CERTO ( ) ERRADO
rio federal, em rodovia federal de pista simples, abordou
um veículo do tipo cegonha — combinação de um ca-
minhão-trator e um semirreboque —, com 22 metros de 10. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
comprimento e distância entre eixos extremos de 18 me- - 2019) De acordo com o que dispõem as resoluções do
tros, que transportava veículos nas plataformas inferior CONTRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos
e superior. O disco-diagrama do registrador instantâneo automotores, julgue o item que se segue.
e inalterável de velocidade e tempo do veículo mostrava

44
Independentemente de instruções do fabricante, nos dis- medidor de velocidade do tipo fixo instalado no local.
positivos instalados na parte traseira externa do veículo, Nesse caso, no sentido de aumentar a fiscalização do
a quantidade de bicicletas que podem ser transportadas excesso de velocidade nesse trecho, será correta a uti-
depende do comprimento do balanço traseiro ocupado lização de equipamento do tipo portátil à distância de
pelas bicicletas, que, de acordo com a legislação perti- um quilômetro do medidor de velocidade do tipo fixo já
nente, não pode ultrapassar 60% da distância entre os instalado.
eixos do veículo transportador
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
14. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
- 2019) O item a seguir apresenta uma situação hipo-
11. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE tética relativa a operações de fiscalização em rodovias
- 2019) De acordo com o que dispõem as resoluções do federais seguida de uma assertiva a ser julgada à luz
CONTRAN acerca do transporte de bicicletas em veículos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções
automotores, julgue o item que se segue. do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma
Não se permite o transporte de bicicleta em veículo com operação de fiscalização, na abordagem de um veículo
o compartimento de carga aberto, mesmo que o compri- automotor, o policial rodoviário federal, ao notar que o
mento da bicicleta ultrapasse o comprimento da caçam- condutor do veículo apresentava vermelhidão nos olhos,
ba ou do referido compartimento. odor de álcool no hálito, desordem nas vestes e fala al-
terada, solicitou que o motorista se submetesse ao com-
( ) CERTO ( ) ERRADO petente teste, mas o etilômetro apresentou súbita pane,
tornando-se inservível para o teste. Nessa situação, dian-
te da impossibilidade de confirmar alteração da capaci-
12. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE dade psicomotora do condutor, o policial ficou impedido
- 2019) O item a seguir apresenta uma situação hipotética de lavrar o auto de infração pela conduta de direção sob
relativa a operações de fiscalização em rodovias federais a influência de álcool prevista no CTB.
seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do Conselho ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma rodovia fede-
ral, em um trecho em curva localizado fora do perímetro 15. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CES-
urbano, é alto o índice de acidentes de trânsito, apesar PE - 2019) Com relação ao Sistema Nacional de Trânsito,
de haver medidor de velocidade do tipo fixo instalado julgue o seguinte item. A Polícia Rodoviária Federal inte-
no local. Nesse caso, no sentido de aumentar a fiscaliza- gra o Sistema Nacional de Trânsito, competindo-lhe, no
ção do excesso de velocidade nesse trecho, será correta âmbito das rodovias e estradas federais, implementar as
a utilização de equipamento do tipo portátil à distância medidas da Política Nacional de Segurança e Educação
de um quilômetro do medidor de velocidade do tipo fixo de Trânsito.
já instalado. O item a seguir apresenta uma situação hi-
potética relativa a operações de fiscalização em rodovias ( ) CERTO ( ) ERRADO
federais seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do 16. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). - 2019) Com relação à sinalização de trânsito, julgue o
item subsequente. A sinalização de trânsito segue uma
( ) CERTO ( ) ERRADO ordem de prevalência: as ordens do agente de trânsito
prevalecem sobre as normas de circulação e outros si-
nais; as indicações do semáforo sobre os demais sinais;
13. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE e as indicações dos sinais sobre as demais normas de
- 2019) O item a seguir apresenta uma situação hipo- trânsito.
tética relativa a operações de fiscalização em rodovias
federais seguida de uma assertiva a ser julgada à luz do ( ) CERTO ( ) ERRADO
Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e das resoluções do
Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). Em uma ro- 17. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
dovia federal, em um trecho em curva localizado fora do - 2019) Com relação à sinalização de trânsito, julgue o
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

perímetro urbano, é alto o índice de acidentes de trân- item subsequente. Nas rodovias de pista dupla localiza-
sito, apesar de haver medidor de velocidade do tipo fixo das em vias rurais, a velocidade máxima permitida para
instalado no local. Nesse caso, no sentido de aumentar a automóveis, camionetas e motocicletas será a mesma.
fiscalização do excesso de velocidade nesse trecho, será
correta a utilização de equipamento do tipo portátil à ( ) CERTO ( ) ERRADO
distância de um quilômetro do medidor de velocidade
do tipo fixo já instalado. Em uma rodovia federal, em um
trecho em curva localizado fora do perímetro urbano, é
alto o índice de acidentes de trânsito, apesar de haver

45
18. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CES-
PE - 2019) Com base no disposto no Código de Trânsito
Brasileiro, julgue o próximo item. Se um policial rodoviá- GABARITO
rio federal autuar, por infração de trânsito, um condutor
de veículo em circulação no Brasil, mas licenciado no ex-
terior, o infrator deverá pagar a multa no país de origem 01 ERRADO
do licenciamento do automóvel, na forma estabelecida 02 C
pelo CONTRAN.
03 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO 04 CERTO
05 ERRADO
19. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CES-
PE - 2019) Com base no disposto no Código de Trânsito 06 CERTO
Brasileiro, julgue o próximo item. Para que uma conces- 07 ERRADO
sionária de serviço público de transporte de passageiros 08 CERTO
conheça a pontuação de infrações atribuída a um moto-
rista de seu quadro funcional, que, no exercício da ativi- 09 CERTO
dade remunerada ao volante, tenha tido seu direito de 10 ERRADO
dirigir suspenso, ela deve ter autorização do respectivo
11 ERRADO
empregado, uma vez que essa informação é personalís-
sima. 12 ERRADO
13 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
14 ERRADO
15 CERTO
20. (PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL - CESPE
- 2019) No item que se segue, é apresentada uma situa- 16 CERTO
ção hipotética relativa a infrações previstas no Código de 17 CERTO
Trânsito Brasileiro, seguida de uma assertiva a ser julga- 18 ERRADO
da. Márcio conduzia seu veículo automotor produzindo
fumaça em níveis superiores aos legalmente permitidos. 19 ERRADO
Nessa situação, conforme o nível de fumaça exalada, a 20 ERRADO
conduta de Márcio pode configurar tanto infração admi-
nistrativa como crime de trânsito.

( ) CERTO ( ) ERRADO
LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO

46
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Noções de Organização Administrativa; Centralização, Descentralização, Concentração e Desconcentração............ 01


Administração Direta e Indireta................................................................................................................................................................... 03
Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e Sociedades de Economia mista.......................................................................... 06
Ato administrativo; Conceito, Requisitos, Atributos, classificação e espécies........................................................................... 09
Agentes públicos; Legislação Pertinente; Lei nº 8.112/1990 e suas alterações......................................................................... 15
Disposições constitucionais aplicáveis...................................................................................................................................................... 32
Disposições doutrinárias; Conceito; Espécies; Cargo, emprego e função pública................................................................... 40
Poderes administrativos; Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia; Uso e abuso do poder............................ 45
Licitação; Princípios; Contratação direta: dispensa e inexigibilidade; Modalidades; Tipos; Procedimento.................... 51
Princípios............................................................................................................................................................................................................... 53
Contratação direta: dispensa e inexigibilidade...................................................................................................................................... 54
Controle da Administração Pública; Controle exercido pela Administração Pública; Controle judicial; Controle
legislativo.............................................................................................................................................................................................................. 70
Responsabilidade civil do Estado; Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro; Responsabilidade por
ato comissivo do Estado; Responsabilidade por omissão do Estado........................................................................................... 79
Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado; Causas excludentes e atenuantes da responsa-
bilidade do Estado............................................................................................................................................................................................. 83
Regime jurídicoadministrativo; Conceito; Princípios expressos e implícitos da Administração Pública......................... 85
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRA- privativas da Administração pública direta no âmbito
TIVA; CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZA- mais central possível, isto é, diretamente pelo chefe do
ÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRA- Poder Executivo, seja porque não são atribuições delegá-
ÇÃO veis, seja porque se optou por não delegar.

Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente


Em linhas gerais, descentralização significa transferir a da República:
execução de um serviço público para terceiros que não I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
se confundem com a Administração direta; centralização II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
significa situar na Administração direta atividades que, direção superior da administração federal;
em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
dela; desconcentração significa transferir a execução de previstos nesta Constituição;
um serviço público de um órgão para o outro dentro da IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
própria Administração; concentração significa manter a como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
execução central ao chefe do Executivo em vez de atri- execução;
bui-la a outra autoridade da Administração direta. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
Passemos a esmiuçar estes conceitos: a) organização e funcionamento da administração fe-
deral, quando não implicar aumento de despesa nem
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do criação ou extinção de órgãos públicos; 
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
são de sua competência privativa. Neste sentido, o pre- vagos; 
visto na CF: VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
ditar seus representantes diplomáticos;
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Re- VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
pública poderá delegar as atribuições mencionadas nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao X - decretar e executar a intervenção federal;
Advogado-Geral da União, que observarão os limites XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
traçados nas respectivas delegações. gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
Neste sentido: gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:  providências que julgar necessárias;
a) organização e funcionamento da administração fe- XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
deral, quando não implicar aumento de despesa nem cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
criação ou extinção de órgãos públicos;  XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
gos; 
e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas,
nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; 
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos
em lei; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi- Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
delegável, não a extinção) dor-Geral da República, o presidente e os diretores do
banco central e outros servidores, quando determina-
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem do em lei;
opções de delegar parte de suas atribuições privativas XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da Re- nistros do Tribunal de Contas da União;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pública ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
delegar com relação de hierarquia cada uma destas es- ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
sencialidades dentro da estrutura organizada do Estado. XVII - nomear membros do Conselho da República,
Reforça-se, desconcentrar significa delegar com hierar- nos termos do art. 89, VII;
quia, pois há uma relação de subordinação dentro de XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Esta- Conselho de Defesa Nacional;
do, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Ge- XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
ral da União respondem diretamente ao Presidente da autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
República e, por isso, não possuem plena discricionarie- por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
dade na prática dos atos administrativos que lhe foram gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
delegados. parcialmente, a mobilização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;

1
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis-
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- tração direta o desempenho de funções administrativas
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser
nacional ou nele permaneçam temporariamente; atribuídos a entes de fora da Administração por outorga
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- ou delegação.
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, #FicaDica
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- Todos envolvem transferência na execução
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; de serviços:
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, • Descentralização – da Administração
na forma da lei; para terceiros;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos • Centralização – de terceiros para a Ad-
termos do art. 62; ministração;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta • Desconcentração – de um órgão central
Constituição. para outro na Administração;
• Concentração – de um órgão na Admi-
Descentralizar envolve a delegação de interesses es- nistração para o órgão central.
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o Descentralização e centralização são
que é possível porque não se refere a essencialidades, movimentos externos, desconcentração
ou seja, a atos administrativos que somente possam ser e concentração são movimentos inter-
praticados pela Administração direta porque se referem
a interesses estatais diversos previstos ou não na CF.
Descentralizar é uma delegação sem relação de hierar-
quia, pois é uma delegação de um ente para outro (não EXERCÍCIO COMENTADO
há subordinação nem mesmo quanto ao chefe do Exe-
cutivo, há apenas uma espécie de tutela ou supervisão 1. (PGM-AM - PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE
por parte dos Ministérios – se trata de vínculo e não de – 2018) Acerca dos instrumentos jurídicos que podem
subordinação). ser celebrados pela administração pública para a realiza-
Basicamente, se está diante de um conjunto de pes- ção de serviços públicos, julgue o item a seguir.
soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para A União poderá celebrar convênio com consórcio público
prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa- constituído por municípios para viabilizar a descentrali-
trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno- zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade-
mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga- quadas na área da educação fundamental.
ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos.
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar ( ) CERTO ( ) ERRADO
a descentralização administrativa: outorga e delegação.
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade Resposta: Certo. Pelo instrumento utilizado – convê-
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado nio ou consórcio público – já cabe determinar que se
serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde- trata de um movimento externo (descentralização ou
terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da centralização). Se for de dentro da Administração para
Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. fora, é descentralização, pois sai da autoridade central
Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos da Administração para um terceiro. Assim, o exemplo
serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para descreve corretamente a descentralização.
prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias,
empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- 2. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
dações públicas. TRATIVA – CESPE – 2018) A respeito dos princípios da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A delegação ocorre quando o Estado transfere, por administração pública, de noções de organização admi-
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, nistrativa e da administração direta e indireta, julgue o
para que o ente delegado o preste ao público em seu item que se segue.
próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do A descentralização administrativa consiste na distribui-
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo ção interna de competências agrupadas em unidades
determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de individualizadas.
concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es-
tado transfere aos concessionários e aos permissionários ( ) CERTO ( ) ERRADO
apenas a execução temporária de determinado serviço.
Resposta: Errado. Quando a distribuição se dá de
forma interna, fala-se em concentração (de um órgão
fragmentário para o central) ou em desconcentração
(de um órgão central para unidades individualizadas,

2
como é o caso do exemplo). A descentralização é um Já que não possuem personalidade, atuam apenas no
movimento externo, de dentro da Administração para cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
terceiro, externo à estrutura administrativa. Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito
cumprimento de seus deveres, não respondendo dire-
3. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – CONHECIMENTOS tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
BÁSICOS – CARGOS: 1, 2 E 3 – CESPE – 2018) A respeito personalidade, que responderá.
da organização e dos poderes da administração pública, Esta impossibilidade de se imputar diretamente a
julgue o próximo item. responsabilidade a agentes ou órgãos públicos que es-
A criação de secretaria municipal de defesa do meio am- tejam exercendo atribuições da Administração direta é
biente por prefeito municipal configura caso de descon- denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giër-
centração administrativa. ke, que institui o princípio da impessoalidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO 1.2.2 Órgãos Públicos: teorias

Resposta: Certo. A secretaria municipal seria um “Várias teorias surgiram para explicar as relações do
órgão interno que desempenharia atribuições que Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
poderiam ser exercidas pelo órgão central, a prefei- mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
tura. No caso, para melhor desempenhar as funções, dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
a Prefeitura transferiu o exercício de funções para a que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
Secretaria, um movimento interno, caracterizando to”1. A origem desta teoria está no direito privado, não
desconcentração. tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
presentação: “Posteriormente houve a substituição dessa
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA concepção pela teoria da representação, pela qual a von-
tade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade
do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras
jurídicas que apontam para representantes dos incapa-
Administração direta
zes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado,
pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
Administração Pública direta é aquela formada pelos
jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
entes integrantes da federação e seus respectivos ór-
para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis-
jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que
em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
é dotada de soberania, todos os demais são dotados de
tação”2. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sen-
autonomia.
do visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
que não tem condições plenas de manifestar, de falar,
de resolver pendências; bem como porque se o repre-
Art. 4° A Administração Federal compreende:
sentante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não
I - A Administração Direta, que se constitui dos servi-
poderia ser responsabilizado.
ços integrados na estrutura administrativa da Presi-
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër-
dência da República e dos Ministérios.
ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos admi-
nistrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
A administração direta é formada por um conjunto
que podem ser organizados por decretos autônomos do
de núcleos de competências administrativas, os quais
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de perso-
já foram tidos como representantes do poder central
nalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro
(teoria da representação) e como mandatários do poder
responde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo
central (teoria do mandato).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se estes atos extrapolam das atribuições estatais conferi-


Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, se-
das, sendo-lhe assegurado o direito de regresso.
gundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos
A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do
administrativos criados e extintos exclusivamente por
órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão cen-
lei, mas que podem ser organizados por decretos autô-
tral da Administração, por ser o único dotado de perso-
nomos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos
nalidade jurídica, responderá por danos praticados em
de personalidade jurídica própria.
seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não
Assim, os órgãos da Administração direta não pos-
significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
Administração buscar contra ele o direito de regresso,
em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São
fins de mandado de segurança – tanto como impetrante Paulo: Atlas, 2010.
como quanto impetrado). 2 NOHARA, Irene Patrícia. Direito administrativo. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2013.

3
retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma
pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por FIQUE ATENTO!
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman- O Ministério Público, os Tribunais de Contas
da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a e as Defensorias Públicas não se encaixam
qual poderá exercer direito de regresso contra o agente nesta estrutura, sendo órgãos independentes
público, delegado causador do dano. Repare que a Ad- constitucionais. Em verdade, para Canotilho
ministração não se exime de indenizar mesmo que seu e outros constitucionalistas, estes órgãos não
agente seja culpado. pertencem nem mesmo aos três poderes.
#FicaDica
Teoria do mandato e teoria da representa-
ção: ultrapassadas. Conforme Carvalho Filho3, “a noção de Estado, como
Teoria do órgão: adotada. visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
A teoria da imputação objetiva deriva da tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
teoria do órgão. Ambas são de autoria de seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
Otto Giërke. se trata de Federação, vigora o  pluripersonalismo, por-
que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
1.3 Órgãos Públicos: classificações jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus
Quanto se faz desconcentração da autoridade central quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com-
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara põe o Estado um grande número de repartições internas,
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifica- necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
dos em simples ou complexos (simples se possuem ape- que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais
nas uma estrutura administrativa, complexos se possuem repartições é que constituem os órgãos públicos”.
uma rede de estruturas administrativas) e em unitários
ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concen- Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:
tra em uma pessoa, colegiado se as decisões são toma-
das em conjunto e prevalece a vontade da maioria): • Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais,
distritais e municipais.
• Órgãos independentes – encabeçam o poder ou • Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são
estrutura do Estado, gozando de independência aqueles que detêm condição de comando e de di-
para agir e não se submetendo a outros órgãos. reção, e os subordinados, incumbidos das funções
Cabe a eles definir as políticas que serão imple- rotineiras de execução.
mentadas. É o caso da Presidência da República, • Quanto à composição: singulares, quando integra-
órgão complexo composto pelo gabinete, pela dos em um só agente, e os coletivos, quando com-
Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re- postos por vários agentes.
pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois • Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem
o Presidente da República é o único que toma as atribuições em todo o território nacional, estadual,
decisões). distrital e municipal, e os locais, que atuam em par-
• Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do te do território.
poder, com autonomia funcional, porém subordi- • Quanto à posição estatal: são os que representam
nados politicamente aos independentes. É o caso os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e
de todos os ministérios de Estado. o Judiciário.
• Órgãos superiores – são desprovidos de autono- • Quanto à estrutura: simples ou unitários e com-
mia ou independência, sendo plenamente vincula- postos. Os órgãos compostos são constituídos por
dos aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional vários outros órgãos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e


Emprego; Departamento da Polícia Federal, vincu- 2. Administração Indireta
lado ao Ministério da Justiça.
• Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima A Administração Pública indireta pode ser definida
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: como um grupo de pessoas jurídicas de direito público
órgãos que executam trabalho de campo, policiais ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi-
federais, fiscais do MTE. ca, que atuam paralelamente à Administração direta na
prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi-
dades econômicas.

3  CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-


trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

4
“Enquanto a Administração Direta é composta de
órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se #FicaDica
compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
Administração indireta: autarquias (inclui
entidades”4. Em que pese haver entendimento diverso
agências reguladoras e agências executi-
registrado em nossa doutrina, integram a Administração
vas), fundações públicas, empresas públi-
indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
cas e sociedades de economia mista.
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco-
Não compõem a Administração indireta:
nomia Mista e as Empresas Públicas. concessionárias, permissionárias e entida-
des paraestatais (terceiro setor).
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
Art. 4° A Administração Federal compreende:
II - A Administração Indireta, que compreende as se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personali-
dade jurídica própria:
a) Autarquias; EXERCÍCIO COMENTADO
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista. 1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – CES-
d) fundações públicas. PE – 2018) Tendo como referência a jurisprudência dos
tribunais superiores a respeito da organização adminis-
Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que trativa e dos agentes públicos, julgue o item a seguir.
prestam serviços públicos por delegação, embora não O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen-
integrem os quadros da Administração, quais sejam, os der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato
permissionários, os concessionários e os autorizados. no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da
Essas quatro pessoas integrantes da Administração representação.
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- ( ) CERTO ( ) ERRADO
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar Resposta: Errado. Vigora no Direito Administrativo
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser- brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco- um agente público atua, é como se o próprio Esta-
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e do atuasse, então não há problemas com o fato de a
imperativos da segurança nacional. advocacia pública defender o ocupante de um cargo
Com efeito, de acordo com as regras constantes do público, não importando se o cargo é efetivo ou em
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só comissão.
poderá explorar atividade econômica a título de exceção,
em duas situações, conforme se colhe do caput do refe- 2. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA AD-
rido artigo, a seguir reproduzido: MINISTRATIVA – CESPE – 2017) No que diz respeito a
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- organização administrativa, julgue o item que se segue.
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Órgão público é ente despersonalizado, razão por que
Estado só será permitida quando necessária aos imperati- lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces-
vos de segurança nacional ou a relevante interesse coleti- so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à
vo, conforme definidos em lei. defesa de suas prerrogativas institucionais.
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras
constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare-
fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora Resposta: Errado. Caso a atuação direta do órgão pú-
atividades econômicas nas situações indicadas no artigo blico seja indispensável às suas prerrogativas institu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- cionais, protegendo suas atividades, sua autonomia e
mia, concorre em grau de igualdade com os particulares, sua independência, poderá atuar como parte em pro-
e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi- cesso judicial. O entendimento é firmado pelo próprio
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min. FELIX
todas as obrigações constantes do regime jurídico de FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007).
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis,
comerciais, trabalhistas e tributárias. 3. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL
DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL – CESPE – 2017) A
respeito da organização do Estado e da administração
pública, julgue o item a seguir.

4  Ibid.

5
O principal critério de distinção entre empresa pública e chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da
sociedade de economia mista é que esta integra a admi- lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas
nistração indireta, enquanto aquela integra a administra- diretamente ao Tribunal de Contas.
ção direta. Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis-
( ) CERTO ( ) ERRADO tração direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida
ativa de seus devedores.
Resposta: Errado. O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967 Gozam de imunidade tributária recíproca em relação
enumera as sociedades de economia mista e as em- a todas unidades da federação.
presas públicas, ambas, como integrantes da adminis- A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
tração indireta, ao lado das autarquias e das funda- suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro
ções públicas. para contestar e recorrer, além de reexame necessário
da causa em situações de condenação acima de certos
valores.
Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚ-
extintas por lei, que podem ser complementadas por
BLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA
atos do Executivo, notadamente Decretos.
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais
e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou
Autarquias
intermunicipais (não é permitida a associação de unida-
des federativas para a criação de autarquias).
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
Devem executar atividades típicas do direito público
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com e, notadamente, serviços públicos de natureza social e
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e
para executar atividades típicas da Administração Pú- atividades de cunho econômico e mercantil.
blica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
gestão administrativa e financeira descentralizada. cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
As autarquias são pessoas jurídicas de direito públi- que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
co, de natureza administrativa, criadas para a execução oneração e de usucapião.
de serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas Os agentes públicos das autarquias são concursados
entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e
por lei e comum monopólio do Estado. são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do
“O termo autarquia significa autogoverno ou gover- Executivo.
no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção
semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis- Carvalho Filho6 classifica quanto ao regime jurídi-
trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses co:
a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde
se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) au-
sentido, o termo está ultrapassado e não mais reflete tarquias especiais (ou de regime especial). Segun-
uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar au- do a própria terminologia, é fácil distingui-las: as
tarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte- primeiras estariam sujeitas a uma disciplina jurídi-
grante da Administração Indireta, criada por lei para de- ca sem qualquer especificidade, ao passo que as
sempenhar funções que, despidas de caráter econômico, últimas seriam regidas por disciplina específica,
sejam próprias e típicas do Estado”5. cuja característica seria a de atribuir prerrogativas
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo especiais e diferenciadas a certas autarquias”. São
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- exemplos de autarquias especiais aquelas criadas
te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com para serviços especiais, como autarquias de ensino
capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, (ex.: USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM e
em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de CREA).
direito público, embora exista controvérsia na doutrina. A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De-
portanto, capital exclusivamente público. partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER),
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, plane- Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE),
jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC),
proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao

5  Ibid. 6  Ibid.

6
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu-
rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). #FicaDica
As agências reguladoras sempre serão autar-
3.2 Agências reguladoras quias, embora sujeitas a regime especial.
As agências executivas podem ser autarquia,
São figuras muito recentes em nosso ordenamento fundação pública ou órgão da administração
jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regi- direta que firme contrato de gestão.
me especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com
capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as
regras das autarquias. 4. Fundações públicas
O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no- IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso-
meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrati-
determinado e só pode ser destituído por processo com vos, criada em virtude de autorização legislativa, para
decisão motivada. o desenvolvimento de atividades que não exijam exe-
Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execu- cução por órgãos ou entidades de direito público, com
ção de serviços públicos. Elas não executam o serviço autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido
propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento
típica função de controle da prestação dos serviços pú- custeado por recursos da União e de outras fontes.
blicos e do exercício de atividades econômicas, evitan- As Fundações são pessoas jurídicas compostas por
do a prática de abusos por parte de entidades do setor um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti-
privado. tuidor para atingir uma finalidade específica, denomina-
São titulares da matéria técnica que regulam, de das, em latim, universitas bonorum. Entre estas finalida-
modo que somente elas podem disciplinar as regras e des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural
padrões técnicos desta determinada seara. ou de assistência.
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali- Essa definição serve para qualquer fundação, inclu-
zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin- sive para aquelas que não integram a Administração
gimento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o indireta (não-governamentais). No caso das fundações
atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece- que integram a Administração indireta (governamentais),
bendo e processando denúncias e reclamações, aplican- quando forem dotadas de personalidade de direito pú-
do penas administrativas e multas, bem como rescindin- blico, serão regidas integralmente por regras de direito
do contratos), definir política tarifária e reajustá-la. público. Quando forem dotadas de personalidade de di-
Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- reito privado, serão regidas por regras de direito público
mento brasileiro, destacam-se: Agência Nacional de Ener- e direito privado.
gia Elétrica (ANEEL), a Agência Nacional de Telecomuni- Quando as fundações são criadas pelo Estado são
cações (ANATEL) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). conhecidas como fundações públicas, ou autarquias
fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da
3.3 Agências executivas fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será
criar e organizar a fundação. As fundações públicas são
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações
quia, fundação pública ou órgão da administração direta públicas que adotam regime jurídico de direito público,
que celebra contrato de gestão com o próprio ente po- se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re-
lítico com o qual está vinculado. As agências executivas gras que elas.
se distinguem das agências reguladoras por não terem Entretanto, é possível que a lei autorize (não crie) uma
como objetivo principal o de exercer controle sobre par- fundação pública que adote regime jurídico de direito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo privado, ou então um regime misto, caso em que seus
fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres- servidores poderão se sujeitar à CLT e seu patrimônio
são “agências executivas” corresponde a um título ou não será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei
qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públi- autorizadora deve ser expressa neste sentido.
cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal.
Para uma agência executiva ser constituída é preci- 4.1 Empresas públicas
so que o Ministério da área reconheça a autarquia ou a
fundação como tal. São requisitos a celebração de con- Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
trato de gestão com este Ministério e a adoção de pla-
no estratégico de reestruturação e de desenvolvimento II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
institucional, voltado para a melhoria da qualidade da dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró-
gestão e para a redução de custos, já concluído ou em prio e capital exclusivo da União, criado por lei para
andamento. a exploração de atividade econômica que o Governo

7
seja levado a exercer por força de contingência ou de Alguns exemplos de sociedade mista: Banco do Brasil
conveniência administrativa podendo revestir-se de e Banespa, como exploradoras de atividade econômica;
qualquer das formas admitidas em direito. Petrobrás, Sabesp, Metrô e Companhia de Desenvolvi-
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito mento Habitacional Urbano (CDHU), como prestadoras
Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou de serviços públicos.
para a exploração de atividades econômicas, que contam Estas sociedades de economia mista se caracterizam
com capital exclusivamente público, e são constituídas e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem
por qualquer modalidade empresarial, após autorização fins lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionis-
legislativa do ente federativo criador. tas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital
Sendo a empresa pública uma prestadora de servi- social é formado por recursos públicos e privados, os só-
ços públicos, estará submetida a regime jurídico público, cios são privados e públicos (Estado).
ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de 5. Pontos comuns e distintivos entre empresas pú-
atividade econômica, estará submetida a regime jurídi- blicas e sociedades de economia mista
co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
necessidade de observância, ao menos em suas relações Embora a Constituição Federal reserve a atividade
com os administrados, das regras atinentes ao regime da econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado
Administração, a exemplo dos princípios expressos no os papéis de integração (integrar o Brasil na economia
“caput” do artigo 37 da Constituição Federal. global), regulação (definindo regras e limites na explora-
Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre- ção da atividade econômica por particulares) e interven-
sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como ção (fixação de regras e normas para combater o abuso
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So- do poder econômico) (conforme artigos 173 e seguintes,
cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore
São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e diretamente atividades econômicas se houver um rele-
Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF). vante interesse em matérias (serviços públicos em geral)
Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen- ou atividades de soberania.
ciam das sociedades de economia mista por: não possuí- Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por
rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma meio de sociedades de economia mista e empresas pú-
em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado- blicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de
tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome direito privado, o que evita que o próprio Estado possa
coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú- abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode
blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários,
sócio – unipessoalidade originária ou inicial). tributários e trabalhistas. Além disso, em termos proces-
suais, não gozam das prerrogativas que as autarquias
4.2 Sociedades de economia mista gozam.
Este impedimento de prerrogativas somente se aplica
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: quando o Estado está explorando atividade econômica
propriamente dita, não quando está ofertando serviços
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dota- públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado
da de personalidade jurídica de direito privado, criada pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a neces-
por lei para a exploração de atividade econômica, sob sidade de regras que impeçam o abuso do poder econô-
a forma de sociedade anônima, cujas ações com di- mico. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública
reito a voto pertençam em sua maioria à União ou a e possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.
entidade da Administração Indireta. Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de
economia mista são criadas por lei e a existência delas
As sociedades de economia mista são pessoas jurídi- deve ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se su-
cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi- jeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ços públicos ou para a exploração de atividade econômi- sive, seus bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for
ca, contando com capital misto e constituídas somente prestadora de serviço público e não exploradora de ativi-
sob a forma empresarial de S/A. dade econômica). No entanto, não se sujeitam à falência
Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Es- ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).
tado que participa dela, existem acionistas a ela vincu- Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí-
lados. Entretanto, o Estado deve ser o acionista contro- nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativi-
lador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista dade-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime
majoritário (se o Estado for sócio, mas não for controla- da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contra-
dor, trata-se de empresa comum, não sociedade de eco- tados mediante concurso público de provas ou provas e
nomia mista). títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer
ao teto de remuneração (exceto no caso de sociedade
de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do
governo, apenas com seus lucros).

8
Em relação aos pontos distintivos, vale o reforço, con- 3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA
forme a tabela abaixo: – CESPE – 2018) Considerando a doutrina majoritária,
julgue o próximo item, referente ao poder administrati-
Empresa Pública Sociedade de Economia vo, à organização administrativa federal e aos princípios
Mista básicos da administração pública.
Quando criadas como autarquias de regime especial, as
Não possuem fins Possuem fins lucrativos agências reguladoras integram a administração direta.
lucrativos
Adotam perfis empresariais Adotam o perfil de ( ) CERTO ( ) ERRADO
diversos (inclusive pode sociedade anônima S/A
ser S/A) Resposta: Errado. Como autarquias de regime espe-
Capital social de recursos Capital social de recursos cial, as agências reguladoras fazem parte da Adminis-
públicos públicos e privados tração Indireta.
Apenas sócios públicos Sócios públicos e
privados 4. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – PROGRAMAÇÃO DE
SISTEMAS – CESPE – 2018) Em relação à organização
administrativa e à licitação administrativa, julgue o item
a seguir.
Por ser dotada de personalidade jurídica de direito públi-
EXERCÍCIO COMENTADO co e integrar a administração pública indireta, a empresa
pública não pode explorar atividade econômica.
1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
– 2018) Em relação ao direito administrativo, julgue o ( ) CERTO ( ) ERRADO
item seguinte.
Somente por decreto específico poderá ser criada autar- Resposta: Errado. A empresa pública é integrante da
quia e autorizada a instituição de empresa pública, de Administração Indireta e possui personalidade jurídica
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à de direito privado. Pode ser criada para exploração de
lei complementar definir as áreas de atuação. atividades econômicas ou para prestação de serviços
públicos (artigo 5o, II, Decreto-Lei nº 200/1967).
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Disciplina o artigo 37, XIX, CF: “so-


mente por lei específica poderá ser criada autarquia
ATO ADMINISTRATIVO; CONCEITO, RE-
e autorizada a instituição de empresa pública, de so-
QUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO E
ciedade de economia mista e de fundação, cabendo à
lei complementar, neste último caso, definir as áreas
ESPÉCIES
de sua atuação”. Somente fundação pública tem suas
áreas de atuação determinadas por lei federal. Basta
lei ordinária para criar autarquia e autorizar a institui- Fato administrativo, ato da administração e ato
ção de empresa pública ou sociedade de economia administrativo
mista – Decreto é insuficiente para tanto.
Os fatos administrativos são todos os eventos que re-
2. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- percutem na esfera administrativa. Se dividem em: natu-
TRATIVA – CESPE – 2018) A respeito dos princípios da rais, que se originam de fenômenos da natureza; e volun-
administração pública, de noções de organização admi- tários, atos administrativos, que formalizam a providência
nistrativa e da administração direta e indireta, julgue o desejada pelo administrador através da manifestação
item que se segue. da vontade, e atos da administração, que são condutas
administrativas, que refletem os comportamentos e as
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

As autarquias são pessoas jurídicas criadas por lei e pos-


suem liberdade administrativa, não sendo subordinadas ações administrativas, sem um ato administrativo formal.
a órgãos estatais. Noutras palavras, “os fatos administrativos podem
ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos vo-
( ) CERTO ( ) ERRADO luntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos
administrativos, que formalizam a providência desejada
Resposta: Certo. O artigo 5o, I, Decreto-Lei nº pelo administrador através da manifestação da vonta-
200/1967 descreve a autarquia como serviço autôno- de; 2ª) por condutas administrativas, que refletem os
mo, ou seja, estas possuem independência em relação comportamentos e as ações administrativas, sejam ou
aos órgãos da Administração direta; e também diz que não precedidas de ato administrativo formal. Já os fa-
estas são criadas por lei. tos administrativos naturais são aqueles que se originam
de fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na
órbita administrativa. Assim, quando se fizer referência

9
a fato administrativo, deverá estar presente unicamen-
te a noção de que ocorreu um evento dinâmico da #FicaDica
Administração”7.
Atos da Administração ≠ Atos administra-
Já “a expressão atos da Administração traduz sentido
tivos.
amplo e indica todo e qualquer ato que se origine dos
Atos privados da Administração = atos da
inúmeros órgãos que compõem o sistema administrativo
Administração → regime jurídico de direito
em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, entre os atos
privado.
da Administração se enquadram atos que não se carac- Atos públicos da Administração = atos ad-
terizam propriamente como atos administrativos, como é ministrativos → regime jurídico de direito
o caso dos atos privados da Administração. Exemplo: os público.
contratos regidos pelo direito privado, como a compra
e venda, a locação etc. No mesmo plano estão os atos
materiais, que correspondem aos fatos administrativos,
Requisitos
noção vista acima: são eles atos da Administração, mas
não configuram atos administrativos típicos. Alguns au-
1. Competência
tores aludem também aos atos políticos ou de governo”8.
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais
A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
ampla. Envolve, também, os atos privados da Adminis-
sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impos-
tração, referentes às ações da Administração no atendi-
sível impor que um único órgão as exercesse por com-
mento de seus interesses e necessidades operacionais
pleto. Por isso, tais atribuições são distribuídas entre os
e instrumentais agindo no mesmo plano de direitos e
diversos órgãos que compõem a Administração Pública.
obrigações que os particulares. O regime jurídico será o
Esta divisão das atribuições entre os órgãos da Adminis-
de direito privado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis,
tração Pública é conhecida como competência.
compra de bens de consumo, contratação de água/luz/
Basicamente, competência é o poder-dever atribuído
internet.
a determinado agente público para praticar certo ato ad-
Basicamente, envolve os interesses particulares da
ministrativo. A pessoa jurídica, o órgão e o agente públi-
Administração, que são secundários, para que ela pos-
co devem estar revestidos de competência.
sa atender aos interesses primários – no âmbito destes
Conceitua Carvalho Filho10 que “competência é o cír-
interesses primários (interesses públicos, difusos e coleti-
culo definido por lei dentro do qual podem os agentes
vos) é que surgem os atos administrativos, que são atos
exercer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda
públicos da Administração, sujeitos a regime jurídico de
que a competência administrativa pode ser colocada em
direito público.
plano diverso da competência legislativa e jurisdicional.
A competência é pressuposto essencial do ato ad-
Conceito e pressupostos
ministrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei
O ato administrativo é uma espécie de fato adminis-
e a CF fixam as competências primárias, que abrangem
trativo e é em torno dele que se estrutura a base teórica
o órgão como um todo; podendo existir atos internos
do direito administrativo.
de organização que fixam as divisões de competências
Os atos administrativos se situam num plano supe-
dentro dos órgãos, em seus diversos segmentos.
rior de direitos e obrigações, eis que visam atender aos
A competência se reveste de dois atributos essenciais:
interesses públicos primários, denominados difusos e
inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a
coletivos. Logo, são atos de regime público, sujeitos a
outro por mera vontade entre as partes ou por consenti-
pressupostos de existência e validade diversos dos es-
mento do agente público; e improrrogabilidade, pois um
tabelecidos para os atos jurídicos no Código Civil, e sim
órgão competente não se transmuta em incompetente
previstos na Lei de Ação Popular e na Lei de Processo
mesmo diante de alteração da lei superveniente ao fato.
Administrativo Federal. Ao invés de autonomia da von-
O ato praticado por sujeito incompetente prescin-
tade, haverá a obrigatoriedade do cumprimento da lei e,
de de pressuposto essencial para o ato administrativo,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

portanto, a administração só poderá agir nestas hipóte-


sendo ele considerado inexistente e incapaz de produzir
ses desde que esteja expressa e previamente autorizada
efeitos.
por lei9.
1.1 Critérios de competência

É possível fixar os critérios de competência nos se-


guintes moldes:

a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da


7  Ibid. função, por exemplo, entre Ministérios e Secreta-
8  Ibid. rias de diversas especialidades.
9  BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São Paulo: Pri-
ma Cursos Preparatórios, 2004. 10  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

10
b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de Mello11, o silêncio da administração não é um ato jurí-
atividades mais complexas a agentes/órgãos de dico, mas quando produz efeitos jurídicos, pode ser um
graus superiores dentro dos órgãos. fato jurídico administrativo. [...] Denota-se que o silêncio
c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização ter- pode consistir em omissão, ausência de manifestação de
ritorial de atividades. vontade, ou não. Em determinadas situações poderá a lei
d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com- determinar a Administração Pública manifestar-se obri-
petência por tempo determinado, notadamente gatoriamente, qualificando o silêncio como manifestação
diante de algum evento específico, como de cala- de vontade. Nesses casos, é possível afirmar que estare-
midade pública. mos diante de um ato administrativo. [...] Desta forma,
quando o silêncio é uma forma de manifestação de von-
1.2 Avocação e delegação tade, produz efeitos de ato administrativo. Isto porque a
lei pode atribuir ao silêncio determinado efeito jurídico,
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a após o decurso de certo prazo. Entretanto, na ausência
competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos ad- de lei que atribua determinado efeito jurídico ao silêncio,
ministrativos a que foi atribuída como própria, salvo os estaremos diante de um fato jurídico administrativo”12.
casos de delegação e avocação legalmente admitidos”.
Delegar é atribuir uma competência que seria sua a 4. Motivo/Vontade
outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver
subordinação; ou horizontal, quando não houver su- Vontade é o querer do ato administrativo e dela se
bordinação). A delegação é parcial e temporária e pode extrai o motivo, que é o acontecimento real que auto-
ser revogada a qualquer tempo. Não podem ser dele- riza/determina a prática do ato administrativo. É o ato
gados os seguintes atos: Competência Exclusiva, Edi- baseado em fatos e circunstâncias, que o administrador
ção de Ato de Caráter Normativo, Decisão de Recursos por escolher, mas deve respeitar os limites e intenções da
Administrativos. lei. Nem sempre os atos administrativos possuem motivo
Avocar é solicitar o que seria de competência de ou- legal. Nos casos em que o motivo legal não está descrito
tro para sua esfera de competência. Basicamente, é o na norma, a lei deu competência discricionária para que
oposto de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior o sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve ser opor-
pega para si as atribuições do subordinado/órgão infe- tuno e conveniente).
rior. Como exige subordinação, toda avocação é vertical. A Teoria dos Motivos Determinantes afirma que os
motivos alegados para a prática de um ato administra-
2. Finalidade tivo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática de
um ato administrativo mediante a alegação de motivos
É a razão jurídica pela qual um ato administrativo foi falsos ou inexistentes determina a sua invalidade. Assim,
abstratamente criado pela ordem jurídica. A lei estabe- “[...] está relacionada a prática de atos administrativos
lece que os atos administrativos devem ser praticados e impõe que, uma vez declarado o motivo do ato, este
visando a um fim, notadamente, a satisfação do interesse deve ser respeitado. Esta teoria vincula o administrador
público. Contudo, embora os atos administrativos sem- ao motivo declarado. Para que haja obediência ao que
pre tenham por objeto a satisfação do interesse público, prescreve a teoria, no entanto, o motivo há de ser legal,
esse interesse é variável de acordo com a situação. Se a verdadeiro e compatível com o resultado. Vale dizer, a
autoridade administrativa praticar um ato fora da fina- teoria dos motivos determinantes não condiciona a exis-
lidade genérica ou fora da finalidade específica, estará tência do ato, mas sim sua validade”13.
praticando um ato viciado que é chamado “desvio de
poder ou desvio de finalidade”. 5. Objeto/Conteúdo

3. Forma É o que o ato afirma ou declara, manifestando a von-


tade do Estado. A lei não fixa qual deve ser o conteúdo
É a maneira pela qual o ato se revela no mundo jurídi- ou objeto de um ato administrativo, restando ao admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

co. Usualmente, adota-se a forma escrita. Eventualmente, nistrador preencher o vazio nestas situações. O ato é
pode ser praticado por sinais ou gestos (ex.: trânsito). A branco/indefinido.
forma é sempre fixada por lei. No entanto, deve se demonstrar que a prática do ato
Relacionada à questão da forma do ato administrati- é oportuna e conveniente (escolha discricionária do ob-
vo, surge a discussão sobre o silêncio do ato administra- jeto). Quando se diz que a escolha do objeto do ato é
tivo, se esse poderia ou não caracterizar a prática de um discricionária não significa que seja arbitrária, pois deve
ato válido. Neste sentido: “Uma questão interessante que se demonstrar a oportunidade e a conveniência.
merece ser analisada no tocante ao ato administrativo é 11  MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administra-
a omissão da Administração Pública ou, o chamado si- tivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
lêncio administrativo. Essa omissão é verificada quando a 12  SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio ad-
administração deveria expressar uma pronuncia quando ministrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.
13  SOUZA, Áurea Maria Ferraz de. Em que consiste a teoria dos mo-
provocada por administrado, ou para fins de controle de
tivos determinantes? Disponível em: <https://lfg.jusbrasil.com.br>.
outro órgão e, não o faz. Para Celso Antônio Bandeira de Acesso em: 01 ago. 2019.

11
4. Classificação quanto à manifestação da vontade
#FicaDica • Atos unilaterais: São aqueles formados pela ma-
nifestação de vontade de uma única pessoa. Ex.:
Para memorizar, note que os requisitos do
Demissão - Para Hely Lopes Meirelles, só existem
ato administrativo se apresentam sob o
os atos administrativos unilaterais.
mnemônico ComFiFoMOb:
• Atos bilaterais: São aqueles formados pela mani-
Competência
festação de vontade de duas pessoas.
Finalidade
Forma • Atos multilaterais: São aqueles formados pela
Motivo vontade de mais de duas pessoas. Ex.: Contrato
Objeto administrativo.

5. Classificação quanto ao destinatário


Classificação • Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com
finalidade normativa, atingindo uma gama de pes-
1. Classificação quanto ao seu alcance soas que estejam na mesma situação jurídica nele
estabelecida. O particular não pode impugnar, pois
• Atos internos: praticados no âmbito interno da os efeitos são para todos.
Administração, incidindo sobre órgãos e agentes • Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter-
administrativos. minada, criando situações jurídicas individuais. O
• Atos externos: praticados no âmbito externo da particular atingido pode impugnar.
Administração, atingindo administrados e contra-
tados. São obrigatórios a partir da publicação. 6. Classificação quanto ao seu regramento
• Atos vinculados: são os que possuem todos os
2. Classificação quanto ao seu objeto pressupostos e elementos necessários para sua
• Atos de império: praticados com supremacia em prática e perfeição previamente estabelecidos em
relação ao particular e servidor, impondo o seu lei que autoriza a prática daquele ato. O adminis-
obrigatório cumprimento. trador é um “mero cumpridor de leis”. Também se
• Atos de gestão: praticados em igualdade de con- denomina ato de exercício obrigatório.
dição com o particular, ou seja, sem usar de suas • Atos discricionários: são os atos que possuem
prerrogativas sobre o destinatário. parte de seus pressupostos e elementos previa-
• Atos de expediente: praticados para dar anda- mente fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a
mento a processos e papéis que tramitam interna- competência, a finalidade e a forma estão previa-
mente na administração pública. São atos de rotina mente fixados na lei – são os pressupostos vincu-
administrativa. lados. Aquilo que está em branco ou indefinido na
lei será preenchido pelo administrador. Tal preen-
3. Classificação quanto à formação chimento deve ser feito motivadamente com base
• Ato simples: nasce por meio da manifestação de em fatos e circunstâncias que somente o adminis-
vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou trador pode escolher. Contudo, tal escolha não é li-
agente da Administração. vre, os fatos e circunstâncias devem ser adequados
• Ato complexo: nasce da manifestação de vontade (razoáveis e proporcionais) aos limites e intenções
de mais de um órgão ou agente administrativo. da lei.
• Ato composto: nasce da manifestação de vontade Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos
de um órgão ou agente, mas depende de outra administrativos se classificam em vinculados ou discri-
vontade que o ratifique para produzir efeitos e tor- cionários. “Os atos vinculados são aqueles que tem o
nar-se exequível. procedimento quase que plenamente delineados em lei,
enquanto os discricionários são aqueles em que o dispo-
sitivo normativo permite certa margem de liberdade para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a atividade pessoal do agente público, especialmente no


que tange à conveniência e oportunidade, elementos
do chamado mérito administrativo. A discricionariedade
como poder da Administração deve ser exercida con-
soante determinados limites, não se constituindo em op-
ção arbitrária para o gestor público, razão porque, desde
há muito, doutrina e jurisprudência repetem que os atos
de tal espécie são vinculados em vários de seus aspectos,
tais como a competência, forma e fim”14.

14  CAVALCANTI, Rodrigo. Ato administrativo: discricionariedade x


vinculação. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br>.
Acesso em: 01 ago. 2019.

12
ser ilidida. Só pode ser quebrada mediante ação decla-
#FicaDica ratória de falsidade, que irá argumentar que houve uma
falsidade material (violação física do documento que traz
Dentre as classificações, merece destaque
o ato) ou uma falsidade ideológica (documento que ex-
aquela que recai sobre o caráter vinculado
pressa uma inverdade).
ou discricionário de um ato administrativo.
Ato vinculado – Obrigatório
• Não há margem para a Administração 4. Presunção de legitimidade
cumprir de outra forma
• A lei fixa requisitos e pressupostos de for- Sempre que a Administração agir se presume que
ma expressa e clara, rejeitando margem de o fez conforme a lei. Tal presunção é relativa (juris tan-
interpretação. tum), podendo, contudo, ser ilidida por qualquer meio
Ato discricionário – Facultativo de prova.
• O administrador decidirá caso a caso con-
forme critérios de oportunidade e conveni-
ência (o denominado mérito do ato admi- #FicaDica
nistrativo)
• Há margem de interpretação que a pró- Todo ato administrativo tem presunção
pria lei deixa, afinal, a lei não pode tudo de veracidade e de legitimidade, mas nem
regular e impedir por completo a atuação todo ato administrativo é imperativo (pode
do administrador porque se caracterizaria precisar da concordância do particular, a
ingerência do Legislativo no Executivo. exemplo dos atos negociais).
• Não significa que o administrador pode
agir de forma arbitrária, se seu ato discri-
cionário não atender a parâmetros de razo- ATOS ADMINISTRATIVOS EM ESPÉCIE
abilidade e proporcionalidade poderá ser
questionado. 1. Atos normativos

São atos gerais e abstratos visando a correta aplica-


FIQUE ATENTO! ção da lei. São exemplos: decretos, regulamentos, regi-
mentos, resoluções, deliberações, entre outros.
Cabe controle judicial dos atos administra- A Administração, por intermédio da autoridade que
tivos discricionários? Não quanto ao mérito, tem o poder de editá-los, elabora normativas buscando
porém sim no caso de violação de parâme-
explicar e especificar um comando já contido em lei. Não
tros gerais do Direito Administrativo, como
cabe inovar nestas normativas, pois não cabe ao Executi-
os princípios da administração pública.
vo legislar. Caso o Executivo transcenda seus poderes, o
Legislativo poderá sustar o ato.
Atributos Surge neste ponto a discussão sobre Decretos autô-
nomos. A Constituição Federal prevê a competência do
1. Imperatividade Presidente da República para dispor sobre a organiza-
ção e o funcionamento da administração pública federal,
Em regra, a Administração decreta e executa unilate- conforme art. 84, IV e VI da Constituição Federal: “IV -
ralmente seus atos, não dependendo da participação e sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
nem da concordância do particular. Do poder de império expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
ou extroverso, que regula a forma unilateral e coercitiva [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização
de agir da Administração, se extrai a imperatividade dos e funcionamento da administração federal, quando não
atos administrativos. implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públi-
2. Autoexecutoriedade cos, quando vagos”. Assim o Executivo desempenha seu
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

poder regulamentar: regulando para buscar a fiel execu-


Em regra, a Administração pode concretamente exe- ção de uma lei específica ou para organizar a adminis-
cutar seus atos independente da manifestação do Poder tração sem ônus (no último caso, estaríamos diante dos
Judiciário, mesmo quando estes afetam diretamente a chamados decretos autônomos15).
esfera jurídica de particulares.
2. Atos ordinatórios
3. Presunção de veracidade
Disciplinam o funcionamento da Administração e a
Todo ato editado ou publicado pela Administração é conduta de seus agentes. Possuem, assim, um caráter
presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no con- interno.
teúdo, o que se denomina “fé pública”. Evidente que tal
presunção é relativa (juris tantum), mas é muito difícil de 15  LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2011.

13
Se ligam ao aspecto do poder hierárquico, notada- Resposta: Certo. Conforme a presunção de veracida-
mente, os poderes de ordenar, comandar, fiscalizar e de, todo ato editado ou publicado pela Administração
corrigir as condutas. Tais atos envolvem delegação de é presumivelmente verdadeiro, seja na forma, seja no
competência, avocação de competência, expedição de conteúdo, o que se denomina “fé pública”. Já de acor-
ordem de serviço e instruções específicas (de caráter não do com a presunção de legitimidade, sempre que a
normativo). Administração agir se presume que o fez conforme a
São exemplos: instruções, circulares, avisos, por- lei. Ambas presunções são relativas (juris tantum).
tarias, ofícios, despachos administrativos, decisões
administrativas. 2. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – CO-
NHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2018) No que se re-
3. Atos negociais fere a atos administrativos, julgue o item que se segue.
Na classificação dos atos administrativos, um critério co-
São aqueles estabelecidos entre Administração e ad- mum é a formação da vontade, segundo o qual, o ato
ministrado em consenso. Em suma, o particular solicita e pode ser simples, complexo ou composto. O ato comple-
a Administração responde – daí haver uma certa bilatera- xo se apresenta como a conjugação de vontade de dois
lidade, que, contudo, se difere da típica bilateralidade de ou mais órgãos, que se juntam para formar um único ato
negócios jurídicos de natureza civil, pois não existe uma com um só conteúdo e finalidade.
relação de contraprestação usual nos contratos.
Como são solicitados pelo particular, estes atos não ( ) CERTO ( ) ERRADO
são dotados do atributo da imperatividade. Geralmente,
o poder público terá discricionariedade em atender ou Resposta: Certo. Conceitua-se ato simples como o
não a solicitação (mas a negativa deve ser razoável). que nasce por meio da manifestação de vontade de
São exemplos: licenças, autorizações, permissões, um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente da
aprovações, vistos, dispensa, homologação, renúncia. Administração. Já o ato complexo é aquele que nas-
ce da manifestação de vontade de mais de um órgão
4. Atos enunciativos ou agente administrativo (o ato é uno, mas ocorrerá a
manifestação de mais de um agente, todas igualmen-
São aqueles em que a Administração certifica ou te relevantes). Já o ato composto nasce da manifesta-
atesta um fato sem vincular ao seu conteúdo. São atos ção de vontade de um órgão ou agente, mas depende
administrativos apenas no sentido formal, pois não ma- de outra vontade que o ratifique para produzir efeitos
nifestam uma vontade da Administração, mas sim ape- e tornar-se exequível.
nas declaram certa informação. Não possuem conteúdo
decisório. 3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – CESPE – 2018) A respeito do direito administrativo,
São exemplos: atestados, certidões, pareceres. dos atos administrativos e dos agentes públicos e seu
regime, julgue o item a seguir.
5. Atos punitivos A licença consiste em um ato administrativo unilateral e
discricionário.
São aqueles que emanam punições aos servidores. Se
insere no campo do poder disciplinar. São exemplos: ad- ( ) CERTO ( ) ERRADO
vertências, suspensões, cassações e destituições.
Resposta: Errado. Licença é o ato administrativo uni-
lateral e vinculado pelo qual a Administração faculta
EXERCÍCIO COMENTADO àquele que preencha os requisitos legais o exercício
de uma atividade.

4. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – CESPE


1. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA –
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– 2018) Julgue o item a seguir, relativo aos atos admi-


CESPE – 2018) Julgue o item que se segue, a respeito nistrativos.
dos atos da administração pública. São exemplos de atos administrativos normativos os de-
Todos os fatos alegados pela administração pública são cretos, as resoluções e as circulares.
considerados verdadeiros, bem como todos os atos ad-
ministrativos são considerados emitidos conforme a lei, ( ) CERTO ( ) ERRADO
em decorrência das presunções de veracidade e de legi-
timidade, respectivamente. Resposta: Errado. Os atos normativos são aqueles
que tem por objetivo definir os parâmetros de exe-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cução da lei e, como ela, possuem generalidade e
abstração. Consideram-se atos normativos os decre-
tos e as resoluções. Contudo, as circulares, cujo pro-
pósito é circular uma informação interna importante

14
ao desempenho das funções do órgão, orientando • nacionalidade brasileira (universidades e institui-
seus servidores, carecem de generalidade e abstração, ções de pesquisa científica e tecnológica federais
inserindo-se na categoria de atos ordinatórios, cujo podem prover seus cargos com professores, técni-
propósito é viabilizar o exercício do poder hierárqui- cos e cientistas estrangeiros, conforme artigo 5o, §
co, disciplinando o funcionamento da administração e 3o);
a atuação dos agentes. • gozo dos direitos políticos;
• quitação com as obrigações militares e eleitorais;
5. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – CONHECIMENTOS • nível de escolaridade exigido para o exercício do
BÁSICOS – CARGOS: 1, 2 E 3 – CESPE 2018) Julgue o cargo;
item a seguir, relativo a atributos, espécies e anulação • idade mínima de dezoito anos;
dos atos administrativos. • aptidão física e mental.
Regulamento e ordem de serviço são exemplos, respec-
tivamente, de ato administrativo normativo e de ato ad- Assegura-se a reserva de vagas (cotas) para pessoas
ministrativo ordinatório. portadoras de deficiência no percentual de 20%, confor-
me artigo 5o, § 2o.
( ) CERTO ( ) ERRADO A investidura (vinculação da pessoa ao cargo) ocor-
re com a posse (artigo 7o). No ato de posse, se assinará
Resposta: Certo. Regulamento tem por fim disciplinar termo, com atribuições, deveres, responsabilidades e di-
o cumprimento de uma lei, possuindo generalidade e reitos. É possível tomar posse por procuração específica.
abstração, sendo assim um ato normativo. Já a ordem O prazo para a posse é de 30 (trinta) dias a contar do
de serviço visa determinar a um servidor que exerça provimento (artigo 13).
determinada atividade de sua alçada, caracterizando- Após a posse, a pessoa entrará em exercício, que é o
-se por sua especificidade e pela relevância no exer- efetivo desempenho do cargo. O prazo para entrar em
cício do poder hierárquico pela Administração, sendo exercício é de 15 (quinze) dias da posse. Para as funções
assim um ato ordinatório. em confiança não há prazo de 15 dias da posse para o
exercício, até mesmo porque ela não existe nestas fun-
ções, de forma que o prazo para exercício será o do dia
da publicação do ato de designação; na promoção tam-
AGENTES PÚBLICOS; LEGISLAÇÃO PERTI-
bém não há nova posse, então o servidor não tem 15 dias
NENTE; LEI Nº 8.112/1990 E SUAS ALTERA- para entrar em exercício, o fazendo no dia da publicação
ÇÕES do ato (artigo 15).
Toda vez que houver início, suspensão, interrupção e
reinício do exercício haverá registro no assentamento in-
Disposições preliminares dividual do servidor (artigo 16).
Se o servidor estava em exercício em outro município
A Lei nº 8.112/1990 institui o Regime Jurídico dos Ser- (devido a remoção, redistribuição, requisição, cessão ou
vidores Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive exercício provisório) e é convocado por publicação para
as em regime especial, e das fundações públicas federais retomar a posição superior tem um prazo entre 10 (dez)
(artigo 1o), considerando como servidor a pessoa legal- e 30 (trinta) dias, dos quais pode desistir, se quiser (artigo
mente investida em cargo público (artigo 2o) e tendo car- 18).
go público como o conjunto de atribuições e responsabi-
lidades previstas na estrutura organizacional que devem 3. Formas de provimento dos cargos públicos
ser cometidas ao servidor (artigo 3o).
A lei criará o cargo público, que poderá ser efetivo, Provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa,
caso em que o ingresso se dará mediante concurso, ou transformando-a em servidora pública. Segundo Hely Lo-
em comissão, quando por uma relação de confiança o pes Meirelles16, provimento “é o ato pelo qual se efetua
superior puder nomear seus funcionários enquanto es- o preenchimento do cargo público, com a designação de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tiver ocupando aquela posição de chefia (artigo 3o, pa- seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agen-
rágrafo único). Todo serviço público será remunerado te não possui vinculação anterior com a Administração
pelos cofres públicos (artigo 4o). Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um
Em seguida, o Título II aborda o provimento, a vacân- vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal,
cia, a remoção, a redistribuição e a substituição. sem ascensão na carreira, ou vertical, com ascensão na
carreira.
2. Investidura, posse e exercício O provimento pode ser, conforme artigo 8o:
• originário/inicial – se o agente não possui vincula-
Para ser investida num cargo público, a pessoa deve ção anterior com a Administração Pública – apenas
preencher requisitos, conforme artigo 5o: por nomeação;

16  MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São


Paulo: Malheiros, 1993.

15
• derivado – pressupõe a existência de um vínculo 3.2 Promoção
com a Administração, o qual pode ser horizontal,
sem ascensão na carreira, ou vertical, com ascen- Trata-se de forma de provimento do cargo público
são na carreira – promoção, readaptação, reversão, em decorrência da ascensão na carreira. Somente é pos-
aproveitamento, reintegração e recondução. sível se o cargo for estruturado em carreira, não se admi-
Se dá por ato da autoridade competente (artigo 6o). tindo nos cargos isolados.
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer-
3.1 Nomeação cício, que é contado no novo posicionamento na carreira
a partir da data de publicação do ato que promover o
Se dá em caráter efetivo ou em comissão. O cargo servidor.
em comissão é temporário e não depende de concur- Na promoção não há nova posse. Então, o servidor
so público. Se o servidor for nomeado para outro cargo não tem 15 (quinze) dias para entrar em exercício, o fa-
em comissão poderá exercer ambos de maneira interina zendo no dia da publicação do ato.
(temporária), mas somente poderá receber remuneração
por um deles, o que optar (artigo 9o). O cargo efetivo 3.3 Readaptação
permite que o ocupante adquira estabilidade e depende
de prévia habilitação em concurso público de provas ou Trata-se da realocação de servidor que tenha se tor-
de provas e títulos (artigo 10). nado deficiente para cargo compatível.
O concurso público será de provas ou de provas e Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em
títulos (artigo 11). No concurso de provas o candidato cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
é avaliado apenas pelo seu desempenho nas provas, com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
ao passo que nos concursos de provas e títulos o seu física ou mental verificada em inspeção médica.
currículo em toda sua atividade profissional também é § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o rea-
considerado. daptando será aposentado.
O candidato terá que se inscrever no concurso e pa- § 2o A readaptação será efetivada em cargo de atri-
gar a taxa de inscrição fixada no edital, salvo as hipóteses buições afins, respeitada a habilitação exigida, nível
de isenção (artigo 11). O concurso será aberto por edital, de escolaridade e equivalência de vencimentos e, na
com requisitos e informações sobre as vagas ofertadas. hipótese de inexistência de cargo vago, o servidor
Poderá ter validade de 2 anos, prorrogáveis por mais 2 exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor-
anos (artigo 12). rência de vaga.
Nomeada, a pessoa tomará posse no cargo no prazo
de 30 (trinta) dias, após inspeção médica oficial (atestan- Se o funcionário deixa de ter condições físicas ou psi-
do a capacidade física e mental para o desempenho das cológicas para ocupar seu cargo, deverá ser readaptado
funções) (artigos 13 e 14). para cargo semelhante que não exija tais aptidões. Ex.:
O servidor público efetivo nomeado passará por um funcionário trabalhava como atendente numa repar-
período de avaliação de desempenho denominado está- tição, se movimentando o tempo todo e sofre um aci-
gio probatório. Devido ao artigo 41, CF, o prazo é de 3 dente, ficando paraplégico. Sua capacidade mental não
(três) anos. Neste período, a aptidão e a capacidade do ficou prejudicada, embora seja inconveniente ele ter que
servidor serão avaliadas, sendo que se aprovado adqui- fazer tantos movimentos no exercício das funções. Por
rirá estabilidade. São requisitos para a aprovação no es- isso, pode ser reconduzido para outro cargo técnico na
tágio probatório: assiduidade, disciplina, capacidade de repartição que seja mais burocrático e exija menos mo-
iniciativa, produtividade e responsabilidade (artigo 20). vimentação física, como o de assistente de um superior.
O servidor público estável só perderá o cargo: em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado; median- 3.4 Reversão
te processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa; mediante procedimento de avaliação pe- Trata-se do retorno do servidor ao cargo ocupado
riódica de desempenho, na forma de lei complementar, quando anteriormente aposentado por invalidez, caso
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

assegurada ampla defesa (artigos 21 e 22). cesse a doença ou condição incapacitante, ou mediante
requerimento.
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
#FicaDica aposentado: 
A jornada de trabalho para ocupantes de I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
cargos efetivos será de 40 (quarenta) horas insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou 
semanais, com 6 (seis) a 8 (oito) horas diá- II - no interesse da administração, desde que: 
rias. A jornada de trabalho para ocupantes a) tenha solicitado a reversão; 
de cargo em comissão é integral, ou seja, b) a aposentadoria tenha sido voluntária; 
não há limites para horas trabalhadas (ar- c) estável quando na atividade;
tigo 19). d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an-
teriores à solicitação; 
e) haja cargo vago.

16
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo Se um servidor for injustamente demitido e a sua de-
resultante de sua transformação. missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salá-
será considerado para concessão da aposentadoria. rios do período em que foi afastado). Caso o cargo es-
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o teja extinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo
cargo, o servidor exercerá suas atribuições como exce- exista e alguém o estiver ocupando, este será retirado do
dente, até a ocorrência de vaga.  cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interes-
se da administração perceberá, em substituição aos 3.6 Recondução
proventos da aposentadoria, a remuneração do car-
go que voltar a exercer, inclusive com as vantagens Trata-se do retorno de servidor a cargo anteriormente
de natureza pessoal que percebia anteriormente à ocupado em decorrência de inabilitação no estágio pro-
aposentadoria.  batório de outro cargo ou por ter o ocupante anterior
§ 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os sido reintegrado.
proventos calculados com base nas regras atuais se
permanecer pelo menos cinco anos no cargo.  Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste cargo anteriormente ocupado e decorrerá de:
artigo.  I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro
cargo;
Na reversão em decorrência de revogação da aposen- II - reintegração do anterior ocupante.
tadoria por invalidez, um servidor declarado inválido e Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de
aposentado readquire a capacidade para o trabalho, não origem, o servidor será aproveitado em outro, obser-
subsistindo os motivos para que permaneça aposentado. vado o disposto no art. 30.
Na reversão a requerimento no interesse da adminis-
tração, o servidor público já havia se aposentado (por Como visto, quando um servidor é promovido ele se
idade ou por tempo de contribuição) e deseja voltar a sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado,
desempenhar o cargo. É preciso que o cargo esteja vago voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém
e que a aposentadoria voluntária (não compulsória) te- estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha
nha ocorrido nos 5 (cinco) anos antes da solicitação. Me- sido injustamente demitido, quando este voltar deve-
rece destaque a impossibilidade de cumulação da apo- rá desocupar o cargo. Se a posição antes ocupada não
sentadoria com a remuneração caso o servidor retorne estiver livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo
às funções (a remuneração substituirá a aposentadoria). semelhante.

Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver


completado 70 (setenta) anos de idade. 3.7 Aproveitamento

Com 70 (setenta) anos, o servidor é obrigado a se Trata-se do retorno de um servidor posto em dispo-
aposentar (aposentadoria compulsória), então não há nibilidade. Deve se dar de imediato, tão logo surja a vaga
como reverter uma aposentadoria. em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
o anteriormente ocupado.
3.5 Reintegração
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponi-
Trata-se do retorno de servidor a cargo anteriormente bilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigató-
ocupado ou em cargo resultante de sua transformação rio em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis
quando invalidada a decisão de sua demissão. com o anteriormente ocupado.
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor determinará o imediato aproveitamento de servidor
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estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos ór-
resultante de sua transformação, quando invalidada a gãos ou entidades da Administração Pública Federal.
sua demissão por decisão administrativa ou judicial, Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art.
com ressarcimento de todas as vantagens. 37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor mantido sob responsabilidade do órgão central do
ficará em disponibilidade, observado o disposto nos Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal -
arts. 30 e 31. SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro
§ 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual órgão ou entidade.
ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
direito à indenização ou aproveitado em outro cargo, cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em
ou, ainda, posto em disponibilidade. exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por
junta médica oficial.

17
Servidor posto em disponibilidade não é servidor c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipó-
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja tese em que o número de interessados for superior ao
um posto adequado para que ocupe. Quando ele sur- número de vagas, de acordo com normas preestabele-
gir, deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada cidas pelo órgão ou entidade em que aqueles estejam
a disponibilidade, deixando de ser servidor público. No lotados.
caso, responderá a processo administrativo disciplinar
que resultará na pena de cassação da disponibilidade. Redistribuição é o deslocamento de um cargo para
outro órgão ou entidade, o qual poderá estar livre ou
4. Formas de vacância dos cargos públicos ocupado. Se estiver ocupado, o servidor será redistribuí-
do junto dele e, caso não o seja, será colocado em dispo-
Vacância é o que se dá quando um cargo fica livre. nibilidade para futuro aproveitamento.
Pode decorrer, nos termos do artigo 33, em razão de:
• Exoneração – nos cargos efetivos, a pedido ou de Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
ofício (se não aprovado no estágio probatório ou provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do
não entrar em exercício no prazo legal) (artigo 34); quadro geral de pessoal, para outro órgão ou entida-
nos cargos em comissão, a juízo da autoridade de do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão
competente (exoneração ad nutum, pode se dar central do SIPEC, observados os seguintes preceitos:
de imediato e sem justificativa) ou a pedido (artigo I - interesse da administração;
35); II - equivalência de vencimentos;
• Demissão; III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
• Promoção; IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
• Readaptação; complexidade das atividades;
• Aposentadoria; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou ha-
• Posse em outro cargo inacumulável; bilitação profissional;
• Falecimento. VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
finalidades institucionais do órgão ou entidade.
5. Remoção, redistribuição e substituição § 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajusta-
mento de lotação e da força de trabalho às necessida-
Remoção é o deslocamento do servidor no mes- des dos serviços, inclusive nos casos de reorganização,
mo quadro de servidores. Pode ocorrer a pedido ou de extinção ou criação de órgão ou entidade.
ofício. Para que ocorra a pedido, a Administração terá § 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
discricionariedade para deliberar, exceto nos casos de mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC
necessidade de mudança de localidade para acompa- e os órgãos e entidades da Administração Pública Fe-
nhamento de cônjuge ou companheiro, por motivo de deral envolvidos.
saúde do servidor ou de dependente e em virtude de § 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão
processo seletivo interno. No caso de remoção de ofício, ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desne-
se dará no interesse da Administração. cessidade no órgão ou entidade, o servidor estável que
não for redistribuído será colocado em disponibilida-
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pe- de, até seu aproveitamento na forma dos arts. 30 e 31.
dido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com § 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado
ou sem mudança de sede. em disponibilidade poderá ser mantido sob responsa-
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, bilidade do órgão central do SIPEC, e ter exercício pro-
entende-se por modalidades de remoção: visório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
I - de ofício, no interesse da Administração; aproveitamento.
II - a pedido, a critério da Administração; Substituição é a mudança de uma pessoa que está
III - a pedido, para outra localidade, independente- ocupando cargo de chefia ou direção por outra nos
mente do interesse da Administração: casos em que estiver impedida ou afastada.
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a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, tam- Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função
bém servidor público civil ou militar, de qualquer dos de direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natu-
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal reza Especial terão substitutos indicados no regimento
e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da interno ou, no caso de omissão, previamente designa-
Administração; dos pelo dirigente máximo do órgão ou entidade.
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa- § 1o O substituto assumirá automática e cumulativa-
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e mente, sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício
conste do seu assentamento funcional, condicionada do cargo ou função de direção ou chefia e os de Natu-
à comprovação por junta médica oficial; reza Especial, nos afastamentos, impedimentos legais
ou regulamentares do titular e na vacância do cargo,
hipóteses em que deverá optar pela remuneração de
um deles durante o respectivo período.

18
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de pres-
do cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo tação de alimentos resultante de decisão judicial (artigo
de Natureza Especial, nos casos dos afastamentos ou 48).
impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias As vantagens se dividem em indenizações, gratifica-
consecutivos, paga na proporção dos dias de efetiva ções e adicionais (artigo 49). As vantagens pecuniárias não
substituição, que excederem o referido período. serão computadas, nem acumuladas, para efeito de con-
cessão de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulte-
6. Direitos e vantagens riores, sob o mesmo título ou idêntico fundamento (artigo
50).
Em sete capítulos, o terceiro título da legislação em
estudo estabelece os direitos e vantagens do servidor pú- 6.2 Indenizações
blico, para em seguida trazer seus deveres e proibições.
Resume Carvalho Filho17: “os direitos sociais constitu- Indenizações são verbas que visam ressarcir o servidor
cionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual público de despesa que depreenda em decorrência do de-
determina que dezesseis dos direitos sociais outorgados sempenho de suas funções que escapem das ordinárias e
aos empregados sejam estendidos aos servidores públi- inerentes ao trabalho. Elas são pagas apenas quando o
cos. Dentre esses direitos estão o do salário mínimo (art. servidor tiver estas despesas de fato. Assim, não se incor-
7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, VIII); o repouso poram ao vencimento do servidor.
semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família (art. 7°,
XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à gestante • Ajuda de custo – compensa as despesas de insta-
(art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo cons- lação do servidor que, no interesse do serviço, pas-
titucional. [...] Além disso, há vários direitos de natureza sar a ter exercício em nova sede, com mudança de
social relacionados nos diversos estatutos funcionais das domicílio em caráter permanente. Se o cônjuge ou
pessoas federativas. É nas leis estatutárias que se encon- companheiro também for servidor e estiver se mu-
tram tais direitos, como o direito às licenças, à pensão, aos dando para a mesma sede, apenas será paga uma
auxílios pecuniários, como o auxílio-funeral e o auxílio-re- ajuda de custo. As despesas abrangidas pela ajuda
clusão, à assistência, à saúde etc.” de custo se referem ao transporte do servidor e
de sua família, inclusive de seus bens pessoais. Se
6.1 Remuneração e vencimento o servidor falecer na nova sede, sua família pode-
rá solicitar ajuda de custo no prazo de 1 (um) ano
O primeiro direito do servidor é o de receber paga- para voltarem ao local de origem. Se o servidor foi
mento pelo seu trabalho, mediante vencimento, o qual removido a pedido, não terá direito à ajuda de cus-
acrescido de vantagens se denomina remuneração. to (artigo 53). A importância será calculada propor-
• Vencimento é a retribuição pecuniária pelo cargo cionalmente e não poderá exceder 3 (três) meses
público (artigo 40). O vencimento é irredutível (arti- de remuneração (artigo 54). Não será concedida
go 41, § 3o). ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo,
• Remuneração é a soma dos vencimentos com as ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo (ar-
vantagens (artigo 41). tigo 55). Servidor nomeado em cargo em comissão
É garantido o direito ao igual vencimento por igual tra- federal poderá receber ajuda de custo (artigo 56).
balho (artigo 41, § 4o). Caso não se apresente na nova sede no prazo de
Nenhum servidor receberá menos do que o salário mí- 30 (trinta) dias, deverá restituir a ajuda de custo
nimo (artigo 41, § 5o). (artigo 57).
Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a • Diárias – ressarcem o afastamento da sede em ca-
título de remuneração, importância superior à soma dos ráter eventual ou transitório para outro ponto do
valores percebidos como remuneração, em espécie, a território nacional ou para o exterior, correspon-
qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos dendo a passagens e diárias (que pagam pousada,
Ministros de Estado, por membros do Congresso Nacional alimentação e transporte). Será paga 1 (uma) diária
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e Ministros do Supremo Tribunal Federal (artigo 42). por dia de afastamento. Será paga pela metade se
Faltas e atrasos geram perda proporcional da remune- não houver pernoite ou se a União arcar de outra
ração. Não geram perda de remuneração as faltas justifi- forma com as despesas. Se o deslocamento for exi-
cadas e devidamente compensadas (artigo 44). gência permanente do cargo, não haverá direito à
Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, ne- diária. Também não fará jus a diárias o servidor que
nhum desconto incidirá sobre a remuneração ou proven- se deslocar dentro da mesma região metropolitana,
to. É possível a consignação em folha de pagamento de aglomeração urbana ou microrregião, constituídas
forma voluntária, por exemplo, para empréstimos bancá- por municípios limítrofes e regularmente instituí-
rios, limitada a 35% da folha (artigo 45). Além disso, o ven- das, ou em áreas de controle integrado mantidas
cimento, a remuneração e o provento não serão objeto de com países limítrofes, salvo em caso de pernoite
fora da sede (artigo 58). O servidor que receber
diárias e não se afastar da sede, por qualquer mo-
17  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit. tivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no

19
prazo de 5 (cinco) dias; caso se afaste, mas retorne chefia ou assessoramento (artigo 62). Fica transfor-
antes do previsto, deverá restituí-las proporcional- mada em Vantagem Pessoal Nominalmente Identi-
mente (artigo 59). ficada - VPNI a incorporação da retribuição (artigo
• Indenização de transporte – ressarce despesas 62-A).
com a utilização de meio próprio de locomoção • Natalina – 13o salário – corresponde a 1/12 (um
para a execução de serviços externos (artigo 60). doze avos) da remuneração a que o servidor fizer
• Auxílio-moradia – ressarce despesas comprova- jus no mês de dezembro, por mês de exercício no
damente realizadas pelo servidor com aluguel de respectivo ano, sendo a fração superior a 15 (quin-
moradia ou com meio de hospedagem adminis- ze) dias considerada como mês integral (artigo 63).
trado por empresa hoteleira, no prazo de um mês O pagamento é feito no dia 20/12 de cada ano (ar-
após a comprovação da despesa pelo servidor (ar- tigo 64). Em caso de exoneração, o 13o será pago
tigo 60-A). proporcionalmente (artigo 65). A gratificação nata-
São requisitos para o recebimento de auxílio-mora- lina não será considerada para cálculo de qualquer
dia, conforme artigo 60-B: não exista imóvel funcional vantagem pecuniária (artigo 66).
disponível; cônjuge ou companheiro do servidor não • Por encargo, de curso ou concurso – devida ao
ocupe imóvel funcional; servidor ou cônjuge ou compa- servidor que, em caráter eventual: atuar como ins-
nheiro não seja ou tenha sido proprietário, promitente trutor em curso de formação, de desenvolvimen-
comprador, cessionário ou promitente cessionário de to ou de treinamento regularmente instituído no
imóvel no Município; nenhuma outra pessoa que resi- âmbito da administração pública federal; participar
da com o servidor receba auxílio-moradia; servidor te- de banca examinadora ou de comissão para exa-
nha se mudado do local de residência para ocupar cargo mes orais, para análise curricular, para correção de
em comissão ou função de confiança do Grupo-Direção provas discursivas, para elaboração de questões de
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de provas ou para julgamento de recursos intentados
Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalen- por candidatos; participar da logística de prepa-
tes; servidor ou cônjuge ou companheiro não ser pro- ração e de realização de concurso público envol-
prietário de imóvel dentro da mesma região metropoli- vendo atividades de planejamento, coordenação,
tana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas supervisão, execução e avaliação de resultado,
por municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou quando tais atividades não estiverem incluídas
em áreas de controle integrado mantidas com países li- entre as suas atribuições permanentes; participar
mítrofes; servidor não tenha sido domiciliado ou tenha da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame
residido no Município, nos últimos doze meses, aonde vestibular ou de concurso público ou supervisionar
for exercer o cargo em comissão ou função de confiança, essas atividades. Não se incorporam, são devidas
desconsiderando-se prazo inferior a sessenta dias dentro apenas no período do encargo (artigo 76-A).
desse período; deslocamento não tenha sido por força
de alteração de lotação ou nomeação para cargo efetivo; 6.4 Adicionais
deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% Os adicionais são parcelas que se acrescem ao salá-
do valor do cargo em comissão, função comissionada rio em razão das condições de trabalho mais gravosas,
ou cargo de Ministro de Estado ocupado e não poderá como em horários anormais ou em situações penosas e
exceder 25% da remuneração de Ministro de Estado e, insalubres. Podem se incorporar. São eles:
independentemente destes limites, não poderá exceder
R$1.800,00 (artigo 60-D). No caso de falecimento, exo- • Insalubridade/Periculosidade – paga a servido-
neração, colocação de imóvel funcional à disposição do res que trabalhem com habitualidade em locais
servidor ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia conti- insalubres ou em contato permanente com subs-
nuará sendo pago por um mês (artigo 60-E). tâncias tóxicas, radioativas ou com risco de vida,
fazem jus a um adicional sobre o vencimento do
6.3 Gratificações cargo efetivo (artigo 68). Se o servidor tiver direito
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a ambos, terá que optar por um deles (artigo 68,


As gratificações são valores pagos como acréscimos § 1o). O direito cessa com a eliminação dos riscos
à remuneração, sendo concedido como gratidão à cola- (artigo 68, § 2o). As atividades serão permanente-
boração ou como prêmio aos resultados do trabalho do mente controladas (artigo 69), com especial aten-
servidor. As gratificações podem se incorporar, salvo a ção aos servidores que trabalham com Raio X, que
paga por Encargo, de curso ou concurso. Podem ser: serão submetidos a exames a cada 6 (seis) meses
(artigo 72). A servidora lactante ou gestante exer-
• Pelo exercício de função de direção, chefia e cerá suas atividades em local salubre e em serviço
assessoramento – pago ao servidor ocupante não penoso e não perigoso (artigo 69, parágrafo
de cargo efetivo investido em função de direção, único).
• Atividades penosas – devido aos servidores em
exercício em zonas de fronteira ou em localidades
cujas condições de vida o justifiquem (artigo 71).

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• Serviço extraordinário – horas extras – valor da • Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
hora normal com acréscimo de 50%, cabendo no ou Companheiro – justifica-se por mudança do
máximo 2 (duas) horas extras por jornada (artigos cônjuge de um servidor público de cidade ou país
73 e 74). ou para exercer mandato eletivo. O prazo da licen-
• Noturno – prestado em horário compreendido ça é indeterminado e não haverá remuneração (ar-
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) tigo 84).
horas do dia seguinte, com o valor-hora acrescido • Licença para o Serviço Militar – justifica-se para
de 25% (vinte e cinco por cento) (artigo 75). o caso de convocação do servidor para o serviço
• De férias – 30 (trinta) dias a cada 12 (doze) meses militar. Quando estiver exercendo o serviço mili-
de trabalho, com acréscimo de 1/3 da remunera- tar, o servidor será remunerado. Quando deixar de
ção no período de férias (artigo 76). exercer, terá o prazo de 30 (trinta) dias para reto-
mar o exercício das atribuições de seu cargo como
6.5 Férias servidor civil, dentro do qual não será remunerado
(artigo 85).
As férias são direito do servidor, permitindo que pos- • Licença para Atividade Política – justifica-se para
sua um período de descanso remunerado de 30 (trinta) o caso de servidor candidato a cargo político ele-
dias. As férias podem ser acumuladas por, no máximo, 2 tivo. Se exercer cargo de direção, chefia, assesso-
(dois) períodos. Para o primeiro período aquisitivo são ramento, arrecadação ou fiscalização é obrigatória
exigidos 12 (doze) meses de exercício. Faltas do serviço a licença entre o dia da candidatura e 10 (dez) dias
não podem ser compensadas das férias. As férias podem após as eleições. Neste período entre o registro da
ser parceladas em até 3 (três) etapas (artigo 77). candidatura até o fim das eleições, a licença será
Em até 2 (dois) dias antes do início do período de remunerada por no máximo 3 (três) meses. O ser-
férias, a remuneração delas deve ser paga. Em caso de vidor também pode pedir licença não remunerada
exoneração, haverá pagamento proporcional (artigo 78). durante o período entre a sua escolha como can-
“O servidor que opera direta e permanentemente didato em convenção partidária e a véspera do re-
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vin- gistro de sua candidatura (artigo 86).
te) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade • Licença para Capacitação – justifica-se para o
profissional, proibida em qualquer hipótese a acumula- aperfeiçoamento profissional do servidor, sendo
ção” (artigo 79). limitada pelo prazo de 3 (três) meses e assegurada
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo a remuneração (artigo 87).
direito da coletividade de manutenção da paz e da or- • Licença Para Tratar Interesses Particulares –
dem social, cabendo a interrupção por motivo de cala- concedida para trato de assuntos particulares do
midade pública, comoção interna, convocação para júri, servidor, os quais não precisam ser apontados de
serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço forma específica e dispensam justificativa. Limita-
(artigo 80). -se ao prazo de 3 (três) anos e não será remunera-
da. Não pode ser concedida ao servidor em está-
6.6 Licenças gio probatório (artigo 91).
• Licença para Desempenho de Mandato Classis-
Licenças permitem que o servidor não exerça suas ta – justifica-se para o caso de eleição do servidor
funções por um período de tempo. As licenças se divi- como responsável por gerir (cargo de direção) ou
dem em: representar em tempo integral entidade de classe
• Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Fa- (respeitado o limite de 2 servidores para entidades
mília – justifica-se por problema de saúde com um com até 5.000 associados; 4 servidores para enti-
familiar próximo ou dependente legal. Exige-se pe- dades com mais de 5.000 e até 30.000 associados;
rícia médica oficial e neste período o servidor não 8 servidores para entidades com mais de 30.000
pode desempenhar outras atividades remuneradas associados). Esta licença não será remunerada e
(artigos 81 e 83). A licença apenas será concedi- terá igual duração ao tempo de mandato (artigo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da se for impossível que o servidor desempenhe 92).


suas funções e preste assistência ao tratamento de • Licença para Tratamento de Saúde – justifica-se
pessoa da sua família. Num período de 12 (doze) por doença do servidor que exija afastamento para
meses, poderá ser concedida a licença remunerada tratamento, conforme comprovado por perícia
por até 60 (sessenta) dias e não remunerada por médica oficial ou, caso exceda 120 (cento e vinte)
até 90 (noventa) dias. Significa que esgotados 60 dias, por junta médica oficial, ou, caso não ultra-
(sessenta) dias de licença remunerada, será possí- passe 15 (quinze) dias, por outro meio (ex.: ates-
vel obter dentro do período de 1 (um) ano mais 90 tado). Pode ser concedida a pedido ou de ofício e
(noventa) dias de licença não remunerada, totali- será remunerada (artigos 202 a 204).
zando um limite de 150 (cento e cinquenta) dias
por ano para esta modalidade de licença, que po-
dem ser consecutivos ou não (artigo 83).

21
• Licença-Gestante – justifica-se por maternidade no exercício de suas funções após o seu retorno
biológica pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias. por um período igual ao do afastamento concedi-
Começará da data do parto ou no primeiro dia do do (artigo 96-A).
nono mês, salvo necessidade de antecipação. Será
remunerada (artigo 207). 6.8 Concessões
• Licença-Paternidade – justifica-se por paternida-
de, biológica ou adotada, pelo prazo de 5 (cinco) As concessões são períodos curtos em que se permite
dias. Será remunerada (artigo 208). que o servidor se afaste do serviço, se dividindo em, con-
• Licença-Adotante – justifica-se pela obtenção de forme artigos 97 a 99:
guarda oficial de criança, pelo período de 90 (no- • Por 1 (um) dia, para doação de sangue.
venta) dias se a criança tiver até 1 (um) ano e pelo • Pelo período comprovadamente necessário para
período de 30 (trinta) dias se a criança tiver mais de alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado,
1 (um) ano (artigo 210). em qualquer caso, a 2 (dois) dias.
• Por 8 (oito) dias consecutivos em razão de casa-
6.7 Afastamentos mento; falecimento do cônjuge, companheiro,
pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, me-
Os afastamentos permitem que o servidor não exerça nor sob guarda ou tutela e irmãos.
suas funções por um período de tempo em razão de vín- • Horário especial ao servidor estudante se houver
culo com outro órgão ou entidade ou de necessidade de incompatibilidade entre o horário escolar e o da
aperfeiçoamento profissional. Podem ser: repartição, exigida a compensação.
• Horário especial ao servidor com deficiência ou
• Afastamento para Servir a Outro Órgão ou En- que tenha cônjuge, filho ou dependente com de-
tidade – poderá ser cedido para ter exercício em ficiência se comprovada a necessidade por junta
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, médica oficial, dispensada a compensação.
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou • Matrícula em instituição de ensino congênere, em
em serviço social autônomo instituído pela União qualquer época, independentemente de vaga, para
para exercício de cargo em comissão ou função de servidor removido no interesse da administração.
confiança e em casos previstos em leis específicas.
Se o órgão que receberá o servidor for estadual, 6.9 Tempo de serviço
distrital ou municipal, o ônus será dele; noutros
casos, o ônus será mantido com o órgão cedente A contagem do tempo de serviço é feita em dias, que
(artigo 93). serão convertidos em anos, considerado o ano como de
• Afastamento para Exercício de Mandato Eleti- trezentos e sessenta e cinco dias (artigo 101).
vo – mandato federal, estadual ou distrital, ficará Há situações em que o servidor não está exercendo
afastado do cargo; mandato de Prefeito, será afas- suas funções, mas ainda se computa o dia como de tem-
tado do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua po de efetivo serviço, conforme artigo 102: férias; exercí-
remuneração; investido no mandato de vereador, cio de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou
havendo compatibilidade de horário, perceberá as entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remune- e Distrito Federal; exercício de cargo ou função de go-
ração do cargo eletivo, não havendo compatibili- verno ou administração, em qualquer parte do territó-
dade de horário, será afastado do cargo, sendo-lhe rio nacional, por nomeação do Presidente da República;
facultado optar pela sua remuneração (artigo 94). participação em programa de treinamento regularmen-
• Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior te instituído ou em programa de pós-graduação stricto
– com autorização do Presidente da República, sensu no País; desempenho de mandato eletivo federal,
Presidente da Câmara dos Deputados ou do Sena- estadual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para
do Federal ou Presidente do STF (chefe do Poder, promoção por merecimento; júri e outros serviços obri-
conforme a esfera a que o servidor se vincule), para gatórios por lei; missão ou estudo no exterior, quando
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ausentar-se do País para estudo ou missão oficial. autorizado o afastamento, conforme dispuser o regula-
Não excederá a 4 (quatro) anos e somente decor- mento; licença à gestante, à adotante e à paternidade,
rido igual período será permitida nova ausência para tratamento de saúde (limite de vinte e quatro me-
pelo mesmo motivo ou concessão de licença para ses), para o desempenho de mandato classista ou partici-
interesses particulares (artigo 95). pação de gerência ou administração em sociedade coo-
• Afastamento para Participação em Programa perativa constituída por servidores para prestar serviços
de Pós-Graduação Stricto Sensu no País – o ser- a seus membros, por motivo de acidente em serviço ou
vidor se afasta do exercício do cargo efetivo, com doença profissional; para capacitação; por convocação
a respectiva remuneração, para participar em pro- para o serviço militar; deslocamento para a nova sede;
grama de pós-graduação stricto sensu (mestrado participação em competição desportiva nacional ou con-
ou doutorado) em instituição de ensino superior vocação para integrar representação desportiva nacional;
no País. Findo, os servidores terão que permanecer afastamento para servir em organismo internacional de
que o Brasil participe ou com o qual coopere.

22
Noutras situações, não se considera o tempo como Todos os prazos, tanto para a prática de atos de exer-
de efetivo exercício, mas se computa para fins de apo- cício do direito de petição quanto os de prescrição são
sentadoria e disponibilidade: tempo de serviço público fatais e improrrogáveis (artigo 115).
prestado aos Estados, Municípios e Distrito Federal; li- Independentemente da previsão do direito de peti-
cença para tratamento de saúde de pessoal da família ção, não se exclui o poder de autotutela da administra-
do servidor (com remuneração, que exceder a 30 dias ção, que deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quan-
no período de 1 ano); licença para atividade política do do eivados de ilegalidade (artigo 114).
registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao
da eleição; tempo correspondente ao desempenho de 7. Regime disciplinar
mandato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
anterior ao ingresso no serviço público federal; tempo O regime disciplinar do servidor público civil federal
de serviço em atividade privada, vinculada à Previdência está estabelecido basicamente de duas maneiras: deve-
Social; tempo de serviço relativo a tiro de guerra; tempo res e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa:
de licença para tratamento da própria saúde (acima de ambos deveres e proibições são normas protetivas da
24 meses). boa Administração. Nas duas hipóteses, violado o pre-
ceito, cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que
6.10 Direito de petição os deveres constam da lei como ações, como conduta
positiva; as proibições, ao contrário, são descritas como
Estabelece a CF, no art. 5°, XXIV, a) o direito de peti- condutas vedadas ao servidor, de modo que ele deve
ção, assegurado a todos: “são a todos assegurados, inde- abster-se de praticá-las. Em contraposição aos deveres
pendentemente do pagamento de taxas: a) o direito de do servidor público, existem diversas proibições. A vio-
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou lação dos deveres ou a prática de alguma das violações
contra ilegalidade ou abuso de poder”. Os artigos 104 a caracterizam infração administrativa disciplinar.
115 da Lei nº 8.112/1990 descrevem o direito de petição “O disposto no Título IV da Lei nº 8.112/1990 prevê
específico dos servidores públicos civis federais. basicamente um conjunto de obrigações impostas aos
O direito de petição é assegurado ao servidor o di- servidores por ela regidos. Tais obrigações, ora positivas
reito de requerer aos Poderes Públicos, em defesa de di- (os denominados Deveres – art. 116), ora negativas (as
reito ou interesse legítimo (artigo 104). Para o exercício denominadas Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas
do direito de petição, é assegurada vista do processo ou ensejam sua imediata apuração (art. 143) e uma vez com-
documento, na repartição, ao servidor ou a procurador provadas importam na responsabilização administrativa,
por ele constituído (artigo 113). a desafiar, então, a aplicação de uma das sanções ad-
O requerimento será dirigido à autoridade compe- ministrativas (art. 127). Não é por outra razão que o art.
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio da- 124 declara que a responsabilidade administrativa resul-
quela (artigo 105). ta da prática de ato omissivo (quando o servidor deixa de
Cabe pedido de reconsideração à autoridade que cumprir os deveres a ele impostos) ou comissivo (quando
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, viola proibição) praticado no desempenho do cargo ou
não podendo ser renovado. O pedido de reconsideração função”18.
deve ser despachado em 5 dias e decidido em 30 dias
(artigo 106). 7.1 Deveres
Cabe recurso do indeferimento do pedido de reconsi-
deração e das decisões sobre os recursos sucessivamente Os deveres do servidor estão enumerados no artigo
interpostos (artigo 107). 116, Lei n° 8.112/1990. Os deveres do servidor previstos
O prazo para interposição do recurso e do pedido de na Lei n° 8.112/90 são em muito compatíveis com os pre-
reconsideração é de 30 (trinta) dias (artigo 108). Se forem vistos no Código de Ética profissional do Servidor Público
providos, os efeitos retroagem à data do ato impugnado Civil do Poder Executivo Federal (Decreto n° 1.171/1994).
(artigo 109). Descrevem algumas das condutas esperadas do servidor
O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo público quando do desempenho de suas funções. Em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(artigo 109). resumo, o servidor público deve desempenhar suas fun-


Tanto o pedido de reconsideração quanto o recurso ções com cuidado, rapidez e pontualidade, sendo leal à
interrompem a prescrição (artigo 111). A prescrição do instituição que compõe, respeitando as ordens de seus
direito de petição se dá em 5 (cinco) anos, quanto aos superiores que sejam adequadas às funções que desem-
atos de demissão e de cassação de aposentadoria ou penhe e buscando conservar o patrimônio do Estado. No
disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e tratamento do público, deve ser prestativo e não negar
créditos resultantes das relações de trabalho; e de 120 o acesso a informações que não sejam sigilosas. Caso
(cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando ou-
tro prazo for fixado em lei (artigo 110). A prescrição é de
ordem pública, não podendo ser relevada pela adminis-
tração (artigo 112).
18  MORGATO, Almir. O regime disciplinar dos servidores públicos
da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/
artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.

23
presencie alguma ilegalidade ou abuso de poder, deve ente estatal. Este escalonamento, posto em movimen-
denunciar. Tomam-se como base os ensinamentos de to, é o que vimos até agora chamando de hierarquia. A
Lima19 a respeito destes deveres: hierarquia existe para que do alto escalão até a prática
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do dos administrados as coisas funcionem. Disso decorre
cargo; que quando é emitida uma ordem para o servidor su-
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- bordinado, este deve dar cumprimento ao comando.
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- Porém quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária,
ções funcionais e também ao cuidado com a economia inconstitucional ou absurda, o servidor não é obriga-
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- do a dar seguimento ao que lhe é ordenado. Quando
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens a ordem é manifestamente ilegal? Há uma margem de
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir interpretação, principalmente se o servidor subordinado
com dedicação no desempenho das funções do cargo não tiver nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de o bom senso que irá margear o que é flagrantemente
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car- inconstitucional”.
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não V - atender com presteza:
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com a) ao público em geral, prestando as informações re-
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- queridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
tual menor capacidade de desempenho, para não con- b) à expedição de certidões requeridas para defesa de
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá direito ou esclarecimento de situações de interesse
ser compensada com um maior esforço e dedicação de pessoal;
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
interesses patrimoniais do Estado”. administrado, dificultando a vida de quem necessita de
atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
II - ser leal às instituições a que servir; go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
dever de lealdade está inserido no Estatuto como norma razão do cargo ao conhecimento da autoridade supe-
programática, orientadora da conduta dos servidores”. rior ou, quando houver suspeita de envolvimento des-
ta, ao conhecimento de outra autoridade competente
III - observar as normas legais e regulamentares; para apuração; 
“Todo servidor público é obrigado a dar conhecimen-
“A função desta norma é de não deixar sem resposta to ao chefe da repartição acerca das irregularidades de
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces- que toma conhecimento no exercício de suas atribuições.
sária correlação nesses casos que temos de fazer do art. Deve levar ao conhecimento da chefia imediata pelo sis-
116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias
lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”. ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a


IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando ma- devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de
nifestamente ilegais; um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros.
Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas
“O servidor integra a estrutura organizacional do ór- reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran-
gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado ça nacional e mesmo da sociedade”.
se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro VII - zelar pela economia do material e a conserva-
dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos ção do patrimônio público;
e funções que servem ao cumprimento da vontade do “Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco-
nomia e pela conservação dos bens públicos presta um
19  LIMA, Fábio Lucas de Albuquerque. O regime disciplinar dos desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá
servidores federais. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/arti- adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não
gos/o_regime_disciplinar_dos_servidores_federais.htm>. Acesso
em: 01 ago. 2019.

24
cumprir o presente dever, quando por descumprimento X - ser assíduo e pontual ao serviço;
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas “Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
mais graves”. duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- que comparece no horário para as reuniões de trabalho
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de e demais atividades relacionadas com o exercício do car-
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. go que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o o dever violado, seja por impontualidade, seja por inas-
fornecimento ou divulgação das informações exigem um siduidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a de 60 dias ensejadora de demissão), merece reprimen-
informação possa expor a intimidade da pessoa huma- da de advertência, com fins educativos e de correção do
na. As informações pessoais dos administrados em geral servidor”.
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à XI - tratar com urbanidade as pessoas;
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes- “No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se- ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
gundo o artigo 31, da Lei nº 12.527/2011. A exceção para bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden- que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por tercei- públicos”.
ros quando haja previsão legal. Outra exceção é quando XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
há o consentimento expresso da pessoa a que elas se de poder.
referirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, Parágrafo único. A representação de que trata o inciso
para a defesa de direitos humanos, e quando a prote- XII será encaminhada pela via hierárquica e aprecia-
ção do interesse público e geral preponderante o exigir, da pela autoridade superior àquela contra a qual é
também devem ser fornecidas as informações. Portan- formulada, assegurando-se ao representando ampla
to, o servidor há que ter reserva no seu comportamento defesa.
e fala, esquivando-se de revelar o conteúdo do que se Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
passa no seu trabalho. Se o assunto pululante é uma ir- esta representação será encaminhada a alguém que seja
regularidade absurda, deve então reduzir a escrito e re- superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
presentar para que se apure o caso. Deveriam diminuir to à ampla defesa.
as conversas de corredor e se efetivar a apuração dos “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
fatos através do processo administrativo disciplinar. Os às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
assuntos objeto do serviço merecem reserva. Devem ficar ciência em razão do cargo, principalmente no processo
circunscritos aos servidores designados para o respectivo em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
trabalho interno, não devendo sair da seção ou setor de suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de co- seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
municação social, que saberá proceder de forma oficial, círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”. presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- informar acerca de irregularidades anda de braço dado
ministrativa; com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
“O ato administrativo não se satisfaz somente com o cia da irregularidade, não corrigida esta, sobrevém o de-
ser legal. Para ser válido o ato administrativo tem que ser ver de representar. O dever de representação não deixa
compatível com a moralidade administrativa. O agente de ser uma prerrogativa legal, investindo o servidor de
deve se comportar em seus atos de maneira proba, es- um múnus público importante, constituindo o servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

correita, séria, não atuando com intenções escusas e des- em um curador legal do ente público. O mais humilde
virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por servidor passa a ser um agente promotor de legalidade.
exemplo, para satisfação de interesses menores, como É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever
realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma do servidor ‘representar contra ilegalidade, omissão ou
amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir abuso de poder’. De modo que também a omissão pode
com comportamento incompatível com a moralidade ensejar a representação. A omissão do agente que ile-
administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar. galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode
Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des- até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de
vio de poder, que é totalmente abominável no Direito representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado
Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalidades
judicialmente através da ação popular, ação de ressarci- egoísticas, político-partidárias, induzido por inimizades
mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito
coletivo ou transindividual”.

25
de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o repre- VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
sentante de autor a réu por prática de abuso de poder ou dos casos previstos em lei, o desempenho de atribui-
denunciação caluniosa”. ção que seja de sua responsabilidade ou de seu subor-
dinado;
7.2 Proibições
Quem é designado para o desempenho de uma fun-
O artigo 117 prevê as proibições ao servidor públi- ção pública deve desempenhá-la, não podendo desig-
co federal, num rol taxativo. Existem em contraposição nar outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu
aos deveres do servidor público. A prática de alguma das subordinado.
violações abaixo descritas caracteriza infração adminis-
trativa disciplinar. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia- partido político;
ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas,
visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por- O direito de associação é livre, não podendo um fun-
tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra- ou politicamente.
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali
descritas, configuram prática de delito penal”20. VIII  -  manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
função de confiança, cônjuge, companheiro ou paren-
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem te até o segundo grau civil;
prévia autorização do chefe imediato;
É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
Para o servidor se ausentar o serviço, precisa de au- neto ou descendente, é o termo utilizado para designar
torização de seu chefe. Ausentando-se sem autorização, o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em
incide em proibição consistente em violação do dever de detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente
assiduidade. no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.
O Decreto nº 7.203/2010 dispõe sobre a vedação do ne-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com- potismo no âmbito da administração pública federal.
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; Súmula Vinculante nº 13. A nomeação de cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou
O servidor não pode retirar documentos ou objetos por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da au-
da repartição sem anuência da autoridade competente, toridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
sob pena de violar seu dever de zelo com o patrimônio jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou as-
público. sessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na
III - recusar fé a documentos públicos; Administração Pública direta e indireta, em qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
É dever do servidor público conferir fé aos documen- ral e dos municípios, compreendido o ajuste mediante
tos públicos, revestindo-lhes da autoridade e confiança designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
que seu cargo possui. Não o fazendo, viola seu dever de
transparência. FIQUE ATENTO!
IV - opor resistência injustificada ao andamento de Se o concurso pedir pelo entendimento juris-
documento e processo ou execução de serviço; prudencial, vá pela súmula, mas se não men-
cionar nada se atenha ao texto da lei, visto
que há pequenas variações entre o texto da
Não cabe impedir que o trâmite da administração
súmula e o da lei.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seja alterado por um capricho pessoal, sem justificativa.


Configura-se violação ao dever de celeridade e eficiência,
bem como de impessoalidade.
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
V - promover manifestação de apreço ou desapreço de outrem, em detrimento da dignidade da função
no recinto da repartição; pública;

Enquanto funcionário público, suas opiniões também O cargo público serve apenas aos interesses da admi-
são do Estado, razão pela qual não é recomendável fa- nistração pública, ou seja, da coletividade, não aos inte-
zer manifestações de apreço ou desapreço na repartição, resses pessoais do servidor.
configurando-se violação do dever de discrição.
X - participar de gerência ou administração de so-
ciedade privada, personificada ou não personificada,
20  MORGATO, Almir... Op. Cit.

26
exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, O aparato da administração pública pertence ao Es-
cotista ou comanditário; tado, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades
particulares.
Não cabe ao servidor público administrar sociedade
privada, o que pode comprometer sua eficiência e im- XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas
parcialidade no exercício da função pública. No princí- ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
pio, ou seja, na redação original do Estatuto era proibida cia e transitórias;
apenas a participação do servidor como sócio gerente
ou administrador de empresa privada, exceto na quali- Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
dade de mero cotista, acionário ou comanditário. Atual- cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas
mente, a empresa pode até não estar personificada, por salvo em caso de extrema necessidade.
exemplo, não estar devidamente constituída e registrada
nos órgãos competentes (Junta Comercial, fisco estadual, XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom-
municipal, distrital e federal e órgãos de controle). Com- patíveis com o exercício do cargo ou função e com o
provada detidamente a gerência ou administração da horário de trabalho;
sociedade particular em concomitância com a pretensa
carga horária da repartição pública, deve ser aplicada a O exercício de atividades incompatíveis propicia uma
penalidade de demissão. violação ao princípio da imparcialidade.

XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
a repartições públicas, salvo quando se tratar de bene- quando solicitado.
fícios previdenciários ou assistenciais de parentes até
o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; A atualização de dados cadastrais é necessária
para manter a administração ciente da situação de seu
Não cabe atuar como procurador perante repar- servidor.
tições públicas de forma profissional. Daí a limitação à
atuação como representante de parente até segundo Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do
grau (irmãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: 
companheiros). I - participação nos conselhos de administração e fis-
cal de empresas ou entidades em que a União dete-
XII - receber propina, comissão, presente ou vanta- nha, direta ou indiretamente, participação no capital
gem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; social ou em sociedade cooperativa constituída para
prestar serviços a seus membros; e
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- II - gozo de licença para o trato de interesses parti-
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade culares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a
administrativa de maior gravidade, bem como crime de legislação sobre conflito de interesses. 
corrupção passiva.
Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta- ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
do estrangeiro; não será comprometido.

Trata-se de indício da intenção de praticar atos con- 7.3 Acumulação


trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado.
É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; cos, conforme preconiza o artigo 37, XVI da Constituição
Federal.
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di- São exceções, em que se permite o acúmulo: dois car-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As gos de professor; um cargo de professor com outro téc-
atividades de empréstimo somente podem ser desempe- nico ou científico; dois cargos ou empregos privativos de
nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas. profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
A proibição vale tanto para a administração direta quan-
XV - proceder de forma desidiosa; to para a indireta. Além disso, é exigida a comprovação
de compatibilidade de horários (artigo 108).
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
comissão, nem ser remunerado pela participação em ór-
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti- gão de deliberação coletiva (artigo 119).
ção em serviços ou atividades particulares; Cometendo violação, o servidor sujeito à Lei nº
8.112/1990 ficará afastado de ambos os cargos efetivos,
salvo na hipótese em que houver compatibilidade de

27
horário e local com o exercício de um deles, declarada absolvição penal, não por falta de provas, mas por abso-
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades en- luto reconhecimento da inexistência do fato ou negativa
volvidos (artigo 120). de autoria, deve ocorrer absolvição civil/administrativa.
O artigo 133 estabelece um procedimento em caso Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
de violação do dever de não acumular cargos ilicitamen- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
te: No início, o servidor será notificado para se manifes- cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
tar optando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar de envolvimento desta, a outra autoridade competen-
fazer a opção, será instaurado processo administrativo te para apuração de informação concernente à prática
disciplinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen-
sentido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do to, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso, emprego ou função pública.
caso em que o procedimento se converterá em pedido Este dispositivo visa garantir que os servidores públi-
de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a cos denunciem os servidores hierarquicamente superio-
boa-fé do servidor. res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente
7.4 Responsabilidades por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse
que ela não procedia.
O servidor responde civil, penal e administrativamen-
te pelo exercício irregular de suas atribuições: 7.5 Penalidades
• Responsabilidade civil – a prática de ato omissivo
ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em O servidor se sujeita às seguintes penalidades disci-
prejuízo ao erário ou a terceiros, gera o dever de plinares (artigo 127): advertência; suspensão; demissão;
indenizar (artigo 122). O Estado responde de forma cassação de aposentadoria ou disponibilidade; desti-
objetiva pelos danos que seus agentes causarem, tuição de cargo em comissão; destituição de função
isto é, deverá indenizar a vítima independente- comissionada.
mente de culpa ou dolo do servidor público (artigo Na aplicação das penalidades serão consideradas a
37, § 6o, CF). Contudo, se o servidor público tiver natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
agido com dolo ou culpa, o Estado poderá exer- que dela provierem para o serviço público, as circunstân-
cer o direito de regresso contra ele, buscando ser cias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcio-
ressarcido dos valores que gastou para indenizar nais (artigo 128).
a vítima. Significa que a responsabilidade civil do A advertência é a pena mais leve, um aviso de que
Estado é objetiva, mas a responsabilidade civil do o funcionário se portou de forma inadequada e de que
servidor é subjetiva. isso não deve se repetir (art. 117, incisos I a VIII e XIX,
• Responsabilidade penal – abrange os crimes e e de inobservância de dever funcional previsto em lei)
contravenções imputadas ao servidor, nessa qua- (artigo 129).
lidade (artigo 123). A suspensão é uma sanção intermediária, fazendo
• Responsabilidade administrativa – resulta de ato com que o funcionário deixe de desempenhar o cargo
omissivo ou comissivo praticado no desempenho por certo período. Aplica-se na reincidência das faltas
do cargo ou função (artigo 124). punidas com advertência e na violação das demais proi-
As sanções civis, penais e administrativas poderão bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade
cumular-se, sendo independentes entre si (artigo 125). de demissão. O prazo é de até 90 (noventa) dias e, espe-
A responsabilidade administrativa do servidor será cificamente, de 15 (quinze) dias para recusa de submis-
afastada no caso de absolvição criminal que negue são à inspeção médica. O prazo de suspensão pode ser
a existência do fato ou sua autoria (artigo 126). Como substituído por dia de trabalho com perda de 50% da
no direito penal vale a regra da presunção de inocên- remuneração (artigo 130).
cia, qualquer tipo de dúvida deve gerar a absolvição do As penalidades de advertência e de suspensão terão
réu. Logo, na esfera penal é preciso uma prova rigorosa, seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo comum que uma pessoa seja absolvida na esfera (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o
penal por falta de provas. Contudo, nas esferas civil e ad- servidor não houver, nesse período, praticado nova infra-
ministrativa, o ônus da prova é distribuído entre as par- ção disciplinar, mas o cancelamento da penalidade não
tes, razão pela qual a prova que não foi suficiente para surtirá efeitos retroativos (artigo 131).
gerar a condenação penal pode sim ser suficiente para Na demissão, o funcionário não mais exercerá o car-
gerar uma condenação na esfera civil ou administrativa go, sendo assim sanção mais grave (artigo 132). Aplica-
– isso acentua a independência das esferas. Entretanto, -se a algumas das proibições do artigo 117, bem como
se a prova for suficiente para que o direito penal con- nos casos de: crime contra a administração pública (ar-
fira uma resposta absoluta e definitiva, é coerente que tigos 312 a 326 do Código Penal); abandono de cargo
as esferas civil e administrativa sejam obrigadas a se- ou inassiduidade habitual (o abandono de cargo se dá na
guir o mesmo caminho. Se ocorrer condenação penal, ausência intencional do servidor ao serviço por mais de
deve ocorrer condenação civil/administrativa. Se ocorrer trinta dias consecutivos e a inassiduidade habitual ocorre
na falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta

28
dias, interpoladamente, durante o período de doze me- • Chefe da repartição e outras autoridades previstas
ses, conforme artigos 138 e 139); improbidade adminis- no regulamento - advertência e suspensão inferior
trativa (atos descritos na Lei n° 8.429/92); incontinência a 30 dias (sanção de suspensão, de gravidade in-
pública e conduta escandalosa, na repartição; insubordi- termediária, por menor período).
nação grave em serviço; ofensa física, em serviço, a ser- • Autoridade que houver feito a nomeação, em qual-
vidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria quer cargo de comissão, independente da pena.
ou de outrem; aplicação irregular de dinheiros públicos; A ação disciplinar prescreverá, conforme artigo 142:
revelação de segredo do qual se apropriou em razão do • Em 5 (cinco)  anos, quanto às infrações puníveis
cargo; lesão aos cofres públicos e dilapidação do patri- com demissão, cassação de aposentadoria ou dis-
mônio nacional; corrupção; acumulação ilegal de cargos, ponibilidade e destituição de cargo em comissão;
empregos ou funções públicas. • Em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
• Em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
• Contados da data em que o fato se tornou conhe-
#FicaDica cido pela administração pública.
Proibições (artigo 117) puníveis com de- • Se a infração disciplinar for crime, valerão os pra-
missão: zos prescricionais do direito penal, mais longos,
• Utilizar recursos pessoais e materiais para logo, menos favoráveis ao servidor.
atividades particulares;
• Valer-se do cargo para lograr proveito
#FicaDica
pessoal;
• Proceder de forma desidiosa; Penalidades:
• Praticar usura; •Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX;
• Aceitar comissão, emprego, pensão de •Suspensão – reincidência em infração pu-
Estado estrangeiro; nível com advertência, incumbência a outro
• Receber propina, comissão, presente ou servidor de atribuições estranhas ao cargo,
qualquer outra vantagem; exercício de atividades incompatíveis com
• Atuar como procurador ou intermediário cargo ou função;
(salvo benefício ou assistência previdenci- •Demissão – artigo 132, inclusive reincidên-
ária de cônjuge, companheiro ou paciente cia em infração punível com suspensão.
até 2o grau);
• Participar de sociedade privada (gerência/
administração, personificada/não) ou co-
8. Processo administrativo disciplinar
mércio (salvo acionista, cotista ou coman-
ditário).
O processo administrativo disciplinar se presta a apu-
rar as infrações disciplinares, garantindo aos servidores o
direito ao contraditório e à ampla defesa (artigo 143). Ba-
Outras sanções são cassação da aposentadoria ou
sicamente, é o instrumento destinado a apurar responsa-
disponibilidade, destituição do cargo em comissão, des-
bilidade de servidor por infração praticada no exercício
tituição da função comissionada (artigo 134). Supondo
de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
que o servidor tenha praticado ato punível com demis-
ções do cargo em que se encontre investido.
são e, sabendo disso, se demita, isso não evitará que sua
As denúncias devem ser apresentadas por escrito e
aposentadoria seja cassada, assim como ele seria demi-
ter autenticidade, sendo arquivadas se não configurarem
tido se no exercício das funções. Já quanto à destituição
evidente infração disciplinar (artigo 144).
do cargo em comissão por quem não ocupe um cargo
Cabe afastamento preventivo, uma medida cautelar
efetivo é aplicável quando o comissionado aplicar não
que impede que o servidor tente influenciar na decisão
só os atos sujeitos à pena de demissão, mas também os
da apuração de sua infração, podendo ocorrer por no
sujeitos à pena de suspensão (artigo 135).
máximo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda
As penalidades disciplinares serão aplicadas, nos ter-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de remuneração (afinal, ainda não foi condenado) (artigo


mos do artigo 141, por:
147).
A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
• Presidente da República/Presidentes da Câmara
ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
dos Deputados ou do Senado Federal/Presidentes
cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
dos Tribunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ
o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
e STF/Procurador-Geral da República - demissão
ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
ou cassação de aposentadoria/disponibilidade do
qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
servidor vinculado ao órgão (sanções mais graves).
dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
• Autoridade administrativa de hierarquia imediata-
outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
mente inferior às do inciso I - suspensão por mais
Ao final da sindicância será arquivado o processo, apli-
de 30 dias (sanção de suspensão, de gravidade in-
cada pena de advertência ou suspensão de até 30 dias
termediária, por maior período).
ou instaurado o processo disciplinar (artigos 145 e 146).

29
Os autos da sindicância serão anexados ao processo processo, este será encaminhado à autoridade compe-
disciplinar, se aberto (artigo 154). O processo disciplinar tente, que decidirá em igual prazo (artigo 167). Se houver
será conduzido por comissão composta de três servi- vício insanável, a autoridade declarará nulidade e consti-
dores estáveis designados pela autoridade competente, tuirá nova comissão para refazer os atos processuais afe-
atuando com independência e imparcialidade (artigos tados pela nulidade e proferir novo relatório (artigo 169).
149 e 150). Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julga-
São fases do processo disciplinar: I - instauração, com dora determinará o registro do fato nos assentamentos
a publicação do ato que constituir a comissão; II - inqué- individuais do servidor (artigo 170).
rito administrativo, que compreende instrução, defesa e O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
relatório (tomada de depoimentos, acareações, inves- quando contrário às provas dos autos (artigo 168).
tigações e diligências cabíveis); III – julgamento (artigo Cabe a revisão do processo, que consiste na possibi-
151). lidade de o servidor condenado requerer que sua con-
O prazo de conclusão do processo disciplinar será de denação seja revista se surgirem novos fatos ou circuns-
60 (sessenta) dias, prorrogáveis por mais 60 (sessenta) tâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação
dias (artigo 152). de uma pena mais leve (artigo 174). O ônus da prova
Na fase de inquérito, serão produzidas as provas e incumbe ao requerente (artigo 175), não bastando a ale-
conferida oportunidade de defesa, obedecido o princípio gação de injustiça da penalidade (artigo 176). Poderá ser
do contraditório, proferindo-se relatório ao final (artigo requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mes-
153). ma hierarquia (artigo 177) e será apensada ao processo
No inquérito, haverá tomada de depoimentos, aca- administrativo originário (artigo 178). A comissão reviso-
reações, investigações e diligências cabíveis (artigo 155). ra terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos
O servidor tem o direito de acompanhar o processo pes- (artigo 180). O julgamento será feito pela mesma auto-
soalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e ridade que aplicou a pena, no prazo de 20 (vinte) dias
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas (artigo 181). Se apurado que na verdade a pena deveria
e formular quesitos, quando se tratar de prova pericial ser maior, não cabe agravar a situação do servidor (artigo
(artigo 156). As testemunhas serão intimadas a depor, 182).
sendo os depoimentos prestados oralmente e reduzidos
a termo (artigos 157 e 158). Ao final da instrução, o inves- Procedi-
tigado será interrogado (artigo 159). Inquérito ad-
Sindicância mento su-
Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do ministrativo
mário
acusado, a comissão proporá à autoridade competente
30 + 30 30 + 15
que ele seja submetido a exame por junta médica oficial Prazo 60 + 60 dias
dias dias
(artigo 160).
Tipificada a infração disciplinar, será formulada a in- Inassidui-
diciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele Suspensão dade
imputados e das respectivas provas. Será citado com pra- Suspensão por mais de Abandono
Penalidade/
zo de 10 (dez) dias apresentar defesa (o dobro se forem de até 30 30 dias de cargo
Motivo
dois ou mais os indiciados). O prazo de defesa poderá ser dias Demissão Acumula-
prorrogado pelo dobro, para diligências reputadas indis- Cassação ção ilegal
pensáveis (artigo 161). de cargos
O servidor deve comunicar à comissão onde pode ser 1, 2 ou 3 2 servido-
Comissão 3 servidores
encontrado (artigo 162). Se estiver em local incerto e não servidores res
sabido, poderá ser citado por edital (artigo 163).
É revel o indiciado que, regularmente citado, não 9. Seguridade social
apresentar defesa no prazo legal, caso em que se no-
meará defensor dativo (artigo 164). A União manterá Plano de Seguridade Social para o
Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório mi- servidor e sua família (artigo 183). As finalidades do Pla-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nucioso e conclusivo (artigo 165). O processo disciplinar, no serão: garantir meios de subsistência nos eventos de
com o relatório da comissão, será remetido à autoridade doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, inativi-
que determinou a sua instauração, para julgamento (ar- dade, falecimento e reclusão; proteção à maternidade, à
tigo 166). Na hipótese de o relatório da sindicância con- adoção e à paternidade; assistência à saúde (artigo 184).
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a Em suma, a seguridade social se divide em três sistemas:
autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao previdência (pagamento de aposentadorias, pensões e
Ministério Público, independentemente da imediata ins- benefícios), assistência social (programas do governo de
tauração do processo disciplinar (artigo 154, parágrafo apoio à hipossuficientes) e saúde (tratamento de saúde).
único e 171). Encerra-se, desta forma, a fase de inquérito. Fazem parte do plano de Seguridade Social dos servi-
Na fase de julgamento, no prazo de 20 (vinte) dias, dores civis federais: quanto ao servidor – aposentadoria,
contados do recebimento do processo, a autoridade auxílio-natalidade, salário-família, licença para tratamen-
julgadora proferirá a sua decisão. Se a penalidade a ser to de saúde, licença à gestante, à adotante e licença-pa-
aplicada exceder a alçada da autoridade instauradora do ternidade, licença por acidente em serviço, assistência à

30
saúde, garantia de condições individuais e ambientais de 2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA –
trabalho satisfatórias; quanto ao dependente – pensão CESPE – 2018) Julgue o seguinte item de acordo com
vitalícia e temporária, auxílio-funeral, auxílio-reclusão, as disposições constitucionais e legais acerca dos agen-
assistência à saúde (artigo 185 e artigo 196 e seguintes). tes públicos.
A reversão constitui a reinvestidura do servidor estável
A aposentadoria se dará, conforme artigos 186 a 195: no cargo anteriormente ocupado, e ocorre quando é
invalidada a demissão do servidor por decisão judicial
• por invalidez permanente, sendo os proventos ou administrativa. Nesse caso, o servidor deve ser res-
integrais quando decorrente de acidente em ser- sarcido de todas as vantagens que deixou de perceber
viço, moléstia profissional ou doença grave, con- durante o período demissório.
tagiosa ou incurável, especificada em lei, e propor-
cionais nos demais casos;  ( ) CERTO ( ) ERRADO
• compulsoriamente, aos setenta anos de idade,
com proventos proporcionais ao tempo de serviço;  Resposta: Errado. O erro da assertiva está em des-
• voluntariamente  aos 35 (trinta e cinco) anos de crever a reintegração, não a reversão, conforme ar-
serviço, se homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com tigo 28, Lei nº 8.112/1990: “A reintegração é a rein-
proventos integrais, aos 30 (trinta) anos de efetivo vestidura do servidor estável no cargo anteriormente
exercício em funções de magistério se professor, ocupado, ou no cargo resultante de sua transforma-
e 25 (vinte e cinco) se professora, com proven- ção, quando invalidada a sua demissão por decisão
tos integrais,  aos 30 (trinta) anos de serviço, se administrativa ou judicial, com ressarcimento de to-
homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher, com das as vantagens”.
proventos proporcionais a esse tempo,  aos 65
(sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos 3. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
60 (sessenta) se mulher, com proventos propor- – 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores públi-
cionais ao tempo de serviço. cos federais, julgue o item a seguir.
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
10. Disposições gerais seguintes vantagens: indenizações, gratificações e adi-
cionais, incorporando-se as duas últimas ao vencimento
O Dia do Servidor Público será dia 28/10 (artigo 236). ou provento, nas condições indicadas em lei.
Os prazos previstos na Lei serão contados em dias
corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o ( ) CERTO ( ) ERRADO
do vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia
útil seguinte, o prazo vencido em dia em que não haja Resposta: Certo. Disciplina o artigo 49, caput e § 1o,
expediente (artigo 238). Lei nº 8.112/1990: “Além do vencimento, poderão ser
É assegurado aos servidores o direito à livre associa- pagas ao servidor as seguintes vantagens: I - indeni-
ção sindical e os seguintes direitos, entre outros, dela zações; II - gratificações; III - adicionais. § 1o As indeni-
decorrentes (artigo 240). zações não se incorporam ao vencimento ou provento
Considera-se família do servidor, além do cônjuge, para qualquer efeito”.
companheiro/a e filhos, quaisquer pessoas que vivam
às suas expensas e constem do seu assentamento indi- 4. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ADMI-
vidual (artigo 241). NISTRAÇÃO – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte,
relativo ao regime dos servidores públicos federais e à
ética no serviço público.
EXERCÍCIO COMENTADO A demissão será a penalidade disciplinar cabível para o
servidor que se recusar a ser submetido a inspeção médi-
ca determinada pela autoridade competente.
1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
– 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores públi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO
cos federais, julgue o item a seguir.
A investidura em cargo público ocorre com a nomeação Resposta: Errado. Preconiza o artigo 130, § 1o, Lei nº
devidamente publicada em diário oficial. 8.112/1990: “Será punido com suspensão de até 15
(quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recu-
( ) CERTO ( ) ERRADO
sar-se a ser submetido a inspeção médica determina-
da pela autoridade competente, cessando os efeitos
Resposta: Errado. Nos termos do artigo 7o, Lei nº da penalidade uma vez cumprida a determinação”.
8.112/1990: “A investidura em cargo público ocorrerá
com a posse”.

31
5. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE Para o acesso ao cargo, emprego ou função públicas
– 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores públi- também se exige a aprovação em concurso público, sal-
cos federais, julgue o item a seguir. vo no caso do cargo em comissão (trata-se de cargo de
O servidor responde apenas administrativamente pelo confiança para direção e chefia, exigindo-se um vínculo
exercício irregular de suas atribuições, o qual pode ense- de confiança entre o gestor e o nomeado).
jar a aplicação de penalidade disciplinar - até mesmo de Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso pú-
demissão -, que deve, sempre, mencionar o fundamento blico será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
legal e a causa da sanção. igual período.
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
( ) CERTO ( ) ERRADO visto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será
Resposta: Errado. A responsabilidade do servidor é, convocado com prioridade sobre novos concursados
simultaneamente, civil, penal e administrativa, confor- para assumir cargo ou emprego, na carreira.
me artigo 121, Lei nº 8.112/1990, e as sanções podem
ser cumuladas, de acordo com o artigo 125 da Lei. O O concurso público possui validade por tempo deter-
erro está na expressão “apenas”. minado. O edital delimita questões como valor da taxa
de inscrição, casos de isenção, número de vagas e prazo
de validade. Havendo candidatos aprovados na vigência
do prazo do concurso, ele deve ser chamado para assu-
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁ- mir eventual vaga e não ser realizado novo concurso.
VEIS
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
O artigo 37, caput, da Constituição Federal estabelece
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto
os princípios da administração pública – legalidade, im-
nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a pu-
pessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência –, aos
nição da autoridade responsável, nos termos da lei.
quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes
em qualquer das esferas federativas, e, em seus incisos,
Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabi-
regras mínimas sobre o serviço público.
lização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o
ingresso no serviço público, que em regra se dá por con-
1. Acesso ao cargo, emprego ou função públicas
curso de provas ou de provas e títulos.
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públi-
2. Cargos em comissão e funções de confiança
cas são acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos es-
Enquanto que o cargo em comissão será ocupado
trangeiros, na forma da lei.
por pessoa que não necessariamente está investida em
cargo público, para que ela desempenhe atribuições de
O artigo 5º da Lei nº 8.112/1990 considera a naciona-
direção, chefia e assessoramento; as funções de confian-
lidade brasileira como requisito básico para investidura
ça são reservadas para os ocupantes de cargos efetivos,
em cargo público, mas isso não impede que em casos
representando um plus nas responsabilidades usuais do
específicos seja possível a contratação de estrangeiros
cargo que já ocupa, consistente na conferência de atri-
(o artigo 207, CF permite que eles assumam cargos no
buições de direção, chefia e assessoramento.
ramo da pesquisa, ciência e tecnologia). O dispositivo
também traz outros requisitos básicos que costumam ser
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas
reproduzidos nas legislações estaduais e municipais que
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo
tratam do regime jurídico dos servidores: o gozo dos di-
efetivo, e os cargos em comissão, a serem preen-
reitos políticos; a quitação com as obrigações militares e
chidos por servidores de carreira nos casos, condi-
eleitorais; o nível de escolaridade exigido para o exercício
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ções e percentuais mínimos previstos em lei, des-


do cargo; a idade mínima de dezoito anos; e aptidão físi-
tinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
ca e mental. A lei e o edital, de forma justificada, podem
assessoramento.
criar requisitos adicionais.
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego
público depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de acordo
com a natureza e a complexidade do cargo ou empre-
go, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomea-
ções para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração.

32
Observa-se o seguinte quadro comparativo21: 4. Reserva de vagas

Função de confiança Cargo em comissão A Constituição Federal prevê expressamente apenas


a reserva de vagas para pessoas com deficiência, não fi-
Qualquer pessoa, obser- xando percentual fixo (a Lei nº 8.112/1990 fixa o percen-
Exercidas exclusivamen-
vado o percentual mínimo tual de 20% no artigo 5o, § 2o, mas nada impede que leis
te por servidores ocu-
reservado ao servidor de estaduais e municipais adotem percentuais diversos). Da
pantes de cargo efetivo.
carreira. mesma forma, por legislação específica é possível insti-
Com concurso público, tuir reserva de vagas para outras categorias de grupos
já que somente pode vulneráveis e minorias.
Sem concurso público,
exercê-la o servidor de
ressalvado o percentual
cargo efetivo, mas a Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car-
mínimo reservado ao servi-
função em si não pres- gos e empregos públicos para as pessoas portadoras
dor de carreira.
cindível de concurso de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.
público.
É atribuído posto (lugar) 5. Contratação temporária
num dos quadros da
Somente são conferidas
Administração Pública, Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra-
atribuições e responsa-
conferida atribuições e tação por tempo determinado para atender a neces-
bilidade
responsabilidade àquele sidade temporária de excepcional interesse público.
que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons-
atribuições de direção, atribuições de direção, tituição, definindo a natureza da relação estabelecida
chefia e assessoramento chefia e assessoramento entre o servidor contratado e a Administração Pública,
De livre nomeação e para atender à “necessidade temporária de excepcional
exoneração no que se interesse público”.
De livre nomeação e exo- “Em se tratando de relação subordinada, isto é, de
refere à função e não
neração relação que comporta dependência jurídica do servidor
em relação ao cargo
efetivo. perante o Estado, duas opções se ofereciam: ou a rela-
ção seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem
3. Direitos sindicais usar das prerrogativas de Poder Público, ou institucional,
estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Me-
A liberdade de associação é garantida aos servidores lhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política
públicos, tal como é garantida a todos na condição de de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista
direito individual e de direito social. (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto ad-
ministrativo (situando-se no campo do Direito Público).
Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil [...] Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de
o direito à livre associação sindical. ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema
híbrido, eclético, no qual coexistam normas trabalhistas e
Da mesma forma, é garantido o direito de greve, ain- estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos pri-
da que com ressalvas. vado e administrativo, no sentido de atender às exigên-
cias do Estado moderno, que procura alcançar os seus
Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos
termos e nos limites definidos em lei específica. não-governamentais”22.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores 6. Remuneração, subsídio e indenizações


públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En- Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores pú-
quanto não for elaborada uma legislação específica para blicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 so-
os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral mente poderão ser fixados ou alterados por lei espe-
de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° cífica, observada a iniciativa privativa em cada caso,
7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20). assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices.
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos
da administração direta, autárquica e fundacional,

22  VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para


21  QUADRO COMPARATIVO – função de confiança x cargo em atender a necessidade temporária de excepcional interesse públi-
comissão. Disponível em: <http://direitoemquadrinhos.blogspot. co. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/
com.br>. Acesso em: 01 ago. 2019. Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

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dos membros de qualquer dos Poderes da União, me Geral de Previdência Social, acarretará o rompi-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos mento do vínculo que gerou o referido tempo de con-
detentores de mandato eletivo e dos demais agentes tribuição.
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie re- Artigo 37, § 15, CF. É vedada a complementação de
muneratória, percebidos cumulativamente ou não, in- aposentadorias de servidores públicos e de pensões
cluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra por morte a seus dependentes que não seja decorrente
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal prevista em lei que extinga regime próprio de previ-
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o dência social.
subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Fede- Cabe à legislação fixar a remuneração e os subsídios
ral, o subsídio mensal do Governador no âmbito do dos servidores públicos, inclusive delimitar um teto para
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais estes. Este teto vinculará todos os poderes, tal como o
e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub- MP, a Defensoria e os Tribunais de Contas, em todas
sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, esferas da federação. Não são abrangidas pelo teto as
limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centési- verbas indenizatórias, que não se destinam a remunerar
mos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos o servidor, mas a ressarci-lo de despesas que despren-
Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito deu ou tenha que desprender para o desempenho de
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros sua função.
do Ministério Público, aos Procuradores e aos De- Além disso, em regra, não será possível cumular apo-
fensores Públicos. sentadoria com remuneração pelo cargo público.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Por seu turno, o artigo 37 aborda a vinculação ou
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser su- equiparação salarial:
periores aos pagos pelo Poder Executivo.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equi-
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredu- paração de quaisquer espécies remuneratórias para o
tíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
de proventos de aposentadoria decorrentes do art. de política de administração e remuneração de pessoal,
40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de integrado por servidores designados pelos respectivos
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os constitucional de tratamento igualitário aos cargos que
cargos eletivos e os cargos em comissão declarados se mostrem similares.
em lei de livre nomeação e exoneração. Ainda sobre os limites remuneratórios, disciplina a CF:
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei-
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários per-
do caput deste artigo, as parcelas de caráter indeni- cebidos por servidor público não serão computados
zatório previstas em lei. nem acumulados para fins de concessão de acrésci-
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI mos ulteriores.
do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emen- A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
da às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
limite único, o subsídio mensal dos Desembargado- dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vanta-
res do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a no- gem como base de cálculo de um outro benefício. Dessa
venta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento forma, qualquer gratificação que venha a ser concedida
do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal ao servidor só pode ter como base de cálculo o próprio
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo vencimento básico. É inaceitável que se leve em conside-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e ração outra vantagem até então percebida.
dos Vereadores.
Artigo 37, § 13, CF. O servidor público titular de cargo 7. Acumulação
efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo
cujas atribuições e responsabilidades sejam compatí- Devido à disciplina constitucional, a regra é que não é
veis com a limitação que tenha sofrido em sua capa- possível acumular com remuneração cargos, empregos e
cidade física ou mental, enquanto permanecer nesta funções públicas. Fixadas as ressalvas, também se exige a
condição, desde que possua a habilitação e o nível de compatibilidade de horários, que deve ser demonstrada
escolaridade exigidos para o cargo de destino, manti- pelo servidor.
da a remuneração do cargo de origem.
Artigo 37, § 14, CF. A aposentadoria concedida com Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune-
a utilização de tempo de contribuição decorrente de rada de cargos públicos, exceto, quando houver
cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regi- compatibilidade de horários, observado em qual-

34
quer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos O Estado tem como finalidade essencial a garantia
de professor; b) a de um cargo de professor com do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
empregos privativos de profissionais de saúde, com na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
profissões regulamentadas. atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende- atividade financeira, com o intuito de obter recursos in-
-se a empregos e funções e abrange autarquias, dispensáveis às necessidades cuja satisfação se compro-
fundações, empresas públicas, sociedades de eco- meteu na Constituição Federal de 1988. A importância da
nomia mista, suas subsidiárias, e sociedades con- Administração Tributária foi reconhecida expressamente
troladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da Carta
Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência
Segundo Carvalho Filho23, “o fundamento da proibi- e de seus servidores sobre os demais setores da Admi-
ção é impedir que o cúmulo de funções públicas faça nistração Pública, dentro de suas áreas de competência.
com que o servidor não execute qualquer delas com a
necessária eficiência. Além disso, porém, pode-se obser- 9. Entes da administração indireta e suas
var que o constituinte quis também impedir a cumulação subsidiárias
de ganhos em detrimento da boa execução de tarefas
públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumula- Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá
ção remunerada. Em consequência, se a acumulação só ser criada autarquia e autorizada a instituição de
encerra a percepção de vencimentos por uma das fontes, empresa pública, de sociedade de economia mista
não incide a regra constitucional proibitiva”. e de fundação, cabendo à lei complementar, neste úl-
timo caso, definir as áreas de sua atuação.
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa,
#FicaDica em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
Respeitada a compatibilidade de horários, mencionadas no inciso anterior, assim como a partici-
é possível cumular: pação de qualquer delas em empresa privada.
• Dois cargos de professor;
• Um cargo de professor com um cargo Órgãos da administração indireta somente podem
técnico ou científico; ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
• Dois cargos ou empregos privativos de destes dependem de autorização legislativa (o Estado
profissionais da saúde. cria e controla diretamente determinada empresa públi-
ca ou sociedade de economia mista, e estas, por sua vez,
passam a gerir uma nova empresa, denominada subsi-
8. Prioridade e precedência da administração fa- diária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos
zendária e tributária um parêntese para observar que quase todos os autores
que abordam o assunto afirmam categoricamente que,
Considerando que a arrecadação de tributos e outros a despeito da referência no texto constitucional a ‘sub-
valores pela Fazenda Pública é atividade essencial para a sidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior’,
manutenção do Estado, o constituinte fixou preferência somente empresas públicas e sociedades de economia
destes setores ligados ao fisco em relação aos demais mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle
setores administrativos (suas solicitações devem ser prio- que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiá-
rizadas) e também determinou prioridade de recursos ria seria própria de pessoas com estrutura empresarial,
para o desempenho destas funções. e inadequada a autarquias e fundações públicas. OU-
SAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e um ente federado pretendesse, por exemplo, autorizar
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de a criação de uma subsidiária de uma fundação pública,
competência e jurisdição, precedência sobre os de- NÃO haveria base constitucional para considerar inválida
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mais setores administrativos, na forma da lei. sua autorização”24.


Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o pre-
cípios, atividades essenciais ao funcionamento do Es- visto nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
tado, exercidas por servidores de carreiras específicas, Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
terão recursos prioritários para a realização de suas tária e financeira dos órgãos e entidades da adminis-
atividades e atuarão de forma integrada, inclusive tração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
com o compartilhamento de cadastros e de informa- contrato, a ser firmado entre seus administradores e o
ções fiscais, na forma da lei ou convênio. poder público, que tenha por objeto a fixação de me-
tas de desempenho para o órgão ou entidade, caben-
do à lei dispor sobre:
24  ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo
23  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit. descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

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I -  o prazo de duração do contrato; 12. Responsabilidade civil do Estado e de seus
II -  os controles e critérios de avaliação de desem- agentes
penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes; Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
III -  a remuneração do pessoal. blico e as de direito privado prestadoras de serviços
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se públicos responderão pelos danos que seus agentes,
às empresas públicas e às sociedades de economia nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da o direito de regresso contra o responsável nos casos
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- de dolo ou culpa.
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de O Estado responde pelos danos que seu agente cau-
custeio em geral. sar aos membros da sociedade (basta que o dano ocorra
e que exista nexo causal com a ação do agente, não se
10. Obrigatoriedade da licitação analisando culpa/dolo). Se o agente agiu com dolo ou
culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima,
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados caso o Estado exerça o direito de regresso (somente por
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações ele é possível buscar o ressarcimento pelo agente públi-
serão contratados mediante processo de licitação co do valor que o Estado indenizou a vítima do dano, de-
pública que assegure igualdade de condições a todos vendo o Estado comprovar que o dano apenas ocorreu
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obri- devido à culpa ou ao dolo do agente).
gações de pagamento, mantidas as condições efetivas Neste sentido, a responsabilidade civil do Estado é
da proposta, nos termos da lei, o qual somente per- objetiva (teoria do risco administrativo), mas a responsa-
mitirá as exigências de qualificação técnica e econô- bilidade civil do agente público é subjetiva.
mica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações.
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o 13. Conflito de interesses
art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e
outras providências. Licitação nada mais é que o conjun- as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da
to de procedimentos administrativos para as compras ou administração direta e indireta que possibilite o aces-
serviços contratados pelos governos federal, estadual ou so a informações privilegiadas.
municipal, ou seja, todos os entes federativos. De forma
mais simples, podemos dizer que o governo deve com- A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013, dispõe sobre
prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim o conflito de interesses no exercício de cargo ou empre-
a licitação é um processo formal onde há a competição go do Poder Executivo federal e impedimentos poste-
entre os interessados. riores ao exercício do cargo ou emprego. Neste sentido,
conforme seu artigo 1º:
11. Prescrição de atos ilícitos
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que con-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de figuram conflito de interesses envolvendo ocupantes
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agen-
de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo
te, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário,
federal, os requisitos e restrições a ocupantes de cargo
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
ou emprego que tenham acesso a informações privi-
Prescrição é um instituto que visa regular a per-
legiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
da do direito de acionar judicialmente ou na esfera
cargo ou emprego e as competências para fiscaliza-
administrativa.
ção, avaliação e prevenção de conflitos de interesses
O prazo será mais longo quanto mais grave for a infra-
regulam-se pelo disposto nesta Lei.
ção e mais curto quanto mais leve. Se a infração discipli-
nar for crime, valerão os prazos prescricionais do direito
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14. Exercício de mandato eletivo


penal, mais longos, logo, menos favoráveis ao servidor.
A contagem da prescrição pode ser interrompida.
A questão do exercício de mandato eletivo pelo ser-
Neste sentido, interrupção da prescrição significa parar
vidor público encontra previsão constitucional em seu
a contagem do prazo para que, retornando, comece do
artigo 38, que notadamente estabelece quais tipos de
zero.
mandatos geram incompatibilidade ao serviço público e
A contagem da prescrição também pode ficar sus-
regulamenta a questão remuneratória:
pensa. Finda a suspensão, retoma-se a contagem de
onde parou.
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração
direta, autárquica e fundacional, no exercício de man-
dato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:

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I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou quando a natureza do cargo o exigir. (Incluído pela
função; Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
pela sua remuneração; e Municipais serão remunerados exclusivamente por
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- verba de representação ou outra espécie remunera-
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para de 1998)
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
será contado para todos os efeitos legais, exceto para dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a
promoção por merecimento; maior e a menor remuneração dos servidores públi-
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de cos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art.
previdência social, permanecerá filiado a esse regime, 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
no ente federativo de origem. 1998)
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
15. Regime de remuneração e previdência blicarão anualmente os valores do subsídio e da re-
muneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído
Regulamenta-se o regime de remuneração e previ- pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
dência dos servidores públicos nos artigos 39 e 40 da § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Constituição Federal: dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
çamentários provenientes da economia com despesas
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
Municípios instituirão, no âmbito de sua competên- aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
cia, regime jurídico único e planos de carreira para os dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
servidores da administração pública direta, das autar- modernização, reaparelhamento e racionalização do
quias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
2.135-4) prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Cons-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os titucional nº 19, de 1998)
Municípios instituirão conselho de política de adminis- § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
tração e remuneração de pessoal, integrado por ser- dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
vidores designados pelos respectivos Poderes (Reda- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter
(Vide ADIN nº 2.135-4) temporário ou vinculadas ao exercício de função de
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos de- confiança ou de cargo em comissão à remuneração
mais componentes do sistema remuneratório obser- do cargo efetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional
vará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº nº 103, de 2019)
19, de 1998) Art. 40. O regime próprio de previdência social dos
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a com- servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
plexidade dos cargos componentes de cada carreira; contributivo e solidário, mediante contribuição do res-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) pectivo ente federativo, de servidores ativos, de apo-
II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela sentados e de pensionistas, observados critérios que
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação
III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emen- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da Constitucional nº 19, de 1998) § 1º O servidor abrangido por regime próprio de pre-


§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal mante- vidência social será aposentado: (Redação dada pela
rão escolas de governo para a formação e o aperfei- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
çoamento dos servidores públicos, constituindo-se a I - por incapacidade permanente para o trabalho, no
participação nos cursos um dos requisitos para a pro- cargo em que estiver investido, quando insuscetível de
moção na carreira, facultada, para isso, a celebração readaptação, hipótese em que será obrigatória a rea-
de convênios ou contratos entre os entes federados. lização de avaliações periódicas para verificação da
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de continuidade das condições que ensejaram a conces-
1998) são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo ente federativo; (Redação dada pela Emenda Consti-
público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, tucional nº 103, de 2019)
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a

37
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais no ensino fundamental e médio fixado em lei comple-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de mentar do respectivo ente federativo. (Redação dada
idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma de lei complementar; (Redação dada pela § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
Emenda Constitucional nº 88, de 2015) cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos vedada a percepção de mais de uma aposentadoria
de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de à conta de regime próprio de previdência social, apli-
idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito cando-se outras vedações, regras e condições para a
Federal e dos Municípios, na idade mínima estabele- acumulação de benefícios previdenciários estabeleci-
cida mediante emenda às respectivas Constituições e das no Regime Geral de Previdência Social. (Redação
Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
os demais requisitos estabelecidos em lei complemen- § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quan-
tar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela do se tratar da única fonte de renda formal auferida
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) pelo dependente, o benefício de pensão por morte será
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser concedido nos termos de lei do respectivo ente federa-
inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do tivo, a qual tratará de forma diferenciada a hipótese
art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decor-
para o Regime Geral de Previdência Social, observado rente de agressão sofrida no exercício ou em razão da
o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda função. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Constitucional nº 103, de 2019) 103, de 2019)
§ 3º As regras para cálculo de proventos de aposenta- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios
doria serão disciplinadas em lei do respectivo ente fe- para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
derativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação
nº 103, de 2019) dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios di- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, dis-
ferenciados para concessão de benefícios em regime trital ou municipal será contado para fins de aposen-
próprio de previdência social, ressalvado o dispos- tadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art.
to nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela 201, e o tempo de serviço correspondente será conta-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) do para fins de disponibilidade. (Redação dada pela
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei comple- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
de contribuição diferenciados para aposentadoria de contagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído
servidores com deficiência, previamente submetidos a pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi- § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda total dos proventos de inatividade, inclusive quando
Constitucional nº 103, de 2019) decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei comple- públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo contribuição para o regime geral de previdência so-
de contribuição diferenciados para aposentadoria de cial, e ao montante resultante da adição de proventos
ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agen- de inatividade com remuneração de cargo acumulável
te socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tra- na forma desta Constituição, cargo em comissão de-
tam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de
caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 20, de 15/12/98)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei comple- § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados,
mentar do respectivo ente federativo idade e tempo em regime próprio de previdência social, no que cou-
de contribuição diferenciados para aposentadoria de ber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Ge-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servidores cujas atividades sejam exercidas com efe- ral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
tiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos Constitucional nº 103, de 2019)
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusiva-
vedada a caracterização por categoria profissional ou mente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº nomeação e exoneração, de outro cargo temporário,
103, de 2019) inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada
mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às ida- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
des decorrentes da aplicação do disposto no inciso III § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exer- nicípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
cício das funções de magistério na educação infantil e Poder Executivo, regime de previdência complementar
para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo,
observado o limite máximo dos benefícios do Regime

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Geral de Previdência Social para o valor das aposen- organização, de funcionamento e de responsabilidade
tadorias e das pensões em regime próprio de previ- em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre:
dência social, ressalvado o disposto no § 16. (Redação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - requisitos para sua extinção e consequente migra-
§ 15. O regime de previdência complementar de que ção para o Regime Geral de Previdência Social; (Incluí-
trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
modalidade contribuição definida, observará o dispos- II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utiliza-
to no art. 202 e será efetivado por intermédio de enti- ção dos recursos; (Incluído pela Emenda Constitucio-
dade fechada de previdência complementar ou de en- nal nº 103, de 2019)
tidade aberta de previdência complementar. (Redação III - fiscalização pela União e controle externo e social;
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (In-
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi- cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dor que tiver ingressado no serviço público até a data V - condições para instituição do fundo com finalidade
da publicação do ato de instituição do correspondente previdenciária de que trata o art. 249 e para vincula-
regime de previdência complementar. (Incluído pela ção a ele dos recursos provenientes de contribuições e
Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) dos bens, direitos e ativos de qualquer natureza; (In-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de- VI - mecanismos de equacionamento do deficit atua-
vidamente atualizados, na forma da lei. (Incluído pela rial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) 2019)
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo- VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do re-
sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que gime, observados os princípios relacionados com go-
trata este artigo que superem o limite máximo esta- vernança, controle interno e transparência; (Incluído
belecido para os benefícios do regime geral de previ- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dência social de que trata o art. 201, com percentual VIII - condições e hipóteses para responsabilização
igual ao estabelecido para os servidores titulares de daqueles que desempenhem atribuições relacionadas,
cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional direta ou indiretamente, com a gestão do regime; (In-
nº 41, 19.12.2003) cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em IX - condições para adesão a consórcio público; (In-
lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cargo efetivo que tenha completado as exigências X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
para a aposentadoria voluntária e que opte por per- definição de alíquota de contribuições ordinárias e ex-
manecer em atividade poderá fazer jus a um abono traordinárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
de permanência equivalente, no máximo, ao valor da 103, de 2019)
sua contribuição previdenciária, até completar a idade
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) FIQUE ATENTO!
§ 20. É vedada a existência de mais de um regime pró- Muitas vezes os preceitos constitucionais
prio de previdência social e de mais de um órgão ou não são expressamente cobrados na maté-
entidade gestora desse regime em cada ente federa- ria de direito administrativo, mas o são em
tivo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades direito constitucional. Fique atento ao seu
autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis edital e dê atenção especial a este conteúdo
pelo seu financiamento, observados os critérios, os que muitas vezes poderá ser cobrado não em
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei com- uma, mas em DUAS matérias.
plementar de que trata o § 22. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo in-


cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- EXERCÍCIO COMENTADO
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
máximo estabelecido para os benefícios do regime ge- 1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
ral de previdência social de que trata o art. 201 desta – 2018) Em relação ao direito administrativo, julgue o
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, item seguinte.
for portador de doença incapacitante. (Incluído pela A proibição estabelecida na Constituição Federal de
Emenda Constitucional nº 47, de 2005) (Revogado 1988, acerca de acumulação remunerada de cargos pú-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) (Vigên- blicos, não abrange autarquias, fundações, empresas pú-
cia) (Vide Emenda Constitucional nº 103, de 2019) blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
de previdência social, lei complementar federal esta- poder público.
belecerá, para os que já existam, normas gerais de

39
( ) CERTO ( ) ERRADO “A expressão ‘agente público’ tem sentido amplo,
significa o conjunto de pessoas que, a qualquer título,
Resposta: Errado. Prevê o artigo 37, XVII, CF: “a proi- exercem uma função pública como prepostos do Estado.
bição de acumular estende-se a empregos e funções Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, ou gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica.
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e O que é certo é que, quando atuam no mundo jurídico,
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo tais agentes estão de alguma forma vinculados ao Po-
poder público”. der Público. Como se sabe, o Estado só se faz presente
através das pessoas físicas que em seu nome manifestam
2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – determinada vontade, e é por isso que essa manifestação
CESPE – 2018) Julgue o seguinte item de acordo com as volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes todas essas pessoas físicas que constituem os agentes
públicos. públicos”25.
A acumulação remunerada de cargos públicos é vedada, Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de
exceto quando houver compatibilidade de horários, caso Improbidade Administrativa): “Reputa-se agente público,
em que será possível, por exemplo, acumular até três car- para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
gos de profissionais de saúde. que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
( ) CERTO ( ) ERRADO forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, empre-
go ou função nas entidades mencionadas no artigo an-
Resposta: Errado. Limita-se a acumulação, no caso, a terior”. A Lei nº 8.429/92 adota um amplo sentido da ex-
dois cargos, conforme artigo 37, XVI, “c”: “é vedada a pressão agente público, abrangendo pessoas vinculadas
acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, a entidades que recebam qualquer incentivo financeiro
quando houver compatibilidade de horários, observa- do Estado, inclusive as pertencentes ao terceiro setor.
do em qualquer caso o disposto no inciso XI: [...] c) a Entretanto, este sentido amplo não se reflete nas norma-
de dois cargos ou empregos privativos de profissio- tivas que regulam o regime jurídico dos servidores.
nais de saúde, com profissões regulamentadas”.
2. Espécies: cargo, emprego e função
3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
TRATIVA – CESPE – 2018) A respeito do direito adminis- Os agentes públicos subdividem-se em:
trativo, dos atos administrativos e dos agentes públicos e a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es-
seu regime, julgue o item a seguir. truturais à organização política do País [...], Presi-
As funções de confiança, correspondentes a encargos de dente da República, Governadores, Prefeitos e res-
direção, chefia ou assessoramento, só podem ser exerci- pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes
das por titulares de cargos efetivos. de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
versas pastas, bem como os Senadores, Deputados
( ) CERTO ( ) ERRADO Federais e Estaduais e os Vereadores”26. O agente
político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 37, V, CF: “as por mandatos transitórios.
funções de confiança, exercidas exclusivamente por b) servidores públicos, que se dividem em funcioná-
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos rio público, empregado público e contratados em
em comissão, a serem preenchidos por servidores de caráter temporário. Os servidores públicos formam
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos a grande massa dos agentes do Estado, desenvol-
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de vendo variadas funções. O funcionário público é o
direção, chefia e assessoramento”. tipo de servidor público que é titular de um cargo,
se sujeitando a regime estatutário (previsto em es-
tatuto próprio, não na CLT). O empregado público
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

é o tipo de servidor público que é titular de um


DISPOSIÇÕES DOUTRINÁRIAS; CONCEITO; emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT).
ESPÉCIES; CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO Tanto o funcionário público quanto o emprega-
PÚBLICA do público somente se vinculam à Administração
mediante concurso público, sendo nomeados em
caráter efetivo. Contratados em caráter temporário
Conceito são servidores contratados por um período certo
e determinado, por força de uma situação de ex-
Agente público é expressão que engloba todas as cepcional interesse público, não sendo nomeados
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se daque- em caráter efetivo, ocupando uma função pública.
les que servem ao Poder Público.
25  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
26  MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administra-
tivo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

40
c) particulares em colaboração com o Estado – são 4. Exigência de concurso público
agentes que, embora sejam particulares, executam
funções públicas especiais que podem ser qualifi- A aprovação prévia em concurso de provas ou de
cadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recruta- provas e títulos é requisito para a investidura em cargo
dos para serviço militar. ou emprego público efetivo, conforme artigo 37, II, CF e
artigo 10 da Lei nº 8.112/1990.
A administração direta e indireta é obrigada a prover
#FicaDica seus cargos, empregos e funções por meio de concur-
Os agentes públicos podem ser agentes sos públicos. Inclusive, por mais que empresas públicas
políticos, particulares em colaboração com e sociedades de economia mista sejam pessoas jurídicas
o Estado e servidores públicos. Logo, o de direito privado, devem respeitar o núcleo mínimo de
servidor público é uma espécie do gêne- imposições ao poder público, inclusive a obrigação de
ro agente público. Com efeito, funcionário prover seus empregos por meio de concurso público.
público é uma espécie do gênero servidor No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
público, abrangendo apenas os servidores nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
que se sujeitam a regime estatutário (re- concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
gulado em lei especial). Já o empregado atividade profissional também é considerado. O concur-
público, que também é espécie do gênero so público terá um prazo de validade (o máximo é de 2
servidor público, se sujeita a regime cele- anos, prorrogáveis por mais 2).
tista (a natureza desta relação jurídica é
contratual). 5. Cargo em comissão

Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não


3. Ausência de competência: agente de fato exige concurso público, sendo exceção à regra geral. Nos
termos do artigo 37, II, CF o cargo em comissão é de livre
O agente precisa estar legitimamente investido num nomeação e exoneração.
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve Como destacado, a regra é que todas entidades da
ter competência para tanto. Contudo, existe a situação administração direta e indireta devem realizar concurso
do agente de fato, que é aquele em relação ao qual a público para contratar funcionários públicos. Entretan-
investidura está maculada de um defeito. to, os cargos em comissão representam um vínculo de
Di Pietro27 exemplifica tal situação: “falta de requisito confiança entre o administrador e o contratado, o que
legal para investidura, como certificado de sanidade ven- dispensa a exigência de concurso público.
cido; inexistência de formação universitária para função O cargo em comissão apenas existe para cargos de
que a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo chefias, assessoramento e direção, notadamente, cargos
ocorre quando o servidor está suspenso do cargo, ou de confiança.
exerce funções depois de vencido o prazo de sua contra- Os servidores que ocupam cargo em comissão po-
tação, ou continua em exercício após a idade-limite para dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui-
aposentadoria compulsória”. rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato (exonerado “ad nutum”).
administrativo, mas não pode ser confundida com o cri- O servidor que ocupa cargo em comissão se sujeita
me de usurpação de função (art. 328, CP), no qual o su- ao regime geral da previdência social. Quanto ao regime
jeito exerce uma atribuição de cargo, emprego ou função de trabalho, será o mesmo dos demais servidores do ór-
pública, sem ocorrer nenhuma forma de investidura. No gão em que ocupa o cargo – se for estatutário, seguirá o
caso do agente de fato, há investidura, mas ela se deu mesmo estatuto e fará jus aos direitos ali previstos, exce-
sem os devidos requisitos. to os de natureza previdenciária; se for celetista, seguirá
Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a as normas da CLT e terá os mesmos direitos ali assegura-
doutrina majoritária considera-os válidos, por causa da dos, inclusive FGTS.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aparência de conformidade com a lei e em preservação


da boa-fé dos administrados. Entretanto, será necessá-
rio ponderar no caso concreto, utilizando como vetores
a segurança jurídica e a boa-fé da população, bem como
observando se a falta de competência não poderia ser
facilmente detectada.

27  DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed.


São Paulo: Atlas, 2010.

41
na LRF, reduzam as despesas com servidores públicos
#FicaDica comissionados e não estáveis, conforme art. 169, §3º,
Cargo em comissão é diferente de função CF. Mas se as medidas previstas no §3º do art. 169 não
de confiança, sendo que a segunda apenas forem suficientes para adequar e controlar as despesas
pode ser conferida a quem já ocupa um públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda do cargo
cargo público efetivo. até mesmo na hipótese em que o seu ocupante detenha
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta hipótese,
exercidas exclusivamente por servidores o servidor estável que perder o cargo terá direito a in-
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em denização correspondente a 1 mês de remuneração por
comissão, a serem preenchidos por servi- ano de serviço público.
dores de carreira nos casos, condições e Existem alguns servidores públicos efetivos que não
percentuais mínimos previstos em lei, des- possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São
tinam-se apenas às atribuições de direção, eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú-
chefia e assessoramento. blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). O prazo
para a aquisição da vitaliciedade é diferente do prazo
para aquisição da estabilidade, sendo adquirida após 2
6. Garantias do cargo efetivo: estabilidade/vitali- anos de serviço público. Durante esse período, também
ciedade é submetido o servidor a “estágio probatório”, chamado
de processo de vitaliciamento. Um fator importantíssimo
O servidor público efetivo, aquele que foi provido a favor dos agentes vitalícios é que eles somente podem
em cargo mediante nomeação seguida da aprovação perder o cargo em decorrência de decisão judicial transi-
em concurso público, está apto a adquirir estabilidade, tada em julgado. Então, as várias hipóteses de perda de
nos moldes do artigo 41, CF, após três anos de efetivo cargo previstas para servidores estáveis não se aplicam
exercício. aos servidores vitalícios.
Os primeiros três anos de serviço correspondem ao
estágio probatório, período em que o servidor deverá ser
submetido a uma avaliação especial de desempenho, na #FicaDica
qual se avaliam os seguintes fatores: assiduidade; disci- O servidor público efetivo está apto a ad-
plina; capacidade de iniciativa; produtividade; responsa- quirir estabilidade, nos moldes do artigo
bilidade (art. 20, Lei nº 8.112/1990). 41, CF, após três anos de efetivo exercício
Não existe vedação para um servidor em estágio pro- com aprovação no estágio probatório (art.
batório exercer quaisquer cargos de provimento em co- 41, §1º, CF), no qual se avaliam os seguintes
missão ou funções de direção, chefia ou assessoramento fatores: assiduidade; disciplina; capacidade
no órgão ou entidade de lotação. de iniciativa; produtividade; responsabili-
Vale destacar que sempre que o servidor mudar de dade (art. 20, Lei nº 8.112/1990). Após, o
cargo, por exemplo, mediante promoção, passará por servidor apenas perderá o cargo em virtude
um novo período de estágio probatório e, se não apro- de sentença judicial transitada em julgado,
vado, será conduzido ao cargo anteriormente ocupado. mediante processo administrativo em que
De forma diversa ocorre se a reprovação se der no car- lhe seja assegurada ampla defesa ou me-
go de acesso ao serviço público (provimento mediante diante procedimento de avaliação periódi-
nomeação). ca de desempenho.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado
nos casos do §1º do artigo 41 da Constituição Federal, FIQUE ATENTO!
notadamente: em virtude de sentença judicial transitada
em julgado; mediante processo administrativo em que O empregado público vinculado a empre-
lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi- sa pública e sociedade de economia mista
mento de avaliação periódica de desempenho, na forma não adquire estabilidade (súmula 390, TST).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Contudo, se a empresa pública ou sociedade


de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo
de economia mista prestar serviço público,
esta lei complementar ainda inexistente no âmbito fe-
a dispensa do empregado público deve ser
deral). Logo, é possível a perda do cargo mesmo após
motivada (OJ 247, SDI1, TST).
adquirir a estabilidade, mas há garantias quanto à forma
como isso pode ocorrer.
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi- 7. Formas de provimento e vacância dos cargos
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo públicos
que o seu detentor seja estável no serviço público. Trata-
-se da perda de cargo para adequação dos gastos do Es- Provimento é o preenchimento do cargo público; ao
tado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A Constitui- passo que vacância é a sua desocupação.
ção Federal inicialmente impõe que os entes federativos, O provimento pode se dar de forma originária ou
no caso de extrapolação dos limites de gastos previstos derivada.

42
De forma originária, o provimento pressupõe que não As vantagens se dividem em:
exista uma relação jurídica anterior entre servidor público
e Administração. A única forma de provimento originário Indenizações (não se incorporam)
é a nomeação, que pode ser em caráter efetivo (median-
te aprovação em concurso) ou em comissão (tratando-se • Ajuda de custo – compensa as despesas de ins-
de cargo de confiança). talação do servidor que, no interesse do serviço,
De forma derivada, o provimento pressupõe que exis- passar a ter exercício em nova sede, com mudança
ta uma relação jurídica anterior entre servidor público e de domicílio em caráter permanente.
Administração. Pode se dar de diversas formas: promo- • Diárias – ressarcem o afastamento da sede em ca-
ção, readaptação, reversão, aproveitamento, reintegra- ráter eventual ou transitório para outro ponto do
ção e recondução. território nacional ou para o exterior, correspon-
• Promoção é a elevação de um servidor de uma dendo a passagens e diárias (que pagam pousada,
classe para outra dentro de uma mesma carreira. alimentação e transporte).
• Readaptação é a passagem do servidor para outro • Indenização de transporte – ressarce despesas com
cargo compatível com a deficiência física que ele a utilização de meio próprio de locomoção para a
venha a apresentar. execução de serviços externos.
• Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor • Auxílio-moradia – ressarce despesas comprova-
aposentado por invalidez quando insubsistentes damente realizadas pelo servidor com aluguel de
os motivos da aposentadoria. moradia ou com meio de hospedagem administra-
• Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do do por empresa hoteleira.
servidor que se encontrava em disponibilidade e
foi aproveitado em cargo semelhante àquele ante- Gratificações (podem se incorporar)
riormente ocupado. • Por direção, chefia e assessoramento – pago ao
• Reintegração é o retorno ao serviço ativo do servidor ocupante de cargo efetivo investido em
servidor que fora demitido, quando a demissão função de direção, chefia ou assessoramento.
for anulada administrativamente ou judicialmen- • Natalina – 13o salário.
te, voltando para o mesmo cargo que ocupava Por Encargo, de curso ou de concurso (não se in-
anteriormente. corpora) – devida ao servidor que, em caráter eventual:
• Recondução é o retorno ao cargo anteriormen- atuar como instrutor em curso de formação, de desen-
te ocupado, do servidor que não logrou êxito no volvimento ou de treinamento; participar de banca exa-
estágio probatório de outro cargo para o qual foi minadora ou de comissão para exames orais, para análise
nomeado decorrente de outro concurso. curricular, para correção de provas discursivas, para ela-
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de boração de questões de provas ou para julgamento de
provimento a transferência, que era a passagem de um recursos intentados por candidatos; participar da logís-
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo tica de preparação e de realização de concurso público
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma envolvendo atividades de planejamento, coordenação,
carreira para outra. supervisão, execução e avaliação de resultado, quando
Em relação às formas de vacância, que ocorre quan- tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atri-
do o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, co- buições permanentes; participar da aplicação, fiscalizar
locam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis- ou avaliar provas de exame vestibular ou de concurso
são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja público ou supervisionar essas atividades.
acumulação seja vedada.
Adicionais (podem se incorporar)
8. Remuneração e vantagens • Insalubridade/Periculosidade – paga a servidores
que trabalhem com habitualidade em locais insalu-
O primeiro direito do servidor é o de receber paga- bres ou em contato permanente com substâncias
mento pelo seu trabalho, mediante vencimento, o qual tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

acrescido de vantagens se denomina remuneração. jus a um adicional sobre o vencimento do cargo


Vencimento = retribuição pecuniária pelo cargo pú- efetivo.
blico. • Atividades penosas – devido aos servidores em
Remuneração = vencimento + vantagens. exercício em zonas de fronteira ou em localidades
É garantido o direito ao igual vencimento por igual cujas condições de vida o justifiquem.
trabalho. • Serviço extraordinário – horas extras, limitadas a 2
Nenhum servidor receberá menos do que o salário (duas) horas por jornada = valor da hora normal +
mínimo. 50%.
Faltas e atrasos geram perda proporcional da remu- • Noturno – prestado em horário compreendido en-
neração. Não geram perda de remuneração as faltas jus- tre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco)
tificadas e devidamente compensadas. horas do dia seguinte = valor-hora acrescido de
25% (vinte e cinco por cento).

43
• De férias – 30 dias a cada 12 meses de trabalho = para gerar a condenação penal pode sim ser suficiente
+1/3 da remuneração no período de férias. para gerar uma condenação na esfera civil ou administra-
tiva – isso acentua a independência das esferas.
As licenças se dividem em: Entretanto, se a prova for suficiente para que o direito
• Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Famí- penal confira uma resposta absoluta e definitiva, é coe-
lia – justifica-se por problema de saúde com um fa- rente que as esferas civil e administrativa sejam obriga-
miliar próximo ou dependente legal. Remunerada. das a seguir o mesmo caminho. Se ocorrer condenação
• Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge – penal, deve ocorrer condenação civil/administrativa. Se
justifica-se por mudança do cônjuge de um servi- ocorrer absolvição penal, não por falta de provas, mas
dor público de cidade ou país. Não remunerada. por absoluto reconhecimento da inexistência do fato
• Licença para o Serviço Militar – justifica-se para o ou negativa de autoria, deve ocorrer absolvição civil/
caso de convocação do servidor para o serviço mi- administrativa.
litar. Não remunerada. Especificamente quanto à esfera civil, vale destacar o
• Licença para Atividade Política – justifica-se para o artigo 37, § 6o, CF:
caso de servidor candidato a cargo político eletivo,
sendo obrigatório entre o dia da candidatura e dez Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
dias após as eleições. Não remunerada. co e as de direito privado prestadoras de serviços pú-
• Licença para Capacitação – justifica-se para o aper- blicos responderão pelos danos que seus agentes,
feiçoamento profissional do servidor. Remunerada. nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado
• Licença Para Tratar Interesses Particulares – dispen- o direito de regresso contra o responsável nos ca-
sa justificativa, basta a vontade do servidor. Não sos de dolo ou culpa.
remunerada.
• Licença para Desempenho de Mandato Classista A responsabilidade civil do Estado com relação ao ad-
– justifica-se para o caso de convocação do ser- ministrado é objetiva – basta a demonstração de ação/
vidor como responsável por gerir ou represen- omissão, dano e nexo causal. Noutras palavras, basta que
tar em tempo integral entidade de classe. Não um dano seja causado por um agente público para que
remunerada. o Estado tenha o dever de indenizar, não importando
• Licença para Tratamento de Saúde – justifica-se se este agente público agiu ou não com culpa. O arti-
por doença do servidor, sendo necessário o afasta- go 37, § 6o, CF consagra a denominada teoria do risco
mento para tratamento. Remunerada. administrativo.
• Licença-Gestante ou Adotante – justifica-se por Contudo, para que o agente público causador do
maternidade, biológica ou adotada. Remunerada. dano tenha o dever de indenizar é preciso que tenha
• Licença-Paternidade – justifica-se por paternidade, agido com dolo ou culpa. Em suma, existe uma relação
biológica ou adotada. Remunerada. jurídica autônoma entre o Estado e o agente público
que causou o dano no desempenho de suas funções,
9. Responsabilidade civil, penal e administrativa em comparação à relação do Estado com o administra-
do. Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva,
O servidor poderá ser responsabilizado por atos pra- ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo
ticados no exercício de sua função na esfera criminal, se dano causado.
o fato que praticou for considerado crime; na esfera ad- Esta bifurcação entre a responsabilidade civil do Es-
ministrativa, se o ato praticado configurar infração ad- tado e a responsabilidade civil do servidor público se
ministrativa; na esfera civil, se o fato que praticou gerar processa nos seguintes moldes: a vítima ajuizará ação
um dano indenizável e ele tiver agido com dolo ou culpa. indenizatória contra o Estado, pessoa jurídica de direito
As penalidades das três esferas podem se acumular e público; caso o Estado seja condenado ao pagamento da
elas são independentes e autônomas entre si, com res- indenização e entenda que o servidor agiu com dolo ou
salvas à esfera penal, uma vez que as decisões absolutas culpa, poderá exercer contra ele o direito de regresso,
da esfera penal são baseadas em provas contundentes e demandando que o servidor ressarça o Estado de inde-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não se admitiria resultado diverso em outras esferas. nização por ele paga. Basicamente, o direito de regresso
Por isso, a responsabilidade administrativa do ser- consiste no direito de acionar o causador direto do dano
vidor será afastada no caso de absolvição criminal que para obter de volta aquilo que pagou à vítima.
negue a existência do fato ou sua autoria. Noutras pala-
vras, como no direito penal vale a regra da presunção de 10. Regime disciplinar
inocência, qualquer tipo de dúvida deve gerar a absol-
vição do réu. Logo, na esfera penal é preciso uma prova O regime disciplinar do servidor público está es-
rigorosa, sendo comum que uma pessoa seja absolvida tabelecido basicamente de duas maneiras: deveres e
na esfera penal por falta de provas. Contudo, nas esferas proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
civil e administrativa, o ônus da prova é distribuído entre bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
as partes, razão pela qual a prova que não foi suficiente Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
cabível é uma punição.

44
Deve-se notar, porém, que os deveres constam da lei 3. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA –
como ações, como conduta positiva; as proibições, ao CESPE – 2018) Acerca do direito administrativo, dos atos
contrário, são descritas como condutas vedadas ao ser- administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a
vidor, de modo que ele deve abster-se de praticá-las. Em seguir.
contraposição aos deveres do servidor público, existem Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi-
diversas proibições. cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas
A violação dos deveres ou a prática de alguma das agentes públicos.
violações caracterizam infração administrativa disciplinar
e geram a aplicação de penalidades disciplinares, nota- ( ) CERTO ( ) ERRADO
damente: advertência; suspensão; demissão; cassação de
aposentadoria ou disponibilidade; destituição de cargo Resposta: Certo. Existem três espécies de agentes pú-
em comissão; destituição de função comissionada. blicos: agentes políticos, agentes administrativos (en-
O processo administrativo disciplinar se presta a apu- tram aqui os servidores e empregados públicos) e par-
rar as infrações disciplinares, garantindo aos servidores ticulares em colaboração com o Estado. Aqueles que
o direito ao contraditório e à ampla defesa. Basicamen- ocupam cargo eletivo, exercendo assim mandato, são
te, é o instrumento destinado a apurar responsabilidade agentes políticos, espécie do gênero agente público.
de servidor por infração praticada no exercício de suas
atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do
cargo em que se encontre investido.
PODERES ADMINISTRATIVOS; HIERÁRQUI-
CO, DISCIPLINAR, REGULAMENTAR E DE
POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE O Estado possui papel central de disciplinar a socie-
– 2018) Acerca do regime jurídico dos servidores públi- dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes
cos federais, julgue o item a seguir. que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições,
A promoção não constitui forma de provimento em car- são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis
go público. à consecução dos fins públicos, que são os poderes ad-
ministrativos. Em contrapartida, surgirão deveres especí-
( ) CERTO ( ) ERRADO ficos, que são deveres administrativos.
Os poderes conferidos à administração surgem como
Resposta: Errado. A promoção é uma forma deriva- instrumentos para a preservação dos interesses da co-
da de provimento do cargo público, acessível àqueles letividade. Caso a administração se utilize destes pode-
que estão na carreira e vão galgar novo degrau em res para fins diversos de preservação dos interesses da
cargo de nível superior ao ocupado no momento. sociedade, estará cometendo abuso de poder, ou seja,
incidindo em ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário
2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – poderá efetuar controle dos atos administrativos que im-
CESPE – 2018) Julgue o seguinte item de acordo com as pliquem em excesso ou abuso de poder.
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser
públicos. colocados como prerrogativas de direito público conferi-
A investidura em cargo, emprego ou função pública exi- das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Es-
ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou tado alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapar-
de provas e títulos, na forma prevista em lei. tida a estes poderes, surgem deveres ao administrador.
“O poder administrativo representa uma prerrogativa
( ) CERTO ( ) ERRADO especial de direito público outorgada aos agentes do Es-
tado. Cada um desses terá a seu cargo a execução de cer-
Resposta: Errado. A função pública é exercida por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tas funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas


servidores contratados temporariamente com base no aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercí-
artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso. Des- cio é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo,
taca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura dentro dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que
em cargo ou emprego público depende de aprovação usaram normalmente os seus poderes. Uso do poder,
prévia em concurso público de provas ou de provas e portanto, é a utilização normal, pelos agentes públicos,
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade das prerrogativas que a lei lhes confere”28.
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal- Neste sentido, “os poderes administrativos são outor-
vadas as nomeações para cargo em comissão declara- gados aos agentes do Poder Público para lhes permitir
do em lei de livre nomeação e exoneração”. atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo
assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª)
são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
28  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

45
exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas Neste sentido, discricionariedade não pode se confundir
públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes com arbitrariedade – a última é uma conduta ilegítima
para o administrador público, impõem-lhe o seu exer- e quanto a ela caberá controle de legalidade perante o
cício e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atin- Poder Judiciário.
ge, em última instância, a coletividade, esta a real desti- “O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo
natária de tais poderes. Esse aspecto dúplice do poder de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale
administrativo é que se denomina de poder-dever de dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou
agir”29. Percebe-se que, diferentemente dos particulares aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de
aos quais, quando conferido um poder, podem optar por conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a con-
exercê-lo ou não, a Administração não tem faculdade de duta. A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da
agir, afinal, sua atuação se dá dentro de objetos de in- legalidade dos atos, não poderá questionar critérios que
teresse público. Logo, a abstenção não pode ser aceita, a própria lei defere ao administrador. [...] Modernamente,
o que transforma o poder de agir também num dever os doutrinadores têm considerado os princípios da razoa-
de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever. Com efeito, o bilidade e da proporcionalidade como valores que po-
agente omisso poderá ser responsabilizado. dem ensejar o controle da discricionariedade, enfrentan-
Os poderes da Administração se dividem em: hierár- do situações que, embora com aparência de legalidade,
quico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Há quem retratam verdadeiro abuso de poder. [...] A exacerbação
diga que vinculado e discricionário são também poderes, ilegítima desse tipo de controle reflete ofensa ao princípio
mas a doutrina mais técnica tem afirmado corretamen- republicano da separação dos poderes”31.
te que, na verdade, são formas de exercício dos demais Há quem diga que, por haver tal liberdade, não existe
poderes. o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui,
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de-
FORMAS DE EXERCÍCIO monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada
pelo administrador. Basicamente, não é porque o ad-
1. Forma vinculada ministrador tem liberdade para decidir de outra forma
que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça,
Quando o poder se manifesta numa forma vinculada incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os
não há qualquer liberdade quanto à atividade que deva parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal,
ser praticada, cabendo ao administrador se sujeitar por não obstante a discricionariedade seja uma prerrogativa
completo ao mandamento da lei. Nos atos vinculados, da administração, o seu maior objetivo é o atendimento
o agente apenas reproduz os elementos da lei. Afinal, o aos interesses da coletividade.
administrador se encontra diante de situações que com-
portam solução única anteriormente prevista por lei. Poder regulamentar
Não há espaço para que o administrador faça um juí-
zo discricionário, de conveniência e oportunidade. Ele é Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder con-
obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a lei ferido à administração de elaborar decretos e regula-
assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória mentos. O Poder Executivo, nestas situações, exerce for-
por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença ça normativa, expedindo normas que se revestem, como
para prestar serviço militar obrigatório – o administrador qualquer outra, de abstração e generalidade.
não escolhe se concede ou não, apenas efetua a verifica- Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sem-
ção dos requisitos e, se eles estiverem presentes, neces- pre possibilita que elas sejam executadas. A aplicação
sariamente deve tomar a decisão de conceder o pedido. prática fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar de-
cretos e regulamentos com capacidade de dar execução
2. Forma discricionária às leis editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prer-
rogativa complementar à lei, não podendo em hipótese
Existem situações em que o próprio agente tem a alguma o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto,
possibilidade de valorar a sua conduta. Logo, quando o poderá o Executivo criar obrigações subsidiárias, que se
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exercício do poder se manifesta na forma discricionária o impõem ao administrado ao lado das obrigações primá-
administrador não está diante de situações que compor- rias fixadas na própria lei.
tam solução única. Possui, assim, um espaço para exercer Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
um juízo de valores de conveniência e oportunidade. Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da com-
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando petência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar
o ato é praticado quanto, num momento futuro, na cir- os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
cunstância de sua revogação. do poder regulamentar ou dos limites de delegação
Uma das principais limitações à discricionariedade legislativa”.
é a adequação, correspondente à adequação da con- Segundo entendimento majoritário, tanto os decre-
duta escolhida pelo agente à finalidade expressa em tos quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos
lei. O segundo limite é o da verificação dos motivos30. de natureza originária ou primária) ou de execução (atos
de natureza derivada ou secundária), embora a essência
29  Ibid.
30  Ibid. 31  Ibid.

46
do poder regulamentar seja composta pelos decretos e e agentes da Administração que tem como objetivo
regulamentos de execução. O regulamento autônomo a organização da função administrativa. E não poderia
pode ser editado independentemente da existência de lei ser de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da
anterior, se encontrando no mesmo patamar hierárquico Administração Pública que não se poderia conceber sua
que a lei – por isso, é passível de controle de constitucio- normal realização sem a organização, em escalas, dos
nalidade. Os regulamentos de execução dependem da agentes e dos órgãos públicos. Em razão desse escalo-
existência de lei anterior para que possam ser editados namento firma-se uma relação jurídica entre os agentes,
e devem obedecer aos seus limites, sob pena de ilegali- que se denomina relação hierárquica”33. Nesta relação
dade – deste modo, se sujeitam a controle de legalidade. hierárquica, surge para a autoridade superior o poder de
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativa- comando e para o seu subalterno o dever de obediência.
mente ao Presidente da República expedir decretos e re- Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido
gulamentos para a fiel execução da lei, atividade que não à administração de fixar campos de competência quan-
pode ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em to às figuras que compõem sua estrutura. Este poder é
que pese o teor do dispositivo que poderia dar a enten- exercido tanto na distribuição de competências entre os
der que a existência de decretos autônomos é impedida, órgãos quanto na divisão de deveres entre os servidores
o próprio STF já reconheceu decretos autônomos como que o compõem. Se o ato for praticado por órgão incom-
válidos em situações excepcionais. Carvalho Filho32, a petente, é inválido. Da mesma forma, se o for praticado
respeito, afirma que somente são decretos e regulamen- por servidor que não tinha tal atribuição.
tos que tipicamente caracterizam o poder regulamentar Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
aqueles que são de natureza derivada – o autor admite o poder de revisão, consistente no poder das autorida-
que existem decretos e regulamentos autônomos, mas des superiores de revisar os atos praticados por seus
diz que não são atos do poder regulamentar. subordinados.
A classificação dos decretos e regulamentos em au-
tônomos e de execução é bastante relevante para fins de 3. Poder disciplinar
controle judicial. Em se tratando de decreto de execução,
o parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está É o poder conferido à administração para aplicar san-
vinculado, ocorrendo mero controle de legalidade como ções aos seus servidores que pratiquem infrações disci-
regra – não caberá controle de constitucionalidade por plinares. Trata-se de decorrência do poder hierárquico,
ações diretas de inconstitucionalidade ou de constitucio- pois é a hierarquia que permite aos agentes de nível su-
nalidade, mas caberá por arguição de descumprimento perior fiscalizar as ações dos subordinados.
de preceito fundamental – ADPF, cujo caráter é mais am- Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem
plo e permite o controle sobre atos regulamentares deri- natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou
vados de lei, tal como será cabível mandado de injunção. penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, desta-
Em se tratando de decreto autônomo, o parâmetro de cam-se a de advertência, suspensão, demissão e cassa-
controle sempre será a Constituição Federal, possuindo o ção de aposentadoria.
decreto a mesma posição hierárquica das demais leis in- Evidentemente que tais punições não podem ser
fraconstitucionais, ocorrendo genuíno controle de cons- aplicadas sem alguns requisitos, como a abertura de
titucionalidade no caso concreto, por qualquer das vias. sindicância ou processo disciplinar em que se garanta o
Outra observação que merece ser feita se refere ao contraditório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que
conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na somente são passíveis de demissão por sentença judicial,
França e corresponde à transferência de certas matérias que são os vitalícios, como os de magistrado e promotor
de caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere de justiça).
para outras fontes normativas, com autorização do pró-
prio legislador. Na verdade, o legislador efetuará uma 4. Poder de polícia
espécie de delegação, que não será completa e integral,
pois ainda caberá ao Legislativo elaborar o regramento É o poder conferido à administração para limitar,
básico, ocorrendo a transferência estritamente do aspec- disciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

to técnico (denomina-se delegação com parâmetros). Há particulares para a preservação dos interesses da coleti-
quem diga que nestes casos não há poder regulamentar, vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a
mas sim poder regulador. É exemplo do que ocorre com taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tari-
as agências reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre fa que se caracteriza como preço público e não podendo
outras. ser cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia.
“A expressão poder de polícia comporta dois senti-
2. Poder hierárquico dos, um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de
polícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado
É o poder conferido à administração de fixar campos em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estri-
de competência quanto às figuras que compõem sua to, o poder de polícia se configura como atividade ad-
estrutura; logo, é um poder de auto-organização. “Hie- ministrativa, que consubstancia, como vimos, verdadeira
rarquia é o escalonamento em plano vertical dos órgãos
32  Ibid. 33  Ibid.

47
prerrogativa conferida aos agentes da Administração, a atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exem-
consistente no poder de restringir e condicionar a liber- plo, uma empresa contratada para operar radares não
dade e a propriedade”34. recebeu delegação do poder de polícia, mas uma guarda
No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati- municipal instituída na forma de empresa pública com
vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém poder de aplicar multas recebeu tal delegação.
é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não
impuser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a 4.3 Polícia judiciária e polícia administrativa
atividade da polícia administrativa, envolvendo apenas as
prerrogativas dos agentes da Administração. Uma das mais importantes classificações doutriná-
Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio le- rias corresponde à distinção entre polícia administrativa
gislador estabelece no Código Tributário Nacional: “Con- e polícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho:
sidera-se poder de polícia a atividade da administração “ambos se enquadram no âmbito da função administra-
pública que, limitando o disciplinando direito, interesse tiva, vale dizer, representam atividades de gestão de in-
ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de teresses públicos. A Polícia Administrativa é atividade da
fato, em razão de interesse público [...]” (art. 78, primeira Administração que se exaure em si mesma, ou seja, ini-
parte, CTN). A atividade de polícia é tipicamente admi- cia e se completa no âmbito da função administrativa. O
nistrativa, razão pela qual é estudada no ramo do direito mesmo não ocorre com a Polícia Judiciária, que, embora
administrativo. seja atividade administrativa, prepara a atuação da fun-
Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do ção jurisdicional penal, o que a faz regulada pelo Código
poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a de Processo Penal (arts. 4º ss) e executada por órgãos de
administração não precisa de manifestação do Poder Ju- segurança (polícia civil ou militar), ao passo que a Polícia
diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os. Administrativa o é por órgãos administrativos de caráter
mais fiscalizador. Outra diferença reside na circunstância
4.1 Polícia-função e polícia-corporação de que a Polícia Administrativa incide basicamente sobre
atividades dos indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas preordena-se ao indivíduo em si, ou seja, aquele a quem
em decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena se atribui o cometimento de ilícito penal”36. Além disso,
realçar que não há como confundir polícia-função com essencialmente, a Polícia Administrativa tem caráter pre-
polícia-corporação: aquela é a função estatal propria- ventivo (busca evitar o dano social), enquanto que a Po-
mente dita e deve ser interpretada sob o aspecto ma- lícia Judiciária tem caráter repressivo (busca a punição
terial, indicando atividade administrativa; esta, contudo, daquele que causou o dano social).
corresponde à ideia de órgão administrativo, integrado
nos sistemas de segurança pública e incumbido de pre- 4.4 Liberdades públicas e poder de polícia
venir os delitos e as condutas ofensivas à ordem pública,
razão por que deve ser vista sob o aspecto subjetivo (ou Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
formal). A polícia-corporação executa frequentemente lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito
funções de polícia administrativa, mas a polícia-função, individual seja relativo perante o interesse público, exis-
ou seja, a atividade oriunda do poder de polícia, é exer- tem núcleos mínimos de direitos que devem ser preser-
cida por outros órgãos administrativos além da corpora- vados, mesmo no exercício do poder de polícia. Neste
ção policial”35. sentido, a faculdade repressiva deve respeitar os direitos
do cidadão, as prerrogativas individuais e as liberdades
4.2 Competência, delegação e transferência públicas que são consagrados no texto constitucional.
Para compreender a questão, interessante suscitar
A competência para exercer o poder de polícia é, a qual o caráter do poder de polícia, se discricionário ou
princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de vinculado. A doutrina de Meirelles37 e Carvalho Filho38 re-
competência no âmbito do poder regulamentar. Se a comenda que quando o poder de polícia vai ter os seus
competência for concorrente, também o poder de polícia limites fixados há discricionariedade (por exemplo, quan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

será exercido de forma concorrente. do o poder público vai decidir se pode ou não ocorrer
O poder de polícia pode ser exercido de forma origi- pesca num determinado rio), mas quando já existem os
nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên- limites o ato se torna vinculado (no mesmo exemplo, não
cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que se pode decidir por multar um pescador e não multar o
transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória outro por pescarem no rio em que a pesca é proibida,
(poder de polícia seria de caráter executório, não ino- devendo ambos serem multados). Tal raciocínio é rele-
vador) a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial vante para verificar, num caso concreto, se houve ou não
com entes públicos. abuso do poder de polícia. Vamos supor que a lei fixe os
A transferência de tarefas de operacionalização, no limites para o ato, mas que na prática tais limites tenham
âmbito de simples constatação, não é considerada de- sido ignorados: não haverá discricionariedade, então.
legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando
36  Ibid.
34  Ibid. 37  MEIRELLES, Hely Lopes... Op. Cit.
35  Ibid. 38  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

48
Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
são:
EXERCÍCIO COMENTADO
“• Necessidade – a medida de polícia só deve ser
adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de 1. (EBSERH – Advogado – CESPE – 2018) Julgue o se-
perturbações ao interesse público; guinte item, a respeito dos poderes da administração
• Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação en- pública.
tre a limitação ao direito individual e o prejuízo a No exercício do poder regulamentar, a administração pú-
ser evitado; blica não poderá contrariar a lei.
• Eficácia – a medida deve ser adequada para im-
pedir o dano a interesse público. Para ser eficaz a ( ) CERTO ( ) ERRADO
Administração não precisa recorrer ao Poder Judi-
ciário para executar as suas decisões, é o que se Resposta: Certo. O poder regulamentar tem por cará-
chama de autoexecutoriedade”39. ter exclusivo regular aquilo que a legislação prevê. Ou
Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade seja, o Executivo dá normas específicas às normas cria-
de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis- das pelo Legislativo. Se o Executivo se exceder em seu
trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo poder, estará infringindo a Separação dos Poderes.
administrativo para imposição de multa de trânsito, são
necessárias as notificações da atuação e da aplicação da 2. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA
pena decorrentes da infração”. – CESPE – 2018) Considerando a doutrina majoritária,
julgue o próximo item, referente ao poder administrati-
4.5 Setores de atuação da polícia administrativa vo, à organização administrativa federal e aos princípios
básicos da administração pública.
Considerando que todos os direitos individuais são No exercício do poder regulamentar, o Poder Executivo
limitados pelo interesse da coletividade, já se pode de- pode editar regulamentos autônomos de organização
duzir que o âmbito de atuação do poder de polícia é o administrativa, desde que esses não impliquem aumento
mais amplo possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.
sanitária, polícia ambiental, polícia de trânsito e tráfego,
polícia de profissões (OAB, CRM, etc.), polícia de cons- ( ) CERTO ( ) ERRADO
truções etc.
Neste sentido, será possível atuar tanto por atos nor- Resposta: Certo. Em que pese o teor do artigo 84,
mativos (atos genéricos, abstratos e impessoais, como IV, CF que poderia dar a entender que a existência
decretos, regulamentos, portarias, instruções, resoluções, de decretos autônomos é impedida, o próprio STF já
entre outros) e por atos concretos (voltados a um indi- reconheceu decretos autônomos como válidos em si-
víduo específico e isolado, que podem ser determina- tuações excepcionais, nos termos do artigo 84, VI, CF:
ções, como a multa, ou atos de consentimento, como “VI – dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
a concessão ou revogação de licença ou autorização por funcionamento da administração federal, quando não
alvará). implicar aumento de despesa nem criação ou extinção
de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos
públicos, quando vagos”.
#FicaDica
• Poder disciplinar – É aquele que a Admi- 3. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Julgue o
nistração possui para punir seus próprios seguinte item, a respeito dos poderes da administração
servidores, bem como aplicar sanções a pública.
particulares a ela vinculados por ato ou O poder hierárquico se manifesta no controle exercido
contrato. pela administração pública direta sobre as empresas pú-
• Poder hierárquico – É aquele que a Admi- blicas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nistração possui para ordenar, coordenar,


controlar e revisar os atos de seus subor- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dinados, podendo ainda avocar e delegar
competências. Resposta: Errado. O poder hierárquico é um poder
• Poder regulamentar – É aquele que a Ad- interno de organização, sendo assim, não existe hie-
ministração possui para, por meio da chefia rarquia entre administração direta e indireta.
do Executivo, de editar atos normativos ge-
rais e abstratos. 4. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
• Poder de polícia – É aquele que a Admi- – CESPE – 2018) Acerca dos poderes da administração
nistração possui para limitar o exercício de pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o
direitos individuais em prol da coletividade. item a seguir.
39  MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 5. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

49
O poder disciplinar, decorrente da hierarquia, tem sua • Dever de prestar contas: como o que é gerido
discricionariedade limitada, tendo em vista que a admi- pelo administrador não lhe pertence, é seu de-
nistração pública se vincula ao dever de punir. ver prestar contas do que realizou à coletividade,
isto é, informar em detalhes qual o destino dado
( ) CERTO ( ) ERRADO às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever
abrange não só aqueles que são agentes públicos,
Resposta: Certo. O poder disciplinar em regra é dis- mas a todos que tenham sob sua responsabilida-
cricionário, mas pode sofrer algumas limitações. Entre de dinheiros, bens ou interesses públicos, inde-
elas, o dever de investigar é vinculado, bem como a pendentemente de serem ou não administradores
aplicação da penalidade. Afinal, não é uma mera ques- públicos.
tão interna, mas verdadeira questão de ilegalidade – e
o poder público se vincula ao princípio da legalidade. “A prestação de contas de administradores pode ser
De outro lado, existe margem de discricionariedade realizada internamente através dos órgãos escalonados
ao determinar a gravidade e o enquadramento da em graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o
infração. controle de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser
ele o órgão de representação popular. No Legislativo se
5. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA situa, organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua
– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis- especialização, auxilia o Congresso Nacional na verifica-
trativos, julgue o item que se segue. ção de contas dos administradores”41.
O poder de polícia consiste na atividade da administra-
ção pública de limitar ou condicionar, por meio de atos • Dever de eficiência: a atividade administrati-
normativos ou concretos, a liberdade e a propriedade va deve ser célere e técnica, mesclando qualida-
dos indivíduos conforme o interesse público. de e quantidade. Para tanto, é necessário atribuir
competências aos cargos conforme a qualificação
( ) CERTO ( ) ERRADO exigida para ocupá-los; bem como desempenhar
atividades com perfeição, coordenação, celerida-
Resposta: Certo. Conceitua-se poder de polícia como de e técnica. Não significa que perfeccionismo em
aquele conferido à administração para limitar, discipli- excesso seja valorizado, pois ele afeta o elemento
nar, restringir e condicionar direitos e atividades par- quantitativo do serviço, que também é essencial
ticulares para a preservação dos interesses da coletivi- para que ele seja eficiente.
dade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a • Dever de agir: o administrador possui um poder-
taxa (artigo 145, II, CF). -dever de agir. Não se trata de mero poder, por-
que priorizam atender ao interesse da coletividade
USO DO PODER E DEVERES DA ADMINISTRAÇÃO e, em razão disso, o poder de agir é também um
dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao ad-
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização ministrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a responsabilizado por omissão ou silêncio, abrindo
lei lhes confere”40. Significa que se um agente toma suas possibilidade de obter o ato não realizado: pela via
atitudes dentro dos limites dos poderes administrativos, extrajudicial, notadamente ao exercer o direito de
está agindo conforme a lei. Um dos principais guias para petição; ou por via judicial, por intermédio de man-
determinar se a ação está ou não em conformidade é o dado de segurança, quando ferir direito líquido e
dos deveres administrativos. certo do interessado comprovado de plano, ou por
Assim, além de poderes, os agentes administrativos, ação de obrigação de fazer.
obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições
que exercem. Dentre os principais, podem ser citados Vale destacar que nem toda omissão do poder pú-
os seguintes, conforme aponta doutrina a respeito do blico é ilegal. As denominadas omissões genéricas, que
assunto: envolvem prerrogativas de ação do administrador de ca-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Dever de probidade: trata-se de um dos deveres ráter geral e sem prazo determinado para atendimento,
mais relevantes, correspondendo à obrigação do inseridas em seu poder discricionário, não autorizam a
agente público de agir de forma honesta e reta, alegação de ilegalidade por violação do poder-dever de
respeitando a moralidade administrativa e o inte- agir. Insere-se aqui a denominada reserva do possível
resse público. A violação deste dever caracteriza – por óbvio sempre existirão algumas omissões tendo
ato de improbidade, punível, conforme artigo 37, em vista a escassez de recursos financeiros. Ex.: deixar
§4º, CF e Lei nº 8.429/92, que se sujeita a diversas de reformar a entrada de um edifício, não construir um
penas, como suspensão de direitos políticos, perda estabelecimento de ensino. São ilegais, com efeito, as
da função pública, proibição de contratar com o omissões específicas, que são omissões do poder públi-
poder público, multa, além de restituição ao erário co mesmo diante de imposição expressa legal e prazo
por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da-
nos causados ao erário.
40  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit. 41  Ibid.

50
fixado em lei para atendimento. Nestas situações, caberá Resposta: Errado. O excesso de poder ocorre quando
até mesmo responsabilização civil, penal ou administrati- o ato é realizado por agente público sem competência
va do agente omisso. para a sua prática, não o desvio de poder.

Abuso de poder 2. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA


– CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
Havendo poderes, naturalmente será possível o abu- trativos, julgue o item que se segue.
so deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por Não configurará excesso de poder a atuação do servidor
parte dos administradores das prerrogativas a eles con- público fora da competência legalmente estabelecida
feridas no âmbito dos poderes da administração, por vio- quando houver relevante interesse social.
lação expressa ou tácita da lei.
“A conduta abusiva dos administradores pode decor- ( ) CERTO ( ) ERRADO
rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua Resposta: Errado. Caracteriza-se excesso de poder
competência, afasta-se do interesse público que deve justamente quando o servidor atua fora dos limites
nortear todo o desempenho administrativo. No primeiro da lei e ingressa na esfera de competência de outrem,
caso, diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ independentemente de justificativa com base em in-
e no segundo, com ‘desvio de poder’”42. Basicamente, teresse social.
havendo abuso de poder é possível que se caracterize
excesso de poder ou desvio de poder. No excesso de po- 3. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
der, o agente nem teria competência para agir naquela – CESPE – 2018) No que se refere aos poderes adminis-
questão e o faz. No abuso de poder, o agente possui trativos, julgue o item que se segue.
competência para agir naquela questão, mas não o faz O abuso de poder pode ocorrer tanto na forma comissiva
em respeito ao interesse público, ou seja, desvirtua-se quanto na omissiva, uma vez que, em ambas as hipóte-
do fim que deveria atingir o seu ato, por isso o desvio ses, é possível afrontar a lei e causar lesão a direito indi-
de poder também é denominado desvio de finalidade. A vidual do administrado.
conduta abusiva é passível de controle, inclusive judicial.
“Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de ( ) CERTO ( ) ERRADO
poder se configura como ilegalidade. Não se pode con-
ceber que a conduta de um agente, fora dos limites de Resposta: Certo. O abuso de poder pode acontecer
sua competência ou despida da finalidade da lei, pos- tanto por ação quanto por omissão. A omissão pode
sa compatibilizar-se com a legalidade. É certo que nem se caracterizar por inércia da administração ou recusa
toda ilegalidade decorre de conduta abusiva; mas todo injustificada.
abuso se reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à
revisão administrativa ou judicial”43.
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
LICITAÇÃO; PRINCÍPIOS; CONTRATAÇÃO
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
DIRETA: DISPENSA E INEXIGIBILIDADE;
trador, mas também estabelece deveres.
MODALIDADES; TIPOS; PROCEDIMENTO

#FicaDica
ASPECTOS CONCEITUAIS:
Excesso De Poder = Incompetência / Além
Do Permitido Na Legislação 1. Conceito
Abuso De Poder = Competência = Desvio
De Finalidade / Motivos Diversos Dos Le- Licitação é o processo pelo qual a Administração Pú-
galmente Previstos. blica contrata serviços e adquire bens dos particulares,
evitando-se que a escolha dos contratados seja fraudu-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lenta e prejudicial ao Estado em favor dos interesses par-


ticulares do governante.
EXERCÍCIO COMENTADO Segundo Carvalho Filho44, “não poderia a lei deixar ao
exclusivo critério do administrador a escolha das pessoas
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS – CARGOS: 10 E a serem contratadas, porque, fácil é prever, essa liber-
12 – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativos aos dade daria margem a escolhas impróprias, ou mesmo a
poderes da administração pública. concertos escusos entre alguns administradores públicos
O desvio de poder ocorre quando o ato é realizado por inescrupulosos e particulares, com o que prejudicada, em
agente público sem competência para a sua prática. última análise, seria a Administração Pública, gestora dos
interesses públicos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
42  Ibid. 44  SPITZCOVSKY, Celso. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo:
43  Ibid. Método, 2011.

51
Deste modo, Carvalho Filho45 conceitua licitação (tanto é verdade que empresas nacionais poderão
como “o procedimento administrativo vinculado por vencer a licitação mesmo que ofereçam preço até
meio do qual os entes da Administração Pública e aque- 25% mais caro que empresas estrangeiras).
les por ela controlados selecionam a melhor proposta
entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois Competência legislativa
objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do
melhor trabalho técnico, artístico ou científico”. A União tem competência privativa para legislar so-
Destaca-se a natureza de procedimento administrati- bre normas gerais licitatórias, conforme previsto no texto
vo, pois apesar da Lei nº 8.666/1993 se referir à licitação constitucional: “Art. 22. Compete privativamente à União
como ato administrativo, não se detecta verdadeiramen- legislar sobre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e
te ato, que é um elemento formal que indica uma inten- contratação, em todas as modalidades, para as adminis-
ção de agir da administração, mas sim um procedimento, trações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
diante do cumprimento de etapas previstas em lei para União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
que se atinja uma meta ou um objetivo. o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
Logo, a licitação é um procedimento administrativo sociedades de economia mista, nos termos do art. 173,
que tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na § 1°, III”. Por normas gerais de licitação e contratação,
Administração Pública, garantindo a contratação do ser- entendam-se aquelas com capacidade de criar, alterar ou
viço ou produto que melhor atenda às expectativas de extinguir modalidades, tipos e princípios licitatórios.
custo-benefício para o aparato público. Não significa que os Estados e municípios não pos-
sam legislar sobre licitações, apenas não podem se imis-
2. Objeto cuir nas normas gerais. Os Estados e municípios podem
regulamentar questões instrumentais e de interesse lo-
O objeto da licitação é a aquisição de bens e serviços cal, mas não se trata de competência concorrente. Por
pela Administração Pública, bem como a alienação do isso mesmo, não podem ampliar os casos de dispensa e
patrimônio dela, conforme a melhor proposta que aten- inexigibilidade, alterar os limites de valor para cada mo-
da aos interesses públicos. Toda licitação que é aberta dalidade de licitação ou reduzir os prazos de publicidade
volta-se especificamente para isto, permitindo que a Ad- e dos recursos.
ministração desempenhe suas atividades uma vez que
dispõe dos bens e serviços necessários para tanto. Destinatários

3. Objetivos Além do próprio Poder Público, também são desti-


natários os licitantes interessados em contratar com o
São objetivos da realização da licitação: Poder Público e qualquer pessoa interessada em saber
sobre os procedimentos públicos de licitação.
• Garantir a competição entre os interessados: to- Uma vez que o texto constitucional prevê a obriga-
dos os concorrentes devem ter igualdade de con- toriedade da licitação (artigo 37, XXVII, CF), estão obri-
dições quanto à possibilidade de contratar com o gados a licitar todos os entes estatais, incluindo-se a
Poder Público. Trata-se de via de mão dupla, pois administração direta (e o conjunto de órgãos que a com-
se de um lado os concorrentes terão a garantia de põem no âmbito do Executivo) e a administração indi-
imparcialidade no processo licitatório, de outro reta, além do Legislativo e do Judiciário, bem como os
lado a Administração conseguirá atrair um contra- órgãos independentes (Tribunais de Contas, Defensoria
to mais vantajoso. Pública e Ministério Público) e os entes sociais autôno-
• Alcançar a melhor proposta para o interesse mos (paraestatais).
público: a finalidade da licitação deve ser sempre Os particulares do terceiro setor que celebram com o
atender o interesse público. Afinal, os agentes pú- Estado contratos de convênio são obrigados a licitar para
blicos são meros representantes do Estado e jamais gastar as verbas públicas recebidas, prestando contas
devem agir em prol de seus interesses particulares nos termos da Instrução Normativa nº 01 da Secretaria
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

(princípio da impessoalidade), sendo dever a pre- do Tesouro Nacional.


servação e proteção dos interesses públicos. Com
efeito, é dever do condutor da licitação buscar a
proposta mais vantajosa, garantindo a igualdade
de condições entre os concorrentes, respeitan-
do todos os demais princípios resguardados pela
constituição.
• Servir de ferramenta de direito econômico: a
licitação é uma ferramenta que pode ser emprega-
da para a intervenção estatal na economia, promo-
vendo o desenvolvimento e a tecnologia nacionais

45  Ibid.

52
Entre os princípios correlatos, Carvalho Filho47 desta-
#FicaDica ca:
As empresas públicas e sociedades de eco- • Competitividade: correlato ao princípio da igual-
nomia mista desempenham operações pe-
dade, pelo princípio da competitividade a Admi-
culiares de nítido caráter econômico, que
nistração não pode criar regras que comprome-
estão vinculadas aos próprios objetivos da
tam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo
entidade, ou seja, são suas atividades-fim.
da licitação;
Ex.: Caixa Econômica Federal estabelece re-
lações bancárias, Correios ofertam serviços • Indistinção: correlato ao princípio da igualdade,
de postagem. Tais operações com caráter pelo princípio da indistinção é vedado criar pre-
econômico relacionadas à atividade-fim da ferências ou distinções relativas à naturalidade, à
sociedade de economia mista ou da em- sede ou ao domicílio dos licitantes.
presa pública não se sujeitam às regras de
licitação, sendo tratadas conforme as re-
#FicaDica
gras comerciais comuns. As regras licitató-
rias apenas incidem quanto às atividades- A Lei nº 8.666/1993 assegura a indistinção,
mas fixa situações em que há preferência
como critério de desempate, conforme § 2o
do artigo 3o: produzidos no País; produzi-
PRINCÍPIOS dos ou prestados por empresas brasileiras;
produzidos ou prestados por empresas que
invistam em pesquisa e no desenvolvimen-
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observân- to de tecnologia no País; produzidos ou
cia do princípio constitucional da isonomia, a seleção prestados por empresas que comprovem
da proposta mais vantajosa para a administração e cumprimento de reserva de cargos previs-
a promoção do desenvolvimento nacional sustentável ta em lei para pessoa com deficiência ou
e será processada e julgada em estrita conformidade para reabilitado da Previdência Social e que
com os princípios básicos da legalidade, da impessoa- atendam às regras de acessibilidade previs-
lidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, tas na legislação.
da probidade administrativa, da vinculação ao instru-
mento convocatório, do julgamento objetivo e dos que
lhes são correlatos.
A Lei nº 8.666/1993 também aceita a possibilidade de
estabelecimento de margem de preferência, conforme §
Entre outros, os princípios básicos que regem a licita-
5o do artigo 3o, em favor de produtos manufaturados e
ção são: legalidade, impessoalidade, moralidade, igual-
para serviços nacionais que atendam a normas técnicas
dade, publicidade, probidade administrativa, vinculação
brasileiras; e bens e serviços produzidos ou prestados
ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.
por empresas que comprovem cumprimento de reserva
de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência
“• Legalidade: só é possível fazer o que está previsto
ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
na Lei;
às regras de acessibilidade previstas na legislação. Estas
• Impessoalidade: o interesse da Administração
margens de preferência serão definidas pelo Poder Exe-
prevalece acima dos interesses pessoais;
cutivo federal, não podendo a soma delas ultrapassar o
• Moralidade: as regras morais vigentes devem ser
montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o pre-
obedecidas em conjunto com as leis em vigor;
ço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros
• Igualdade: todos são iguais perante a lei e não
(artigo 3o, § 8o). Há possibilidade de extensão total ou
pode haver discriminação nem beneficiamento en-
parcial da margem de preferência ao MERCOSUL (artigo
tre os participantes da licitação;
3o, § 10).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Publicidade: a licitação não pode ser sigilosa e as


Todas estas preferências devem privilegiar o trata-
decisões tomadas durante a licitação devem ser
mento diferenciado e favorecido às microempresas e
públicas, garantida a transparência do processo
empresas de pequeno porte (artigo 3o, § 14).
licitatório;
• Probidade administrativa: a licitação deve ser
• Inalterabilidade do edital: correlato aos princí-
processada por pessoas que tenham honestidade;
pios da publicidade e da vinculação ao instrumen-
• Vinculação ao instrumento convocatório: o Edi-
to convocatório, pelo princípio da inalterabilidade
tal é a lei entre quem promove e quem participa da
do edital a Administração está vinculada às regras
licitação, não podendo ser descumprido;
que foram por ela própria divulgadas;
• Julgamento objetivo: as propostas dos licitantes
devem ser julgadas de acordo com o que diz o
Edital”46.
br>. Acesso em: 01 ago. 2019.
46  SEBRAE. Princípios. Disponível em: <http://www.sebrae.com. 47  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

53
• Sigilo das propostas: correlato aos princípios da obrigações de pagamento, mantidas as condições efeti-
probidade administrativa e da igualdade, pelo vas da proposta, nos termos da lei, o qual somente per-
princípio do sigilo das propostas todas as propos- mitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
tas devem vir lacradas e só devem ser abertas em indispensáveis à garantia do cumprimento das obriga-
sessão pública devidamente agendada; ções”. Logo, a não ser nos casos em que a lei expressa-
• Formalismo procedimental: correlato ao prin- mente fixe exceções, a licitação é uma providência obri-
cípio da legalidade, pelo princípio do formalismo gatória para contratação de obras, serviços e compras e
procedimental as regras do procedimento adota- para a alienação do patrimônio da Administração.
das para a licitação devem seguir os parâmetros O princípio da obrigatoriedade se repete no artigo
que a lei fixar; 2º, caput, da Lei nº 8.666/93: “as obras, serviços, inclu-
• Vedação à oferta de vantagens: correlato ao sive de publicidade, compras, alienações, concessões,
princípio do julgamento objetivo, pelo princípio permissões e locações da Administração Pública, quando
da vedação à oferta de vantagens as regras de se- contratadas com terceiros, serão necessariamente pre-
leção devem ser adstritas aos critérios fixados no cedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas
edital, não se admitindo a intervenção de fatores nesta Lei”.
adversos; Com efeito, percebe-se que paralelamente à fixação
• Obrigatoriedade das licitações: consagrado no do princípio da obrigatoriedade das licitações é deter-
artigo 37, XXI, CF, determina que “ressalvados os minado que a lei pode excepcionar quando tal princípio
casos especificados na legislação, as obras, servi- será relativizado, o que acontece nas hipóteses de dis-
ços, compras e alienações serão contratados me- pensa e inexigibilidade.
diante processo de licitação pública que assegure Logo, em alguns casos, a maioria na verdade, a licita-
igualdade de condições a todos os concorrentes, ção será obrigatória; em outros, poderá ser dispensada
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pa- apesar de viável (dispensa), sendo possível ainda que se
gamento, mantidas as condições efetivas da pro- enquadre numa exceção em que nem ao menos é exigi-
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá da (inexigibilidade) – ambos casos de contratação direta.
as exigências de qualificação técnica e econômi- Todas as hipóteses de contratação direta são excepcio-
ca indispensáveis à garantia do cumprimento das nais (justamente por serem peculiares).
obrigações”. Também se repete no artigo 2o da Lei
nº 8.666/1993. 1. Motivação da dispensa e da inexigibilidade

Sempre que o administrador enquadrar um caso em


#FicaDica dispensa ou em inexigibilidade deve motivar de forma
• Conceito: Licitação é o procedimento clara a sua decisão.
administrativo formal utilizado para a con-
tratação de serviços ou para a aquisição/ Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art.
venda de bens/produtos pela Administra- 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações
ção Pública, direta ou indireta, em todas de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamen-
esferas da federação (União, Estados, DF, te justificadas, e o retardamento previsto no final do
Municípios). parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comu-
• Objetivo: Proporcionar à Administração nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior,
Pública que adquira e venda bens ou con- para ratificação e publicação na imprensa oficial, no
trate serviços da forma menos onerosa e prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia
com a maior qualidade possível. dos atos.
• Finalidades: Permitir a melhor contratação Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi-
possível, selecionando a proposta mais van- lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será
tajosa; possibilitar amplo acesso por parte instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
de qualquer interessado para que possa I - caracterização da situação emergencial, calami-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

participar da disputa pelas contratações; e tosa ou de grave e iminente risco à segurança pública
ser ferramenta de direito econômico. que justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço;
CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSA E IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
INEXIGIBILIDADE aos quais os bens serão alocados.

A obrigatoriedade das licitações está consagrada no Em algumas hipóteses de alienação de bens públi-
artigo 37, XXI, CF, que determina que “ressalvados os ca- cos e em outras hipóteses de contratação é dispensável
sos especificados na legislação, as obras, serviços, com- a licitação (o que parte da doutrina chama de licitação
pras e alienações serão contratados mediante processo dispensável), da mesma forma que noutras situações
de licitação pública que assegure igualdade de condições ela nem mesmo é exigida (o que parte da doutrina
a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam

54
chama de licitação dispensada). Contudo, caberá ao ad- – afinal, pode não licitar. São hipóteses taxativas, não po-
ministrador motivar a sua decisão pela dispensa ou pela dendo o administrador ampliar os casos em que a dis-
inexigibilidade. pensa é permitida.
A não ser no caso de dispensa pelo critério do valor,
previstos no artigo 24, I e II, Lei nº 8.666/93, em que se Art. 24. É dispensável a licitação:
aceita uma motivação mais simples e objetiva, em todas
outras situações o administrador deve motivar em deta- 3.1 Valor baixo
lhes sua decisão, notadamente inserindo no processo de
dispensa e inexigibilidade: caracterização da situação de I - para obras e serviços de engenharia de valor até
emergência ou calamidade em que houve dispensa, se 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”,
for o caso; motivo daquele fornecedor ou executante ter do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram
sido escolhido; justificativa do preço que será pago; do- a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda
cumento que aprove os projetos de pesquisa aos quais para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
os bens serão alocados, se for o caso. local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
Não obstante, deve o administrador comunicar a si- tantemente;
tuação de dispensa em três dias à autoridade superior, II - para outros serviços e compras de valor até 10%
cabendo a esta ratifica-la e publicá-la na imprensa oficial (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
em cinco dias, sendo tal publicação condição de eficácia ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
do ato. Também existe o dever de adotar este procedi- previstos nesta Lei, desde que não se refiram a par-
celas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
mento em caso de retardamento na execução da obra
maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
ou serviço quando existir previsão orçamentária para a
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
execução total.
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
obras e serviços contratados por consórcios públicos,
2. Vedação da licitação sociedade de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei,
A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº como Agências Executivas.
2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licita- É a dispensa de licitação se o valor do objeto licitado
ção, estabelecendo-se contratação direta, nos casos em for muito baixo de modo que a realização da licitação
que houvesse comprometimento da segurança nacional, seria mais onerosa do que a aquisição direta do bem ou
mas a disciplina não se repetiu no atual estatuto. serviço. Isso ocorre sempre que se referir a bens e servi-
Contudo, há posicionamento de que o artigo 7º, §5º ços em geral até R$80.000 e a obras e serviços de enge-
da Lei nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de ve- nharia até R$150.000.
dação, mas predomina o posicionamento de Carvalho Caso o contratante seja consórcio público, sociedade
Filho48, segundo o qual não se trata de vedação, mas sim de economia mista, empresa pública ou por autarquia
de restrição. Prevê o dispositivo: ou fundação qualificadas o limite dobra: R$160.000 para
bens e serviços em geral e R$300.000 para obras e servi-
Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo ços de engenharia.
objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de Nos termos da Lei nº 11.107/05, que rege normas ge-
marcas, características e especificações exclusivas, rais de contratação de consórcios públicos e dá outras
salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, providências, para as associações públicas por ela regidas
ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e o limite também é maior do que o fixado na regra geral:
serviços for feito sob o regime de administração con- nas associações formadas por até três entes estatais, o
tratada, previsto e discriminado no ato convocatório. limite é dobrado (R$160.000 para bens e serviços em ge-
ral e R$300.000 para obras e serviços de engenharia); nas
Acompanha-se o entendimento dominante, eis que associações formadas por mais de três entes estatais o
a expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de limite é triplicado (R$240.000 para bens e serviços em
restrição. geral e R$450.000 para obras e serviços de engenharia).
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Obs.: Em regra, não é permitido fracionar o objeto


3. Hipóteses de dispensa de licitação da licitação em contratações menores, pois assim o ad-
ministrador estaria burlando os limites fixados pelo le-
As hipóteses de dispensa de licitação se concentram gislador e induzindo dispensa ilícita. Contudo, é possível
no artigo 24 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para fracionar caso exista vantagem ao interesse público, mas
casos em que a disputa é, em tese, viável, mas o interesse não caberá a dispensa, cabendo adotar para cada fração
público é atendido de forma mais adequada se a dispu- a modalidade de licitação que seria empregada se não
ta não ocorrer. Trata-se de causa de natureza discricio- houvesse fracionamento.
nária, pois o administrador decidirá se irá ou não licitar
com base em critérios de oportunidade e conveniência

48  Ibid.

55
3.2 Situações excepcionais 3.4 Intervenção no domínio econômico

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da VI - quando a União tiver que intervir no domínio
ordem; econômico para regular preços ou normalizar o
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú- abastecimento;
blica, quando caracterizada urgência de atendimento
de situação que possa ocasionar prejuízo ou compro- É possível intervir no domínio econômico para regu-
meter a segurança de pessoas, obras, serviços, equi- larizar preços e normalizar abastecimento, conforme o
pamentos e outros bens, públicos ou particulares, e artigo 173, §4º, CF. Para Carvalho Filho49 apenas a União
somente para os bens necessários ao atendimento pode dispensar licitação neste caso, pois apenas ela
da situação emergencial ou calamitosa e para as pode intervir no domínio econômico. Aliás, é o que se
parcelas de obras e serviços que possam ser conclu- depreende do próprio texto.
ídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias
consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência 3.5 Disparidade de propostas
da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação
dos respectivos contratos; VII - quando as propostas apresentadas consignarem
preços manifestamente superiores aos praticados
Quando se fala em estado de guerra e grave pertur- no mercado nacional, ou forem incompatíveis com
bação da ordem, pode-se depreender da doutrina que as os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos
dispensas nestes casos são aquelas destinadas ao estado em que, observado o parágrafo único do art. 48 des-
de guerra direta ou indiretamente, bem como as desti- ta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adju-
nadas a atender graves perturbações da ordem, como dicação direta dos bens ou serviços, por valor não
protestos, manifestações e paralisações. superior ao constante do registro de preços, ou dos
O fundamento da urgência é o mesmo para os casos serviços;
de emergências e calamidades públicas. Contudo, para a
doutrina, não é possível fundamentar a dispensa em ur- Na hipótese de disparidade de propostas os candida-
gência se ela decorrer da omissão administrativa – pode tos à contratação, geralmente em conluio, fixam preços
até dispensar, porque não é possível deixar a população incompatíveis com as condições de mercado e manifes-
a mercê, mas o administrador poderá ser responsabili- tamente superiores a elas; ou então apresentam propos-
zado. Nas contratações por emergência e calamidade tas com valor tão irrisório que seja impossível dar cumpri-
pública o limite temporal é o necessário ao atendimento mento ao contrato. Nestes casos, será possível contratar
das circunstâncias extraordinárias, pelo prazo máximo de diretamente, dentro da faixa adequada de preços.
180 dias, improrrogável. A verificação da disparidade de preços, se não houver
órgão de registro, deve se dar dentro do próprio proces-
3.3 Licitação deserta so administrativo. Deverá a administração dar um prazo
de 8 dias úteis para a apresentação de propostas viáveis
V - quando não acudirem interessados à licitação (artigo 48, §3º, Lei nº 8.666/93) e, caso não sejam apre-
anterior e esta, justificadamente, não puder ser re- sentadas, poderá adjudicar diretamente os bens e servi-
petida sem prejuízo para a Administração, mantidas, ços pelo valor adequado.
neste caso, todas as condições preestabelecidas;
3.6 Em função do contratante ou do contratado:
Quando ocorre a chamada licitação deserta o que se poder público
percebe é o total desinteresse na contratação. Na licita-
ção deserta realiza-se a fase preparatória, publica-se o VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direi-
edital, mas nenhum interessado comparece para a dis- to público interno, de bens produzidos ou serviços
puta. A lei prevê que será necessário repetir o procedi- prestados por órgão ou entidade que integre a Ad-
mento, mas se o legislador mostrar que a repetição irá ministração Pública e que tenha sido criado para esse
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prejudicar o interesse público, principalmente por causa fim específico em data anterior à vigência desta Lei,
da demora, será possível dispensar. No caso, o adminis- desde que o preço contratado seja compatível com o
trador poderá contratar quem quiser, mas deverá ofere- praticado no mercado;
cer exatamente o mesmo contrato ofertado na licitação XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito
que foi deserta. público interno de insumos estratégicos para a saú-
Obs.: Licitação deserta é diferente de licitação fracas- de produzidos ou distribuídos por fundação que,
sada. Na licitação fracassada aparecem candidatos, mas regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade
nenhum deles preenche os requisitos e por isso ninguém apoiar órgão da administração pública direta, sua au-
pode ser contratado. Neste caso a lei não admite a dis- tarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa,
pensa, cabendo ao administrador repetir a licitação. extensão, desenvolvimento institucional, científico e
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na ges-
tão administrativa e financeira necessária à execução
49  Ibid.

56
desses projetos, ou em parcerias que envolvam trans- Também independentemente de prazo limite, as em-
ferência de tecnologia de produtos estratégicos para o presas públicas e sociedades de economia mista podem
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso contratar diretamente com suas subsidiárias e controla-
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse das para adquirir e alienar bens e serviços em preço com-
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, patível com o de mercado. A justificativa é que se tratam
desde que o preço contratado seja compatível com o de pessoas jurídicas de direito privado. Destaca-se que
praticado no mercado. a contratação apenas por se der com suas subsidiárias e
XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e controladas que foram criadas pela empresa pública ou
o aprimoramento de estabelecimentos penais, des- sociedade de economia mista.
de que configurada situação de grave e iminente risco
à segurança pública. 3.7 Contratação de entidade sem fim lucrativo
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entida-
de que integre a administração pública estabelecido XIII - na contratação de instituição brasileira incum-
no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do
órgãos ou entidades que produzem produtos estraté- ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de
gicos para o SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 instituição dedicada à recuperação social do preso,
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da desde que a contratada detenha inquestionável repu-
direção nacional do SUS. tação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;
XX - na contratação de associação de portadores
Se foi criado antes da Lei nº 8.666/93 um órgão pú- de deficiência física, sem fins lucrativos e de com-
blico ou entidade do poder público apenas para fornecer provada idoneidade, por órgãos ou entidades da
bens e prestar serviços à Administração, fazendo-o em Administração Pública, para a prestação de serviços
respeito ao preço praticado no mercado, será possível ou fornecimento de mão-de-obra, desde que o pre-
dispensar a licitação e contratá-lo de forma direta. Se ço contratado seja compatível com o praticado no
o órgão ou entidade ofertar produtos estratégicos no mercado.
âmbito do SUS, pode ter sido criado depois da Lei nº XXIV - para a celebração de contratos de prestação
8.666/93 e terá plena validade. de serviços com as organizações sociais, qualifi-
Há entendimento da doutrina de Carvalho Filho50 no cadas no âmbito das respectivas esferas de governo,
sentido de que apenas se aplica o dispositivo se a dis- para atividades contempladas no contrato de gestão.
pensa se der entre órgãos do mesmo âmbito federativo, XXX - na contratação de instituição ou organização,
por exemplo, não seria possível entre a União e uma en- pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
tidade estadual; além do que apenas valeria entre pes- prestação de serviços de assistência técnica e extensão
soas jurídicas de direito público e a entidade ou órgão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistên-
contratado (excluídas as sociedades de economia mista cia Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar
e empresas públicas). e na Reforma Agrária, instituído por lei federal.
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de for- fins lucrativos, para a implementação de cisternas
mulários padronizados de uso da administração, e de ou outras tecnologias sociais de acesso à água para
edições técnicas oficiais, bem como para prestação consumo humano e produção de alimentos, para be-
de serviços de informática a pessoa jurídica de direito neficiar as famílias rurais de baixa renda atingidas
público interno, por órgãos ou entidades que integrem pela seca ou falta regular de água.
a Administração Pública, criados para esse fim espe-
cífico; Em todo os dispositivos apontados, exceto no inci-
so XXX, exige-se a ausência de fins lucrativos. No arti-
Embora também seja um caso de contratação direta go XXX, embora se aceite o fim lucrativo, se denota o
da administração pela administração, neste caso dos diá- propósito social da contratação, viabilizando a reforma
rios oficiais, formulários padronizados e edições técnicas agrária. O propósito social é essencial nas demais hipó-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

não existe limite temporal, de modo que o órgão ou en- teses, sempre se fazendo presente nas OS e OSCIP, ou na
tidade pode ter sido criado depois da Lei nº 8.666/93. própria causa militada pela associação, como a questão
da recuperação social do preso, da inserção da pessoa
XXIII - na contratação realizada por empresa públi- com deficiência no mercado de trabalho ou do acesso à
ca ou sociedade de economia mista com suas sub- água potável.
sidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação Destaca-se que nem toda contratação de entes do
de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que terceiro setor é dispensável. Haverá dispensa principal-
o preço contratado seja compatível com o praticado mente para oferecer contratos de gestão, criando uma
no mercado. OS, ou oferecer termo de parceria, criando uma OSCIP
(inciso XXIV); bem como em serviços ou projetos em que
o ente não tem fins lucrativos e é especializado na ativi-
dade, impondo-se a este contratado uma contrapartida,
50  Ibid. isto é, o poder público não entra apenas com o dinheiro

57
e cria verdadeira parceria. Se a participação estatal for Trata-se de hipótese de complementação de objeto,
exclusivamente econômica, em atividade que mais de possível quando a administração rescinde contrato ante-
uma organização ou associação é especializada, deve se rior antes que a obra, serviço ou fornecimento se encer-
licitar. re, procedendo-se com a contratação direta daquele que
sequencialmente se classificou no certame, respeitadas
3.8 Consórcios e convênios de cooperação as mesmas condições de contratação. Se não for possível
obedecer à regra de contratação daquele que foi classifi-
XXVI - na celebração de contrato de programa com cado na licitação anterior sequencialmente pelas mesmas
ente da Federação ou com entidade de sua admi- condições, nada resta senão promover nova licitação.
nistração indireta, para a prestação de serviços pú-
blicos de forma associada nos termos do autorizado 3.12 Garantia técnica
em contrato de consórcio público ou em convênio de
cooperação. XVII - para a aquisição de componentes ou peças
de origem nacional ou estrangeira, necessários à ma-
O dispositivo sobre consórcios e convênios de coo- nutenção de equipamentos durante o período de ga-
peração foi inserido pela Lei nº 11.107/05, tornando dis- rantia técnica, junto ao fornecedor original desses
pensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de equipamentos, quando tal condição de exclusividade
programa entre o consórcio público e a entidade da ad- for indispensável para a vigência da garantia;
ministração para que prestem serviços públicos de modo
associado. Justifica-se a hipótese pelo regime de parceria Dispensa-se a licitação para a compra de componen-
tes ou peças na garantia técnica. Logo, deve estar na vi-
3.9 Gêneros perecíveis gência da garantia. Após o prazo de garantia, a licitação
é obrigatória. Ainda, é preciso que o fornecedor original
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou- seja exclusivo e tal exclusividade seja indispensável, por
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a exemplo, se ao comprar uma peça paralela a administra-
realização dos processos licitatórios correspondentes, ção correr o risco de perder a garantia.
realizadas diretamente com base no preço do dia;
3.13 Serviços de energia e gás
A dispensa para a aquisição de gêneros perecíveis
não é permanente, devendo se realizar a licitação assim XXII - na contratação de fornecimento ou suprimen-
que possível. Logo, também se trata de hipótese de dis- to de energia elétrica e gás natural com concessio-
pensa em situação emergencial. nário, permissionário ou autorizado, segundo as nor-
mas da legislação específica;
3.10 Obras de arte
Para energia e gás serão contratadas as concessio-
XV - para a aquisição ou restauração de obras de nárias com dispensa licitatória, ainda que a região seja
arte e objetos históricos, de autenticidade certifica- servida por mais de um concessionário.
da, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades
do órgão ou entidade. 3.14 Coleta de materiais recicláveis

Na dispensa de licitação para adquirir ou restaurar XXVII - na contratação da coleta, processamento e


obras de arte a lei exige que o objeto tenha autenticida- comercialização de resíduos sólidos urbanos re-
de certificada e que os objetos adquiridos sejam compa- cicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de
tíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou
o que é o caso de museus, bibliotecas e escolas, não ser- cooperativas formadas exclusivamente por pessoas
vindo os objetos adquiridos de adorno aos gabinetes das físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder públi-
autoridades públicas. No caso de restauração de objeto co como catadores de materiais recicláveis, com o uso
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que já é do patrimônio do órgão, cabível a dispensa. de equipamentos compatíveis com as normas técni-
cas, ambientais e de saúde pública.
3.11 Complementação de objeto
Trata-se de modalidade de dispensa que serve de
XI - na contratação de remanescente de obra, ser- incentivo à formação de cooperativas e associações de
viço ou fornecimento, em consequência de rescisão reciclagem e reutilização de resíduos sólidos compos-
contratual, desde que atendida a ordem de classi- tas por pessoas de baixa renda. É uma forma do poder
ficação da licitação anterior e aceitas as mesmas público incentivar a organização e a união de catadores,
condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive retirando-os da marginalização. A hipótese de dispensa
quanto ao preço, devidamente corrigido; foi criada pela Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes
nacionais para saneamento básico.

58
3.15 Risco à segurança nacional A dispensa para materiais de uso militar apenas é
assegurada para insumos militares ou propriamente bé-
IX - quando houver possibilidade de comprometi- licos. Neste sentido, bens de consumo, bens comuns e
mento da segurança nacional, nos casos estabeleci- materiais de escritório deverão ser licitados.
dos em decreto do Presidente da República, ouvido o
Conselho de Defesa Nacional; 3.18 Compra ou locação de imóvel
XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços,
produzidos ou prestados no País, que envolvam, X - para a compra ou locação de imóvel destinado
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e ao atendimento das finalidades precípuas da admi-
defesa nacional, mediante parecer de comissão es- nistração, cujas necessidades de instalação e localiza-
pecialmente designada pela autoridade máxima do ção condicionem a sua escolha, desde que o preço
órgão. seja compatível com o valor de mercado, segundo
avaliação prévia;
Em ambos casos, prioriza-se a manutenção da segu-
rança nacional e a defesa do país, prevendo-se a dispen- Quando a administração quer comprar ou alugar um
sa da licitação. É necessário equilibrar os interesses, pois imóvel, é preciso se ater às seguintes diretrizes: caso um
se o propósito da licitação é atender ao interesse público, determinado bem privado esteja se opondo ao interesse
sem dúvidas deve ser dispensada quando a sua realiza- público, caberá promover a desapropriação; caso a ad-
ção significar o comprometimento deste interesse. ministração possa motivar o interesse sobre um determi-
nado imóvel, embora não exista a oposição ao interesse
3.16 Navios, embarcações, aeronaves e tropas público, mas se faça presente a peculiaridade decorrente
da localização ou das características do bem, é possível
XVIII - nas compras ou contratações de serviços adquirir de forma direta mediante dispensa de licitação,
para o abastecimento de navios, embarcações, uni- desde que os preços sejam compatíveis com os de mer-
dades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamen- cado; noutras situações, deverá obrigatoriamente licitar.
to quando em estada eventual de curta duração em Obs.: as operações imobiliárias entre entes estatais
portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas não exige licitação e é classificada por parte da doutrina
sedes, por motivo de movimentação operacional ou como licitação dispensada (por exemplo, União empresta
de adestramento, quando a exiguidade dos prazos imóvel para que município instale uma UPA – unidade de
legais puder comprometer a normalidade e os propó- pronto-atendimento, ou doa tal imóvel sob a condição
sitos das operações e desde que seu valor não exceda de que a UPA seja criada, em verdadeira doação modal;
ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 Estado compra imóvel de município para instalar sua se-
desta Lei: cretaria estadual).

Trata-se de dispensa em caso de necessidade de 3.19 Negócios internacionais


abastecimento de navios, embarcações, aeronaves e tro-
pas e de seus meios de deslocamento, quando houver XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter-
estada eventual de curto período em portos, aeroportos mos de acordo internacional específico aprovado
e outros locais diversos da sede. O valor não pode ex- pelo Congresso Nacional, quando as condições ofer-
ceder a R$80.000, pelo texto da lei, mas isso pode ser tadas forem manifestamente vantajosas para o Poder
relativizado em uma situação de emergência. Público;

3.17 Materiais de uso militar Há acordos internacionais que permitem condições


vantajosas para que sejam adquiridos bens e serviços,
XIX - para as compras de material de uso pelas For- dispensando-se a licitação nestes casos. Contudo, tal
ças Armadas, com exceção de materiais de uso pes- acordo internacional deve ter sido regularmente incor-
soal e administrativo, quando houver necessidade de porado ao ordenamento brasileiro, com aprovação do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

manter a padronização requerida pela estrutura de Congresso Nacional e ratificação, promulgação e publi-
apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, cação pela Presidência da República.
mediante parecer de comissão instituída por decreto;
XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços 3.20 Pesquisa científica e tecnológica
para atender aos contingentes militares das Forças
Singulares brasileiras empregadas em operações de XXI - para a aquisição ou contratação de produto
paz no exterior, necessariamente justificadas quanto para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso
ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por
ratificadas pelo Comandante da Força. cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I
do caput do art. 23;
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
caput, quando aplicada a obras e serviços de enge-
nharia, seguirá procedimentos especiais instituídos

59
em regulamentação específica. Trata-se de causa de natureza vinculante, de forma que
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do o administrador não tem a liberdade de decidir se irá ou
caput do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do não licitar – afinal, não deve licitar.
caput. Conforme o § 2º do artigo 25, é fixado um regime de
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do responsabilização solidária pelo dano causado ao erário
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de entre fornecedor/prestador de serviços e agente público,
2 de dezembro de 2004, observados os princípios ge- nada excluindo outra sanção penal, civil ou administrati-
rais de contratação dela constantes. va: “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
Nos termos do inciso XXI, é dispensável a licitação no solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o
caso de aquisição de bens destinados exclusivamente à fornecedor ou o prestador de serviços e o agente pú-
pesquisa científica e tecnológica com recursos concedi- blico responsável, sem prejuízo de outras sanções legais
dos pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fo- cabíveis”.
mento à pesquisa credenciadas pela última, exigindo-se
que os recursos venham das entidades específicas e que Art. 25. É inexigível a licitação quando houver in-
os bens sejam adquiridos exclusivamente para pesquisa viabilidade de competição, em especial:
científica e tecnológica.
Por motivos óbvios, não se proíbe que o autor do pro- O rol é meramente exemplificativo, eis que a inexigi-
jeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica partici- bilidade pode ser aceita em qualquer outra hipótese de
pe, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução inviabilidade da disputa (tanto é que o artigo 25 trata de
de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles ne- três hipóteses “em especial” e não “apenas”).
cessários. Trata-se de preservação do direito autoral e de
garantia de que a pesquisa seja devidamente executada. 4.1 Unicidade
A dispensa para obras e serviços de engenharias vol-
tados a pesquisa e desenvolvimento se limita ao valor de I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
R$300.000, seguindo procedimento especial. gêneros que só possam ser fornecidos por produ-
tor, empresa ou representante comercial exclusivo,
3.21 Transferência de tecnologia vedada a preferência de marca, devendo a comprova-
ção de exclusividade ser feita através de atestado for-
XXV - na contratação realizada por Instituição Cien- necido pelo órgão de registro do comércio do local
tífica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço,
para a transferência de tecnologia e para o licencia- pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patro-
mento de direito de uso ou de exploração de cria- nal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
ção protegida.
XXXII - na contratação em que houver transferên- Trata-se de caso de unicidade, quando houver apenas
cia de tecnologia de produtos estratégicos para o um fabricante, fornecedor, produtor ou distribuidor. Esta
Sistema Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº unicidade deve ser provada por certidões das confede-
8.080, de 19 de setembro de 1990, conforme elenca- rações de indústrias, de comércio, juntas comerciais, etc.
dos em ato da direção nacional do SUS, inclusive por É possível fixar uma determinada região do territó-
ocasião da aquisição destes produtos durante as eta- rio nacional que admita participantes da licitação e, se
pas de absorção tecnológica. houver apenas um participante possível se admite a ine-
xigibilidade, não importando que existam participantes
Há dispensa em caso de transferência de tecnologia em outras regiões porque as licitações podem ser usadas
ou licença de uso/exploração de criação protegida, con- como ferramenta de política econômica, incentivando a
siderando esta como invenção, modelo de utilidade, de- economia local.
senho industrial, programa de computador ou qualquer Em regra, não se pode definir/fixar marca no edital
outro desenvolvimento tecnológico que resulte em novo porque poderia fraudar o caráter competitivo, mas é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

produto, processo ou aperfeiçoamento de natureza tec- possível indicar a marca motivando-se pelo princípio da
nológica (conforme define a Lei nº 10.973/04, que criou padronização. Não é possível burlar a regra indicando
o inciso XXV). A dispensa também vale para transferência especificações que apenas uma marca pode concluir (ex.:
de tecnologia de produto estratégico no âmbito do sis- PGR foi alvo de críticas quando licitou tablets e, embora
tema de saúde. não mencionasse em nenhum momento que deveriam
ser iPads, faziam referências a especificações técnicas
4. Hipóteses de inexigibilidade de licitação que apenas os aparelhos da Apple poderiam conter).

As hipóteses de inexigibilidade de licitação se con- 4.2 Serviços técnicos notoriamente especializados


centram no artigo 25 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicá-
veis para casos em que a disputa nem ao menos é viável. II - para a contratação de serviços técnicos enume-
rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
profissionais ou empresas de notória especialização,

60
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade
e divulgação; #FicaDica
Regra: Obrigatoriedade de licitação.
Trata-se de caso de contratação de serviços singulares
Exceções: Licitação dispensada, dispensável
de profissionais de notória especialização. O que diferen-
e inexigível.
cia dos demais serviços, que devem ser licitados, é a no-
• Licitação dispensada: a Adminis-
tória especialização, comprovada pelo reconhecimento
tração pode em alguns casos previstos na
no mercado, por publicações e patentes, etc. Ex.: para um lei efetuar a contratação direta, todos eles
órgão governamental contratar uma consultoria jurídica envolvendo alienações subordinadas ao
deve licitar, mas se a contratação necessária for de um interesse público e respeitadas avaliações
advogado de notório conhecimento em direitos huma- prévias.
nos e justiça internacional será possível a inexigibilidade. • Licitação dispensável: A Admi-
De forma específica, destaca-se o §1º do dispositivo: nistração pode em alguns casos previstos
taxativamente na lei efetuar a contratação
§ 1º Considera-se de notória especialização o profis- direta de bens, produtos, serviços e obras,
sional ou empresa cujo conceito no campo de sua entre eles: contratação de pequeno valor,
especialidade, decorrente de desempenho anterior, emergência ou calamidade públicas, licita-
estudos, experiências, publicações, organização, apa- ção fracassada ou deserta.
relhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos re- • Inexigibilidade: Em casos que nem
lacionados com suas atividades, permita inferir que o ao menos seja possível a competição, a Ad-
seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais ministração promoverá a contratação dire-
adequado à plena satisfação do objeto do contrato. ta. O rol é taxativo e mais restrito: materiais,
equipamentos ou gêneros que só possam
4.3 Profissional de setor artístico consagrado ser fornecidos por produtor ou represen-
tante comercial exclusivo; serviços técnicos
III - para contratação de profissional de qualquer especializados de natureza singular e pro-
setor artístico, diretamente ou através de empresário movido por profissionais de notória espe-
exclusivo, desde que consagrado pela crítica especia- cialização (não cabe para serviços de pu-
lizada ou pela opinião pública. blicidade); e contratações de profissionais
do setor artístico, que tenha aceitação pela
Trata-se de caso de contratação de trabalhos artísti- crítica e pela opinião pública.
cos de artistas renomados. A intenção é a de explorar o
prestígio do sujeito. A expressão artista deve ser tomada
genericamente, por exemplo, pode se encaixar um es- Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de
portista renomado ou um cientista renomado. O prestí- licitação, podem ser apontadas as seguintes modalida-
gio do artista deve existir em relação à população local. des: Concorrência, tomada de preços, convite, concurso
e leilão (artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º
a 5º, o artigo 22 conceitua cada uma das modalidades:

§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre


quaisquer interessados que, na fase inicial de habilita-
ção preliminar, comprovem possuir os requisitos míni-
mos de qualificação exigidos no edital para execução
de seu objeto.
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação
entre interessados devidamente cadastrados ou que
atenderem a todas as condições exigidas para ca-
dastramento até o terceiro dia anterior à data do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

recebimento das propostas, observada a necessária


qualificação.
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes-
sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,
em local apropriado, cópia do instrumento convoca-
tório e o estenderá aos demais cadastrados na cor-
respondente especialidade que manifestarem seu in-
teresse com antecedência de até 24 (vinte e quatro)
horas da apresentação das propostas.

61
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- 3. Convite
quer interessados para escolha de trabalho técnico,
científico ou artístico, mediante a instituição de prê- Se presta a contratações de menor valor.
mios ou remuneração aos vencedores, conforme crité-
rios constantes de edital publicado na imprensa oficial • Obras, serviços e compras de valor intermediário –
com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) Geral até R$80.000; Engenharia até R$150.000.
dias.
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quais- Apenas participam os convocados pela Administra-
quer interessados para a venda de bens móveis inser- ção. Estes convocados são do ramo negocial da licitação
víveis para a administração ou de produtos legalmen- e preenchem um cadastro perante a Administração. De-
te apreendidos ou penhorados, ou para a alienação vem ser chamados pelo menos 3 (três), mas outros inte-
de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o ressados não convidados podem se manifestar em até 24
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. horas antes do prazo final para propostas.
Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002, Por ser um procedimento menos complexo, dispen-
trabalha com uma modalidade adicional de licitação, o sa-se a publicação de edital em diário oficial, mas se exi-
pregão. É a modalidade de licitação voltada à aquisição ge a publicidade do edital mediante afixação no local da
de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles repartição. Assim, é possível que interessados não convi-
cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser dados se manifestem.
objetivamente definidos no edital por meio de especifi- Para garantir que a Administração não se utilize desta
cações do mercado. modalidade para beneficiar certos interessados, ela tem
As regras sobre a aplicabilidade das modalida- obrigação de incluir ao menos 1 (um) novo interessado
des de licitação estão transcritas no artigo 23 da Lei nº que tenha se cadastrado a cada novo convite, não po-
8.666/1993. dendo, assim, repetir convocação anterior.
Caso não se tenha o mínimo de 3 (três) interessados
1. Concorrência hábeis, é possível dispensar a licitação por ausência de
competitividade, salvo nos casos em que a forma como
Se presta a contratações de maior vulto ou valor. se fixaram as exigências da licitação tenham inviabilizado
a competitividade e gerado desinteresse nos convidados,
• Obras, serviços e compras de maior valor – Ge- ou ainda não se atentarem às limitações de mercado.
ral acima de R$650.000; Engenharia acima de
R$1.500.000. 4. Concurso
• Compra ou alienação de bens imóveis, indepen-
dente do valor; O concurso é uma modalidade ajustada para objetos
• Concessão de direito real de uso; específicos. No caso, institui um prêmio ou remunera-
• Licitações internacionais (também cabe tomada de ção a ser pago pela Administração aos vencedores. O
preços ou convite); julgamento deve ser feito por uma comissão especial,
• Alienação de bens móveis de maior valor; com profissionais técnicos da área de reputação ilibada.
• Registro de preços. Quanto à publicidade, o edital deve ser publicado com
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias e
A habilitação não depende de cadastro prévio, qual- deve ser amplamente divulgado.
quer um que preencha os requisitos pode participar. A
publicidade é conferida por edital publicado na imprensa. • Trabalhos intelectuais – técnicos, científicos ou lite-
rários – podem ser projetos.
2. Tomada de preços
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22
Se presta a contratações de valor intermediário. desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio,
a ser obtido pelos interessados no local indicado no
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Obras, serviços e compras de valor intermediário – edital.


Geral R$80.000 a R$650.000; Engenharia R$150.000 § 1o O regulamento deverá indicar:
a R$1.500.000. I - a qualificação exigida dos participantes;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
Os interessados são previamente cadastrados ou de- III - as condições de realização do concurso e os prê-
vem apresentar documentos até o 3o dia anterior ao rece- mios a serem concedidos.
bimento das propostas. Assim, a complexidade é menor § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
que a da concorrência, já que, ao menos num primeiro torizar a Administração a executá-lo quando julgar
momento, os candidatos seriam selecionados entre os conveniente.
previamente cadastrados. A publicidade é conferida por
edital publicado na imprensa.

62
5. Leilão Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços co-
muns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos
O leilão também é uma modalidade ajustada para ob- padrões de desempenho e qualidade possam ser obje-
jeto específico. Utiliza-se para a venda de bens móveis e tivamente definidos pelo edital, por meio de especifi-
imóveis da Administração, exigindo-se prévia avaliação. cações usuais no mercado.
O pregão possui âmbito bem delimitado, porque
• Bens móveis que não servem mais para a apenas pode ser realizado para aquisições de bens e ser-
Administração; viços comuns. É importante ressaltar que a utilização do
• Produtos legalmente apreendidos ou penhorados; pregão não depende do valor envolvido, mas sim da na-
• Bens imóveis cuja aquisição tenha derivado de pro- tureza do bem ou serviço, que deve ser comum.
cedimentos judiciais ou de dação em pagamento Comum é aquele que é padronizado em desempe-
(nesse caso também seria possível concorrência). nho e qualidade. O Decreto nº 3.555/2000 traz uma lista
exemplificativa dos bens e serviços comuns.
A publicidade deve ser ampla. O objetivo é obter o
maior lance, a melhor oferta.
#FicaDica
Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou O pregão apenas serve para bem ou servi-
a servidor designado pela Administração, proceden- ço, não OBRA! Em se tratando de serviço de
do-se na forma da legislação pertinente. engenharia, desde que seja comum, cabe
§ 1o Todo bem a ser leiloado será previamente avalia- pregão.
do pela Administração para fixação do preço mínimo
de arrematação.
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à vista ou no Art. 2º (VETADO)
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% § 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utili-
(cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata zação de recursos de tecnologia da informação, nos
lavrada no local do leilão, imediatamente entregues termos de regulamentação específica.
ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do § 2º Será facultado, nos termos de regulamentos pró-
restante no prazo estipulado no edital de convocação, prios da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
sob pena de perder em favor da Administração o valor a participação de bolsas de mercadorias no apoio téc-
já recolhido. nico e operacional aos órgãos e entidades promotores
§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento da parce- da modalidade de pregão, utilizando-se de recursos de
la à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas. tecnologia da informação.
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, § 3º As bolsas a que se referem o § 2o deverão estar or-
principalmente no município em que se realizará. ganizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lu-
crativos e com a participação plural de corretoras que
6. Pregão operem sistemas eletrônicos unificados de pregões.
O sucesso da utilização do Pregão na esfera federal
O pregão é modalidade licitatória que se presta à foi considerado tão grande, a ponto de o Decreto nº
aquisição de bens e serviços comuns. As propostas serão 5.450/2005 tornar a adoção do pregão obrigatória, na
julgadas sempre pelo critério de menor preço. esfera federal, para as licitações envolvendo a aquisição
de bens e serviços comuns, sendo preferencial a utiliza-
• Bens e serviços comuns, que são aqueles cujo pa- ção de sua forma eletrônica. Assim, enquanto o §1o aqui
drão de desempenho e qualidade podem ser obje- faculta a adoção de recursos de tecnologia da informa-
tivamente definidos pelo edital, a partir de especi- ção, na prática, esta tem sido regra geral.
ficações usuais no mercado. Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o
seguinte:
Foi instituído pela Lei nº 10.520, de 17 de julho 2002, I - a autoridade competente justificará a necessidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal de contratação e definirá o objeto do certame, as exi-
e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Cons- gências de habilitação, os critérios de aceitação das
tituição Federal, modalidade de licitação denominada propostas, as sanções por inadimplemento e as cláu-
pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá sulas do contrato, inclusive com fixação dos prazos
outras providências. para fornecimento;
O termo “pregão” significa apregoar, isto é, realizar II - a definição do objeto deverá ser precisa, suficien-
uma proclamação pública. No âmbito do Direito Admi- te e clara, vedadas especificações que, por excessivas,
nistrativo significa um leilão ao contrário, afinal, o leilão irrelevantes ou desnecessárias, limitem a competição;
busca transferir o domínio do bem a quem lhe der maior III - dos autos do procedimento constarão a justifica-
lance, enquanto que no pregão se pretende o oposto. tiva das definições referidas no inciso I deste artigo
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, po- e os indispensáveis elementos técnicos sobre os quais
derá ser adotada a licitação na modalidade de pregão,
que será regida por esta Lei.

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estiverem apoiados, bem como o orçamento, elabora- V - o prazo fixado para a apresentação das propostas,
do pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos contado a partir da publicação do aviso, não será in-
bens ou serviços a serem licitados; e ferior a 8 (oito) dias úteis;
IV - a autoridade competente designará, dentre os ser- VI - no dia, hora e local designados, será realizada ses-
vidores do órgão ou entidade promotora da licitação, são pública para recebimento das propostas, devendo
o pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribui- o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se
ção inclui, dentre outras, o recebimento das propostas for o caso, comprovar a existência dos necessários po-
e lances, a análise de sua aceitabilidade e sua classi- deres para formulação de propostas e para a prática
ficação, bem como a habilitação e a adjudicação do de todos os demais atos inerentes ao certame;
objeto do certame ao licitante vencedor. VII - aberta a sessão, os interessados ou seus repre-
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua sentantes, apresentarão declaração dando ciência de
maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou que cumprem plenamente os requisitos de habilita-
emprego da administração, preferencialmente perten- ção e entregarão os envelopes contendo a indicação
centes ao quadro permanente do órgão ou entidade do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua
promotora do evento. imediata abertura e à verificação da conformidade
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de das propostas com os requisitos estabelecidos no ins-
pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão trumento convocatório;
ser desempenhadas por militares. VIII - no curso da sessão, o autor da oferta de va-
lor mais baixo e os das ofertas com preços até 10%
Fase preparatória ou interna: neste momento se jus- (dez por cento) superiores àquela poderão fazer no-
tificará a necessidade da contratação do serviço ou aqui- vos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do
sição do bem por parte da Administração, fixando-se as vencedor;
regras do procedimento (objeto do certame, especifica- IX - não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con-
ção das exigências para habilitação, critério de aceitação, dições definidas no inciso anterior, poderão os autores
prazos, sanções por inadimplemento etc.). das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), ofe-
recer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que
sejam os preços oferecidos;
#FicaDica X - para julgamento e classificação das propostas,
O procedimento conduzido por um único será adotado o critério de menor preço, observados os
servidor, o pregoeiro. prazos máximos para fornecimento, as especificações
O pregoeiro pode ser assistido por uma técnicas e parâmetros mínimos de desempenho e qua-
equipe de apoio. Essa equipe de apoio não lidade definidos no edital;
tem qualquer competência decisória, nem XI - examinada a proposta classificada em primeiro lu-
poderes para a condução das atividades re- gar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro de-
lativas à sessão do pregão. cidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as
ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a contendo os documentos de habilitação do licitante
convocação dos interessados e observará as seguintes que apresentou a melhor proposta, para verificação
regras: do atendimento das condições fixadas no edital;
I - a convocação dos interessados será efetuada por XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que
meio de publicação de aviso em diário oficial do res- o licitante está em situação regular perante a Fazen-
pectivo ente federado ou, não existindo, em jornal de da Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Ga-
circulação local, e facultativamente, por meios ele- rantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas
trônicos e conforme o vulto da licitação, em jornal de Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a
grande circulação, nos termos do regulamento de que comprovação de que atende às exigências do edital
trata o art. 2º; quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - do aviso constarão a definição do objeto da lici- econômico-financeira;


tação, a indicação do local, dias e horários em que XIV - os licitantes poderão deixar de apresentar os do-
poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital; cumentos de habilitação que já constem do Sistema
III - do edital constarão todos os elementos definidos de Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf
na forma do inciso I do art. 3º, as normas que discipli- e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito
narem o procedimento e a minuta do contrato, quan- Federal ou Municípios, assegurado aos demais licitan-
do for o caso; tes o direito de acesso aos dados nele constantes;
IV - cópias do edital e do respectivo aviso serão colo- XV - verificado o atendimento das exigências fixadas
cadas à disposição de qualquer pessoa para consulta no edital, o licitante será declarado vencedor;
e divulgadas na forma da Lei nº 9.755, de 16 de de- XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante
zembro de 1998; desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro
examinará as ofertas subsequentes e a qualificação

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dos licitantes, na ordem de classificação, e assim su- Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
cessivamente, até a apuração de uma que atenda ao da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de en-
edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor; tregar ou apresentar documentação falsa exigida para
XVII - nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o o certame, ensejar o retardamento da execução de seu
pregoeiro poderá negociar diretamente com o propo- objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
nente para que seja obtido preço melhor; execução do contrato, comportar-se de modo inidô-
XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá neo ou cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar
manifestar imediata e motivadamente a intenção de e contratar com a União, Estados, Distrito Federal ou
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos sis-
dias para apresentação das razões do recurso, ficando temas de cadastramento de fornecedores a que se re-
os demais licitantes desde logo intimados para apre- fere o inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até
sentar contrarrazões em igual número de dias, que co- 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
meçarão a correr do término do prazo do recorrente, edital e no contrato e das demais cominações legais.
sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de-
XIX - o acolhimento de recurso importará a invalida- correntes de meios eletrônicos, serão documentados
ção apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento; no processo respectivo, com vistas à aferição de sua
XX - a falta de manifestação imediata e motivada do regularidade pelos agentes de controle, nos termos do
licitante importará a decadência do direito de recurso regulamento previsto no art. 2º.
e a adjudicação do objeto da licitação pelo pregoeiro Art. 9º Aplicam-se subsidiariamente, para a modali-
ao vencedor; dade de pregão, as normas da Lei nº 8.666, de 21 de
XXI - decididos os recursos, a autoridade competente junho de 1993.
fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante
vencedor; Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Es-
XXII - homologada a licitação pela autoridade compe- tatuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e
tente, o adjudicatário será convocado para assinar o melhor lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam
contrato no prazo definido em edital; e de critérios de julgamento para a escolha da proposta
XXIII - se o licitante vencedor, convocado dentro do mais adequada aos interesses da Administração Pública.
prazo de validade da sua proposta, não celebrar o A disciplina encontra-se nos artigos 45 e 46 da Lei nº
contrato, aplicar-se-á o disposto no inciso XVI. 8.666/1993:
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
Fase externa: começa com a divulgação do edital, vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
dando publicidade ao pregão. Após, segue-se para a fase convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
de propostas. Selecionada a melhor proposta, parte-se licitação, os critérios previamente estabelecidos no
para a fase de habilitação. (Nota-se a inversão da regra ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi-
geral licitatória). Habilitado o candidato que fez a melhor vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua
proposta – que sempre será a de menor preço – este será aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
chamado a assinar o contrato. § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
licitação, exceto na modalidade concurso:
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
#FicaDica proposta mais vantajosa para a Administração deter-
O prazo para a apresentação de propostas minar que será vencedor o licitante que apresentar a
não pode ser inferior a OITO DIAS ÚTEIS, proposta de acordo com as especificações do edital ou
os quais se contam da publicação do aviso convite e ofertar o menor preço;
de licitação. O prazo pode ser maior, sem II - a de melhor técnica;
problemas, devendo o edital prever. III - a de técnica e preço;
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
ção de bens ou concessão de direito real de uso.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 5º É vedada a exigência de: § 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas,
I - garantia de proposta; e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei,
II - aquisição do edital pelos licitantes, como condição a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio,
para participação no certame; e em ato público, para o qual todos os licitantes serão
III - pagamento de taxas e emolumentos, salvo os re- convocados, vedado qualquer outro processo.
ferentes a fornecimento do edital, que não serão supe- § 3º No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre
riores ao custo de sua reprodução gráfica, e aos custos os licitantes considerados qualificados a classificação
de utilização de recursos de tecnologia da informação, se dará pela ordem crescente dos preços propostos,
quando for o caso. prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o
Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60 critério previsto no parágrafo anterior.
(sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital. § 4º Para contratação de bens e serviços de informáti-
ca, a administração observará o disposto no art. 3o da
Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em

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conta os fatores especificados em seu § 2o e adotando • 45 dias – concurso e concorrência para regime de
obrigatoriamente o tipo de licitação “técnica e preço”, empreitada geral ou se for do tipo melhor técnica
permitido o emprego de outro tipo de licitação nos ca- ou técnica e preço;
sos indicados em decreto do Poder Executivo. • 30 dias – concorrência do tipo melhor preço e to-
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação mada de preços se for do tipo melhor técnica ou
não previstos neste artigo. técnica e preço;
§ 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão se- • 15 dias – tomada de preços do tipo melhor preço e
lecionadas tantas propostas quantas necessárias até leilão;
que se atinja a quantidade demandada na licitação. • 5 dias – convite.
Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc-
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para Já sobre o conteúdo do edital, destaca-se o artigo 40:
serviços de natureza predominantemente intelectual, Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de
em especial na elaboração de projetos, cálculos, fisca- ordem em série anual, o nome da repartição interes-
lização, supervisão e gerenciamento e de engenharia sada e de seu setor, a modalidade, o regime de execu-
consultiva em geral e, em particular, para a elabora- ção e o tipo da licitação, a menção de que será regida
ção de estudos técnicos preliminares e projetos básicos por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da
e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo documentação e proposta, bem como para início da
anterior. [...] abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente,
§ 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos o seguinte:
neste artigo poderão ser adotados, por autorização I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
expressa e mediante justificativa circunstanciada da II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
maior autoridade da Administração promotora cons- retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64
tante do ato convocatório, para fornecimento de bens desta Lei, para execução do contrato e para entrega
e execução de obras ou prestação de serviços de gran- do objeto da licitação;
de vulto majoritariamente dependentes de tecnologia III - sanções para o caso de inadimplemento;
nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o
por autoridades técnicas de reconhecida qualificação, projeto básico;
nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções V - se há projeto executivo disponível na data da pu-
alternativas e variações de execução, com repercus- blicação do edital de licitação e o local onde possa ser
sões significativas sobre sua qualidade, produtividade, examinado e adquirido;
rendimento e durabilidade concretamente mensurá- VI - condições para participação na licitação, em con-
veis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de
licitantes, na conformidade dos critérios objetivamen- apresentação das propostas;
te fixados no ato convocatório. VII - critério para julgamento, com disposições claras e
parâmetros objetivos;
Além do capítulo introdutório, do artigo 38 ao 53 da VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios
Lei nº 8.666/93 está descrito o procedimento a ser ado- de comunicação à distância em que serão fornecidos
tado nas licitações em geral. A modalidade pregão tem elementos, informações e esclarecimentos relativos à
procedimento próprio, previsto na lei especial. licitação e às condições para atendimento das obriga-
A licitação se dá no local onde a repartição interes- ções necessárias ao cumprimento de seu objeto;
sada se localizar, mas isso não impede a habilitação de IX - condições equivalentes de pagamento entre em-
participantes de outras localidades (artigo 20). presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações
internacionais;
1. Edital X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e
global, conforme o caso, permitida a fixação de pre-
O artigo 21 da Lei de Licitações aborda as exigências ços máximos e vedados a fixação de preços mínimos,
quanto à publicação do edital. critérios estatísticos ou faixas de variação em relação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Serão publicados avisos com o resumo do edital no a preços de referência, ressalvado o disposto nos pará-
Diário Oficial (da União para licitação no âmbito federal grafos 1º e 2º do art. 48;
e do Estado para licitação no âmbito estadual ou muni- XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação
cipal) e, se houver, em jornal local de grande circulação, efetiva do custo de produção, admitida a adoção de
sem prejuízo da utilização de outros meios que se voltem índices específicos ou setoriais, desde a data prevista
à ampliação da concorrência, por exemplo, propagandas para apresentação da proposta, ou do orçamento a
na TV. No aviso com o edital resumido deve constar in- que essa proposta se referir, até a data do adimple-
formação sobre onde obter o edital integral. mento de cada parcela;
É preciso respeitar um prazo mínimo entre a última XII - (Vetado).
publicação do aviso com resumo do edital (ou ainda da XIII - limites para pagamento de instalação e mobili-
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e respec- zação para execução de obras ou serviços que serão
tivos anexos, o que ocorrer por último) e o prazo final obrigatoriamente previstos em separado das demais
para recebimento das propostas: parcelas, etapas ou tarefas;

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XIV - condições de pagamento, prevendo: também para a Administração. Qualquer pessoa pode
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- impugnar o edital, no prazo de 5 (cinco) dias antes
tado a partir da data final do período de adimplemen- da abertura dos envelopes, devendo a Administração
to de cada parcela; julgar no prazo de 2 (três) dias antes de tal abertura.
b) cronograma de desembolso máximo por período,
em conformidade com a disponibilidade de recursos 2. Habilitação
financeiros;
c) critério de atualização financeira dos valores a serem Conforme artigos 27 a 31, na habilitação, os interes-
pagos, desde a data final do período de adimplemento sados devem comprovar: habilitação jurídica (a empresa
de cada parcela até a data do efetivo pagamento; deve possuir personalidade jurídica regular), qualificação
d) compensações financeiras e penalizações, por even- técnica (registro em entidade profissional e requisitos
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações da lei especial), qualificação econômico-financeira (de-
de pagamentos; monstrativos contábeis e garantia), regularidade fiscal e
e) exigência de seguros, quando for o caso; trabalhista (não ter inscrição de dívida ativa e nem dívi-
XV - instruções e normas para os recursos previstos das trabalhistas), mão-de-obra de menores de quatorze
nesta Lei; anos apenas como aprendiz e de menores entre 16 e 18
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; anos fora do período noturno e sem perigo ou insalubri-
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da dade (artigo 7o, XXXIII, CF). A Administração deve manter
licitação. os registros cadastrais para efeito de habilitação, cujos
§ 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado documentos são válidos pelo prazo máximo de 1 (um)
em todas as folhas e assinado pela autoridade que o ano. É possível a atualização dos registros, inclusive re-
expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele novando documentos.
extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua
divulgação e fornecimento aos interessados. 3. Abertura do processo administrativo
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte
integrante: “O procedimento da licitação será iniciado com a
I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as abertura de processo administrativo, devidamente au-
suas partes, desenhos, especificações e outros tuado, protocolado e numerado, contendo a autorização
complementos; respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recur-
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos so próprio para a despesa [...]” (artigo 38, caput). Serão
e preços unitários; juntados: o edital, comprovante de publicação dele, de-
III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Admi- signação da autoridade, propostas e documentos, pare-
nistração e o licitante vencedor; ceres, despachos, recursos, etc.
IV - as especificações complementares e as normas de Se o valor da licitação for superior a R$150.000.000,00
execução pertinentes à licitação. (cento e cinquenta milhões), deve ser realizada uma au-
§ 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se diência pública no início do procedimento licitatório,
como adimplemento da obrigação contratual a pres- pelo menos 15 (quinze) dias antes da publicação do edi-
tação do serviço, a realização da obra, a entrega do tal (artigo 39).
bem ou de parcela destes, bem como qualquer outro
evento contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a 4. Procedimentos e julgamento
emissão de documento de cobrança.
§ 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten- Os procedimentos são descritos no artigo 43. Inicia-
didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da -se com a abertura dos envelopes de habilitação, com a
data prevista para apresentação da proposta, poderão documentação que habilita os concorrentes; são devolvi-
ser dispensadas: dos os envelopes aos concorrentes inabilitados; abrem-
I - o disposto no inciso XI deste artigo; -se os envelopes de propostas aos concorrentes habili-
II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c” tados; verifica-se a conformidade das propostas com o
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do inciso XIV deste artigo, correspondente ao perío- edital; julgam-se e classificam-se as propostas; por fim,
do compreendido entre as datas do adimplemento e a autoridade competente delibera. A abertura dos enve-
a prevista para o pagamento, desde que não superior lopes de habilitação e de propostas é pública. Não cabe
a quinze dias. desistência da proposta após a habilitação.
§ 5º A Administração Pública poderá, nos editais de O julgamento das propostas deve se basear em crité-
licitação para a contratação de serviços, exigir da rios objetivos, definidos no edital ou no convite, tal como
contratada que um percentual mínimo de sua mão na legislação (artigos 44 e 45).
de obra seja oriundo ou egresso do sistema prisional,
com a finalidade de ressocialização do reeducando, na As propostas podem ser desclassificadas, conforme
forma estabelecida em regulamento. artigo 48:
Com efeito, o artigo 41 traz o princípio da vinculação
do edital, o qual esclarece que o edital tem força nor-
mativa não só para os candidatos e interessados, como

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Art. 48. Serão desclassificadas: § 3º No caso de desfazimento do processo licitatório,
I - as propostas que não atendam às exigências do ato fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
convocatório da licitação; § 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-
II - propostas com valor global superior ao limite esta- -se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigi-
belecido ou com preços manifestamente inexequíveis, bilidade de licitação.
assim considerados aqueles que não venham a ter de-
monstrada sua viabilidade através de documentação Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos
que comprove que os custos dos insumos são coeren- em razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto,
tes com os de mercado e que os coeficientes de produ- em anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalida-
tividade são compatíveis com a execução do objeto do de da mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação
contrato, condições estas necessariamente especifica- poderá ser anulada pela via administrativa ou pela via
das no ato convocatório da licitação. judiciária. A anulação de uma licitação pode ser total (se
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo o vício atingir a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se
consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso o vício atingir parte dos atos licitatórios).
de licitações de menor preço para obras e serviços de Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve-
engenharia, as propostas cujos valores sejam inferio- niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici-
res a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em
valores: revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto,
a) média aritmética dos valores das propostas supe- não poderá haver a revogação da licitação. Somente se
riores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado justifica a revogação quando houver um fato posterior
pela administração, ou à abertura da licitação e quando o fato for pertinente,
b) valor orçado pela administração. ou seja, quando possuir uma relação lógica com a re-
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágra- vogação da licitação. Ainda deve ser suficiente, quando
fo anterior cujo valor global da proposta for inferior a intensidade do fato justificar a revogação. Deve ser
a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se respeitado o direito ao contraditório e ampla defesa, e
referem as alíneas «a» e «b», será exigida, para a as- a revogação deverá ser feita mediante parecer escrito e
sinatura do contrato, prestação de garantia adicional, devidamente fundamentado.
dentre as modalidades previstas no § 1º do art. 56, Logo, anulação e revogação estão previstos no artigo
igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo 49 da lei nº 8.666/93. Revogação da licitação por interes-
anterior e o valor da correspondente proposta. se público decorrente de fato superveniente devidamen-
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou te comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal
todas as propostas forem desclassificadas, a adminis- conduta, bem como a obrigatoriedade de sua anulação
tração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias por ilegalidade, neste último caso podendo agir de oficio
úteis para a apresentação de nova documentação ou ou provocado por terceiros, mediante parecer escrito e
de outras propostas escoimadas das causas referidas devidamente fundamentado.
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi-
deste prazo para três dias úteis. mento da licitação acabada por motivos de conveniência
e oportunidade (interesse público) superveniente – art.
5. Anulação e revogação 49 da lei nº 8.666/93”51. Trata-se de um ato administra-
tivo vinculado, embora assentada em motivos de conve-
No que tange à revogação e à anulação, ambas volta- niência e oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que
das às consequências dos vícios no processo de licitação, no caso de desfazimento da licitação ficam assegurados
destaca-se a previsão do artigo 49: o contraditório e a ampla defesa, garantia essa que é
dada somente ao vencedor, o único com efeitos interes-
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação ses na permanência desse ato, pois através dele pode
do procedimento somente poderá revogar a licitação chegar a contrato.
por razões de interesse público decorrente de fato su- Hely Lopes Meireles52 conceitua anulação como “é a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

perveniente devidamente comprovado, pertinente e invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de


suficiente para justificar tal conduta, devendo anu- ilegalidade, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes
lá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de da assinatura do contrato, desde que a Administração ou
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente o Judiciário verifique e aponte a infringência à lei ou ao
fundamentado. edital”. Cabe ainda ressaltar que a anulação da licitação
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por mo- acarreta a nulidade do contrato (art. 49, § 2º). No mesmo
tivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, sentido “a anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judi-
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 cante como pela Via Administrativa”.
desta Lei.
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do
51  GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 9. ed. São Paulo:
art. 59 desta Lei.
Saraiva, 2004.
52  MEIRELLES, Hely Lopes... Op. Cit.

68
§ 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por
#FicaDica intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual
poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cin-
Todas as atividades de apreciação de docu-
co) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir,
mentos e julgamento, desde a habilitação
devidamente informado, devendo, neste caso, a de-
preliminar até a classificação das propostas,
cisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias
incumbe a uma comissão permanente ou
úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de
especial de, no mínimo, 3 (três) membros,
sendo pelo menos 2 (dois) deles servido- responsabilidade.
res qualificados pertencentes aos quadros § 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pe-
permanentes dos órgãos da Administração dido de reconsideração se inicia ou corre sem que os
responsáveis pela licitação. No convite, se a autos do processo estejam com vista franqueada ao
unidade administrativa for pequena e não interessado.
houver pessoal suficiente, a comissão pode § 6º Em se tratando de licitações efetuadas na moda-
ser substituída por 1 (um) servidor. lidade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos
incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de
dois dias úteis.
Recursos administrativos

Os recursos administrativos, a representação e o pe- EXERCÍCIO COMENTADO


dido de reconsideração se prestam ao controle da Admi-
nistração Pública, sendo cabíveis contra os atos adminis-
trativos praticados no processo licitatório. 1. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES-
PE – 2018) Julgue o item subsequente de acordo com a
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
aplicação desta Lei cabem: É inexigível a licitação para a aquisição de bens e insumos
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecno-
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: lógica com recursos concedidos pela CAPES, pela FINEP,
a) habilitação ou inabilitação do licitante; pelo CNPq ou por outras instituições de fomento à pes-
b) julgamento das propostas; quisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
c) anulação ou revogação da licitação;
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro ( ) CERTO ( ) ERRADO
cadastral, sua alteração ou cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. Resposta: Errado. Tratava-se de hipótese de licitação
79 desta Lei; dispensável, conforme artigo 24, XXI, Lei nº 8.666/1993,
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem- que tinha a seguinte redação: “para a aquisição de
porária ou de multa; bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da científica e tecnológica com recursos concedidos pela
intimação da decisão relacionada com o objeto da Capes, pela Finep, pelo CNPq ou por outras institui-
licitação ou do contrato, de que não caiba recurso ções de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq
hierárquico; para esse fim específico”. Hoje a redação dada pela
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro Lei nº 13.242/2016 é a seguinte: “XXI - para a aquisi-
de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, con- ção ou contratação de produto para pesquisa e de-
forme o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, senvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços
no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato. de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
§ 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23
«a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos (até R$ 1.500.000,00)”. O inciso não mais restringe às
a advertência e multa de mora, e no inciso III, será requisições feitas com recursos das entidades de pes-
quisa e, de outro lado, restringe no que se refere a
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

feita mediante publicação na imprensa oficial, salvo


para os casos previstos nas alíneas “a” e “b”, se pre- obras e serviços de engenharia (ex.: construção de um
sentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi laboratório).
adotada a decisão, quando poderá ser feita por comu-
nicação direta aos interessados e lavrada em ata. FIQUE ATENTO!
§ 2º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I
deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autori- Cuidado com a pegadinha muito comum em
dade competente, motivadamente e presentes razões concursos, que é a substituição das palavras
de interesse público, atribuir ao recurso interposto efi- dispensável ou inexigível. É inexigível apenas
cácia suspensiva aos demais recursos. nos casos de fornecedor exclusivo, notória
§ 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais especialização de profissional técnico e artis-
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin- ta reconhecido.
co) dias úteis.

69
2. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- Ao contratar serviços ou obras visando à promoção de
PE – 2018) Julgue o item subsequente de acordo com a baixo impacto sobre recursos naturais, a administração
orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993. pública atende ao princípio do desenvolvimento nacional
Para a habilitação nas licitações, serão exigidas dos lici- sustentável.
tantes, além de habilitação jurídica, qualificação técnica,
qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e ( ) CERTO ( ) ERRADO
trabalhista.
Resposta: Certo. O artigo 3o da Lei nº 8.666/1993 fixa
( ) CERTO ( ) ERRADO o princípio do desenvolvimento sustentável como um
dos que deve ser observado no processo licitatório.
Resposta: Certo. Preconiza o artigo 27, Lei nº Este princípio do desenvolvimento sustentável está
8.666/1993: “Para a habilitação nas licitações exigir-se- relacionado não só com o âmbito ambiental, como
-á dos interessados, exclusivamente, documentação a maioria das pessoas pensam quando ouve falar
relativa a: I - habilitação jurídica; II - qualificação técni- em sustentabilidade, mas aqui também refere-se ao
ca; III - qualificação econômico-financeira; IV - regula- desenvolvimento sustentável em diversos aspectos,
ridade fiscal e trabalhista; V - cumprimento do dispos- como social, econômico, político, ético e também o
to no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal” ambiental.
.
3. (EBSERH – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CESPE
– 2018) Julgue o próximo item, relativo às modalidades
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA;
de licitação.
CONTROLE EXERCIDO PELA ADMINIS-
A concorrência pública pressupõe uma fase preliminar
denominada habilitação, que habilita os que poderão
TRAÇÃO PÚBLICA; CONTROLE JUDICIAL;
participar da fase seguinte, a de classificação. CONTROLE LEGISLATIVO

( ) CERTO ( ) ERRADO
Controle da Administração Pública é o exercício de
vigilância, orientação e revisão sobre a conduta funcio-
Resposta: Certo. Se depreende do próprio conceito
nal, exercido por um poder, órgão ou autoridade pública
de concorrência que a Lei nº 8.666/1993 traz em seu
com relação a outro.
artigo 22, § 1º: “Concorrência é a modalidade de lici-
“O controle do Estado pode ser exercido através de
tação entre quaisquer interessados que, na fase ini-
duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
cial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
para execução de seu objeto”.
Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
4. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – ÁREA
encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e
2 – CESPE – 2018) Considerando que a ABIN escolha a
contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem
modalidade licitatória convite para contratar empresa de
o crescimento de qualquer um deles em detrimento de
engenharia para modernizar suas instalações, julgue o
outro e que permitem a compensação de eventuais pon-
item que se segue, com base nas disposições da Lei nº
tos de debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à
8.666/1993.
força de outro. São realmente freios e contrapesos dos
Pelo seu caráter simplificado, a modalidade convite não
Poderes políticos. [...] O que ressalta de todos esses casos
pode ser substituída pela concorrência.
é a demonstração do caráter que tem o controle políti-
( ) CERTO ( ) ERRADO co: seu objetivo é a preservação e o equilíbrio das insti-
tuições democráticas do país. O controle administrativo
tem linhas diversas. Nele não se procede a nenhuma me-
Resposta: Errado. Cabe seguir a seguinte máxima: se
dida para estabilizar poderes políticos, mas, ao contrá-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pode o menos, pode o mais, ou seja, se cabe uma mo-


rio, se pretende alvejar os órgãos incumbidos de exercer
dalidade simplificada de licitação não há problemas
uma das funções do Estado – a função administrativa.
em optar pela mais complexa (o inverso que não é
Enquanto o controle político se relaciona com as institui-
permitido). Consta na Lei nº 8.666/1993, em seu artigo
ções políticas, o controle administrativo é direcionado às
23, § 4o, o seguinte: “Nos casos em que couber convite,
instituições administrativas. [...] Podemos denominar de
a Administração poderá utilizar a tomada de preços e,
controle da Administração Pública o conjunto de meca-
em qualquer caso, a concorrência”.
nismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se
exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade
5. (STM –TÉCNICO JUDICIÁRIO – PROGRAMAÇÃO DE
administrativa em qualquer das esferas de Poder”53.
SISTEMAS – CESPE – 2018) Em relação à organização
administrativa e à licitação administrativa, julgue o item
a seguir.
53  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

70
O princípio da legalidade e o princípio das políticas 1. Conforme o âmbito da administração
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad-
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, • Por subordinação: exercido por meio dos pata-
a ideia central, quando se fala em controle da Adminis- mares de hierarquia dentro da mesma Administra-
tração Pública, reside no fato de que o titular do patri- ção. Trata-se de controle tipicamente interno.
mônio público (material e imaterial) é o povo, e não a • Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual
Administração, razão pela qual ela se sujeita, em toda a são atribuídos poderes de fiscalização e revisão em
sua atuação, sem qualquer exceção, ao princípio da in- relação a pessoa diversa. Trata-se de controle tipi-
disponibilidade do interesse público”54. Não obstante, a camente externo.
Administração se sujeita à estrita legalidade, de forma
que apenas pode fazer aquilo que a lei autoriza, sendo 2. Conforme a iniciativa
necessário o controle de atos que violem estes limites.
• De ofício: executado pela própria Administração
quando está regularmente exercendo as suas fun-
#FicaDica ções. Afinal, a Administração tem a prerrogativa da
Controle da Administração é: autotutela, que a permite invalidar ou revogar suas
• Faculdade de vigilância, orientação e cor- condutas de ofício (súmulas 346 e 473, STF).
reção que um poder, órgão ou autoridade • Provocado: ocorre mediante provocação de ter-
exerce sobre a conduta funcional de outro; ceiro, postulando a revisão do ato administrativo
• Regulamentado por diversos atos norma- dito ilegal ou inconveniente.
tivos, os quais trazem regras, modalidades
e instrumentos para sua organização; 3. Conforme a origem ou a extensão do controle
• O que assegura que a Administração vá
atuar de acordo com princípios jurídicos, • Controle interno: é aquele realizado pelas auto-
previstos no artigo 37, caput, CF – legalida- ridades no âmbito do próprio órgão ou entidade
de, impessoalidade, moralidade, publicida- em que atuam no âmbito da administração. Exem-
de e eficiência. plo: chefe que na repartição controla os seus su-
bordinados; corregedoria que faz inspeção em um
fórum.
Elementos e natureza jurídica do controle
Basicamente, sempre se está diante de controle inter-
Segundo Carvalho Filho55, dois são os elementos bási- no quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo,
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e isto é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscali-
a revisão são os elementos básicos do controle. A fiscali- zando Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo.
zação consiste no poder de verificação que se faz sobre a Quando, no exercício do controle interno, uma auto-
atividade dos órgãos e dos agentes administrativos, bem ridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da en-
como em relação à finalidade pública que deve servir de tidade responsável pelo controle externo, notadamente
objetivo para a Administração. A revisão é o poder de um Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária
corrigir as condutas administrativas, seja porque tenham entre a autoridade que praticou a ocultação e a autorida-
vulnerado normas legais, seja porque haja necessidade de que praticou o ilícito.
de alterar alguma linha das políticas administrativas para
que melhor seja atendido o interesse coletivo”. • Controle externo: é aquele realizado por um Po-
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de prin- der que é diferente do Poder fiscalizado, exterio-
cípio fundamental da administração pública, conforme rizando um sistema de freios e contrapesos. É o
teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura caso do controle de atos do Executivo por decisões
também que o controle deve ser exercido em todos ní- do Poder Judiciário, ou mesmo da sustação de ato
veis e em todos órgãos. normativo do Executivo pelo Legislativo, além do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

julgamento de contas do Presidente da Repúbli-


Classificação das formas de controle ca pelo Congresso Nacional, e de auditorias do
Tribunal de Contas da União quanto ao Executivo
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os federal.
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade • Controle externo popular: realizado pelo contri-
administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31,
em todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agen- §3º, CF; artigo 74, §2º, CF).
tes. Por esse motivo, diversas são as formas pelas quais o
controle se exercita, sendo, destarte, inúmeras as deno- 4. Conforme o momento a ser exercido
minações adotadas”56.
• Controle prévio ou preventivo: exercido antes
54  ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente... Op. Cit.
do início da prática ou antes da conclusão do ato
55  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
56  ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente... Op. Cit. administrativo.

71
• Controle concomitante: exercido durante a reali- Entre os meios de controle, destacam-se:
zação do ato, verificando a sua validade enquanto
ele é praticado. • Fiscalização hierárquica: esse meio de contro-
• Controle posterior ou corretivo: busca rever os le é inerente ao poder hierárquico, ocorrendo o
atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou con- exercício dos órgãos superiores em relação aos
firmando. Envolve atos como os de aprovação, ho- inferiores;
mologação, anulação, revogação ou convalidação. • Controle ou supervisão ministerial: aplicável nas
entidades de administração indireta vinculadas a
5. Conforme a amplitude ou a natureza do controle um Ministério, não havendo subordinação;
• Controle social: é aquele exercido pela própria so-
• Controle de legalidade: verifica se o ato foi prati- ciedade, em demanda emanada de grupos sociais,
cado em conformidade com a lei. O controle pode no exercício da atividade democrática que tem
ser interno ou externo. O resultado final é a confir- amparo constitucional notadamente na garantia
mação ou a rejeição do ato, anulando-o. pelo artigo 37, §3º, CF de edição de lei que regule
• Controle de mérito: visa verificar a oportunidade formas de participação do usuário na administra-
e a conveniência administrativas do ato controla- ção direta e indireta. Entre as formas que já são
do. Trata-se do controle sobre a atuação discricio- trazidas por algumas leis, como a Lei nº 9.784/1999
nária da Administração Pública, mantendo-o ou sobre o processo administrativo federal, estão as
revogando-o. Diz-se que o Judiciário não pode audiências e consultas públicas. Neste âmbito do
fazer este controle, o que é verdade, em termos: controle social, é possível fixar uma divisão entre
o Judiciário não pode controlar a atividade discri- controle natural, feito pela população em si, e con-
cionária que é legítima, mas se ela exceder parâ- trole institucional, feito por órgãos em atuação por
metros de razoabilidade e proporcionalidade pode legitimidade extraordinária, como o Ministério Pú-
fazê-lo. Nesta questão se insere a polêmica sobre blico e a Defensoria Pública;
o controle judicial de políticas públicas. • Recursos administrativos: serve para provocar o
reexame do ato administrativo pela própria Admi-
nistração Pública;
#FicaDica • Direito de petição: é um direito fundamental con-
- Quanto ao órgão que o exerce ferido a toda pessoa de defender seus direitos e
• Executivo noticiar ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV,
• Legislativo CF). O direito de petição se exerce, dentre outras
• Judiciário formas, pela representação, em que se faz denún-
- Quanto ao fundamento cia de irregularidades feita perante o poder públi-
• Hierárquico co; pela reclamação, em que há oposição expressa
• Finalístico a atos da administração que afetam direitos ou in-
- Conforme a origem teresses legítimos do interessado; e pelos recursos
• Interno administrativos.
• Externo
• Popular A doutrina costuma dividir os recursos administrati-
- Quanto à atividade administrativa vos do direito de petição, conferindo um sentido estrito
• Legalidade e outro amplo ao direito de petição conforme a situação
• Mérito seja de revisão de decisão administrativa anterior ou de
- Quanto ao momento de exercício tomada de decisão pela primeira vez. Em sentido estrito,
• Preventivo as representações e as reclamações administrativas são
• Concomitante as únicas formas de se exercer o direito de petição, por-
• Corretivo que são autônomas e não incidentais.
Apenas em sentido amplo se incluem como formas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de exercício do direito de petição os recursos administra-


É o controle exercido pela Administração quanto tivos, porque estes não possuem autonomia e são inci-
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder dentais. Neste sentido amplo, podem se classificar as vias
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciá- em: incidentais, quando a apresentação se dá em pro-
rio quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange cesso administrativo está em curso, manifestando incon-
à legalidade quanto em relação à conveniência. É sem- formismo contra um ato nele praticado (enquadram-se
pre um controle interno, que deriva do poder-dever de aqui o pedido de reconsideração, o recurso hierárquico
autotutela. próprio e o recurso hierárquico impróprio); deflagrado-
ras ou autônomas, quando se formaliza a abertura de um
novo processo (enquadram-se aqui a reclamação e a re-
presentação, abrindo o processo pela primeira vez, e a
revisão, abrindo novo processo em um caso que já havia
sido resolvido pela Administração).

72
1. Direito de petição lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou
fato do qual a mesma se originar.
O direito de petição confere o direito fundamental de Além da reclamação administrativa, existe também a
toda pessoa buscar perante a administração a alteração reclamação judicial, que se tornou um instrumento usual
de um ato administrativo ou representar a prática de ato com a fixação em lei da possibilidade de sua apresenta-
ilegal ou abusivo. ção ao Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo
contrariar súmula vinculante. As hipóteses de reclama-
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen- ção judicial são ampliadas pelo Código de Processo Civil
dentemente do pagamento de taxas: a) o direito de de 2015, conforme artigos 988 a 993, sendo aceita não
petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos apenas com relação ao STF, mas também quanto a ou-
ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obten- tros Tribunais com vistas à preservação da competência
ção de certidões em repartições públicas, para defesa e ao cumprimento de suas decisões. Para autores como
de direitos e esclarecimento de situações de interesse Carvalho Filho58, a reclamação judicial é uma forma de
pessoal. controle jurisdicional, não de controle administrativo;
logo, apenas a reclamação administrativa se insere como
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- instrumento de controle pela Administração.
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo 1.2 Representação
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam
a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a apre- Na representação é feita uma denúncia de irregulari-
ciação de um pedido que um cidadão quer apresentar” dade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Adminis-
(muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “de- tração, o Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
mora para responder aos pedidos formulados” (adminis- como o Ministério Público.
trativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restri- Trata-se de exercício do direito de petição de forma
ções e/ou condições para a formulação de petição”, traz originária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrati-
a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e vo ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo
faz proliferar as desigualdades e as injustiças. administrado. Será a primeira vez que a estão será levada
Dentro do espectro do direito de petição se insere, à administração para a devida apreciação.
por exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de
solicitar cópias reprográficas e certidões, bem como de 2. Recursos administrativos
ofertar denúncias de irregularidades. Contudo, o consti-
tuinte, talvez na intenção de deixar clara a obrigação dos Recursos administrativos são meios hábeis que po-
Poderes Públicos em fornecer certidões, trouxe a letra b) dem ser utilizados para provocar o reexame do ato ad-
do inciso, o que gera confusões conceituais no sentido ministrativo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
do direito de obter certidões ser dissociado do direito Conforme conceitua Carvalho Filho59, “são os meios
de petição. formais de controle administrativo, através dos quais o
interessado postula, junto a órgãos da Administração, a
1.1 Reclamação revisão de determinado ato administrativo”. É necessário,
para recorrer, que o interessado tenha tido a sua preten-
Na reclamação administrativa se dá uma oposição são contrariada pela administração, logo, é da essência
expressa a ato administrativo que ofenda direito ou inte- do recurso a manifestação de inconformismo, retratando
resse legítimo. Segundo Di Pietro57, “a reclamação admi- ilegalidade ou abuso do poder público.
nistrativa é o ato pelo qual o administrado, seja particular Os principais recursos de administração são os se-
ou servidor público, deduz uma pretensão perante a Ad- guintes: pedido de reconsideração, em que se solicita
ministração Pública, visando obter o reconhecimento de reexame à mesma autoridade que praticou o ato; recurso
um direito ou a correção de um erro que lhe cause lesão hierárquico próprio, que se dirige à autoridade ou ins-
ou ameaça de lesão”. A primeira referência à reclamação tância superior do mesmo órgão administrativo em que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no ordenamento está no Decreto nº 20.910/1932, que foi praticado o ato; recurso hierárquico impróprio, que se
fixa o prazo de 1 ano para que ocorra a prescrição: dirige à autoridade ou órgão estranho à repartição que
expediu o ato recorrido, mas com competência julgadora
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a expressa; e revisão, em que se busca a alteração de pu-
demora do titular do direito ou do crédito ou do seu nição aplicada pela Administração no exercício do poder
representante em prestar os esclarecimentos que lhe disciplinar diante do surgimento de fatos novos, abrin-
forem reclamados ou o fato de não promover o anda- do-se novo processo.
mento do feito judicial ou do processo administrativo Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recur-
durante os prazos respectivamente estabelecidos para so hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio
extinção do seu direito à ação ou reclamação. denota-se que o processo administrativo ainda está
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que não em curso, pois uma autoridade tomou uma decisão
tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu-
58  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.
57  DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella... Op. Cit. 59  Ibid.

73
administrativa da qual se pretende recorrer (logo, tra-
ta-se de recurso incidental) – a diferença entre as três #FicaDica
modalidades está na autoridade que apreciará o pedido
Os recursos administrativos típicos se dife-
de alteração da decisão administrativa. Já na revisão, o
renciam quanto à autoridade responsável
processo já tramitou, foi encerrado e será reaberto.
pelo julgamento:
Vale apontar sobre os efeitos dos recursos adminis-
• No pedido de reconsideração, será a pró-
trativos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois
pria autoridade que praticou um ato, re-
os atos administrativos têm em seu favor a presunção de considerando nestes moldes a decisão que
legitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela au- foi tomada.
toridade competente, terá efeito suspensivo. Vale desta- • No recurso hierárquico próprio, será a au-
car que caso o recurso tenha efeito suspensivo, também toridade hierarquicamente superior àquela
o prazo prescricional ficará suspenso, enquanto que se o que praticou o ato, tratando-se de clássi-
efeito for apenas devolutivo irá continuar correndo. co exercício do poder hierárquico inerente
Súmula 429, STF. A existência de recurso adminis- à estrutura escalonada da administração.
trativo com efeito suspensivo não impede o uso do Esta é a forma típica de se recorrer da deci-
mandado de segurança contra omissão da autorida- são administrativa.
de. • No recurso hierárquico impróprio, será
Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que autoridade diversa, com competência es-
nada impede o uso simultâneo das esferas administrativa pecificada em lei, porém não hierarquica-
e judicial, considerando que são independentes entre si. mente superior àquela que praticou o ato.
Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgota- Na verdade, a reclamação administrativa
mento dos recursos administrativos é imposto: trata-se perante o STF pode ser enquadrada nesta
de demanda perante a justiça desportiva, conforme o categoria.
artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula
vinculante na via administrativa e o administrado preten-
de invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º, 3. Prescrição administrativa
§1º, Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal
exigência é proibida. Significa perda de prazo para apresentar uma preten-
Outra questão que merece ser abordada no campo são perante a Administração. No caso, o administrado
dos recursos administrativos é a da reformatio in pejus, não perde o direito, o que ocorre na decadência, mas
ou seja, da reforma da decisão tomada pela administra- sim a pretensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos
ção de modo a agravar a situação do administrado. Devi- de perda de prazo para recorrer de decisão tomada ou
do a previsão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio revisá-la (prescrição correndo contra o administrado e a
in pejus em recurso administrativo modificando a deci- favor da administração, convalidando seus atos), caso em
são recorrida é permitida, mas o recorrente deverá ter que se segue a regra da prescrição quinquenal (5 anos);
oportunidade de manifestar-se antes dele ocorrer; já em ou na hipótese de perda do prazo para o exercício do po-
se tratando de reformatio in pejus em processo de revi- der punitivo (prescrição correndo a favor do administra-
são, há vedação. Quanto à possibilidade de gravame na do e contra a administração, que não mais poderá aplicar
primeira hipótese, a doutrina afirma que apenas é permi- a punição), que é a típica prescrição administrativa; ou
tida a reformatio in pejus caso o ato inferior tenha sido ainda de perda de prazo para que seja adotada deter-
praticado em desconformidade com a lei, considerados minada providência administrativa (prescrição correndo
critérios objetivos, sendo assim proibida a reformatio in a favor do administrado e contra a administração, que
pejus caso seja feita apenas nova avaliação subjetiva. não mais poderá anular seus próprios atos dos quais de-
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada ad- corram efeitos benéficos aos administrados, salvo prova
ministrativa, que basicamente é uma “situação jurídica de má-fé).
pela qual determinada decisão firmada pela Administra-
ção não mais pode ser modificada na via administrati- • Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº
9.873/1999);
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

va”60, embora o possa na via judicial; diferenciando-se da


coisa julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede • Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
a rediscussão da matéria em qualquer via. anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou
180 dias (infração leve), a contar do conhecimento
de sua prática (Lei nº 8.112/1990);
• Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
nº 9.784/1999).

60  Ibid.

74
4. Sistemas de controle jurisdicional da adminis- reavaliar os critérios de conveniência e oportunidade dos
tração pública atos, que são privativos do administrador público”, sob
pena de se violar a cláusula fundamental da separação
Sistema administrativo é o regime que um Estado dos Poderes61.
adota para controlar os atos administrativos ilegais ou Quanto ao momento em que o controle judicial deve-
ilegítimos praticados pela Administração em seus di- rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma poste-
versos níveis, podendo ser de duas espécies: francês, rior, quando os atos administrativos já estão produzindo
também conhecido como sistema do contencioso ad- efeitos no mundo jurídico. Em situações excepcionais o
ministrativo; e inglês, também denominado sistema do controle pode ser prévio, por exemplo, quando a lei au-
controle judicial, judiciário ou da jurisdição una. toriza a concessão de liminar diante de fumus boni iuris
O sistema francês se caracteriza por excluir os atos ad- e periculum in mora.
ministrativos da apreciação judicial, sujeitando-os a uma Existem atos que se sujeitam a controle especial, são
jurisdição especial do contencioso administrativo que é eles:
composta por tribunais de caráter administrativo. Neste
sistema, se evidencia a dualidade de jurisdição, havendo 1) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis-
a jurisdição comum composta pelos órgãos do Poder Ju- trativos, mas verdadeiros atos de governo, ema-
diciário que resolve os litígios não abrangidos pelo con- nados da cúpula política do país, no exercício de
tencioso administrativo e a jurisdição especial composta competências organizacionais-administrativas
apenas por tribunais de natureza administrativa. constitucionais. A peculiaridade é que o Judiciário
Já o sistema inglês se caracteriza pela intervenção não pode controlar os critérios governamentais
do Poder Judiciário no controle dos atos administrati- que direcionam a edição de atos políticos. Contu-
vos. Deste modo, a jurisdição é una e apenas o Judiciário do, o controle de legalidade e o controle de cons-
possui competência para resolver todos os litígios, tanto titucionalidade são possíveis.
os administrativos quanto os estritamente privados. As 2) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
decisões do Judiciário, por sua vez, são protegidas pela nam do Poder Legislativo com caráter genérico,
força da coisa julgada, que impede a rediscussão de ma- abstrato e geral são passíveis de controle. Entre-
térias já decididas em juízo em seu mérito. tanto, se trata de controle de constitucionalidade,
que se sujeita a regras específicas. O sistema brasi-
No Brasil adota-se o sistema inglês. leiro adota duas vias de realização de tal controle,
a via da exceção, com caráter difuso, exercida inci-
5. Advocacia pública administrativa dentalmente sem ação específica; e a via da ação,
com caráter concentrado, exercida por meio de
No âmbito federal, as atividades de advocacia pública ações específicas – ação direta de inconstituciona-
consultiva são prestadas pela Advocacia-Geral da União, lidade, ação direta de constitucionalidade, argui-
conforme artigo 3º da Lei Complementar nº 73/1993. Ele ção de descumprimento de preceito fundamental.
irá assessorar o chefe do Executivo federal em assuntos 3) Atos interna corporis: são os atos praticados den-
de natureza jurídica, elaborando pareceres e estudos, tro da competência interna e exclusiva dos diversos
sendo tal vinculação de caráter exclusivo. Logo, a AGU órgãos do Legislativo e do Judiciário; por exemplo,
presta consultoria apenas para o Presidente da Repúbli- as competências de elaboração de regimentos in-
ca. Os Ministérios, Secretarias e Forças Armadas solicitam ternos. Como os atos são internos e exclusivos, não
consultoria para as Consultorias Jurídicas, conforme arti- é possível fazer o controle sobre as razões que le-
go 11 da Lei Complementar nº 73/1993. varam à elaboração. Contudo, o controle de vícios
O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre de ilegalidade e de inconstitucionalidade é plena-
os atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, mente válido.
pelo Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciá- Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei
rio, quando realiza atividades administrativas. Por ele, é não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
possível se decretar a anulação de um ato. Não cabe a ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofen-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

revogação, porque significaria análise de mérito, que o sa a direitos dos administrados é passível de controle
Judiciário não pode fazer. judicial. Ciente disso, o legislador cria inúmeros meca-
“O controle judicial sobre atos da Administração é nismos específicos para que tal controle seja realizado,
exclusivamente de legalidade. Significa dizer que o Ju- como mandado de segurança, ação popular, ação civil
diciário tem o poder de confrontar qualquer ato admi- pública, mandado de injunção, habeas data, habeas cor-
nistrativo com a lei ou com a Constituição e verificar pus e as próprias ações do controle de constitucionali-
se há ou não compatibilidade normativa. Se o ato for dade. Entretanto, não se trata de rol taxativo de formas
contrário à lei ou à Constituição, o Judiciário declarará pelas quais é possível exercer tais pretensões contra a
a sua invalidação de modo a não permitir que continue Administração, porque em tese é possível utilizar qual-
produzindo efeitos ilícitos. [...] O que é vedado ao Judi- quer tipo de ação judicial que venha a socorrer adequa-
ciário, como correntemente têm decidido os Tribunais, damente à inibição de violação ou ameaça a direito pela
é apreciar o que se denomina normalmente de mérito Administração. Sobre os meios específicos, aponta-se:
administrativo, vale dizer, a ele é interditado o poder de 61  Ibid.

75
1) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento prestadores de serviços de interesse público que
de exercício direto da democracia, permitindo ao possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
cidadão que busque a proteção da coisa pública, Está regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro
ou seja, que vise assegurar a preservação dos in- de 1997.
teresses transindividuais. Trata-se de ação consti- 5) Mandado de segurança individual (artigo 5º,
tucional, que visa anular ato lesivo ao patrimônio LXIX, CF): Trata-se de remédio constitucional com
público ou de entidade de que o Estado participe, natureza subsidiária pelo qual se busca a invali-
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e dação de atos de autoridade ou a suspensão dos
ao patrimônio histórico e cultural. O legitimado efeitos da omissão administrativa, geradores de
ativo deve ser cidadão, ou seja, aquele nacional lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade ou
que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. O abuso de poder. São protegidos todos os direitos
legitimado passivo é o ente da Administração Pú- líquidos e certos à exceção da proteção de direitos
blica, direta ou indireta, ou então a pessoa jurídica humanos à liberdade de locomoção e ao acesso
que de algum modo lide com a coisa pública. A ou retificação de informações relativas à pessoa do
regulação está na Lei nº 4.717/65. impetrante, constantes de registros ou bancos de
2) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca prote- dados de entidades governamentais ou de caráter
ger o patrimônio público e social, o meio ambiente público, ambos sujeitos a instrumentos específicos.
e outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade A natureza é de ação constitucional de natureza
ativa é do Ministério Público, da Defensoria Públi- civil, independente da natureza do ato impugnado
ca, das pessoas jurídicas da administração direta e (administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, tra-
indireta e de associação constituída há pelo menos balhista). Pode ser preventivo, quando se estiver na
1 ano em área de pertinência temática. A legitimi- iminência de violação a direito líquido e certo, ou
dade passiva é de qualquer pessoa, física ou jurí- reparatório, quando já consumado o abuso/ilegali-
dica, que tenha cometido dano ou tenha colocado dade. Fundamenta-se na existência de direito líqui-
sob ameaça o patrimônio público e social, o meio do e certo, que é aquele que pode ser demonstra-
ambiente e outros direitos difusos e coletivos. A do de plano mediante prova pré-constituída, sem
regulação está na Lei nº 7.437/85. a necessidade de dilação probatória, isto devido à
3) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que natureza célere e sumária do procedimento. A legi-
serve para proteger a liberdade de locomoção. timidade ativa é a mais ampla possível, abrangen-
Apenas serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito do não só a pessoa física como a jurídica, nacional
de ir e vir. Trata-se de ação constitucional de cunho ou estrangeira, residente ou não no Brasil, bem
predominantemente penal, pois protege o direito como órgãos públicos despersonalizados e uni-
de ir e vir e vai contra a restrição arbitrária da liber- versalidades/pessoas formais reconhecidas por lei.
dade. Pode ser preventivo, para os casos de amea- Legitimado passivo é a autoridade coatora deve
ça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se ser autoridade pública ou agente de pessoa jurí-
um “salvo conduto”, ou repressivo, para quando dica no exercício de atribuições do Poder Público.
ameaça já tiver se materializado. Legitimado ati- Neste viés, o art. 6º, §3º, Lei nº 12.016/09, precei-
vo é qualquer pessoa pode manejá-lo, em próprio tua que “considera-se autoridade coatora aquela
nome ou de terceiro, bem como o Ministério Pú- que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
blico (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se
com a ação e paciente é aquele que está sendo regulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto
vítima da restrição à liberdade de locomoção. As de 2009.
duas figuras podem se concentrar numa mesma 6) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
pessoa. Legitimado passivo é pessoa física, agente CF): Visa a preservação ou reparação de direito
público ou privado. Está regulamentado nos arti- líquido e certo relacionado a interesses transin-
gos 647 a 667 do Código de Processo Penal. dividuais (individuais homogêneos ou coletivos),
4) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro- e devido à questão da legitimidade ativa, perten-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

teção do acesso a informações pessoais constantes cente a partidos políticos e determinadas associa-
de registros ou bancos de dados de entidades go- ções. Trata-se de ação constitucional de natureza
vernamentais ou de caráter público, para o conhe- civil, independente da natureza do ato, de caráter
cimento ou retificação (correção). Trata-se de ação coletivo. A legitimidade ativa é de partido político
constitucional que tutela o acesso a informações com representação no Congresso Nacional, bem
pessoais. Legitimado ativo é pessoa física, brasilei- como de organização sindical, entidade de classe
ra ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de direito ou associação legalmente constituída e em funcio-
público ou privado, tratando-se de ação persona- namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa
líssima – os dados devem ser a respeito da pessoa de direitos líquidos e certos que atinjam direta-
que a propõe. Legitimados passivos são entidades mente seus interesses ou de seus membros. En-
governamentais da Administração Pública Direta contra-se regulamentado pelo artigo 22 da Lei nº
e Indireta nas três esferas, bem como instituições, 12.016/09, que regulamenta o mandado de segu-
órgãos, entidades e pessoas jurídicas privadas rança individual.

76
7) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois regulamentar ou dos limites de delegação legisla-
requisitos constitucionais para que seja proposto tiva” (artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões
o mandado de injunção são a existência de norma Parlamentares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º,
constitucional de eficácia limitada que prescreva CF).
direitos, liberdades constitucionais e prerrogativas 2) Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan-
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada- ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da
nia; além da falta de norma regulamentadores, im- União e das entidades da administração direta e
possibilitando o exercício dos direitos, liberdades e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, econo-
prerrogativas em questão. Assim, visa curar o há- micidade, aplicação das subvenções e renúncia de
bito que se incutiu no legislador brasileiro de não receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
regulamentar as normas de eficácia limitada para mediante controle externo, e pelo sistema de con-
que elas não sejam aplicáveis. Trata-se de ação trole interno de cada Poder.
constitucional que objetiva a regulamentação de
normas constitucionais de eficácia limitada. Legiti- 1. Classificação
mado ativo é qualquer pessoa, nacional ou estran-
geira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti- Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil,
tularize direito fundamental não materializável por financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no
omissão legislativa do Poder público, bem como que se refere a legalidade, legitimidade, economicidade,
o Ministério Público na defesa de seus interesses subvenções e renúncia de receitas.
institucionais. Não se aceita a legitimidade ativa de
pessoas jurídicas de direito público. Regulamenta- Em relação à natureza do controle, cabe fixar:
do pela Lei nº 13.300/2016.
1) Quanto à legalidade: verificação do cumprimento
da lei;
#FicaDica 2) Quanto à legitimidade: trata-se de controle exter-
no de mérito, consistente em verificação ao respei-
• Controle judiciário é o controle exercido to aos princípios jurídicos da boa administração;
pelos órgãos do Poder Judiciário sobre os 3) Quanto à economicidade: verificação do custo-
atos administrativos dos Três Poderes (in- -benefício dos gastos da administração;
clusive do próprio Judiciário) no que tange 4) Quanto à aplicação de subvenções: verificação
a atividades administrativas. sobre a correta destinação das verbas previstas no
• Verifica-se a legalidade e a legitimidade orçamento;
do ato impugnado. 5) Quanto à renúncia de receitas: verificação da
• Abrange ações específicas constitucional- validade da postura de renúncia a receitas que
mente previstas, denominadas remédios o governo deveria receber, devendo sempre ser
constitucionais. justificada.

2. Tribunal de Contas da União


Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa
atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administra- O Tribunal de Contas da União é órgão integrante
ção Pública sob os critérios político e financeiro. Deve do Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo
se ater às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser no controle financeiro externo da Administração Públi-
exercido quanto ao Executivo e ao Judiciário. ca. No âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que
couber, aos respectivos Tribunais e Conselhos de Con-
Entre os meios de controle, destacam-se: tas, as normas sobre fiscalização contábil, financeira e
orçamentária.
1) Controle Político: tem por base a possibilidade de As atribuições de controle do Tribunal de Contas da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

fiscalização sobre atos ligados à função adminis- União encontram-se descritas no artigo 71 da Constitui-
trativa e organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, ção, envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso
compete exclusivamente ao Congresso Nacional Nacional no controle externo (tanto é assim que o Tribu-
“fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- nal não susta diretamente os atos ilegais, mas solicita ao
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, Congresso Nacional que o faça):
incluídos os da administração indireta”. Do poder Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congres-
genérico de controle podem ser depreendidos so Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
outros poderes, como o poder convocatório, que de Contas da União, ao qual compete:
permite à Câmara ou Senado convocar Ministro de I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
Estado ou autoridade relacionada ao Presidente sidente da República, mediante parecer prévio que de-
(artigo 50, CF); o poder de sustação, que permite verá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu
ao Congresso Nacional “sustar os atos normati- recebimento;
vos do Poder Executivo que exorbitem do poder

77
II - julgar as contas dos administradores e demais res- § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
administração direta e indireta, incluídas as fundações
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Públi-
co federal, e as contas daqueles que derem causa a #FicaDica
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte Controle legislativo é aquele exercido pelo
prejuízo ao erário público; Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos de Contas, com relação às atividades ad-
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na ad- ministrativas do Executivo e do Judiciário.
ministração direta e indireta, incluídas as fundações Classifica-se em controle político ou finan-
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas ceiro.
as nomeações para cargo de provimento em comis-
são, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias pos-
teriores que não alterem o fundamento legal do ato EXERCÍCIO COMENTADO
concessório;
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica
AVALIADOR FEDERAL – CESPE – 2018) Acerca dos prin-
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza
cípios e dos poderes da administração pública, da orga-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
nização administrativa, dos atos e do controle adminis-
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
trativo, julgue o item a seguir, considerando a legislação,
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
referidas no inciso II;
Cabe ao Poder Legislativo o poder-dever de controle fi-
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
nanceiro das atividades do Poder Executivo, o que impli-
pranacionais de cujo capital social a União participe,
ca a competência daquele para apreciar o mérito do ato
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado
administrativo sob o aspecto da economicidade.
constitutivo;
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
( ) CERTO ( ) ERRADO
sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
Resposta: Certo. O controle feito pelo Poder Legis-
trito Federal ou a Município;
lativo atinge atos administrativos do Executivo e do
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso
Judiciário. Sendo assim, o Legislativo controla o Exe-
Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qual-
cutivo tanto no aspecto da legalidade quanto no do
quer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização
mérito do ato administrativo, de modo que se o Exe-
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa-
cutivo praticar um ato contrário à economicidade o
trimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
Legislativo poderá exercer controle sobre ele.
realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalida-
2. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – CONHECIMENTOS
de de despesa ou irregularidade de contas, as san-
BÁSICOS – CARGOS: 1, 2 E 3 – CESPE – 2018) Acerca
ções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
do controle da atividade financeira do Estado e do con-
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
trole exercido pelos tribunais de contas, julgue o próximo
erário;
item.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras
as providências necessárias ao exato cumprimento da
atribuições, representar ao poder competente sobre irre-
lei, se verificada ilegalidade;
gularidades ou abusos apurados.
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impug-
nado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputa-
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos e ao Senado Federal;


XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
Resposta: Certo. Neste sentido, preconiza o artigo
dades ou abusos apurados.
71, XI, CF: “O controle externo, a cargo do Congresso
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
Contas da União, ao qual compete: [...] XI – representar
licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos
cabíveis.
apurados”.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo,
no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas
3. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – TÉCNICO MUNICIPAL
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a
DE CONTROLE INTERNO – GERAL – CESPE – 2018) Jul-
respeito.
gue o item a seguir, referente a conceitos, tipos e formas
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
de controle na administração pública.
de débito ou multa terão eficácia de título executivo.

78
Os tipos e as formas de controle da atividade adminis- durante a prestação do serviço – ainda que este tenha o
trativa variam segundo o poder, o órgão ou a autoridade direito de regresso contra o servidor que agiu com dolo
que o exercita ou o fundamenta. ou culpa (artigo 37, § 6o, CF).
O objetivo, neste ponto de estudo, é analisar como se
( ) CERTO ( ) ERRADO dá o dever do Estado de indenizar por danos causados
por seus agentes públicos, buscando repará-los, isto é, a
Resposta: Certo. As classificações básicas do controle responsabilidade civil do Estado.
se referem a: órgão que o exerce (Executivo, Legislati-
vo, Judiciário); fundamento (hierárquico ou finalístico); Histórico e evolução teórica
origem (interno, externo, popular); atividade adminis-
trativa (legalidade ou mérito); momento de exercício 1. Teoria da irresponsabilidade
(preventivo, concomitante, corretivo).
A teoria da irresponsabilidade se baseava na premissa
de que o Estado não poderia intervir na vida dos indi-
víduos, devendo lhes assegurar o máximo de liberdade
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO;
possível. Considerando que o agente público nada mais
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO é do que um indivíduo, deveria ser o único responsável
DIREITO BRASILEIRO; RESPONSABILIDADE por seus atos, não se falando em extensão da responsa-
POR ATO COMISSIVO DO ESTADO; RESPON- bilidade ao Estado. Esta concepção se consolida a partir
SABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO da formação do Estado Liberal, que toma formas com a
queda dos regimes absolutistas.
Entretanto, a teoria da irresponsabilidade tem suas
No campo da responsabilidade civil, a principal con- origens numa perspectiva anterior, em que os regimes
sequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que absolutistas tomavam conta da Europa. Neste período,
gera para o seu autor de reparar o dano, mediante o pa- o poder do soberano era visto como absoluto e a possi-
gamento de indenização que se refere às perdas e danos. bilidade de sua responsabilização era inexistente. Afinal,
Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão que o soberano poderia fazer o que quisesse no exercício de
gere dano deve suportar as consequências jurídicas de- seus poderes, independentemente dos efeitos causados
correntes, restaurando-se o equilíbrio social62. para os seus súditos. Esta era uma perspectiva não ape-
A responsabilidade civil difere-se da penal, podendo nas de irresponsabilidade, mas verdadeiramente de in-
recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites tangibilidade do Estado, enraizada na premissa de que
da herança, embora existam reflexos na ação que apure o rei não poderia fazer nada de errado – ou, como se
a responsabilidade civil conforme o resultado na esfe- popularizou o brocardo, the king can do no wrong.
ra penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de Noutras palavras, “na metade do século XIX, a ideia
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que prevaleceu no mundo ocidental era a de que o Esta-
que uma absolvição por falta de provas não o faz; e uma do não tinha qualquer responsabilidade pelos atos pra-
condenação na esfera penal implica em condenação na ticados por seus agentes. A solução era muito rigorosa
esfera cível, mais que isso, a sentença penal condenatória para com os particulares em geral, mas obedecia às reais
é título que pode ser liquidado na esfera cível para fins condições políticas da época. O denominado Estado Li-
de apuração da indenização). beral tinha limitada atuação, raramente intervindo nas re-
Uma pessoa jurídica não pode responder na esfera lações entre particulares, de modo que a doutrina de sua
penal (única exceção em alguns crimes ambientais da Lei irresponsabilidade constituía mero corolário da figuração
nº 9.605/1998), isto é, o Estado não pode ser condenado política de afastamento e da equivocada isenção que o
na esfera penal, mas um agente público que cometa cri- Poder Público assumia àquela época. A ideia anterior, da
me no exercício das funções pode. Da mesma forma, na intangibilidade do Estado, decorria da irresponsabilidade
esfera administrativa, o Estado não poderá sofrer com o do monarca, traduzida nos postulados the king can do no
poder disciplinar, mas apenas os seus agentes públicos. wrong e le roi ne peut mal faire”63.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Contudo, os atos que os agentes públicos praticarem


que causem danos a um indivíduo ou à sociedade deve- 2. Teorias civilistas
rão ser reparados civilmente pelo Estado.
Com efeito, todas as pessoas, físicas ou jurídicas, se Conforme foi se percebendo a injustiça da teoria da
sujeitam às regras da responsabilidade civil, tanto po- irresponsabilidade do Estado, começaram a surgir ramifi-
dendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quan- cações que buscavam uma solução mais justa e compatí-
to respondendo por aqueles danos que causar. Neste vel com o Estado de Direito ao problema do cometimen-
sentido, o Estado tem o dever de indenizar os membros to de atos ilícitos por parte de agentes públicos. Ainda
da sociedade pelos danos que seus agentes causem no século XIX, as teorias civilistas superaram a teoria da
irresponsabilidade, passando a ser adotada a teoria civi-
lista denominada teoria da culpa civil ou da responsabi-
lidade subjetiva.
62  GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2005. 63  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op. Cit.

79
A teoria da culpa civil ser baseia na ideia de culpa do A teoria da culpa administrativa foi a primeira das
agente causador do dano, isto é, o Estado teria o de- teorias publicistas, que buscavam justificar a responsa-
ver de indenizar sempre que o seu agente público agis- bilidade civil do Estado com base em regras de direito
se com culpa ou dolo no exercício de suas funções. Não público, não de direito privado. Caberia ao administrado
obstante, por se tratar de uma teoria civilista, embasava não demonstrar a culpa ou dolo do agente público, mas
a responsabilidade do Estado apenas nos casos de atos sim a falta do serviço prestado pela Administração, argu-
praticados pela Administração em igualdade com os mentando não funcionamento (culpa in omittendo), mal
particulares, denominados atos de gestão; mas não via- funcionamento (culpa in committendo) ou funcionamen-
bilizava a responsabilização estatal em decorrência dos to tardio. Assim, sai-se da ideia de culpa do funcionário
chamados atos de império, que são aqueles nos quais a e analisa-se a culpa do Estado propriamente dito no que
Administração exerce suas prerrogativas e privilégios de se refere à prestação do serviço público.
direito público. Em seguida, surgiu a teoria do risco administrativo,
O Código Civil de 1916 brasileiro foi inspirado por que revolucionou a percepção acerca da responsabili-
esta teoria, conforme se denota do teor de seu artigo 15: dade civil do Estado ao consagrar o dever de indenizar
As pessoas jurídicas de direito público são civilmente independentemente de culpa. Historicamente, as teorias
responsáveis por atos dos seus representantes que nes- do risco ganham força com as reivindicações classistas
sa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de que surgiram no ápice da Revolução Industrial, argumen-
modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito tando-se que o empregador que contrata deve indenizar
por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores os danos que seu empregado sofra, mesmo que não te-
do dano. nha agido com culpa, pelo simples fato de ter assumido
Interpretando o dispositivo, nota-se que o dever de o risco que o dano ocorresse quando decidiu desempe-
indenizar do Estado por atos de seus agentes subsistia nhar as atividades empresariais. Neste sentido, passou-
apenas se eles agissem contra o direito ou faltassem a -se a defender que também o Estado assume um risco
dever prescrito em lei, ou seja, se eles cometessem ação administrativo para si quando toma o poder-dever de
ou omissão com dolo ou culpa e, em razão disso, causas- administrar, legislar e julgar, sendo que tal risco assumi-
sem dano. Esta teoria caiu por terra com a CF/1988. do implica num dever de arcar com danos decorrentes
das ações de seus agentes, independentemente de te-
3. Teorias publicistas rem eles agido com culpa. Esta teoria é adotada hoje no
Brasil, conforme artigo 37, § 6o, CF.
Em contraposição às teorias civilistas, que justifica-
vam a responsabilidade do Estado sob a ótica do Direito
Civil, especialmente das regras de Direito Obrigacional, #FicaDica
surgiram as teorias publicistas, que procuravam justifi- - Teoria da irresponsabilidade – O rei não
car o dever do Estado de indenizar com base em regras pode fazer nada errado – Estados não po-
de direito público, devido à especial natureza da posição dem ser responsabilizados.
por ele ocupada de defesa do interesse público. - Teorias civilistas – Uma delas era a teoria
Historicamente, conforme apontado por Maria Sylvia da culpa comum do Estado, que equipara-
Zanella Di Pietro64, as teorias publicistas ganham funda- va o Estado a um indivíduo qualquer, logo,
mento no caso Blanco, de 1873: “a menina Agnès Blanco, deveria ser analisado na conduta do Estado
ao atravessar uma rua da cidade de Bordeaux, foi colhida ação/omissão, nexo causal e dano; outra
por uma vagonete da Cia. Nacional de Manufatura do delas é a teoria da responsabilidade sub-
Fumo; seu pai promoveu ação civil de indenização, com jetiva do agente público, pela qual apenas
base no princípio de que o Estado é civilmente respon- o agente público deveria responder pelo
sável por prejuízos causados a terceiros, em decorrên- dano causado por sua ação/omissão com
cia de ação danosa de seus agentes. Suscitado conflito dolo ou culpa, mas o Estado ficaria isento.
de atribuições entre a jurisdição comum e o contencio- - Teoria da culpa administrativa – É a pri-
so administrativo, o Tribunal de Conflitos decidiu que a meira teoria a reconhecer a responsabili-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

controvérsia deveria ser solucionada pelo tribunal admi- dade do Estado de indenizar, ultrapassada
nistrativo, porque se tratava de apreciar a responsabili- a concepção de culpa do agente público.
dade decorrente de funcionamento do serviço público. O Estado seria responsabilizado desde que
Entendeu-se que a responsabilidade do Estado não pode demonstrada a falta do serviço e o dano
reger-se pelos princípios do Código Civil, porque se su- gerado por esta falta.
jeita a regras especiais que variam conforme as necessi- - Teoria do risco administrativo – É a mais
dades do serviço e a imposição de conciliar os direitos atual e adotada no ordenamento brasileiro.
O Estado tem obrigação de indenizar inde-
do Estado com os direitos privados”. Como visto, o caso
pendentemente da falta do serviço ou da
embasa a separação entre o Direito Civil, privado, e o Di-
culpa do agente público.
reito Administrativo, público, para fins de determinação
da responsabilidade civil do Estado.

64  DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella... Op. Cit.

80
A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra- responsabilizar quem não tenha dado causa ao evento,
ciocínio de que a principal consequência da prática de sendo imprescindível a demonstração do nexo causal
um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu autor de que ligue a ação com o dano).
reparar o dano, mediante o pagamento de indenização Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pres-
que se refere às perdas e danos. Trata-se de responsa- suposto do dano indenizável; enquanto que na respon-
bilidade extracontratual porque não depende de ajuste sabilidade objetiva o elemento culpa é excluído e subs-
prévio, basta a caracterização de elementos genéricos tituído pelo elemento risco. Teorias da responsabilidade
pré-determinados, que perpassam pela leitura conco- objetiva surgem por se entender que a culpa é insuficien-
mitante do Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a te para regular todas as situações de responsabilidade
Constituição Federal (artigo 37, §6°). civil. A responsabilidade objetiva não substitui a respon-
É preciso lembrar que não é o Estado em si que causa sabilidade subjetiva, mas fica circunscrita aos seus pró-
danos, porque o Estado é uma ficção formada por um prios limites, notadamente, quando a atividade – por sua
grupo de pessoas que desempenham as atividades esta- natureza – representar risco para os direitos de outrem.
tais diversas. Assim, causa danos o agente que o repre- Logo, uma das teorias que justificam a responsabilidade
senta, fazendo com que o próprio Estado seja responsa- objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa que
bilizado por isso civilmente, pagando pela indenização exerce alguma atividade cria um risco de dano para ter-
(reparação dos danos materiais e morais). ceiros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a noção
Classicamente, a responsabilidade civil se baseia na de culpa para a noção de risco).
verificação de quatro elementos, os quais se encontram O Código Civil brasileiro filia-se à teoria da responsa-
no artigo 186, Código Civil: bilidade subjetiva no conceito do artigo 186, CC, sendo
Artigo 186, CC. Aquele que, POR ação ou omissão ela a regra. Entretanto, em seu artigo 927 reconhece a
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito responsabilidade objetiva como exceção:
e CAUSAR DANO a outrem, ainda que exclusivamen-
te moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
• Ação ou omissão – significa agir como não se Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
deve ou deixar de agir como se deve; independentemente de culpa, nos casos especifica-
• Dano – prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser dos em lei, ou quando a atividade normalmente de-
individual ou coletivo, moral ou material, econômi- senvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natu-
co e não econômico; reza, risco para os direitos de outrem.
• Nexo causal – relação de causa e efeito entre a
ação/omissão e o dano causado, afinal, é POR uma Especificamente no caso da responsabilidade civil do
ação ou omissão que deve se CAUSAR o dano, o Estado, tem-se uma destas exceções à regra geral da res-
que significa que se o dano surgir por outros moti- ponsabilidade subjetiva, consoante ao artigo 37, § 6o, CF.
vos que não a ação ou omissão não existe o dever
de indenizar; Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
• Culpa ou dolo do agente – o dolo é a intenção de blico e as de direito privado prestadoras de serviços
se praticar um dano, baseando-se na voluntarieda- públicos responderão pelos danos que seus agen-
de da ação ou omissão com o propósito de gerar tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegura-
o efeito danoso; a culpa é a falta de diligência, que do o direito de regresso contra o responsável nos casos
pode se dar por negligência (a pessoa se omite de de dolo ou culpa.
forma indevida e, assim, causa dano), imprudência
(a pessoa comete uma ação perigosa esperando A responsabilidade civil do Estado é objetiva por to-
que o dano não ocorra, mas ocorre) ou imperícia dos os atos de seus agentes. Logo, para que se caracte-
(a pessoa falha em uma habilidade técnica que de- rize a responsabilidade do Estado basta a comprovação
veria possuir). No conceito de ato ilícito civil, ado- dos elementos ação, nexo causal e dano. Sempre que um
ta-se o sentido de culpa lato sensu (sentido amplo), agente público atuar e sua ação causar um dano, o Es-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que envolve tanto o dolo quando a culpa stricto tado terá que indenizar, mesmo se este agente agiu sem
sensu (sentido estrito, de negligência, imprudência dolo ou culpa.
ou imperícia). Entretanto, a teoria da responsabilidade objetiva não
pode ser aplicada nos casos em que se está diante de
Pela teoria clássica, a culpa é fundamento da respon- omissão do Estado, em que pese o teor do artigo 37, §
sabilidade, tanto que a teoria é conhecida como teoria da 6o, CF. Endente-se que para o Estado ser responsabiliza-
culpa ou subjetiva, pela qual não havendo culpa, não há do por um dano, ele deve exceder expectativas cotidia-
responsabilidade. No entanto, a lei impõe a certas pes- nas, isto é, não cabe exigir do Estado uma excepcional
soas, em determinadas situações, o dever de reparação vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as
de um dano cometido sem culpa. Sempre que isso acon- fatalidades que possam acontecer em território nacional.
tece, entende-se que a responsabilidade é legal ou obje- Uma interpretação absoluta da responsabilidade civil
tiva, na qual bastam a ação, o dano e o nexo de causali- objetiva do Estado que obrigasse ele a indenizar sempre
dade (mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode que um dano ocorresse não resultante de uma ação de

81
seu agente, mas simplesmente porque se o Estado tives-
se se feito presente por intermédio de um agente seu #FicaDica
naquela circunstância o dano não teria ocorrido, o levaria
O ordenamento jurídico brasileiro ado-
à falência. Fato é que o Estado não consegue ter uma
ta a teoria do risco administrativo, a qual
presença tão ostensiva a ponto de resguardar plenamen-
reconhece a obrigação de reparar o dano
te todos os cidadãos que residem sem seu território e
independentemente da falta do serviço ou
impedir que eles sofram danos. Por exemplo, infelizmen-
da culpa do agente público. Basicamente,
te assaltos são comuns no cotidiano e não há força poli- a teoria do risco administrativo reconhece
cial suficiente para impedir que todos eles ocorram, seria a existência de responsabilidade civil ob-
absurdo responsabilizar o Estado por não ter um agente jetiva do Estado. Entretanto, não deve ser
público presente no momento em que uma pessoa foi interpretada de maneira absoluta, mas sim
assaltada num local qualquer, afinal, por mais que seja afastada nos casos de responsabilidade por
seu dever fornecer segurança pública não é possível exi- omissão.
gir que esteja em todos os lugares. Diferente seria o ce- • Ação de agente público = responsabilida-
nário se tal assalto ocorresse num lugar que deveria estar de civil objetiva;
sendo vigiado pelo Estado, por exemplo, uma delegacia • Omissão de agente público = responsabi-
de polícia ou um batalhão rodoviário em plantão. lidade civil subjetiva (exigência de omissão
Noutras palavras, não basta uma omissão genérica específica/negligência).
do Estado, exigindo-se uma omissão específica. É preciso
verificar se o Estado se omitiu tendo plenas condições de
não ter se omitido, isto é, se o agente público deixou de Reparação do dano
agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarre-
tando em prejuízo dentro de sua previsibilidade. Para a Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o
análise em questão, é preciso verificar o elemento culpa, fato de que a prática de um ato ilícito gera um dever
porque é preciso que o agente público tenha se omitido de reparação. Há muito, o dever de reparação se dava
culposamente, isto é, que o Estado tenha sido negligente pela causação de dano igual ao ofensor; nos ditames do
e por isso o dano tenha ocorrido. direito moderno, o dever de reparação se consolida pela
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- obrigação de indenizar (tanto pelo dano material quanto
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche pelo dano moral).
municipal, buracos não sinalizados na via pública, ten- Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano
tativa de assalto a um usuário do metrô resultando em moral, se esta lesão gerar os dois tipos de consequên-
morte, danos provocados por enchentes e escoamento cias – súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se
de águas pluviais quando o Estado sabia da problemática a indenização (eliminar o dano) ou ressarcimento (paga-
e não tomou providência para evitá-las, morte de deten- mento da coisa), o que coloca a vítima na situação fi-
to em prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com nanceira que tinha antes do dano (retorno ao status quo
negligência, etc. Em todos estes exemplos, o Estado tinha ante); pelo dano extrapatrimonial, como não há preço
plenas condições de ter exercido melhor seu dever de que repare a ofensa à dignidade, o que se busca é uma
vigilância e fiscalização e, se o tivesse feito, o dano não compensação ou satisfação (compensa-se pois o valor é
teria ocorrido, ou seja, houve negligência. uma resposta do Judiciário no sentido de que a ofensa
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- não ficará impune; satisfação é a postura do Estado de
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de responder pela ofensa à dignidade). A palavra adequada
ações, mas subjetiva no caso de omissões. para designar ambos é REPARAÇÃO (vide caput do artigo
948, que fala em outras reparações, trazendo lucro ces-
sante e dano emergente nos incisos).
O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun-
damental à reparação do dano moral. Hoje, não há dú-
vida de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

moral – é o dano moral puro, presente na expressão “ain-


da que exclusivamente moral” do artigo 186, CC.

Direito de regresso

Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:


Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
blico e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.

82
Este artigo deixa clara a formação de uma relação ju- Contudo, existem situações em que o Estado apenas
rídica autônoma entre o Estado e o agente público que irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não
causou o dano no desempenho de suas funções. Nesta puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas conces-
relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, sionárias e delegatárias de serviços públicos. No caso,
caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo dano tem-se responsabilidade subsidiária.
causado, ao qual foi anteriormente condenado a reparar.
Direito de regresso é justamente o direito de acionar o Responsabilidade do Estado por atos legislativos
causador direto do dano para obter de volta aquilo que e judiciais
pagou à vítima, considerada a existência de uma relação
obrigacional que se forma entre a vítima e a instituição “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais,
que o agente compõe. Assim, o Estado responde pelos a exemplo da construção de obras públicas) administra-
danos que seu agente causar aos membros da socieda- tivos que causem danos a terceiros a regra é a respon-
de, mas se este agente agiu com dolo ou culpa deverá sabilidade civil do Estado, mas por atos legislativos (leis)
ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. e judiciais (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em
A responsabilidade civil do servidor trata-se de res- princípio, o Estado não responde por prejuízos decorren-
ponsabilidade civil subjetiva ou com culpa. Havendo tes de sentença ou de lei, salvo se expressamente impos-
ação ou omissão com culpa do servidor que gere dano ta tal obrigação por lei ou oriunda de culpa manifesta no
ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado), o desempenho das funções de julgar e legislar.
servidor terá o dever de indenizar. Não obstante, agentes A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do
públicos que pratiquem atos violadores de direitos que Poder Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente po-
causem danos se sujeitam à responsabilidade penal e à derão causar dano reparável (certo, especial, anormal,
responsabilidade administrativa, todas autônomas uma referente a uma situação protegida pelo Direito e de va-
com relação à outra e à já mencionada responsabilidade lor economicamente apreciável). Com efeito, a lei age de
civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90: forma geral, abstrata e impessoal e suas determinações
constituem ônus generalizados impostos a toda coletivi-
Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais dade. Nesse particular, o que já se viu foi a declaração de
e administrativas poderão cumular-se, sendo indepen- responsabilidade patrimonial do Estado por ato baseado
dentes entre si. em lei declarada, posteriormente, como inconstitucional.
Assim, a edição de lei inconstitucional pode obrigar o Es-
Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Esta- tado a reparar os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa
do é diretamente acionado e responde pelos atos dano- hipótese, o que se tem é a não-obrigação de indenizar.
sos de seus servidores, cabendo eventualmente ação de A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen-
regresso contra eles. Contudo, nos casos da responsabi- to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou
lidade penal e da responsabilidade administrativa acio- a terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de con-
na-se o agente público que praticou o ato. Destaca-se a denações pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em
independência entre as esferas civil, penal e administra- revisão criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos
tiva no que tange à responsabilização do agente público casos em que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133
que cometa ato ilícito. do Código de Processo Civil, responde, pessoalmente,
por dolo, fraude, recusa, omissão ou retardamento injus-
tificado de atos ou providências de seu ofício, não se tem
#FicaDica responsabilidade patrimonial do Estado. A responsabili-
O fato de o agente público ter agido com dade é do Juiz, não se transmitindo ao Estado”65.
culpa apenas é relevante para os fins de
regresso, ou seja, o Estado poderá reto-
mar do agente o valor da indenização se REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA
ele agiu com culpa ou dolo. Se o agente RESPONSABILIDADE DO ESTADO; CAUSAS
não tiver agido com dolo ou culpa, ainda EXCLUDENTES E ATENUANTES DA RES-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

assim o Estado terá que indenizar (devido PONSABILIDADE DO ESTADO


à adoção da teoria do risco administrativo
para fins de responsabilidade objetiva do
Estado), mas não terá direito de regresso. Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas
abaixo, notadamente: caso fortuito (fato de terceiro) ou
Responsabilidade primária e subsidiária força maior (fato da natureza) fora dos alcances da pre-
visibilidade do dano, além da culpa exclusiva da vítima.
O Estado responde diretamente pelos danos causa- Todas estas excludentes geram a exclusão do ele-
dos por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que mento nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/
estão vinculados a qualquer dos órgãos da administra- omissão e o dano, não do elemento culpa, que envolve
ção direta ou indireta: trata-se de responsabilidade pri-
mária, embora exista o direito de regresso. 65  CASTELLI NETO, Pedro. Responsabilidade civil do Estado. Dispo-
nível em: <http://www.direitonet.com.br>. Acesso em: 01 ago. 2019.

83
o aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a
responsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que
a ausência de culpa ainda caracteriza a responsabilidade.
EXERCÍCIO COMENTADO
Logo, caso se esteja diante de uma hipótese de respon-
sabilidade civil do Estado subjetiva por omissão, a ausên- 1. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) A respeito
cia de culpa excluirá o dever de indenizar. de danos causados a particular por agente público de
fato (necessário ou putativo), julgue o item a seguir.
Fortuito O Estado terá o dever de indenizar no caso de dano pro-
vocado a terceiro de boa-fé por agente público neces-
Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se sário.
de fato externo à conduta do agente de natureza inevi-
tável (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo ( ) CERTO ( ) ERRADO
393, parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atribu-
to de caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, Resposta: Certo. A teoria da responsabilidade obje-
mas é externo e inevitável, logo, o caso é fortuito). tiva está esculpida no artigo 37, § 6o, CF: “As pessoas
Fortuito interno é diferente de fortuito externo. For- jurídicas de direito público e as de direito privado
tuito interno se relaciona com a atividade ordinária do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
causador do dano – há responsabilidade (por exemplo, danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
falha dos freios gerando acidente de ônibus). O fortuito a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
externo não é introduzido pelo agente – não há respon- o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Assim, o
sabilidade (por exemplo, assalto, infarto, chuva forte). No terceiro de boa-fé lesado pode sim demandar contra
fortuito interno o risco é de dentro para fora, no fortuito o Estado, que terá o dever de indenizar. O Estado, por
externo é de fora para dentro. Apenas no primeiro há sua vez, poderá retomar o valor da indenização do
dever de indenizar, isto é, mostra-se necessário o vínculo agente público necessário caso ele tenha agido com
com a atividade. dolo ou culpa.
Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança,
tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ 2. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) A respeito
diz que fazem parte do risco da instituição financeira os de danos causados a particular por agente público de
golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu- fato (necessário ou putativo), julgue o item a seguir.
lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ). Em razão do princípio da proteção da confiança, quando
o dano for causado por funcionário público putativo, o
Fato exclusivo da vítima Estado não responderá civilmente perante particulares
de boa-fé.
Quem provocou o dano foi a própria vítima.
Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múlti- ( ) CERTO ( ) ERRADO
pla ou autoria plural – Duas condutas concorrentes para
produzir um único dano. Somente reduz o montante de Resposta: Errado. A jurisprudência e a doutrina do-
danos, não exclui o dever de indenizar. minantes reconhecem a teoria da aparência no que se
refere ao chamado agente de fato, pela qual o terceiro
Fato de terceiro de boa-fé lesado por aquele que se comporte como
agente público e tenha todas as aparências de sê-lo
São casos em que a causa necessária para o dano não deve ser indenizado pelo Estado devido ao dano que
foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima. sofreu. O agente de fato deve ser tido como se agente
O agente, na contestação, indicará quem foi o causador público o fosse e o Estado deve indenizar, preservado
do dano, pedindo que seja excluído da lide. Se não for o direito do terceiro de boa-fé.
possível indicar o terceiro responsável, deverá demons-
trar que havia um terceiro no local que realmente foi o 3. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

causador do dano. TRATIVA – CESPE – 2018) Julgue o item a seguir, relativo


Mesmo no caso de terceiro não identificado o agente à responsabilidade civil do Estado.
não se responsabiliza, pois não teve um comportamento Excetuados os casos de dever específico de proteção, a
– é o chamado act of God (do inglês, ato de Deus), consi- responsabilidade civil do Estado por condutas omissivas
derado fortuito externo. é subjetiva, devendo ser comprovados a negligência na
atuação estatal, o dano e o nexo de causalidade.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Embora a regra seja a da respon-


sabilidade objetiva do Estado, o entendimento domi-
nante é de que nos casos de omissão a responsabili-
dade é subjetiva, isto é, cabe demonstrar que o Estado

84
se omitiu com dolo ou culpa e assim causou o dano. Princípios constitucionais expressos
Contudo, segue-se a regra geral quando o Estado tiver
um dever específico de proteção (ex.: Estado tem o São princípios da administração pública, nesta ordem:
dever específico proteger o detento sob sua guarda; legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
caso outro detento atente contra sua integridade físi- eficiência.
ca e o Estado nada fizer, deverá indenizar). Art. 37, Constituição Federal. A administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
4. (STM – CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR – CONHECI- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe-
MENTOS BÁSICOS – CESPE – 2018) Julgue o item a se- decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
guir, relativo ao regime jurídico dos servidores públicos moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
civis da União, às carreiras dos servidores do Poder Judi- seguinte: [...]
ciário da União e à responsabilidade civil do Estado.
Um servidor público federal que, no exercício de sua fun-
ção, causar dano a terceiros poderá ser demandado dire- FIQUE ATENTO!
tamente pela vítima em ação indenizatória. Concursos públicos diversos no país já co-
braram não apenas do candidato saber
( ) CERTO ( ) ERRADO quais são os princípios constitucionalmente
expressos que regem a Administração, mas
Resposta: Errado. O artigo 37, § 6o, CF estabelece uma também em qual ordem o artigo 37, caput os
dupla proteção: ao mesmo tempo que todo cidadão elenca. Para memorizar: veja que as iniciais
será indenizado por danos que agentes públicos lhe das palavras formam o vocábulo LIMPE, que
causem, mesmo sem culpa ou dolo; o agente público remete à limpeza esperada da Administração
tem direito de ser demandado apenas pelo próprio Pública.
Estado em ação de regresso, não podendo ser direta Legalidade
mente demandado pelo cidadão que sofreu o dano. Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
É de fundamental importância um olhar
REGIME JURÍDICOADMINISTRATIVO; CON- atento ao significado de cada um destes
CEITO; PRINCÍPIOS EXPRESSOS E IMPLÍCI- princípios, posto que eles estruturam todas
TOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA as regras éticas prescritas no Código de Ética
e na Lei de Improbidade Administrativa, to-
mando como base os ensinamentos de Car-
valho Filho1 e Spitzcovsky2
Regime jurídico é uma expressão que designa o trata- 1  CARVALHO FILHO, José dos Santos... Op.
mento normativo que o ordenamento confere a determi- Cit.
2  SPITZCOVSKY, Celso... Op. Cit.
nado assunto. Com efeito, o regime jurídico administra-
tivo corresponde ao conjunto de regras e princípios que
estruturam o Direito Administrativo, atribuindo-lhe auto- 1. Princípio da legalidade
nomia enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica.
No mais, coloca-se o Estado numa posição verticalizada Para o particular, legalidade significa a permissão de
em relação ao administrado. fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como a ad-
Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de ministração pública representa os interesses da coletivi-
princípios e regras que compõem o Direito Administra- dade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela
tivo, conferindo prerrogativas e fixando restrições à Ad- qual só poderá fazer o que a lei expressamente deter-
ministração Pública peculiares, não presentes no direito mina (assim, na esfera estatal, é preciso lei anterior edi-
privado, bem como a colocando em uma posição de su- tando a matéria para que seja preservado o princípio da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

premacia quanto aos administrados. legalidade). A origem deste princípio está na criação do
Os objetivos do regime jurídico-administrativo são o Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado
de proteção dos direitos individuais frente ao Estado e de deve respeitar as leis que dita.
satisfação de interesses coletivos.
Os princípios e regras que o compõem se encontram 2. Princípio da impessoalidade
espalhados pela Constituição e por legislações infracons-
titucionais. A base do regime jurídico administrativo está Por força dos interesses que representa, a adminis-
nos princípios que regem a Administração Pública. tração pública está proibida de promover discriminações
gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma diferen-
te dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segun-
do este princípio, a administração pública deve tratar
igualmente todos aqueles que se encontrem na mesma

85
situação jurídica (princípio da isonomia ou igualdade). ta e indireta, regulando especialmente:
Por exemplo, a licitação reflete a impessoalidade no que I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
tange à contratação de serviços. O princípio da impes- públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
soalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública dica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
é somente o interesse público. Com efeito, o interesse II -  o acesso dos usuários a registros administrativos
particular não pode influenciar no tratamento das pes- e a informações sobre atos de governo, observado o
soas, já que se deve buscar somente a preservação do disposto no art. 5º, X e XXXIII;
interesse coletivo. III -  a disciplina da representação contra o exercício
3. Princípio da moralidade negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
A posição deste princípio no artigo 37 da CF repre- na administração pública.
senta o reconhecimento de uma espécie de moralidade
administrativa, intimamente relacionada ao poder públi- 5. Princípio da eficiência
co. A administração pública não atua como um particular,
de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos A administração pública deve manter o ampliar a qua-
morais por parte deste particular não é punido pelo Di- lidade de seus serviços com controle de gastos. Isso en-
reito (a priori), o ordenamento jurídico adota tratamento volve eficiência ao contratar pessoas (o concurso público
rigoroso do comportamento imoral por parte dos repre- seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
sentantes do Estado. O princípio da moralidade deve se manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exo-
fazer presente não só para com os administrados, mas nerar um servidor público por ineficiência) e ao controlar
também no âmbito interno. Está indissociavelmente li- gastos (limitando o teto de remuneração), por exemplo.
gado à noção de bom administrador, que não somente O núcleo deste princípio é a procura por produtividade e
deve ser conhecedor da lei, mas também dos princípios economicidade. Alcança os serviços públicos e os servi-
éticos regentes da função administrativa. TODO ATO ços administrativos internos, se referindo diretamente à
IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IM- conduta dos agentes.
PESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
anteriores.
EXERCÍCIO COMENTADO
4. Princípio da publicidade

A administração pública é obrigada a manter trans- 1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA
parência em relação a todos seus atos e a todas infor- AVALIADOR FEDERAL – CESPE – 2018) Acerca dos prin-
mações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a cípios e dos poderes da administração pública, da orga-
publicação em órgãos da imprensa e a afixação de por- nização administrativa, dos atos e do controle adminis-
tarias. Por exemplo, a própria expressão concurso público trativo, julgue o item a seguir, considerando a legislação,
(art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos devem a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores.
tomar conhecimento do processo seletivo de servidores Situação hipotética: O prefeito de determinado município
do Estado. Diante disso, como será visto, se negar indevi- promoveu campanha publicitária para combate ao mos-
damente a fornecer informações ao administrado carac- quito da dengue. Nos panfletos, constava sua imagem,
teriza ato de improbidade administrativa. além do símbolo da sua campanha eleitoral. Assertiva:
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o No caso, não há ofensa ao princípio da impessoalidade.
princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
( ) CERTO ( ) ERRADO
político-eleitoral:

Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, Resposta: Errado. Embora seja lícito o gasto com
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos de- propaganda governamental, esta deverá respeitar os
verá ter caráter educativo, informativo ou de orien- princípios da administração. Neste sentido, a publici-
dade não pode ter caráter propagandista partidário,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tação social, dela não podendo constar nomes, sím-


bolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal visando promover o governante que nada mais fez
de autoridades ou servidores públicos. que o seu trabalho – investir o dinheiro público em
gastos de interesse coletivo. A conduta descrita na
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão situação hipotética corresponde a uma situação de
a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os pessoalidade na publicidade, o que é proibido pelo
instrumentos para proteção são o direito de petição e princípio da impessoalidade.
as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e -
residualmente - do mandado de segurança. Neste viés,
ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 

Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-


ticipação do usuário na administração pública dire-

86
2. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – CO- os mecanismos de controle sobre a legalidade do ato; e)
NHECIMENTOS GERAIS – CESPE – 2018) Julgue o item a sujeição da Administração ao princípio da legalidade,
que se segue, a respeito de aspectos diversos relaciona- presumindo-se que seus atos foram praticados em con-
dos ao direito administrativo. formidade com a lei”.
O núcleo do princípio da eficiência no direito administra-
tivo é a procura da produtividade e economicidade, sen- 2. Princípio da participação
do este um dever constitucional da administração, que
não poderá ser desrespeitado pelos agentes públicos, Quem deve participar é quem vive na sociedade, é
sob pena de responsabilização pelos seus atos. o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao
mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve
( ) CERTO ( ) ERRADO participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive
em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para parti-
Resposta: Certo. O princípio da eficiência se concen- cipar. Com a ampliação do conceito de soberania e ci-
tra na soma de dois fatores: qualidade e economia, dadania e, consequentemente, da responsabilidade do
ou seja, produtividade e economicidade. Não basta cidadão, se torna ainda mais evidente esta necessidade
conseguir um produto mais barato se ele não atender de participar. A democracia brasileira adota a modalida-
a padrões mínimos para ser utilizado; não basta que de semidireta, porque possibilita a participação popu-
o funcionário público trabalhe rápido se o seu serviço lar direta no poder por intermédio de processos como
for executado de forma falha. Caso ocorra desrespeito o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular (art. 14,
ao princípio da eficiência, o funcionário poderá sim ser CF). No entanto, reconhece-se que as hipóteses de par-
responsabilizado, civil, penal e administrativamente, ticipação constitucionalmente expressas não esgotam o
conforme o caso concreto. rol de possibilidades de exercício da participação pelo
povo. Por exemplo, o próprio exercício de liberdade de
3. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- manifestação se encaixa como participação, tal como a
TRATIVA – CESPE – 2018) A respeito dos princípios da participação em audiências públicas, etc.
administração pública, de noções de organização admi- 3. Princípio da razoabilidade e proporcionalidade
nistrativa e da administração direta e indireta, julgue o Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos
item que se segue. de caráter instrumental na solução de conflitos que se
O princípio da impessoalidade está diretamente relacio- estabeleçam entre direitos, notadamente quando não há
nado à obrigação de que a autoridade pública não dis- legislação infraconstitucional específica abordando a te-
pense os preceitos éticos, os quais devem estar presen- mática objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder
tes em sua conduta. público toma determinada decisão administrativa deve
se utilizar destes vetores para determinar se o ato é cor-
( ) CERTO ( ) ERRADO reto ou não, se está atingindo indevidamente uma esfera
de direitos ou se é regular. Tanto a razoabilidade quanto
Resposta: Errado. O enunciado descreve o princípio a proporcionalidade servem para evitar interpretações
da moralidade administrativa. É ele que determina esdrúxulas manifestamente contrárias às finalidades do
que o administrador atenda a princípios éticos em sua texto declaratório.
conduta, não se limitando a critérios de legalidade Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a
(embora estes sejam de fato indispensáveis). mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos.
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no di-
Princípios administrativos implícitos reito anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade
se origina do direito germânico (muito mais metódico,
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- objetivo e organizado), muito embora uma tenha bus-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po- cado inspiração na outra certas vezes. Por conta de sua
dem ser apontados outros princípios que regem a função origem, a proporcionalidade tem parâmetros mais claros
pública, esparsos na legislação infraconstitucional e im- nos quais pode ser trabalhada, enquanto a razoabilidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

plícitos na norma constitucional: permite um processo interpretativo mais livre. Evidencia-


-se o maior sentido jurídico e o evidente caráter delimi-
1. Princípio da legitimidade tado da proporcionalidade pela adoção em doutrina de
sua divisão clássica em 3 sentidos:
Todo ato administrativo praticado pela Administra- • adequação, pertinência ou idoneidade: significa
ção Pública é presumido legítimo. Maria Sylvia Zanella que o meio escolhido é de fato capaz de atingir o
Di Pietro entende que, “há cinco fundamentos para jus- objetivo pretendido;
tificar a presunção de legitimidade: a) o procedimento e • necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida
as formalidades que antecedem sua edição, constituindo restritiva de um direito humano ou fundamental
garantia de observância da lei; b) o fato de expressar a somente é legítima se indispensável na situação
soberania do poder estatal, de modo que a autoridade em concreto e se não for possível outra solução
que expede o ato; c) a necessidade de assegurar celeri- menos gravosa;
dade no cumprimento das decisões administrativas; d)

87
• proporcionalidade em sentido estrito: tem o sen- referido artigo exige a motivação para todos os atos nele
tido de máxima efetividade e mínima restrição a elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos
ser guardado com relação a cada ato jurídico que discricionários quanto os vinculados.
recaia sobre um direito humano ou fundamen-
tal, notadamente verificando se há uma propor- 6. Princípio da probidade
ção adequada entre os meios utilizados e os fins
desejados. Um princípio constitucional incluído dentro dos prin-
cípios específicos da licitação, é o dever de todo o ad-
4. Princípio da economicidade ministrador público, o dever de honestidade e fidelida-
de com o Estado, com a população, no desempenho de
Deve ser buscado sempre o menor custo para atingir suas funções. Possui contornos mais definidos do que a
ao fim pretendido pela Administração. Afinal, o dinheiro moralidade.
que é gasto pelo governo pertence ao povo, que contri- Diógenes Gasparini68 alerta que alguns autores tra-
bui por meio de impostos, e deve ser adequadamente tam veem como distintos os princípios da moralidade e
gerido para ampliar o bem-estar social. da probidade administrativa, mas não há características
que permitam tratar os mesmos como procedimentos
5. Princípio da motivação distintos, sendo no máximo possível afirmar que a pro-
bidade administrativa é um aspecto particular da morali-
É a obrigação conferida ao administrador de motivar dade administrativa.
todos os atos que edita, gerais ou de efeitos concretos.
É considerado, entre os demais princípios, um dos mais 7. Princípio da continuidade dos serviços públicos
importantes, uma vez que sem a motivação não há o de-
vido processo legal, uma vez que a fundamentação surge O Estado assumiu a prestação de determinados ser-
como meio interpretativo da decisão que levou à prática viços, por considerar que estes são fundamentais à cole-
do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabiliza- tividade. Apesar de os prestar de forma descentralizada
ção do controle da legalidade dos atos da Administração. ou mesmo delegada, deve a Administração, até por uma
Motivar significa mencionar o dispositivo legal apli- questão de coerência, oferecê-los de forma contínua e
cável ao caso concreto e relacionar os fatos que concre- ininterrupta. Pelo princípio da continuidade dos serviços
tamente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. públicos, o Estado é obrigado a não interromper a pres-
Todos os atos administrativos devem ser motivados para tação dos serviços que disponibiliza. A respeito, tem-se o
que o Judiciário possa controlar o mérito do ato ad- artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor:
ministrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
controle, devem ser observados os motivos dos atos Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
administrativos. concessionárias, permissionárias ou sob qualquer ou-
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- tra forma de empreendimento, são obrigados a forne-
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta cer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
um único comportamento possível) e dos atos discricio- aos essenciais, contínuos.
nários (aqueles que a lei, dentro dos limites nela previs- Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
tos, aponta um ou mais comportamentos possíveis, de ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão
acordo com um juízo de conveniência e oportunidade), a as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a repa-
doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade rar os danos causados, na forma prevista neste código.
de motivação com relação aos atos administrativos vin-
culados; todavia, diverge quanto à referida necessidade 8. Princípio da tutela e da autotutela da Adminis-
quanto aos atos discricionários. tração Pública
Meirelles66 entende que o ato discricionário, editado
sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar- A Administração possui a faculdade de rever os seus
gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e atos, de forma a possibilitar a adequação destes à reali-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en- dade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos dos
tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi- atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema de
cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância controle dos atos da Administração adotado no Brasil é
da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexo-
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato rável, ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no
discricionário, é necessária a motivação para que se saiba âmbito da Administração, no tocante à sua legalida-
qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini67, de. É, portanto, denominado controle finalístico, ou de
com respaldo no art. 50 da Lei nº 9.784/98, aponta inclu- legalidade.
sive a superação de tais discussões doutrinárias, pois o À Administração, por conseguinte, cabe tanto a anu-
lação dos atos ilegais como a revogação de atos váli-
dos e eficazes, quando considerados inconvenientes ou
inoportunos aos fins buscados pela Administração. Essa
66  MEIRELLES, Hely Lopes... Op. Cit.
67  GASPARINI, Diógenes... Op. Cit. 68  Ibid.

88
forma de controle endógeno da Administração denomi- predominantemente feito no caso concreto, analisando
na-se princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe a situação de conflito entre o particular e o interesse pú-
somente a anulação de atos reputados ilegais. O emba- blico e mensurando qual deve prevalecer.
samento de tais condutas é pautado nas Súmulas 346 e
473 do Supremo Tribunal Federal. 12. Princípio da indisponibilidade do interesse
público
Súmula 346. A administração pública pode declarar a
nulidade dos seus próprios atos. A Administração não possui livre disposição dos bens
Súmula 473. A administração pode anular seus pró- e interesses públicos, uma vez que atua em nome de ter-
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam ceiros, a coletividade. O interesse público é indisponível,
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revo- o que implica em afirmar que todo o patrimônio público
gá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, deve ser preservado e gerido de maneira adequada. Por
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em isso, confere-se ao agente administrador da coisa públi-
todos os casos, a apreciação judicial. ca o dever de prestar contas sobre o patrimônio por ele
controlado, evitando que a coisa se perca ou se deteriore
Os atos administrativos podem ser extintos por re- de maneira indevida.
vogação ou anulação. A Administração tem o poder de
rever seus próprios atos, não apenas pela via da anula-
ção, mas também pela da revogação. Aliás, não é possí- EXERCÍCIO COMENTADO
vel revogar atos vinculados, mas apenas discricionários.
A revogação se aplica nas situações de conveniência e
oportunidade, quanto que a anulação serve para as si- 1. (STJ – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA
tuações de vício de legalidade. – CESPE – 2018) Em relação aos princípios aplicáveis à
administração pública, julgue o próximo item.
9. Princípio da segurança jurídica O princípio da proporcionalidade, que determina a ade-
quação entre os meios e os fins, deve ser obrigatoria-
Segurança jurídica é a garantia social de que as leis mente observado no processo administrativo, sendo
serão respeitadas e cobrirão o mais vasto possível rol vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções
relações socialmente relevantes. Em termos objetivos, em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
versa sobre a irretroatividade de nova interpretação de atendimento do interesse público.
lei no âmbito da Administração Pública. Em termos sub-
( ) CERTO ( ) ERRADO
jetivos, versa sobre a confiança da sociedade nos atos,
procedimentos e condutas proferidas pelo Estado.
Resposta: Certo. O princípio da proporcionalidade na
10. Princípio da finalidade conduta administrativa é de aplicação geral, inclusive
no âmbito do processo administrativo. As obrigações,
O princípio da finalidade imprime à autoridade ad- restrições e sanções devem encontrar arcabouço le-
ministrativa o dever de praticar o ato administrativo com gal correspondente e serem estritamente necessárias,
vistas à realização da finalidade perseguida pela lei. A atendendo ao exclusivo propósito de respeito ao inte-
finalidade sempre envolverá a preservação do interesse resse público.
público.
2. (STM – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
11. Princípio da supremacia do interesse público TRATIVA – CESPE – 2018) A respeito dos princípios da
sobre o privado administração pública, de noções de organização admi-
nistrativa e da administração direta e indireta, julgue o
Na maioria das vezes, a Administração, para buscar item que se segue.
de maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se Embora não estejam previstos expressamente na Cons-
tituição vigente, os princípios da indisponibilidade, da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

colocar em um patamar de superioridade em relação


aos particulares, numa relação de verticalidade, e para razoabilidade e da segurança jurídica devem orientar a
isto se utiliza do princípio da supremacia, conjugado ao atividade da administração pública.
princípio da indisponibilidade, pois, tecnicamente, tal
( ) CERTO ( ) ERRADO
prerrogativa é irrenunciável, por não haver faculdade de
atuação ou não do Poder Público, mas sim “dever” de
atuação. Resposta: Certo. Embora a Constituição colacione
Sempre que houver conflito entre um interesse in- apenas cinco princípios de forma expressa – legalida-
dividual e um interesse público coletivo, deve prevale- de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-
cer o interesse público. São as prerrogativas conferidas cia, existem diversos princípios que também devem ser
à Administração Pública, porque esta atua por con- seguidos e respeitados por parte da Administração, os
ta de tal interesse. Com efeito, o exame do princípio é quais são considerados implícitos. Todos eles buscam
fazer com que a atividade administrativa cumpra sua

89
finalidade de contrabalancear interesses coletivos e li-
berdades individuais, sempre priorizando o interesse
público, porém sem violar direitos dos cidadãos. Entre
HORA DE PRATICAR!
eles, estão a indisponibilidade, a razoabilidade e a se-
gurança jurídica. 1. (PC-AC – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE –
2017) Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo
3. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – CONHECIMENTOS e Administração Pública, é correto afirmar que:
BÁSICOS – CARGOS: 1, 2 E 3 – CESPE – 2018) Com rela-
ção aos princípios aplicáveis à administração pública e ao a) governo democraticamente eleito e Estado são noções
enriquecimento ilícito por agente público, julgue o item intercambiáveis para o Direito Administrativo.
a seguir. b) um órgão público estadual pode ser criado por meio
Decorre do princípio de autotutela o poder da adminis- de Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou
tração pública de rever os seus atos ilegais, independen- por meio de Portaria de Secretário de Estado, desde
temente de provocação. que editada por delegação do Governador.
c) fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar
( ) CERTO ( ) ERRADO a relação existente entre Administração Pública e seu
corpo de agentes públicos.
Resposta: Certo. A Administração Pública pode rever d) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é
de ofício seus próprios atos, não necessitando de pro- representada pelos agentes públicos e seus bens.
vocação, o que se denomina princípio da autotutela. e) o órgão público é desprovido de personalidade jurídi-
O entendimento é sumulado pelo STF: “Súmula 346. ca. Assim, eventual prejuízo causado pela Assembleia
A administração pública pode declarar a nulidade dos Legislativa do Estado do Acre deve ser imputado ao
seus próprios atos. Súmula 473. A administração pode Estado do Acre.
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam 2. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência – CESPE – 2018) Acerca da organização da administra-
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, ção pública brasileira, julgue o item subsequente.
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Bra-
sil, somente é administração pública aquilo determinado
como tal pelo ordenamento jurídico brasileiro, indepen-
dentemente da atividade exercida. Assim, a administra-
ção pública é composta exclusivamente pelos órgãos
integrantes da administração direta e pelas entidades da
administração indireta.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

3. (PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2016)


Considerando os princípios e fundamentos teóricos do
direito administrativo, assinale a opção correta.

a) As empresas públicas e as sociedades de economia


mista, se constituídas como pessoa jurídica de direito
privado, não integram a administração indireta.
b) Desconcentração é a distribuição de competências
de uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo
que descentralização é a distribuição de competências
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dentro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da


sua organização hierárquica.
c) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que
o poder público faça tudo o que não estiver expressa-
mente proibido pela lei.
d) A administração pública, em sentido estrito e subjeti-
vo, compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os
agentes públicos que exerçam função administrativa.
e) No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de
jurisdição do sistema francês, o ingresso de ação judi-
cial no Poder Judiciário para questionar ato do poder
público é condicionado ao prévio exaurimento da ins-
tância administrativa.

90
4. (PC-SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP – conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem
2018) Lei estadual que vede a realização de processo sele- os órgãos, os agentes e os atos administrativos pratica-
tivo para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e pe- dos nessa condição, com o intuito de realizar concreta,
las entidades do poder público estadual fere o princípio da: direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.
c) A doutrina, que forma o sistema teórico de princípios
a) eficiência. aplicáveis, e a jurisprudência, que reflete a aplicação
b) legalidade. objetiva desses princípios, são consideradas as fontes
c) impessoalidade. primárias do Direito Administrativo.
d) segurança jurídica. d) O cargo público pertence ao agente público, de modo
e) continuidade do serviço público. que o Estado não pode suprimi-lo ou alterá-lo sem
que haja violação ao direito daquele.
5. (PC-BA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP –
2018) Se um determinado agente público se vale de uma 8. (PC-AC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – 2017)
competência que lhe é legalmente atribuída para praticar Quanto ao conceito de Direito Administrativo, às respon-
um ato válido, mas que possui o único e exclusivo obje- sabilidades dos servidores públicos civis, aos atos admi-
tivo de prejudicar um desafeto, é correto afirmar que tal nistrativos, ao controle da Administração Pública e ao
conduta feriu o princípio da: processo administrativo regido pela Lei n° 9.784/1999, é
correto o que se afirma em:
a) finalidade, que impõe aos agentes da Administração
o dever de manejar suas competências obedecendo a) O administrado tem o direito de ser tratado com res-
rigorosamente à finalidade de cada qual. peito pelas autoridades e servidores. Contudo, este
b) supremacia do interesse público sobre o interesse pri- direito não implica na possibilidade de exigência da
vado, que é princípio geral de direito inerente a qual- Administração, pelo administrado, de um dever de fa-
quer sociedade. cilitação do exercício de seus direitos.
c) razoabilidade, pelo qual o Administrador, na atuação b) O Direito Administrativo é um conjunto de regras e
discricionária, terá de obedecer a critérios aceitáveis princípios que confere poderes desfrutáveis pelo Esta-
do ponto de vista racional, com o senso normal. do para a consecução do bem comum e da finalidade
d) proporcionalidade, já que a Administração não deve pública. Esta concepção, portanto, não compreende
tomar medidas supérfluas, excessivas e que passem deveres da Administração em favor dos administrados
do estritamente necessário à satisfação do interesse que, para este ramo do direito, são objetos da relação
público. jurídico administrativa.
e) motivação, porque a Administração deve, no mínimo, c) Os servidores públicos civis podem, como regra, ser
esclarecer aos cidadãos aos razões pelas quais foram responsabilizados, de modo concomitante, nas esferas
tomadas as decisões. civil, criminal e administrativa.
d) O Poder Judiciário não pode praticar atos administra-
6. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE – tivos, mas apenas atos da administração.
2018) São, respectivamente, princípios da administração e) O controle da Administração Pública no Brasil é realiza-
pública que propiciam: a) conhecimento público dos atos do por meio do sistema do contencioso administrativo.
administrativos, oportunizado a utilização de mecanis-
mos de controle, quando necessários à adequação do 9. (PC-ES – MÉDICO LEGISTA – FUNCAB – 2013) No
ato ao contexto da legalidade e da moralidade; e b) atos Direito Administrativo contemporâneo, a expressão que
administrativos com conteúdo impessoal e que visam define o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições
alcançar não a satisfação de interesses pessoais ou pri- e responsável pela gerência dos interesses estatais e pelo
vados, mas estejam sempre voltados ao alcance coletivo: exercício do poder político é:

a) moralidade e publicidade. a) Administração Pública.


b) legalidade e impessoalidade. b) Governo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) publicidade e impessoalidade. c) Poder Público.


d) impessoalidade e eficiência. d) Controladoria.
e) moralidade e legalidade. e) Gerência Fiscal.

7. (PC-SC – COMISSÁRIO DE POLÍCIA – ACAFE – 2008) 10.(PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA BLOCO II – FUN-
Analise as alternativas a seguir e assinale a correta: DATEC – 2018) O artigo 37 da Constituição Federal de
1988 lista os princípios inerentes à Administração Pú-
a) Os órgãos da Administração Pública classificam-se, em blica, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade,
relação à posição ocupada na escala administrativa, publicidade e eficiência. A incumbência desses princípios
em independentes, autônomos, superiores e subalter- é dar unidade e coerência ao Direito Administrativo do
nos. São exemplos de órgãos independentes os Minis- Estado, controlando as atividades administrativas de to-
térios e as Secretarias de Estado e de Município. dos os entes que integram a federação brasileira. Tendo
b) Direito Administrativo pode ser conceituado como o por base essa ideia inicial, assinale a alternativa correta.

91
a) A administração não pode anular seus próprios atos, neração correspondente a partir daquele ato e inde-
quando eivados de vícios que os tornem ilegais. nização correspondente às diferenças remuneratórias
b) Não viola o princípio da presunção de inocência a ex- relativas ao período pretérito.
clusão de certame público de candidato que responda c) não tem direito às diferenças de vencimentos de um
a inquérito policial ou ação penal sem trânsito em jul- e outro cargo, porque vedado ao Judiciário conceder
gado da sentença condenatória. equiparação ou aumento de vencimentos com base
c) Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impes- na isonomia.
soalidade, referido na CF/1988 (Art. 37, caput), nada d) tem direito às diferenças de vencimentos de um e ou-
mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual tro cargo a título de indenização, mantido, porém, no
impõe ao administrador público que só pratique o ato cargo efetivo.
para atingir o objetivo indicado expressa ou virtual-
mente pela norma de direito, de forma impessoal. 14. (TRT2-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) De
d) Segundo o jurista Alexandre de Moraes, o princípio acordo com a Lei no 8.112/1990, como medida cautelar
da moralidade é o que impõe à administração pública e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração
direta e indireta e a seus agentes a persecução do bem da irregularidade, a autoridade instauradora do proces-
comum, por meio do exercício de suas competências so disciplinar poderá determinar o seu afastamento do
de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, exercício do cargo, pelo prazo de até 60 dias, sem prejuí-
eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualida- zo da remuneração. Ocorrendo o término desses 60 dias:
de, primando pela adoção dos critérios legais e morais
necessários para melhor utilização possível dos recur- a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
sos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e ainda que não concluído o processo.
garantir-se maior rentabilidade social. b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo,
e) Os atos administrativos não são passíveis de controle findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
de mérito, bem como de legalidade pelo Poder Judi- concluído o processo.
ciário. c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo,
findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o pro-
11. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – CESPE – cesso não tiver sido concluído, hipótese em que po-
2018) A conduta do agente público que busca o melhor derá ser prorrogado pelo prazo máximo de 180 dias.
desempenho possível, com a finalidade de obter o me- d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
lhor resultado, atende ao princípio da: exceto se o processo não tiver sido concluído, hipóte-
se em que o afastamento poderá ser prorrogado pelo
a) eficiência. prazo máximo de trinta dias.
b) legalidade. e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180
c) impessoalidade. dias, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que
d) moralidade. não concluído o processo.
e) publicidade.
15. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018)
12. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) João de Oliveira, servidor público federal, investido no
A razoável duração do processo e o emprego de meios cargo efetivo de Servidor Técnico-Administrativo em
que assegurem a celeridade na sua tramitação são as- Educação da UFAM há 1 (um) ano e 8 (oito) meses, pre-
segurados, a todos, no âmbito administrativo e revelam tende solicitar licença para acompanhar sua cônjuge, que
direito fundamental que tem por conteúdo os princípios foi deslocada para outro ponto do território nacional.
da: Conforme dispõe a Lei nº. 8.112/1990, é correto afirmar
a esse respeito que:
a) moralidade e reserva legal.
b) nova gestão pública e razoabilidade. a) O servidor não pode acompanhar o cônjuge, tendo em
c) isonomia e eficiência. vista que se encontra em estágio probatório
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) legalidade e publicidade. b) A licença será por prazo indeterminado e sem remu-


e) impessoalidade e indisponibilidade do interesse pú- neração.
blico. c) A licença será por prazo indeterminado e com remu-
neração.
13. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) De d) A licença será por prazo determinado e com remune-
acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é correto ração.
afirmar que o servidor em desvio de função: e) A licença será por prazo determinado e sem remune-
ração.
a) tem direito ao reenquadramento para o cargo exerci-
do de fato e à remuneração correspondente a partir 16. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018)
daquele ato. A respeito dos direitos e vantagens assegurados ao ser-
b) tem direito ao reenquadramento para o cargo exer- vidor público federal na Lei nº. 8.112/90, analise as afir-
cido de fato, se houver previsão legal, além da remu- mativas, identificando com “V” as verdadeiras e com “F”

92
as falsas, assinalando a seguir a alternativa que possui a estabelecido pela Lei n° 8.112/1990, que é aplicável:
sequência correta de cima para baixo:
a) ao servidor civil da Administração pública federal di-
( ) O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vanta- reta, autárquica e fundacional pública, investido em
gens de caráter permanente, é irredutível. cargo público.
( ) Mediante autorização do servidor ou judicial, poderá b) aos empregados públicos e servidores da Administra-
haver consignação em folha de pagamento em favor ção pública federal direta e indireta, inclusive o tem-
de terceiros, a critério da administração e com repo- porário.
sição de custos, sendo certo que o total de consigna- c) ao servidor civil e militar, investido ou não em cargo
ções facultativas não excederá a 50% (cinquenta por público, desde que vinculado à Administração pública
cento) da remuneração mensal. direta federal.
( ) Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao d) ao servidor civil, empregado público, titular de cargo
salário mínimo. em comissão e temporário das pessoas jurídicas de
( ) O vencimento, a remuneração e o provento não serão direito público federal, em razão do regime jurídico
objeto de arresto, sequestro ou penhora, ainda que
único.
nos casos de prestação de alimentos resultante de de-
e) a todos os servidores federais civis e aos servidores
cisão judicial.
civis dos demais entes federativos e pessoas jurídicas
( ) Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor
de direito público a eles vinculadas, em razão do prin-
vantagens, como as indenizações, gratificações e adi-
cionais. cípio federativo.

a) F – V – V – F – V 19. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-


b) F – F – V – V – F ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Com relação à responsabi-
c) V – V – V – F – V lidade de servidor público que deixe de praticar indevi-
d) V – F – V – F – V damente ato de ofício, assinale a opção correta:
e) V – V – F – F – V
a) Sanções penais e administrativas não poderão ser
17. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA- cumuladas, ainda que caracterizadas a materialidade
ZENDEIRO – CESPE – 2018) Em 2013, Maria foi apro- e a autoria da conduta do servidor.
vada em concurso público para o cargo de analista da b) Servidor não poderá responder penal e administrati-
secretaria de saúde de um estado. Em 2014, ela foi no- vamente por um mesmo fato referente ao exercício
meada, tomou posse e entrou em exercício. Terminado irregular de suas funções.
o período de estágio probatório e realizada a avaliação c) Servidor responderá criminalmente pela conduta ape-
especial de desempenho de Maria, ela passou a ser ser- nas depois de concluído o processo administrativo re-
vidora estável. Em janeiro de 2018, o cargo ocupado por ferente à responsabilização.
Maria foi extinto por desnecessidade. d) A responsabilidade administrativa de servidor pela
Considerando-se as disposições constitucionais referen- prática da infração em questão poderá ser afastada se
tes à administração pública e aos servidores públicos, é houver absolvição criminal que negue a existência do
correto afirmar que Maria fato ou a sua autoria.
e) A responsabilidade administrativa do servidor pela
a) será reintegrada em novo cargo na secretaria de saú- conduta em questão não poderá ser afastada mesmo
de do estado, recebendo remuneração equivalente ao no caso de absolvição criminal que negue a existência
cargo extinto, por ser servidora estável. do fato ou a sua autoria.
b) deverá ser reconduzida para outro órgão do Poder
Executivo, caso não haja outro cargo disponível em 20. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
seu órgão de origem, devendo receber remuneração ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Helena, servidora pública,
equivalente ao cargo extinto. requereu aposentadoria após ter cumprido os requisitos
c) perderá a estabilidade, devendo realizar nova avalia- legais para tal. A aposentadoria foi concedida, mas He-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção de desempenho para outro cargo na secretaria de lena, por ter tido ciência do interesse da administração
saúde do estado. pública em seu retorno, resolveu solicitar, depois de me-
d) ficará em disponibilidade, com remuneração propor- ses, o retorno às atividades do cargo que desempenhara.
cional ao tempo de serviço, até seu adequado apro- Nessa situação hipotética, Helena solicitou:
veitamento em outro cargo. a) readaptação.
e) será indenizada pela administração e aproveitada em b) reversão.
outro cargo disponível, com remuneração proporcio- c) reintegração.
nal ao tempo de serviço. d) recondução.
e) remoção.
18. (TRT15-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018)
A Administração pública federal relaciona-se com seu 21. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
pessoal por meio de distintos regimes, dentre os quais o IDECAN – 2018) Determinado servidor federal, aposen-
tado por invalidez, teve o quadro clínico que comprome-

93
tia seu desempenho e em razão do qual se aposentou depende da comprovação de que o poder público con-
integralmente superado. No que se refere ao possível corre com mais de 50% da receita anual da empresa.
restabelecimento do vínculo funcional ativo com a Admi-
nistração Pública, assinale a alternativa correta: 24. (IF-MT – DIREITO – IF-MT – 2018) Considerando a
Lei 8.112/1990, é correto afirmar:
a) Não há possibilidade de restabelecimento do vínculo
ativo por meio do instituto da reversão. a) Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa-
b) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo bilidades previstas em edital de concurso público que
por meio de recondução, desde que seja no mesmo devem ser cometidas a um servidor.
cargo ou no resultante de sua transformação. b) Cargo público é o conjunto de atribuições e compe-
c) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo tências previstas na estrutura organizacional que de-
por meio de reintegração, desde que o servidor não vem ser cometidas a um servidor.
tenha completado 75 anos de idade, nos termos da c) Cargo público é o conjunto de atividades previstas no Pla-
Lei 8.112/90. no de Carreiras que devem ser cometidas a um servidor.
d) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo d) Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
por meio de reversão, independentemente de decla- sabilidades previstas na estrutura organizacional que
ração de insubsistência dos motivos da aposentadoria devem ser cometidas a um servidor.
por junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90. e) Cargo público é a prestação de serviços gratuitos pre-
e) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo vistos na Constituição da República Federativa do Bra-
por meio de reversão, desde que observada a decla- sil de 1998 que devem ser cometidas a um servidor.
ração de insubsistência dos motivos da aposentadoria
por junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90. 25. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAM-
POS-SP – TÉCNICO LEGISLATIVO – VUNESP – 2018) A
22. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – imposição de uma multa ao motorista que desrespeita o
IDECAN – 2018) De acordo com a Lei 8.112/90, conside- sinal vermelho consiste em uma sanção decorrente do
ra-se da família do servidor: exercício, pela Administração Pública, do Poder:

a) apenas o cônjuge e os filhos. a) Hierárquico.


b) somente os parentes de primeiro grau. b) Vinculado.
c) apenas os parentes de até segundo grau. c) Discricionário.
d) qualquer pessoa que viva às suas expensas e conste d) Normativo.
do seu assentamento individual. e) de Polícia.
e) somente o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção. 26. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
ZENDÁRIO – CESPE – 2018) A responsabilização de
23. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) O servidor público que tenha negado publicidade a atos
agente público, empregado de uma sociedade de eco- oficiais terá como fundamento os poderes:
nomia mista, que se utilizou dos caminhões da empresa
para fazer remoção de terra de terreno de sua proprieda- a) disciplinar e hierárquico.
de no curso da construção de sua casa de veraneio: b) de polícia e disciplinar.
c) hierárquico e de polícia.
a) comete ato de improbidade, sob a modalidade que d) regulamentar e de polícia.
gera prejuízo ao erário, o que dispensa a prova de cul- e) hierárquico e regulamentar.
pa, ficando absorvida a responsabilidade funcional.
b) pode ser disciplinarmente punido, mediante regular 27. (TJ-RN – JUIZ LEIGO – COMPERVE – 2018) Maria,
processo administrativo, não incidindo a lei de impro- estudante do último período de direito, ouviu comentá-
bidade por se tratar de empregado público, sujeito, rios de que o reitor de sua universidade não entregaria
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

portanto, a regime celetista. os diplomas para os concluintes do curso naquele ano,


diante da crise econômica nacional e do superlotado
c) incide em potencial responsabilidade criminal e civil, mercado de trabalho jurídico. Intrigada com o conteú-
não se tipificando ato de improbidade em relação à do das fofocas, Maria mandou mensagem de WhatsApp
pessoa jurídica sujeita a regime jurídico de direito pri- para o grupo da turma e logo recebeu inúmeros links de
vado, salvo se demonstrado prejuízo ao capital social notícias corroborando com o conteúdo dos comentários.
composto por recursos públicos. O pavor, então, se tornou generalizado naquela institui-
d) comete ato de improbidade, em virtude de enriqueci- ção de ensino superior. Aflitos, os estudantes montaram
mento ilícito, tendo em vista que as empresas estatais, comissão para pesquisar o tema e logo descobriram que
integrantes da Administração pública indireta, podem a entrega de diplomas é
ser sujeitos passivos daquela infração.
e) não se exime de responsabilidade administrativa, crimi-
nal e civil, mas a configuração de ato de improbidade

94
a) ato discricionário, o que realmente permite tal pos- 30. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
tura do reitor, porém, sem inviabilizar o seu controle CESPE – 2018) No exercício da sua função, o analista de
judicial. controle externo:
b) ato discricionário, o que realmente permite tal postura
do reitor bem como inviabiliza o seu controle judicial. a) poderá, motivadamente, invocar a reserva administra-
c) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a tiva do possível quando não puder fazer determinado
entregar tais documentos pelos motivos citados, fato empreendimento.
que pode ser controlado em via judicial e também na b) levará o ato administrativo à anulação caso o tenha
esfera administrativa. realizado com abuso de poder.
d) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a c) terá de restituir diretamente o particular contra o qual
entregar tais documentos pelos motivos citados, fato tiver cometido ato caracterizado como abuso de po-
que não pode ser controlado em via judicial, mas, sim, der.
na esfera administrativa. d) tem a opção de utilizar ou dispensar o poder adminis-
trativo para agir.
28. (MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL – FCC – 2018) e) poderá renunciar, em caso concreto, ao poder-dever
A edição de um decreto municipal que, pretendendo de agir na hipótese de omissão específica.
incentivar a reciclagem de lixo, estabelece a concessão
de prêmios aos moradores que conseguirem comprovar 31. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
determinadas quantidades de seleção, coleta e entrega CESPE – 2018) O regulamento editado por autoridade
nas oficinas especializadas, bem como estabelece multas competente da administração pública, em atendimento
para aqueles que não o fizerem: a norma legal, para prover matéria reservada a lei é um
regulamento:
a) configura expressão do poder normativo do ente pú-
blico, na medida em que disciplina gestão de serviços a) subordinado.
públicos de sua titularidade e o manejo de verbas pú- b) autônomo.
blicas disponíveis. c) executivo.
b) excede o poder normativo do município, que pode se d) delegado.
prestar apenas a disciplinar e explicitar a operacionali- e) independente.
zação de disposições legais.
c) se insere no poder de polícia do ente, que pode insti- 32. (SEGEP-MA – AUXILIAR FISCALIZAÇÃO AGROPE-
tuir e aplicar multas àqueles que descumprirem a dis- CUÁRIA – FCC – 2018) Entre os poderes administrati-
ciplina normativa editada pelo ente. vos, pode-se citar o poder regulamentar, que apresenta,
d) configura excesso de poder normativo, já que extra- como sua principal expressão:
pola os limites materiais admitidos para os decretos
autônomos do Chefe do Executivo, ingressando em a) a concessão de autorizações e licenças a cidadãos para
matéria de lei. o desempenho de atividades de interesse público.
e) pode ser convalidado se restar comprovado que o in- b) a possibilidade de disciplinar, de forma autônoma por
teresse público está presente, bem como que a popu- ato do Executivo, o regime jurídico de seus servidores.
lação concorda com a instituição de prêmios e multas. c) a prática de atos materiais de organização do traba-
lho dos órgãos e entidades da Administração pública,
29. (PGE-PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE – como distribuição de tarefas entre os servidores.
2018) À luz da jurisprudência dos tribunais superiores d) a edição de decretos, no exercício de competência pri-
sobre o poder de polícia, o poder disciplinar, o poder vativa do Chefe do Poder Executivo, para fiel execução
normativo e o dever de probidade na administração pú- de lei em vigor.
blica, assinale a opção correta: e) a disciplina relativa à prestação de serviços públicos
por concessionárias e permissionárias, visando à sua
a) Cabe aos conselhos regionais de farmácia, no exercício regularidade e modicidade tarifária.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do poder de polícia, licenciar e fiscalizar as condições


de funcionamento dos estabelecimentos farmacêuticos. 33. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
b) O pagamento de multa resultante de autuação por DUAL – FCC – 2018) Atenção: A questão refere-se a Di-
agente de trânsito não implica a desistência da dis- reito Administrativo II.
cussão judicial da infração. Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia,
c) A configuração de ato de improbidade administrativa o administrador precisava designar o servidor responsá-
requer que haja enriquecimento ilícito ou danos ao vel pela coordenação das tarefas inerentes à execução
erário. da avença. Dentre os membros da equipe competente
d) A ocorrência do ato de improbidade administrativa, para a execução do contrato, nenhum dos servidores se
em regra, viabiliza a reparação por dano moral coletivo. dispôs a assumir a coordenação, o que levou o gestor
e) Em razão do poder disciplinar da administração públi- público a designar, de ofício, aquele que tinha mais expe-
ca, é admissível que edital de concurso público proíba riência no setor. A atuação do administrador:
a participação de candidatos tatuados.

95
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é ineren- c) de polícia.
te, tendo em vista que a recusa dos servidores para a d) discricionário.
coordenação do trabalho exigiu o sancionamento por e) hierárquico.
parte da chefia.
b) é compatível como exercício do poder hierárquico, 36. (UDESC – TÉCNICO UNIVERSITÁRIO DE SUPORTE
que implica o gerenciamento de tarefas e o sanciona- – UDESC – 2018) A lei permite à Administração Pública
mento discricionário diante da recusa dos servidores. aplicar penalidades às infrações funcionais de seus ser-
c) é expressão do poder normativo, considerando que o vidores, sendo que a aplicação da punição, por parte do
ato de designação do servidor para exercer as funções superior hierárquico, é um poder-dever, pois se não o fi-
de coordenador não tem natureza de ato administra- zer incorrerá em crime contra Administração Pública. Esta
tivo. hipótese refere-se ao exercício de poder:
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que
abrange a possibilidade de designação, de ofício, de a) disciplinar
tarefas aos servidores integrantes do quadro, obser- b) discricionário
vado o respectivo âmbito de atuação. c) hierárquico
e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido am- d) punitivo do Estado
plo, que também inclui o gerenciamento e limitação e) de Polícia
das condutas dos servidores a ele subordinados.
37.(MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
34. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA- – MPE-BA – 2018) Sobre a atuação das agências regu-
DUAL – FCC – 2018) Dentre os poderes atribuídos à Ad- ladoras no funcionamento dos serviços públicos objetos
ministração pública, o poder: de concessão, permissão e autorização, a doutrina mo-
derna vem abordando, de forma crescente, a denomina-
a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque da “Teoria da Captura”.
passível de ser atribuído à Administração direta, in- A alternativa que contém situação indiciária da chamada
cluídas as entidades paraestatais, para o desempenho captura e admissível de aplicação da referida construção
regular de suas funções executivas. doutrinária, de modo a possibilitar o controle judicial de
b) normativo não pode ser exercido pelos entes que in- ato administrativo discricionário é:
tegram a Administração indireta, à exceção das agên-
cias reguladoras, por conta de sua independência e a) nomeação de dirigente de agência reguladora para
autonomia. um mandato certo.
c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administra- b) norma de agência reguladora que amplia a proteção
ção indireta, que se sujeitam à Administração central ao usuário consumidor, estabelecendo padrões técni-
para fins de processamento dos processos disciplina- cos de excelência a serem observados pelas conces-
res instaurados contra seus servidores. sionárias.
d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo c) fixação de período de quarentena para o ex-dirigente
da apuração de infrações cometidas por servidores da agência reguladora, durante o qual está proibido
públicos integrantes dos quadros da Administração de exercer atividade na iniciativa privada, dentro do
direta. setor ao qual estava vinculado.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes in- d) nomeação para o Conselho Consultivo de agência
tegrantes da Administração indireta que tenham per- reguladora, nas vagas destinadas à representação de
sonalidade jurídica de direito público, a exemplo das entidades voltadas aos usuários e à sociedade, de de-
agências executivas no que concerne ao papel fiscali- terminadas pessoas que haviam ocupado cargo direti-
zador que exercem sobre a prestação de serviços pú- vo nas empresas concessionárias.
blicos. e) norma de agência reguladora que autoriza a cobrança
de bagagem despachada, com a finalidade devida-
35. (SEDURB-PB – AGENTE DE CONTROLE URBANO mente demonstrada de ensejar a redução do custo do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

– IBADE – 2018) Considera-se a atividade da Adminis- serviço principal para a maioria dos usuários, os quais
tração Pública que, limitando ou disciplinando direito, não usufruíam de toda a franquia de bagagem antes
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou absten- oferecida.
ção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina 38. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
da produção e do mercado, ao exercício de atividades TORIA – FCC – 2018) O Tribunal de Contas é competente
econômicas dependentes de concessão ou autorização para:
do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Tal a) apreciar a constitucionalidade de leis.
conceito se refere ao poder: b) apreciar, para fins de registro, a legalidade das nomea-
ções para cargos de provimento em comissão.
a) vinculado. c) escolher, dentre os titulares do cargo de analista de
b) regulamentar. controle externo, um de seus Membros.

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d) julgar as contas do Governador do Estado de Pernam- 42. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
buco. CESPE – 2018) Conforme a classificação das formas de
e) julgar as contas dos Prefeitos dos Municípios de Per- controle administrativo, ao realizar auditoria de despesas
nambuco. efetuadas pelo Poder Executivo durante a execução do
orçamento, o tribunal de contas exerce controle:
39. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
TORIA – FCC – 2018) As decisões do Tribunal de Contas: a) externo e posterior.
b) interno e prévio.
a) perfazem coisa julgada, prejudicando a rediscussão c) interno e concomitante.
da questão no âmbito do Poder Judiciário, ainda que d) interno e posterior.
acerca de vício no devido processo. e) externo e concomitante.
b) que imputem débito têm força de título executivo, po-
dendo ser executadas em juízo. 43. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
c) que determinem diretamente a sustação de execução – MPE-BA – 2018) Com relação à responsabilidade civil
contratual não necessitam de comunicação ao Poder do Estado pela guarda e segurança das pessoas subme-
Legislativo. tidas a encarceramento, com base na jurisprudência do
d) podem ser revistas por apelação dirigida ao Poder Le- Supremo Tribunal Federal, analise as assertivas e identifi-
gislativo. que com V as verdadeiras e com F as falsas.
e) podem ser revistas por apelação dirigida ao Superior
Tribunal de Justiça. ( ) É de responsabilidade do Estado, nos termos do art. 37,
§ 6º, da Constituição Federal, a obrigação de ressarcir
40. (SEAD-AP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC os danos comprovadamente causados aos detentos
– 2018) Diante de um edital de licitação publicado, em custodiados em presídios, em decorrência da falta ou
relação ao qual foi divulgada notícia de restrição à com- insuficiência das condições legais de encarceramento.
petição: ( ) O Estado responde pelos danos causados a detentos
em decorrência da insuficiência das condições legais
a) o Poder Judiciário, provocado ou de ofício, deve de- de encarceramento, salvo os danos morais individu-
terminar a suspensão do procedimento para prévio ais decorrentes da superlotação carcerária, por ser
exame. um problema de estrutura do sistema prisional, de-
pendente de providências de atribuição legislativa e
b) o Tribunal de Contas pode suspender o certame, para
administrativa, podendo o Judiciário apreciar o dano
regular exame prévio do edital, recomendando os
moral apenas em sua dimensão coletiva.
ajustes necessários para a regularização do instru-
( ) Quanto à responsabilidade pelos danos causados aos
mento convocatório.
detentos, em decorrência da superlotação carcerária,
c) cabe aos potenciais interessados a impugnação do a Corte Constitucional distingue o tratamento jurídi-
mesmo, não se admitindo revisão de ofício. co dado aos presos definitivos daquele conferido aos
d) é prescindível a suspensão do procedimento pela provisórios, haja vista que esses últimos sujeitam-se
Administração, tendo em vista que o exame do ins- ao chamado risco social.
trumento antes de conclusão do certame não pode ( ) Trata-se de tema abrangido pelo art. 37, § 6º, da Cons-
interferir na possibilidade de sua anulação, que deve tituição Federal, preceito normativo autoaplicável, que
ser posterior à contratação. não se sujeita à intermediação legislativa ou à provi-
e) não é exigível do poder público a suspensão do proce- dência legislativa.
dimento, tendo em vista que tanto o Poder Judiciário ( ) O Estado não pode invocar a reserva do possível para
quanto o Tribunal de Contas somente podem determi- se eximir do dever de indenizar os danos pessoais
nar a retificação do certame em decisão final. causados a detentos em estabelecimentos carcerá-
rios, salvo se comprovar a insuficiência de recursos
financeiros para eliminar o grave problema prisional
41. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – globalmente considerado, dependente que é da defi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili- nição e implantação de políticas públicas específicas.
zado para se expressar oposição a atos da administração
que afetam direitos ou interesses legítimos do interessa- A alternativa que contém a sequência correta, de cima
do é denominado para baixo, é

a) representação. a) V, F, F, V, F.
b) fiscalização hierárquica. b) V, F, F, V, V.
c) pedido de reconsideração. c) V, V, F, V, V.
d) reclamação. d) F, V, V, F, F.
e) recurso administrativo. e) F, V, V, F, V.

97
44. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) A trativo entende-se que não há como se imputar qual-
atuação do Estado e das pessoas jurídicas que integram quer responsabilidade ao Estado.
a Administração indireta define a possibilidade de sua e) O Superior Tribunal de Justiça, em conflito com a ju-
responsabilização extracontratual. Dessa forma: risprudência do Supremo Tribunal Federal, firmou
entendimento no sentido de que o Estado deve ser
a) somente as pessoas jurídicas de direito público res- responsabilizado civilmente caso o inquérito policial
pondem objetivamente pelos danos causados aos ad- instaurado por delegado de polícia seja arquivado ju-
ministrados, desde que reste demonstrado o nexo de dicialmente após pedido do Ministério Público.
causalidade com a atuação dos agentes públicos.
b) as excludentes de responsabilidade não se aplicam 46. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
quando se trata de dever de indenização decorren- TORIA – FCC – 2018) No estacionamento do Fórum de
te de atuação lícita do Estado, porque os danos são um determinado município, um advogado colidiu com
consequência indireta dos atos praticados dentro da uma viatura da polícia militar que estava no local para
legalidade. fazer o transporte de presos para audiência. Diante das
c) não se pode invocar excludente de responsabilidade avarias no veículo, o advogado ingressou com ação de
quando se tratar de responsabilidade extracontratual indenização contra o Estado, fundamentando seu pedido
das pessoas jurídicas prestadoras de serviço público se na responsabilidade objetiva do Estado:
forem integrantes da Administração pública indireta.
d) a responsabilidade subjetiva pelos atos dos agentes a) que prescinde de prova de culpa do agente público e
públicos incide quando se tratar de omissão, de hipó- da demonstração de nexo de causalidade, desde que
tese de culpa de terceiro ou da vítima. comprovados danos concretos.
e) a culpa exclusiva da vítima não interfere na conclusão b) sendo inevitável a procedência do pedido, diante da
acerca da responsabilização do poder público, porque teoria da responsabilidade objetiva pura, que estabe-
incide a responsabilização objetiva, que se restringe à lece responsabilidade do ente público pelos atos e fa-
identificação de danos. tos ocorridos em imóveis públicos.
c) sendo possível ao Estado deduzir, em defesa, culpa ex-
45. (PC-AC – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – clusiva da vítima, demonstrado que tenha sido o ad-
2017) Considerando os entendimentos jurisprudenciais vogado o exclusivo responsável pelo acidente.
do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal d) que exige demonstração do nexo causai, suficiente
Federal relativos à responsabilidade civil do Estado, assi- para conduzir à procedência, não admitindo excluden-
nale a alternativa correta. tes de responsabilidade.
e) a ser julgada improcedente, considerando que a viatu-
a) Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o ra envolvida no acidente estava em situação de estrito
Estado não responde civilmente por atos ilícitos pra- cumprimento de dever legal, prevalecendo o princípio
ticados por foragidos do sistema penitenciário, salvo da supremacia do interesse público.
quando os danos decorrem direta ou imediatamente
do ato de fuga. Também entende o Superior Tribunal 47. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – FAURGS
de Justiça que o Estado pode responder civilmente – 2016) Sobre a responsabilidade civil tratada no pará-
pelos danos causados por seus agentes, ainda que grafo sexto do artigo 37 da Constituição Federal, assinale
estes estejam amparados por causa excludente de ili- a alternativa correta.
citude penal.
b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, é obrigação do a) As pessoas jurídicas com personalidade de direito
Estado ressarcir os danos, inclusive morais, compro- privado prestadoras de serviços públicos, por terem
vadamente causados aos detentos em decorrência da natureza jurídica privada, não respondem por danos
falta ou insuficiência das condições legais de encarcera- causados por seus empregados nessa atividade se-
mento. Para fundamentar esta tese, a Corte Excelsa in- gundo a norma constante do parágrafo sexto do arti-
vocou a teoria do risco administrativo do tipo integral. go 37 da Constituição Federal.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Fede- b) A responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do
ral, o Estado não deve ser condenado a indenizar ser- artigo 37 da Constituição Federal é aplicável somente
vidores na hipótese de posse em cargo público deter- às pessoas jurídicas de direito público que exercem as
minada por decisão judicial, sob fundamento de que atividades da administração pública direta.
deveria ter sido investido em momento anterior, ainda c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
que seja comprovada situação de arbitrariedade fla- privado prestadoras de serviços públicos responde-
grante. Para o Supremo Tribunal Federal, nas hipóte- rão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
ses de arbitrariedade flagrante, a indenização deve ser causarem a terceiros, sendo assegurado o direito de
substituída pelo reconhecimento do tempo de serviço. regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
d) Segundo o Supremo Tribunal Federal, caso um deten- culpa.
to seja encontrado morto nas dependências de esta- d) Os danos causados a terceiros que impliquem em res-
belecimento penitenciário e seja comprovado que se ponsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do ar-
tratou de um suicídio, à luz da teoria do risco adminis- tigo 37 da Constituição Federal limitam-se aos danos

98
pessoais quando acarretados exclusivamente pelos b) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria
agentes públicos, nessa qualidade e ocupantes efeti- Administração não depende de provocação do inte-
vos de cargos públicos do Poder Executivo. ressado e não gera responsabilidade administrativa
e) O direito de regresso contra o responsável, em caso perante terceiros.
de responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto c) a anulação do ato administrativo que tenha produzido
do artigo 37 da Constituição Federal, é assegurado so- efeitos no campo dos interesses individuais não pres-
mente em caso de dolo, excluída a culpa. cinde de prévio contraditório que garanta o exercício
da defesa da legitimidade do ato por aqueles que se-
48. (TRT6-PE – Analista Judiciário – FCC – 2018) rão por ela atingidos.
Uma autarquia estava edificando o prédio de sua nova d) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria
sede. Durante as obras de fundação, as instalações de Administração está imune ao controle jurisdicional.
gasodutos existentes no subsolo foram perfuradas e
houve abalos em algumas construções vizinhas. Nesse 51. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
caso: ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Assinale a opção que apre-
senta o atributo pelo qual determinados atos adminis-
a) o ente público que criou a autarquia responde obri- trativos podem ser executados direta e imediatamente
gatoriamente e de forma solidária, em litisconsórcio pela própria administração pública, independentemente
necessário, pelos danos a que esta tenha dado causa. de intervenção do Poder Judiciário.
b) a autarquia responde objetivamente pelos danos efe-
tivamente causados, demonstrado o nexo de causali- a) presunção de legitimidade
dade entre eles e a atuação daquele ente. b) imperatividade
c) o ente público responde objetivamente e a autarquia, c) autoexecutoriedade
em regresso, subjetivamente, no caso de haver dolo d) tipicidade
ou culpa de seus funcionários. e) presunção de veracidade
d) o ente público responde objetiva e exclusivamente
pelos danos comprovados, demonstrado o nexo de 52. (CRF-PE – ADVOGADO – INAZ DO PARÁ – 2018)
causalidade, tendo em vista que a autarquia integra a “O desatendimento a qualquer das finalidades de um
Administração direta. ato administrativo – geral ou específica – configura vício
e) a autarquia responde subjetivamente pelos danos insanável, com a obrigatória anulação do ato”. Marcelo
causados a terceiros, desde que haja a necessária de- Alexandrino e Vicente Paulo, 2017, p. 540.
monstração de culpa, considerando a natureza jurídica Ao vício de finalidade do ato administrativo é dado o
do ente. nome de:

49. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) As a) Excesso de poder.


competências públicas revelam-se em duas faces, poder b) Usurpador de função.
e dever, e c) Desvio de poder.
d) Função de fato.
a) não exercidas pelo titular no prazo legal, devem ser e) Avocação.
avocadas por agente de igual ou superior nível hie-
rárquico. 53. (TER-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2016)
b) seu efetivo exercício pode ser transferido pelo titular Um parecer exarado por servidor público integrante do
a outro órgão ou agente de igual ou superior nível departamento jurídico de determinado órgão da admi-
hierárquico, sem possibilidade de retomada e desde nistração direta, que depende de homologação ainda
que a lei o preveja. pendente, de autoridade superior para ser validado, é um
c) seu efetivo exercício pode ser delegado do superior ato administrativo classificado, quanto:
hierárquico ao subordinado, com possibilidade de re-
tomada pelo delegante e desde que a lei o preveja. a) à formação da vontade, como complexo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) como são estabelecidas com caráter de instrumen- b) à exequibilidade, como pendente.


talidade para cumprir o interesse público, podem ser c) à função da administração, como de gestão.
modificadas de acordo com o juízo de conveniência e d) aos efeitos, como enunciativo.
oportunidade do superior hierárquico. e) à função da vontade, como propriamente dito.

50. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) O prin- 54. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
cípio da autotutela administrativa é decorrência do princí- ZENDÁRIO – CESPE – 2018) Uma empresa privada foi
pio da legalidade e, a seu respeito, é correto afirmar: outorgada pela administração pública, por meio de con-
trato administrativo, a prestar serviços de transporte pú-
a) verificada a ilegalidade do ato, a Administração pode blico, de interesse de toda a coletividade.
optar entre a anulação e a revogação, conforme a con- A referida outorga foi dada mediante:
veniência de produção de efeitos ex tunc ou ex nunc,
respectivamente. a) autorização.

99
b) licença. a) Imperatividade é o atributo pelo qual os atos admi-
c) concessão. nistrativos se impõem a terceiros, independentemente
d) permissão. de sua concordância.
e) avocação. b) Ao passo que o objeto é o efeito jurídico mediato que
o ato produz, a finalidade é o efeito imediato do ato
55. (TJ-MT – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) Atos administrativo.
administrativos negociais: c) A autoexecutoriedade não existe em todos os atos ad-
ministrativos, sendo possível, quando expressamente
a) não são admitidos pelo ordenamento jurídico nacio- prevista em lei ou quando se tratar de medida urgen-
nal, que atribui aos atos administrativos as caracterís- te, que, caso não adotada de imediato, possa ocasio-
ticas de unilateralidade, precariedade, imperatividade nar prejuízo maior ao interesse público.
e sancionatória. d) Da presunção de veracidade decorre o efeito que,
b) são aqueles que decorrem do exercício de função ti- enquanto não decretada sua invalidade, seja pela Ad-
picamente política do Poder Executivo, não suscetíveis ministração ou pelo Judiciário, o ato inválido produz
de controle interno ou externo. efeitos como se válido fosse.
c) decorrem do exercício de competência discricionária e) Consoante à teoria dos motivos determinantes, a va-
da Administração Pública porque têm como pressu- lidade do ato se vincula aos motivos indicados como
posto de existência, validade e eficácia, a verificação seu fundamento.
do preenchimento dos requisitos legais que autorizam
sua edição, não suscetíveis de controle externo. 58. (TJ-AM – Titular Serviços de Notas – IESES – 2018)
d) são aqueles praticados por entes paraestatais, no exer- Atos administrativos eivados de vício de legalidade de-
cício da função de intervenção do Estado no domínio vem ser ___________ pela própria administração.
econômico.
e) são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, in- a) Anulados.
clusive no exercício do poder de polícia, de que são b) Retificados.
exemplos os acordos setoriais e termos de compro- c) Revogados.
misso firmados no âmbito da Política Nacional de Re- d) Convalidados.
síduos Sólidos.
59) (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
56. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – CESPE – 2018) Assinale a opção correta a respeito da
CONSULTOR TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) A extinção de atos administrativos:
aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes, para fins a) O ato administrativo será anulado caso o administrado
de controle da atuação da Administração pública pelo deixe de atender condição necessária para permanên-
Poder Judiciário: cia de uma vantagem.
b) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo so-
a) autoriza a revisão do ato administrativo por motivo mente por autoridade superior.
de interesse público, permitindo que o Judiciário ava- c) O ato passível de revogação por conselheiro do TCE/
lie as prioridades adotadas pelas políticas públicas ou MG não apresenta vícios.
programas de governo à luz dos princípios aplicáveis d) O ato revocatório assinado por auditor do TCE/MG é
à Administração. primário e vinculado.
b) permite a anulação judicial de atos discricionários, e) O ato anulatório determinado por conselheiro do TCE/
quando identificada inexistência ou falsidade dos MG tem eficácia ex nunc.
pressupostos de fato ou de direito declarados pela
Administração para edição do ato. 60. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
c) aplica-se apenas em relação a atos vinculados, permi- CESPE – 2018) O ato administrativo adequado para se
tindo a sua invalidação quando ausentes os pressu- instituir comissão encarregada de elaborar proposta de
postos fixados em lei para motivar a sua edição. edital de concurso público para provimento de vagas em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) autoriza a revogação de atos administrativos quando cargos públicos é o(a):


verificado que a efetiva motivação do mesmo não foi
o interesse público, mas sim o atingimento de fim ilí- a) alvará.
cito ou imoral. b) aviso.
e) permite a revisão do mérito do ato administrativo, c) resolução.
com a avaliação das razões de conveniência e oportu- d) portaria.
nidade que ensejaram a sua edição, salvo em relação e) decreto.
aos discricionários.
61. (UF-ES – ECONOMISTA – UFES – 2018) Sobre o
57. (TRT1-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO-ENFERMAGEM Processo Administrativo Federal regulado pela Lei nº.
– AOCP – 2018) Assinale a alternativa incorreta acerca 9.784/1999, é incorreto afirmar:
dos atos administrativos:
a) A Administração Pública deverá obedecer aos princí-

100
pios da motivação, da razoabilidade, da proporciona- mente adotar providências acauteladoras, desde que
lidade e da eficiência, entre outros. o interessado tenha previamente se manifestado.
b) O dever da autoridade competente de decidir recur- II A desistência ou renúncia do interessado, conforme
sos administrativos poderá ser objeto de delegação o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
de competência. se a Administração considerar que o interesse público
c) Nos processos administrativos, a Administração Públi- assim o exige.
ca deverá atuar segundo padrões éticos de probidade, III Os serviços de telecomunicações são todos de titu-
decoro e boa-fé. laridade da União, mesmo após as desestatizações
d) A Administração Pública deverá fazer a indicação dos ocorridas na década de 1990 e nos casos em que são
pressupostos de fato e de direito que determinarem a prestados por particulares.
decisão por ela proferida.
e) O administrado possui deveres perante a Administra- Assinale:
ção Pública, dentre os quais o dever de proceder com
lealdade, urbanidade e boa-fé e o dever de não agir a) se somente a afirmativa I estiver correta.
de modo temerário. b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
62. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
– MPE-BA – 2018) Sobre o contraditório no regime jurí- e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
dico administrativo e com base na jurisprudência dos tri-
bunais superiores, analise as assertivas e identifique com 64. (UF-RR – ASSISTENTE DE TECNOLOGIA DA IN-
V as verdadeiras e com F as falsas. FORMAÇÃO – UFRR – 2018) Quanto ao processo ad-
ministrativo, na Administração Pública Federal, assinale a
( )Em respeito ao contraditório e à ampla defesa, em alternativa incorreta:
processo administrativo disciplinar que possa impor
a pena de demissão, caso o servidor não constitua a) As decisões adotadas por delegação devem mencio-
defensor técnico, a administração deverá nomear ad- nar explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão
vogado dativo para exercer a sua defesa técnica, sob editadas pelo órgão delegado.
pena de nulidade, por ofensa à Constituição. b) A autenticação de documentos exigidos em cópia po-
( )É inconstitucional a exigência de depósito prévio de derá ser feita pelo órgão administrativo.
dinheiro para admissibilidade de recurso administrati- c) A competência é renunciável e não se exerce pelos ór-
vo por violar a ampla defesa, sendo possível a exigên- gãos administrativos a que foi atribuída como própria
cia de arrolamento de bens como garantia da admi- por decreto.
nistração para a preservação do patrimônio público. d) Quando for necessária a prestação de informações ou
( )defesa nos processos perante o Tribunal de Contas da a apresentação de provas pelas pessoas diretamente
União que apreciam a legalidade da concessão inicial interessadas ou terceiros, serão expedidas intimações
de aposentadoria, já que essa concessão é ato com- para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e
plexo, salvo se a Corte de Contas demorar mais de condições de atendimento.
cinco anos para concluir a apreciação. e) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou
a pedido de interessado(a).
( ) É legítima a exigência de depósito prévio para admis-
sibilidade de recurso administrativo. 65. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
( ) Para fins de assegurar a plenitude da ampla defesa no CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili-
processo administrativo disciplinar, deve-se garantir o zado para se expressar oposição a atos da administração
direito à informação, à manifestação e à consideração
que afetam direitos ou interesses legítimos do interessa-
dos argumentos manifestados, não importando em
do é denominado:
nulidade a simples ausência de advogado constituído.
a) recurso administrativo.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima
b) representação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

para baixo, é:
c) fiscalização hierárquica.
d) pedido de reconsideração.
a) F F V F V
e) reclamação.
b) F F F F V
c) F V V F V
66. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CES-
d) V F F V F
PE – 2018) A administração pública instaurou processo
e) V V F V F
administrativo contra determinado cidadão, para apurar
suposta irregularidade no uso de área pública verificada
63. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
por fiscal. No referido processo, será necessário expedir
IDECAN – 2018) Analise as afirmativas a seguir:
intimações para o administrado.
I De acordo com a Lei 9.784/1999, em caso de risco
iminente, a Administração Pública poderá motivada-

101
Considerando essa situação hipotética, assinale a op- c) pode ser objeto de pedido de revisão pelo interessado,
ção correta, com base apenas nas disposições da Lei n.º sendo possível à Administração pública fazê-lo, obser-
9.784/1999: vado o prazo prescricional.
d) pode ser alterada apenas diante de fato novo e super-
a) A intimação deverá ser feita com antecedência mínima de veniente, como mitigação à coisa julgada administrativa.
cinco dias úteis em relação à data de comparecimento. e) admite revisão pelo Tribunal de Contas, tanto para anu-
b) Em caso de desatendimento da intimação, serão pre- lação, quanto para revogação, independentemente de
sumidas verdadeiras as alegações de fato formuladas prazo prescricional, por se tratar de controle externo.
pela administração.
c) A Lei determina expressamente que as intimações de- 69. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
verão ser realizadas por meio eletrônico, salvo absolu- DUAL – FCC – 2018) Lei de determinado Estado exige do
ta impossibilidade. contribuinte que deposite o valor do tributo cobrado pela
d) A grafia dos nomes das partes não deve conter abre- administração estadual, como pressuposto de admissibi-
viaturas, sob pena de nulidade do ato intimatório. lidade do recurso administrativo cabível contra a decisão
e) Devem ser objeto de intimação os atos do processo que manteve o crédito tributário, proferida em sede de
que resultem, para o administrado, em imposição de processo administrativo tributário. À luz da Constituição
deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de di- Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
reitos e atividades. a exigência imposta pela lei estadual mostra-se:

67. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CES- a) inconstitucional, uma vez que apenas poderia ser im-
PE – 2018) Acerca do processo administrativo, dos po- posta por lei complementar editada pela União, com-
deres-deveres da administração e do abuso de poder, petente para estabelecer normas gerais em matéria de
assinale a opção correta, com base na Lei n.º 9.784/1999, legislação tributária.
na doutrina e na jurisprudência dos tribunais superiores: b) constitucional, sendo incompatível com a Constitui-
ção Federal apenas a exigência de pagamento de taxa
a) A Lei n.º 9.784/1999 trata de normas gerais do pro- para o exercício do direito de petição aos poderes pú-
cesso administrativo aplicáveis ao Poder Executivo fe- blicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
deral, não vinculando estados, municípios e Poderes abuso de poder.
Legislativo e Judiciário quando do exercício de função c) constitucional, desde que o depósito do valor do tribu-
administrativa. to seja restituído ao contribuinte no caso de ser pro-
b) Autoridade competente para apreciar recursos admi- vido seu recurso.
nistrativos poderá, em seu período de férias, delegar d) constitucional, uma vez que compete aos Estados edi-
essa atribuição ao órgão colegiado hierarquicamente tar normas específicas em matéria de legislação tri-
superior, em atenção aos princípios da eficiência e da butária, tais como o estabelecimento de pressupostos
impessoalidade. de admissibilidade de recurso no âmbito do processo
c) Autoridade competente agirá com excesso de poder administrativo tributário.
caso pratique ato administrativo com finalidade diver- e) inconstitucional, uma vez que contraria a garantia
sa do interesse público. constitucional da ampla defesa, que se aplica tanto ao
d) O poder disciplinar, exercido quando um servidor co- processo judicial, quanto ao processo administrativo.
mete falta funcional, é discricionário não só quanto à
obrigatoriedade de punição, mas também quanto à 70. (UFTM – TÉCNICO EM ANATOMIA E NECROPSIA
seleção e à aplicação da sanção. – UFTM – 2018) Com base na Lei n. 9.784/99, assinale a
e) Para o STJ, é possível a delegação de atos de fisca- alternativa correta:
lização de sociedade de economia mista, mas não a
delegação de atos de imposição de sanções a essas a) Pode atuar em processo administrativo o servidor ou
entidades. autoridade que tenha participado ou venha a parti-
cipar como perito, testemunha ou representante, ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

68. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA- se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, compa-
DUAL – FCC – 2018) A decisão administrativa proferida nheiro ou parente e afins até o quarto grau.
em sede de processo administrativo, contra a qual não b) Os atos do processo administrativo não dependem de
caibam mais recursos: forma determinada senão quando a lei expressamente
a exigir.
a) impede o exercício do poder de revisão dos atos pela c) As matérias de competência exclusiva do órgão ou au-
própria Administração pública, considerando a ocor- toridade podem ser objeto de delegação.
rência de trânsito em julgado. d) É permitido arguir a suspeição de autoridade ou ser-
b) admite revisão apenas pelo poder Judiciário, seja para vidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória
anulação, seja para revogação, desde que fundada em com algum dos interessados ou com os respectivos
prejuízo ao interesse público. cônjuges, companheiros, parentes e afins até o segun-
do grau.

102
71. (UEM – ADVOGADO – UEM – 2018) Marque a alter-
nativa incorreta:
GABARITO
a) Não há qualquer impeditivo legal de que a comissão
de inquérito em processo administrativo disciplinar 1 E
seja formada pelos mesmos membros de comissão
2 CERTO
anterior que havia sido anulada.
b) É obrigatória a intimação do interessado para apre- 3 D
sentar alegações finais após o relatório final de pro- 4 C
cesso administrativo disciplinar.
5 A
c) O acusado em processo administrativo disciplinar não
possui direito subjetivo ao deferimento de todas as 6 C
provas requeridas nos autos. 7 B
d) Admite-se o uso de prova emprestada em processo 8 C
administrativo disciplinar, em especial a utilização de
interceptações telefônicas autorizadas judicialmente 9 B
para investigação criminal. 10 C
e) Não há perda de objeto de ação direta de inconsti- 11 A
tucionalidade (ADI), ainda que a norma objeto de
controle seja revogada, se ficar demonstrado que o 12 C
conteúdo do ato impugnado foi repetido, em sua es- 13 D
sência, em outro diploma normativo. 14 B
15 B
72. (UFSM – TÉCNICO EM ELETRICIDADE – UFSM –
2018) A Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 regula 16 D
o processo administrativo no âmbito da Administração 17 D
Pública Federal. Nos termos desta lei, assinale a alterna-
18 A
tiva correta:
19 D
a) Nos processos administrativos, deverão ser observa- 20 B
dos os critérios de objetividade no atendimento do 21 E
interesse público, vedada a promoção pessoal de
agentes ou autoridades. 22 D
b) A divulgação oficial dos atos administrativos não ne- 23 D
cessitará observar qualquer hipótese de sigilo. 24 D
c) Autoridade é o servidor ou agente público dotado
de personalidade jurídica, e entidade é a unidade de 25 E
atuação dotada de poder de decisão. 26 A
d) Cabe aplicação retroativa de nova interpretação da 27 C
norma administrativa, a fim de garantir o atendimento
28 D
do fim público.
e) O processo administrativo somente poderá iniciar-se 29 B
de ofício. 30 A
31 D
32 D
33 D
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

34 D
35 C
36 A
37 D
38 A
39 B
40 B
41 D
42 E

103
ANOTAÇÕES

43 A ___________________________________________________________

44 B ____________________________________________________________
45 A ____________________________________________________________
46 C
____________________________________________________________
47 C
48 B ___________________________________________________________
49 C ____________________________________________________________
50 C
____________________________________________________________
51 C
____________________________________________________________
52 C
53 D ____________________________________________________________
54 C ____________________________________________________________
55 E
____________________________________________________________
56 B
57 B ____________________________________________________________
58 A ____________________________________________________________
59 C ____________________________________________________________
60 D
____________________________________________________________
61 B
62 A ____________________________________________________________
63 E ____________________________________________________________
64 C
____________________________________________________________
65 E
____________________________________________________________
66 E
67 E ____________________________________________________________
68 C ____________________________________________________________
69 E
____________________________________________________________
70 B
71 B ____________________________________________________________
72 A ____________________________________________________________

____________________________________________________________
____________________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

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____________________________________________________________

____________________________________________________________

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104
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos; garantias
constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos.................................................................................. 1
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo..................................................................... 11
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública........................... 14
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; meio ambiente; família, criança, adolescente, idoso,
índio................................................................................................................................................................................................................................... 17
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS;
DIREITO À VIDA, À LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE; DIREITOS
SOCIAIS; NACIONALIDADE; CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS; PARTIDOS POLÍTICOS;
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS INDIVIDUAIS; GARANTIAS DOS DIREITOS COLETIVOS,
SOCIAIS E POLÍTICOS

DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Os direitos e deveres individuais e coletivos encontram-se elencados no art. 5º da Constituição.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Princípio da igualdade entre homens e mulheres:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Princípio da legalidade e liberdade de ação:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento desumano e degradante:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do anonimato, visando coibir abusos e não responsabilização
pela veiculação de ideias e práticas prejudiciais:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Direito de resposta e indenização:


V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

Liberdade religiosa e de consciência:

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Liberdade de expressão e proibição de censura:

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou


licença;

Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;

Proteção do domicílio do indivíduo:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015)
(Vigência).

Proteção do sigilo das comunicações:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo,
no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instru-
ção processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).

1
Liberdade de profissão: Direitos autorais:

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
lei estabelecer; transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
Acesso à informação:
a) a proteção às participações individuais em obras
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e res- coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exer- inclusive nas atividades desportivas;
cício profissional; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econô-
mico das obras que criarem ou de que participarem
Liberdade de locomoção, direito de ir e vir: aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
sentações sindicais e associativas;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele triais privilégio temporário para sua utilização, bem
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; como proteção às criações industriais, à propriedade
das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
Direito de reunião: distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
volvimento tecnológico e econômico do País;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
em locais abertos ao público, independentemente de au-
torização, desde que não frustrem outra reunião ante- Direito de herança:
riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente; XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
Liberdade de associação: País será regulada pela lei brasileira em benefício do
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de Direito do consumidor:
cooperativas independem de autorização, sendo vedada
a interferência estatal em seu funcionamento;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- do consumidor;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado; Direito de informação, petição e obtenção de cer-
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a tidão junto aos órgãos públicos:
permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos pú-
autorizadas, têm legitimidade para representar seus fi- blicos informações de seu interesse particular, ou de
liados judicial ou extrajudicialmente; interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
Direito de propriedade e sua função social: das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº
XXII - é garantido o direito de propriedade;
12.527, de 2011).
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
Intervenção do Estado na propriedade: do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro- de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

teresse social, mediante justa e prévia indenização em di- para defesa de direitos e esclarecimento de situações
nheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; de interesse pessoal;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, as- Princípio da proteção judiciária ou da inafastabili-
segurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dade do controle jurisdicional:
dano;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
Pequena propriedade rural:
ciário lesão ou ameaça a direito;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto Segurança jurídica:
de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
financiar o seu desenvolvimento; jurídico perfeito e a coisa julgada;

2
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico de seu titular, cujo começo do exercício tenha ter-
mo pré-fixado ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem, nos termos do § 2º, do art. 6º, da Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro.
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e definitivamente exercido, sem quaisquer vícios ou nuli-
dades, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sentença proferida transitou em julgado e não cabe mais
recurso, não podendo, portanto, ser modificada.

Tribunal de exceção:

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;


O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusivamente para o julgamento de um fato específico já acon-
tecido, onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda tal prática, pois todos os casos devem
se submeter a julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências pré-fixadas.

Tribunal do Júri:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da lei penal:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Princípio da não discriminação:

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e anistia:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes,
os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem cons-
titucional e o Estado Democrático.

Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de


Crimes inafiançáveis e imprescritíveis
graça e anistia

Racismo Prática de Tortura


Tráfico de drogas e entorpecentes
Ação de grupos armados contra a ordem Terrorismo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

constitucional e o Estado Democrático.


Crimes hediondos

Princípio da intranscendência da pena:

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;

Individualização da pena:

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;

3
b) perda de bens; Presunção de inocência:
c) multa;
d) prestação social alternativa; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
e) suspensão ou interdição de direitos; em julgado de sentença penal condenatória;

Proibição de penas: Identificação criminal:

XLVII - não haverá penas: LVIII - o civilmente identificado não será submetido
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
termos do art. 84, XIX; em lei; (Regulamento).
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; Ação Privada Subsidiária da Pública:
d) de banimento;
e) cruéis. LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
Estabelecimentos para cumprimento de pena:
A publicidade dos atos processuais e o segredo de
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos Justiça:
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade
e o sexo do apenado; LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: resse social o exigirem;

XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- Legalidade da prisão:


de física e moral;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
Direito de permanência e amamentação dos filhos por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
pela presidiária mulher: ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
Comunicabilidade da prisão:
que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
ríodo de amamentação;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
Extradição:
competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes Informação ao preso:
da naturalização, ou de comprovado envolvimento
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
forma da lei; quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por a assistência da família e de advogado;
crime político ou de opinião;
Identificação dos responsáveis pela prisão:
Direito ao julgamento pela autoridade competente:
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
pela autoridade competente;
Relaxamento da prisão ilegal:
Devido Processo Legal:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus pela autoridade judiciária;


bens sem o devido processo legal;
Garantia da liberdade provisória:
Contraditório e a ampla defesa:
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o sem fiança;
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes; Prisão civil:

Provas ilícitas: LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
por meios ilícitos; infiel;

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Habeas corpus: Gratuidade de serviços públicos:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al- LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência bres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- a) o registro civil de nascimento;
lidade ou abuso de poder; b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
Mandado de Segurança: habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania (Regulamento).
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
Princípio da Celeridade Processual:
proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsá- LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade são assegurados a razoável duração do processo e os
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
atribuições do Poder Público; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
petrado por: Aplicabilidade das normas de direitos e garantias
a) partido político com representação no Congresso fundamentais
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associa- § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
ção legalmente constituída e em funcionamento há fundamentais têm aplicação imediata.
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus Assim, todas as normas relativas aos direitos e garan-
membros ou associados; tias fundamentais são autoaplicáveis.

Mandado de Injunção: Rol é exemplificativo

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constitui-
que a falta de norma regulamentadora torne inviável ção não excluem outros decorrentes do regime e dos
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e princípios por ela adotados, ou dos tratados interna-
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- cionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.
nia e à cidadania;
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é
Habeas data: taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e garan-
tias ali expressos não excluem outros de caráter cons-
LXXII - conceder-se-á habeas data: titucional, decorrentes de princípios constitucionais,
a) para assegurar o conhecimento de informações re- do regime democrático, ou de tratados internacionais.
lativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou Tratados e Convenções Internacionais de Direitos
de caráter público; Humanos
b) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
Ação Popular: do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin-
tos dos votos dos respectivos membros, serão equi-
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor valentes às emendas constitucionais. (Incluído pela
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprova-
nio público ou de entidade de que o Estado participe, dos na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015, DEC 9.522, de
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- 2018).
Sanando discussões sobre a hierarquia desses dispo-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do


sitivos, com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as
ônus da sucumbência;
normas de tratados internacionais sobre direitos huma-
nos passam a ser reconhecidas como normas de hierar-
Assistência Judiciária: quia constitucional, porém, somente se aprovadas pelas
duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros em
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte- dois turnos de votação.
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos; Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal
Internacional
Indenização por erro judiciário:
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- Internacional a cuja criação tenha manifestado ade-
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo são. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de
fixado na sentença; 2004).

5
O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
Tribunal Penal Internacional, também conhecido por Cor- e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
te ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
ratificado em 20 de junho de 2002 pelo Brasil. A Emenda culação para qualquer fim;
Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão força cons-
titucional. O objetivo do TPI é identificar e punir autores Piso salarial:
de crimes contra a humanidade.
V - piso salarial proporcional à extensão e à comple-
DIREITOS SOCIAIS
xidade do trabalho;
Os chamados direitos sociais são aqueles que visam
garantir qualidade de vida ou pelo menos, a melhoria de Irredutibilidadade do salário:
suas condições através do bem-estar social e o pleno de-
senvolvimento da personalidade. São meios de se aten- VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
der ao princípio basilar da dignidade humana. convenção ou acordo coletivo;

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali- Proteção aos que percebem remuneração variável:
mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à ma- VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
ternidade e à infância, a assistência aos desampara- para os que percebem remuneração variável;
dos, na forma desta Constituição (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:
Do direito ao trabalho
VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de ção integral ou no valor da aposentadoria;
duas ordens:
Remuneração superior por trabalho noturno:
• Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
• Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos IX - remuneração do trabalho noturno superior à do
arts. 9º a 11, CF. diurno;
Os direitos individuais dos trabalhadores são aque- Proteção do salário contra retenção dolosa:
les destinados a proteger a relação de trabalho contra
uma profunda desigualdade, que resultaria da não-ob-
servância de preceitos mínimos destinados a compati- X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
bilizar a função laboral com a dignidade e o bem-estar crime sua retenção dolosa;
do trabalhador, este, parte hipossuficiente da relação
trabalhista. Participação nos lucros:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
além de outros que visem à melhoria de sua condição lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
social: ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa Salário-família:
causa:

I - relação de emprego protegida contra despedida XII - salário-família pago em razão do dependente do
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com- trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Reda-
plementar, que preverá indenização compensatória, ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
dentre outros direitos;
Jornada de Trabalho:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Seguro-Desemprego:
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
involuntário; a compensação de horários e a redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS): (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
Jornada especial para turnos ininterruptos de
Salário mínimo: revezamento:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni- XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
ficado, capaz de atender a suas necessidades vitais bá- em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
sicas e às de sua família com moradia, alimentação, ciação coletiva;

6
Repouso (ou descanso) semanal remunerado Proteção em face da automação:
(DSR):
XXVII - proteção em face da automação, na forma da
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente lei;
aos domingos;
Seguro contra acidentes de trabalho:
Pagamentos de horas extras:
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
XVI - remuneração do serviço extraordinário supe- do empregador, sem excluir a indenização a que este
rior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).
Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
Férias remuneradas:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
menos, um terço a mais do que o salário normal; anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o li-
mite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
Licença à gestante: balho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
28, de 2000).
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
do salário, com a duração de cento e vinte dias; Não discriminação:

Licença-paternidade: XXX - proibição de diferença de salários, de exercício


de funções e de critério de admissão por motivo de
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
Proteção da mulher no mercado de trabalho: a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
dor de deficiência;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
diante incentivos específicos, nos termos da lei; Proibição de distinção do trabalho:

Aviso Prévio: XXXII - proibição de distinção entre trabalho ma-


nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Trabalho do menor:
Redução dos riscos do trabalho:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
Adicional por atividades penosas, insalubres ou
perigosas:
De 14 a 16 Só pode trabalhar na condição de
XXIII - adicional de remuneração para as atividades anos aprendiz.
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
De 16 a 18 É vedado o exercício de trabalho
Aposentadoria: anos noturno, perigoso ou insalubre.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XXIV - aposentadoria; A partir de 18


Trabalho normal.
anos
Assistência aos filhos pequenos:
Igualdade ao trabalhador avulso:
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda vínculo empregatício permanente e o trabalhador
Constitucional nº 53, de 2006). avulso

Reconhecimento das convenções e acordos coleti- Empregados domésticos:


vos de trabalho:
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co- balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
letivos de trabalho; IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,

7
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação mãe brasileira, desde que sejam registrados em re-
do cumprimento das obrigações tributárias, principais partição brasileira competente ou venham a residir
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas na República Federativa do Brasil e optem, em qual-
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, quer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên- nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda
cia social (Redação dada pela Emenda Constitucional Constitucional nº 54, de 2007).
nº 72, de 2013). II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aque- brasileira, exigidas aos originários de países de língua
les exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no portuguesa apenas residência por um ano ininterrup-
interesse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e to e idoneidade moral;
compreendem: b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residen-
Liberdade de Associação Profissional Sindical: tes na República Federativa do Brasil há mais de quin-
prerrogativa dos trabalhadores para defesa de seus inte- ze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
resses profissionais e econômicos. que requeiram a nacionalidade brasileira (Redação
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e si-
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
multânea do trabalho, de modo organizado para defesa
1994).
de interesses dos trabalhadores. Importante mencionar
que serviços considerados essenciais e inadiáveis à so-
Cargos privativos do brasileiro nato:
ciedade não podem ser paralisados totalmente para o
exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) en-
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
tende que servidores que atuam diretamente na área de
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
segurança pública não podem entrar em greve em ne-
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
nhuma hipótese, por desempenharem atividade essen-
III - de Presidente do Senado Federal;
cial à manutenção da ordem pública, e a manutenção da
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
segurança e da paz social deve estar acima dos interesses
V - da carreira diplomática;
de determinadas categorias de servidores públicos.
Direito de Participação Laboral: assegura a partici- VI - de oficial das Forças Armadas.
pação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela
dos órgãos públicos em que interesses profissionais ou Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
previdenciários sejam objeto de discussão.
Direito de Representação na Empresa: Nos termos Naturalização
do art. 11, CF: nas empresas de mais de duzentos em-
pregados, é assegurada a eleição de um representante A naturalização é um meio derivado de aquisição da
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o nacionalidade. É o modo de aquisição secundária da na-
entendimento direto com os empregadores. cionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apá-
trida que preencher os requisitos.
DA NACIONALIDADE Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele
que não possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do é aquele que tem mais de uma nacionalidade.
Estado, que pode participar dos atos pertinentes à nação. A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração
A atribuição da nacionalidade se dá por dois critérios: trata de diversas questões acerca da nacionalidade e do
processo de naturalização.
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em ter- É vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
ritório nacional; natos e naturalizados.
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasi-
mesmo nascido no exterior. leiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
nesta Constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitiga-


do por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Portugueses:
Federal elenca os direitos da nacionalidade, dividindo os
brasileiros em dois grandes grupos: os brasileiros natos Aos portugueses com residência permanente no país
e os naturalizados. serão atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, des-
de que haja reciprocidade.
Art. 12. São brasileiros:
I - natos: Art. 12
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda § 1º Aos portugueses com residência permanente no
que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
a serviço de seu país; serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe salvo os casos previstos nesta Constituição (Redação
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
República Federativa do Brasil; 1994).

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Perda da Nacionalidade: Cidadania e Nacionalidade:
Nacional é diferente de cidadão. A condição de nacio-
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra- nal é um pressuposto para a de cidadão. A cidadania em
sileiro que: sentido estrito é o status de nacional acrescido dos direi-
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença tos políticos, isto é, poder participar do processo gover-
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse namental, sobretudo pelo voto. Assim, a nacionalidade
nacional; é condição necessária, mas não suficiente da cidadania.
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Re-
dação dada pela Emenda Constitucional de Revisão Democracia Semidireta:
nº 3, de 1994). Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a sobe-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária rania popular é exercida pelo sufrágio universal, direto e
pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu- secreto, com valor igual para todos. Ademais, estabelece
cional de Revisão nº 3, de 1994). também os instrumentos de participação semidireta pelo
b) de imposição de naturalização, pela norma estran- povo.
geira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro,
como condição para permanência em seu território ou
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado deci-
para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emen-
de acerca de uma determinada questão. Assim, em ter-
da Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
mos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o
Extradição, repatriação, deportação e expulsão eleitor. É uma consulta prévia à elaboração da lei.

Todas essas medidas são instrumentos do Estado so- Referendo: manifestação popular, em que o eleitor
berano para enviar uma pessoa que se encontra refugia- aprova ou rejeita uma atitude governamental, normal-
da em seu território a outro Estado estrangeiro. mente uma lei ou projeto de lei já existente.

Segundo o Ministério da Justiça (2020), a extradição Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da po-
é um ato de cooperação internacional que consiste na pulação (1% do eleitorado) apresentar ao Poder Legisla-
entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um tivo um projeto de lei que deverá ser examinado e vota-
ou mais crimes, ao país que a reclama. Não haverá extra- do. Os eleitores também podem usar deste instrumento
dição de brasileiro nato. Também não será concedida ex- em nível estadual e municipal.
tradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada Direitos Políticos Ativos: alistamento eleitoral
ou estada irregular de estrangeiros no território nacional
e a repatriação ocorre quando o clandestino é impedi- Consiste na capacidade de votar, participar de ple-
do de ingressar em território nacional pela fiscalização biscito e referendo, subscrever projeto de lei de inicia-
fronteiriça e aeroportuária brasileira. A expulsão consis- tiva popular e de propor ação popular e se dá através
te em medida administrativa de retirada compulsória de do alistamento eleitoral, obrigatório para os maiores de
migrante ou visitante do território nacional, conjugada dezoito anos e facultativo para os maiores de dezesseis e
com o impedimento de reingresso por prazo determi- menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio-
nado, configurado pela prática de crimes em território res de setenta anos.
brasileiro. São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos du-
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para rante serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles que se
julgamento no exterior, prática comum na época da dita- alistaram no exército e foram convocados a prestar ser-
dura militar, é vedado pela Constituição. viço militar.
Idioma e símbolos nacionais: Direitos Políticos Passivos: elegibilidade eleitoral
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
Os direitos políticos passivos consistem na possibi-
pública Federativa do Brasil.
lidade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é a
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- de o cidadão pleitear determinados mandatos políticos,
derão ter símbolos próprios. mediante eleição popular, desde que preenchidos os de-
vidos requisitos.
DIREITOS POLÍTICOS
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
Os Direitos Políticos são medidas assecuratórias da I - a nacionalidade brasileira;
participação do indivíduo na vida política e estrutural de II - o pleno exercício dos direitos políticos;
seu próprio Estado, garantindo-lhe a possibilidade de III - o alistamento eleitoral;
acesso à condução da coisa pública e participação na IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
vida política. Abrangem o poder que qualquer cidadão V - a filiação partidária; Regulamento.
tem na condução dos destinos de sua coletividade, de VI - a idade mínima de:
uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
elegendo representantes junto aos poderes públicos. te da República e Senador;

9
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns
Estado e do Distrito Federal; requisitos:
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin-
paz; tes condições:
d) dezoito anos para Vereador. I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
Inelegibilidades: II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre-
gado pela autoridade superior e, se eleito, passa-
A Constituição não menciona exaustivamente todas rá automaticamente, no ato da diplomação, para a
hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas dei- inatividade.
xando à lei complementar o desdobramento dos casos.
As hipóteses a serem previstas pela lei complementar re- O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
lacionam-se à proteção da “normalidade e legitimidade
das eleições contra a influência do poder econômico ou § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
abuso do exercício de função, cargo, ou emprego na ad- Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
ministração direta ou indireta”, devendo, outrossim, fixar diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
os prazos de cessação das inelegibilidades. poder econômico, corrupção ou fraude;
§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
proteger a probidade administrativa, a moralidade
para exercício de mandato considerada vida pregres- Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das
eleições contra a influência do poder econômico ou o A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na dar, respectivamente de forma definitiva ou temporária.
administração direta ou indireta (Redação dada pela Ocorrerá a perda quando: houver cancelamento da
Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994). naturalização por sentença transitada em julgado e no
Em regra:
caso de recusa de cumprir obrigação a todos impos-
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
ta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar
Há também a inelegibilidade derivada do casamento
obrigatório). Por sua vez, A suspensão dos direitos po-
ou do parentesco com o Presidente da República, com
líticos se dá enquanto persistirem os motivos desta, ou
os Governadores de Estado e do Distrito Federal e com
seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo
os Prefeitos, ou com quem os haja substituído dentro
terá seus direitos políticos suspensos; readquirindo-a,
dos seis meses anteriores ao pleito.
alcançará, novamente o status de cidadão. Também são
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, passíveis de suspensão os condenados criminalmente
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da (com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena,
República, de Governador de Estado ou Território, readquirem os direitos políticos; no caso de improbida-
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja de administrativa, a suspensão será, da mesma forma,
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, temporária.
salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de:
Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de sitada em julgado;
reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal, II - incapacidade civil absoluta;
estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sistema III - condenação criminal transitada em julgado, en-
americano de reeleição, que permite apenas a recondu- quanto durarem seus efeitos;
ção por um período somente, no Brasil, após o período IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de um mandato, o governante pode voltar a se candida- prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
tar para o posto. V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
§ 4º.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
sequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional 1. (TRF 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC –
nº 16, de 1997). 2012) Considere os seguintes cargos:

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente I. Presidente da Câmara dos Deputados.


da República, os Governadores de Estado e do Distrito II. Presidente do Senado Federal.
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos III. Membro de Tribunal Regional Federal.
mandatos até seis meses antes do pleito. IV. Ministro do Superior Tribunal de Justiça.

10
São, dentre outros, cargos privativos de brasileiro nato os I. cancelamento da naturalização por sentença transitada
indicados APENAS em: em julgado.
II. incapacidade civil relativa.
a) I, II e III. III. condenação criminal transitada em julgado, enquanto
b) II e III. durarem seus efeitos.
c) I e II.
d) I e IV. Assinale:
e) II e IV.
a) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.
Resposta: Letra C. Nos termos do art. 12, § 3º, II e III b) se apenas as afirmativas I, III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
são privativos de brasileiro nato os cargos de Presi-
d) se todas as afirmativas estiverem corretas.
dente da Câmara dos Deputados e de Presidente do
Senado Federal.
Resposta: Letra B. Nos termos do art. 15, CF é vedada
a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspen-
2. (CNMP – ANALISTA DO CNMP – FCC – 2015) Em são só se dará nos casos de:
conformidade com a disciplina constitucional dos direi- I - cancelamento da naturalização por sentença tran-
tos e deveres individuais e coletivos, sitada em julgado;
II - incapacidade civil absoluta;
a) o direito de acesso à informação é assegurado a to- III - condenação criminal transitada em julgado, en-
dos, sendo vedado o anonimato da fonte. quanto durarem seus efeitos;
b) a lei estabelecerá o procedimento para desapropria- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
ção por necessidade ou utilidade pública, ou por inte- prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
resse social, mediante prévia indenização, em títulos V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
da dívida pública, ressalvados os casos previstos na § 4º.
Constituição Federal.
c) a livre expressão da atividade intelectual, artística, 5. (CÂMARA DE PALMAS -TO – ASSISTENTE ADMI-
científica e de comunicação, independentemente de NISTRATIVO – COPESE-UFT – 2018) João, brasileiro
censura ou licença, não dispensa posterior responsa- nato, pretende se candidatar a Vereador do Município de
bilização em caso de exercício abusivo. Palmas. Nesse sentido, são condições de elegibilidade: I.
d) ninguém será levado à prisão ou nela mantido quan- pleno exercício dos direitos políticos. II. domicílio eleito-
do a lei admitir a liberdade provisória, desde que me- ral na circunscrição. III. estar filiado a um partido político.
diante pagamento de fiança. IV. ter a idade mínima de 30 anos.
e) todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
Assinale a alternativa CORRETA.
locais abertos ao público, independentemente de au-
torização e de prévio aviso, desde que não frustrem
a) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
outra reunião anteriormente convocada para o mes- b) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
mo local. c) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
Resposta: Letra C. Nos termos do art. 5º, IX, CF a livre
expressão da atividade intelectual, artística, científica e Resposta: Letra A. nos termos do art. 14, § 3°, CF. (...)
de comunicação, independentemente de censura ou VI - a idade mínima de:
licença, não dispensa posterior responsabilização em a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presiden-
caso de exercício abusivo. te da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
3. (ANCINE – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO ATIVI- Estado e do Distrito Federal;
DADE CINEMATOGRÁFICA E AUDIOVISUAL – CESPE c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
– 2013) Considerando os direitos sociais e os direitos e Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
garantias fundamentais, julgue o item seguinte: paz;
d) dezoito anos para Vereador.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Tanto os direitos sociais quanto os direitos e garantias


individuais impõem ao Estado uma obrigação de não fa-
zer, ou seja, uma postura deliberadamente omissiva que
visa resguardar a esfera de liberdade individual e coletiva PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTEMA DE
dos cidadãos. GOVERNO; CHEFIA DE ESTADO E CHEFIA
DE GOVERNO
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
Resposta: Errado. os Direitos Socias impõem ao Esta-
do uma obrigação de fazer (positiva). Como já visto, o Estado brasileiro adota o critério de
separação dos poderes estatais em Legislativo, Executivo
4. (TSE – PROGRAMADOR DE COMPUTADOR – CON- e Judiciário, de forma que possam atuar em harmonia.
SULPLAN – 2012) É vedada a cassação de direitos polí- Todos os 3 poderes, entretanto, exercem suas funções
ticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: típicas e atípicas.

11
PODER EXECUTIVO § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vin-
O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja fun- te dias após a proclamação do resultado, concorrendo
ção principal é a prática dos atos de chefia de estado, os dois candidatos mais votados e considerando-se
de governo e de administração, mas de forma atípica, eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
também legisla através da edição de Medidas Provisórias § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
e julga contenciosos administrativos. morte, desistência ou impedimento legal de candi-
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente dato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de
da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. maior votação.
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
Chefe de Estado e Chefe de Governo nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
O Brasil adota o presidencialismo, que tem unifica-
das na figura do Presidente da República as funções do
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da Repúbli-
Chefe de Estado e Chefe de Governo. Portanto, o Poder
ca tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
Executivo brasileiro é monocrático.
prestando o compromisso de manter, defender e cum-
Como chefe de Estado, o presidente representa o país
prir a Constituição, observar as leis, promover o bem
nas suas relações internacionais e como chefe de gover-
no exerce a liderança nacional, gerindo o país política e geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integri-
administrativamente. dade e a independência do Brasil.
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada
Eleição do Presidente e Vice-presidente da para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
República motivo de força maior, não tiver assumido o cargo,
este será declarado vago.
O presidente será eleito por maioria absoluta de vo-
tos, não computados os em branco e os nulos. Entende- Ordem de sucessão presidencial no caso de impe-
-se por maioria absoluta, mais que a metade, o número dimento ou vacância:
subsequente à metade, ou a metade +1 do número total
de votantes. Quando o candidato mais votado não alcan- Em caso de impedimento ou vacância do cargo de
ça a maioria absoluta, realiza-se segundo turno entre os Presidente, este será substituído pelo: Vice-presidente,
dois mais votados. Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Se-
nado Federal e Presidente do Supremo Tribunal Federal,
nesta ordem.
#FicaDica
A maioria absoluta é diferente da maioria Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedi-
simples, que consiste no maior resultado da mento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.
votação, independentemente de exigência Parágrafo único. O Vice-Presidente da República,
de quórum percentual relacionado à quanti- além de outras atribuições que lhe forem conferidas
dade total de votantes. por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre
que por ele convocado para missões especiais.
Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do
Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
Vice-Presidente: serão sucessivamente chamados ao exercício da Pre-
sidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do
• Ser brasileiro nato; Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.
• Estar no gozo dos direitos políticos;
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presi-
• Ter mais de trinta e cinco anos;
dente da República, far-se-á eleição noventa dias de-
• Não ser inelegível;
pois de aberta a última vaga.
• Possuir filiação partidária.
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presiden- período presidencial, a eleição para ambos os cargos
te da República realizar-se-á, simultaneamente, no será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con-
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e gresso Nacional, na forma da lei.
no último domingo de outubro, em segundo turno, § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
se houver, do ano anterior ao do término do manda- pletar o período de seus antecessores.
to presidencial vigente  (Redação dada pela Emenda Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
Constitucional nº 16, de 1997). quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a ano seguinte ao da sua eleição  (Redação dada pela
do Vice-Presidente com ele registrado. Emenda Constitucional nº 16, de 1997).
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República
que, registrado por partido político, obtiver a maioria não poderão, sem licença do Congresso Nacional, au-
absoluta de votos, não computados os em branco e sentar-se do País por período superior a quinze dias,
os nulos. sob pena de perda do cargo.

12
Atribuições do Presidente da República XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
Congresso Nacional;
Como chefe de Governo e Estado, compete ao Pre- XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
sidente da República as atribuições e responsabilidades XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
trazidas nos artigos 84, 85 e 86, CF: tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
República:
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
propostas de orçamento previstos nesta Constituição;
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
direção superior da administração federal; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le-
previstos nesta Constituição; gislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel na forma da lei;
execução; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; termos do art. 62;
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). Constituição.
a) organização e funcionamento da administração fe- Parágrafo único. O Presidente da República poderá
deral, quando não implicar aumento de despesa nem delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII
criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro-
Emenda Constitucional nº 32, de 2001). curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
União, que observarão os limites traçados nas respec-
gos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001). tivas delegações.
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
ditar seus representantes diplomáticos; Responsabilidade do Presidente da República
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Pre-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; sidente da República que atentem contra a Constitui-
X - decretar e executar a intervenção federal; ção Federal e, especialmente, contra:
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- I - a existência da União;
gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Ju-
gislativa, expondo a situação do País e solicitando as diciário, do Ministério Público e dos Poderes constitu-
providências que julgar necessárias; cionais das unidades da Federação;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; sociais;
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- IV - a segurança interna do País;
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exérci-
V - a probidade na administração;
to e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais
e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; VI - a lei orçamentária;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
02/09/99)
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os especial, que estabelecerá as normas de processo e
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais julgamento.
Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
dor-Geral da República, o presidente e os diretores do Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
banco central e outros servidores, quando determina- da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

do em lei; tados, será ele submetido a julgamento perante o


XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais co-
nistros do Tribunal de Contas da União; muns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- responsabilidade.
ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
XVII - nomear membros do Conselho da República,
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún-
nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
Conselho de Defesa Nacional; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, do processo pelo Senado Federal.
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o jul-
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- gamento não estiver concluído, cessará o afastamento
gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimen-
parcialmente, a mobilização nacional; to do processo.

13
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas b) O Presidente da República responde a processo crimi-
infrações comuns, o Presidente da República não estará nal, por crime comum, no Supremo Tribunal Federal
sujeito a prisão. e, por crime de responsabilidade, perante o Senado
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu man- Federal.
dato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao c) O Presidente da República ficará suspenso de suas
exercício de suas funções. funções nos crimes de responsabilidade, por 180 dias,
após a condenação pelo órgão competente.
Os Ministros de Estado d) Compete privativamente ao Presidente da República
conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
São membros auxiliares do Executivo livremente nomea- necessário, dos órgãos instituídos em lei.
dos pelo Presidente. Competem aos Ministros a direção do e) O Presidente da República, na vigência de seu manda-
Ministério ou seção administrativa que lhe houver sido con- to, não pode ser responsabilizado por atos estranhos
fiada. Podem também referendar atos presidenciais, expedir
ao exercício de suas funções.
instruções para a boa execução das leis, decretos e regula-
mentos e inclusive, receber delegação do Presidente da Re-
Resposta: Letra C. Nos termos do art. 86, § 2, CF: Se,
pública para a realização de atos próprios da chefia do Poder
Executivo. decorrido o prazo de 180 dias, o julgamento não es-
tiver concluído, cessará o afastamento do Presidente,
Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre sem prejuízo do regular prosseguimento do processo.
brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos
direitos políticos. REFERÊNCIAS:
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de
outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: BRASIL. Constituição Federal. Disponível em: <http://www.pla-
nalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos ór- Acesso em: 21 fev. 2020.
gãos e entidades da administração federal na área de sua CNJ. Conselho Nacional de Justiça. 2020. Disponível em: <https://
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo www.cnj.jus.br/>. Acesso em: 27 fev. 2020
Presidente da República; FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucio-
II - expedir instruções para a execução das leis, decretos e nal. São Paulo: Saraiva, 2005.
regulamentos; LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. São
III - apresentar ao Presidente da República relatório anual Paulo:
de sua gestão no Ministério; Saraiva, 2019.
IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 34. ed. São Paulo:
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. Atlas, 2018.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA. 2020. Disponível
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministé- em: <https://www.justica.gov.br/news/entenda-o-processo-de-ex-
rios e órgãos da administração pública (Redação dada pela tradicao>. Acesso em: 27 fev. 2020.
Emenda Constitucional nº 32, de 2001). STJ. Superior Tribunal de Justiça. 2020. Disponível em: <http://www.
stj.jus.br>. Acesso em: 27 fev. 2020.
Do Conselho da República e do Conselho de Defesa
Nacional
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
O Conselho da Repúbica é órgão consultivo do Presidente DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA;
sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA
questões relevantes para a estabilidade das instituições de-
mocráticas. O Presidente não poderá tomar qualquer decisão TÍTULO V
sobre tais questões sem a audiência do Conselho da Repúbli- DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
ca. Entretanto, sua função é apenas consultiva e não delibe- DEMOCRÁTICAS
rativa, e não vincula necessariamente a atuação presidencial.
O Conselho de Defesa Nacional é o órgão destinado a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO I
assessorar o Presidente da República nas questões relativas à
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO
defesa do território nacional.
SEÇÃO I
EXERCÍCIOS COMENTADOS DO ESTADO DE DEFESA

1. (FUNASG – ADVOGADO – FUNCAB – 2015) Dentre as Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o
atribuições e responsabilidades do Presidente da República, Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
assinale a alternativa INCORRETA. cional, decretar estado de defesa para preservar ou
prontamente restabelecer, em locais restritos e deter-
a) O ato do Presidente da República que atenta contra o livre minados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas
exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Mi- por grave e iminente instabilidade institucional ou
nistério Público e dos Poderes constitucionais das unidades atingidas por calamidades de grandes proporções na
da Federação é considerado crime de responsabilidade. natureza.

14
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa deter- depois de publicado, o Presidente da República de-
minará o tempo de sua duração, especificará as áreas signará o executor das medidas específicas e as áreas
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites abrangidas.
da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não po-
seguintes: derá ser decretado por mais de trinta dias, nem pror-
I - restrições aos direitos de: rogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II,
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a
b) sigilo de correspondência; guerra ou a agressão armada estrangeira.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços pú- sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do
blicos, na hipótese de calamidade pública, responden- Senado Federal, de imediato, convocará extraordina-
do a União pelos danos e custos decorrentes. riamente o Congresso Nacional para se reunir dentro
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcio-
vez, por igual período, se persistirem as razões que namento até o término das medidas coercitivas.
justificaram a sua decretação.
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
pelo executor da medida, será por este comunicada
contra as pessoas as seguintes medidas:
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se
não for legal, facultado ao preso requerer exame de I - obrigação de permanência em localidade
corpo de delito à autoridade policial; determinada;
II - a comunicação será acompanhada de declaração, II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
pela autoridade, do estado físico e mental do detido condenados por crimes comuns;
no momento de sua autuação; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não po- dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de in-
derá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada formações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e
pelo Poder Judiciário; televisão, na forma da lei;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. IV - suspensão da liberdade de reunião;
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, V - busca e apreensão em domicílio;
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação VII - requisição de bens.
ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inci-
absoluta. so III a difusão de pronunciamentos de parlamentares
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será efetuados em suas Casas Legislativas, desde que libe-
convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco rada pela respectiva Mesa.
dias.
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto den- Seção III
tro de dez dias contados de seu recebimento, devendo DISPOSIÇÕES GERAIS
continuar funcionando enquanto vigorar o estado de
defesa. Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
§ 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o esta- líderes partidários, designará Comissão composta de
do de defesa. cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a
execução das medidas referentes ao estado de defesa
SEÇÃO II e ao estado de sítio.
DO ESTADO DE SÍTIO
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de
Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacio-
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus exe-
nal, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
cutores ou agentes.
decretar o estado de sítio nos casos de:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - comoção grave de repercussão nacional ou ocor- Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
rência de fatos que comprovem a ineficácia de medida o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigên-
tomada durante o estado de defesa; cia serão relatadas pelo Presidente da República, em
II - declaração de estado de guerra ou resposta a mensagem ao Congresso Nacional, com especificação
agressão armada estrangeira. e justificação das providências adotadas, com rela-
Parágrafo único. O Presidente da República, ao soli- ção nominal dos atingidos e indicação das restrições
citar autorização para decretar o estado de sítio ou aplicadas.
sua prorrogação, relatará os motivos determinantes
do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por CAPÍTULO II
maioria absoluta. DAS FORÇAS ARMADAS

Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari-
duração, as normas necessárias a sua execução e as nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, nacionais permanentes e regulares, organizadas com

15
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas,
suprema do Presidente da República, e destinam-se os limites de idade, a estabilidade e outras condições de
à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu- transferência do militar para a inatividade, os direitos,
cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras si-
da ordem. tuações especiais dos militares, consideradas as peculia-
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais ridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas
a serem adotadas na organização, no preparo e no por força de compromissos internacionais e de guerra.
emprego das Forças Armadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições
disciplinares militares. Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denomina- § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir
dos militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alis-
a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (In- tados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-
cluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) -se como tal o decorrente de crença religiosa e de convic-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a ção filosófica ou política, para se eximirem de atividades
elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da Re- de caráter essencialmente militar. (Regulamento)
pública e asseguradas em plenitude aos oficiais da ati- § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do servi-
va, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os ço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a
títulos e postos militares e, juntamente com os demais outros encargos que a lei lhes atribuir. (Regulamento)
membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) CAPÍTULO III
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo DA SEGURANÇA PÚBLICA
ou emprego público civil permanente, ressalvada a hi-
pótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
transferido para a reserva, nos termos da lei; (Re- responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
dação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
2014) patrimônio, através dos seguintes órgãos:
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar I - polícia federal;
posse em cargo, emprego ou função pública civil tem- II - polícia rodoviária federal;
porária, não eletiva, ainda que da administração indi- III - polícia ferroviária federal;
reta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso IV - polícias civis;
XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
e somente poderá, enquanto permanecer nessa situa- VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Re-
ção, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
o tempo de serviço apenas para aquela promoção 2019)
e transferência para a reserva, sendo depois de dois § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
anos de afastamento, contínuos ou não, transferido manente, organizado e mantido pela União e estrutura-
para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada do em carreira, destina-se a:” (Redação dada pela
pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014) Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; I - apurar infrações penais contra a ordem política e so-
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode es- União ou de suas entidades autárquicas e empresas pú-
tar filiado a partidos políticos; (Incluído pela blicas, assim como outras infrações cuja prática tenha
Emenda Constitucional nº 18, de 1998) repercussão interestadual ou internacional e exija re-
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for jul- pressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
gado indigno do oficialato ou com ele incompatível, II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
por decisão de tribunal militar de caráter permanente, e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem pre-
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo juízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
de guerra; (Incluído pela Emenda Constitucional respectivas áreas de competência;
nº 18, de 1998) III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Consti-
a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por tucional nº 19, de 1998)
sentença transitada em julgado, será submetido ao IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju-
julgamento previsto no inciso anterior; (Incluído diciária da União.
pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, or-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, inci- ganizado e mantido pela União e estruturado em car-
sos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos reira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento os-
XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com tensivo das rodovias federais. (Redação dada pela
prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
alínea “c”; (Redação dada pela Emenda Consti- § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, or-
tucional nº 77, de 2014) ganizado e mantido pela União e estruturado em car-
IX - (Revogado pela Emenda Constitucional nº reira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento os-
41, de 19.12.2003) tensivo das ferrovias federais. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

16
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia CAPÍTULO II
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da DA SEGURIDADE SOCIAL
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
infrações penais, exceto as militares. SEÇÃO I
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e DISPOSIÇÕES GERAIS
a preservação da ordem pública; aos corpos de bom-
beiros militares, além das atribuições definidas em lei, Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto
incumbe a execução de atividades de defesa civil. integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão admi- e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos re-
nistrador do sistema penal da unidade federativa a lativos à saúde, à previdência e à assistência social.
que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimen- Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter-
tos penais. (Redação dada pela Emenda Cons- mos da lei, organizar a seguridade social, com base
titucional nº 104, de 2019) nos seguintes objetivos:
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros mi- I - universalidade da cobertura e do atendimento;
litares, forças auxiliares e reserva do Exército subordi- II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi-
nam-se, juntamente com as polícias civis e as polícias ços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos
penais estaduais e distrital, aos Governadores dos Es-
benefícios e serviços;
tados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Re-
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
2019)
VI - diversidade da base de financiamento, identifi-
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamen-
cando-se, em rubricas contábeis específicas para cada
to dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. saúde, previdência e assistência social, preservado o
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas muni- caráter contributivo da previdência social; (Re-
cipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
instalações, conforme dispuser a lei. 2019)
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integran- VII - caráter democrático e descentralizado da admi-
tes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na nistração, mediante gestão quadripartite, com par-
forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda ticipação dos trabalhadores, dos empregadores, dos
Constitucional nº 19, de 1998) aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 1998)
seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos
que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade ur- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
bana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitu- cípios, e das seguintes contribuições sociais:
cional nº 82, de 2014) I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede- equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Re-
ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entida- dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
des executivos e seus agentes de trânsito, estruturados 1998)
em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela a) a folha de salários e demais rendimentos do traba-
Emenda Constitucional nº 82, de 2014) lho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo em-
pregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional
ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA
nº 20, de 1998)
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE SOCIAL;


MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA, CRIANÇA, b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela
ADOLESCENTE, IDOSO, ÍNDIO Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)
TÍTULO VIII II - do trabalhador e dos demais segurados da previ-
DA ORDEM SOCIAL dência social, não incidindo contribuição sobre apo-
sentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de
CAPÍTULO I previdência social de que trata o art. 201; (Reda-
DISPOSIÇÃO GERAL ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça de quem a lei a ele equiparar. (Incluído pela
sociais. Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

17
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos § 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda
Municípios destinadas à seguridade social constarão Constitucional nº 103, de 2019) (Revogado pela
dos respectivos orçamentos, não integrando o orça- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
mento da União. § 14. O segurado somente terá reconhecida como tem-
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social po de contribuição ao Regime Geral de Previdência
será elaborada de forma integrada pelos órgãos res- Social a competência cuja contribuição seja igual ou
ponsáveis pela saúde, previdência social e assistência superior à contribuição mínima mensal exigida para
social, tendo em vista as metas e prioridades estabele- sua categoria, assegurado o agrupamento de contri-
cidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada buições. (Incluído pela Emenda Constitucional
a cada área a gestão de seus recursos. nº 103, de 2019)
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
seguridade social, como estabelecido em lei, não po- SEÇÃO II
derá contratar com o Poder Público nem dele receber DA SAÚDE
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Esta-
garantir a manutenção ou expansão da seguridade do, garantido mediante políticas sociais e econômicas
social, obedecido o disposto no art. 154, I. que visem à redução do risco de doença e de outros
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a cor- serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
respondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos ter-
da data da publicação da lei que as houver instituído mos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e
ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no controle, devendo sua execução ser feita diretamente
art. 150, III, “b”.
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade so-
jurídica de direito privado.
cial as entidades beneficentes de assistência social que
atendam às exigências estabelecidas em lei.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte-
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e cons-
rurais e o pescador artesanal, bem como os respecti-
tituem um sistema único, organizado de acordo com
vos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime
de economia familiar, sem empregados permanentes, as seguintes diretrizes:
contribuirão para a seguridade social mediante a apli- I - descentralização, com direção única em cada esfera
cação de uma alíquota sobre o resultado da comer- de governo;
cialização da produção e farão jus aos benefícios nos II - atendimento integral, com prioridade para as
termos da lei. (Redação dada pela Emenda Cons- atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
titucional nº 20, de 1998) assistenciais;
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do III - participação da comunidade.
caput deste artigo poderão ter alíquotas diferencia- § 1º O sistema único de saúde será financiado, nos
das em razão da atividade econômica, da utilização termos do art. 195, com recursos do orçamento da
intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou seguridade social, da União, dos Estados, do Distri-
da condição estrutural do mercado de trabalho, sen- to Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
do também autorizada a adoção de bases de cálculo (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda
diferenciadas apenas no caso das alíneas “b” e “c” do Constitucional nº 29, de 2000)
inciso I do caput. (Redação dada pela Emenda § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Constitucional nº 103, de 2019) cípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços pú-
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de re- blicos de saúde recursos mínimos derivados da aplica-
cursos para o sistema único de saúde e ações de as- ção de percentuais calculados sobre: (Incluído pela
sistência social da União para os Estados, o Distrito Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
Federal e os Municípios, e dos Estados para os Muni- I - no caso da União, a receita corrente líquida do res-
cípios, observada a respectiva contrapartida de recur- pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº a 15% (quinze por cento); (Redação dada pela
20, de 1998) Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ-
prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de lei to da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
complementar, a remissão e a anistia das contribui- 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159,
ções sociais de que tratam a alínea “a” do inciso I e o inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
inciso II do caput. (Redação dada pela Emenda forem transferidas aos respectivos Municípios; (In-
Constitucional nº 103, de 2019) cluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômi- III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
ca para os quais as contribuições incidentes na forma produto da arrecadação dos impostos a que se refere
dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulati- o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e
vas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, 159, inciso I, alínea b e § 3º. (Incluído pela Emenda
de 19.12.2003) Constitucional nº 29, de 2000)

18
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo me- Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
nos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela outras atribuições, nos termos da lei:
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § substâncias de interesse para a saúde e participar da
2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional produção de medicamentos, equipamentos, imuno-
nº 86, de 2015) biológicos, hemoderivados e outros insumos;
II – os critérios de rateio dos recursos da União vin- II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a III - ordenar a formação de recursos humanos na área
seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva de saúde;
redução das disparidades regionais; (Incluído pela IV - participar da formulação da política e da execu-
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) ção das ações de saneamento básico;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol-
das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, vimento científico e tecnológico e a inovação; (Re-
distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Cons- dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
titucional nº 29, de 2000) 2015)
IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
Constitucional nº 86, de 2015) o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po- e águas para consumo humano;
derão admitir agentes comunitários de saúde e agen- VII - participar do controle e fiscalização da produção,
tes de combate às endemias por meio de processo transporte, guarda e utilização de substâncias e pro-
seletivo público, de acordo com a natureza e comple- dutos psicoativos, tóxicos e radioativos;
xidade de suas atribuições e requisitos específicos para VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
sua atuação. (Incluído pela Emenda Constitucio- compreendido o do trabalho.
nal nº 51, de 2006)
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
SEÇÃO III
salarial profissional nacional, as diretrizes para os
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
de agente comunitário de saúde e agente de comba-
Art. 201. A previdência social será organizada sob a
te às endemias, competindo à União, nos termos da
forma do Regime Geral de Previdência Social, de ca-
lei, prestar assistência financeira complementar aos
ráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial. (Reda- critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atua-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 63, de 2010) rial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada
Regulamento pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor e idade avançada; (Redação dada pela Emenda
que exerça funções equivalentes às de agente comuni- Constitucional nº 20, de 1998)
tário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento II - proteção à maternidade, especialmente à gestan-
dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu te; (Redação dada pela Emenda Constitucional
exercício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
nº 51, de 2006) III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
prego involuntário; (Redação dada pela Emenda
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa Constitucional nº 20, de 1998)
privada. IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen-
§ 1º As instituições privadas poderão participar de dentes dos segurados de baixa renda; (Redação
forma complementar do sistema único de saúde, se- dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
gundo diretrizes deste, mediante contrato de direito V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
público ou convênio, tendo preferência as entidades ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

filantrópicas e as sem fins lucrativos. o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para Constitucional nº 20, de 1998)
auxílios ou subvenções às instituições privadas com § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios di-
fins lucrativos. ferenciados para concessão de benefícios, ressalvada,
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de nos termos de lei complementar, a possibilidade de
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à previsão de idade e tempo de contribuição distintos da
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. regra geral para concessão de aposentadoria exclusi-
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos vamente em favor dos segurados: (Redação
que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tra- I - com deficiência, previamente submetidos a avalia-
tamento, bem como a coleta, processamento e trans- ção biopsicossocial realizada por equipe multiprofis-
fusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo sional e interdisciplinar; (Incluído pela Emenda
tipo de comercialização. Constitucional nº 103, de 2019)

19
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva ex- aposentadoria, e a compensação financeira será de-
posição a agentes químicos, físicos e biológicos preju- vida entre as receitas de contribuição referentes aos
diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada militares e as receitas de contribuição aos demais re-
a caracterização por categoria profissional ou ocupa- gimes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
ção. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
103, de 2019) § 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de con- de benefícios não programados, inclusive os decorren-
tribuição ou o rendimento do trabalho do segurado tes de acidente do trabalho, a ser atendida concor-
terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Re- rentemente pelo Regime Geral de Previdência Social
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de e pelo setor privado. (Redação dada pela Emenda
1998) Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qual-
para o cálculo de benefício serão devidamente atua-
quer título, serão incorporados ao salário para efeito
lizados, na forma da lei. (Redação dada pela
de contribuição previdenciária e conseqüente reper-
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para cussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
conforme critérios definidos em lei. (Redação dada 1998)
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previ-
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdên- denciária, com alíquotas diferenciadas, para atender
cia social, na qualidade de segurado facultativo, de aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
pessoa participante de regime próprio de previdência. encontram em situação de informalidade, e àqueles
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de sem renda própria que se dediquem exclusivamente
1998) ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência,
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pen- desde que pertencentes a famílias de baixa renda.
sionistas terá por base o valor dos proventos do mês (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
de dezembro de cada ano. (Redação dada pela de 2019)
Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as se- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
guintes condições: (Redação dada pela Emenda de 2019)
Constitucional nº 20, de 1998) § 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 fictício para efeito de concessão dos benefícios previ-
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado denciários e de contagem recíproca. (Incluído pela
tempo mínimo de contribuição; (Redação dada Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cin-
e condições para a acumulação de benefícios previ-
quenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os tra-
denciários. (Incluído pela Emenda Constitucional
balhadores rurais e para os que exerçam suas ativida-
nº 103, de 2019)
des em regime de economia familiar, nestes incluídos
o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. § 16. Os empregados dos consórcios públicos, das em-
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de presas públicas, das sociedades de economia mista e
2019) das suas subsidiárias serão aposentados compulsoria-
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do mente, observado o cumprimento do tempo mínimo
§ 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor de contribuição, ao atingir a idade máxima de que
que comprove tempo de efetivo exercício das funções trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabele-
de magistério na educação infantil e no ensino funda- cida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
mental e médio fixado em lei complementar. (Re- nº 103, de 2019)
dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

2019) Art. 202. O regime de previdência privada, de cará-


§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a ter complementar e organizado de forma autônoma
contagem recíproca do tempo de contribuição entre o em relação ao regime geral de previdência social,
Regime Geral de Previdência Social e os regimes pró- será facultativo, baseado na constituição de reservas
prios de previdência social, e destes entre si, observada que garantam o benefício contratado, e regulado por
a compensação financeira, de acordo com os critérios lei complementar. (Redação dada pela Emenda
estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
Constitucional nº 103, de 2019) § 1° A lei complementar de que trata este artigo as-
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas ativi- segurará ao participante de planos de benefícios de
dades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo entidades de previdência privada o pleno acesso às in-
de contribuição ao Regime Geral de Previdência So- formações relativas à gestão de seus respectivos pla-
cial ou a regime próprio de previdência social terão
nos. (Redação dada pela Emenda Constitucional
contagem recíproca para fins de inativação militar ou
nº 20, de 1998)

20
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios e I - descentralização político-administrativa, cabendo
as condições contratuais previstas nos estatutos, re- a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
gulamentos e planos de benefícios das entidades de coordenação e a execução dos respectivos programas
previdência privada não integram o contrato de tra- às esferas estadual e municipal, bem como a entida-
balho dos participantes, assim como, à exceção dos des beneficentes e de assistência social;
benefícios concedidos, não integram a remuneração II - participação da população, por meio de organiza-
dos participantes, nos termos da lei. (Redação ções representativas, na formulação das políticas e no
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) controle das ações em todos os níveis.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de pre- Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distri-
vidência privada pela União, Estados, Distrito Federal to Federal vincular a programa de apoio à inclusão e
e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas promoção social até cinco décimos por cento de sua
públicas, sociedades de economia mista e outras enti- receita tributária líquida, vedada a aplicação desses
dades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, si- recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda
tuação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
normal poderá exceder a do segurado. (Incluído
I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluí-
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
do pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a
II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Cons-
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclu-
sive suas autarquias, fundações, sociedades de eco- titucional nº 42, de 19.12.2003)
nomia mista e empresas controladas direta ou indi- III - qualquer outra despesa corrente não vincula-
retamente, enquanto patrocinadores de planos de da diretamente aos investimentos ou ações apoia-
benefícios previdenciários, e as entidades de previdên- dos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
cia complementar. (Redação dada pela Emenda de 19.12.2003)
Constitucional nº 103, de 2019)
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar- CAPÍTULO VI
-se-á, no que couber, às empresas privadas permissio- DO MEIO AMBIENTE
nárias ou concessionárias de prestação de serviços pú-
blicos, quando patrocinadoras de planos de benefícios Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
em entidades de previdência complementar. (Re- gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
dação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
2019) Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos para preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
a designação dos membros das diretorias das entida- § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incum-
des fechadas de previdência complementar instituídas be ao Poder Público:
pelos patrocinadores de que trata o § 4º e disciplinará I - preservar e restaurar os processos ecológicos es-
a inserção dos participantes nos colegiados e instân- senciais e prover o manejo ecológico das espécies e
cias de decisão em que seus interesses sejam objeto ecossistemas; (Regulamento)
de discussão e deliberação. (Redação dada pela II - preservar a diversidade e a integridade do patri-
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mônio genético do País e fiscalizar as entidades dedi-
cadas à pesquisa e manipulação de material genético;
SEÇÃO IV (Regulamento) (Regulamento)
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL III - definir, em todas as unidades da Federação, es-
paços territoriais e seus componentes a serem espe-
Art. 203. A assistência social será prestada a quem cialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
dela necessitar, independentemente de contribuição à permitidas somente através de lei, vedada qualquer
seguridade social, e tem por objetivos: utilização que comprometa a integridade dos atribu-
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
tos que justifiquem sua proteção; (Regulamento)
adolescência e à velhice;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
ou atividade potencialmente causadora de signifi-
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portado- cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio
ras de deficiência e a promoção de sua integração à de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
vida comunitária; (Regulamento)
V - a garantia de um salário mínimo de benefício V - controlar a produção, a comercialização e o em-
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso prego de técnicas, métodos e substâncias que com-
que comprovem não possuir meios de prover à própria portem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
manutenção ou de tê-la provida por sua família, con- ambiente; (Regulamento)
forme dispuser a lei. VI - promover a educação ambiental em todos os ní-
veis de ensino e a conscientização pública para a pre-
Art. 204. As ações governamentais na área da as- servação do meio ambiente;
sistência social serão realizadas com recursos do or- VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
çamento da seguridade social, previstos no art. 195, da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
além de outras fontes, e organizadas com base nas ecológica, provoquem a extinção de espécies ou sub-
seguintes diretrizes: metam os animais a crueldade. (Regulamento)

21
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obri- § 8º O Estado assegurará a assistência à família na
gado a recuperar o meio ambiente degradado, de pessoa de cada um dos que a integram, criando me-
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público canismos para coibir a violência no âmbito de suas
competente, na forma da lei. relações.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Esta-
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, in- do assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
dependentemente da obrigação de reparar os danos com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
causados. alimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlân- ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
tica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a e à convivência familiar e comunitária, além de co-
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utiliza- locá-los a salvo de toda forma de negligência, discri-
ção far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que minação, exploração, violência, crueldade e opressão.
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de
quanto ao uso dos recursos naturais. 2010)
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecada- § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
das pelos Estados, por ações discriminatórias, necessá- tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
rias à proteção dos ecossistemas naturais. admitida a participação de entidades não governa-
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão mentais, mediante políticas específicas e obedecendo
ter sua localização definida em lei federal, sem o que aos seguintes preceitos: (Redação dada Pela
não poderão ser instaladas. Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práti- nados à saúde na assistência materno-infantil;
cas desportivas que utilizem animais, desde que sejam II - criação de programas de prevenção e atendimen-
manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 to especializado para as pessoas portadoras de defi-
desta Constituição Federal, registradas como bem de ciência física, sensorial ou mental, bem como de inte-
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural gração social do adolescente e do jovem portador de
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei especí- deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
fica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017) serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos ar-
quitetônicos e de todas as formas de discriminação.
CAPÍTULO VII (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, 2010)
DO JOVEM E DO IDOSO § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
logradouros e dos edifícios de uso público e de fa-
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, bricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
de 2010) garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
deficiência.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial § 3º O direito a proteção especial abrangerá os se-
proteção do Estado. guintes aspectos:
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração. I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
da lei. II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
a união estável entre o homem e a mulher como en- jovem à escola; (Redação dada Pela Emenda
tidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão Constitucional nº 65, de 2010)
em casamento. IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a buição de ato infracional, igualdade na relação pro-
comunidade formada por qualquer dos pais e seus cessual e defesa técnica por profissional habilitado,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

descendentes. segundo dispuser a legislação tutelar específica;


§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade con- V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
jugal são exercidos igualmente pelo homem e pela nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
mulher. desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divór- medida privativa da liberdade;
cio. (Redação dada Pela Emenda Constitucional VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
nº 66, de 2010) jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
humana e da paternidade responsável, o planeja- ou adolescente órfão ou abandonado;
mento familiar é livre decisão do casal, competindo VII - programas de prevenção e atendimento especia-
ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependen-
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma te de entorpecentes e drogas afins. (Redação dada
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)

22
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes asse-
exploração sexual da criança e do adolescente. gurada participação nos resultados da lavra, na forma
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na da lei.
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis
sua efetivação por parte de estrangeiros. e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamen- § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas
to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi- terras, salvo, “ad referendum” do Congresso Nacional,
cações, proibidas quaisquer designações discriminató- em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em
rias relativas à filiação. risco sua população, ou no interesse da soberania do
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado- País, após deliberação do Congresso Nacional, garan-
lescente levar-se- á em consideração o disposto no art. tido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo
204. que cesse o risco.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos ju-
Constitucional nº 65, de 2010) rídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- domínio e a posse das terras a que se refere este arti-
reitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda Consti- go, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos
tucional nº 65, de 2010) rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
II - o plano nacional de juventude, de duração dece- interesse público da União, segundo o que dispuser lei
nal, visando à articulação das várias esferas do poder complementar, não gerando a nulidade e a extinção
público para a execução de políticas públicas. (In- direito a indenização ou a ações contra a União, salvo,
cluído Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da
ocupação de boa fé.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no
dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e edu- Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações
car os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever são partes legítimas para ingressar em juízo em defe-
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou sa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério
enfermidade. Público em todos os atos do processo.

Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever


de amparar as pessoas idosas, assegurando sua parti-
cipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão execu-
tados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida
a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.

CAPÍTULO VIII
DOS ÍNDIOS

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização


social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os di-
reitos originários sobre as terras que tradicionalmente
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos ín-
dios as por eles habitadas em caráter permanente, as
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

utilizadas para suas atividades produtivas, as impres-


cindíveis à preservação dos recursos ambientais ne-
cessários a seu bem-estar e as necessárias a sua repro-
dução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluí-
dos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das
riquezas minerais em terras indígenas só podem ser
efetivados com autorização do Congresso Nacional,

23
4. (TRE-PI – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2016) A
HORA DE PRATICAR respeito dos princípios fundamentais da Constituição Fe-
deral de 1988 (CF), assinale a opção correta:
1. (PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP a) A soberania nacional pressupõe a soberania das nor-
– ASSISTENTE JURÍDICO – VUNESP – 2018) De acordo mas internas fixadas pela CF sobre os atos normativos
com a doutrina existente sobre eficácia e aplicabilidade das organizações internacionais nas situações em que
das normas constitucionais, são normas constitucionais houver conflito entre ambos.
de eficácia contida aquelas que: b) A dignidade da pessoa humana não representa, for-
malmente, um fundamento da República Federativa
a) no momento da sua entrada em vigor já estão aptas a do Brasil.
produzir todos os seus efeitos. c) Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa vi-
sam proteger o trabalho exercido por qualquer pes-
b) geralmente determinam a criação de órgãos ou atri-
soa, desde que com finalidade lucrativa.
buem competências aos entes federativos. d) Em decorrência do pluralismo político, é dever de todo
c) por si só não são capazes de produzir todos os seus cidadão tolerar as diferentes ideologias político-parti-
efeitos, necessitam de uma lei infraconstitucional. dárias, ainda que, na manifestação dessas ideologias,
d) têm aplicabilidade indireta, mediata e reduzida ou di- haja conteúdo de discriminação racial.
ferida, e vinculam o legislador infraconstitucional. e) A forma federativa do Estado pressupõe a repartição
e) possuem aplicabilidade direta, imediata e possivel- de competências entre os entes federados, que são
mente não integral, com limitação da sua eficácia e dotados de capacidade de auto-organização e de
aplicabilidade. auto legislação.

2. (TRF-4ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC – 5. (CORE-PE – ASSISTENTE JURÍDICO – INAZ DO PARÁ
– 2019) A “separação dos poderes” é considerada um
2019) De acordo com a disciplina da Constituição Fe-
modelo político no qual o Estado tem suas funções divi-
deral, em matéria de controle de constitucionalidade de didas e delineadas em órgãos diferentes e independen-
atos normativos. tes, cada qual com distintas áreas de responsabilidade e,
em regra, indelegáveis. Qual alternativa apresenta uma
a) o juiz de direito da Justiça Estadual não tem compe- afirmativa correta sobre a “separação dos poderes”.
tência para afastar a aplicação, no caso concreto, de
lei estadual que contrarie a Constituição Federal, mas a) O primeiro a tratar do assunto foi Nicolau Maquiavel,
apenas de lei estadual que contrarie a Constituição do em sua obra O Príncipe, no qual afirmava que no co-
Estado. meço do século XVI, na França, já havia três poderes
b) o juiz federal não tem competência para afastar a apli- distintos: o legislativo (parlamento); o executivo (o rei);
e um judiciário independente.
cação, no caso concreto, de lei federal que contrarie
b) A distinção entre os poderes não pode ser feita de
a Constituição Federal, uma vez que essa atribuição é forma orgânica, rígida, pois os poderes apresentam
reservada ao plenário ou órgão especial dos tribunais, funções típicas e atípicas. Assim como o judiciário ti-
pelo voto da maioria absoluta de seus membros. picamente julga, pode, também, legislar. O executivo
c) o Tribunal Regional Federal não tem competência para administra, mas pode também julgar.
julgar reclamação constitucional proposta em face de c) Inaugurou, no Brasil, a Tripartição de Poderes na Cons-
decisão judicial de primeiro grau que contrariar súmu- tituição de 1934, pondo um fim ao chamado Poder
la vinculante do Supremo Tribunal Federal. Moderador. No mesmo dispositivo constitucional, se
c) cabe o ajuizamento de reclamação constitucional, pe- estabeleceu os princípios que regem a separação dos
rante o Supremo Tribunal Federal, contra lei federal poderes.
que contrariar o enunciado de súmula vinculante edi- d) De forma diferente, algumas constituições adotam um
sistema de separação de poderes chamado de quadri-
tada pelo Tribunal.
partição de poderes, como as constituições da Vene-
e) cabe o ajuizamento de ação declaratória de cons- zuela, de 1999; a da Costa Rica, de 1949; e a da China,
titucionalidade, perante o Supremo Tribunal Fede- de 1947.
ral, contra ato normativo estadual que contrariar e) Os princípios que regem a separação dos poderes são
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a Constituição Federal, podendo ser proposta por a harmonia, a hierarquia, e a independência. O prin-
quaisquer dos legitimados para a ação direta de cípio da independência significa a não interferência
inconstitucionalidade. indevida de um poder sobre o outro, sobressaindo-se,
assim, o respeito entre os poderes.
3. (CGE-RO – ASSISTENTE DE CONTROLE INTERNO –
FUNRIO – 2018) No âmbito dos princípios fundamentais 6. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE-MG – GUARDA
da Constituição Federal de 1988 consta o pertinente ao: CIVIL MUNICIPAL – FGR – 2019). Acerca dos direitos e
deveres individuais e coletivos é CORRETO afirmar que:
a) pluralismo político. a) A prática do racismo constitui crime inafiançável e
b) intervencionismo estatal. prescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
c) comprometimento com a saúde. lei.
d) projeto de defesa nacional. b) A lei não punirá qualquer discriminação atentatória
e) desenvolvimento radical. dos direitos e liberdades fundamentais.

24
c) A lei não considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- c) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico cargos ou funções públicas rejeitadas por irregulari-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e dade insanável que configure ato doloso de improbi-
os definidos como crimes hediondos, por eles respon- dade administrativa, e por decisão recorrível do órgão
dendo os mandantes, os executores e os que, poden- competente, independentemente de ter sido suspen-
do evitá-los, se omitirem. sa pelo Poder Judiciário, para as eleições que se reali-
d) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. zarem nos 4 (quatro) anos seguintes.
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
7. (PREFEITURA DE ARACRUZ-ES – MÉDICO CLÍNICO gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão
GERAL – IBADE – 2019) Ao dispor sobre direitos e de- transitada em julgado ou proferida por órgão colegia-
veres individuais e coletivos, a Constituição Federal prevê do, em processo de apuração de abuso do poder eco-
que: nômico ou político, para a eleição na qual concorrem
ou tenham sido diplomados, bem como para as que
a) a tortura e o tratamento desumano ou degradante são se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes.
admitidos na hipótese de produção de prova em ação e) os que forem condenados, em decisão de mérito de
penal contra organizações criminosas. primeiro grau ou proferida por órgão da Justiça Elei-
b) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per- toral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de
manecer associado. sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de
c) é livre a manifestação do pensamento, sendo permiti- recursos de campanha ou por conduta vedada aos
do, em regra, o anonimato, como forma de proteção à agentes públicos em campanhas eleitorais que impli-
pessoa humana. quem cassação do registro ou do diploma, pelo prazo
d) não tem direito a indenização quem teve violada sua de 8 (oito) anos a contar da eleição.
intimidade, vida privada, honra ou imagem.
e) ninguém poderá penetrar na casa de outrem sem o 10. (TJ-AC – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – VUNESP
consentimento do morador, ainda que em seu interior – 2019) No que se refere às condições de elegibilidade,
esteja havendo flagrante delito ou desastre. bem como à ação de impugnação de mandato eletivo,
assinale a alternativa correta.
8. (PC-ES – INVESTIGADOR – INSTITUTO AOCP –
2019) De acordo com o contido na Constituição Federal, a) Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da
a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal República, os Governadores de Estado e do Distrito
e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
e, nos termos da lei, mediante mandatos até noventa dias antes do pleito.
b) O militar alistável com mais de dez anos de serviço, se
a) Referendo, Ação Popular e Iniciativa Popular. eleito, passará automaticamente, no ato da diploma-
b) Referendo, Eleições Gerais e Ação Popular. ção, à inatividade.
c) Mandado de Injunção, Iniciativa Popular e Ação Direta c) A ação de impugnação de mandato não tramita em se-
de Inconstitucionalidade. gredo de justiça por força do princípio da publicidade.
d) Plebiscito, Mandado de Injunção e Iniciativa Popular. d) Exige-se a idade mínima de 21 anos de idade para
e) Plebiscito, Referendo e Iniciativa Popular. Prefeito, mas não para Vice-Prefeito.
9. (CÂMARA DE SERTÃOZINHO-SP – PROCURADOR 11. (PGE-PE – ANALISTA ADMINISTRATIVO DE PRO-
JURÍDICO LEGISLATIVO – VUNESP – 2019) Inelegibili- CURADORIA – CESPE – 2019) Acerca da evolução da
dade é uma circunstância que obsta o exercício da capa- administração pública no Brasil, julgue o item a seguir:
cidade eleitoral passiva pelo cidadão, ou seja, retira-lhe O Decreto-Lei nº 200/1967 representou uma primeira
o direito político subjetivo de ser votado e ser eleito. São tentativa de reforma gerencial que procurou substituir a
inelegíveis, para qualquer cargo, administração pública burocrática por uma administra-
ção voltada para o desenvolvimento.
a) no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes, consanguíneos ou afins, até o terceiro grau (  ) CERTO   (  ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ou por adoção, do Presidente da República, de Gover-


nador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de
12. (PC-ES – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – INSTITUTO AOCP
Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
– 2019) Segundo a Constituição da República Federativa
doze meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
do Brasil, são Funções Essenciais à Justiça, EXCETO:
mandato eletivo e candidato à reeleição.
b) o Governador de Estado e do Distrito Federal e o Pre-
a) o Ministério Público.
feito que perderem seus cargos eletivos por infrin-
b) a Advocacia Pública.
gência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei
c) a Advocacia.
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
d) a Defensoria Pública.
Município, para as eleições que se realizarem durante
e) o Tribunal de Contas da União.
o período remanescente e nos 4 (quatro) anos subse-
quentes ao término do mandato para o qual tenham
sido eleitos; o impedimento não é aplicável ao Vice-
-Governador e Vice-Prefeito

25
13. (CÂMARA DE ORLÂNDIA-SP – PROCURADOR JU- 16. (DPE-RS – DEFENSOR PÚBLICO – FCC – 2018) So-
RÍDICO – VUNESP – 2018) A Constituição Federal impe- bre o Poder Executivo, é correto afirmar que:
de os Entes Federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) a instituir impostos sobre: a) qualquer cidadão pode denunciar o Presidente da
República pela prática de crime de responsabilidade,
a) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, sendo ele submetido a julgamento perante o Senado
inclusive suas fundações, e das entidades sindicais do Federal caso a Câmara dos Deputados, por três quin-
empregador. tos dos seus membros, admita a acusação.
b) livros, jornais periódicos e o papel destinado à sua im-
b) compete privativamente ao Presidente da República,
pressão, devendo o livro ser impresso e publicado por
dentre outras atribuições previstas no artigo 84 da
editora sediada no Brasil no idioma português.
c) autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Constituição Federal, cujo rol é taxativo, dispor, me-
Poder Público, bem como sobre as Empresas Públicas diante decreto, sobre organização e funcionamento
que concorrem com o setor privado. da administração federal, quando não implicar au-
d) templos de qualquer culto, compreendendo somente mento de despesa nem criação ou extinção de órgãos
o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com públicos.
as suas finalidades essenciais. c) ao contrário dos crimes de responsabilidade, somente
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos o Procurador-Geral da República possui legitimidade
no estrangeiro, contendo obras musicais ou literomu- para acusar o Presidente da República pela prática de
sicais de autores brasileiros ou estrangeiros. infração penal comum, sendo ele submetido a julga-
mento pelo Supremo Tribunal Federal caso a Câmara
14. (CÂMARA DE MONTE ALTO-SP – PROCURADOR dos Deputados, por dois terços dos seus membros,
JURÍDICO – VUNESP – 2019) Ao tratar dos Municípios, admita a acusação.
a Constituição Federal determina que: d) o Presidente e o Vice-Presidente da República não po-
derão, sem licença do Senado Federal, ausentar-se do
a) o total da despesa com a remuneração dos vereadores país por período superior a quinze dias, sob pena de
não poderá ultrapassar o montante de oito por cento perda do cargo.
da receita do município, e a inviolabilidade dos Verea-
e) as prerrogativas extraordinárias de caráter processual
dores por suas opiniões, palavras e votos está adstrita
ao exercício do mandato, mas alcança a circunscrição penal, consistentes na imunidade à prisão cautelar e a
do Estado respectivo. qualquer processo penal por atos estranhos ao exer-
b) as proibições e incompatibilidades, no exercício da ve- cício de suas funções, são inerentes ao Presidente da
reança, são similares, no que couber, ao disposto na República enquanto Chefe de Estado, não podendo
Constituição Federal para os membros do Congresso ser estendidas aos demais chefes do Poder Executivo
Nacional, e na Constituição do respectivo Estado para pelas constituições estaduais e leis orgânicas.
os membros da Assembleia Legislativa.
c) o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec- 17. (CÂMARA DE FORTALEZA-CE – CONSULTOR TÉC-
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a NICO LEGISLATIVO – FCC – 2019) Considere as seguin-
subsequente, observado o que dispõe a Constituição tes atribuições, à luz da Constituição Federal:
do respectivo Estado, observados os critérios estabe-
lecidos na Lei Orgânica e o limite máximo, em Mu- I. Iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos pre-
nicípios de 50 (cinquenta) mil e um a 100 (cem) mil vistos na Constituição Federal.
habitantes, corresponderá a sessenta por cento do II. Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que
subsídio dos Deputados Estaduais. forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
d) para a composição das Câmaras Municipais, será ob- nele permaneçam temporariamente.
servado o limite máximo de 18 (dezoito) Vereadores,
III. Enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o
nos Municípios com mais de 30000 (trinta mil) habi-
projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas
tantes e de até 50000 (cinquenta mil) habitantes.
e) o Município reger-se-á por lei orgânica, votada em de orçamento previstos na Constituição.
dois turnos, com o interstício mínimo de vinte dias, e IV. Dispor sobre limites e condições para a concessão
aprovada por dois quintos dos membros da Câmara de garantia da União em operações de crédito externo
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios e interno.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

estabelecidos na Constituição Federal e na Constitui- V. Determinar a exoneração, de ofício, do Procurador-


ção do respectivo Estado. -Geral da República antes do término de seu mandato.

15. (CRM-DF – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – QUA- São de competência privativa do Presidente da República
DRIX – 2018) Com relação ao Poder Executivo na CF, SOMENTE as referidas em:
julgue o item:
a) II, III e V.
O Poder Executivo congrega diferentes facetas, conju- b) I, III e V.
gando, a um só tempo, chefia de governo, de administra- c) II, IV e V.
ção, de Estado e das Forças Armadas, além de contem- d) I, II e III.
plar a iniciativa legislativa e o planejamento e o controle e) I, III e IV.
orçamentário.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

26
18. (CÂMARA DE FORTALEZA-CE – CONSULTOR TÉC- b) salvo disposição constitucional em contrário, as de-
NICO LEGISLATIVO – FCC – 2019) Segundo a Consti- liberações de cada Casa e de suas comissões serão
tuição Federal, bem como o entendimento do Supremo tomadas por maioria dos votos, presente a maioria
Tribunal Federal (STF), relativamente à organização e ao absoluta de seus membros.
funcionamento de Comissões no âmbito do Congresso c) é de competência exclusiva do Congresso Nacional
Nacional, autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
ração de processo contra o Presidente e o Vice- -Pre-
a) as Comissões Parlamentares de Inquérito, dotadas de sidente da República e os Ministros de Estado.
poderes semelhantes à de Autoridade Policial, dis- d) os Deputados e Senadores, desde a posse, serão sub-
põem de autonomia para promover interceptação das metidos a julgamento perante o Supremo Tribunal
comunicações telefônicas. Federal.
b) o STF não tem competência originária para proces- e) é de competência privativa da Câmara dos Deputados
sar e julgar mandado de segurança e habeas corpus julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente
impetrados contra Comissão Parlamentar de Inquéri- da República e apreciar os relatórios sobre a execução
to constituída no âmbito do Congresso Nacional ou dos planos de governo.
quaisquer de suas casas.
c) as Comissões Parlamentares de Inquérito podem efe- 21. (MPE-GO – PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-GO –
tuar prisão em flagrante independentemente de or- 2019) Assinalar a alternativa que não corresponde á ju-
dem judicial. risprudência do STJ:
d) não é função das Comissões receber petições, recla-
mações, representações ou queixas contra atos ou a) Não é possível a devolução ao erário dos valores rece-
omissões de autoridades ou entidades públicas, ca- bidos de boa-fé pelo servidor público, quando pagos
bendo tais atribuições à Corregedoria do Congresso indevidamente pela Administração Pública, em função
Nacional. de interpretação equivocada de lei
e) em virtude do princípio da publicidade, é vedado o b) É ilegal a cobrança da taxa de esgoto quando não rea-
funcionamento de qualquer Comissão durante o re- lizado o tratamento final dos dejetos.
cesso parlamentar do Congresso Nacional. c) Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às
diferenças salariais decorrentes
19. (CÂMARA DE PORTO VELHO-RO – TÉCNICO LE-
d) A administração pública possui interesse de agir para
GISLATIVO – IBADE – 2018) Ao Poder Legislativo com-
tutelar em juízo atos em que ela poderia atuar com
pete a elaboração das leis e a fiscalização dos atos do Po-
base em seu poder de polícia, em razão da inafastabi-
der Executivo, nas esferas federal, estadual e municipal.
lidade do controle jurisdicional.
Sobre o Poder Legislativo, analise as afirmativas a seguir:
22. (PGM - MANAUS-AM – PROCURADOR DO MUNI-
I. Compõem o Poder Legislativo Federal (art. 44 da Cons-
CÍPIO – CESPE – 2018) Considerando a jurisprudência
tituição Federal) a Câmara dos Deputados (com repre-
sentantes do povo brasileiro), o Senado Federal (com do STF a respeito do direito de greve dos servidores pú-
representantes dos Estados e do Distrito Federal), e o blicos, julgue o item seguinte:
Tribunal de Contas da União (órgão que presta auxílio ao A competência para analisar a legalidade de uma greve
Congresso Nacional nas atividades de controle e fiscali- de servidores públicos de autarquias e fundações é da
zação externa). justiça comum, estadual ou federal, ainda que eles sejam
II. A autorização para instauração de processo contra o regidos pela CLT.
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Minis-
tros de Estado é de competência privativa do Senado (  ) CERTO   (  ) ERRADO
Federal.
III. O legislativo Estadual é composto pela Assembleia 23. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE
Legislativa; e o Municipal pela Câmara dos Vereadores. – 2017) Acerca das funções essenciais à justiça, julgue o
próximo item.
Está correto o que se afirma em: São princípios institucionais do Ministério Público e da
Defensoria Pública, enquanto funções essenciais à justiça,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) I e III, apenas. a indivisibilidade, a unidade e a independência funcional.


b) III, apenas.
c) I. apenas. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
d) I, II e III
e) II e III. apenas. 24. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
IDECAN – 2018) A respeito das Funções Essenciais à Jus-
20. (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP – tiça, assinale a alternativa correta:
PROCURADOR – VUNESP – 2019) A Constituição Fede-
ral, sobre o Poder Legislativo, estabelece que: a) O advogado representa o direito de defesa, mas não é
indispensável à administração da justiça.
a) é de competência exclusiva do Senado Federal sustar b) A Defensoria Pública é instituição permanente, essen-
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe
do poder regulamentar ou dos limites de delegação a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
legislativa. dos interesses sociais.

27
c) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo- 28. (PC-ES – DELEGADO DE POLÍCIA – INSTITUTO
gado-Geral da União, nomeado pelo Presidente da ACESSO – 2019) A Constituição define dentre as funções
República a partir de lista tríplice de cidadãos maiores essenciais à justiça a existência do Ministério Público, da
de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e re- Advocacia Pública, da Advocacia e da Defensoria Pública.
putação ilibada. Seguem-se cinco afirmações sobre os órgãos citados:
d) À Advocacia-Geral da União não é constitucionalmen-
te assegurada a autonomia funcional e administrativa. I – É vedado a seus membros receber, saldo em ca-
e) São princípios institucionais da Advocacia Públi- sos excepcionais, honorários, percentagens ou custas
ca a unidade, a indivisibilidade e a independência processuais;
funcional. II – O Advogado Geral da União representa a União na
execução da dívida ativa de natureza tributária;
25. (TRT 6ª REGIÃO-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – III – O advogado é dispensável à administração da jus-
FCC – 2018) Nos estritos termos da Constituição Federal tiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
acerca das funções essenciais à Justiça: exercício da profissão, mesmo que fora dos limites da lei;
IV – A defesa dos direitos individuais e coletivos, de forma
a) O Ministério Público da União tem por chefe o Procu- integral e gratuita, aos necessitados, em todos os graus e
rador-Geral de Justiça, nomeado pelo Presidente da apenas no âmbito judicial, incumbe à Defensoria Pública;
República dentre integrantes da carreira, após a apro- V – A destituição do Procurador-Geral da República, por
vação de seu nome pela maioria absoluta dos mem- iniciativa do Presidente da República, deverá ser pre-
bros do Senado Federal. cedida de autorização da maioria absoluta do Senado
b) Dentre as funções institucionais do Ministério Público Federal.
está a de prestar consultoria e assessoramento jurídi-
co para o Poder Executivo. Marque a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) corre-
c) Os Procuradores-Gerais de Justiça nos Estados e no ta(s) com relação aos órgãos citados do enunciado.
Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos
por deliberação da maioria absoluta do Poder Legisla- a) Quatro delas: II, III, IV e V.
tivo, na forma da lei complementar respectiva. b) Quatro delas: I, II, III e IV.
d) O Ministério Público não poderá requisitar diligências c) Apenas a V.
investigatórias, nem a instauração de inquérito poli- d) Apenas a III.
cial, haja vista se tratar de atividade privativa de dele-
gados de polícia. 29. (PREFEITURA DE PARNAMIRIM-RN – PROCURA-
e) Aos membros do Ministério Público junto aos Tribu- DOR – COMPERVE – 2019) Incumbe à advocacia públi-
nais de Contas não se aplica a vedação constitucional ca, na forma da lei, defender e promover os interesses
de participar de sociedade comercial. públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios, por meio da representação judicial, em todos
26. (PGM JOÃO PESSOA-PB – PROCURADOR DO MU- os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito
NICÍPIO – CESPE – 2018) Com base na CF, assinale a público que integram a administração direta e indireta.
opção correta, acerca das funções essenciais à justiça: Nesse sentido, algumas garantias são conferidas à advo-
cacia pública e aos seus membros, dentre as quais a
a) Os membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público gozam de vitaliciedade após dois anos de a) aplicação do benefício da contagem em dobro ainda
exercício da função, não podendo perder o cargo se- que a lei estabeleça prazo próprio para o ente público.
não por sentença judicial transitada em julgado. b) necessidade de intimação pessoal, que far-se-á na pes-
b) A unidade, a indivisibilidade e a independência funcio- soa do advogado público designado para a demanda.
nal são princípios institucionais do Ministério Público, c) contagem de prazo em dobro para todas as suas ma-
da Defensoria Pública e da Advocacia Pública. nifestações processuais, com início a partir da intima-
c) O advogado geral da União, chefe da Advocacia Geral ção pessoal.
da União, é selecionado entre integrantes da carreira d) impossibilidade de o membro da advocacia pública
maiores de trinta e cinco anos de idade e livremente ser civil e regressivamente responsável quando agir
nomeado pelo presidente da República. com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
d) Às defensorias públicas é assegurada a iniciativa de
leis que tratem da criação e da extinção de cargos, da 30. (MPE-SP – ANALISTA JURÍDICO DO MINISTÉRIO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

remuneração de servidores e da fixação do subsídio PÚBLICO – VUNESP – 2018) Segundo a Lei Comple-
dos defensores públicos. mentar Estadual n° 734/1993, as Promotorias de Justiça
e) Aos membros do Ministério Público, da Defensoria poderão ser:
Pública e da Advocacia Pública é vedado o exercício
de atividade político-partidária. a) Criminais, Cíveis, da Infância e Juventude e de Execu-
ção Criminal.
27. (UEM – ADVOGADO – UEM – 2018) Não integra as b) Especializadas, Criminais, Cíveis, Cumulativas ou
funções essenciais à justiça: Gerais.
c) Gerais, Especializadas, Criminais, Cíveis e
a) a Advocacia Pública. Administrativas.
b) a Defensoria Pública. d) Gerais, Criminais, Cíveis, de Atuação Especial e de Exe-
c) os Auxiliares da Justiça. cução Criminal.
d) a Advocacia Privada. e) Criminal, Cível, de Execução Criminal, da Infância e Ju-
e) o Ministério Público. ventude e de Atuação Especial.

28
GABARITO
ANOTAÇÕES

1 E ________________________________________________
2 C _________________________________________________
3 A _________________________________________________
4 E
_________________________________________________
5 B
_________________________________________________
6 D
_________________________________________________
7 B
8 E _________________________________________________

9 D _________________________________________________
10 B _________________________________________________
11 CERTO
_________________________________________________
12 E
_________________________________________________
13 D
14 B _________________________________________________
15 CERTO _________________________________________________
16 E
_________________________________________________
17 D
18 C _________________________________________________
19 B _________________________________________________
20 B _________________________________________________
21 B
_________________________________________________
22 CERTO
23 CERTO _________________________________________________
24 D _________________________________________________
25 C
_________________________________________________
26 D
_________________________________________________
27 C
28 C _________________________________________________
29 C _________________________________________________
30 B
_________________________________________________

_________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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29
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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30
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princípios básicos.......................................................................................................................................................................................................... 1
Aplicação da lei penal. A lei penal no tempo e no espaço. Tempo e lugar do crime. Territorialidade e extraterritorialidade
da lei penal...................................................................................................................................................................................................................... 7
O fato típico e seus elementos. Crime consumado e tentado. Ilicitude e causas de exclusão. Excesso punível.................... 14
Crimes contra a pessoa.............................................................................................................................................................................................. 32
Crimes contra o patrimônio...................................................................................................................................................................................... 39
Crimes contra a fé pública......................................................................................................................................................................................... 48
da falsidade de títulos e outros papéis públicos.............................................................................................................................................. 48
Crimes contra a Administração Pública............................................................................................................................................................... 55
Inquérito policial. Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição,
valor probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento,
garantias do investigado; conclusão..................................................................................................................................................................... 65
Prova. Preservação de local de crime. Requisitos e ônus da prova. Nulidade da prova. Documentos de prova.
Reconhecimento de pessoas e coisas. Acareação. Indícios. Busca e apreensão.................................................................................. 68
Prisão em flagrante...................................................................................................................................................................................................... 79
Na CULPABILIDADE trata das questões relevantes que
PRINCÍPIOS BÁSICOS cuidam da atribuição do fato criminoso ao seu ator, exa-
minando a sua imputabilidade penal: capacidade para
responder por suas ações. E a reprovabilidade pessoal de
POR QUE DIREITO PENAL? seu ato, em face das circunstâncias concretas que cercam
o evento danoso.
Vamos retornar no tempo. Durante o período monár- O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
quico, no Brasil havia o Código Criminal, pois naquela Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
época o objetivo do estudo era o crime. Logo no início duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
do período republicano, tivemos nosso primeiro Código te organizada.
Penal, pois os olhos passaram a observar o resultado, a Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
pena. E isso vem até o presente. eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
Há diferença entre Direito Penal e Direito Criminal? descritos na Constituição Federal, abstraindo-a como um
Direito Penal e Direito Criminal podem ser sinônimos, todo.
sem problemas. Mas, temos que saber o objetivo. Se for O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
o resultado: Direito Penal. Se o objetivo for a causa: Di- obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
reito Criminal. e assim avançar nesta ramos do direito. Tenha a ideia de
Mas não vamos estudar história do Direito. Localiza- que os princípios são o alicerce de todo sistema norma-
remos o Direito Penal a partir da Constituição Federal de tivo, fundamentam todo o sistema de direito e estabele-
1988. cem os direitos fundamentais do homem.
O Direito Constitucional define a estrutura do Estado O Direito Penal moderno se assenta em determinados
e a posição dos direitos e garantias individuais no mode- princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
lo político escolhido. democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
O direito penal não vive sozinho, mas, comunica-se
ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
com a Filosofia, Sociologia, Criminologia etc. A Crimi-
A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
nologia levanta as questões atinentes à legitimidade do
me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
sistema penal e sobre as práticas das instâncias oficiais
(sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
que operam neste contexto: Poder Judiciário, Ministério
O direito penal possui conceito de aspecto formal e
Público, Polícia etc. Embora de grande importância, tem
de aspecto sociológico:
a função de servir de suporte argumentativo para a inter-
pretação das leis penais.
O processo penal, por sua vez, viabiliza a aplicação da FIQUE ATENTO!
lei penal. É também o instrumento que recebe da Consti- Aspecto formal
tuição Federal amplo repertório de garantias individuais. Direito penal é um conjunto de normas
que qualifica certos comportamentos hu-
Um exemplo: manos como infrações penais, define os
No Código Penal (art. 100 a 106) temos a AÇÃO seus agentes e fixa as sanções a serem
PENAL. aplicadas.
Na Criminologia temos o suporte argumentativo. Aspecto Sociológico
No Processo Penal temos a viabilização da lei penal. O direito penal é mais um instrumento
Imagine: “A” foi encontrado morto em um determi- do controle social de comportamentos

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


nado local. Homicídio é crime (art. 121, do CP). Sem o desviados, visando assegurar a necessária
Processo Penal, aquele corpo de “A” ficará ali, naquele disciplina social, bem como a convivência
local. Não teremos condições de interpretar a cena do harmônica dos membros do grupo.
crime. Viabiliza-se os procedimentos de preservar o lo-
cal, instaurar a investigação, colher provas, fazer perícias,
indiciar o autor, denunciar, praticar os atos processuais, Sobre a função (funcionalismo) do Direito Penal, a
aplicar a pena etc. Isso mostra que o Direito Penal não doutrinária divide em funcionalismo teleológico e fun-
está sozinho. cionalismo sistêmico.
Além disso, o Direito Penal possui inúmeros princí- Funcionalismo teleológico: o fim do Direito Penal é
pios que estão presentes ao logo de toda a sua aplicação. assegurar bens jurídicos indispensáveis à convivência
Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, que significa isso? dos homens valendo-se das medidas de políticas crimi-
Na TIPICIDADE se estuda o conceito da ação ou omis- nais. Admite o princípio da insignificância.
são do comportamento humano: dolo, culpa, resultado, Funcionalismo sistêmico: a função do Direito Penal é
nexo causal e imputação objetiva do resultado, bem jurí- resguardar o sistema, o império da norma, o direito pos-
dico objeto da proteção penal. to, atrelado aos fins da pena. Não admite princípio da
Na ILICITUDE se definem as valorizações sociais acer- insignificância.
ca da matéria proibida, com maior ênfase nas causas de A missão do direito penal está relacionada a alguns
princípios, vejamos:
justificação: estado de necessidade, legítima defesa, es-
trito cumprimento do dever legal, de modo a esclarecer
• Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos;
quais seriam as condutas vedadas, as permitidas e aque-
• Princípio da intervenção mínima (subsidiariedade e
las penas toleradas.
fragmentariedade);

1
• Princípio da proibição de proteção deficiente; É utilizado em atividades compartilhadas, como é o
• Princípio da vedação à conta corrente – “carta de caso das relações no trânsito, em que há a participação
crédito carcerário”; dos pedestres de dos demais condutores, e nos trabalhos
• Princípio da confiança. em equipe, como ocorre, por exemplo, nas intervenções
cirúrgicas.
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos
DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO
Impede que o estado venha a utilizar o Direito Penal DIREITO PENAL
para proteção de bens ilegítimos. Limitando sua missão
no sentido de proteger os bens jurídicos mais relevantes O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
do homem. Exemplo: não pode definir como crime ou- Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
tros credos, budismo, ou até o ateísmo. Não é possível duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
defender uma religião discriminando outras. te organizada.
Todos os ramos do direito positivo só adquiri a plena
Princípio da intervenção mínima eficácia quando compatível com os Princípios e Normas
descritos na Constituição Federal, abstraindo-a como um
O Direito Penal deve ser aplicado quando estritamen- todo.
te necessário mantendo-se SUBSIDIÁRIO e FRAGMENTÁ- As disposições constitucionais aplicáveis ao Direito
RIO (características). Penal também são chamadas de princípios constitucio-
nais do Direito Penal.
Princípio da proibição de proteção deficiente Enfim, esse estudo tem de passar pelos princípios
constitucionais e assim avançar neste ramo do direito.
Também denominado de princípio da insuficiência Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
ou de proibição de omissão, o princípio da proibição de todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
proteção deficiente consiste em uma verdadeira cláusula de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
mandamental dirigida ao Estado, determinando a ado- homem.
ção das medidas suficientes e necessárias à proteção dos O Direito Penal moderno se assenta em determinados
direitos fundamentais. princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
O princípio da insuficiência não se dirige apenas ao democrático, entre os quais sobreleva o da legalidade
legislador, impondo-lhe proibição de omissão, mas, tam- dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
bém, ao Poder Judiciário. ção legalizada, que tem base constitucional expressa.
No plano legislativo, o aludido princípio se assemelha Nasce, então, os princípios do Direito Penal.
ao mandado de criminalização (ou penalização), no sen-
tido da proibição do Poder Legislativo se omitir diante Princípio da Legalidade
dos mecanismos de proteção dos direitos fundamentais.
A sua dicção legal tem sentido amplo: não há cri-
Princípio da vedação à conta corrente me (infração penal), nem pena ou medida de segurança
(sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
Significa que, mesmo que condenado erroneamente Assim, o princípio da legalidade tem quatro funções
ou permanecer preso por tempo superior ao determina- fundamentais:
do na sentença, o agente não terá direito a um crédito
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

carcerário a seu favor, devendo a situação ser resolvida


no âmbito da responsabilidade civil do Estado.

Princípio da confiança

Embora tratado por parte da doutrina como um prin-


cípio trata-se, em verdade, de um critério de avaliação do
comportamento, do dever de cuidado, segundo o qual
se proíbe a exigência de que o indivíduo tenha previsão
perante ações descuidadas de terceiros.
Ao contrário, aquele que age dentro da normalidade
das relações sociais, diga-se, dentro dos limites do risco
Princípio da aplicação da lei mais favorável
permitido, tem o direito de esperar que os demais assim
atuem (confiança permitida), impossibilitando que seja
A regra do Direito Penal é a irretroatividade da lei
a ele imputada a previsibilidade de um comportamento
penal, ressalvada a retroatividade favorável ao acusado,
imprudente, contrário ao dever de cautela praticado por
fundamentam-se a regra geral nos princípios da reserva
outrem.
legal, da taxatividade e da segurança jurídica (princípio
Exclui a imputação subjetiva, desde que, na concor-
do favor libertatis), e a hipótese excepcional em razões
rência de ações, o agente que o invoca tenha agido com
de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o arbí-
o dever de cautela exigível para o caso concreto, em con-
trio legislativo e judicial na elaboração e aplicação de lei
sonância com as regras de experiência comum.
retroativa prejudicial.

2
A regra constitucional (art. 5°, XL, da CF) é no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é a retroatividade,
desde que seja para beneficiar o réu.
Com essa vertente do princípio da legalidade tem-se a certeza de que ninguém será punido por um fato que,
ao tempo da ação ou omissão, era tido como um indiferente penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal
incriminando-o.

Taxatividade ou da determinação

Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal, que deve ser suficientemente clara e precisa na formulação do
conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção para que exista real segurança jurídica.
Tal assertiva constitui postulado indeclinável do Estado de direito material – democrático e social.
O princípio da reserva legal implica a máxima determinação e taxatividade dos tipos penais, impondo-se ao Poder
Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a máxima precisão de seus elementos, bem como ao
Judiciário que as interprete restritivamente, de modo a preservar a efetividade do princípio.

Princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos

O pensamento jurídico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal reside na proteção
de bens jurídicos essenciais ao indivíduo e à comunidade, dentro do quadro axiológico constitucional ou decorrente da
concepção de Estado de Direito democrático (teoria constitucional eclética).

Princípio da intervenção mínima ou da subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo

Estabelece que o Direito Penal só deve atuar na defesa dos bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica
das pessoas e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa. Desse modo, a lei penal só deverá
intervir quando for absolutamente necessário para a sobrevivência da comunidade, como ultima ratio.
O princípio da intervenção mínima é o responsável não só pelos bens de maior relevo que merecem a especial pro-
teção do Direito Penal, mas, presta-se, também, a fazer com que ocorra a chamada descriminalização.
Se é com base neste princípio que os bens são selecionados para permanecer sob a tutela do Direito Penal, porque
considerados como de maior importância, também será com fundamento nele que o legislador, atento às mutações
da sociedade, que com sua evolução deixa de dar importância a bens que, no passado, eram da maior relevância, fará
retirar do ordenamento jurídico-penal certos tipos incriminadores.

Princípio da pessoalidade da pena ou da responsabilidade pessoal ou da intrancendência da pena

Impede-se a punição por fato alheio, vale dizer, só o autor da infração penal pode ser apenado (CF, art. 5°, XLV).
Havendo falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniária, não
poderá ser estendida a ninguém, tendo em vista seu caráter personalíssimo, quer dizer, somente o autor do delito é
que pode submeter-se às sanções penais a ele aplicadas.
Todavia, se estivermos diante de uma responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada im-
pede que, no caso de morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


até as forças da herança.
A pena de multa, apesar de ser considerada agora dívida de valor, não deixou de ter caráter penal e, por isso, con-
tinua obedecendo a este princípio.

#FicaDica
• Com o falecimento do condenado, a pena que lhe fora infligida, mesmo que seja de natureza pecuniá-
ria, não poderá ser estendida a ninguém. Pena de multa tem natureza penal, não pode ser transferida.
• A responsabilidade não penal, como a obrigação de reparar o dano, nada impede que, no caso de
morte do condenado e tendo havido bens para transmitir aos seus sucessores, estes respondem até as
forças da herança.

Individualização da pena

A individualização da pena ocorre em três momentos:

3
Proporcionalidade da pena

Deve existir sempre uma medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção imposta.
A pena deve ser proporcionada ou adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico representado pelo delito e a
medida de segurança à periculosidade criminal do agente.
O princípio da proporcionalidade rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade
em abstrato) e a imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o fato
cometido considerado em seu significado global.

#FicaDica
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Princípio da humanidade ou da limitação das penas

Em um Estado de Direito democrático veda-se a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem como de qualquer
outra medida que atentar contra a dignidade humana. Apresenta-se como uma diretriz garantidora de ordem material
e restritiva da lei penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, relaciona-se de forma estreita com os princípios
da culpabilidade e da igualdade.
Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as seguintes penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada;


b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis.

Um Estado que mata, que tortura, que humilha o cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão que contradiz
sua razão de ser, colocando-se ao nível dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014).

Princípio da adequação social

Apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será tida como típica se for socialmente adequada ou
reconhecida, isto é, se estiver de acordo da ordem social da vida historicamente condicionada.

4
Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que prevê uma concordância com determinações jurídicas de com-
portamentos já estabelecidos.
O princípio da adequação social possui dupla função, acompanhe:
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade.
A segunda função é dirigida ao legislador em duas vertentes.
A primeira delas o orienta quando da seleção das condutas que deseja proibir ou impor, com a finalidade de pro-
teger os bens considerados mais importantes.
Se a conduta que está na mira do legislador for considerada socialmente adequada, não poderá ele reprimi-la va-
lendo-se do Direito Penal. A segunda vertente destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos penais e retire
do ordenamento jurídico à proteção sobre aqueles bens cujas condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da
sociedade.

Princípio da insignificância ou da bagatela

Este princípio, enquanto manifestação contrária ao uso excessivo da sanção penal, postula que devem ser tidas
como atípicas as ações ou omissões que afetam muito infimamente a um bem jurídico-penal.
A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir a tipicida-
de em caso de danos de pouca importância.
A insignificância da afetação [do bem jurídico] exclui a tipicidade, mas só pode ser estabelecida através da conside-
ração conglobada da norma: toda ordem normativa persegue uma finalidade, tem um sentido, que é a garantia jurídica
para possibilitar uma coexistência que evite a guerra civil (a guerra de todos contra todos). A insignificância só pode surgir
à luz da finalidade geral que dá sentido à ordem normativa, e, portanto, à norma em particular, e que nos indica que essas
hipóteses estão excluídas de seu âmbito de proibição, o que não pode ser estabelecido à luz de sua consideração isolada.
(ZAFFARONI e PIERANGELI - 2015)

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

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Princípio da lesividade ou da ofensividade do evento

A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das ações
reprováveis e somente eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas meramente
imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.

Princípio da razoabilidade

De todos os princípios estudados, este é o único que não é constitucional.


Mas, não podemos deixar de estudá-lo neste momento.
Segunda a doutrina, o razoável sobrepõe o que é legal. Faz com que a lei seja interpretada e aplicada em harmonia
com a realidade, de modo social e juridicamente razoável, buscando aquilo que é justo.

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (PC–MA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – CESPE – 2018) O princípio da legalidade compreende


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a) A capacidade mental de entendimento do caráter ilícito do fato no momento da ação ou da omissão, bem como da
ciência desse entendimento.
b) O juízo de censura que incide sobre a formação e a exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e
ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena.
c) A oposição entre o ordenamento jurídico vigente e um fato típico praticado por alguém capaz de lesionar ou expor
a perigo de lesão bens jurídicos penalmente protegidos.
d) A obediência às formas e aos procedimentos exigidos na criação da lei penal e, principalmente, na elaboração de seu
conteúdo normativo.
e) A conformidade da conduta reprovável do agente ao modelo descrito na lei penal vigente no momento da ação ou
da omissão.

Resposta: Letra D. O princípio da legalidade penal também está relacionado ao devido respeito às normas e pro-
cedimentos que devem ser respeitados para a produção das normas penais, assim como, também, com o conteúdo
normativo das disposições sobre Direito Penal.

2. (DPRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – 2013) O princípio da legalidade é parâmetro fixador do con-
teúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente pode ser criados por meio
de lei em sentido estrito.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

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Resposta: Certo. O princípio da legalidade serve de Resposta: Certo. Dentre as características do princí-
parâmetro para fixação das normas penais incrimi- pio da legalidade, a alternativa apresenta duas delas:
nadoras (aquelas que criam crimes e suas respectivas vedação de se utilizar analogia para prejudicar o agen-
penas). Não é possível a criação de tipos penais in- te (in malam partem) e vedação de se criar crimes e
criminadoras de nenhuma outra forma que não seja penas pelos costumes. É importante mencionar que a
por meio de lei em sentido estrito (Lei Ordinária e Lei analogia não é amplamente proibida no Direito Penal
Complementar). Nenhum outro diploma normativo Brasileiro, já que, se for para beneficiar (in bonam par-
poderá criar crime e cominar penas. Previsão Legal: tem) o agente, ela será admitida.
Artigo 1º do Código Penal e Artigo 5º, XXXIX, da Cons-
tituição Federal.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL. A LEI PENAL
3. (TJ-PB – JUIZ LEIGO-ADAPTADA – CESPE – 2013) É NO TEMPO E NO ESPAÇO. TEMPO E
permitida a criação de tipos penais por meio de medida LUGAR DO CRIME. TERRITORIALIDADE E
provisória. EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL
(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado. Vigora no nosso ordenamento ju- O Direito Penal está interligado a todos os ramos do
rídico o princípio da reserva legal, desdobramento do Direito, especialmente Direito Constitucional, que se tra-
princípio da legalidade, juntamente com o princípio duz no estatuto máximo de uma sociedade politicamen-
da anterioridade. O princípio da reserva legal estabe- te organizada.
lece que somente lei em sentido estrito pode criar cri- Todos os ramos do direito positivo só adquirem a
mes e cominar penas. Segundo a Constituição Federal, plena eficácia quando compatível com os Princípios e
em seu Artigo 62, § 1º, I, b, é vedado a edição de Me- Normas descritos na Constituição Federal, abstraindo-a
dida Provisória sobre Direito Penal. Parte da doutrina como um todo.
e também a jurisprudência do STF, admitem a possibi- O estudo da aplicação da lei penal tem, quase que
lidade de Medida Provisória em matéria penal, desde obrigatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
que seja para beneficiar o agente, mas eles também e assim avançar nesta disciplina.
entender não poder a Medida Provisória criar crimes Tenha a ideia de que os princípios são o alicerce de
ou penas. todo sistema normativo, fundamentam todo o sistema
de direito e estabelecem os direitos fundamentais do
4. (TJ-ES – COMISSÁRIO DA INFÂNCIA E DA JUVEN- homem.
TUDE – CESPE – 2011) Com relação aos princípios de O Direito Penal moderno se assenta em determinados
direito penal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue princípios fundamentais, próprios do Estado de Direito
os itens subsecutivos. democrático, entre os quais destaca-se o da legalidade
Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à dos delitos e das penas, da reserva legal ou da interven-
proibição de se realizar incriminações vagas e indeter-
ção legalizada, tudo com base constitucional expressa.
minadas, visto que, no preceito primário do tipo penal
Sobre a aplicação da lei penal é necessário compreen-
incriminador, é obrigatória a existência de definição pre-
der as fontes do Direito Penal:
cisa da conduta proibida ou imposta, sendo vedada, com
base em tal princípio, a criação de tipos que contenham
FONTES FORMAIS
conceitos vagos e imprecisos.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


MEDIATAS:
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
a) Costume é a reiteração de uma conduta, de modo
Resposta: Certo. Segundo posicionamento doutri- constante e uniforme, por força da convicção de
nário, o princípio da legalidade é desdobrado nas se- sua obrigatoriedade.
guintes vertentes. O princípio da taxatividade proíbe a
criação de tipos penais que contenham condutas in- Possui um elemento objetivo, relativo ao fato (reite-
determinadas, imprecisas. O seguinte tipo penal seria ração da conduta) e outro subjetivo, inerente ao agente
vedado em nosso ordenamento jurídico: violar a mo- (convicção da obrigatoriedade). Ambos devem estar pre-
ralidade pública. Reclusão, de 5 a 8 anos. O que vem a sentes cumulativamente.
ser moralidade administrativa é um conceito vago, in- No Direito Penal, o costume nunca pode ser empre-
determinado, que pode ser interpretado de inúmeras gado para criar delitos ou aumentar penas.
maneiras conforme a análise de cada indivíduo. Os costumes se dividem:

5. (DETRAN–DF – ANALISTA DE TRÂNSITO – CESPE 1) secundum legem ou interpretativo: auxilia o intér-


– 2009) Acerca do direito penal, julgue os itens que se prete a esclarecer o conteúdo de elementos ou cir-
seguem. O princípio da legalidade veda o uso de analo- cunstâncias do tipo penal.
gia in malam partem e a criação de crimes e penas pelos
costumes. No passado, pode ser lembrada a expressão “mulher
honesta”, a qual era compreendida de diversas for-
(  ) CERTO   (  ) ERRADO mas ao longo do território nacional.

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2) contra legem ou negativo: também conhecido Normas penais incriminadoras
como desuetude, é aquele que contraria a lei, mas
não tem o condão de revogá-la. É fácil.
3) praeter legem ou integrativo: supre a lacuna da lei São aquelas que definem as infrações penais e fixam
e somente pode ser utilizado na seara das normas as respectivas penas.
penais não incriminadoras, notadamente para pos- São também chamadas de tipos penais.
sibilitar o surgimento de causas supralegais de ex- As normas incriminadoras possuem, necessariamen-
clusão da ilicitude ou da culpabilidade. te, duas partes.
b) Princípios gerais do Direito são os valores funda- A primeira descreve a conduta típica e os demais
mentais que inspiram a elaboração e a preservação elementos necessários para que o fato seja considerado
do ordenamento jurídico. Não podem ser utiliza- criminoso.
dos para tipificação de condutas ou cominação de
Também chamado de preceito primário da norma
penas. Sua atuação se reserva ao âmbito das nor-
incriminadora.
mas penais não incriminadoras.
Crime de furto - art. 155, caput, CP: “subtrair, para si
c) Atos da Administração Pública: no Direito Penal,
funcionam como complemento de algumas leis ou para outrem, coisa alheia móvel”.
penais em branco. Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são
denominados elementos ou elementares e se subdivi-
FONTE FORMAL dem em três espécies: elementos objetivos, subjetivos e
IMEDIATA: É a lei penal, uma vez que, por expressa normativos.
determinação constitucional, tem a si reservado, exclusi- Os elementos objetivos são os verbos constantes dos
vamente, o papel de criar infrações penais e cominar as tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos,
respectivas penas respectivas. cujos significados não demandam qualquer juízo de va-
A estrutura da lei penal apresenta um preceito primá- lor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto.
rio (conduta) e um preceito secundário (pena). Todos os tipos penais possuem elementos objetivos.
Os elementos subjetivos dizem respeito à espe-
preceito primário conduta cial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão
delituosa.
LEI PENAL
Não são todos os tipos penais que contêm elementos
preceito secundário pena subjetivos.
O crime de extorsão mediante sequestro, por exem-
plo, consiste em “sequestrar pessoa com o fim de obter,
As leis penais podem ser incriminadoras, não incri-
para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condi-
minadoras (permissivas, exculpantes, interpretativas, de
ção ou preço do resgate” (art. 159 do CP).
aplicação, finais ou complementares, diretivas, integra-
O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente
tivas ou de extensão), completas ou perfeitas e incom-
pletas ou imperfeitas. A lei penal não é proibitiva, mas de obter vantagem como decorrência do sequestro.
descritiva. Os elementos normativos, por sua vez, são aqueles
Incriminadoras quando descrevem crimes e cominam cujo significado não se extrai da mera observação, de-
penas. pendendo de uma interpretação, ou seja, de um juízo de
As não incriminadoras podem ser permissivas ou ex- valor.
No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é consi-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

plicativas, também chamadas complementares ou finais.


As permissivas podem ser justificantes, quando ex- derada elemento normativo, pois só se sabe se um bem
cluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando excluem é alheio quando se está diante de um caso concreto e se
a culpabilidade. faz uma análise envolvendo o bem e a pessoa acusada
As explicativas (complementares ou finais) esclarecem de tê-lo subtraído.
o conteúdo de outra norma, como no caso do conceito São poucos os crimes que possuem elemento
de funcionário público, ou tratam de regras gerais para normativo.
aplicação das demais normas, como as que disciplinam a Os tipos penais compostos somente por elementos
tentativa e o nexo de causalidade. objetivos são chamados de normais, e aqueles que tam-
bém contêm elementos subjetivos ou normativos são
classificados de anormais (por serem exceção).
NÃO INCRIMINADORAS
Na segunda parte da norma incriminadora, a lei prevê
a pena a ser aplicada a quem realizar a conduta típica
EXPLICATIVAS ilícita.
PERMISSIVAS complementares ou No caso do furto, a pena estabelecida é de “reclusão,
finais
de um a quatro anos, e multa”. Esse é o chamado precei-
Justificantes quando to secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as nor-
Exculpantes encluem Exclarecem o
excluem a
a culpabilidade conteúdo da norma
mas incriminadoras podem ser complementadas na Par-
antijuridicidade

te Especial por circunstâncias que tornam a pena mais


grave ou mais branda.

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Causas de aumento de pena A LEI PENAL NO TEMPO

As causas de aumento são índices de soma ou multi- O Código Penal, logo no art. 1º dispõe que não há
plicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida na crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
fase anterior. prévia cominação legal.
Continuando no exemplo do crime de furto: A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
Art. 155, § 1º, do CP, “a pena aumenta-se de 1/3 como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à
norma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício
(um terço) se o crime é praticado durante o repouso
ao réu.
noturno”.
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos du-
rante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a extra-
Qualificadoras tividade da lei penal.
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
As qualificadoras alteram a pena em abstrato (pre- neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da
ceito secundário) como um todo, descrevendo novas pe- lei.
nas máxima e mínima. Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico é o seu poder de regular situações fora de seu período
já mencionado e descrito no caput do art. 155, do CP, de vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações
existem as qualificadoras (rompimento de obstáculo, passadas, seja em relação a situações futuras.
emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes Quando a lei regula situações passadas, fatos anterio-
etc.). res a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade.
Já, se sua aplicação se der para fatos após a cessação de
Art. 155. (...) sua vigência, será chamada ultratividade.
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e
-se a ocorrência das seguintes situações:
multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura
subtração da coisa; criminosa;
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, es- b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei
calda ou destreza; penal mais benigna;
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas. Tanto a abolitio criminis como a novatio legis in me-
lius, aplica-se o princípio da retroatividade da Lei penal
Abrandamento da pena mais benéfica.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimina-
Há hipóteses de abrandamento da pena, por exem- lizou os artigos 217 e 240, do Código Penal, respectiva-
plo, o furto privilegiado. mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo
que o sujeito que praticou uma destas condutas em fe-
Art. 155, § 2º, do CP, “se o criminoso é primário, e é de vereiro de 2006, por exemplo, não será responsabilizado
na esfera penal.
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de
de 28 de março de 2006, não descriminalizou o crime de
1 (um) a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena rapto, previsto anteriormente no artigo 219 e seguintes

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


de multa”. do Código Penal, mas somente deslocou sua tipicida-
de para o artigo 148 e seguintes (“sequestro” e “cárce-
Normas penais permissivas re privado”), houve, assim, uma continuidade normativa
atípica.
São as que preveem a licitude ou a impunidade de A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e
determinados comportamentos, apesar de se enquadra- todos os efeitos penais da sentença.
rem na descrição típica. A Lei nº 9.099/1999 trouxe novas formas de substitui-
São normas permissivas, por exemplo, aquelas que ção de penas e, por consequência, considerando que se
excluem a ilicitude do aborto provocado por médico trata de novatio legis in melius ocorreu retroatividade de
quando não há outro meio para salvar a vida da ges- sua vigência a fatos anteriores a sua publicação.
tante, ou quando a gravidez resulta de estupro e há
consentimento da gestante (art. 128, do CP), ou, ainda, c) Novatio legis in pejus – é a lei posterior que agrava
a situação;
as hipóteses de isenção de pena existentes nos crimes
d) Novatio legis incriminadora – é a lei posterior que
contra o patrimônio praticados contra cônjuge ou contra
cria um tipo incriminador, tornando típica a condu-
ascendente sem emprego de violência ou grave ameaça ta antes considerada irrelevante pela lei penal.
(art. 181, do CP).
A legislação penal brasileira optou pela proibição in- A lei posterior não retroage para atingir os fatos pra-
direta, descrevendo o fato como pressuposto da sanção ticados na vigência da lei mais benéfica (Irretroatividade
– técnica legislativa desenvolvida por Karl Binding e cha- da lei penal). Contudo, haverá extratividade da lei mais
mada de teoria das normas, segundo a qual é necessária benéfica, pois será válida mesmo após a cessação da vi-
a distinção entre norma e lei penal. gência (Ultratividade da Lei Penal).

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Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e continuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos
termos da Súmula 711 do STF.
Ainda no art. 1º, do CP, há o princípio da legalidade, em que a maioria dos nossos autores considera o princípio da
legalidade sinônimo de reserva legal.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
Dissentindo desse entendimento, o professor Fernando Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
aos enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e 1º do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, nele embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva legal,
reservando para o estrito campo da lei a existência do crime e sua correspondente pena (não há crime sem lei que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal), e o da anterioridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momento da
prática da infração penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a regra do art. 1º, denominada princípio da legalida-
de, compreende os princípios da reserva legal e da anterioridade.

LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA

Vamos ver o que dispõe o Código Penal:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.

Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vi-
gorar enquanto perdurar o período excepcional.
Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim,
a lei traz em seu texto a data de cessação de sua vigência.
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a determinaram
(lei excepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados duran-
te sua vigência. São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após sua
revogação.

TEMPO DO CRIME

O Código Penal dispõe que:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A respeito do tempo do crime, existem três teorias:

a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no momento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no momento do resultado advindo da conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime consiste no momento tanto da conduta como do resultado
que adveio da conduta criminosa.

Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado
(tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, nos termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal.
O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Penal português em que também é adotada a Teoria da Ativi-
dade para o tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que praticou o crime no momento da vigência da lei anterior
terá direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor de 18 anos, por exemplo, não será considerado imputável mesmo
que a consumação ocorrer quando tiver completado idade equivalente a maioridade penal. E, também, o deficiente
mental será imputável, se na época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia mental tão somente na época do
resultado.
Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanentes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga
no tempo, de modo que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave
será aplicada.

10
A LEI PENAL NO ESPAÇO

Territorialidade

De acordo com o Código Penal:

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves bra-
sileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves
e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma penal a fatos cometidos no Brasil:

a) Princípio da territorialidade: a lei penal só tem aplicação no território do Estado que a editou, pouco importando
a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo.
b) Princípio da territorialidade absoluta: só a lei nacional é aplicável a fatos cometidos em seu território.
c) Princípio da territorialidade temperada: a lei nacional se aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excep-
cionalmente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim estabelecer algum tratado ou convenção
internacional. Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

O Território nacional abrange todo o espaço em que o Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares inte-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


riores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e espaço aéreo.
Os § 1º e 2º do art. 5º do Código Penal esclarecem ainda que:
“Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasilei-
ras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar” (§ 1º).
“É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente,
e estas em porto ou mar territorial do Brasil” (§ 2º).

Extraterritorialidade

Observe o texto do Código Penal:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:


I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em-
presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

11
II - os crimes: EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
a reprimir; A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
b) praticados por brasileiro; brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasi- pode ser homologada no Brasil para:
leiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
em território estrangeiro e aí não sejam julgados. • obrigar o condenado à reparação do dano, a resti-
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo tuições e a outros efeitos civis;
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no • sujeitá-lo a medida de segurança.
estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasilei- A homologação depende:
ra depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; • para os efeitos de obrigar o condenado à repara-
b) ser o fato punível também no país em que foi ção do dano, a restituições e a outros efeitos civis,
de pedido da parte interessada;
praticado;
• para os outros efeitos, da existência de tratado de
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
extradição com o país de cuja autoridade judiciária
lei brasileira autoriza a extradição;
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re-
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
quisição do Ministro da Justiça.
não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, Contagem de prazo
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, se-
gundo a lei mais favorável. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime co- Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
metido por estrangeiro contra brasileiro fora do Bra- comum.
sil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e
anterior: nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; multa, as frações de cruzeiro.
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Legislação especial
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a
fatos criminosos ocorridos no exterior. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos
Princípios norteadores: incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
modo diverso.
a) Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei na-
cional do autor do crime, qualquer que tenha sido
o local da infração.
b) Princípio da nacionalidade passiva: a lei nacional
do autor do crime aplica-se quando este for prati-
cado contra bem jurídico de seu próprio Estado ou
contra pessoa de sua nacionalidade.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

c) Princípio da defesa real: prevalece a lei referente


à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer
que tenha sido o local da infração ou a nacionali-
dade do autor do delito. É também chamado de
princípio da proteção.
d) Princípio da justiça universal: todo Estado tem o
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
direito de punir qualquer crime, seja qual for a na-
cionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local da A interpretação é medida necessária para que com-
infração, desde que o agente esteja dentro de seu preendamos o verdadeiro sentido da norma e seu
território (que tenha voltado a seu país, p. ex.). alcance.
e) Princípio da representação: a lei nacional é aplicá- Na interpretação, há lei para regular o caso em con-
vel aos crimes cometidos no estrangeiro em ae- creto, assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo
ronaves e embarcações privadas, desde que não normativo sua vontade e seu alcance para que possa re-
julgados no local do crime. gular o fato jurídico.

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Interpretação quanto ao sujeito

A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena im- Autêntica ou legislativa – aquela fornecida pela pró-
posta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou pria lei (exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser
nela é computada, quando idênticas. considerado funcionário público para fins penais);

12
Doutrinária ou científica – aquela aduzida pelo jurista ANALOGIA
por meio de sua doutrina;
Jurisprudencial – é o significado da lei dado pelos Tri- Analogia não é forma de interpretação, mas de in-
bunais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição tegração de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca
dos Motivos do Código Penal configura uma interpre- do tema, ou ainda em caso de a Lei não tratar do tema
tação doutrinária, pois foi elaborada pelos doutos que em específico o magistrado irá recorrer ao instituto. São
criaram o Código, ao passo que a Exposição de Motivos pressupostos da analogia: certeza de que sua aplicação
do Código de Processo Penal é autêntica ou legislativa,
será favorável ao réu, existência de uma efetiva lacuna a
pois foi criada por lei.
ser preenchida (omissão involuntária do legislador).
Interpretação quanto ao modo Dita o Código Penal em seu artigo 2º, afirma que nin-
guém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
Gramatical, filológica ou literal – considera o sentido considerar crime, cessando em virtude dela a execução e
literal das palavras; os efeitos penais da sentença condenatória.
Teleológica – refere-se à intenção objetivada pela O parágrafo único deste artigo trata da exceção à re-
lei (exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, gra da irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de bene-
mesmo que a lei se refira apenas ao aparelho); fício ao réu, ainda que os fatos já tenham sidos decididos
Histórica – indaga a origem da lei; por sentença condenatória transitada em julgado.
Sistemática – interpretação em conjunto com a le- Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroa-
gislação em vigor e com os princípios gerais do direito; girá em benefício do réu.
Progressiva ou evolutiva – busca o significado legal Frise-se, todavia que tal regra se restringe somente às
de acordo com o progresso da ciência. normas penais.

Interpretação quanto ao resultado

Declarativa ou declaratória – é aquela em que a le- EXERCÍCIOS COMENTADOS


tra da lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis
dizer, sem restringir ou estender seu sentido; 1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE
Restritiva – a interpretação reduz o alcance das pa- – 2018) Depois de adquirir um revólver calibre 38, que
lavras da lei para corresponder à intenção do legislador; sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo muni-
Extensiva – amplia o alcance das palavras da lei para ciado, sem autorização e em desacordo com determina-
corresponder à sua vontade. ção legal. O comportamento suspeito de José levou-o a
ser abordado em operação policial de rotina. Sem a au-
Interpretação sui generis
torização de porte de arma de fogo, José foi conduzido à
delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
A interpretação sui generis pode ser exofórica ou en-
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
dofórica. Veja-se:
Exofórica – o significado da norma interpretativa não item seguinte.
está no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo); Se, durante o processo judicial a que José for submetido,
Endofórica – o texto normativo interpretado empres- for editada nova lei que diminua a pena para o crime

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


ta o sentido de outros textos do próprio ordenamento de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato,
jurídico (muito usada nas normas penais em branco). pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de
aplicação da lei vigente à época do fato.
Interpretação conforme a Constituição
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
A Constituição Federal informa e conforma as normas
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante for- Resposta: Errado. Em regra, a lei penal se aplica aos
ma de interpretação no Estado Democrático de Direito. fatos praticados durante o seu período vigente. Ex-
cepcionalmente, a lei penal poderá se movimentar
Distinção entre interpretação extensiva e interpre- no tempo, seja para ser aplicada a fatos ocorridos no
tação analógica
passado, quando retroagirá, seja para ser aplicada no
futuro, mesmo estando revogada, quando irá ultra-
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance
das palavras, a analógica fornece exemplos encerrados gir. Nos dois casos, um requisito se faz indispensável:
de forma genérica, permitindo ao juiz encontrar outras deve ser feito para beneficiar o agente. A lei posterior,
hipóteses, funcionando como uma analogia in malan que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
partem admitida pela lei. aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em condenatória transitada em julgado. Previsão Legal:
sentido amplo, a qual abrange a interpretação extensiva artigo 2º, Parágrafo único, do Código Penal.
em sentido estrito e interpretação analógica.

13
2. (POLÍCIA FEDERAL – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE – 2018) Em cada item a seguir, é apresentada
uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudên-
cia dos tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e
arrependimento posterior.
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente
revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime
praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. Ocorreu ao fato narrado pela alternativa o que se chama de continuidade típico-normativa, que se
dá quando o tipo penal é revogado, mas sua conduta continua sendo crime, contudo, tipificada em outro tipo penal.
Exemplo do fato aconteceu quando o tipo penal de atentado violento ao pudor, antigo artigo 214 do Código Penal,
foi revogado, mas a conduta que o configurava passou a integrar o tipo penal do crime de estupro, artigo 213 do
CPB. Nas hipóteses de continuidade típico-normativa, não há que se falar em abolitio criminis.

3. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
No ordenamento jurídico brasileiro, é adotada a teoria da ubiquidade quando se fala do tempo do crime, ou seja, o
crime é considerado praticado no momento da ação ou da omissão.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado. Em relação ao tempo do crime, o Código Penal adotou a teoria da atividade, considerando-se
praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Previsão
Legal: artigo 4º do Código Penal.

4. (EMAP – ANALISTA PORTUÁRIO – CESPE – 2018) A respeito da aplicação da lei penal, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: João cometeu crime permanente que teve início em fevereiro de 2011 e fim em dezembro desse
mesmo ano. Em novembro de 2011, houve alteração legislativa que agravou a pena do crime por ele cometido. Asser-
tiva: Nessa situação, deve ser aplicada a lei que prevê pena mais benéfica em atenção ao princípio da irretroatividade
da lei penal mais gravosa.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Errado. No caso de crimes permanentes ou de crimes continuados, aplicar-se a lei penal vigente ao tem-
po do término da permanência ou da continuidade, ainda que seja muito mais gravosa ao agente. Por exemplo: Se
antes de uma vítima de extorsão, mediante sequestro, for colocada em liberdade pelos sequestradores, entrar em
vigor lei penal que prejudica o agente. É ela que será aplicada ao caso, já que é anterior ao término da permanência
do crime. É importante que você conheça a Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

5. (EBSERH – ADVOGADO – CESPE – 2018) Com referência à lei penal no tempo, ao erro jurídico-penal, ao concurso
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

de agentes e aos sujeitos da infração penal, julgue o item que se segue.


Situação hipotética: Um crime foi praticado durante a vigência de lei que cominava pena de multa para essa conduta.
Todavia, no decorrer do processo criminal, entrou em vigor nova lei, que, revogando a anterior, passou a atribuir ao
referido crime a pena privativa de liberdade. Assertiva: Nessa situação, dever-se-á aplicar a lei vigente ao tempo da
prática do crime.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. A regra no nosso ordenamento jurídico é o princípio do tempus regit actum. A lei penal irá produ-
zir efeitos durante o seu período de vigência. Caso uma lei penal seja revogada por outra mais grave (substituiu a
multa por pena privativa de liberdade), a lei revogada continuará a ser aplicada aos fatos praticados durante a sua
vigência, devido a capacidade que tem a lei benéfica de ser ultrativa. Previsão Legal: artigo 2º, Parágrafo único, do
Código Penal.

O FATO TÍPICO E SEUS ELEMENTOS. CRIME CONSUMADO E TENTADO. ILICITUDE E CAUSAS


DE EXCLUSÃO. EXCESSO PUNÍVEL

O crime ocorre quando uma pessoa pratica qualquer conduta descrita na lei e, através dessa conduta, ofende um
bem jurídico de uma terceira pessoa. Constituem determinados comportamentos humanos proibidos por lei, sob a
ameaça de uma pena.

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A legislação brasileira, apresenta um sistema bipartido sobre as espécies de infração penal, uma vez que existem
apenas duas espécies (crime = delito ≠ contravenção). Situação diferente ocorre com alguns países tais como a França
e a Espanha que adotaram o sistema tripartido (crime ≠ delito ≠ contravenção).

"A" pratica conduta "A", com uso de uma


Art. 121. Matar
descrita na lei arma, dispara e mata
alguém.
(Código Penal) "B"

"B" morre em "A" mata "B"


decorrência dos CRIME
disparos efetuados por Descrito no Art. 121,
"A" do Código Penal

As duas espécies de infração penal são: o crime, considerado o mesmo que delito, e a contravenção. Ilustre-se, po-
rém que, apesar de existirem duas espécies, os conceitos são bem parecidos, diferenciando-se apenas na gravidade da
conduta e no tipo (natureza) da sanção ou pena.
No que diz respeito à gravidade da conduta, os crimes e delitos se distinguem por serem infrações mais graves,
enquanto a contravenção refere-se às infrações menos graves.
Em relação ao tipo da sanção, a diferença tem origem no art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei
3.914/41).

Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente,
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isola-
damente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.

Em razão dos crimes serem condutas mais graves, então, eles são repelidos através da imposição de penas mais
graves (reclusão ou detenção e/ou multa).
As contravenções, todavia, por serem condutas menos graves, são sancionadas com penas menos graves (prisão
simples e/ou multa).
A escolha se determinada infração penal será crime/delito ou contravenção é puramente política, da mesma forma
que o critério de escolha dos bens que devem ser protegidos pelo Direito Penal. Além disso, o que hoje é considerado
crime pode vir, no futuro, a ser considerada infração e vice-versa. O exemplo disso aconteceu com a conduta de por-
tar uma arma ilegalmente. Até 1997, tal conduta caracterizava uma mera contravenção, porém, com o advento da Lei

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


9.437/97, esta infração passou a ser considerada crime/delito.

DIFERENÇAS PRÁTICAS ENTRE CRIMES E CONTRAVENÇÕES

Diferenças CRIME CONTRAVENÇÃO


TENTATIVA Punível Por força do Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível
EXTRATERRITORIALIDADEAplicada, nas situações do Não é aplicada
Art. 7º do Código Penal
TEMPO MÁXIMO DE PENA 30 anos 5 anos
REINCIDÊNCIA Ocorre após a prática de Não há reincidência após a prática de contravenção no
crime ou contravenção no estrangeiro
Brasil e após a prática de
crime no estrangeiro

SEMELHANÇA NO ESTUDO DOS CRIMES E CONTRAVENÇÕES

Vimos que em termos práticos existem algumas diferenças entre crime e contravenção, porém, não podemos falar
o mesmo sobre a essência dessas infrações. Tanto a contravenção como o crime, substancialmente, são fatos típicos,
ilícitos e, para alguns, culpáveis.
Ou seja, possuem a mesma estrutura.

15
CRIMES HEDIONDOS Ao não se adotar essa orientação, absurdos poderão
ocorrer na prática, em prejuízo de princípios constitucio-
Diferente do que costuma se pensar no senso comum, nais, como da igualdade e da proporcionalidade.
juridicamente, crime hediondo não é o crime praticado De modo que o delito mais grave, por atingir um bem
com extrema violência e com requintes de crueldade e jurídico coletivo, seria absurdamente considerado de
sem nenhum senso de compaixão ou misericórdia por menor potencial ofensivo, enquanto o outro, de menor
parte de seus autores, mas sim, um dos crimes expressa- lesividade objetiva, por afetar bem jurídico individual, te-
mente previstos na Lei nº 8.072/90. Portanto, são crimes ria a qualificação de crime de maior potencial ofensivo.
que o legislador entendeu merecerem maior reprovação
por parte do Estado. SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA INFRAÇÃO
Os crimes hediondos, do ponto de vista criminoló- PENAL
gico, são os crimes que estão no topo da pirâmide de
desvaloração criminal, devendo, portanto, ser entendi- Sujeito ativo
dos como crimes mais graves ou revoltantes, que causam
maior aversão à coletividade. Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem
Do ponto de vista semântico, o termo hediondo sig- jurídico protegido por lei. Em regra, só o ser humano
nifica ato profundamente repugnante, imundo, horren- maior de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infra-
do, sórdido, ou seja, um ato indiscutivelmente nojento, ção penal. A exceção acontece nos crimes contra o meio
segundo os padrões da moral vigente. ambiente onde existe a possibilidade da pessoa jurídica
O crime hediondo é o crime que causa profunda e ser sujeito ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da
consensual repugnância por ofender, de forma acentua- Constituição Federal.
damente grave, valores morais de indiscutível legitimi-
dade, como o sentimento comum de piedade, de frater- Art. 225 [...].
nidade, de solidariedade e de respeito à dignidade da § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas fí-
pessoa humana.
sicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
O conceito de crime hediondo repousa na ideia de
independentemente da obrigação de reparar os danos
que existem condutas que se revelam como a antítese
causados.
extrema dos padrões éticos de comportamento social,
de que seus autores são portadores de extremo grau de
Sujeito passivo
perversidade, periculosidade e em razão disso, merecem
sempre o grau máximo de reprovação ética por parte da
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito
sociedade e do próprio sistema de controle. passivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como
Destarte, foi aprovada por unanimidade na Câmara a sociedade são prejudicados quando as leis são deso-
dos Deputados um projeto de lei que restringe o benefí- bedecidas. O sujeito passivo material é o titular do bem
cio da progressão de regime para os presos condenados jurídico ofendido e pode ser tanto pessoa física como
por crimes hediondos. A lei 11.464/07 mudou a progres- pessoa jurídica.
são de regime, no caso dos condenados aos crimes he- É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito
diondos e equiparados, dar-se-á após o cumprimento de passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e podemos citar o furto de um computador de uma repar-
de 3/5 (três quintos), se reincidente. tição pública.
Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, ao
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma in-
fração penal.
Vejamos a posição de Damásio de Jesus acerca dos O princípio da lesividade diz que, para haver uma in-
crimes de menor potencial ofensivo: fração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de
De acordo com a Lei dos Juizados Especiais Criminais alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
(Lei n. 9.099/95), consideram-se infrações de menor po- extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
tencial ofensivo, sujeitando-os à sua competência, os cri- Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
mes aos quais a lei comine pena máxima não superior a próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
um ano (art. 61). (Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
A Lei dita que: consideram-se infrações de menor po- uma terceira pessoa.
tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2º, V do
multa. CP) ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço
Assim, sejam da competência da Justiça Comum ou militar (Art. 184 do CPM).
Federal, devem ser considerados delitos de menor po-
tencial ofensivo aqueles aos quais a lei comine, no máxi- CONCEITO DE CRIME, FATO TÍPICO, ILICITUDE,
mo, pena detentiva não superior a dois anos, ou multa; CULPABILIDADE, PUNIBILIDADE
de maneira que os Juizados Especiais Criminais da Justiça
Comum passam a ter competência sobre todos os delitos O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do
a que a norma de sanção imponha, no máximo, pena de- crime. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Pe-
tentiva não superior a dois anos (até dois anos) ou multa. nal, crime é a infração penal a que a Lei comine pena

16
de reclusão ou detenção e multa, alternativa, cumulativa Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt
ou isoladamente. Já contravenção é a infração a que a definiu ação como a inervação muscular produzida por
Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, energias de um impulso cerebral, que comandadas pelas
cumulativa ou isoladamente. leis da natureza, provoca uma transformação no mundo
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, ca- exterior. A ação é vista de uma forma puramente obje-
bendo à doutrina seu desenvolvimento. tiva, causal e naturalista. Reconhece-se que toda ação
O crime possui três conceitos principais, material, for- se inicia com a vontade, no entanto o conteúdo desta
mal e analítico. é irrelevante para a teoria causalista, bastando apenas a
verificação da relação causal entre o ato e o resultado,
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omis- que é o crime propriamente dito.
são humana que lesa ou expõe a perigo de lesão Porém, deve-se ressaltar que a concepção clássica do
bens jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou delito também leva em consideração o aspecto subje-
penalmente tutelados. De acordo com o STF, O tivo. Isto porque, baseando-se no conceito analítico de
CONCEITO MATERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGI- crime (ação típica, antijurídica e culpável), o Causalismo
TIMAÇÃO DO DIREITO PENAL, pois, de acordo com identifica tanto elementos objetivos, representados pela
ele, não será toda conduta que será penalmente tipicidade e pela antijuricidade, quanto um elemento
criminalizada, mas somente aquelas condutas mais subjetivo, a saber, a culpabilidade (dolo ou culpa).
relevantes (princípio da adequação social); A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei cha- subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua
ma de crime. Está definido no art. 1º da Lei de In- vez, realiza uma valoração negativa da ação, identifican-
trodução do Código Penal. Crime é toda infração a do se a conduta é realmente típica ou se há alguma cau-
que a Lei comina pena de reclusão ou detenção e
sa de justificação ou excludente de culpabilidade. Já a
multa, isolada, cumulativa ou alternativamente. De
culpabilidade é concebida como uma relação psicológica
acordo com este conceito, a diferença seria apenas
entre a ação e o autor, sendo que, a intensidade desse
quantitativa, relativa à quantidade da pena;
vínculo irá determinar a forma de culpabilidade, como
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elemen-
dolosa ou culposa.
tos que integram o crime. Crime é todo fato típico,
antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar
CONCEITO DE DELITO NO FINALISMO
de não fazer tanta diferença, já que fica mais fácil
manejar o CP e as leis especiais quando há exclu-
dentes de ilicitude e culpável (alguns autores não A teoria finalista do crime foi desenvolvida por Hans
consideram a culpabilidade como elemento do cri- Welzel. O conceito finalista opõe-se ao conceito causal
me, e sim como pressuposto da pena). Apesar de de crime, especialmente no que tange a distinção pro-
ser indivisível, o crime é estudado de acordo com posta pelo Causalismo entre a manifestação da vontade
essas três características para facilitar sua com- e o conteúdo da mesma. Para o Finalismo toda ação pos-
preensão. Elas serão analisadas mais adiante, após sui uma finalidade, logo o conteúdo da vontade é rele-
vermos as classificações de crime existentes. vante para a definição de crime.
O Finalismo corrigiu falhas e contradições existentes
TEORIA CRIME OU DO DELITO nas teorias anteriores. A propósito uma das grandes con-
tribuições foi justamente o tratamento dado ao aspecto
A teoria do delito é uma das mais importantes para o subjetivo do crime. O Finalismo retirou o dolo e a culpa
Direito Penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado de sua localização clássica – a culpabilidade – e os deslo-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


para o correto enquadramento da ação praticada pelo cou para a tipicidade do delito. Como consequência, pas-
autor dentro do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz sou a haver a distinção entre crimes dolosos e culposos.
que a teoria do delito se preocupa em explicar o que é o Por sua vez, a culpabilidade passou a se preocupar com o
delito e quais são as suas características. juízo de reprovação da conduta contrária ao Direito, isto
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do é, julgar se certa conduta merece ou não ser penalizada,
delito que tem a maior aceitação entre os criminalistas, observando para isso critérios formais como a verifica-
sendo estudada e difundida por Welzel no século passa- ção da capacidade do autor e da consciência de que este
do. Essa teoria trouxe grandes avanços ao Direito Penal possui sobre a ilicitude de sua conduta
ao corrigir alguns pontos da teoria anterior, conhecida
como causalista. Em ambas, o estudo do fato crimino- CONCEITO DE DELITO NO FUNCIONALISMO
so passa a se preocupar, primeiramente, com a conduta
praticada, sendo considerado um Direito Penal do fato. O conceito funcionalista do delito foi elaborado por
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjun- Claus Roxin, em sua obra Política criminal e sistema
to por Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causa- jurídico-penal.
lismo, o crime deve ser entendido como uma lesão (ou A teoria de Roxin opõe-se ao Causalismo de Liszt,
perigo de lesão) de um bem jurídico provocada por uma uma vez que este estabelece um sistema fechado de
conduta. A partir desse entendimento nota-se que este análise do crime e procura excluir da esfera do direito
sistema constrói uma acepção formal e objetiva acerca as dimensões do social e do político. Em contrapartida,
do comportamento humano tido como delituoso, pois se o Funcionalismo adota outro entendimento acerca do
preocupa, principalmente, com a constatação do nexo de crime, pois reconhece que os problemas político-crimi-
causalidade do delito. nais são relevantes para a teoria geral do delito. Aliás,

17
para o Funcionalismo, a política criminal deve sempre ser com certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe re-
observada quando se pretende enquadrar determinada lação de adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e
conduta como delito, pois somente é possível identificar absoluta. Essa relação é a tipicidade.
qual era a pretensão do legislador ao elaborar a lei, qual Para que determinado fato da vida seja considerado
a finalidade e o âmbito de incidência da norma, ou mes- típico, é preciso que todos os seus componentes, todos
mo se há causas de justificação ou escusas absolutórias os seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
neste tipo penal. Os componentes de um fato típico são a conduta hu-
Segundo a teoria Funcionalista, o Direito Penal deve mana, a consequência dessa conduta se ela a produzir (o
se ocupar com as situações e casos excepcionais, isto é, resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta
com a proteção dos bens jurídicos mais relevantes (ulti- (nexo causal) e, por fim, a tipicidade.
ma ratio). Logo, entende-se que o Direito Penal possui
um fim social, portanto, todo conceito de crime deve ser Conduta
feito em função da finalidade da pena.
Considera-se conduta a ação ou omissão humana
TEORIA DA AÇÃO consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.

Teoria e Elementos do crime Resultado

A teoria geral do crime trata de todos os elementos A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
que compõe o fato criminoso. possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
O crime é composto de três elementos básicos: fato se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e
típico, antijurídico (ou ilícito) e culpável. Para fins didáti- em resultado jurídico ou normativo.
cos, eles são estudados em separado, facilitando a com- O resultado naturalístico ou material consiste na mo-
preensão do tema. dificação no mundo exterior provocada pela conduta.
Parte da doutrina entende que o crime é apenas o fato Trata-se de um evento que só se faz necessário em cri-
típico e ilícito, considerando a culpabilidade como mero mes materiais, ou seja, naquele cujo tipo penal descreva
pressuposto da pena. Não se coaduna, entretanto, tal en- a conduta e a modificação no mundo externo, exigindo
tendimento com o ordenamento e jurisprudência pátrios, ambas para efeito de consumação.
já que, por exemplo, se isso fosse verdade, o inimputável O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou
seria capaz de praticar crime, porém, sem pena. Como se ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
sabe, o inimputável (absolutamente) não pratica crime, penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou im-
justamente por estar ausente a culpabilidade. plicitamente, algum resultado, pois não há delito sem
É a possibilidade de através de sua estruturação, se que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a al-
ter condições de fiscalizar a aplicação do Direito Penal gum bem penalmente protegido.
pelo poder judiciário. É através disto que se terá con- A doutrina moderna dá preferência ao exame do
dição de afirmar que um sujeito não poderá responder resultado jurídico. Este constitui elemento implícito de
por um fato, porque é atípico, ou por que um sujeito não todo fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na
poderá responder por um determinado fato, porque o noção de tipicidade material.
praticou sob o manto de um exercício regular de direito; O resultado naturalístico, porém, não pode ser me-
ou por que o sujeito não poderá responder por determi- nosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente
nado fato, porque o praticou sob o manto de um erro de em determinados tipos penais, de tal modo que despre-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

proibição, que afetou a culpabilidade. zar sua análise seria malferir o princípio da legalidade.
Por intermédio dessa estruturação que a sociedade
tem condição de acompanhar e fiscalizar a aplicação cor- NEXO CAUSAL, RELAÇÃO DE CAUSALIDADE OU
reta do Direito Penal. Sem isso, nós teríamos uma apli- NEXO DE CAUSALIDADE
cação intuitiva pelos juízes, de difícil fiscalização. Então,
cumpre uma função importante que é a de segurança Entende-se por relação de causalidade o vínculo
jurídica. que une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito,
como consequência derivada. Trata-se do liame que une
Fato Típico a causa ao resultado que produziu. O nexo de causalida-
de interessa particularmente ao estudo do Direito Penal,
Fato típico é denominado como o comportamen- pois, em face de nosso Código Penal (art. 13), constitui
to humano que se molda perfeitamente aos elementos requisito expresso do fato típico. Esse vínculo, porém,
constantes do modelo previsto na lei penal. não se fará necessário em todos os crimes, mas, somente
A primeira característica do crime é ser um fato típico, naqueles em que à conduta exigir-se a produção de um
descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da resultado, isto é, de uma modificação no mundo exterior,
vida que corresponde exatamente a um modelo de fato ou seja, cuida-se de um exame que se fará necessário no
contido numa norma penal incriminadora, a um tipo. âmbito dos crimes materiais ou de resultado.
Para que o operador do Direito possa chegar à con- Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do
clusão de que determinado acontecimento da vida é um resultado constitui elemento necessário ao fato típico de
fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, qualquer infração penal.
decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar, Deve ser analisada em dois planos: formal e material.

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Entende-se por tipicidade a relação de subsunção entre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e a
lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (tipicidade material).
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme
ele se enquadre ou não na lei penal.

TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA

A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática, revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar
de maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do ordenamento jurídico-penal.
A teoria da imputação objetiva surge no mundo jurídico sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar os es-
tudos da estrutura criminal analisando os aspectos políticos do crime.
Parte da doutrina entende que a teoria da imputação objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista e
a teoria da adequação social. Em contrapartida, sendo considerada também, conforme ilustrado, uma teoria nova e
revolucionária, que conceitua que no âmbito do fato típico deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade penal,
não levando em consideração o dolo do agente, pois este, é requisito subjetivo e deve ser analisado somente no que
tange a imputação subjetiva.
Esta teoria determina que não há imputação objetiva quando o risco criado é permitido, devendo o agente respon-
der penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu um risco proibido relevante.
Assim, um resultado causado por um agente pode ser imputado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria um pe-
rigo para um bem jurídico não coberto pelo risco permitido e esse perigo também foi realizado no resultado concreto.

DOLO E CULPA

Sempre que estudamos os elementos subjetivos do tipo, vem à memória “dolo” e “culpa”, e junto, uma tentativa de
simplificar ao máximo para passar a matéria adiante.
Depois ficamos surpresos com as questões elaboradas pelas bancas dos concursos.
Primeiro, vamos a lei seca, Código Penal e verificar o que está disposto sobre o dolo e a culpa.

Art. 18. Diz-se o crime:


Crime doloso
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
quando o pratica dolosamente.

Essa é a definição que encontramos no Código Penal.
Vamos estudar o DOLO.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


São elementos do DOLO:

Elementos do dolo

consciência da relação vontade de realizar a


consciência da conduta
causal objetiva entre a conduta e de produzir o
e do resultado
conduta e o resultado resultado

O DOLO pode ser direto, indireto alternativo ou indireto eventual.

Dolo direto: quer o resultado.


Dolo indireto alternativo: quer um ou outro resultado previsto.
Dolo indireto eventual: não quer diretamente o resultado, mas assume o risco.

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Agora vamos estudar a CULPA.
A CULPA é quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Quando estudamos CULPA, não podemos deixar de lado a imprudência, negligência e imperícia.

O agente que, deixando de empregar a cautela a


Imprudência que estava obrigado pelas circunstâncias, não prevê o
resultado que podia prever e dá causa ao resultado.

O agente que, deixando de empregar a atenção a


que estava obrigado pelas circunstâncias, não prevê o
Negligência
resultado que podia prever e dá causa ao resultado,
desatenção.

O agente pratica a conduta sem possuir conhecimento


Imperícia
técnico no exercício de qualquer conduta.

Culpa inconsciente: não prevê o resultado que podia prever.


Culpa consciente: prevendo-o supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

Sempre nas questões que envolve dolo eventual e culpa consciente, numa leitura rápida ficamos com dúvida.
Portanto, vamos fazer a segunda leitura da questão e identificar as palavras que diferenciam o dolo eventual da culpa
consciente.

DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE

Dolo eventual: o agente tem a previsão do


resultado e consente na sua produção, não Culpa consciente: o agente tem a previsão do
desiste, prefere se arriscar a interromper a sua resultado e supõe que não se realizará.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ação.

Vamos avançar mais um pouco.


Estudaremos as TEORIAS DO DOLO.
Teoria da vontade: dolo é a vontade consciente de querer praticar a infração penal.
Teoria da Representação: ocorre dolo, toda vez que o agente prevendo o resultado como possível, continua a sua
conduta.
Teoria do consentimento (ASSENTIMENTO): é como se fosse um corretivo da anterior – ocorre dolo toda vez que o
agente prevendo o resultado como possível, decide prosseguir com a conduta, assumindo o risco de produzi-lo.
Previsão + prosseguir = assumindo risco.
Prevalece que o Brasil adota a Teoria da vontade + Teoria do assentimento.
Quais são as espécies de dolo?
Vejamos:
Dolo direto (determinado)
Ocorre quando o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na busca de realizar esse mesmo
resultado.
Tem duas espécies:
Dolo de primeiro grau: conduta dirigida a determinado resultado.
Dolo de segundo grau (ou dolo necessário): neste dolo, o agente produz resultado paralelo ao visado, pois é

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necessário à realização deste. Consiste na vontade do Dolo normativo
agente dirigida a determinado resultado, efetivamente Adotado pela teoria psicológica normativa da culpa-
desejado, em que a utilização dos meios para alcançá-lo, bilidade, este dolo integra a culpabilidade tendo como
inclui, obrigatoriamente, efeitos colaterais de verificação requisitos:
praticamente certa (o agente não deseja imediatamente
os efeitos colaterais, mas tem por certa sua ocorrência • Consciência
caso concretize o resultado pretendido – o dolo dele • Vontade
quanto aos efeitos colaterais é de segundo grau). • Consciência atual da ilicitude
Exemplo: irmãos siameses. Quero matar um, acabo
matando os dois. Respondo por 121 com dolo de 1º Dolo natural
grau, quanto ao que eu queria matar e 121 com dolo Adotado pela teoria normativa pura da culpabilidade,
de 2º grau, quanto ao irmão. Concurso formal impróprio de base finalista, este dolo integra o fato típico, tendo
(Cezar Bitencourt). como requisitos:
Dolo indireto (indeterminado)
O agente com sua conduta, não busca realizar resul- • Consciência
tado determinado. • Vontade
Dolo alternativo: o agente prevê pluralidade de resul-
tados, porém, dirigindo sua conduta na busca de realizar Dolo antecedente/concomitante/subsequente
qualquer um deles. Analisa-se o dolo no momento da conduta. Nucci
Exemplo: o agente vai para cometer homicídio ou (2014) esclarece que para haver o crime só nos interessa
lesão corporal, está com certeza que praticará um dos o dolo concomitante. O dolo antecedente é mera cogi-
crimes, pois “ele quer”. tação, o dolo subsequente também não nos interessa se
Dolo eventual: o agente prevê pluralidade de resulta- não estava presente desde a conduta.
dos, porém dirige sua conduta na realização de um deles. Dolo de propósito ou refletido
Quer um resultado, mas aceita o outro resultado. Pode configurar agravante. Nem sempre majora a
Exemplo: agente prevê lesão e homicídio, ele dirige pena.
a conduta na lesão, é o que ele quer, porém se ocorrer Dolo de ímpeto ou repentino
um homicídio, ele aceita, assume o risco de produzir um Configura atenuante de pena.
homicídio.
Exemplo: crimes multitudinários, seguindo a onda.
Dolo cumulativo
O crime dolo tem outras relevâncias no Direito Penal.
O agente pretende alcançar dois resultados em
Neste momento, apenas para exemplificar, o assunto
sequência.
que será tratado adiante, no concurso formal de crime,
Exemplo: quero ferir e depois quero matar.
art. 70, do CP, quando o agente, mediante uma só ação
Dolo de dano
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem
não, será aplicada a mais grave das penas cabíveis ou, se
jurídico tutelado.
Exemplo: quando eu falo em bem jurídico, vida = a iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
intenção do agente é matar. caso, de um sexto até metade. Porém, as penas se apli-
Dolo de perigo cam cumulativamente se a ação ou omissão é dolosa e os
O agente atua com a intenção de expor a risco o bem crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos.
jurídico tutelado. Vamos estudar um pouco mais os elementos do cri-
Exemplo: se eu tenho o bem jurídico, vida = a inten- me culposo.
Conduta humana voluntária

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


ção é periclitar a vida de outrem.
Dolo genérico A vontade do agente circunscreve-se à realização da
O agente tem vontade de realizar a conduta descrita conduta – não quer nem assume o risco do resultado.
no tipo penal, sem fim específico. Violação de um dever de cuidado objetivo
Exemplo: o interesse é querer matar, basta esta von- O agente atua em desacordo com o que esperado
tade, não interessa para quê. pela lei e pela sociedade.
Dolo específico Nexo causal
O agente tem vontade de realizar a conduta descrita Deve haver a relação de causalidade entre a conduta
no tipo penal COM fim específico. do agente e o resultado crime.
Exemplo: importa o fim com que o agente agiu, fal- Resultado (involuntário) em regra, naturalístico.
sidade ideológica “com o fim de prejudicar direito, criar Previsão/Previsibilidade (ou previsibilidade objetiva e
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente subjetiva)
relevante”. Tipicidade culposa (deve ser previsto como crime
Dolo geral (ou ‘erro sucessivo’, espécie de erro sobre culposo)
o nexo causal) O que entendemos por violação do dever de cuidado
Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado (modalidades da culpa)?
um resultado por ele visado, pratica nova ação que efe- A violação do dever de cuidado está contida na im-
tivamente o provoca. É uma espécie de erro de tipo aci- prudência, negligência e imperícia.
dental, não isentando o agente de pena. Imprudência: afoiteza. Comissiva.
Exemplo: pai e mãe esganam uma filha, achando que Negligência: ausência de precaução. Omissiva.
ela está morta, jogam-na pela janela, quando então, efe- Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de
tivamente ela morre na queda. profissão, arte ou ofício.

21
Previsibilidade Dolo + Culpa = Preterdolo
Previsibilidade é diferente de previsão. Previsibilidade
é a possibilidade de o agente conhecer o perigo. Diferen- Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a
te de previsão, onde há efetivo conhecimento do perigo. pena, só responde o agente que o houver causado ao
Na culpa consciente tem conduta, violação de dever, menos culposamente.
resultado, nexo, e tem mais que previsibilidade, tem pre-
visão. O perigo na culpa consciente não é previsível, ele O que são crimes agravados pelo resultado?
foi previsto.
A previsibilidade se divide em: Vamos exemplificar para facilitar:
Previsibilidade subjetiva – analisada sobre o prisma Crime doloso agravado dolosamente
subjetivo do autor do fato, levando em consideração
seus dotes intelectuais, sociais e culturais, não é elemen-
Art. 121, § 2º, do CP – homicídio qualificado, ou
to da culpa, mas será considerada pelo magistrado no
art. 123, § 2º, IV, do CP, lesão grave qualificado pela
juízo da culpabilidade (aqui analisará a exigibilidade ou
deformidade.
inexigibilidade de conduta diversa).
Previsibilidade objetiva – analisada sob o ponto de Isso é chamado de dupla tipicidade dolosa.
vista objetivo, se aquilo era objetivamente previsível, no Crime culposo agravado culposamente
comum, no geral.
Tipicidade Incêndio culposo qualificado culposamente pela
No silêncio da lei não se pune a modalidade culposa, morte culposa de alguém, art. 250, combinado com o art.
somente a dolosa. 258, do CP.
Isso é chamado de dupla tipicidade culposa.
Art. 18. Parágrafo único, do CP - Salvo os casos expres- Crime culposo agravado dolosamente
sos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente. Art. 121, § 4º, 2ª figura, do CP - homicídio culposo,
agravado por omissão de socorro, ou art. 267, § 2º,
Quais são as espécies de dolo? do CP - epidemia com resultado morte, ou art. 302,
Vejamos: parágrafo único, III, da Lei nº 9.503/1997, homicídio
culposo de trânsito majorado pela omissão de socorro.
Culpa consciente
Crime doloso agravado culposamente
O agente prevê o resultado decidindo prosseguir
com sua conduta, acredita que pode evitar o perigo ou Art. 129, § 3º, do CP - lesão corporal seguida de morte.
que nunca ocorrerá, culpa com previsão. E agora que sabemos, pelos exemplos, o que são cri-
mes agravados pelo resultado.
Culpa inconsciente
Qual das hipóteses se encaixa no crime preterdoloso?
O agente não prevê o resultado que, entretanto, lhe
Crime PRETERDOLOSO ou PRETERINTENCIONAL,
era inteiramente previsível, culpa sem previsão, culpa
se encaixa na hipótese do crime doloso agravado
com previsibilidade.
culposamente.
Culpa própria Assim, podemos afirmar que crime preterdoloso é
uma espécie de crime agravado pelo resultado, consti-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

É gênero do qual são espécies, culpa consciente e cul- tuído de dolo no antecedente e culpa no consequente.
pa inconsciente. Quais são os elementos do crime preterdoloso?
O agente não quer e nem assume o risco de produzir
o resultado. Conduta dolosa visando determinado resultado.
Esta é a culpa propriamente dita.
Provocação de resultado culposo + grave do que o
Culpa imprópria desejado.
Nexo causal entre conduta e resultado.
A culpa imprópria, culpa por extensão, assimilação
ou equiparação, decorre do erro de tipo evitável nas Quando o resultado mais grave advém de caso fortui-
descriminantes putativas ou do excesso nas causas de to ou força maior não se imputa a agravação ao agente.
justificação. O resultado mais grave deve ser pelo menos culposo.
Nessas circunstâncias, o agente quer o resultado em Exemplo 1: “A” desfere um soco em “B” num ambien-
razão de a sua vontade encontrar-se viciada por um erro te lotado de mesas.
que, com mais cuidado poderia ser evitado. “A” cai, bate a cabeça e morre. Lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3º, do CP).
CONDUTA PRETERDOLOSA
Exemplo 2: “A” empurra “B” em lugar cheio de cadei-
ras e obstáculos, e na queda, “B” bate a cabeça e morte.
É uma espécie de crime agravado pelo resultado, ha-
Aqui temos vias de fato, contravenção (dolo) e morte
vendo verdadeiro concurso de dolo e culpa no mesmo
fato (dolo no antecedente – conduta + culpa no conse- culposa. Estamos diante do Art. 121, § 3º, do CP, homicí-
quente – resultado). dio culposo, ficando a contravenção absorvida.

22
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO

Para estudarmos os crimes consumados e os crimes tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho do crime, corresponde às etapas percorridas pelo agente para a
prática de um fato previsto em lei como infração penal.
Considerando que já estudamos crime doloso, podemos concluir que iter criminis é um instituto exclusivo dos
crimes dolosos.
Os crimes possuem as seguintes fases:

Cogitação É a fase mental de preparação do crime: idealização,


ou deliberação e resolução.

fase interna Não há conduta penalmente relevante.

O crime começa a se projetar no mundo exterior.


Atos O agente adquire arma de fogo.
preparatórios
Em regra não são puníveis, salvo nos crimes-
obstáculo.

O agente começa a realizar o núcleo do tipo penal, de


Atos de execução forma idônea e inequívoca.
Essa fase pode haver punição pela tentativa.

Crime consumado é quando nele se reúnem todos os


Consumação elementos de sua definição legal.
Fim do iter criminis.

Não influi na tipicidade, mas pode influenciar na


Exaurimento dosimetria da pena, ser reconhecido como qualificadora
ou configurar crime autônomo.

O que é crime-obstáculo?
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos preparatórios são punidos como crime autônomo, por exemplo,
associação criminosa, art. 288, do CP.
Atos preparatórios e atos de execução.

Teoria subjetiva NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

•Importa a exteorização da vontade criminosa pelo agente.


•Não distingue atos preparatórios de atos executórios.

Teoria objetiva-formal (mojoritária)

•A execução inicia-se quando o agente começa a praticar o núcleo contido no tipo penal.
•Antes disso, os atos são preparatórios.

23
Teoria objetiva-material

•São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos
imediatamente anteriores, com base na visão de terceira pessoa alheia à conduta criminosa.
(Rogério Cunha Sanches)

Teoria objetiva-individual

•São atos executórios aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos
imediatamente anteriores, com base no plano concreto do agente.

Teoria da hostilidade ao bem jurídico

•A execução inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico.

E se persistirem a dúvida se o ato é preparatório ou de execução?


Deve considerar, neste caso, o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
Para cada classificação do crime há o momento da consumação.
Consumação de crime de ROUBO X LATROCÍNIO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ROUBO MORTE LATROCÍNIO

Consumado Consumada Consumado

Tentado Tentada Tentado

Consumado Tentada Tentado

Tentado Consumada Consumada

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O crime é consumado, quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal.
A tentativa ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstância alheias à vontade do agente.

Tentativa

Branca ou incruenta
Vermelha ou cruenta
(Improfícua)

O objeto de crime é atingido pela


O objeto do crime não é atingido
conduta.
pela conduta.
Considerando o iter criminis
O iter criminis percorrido, o
percorrido, o quantum de redução
quantum de redução deve se
da tentativa deve se aproximar do
aproximar da fração máxima (2/3)
mínimo (1/3).

Tentativa

Perfeita ou acabada Imperfeita ou inacabada


Crime falho Tentativa propriamente dita

O agente, por fatores alheios a sua vontade,


O agente esgota todos os meios de execução
não esgota os meios de execução ao seu
à sua disposição e, mesmo assim, a
alcance, dentro daquilo que considera
consumação não sobrevém por
suficiente, em seu projeto criminoso, para
circunstância alheias a sua vontade.
alcançar resultado.

Agente, no segundo disparo, é interrompido


Agente dispara tiros na vítima, mas é pela chegada de policiais e o crime não se
socorrida e sobrevive. consuma por circunstância alheia à sua
vontade.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL



Quais são os crimes que admitem tentativa?

Crimes dolosos

Crimes plurissubsistentes (formais e de mera conduta)

ADMITEM
Omissivos impróprios
TENTATIVA

Crimes de perigo concreto

Crimes permanentes

25
Quais os crimes que não admitem tentativa? O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tentati-
va não existe por si só, isoladamente.
Crimes culposos, exceto a culpa imprópria Sua aplicação exige a realização de um tipo incrimi-
nador, previsto na Parte Especial do CP ou pela legislação
Contravenções penais
penal especial.
Crimes habituais O CP e a legislação extravagante não preveem, para
cada crime, a figura da tentativa, nada obstante a maioria
Crimes omissivos próprios deles seja com ela compatível.
Isso explica o motivo pelo qual não encontramos a
descrição do crime, a pena prevista em caso de consu-
Crimes unissubjetivos

NÃO Crimes preterdolosos mação e outra pena para a hipótese de tentativa.


ADMITEM A tentativa de furto é a combinação de “subtrair, para
TENTATIVA Crimes de resultado si ou para outrem, coisa alheia móvel” com iniciada a
execução, não se consuma por circunstâncias alheias à
vontade do agente”, certo!
Crimes de empreendimento (atentado)

Crimes impossíveis Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II, ambos
do CP.
Crimes de perigo comum

Crimes subordinados a uma condição objetiva de punibilidade FIQUE ATENTO!


A lei penal (CP ou lei extravagante) não
prevê a tentativa para cada crime, mas de-
Crimes-obstáculo

fine o delito e prevê a pena para o caso de


Pena da tentativa consumação.
Por isso, todo o crime tentado deve incluir
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa na descrição do delito o art. 14, II, do CP.
com a pena correspondente ao crime consumado, dimi-
nuída de 1 a 2/3.
A tentativa é uma causa de diminuição de pena. E a pena para o caso de crime tentado?
A redução deve ser basear no iter criminis percorrido A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. 14,
pelo agente. parágrafo único, do CP.
A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é uma O CP acolheu como regra a teoria objetiva, realística
norma de extensão ou de ampliação, uma vez que, o tipo ou dualista.
penal deve ser conjugado com o art. 14, II, do CP. Quando falamos das teorias assusta. Mas fique
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início de tranquilo...
execução de um crime que somente não se consuma por Teoria objetiva, realística ou dualista significa que
circunstâncias alheias à vontade do agente. ao determinar a pena da tentativa deve corresponder à
O ato de tentativa é um ato de execução. pena do crime consumado, diminuída de 1 (um) a 2/3
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos executó- (dois terços).
rios, daí não sobrevindo a consumação por forças estra- Como o desvalor do resultado é menor quando com-
nhas ao seu propósito, o que acarreta em tipicidade não parado ao do crime consumado, o agente deve suportar
finalizada, sem conclusão. uma punição mais branda.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Vamos exemplificar:
A tentativa 1) início da execução do crime
tem três
elementos 1 – “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado a pena
na sua
estrutura
2) ausência de consumação por circunstâncias alheias à de 2 anos.
2 – “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condena-
vontade do agente

3) dolo de consumação do a pena de 1 ano e 4 meses.

No exemplo 1 o crime foi consumado, por isso foi


aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena previs-
FIQUE ATENTO! ta para furto é de um a quatro anos, e multa).
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual
ao dolo da consumação. a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em 1
O sujeito quer o resultado! ano e 4 meses.
A tentativa constitui-se em causa obrigatória de dimi-
nuição da pena.
“A” quer subtrair o celular de “B”. Na consumação, “A” Incide na terceira fase de aplicação da pena privativa
consegue subtrair. Na tentativa, quando “A” consegue de liberdade, e sempre a reduz.
colocar a mão no celular, é surpreendido por “C” que à
distância, percebeu a ação de “A”. Neste momento, “A”
deixa o celular e foge do local. A vontade de “A” era:
subtrair o celular.

26
A liberdade do magistrado repousa unicamente no quantum da diminuição, balizando-se entre os limites legais, de
1 (um) a 2/3 (dois terços). Deve reduzi-la, podendo somente escolher o montante da diminuição. E, para navegar entre
tais parâmetros, o critério decisivo é a maior ou menor proximidade da consumação, é dizer, a distância percorrida do
iter criminis.
Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela expressão
“salvo disposição em contrário”.
Olhe as teorias novamente.
Essas teorias têm a tese de que a pena para os crimes consumados são as mesmas para os crimes tentados.
Aplica-se essas teorias em alguns casos.
Há casos, restritos, em que o crime consumado e o crime tentado comportam igual punição: são os delitos de aten-
tado ou de empreendimento. Por exemplo:

1) evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido à medida
de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa, recebe igual punição quando se evade ou tenta
evadir-se do estabelecimento em que se encontra privado de sua liberdade;
2) Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no qual se sujeita a igual pena o eleitor que vota ou tenta votar mais
de uma vez, ou em lugar de outrem.

Crimes punidos apenas na forma tentada

A regra vigente no sistema penal brasileiro é a punição dos crimes nas modalidades consumada e tentada.
Mas em algumas situações não se admite a tendência, seja pela natureza da infração penal, seja em obediência a
determinado mandamento legal, razão pela qual apenas é possível a imposição de sanção penal para a forma consu-
mada do delito ou da contravenção penal.
É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes unissubsistentes.
Relembrando:

Culpa: o agente não quer e nem assume o risco de produzir o resultado.


Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável nas descriminantes putativas ou do excesso nas causas de justi-
ficação. O agente quer o resultado, em razão de sua vontade, encontrar-se viciada por um erro que, com mais cuidado
poderia ser evitado.
Crime unissubsistente: é realizado por ato único, não sendo admitido o fracionamento da conduta, como, por
exemplo, no desacato (art. 331, do CP) praticado verbalmente.
Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é cabível a punição de determinados delitos na forma tentada, pois
nesse sentido orientou-se a previsão legislativa quando da elaboração do tipo penal.
Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional.

Art. 9º - Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta morte aumen-
ta-se até a metade.
Art. 10 - Aliciar indivíduos de outro país para invasão do território nacional.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena aumenta-se até o dobro.
Art. 11 - Tentar desmembrar parte do território nacional para constituir país independente.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.

Crime impossível

Crime impossível: se, nas circunstâncias, o crime é impossível, não há relevância penal na conduta, pois não há risco
ao bem jurídico.
Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

27
Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Se o sujeito inicia o processo executório, mas desiste voluntariamente de nele prosseguir, evitando a consumação, há desis-
tência voluntária.
Se o sujeito já esgotou o processo executório imaginado, mas resolve voluntariamente atuar para evitar a consumação, com
sucesso, há arrependimento eficaz.
Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a consequência é que o sujeito deve responder apenas pelos resultados já produzidos.
Basta desistir da execução
Desistência Voluntária para impedir a
consumação
Necessária ação salvadora
Arrependimento Eficaz para impedir a
consumação

Antes de esgotar Depois de esgotar a Consequência jurídica


a execução Execução
Motivos alheios à Tentativa Tentativa perfeita ou Responde pela ten-
vontade do agente imperfeita ou acabada ou crime falho tativa: pena do crime
inacabada consumado
reduzida de 1/3 (um
terço) a 2/3 (dois
terços)
Modificação da Desistência Arrependimento eficaz Só responde pelos atos
vontade do agente voluntária já praticados

Arrependimento posterior

Causa de diminuição de pena para os crimes praticados sem violência ou grave ameaça dolosa à pessoa, nos quais o prejuízo
é reparado por ato voluntário do infrator até o momento do recebimento da denúncia ou queixa.
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois terços, e prevalece que a redução será tanto maior quando mais célere a
reparação.

Casos excepcionais de arrependimento posterior no Código Penal:

a) a reparação do dano no crime de estelionato por meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem efeito diverso.

Conforme interpretação da Súmula 554 do STF não há justa causa para a ação penal nos casos em que, no crime previsto no
art. 171, § 2.º, VI, do CP, há reparação do dano antes do recebimento da denúncia.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

b) no peculato culposo (art. 312, § 2.º, do CP), a reparação do dano até a sentença definitiva extingue a punibilidade, e se
posterior ainda reduz a pena em metade (art. 312, § 3.º, do CP).

ILICITUDE

Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumprimento de um dever jurídico imposto por normas de direito público,
sujeitando o agente a uma pena.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico, até prova em
contrário, é um fato que, ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico.

Exclusão de ilicitude

Exclusão da ilicitude é uma causa excepcional que retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como criminosa (fato
típico).

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

28
Não há crime quando o agente pratica o fato

Em estrito cumprimento
Em estado de de dever legal ou no
Em legítima defesa
necessidade exercício regular de
direito

A ação do homem será típica sob o aspecto criminal quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa primeira
compreensão, isso também basta para se afirmar que ela está em desacordo com a norma, que se trata de uma conduta ilícita
ou, noutros termos, antijurídica.
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor e o
ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipóteses previstas
no artigo 23 do Código Penal: o estado de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal ou o exercício
regular de direito.
O estado de necessidade e a legítima defesa são conceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo destaque,
neste tópico, apenas o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de um direito, como excludentes da ilicitude
ou da antijuridicidade.
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda que se
constitua típica. Isso porque, se a ação do homem decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de acordo com a lei,
não podendo, por isso, ser contrária a ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor, esta não pode ser conside-
rada ilícita, contrária ao ordenamento jurídico.
Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever legal pode restar configurado no crime de homicídio, em que,
durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam no cumprimento de um dever legal, resulta na morte do marginal. Neste
sentido - RT 580/447.
O exercício regular de um direito, como excludente da ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações jurídicas, pos-
to que, se a conduta do autor decorre do exercício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser considerada
antijurídica, já que está de acordo com o direito.
Um exemplo de exercício regular de um direito, como excludente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado pela víti-
ma da turbação ou do esbulho possessório, enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa para si (RT - 461/341).
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do autor, que
venham a extrapolar os limites do necessário para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um dever legal ou do exercí-
cio regular de um direito. Havendo excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso restem verificados seu dolo ou sua
culpa. Nesse sentido é a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


CULPABILIDADE

A Culpabilidade é um elemento integrante do conceito definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos subje-
tivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpabilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita é penalmente
culpável, isto é, se ele agiu com dolo (intenção), ou pelo menos com imprudência, negligência ou imperícia, nos casos em que
a lei prever como puníveis tais modalidades

O excesso Punível

Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado, o agente pode encon-
trar-se em três situações diferentes:

• usa de um meio moderado e dentro do necessário para repelir à agressão;

Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima defesa.

• de maneira consciente emprega um meio desnecessário ou usa imoderadamente o meio necessário;

A legítima defesa fica afastada por excluído um dos seus requisitos essenciais.

• após a reação justa (meio e moderação) por imprevidência ou conscientemente continua desnecessariamente na ação.

29
No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi- Para que se caracterize a excludente de estado de
ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen- necessidade exige dois requisitos: existência de perigo
te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O atual e inevitável e a não provocação voluntária do peri-
agente responderá pela conduta constitutiva do excesso. go pelo agente. Quanto ao primeiro, importante destacar
que se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo
PUNIBILIDADE não é remoto ou incerto além disso, o agente não pode
ter opção de tomar outra atitude, pois caso contrário,
A punibilidade é uma das condições para o exercício não se justifica a ação. Enquanto o segundo requisito
da ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a significa que o agente não pode ter provocado o perigo
possibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal intencionalmente. A doutrina majoritária entende que se
(pena ou medida de segurança) ao autor do ilícito. o agente cria a situação de perigo de forma culposa, ain-
A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. da assim poderá se utilizar da excludente.
Assim, é punível a conduta que pode receber pena. Vale observar o tema abordado por Rogério Greco
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um quanto ao estado de necessidade relacionado a neces-
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segun-
sidades econômicas. Trata-se de casos em que devido a
do prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos,
grandes dificuldades financeiras, o agente comete crimes
também, definir a imputabilidade como a capacida-
em virtude de tal situação.
de do agente entender o caráter ilícito do fato por ele
Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade
perpetrado ou, de determinar-se de acordo com esse
entendimento. econômica que autoriza o agente a agir em estado de
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo necessidade, somente se permitindo quando a situa-
entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realiza- ção afete sua própria sobrevivência. Como é o caso, por
ção de um determinado ato. exemplo, do pai que vendo seus familiares com fome e
Quando existe algum agravo à saúde mental, os in- não sem condições de prover sustento, furta alimentos
divíduos podem ser considerados inimputáveis – se não num mercado. É razoável que prevaleça o direito à vida
tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuí- do pai e de sua família ante ao patrimônio do mercado.
rem autocontrole, são isentos de pena. [4]
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o dis-
cernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos Legítima Defesa
ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
Causas que excluem a imputabilidade O conceito de legítima defesa, esta que é a excluden-
te mais antiga de todas, está baseado no fato de que o
Doença Mental, Estado não pode estar presente em todos os lugares pro-
Desenvolvimento mental incompleto, tegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, permite que
Desenvolvimento mental retardado e o agente possa, em situações restritas, defender direito
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito seu ou de terceiro.
ou força maior. Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que
a ação praticada pelo agente para repelir injusta agres-
EXCLUDENTES DE ILICITUDE são a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários
com moderação.
Para que haja ilicitude em uma conduta típica, inde- A formação da legítima defesa depende de alguns re-
pendentemente do seu elemento subjetivo, é necessário quisitos objetivos. São eles:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

que inexistam causas justificantes. Isto porque estas cau-


sas tornam lícita a conduta do agente. a) Agressão injusta, atual ou iminente;
As causas justificantes têm o condão de tornar líci- b) Direito próprio ou alheio;
ta uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim,
c) Utilização de meios necessários com moderação.
aquele que pratica fato típico acolhido por uma exclu-
dente, não comete ato ilícito, constituindo uma exceção
O elemento subjetivo existente na legítima defesa
à regra que todo fato típico será sempre ilícito.
é a vontade de se defender ou defender direito alheio.
As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo
23 do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de ne- Além de preencher os requisitos objetivos, o agente pre-
cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do cisa ter o animus defendendi no momento da ação. Se
dever legal e o exercício regular de direito. o agente desconhecia a agressão que estava por vir e
age com intuito de causar mal ao agressor, não haverá
Estado de necessidade exclusão da ilicitude da conduta, pois haverá mero caso
de coincidência.
Trata-se de uma excludente de ilicitude que constitui Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o
no sacrifício de um bem jurídico penalmente protegido, que trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem
visando salvar de perigo atual e inevitável direito pró- legítima defesa preordenada e para outros, exercício re-
prio do agente ou de terceiro – desde que no momento gular de direito, embora ambos se enquadrem na exclu-
da ação não for exigido do agente uma conduta menos são da antijuricidade da conduta. Ofendículos são apara-
lesiva. Nesta causa justificante, no mínimo dois bens ju- tos que visam proteger o patrimônio ou qualquer outro
rídicos estarão postos em perigo, sendo que para um ser bem sujeito a invasões, como por exemplo, as cercas elé-
protegido, o outro será prejudicado. tricas em cima de um muro de uma casa. A jurisprudência

30
entende que todos os aparatos dispostos para defender que pratica o ato em cumprimento de dever legal a ele
o patrimônio devem ser visíveis e inacessíveis a terceiros incumbido, pois, do contrário, o seu ato configuraria um
inocentes, somente afetando aquele que visa invadir ou ilícito. Trata-se do elemento subjetivo desta excludente,
atacar o bem tutelado alheio. Preenchendo estes requi- que é a ação do agente praticada no intuito de cumprir
sitos, o agente não responderá pelos danos causados ao ordem legal.
agressor, pois configurará caso de legítima defesa preor- Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez
denada. Só serão conceituados como exercício regular suscita uma questão interessante. Para ele, ambos não
de direito quando levados em consideração o momento poderiam ser responsabilizados, pois não como falar em
de sua instalação. ato lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um de-
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente les desconhecer a situação justificante que enseja o uso
deverá responder por excesso, em caso de legítima de- a excludente de ilicitude, e age com propósito de lesar
fesa. São três as situações: a primeira refere-se à forma direito alheio, respondera pelo delito praticado, mesmo
dolosa, a segunda, culposa e a última é aquela que se isoladamente.
origina de erro.
A primeira o agente tem ciência de que a agressão Exercício regular do direito
cessou, mesmo assim, continua com sua conduta, lesan-
do o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agen- Aquele que exerce um direito garantido por lei não
te que inicialmente se encontra em estado de legítima comete ato ilícito. Uma vez que o ordenamento jurídi-
defesa e excede conscientemente seus limites, respon- co permite determinada conduta, se dá a excludente do
derá pelos resultados do excesso a título de dolo. A se- exercício regular do direito.
gunda se configura quando o agente que age reagindo O primeiro requisito exigido por esta causa justifican-
contra a agressão, excede os limites da causa justificante te é a existência de um direito, podendo ser de qualquer
por negligência, imprudência ou imperícia. O resultado natureza, desde que previsto no ordenamento jurídico. O
lesivo causado deve estar previsto em lei como crime segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o
culposo, para que o agente possa responder. E a últi- agente deve agir nos limites que o próprio ordenamento
ma, que é proveniente do erro, configura-se no caso de jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria abuso
legítima defesa subjetiva. Aqui, o agente incide em erro de direito, configurando excesso doloso ou culposo.
sobre a situação que ocorreu, supondo que a agressão Também se faz necessário que o agente tenha conhe-
ainda existe. Responderá por culpa, caso haja previsão e
cimento da situação em que se encontra para poder se
se for evitável.
valer desta excludente de ilicitude. É preciso saber que
Foi acrescido ao art. 25, do CP, o parágrafo único que,
está agindo conforme um direito a ele garantido, pois do
em síntese, dispõe que considera legítima defesa o agen-
contrário, subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez
te de segurança pública que repele agressão ou risco de
traz o exemplo do pai que pratica vias de fato ou lesão
agressão a vítima mantida refém durante a prática de cri-
corporal leve contra seu filho, mas sem o intuito de cor-
mes. Reafirma que a legítima defesa não necessariamen-
reção, tendo dentro de si a intenção de lhe ofender a
te é a própria, mas inclui a legítima defesa de terceiros.
integridade física.
Algumas situações são relevantes merecem ser men-
Estrito cumprimento do dever legal
cionadas quanto ao alcance do exercício regular do di-
O agente que cumpre o seu dever proveniente da lei, reito. Uma delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria
não responderá pelos atos praticados, ainda que consti- incompreensível considerar atos de médicos que salvam
vidas como ilícitos. Porém, para que haja exercício regu-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


tuam um ilícito penal. Isto porque o estrito cumprimento
de dever legal constitui outra espécie de excludente de lar do direito, é necessário que exista a anuência do pa-
ilicitude, ou causa justificante. ciente, pois, do contrário, haveria estado de necessidade
O primeiro requisito para formação desta excludente praticado em favor de terceiro, podendo restar respon-
de ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este sabilidade no âmbito civil.
requisito engloba toda e qualquer obrigação direta ou
indireta que seja proveniente de norma jurídica. Dessa
forma, pode advir de qualquer ato administrativo infrale- EXERCÍCIOS COMENTADOS
gal, desde que tenham sua base na lei. Também pode ter
sua origem em decisões judiciais, já que são proferidas 1. (PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLAS-
pelo Poder Judiciário no cumprimento de ordens legais. SE – VUNESP – 2015) Se da lesão corporal dolosa resulta
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não
Para que se configure esta causa justificante, é necessá- quis o resultado morte, nem assumiu o risco de produzi-
rio que o agente se atenha aos limites presentes em seu -lo, configura(m)-se
dever, não podendo se exceder no seu cumprimento.
Aquele que ultrapassa os limites da ordem legal poderá a) lesão culposa e homicídio culposo, cujas penas serão
responder por crime de abuso de autoridade ou algum aplicadas cumulativamente.
outro específico no código Penal. Por fim, o último re- b) lesão corporal seguida de morte.
quisito é a execução do ato por agente público, e ex- c) homicídio culposo qualificado pela lesão.
cepcionalmente, por particular. Para que se caracterize
d) homicídio doloso (dolo eventual).
a causa justificante, o agente precisa ter consciência de
e) homicídio doloso (dolo indireto).

31
Resposta: Letra B. Lesão corporal seguida de morte aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
por ser crime agravado pelo resultado. Crime doloso iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qual-
agravado culposamente, conforme descrito no art. quer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-
129, § 3º, do CP - lesão corporal seguida de morte, -se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
crime preterdoloso. ________ e os crimes concorrentes resultam de desígnios
autônomos”.
2. (PC-CE – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DE 1ª CLAS- Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
SE – VUNESP – 2015) O indivíduo B, com a finalidade mente, o enunciado.
de comemorar a vitória de seu time de futebol, passou
a disparar “fogos de artifício” de sua residência, que se a) mediante mais de uma ação ou omissão … culposa.
situa ao lado de um edifício residencial. Ao ser alertado b) mediante mais de uma ação ou omissão … dolosa.
por um de seus amigos sobre o risco de que as explosões c) mediante uma só ação ou omissão … culposa.
poderiam atingir as residências do edifício e que havia d) mediante uma ou mais de uma ação ou omissão …
algumas janelas abertas, B respondeu que não havia pro- culposa.
blema porque naquele prédio só moravam torcedores e) mediante uma só ação ou omissão … dolosa.
do time rival. Um dos dispositivos disparados explodiu
dentro de uma das residências desse edifício e feriu uma Resposta: Letra C. Trata de concurso formal de cri-
criança de 5 anos de idade que ali se encontrava. Com mes, pois uma conduta resulta em vários crimes, vide
relação à conduta do indivíduo B, é correto afirmar que art. 70, do CP. Quando o agente, mediante uma só
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênti-
a) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime cos ou não, aplica-se a mais grave das penas cabíveis
de lesão corporal culposa, em virtude de ter agido ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada,
com negligência. em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
b) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam
de lesão corporal culposa, em virtude de ter agido
de desígnios autônomos.
com imperícia.
c) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime
5. (PC-SP – TÉCNICO DE LABORATÓRIO – VUNESP –
de lesão corporal dolosa.
2014) Condutor dirige seu veículo e vê seu maior desa-
d) o indivíduo B poderá ser responsabilizado pelo crime
feto atravessando a rua na faixa de pedestres. Estando
de lesão corporal culposa, em virtude de ter agido próximo à faixa, o condutor, consciente, deliberada e in-
com imprudência. tencionalmente, acelera seu veículo e o coloca na direção
e) o indivíduo B não poderá ser responsabilizado pelo de seu desafeto, acabando por atropelá-lo e matá-lo. De
crime de lesão corporal, tendo em vista que o pai da acordo com o Código Penal, o crime cometido deve ser
criança lesionada percebeu que as explosões estavam considerado,
ocorrendo próximo às janelas e não as fechou.
a) culposo porque o agente deu causa ao resultado por
Resposta: Letra C. Tinha conhecimento de que pode- imperícia.
ria causar algum resultado, uma lesão corporal. Mas, b) doloso porque o agente não atentou para a faixa de
provavelmente, B continuou a conduta assumindo o pedestres.
risco, e o resultado crime de lesão corporal ocorreu. O c) doloso porque o agente tinha intenção de matar seu
que é dolo? O crime doloso ocorre quando o agente desafeto.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. d) culposo porque o agente deu causa ao resultado por
negligência.
3. (HCFMUSP – DIREITO NA ÁREA DA SAÚDE PÚBLI- e) culposo porque o agente deu causa ao resultado por
CA – VUNESP – 2015) De acordo com o artigo 18 do imprudência.
Código Penal, diz-se o crime culposo quando o agente
deu causa ao resultado por: Resposta: Letra C. Dolo direto. O agente prevê deter-
minado resultado, dirigindo sua conduta na busca de
a) embriaguez. realizar esse mesmo resultado.
b) desídia no desempenho das funções.
c) negligência.
d) imprudência, negligência ou imperícia.
e) negligência e imperícia. CRIMES CONTRA A PESSOA

Resposta: Letra D. Diz-se que o crime é culposo quan-


do o agente deu causa ao resultado por imprudência, CAPÍTULO I
negligência ou imperícia, art. 18, II, do CP. DOS CRIMES CONTRA A VIDA

Homicídio simples
4. (PC-CE – INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL – VUNESP –
2015) A previsão legal do Código Penal acerca do con-
Art. 121. Matar alguem:
curso formal de crimes dispõe que: “Quando o agente,
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
______ , pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não,
Caso de diminuição de pena

32
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da in-
de violenta emoção, logo em seguida a injusta pro- fração atingirem o próprio agente de forma tão grave
vocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído
sexto a um terço. pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a meta-
Homicídio qualificado de se o crime for praticado por milícia privada, sob o pre-
texto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo
§ 2° Se o homicídio é cometido: de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
outro motivo torpe; terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído
II - por motivo futil; pela Lei nº 13.104, de 2015)
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio-
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que res ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
possa resultar perigo comum; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimula- de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de
ção ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel doenças degenerativas que acarretem condição limi-
a defesa do ofendido; tante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni- dada pela Lei nº 13.771, de 2018)
dade ou vantagem de outro crime: III - na presença física ou virtual de descendente ou
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei nº
13.771, de 2018)
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) pela Lei nº 13.771, de 2018)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sis- Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a
tema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú- automutilação (Redação dada pela Lei nº 13.968, de
blica, no exercício da função ou em decorrência dela, 2019)
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente con-
sanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a pra-
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) ticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Re-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. dação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela ma, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Códi-
Lei nº 13.104, de 2015) go: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
13.104, de 2015) pela Lei nº 13.968, de 2019)

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


II - menosprezo ou discriminação à condição de mu- § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação
lher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Incluído
Homicídio culposo pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968,
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de de 2019)
1965) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe
Pena - detenção, de um a três anos. ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
Aumento de pena quer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela
Lei nº 13.968, de 2019)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância realizada por meio da rede de computadores, de rede
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não nº 13.968, de 2019)
procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder
para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homi- ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído
cídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o cri- pela Lei nº 13.968, de 2019)
me é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta
ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela em lesão corporal de natureza gravíssima e é come-
Lei nº 10.741, de 2003) tido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra

33
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não CAPÍTULO II
tem o necessário discernimento para a prática do ato, DAS LESÕES CORPORAIS
ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime descrito no Lesão corporal
§ 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº
13.968, de 2019) Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é co- de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
metido contra menor de 14 (quatorze) anos ou con-
tra quem não tem o necessário discernimento para a Lesão corporal de natureza grave
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo cri- § 1º Se resulta:
me de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
(Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
Infanticídio III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função;
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, IV - aceleração de parto:
o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pena - detenção, de dois a seis anos.
§ 2° Se resulta:
Aborto provocado pela gestante ou com seu I - Incapacidade permanente para o trabalho;
consentimento II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir IV - deformidade permanente;
que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54) V - aborto:
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Aborto provocado por terceiro Lesão corporal seguida de morte

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o
gestante:
risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de três a dez anos. Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da Diminuição de pena
gestante: (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alie- violenta emoção, logo em seguida a injusta provoca-
nada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido ção da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto
mediante fraude, grave ameaça ou violência a um terço.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Forma qualificada Substituição da pena

§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda


Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos an- substituir a pena de detenção pela de multa, de du-
teriores são aumentadas de um terço, se, em conse- zentos mil réis a dois contos de réis:
qüência do aborto ou dos meios empregados para I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natu- anterior;
reza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas II - se as lesões são recíprocas.
causas, lhe sobrevém a morte.
Lesão corporal culposa
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
(Vide ADPF 54) § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aborto necessário
Aumento de pena
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece- Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
dido de consentimento da gestante ou, quando inca- § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
paz, de seu representante legal. art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)

34
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de Pena - detenção, de seis meses a três anos.
2004) § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu-
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descen- reza grave:
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem Pena - reclusão, de um a cinco anos.
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo- § 2º - Se resulta a morte:
-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de
2006) Aumento de pena
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Re-
dação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se de um terço:
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
Lei nº 10.886, de 2004)
irmão, tutor ou curador da vítima.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au-
mentada de um terço se o crime for cometido contra III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 10.741, de 2003)
11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou Exposição ou abandono de recém-nascido
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ocultar desonra própria:
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, compa- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
nheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a grave:
dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
CAPÍTULO III Pena - detenção, de dois a seis anos.
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Omissão de socorro
Perigo de contágio venéreo
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando pos-
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia vené- ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao de-
rea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: samparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. nesses casos, o socorro da autoridade pública:
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
Perigo de contágio de moléstia grave
triplicada, se resulta a morte.
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem Condicionamento de atendimento médico-hospitalar
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
Perigo para a vida ou saúde de outrem de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluí-
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo do pela Lei nº 12.653, de 2012).
direto e iminente: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
um terço se a exposição da vida ou da saúde de ou- natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (In-
trem a perigo decorre do transporte de pessoas para a cluído pela Lei nº 12.653, de 2012).
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluí- Maus-tratos
do pela Lei nº 9.777, de 1998)
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
Abandono de incapaz sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri-
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo-
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequa-
tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
do, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
abandono:

35
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza diretamente a injúria;
grave: II - no caso de retorsão imediata, que consista em ou-
Pena - reclusão, de um a quatro anos. tra injúria.
§ 2º - Se resulta a morte: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado,
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é se considerem aviltantes:
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
(Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) além da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
CAPÍTULO IV referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a con-
DA RIXA dição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Rixa
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os pela Lei nº 9.459, de 1997)
contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou Disposições comuns
multa.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo au-
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação mentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe
CAPÍTULO V de governo estrangeiro;
DOS CRIMES CONTRA A HONRA II - contra funcionário público, em razão de suas
funções;
Calúnia III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamen- injúria.
te fato definido como crime: IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (In-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a cluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
imputação, a propala ou divulga. § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou pro-
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. messa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Exceção da verdade § 2º - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: Exclusão do crime


I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
privada, o ofendido não foi condenado por sentença Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação
irrecorrível; punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indi-


cadas no nº I do art. 141; pela parte ou por seu procurador;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de
injuriar ou difamar;
Difamação III - o conceito desfavorável emitido por funcionário
público, em apreciação ou informação que preste no
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofen- cumprimento de dever do ofício.
sivo à sua reputação: Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Exceção da verdade
Retratação
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se re-
é relativa ao exercício de suas funções.
trata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica
isento de pena.
Injúria
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se as-
ou o decoro:
sim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
se praticou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
2015)

36
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere II - se o crime é praticado mediante internação da ví-
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido tima em casa de saúde ou hospital;
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, dias.
responde pela ofensa. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoi-
to) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluí-
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do do pela Lei nº 11.106, de 2005)
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. ou moral:
141 deste Código, e mediante representação do ofen- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
dido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como
no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação Redução a condição análoga à de escravo
dada pela Lei nº 12.033. de 2009)
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
CAPÍTULO VI
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
SEÇÃO I gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
com o empregador ou preposto: (Redação dada pela
Constrangimento ilegal Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou pena correspondente à violência. (Redação dada pela
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
manda: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Aumento de pena II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as cor- cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
respondentes à violência. I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 10.803, de 11.12.2003)
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen- II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
timento do paciente ou de seu representante legal, se ligião ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
justificada por iminente perigo de vida;

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


11.12.2003)
II - a coação exercida para impedir suicídio.
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de
Ameaça 2016) (Vigência)
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median-
-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso,
Parágrafo único - Somente se procede mediante com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de
representação. 2016) (Vigência)
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In-
Seqüestro e cárcere privado cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - submetê-la a trabalho em condições análogas
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante à de escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
seqüestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de (Vigência)
2002) III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído
Pena - reclusão, de um a três anos. pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou 2016) (Vigência)
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de
anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) 2016) (Vigência)

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Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Sonegação ou destruição de correspondência
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: § 1º - Na mesma pena incorre:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) I - quem se apossa indevidamente de correspondência
I - o crime for cometido por funcionário público no alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; sonega ou destrói;
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº telefônica
13.344, de 2016) (Vigência)
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de depen-
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
dência econômica, de autoridade ou de superioridade
hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação tele-
ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) fônica entre outras pessoas;
(Vigência) III - quem impede a comunicação ou a conversação
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter- referidas no número anterior;
ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra-
(Vigência) dioelétrico, sem observância de disposição legal.
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano
for primário e não integrar organização criminosa. (In- para outrem.
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun-
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou
SEÇÃO II telefônico:
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO Pena - detenção, de um a três anos.
DOMICÍLIO § 4º - Somente se procede mediante representação,
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
Violação de domicílio
Correspondência comercial
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou as-
tuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tá- Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou emprega-
cita de quem de direito, em casa alheia ou em suas
do de estabelecimento comercial ou industrial para,
dependências:
no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lu- suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu
gar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, conteúdo:
ou por duas ou mais pessoas: Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da Parágrafo único - Somente se procede mediante
pena correspondente à violência. representação.
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência)
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência SEÇÃO IV
em casa alheia ou em suas dependências: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
I - durante o dia, com observância das formalidades SEGREDOS
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum Divulgação de segredo


crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
§ 4º - A expressão “casa” compreende: Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
I - qualquer compartimento habitado; de documento particular ou de correspondência con-
II - aposento ocupado de habitação coletiva; fidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja di-
III - compartimento não aberto ao público, onde al- vulgação possa produzir dano a outrem:
guém exerce profissão ou atividade. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, de
§ 5º - Não se compreendem na expressão “casa”: trezentos mil réis a dois contos de réis. (Vide Lei nº
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação 7.209, de 1984)
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa-
parágrafo anterior;
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilo-
SEÇÃO III sas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou
DOS CRIMES CONTRA A não nos sistemas de informações ou banco de dados
INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
Violação de correspondência Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor- § 2o Quando resultar prejuízo para a Administração
respondência fechada, dirigida a outrem: Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. pela Lei nº 9.983, de 2000)

38
Violação do segredo profissional Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Vigência
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
de que tem ciência em razão de função, ministério, Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so-
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir mente se procede mediante representação, salvo se o
dano a outrem: crime é cometido contra a administração pública di-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa reta ou indireta de qualquer dos Poderes da União,
de um conto a dez contos de réis. (Vide Lei nº 7.209, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra em-
de 1984) presas concessionárias de serviços públicos. (Incluído
Parágrafo único - Somente se procede mediante pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
representação.
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
12.737, de 2012) Vigência

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-


Iniciamos o estudo com o texto do Código Penal:
nectado ou não à rede de computadores, mediante
violação indevida de mecanismo de segurança e com
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
alheia móvel:
mações sem autorização expressa ou tácita do titular
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) praticado durante o repouso noturno.
Vigência § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclu-
multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência são pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, ou aplicar somente a pena de multa.
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
de computador com o intuito de permitir a prática qualquer outra que tenha valor econômico.
da conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº Furto qualificado
12.737, de 2012) Vigência § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e mul-
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da ta, se o crime é cometido:
invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
nº 12.737, de 2012) Vigência tração da coisa;
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, es-
de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- calada ou destreza;
merciais ou industriais, informações sigilosas, assim III - com emprego de chave falsa;
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
de 2012) Vigência subtração for de veículo automotor que venha a ser
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e transportado para outro Estado ou para o exterior.
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. Furto de coisa comum

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio,
dois terços se houver divulgação, comercialização ou para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou tém, a coisa comum:
informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
2012) Vigência § 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun-
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
de 2012) Vigência o agente.
I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência si ou para outrem sem a prática de violência ou de gra-
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Sena- ve ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento
do Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da físico ou moral à pessoa. Significa, pois, o assenhora-
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara mento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo
Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) definitivo.
Vigência Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso
IV - dirigente máximo da administração direta e in- ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que
direta federal, estadual, municipal ou do Distrito Fe- é protegida diretamente a posse e indiretamente a pro-
deral. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência priedade ou, em sentido contrário, que a incriminação no

39
caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela da O consentimento da vítima na subtração elide o cri-
propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo me, já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele
protege não só a propriedade como a posse, seja ela di- ocorre depois da consumação, é evidente que sobrevivi
reta ou indireta além da própria detenção. o ilícito penal.
Devemos sim ter primeiro o bem jurídico daquele que O delito de furto também pode ser praticado entre:
é afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos,
dizer que a vítima de furto não é necessariamente o pro- entre irmãos.
prietário da coisa subtraída, podendo recair a sujeição O direito romano não admitia, nesses casos, a ação
passiva sobre o mero detentor ou possuidor da coisa. penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento
Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não penal, mas isenta de pena, como elemento de preserva-
exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pes- ção da vida familiar.
soal específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo
do crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, Para se definir o momento da consumação, existem
detenção ou da propriedade. duas posições:
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor 1) atinge a consumação no momento em que o ob-
ou proprietário. jeto material é retirado de posse e disponibilidade
O crime de furto pode ser praticado também através do sujeito passivo, ingressando na livre disponibi-
de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será lidade do autor, ainda que não obtenha a posse
de apossamento indireto, devido ao emprego de ani- tranquila;
mais, caso contrário é de apossamento direto. 2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por
Reina uma única controvérsia, tendo em vista o de- breve tempo.
senvolvimento da tecnologia, quanto a subtração prati-
cada com o auxílio da informática, se ela resultaria de Temos a seguinte classificação para o crime de furto:
furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comis-
podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática sivo de dano, material e instantâneo.
como meio de cometimento de furto ou mesmo este- A ação penal é pública incondicionada, exceto nas hi-
lionato, pois é preciso analisar, a cada conduta, não ape- póteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é
nas a intenção do agente, mas o modo de operação do condicionada à representação.
agente através da informática. O crime de furto pode ser de quatro espécies: fur-
O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coi- to simples, furto noturno, furto privilegiado e furto
sa em direito penal representa qualquer substância cor- qualificado
pórea, seja ela material ou materializável, ainda que não
tangível, suscetível de apreciação e transporte, incluindo Furto de uso
aqui os corpos gasosos, os instrumentos, os títulos, etc.
O homem não pode ser objeto material de furto, con- Furto de uso é a subtração de coisa apenas para usu-
forme o fato, o agente pode responder por sequestro ou fruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155, do
cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal CP, para que seja reconhecível o furto de uso e não o
Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249. furto comum, é necessário que a coisa seja restituída, de-
Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto volvida, ao possuidor, proprietário ou detentor de que
de furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para que o
valor de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afe- proprietário exerça o poder de disposição sobre a coisa
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tivo (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi” de-
Já a jurisprudência invoca o princípio da insignificância, penderá de prova plena a ser oferecida pelo agente.
considerando que se a coisa furtada tem valor monetário Os tribunais têm subordinado o reconhecimento do
irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e, furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirman-
portanto, não ficará caracterizado o crime. do que há furto comum se a coisa é abandonada em lo-
cal distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera
Furto é crime material, não existindo sem que haja de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que
desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no
pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa mesmo lugar da subtração seja feita em condições de
razão não comete furto e sim o crime contido no artigo restituição da coisa em sua integridade e aparência inter-
346 (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de na e externa, assim como era no momento da subtração.
Terceiro) do Código Penal Brasileiro, o proprietário que Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo
subtrai coisa sua que está em poder legitimo de outro. e por tudo em sua aparência interna e externa à coisa
O crime de furto é cometido através do dolo que é a subtraída.
vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do ele-
mento subjetivo do injusto também chamado de “dolo Furto noturno
específico”, que no crime de furto está representado pela
ideia de finalidade do agente, contida da expressão “para É furto agravado ou qualificado o praticado durante
si ou para outrem”. Independe, todavia de intuito, obje- o repouso noturno, aumenta-se de 1/3, a razão da ma-
tivo de lucro por parte do agente, que pode atuar por jorante está ligada ao maior perigo que está submetido
vingança, capricho, liberalidade. o bem jurídico diante da precariedade de vigilância por
parte de seu titular.

40
Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, Furto qualificado
que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança
e a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, São as seguintes as hipóteses de furto qualificado:
para que se configure a agravante do repouso noturno. Se o crime for cometido com destruição ou rompi-
Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, mento de obstáculos à subtração da coisa. Está hipótese
é variável, dependendo do local e dos costumes. trata da destruição, isto é, fazer desaparecer em sua indi-
É discutida pela doutrina e pela jurisprudência acerca vidualidade ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstá-
da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar culo móvel ou imóvel a apreensão e subtração da coisa.
a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é A destruição ou rompimento deve dar-se em qual-
no sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado quer momento da execução do crime e não apenas para
em lugar desabitado, pois evidente se praticado desta for- apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja
ma não haveria, mesmo durante a época o momento do comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do
não repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria acusado supre a falta da perícia.
a ser tão precária quanto este momento de repouso. Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no
Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
caso de concurso de pessoas, desde que o seu con-
nós, existe a agravante quando o furto se dá durante o
teúdo haja ingressado na esfera do conhecimento dos
tempo em que a cidade ou local repousa, o que não im-
participantes.
porta necessariamente seja a casa habitada ou estejam
seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou A segunda hipótese é quando o crime é cometido
desabitado o lugar do furto”. com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada
A exposição de motivos como a do mestre Noronha, ou destreza.
é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
agravante especial do furto a circunstância de ser o cri- de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à prá-
me praticado durante o período do sossego noturno, seja tica do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente
ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores se serve de algum artifício para fazer a subtração.
dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir
período. a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na
Furto em garagem de residência, também há duas subtração do objeto material. O furto mediante fraude
posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empre-
Professor Damásio é partidário, e outra na qual não incide gada para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que
a qualificadora. nem percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no es-
telionato, ao contrário, a fraude antecede o apossamento
Furto privilegiado ou mínimo da coisa e é a causa de sua entrega ao agente pela vítima;
esta entrega a coisa iludida, pois a fraude motivou seu
O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo consentimento.
155. É uma hipótese que considera se o criminoso é pri- É ainda qualificadora a penetração no local do furto
mário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode por via que normalmente não se usa para o acesso, sen-
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la do necessário o emprego de meio artificial, é no caso de
de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. escalada, que não se relaciona necessariamente com a
Vale dizer que é uma forma de causa especial de di- ação de galgar ou subir. Também deve ser comprova-
minuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa da por meio de perícia, assim como o rompimento de
causa especial: obstáculo.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em fla-
• O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é grante indica delito tentado nos casos de furto, por não
ser o agente primário, ou seja, que não tenha sofri- chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraí-
do em razão de outro crime condenação anterior da, que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
transitada em julgado.
Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo:
• O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários
subtraída.
dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó
A doutrina e a jurisprudência têm exigido além desses da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
dois requisitos já citados, que o agente não revele perso- envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à
nalidade ou antecedentes comprometedores, indicativos Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois,
da existência de probabilidade, de voltar a delinquir. naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de de- agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo?
tenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somen- Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do
te a multa. evento um crime impossível.
O § 3º, do art. 155, do CP, faz menção à igualdade O último é a qualificadora da destreza, que se dá
entre energia elétrica, ou qualquer outra que tenha va- quando a subtração se dá dissimuladamente com espe-
lor econômico à coisa móvel, também a caracterizando cial habilidade por parte do agente, onde a ação, sem
como crime. emprego de violência, em situação em que a vítima, em-
A jurisprudência considera essa modalidade de furto bora consciente e alerta, não percebe que está tendo os
como crime permanente, pois o agente pratica uma só bens furtados. O arrebatamento violento ou inopinado
ação, que se prolonga no tempo. não a configura.

41
A terceira hipótese é o emprego de chave falsa. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
Constitui chave falsa qualquer instrumento ou en- I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
genho de que se sirva o agente para abrir fechadura e de arma;
que tenha ou não o formato de uma chave, podendo ser II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
grampo, pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame III - se a vítima está em serviço de transporte de valo-
pericial da chave ou desse instrumento é indispensável res e o agente conhece tal circunstância.
para a caracterização da qualificadora IV - se a subtração for de veículo automotor que ve-
A Quarta e última hipótese é quando ocorre median- nha a ser transportado para outro Estado ou para o
te concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado exterior;
nestas circunstâncias, pois, isto revela uma maior peri- V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
culosidade dos agentes, que unem seus esforços para o tringindo sua liberdade.
crime. § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
No caso de furto cometido por quadrilha, responde pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora. anos, sem prejuízo da multa.
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo ser- A ação penal é pública, porém depende de represen-
vir a outra como agravante comum. tação da parte.
Como expresso no art. 157, do CP, subtrair coisa
Furto de coisa comum
móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por
Este crime está definido no art. 156 do CP:
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro, ou sócio,
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atin-
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de-
tém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) me- gido também a integridade física ou psíquica da vítima.
ses à 2 (dois) anos, ou multa. É um crime complexo, onde o objeto jurídico imedia-
to do crime é o patrimônio, e tutela-se também a inte-
A razão da incriminação é de que o agente subtraia gridade corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de
coisa que pertença também a outrem. Este crime cons- latrocínio a vida do sujeito passivo.
titui caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas O Roubo também é um delito comum, podendo ser
as relações existentes entre o agente e o lesado ou os cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com
lesados. o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois su-
Sujeito ativo, somente pode ser o condômino, copro- jeitos passivos: um que sofre a violência e o titular do
prietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é indispen- direito de propriedade.
sável e chega a ser um elementar do crime e por tanto é Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa mó-
transmitido ao partícipe estranho nos termos do art. 29 vel alheia, mas, faça-se necessário que o agente se utili-
do CP. ze de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
Sujeito passivo será sempre o condomínio, copro- grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a
prietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-se o possibilidade de resistência do sujeito passivo.
terceiro possuidor legítimo da coisa. A vontade de subtrair com emprego de violência, gra-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A vontade de subtrair configura o momento subjeti- ve ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito
vo, fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão de roubo. Exige-se, porém, o elemento subjetivo do tipo,
“para si ou para outrem”. o chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si
A pena culminada para furto de coisa comum é alter- ou para outrem, é que se dá a subtração.
nativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos ou Há uma figura denominada roubo impróprio que vem
multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da definido no art.157, §1º, do CP, que assim diz: “na mesma
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto. pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, em-
prega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
DO ROUBO assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa
para si ou para terceiro”.
Vamos ao texto do Código Penal: Nesse caso a violência ou a grave ameaça ocorre após
a consumação da subtração, visando o agente assegurar
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para a posse da coisa subtraída ou a impunidade do crime.
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pes- A violência posterior ou roubo para assegurar a sua
soa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzi- impunidade, deve ser imediato para caracterização do
do à impossibilidade de resistência: roubo impróprio.
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. A consumação do roubo impróprio ocorre com a vio-
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de lência ou grave ameaça desde que já ocorrido a subtra-
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou ção, não se consumando esta, tem se entendido que o
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
em concurso com o crime de lesões corporais.

42
Consuma-se no momento em que o agente retira o objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, mesmo
que não haja a posse tranquila.
Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida, visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar a vio-
lência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos duas correntes:
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e ins-
tantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.

Roubo e lesão corporal grave

Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao fixado ante-
riormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da multa.
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dis-
positivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos. Haverá
no caso roubo simples seguido de lesões corporais de natureza grave em concurso formal.
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro.
Se o agente fere gravemente a vítima, mas não consegue subtrair a coisa, há só a tentativa do art. 157, § 3º, 1ª parte,
do CP.

Latrocínio

Comina-se pena de reclusão de 20 a 30 anos se resulta a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
violência para roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o delito.
É indiferente, porém, que a violência tenha sido exercida para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída.
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá,
no entanto, um só crime com dois sujeitos passivos.
A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja morte
da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição válida:
Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224
do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.

DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA

O crime de apropriação indébita está previsto no Artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar quando

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é necessário que você saiba que o agente já tem a posse ou a
detenção da coisa, passando, posteriormente, a se agir como se dono da coisa fosse.
Você não pode confundir a apropriação indébita com o crime de estelionato. Veja a diferença:

Apropriação Indébita
Estelionato

O agente recebe a coisa de boa-fé,


O agente já recebe a coisa de má-fé,
depois, muda seu dolo e passa a agir
com a intenção de ficar com ela
como se fosse dono da coisa (passa a
desde o início.
ter má-fé).

A apropriação indébita é crime que decorre de uma relação de confiança entre o autor e a vítima. Esta entrega a
coisa móvel ao agente, devido à confiança que deposita nele. O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, depois
(parte da doutrina chama de dolo subsequente), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a agir como dono
dela.

43
Veja as principais características da apropriação indébita:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa;


• Não admite a forma culposa;
• Não admite tentativa, conforme doutrina majoritária, tratando-se de crime unissubsistente;
• É crime material, que se consuma no momento em que o agente inverte a posse da coisa alheia móvel.

Causas de aumento de pena da apropriação indébita:

A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando o agente receber a coisa:
Em depósito necessário; Na qualidade de tutor, curador, Em razão de ofício emprego ou profissão.
síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;

Apropriação Indébita Previdenciária

Este é um crime que possui muito posicionamento jurisprudencial importante. Apesar de não ser cobrado em pro-
vas com tanta frequência como os crimes que já vimos, é bastante importante para o seu estudo.

É importante que você conheça a conduta principal e as condutas equiparadas.

Conduta principal: Ficará configurada quando o agente deixar de repassar à previdência social as contribuições
recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.
Observe que o tipo penal principal é praticado na modalidade omissiva, deixando o agente de praticar uma conduta
que deveria (repassar à previdência as contribuições recolhidas após reter os valores).

#FicaDica
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do crime principal o agente que:
– Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público.
– Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou
custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços.
– Pagar benefício devido a segurando, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembol-
sados à empresa pela previdência social.


Trata-se de norma penal em branco, complementada em diversos dispositivos pela lei previdenciária correspondente.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Veja características do crime de apropriação indébita previdenciária:

• É crime omissivo, como falado acima, já que o agente não pratica a conduta que se espera dele (repassar);
• Não admite a modalidade culposa;
• Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o STF, não é necessário dolo específico (especial fim de agir);
• Não admite tentativa;
• Segundo a jurisprudência, tanto do STF quanto do STJ, é crime material;
• O STJ admite a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, quando
o valor do débito com a Previdência Social não ultrapassar o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
• O STF também admite a aplicação do princípio da insignificância ao crime de apropriação indébita previdenciária,
entretanto, a Corte Suprema tem sido bem mais rigorosa para com a aplicação.

A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da punibilidade), caso o agente, espontaneamente, declare, con-
fesse e efetue o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e preste as informações devidas à previdência
social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a conduta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, seja pratica-
da antes do início da ação fiscal, o STF e o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da punibilidade com o pagamento
efetuado a qualquer tempo, desde que antes do trânsito em julgado (sentença definitiva).
Para encerrarmos, o crime de apropriação indébita previdenciária, vamos verificar uma hipótese de perdão judicial
e de crime privilegiado. Observe:

44
A Lei 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se de passagem (importante que você preste bastante atenção), acres-
centou dispositivo ao Código Penal que estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de deixar de aplicar a pena ou
de aplicar somente a pena de multa não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive
dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo mínimo para ajuizamento de suas
execuções fiscais.

Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da Natureza

Neste crime, a apropriação se dá, não devido a relação de confiança existente entre autor e vítima, mas sim porque
a coisa chegou ao poder do agente por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Teobaldo recebe em sua casa, por erro do entregador das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O agente
se apropria da coisa havida por erro.
No exemplo acima, caso Teobaldo tenha recebido a coisa de boa-fé, mas, posteriormente, altere a posse da coisa,
apropriando-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Este crime não admite a modalidade culposa, podendo ser praticado apenas a título de dolo.
É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
O Código Penal apresenta duas hipóteses assemelhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de tesouro e
a apropriação de coisa achada.

Apropriação de Tesouro

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Irá praticar este crime o agente que acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a
que tem direito o proprietário do prédio.
Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se apropria da
quota-parte que o proprietário do prédio tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabelece que o tesouro deve
ser dividido igualmente entre aquele que achou e entre o proprietário do local em que ele foi achado.
O Código Civil conceitua tesouro como depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória.
O tipo penal não se caracteriza com o verbo “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não comete crime
alguma. A conduta criminosa se encontra no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria da parte a que tem
direito o proprietário do prédio.
Para que este crime se configure, é necessário que o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua proprietário.

Apropriação de Coisa Achada

E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado popular muito do dito?


O crime de apropriação de coisa achada não é muito conhecido. Mas existe. Este crime será aplicado a quem acha
coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor ou
de entregá-la à autoridade competente, dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para sua consumação, exige que transcorra determinado período de
tempo (15 dias).
É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
Atenção. O crime de apropriação de coisa achada poderá se configurar:

45
• Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao Vejamos as formas equiparadas do crime de estelio-
dono ou legítimo possuidor; nato, que serão submetidas às mesmas penas:
• Se o agente deixa de entregar a coisa achada à au- Nas mesmas penas incorre quem:
toridade competente.
1. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
O agente tem o prazo de 15 dias para praticar as con- em garantia coisa alheia como própria – disposição
dutas descritas ao lado. Após esse período, o crime se de coisa alheia como própria;
consumará.
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilidade de O agente, neste crime, faz com que coisa alheia se
se aplicar aos crimes previstos no capítulo da apropria- passe como dele, enganando outrem. Os verbos previs-
tos no tipo são: vender, permutar (trocar), dar como pa-
ção indébita os institutos aplicáveis ao furto privilegiado.
gamento, locação ou garantia.
Logo:
2. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
• Se o criminoso é primário; coisa própria inalienável, gravada de ônus ou liti-
• Se é de pequeno valor a coisa; giosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro,
mediante pagamento em prestações, silenciando
O juiz poderá: sobre qualquer dessas circunstâncias – alienação
ou oneração fraudulenta de coisa própria;
• Substituir a pena de reclusão pela pena de 3. Defrauda, mediante alienação não consentida pelo
detenção; credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
• Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; quando tem a posse do objeto empenhado – de-
• Aplicar somente a pena de multa fraudação de penhor.
4. Defrauda substância, qualidade ou quantidade, de
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES coisa que deve entregar a alguém – fraude na en-
trega de coisa;
Estelionato 5. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró-
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava
O crime de estelionato será praticado quando o as consequências da lesão ou doença, com o in-
agente obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, tuito de haver indenização ou valor de seguro –
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em fraude para recebimento de indenização ou valor
de seguro;
erro, mediante artifício ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento.
O crime de fraude para recebimento de indenização
Observe que o crime fala em vantagem ilícita (segun- ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritária, é cri-
do a doutrina majoritária, deve ser vantagem de natureza me formal, que se consuma com a prática da conduta, in-
patrimonial), podendo ser coisa móvel ou imóvel. dependentemente de o agente conseguir ou não receber
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se utiliza os valores referentes a indenização ou valor de seguro.
de artificio ardil (método de enganar) ou qualquer outro Lembre-se que o agente não é punido penalmente
tipo de fraude. por causar mal somente a si mesmo, sendo assim, caso
Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro e o ele se lesiona com o fim de receber seguro, ele não
agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela estava em será sujeito passivo do crime. O sujeito passivo será a
erro, o agente, de má-fé, faz com que ela permaneça). seguradora.
No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de 1. Emite cheque, sem suficiente prisão de fundos em
alguma forma, a vantagem. poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento –
A condição acima, inclusive, é fator que serve para fraude no pagamento por meio de cheque.
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que com
ele possam se confundir. Leve em consideração que, para configuração des-
Características do crime de estelionato: ta forma equiparada de estelionato, é necessário que o
agente saiba desde o início não dispor de fundos para
• Crime comum: não se exige características especí- cobrir o cheque, não se englobando nesta modalidade
ficas do sujeito ativo; criminosa os casos de não pagamento de cheque por
motivos cotidianos (sem má-fé).
• É crime material: o crime se consuma com a ocor-
É importante que você conheça duas súmulas do STF,
rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
referentes ao crime de fraude no pagamento por meio
acarretando prejuízo a terceiro; de cheque.
• Não admite a forma culposa: só se pratica a título
de dolo; Súmula 521: O foro competente para o processo e jul-
• Admite a modalidade tentada; gamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos,
O estelionato privilegiado é aquele em que o agente é o local onde se deu a recusa do pagamento pelo
é primário e é de pequeno valor o prejuízo, poderá o juiz, sacado.
neste caso, substituir a pena de reclusão pela pena de Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem
detenção; diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou aplicar somen- provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
te a pena de multa não obsta ao prosseguimento da ação penal.

46
Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que se o agente pagar os valores referentes ao cheque emitido sem
fundos, antes do recebimento da denúncia, será impedido o início da ação penal.
E se o crime for praticado mediante o uso de documento falso?
Para responder esta pergunta, você deve conhecer a Súmula 17 do STJ: Quando o falso se exaure no estelionato,
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Entenda da seguinte forma: se o uso do documento falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato, este crime
absorverá aquele. Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois crimes em concurso formal.
Observe as causas de aumento de pena previstas no Código Penal para o estelionato.

OUTRAS FRAUDES

O crime fica configurado quando o agente tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio
de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento.
É necessário (elementar do tipo penal) que o agente não tenha recursos para pagar a refeição, o alojamento ou o
meio de transporte. Caso o agente tenha os recursos necessários, entretanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não
cometerá o crime de outras fraudes.
Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando da prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve saber que
não dispõe de recursos para pagar e mesmo assim utiliza dos serviços descritos. Caso ocorra um imprevisto, o agente
perde seu dinheiro sem saber, por exemplo, ele não será responsabilizado penalmente.
Trata-se de crime promovido mediante ação penal pública condicionada à representação da vítima.
Admite-se a aplicação do instituto do perdão judicial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá deixar de
aplicar a pena.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


1. (DPE-AM – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) Sobre os crimes contra o patrimônio: 
O furto de energia elétrica é atípico por não consistir em coisa móvel. 

a) Se o agente logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa, a fim de assegurar a impunidade do
crime, incorre na mesma pena do roubo. 
b) A ameaça exercida com simulacro de arma de fogo é incapaz de configurar o crime de roubo. 
c) Se durante a prática do roubo o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade, o crime é o de
latrocínio. 
d) Por falta de previsão legal, o princípio da insignificância é incabível no crime de furto. 

Resposta: Letra B. Apresenta hipótese de roubo impróprio, configurado quando o agente, logo depois de subtraída
a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
da coisa para si ou para terceiro. Previsão Legal: Artigo 157, § 1º, do Código Penal.

2. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017) Leonardo encontra uma cédula de R$ 50,00 sob a poltrona
da sala da casa de seu amigo Fausto, lugar que habitualmente frequenta e, sem que o dono da casa perceba, dela se
apodera. Diante do caso hipotético apresentado, Leonardo pratica o crime de 

a) apropriação de coisa achada. 


b) furto qualificado. 

47
c) estelionato.  absolutórias não se aplicam ao caso apresentado pela
d) furto simples.  questão, já que a vítima conta com mais de 60 anos,
e) apropriação indébita.  além do que, já não se aplicaria as escusas à Ana Paula,
já que ela é uma estranha que participa do crime (Ana
Resposta: Letra B. Leonardo praticou o crime de furto Paula é mera namorada de Nilson).
qualificado. A qualificadora aplicável ao caso apresen-
tado pela alternativa é a de Abuso de confiança. Ob- 5. (AL-MS – CONSULTOR DE PROCESSO LEGISLATIVO
serve que o item faz questão de mencionar expressa- – FCC – 2016) Nos termos preconizados pelo Código Pe-
mente que a casa onde Leonardo se encontrava é local nal, em relação às escusas absolutórias, estará isento de
que ele habitualmente frequenta e que ele é amigo de pena 
Fausto. O verbo apoderar, apresentado pelo item, foi Pedro, coautor de um crime de furto qualificado junta-
utilizado como sinônimo de subtrair. Previsão Legal: mente com seu amigo Ítalo, praticado contra o genitor
Artigo 155, § 4º, II, do Código Penal. deste último. 

3. (PC-AP – OFICIAL DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017) a) Rodrigo, que invade a chácara de sua família e comete
Frederico, com o intuito de receber o valor do seguro, um crime de roubo contra seus ascendentes, subtrain-
escondeu um automóvel de sua propriedade e lavrou um do bens que guarneciam o imóvel.  
boletim de ocorrência afirmando que havia sido furtado. b) Paulo, que pratica um crime de furto contra empresa
Tempos depois, Frederico veio a receber o valor pelo si- de seu tio. 
nistro. Nessa situação hipotética, o crime praticado por c) Micaela, que pratica um crime de estelionato contra
Frederico é tipificado como  seu filho, utilizando os documentos pessoais e cartão
de crédito deste para fazer compras em estabeleci-
a) fraude para recebimento de indenização ou valor de mentos comerciais de uma determinada cidade. 
seguro.  d) Flávia, que pratica crime de apropriação indébita con-
b) exercício arbitrário das próprias razões.  tra o seu avô de 70 anos de idade. 
c) apropriação indébita. 
d) fraude no comércio.  Resposta: Letra B. Micaela ficará isenta de pena, de-
e) furto qualificado.  vido a aplicação da escusa absolutória prevista no art.
181, II, do CP. Ela praticou o estelionato (sem violência
Resposta: Letra D. Frederico praticou o crime de frau- ou grave ameaça) contra seu filho (descendente), fi-
de para recebimento de indenização ou valor de segu- cando, assim, isenta de pena.
ro, crime previsto no capítulo “do estelionato e outras
fraudes”.
No caso apresentado pela alternativa, o sujeito pas- CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
sivo é a seguradora. Frederico é apenas sujeito ativo.
Estamos diante de crime formal, que se consumaria
mesmo que Frederico não recebesse o valor do sinis- DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS
tro, segundo doutrina dominante. Previsão Legal: Arti- PÚBLICOS
go 171, V, do Código Penal.
Falsificação de Papéis Públicos
4. (PC-AP – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – FCC – 2017)
Nilson, na companhia de sua namorada, Ana Paula, am-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O crime de falsificação de papéis públicos está previs-


bos maiores e capazes, subtraem a quantia de R$ 200,00 to no Artigo 293 do Código Penal.
da carteira do avô de Nilson que, na data do furto, con- É um tipo penal bastante extenso, que irá se confi-
tava 62 anos de idade. Diante da situação hipotética gurar quando o agente falsificar, fabricando-os ou
apresentada, alterando-os:

a) Nilson ficará isento de pena, em razão do crime ter • Selo destinado a controle tributário, papel selado
sido praticado contra seu ascendente. Contudo, tal ou qualquer papel de emissão legal destinado à
isenção não alcançará Ana Paula.  arrecadação de tributo;
b) haverá isenção da pena para Nilson, circunstância que • Papel de crédito público que não seja moeda de
também alcançará sua namorada Ana Paula.  curso legal;
c) Nilson e Ana Paula responderão pelo crime de furto • Vale postal;
qualificado, não incidindo a isenção de pena para ne- • Cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa
nhum dos agentes. econômica ou de outro estabelecimento mantido
d) Nilson responderá por furto qualificado, enquanto por entidade de direito público;
que Ana Paula responderá por furto simples.  • Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro docu-
e) a responsabilização penal de Nilson e Ana Paula de- mento relativo à arrecadação de rendas públicas
penderá de queixa-crime.  ou a depósito ou caução por que o poder público
seja responsável;
Resposta: Letra C. Tanto Nilson quanto Ana Paula • Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
irão responder pelo crime de furto qualificado pelo transporte administrada pela União, por Estado ou
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. As escusas por Município.

48
Este tipo penal poderá ser praticado com a falsifica- Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, é
ção de quaisquer um dos documentos vistos acima, de importante levar em consideração o seguinte:
duas formas: fabricando-os (neste caso, o agente cria um
documento) ou alterando-os (o agente altera documen- • É crime comum, que pode ser praticado por qual-
to já existente). quer pessoa;
Existem formas equiparadas ao crime de falsificação • Só admite a modalidade dolosa – não pode ser
de papéis públicos, incorrendo o agente nas mesmas pe- praticado culposamente;
nas deste. • Caso a falsificação seja grosseira, haverá a atipici-
Nas mesmas penas irá incorrer aquele que: dade deste crime;
• Admite a tentativa;
• Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis • Se o papel for de emissão da União, será processa-
falsificados a que se refere este artigo; do e julgado pela Justiça Federal;
• Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
Petrechos de Falsificação
falsificado destinado a controle tributário;
• Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda,
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empres- Cometerá este crime, previsto no Artigo 294 do Códi-
ta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em go Penal, o agente que fabricar, adquirir, fornecer, possuir
proveito próprio ou alheio, no exercício de ativida- ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação
de comercial ou industrial, produto ou mercadoria: de qualquer dos papéis previstos no crime de falsificação
de papéis públicos (Art. 293 do CP).
a) Em que tenha sido aplicado selo que se destine a Sobre o crime de petrechos de falsificação, é im-
controle tributário, falsificado; portante que você leve para a sua prova as seguintes
b) Sem selo oficial, nos casos em que a legislação informações:
tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação. • É crime de ação múltipla, que poderá ser praticado
mediante a execução de quaisquer um dos verbos
O tipo penal do crime de falsificação de papéis públi- previstos no tipo penal: fabricar, adquirir, fornecer,
cos apresenta três modalidades em que a pena será mais possuir ou guardar;
branda se comparada ao tipo penal principal e às formas • É crime comum, que poderá ser praticado por
equiparadas, que tem como pena a reclusão de dois a qualquer agente;
oito anos e multa:
Entretanto, caso o crime seja praticado por funcioná-
• Aquele que suprimir, em qualquer dos papéis vis- rio público, prevalecendo-se este do cargo, a pena será
tos logo acima, quando legítimos, com o fim de aumentada da sexta parte (1/6).
torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal
indicativo de sua inutilização, incorrerá na pena de • Assim como o crime de petrecho para falsificação
reclusão de um a quatro anos e multa; de moeda, o objeto deve ser destinado especial-
• Aquele que usar os papéis, depois de alterados mente para falsificar os papéis previstos no Artigo
(após a supressão de carimbo ou sinal indicativo 293, caso o objeto tenha outras finalidades (tem
de inutilização, quando legítimos, com o fim de
outras utilidades e também serve para falsificar
torna-los utilizáveis), incorrerá na pena de reclusão
papéis), não há que se falar na prática deste tipo
de um a quatro anos e multa;

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


penal;
• Aquele que usar ou restituir à circulação, embora
recebido de boa-fé, qualquer dos papeis falsifica- • Só poderá ser praticado dolosamente;
dos ou alterados, depois de conhecer a falsidade • Admite a modalidade tentada;
ou alteração, incorrerá na pena de detenção, de • No verbo guardar, trata-se de crime permanente,
seis meses a dois anos, ou multa. protraindo-se a conduta no tempo.

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação de Selo ou Sinal Público

O crime de falsificação de selo ou sinal público, que


está previsto no Artigo 296 do Código Penal, configura-
-se com a prática da seguinte conduta típica: falsificar,
fabricando-os ou alterando-os selo público destinado a
autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Municí-
pio ou selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião.

49
Falsificação de selo ou sinal público

Falsificar, fabricando ou alterando

Selo público destinado a autenticar atos Selo ou sinal atribuído por lei a entidade
oficiais da União, de Estado ou de de direito público, ou a autoridade, ou
Município sinal público de tabelião

São condutas equiparadas ao crime de falsificação de selo ou sinal público, incorrendo nas mesmas penas o agente que:

• Faz uso do selo ou sinal falsificado;


• Utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
• Altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identifi-
cadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

Sobre este crime, é importante que você leve em consideração as seguintes disposições:

• É crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.


• Só pode ser praticado dolosamente;
• Admite a modalidade tentada, já que se trata de crime plurissubsistente;
• A falsificação pode se dar de 2 (duas formas): com a fabricação (o agente cria o selo ou sinal) ou com a alteração (o
agente modifica o selo ou sinal);
• Trata-se de crime de forma livre, que pode ser praticado de qualquer modo pelo agente.

Falsificação de Documento Público

Este crime está previsto no Artigo 297 do Código Penal. A sua conduta típica é: falsificar, no todo ou em parte, docu-
mento público, ou alterar documento público verdadeiro.

O crime pode ser praticado das seguintes formas:

Aqui, o agente cria um Aqui, o agente modifica o


Falsificar, total ou parcialmente,
documento público

Alterar documento público


verdadeiro

documento público que não documento público que já existia


existia
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Trata-se de falsidade material, na qual o agente cria um documento público falso ou modifica o documento público
verdadeiro, tornando-se falsos em seu aspecto material, podendo o conteúdo ser verdadeiro ou não.
Você não pode confundir a falsidade material com a falsidade ideológica.

50
Sobre o crime de falsificação de documento público, A conduta é igual ao crime de falsificação de docu-
é importante que você leve em consideração as seguin- mento público, sendo diferente no que se refere ao ob-
tes informações: jeto material do crime. Estes crimes também se diferen-
ciam em relação à pena cominada.
• É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa;

Caso o agente seja funcionário público e se prevaleça


do cargo para praticar o fato, a pena será aumentada da
sexta parte (aumento de 1/6).

• Não admite a modalidade culposa – só pode ser


praticado dolosamente;
• Não exige dolo específico – especial fim de agir;
• Admite a tentativa;
• O objeto material do crime é o documento público.

É muito importante que você saiba o que é documen-


to público, para fins de configuração deste crime, já que
existe, também, o crime de falsificação de documento
particular, já que eles são apenados de formas diferentes,
sendo aquele mais grave do que este.
Para fins de concurso público, pode-se conceituar do-
cumento público como aquele emitido por funcionário
público, no exercício de suas funções, a serviço da União,
estados-membros, Distrito Federal ou municípios (emiti- O que é documento particular?
do por órgãos ou entidades públicas). Amigos, vamos levar para a nossa prova o critério
Porém, o Código Penal equipara alguns outros docu- da exclusão. Será documento particular aquele que não
mentos, embora emitidos por particulares, a documento é documento público, nem equiparado a documento
público. público.
O título ao portador é documento de crédito que não Neste crime, a falsidade também é material, alteran-
informa o seu beneficiário, a exemplo do cheque no valor do-se a forma estrutural do documento, podendo o con-
de até R$ 100,00 (cem reais). O endosso é uma forma teúdo ser verdadeiro ou não.
de transferir a propriedade de um título (do endossan- Sobre o crime de falsificação de documento particu-
te para o endossatário), como os cheques em geral e as lar, é importante que você fique atento ao seguinte:
notas promissórias, que constituem exemplos de títulos
transmissíveis por endosso. • É crime comum;
Sobre este crime, há uma importante súmula do STJ: • Admite a tentativa;
• Só pode ser praticado dolosamente;
Súmula 17. Quando o falso se exaure no estelionato, • Não exige especial fim de agir (dolo específico);
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. • Aplica-se a Súmula 17 do STJ: quando o falso se

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


exaure no estelionato, sem mais potencialidade le-
Esta súmula se refere à aplicação do princípio da con- siva, é por este absorvido;
sunção ou absorção. Quando o crime de falsificação de • Se a falsificação for grosseira, não irá se configu-
documento público for meio para praticar o crime de es- rar este crime, mas poderá se configurar outro tipo
telionato, será por este absorvido. penal.
Agente que, para obter ilícita vantagem em prejuízo
de terceiro, altera sua carteira de identidade verdadeira, Para fins de aplicação deste crime, equipara-se a do-
responderá apenas pelo crime de estelionato caso a po- cumento público o cartão de crédito ou de débito.
tencialidade lesiva da falsificação fique exaurida com a
prática do estelionato. Falsidade Ideológica
Caso a falsificação ou alteração sejam grosseiras, ha-
verá atipicidade deste crime, podendo configurar outra Este crime está previsto no art. 299 do CP.
infração penal. Configura-se com a prática da seguinte conduta típi-
ca: omitir, em documento público ou particular, declara-
Falsificação de Documento Particular ção que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com
O crime de falsificação de documento particular, que o fim de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a
está previsto no Artigo 298 do Código Penal, irá se con- verdade sobre fato juridicamente relevante.
figurar quando o agente falsificar, no todo ou em parte,
documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro.

51
A falsidade ideologica se configura das seguintes formas

Omitir, em documento público ou Inserir ou fazer inserir, em documento


particular, declaração que dele devia público ou particular, declaração falsa ou
constar diversa da que devia ser escrita

A falsidade ideológica pode ser praticada tanto em documento público quanto em documento particular?
Sim, guerreiros. A resposta é positiva. Entretanto, a pena será distinta.

• Documento público: reclusão, de um a cinco anos, e multa;


• Documento particular: reclusão, de um a três anos, e multa.

O tipo penal deste crime apresenta causa de aumento de pena.

• A pena será aumentada da sexta parte (1/6):

a) Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo;


b) Se a falsificação ou alteração é de assentamento de registo civil

• Em relação ao crime de falsidade ideológica, é importante que você leve em consideração as seguintes
informações:
• É crime comum.

Atenção: se praticado por funcionário público, que se prevalece do cargo, haverá aumento de pena de 1/6 (um
sexto).
Não basta que seja praticado por funcionário público, para se aplicar a causa de aumento da pena, mas, também,
que ele se prevaleça do cargo para praticar o crime.

• Não admite a modalidade culposa – só pode ser praticado dolosamente;


• Exige-se dolo específico (especial fim de agir): fim de prejudicar direito, criar, obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante.

Caso a conduta seja praticada sem uma das finalidades específicas vistas acima, o crime não irá se configurar.

• Admite a modalidade tentada nas condutas comissivas, mas não admite, segundo posicionamento doutrinário
majoritário, na conduta omissiva (omitir);
• Neste crime, a forma do documento segue intacta; o que se falsifica é o conteúdo das informações contidas no
documento público ou particular (com a omissão de declaração ou com a declaração falsa).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inserir informação falsa em currículo Lattes não configura o crime de falsidade ideológica, segundo posicionamento
do STJ.

Falso Reconhecimento de Firma ou Letra

Previsto no art. 300, do CP, este crime se configura com a prática da seguinte conduta típica: reconhecer, como
verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja.Entendam da seguinte forma:

Firma = assinatura;
Letra = manuscrito daquele que assina.

A pena do crime será distinta conforme a natureza do documento:

Se documento público Se documento privado

Reclusão de um a cinco Reclusão de um a três anos,


anos, e multa e multa

52
Sobre o crime de falso reconhecimento de firma ou • Admite a modalidade tentada;
letra, você deve ficar atento ao seguinte: • É crime de ação múltipla, que pode ser praticado
mediante a execução de quaisquer uma das se-
• É crime próprio, que só poderá ser praticado pelo guintes condutas:
funcionário público que pode reconhecer firma ou
letra; a) Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
certidão;
Admite a participação de particular, desde que co- b) Alterar o teor de certidão ou atestado verdadeiro.
nheça a condição de funcionário público do agente;
• Caso o crime tenha como finalidade a obtenção
• Só poderá ser praticado dolosamente; de lucro (finalidade específica), será aplicada, tam-
• Não exige fim especial de agir (dolo específico); bém, a pena de multa.
• Segundo posicionamento que prevalece, trata-se
de crime plurissubsistente, que admite, portanto, a
Falsidade de Atestado Médico
tentativa;
• A ação penal será pública incondicionada;
O crime de falsidade de atestado médico está previs-
Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso to no Artigo 302 do Código Penal.
Este crime tem como figura típica a seguinte condu-
Este crime está previsto no Artigo 301 do Código Penal. ta: dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado
Conduta típica: atestar ou certificar falsamente, em falso.
razão de função pública, fato ou circunstância que habi- Sobre este crime, é importante levar em consideração:
lite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem. • É crime próprio, que só poderá ser praticado por
Sobre este crime, é importante levar em consideração médico;
o seguinte: • Não admite a forma culposa – deve ser praticado
dolosamente;
• Trata-se de crime próprio, que só pode ser prati- • Não exige fim especial de agir (dolo específico),
cado por funcionário público, em razão da função salvo no caso de obtenção de lucro;
pública; • Admite a tentativa;
• Caso o médico pratique a conduta com finalida-
Admite o concurso de pessoas com particulares, des- de de obter lucro (dolo específico), será aplicada a
de que estes conheçam sobre a situação de funcionário ele, além da pena privativa de liberdade, a pena de
público; multa;
• Exige-se que a conduta praticada pelo médico se
• Não admite a modalidade culposa; dê no exercício da função.
• Admite a forma tentada;
• É crime de ação múltipla, que pode se configurar Reprodução ou Alteração de Selo ou Peça Filatélica
com a prática de quaisquer um dos verbos previs-
tos no tipo penal: atestar ou certificar; Este crime, previsto no Artigo 303 do Código Penal,
• Para a configuração deste crime, exige-se que a irá se configurar quando o agente reproduzir ou alterar
certificação ou atestado se deem para as finalida- selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo
des previstas no tipo penal: habilitar alguém a ob-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


quando a reprodução ou a alteração está visivelmente
ter cargo público; isentar de ônus ou de serviço de
anotada na face ou no verso do selo ou peça.
caráter público, ou qualquer outra vantagem.
O crime de reprodução ou alteração de selo ou pela
• Caso o crime tenha como finalidade a obtenção de
filatélica pode ser praticado de duas formas:
lucro (finalidade específica), será aplicada, além da
pena privativa de liberdade, a pena de multa.
Reproduzir Alterar
Ainda no art. 301, do CP, em seu § 1º, temos um outro
tipo penal: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso. Selo ou peça filatética que tenha Selo ou peça filatética que tenha
O crime de certidão ou atestado ideologicamente fal-
so irá se configurar quando o agente falsificar, no todo valor para coleção valor para coleção
ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de
certidão ou de atestado verdadeiro, para prova de fato
ou circunstância que habilite alguém a obter cargo públi- O que seria peça filatélica?
co, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou É qualquer documento que tenha interesse para a
qualquer outra vantagem. coleção de selos. A filatelia é a arte de estudar ou de
Sobre este crime, é importante levar em consideração colecionar selos.
o seguinte: Sobre este crime, é importante ficar atento ao seguinte:

• É crime comum, que poderá ser praticado por • É crime comum, que pode ser praticado por qual-
qualquer pessoa; quer pessoa;
• Só pode ser praticado dolosamente – não admite a • Não admite a forma culposa – deve ser praticado
forma culposa; dolosamente;

53
• Em regra, não exige dolo específico, salvo no caso É crime comum, que pode ser praticado por qualquer
da conduta prevista no art. 303, parágrafo único, pessoa.
do CP: na mesma pena incorre quem, para fins de É crime formal.
comércio, faz uso do selo ou peça filatélica. Não admite a modalidade culposa – só pode ser pra-
ticado dolosamente.
Se a reprodução ou alteração se derem pelo mesmo Não exige fim especial de agir (dolo específico).
agente que fez uso para comércio, responderá ele por Caso o agente desconheça sobre a falsidade do do-
crime único. cumento e o utilize, não há que se falar na configuração
deste tipo penal, já que, como visto acima, o elemento
• É crime plurissubjetivo, que admite a modalidade subjetivo é somente o dolo.
tentada; Prevalece o entendimento de que não admite a mo-
• Para que o crime se configure, é necessário que o dalidade tentada, já que se trata de crime unissubsisten-
selo ou peça filatélica tenham valor para fins de te, perfazendo-se mediante a execução de um único ato
coleção; (ou o agente usa o documento e pratica o crime; ou o
• A conduta não será típica caso a reprodução ou agente não usa o documento e o fato será atípico).
a alteração estejam visivelmente anotadas na face Segundo o STJ, se o documento usado for grosseira-
ou no verso do selo ou peça. mente falsificado, perceptível aos olhos do homem co-
mum, não irá se configurar o crime de uso de documento
Uso de Documento Falso falso.
Previsto no art. 304, do CP, o crime de uso de docu- Supressão de Documento
mento falso tem como figura típica a seguinte conduta:
fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou altera- O crime de supressão de documento, que está pre-
dos, a que se referem os arts. 297 a 302 do CP. visto no Artigo 305 do Código Penal, irá se configurar
O uso de qualquer um dos documentos previstos aci-
quando o agente destruir, suprimir ou ocultar, em be-
ma configura o crime de uso de documento falso, res-
nefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, do-
pondendo o agente com a mesma pena correspondente
cumento público ou particular verdadeiro, de que não
à falsificação ou alteração.
podia dispor.
Caso um agente seja surpreendido utilizando um do-
Trata-se de crime de ação múltipla, que poderá ser
cumento público falso, será responsabilizado com a pena
praticado com a execução das seguintes condutas:
de reclusão de dois a seis anos, e multa, mesma pena
aplicada ao crime de falsificação de documento público.
Se o agente que fez uso do documento falso foi o A pena do crime será diferente, a depender da na-
mesmo que o falsificou? Ele será responsabilizado de que tureza do documento destruído, suprimido ou ocultado.
forma?
Amigos, segundo entendimento que predomina no
STJ, neste caso, deverá o agente responder apenas por
falsificação de documento público.
Assim, caso o agente falsifique e use o documento
falso, deverá responder apenas por aquele.
Sobre o crime de uso de documento falso, é impor-
tante levar em consideração as seguintes informações:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

a súmula 546 do STJ estabelece: a competência para


processar e julgar o crime de uso de documento falso
é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi
apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.
Assim, caso o agente utilize uma carteira de identida-
de falsa, não será relevante para fins de análise de com-
petência para processo e julgamento o órgão expedidor
do documento (unidade da federação que o expediu),
mas sim o órgão ou entidade ao qual foi apresentado o
documento. Caso o agente apresente o documento falso Em relação aos tipos penais que apresentam penas
a um órgão ou entidade federais, a exemplo da Polícia como visto acima, você deve ter um cuidado redobrado
Rodoviária Federal e do INSS, a competência para pro- ao analisar o tipo penal e possíveis questões de prova
cesso e julgamento será da Justiça Federal. Se o docu- sobre o tema.
mento falso for apresentado a órgão ou entidade esta- Observe uma possível questão de prova.
duais, a exemplo das polícias civis ou da SANEAGO, o Sobre este crime, faz-se necessário ficar atento às se-
processo e julgamento será de competência da Justiça guintes informações:
Estadual.
Para caracterização deste crime, não basta o mero • É crime comum, que pode ser praticado por qual-
porte do documento falso, exigindo-se que o agente o quer agente;
use efetivamente, apresentando-o a alguém. • Não admite a modalidade culposa;

54
• É necessário que o agente pratique as condutas Resposta: Certo. No passado, entendia-se que, no caso
descritas no tipo penal em benefício próprio ou apresentado pelo item, a conduta do agente não configu-
alheio ou em prejuízo alheio (finalidade específica); raria o crime de falsa identidade, por constituir um direito
• Exige-se, para configuração deste tipo penal, que o de defesa do agente. Contudo, o entendimento foi altera-
agente não possa dispor do documento público ou do: atualmente, caso o agente, ao ser abordado por auto-
particular; ridade policial, atribua-se falsa identidade para se livrar da
• Admite a tentativa. prisão, irá praticar o crime de falsa identidade, não consti-
tuindo violação ao princípio da não autoincriminação.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (DPF – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – CESPE
– 2018) Julgue o item seguinte, relativos a institutos
1. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – CES- complementares do direito empresarial, teoria geral dos
PE – 2018) Caracteriza crime de falsificação de docu- títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e
mento particular a recuperação empresarial. Os livros comerciais, os títulos
ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-
a) falsificação de testamento particular. -se, para fins penais, a documento público, sendo a sua
b) alteração de cartão de crédito verdadeiro. falsificação tipificada como crime.
c) fabricação de papel destinado à arrecadação de
tributos. (  ) CERTO   (  ) ERRADO
d) adulteração de título ao portador ou transmissível por
endosso. Resposta: Certo. O crime de falsificação de documen-
e) inserção de declaração falsa em documento particular, to público tem como figura típica a seguinte conduta:
para prejudicar direito. falsificar, no todo ou em parte, documento público,
ou alterar documento público verdadeiro. O Código
Resposta: Letra B. O Código Penal equipara o car-
Penal equipara a documento público os seguintes do-
tão de crédito ou débito a documento particular. A
cumentos, ainda que produzidos por particulares: o
conduta que configura o crime de falsificação de do-
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador
cumento particular é a seguinte: falsificar, no todo ou
ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
em parte, documento particular ou alterar documento
comercial, os livros mercantis, o testamento particular.
particular verdadeiro. Logo, aquele que altera cartão
Sendo assim, o agente que falsificar livros comercial
de crédito verdadeiro pratica o crime de falsificação
ou título ao portador transmissível por endosso irá
de documento particular.
praticar o crime de falsificação de documento público.
2. (MPU – ANALISTA – CESPE – 2018) Com relação aos Previsão Legal: Artigo 297, § 2º, do Código Penal.
crimes em espécie, julgue o item que se segue, conside-
rando o entendimento firmado pelos tribunais superio- 5. (ABIN – OFICIAL DE INTELIGÊNCIA – CESPE – 2018)
res e a doutrina majoritária. No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.
Nos crimes de falsidade documental, considera-se docu- A conduta de dolosamente adquirir dólares falsos para
mento particular todo aquele não compreendido como colocá-los em circulação por intermédio de operações
público, ou a este equiparado, e que, em razão de sua cambiais tem a mesma gravidade que a conduta de falsi-
natureza ou relevância, seja objeto da tutela penal — ficar papel moeda, sendo, por isso, punida com as mes-
como cartão de crédito, por exemplo. mas penas deste crime.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


(  ) CERTO   (  ) ERRADO (  ) CERTO   (  ) ERRADO

Resposta: Certo. O critério adotado para definir o que Resposta: Certo. Para responder a esta questão, é im-
vem a ser documento particular é o da exclusão. Será portante a análise do Artigo 289 e do Artigo 289, § 1º,
documento particular aquele que não é documento do Código Penal. A conduta daquele que adquiri do-
público nem equiparado a documento público. O Có- losamente moeda falsa para colocá-los em circulação
digo Penal equipara a documento particular o cartão tem a mesma gravidade, sendo punido com a mesma
de crédito ou débito. pena, da conduta daquele que falsifica papel moeda,
tratando-se, pois, de condutas equiparadas.
3. (MPE-PI - Analista Ministerial CESPE - 2018) Consi-
derando a jurisprudência dos tribunais superiores no que
se refere a ação penal pública e privada, a crimes contra CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
a fé pública e a crimes contra a ordem tributária, julgue PÚBLICA
o item seguinte.
O criminoso que, ao ser abordado por autoridade po-
licial, atribuir-se falsa identidade no intuito de não ser Quais são os crimes praticados por funcionários pú-
preso praticará crime contra a fé pública, não estando blicos contra a administração pública?
sua conduta acobertada pela autodefesa.

(  ) CERTO   (  ) ERRADO

55
Modificação
Extravia, Emprego
Inserção de ou alteração
sonegação ou irregular de
dados falsos não
Peculato inutilização de verbas ou
em sistema de autorizada de
livro ou rendas
informções sistema de
documento públicas
informações

Facilitação de
Excesso de Corrupção contrabando
Concussão Prevaricação
exação passiva ou
descaminho

Exercício
funcional
Condescendên Advocacia Violência Abandono de
ilegalmente
cia criminosa administrativa arbitrária função
antecipado ou
prolongado

Violação do
Violação de
sigilo de
sigilo
proposta de
funcional
concorrência

Peculato

Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1.º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai,
ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a
qualidade de funcionário.

Peculato culposo

§ 2.º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:


Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
§ 3.º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade;
se lhe é posterior, reduz de 1/2 (metade) a pena imposta.

CAUSA EXTINTIVA DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE


PUNIBILIDADE PENA
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

reparação do dano posterior a


reparação do dano, se precede à
sentenaça irrecorrível reduz de
sentença irrecorrível
1/2 (metade) a pena imposta.

Peculato mediante erro de outrem

Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Inserção de dados falsos em sistema de informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vanta-
gem indevida para si ou para outrem ou para causar dano:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem autorização
ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

56
Parágrafo único. As penas são aumentadas de 1/3 (um terço) até a 1/2 (metade) se da modificação ou alteração re-
sulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.

Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento

Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inuti-
lizá-lo, total ou parcialmente:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Emprego irregular de verbas ou rendas públicas

Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.

Peculato Peculato Inserção de dados Modificação Extravio, sone- Emprego irre-


Art. 312 mediante falsos em sistemas de ou alteração gação ou inuti- gular de ver-
erro de informações não autorizada lização de livro bas ou rendas
outrem Art.313-A de sistema de ou documento públicas
Art. 313 informações Art. 314 Art. 315
Art. 313-B
Sujeito Funcionário Público
Ativo Funcionário Público devidamente auto- Funcionário Público
rizado a lidar com o
sistema informatizado
de banco de dados
Sujeito Estado; entidade de direi- Estado; a pessoa Estado Estado; entidade Estado; en-
Passivo to público ou o particular prejudicada de direito público tidade de
prejudicado ou o particular direito público
prejudicado prejudicada
Objeto Dinheiro, Dados falsos ou verda- Sistema de in-
material valor ou Dinheiro deiros de sistemas in- formações ou Livro oficial ou Verba ou a
qualquer ou outra formatizados ou banco o programa de outro documento renda Pública
outro bem utilidade de dados informática
imóvel
Objeto Administração pública (interesses patrimonial e moral)
jurídico
Elemento Dolo + Dolo Dolo + elemento sub- Dolo
subjetivo elemento jetivo específico
subjetivo

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


específico
Tentativa Admite Admite na Admite
modalidade
plurissubsistente
Circuns- - Peculato Vantagem indevida Causa de Subsidiariedade -
tâncias estelionato aumento explícita
especiais

Concussão

Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas
em razão dela, vantagem indevida:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Excesso de exação
§ 1.º Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido,
emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 2.º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres
públicos:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

57
Corrupção passiva

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
§ 1.º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
§ 2.º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a
pedido ou influência de outrem:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

A pena é aumentada de
1/3 (um terço), se, em
consequência da vantagem
CORRUPÇÃO
Causa de aumento ou promessa, o funcionário
PASSIVA
de pena retarda ou deixa de
Solicitar ou receber, praticar qualquer ato de
para si ou para ofício ou o pratica
outrem, direta ou infringindo dever funcional
indiretamente, ainda
que fora da função ou
antes de assumi-la, Se o funcionário pratica,
mas em razão dela, deixa de praticar ou
vantagem indevida, retarda ato de ofício, com
ou aceitar promessa Figura privilegiada infração de dever
de tal vantagem. funcional, cedendo a
pedido ou influência de
outrem.

Facilitação de contrabando ou descaminho

Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

Prevaricação

Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei,
para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.

Condescendência criminosa

Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do
cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.

Concussão Corrupção Facilitação de Prevaricação Prevaricação no Condescendên-


Art. 316 passiva contrabando ou Art. 319 presídio cia criminosa
Art. 317 descaminho Art. 319-A Art. 320
Art.318
Sujeito Funcionário Público
Ativo
Estado; entidade de direi- Estado Estado; entida- Estado; sociedade, Estado
to público ou o particular de de direito prejudicada pelo
Sujeito prejudicado público ou uso do aparelho,
Passivo o particular propiciando come-
prejudicado timento de novas
infrações penais

58
Vantagem Vantagem Mercadoria con- Ato de ofício Aparelho telefônico, Infração não
Objeto indevida, indevida trabandeada ou de rádio ou similar punida ou não
material tributo ou a o imposto não comunicada
contribuição recolhido
social
Administração pú- Administração
Objeto Administração pública (interesses material e moral) blica (interesses ma- pública (aspectos
jurídico terial e moral) com material e moral)
ênfase à segurança
Elemento Dolo + Dolo + Dolo Dolo + ele- Dolo Dolo + elemen-
subjetivo elemento elemento mento subjeti- to subjetivo
subjetivo subjetivo vo específico específico
específico específico
Tentativa Admite na forma plurissubsistente Não admite
Circuns- Excesso de Tipo remetido Ex-
tâncias exação Qua- - ceção Pluralística - - -
especiais lificadora
Flagrante

Advocacia administrativa

Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qua-
lidade de funcionário:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa.

Violência arbitrária

Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:


Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da pena correspondente à violência.

Abandono de função

Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.
§ 1.º Se do fato resulta prejuízo público:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
§ 2.º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira:
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

Art. 324. Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa.

Violação de sigilo funcional

Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a
revelação:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave.
§ 1.º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública;
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
§ 2.º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Violação do sigilo de proposta de concorrência

Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

59
Funcionário público

Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunera-
ção, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1.º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Ad-
ministração Pública.
§ 2.º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes
de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de
economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.

Advocacia Violência Abandono Exercício funcional ile- Violação de sigilo


administrativa arbitrária de função galmente antecipado funcional
Art. 321 Art. 322 Art.323 ou prolongado Art. 325
Art. 324
Funcionário público no- Funcionário públi-
Sujeito Ativo Funcionário Público meado, porém sem ter co, abrangendo o
tomado posse; na segun- aposentado ou em
da hipótese, afastado ou disponibilidade
exonerado
Estado; eventual-
mente entidade Estado; pessoa Estado; pessoa
Sujeito Passivo de direito público prejudicado Estado prejudicada com a
ou o particular revelação
prejudicado
Objeto material Interesse privado Pessoa Cargo Função pública Informação sigilosa;
que sofre a público sistema de informa-
violência ções ou banco de
dados
Objeto jurídico Administração pública (aspectos material e moral)
Elemento Dolo Dolo + ele- Dolo
subjetivo mento subje-
tivo específico
Tentativa Admite Não admite Admite Admite na forma
plurissubsistente
Circunstâncias Qualificadora Resultado Subsidiariedade,
especiais qualificador Explícita, Resultado
qualificador
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO


DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL

Usurpação de função pública

Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:


Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
O crime consiste em tomar o exercício de função pública, com pena maior no caso de o agente obter vantagem.

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo
ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

60
É importante destacar que pode haver concurso de fraudulentamente ou que sabe ser produto de intro-
crime. dução clandestina no território nacional ou de impor-
Podemos estar diante de caso de aplicação da pena tação fraudulenta por parte de outrem;
pelo crime de resistência e também de aplicação de pena IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
correspondente à violência. alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
trial, mercadoria de procedência estrangeira, desa-
Desobediência companhada de documentação legal ou acompanha-
da de documentos que sabe serem falsos.
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
público: § 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive
Desacato o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de desca-
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
da função ou em razão dela: fluvial.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Contrabando
Tráfico de Influência
Este crime tem que ter muita atenção na leitura do Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
tipo penal: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou É importante saber quem incorre na mesma pena do
para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a crime de contrabando:
pretexto de influir em ato praticado por funcionário § 1o Incorre na mesma pena quem:
público no exercício da função: I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Este crime ainda possui caso de aumento de pena.
que dependa de registro, análise ou autorização de ór-
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se
gão público competente;
o agente alega ou insinua que a vantagem é também
III - reinsere no território nacional mercadoria brasilei-
destinada ao funcionário.
ra destinada à exportação;
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
Corrupção ativa
qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio,
no exercício de atividade comercial ou industrial, mer-
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida
cadoria proibida pela lei brasileira;
a funcionário público, para determiná-lo a praticar, V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
omitir ou retardar ato de ofício: alheio, no exercício de atividade comercial ou indus-
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. trial, mercadoria proibida pela lei brasileira.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio ir-
retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo regular ou clandestino de mercadorias estrangeiras,

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


dever funcional. inclusive o exercido em residências.
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contra-
Descaminho bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
fluvial.
Art. 334.  Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
pelo consumo de mercadoria. pública ou venda em hasta pública, promovida pela
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. administração federal, estadual ou municipal, ou
por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
Importante assimilar os seguintes incisos: concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
§ 1o  Incorre na mesma pena quem: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos além da pena correspondente à violência.
permitidos em lei;
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a Importante saber quem incorre na mesma pena
descaminho; do crime de impedimento perturbação ou fraude de
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, concorrência:
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou in- Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
dustrial, mercadoria de procedência estrangeira que abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
introduziu clandestinamente no País ou importou oferecida.

61
Inutilização de edital ou de sinal

Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público;
violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de funcionário público, para iden-
tificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Subtração ou inutilização de livro ou documento

Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave.

Sonegação de contribuição previdenciária

Este crime é muito exigido pelas bancas de concursos.

Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciá-
ria segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe
prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos se-
gurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos ge-
radores de contribuições sociais previdenciárias:

omitir de folha de pagamento da empresa ou de


documento de informações previsto pela legislação
previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços

Suprimir ou reduzir
contribuição social deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da
previdenciária e contabilidade da empresa as quantias descontadas dos
qualquer acessório, segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
mediante as seguintes tomador de serviços
condutas
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros


auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais
fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

IMPORTANTE

§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou va-


lores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início
da ação fiscal.
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência
social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil,
quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste
dos benefícios da previdência social.

62
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO ESTRANGEIRA § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
se serve de anonimato ou de nome suposto.
Corrupção ativa em transação comercial internacional § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação
é de prática de contravenção.
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi-
retamente, vantagem indevida a funcionário público Comunicação falsa de crime ou de contravenção
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunican-
transação comercial internacional: do-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. sabe não se ter verificado:
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um ter- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
ço), se, em razão da vantagem ou promessa, o funcio-
nário público estrangeiro retarda ou omite o ato de Auto-acusação falsa
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime
Tráfico de influência em transação comercial inexistente ou praticado por outrem:
internacional Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Falso testemunho ou falsa períciaArt. 342. Fazer afir-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou mação falsa, ou negar ou calar a verdade como tes-
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou temunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato processo judicial, ou administrativo, inquérito poli-
praticado por funcionário público estrangeiro no exer- cial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº
cício de suas funções, relacionado a transação comer- 10.268, de 28.8.2001)
cial internacional: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. e multa.  (Redação dada pela Lei nº 12.850, de
2013) (Vigência)
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço,
o agente alega ou insinua que a vantagem é também se o crime é praticado mediante suborno ou se co-
destinada a funcionário estrangeiro. metido com o fim de obter prova destinada a produ-
zir efeito em processo penal, ou em processo civil em
Funcionário público estrangeiro que for parte entidade da administração pública dire-
ta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estran- 28.8.2001)
geiro, para os efeitos penais, quem, ainda que tran- § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
sitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, em- no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se re-
prego ou função pública em entidades estatais ou em trata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº
representações diplomáticas de país estrangeiro. 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público es-
trangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qual-
empresas controladas, diretamente ou indiretamente, quer outra vantagem a testemunha, perito, contador,
pelo Poder Público de país estrangeiro ou em organi- tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, ne-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


zações públicas internacionais. gar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cál-
culos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela
CAPÍTULO III Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Reda-
JUSTIÇA ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto
Reingresso de estrangeiro expulso a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter
prova destinada a produzir efeito em processo penal
Art. 338 - Reingressar no território nacional o estran- ou em processo civil em que for parte entidade da ad-
geiro que dele foi expulso: ministração pública direta ou indireta. (Redação dada
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
nova expulsão após o cumprimento da pena.
Coação no curso do processo
Denunciação caluniosa
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação po- o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
licial, de processo judicial, instauração de investigação autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun-
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade ciona ou é chamada a intervir em processo judicial,
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
de que o sabe inocente:  (Redação dada pela Lei nº Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além
10.028, de 2000) da pena correspondente à violência.

63
Exercício arbitrário das próprias razões § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para sa- pena é de reclusão, de dois a seis anos.
tisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, apli-
lei o permite: ca-se também a pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se
além da pena correspondente à violência. o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, so- guarda está o preso ou o internado.
mente se procede mediante queixa. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa três meses a um ano, ou multa.
própria, que se acha em poder de terceiro por deter-
minação judicial ou convenção: Evasão mediante violência contra a pessoa
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in-
divíduo submetido a medida de segurança detentiva,
Fraude processual
usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
pena correspondente à violência.
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz Arrebatamento de preso
ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
penas aplicam-se em dobro. correspondente à violência.

Favorecimento pessoal Motim de presos

Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autorida- Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a or-
de pública autor de crime a que é cominada pena de dem ou disciplina da prisão:
reclusão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. pena correspondente à violência.
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Patrocínio infiel
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descen- Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou pro-
dente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de curador, o dever profissional, prejudicando interesse,
pena. cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Favorecimento real Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o ad-
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co- vogado ou procurador judicial que defende na mes-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar ma causa, simultânea ou sucessivamente, partes


seguro o proveito do crime: contrárias.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Sonegação de papel ou objeto de valor probatório
Art. 349-A.  Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comu-
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou dei-
nicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
xar de restituir autos, documento ou objeto de valor
legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei
probatório, que recebeu na qualidade de advogado
nº 12.012, de 2009). ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluí- anos, e multa.
do pela Lei nº 12.012, de 2009).
Exercício arbitrário ou abuso de poder Exploração de prestígio
Art. 350 -  (Revogado pela Lei nº 13.869, de
2019) (Vigência) Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, pe-
segurança rito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa le- Parágrafo único - As penas aumentam-se de um ter-
galmente presa ou submetida a medida de segurança ço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
detentiva: utilidade também se destina a qualquer das pessoas
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. referidas neste artigo.

64
Violência ou fraude em arrematação judicial Já nos crimes de ação privada, a autoridade policial
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação quem tenha qualidade para intentá-la.
judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou li-
citante, por meio de violência, grave ameaça, fraude FORMAS DE INSTAURAÇÃO
ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, Instauração Do Inquérito
além da pena correspondente à violência.
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto-
Desobediência a decisão judicial sobre perda ou sus- ridades policiais no território de suas respectivas cir-
pensão de direito cunscrições e terá por fim a apuração das infrações
penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autori- 9.043, de 9.5.1995)
dade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por Parágrafo único. A competência definida neste artigo
decisão judicial: não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial


INQUÉRITO POLICIAL. HISTÓRICO, será iniciado:
NATUREZA, CONCEITO, I - de ofício;
FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS,  II - mediante requisição da autoridade judiciária ou
FUNDAMENTO, TITULARIDADE, do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido
GRAU DE COGNIÇÃO, VALOR ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
PROBATÓRIO, FORMAS DE §  1o O requerimento a que se refere o no  II conterá
INSTAURAÇÃO, NOTITIA sempre que possível:
CRIMINIS, DELATIO a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
CRIMINIS, PROCEDIMENTOS b) a individualização do indiciado ou seus sinais ca-
INVESTIGATIVOS, racterísticos e as razões de convicção ou de presunção
INDICIAMENTO, GARANTIAS DO de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impos-
INVESTIGADO; CONCLUSÃO sibilidade de o fazer;
c)  a nomeação das testemunhas, com indicação de
INQUÉRITO POLICIAL sua profissão e residência.
§  2o Do despacho que indeferir o requerimento de
A polícia judiciária é exercida pelas autoridades po- abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
liciais, delegados de polícia civil e delegados de polícia Polícia.
federal, no território de suas respectivas circunscrições § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua da existência de infração penal em que caiba ação pú-
autoria. Esta competência não exclui a de autoridades blica poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma à autoridade policial, e esta, verificada a procedência
função. das informações, mandará instaurar inquérito.
§  4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública
Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
depender de representação, não poderá sem ela ser

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


iniciado de ofício, ou mediante requisição da autoridade
iniciado.
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
somente poderá proceder a inquérito a requerimento
O requerimento a que se refere do ofendido ou de
de quem tenha qualidade para intentá-la.
quem tiver qualidade para representar a vítima, deve
conter, sempre que possível, a narração do fato, com Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da in-
todas as circunstâncias, além da individualização do in- fração penal, a autoridade policial deverá:
diciado ou seus sinais característicos e as razões de con- I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se
vicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou alterem o estado e conservação das coisas, até a che-
os motivos de impossibilidade de fazê-lo. E também, se gada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº
possível, a nomeação das testemunhas, com indicação 8.862, de 28.3.1994)
de sua profissão e residência. II - apreender os objetos que tiverem relação com o
Delatio criminis é quando qualquer pessoa do povo fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação
que tiver conhecimento da existência de infração penal dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por III - colher todas as provas que servirem para o escla-
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verifi- recimento do fato e suas circunstâncias;
cada a procedência das informações, mandará instaurar IV - ouvir o ofendido;
inquérito. V  -  ouvir o indiciado, com observância, no que for
Nos crimes em que a ação pública depender de re- aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, des-
presentação, o inquérito policial não poderá ser iniciado te Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
sem a representação. duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

65
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e • colher informações sobre a existência de filhos,
a acareações; respectivas idades e se possuem alguma deficiên-
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame cia e o nome e o contato de eventual responsável
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo proces- presa.
so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
sua folha de antecedentes; O art. 7º, do CPP, trata de reprodução simulada dos
IX  -  averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o fatos, que para verificar a possibilidade de haver a infra-
ponto de vista individual, familiar e social, sua condi- ção sido praticada de determinado modo, a autoridade
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes policial poderá usar esse recurso, desde que esta não
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros contrarie a moralidade ou a ordem pública.
elementos que contribuírem para a apreciação do seu Havendo prisão em flagrante, deverá observar que,
temperamento e caráter. apresentado o preso à autoridade competente, esta ou-
X - colher informações sobre a existência de filhos, res- virá o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
pectivas idades e se possuem alguma deficiência e o tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
nome e o contato de eventual responsável pelos cui- preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
dados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluído
que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
pela Lei nº 13.257, de 2016)
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
FIQUE ATENTO! de, afinal, o auto.
Cabe Agravo de Instrumento contra des- Resultando das respostas fundada a suspeita contra
pacho que indeferir o requerimento de o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
abertura de inquérito. exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
isso for competente. E se não o for competente, enviará
A autoridade policial deverá, logo que tiver conheci- os autos à autoridade que o seja. A falta de testemunhas
mento da prática da infração penal: da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante;
mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
• dirigir-se ao local, providenciando para que não se menos duas pessoas que hajam testemunhado a apre-
alterem o estado e conservação das coisas, até a sentação do preso à autoridade.
chegada dos peritos criminais. Observe que quando o acusado se recusar a assinar,
• apreender os objetos que tiverem relação com o não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
fato, após liberados pelos peritos criminais. flagrante será assinado por duas testemunhas, que te-
• colher todas as provas que servirem para o nham ouvido sua leitura na presença deste.
esclarecimento do fato e suas circunstâncias Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá
• ouvir o ofendido. constar a informação sobre a existência de filhos, respec-
• ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome
cável, do disposto sobre o interrogatório do acu- e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
sado, devendo o respectivo termo ser assinado por filhos, indicado pela pessoa presa.
duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
• proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

acareações. te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa


• determinar, se for caso, que se proceda a exame de
por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após
corpo de delito e a quaisquer outras perícias.
a realização da prisão, será encaminhado ao juiz compe-
• ordenar a identificação do indiciado pelo processo
tente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
não informe o nome de seu advogado, cópia integral
sua folha de antecedentes deve ter ressalvas. O art.
5º, LVIII, da CF, passou a estabelecer que o civil- para a Defensoria Pública.
mente identificado não será submetido a identi- No mesmo prazo, será entregue ao preso, median-
ficação criminal, salvo nas hipóteses previstas em te recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
lei. Esta norma, pretendeu resguardar o indivíduo com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
civilmente identificado, preso em flagrante, indi- testemunhas.
ciado ou mesmo denunciado, do constrangimento Quando o fato for praticado em presença da au-
de se submeter às formalidades de identificação toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções,
criminal - fotográfica e datiloscópica - considera- constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão,
das por muitas vexatórias, principalmente quando as declarações que fizer o preso e os depoimentos das
documentadas pelos órgãos da imprensa. testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
• averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao
to de vista individual, familiar e social, sua condição juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli-
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros o auto.
elementos que contribuírem para a apreciação do Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberda-
seu temperamento e caráter de, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.

66
Todas as peças do inquérito policial serão, num Esta requisição será atendida no prazo de 24 (vinte e
só processado, reduzidas a escrito e rubricadas pela quatro) horas e conterá:
autoridade.
• o nome da autoridade requisitante.
• o número do inquérito policial.
FIQUE ATENTO! • a identificação da unidade de polícia judiciária res-
O inquérito deverá terminar no prazo de ponsável pela investigação.
10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamen- Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
te, contado o prazo, nesta hipótese, a par- relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Minis-
tir do dia em que se executar a ordem de tério Público ou o delegado de polícia poderão requi-
prisão. sitar, mediante autorização judicial, às empresas presta-
O inquérito deverá terminar no prazo de doras de serviço de telecomunicações e/ou telemática
30 dias, quando estiver solto, mediante que disponibilizem imediatamente os meios técnicos
fiança ou sem ela. adequados, como sinais, informações e outros, que per-
mitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito
em curso.
Com a conclusão do inquérito, a autoridade fará mi- Sobre a prevenção e a repressão dos crimes relacio-
nucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará au- nados ao tráfico de pessoas, não havendo manifestação
tos ao juiz competente. Neste relatório autoridade pode judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade com-
indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, petente requisitará às empresas prestadoras de serviço
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indicia- imediatamente os meios técnicos adequados, como si-
nais, informações e outros, que permitam a localização
do estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com ime-
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
diata comunicação ao juiz.
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz. Há hipó- Para os efeitos acima exposto, sinal significa posicio-
teses em que, para dar início à ação penal, o Ministério namento da estação de cobertura, setorização e intensi-
Público pode requer diligências, por meio da autoridade dade de radiofrequência. Ainda nesta hipótese, o sinal:
judiciária, para a autoridade policial em prazo por aquele
fixando. • não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação
Os instrumentos do crime, bem como os objetos de qualquer natureza, que dependerá de autoriza-
que interessarem à prova, acompanharão os autos do ção judicial, conforme disposto em lei
inquérito. • deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou quei- móvel celular por período não superior a 30 (trin-
xa, sempre que servir de base a uma ou outra. ta) dias, renovável por uma única vez, por igual
Incumbirá ainda à autoridade policial: período
• para períodos superiores a 30 (trinta) dias, será ne-
• fornecer às autoridades judiciárias as informa- cessária a apresentação de ordem judicial.
ções necessárias à instrução e julgamento dos
processos. FIQUE ATENTO!

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


• realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ainda nesta hipótese, prevenção e repres-
Ministério Público. são dos crimes relacionados ao tráfico de
• cumprir os mandados de prisão expedidos pelas pessoas o inquérito policial deverá ser ins-
autoridades judiciárias. taurado no prazo máximo de 72 (setenta
• representar acerca da prisão preventiva. e duas) horas, contado do registro da res-
pectiva ocorrência policial.
Nos crimes previstos nos arts. 148, sequestro e cárce-
re privado, 149, redução a condição análoga de escravo,
O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
149-A, tráfico de pessoas, no § 3º do art. 158, extorsão poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
mediante a restrição da liberdade da vítima, sendo esta ou não, a juízo da autoridade policial.
condição necessária para a obtensão da vantagem eco- Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
nômica, e no art. 159, extorsão mediante sequestro, tudo pela autoridade policial.
do CP, e ainda no art. 239, da Lei nº 8.069, de 13 de julho O Ministério Público não poderá requerer a devolu-
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, promo- ção do inquérito à autoridade policial, senão para novas
ver ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
criança ou adolescente para o exterior com inobservân- A autoridade policial não poderá mandar arquivar au-
cia das formalidades legais ou com o objetivo de obter tos de inquérito.
lucro, o membro do Ministério Público ou o delegado de Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder pela autoridade judiciária, por falta de base para a de-
público ou de empresas da iniciativa privada, dados e in- núncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
formações cadastrais da vítima ou de suspeitos. pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

67
Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
FIQUE ATENTO! resistência à prisão em flagrante ou à determinada
Súmula n. 524 do Supremo Tribunal Fe- por autoridade competente, o executor e as pessoas
deral: “arquivado o inquérito policial, por que o auxiliarem poderão usar dos meios necessá-
despacho do juiz, a requerimento do pro- rios para defender-se ou para vencer a resistência, do
motor de justiça, não pode a ação penal que tudo se lavrará auto subscrito também por duas
ser iniciada sem novas provas”. testemunhas.

Nos crimes em que não couber ação pública, os autos PROVA. PRESERVAÇÃO DE LOCAL DE
do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde CRIME. REQUISITOS E ÔNUS DA PROVA.
aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen- NULIDADE DA PROVA. DOCUMENTOS DE
tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
PROVA. RECONHECIMENTO DE PESSOAS E
mediante traslado.
COISAS. ACAREAÇÃO. INDÍCIOS. BUSCA E
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo neces-
sário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
APREENSÃO
sociedade. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a
quaisquer anotações referentes a instauração de inquéri- estabelecer a veracidade de um fato ou da prática de um
to contra os requerentes. ato tendo como finalidade a formação da convicção da
A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre entidade decidente - juiz ou tribunal - acerca da exis-
de despacho nos autos e somente será permitida quando tência ou inexistência de determinada situação factual.
o interesse da sociedade ou a conveniência da investi- Em regra, é produzida na fase judicial com a participação
gação o exigir. Esse dispositivo contido no art. 21, e seu dialética das partes (contraditório real e ampla defesa
parágrafo único, do CPP, apesar de não ter sido revogado que são elaborados perante o juiz).
expressamente, torna-se inaplicável em razão do disposto Destarte a prova é o elemento fundamental para a
no art. 136, § 3º, IV, da CF, que veda a incomunicabilidade, decisão de uma lide. Tem como objeto fato jurídico rele-
até mesmo quando decretado o estado de defesa. vante, isto é, aquele que possa influenciar no julgamento
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver do feito. Assim, não é qualquer fato que carece ser pro-
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com vado, mas sim, aquele que, no processo penal, possa in-
exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que es- fluenciar na tipificação do fato delituoso ou na exclusão
teja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de de culpabilidade ou de antijuridicidade.
outra, independentemente de precatórias ou requisições, Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato
e bem assim providenciará, até que compareça a autori- e não opinião, muito embora, em alguns casos (espe-
dade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua cialmente quando se trata de dosar a pena) a opinião
presença, noutra circunscrição. da testemunha pode ter relevo para a fixação da pena
Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz quando ela afirma, por exemplo, que o réu é honesto,
competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de trabalhador e bom pai de família.
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, men-
cionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os da-
Objeto de prova
dos relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa.
Do Inquérito Policial- Alteração Pacote Anti Crime
O objeto da prova consiste nos fatos cuja evidenciação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se torne imprescindível, no processo, para o juiz conven-


(art. 14-A, do Código de Processo Penal).
cer-se de sua veracidade. Em outras palavras, objeto da
Arquivamento do Inquérito Policial: antes o arquiva-
mento do IP era realizado no âmbito da Justiça, porém prova é o fato ilícito alegado na peça acusatória.
agora o Ministério poderá ordenar diretamente o arqui- Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cru-
vamento e remeter os autos à revisão ministerial para fins ciais, a saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso.
de homologação (não precisa requerer o arquivamento Além disso, é preciso dar conhecimento ao juiz de todas
ao Juiz!) as circunstâncias objetivas (aspectos externos do crime) e
subjetivas (motivos do crime e aspectos pessoais do agen-
te) que possam determinar a certeza de sua convicção so-
FIQUE ATENTO! bre a responsabilidade criminal. As circunstâncias que cer-
Súmula 524: Arquivado o inquérito poli- cam o caso concreto devem ser provadas, ainda, em razão
cial, por despacho do juiz, a requerimento de serem relevantes no momento de fixação da pena.
do promotor de justiça, não pode a ação Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos
penal ser iniciada, sem novas provas. fatos relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao jul-
gamento da ação penal. Observe-se portanto que, que exis-
te um critério para a produção de provas numa ação penal.
O que é “auto de resistência”? O exemplo típico ocorre
quando o policial mata um suspeito, alegando que houve Desnecessidade da prova
resistência dele. A ocorrência é registrada como “auto de
resistência”. Como as testemunhas são os próprios po- De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz
liciais, o crime geralmente não passa por uma profunda que o juiz poderá “indeferir (as provas) consideradas ir-
investigação. relevantes, impertinentes ou protelatórias”.

68
Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o No inciso II identificamos os poderes instrutórios,
que deve ser provado, de acordo com o que julgar rele- onde o juiz pode interferir na prova para resolver pon-
vante para a formação do seu convencimento. to relevantes, independente de requerimento das partes.
Entretanto, existe a desnecessidade de se provar al- Esse dispositivo está relacionado à instrução do processo
guns fatos, quais sejam: os evidentes, os notórios e as e é plenamente aceito. O inciso II está intimamente liga-
presunções legais. do com o descobrimento da verdade, uma vez que o juiz
Evidentes são os fatos que prescindem de prova para pode solicitar a produção de provas para formação do
serem tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos, seu convencimento.
evidentes por si mesmos, intuitivos, axiomáticos.
Notórios são fatos que também prescindem de prova. Princípio do juiz natural
São os acontecimentos ou situações de conhecimento
geral, como as datas histórias, os fatos políticos ou so- No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será proces-
ciais de conhecimento público – ou seja, fatos que per- sado nem sentenciado senão pela autoridade competen-
tencem ao patrimônio cultural do cidadão médio. te”. Em seu inciso XXXVII, tem-se que “não haverá juízo
Já as presunções legais são os fatos presumidos verda- ou tribunal de exceção”.
deiros pela própria lei, que podem ser duas ordens: abso- Esse princípios constitucionais relacionam-se com a
luta e relativa. A presunção absoluta (“juris et de jure”) não produção de provas, conforme veremos a seguir.
admite fato em contrário. Exemplo disso é o art. 27, CP que O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a
diz que menor de 18 anos é inimputável. Já a presunção instrução deverá proferir a sentença”, evidenciando a
relativa (“juris tantum”) admite prova em contrário, como aplicação princípio da identidade física do juiz.
no caso do art. 217-A, CP que diz que a vulnerabilidade do No processo civil, o art. 132, CPC dita que, caso o juiz
menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade justifica-se não possa julgar a lide (por motivos como aposentado-
diante da possibilidade de se prejudicar o réu. ria, afastamento ou convocação), os autos passarão para
o seu sucessos. Ocorre que o CPP silencia quanto a essa
Ônus da prova questão. Assim, valendo-nos do seu art. 3o, é possível
que aplique-se as disposições do art. 132, CPC.
A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos ca-
De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o
sos em que uma pessoa é processada nos casos de com-
ônus da prova é a prova da alegação por quem a fizer.
petência originária do STF ou STJ. Em seu art. 3o, III te-
Cabe ao autor da ação penal (MP ou querelante) o exer-
mos a exceção ao princípio da identidade física do juiz a
cício da atividade probatória principal. Incumbe-lhe de-
medida que juízes e desembargadores serão convocados
monstrar a existência dos fatos constitutivos afirmados
para auxiliar na coleta de provas. Portanto, a lei autoriza
na pretensão, devendo provar a existência do ilícito pe-
essa exceção ao princípio da identidade física do juiz.
nal e sua autoria.
Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de
Momentos probatórios
provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fa-
tos impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados Para podermos adentrar a discussão acerca dos mo-
com a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová- mentos probatórios, é necessário que façamos as seguin-
-los. Nesse caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: tes considerações iniciais: as provas só podem ser produ-
alegação de legítima defesa. zidas no processo, que é quando haverá o contraditório.
Segundo o princípio da comunhão da prova, quando São sujeitos processuais principais no processo penal a

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


a prova ingressa no processo deixa de ser exclusiva da acusação (MP ou querelante), defesa (réu e defensor) e
parte que a produziu. O juiz examina todo o contexto da o juiz.
prova podendo inclusive valorá-la de modo prejudicial Compreendido isso, são 4 os momentos para produ-
a quem a apresentou. Ou seja, a utilização das provas ção de provas:
por qualquer das partes é de ser plenamente aceita, in- Propositura da prova, que se dá na fase postulatória.
dependentemente de quem a tenha produzido, porque Para a acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (de-
interessa ao juiz descobrir a verdade. núncia ou queixa-crime), enquanto que para o acusado,
Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é fa- será na sua resposta, na sua defesa.
cultado ao juiz, de ofício, ordenar a produção de provas Admissibilidade das provas, que é o deferimento judi-
e determinar a realização de diligências. Vê-se aqui que cial dos requerimentos formulados pelas partes, ou seja,
o juiz tem poderes para influir na produção de provas quando o juiz estabelece quais provas serão apresentadas
unilateralmente. ou não (no processo civil é o despacho saneador).
No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, Produção da prova, que, em regra, se dá na audiên-
que permitem ao juiz influir livremente nas provas. O le- cia de instrução e julgamento, na qual todos os sujeitos
gislador permitiu ao juiz ordenar a produção de provas participam. Nesse momento, serão tomadas as declara-
antes do oferecimento da denúncia e, ao fazer isso, o ções do ofendido, haverá o interrogatório do acusado,
magistrado substitui a autoridade policial ou o promotor inquirição das testemunhas arroladas, esclarecimentos
(MP) – e isso fere o princípio da imparcialidade do juiz. dos peritos etc.
Esse é um dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o Valoração da prova, que significa dizer que o julga-
ato unilateral (sem provocação) do juiz pode ser consi- dor, ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se so-
derado parcial, na prática?) bre todas as provas produzidas.

69
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre Exame de corpo de delito
substancial, i.e., será reavaliada.
Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será
Os Meios de Prova indispensável a realização do exame de corpo de delito
(art. 158, CPP)
Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que carac-
de prova é diferente de objeto de prova. Meio de prova terizam a existência do crime. Não se confunde corpo de
pode ser todo fato, documento ou alegação que sirva, delito com o exame das lesões da vitima. O primeiro é
direta ou indiretamente, ao descobrimento da verdade. gênero do qual o segundo é espécie.
Ou seja, meio de prova é todo instrumento que se desti- O exame de corpo de delito envolve inclusive o pro-
na a levar ao processo um elemento, uma informação a cessamento da cena do crime e pode ser tanto direto
ser utilizada pelo juiz para formar a sua convicção acerca (art. 161) quanto indireto (art. 167, CPP).
das alegações. A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser com-
provada por meio de exame pericial. Nesse sentido, po-
Prova pericial demos ter 3 situações: exame de lesões corporais, exame
necroscópico e exumação. Analisaremos cada uma des-
No Código de Processo Penal a prova pericial é trata- sas situações a seguir.
da nos arts. 158 usque 184.
A perícia é a diligência realizada ou executada por Exame de lesões corporais
perito, a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de
forma científica e técnica. Perito é aquele que tem conhe- Esse é um meio de prova relacionado a um tipo pe-
cimento técnico sobre determinada área e sua função é a nal (lesão corporal, art. 129, CP), que visa estabelecer a
da verificação da verdade ou da realidade de certos fatos. natureza da gravidade da lesão provocada na vitima. O
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada procedimento (art. 394, CPP) depende da gravidade da
lesão, e, portanto, da pena. Contudo, temos duas exce-
por perito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado
ções a aplicação desse exame.
da federação possui seu próprio instituto de criminalística.
A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de na-
O perito é um auxiliar da justiça, não está subordinado a
tureza leve, quando o juízo competente será o JECRIM.
autoridade policia, estando sua autonomia garantida.
Nessa hipótese, o procedimento será sumaríssimo, que
Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe so-
é célere e informal. Assim, não será exigido o exame de
mente quando for útil para o descobrimento da verdade.
lesões corporais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa pro-
No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subs-
va pode ser substituída pelo boletim medico ou prova
crito por apenas um perito. A conclusão do perito pode equivalente.
ou não ser subjetiva. (Ex: perícia psicológica x perícia A segunda exceção trata dos crimes domésticos, so-
toxicológica) bretudo os praticados contra a mulher, que estão disci-
A defesa pode formular quesitos ao perito. No pro- plinados na Lei 11.340/06. No art. 12, §3o, temos que as
cesso penal, isso não é comum porque geralmente a provas podem ser laudos ou prontuários médicos. Isso
perícia é realizada logo depois do acontecimento do porque, na prática, o Ministério Público pode atuar exof-
crime. Portanto, essa perícia pode ser questionada em ficio em casos graves.
juízo porque à época de sua realização não havia defen-
sor constituído. Isso é o que se chama de contraditório Exame necroscópico
diferido (postergado, transferido).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civil- O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é es-
mente identificado não será submetido a identificação tabelecer a causa mortis (art. 162). Esse exame será realizado
criminal”. A Lei 12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apre- sempre que a morte estiver relacionada a um fato crimino-
senta esclarecimentos e requisitos quando a identifica- so. Do texto do Parágrafo Único do dispositivo extrai-se que
ção do criminoso. esse exame é desnecessário nos casos de morte violenta e
A realização do exame de DNA (ácido desoxirribonu- não haja infração penal a ser apurada (como é o caso, por
cléico) também é um meio eficaz de identificação do cri- exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou quando as le-
minoso. O DNA constitui parte dos cromossomos, sendo sões externas permitirem precisar a causa mortis.
encontrado no núcleo das células dos seres vivos. São
transmitidos de geração em geração, sendo 50% do pai Exumação
e 50% da mãe.
Na realização do exame de DNA temos a prova in- Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como
vasiva e a prova não invasiva. A primeira é aquela que objeto da prova o cadáver já sepultado. A exumação só
necessita de intervenção no organismo humano. A se- pode ser feita mediante autorização judicial e em dois
gunda é aquela onde não há necessidade de se penetrar casos:
no organismo humano.
Para a produção da prova invasiva é absolutamente a) caso deva ter sido realizado o exame necroscópico
necessária a obtenção do consentimento. Na produção e não foi, gerando, depois do sepultamento, dúvi-
da prova não invasiva não depende do contato físico. É o das a respeito da causa da morte; e
juiz que decide a validade da prova não invasiva. (ex.: fio b) casos que coloquem em duvida o laudo
de cabelo, saliva no copo) necroscópico.

70
Prova documental São requisitos para a utilização da prova emprestada:
a) que no processo anterior tenha sido respeitado o prin-
Documento é todo objeto material que condense em cípio do contraditório;
b) que a prova no processo ante-
si a manifestação de um pensamento ou fato a ser re- rior tenha sido produzida pelo juiz natural; e c) que o réu
produzido em juízo. Considera-se objeto material todo tenha comparecido no outro processo.
material visual, auditivo, audiovisual, bem como o re-
gistrado em meios mecânicos óticos ou magnéticos de Prova oral
armazenamento.
A prova documental está disciplinada no CPP nos A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se prin-
arts. 231 usque 238. cipalmente às declarações do ofendido.
Os sujeitos processuais podem ser principais ou secun-
Documento eletrônico dários. Os principais são o Ministério Público, o querelante,
o réu e o juiz. Os secundários são a testemunha, o perito e o
Consiste em uma sequência de bytes, e em determi- escrivão. O ofendido é tradicionalmente esquecido.
nado programa de computador se torna a representação Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a
de um fato. Os crimes que são praticados por meio da in- vítima de modo distinto. Essa lei trata do procedimen-
ternet ou por outros meios cibernéticos têm consequên- to sumaríssimo, que tem como característica principal o
cias no que dizem respeitos à provas. surgimento da transação penal entre o autor do fato e o
Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal ofendido para que seja tentado ao menos a auto compo-
é recrutar os crackers para trabalharem a favor da polícia. sição das partes. Em 2008 o legislador altera o art. 201,
Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os CPP. A partir dai, o ofendido é o sujeito passivo da infra-
crackers: os primeiros ultrapassam barreiras de seguran- ção penal.
ça para se gabar, enquanto que os segundos invadem A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se
sistemas para causarem prejuízo, visando lucro. a vítima for intimada a comparecer em juízo e não o fizer,
poderá ser conduzida à presença da autoridade. A vítima
Sigilo telemático não presta o compromisso de dizer a verdade. Parte-se
do princípio que a vítima está dizendo a verdade porque
É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho, tem interesse na sentença condenatória e numa eventual
o que gera certa dificuldade para obter informações e mui- reparação do dano.
tas vezes será necessária autorização judicial para o acesso Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado
de dados. Quando se tratar de crime em que a polícia tem com a verdade. Caso contrário, poderá responder pelo
o dever e a obrigação de apurar, tem-se as delegacias que crime de denunciação caluniosa.
estão incumbidas de investigar crimes cibernéticos
Prova testemunhal
Ata notarial
Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de
Constatação de um fato ou de um ato que é atestada um fato. Portanto, a testemunha presta o compromisso
pelo tabelião, com fé pública. Feito isso, e apresentado de dizer a verdade (art. 203, CPP).
ao delegado, teremos uma prova pré-constituída e com Uma das mais inseguras do processo, a prova teste-
fé-pública. Isso é bom para as provas nos meios eletrôni- munhal está prevista no CPP nos arts. 202 usque 255. Do
cos que podem ser apagadas instantaneamente. Estamos ponto de vista quantitativo, é uma prova interessante. Do
diante de uma presunção de verdade relativa, podendo, ponto de vista qualitativo, não.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


portanto, ser impugnada. Pode servir como prova tanto Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar
na esfera penal quanto na esfera civil. com exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério sub-
jetivo das convicções pessoais da vítima, pode influenciar
Prova emprestada no depoimento da testemunha. Ainda, há também o te-
mor da testemunha sofrer repressões em virtude de suas
Prova emprestada é aquela que é transladada em for- declarações.
ma de documento para um processo penal no qual se
discutirá a sua validade e o seu valor probante. O número de testemunhas
Geralmente a prova emprestada no processo penal se
relaciona com depoimento de vítima ou uma declaração O nosso sistema processual penal é regido por pro-
que foi dada em um caso e a testemunha após um tempo cedimento. Dependendo do crime, ele deve obedecer
morreu, desapareceu, etc.
 determinado procedimento, podendo arrolar ou não
Do ponto de vista da acusação é interessante que a testemunhas, tendo que obedecer ao número permitido.
prova seja emprestada de tempo que foi dada, e que seja O número de testemunhas depende do procedimen-
encarada como uma prova testemunhal, de inteiro teor, to, conforme passaremos a demonstrar.
e não apenas como um documento. Do ponto de vista No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível
da defesa, o que se alega é que o princípio da ampla arrolar até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No pro-
defesa não foi respeitado pois se caso o réu morreu, não cedimento comum sumário, podem ser arroladas até 5
teve tempo de contestar, ou caso de testemunha desa- testemunhas (art. 532, CPP). Já no procedimento comum
parecida, que não houve possibilidade de perguntas da sumaríssimo, não há referência expressa. O art. 81 da Lei
defesa para tal. 9.099 diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.

71
Para entendermos a questão das testemunhas no A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo,
Tribunal do Júri, é preciso entender seu procedimento é previsto o direito de o sujeito interrogado manter-se
bifásico. Na primeira fase se encerra por meio de uma calado, vez que ninguém pode ser obrigado a produzir
decisão, que pode ser: decisão de absolvição sumaria, de- provas contra si mesmo.
cisão de desclassificação, decisão de impronúncia (efeito
semelhante ao arquivamento) ou decisão de pronúncia. Confissão
Caso haja pronúncia, prossegue-se para a próxima fase.
Essa segunda fase cuida da preparação do julgamento e Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado,
do julgamento em plenário. da imputação que lhe é feita. Alguns doutrinadores enten-
Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira dem que a confissão é um meio atípico de prova, uma vez
fase os atos seguem a sequência do procedimento co- que seria declaração de vontade do réu em sua defesa.
mum ordinário, ou seja, até 8 testemunhas podem ser ar- Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha
roladas (art. 406, §2o e 3o, CPP). Na segunda fase podem das provas (“Regina probatorium”), válida ainda que ob-
ser arroladas até 5 testemunhas (art. 422, CPP). tida por meio de tortura.
De acordo com as disposições do Código de Processo
A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas.
Penal a confissão deve ser corroborada por outras pro-
Esse crime admite procedimento especial, podendo arrolar
vas. No processo penal não predomina a ideia do fato
até 5 testemunhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o.
incontroverso, como no processo civil.
Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para que
A confissão não supre o exame pericial a medida que
sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As testemunhas é necessário confirmar a materialidade do delito. O valor
excedentes são inquiridas como testemunhas do juízo. da confissão é o mesmo que das outras provas.
A desobrigação de testemunhar Delação premiada
Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até Esse é um instituto que está ligado ao réu. A dela-
mesmo um menor. Porém, uma vez que a testemunha ção premiada ocorre quando o acusado admite a prática
é intimada a depor, esta não pode deixar de depor, sob do crime e delata a participação de outrem ou de outras
pena de ser conduzida coercitivamente, ou até mesmo pessoas, fazendo-o em troca da redução da pena ou até
de responder criminalmente por desobediência. mesmo da obtenção do perdão judicial.

Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas, A delação premiada somente pode ser apresentada
pela lei, a prestar o testemunho, segundo disposição dos por um co-réu, posto que irá delatar para se beneficiar.
arts. 206 e 208, CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir Caso não tenha benefício será apenas uma testemunha.
as declarações desta pessoa, tal testemunha não estará Não há garantia de que co-réu seja beneficiado, pois não
obrigada em prestar compromisso com a verdade. Neste existe nenhum diploma disciplinando tal instituto.

caso, será ouvida na condição de informante.
De acordo Essa delação não tem o mesmo valor que o depoi-
com o art. 207, serão proibidas de depor aquelas que mento de testemunha. Isso se explica à medida que as
em razão de função, ofício ou profissão devam guardar testemunhas prestam o compromisso de dizer a verdade,
segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada, e o co-réu está numa posição de mero informante, de-
quiserem prestar testemunho. vendo suas alegações serem confirmadas.
De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação
Interrogatório penal, o membro do Ministério Público não pode simples-
mente alocar o delator como testemunha. Em verdade,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Quando tratamos de interrogatório como meio deve admitir o delator como co-réu e, posteriormente,
de prova, é importante observar que três correntes se considerar sua redução de pena ou perdão judicial por ter
formaram. colaborado com suas importantes declarações.
A primeira corrente, no princípio, entendia como o
Instrumentos do crime
interrogatório sendo um meio de prova. A segunda, por
sua vez, dizia que o interrogatório era um meio de de-
Todos os objetos usados para a consumação do crime
fesa. Já a terceira e mais aceita corrente afirma que o
deverão ser analisados e periciados, com o fim de lhes
interrogatório é predominantemente um meio de defesa, verificar a natureza e a eficiência.
 Além da necessidade
mas não deixa de ser um meio de prova, pois o juiz pode de se examinar o instrumento utilizado na atividade cri-
levar em conta o que o réu está falando para formular a minosa, deve-se também elaborar o auto de avaliação
sua convicção. (art. 172, CPP)
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do
juiz, não podendo delegar para qualquer outra pessoa. Indícios
Além disso, deve ser realizado na presença de um defen-
sor, inclusive no JECRIM, sob pena de nulidade, e cada Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são
réu tem que ser ouvido separadamente. considerados como provas diretas, mas sim fazem parte
No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que do contexto de prova indireta (ou prova circunstancial).
o réu será o último a ser interrogado, para que possa ter
conhecimento de toda as provas produzidas contra ele. Os indícios podem ser utilizados para efeitos de for-
Já no Tribunal do Júri o réu será interrogado duas vezes, mação do convencimento do juiz, mas não pode haver
a saber: pela polícia e na plenária. condenação apenas com base neles. Essa regra aplica-se

72
apenas ao julgador togado, vez que os jurados do Tri- Na falta de perito oficial, o exame será realizado por
bunal do Júri podem convencer-se através de indícios, 2 pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso su-
considerando-os suficientes para condenação. perior preferencialmente na área específica, dentre as
Para a utilização de indícios no convencimento do que tiverem habilitação técnica relacionada com a natu-
juiz, impõe-se que eles sejam graves, precisos e concor- reza do exame. Os peritos não oficiais prestarão o com-
dantes com o fato que se quer provar. promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
São facultadas ao Ministério Público, ao assistente de
Busca e apreensão acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a for-
mulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
Com previsão legal nos arts. 240 usque 250, CPP, a Sobre o assistente técnico, este atuará a partir de sua
busca e apreensão depende de autorização judicial. Tra- admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e ela-
ta-se, em verdade, de uma medida cautelar, sendo con- boração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
siderada um meio atípico de prova – diz-se, então, que é intimadas desta decisão.
instrumento de obtenção da prova. Durante o curso do processo judicial, é permitido às
Considerando a previsão constitucional de inviolabili- partes, quanto à perícia:
dade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a decreta-
ção da busca e apreensão é medida só pode ser autorizada • requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
pelo juiz competente e em decisão fundamentada. prova ou para responderem a quesitos, desde que
Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o o mandado de intimação e os quesitos ou questões
juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele a serem esclarecidas sejam encaminhados com
caso específico que lhe é apresentado existem elementos antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo
de que o que está sendo alegado possui verossimilhan- apresentar as respostas em laudo complementar.
ça e que há necessidade da urgência (fumus boni juris e • indicar assistentes técnicos que poderão apresen-
periculum in mora). tar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser
Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada
inquiridos em audiência.
pelo delegado ao juiz por meio de uma representação.
Em sua manifestação, o promotor de justiça pode refor-
Havendo requerimento das partes, o material proba-
çar a necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão
tório que serviu de base à perícia será disponibilizado
pode ser requerida antes do inquérito, durante a investi-
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
gação ou no curso da ação penal. Pode ainda ser reque-
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos
rida pela defesa, se lhe for interessante.
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
A busca e apreensão também pode ser determinada
Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não
de uma área de conhecimento especializado, pode ser
é conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode com-
prometer sua imparcialidade. designado mais de um perito oficial, e a parte poderá
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previs- indicar mais de um assistente técnico.
to no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descre-
relacionado com a elucidação de um crime pode ser ob- verão minuciosamente o que examinarem, e responde-
jeto de busca e apreensão. rão aos quesitos formulados. O laudo pericial será elabo-
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo rado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo
expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante dos peritos.
o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual-
mandado judicial deverá aguardar até a manhã. quer dia e a qualquer hora.
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos re- A autópsia será feita pelo menos seis horas depois
lativos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreen- do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de
são será convalidada mesmo sem mandado de busca e morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
apreensão específico para isso. o que declararão no auto. E nos casos de morte violen-
Ainda, é possível que haja a busca pessoal como me- ta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando
dida preventiva, como por exemplo a revista da pessoa, não houver infração penal que apurar, ou quando as le-
sem a exigência de mandado para tanto. sões externas permitirem precisar a causa da morte e não
houver necessidade de exame interno para a verificação
EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM de alguma circunstância relevante.
GERAL Em caso de exumação para exame cadavérico, a auto-
ridade providenciará para que, em dia e hora previamente
Quando a infração deixar vestígios, será indispensá- marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto
vel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não circunstanciado. O administrador de cemitério público ou
podendo supri-lo a confissão do acusado, não admite a particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de deso-
ideia de que a confissão é a rainha das provas. bediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique
O exame de corpo de delito e outras perícias serão a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não
realizados por perito oficial, portador de diploma de cur- destinado a inumações, a autoridade procederá às pesqui-
so superior. sas necessárias, o que tudo constará do auto.

73
Os cadáveres serão sempre fotografados na posição No exame para o reconhecimento de escritos, por
em que forem encontrados, bem como, na medida do comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no
local do crime. • a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
Para representar as lesões encontradas no cadáver, escrito será intimada para o ato, se for encontrada.
os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame • para a comparação, poderão servir quaisquer do-
provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamen- cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tive-
te rubricados. rem sido judicialmente reconhecidos como de seu
Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exu- punho, ou sobre cuja autenticidade não houver
mado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de dúvida.
Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela • a autoridade, quando necessário, requisitará, para
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhe- o exame, os documentos que existirem em arqui-
cimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, vos ou estabelecimentos públicos, ou nestes reali-
com todos os sinais e indicações. Em qualquer caso, serão zará a diligência, se daí não puderem ser retirados.
arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, • quando não houver escritos para a comparação ou
que possam ser úteis para a identificação do cadáver. forem insuficientes os exibidos, a autoridade man-
Não sendo possível o exame de corpo de delito, por dará que a pessoa escreva o que lhe for ditado. Se
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta
poderá suprir-lhe a falta. última diligência poderá ser feita por precatória,
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame em que se consignarão as palavras que a pessoa
pericial tiver sido incompleto, será procedido a exame será intimada a escrever.
complementar por determinação da autoridade policial
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a na-
No exame complementar, os peritos terão presente o
tureza e a eficiência.
auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência
A autoridade e as partes poderão formular quesitos
ou retificá-lo.
até o ato da diligência.
Para cada delito poderá haver uma perícia específica
para esclarecer a conduta.
Veja que se o exame tiver por fim precisar a classifi- FIQUE ATENTO!
cação do delito de lesão corporal que incapacidade para Interessante que no exame por precatória, a
as ocupações habituais, por mais de trinta dias, deverá nomeação dos peritos será feita no juízo de-
ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da precado. Havendo, porém, no caso de ação
data do crime. A falta de exame complementar poderá privada, acordo das partes, essa nomeação
ser suprida pela prova testemunhal. poderá ser feita pelo juiz deprecante. Os
Para o efeito de exame do local onde houver sido quesitos do juiz e das partes serão transcri-
praticada a infração, a autoridade providenciará imedia- tos na precatória.
tamente para que não se altere o estado das coisas até
a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos
com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. Os Se houver divergência entre os peritos, serão con-
peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das signadas no auto do exame as declarações e respostas
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas de um e de outro, ou cada um redige separadamente o


alterações na dinâmica dos fatos. seu laudo, e a autoridade nomeia um terceiro. Contudo,
Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão mate- se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
rial suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre proceder a novo exame por outros peritos.
que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas No caso de inobservância de formalidades, ou no caso
fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade
Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen- jurídica mandará suprir a formalidade, complementar ou
to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de esclarecer o laudo. A autoridade poderá também orde-
escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, in- nar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se
dicarão com que instrumentos, por que meios e em que julgar conveniente.
época presumem ter sido o fato praticado. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo
Procede-se, quando necessário, à avaliação de coisas ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
crime. Se impossível a avaliação direta, os peritos proce- do exame serão remetidos ao juízo competente, onde
derão à avaliação por meio dos elementos existentes nos aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu represen-
autos e dos que resultarem de diligências. tante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir,
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o mediante traslado.
lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou
resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a ex-
a autoridade policial negará a perícia requerida pelas
tensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da
que interessarem à elucidação do fato.
verdade.

74
INTERROGATÓRIO DO ACUSADO permanecer calado e de não responder perguntas que
lhe forem formuladas. O silêncio, que não importará em
O acusado que comparecer perante a autoridade ju- confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
diciária, no curso do processo penal, será qualificado e defesa.
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou O interrogatório será constituído de duas partes, uma
nomeado. O interrogatório do réu preso será realizado, sobre a pessoa do acusado e a outra sobre os fatos.
em sala própria, no estabelecimento em que estiver reco- Sobre a pessoa do acusado, o interrogado será per-
lhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, guntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
como a presença do defensor e a publicidade do ato. vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
Mas, excepcionalmente, o juiz, por decisão funda- alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do proces-
mentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá so, se houve suspensão condicional ou condenação, qual
realizar o interrogatório do réu preso por sistema de vi- a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares
deoconferência ou outro recurso tecnológico de trans- e sociais.
Sobre os fatos, será perguntado sobre:
missão de sons e imagens em tempo real, desde que a
medida seja necessária para atender a uma das seguintes
• ser verdadeira a acusação que lhe é feita.
finalidades:
• não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
motivo particular a que atribuí-la, se conhece a
• prevenir risco à segurança pública, quando exista pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a
fundada suspeita de que o preso integre organi- prática do crime, e quais sejam, e se com elas este-
zação criminosa ou de que, por outra razão, possa ve antes da prática da infração ou depois dela.
fugir durante o deslocamento. • onde estava ao tempo em que foi cometida a infra-
• viabilizar a participação do réu no referido ato pro- ção e se teve notícia desta.
cessual, quando haja relevante dificuldade para • as provas já apuradas.
seu comparecimento em juízo, por enfermidade • se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas
ou outra circunstância pessoal. ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que
• impedir a influência do réu no ânimo de teste- alegar contra elas.
munha ou da vítima, desde que não seja possível • se conhece o instrumento com que foi praticada a
colher o depoimento destas por videoconferência, infração, ou qualquer objeto que com esta se rela-
na hipótese de o juiz verificar que a presença do cione e tenha sido apreendido.
réu poderá causar humilhação, temor, ou sério • todos os demais fatos e pormenores que condu-
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de zam à elucidação dos antecedentes e circunstân-
modo que prejudique a verdade do depoimento, cias da infração.
fará a inquirição por videoconferência. • se tem algo mais a alegar em sua defesa.
• responder à gravíssima questão de ordem pública.
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das
Da decisão que determinar a realização de interro- partes se restou algum fato para ser esclarecido, formu-
gatório por videoconferência, as partes serão intimadas lando as perguntas correspondentes se o entender per-
com 10 dias de antecedência. tinente e relevante.
Antes do interrogatório por videoconferência, o pre- Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em
so poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológi- parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


co, a realização de todos os atos da audiência única de Se confessar a autoria, será perguntado sobre os mo-
instrução e julgamento. tivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concor-
Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz ga- reram para a infração, e quais sejam.
rantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada Havendo mais de um acusado, serão interrogados
separadamente.
com o seu defensor. No caso de ser realizado por video-
O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mu-
conferência, fica também garantido o acesso a canais te-
do será feito pela forma seguinte:
lefônicos reservados para comunicação entre o defensor
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de • ao surdo serão apresentadas por escrito as per-
audiência do Fórum, e entre este e o preso. guntas, que ele responderá oralmente.
A sala reservada no estabelecimento prisional para a • ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, res-
realização de atos processuais por sistema de videocon- pondendo-as por escrito.
ferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de • ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por
cada causa, como também pelo Ministério Público e pela escrito e do mesmo modo dará as respostas.
Ordem dos Advogados do Brasil.
Do interrogatório deverá constar a informação sobre a Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, inter-
existência de filhos, respectivas idades e se possuem algu- virá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa
ma deficiência e o nome e o contato de eventual respon- habilitada a entendê-lo. Quando o interrogando não fa-
sável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. lar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio
Depois de devidamente qualificado e cientificado do de intérprete. Se o interrogado não souber escrever, não
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no
juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de termo.

75
A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interro- menores de 14 anos, nem os ascendentes ou descenden-
gatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer tes, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que, o irmão e
das partes. o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado.
O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
OFENDIDO testemunhas, além das indicadas pelas partes. Se ao juiz
parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e testemunhas se referirem. Não será computada como
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem testemunha a pessoa que nada souber que interesse à
seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa in- decisão da causa.
dicar, tomando-se por termo as suas declarações. Obser- As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si,
ve que se, intimado para esse fim, deixar de comparecer de modo que umas não saibam nem ouçam os depoi-
sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à mentos das outras, devendo o juiz adverti-las das penas
presença da autoridade. cominadas ao falso testemunho. Antes do início da au-
O ofendido será comunicado dos atos processuais diência e durante a sua realização, serão reservados es-
relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à paços separados para a garantia da incomunicabilidade
designação de data para audiência e à sentença e res- das testemunhas.
pectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer
As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no que alguma testemunha fez afirmação falsa, calou ou ne-
endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do gou a verdade, remeterá cópia do depoimento à autori-
ofendido, o uso de meio eletrônico. dade policial para a instauração de inquérito.
Antes do início da audiência e durante a sua realização, Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
será reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiên-
entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para cia, o tribunal, ou o conselho de sentença, após a votação
atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psi- dos quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a
cossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do testemunha à autoridade policial.
ofensor ou do Estado. O juiz tomará as providências ne- As perguntas serão formuladas pelas partes direta-
cessárias à preservação da intimidade, vida privada, hon- mente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
ra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a
o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos causa ou importarem na repetição de outra já respon-
e outras informações constantes dos autos a seu respeito dida. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá
para evitar sua exposição aos meios de comunicação. complementar a inquirição. O juiz não permitirá que a
testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo
TESTEMUNHAS
quando inseparáveis da narrativa do fato.
Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão
Toda pessoa poderá ser testemunha que fará, sob
contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias ou de-
palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
feitos, que a torne suspeita de parcialidade, ou indigna
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu
de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição e a
nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profis-
resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha
são, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em
ou não lhe deferirá compromisso nos casos das teste-
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações
munhas proibidas de depor, em razão de função, minis-
com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando
tério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pe-


se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o
las quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
O depoimento será prestado oralmente, não sen- seu testemunho, e as que não se deferirá o compromisso,
do permitido à testemunha trazê-lo por escrito. Não os doentes e os deficientes mentais e aos menores de 14
será vedada à testemunha, entretanto, breve consulta a anos.
apontamentos. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se,
testemunha, o juiz deverá proceder à verificação pelos tanto quanto possível, às expressões usadas pelas teste-
meios ao seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o munhas, reproduzindo fielmente as suas frases.
depoimento desde logo. O depoimento da testemunha será reduzido a termo,
A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemu-
depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascen- nha não souber assinar, ou não puder fazê-lo, pedirá a
dente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, alguém que o faça por ela, depois de lido na presença
o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, de ambos.
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemu-
São proibidas de depor as pessoas que, em razão de nha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e,
segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a
quiserem dar o seu testemunho. retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a pre-
Não se deferirá o compromisso sob palavra de hon- sença do seu defensor. A adoção de qualquer das medi-
ra, a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe das previstas aqui citadas deverá constar do termo, assim
for perguntado, os doentes e deficientes mentais e aos como os motivos que a determinaram.

76
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requi- ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-se,
sitar à autoridade policial a sua apresentação ou deter- pela simples omissão, às penas do não comparecimento.
minar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou,
solicitar o auxílio da força pública. por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao
As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá,
velhice, de comparecer para depor, serão inquiridas onde de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, to-
estiverem. mar-lhe antecipadamente o depoimento.
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os Se-
nadores e Deputados Federais, os Ministros de Estado, RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
os Governadores de Estado e Territórios, os Secretários
de Estado, Governador do Distrito Federal e Prefeitos dos Quando houver necessidade de fazer-se o reconheci-
Municípios, os Deputados às Assembleias Legislativas Es- mento de pessoa, deverá ser da seguinte forma:
taduais, os membros do Poder Judiciário, os Ministros e
Juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do • a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento
Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo se- será convidada a descrever a pessoa que deva ser
rão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados reconhecida.
entre eles e o Juiz. • a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será
colocada, se possível, ao lado de outras que com
O Presidente e o Vice-Presidente da República, os
ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputa-
quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la.
dos e do Supremo Tribunal Federal poderão optar pela
• se houver razão para recear que a pessoa chamada
prestação de depoimento por escrito, caso em que as
para o reconhecimento, por efeito de intimidação
perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz,
ou outra influência, não diga a verdade em face
lhes serão transmitidas por ofício.
da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
providenciará para que esta não veja aquela, e de-
Os militares deverão ser requisitados à autoridade talhe, não terá aplicação na fase da instrução crimi-
superior. nal ou em plenário de julgamento.
Aos funcionários públicos será aplicada a expedição • do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme-
do mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa
repartição em que servirem, com indicação do dia e da chamada para proceder ao reconhecimento e por
hora marcados. duas testemunhas presenciais.
A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz,
será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, ex- No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as
pedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for apli-
razoável, intimadas as partes. A expedição da precatória cável. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o
não suspenderá a instrução criminal. reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a
Ao finalizar o prazo marcado da precatória, poderá prova em separado, evitando-se qualquer comunicação
ser realizado o julgamento, mas, a todo tempo, a pre- entre elas.
catória, uma vez devolvida, será junta aos autos. Obser-
va-se que no caso da precatória há a possibilidade de a ACAREAÇÃO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


oitiva de testemunha ser realizada por meio de video-
conferência ou outro recurso tecnológico de transmissão A acareação será admitida entre acusados, entre acu-
de sons e imagens em tempo real, permitida a presença sado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado
do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a ou testemunha e a pessoa ofendida, e entre as pessoas
realização da audiência de instrução e julgamento. ofendidas, sempre que divergirem, em suas declarações,
sobre fatos ou circunstâncias relevantes. Os acareados
As cartas rogatórias, para inquirir a testemunha em serão reperguntados, para que expliquem os pontos de
outro país, só serão expedidas se demonstrada previa- divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
mente a sua imprescindibilidade, arcando a parte reque- Se ausente alguma testemunha, cujas declarações di-
rente com os custos de envio. virjam das de outra, que esteja presente, a esta se darão
Aplicam-se às cartas rogatórias as mesmas regras da a conhecer os pontos da divergência, consignando-se no
carta precatória. auto o que explicar ou observar. Se subsistir a discor-
Quando a testemunha não conhecer a língua nacio- dância, será expedida precatória à autoridade do lugar
nal, será nomeado intérprete para traduzir as perguntas onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as
e respostas. declarações desta e as da testemunha presente, nos pon-
Tratando-se de mudo as perguntas serão feitas oral- tos em que divergirem, bem como o texto do referido
mente, respondendo-as por escrito. Para o surdo serão auto, a fim de que se complete a diligência, ouvindo-se
apresentadas por escrito as perguntas, que ele respon- a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida
derá oralmente. E no caso de surdo-mudo as pergun- para a testemunha presente. Esta diligência só se realiza-
tas serão formuladas por escrito e do mesmo modo ele rá quando não importe demora prejudicial ao processo e
o juiz a entenda conveniente.
responderá.

77
DOCUMENTOS DE PROVA

Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer fase do processo. Conside-
ram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. À fotografia do documento,
devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original.
Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a ponto relevante da acusação ou da defesa, providencia-
rá, independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos autos, se possível.
A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial, quando contestada a sua
autenticidade.
Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por
tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.
As públicas-formas, ou seja, as cópias autenticadas, só terão valor quando conferidas com o original, em presença
da autoridade.
Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista motivo relevante que justifique a sua conser-
vação nos autos, poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à parte que os produ-
ziu, ficando traslado nos autos.

INDÍCIOS

Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução,
concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.

BUSCA E DA APREENSÃO

A busca será domiciliar ou pessoal.

Busca domiciliar Busca pessoal


prender criminosos prender criminosos
apreender coisas achadas ou obtidas por meios apreender coisas achadas ou obtidas por meios
criminosos criminosos
apreender instrumentos de falsificação ou de apreender instrumentos de falsificação ou de
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos
apreender armas e munições, instrumentos utilizados apreender armas e munições, instrumentos utilizados
na prática de crime ou destinados a fim delituoso na prática de crime ou destinados a fim delituoso
descobrir objetos necessários à prova de infração ou à descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu defesa do réu
apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de
que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

elucidação do fato elucidação do fato


apreender pessoas vítimas de crimes
colher qualquer elemento de convicção
colher qualquer elemento de convicção

FIQUE ATENTO!
Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá
ser precedida da expedição de mandado.

A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.


O mandado de busca deverá:

• indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo pro-
prietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a
identifiquem.
• mencionar o motivo e os fins da diligência.
• ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.

Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado de busca.

78
Não será permitida a apreensão de documento em Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão
poder do defensor do acusado, salvo quando constituir em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
elemento do corpo de delito.
• tendo conhecimento direto de sua remoção ou
FIQUE ATENTO! transporte, a seguirem sem interrupção, embora
depois a percam de vista;
A busca pessoal será independente de man-
• ainda que não a tenham avistado, mas sabendo,
dado, no caso de prisão ou quando houver
por informações fidedignas ou circunstâncias indi-
fundada suspeita de que a pessoa esteja na
ciárias, que está sendo removida ou transportada
posse de arma proibida ou de objetos ou
papéis que constituam corpo de delito, ou em determinada direção, forem ao seu encalço.
quando a medida for determinada no curso
de busca domiciliar. Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas
diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legali-
As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo dade dos mandados que apresentarem, poderão exigir
se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se
de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão frustre a quanto ocorrer no processo de reconhecimento.
o mandado ao morador, ou a quem o represente, inti-
Devem ser anotadas as reações do reconhecedor e to-
mando-o, em seguida, a abrir a porta.
das as suas manifestações, de modo a se poder analisar
Se a própria autoridade der a busca, declarará previa-
mente sua qualidade e o objeto da diligência. qual o processo mental utilizado para chegar à conclu-
Em caso de desobediência, será arrombada a porta e são de que o reconhecendo é, ou não, a pessoa procu-
forçada a entrada. Recalcitrando o morador, será permitido rada. Há necessidade de duas testemunhas presenciais
o emprego de força contra coisas existentes no interior da do reconhecimento, além da autoridade policial e do
casa, para o descobrimento do que se procura. Quando reconhecedor.
ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado
a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
presente. PRISÃO EM FLAGRANTE
Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai pro-
curar, o morador será intimado a mostrá-la. Descoberta
a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente Considera-se em flagrante delito quem:
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de
seus agentes. • está cometendo a infração penal.
• acaba de cometê-la.
Finda a diligência, os executores lavrarão auto circuns- • é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
tanciado, assinando-o com duas testemunhas presen- ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que
ciais, lembrando que ausentes os moradores, devendo, faça presumir ser autor da infração.
neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer • é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
vizinho, se houver e estiver presente. mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
Também deverá observar as supracitadas regras autor da infração.
quando se tiver de proceder a busca em compartimento
habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
ou em compartimento não aberto ao público, onde al- flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
guém exercer profissão ou atividade.
Apresentado o preso à autoridade competente, ouvi-
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada,
os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver rá este o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura,
sofrido a busca, se o requerer. entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
Em casa habitada, a busca será feita de modo que não preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas
moleste os moradores mais do que o indispensável para que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
o êxito da diligência. sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
A busca em mulher será feita por outra mulher, se não oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autorida-
importar retardamento ou prejuízo da diligência. de, afinal, o auto.
Resultando das respostas fundada a suspeita contra
o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão,
FIQUE ATENTO! exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e
A autoridade ou seus agentes poderão en- prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se para
trar no território de jurisdição alheia, ainda isso for competente; se não o for, enviará os autos à au-
que de outro Estado, quando, para o fim de toridade que o seja.
apreensão, forem no seguimento de pessoa A falta de testemunhas da infração não impedirá o
ou coisa, devendo apresentar-se à compe- auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o
tente autoridade local, antes da diligência condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas
ou após, conforme a urgência desta.
que haja testemunhado a apresentação do preso à
autoridade.

79
Quando o acusado se recusar a assinar, não souber
ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será
assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua EXERCÍCIOS COMENTADOS
leitura na presença deste.
Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá 1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
constar a informação sobre a existência de filhos, respec- 2019) Em decorrência de um homicídio doloso praticado
tivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos foram comunicados de que o autor do delito se evadira
filhos, indicado pela pessoa presa. por rodovia federal em um veículo cuja placa e carac-
Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer terísticas foram informadas. O veículo foi abordado por
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois policiais rodoviários federais em um ponto de bloqueio
de prestado o compromisso legal. montado cerca de 200 km do local do delito e que os
A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon- policiais acreditavam estar na rota de fuga do homicida.
tre serão comunicados imediatamente ao juiz competen- Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendi-
te, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa da arma de fogo que estava em sua posse e que, supos-
por ele indicada. tamente, tinha sido utilizada no crime.
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto item.
de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o Durante o procedimento de lavratura do auto de prisão
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria em flagrante pela autoridade policial competente, o po-
Pública. licial rodoviário responsável pela prisão e condução do
preso deverá ser ouvido logo após a oitiva das testemu-
No prazo de 24 (vinte e quatro) horas será entregue nhas e o interrogatório do preso.
ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condu- (  ) CERTO   (  ) ERRADO
tor e os das testemunhas.
Resposta: Errado. Conforme o art. 304, do CPP, apre-
Quando o fato for praticado em presença da au- sentado o preso à autoridade competente, ouvirá este
toridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en-
constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, tregando a este cópia do termo e recibo de entrega
as declarações que fizer o preso e os depoimentos das do preso. Em seguida, procederá à oitiva das teste-
testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo munhas que o acompanharem e ao interrogatório do
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo,
juiz a quem couber tomar conhecimento do fato deli- após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavran-
tuoso, se não o for a autoridade que houver presidido do, a autoridade, afinal, o auto.
o auto.
Não havendo autoridade no lugar em que se tiver 2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do 2013) Com base no disposto no CPP e na jurisprudência
lugar mais próximo. do Superior Tribunal de Justiça, julgue os seguintes itens.
Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, A prova declarada inadmissível pela autoridade judicial
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante. por ter sido obtida por meios ilícitos deve ser juntada em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deve- autos apartados dos principais, não podendo servir de
rá fundamentadamente: fundamento à condenação do réu.

• relaxar a prisão ilegal; ou ( ) CERTO  ( ) ERRADO


• converter a prisão em flagrante em preventiva,
quando for por garantia da ordem pública, da or- Resposta: Errado. De acordo com o art. 157, do CPP,
dem econômica, por conveniência da instrução são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei pe- processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obti-
nal, quando houver prova da existência do crime das em violação às normas constitucionais ou legais. 
e indício suficiente de autoria, e se revelarem ina-
dequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão; ou
• conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante,


que o agente praticou o fato nas condições de estado
de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento
de dever legal ou no exercício regular de direito, pode-
rá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos
os atos processuais, sob pena de revogação.

80
e de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente,
grande quantidade de mercadoria lícita de procedência
HORA DE PRATICAR! estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos impos-
tos de importação. O motorista, penalmente imputável
1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – e proprietário do caminhão, admitiu a propriedade dos
2019) Com relação aos meios de prova e os procedimen- produtos. O passageiro, que se identificou como servi-
tos inerentes a sua colheita, no âmbito da investigação dor público alfandegário lotado no posto de fiscalização
criminal, julgue o próximo item. fronteiriço pelo qual o veículo havia passado para aden-
A entrada forçada em determinado domicílio é lícita, trar no território nacional, alegou desconhecer a exis-
mesmo sem mandado judicial e ainda que durante a tência dos produtos no caminhão e que apenas pegou
noite, caso esteja ocorrendo, dentro da casa, situação de carona com o motorista.
flagrante delito nas modalidades próprio, impróprio ou Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
ficto. item a seguir.
Caso fique comprovada a participação do servidor públi-
( ) CERTO  ( ) ERRADO co na conduta delituosa, ele responderá pelo delito de
descaminho em sua forma qualificada: ela tinha o dever
2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – funcional de prevenir e de reprimir o crime.
2019) Em decorrência de um homicídio doloso praticado
com o uso de arma de fogo, policiais rodoviários federais ( ) CERTO  ( ) ERRADO
foram comunicados de que o autor do delito se evadira
por rodovia federal em um veículo cuja placa e carac- 5. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
terísticas foram informadas. O veículo foi abordado por 2013) Com relação aos princípios, institutos e dispositi-
policiais rodoviários federais em um ponto de bloqueio vos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens
montado cerca de 200 km do local do delito e que os seguintes.
policiais acreditavam estar na rota de fuga do homicida. A extra-atividade da lei penal constitui exceção à regra
Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendi- geral de aplicação da lei vigente à época dos fatos.
da arma de fogo que estava em sua posse e que, supos-
tamente, tinha sido utilizada no crime. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte
item. 6. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
De acordo com a classificação doutrinária dominante, a 2013) No que se refere aos delitos previstos na parte
situação configura hipótese de flagrante presumido ou especial do CP, julgue os itens de 70 a 74.
ficto. Em se tratando do crime de furto mediante fraude, a
vítima, ludibriada, entrega, voluntariamente, a coisa ao
( ) CERTO  ( ) ERRADO agente. No crime de estelionato, a fraude é apenas uma
forma de reduzir a vigilância exercida pela vítima sobre a
3. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – coisa, de forma a permitir a sua retirada.
2019) Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do
Brasil com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoria- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
do por policiais rodoviários federais. Além do motorista
e de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente, 7. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
grande quantidade de mercadoria lícita de procedência 2013) Com relação aos princípios, institutos e dispositi-

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos impos- vos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens
tos de importação. O motorista, penalmente imputável seguintes.
e proprietário do caminhão, admitiu a propriedade dos Havendo conflito aparente de normas, aplica-se o prin-
produtos. O passageiro, que se identificou como servi- cípio da subsidiariedade, que incide no caso de a norma
dor público alfandegário lotado no posto de fiscalização descrever várias formas de realização da figura típica,
fronteiriço pelo qual o veículo havia passado para aden- bastando a realização de uma delas para que se confi-
trar no território nacional, alegou desconhecer a exis- gure o crime.
tência dos produtos no caminhão e que apenas pegou
carona com o motorista. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o
item a seguir. 8. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
A conduta do motorista configura crime de descaminho 2013) Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da
em sua forma consumada, ainda que não tenha havido parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguintes.
constituição definitiva do crédito tributário e a ocorrên- Considere a seguinte situação hipotética.
cia de efetivo prejuízo ao erário. Joaquim, plenamente capaz, desferiu diversos golpes de
facão contra Manoel, com o intuito de matá-lo, mas este,
( ) CERTO  ( ) ERRADO tendo sido socorrido e levado ao hospital, sobreviveu.
Nessa situação hipotética, Joaquim responderá pela prá-
4. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – tica de homicídio tentado, com pena reduzida levando-se
2019) Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do em conta a sanção prevista para o homicídio consumado.
Brasil com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoria-
do por policiais rodoviários federais. Além do motorista ( ) CERTO  ( ) ERRADO

81
9. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE – O proprietário de um bingo programou suas máquinas de
2013) No que se refere aos delitos previstos na parte videopôquer (pôquer eletrônico) para fraudar e lesionar
especial do CP, julgue os itens de 70 a 74. os apostadores do seu estabelecimento. Nessa situação, o
Considere a seguinte situação hipotética. proprietário praticou o crime de estelionato básico.
Pedro e Marcus, penalmente responsáveis, foram flagra-
dos pela polícia enquanto subtraíam de Antônio, me- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
diante ameaça com o emprego de arma de fogo, um
aparelho celular e a importância de R$ 300,00. Pedro, que 15. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
portava o celular da vítima, foi preso, mas Marcus conse- 2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
guiu fugir com a importância subtraída. da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
Nessa situação hipotética, Pedro e Marcus, em conluio, o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
praticaram o crime de roubo tentado.
assertiva a ser julgada.
Durante a realização de um patrulhamento ostensivo,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
um agente de uma autoridade de trânsito exigiu de um
10. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE motorista a importância de R$ 500,00 para que não reti-
– 2013) Com relação aos princípios, institutos e disposi- vesse o seu veículo automotor, que transitava com o farol
tivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens desregulado. Nessa situação, o agente da autoridade de
seguintes. trânsito praticou o crime de corrupção ativa
O ordenamento jurídico brasileiro prevê a possibilidade
de ocorrência de tipicidade sem antijuridicidade, assim ( ) CERTO  ( ) ERRADO
como de antijuridicidade sem culpabilidade.
16. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
( ) CERTO  ( ) ERRADO 2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
11. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
– 2013) No que se refere aos delitos previstos na parte assertiva a ser julgada.
especial do CP, julgue os itens de 70 a 74. Em um depósito público, valendo-se de facilidades que
Considere a seguinte situação hipotética. lhe proporcionava o cargo, um servidor público subtraiu
Aproveitando-se da facilidade do cargo por ele exercido um toca-fitas do interior de um veículo apreendido, do
em determinado órgão público, Artur, servidor público, qual não tinha a posse ou a detenção. Nessa situação,
em conluio com Maria, penalmente responsável, subtraiu o servidor público praticou o crime de furto qualificado,
dinheiro da repartição pública onde trabalha. Maria, que com abuso de confiança.
recebeu parte do dinheiro subtraído, desconhecia ser Ar-
tur funcionário público. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Nessa situação hipotética, Artur cometeu o crime de pe-
culato e Maria, o delito de furto.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

12. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE


– 2013) No que se refere aos delitos previstos na parte
especial do CP, julgue os itens de 70 a 74.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O crime de concussão configura-se com a exigência, por


funcionário público, de vantagem indevida, ao passo
que, para a configuração do crime de corrupção passiva,
basta que ele solicite ou receba a vantagem, ou, ainda,
aceite promessa de recebê-la.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

13. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE


– 2013) No que concerne às disposições preliminares do
Código de Processo Penal (CPP), ao inquérito policial e à
ação penal, julgue o próximo item.
Tratando-se de lei processual penal, não se admite, salvo
para beneficiar o réu, a aplicação analógica.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

14. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –


2004) Em cada um dos itens subsequentes, é apresenta-
da uma situação hipotética a respeito dos crimes contra
o patrimônio e a administração pública, seguida de uma
assertiva a ser julgada.

82
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 C ________________________________________________
2 C _________________________________________________
3 C _________________________________________________
4 E
_________________________________________________
5 C
6 E _________________________________________________

7 E _________________________________________________
8 C _________________________________________________
9 E
_________________________________________________
10 C
_________________________________________________
11 C
12 C _________________________________________________
13 E _________________________________________________
14 E
_________________________________________________
15 E
_________________________________________________
16 E
_________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


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83
ANOTAÇÕES

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84
ÍNDICE

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Lei nº 10.826/2003 e suas alterações (Estatuto do Desarmamento)...................................................................... 01


Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de documentos de identificação pessoal).......................................... 03
Lei nº 4.898/1965 (direito de representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e
penal, nos casos de abuso de autoridade) ...................................................................................................................... 04
Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de tortura)..................................................................................................... 06
Lei nº 8.069/1990 e suas alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente): Título II, Capítulos I e II,
Título III, Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII........................................................................................................ 07
Lei nº 11.343/2006 (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas)........................................................ 26
Lei nº 9.605/1998 e suas alterações (Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente): Capítulos III e V.............. 27
Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (tráfico de pessoas).................................................... 29
Presidência da República;
LEI Nº 10.826/2003 E SUAS ALTERAÇÕES (ES- • Integrantes dos órgãos policiais;
TATUTO DO DESARMAMENTO) • Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guar-
das prisionais, os integrantes das escoltas de pre-
SISTEMA NACIONAL DE ARMAS sos e as guardas portuárias;
• Empresas de segurança privada e de transporte de
O Sistema Nacional de Armas (SINARM) é responsá- valores;
vel pelo cadastro de armas e respectivas autorizações, é • Integrantes das entidades de desporto, cujas ati-
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia vidades esportivas demandem o uso de armas de
Federal. O SINARM é responsável, também, por informar fogo;
às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do • Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita
Distrito Federal os registros e autorizações de porte de Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho,
armas de fogo. Todavia, não tem competência em rela- cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
ção às armas das Forças Armadas. • Tribunais do Poder Judiciário e Ministérios Públi-
O registro da arma de fogo é obrigatório, quando a cos, para uso exclusivo de servidores de seus qua-
arma é de uso restrito quem registra é o Comando do dros pessoais que efetivamente estejam no exercí-
Exército. Alguns dos requisitos para adquirir uma arma cio de funções de segurança.
de fogo de uso permitido são: possuir mais de 25 anos • Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 anos
de idade; comprovação de idoneidade por meio de cer- que comprovem depender do emprego de arma
tidões negativas; comprovação de ocupação lícita e resi- de fogo para prover sua subsistência alimentar fa-
dência certa; capacidade técnica e de aptidão psicológica miliar será concedido pela Polícia Federal o porte
para o manuseio de arma (salvo quem já tem o porte). de arma de fogo, na categoria caçador para sub-
O SINARM expedirá autorização de compra de arma de sistência.
fogo (personalíssima) após atendidos tais requisitos. A
renovação ocorre a cada 3 anos.
A empresa que comercializa arma de fogo em ter-
#FicaDica
ritório nacional é obrigada a comunicar a venda à au- O caçador para subsistência que der outro
toridade competente e responde legalmente por essas uso à arma responderá por porte ilegal ou
mercadorias. Para a comercialização entre pessoas físicas disparo de arma de fogo de uso permitido.
é necessário autorização do SINARM.
O certificado de Registro de Arma de Fogo dá direi-
to à posse da arma, isto é, autoriza o seu proprietário a A autorização para o porte de arma de fogo de uso
manter a arma de fogo no interior de sua residência ou permitido é de competência da Polícia Federal e somente
domicílio, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que será concedida após autorização do SINARM. Compete
seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabeleci- ao Ministério da Justiça a autorização do porte de arma
mento ou empresa. para os responsáveis pela segurança de cidadãos estran-
O certificado de registro de arma de fogo será expe- geiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do
dido pela Polícia Federal, precedido de autorização do Exército o registro e a concessão de porte de trânsito de
SINARM. arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçado-
res e de representantes estrangeiros em competição in-
ternacional oficial de tiro realizada no território nacional.
FIQUE ATENTO! A autorização para o porte de arma de fogo de uso
Aos residentes em área rural considera-se permitido poderá ser concedida com eficácia temporária
residência ou domicílio toda a extensão do e territorial limitada. Todavia, perderá automaticamente
respectivo imóvel rural. sua eficácia caso o portador dela seja detido ou aborda-
do em estado de embriaguez ou sob efeito de substân-
cias químicas ou alucinógenas.
O PORTE
Quem possui direito ao porte de arma são:
CRIMES
• Integrantes das Forças Armadas;
Posse Irregular de Arma de Fogo de Uso Permitido
• Integrantes da Força Nacional de Segurança Públi-
ca;
Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo,
• Integrantes das guardas municipais das capitais
acessório ou munição, de USO PERMITIDO, em desacor-
dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

do com determinação legal ou regulamentar, no interior


mil habitantes;
de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
• Integrantes das guardas municipais dos Municí-
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsá-
pios com mais de 50.000 mil e menos de 500.000
vel legal do estabelecimento ou empresa.
mil habitantes, quando em serviço;
A posse é “intra muros”, no interior da residência ou
• Agentes operacionais da Agência Brasileira de In-
local de trabalho.
teligência e os agentes do Departamento de Segu-
rança do Gabinete de Segurança Institucional da

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Omissão de Cautela explosivo.

Crime omissivo, quando deixa de impedir que menor Se as condutas envolverem arma de fogo de uso proi-
de 18 anos ou pessoa portadora de deficiência mental se bido, o crime será qualificado, isto é, a pena será maior.
apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou
que seja de sua propriedade. Comércio Ilegal de Arma de Fogo
A mesma pena é aplicada ao proprietário ou diretor
responsável de empresa de segurança e transporte de Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocul-
valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de tar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou muni- utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
ção que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessó-
depois de ocorrido o fato. rio ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar.
Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Permitido Novidade Legislativa: incorre na mesma pena quem
vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em de- sem autorização ou em desacordo com a determina-
pósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, ção legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado,
EMPRESTAR, remeter, empregar, manter sob guarda ou quando presentes elementos probatórios razoáveis de
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de USO conduta criminal preexistente.
PERMITIDO, sem autorização e em desacordo com de-
terminação legal ou regulamentar. Tráfico Internacional de Arma de Fogo
O porte é “extra muros”, fora da residência ou local
de trabalho. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do
território nacional, a qualquer título, de arma de fogo,
Disparo de Arma de Fogo acessório ou munição, sem autorização da autoridade
competente.
Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar Novidade legislativa: incorre na mesma pena quem
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
direção a ela, desde que essa conduta não tenha como em operação de importação, sem autorização da autori-
finalidade a prática de outro crime. dade competente, a agente policial disfarçado, quando
O disparo em local não habitado é atípico. presentes elementos probatórios razoáveis de conduta
criminal preexistente.
Posse ou Porte de Arma de Fogo de Uso Restrito

Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter FIQUE ATENTO!


em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamen- Nos crimes de comércio ilegal e tráfico in-
te, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ternacional a pena é aumentada da meta-
ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso de se a arma de fogo, acessório ou muni-
restrito, sem autorização e em desacordo com determi- ção forem de uso proibido ou restrito.
nação legal ou regulamentar. Nos crimes de porte ilegal, disparo, pos-
Incorre na mesma pena quem: se ou porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito, comércio ilegal e tráfico interna-
• suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer cional a pena é aumentada da metade se
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; é praticado por quem tem direito ao porte
• modificar as características de arma de fogo, de ou é reincidente ou é reincidente especí-
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de
uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar As armas de fogo apreendidas, após a elaboração do
ou de qualquer modo induzir a erro autoridade laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não mais
policial, perito ou juiz; interessarem à persecução penal serão encaminhadas
• possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex- pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo
plosivo ou incendiário, sem autorização ou em de- de até 48 horas, para destruição ou doação aos órgãos
sacordo com determinação legal ou regulamentar; de segurança pública ou às Forças Armadas.
• portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer As armas de fogo e munições apreendidas em de-
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arma de fogo com numeração, marca ou qualquer corrência do tráfico de drogas de abuso são perdidas
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou em favor da União e encaminhadas para o Comando do
adulterado; Exército. Essas armas devem ser, após perícia ou visto-
• vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- ria que atestem seu bom estado, destinadas com priori-
mente, arma de fogo, acessório, munição ou ex- dade para os órgãos de segurança pública e do sistema
plosivo a criança ou adolescente; e penitenciário da unidade da federação responsável pela
• produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização apreensão.
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou Multa é aplicada à empresa de transporte que permi-

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ta o transporte de arma ou munição sem a devida auto- 3. (SEAP-GO – AGENTE DE SEGURANÇA PRISIONAL
rização ou com inobservância das normas de segurança; – IADES – 2019) Em certo domingo, J. M. S., com vonta-
à empresa de produção ou comércio de armamentos de livre e consciente, sacou a própria arma, devidamen-
que realize publicidade para venda, estimulando o uso te registrada, e efetuou disparos de arma de fogo, por
indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações diversão, nas proximidades da feira permanente de sua
especializadas. cidade. A ação ocorreu por volta de 10 horas, exatamen-
Por fim, vale dizer que foi criado o Banco Nacional de te no momento em que J. M. S. passava de carro pela
Perfis Balísticos, para a coleta de dados sobre registros avenida central, em sentido à rodoviária. Nessa situação
balísticos e seu armazenamento. O objetivo é cadastrar hipotética, ele responderá por
informações que subsidiarão ações criminais, respeitado
o sigilo das informações. a) comércio ilegal de arma de fogo.
b) homicídio qualificado tentado.
c) disparo de arma de fogo em via pública.
EXERCÍCIOS COMENTADOS d) lesão corporal gravíssima tentada.
e) perigo para a vida ou para a saúde de outrem.
1. (PREFEITURA DE BOA VISTA-RR – GUARDA CI-
VIL MUNICIPAL – SELECON – 2020) Teotônio é pro- Resposta: Letra C. Nos termos do artigo 15 do Esta-
prietário rural, atuando em área de pequeno porte onde tuto do Desarmamento. Importante observar que este
habita com sua família e colhe para subsistência. E com crime será absorvido caso o agente tenha praticado
pequeno excesso de produção, atua vendendo os pro- ou desejava praticar outro crime.
dutos nas feiras próximas. Tendo em vista que não exis- Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
tem órgãos de segurança pública no distrito onde exerce lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
a agricultura, requer autorização para portar arma. Nos ou em direção a ela, desde que essa conduta NÃO te-
termos do estatuto do desarmamento, aos residentes em nha como finalidade a prática de outro crime.
áreas rurais, maiores de vinte e cinco anos, que compro-
vem depender do emprego de arma de fogo para prover
sua subsistência alimentar familiar será concedido pela LEI Nº 5.553/1968 (APRESENTAÇÃO E USO
Polícia Federal o porte de arma de fogo, comprovados os DE DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO PES-
requisitos legais, na categoria:
SOAL)
a) atirador amador
b) competidor eventual O objetivo desta lei é que nenhuma pessoa tenha seu
c) caçador para subsistência documento de identificação pessoal retido, consideran-
d) profissional de segurança do tal atitude ilícita. Ao ser exigida a apresentação de um
documento de identificação, quem fizer a exigência pre-
Resposta: Letra C. De acordo com o art. 6º, § 5o do cisa extrair, no prazo de até 5 dias, os dados que interes-
Estatuto do Desarmamento: Aos residentes em áreas sarem devolvendo em seguida o documento. Ademais,
rurais, maiores de 25 anos que comprovem depender por ordem judicial, o documento poderá ficar retido.
do emprego de arma de fogo para prover sua subsis-
tência alimentar familiar será concedido pela Polícia
Federal o porte de arma de fogo, na categoria caçador FIQUE ATENTO!
para subsistência. Quando o documento de identidade for
indispensável para a entrada de pessoa
em órgãos públicos ou particulares, serão
2. (PREFEITURA DE CAMPINAS-SP – GUARDA MUNI- seus dados anotados no ato e devolvido
CIPAL – VUNESP – 2019) Nos moldes da Lei Federal n° o documento imediatamente ao interes-
10.826/2003, a comercialização de armas de fogo, aces-
sórios e munições entre pessoas físicas somente será efe-
tivada mediante autorização Constitui contravenção penal, punida com prisão sim-
ples ou multa, a retenção do documento. Questiona-se
a) do Sinarm. quando a infração for praticada por preposto ou agente
b) da Polícia Militar. de pessoa jurídica quem é considerado o responsável?
c) da Polícia Federal. A resposta é quem ordenou o ato que ensejou a reten-
d) do Exército. ção, salvo em caso de desobediência ou inobservância
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e) da Guarda Municipal. de ordens/instruções, pois neste caso este último será o


infrator.
Resposta: Letra A. Conforme dispõe o artigo 4o, § 5o
do Estatuto do Desarmamento: § 5o A comercialização
de armas de fogo, acessórios e munições entre pesso-
as físicas somente será efetivada mediante autoriza-
ção do SINARM.

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LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO DE AUTO-
RIDADE
EXERCÍCIO COMENTADO
A Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, define
1. (TRE-PA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – SEGURANÇA os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agen-
JURIDICIÁRIA – FGV – 2011) Mévio de Miranda, advo- te público, servidor público ou não, que, no exercício de
gado, ao solicitar os autos do processo judicial que se suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do po-
encontrava em Vara de Justiça do Estado, envolvendo der que lhe tenha sido atribuído. O candidato que deseja
cliente seu, para fins de tirar fotocópias, teve o seu pleito ingressar em uma carreira de Polícia Civil deve conhecer
condicionado à apresentação e retenção de sua cartei- muito bem os limites de sua conduta, para que não co-
ra profissional enquanto estivesse na posse dos autos meta nenhum dos crimes previstos na referida Lei.
“como garantia”, conforme foi informado pelo funcioná- O § 1º do artigo 1º apresenta um caráter finalístico
rio que realizava o atendimento ao público. dos crimes de abuso de autoridade, que é essencial para
À luz da legislação pertinente, é correto afirmar que a sua configuração. As condutas descritas nesta Lei somen-
conduta do servidor público te constituem crime de abuso de autoridade quando pra-
ticadas pelo agente com a finalidade específica de preju-
a) não implica qualquer ilícito, tendo em vista a tutela do dicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
interesse público e os princípios da eficiência e mora- ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal.
lidade administrativa.
b) é ilícita, já que é desnecessário exigir a apresentação 1. Noções gerais dos crimes de abuso de autori-
de documento de identificação do advogado, que dade
deve ter assegurada a ampla liberdade do exercício
profissional. Nos termos do caput do artigo 2º, É sujeito ativo do
c) deve ser analisada com base no que dispõe o Regi- crime de abuso de autoridade qualquer agente público,
mento Interno do Tribunal de Justiça local, visto tratar- servidor ou não, da administração direta, indireta ou fun-
-se de assunto de natureza eminentemente interna. dacional de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
d) a exigência contraria o disposto na legislação especí- dos, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território,
fica, pois, ainda que o documento de identidade seja compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores
indispensável para o atendimento à demanda do ad- públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II -
vogado, a lei prescreve que, para o caso em tela, os membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder
dados do interessado devem ser colhidos e anotados Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - mem-
no ato, sendo devolvido o documento imediatamente bros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais
ao profissional. ou conselhos de contas.
e) é lícita, visto que, para a realização do ato pretendi- Observe que a gama de sujeitos ativos é bastante
do, a apresentação de documento de identificação é ampla, uma vez que deve abranger todos os agentes pú-
imprescindível, gozando a administração do prazo de blicos. Reputa-se agente público, para os efeitos desta
até 5 (cinco) dias para a obtenção dos dados de seu Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
interesse, devolvendo em seguida o documento a Mé- ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designa-
vio de Miranda. ção, contratação ou qualquer outra forma de investidu-
ra ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em
Resposta: Letra D. Conforme dispõe o artigo 2o, § 2o órgão ou entidade abrangidos pelo caput do artigo 2º.
da Lei. 5.553/1968: De modo geral, pode-se afirmar que todos aqueles que
§ 2º - Quando o documento de identidade for indis- exercem uma função de relevante interesse público estão
pensável para a entrada de pessoa em órgãos públi- sujeitos as penas dessa Lei.
cos ou particulares, serão seus dados anotados no ato Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal públi-
e devolvido o documento imediatamente ao interes- ca incondicionada (art. 3º). É a ação penal de competên-
sado. cia do Ministério Público, que se inicia mediante denún-
cia, sem a obrigatoriedade de representação da vítima.
LEI Nº 4.898/1965 (DIREITO DE REPRESEN- Será admitida ação privada se a ação penal pública
TAÇÃO E PROCESSO DE RESPONSABILIDA- não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
DE ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL, NOS Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia
CASOS DE ABUSO DE AUTORIDADE). substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ação como parte principal. O prazo da ação penal privada


Prezado Candidato, A Referida Lei Foi Revogada subsidiária será de 6 (seis) meses, contados da data em
Pela Lei 13.869, De 05 De Setembro De 2019. Assim que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
Sendo, Segue Lei Atualizada. São efeitos da condenação, na forma do artigo 4º: I
- tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado
pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendi-
do, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os prejuízos

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por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de car- porária ou preventiva à autoridade judiciária que a
go, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a decretou; II - deixa de comunicar, imediatamente,
5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en-
função pública. contra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
As penas restritivas de direitos, a ser aplicadas em III deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vin-
substituição das penas privativas de liberdade, estão dis- te e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela
postas no artigo 5º. São elas: I - prestação de serviços à autoridade, com o motivo da prisão e os nomes
comunidade ou a entidades públicas; II - suspensão do do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a
exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo execução de pena privativa de liberdade, de prisão
de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos temporária, de prisão preventiva, de medida de se-
e das vantagens. As penas poderão ser aplicadas autôno- gurança ou de internação, deixando, sem motivo
ma ou cumulativamente. justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de
O artigo 6º apresenta a denominada responsabilida- soltura imediatamente após recebido ou de pro-
de tríplice dos agentes públicos. As penas previstas nesta mover a soltura do preso quando esgotado o pra-
Lei, de natureza penal, serão aplicadas independente- zo judicial ou legal.
mente das sanções de natureza civil ou administrativa
cabíveis. Tais esferas não se comunicam entre si, salvo no D) Tratamento desumano de preso (artigo 13)
caso do artigo 7º, não se podendo mais questionar sobre
a existência ou a autoria do fato quando essas questões • Conduta tipificada: Constranger o preso ou o de-
tenham sido decididas no juízo criminal. tento, mediante violência, grave ameaça ou redu-
ção de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se
2. Dos crimes e das penas ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosi-
dade pública; II - submeter-se a situação vexatória
Vamos analisar os crimes considerados como abuso ou a constrangimento não autorizado em lei; III -
de autoridade. É um rol bastante vasto e, por isso, vamos produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro.
enfocar apenas nos crimes mais relevantes para os car- • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
gos da Polícia Civil. ta, sem prejuízo da pena cominada à violência.

A) Prisão ilegal (artigo 9º) E) Depoimento sob ameaça (artigo 15)

conduta tipificada: Decretar medida de privação da • Conduta tipificada: Constranger a depor, sob ame-
liberdade em manifesta desconformidade com as hipó- aça de prisão, pessoa que, em razão de função, mi-
teses legais: nistério, ofício ou profissão, deva guardar segredo
Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- ou resguardar sigilo.
ta. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, • Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão ta.
manifestamente ilegal; II - substituir a prisão preventiva • Incorre na mesma pena quem prossegue com o in-
por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade terrogatório: I - de pessoa que tenha decidido
provisória, quando manifestamente cabível; III - deferir exercer o direito ao silêncio; ou II - de pessoa que
liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifesta- tenha optado por ser assistida por advogado ou
mente cabível.’ defensor público, sem a presença de seu patrono.

B) Condução coercitiva ilegal (artigo 10) F) Impedimento de contatar advogado do preso


(artigo 20)
• conduta tipificada: Decretar a condução coerciti- •
va de testemunha ou investigado manifestamente • Conduta tipificada: Impedir, sem justa causa, a en-
descabida ou sem prévia intimação de compareci- trevista pessoal e reservada do preso com seu ad-
mento ao juízo. vogado:
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- • Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
ta. e multa.
• Incorre na mesma pena quem impede o preso, o
C) Não comunicação de prisão em flagrante (ar- réu solto ou o investigado de entrevistar-se pesso-
tigo 12) al e reservadamente com seu advogado ou defen-
sor, por prazo razoável, antes de audiência judicial,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

• conduta tipificada: Deixar injustificadamente de e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se
comunicar prisão em flagrante à autoridade judi- durante a audiência, salvo no curso de interroga-
ciária no prazo legal. Pela expressão “deixar de”, tório ou no caso de audiência realizada por vide-
depreende-se que é uma conduta omissiva. oconferência.
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
• Incorre na mesma pena quem: I - deixa de comu-
nicar, imediatamente, a execução de prisão tem-

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G) Crime do artigo 21 Resposta: Errado. Segundo o artigo 100, inciso XIII, da
LODF, cabe ao Governador do Distrito Federal tanto
• Conduta tipificada: Manter presos de ambos os nomear como também destituir o Procurador-Geral
sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: do Distrito Federal, na forma da lei.
• Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul-
ta. 2. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul-
• Incorre na mesma pena quem mantém, na mes- gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos
ma cela, criança ou adolescente na companhia de funcionários policiais civis da União e do DF.
maior de idade ou em ambiente inadequado, ob-
servado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho Se um agente de polícia for eleito deputado estadual, du-
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). rante o exercício do mandato eletivo, ele somente poderá ser
• promovido por antiguidade.
H) Crime do artigo 28
(  ) CERTO   (  ) ERRADO
• Conduta tipificada: Divulgar gravação ou trecho de
gravação sem relação com a prova que se preten- Resposta: Certo. O artigo 41 do Decreto nº
da produzir, expondo a intimidade ou a vida priva- 59.310/1966, Somente por antigüidade poderá ser
da ou ferindo a honra ou a imagem do investigado promovido: I - O funcionário em exercício de mandato
ou acusado: eletivo federal, estadual ou municipal; II - O funcioná-
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e rio licenciado para acompanhar o cônjuge, funcioná-
multa. rio civil ou militar, mandado servir em outro ponto do
território nacional ou no exterior; III - O funcionário
I) Crime do artigo 30 licenciado para trato de interesse particulares.

• conduta tipificada: Dar início ou proceder à perse- 3. (PC-DF – AGENTE DE POLÍCIA – CESPE – 2013) Jul-
cução penal, civil ou administrativa sem justa causa gue o item subsecutivo, referente ao regime jurídico dos
fundamentada ou contra quem sabe inocente: funcionários policiais civis da União e do DF.
• Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa. Se um indivíduo, admitido por concurso público na carreira
de agente da PCDF, requerer, após um ano de efetivo exercício,
J) Crime do artigo 32 licença para tratar de interesses particulares, o requerimento
deverá ser indeferido de imediato, ainda que a concessão da
• Conduta tipificada: Negar ao interessado, seu de- licença não se mostre inconveniente ao interesse do serviço.
fensor ou advogado acesso aos autos de investi-
gação preliminar, ao termo circunstanciado, ao (  ) CERTO   (  ) ERRADO
inquérito ou a qualquer outro procedimento inves-
tigatório de infração penal, civil ou administrativa, Resposta: Certo. Nos termos do artigo 227 do Decreto nº
assim como impedir a obtenção de cópias, ressal- 59.310/1966, Depois de dois (2) anos de efetivo exercício em
vado o acesso a peças relativas a diligências em cargo de natureza policial, o funcionário poderá obter licen-
curso, ou que indiquem a realização de diligências ça sem vencimento, para tratar de interesses particulares.
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
• Pena: detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
LEI Nº 9.455/1997 (DEFINIÇÃO DOS CRI-
Como já explanamos, a lei de abuso de autoridade MES DE TORTURA)
apresenta diversas hipóteses de condutas tipificadas como
crimes. Procuramos apenas traçar as linhas gerais dos cri-
mes que podem ocorrer com maior frequência com os LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.
agentes de Polícia Civil. Mas uma leitura do texto legal, na
sua íntegra, é sempre recomendado. Define os crimes de tortura e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres-


EXERCÍCIOS COMENTADOS so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou gra-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

1. (PG-DF – PROCURADOR – CESPE – 2013) Julgue os


itens subsequentes, a respeito das funções essenciais à ve ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
justiça no DF, com base na disciplina constitucional e le- a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
gal. Compete ao governador distrital nomear o procurador- fissão da vítima ou de terceira pessoa;
-geral do DF, cuja destituição cabe exclusivamente à CLDF. b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
nosa;
(  ) CERTO   (  ) ERRADO c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-

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ridade, com emprego de violência ou grave ameaça, alimentação, à educação, ao lazer, à profissionaliza-
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preven- convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
tivo. a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
Pena - reclusão, de dois a oito anos. exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não admitida a participação de entidades não governa-
previsto em lei ou não resultante de medida legal. mentais, mediante políticas específicas e obedecendo
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, aos seguintes preceitos: 
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incor- I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti-
re na pena de detenção de um a quatro anos. nados à saúde na assistência materno-infantil;
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou II - criação de programas de prevenção e atendimen-
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; to especializado para as pessoas portadoras de defi-
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. ciência física, sensorial ou mental, bem como de inte-
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: gração social do adolescente e do jovem portador de
I - se o crime é cometido por agente público; deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, de- e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
ficiente e adolescente; serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos ar-
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, quitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos
(sessenta) anos; ‘(Redação dada pela Lei nº logradouros e dos edifícios de uso público e de fa-
10.741, de 2003) bricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
III - se o crime é cometido mediante seqüestro. garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, fun- deficiência.
ção ou emprego público e a interdição para seu exer- § 3º O direito a proteção especial abrangerá os se-
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada. guintes aspectos:
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao
graça ou anistia. trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e
regime fechado. jovem à escola; 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o buição de ato infracional, igualdade na relação pro-
crime não tenha sido cometido em território nacional, cessual e defesa técnica por profissional habilitado,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente segundo dispuser a legislação tutelar específica;
em local sob jurisdição brasileira. V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
cação. medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da
julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança
ou adolescente órfão ou abandonado;
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e VII - programas de prevenção e atendimento especia-
109º da República. lizado à criança, ao adolescente e ao jovem dependen-
te de entorpecentes e drogas afins.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
Nelson A. Jobim exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
LEI Nº 8.069/1990 E SUAS ALTERAÇÕES (ES-
sua efetivação por parte de estrangeiros.
TATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE): § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamen-
TÍTULO II, CAPÍTULOS I E II, TÍTULO III, CA- to, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualifi-
PÍTULO II, SEÇÃO III, TÍTULO V E TÍTULO VII.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

cações, proibidas quaisquer designações discriminató-


rias relativas à filiação.
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS E DISCIPLINA § 7º No atendimento dos direitos da criança e do ado-
CONSTITUCIONAL lescente levar-se-á em consideração o disposto no art.
2041.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Esta- 1 Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social
do assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com base

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§ 8º A lei estabelecerá:  da Constituição anterior e do até então vigente Código
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- Civil de 1916 consta no artigo 227, § 6º, CF: “os filhos,
reitos dos jovens;  havidos ou não da relação do casamento, ou por ado-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, ção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibi-
visando à articulação das várias esferas do poder pú- das quaisquer designações discriminatórias relativas à
blico para a execução de políticas públicas.  filiação”.
Quando o artigo 227 dispõe no § 7º que “no atendi-
No caput do artigo 227, CF se encontra uma das prin- mento dos direitos da criança e do adolescente levar-se-á
cipais diretrizes do direito da criança e do adolescente em consideração o disposto no art. 204” tem em vista a
que é o princípio da prioridade absoluta. Significa que adoção de práticas de assistência social, com recursos da
cada criança e adolescente deve receber tratamento es- seguridade social, em prol da criança e do adolescente.
pecial do Estado e ser priorizado em suas políticas públi- Por seu turno, o artigo 227, § 8º, CF, preconiza: “A
cas, pois são o futuro do país e as bases de construção lei estabelecerá: I - o estatuto da juventude, destinado
da sociedade. a regular os direitos dos jovens; II - o plano nacional de
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 dispõe sobre juventude, de duração decenal, visando à articulação
o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras pro- das várias esferas do poder público para a execução de
vidências, seguindo em seus dispositivos a ideologia do políticas públicas”. A Lei nº 12.852, de 5 de agosto de
princípio da absoluta prioridade. 2013, institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os
No §1º do artigo 227 aborda-se a questão da assis- direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas
tência à saúde da criança e do adolescente. Do inciso I públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude
se depreende a intrínseca relação entre a proteção da - SINAJUVE. Mais informações sobre a Política menciona-
criança e do adolescente com a proteção da maternidade da no inciso II e sobre a Secretaria e o Conselho Nacional
e da infância, mencionada no artigo 6º, CF. Já do inciso de Juventude que direcionam a implementação dela po-
II se depreende a proteção de outro grupo vulnerável, dem ser obtidas na rede2.
que é a pessoa portadora de deficiência, valendo lembrar Aprofundando o tema, a cabeça do art. 227, da Lei
que o Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que Fundamental, preconiza ser dever da família, da socieda-
promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos de e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultati- jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
vo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
foi promulgado após aprovação no Congresso Nacional à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-
nos moldes da Emenda Constitucional nº 45/2004, tendo vência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
força de norma constitucional e não de lei ordinária. A de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
preocupação com o direito da pessoa portadora de de- violência, crueldade e opressão.
ficiência se estende ao §2º do artigo 227, CF: “a lei dis- A leitura do art. 227, caput, da Constituição Federal
porá sobre normas de construção dos logradouros e dos permite concluir que se adotou, neste país, a chamada
edifícios de uso público e de fabricação de veículos de “Doutrina da Proteção Integral da Criança”, ao lhe asse-
transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às gurar a absoluta prioridade em políticas públicas, medi-
pessoas portadoras de deficiência”. das sociais, decisões judiciais, respeito aos direitos hu-
A proteção especial que decorre do princípio da prio- manos, e observância da dignidade da pessoa humana.
ridade absoluta está prevista no §3º do artigo 227. Li- Neste sentido, o parágrafo único, do art. 5º, do “Estatuto
ga-se, ainda, à proteção especial, a previsão do §4º do da Criança e do Adolescente”, prevê que a garantia de
artigo 227: “A lei punirá severamente o abuso, a violência prioridade compreende a primazia de receber proteção
e a exploração sexual da criança e do adolescente”. e socorro em quaisquer circunstâncias (alínea “a”), a pre-
Tendo em vista o direito de toda criança e adolescen- cedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
te de ser criado no seio de uma família, o §5º do artigo levância pública (alínea “b”), a preferência na formulação
227 da Constituição prevê que “a adoção será assistida e na execução das políticas sociais públicas (alínea “c”), e
pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá ca- a destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas
sos e condições de sua efetivação por parte de estran- relacionadas com a proteção à infância e à juventude (alí-
geiros”. Neste sentido, a Lei nº 12.010, de 3 de agosto de nea “d”).
2009, dispõe sobre a adoção. Ademais, a proteção à criança, ao adolescente e ao
A igualdade entre os filhos, quebrando o paradigma jovem representa incumbência atribuída não só ao Es-
nas seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrati- tado, mas também à família e à sociedade. Sendo assim,
va, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e há se prestar bastante atenção nas provas de concurso,
a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas tendo em vista que só se costuma colocar o Estado como
estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de as-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

observador da “Doutrina da Proteção Integral”, sendo


sistência social; II - participação da população, por meio de orga-
nizações representativas, na formulação das políticas e no controle
que isso também compete à família e à sociedade.
das ações em todos os níveis. Parágrafo único. É facultado aos Esta- Nesta frequência, o direito à proteção especial abran-
dos e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e gerá os seguintes aspectos (art. 227, §3º, CF):
promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tribu- - A idade mínima de dezesseis anos para admissão ao
tária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: trabalho, salvo a partir dos quatorze anos, na condição
I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; de aprendiz (inciso I de acordo com o art. 7º, XXXIII, CF,
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos
investimentos ou ações apoiados. 2 http://www.juventude.gov.br/politica

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pós-alteração promovida pela Emenda Constitucional nº concentravam para si o pátrio poder, isto é, o poder do
20/98); pai. Devido ao pátrio poder, o pai de família concen-
A garantia de direitos previdenciários e trabalhistas trava em suas mãos plena possibilidade de gerir a vida
(inciso II); das crianças e adolescentes e estes não tinham nenhu-
A garantia de acesso ao trabalhador adolescente e jo- ma possibilidade de participar destas decisões. Na Idade
vem à escola (inciso III); Média se manteve o sistema do “pátrio poder”. As crian-
A garantia de pleno e formal conhecimento da atri- ças eram submetidas ao absoluto poder do pai e seus
buição do ato infracional, igualdade na relação proces- destinos seguiam a mesma sorte.
sual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo A partir da Idade Moderna, com o Renascimento e o
dispuser a legislação tutelar específica (inciso IV); Iluminismo, as crianças e os adolescentes saíram ligei-
A obediência aos princípios de brevidade, excepcio- ramente da margem social. A moral da época passa a
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de- impor aos pais o dever de educar seus filhos. Entretanto,
senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida a educação costumava ser oferecida apenas aos homens.
privativa de liberdade (inciso V); Aqueles que possuíam melhores condições enviavam
O estímulo do Poder Público, através de assistência seus filhos para estudarem nas universidades que co-
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, meçavam a despontar na Europa, aqueles que possuíam
ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou condições piores ao menos passavam a ensinar seus ofí-
adolescente órfão ou abandonado (inciso VI); cios a estes jovens. Já as meninas permaneciam margina-
Programas de prevenção e atendimento especializa- lizadas das atividades educacionais e profissionalizantes,
do à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de apenas lhes era ensinado como desempenhar atividades
entorpecentes e drogas afins (inciso VII). domésticas.
Prosseguindo, o parágrafo sexto, do art. 227, da Desde o final da Revolução Francesa e, com destaque,
Constituição, garante o “Princípio da Igualdade entre os a partir da Revolução Industrial, que alterou substancial-
Filhos”, ao dispor que os filhos, havidos ou não da relação mente os modos e métodos de produção, a criança e
do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos o adolescente passam a ocupar papel central na socie-
e qualificações, proibidas quaisquer designações discri- dade, desempenhando atividades trabalhistas de caráter
minatórias relativas à filiação. equivalente a dos adultos. Foram vítimas de inúmeros
Assim, com a Constituição Federal, os filhos não têm acidentes de trabalho, morriam em meio à insalubridade
mais “valor” para efeito de direitos alimentícios e suces- das fábricas, então movidas predominantemente a car-
sórios. Não se pode falar em um filho receber metade vão. Foi apenas com a emergência da Organização Inter-
da parte que originalmente lhe cabia por ser “bastardo”, nacional do Trabalho – OIT, em 1919, que aos poucos se
enquanto aquele fruto da sociedade conjugal receber a consolidou uma consciência a respeito da necessidade de
quantia integral. Aliás, nem mesmo a expressão “filho se limitar a participação das crianças e adolescentes no
bastardo” pode mais ser utilizada, por representar uma espaço de trabalho. Este foi o estopim para o reconheci-
forma de discriminação designatória. mento da condição especial da criança e do adolescente.
Também, o art. 229 traz uma “via de mão dupla” entre Internacionalmente, a proteção efetiva da criança e
pais e filhos, isto é, os pais têm o dever de assistir, criar do adolescente começa a tomar corpo com o reconhe-
e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o cimento internacional dos direitos humanos e a funda-
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ção da UNICEF. A UNICEF, inicialmente conhecida como
ou enfermidade. Tal dispositivo, inclusive, permite que os Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas
filhos peçam alimentos aos pais, e que os pais peçam para as Crianças, foi criada em dezembro de 1946 para
alimentos aos filhos. ajudar as crianças da Europa vítimas da II Guerra Mun-
Por fim, há se mencionar o acrescentado parágrafo dial. No início da década de 50 o seu mandato foi alar-
oitavo (pela Emenda Constitucional nº 65/2010), ao art. gado para responder às necessidades das crianças e das
227, da Constituição Federal, segundo o qual a lei es- mães nos países em desenvolvimento. Em 1953, torna-se
tabelecerá o estatuto da juventude, destinado a regular uma agência permanente das Nações Unidas, e passa a
os direitos dos jovens (inciso I), e o plano nacional de ocupar-se especialmente das crianças dos países mais
juventude, de duração decenal, visando à articulação das pobres da África, Ásia, América Latina e Médio Oriente.
várias esferas do poder público para a execução de polí- Passa então a designar-se Fundo das Nações Unidas para
ticas públicas (inciso II). Nada obstante a exigência cons- a Infância, mas mantém a sigla que a tornara conhecida
titucional desde 2010, somente bem recentemente o Es- em todo o mundo – UNICEF. Desde então, sobrevieram
tatuto da Juventude foi aprovado (Lei nº 12.852/2013), no âmbito das Nações Unidas documentos bastante re-
como visto acima, carecendo, ainda, o Plano Nacional de levantes sobre a condição jurídica peculiar da criança, já
Juventude de maior regulamentação infraconstitucional. estudados neste material.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

No Brasil, no final do século XIX e início do século XX,


Evolução histórica foi instituído no Rio de Janeiro o Instituto de Proteção e
Assistência à Infância, primeiro estabelecimento público
Na Grécia antiga, a criança era colocada numa po- nacional de atendimento a crianças e adolescentes. Em
sição de inferioridade, tida como um ser irracional, sem seguida, veio a Lei nº 4.242/1921, que autorizou o go-
capacidade de tomar qualquer tipo de decisão. Trata-se verno a organizar o Serviço de Assistência e Proteção à
de marco da cultura grega, que enxergava apenas pou- Infância Abandonada e Dellinquente. Em 1927 foi apro-
cos homens de posses como cidadãos. Estes homens vado o primeiro Código de Menores. Em 1941, durante

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o governo Vargas, foi criado o Serviço de Assistência ao Princípios
Menor, cujo fim era dar tratamento penal teoricamen-
te diferenciado aos menores (na prática, eram tratados Não se pode olvidar que os princípios sempre de-
como criminosos comuns). Em 1964 surge a Política Na- sempenharam um importante papel social, mas foi so-
cional do Bem-estar do Menor (Lei nº 4.513/1964), que mente na atual dogmática jurídica que eles adquiriram
criou a FUNABEM. Surge novo Código de Menores em normatividade. Hoje em dia, os princípios servem para
1979 (Lei nº 6.697), cujo objeto era a proteção e vigilân- condensar valores, dar unidade ao sistema e condicio-
cia de crianças e adolescentes em situação irregular. Na nar a atividade do intérprete. Os princípios são normas
década de 80 começa um movimento de reelaboração jurídicas, não meros conteúdos axiológicos, aceitando
da concepção de infância e juventude. O destaque re- aplicação autônoma5.
percute na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto Em resumo, a teoria dos princípios chega à presente
da Criança e do Adolescente de 1990, que revogou o fase do Pós-positivismo com os seguintes resultados já
Código de Menores e substituiu a doutrina da situação consolidados: a passagem dos princípios da especulação
irregular pela doutrina da proteção integral3. metafísica e abstrata para o campo concreto e positivo
do Direito, com baixíssimo teor de densidade normati-
Relações jurídicas no direito da criança e do va; a transição crucial da ordem jusprivatista (sua antiga
adolescente inserção nos Códigos) para a órbita juspublicística (seu
ingresso nas Constituições); a suspensão da distinção
“As relações jurídicas são formas qualificadas de rela- clássica entre princípios e normas; o deslocamento dos
ções interpessoais, indicando, assim, a ligação entre pes- princípios da esfera da jusfilosofia para o domínio da
soas, em razão de algum objeto, devidamente regulada Ciência Jurídica; a proclamação de sua normatividade; a
pelo direito. Desta forma, o Direito da Criança e do Ado- perda de seu caráter de normas programáticas; o reco-
lescente, sob o aspecto objetivo e formal, representa a nhecimento definitivo de sua positividade e concretude
disciplina das relações jurídicas entre Crianças e Adoles- por obra sobretudo das Constituições; a distinção en-
centes, de um lado, e de outro, a família, a comunidade, tre regras e princípios, como espécies diversificadas do
a sociedade e o próprio Estado. [...] Percebemos que a gênero norma, e, finalmente, por expressão máxima de
intenção dos doutrinadores e do próprio legislador foi, todo esse desdobramento doutrinário, o mais significa-
sempre, criar uma doutrina da proteção integral não so- tivo de seus efeitos: a total hegemonia e preeminência
mente para a Criança, como, ainda, para o Adolescente, dos princípios6.
ambos ainda em desenvolvimento, posto que, somente
com o término da adolescência é que o menor comple- No campo do direito da criança e do adolescente, al-
tará o processo de aquisição de mecanismos mentais re- guns princípios assumem destaque, entre eles:
lacionados ao pensamento, percepção, reconhecimento,
classificação etc. [...] Com isso, o Estatuto da Criança e do a) Princípio da prioridade absoluta: previsto nos
Adolescente, sabiamente, se preocupou em envolver não artigos 227, CF e 4º, ECA preconiza que é dever
somente a família, mas, ainda, a comunidade, a socie- de todos – Estado, sociedade, comunidade e fa-
dade e o próprio Estado, para que todos, em conjunto, mília – assegurar com absoluta prioridade direitos
exerçam seus direitos e deveres sem oprimir aqueles que, fundamentais às crianças e adolescentes. Por isso,
em condição inferior, viviam a mercê da sociedade. Mas, estabelece-se com primazia a adoção de políticas
qual a razão dessa inclusão tão abrangente? Pois bem, públicas, a destinação de recursos e a prestação de
a intenção do Estatuto da Criança e do Adolescente foi serviços essenciais àqueles que se encontram na
conferir ao menor, de forma integral, todas as condições faixa etária inferior a 18 anos.
para que o mesmo possa desenvolver-se plenamente, b) Princípio da proteção integral: previsto no arti-
evitando-se, com isso, que haja alguma deficiência em go 1º, ECA estabelece que a proteção da criança e
sua formação. Desta forma, a melhor solução apresen- do adolescente não pode se restringir às situações
tada pelo legislador foi incluir todos os segmentos da de irregularidade, o que teria um caráter estigma-
sociedade, para que ninguém ficasse isento de qualquer tizante, mas deve abranger todas as situações de
responsabilidade, uma vez que a doutrina da proteção vida pelas quais passa a criança e o adolescente,
integral apresentada pelo Estatuto da Criança e do Ado- mesmo as regulares. Neste sentido, ao se assegu-
lescente exige a participação de todos, sem qualquer ex- rar direitos na regularidade, evita-se que a criança
ceção”4. Com efeito, o objeto formal do direito da criança e o adolescente caiam em irregularidade.
e do adolescente é a proteção jurídica especial da criança c) Princípio da dignidade da pessoa humana: A
e do adolescente. Já o objeto material é a própria criança dignidade da pessoa humana é o valor-base de
ou adolescente. interpretação de qualquer sistema jurídico, in-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ternacional ou nacional, que possa se considerar


compatível com os valores éticos, notadamente da
3 DEZEM, Guilherme Madeira; AGUIRRE, João Ricardo Brandão; moral, da justiça e da democracia. Pensar em dig-
FULLER, Paulo Henrique Aranda. Estatuto da Criança e do Adoles- nidade da pessoa humana significa, acima de tudo,
cente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. (Coleção Elementos colocar a pessoa humana como centro e norte
do Direito)
4 MENDES, Moacyr Pereira. As relações jurídicas decorrentes do Es- 5  Ibid., p.327.
tatuto da Criança e do Adolescente. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 6  BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. ed. São
XII, n. 70, nov. 2009. Paulo: Malheiros, 2011, p. 294.

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para qualquer processo de interpretação jurídico, humanista guia a afirmação de todos os direitos funda-
seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação. mentais e confere a eles posição hierárquica superior às
Sem pretender estabelecer uma definição fechada ou normas organizacionais do Estado, de modo que é o Es-
plena, é possível conceituar dignidade da pessoa huma- tado que está para o povo, devendo garantir a dignidade
na como o principal valor do ordenamento ético e, por de seus membros, e não o inverso.
consequência, jurídico que pretende colocar a pessoa
humana como um sujeito pleno de direitos e obrigações d) Princípio da participação popular: previsto no
na ordem internacional e nacional, cujo desrespeito acar- artigo 227, §§ 3º e 7º e no artigo 204, II, CF, assegu-
reta a própria exclusão de sua personalidade. ra a participação popular, através de organizações
Aponta Barroso7: “o princípio da dignidade da pessoa representativas, na elaboração de políticas públi-
humana identifica um espaço de integridade moral a ser cas direcionadas à infância e à juventude.
assegurado a todas as pessoas por sua só existência no e) Princípio da excepcionalidade: previsto no artigo
mundo. É um respeito à criação, independente da crença 227, §3º, V, CF assegura que quando da imposi-
que se professe quanto à sua origem. A dignidade re- ção de medida privativa de liberdade esta não será
laciona-se tanto com a liberdade e valores do espírito imposta a não ser que se trate de um caso excep-
como com as condições materiais de subsistência”. cional, em que nenhuma outra medida sócio-edu-
O Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, cativa possa ser utilizada.
do Tribunal Superior do Trabalho, trouxe interessante f) Princípio da brevidade: previsto no artigo 227,
conceito numa das decisões que relatou: “a dignidade §3º, V, CF assegura que quando da aplicação de
consiste na percepção intrínseca de cada ser humano a medida privativa de liberdade esta não se esten-
respeito dos direitos e obrigações, de modo a assegurar, derá no tempo, devendo ser a mais breve possível,
sob o foco de condições existenciais mínimas, a partici- perdurando apenas pelo prazo necessário para a
pação saudável e ativa nos destinos escolhidos, sem que ressocialização do adolescente. No caso, o ECA
isso importe destilação dos valores soberanos da demo- limita a aplicação de medidas desta natureza ao
cracia e das liberdades individuais. O processo de valo- prazo máximo de 3 anos.
rização do indivíduo articula a promoção de escolhas, g) Princípio da condição peculiar da pessoa em
posturas e sonhos, sem olvidar que o espectro de abran- desenvolvimento: a criança e o adolescente es-
gência das liberdades individuais encontra limitação em tão em processo de formação e de transformação
outros direitos fundamentais, tais como a honra, a vida física e psíquica, logo, possuem uma condição pe-
privada, a intimidade, a imagem. Sobreleva registrar que culiar que deve ser respeitada quando da aplicação
essas garantias, associadas ao princípio da dignidade da da lei.
pessoa humana, subsistem como conquista da humani-
dade, razão pela qual auferiram proteção especial con- Autonomia da criança e do adolescente
sistente em indenização por dano moral decorrente de
sua violação”8. Coloca-se o trecho do trabalho de Cláudio Leone11 em
Para Reale9, a evolução histórica demonstra o domínio que reflete sobre a construção da autonomia do infante:
de um valor sobre o outro, ou seja, a existência de uma “Conceitualmente, a análise do respeito à autonomia
ordem gradativa entre os valores; mas existem os valores de uma criança ou de um adolescente só tem sentido se
fundamentais e os secundários, sendo que o valor fonte for conduzida a partir do conhecimento da evolução de
é o da pessoa humana. Nesse sentido, são os dizeres de suas competências nas diferentes idades. É de conheci-
Reale10: “partimos dessa ideia, a nosso ver básica, de que mento de todos que a criança nasce totalmente depen-
a pessoa humana é o valor-fonte de todos os valores. dente de cuidados alheios e que passa por um processo
O homem, como ser natural biopsíquico, é apenas um de desenvolvimento progressivo que a leva a alcançar a
indivíduo entre outros indivíduos, um ente animal entre completa independência na maturidade, o que, nas so-
os demais da mesma espécie. O homem, considerado na ciedades modernas, se situa por volta dos vinte anos de
sua objetividade espiritual, enquanto ser que só realiza idade.
no sentido de seu dever ser, é o que chamamos de pes- Entretanto, para que este processo de análise de sua
soa. Só o homem possui a dignidade originária de ser en- autonomia transcorra de maneira isenta, fundamental-
quanto deve ser, pondo-se essencialmente como razão mente centrado nas peculiaridades do desenvolvimento
determinante do processo histórico”. do ser humano, o primeiro ponto a ser considerado é a
Quando a Constituição Federal assegura a dignidade necessidade de abdicar de alguns conceitos preestabele-
da pessoa humana como um dos fundamentos da Repú- cidos, como é o caso da atitude paternalista. [...]
blica, faz emergir uma nova concepção de proteção de O segundo ponto a considerar neste percurso, em
cada membro do seu povo. Tal ideologia de forte fulcro geral decorrente do primeiro, é a própria legislação que,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

mesmo tendo o melhor dos intuitos, praticamente nivela


7  BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Consti-
tuição. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 382. todos os menores a uma mesma condição: a de incapaci-
8  BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de Revista n. dade, criando a necessidade de se ter figuras aptas a de-
259300-59.2007.5.02.0202. Relator: Alberto Luiz Bresciani de Fon- cidir e responder por eles, como se estas figuras fossem
tan Pereira. Brasília, 05 de setembro de 2012j1. Disponível em: www. sempre e inevitavelmente imbuídas das melhores inten-
tst.gov.br. Acesso em: 17 nov. 2012. ções em relação à criança e ao adolescente.
9  REALE, Miguel. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002, p. 228. 11  LEONE, Cláudio. A criança, o adolescente e a autonomia. Revis-
10  Ibid., p. 220. ta Bioética, v. 6, n. 1.

11
No entender de Kopelman, para que toda esta legis- já desde os primeiros anos de vida em que etapa a crian-
lação fosse realmente válida seria necessário definir me- ça se encontra ao longo do seu processo evolutivo, ten-
lhor, de maneira bem precisa, o que se entende por um tando diferenciar se se está diante de uma tomada de
padrão mínimo de benefício ou o que é ‘o melhor’ para decisão ditada apenas pelo receio do desconhecido, por
os interesses da criança ou do adolescente, de modo que um capricho ou vontade decorrente apenas de sua vi-
a definição não fique em aberto para a interpretação de são egocêntrica, natural em determinadas idades, ou se
quem detém o poder de decidir em nome deles. Além a mesma já é o resultado de uma reflexão mais amadu-
disso, estas definições deveriam estar em constante revi- recida. São estes extremos que dão a entender a ampla
são, para que não acabem sendo ultrapassadas, frente à gama de estágios de desenvolvimento, portanto de au-
evolução histórico-social dos fatos que geraram a neces- tonomia, que entre eles podem se apresentar. [...]
sidade de sua criação. Novamente, cabe enfatizar que o risco que se corre
Superados estes dois pontos, que apesar de poten- ao se utilizar definições bastante precisas como estas é o
cialmente limitantes do processo de discussão da auto- de acabar classificando um indivíduo de maneira dicotô-
nomia da criança e do adolescente não podem ser sim- mica, no caso específico da autonomia, como sendo ca-
plesmente ignorados, como se não existissem, chega-se paz ou incapaz, desistindo assim de uma possível análise
ao terceiro e mais importante: a interpretação do concei- de sua real capacidade.
to de autonomia à luz do momento de desenvolvimen- Consequentemente, a ausência de uma ou de mais
to em que uma determinada criança ou adolescente se das características anteriormente citadas não deve ser
encontra. utilizada para qualificar a criança ou o adolescente como
incapaz. Deve, isto sim, servir de embasamento para
Nesse sentido, diversas características do desenvolvi- que se possa tentar entender como suas decisões se
mento devem ser levadas em consideração: originaram.
Em face de situações específicas, individualizadas,
1. Trata-se de um processo que evolui continuamente como ocorre no dia-a-dia da prática pediátrica, esta é a
à medida que habilidades se aperfeiçoam, novas única forma que o profissional tem de realmente respei-
capacidades são adquiridas, novas vivências são tar a autonomia da criança ou do adolescente.
acumuladas e integradas e, portanto, passível de A interpretação adequada da legislação e o dimen-
rápidas e extremas mudanças no tempo; sionamento correto da decisão dos pais ou responsáveis
2. A aquisição das competências é progressiva, não se dependerão fundamentalmente deste tipo de análise da
dá saltos, como se se tratasse de compartimentos autonomia da criança ou adolescente. Deste modo, mes-
estanques, e segue sempre uma ordem preestabe- mo que resulte em situações de conflito entre as posi-
lecida, sendo, portanto, razoavelmente previsível; ções, servirá de embasamento para um trabalho, muitas
3. Os tempos e o ritmo em que o desenvolvimen- vezes exaustivo, de apresentação, de reflexão e de dis-
to se processa são muito individualizados, fa- cussão de argumentos e fatos, capaz de conduzir a uma
zendo com que dois indivíduos de uma mesma decisão amadurecida e o mais isenta possível, que, res-
idade possam estar em momentos diferentes de peitando a posição da criança ou do adolescente, poderá
desenvolvimento; efetivamente redundar em seu benefício.
4. No caso específico da inteligência, o desenvolvi- No leque das diferentes situações da prática pediátri-
mento é extremamente influenciável por fatores ca, que se estende desde o recém-nascido no limite de
extrínsecos ao indivíduo: as experiências, os estí- viabilidade ao qual se quer prestar cuidados intensivos
mulos, o ambiente, a educação, a cultura, etc., o de validade questionável naquelas circunstâncias, pas-
que também acaba por reforçar sua evolução ex- sando pelas pesquisas científicas que envolvem crianças
tremamente individualizada. e adolescentes, até a criança cujo pátrio poder pertence
a pais adolescentes, portanto autônomos nas decisões
Segundo Piaget, a capacidade de operar o pensa- que lhes dizem respeito, todas estas situações, onde nem
mento concreto estendendo-o à compreensão do outro sempre o real interesse que está em jogo é o da criança,
e às possíveis consequências de boa parte dos seus atos mas sim o dos responsáveis por ela, clarificam que não
se aperfeiçoa na idade escolar, entre os 6 e os 11 anos de há uma única resposta ou solução mágica, perfeita, para
vida. Este amadurecimento se completa na adolescência, a questão da autonomia da criança e do adolescente.
com a capacidade crescente de abstração que a criança Na realidade, o que deve existir é a construção con-
desenvolve nesta fase da existência. Como consequência, junta de uma verdade para aquele momento, amadure-
é possível admitir que é na segunda fase da adolescência, cida no crescimento e evolução de todos: juízes e legis-
em geral a partir dos 15 anos, que o indivíduo atingiria ladores, pais ou responsáveis, médicos e profissionais
as competências necessárias para o exercício de sua au- de saúde e, principalmente, a criança ou o adolescente,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tonomia, competências estas que necessitariam apenas como parte de um processo de interação franco, since-
serem lapidadas ao longo das vivências e de uma maior ro, isento e realmente participativo que de fato respeite
experiência de vida. a autonomia, qualquer que seja o nível de competência
Entretanto, isto não significa que a autonomia da que a criança ou o adolescente estejam apresentando
criança e do adolescente só possa (ou deva) ser respeita- para tal”.
da a partir desta fase.
Compete ao pediatra e aos demais profissionais de
saúde, utilizando suas competências profissionais, definir

12
Imputabilidade penal criança.
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento sau-
Art. 228, CF. São penalmente inimputáveis os meno- dável durante toda a gestação e a parto natural cui-
res de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação dadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
especial. outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos.
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa
O artigo 228, CF dispõe: “são penalmente inimputá- da gestante que não iniciar ou que abandonar as con-
veis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da sultas de pré-natal, bem como da puérpera que não
legislação especial”. Percebe-se que a normativa não está comparecer às consultas pós-parto.
no rol de cláusulas pétreas, razão pela qual seria possível § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestan-
uma emenda constitucional que alterasse a menoridade te e à mulher com filho na primeira infância que se
penal. Inclusive, há projetos de lei neste sentido. encontrem sob custódia em unidade de privação de
liberdade, ambiência que atenda às normas sanitá-
COMENTÁRIOS À LEI rias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o
acolhimento do filho, em articulação com o sistema
TÍTULO II de ensino competente, visando ao desenvolvimento
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS integral da criança.

CAPÍTULO I Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Pre-


DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE venção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada
anualmente na semana que incluir o dia 1º de feve-
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a prote- reiro, com o objetivo de disseminar informações so-
ção à vida e à saúde, mediante a efetivação de polí- bre medidas preventivas e educativas que contribuam
ticas sociais públicas que permitam o nascimento e para a redução da incidência da gravidez na adoles-
o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições cência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
dignas de existência.
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o dis-
aos programas e às políticas de saúde da mulher e posto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder
de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição público, em conjunto com organizações da socieda-
adequada, atenção humanizada à gravidez, ao par- de civil, e serão dirigidas prioritariamente ao público
to e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal adolescente.
e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Art. 9º O poder público, as instituições e os emprega-
Saúde. dores propiciarão condições adequadas ao aleitamen-
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por pro- to materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a
fissionais da atenção primária. medida privativa de liberdade.
§ 2º Os profissionais de saúde de referência da ges- § 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde
tante garantirão sua vinculação, no último trimestre desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou cole-
da gestação, ao estabelecimento em que será reali- tivas, visando ao planejamento, à implementação e à
zado o parto, garantido o direito de opção da mulher. avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao
§ 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado aleitamento materno e à alimentação complementar
assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nas- saudável, de forma contínua.
cidos alta hospitalar responsável e contrarreferência § 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva
na atenção primária, bem como o acesso a outros ser- neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
viços e a grupos de apoio à amamentação. unidade de coleta de leite humano.
§ 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistên-
cia psicológica à gestante e à mãe, no período pré e Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de
pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou mino- atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares,
rar as consequências do estado puerperal. são obrigados a:
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra-
ser prestada também a gestantes e mães que mani- vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito
festem interesse em entregar seus filhos para adoção, anos;
bem como a gestantes e mães que se encontrem em II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
situação de privação de liberdade. sua impressão plantar e digital e da impressão digital
§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

acompanhante de sua preferência durante o perío- pela autoridade administrativa competente;


do do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto III - proceder a exames visando ao diagnóstico e tera-
imediato. pêutica de anormalidades no metabolismo do recém-
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre alei- -nascido, bem como prestar orientação aos pais;
tamento materno, alimentação complementar sau- IV - fornecer declaração de nascimento onde constem
dável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem necessariamente as intercorrências do parto e do de-
como sobre formas de favorecer a criação de vínculos senvolvimento do neonato;
afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao

13
neonato a permanência junto à mãe. transversal, integral e intersetorial com as demais li-
VI - acompanhar a prática do processo de amamenta- nhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
ção, prestando orientações quanto à técnica adequa- § 3º A atenção odontológica à criança terá função edu-
da, enquanto a mãe permanecer na unidade hospita- cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
lar, utilizando o corpo técnico já existente. o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal,
e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- de vida, com orientações sobre saúde bucal.
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, § 4º A criança com necessidade de cuidados odonto-
por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado lógicos especiais será atendida pelo Sistema Único de
o princípio da equidade no acesso a ações e serviços Saúde.
para promoção, proteção e recuperação da saúde. § 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas outro instrumento construído com a finalidade de fa-
necessidades gerais de saúde e específicas de habilita- cilitar a detecção, em consulta pediátrica de acompa-
ção e reabilitação. nhamento da criança, de risco para o seu desenvolvi-
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamen- mento psíquico.
te, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao CAPÍTULO II
tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À
e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado DIGNIDADE
voltadas às suas necessidades específicas.
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liber-
frequente de crianças na primeira infância receberão dade, ao respeito e à dignidade como pessoas huma-
formação específica e permanente para a detecção de nas em processo de desenvolvimento e como sujeitos
sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem de direitos civis, humanos e sociais garantidos na
como para o acompanhamento que se fizer necessário. Constituição e nas leis.
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, Entre os direitos fundamentais garantidos à criança e
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva ao adolescente que são especificados e aprofundados
e de cuidados intermediários, deverão proporcionar no ECA estão os direitos à liberdade, ao respeito e à
condições para a permanência em tempo integral de dignidade.
um dos pais ou responsável, nos casos de internação Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
de criança ou adolescente. aspectos:
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de cas- I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
tigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de comunitários, ressalvadas as restrições legais;
maus-tratos contra criança ou adolescente serão obri- II - opinião e expressão;
gatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da III - crença e culto religioso;
respectiva localidade, sem prejuízo de outras provi- IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
dências legais. V - participar da vida familiar e comunitária, sem
§ 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse discriminação;
em entregar seus filhos para adoção serão obrigato- VI - participar da vida política, na forma da lei;
riamente encaminhadas, sem constrangimento, à Jus- VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
tiça da Infância e da Juventude. O artigo 16 aborda diversas facetas do direito de liber-
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas dade: locomoção, opinião e expressão, religiosa e polí-
de entrada, os serviços de assistência social em seu tica. Cria, ainda, duas facetes específicas deste direito:
componente especializado, o Centro de Referência Es- liberdade para brincar e divertir-se e liberdade para
pecializado de Assistência Social (Creas) e os demais buscar refúgio, auxílio e orientação, processos estes
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança essenciais para o desenvolvimento do infante.
e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilida-
ao atendimento das crianças na faixa etária da pri- de da integridade física, psíquica e moral da criança
meira infância com suspeita ou confirmação de vio- e do adolescente, abrangendo a preservação da ima-
lência de qualquer natureza, formulando projeto tera- gem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias
pêutico singular que inclua intervenção em rede e, se e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
necessário, acompanhamento domiciliar. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian-
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá pro- ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

gramas de assistência médica e odontológica para a tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório
prevenção das enfermidades que ordinariamente afe- ou constrangedor.
tam a população infantil, e campanhas de educação Os direitos ao respeito e à dignidade abrangem a pro-
sanitária para pais, educadores e alunos. teção da criança e do adolescente em todas facetas de
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos sua integridade: física, psíquica e moral.
recomendados pelas autoridades sanitárias. Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico
à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma ou de tratamento cruel ou degradante, como formas

14
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro disciplinar garantido aos pais na educação de seus filhos.
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família am- Os defensores da “Lei da Palmada” utilizam estudos
pliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos exe- de psicólogos e educadores para argumentar que não é
cutores de medidas socioeducativas ou por qualquer necessário utilizar qualquer tipo de agressão física, mes-
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá- mo a mais leve, para educar uma criança.
-los ou protegê-los.
Parágrafo único.  Para os fins desta Lei, considera-se: TÍTULO II
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança CAPÍTULO II
ou o adolescente que resulte em:  DA PREVENÇÃO ESPECIAL
a) sofrimento físico; ou
b) lesão; SEÇÃO I
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma DA INFORMAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTES,
cruel de tratamento em relação à criança ou ao ado- DIVERSÕES E ESPETÁCULOS
lescente que:
a) humilhe; ou Art. 74. O poder público, através do órgão competen-
b) ameace gravemente; ou te, regulará as diversões e espetáculos públicos, in-
c) ridicularize. formando sobre a natureza deles, as faixas etárias a
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família amplia- que não se recomendem, locais e horários em que sua
da, os responsáveis, os agentes públicos executores de apresentação se mostre inadequada.
medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá- petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo fácil acesso, à entrada do local de exibição, informa-
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas ção destacada sobre a natureza do espetáculo e a fai-
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro xa etária especificada no certificado de classificação.
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras san-
ções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplica- Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
das de acordo com a gravidade do caso: versões e espetáculos públicos classificados como ade-
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitá- quados à sua faixa etária.
rio de proteção à família; Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou mente poderão ingressar e permanecer nos locais de
psiquiátrico; apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
III - encaminhamento a cursos ou programas de pais ou responsável.
orientação;
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi-
especializado; birão, no horário recomendado para o público infanto
V - advertência. juvenil, programas com finalidades educativas, artísti-
Parágrafo único.   As medidas previstas neste artigo cas, culturais e informativas.
serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta-
outras providências legais.  do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes
de sua transmissão, apresentação ou exibição.
Os artigos 18-A e 18-B foram incluídos no ECA pela
Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, que estabelece o Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio-
direito da criança e do adolescente de serem educados e nários de empresas que explorem a venda ou aluguel
cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento de fitas de programação em vídeo cuidarão para que
cruel ou degradante. Também ficou conhecida como “Lei não haja venda ou locação em desacordo com a clas-
do Menino Bernardo”12 e “Lei da Palmada”. sificação atribuída pelo órgão competente.
Em que pesem as aparentes boas intenções da lei no Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deve-
sentido de evitar situações extremas como a do menino rão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza
Bernardo, assassinado após incontáveis ameaças e agres- da obra e a faixa etária a que se destinam.
sões físicas por parte de seus responsáveis, seu conteúdo
é bastante criticado. Afinal, é claro que a lei coloca todo Art. 78. As revistas e publicações contendo material
e qualquer tipo de agressão física no mesmo patamar. impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes
Considerado o teor da lei, mesmo uma palmada numa deverão ser comercializadas em embalagem lacrada,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

criança é proibida. com a advertência de seu conteúdo.


Os críticos da “Lei da Palmada” apontam que ela adota Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
uma posição extrema e impõe uma indevida intervenção pas que contenham mensagens pornográficas ou obs-
do Estado nos ambientes familiares, retirando o poder cenas sejam protegidas com embalagem opaca.
12  O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini,
morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS). Os acusa- Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao pú-
dos são o pai e a madrasta do menino, com ajuda de uma amiga e blico infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
do irmão dela. Segundo as investigações, Bernardo procurou ajuda
fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
para denunciar as ameaças que sofria.

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alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão res- expressamente pelo outro através de documento com
peitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. firma reconhecida.
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex-
plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne-
ou por casas de jogos, assim entendidas as que reali- nhuma criança ou adolescente nascido em território
zem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para nacional poderá sair do País em companhia de estran-
que não seja permitida a entrada e a permanência de geiro residente ou domiciliado no exterior.
crianças e adolescentes no local, afixando aviso para
orientação do público. TÍTULO V
DO CONSELHO TUTELAR
SEÇÃO II
DOS PRODUTOS E SERVIÇOS CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adoles-
cente de:
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
I - armas, munições e explosivos;
autônomo, não jurisdicional, encarregado pela socie-
II - bebidas alcoólicas;
dade de zelar pelo cumprimento dos direitos da crian-
III - produtos cujos componentes possam causar de-
ça e do adolescente, definidos nesta Lei.
pendência física ou psíquica ainda que por utilização
indevida;
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad-
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo,
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de
1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da
provocar qualquer dano físico em caso de utilização
administração pública local, composto de 5 (cinco)
indevida;
membros, escolhidos pela população local para man-
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
dato de 4 (quatro) anos, permitida recondução por
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
novos processos de escolha. (Redação dada pela Lei nº
13.824, de 2019)
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado-
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pe-
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
los pais ou responsável.
I - reconhecida idoneidade moral;
II - idade superior a vinte e um anos;
SEÇÃO III
III - residir no município.
DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR
Art. 134.  Lei municipal ou distrital disporá sobre o
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de
local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tu-
16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comar-
telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos
ca onde reside desacompanhado dos pais ou dos res-
membros, aos quais é assegurado o direito a: (Reda-
ponsáveis sem expressa autorização judicial. (Redação
ção dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
I - cobertura previdenciária;  (Incluído pela Lei nº
§ 1º A autorização não será exigida quando:
12.696, de 2012)
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis)
1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (In-
anos, se na mesma unidade da Federação, ou incluída
cluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
na mesma região metropolitana; (Redação dada pela
III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
Lei nº 13.812, de 2019)
de 2012)
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis)
IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
anos estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº
de 2012)
13.812, de 2019)
V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696,
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
de 2012)
grau, comprovado documentalmente o parentesco;
Parágrafo único.  Constará da lei orçamentária mu-
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
nicipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
pai, mãe ou responsável.
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
remuneração e formação continuada dos conselheiros
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ou responsável, conceder autorização válida por dois


tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
anos.
Art. 135.  O exercício efetivo da função de conselhei-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a au-
ro constituirá serviço público relevante e estabelecerá
torização é dispensável, se a criança ou adolescente:
presunção de idoneidade moral. (Redação dada pela
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou
Lei nº 12.696, de 2012)
responsável;
II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado

16
CAPÍTULO II CAPÍTULO III
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO DA COMPETÊNCIA

Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses competência constante do art. 147.
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
vistas no art. 101, I a VII; Capítulo IV
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli- Da Escolha dos Conselheiros
cando as medidas previstas no art. 129, I a VII; Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
III - promover a execução de suas decisões, podendo Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal
para tanto: e realizado sob a responsabilidade do Conselho Mu-
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu- nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a
cação, serviço social, previdência, trabalho e seguran- fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela
ça; Lei nº 8.242, de 12.10.1991)
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos § 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho
de descumprimento injustificado de suas deliberações. Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo
que constitua infração administrativa ou penal contra do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição
os direitos da criança ou adolescente; presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de § 2  o  A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
sua competência; dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida- escolha. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, § 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho
para o adolescente autor de ato infracional; Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer
VII - expedir notificações; ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno
criança ou adolescente quando necessário; valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
da proposta orçamentária para planos e programas CAPÍTULO V
de atendimento dos direitos da criança e do adoles- DOS IMPEDIMENTOS
cente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, con- Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho
tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
inciso II, da Constituição Federal  ; genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio,
XI - representar ao Ministério Público para efeito das tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse-
esgotadas as possibilidades de manutenção da crian- lheiro, na forma deste artigo, em relação à autorida-
ça ou do adolescente junto à família natural. (Redação de judiciária e ao representante do Ministério Público
dada pela Lei nº 12.010, de 2009)  Vigência com atuação na Justiça da Infância e da Juventude,
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru- em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento
para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos TÍTULO VII
em crianças e adolescentes.  (Incluído pela Lei nº DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES
13.046, de 2014) ADMINISTRATIVAS
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições,
o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento CAPÍTULO I
do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato DOS CRIMES
ao Ministério Público, prestando-lhe informações so-
bre os motivos de tal entendimento e as providências SEÇÃO I
tomadas para a orientação, o apoio e a promoção DISPOSIÇÕES GERAIS
social da família.  (Incluído pela Lei nº 12.010, de
2009)  Vigência Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão,
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente sem prejuízo do disposto na legislação penal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedi-


do de quem tenha legítimo interesse. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao    
processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.

Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação


pública incondicionada.
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no

17
inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixa-
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os do nesta Lei em benefício de adolescente privado de
crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores liberdade:
públicos com abuso de autoridade, são condicionados Pena - detenção de seis meses a dois anos.
à ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº
13.869. de 2019) Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen-
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da tante do Ministério Público no exercício de função pre-
função, nesse caso, independerá da pena aplicada na vista nesta Lei:
reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de


SEÇÃO II quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou or-
DOS CRIMES EM ESPÉCIE dem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigen-
te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
de manter registro das atividades desenvolvidas, na pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe-
ocasião da alta médica, declaração de nascimento, rece ou efetiva a paga ou recompensa.
onde constem as intercorrências do parto e do desen- Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
volvimento do neonato: destinado ao envio de criança ou adolescente para o
Pena - detenção de seis meses a dois anos. exterior com inobservância das formalidades legais ou
Parágrafo único. Se o crime é culposo: com o fito de obter lucro:
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de ameaça ou fraude: 
identificar corretamente o neonato e a parturiente, Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da
por ocasião do parto, bem como deixar de proceder pena correspondente à violência.
aos exames referidos no art. 10 desta Lei:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 240.  Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
Parágrafo único. Se o crime é culposo: ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:  
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua li- § 1o  Incorre nas mesmas penas quem agencia, facili-
berdade, procedendo à sua apreensão sem estar em ta, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem es- a participação de criança ou adolescente nas cenas
crita da autoridade judiciária competente: referidas no caputdeste artigo, ou ainda quem com
Pena - detenção de seis meses a dois anos. esses contracena.  
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que § 2o  Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
procede à apreensão sem observância das formalida- comete o crime:  
des legais. I – no exercício de cargo ou função pública ou a pre-
texto de exercê-la;  
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabi-
apreensão de criança ou adolescente de fazer imedia- tação ou de hospitalidade; ou  
ta comunicação à autoridade judiciária competente e III – prevalecendo-se de relações de parentesco con-
à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou
de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade so-
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua bre ela, ou com seu consentimento.  
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento: Art. 241.  Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: 


Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegali- Art. 241-A.  Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
dade da apreensão: distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, in-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. clusive por meio de sistema de informática ou telemá-
tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo

18
criança ou adolescente:   pornográfica ou sexualmente explícita. 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.  Art. 241-E.  Para efeito dos crimes previstos nesta Lei,
§ 1o  Nas mesmas penas incorre quem:  a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
I – assegura os meios ou serviços para o armazena- compreende qualquer situação que envolva criança
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais
o caput deste artigo;  ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede criança ou adolescente para fins primordialmente
de computadores às fotografias, cenas ou imagens de sexuais. 
que trata o caput deste artigo.
 § 2o  As condutas tipificadas nos incisos I e II do § Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
1o deste artigo são puníveis quando o responsável le- entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
gal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, arma, munição ou explosivo:
deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. 
trata o caput deste artigo. 
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entre-
 Art. 241-B.  Adquirir, possuir ou armazenar, por qual- gar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem jus-
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica ta causa, outros produtos cujos componentes possam
envolvendo criança ou adolescente:  causar dependência física ou psíquica:
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.  Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
 § 1o  A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se o fato não constitui crime mais grave.
se de pequena quantidade o material a que se refere Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
o caput deste artigo.  entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen-
§ 2o  Não há crime se a posse ou o armazenamento te fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles
tem a finalidade de comunicar às autoridades com- que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de
petentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. provocar qualquer dano físico em caso de utilização
240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comuni- indevida:
cação for feita por: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
I – agente público no exercício de suas funções; 
II – membro de entidade, legalmente constituída, que Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebi- tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostitui-
mento, o processamento e o encaminhamento de no- ção ou à exploração sexual: 
tícia dos crimes referidos neste parágrafo;  Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além
III – representante legal e funcionários responsáveis de da perda de bens e valores utilizados na prática crimi-
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de nosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do
rede de computadores, até o recebimento do material Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis-
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Minis- trito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado
tério Público ou ao Poder Judiciário.  o direito de terceiro de boa-fé.
§ 3o  As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão § 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
manter sob sigilo o material ilícito referido.  rente ou o responsável pelo local em que se verifique a
submissão de criança ou adolescente às práticas refe-
Art. 241-C.  Simular a participação de criança ou ado- ridas no caputdeste artigo. 
lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por § 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
meio de adulteração, montagem ou modificação de sação da licença de localização e de funcionamento
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de repre- do estabelecimento. 
sentação visual: 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.  Art. 244-B.  Corromper ou facilitar a corrupção de me-
Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas quem nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica penal ou induzindo-o a praticá-la: 
ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou ar- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
mazena o material produzido na forma do caput des- § 1o  Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
te artigo.  quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
Art. 241-D.  Aliciar, assediar, instigar ou constranger, de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba-
por qualquer meio de comunicação, criança, com o te-papo da internet. 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

fim de com ela praticar ato libidinoso:  § 2o  As penas previstas no caput deste artigo são au-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.  mentadas de um terço no caso de a infração cometi-
Parágrafo único.  Nas mesmas penas incorre quem:  da ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei
I – facilita ou induz o acesso à criança de material no 8.072, de 25 de julho de 1990. 
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com
o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
 II – pratica as condutas descritas no caput deste arti-
go com o fim de induzir criança a se exibir de forma

19
CAPÍTULO II o fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze)
DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS dias. 
§ 2º  Se comprovada a reincidência em período infe-
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável rior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definiti-
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensi- vamente fechado e terá sua licença cassada. 
no fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar
à autoridade competente os casos de que tenha co- Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
nhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
maus-tratos contra criança ou adolescente: 84 e 85 desta Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti- Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
dade de atendimento o exercício dos direitos constan- culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso,
tes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: à entrada do local de exibição, informação destacada
Pena - multa de três a vinte salários de referência, sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. etária especificada no certificado de classificação:
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem auto- Pena - multa de três a vinte salários de referência,
rização devida, por qualquer meio de comunicação, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança ou ado- Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
lescente a que se atribua ato infracional: representações ou espetáculos, sem indicar os limites
Pena - multa de três a vinte salários de referência, de idade a que não se recomendem:
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par- plicada em caso de reincidência, aplicável, separada-
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envol- mente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulga-
vido em ato infracional, ou qualquer ilustração que ção ou publicidade.
lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atri-
buídos, de forma a permitir sua identificação, direta Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es-
ou indiretamente. petáculo em horário diverso do autorizado ou sem
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou aviso de sua classificação:
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du-
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determi- plicada em caso de reincidência a autoridade judiciá-
nar a apreensão da publicação ou a suspensão da pro- ria poderá determinar a suspensão da programação
gramação da emissora até por dois dias, bem como da emissora por até dois dias.
da publicação do periódico até por dois números. (Ex-
pressão declarada inconstitucional pela ADIN 869-2). Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou con-
gênere classificado pelo órgão competente como ina-
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária dequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de espetáculo:
regularizar a guarda, adolescente trazido de outra co- Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na
marca para a prestação de serviço doméstico, mesmo reincidência, a autoridade poderá determinar a sus-
que autorizado pelos pais ou responsável: pensão do espetáculo ou o fechamento do estabeleci-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, mento por até quinze dias.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência, inde-
pendentemente das despesas de retorno do adoles- Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
cente, se for o caso. de programação em vídeo, em desacordo com a clas-
sificação atribuída pelo órgão competente:
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de- Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
veres inerentes ao poder familiar ou decorrente de caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
tutela ou guarda, bem assim determinação da autori- determinar o fechamento do estabelecimento por até
dade judiciária ou Conselho Tutelar:  quinze dias.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. e 79 desta Lei:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena - multa de três a vinte salários de referência,


Art. 250.  Hospedar criança ou adolescente desacom- duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização prejuízo de apreensão da revista ou publicação.
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,
pensão, motel ou congênere:  Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
Pena – multa.  ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei so-
§ 1º  Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena bre o acesso de criança ou adolescente aos locais de
de multa, a autoridade judiciária poderá determinar diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:

20
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em § 1º - (Revogado)
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá § 1o-A.  Na definição das prioridades a serem atendi-
determinar o fechamento do estabelecimento por até das com os recursos captados pelos fundos nacional,
quinze dias. estaduais e municipais dos direitos da criança e do
adolescente, serão consideradas as disposições do Pla-
Art. 258-A.  Deixar a autoridade competente de pro- no Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direi-
videnciar a instalação e operacionalização dos cadas- to de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar
tros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei:  e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 Infância.  
(três mil reais).  § 2o  Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
Parágrafo único.  Incorre nas mesmas penas a autori- direitos da criança e do adolescente fixarão critérios
dade que deixa de efetuar o cadastramento de crian- de utilização, por meio de planos de aplicação, das do-
ças e de adolescentes em condições de serem adota- tações subsidiadas e demais receitas, aplicando neces-
das, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de sariamente percentual para incentivo ao acolhimento,
crianças e adolescentes em regime de acolhimento sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e
institucional ou familiar.   para programas de atenção integral à primeira infân-
cia em áreas de maior carência socioeconômica e em
situações de calamidade.  
Art. 258-B.  Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente § 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamenta-
de efetuar imediato encaminhamento à autoridade rá a comprovação das doações feitas aos fundos, nos
judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe termos deste artigo.
ou gestante interessada em entregar seu filho para § 4º O Ministério Público determinará em cada co-
adoção:   marca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fun-
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 do Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescen-
(três mil reais).  te, dos incentivos fiscais referidos neste artigo.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena o funcioná- § 5o  Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei no
rio de programa oficial ou comunitário destinado à 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
garantia do direito à convivência familiar que deixa de trata o inciso I do caput: 
efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.  I - será considerada isoladamente, não se submetendo
a limite em conjunto com outras deduções do imposto;
Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no e
inciso II do art. 81: II - não poderá ser computada como despesa opera-
Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ cional na apuração do lucro real.
10.000,00 (dez mil reais);
Medida Administrativa - interdição do estabelecimen- Art. 260-A.  A partir do exercício de 2010, ano-ca-
to comercial até o recolhimento da multa aplicada. lendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela
doação de que trata o inciso II do caput do art. 260
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual. 
§ 1o  A doação de que trata o caput poderá ser de-
Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados duzida até os seguintes percentuais aplicados sobre o
da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei imposto apurado na declaração:
dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos I - (VETADO);
às diretrizes da política de atendimento fixadas no art. II - (VETADO); 
88 e ao que estabelece o Título V do Livro II. III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
Parágrafo único. Compete aos estados e municípios § 2o  A dedução de que trata o caput:
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
às diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei. posto sobre a renda apurado na declaração de que
trata o inciso II do caput do art. 260;
Art. 260.  Os contribuintes poderão efetuar doações II - não se aplica à pessoa física que: 
aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente a) utilizar o desconto simplificado;
nacional, distrital, estaduais ou municipais, devida- b) apresentar declaração em formulário; ou 
mente comprovadas, sendo essas integralmente dedu- c) entregar a declaração fora do prazo;
zidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes III - só se aplica às doações em espécie; e 
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

limites:  IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções


I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido em vigor.
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base § 3o  O pagamento da doação deve ser efetuado até a
no lucro real; e data de vencimento da primeira quota ou quota única
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu- do imposto, observadas instruções específicas da Se-
rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste cretaria da Receita Federal do Brasil.
Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, § 4o  O não pagamento da doação no prazo estabe-
de 10 de dezembro de 1997. lecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela

21
de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao reco- b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens.
lhimento da diferença de imposto devido apurado na Parágrafo único.  O preço obtido em caso de leilão
Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais não será considerado na determinação do valor dos
previstos na legislação.  bens doados, exceto se o leilão for determinado por
§ 5o  A pessoa física poderá deduzir do imposto apu- autoridade judiciária.
rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas,
no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados Art. 260-F.  Os documentos a que se referem os arts.
pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles- 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte
cente municipais, distrital, estaduais e nacional con- por um prazo de 5 (cinco) anos para fins de compro-
comitantemente com a opção de que trata o caput, vação da dedução perante a Receita Federal do Brasil.
respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260. Art. 260-G.  Os órgãos responsáveis pela administra-
ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e
Art. 260-B.  A doação de que trata o inciso I do art. 260 do Adolescente nacional, estaduais, distrital e munici-
poderá ser deduzida: pais devem:
I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas I - manter conta bancária específica destinada exclu-
jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e sivamente a gerir os recursos do Fundo; 
II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, II - manter controle das doações recebidas; e 
para as pessoas jurídicas que apuram o imposto III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fe-
anualmente.  deral do Brasil as doações recebidas mês a mês, iden-
Parágrafo único.  A doação deverá ser efetuada dentro tificando os seguintes dados por doador:
do período a que se refere a apuração do imposto. a) nome, CNPJ ou CPF;
b) valor doado, especificando se a doação foi em es-
Art. 260-C.  As doações de que trata o art. 260 desta pécie ou em bens.
Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. 
Parágrafo único.  As doações efetuadas em espécie Art. 260-H.  Em caso de descumprimento das obriga-
devem ser depositadas em conta específica, em ins- ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita
tituição financeira pública, vinculadas aos respectivos Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Mi-
fundos de que trata o art. 260. nistério Público.

Art. 260-D.  Os órgãos responsáveis pela administra- Art. 260-I.  Os Conselhos dos Direitos da Criança e do
ção das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais
do Adolescente nacional, estaduais, distrital e munici- divulgarão amplamente à comunidade:
pais devem emitir recibo em favor do doador, assinado I - o calendário de suas reuniões;
por pessoa competente e pelo presidente do Conselho II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de
correspondente, especificando: atendimento à criança e ao adolescente;
I - número de ordem;  III - os requisitos para a apresentação de projetos a se-
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direi-
e endereço do emitente;  tos da Criança e do Adolescente nacional, estaduais,
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) distrital ou municipais;
do doador; IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e lendário e o valor dos recursos previstos para imple-
V - ano-calendário a que se refere a doação. mentação das ações, por projeto;
§ 1o  O comprovante de que trata o caput deste artigo V - o total dos recursos recebidos e a respectiva des-
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os tinação, por projeto atendido, inclusive com cadastra-
valores doados mês a mês.  mento na base de dados do Sistema de Informações
§ 2o  No caso de doação em bens, o comprovante deve sobre a Infância e a Adolescência; e
conter a identificação dos bens, mediante descrição VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia-
em campo próprio ou em relação anexa ao compro- dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Crian-
vante, informando também se houve avaliação, o ça e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. municipais.

Art. 260-E.  Na hipótese da doação em bens, o doador Art. 260-J.  O Ministério Público determinará, em cada
deverá: Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos in-
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante docu- centivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

mentação hábil; Parágrafo único.  O descumprimento do disposto nos


II - baixar os bens doados na declaração de bens e arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder
direitos, quando se tratar de pessoa física, e na escri- por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que
turação, no caso de pessoa jurídica; e poderá atuar de ofício, a requerimento ou representa-
III - considerar como valor dos bens doados: ção de qualquer cidadão.
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última
declaração do imposto de renda, desde que não exce- Art. 260-K.  A Secretaria de Direitos Humanos da
da o valor de mercado; Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à

22
Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de ou- Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
tubro de cada ano, arquivo eletrônico contendo a re- União, da administração direta ou indireta, inclusive
lação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança fundações instituídas e mantidas pelo poder público
e do Adolescente nacional, distrital, estaduais e mu- federal promoverão edição popular do texto integral
nicipais, com a indicação dos respectivos números de deste Estatuto, que será posto à disposição das escolas
inscrição no CNPJ e das contas bancárias específicas e das entidades de atendimento e de defesa dos direi-
mantidas em instituições financeiras públicas, desti- tos da criança e do adolescente.
nadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. Art. 265-A.  O poder público fará periodicamente am-
pla divulgação dos direitos da criança e do adolescen-
Art. 260-L.  A Secretaria da Receita Federal do Brasil te nos meios de comunicação social.
expedirá as instruções necessárias à aplicação do dis- Parágrafo único.  A divulgação a que se refere o caput
posto nos arts. 260 a 260-K. será veiculada em linguagem clara, compreensível e
Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos adequada a crianças e adolescentes, especialmente às
da criança e do adolescente, os registros, inscrições e crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.
alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo úni-
co, e 91 desta Lei serão efetuados perante a autorida- Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua
de judiciária da comarca a que pertencer a entidade. publicação.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar Parágrafo único. Durante o período de vacância deve-
aos estados e municípios, e os estados aos municípios, rão ser promovidas atividades e campanhas de divul-
os recursos referentes aos programas e atividades pre- gação e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei.
vistos nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos
dos direitos da criança e do adolescente nos seus res- Art. 267. Revogam-se as Leis nº 4.513, de 1964, e
pectivos níveis. 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores),
e as demais disposições em contrário.
Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência
pela autoridade judiciária. e 102º da República.

Art. 263. O Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de


1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes EXERCÍCIOS COMENTADOS
alterações:
1) Art. 121 (...)
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1. (FCC/2014 - Prefeitura de Recife/PE - Procurador)
um terço, se o crime resulta de inobservância de regra Nos termos do art. 226 da Constituição Federal, “a famí-
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente dei- lia, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.
xa de prestar imediato socorro à vítima, não procura Entre os aspectos abrangidos pelo direito à proteção es-
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para pecial, segundo o texto constitucional, encontram-se os
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, seguintes:
a pena é aumentada de um terço, se o crime é prati-
cado contra pessoa menor de catorze anos. a) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e
2) Art. 129 (...) obediência aos princípios de brevidade, excepciona-
§ 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual- lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
quer das hipóteses do art. 121, § 4º. desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do medida privativa da liberdade.
art. 121. b) garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; e
3) Art. 136 (...) acesso universal à educação infantil, em creche e pré-
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é pra- -escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.
ticado contra pessoa menor de catorze anos. c) erradicação do analfabetismo; e estímulo do Poder Pú-
4) Art. 213 (...) blico, através de assistência jurídica, incentivos fiscais
Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a
anos: forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou
Pena - reclusão de quatro a dez anos. abandonado.
5) Art. 214 (...) d) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze sexual da criança e do adolescente; e garantia às pre-
sidiárias de condições para que possam permanecer
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

anos:
Pena - reclusão de três a nove anos.” com seus filhos durante o período de amamentação.
e) punição severa ao abuso, à violência e à exploração
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezem- sexual da criança e do adolescente; e estímulo do Po-
bro de 1973, fica acrescido do seguinte item: der Público, através de assistência jurídica, incentivos
“Art. 102 (...) fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento,
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder.” sob a forma de guarda, de criança ou adolescente ór-
fão ou abandonado.

23
Resposta: Letra A. O artigo 227, §3º, CF fixa os as- d) é vedada a adoção conjunta pelos divorciados, separa-
pectos que abrangem a proteção especial da criança dos judicialmente e pelos ex-companheiros.
e do adolescente: “I - idade mínima de quatorze anos e) o estágio de convivência que precede a adoção não
para admissão ao trabalho, observado o disposto no poderá, em nenhuma hipótese, ser dispensado pela
art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários autoridade judiciária.
e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador
adolescente e jovem à escola; IV - garantia de pleno Resposta: Letra C. Neste sentido, disciplina o art. 41,
e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- § 1º, ECA: “Se um dos cônjuges ou concubinos adota o
nal, igualdade na relação processual e defesa técnica filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre
por profissional habilitado, segundo dispuser a legis- o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e
lação tutelar específica; V - obediência aos princípios os respectivos parentes”. A alternativa “a” está errada
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição porque o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais
peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da velho que o adotado e possuir pelo menos 18 anos
aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; (art. 42, § 3º, ECA); a alternativa “b” está incorreta por-
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência que é vedada a adoção por procuração, pois a adoção
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da é ato personalíssimo (art. 39, § 2º, ECA); a alternativa
lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança “d” está incorreta porque é possível a adoção conjunta
ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas desde que preencha os requisitos de serem casados
de prevenção e atendimento especializado à criança, civilmente ou mantenham união estável, comprovada
ao adolescente e ao jovem dependente de entorpe- a estabilidade da família (art. 42, § 1º, ECA); e a alter-
centes e drogas afins”. nativa “e” está incorreta porque pode ser dispensado
o estágio de convivência quando o adotando já estiver
2. (Alternative Concursos/2017 - Prefeitura de Sul sob a tutela ou guarda do adotante (art. 46, § 1º, ECA).
Brasil/SC - Agente Educativo) De acordo com o Estatu-
to da Criança e do Adolescente, Lei n.º 8.069/90, art. 60, 4. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislativo)
é proibido qualquer trabalho a menores: Sobre a prática de ato infracional à luz do Estatuto da
Criança e do Adolescente, é INCORRETO afirmar que a
a) De quatorze anos de idade, inclusive na condição de
aprendiz. a) medida socioeducativa de internação pode ser deter-
b) De quatorze anos de idade, salvo na condição de minada por descumprimento reiterado e injustificável
aprendiz. da medida anteriormente imposta.
c) De dezesseis anos de idade, salvo na condição de b) internação, antes da sentença, poderá ser determinada
aprendiz. pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
d) De dezesseis anos de idade, inclusive na condição de c) medida socioeducativa de internação não poderá ex-
aprendiz. ceder em nenhuma hipótese três anos, liberando-se
e) De dezessete anos de idade, inclusive na condição de compulsoriamente o menor infrator aos vinte e um
aprendiz. anos de idade.
d) medida socioeducativa de liberdade assistida será
Resposta: Letra B. Em que pese o teor do art. 64 do fixada pelo prazo mínimo de trinta dias, podendo a
ECA, que poderia dar a entender que um menor de 14 qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substi-
anos pode trabalhar, prevalece o que diz o texto da tuída por outra medida, ouvido o orientador, o Minis-
Constituição Federal: “Art. 7º São direitos dos traba- tério Público e o defensor.
lhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à e) remissão não implica necessariamente o reconheci-
melhoria de sua condição social: [...] XXXIII - proibição mento ou comprovação da responsabilidade, nem
de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores prevalece para efeito de antecedentes, podendo in-
de dezoito e de qualquer trabalho a menores de de- cluir eventualmente a aplicação de qualquer das me-
zesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir didas previstas em lei, exceto a colocação em regime
de quatorze anos”. Logo, o menor pode trabalhar em de semiliberdade e a internação.
qualquer serviço, desde que não seja noturno, peri-
goso e insalubre, dos 16 aos 18 anos; e entre 14 e 16 Resposta: Letra D. A lei exige como prazo mínimo de
anos apenas pode trabalhar como aprendiz. medida socioeducativa o período de 6 meses, confor-
me art. 118, § 2º, ECA, não 30 dias conforme a alter-
3. (FCC/2016 - AL-MS - Agente de Polícia Legislativo) nativa “d”, razão pela qual está incorreta. A alternativa
Sobre a adoção, nos termos preconizados pelo Estatuto “a” está prevista no art. 122, § 1º, ECA; a alternativa “b”
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

da Criança e do Adolescente, está prevista no art. 108 do ECA; a alternativa “c” está
prevista no art. 121, §§ 3º e 5º, ECA; a alternativa “e”
a) o adotante deve ser, no mínimo, 18 anos mais velho está prevista no art. 127 ECA.
que o adotando.
b) é permitida a adoção por procuração. 5. (COMPERVE/2016 - Câmara de Natal/RN - Guarda
c) se um dos cônjuges adota o filho do outro, mantêm-se Legislativo) As crianças e os adolescentes, qualificados
os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge do pelo direito hoje vigente como pessoas em desenvolvi-
adotante e os respectivos parentes. mento, receberam do direito positivo brasileiro, tutela

24
especial através da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, do adolescente ser criado e educado no seio de sua
mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adoles- família e, excepcionalmente, em família substituta,
cente. Seguindo as diretrizes traçadas pela Constituição assegurada a convivência familiar e comunitária, em
de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente trouxe a ambiente que garanta seu desenvolvimento integral”.
previsão normativa da absoluta prioridade e de variados
direitos fundamentais. Em tal seara, foi determinado que 6. (FUNRIO/2016 - IF-PA - Assistente de Alunos)
as crianças e os adolescentes têm direito, Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
8.069/90), é considerado criança
a) à liberdade, de forma a compreender a liberdade de ir,
vir e estar nos logradouros públicos e espaços comu- a) a pessoa até seis anos incompletos de idade.
nitários, ressalvadas as restrições legais; a liberdade b) a pessoa até oito anos incompletos de idade.
de opinião e de expressão; a liberdade de brincar e c) a pessoa até 12 anos incompletos de idade.
de praticar esportes, a liberdade de participar da vida d) a pessoa até 18 anos incompletos de idade.
familiar e comunitária; a liberdade de buscar refúgio, e) a pessoa até 14 anos incompletos, desde que não te-
auxílio e orientação, excetuadas dessa tutela a liberda- nha cometido nenhum crime.
de de crença e culto religioso e de participar da vida
política. Resposta: Letra C. O Estatuto da Criança e do Adoles-
b) ao respeito, consistente na inviolabilidade da sua in- cente opta por categorizar separadamente estas duas
tegridade física, psíquica e moral, abrangendo a pre- categorias de menores. Criança é aquele que tem até
servação da imagem, da identidade, da autonomia, 12 anos de idade (na data de aniversário de 12 anos,
de seus valores, ideias e crenças, excluída a tutela dos passa a ser adolescente), adolescente é aquele que
seus espaços e objetos pessoais. tem entre 12 e 18 anos (na data de aniversário de 18
c) de serem educados e cuidados sem o uso de castigo fí- anos, passa a ser maior), conforme o artigo 2º do ECA.
sico ou de tratamento cruel ou degradante, como for-
mas de correção, disciplina, educação ou a qualquer 7) (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo -
outro pretexto, por parte dos pais, de integrantes da CESPE/2014) Julgue o próximo item , referente ao dis-
família ampliada, dos responsáveis, dos agentes pú- posto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e às
blicos executores de medidas socioeducativas ou por atribuições do conselho tutelar.
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá- As disposições do ECA aplicam-se apenas a crianças, in-
-los, educá-los ou protegê-los. divíduos até doze anos de idade incompletos, e a ado-
d) de serem criados e educados no seio de sua família lescentes, indivíduos entre doze e dezoito anos de idade.
biológica, não se admitindo a sua inserção em família
substituta, assegurada a convivência familiar e comu- ( ) CERTO ( ) ERRADO
nitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimen-
to integral. Resposta: Errado. Preconiza o artigo 2º, parágrafo
único, ECA: “Nos casos expressos em lei, aplica-se ex-
Resposta: Letra C. Nestes termos, preconiza o artigo cepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoi-
18-A do ECA: “A criança e o adolescente têm o direi- to anos e vinte e um anos de idade”.
to de ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante, como 8) (Câmara dos Deputados - Analista Legislativo -
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer CESPE/2014) Acerca de ato infracional e medidas so-
outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família cioeducativas, bem como dos crimes e infrações prati-
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos cados contra a criança e o adolescente, julgue o item a
executores de medidas socioeducativas ou por qual- seguir.
quer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, Caso um adolescente que faça parte de um grupo for-
educá-los ou protegê-los”. A alternativa “a” está erra- mado por adultos e que já tenha praticado, comprova-
da porque o artigo 16 do ECA fixa que o direito à li- damente, diversos roubos com uso de arma de fogo seja
berdade envolve os seguintes aspectos: “I - ir, vir e es- apreendido, a ele deverá ser imposta – após o devido
tar nos logradouros públicos e espaços comunitários, procedimento judicial – a medida socioeducativa deno-
ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expres- minada liberdade assistida.
são; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar
esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e ( ) CERTO ( ) ERRADO
comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida
política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio Resposta: Errado. Nos termos do artigo 118, ECA, “a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e orientação”. A alternativa “b” está errada porque o liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar
artigo 17 do ECA prevê que “o direito ao respeito con- a medida mais adequada para o fim de acompanhar,
siste na inviolabilidade da integridade física, psíquica auxiliar e orientar o adolescente”. Ocorre que o adoles-
e moral da criança e do adolescente, abrangendo a cente praticou crimes com violência ou grave ameaça,
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, razão pela qual cabe internação, conforme artigo 122,
dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos I, ECA: “A medida de internação só poderá ser aplicada
pessoais”. A alternativa “d” está errada porque o ar- quando: I - tratar-se de ato infracional cometido me-
tigo 18 do ECA assegura que “é direito da criança e diante grave ameaça ou violência a pessoa”.

25
A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligên-
LEI Nº 11.343/2006 (SISTEMA NACIONAL DE cias complementares:
POLÍTICAS PÚBLICAS SOBRE DROGAS)
• necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
LEI Nº 11.343/2006 E SUAS ALTERAÇÕES (LEI AN- competente até 3 (três) dias antes da audiência de
TIDROGAS). instrução e julgamento.
• necessárias ou úteis à indicação dos bens, direi-
O procedimento relativo aos processos por crimes tos e valores de que seja titular o agente, ou que
definidos neste Título rege-se pelo disposto neste Ca- figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser
pítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias
Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal. antes da audiência de instrução e julgamento.
Para os fins do disposto na lei sobre os Juizados Espe-
ciais Criminais, o Ministério Público poderá propor a apli- Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos
cação imediata de pena, a ser especificada na proposta. crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previs-
Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de po- tos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Minis-
lícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz tério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:
competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do
qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em • a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
24 (vinte e quatro) horas. investigação, constituída pelos órgãos especializa-
Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagran- dos pertinentes.
te e estabelecimento da materialidade do delito, é sufi- • não atuação policial sobre os portadores de dro-
ciente o laudo de constatação da natureza e quantidade gas, seus precursores químicos ou outros produtos
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por utilizados em sua produção, que se encontrem no
pessoa idônea. território brasileiro, com a finalidade de identificar
O perito que subscrever o laudo não ficará impedido e responsabilizar maior número de integrantes de
de participar da elaboração do laudo definitivo. operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo
Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, da ação penal cabível.
no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade for-
mal do laudo de constatação e determinará a destruição Nesta última hipótese, a autorização será concedida
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessá- desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a
ria à realização do laudo definitivo. identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.
A destruição das drogas será executada pelo delega- Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de
do de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de informa-
presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. ção, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo
O local será vistoriado antes e depois de efetivada a de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
destruição das drogas, sendo lavrado auto circunstan-
ciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a • requerer o arquivamento.
destruição total delas. • requisitar as diligências que entender necessárias.
A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de • oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemu-
prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo má- nhas e requerer as demais provas que entender
ximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guar- pertinentes.
dando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
O inquérito policial será concluído no prazo de 30 Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação
(trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (no- do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
venta) dias, quando solto. Estes prazos podem ser du- prazo de 10 (dez) dias.
plicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante Na resposta, consistente em defesa preliminar e ex-
pedido justificado da autoridade de polícia judiciária. ceções, o acusado poderá argüir preliminares e invocar
Findos os prazos, a autoridade de polícia judiciária, todas as razões de defesa, oferecer documentos e justi-
remetendo os autos do inquérito ao juízo: ficações, especificar as provas que pretende produzir e,
até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
• relatará sumariamente as circunstâncias do fato, Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
justificando as razões que a levaram à classificação nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, con-
do delito, indicando a quantidade e natureza da cedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
substância ou do produto apreendido, o local e as
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco) dias.


condições em que se desenvolveu a ação crimino- Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo
sa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualifi- de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso,
cação e os antecedentes do agente. realização de diligências, exames e perícias.
• requererá sua devolução para a realização de dili- Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para
gências necessárias. a audiência de instrução e julgamento, ordenará a cita-
ção pessoal do acusado, a intimação do Ministério Pú-
blico, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos

26
periciais. gão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou manda-
A audiência a que se refere o caput deste artigo será tário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta crimi-
realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao recebi- nosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando
mento da denúncia, salvo se determinada a realização de podia agir para evitá-la (art. 2º).
avaliação para atestar dependência de drogas, quando As pessoas jurídicas serão responsabilizadas adminis-
se realizará em 90 (noventa) dias. trativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei,
Na audiência de instrução e julgamento, após o in- nos casos em que a infração seja cometida por decisão
terrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, de seu representante legal ou contratual, ou de seu ór-
será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do gão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade
Ministério Público e ao defensor do acusado, para sus- (art. 3º).
tentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada
um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. Da apreensão do produto e do instrumento de in-
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das fração administrativa ou de crime
partes se restou algum fato para ser esclarecido, formu-
lando as perguntas correspondentes se o entender per- O artigo 25 da referida Lei prevê que, verificada a
tinente e relevante. infração, serão apreendidos seus produtos e instrumen-
Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de tos, lavrando-se os respectivos autos. Os animais serão
imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo
autos para isso lhe sejam conclusos. tal medida inviável ou não recomendável por questões
O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Públi- sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou
co ou mediante representação da autoridade de polícia entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a
judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios responsabilidade de técnicos habilitados.
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da Até que os animais sejam entregues às instituições
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias mencionadas no § 1o, o órgão autuante zelará para que
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores con- eles sejam mantidos em condições adequadas de acon-
sistentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou dicionamento e transporte que garantam o seu bem-es-
que constituam proveito auferido com sua prática. tar físico. Os instrumentos utilizados na prática da infra-
Decretadas quaisquer das medidas previstas neste ção serão vendidos, garantida a sua descaracterização
artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 por meio da reciclagem (art. 25, parágrafos).
(cinco) dias, apresente ou requeira a produção de provas
acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto Dos crimes contra o meio ambiente
da decisão.
Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o Há uma enorme gama de crimes previstos pela Lei nº
juiz decidirá pela sua liberação. 9.605/98. Esta divide os crimes em algumas categorias: a)
Nenhum pedido de restituição será conhecido sem dos crimes contra a fauna, b) dos crimes contra a flora, c)
o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz dos crimes relacionados a poluição, d) Dos Crimes contra
determinar a prática de atos necessários à conservação o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural; e e) dos
de bens, direitos ou valores. crimes contra a administração ambiental.
A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos
ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Mi- Dos crimes contra a fauna
nistério Público, quando a sua execução imediata possa
comprometer as investigações. A) Crime de caça não autorizada (art. 29):
Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre
o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, se- • conduta do tipo penal: Matar, perseguir, caçar,
questrado ou declarado indisponível. apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, na-
tivos ou em rota migratória, sem a devida permis-
são, licença ou autorização da autoridade compe-
LEI Nº 9.605/1998 E SUAS ALTERAÇÕES (LEI tente, ou em desacordo com a obtida:
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE): • Pena: detenção de seis meses a um ano, e multa.
CAPÍTULOS III E V • Incorre nas mesmas penas: I - quem impede a pro-
criação da fauna, sem licença, autorização ou em
desacordo com a obtida; II - quem modifica, dani-
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE – LEI Nº fica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
9.605/1998 III - quem vende, expõe à venda, exporta ou ad-

LEGISLAÇÃO ESPECIAL

quire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza


A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, é a lei que ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna
dispõe sobre as sanções penais e administrativas deriva- silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como
das de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. produtos e objetos dela oriundos, provenientes de
Quem, de qualquer forma, concorre para a prática criadouros não autorizados ou sem a devida per-
dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes missão, licença ou autorização da autoridade com-
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o petente.
diretor, o administrador, o membro de conselho e de ór- • A pena é aumentada de metade, se o crime é

27
praticado: I - contra espécie rara ou considerada B) Crime de destruição de árvore em floresta de
ameaçada de extinção, ainda que somente no lo- preservação permanente (art. 39)
cal da infração; II - em período proibido à caça;
III - durante a noite; IV - com abuso de licença; V • conduta tipificada: Cortar árvores em floresta con-
- em unidade de conservação; VI - com emprego siderada de preservação permanente, sem permis-
de métodos ou instrumentos capazes de provocar são da autoridade competente:
destruição em massa. • Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou
ambas as penas cumulativamente.
B) Crime de exportação de peles e couros de ani-
mais (art. 30): C) Crime contra Unidades de Conservação (art.
40):
• conduta tipificada: exportar para o exterior peles e
couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a auto- • Conduta tipificada: Causar dano direto ou indireto
rização da autoridade ambiental competente. às Unidades de Conservação e às áreas de que tra-
• Pena: reclusão, de um a três anos, e multa. ta o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de
1990, independentemente de sua localização:
C) Crime de maus-tratos com animais (art. 32): • Pena: reclusão, de um a cinco anos.
• Entende-se por Unidades de Conservação de Pro-
• conduta tipificada: Praticar ato de abuso, maus- teção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésti- Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos
cos ou domesticados, nativos ou exóticos: Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
• Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
• A pena é aumentada de um sexto a um terço, se D) Crime de incêndio em florestas (art. 41):
ocorre morte do animal.
• Conduta tipificada: Provocar incêndio em mata ou
D) Crime de pesca não autorizada (art. 34): floresta:
• Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
• conduta tipificada: Pescar em período no qual a • Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis
pesca seja proibida ou em lugares interditados por meses a um ano, e multa.
órgão competente.
• Pena: detenção de um ano a três anos ou multa, ou E) Crime relacionado a balões (art. 42):
ambas as penas cumulativamente.
• Incorre nas mesmas penas quem: I - pesca espécies • Conduta tipificada: Fabricar, vender, transportar
que devam ser preservadas ou espécimes com ta- ou soltar balões que possam provocar incêndios
manhos inferiores aos permitidos; II - pesca quan- nas florestas e demais formas de vegetação, em
tidades superiores às permitidas, ou mediante a áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento
utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e mé- humano:
todos não permitidos; III - transporta, comercializa, • Pena: detenção de um a três anos ou multa, ou am-
beneficia ou industrializa espécimes provenientes bas as penas cumulativamente.
da coleta, apanha e pesca proibidas.
Da Poluição e outros crimes ambientais
Dos crimes contra a flora:
Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais
A) Crime de destruição de floresta preservada (art. que resultem ou possam resultar em danos à saúde hu-
38): mana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora, é crime o qual sujeita o
• conduta tipificada: Destruir ou danificar floresta infrator a pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa
considerada de preservação permanente, mesmo (art. 54).
que em formação, ou utilizá-la com infringência Se o crime é culposo, a pena será de detenção, de seis
das normas de proteção: meses a um ano, e multa.
• Pena: detenção, de um a três anos, ou multa, ou Se o crime: I - tornar uma área, urbana ou rural, im-
ambas as penas cumulativamente. própria para a ocupação humana; II - causar poluição
• A pena é reduzida pela metade, se praticado na atmosférica que provoque a retirada, ainda que momen-
modalidade culposa. tânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

• A pena será de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, danos diretos à saúde da população; III - causar poluição
ou multa, ou ambas as penas cumulativamente, se hídrica que torne necessária a interrupção do abasteci-
o crime for praticado no Bioma Mata Atlântica. mento público de água de uma comunidade; IV - difi-
cultar ou impedir o uso público das praias; V - ocorrer
por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos,
ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou regulamen-
tos, a Pena será de reclusão, de um a cinco anos.

28
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Pa- C) Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder
trimônio Cultural Público no trato de questões ambientais. Pena -
detenção, de um a três anos, e multa.
A) Crime de destruição de patrimônio: D) Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contra-
tual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
• Conduta: Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - b e m interesse ambiental. Pena - detenção, de um a três
especialmente protegido por lei, ato administrati- anos, e multa.
vo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu,
biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou si-
milar protegido por lei, ato administrativo ou deci-
são judicial. DECRETOS Nº 5.948/2006, Nº 6.347/2008 E
• Pena: reclusão, de um a três anos, e multa. Nº 7901/2013 (TRÁFICO DE PESSOAS)
• Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a
um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
O tráfico de pessoas tem como base os Decretos
B) Crime construção em solo não edificável: 5.948 de 2006, 6.347 de 2008 e 7.901 de 2013.
Dentre eles, consta ressaltar que, o Decreto nº
• Conduta: Promover construção em solo não edi- 5.948/2006, que fora o primeiro dos três, aprovou a Po-
ficável, ou no seu entorno, assim considerado em lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e
razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, instituiu o Grupo de Trabalho Interministerial, contendo
turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, como objetivo elaborar proposta do Plano Nacional de
etnográfico ou monumental, sem autorização da Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – PNETP.
autoridade competente ou em desacordo com a Assim, de acordo com o art. 1º do Dec. 5.948/2006:
concedida:
• Pena: detenção, de seis meses a um ano, e multa. Art. 1º  A Política Nacional de Enfrentamento ao Trá-
fico de Pessoas tem por finalidade estabelecer princí-
C) Crime de pichação: pios, diretrizes e ações de prevenção e repressão ao
tráfico de pessoas e de atenção às vítimas, conforme
• Conduta: Pichar ou por outro meio conspurcar edi- as normas e instrumentos nacionais e internacionais
ficação ou monumento urbano: de direitos humanos e a legislação pátria.
• Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. Em outro plano, o segundo Decreto (Dec. 6.347/08)
• Se o ato for realizado em monumento ou coisa aprovou o PNETP (Plano Nacional de Enfrentamento ao
tombada em virtude do seu valor artístico, arque- Tráfico de Pessoas), obtendo como objetivo a prevenção
ológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 e repressão do tráfico de pessoas, a responsabilização
(um) ano de detenção e multa. dos seus autores e garantia de atenção às vítimas.
• Não constitui crime a prática de grafite realizada Por fim, o último Decreto (Dec.7.901/13) institui a
com o objetivo de valorizar o patrimônio público Coordenação Tripartite da Política Nacional de Enfrenta-
ou privado mediante manifestação artística, desde mento ao Tráfico de Pessoas, para coordenar a gestão
que consentida pelo proprietário e, quando cou- estratégica e integrada da Política Nacional de Enfrenta-
ber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado mento ao Tráfico de Pessoas, aprovada pelo Decreto no
e, no caso de bem público, com a autorização do 5.948, de 26 de outubro de 2006, e dos Planos Nacionais
órgão competente e a observância das posturas de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
municipais e das normas editadas pelos órgãos A Coordenação Tripartite da Política Nacional de En-
governamentais responsáveis pela preservação frentamento ao Tráfico de Pessoas é integrada pelos se-
e conservação do patrimônio histórico e artístico guintes órgãos:
nacional. I – Ministério da Justiça;
II – Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presi-
Dos crimes contra a administração ambiental dência da República;
III – Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
A) Fazer o funcionário público afirmação falsa ou en- República.
ganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou Ademais, são atribuições da Coordenação Tripartite
dados técnico-científicos em procedimentos de da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
autorização ou de licenciamento ambiental. Pena Pessoas:
I – analisar e decidir sobre aspectos relacionados à co-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

- reclusão, de um a três anos, e multa.


B) Conceder o funcionário público licença, autoriza- ordenação das ações de enfrentamento ao tráfico de
ção ou permissão em desacordo com as normas pessoas no âmbito da administração pública federal;
ambientais, para as atividades, obras ou serviços II – conduzir a construção dos planos nacionais de
cuja realização depende de ato autorizativo do Po- enfrentamento ao tráfico de pessoas e coordenar os
der Público. Pena - detenção, de um a três anos, e trabalhos dos respectivos grupos interministeriais de
multa. monitoramento e avaliação;
III – mobilizar redes de atores e parceiros envolvidos

29
no enfrentamento ao tráfico de pessoas;
IV – articular ações de enfrentamento ao tráfico de
pessoas com Estados, Distrito Federal e Municípios e EXERCÍCIO COMENTADO
com as organizações privadas, internacionais e da so-
ciedade civil; 1. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
V – elaborar relatórios para instâncias nacionais e in- 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
ternacionais e disseminar informações sobre enfrenta- Abordado determinado veículo em região de fronteira
mento ao tráfico de pessoas; e internacional, os policiais rodoviários federais suspeita-
VI – subsidiar os trabalhos do Comitê Nacional de En- ram da conduta do motorista: ele conduzia duas adoles-
frentamento ao Tráfico de Pessoas, propondo temas centes com as quais não tinha nenhum grau de parentes-
para debates. co. Ao ser questionado, o condutor do veículo confessou
que fora pago para conduzi-las a um país vizinho, onde
Por fim, observa-se o disposto na tipificação penal no seriam exploradas sexualmente. As adolescentes in-
Código Penal acerca do crime de Tráfico de Pessoas: formaram que estavam sendo transportadas sob grave
ameaça e que não haviam consentido com a realização
Tráfico de Pessoas   (Incluído pela Lei nº 13.344, de da viagem e muito menos com seus propósitos finais.
2016) (Vigência) Considerando a situação hipotética apresentada, julgue
        Art. 149-A.  Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, o item a seguir.
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, median- A conduta do motorista do veículo se amolda ao tipo
te grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, penal do tráfico de pessoas, em sua forma consumada,
com a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de incidindo, nesse caso, causa de aumento de pena, em ra-
2016) (Vigência) zão de as vítimas serem adolescentes. 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;  (In-
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) ( ) CERTO ( ) ERRADO
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
de escravo;  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi- Resposta Certo. Vejamos o texto da Lei: Art. 149-
gência) A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir,
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;  (Incluído comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a fi-
IV - adoção ilegal; ou  (Incluído pela Lei nº 13.344, de nalidade de:  
2016) (Vigência) I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;      
V - exploração sexual.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de II - submetê-la a trabalho em condições análogas à
2016) (Vigência) de escravo;
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e mul- III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
ta.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) IV - adoção ilegal; ou
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade V - exploração sexual.
se:  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.   
I - o crime for cometido por funcionário público no § 1 A pena é aumentada de um terço até a metade se:        
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê- I - o crime for cometido por funcionário público no
-las;  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente II - o crime for cometido contra criança, adolescente
ou pessoa idosa ou com deficiência;  (Incluído pela Lei ou pessoa idosa ou com deficiência
nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de-
pendência econômica, de autoridade ou de superio-
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego,
cargo ou função; ou  (Incluído pela Lei nº 13.344, de
2016) (Vigência)
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
ritório nacional.  (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agen-
te for primário e não integrar organização criminosa.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)

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6- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - Polícia Ci-
vil - SE Julgue os itens seguintes, referentes a crimes de
HORA DE PRATICAR! trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo
com a jurisprudência e legislação pertinentes. O porte
1. Ano:  2018  Banca:  CESPE Órgão: MPE-PI Pro- de arma de fogo de uso permitido sem autorização, mas
va: CESPE - MPE-PI - Analista Ministerial - Área Pro- desmuniciada, não configura o delito de porte ilegal pre-
cessual visto no Estatuto do Desarmamento, tendo em vista ser
Julgue o item a seguir, relativo a Conselho Tutelar, medi- um crime de perigo concreto cujo objeto jurídico tutela-
das de proteção, direito à convivência familiar e conse- do é a incolumidade física.
quências da prática de atos infracionais. Crianças e ado-
lescentes que cometam atos infracionais estão sujeitas a ( ) CERTO ( ) ERRADO
medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente. 7- Ano: 2018 Banca: CESPE Prova: CESPE - Polícia Ci-
vil - SE Julgue os itens seguintes, referentes a crimes de
( ) CERTO ( ) ERRADO trânsito e a posse e porte de armas de fogo, de acordo
com a jurisprudência e legislação pertinentes. Situação
2- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - hipotética: Um policial militar reformado foi preso em
PRF - Policial Rodoviário Federal flagrante delito por portar arma de fogo de uso permi-
No que se refere à Lei dos Crimes contra o Meio Ambien- tido, sem autorização legal e sem o devido registro do
te e à legislação nacional acerca do tráfico de pessoas, armamento. Assertiva: Nessa situação, a autoridade po-
julgue o próximo item. A Política Nacional de Enfrentamen- licial não poderá conceder fiança, porquanto o Estatuto
to ao Tráfico de Pessoas é coordenada por vários órgãos da do Desarmamento prevê que o fato de a arma não estar
Presidência da República. registrada no nome do agente torna inafiançável o delito.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

3- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 8- Ano:  2018  Banca:  CESPE  Prova:  CESPE - Polícia


PRF - Policial Rodoviário Federal Civil - SE Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, de
No que se refere à Lei dos Crimes contra o Meio Ambien- ações de prevenção e repressão a delitos praticados por
te e à legislação nacional acerca do tráfico de pessoas, organizações criminosas, de abuso de autoridade e de
julgue o próximo item. Situação hipotética: João foi au- delitos previstos na Lei de Tortura, julgue os itens que
tuado por policial rodoviário federal, por supostamen- se seguem. Situação hipotética: Uma autoridade poli-
te ter praticado conduta prevista como crime contra a cial prolongou, sem autorização judicial, a execução de
fauna. Assertiva: Nessa situação, João necessariamente prisão temporária de um indiciado, o que levou a defesa
responderá pela conduta praticada. deste a representá-la criminalmente por abuso de auto-
ridade, mediante petição dirigida à autoridade superior.
( ) CERTO ( ) ERRADO Assertiva: Nessa situação, a representação é condição
de procedibilidade para a aplicação das sanções penais
4- Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - correspondentes.
PRF - Policial Rodoviário Federal
O crime de tráfico de pessoas poderá ser caracterizado ( ) CERTO ( ) ERRADO
ainda que haja consentimento da vítima.
9- Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE -
( ) CERTO ( ) ERRADO 2013 - PRF - Delegado
Julgue os itens que se seguem, relativos a execução pe-
5- Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - nal, desarmamento, abuso de autoridade e evasão de
PRF - Policial Rodoviário Federal dívidas. Eventual ato de delegado da PF de impedir ad-
Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma situ- vogado de assistir seu cliente em interrogatório configu-
ação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada raria crime de abuso de autoridade.
considerando-se o Estatuto do Desarmamento, o Esta-
tuto da Criança e do Adolescente e o Sistema Nacional ( ) CERTO ( ) ERRADO
de Políticas Públicas sobre Drogas. Em uma operação da
PRF, foram encontradas, no veículo de Sandro, munições 10- Ano:  2018  Banca:  CESPE  Prova:  CESPE - ABIN -
de arma de fogo de uso permitido e, no veículo de Eu- Agente de Inteligência Com base no disposto na Lei nº
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rípedes, munições de uso restrito. Nenhum deles tinha 4.898/1965, que trata do abuso de autoridade, julgue os
autorização para o transporte desses artefatos. Nessa itens a seguir. As sanções administrativas previstas para o
situação, considerando-se o previsto no Estatuto de De- crime de abuso de autoridade aplicam-se de acordo com
sarmamento, Sandro responderá por infração adminis- a gravidade da conduta praticada e incluem a perda do
trativa e Eurípedes responderá por crime. cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra
função pública pelo prazo legal.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

31
11- Ano:  2018  Banca:  CESPE  Prova:  CESPE - ABIN -
Agente de Inteligência Com base no disposto na Lei nº
4.898/1965, que trata do abuso de autoridade, julgue os GABARITO
itens a seguir. As sanções penais previstas para o delito
de abuso de autoridade incluem multa e detenção e po- 1 Errado
dem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
2 Certo
( ) CERTO ( ) ERRADO 3 Errado
4 Certo
5 Errado
6 Errado
7 Errado
8 Errado
9 Certo
10 Errado
11 Certo
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

32
ÍNDICE

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Teoria geral dos direitos humanos. Conceito, terminologia, estrutura normativa, fundamentação....................................................... 01
Afirmação histórica dos direitos humanos.................................................................................................................................................................... 01
Direitos humanos e responsabilidade do Estado........................................................................................................................................................ 02
Direitos humanos na Constituição Federal.................................................................................................................................................................... 03
Política Nacional de Direitos Humanos........................................................................................................................................................................... 05
A Constituição brasileira e os tratados internacionais de direitos humanos.................................................................................................... 05
direitos naturais, direitos humanos, direitos do homem,
direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberda-
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS. des fundamentais, liberdades públicas e direitos funda-
CONCEITO, TERMINOLOGIA, ESTRUTURA mentais do homem (SILVA, 2014, p. 177).
NORMATIVA, FUNDAMENTAÇÃO A dissonância encontrada entre eles é o local onde
estão consagrados, já que os direitos humanos são con-
sagrados em plano internacional, enquanto os direitos
fundamentais são consagrados em plano nacional, nas
Os Direitos Humanos podem ser considerados di- Constituições. (LAZARI, 2017, p. 355).
reitos indispensáveis para a vida humana, pautados na Claramente, os direitos fundamentais individuais, so-
liberdade, igualdade e dignidade. Assim, corresponde di- ciais e coletivos previstos nas Constituições se destacam
zer que tais direitos são essenciais à vida digna. por incorporar o topo do ordenamento jurídico interno.
Não há um rol taxativo acerca dos Direitos Humanos, Porém, os Direitos Humanos de caráter supranacionais
tendo em vista que a sociedade, como visto anterior- permanecem em uma zona acima do ordenamento jurí-
dico interno, “embora a baixíssima densidade normativa
mente no estudo da cidadania, passa por mudanças, fato
permita um amplo espaço de interpretação pelos países
que leva os direitos a evoluírem conforme o lapso tem-
que os aplicam” (LAZARI, 2017, p. 356).
poral e contexto histórico.
Há diversas formas, (terminologias), para se referir
Em planos gerais, todos os direitos considerados hu-
aos direitos essenciais à vida humana de um indivíduo,
manos são direitos de exigir de terceiros, podendo esse
variando-se de acordo com as normas nacionais e inter-
terceiro ser o Estado (eficácia vertical) ou particular (efi-
nacionais, como: direitos humanos, direitos fundamen-
cácia horizontal). tais, direitos naturais, liberdades públicas, direitos do
Por essa razão, tais direitos possuem várias estrutu- homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos,
ras: direito-pretensão, direito-liberdade, direito-poder e, liberdades fundamentais.
direito-imunidade, que obrigam o Estado ou particulares No plano nacional, tem-se a utilização, pela Cons-
na forma de: (i) dever, (ii) ausência de direito, (iii) sujeição tituição Federal de 1988, de diversas cognominações:
e (iv) incompetência. “direitos humanos” no artigo 4º, II; “direitos e garantias
Acredita-se, assim, que não há grande diferença en- fundamentais” no Título II; “direitos e liberdades funda-
tre direitos humanos e fundamentais, sendo que caso mentais” no artigo 5º, § 1º; “direitos e liberdades cons-
aceitemos que haja esta diferenciação não ultrapassaria titucionais, no artigo 5º, inciso LXXI; “direitos da pessoa
o plano conceitual. Nesse sentido, tem-se, materialmente humana” no artigo 34 e; “direitos e garantias individuais”
falando, que ambos os direitos supracitados apresentam no artigo 60, § 4º ao falar de cláusulas pétreas.
uma visão à proteção e à promoção da dignidade da Em plano internacional, tem-se a Declaração America-
pessoa humana. Entretanto, no que se refere ao conteú- na dos Direitos e Deveres do Homem de 1948 que ado-
do, pouca ou nenhuma diferença há entre eles (LAZARI, tou, no preâmbulo, os cognomes “direitos do homem” e
2017, p. 355). “direitos essenciais do homem”. A Declaração Universal
de Direitos Humanos, que observou em seu preâmbu-
No que tange a diferenciação entre tais direitos, ob- lo a necessidade de respeito aos “direitos do homem” e
serva-se a seguinte lição: logo após a “fé nos direitos fundamentais do homem” e
ainda o respeito “aos direitos e liberdades fundamentais
[...] o termo “direitos fundamentais” se aplica àqueles do homem”. A Carta da Organização das Nações Unidas
direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) reconhe- empregou a expressão “direitos humanos” (preâmbulo e
cidos e positivados na esfera do Direito Constitucional po- artigo 56), bem como “liberdades fundamentais” (artigo
sitivo de determinado Estado, ao passo que a expressão 56, alínea c). A Carta dos Direitos Fundamentais da União
“direitos humanos” guarda relação com os documentos de Europeia de 2000 utilizando a expressão “direitos funda-
direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídi- mentais” e, por fim, a Convenção Europeia de Direitos do
cas que se reconhecem ao ser humano como tal, indepen- Homem e Liberdades Fundamentais de 1950, que ado-
dentemente de sua vinculação com determinada ordem tou o nome de “liberdade fundamental”.
constitucional, e que, portanto, aspiram à validade univer-
sal, para todos os povos e em todos os lugares, de tal sorte
que revelem um caráter supranacional (internacional) e AFIRMAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

universal. (SARLET; MARINONI; MATIDIERO, 2012, p. 249). HUMANOS

A histórica ampliação e transformação dos direitos


fundamentais do homem dificulta uma definição exa- Observa-se que os Direitos Humanos evoluem de
ta em um conceito sintético e preciso. Tal ampliação e acordo com a evolução da sociedade. Porém, acerca de
transformação conceitual é explicada de forma simples, seu nascimento, não há um marco exato, mas associa-se
já que “o que parece fundamental numa época histórica à criação das Nações Unidas no ano de 1945 como um
e numa determinada civilização não é fundamental em referencial.
outras épocas e em outras culturas” (BOBBIO, 2004, p. Nesta ótica, é possível dizer que os Direitos Huma-
13). Aumenta-se mais ainda tal dificuldade quando vá- nos surgiram e surgem com a própria organização da
rios cognomes são ofertados para esses direitos, como: sociedade, com sua evolução, tendo como base ou “fato
gerador”, tal como ocorreu na época com o Código de

1
Hamurabi, considerado, por alguns, a primeira compila- gativus”, qual seria a relação de defesa contra o Estado,
ção de Direitos Humanos da história, datado em 1700 o “status positivus”, qual seria a possibilidade de se exi-
a.C. Não se pode esquecer também da república romana, gir algo do Estado e, por fim, o “status activus”, que re-
democracia ateniense e do Reino Davídico, também con- presenta a participação na formação da vontade estatal.
siderados marcos primitivos dos Direitos Humanos. (JELLINEK, 2012).
Não obstante a tais marcos importantes, tem-se que Neste vetor nasce a classificação dos direitos funda-
a limitação dos poderes do rei, apontados na Magna Car- mentais em funções, ou seja, o agrupamento dos direitos
ta do rei João Sem Terra em 1215, pode ser considerado fundamentais em três blocos: direitos de defesa, direitos
como outro evento histórico relevante. prestacionais, e direitos de participação. (LAZARI, 2017,
Ademais, a própria evolução da cidadania se confun- p. 367).
de com a dos direitos. Porém, acertadamente dizer em Direitos de defesa seriam aqueles que o indivíduo
que época nasceram os Direitos Humanos é impossível. utiliza para se defender dos arbítrios estatais, estando
Acerca da evolução dos Direitos Humanos propria-
ligados à liberdade e valores similares, sendo assim di-
mente dito, três grandes movimentos se destacam: a
reitos de primeira dimensão. Os direitos prestacionais
Declaração de Direitos (Bill of Rights), de 1689; a Decla-
são aqueles que se verifica a exigência de uma atuação
ração de Independência dos Estados Unidos, em 1776; e
positiva do estado, ou seja, uma prestação, sendo esses
a Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, em 1789. direitos diretamente ligados aos direitos de segunda di-
Entretanto, há quem diga que a Declaração de Virgí- mensão. Por fim, verifica-se os direitos de participação,
nia é considerada o marco inicial dos Direitos Humanos, os quais permitem uma participação das pessoas na vida
pois o artigo I da Declaração diz que ‘“o bom povo da política do Estado, sendo diretamente interligados com
Virgínia’” tornou público, em 16 de junho de 1776, o re- à cidadania, possuindo uma natureza mista, ou seja, um
gistro de nascimento dos direitos humanos na História. caráter positivo e negativo.
Não obstante, para determinar a origem da declara- No que se refere às dimensões, observa-se que os di-
ção no plano histórico, é costume remontar à Déclaration reitos de primeira geração ou de liberdade, são aqueles
des droits de l’homme et du citoyen, votada pela Assem- que tem por titular um indivíduo, sendo oponíveis ao Es-
bleia Nacional francesa em 1789, na qual se proclamava a tado. Traduzem como faculdades ou atributos da pessoa
liberdade e a igualdade nos direitos de todos os homens, e ostentam uma subjetividade que, na visão de Bona-
reivindicavam-se os seus direitos naturais e imprescrití- vides, é o traço mais característico. Não obstante, mos-
veis (a liberdade, a propriedade, a segurança, a resistên- tram-se ainda como direitos de resistência ou oposição
cia à opressão), em vista dos quais se constitui toda a perante o Estado, sendo de característica status negativus
associação política legítima. de Jellinek. (BONAVIDES, 2011, p. 563-564).
De forma mais específica, ao compreender tais ver- Ressalta-se que a liberdade, fundamentada acima,
tentes interligadas aos direitos humanos, inegavelmente aparece associada à dignidade humana, podendo-se
não fazer associação com a Revolução Francesa de 1789, pressupor uma interação com a igualdade entre os mem-
tendo em vista as diversas e boas mudanças políticas e bros da família humana. (LAZARI; GARCIA, 2015, p. 112).
socioeconômico-jurídicas à época. No plano dos direitos de segunda geração, observa-
Assim, pode-se dizer que não há uma data ou perío- -se como pilar principal a igualdade, traduzindo-se por
do exato para o nascimento dos Direitos Humanos, mas direitos sociais, entendidos como direitos de grupos so-
diversos diplomas ou marcos históricos que, se não os ciais menos favorecidos, e que impõem ao Estado uma
criaram, aumentaram a eficácia de tais direito fundamen- obrigação de fazer, de prestar direitos positivos, como in
tais para a vida humana.
verbis a saúde, educação e moradia. Baseiam-se na igual-
dade material, ou seja, na redução de desigualdades, no
pressuposto de que não é suficiente possuir liberdade
DIREITOS HUMANOS E sem a existência de condições mínimas para exercê-la.
RESPONSABILIDADE DO ESTADO (CAVALCANTE FILHO, 2010, p. 12).
Na seara da terceira dimensão dos direitos funda-
mentais se encontra em destaque a fraternidade As pri-
meiras dimensões concentram direitos pertencentes ao
O Estado é responsável pela garantia dos direitos hu- indivíduo, não possuindo foco na coletividade. Entretan-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

manos de seu povo. Certo é que os direitos humanos e to, os direitos relacionados à fraternidade possuem foco
fundamentais são universais, inalienáveis, imprescritíveis, coletivo, como direito ambiental e consumerista. (LAZA-
irrenunciáveis, invioláveis, indivisíveis, interdependentes RI, 2017, p. 375).
e inexauríveis. Deste modo, vimos que a responsabilidade do Esta-
No que se refere à classificação dos direitos funda- do varia de acordo com a dimensão em que o direito se
mentais, importante tema para entender a responsabi- encontra.
lidade do Estado, tem-se a ideia do publicista alemão
Georg Jellinek, que concebeu a classificação doutrinária
dos “status”. Para ele, a relação entre o homem e o Es-
tado haveria o “status”, a saber, “status subjectionis”, o
qual seria a relação de sujeição ao Estado, o “status ne-

2
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO científica e de comunicação, independentemente
FEDERAL de censura ou licença;
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decor-
Como visto no primeiro tópico, os Direitos Humanos rente de sua violação;
na Constituição são os conhecidos Direitos Fundamen- 11. é livre a locomoção no território nacional em tem-
tais, incluindo-se, logicamente, os Direitos Fundamentais po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
Sociais. Consta rememorar que eles são cláusulas pé- da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com
treas, não podendo ser abolidos ou flexibilizados. seus bens;
12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
Vejamos agora o estudo pautado na Constituição Fe- em locais abertos ao público, independentemen-
deral de 1988. te de autorização, desde que não frustrem outra
reunião anteriormente convocada para o mesmo
Direitos e garantias fundamentais; Direitos e de- local, sendo apenas exigido prévio aviso à autori-
veres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos dade competente;
de nacionalidade. 13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem
pena sem prévia cominação legal;
14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
Os direitos fundamentais são os direitos huma- réu;
nos positivados na Constituição Federal de 1988, os 15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória
quais devem ser garantidos e protegidos pelo Estado. dos direitos e liberdades fundamentais;
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma 16. a prática do racismo constitui crime inafiançável e
forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos ter-
efetivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a pro- mos da lei;
teção aos direitos fundamentais e por isso ficou conheci- 17. não haverá penas:
da como Constituição cidadã. - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplica- termos do art. 84, XIX;
bilidade imediata, isto é, a existência deles é suficiente- - de caráter perpétuo;
mente para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tu- - de trabalhos forçados;
telados no Título II da Constituição Federal,  nos art. 5º - de banimento;
ao 17. Ainda assim, destaca-se que os direitos citados - cruéis;
nesses artigos não proíbem a existência de outros. 18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos;
O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto 19. ninguém será considerado culpado até o trânsito
Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos, em julgado de sentença penal condenatória;
tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais 20. o civilmente identificado não será submetido a
nos seus 78 incisos. Vejamos alguns: identificação criminal, salvo nas hipóteses previs-
1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- tas em lei;
ções, nos termos desta Constituição; 21. será admitida ação privada nos crimes de ação
2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer pública, se esta não for intentada no prazo legal;
alguma coisa senão em virtude de lei; 22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- processuais quando a defesa da intimidade ou o
to desumano ou degradante; interesse social o exigirem, DENTRE OUTROS.
4. é livre a manifestação do pensamento, sendo veda- 23. Ação de grupos armados, civis ou militares, con-
do o anonimato; tra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
5. é assegurado o direito de resposta, proporcional tortura e racismo constituem crimes inafiançáveis.
ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem; Dos Direitos Sociais
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença,


sendo assegurado o livre exercício dos cultos reli- Conforme tutela a Constituição Federal de 1988 em
giosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos seus artigos 6º ao 11º, os direitos sociais são todos os di-
locais de culto e a suas liturgias; reitos fundamentais/ básicos que devem ser compar-
7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de as- tilhados por todos da sociedade, sem distinção de gê-
sistência religiosa nas entidades civis e militares de nero, etnia, sexo, classe econômica, religião etc.
internação coletiva; A finalidade e objetivo do direito social é buscar sem-
8. ninguém será privado de direitos por motivo de pre resolver as questões sociais. Isto é, todas as situações
crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- que representam as desigualdades da sociedade, para
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obriga- que todas as pessoas vivam com o mínimo de qualida-
ção legal a todos imposta e recusar-se a cumprir de de vida e dignidade.
prestação alternativa, fixada em lei;

3
Da Nacionalidade
#FicaDica
Os brasileiros natos são:
Os direitos sociais são tutelados e protegi-
dos pela Declaração Universal dos Direitos - Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda
Humanos  (1948), sendo que apenas neste que de pais estrangeiros, desde que estes não es-
momento histórico (pós 2ª guerra mundial) tejam a serviço de seu país;
que o mundo começou a trabalhar com es- - Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de
ses direitos. mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
- Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe
O art. 6º da CF prevê que o direito a saúde, educa- brasileira, desde que sejam registrados em reparti-
ção, alimentação, trabalho, lazer, segurança, assistên- ção brasileira competente, ou venham a residir na
cia, previdência, proteção a maternidade e a infância, República Federativa do Brasil antes da maioridade
dentre outros, são direitos essenciais e básicos que to- e, alcançada esta, optem em qualquer tempo pela
dos devem ter. nacionalidade brasileira;
O art. 7º da CF prevê os direitos dos trabalhadores,
seja eles rurais ou urbanos, todos possuem direitos Os naturalizados são:
como: seguro desemprego, FGTS, adicional noturno,
- Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida-
férias, 13º salário, repouso semanal remunerado, li-
de brasileira, exigidas aos originários de países de
cença maternidade e paternidade, aposentadoria, avi-
so prévio, dentre outros. língua portuguesa apenas residência por um ano
Já o art. 8º da CF, tutela sobre os direitos e deveres dos ininterrupto e idoneidade moral;
sindicatos, e o art. 9º protege o direito de greve dos - Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes
trabalhadores. na República Federativa do Brasil há mais de quinze
Por fim, o 10º e 11 º tratam de direitos relacionados à anos ininterruptos e sem condenação penal, desde
participação do trabalhador em seus interesses. que requeiram a nacionalidade brasileira.

É importante destacar que tanto os trabalhadores ur- FIQUE ATENTO!


banos quanto os rurais têm o direito ao seguro-desem- Os portugueses com residência permanente
prego, em caso de desemprego involuntário, fundo de no País, se houver reciprocidade em favor
garantia do tempo de serviço, salário mínimo, fixado em
dos brasileiros, serão atribuídos os direitos
lei, garantia de salário, décimo terceiro salário, remune-
inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos
ração do trabalho noturno superior à do diurno, salário-
previstos nesta Constituição.
-família para os seus dependentes, gozo de férias anuais,
licença à gestante, aposentadoria, proibição de qualquer
discriminação no tocante a salário e critérios de admis-
são do trabalhador portador de deficiência, proibição de Os cargos de Presidente e Vice-Presidente da Repú-
distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou blica, de Presidente da Câmara dos Deputados, de Presi-
entre os profissionais respectivos, dentre outros. dente do Senado Federal, de Ministro do Supremo Tribu-
Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a fi- nal Federal, da carreira diplomática e de oficial das Forças
liar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória a Armadas, são cargos que apenas os brasileiros NATOS
participação dos sindicatos nas negociações coletivas de podem exercer.
trabalho, é vedada a dispensa do empregado sindicaliza- O brasileiro que tiver cancelada sua naturalização,
do a partir do registro da candidatura a cargo de direção por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, interesse nacional ou adquirir outra nacionalidade por
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer naturalização voluntária, perderá a nacionalidade de bra-
falta grave nos termos da lei e etc. sileiro.
Ainda assim, importante informar que o Direito Co-
letivo se compõe de direitos transindividuais de pessoas
que se conectam por uma relação jurídica, tendo base de
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

si mesmo ou com outro indivíduo, podendo as pessoas


serem determinadas ou determináveis.
Isto é, os Direitos Coletivos abrangem todo o grupo
da categoria que possuem uma relação jurídica já pré-
-existente ao dano ou a lesão, pois esse direito irá tutelar
o grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não se
enquadram na relação.
No tocante ao Direito Individual, estes são os interes-
ses que têm a mesma origem e causa. Eles acontecem de
acordo com uma mesma situação que se aplica a cada
um individualmente, e, ainda que contenham caracterís-
ticas “individuais”, no fim, possuem origem comum.

4
c) Os tratados e convenções internacionais sobre di-
#FicaDica reitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por
As pessoas naturais que violam direitos três quintos dos votos dos respectivos membros,
humanos continuam a gozar da proteção serão equivalentes às emendas constitucionais.
prevista nas normas que dispõem sobre di-
reitos humanos. A jurisprudência da Corte Verifica-se, assim, o princípio da primazia dos direitos
Interamericana de Direitos Humanos re- humanos, posto que todos os direitos fundamentais, im-
conhece a responsabilidade do Estado por plícitos e explícitos, decorrentes da Constituição ou não
violações de direitos humanos não apenas (até de tratados internacionais, considerados direitos hu-
como resultado de uma ação ou omissão manos), têm aplicabilidade imediata.
a ele, diretamente imputável, mas também
em virtude da falta de devida diligência do
Estado em prevenir uma violação cometida
por particulares.
EXERCÍCIO COMENTADO

1. (TJ-PR – JUIZO SUBSTITUTO – CESPE – 2019) Consi-


POLÍTICA NACIONAL DE DIREITOS derando-se o surgimento e a evolução dos direitos fun-
HUMANOS damentais em gerações, é correto afirmar que o direito
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é consi-
derado, pela doutrina, direito de

Política nacional é o instrumento que instrui ações fu- a) primeira geração.


turas do governo, tentando alcançar o aperfeiçoamento b) segunda geração.
de alguns assuntos essenciais para a sociedade. Delimi- c) terceira geração.
tando, a política nacional de direitos humanos, desen- d) quarta geração.
volvida em 1985 e intensificada em 1995, é o principal
mecanismo de aperfeiçoamento dos direitos humanos
em território nacional, a qual criou o programa nacional Resposta: Letra C. Os direitos de terceira dimensão,
de direitos humanos, que procura orientar e estabelecer ou geração, correspondem a fraternidade, estando o
diretrizes para a efetivação dos direitos humanos. direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
interligado a esse direito pilar.

#FicaDica
2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
Sugere-se a leitura do Primeiro, Segundo e
2019)
Terceiro Programa Nacional de Direitos Hu-
manos (PNDH-1; PNDH-2; PNDH3).
A respeito do tratamento constitucional dos tratados in-
ternacionais de direitos humanos, julgue o item que se
segue.
A hierarquia constitucional dos tratados internacionais
de direitos humanos depende de sua aprovação por três
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E OS quintos dos membros de cada casa do Congresso Na-
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS cional.
HUMANOS
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Letra C. Essa é a redação do disposto no


Acerca do assunto, destaca-se três pontos essen-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

artigo 5º, parágrafo terceiro, da Constituição Federal.


ciais:

a) As normas definidoras dos direitos e garantias fun- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


damentais têm aplicação imediata, sejam eles im- BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional.
plícitos ou explícitos do artigo 5º da Constituição 26. ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
Federal; CAVALCANTE FILHO, João Trindade. Teoria geral dos
b) Os direitos e garantias expressos nesta Constitui- direitos fundamentais, 2010. Disponível em: <http://
ção não excluem outros decorrentes do regime e www.stf.jus.br/repositorio/cms/portaltvjustica/portaltv-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados justicanoticia/anexo/joao_trindadade__teoria_geral_dos_
internacionais em que a República Federativa do direitos_fundamentais.pdf>. Acesso em: 27 de dezembro
Brasil seja parte. de 2017

5
JELLINEK, Georg. Teoría general del Estado. Madrid:
Fondo de Cultura Económica de España, 2012.
LAZARI, Rafael de. Manual de Direito Constitucio- HORA DE PRATICAR!
nal. Belo Horizonte: Editora D’ Plácido, 2017.
LAZARI, Rafael de.; GARCIA, Bruna Pinotti. Manual de
1. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –
direitos humanos. 2. ed. Salvador: Juspodium, 2015.
2019)
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme;
Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,
MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional.
da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 2012.
ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucio-
Todos os direitos humanos foram afirmados em um úni-
nal Positivo. 38ª ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2014.
co momento histórico.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –


2019)
Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,
da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
As pessoas naturais que violam direitos humanos conti-
nuam a gozar da proteção prevista nas normas que dis-
põem sobre direitos humanos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. (PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – CESPE –


2019)

Acerca de aspectos da teoria geral dos direitos humanos,


da sua afirmação histórica e da sua relação com a res-
ponsabilidade do Estado, julgue o próximo item.
Apenas por atos de seus agentes o Estado pode ser res-
ponsabilizado por violação de direitos humanos reco-
nhecidos na Convenção Americana de Direitos Humanos. 

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. (INSTITUTO RIO BRANCO – DIPLOMATA – CESPE –


2018)
Julgue (C ou E) o item a seguir, acerca do direito inter-
nacional dos direitos humanos e do direito internacional
humanitário.
A jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Hu-
manos reconhece a responsabilidade do Estado por vio-
lações de direitos humanos não apenas como resultado
de uma ação ou omissão a ele diretamente imputável,
mas também em virtude da falta de devida diligência do
Estado em prevenir uma violação cometida por particu-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

lares.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6
ANOTAÇÕES
GABARITO

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1 ERRADO _________________________________________________
2 CERTO
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3 ERRADO
_________________________________________________
4 CERTO
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DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

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7
ANOTAÇÕES

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